Julho / Agosto de 2010 - Associação Brasileira de Angus
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Julho / Agosto de 2010 - Associação Brasileira de Angus
Impresso Julho / Agosto de 2010 Especial 2219/03 – DR/RS Associação Brasileira de Angus 1 CORREIOS JULHO / AGOSTO DE 2010 - ANO 11 - Nº 48 INFORMATIVO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS 2 Julho / Agosto de 2010 EXPOSIÇÕES Julho / Agosto de 2010 3 4 Julho / Agosto de 2010 Associação Brasileira de Angus Diretoria Biênio 2009/2010 Diretoria Executiva Diretor Presidente Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello Diretor 1º Vice-Presidente Fábio Luiz Gomes Diretor vice-presidente Mariana Franco Tellechea Diretor vice-presidente José Roberto Pires Weber Diretor vice-presidente Paulo de Castro Marques Diretor Financeiro Marco Antônio Gomes da Costa Diretor de Marketing João Francisco Bade Wolf Diretor de Núcleos Ignacio Silva Tellechea Diretor sem Designação Específica Ronaldo Zechlinski de Oliveira Conselho de Administração Membros Eleitos Afonso Motta Antônio dos Santos Maciel Neto Cristopher Filippon Renato Zancanaro Washington Humberto Cinel Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA) Angelo Bastos Tellechea Antonio Martins Bastos Filho Fernando Bonotto Hermes Pinto João Vieira de Macedo Neto José Roberto Pires Weber José Paulo Dornelles Cairoli Reynaldo Titoff Salvador Conselho Fiscal Membros Efetivos Eduardo Macedo Linhares Roberto Soares Beck Ruy Alves Filho Membros Suplentes Elizabeth Linhares Torelly Carla Sandra Staiger Schneider Roberta Riemke Leon Conselho Técnico Susana Macedo Salvador – Presidente [email protected] Antônio Martins Bastos Filho [email protected] Luis Felipe Ferreira da Costa [email protected] Luiz Alberto Muller [email protected] Sérgio Tellechea [email protected] Amilton Cardoso Elias - Representante ANC [email protected] Coordenação Juliana Brunelli de Moraes [email protected] Jornalistas Responsáveis Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655 e Horst Knak - MTB/RS 4834 Colaboradores: jorn. Alexandre Gruszynski e jorn. Luciana Radicione Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA - jorn. Luciana Bueno Diagramação: Jorge Macedo Departamento Comercial: Daniela Levandovski e Carolina Milego 51 3231.6210 // 51 8116.9784 Edição, Diagramação, Arte e Finalização Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210 Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502 CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS www.agenciaciranda.com.br [email protected] Associação Brasileira de Angus Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501 CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS www.angus.org.br [email protected] Fone: 51 3328.9122 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. VOCÊ SABIA? EDITORIAL Expectativa de ótimos negócios Prezados amigos da raça Aberdeen Angus, sócios e parceiros; Já estamos no período da 33ª Expointer, no Parque Assis Brasil, em Esteio. A Associação Brasileira de Angus entra, nesta edição, com muitas novidades, entre elas a reformulação de seu estande que será apresentado de forma totalmente diferenciada, este ano, visando melhor receber seus associados e admiradores da raça. Teremos um andar com espaço destinado à sala de reuniões, ampliação da área reservada ao Restaurante Angus e, a Loja Angus virá com dimensões dignas de mais conforto na recepção dos clientes da raça. Quanto ao número de animais inscritos, temos um outro feito: São 378 animais Angus entre argola e a campo inscritos, um acréscimo de 11% sobre os números da Expointer 2009. Novamente, a raça lidera entre a pecuária de corte presente nesta que é uma das mais consagradas mostras do setor no país HUMOR e na América Latina. Em termos de comercialização, nossa expectativa é das mais otimistas e deveremos atuar com preços do quilo do gado gordo em R$ 3,00 o quilo vivo, valor que está em período de reação, no Rio Grande do Sul, o que deverá se refletir na Expointer e na continuidade dos remates de Primavera. Vale lembrar, que, no outono gaúcho os terneiros Angus certificados obtiveram resposta semelhante e foram negociados por valores entre R$ 3,20 kg/vivo e R$ 3,56 kg/vivo em praças tradicionais. Outra inovação diz respeito à realização dos leilões da raça, na Expointer. Neste ano, com o objetivo de fortalecer a comercialização da Angus, haverá o Leilão Seleção Angus – Expointer que comercializará, no mesmo evento, animais a campo e de argola. O remate ocorrerá em 31 de agosto, às 19h, na Pista J. Assim, optamos por levar essencialmente animais uniformes e de total qualidade e em um único dia de leilão. Esses animais passaram pelo crivo apurado de um técnico da Associação Brasileira de Angus que realizou a inspeção em todas as propriedades participantes. Nesta edição do Angus@newS você poderá acompanhar a programação completa da Angus na Expointer que traz o tema sanidade como uma das proposições máximas do VII Workshop Carne Angus Certificada a ocorrer na Casa RBS, em 2 de setembro. A temática estará sendo apresentada pelo diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado, que debaterá os impactos da possível retirada da vacinação contra a febre aftosa no mercado da carne. Finalizando, desejamos aos amigos votos de uma excelente mostra e ótimos negócios! Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello Presidente da Associação Brasileira de Angus Angus no celular A American Angus Association (AAA) é a primeira associação de criadores de bovinos do mundo a ter um Website compatível com smart phones. A novidade, disponível desde Junho, permite que criadores de Angus e interessados visitem o Site www.angus. org e tenham acesso a todos os dados dele diretamente de telefones celulares habilitados. Portanto, estar no meio do campo ou numa mangueira não é mais impeditivo para ter acesso a DEPs de animais e genealogias, pesos, sumários de touros, notícias gerais, lista de criadores e seus contatos, a equipe da AAA e tudo mais o que o site oficial www.angus.org oferece através da Internet convencional via computadores. “Nossos associados precisavam de uma versão do nosso Site que fosse compatível com os novos celulares do mercado para poderem trabalhar melhor de qualquer lugar”, explica Lou Ann Adams, Diretora de Sistemas de Informação da AAA. Novos Sócios Entre 1º de janeiro e 9 de Junho de 2010, a Associação Brasileira de Angus incorporou 15 novos associados ao seu quadro. A todos o bem-vindo da diretoria da ABA. São eles: Agropecuária Hasab - Estância Bertolini Bento Gonçalves – RS; Alexandre Peixoto Forster - Fazenda Tio João e Fazenda Nova Aurora - Santiago - RS; Cláudio Antônio Kellermann - Fazenda Do Paraiso – Canguçu - RS; Dorival Alberto Muck - Fazenda Coxilha Das Figueiras – Canoas - RS; Eduardo Antonelli - Cabanha Canaã - Pato Branco - PR; Erik Evandro Donatto - Sítio Santa Helena/ Cabanha Santa Helena - Santa Adélia – SP; Everton Luis Jaques - Fazenda Caraguata – Camaquã - RS; Ipê Branco Agropecuária Ltda. - Fazenda Ipê Branco - Nova Andradina - MS; Luciana Pereira Menegatti - Fazenda Casa da Telha - Coronel Vivida - PR; Manoel Francisco Pontes Oyhenard - Estância Cambará – Uruguaiana - RS; Marcos Evaldo Pandolfi - Camboatã Agropecuária – Esmeralda - RS; Norberto Feldmann - Invernada Da Bela Vista - Cachoeira Do Sul - RS; Otávio Orsi De Camargo - Fazenda Rio Da Telha Porto Alegre – RS; Rodolfo Poglia Berleze - Agropecuária Santa Augusta - Santa Maria - PA; Solução Genética ImportaDora E Exportadora Ltda. - São Luiz Gonzaga - RS Julho / Agosto de 2010 5 6 REPORTAGEM Julho / Agosto de 2010 Programa Carne Angus: o pilar da raça Fotos: ABA/Divulgação O sonho era mesmo antigo – ter uma marca de carne; ter uma carne de marca. Criar uma raça que é marca de carne de qualidade no mercado. As formas se fundiam e circulavam cada vez mais no pensamento e nas esperanças daqueles criadores mais atilados, alguns de maior tradição na raça, e especialmente entre aqueles de maior visão, que lançam o olhar à frente, no futuro. Por Eduardo Fehn Teixeira B astava que estivessem reunidos num evento, num dia de campo ou leilão da raça, para que o assunto ressurgisse com força. Nos tempos mais antigos e mesmo recentes, gente que havia circulado pelos Estados Unidos, por exemplo, voltava maravilhada. “Lá existem cabanhas que tem sua própria marca de carne”, contavam aos demais ... E relatavam também que a Associação de Angus norte-americana havia implantado, com enorme êxito, um programa de carne de qualidade, que começava pela genética e terminava na mesa do consumidor, que já pedia em alto e bom som no comércio e nos restaurantes: “quero carne Angus!” E o tempo foi passando. E muito se falava, mas pouco ou nada se fazia. Ficava tudo na conversa. Afinal, não era mesmo uma ação para criadores de gado. Mesmo que esse gado fosse Angus ... Afinal, um, dois, três ou até meia dúzia ou uma dúzia de criadores pouco ou quase nada mesmo poderiam fazer em termos de abastecimento da indústria. Mal tinham tempo para cuidar de seus plantéis, de seus rebanhos. Era páreo para empresários, envolvendo inicialmente a Associação Brasileira de Angus (ABA), técnicos especializados e algum importante frigorífico. E na continuidade do processo, viriam os varejistas, que levariam o produto até o consumidor final. Passaram-se alguns de muitos