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Edição #18 • agosto 2011 ES P E C I A L T R I PS Remamos no frio da Patagônia, mergulhamos em Galápagos, surfamos em Bali, Peru, Califórnia e Hawaii, conhecemos o Nepal e o Equador. E por aí vamos... Ilustração: Christie Meditsch ÍNDICE: Editorial Cartas Trips Ehlas ....................................... Elas pelo Mundo Patagônia, Peru, Equador, Galápagos, Nepal, Indonésia, Costa Rica, Hawaii e Califórnia Eles por Ehlas .............................................. Arte ........................................................... Bodyboarding ............................. Alejo Muniz Vida no Circo As rainhas de Pipe Ecologia ....................................................................... Elas Acontecem Baleias Por Brigitte Mayer Você já se perguntou por que estamos sempre querendo viajar? Nos primórdios, os homens basicamente se moviam pela necessidade da subsistência, à procura da terra fértil. A migração pela sobrevivência. No decorrer das eras, as coisas foram se modificando: da conquista de novos territórios a causas de origem cultural, religiosa e econômica. Tudo isso transformou profundamente o planeta em que hoje vivemos. Ilustração: Christie Meditsch Foto: Brigitte Mayer EDITORIAL No mundo moderno, a facilidade e a rapidez que as tecnologias nos proporcionam nos deixam a um clique do nosso próximo destino. A distância não é mais problema. Cada pessoa tem a sua motivação pessoal para viajar – e as razões são muitas. Mas assim como nossos ancestrais, continuamos a nos mover. E a buscar. Viajamos porque precisamos. Está no nosso instinto. Viajamos porque buscamos algo na diversidade que encontramos ao redor do mundo – inspiração. Quando retornamos, a casa ainda é a mesma. Mas algo em nossas mentes mudou. E isso muda tudo. Nesta edição, reunimos histórias de quem se moveu e saiu em busca. Viaje com Ehlas! Viajamos porque precisamos. Está no nosso instinto. Viajamos porque buscamos algo na diversidade que encontramos ao redor do mundo – inspiração. Viaje nessa edição! gu Em nd b re Ja a ck te ve so m , n po H ra ol e da: se a Não percam os websódios da primeira temporada em Park City na Ehlas TV... Assista ao vídeo no acesso online MONIKA MAYER Designer [email protected] LUIZ FLAVIO TI Designer [email protected] ROBERTA BORGES Editora e fotógrafa [email protected] RICARDO LARGMAN Editor de textos [email protected] BRIGITTE MAYER Editora [email protected] CLAUDIA GONÇALVES Editora [email protected] COLABORADORES DE TEXTO: CAROL FREITAS [email protected] www.carolfreitas.com.br Carol Freitas Blog EHLAS FABIO FANTAUZZI Solari Filmes www.solari.net.br [email protected] ANTONIA WALLIG [email protected] jiwasurf.blogspot.com MYLENE VERBICARO [email protected] ANA CAROLINA CECCARELLI Bióloga e Surfista [email protected] SORAIA ROCHA, ROBERTA MILAZZO E RENATA CAVALLEIRO Bodyboarders www.garotasbodyboarders.com.br CAMILA ORTUNHO Artista circense [email protected] Artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. SABRINA MUNHOZ Personal Trainner [email protected] FERNANDA INFANTI Longboarder Profissional [email protected] www.flickr.com/photos/feinfanti/ CHLOÉ CALMON Longboarder Profissional [email protected] COLABORADORES DE FOTO: MARCIO DAVID Leia as cartas no acesso online Desde os primórdios, o ser humano é fascinado com o que está além da sua visão. A busca do novo leva-nos aos mais distantes lugares do planeta. A descoberta de paisagens (para nós) inéditas e inexploradas, de culturas diferentes, de novas amizades, experiências e, claro, das ondas perfeitas segue nos inspirando na eterna busca da realização dos nossos sonhos. Ehlas traz para vocês algumas emoções de quem foi atrás desses sonhos. Ca r o l ROT AS Frei tas ~ Foto: Arquivo pessoal [ ~ Expedicao ] A expedição à Patagônia faz parte do Projeto Rotas, organizado pela empresa Sagre. A Patagônia foi o local escolhido como tema para a publicação do primeiro livro desse projeto – que será lançado em breve. A autoria da obra é dos quatro participantes da expedição: eu, Carol Freitas, que sou atleta, os empresários João Touma e Marco Junqueira e do arquiteto Tiago Melo. Nossa expedição começou na pequena cidade de El Calafate na Argentina, de onde saímos para o Parque Nacional Los Glaciares. O Glaciar Perito Moreno é a principal atração deste parque. Um enorme rio congelado que existe há pelo menos 30 mil anos – uma das únicas geleiras do planeta – continua crescendo. Foto: Arquivo pessoal Conhecer as belezas naturais deste lugar incrível foi realmente uma experiência única e inesquecível. Em meio ao nosso dia-a-dia, não enxergamos mais os detalhes do que está à nossa volta. Assim, conhecer um lugar como a Patagônia – onde a natureza exuberante parece saltar aos olhos – nos faz repensar muitas coisas, dentre elas, a consciência da fragilidade humana. Foto: Arquivo pessoal Através de passarelas e escadarias de madeira, é possível chegar a 200 metros de distância do paredão, que se eleva a mais de 50 metros acima do Lago Argentino e se estende por um vale até as montanhas. De vez em quando, enormes blocos – alguns do tamanho de automóveis – se desprendem e caem dentro d’água, com estrondo de trovões. É hipnotizante! Foto: Arquivo pessoal Tive o prazer de dar umas remadas de stand-up paddle no gelado Lago Argentino; confesso que tive um pouco de receio. Os estrondos que as geleiras fazem com frequência é assustador e estar na dentro d’água nessas horas dá muito medo – parece que um tsunami pode surgir a qualquer momento. Mas confiei na minha prancha inflável da Surftech e fui para água. Nesse dia estava sem botinha e, na entrada, já deu para sentir que seria uma remada diferente de qualquer outra. Apesar de ser um lago aparentemente calmo, cair naquela água gelada seria bem arriscado, e eu teria de três a cinco minutos para voltar à margem, já que não estava vestida com roupa de borracha apropriada para aquelas circunstâncias. Graças a Deus deu tudo certo. Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal No dia seguinte pegamos a estrada rumo ao Chile, mais precisamente a cidade de Puerto Natales, o povoado mais próximo do nosso próximo destino, o Parque Nacional Torres Del Paine, na Patagônia Chilena. Este parque leva seu nome pelas gigantes montanhas de granito que foram modelados pela força do gelo glacial. Está localizado entre o maciço da Cordilheira dos Andes e a Estepe Patagônica, no Chile. El Paine foi declarado Reserva da Biosfera pela Unesco em 1978. Foto: Arquivo pessoal Foi aos pés destas lindas montanhas, com mais de 20 milhões de anos, que fiz a minha segunda remada de SUP, desta vez, com a temperatura um pouco mais agradável! No caminho até a entrada do parque, a paisagem é deslumbrante: as montanhas Del Paine são o retrato da natureza extrema em seu estado mais puro. A cada curva, o cenário se transformava diante de nossos olhos, e só queríamos seguir a trilha para chegar o mais perto possível “daquilo” que a mãe natureza esculpiu com tanta magnitude. Foto: Arquivo pessoal Chegamos no local onde tínhamos que deixar o carro e seguir a pé por uma trilha de dez minutos. Até que, de repente, surgiu um visual mais inacreditável ainda: as montanhas majestosas, o lago e os glaciares, tudo numa só paisagem. É de perder o fôlego! Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal Não pensei duas vezes. Voltamos correndo para o carro buscar a prancha de stand-up inflável, roupa de borracha e tudo mais. Assim que entrei na água e comecei a remar em direção a um enorme iceberg levei um susto enorme: estava a uns 200 metros da beira, um pedaço grande de gelo se desprendeu e caiu na água; só não saí correndo porque não dava! Mas, segundos depois do susto, esperei a onda causada pelo desmoronamento e surfei a marola até a beira! Esse momento foi mágico para todos nós. Foi o ápice da viagem: estar num lugar daqueles fazendo SUP e ainda surfar uma marola do iceberg. Não podíamos pedir mais nada! Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal Em breve, comunicaremos os detalhes sobre o lançamento do livro. E no meu blog tem o dia-a-dia dessa fantástica trip. www.projetorotas.com.br http://carolfreitaskite.blogspot.com/ Foto: Arquivo pessoal Peru * Equador * Galápagos [ Proje to An t o nia JIWA Wa l lig ] O Projeto Jiwa é integrado por quatro amigas e uma alma comum: o mar que nos inspira e o surfe que nos move. Gerando arte, plantando amizade, dançando sobre as ondas, pensando em educação, promovendo sustentabilidade. Foi com esta intenção que nos unimos, desenvolvemos o Jiwa e planejamos esta primeira viajem pela América Latina: “Arriba Muchachas”. Foto: Arquivo pessoal Peru * Equador * Galápagos Antonia Wallig, Christie Meditsch e Clarissa Del Fabbro Foto: Arquivo pessoal Peru N orte do Peru e Equador – estes foram os nossos destinos. Saímos do Brasil em épocas diferentes, acompanhadas de nossos maridos e namorados, viajando no ritmo das ondulações para nos encontrarmos nas paradisíacas Ilhas Galápagos. Tivemos que deixar em terras tupiniquins nossa amiga e parceira de surfe Luciana, que estava se recuperando de uma cirurgia. Partindo de Trujillo, cidade localizada a mais ou menos 800 km de Lima, encontramos vários points. Huanchaco é o mais perto da cidade e oferece diversos “beach breaks”. Em Trujillo vale conhecer as ruínas de Chan Chan, uma cidade construída toda em barro pela civilização Chimu, no século XIV. Neste lugar percebemos como o povo estava totalmente conectado ao mar. Os muros da cidade têm formas orgânicas que lembram ondulações e nas construções estão entalhados desenhos de pelicanos, peixes e ondas. Seguindo para o norte está Chicama, o clássico entre os clássicos, que, quando quebra, realmente é de encher os olhos de qualquer surfista. Devido à forte correnteza, o crowd não fica muito concentrado. E tivemos a facilidade dos barcos de resgate para voltar ao point! A delícia de Chicama é poder cair de uma onda perfeita, esperar a de trás e continuar surfando outra quase igual. Mais adiante, Pacasmayo revelase uma cidadezinha agradável, e com um pico de onda incrível, chamado El Faro, bastante sensível às ondulações de sul. Lá perto está Poemape, outro “point break” com excelentes esquerdas; opção para os dias menores. Foto: Arquivo pessoal Peru Christie em Chicama Peru O que nos surpreendeu foi ter encontrado uma escolinha de surfe do projeto “Waves for Development”, iniciada por um suíço que, apaixonado pela ondas perfeitas do lugar, decidiu fazer algo pela população local – que é muito carente. O projeto oferece aulas de surfe para as crianças e capacitação profissional para os adultos. Pura atitude! A costa do Peru possui inúmeros points, muitos ainda desconhecidos. Conforme fomos subindo, ficamos impressionadas com a quantidade de ondas de qualidade geradas em um só país; as bancadas são perfeitas e ainda existem muitos lugares a serem descobertos! Com o swell perdendo força, decidimos então cruzar a fronteira. A viagem de Mancora, no Peru, até Guayaquil, no Equador, dura aproximadamente oito horas. Vale a pena viajar de dia, pois a mudança na paisagem é impressionante: os largos desertos monocromáticos peruanos vão aos poucos se transformando em campos verdes, árvores e imensas plantações de bananas. Muitas frutas e cores voltam a pulsar da terra. E as ondas que encontramos por lá não deixaram nada a desejar. Cissa nas longas esquerdas de Lobitos Foto: Arquivo pessoal Seguimos subindo até chegar a Lobitos, uma vila no meio do nada numa região desértica, destinada à exploração de petróleo e controlada por militares. A onda é esplêndida, fácil, longa e geralmente tubular. Caminhando, pode-se chegar a outras ondas próximas, como Piscinas e El Hueco. O bom é que por lá a água já vai esquentando. Foto: Arquivo pessoal Peru Antonia em El Cañon Fomos direto para Montañita, um vilarejo muito simpático, remanescente da época hippie dos anos 70. A praia é linda e há muitas hospedagens em frente à praia. Muitas das construções são feitas em bambu, esbanjando estética e sustentabilidade. O Equador é um dos países da América Latina que possui a melhor qualidade de bambus para construção. Montañita é dotada de uma forte onda de pico sob pedras e um “beach break”. Até que enfim encontramos uma direita, abençoada por tubos e show de surfe nas condições perfeitas. A