CHALG coloca primeira bomba de insulina em criança Centro

Transcrição

CHALG coloca primeira bomba de insulina em criança Centro
edição online n.º 02 | agosto 2014
Centro Hospitalar do Algarve Reforça
equipas com 43 novos enfermeiros
designed by: CHAlg - GCOM | 2014
CHALG coloca primeira
bomba de insulina em criança
www.chalgarve.min-saude.pt
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Propriedade
Centro Hospitalar do Algarve
Saúde Positiva n. 2 | Agosto 2014
Centro Hospitalar do Algarve
Rua Leão Penedo,
8000-386, Faro
Tel. 209 891 100
www.chalgarve.min-saude.pt
Edição on-line
Gabinete de Comunicação
[email protected]
Tel. 289 001 970 | 282 450 357
Redação/fotografia
Carina Ramos
Daniela Martins Nogueira
Márcio Fernandes
Luís Baptista
Paginação/grafismo
Luís Baptista
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Destaque
Terapias na água
Artigo
Valências pediátricas do hospital de Faro
alargam idade de atendimento até aos 18 anos.
Artigo
CHAlgarve estabelece protocolo com o
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Artigo
CHALG coloca primeira bomba de
insulina em criança.
Notícia
Centro Hospitalar do Algarve Reforça
equipas com 43 novos enfermeiros.
Discurso Direto
“Somos como uma Família” - Lídia Maria.
Dupla Face
Homem de Luvas - Carlos Reis.
Entrevista
Médico do CHAlgarve escolhido pela
OMS para encontro de peritos.
Fotorreportagem
Requalificação do Serviço de Urgências
Unidade de Portimão.
editorial
Os efeitos, individuais e coletivos, das dificuldades que
a sociedade portuguesa atravessa são muitas vezes
incompreensíveis e de difícil aceitação.
O desafio imposto reflete-se naturalmente em todos os
momentos e a cada interação entre as pessoas, agravando a
já por si difícil tarefa de nos relacionarmos uns com os outros,
sobretudo quando o “outro” nos é desconhecido e uma parte
de nós também.
O conceito da Janela de Johari que procura explicar a
comunicação interpessoal e os relacionamentos, tentando revelar
o grau de lucidez nessas relações, assume-se como um exercício
particularmente útil no atual contexto socio-económico.
À luz deste conceito, quando dois interlocutores estão frente-a-frente, sejam eles pessoas individuais ou grupos, importa
compreender que no início dessa interação as áreas do
conhecimento entre ambos, e de si, são muito reduzidas, o
que dificulta a compreensão e aceitação de opiniões, atitudes
e decisões divergentes; existem ainda “áreas cegas”, que
sendo conhecidas de um dos interlocutores não o são do
outro, bem como “áreas secretas”, que não podem ou não
devem ser partilhadas, e ainda “áreas inconscientes” ou
desconhecidas para ambos os interlocutores.
É nesta complexa teia de interações e de relacionamentos
que os profissionais de saúde desenvolvem as suas atividades,
criando espaços de diálogo e interação decisivos tanto para
a relação terapêutica com os doentes, como para as relações
entre os seus pares, colegas e chefias.
Este exercício de procurar compreender o outro para além
do que é visível aos olhos de todos deve ser empreendido
diariamente, beneficiando transversalmente o contexto
relacional em que os cuidados de saúde são prestados.
José Vieira dos Santos
Enfermeiro Diretor
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Terapias
na água
CHAlgarve abre
Unidade de Hidroterapia
em Portimão
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O Centro Hospitalar do Algarve aumentou a sua oferta assistencial e disponibiliza desde o passado mês de março tratamentos
de Hidroterapia destinados aos utentes que se encontram em
processo de recuperação motora no Serviço de Medicina Física
e de Reabilitação.
Apostando numa estratégia que assenta na diferenciação dos
cuidados de saúde, na rentabilização dos equipamentos e na
valorização da competência técnica dos recursos humanos, o
CHAlgarve levou a cabo um conjunto de ações e investimentos
que permitiram a reativação da Unidade de Hidroterapia, sedeada na unidade de Portimão.
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Como explica Maria Helena Gomes, médica fisiatra e diretora do
Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, “esta é uma infraestrutura importante para a diferenciação dos cuidados de saúde
e tratamento dos doentes na região, pois no Algarve só existem
duas unidades deste género totalmente orientadas e vocacionadas para a reabilitação - a Unidade de Hidroterapia do CHAlgarve e a do Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul”.
