Maugham, Somerset, O Zelador da Igreja

Transcrição

Maugham, Somerset, O Zelador da Igreja
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Maugham, Somerset, O Zelador da Igreja
Mário Porto
Durante muitos anos um conto de Somerset Maugham, o qual não havia lido, mas ouvido, era repassado por mim a
ponto de membros da minha família, que acompanhavam minhas várias narrativas dele para amigos diferentes e às
vezes até após algum tempo para amigos repetidos, já o conheciam de cor tanto quanto eu.
Tratava-se do conto "The Verger" que, só muitos anos depois, ao ler no original em inglês constatei que a versão que eu
propalava, embora com o mesmo conteúdo, era ligeiramente diferente.
O conto The Verger me foi passado, a viva-voz, por alguém que influenciou muito no meu amor pela leitura. Acho que
todos nós temos alguém que nos influencia, intelectualmente, seja através de escritos ou mesmo através da vida.
No meu caso tive um colega e amigo dos tempos de 2º grau e até a faculdade (foi meu companheiro no curso de
Engenharia Naval na USP, aonde hoje é professor do Departamento de Engenharia Naval da Escola Politécnica) que
exerceu uma grande influência na minha formação intelectual.
Devo com certeza a ele meu gosto pelo pensamento complexo de Edgar Morin.
Caminada, este era seu sobrenome, aos 14 anos já havia lido Hegel, Spinoza, Kant, Schopenhauer e todos da linha da
fenomenologia e conhecimento.
Na literatura ele era um apaixonado por Somerset Maugham e me lembro dele nas horas de recreação no Colégio Naval,
em Angra dos Reis, quando aguçava minha curiosidade ao ler "Histórias dos Mares do Sul.".
Esta paixão ele passou para mim e Maugham é ainda hoje meu autor predileto. Possuo quase todos os seus livros na
versão original. Isto não é pedantismo e sim porque acho que Maugham é daqueles autores que não podem ser lidos
em traduções ou pelo menos concomitantemente com os originais, para não passar por surpresas terríveis como a tradução
de Summing Up por Mário Quintana. Já tive oportunidade de abordar este caso, neste mesmo site.
Este conto em particular há anos que procuro uma versão em português e foi neste mês de março de 2007 que
descobri, por acaso, na Internet um sebo online que oferecia por módicos R$ 4,00 o livro "29 Histórias", todas de Somerset
Maugham, publicadas em 1954 na Coleção Nobel vol. 94, da antiga Editora Globo, Tradução de Juvenal Jacinto. Entre as
29 estava o "Zelador da Igreja". Tradução de Juvenal Jacinto - 1954. Uma raridade.
É com prazer que desejo disponibilizar para os membros e visitantes da MPHP este maravilhoso conto, propriedade da
humanidade.
O ZELADOR DA IGREJA*[1]
Aquela tarde, houvera batizado na igreja de St. Peter, em Neville Square, e Albert Edward Foreman ainda estava com
sua toga de zelador. Guardava a toca nova, com suas dobras tão perfeitas e cheias como se não fossem de alpaca,
senão de bronze eterno, para os funerais e os casamentos (St. Peter, em Neville Square, era uma igreja muito
procurada para tais ceri-mônias pelas famílias da classe alta), e agora estava com a toga classificada em segundo lugar.
Albert Edward Foreman usava a toga com calma satisfação, pois era o digno símbolo da sua função, e sem ela (quando a
despia para ir para casa) tinha a perturbadora sensação de estar vestido um pouco insuficiente-mente. Elas lhe mereciam
muitos cuidados; passava-as a ferro pessoalmente. Durante os dezesseis anos em que fora zelador desta igreja, tivera
uma sucessão de togas, mas não pudera jogá-las fora quando envelheciam; e a série completa, primoro-samente
embrulhada em papel pardo, jazia no fundo da gaveta do guarda-roupa, no seu quarto de dormir.
