Apendice Estudos Ambientais LATEC

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Apendice Estudos Ambientais LATEC
Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina - APPA
Fundação de Ensino de Engenharia de Santa Catarina - FEESC
Laboratório de Transporte e Logística - LABTRANS
PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO - PDZPO
DO PORTO DE PARANAGUÁ
Vol. 2 - Apêndice
Florianópolis, agosto de 2012
ESTUDOS AMBIENTAIS
PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO - PDZ
PORTO DE PARANAGUÁ – PR
CURITIBA
2012
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
1
COORDENAÇÃO E EXECUÇÃO DO TRABALHO
LACTEC – INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO
COORDENAÇÃO GERAL
_____________________________________________
Letícia Uba da Silveira
Engenheira Ambiental, CREA PR 715050/D
Pesquisadora - Lactec
RESPONSÁVEL TÉCNICO
_____________________________________________
Tânia Lúcia Graf de Miranda
Engenheira Agrônoma – CREA 069105/D-RS
Gerente da Divisão de Meio Ambiente
LACTEC – Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento
CURITIBA
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EQUIPE TÉCNICA
COORDENAÇÃO GERAL
Letícia Uba da Silveira
Eng. Ambiental, CREA PR 715050/D
CONSULTORES
Gheysa do Rocio Morais Pires
Tecnóloga em Química Ambiental, CREA PR 110797/D
Juliano José da Silva Santos
Biólogo, CRBio 34006-07/D
Leonardo Pussieldi Bastos
Biólogo, CRBio 28808-07/D
Robson Odeli Espíndola Hack
Biólogo, CRBio 50923-07/D
Rosana de Fátima Colaço Gibertoni
Rocianne Bortolazzo Pinto
Eng. Cívil, CREA PR 31860/D
Eng. Ambiental PR 122007/D
Tânia Lúcia Graf de Miranda
Eng. Agrônoma, Dra. – CREA 069105/D-RS
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SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 18
2
RESULTADOS ................................................................................................ 18
2.1
RECURSOS HÍDRICOS – BACIAS HIDROGRÁFICAS...................................................... 18
2.1.1
Área de Estudo ....................................................................................... 18
2.1.2
Caracterização Hídrica ........................................................................... 23
2.1.2.1
Potamografia.......................................................................................... 23
2.1.2.2
Índices fisiográficos ................................................................................ 25
2.1.2.3
Usos Identificados na Visita de Campo .................................................. 27
2.1.3
Usos da Água .......................................................................................... 37
2.1.3.1
Gestão de recursos hídricos ................................................................... 38
2.1.3.2
Demanda de água das instalações do Porto de Paranaguá ................... 39
2.1.3.3
Captações dos mananciais superficiais - Usos consuntivos na bacia .... 39
2.1.3.4
Recreação/Turismo ................................................................................ 44
2.1.3.5
Navegação .............................................................................................. 50
2.1.3.6
Lançamento de efluentes nos mananciais superficiais ......................... 51
2.1.3.7
Lançamento de vazão originada da transposição entre bacias
hidrográficas .......................................................................................................... 52
2.1.4
Caracterização da Qualidade da Água ................................................... 53
2.1.4.1
Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Paraná ................... 55
2.1.4.2
Estudo: Fluxos de Nutrientes e Material Particulado na Bacia de
Drenagem do Complexo Estuarino de Paranaguá – PR......................................... 56
2.1.4.3
Parâmetros de qualidade das águas monitorados pelo AGUAS PARANA
62
2.1.4.4
Situação atual do saneamento na região .............................................. 78
2.1.4.5
Disponibilidade e demanda de Recursos Hídricos ................................. 87
2.1.4.6
Considerações finais .............................................................................. 90
2.1.5
Conflitos de múltiplos usos .................................................................... 93
2.2
RECURSOS HÍDRICOS - ESTUÁRIO ................................................................ 97
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2.2.1
2.3
Área de Estudo ....................................................................................... 97
CARACTERIZAÇÃO HIDROSSEDIMENTOLÓGICA ......................................................... 99
2.3.1
Introdução .............................................................................................. 99
2.3.2
Hidrodinâmica do CEP.......................................................................... 102
2.3.2.1
Regime de correntes ............................................................................ 102
2.3.2.2
Regime de ondas .................................................................................. 108
2.3.2.3
Regime de marés ................................................................................. 114
2.3.3
Batimetria ............................................................................................ 116
2.3.4
Caracterização dos sedimentos de fundo ............................................ 121
2.3.4.1
Granulometria dos sedimentos ........................................................... 122
2.3.4.2
Qualidade dos sedimentos .................................................................. 128
2.3.4.3
Resultados e discussão da Ecotoxicologia dos sedimentos ................. 149
2.3.5
Morfologia e Transporte de Sedimentos ............................................. 159
2.3.6
Considerações finais acerca dos processos hidrossedimentológicos .. 168
2.4
USOS DA ÁGUA .............................................................................................. 175
2.4.1
Recreação/Turismo .............................................................................. 175
2.4.2
Navegação ............................................................................................ 177
2.4.3
Lançamento de efluentes .................................................................... 184
2.4.3.1
Lançamentos de esgoto sanitário ........................................................ 184
2.4.3.2
Lançamentos de efluentes industriais ................................................. 185
2.4.3.3
Lançamentos de água de lastro ........................................................... 185
2.4.4
Lançamento de vazão originada da transposição entre bacias
hidrográficas ........................................................................................................ 189
2.5
CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA .......................................................... 190
2.5.1
Potenciais poluentes e contaminantes ................................................ 190
2.5.1.1
Contaminação por hidrocarbonetos .................................................... 190
2.5.1.2
Contaminação por elementos presentes em sedimentos ................... 193
2.5.2
Resultados do estudo apresentado em ACQUAPLAN (2011) .............. 193
2.6
CARACTERIZAÇÃO DA TEMPERATURA................................................................... 194
2.6.1.1
Caracterização da salinidade ............................................................... 197
2.6.1.2
Caracterização da turbidez .................................................................. 203
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2.6.2
Documento “Paraná Mar e Costa - Subsídios ao Ordenamento das
Áreas Estuarina e Costeira do Paraná” (SEMA, 2006) ......................................... 204
2.6.2.1
Transparência da água ......................................................................... 205
2.6.2.2
Salinidade ............................................................................................. 207
2.6.2.3
Oxigênio dissolvido .............................................................................. 208
2.6.2.4
Nitrogênio Total ................................................................................... 210
2.6.2.5
Fósforo Total ........................................................................................ 212
2.6.2.6
Clorofila ................................................................................................ 213
2.6.2.7
Fitoplâncton ......................................................................................... 214
2.6.2.8
Zooplâncton ......................................................................................... 216
2.6.3
Conflitos de Múltiplos Usos dos Recursos Hídricos ............................. 218
2.7
VEGETAÇÃO ................................................................................................... 233
2.7.1
Caracterização da Vegetação Regional ................................................ 233
2.7.1.1
Formações Pioneiras ............................................................................ 234
2.7.1.2
Floresta Ombrófila Densa .................................................................... 236
2.7.1.3
Sistema Secundário .............................................................................. 240
2.7.2
Vegetação na área do porto ................................................................ 241
2.7.3
Unidades de Conservação .................................................................... 244
2.7.3.1
Unidades de Conservação Federais ..................................................... 249
2.7.3.2
Unidades de Conservação Estaduais ................................................... 250
2.7.3.3
Unidades de Conservação Municipais ................................................. 255
2.7.3.4
Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN’s............................. 255
2.8
FAUNA DA PLANÍCIE LITORÂNEA DO ESTADO DO PARANÁ ........................................ 256
2.8.1
Bentos .................................................................................................. 257
2.8.2
Ictiofauna ............................................................................................. 260
2.8.3
Anfíbios ................................................................................................ 274
2.8.4
Répteis ................................................................................................. 278
2.8.5
Avifauna ............................................................................................... 284
2.8.6
Mastofauna .......................................................................................... 301
2.9
2.9.1
MEIO SOCIOAMBIENTAL ................................................................................... 313
Pesca .................................................................................................... 313
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2.9.2
Bentos com importância econômica ................................................... 317
3
CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 319
4
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 326
4.1
RECURSOS HÍDRICOS ........................................................................................ 326
4.2
FLORA .......................................................................................................... 331
4.3
FAUNA.......................................................................................................... 332
4.3.1
Bentos .................................................................................................. 332
4.3.2
Ictiofauna ............................................................................................. 332
4.3.3
Anfíbios, Reptéis, Avifauna e Mastofauna ........................................... 335
4.3.4
Pesca .................................................................................................... 343
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Bacia hidrográfica do litoral paranaense ..................................................... 20
Figura 2 – Complexo Estuarino de Paranaguá .............................................................. 21
Figura 3 – Área de estudo contendo as bacias subdivididas ........................................ 22
Figura 4 - Rede de drenagem da área de influência direta .......................................... 23
Figura 5 - Pontos identificados na visita de campo. ..................................................... 28
Figura 6 - Área de estudo considerada em ÁGUAS PARANÁ (2010) ............................ 40
Figura 7 – Salto Morato da reserva natural que leva o mesmo nome ......................... 45
Figura 8 – Setor histórico de Antonina ......................................................................... 46
Figura 9 – Rua da Praia em Paranaguá ......................................................................... 47
Figura 10 – Margens do rio Itiberê ............................................................................... 47
Figura 11 – Igreja Nossa Senhora do Rocio em Paranaguá .......................................... 48