Este foi um processo que demorou algum tempo pois foi necessário fazer a revisão do equipamento técnico e infraestrutural, levada a cabo pelo Serviço de Instalações e Equipamentos.
O controlo bacteriológico é feito pelo Laboratório Regional de
Saúde Pública que garante a qualidade da água.
“Uma terapêutica muito
benéfica para os utentes”
Samuel Oliveira, terapeuta na Unidade de Portimão, trabalha
bem de perto com algumas pessoas que se encontram em processo de reabilitação motora e reconhece, sem dúvida alguma,
as mais-valias dos tratamentos de hidroterapia, destacando que
as vantagens da água são sobretudo a temperatura e a pressão
hidrostática nas estruturas, bem como a flutuação e a resistência
que a água provoca quando aceleramos os movimentos.
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Por exemplo, em situação de fratura, caso tenha indicação médica e seja prescrito pelo fisiatra, dentro de água, no tanque de
marcha, “consegue-se gerir a altura da água e o peso, o que
faz com que a pessoa ande direita e não apoiada para um lado
ou para outro (como com as canadianas). Temos ainda alguns
casos de doentes com desordens da coluna vertebral (hérnias
discais, lesão de nervos, entre outras patologias). Esses doentes
neste momento estão a fazer terapia mista, primeiro na água e
depois no ginásio”, ilustra o terapeuta.
Apostando na complementaridade e integração de cuidados,
a Unidade de Hidroterapia do CHAlgarve assegura um vasto
leque de tratamentos orientados para as mais diversas patologias, destacando-se, por exemplo, no processo de recuperação
de fraturas graves, situações clínicas nas quais os utentes necessitem de recuperar força e mobilidade, ou em quadros mais
complexos e morosos, como é o caso dos utentes paraplégicos,
tetraplégicos ou vítimas de AVC.
Para a diretora do serviço “esta é uma terapêutica que muito
beneficia os doentes. Aliás, em determinados momentos na evolução da doença, é a terapêutica mais válida. Embora haja alternativas de ginásio ou de outros equipamentos, a hidroterapia,
por exemplo, nas patologias músculo-esqueléticas ou noutras
situações em que esteja contra-indicada a carga nos membros
inferiores, é a mais indicada. Quando fazemos tratamento em
piscina reduzimos a gravidade e estamos a permitir um trabalho
mais eficaz do conjunto muscular e articular, o que permite acelerar o processo de reabilitação”.
De acordo com o terapeuta Samuel Oliveira, os doentes que
estão a beneficiar deste programa sentem grandes melhorias.
“Sobretudo os paraplégicos ao nível da circulação das pernas,
do funcionamento renal e intestinal e até na própria pele sentem muita diferença. Paralelamente todos estes fatores contribuem para que alguma medicação seja mais reduzida”, reforça.
No sentido de garantir a maior eficácia do tratamento, todos
os programas são adaptados às necessidades de cada doente
e à prescrição feita pelo médico. Após cada conjunto de determinado número de sessões é feita uma reavaliação por toda a
equipa técnica do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação.
A seleção dos doentes, bem como a prescrição dos tratamentos, é feita pelos fisiatras. Posteriormente, todo o processo de
aplicação dos tratamentos e reavaliação é acompanhado pela
equipa multidisciplinar do serviço.
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(Foto) Tanque de Hubband
Indicado para condições clínicas que
envolvem múltiplas articulações ou lesão
de áreas corporais extensas
Piscina e
tanque de marcha
Particularmente importante para
tratamento músculo-esquelético
e neurológico quando não está
indicada, carga nos membros
inferiores.
Eficaz nos tratamentos ortopédicos
traumáticos, degenerativos e
reumatológicos.
Eficaz na minimização das sequelas de
doenças do sistema nervoso central e
periférico, e AVC.
Importante no tratamento de
lesões vertebro-medulares.
Temperatura
da água
Dependente das metas do
tratamento e da condição geral do
doente.
Regra geral deve estar entre os 33º
e os 36º ‑ Contudo­as temperaturas
podem ser superiores dependendo
do objetivo do tratamento.
Água
permanentemente
em movimento
Impede a formação de uma
camada mais fria junto à pele,
provoca um aquecimento mais
vigoroso do que aquele que
ocorreria com a água estagnada.
Análise da
água efetuada
semanalmente
O rigor da qualidade da água é
assegurado semanalmente pelo
Laboratório Regional de Saúde
Pública, Dra. Laura Ayres.
