Relatório Geral Região Metropolitana de Fortaleza

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Relatório Geral Região Metropolitana de Fortaleza
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Relatório Geral
Região Metropolitana
de Fortaleza
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SUMÁRIO
SUMÁRIO ...................................................................................................................................... 2
1. Introdução................................................................................................................................. 3
1.1 Apóstolos ............................................................................................................................ 3
1.2 Agradecimentos .................................................................................................................. 5
2.
Objetivos ............................................................................................................................... 6
3. Contexto.................................................................................................................................... 6
3.1 Falta de trabalhador qualificado ......................................................................................... 9
3.2 Falta de Inovação ............................................................................................................. 12
3.3 Baixa Produtividade .......................................................................................................... 14
3.4 Custo de produção e logísticos elevados .......................................................................... 16
3.5 Etapas para criação de empresa de vanguarda ................................................................ 20
Bibliografia .................................................................................................................................. 21
4.Desafios.................................................................................................................................... 22
4.1 Desafio 1 - Atribuir ao RH funções estratégicas da empresa ................................................ 22
4.2 Desafio 2 – Utilização de softwares para gestão empresarial .......................................... 26
4.3 Desafio 3 - Implantar departamento de PCP (Planejamento e Controle da Produção)
eficiente nas empresas............................................................................................................ 28
4.5 Desafio 5 - Promover controle eficiente de estoque ........................................................ 31
4.6 Desafio 6 - Promover a aproximação entre departamentos da empresa......................... 33
5. Novos Negócios ...................................................................................................................... 35
5.1 Reciclagem de Resíduos da Indústria Têxtil ...................................................................... 35
5.2 Logística Colaborativa ....................................................................................................... 37
5.3 Consultores de Inovação e fundos de investimentos ....................................................... 38
5.4 Descarte adequado de lâmpadas fluorescentes ............................................................... 41
5.5 Diversificação da produção industrial de tintas ............................................................... 42
6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 45
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1. Introdução
O Programa Apóstolos da Inovação é uma ação do INDI – Instituto de
Desenvolvimento Industrial e da FIEC – Federação das Indústrias do Estado do Ceará
em parceria com a CNI – Confederação Nacional das Indústrias com a finalidade de
trazer inovação para setores das indústrias cearenses através do contato com
estudantes universitários de alto desempenho, além de diagnosticar os problemas em
comuns que as empresas enfrentam devido a deficiência de infraestrutura e educação
do estado.
1.1 Apóstolos
Foram selecionados 24 estudantes, sendo divididos em duas turmas: 12 alunos
pertencentes às instituições ITA e IME; e 12 com alunos integrantes de universidades
cearenses. Esses alunos tiveram contato com vários empresários e pessoas do governo
através de palestras e imersões em empresas da Região Metropolitana de Fortaleza e
Região do Vale do Jaguaribe.
Kalil Gebrim Rodrigues, 22 anos, estudante de Engenharia de
Computação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Trabalhou três anos e meio na empresa júnior ITA Junior, empresa
de consultoria em engenharia, nas posições de diretor de
qualidade e Presidente. Estagiou no Banco BBM, Banco HSBC, Bain
& Company e QMagico.
Victor Farias Monteiro, 24 anos, Engenheiro de Teleinformática
pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Possui duplo-diploma
na França pela École Centrale de Lyon (2010-2012). Ainda na
França, estagiou na Airbus e na Gemalto. Tem formação em gestão
de projetos baseado no PMBoK e na biblioteca ITIL.
Paulla Calhado, 23 anos, estudante de Engenharia de Produção
Mecânica da Universidade Federal do Ceará. Trabalhou dois anos
na empresa Junior do curso, Proativa Junior, onde foi
Coordenadora de Estratégia. Estagiou em duas empresas, INACE
(Indústria Naval do Ceará) e HOPE Lingerie, onde obteve
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experiência com trabalhos na área de produção e qualidade. No
período de julho de 2012 a setembro de 2013 morou na Alemanha
onde
estudou
engenharia
em
uma
universidade
alemã,
HochschuleKempten.
Ramón Gondim, 26 anos, estudante de Engenharia de Fortificação e
Construção do Instituto Militar de Engenharia. Trabalhou dois
anos na empresa junior IME junior, empresa de consultoria em
engenharia, nas posições de gerente de marketing e diretor de
projetos. Estagiou na PROMON Engenharia, participando do projeto
de expansão da linha 4 do metrô do Rio de Janeiro, dimensionando
as estruturas das estações.
Ivan Guilhon, 22 anos, Estudante de Engenharia Eletrônica no
ITA, coordenou o projeto Livro Aberto, que produz material
didático para ensino médio de domínio público em parceria com o
CASDVestibulares. Realiza pesquisas sobre ligas semicondutoras
envolvendo grafeno no grupo de semicondutores e nanotecnologia
no ITA.
Wesley Nascimento, 25 anos, Estudante de Engenharia Metalúrgica
e Materiais pela Universidade Federal do Ceará, Diretor de
projetos na empresa Junior Metal soluções onde atuo em
consultorias e serviços técnicos no setor metal- mecânico,
experiência na área de projetos, com cursos de gestão de
projetos e Curso de 6 sigma atualmente com nível Green belt.
Clara Dibe, 22 anos, estudante de Engenharia de Produção da
Universidade de Fortaleza – UNIFOR. Estagiou em 3 empresas, TGA
Engenharia, Companhia de Água e Esgoto do Ceará– CAGECE e
Tribunal de Justiça do
Ceará, onde atuou nas áreas de PCP,
logística e Melhorias respectivamente. No período de Setembro de
2012 a Fevereiro de 2013 morou na França onde estudou engenharia
civil em uma universidade francesa localizada na Normandia,
Université du Havre.
Paulo André, 19 anos, estudante do 3° ano de Engenharia CivilAeronáutica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) .
Medalhista de olímpiadas brasileiras de Química, Física e
Astronomia. Presidente de uma ONG que atua na captação de
recursos para projetos desenvolvidos pelos alunos do ITA.
Raphael Braga ,24, Estudante de Engenharia Química na UFC,
sócio-fundador da PetaPixel Pano (USA), tem experiência com
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Energias Renováveis ne Itália e Educação, na Sérvia. Atuou na
AIESEC em Talent Management, participou de projetos do CNPQ(
BRA) /JICA (JAP)/ EPA(USA) na área ambiental.
Adriana Nunes, 21, Estudante de Engenharia Mecânica Aeronáutica
no ITA. Atuou por dois anos na área de Recursos Humanos do CASD
Vestibulares, cursinho assistencialista para mais de 500 jovens
carentes de São José dos Campos (SP), desempenhando o
acompanhamento de alunos e de membros voluntários.
Matheus Carneiro, 25 anos, estudante do 3° ano de engenharia
mecânica-aeronáutica no ITA, diretor da Comissão de Estágios e
Empregos do ITA (CEE), iniciativa responsável por apoiar e
divulgar processos seletivos e por buscar oportunidades de
estágio (regulares e férias) para os alunos do ITA.