anos para que viesse a conscientização de que este era um trabalho altamente positivo para todos – para os produtores, para a indústria, para o consumidor final e para a marca Angus, que com o passar do tempo ficaria mais e mais conhecida e prestigiada no mercado. E, por certo, para a raça, da genética Angus, que comprovadamente vem crescendo na preferência de uso do mercado. Afinal: o Programa Carne Angus Certificada é mesmo o pilar da raça, como costuma dizer o atual presidente da ABA, Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello! A construção do grande sonho “Tudo começou em 1982, quando, recém formado em agronomia, fui estagiar no rancho Beartooth (que significa dente de urso), em Montana, uma das propriedades que mais trabalhava com genéticas Angus e Hereford nos Estados Unidos. Atuei lá por cinco meses, durante o Inverno e a Primavera. E foi lá que, pela primeira vez, pude perceber a importância do produto carne Angus e da implantação de um programa de carne de qualidade”, sintetiza Reynaldo Titoff Salvador, que presidiu a Associação Brasileira de Angus (ABA) no período 1988/92 e também na gestão 2002/2004. Com este grupo na direção da ABA, começava a concretização do sonho de implantar e desenvolver o programa de carne de qualidade Angus – o Programa Carne Angus Certificada. Lá em Denver ... Na qualificada exposição de Denver, em 1982, nos Estados Unidos, quando no Brasil presidia a ABA seu sogro, João Vieira de Macedo Neto, Salvador conheceu Dick Spader, que era o Diretor Executivo da Angus Americana, a poderosa American Angus Association (AAA). “Ele me mostrou o trabalho que a entidade estava começando a desenvolver por lá: era o “Certified Angus Beef”, ou o programa de carne certificada Angus nos Estados Unidos. E foi naquele momento que percebi que aquele era o caminho para os criadores de Angus brasileiros”, revela o selecionador, então jovem e cheio de idéias a compartilhar, a realizar. Concluído seu estágio, Salvador retornou ao Rio Grande do Sul e seguiu trabalhando na hoje centenária Cabanha Azul, um centro de excelência na seleção de Angus, Hereford e Devon. Mas trouxe consigo as vivências e as informações que reuniu nos Estados Unidos, além de alguns contatos de criadores e de dirigentes da Angus norte-americana. Em 1988, quando assumiu pela primeira vez a presidência da ABA, tratou logo de colocar em prática suas metas. Através do departamento jurídico do então Grupo Ipiranga (que na época pertencia também a algumas famílias gaúchas e criadoras de Angus), foi encaminhado o registro da marca Angus no Brasil, que foi efetivado nas gestões de Ângelo Bastos Tellechea (1993/94) e de Fernando Bonotto (1996/98). Angus: marca registrada “O Registro da marca Angus no Brasil, como propriedade da ABA, foi o primeiro passo rumo à profissionalização da entidade e também a sua preparação para a implantação de um programa de carne de qualidade”, recorda Reynaldo Salvador. E começaram as tratativas com os frigoríficos. O pioneiro no processo foi o Frigorífico Rio Pel, de Pelotas, onde se realizaram os primeiros aba- tes de animais Angus com vistas à produção da sonhada Carne Angus. “Na presença do então ministro da Agricultura Antonio Cabreira Mano Filho, firmamos a primeira parceria da ABA, com aquele frigorífico. Mas o programa não se consolidou. Ainda não estava maduro. Faltaram animais para abate e também o frigorífico passou a enfrentar dificuldades financeiras. O programa parou”, relata Salvador. No primeiro congresso de Angus O programa parou, sim. Mas não morreu. Em 1988/89 foi realizado em Porto Alegre o 1º Congresso Brasileiro de Angus. E não deu outra. Criadores e técnicos se juntaram para palestras e debates e ficou nítida a possibilidade da ABA voltar a “amarrar” produtor e indústria para a produção de carne Angus. A seguir, na gestão de José Roberto Pires Weber (1998/2002), quando atuou como diretor financeiro da ABA, Salvador, com o apoio de Weber e dos demais dirigentes da ABA, fixou a idéia da cadeia produtor – indústria – consumidor. O primeiro desafio foi que os produtores gerassem animais adequados à produção da carne Angus, direcionando todos os abates desses novilhos para somente uma planta frigorífica. “De 2002 a 2003 finalmente conseguimos alcançar o volume, a idade e a terminação dos animais. Eram abatidos 200 animais por mês, fornecidos por cerca de 10 produtores”, recorda Salvador. Foi a primeira vitória concreta do programa. >>> Julho / Agosto de 2010 7 8 REPORTAGEM Julho / Agosto de 2010 O programa, em operação Fotos: ABA/Divulgação Em 2003 Reynaldo Salvador assumiu novamente a direção da ABA. Focado, já em janeiro deste ano firmou parceria com o então Frigorífico Mercosul, na época e por muitos anos uma indústria líder de mercado no segmento no Sul do Brasil. Idas e vindas e acertados os detalhes técnicos e negociais, com o então diretor do Mercosul, empresário Mauro Pilz, e o projeto do Programa Carne Angus Certificada foi aprovado pelo frigorífico. “Passamos a controlar o direcio- namento de animais para o programa junto ao frigorífico. Conseguimos bonificação de 3%, equivalente a R$ 0,05 pelo quilo vivo de animal certificado abatido, que ficou acima do valor médio pago na região”, recorda Salvador. Segundo ele, a partir desta ocasião, a ABA passou a ter total controle da situação e a meta seguinte passou a ser a mobilização dos produtores, visando incrementar o volume de abates e a qualidade dos animais destinados ao programa. “Já em novembro de 2003 chegamos ao que eu chamo de número mágico: tínhamos para abate mil carcaças de Angus ...”, recorda. Na seqüência de ações, veio a parceria com o terceiro elo da cadeia, o varejo. “Pelo perfil de qualidade e públicos A/B, selecionamos e nos direcionamos à rede Zaffari de Supermercados. Nos reunimos com o diretor, Cláudio Zaffari, o seduzimos, firmamos o acordo e em seguida surgiu para o mercado a carne Angus/Zaffari, disponível inicialmente em duas lojas da rede, depois quatro e foi crescendo”, diz o então dirigente da ABA. Para Reynaldo Salvador, a partir daí a evolução vem sendo marcante. Ele garante que o programa tem todo o futuro possível. “Temos que buscar novos mercados que sejam remuneradores de nossa carne, inclusive no exterior. E no mercado interno, colocar preço na carne, para poder remunerar à altura os nossos produtores”, aponta Salvador. Do embrião à realidade Angelo Bastos Tellechea, que presidiu a ABA no biênio 1993/94, pode ser considerado, juntamente com seu sucessor Fernando Bonotto e com o sucessor deste, José Roberto Pires Weber, como dirigentes positivos e efetivamente envolvidos no processo de amadurecimento da realização do Programa Carne Angus Certificada. “O tema carne de qualidade já não era novo. Diretorias anteriores da entidade já debatiam a questão, na busca da construção de um caminho viável. Mas o problema maior seguia o mesmo: falta de recursos para tocar o projeto”, sintetiza Angelo, um engenheiro industrial que durante anos atuou como dirigente empresarial e que, de certo modo introduziu, tanto na associação de Angus como na administração de sua propriedade, a Estância Umbu, em Uruguaiana, RS, conhecimentos e rotinas utilizadas no meio empresarial urbano. “Naquela época, já havia um acordo entre a ABA e o Frigorífico Rio Pel, em Pelotas, RS, onde eram abatidos animais padronizados da raça. Mas ainda eram poucos animais, de poucos produtores”, revela Angelo. Ele recorda que, como a ABA não tinha condições de remunerar seus próprios técnicos para o trabalho da certificação da carne, houve tentativas de envolver no processo técnicos do Ministério da Agricultura que atuavam junto ao frigorífico. “Na verdade ainda estávamos dando os primeiros passos neste assunto. Sabíamos que precisávamos implantar um programa de carne de qualidade com uma formatação certificadora, mas nos faltavam informações apropriadas e recursos para seguir adiante”, diz o selecionador de Angus. Ele conta que um dos pontos positivos foram conversas que criadores gaúchos e dirigentes da ABA mantiveram com criadores e dirigentes da associação da raça na Argentina, durante a Exposição de Palermo. “Eles já tinham mais experiência do que nós no assunto. Inclusive já possuíam seu próprio programa de carne de qualidade, e nos passaram boas informações de como avançar no processo”, aponta. “Mas em minha avaliação, até hoje essa relação entre a indústria e o produtor ainda não encontra bom termo”, observa Ângelo, comentando que o produtor ainda não recebe remuneração à altura da qualidade do produto que entrega para abate”. >>> Julho / Agosto de 2010 9 10 Julho / Agosto de 2010 REPORTAGEM Todos esperavam pelo programa Fotos: ABA/Divulgação O selecionador Fernando Bonotto, titular da ABN Agropecuária, em Santiago, RS, conta que quando assumiu a direção da ABA (gestão 1996 a 98) o assunto carne Angus já pipocava em todas as conversas entre os criadores nos eventos da raça e também nas reuniões de diretoria da entidade. “Todos queriam muito que o programa passasse a existir, mas estávamos mesmo meio perdidos. Não sabíamos por onde começar”, observou. B onotto revela que a coisa funcionava mais ou menos como a história do ovo e da galinha: os criadores não produziam o novilho no padrão para abate porque não existia o programa, e o programa não existia porque os novilhos não eram produzidos ... “Parece