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VALÊNCIAS
PEDIÁTRICAS
DO HOSPITAL
DE FARO
ALARGAM
IDADE DE
ATENDIMENTO
ATÉ AOS 18 ANOS
A medida há muito preconizada foi colocada em prática no
passado dia 2 de maio, data a partir da qual o internamento
de pediatria reuniu as condições físicas e logísticas necessárias
para acolher os adolescentes entre os 15 e os 18 anos - ou
mais precisamente 17 anos e 364 dias - que até então ficavam
internados nos serviços hospitalares destinados a adultos.
A implementação da medida, extensível a todos os setores
pediátricos do hospital de Faro do Centro Hospitalar do
Algarve, foi fruto da concertação de esforços entre a sociedade
civil, a Associação dos Amigos da Pediatria do Hospital de Faro
e o CHAlgarve, num investimento total de cerca de 26.000€
que possibilitou requalificar duas enfermarias e criar uma casa
de banho destinadas em exclusivo a estes jovens adolescentes,
cujas características físicas e psicossociais requerem um nível de
privacidade e diferenciação em relação às crianças mais jovens
com as quais partilham o internamento.
As obras de melhoria processadas incluíram ainda a
remodelação integral da casa de banho anteriormente
existente, o que no total permitiu criar três áreas de duche,
uma das quais adaptada, um compartimento sanitário
também ele adaptado e mais dois sanitários individualizados.
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Estas intervenções, consideradas pela Direção do Serviço
de Pediatria como absolutamente indispensáveis para o
aumento da idade de admissão nos sectores pediátricos até
aos 18 anos, foram inicialmente impulsionadas pela vontade e
esforço da mãe de uma criança internada em finais de 2011.
A título pessoal, Ana Margarida Magalhães mobilizou várias
empresas da região na missão de melhorar as condições de
conforto e humanização destes espaços, nomeadamente ao
nível das instalações sanitárias e de duche do Serviço. Ao
mecenato civil, juntou-se depois a necessária contribuição
da Associação dos Amigos de Pediatria do Hospital de Faro e,
finalmente, do próprio Centro Hospitalar do Algarve.
As sinergias geradas permitiram agora colocar em prática
a legislação relativa a esta matéria, pelo que a Direção do
Serviço manifesta publicamente o seu franco agradecimento
às empresas envolvidas, nomeadamente Europontal, Imoarte,
Metalofarense, Rolear e Montalgarve.
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CHALGARVE ESTABELECE PROTOCOLO COM O
CENTRO HOSPITALAR E UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA
Decorreu no passado dia 12 de junho a
sessão solene de assinatura do Acordo
de Cooperação entre o CHAlgarve e
o Centro Hospitalar e Universitário
de Coimbra (CHUC) no âmbito do
seguimento pós-transplante renal e
programa de entrega de proximidade
de medicamentos.
A sessão protocolar foi presidida
pelo Secretário de Estado Adjunto
do Ministro da Saúde, Fernando Leal
da Costa, que se congratulou com
o protocolo piloto a nível nacional,
reconhecendo as vantagens e benefícios
que esta colaboração interinstitucional
comporta, com ganhos efetivos na
comodidade dos doentes transplantados
em Coimbra e residentes no Algarve
que passam a beneficiar de um
acompanhamento clínico e entrega de
medicamentos de proximidade.
Os presidentes dos Conselhos de
Administração dos Centros Hospitalares
signatários, Pedro Nunes e Martins
Nunes, também manifestaram a sua
satisfação pelo acordo de colaboração
estabelecido, fazendo votos que a
parceria interinstitucional se possa
estender a outras especialidades e áreas
de intervenção.
definem os termos do relacionamento
institucional entre os dois Centros
Hospitalares, nomeadamente o
“Protocolo de Seguimento Pós-transplante Renal”, subscrito por Alfredo
Mota, Diretor do Serviço de Urologia
do CHUC, e Pedro Leão Neves, Diretor
do Serviço de Nefrologia do CHAlgarve,
e ainda o “Protocolo de Cedência
de Proximidade de Medicamentos”,
assinado por José Feio, Diretor dos
Serviços Farmacêuticos do CHUC, e
Carminda Martins, Diretora dos Serviços
Farmacêuticos do CHAlgarve.
Esta aproximação potenciada pelo
Acordo foi formalizada pela assinatura
de protocolos específicos que
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Parceria entre a Unidade de Diabetologia
e Associação Children’s Diabetic
Trust proporciona nova abordagem
no tratamento de crianças e jovens
algarvios com Diabetes Mellitus Tipo 1.
O Gonçalo tem 9 anos, mas quando fala
aparenta mais maturidade. É simpático,
cordial e muito desenvolto para a tenra
idade. Pratica desporto de competição­–
trampolins. É campeão na modalidade.
