Catherine de Hueck Doherty - Uma história de

Transcrição

Catherine de Hueck Doherty - Uma história de
Catherine de Hueck Doherty
- Uma história de fé e de amor a Deus
Catherine nasceu na Rússia, em 1896, no seio de uma família de condição
aristocrática. Os seus pais eram profundamente crentes, e de tradição
ortodoxa. Foi no ambiente familiar que Catherine aprendeu a enraizar a fé em
Jesus Cristo na vida quotidiana e a ligar a fé à exigência do amor ao próximo.
Também da tradição ortodoxa recebeu uma espiritualidade apaixonada pela
salvação do mundo a qual viria a marcar toda a sua vida.
Ainda na infância, em Alexandria, para onde os seus país foram viver por
razões profissionais, durante algum tempo, Catherine frequentou o colégio das
Filles de Sion e assim conheceu a Igreja católica em que entra, já casada, e
quando já estava a viver em Inglaterra, como refugiada.
Catherine não teve uma vida fácil. Com menos de 20 anos e já casada tem de
deixar São Petesburgo, para fugir da perseguição que se seguiu à Revolução
de Outubro. Emigra com o marido, primeiro para a Finlândia e depois para a
Inglaterra. Foram anos de grande precariedade e de muito sofrimento
psicológico, num ambiente de guerra, que ditaram a procura de melhores
condições de vida no outro lado do Atlântico.
No Canadá, conhece a ruptura do primeiro casamento e faz a experiência da
monoparentalidade, assumindo, por inteiro, o cuidado de um filho, entretanto
nascido daquele primeiro casamento.
Conhece os trabalhos mais duros e a solidão de uma mulher estrangeira. Mas,
em todas as situações, encontra na fé a sua força. A mesma força que a impele
a trabalhar em favor dos mais pobres, em lutar pela justiça, e, mais tarde, já
residente nos Estados Unidos, a participar nas lutas em Harlem, contra a
discriminação racial e a favor dos direitos humanos.
Foi esse dom do Espírito Santo, como ela própria reconhece, que a levou a
trabalhar como assistente social junto dos mais pobres, a denunciar a injustiça
que conduz à pobreza e a criar as Friendship Houses que se tornaram num
movimento de acolhimento de pessoas em dificuldade o qual, por sua vez, deu
origem à criação de uma comunidade leiga, a Madonna House, que hoje está
presente em várias cidades do continente americano e continua a animar as
Friendship Houses.
A apresentação da vida de Catherine Hueck Doherty ficaria incompleta sem
uma referência ao seu amor ao silêncio e à oração. Este amor foi, sem dúvida,
a chave da sua energia interior.
Catherine trouxe para o mundo ocidental a experiência russa da “poustinia” – o
lugar silencioso, o lugar do deserto onde Deus fala ao coração humano para o
iluminar, o lugar onde “rezar é simplesmente perder-se, abismar-se na
imensidade do Coração de Deus.”
A Madonna House está intimamente associada a esta necessidadepossibilidade de deserto, tanto quanto a uma experiência comunitária de vida
simples e fraterna, ao serviço dos mais pobres, no espírito da radicalidade do
Evangelho.
Um biógrafo descreve a vida de Catherine como uma história de amor a Deus,
marcada por muitos sobressaltos, inúmeras alegrias e tristezas, que dariam
para preencher “várias vidas”.
Através das diferentes etapas do seu percurso de vida (casamento, separação,
monoparentalidade, novo casamento, …), no desafogo da vida aristocrática da
sua infância, no seu país natal, como na grande privação e em situação de
refugiada, em tempo de guerra como em ambiente de paz, sempre se deixou
guiar pela sua fé e pelo seu amor a Deus. Por isso a sua vida foi tão fecunda e
continua a ter sinal profético para os nossos dias.
Catherine deixou-nos vários escritos: alguns livros e muitas dezenas de artigos.
Dos livros, deixo nota destes: Deserto vivo, Poustinia (1989). Ed. Loyola;
L’Évangile sans transiger (1980). Ed du cerf; Âme de mon âme (1990). Ed. du
Lion de Juda, disponíveis na biblioteca da Fundação Betânia.
Termino com o testemunho de Thomas Merton, que foi seu contemporâneo e a
conheceu pessoalmente: Catherine Hueck é uma pessoa grande. A sua
grandeza não é apenas física: vem-lhe do Espírito Santo que a habita em
permanência e a move em tudo o que faz. Nunca vi ninguém tão calmo, tão
seguro, tão pacífico na sua absoluta confiança em Deus. Está repleta do amor
de Deus; a oração, o sacrifício e a pobreza sincera enchem a sua alma.
Catherine tem uma tremenda vitalidade espiritual que transmite uma genuína e
duradoura inspiração, porque põe as almas em contacto com Deus como uma
realidade viva. E uma tal realidade, um tal contacto é algo de que todos
precisamos.
Fonte:
http://www.madonnahouse.org/doherty/