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Edição #18 • agosto 2011
ES P E C I A L T R I PS
Remamos no frio da Patagônia, mergulhamos em
Galápagos, surfamos em Bali, Peru, Califórnia e Hawaii,
conhecemos o Nepal e o Equador. E por aí vamos...
Ilustração: Christie Meditsch
ÍNDICE:
Editorial
Cartas
Trips Ehlas .......................................
Elas pelo Mundo
Patagônia, Peru, Equador, Galápagos, Nepal,
Indonésia, Costa Rica, Hawaii e Califórnia
Eles por Ehlas ..............................................
Arte ...........................................................
Bodyboarding .............................
Alejo Muniz
Vida no Circo
As rainhas de Pipe
Ecologia .......................................................................
Elas Acontecem
Baleias
Por Brigitte Mayer
Você já se perguntou por que estamos sempre querendo viajar?
Nos primórdios, os homens basicamente se moviam pela necessidade da subsistência, à procura
da terra fértil. A migração pela sobrevivência. No decorrer das eras, as coisas foram se modificando:
da conquista de novos territórios a causas de origem cultural, religiosa e econômica. Tudo isso
transformou profundamente o planeta em que hoje vivemos.
Ilustração: Christie Meditsch
Foto: Brigitte Mayer
EDITORIAL
No mundo moderno, a facilidade e a rapidez que as tecnologias nos proporcionam nos deixam
a um clique do nosso próximo destino. A distância não é mais problema. Cada pessoa tem a
sua motivação pessoal para viajar – e as razões são muitas. Mas assim como nossos ancestrais,
continuamos a nos mover. E a buscar.
Viajamos porque precisamos. Está no nosso instinto. Viajamos porque buscamos algo na diversidade
que encontramos ao redor do mundo – inspiração. Quando retornamos, a casa ainda é a mesma.
Mas algo em nossas mentes mudou. E isso muda tudo.
Nesta edição, reunimos histórias de quem se moveu e saiu em busca. Viaje com Ehlas!
Viajamos porque precisamos.
Está no nosso instinto.
Viajamos porque buscamos
algo na diversidade que
encontramos ao redor do
mundo – inspiração.
Viaje nessa edição!
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Ja
a
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ol
e da:
se
a
Não percam os websódios da primeira
temporada em Park City na Ehlas TV...
Assista ao vídeo no acesso online
MONIKA MAYER
Designer
[email protected]
LUIZ FLAVIO
TI Designer
[email protected]
ROBERTA BORGES
Editora e fotógrafa
[email protected]
RICARDO LARGMAN
Editor de textos
[email protected]
BRIGITTE MAYER
Editora
[email protected]
CLAUDIA GONÇALVES
Editora
[email protected]
COLABORADORES DE TEXTO:
CAROL FREITAS
[email protected]
www.carolfreitas.com.br
Carol Freitas Blog EHLAS
FABIO FANTAUZZI
Solari Filmes
www.solari.net.br
[email protected]
ANTONIA WALLIG
[email protected]
jiwasurf.blogspot.com
MYLENE VERBICARO
[email protected]
ANA CAROLINA CECCARELLI
Bióloga e Surfista
[email protected]
SORAIA ROCHA,
ROBERTA MILAZZO E
RENATA CAVALLEIRO
Bodyboarders
www.garotasbodyboarders.com.br
CAMILA ORTUNHO
Artista circense
[email protected]
Artigos assinados não representam
necessariamente a opinião da revista.
SABRINA MUNHOZ
Personal Trainner
[email protected]
FERNANDA INFANTI
Longboarder Profissional
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www.flickr.com/photos/feinfanti/
CHLOÉ CALMON
Longboarder Profissional
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COLABORADORES DE FOTO:
MARCIO DAVID
Leia as cartas no acesso online
Desde os primórdios, o ser humano é
fascinado com o que está além da sua
visão. A busca do novo leva-nos aos mais
distantes lugares do planeta. A descoberta
de paisagens (para nós) inéditas e
inexploradas, de culturas diferentes,
de novas amizades, experiências e, claro,
das ondas perfeitas segue nos inspirando
na eterna busca da realização dos nossos
sonhos. Ehlas traz para vocês algumas
emoções de quem foi atrás desses sonhos.
Ca r o l
ROT AS Frei tas
~
Foto: Arquivo pessoal
[
~
Expedicao
]
A expedição à Patagônia faz parte do Projeto Rotas, organizado pela empresa
Sagre. A Patagônia foi o local escolhido como tema para a publicação do
primeiro livro desse projeto – que será lançado em breve. A autoria da obra
é dos quatro participantes da expedição: eu, Carol Freitas, que sou atleta,
os empresários João Touma e Marco Junqueira e do arquiteto Tiago Melo.
Nossa expedição começou na
pequena cidade de El Calafate
na Argentina, de onde saímos
para o Parque Nacional Los
Glaciares. O Glaciar Perito
Moreno é a principal atração
deste parque. Um enorme rio
congelado que existe há pelo
menos 30 mil anos – uma das
únicas geleiras do planeta –
continua crescendo.
Foto: Arquivo pessoal
Conhecer as belezas naturais
deste lugar incrível foi
realmente uma experiência
única e inesquecível. Em meio
ao nosso dia-a-dia, não
enxergamos mais os detalhes
do que está à nossa volta.
Assim, conhecer um lugar
como a Patagônia – onde a
natureza exuberante parece
saltar aos olhos – nos faz
repensar muitas coisas, dentre
elas, a consciência da
fragilidade humana.
Foto: Arquivo pessoal
Através de passarelas e
escadarias de madeira, é possível
chegar a 200 metros de distância
do paredão, que se eleva a mais
de 50 metros acima do Lago
Argentino e se estende por um
vale até as montanhas. De vez
em quando, enormes blocos –
alguns do tamanho de
automóveis – se desprendem e
caem dentro d’água, com
estrondo de trovões. É
hipnotizante!
Foto: Arquivo pessoal
Tive o prazer de dar umas remadas de stand-up paddle no gelado Lago
Argentino; confesso que tive um pouco de receio. Os estrondos que as geleiras
fazem com frequência é assustador e estar na dentro d’água nessas horas dá
muito medo – parece que um tsunami pode surgir a qualquer momento. Mas
confiei na minha prancha inflável da Surftech e fui para água. Nesse dia estava
sem botinha e, na entrada, já deu para sentir que seria uma remada diferente
de qualquer outra. Apesar de ser um lago aparentemente calmo, cair naquela
água gelada seria bem arriscado, e eu teria de três a cinco minutos para voltar
à margem, já que não estava vestida com roupa de borracha apropriada para
aquelas circunstâncias. Graças a Deus deu tudo certo.
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
No dia seguinte pegamos a estrada
rumo ao Chile, mais precisamente a
cidade de Puerto Natales, o povoado
mais próximo do nosso próximo
destino, o Parque Nacional Torres Del
Paine, na Patagônia Chilena. Este
parque leva seu nome pelas gigantes
montanhas de granito que foram
modelados pela força do gelo glacial.