Rodrigo Parente, 26 anos, graduando em engenharia química pela
Universidade Federal do Ceará. Possui experiência nos setores de
qualidade, produção, gestão e educação. Possui artigo cientí co
publicado
em
revista
internacional.
Possui
experiência
internacional, tendo estudado nos EUA e na Argentina.
1.2 Agradecimentos
Agradecemos a toda equipe da FIEC e do INDI por todo apoio, pela orientação e
especialmente por nos oferecerem uma oportunidade ímpar de entender melhor a
economia cearense através de várias palestras, encontro com representantes de vários
setores e várias visitas a diversas empresas. Essas experiências completamente novas
para grande parte dos apóstolos.
Agradecemos também aos empresários que abriram suas portas para nós, que
dividiram parte de sua experiência e expuseram algumas de suas dificuldades. Tanto as
visitas em grupo às empresas quanto as imersões em dupla contribuíram bastante
para à identificação dos desafios das empresas cearenses e a formulação de soluções e
ao surgimento de proposta de novos negócios.
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Por fim, agradecemos aos membros do governo que se ofereceram para expor aos
apóstolos o seu ponto de vista sobre os problemas estruturais que ainda entravam o
nosso pleno crescimento e desenvolvimento econômico, expondo também como essas
dificuldades vem sendo combatidas.
2. Objetivos
1. Realizar um diagnóstico do nível de desenvolvimento socioeconômico
cearense, em comparação com o Brasil e com o mundo, explicando como
esse cenário influencia as indústrias locais.
2. Reunir os principais desafios encontrados nas empresas cearenses durante
o período de visitas e imersões. Foram elencadas oportunidades de
melhoria que levassem em conta critérios de impacto, viabilidade e
replicabilidade.
3. Reunir ideias de novos negócios que surgiram durante o programa
Apóstolos da Inovação, acompanhadas de estudos de viabilidade
preliminares.
3. Contexto
O desenvolvimento do estado do Ceará tem sido pauta de diversos estudos
promovidos pelo INDI – Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará –, e pelo
IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará, os quais relatam com
otimismo as taxas de crescimento do PIB ( Produto Interno Bruto ) cearense frente a
nacional.
De fato, ao analisar o desenvolvimento da economia cearense frente à brasileira,
a partir das taxas médias de crescimento real do PIB a preços constantes, isto é,
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descontados da inflação, percebe-se que o Ceará tem crescido em ritmo superiores a
média nacional nos últimos 10 anos.
Por outro lado, analisar o desenvolvimento do estado apenas segundo taxas de
crescimento do PIB pode levar a conclusões simplistas, afinal é mais fácil crescer
percentualmente quanto menor o montante a ser crescido, isto é, crescer 10% no total
de 100 é mais fácil do que 10% em um total de 1000.
Figura 3-1
Em uma outra abordagem, se analisarmos a razão percentual do PIB Cearense
sobre o PIB Brasileiro, de 1939 a 2013, percebe-se uma estagnação: em 1965, o Ceará
possuía uma participação de 2,2190% na composição do PIB nacional , enquanto que
em 2013, 2,1626%.
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Figura 3-2
Ou seja, apesar do estado estar crescendo a ritmos superiores ao nacional, tal
ritmo não tem sido suficiente para aumentar significativamente sua participação na
produção de riqueza do país.
Não só o Ceará enfrenta este problema. Com exceção da Bahia, que aumentou
de forma substancial sua participação do PIB nacional, no período de 1995 a 2010, os
estados do Nordeste não possuem significativos ganhos em crescimento na
contribuição do PIB do país.
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Figura 3-3 – Participação estadual no PIB nacional
Pode-se apontar diversas causas que impedem o alavancar do crescimento
cearense. Serão estudados aqui quatro fatores críticos, a nível local, nacional e global,
no desenvolvimento do estado: baixa produtividade, custos de produção e logísticos
elevados, má qualificação de mão-de-obra, falta de diferenciação das empresas.
3.1 Falta de trabalhador qualificado
Pesquisa realizada em 2013, pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do
Ceará (INDI) em parceria com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) revelou
que 63,6% das indústrias cearenses enfrentam problemas com a falta de mão de obra
qualificada, como apresentado na figura 3-4.
Figura 3-4 - Percentual de empresas com problemas de falta de trabalhador qualificado
(Fonte: (INDI, 2013)).
A falta de mão de obra qualificada atinge as empresas cearenses de todos os
tamanhos, entretanto, as de maior porte são mais prejudicadas, uma vez que 70%
destas relataram este problema.
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Por outro lado, as indústrias de menor porte são atingidas em menor proporção
(56,3%), resultado possivelmente explicado pelos processos produtivos mais simples e
menos intensivos em tecnologia.
É interessante notar que o principal entrave é a qualidade do ensino básico.
Como ilustrado na Erro! Fonte de referência não encontrada., os impactos da falta de
mão de obra qualificada são presentes nas mais diversas áreas e categorias
profissionais, porém afetam com maior intensidade a contratação de trabalhadores
com menor escolaridade, como operadores e técnicos, ligados diretamente à
produção.
A grande maioria das empresas consultadas, que afirmaram lidar com escassez
de mão de obra qualificada, dispõe de mecanismos para enfrentar esse entrave, sendo
a capacitação na própria empresa a principal iniciativa das indústrias para combater a
falta de trabalhador qualificado, opção assinalada por 75% dos respondentes, como
ilustrado na Erro! Fonte de referência não encontrada..
Figura 3-5 - Percentual de empresas com problemas em encontrar trabalhador
qualificado por área (Fonte: (INDI, 2013) .
O segundo mecanismo adotado pelas empresas para lidar com o problema é
o fortalecimento da política de retenção de trabalhadores qualificados (56,3%), através
de aumentos salariais ou por concessão de benefícios.
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Já a realizações de cursos externos (37,5%) e de parcerias com instituições de
ensino (31,3%) ocupam, respectivamente, o terceiro e quarto lugar entre as ações para
mitigar o problema.
Figura 3-6 - Ações para enfrentar a falta de trabalhadores qualificados (FONTE: (INDI,
2013)).
Este problema não é restrito ao estado do Ceará. A avaliação internacional de
educação feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), realizada em 2012, revelou que o Brasil encontra-se na 58º posição, dentre 65
países analisados. Veja a figura 3-7.
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Figura 3-7 - Resultado PISA 2012.
Este teste, que avalia os conhecimentos de leitura, matemática e ciência de
alunos de 15 anos, constatou que quase 70% dos alunos brasileiros não têm o
conhecimento adequada em matemática e português, como vemos na figura 3-8.
Figura 3-8 - Proporção de alunos com aprendizado adequado tanto em português
quanto em matemática.
3.2 Falta de Inovação
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O grande desafio de toda empresa é se diferenciar. Uma empresa
diferenciada em seus produtos e processos consegue ser mais competitiva em seu
mercado e trazer melhores resultados, uma vez que ela consegue identificar e atender
as necessidades de seu cliente de forma mais eficaz que empresas menos
competitivas.
Uma opção para desenvolver uma empresa diferenciada é investir em P&D a
fim de criar produtos inovadores que consigam suprir as necessidades dos clientes com
qualidade.
A partir da figura 3-9, pode-se notar características claras dos países mais
desenvolvidos ou que possuem grande desenvolvimento tecnológico. Constata-se que
na região do gráfico que concentra os países com mais de 1,5% do PIB investido em
P&D e mais de 2000 cientistas/engenheiros por milhões de pessoas encontram-se os
países com indústrias de alto valor agregado e índices humanos altos como Alemanha,
EUA, Rússia, Coréia do Sul.Por outro lado, o Brasil, país muito voltado a produção de
commodities, possui grau de investimento em P&D semelhantes a Irã, Argentina e
Turquia.
Figura 3-9 - Investimentos em inovação no mundo.
Segundo (Booz&Co., 2013), em 2012, o investimento de empresas brasileiras
em inovação, ação ligada diretamente à pesquisa e desenvolvimento e busca de novos
