Julho / Agosto de 2010 - Associação Brasileira de Angus

Transcrição

Julho / Agosto de 2010 - Associação Brasileira de Angus
Impresso
Julho / Agosto de 2010
Especial
2219/03 – DR/RS
Associação
Brasileira de Angus
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CORREIOS
JULHO / AGOSTO DE 2010 - ANO 11 - Nº 48
INFORMATIVO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS
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EXPOSIÇÕES
Julho / Agosto de 2010
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Julho / Agosto de 2010
Associação Brasileira de Angus
Diretoria Biênio 2009/2010
Diretoria Executiva
Diretor Presidente
Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello
Diretor 1º Vice-Presidente
Fábio Luiz Gomes
Diretor vice-presidente
Mariana Franco Tellechea
Diretor vice-presidente
José Roberto Pires Weber
Diretor vice-presidente
Paulo de Castro Marques
Diretor Financeiro
Marco Antônio Gomes da Costa
Diretor de Marketing
João Francisco Bade Wolf
Diretor de Núcleos
Ignacio Silva Tellechea
Diretor sem Designação Específica
Ronaldo Zechlinski de Oliveira
Conselho de Administração
Membros Eleitos
Afonso Motta
Antônio dos Santos Maciel Neto
Cristopher Filippon
Renato Zancanaro
Washington Humberto Cinel
Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA)
Angelo Bastos Tellechea
Antonio Martins Bastos Filho
Fernando Bonotto
Hermes Pinto
João Vieira de Macedo Neto
José Roberto Pires Weber
José Paulo Dornelles Cairoli
Reynaldo Titoff Salvador
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
Eduardo Macedo Linhares
Roberto Soares Beck
Ruy Alves Filho
Membros Suplentes
Elizabeth Linhares Torelly
Carla Sandra Staiger Schneider
Roberta Riemke Leon
Conselho Técnico
Susana Macedo Salvador – Presidente
[email protected]
Antônio Martins Bastos Filho
[email protected]
Luis Felipe Ferreira da Costa
[email protected]
Luiz Alberto Muller
[email protected]
Sérgio Tellechea
[email protected]
Amilton Cardoso Elias - Representante ANC
[email protected]
Coordenação
Juliana Brunelli de Moraes
[email protected]
Jornalistas Responsáveis
Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655
e Horst Knak - MTB/RS 4834
Colaboradores: jorn. Alexandre Gruszynski e
jorn. Luciana Radicione
Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA - jorn.
Luciana Bueno
Diagramação: Jorge Macedo
Departamento Comercial: Daniela Levandovski
e Carolina Milego
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Edição, Diagramação, Arte e Finalização
Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210
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Fone: 51 3328.9122
* Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
VOCÊ SABIA?
EDITORIAL
Expectativa de
ótimos negócios
Prezados amigos da raça Aberdeen Angus, sócios e parceiros;
Já estamos no período da 33ª
Expointer, no Parque Assis Brasil,
em Esteio. A Associação Brasileira de
Angus entra, nesta edição, com muitas
novidades, entre elas a reformulação
de seu estande que será apresentado
de forma totalmente diferenciada,
este ano, visando melhor receber seus
associados e admiradores da raça.
Teremos um andar com espaço destinado à sala de reuniões, ampliação da
área reservada ao Restaurante Angus
e, a Loja Angus virá com dimensões
dignas de mais conforto na recepção
dos clientes da raça. Quanto ao número de animais inscritos, temos um
outro feito: São 378 animais Angus
entre argola e a campo inscritos, um
acréscimo de 11% sobre os números
da Expointer 2009. Novamente, a
raça lidera entre a pecuária de corte
presente nesta que é uma das mais
consagradas mostras do setor no país
HUMOR
e na América Latina. Em termos de
comercialização, nossa expectativa é
das mais otimistas e deveremos atuar
com preços do quilo do gado gordo em
R$ 3,00 o quilo vivo, valor que está em
período de reação, no Rio Grande do
Sul, o que deverá se refletir na Expointer
e na continuidade dos remates de Primavera. Vale lembrar, que, no outono
gaúcho os terneiros Angus certificados
obtiveram resposta semelhante e foram
negociados por valores entre R$ 3,20
kg/vivo e R$ 3,56 kg/vivo em praças
tradicionais. Outra inovação diz respeito à realização dos leilões da raça, na
Expointer. Neste ano, com o objetivo de
fortalecer a comercialização da Angus,
haverá o Leilão Seleção Angus – Expointer que comercializará, no mesmo
evento, animais a campo e de argola. O
remate ocorrerá em 31 de agosto, às 19h,
na Pista J. Assim, optamos por levar
essencialmente animais uniformes e de
total qualidade e em um único dia de
leilão. Esses animais passaram pelo crivo
apurado de um técnico da Associação
Brasileira de Angus que realizou a
inspeção em todas as propriedades
participantes.
Nesta edição do Angus@newS você
poderá acompanhar a programação
completa da Angus na Expointer que
traz o tema sanidade como uma das
proposições máximas do VII Workshop
Carne Angus Certificada a ocorrer
na Casa RBS, em 2 de setembro. A
temática estará sendo apresentada
pelo diretor-executivo da Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras
de Carne (Abiec), Otávio Cançado,
que debaterá os impactos da possível
retirada da vacinação contra a febre
aftosa no mercado da carne.
Finalizando, desejamos aos amigos votos de uma excelente mostra e
ótimos negócios!
Joaquim Francisco Bordagorry de
Assumpção Mello
Presidente da Associação Brasileira
de Angus
Angus no celular
A American Angus
Association
(AAA) é a
primeira associação de
criadores de
bovinos do
mundo a ter
um Website
compatível
com smart
phones. A
novidade, disponível desde Junho,
permite que criadores de Angus e interessados visitem o Site www.angus.
org e tenham acesso a todos os dados
dele diretamente de telefones celulares
habilitados.
Portanto, estar no meio do campo ou numa mangueira não é mais
impeditivo para ter acesso a DEPs
de animais e genealogias, pesos,
sumários de touros, notícias gerais,
lista de criadores e seus contatos, a
equipe da AAA e tudo mais o que
o site oficial www.angus.org oferece
através da Internet convencional via
computadores.
“Nossos associados precisavam de
uma versão do nosso Site que fosse
compatível com os novos celulares do
mercado para poderem trabalhar melhor de qualquer lugar”, explica Lou
Ann Adams, Diretora de Sistemas de
Informação da AAA.
Novos Sócios
Entre 1º de janeiro e 9 de Junho de 2010, a
Associação Brasileira de Angus incorporou
15 novos associados ao seu quadro. A
todos o bem-vindo da diretoria da ABA.
São eles:
Agropecuária Hasab - Estância Bertolini Bento Gonçalves – RS; Alexandre Peixoto
Forster - Fazenda Tio João e Fazenda Nova
Aurora - Santiago - RS; Cláudio Antônio Kellermann - Fazenda Do Paraiso – Canguçu
- RS; Dorival Alberto Muck - Fazenda Coxilha
Das Figueiras – Canoas - RS; Eduardo Antonelli - Cabanha Canaã - Pato Branco - PR;
Erik Evandro Donatto - Sítio Santa Helena/
Cabanha Santa Helena - Santa Adélia – SP;
Everton Luis Jaques - Fazenda Caraguata
– Camaquã - RS; Ipê Branco Agropecuária
Ltda. - Fazenda Ipê Branco - Nova Andradina
- MS; Luciana Pereira Menegatti - Fazenda
Casa da Telha - Coronel Vivida - PR; Manoel
Francisco Pontes Oyhenard - Estância
Cambará – Uruguaiana - RS; Marcos Evaldo
Pandolfi - Camboatã Agropecuária – Esmeralda - RS; Norberto Feldmann - Invernada
Da Bela Vista - Cachoeira Do Sul - RS; Otávio
Orsi De Camargo - Fazenda Rio Da Telha Porto Alegre – RS; Rodolfo Poglia Berleze
- Agropecuária Santa Augusta - Santa
Maria - PA; Solução Genética ImportaDora E
Exportadora Ltda. - São Luiz Gonzaga - RS
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REPORTAGEM
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Programa Carne Angus:
o pilar da raça
Fotos: ABA/Divulgação
O sonho era mesmo antigo – ter uma marca de carne; ter uma carne de marca. Criar uma raça
que é marca de carne de qualidade no mercado. As formas se fundiam e circulavam cada vez mais no
pensamento e nas esperanças daqueles criadores mais atilados, alguns de maior tradição na raça, e
especialmente entre aqueles de maior visão, que lançam o olhar à frente, no futuro.
Por Eduardo Fehn Teixeira
B
astava que estivessem reunidos num evento, num dia de
campo ou leilão da raça, para
que o assunto ressurgisse com força.
Nos tempos mais antigos e mesmo
recentes, gente que havia circulado
pelos Estados Unidos, por exemplo,
voltava maravilhada. “Lá existem
cabanhas que tem sua própria marca
de carne”, contavam aos demais ... E
relatavam também que a Associação
de Angus norte-americana havia
implantado, com enorme êxito, um
programa de carne de qualidade, que
começava pela genética e terminava
na mesa do consumidor, que já pedia
em alto e bom som no comércio e nos
restaurantes: “quero carne Angus!”
E o tempo foi passando. E muito
se falava, mas pouco ou nada se fazia.
Ficava tudo na conversa. Afinal, não
era mesmo uma ação para criadores
de gado. Mesmo que esse gado fosse Angus ... Afinal, um, dois, três
ou até meia dúzia ou uma dúzia
de criadores pouco ou quase nada
mesmo poderiam fazer em termos
de abastecimento da indústria. Mal
tinham tempo para cuidar de seus
plantéis, de seus rebanhos. Era páreo
para empresários, envolvendo inicialmente a Associação Brasileira de
Angus (ABA), técnicos especializados
e algum importante frigorífico. E na
continuidade do processo, viriam os
varejistas, que levariam o produto até
o consumidor final.
