ii bienal internacional de teatro da universidade de são paulo À

Transcrição

ii bienal internacional de teatro da universidade de são paulo À
ii bienal
internacional
de teatro da
universidade
de são paulo
À esquerda
do sol:
poéticas
e políticas
latino-americanas
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Reitor Marco Antonio Zago
Vice-Reitor Vahan Agopyan
Pró-Reitor de Pesquisa José Eduardo Krieger
Pró-Reitor de Graduação Antonio Carlos Hernandes
Pró-Reitora de Pós-Graduação Bernadette Dora Gombossy de Melo Franco
Chefe de Gabinete Osvaldo Shigueru Nakao
Presidente da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional Raul Machado Neto
PRÓ-REITORIA DE CULTURA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Apresentação 4
Foreword/Introducción
5
Esquerdas e Nortes na América Latina
6
Agenda
10
Anatomia do Fauno
12
brasil
Pró-Reitor Adjunto de Cultura João Marcos de Almeida Lopes
O Rumor do Incêndio
18
méxico
Pró-Reitor Adjunto de Extensão Universitária Moacyr Ayres Novaes Filho
Stereo Franz
24
brasil
Projeto 1985 – O que Fazíamos em 1985? 30
méxico/brasil/
colômbia
Pró-Reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda
Assessores Técnicos de Gabinete José Nicolau Gregorin Filho e Rubens Beçak
TEATRO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Diretor Ferdinando Martins
Cubalândia
36
cuba
Vice-Diretor Elisabeth Silva Lopes
Notas de Cozinha
42
colômbia
Orientadores de Arte Dramática Cláudia Alves Fabiano, Dilson Rufino,
Francisco Serpa Peres, Maria Tendlau e René Marcelo Piazentin Amado
Assistente Técnico de Direção Juliana De Lucca
Analista de Comunicação Fábio Larsson
Secretária Neuza Aparecida Moreira Cirqueira
Técnico Contábil Nilton Casagrande
Sonoplastas/Iluminadores Rogério Cândido dos Santos e Rodrigo Bari
Assessoria de Imprensa Elcio Silva
Técnicos para Assuntos Administrativos Olivia de Lucas e Vanessa Azevedo de Morais
Agente Cultural Otacílio Alacran
Auxiliar de Manutenção Antonio Marcos Nogueira da Silva
Auxiliar para Assuntos Administrativos Fábio Luiz Cerqueira
Vigia Edinaldo Barbosa
Estagiárias Juliana Sorzan e Thais Richena Giovanetti
Bolsistas Pedro Luan Balle Silva e Thiago Pereira Vieira (capital), Gabriel Valério R. Salles
(Piracicaba), Julia de Souza L. de Siqueira e Rayana Ribeiro de Oliveira (Ribeirão Preto), Flavio
Augusto dos Santos Pontes e Vicente Silva Mattos (São Carlos)
Bravíssimo/Flor de Obsessão/Ramadança
48
brasil
Villa
54
chile
Família Museu
60
argentina
Performance: Nina Caetano
66
brasil
Performance: Violeta Luna & Coletivo Rubro Obsceno
67
méxico/brasil
Exposição: Sudários
68
colômbia
Mesas & Outros Eventos
70
Mesas: Feminicídio
71
Workshop: Teatro de Operações
74
brasil
Workshop: La Pocha Nostra
75
méxico
Mostra de Atuação CAC/USP
76
Apoios, Parcerias & Agradecimentos 78
Serviço & Locais de Apresentação 79
Ficha Técnica 80
Entre os antigos astecas, o sul é o lado que fica “à esquer­
da do sol”. Na língua nauatle, “o lado dos espinhos”, onde
tanto o imperador como seus sacerdotes se espetavam
com espinhos de agave nas pernas para oferecerem seu
sangue aos deuses. Simbolicamente, esta ideia de “sul” não
se limita àquilo que se opõe ao “norte”, mas a “um norte”.
O sul que visitamos nesta II Bienal Internacional de Teatro
da Universidade de São Paulo é aquele que se contrapõe
à ordem estabelecida ou ao pensamento hegemônico, seja
ele cultural, político ou econômico. Assim como a atual
crise grega evidenciou a ideia de uma “Europa do norte”,
em contraponto a uma “Europa do sul”, nosso contexto
aqui é o de uma América Latina expandida, em oposição
não apenas ao norte do continente, como também ao pen­
samento euro­cêntrico, no que concerne ao fazer artístico.
Seja pelo contraponto, seja pela afirmação direta, a identi­
dade impressa nos trabalhos dos artistas convidados para
esta edição nos levam a esse lugar simbólico, “à esquerda do
sol”, que busca luz própria, colocando a tradição em diálogo
com o contemporâneo e as alternativas à ordem vigente.
Alguns temas recorrentes ganham voz nesta nossa progra­
mação: as tensões relacionadas à questão do gênero, que
aparecem em ações que discutem o feminicídio; as recen­
tes ditaduras, que ecoam ainda no dizer de jovens artistas
que procuram redescobrir e questionar suas identidades;
as tensões políticas (e estéticas) partilhadas; e a sobre­
posição de discursos de forma não hierárquica.
apresentação
Entre los antiguos aztecas, el sur es el lado que queda
“a la izquierda del sol”. En la lengua nauatle, “el lado
de las espinas”, donde tanto el emperador como sus
sacerdotes se clavaban espinas en las piernas para asi
ofrecer su sangre a los dioses. Simbolicamente, la idea
del “sur” no se limita a lo que se opone al “norte”,
pero a “un norte”.
Among the ancient Aztecs, South is the side “to the
left of the sun”. In the Nahuatl language, it means
“the side of thorns”, in which both the Emperor and
his priests would pierce their legs with thorns to offer their blood to the gods. Symbolically, this idea of
“South” does not limit itself to an opposition to “the
North”, but to “a north”.
El sur que visitamos en esta II Bienal Internacional
de Teatro da USP es aquel que se contrapone al orden
establecido o al pensamiento hegemónico, sea cultural,
político o económico. De la misma manera que la
actual crisis griega ha evidenciado la idea de una
“Europa del norte”, en contrapunto con una “Europa
del sur”, nuestro contexto aquí es el de una América
Latina expandida, en oposición no apenas al norte del
continente, pero también al pensamiento euro-céntrico,
en lo que concierne al quehacer artístico.
The South we visit in this II International Theater
Biennial of the University of São Paulo is one that
opposes itself to an established order or hegemonic
thinking, whether cultural, political or economic. In
the same way that the current Greek crisis highlighted the idea of a “Northern Europe” as opposed
to a “Southern Europe”, our context here is that of
an expanded Latin America, as opposed to not just
the northern continent, but also to an Eurocentric
thinking in regard to art-making.
Ya sea por oposicion, o por afirmación directa, la identidad impresa el los trabajos de los artistas invitados
para esta edición nos lleva a este lugar simbólico, “a
la izquierda del sol”, que engendra una luz própia, al
plantear la tradición dialogando con lo contemporáneo
y con las alternativas al orden vigente.
Be it by counterpoint, or by direct statement, the
identities shown in the works of the invited artists
lead us to this symbolic place, “to the left of the
sun”, which seeks a light of its own, placing tradition in dialogue with contemporary and alternative
approaches to the existing order.
Algunos temas recurrentes también ganan voz en
nuestra programación. Las tensiones relacionadas a la
cuestión de género aparecen en las performances que
discuten el feminicídio, las dictaduras recientes que
todavia hacen eco en el habla de los artistas jóvenes
que buscan redescubrir y cuestionar sus identidades,
las tensiones políticas (y estéticas) compartidas, la
sobre-posición de discursos de manera no jerárquica.
Some recurring themes visibly stand out in our
programme: the tensions concerning gender issues,
seen in performances that discuss femicide; the
recent dictatorships which still echo in the words
of a few young artists who seek to question and
rediscover their own identities; the mutual political
tensions (and aesthetics); and also the overlapping
of speeches in non-hierarch­ical ways.
a curadoria
4
5
Em sua segunda edição, a Bienal Internacional de Teatro
da USP firma-se como mostra universitária e temática
sobre a relação entre as artes cênicas e a contemporanei­
dade. Além disso, realiza um mapeamento da produção de
jovens artistas que enfrentam corajosamente o desafio de
pensar de maneira crítica uma realidade excessivamente
cambiante e complexa. A autonomia inerente ao ambiente
acadêmico nos garante a liberdade necessária para uma
curadoria sem restrições ideológicas ou de mercado.
Em 2013, ainda no calor da Primavera Árabe e dos protes­
tos que iam da Praça Taksim às capitais brasileiras, o tema
escolhido pela curadoria da Bienal, Realidades Incendiárias,
buscava expressar no palco não o reflexo do Real, mas
sim como o teatro pode, pela via poética, ser incendiário,
político e transformador. Não por acaso, destacaram-se
trabalhos vindos do Oriente Médio e do Leste Europeu.
Agora, dois anos depois, chama a atenção a intensifica­
ção de problemas que não são novos, mas que chegaram
a níveis intoleráveis de violência e perda de civilidade.
6
O feminicídio, a corrupção, os conflitos (hiper)identi­
tários, o narcotráfico, o amortecimento da crítica e a
polarização de questões complexas e nuançadas. Pen­
samos em como duas das questões centrais do teatro
contemporâneo, a teatralidade e a performatividade,
davam contam desse Real que mina as forças do Simbó­
lico e do Imaginário. Não por acaso nosso olhar voltou­
-se para a América Latina, onde a herança colonial e
os reflexos de seguidos golpes e governos autoritários
persistem em minar quaisquer tentativas de promoção
de um mundo mais justo e igualitário.
Esquerdas e
nortes
na América Latina
O primeiro trabalho a se apresentar, Anatomia do Fauno,
parte da poesia de Arthur Rimbaud para buscar uma
linguagem sem palavras, que toca o Real do corpo e mina
os limites entre teatro e performance, em um espetáculo
lírico e imagético elaborado pelo Laboratório de Práticas
Performativas da ECA-USP e o grupo Teatro da Pomba Gira.
Em seguida, no âmbito das obras mais teatrais selecio­
nadas pela curadoria, aparecem os mexicanos Lagartijas
Tiradas a El Sol, com o espetáculo El Rumor del Incendio. O
México dos anos de 1960 e 1970, que sediou as Olimpíadas
de 1968 e a Copa do Mundo de 1970, foi também o país das
guerrilhas e do extermínio dos estudantes de Tlateloco. A
companhia avisa que sua arte/obra é uma arte para pen­
sar, que “nada tem a ver com entretenimento”. Também
feita para exercitar o pensamento é a peça Villa, de Guiller­
mo Calderón e a Compañia Playa, uma reconstrução dos
anos Pinochet por três mulheres dos nossos dias.
O grupo [PH2] Estado de Teatro, surgido no Departamen­
to de Artes Cênicas da ECA-USP, traz, com Stereo Franz, a
questão da incomunicabilidade dos sujeitos, da falta de
entendimento, das fantasias, do que não faz sentido em
língua nenhuma. O grupo se junta ao Lagartijas Tiradas
a El Sol em outra provocação instigante, o Projeto 85, no
qual artistas nascidos há trinta anos refletem sobre o en­
cadeamento passado-presente-futuro na América Latina,
nas obras coletivas “O Rosto da Mulher Endividada” e
“Endividamento Público”. Na mesma linha, a sonha­
da utopia guevariana é mostrada em suas ruínas no
espetáculo Cubalândia, dos cubanos El Ciervo Encantado,
fundado em Havana há 19 anos.