água é quente e o crowd é intenso. A dica é conhecer as praias vizinhas, como Ólon, Ayampe e Las Tunas, lugares com visuais alucinantes, com uma intensa vida nativa, muitas crianças e pouco crowd. Fotos: Arquivo pessoal Equador Foto: Arquivo pessoal Equador Rio Chico é outra praia com longas esquerdas de “point break”, localizada em um sitio arqueológico; possui até uma piscina de lama medicinal. Existem ônibus locais que passam a cada 20 minutos e levam surfistas e a população local às praias, no melhor ritmo de salsa: os ônibus equatorianos são movidos a música! Depois de toda a hospitalidade da costa equatoriana, ainda tínhamos pela frente o “néctar” da viajem. As “Ilhas Encantadas” seriam o nosso último destino nesta jornada. Cissa em Rio Chico Foto: Arquivo pessoal Equador Lixo não combina com ondas perfeitas. Cissa recolhendo a sujeira em Rio Chico Foto: Arquivo pessoal Galápagos Chegamos a Gálapagos, um arquipélago localizado a mil quilômetros da costa equatoriana, constituído por dez ilhas principais e outras ilhas menores. Apenas quatro delas são habitadas e a capital, San Cristobal, é a mais procurada para o surfe. Foto: Arquivo pessoal Galápagos A constância das ondas depende muito das marés. Encontramos picos que funcionam com swell de Norte como a “Carola”, uma direita incrível que quebra melhor na maré baixa, e El Cañon, esquerdas longas que funcionam com perfeição na mudanças de maré. O melhor pico que surfamos com ondulação de sul foi Tongo Reef, que proporciona três seções de esquerda; a temida Loberia, com suas pedras aparentes, também é uma boa opção nos dias menores. Todos os picos têm fundo de pedras e também tartarugas, pelicanos e lobos marinhos, que são uma companhia mágica para o surfe. Foto: Arquivo pessoal Galápagos Leão marinho, o mais local do pico Galápagos Fotos: Arquivo pessoal Galápagos é um paraíso marinho para além do surfe. Mergulhar em lugares como o Leon Dormido é imperdível. Um paredão vulcânico de mais de 100 metros de altura, com uma fenda onde podemos ver centenas de tubarões, além de tartarugas, arraias, peixes exóticos e golfinhos. As Ilhas Galápagos pertencem ao território equatoriano e foram declaradas como Reserva Marinha e Patrimônio Natural da Humanidade. Christie mergulhando em Leon Dormido Foto: Arquivo pessoal Galápagos Galápagos Foto: Arquivo pessoal Antonia na esquerda de El Cañon Foi lá que Charles Darwin reuniu evidências suficientes para desenvolver a teoria da evolução por seleção natural. As correntes marítimas e ventos de norte e de sul fizeram migrar animais, pássaros e até pinguins, que ao longo do tempo e de acordo com o habitat de cada ilha foram se adaptando até se tornarem espécies endêmicas, que só existem naquele determinado lugar. Depois de intensos dias de surfe, podemos dizer que “las olas galapagueñas” também são endêmicas, com uma qualidade e uma magia que só existem por lá! Foto: Arquivo pessoal Galápagos Christie se divertindo em El Cañon Fotos: Arquivo pessoal Galápagos Antonia em sintonia com a natureza Caminhando pelo “malecon” (calçadão), convivemos com lobos marinhos cuidando de seus filhotes, amamentando e descansando. Tartarugas gigantes podem ser vistas em seus criatórios no Parque Nacional e iguanas marinhas vivem espalhadas pelas pedras vulcânicas, em harmonia com caranguejos, fragatas e atobás de patas azuis. Foto: Arquivo pessoal Galápagos Galápagos Fotos: Arquivo pessoal Clarissa e Christie O povoado é bem cuidado, bancos e lixeiras são espalhadas pela ilha com os dizeres: Preserve o que é Nosso .Uma intensa conscientização ambiental vem sendo feita nas Ilhas, mas isto não garante que muito lixo ainda chegue às praias através do mar. A presença dos turistas e principalmente surfistas tem sido crescente com o passar dos anos, mas os moradores são muito amigáveis e receptivos, por isto é imprescindível o respeito aos locais fora e dentro d’água . Foto: Arquivo pessoal Galápagos Jiwa quer dizer “alma” em balinês. Somos almas unidas pelo amor ao mar e por todos que nele ou dele vivem. Esquerdas de El Tongo Reef Foto: Arquivo pessoal Galápagos Antonia em El Cañon Galápagos Tartaruga Gigante de Galápagos e sua nova amiga Christie Fotos: Arquivo pessoal Galera da trip rumo a Leon Dormido “Aqui, tanto o espaço como o tempo, temos a impressão de estar mais próximo desse acontecimento, esse mistério dos mistérios, que é a aparição de novos seres na Terra”, afirmou Darwin. Para nós, o surfe nos aproxima deste mistério que é a natureza; nos faz sentir parte dela, sempre transformando, evoluindo e aprendendo sobre o respeito, a união e a amizade. Foto: Arquivo pessoal Nepal [ S E M Mylene Ro teiro ] Ver bi ca r o Foto: Arquivo pessoal Eu e meu namorado, Guilherme, resolvemos rodar todo o norte da Índia e o Nepal em 40 dias. Conhecemos 15 cidades diferentes em ritmo frenético de viagem. E o mais louco de tudo: sem roteiro! Cada viagem durava de cinco a 12 horas – isso nos mais diversos meios de transportes, que variam de ônibus público, carro, moto e trem a camelo, barco, avião, bike, tuck tucks... Fomos do pé do Himalaia ao deserto! A Índia é um lugar de encontros e desencontros sociais e, principalmente, religiosos. A magia aparece de uma forma muito sutil; dentro de um ambiente de caos, sempre conseguimos ir adiante, deu tudo certo e, claro, fizemos amizades inesquecíveis! Foto: Arquivo pessoal Fotos: Arquivo pessoal Fotos: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal Fotos: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal ~ Conexao B R UNA SC H MIT Z C LA U DIA G ON C A LV ES JA C Q U E LIN E SI LVA SU E LEN NA R AISA [B A L I ] Foto: Andres Figueroa Bruna Schmitz jogando água para cima Foto: Arquivo pessoal Água quente e altas ondas Bruninha curtindo Bali Bruna Schmitz em Uluwatu Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal Claudia Gonçalves se preparando para o tubo em Uluwatu Foto: Arquivo pessoal Mar azul turquesa, Claudia Gonçalves em Uluwatu Foto: Arquivo pessoal No intervalo do tour mundial Claudia foi testar novas pranchas em Bali Foto: Arquivo pessoal As meninas foram conhecer os tradicionais templos da Indonésia Foto: Arquivo pessoal Jacqueline