brincadeira, mas era mesmo assim. A ABA precisava descobrir os caminhos certos para a montagem do programa, o que fez logo, logo. E os produtores passaram a acreditar nele, entregando os novilhos no ponto. Por isso, este programa tem um presente e um futuro grandiosos”, opina o ex-dirigente da ABA. Finalmente, em operação Para o dirigente da ABA em cujo período foi iniciado oficialmente o Programa Carne Angus Certificada, o que se tem hoje nem de longe se parece com as condições que haviam lá no início. José Roberto Pires Weber, titular da Estância Santa Thereza, em Dom Pedrito, RS - que no comando da ABA tinha Reynaldo Salvador como seu diretor financeiro - avalia que na época simplesmente não haviam todas as condições existentes na atualidade. “Éramos empresários do campo, pecuaristas, criadores de Angus que tinham como meta a implantação de um programa capaz de agregar à carne Angus o seu verdadeiro valor, pela sua incontestável qualidade, que em outros centros mundiais já era largamente reconhecida”, recorda Weber. Segundo ele, tudo era muito difícil. Havia a experiência da associação norte-americana de Angus e da associação de Angus argentina. Mas não existia a imagem formada junto aos frigoríficos ou com o varejo e mesmo em nível de produtor e de consumidor. “Eram itens a serem muito trabalhados. E também precisávamos formatar toda a área de certificação, bastante técnica. Mas, pelo que se vê hoje, todo o esforço está sendo recompensado”, avalia Weber. Com Cairoli, a solidificação do Carne Angus José Paulo Dornelles Cairoli atuou como presidente da ABA durante duas gestões consecutivas, entre 2005 a 2008, quando o Programa Carne Angus Certificada já estava razoavelmente estruturado e encontrava condições favoráveis ao seu crescimento, depois de ser oficialmente implantado na gestão de José Roberto Weber e de ter sido aperfeiçoado em termos de estrutura numa nova gestão de Reynaldo Salvador. Cairoli registrou forte atuação na promoção do programa junto aos criadores, consolidando o trabalho técnico que vinha sendo feito e alcançando boa imagem construída junto à toda a cadeia da carne. Ele também criou condições para o aperfeiçoamento técnico do programa, trazendo boas novidades em termos de processos de certificação da carne Fernando Bonotto nos frigoríficos, ampliando bastante o alcance do programa em nível de Brasil, com a formação de novas parcerias na região sudeste (Frigorifico Marfrig e VPJ Beef). “É o programa da ABA de maior importância e credibilidade junto ao mercado como um todo, funcionando não só para a produção da melhor carne do mundo – a carne Angus – como também para alavancar toda a cadeia produtiva e toda a imagem da raça Angus, não só no Sul do Brasil, mas em todas as importantes regiões produtoras do País”, classifica o dirigente. Para Cairoli, entre outros benefícios, o Programa Carne Angus, graças ao eficiente trabalho de equipe da ABA e o apoio dos produtores, conseguiu conquistar desde o criador/produtor, que cresceu em número, direcionou a produção pecuária para a genética Angus e hoje atinge o segmento desde o terneiro/bezerro (com o programa Terneiro Angus Certificado, que é o novilho de abate para a geração da carne Angus), até o rebanho da raça como um todo. Atinge também a indústria, que pode contar com um nível padronizado de animais para abate e ainda o varejo, colocando a carne Angus nas gôndolas de importantes supermercados como a rede Zaffari e em destacadas churrascarias como a Barranco, em Porto Alegre. José Paulo Cairoli destaca que o programa de carne de qualidade da Angus, ao mesmo tempo que faz o marketing da raça, atinge desde o criador de touros até o invernador, passando por indústria e varejo e garantido ao consumidor uma qualidade que a marca Angus já solidificou no mundo e rentabilidade a todos os elos da cadeia. Participante, desde o início Via de regra, as associações de raça trabalham no tripé registro genealógi- co, exposições e leilões. Esses níveis de receita são muito frágeis, pois qualquer oscilação no mercado traria problemas ao caixa da entidade. “Pois foi no momento que a ABA compreendeu essa situação e decidiu investir na montagem de um programa de carne de qualidade, que tudo começou a mudar para melhor”, começa dizendo o veterinário Fernando Furtado Velloso, que atuou como gerente da ABA e apoiou o Programa Carne Angus Certificada desde o início de seu trabalho, tornando-se Gerente Carne Angus em 2007. Segundo ele, a partir desta nova postura, a ABA passou a se relacionar com todo o mercado e não mais unicamente com o setor de genética. E foi aí que a associação passou a se distanciar e se diferenciar das demais associações de raças. Saiu de 20 ou 30 mil animais ao ano e se envolveu com 12 a 13 milhões de animais no Rio Grande do Sul. Passou de seu quadro de associados para um novo universo de produtores. Assim, se antes a preocupação da ABA era com o produtor de touros, depois passou a ser também com o consumidor de carne. Veio o mercado da carne, do marketing do consumidor e da certificação da carne. A entidade passou a se relacionar e a conhecer não só o produtor, mas também as rotinas da indústria. Tanto para a implantação como para a formatação de funcionamento do programa Carne Angus, as bases foram os modelos dos programas que já existiam e faziam sucesso nos Estados Unidos, na Austrália e na Argentina. Nas rotinas da certificação da carne, vieram a classificação das carcaças e todos os processos de certificação da carne, que foram implantados a partir das guias ISO, surgindo, logo a seguir, a certificação AUSMEAT. São padrões internacionais e auditáveis. José Paulo Dornelles Cairoli Reynaldo Titof f Salvador >>> Julho / Agosto de 2010 11 12 REPORTAGEM Julho / Agosto de 2010 Um forte lobby sobre a indústria Fotos: ABA/Divulgação Com o lobby da associação de Angus sobre o mercado e especialmente a indústria, conseguimos fazer com que o frigorífico que liderava o mercado no Sul do Brasil, o então Mercosul, dissesse, publicamente: eu prefiro animais de genética Angus. E essa atitude do frigorífico também passou a ser um direcionador para o mercado – a preferência por gado Angus. Um verdadeiro benchmarketing Márcia Dutra de Barcellos, veterinária, pesquisadora e especialista na área de Agronegócios – atual professora adjunta do programa de pós graduação em Administração da UFRGS – dirigiu o Programa Carne Angus durante a primeira metade da primeira gestão de José Paulo Cairoli, e foi a executiva responsável pela montagem do programa desde seu início oficial em 2003, atuando como sua coordenadora durante os anos de 2003 e 2004 e tendo grande importância em sua estruturação, sendo sua diretora durante o ano de 2005, em continuidade ao trabalho. Para ela, o programa da ABA é um verdadeiro benchmarketing para o segmento no Brasil. Definindo com mais clareza, ela observa que se poderia dizer que é a busca das melhores práticas em toda a cadeia – criador, indústria e varejo - que conduzem a um desempenho comprovadamente superior, através das técnicas de certificação. “Desde a sua criação, este programa só cresceu, consolidando posições não só entre os pecuaristas, mas também ganhando importância para a indústria e o varejo”, diz Márcia. Ela aponta ainda a sua significação como um impulsionador da marca Angus. “Na ponta final do processo, todos ganham com a qualidade superior do produto, do criador à indústria, varejo e especialmente o consumidor. E ganha a imagem pública da marca Angus, que também cresce em valor como raça de gado de corte”, considera a especialista. >>> Márcia Dutra de Barcellos Fernando Velloso como um todo. “Hoje, quando se quer falar em boa carne, não se diz mais que a carne é Argentina, e sim que é Angus”, exemplifica. Fernando Osório diz que o programa Carne Angus tem muito a ver com os mais de 1,45 milhão de doses de sêmen comercializadas na raça em 2009, e também que graças ao sucesso do programa, Angus não é mais somente sobrepreço, é também garantia de liquidez. Vivian Diesel Pötter Fernando Osório José Roberto Pires Weber eio o varejo. E ver a carne da marca Angus exposta à venda nas prateleiras dos supermercados passou a influir sobre toda a cadeia. O produtor se sentiu mais motivado e isto também contribuiu para a construção da maca Angus. Com o surgimento da parceria entre a ABA e o Frigorífico Marfrig, em 2006/2007, em negociações lideradas por José Paulo Dornelles Cairoli, a carne Angus conseguiu saltar para além das fronteiras do Rio Grande do Sul. “O Marfrig disse para o Brasil o que o Mercosul já tinha dito ao Rio Grande do Sul: nós preferimos Angus e pagamos mais por esta genética ...” Assim, de 14 a 15 milhões de cabeças de gado, a ABA passou a lidar, através de seu programa de carne de qualidade, com um universo nacional, formado por um volume de gado entre 10 a 15 vezes maior. Olhando para o futuro, Velloso, que trabalhou como gerente da ABA e após do Programa Carne Angus Certificada, deixando a entidade no início de 2010, vê a necessidade do desenvolvimento de novos modelos de negócios entre produtor e indústria, entre a ABA e as indústrias e entre o programa Carne Angus como um todo e as redes varejistas. vador, no período de 2003 a 2004, o programa Carne Angus tem um futuro garantido no Brasil, a exemplo do que já ocorre nos principais centros produtores de carne no mundo. Ele