Passaram-se alguns de muitos
anos para que viesse a conscientização de que este era um trabalho
altamente positivo para todos – para
os produtores, para a indústria, para
o consumidor final e para a marca
Angus, que com o passar do tempo
ficaria mais e mais conhecida e prestigiada no mercado. E, por certo,
para a raça, da genética Angus, que
comprovadamente vem crescendo na
preferência de uso do mercado. Afinal: o Programa Carne Angus Certificada é mesmo o pilar da raça, como
costuma dizer o atual presidente da
ABA, Joaquim Francisco Bordagorry
de Assumpção Mello!
A construção do
grande sonho
“Tudo começou em 1982, quando, recém formado em agronomia,
fui estagiar no rancho Beartooth
(que significa dente de urso), em
Montana, uma das propriedades que
mais trabalhava com genéticas Angus
e Hereford nos Estados Unidos.
Atuei lá por cinco meses, durante o
Inverno e a Primavera. E foi lá que,
pela primeira vez, pude perceber a
importância do produto carne Angus
e da implantação de um programa
de carne de qualidade”, sintetiza Reynaldo Titoff Salvador, que presidiu a
Associação Brasileira de Angus (ABA)
no período 1988/92 e também na
gestão 2002/2004. Com este grupo
na direção da ABA, começava a concretização do sonho de implantar e
desenvolver o programa de carne de
qualidade Angus – o Programa Carne
Angus Certificada.
Lá em Denver ...
Na qualificada exposição de Denver, em 1982, nos Estados Unidos,
quando no Brasil presidia a ABA seu
sogro, João Vieira de Macedo Neto,
Salvador conheceu Dick Spader, que
era o Diretor Executivo da Angus
Americana, a poderosa American
Angus Association (AAA).
“Ele me mostrou o trabalho
que a entidade estava começando a
desenvolver por lá: era o “Certified
Angus Beef”, ou o programa de
carne certificada Angus nos Estados
Unidos. E foi naquele momento
que percebi que aquele era o caminho para os criadores de Angus
brasileiros”, revela o selecionador,
então jovem e cheio de idéias a
compartilhar, a realizar.
Concluído seu estágio, Salvador retornou ao Rio Grande do
Sul e seguiu trabalhando na hoje
centenária Cabanha Azul, um
centro de excelência na seleção de
Angus, Hereford e Devon. Mas
trouxe consigo as vivências e as
informações que reuniu nos Estados
Unidos, além de alguns contatos de
criadores e de dirigentes da Angus
norte-americana.
Em 1988, quando assumiu pela
primeira vez a presidência da ABA,
tratou logo de colocar em prática
suas metas. Através do departamento jurídico do então Grupo
Ipiranga (que na época pertencia
também a algumas famílias gaúchas
e criadoras de Angus), foi encaminhado o registro da marca Angus
no Brasil, que foi efetivado nas
gestões de Ângelo Bastos Tellechea
(1993/94) e de Fernando Bonotto
(1996/98).
Angus: marca registrada
“O Registro da marca Angus no
Brasil, como propriedade da ABA,
foi o primeiro passo rumo à profissionalização da entidade e também a
sua preparação para a implantação de
um programa de carne de qualidade”,
recorda Reynaldo Salvador.
E começaram as tratativas com os
frigoríficos. O pioneiro no processo
foi o Frigorífico Rio Pel, de Pelotas,
onde se realizaram os primeiros aba-
tes de animais Angus com vistas à
produção da sonhada Carne Angus.
“Na presença do então ministro da
Agricultura Antonio Cabreira Mano
Filho, firmamos a primeira parceria
da ABA, com aquele frigorífico. Mas
o programa não se consolidou. Ainda
não estava maduro. Faltaram animais
para abate e também o frigorífico
passou a enfrentar dificuldades financeiras. O programa parou”, relata
Salvador.
No primeiro congresso
de Angus
O programa parou, sim. Mas não
morreu. Em 1988/89 foi realizado
em Porto Alegre o 1º Congresso
Brasileiro de Angus. E não deu
outra. Criadores e técnicos se juntaram para palestras e debates e ficou
nítida a possibilidade da ABA voltar
a “amarrar” produtor e indústria para
a produção de carne Angus.
A seguir, na gestão de José Roberto Pires Weber (1998/2002), quando
atuou como diretor financeiro da
ABA, Salvador, com o apoio de Weber e dos demais dirigentes da ABA,
fixou a idéia da cadeia produtor –
indústria – consumidor.
O primeiro desafio foi que os
produtores gerassem animais adequados à produção da carne Angus,
direcionando todos os abates desses
novilhos para somente uma planta
frigorífica. “De 2002 a 2003 finalmente conseguimos alcançar o
volume, a idade e a terminação dos
animais. Eram abatidos 200 animais
por mês, fornecidos por cerca de
10 produtores”, recorda Salvador.
Foi a primeira vitória concreta do
programa.
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REPORTAGEM
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O programa, em operação
Fotos: ABA/Divulgação
Em 2003 Reynaldo Salvador assumiu novamente a direção da ABA.
Focado, já em janeiro deste ano firmou parceria com o então Frigorífico
Mercosul, na época e por muitos anos
uma indústria líder de mercado no segmento no Sul do Brasil. Idas e vindas e
acertados os detalhes técnicos e negociais, com o então diretor do Mercosul,
empresário Mauro Pilz, e o projeto do
Programa Carne Angus Certificada foi
aprovado pelo frigorífico.
“Passamos a controlar o direcio-
namento de animais para o programa
junto ao frigorífico. Conseguimos
bonificação de 3%, equivalente a R$
0,05 pelo quilo vivo de animal certificado abatido, que ficou acima do
valor médio pago na região”, recorda
Salvador.
Segundo ele, a partir desta ocasião,
a ABA passou a ter total controle da
situação e a meta seguinte passou a ser
a mobilização dos produtores, visando
incrementar o volume de abates e a
qualidade dos animais destinados ao
programa. “Já em novembro de 2003
chegamos ao que eu chamo de número
mágico: tínhamos para abate mil carcaças de Angus ...”, recorda.
Na seqüência de ações, veio a
parceria com o terceiro elo da cadeia,
o varejo. “Pelo perfil de qualidade
e públicos A/B, selecionamos e nos
direcionamos à rede Zaffari de Supermercados. Nos reunimos com o
diretor, Cláudio Zaffari, o seduzimos,
firmamos o acordo e em seguida surgiu
para o mercado a carne Angus/Zaffari,
disponível inicialmente em duas lojas
da rede, depois quatro e foi crescendo”,
diz o então dirigente da ABA.
Para Reynaldo Salvador, a partir
daí a evolução vem sendo marcante.
Ele garante que o programa tem todo
o futuro possível. “Temos que buscar
novos mercados que sejam remuneradores de nossa carne, inclusive no
exterior. E no mercado interno, colocar
preço na carne, para poder remunerar
à altura os nossos produtores”, aponta
Salvador.
Do embrião à realidade
Angelo Bastos Tellechea, que
presidiu a ABA no biênio 1993/94,
pode ser considerado, juntamente com
seu sucessor Fernando Bonotto e com
o sucessor deste, José Roberto Pires
Weber, como dirigentes positivos e
efetivamente envolvidos no processo
de amadurecimento da realização do
Programa Carne Angus Certificada.
“O tema carne de qualidade já
não era novo. Diretorias anteriores
da entidade já debatiam a questão, na
busca da construção de um caminho
viável. Mas o problema maior seguia
o mesmo: falta de recursos para tocar
o projeto”, sintetiza Angelo, um engenheiro industrial que durante anos
atuou como dirigente empresarial e
que, de certo modo introduziu, tanto na associação de Angus como na
administração de sua propriedade, a
Estância Umbu, em Uruguaiana, RS,
conhecimentos e rotinas utilizadas no
meio empresarial urbano.
“Naquela época, já havia um
acordo entre a ABA e o Frigorífico
Rio Pel, em Pelotas, RS, onde eram
abatidos animais padronizados da raça.
Mas ainda eram poucos animais, de
poucos produtores”, revela Angelo. Ele
recorda que, como a ABA não tinha
condições de remunerar seus próprios
técnicos para o trabalho da certificação
da carne, houve tentativas de envolver
no processo técnicos do Ministério
da Agricultura que atuavam junto ao
frigorífico.
“Na verdade ainda estávamos dando os primeiros passos neste assunto.
Sabíamos que precisávamos implantar
um programa de carne de qualidade
com uma formatação certificadora,
mas nos faltavam informações apropriadas e recursos para seguir adiante”,
diz o selecionador de Angus.
Ele conta que um dos pontos positivos foram conversas que criadores
gaúchos e dirigentes da ABA mantiveram com criadores e dirigentes da associação da raça na Argentina, durante a
Exposição de Palermo. “Eles já tinham
mais experiência do que nós no assunto. Inclusive já possuíam seu próprio
programa de carne de qualidade, e nos
passaram boas informações de como
avançar no processo”, aponta. “Mas em
minha avaliação, até hoje essa relação
entre a indústria e o produtor ainda
não encontra bom termo”, observa
Ângelo, comentando que o produtor
ainda não recebe remuneração à altura
da qualidade do produto que entrega
para abate”.
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REPORTAGEM
Todos esperavam pelo programa
Fotos: ABA/Divulgação
O selecionador Fernando Bonotto, titular da ABN Agropecuária, em Santiago, RS, conta que
quando assumiu a direção da ABA (gestão 1996 a 98) o assunto carne Angus já pipocava em todas
as conversas entre os criadores nos eventos da raça e também nas reuniões de diretoria da entidade.
“Todos queriam muito que o programa passasse a existir, mas estávamos mesmo meio perdidos. Não
sabíamos por onde começar”, observou.