Silva e sua tradicional batida de backside Foto: Arquivo pessoal Entre as etapas do WT da Austrália Jacque foi treinar em Bali Jacque em Uluwatu Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal Paraíso? Foto: Arquivo pessoal Entre um swell e outro, um rolé de elefante Foto: Arquivo pessoal Suelen Naraisa sempre em busca das maiores ondas Foto: Arquivo pessoal Suelen a vontade na sua primeira temporada em Bali Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal Uluwatu Foto: Arquivo pessoal [ PURA Sa b r i na aven tura ] M un h oz A ideia de ir à Costa Rica surgiu quando conversava com umas amigas sobre como gastar dinheiro em coisas boas. E a conclusão foi a mesma para todas: é fazendo um viagem. Na mesma hora começamos planejar. Queríamos um lugar tropical, com muito verde, calor, animais diferentes, praia e águas cristalinas – além, é claro, de um lugar que desse uma ideia de aventura. A conclusão foi: Costa Rica. Então, o quarteto estava armado: Sabrina, Bárbara, Luzinha e Carol (Nugg). Eu e Bárbara éramos as que surfavam, e isso era perfeito, já que sempre teria alguém na praia para cuidar das coisas. E fazer as filmagens. Foto: Arquivo pessoal Mas, no início, a viagem era tudo, menos perfeita. A Bárbara não embarcou com a gente por causa de problemas com a documentação da vacina de febre amarela; depois foi a minha vez, retida na Imigração da Costa Rica, e com o mesmo problema. Só com a ajuda preciosa da Copa Airlines – que encontrou a minha carteira no Peru, onde fizemos escala na ida, e enviou para a Costa Rica com incrível rapidez – é que, dois dias depois, estávamos novamente juntas. E com muita, muita expectativa. Foto: Arquivo pessoal Depois de uma noite na capital, San José, começamos a viagem. Primeira parada: Praia Grande Tamarindo. Ficamos no Las Tortugas, um hotel maravilhoso na beira da praia. Chegamos à noite e fomos jantar em Tamarindo, que é um centrinho. Às 05:30, despertamos com muita vontade de conhecer a praia e ver as ondas. Estava clássico: pouquíssimas pessoas na água e muitas ondas abrindo. Foram dois dias de muito surfe. E à tarde sempre entrava o vento. Bottom turn na Praia Grande em Tamarindo Do extremo norte, partimos para o sul, com nosso novo amigo, que seguiu viagem com a gente até o final da trip. Dormimos em Samara e, no dia seguinte, fomos conhecer Marbella, talvez a praia mais linda que passamos: areia muito preta, muitos pássaros, muito verde e, mais uma vez, sem ninguém na praia. Surfamos até entrar o vento – que, de praxe, entrava à tarde. Então, tocamos para Santa Teresa. Santa Teresa era o lugar mais diferente: muita gente, um pessoal jovem, muitos surfistas e umas baladinhas. Dois dias surfando pela manhã e, à noite, uma festinha de reggae muito divertida. Foto: Arquivo pessoal Conhecemos um gringo que seguiu viagem com a gente e nos levou para Roca Bruxa, uma reserva ambiental linda. Dormimos em uma cidadezinha ali perto e, às cinco da manhã do dia seguinte, partimos para nosso destino. Uma hora de carro, passando por uma estrada sinistra, com pedras enormes, onde só um 4x4 poderia passar; depois, mais 30 a 40 minutos de caminhada pelo meio do mato, onde vimos cervos, iguanas e jacarés. Quando chegamos na praia, o terral estava muito forte, mas as ondas estavam perfeitas, melhor ainda de dentro da água: um metro, três pessoas na água e muitos, muitos picos. E tubos e mais tubos. Partimos para Jacó, mais precisamente, Playa Hermosa. Fizemos o percurso todo pela costa, onde há muito rios. Nossa sorte é que não era época de chuva. Atravessamos a península de balsa e finalmente chegamos. Naquela noite, as meninas foram jantar em Jacó e conheceram um costarriquenho que era guia turístico. Ele estava com dois amigos da Carolina do Norte, que nos falaram que estava entrando um swell de sul grande. Isso queria dizer que Pavones, a onda mais longa da Costa Rica, iria quebrar. Surfamos em um secret na Hermosa e tocamos para Pavones. Agora não éramos mais quatro, nem cinco, mas nove, pois conhecemos um fotógrafo que pegou carona com a gente. Foto: Arquivo pessoal Direitas perfeitas na Praia Grande Durante os dois dias de nossa estadia por lá, fizemos mais três amigos e partimos para Dominical, pois o swell baixou rápido demais. Agora não éramos mais nove, mas 12, em três carros lotados. Foto: Arquivo pessoal Não acreditei no que vi: uma onda quilométrica, correndo pela bancada de pedra super-rasa. Estava lindo de ver. Agora, dentro da água, o bicho estava pegando: embora fora de temporada, mas com a tecnologia de previsão de ondas e milhares de sites espalhados pela internet, todas as pessoas que conhecemos no caminho estavam lá. Muita crowd! Para piorar, os locais faziam um revezamento das ondas da série para ninguém mais pegar, e as ondas menores quebravam muito próximas da bancada e corriam muito rápidas. Pavones é lindo, com muitas iguanas, papagaios, tucanos, macacos e araras vermelhas. E todos eles tornaram a nossa viagem mais interessante. Foto: Arquivo pessoal Será que rola um tubinho? Foto: Arquivo pessoal Dominical era outra praia com muita gente, muitos camelôs para comprar cangas e lembrancinhas da Costa Rica, além de alguns barzinhos bem legais – além de altas ondinhas. Surfamos em um spot com fundo de pedra e uma esquerda que quebrava de pico em cima da pedra fazendo um tubo “cabuloso”. Voltamos para a Hermosa com mais um amigo na barca. Já éramos 13 e, como tínhamos apenas mais dois dias pela frente, decidimos ficar ali o resto da trip. De manhã, o pico quebrava com uma onda menor e a maré bem vazia; à tarde, a maré enchia e a onda abria muito – parecia maior e mais gorda. Para finalizar a viagem com chave de outro, fizemos um luau com todos nossos novos amigos. No dia seguinte de manhã, partimos para o aeroporto depois de deixar nossos últimos dez mil colones (a moeda local) para o cafezinho do policial. Voltamos para o Brasil com mil lembranças de uma viagem simplesmente inesquecível. Foto: Arquivo pessoal Praia Hermosa em Jaco [ SONHO Ferna n da e sur fe ] In fa n ti Foto: Arquivo pessoal/Claudia Ferraz Surfar no Havaí é o sonho de todo surfista. Por mais incrível que pareça, eu ainda não