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O zelador movia-se discretamente; repôs a tampa de madeira esmaltada sobre a pia batismal, que era de mármore,
recolocou ho seu lugar uma cadeira que fora trazida para uma senhora idosa e enferma, e ficou esperando que o
pároco terminasse os seus arranjos pessoais na sacristia, a fim de pôr tudo em ordem e ir para casa. Agora, viu-o entrar
no coro, fazer uma genuflexão diante do altar-mor, e tomar a direção da nave; tirara a sobrepeliz e a estola, mas ainda
estava de batina.
- Por que andará trocando as pernas ? - disse, entre si, o zelador. - Então não sabe que tenho de ir tomar chá ?
O pároco fora provido recentemente, um homem enérgico, de cara vermelha, com mais de quarenta anos; e Albert
Edward continuava lamentando a saída do antecessor, um padre da velha escola, que pregava descansadamente com
voz argentina e jantava quase sempre com os paroquianos mais aristocráticos. Gostava que as coisas da igreja
estivessem nos seus lugares, mas nunca se arreliava por causa de bagatelas; não era como este, que em tudo queria pôr
o dedo. Mas Albert Edward era tolerante. St. Peter ficava num ótimo bairro e os paroquianos eram gente de trato. O novo
pároco viera do East End e não se podia esperar que se adaptasse imediatamente às maneiras discretas de uma
congregação de fiéis aristocráticos.
- E um transtorno - dizia Albert Edward. - Mas, com o tempo, ele aprenderá.
Quando o pároco avançara pela nave o suficiente para poder dirigir-se ao zelador sem levantar a voz mais do que era
conveniente em um lugar de adoração, parou.
- Foreman, venha um momento até a sacristia. Tenho uma coisa a dizer-lhe.
- Pois não, reverendo.
O pároco esperou que ele o alcançasse e ambos seguiram juntos em direção ao altar.
- Foi um batizado muito bonito. Engraçado como o nenê parou de chorar quando o senhor o agarrou.
- Tenho notado que quase sempre é assim - disse o pároco, com um pequeno sorriso.
- Mas, afinal de contas, estou com uma grande prática de agarrar crianças.
Para ele, era uma fonte de orgulho, sempre reprimido, o fato de quase sempre poder sossegar as crianças, que
choravam, pela maneira de agarrá-las; e não deixava de tomar conhecimento da divertida admiração com que as mães e
amas o viam aninhar a criança na dobra da manga da sobrepeliz. O zelador compreendia que lhe agradava ser
cumprimentado por esta habilidade.
O pároco precedeu Albert Edward na sacristia. O zelador ficou um pouco surpreendido ao encontrar-se com os dois
guar-diães da junta paroquial. Não os vira chegar. Ambos lhe acenaram amistosamente com a cabeça.
- Boa-tarde, senhor lorde. Boa-tarde, senhor general-disse a um, e a outro.
Eram homens idosos, ambos, e ocupavam seus postos havia quase tanto tempo quanto Albert Edward era zelador.
Agora, estavam sentados à bela mesa de jantar que o antigo pároco trouxera da Itália, muitos anos atrás; e o pároco
sentou-se na cadeira vaga, entre os dois guardiães. Albert Edward estava de face para eles, com a mesa de permeio; e,
sentindo um vago mal-estar, especulava sobre o possível tema da conversa. Lembrava-se ainda da ocasião em que o
organista se metera numa complicação e dos aborrecimentos por que tinham passado para abafar a coisa. Numa igreja
como a de St. Peter, em Neville Square, não se tolerava um escândalo. No rosto vermelho do pároco, havia uma
expressão de resoluta benignidade; mas os outros tinham as fisionomias levemente perturbadas.
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"O padre andou amolando os dois", disse consigo o zelador. "Pediu-lhes para fazerem alguma coisa e eles não
gostaram. É isso mesmo, sou capaz de garantir."