B
onotto revela que a coisa funcionava mais ou menos como
a história do ovo e da galinha:
os criadores não produziam o novilho
no padrão para abate porque não
existia o programa, e o programa não
existia porque os novilhos não eram
produzidos ... “Parece brincadeira,
mas era mesmo assim. A ABA precisava descobrir os caminhos certos para
a montagem do programa, o que fez
logo, logo. E os produtores passaram a
acreditar nele, entregando os novilhos
no ponto. Por isso, este programa tem
um presente e um futuro grandiosos”,
opina o ex-dirigente da ABA.
Finalmente, em operação
Para o dirigente da ABA em cujo
período foi iniciado oficialmente o
Programa Carne Angus Certificada,
o que se tem hoje nem de longe se
parece com as condições que haviam
lá no início. José Roberto Pires Weber,
titular da Estância Santa Thereza, em
Dom Pedrito, RS - que no comando
da ABA tinha Reynaldo Salvador
como seu diretor financeiro - avalia
que na época simplesmente não
haviam todas as condições existentes
na atualidade. “Éramos empresários
do campo, pecuaristas, criadores de
Angus que tinham como meta a implantação de um programa capaz de
agregar à carne Angus o seu verdadeiro
valor, pela sua incontestável qualidade, que em outros centros mundiais já
era largamente reconhecida”, recorda
Weber.
Segundo ele, tudo era muito difícil. Havia a experiência da associação
norte-americana de Angus e da associação de Angus argentina. Mas não
existia a imagem formada junto aos
frigoríficos ou com o varejo e mesmo
em nível de produtor e de consumidor. “Eram itens a serem muito
trabalhados. E também precisávamos
formatar toda a área de certificação,
bastante técnica. Mas, pelo que se vê
hoje, todo o esforço está sendo recompensado”, avalia Weber.
Com Cairoli, a solidificação
do Carne Angus
José Paulo Dornelles Cairoli atuou
como presidente da ABA durante
duas gestões consecutivas, entre 2005
a 2008, quando o Programa Carne
Angus Certificada já estava razoavelmente estruturado e encontrava condições favoráveis ao seu crescimento,
depois de ser oficialmente implantado
na gestão de José Roberto Weber e
de ter sido aperfeiçoado em termos
de estrutura numa nova gestão de
Reynaldo Salvador.
Cairoli registrou forte atuação
na promoção do programa junto
aos criadores, consolidando o trabalho técnico que vinha sendo feito e
alcançando boa imagem construída
junto à toda a cadeia da carne. Ele
também criou condições para o aperfeiçoamento técnico do programa,
trazendo boas novidades em termos
de processos de certificação da carne
Fernando Bonotto
nos frigoríficos, ampliando bastante o
alcance do programa em nível de Brasil, com a formação de novas parcerias
na região sudeste (Frigorifico Marfrig
e VPJ Beef).
“É o programa da ABA de maior
importância e credibilidade junto ao
mercado como um todo, funcionando
não só para a produção da melhor
carne do mundo – a carne Angus –
como também para alavancar toda
a cadeia produtiva e toda a imagem
da raça Angus, não só no Sul do
Brasil, mas em todas as importantes
regiões produtoras do País”, classifica
o dirigente.
Para Cairoli, entre outros benefícios, o Programa Carne Angus, graças
ao eficiente trabalho de equipe da ABA
e o apoio dos produtores, conseguiu
conquistar desde o criador/produtor,
que cresceu em número, direcionou
a produção pecuária para a genética
Angus e hoje atinge o segmento desde
o terneiro/bezerro (com o programa
Terneiro Angus Certificado, que é
o novilho de abate para a geração da
carne Angus), até o rebanho da raça
como um todo. Atinge também a indústria, que pode contar com um nível
padronizado de animais para abate
e ainda o varejo, colocando a carne
Angus nas gôndolas de importantes
supermercados como a rede Zaffari
e em destacadas churrascarias como a
Barranco, em Porto Alegre.
José Paulo Cairoli destaca que o
programa de carne de qualidade da
Angus, ao mesmo tempo que faz o
marketing da raça, atinge desde o
criador de touros até o invernador,
passando por indústria e varejo e garantido ao consumidor uma qualidade
que a marca Angus já solidificou no
mundo e rentabilidade a todos os elos
da cadeia.
Participante, desde o início
Via de regra, as associações de raça
trabalham no tripé registro genealógi-
co, exposições e leilões. Esses níveis de
receita são muito frágeis, pois qualquer
oscilação no mercado traria problemas
ao caixa da entidade. “Pois foi no
momento que a ABA compreendeu
essa situação e decidiu investir na
montagem de um programa de carne
de qualidade, que tudo começou a
mudar para melhor”, começa dizendo o veterinário Fernando Furtado
Velloso, que atuou como gerente da
ABA e apoiou o Programa Carne Angus Certificada desde o início de seu
trabalho, tornando-se Gerente Carne
Angus em 2007. Segundo ele, a partir
desta nova postura, a ABA passou a
se relacionar com todo o mercado
e não mais unicamente com o setor
de genética. E foi aí que a associação
passou a se distanciar e se diferenciar
das demais associações de raças. Saiu
de 20 ou 30 mil animais ao ano e se
envolveu com 12 a 13 milhões de
animais no Rio Grande do Sul. Passou
de seu quadro de associados para um
novo universo de produtores. Assim,
se antes a preocupação da ABA era
com o produtor de touros, depois
passou a ser também com o consumidor de carne. Veio o mercado da
carne, do marketing do consumidor
e da certificação da carne. A entidade
passou a se relacionar e a conhecer não
só o produtor, mas também as rotinas
da indústria.
Tanto para a implantação como
para a formatação de funcionamento
do programa Carne Angus, as bases
foram os modelos dos programas
que já existiam e faziam sucesso nos
Estados Unidos, na Austrália e na
Argentina.
Nas rotinas da certificação da
carne, vieram a classificação das
carcaças e todos os processos de
certificação da carne, que foram
implantados a partir das guias ISO,
surgindo, logo a seguir, a certificação
AUSMEAT. São padrões internacionais e auditáveis.
José Paulo Dornelles Cairoli
Reynaldo Titof f Salvador
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REPORTAGEM
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Um forte lobby sobre a indústria
Fotos: ABA/Divulgação
Com o lobby da associação
de Angus sobre o mercado
e especialmente a indústria,
conseguimos fazer com que
o frigorífico que liderava o
mercado no Sul do Brasil,
o então Mercosul, dissesse,
publicamente: eu prefiro
animais de genética Angus.
E essa atitude do frigorífico
também passou a ser um
direcionador para o mercado –
a preferência por gado Angus.
Um verdadeiro
benchmarketing
Márcia Dutra de Barcellos, veterinária, pesquisadora e especialista
na área de Agronegócios – atual
professora adjunta do programa de
pós graduação em Administração da
UFRGS – dirigiu o Programa Carne
Angus durante a primeira metade da
primeira gestão de José Paulo Cairoli, e foi a executiva responsável pela
montagem do programa desde seu
início oficial em 2003, atuando como
sua coordenadora durante os anos de
2003 e 2004 e tendo grande importância em sua estruturação, sendo sua
diretora durante o ano de 2005, em
continuidade ao trabalho.
Para ela, o programa da ABA é
um verdadeiro benchmarketing para
o segmento no Brasil. Definindo com
mais clareza, ela observa que se poderia dizer que é a busca das melhores
práticas em toda a cadeia – criador,
indústria e varejo - que conduzem a
um desempenho comprovadamente
superior, através das técnicas de
certificação.
“Desde a sua criação, este programa só cresceu, consolidando posições
não só entre os pecuaristas, mas também ganhando importância para a
indústria e o varejo”, diz Márcia. Ela
aponta ainda a sua significação como
um impulsionador da marca Angus.
“Na ponta final do processo, todos
ganham com a qualidade superior
do produto, do criador à indústria,
varejo e especialmente o consumidor.
E ganha a imagem pública da marca
Angus, que também cresce em valor
como raça de gado de corte”, considera a especialista.
>>>
Márcia Dutra de Barcellos
Fernando Velloso
como um todo. “Hoje, quando se
quer falar em boa carne, não se diz
mais que a carne é Argentina, e sim
que é Angus”, exemplifica. Fernando
Osório diz que o programa Carne
Angus tem muito a ver com os mais
de 1,45 milhão de doses de sêmen
comercializadas na raça em 2009,
e também que graças ao sucesso do
programa, Angus não é mais somente
sobrepreço, é também garantia de
liquidez.
Vivian Diesel Pötter
Fernando Osório
José Roberto Pires Weber
eio o varejo. E ver a carne
da marca Angus exposta à
venda nas prateleiras dos
supermercados passou a influir
sobre toda a cadeia. O produtor se
sentiu mais motivado e isto também
contribuiu para a construção da
maca Angus.
Com o surgimento da parceria
entre a ABA e o Frigorífico Marfrig,
em 2006/2007, em negociações
lideradas por José Paulo Dornelles
Cairoli, a carne Angus conseguiu
saltar para além das fronteiras do Rio
Grande do Sul.
“O Marfrig disse para o Brasil o
que o Mercosul já tinha dito ao Rio
Grande do Sul: nós preferimos Angus
e pagamos mais por esta genética ...”
Assim, de 14 a 15 milhões de cabeças de gado, a ABA passou a lidar,
através de seu programa de carne de
qualidade, com um universo nacional,
formado por um volume de gado
entre 10 a 15 vezes maior.