E tem Diabetes Mellitus Tipo 1 desde
os 5 anos, quando começou a ter de
administrar insulina várias vezes ao dia.
As visitas de rotina ao hospital de Faro,
onde é seguido pela equipa da Unidade
de Diabetologia, são frequentes mas
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a do dia 01 de Julho de 2014 foi
diferente. A ansiedade e entusiasmo
eram notórios. Tinha chegado o dia
tão aguardado pelo Gonçalo e pelos
pais para colocação de um Sistema
de Perfusão Subcutânea Contínua de
Insulina (Continuous Subcutaneous
Insulin Infusion- CSII), mais vulgarmente
conhecido como bomba de insulina. O
entusiasmo era partilhado pela equipa
de saúde que acompanha o Gonçalo,
pois foi a primeira bomba de insulina a
ser colocada na Unidade.
A oportunidade surgiu por intermédio
da Associação Children’s Diabetic Trust,
sedeada no Algarve, que se propôs a
estabelecer um acordo com o Centro
Hospitalar do Algarve de modo a
viabilizar a oferta anual de 10 sistemas de
perfusão subcutânea contínua de insulina.
Petra Evertsz, holandesa a residir há
mais de duas décadas no Algarve, é a
fundadora e presidente da Associação. A
experiência pessoal de ter um filho com
Diabetes Mellitus Tipo 1 e a vontade de
contribuir para que outras crianças possam
ter acesso mais facilitado a estes sistemas
levou-a a tomar a iniciativa de “assegurar
a colocação de pelo menos 10 bombas de
insulina para melhorar a vida das crianças
com diabetes que vivem no Algarve e
cujas famílias não têm possibilidades
financeiras para as adquirir”.
“A expectativa é que até ao final do
ano, com o apoio da Associação,
consigamos atingir esta meta de
10 bombas colocadas”.
Manuela Calha, médica.
A vantagem terapêutica destes
sistemas perfusoras de insulina reside
principalmente no facto de se conseguir
“otimizar o controlo metabólico das
pessoas com Diabetes Mellitus Tipo 1,
permitindo ajustar a administração da
insulina ao centésimo de unidade e com
o intervalo horário adequado a cada
pessoa, de forma mais precisa e ajustada
às necessidades do seu utilizador”,
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esclarece Manuela Calha, pediatra da
Unidade de Diabetologia que segue o
Gonçalo e outras crianças com diabetes,
em estreita articulação com os restantes
elementos da equipa multidisciplinar
que integram a Unidade (ver caixa).
“Consegue-se obter um controlo
metabólico muito parecido ao que resulta
da função do pâncreas, sendo por isso a
forma mais fisiológica de administrar a
insulina”, prossegue a pediatra.
O acompanhamento por parte da
equipa de saúde é fundamental,
sobretudo no período de adaptação
pois “todos os ajustes e dosagens têm
de ser programados, numa primeira
fase em consulta e, depois, no ambiente
familiar, quando os pais e a criança já
dominam o dispositivo e conseguem
ajustá-lo autonomamente”, contando
sempre com o apoio de retaguarda
dos profissionais de saúde que estão
permanentemente disponíveis para tirar
todas as dúvidas.
Protocolo permitirá
candidatura a Centro
de Colocação
A amplitude da parceria agora
estabelecida com a Associação
Children’s Diabetic Trust ultrapassa
a oferta anual dos 10 dispositivos e
respetivos consumíveis durante o
primeiro ano. A iniciativa irá permitir
à equipa de saúde dotar-se da
experiência necessária para que a
Unidade de Diabetologia do hospital
de Faro se constitua como Centro de
Tratamento para Perfusão Subcutânea
Contínua de Insulina.
Como explica Elsa Pina, responsável da
Unidade de Diabetologia do hospital
de Faro “o uso terapêutico por CSII tem
sido regulamentada em Portugal pela
Direção Geral de Saúde, que define os
requisitos necessários às instituições
que pretendam candidatar-se como
Centros de Tratamento para Perfusão
Subcutânea Contínua de Insulina, sendo
que um desses requisitos consiste
em ter um mínimo de 10 doentes em
tratamento com CSII”.
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Tecnicamente aptos para tal, os
profissionais da unidade têm agora a
oportunidade para colocar e seguir as
crianças residentes no Algarve, cujas
famílias muitas vezes excluíam este
tipo de tratamento, não só pelos
custos diretamente relacionados com a
aquisição dos dispositivos e respetivos
consumíveis, mas também porque os
Centros de Tratamento mais próximos
se localizam em Lisboa e Almada.