Está localizado entre o maciço da
Cordilheira dos Andes e a Estepe
Patagônica, no Chile. El Paine foi
declarado Reserva da Biosfera
pela Unesco em 1978.
Foto: Arquivo pessoal
Foi aos pés destas lindas montanhas, com mais de 20 milhões de
anos, que fiz a minha segunda remada de SUP, desta vez, com a
temperatura um pouco mais agradável! No caminho até a entrada
do parque, a paisagem é deslumbrante: as montanhas Del Paine
são o retrato da natureza extrema em seu estado mais puro.
A cada curva, o cenário se transformava diante de nossos olhos,
e só queríamos seguir a trilha para chegar o mais perto possível
“daquilo” que a mãe natureza esculpiu com tanta magnitude.
Foto: Arquivo pessoal
Chegamos no local onde tínhamos que deixar o carro e seguir a
pé por uma trilha de dez minutos. Até que, de repente, surgiu um
visual mais inacreditável ainda: as montanhas majestosas, o lago
e os glaciares, tudo numa só paisagem. É de perder o fôlego!
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Não pensei duas vezes. Voltamos correndo para
o carro buscar a prancha de stand-up inflável,
roupa de borracha e tudo mais. Assim que
entrei na água e comecei a remar em direção
a um enorme iceberg levei um susto enorme:
estava a uns 200 metros da beira, um pedaço
grande de gelo se desprendeu e caiu na água;
só não saí correndo porque não dava! Mas,
segundos depois do susto, esperei a onda
causada pelo desmoronamento e surfei a
marola até a beira! Esse momento foi mágico
para todos nós. Foi o ápice da viagem: estar
num lugar daqueles fazendo SUP e ainda surfar
uma marola do iceberg. Não podíamos pedir
mais nada!
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Em breve, comunicaremos os detalhes sobre
o lançamento do livro. E no meu blog tem o
dia-a-dia dessa fantástica trip.
www.projetorotas.com.br
http://carolfreitaskite.blogspot.com/
Foto: Arquivo pessoal
Peru * Equador * Galápagos
[
Proje to
An t o nia
JIWA Wa l lig
]
O Projeto Jiwa é integrado por quatro amigas e uma alma comum: o mar
que nos inspira e o surfe que nos move. Gerando arte, plantando amizade,
dançando sobre as ondas, pensando em educação, promovendo sustentabilidade.
Foi com esta intenção que nos unimos, desenvolvemos o Jiwa e planejamos esta
primeira viajem pela América Latina: “Arriba Muchachas”.
Foto: Arquivo pessoal
Peru * Equador * Galápagos
Antonia Wallig, Christie Meditsch e Clarissa Del Fabbro
Foto: Arquivo pessoal
Peru
N
orte do Peru e Equador –
estes foram os nossos
destinos. Saímos do Brasil
em épocas diferentes,
acompanhadas de nossos
maridos e namorados, viajando
no ritmo das ondulações para
nos encontrarmos nas
paradisíacas Ilhas Galápagos.
Tivemos que deixar em terras
tupiniquins nossa amiga e
parceira de surfe Luciana,
que estava se recuperando
de uma cirurgia.
Partindo de Trujillo, cidade
localizada a mais ou menos 800
km de Lima, encontramos vários
points. Huanchaco é o mais
perto da cidade e oferece
diversos “beach breaks”. Em
Trujillo vale conhecer as ruínas
de Chan Chan, uma cidade
construída toda em barro pela
civilização Chimu, no século XIV.
Neste lugar percebemos como
o povo estava totalmente
conectado ao mar. Os muros
da cidade têm formas orgânicas
que lembram ondulações e nas
construções estão entalhados
desenhos de pelicanos, peixes
e ondas.
Seguindo para o norte está
Chicama, o clássico entre os
clássicos, que, quando quebra,
realmente é de encher os olhos
de qualquer surfista. Devido à
forte correnteza, o crowd não
fica muito concentrado. E
tivemos a facilidade dos barcos
de resgate para voltar ao point!
A delícia de Chicama é poder
cair de uma onda perfeita,
esperar a de trás e continuar
surfando outra quase igual.
Mais adiante, Pacasmayo revelase uma cidadezinha agradável,
e com um pico de onda incrível,
chamado El Faro, bastante
sensível às ondulações de sul.
Lá perto está Poemape, outro
“point break” com excelentes
esquerdas; opção para os dias
menores.
Foto: Arquivo pessoal
Peru
Christie em Chicama
Peru
O que nos surpreendeu foi ter encontrado uma escolinha de surfe do projeto “Waves for Development”, iniciada por
um suíço que, apaixonado pela ondas perfeitas do lugar, decidiu fazer algo pela população local – que é muito carente.
O projeto oferece aulas de surfe para as crianças e capacitação profissional para os adultos. Pura atitude!
A costa do Peru possui inúmeros points, muitos ainda desconhecidos. Conforme fomos subindo, ficamos impressionadas
com a quantidade de ondas de qualidade geradas em um só país; as bancadas são perfeitas e ainda existem muitos
lugares a serem descobertos!
Com o swell perdendo força, decidimos então cruzar a fronteira. A viagem de Mancora, no Peru, até Guayaquil, no Equador,
dura aproximadamente oito horas. Vale a pena viajar de dia, pois a mudança na paisagem é impressionante: os largos
desertos monocromáticos peruanos vão aos poucos se transformando em campos verdes, árvores e imensas plantações de
bananas. Muitas frutas e cores voltam a pulsar da terra. E as ondas que encontramos por lá não deixaram nada a desejar.
Cissa nas longas esquerdas de Lobitos
Foto: Arquivo pessoal
Seguimos subindo até chegar a Lobitos, uma vila no meio do nada numa região desértica, destinada à exploração de
petróleo e controlada por militares. A onda é esplêndida, fácil, longa e geralmente tubular. Caminhando, pode-se chegar
a outras ondas próximas, como Piscinas e El Hueco. O bom é que por lá a água já vai esquentando.
Foto: Arquivo pessoal
Peru
Antonia em El Cañon
Fomos direto para Montañita,
um vilarejo muito simpático,
remanescente da época hippie
dos anos 70. A praia é linda e há
muitas hospedagens em frente
à praia. Muitas das construções
são feitas em bambu,
esbanjando estética e
sustentabilidade. O Equador é
um dos países da América Latina
que possui a melhor qualidade
de bambus para construção.
Montañita é dotada de uma
forte onda de pico sob pedras e
um “beach break”. Até que
enfim encontramos uma direita,
abençoada por tubos e show
de surfe nas condições perfeitas.
A água é quente e o crowd é
intenso. A dica é conhecer as
praias vizinhas, como Ólon,
Ayampe e Las Tunas, lugares
com visuais alucinantes, com
uma intensa vida nativa,
muitas crianças e pouco crowd.
Fotos: Arquivo pessoal
Equador
Foto: Arquivo pessoal
Equador
Rio Chico é outra praia com longas esquerdas de “point break”,
localizada em um sitio arqueológico; possui até uma piscina de
lama medicinal. Existem ônibus locais que passam a cada 20
minutos e levam surfistas e a população local às praias, no
melhor ritmo de salsa: os ônibus equatorianos são movidos
a música!