Olhando para o futuro, Velloso,
que trabalhou como gerente da ABA
e após do Programa Carne Angus
Certificada, deixando a entidade no
início de 2010, vê a necessidade do
desenvolvimento de novos modelos
de negócios entre produtor e indústria, entre a ABA e as indústrias e entre
o programa Carne Angus como um
todo e as redes varejistas.
vador, no período de 2003 a 2004,
o programa Carne Angus tem um
futuro garantido no Brasil, a exemplo
do que já ocorre nos principais centros
produtores de carne no mundo. Ele
entende que o programa deveria ser
a principal ação da ABA junto ao
mercado como um todo, envolvendo
produtores, indústria e o varejo, assim
como a área de exportação.
“O mundo conhece Angus pela
qualidade de sua carne”, afirma. Para
ele, os principais países exportadores
de carne de qualidade – Argentina,
Austrália e Estados Unidos – tem a
Angus como a sua principal raça, e
sabem que Angus é sinônimo de carne
de qualidade.
E ele argumenta que o sucesso do
programa de carnes da ABA também
está impulsionando a raça Angus
V
A palavra dos diretores
do Carne Angus
Para o selecionador Fernando
Correa Osório, que foi o primeiro
diretor do Programa Carne Angus,
durante a gestão de Reynaldo Sal-
CONSELHO TÉCNICO
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REPORTAGEM
Julho / Agosto de 2010
Carne Angus impulsiona uso da raça
Fotos: ABA/Divulgação
Joaquim Mello
Na seqüência da primeira gestão de José Cairoli na direção da ABA (entre 2007/2008), o Programa
Carne Angus teve na direção um de seus fundadores e ferrenhos defensores – o atual presidente da
ABA, selecionador Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello, proprietário da Estância
Santa Eulália, em Pelotas, RS. Para ele, a qualidade da carne é o pilar principal de sustentação da raça.
“Cada vez mais a qualidade da carne vem impulsionando o uso da raça, da genética Angus sobre os
rebanhos formadores de nossa pecuária.
Conforme o dirigente, o Brasil é o
maior exportador de carne do mundo,
mas nossa carne ainda tem preços que
ficam muito aquém da remuneração da
carne de países que já tem tradição em
carne de qualidade, casos do Uruguai,
Argentina, Nova Zelândia, Austrália e
Estados Unidos, entre outros. “Mas já
temos genética que, bem administrada,
vai nos dar condições de colocar a raça
Angus e a carne Angus no mesmo nível
dos melhores do mundo”, prospecta
Joaquim Mello.
Ele afirma que a genética Angus
será a grande responsável pela elevação
do nível de qualidade das carcaças no
Brasil. “Será o grande melhorador do
Nelore, e pelos números da venda de
sêmen Angus anunciados pela ASBIA,
de cerca de 1,5 milhão de doses em
2009, isto já está acontecendo”, acredita Mello.
Juliana Brunelli
Fábio Medeiros
Uma criança, cuidada
desde o embrião
A criadora de Angus e veterinária
Dra. Vivian Potter (leia-se Agropecuária Quiri, em Dom Pedrito, RS),
que dirigiu o programa Carne Angus
durante a segunda gestão de José Paulo
Cairoli (2007/2008), conhece o Carne
Angus desde que foi criado. “É como
se fosse uma criança, cuidada desde o
embrião”, ilustra.
Para ela, a tendência é do programa
crescer e melhorar sempre, em todos
os sentidos. “Tecnicamente já tivemos
vários e bons avanços. Mas são coisas
que precisam ser feitas passo a passo,
para que possam ser consolidadas e
o programa avançar, sem recuos”,
avalia.
Segundo Vivian, a remuneração
ainda não está no patamar que o produtor gostaria. Entretanto a valorização
da raça, da genética Angus, em todo o
Brasil, é inegável. E isso vale muito.
“O que o consumidor do primeiro
mundo já sabia, agora também aqui
está se tornando uma verdade: carne é
Angus”, empolga-se.
Time técnico: os que
trabalham em silêncio
O médico veterinário, Doutor em
Zootecnia - Fábio Medeiros, é subgerente da ABA – Programa Carne
Angus e o responsável técnico pelo
Programa Carne Angus Certificada em
todo o Brasil, coodernando atualmente
uma equipe altamente qualificada e
treinada de 14 profissionais, que não
para de crescer.
Trabalhando no programa praticamente desde o seu início de operação
(março de 2004), quando também
estreava a comercialização da carne
Angus no varejo, Fábio Medeiros foi
o responsável pelo desenvolvimento
do Sistema de Gestão pela Qualidade,
que padronizou os processos de certificação do Programa Carne Angus, o
qual culminou com o reconhecimento
inédito do programa pela certificadora
mundial AUSMEAT, em 2007, tra-
balho que é mantido até hoje, através
de auditorias periódicas das unidades
industriais.
“Para que o programa pudesse se
profissionalizar e ser reconhecido por
sua idoneidade, era necessário montar
um sistema de certificação de padrão
internacional, seguro e auditável. A
ABA empenhou esforços desde 2005
na construção deste modelo, que hoje
é referência nacional em certificação da
qualidade de carnes” afirma Medeiros,
relatando o alto grau de profissionalização atingido pelo Programa Carne
Angus. Ele argumenta que o Programa
Carne Angus é um case de sucesso na
integração da cadeia produtiva e tem
sido a mola mestra do desenvolvimento da raça Angus no Brasil. Baseado na
relação ganha-ganha, beneficia todos
os elos da cadeia produtiva, desde o
consumidor que tem um produto
diferenciado com certeza de sua qualidade, até o produtor, que se beneficia
desta diferenciação recebendo valores
a mais pela qualidade dos animais que
produz.
“Respeitado e admirado por sua
credibilidade e qualidade de seus produtos, hoje o Programa Carne Angus
Certificada é um dos mais importantes
Programas de Carne do Brasil”, diz o
especialista da ABA.
Para Juliana Brunelli, médica veterinária, Gerente Administrativa da
ABA, o Programa Carne Angus Certificada esta em ascendente expansão,
o volume de carne Angus produzido
ainda neste semestre supera todas as
marcas já atingidas pelo programa
desde sua criação, marcas estas que
já possuem grande representatividade
dentro mercado. Por isso estamos
sempre focados para que o programa
mantenha e conquiste cada vez espaço
dentro do mercado, possibilitando
importantes vantagens comerciais para
o produtor que usa a genética Angus,
como também carne com qualidade
certificada para indústria e para o
Angelo Tellechea
consumidor”, examina Juliana.
O dia-a-dia, dentro
da indústria
Responsável pela supervisão do
Controle de Qualidade do Programa
Carne Angus Certificada dentro das
insdústrias do Grupo Marfrig no RS,
a veterinária Ana Doralina Alves Menezes, considera que o programa tem
grande importância para a raça e para
seus criadores, especialmente porque
leva ao mercado a comprovação do que
sempre se falou a respeito da carne Angus: o seu diferencial de qualidade.
A carne Angus – diz Ana Doralina
– despertou nos produtores os preceitos do bem estar animal. “Antes o produtor carregava os bois no caminhão
do frigorífico e pronto. Mas agora, ele
se preocupa com a qualidade deste
serviço e com todas as ações até o abate,
para que não hajam perdas na carcaça”,
informa a técnica, observando que o
produtor também se preocupa com
o pós abate, com os cuidados técnicos
com a carne, os cortes e a classificação
das carcaças.
Trabalhando no Programa desde
2006, a médica veterinária Gabriela
Ribeiro, supervisora do Controle de
Qualidade do Programa no Frigorífico Silva, destaca a importância
da presença da ABA no dia a dia
da indústria. “Nossa função não é
apenas garantir a identidade dos
produtos, mas também sua aparência,
embalagem e a qualidade do processo
industrial, para que a carne Angus
possa expressar todo seu potencial”,
sentencia, elogiando o alto grau de
qualificação e comprometimento alcançado pela equipe de certificadores
da ABA.
Juntamente com elas, as também
veterinárias Angélica Pereira e Ana
Paula Rodrigues e uma grande equipe técnica atuam no dia a dia das
industrias, garantindo a identidade e
>>>
a qualidade da carne Angus.
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REPORTAGEM
Julho / Agosto de 2010
Com o crescimento, surgem os parceiros
Fotos: ABA/Divulgação
Marcos Molina, presidente do Marfrig
O primeiro grande parceiro do Programa Carne Angus
Certificada foi o Frigorífico Mercosul, hoje adquirido pelo Grupo
Marfrig, que deu seqüência à parceria com a ABA e inclusive
expandiu o Programa Carne Angus Certificada para suas plantas
no centro do País, contagiando produtores para a genética Angus
e chamando a atenção do mercado brasileiro como um todo.
Marfrig Group
Em acordo firmado no final de
2006 pelo presidente do Grupo,
Marcos Molina, com a presença do
então presidente da ABIEC, Marcus
Vinícius Pratini de Morais, o grupo
Marfrig passou a integrar o programa. Buscando o desenvolvimento do
potencial do Angus no cruzamento
industrial, investiu em programas de
fomento a inseminação artificial nas
regiões Centro-Oeste e Sudeste do
Brasil, conseguindo grande êxito na
difusão da genética Angus nestas regiões e garantindo a oferta de matéria
prima para abate.
Com o arrendamento das unidades do Marfrig, a equipe dirigida pelo
experiente James Cruden, visualizado
o potencial do RS para produção da
carne Angus, renovou sua parceria com
a ABA, conferindo diferenciais de preço
para os animais Angus. Hoje, com cinco
plantas produzindo a carne Angus em
todo o País e com a posição de mercado
consolidada como a segunda maior
indústria de carnes do Brasil, o Marfrig
se tornou um dos principais parceiros
da ABA.
VPJ Pecuária
Em agosto de 2007 a VPJ Beef
(empresa do grupo VPJ, de propriedade do selecionador Valdomiro Poliselli
Júnior, em Jaguariúna e Pirassununga,
SP), obteve o selo de certificação do
Programa Carne Angus Certificada.