Figura 12 – Rio Nhundiaquara na localidade Porto de Cima ........................................ 49
Figura 13 – Rio do Nunes, próximo à ponte da PR-340 ................................................ 49
Figura 14 – Rafting no rio Cachoeira ............................................................................ 50
Figura 15 – Embarcação no rio Itiberê.......................................................................... 51
Figura 16 – Marina no rio Itiberê .................................................................................. 51
Figura 17 – Localização de GPS na bacia litorânea e do reservatório no rio Capivari .. 53
Figura 18 – Localização dos pontos de amostragem .................................................... 57
Figura 19 - Concentrações de clorofila-a amostradas no período seco ....................... 58
Figura 20 - Concentrações de clorofila-a amostradas no período chuvoso ................. 58
Figura 21 - Concentrações de nitrito amostradas no período seco ............................. 59
Figura 22 - Concentrações de nitrito amostradas no período chuvoso ....................... 60
Figura 23 - Concentrações de nitrato amostradas no período seco ............................ 60
Figura 24 - Concentrações de nitrato amostradas no período chuvoso ...................... 61
Figura 25 - Concentrações de nitrogênio amoniacal amostradas no período seco ..... 62
Figura 26 - Concentrações de nitrogênio amoniacal amostradas no período úmido .. 62
Figura 27 - Medições de DBO/5 20ºC para a estação Morretes .................................. 67
Figura 28 - Medições de DBO/5 20ºC para a estação Anhaia ...................................... 67
Figura 29 - Medições de DBO/5 20ºC para a estação ETA-Matinhos ........................... 68
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Figura 30 - Medições de Oxigênio Dissolvido para a estação Morretes ...................... 69
Figura 31 - Medições de Oxigênio Dissolvido para a estação Anhaia .......................... 69
Figura 32 - Medições de Oxigênio Dissolvido para a estação ETA-Matinhos ............... 69
Figura 33 - Medições de pH para a estação Morretes ................................................. 70
Figura 34 - Medições de pH para a estação Anhaia ..................................................... 70
Figura 35 - Medições de pH para a estação ETA-Matinhos .......................................... 71
Figura 36 - Valores de turbidez para a estação Morretes ............................................ 72
Figura 37 - Valores de turbidez para a estação Anhaia ................................................ 72
Figura 38 - Valores de turbidez para a estação ETA-Matinhos .................................... 73
Figura 39 - Medições de fósforo total para a estação Morretes .................................. 73
Figura 40 - Medições de fósforo total para a estação Anhaia ...................................... 74
Figura 41 - Medições de fósforo total para a estação ETA-Matinhos .......................... 74
Figura 42 - Valores de cloreto para a estação Morretes .............................................. 75
Figura 43 - Valores de nitrato para a estação Morretes............................................... 75
Figura 44 - Valores de nitrito para a estação Morretes................................................ 76
Figura 45 - Medições de sulfato total para a estação Morretes .................................. 77
Figura 46 - Valores de nitrogênio amoniacal para a estação Morretes ....................... 77
Figura 47 - Valores de coliforme fecal para a estação Anhaia ..................................... 78
Figura 48 – Localização das ETAS de Paranaguá........................................................... 80
Figura 49 - Tipos de coleta de esgoto e suas respectivas áreas de abrangência ......... 83
Figura 50 - Localização das ETEs e suas respectivas áreas de abrangência ................. 85
Figura 51 – Ocupação irregular no Canal da Anhaia .................................................... 86
Figura 52 – Aterramento sobre o mangue ................................................................... 87
Figura 53 - Vista parcial da galeria de águas pluviais contaminada com esgotos
sanitários de redes clandestinas – Avenida Portuária .................................................. 91
Figura 54 - Detalhe da matéria orgânica poluente na galeria de águas pluviais.......... 91
Figura 55 - Localização do Complexo Estuarino de Paranaguá .................................... 99
Figura 56 – Série temporal das componentes das correntes medidas em dois eixos
pelo Centro de Estudos do Mar – CEM da UFPR em frente ao Porto de Paranaguá . 103
Figura 57 - Carta geral de máximas correntes de enchente no CEP .......................... 105
Figura 58 - Carta geral de máximas correntes de vazante no CEP ............................. 105
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Figura 59 – Carta geral de máximas de corrente na preamar .................................... 106
Figura 60 - Campo de correntes gerado pelo modelo Delft3D para o cenário atual na
enchente de sizígia ..................................................................................................... 107
Figura 61 - Campo de correntes gerado pelo modelo Delft3D para o cenário atual na
vazante de sizígia ........................................................................................................ 107
Figura 62 - Campo de correntes gerado pelo Delft 3D para o cenário atual na
enchente de quadratura ............................................................................................. 107
Figura 63 - Campo de correntes gerado pelo Delft 3D para o cenário atual na vazante
de quadratura ............................................................................................................. 107
Figura 64 - Campo de ondas geradas por vento no cenário atual (direção ENE e
velocidade 10,6 m/s), ACQUAPLAN (2011) ................................................................ 111
Figura 65 - Campo de ondas geradas por vento no cenário atual (direção 5 e
velocidades 12,1 m/s), ACQUAPLAN (2011) ............................................................... 111
Figura 66 - Campo de ondas geradas por vento no cenário atual (direção SSW e
velocidades 12,8 m /s), ACQUAPLAN (2011) .............................................................. 111
Figura 67 - Campo de ondas geradas por vento no cenário atual (direção SE e
velocidades 11,2 m/s), ACQUAPLAN (2011) ............................................................... 111
Figura 68 - Campo de ondas de águas profundas propagadas na baía no cenário atual
(Hs: 2,47 m; Tp: 7.82s; Direção: 86,48°) ..................................................................... 113
Figura 69 - Campo de ondas de águas profundas propagadas na baía no cenário atual
(Hs: 2,81 m; Tp: 9.01s; Direção: 113,84°) ................................................................... 113
Figura 70 - Campo de ondas de águas profundas propagadas na baía no cenário atual
(Hs: 3,0 m; Tp: 10.1s; Direção: 141,6°) ....................................................................... 113
Figura 71 - Campo de ondas de águas profundas propagadas na baía no cenário atual
(Hs: 3,16 m; Tp: 8.94 s; Direção: 182,29°) .................................................................. 113
Figura 72 – Elevação do nível d’água medida pela ACQUAPLAN na Ilha da Galheta,
Porto de Paranaguá e Ponta do Félix ......................................................................... 116
Figura 73 – Pontos obtidos pelo levantamento batimétrico efetuado nos canais de
navegação entre os anos de 2008 e 2010 .................................................................. 117
Figura 74 - Batimetria final, interpolada e projetada na grade numérica criada para
resolver os processos hidrodinâmicos........................................................................ 118
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Figura 75 - Batimetria do CEP ..................................................................................... 119
Figura 76 - Mapa batimétrico da região adjacente ao Porto de Paranaguá .............. 120
Figura 77 - Principais rotas no CEP ............................................................................. 121
Figura 78 - Malha de amostragem de sedimentos ao longo do CEP .......................... 122
Figura 79 - Mapa da distribuição dos pontos de amostragem de sedimentos de fundo
no CEP, nos vários levantamentos considerados por LAMOUR et al. (2004)............. 124
Figura 80 - Mapa de distribuição dos valores de diâmetro médio no CEP ................ 125
Figura 81 - Distribuição do diâmetro médio dos sedimentos de fundo da baía de
Antonina e setor ocidental da baía de Paranaguá em 1966 (a) e 1995 (b) ................ 126
Figura 82 - Mapa de distribuição de diâmetro médio das classes granulométricas do
fundo estuarino adjacente ao Porto de Paranaguá.................................................... 128
Figura 83 – Divisão das áreas estudadas durante a dragagem .................................. 136
Figura 84 - Concentrações de Carbono Orgânico Total - COT em sedimentos
superficiais e de sub-superfície na área de estudo .................................................... 147
Figura 85 – Distribuição espacial das concentrações de nitrogênio total em
sedimentos coletados na superfície e na sub-superfície............................................ 148
Figura 86 - Representação gráfica do grupo de amostras de sedimentos que
apresentou contaminação por Mercúrio ................................................................... 157
Figura 87 - Representação gráfica do grupo de amostras de sedimentos que
apresentou contaminação por Níquel ........................................................................ 158
Figura 88 - Deltas de cabeceira dos rios tributários de CEP (círculos vermelhos). Deltas
dos rios (a) Nhundiaquara, (b)Cachoeira, (c) Faisqueira, (d) Itaqui, (e) Borrachudo, (f)
Tagaçaba, (g) Serra Negra e (h) Guaraqueçaba .......................................................... 160
Figura 89 – Facie de sedimentos de fundo da baía de Paranaguá 1) sedimentos
arenosos; 2)sedimentos lamosos e areno-lamosos, 3) paleodeltas de maré enchente
.................................................................................................................................... 161
Figura 90 - Mapa de distribuição das concentrações de material particulado em
suspensão durante a maré enchente (sizígia no inverno de 2001) ............................ 163
Figura 91 - Mapa de distribuição de material particulado em suspensão durante a
maré vazante (sizígia no inverno de 2001) ................................................................. 164
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Figura 92 - Mapa esquemático das principais tendências de transporte de
sedimentos, obtidos pelo método GSTA para a desembocadura do CEP .................. 165
Figura 93 - Localização dos pontos de referência adotados na modelagem realizada
por ACQUAPLAN (2011) .............................................................................................. 166
Figura 94 - Evolução da topografia do fundo, com foco na região da seção Alfa, para o
instante inicial (painel esquerdo), após 6 meses de simulação (painel central) e após 1
ano de simulação (painel direito) - cenário atual ....................................................... 167
Figura 95 - Evolução da topografia do fundo, com foco na região da seção Alfa, para o
instante inicial (painel esquerdo), após 6 meses de simulação (painel central) e após 1
ano de simulação (painel direito) - cenário dragagem de aprofundamento ............. 168
Figura 96 - Evolução da topografia do fundo, com foco na região da seção Bravo1,
para o instante inicial (painel esquerdo), após 6 meses de simulação (painel central) e
após 1 ano de simulação (painel direito) - cenário atual ........................................... 168
Figura 97 - Evolução da topografia do fundo, com foco na região da seção Bravo1,
para o instante inicial (painel esquerdo), após 6 meses de simulação (painel central) e
após 1 ano de simulação (painel direito) - cenário aprofundamento ........................ 168
Figura 98 - Mapas batimétricos da baía de Antonina em 1901 (A) e 1979 (B) .......... 169
Figura 99 - Mapa com diferenças de profundidades na bacia de evolução do cais
comercial do porto de Paranaguá entre fevereiro e agosto de 2001 ........................ 170
Figura 100 – Vista aérea parcial da Ilha do Mel.......................................................... 176
Figura 101 - Áreas de pesca esportiva e mergulho .................................................... 177
Figura 102 – Principais rotas de navegação no litoral do Paraná............................... 179
Figura 103 - Embarcação de acesso às ilhas transportando mercadorias na sua parte
superior, no rio Itiberê ................................................................................................ 182
Figura 104 - Fachada do Porto Marina Oceania em Paranaguá ................................. 183
Figura 105 - Fachada da marina Velho Marujo em Paranaguá .................................. 183