Depois de toda a hospitalidade da costa equatoriana, ainda
tínhamos pela frente o “néctar” da viajem. As “Ilhas
Encantadas” seriam o nosso último destino nesta jornada.
Cissa em Rio Chico
Foto: Arquivo pessoal
Equador
Lixo não combina com ondas perfeitas.
Cissa recolhendo a sujeira em Rio Chico
Foto: Arquivo pessoal
Galápagos
Chegamos a Gálapagos, um arquipélago localizado a mil quilômetros
da costa equatoriana, constituído por dez ilhas principais e outras
ilhas menores. Apenas quatro delas são habitadas e a capital, San
Cristobal, é a mais procurada para o surfe.
Foto: Arquivo pessoal
Galápagos
A constância das ondas depende muito das marés. Encontramos picos
que funcionam com swell de Norte como a “Carola”, uma direita
incrível que quebra melhor na maré baixa, e El Cañon, esquerdas
longas que funcionam com perfeição na mudanças de maré.
O melhor pico que surfamos com ondulação de sul foi Tongo Reef,
que proporciona três seções de esquerda; a temida Loberia, com
suas pedras aparentes, também é uma boa opção nos dias menores.
Todos os picos têm fundo de pedras e também tartarugas, pelicanos
e lobos marinhos, que são uma companhia mágica para o surfe.
Foto: Arquivo pessoal
Galápagos
Leão marinho, o mais local do pico
Galápagos
Fotos: Arquivo pessoal
Galápagos é um paraíso marinho para além do surfe.
Mergulhar em lugares como o Leon Dormido é imperdível.
Um paredão vulcânico de mais de 100 metros de altura,
com uma fenda onde podemos ver centenas de tubarões,
além de tartarugas, arraias, peixes exóticos e golfinhos.
As Ilhas Galápagos pertencem ao território equatoriano
e foram declaradas como Reserva Marinha e Patrimônio
Natural da Humanidade.
Christie mergulhando em Leon Dormido
Foto: Arquivo pessoal
Galápagos
Galápagos
Foto: Arquivo pessoal
Antonia na esquerda de El Cañon
Foi lá que Charles Darwin reuniu evidências suficientes para desenvolver a teoria da evolução por seleção natural. As correntes marítimas
e ventos de norte e de sul fizeram migrar animais, pássaros e até pinguins, que ao longo do tempo e de acordo com o habitat de cada
ilha foram se adaptando até se tornarem espécies endêmicas, que só existem naquele determinado lugar. Depois de intensos dias de
surfe, podemos dizer que “las olas galapagueñas” também são endêmicas, com uma qualidade e uma magia que só existem por lá!
Foto: Arquivo pessoal
Galápagos
Christie se divertindo em El Cañon
Fotos: Arquivo pessoal
Galápagos
Antonia em sintonia com a natureza
Caminhando pelo “malecon” (calçadão), convivemos com
lobos marinhos cuidando de seus filhotes, amamentando e
descansando. Tartarugas gigantes podem ser vistas em seus
criatórios no Parque Nacional e iguanas marinhas vivem
espalhadas pelas pedras vulcânicas, em harmonia com
caranguejos, fragatas e atobás de patas azuis.
Foto: Arquivo pessoal
Galápagos
Galápagos
Fotos: Arquivo pessoal
Clarissa e Christie
O povoado é bem cuidado, bancos e lixeiras são espalhadas
pela ilha com os dizeres: Preserve o que é Nosso .Uma
intensa conscientização ambiental vem sendo feita nas Ilhas,
mas isto não garante que muito lixo ainda chegue às praias
através do mar. A presença dos turistas e principalmente
surfistas tem sido crescente com o passar dos anos, mas os
moradores são muito amigáveis e receptivos, por isto é
imprescindível o respeito aos locais fora e dentro d’água .
Foto: Arquivo pessoal
Galápagos
Jiwa quer dizer “alma” em balinês. Somos
almas unidas pelo amor ao mar e por
todos que nele ou dele vivem.
Esquerdas de El Tongo Reef
Foto: Arquivo pessoal
Galápagos
Antonia em El Cañon
Galápagos
Tartaruga Gigante de Galápagos e
sua nova amiga Christie
Fotos: Arquivo pessoal
Galera da trip rumo
a Leon Dormido
“Aqui, tanto o espaço como o tempo, temos a impressão
de estar mais próximo desse acontecimento, esse mistério
dos mistérios, que é a aparição de novos seres na Terra”,
afirmou Darwin. Para nós, o surfe nos aproxima deste
mistério que é a natureza; nos faz sentir parte dela,
sempre transformando, evoluindo e aprendendo sobre
o respeito, a união e a amizade.
Foto: Arquivo pessoal
Nepal
[
S E M Mylene
Ro teiro
]
Ver bi ca r o
Foto: Arquivo pessoal
Eu e meu namorado, Guilherme, resolvemos rodar
todo o norte da Índia e o Nepal em 40 dias.
Conhecemos 15 cidades diferentes em ritmo frenético
de viagem. E o mais louco de tudo: sem roteiro!
Cada viagem durava de cinco a 12 horas – isso nos mais
diversos meios de transportes, que variam de ônibus
público, carro, moto e trem a camelo, barco, avião,
bike, tuck tucks... Fomos do pé do Himalaia ao deserto!
A Índia é um lugar de encontros e desencontros sociais e,
principalmente, religiosos. A magia aparece de uma forma
muito sutil; dentro de um ambiente de caos, sempre
conseguimos ir adiante, deu tudo certo e, claro,
fizemos amizades inesquecíveis!
Foto: Arquivo pessoal
Fotos: Arquivo pessoal
Fotos: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Fotos: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
~
Conexao
B R UNA SC H MIT Z
C LA U DIA G ON C A LV ES
JA C Q U E LIN E SI LVA
SU E LEN NA R AISA
[B A L I ]
Foto: Andres Figueroa
Bruna Schmitz jogando água para cima
Foto: Arquivo pessoal
Água quente e altas ondas
Bruninha curtindo Bali
Bruna Schmitz em Uluwatu
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Claudia Gonçalves se preparando para o tubo em Uluwatu
Foto: Arquivo pessoal
Mar azul turquesa, Claudia Gonçalves em Uluwatu
Foto: Arquivo pessoal
No intervalo do tour mundial Claudia
foi testar novas pranchas em Bali
Foto: Arquivo pessoal
As meninas
foram conhecer
os tradicionais
templos da
Indonésia
Foto: Arquivo pessoal
Jacqueline Silva e sua tradicional
batida de backside
Foto: Arquivo pessoal
Entre as etapas do WT da
Austrália Jacque foi treinar
em Bali
Jacque em Uluwatu
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Paraíso?
Foto: Arquivo pessoal
Entre um swell e outro,
um rolé de elefante
Foto: Arquivo pessoal
Suelen Naraisa sempre em
busca das maiores ondas
Foto: Arquivo pessoal
Suelen a vontade na sua primeira
temporada em Bali
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Uluwatu
Foto: Arquivo pessoal
[
PURA Sa b r i na
aven tura
]
M un h oz
A ideia de ir à Costa Rica surgiu quando conversava com umas amigas
sobre como gastar dinheiro em coisas boas. E a conclusão foi a mesma
para todas: é fazendo um viagem. Na mesma hora começamos planejar.