entende que o programa deveria ser a principal ação da ABA junto ao mercado como um todo, envolvendo produtores, indústria e o varejo, assim como a área de exportação. “O mundo conhece Angus pela qualidade de sua carne”, afirma. Para ele, os principais países exportadores de carne de qualidade – Argentina, Austrália e Estados Unidos – tem a Angus como a sua principal raça, e sabem que Angus é sinônimo de carne de qualidade. E ele argumenta que o sucesso do programa de carnes da ABA também está impulsionando a raça Angus V A palavra dos diretores do Carne Angus Para o selecionador Fernando Correa Osório, que foi o primeiro diretor do Programa Carne Angus, durante a gestão de Reynaldo Sal- CONSELHO TÉCNICO Julho / Agosto de 2010 13 14 REPORTAGEM Julho / Agosto de 2010 Carne Angus impulsiona uso da raça Fotos: ABA/Divulgação Joaquim Mello Na seqüência da primeira gestão de José Cairoli na direção da ABA (entre 2007/2008), o Programa Carne Angus teve na direção um de seus fundadores e ferrenhos defensores – o atual presidente da ABA, selecionador Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, proprietário da Estância Santa Eulália, em Pelotas, RS. Para ele, a qualidade da carne é o pilar principal de sustentação da raça. “Cada vez mais a qualidade da carne vem impulsionando o uso da raça, da genética Angus sobre os rebanhos formadores de nossa pecuária. Conforme o dirigente, o Brasil é o maior exportador de carne do mundo, mas nossa carne ainda tem preços que ficam muito aquém da remuneração da carne de países que já tem tradição em carne de qualidade, casos do Uruguai, Argentina, Nova Zelândia, Austrália e Estados Unidos, entre outros. “Mas já temos genética que, bem administrada, vai nos dar condições de colocar a raça Angus e a carne Angus no mesmo nível dos melhores do mundo”, prospecta Joaquim Mello. Ele afirma que a genética Angus será a grande responsável pela elevação do nível de qualidade das carcaças no Brasil. “Será o grande melhorador do Nelore, e pelos números da venda de sêmen Angus anunciados pela ASBIA, de cerca de 1,5 milhão de doses em 2009, isto já está acontecendo”, acredita Mello. Juliana Brunelli Fábio Medeiros Uma criança, cuidada desde o embrião A criadora de Angus e veterinária Dra. Vivian Potter (leia-se Agropecuária Quiri, em Dom Pedrito, RS), que dirigiu o programa Carne Angus durante a segunda gestão de José Paulo Cairoli (2007/2008), conhece o Carne Angus desde que foi criado. “É como se fosse uma criança, cuidada desde o embrião”, ilustra. Para ela, a tendência é do programa crescer e melhorar sempre, em todos os sentidos. “Tecnicamente já tivemos vários e bons avanços. Mas são coisas que precisam ser feitas passo a passo, para que possam ser consolidadas e o programa avançar, sem recuos”, avalia. Segundo Vivian, a remuneração ainda não está no patamar que o produtor gostaria. Entretanto a valorização da raça, da genética Angus, em todo o Brasil, é inegável. E isso vale muito. “O que o consumidor do primeiro mundo já sabia, agora também aqui está se tornando uma verdade: carne é Angus”, empolga-se. Time técnico: os que trabalham em silêncio O médico veterinário, Doutor em Zootecnia - Fábio Medeiros, é subgerente da ABA – Programa Carne Angus e o responsável técnico pelo Programa Carne Angus Certificada em todo o Brasil, coodernando atualmente uma equipe altamente qualificada e treinada de 14 profissionais, que não para de crescer. Trabalhando no programa praticamente desde o seu início de operação (março de 2004), quando também estreava a comercialização da carne Angus no varejo, Fábio Medeiros foi o responsável pelo desenvolvimento do Sistema de Gestão pela Qualidade, que padronizou os processos de certificação do Programa Carne Angus, o qual culminou com o reconhecimento inédito do programa pela certificadora mundial AUSMEAT, em 2007, tra- balho que é mantido até hoje, através de auditorias periódicas das unidades industriais. “Para que o programa pudesse se profissionalizar e ser reconhecido por sua idoneidade, era necessário montar um sistema de certificação de padrão internacional, seguro e auditável. A ABA empenhou esforços desde 2005 na construção deste modelo, que hoje é referência nacional em certificação da qualidade de carnes” afirma Medeiros, relatando o alto grau de profissionalização atingido pelo Programa Carne Angus. Ele argumenta que o Programa Carne Angus é um case de sucesso na integração da cadeia produtiva e tem sido a mola mestra do desenvolvimento da raça Angus no Brasil. Baseado na relação ganha-ganha, beneficia todos os elos da cadeia produtiva, desde o consumidor que tem um produto diferenciado com certeza de sua qualidade, até o produtor, que se beneficia desta diferenciação recebendo valores a mais pela qualidade dos animais que produz. “Respeitado e admirado por sua credibilidade e qualidade de seus produtos, hoje o Programa Carne Angus Certificada é um dos mais importantes Programas de Carne do Brasil”, diz o especialista da ABA. Para Juliana Brunelli, médica veterinária, Gerente Administrativa da ABA, o Programa Carne Angus Certificada esta em ascendente expansão, o volume de carne Angus produzido ainda neste semestre supera todas as marcas já atingidas pelo programa desde sua criação, marcas estas que já possuem grande representatividade dentro mercado. Por isso estamos sempre focados para que o programa mantenha e conquiste cada vez espaço dentro do mercado, possibilitando importantes vantagens comerciais para o produtor que usa a genética Angus, como também carne com qualidade certificada para indústria e para o Angelo Tellechea consumidor”, examina Juliana. O dia-a-dia, dentro da indústria Responsável pela supervisão do Controle de Qualidade do Programa Carne Angus Certificada dentro das insdústrias do Grupo Marfrig no RS, a veterinária Ana Doralina Alves Menezes, considera que o programa tem grande importância para a raça e para seus criadores, especialmente porque leva ao mercado a comprovação do que sempre se falou a respeito da carne Angus: o seu diferencial de qualidade. A carne Angus – diz Ana Doralina – despertou nos produtores os preceitos do bem estar animal. “Antes o produtor carregava os bois no caminhão do frigorífico e pronto. Mas agora, ele se preocupa com a qualidade deste serviço e com todas as ações até o abate, para que não hajam perdas na carcaça”, informa a técnica, observando que o produtor também se preocupa com o pós abate, com os cuidados técnicos com a carne, os cortes e a classificação das carcaças. Trabalhando no Programa desde 2006, a médica veterinária Gabriela Ribeiro, supervisora do Controle de Qualidade do Programa no Frigorífico Silva, destaca a importância da presença da ABA no dia a dia da indústria. “Nossa função não é apenas garantir a identidade dos produtos, mas também sua aparência, embalagem e a qualidade do processo industrial, para que a carne Angus possa expressar todo seu potencial”, sentencia, elogiando o alto grau de qualificação e comprometimento alcançado pela equipe de certificadores da ABA. Juntamente com elas, as também veterinárias Angélica Pereira e Ana Paula Rodrigues e uma grande equipe técnica atuam no dia a dia das industrias, garantindo a identidade e >>> a qualidade da carne Angus. Julho / Agosto de 2010 15 16 REPORTAGEM Julho / Agosto de 2010 Com o crescimento, surgem os parceiros Fotos: ABA/Divulgação Marcos Molina, presidente do Marfrig O primeiro grande parceiro do Programa Carne Angus Certificada foi o Frigorífico Mercosul, hoje adquirido pelo Grupo Marfrig, que deu seqüência à parceria com a ABA e inclusive expandiu o Programa Carne Angus Certificada para suas plantas no centro do País, contagiando produtores para a genética Angus e chamando a atenção do mercado brasileiro como um todo. Marfrig Group Em acordo firmado no final de 2006 pelo presidente do Grupo, Marcos Molina, com a presença do então presidente da ABIEC, Marcus Vinícius Pratini de Morais, o grupo Marfrig passou a integrar o programa. Buscando o desenvolvimento do potencial do Angus no cruzamento industrial, investiu em programas de fomento a inseminação artificial nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, conseguindo grande êxito na difusão da genética Angus nestas regiões e garantindo a oferta de matéria prima para abate. Com o arrendamento das unidades do Marfrig, a equipe dirigida pelo experiente James Cruden, visualizado o potencial do RS para produção da carne Angus, renovou sua parceria com a ABA, conferindo diferenciais de preço para os animais Angus. Hoje, com cinco plantas produzindo a carne Angus em todo o País e com a posição de mercado consolidada como a segunda maior indústria de carnes do Brasil, o Marfrig se tornou um dos principais parceiros da ABA. VPJ Pecuária Em agosto de 2007 a VPJ Beef (empresa do grupo VPJ, de propriedade do selecionador Valdomiro Poliselli Júnior, em Jaguariúna e Pirassununga, SP), obteve o selo de certificação do Programa Carne Angus Certificada. Mas a essas alturas o agroempresário Valdomiro Poliselli Junior, à frente do grupo VPJ, já havia montado toda a estrutura e já estava produzindo os cortes de carne Angus, organizando um sistema capaz de atender às exigências do mercado. “A ABA realiza um trabalho muito técnico e correto na certificação da carne Angus. E o consumidor, seja ele particular ou restaurantes, já identifica e valoriza