Figura 106 - Embarcações atracadas no Iate Clube de Paranaguá............................. 183
Figura 107 - Fachada da marina Marlin Azul em Paranaguá ...................................... 184
Figura 108 - Fachada da empresa Praticagem em Paranaguá ................................... 184
Figura 109 – Distribuição espacial de temperaturas mínimas da água no CEP para
2006/2007................................................................................................................... 195
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Figura 110 – Distribuição espacial de temperaturas máximas da água no CEP para
2006/2007................................................................................................................... 195
Figura 111 - Distribuição das estações de coleta de amostras de água (ACQUAPLAN,
2011) ........................................................................................................................... 196
Figura 112 - Temperatura (°C) nos pontos amostrais ................................................ 196
Figura 113 - Distribuição espacial dos valores mínimos de salinidade no CEP para
2006/2007................................................................................................................... 199
Figura 114 - Distribuição espacial dos valores máximos de salinidade no CEP para
2006/2007................................................................................................................... 199
Figura 115 - Seção ao longo dos canais de navegação utilizada para a análise do perfil
vertical de salinidade no interior da baía de Paranaguá ............................................ 200
Figura 116 - Distribuição vertical de salinidade para o cenário atual, após 1 dia, com
média das vazões anuais ............................................................................................ 200
Figura 117 - Distribuição vertical de salinidade para o cenário atual, após 30 dias, com
média das vazões anuais ............................................................................................ 201
Figura 118 - Distribuição vertical de salinidade para o cenário atual, após 60 dias, com
média das vazões anuais ............................................................................................ 201
Figura 119 - Distribuição vertical de salinidade para o cenário atual, após 75 dias, com
média das vazões anuais ............................................................................................ 201
Figura 120 -Distribuição horizontal de salinidade na baía de Paranaguá para o cenário
atual, após 30 dias, com média das vazões anuais .................................................... 202
Figura 121 - Distribuição horizontal de salinidade na baía de Paranaguá, para o
cenário atual, após 60 dias, com média das vazões anuais ....................................... 202
Figura 122 - Distribuição horizontal de salinidade na Baía de Paranaguá, para o
cenário atual, após 75 dias, com média das vazões anuais ....................................... 203
Figura 123 - Valores de turbidez nos pontos amostrados por ACQUAPLAN (2011) .. 204
Figura 124 - Interpolações sobre valores máximos de transparência da água .......... 206
Figura 125 - Interpolações sobre valores mínimos de transparência da água ........... 206
Figura 126 - Interpolações sobre valores máximos de salinidade ............................. 207
Figura 127 - Interpolações sobre valores mínimos de salinidade .............................. 208
Figura 128 – Interpolações sobre valores máximos de oxigênio dissolvido .............. 209
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Figura 129 - Interpolações sobre valores mínimos de oxigênio dissolvido ................ 210
Figura 130 - Interpolações sobre valores máximos de nitrogênio ............................. 211
Figura 131 - Interpolações sobre valores mínimos de nitrogênio .............................. 211
Figura 132 - Interpolações sobre valores máximos de fósforo .................................. 212
Figura 133 - Interpolações sobre valores mínimos de fósforo ................................... 213
Figura 134 - Interpolações sobre valores máximos de fitoplâncton .......................... 215
Figura 135 - Interpolações sobre valores mínimos de fitoplâncton ........................... 215
Figura 136 - Interpolações sobre valores máximos de zooplâncton .......................... 217
Figura 137 - Interpolações sobre valores mínimos de zooplâncton .......................... 217
Figura 138 – Pontos de balneabilidade monitorados pelo IAP .................................. 219
Figura 139 – Classificação da Qualidade da Água segundo a contaminação por
Escherichia coli nos meses de verão com pico populacional ..................................... 220
Figura 140 – Áreas de risco de ocorrência de blooms ................................................ 221
Figura 141 – Localização das empresas ...................................................................... 226
Figura 142 - Perfil Esquemático Representativo das Principais Associações Vegetais da
Planície Litorânea (Leste-Oeste), (URURAHY et. al., 1983) ........................................ 233
Figura 143 – Área de formação pioneira próxima ao Porto de Paranaguá ................ 241
Figura 144 – Ilha rasa da cotinga ................................................................................ 242
Figura 145 – Região do Rocio ..................................................................................... 242
Figura 146 – Amparo .................................................................................................. 244
Figura 147 – Imagens de algumas espécies com ocorrência na região do
empreendimento. ....................................................................................................... 278
Figura 148 – Imagens de algumas espécies com probabilidade de ocorrência na região
do empreendimento. .................................................................................................. 284
Figura 149 – Imagens de algumas espécies com ocorrência na região do
empreendimento. ....................................................................................................... 301
Figura 150 - Imagens de algumas espécies com ocorrência na região do
empreendimento. ....................................................................................................... 313
Figura 151 – Áreas de Preservação Permanente de acordo com o Código Florestal 324
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Municípios constituintes da bacia litorânea do Paraná............................... 19
Tabela 2 - Parâmetros fisiográficos das bacias dos principais rios ............................... 27
Tabela 3 - Principais parâmetros fisiográficos para as áreas incrementais.................. 27
Tabela 4 – Descritivo da visita de campo realizada nos dias 16 e 17 de novembro/11.
...................................................................................................................................... 29
Tabela 5 – Usos dos solos para área urbana e rural ..................................................... 40
Tabela 6 – Totais populacionais adotados no estudo .................................................. 41
Tabela 7 – Demandas de dessedentação para o setor da pecuária ............................. 42
Tabela 8 – Demandas de água dos mananciais superficiais de Paranaguá e AI05 (L/s)
...................................................................................................................................... 43
Tabela 9 – Potencial turístico na bacia litorânea .......................................................... 44
Tabela 10 – Volumes lançados de efluentes nos mananciais superficiais de Paranaguá
e AI05 (L/s) .................................................................................................................... 52
Tabela 11 – Cargas poluidoras dos diversos setores para o ano de 2010 .................... 56
Tabela 12 – Cargas poluidoras dos diversos setores para o ano de 2030 .................... 56
Tabela 13 - Dados informativos das estações Anhaia, ETA-Matinhos, Morretes e
Paranaguá ..................................................................................................................... 63
Tabela 14 - Medições dos parâmetros para a estação Morretes (Parte 1) .................. 63
Tabela 15 - Medições dos parâmetros para a estação Morretes (Parte 2) .................. 64
Tabela 16 - Medições dos parâmetros para a estação Anhaia..................................... 65
Tabela 17 - Medições dos parâmetros para a estação ETA-Matinhos ......................... 66
Tabela 18 – Projeção populacional entre 2012 e 2031 ................................................ 88
Tabela 19 - Resumo dos efluentes finais e intermediários .......................................... 93
Tabela 20 - Estações fluviométricas consideradas no cálculo da disponibilidade hídrica
...................................................................................................................................... 94
Tabela 21 - Balanço hídrico para a área de estudo (l/s) ............................................... 94
Tabela 22 – Boletim de balneabilidade divulgado pelo IAP com resultados para
dezembro e janeiro ....................................................................................................... 96
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Tabela 23 - Valores médios das correntes que atravessam transversalmente as seções
superior, mediana e inferior da Baía de Paranaguá ................................................... 103
Tabela 24 - Características de maré para os dados de nível observados para a baía de
Paranaguá. Diferenças de fase considerando a Galheta como zero de origem ......... 115
Tabela 25 - Cartas náuticas e batimétricas utilizadas e suas respectivas escalas ...... 116
Tabela 26 - Comparação da distribuição (%) do diâmetro médio nos três setores do
Complexo Estuarino de Paranaguá ............................................................................. 125
Tabela 27- Comparação da distribuição do grau de seleção granulométrica nos três
setores do Complexo Estuarino de Paranaguá ........................................................... 125
Tabela 28 - Concentração de metais pesados e arsênio nas amostras de sedimento do
Complexo Estuarino de Paranaguá. ............................................................................ 131
Tabela 29 - Concentração de Carbono Orgânico Total (COT) e nutrientes nos
sedimentos coletados no Complexo Estuarino de Paranaguá. .................................. 141
Tabela 30 - Percentuais de toxicidade aguda nos elutriatos testados para as amostras
de sedimento do CEP. ................................................................................................. 151
Tabela 31 - Percentuais de toxicidade crônica nos elutriatos testados para as
amostras de sedimento do CEP. ................................................................................. 153
Tabela 32 - Percentuais de toxicidade crônica nos elutriatos testados para as
amostras de sedimento da baía de Paranaguá, em amostras que não sofrem
interferência da amônia. ............................................................................................ 155
Tabela 33 - Volume sedimentado em cada seção do canal atual, após 1 ano de
simulação. ................................................................................................................... 167
Tabela 34 - Taxas de sedimentação obtidas em estudos já realizados no CEP .......... 171
Tabela 37 - Taxas de sedimentação calculadas para a região de Antonina e Paranaguá
.................................................................................................................................... 173
Tabela 36 – Principais fontes poluidoras em Paranaguá (PR) e sua localização. ....... 224
Tabela 37 – Empresas arrendatárias do Porto Organizado. ....................................... 231
Tabela 38 - Unidades de Conservação Federais, Estaduais e Municipais na Área de
Influência do PDZPO ................................................................................................... 245
Tabela 39 - Lista de espécies encontradas na baía de Paranaguá.............................. 263
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Tabela 40 - Pescadores profissionais registrados na Superintendência do Ministério
da Pesca e Aquicultura do Paraná em 2010. .............................................................. 315
Tabela 41 - Espécies de peixes alvo da atividade pesqueira no complexo estuarino de
Paranaguá. .................................................................................................................. 316
Tabela 42 - Espécies de bentos alvo da atividade pesqueira no complexo estuarino de
Paranaguá. .................................................................................................................. 318
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1
INTRODUÇÃO
O presente relatório visa apresentar as atividades desenvolvidas com relação aos
estudos ambientais conforme o Escopo apresentado pelo Lactec.