Mas a essas alturas o agroempresário
Valdomiro Poliselli Junior, à frente
do grupo VPJ, já havia montado toda
a estrutura e já estava produzindo os
cortes de carne Angus, organizando
um sistema capaz de atender às exigências do mercado.
“A ABA realiza um trabalho muito
técnico e correto na certificação da carne
Angus. E o consumidor, seja ele particular ou restaurantes, já identifica e valoriza
este selo de certificação, que comprova
a incomparável qualidade da carne Angus”, diz, com otimismo e orgulho, o
administrador de empresas e gerente da
VPJ Beef (empresa do grupo criada para
a área de carnes de qualidade),
Antonio Augusto Miranda
Segundo ele, a VPJ Beef é uma “grife de carnes” que atua hoje no mercado
de quem anteriormente comprava carne
importada, por exemplo da Argentina
e do Uruguai, e agora está trabalhando
com a carne VPJ e está mais do que
satisfeito.
“O cliente nos diz o que quer e a
quantidade, e nós fazemos a entrega
da carne já porcionada e dentro das
especificações encomendadas”, explica
Miranda.
Na área de abates, a VPJ Beef está
trabalhando com um volume médio de
120 toneladas ao mês, oferecendo ao
mercado 420 itens em carnes de qualidade não só de bovinos, mas também
de ovinos. Caracterizados pela inovação, a VPJ Beef produz além de cortes
especiais de carne Angus Hamburguers
100% Carne Angus certificada, além de
outros itens de alto valor agregado como
o Carpaccio Angus.
Frigorífico da Gruta
Parceiro do Programa desde o final
de 2008, tem sua produção especialmente direcionada a suas boutiques no
RS, atuando de forma verticalizada na
cadeia produtiva. Realiza um importante
trabalho de fomento da raça no extremo
Sul do Estado gaúcho, financiando a
qualificação dos rebanhos da região.
No Silva, produção é crescente
A boa aceitação da Carne Angus
Certificada pelo mercado está fazendo
com que o Frigorífico Silva venha
gradualmente aumentando a sua participação como destacado parceiro do
programa de carne de qualidade da
ABA. “Desde que firmamos a parceria,
na Expointer 2009, temos realizado
um trabalho de base bastante firme
neste projeto, e pela resposta positiva
do mercado, temos elevado o volume
de abates em nossas plantas industriais”,
revela, com otimismo, o zootecnista
Diogo Carvalho Soccal, consultor do
Frigorífico Silva, do Rio Grande do
Sul - o mais novo parceiro ro Programa
Carne Angus.
Segundo Soccal, na atualidade o
Valdomiro Poliselli Jr.
Silva está abatendo em torno de 1.400
animais certificados ao mês, tendo
com meta sempre presente a evolução
constante desta performance. “Remuneramos os produtores com percentuais
que ficam até 3% acima dos valores
praticados pelo frigorífico no mercado”,
diz Diogo Soccal. Para o dirigente, a
comercialização da carne é tarefa fácil,
porque o mercado a quer. Mas o gargalo
atual do programa é a formação de produtores para o abastecimento dos abates
com animais no padrão exigido. “Tudo
neste programa da associação de Angus
é altamente positivo e o seu crescimento
é apenas uma questão de tempo”, avalia
o consultor.
A Carne Angus nas
gôndolas dos supermercados
“A busca por um produto realmente
diferenciado em termos de qualidade
passou a ser uma preocupação constante
de nossa empresa, tanto que desde os
anos 70 oferecemos aos nossos clientes/
consumidores os cortes de carne de Novilho Precoce Zaffari”, revela o diretor
da rede gaúcha Zaffari de Supermercados, Cláudio Zaffari.
Segundo o dirigente, o Novilho
Precoce foi o início das boas experiências realizadas pela empresa, que até
hoje segue preocupada em oferecer
o que há de melhor a seus públicos
consumidores. “Na atualidade, temos
outras marcas de carnes, mas a Carne
Angus, por seu sucesso junto aos
consumidores, tem sido uma das grandes geradoras desses cortes de carnes
realmente diferenciadas e levando às
pessoas a garantia de um produto de
qualidade comprovadamente superior”,
diz Cláudio Zaffari.
Uma rede que cresce, do campo à gôndola
O Programa Carne Angus
Certificada, da Associação Brasileira de Angus (ABA), teve
início em 2001, passando por
fases de estudos, levantamento de
viabilidade técnica, entre outros
aspectos e itens necessários à sua
efetiva implantação e funcionamento.
A partir de março de 2003
foram iniciadas as atividades
de classificação de animais para
abate, no frigorífico Mercosul
(hoje Marfrig).
Em março de 2004, o programa alcançou as gôndolas da rede
Zaffari-Bourbon, principal rede
de varejo do Rio Grande do Sul,
com grande identificação por parte
do consumidor através do quesito
qualidade.
Seguindo o plano de expansão
do Programa Carne Angus para
todo o País, em dezembro de 2006
foi assinado o acordo que levaria,
através do Frigorífico Marfrig, o
programa para a região sudeste
brasileira.
Os trabalhos tiveram início na
unidade de Promissão II, interior
paulista, e devem ser em breve
expandidos para outros estados do
Centro Oeste.
Satisfeitos com os resultados, ao
arrendar as unidades do Frigorífico
Mercosul, o Marfrig renovou sua
parceria, passando a atuar em cinco
unidades no RS com produção de
carne Angus e a oferecer bonificações sem precedentes aos animais
certificados, além de sua forte atuação no Centro-Oeste brasileiro.
A VPJ Beef (empresa do grupo
VPJ Pecuária) alcançou a certificação da carne Angus em julho de
2007. É um projeto diferenciado,
que atende aos consumidores mais
exigentes e tem na inovação (hambúrguer Angus, carpaccio Angus,
etc) e na preparação de cortes
especiais e porcionados os seus
principais diferenciais.
O Frigorífico e casa de carnes
Angus da Gruta iniciou sua parce-
ria com o Programa Carne Angus
Certificada no RS, em dezembro
de 2008, focado nos consumidores
de elevado poder de compra da
capital Porto Alegre e do Estado
gaúcho, além de implantar uma
loja de carnes num dos mais badalados balneários gaúchos. Tem
como diferenciais seu programa de
fomento, que financia reprodutores
a pequenos e médios produtores de
sua região sede, Herval do Sul.
O mais novo integrante do Programa Carne Angus Certificada, o
Frigorífico Silva, tem como foco de
sua empresa a produção de marcas
de carnes nobres, sendo a certificação da ABA o seu apogeu. Com
esta empresa os trabalhos foram
iniciados em outubro de 2009.
Os pioneiros
Um total de 30 produtores
gaúchos acreditaram e foram os
pioneiros a preparar e entregar
novilhos para abate no Programa
Carne Angus Certificada com as
características exigidas.
Os primeiros abates ocorreram
em março de 2003. Na atualidade,
considerando todas as plantas que
operam com a certificação do programa Carne Angus, já são mais
de 400 produtores que entregam
novilhos para certificação e abate
no programa, que só cresce.
NOTÍCIAS DA ABA
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CARNE
Workshop da Carne Angus traz novidades
O
VII
Workshop da
Carne Angus –
Sanidade, Rastreabilidade e
Mercados, traz
novidades neste ano de 2010. O tema
central de debates do badalado evento
da Associação Brasileira de Angus
(ABA) na Expointer será a questão
da sanidade, quando será discutida a
possibilidade de retirada da vacinação
contra a Febre Aftosa e seus impactos
no mercado da carne.
Este painel, com transmissão ao
vivo pelo Canal Rural, conta na sua
abertura com uma palestra do experiente consultor de Mercado Alcides
Torres Jr, da Scot Consultoria, que
analisará com os presentes os impactos
financeiros e de oportunidades da
suspensão da vacinação e ao mesmo
tempo os efeitos de uma eventual
crise sanitária.
Entre os participantes da mesa de
debates deste painel, também figuram
o diretor executivo da ABIEC, Otávio
Cançado, e representando a classe
dos produtores rurais o pesquisador e
pecuarista José Fernando Piva Lobato,
Campeonato Anual de Carcaças Angus
– Frigorífico Silva a todo vapor
O campeonato de carcaças Angus – Frigorífico Silva está a pleno desenvolvimento. Segundo a supervisora, Gabriela Ribeiro, a disputa vem sendo
acirrada. Alguns produtores tem acompanhado o abate de seus animais e
disputado ponto a ponto.
O campeonato de carcaças compreende a média de três abates e um mínimo de 60 animais Angus aprovados no período de abril a agosto, quando
os produtores lideres serão conhecidos e convidados para a grande final, que
ainda não tem data definida. Este tipo de campeonato traz como principal
diferencial a valorização da constância de qualidade produzida pelos produtores
Angus – Frigorífico Silva. O campeão do concurso, além de troféu, receberá
uma premiação especial em dinheiro.
da UFRGS, entre outras autoridades.
O segundo painel do evento abordará
a real situação da rastreabilidade bovina no Brasil.
O Workshop da Carne Angus
reúne a cada ano mais de 200 participantes, pessoas dos mais distintos
elos da cadeia produtiva e tem se
destacado por ser um importante
fórum de debates de temas de interesse da cadeia da pecuária de corte.
O workshop está programado para o
dia 2 de setembro, na Casa RBS, no
arque Assis Brasil, em Esteio, com
início às 13h30min.
VPJ Beef aposta
no crescimento
do mercado de
hambúrguer
Caracterizada pela inovação, a VPJ Beef aposta forte
no crescimento do mercado de
Hamburguer Angus. “Já estamos
comercializando cerca de 30 toneladas de hambúrguer por mês,
e o volume não para de crescer,
afirma Antônio Augusto Miranda, administrador da VPJ Beef.
Concurso de Carcaças Angus &
Encontro de Produtores - Marfrig
A Associação Brasileira de Angus (ABA) e Marfrig preparam para o dia
23 de setembro a quinta edição do tradicional Concurso de Carcaças Angus.