Queríamos um lugar tropical, com muito verde, calor, animais diferentes,
praia e águas cristalinas – além, é claro, de um lugar que desse uma ideia
de aventura. A conclusão foi: Costa Rica.
Então, o quarteto estava armado: Sabrina, Bárbara, Luzinha e Carol (Nugg). Eu e Bárbara éramos as que surfavam,
e isso era perfeito, já que sempre teria alguém na praia para cuidar das coisas. E fazer as filmagens.
Foto: Arquivo pessoal
Mas, no início, a viagem era tudo, menos perfeita. A Bárbara não embarcou com a gente por causa de problemas
com a documentação da vacina de febre amarela; depois foi a minha vez, retida na Imigração da Costa Rica, e com o
mesmo problema. Só com a ajuda preciosa da Copa Airlines – que encontrou a minha carteira no Peru, onde fizemos
escala na ida, e enviou para a Costa Rica com incrível rapidez – é que, dois dias depois, estávamos novamente juntas.
E com muita, muita expectativa.
Foto: Arquivo pessoal
Depois de uma noite na capital, San José,
começamos a viagem. Primeira parada: Praia
Grande Tamarindo. Ficamos no Las Tortugas,
um hotel maravilhoso na beira da praia.
Chegamos à noite e fomos jantar em
Tamarindo, que é um centrinho.
Às 05:30, despertamos com muita vontade de
conhecer a praia e ver as ondas. Estava clássico:
pouquíssimas pessoas na água e muitas ondas
abrindo. Foram dois dias de muito surfe. E à
tarde sempre entrava o vento.
Bottom turn na Praia Grande em Tamarindo
Do extremo norte, partimos para o sul, com
nosso novo amigo, que seguiu viagem com a
gente até o final da trip. Dormimos em Samara
e, no dia seguinte, fomos conhecer Marbella,
talvez a praia mais linda que passamos: areia
muito preta, muitos pássaros, muito verde e,
mais uma vez, sem ninguém na praia. Surfamos
até entrar o vento – que, de praxe, entrava à
tarde. Então, tocamos para Santa Teresa.
Santa Teresa era o lugar mais diferente: muita
gente, um pessoal jovem, muitos surfistas e
umas baladinhas. Dois dias surfando pela
manhã e, à noite, uma festinha de reggae
muito divertida.
Foto: Arquivo pessoal
Conhecemos um gringo que seguiu viagem com
a gente e nos levou para Roca Bruxa, uma
reserva ambiental linda. Dormimos em uma
cidadezinha ali perto e, às cinco da manhã do
dia seguinte, partimos para nosso destino.
Uma hora de carro, passando por uma estrada
sinistra, com pedras enormes, onde só um 4x4
poderia passar; depois, mais 30 a 40 minutos
de caminhada pelo meio do mato, onde vimos
cervos, iguanas e jacarés. Quando chegamos na
praia, o terral estava muito forte, mas as ondas
estavam perfeitas, melhor ainda de dentro da
água: um metro, três pessoas na água e muitos,
muitos picos. E tubos e mais tubos.
Partimos para Jacó, mais precisamente, Playa Hermosa. Fizemos o percurso todo pela costa, onde há muito rios. Nossa sorte
é que não era época de chuva. Atravessamos a península de balsa e finalmente chegamos. Naquela noite, as meninas foram
jantar em Jacó e conheceram um costarriquenho que era guia turístico. Ele estava com dois amigos da Carolina do Norte,
que nos falaram que estava entrando um swell de sul grande. Isso queria dizer que Pavones, a onda mais longa da Costa
Rica, iria quebrar.
Surfamos em um secret na Hermosa e tocamos para Pavones. Agora não éramos mais quatro, nem cinco, mas nove,
pois conhecemos um fotógrafo que pegou carona com a gente.
Foto: Arquivo pessoal
Direitas perfeitas na Praia Grande
Durante os dois dias de nossa estadia por lá, fizemos mais
três amigos e partimos para Dominical, pois o swell baixou
rápido demais. Agora não éramos mais nove, mas 12, em
três carros lotados.
Foto: Arquivo pessoal
Não acreditei no que vi: uma onda quilométrica, correndo
pela bancada de pedra super-rasa. Estava lindo de ver.
Agora, dentro da água, o bicho estava pegando: embora
fora de temporada, mas com a tecnologia de previsão de
ondas e milhares de sites espalhados pela internet, todas
as pessoas que conhecemos no caminho estavam lá. Muita
crowd! Para piorar, os locais faziam um revezamento das
ondas da série para ninguém mais pegar, e as ondas
menores quebravam muito próximas da bancada e
corriam muito rápidas. Pavones é lindo, com muitas
iguanas, papagaios, tucanos, macacos e araras vermelhas.
E todos eles tornaram a nossa viagem mais interessante.
Foto: Arquivo pessoal
Será que rola um tubinho?
Foto: Arquivo pessoal
Dominical era outra praia com muita
gente, muitos camelôs para comprar
cangas e lembrancinhas da Costa Rica,
além de alguns barzinhos bem legais –
além de altas ondinhas. Surfamos em um
spot com fundo de pedra e uma esquerda
que quebrava de pico em cima da pedra
fazendo um tubo “cabuloso”.
Voltamos para a Hermosa com mais um
amigo na barca. Já éramos 13 e, como
tínhamos apenas mais dois dias pela
frente, decidimos ficar ali o resto da trip.
De manhã, o pico quebrava com uma
onda menor e a maré bem vazia; à tarde,
a maré enchia e a onda abria muito –
parecia maior e mais gorda.
Para finalizar a viagem com chave de
outro, fizemos um luau com todos nossos
novos amigos. No dia seguinte de manhã,
partimos para o aeroporto depois de
deixar nossos últimos dez mil colones (a
moeda local) para o cafezinho do policial.
Voltamos para o Brasil com mil
lembranças de uma viagem simplesmente
inesquecível.
Foto: Arquivo pessoal
Praia Hermosa em Jaco
[
SONHO Ferna n da
e sur fe
]
In fa n ti
Foto: Arquivo pessoal/Claudia Ferraz
Surfar no Havaí é o sonho de todo surfista. Por mais incrível que pareça,
eu ainda não imaginava surfar por lá tão cedo. Achava que havia muito
crowd, que a bancada era muito rasa e que as ondas eram grandes e pesadas.
Foto: Marcio David
Tudo isso é verdade, mas, mesmo assim, eu fui. A ilha
respira surfe e logo que cheguei senti essa vibração no ar.
Ver ondas enormes de 15 pés quebrando lá longe no
outside e acompanhar as massas de água chegando
até a areia, uma atrás da outra, é emocionante!
No ritmo da galera, acordava antes mesmo de o sol nascer.
A cultura do North Shore gira em torno do surfe: bicicletas,
toalhas e chinelos ficam nas entradas das praias como na
entrada de casa.