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processos, caiu 18,7% (totalizando 3 bilhões de dólares), enquanto que as 1000
empresas mais inovadoras do mundo aumentaram seu grau de investimento em 5,8%,
totalizando cerca de 600 bilhões de dólares.
O Ceará está inserido no contexto altamente desfavorável do Brasil e,
relativamente, o nosso estado possui um desempenho muito pior que o estado
referência nacional em pesquisa em desenvolvimento. Vale notar que, ainda que o
governo não apoie tanto iniciativas em inovação de forma expressiva, a iniciativa
privada do nosso estado possui um gasto desprezível em P&D quando comparado com
São Paulo.
Tomando o estado de São Paulo como referência, a Figura 3-10 mostra que no
Ceará os investimentos fiscais e os gastos públicos em P&D são inferiores aos do
estado de São Paulo. Porém não adianta apenas culpar o governo, os gastos privados
com P&D no Ceará são desprezíveis quando comparados ao de São Paulo.
50%
• Incentivo fiscais em P&D
25%
• Gastos públicos com P&D
25%
• Pedidos de Patentes
0%
• Gastos privados com P&D
Figura 3-10 - Dados do setor de P&D no Ceará, com relação à São Paulo.
3.3 Baixa Produtividade
A baixa capacidade de gerar mais produto com a mesma quantidade de
capital e trabalho impede que a economia brasileira cresça a um ritmo satisfatório.
A figura 3-11 apresenta uma comparação entre a produtividade do Brasil e a
de alguns países desenvolvidos e subdesenvolvidos, onde a produtividade é medida
como a relação entre o PIB do país e o número de trabalhadores. Embora em 2012, a
produtividade do Brasil tenha sido superior à de países como China e Índia, o
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crescimento percentual entre 2009 e 2012 da produtividade brasileira foi inferior à
desses países.
2228ral
1400
2173ral
1200
1000
2119ral
800
2064ral
600
2009ral
400
1954ral
200
1900ral
0
EUA
Japão Coréia Malásia Chile
do Sul
1960 (eixo esquerdo)
Brasil
China
Índia
2012 (eixo esquerdo)
Crescimento (%) (eixo direito)
Figura 3-11 - Produtividade - PIB (U$)/ número de trabalhadores (FONTE: (Labor
Productivity, 2013)).
A produtividade não está necessariamente ligada ao nível de escolaridade das
pessoas. No setor da construção civil, por exemplo, tanto nos Estados Unidos quanto
no Brasil, os operários da construção civil de ambos os países sustentam taxas muito
próximas de escolaridade, porque os imigrantes mexicanos representam boa parte
desses trabalhadores nos Estados Unidos. Entretanto, No entanto, o índice de
produtividade dos americanos é significativamente melhor. Os altos níveis de
informalidade no Brasil e o uso de tecnologia menos avançada, mesmo entre as
empresas formais, explicam a diferença.
Embora a produtividade do país seja baixa, no Ceará existem setores que se
diferenciam e possuem produtividade superior à do país. A figura 3-12Figura
apresenta uma comparação entre os diferentes setores da indústria cearense.
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Figura 3-12 - Produtividade dos setores no Ceará.
A moagem de trigo é um dos setores que possui produtividade superior à do
país. O grupo J. Macedo, que pertence a este setor, possuindo 27 % do market share
nacional de farinhas, a empresa tem treinamentos em 5S e implantação de cultura
Lean para atingir alto nível de produtividade. Como resultado dessas ações, uma das
fábricas da empresa conseguiu elevar sua produção de 3,4 para 4,6 milhões de
toneladas por mês.
A M. Dias Branco, outra empresa cearense do setor, também merece ser
ressaltada nesse sentido, uma vez que possui projeção nacional semelhante à J.
Macedo. Isso é um grande feito, uma vez que o país não possui autossuficiência em
trigo e importa grande parte do grão necessário para a sua produção.
3.4 Custo de produção e logísticos elevados
A competitividade da indústria nacional e, consequentemente, cearense é
profundamente afetada pelos elevados custos de produção e logísticos, decorrente de
carências históricas em infraestrutura, falta de integração dos modais de transporte,
altos custos GTD (geração, transmissão e distribuição) de energia e a carga tributária
elevada associada a estas atividades.
Analisando a tarifa industrial de consumo energia elétrica nacional, por exemplo,
em contraste com outras tarifas no mundo, fica notória a falta de competitividade.
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Figura 3-23
Quando comparada a dos demais países dos BRICs, a tarifa de energia elétrica
industrial no Brasil é 134% maior do que a média das tarifas de China, Índia e Rússia
(140,7 R$/MWh). As indústrias instaladas no Brasil pagam, em média, 259% a mais
do que na Rússia, 131% a mais do que na China e 75% a mais do que na Índia.
Tabela 3-1 – Tarifa de energia elétrica industrial dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia e
China.
A menor competitividade se estende também aos países latino-americanos, com
uma tarifa 67% superior à média da praticada por Argentina, Chile, Colômbia, El
Salvador, Equador, México, Paraguai e Uruguai (197,5 R$/MWh).
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Tabela 3-2
Nesse cenário, na composição da média da tarifa de energia elétrica nacional, o
estado do Ceará não está entre as mais competitivas, apesar de estar abaixo da média
nacional, ainda possui tarifas superiores a todos os países do BRICS, latino-americanos
e países parceiros econômicos como os Estados Unidos.
Figura 3-34
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Dessa maneira, a nível local e nacional, os custos relativos a tarifa de energia
são substanciais e reduz de forma crítica a competitividade das empresas cearenses e
brasileiras.
Ao se falar do impacto de custos de logísticas nos negócios, as decisões de
logística, na empresa ou na sua cadeia de suprimento, causam impacto relevante no
âmbito da competitividade, da agregação de valor ao cliente e na agregação de valor
ao acionista. Essas decisões causam impacto na competitividade na medida em que
influenciam o preço final dos produtos (pela redução de custos) e no nível de serviço,
Elas agregam valor ao cliente pelo atendimento ao nível de serviço comprometido. E
por último, podem agregar valor ao acionista com a minimização dos custos e a
liberação de ativos por meio de terceirizações, que geram retornos positivos aos
investimentos.
Porém, além de decisões adequadas pelas firmas, os custos logísticos e,
consequentemente, a competitividade de uma empresa estão vinculadas à
infraestrutura local, como qualidade e eficiência intermodal de transporte de carga.
Comparando a infraestrutura disponível do Brasil nos modais de transporte frente
aos países do BRICS, fica evidente a prematuridade da infraestrutura brasileira: países
como Índia, que possuem uma extensão territorial menor do que a brasileira, possui
uma malha ferroviária e rodoviária mais extensa, conforme gráfico abaixo:
Figura 3-45
O conjunto de má decisões logísticas e infraestrutura prematura acarreta um custo
logístico elevado para as empresas brasileiras, conforme pode-se observar no gráfico
abaixo: setorialmente, percebe-se que o setor petroquímico é o mais eficiente em
termos de minimização de custos em relação à receita, estando a média nacional em
13,14% de custos logísticos em relação à receita. O setores de construção e bens de
capitais estão com índices bem mais elevados frente a média nacional.
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Figura 3-56
Em síntese, percebe-se o quão relevantes são os custos de produção e
logísticos na competitividade das empresas, tanto a nível nacional, quanto a nível local.
A empresa que busca ser bem sucedida neste cenário deve buscar maneiras de reduzir
os seus custos na cadeia produtiva e tomar decisões adequadas relativas à logística de
seus produtos a fim de se manterem sustentáveis e competitivas.
3.5 Etapas para criação de empresa de vanguarda
Acreditamos que toda empresa deve buscar ser uma empresa de vanguarda. A
vanguarda é o último estágio que a empresa pode alcançar. Atuar na vanguarda da
tecnologia é ditar os rumos que a produção e a inovação de um setor determinado.
Empresas como Google e Apple são exemplos dessa vanguarda, uma vez que elas
existem com a finalidade de lançar produtos e tendências que demais empresas
tentam
seguir.
Eficiência
Qualidade
Flexibilidade
Vanguarda
Figura 3-67
Para que isto ocorra, ela deve antes passar por algumas etapas, para que essa
inovação seja um processo sustentável e não apenas uma fonte de custos. Cada uma