Segundo Fabio Medeiros - sub gerente da ABA – Programa Carne Angus, o
concurso de carcaças é uma oportunidade ímpar para demonstrar o potencial
da genética Angus, tanto para invernadores que demonstram sua capacidade
e diferenciação na produção de carne, quanto para selecionadores, que evidenciam ao mercado o potencial de suas cabanhas.
“O concurso de carcaças é a verdadeira vitrine da genética Angus”, sintetiza Medeiros. Os abates serão realizados na unidade de Bagé do Frigorífico
Marfrig. Podem participar todos os produtores do RS, sendo aceitos animais
de ambos os sexos, machos e fêmeas definidos ou cruza angus, com idade de
até 4 dentes (30meses). As inscrições deverão ser realizadas na ABA impreterivelmente até o dia 6 de setembro. O regulamento completo encontra-se no
site www.carneangus.org.br. Haverá premiações especiais para os campeões
do concurso.
E a novidade deste ano é a integração entre o Concurso de Carcaças e o
tradicional Encontro de Produtores Carne Angus, que será realizado em Bagé,
nos dias 24 e 25. Com palestras técnicas e visita a campo, o encontro abordará
os temas: Qual o reprodutor / sêmen ideal para meu sistema de criação, pelo
Prof. José Fernando Piva Lobato – UFRGS; Carrapato e Tristeza Parasitária
– estratégias de prevenção, por Cláudia Gomes, da Embrapa; e Sistemas de
terminação a pasto e confinamento.
Angus da Gruta de casa e produtos novos
A Boutique Angus da Gruta está de casa nova. Em novo local, à avenida
Teixeira Mendes, 1050, em Porto Alegre. Com uma série de produtos novos
à disposição dos clientes, como o charque Angus, hambúrguer artesanal,
rocambole, entre outros, a Angus da Gruta aposta na inovação para fidelizar
ainda mais seus clientes.
A boutique parceira da Associação Brasileira de Angus (ABA) conta também
com um serviço de tele entrega e um site que permite ao consumidor realizar
pedidos online. Visite – www.angusdagruta.com.br
MOVIMENTO
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NOTÍCIAS
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Angus participa da prova de avaliação
de tourinhos em confinamento em SP
Fotos: ABA/Divulgação
Entre maio e o final de setembro,
a raça Aberdeen Angus participa com
30 animais da prova de avaliação de
tourinhos em confinamento, realizada pela CRV Lagoa em Sertãozinho,
SP. Integram o teste um total de
430 animais de oito raças zebuínas e
taurinas, entre os quais 30 tourinhos
Angus de nove produtores do Rio
Grande do Sul, São Paulo e Minas
Gerais.
O 4ª edição do Teste de Performance CRV Lagoa, realizado no
Confinamento Savegnago, próximo
da sede da empresa, foi iniciado dia
oito de junho, após período de adaptação dos animais, com a pesagem
inicial. Segundo o coordenador do
Centro de Performance, Ricardo
Abreu, “essa pesagem após 42 dias
de adaptação foi o pontapé inicial
da prova, e até o final de setembro
avaliaremos os animais em 12 características”.
O técnico explica que serão
avaliados peso, ganho médio diário,
circunferência escrotal (CE), conformação, precocidade, musculosidade,
umbigo, temperamento, Área de
Olho de Lombo (AOL), Espessura
de Gordura Subcutânea (EGS),
marmoreio e tipo.
No início de agosto será realizada
a pesagem intermediária e a primeira
mensuração de circunferência escrotal. Já na última semana de setembro
ocorre a pesagem final, a segunda
medida de CE e a avaliação de todas
as outras características. Finalizado
o teste, logo em seguida os animais
serão comercializados pela central de
inseminação artificial.
O teste, para a raça Angus, tem
como objetivo principal a seleção de
touros Angus adaptados ao CentroOeste e Sudeste, sintetiza a presidente
do Conselho Técnico da ABA,
Susana Macedo Salvador, que apóia
o teste. Segundo Susana Salvador, o
teste busca identificar o desempenho
superior de animais em sistemas de
confinamento, além de características
de qualidade de carcaça alcançadas
neste regime.
FSL Angus Itu faz sucesso
em dia de campo
A Fazenda FSL Angus Itu, propriedade do selecionador de Angus
Antônio Maciel Neto, localizada
no município de Itu, SP, realizou
Dia de Campo em 26 de junho,
reunindo uma assistência superior
a 170 pessoas. O evento teve como
objetivo apresentar os animais que
irão integrar a oferta do remate que
Maciel Neto irá realizar no terceiro
sábado de Setembro. O Dia de Campo também foi palco para palestras,
que foram ouvidas atentamente pelo
numeroso público presente.
O Frigorífico Marfrig, através do
seu gerente, Luciano Andrade, apresentou o seu Programa de Fomento,
visando a produção de carne Angus.
O zootecnista Tito Mondadori, técnico da ABA, falou sobre a importância do correto manejo de touros.
O veterinário Mauro Meneghetti,
gerente de Produtos do Laboratório
Pfizer discorreu sobre o protocolo
IATF. Presentes ao evento também
o veterinário Edmundo Vilela, titular da Lageado, empresa parceira do
Marfrig no Programa de Fomento e
vários gerentes da Marfrig.
Inicialmente o titular da FSL
Angus Itu falou sobre a filosofia de
produção da sua propriedade, onde
o Programa Carne Angus Certificada já está implantado e o trabalho é
feito pela raça, visando disponibilizar ao mercado uma carne realmente
diferenciada. “Começamos tímidos
e hoje somos uma realidade forte”,
destacou ele.
Luciano, do Marfrig, abordou
toda a logística desenvolvida pelo
frigorífico e a importância da Carne Angus Certificada, que em sua
opinião é um produto com mercado
em expansão e preços diferenciados,
apresentando uma garantia de boa
comercialização e rentabilidade
certa aos criadores. O zootecnista
e Diretor do Conselho Técnico do
Núcleo de Criadores de Angus de
São Paulo, Tito Mondadori, fez
uma ampla explanação sobre o manejo de touros. As palestras foram
animadas com inúmeras perguntas
do público presente. Um almoço
com carne Angus fornecida pelo
Marfrig retemperou os participantes, que receberam convites para
participar do leilão a ser realizado
em setembro.
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NOTÍCIAS DA ABA
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Jurado jovem tem curso na Expointer
Fotos: ABA/Divulgação
Com data marcada para o dia 4 de
setembro (sábado, às 9h, no Senar),
está prevista a realização do 3º Curso
Jurado Jovem, promovido pela Associação Brasileira de Angus (ABA).
Com disponibilidade de 40 vagas, o
curso prevê uma programação com
temas ligados aos Regulamentos da
associação, Critérios de Julgamento
e Padrão Racial Angus.
As aulas serão ministradas pelo
técnico da ABA e jurado da Expointer 2010, Dr. Flávio Montenegro
Alves, e pela gerente da ABA, Juliana
Brunelli. Além dessas abordagens, o
subgerente do Programa de Carne
Angus Certificada e técnico de Me-
lhoramento Genético da ABA, Dr.
Fábio S. Medeiros, estará oferecendo
aos participantes informações sobre
Qualidade de Carne e Biótipo Animal
para a produção de Carne Angus.
“Este curso permite uma integração importante entre a ABA, os estudantes, criadores e pessoas interessadas, apresentando informações sobre
a raça, seu padrão racial, critérios de
julgamento, o seu diferencial e todo
o trabalho realizado pela associação
para o seu crescimento”, antecipa
Juliana Brunelli.
As aulas teóricas terão como local
o auditório do Senar e a prática na
pista central da feira.
ABA organiza Curso de Cabanheiro
O conceito atual
alcançado pelo produto Angus faz com
que a Associação
Brasileira de Angus
(ABA), esteja constantemente preocupada com os aspectos
que levem ao aperfeiçoamento da raça. É
pensando nisso que
a entidade organiza
nesta Expointer o
Primeiro Curso de Cabanheiro,
destinado aos novos criadores,
tratadores das cabanhas e demais
interessados.
Conforme explica um dos
coordenadores do evento, o agrônomo Luis Felipe Cassol, esta é a
raça que mais cresce no País e as
maiores cabanhas, difusoras de
genética de ponta, estão mostrando
seu trabalho nas pistas, daí justificar-se o cuidado nos fundamentos
quando os animais são mostrados
ao público e ao jurado.
“Independente do nível genético e de competição do criatório
envolvido é essencial para o produtor e de responsabilidade das
associações, que os animais sejam bem
preparados na hora da apresentação
nos julgamentos e remates”, justifica
Cassol.
O curso quer capacitar os profissionais para um mercado carente de
mão de obra qualificada e permitir
que os novos criadores e investidores
possam competir em igualdade de
condições com as cabanhas mais
tradicionais.
Para o agrônomo e também
organizador do curso, Átila Leães
Dorneles, além de preparar os
profissionais que já atuam nesta
área, é necessária a formação de
novos e melhores cabanheiros,
que vão atender a um mercado em
ampla expansão.
“Exige-se hoje total
comprometimento
dos colaboradores
envolvidos no processo de criação e
apresentação dos
animais em pista”,
explica Dorneles,
ao reconhecer que
a disseminação do
conhecimento vai
facilitar o caminho
deste novo criador.
O curso terá a duração de oito
horas teóricas e quatro horas de aulas práticas, sendo que as inscrições
podem ser realizadas diretamente
na ABA. A parte prática contará
com a utilização de animais préselecionados. A data para a sua
realização está prevista para os
dias 26 e 27 de agosto. O local
escolhido é o Parque de Exposições
Assis Brasil e serão tratados temas
que vão desde a postura do cabanheiro, nutrição, identificação, até
a orientação quanto ao uso dos
melhores equipamentos de preparo
dos animais ao ingressar na pista,
entre outros itens.