Foto: Arquivo pessoal/Claudia Ferraz
O surfe no Havaí ensina a ter concentração, atenção,
controle, foco e calma. Muitas situações não são
confortáveis e superação é a palavra da temporada.
Aqui, o surfe é levado a sério.
Foto: Arquivo pessoal/Claudia Ferraz
Foto: Marcio David
Foto: Arquivo pessoal/Claudia Ferraz
Foto: Arquivo pessoal/Claudia Ferraz
A ilha é privilegiada; qualquer
ondulação que encontra uma bancada
de corais forma ondas perfeitas. Por isso
o Havaí é o paraíso do surfe. Surfei
ondas como Velzyland, Ehukai, Pupukea
e Kammieland, e todas elas me
deixaram encantada. São incríveis!
Todos os dias sentia uma nova história
começar. Gargalhei surfando com as
amigas de longboard em Waikiki, uma
onda interminável. E me surpreendi ao
surfar uma das ondas mais temidas do
mundo, Pipeline e Backdoor, mesmo
com apenas três pés.
Toda vez que saí do mar no Havai me
senti em êxtase e meus pensamentos
foram longe. A alegria dominava meu
corpo e o sorriso ficava estampado no
rosto pelo resto do dia. Assim é o
Hawaii: a energia Aloha contagia e
deixa saudade.
Cali fórnia
[
Sur f C hloé
CIT Y Ca lm o n
]
Foto: One World Imaging
A convite da Roxy Internacional, a longboarder profissional Chloé Calmon
passou uma temporada em Huntington Beach, Califórnia, cidade oficialmente
intitulada como “Surf City USA”. Huntington fica a cerca de uma hora ao
sul de Los Angeles e é acessível por freeways modernas e bem sinalizadas.
O aluguel de um carro é indispensável, pois são muitas as praias próximas
que merecem uma visita, como Newport Beach, Laguna Beach, Dana Point,
San Clemente e as mais famosas de L.A., Malibu e Venice Beach.
r pra Califórnia sempre foi um sonho
meu, desde mais nova, e a viagem não
podia ter sido melhor. Meu primeiro
momento na “Califa” foi quando
pegamos a Pacific Coast Highway, em
direção a Huntington Beach, com as
pranchas no carro, gritando e cantando
de felicidade.
Foto: One World Imaging
I
Foto: One World Imaging
Huntington Beach é literalmente uma “surfe
city”, e fica a 45 minutos de Los Angeles.
Nem preciso dizer que a cidade é demais:
respira surfe e, a cada cinco empregos, um é
relacionado ao esporte! Lá, todos os
restaurantes têm o surfe como o tema –
atenção especial para o Longboard Classic
Bar. E tem a Calçada da Fama dos surfistas,
com a marca de todas as lendas, campeões e
campeãs do mundo, ao lado de uma estátua
do Duke Kahanamoku, o pai do surfe.
Foto: One World Imaging
Huntington é um pico muito
constante, onde dos dois lados do
píer você encontra altas ondas,
esquerdas ou direitas! É crowd, mas
todos são amigos, cumprimentam
você, puxam papo... Quando eu
falei que era do Brasil, então, até
me liberaram umas ondas! Todos os
dias nós nos organizávamos de
manhã para ir surfar em outro pico,
como Malibu, San Onofre, Trestles,
Newport Beach etc, mas quando
íamos até a varanda do hotel (sim,
de frente para as ondas!) víamos
altas ondas quebrando e
surfávamos ali mesmo. A água é
fria, as botinhas são indispensáveis,
mas as ondas compensam!
Foto: One World Imaging
Descendo a Main Street, tem o
International Surf Museum, com
pranchas muito antigas, fotos,
quadros, até uma sala de cinema
com filmes antigos de surfe, e uma
estante com um pouco de areia de
praias de cada canto do mundo...
Detalhe para uma seção do museu especialmente
feita para o surfe feminino: fotos, autógrafos e
pranchas das pioneiras.
No fim do píer temos o restaurante temático Ruby’s,
que “transporta” os visitantes diretamente para os
anos 50. O restaurante mais legal que eu já fui!
Foto: One World Imaging
Califórnia é um lugar perfeito. Quero voltar lá 1, 2,
3, 4... infinitas vezes! E recomendo para todos, pois
você encontra diferentes tipos de ondas, boas ondas,
até grandes shoppings e outlets.
Fotos: Brigitte Mayer
Fotos: Brigitte Mayer
Assista ao vídeo online
ARTE
UMA VIDA
no circo
Por Camila Ortunho
V
ou contar para vocês como
eu fui parar no circo.
Foto; Arquivo pessoal
Sempre fui apaixonada por
ginástica artística (olímpica) e
meu sonho era ser ginasta.
Lembro que quando era
pequena assisti com minha mãe
às Olimpíadas de Seul (Coréia do
Sul, 1988) e fiquei encantada
com as russas e romenas.
Na escola, já brincava com as
minhas amigas de fazer estrela,
ponte, parada de mão na
parede, e já tinha flexibilidade.
Então, pedi à minha mãe para
me levar aos clubes em São
Paulo para fazer um teste.
“Queria ser ginasta”. E fui ao
Palmeiras e ao Tietê – nessa
época, tinha dez anos, e eles só
selecionavam meninas com a
idade máxima de oito anos.
Como ginástica olímpica só tinha
em clubes e minha família não
era sócia de nenhum...
Bem, fiz balé, jazz, natação e,
com 16 anos, comecei a praticar
capoeira, pois amava os saltos
acrobáticos. Anos depois,
conheci uma academia de
ginástica olímpica, a Yashi, que
dava aulas para adultos. Fui
aprender acrobacia com 19 anos.
Fiquei tão apaixonada com a
ginástica que larguei a capoeira.
O treino era pesado. Tinha os
exercícios de solo, isometria,
preparo físico com saltos de
explosão, flexões de braço, subir
na corda até tocar o sino (depois
Aprendi a fazer ponte para
frente e para trás, reversão,
estrela, flick alternada, rodante,
flick mortal (para frente e para
trás), saltar na cama elástica etc.
Estava muito feliz de realizar
minhas acrobacias.
A ginástica exige muita
dedicação – o corpo fica moído e
o preparo físico é fundamental
para prevenir lesões, pois há
muito impacto. Tive muitas
tendinites no punho, mas a
minha história de lesões graves
começa no circo.
Na ginástica, conheci umas
meninas de circo que ficavam
me contando como era o tecido
e o trapézio, que eu tinha que
experimentar. E um belo dia fui
em um lugar chamado Nau de
Ícaros, assisti a uma aula de
tecido com dança – e adorei.
Tecido é um aparelho aéreo de
circo; seu material é de liganete.
Foto; Arquivo pessoal
de um tempo, subir só com os
braços, sem o apoio das pernas),
forçar flexibilidade como
espacates, e por aí vai. E foi.
Uma variedade de exercícios que
não esquece um músculo sequer
do corpo.
As pessoas chamam de lençol,
pano, cortina.
