Hospital Veterinário Montenegro

Transcrição

Hospital Veterinário Montenegro
Edição nº 1
Ano 2007
no mundo rural se relaciona com outros animais também pode ter
problemas com outros, nomeadamente cavalos, vacas, etc.
Editorial
O Newsletter do Hospital Veterinário Montenegro serlhe-á enviado mensalmente para o seu correio electrónico.
Esta edição será dedicada a um problema grave da nossa
sociedade que é a agressividade canina, abordaremos um tema
bastante actual como as alergias e por fim falaremos um pouco
sobre uma patologia comportamental em pcitacídeos.
Esperamos com estas informações e conselhos poder
contribuir para a formação da comunidade.
Rui Pereira
Cães potencialmente Perigosos
Torna-se inclusive perigoso a rotulagem de cães
perigosos, isto porque situações de acidente ou de agressividade
podem ocorrer com qualquer tipo de animal. O que pode levar a
que as lesões resultantes sejam de extrema gravidade, é a
complexão física do animal. Um qualquer animal toy, pode
eventualmente ter uma atitude de agressividade, mas as lesões
daí resultantes serão sempre de uma natureza diferente daquelas
provocadas por um canídeo de grande porte.
O que temos de ter em conta é que um cão é um ser vivo
que interage com os demais, podendo daí resultar um qualquer
desentendimento, dado que estes não são máquinas
telecomandadas. Será por isso importante consciencializar as
sociedades, seres racionais, a saberem relacionarem-se e respeitar
os animais.
Por um lado nem todos nós podemos ter um cão, e antes
de o termos necessitamos de ponderar se o podemos ter e de que
raça, para tal poderemos sempre pedir ajuda por exemplo a um
veterinário. Há muito que defendo que a primeira consulta
veterinária deveria ser feita antes de termos um animal. Por outro
lado, também temos de ensinar a nossa população a saber
conviver com um animal, há determinadas atitudes que devem
ser evitadas, devendo algumas mesmo ser proibidas, no entanto o
que se passa é que hoje só se fala da perigosidade dos cães. O
que leva a que se aborde um animal com extrema desconfiança e,
por vezes, com uma postura ameaçadora devido ao nosso receio.
Não se esqueçam que não podemos viver neste mundo à parte
dos animais, e logo havendo inter-relações à possibilidade de
fricção, pelo que temos de ser responsáveis quando temos um
animal, mas também aprender desde criança a lidar com animais.
O falado e comentado é a agressividade do cão, mas para quem
Pontos Chaves:
Na dúvida não tenham animais, ter um animal é assumir uma
responsabilidade por um tempo de 10 a 15 anos.
Se nunca tivemos um cão, será sensato começar com um
animal de pequeno a médio porte. Se gosta de animais tente
contribuir para a sua completa integração social, evitando
situações, que possam dar razão a quem não gosta deles. O
animal terá de ser uma mais valia para a sociedade, por isso
adestre o seu animal por forma a que este seja afável, não se
esqueça de limpar os dejectos do seu animal, o que também é
um ponto importante também para a saúde pública.
Normalmente um cão agressivo dá indícios de agressividade,
que se forem precocemente identificados pelo proprietário,
podem com ajuda profissional, por exemplo um veterinário
ou um treinador de animais, ser corrigidos. Inclusivamente
existem veterinários municipais que podem ajudar a resolver
o problema, no canil do Porto, nomeadamente naquilo que
me é dado a conhecer faz um trabalho excelente, pois tem
profissionais competentes, humanos e que gostam de animais,
no meu entender é um exemplo de bom funcionamento.
A agressividade canina quando instalada, é uma doença
crónica, é como o diabetes quando muito controla-se nunca se
cura.
Cumpra a lei, para as nossa autoridades também não será
fácil, lidar com este problema, o seu animal deve estar
devidamente cuidado em termos de saúde, mas também
identificado com microchip, e na via pública deve circular
sempre de trela e eventualmente açaimado. Não se esqueça
de limpar os dejectos do seu animal.
O que fazer para prevenir estas situações:
1º Nem todos podemos ter um cão, principalmente um cão de
grande porte.
2º Ensinar a sociedade a lidar com animais, respeitá-los e saber
como evitar situações perigosas.
Se com uma criança não tivermos o cuidado necessário com a
sua educação, também poderemos criar uma criatura muito
perigosa, talvez mais do que qualquer animal o possa ser.