7
Da Colômbia, a peça Notas de Cocina, de Marc Caellas e
o Teatro Odeón, reivindica uma política sem ideologias,
na qual a gastronomia e a sexualidade apresentam-se
como celebração. Proposta semelhante é a do cearense
Ricardo Guilherme, que apresenta três trabalhos dos
mais de cem que realizou em 40 anos de carreira: Bravíssimo, Flor da Obsessão e Ramadança, e também do espetá­
culo Família Museo, do argentino Ariel Zagarese onde o
recém-formado diretor dobra-se sobre suas memórias
para falar do pai morto, seguindo a veia portenha para o
biodrama e o teatro autorreferencial.
Apesar da equipe de curadores predominantemente mas­
culina, as mulheres dominam a cena e ganham destaque
na Bienal, em performances e mesas-redondas sobre o
feminicídio. Nina Caetano, da rede colaborativa Obsce­
na, de escritas performadas em intervenções urbanas,
apresenta um trabalho iniciado no Teatro da USP em São
Carlos. Outro coletivo brasileiro, o Rubro Obsceno, irá
juntar-se à performer e ativista mexicana Violeta Luna
na performance Para Aquelas que não mais Estão, sobre
mulheres assassinadas na América Latina. Outrossim, a
mexicana Erika Diettes apresenta a intervenção Sudários,
com retratos de mulheres colombianas que presenciaram
a morte de seus familiares por narcotraficantes.
8
A II Bienal completa-se com conferências, mesas-redon­
das, oficinas e exercícios de crítica teatral. Destacamos
os convidados Alberto Villarreal, ensaísta e expoente do
teatro contemporâneo na América Latina; o professor,
crítico e pesquisador argentino Jorge Dubatti, que, entre
outras atividades, realizará durante a Bienal uma amostra
de sua pioneira Escola de Espectadores; e a pesquisadora
e curadora mexicana Ileana Diéguez, que tem trabalhado
sobre temas como teatralidade e violência e é profunda
conhecedora da cena latino-americana.
Por fim mas não menos importante, os alunos de Atuação
do Bacharelado em Artes Cênicas da USP apresentam uma
pequena mostra de seus trabalhos, exercícios experimen­
tais que exalam o frescor de uma juventude em formação.
São muitas as pessoas envolvidas na realização de um
evento do porte desta Bienal e agradecemos a todos os
nossos apoiadores e parceiros. Em especial, à pró-reitora
de Cultura e Extensão da USP, Maria Arminda do Nasci­
mento Arruda, que mais uma vez confiou na seriedade
do Teatro da USP e idealizou esta Bienal; a João Marcos
de Almeida Lopes, pró-reitor adjunto de Cultura da USP,
que sempre com competência e amabilidade nos ajudou
a superar entraves e problemas imprevisíveis; e ao ator
e professor da Escola de Artes Dramáticas da USP Celso
Frateschi, ex-diretor do TUSP em duas gestões, que nos
inspira a manter vivo o pensamento crítico sobre e a
partir da realidade da cena. Aos três prestaremos home­
nagens ao longo da programação.
Ferdinando Martins
Diretor do Teatro da USP
9
sex
sáb
dom
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qui
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28
17h abertura Maria Arminda do Nascimento Arruda conferência Alberto Villareal tusp
20h O Rumor do Incêndio tusp
22h Anatomia do Fauno sp escola – roosevelt
29
20h O Rumor do Incêndio tusp
roda i O Rumor do Incêndio tusp
22h Anatomia do Fauno sp escola – roosevelt
30
14h Teatro de Operações
18h mostra cac Ensaio sobre o Vácuo ágora
20h Stereo Franz tusp
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La Pocha Nostra sp escola – marquês escola i Notas de Cozinha pequeno ato
22h Anatomia do Fauno sp escola – roosevelt
14h 18h 18h 20h 14h 18h 20h 21h30 Teatro de Operações
abertura Sudários n. sra. da paz
mostra cac Primeiras Pessoas ágora
O que Fazíamos em 1985? tusp
Teatro de Operações
mostra cac 448 Fragmentos Desorientados ágora
O que Fazíamos em 1985? tusp
Cubalândia sp escola – roosevelt
14h Teatro de Operações
18h mostra cac Lágrimas de um Orgasmo Sincero ágora
21h30 Cubalândia sp escola – roosevelt
14h Teatro de Operações
19h Feminicídio I tusp
19h Teatro de Operações largo do paissandu 20h Notas de Cozinha tusp
14h La Pocha Nostra sp escola – marquês
20h Notas de Cozinha tusp
14h
15h
La Pocha Nostra sp escola – marquês 14h
É Possível Pensar uma Pedagogia da Crítica? tusp 19h
La Pocha Nostra sp escola – marquês 14h
Bravíssimo sp escola – roosevelt 21h30
CALENDáRIO
novembro/dezembro
La Pocha Nostra sp escola – marquês 14h
escola ii Bravíssimo pequeno ato
15h
Flor de Obsessão sp escola – roosevelt 21h30
La Pocha Nostra sp escola – marquês 14h
mesa O Teatro Argentino e seu Espectador ágora 15h
Ramadança sp escola – roosevelt 21h30
La Pocha Nostra sp escola – marquês Villa tusp espetáculos
conferências
performances
workshops
ações pedagógicas
20h
20h
escola iii + roda ii Villa pequeno ato 15h
Villa tusp 20h
Feminicídio II tusp 19h
Feminicídio III tusp 19h
Espaço do Silêncio praça da república 16h
Família Museu tusp 20h
Família Museu tusp 20h
Para Aquelas que Não Mais Estão tusp 20h
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seg
ter
qua
qui
sex
sáb
dom
seg
ter
qua
qui
sex
teatro da pomba gira
sp escola – sede roosevelt, 22h
duração 100 min
lotação 40 lugares
classificação 18 anos
anatomia
do fauno
27, 28 e 29.11
brasil
espetáculo:
anatomia do
fauno
Inspirado pela poética utópica de Arthur Rimbaud,
que sonhava uma língua universal sem palavras
que tocasse diretamente os sentidos, Anatomia do
Fauno atua nos limites entre o teatro e a perfor­
mance. Busca dissecar as temporadas infernais
e iluminações da cena homoerótica contempo­
rânea. Partindo de uma pesquisa das vivências
pessoais dos próprios integrantes do grupo, o
espetáculo divide-se em dois atos.
O primeiro explora experiências eróticas ligadas à
solidão desesperada, aos amores abortados, ao con­
sumo de corpos, medo, culpa e repressão que nos
fazem oscilar nos dualismos heteronormativos.
O segundo ato pretende construir, a partir dos
destroços dessa realidade, uma utopia mais riso­
nha, afetuosa e livre, quebrando gênero, número e
grau nas relações homoeróticas.
A figura mitológica do Fauno, retirado de seu
ambiente natural e posto numa cidade como São
Paulo, é um fio condutor para essa jornada pelas
sombras e luzes articificiais das noites metropoli­
tanas. Caminhando da doença à cura, este Fauno
é guiado para a anatomia de um corpo que supere
os fracassos de nossa humanidade consumista.
13
Performers André Medeiros, Bruno Wen­
del, Camilla Ferreira, Carlos Jordão, Carlos
Valle, David Medrado, Douglas Ricci, Duda
Oliveira, Felipe Cavalcanti, Gabriel Castro,
Gabriel Morgante, Gregório Candeloro, Hélio
Beltrânio, Igor Luís, José Raul Molina, Marcelo
D’Avilla, Marcelo Salvatore, Mateus Rodri­
gues, Pedro Braga, Pedro Pêra, Rodrigo Xima­
relli, Vagner Cruz Direção Marcelo D’Avilla e
Marcelo Denny Dramaturgismo Alexandre
Rabelo Assistência de Direção e Produção
Jean Carlo Cunha Cenografia Denise Fuji­
moto, Felipe de Oliveira, Gabriel Prado, Lucas
Menezes, Nina Simão, Marcelo Denny e Mar­
cello Girotti Figurino Hugo Cabral Carneiro,
Marcello Girotti, Marcio Tassinari e Sueliton
Martins Iluminação e Operação de Vídeo
Douglas Ribeiro, Eidglas Xavier, Fagner Lou­
renço e François Moretti Ilustração e Montagem de Vídeo Nerone Prandi Captação de
Vídeo Hugo Cabral Carneiro, Lucas Villar e
Nerone Prandi Trilha Sonora Renato Navarro
Assistentes Gabriela Barbara e Renata Sotero
Ilustração Diego Cernohovsky Fotografia
Hélio Beltrânio Designer Gráfico Lucas
Menezes Body Art Hugo Cabral Realização
Laboratório de Práticas Performativas da USP
e Teatro da Pomba Gira Coletivo de Criadores/
Residência SP Escola de Teatro
14
O espetáculo Anatomia do Fauno, marca a união do
Laboratório de Práticas Performativas da ECA-USP
com o Teatro da Pomba Gira – Coletivo de Cria­
dores. A SP Escola de Teatro-Centro de Formação
das Artes do Palco apoiou a iniciativa, através do
projeto de residência na instituição.
O Laboratório de Práticas Performativas da ECA­
-USP visa criar um espaço de ensino, pesquisa e
reflexão da linguagem da performance art aliado
a outras áreas da arte e do pensamento. Objeti­
vos muitos próximos do grupo Teatro da Pomba
Gira, que também busca trocas num cenário de
práticas híbridas e radicais em seus experimen­
tos, pois consiste em um coletivo de criadores
interessados em pesquisar os limites da cena
contemporânea, a partir de questões que fisgam
seus diretores e criadores/artistas.
Aqui, o homoerotismo contemporâneo e suas
novas facetas podem revelar muito mais que a
intimidade do homem de hoje. Nesse sentido, a
linguagem da performance mergulha na mito­
logia própria de cada criador, possibilitando a
busca pela não-ficção e uma tessitura de ações
e imagens que revelam corpos que apontam
para as políticas dos desejos e as novas teorias e
pensamentos sobre o gênero, a sexualidade e a
transgressão na existência do sensível.
15
Inspirado por la poética utópica de Arthur Rimbaud, Anatomia del Fauno
actúa en los límites entre el teatro y la
performance. Diseca las temporadas
infernales e iluminaciones de la escena
homoerótica contemporánea, partiendo
de las vivencias personales de los propios integrantes del grupo.
El primer acto explota experiencias
eróticas ligadas a la soledad, al consumo
de los cuerpos, al miedo, la culpa y la
represión. En el segundo acto se construye
una utopía afectuosa y libre. La figura
mitológica del Fauno suelto por la ciudad
de San Pablo es el hilo conductor en esa
jornada iluminada por las sombras y luces
artificiales de las noches metropolitanas.
El Laboratorio de Prácticas Performativas
de ECA-USP pretende crear un espacio
de enseñanza, investigación y reflexión
del leguaje de la performance art aliada
a otras áreas del arte y del pensamiento.
Objetivos extremamente ligados a los del
grupo Teatro da Pomba Gira, un colectivo
de creadores interesados en investigar los
límites de la escena contemporánea. La
SP Escola de Teatro-Centro de Formação
das Artes do Palco ha apoyado este primer trabajo conjunto de los dos colectivos
a través del proyecto de residencia
en la institución.