este selo de certificação, que comprova a incomparável qualidade da carne Angus”, diz, com otimismo e orgulho, o administrador de empresas e gerente da VPJ Beef (empresa do grupo criada para a área de carnes de qualidade), Antonio Augusto Miranda Segundo ele, a VPJ Beef é uma “grife de carnes” que atua hoje no mercado de quem anteriormente comprava carne importada, por exemplo da Argentina e do Uruguai, e agora está trabalhando com a carne VPJ e está mais do que satisfeito. “O cliente nos diz o que quer e a quantidade, e nós fazemos a entrega da carne já porcionada e dentro das especificações encomendadas”, explica Miranda. Na área de abates, a VPJ Beef está trabalhando com um volume médio de 120 toneladas ao mês, oferecendo ao mercado 420 itens em carnes de qualidade não só de bovinos, mas também de ovinos. Caracterizados pela inovação, a VPJ Beef produz além de cortes especiais de carne Angus Hamburguers 100% Carne Angus certificada, além de outros itens de alto valor agregado como o Carpaccio Angus. Frigorífico da Gruta Parceiro do Programa desde o final de 2008, tem sua produção especialmente direcionada a suas boutiques no RS, atuando de forma verticalizada na cadeia produtiva. Realiza um importante trabalho de fomento da raça no extremo Sul do Estado gaúcho, financiando a qualificação dos rebanhos da região. No Silva, produção é crescente A boa aceitação da Carne Angus Certificada pelo mercado está fazendo com que o Frigorífico Silva venha gradualmente aumentando a sua participação como destacado parceiro do programa de carne de qualidade da ABA. “Desde que firmamos a parceria, na Expointer 2009, temos realizado um trabalho de base bastante firme neste projeto, e pela resposta positiva do mercado, temos elevado o volume de abates em nossas plantas industriais”, revela, com otimismo, o zootecnista Diogo Carvalho Soccal, consultor do Frigorífico Silva, do Rio Grande do Sul - o mais novo parceiro ro Programa Carne Angus. Segundo Soccal, na atualidade o Valdomiro Poliselli Jr. Silva está abatendo em torno de 1.400 animais certificados ao mês, tendo com meta sempre presente a evolução constante desta performance. “Remuneramos os produtores com percentuais que ficam até 3% acima dos valores praticados pelo frigorífico no mercado”, diz Diogo Soccal. Para o dirigente, a comercialização da carne é tarefa fácil, porque o mercado a quer. Mas o gargalo atual do programa é a formação de produtores para o abastecimento dos abates com animais no padrão exigido. “Tudo neste programa da associação de Angus é altamente positivo e o seu crescimento é apenas uma questão de tempo”, avalia o consultor. A Carne Angus nas gôndolas dos supermercados “A busca por um produto realmente diferenciado em termos de qualidade passou a ser uma preocupação constante de nossa empresa, tanto que desde os anos 70 oferecemos aos nossos clientes/ consumidores os cortes de carne de Novilho Precoce Zaffari”, revela o diretor da rede gaúcha Zaffari de Supermercados, Cláudio Zaffari. Segundo o dirigente, o Novilho Precoce foi o início das boas experiências realizadas pela empresa, que até hoje segue preocupada em oferecer o que há de melhor a seus públicos consumidores. “Na atualidade, temos outras marcas de carnes, mas a Carne Angus, por seu sucesso junto aos consumidores, tem sido uma das grandes geradoras desses cortes de carnes realmente diferenciadas e levando às pessoas a garantia de um produto de qualidade comprovadamente superior”, diz Cláudio Zaffari. Uma rede que cresce, do campo à gôndola O Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), teve início em 2001, passando por fases de estudos, levantamento de viabilidade técnica, entre outros aspectos e itens necessários à sua efetiva implantação e funcionamento. A partir de março de 2003 foram iniciadas as atividades de classificação de animais para abate, no frigorífico Mercosul (hoje Marfrig). Em março de 2004, o programa alcançou as gôndolas da rede Zaffari-Bourbon, principal rede de varejo do Rio Grande do Sul, com grande identificação por parte do consumidor através do quesito qualidade. Seguindo o plano de expansão do Programa Carne Angus para todo o País, em dezembro de 2006 foi assinado o acordo que levaria, através do Frigorífico Marfrig, o programa para a região sudeste brasileira. Os trabalhos tiveram início na unidade de Promissão II, interior paulista, e devem ser em breve expandidos para outros estados do Centro Oeste. Satisfeitos com os resultados, ao arrendar as unidades do Frigorífico Mercosul, o Marfrig renovou sua parceria, passando a atuar em cinco unidades no RS com produção de carne Angus e a oferecer bonificações sem precedentes aos animais certificados, além de sua forte atuação no Centro-Oeste brasileiro. A VPJ Beef (empresa do grupo VPJ Pecuária) alcançou a certificação da carne Angus em julho de 2007. É um projeto diferenciado, que atende aos consumidores mais exigentes e tem na inovação (hambúrguer Angus, carpaccio Angus, etc) e na preparação de cortes especiais e porcionados os seus principais diferenciais. O Frigorífico e casa de carnes Angus da Gruta iniciou sua parce- ria com o Programa Carne Angus Certificada no RS, em dezembro de 2008, focado nos consumidores de elevado poder de compra da capital Porto Alegre e do Estado gaúcho, além de implantar uma loja de carnes num dos mais badalados balneários gaúchos. Tem como diferenciais seu programa de fomento, que financia reprodutores a pequenos e médios produtores de sua região sede, Herval do Sul. O mais novo integrante do Programa Carne Angus Certificada, o Frigorífico Silva, tem como foco de sua empresa a produção de marcas de carnes nobres, sendo a certificação da ABA o seu apogeu. Com esta empresa os trabalhos foram iniciados em outubro de 2009. Os pioneiros Um total de 30 produtores gaúchos acreditaram e foram os pioneiros a preparar e entregar novilhos para abate no Programa Carne Angus Certificada com as características exigidas. Os primeiros abates ocorreram em março de 2003. Na atualidade, considerando todas as plantas que operam com a certificação do programa Carne Angus, já são mais de 400 produtores que entregam novilhos para certificação e abate no programa, que só cresce. NOTÍCIAS DA ABA Julho / Agosto de 2010 17 18 Julho / Agosto de 2010 CARNE Workshop da Carne Angus traz novidades O VII Workshop da Carne Angus – Sanidade, Rastreabilidade e Mercados, traz novidades neste ano de 2010. O tema central de debates do badalado evento da Associação Brasileira de Angus (ABA) na Expointer será a questão da sanidade, quando será discutida a possibilidade de retirada da vacinação contra a Febre Aftosa e seus impactos no mercado da carne. Este painel, com transmissão ao vivo pelo Canal Rural, conta na sua abertura com uma palestra do experiente consultor de Mercado Alcides Torres Jr, da Scot Consultoria, que analisará com os presentes os impactos financeiros e de oportunidades da suspensão da vacinação e ao mesmo tempo os efeitos de uma eventual crise sanitária. Entre os participantes da mesa de debates deste painel, também figuram o diretor executivo da ABIEC, Otávio Cançado, e representando a classe dos produtores rurais o pesquisador e pecuarista José Fernando Piva Lobato, Campeonato Anual de Carcaças Angus – Frigorífico Silva a todo vapor O campeonato de carcaças Angus – Frigorífico Silva está a pleno desenvolvimento. Segundo a supervisora, Gabriela Ribeiro, a disputa vem sendo acirrada. Alguns produtores tem acompanhado o abate de seus animais e disputado ponto a ponto. O campeonato de carcaças compreende a média de três abates e um mínimo de 60 animais Angus aprovados no período de abril a agosto, quando os produtores lideres serão conhecidos e convidados para a grande final, que ainda não tem data definida. Este tipo de campeonato traz como principal diferencial a valorização da constância de qualidade produzida pelos produtores Angus – Frigorífico Silva. O campeão do concurso, além de troféu, receberá uma premiação especial em dinheiro. da UFRGS, entre outras autoridades. O segundo painel do evento abordará a real situação da rastreabilidade bovina no Brasil. O Workshop da Carne Angus reúne a cada ano mais de 200 participantes, pessoas dos mais distintos elos da cadeia produtiva e tem se destacado por ser um importante fórum de debates de temas de interesse da cadeia da pecuária de corte. O workshop está programado para o dia 2 de setembro, na Casa RBS, no arque Assis Brasil, em Esteio, com início às 13h30min. VPJ Beef aposta no crescimento do mercado de hambúrguer Caracterizada pela inovação, a VPJ Beef aposta forte no crescimento do mercado de Hamburguer Angus. “Já estamos comercializando cerca de 30 toneladas de hambúrguer por mês, e o volume não para de crescer, afirma Antônio Augusto Miranda, administrador da VPJ Beef. Concurso de Carcaças Angus & Encontro de Produtores - Marfrig A Associação Brasileira de Angus (ABA) e Marfrig preparam para o dia 23 de setembro a quinta edição do tradicional Concurso de Carcaças Angus. Segundo Fabio Medeiros - sub gerente da ABA – Programa Carne Angus, o concurso de carcaças é uma oportunidade ímpar para demonstrar o potencial da genética Angus, tanto para invernadores que demonstram sua capacidade e diferenciação na produção de carne, quanto para selecionadores, que evidenciam ao mercado o potencial de suas cabanhas. “O concurso de