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das etapas é pré-requisito para o próximo passo de modo que a gestão da empresa
deve estar focada em atravessar cada etapa criando mecanismos de controle para que
não haja retrocesso.
A primeira preocupação da empresa deve ser com sua eficiência, ou seja, seu
fluxo de caixa. Uma empresa eficiente é aquela que consegue obter lucro e já possui
mecanismos internos de contabilidade e acompanhamento do lucro. A empresa
eficiente já entende as oscilações do mercado em que atua e consegue, com uma
acurácia razoável, se planejar financeiramente. Inovações no sentido de gestão são
normalmente tomadas nesse ponto da empresa, exatamente para que haja uma
organização geral da empresa e, então, ela possa atingir sua eficiência.
Numa segunda etapa, a empresa deve focar em Qualidade. Após se tornar
lucrativa a empresa deve reinvestir esse lucro focando na estruturação e
acompanhamento dos processos internos. Nessa etapa a empresa deve focar em
estratégias de aumento da qualidade, tanto dos produtos, quanto dos processos, como
5S, ISO9001 e Lean. Os controles internos de qualidade garantem a sobrevivência da
empresa ao longo do tempo e também sua melhoria processual continua. Inovações
no sentido de processos são tomadas nesse ponto, melhorando a qualidade do
produto, aliada à demanda crescente.
Em terceiro vem a etapa de flexibilidade, onde a empresa deve adaptar-se a
novas tendências do seu setor e garantir competitividade em um cenário de
mudanças. Nessa etapa a empresa deve possuir um mínimo de inteligência de
mercado, funcionários antenados nas tendências do setor e que podem elaborar
planos de ação que contornem e adaptem os processos internos. Inovações na busca e
manutenção de novos mercados acontecem nesse ponto, onde a empresa procura a
expansão ao atingir clientes em novos locais e/ou setores.
A última etapa é a empresa de vanguarda. Uma empresa de vanguarda não só
antecipa e se adapta a tendências, mas cria as próximas tecnologias e produtos que
vão ditar o rumo do mercado em que estão inseridas. Esta empresa está preparada
para investir forte em inovação, e deve estruturar equipes de projetos que aprimorem
e inovem o produto e também os processos. Uma empresa neste estagio se torna
líder, pois está sempre um passo a frente das competidoras. Inovações em pesquisa e
desenvolvimento normalmente acontecem nesse momento, com a possibilidade de
assumir a liderança de mercado e gerar tendências.
Bibliografia
Booz&Co. (22 de 10 de 2013). Fonte: Empresas batem recorde de investimento em Pesquisa &
Desenvolvimento no mundo: http://www.booz.com/br/home/imprensa/mostrar/2013-globalinnovation-1000-br
INDI, I. d. (2 de Novembro de 2013). Falta de Trabalhador Qualificado na Indústria. Fonte:
http://www.sfiec.org.br/portalv2/sites/indi/files/files/CARTA%20%20ECONOMICA_NOVEMBR
O_2013.pdf
Labor Productivity. (2013). The Conference Board .
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4.Desafios
Acreditamos que empresário cearense, seja pequeno, médio ou grande, enfrenta
uma série de barreiras, desafios que o limitam, mas, uma vez superadas, se
transformam em grandes oportunidades para a sua empresa crescer e ganhar mais
competitividade.
Em nossa experiência com a indústria cearense, conseguimos identificar seis
desafios, que podem ser transformados em oportunidades se enfrentados da forma
correta.
4.1 Desafio 1 - Atribuir ao RH funções estratégicas da empresa
Contexto do desafio:
Em nossas visitas e imersões podemos ter contato com diversos setores e
colaboradores das empresas . Foi realizado uma pesquisa de nossas impressões sobre
a forma de atuação do departamento de gestão de pessoas das empresas nas quais os
apóstolos imergiram.
Como você classifica o foco do
departamento de RH da empresa ?
17%
Estratégico
8%
17%
Operacional
Figura 4-1
58%
23
Como resultado, enxergamos que a maioria das companhias não possuía
estrutura definida para gestão de pessoas, sendo o departamento de RH limitado
basicamente a admissão, pagamento e demissão de pessoas.
Tal contexto expõe uma grande contradição do empresariado cearense, uma
vez que ele indica que a mão-de-obra não é qualificada, porém ele não cria o ambiente
propício para o crescimento pessoal e profissional do seu colaborador.
Criação de um setor de Gestão de Pessoas:
1. Fazer uma estruturação breve das funções do setor de RH
Organizar as atividades fundamentais a serem desempenhadas e planejar a
quantidade de pessoas necessárias para desempenhá-las.
2. Contratar profissionais especializados em gestão de pessoas
Procurar pessoas que estejam aptas a desenvolver as atividades do setor de
RH, contratando a quantidade necessária para desempenhar atividades já
planejadas anteriormente.
3. Alinhar o perfil do RH formado com a empresa
Realizar treinamentos e atividades de passagem de valores para a equipe nova
formada, de forma que eles tomem conhecimento geral sobre a empresa,
como sua missão, visão e valores. Desse modo, o RH poderá diagnosticar as
competências necessárias da empresa e propor novas tarefas que sejam boas
para o desenvolvimento organizacional.
4. Estruturar e Alinhar as atividades com a equipe formada periodicamente
De forma que fiquem claro as atividades que devem ser executadas e suas
prioridades. Isso pode ser sempre estruturado pela empresa com reuniões
semanais entre a liderança e o RH, de forma a discutir atividades passadas e
implementar novas.
24
Figura 4-2
O setor de RH agindo na criação de uma cultura de meritocracia
É importante que cada empresa tenha modelos avaliação de competências envolvidas em
cada um de seus departamentos. A avaliação de colaboradores deve ser constante, periódica e
munida de um sistema de feedback bem estabelecido, que é imprescindível para o fechamento
dessa atividade.
Vale ressaltar que exista esse tipo de processo deve fazer parte da cultura da empresa e
que aconteça em diferentes setores da empresa. De preferência é interessante que haja nesse
processo uma forte interação entre o colaborador, seus colegas e seu líder imediato, o que
torna o processo mais rápido e gera mais alinhamento dentro do setor. É interessante que cada
colaborador ou gestor seja avaliado tanto horizontalmente quanto verticalmente, por meio de
avaliações 360º, por exemplo.
O sucesso desse tipo de avaliação depende fortemente de um setor de RH forte e
organizado, que esteja a par da realidade das diferentes áreas da empresa, além de uma
cultura madura na empresa que saiba separar relações pessoais das profissionais, o que ainda
é pouco observado, além de um sistema de TI capaz de armazenar, rastrear e reportar as
informações coletadas do desempenho e desenvolvimento de cada colaborador.
Detalhes de como essa política de gestão de pessoas pode ser implementada devem levar
em conta a realidade de cada empresa. No entanto, deve-se buscar criar um sistema de metas
claras para todos os colaboradores, baseada fundamentalmente em indicadores. Esse conjunto
de metas deve estar, por sua vez, inseridos em um planejamento estratégico da empresa,
criando um ambiente de sinergia envolvendo as diferentes equipes da empresa. Todos devem
ter metas a serem atingidas.
Nesse contexto, cria-se um clima forte de cobrança por resultados que pode se converter
em aumento de produtividade se forem atendidas as seguintes condições:
1. As metas definidas forem atingíveis e constituindo-se como desafios realizáveis ao
colaborador;
2. Existência de um sistema de cobrança de metas estruturado;
25
3. Premiação em forma de remuneração, benefícios ou prêmios a colaboradores que
atingirem suas metas.
Um sistema de remuneração baseada em meritocracia, como participação de lucros e
rendimentos, premia os funcionários com melhor desempenho na empresa. Com isto, valorizase o funcionário que melhor desempenha sua função e incentiva-se os demais funcionários a
procurarem melhorar sua performance.
Segundo uma pesquisa sobre o grau de maturidade de políticas de meritocráticas realizado
em grandes empresas em operação no Brasil, pode-se constatar os maiores benefícios para a
empresa, sob a percepção de seus respectivos colaboradores. Pode-se observar que há
grande aprovação desse tipo de política.
Efeitos de políticas meritocráticas
67%
59%
57%
46%
O empregado
conhece as
expectativas sobre o
seu trabalho
Melhora o
desempenho da
equipe
Identifica
necessidades de
treinamento
Figura 4-3
Resultados da Melhoria:

Aumento de produtividade da empresa

Valorização e retenção de funcionário competente

Cultura de melhoria constante

Diagnosticar as necessidades dos colaboradores

Construir uma mão de obra mais capacitada
Oportunidade de
crescimento
profissional
26
4.2 Desafio 2 – Utilização de softwares para gestão empresarial
Contexto do desafio:
Nas empresas visitadas e imergidas, observou-se uma clara diferença de
maturidade de gestão entre empresas que possuíam softwares e ferramentas para
gestão empresarial. Empresas com esse tipo de ferramenta sabem em que patamar
elas estão e conseguem identificar melhores estratégias de mudança em face de
adversidades do mercado. Não ter essa ferramenta, dá margem à desorganização na
empresa, o que pode minar sua boa parte de sua competitividade.
Oportunidade de melhoria
Um administrador de empresa necessita tomar decisões a respeito de que
rumo sua empresa deve seguir e nessas decisões é necessário ter o máximo de
informações possível sobre diferentes setores de sua empresa. Nesse contexto,
sistemas integrados de informação em empresas vêm ganhando grande importância.
Observa-se comumente a resistência a aplicação dessas soluções em empresas, que
em geral optam por trabalhar com planilhas, que geram diminuição de produtividade
da empresa, segundo as consequências descritas anteriormente.
As empresas cearenses tem grandes dificuldades em implementar esse tipo de
solução. De maneira geral, a maioria delas não tem um controle acurado sobre seus
processos, estoque ou indicadores. Sistemas ERP podem ter diversas finalidades
específicas, dependendo do ramo da empresa. Esses sistemas podem, por exemplo,
criar sistemas de monitoramento de fabricação, vendas, finanças, estoque ou fluxo de
matéria-prima.
A utilização desse tipo de sistema está muitas vezes associada com um gasto
alto de implementação, além de um processo de aprendizado para utilizar o sistema
da maneira adequada, ou a adaptação de processos ao sistema utilizado. Por esse
motivo a implementação de um ERP deve ser antecedida de um estudo cuidado de
como será feita a implementação do sistema, destacamos as duas principais formas:
27
1. Small-bang: Implementação do ERP em fases consecutivas, com
implementação em diferentes fases com a compra de módulos voltados
para diferentes setores da empresa.
2. Big-bang: Entrada de todos os módulos do ERP em todas as divisões da
empresa de forma simultânea. Geralmente vem associados de grandes
investimentos em treinamento de utilização da ferramenta para grande
parte do efetivo da empresas.
Se utilizado da forma correta esse tipo de ferramenta pode ter efeitos
interessantes,
como
o
ganho
de
produtividade,
maior
comunicação
interdepartamental e aumento significativo de legitimidade de informações do sistema
da empresa. Pesquisando sobre efeito de aplicação dessa ferramenta, encontramos
cases de sucesso que registraram aumentos de produtividade da ordem de 30% até
empresas que compraram a ferramenta, mas não conseguiram adaptar seus processos
aos sistemas, por isso reforçamos mais uma vez a necessidade de um estudo
detalhado de como implantar o sistema da melhor forma buscando uma harmonia
entre a nova ferramenta e os processos da empresa.
Resultado das melhorias:

Centralização de informações da empresa

Geração de relatórios com informações consistentes

Suporte para decisões empresariais
28
4.3 Desafio 3 - Implantar departamento de PCP (Planejamento e
Controle da Produção) eficiente nas empresas
Contexto do desafio:
Nas nossas visitas, entendemos que um número considerável de empresas não
possui estrutura definida de PCP, o que ocasionava problemas tanto no suprimento da
demanda como na produção acima volume necessitado pelo mercado, situações
indesejadas por todos os empresários.
Oportunidade de melhoria:
A primeira Revolução Industrial no século XIX foi marcada pela substituição da
produção artesanal para produção por máquinas, sem customização dos produtos e
opções de variantes. Os empresários fabricavam artigos todos iguais e os
“empurravam” para o mercado. Com o decorrer dos anos os clientes tornaram-se
exigentes buscando maior variedade, menor custo, alto padrão de qualidade, produtos
mais inovadores, confiáveis e, se possível, personalizados e com rapidez na entrega.
Assim, o modelo orientado a produção foi substituído pelo sistema orientado para as
necessidades do mercado.
Um gerenciamento eficiente da cadeia produtiva, onde se integra
fornecedores, clientes internos e externos, possibilita um maior percentual de acertos,
diminuindo estoques e problemas de qualidade, ao mesmo tempo em que aumenta a
confiabilidade e capacidade de produção.
Considerando o contexto apresentado e as avaliações dadas pelos participantes
do programa, os quais entraram em contato com empresas cearenses de diversos
setores, inferiu-se que o déficit de PCP nas linhas de produção é significativo. Na
maioria das empresas o departamento não existe ou não é eficientemente utilizado.
De acordo com o gráfico abaixo, produzido conforme visualização dos Apóstolos nas
empresas visitadas na região metropolitana de Fortaleza, pode-se perceber que não há
um acompanhamento eficiente dos processos, isso quando existe.
29
Figura 4-4
Em resumo, o PCP não toma decisões, mas transforma o fluxo de informações em
uma sequência de operações estruturadas e otimizadas, auxiliando os gestores no
processo decisório.
Conforme o desafio apresentado e observando que ele é uma parte tática da
empresa, foram listadas algumas oportunidades de melhorias que auxiliam a melhor
aplicação do departamento de PCP:
1) Estudo dos tempos e métodos
Decompor o trabalho em elementos e encontrar o tempo padrão da operação. As
razões para cronometrar os elementos da tarefa são: separar as atividades
controladas pelo homem das controladas pela máquina, separar as atividades
repetitivas das intermitentes, separar as atividades necessárias das desnecessárias,
comparar os métodos e padronizar dados.
2) Fluxo contínuo
Elimina as verdadeiras “estagnações” de trabalho em cada processo como também
entre eles, viabilizando a produção 1×1. Isso gera a necessidade de um layout
adequado conforme tipo de produção e espaço. No tempo total de produção de
uma peça, 95% correspondem a movimentação e espera.
3) Nivelamento da produção
Balancear a produção de forma a não deixar a capacidade da máquina ociosa ou
sobrecarregada.
4) Operações padronizadas
30
5) Atender takt-time
Sincronizar o ritmo de produção com o ritmo de venda, a fim de não atrasar
pedidos e ao mesmo tempo não produzir demais e gerar estoque.
6) TPM (Manutenção Produtiva Total)
Propósito do TPM é a maximização do rendimento operacional global dos
equipamentos. Por exemplo, em uma empresa visitada no programa, a utilização
de técnicas da manutenção elevou mais de 38% da produção.
7) Diminuição do tempo de setup
- Troca rápida de ferramenta;
- Eliminar o processo de ajuste. O processo de ajuste nas ações de troca de
ferramentas normalmente gasta de 50% a 70% do tempo total da troca interna;
- Abolir, por si mesma, a etapa de troca de ferramentas, usando a mesma peça
para vários produtos e/ou produzindo várias peças ao mesmo tempo. (formar
famílias de itens);
- Dispositivo a prova de erros / Poka-Yoke. Busca detectar o problema através da
utilização de dispositivos que permitam verificar a existência, ou não, de alguma
característica associada à forma ou dimensão do item.
Curiosidades:

Mitsubishi Heavy Industries: o tempo de setup de uma Mandrilhadora foi
reduzido de 24 horas para 2 minutos e 40 segundos;

Toyota Motors: o setup de uma máquina conformadora de parafusos foi
reduzido de 8 horas para 58 segundos;

H. Weidmann Co. (Suiça): o setup de uma máquina injetora de plástico passou
de 2 horas e meia para 6 minutos e 35 segundos;

Federal-Mogul Co. (EUA): setup de uma fresadora foi reduzido de 2 horas para
2 minutos.
Resultado das melhorias:

Aumento da produtividade;

Determinação
de
indicadores
disponibilidade, capacidade, etc);
palpáveis
(produtividade,
eficiência,
31

Diminuição de estoques;

Melhor formulação do plano mestre de produção;

Melhor controle da qualidade;

Maior disponibilidade de equipamentos;

Processo mais controlado.
4.5 Desafio 5 - Promover controle eficiente de estoque
Contexto do desafio:
Foi observado que grande parte das empresas visitadas não tinha um bom
controle de estoque, os problemas podem ser causados por diversos motivos como,
por exemplo, um baixo nível de informatização desse setor.
Essa deficiência dificulta o planejamento da produção e dificulta a garantia do
sistema FIFO no estoque, observamos que em certos casos os produtos chegam a
vencer ainda em estoque por falta de gerenciamento de estoque. Formulamos duas
propostas para o problema: implementação de WMS e produção com o sistema Just in
Time.
Implantação de um WMS
Um empresário precisa ter o controle exato do seu estoque, seja ele de
produto acabado ou de matéria-prima, pois uma empresa que possui um estoque bem
organizado tem uma melhor produtividade e sabe exatamente o que pode vender ou
produzir para seu cliente final. Conseguir controlar esse estoque é um grande desafio
para as empresas tendo em vista que muitas delas não sabem a importância de um
bom gerenciamento.
Uma possível solução para esse problema de gestão é a implantação de um sistema
chamado WMS - Warehouse Management System, uma ferramenta de gestão de
estoque que permite a realização do controle automatizado de todo o fluxo de
material.
Resultado das melhorias:





Aumento médio na capacidade de processamento de pedidos
Redução da mão de obra operacional
Melhoria na exatidão da expedição
Redução de custos de estoque
Redução drástica no nível de erros
Segue um gráfico que mostra claramente essa redução de erros na produção
32
Figura 4-5
Implantação do sistema Just in Time de produção
Muitas empresas tem excesso de estoque ou falta de organização, para
combatermos isso podemos utilizar do just in time é uma ferramenta que determina
que nada deve ser produzido, comprado ou transportado antes da hora, ou seja, só é
produzido o que é vendido, reduzindo muito o nível do estoque e os custos
decorrentes do processo, a maior dificuldade para a implantar o just in time são os
fornecedores, pois eles tem que ser extremamente confiáveis e ter a capacidade de
realizar entregas de pequenos lotes na frequência desejada.
Uma desvantagem do just in time é que ele não pode ser aplicado em produtos
com demanda imprevisível e com grandes oscilações, melhor aplicável em produtos
padronizados com grande demanda.
Resultado das melhorias:



Redução de espaço e manuseio
Rápida resposta a problemas
Menos desperdícios e retrabalhos
33
4.6 Desafio 6 - Promover a aproximação entre departamentos da
empresa
Contexto geral:
Durante as imersões, notou-se que muitas empresas cearenses apresentam
gargalos gerados pelo afastamento entre departamentos estratégicos, como o
departamento de produção industrial e o comercial. Identificou-se também que esse
afastamento era reflexo muitas vezes de um regime administrativo centralizado na
figura do dono da empresa, o que diminui a autonomia das diretorias e não contribui
para o alinhamento e a aproximação entre os departamentos. Dado esse contexto,
entendeu-se que a ausência de um planejamento estratégico baseado em uma
descentralização administrativa é o fator provocador desses gargalos.
Oportunidades:

Criar o planejamento estratégico da empresa
Implementação de um planejamento estratégico:
1. Identificação das lideranças
O primeiro passo para a implementação de um planejamento estratégico
dentro de uma empresa é a identificação dos responsáveis por tomar as decisões e por
agir ativamente no desenvolvimento e na aplicação desse planejamento.
2. Reavaliação da visão, da missão e dos valores da empresa
Identificados os líderes, deve-se promover entre eles uma reavaliação da visão,
da missão e dos valores da empresa, identificando onde a empresa se encontra e
aonde ela quer chegar a médio e longo prazo.
3. Definição dos objetivos estratégicos
A reavaliação dos parâmetros acima é importante para que os responsáveis
pelo planejamento formulem a estratégia da empresa. Com base nisso, essas pessoas
vão definir conjuntamente os objetivos estratégicos de cada departamento em relação
34
às perspectivas financeira, dos clientes, dos processos internos e de aprendizado e
crescimento dos envolvidos.
4. Desenvolvimento do mapa estratégico
Definidos os objetivos de cada departamento da empresa, o passo seguinte é
desenvolver o mapa estratégico da empresa, o qual servirá para direcionar as ações de
toda a equipe da empresa. Além disso, com um mapa estratégico pronto é possível
justificar cada ação em cada departamento por meio de argumentos de causa e efeito
sobre os objetivos estratégicos traçados.
5. Indicadores e feedback
A definição de indicadores para a avaliação de desempenho relacionado à execução
dos objetivos estratégicos é essencial para que se possa gerar um feedback sobre a
atuação de cada setor da empresa. Por sua vez, esse feedback é essencial para que
cada diretor possa analisar a execução das metas para seu departamento e
consequentemente possa, juntamente com os demais, definir os próximos passos do
trabalho de seus membros, isto é, possam reavaliar e reformular seus planos de ação.
Resultado das melhorias:

Descentralização administrativa

Melhorar a eficiência e a eficácia de cada setor da empresa

Alinhamento constante entre os departamentos em relação às metas da
empresa

Feedback contínuo em relação à execução dos planos de ação de cada
departamento.

Facilidade de moldagem dos planos de ação a partir do feedback, por conta da
proximidade entre departamentos.
35
5. Novos Negócios
Nossas imersões não só resultaram em diagnósticos de desafios e resolução
dessas barreiras por meio de ações internas. Procuramos, também, oportunidades de
novos negócios que aproveitam lacunas de serviços e de indústrias instaladas na
região.
5.1 Reciclagem de Resíduos da Indústria Têxtil
Proposta de negócio
Empresa que realize a coleta dos resíduos, sob um custo da empresa que gera os
resíduos e realize a transformação em produtos tecidos reciclado, que tem um maior
valor agregado e uma demanda crescente.
Contexto
As empresas de confecção do Ceará têm uma geração de resíduos altíssima e um
problema de destinação final desses resíduos. Houve tentativa de firmar parcerias com
cooperativas que promovem o reuso, mas elas não são capazes de absorver toda o
descarte. A partir de agosto de 2014, a PNR- Política Nacional de Resíduos Sólidos deve
obrigar essas empresas a documentarem e darem destinação adequada a esses
resíduos. O potencial de gerar receita com esses resíduos é altíssimo, já que o Ceará é
um dos maiores polos têxteis do Brasil.
Demanda

Volkswagen do Brasil – utiliza reciclados 30 % tecido + 70 % PET no revestimento
externo de estofados da Saveiro.