Mas os pensamentos não apareciam nas feições bem marcadas e distintas de Albert Edward. Mantinha-se em atitude
respeitosa, mas não servil. Fora doméstico, antes de ser provido neste cargo, mas só trabalhara em casas de tratamento,
e a sua maneira de conduzir-se era irrepreensível. Começando como menino de recados na residência de um
comerciante forte, subira gradualmente do posto de quarto criado a primeiro; fora durante um ano mordomo da viúva de
um par; e, até que se abrisse a vaga na igreja de St. Peter, mordomo com dois auxiliares na casa de um embaixador
aposentado. Era alto, enxuto, grave, e digno. Se não parecia um duque, assemelhava-se pelo menos a um ator da velha
escola, especializado em papéis de duque. Tinha tato, firmeza e segurança. O seu caráter era inatacável. O pároco
começou abruptamente.
- Foreman, temos uma coisa um pouco desagradável a dizer-lhe. Você está trabalhando aqui há longos anos e
penso que o senhor lorde e o senhor general concordam comigo que cumpriu os deveres do seu cargo a contento.
Os dois guardiães fizeram um gesto de aquiescência.
- Mas uma circunstância extraordinária chegou ao meu conhecimento, um dia destes, e achei de meu dever participá-la
aos guardiães. Descobri, com assombro, que você não sabe ler nem escrever.
O rosto do zelador não exibiu nenhum sinal de embaraço.
- O último pároco sabia disso, reverendo - respondeu. - Disse-me que não fazia mal. Sempre estava dizendo que na
sua opinião havia demasiada educação no mundo.
- Essa é a coisa mais espantosa que já ouvi até hoje - exclamou o general. - Quer dizer que foi zelador desta igreja
durante dezesseis anos e nunca aprendeu a ler e escrever ?
- Eu comecei a trabalhar com doze anos, senhor general. O cozinheiro da primeira casa onde me empreguei tentou
ensi-nar-me, uma vez, mas parece que eu não tinha muito jeito, e depois, com uma coisa e outra, nunca me sobrava
tempo. E o certo é que nunca achei falta disso. Acho que uma porção de moços desperdiçam muito tempo lendo, quando
bem podiam estar fazendo alguma coisa de útil.
- Mas não sente vontade de ler as notícias ? - disse o primeiro guardião. - Nunca sente vontade de escrever uma carta ?
- Não, senhor lorde, passo muito bem sem isso. E, nos últimos anos, os jornais vêm com todas essas figuras, e eu
entendo regularmente o que está acontecendo. Minha senhora é muito instruída e, quando quero escrever uma carta,
ela escreve-a por mim.
Os dois guardiães fitaram os olhos aflitos no pároco e em seguida na mesa.
- Bem, Foreman, eu discuti o assunto com estes dois senhores e eles concordam inteiramente comigo que a situação é
insustentável. Numa igreja como a de St. Peter, em Neville Square, não pedemos ter um zelador que não saiba ler e
escrever.
O rosto fino e pálido de Albert Ecíward enrubesceu, e ele mexeu com os pés, contrafeito, mas não respondeu.
- Compreenda-me, Foreman, eu não tenho nenhuma queixa de você. Faz o seu trabalho de modo inteiramente
satisfatório; tenho no mais alto conceito tanto o seu caráter como a sua capacidade; mas não temos o direito de arriscarhttp://www.mphp.org
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nos a algum acidente que poderia acontecer em consequência da sua lamentável ignorância. Trata-se de uma questão
de prudência, assim como de princípio.
- Mas você não podia aprender, Foreman ? - perguntou o general.
- Não, senhor; acho que agora, não. O senhor vê, eu já não sou moço como era e, se não podia meter as letras na cabeça
quando era garoto, acho que agora não há nenhuma probabilidade.
- Não queremos ser duros com você, Foreman - disse o pároco. - Mas os guardiães
e eu estamos inteiramente decididos. Dar-lhe-emos três meses de prazo e, se no fim desse período você não souber
ler e escrever, acho que terá de deixar o lugar.
Albert Edward nunca simpatizara com o novo padre. Desde o começo, dissera que tinham cometido um erro entregandolhe a igreja de St. Peter. Não era o tipo de homem para urna congregação de fiéis de classe, como aquela. Agora,
empinou um pouco o busto. Conhecia o seu valor e não ia permitir que o afrontassem.