A execução do trabalho proposto contemplou os estudos da Flora Terrestre, Fauna
Terrestre, Fauna Aquática e Subaquática, Sedimentologia, Recursos Hídricos Superficiais e
Impactos e Conflitos de Uso e Ocupação da Água, conforme detalhado a seguir.
Foi realizado um diagnóstico ambiental objetivando a identificação e o mapeamento
das áreas de sensibilidade ambiental como subsídio ao PDZ. Também foram indicados os
Programas Ambientais os quais complementarão o PDZ.
Estes estudos foram desenvolvidos a partir de dados secundários provenientes de
fontes oficiais e estudos técnicos já realizados na área.
2
RESULTADOS
Neste item serão apresentados os levantamentos bibliográficos realizados. Ressalta-se
que o detalhamento das informações está de acordo com o escopo apresentado e aprovado
pelo LABTRANS.
2.1 Recursos Hídricos – Bacias Hidrográficas
Neste item será apresentada a caracterização hídrica dos recursos hídricos superficiais
continentais da área de estudo (bacias hidrográficas), seus principais usos, assim como, as
demandas, disponibilidades e balanço hídrico.
2.1.1 Área de Estudo
O porto de Paranaguá está situado na bacia hidrográfica do litoral do Paraná, cujas
águas drenam diretamente para o oceano atlântico. A bacia hidrográfica do litoral
paranaense ocupa uma área de quase 6.600 km², correspondendo a quase 3% da área total
do Estado (MAAK, 1981). Como apresentado na Tabela 1 e Figura 1, a bacia litorânea do
Paraná abrange os municípios de Guaraqueçaba, Antonina, Morretes, Paranaguá, Pontal do
Paraná, Matinhos e Guaratuba, e conta ainda com áreas de São José dos Pinhais, Piraquara,
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Tijucas do Sul e Quatro Barras. Como será mostrado posteriormente no item relacionado à
disponibilidade de água, a bacia litorânea do Paraná representa um grau de importância
considerável no que se refere a reservas de água.
Tabela 1 - Municípios constituintes da bacia litorânea do Paraná
Área Total do
Área do
Município
Município
município na
(km²)
bacia
Guaraqueçaba
2.315,7
2.023,8
Guaratuba
1.328,5
1.328,5
Antonina
876,6
876,6
Paranaguá
806,2
806,2
Morretes
687,5
687,5
São José dos Pinhais
944,3
267,1
Tijucas do Sul
671,9
234,2
Pontal do Paraná
202,2
202,2
Matinhos
116,5
116,5
Piraquara
225,2
18,4
Quatro Barras
181,3
22,3
TOTAL
6583,3
% da
área da
bacia
30,7
20,2
13,3
12,2
10,4
4,1
3,6
3,1
1,8
0,3
0,3
100,0
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Figura 1 – Bacia hidrográfica do litoral paranaense
Observa-se pela Figura 2, que o porto de Paranaguá está situado no Complexo
Estuarino de Paranaguá, o qual corresponde a cerca de 70% da área da bacia hidrográfica
litorânea do Estado do Paraná. O Complexo Estuarino de Paranaguá é constituído pelas Baías
de
Antonina,
Paranaguá,
Laranjeiras
e
Pinheiros.
Destas
quatro,
a
Baía
de
Paranaguá é mais diretamente influenciada pelo Porto de Paranaguá, devido à posição deste
último. Em relação à influência, encontra-se a Baía de Antonina, pois esta é adjacente à Baía
de Paranaguá, a qual abriga o trajeto obrigatório para a troca de água com o oceano.
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Baía dos
Pinheiros
PORTO DE PARANAGUÁ
Figura 2 – Complexo Estuarino de Paranaguá
Este estudo focou as bacias hidrográficas que drenam para as Baías de Antonina e
Paranaguá, pois são os locais do Complexo Estuarino de Paranaguá cuja dinâmica das águas
e do material sólido transportado hidricamente pode ter alguma relação com o local do
empreendimento. Para fins de aplicação no presente estudo, adotou-se a subdivisão de
bacias hidrográficas adotada em Soares Neto & Guerios (2008), onde foram considerados os
rios principais que deságuam diretamente no corpo do estuário e por áreas incrementais (AI)
continentais adjacentes ao contorno do corpo hídrico do estuário e que são constituídas por
pequenos cursos d’água (Figura 3). Soares Neto & Guerios (2008) elaborou um EIA RIMA
para ampliação do cais do TCP (Terminal de Contêineres de Paranaguá), o qual considerou
parte da mesma área abrangida no presente estudo.
As sub-bacias dos rios principais são: Guaraguaçu, Sagrado, Nhundiaquara, Cacatu,
Cachoeira e Faisqueira. A área incremental foi subdividida em seis áreas (AI01 a AI06). As
bacias hidrográficas analisadas somam uma área de drenagem de 2.080 km², que
corresponde a cerca de 37% da área da bacia litorânea do Paraná, e 54% do Complexo
Estuarino de Paranaguá.
Observa-se pela Figura 3, que o Porto de Paranaguá está integralmente inserido na
bacia incremental AI05. As águas desta sub-bacia drenam diretamente para o local do
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terminal portuário e seu entorno. Devido a este fato, a bacia incremental AI05 será tida
como de influência direta no empreendimento, no caso da análise da hidrologia superficial.
Todas as outras sub-bacias da Figura 3 serão consideradas como área de influência
indireta.
TERMINAL PORTUÁRIO
Figura 3 – Área de estudo contendo as bacias subdivididas
A Figura 4 - Rede de drenagem da área de influência direta apresenta a rede de
drenagem da área de influência direta (área incremental AI05), a qual apresenta uma bacia
de drenagem de 128,5 km².
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TERMINAL PORTUÁRIO
rio Sabiá
AI05
Figura 4 - Rede de drenagem da área de influência direta
2.1.2 Caracterização Hídrica
2.1.2.1
Potamografia
A Serra do Mar é um ambiente de grande pluviosidade, possuindo um dos maiores
índices pluviométricos do Sul do Brasil. A Serra do Mar, em sua vertente leste, constitui-se
em palco da maioria das nascentes dos rios que drenam a bacia litorânea, cujas águas são
drenadas para as Baías de Antonina, Laranjeiras, Pinheiros, Paranaguá e Guaratuba
(CARNEIRO, 2007).
O sistema hidrográfico do litoral paranaense é geologicamente recente, uma vez que
seus rios são constantemente rejuvenescidos pelos levantamentos epirogenéticos. Isto pode
explicar as inúmeras corredeiras e saltos. Do ponto de vista geológico e geomorfológico, a
região apresenta movimentos de massa que constituem sérios problemas em áreas que
foram degradadas pelas atividades antrópicas. O desmatamento acelerado, associado aos
altos índices pluviométricos, favorece deslizamentos que provocam o assoreamento dos rios
e da baía.
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A maioria dos principais rios que compõem a bacia litorânea possui um curso superior
localizado na área serrana, com fortes declives, vales fortemente encaixados e um padrão de
canal retilíneo. O curso inferior, localizado nas planícies, possui geralmente um amplo vale
de fundo plano e um padrão de canal meandrante influenciado pelas marés. No trecho final
do curso inferior (próximo ao desemboque no estuário), as águas sofrem influência de
marés. Conforme ANGULO & SOUZA (1998), a costa paranaense apresenta regime
semidiurno de micromarés (< 2 m). As amplitudes médias para a quadratura e sizígia
correspondem, respectivamente a 2,0 e 2,7 m, na cabeceira do estuário. As marés de sizígia
ocorrem nos períodos de lua nova e cheia, correspondendo a amplitudes maiores de maré,
verificando-se o inverso nos ciclos de quadratura, cujas ocorrências estão ligadas aos
períodos de lua crescente e minguante.
As Baías de Paranaguá e Antonina são compostas de quatro bacias hidrográficas, cuja
delimitação foi fornecida por MAACK (BIGARELLA, 1978). Estas bacias são a das Laranjeiras,
mais ao norte; a de Antonina, que aflui à baía na sua região central; adjacente a de Antonina
se encontra a bacia do rio Nhundiaquara e; por fim, mais ao sul, a de Paranaguá.
Na bacia hidrográfica de Antonina destacam-se o rio Cachoeira, o principal desta bacia,
além dos rios Faisqueira, Pequeno, Cacatu, Nunes, do Meio e das Pedras. Na bacia do rio
Nhundiaquara, o principal rio é o que recebe o mesmo nome da bacia e é formado
principalmente pelos rios Mãe Cotia, São João, Ipiranga e Sagrado.
A cidade de Paranaguá está localizada entre dois rios, Emboguaçu - que possui sua
nascente localizada na região do mangue e em seu trecho final adentra ao terminal
portuário próximo à área destinada a CATALINI desembocando a oeste do Porto de
Paranaguá - e Itiberê, que banha o sul e leste da cidade e separa a cidade da Ilha dos
Valadares. No perímetro urbano de Paranaguá, além destes dois rios, localizam-se vários
cursos d’água que têm suas nascentes na Serra do Mar e correm na direção nordeste,
desaguando diretamente na Baía de Paranaguá, destacando-se: o rio Embocuí, localizado na
porção noroeste do perímetro urbano, entre a ilha do Curral e o continente, o rio
Emboguaçu-Mirim, e os rios mais distantes da cidade: rio dos Almeidas, Pequeno e
Guaraguaçu. Nas Ilhas da Cotinga e Rasa da Cotinga correm alguns pequenos rios. Na
primeira, o mais expressivo é o rio Furado e na segunda, o rio do Cerco (CANEPARO, 1999).