carcaças é a verdadeira vitrine da genética Angus”, sintetiza Medeiros. Os abates serão realizados na unidade de Bagé do Frigorífico Marfrig. Podem participar todos os produtores do RS, sendo aceitos animais de ambos os sexos, machos e fêmeas definidos ou cruza angus, com idade de até 4 dentes (30meses). As inscrições deverão ser realizadas na ABA impreterivelmente até o dia 6 de setembro. O regulamento completo encontra-se no site www.carneangus.org.br. Haverá premiações especiais para os campeões do concurso. E a novidade deste ano é a integração entre o Concurso de Carcaças e o tradicional Encontro de Produtores Carne Angus, que será realizado em Bagé, nos dias 24 e 25. Com palestras técnicas e visita a campo, o encontro abordará os temas: Qual o reprodutor / sêmen ideal para meu sistema de criação, pelo Prof. José Fernando Piva Lobato – UFRGS; Carrapato e Tristeza Parasitária – estratégias de prevenção, por Cláudia Gomes, da Embrapa; e Sistemas de terminação a pasto e confinamento. Angus da Gruta de casa e produtos novos A Boutique Angus da Gruta está de casa nova. Em novo local, à avenida Teixeira Mendes, 1050, em Porto Alegre. Com uma série de produtos novos à disposição dos clientes, como o charque Angus, hambúrguer artesanal, rocambole, entre outros, a Angus da Gruta aposta na inovação para fidelizar ainda mais seus clientes. A boutique parceira da Associação Brasileira de Angus (ABA) conta também com um serviço de tele entrega e um site que permite ao consumidor realizar pedidos online. Visite – www.angusdagruta.com.br MOVIMENTO Julho / Agosto de 2010 19 20 NOTÍCIAS Julho / Agosto de 2010 Angus participa da prova de avaliação de tourinhos em confinamento em SP Fotos: ABA/Divulgação Entre maio e o final de setembro, a raça Aberdeen Angus participa com 30 animais da prova de avaliação de tourinhos em confinamento, realizada pela CRV Lagoa em Sertãozinho, SP. Integram o teste um total de 430 animais de oito raças zebuínas e taurinas, entre os quais 30 tourinhos Angus de nove produtores do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. O 4ª edição do Teste de Performance CRV Lagoa, realizado no Confinamento Savegnago, próximo da sede da empresa, foi iniciado dia oito de junho, após período de adaptação dos animais, com a pesagem inicial. Segundo o coordenador do Centro de Performance, Ricardo Abreu, “essa pesagem após 42 dias de adaptação foi o pontapé inicial da prova, e até o final de setembro avaliaremos os animais em 12 características”. O técnico explica que serão avaliados peso, ganho médio diário, circunferência escrotal (CE), conformação, precocidade, musculosidade, umbigo, temperamento, Área de Olho de Lombo (AOL), Espessura de Gordura Subcutânea (EGS), marmoreio e tipo. No início de agosto será realizada a pesagem intermediária e a primeira mensuração de circunferência escrotal. Já na última semana de setembro ocorre a pesagem final, a segunda medida de CE e a avaliação de todas as outras características. Finalizado o teste, logo em seguida os animais serão comercializados pela central de inseminação artificial. O teste, para a raça Angus, tem como objetivo principal a seleção de touros Angus adaptados ao CentroOeste e Sudeste, sintetiza a presidente do Conselho Técnico da ABA, Susana Macedo Salvador, que apóia o teste. Segundo Susana Salvador, o teste busca identificar o desempenho superior de animais em sistemas de confinamento, além de características de qualidade de carcaça alcançadas neste regime. FSL Angus Itu faz sucesso em dia de campo A Fazenda FSL Angus Itu, propriedade do selecionador de Angus Antônio Maciel Neto, localizada no município de Itu, SP, realizou Dia de Campo em 26 de junho, reunindo uma assistência superior a 170 pessoas. O evento teve como objetivo apresentar os animais que irão integrar a oferta do remate que Maciel Neto irá realizar no terceiro sábado de Setembro. O Dia de Campo também foi palco para palestras, que foram ouvidas atentamente pelo numeroso público presente. O Frigorífico Marfrig, através do seu gerente, Luciano Andrade, apresentou o seu Programa de Fomento, visando a produção de carne Angus. O zootecnista Tito Mondadori, técnico da ABA, falou sobre a importância do correto manejo de touros. O veterinário Mauro Meneghetti, gerente de Produtos do Laboratório Pfizer discorreu sobre o protocolo IATF. Presentes ao evento também o veterinário Edmundo Vilela, titular da Lageado, empresa parceira do Marfrig no Programa de Fomento e vários gerentes da Marfrig. Inicialmente o titular da FSL Angus Itu falou sobre a filosofia de produção da sua propriedade, onde o Programa Carne Angus Certificada já está implantado e o trabalho é feito pela raça, visando disponibilizar ao mercado uma carne realmente diferenciada. “Começamos tímidos e hoje somos uma realidade forte”, destacou ele. Luciano, do Marfrig, abordou toda a logística desenvolvida pelo frigorífico e a importância da Carne Angus Certificada, que em sua opinião é um produto com mercado em expansão e preços diferenciados, apresentando uma garantia de boa comercialização e rentabilidade certa aos criadores. O zootecnista e Diretor do Conselho Técnico do Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo, Tito Mondadori, fez uma ampla explanação sobre o manejo de touros. As palestras foram animadas com inúmeras perguntas do público presente. Um almoço com carne Angus fornecida pelo Marfrig retemperou os participantes, que receberam convites para participar do leilão a ser realizado em setembro. Julho / Agosto de 2010 21 22 NOTÍCIAS DA ABA Julho / Agosto de 2010 Jurado jovem tem curso na Expointer Fotos: ABA/Divulgação Com data marcada para o dia 4 de setembro (sábado, às 9h, no Senar), está prevista a realização do 3º Curso Jurado Jovem, promovido pela Associação Brasileira de Angus (ABA). Com disponibilidade de 40 vagas, o curso prevê uma programação com temas ligados aos Regulamentos da associação, Critérios de Julgamento e Padrão Racial Angus. As aulas serão ministradas pelo técnico da ABA e jurado da Expointer 2010, Dr. Flávio Montenegro Alves, e pela gerente da ABA, Juliana Brunelli. Além dessas abordagens, o subgerente do Programa de Carne Angus Certificada e técnico de Me- lhoramento Genético da ABA, Dr. Fábio S. Medeiros, estará oferecendo aos participantes informações sobre Qualidade de Carne e Biótipo Animal para a produção de Carne Angus. “Este curso permite uma integração importante entre a ABA, os estudantes, criadores e pessoas interessadas, apresentando informações sobre a raça, seu padrão racial, critérios de julgamento, o seu diferencial e todo o trabalho realizado pela associação para o seu crescimento”, antecipa Juliana Brunelli. As aulas teóricas terão como local o auditório do Senar e a prática na pista central da feira. ABA organiza Curso de Cabanheiro O conceito atual alcançado pelo produto Angus faz com que a Associação Brasileira de Angus (ABA), esteja constantemente preocupada com os aspectos que levem ao aperfeiçoamento da raça. É pensando nisso que a entidade organiza nesta Expointer o Primeiro Curso de Cabanheiro, destinado aos novos criadores, tratadores das cabanhas e demais interessados. Conforme explica um dos coordenadores do evento, o agrônomo Luis Felipe Cassol, esta é a raça que mais cresce no País e as maiores cabanhas, difusoras de genética de ponta, estão mostrando seu trabalho nas pistas, daí justificar-se o cuidado nos fundamentos quando os animais são mostrados ao público e ao jurado. “Independente do nível genético e de competição do criatório envolvido é essencial para o produtor e de responsabilidade das associações, que os animais sejam bem preparados na hora da apresentação nos julgamentos e remates”, justifica Cassol. O curso quer capacitar os profissionais para um mercado carente de mão de obra qualificada e permitir que os novos criadores e investidores possam competir em igualdade de condições com as cabanhas mais tradicionais. Para o agrônomo e também organizador do curso, Átila Leães Dorneles, além de preparar os profissionais que já atuam nesta área, é necessária a formação de novos e melhores cabanheiros, que vão atender a um mercado em ampla expansão. “Exige-se hoje total comprometimento dos colaboradores envolvidos no processo de criação e apresentação dos animais em pista”, explica Dorneles, ao reconhecer que a disseminação do conhecimento vai facilitar o caminho deste novo criador. O curso terá a duração de oito horas teóricas e quatro horas de aulas práticas, sendo que as inscrições podem ser realizadas diretamente na ABA. A parte prática contará com a utilização de animais préselecionados. A data para a sua realização está prevista para os dias 26 e 27 de agosto. O local escolhido é o Parque de Exposições Assis Brasil e serão tratados temas que vão desde a postura do cabanheiro, nutrição, identificação, até a orientação quanto ao uso dos melhores equipamentos de preparo dos animais ao ingressar na pista, entre outros itens. Julho / Agosto de 2010 23 24 Julho / Agosto de 2010 Embrapa realiza Prova de Avaliação a Campo de Reprodutores Angus Iniciada em julho deste ano, a Prova de Avaliação a Campo de Reprodutores Angus em Bagé tem por objetivo comparar, dentro de um mesmo ambiente de criação, reprodutores da raça Angus de diferentes cabanhas do estado, visando identificar animais superiores para produção em sistema de