16
Inspired by the utopian poetry of Arthur
Rimbaud, Anatomy of the Faun operates on the border between theater and
performance, dissects the infernal seasons
and lighting of contemporary homoerotic
scenes, starting from personal experiences
of the group members themselves.
The first act explores erotic experiences
linked to loneliness, to the consumption
of bodies, fear, guilt and repression. The
second act builds an affectionate and free
form of utopia. The mythological figure of
the Faun, freely wandering through the
city of São Paulo, is the common thread
to this journey through the shadows and
artificial lights of the metropolitan night.
The Laboratory for Performing Practices
at ECA-USP aims to create a space for
education, research and reflection of the
language of performing art combined
with other areas of art and thought.
Their goals are very close to the Teatro
Pomba Gira, a collective of creators
interested in researching the limits of the
contemporary art scene. The “SP Escola
de Teatro-Centro de Formação das Artes
do Palco” (“SP Training School TheatreCentre of Staged Arts”) supported this
first joint work by the two collectives,
through the residency project at the
institution.
Cia. Lagartijas Tiradas a el Sol
TUSP, 20h
duração 90 min
lotação 98 lugares
classificação 16 anos
O rumor Do
incÊndio
28 e 29.11
México
espetáculo:
El rumor del
incendio
No México nos anos 60, jovens revolucionários pega­
ram em armas na tentativa desesperada de mudar
sua sociedade. Décadas depois, os filhos daqueles
guerrilheiros refazem a luta de seus pais. Arqueólo­
gos de significado, mergulham furiosamente no pas­
sado, desenterrando uma história recente banhada
em sangue, suor e lágrimas. No coração da escavação
jazem os restos de um conflito não resolvido. Com
documentos e maquetes, alimentados pela imagina­
ção e um extraordinário senso narrativo, inventam
um teatro-documentário épico que lança luz sobre
o desejo apaixonado de rebelião, herança utópica de
seus antecessores.
As inúmeras guerrilhas do México dos anos 60/70
tinham notáveis diferenças político-ideológicas. Uma
divisão possível é a de movimentos armados rurais e
urbanos: os primeiros queriam a solução de deman­
das vinculadas a seus locais de origem, estes últimos
pretendiam transformar o mundo.
O saldo do período foi um número indefinido de mor­
tos, presos políticos e quase um milhão de desapari­
ções forçadas. E assim, na absoluta consciência das
diferenças dentre o México de ontem e hoje, o que se
sente é uma profunda desação. Parte do projeto La Rebeldia, O Rumor do Incêndio, longe de ser uma chama­
da às armas, é na realidade uma tentativa de recupe­
rar a ideia da utopia e de gerar novos pensamentos
que nos permitam imaginar mundos mais justos.
19
Coordenação Geral e Texto
Luisa Pardo e Gabino Rodríguez
Assistente Geral Mariana Villegas
Elenco Francisco Barreiro, Luisa
Pardo e Gabino Rodríguez
Vídeo Yulene Olaizola Desenho
e Pesquisa Iconográfica Juan
Leduc Desenho de Iluminação Marcela Flores e Juanpablo
Avendaño Iluminação na Turnê
Sergio López Vigueras Vídeo na
Turnê Carlos Gamboa Maquetes
Francisco Barreiro Atores em
Vídeo Harold Torres, Cesar Ríos
e Mariana Villegas Assessoria
Técnica em Vídeo Emiliano Leyva
Produção Direção do Teatro da
Universidade Nacional Autónoma
de México (unam), em colabora­
ção com a companhia Lagartijas
Tiradas al Sol
20
Coletivo de artistas com grande potencial ex­
pressivo e investigativo, a Cia. Lagartijas Tiradas
a el Sol cria há mais de dez anos experimentos
cênicos, espetáculos e exercícios de grande poder
crítico e estético para criticar a atualidade mexi­
cana, inserindo-se portanto no campo das artes
que questionam valores políticos e sociais.
É formado por jovens artistas engajados no pensa­
mento político atual, que acreditam que a divul­
gação de seus trabalhos e sua participação serão
de grande valor para a comunidade brasileira e
para eles mesmos, por meio da troca de impres­
sões e realidades com artistas locais.
Nas palavras dos organizadores Luísa Pardo e
Gabino Rodríguez, “o projeto parte da necessidade
de olharmos, refletido em outras pessoas, nossos
tempos em relação a outras gerações, e de criar­
mos coordenadas para estarmos no México neste
momento. Começamos a desenvolver os projetos
como mecanismo para vincular o trabalho e a
vida, para apagar fronteiras. Nosso trabalho busca
dotar de sentido, articular, deslocar e desentra­
nhar o que a prática cotidiana encobre e passa por
alto. Não tem a ver com o entretenimento. É um
espaço para pensar.”
21
En México, en los años 1960, jóvenes
revolucionarios han tomado en armas en
una desesperada tentativa de cambiar la
sociedad. Décadas después, los hijos de
aquellos guerrilleros rehacen la lucha de
sus antepasados. Arqueólogos del significado, Luisa Pardo y Gabino Rodríguez
Francisco Barreiro sumergen furiosamente
en el passado, desenterrando los artefactos
de la mancillada história reciente. En el
corazón de su excavación yacen los restos
de un conflicto no resuelto. Utilizando documentos, maquetas y pequeñas estatuas,
ellos han inventado um teatro-documental
épico que arroja luz sobre su deseo apasionado de rebelión, una herencia de los
deseos utópicos de sus antecesores.
La Cia Lagartijas Tiradas al Sol es un
colectivo de artistas que hace más de
diez años crea experimentos escénicos,
espectáculos y ejercicios para cuestionar
la actualidad mexicana. Formado por
jóvenes artistas comprometidos con el
pensamiento político actual, ha empezado a desarrollar sus proyectos “como
mecanismos para vincular el trabajo y
la vida, para borrar fronteras. Nuestro
trabajo busca dotar de sentido, articular,
desplazar y desentrañar lo que la practica
cotidiana encubre y pasa por alto. No
tiene nada que ver con el entretenimiento.
Es un espacio para pensar.”
22
In the Mexico of the 1960s, young
revolutionaries took arms in a desperate
attempt to change society. Decades later,
the children of those fighters retrace the
fight of their ancestors. As archaeologists, Luisa Pardo and Gabino Rodríguez
Francisco Barreiro plunge furiously into
the past, digging up artifacts of that
stained recent history. In the heart of
this excavation lies the remains of an
unresolved conflict. By using documents,
mock-ups and statuettes, they create
an epic documentary-theater that sheds
light into their passionate desire for
rebellion, the legacy of utopian desires of
their predecessors.
A collective of artists with more than
10 years, the Mexican theatrical company seeks to create scenic experiments,
performances and exercises in order to
challenge the realities of their country
nowadays. Formed by young artists engaged in the current political thought, the
collective begun to develop their projects
“as mechanisms to link work and life, to
eliminate borders. Our work seeks to provide directions, to articulate and to move
and unravel what everyday life covers
and passes by. It has nothing to do with
entertainment. It is a space for thought.”
[pH2] Estado de Teatro
TUSP, 20h
duração 75 min
lotação 98 lugares
classificação 16 anos
espetáculo:
Stereo
franz
Stereo
Franz
30.11
brasil
O público é recebido do lado de fora de um bar em
uma cidade pequena qualquer.
Do lado de dentro, uma banda toca a noite toda.
Por fora e por dentro, os moradores executam suas
funções. Mais e mais. Sempre mais.
Por todos os lados, a música é constante e ima­
gens são projetadas, criando mais e mais cama­
das de leitura.
De um lado, Franz é assediado pelo Médico. Do
outro, Franz é observado pelo Capitão. Dentro de
Franz há espaço para poucos: um amigo e um
amor. Um não o escuta, a outra não o vê. Seu
amigo escuta apenas o que lhe chega aos ouvidos
na forma de música. Seu amor enxerga apenas
o que a vidente Yvette pronuncia em portunhol:
“Tiene ojos, Marie!” Marie nunca para. Ela quer
mais e mais. Sempre mais. Marie quer falar outras
línguas. Franz não aguenta sua própria língua.
A língua estrangeira será capaz de produzir desor­
dem e fazer cortar tudo aquilo que nunca fez sen­
tido, cortar as explicações dos homens para tudo o
que não faz sentido em língua nenhuma.
25
Criado em 2007 por jovens artistas reunidos sob o
interesse de conceber uma criação teatral proces­
sual e colaborativa, o [pH2] estado de teatro apre­
senta ao público uma investigação da linguagem
teatral que se realiza em diálogo com filosofia, pe­
dagogia, cinema e dança. Possui em seu repertório
quatro espetáculos e diversas ações de reflexão e
compartilhamento de processo criativo.
Ao longo de sua trajetória o grupo recebeu im­
portantes incentivos, sendo contemplado pela 18ª
edição da Lei de Fomento ao Teatro (2011-2013),
pelo Prêmio ProCultura do Ministério da Cultura
(2012-2013), e parcerias com SESC, Centro Cultural
São Paulo e Instituto Goethe. Em 2013 foi convi­
dado a estrear seu novo espetáculo no festival
Büchner International na Alemanha. O primeiro
encontro dos artistas que provocou o nascimento
do [pH2] deu-se dentro do curso de artes cênicas
da USP. Desde sua origem o grupo compreende a
criação teatral como possibilidade de atuação po­
lítica e, portanto, pauta suas ações na construção
de uma estética e pesquisa originais direcionadas
a públicos e olhares distintos.
Direçao Paola Lopes Dramaturgia Nicole Oliveira Elenco Beatriz id Limongelli, Bruno Caetano,
Bruno Moreno, Daniel Mazzarolo, Julio Barga, Maria Emília Faganello, Rodrigo Batista Banda
Beatriz id Limongelli, Bruno Caetano, Cainã Vidor Luz Luana Gouveia Som Cainã Vidor Operação de Som Diego Caldas Cenário Paola Lopes Figurino Julio Barga Vídeos Renato Sircilli
26
Stereo Franz, criado a partir da obra dramatúrgica
de Georg Büchner, configura-se como um divisor
de águas para o grupo em direção a seu novo pro­
jeto de pesquisa: investigar a temática da geração,
com a pesquisa cênica do Projeto 85.
27
El público se recibe afuera de un bar en
una pequeña ciudad cualquiera. Adentro
una banda toca durante toda la noche.
Afuera y adentro los habitantes ejercen
sus funciones. Por todos lados la música
es constante y las imágenes se proyectan,
creando más y más líneas de lectura. De
un lado, Franz sufre el asedio del Médico.
Por el otro lado, a Franz lo observa el Capitán. Marie nunca se detiene. Ella quiere
hablar en otra lengua. Franz no soporta
su propia lengua. La lengua extranjera
tendrá que ser capaz de producir desorden y cortar todo lo que nunca ha hecho
sentido, tendrá que cortar las explicaciones de los hombres para todo lo que no
tenga sentido en ninguna lengua.
The audience is welcomed outside a bar
in any small town. A band inside plays
all night long. Outside and inside, the
residents execute their duties. In every
place, music is constant and images
are projected, creating more and more
layers for interpretation. In one side,
Franz is harassed by a doctor. On the
other, he is observed by the captain.
Marie never stops. She wants to speak
other languages. Franz cannot stand
his own language. The foreign language
will be able to produce disorder and
take away everything that never made
sense, to cut men’s explanations for
everything that does not make sense, in
any language.