imaginava surfar por lá tão cedo. Achava que havia muito crowd, que a bancada era muito rasa e que as ondas eram grandes e pesadas. Foto: Marcio David Tudo isso é verdade, mas, mesmo assim, eu fui. A ilha respira surfe e logo que cheguei senti essa vibração no ar. Ver ondas enormes de 15 pés quebrando lá longe no outside e acompanhar as massas de água chegando até a areia, uma atrás da outra, é emocionante! No ritmo da galera, acordava antes mesmo de o sol nascer. A cultura do North Shore gira em torno do surfe: bicicletas, toalhas e chinelos ficam nas entradas das praias como na entrada de casa. Foto: Arquivo pessoal/Claudia Ferraz O surfe no Havaí ensina a ter concentração, atenção, controle, foco e calma. Muitas situações não são confortáveis e superação é a palavra da temporada. Aqui, o surfe é levado a sério. Foto: Arquivo pessoal/Claudia Ferraz Foto: Marcio David Foto: Arquivo pessoal/Claudia Ferraz Foto: Arquivo pessoal/Claudia Ferraz A ilha é privilegiada; qualquer ondulação que encontra uma bancada de corais forma ondas perfeitas. Por isso o Havaí é o paraíso do surfe. Surfei ondas como Velzyland, Ehukai, Pupukea e Kammieland, e todas elas me deixaram encantada. São incríveis! Todos os dias sentia uma nova história começar. Gargalhei surfando com as amigas de longboard em Waikiki, uma onda interminável. E me surpreendi ao surfar uma das ondas mais temidas do mundo, Pipeline e Backdoor, mesmo com apenas três pés. Toda vez que saí do mar no Havai me senti em êxtase e meus pensamentos foram longe. A alegria dominava meu corpo e o sorriso ficava estampado no rosto pelo resto do dia. Assim é o Hawaii: a energia Aloha contagia e deixa saudade. Cali fórnia [ Sur f C hloé CIT Y Ca lm o n ] Foto: One World Imaging A convite da Roxy Internacional, a longboarder profissional Chloé Calmon passou uma temporada em Huntington Beach, Califórnia, cidade oficialmente intitulada como “Surf City USA”. Huntington fica a cerca de uma hora ao sul de Los Angeles e é acessível por freeways modernas e bem sinalizadas. O aluguel de um carro é indispensável, pois são muitas as praias próximas que merecem uma visita, como Newport Beach, Laguna Beach, Dana Point, San Clemente e as mais famosas de L.A., Malibu e Venice Beach. r pra Califórnia sempre foi um sonho meu, desde mais nova, e a viagem não podia ter sido melhor. Meu primeiro momento na “Califa” foi quando pegamos a Pacific Coast Highway, em direção a Huntington Beach, com as pranchas no carro, gritando e cantando de felicidade. Foto: One World Imaging I Foto: One World Imaging Huntington Beach é literalmente uma “surfe city”, e fica a 45 minutos de Los Angeles. Nem preciso dizer que a cidade é demais: respira surfe e, a cada cinco empregos, um é relacionado ao esporte! Lá, todos os restaurantes têm o surfe como o tema – atenção especial para o Longboard Classic Bar. E tem a Calçada da Fama dos surfistas, com a marca de todas as lendas, campeões e campeãs do mundo, ao lado de uma estátua do Duke Kahanamoku, o pai do surfe. Foto: One World Imaging Huntington é um pico muito constante, onde dos dois lados do píer você encontra altas ondas, esquerdas ou direitas! É crowd, mas todos são amigos, cumprimentam você, puxam papo... Quando eu falei que era do Brasil, então, até me liberaram umas ondas! Todos os dias nós nos organizávamos de manhã para ir surfar em outro pico, como Malibu, San Onofre, Trestles, Newport Beach etc, mas quando íamos até a varanda do hotel (sim, de frente para as ondas!) víamos altas ondas quebrando e surfávamos ali mesmo. A água é fria, as botinhas são indispensáveis, mas as ondas compensam! Foto: One World Imaging Descendo a Main Street, tem o International Surf Museum, com pranchas muito antigas, fotos, quadros, até uma sala de cinema com filmes antigos de surfe, e uma estante com um pouco de areia de praias de cada canto do mundo... Detalhe para uma seção do museu especialmente feita para o surfe feminino: fotos, autógrafos e pranchas das pioneiras. No fim do píer temos o restaurante temático Ruby’s, que “transporta” os visitantes diretamente para os anos 50. O restaurante mais legal que eu já fui! Foto: One World Imaging Califórnia é um lugar perfeito. Quero voltar lá 1, 2, 3, 4... infinitas vezes! E recomendo para todos, pois você encontra diferentes tipos de ondas, boas ondas, até grandes shoppings e outlets. Fotos: Brigitte Mayer Fotos: Brigitte Mayer Assista ao vídeo online ARTE UMA VIDA no circo Por Camila Ortunho V ou contar para vocês como eu fui parar no circo. Foto; Arquivo pessoal Sempre fui apaixonada por ginástica artística (olímpica) e meu sonho era ser ginasta. Lembro que quando era pequena assisti com minha mãe às Olimpíadas de Seul (Coréia do Sul, 1988) e fiquei encantada com as russas e romenas. Na escola, já brincava com as minhas amigas de fazer estrela, ponte, parada de mão na parede, e já tinha flexibilidade. Então, pedi à minha mãe para me levar aos clubes em São Paulo para fazer um teste. “Queria ser ginasta”. E fui ao Palmeiras e ao Tietê – nessa época, tinha dez anos, e eles só selecionavam meninas com a idade máxima de oito anos. Como ginástica olímpica só tinha em clubes e minha família não era sócia de nenhum... Bem, fiz balé, jazz, natação e, com 16 anos, comecei a praticar capoeira, pois amava os saltos acrobáticos. Anos depois, conheci uma academia de ginástica olímpica, a Yashi, que dava aulas para adultos. Fui aprender acrobacia com 19 anos. Fiquei tão apaixonada com a ginástica que larguei a capoeira. O treino era pesado. Tinha os exercícios de solo, isometria, preparo físico com saltos de explosão, flexões de braço, subir na corda até tocar o sino (depois Aprendi a fazer ponte para frente e para trás, reversão, estrela, flick alternada, rodante, flick mortal (para frente e para trás), saltar na cama elástica etc. Estava muito feliz de realizar minhas acrobacias. A ginástica exige muita dedicação – o corpo fica moído e o preparo físico é fundamental para prevenir lesões, pois há muito impacto. Tive muitas tendinites no punho, mas a minha história de lesões graves começa no circo. Na ginástica, conheci umas meninas de circo que ficavam me contando como era o