pastejo. Serão avaliados ganho de peso, características de carcaça por ultrassonografia e escores visuais de conformação, precocidade e musculosidade. A prova é uma parceria entre a Associação Brasileira de Angus e a Embrapa Pecuária Sul (Bagé/RS), contando com o apoio do Núcleo Bageense de Criadores de Angus e das empresas Speedrite Cercas Elétricas, Tortuga Nutrição Animal, Ouro Fino Saúde Animal, Acatak Novartis Saúde Animal e CRI Genética. A Prova de Avaliação a Campo de Reprodutores Angus tem a participação de 23 animais de 14 criatórios de diferentes regiões do RS e segue até abril de 2011. A condução técnica da prova está a cargo do pesquisador da Embrapa CPPSUL – Joal Brazale Leal, com acompanhamento do presidente do núcleo Bageense de Criadores de Angus, Alfredo da Cunha Pinheiro. O subgerente da ABA, Fábio Medeiros, membro da comissão diretiva da prova, destaca o padrão dos animais participantes. “São tourinhos de excelente qualidade. Na pesagem inicial alcançaram o peso de 246kg em média”. Os animais estão em período de adaptação. Durante os meses de inverno e primavera serão conduzidos em pastagem de aveia e azevém consorciado com trevo vermelho. O teste está permanentemente aberto à visitação, para acompanhamento de sua evolução. Para informações e agendamento de visitas, entrar em contato com a ABA ou diretamente na Embrapa, com o Dr. Joal Brazalle Leal. CONSELHO TÉCNICO Os primeiros resultados do teste de Progênie de touros Angus A partir deste ano, os primeiros resultados dos animais avaliados pelo teste de progênie de touros angus, realizado em parceria com a alta/progen estarão disponíveis no sumário de touros ANC/Promebo. Estarão disponíveis os dados dos animais avaliados no ciclo 2007, com excelentes perspectivas. Item fundamental na difusão da genética nacional, o teste de progênie de touros angus visa revelar animais superiores na avaliação genética do promebo, obtendo dados confiáveis de progênie destes animais o mais rápido possível para que estes possam ser utilizados amplamente no rebanho nacional. São candidatos à participação no teste animais top na avaliação do Promebo. Estes são reinspecionais e examinados por técnicos da ABA e da central de inseminação e submetidos a coleta de sêmen. As doses são então distribuídas aos produtores parceiros que realizam a avaliação dos animais. Bolsas de estudo no exterior para ultrassonografistas Dentro do projeto de difusão da avaliação de reprodutores por ultrassonografia, a ABA apoiará a realização do 4º Curso de Certificação e Recertificação para coleta de dados Ecográficos promovido pela Associação Argentina de Angus. O curso, que tem 4 vagas reservadas para técnicos brasileiros indicados pela ABA, será realizado na Cabanha El Volcán, na província de Buenos Aires no período de 06 a 10 de setembro de 2010, sendo os exames e recertificações realizados no período de 29 de novembro a 3 de dezembro de 2010. Coordenado pelo Dr. Doyle Wilson, professor emérito da Universidade de Iowa - Estados Unidos), já formou ecografistas que atuam no Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai. Os interessados em participar do curso deverão entrar em contato com a ABA pelo email [email protected]. A ABA fornecerá bolsas parciais de estudos no curso para 2 ecografistas selecionados. ABA prepara Ações Técnicas ABA premiará melhores filhos de touros nacionais Estão sendo preparadas para o segundo semestre algumas atividades técnicas que visam qualificar os interessados na área de melhoramento genético. No mês de setembro será realizado o curso de credenciamento de avaliadores promebo-angus e no mês de novembro, um grande seminário abordando o tema melhoramento genético. Visando valorizar a genética Angus selecionada nos criatórios nacionais da raça, a Associação Brasileira de Angus voltará a conferir durante a Expointer o Prêmio José Collares ao melhor macho e melhor fêmea filhos de pais nacionais. A escolha dos animais será realizada pelo Jurado de Classificação, em pista. Parceria com Centrais de Inseminação na Feicorte Durante a Feicorte 2010, a ABA contou com apoio das centrais de inseminação no reforço do Marketing promocional da utilização do Angus no Cruzamento Industrial. Através de um grande painel montado junto ao estande da ABA, as qualidades do Angus no Cruzamento com zebuínos foram divulgadas aos participantes da feira. Julho / Agosto de 2010 25 26 MELHORAMENTO GENÉTICO Julho / Agosto de 2010 Ferramentas de performance, essenciais na seleção de touros Fotos: ABA/Divulgação Partindo do princípio de que sempre há necessidade de se corrigir alguma característica indesejada no rebanho e do mesmo modo de que é preciso melhorar o desempenho dos animais, de olho na eficiência da produção e no foco do cliente, torna-se indispensável - e quase obrigatório - ao criador selecionar a melhor genética que será utilizada na cobertura do rebanho de fêmeas. É sabendo usar os touros ou genética adequados aos objetivos de produção da propriedade e às matrizes lá existentes que o criador vai conseguir elevar a resposta no campo, alargando suas margens de lucro e satisfazendo todos os elos do mercado, até a ponta final da cadeia,a onde está o grande chefe – o consumidor de carne. A escolha - que na rotina de seleção pelos criadores não exclui a observação in loco do animal, para conferir o seu fenótipo via análise visual, se soma à avaliação de seu desempenho em programas de melhoramento genético, em que as Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs) permitem comparativos de produção e indicam qual o melhor caminho a ser buscado na opção pela tourada. Esses dados é que vão, cientificamente, apontar o touro que irá imprimir as características desejadas no rebanho e em suas crias. Para o veterinário Luis Alberto Müller, integrante do Conselho Técnico da Associação Brasileira de Angus (ABA), na seleção o criador precisa levar em consideração o objetivo da sua pecuária, saber quais as necessidades de melhoramento do rebanho e qual o mercado que ele pretende atingir. “Procurar exemplares avaliados pelo Promebo é uma segurança na hora de adquirir animais cujas características e desempenho ele não consegue visualizar”, garante o experiente técnico. Muller aponta que conhecer a origem e o histórico do reprodutor é um passo importante para atingir o sucesso no negócio, independentemente do objetivo em campo. A observação é um complemento aos relatórios de desempenho. Para o cancheiro professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), José Fernando Piva Lobato, além das DEPs, também é preciso dar atenção especial ao físico do animal. Segundo ele, a condição corporal deve ser boa e o macho deve ter capacidade e reserva para enfrentar toda a maratona de acasalamentos da temporada de monta sem apresentar deficiências. “Observar patas, aprumos, com a análise do animal parado e em movimento, faz parte desta etapa de avaliação”, salienta o especialista. “Tanto o selecionador, que produz o touro, quando o produtor, que adquire esse touro para usá-lo em suas vacadas, precisam aprender o que se convencionou chamar de “treinar o olho”, para rapidamente avaliar o touro “no vistaço”, argumenta o especialista, traduzindo a questão para uma linguagem mais campeira. Luis Alberto Müller José Fernando Lobato Por Luciana Radicione Reprodutores com boa estrutura óssea-muscular, altura e comprimento adequados ao padrão racial, boa profundidade toráxica e arqueamento de costelas, além da circunferência escrotal, podem se tornar fortes candidatos à seleção, indica o zootecnista e professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Ivan Luiz Brondani. Selecionar o animal pelo que ele é. Um macho pode apresentar índices magníficos de performance, mas se tiver alguma alteração física, simplesmente não estará apto para servir fêmeas, sentencia o experiente professor da área de Grandes Ruminantes da Faculdade de Veterinária da Ufrgs, veterinário Jorge Bangel. “Mais do que tudo, o touro precisa ser um atleta sexual, com estrutura uniforme, forte, com bons cascos”. Após essa primeira análise, parte-se para os números essenciais que vão prenunciar os resultados do trabalho de reprodução no campo. Entre os dados de desempenho da tourada destacam-se a capacidade de ingestão de alimentos (kg de matéria seca/dia) e ganho de peso diário. “A capacidade de converter alimento em ganho de peso (carne) é importante, já que quanto maior, melhor poderá ser o desempenho dos filhos, pois estamos falando de características de média a alta herdabilidade genética”, afirma Dari Celestino Alves Filho, agrônomo do Departamento de Zootecnia da UFSM. Mas conforme o professor Piva Lobato, duas características determinantes e que revelam a capacidade de crescimento e vigor de bovinos são peso ao desmame e ao sobreano. Entretanto chama a atenção para os indicadores de peso ao nascer, especialmente em primíparas, que chegando ao parto sem atingir os 80% do peso de vaca adulta em muito bom estado corporal, podem ter problemas de distocia, além deste menor desenvolvimento estar condicionado à prenhez na estação reprodutiva que logo se iniciará. Para Lobato, a avaliação genética pelas DEPs é prioritária e essencial, especialmente em touros comerciais, associada à características fenotípicas e funcionais passíveis de observação. “As DEPS integram um conjunto de fatores que visam