Creado en 2007 por jóvenes artistas reunidos bajo el interés de concebir la creación teatral de forma colaborativa y en
proceso, [pH2] estado de teatro presenta
al público una investigación del lenguaje
teatral que se realiza en un diálogo con
áreas como la filosofía, la pedagogía, el
cine y la danza.
Created in 2007 by young artists who
wanted to conceive of a procedural
and collaborative theatrical process, the
[pH2] estado de teatro group presents an
investigation of theatrical language that
takes place in a dialogue with philosophy, pedagogy, film and dance.
En su repertorio, cuatro espectáculos y
diversas acciones de reflexión e
inter­cambio de procesos creativos
28
Their repertoire consists of four theatrical performances and numerous
actions of reflection and sharing their
creative processes.
projeto 85
TUSP, 20h
duração 150 min
lotação 98 lugares
classificação 14 anos
Projeto 85
01 e 02.12
brasil
Colômbia
México
espetáculo:
O que Fazíamos
em 1985?/
¿QUÉ HACÍAMOS
EN 1985?
O Projeto 85 – A Dívida em Três Episódios foi cons­
truído a partir da pesquisa sobre os importantes
acontecimentos históricos do ano de 1985. A obra
nasceu do intercâmbio entre os coletivos artísticos
La Maldita Vanidad (Colômbia), Lagartijas Tiradas al
Sol (México) e o [pH2] (Brasil). A partir desta união
deu-se a análise artística desse momento histórico,
cujo disparador criativo foi um levantamento de
imagens de desastre nos três países durante este
período de transição para a democracia.
O primeiro episódio, “O Rosto da Mulher Endivi­
dada”, toma forma de um filme. O rosto de dez
mulheres, mães dos criadores, ensaiam imagens da
dívida em perspectiva ficcional, ampliando o rosto
da personagem Helena Fracasso e revelando as
desgraças que guiaram sua vida. O segundo, “Endi­
vidamento Privado”, uma ficção situacional, aborda
o caráter privado da dívida. Retrata o pós-morte do
pai de três irmãos que discutem o que fazer com
a casa paterna antes que esta apodreça. Por fim,
“Endividamento Público” tem uma abordagem mais
documental e faz o diálogo entre as similitudes de
Brasil e México, na perspectiva histórica de sedi­
mentação da dívida externa de ambos. Aqui, uma
nave-território se aproxima de um país arrasado
por uma catástrofe e institui um regime de recons­
trução, em uma parceria acolhida com entusiasmo.
31
Dramaturgia Jorge Hugo Ma­
rin (La Maldita Vanidad) e Luiz
Pimentel ([pH2] - estado de
teatro) Encenação Jorge Hugo
Marin (La Maldita Vanidad) e
Rodrigo Batista ([pH2] - estado
de teatro) Elenco Beatriz Id
Limongelli, Bruno Moreno,
Maria Emília Faganello ([pH2] estado de teatro); Angélica
Pietro, Daniel Diaza, Ella
Becerra, Fernando Arroyave
e Maria Adelaida Palacio (La
Maldita Vanidad) Iluminação
Luana Gouveia ([pH2] - estado
de teatro) Sonoplastia Rodrigo
Batista ([pH2] - estado de
teatro) Vídeos Renato Sircilli
([pH2] - estado de teatro)
Dramaturgismo Paola Lopes
([pH2] - estado de teatro)
Premiado com o patrocínio Rumos-Itaú Cultural,
o Projeto 85 apresenta uma pergunta geracional:
“O que fazíamos em 1985?”
A partir dela, o projeto pretende não somente tra­
tar dos acontecimentos históricos e relevantes do
ano de 1985, mas também questionar o que fize­
mos ao longo desses trinta últimos anos e o que
pode ser feito a partir disto que nos tornamos.
A proposta que norteou o projeto foi a constru­
ção de uma obra teatral única composta por três
atos/capítulos/episódios.
O primeiro ato foi construído da parceria entre
[pH2] estado de teatro e La Maldita Vanidad.
O segundo veio do encontro entre o [pH2] e o
Lagartijas Tiradas a el Sol. O último, construído
entre os três grupos, resultou em um filme/vídeo
que mistura a linguagem ficcional e documental,
e que foi desenvolvido em Bogotá e no México e
finalizado em São Paulo.
A intenção do projeto foi investigar, a partir da
percepção da história dos três países, o mundo
e os homens que emergiram desses trinta anos,
com base em imagens, fatos, memórias e temas
que não ficam restritos apenas a 1985, mas que
dizem respeito a toda essa geração.
32
33
34
El “Proyecto 85 – La Deuda en Tres
Episodios”, ha sido construido a partir de
la investigación de hechos históricos importantes ocurridos en el año de 1985. La
obra nace del intercambio artístico entre
[pH2]: estado de teatro y los colectivos, La
Maldita Vanidad, de Bogotá, y Lagartijas
Tiradas al Sol, de la Ciudad del México. A
partir de esta unión, el grupo ha hecho un
análisis artístico de este período histórico.
Project 85: The Debt in Three Episodes was conceived from researches
on the momentous historical events of
the year 1985. The play was born from
the artistic exchanges between [pH 2]:
estado de teatro and theater collectives
La Maldita Vanidad (Bogota) and Lagartijas tiradas al Sol (Mexico City). From this
collaboration came this artistic analysis
of that historical period.
El primer episodio, intitulado “La cara de
la mujer endeudada”, es presentado en la
forma de una película, donde se exhibe el rostro de 10 mujeres, las madres
de los creadores del [ph2] que ensayan
imágenes de deuda en una perspectiva
ficcional. En el segundo episodio “Endeudamiento” el carácter privado de la deuda
es retratado a partir de la disputa de tres
hermanos por la casa del patriarca recién
fallecido. Por último, “Endeudamiento
Público” tiene un abordaje más documental, donde se construye un diálogo entre
eventos históricos similares de Brasil y
México, desde la perspectiva de la sedimentación de una gran deuda externa
de los dos países. Una nave-territorio se
aproxima a un país arrasado después de
una catástrofe e instituye un régimen de
reconstrucción en una sociedad donde es
acogido con gran entusiasmo.
The first episode, entitled “The Face of the
Woman in Debt”, presented in film form,
shows the faces of ten women, mothers
of the creators of [ph2], which rehearse
images of debt in a fictional perspective.
In the second episode, “Private Debt”, the
private nature of the debt is portrayed
by a dispute between three brothers,
about the house of the recently deceased
patriarch. Finally, “Public Debt”, with a
documentary-style approach, constructs
a dialogue between similar historical
events in Brazil and Mexico, from the perspective of the sedimentation of a large
debt by both countries. A ship-territory
approaches a devastated country after
a major catastrophe and establishes a
regime of reconstruction, in a partnership
that is received with enthusiasm.
El Ciervo Encantado
SP Escola – Sede Roosevelt, 21h30
duração 80 min
lotação 80 lugares
classificação 18 anos
espetáculo:
CubalÂndia
Cubalândia
02 e 03.12
Cuba
Resultado do atual processo de reorganização da
economia cubana, irrompe no âmbito nacional, de
maneira festiva e alvissareira, a figura da “cuentapropista” – a “empresária por conta própria”, isto é,
a empreendedora.
Yara, a Chinesa, tem três licenças e todos os
apoios: uma foto de Fidel e Raúl e um índio contra
o mau-olhado. Yara oferece excursões nas duas
moedas circulantes em Cuba e, em cada proposta,
alerta sobre as estratégias de recuperação do que
for gasto. Viajar com ela para a Varadero, Viñales,
Trinidad ou Santiago de Cuba é sempre um inves­
timento. Sua proposta é sempre única, perfeita
– uma pechincha. Para ilustrar seus itinerários
escolhe um mapa fragmentado da Ilha: seu negó­
cio é o próprio país e seus clientes potenciais são
os próprios cubanos, gente comum, o que constitui
um pungente e irônico jogo com uma realidade
onde a possibilidade de tirar férias é uma impossi­
bilidade para a grande maioria, vítima da dualida­
de monetária e dos magros salários.
Cubalândia propõe um olhar descarnado e sem
enfeites na direção de uma caricatura da Cuba de
hoje. Sua criação introduz uma série de questões
sobre o sujeito e sua relação com o meio. A atriz
caminha por um fio de navalha. Vender um país é,
sem dúvida, um ato desesperado de sobrevivência.
37
Atuação e Performance em
Cena Mariela Brito Desenho
de Produção El Ciervo En­
cantado (Telão, obra Dupla
Moeda, do artista plástico
Lázaro Saavedra) Assistência Técnica Jaime Gómez
Triana Produção El Ciervo
Encantado Direção Geral
Nelda Castillo
O grupo teatral El Ciervo Encantado foi fundado
em Havana, Cuba, em 1996, a partir de uma experi­
ência pedagógica intensa e sui generis desenvolvida
pela atriz e diretora Nelda Castillo no Instituto
Superior de Arte de Cuba. Desde então o grupo
tem produzido um fecundo trabalho artístico a
partir de processos profundos de investigação, que
propiciaram a criação de uma linguagem própria,
caracterizada por marcado interesse pelo domínio
de treinamento atoral singular que lhe permite
alcançar um modo particular de expressão teatral.
Destacam-se suas explorações no universo concei­
tual da encenação e a utilização de fontes lite­
rárias, históricas, plásticas, musicais e da dança,
no sentido de uma linguagem artística nova e
questionadora da realidade atual. Neste sentido,
são significativas suas pesquisas a partir da obra
de autores como Severo Sarduy, Guillermo Cabrera
Infante, Fernando Ortiz, Reinaldo Arenas ou José
Marti, entre outros. Além disso, o grupo, cuja vo­
cação experimental está dirigida à exploração da
identidade cultural cubana em toda sua riqueza
e complexidade, desenvolve a vertente da perfor­
mance e das intervenções públicas.
Perseguir esse cervo inapreensível que constitui a
identidade de uma cultura em constante metamor­
fose, dá sentido à vida desta curiosa criatura teatral.
39
Resultado del proceso de reordenamiento
actual de la economía cubana irrumpe, de
manera esperanzadora y festiva, en el ámbito
nacional, el personaje de la cuentapropista.
Yara La China oferta excursiones en las dos
monedas circulantes en Cuba y, en cada
propuesta, alerta sobre las estrategias de
recuperación de lo gastado. Su negocio es el
propio país y sus clientes potenciales son los
propios cubanos de a pie, lo que constituye un
punzante juego irónico con una realidad donde
la posibilidad de vacacionar es un imposible
para la gran mayoría, víctima de la dualidad
monetaria y de los paupérrimos salarios.
Cubalandia propone una mirada descarnada
y sin atenuantes, por el camino del choteo, a la
Cuba de hoy. Vender un país es, sin duda, un
acto desesperado de supervivencia.
El Ciervo Encantado se fundó en La Habana en 1996 y desde entonces ha creado un
lenguaje propio, a partir de la obra de autores
como Sarduy, Guillermo Cabrera Infante y
Reinaldo Arenas. El grupo desarrolla con
fuerza la vertiente de la performance y las
intervenciones públicas. Perseguir a ese ciervo
inapresable que constituye la identidad de una
cultura en constante metamorfosis, da sentido
de vida a esta curiosa criatura teatral. El
grupo ha recibido importantes reconocimientos como el Gran Prix a la Mejor producción
del Festival Internacional de Teatro de Mount
Laurier, Québec.