Comecei a fazer aulas de tecido
em 2002. Pirei no circo! E, para
mim, foi fácil aprender a subir e
realizar os truques com quedas e
figuras, pois já tinha a base da
ginástica. E isso foi fundamental.
Fiz oficina de férias na Escola
Nacional de Circo do Rio de
Janeiro: treinava tecido quatro
horas por dia e ficava com os
braços bem cansados. Em 2004,
entrei no Cefac (Centro de
Formação Profissional em Artes
Circenses), onde cursei durante
dois anos. Treinava cinco horas
por dia, tinha aulas de
acrobacia, cama elástica, aéreos,
dança, teatro, malabares,
preparo físico, história do circo e
anatomia.
Era bem puxado. As dores,
constantes, faziam parte da
rotina.
Em 2006, participei do
espetáculo “Stapafurdyo”, do
Circo Roda Brasil. Fazia um
número de “double” trapézio
fixo. Um dia, neste espetáculo,
substituí um menino que estava
Foto; Arquivo pessoal
Logo comecei fisioterapia
(minha parceira de longa data) e
hidroterapia. Gritava de dor, mas
consegui zerar meu ombro. Ele
ficou forte de novo e voltei a
fazer tudo o que fazia antes. Eu
me considerava uma atleta: o
circo exige muito da pessoa,
ainda mais quando se quer
chegar em um nível de alta
performance. Fazer, muitos
fazem, mas ter uma boa técnica,
no Brasil, isso é para poucos.
Aqui, não temos uma cultura
forte de circo, como acontece na
Rússia e na China ou nos países
de primeiro mundo, como
França (que tem mais de 500
escolas de circo), Bélgica, Itália,
Espanha e Canadá. Nestes países,
os artistas são valorizados; há
investimento do governo em
escolas de circo com ótimas
infraestruturas, que trazem os
melhores professores de várias
partes do mundo. Enfim,
proporcionam ao artista uma
ótima formação.
A diferença é gritante em
relação ao nosso país. Pude ver
com meus próprios olhos
quando fui à Montreal (no
Canadá) em novembro de 2007.
Queria me especializar em um
aparelho circense aéreo e fui
treinar seis meses com o Victor
Fomine, técnico russo da Escola
Nacional de Circo do Canadá e
do Cirque du Soleil.
Comecei a treinar com faixa
(“aerial straps”). Era incrível ver
como eles estavam na nossa
frente e como o Brasil estava
atrasado. Dava muita revolta:
talentos, nós temos, e um monte
deles. Infelizmente, aqui só se
dá valor ao futebol.
Passei um inverno rigoroso em
Montreal treinando faixa, um
aparelho praticamente
executado por homens porque
exige muita força e técnica dos
membros superiores do corpo,
como trapézio, ombros, costas e
braços. Sem falar que machuca
muito no começo. Mas é muito
lindo ver uma mulher fazendo!
Sou suspeita para falar. He-he!
Voltei para o Brasil em maio de
2008 e consegui trabalhar em
Foto; Arquivo pessoal
machucado. Era um número de
dança com acrobalance, e meu
ombro saiu do lugar. Aí começou
minha primeira cirurgia, uma
artroscopia de ombro.
Foto; Arquivo pessoal
http://www.youtube.com/watch
?v=BKr6kU_Go8Q
Foto; Arquivo pessoal
dois circos fazendo faixa e
trabalhando com o Circo Roda
Brasil novamente, no espetáculo
“Oceano”, até agosto de 2009.
Voltei para Montreal para
aprimorar meus conhecimentos
na faixa e fiz algumas
apresentações depois disso.
Em julho de 2010, veio minha
segunda cirurgia, desta vez no
cotovelo, decorrente dos
impactos causados pelo treino
de faixa. Fisioterapia de novo.
Gritei de dor de novo. E o ciclo
se repete.
Voltei a fazer faixa, mas do ano
passado para cá não tive muitos
trabalhos. Viver de circo no
Brasil é complicado. Admiro os
que conseguiram sobreviver
dessa arte até hoje. E conheço
muitos amigos que se mandaram
para outros países.
Tudo o que fiz foi por amor a
arte. Resumindo minha história
até hoje: dei muito mais do que
recebi do circo, mas os
momentos que pude levar
alegria para as pessoas são
simplesmente inesquecíveis! Isso,
não há dinheiro que pague.
Pipeline.
Para quem pega onda (e, diga-se de passagem, com qualquer
tipo de prancha), essa é “A Onda”. A magia e o fascínio que
ela exerce são coisas inexplicáveis, digna de teses de mestrado
e estudos mais avançados. São vários os adjetivos que podem
acompanhá-la: inigualável, incomparável, mágica,
espetacular... Mas o que se encaixa como uma luva
ainda é simplesmente “perfeita”.
E a nossa homenagem vai para as Rainhas de Pipe,
as bodyboarders guerreiras brasileiras que já tiveram
a honra de vencer campeonatos nessa onda dos sonhos.
SEN
HA
Foto: Pedro Gomes
NI
ER
STEP
Stephanie Pettersen
é a campeã das
campeãs em Pipe
T
T
E PE
A brasileira que vive hoje na Austrália,
dona de quatro títulos mundiais, é a
campeã das campeãs. Já venceu, nada
mais, nada menos, do que seis vezes:
1990, 1993, 1994, 1999, 2001 e 2003:
“Ganhar em Pipe é simplesmente ganhar
o melhor campeonato de bodyboard do
mundo. A sensação é inexplicável!”
HA
Foto: Pedro Gomes
E PET
ER
SEN
STEP
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T
SEN
ER
HA
Foto: Pedro Gomes
STEP
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E PET
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Assista ao vídeo no acesso online
LH O
C AR
“Venci em Pipe duas vezes, a primeira,
em 1996, e agora, em 2011.
Em 1996, eu estava no começo da carreira
internacional. Isso fez com que a mídia me
conhecesse, já que Pipe é uma grande exposição e
quem vence lá automaticamente ganha muito crédito.
Este ano teve um gostinho bem diferente. Voltar a
vencer lá depois de tantos anos e hoje sendo
pentacampeã mundial, vindo de um ano parada
(em 2010), foi um grande estímulo para seguir na
luta por mais e mais alguns títulos. A sensação é
sempre de dever cumprido, orgulho e prazer por ter
sido a melhor ali naqueles 30 minutos.”
Foto: IBA/Divulgação
A
VA
NEY M
RA
LH O
C AR
Foto: IBA/Divulgação
A
VA
NEY M
RA
Neymara Carvalho, pentacampeã mundial, abriu a
temporada de 2011 com vitória em Pipe.
Patrocínios: Banestes, Garoto, Kpaloa e Genesis
L A AL
I
EI
L
Foto; Arquivo pessoal LeilaAlli
Pódio em 2008
com sua filha
Yasmin
“Bom, ganhar eu nunca ganhei, já fiz algumas finais e
outras semifinais. Já tirei dois dez unânimes, sendo a maior
nota nas baterias... Não me importo tanto. Um pouco,
é claro, mas as ondas que consegui pegar com apenas mais
quatro meninas dentro d’água já deram a felicidade
necessária! A minha única razão para querer ter ganho ou
ainda ganhar em Pipe é a seguinte: a vitória em Pipe
significa (para mim) que eu consegui pegar tubos tão legais
que me fizeram garantir uma vitória, no final das contas.