tecido e o trapézio, que eu tinha que experimentar. E um belo dia fui em um lugar chamado Nau de Ícaros, assisti a uma aula de tecido com dança – e adorei. Tecido é um aparelho aéreo de circo; seu material é de liganete. Foto; Arquivo pessoal de um tempo, subir só com os braços, sem o apoio das pernas), forçar flexibilidade como espacates, e por aí vai. E foi. Uma variedade de exercícios que não esquece um músculo sequer do corpo. As pessoas chamam de lençol, pano, cortina. Comecei a fazer aulas de tecido em 2002. Pirei no circo! E, para mim, foi fácil aprender a subir e realizar os truques com quedas e figuras, pois já tinha a base da ginástica. E isso foi fundamental. Fiz oficina de férias na Escola Nacional de Circo do Rio de Janeiro: treinava tecido quatro horas por dia e ficava com os braços bem cansados. Em 2004, entrei no Cefac (Centro de Formação Profissional em Artes Circenses), onde cursei durante dois anos. Treinava cinco horas por dia, tinha aulas de acrobacia, cama elástica, aéreos, dança, teatro, malabares, preparo físico, história do circo e anatomia. Era bem puxado. As dores, constantes, faziam parte da rotina. Em 2006, participei do espetáculo “Stapafurdyo”, do Circo Roda Brasil. Fazia um número de “double” trapézio fixo. Um dia, neste espetáculo, substituí um menino que estava Foto; Arquivo pessoal Logo comecei fisioterapia (minha parceira de longa data) e hidroterapia. Gritava de dor, mas consegui zerar meu ombro. Ele ficou forte de novo e voltei a fazer tudo o que fazia antes. Eu me considerava uma atleta: o circo exige muito da pessoa, ainda mais quando se quer chegar em um nível de alta performance. Fazer, muitos fazem, mas ter uma boa técnica, no Brasil, isso é para poucos. Aqui, não temos uma cultura forte de circo, como acontece na Rússia e na China ou nos países de primeiro mundo, como França (que tem mais de 500 escolas de circo), Bélgica, Itália, Espanha e Canadá. Nestes países, os artistas são valorizados; há investimento do governo em escolas de circo com ótimas infraestruturas, que trazem os melhores professores de várias partes do mundo. Enfim, proporcionam ao artista uma ótima formação. A diferença é gritante em relação ao nosso país. Pude ver com meus próprios olhos quando fui à Montreal (no Canadá) em novembro de 2007. Queria me especializar em um aparelho circense aéreo e fui treinar seis meses com o Victor Fomine, técnico russo da Escola Nacional de Circo do Canadá e do Cirque du Soleil. Comecei a treinar com faixa (“aerial straps”). Era incrível ver como eles estavam na nossa frente e como o Brasil estava atrasado. Dava muita revolta: talentos, nós temos, e um monte deles. Infelizmente, aqui só se dá valor ao futebol. Passei um inverno rigoroso em Montreal treinando faixa, um aparelho praticamente executado por homens porque exige muita força e técnica dos membros superiores do corpo, como trapézio, ombros, costas e braços. Sem falar que machuca muito no começo. Mas é muito lindo ver uma mulher fazendo! Sou suspeita para falar. He-he! Voltei para o Brasil em maio de 2008 e consegui trabalhar em Foto; Arquivo pessoal machucado. Era um número de dança com acrobalance, e meu ombro saiu do lugar. Aí começou minha primeira cirurgia, uma artroscopia de ombro. Foto; Arquivo pessoal http://www.youtube.com/watch ?v=BKr6kU_Go8Q Foto; Arquivo pessoal dois circos fazendo faixa e trabalhando com o Circo Roda Brasil novamente, no espetáculo “Oceano”, até agosto de 2009. Voltei para Montreal para aprimorar meus conhecimentos na faixa e fiz algumas apresentações depois disso. Em julho de 2010, veio minha segunda cirurgia, desta vez no cotovelo, decorrente dos impactos causados pelo treino de faixa. Fisioterapia de novo. Gritei de dor de novo. E o ciclo se repete. Voltei a fazer faixa, mas do ano passado para cá não tive muitos trabalhos. Viver de circo no Brasil é complicado. Admiro os que conseguiram sobreviver dessa arte até hoje. E conheço muitos amigos que se mandaram para outros países. Tudo o que fiz foi por amor a arte. Resumindo minha história até hoje: dei muito mais do que recebi do circo, mas os momentos que pude levar alegria para as pessoas são simplesmente inesquecíveis! Isso, não há dinheiro que pague. Pipeline. Para quem pega onda (e, diga-se de passagem, com qualquer tipo de prancha), essa é “A Onda”. A magia e o fascínio que ela exerce são coisas inexplicáveis, digna de teses de mestrado e estudos mais avançados. São vários os adjetivos que podem acompanhá-la: inigualável, incomparável, mágica, espetacular... Mas o que se encaixa como uma luva ainda é simplesmente “perfeita”. E a nossa homenagem vai para as Rainhas de Pipe, as bodyboarders guerreiras brasileiras que já tiveram a honra de vencer campeonatos nessa onda dos sonhos. SEN HA Foto: Pedro Gomes NI ER STEP Stephanie Pettersen é a campeã das campeãs em Pipe T T E PE A brasileira que vive hoje na Austrália, dona de quatro títulos mundiais, é a campeã das campeãs. Já venceu, nada mais, nada menos, do que seis vezes: 1990, 1993, 1994, 1999, 2001 e 2003: “Ganhar em Pipe é simplesmente ganhar o melhor campeonato de bodyboard do mundo. A sensação é inexplicável!” HA Foto: Pedro Gomes E PET ER SEN STEP NI T SEN ER HA Foto: Pedro Gomes STEP NI E PET T Assista ao vídeo no acesso online LH O C AR “Venci em Pipe duas vezes, a primeira, em 1996, e agora, em 2011. Em 1996, eu estava no começo da carreira internacional. Isso fez com que a mídia me conhecesse, já que Pipe é uma grande exposição e quem vence lá automaticamente ganha muito crédito. Este ano teve um gostinho bem diferente. Voltar a vencer lá depois de tantos anos e hoje sendo pentacampeã mundial, vindo de um ano parada (em 2010), foi um grande estímulo para seguir na luta por mais e mais alguns títulos. A sensação é sempre de dever cumprido, orgulho e prazer por ter sido a melhor ali naqueles 30 minutos.” Foto: IBA/Divulgação A VA NEY M RA LH O C AR Foto: IBA/Divulgação A VA NEY M RA Neymara Carvalho, pentacampeã mundial, abriu a temporada de 2011 com vitória em Pipe. Patrocínios: Banestes, Garoto, Kpaloa e Genesis L A AL I EI L Foto; Arquivo pessoal LeilaAlli Pódio em 2008 com sua filha Yasmin “Bom, ganhar eu