Por outro lado, a constituição formal
como Centro de Tratamento permitirá
que “os nossos utentes possam vir
a beneficiar da comparticipação do
Serviço Nacional de Saúde no âmbito
da colocação e tratamento por Perfusão
Subcutânea Contínua de Insulina”.
A confiança no objetivo proposto é
partilhada por todos os envolvidos
na parceria, como revela a pediatra
Manuela Calha “a expetativa é que
até ao final do ano, com o apoio da
Associação, consigamos atingir esta
meta de 10 bombas colocadas”.
Prosseguindo portanto o caminho da
diferenciação e excelência dos cuidados,
a Unidade de Diabetologia congratula-se com a parceria estabelecida e
com os amplos benefícios que a
sua materialização comporta para a
população que serve.
«Sempre quis a bomba»
Uma semana depois de colocar a
bomba de insulina, o Gonçalo regressa
ao Hospital com os pais para uma
consulta de monitorização. Tivemos a
oportunidade de falar com o Gonçalo e
com o pai Luís Martins que não esconde
a satisfação. “Faz hoje uma semana que
colocou a bomba e tem corrido tudo
bem”, revela o pai assumindo que o
filho “domina o aparelho melhor que
nós e já sabe mexer nas funções todas”.
Ao falar com o Gonçalo facilmente se
percebe que é efetivamente um rapaz
inteligente e responsável, completamente
ciente da sua doença e apto para lidar
com ela. Como confirma o pai, “o
Gonçalo já encarava a vida pela positiva
e não gostava de distinções, mas sempre
quis a bomba para não ter que andar com
as canetas [de insulina] atrás e conseguir
andar mais controlado” e prossegue
recordando que “quando recebemos a
notícia pela Dr.ª Manuela Calha de que
ele iria receber a bomba, o Gonçalo ficou
radiante. Quando a colocou então, não
cabia em si de felicidade”.
Para o Gonçalo, o desejo de colocar
a bomba sempre esteve associado à
função terapêutica do dispositivo pois
“queria controlar melhor os meus níveis
de glicemia e esta oportunidade vai-me
permitir ter os níveis mais equilibrados”.
A par do melhor controlo metabólico
pretendido, o próprio conforto
potenciado pela bomba configura uma
mais-valia da sua colocação. “Antes
tinha que dar 5 a 7 picas por dia,
agora apenas tenho que substituir o
cateter de 3 em 3 dias”, esclarece o
menino que desde cedo aprendeu a
importância de ter os níveis de açúcar
no sangue estabilizados e, talvez por
isso, sempre quis a bomba porque
sabia que lhe daria mais autonomia e
qualidade de vida.
“O Gonçalo já encarava a vida
pela positiva e não gostava de
distinções, mas sempre quis a
bomba para não ter que andar
com as canetas [de insulina]
atrás e conseguir andar mais
controlado”.
Luís Martins, pai do Gonçalo
A Unidade de Diabetologia do
hospital de Faro do CHAlgarve segue
aproximadamente 380 doentes com
Diabetes Mellitus Tipo 1, dos quais
cerca de 100 são crianças e jovens até
aos 16 anos.
A equipa multidisciplinar da Unidade
de Diabetologia é constituída por:
•
10 médicos
(8 Internistas e 2 Pediatras)
•
2 Enfermeiros
•
3 Dietistas
•
1 Psicóloga
A equipa dedicada ao acompanhamento
clínico das crianças e jovens com
Diabetes é integrada pelas pediatras
Manuela Calha e Guida Gama, pelas
enfermeiras Isabel Santos e Cristina
Mendonça, pela dietista Célia Lopes e
pela psicóloga Laura Nunes.
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CENTRO
HOSPITALAR
DO ALGARVE
REFORÇA
EQUIPAS COM
43 NOVOS
ENFERMEIROS
21 dos 43 novos enfermeiros
contratados iniciaram no dia 1 de julho
funções no CHAlgarve. Os restantes
foram integrados nas equipas de
saúde exatamente uma semana depois,
no dia 8 de julho.
O preenchimento das 43 vagas abertas
a concurso resultou de um rigoroso e
criterioso processo de seleção, a partir
de um universo de aproximadamente
700 candidatos.
José Vieira Santos, Enfermeiro Diretor
do CHAlgarve, deu as boas-vindas aos
presentes, felicitando-os por terem
ficado entre os selecionados, o que por
si “é revelador do mérito e qualidade
de todos os que agora irão integrar
as equipas dos diversos serviços e
unidades hospitalares”.