- Desculpe, reverendo, mas acho que assim não me serve. Sou um animal muito velho para aprender truques novos.
Vivo já há tantos anos sem aprender a ler e a escrever, e, sem querer me elogiar (o elogio não é recomendação na
boca do elogiado), posso dizer que fiz o meu dever nesse estado da vida em que a Providência misericordiosa achou
bom me colocar, e, mesmo que pudesse aprender agora, acho que não me resolveria.
- Nesse caso, Foreman, creio que tem de deixar o lugar.
- Sim, reverendo, eu compreendo. Terei o gosto de apresentar a minha resignação logo que o senhor encontre alguém
que me substitua.
Mas quando Albert Edward, com a sua delicadeza habitual, fechara a porta da igreja depois que o pároco e os dois
guardiães haviam passado, não pode conservar a atitude de calma dignidade com que suportara o golpe; e seus lábios
tremeram. Voltou lentamente para a sacristia e pendurou no respectivo cabide a toga de zelador. Suspirou, ao pensar
nos grandes funerais e nos casamentos elegantes a que assistira. Pôs tudo em ordem, enfiou o paletó, e, chapéu na mão,
percorreu a nave em direção à frente. Saiu e fechou a porta da igreja a chave. Cruzou devagar a praça, mas, absorto nos
seus pensamentos tristes, não tomou a rua que ia ter à sua casa, onde o esperava uma boa taça de chá forte; seguiu um
rumo errado. Caminhava lentamente. Sentia uma opressão no peito. Não sabia que fazer consigo mesmo. Não lhe
agradava a ideia de voltar para o serviço doméstico; depois de ter sido dono do seu nariz durante tantos anos (pois o
pároco e os guardiães podiam dizer o que quisessem, mas era ele quem administrava a igreja de St. Peter), dificilmente
se aviltaria aceitando um emprego naquele ramo. Poupara uma boa soma, mas não era suficiente para ele viver sem
fazer alguma coisa, e a vida parecia estar mais cara de ano para ano. Jamais julgara ter algum dia de preocupar-se com
tais problemas. Os zeladores da igreja de St. Peter, como os papas, eram vitalícios. Com frequência, pensava na grata
referência que o pároco haveria de fazer, durante o sermão das vésperas do primeiro domingo depois de sua morte,
aos longos e fiéis serviços e ao caráter exemplar do nosso finado zelador, Albert Edward Foreman. Soltou um suspiro
fundo. Albert Edward era abstêmio de álcool e fumo, porém com certa largueza; isto é, gostava de um copo de
cerveja no jantar e, quando estava cansado, fumava com prazer um cigarro. Ocorreu-lhe agora que um cigarro havia de
o confortar e, como não os trazia consigo, olhou em torno, à procura de uma casa onde pudesse comprar um maço de
Gold Flackes. Não descobriu logo nenhuma cigarraria, e continuou caminhando. Era uma rua longa, com toda a espécie
de comércio, mas não havia uma só casa onde se pudessem comprar cigarros.
- É esquisito - disse Albert Edward.
Para certificar-se, tornou a percorrer a rua, em sentido inverso. Não; não havia dúvida quanto a isso. Parou e olhou,
pensativo, para um lado e outro.
- Eu não posso ser a única pessoa que passa por esta rua e sente vontade de pitar - disse. - Acho que um camarada
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poderia fazer-se na vida, com uma pequena cigarraria por aqui. Cigarros e doces, naturalmente.
De repente, alçou a cabeça.
- Está aí uma ideia - disse. - E esquisito como a gente se lembra das coisas quando menos as espera. Deu meia volta,
foi para casa e tomou o chá.
- Estás tão silencioso esta tarde, Albert - observou-lhe a mulher.
- Estou pensando - disse ele.