melhorar a produção, a produtividade e o retorno econômico do sistema pecuário”, afirma o mestre da Ufrgs, que também é fazendeiro e destacado produtor de >>> novilhos para abate. Julho / Agosto de 2010 27 28 Julho / Agosto de 2010 MELHORAMENTO GENÉTICO Sumário de Touros: a Bíblia para a escolha do melhor sêmen Fotos: ABA/Divulgação O Sumário de Touros Angus, que exibe o valor genético de touros por meio das DEPs computado a partir do Programa de Melhoramento Genético de Bovinos Carne (Promebo), é considerada ferramenta indispensável na seleção da melhor genética para a inseminação artificial. Traz em suas páginas a relação dos animais nascidos nos últimos anos e de seus filhos com diversas tendências genéticas, tais como perímetro escrotal, características de fertilidade e precocidade, conformação, musculatura, além de análises de AOL e EGS. D e acordo com Luis Müller, através do Sumário o criador consegue facilmente identificar o desempenho dos animais de interesse por características avaliadas. Os dupla marca, animais superiores no programa de avaliação genética (classificados entre os 40% superiores), segundo o especialista são imprescindíveis para quem investe na produção de touros, mas nada impede que um produtor comercial faça uso de genética de dupla tatuagem para imprimir performance superior em seu rebanho. Na inseminação, não bastasse a qualidade genética disponível no Sumário, consegue-se identificar melhor os touros, já que seus filhos também já comprovaram a sua qualidade. “Se temos uma produção bovina de ciclo completo e abatemos os novilhos ao sobreano, temos a opção de escolher via sumário touros que, inclusive, eles têm um diferencial de desempenho superior à média do rebanho para aquela idade. Isto é extremamente importante para um criador que busca resultados”, afirma Ivan Brondani, da UFSM. Embora a valorização da genética nacional seja uma constante e determinante para a disseminação de animais extremamente adaptados às condições regionais, o uso de genética importada não constitui uma ameaça a essa “adaptabilidade”. “O Promebo é que vai dizer se é ou não adaptado, independentemente da origem dessa genética”, sentencia Müller. Segundo ele, o importante é que determinado animal passe pelas provas nacionais, seja testado nas nossas condições e comprove seu desempenho superior. E touros adaptados, nacionais ou importados, são sinônimos de produtividade. “Cabanhas fazem a importação de outros ambientes para evitar a consanguinidade (é a chamada refrescagem genética), porém só vão ofertar aqueles que sabidamente apresentam ótimo desempenho, ou seja, que se adaptaram àquela condição ou meio”, explica Brondani. Lobato reforça que o uso de um pequeno percentual de sêmen importado é até recomendável para a variabilidade de novas respostas e contínua seleção, desde que oriundos de touros criados em condições semelhantes aos dos criatórios do Rio Grande do Sul e do Brasil. Análise das DEPs é fundamental Com um lote de até 150 novilhas para inseminação por temporada, a Cabanha Santa Bárbara, de São Jerônimo, RS, trabalha de olho nas demandas dos clientes espalhados por várias regiões do Brasil e no exterior. A proprietária, selecionadora Carla Sandra Staiger Schneider, não abre mão do Sumário de Touros Angus neste processo, com a avaliação das DEPs na seleção dos melhores reprodutores, dados que, segundo ela, respondem por 80% da tomada de decisão. “Todo o gado precisa corrigir algo e melhorar algumas características, por isso menos de 20% é análise visual”, que confessa que a última etapa é sempre olhar para o animal. “O exterior é sempre importante, porque ninguém compra aquilo que não gosta. Assim, eu tenho que gostar daquilo que vou selecionar”, diz. E ela critica quem questiona os benefícios da DEPs no trabalho de melhoramento. “Ao contrário do que alguns dizem, DEP não é marketing, seu uso permite a herdabilidade de características que vão se perpetuar em todo rebanho”, frisa a experiente criadora. Embora se abasteça de dados de programas da Associação Americana de Angus, a Santa Bárbara também faz uso da sua própria genética, com a seleção de touros dupla tatuagem com DEP final Deca 1 para serem utilizados na temporada. E não dispensa o Promebo desde que a ferramenta foi lançada, sistema aliás, que antes de ser disseminado foi testado nas dependências da própria Santa Bárbara. Essas ferramentas utilizadas em conjunto, afirma Carla Sandra, vem imprimindo características impressionantes no rebanho. “Cada criador faz o que quer com o seu gado, mas depois que ele atinge uma bagagem, começa a buscar aquilo que o cliente quer”, disse, salientando a importância da parte comercial no negócio. Se no passado, o foco da Santa Bárbara era animais de pista, hoje está mais voltado à produção do que o seu cliente quer e sabe que vai encontrar na sua propriedade, ou seja, muita rusticidade, animais pesados, com carcaça bastante desenvolvida e grande facilidade e velocidade de ganho João Paulo Schneider da Silva - Kaju de peso. Se o foco é o cliente, deve-se selecionar de olho nessa demanda, afirma o diretor comercial da GAP, de Uruguaiana, RS, João Paulo Schneider da Silva, o Kaju. Um bom touro deve apresentar características básicas, como por exemplo, resistência na temporada - com a produção de pelo menos 25 terneiros por ano. “Vendemos muito volume de touros a preços competitivos e, como não podemos inflacionar, precisamos de um produto bom e resistente, que seja um investimento positivo para o produtor comercial”, salienta. E, para prever se a escolha do touro é a correta, nada melhor do que o Promebo, no qual se produz as DEPs, onde é feita a seleção dos animais que se destacam com dados objetivos. A pressão de seleção imposta pela GAP faz com que apenas 20% dos machos nascidos se tornem touros - o equivalente hoje a 650 exemplares, sendo que 50% deles são comercializados para fora do Rio Grande do Sul. “Ficamos apenas com a elite dos nossos animais, o restante é descartado”, diz Kaju. A GAP também testa genética de outras origens e neste ponto, a preferência é sempre pela genética de touros que têm a progênie avaliada em sumário. “Essa é a ferramenta mais importante que um criador tem para optar pelo melhor a ser usado em insemimação artificial”. >>> Carla Sandra Steiger Schneider Julho / Agosto de 2010 29 30 Julho / Agosto de 2010 MELHORAMENTO GENÉTICO Há duas décadas avaliando dados Fotos: ABA/Divulgação Com um trabalho voltado à produção de reprodutores e de novilhas para terminação, a proprietária da Cia Azul, de Uruguaiana, RS, veterinária e atual presidente do Conselho Técnico da ABA, Susana Macedo Salvador, explica que o uso de dados de avaliação genética dá ao criador a informação de onde quer chegar, de que forma chegar e com qual objetivo. “Sempre é muito importante selecionar com base no objetivo do negócio”, afirma ela. Animais adaptados às condições locais é ponto-chave, algo que só poderá ser “visto” pelas DEPs. “Animais precisam responder bem às nossas condições, e para isso, priorizo a genética brasileira, com seleção de reprodutores de meu próprio rebanho, dupla marca com avaliação superior”, conta a criadora, que por temporada utiliza em média 15 touros para coleta. Em outra destacada propriedade, a Olhos D’água, de Alegrete, RS, o uso de genética controlada pelo Promebo é essencial para a pecuária atingir níveis de precocidade, acabamento de carcaça e carne com bom índice de marmoreio. “Sempre persigo as características genéticas ideais para o meu negócio’, garante o proprietário, selecionador Antonino Dorneles. E os resultados vão além do objetivo que a Olhos D’água propõe. “Nunca tive a pretensão de ser um cabanheiro, mas com a qualidade genética que venho obtendo, tranquilamente poderia colocar animais em pista”, avalia ele, que faz uso de inseminação artificial e monta natural sempre com base nos relatórios do sumário de touros e do Promebo. A conquista, em 2007, do troféu Mérito Genético Angus, já diz muito sobre a seriedade do trabalho de seleção tocado na propriedade de Ulisses Amaral há mais de 20 anos. Na Santa Joana, localizada em Santa Vitória do Palmar (RS), 100% dos animais nascidos são avaliados pelo Promebo, e parte dos que obtém os melhores índices é colocada à venda ou é utilizada para inseminação na própria fazenda. A seleção é totalmente baseada em dados de performance na desmama e no sobreano, este último ainda com avaliação de carcaça por ultrassom. “Fomos pioneiros neste tipo de avaliação, que fazemos na Santa Joana desde 2002”, afirma Amaral. Ou seja, no sobreano, além de considerar os dados de performance do Promebo para ganho de peso e características morfológicas, são pontuados os dados de avaliação de carcaça. “Dessa forma estamos já há muito tempo selecionando o melhor tanto em machos quanto em fêmeas”, diz o sele- cionador, que em pouco tempo projeta que a totalidade de touros selecionados na Santa Joana sejam animais com características genéticas superiores, os dupla marca. Para ele, tanto o Promebo quanto o Sumário de Touros são ferramentas que possibilitam sempre a melhor escolha, pois utilizam critérios objetivos. “Seguimos tudo ao pé da letra”, considera o criador, para quem a parte comercial vem em segundo plano. “A nossa prioridade é sempre a seleção”, conclui. Ulisses Amaral Susana Macedo Salvador Julho / Agosto de 2010 31