E o ‘feeling’ de estar por dentro da onda saindo na baforada
é o que mais me deixa feliz!”
L A AL
I
Foto; Arquivo pessoal LeilaAlli
L
EI
Leila despencou da onda que tinha mais de 8 pés e após um
mega caldo machucou a perna, e mesmo assim voltou ao mar.
A família dela estava na areia assistindo tudo e apoiando.
Assista ao vídeo no acesso online
Foto; Arquivo pessoal LeilaAlli
A maior “tube rider” brasileira
L A AL
I
L
EI
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L A AL
Foto; Arquivo pessoal LeilaAlli
L
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Leila agora no tubo para Backdoor
Foto; Arquivo pessoal
R
A
CH
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A
Bicampeã mundial
(2000 e 2001)
IA RO
“Venci duas vezes. Em 2000, foi na última etapa do circuito e,
em 2001, na primeira. A primeira vez que venci lá foi uma realização
pessoal, pois o circuito tinha perdido algumas etapas e algumas
garotas haviam se achado prejudicadas por este motivo (e também
achavam que de certa forma eu teria sido beneficiada). Como,
naquele ano de 2000, eu já tinha vencido em Portugal, Japão e
Hawaii, logo Pipeline me deu não só o sabor de vencer a onda mais
temida do circuito, como também a realização de que,
independentemente de ter ou não conquistado essas etapas
(que as garotas ficaram reclamando), eu seria consagrada campeã do
circuito, comprovando a minha verdadeira vitória. Portanto, posso
dizer que vencer Pipeline pela primeira vez me deu dupla satisfação.
Venci a etapa dando um ARS para Backdoor, que o Elmo Ramos
(fotógrafo e editor da Ride It!) me deu recentemente a alegria de
ver essa onda fotografada por ele: a manobra da vitória!”
A
CH
R
Foto; Arquivo pessoal
SO
A
IA RO
Assista ao vídeo no acesso online
Foto; Arquivo pessoal
R
Posando com
o equipamento
durante o
evento que
venceu, em 2011
A
ST
A
KA
L
CO
“Vencer um evento em Pipeline é, com certeza, uma das maiores alegrias que um
atleta pode ter. Imaginem colocar as melhores atletas num evento, todas com a
mesma vontade de vencer. Para mim, todas as três vitórias que tive lá
representaram momentos distintos na minha carreira. Em 1999, foi quando
disputava o meu primeiro titulo mundial contra a Ney: nós duas chegamos à
final e quem vencesse seria a campeã. Acho que venci por uma margem de um
ponto. Foi incrível, foi um sonho e até hoje não trocaria aquele momento por
nada. A primeira vez nunca se esquece... E essa foi a minha!
Em 2010, eu estava voltando ao cenário competitivo depois te ter meus dois
filhos. O mar estava com 2-3 pés, e Backdoor era a pedida. Eu estava tão
amarradona de estar ali participando que não pensei em vencer; apenas fui
surfando o máximo que eu podia. Até que, na final, venci o evento. Meus filhos
estavam na areia com meu marido e todos os meus amigos. Foi incrível também.
Marcou a minha volta à boa forma, a meu ver, pois já tinha surfado o evento do
ano anterior, mas não estava me sentindo em forma.
R
A
ST
A
KA
L
Uma vitória no mundial em 1999 e duas
no Circuito Americano, em 2010 e 2011.
Patrocínios: Science Bodyboards, North
shore Soap Factory, Agência Núcleo e
Cinerama Brazilis
CO
Foto: Gordinho/HR
Em 2011, foi a minha mais recente
vitória. Era uma etapa do Circuito
Americano. Eu comecei um pouco devagar,
mas, na semifinal, peguei minha melhor
onda, tirei uma nota dez unânime para
Backdoor... Fiquei tão feliz que olhei para
a areia e vi minhas amigas pulando. Eu ri
muito, não estava acreditando! Na final,
fui com a mesma estratégia e acabei
perdendo muito tempo com escolhas ruins.
Depois, consegui me posicionar de novo,
pegar duas ondas boas e vencer.”
RI
I A FER
“Ganhei em Pipe uma vez, em 2007. E cheguei perto,
ficando em segundo, em 1990 e 2011. Fui campeã mundial
em 1996 com o terceiro lugar no Pipe, depois de um ano
muito competitivo, entre eu (1a do ranking), a Karla (2a
do ranking), a Mariana (3a), Stephanie (4a) e Neymara
(5a). Em 2007, quando ganhei em Pipe, foi o sentimento
de satisfação pessoal mais elevado que já tive, pois vinha
tentando há 18 anos! E foi uma bateria final muito cascagrossa contra a Natasha Sagardia (de Porto Rico), Aoi
Koike (do Japão) e Daniela Freitas. Ganhei fazendo 19
pontos de 20 possíveis. A Natasha, em segundo, fez 18, a
Aoi, em terceiro, fez 16, e a Dani, em quarto, tinha 14
pontos. Muito alto nível!”
Foto: Akemi Saito-Zurowski
U
RA
C LÁ
D
RI
RA
U
Foto: Aaron Nakamura
C LÁ
D
I A FER
Campeã mundial de 1996.
Patrocínios: Sik Chix e Aloha Gifts from Hawaii
U
Foto: Aaron Nakamura
I A FER
RA
RI
C LÁ
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IR A
IA
Foto; Arquivo pessoal
UE
M AR
N
A N OG
“Em 92, foi a segunda vez que competi em Pipe. Lembro que eu
peguei uma onda na final e dei dois rolos, que eu ainda não sei
como eu consegui, pois naquela época a gente era obrigada
a cair com a prancha da Morey Boogie, e a prancha
era enorme para mim! Muito larga e comprida!
Em 95, o mar estava perfeito, muitas ondas para Backdoor e para
Pipe também. Lembro que peguei muitas ondas perfeitas e me
surpreendi com a minha disposição em certos momentos. Lembro
também que eu não pensava muito quando tinha que encarar a
junção de Backdoor... Acho que o meu anjo da guarda teve muito
trabalho! Lembro especialmente de um tubo bem longo. Quando eu
saí, mandei um rolo que voei muito. Foi emocionante!
Três anos depois, fui campeã mundial pela terceira vez;
estava grávida e tinha três títulos em Pipe...”
IR A
UE
A N OG
“Acho que aproveitei o que o meu esporte me
proporcionou, e sou muito agradecida por ter
sido apresentada a ele e ter crescido com ele!
Acho que o último Pipe que competi mesmo foi
em 98. Depois, competi em 2000, mas a Mariah
era bem bebê, e quando chegava na junção de
Backdoor, eu pensava duas, três, até quatro
vezes... Ai, não dá mais! Há-há-há!”