Luís Montenegro
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Hospital Veterinário Montenegro
Edição nº 1
Ano 2007
Alergias
As alergias nos animais de companhia são muito
semelhantes às dos seres humanos e podem produzir o mesmo
tipo de sintomatologia. A nível dermatológico podemos dividir
as alergias em 4 grupos: alimentares, à picada da pulga, de
contacto e atopia. As mais frequentes são as alergias decorrentes
da picada da pulga, da alimentação e a atopia.
Quando o animal se apresenta à consulta pode
evidenciar inúmeros tipos de lesões dermatológicas, todas elas
secundárias ao prurido. Entre elas encontram-se eritemas,
escoriações, crostas, placas, pústulas, alopécias auto-induzidas,
lenhificações e hiperpigmentações, entre outras.
O animal pode desenvolver um odor característico
relacionado com as principais complicações destes síndormas,
como infecções secundárias por Staphylococcus intermedius e
Malassezia pachydermatis.
Dermatite alérgica à picada da pulga
A dermatite alérgica à picada da pulga (DAPP) é a
doença dermatológica veterinária mais comum no mundo,
ocorrendo tanto em cães como em gatos. Consiste numa reacção
de hipersensibilidade aos antigéneos contidos na saliva da pulga.
Os início dos sintomas ocorre principalmente em animais adultos
jovens com idade compreendida entre 1 e 5 anos. Desde que se
inicia a patologia e ao longo da vida do animal as reacções
tendem a ser cada vez mais intensas.
Os sinais mais comuns estão relacionados com o prurido
provocado pela reação alérgica. O animal morde-se
compulsivamente ou lambe a pele. A irritação da pele localiza-se
principalmente na zona lombar, mas os gatos podem também
apresentar alterações na zona da cabeça e pescoço. Na consulta
podem-se visualizar lesões características das alergias localizadas
principalmente na região lombo-sacra, podendo no entanto ter
outras localizações.
O diagnóstico baseia-se no início e distribuição do
prurido, nos sinais clínicos e na observação da presença de
pulgas. Animais com alergias graves podem iniciar um ciclo
prurítico após um número muito reduzido de picadas pelo que a
observação das pulgas pode ser complicada. O diagnóstico pode
ser confirmado através de testes sanguíneos ou intra-dérmicos.
O tratamento passa pelo controlo das pulgas no animal e
no ambiente que o rodeia. Podem ainda utilizar-se champôs
adequados para diminuir a intensidade do prurido. Os
corticoesteróides estão reservados para situações graves, para o
controlo do prurido intenso e da própria inflamação da pele. O
prognóstico para animais com DAAP é bom se o controlo das
pulgas for estrito. Em climas quentes, o controlo de pulgas deve
ser feito durante todo o ano. Em climas mais frios ou amenos
deve começar no início da Primavera. Neste momento em
Portugal, devido às alterações climáticas, aconselha-se a
prevenção durante todo o ano.
Alergias alimentares
As alergias alimentares manifestam-se como reacções
pruríticas, não sazonais, despoletadas por um ou mais
ingredientes contidos na alimentação do animal. As alergias com
esta origem constituem a terceira causa de doença com prurido
elevado no cão e a segunda no gato, sendo bastante mais
frequentes do que o esperado. Pode-se afirmar que
aproximadamente 5% de todos os problemas de pele e 10% dos
problemas alérgicos estão relacionados com a alimentação. Pode
ter início em qualquer idade.
Os sinais associados a esta alergia são os mesmos que
os de qualquer outra reacção de hipersensibilidade e incluem
sinais ao nível da pele, como prurido na região inguinal e
membros posteriores, podendo no entanto, localizar-se em
qualquer local do corpo. Poderá também apresentar otites
externas, ou ainda sinais a nível de outros sistemas orgânicos
como o digestivo (vómitos, diarreia ou flatulência) ou mesmo o
neurológico (convulsões), apesar deste último ter um
envolvimento muito raro.
O diagnóstico definitivo é feito através de uma dieta de
eliminação que deve durar no mínimo um mês e ser a fonte
exclusiva de alimento do animal durante esse tempo. Após o
diagnóstico, o tratamento consiste em manter uma dieta
adequada por toda a vida do animal.
Atopia
A atopia é uma condição alérgica muito frequente nos
cães. Esta é determinada por um complexo de factores que
podem incluir causas como ácaros, pó, penas, pólen entre outras.
Os principais sinais incluem prurido e lambeduras
constantes em zonas como face, patas, abdómen, axilas e área
genital.