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24
Ainda completam a hidrografia atual da região de Paranaguá, pequenos rios que são
alimentados principalmente por águas do lençol freático, sendo muito difícil delimitar suas
bacias hidrográficas.
2.1.2.2
Índices fisiográficos
Este item apresenta os índices relacionados à rede de drenagem ou indicativos de
tendências às cheias. Os índices focados são: área da bacia, comprimento do rio principal,
comprimento axial da bacia, perímetro da bacia, coeficiente de compacidade, fator de
forma, densidade de drenagem, índice de sinuosidade, declividade média do rio, declividade
inicial do rio e tempo de concentração.
O coeficiente de compacidade é a relação entre o perímetro da bacia e a
circunferência de um círculo de área igual à da bacia. Quanto mais irregular for a bacia,
maior será seu coeficiente de compacidade, que pode assumir, no mínimo, o valor um.
Quanto mais próximo da unidade for o coeficiente de compacidade, mais compacta é a bacia
e maior será o indicativo de tendência para maiores enchentes. Isto se explica pelo fato de,
com distâncias menores o tempo de trânsito dos escoamentos sofre redução. Além disto, as
bacias mais compactas estão mais sujeitas a uma precipitação intensa sobre toda a sua
superfície do que uma bacia irregular ou alongada.
O fator de forma é a relação entre a largura média e o comprimento axial da bacia,
sendo o comprimento axial o percurso total do curso d’água mais longo medido em
segmentos de linha reta (desprezando a sinuosidade), e a largura média a relação entre a
área e o comprimento axial da bacia. O fator de forma além de indicar a forma aproximada
da bacia, é um fator indicativo da tendência a enchentes. Um fator de forma baixo, que se
afaste do valor máximo um, corresponde a uma bacia alongada e menos propícia à
ocorrência de chuvas intensas em toda sua área, ou seja, com pequena propensão a
enchentes.
A densidade de drenagem da bacia relaciona o comprimento total dos cursos d’água
da bacia com sua área e fornece uma indicação da eficiência da drenagem, ou seja, da maior
ou menor velocidade com que a água deixa a bacia hidrográfica. Para densidades superiores
a 3,5, o deflúvio atinge rapidamente os cursos d’água e, consequentemente, indica picos
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altos nas enchentes e deflúvios baixos na estiagem. Já índices da ordem de 0,5 ou menos
indicam drenagem pobre.
O índice de sinuosidade do curso d’água é a relação entre o comprimento do rio
principal e o comprimento da bacia.
A declividade média do rio é dada pelo quociente entre a diferença de nível e o
comprimento do rio, desprezando-se os 15% do seu comprimento inicial. O fato de se
descartar no cálculo o trecho de cabeceiras ajuda na obtenção de uma declividade mais
representativa do rio, pois esta é uma região pouco contribuinte na área de drenagem,
porém com declividade muito elevada.
O tempo de concentração foi calculado conforme metodologia apresentada por Ven Te
Chow (TUCCI, 1993). Este índice indica o tempo necessário para que toda a bacia contribua
para o escoamento superficial na seção considerada, ou seja, o tempo em que a precipitação
que ocorre no ponto mais distante leva para atingir a exutória.
Os índices fisiográficos foram calculados para cada uma das bacias apresentadas na
Figura 3. A Tabela 2 apresenta os valores de área da bacia, comprimento do rio principal (L
rio), comprimento axial da bacia (L bacia), perímetro da bacia, coeficiente de compacidade
(Kc), fator de forma (Kf), densidade de drenagem (Dd), índice de sinuosidade (Sin),
declividade média do rio e tempo de concentração (Tc).
Para as áreas incrementais foi possível obter apenas a área, perímetro e a densidade
de drenagem, cujos valores são apresentados na Tabela 3. Os valores destacados em negrito
nesta tabela referem-se à área de influência direta.
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Tabela 2 - Parâmetros fisiográficos das bacias dos principais rios
Bacia Hidrográfica
Parâmetro
Guaraguaçu Sagrado Nhundiaq.
Cacatu
Área (km2)
232,20
137,70
519,29
107,08
L rio (km)
45,0
23,4
32,9
22,0
L bacia (km)
30,1
17,2
25,4
17,3
Perímetro (km)
87,70
71,80
140,22
55,67
Kc
1,62
1,73
1,74
1,52
Kf
0,26
0,47
0,80
0,36
Dd (km/km²)
2,08
3,80
3,47
3,26
Sin
1,50
1,36
1,30
1,27
Declividade (m/km)
0,8
7,0
7,8
34,2
Tc (horas)
11,4
3,6
4,4
2,1
Cachoeira Faisqueira
429,17
103,59
50,2
18,7
32,2
14,2
126,62
61,54
1,72
1,71
0,41
0,51
3,32
4,55
1,56
1,32
10,3
3,7
5,2
3,8
Tabela 3 - Principais parâmetros fisiográficos para as áreas incrementais
Área incremental
Parâmetro
AI01
AI02
AI03
AI04
2
Área (km )
165,32
95,80
15,57
116,00
Perímetro (km)
69,77
76,60
21,36
70,52
Dd (km/km²)
2,73
3,11
2,55
4,30
AI05
128,50
68,90
0,91
AI06
29,60
37,20
0,77
Entre os parâmetros fisiográficos apresentados na Tabela 2 e na Tabela 3, chama a
atenção a densidade de drenagem, que assume para a maioria das bacias valores altos,
exceto para a bacia hidrográfica do rio Guaraguaçu e as áreas incrementais vizinhas a esta
bacia (AI05 e AI06). Estes baixos valores podem ser explicados, em parte, pelos altos índices
de urbanização destas bacias, com canalização e tubulação de alguns córregos.
Os parâmetros Kf, Kc e Dd indicaram, para a maioria dos casos, pouca tendência a
cheias duradouras. Os tempos de concentração das bacias são baixos indicando picos altos e
ascensão e recessão dos hidrogramas ocorrendo em curtos intervalos de tempo,
característicos de bacias ditas de resposta hidrológica rápida.
2.1.2.3
Usos Identificados na Visita de Campo
Nos dias 17 e 18 de novembro foi realizada uma visita técnica de reconhecimento e
caracterização da Baía de Paranaguá e Laranjeiras.
Durante esta etapa de campo observou-se principalmente o uso do solo na área
ribeirinha das baías de Paranaguá e das Laranjeiras, com ênfase nas comunidades, ilhas,
acessos, terminais e centros urbanos dentro da área de influência do Porto de Paranaguá,
conforme
detalhado
na
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27
Tabela 4.
Em cada local visitado além do registro fotográfico da situação atual, foram obtidas
algumas informações a respeito das atividades desenvolvidas e dos grupos relacionados
(pescadores, indígenas, transporte marítimo, etc.) as quais foram georreferenciadas,
conforme Figura 5.
Figura 5 - Pontos identificados na visita de campo.
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Tabela 4 – Descritivo da visita de campo realizada nos dias 16 e 17 de novembro/11.
Ponto
Coordenadas
Descrição do Local
1
25527760
04847195
Rio Almeida - Manguezal
2
2552776
4847195
Ilha Rasa - Reserva Indígena
Cotinga
3
0754767
7172348
Entrada do Rio Guaragaçu Estação Ecológica
Guaragaçu (vegetação de
mangue bem preservada).
Margem esquerda
ocupação 10 casas
4
0759627
7171124
Rio Maciel e Comunidade
Maciel - Margem esquerda
com processo de erosão
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29
Ponto
Coordenadas
Descrição do Local
5
0759627
7171124
Vilarejo e Cultivo de Ostra
(Emater, Estado e
Fundação Terra)
6
0762479
7171841
Marina Ponta do Poço
7
0762694
7171868
Terminal Ponta do Poço
8
0764552
7171725
Final da Ponta do Poço Comunidade 40 famílias e
Plataforma Petrobrás
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
30
Ponto
Coordenadas
Descrição do Local
9
0765840
7170248
Embarque Ilha do Mel Pontal do Paraná
10
0768861
7170287
Canal da Galheta
11
0769090
7169675
Comunidade Encantadas
12
0769919
7171556
Comunidade Brasília
LACTEC – 2012
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31
Ponto
Coordenadas
Descrição do Local
13
0763493
7175767
Ponta Oeste - Ilha do Mel
14
0763493
7175767
Cultivo Ponta Oeste
15
0767871
7181248
Ilha das Peças
16
0758335
7189674
Rio Ribeiro - Divisa da Baia
de Laranjeiras (Mangue)
LACTEC – 2012
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32
Ponto
Coordenadas
Descrição do Local
17
0759757
7187593
Ponta Uba - 3 Casas
18
0760071
7186885
Ilha da Banana
(Tambarutaca)
19
0753840
7179387
Comunidade Piaçaguera
20
0751668
7177352
Porto de Paranaguá
LACTEC – 2012
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33
Ponto
Coordenadas
Descrição do Local
21
0748383
7177173
Costeira/Rocio - Ocupação
Portuária e a comunidade
do Rocio
22
0747399
7177401
Área da Petrobrás/ Cargil
23
0746825
7177129
Canal da Anhaia - Próximo
a Cargil/Petrobrás
24
0744449
7176809
Ilha Guararema - Bem
preservada
LACTEC – 2012
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34
Ponto
Coordenadas
Descrição do Local
25
0736501
7179659
Rio Nhundiaquara - Prox.
Ilha do Teixeira (ocupação 6 casas)
26
0734275
7182106
Terminal Ponta do Félix
(algumas casas ao fundo).
Grande concentração de
peixes mortos (bagre).