Tricampeã mundial,
já venceu em Pipe em
1992, 1995 e 1997
Foto; Arquivo pessoal
IA
Foto; Arquivo pessoal
M AR
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DAN
I
EL
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R
A F
Foto; Arquivo pessoal/Kpaloa
“Ganhei em Pipe três vezes, em 1998, 2000 e 2007.
Pipeline é a minha onda preferida no mundo!
1998: aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida pois,
além de Pipe, ganhei meu segundo título mundial.
2000: Foi especial também. Aquele ano que rendeu muito para
mim profissionalmente com os patrocínios do Flamengo,
American Airlines, Dharma e Prefeitura do Rio.
2007: foi, sem dúvida, o mais especial. Meus filhos, Kaila e Kainoa,
estavam lá na areia torcendo por mim. O campeonato teve altas
ondas pela manha, com 4-6 pés. Porém, na final, o mar subiu pra
10 pés ‘plus’, e parecia uma máquina de lavar! Foi o maior Pipe da
historia do BB feminino. Eu ganhei e, ironicamente, calei a boca de
muita gente que me chamava de ‘merrequeira do meio da Barra’!”
I
A FR
Foto; Arquivo pessoal/Kpaloa
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AS
DAN
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E
ECOLOGIA
AS BALEIAS
estão chegando...
Por Ana Carolina Ceccarelli
E
ntre os meses de julho e
novembro, o estado de Santa
Catarina recebe alguns visitantes
bem especiais, como pinguins,
focas, golfinhos e baleias. Entre
estas últimas, podemos citar a
baleia franca (Eubalaena
australis), que passa o verão no
Pólo Sul, onde se alimenta, e
que migra durante o inverno em
busca de águas mais quentes e
calmas para terem seus filhotes,
amamentar e acasalar. As baleias
francas podem ser facilmente
identificadas por várias
características: ausência da
nadadeira dorsal, ausência de
pregas ventrais, além de
possuírem os orifícios
respiratórios bastante separados,
originando um borrifo
característico em forma de
“V” durante a respiração.
Elas também apresentam
calosidades de pele
características na região da
cabeça, ao redor do orifício
respiratório e da boca. A
coloração do corpo das baleias
francas pode variar do preto ao
acinzentado, com manchas
brancas no ventre. As fêmeas
adultas são maiores que os
machos, atingindo até
aproximadamente 18 metros de
comprimento e pesando de 50 a
56 toneladas. Os filhotes nascem
em média com seis metros de
comprimento pesando 4-5
toneladas.
As melhores
regiões para se
observar as baleias
são Garopaba e
Imbituba, com
visibilidade da praia
mesmo, pois elas ficam
bem pertinho, logo após
a zona de arrebentação.
Para quem quiser se
aventurar, existem empresas que
realizam passeios de barco para
a observação de baleias; mas
verifique se a embarcação que
você escolher segue
corretamente a legislação
brasileira de observação de
cetáceos e se está cadastrada na
Área de Proteção Ambiental da
Baleia Franca (APA), criada para
assegurar a proteção da espécie
e garantir o uso racional dos
recursos naturais da região.
Não se sabe ao certo quantas
baleias francas foram mortas no
Brasil durante o período de caça,
mas estima-se que centenas
delas possam ter sido dizimadas.
Na costa brasileira, a espécie
era abundante, com uma
distribuição desde a divisa com
o Uruguai até a baía de Todos
os Santos, na Bahia. O último
registro de caça da baleia franca
no litoral do Brasil data de 1973,
na cidade de Imbituba. Somente
a partir da década de 80 foram
reavistados no litoral sul-sudeste
do País os primeiros indivíduos
após o término das atividades
de caça.
Apesar de as baleias francas
estarem protegidas
internacionalmente desde 1935,
a proibição oficial da caça
comercial de cetáceos no Brasil
ocorreu somente em 1987;
desde 1989, elas são citadas na
Lista Oficial Brasileira das
Espécies Ameaçadas de Extinção.
Hoje, felizmente, podemos
observar o aumento do número
de indivíduos dessa espécie,
nos dando esperança de que
preservar e proteger vale
a pena. E muito.
Ehlas
acontecemEm 2011,
Carissa Moore
sobrou
A
os 18 anos, havaiana é a mais jovem surfista a se tornar
campeã mundial de surfe – e interrompe a sequência de
títulos da tetracampeã mundial Stephanie Gilmore
O Circuito Mundial de Surfe Feminino terminou bem mais cedo
em 2011. Por anos, em dezembro, o Hawaii foi o cenário da
última etapa do circuito. Mas este ano ele foi finalizado nas
ondas de Huntington Beach, na Califórnia, ainda em agosto.
Das sete etapas realizadas, Carissa Moore esteve presente em
seis finais: ela venceu três, foi vice em três e ficou em terceiro
na última etapa. O título foi conquistado antecipadamente na
penúltima etapa, que aconteceu em Biarritz, na França.
Carissa, juntamente com a nova geração de surfistas, vem
elevando o nível técnico das competições e mudando os
paradigmas do surfe feminino. Quem pode acompanhá-las esse
ano pode ter a certeza de que uma nova era está começando.
O futuro promete!
"Sonhei com este momento
a minha vida toda.
É incrível. Não há lugar que
eu preferiria estar agora”
Fotos: Divulgação ASP/aquashot
Carissa Moore
Silvana Lima
Silvana Lima e Jacqueline Silva representaram o Brasil
nessa temporada. Silvana Lima ficou em terceiro na
etapas de Bells Beach e do Rio de Janeiro, acumulou
quintas e nonas colocações no resto da temporada,
finalizando o circuito em Top 5.
Foto: Divulgação ASP/Rabelac
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
15
Carissa Moore
Sally Fitzgibbons
Stephanie Gilmore
Tyler Wright
Silvana Lima
Coco Ho
Sofia Mulanovich
Courtney Conlogue
Pauline Ado
Laura Enever
Jacqueline Silva
HAW
AUS
AUS
AUS
BRA
HAW
PER
USA
FRA
AUS
BRA
Jacqueline Silva
Jacqueline sofreu um acidente de carro durante
a segunda etapa do WT, em Bell’s Beach na
Austrália, ficando impossibilitada de competir as
etapas restantes. Ela deve receber o “injury wild
card” para a temporada de 2012. Depois de
muita fisioterapia, Jacque vem se preparando
com dedicação para seu retorno.
Foto: Fabio Minduim/ Brasil 1
Diana
Cristina
Diana Cristina aparece na
ponta do Circuito Brasil Surf
Pro e do Brasil Tour. Ela
venceu na Praia do Cupê,
no Recife, local de estreia
do Circuito Brasileiro de
Surfe Profissional, e no
Canto do Maluf, no Guarujá,
primeira etapa do Petrobras
nas Ondas. Diana ainda
dividiu a segunda colocação
na etapa de Búzios do BSP,
paralisada devido à falta de
ondas. Com estes resultados,
segue invicta na temporada
de 2011.
SAIDEIRA
“Vaca” do Tiago Lemburger
Candelot, clicada pelo Mike Neal
Foto: Rick Werneck
Escreva para Ehlas.
Seja uma d’Ehlas,
conte suas aventuras,
mande suas fotos
e experiências.

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