nunca ganhei, já fiz algumas finais e outras semifinais. Já tirei dois dez unânimes, sendo a maior nota nas baterias... Não me importo tanto. Um pouco, é claro, mas as ondas que consegui pegar com apenas mais quatro meninas dentro d’água já deram a felicidade necessária! A minha única razão para querer ter ganho ou ainda ganhar em Pipe é a seguinte: a vitória em Pipe significa (para mim) que eu consegui pegar tubos tão legais que me fizeram garantir uma vitória, no final das contas. E o ‘feeling’ de estar por dentro da onda saindo na baforada é o que mais me deixa feliz!” L A AL I Foto; Arquivo pessoal LeilaAlli L EI Leila despencou da onda que tinha mais de 8 pés e após um mega caldo machucou a perna, e mesmo assim voltou ao mar. A família dela estava na areia assistindo tudo e apoiando. Assista ao vídeo no acesso online Foto; Arquivo pessoal LeilaAlli A maior “tube rider” brasileira L A AL I L EI I L A AL Foto; Arquivo pessoal LeilaAlli L EI Leila agora no tubo para Backdoor Foto; Arquivo pessoal R A CH SO A Bicampeã mundial (2000 e 2001) IA RO “Venci duas vezes. Em 2000, foi na última etapa do circuito e, em 2001, na primeira. A primeira vez que venci lá foi uma realização pessoal, pois o circuito tinha perdido algumas etapas e algumas garotas haviam se achado prejudicadas por este motivo (e também achavam que de certa forma eu teria sido beneficiada). Como, naquele ano de 2000, eu já tinha vencido em Portugal, Japão e Hawaii, logo Pipeline me deu não só o sabor de vencer a onda mais temida do circuito, como também a realização de que, independentemente de ter ou não conquistado essas etapas (que as garotas ficaram reclamando), eu seria consagrada campeã do circuito, comprovando a minha verdadeira vitória. Portanto, posso dizer que vencer Pipeline pela primeira vez me deu dupla satisfação. Venci a etapa dando um ARS para Backdoor, que o Elmo Ramos (fotógrafo e editor da Ride It!) me deu recentemente a alegria de ver essa onda fotografada por ele: a manobra da vitória!” A CH R Foto; Arquivo pessoal SO A IA RO Assista ao vídeo no acesso online Foto; Arquivo pessoal R Posando com o equipamento durante o evento que venceu, em 2011 A ST A KA L CO “Vencer um evento em Pipeline é, com certeza, uma das maiores alegrias que um atleta pode ter. Imaginem colocar as melhores atletas num evento, todas com a mesma vontade de vencer. Para mim, todas as três vitórias que tive lá representaram momentos distintos na minha carreira. Em 1999, foi quando disputava o meu primeiro titulo mundial contra a Ney: nós duas chegamos à final e quem vencesse seria a campeã. Acho que venci por uma margem de um ponto. Foi incrível, foi um sonho e até hoje não trocaria aquele momento por nada. A primeira vez nunca se esquece... E essa foi a minha! Em 2010, eu estava voltando ao cenário competitivo depois te ter meus dois filhos. O mar estava com 2-3 pés, e Backdoor era a pedida. Eu estava tão amarradona de estar ali participando que não pensei em vencer; apenas fui surfando o máximo que eu podia. Até que, na final, venci o evento. Meus filhos estavam na areia com meu marido e todos os meus amigos. Foi incrível também. Marcou a minha volta à boa forma, a meu ver, pois já tinha surfado o evento do ano anterior, mas não estava me sentindo em forma. R A ST A KA L Uma vitória no mundial em 1999 e duas no Circuito Americano, em 2010 e 2011. Patrocínios: Science Bodyboards, North shore Soap Factory, Agência Núcleo e Cinerama Brazilis CO Foto: Gordinho/HR Em 2011, foi a minha mais recente vitória. Era uma etapa do Circuito Americano. Eu comecei um pouco devagar, mas, na semifinal, peguei minha melhor onda, tirei uma nota dez unânime para Backdoor... Fiquei tão feliz que olhei para a areia e vi minhas amigas pulando. Eu ri muito, não estava acreditando! Na final, fui com a mesma estratégia e acabei perdendo muito tempo com escolhas ruins. Depois, consegui me posicionar de novo, pegar duas ondas boas e vencer.” RI I A FER “Ganhei em Pipe uma vez, em 2007. E cheguei perto, ficando em segundo, em 1990 e 2011. Fui campeã mundial em 1996 com o terceiro lugar no Pipe, depois de um ano muito competitivo, entre eu (1a do ranking), a Karla (2a do ranking), a Mariana (3a), Stephanie (4a) e Neymara (5a). Em 2007, quando ganhei em Pipe, foi o sentimento de satisfação pessoal mais elevado que já tive, pois vinha tentando há 18 anos! E foi uma bateria final muito cascagrossa contra a Natasha Sagardia (de Porto Rico), Aoi Koike (do Japão) e Daniela Freitas. Ganhei fazendo 19 pontos de 20 possíveis. A Natasha, em segundo, fez 18, a Aoi, em terceiro, fez 16, e a Dani, em quarto, tinha 14 pontos. Muito alto nível!” Foto: Akemi Saito-Zurowski U RA C LÁ D RI RA U Foto: Aaron Nakamura C LÁ D I A FER Campeã mundial de 1996. Patrocínios: Sik Chix e Aloha Gifts from Hawaii U Foto: Aaron Nakamura I A FER RA RI C LÁ D IR A IA Foto; Arquivo pessoal UE M AR N A N OG “Em 92, foi a segunda vez que competi em Pipe. Lembro que eu peguei uma onda na final e dei dois rolos, que eu ainda não sei como eu consegui, pois naquela época a gente era obrigada a cair com a prancha da Morey Boogie, e a prancha era enorme para mim! Muito larga e comprida! Em 95, o mar estava perfeito, muitas ondas para Backdoor e para Pipe também. Lembro que peguei muitas ondas perfeitas e me surpreendi com a minha disposição em certos momentos. Lembro também que eu não pensava muito quando tinha que encarar a junção de Backdoor... Acho que o meu anjo da guarda teve muito trabalho! Lembro especialmente de um tubo bem longo. Quando eu saí, mandei um rolo que voei muito. Foi emocionante! Três anos depois, fui campeã mundial pela terceira vez; estava grávida e tinha três títulos em Pipe...” IR A UE A N OG “Acho que aproveitei o que o meu esporte me proporcionou, e sou muito agradecida por ter sido apresentada a ele e ter crescido com ele! Acho que o último Pipe que competi mesmo foi em 98. Depois, competi em 2000, mas a Mariah era bem bebê, e quando chegava na junção de Backdoor, eu pensava duas, três, até quatro vezes... Ai, não dá mais! Há-há-há!” Tricampeã mundial, já venceu em Pipe em 1992, 1995 e 1997 Foto; Arquivo pessoal IA Foto; Arquivo pessoal M AR N AS IT DAN I EL E R A F Foto; Arquivo pessoal/Kpaloa “Ganhei em Pipe três vezes, em 1998, 2000 e 2007. Pipeline é a minha onda preferida no mundo! 