27
0734275
7182106
Ponta da Pita - Antonina
28
0730732
7185535
Antonina
LACTEC – 2012
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35
Ponto
Coordenadas
Descrição do Local
29
0738150
7180910
Ponta Grossa - Antonina
30
0739904
7181062
Comunidade Europinha (10
casas)
31
0743111
7180922
Pedra do Lamim Comunidade Jurerê e
Lamim
32
0744546
7180561
Comunidade Eufrásia (60
casas)
LACTEC – 2012
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36
2.1.3 Usos da Água
Neste capítulo estão caracterizados os principais usos da água doce na área
potencialmente afetada pelo empreendimento, focando as demandas, fatores qualitativos e
análise das disponibilidades considerando o cenário atual e para o ano de 2030. Os
diferentes usos podem afetar áreas diferentes da bacia.
Na porção da bacia litorânea diretamente relacionada com o empreendimento foram
identificados os seguintes usos:

Abastecimento doméstico e lançamento dos respectivos efluentes;

Abastecimento industrial e lançamento dos respectivos efluentes;

Abastecimento do setor de mineração e lançamento dos respectivos efluentes;

Abastecimento do setor pecuário e lançamento dos respectivos efluentes;

Irrigação e lançamento dos respectivos efluentes;

Recreação / Turismo;

Comunidades pesqueiras;

Ictiofauna e manutenção de ecossistemas;

Navegação.
Verifica-se que são diversos os usos da água nas bacias hidrográficas do entorno do
empreendimento. A Política Estadual de Recursos Hídricos define entre seus fundamentos
que a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. A
gestão de recursos hídricos deve garantir a harmonia entre os diversos usuários e entre
usuários e meio ambiente, através da integração de um conjunto de práticas necessárias à
manutenção da disponibilidade qualitativa e quantitativa da água. Trata-se da gestão das
disponibilidades e demandas hídricas, do conhecimento dos problemas existentes na bacia
hidrográfica, da definição das estratégias de planejamento para uso futuro, identificação das
fontes de recursos financeiros e planejamento para aplicação destes recursos a curto, médio
e longo prazo.
Neste item é apresentada a contextualização da gestão dos recursos hídricos na área
analisada, bem como, são relacionados os diversos usos e conflitos atuais e potenciais dos
recursos hídricos na bacia hidrográfica de interesse.
LACTEC – 2012
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37
2.1.3.1
Gestão de recursos hídricos
Para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei n o
9.433/97, foram desenvolvidos cinco instrumentos: os Planos de Recursos Hídricos e de
Bacias Hidrográficas, o Enquadramento dos corpos de água em classes, a Outorga e a
Cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos e o Sistema de Informações sobre
Recursos Hídricos. Estes instrumentos permitem que sejam desenvolvidos mecanismos de
planejamento para auxiliar no projeto de empreendimentos que utilizem recursos hídricos,
incentivando a filosofia de múltiplos usos das mesmas águas e procurando atender o maior
número de usuários da bacia hidrográfica. O estado do Paraná possui já aprovado o Plano
Estadual de Recursos Hídricos, no qual foram levantados os dados de disponibilidades e
demandas nas principais bacias hidrográficas do estado. A Bacia Litorânea, onde está situada
a área deste estudo, foi estudada no PERH e, portanto, já possui um vasto levantamento de
informação sobre águas superficiais e subterrâneas. Atualmente a bacia Litorânea já está
sujeita a outorga de direitos de uso de recursos hídricos conforme o Decreto nº 4.646/01. O
enquadramento dos corpos de água em classes segundo os usos na bacia enquadra,
conforme a Portaria SUREHMA nº 05 de 06/09/89, as águas doces nas Classes especial, 1 e 2
e as águas salobras na Classe 7. Existem também os Planos Municipais de Recursos Hídricos
e o Sistema de Informações de Recursos Hídricos em implantação.
A Lei nº 9.433/97 promoveu uma descentralização na gestão de recursos hídricos da
esfera federal para a local, mais precisamente, para a bacia hidrográfica, passando o poder
decisório para os Comitês de Bacias Hidrográficas e para o Conselho Nacional e os Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos. Considerados a base da gestão participativa e integrada da
água e fóruns de decisão das ações a serem implementadas na sua área de abrangência, os
Comitês têm papel deliberativo e normativo e são compostos por representantes do Poder
Público, da sociedade civil e de usuários de água e podem ser oficialmente instalados em
águas de domínio da União e dos Estados. Existem comitês federais e comitês de bacias de
rios estaduais, definidos por sistemas e leis específicas.
Os Comitês analisam, propõem, debatem e aprovam o Plano de Bacia Hidrográfica e as
proposições das Agências de Bacia Hidrográfica, em especial, os valores a serem cobrados
pelo uso dos recursos hídricos, o plano de aplicação dos recursos disponíveis, o rateio de
LACTEC – 2012
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38
custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo e o enquadramento dos
cursos d'água.
Devido a diversos motivos, até hoje apenas algumas bacias hidrográficas conseguiram
estabelecer o seu comitê. Pelo Plano Estadual de Recursos Hídricos foi prevista a criação de
um comitê para a bacia litorânea do Paraná. Em dezembro de 2010 foi aprovada pelo
Conselho Estadual de Recursos Hídricos, a Mesa Diretora Provisória do Comitê da Bacia
Litorânea, estando o respectivo Comitê, desta forma, em fase de instalação. Cabe lembrar
que, com a criação deste Comitê será possível, entre outras atribuições, elaborar o Plano de
Bacia Hidrográfica e revisar as especificações do Enquadramento e Cobrança.
2.1.3.2
Demanda de água das instalações do Porto de Paranaguá
Para a elaboração deste item não foi possível obter dados oficiais relacionadas à
demanda de água. Assim, para a análise da demanda de água nas instalações do Porto de
Paranaguá, incluindo a sede da APPA, futuramente deverão ser coletadas e processadas as
informações inerentes, as quais poderão ser fornecidas pela própria APPA e empresa de
saneamento CAB Águas de Paranaguá.
2.1.3.3
Captações dos mananciais superficiais - Usos consuntivos na bacia
Este item apresenta a análise dos usos e demandas da bacia hidrográfica. Para tal, foi
utilizado o Plano Estadual de Recursos Hídricos. Os dados de demanda e efluentes gerados
no abastecimento foram obtidos do relatório técnico denominado Produto 1.1 – Diagnóstico
das Demandas e Disponibilidades Hídricas Superficiais - Definição do Balanço Entre
Disponibilidades e Demandas (ÁGUAS PARANÁ, 2010). Em ÁGUAS PARANÁ (2010) os
resultados foram apresentados considerando toda a bacia litorânea (5631 km²), tal como
disposto na Figura 6. Assim, os dados de demanda da bacia litorânea foram transcritos para
o presente trabalho e interpolados para a área de interesse.
LACTEC – 2012
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39
Figura 6 - Área de estudo considerada em ÁGUAS PARANÁ (2010)
Para os usos de abastecimento doméstico, industrial, do setor pecuário, do setor de
mineração e irrigação, foi focada a bacia incremental AI05 (área de influência direta), cujos
cursos d’água deságuam no entorno do empreendimento (Figura 6), bem como, a área
integral do município de Paranaguá. Para compor os valores de demanda da área analisada
AI05 foram utilizados os dados do município de Paranaguá, pois essa bacia incremental
integralmente inserida dentro do município, cujos valores foram interpolados para a área de
interesse conforme as percentagens de usos do solo, apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 – Usos dos solos para área urbana e rural
Paranaguá
% em
Classe
Área
relação à
(km²)
total
Agricultura, Pecuária e Outros
20,41
2,53
Áreas Urbanas
26,48
3,28
TOTAL
806,2
---
AI05
Área
(km²)
3,96
25,94
128,16
% em
relação à
total
3,09
20,24
---
LACTEC – 2012
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40
Os números populacionais foram coletados por município a partir de informações do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são do ano de 2010 e são
oriundos do último censo realizado. A projeção dos usos da água referentes ao
abastecimento doméstico, industrial, do setor pecuário, do setor de mineração e irrigação
foi realizada para o ano de 2030 e baseou-se em projeção populacional. Ao se considerar as
populações do censo de 2010 e 2000, foi verificada uma taxa de crescimento anual igual a
0,99% para a população total, valor este adotado no presente estudo. A proporção entre
população urbana e rural de 2030 foi adotada como sendo igual à adotada no Censo de
2010. A Tabela 6 apresenta os totais populacionais adotados.
Tabela 6 – Totais populacionais adotados no estudo
Paranaguá
Ano
Urbana
Rural
Total
2010
135.386
5.083
140.469
2030
164.745
6.185
170.930
Urbana
132.989
161.828
AI05
Rural
989
1.203
Total
133.978
163.031
Em ÁGUAS PARANÁ (2010) o cálculo da demanda per capita para o abastecimento de
água urbana resultou em 180,2 l/dia (adotado também no presente estudo), e foi realizado a
partir de dados populacionais do IBGE (ano 2004) e do Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento – SNIS do ano de 2004. Já para a demanda rural, foi considerada uma
demanda média per capita de 90 l/dia (SUDENE, 1980). A divisão das vazões captadas em
mananciais superficiais ou subterrâneos foi estimada com base em informações implantadas
até o ano 2007 no Cadastro de Outorga do ÁGUAS PARANÁ. Para a região analisada neste
estudo tanto as captações do setor urbano quanto rural são de mananciais superficiais.
As captações de águas superficiais e subterrâneas para o setor industrial foram obtidas
do Cadastro de Outorga do ÁGUAS PARANÁ (ano de 2007). O volume de água retornado
depende do tipo de indústria. Em ÁGUAS PARANÁ (2010) este volume foi baseado na atual
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), elaborada pelo Ministério da
Fazenda.