40
The character of the entrepreneur breaks
out on the national scene, in a festive
and auspicious manner, thanks to the
on­going reorganization of the Cuban
economy. Yara la China is a travel agent
whose customers are Cubans who visit
their own island – a poignant irony in a
country where the vast majority does not
have purchasing power to go on vacation.
Cubaland proposes a no-frills, gaunt –
and mocking – look to the Cuba of today.
To sell a country is definitely a desperate
act of survival.
The group El Ciervo Encantado (La Habana, 1996) developed, since the beginning, a language of their own, taking cues
from authors such as Severo Sarduy, José
Martí, Guillermo Cabrera Infante and
Reinaldo Arenas. The group stands out for
its work in performance and public intervention fields. The aim of this collective is
to pursue this elusive deer that constitutes the identity of a culture in constant
metamorphosis.
The group has received numerous awards
in Cuba, in addition to the Best Production
prize at the International Theater Festival
of Mount Laurier Theatre, Quebec.
Marc Caellas e Teatro Odeón
TUSP, 20h
duração 80 min
lotação 98 lugares
classificação 12 anos
espetáculo:
Notas de
Cocina
Notas de
cozinha
05 e 06.12
colômbia
A peça se apresenta como teatro inegavelmente
político, mas não ideológico. Não esgota seu signi­
ficado no imediatismo da ação, no aqui e no agora
daquilo que é dito e que é feito.
Aqui, a realidade aparece sob uma luz diferente,
e descobre fatos e possibilidades que, invisíveis
apenas um segundo antes, ficam agora expostos e à
vista de todos.
Notas de Cozinha traça um paralelo entre a paixão
pela culinária e a paixão sexual, baseado no cons­
tante fluxo e refluxo das emoções e na necessidade
de atingir ou preservar “o ponto” – de frio, calor,
cocção ou sal. Violência, erotismo e gastronomia
fazem parte da encenação, que procura despertar
os sentidos dos espectadores e envolvê-los em uma
experiência teatral contemporânea.
Escrita por Rodrigo García, trata da história de três
amigos (dois homens e uma mulher) que, como em
um jogo de sedução, propõem situações diversas
e o que nelas fariam. A hipocrisia dos prêmios, a
educação dos filhos, os hotéis de luxo ou os restau­
rantes de alto valor são temas que os três atores
abordam em um ambiente de festa que inclui o
espectador. Os atores contam, com ironia e humor
negro, quais seriam suas decisões: alugar um quar­
to em um hotel caro e destruí-lo, ou contratar um
estádio para um casamento, dentre outras.
43
Elenco Matías Maldonado, Her­
nán Cabiativa e Martha Márquez
Direção Marc Caellas Dramaturgia Rodrigo García Adaptação
Marc Caellas Produção Espacio
Odeón Assistente de Produção
e Direção Vanessa Adatto Figurino e Adereços Espacio Odeón
Fotos e Vídeo Danilo Canguçu
44
Nascido em Barcelona (Espanha), Marc Caellas
é artista, diretor de cena, dramaturgo e escritor.
Como criador, gosta de incorporar o imprevisível
em suas obras: busca trazer situações – em vez de
cenas –, e tratar de operadores – e não atores.
Suas últimas propostas teatrais, estreadas em
Barcelona, são Cuerpo Serrano (2015) e Guiris go
home (2015). Anteriormente, em Buenos Aires,
apresentou Entrevistas Breves con Escritores Repulsivos (2011) e El Paseo de Robert Walser (2012). Em
Bogotá estreou Los Críticos También Lloran (2009) a
partir de texto de Roberto Bolaño; Haberos Quedado
en Casa, Capullos! (2008) e Notas de Cocina (2013),
ambas de Rodrigo García; Las Listas (2012), de Julio
Wallovits, e Cuento mi Vida (2014), projeto de teatro
documental ligado a Esteban Feune, da Colômbia,
com quem criou a Compañía La Soledad. Publicou
ainda os livros Carcelona (2011), Caracaos (2014) e
Teatro del Bueno (2015).
45
Notas de Cocina, escrita por Rodrigo
García, es teatro innegablemente político,
pero no ideológico. El trabajo tranza
un paralelo entre la pasión culinaria y
la pasión sexual. Violencia, erotismo y
gastronomía hacen parte de la puesta,
que busca despertar los sentidos del espectador y envolverlo en una experiencia
teatral contemporánea.
Marc Caellas (Barcelona, España), es
artista, director teatral, dramaturgo y
escritor. Como creador le gusta incorporar
lo imprevisible en sus obras, busca traer
situaciones – y no escenas – y trabajar
con operadores – al contrario de actores. Sus últimas propuestas teatrales,
estrenadas en Barcelona, son Cuerpo
Serrano (2015) y Guiris go home (2015).
En Buenos Aires ha dirigido Entrevistas
Breves con Escritores Repulsivos ( 2011)
y El paseo de Robert Walser (2012). En
Bogotá, entre otros, Los críticos también
lloran (2009) a partir de texto de Roberto
Bolaño, Haberos quedado en casa, capullos! (2008) y Notas de Cocina (2013)
ambas de Rodrigo García . Ha publicado
los libros Carcelona (2011), Caracaos
(2014) y Teatro del Bueno (2015).
46
Cooking Notes, written by Rodrigo
Garcia, is undeniably political theater – but
never ideological. The work draws parallels
between the passion for cooking and sexual
passion .Violence, eroticism and gastronomy are part of the scenario, which seeks to
awaken the senses of the viewer and wrap
it in a contemporary theatrical experience.
Born in Barcelona (Spain), Marc Caellas is
an artist, stage director, playwright and
writer. As creator, he likes to incorporate
the unpredictable in his works; he seeks to
bring situations – not scenes – and treats
‘operators’ – rather than actors. His last
theatrical proposals premiered in Barcelona, they are Cuerpo Serrano (Slender
Body, 2015) and Guiris Go Home (2015).
He also staged Entrevistas Breves con
Escritores Repulsivos (Brief Interviews
With Hideous Writers, 2011) and El paseo
de Robert Walser (The walk of Robert
Walser, 2012), both in Buenos Aires. In
Bogotá, among others, he was responsible
for Los críticos también lloran (Critics also
cry ) (2009) from a text by Roberto Bolaño,
Haberos quedado en casa, capullos! (We
Stayed at Home, Cocoons!, 2008) and
Notas de Cocina (Cooking Notes, 2013)
both by Rodrigo García. He also published
Carcelona (2011), Caracaos (2014) and
Teatro del Bueno (2015)
Ricardo Guilherme
sp escola – sede ROOSEVELT, 21h30
Bravíssimo 60 min | Flor... & Ramadança 80 min
lotação 80 lugares
classificação 14 anos
Bravíssimo
Flor de
Obsessão
Ramadança
09, 10 e 11.12
brasil
espetáculo:
Bravíssimo/Flor
de Obsessão
/Ramadança
A partir de crônicas de Nelson Rodrigues, Bravíssimo apresenta um texto transgressor que desde­
nha de valores éticos, burgueses, conservadores e
nacionalistas, com características do Teatro Radi­
cal, teoria criada pelo ator e teatrólogo, e pitadas
do humor satírico cearense.
Flor de Obsessão pretende demonstrar que o
substancial da problemática de Nelson Rodrigues
reflete a sua dilacerada convicção de que o Ho­
mem, impotente para promover em si mesmo a
reversão de sua pusilanimidade existencial, está
condenado à angustia e à neurose, sem possibi­
lidade de redenção que não a morte. Daí, pois, a
escolha de contos nos quais os personagens, em
situações-limite, precisam matar ou matar-se
para provar que amam.
Já Ramadança, neologismo que inter-relaciona o
período sagrado muçulmano e a dança, traça a
genealogia dos líderes muçulmanos e cristãos,
ao mesmo tempo em que, em tom de prece, faz
exortações sobre a guerra e a paz, com alusões
a Osama Bin Laden, Saddam Hussein e George
Bush. A personagem em cena é uma Rainha do
Maracatu que se apresenta como uma espécie
de Medeia africana, mãe primordial detentora do
poder de vida e morte em relação aos filhos.
49
Textos Ramadança e
Bravissimo Ricardo Gui­
lherme; Flor de Obsessão
Nelson Rodrigues Atuação
e Direção Ricardo Guilher­
me Produtora Executiva
Elisa Gonçalves de Alencar
Assistente de Produção
Suewellyn Cassimiro Sales
Ricardo Guilherme Vieira dos Santos, mais co­
nhecido como Ricardo Guilherme, é natural de
Fortaleza, Ceará.
É ator, dramaturgo, diretor, contista, cronista, po­
eta, professor e jornalista, além de ter publicado
livros sobre a história do teatro cearense. Como
professor universitário, foi um dos signatários,
em 2009, na criação do curso de artes cênicas da
Universidade Federal do Ceará, e foi ainda seu
primeiro vice-coordenador. Além disso, teve ex­
periência de ensino em diversas universidades da
Europa, da África, da América Central e do Norte.
Em seus mais de quarenta anos de atividade
teatral, já participou de mais de cem espetáculos,
com reconhecida trajetória nacional e interna­
cional na qual figuram temporadas em diversos
países da Europa, África e das Américas, além de
ter recebido prêmios como o de dramaturgia da
Unesco, em 1987.
51
A partir de crónicas de Nelson Rodrigues, Bra­
víssimo desdeña de valores éticos/burgueses/
conservadores/nacionalistas, con características del teatro radical, teoría del teatrólogo/
actor, y toques de humor satírico cearense.
Flor de Obsessão pretende demostrar que
lo sustancial de la problemática de Nelson
Rodrigues refleja la dilacerada convicción de
que el Hombre, impotente para promover
en si propio la reversión de su existencia
pusilánime, está condenado a la angustia y a
la neurosis, sin posibilidad de redención más
que la de la muerte. Por eso, los personajes, en
situación límite, necesitan matar o matarse
para probar que aman.
Ramadança, neologismo que interrelaciona el
periodo sagrado musulmán y la danza, traza
la genealogía de los líderes musulmanes y
cristianos, al mismo tiempo en que, en tono de
plegaria, hace exhortaciones sobre la guerra y
la paz, con alusiones a Bin Laden, Saddam y
Bush. El personaje principal se presenta como
una especie de Medea africana, madre primordial detentora del poder de vida y muerte en
relación a sus hijos.
Ricardo Guilherme es actor, dramaturgo,
director, cuentista, cronista, poeta, periodista,
además de autor de libros sobre la historia del
teatro cearense. Nascido en Ceará, en sus más
de 40 años de actividad teatral, participó en
más de 100 espectáculos y recibió varios premios, entre eles, el de dramaturgia otorgado
por la Unesco, en 1987.
52
From stories by Nelson Rodrigues, Bravissimo features a transgressive disdain of
ethical/bourgeois/conservative/nationalist values, and has characteristics of the
radical theater of the playwriter/actor and
pinches of the satirical humor of Ceará.
Flor de Obsessão argues that the focus of
Nelson Rodrigues’ works reflects his own
torn conviction that man, powerless to
promote the reversal of his own existential
pusillanimity, is condemned to feelings of
anxiety and neurosis, without possibility
of redemption, except for death. Hence the
choice of short stories in which characters,
in extreme situations, kill themselves or
other in order to prove they are able to love.