A atopia é uma síndrome que habitualmente não tem um
fácil diagnóstico dado que a maioria das condições alérgicas
podem produzir os mesmos sinais, sendo muito semelhante às
alergias de origem alimentar. O diagnóstico poderá ser obtido
pela realização de testes sanguíneos ou testes intra-dérmicos.
Existem vários tratamentos possíveis para uma situação
de atopia no entanto o melhor passa por tentar evitar os
alergéneos que despoletam a doença. Isto pode-se revelar uma
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Edição nº 1
Ano 2007
tarefa complicada sendo que as alternativas em situações graves
ou de recaídas passa pelos banhos frios com champôs adequados,
anti-histamínicos, corticosesteróides, drogas imunossupressoras
e/ou dietas ricas em ácidos gordos Ómega 3 e Ómega 6.
Nunca podemos esquecer que a atopia é uma condição
que não tem cura e que vai acompanhar o animal por toda a sua
vida, noentanto pode ser controlada.
Joana Moreira
PICACISMO EM PAPAGAIOS
Um dos problemas mais comuns em papagaios é o
picacismo, que é um comportamento anormal que vai desde o
arrancamento de algumas penas, com o bico, até à automutilação,
podendo esta levar a lesões severas da pele e tecidos adjacentes,
como pode ser visto na figura seguinte.
Este
problema,
normalmente,
insere-se num grupo de problemas
designados comportamentais. Ou
seja, normalmente, a ave arranca
penas e mutila-se devido a um
problema comportamental. Mas
nem sempre. Por vezes existe uma
razão física para o picacismo.
Exemplos dessas razões são o
parasitismo (interno ou externo),
carências nutricionais, devido a
dietas incorrectas como as misturas
de sementes oleaginosas, infecções
de pele, alergias, intoxicações (por
substâncias como o chumbo ou o zinco). Apesar de ser muito
normal os proprietários e os vendedores de loja suspeitarem de
piolhos ou de outros parasitas externos como causas de
picacismo, eles são, de facto, muito raros em papagaios.
O mais comum é, portanto, o picacismo dever-se a
problemas comportamentais. Existem vários problemas
comportamentais e alguns podem ocorrer em simultâneo no
mesmo papagaio. Os mais comuns são os seguintes:
Bicar
Gritos Excessivos
Territorialidade excessiva
“Ligação possessiva” ao proprietário
Fobias
Picacismo
Fig. Papagaio Amazona com lesões
severas devido a picacismo.
Existem vários motivos para estes problemas se
desenvolverem. Para começar, basta pensarmos que estas aves
são animais selvagens, “habituados” a territórios vastos e
diversificados, percorrendo kms diariamente. Além disso, vivem
em bandos, com muita interacção e relações sociais complexas,
nomeadamente de hierarquia e de emparelhamento. Depois de
desenharmos este cenário, se pensarmos na imagem de um
papagaio isolado, dentro de uma gaiola, dentro de uma sala, onde
só raramente surge uma pessoa ou um ruído, facilmente
compreendemos porque são tão comuns os problemas de
comportamento em papagaios.
No caso do picacismo, a situação normalmente surge
por alguma causa comportamental que leva o animal a arrancar
penas e depois torna-se num hábito, ou num vício, como o de
algumas pessoas têm de roer as unhas. Este vício, muitas vezes, é
estimulado pelo próprio dono da ave, que quando observa estes
comportamentos dirigi-se a ele, berrando, batendo na gaiola,
colocando esta num local mais alto, dando um amendoim,
fazendo festinhas, ou tudo isto ao mesmo tempo. Ora, todas estas
atitudes são bem vindas para o papagaio. Até os berros são bem
vindos (costuma-se dizer que os papagaios têm atracção pelo
drama). Ele, que passa o dia sozinho, sem atenção e sem
estímulos exteriores, aprende rapidamente como consegui-los:
“basta-me arrancar uma ou outra pena, e o meu dono vem para a
minha beira fazer coisas engraçadas!”. Assim, o melhor que um
proprietário tem a fazer, quando vê a sua ave arrancar penas, é
ignorá-la e tentar, antes, perceber porque é que o faz. Muitas
vezes são causas simples, fáceis de perceber, como, por exemplo,
a ausência momentânea do dono preferido. Outras vezes são
causas mais difíceis de encontrar, sejam psicológicas ou físicas.
Nestes casos, é importante um aconselhamento junto de um
médico veterinário, que possa ajudar a identificar o problema o
mais cedo possível, tais como:
Frustração reprodutiva
Falta de estímulos externos
Medo
Limpeza anormal da plumagem
Mudança de “casa”
Saudades
Joel Ferraz
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