Os dados básicos utilizados na estimativa das demandas condizentes ao setor
minerário são oriundos do Cadastro da MINERAIS do PARANÁ S.A. - MINEROPAR (ano de
2004) e do Cadastro de Outorga do ÁGUAS PARANÁ. As produções consideradas para a
estimativa da demanda hídrica foram as de água mineral e de areia, pois, segundo técnicos
LACTEC – 2012
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41
da MINEROPAR, são as atividades que mais demandam o uso de água. O índice de demanda
hídrica por tipo de minério produzido para o Estado do Paraná considerado é igual a 0,03
m³/s. A demanda hídrica para a mineração é baixa devido às empresas de mineração
trabalharem com uma média de 90% de recuperação da água.
Os efetivos de rebanhos foram baseados em dados por município apresentados pelo
IBGE (ano de 2003). O uso da água foi considerado para a dessedentação e higienização dos
animais. A demanda de dessedentação por cabeça de bovino considerada foi de 40 L/dia,
conforme informações fornecidas pela Secretaria de Estado da Agricultura e do
Abastecimento do Paraná - SEAB. Para determinar a demanda de dessedentação para outros
tipos de rebanho foi considerada a metodologia denominada BEDA – Bovinos Equivalentes
para a Demanda de Água. Esta metodologia é utilizada no PLIRHINE - Plano de
Aproveitamento Integrado dos Recursos Hídricos do Nordeste, do ano de 1980, e vem sendo
aplicada em todo território nacional.
A Tabela 7 apresenta a relação BEDA e respectiva demanda de dessedentação por tipo
de rebanho.
Tabela 7 – Demandas de dessedentação para o setor da pecuária
Relação
Tipos de Rebanho
BEDA
Bovinos
BEDA/1
Bubalinos
BEDA/1
Eqüinos, Muares e Asininos
BEDA/1,25
Suínos
BEDA/5
Ovinos e Caprinos
BEDA/6,25
Coelhos
BEDA/200
Avinos
BEDA/250
Dessedentação
(L/dia)
40
40
32
8
6,4
0,2
0,16
FONTE: PLIRHINE (1980).
Para os rebanhos em confinamento foi também estimada a demanda de água para a
higienização, para a qual foram considerados apenas os efetivos de suínos (na avicultura foi
considerada a utilização de camas secas e os outros rebanhos foram considerados como
criados de forma extensiva). A demanda de água para higienização dos efetivos de suínos foi
adotada como sendo 5 l/dia/cabeça, conforme Instrução Normativa para Licenciamento de
Suinocultura do Instituto Ambiental do Paraná - IAP. O coeficiente de retorno para os corpos
hídricos foi de 5% na dessedentação e 85% na higienização.
LACTEC – 2012
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42
As áreas irrigadas foram obtidas do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e
Extensão Rural - EMATER (ano de 2005). Estes valores de área da referida publicação não
estão discriminados por cultura e nem por vazão aplicada e sim, por tipo de técnica de
irrigação. A vazão foi baseada em REBOUÇAS et al. (2006), cujo valor adotado é igual a 0,209
l/s/ha. A percentagem do tipo de manancial explorado (superficial ou subterrâneo) foi
adotada conforme o Cadastro de Outorga do ÁGUAS PARANÁ. O índice de retorno
considerado foi de 1%, só ocorrendo nas águas superficiais.
A Tabela 8 traz os valores de demandas captadas dos mananciais superficiais dos
diversos setores para o ano de 2010 e projetadas para 2030, considerando o município de
Paranaguá e a área de influência direta (AI05).
Tabela 8 – Demandas de água dos mananciais superficiais de Paranaguá e AI05 (L/s)
Paranaguá
AI05
Setor
2010
2030
2010 2030
Abastecimento Urbano
282,37
343,60 277,37 337,52
Abastecimento Rural
5,29
6,44
1,03
1,25
Industrial
65,34
79,51
64,18
78,10
Mineração
0,45
0,55
0,43
0,52
Irrigação
27,71
33,72
5,39
6,56
Pecuária
0,33
0,40
0,06
0,07
Total
381,49
464,22 348,46 424,02
Verifica-se que o setor que mais contribui na retirada de água superficial da bacia é o
setor de abastecimento urbano (85% no município de Paranaguá e 93% na AI05).
Considerando os usos consuntivos da água referentes ao abastecimento doméstico,
industrial, do setor pecuário e irrigação, a vazão de água efetivamente consumida projetada
para o ano de 2030 será aproximadamente 22% maior que a vazão atualmente consumida
para as duas áreas analisadas. Como grande parte da área da AI05 corresponde à quase
totalidade da área urbana do município de Paranaguá, as demandas de água para o
abastecimento urbano e setor industrial são muito similares nos dois locais avaliados,
ficando as maiores diferenças nos setores que envolvem a zona rural.
LACTEC – 2012
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43
2.1.3.4
Recreação/Turismo
Dentre os principais municípios, os de Antonina e Paranaguá possuem um patrimônio
histórico e cultural com potencial para a atividade turística. Cidades como Guaraqueçaba
atraem o turismo ecológico devido as suas paisagens. Os principais municípios e áreas de
lazer estão indicados na Tabela 9.
Tabela 9 – Potencial turístico na bacia litorânea
Município
Tipo de Turismo
Pontos Turísticos
Pontal do
Paraná
Ecoturismo
Praias, Ilha dos currais e Ilha da Galheta
Paranaguá
Patrimônio
histórico e
cultural
Rio Itiberê, Rua da Praia, Ilha do Mel, Ilhada Cotinga, Ilha dos
Valadares, Baía de Paranaguá, Farol das Conchas, Floresta
Estadual do Palmito e Cascata da Quintilha
Morretes
Ecoturismo
Área Especial de Interesse Turístico do Morumbi, Pico
Marumbi, Salto dos Macacos/Salto Redondo, rio Nhundiaquara
e rio Mãe Catira
Antonina
Patrimônio
histórico e
cultural
Porto de Antonina – Terminal barão de Teffé, Terminal
Portuário da Ponta do Félix, Pico do Paraná, Parque Estadual
Roberto Ribas Lange, Ponta da Pita e Prainha, baía de Antonina
e rio Cachoeira
Guaraqueçaba
Ecoturismo
Ilhas, Parque Nacional do Superagui, Reserva Ecológica do
Sebuí e Reserva Natural Salto Morato – RPPN
Fonte: Adaptado de SEMA (2010).
Declarado município em 1880, Guaraqueçaba dispõe de diversas ilhas, entre elas a Das
Peças, Rasa, Das Laranjeiras, do Rebelo, Povoca e do Superagui, sendo esta última foi o
primeiro local no Paraná a ser descoberto pelos colonizadores portugueses, em 1545.
Em 1989 foi criado o Parque Nacional do Superagui, que abrange quase a totalidade da
Ilha do Superagui e da Ilha das Peças, excluídas as comunidades de pescadores
(GUARAQUEÇABA, 2012). O acesso é feito via marítima por Paranaguá ou Guaraqueçaba.
São 33.998 ha com o objetivo de sustentação da fauna marinha, com restingas, manguezais,
grandes áreas de praias desertas, e diversas trilhas ecológicas. Seu maior atrativo é a Praia
Deserta, “38 km de praias virgens apreciadas em caminhadas ou de bicicleta” (SETU, 2012).
Em 1991 a região foi abrangida pela Reserva da Biosfera Vale do Ribeira-Serra da
Graciosa. O parque está situado na região da Área de Proteção Ambiental (APA) de
LACTEC – 2012
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Guaraqueçaba. Esse ecossistema da Mata Atlântica foi reconhecido pela UNESCO em 1998
como Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade.
Na APA de Guaraqueçaba também se encontra a Reserva Natural Salto Morato (Figura
7), uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), criada e mantida pela
Fundação Grupo Boticário, serve de campo para pesquisas e recebe anualmente cerca de 7
mil visitantes (Fundação Grupo Boticário, 2012).
A reserva, nos seus 2.340 ha, oferece, além das paisagens naturais, trilhas, quiosques,
camping e aquário natural para banho. A principal atração é Salto Morato, uma queda
d’água de aproximadamente 100 metros, e a Figueira do Rio do Engenho, cuja raiz forma um
“portal” sobre os seis metros de largura do rio.
Foto: José Paiva.
Figura 7 – Salto Morato da reserva natural que leva o mesmo nome
Antonina, surgiu em meados do século XVII, através da atividade de mineração de ouro
nos estuários da região e foi fundada em 1714, com a construção da capela, hoje Igreja
Matriz da cidade. Atualmente sua atividade econômica está relacionada ao seu sistema
portuário e à atividade turística. Por ser uma das cidades mais antigas do estado, tem como
base o turismo histórico e cultural (Figura 8), sendo pontos muito visitados a Igreja Matriz, o
casario de arquitetura luso-brasileira no setor histórico, a Praça Coronel Macedo.
LACTEC – 2012
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45
Entretanto, a cidade também oferece locais para a prática de ecoesportes como a Ponta da
Pita, a Prainha, o Rio do Nunes, o Pico do Paraná e o Rio Cachoeira.
O carnaval de rua de Antonina é um dos mais tradicionais do estado. De acordo com o
jornal Gazeta Do Povo (2011), movimentou cerca de 30 mil foliões no ano de 2011, com
previsão de 34 a 40 mil em 2012. Outra festa que atrai uma quantidade semelhante de
visitantes é o “Festival do Caranguejo de Pontal do Paraná”, realizado desde 2003 nos meses
de janeiro. (G1-PR, 2012).
Foto: Leonardo Mendes.
Figura 8 – Setor histórico de Antonina
Assim como Antonina, Paranaguá guarda vestígios da época da colonização com seus
casarios de fachadas azulejadas, em suas ladeiras de pedra e em suas igrejas. É comum os
visitantes irem a locais como a Fonte Velha, a Rua da Praia (Figura 9), margens do rio Itiberê
(Figura 10) e o Palácio Visconde de Nácar, de 1840, bem como o próprio Porto Dom Pedro II.
LACTEC – 2012
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46
Fonte: www.nossolitoraldoparana.com.br.
Figura 9 – Rua da Praia em Paranaguá
Foto: Mussi M. Said.