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O responsável prosseguiu
reconhecendo que deposita nestes
jovens enfermeiros grandes expetativas
“de trabalho e empenho em prol de
todos os utentes que irão beneficiar
dos cuidados prestados” por este
grupo profissional.
A sessão de acolhimento contou
também com a presença do Presidente
do Conselho de Administração, Pedro
Nunes, que se congratulou pelo
substancial acréscimo de profissionais
de enfermagem fruto destas novas
contratações, as quais permitirão
atenuar algumas das carências desde
há muito sentidas. “Esta administração
tem-se empenhado na estabilização de
recursos humanos e a nossa intenção
é que tenham aqui a oportunidade de
se desenvolverem profissionalmente e
se fixarem para servir a população do
Algarve”, conclui o Presidente daquela
que é a maior empresa empregadora a
sul do Tejo.
A encerrar ambas as sessões de boasvindas, a Enfermeira Supervisora
Fernanda Henriques procedeu à
nomeação e distribuição dos novos
enfermeiros pelos Serviços das três
unidades que integram o Centro
Hospitalar do Algarve, agora reforçado
na sua capacidade assistencial de
enfermagem.
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“SOMOS COMO
UMA FAMÍLIA”
Lídia Maria tem 60 anos e é natural de Olhão.
Sofre de problemas da coluna que já a levaram ao bloco
operatório diversas vezes, sendo seguida pelo Serviço de
Medicina Física e de Reabilitação há mais de três décadas. Foi
de resto a primeira doente ambulatória do Serviço, pelo que
tem estatuto de «princesa» como a própria assume:
“Tenho sido sempre tratada como uma princesa! Eles [os
terapeutas) sabem tudo o que preciso, conhecem-me bem e eu
a eles. Conheço os mais velhos e os mais novos que entretanto
foram chegando. Somos como uma família! E não sou só eu
que o digo… Os outros doentes também sentem isso.”
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Carlos Reis tem 31 anos, é enfermeiro há 4 e desempenha
atualmente funções no serviço de Especialidades Médicas do
CHAlgarve - Portimão.
Desde cedo apaixonado pelo desporto, passando inicialmente
por outras modalidades, Carlos vive o boxe desde os 14 anos.
Há cerca de 2 anos, abriu a Escola de Boxe de Portimão, da
qual é Presidente e fundador, por querer “criar algo para a
comunidade” e poder proporcionar às crianças de agora as
condições que não teve enquanto atleta.
Começou no boxe num clube recreativo local, onde conheceu
o treinador que viria a ser seu sócio. Hoje, já afastado da
competição enquanto atleta, forma os mais novos para essas
andanças e até já tem na sua equipa 4 campeões regionais, 3
campeões nacionais e uma vice campeã nacional.
É notório o orgulho que sente no seu projeto da escola de
boxe, que já tem 35 atletas, dos quais a maioria são crianças
dos 6 aos 10 anos que “brincam ao boxe”. O projeto «Crescer
com o Boxe» tem tido uma “aceitação gira e é engraçado
que a maior parte das crianças são raparigas”, constata o expugilista, contrariando os preconceitos de uma modalidade
masculina e violenta. “Temos que trazer os pais até nós,
mostrar-lhes que nestas idades nem sequer há contacto e os
miúdos quando experimentam, acabam por ficar”.
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Motivado pela boa experiência do projeto da Escola de Boxe,
Carlos já se arriscou “noutros voos” e abriu recentemente com
o mesmo sócio, o Centro de Treinos de Portimão que engloba
não só o boxe mas outras modalidades ligadas ao combate e
às artes marciais.
Atualmente pratica boxe para manutenção e concilia a profissão
de enfermagem com a de treinador. “Por vezes é difícil, porque
os treinos são 3 vezes por semana e as competições são ao
fim-de-semana, e para os enfermeiros não há fins-de-semana.
Vou trocando uns turnos quando é possível.”
Sem que tenha sido intencional, a verdade é que a
carreira profissional na área da saúde e a paixão pelo
desporto acabam por se complementar a vários níveis.
Os conhecimentos em anatomia, nutrição e crescimento
estudados no curso de Enfermagem aplicam-se facilmente à
prática desportiva, permitindo-lhe perceber o que é relevante
ou não em termos da saúde dos seus atletas, e claro “quando
é necessário algum curativo, está lá o enfermeiro”.
Carlos Reis, 31
Enfermeiro há 4 anos,
serviço de Especialidades
Médicas na Unidade de
Portimão.