1998: aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida pois, além de Pipe, ganhei meu segundo título mundial. 2000: Foi especial também. Aquele ano que rendeu muito para mim profissionalmente com os patrocínios do Flamengo, American Airlines, Dharma e Prefeitura do Rio. 2007: foi, sem dúvida, o mais especial. Meus filhos, Kaila e Kainoa, estavam lá na areia torcendo por mim. O campeonato teve altas ondas pela manha, com 4-6 pés. Porém, na final, o mar subiu pra 10 pés ‘plus’, e parecia uma máquina de lavar! Foi o maior Pipe da historia do BB feminino. Eu ganhei e, ironicamente, calei a boca de muita gente que me chamava de ‘merrequeira do meio da Barra’!” I A FR Foto; Arquivo pessoal/Kpaloa IT AS DAN EL E ECOLOGIA AS BALEIAS estão chegando... Por Ana Carolina Ceccarelli E ntre os meses de julho e novembro, o estado de Santa Catarina recebe alguns visitantes bem especiais, como pinguins, focas, golfinhos e baleias. Entre estas últimas, podemos citar a baleia franca (Eubalaena australis), que passa o verão no Pólo Sul, onde se alimenta, e que migra durante o inverno em busca de águas mais quentes e calmas para terem seus filhotes, amamentar e acasalar. As baleias francas podem ser facilmente identificadas por várias características: ausência da nadadeira dorsal, ausência de pregas ventrais, além de possuírem os orifícios respiratórios bastante separados, originando um borrifo característico em forma de “V” durante a respiração. Elas também apresentam calosidades de pele características na região da cabeça, ao redor do orifício respiratório e da boca. A coloração do corpo das baleias francas pode variar do preto ao acinzentado, com manchas brancas no ventre. As fêmeas adultas são maiores que os machos, atingindo até aproximadamente 18 metros de comprimento e pesando de 50 a 56 toneladas. Os filhotes nascem em média com seis metros de comprimento pesando 4-5 toneladas. As melhores regiões para se observar as baleias são Garopaba e Imbituba, com visibilidade da praia mesmo, pois elas ficam bem pertinho, logo após a zona de arrebentação. Para quem quiser se aventurar, existem empresas que realizam passeios de barco para a observação de baleias; mas verifique se a embarcação que você escolher segue corretamente a legislação brasileira de observação de cetáceos e se está cadastrada na Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APA), criada para assegurar a proteção da espécie e garantir o uso racional dos recursos naturais da região. Não se sabe ao certo quantas baleias francas foram mortas no Brasil durante o período de caça, mas estima-se que centenas delas possam ter sido dizimadas. Na costa brasileira, a espécie era abundante, com uma distribuição desde a divisa com o Uruguai até a baía de Todos os Santos, na Bahia. O último registro de caça da baleia franca no litoral do Brasil data de 1973, na cidade de Imbituba. Somente a partir da década de 80 foram reavistados no litoral sul-sudeste do País os primeiros indivíduos após o término das atividades de caça. Apesar de as baleias francas estarem protegidas internacionalmente desde 1935, a proibição oficial da caça comercial de cetáceos no Brasil ocorreu somente em 1987; desde 1989, elas são citadas na Lista Oficial Brasileira das Espécies Ameaçadas de Extinção. Hoje, felizmente, podemos observar o aumento do número de indivíduos dessa espécie, nos dando esperança de que preservar e proteger vale a pena. E muito. Ehlas acontecemEm 2011, Carissa Moore sobrou A os 18 anos, havaiana é a mais jovem surfista a se tornar campeã mundial de surfe – e interrompe a sequência de títulos da tetracampeã mundial Stephanie Gilmore O Circuito Mundial de Surfe Feminino terminou bem mais cedo em 2011. Por anos, em dezembro, o Hawaii foi o cenário da última etapa do circuito. Mas este ano ele foi finalizado nas ondas de Huntington Beach, na Califórnia, ainda em agosto. Das sete etapas realizadas, Carissa Moore esteve presente em seis finais: ela venceu três, foi vice em três e ficou em terceiro na última etapa. O título foi conquistado antecipadamente na penúltima etapa, que aconteceu em Biarritz, na França. Carissa, juntamente com a nova geração de surfistas, vem elevando o nível técnico das competições e mudando os paradigmas do surfe feminino. Quem pode acompanhá-las esse ano pode ter a certeza de que uma nova era está começando. O futuro promete! "Sonhei com este momento a minha vida toda. É incrível. Não há lugar que eu preferiria estar agora” Fotos: Divulgação ASP/aquashot Carissa Moore Silvana Lima Silvana Lima e Jacqueline Silva representaram o Brasil nessa temporada. Silvana Lima ficou em terceiro na etapas de Bells Beach e do Rio de Janeiro, acumulou quintas e nonas colocações no resto da temporada, finalizando o circuito em Top 5. Foto: Divulgação ASP/Rabelac 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 Carissa Moore Sally Fitzgibbons Stephanie Gilmore Tyler Wright Silvana Lima Coco Ho Sofia Mulanovich Courtney Conlogue Pauline Ado Laura Enever Jacqueline Silva HAW AUS AUS AUS BRA HAW PER USA FRA AUS BRA Jacqueline Silva Jacqueline sofreu um acidente de carro durante a segunda etapa do WT, em Bell’s Beach na Austrália, ficando impossibilitada de competir as etapas restantes. Ela deve receber o “injury wild card” para a temporada de 2012. Depois de muita fisioterapia, Jacque vem se preparando com dedicação para seu retorno. Foto: Fabio Minduim/ Brasil 1 Diana Cristina Diana Cristina aparece na ponta do Circuito Brasil Surf Pro e do Brasil Tour. Ela venceu na Praia do Cupê, no Recife, local de estreia do Circuito Brasileiro de Surfe Profissional, e no Canto do Maluf, no Guarujá, primeira etapa do Petrobras nas Ondas. Diana ainda dividiu a segunda colocação na etapa de Búzios do BSP, paralisada devido à falta de ondas. Com estes resultados, segue invicta na temporada de 2011. SAIDEIRA “Vaca” do Tiago Lemburger Candelot, clicada pelo Mike Neal Foto: Rick Werneck Escreva para Ehlas. Seja uma d’Ehlas, conte suas aventuras, mande suas fotos e experiências.