In Ramadança, a neologism that relates the Muslim holy period and dance,
he traces the genealogy of Muslim and
Christian leaders while, at the same time,
in a prayerful tone, exhorts about war and
peace, with allusions to bin Laden, Saddam
and Bush. The character is a sort of African
Medea, a primordial mother who holds the
power of life and death over her children.
Ricardo Guilherme is an actor, playwright,
director, poet, journalist, and author of
books on the history of Ceará theater. Born
in the Brazilian state of Ceará, after more
than 40 years in the world of theater, he
participated in more than a 100 plays and
has received several awards, including the
Unesco theater award, in 1987.
Guillermo Calderón e Compañia Playa
TUSP, 20h
duração 70 min
lotação 98 lugares
classificação 14 anos
espetáculo:
Villa
VIlla
12 e 13.12
Chile
Três mulheres avaliam diferentes propostas sobre
o que fazer com a Villa Grimaldi, um centro de
tortura e extermínio na ditadura de Pinochet.
As personagens discutem em torno de uma mesa,
refletindo dilemas atuais de organizações de
direitos humanos e sobre o presente dos espaços
ligados à violência do Estado.
Como explicar o horror do passado sem cair em
uma produção de parque temático ou na fria re­
produção de um museu de arte contemporânea?
Com esparsos recursos cênicos, utilizados de
forma potente, o trabalho é um reflexo do campo
simbólico, teatral, sobre o peso de sinais e respon­
sabilidades e dos fantasmas daqueles que têm a
tarefa de decidir como escrever o passado.
Apesar da densidade da matéria, as atrizes con­
seguem encarnar uma complexa discussão de
ideias e atitudes em relação à violência e a dor.
55
Guillermo Calderón (1971) não tinha a intenção
de ser dramaturgo ou diretor. Começou como
ator na televisão e no teatro, incluindo um papel
em uma montagem de sucesso de Mala Onda, de
Alberto Fuguet. Estudou teatro na Universidad de
Chile e na Dell’Arte School of Physical Theater, Ca­
lifornia. Tem mestrado em artes na City University
of New York. Escreveu e dirigiu Neva, Diciembre e
Clase, obras que foram sucesso de público e críti­
ca. Suas produções foram apresentadas em mais
de 25 países e receberam diversos prêmios.
Seu último trabalho, Villa + Discurso, tem sido
convidado a apresentar-se em diversos festivais
internacionais de teatro desde 2011. Também se
tornou roteirista, tendo escrito Violeta Se Fue a los
Cielos (“Violeta foi para o céu”), filme biográfico so­
bre a cantora e compositora chilena Violeta Parra,
inscrito pelo Chile na categoria de melhor filme
em língua estrangeira no Oscar do ano passado.
Direção e Dramaturgia Guillermo Calderón Assistência de
Direção María Paz González Elenco Francisca Lewin, Macarena
Zamudio, María Paz González Direção de Arte María Fernanda
Videla Produção FITAM / Teatro PLAYA
56
57
58
Tres mujeres alrededor de una mesa
discuten diferentes propuestas sobre qué
hacer con la Villa Grimaldi, un centro
de tortura y exterminio en la dictadura
de Pinochet. Los dilemas de las actuales
organizaciones de derechos humanos y
el presente de los espacios ligados a la
violencia del Estado son tema de este
espectáculo ¿Cómo explicar el horror del
pasado sin caer en una producción de
parque temático o en la reproducción fría
de un museo de arte contemporáneo?
Three women around a table discuss
different proposals on what to do with
Villa Grimaldi, a center of torture
and extermination during Pinochet’s
dictatorship. The current dilemmas that
human rights organizations face and
the presence of spaces related to State
violence are the subjects of this performance. How to explain the horrors
of the past without becoming a theme
park production or the cold reproduction
of a contemporary art museum?
Guillermo Calderón (1971) estudió
teatro en Chile y en EEUU. Escribió y
dirigió Neva, Diciembre y Clase, obras
que fueron éxito de público y crítica,
presentadas en más de 25 países y que
ganaron varios premios. La película Vio­
leta Se Fue a los Cielos, baseada en un
guión de su autoria fue representante de
Chile en la categoria de mejor película
en lengua extranjera para los premios
Oscar del año pasado.
Guillermo Calderón (1971) studied
theater in Chile and in the US. He
wrote and directed Neva, Diciembre
and Clase, performances that were
both critical and commercial successes,
shown in more than 25 countries and
winners of several awards. The film
Violeta Se Fue a los Cielos (Violeta
went to Heaven), based a script he
wrote, was Chile’s nomination for best
foreign language film at the Academy
Awards last year.
Ariel Zagarese e Alarido Mariposa
TUSP, 20h
duração 60 min
lotação 98 lugares
classificação 16 anos
espetáculo:
FAMILIA
MUSEO
Família
museu
16 e 17.12
argentina
A obra é resultado de um projeto de pesquisa com
objetos. A partir deles se recupera a história pessoal
do pai do diretor e a relação entre os dois. Família
Museu mantém uma linha muito sensível entre o
ficcional e o autorrefencial.
Os objetos são o legado da morte do pai e, a partir
destes se constrói o relato e a ideia de uma família
típica: pai, mãe, filho e filha. Uma caixa de ferra­
mentas, uma luz portátil para realizar reparos, um
relógio, uma máquina de barbear, fotografias, uma
revista e uma folha com desenhos feitos a mão, e
até a reconstrução da frente de um carro Renault
4S, vão configurar este museu.
No início, o museu propõe uma visita ao público. A
primeira etapa, à maneira de uma quase instalação,
permite ao público um primeiro contato entre a
cena, os objetos e os protagonistas. Entre os objetos
destaca-se a presença de um ator: o Pai, que tam­
bém faz parte da exposição/instalação. Depois desta
visita, o público toma seu lugar nas cadeiras.
A história se alterna em momentos de grande carga
emocional, tensão e humor. Durante seu desenro­
lar, surgem questionamentos, acertos e desacertos
pelos quais uma família típica poderia passar. As
relações entre os adultos, entre os filhos, ou entre
pais e filhos se plasmam em diversos níveis.
61
Texto Ariel Zagarese
Elenco Manuela Iseas, Sa­
brina Loza, Manuel Reyes
Montes, Alejandro Ruaise
Direção Ariel Zagarese
Cenografia Ariel Vaccaro
Iluminação e Operação
Técnica Jessica Tortul
Assistência de Direção
Julia Troiano Coreografia
Pablo Lugones Produção
Javier Torres Dowdall
Ariel Zagarese, nascido em Buenos Aires em 1979,
é formado em licenciatura em direção de artes
cênicas pelo Instituto Universitário Nacional de
Arte, Departamento de Artes Dramáticas (IUNA). É
de 2013 a estreia de Família Museu, de sua direção
e autoria. Entre 2011 e 2012 trabalhou com Pablo
Lugones nos textos e assistência do espetáculo Los
Dobles. Em 2010 e 2011 participa na assistência da
obra Mi Vida Después, de Lola Arias (parte da I Bienal
de Teatro da USP, em 2013), no teatro La Carpintería
e na TACEC do Teatro Argentino de la Plata; e em
temporadas no Brasil (Rio Preto/Brasília/São Paulo).
Estreia em 2010 e remonta em 2011 El Molinete,
un Réquiem para Macario, obra que dirige e escreve.
Durante os anos de 2005 a 2008 escreve e dirige as
obras Radiomoscu, una Historia sobre el Exilio e Tres
Mujeres se Preguntan qué Soy no Teatro Tadron. Entre
2001 a 2004 trabalha como roteirista e locutor de
rádio. Entre 1999 e 2000 publica as antologias poéti­
cas Fin de Milenio e Río de Palabras.
62
63
La obra es el resultado de un proyecto
de investigación con objetos. Por medio
de ellos, el director recupera la historia
personal de su relación con su padre, en
una delicada línea entre lo ficcional y lo
autorefencial. El espectáculo se inicia en
una especie de instalación – un museo de
objetos dejados por el padre para su hijo.
Después de un tempo, los espectadores
se sientan y allí comienza una historia
que se divide en momentos de grande
carga emocional, tensión y humor.
Ariel Zagarese (Buenos Aires, 1979)
dirigió y escribió, entre otros Familia
Museo (2013) Los Dobles (2012,
dirigido por Pablo Lugones), El Moline­
te, Un Réquiem para Macario (2010)
Radiomoscu, una Historia sobre el
Exilio; y Tres Mujeres se Preguntan
qué Soy, presentadas en el Tadron Teatro.
Fue guionista y locutor de radio, y publicó
dos antologías poéticas, Fin de Milenio
(1999) and Río de Palabras (2000).
64
The play is the result of a research project
with objects. Through these objects, the
director recovers the personal story of his
relationship with his father, in a delicate
line between the fictional and the self-referential. The performance begins as a sort
of art installation – a museum of objects
left by the father to his son. After a while,
viewers sit down and that’s when a story,
divided into moments of great emotional
charge, tension and humor, begins.
Ariel Zagarese (Buenos Aires, 1979) directed and wrote, among others: Familia
Museo (2013) and Los Dobles (2012,
directed by Pablo Lugones), El Molinete,
un Requiem para Macario (2010),
Radiomoscu, una Historia sobre el
Exilio; and Tres Mujeres se Preguntan
qué Soy, at Tadron Theater.
He is also a radio broadcaster and a
writer, having published two poetry anthologies, Fin de Milenio (1999) and Río
de Palabras (2000).
16 de dezembro, 16h
praça da república
gratuito
Espaço do Silêncio é um gesto de denúncia e indignação.
A performer, vestida de vermelho, ocupa um espaço­
-lençol branco no qual imprime cruzes. Cruzes verme­
lhas dão sequência à cruz que cerra sua boca. Ao longo
da ação, são manipulados variados textos – que vão da
listagem de mulheres mortas a um manifesto poético –
relativos à violência sofrida contra as mulheres.
O Obscena é um agrupamento independente de pes­
quisa cênica que, desde março de 2007, atua como uma
rede colaborativa de criação e investigação teórico-prá­
tica que visa a troca, provocações e a experimentação
artísticas, em intercâmbios e parcerias com outros cole­
tivos, instituições culturais e grupos sociais de interesse,
tais como a Marcha Mundial das Mulheres, com a qual
já realizou diversas ações. Tem por eixos norteadores
o work in process, a intervenção em espaços públicos e
urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além
da pesquisa de uma ação não representacional a partir
da performatividade e das obras de artistas como
Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.
Nina Caetano, dramaturga, professora e pesquisadora,
atua junto a diversos grupos teatrais de Belo Horizonte,
produzindo dramaturgias em processo. Atualmente, é a
coordenadora do Obscena, no qual realiza investigação
sobre escritas performadas em intervenções urbanas.
66
18 de dezembro, 20h
tusp
lotação 80 lugares
performance:
nina
caetano
PErformance:
Violeta
Luna e
COletivo
Rubro
Obsceno
Para Aquelas que não mais Estão é uma ação performática
que traz à cena, de forma interrelacional, o problema do
feminicídio. É dedicada às mulheres que foram (e que con­
tinuam sendo) assassinadas em toda a América Latina.
A parceria do Coletivo Rubro Obsceno, sob a responsabili­
dade de Stela Fischer e Leticia Olivares, e da performer Vio­
leta Luna, é uma denúncia poético-cênica contra crimes
que constantemente caem em esquecimento e impunida­
de, pautada em estatísticas reais, memórias e testemunhos
de traumas e violências, de dominação e colonialidade.