Presidente e fundador da
Escola de Boxe de Portimão.
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Médico do
CHAlgarve
escolhido pela
OMS para
encontro de
peritos
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Em debate
esteve o
futuro da
política do
medicamento
Luís Castelo-Branco é médico no Centro Hospitalar do
Algarve e foi o único português escolhido pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) para integrar um grupo exclusivo
de peritos que, entre os dias 6 e 12 de Julho, estiveram
reunidos em Veneza para reflitir sobre o futuro da política do
Medicamento.
O médico e farmacêutico de apenas 29 anos concluiu, em
2013, o mestrado integrado de Medicina na Universidade do
Algarve, contando já com um distinto curriculum e experiência
na área da farmácia e consultadoria na Indústria Farmacêutica,
destacando-se ainda por ter sido Presidente da Assembleia
Geral da Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos e
co-autor do estudo da OMS e do Observatório Europeu de
Sistemas de Saúde (OESS) sobre «Impacto da Crise Financeira
na Saúde e nos Sistemas de Saúde Euroipeus».
O convite para integrar o grupo de 50 especialistas surgiu
no âmbito do encontro anual promovido pela OMS e pelo
OESS para reflectir e discutir grandes matérias da Política de
Saúde, este ano dedicado ao tema «Repensar a Política do
Medicamento: optimizar decisões em tempos de incerteza».
Conversámos com Luís Castelo-Branco para percebermos
como se sente por ter integrado este grupo e quais os
contributos e principais conclusões que resultaram do
encontro de peritos:
Como encara o facto de ter sido
o único portugues selecionado
pela Organização Mundial
de Saúde para integrar este
grupo de trabalho que refletiu
sobre o futuro da política do
medicamento?
Foi uma enorme honra fazer parte
deste prestigiante grupo. Encarei não só
como uma oportunidade de continuar
a aprofundar o meu conhecimento
na área, mas fundamentalmente
com a grande responsabilidade de
contribuir para o debate sobre o futuro
do setor. Todos nós, profissionais de
saúde devemos contribuir ativamente
na procura de soluções que para
além de visarem uma melhoria da
sustentabilidade dos Sistemas de Saúde
permitam um maior envolvimento da
sociedade civil em todo o processo. A
política do medicamento é uma das
áreas em que me tenho dedicado.
Quais os principais aspetos que
estiveram em evidência neste
debate e quais as principais
conclusões?
O debate focalizou-se muito nos
principais desafios e tendências no
setor do medicamento a nível global.
21
Desenvolver guidelines clínicas de
forma mais eficiente, incentivar e
garantir que a prescrição médica seja
mais de acordo com essas indicações,
fomentar o trabalho multidisciplinar
e de equipa com maiores sinergias
nas atividades entre os diversos
profissionais de saúde, aumentando a
formação nos vários processos de uso
racional de medicamentos e envolver
mais os pacientes na gestão da sua
saúde, colocando-os cada vez mais no
centro do sistema, foram alguns dos
temas em debate.
Paralelamente, a necessidade de
optimizar o investimento que cada país
pode fazer neste setor foi igualmente
objeto de discussão. E nesta matéria
há vários determinantes a serem
ponderados: o envelhecimento da
população europeia tem aumentado
a necessidade de consumo de
medicamentos e a frágil situação
económica atual torna particularmente
difícil custear essas crescentes
necessidades.
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Além disto, e olhando para a tendência
de investigação de novos fármacos,
prospetiva-se uma medicina cada
vez mais personalizada – com novos
fármacos para subgrupos populacionais
de doença mais pequenos, num
processo semelhante com os
medicamentos órfãos. Os custos de
desenvolvimento serão muito elevados,
e para uma população cada vez mais
reduzida, o que poderá implicar menor
retorno do investimento feito pela
indústria, e preços muito elevados
nesses novos fármacos. Posto isto
poder-se-á refletir se será necessário
e oportuno reformular o sistema
de preços e comparticipação de
medicamentos.
Alguns países têm sido pioneiros neste
passo, como a Suécia que por exemplo
já inclui o valor social do medicamento
no processo de comparticipação. Esse
processo inclui diversas variantes na
análise como seja o impacto direto
e indireto que o novo medicamento
ou dispositivo pode ter na saúde da
pessoa e familiares, o aumento de
produtividade, a redução do consumo
de outros recursos de saúde, etc.