Ford- todos os veículos Ford Fusion utilizam tecidos reciclados no revestimento de
estofados e isolamento acústico. Processo Mundial. No Brasil, são usados 1,3
milhão de m de tecido por ano e a meta é eliminar qualquer tecido que não seja
reciclado da produção. O maior desafio é encontrar fornecedores no Brasil.
36

Indústria da Moda- Grifes e marcas como Alexandre Hercovitch, Osklen e Levi’s e
Giorgio Armani utilizam tecidos reciclados e te planos de aumentar a oferta. A
Levi’s produziu em 2013, apenas no primeiro semestre, 400 mil peças de jeans
reciclado.

Marcas e Cadeias como H&M, Mark & Spencer’s, Levi’s , Donna Karan estão em
busca de fornecedores para lanças coleções completas de tecidos reciclados.
Produtos usados a base de tecidos reciclados

Peças acústicas para automóveis ( capôs, tetos, portas etc);

Fiação;

Enchimento de bichos de pelúcia;

Acolchoados;

Desfibrados de Brim, Algodão ( o mais caro), Jeans, Malha;

Tecidos Conjunto ( 30% de jeans e 70% de PET reciclado).
Case de sucesso
No interior de São Paulo existe uma empresa que já atua nesse setor, a
Ecosimple. Ela já produz 50 diferentes tipos de tecidos reciclados e tem um
faturamento anual de R$ 8 milhões.
Vantagens Competitivas do Ceará
O Ceará é um excelente estado para se instalar uma empresa de reciclagem de
retalhos, aqui já existe uma grande quantidade empresas de fabricação de roupas em
Fortaleza, principalmente jeans, que pode fornecer grande quantidade de matériaprima. Vale ressaltar que esse insumo pode ser obtido por um preço extremamente
barato. Aqui também existem clientes de grande porte, por exemplo:

Marcas de luxo como Brooksfield, La Martina, Crawford, VR, John John, etc;

Empresas automobilísticas como a Troller, Ford Bahia, Fiat Paraíba;

Empresas de colchão como a Ortolite, Ortobom e Ônix;
37
Análise de viabilidade e custos

O custo de compra de uma maquinário: uma máquina de reciclagem de tecido
com capacidade de produção de 150 Kg/h a 250 kg/h de retalho custa cerca de U$
10.000;

Custo Insumo: a princípio, zero, pois a confecção precisa dar uma destinação final
ao retalho. O custo seria apenas o logístico.

Uma confecção visitada por apóstolos gera 800 kg/ dia, o volume de retalhos no
Ceará deve ser da ordem de dezenas de toneladas;
Uma fábrica de três máquinas seria capaz de gerar cerca de 10 800 kg/dia , no
mínimo, que gerariam um faturamento anual de R$ 31.680.000,00, considerando o
preço de venda do retalho como sendo R$ 12,00/Kg.
5.2 Logística Colaborativa
Proposta de negócio
O mercado de logística se concentra na movimentação de mercadorias entre dois
pontos. Acontece que, em geral, os caminhões fazem o caminho direto carregados e
fazem o caminho de volta vazios ou parcialmente carregado, o que representa um
custo. Há, portanto, uma oportunidade de se explorar esse caminho de volta.
A ideia é criar um portal que realiza a troca de informações entre empresas que
necessitam de frete com outras empresas que possuem frota de própria. Nesse portal,
a empresa de frete notificaria que sua frota tem previsão de voltar vazia, daí uma
empresa que precisa de frete acionaria esse serviço por meio do portal por um preço
competitivo, possibilitando diluição de custos de logística.
Sobre o mercado
Existem estudos de viabilidade de logística colaborativa, mas essa ainda não é
uma prática comum. Isso significa que existe um nicho específico a ser atendido por
esse novo negócio.
38
Demanda
Os caminhões, segundo especialista, funcionam como serviços de taxi, rodam
durante muito tempo vazios transitando para um serviço. Estudos afirmam que no
estado de São Paulo 43% dos caminhões trafegam vazios, uma vez que não possuem
formas efetivas de otimizar seus serviços.
Dados obtidos de empresas americanas relatam que mais de 10% da distância
percorrida por operadoras de frete ocorrem com o caminhão vazio.
Análise de viabilidade e custos
Os custos do negócio são associados apenas a criação e manutenção do portal,
os demais custos envolvidos são diluídos entre os clientes do negócio. A monetização
do negócio é algo que depende bastante da estratégia de marketing adotada, existem
as seguintes opções de cobrança:
1. Pagamento mensal de uma taxa para o portal
2. Percentagem do valor do frete
5.3 Consultores de Inovação e fundos de investimentos
Contexto
“Editais são uma excelente maneira de tratar igualmente os
desiguais.” – Dep. Ariosto Holanda.
Todo ano o governo federal destina milhões para Projetos de Inovação. De
acordo com o site da FINEP, fundação responsável pela gestão desses recursos,
“A FINEP concede financiamentos reembolsáveis e não-reembolsáveis. O
apoio da FINEP abrange todas as etapas e dimensões do ciclo de
desenvolvimento científico e tecnológico: pesquisa básica, pesquisa
aplicada, inovações e desenvolvimento de produtos, serviços e
processos. A FINEP apoia, ainda, a incubação de empresas de base
tecnológica, a implantação de parques tecnológicos, a estruturação e
consolidação dos processos de pesquisa, o desenvolvimento e a inovação
em empresas já estabelecidas, e o desenvolvimento de mercados. Além
disso, a partir de 2012 a FINEP também passou a oferecer apoio para a
implementação
de
uma
primeira
unidade
industrial
e
também
incorporações, fusões e joint ventures.”
39
As empresas brasileiras de médio porte desconhecem o que é inovação e a sua
importância para competir e crescer no mercado. A Pesquisa da Fundação Dom Cabral
(FDC) traço um cenário preocupante sobre o tema no país. Das 149 companhias
consultadas pelo levantamento, apenas 20% disseram fazer uso de alguma lei ou
programa de incentivo à inovação. O resultado contrasta com avaliação feita por
71,2% dessas mesmas empresas. Segundo elas, a inovação aparece de forma evidente
na ideologia da marca, seja como valor ou visão.
Entre as médias empresas que não usam recurso algum para inovar, o
desconhecimento de mecanismos como a Lei do Bem e a Lei da Inovação é apontado
como principal motivo para a ausência de investimento nessa área, à frente da
reprovação de projetos e da burocracia imposta para lançar mão desses incentivos.
Acima desses dois obstáculos, as empresas apontam como razões para não usar os
estímulos disponíveis a falta de foco no assunto e a ausência da percepção da
necessidade de usá-los, abaixo segue um gráfico que demonstra os principais
empecilhos das empresas na hora de usar os fundos de investimentos em P&D.
Não quiseram responder
A empresa não tem inovação como cultura
3,400%
4,500%
A burocracia impediu
5,700%
Tentou usar, mas os projetos não foram
aprovados
5,700%
Não tem percepção da necessidade
Falta de foco no assunto
Desconhece os incentivos
9,100%
22,700%
48,900%
Figura 5-1 - Motivo pelo qual as empresas não usam os recursos de incentivos a P&D.
Ainda existem empresas que não separam de seu orçamento um percentual
para o investimento em P&D, como se verifica da figura a seguir:
40
Maior que 10
2%
5.1 a 10
13%
1.1 a 5
39%
0a1
32%
0
14%
Figura 5-2 - Percentual do faturamento anual investido em inovação e P&D.
A falta de acesso a incentivos fiscais, no entanto, não é a principal explicação
para o desinteresse das empresas médias na inovação, segundo Fabian Salum,
coordenador do estudo da Fundação Dom Cabral. O empresário está focado na
sobrevivência, na geração de caixa, na entrega e desenvolvimento de seus produtos.
Sendo isso uma visão de curto prazo, A falta de busca por recurso e algo preocupante
no Brasil, isto e visto abaixo em um gráfico onde foram entrevistadas mais de 72 mil
empresas.
20%
sim
não
80%
Figura 5-3 - Empresas que usam de leis ou programas de incentivos de inovação.
Durante nossas conversas tanto em grupo como nas imersões notamos a
dificuldade das empresas de obter o Know-How
41
O know-how para se participar desses editais é muito especifico e muitas vezes
o mesmo já vem enviesado para empresas paulistas. Como trazer mais destes recursos
para o estado do CE? Como ajudar os empresários a angariar fundos para projetos
inovadores?
Empresa:
A oportunidade está em criar uma empresa que atue em duas áreas:


Adequação de projetos existentes em editais federais padronizados
Busca por novos projetos dentro das empresas que possam melhorar
sua competitividade
Essa iniciativa pode ser incubada na FIEC e servir de apoio para as empresas da
federação. Direcionando esses recursos para empresas locais podemos tornar o
empresário cearense, que por natureza já é criativo, mais competitivo em cenário
nacional.
5.4 Descarte adequado de lâmpadas fluorescentes
Proposta de negócio
Realizar o encaminhamento adequado de lâmpadas fluorescentes, realizando o
tratamento adequado dos resíduos tóxicos, encaminhando-os para incineração, e
reciclando o vidro. O vidro reciclado pode ser vendido ou pode ser aproveitado na
produção de outro produto para agregar valor, como a fabricação de pastilhas para
construção civil ou pisos de cerâmica, que levam 20% de vidro.
Contexto
As empresas cearenses tem dificuldade de dar destinação adequada às
lâmpadas. A partir da entrada em vigor da PNR (Política Nacional de Resíduos Sólidos)
em agosto de 2014, esse problema será majorado, pois empresas serão proibidas de
encaminharem seus resíduos para lixões.
Descrição do negócio
Uma determinada empresa, que precisa ter as lâmpadas recolhidas, paga o
nosso novo negócio para fazer a captação dessas lâmpadas. Atualmente, em São
Paulo, o valor é de R$ 0,80 por lâmpada.
O vidro das lâmpadas será reciclado. Este vidro tanto pode ser vendido para a
indústria do vidro, cuja produção é 80% de reciclados, quanto pode ser aproveitado
para outro produto de maior valor agregado. Um exemplo disso são as pastilhas para
construção civil, além dos pisos de cerâmica. Ambos teriam o custo de produção
reduzido significativamente, no caso das pastilhas 18%, aproximadamente.
42
Mercado
Das 100 milhões de lâmpadas descartadas anualmente no Brasil, apenas 6% são
recicladas. Há a vantagem de eliminar o intermédio dos catadores, que são
responsáveis por 60% do custo de produção do vidro reciclado.
Está instalada no Ceará a Owen-Illinois, maior produtora mundial de vidro. A
demanda por vidro para reciclagem é altíssima.
5.5 Diversificação da produção industrial de tintas
Proposta de negócio
A produção de tintas da indústria Cearense está correlacionada principalmente
a construção civil, o que representa um grande risco, uma vez que após 2016 há
previsão de redução no ritmo de crescimento desse setor. Diversificar os setores
atingidos pela indústria de tintas é necessário para tornar tal segmento mais
competitivo e sustentável.
Em face desse cenário, acreditamos produção de tintas para setor
metalomecânico, pinturas viárias e/ou pás de turbinas eólicas é mercado interessante
para os próximos anos.
Análise de demanda
Com a construção da Companhia Siderúrgica do Pecém, indústria que
aumentará o PIB industrial do Ceará em 51%, haverá ambiente propício para que
indústrias satélites que produzem produtos de maior valor agregado se instalem na
região. A indústria de tintas pode se beneficiar da instalação dessas indústrias satélites
ao produzir tintas para seus produtos.
Vale notar também que o Ceará tem projetos para aumentar em mais de 200%
de sua produção de energia eólica por meio de instalação de mais turbinas, o que
indica uma grande demanda por tintas para turbinas eólicas, produto importado.
Outro setor que possui grande demanda por tintas é o de pinturas viárias e de
peças automotivas. Existe somente uma empresa de produção de tintas para vias no
nordeste e a Troller, fabricanten da Ford instalada no estado, sofre com a falta de
oferta de tintas.
Análise de mercado
O Brasil é um dos cinco maiores mercados mundiais para tintas.Fabricam-se no país
tintas destinadas às mais variadas aplicações, com tecnologia de ponta e grau de
competência técnica comparável à dos mais avançados centros mundiais de
43
produção.Há centenas de fabricantes, de grande, médio e pequeno porte, espalhados
por todo o país. Os dez maiores fabricantes respondem por 75% do total das vendas.
Os grandes fornecedores mundiais de matérias-primas e insumos para tintas
estão presentes no país, de modo direto ou através de seus representantes,
juntamente com empresas nacionais, muitas delas detentoras de alta tecnologia e com
perfil exportador.
O faturamento do setor em 2012 foi de US$ 4,28 bilhões. O setor de tintas
imobiliárias, que recebe 80% do volume de tintas, só corresponde cerca de 60% de seu
faturamento, o que indica que os demais setores possuem lucratividade mais
acentuada. A produção de tintas para o setor automotivo, incluindo repintura,
corresponde a 8% do volume total, mas possui cerca de 16% de seu faturamento.
Alguns dados do setor, segundo abrafati:

Faturamento líquido 2012: US$ 4,28 bilhões

Volume produzido 2012: 1,398 bilhão de litros

Capacidade instalada: mais de 1,7 bilhão de litros/ano
Segmentos em que o setor se divide:
Figura 5-4- Volume de produção do setor segundo abrafati.
44
Figura 5-5-Faturamento do setor segundo abrafati.
Análise de viabilidade
Para a criação dessa indústria teremos como maiores custos a obtenção da
matéria-prima e instalação da fábrica. A matéria-prima para a produção de tintas pode
ser obtida no Brasil, uma vez que temos indústrias de tintas instaladas no Ceará que
produzem parte da própria matéria-prima e outra parte trazem de outros estados do
Brasil.
Sabe-se que, uma vez superadas as barreiras de entrada, a indústria possui um
grande potencial de retorno, conforme foi explicado da análise de demanda.
45
6. CONCLUSÃO
O programa Apóstolos da Inovação representou uma grande oportunidade aos
estudantes participantes de ter um contato com diferentes indústrias cearenses,
permitindo um contato com a realidade e os desafios da economia cearense.
Os desafios e novos negócios elencados foram resultados de discussões entre
os apóstolos, comparando as realidades das empresas em que foram feitas as
imersões. Buscamos fazer com que os pontos levantados representassem a realidade
cearense como um todo, demonstrando onde estão os gargalos da indústria local.