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Embrapa realiza Prova de Avaliação
a Campo de Reprodutores Angus
Iniciada em julho deste ano, a Prova
de Avaliação a Campo de Reprodutores
Angus em Bagé tem por objetivo comparar, dentro de um mesmo ambiente
de criação, reprodutores da raça Angus
de diferentes cabanhas do estado, visando identificar animais superiores para
produção em sistema de pastejo. Serão
avaliados ganho de peso, características
de carcaça por ultrassonografia e escores
visuais de conformação, precocidade e
musculosidade.
A prova é uma parceria entre a
Associação Brasileira de Angus e a
Embrapa Pecuária Sul (Bagé/RS),
contando com o apoio do Núcleo
Bageense de Criadores de Angus e das
empresas Speedrite Cercas Elétricas,
Tortuga Nutrição Animal, Ouro Fino
Saúde Animal, Acatak Novartis Saúde
Animal e CRI Genética. A Prova de
Avaliação a Campo de Reprodutores
Angus tem a participação de 23 animais
de 14 criatórios de
diferentes regiões
do RS e segue até
abril de 2011. A
condução técnica
da prova está a cargo
do pesquisador da
Embrapa CPPSUL – Joal Brazale Leal,
com acompanhamento do presidente
do núcleo Bageense de Criadores de
Angus, Alfredo da Cunha Pinheiro. O
subgerente da ABA, Fábio Medeiros,
membro da comissão diretiva da prova,
destaca o padrão dos animais participantes. “São tourinhos de excelente
qualidade. Na pesagem inicial alcançaram o peso de 246kg em média”. Os
animais estão em período de adaptação.
Durante os meses de inverno e primavera serão conduzidos em pastagem
de aveia e azevém consorciado com
trevo vermelho. O teste está permanentemente aberto à visitação, para
acompanhamento de sua evolução.
Para informações e agendamento de
visitas, entrar em contato com a ABA
ou diretamente na Embrapa, com o Dr.
Joal Brazalle Leal.
CONSELHO TÉCNICO
Os primeiros
resultados do teste
de Progênie de
touros Angus
A partir deste ano, os primeiros
resultados dos animais avaliados
pelo teste de progênie de touros
angus, realizado em parceria com a
alta/progen estarão disponíveis no
sumário de touros ANC/Promebo.
Estarão disponíveis os dados dos
animais avaliados no ciclo 2007,
com excelentes perspectivas. Item
fundamental na difusão da genética
nacional, o teste de progênie de
touros angus visa revelar animais
superiores na avaliação genética do
promebo, obtendo dados confiáveis
de progênie destes animais o mais
rápido possível para que estes possam ser utilizados amplamente no
rebanho nacional. São candidatos
à participação no teste animais top
na avaliação do Promebo. Estes são
reinspecionais e examinados por
técnicos da ABA e da central de
inseminação e submetidos a coleta
de sêmen. As doses são então distribuídas aos produtores parceiros que
realizam a avaliação dos animais.
Bolsas de estudo no exterior
para ultrassonografistas
Dentro do projeto de difusão da avaliação de reprodutores por ultrassonografia, a ABA apoiará a realização do 4º Curso de Certificação e Recertificação para
coleta de dados Ecográficos promovido pela Associação Argentina de Angus. O
curso, que tem 4 vagas reservadas para técnicos brasileiros indicados pela ABA,
será realizado na Cabanha El Volcán, na província de Buenos Aires no período
de 06 a 10 de setembro de 2010, sendo os exames e recertificações realizados no
período de 29 de novembro a 3 de dezembro de 2010. Coordenado pelo Dr.
Doyle Wilson, professor emérito da Universidade de Iowa - Estados Unidos), já
formou ecografistas que atuam no Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai.
Os interessados em participar do curso deverão entrar em contato com a ABA
pelo email [email protected]. A ABA fornecerá bolsas parciais de estudos no
curso para 2 ecografistas selecionados.
ABA prepara
Ações Técnicas
ABA premiará melhores
filhos de touros nacionais
Estão sendo preparadas para o
segundo semestre algumas atividades
técnicas que visam qualificar os interessados na área de melhoramento genético. No mês de setembro será realizado o
curso de credenciamento de avaliadores
promebo-angus e no mês de novembro,
um grande seminário abordando o tema
melhoramento genético.
Visando valorizar a genética Angus selecionada nos criatórios nacionais da raça, a Associação Brasileira
de Angus voltará a conferir durante
a Expointer o Prêmio José Collares
ao melhor macho e melhor fêmea filhos de pais nacionais. A escolha dos
animais será realizada pelo Jurado de
Classificação, em pista.
Parceria com Centrais de Inseminação na Feicorte
Durante a Feicorte 2010, a ABA contou com apoio das centrais de inseminação
no reforço do Marketing promocional da utilização do Angus no Cruzamento
Industrial. Através de um grande painel montado junto ao estande da ABA, as
qualidades do Angus no Cruzamento com zebuínos foram divulgadas aos participantes da feira.
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MELHORAMENTO GENÉTICO
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Ferramentas de performance,
essenciais na seleção de touros
Fotos: ABA/Divulgação
Partindo do princípio de que sempre há necessidade de se
corrigir alguma característica indesejada no rebanho e do mesmo
modo de que é preciso melhorar o desempenho dos animais, de
olho na eficiência da produção e no foco do cliente, torna-se
indispensável - e quase obrigatório - ao criador selecionar a melhor
genética que será utilizada na cobertura do rebanho de fêmeas. É
sabendo usar os touros ou genética adequados aos objetivos de
produção da propriedade e às matrizes lá existentes que o criador
vai conseguir elevar a resposta no campo, alargando suas margens
de lucro e satisfazendo todos os elos do mercado, até a ponta final
da cadeia,a onde está o grande chefe – o consumidor de carne.
A escolha - que na rotina de
seleção pelos criadores não exclui a
observação in loco do animal, para
conferir o seu fenótipo via análise
visual, se soma à avaliação de seu
desempenho em programas de melhoramento genético, em que as
Diferenças Esperadas na Progênie
(DEPs) permitem comparativos de
produção e indicam qual o melhor
caminho a ser buscado na opção pela
tourada. Esses dados é que vão, cientificamente, apontar o touro que irá
imprimir as características desejadas
no rebanho e em suas crias.
Para o veterinário Luis Alberto
Müller, integrante do Conselho Técnico da Associação Brasileira de Angus
(ABA), na seleção o criador precisa levar em consideração o objetivo da sua
pecuária, saber quais as necessidades
de melhoramento do rebanho e qual
o mercado que ele pretende atingir.
“Procurar exemplares avaliados pelo
Promebo é uma segurança na hora de
adquirir animais cujas características
e desempenho ele não consegue visualizar”, garante o experiente técnico.
Muller aponta que conhecer a origem
e o histórico do reprodutor é um passo importante para atingir o sucesso
no negócio, independentemente do
objetivo em campo.
A observação é um complemento
aos relatórios de desempenho. Para o
cancheiro professor do Departamento
de Zootecnia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (Ufrgs), José
Fernando Piva Lobato, além das
DEPs, também é preciso dar atenção
especial ao físico do animal. Segundo
ele, a condição corporal deve ser boa
e o macho deve ter capacidade e reserva para enfrentar toda a maratona
de acasalamentos da temporada de
monta sem apresentar deficiências.
“Observar patas, aprumos, com a
análise do animal parado e em movimento, faz parte desta etapa de avaliação”, salienta o especialista. “Tanto
o selecionador, que produz o touro,
quando o produtor, que adquire esse
touro para usá-lo em suas vacadas,
precisam aprender o que se convencionou chamar de “treinar o olho”,
para rapidamente avaliar o touro “no
vistaço”, argumenta o especialista,
traduzindo a questão para uma linguagem mais campeira.
Luis Alberto Müller
José Fernando Lobato
Por Luciana Radicione
Reprodutores com boa estrutura
óssea-muscular, altura e comprimento
adequados ao padrão racial, boa profundidade toráxica e arqueamento de
costelas, além da circunferência escrotal, podem se tornar fortes candidatos à
seleção, indica o zootecnista e professor
do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), Ivan Luiz Brondani.
Selecionar o animal pelo que
ele é. Um macho pode apresentar
índices magníficos de performance,
mas se tiver alguma alteração física,
simplesmente não estará apto para
servir fêmeas, sentencia o experiente
professor da área de Grandes Ruminantes da Faculdade de Veterinária
da Ufrgs, veterinário Jorge Bangel.
“Mais do que tudo, o touro precisa
ser um atleta sexual, com estrutura
uniforme, forte, com bons cascos”.
Após essa primeira análise, parte-se
para os números essenciais que vão
prenunciar os resultados do trabalho
de reprodução no campo.
Entre os dados de desempenho da
tourada destacam-se a capacidade de
ingestão de alimentos (kg de matéria
seca/dia) e ganho de peso diário. “A
capacidade de converter alimento em
ganho de peso (carne) é importante,
já que quanto maior, melhor poderá
ser o desempenho dos filhos, pois
estamos falando de características de
média a alta herdabilidade genética”,
afirma Dari Celestino Alves Filho,
agrônomo do Departamento de Zootecnia da UFSM.
Mas conforme o professor Piva
Lobato, duas características determinantes e que revelam a capacidade
de crescimento e vigor de bovinos
são peso ao desmame e ao sobreano.
Entretanto chama a atenção para
os indicadores de peso ao nascer,
especialmente em primíparas, que
chegando ao parto sem atingir os
80% do peso de vaca adulta em muito
bom estado corporal, podem ter problemas de distocia, além deste menor
desenvolvimento estar condicionado
à prenhez na estação reprodutiva que
logo se iniciará.