Estudou a questão, de todos os ângulos; no dia imediato, percorreu a rua e, por sorte, descobriu um local que estava para
alugar e serviria exatamente para o seu fim. Vinte e quatro horas depois, alugara-o e, quando, daí a um mês, deixou
para sempre a igreja de St. Peter, em Neville Square, Albert Edward Foreman estabeleceu-se com tabacaria e venda de
jornais. Sua mulher opinou que era uma tremenda queda, depois de ter ele sido zelador de St. Peter, mas Albert Edward
respondeu que era preciso acompanhar as mudanças do tempo, a igreja não era o que fora, e daqui para diante ele ia dar
a César o que era de César. Saiu-se bem. Saiu-se tão bem que, dentro de um ano, aproximadamente, ocorreu-lhe que
poderia abrir uma segunda tabacaria e entregá-la a um preposto. Procurou outra rua longa que não tivesse cigarraria e,
quando a encontrou, corn uma frente para alugar, montou e abriu a nova casa. Também esta foi um sucesso. Refletiu
em seguida que, se podia ter duas, podia ter meia dúzia, e começou a andar através de Londres; e, sempre que
descobria uma rua longa que, não tendo tabacaria, tivesse um local apropriado para alugar, montava e abria um negócio
do seu ramo. No decurso de dez anos, fundara nada menos de dez tabacarias e estava ganhando dinheiro à larga.
Percorria-as pessoalmente todas as segundas-feiras, levantava a féria da semana e a depositava no banco.
Uma manhã, quando estava recolhendo um maço de notas e urna pesada bolsa de moedas de prata, o caixa do banco
disse-lhe que o gerente desejava falar-lhe.
Foi introduzido num gabinete e recebido pelo gerente.
- Mr. Foreman, eu queria conversar com o senhor sobre o dinheiro que tem em depósito aqui. Sabe exatamente a quanto
monta ?
- Exatamente, não, senhor; mas lenho uma ideia bem aproximada.
- Afora a entrada desta manhã, o seu depósito vai um pouco além de trinta mil libras. E uma soma muito grande para
ficar em depósito, e ocorreu-me que lhe conviria empregá-la.
- Não desejo arriscar-me, senhor. Sei que no banco está em segurança.
- Mas não precisa ter a menor preocupação. Dar-lhe-emos uniu lista de títulos garantidos. Eles lhe proporcionarão uma
taxa de juro melhor do que é possível aqui.
Traços de preocupação instalaram-se nas feições bem marcadas de Mr.Forernan.
- -Nunca entendi nada de ações e dividendos, e teria de deixar tudo isso nas mãos do banco--disse ele. O gerente sorriu.
- Engarregar-nos-emos de tudo. O senhor teria apenas de assinar os papéis, na próxima vez que nos visitasse.
- Eu poderia fazer isso-disse Albert, com incerteza.---Mas como ia saber que é que estava assinando?
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- Suponho que sabe ler - disse o gerente, um pouco rispidamente.
Mr. Forernan sorriu-lhe, apaziguador,
-Pois é isso, senhor. Não sei. Naturalmente parece engraçado, mas é o que é, não sei ler, e não sei escrever a não ser o
meu nome, e só aprendi isso quando me estabeleci como comerciante.
O gerente ficou tão surpreendido que se empertigou na cadeira.
- Mas é a coisa mais extraordinária que já vi.
- O senhor vê, eu nunca tive a oportunidade de aprender, a não ser quando já era tarde demais, e aí, não quis. Sou
meio teimoso.
O gerente olhava-o com espanto, como se ele fosso um monstro pré-histórico.
- Então quer dizer que desenvolveu esse importante comércio e juntou uma fortuna de trinta mil libras sem saber ler
nem escrever? Meu Deus, que não seria o senhor agora, se tivesse aprendido a ler e a escrever ?
_ Isso eu posso dizer-lhe - respondeu Mr. Foreman, um pequeno sorriso nas feições sempre aristocráticas. - Seria
zelador da igreja de St. Peter, em Neville Square.
[1] "The Verger", no original. Não há correspondente em português para este posto das Igrejas anglicana, ocupadas
por um leigo. (N.T)
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