Um velório simbólico, um ritual de celebração à memória
das mulheres assassinadas, que conduz a questionamen­
tos sobre opressão, uso indevido de poder e as estratégias
cerceadoras do capitalismo, que vitima também o homem.
O Coletivo Rubro Obsceno é um agrupamento teatral
criado em 2013 a partir de encontros do The Magdalena
Project no Brasil. Composto por mulheres-artistas da
performance, da dança e do teatro, trata questões sobre a
legitimação de direitos das mulheres no contexto brasi­
leiro. Entre suas ações estão um grupo de estudos sobre
a mulher na contemporaneidade, workshops, criações
artísticas, e festivais como a Mostra ObsCENAs.
Violeta Luna é atriz, performer e ativista mexicana, radi­
cada nos EUA. Trabalha dentro de um espaço multidimen­
sional, que transita entre as fronteiras estéticas e concei­
tuais entre teatro e performance. Atuou com o grupo La
Pocha Nostra e, atualmente, com o Secos & Mojados, e é
membro do The Magdalena Project.
67
Sudários, de erika diettes
Igreja n. Sra. da paz
01 de dezembro de 2015 a 31 de janeiro de 2016
horários: seg., qua. a sáb.,18-20h, dom., 7h30-10h30, 18-20h
exposição:
sudários
Fotografias em branco e preto de mulheres vitimadas pelo conflito armado em
Antioquia, Colômbia, tiradas enquanto
narram as dramáticas experiências do
assassinato de entes queridos, as quais
tiveram que presenciar e sobreviver.
Os retratos, tirados em momentos
cruciais da narração, congelam instantes
de profunda tristeza, que a artista fixa
a uma fina tela de seda, evocando a
relíquia cristã do sudário, da Paixão e da
Piedade. Por isso, a série Sudários, em
suas múltiplas itinerâncias, vem sido
apresentada em igrejas, num diálogo
entre a arquitetura sacra, o espaço
de oração e a imagem da artista.
68
O corpo, como superfície e profundidade, é o es­
paço onde se objetiva a dor. É através do corpo
que a pena se expressa, diz Veena Das, o que
faz dele “um pergaminho de perdas”. A relação
entre corpo e texto é articulada pelo recurso da
inscrição, da gravura que fala para fazer visíveis
os nós que atam a dor e a memória.
Tais são as coordenadas que enquadram a
criação da fotógrafa e artista visual colombia­
na, Erika Diettes. Sua obra, que pode ser ex­
pressa como um corpus de perdas, é gerada por
intensos processos de indagações em sitios es­
pecíficos, por sustentados encontros e relações
com pessoas que tem sofrido a morte violenta
e a desaparição dos seus entes queridos.
Sudários é composta por vinte retratos, im­
pressos em seda, de mulheres de Antioquia,
Colômbia, que foram obrigadas a presenciar,
olhar e chorar enquanto torturaram e assas­
sinaram seus mais caros afetos. As fotografias
foram realizadas no momento em que elas
prestavam depoimento, como testemunhas,
sob a agonia das lembranças e na mesma
geografia dos acontecimentos.
Um sudário é um manto fúnebre, o pano que
amortalha o corpo do defunto, mas é também
aquele tecido que, uma vez em contato com o
rosto, é contaminado e se torna impregnação
fantasmática. Sob esta concepção alegórica,
os Sudários de Diettes são o registro de um
corpo espectral duplo: o corpus da agonia que
encarnam os retratos, e esse outro corpus
fúnebre que vela os rostos. Este duplo regis­
tro expõe o pathos liminar a partir do qual
habitamos hoje o mundo: como sobreviver
e conviver com a perda, como processar as
mortes violentas que envenenam a memória
e contaminam a ilusão de uma paz.
Muito tem se falado sobre a legibilidade das
imagens e seu poder de informar. Particular­
mente, as imagens vinculadas a aconteci­
mentos traumáticos expõem um pathos que
nos confronta e fazem perceptível a inquie­
tante experiência da qual eles emergem. A
imagem queima, como tem dito Didi-Huber­
man, pela urgência que manifesta, fazendo
impossível toda retirada.
Submersos no corpus de perdas que estas telas
condensam, como não estar envolvido neste
abismo de dor sublimado? Como não habitar
em meu próprio corpo isso que temos chama­
do de a dor dos outros? O sublime está inevita­
velmente vinculado ao sensível, ao corpo, a
um estado de mundo que nos fere e frente ao
qual é humanamente difícil ficar alheio.
Sudários, Pergaminho de Perdas
ileana diéguez.
69
04 de dezembro, 19h, tusp
mesa I: O corpo como espaço da objetivação da dor
Ileana Diéguez e érika diettes
No evento ocorrerá o lançamento do livro Memento Mori, de Érika Diettes
14 de dezembro, 19h, tusp
mesa II: O corpo como território político
ileana diéguez e violeta luna
15 de dezembro, 19h, tusp
Mesa III: O corpo da artista e a fabricação do corpo feminino
nina caetano, violeta luna e coletivo rubro obsceno
Exibição de curta sobre o workshop pré-Bienal Como Se Fabrica Uma Mulher?
mesas:
feminicídio
A II Bienal de Teatro da USP dedica um espaço em sua programação para o compartilha­
mento e discussão de ações artísticas performativas e visuais no combate ao feminicídio na
América Latina. O tema tem lugar de destaque nas criações de artistas mulheres latino-ame­
ricanas e reflete a urgência da questão em seu âmbito político e social.
mesas
& demais
eventos
28 de novembro, 17h, Tusp
abertura da bienal: profa. Dra. Maria Arminda (Brasil)
conferência: Alberto Villarreal (México)
A abertura da II Bienal de Teatro da Universidade de São Paulo
será realizada pela pró-reitora de Cultura e Extensão Universi­
tária da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda, seguida da
conferência “Des-estetización de los campamentos de lo real”,
com o diretor teatral mexicano Alberto Villarreal.
08 de dezembro, 19h, tusp
mesa: DOCUMENTACENA
É possível pensar uma pedagogia da crítica?
Encontro com pesquisadores de artes cênicas, críticos e profis­
sionais afins para discutir a prática da crítica, sua função, seus
desdobramentos e sua relação com as obras e os artistas.
TEXTS
Ileana Diéguez é professora pesquisadora da Universidad Autónoma Metropolitana do México. Autora e curadora
de mostras de arte, sua produção lida com temas da arte contemporânea, cênica e performática.
Erika Diettes é artista visual e mestre em antropologia colombiana. Sua produção artística, ligada desde seus
inicios à fotografia, trata da memória, da dor, da morte e das sequelas dos conflitos sociais e políticos de seu país.
Nina Caetano é dramaturga, professora e pesquisadora. Coordenadora do Obscena, atua também com grupos
teatrais de Belo Horizonte, produzindo dramaturgias em processo.
Coletivo Rubro Obsceno, de São Paulo, é composto por mulheres-artistas da performance, da dança e do teatro.
Trata questões sobre a legitimação de direitos das mulheres no contexto brasileiro.
Violeta Luna é atriz, performer e ativista mexicana, radicada nos EUA. Trabalha em um espaço multidimensio­
nal, que transita entre as fronteiras estéticas e conceituais de teatro e performance.
70
71
Roda de Espectadores I: O Rumor DO Incêndio
ESCOLA de Espectadores I: Notas de cozinha
ESCOLA de Espectadores II: Bravíssimo
Mesa: o Teatro Argentino e SEU Espectador
Mesa: Entre a Roda e a Escola
A partir de duas práticas do campo da formação de espectadores, estas
ações pedagógicas pretendem evidenciar a relevância artística e social
do ato do espectador frente a um material poético: como ele compõe, se
apropria, monta e desmonta as narrativas observadas, e desta forma
amplia as possibilidades de leitura e interpretação daquilo que foi visto.
29 de novembro, após o espetáculo | O Rumor do Incêndio | TUSP
As Rodas de Espectadores propostas pelo iNerTE podem ser com­
preendidas como desdobramentos poéticos do público a partir do
espetáculo teatral. A ideia central é evidenciar uma poética do es­
pectador, o ato artístico do espectador realizado de modo coletivo.
O debate se abre como espaço para efetuar uma leitura coletiva
do espetáculo, abordando pontos cruciais da proposição artística.
A partir do “poema” oferecido pelos artistas teatrais, os espec­
tadores concebem um outro “poema”, a partir da escrita cênica
apresentada, mas que também possui marcas visíveis da criação
artística dos próprios espectadores. Os poemas surgidos desses
encontros cênicos se efetivam como uma espécie de fala do espec­
tador, uma fala autorreflexiva e exposta na forma de outra cena.
O iNerTE – Instável Núcleo de Estudos de Recepção Teatral,
núcleo de estudos calcado em investigações práticas e teóricas,
pretende viabilizar encontros cênicos que se organizam como
estudos de recepção e efeito da obra de arte.
72
roda
de espectadores
escola de
espectadores
7 de dezembro, 15h | Notas de Cozinha | Pequeno Ato
10 de dezembro, 15h | Bravíssimo | Pequeno Ato
A Escola de Espectadores de Buenos Aires (eeba), criada em 2001
por Jorge Dubatti, seu objetivo é compartilhar ferramentas de
teoria, história e análise do teatro para uma compreensão mais
ampla dos rumos da cena contemporânea, ampliando e proble­
matizando o olhar do espectador e fomentando o prazer no ato de
ir ao teatro. O modelo já foi replicado no México, Uruguai, Chile e
Brasil, além de atividades itinerantes, como o I Festival Interna­
cional Cervantino, no México, e o Festival Internacional de Buenos
Aires. A cada ano, seus alunos fazem um balanço crítico do que
viram e concedem o Prêmio do Espectador.
Jorge Dubatti é crítico, historiador e professor na uba. Coordena o Centro Cultural de
Cooperação Floreal Gorini e diretor/fundador da eeba, e integra a Cátedra Itinerante
de Teatro Latinoamericano. É pesquisador da cena contemporânea na América Lati­
na no campo da filosofia do teatro e cartografia teatral. Responsável pela edição de
autores como Eduardo Pavlovsky, Ricardo Bartís, Daniel Veronese, e autor de Filosofía
del Teatro I, II y III; Concepciones de Teatro; Dramaturgia; Cien Años de Teatro Argentino, etc.
Flávio Desgranges é professor da pós-graduação em artes cênicas da usp e do­
cente na udesc. Coordena a coleção Teatro e a série Pedagogia do Teatro da Ed.
Hucitec. É autor de A Inversão da Olhadela. Alterações no Ato do Espectador Teatral
(2012); Pedagogia do Teatro (2006); A Pedagogia do Espectador (2003), e organizador
do volume Teatro e Vida Pública: o Fomento e os Coletivos Teatrais de São Paulo (2012).
11 de dezembro, 15h | Ágora
Mesa I: A Relação Histórica entre o Teatro Argentino e seu Espectador
Mesa com Jorge Dubatti e mediação de Celso Frateschi.
Giuliana Simões é professora da pós-graduação da Escola Superior de Artes
Célia Helena. Doutora em Letras pela USP, realiza seu pós-doutorado em Artes
da Cena na unicamp. É autora de Veto ao Modernismo no Teatro Brasileiro (2010).
13 de dezembro, 15h | Pequeno Ato
Mesa II: Entre a Roda e a Escola: o Espectador como Parceiro Artístico
Este encontro entre as ações de formação do Brasil e da Argentina
estabelece um diálogo, a partir do espetáculo Villa, entre as duas
ações e seus modos de produção, a fim de se refletir sobre o espec­
tador como parceiro artístico. Mediação de Claudia Alves Fabiano.