Para Lobato, a avaliação genética
pelas DEPs é prioritária e essencial,
especialmente em touros comerciais,
associada à características fenotípicas
e funcionais passíveis de observação.
“As DEPS integram um conjunto de
fatores que visam melhorar a produção, a produtividade e o retorno
econômico do sistema pecuário”,
afirma o mestre da Ufrgs, que também
é fazendeiro e destacado produtor de
>>>
novilhos para abate.
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MELHORAMENTO GENÉTICO
Sumário de Touros:
a Bíblia para a escolha do melhor sêmen
Fotos: ABA/Divulgação
O Sumário de Touros Angus, que exibe o valor genético de touros por meio das DEPs computado
a partir do Programa de Melhoramento Genético de Bovinos Carne (Promebo), é considerada
ferramenta indispensável na seleção da melhor genética para a inseminação artificial. Traz em suas
páginas a relação dos animais nascidos nos últimos anos e de seus filhos com diversas tendências
genéticas, tais como perímetro escrotal, características de fertilidade e precocidade, conformação,
musculatura, além de análises de AOL e EGS.
D
e acordo com Luis Müller,
através do Sumário o criador consegue facilmente
identificar o desempenho dos animais de interesse por características
avaliadas. Os dupla marca, animais
superiores no programa de avaliação
genética (classificados entre os 40%
superiores), segundo o especialista são
imprescindíveis para quem investe na
produção de touros, mas nada impede
que um produtor comercial faça uso
de genética de dupla tatuagem para
imprimir performance superior em
seu rebanho.
Na inseminação, não bastasse a
qualidade genética disponível no Sumário, consegue-se identificar melhor
os touros, já que seus filhos também
já comprovaram a sua qualidade. “Se
temos uma produção bovina de ciclo
completo e abatemos os novilhos ao
sobreano, temos a opção de escolher
via sumário touros que, inclusive, eles
têm um diferencial de desempenho
superior à média do rebanho para
aquela idade. Isto é extremamente
importante para um criador que busca
resultados”, afirma Ivan Brondani,
da UFSM. Embora a valorização da
genética nacional seja uma constante
e determinante para a disseminação de
animais extremamente adaptados às
condições regionais, o uso de genética
importada não constitui uma ameaça
a essa “adaptabilidade”. “O Promebo
é que vai dizer se é ou não adaptado,
independentemente da origem dessa
genética”, sentencia Müller. Segundo
ele, o importante é que determinado
animal passe pelas provas nacionais,
seja testado nas nossas condições e
comprove seu desempenho superior.
E touros adaptados, nacionais ou importados, são sinônimos de produtividade. “Cabanhas fazem a importação
de outros ambientes para evitar a
consanguinidade (é a chamada refrescagem genética), porém só vão ofertar
aqueles que sabidamente apresentam
ótimo desempenho, ou seja, que se
adaptaram àquela condição ou meio”,
explica Brondani. Lobato reforça que
o uso de um pequeno percentual de
sêmen importado é até recomendável
para a variabilidade de novas respostas
e contínua seleção, desde que oriundos de touros criados em condições
semelhantes aos dos criatórios do Rio
Grande do Sul e do Brasil.
Análise das DEPs é fundamental
Com um lote de até 150 novilhas
para inseminação por temporada,
a Cabanha Santa Bárbara, de São
Jerônimo, RS, trabalha de olho nas
demandas dos clientes espalhados por
várias regiões do Brasil e no exterior. A
proprietária, selecionadora Carla Sandra Staiger Schneider, não abre mão
do Sumário de Touros Angus neste
processo, com a avaliação das DEPs
na seleção dos melhores reprodutores,
dados que, segundo ela, respondem
por 80% da tomada de decisão.
“Todo o gado precisa corrigir algo
e melhorar algumas características, por
isso menos de 20% é análise visual”,
que confessa que a última etapa é sempre olhar para o animal. “O exterior é
sempre importante, porque ninguém
compra aquilo que não gosta. Assim,
eu tenho que gostar daquilo que vou
selecionar”, diz. E ela critica quem
questiona os benefícios da DEPs
no trabalho de melhoramento. “Ao
contrário do que alguns dizem, DEP
não é marketing, seu uso permite a
herdabilidade de características que
vão se perpetuar em todo rebanho”,
frisa a experiente criadora.
Embora se abasteça de dados de
programas da Associação Americana
de Angus, a Santa Bárbara também
faz uso da sua própria genética, com
a seleção de touros dupla tatuagem
com DEP final Deca 1 para serem
utilizados na temporada. E não
dispensa o Promebo desde que a
ferramenta foi lançada, sistema aliás, que antes de ser disseminado foi
testado nas dependências da própria
Santa Bárbara.
Essas ferramentas utilizadas em
conjunto, afirma Carla Sandra, vem
imprimindo características impressionantes no rebanho. “Cada criador
faz o que quer com o seu gado, mas
depois que ele atinge uma bagagem,
começa a buscar aquilo que o cliente
quer”, disse, salientando a importância da parte comercial no negócio. Se
no passado, o foco da Santa Bárbara
era animais de pista, hoje está mais
voltado à produção do que o seu
cliente quer e sabe que vai encontrar
na sua propriedade, ou seja, muita
rusticidade, animais pesados, com
carcaça bastante desenvolvida e grande facilidade e velocidade de ganho
João Paulo Schneider da Silva - Kaju
de peso.
Se o foco é o cliente,
deve-se selecionar de olho
nessa demanda, afirma
o diretor comercial da
GAP, de Uruguaiana, RS,
João Paulo Schneider da
Silva, o Kaju. Um bom
touro deve apresentar
características básicas,
como por exemplo, resistência na temporada
- com a produção de pelo
menos 25 terneiros por
ano. “Vendemos muito
volume de touros a preços
competitivos e, como não
podemos inflacionar, precisamos de um produto
bom e resistente, que seja
um investimento positivo para o
produtor comercial”, salienta. E,
para prever se a escolha do touro
é a correta, nada melhor do que
o Promebo, no qual se produz as
DEPs, onde é feita a seleção dos
animais que se destacam com dados
objetivos.
A pressão de seleção imposta pela
GAP faz com que apenas 20% dos
machos nascidos se tornem touros - o
equivalente hoje a 650 exemplares,
sendo que 50% deles são comercializados para fora do Rio Grande do
Sul. “Ficamos apenas com a elite dos
nossos animais, o restante é descartado”, diz Kaju.
A GAP também testa genética
de outras origens e neste ponto, a
preferência é sempre pela genética de touros que têm a progênie
avaliada em sumário. “Essa é a
ferramenta mais importante que
um criador tem para optar pelo
melhor a ser usado em insemimação
artificial”.
>>>
Carla Sandra Steiger Schneider
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MELHORAMENTO GENÉTICO
Há duas décadas avaliando dados
Fotos: ABA/Divulgação
Com um trabalho voltado à produção de reprodutores e de novilhas
para terminação, a proprietária da
Cia Azul, de Uruguaiana, RS, veterinária e atual presidente do Conselho
Técnico da ABA, Susana Macedo
Salvador, explica que o uso de dados
de avaliação genética dá ao criador a
informação de onde quer chegar, de
que forma chegar e com qual objetivo. “Sempre é muito importante
selecionar com base no objetivo do
negócio”, afirma ela. Animais adaptados às condições locais é ponto-chave,
algo que só poderá ser “visto” pelas
DEPs. “Animais precisam responder
bem às nossas condições, e para isso,
priorizo a genética brasileira, com seleção de reprodutores de meu próprio
rebanho, dupla marca com avaliação
superior”, conta a criadora, que por
temporada utiliza em média 15 touros
para coleta.
Em outra destacada propriedade,
a Olhos D’água, de Alegrete, RS, o
uso de genética controlada pelo Promebo é essencial para a pecuária atingir níveis de precocidade, acabamento
de carcaça e carne com bom índice
de marmoreio. “Sempre persigo as
características genéticas ideais para o
meu negócio’, garante o proprietário,
selecionador Antonino Dorneles. E os
resultados vão além do objetivo que a
Olhos D’água propõe. “Nunca tive a
pretensão de ser um cabanheiro, mas
com a qualidade genética que venho
obtendo, tranquilamente poderia
colocar animais em pista”, avalia ele,
que faz uso de inseminação artificial
e monta natural sempre com base nos
relatórios do sumário de touros e do
Promebo.
A conquista, em 2007, do troféu Mérito Genético Angus, já diz
muito sobre a seriedade do trabalho
de seleção tocado na propriedade de
Ulisses Amaral há mais de 20 anos.
Na Santa Joana, localizada em Santa
Vitória do Palmar (RS), 100% dos
animais nascidos são avaliados pelo
Promebo, e parte dos que obtém os
melhores índices é colocada à venda
ou é utilizada para inseminação na
própria fazenda.
A seleção é totalmente baseada em
dados de performance na desmama e
no sobreano, este último ainda com
avaliação de carcaça por ultrassom.
“Fomos pioneiros neste tipo de avaliação, que fazemos na Santa Joana
desde 2002”, afirma Amaral. Ou seja,
no sobreano, além de considerar os
dados de performance do Promebo
para ganho de peso e características
morfológicas, são pontuados os dados
de avaliação de carcaça.
“Dessa forma estamos já há muito
tempo selecionando o melhor tanto em
machos quanto em fêmeas”, diz o sele-
cionador, que em pouco tempo projeta
que a totalidade de touros selecionados
na Santa Joana sejam animais com
características genéticas superiores, os
dupla marca. Para ele, tanto o Promebo quanto o Sumário de Touros são
ferramentas que possibilitam sempre a
melhor escolha, pois utilizam critérios
objetivos. “Seguimos tudo ao pé da
letra”, considera o criador, para quem
a parte comercial vem em segundo
plano. “A nossa prioridade é sempre a
seleção”, conclui.
Ulisses Amaral
Susana Macedo Salvador
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