Veja-se o caso concreto dos novos
medicamentos para a Hepatite C na
realidade portuguesa. A Ordem dos
Médicos alertou que milhares de
portugueses estão sem acesso a esses
eficientes medicamentos. O Ministério
da Saúde alega que os preços são
proibitivos e desproporcionais. O
comum cidadão questiona-se quem
terá razão neste caso? E a resposta é
que provavelmente ambos têm razão…
De facto nesta situação concreta, a
evidência até à data demonstra
uma enorme eficácia desses novos
fármacos, mas o preço é exorbitante.
Porquê? Porque no processo de
definição do valor e negociação da
comparticipação, o laboratório titular
do medicamento usou argumentos que
visaram conseguir ter o medicamento
ao maior preço possível no mercado.
Essa estratégia parece ter resultado
em muitos países referência, como
França que está a fazer um grande
investimento na tentativa da irradicação
da hepatite C.
E prevê-se que mais casos semelhantes
à hepatite C venham a ocorrer no
futuro, pelo que seria importante
promover um maior diálogo e
trabalho coletivo entre os diversos
parceiros no setor (Infarmed,Médicos,
Farmacêuticos, Ministério da Saúde,
Indústria farmacêutica e pacientes), de
modo a contribuir para encontrar uma
solução que fosse benéfica para todas
as partes – medicamento acessível à
população a um preço equilibrado,
sem comprometer a sustentabilidade
e legítimos direitos da Indústria
Farmacêutica inovadora.
Quais os contributos que
apresentou no âmbito do tema
proposto «Repensar a política do
Medicamento: otimizar decisões
em tempos de incerteza».
Este grupo congregou muitos peritos
no setor do medicamento, entre
decisores políticos nos diversos países
e comissão europeia, representantes
da Indústria farmacêutica, académicos
na área, médicos, farmacêuticos,
economistas, entre outros.
Porventura o meu maior contributo,
num setor que integra o conhecimento
fronteira entre medicina, farmácia
e política de saúde, será uma
visão integradora sobre essas
três perspetivas de acordo com o
meu percurso e experiência. Em
determinadas circunstâncias, é notório
um distanciamento de posições entre
alguns dos grupos envolvidos no
setor do medicamento. Mais diálogo
e sinergias, e menos conflito de
interesses talvez seja um dos passos
mais importantes para garantir a
sustentabilidade e permanente
desenvolvimento de todos os sistemas
de saúde em geral e do circuito do
medicamento em particular.
Foi-me também solicitado que fizesse
uma breve apresentação sobre o
sistema farmacêutico Português, onde
procurei expor alguns pontos e e
particularidades da nossa realidade.
Neste tipo de debates internacionais,
um dos grandes desafios é expor a
nossa realidade, incluindo fragilidades,
sem com isso comprometer a imagem
do país, que infelizmente, por diversos
motivos nem sempre é cotada da
melhor forma. particularidades da
nossa realidade. Neste tipo de debates
internacionais, um dos grandes desafios
é expor a nossa realidade, incluindo
fragilidades, sem com isso comprometer
a imagem do país, que infelizmente, por
diversos motivos nem sempre é cotada
da melhor forma.
23
Fotorreportagem
Requalificação do Serviço de Urgências
Unidade de Portimão
O Serviço de Urgência da unidade de Portimão do CHAlgarve
conheceu nos últimos 6 meses uma reorganização física e
estrutural que ficou concluída no passado dia 4 de Junho.
As obras de melhoria empreendidas traduziram-se na
ampliação da sala de espera interna (amarelos e laranjas),
aumentando a sua capacidade de acolhimento, e na ampliação
e optimização da sala de enfermagem de balcões que
agora conta com um espaço de tratamento em cadeirões
permanentemente vigiado pela equipa de enfermagem.
Também a área de Decisão Clínica foi alvo de intervenções
que permitiram a sua ampliação em cerca de 90m2 e a
criação de mais 8 espaços de tratamento individualizados
para doentes em maca. O aumento e nova organização do
espaço permitiu ainda criar uma estação de trabalho para as
equipas médicas e de enfermagem, numa óptica mais funcional
e segura, localizada no centro da área de decisão clínica, a
qual permite uma visibilidade de 3600 de todo o espaço e
consequentemente uma maior vigilância dos doentes.
25
Jardim junto ao edifício da administração
Chalg - hospital de Faro
26
www.chalgarve.min-saude.pt
27
Segue-nos no
Faro (sede)
Rua Leão Penedo, 8000-386
Tel. 289 891 100
[email protected]
www.chalgarve.min-saude.pt
Portimão
Sítio do Poço Seco, 8500-338
Tel. 282 450 300
Lagos
Rua Castelo dos Governadores, 8600-563
Tel. 282 770 100

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