73
workshop: 30 de novembro a 4 de dezembro, 14-19h
compartilhamento: 04 de dezembro, 19h
Largo do PaissandU
O Teatro de Operações, do Rio de Janeiro, realiza
workshop por meio de uma prática de convívio de cinco
dias em que os participantes residirão com o grupo.
A partir de sua pesquisa Laboratório de Performance e a
ideia norteadora de criação de ações de artivismo
urbano, o trabalho de criação será desenvolvido junto aos
participantes a fim de construir uma ação coletiva.
Teatro de Operações é um grupo formado por artistas
de diversas partes do Brasil que se dedica à pesquisa de
formas de se conjugar arte e ativismo político, por meio
da criação de operações para o teatro de rua e do desen­
volvimento de pedagogias periféricas.
“Operação artística” é o termo usado pelo grupo, em
oposição à ideia de obra de arte. A Cena é Pública e B–T–G–P–T–1–4–0–5–9–Câmbio são as criações para teatro de rua
com que o grupo atualmente opera.
A pesquisa intitulada Pedagogias Periféricas trata da
investigação de formas de ensino específicas para zonas
periféricas. Aborda a periferia em três dimensões: econô­
mica, com o projeto Oficina de Teatro na Vila Cruzeiro e
em outros projetos atuantes em comunidades da cidade
do Rio de Janeiro; cultural, com o projeto Vivências, po­
tencializando artistas fora do eixo cultural hegemônico;
e de linguagem, atuando em projetos no campo da saúde
mental, como Ateliê de Teatro e Desviantes Cia. Teatral.
74
workshop: 6 a 11 de dezembro, 14-21h
apresentação: 12 de dezembro, 20h
sp escola – sede marquês
workshop:
teatro
de operações
workshop: La
Pocha
Nostra
La Pocha Nostra é um coletivo que se foca na colaboração
artística para além das fronteiras nacionais e diferenças de raça,
gênero e geração, criando comunidades temporárias de artistas
rebeldes. Há vinte anos seus membros têm conduzido workshops
com performers, ativistas, atores, bailarinos, estudantes e mem­
bros de comunidades étnicas, como na LPN International Summer
School, sua ação pedagógica mais importante, focada no corpo
como centro de criação, reinvenção, memória e ativismo.
Esta organização transdisciplinar de artistas de diversas áreas,
gerações e etnias, e que busca eliminar as fronteiras entre
arte e política, teoria e prática, palco e plateia, tem Guillermo
Gómez-Peña como seu diretor artístico.
Seus trabalhos, que incluem performance art, vídeo, áudio, ins­
talações, poesia, jornalismo e teoria cultural, exploram temas
multiculturais, imigração, as políticas da linguagem, a “cultura
radical” e as novas tecnologias na era da globalização, com o uso
de gêneros mistos e linguagens experimentais, em uma mistura
de inglês e espanhol, fato e ficção, realidade social e cultura pop,
humor chicano e ativismo político.
Nos trabalhos do grupo, as fronteiras culturais são postas no
centro, enquanto o assim chamado mainstream é empurrado
para as margens e tratado como exótico e não-familiar, o que
coloca os espectadores na posição de “estrangeiros” e “minorias”.
Criação Coletiva de Guillermo Gómez-Peña, Michèle Ceballos, Saul Garcia
Lopez, Daniel B., Dani d’Emilia.
75
30 de novembro a 03 de dezembro, 18h
teatro ágora
gratuito
Mostra
de Atuação
CAC/
usp
30 de novembro | 30 min | livre
Ensaio sobre o vácuo
Duas atrizes, estudantes de artes cênicas no último ano
de graduação, se encontram e compartilham questiona­
mentos, experiências e referências sobre atuação. Para
organizar o material, são elaboradas perguntas, relacio­
nadas ao teatro e ao trabalho do ator, principalmente, e
enunciados que problematizam as questões sem neces­
sariamente encerrá-las em respostas. Os enunciados
são materializados por imagens, provocações, reflexões
escritas e procedimentos de criação que serão abertos ao
público ao fim do processo. A partilha tem o formato de
uma aula aberta previamente organizada pelas atrizes.
Atrizes Lívia de Souza e Naia Soares
01 de dezembro | 40 min | 12 anos
Primeiras Pessoas
Três narrativas distintas. Três figuras abrem seus mun­
dos e suas histórias. No mesmo espaço, cruzam-se,
confundem-se e se alteram umas às outras – mesmo que
não se vejam nunca. A morte, em diferentes formas, é o
que as conecta. Três figuras em momentos cruciais e de­
finitivos mergulham em abismos, e nós acompanhamos
suas quedas.
Atores Marina Merlino, Lucas Padovan e Pedro Dix
Direção José Rubens Siqueira Cenário, Iluminação, Trilha
Sonora José Rubens Siqueira Operação de Luz e Som
Luan Braga
76
02 de dezembro | 30 min | 16 anos
448 Fragmentos Desorientados
Em livre adaptação pop de Psicose 4:48, de Sarah Kane, o
público é conduzido por algumas dentre 448 estações;
cada uma se estabelece por movimentos do texto que
convergem num horizonte poético, em potências do estar
e possibilidades de interlocução, a partir da prenúncia da
solidão, da vida enquanto salto mortal e da possibilidade
de uma realidade outra. Consonante ao descrito, a atu­
ação quer trabalhar com provocações externas e com a
pesquisa textual da dramaturgia contemporânea, indo ao
encontro do universo proposto pela autora.
Atriz Gabriela Andrade Provocação Cênica Mateus Fávero
Sonoplastia e Cenografia Gabriela Andrade Iluminação
Marina Miguel
03 de dezembro | 40 min | 18 anos
Lágrimas de um Orgasmo Sincero
A partir do Manifesto Contrassexual de Paul-Beatrice
Preciado, a peça aborda questões de gênero e sexualida­
de. O desencaixotamento das identidades numa socie­
dade pretensamente liberta é o mote para, por meio da
performatividade, tentar quebrar com o que nos reprime
cotidianamente e atingir o trânsito das identidades e a
multiplicidade de performances de gênero.
Atores Bárbara Galego, Isadora Borges e Lucas Abe Dramaturgia Mari Costa Direção de arte e Dramaturgista: Wal­
diael Braz Performance Musical Martin Müller Anselment
Orientação Artística e Pedagógica Elisabeth Silva Lopes
77
Apoios
- UNAM e Teatro da UNAM (onde ?)
- Laboratório de Práticas Performativas da USP (HÁ?)
- CEUMA
- Teatro da Pomba Gira (há? ota pediu)
- Escola de Espectadores de Buenos Aires (vai entrar?FxC ok)
- DocumentaCena (há?)
- ECA/CAC
RAPPORT?
Realização
Parcerias
Apoios
Produção
apoios
& parcerias/
agradecimentos
serviço
& locais
de apresentação
Apresentações inteira: R$ 10,00 ∙ meia-entrada: R$ 5,00
Ingressos antecipados à venda na bilheteria.
Workshops sujeitos à prévia inscrição. Demais eventos gratuitos.
Teatro da USP ∙ Centro Universitário Maria Antônia
Rua Maria Antônia, 294 ∙ Consolação ∙ 11 3123.5233/5205
SP Escola de Teatro ∙ Sede Marquês
R. Marquês de Itu, 273-285 ∙ V. Buarque ∙ 11 3121.3200
SP Escola de Teatro ∙ Sede Roosevelt
Pç. Roosevelt, 210 ∙ Centro ∙ 11 3775.8600
Ágora Teatro
Rua Rui Barbosa, 672 ∙ Bela Vista ∙ 11 3284.0290
Teatro Pequeno Ato
R. Dr. Teodoro Baima, 78 ∙ República ∙ 11 99642.8350
Missão Paz ∙ Igreja Nossa Senhora da Paz
R. do Glicério, 225 ∙ Liberdade ∙ 11 3340.6950
Exposição Sudários ∙ Horários de visitação:
seg., qua., qui., sex., sáb. ∙ 18-20h
domingos ∙ 7h30-10h30, 18-20h
Agradecimentos Abílio Tavares, Abril Alzaga, Adriana Fragalle Moreira, Aline Rosa Lopes Santana Barros Dezio e equipe de
compras Reitoria/USP, Beatriz Elena Paredes Rangel, Camila Rodrigues, Camilla de Carli, Carla Estefan, Cecílio de Souza,
Celso Frateschi, Centro de Estudos Migratórios, Consulado Geral do México em São Paulo, Eduardo Alves, Elen Londero,
Embaixada do México no Brasil, Flavio Desgranges, Gabriel Salles, Giuliana Simões, Grupo Coordenador de Atividades de
Cultura e Extensão Universitária do Campus de São Carlos, Guilherme Marques, Hamilton de Castro Teixeira Silva, Ileana
Dieguez, Inerte, Ivam Cabral, Jean Carlo Cunha, João Marcos de Almeida Lopes, José Gerardo Traslosheros Hernández, Kil
Abreu, Leticia Carvalho, Luis Carlos da Conceição, Mara Célia Ramos Teixeira, Marcelo Denny, Maria Arminda do Nasci­
mento Arruda, Maria Fernanda Vomero, Mario Espinosa, Missão Paz, Motin- Movimento dos Teatros Independentes de São
Paulo, Oscar Soberane Benítez, Pe. Antenor Dalla Vecchia, Pe. Paolo Parisi, Pedro Granato, Ricardo Pettine, Sandra Cristina
Campos, Sesc Santos, Socorro Barbosa, Sonia Graffietti, Sonia Sobral, SP Escola de Teatro, Stenio Ramos, Sylvia Caiuby
Novaes, Sylvia Moreira, Tuca Capelossi, Valdecir Gouvea, Valdir Previde e Valmir Santos.
78
79
II Bienal de Teatro da Universidade de São Paulo
À Esquerda do Sol: Poéticas e Políticas Latino-Americanas
Idealização Maria Arminda do Nascimento Arruda
Concepção Original Celso Frateschi
Curadoria Cláudia Alves Fabiano, Dilson Rufino, Elisabeth Silva Lopes, Ferdinando
Martins, Francisco Serpa Peres, Maria Tendlau, Otacílio Alacran e René Piazentin
Coordenação Geral Ferdinando Martins
Coordenação de Curadoria Francisco Peres e Maria Tendlau
Coordenação de Ações Pedagógicas Cláudia Alves Fabiano
Coordenação da Mostra de Atuação Elisabeth Silva Lopes
Coordenação Administrativa e Financeira Juliana de Lucca
Contabilidade Nilton Casagrande
Secretária Neuza
Bilheteria Fábio
Manutenção Antônio Marcos
Bolsistas Vicente Mattos e Flávio Pontes
Produção Palipalan Arte e Cultura
Assessoria de Imprensa Rapport
Webdesign Michel Salviano
Traduções e Versões Aimar Labaki
Identidade Visual e Diagramação Juliana Sorzan e Fábio Larsson
Formato 16 x 16 cm Tipologia Univers LT e Caecilia LT Std Papel Cartão Triplex 250 g/m2
(capa) / Couché Fosco, 150 g/m2 (miolo) Número de páginas 80 Tiragem 2 000 exemplares
CTP, Impressão e Acabamento Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – imesp.