Figura 10 – Margens do rio Itiberê
A cidade é também um foco de turismo religioso, através da festa de Nossa Senhora
do Rocio, padroeira do Paraná. A festa foi oficialmente iniciada em 1813, com a inauguração
do santuário, e continua sendo realizada anualmente no mês de novembro. Esse evento gera
mais de 200 empregos temporários e oferece espaços para o comércio e o artesanato local
LACTEC – 2012
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47
(PARANAGUÁ, 2011). Em 2011 atraiu cerca de 500 mil visitantes. A Igreja Nossa Senhora do
Rocio (Figura 11), atualmente, situa-se bem próxima ao terminal do Porto de Paranaguá.
Figura 11 – Igreja Nossa Senhora do Rocio em Paranaguá
Os rios da bacia litorânea também compõem o cenário paisagístico explorado pelo
turismo, tanto na região das serras, quanto nas áreas próximas ao desemboque, onde se
formam mangues e prainhas. Alguns locais são muito procurados por banhistas, como por
exemplo, rio Nhundiaquara em Porto de Cima (Figura 12), rio do Nunes (Figura 13), entre
outros. Alguns trechos de rios são utilizados para rafting e canoagem, como no rio Cachoeira
(Figura 14).
LACTEC – 2012
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Foto: Maiko Dias
Figura 12 – Rio Nhundiaquara na localidade Porto de Cima
Foto: Mauro Edson Swarofsky
Figura 13 – Rio do Nunes, próximo à ponte da PR-340
LACTEC – 2012
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Figura 14 – Rafting no rio Cachoeira
2.1.3.5
Navegação
A navegação que ocorre pelos rios da bacia litorânea no trecho de água doce é
inexpressiva, especialmente, devido às suas características hidráulicas, pois no trecho onde
não recebem influência de maré, normalmente não apresentam condições para navegação
(presença de pedras, corredeiras e calado insuficiente). No trecho navegável de alguns rios,
o qual ocorre nos quilômetros finais do canal antes da desembocadura no estuário, a pouca
navegação existente está relacionada ao transporte de passageiros, seja para turismo ou
deslocamento.
Os rios que contornam a área urbana de Paranaguá são mais utilizados nos passeios a
barco, especialmente o Itiberê (Figura 15). Porém, o mais comum é ocorrer o embarque nas
marinas localizadas próximas ao desemboque do no estuário (Figura 16) e os passeios se
direcionarem à própria baía.
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50
Foto: Ricardo Mercadante
Figura 15 – Embarcação no rio Itiberê
Foto: Jair Campos
Figura 16 – Marina no rio Itiberê
2.1.3.6
Lançamento de efluentes nos mananciais superficiais
Outra utilização dos recursos hídricos superficiais é o recebimento e diluição de
efluentes gerados na bacia hidrográfica. O Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do
Paraná estimou estes volumes com base nos dados obtidos durante a elaboração do mesmo.
Neste item será avaliado o aspecto quantitativo dos efluentes. O aspecto qualitativo será
avaliado no item 2.1.4.1.
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51
Para os dados medidos de volume de esgotamento sanitário gerado, tal como em
ÁGUAS PARANÁ (2010), considerou-se neste trabalho, que há uma perda de 20% deste
volume antes de atingir os mananciais superficiais. Para a parcela da população urbana não
atendida considerou-se que 70% dos esgotos são lançados nas águas superficiais e 30% em
fossas. Para a população rural considera-se de forma inversa, que 30% lançam os esgotos em
rios e 70% em fossas. O volume de esgotamento sanitário para a população rural foi
considerado como sendo 30% do volume para abastecimento.
A Tabela 10 apresenta os valores dos lançamentos obtidos para o ano de 2010 e
projetados para 2030 de efluentes relacionados ao Sistema de Esgotamento Sanitário – SES.
Tabela 10 – Volumes lançados de efluentes nos mananciais superficiais de Paranaguá e AI05 (L/s)
Paranaguá
AI05
Setor
2010
2030
2010 2030
2.1.3.7
Abastecimento Urbano
115,08
140,04 113,09 137,61
Abastecimento Rural
0,53
0,64
0,11
0,13
Industrial
49,88
60,70
49,00
59,62
Mineração
0,06
0,08
0,06
0,08
Irrigação
0,28
0,34
0,05
0,07
Pecuária
0,11
0,13
0,02
0,02
Total
165,94
201,92 162,33 197,52
Lançamento de vazão originada da transposição entre bacias hidrográficas
As águas da represa do Capivari são transpostas para a bacia do rio Cachoeira, na bacia
litorânea (COPEL, 1996). O rio Capivari é barrado em local que drena 945 km², e pertence à
bacia hidrográfica do rio Ribeira. As águas da barragem do rio Capivari são conduzidas à
usina Governador Parigot de Souza – GPS através de um sistema de derivação, com 14 km de
túnel de adução e 1.084 m de conduto forçado subterrâneo. GPS é a maior usina
subterrânea do Brasil e apresenta parte do canal de restituição (2.200 m) também
subterrâneo, correndo nos últimos 500 m a céu aberto, até descarregar no rio Cachoeira. A
localização da usina e reservatório pode ser identificada na Figura 17.
A usina GPS possui 247 MW de potência nominal instalada e seu município sede é
Antonina. O enchimento do reservatório iniciou-se em julho de 1970, ano em que a usina de
Capivari entrou em operação com a primeira turbina (COPEL, 1996).
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52
Para atender aos objetivos do presente projeto é mais importante avaliar o impacto da
água transposta quando esta atinge o estuário. Assim, esta avaliação está apresentada
adiante, no capítulo referente aos recursos hídricos do estuário (item 2.4.4).
Figura 17 – Localização de GPS na bacia litorânea e do reservatório no rio Capivari
2.1.4 Caracterização da Qualidade da Água
Conforme Portaria SUREHMA nº 005/89, de 06 de setembro de 1989, as águas dos rios
da bacia litorânea estão enquadradas nas classes especial, “1”, “2”, e “7”. Todos os cursos
d’água principais pertencentes à área de influência direta, a saber: Emboguaçú, dos
Almeidas, dos Correias, Itiberê, Pequeno (afluente do Guaraguaçu a jusante da confluência
com o rio Indaial), são enquadrados na classe “2”, até a influência de maré. Após a influência
de maré, quando suas águas podem ser ditas salobras, os cursos d’água são enquadrados na
classe “7”.
De acordo com o Inc. III do Art. 3º da Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de
2005, as águas pertencentes à classe “2” são destinadas à:
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 Ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
 À proteção das comunidades aquáticas;
 À recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho;
 À irrigação de hortaliças e plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de
esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e
 À aqüicultura e à atividade de pesca.
A Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005, não especifica a classe “7”,
tendo alterado a denominação das classes. No entanto, a Resolução anterior que foi
revogada pela atual, a CONAMA nº 20/1986, de 18 de junho de 1986, diz no Inc. VIII do Art.
1º, que as águas pertencentes à classe “7” são destinadas à:
 À recreação de contato primário;
 À proteção das comunidades aquáticas;
 À criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação
humana.
Este estudo não previu a coleta de dados primários. No entanto, existem publicados
diversos outros estudos que contém a avaliação da qualidade da água dos rios das bacias
hidrográficas analisadas. Dentre estes estudos, foram selecionados os mais importantes no
que se refere a material coletado e conclusões realizadas. São eles:
 Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Paraná (ÁGUAS PARANÁ, 2010);
 Fluxos de Nutrientes e Material Particulado na Bacia de Drenagem do Complexo
Estuarino de Paranaguá – PR (ROSA, 2010).
Além destes estudos, foram obtidos e processados dados de qualidade de água de
estações fluviométricas operadas pelo AGUAS PARANA, situadas nos municípios de
Paranaguá, Antonina, Morretes e Pontal do Paraná.
O item 2.1.4.1 apresenta os resultados das avaliações realizadas sobre os estudos e
estações fluviométricas mencionados acima.
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2.1.4.1
Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Paraná
O Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Paraná apresentado em ÁGUAS
PARANÁ (2010) não considerou a avaliação das águas superficiais, e sim, apenas as
subterrâneas. No entanto, são apresentados os valores das cargas de Demanda Bioquímica
de Oxigênio - DBO, Demanda Química de Oxigênio - DQO, e Sólidos Suspensos dos efluentes
lançados nos recursos hídricos das bacias hidrográficas, cujos volumes são apresentados na
Tabela 10.
Os Sólidos Suspensos são gerados apenas nos setores industrial e mineração. Devido
os valores se apresentarem insignificantes para a região estudada, os mesmos não são
apresentados no presente estudo.
Para o cálculo das cargas de DBO do setor de esgotamento sanitário, utilizou-se o valor
padrão de produção de 0,054 kg/hab/dia; e, a eficiência de remoção de 57,89%. Estes dois
últimos itens são baseados nos índices calculados no relatório final Estações de Tratamento
de Esgoto do Projeto Elaboração do Cadastro dos Usuários de Recursos Hídricos da Região
Metropolitana de Curitiba (MONTGOMERY & ESSE, 1999).
Os valores das cargas potenciais de DQO e DBO do setor industrial foram calculados a
partir das concentrações médias, por tipologia de indústria, correspondentes aos efluentes
gerados. Os valores das cargas remanescentes foram obtidos por meio da relação entre as
cargas potenciais, DQO e DBO, e o índice de eficiência para remoção dessas respectivas
cargas, através da Estação de Tratamento de Despejos Industriais - ETDI. O índice de
tratamento de efluentes varia de acordo com a tipologia de cada indústria, no entanto, foi
estimada, em média, uma eficiência variando de 85% a 100%.
No caso da pecuária, a poluição por DBO só é significativa para animais criados em
confinamento, pois a carga orgânica em áreas de pastagem tende a ser baixa devido à rápida
decomposição e mineralização da matéria orgânica e os dejetos da avicultura são
depositados em camas secas. Assim, a produção de cargas poluidoras aplicou-se apenas à
criação de suínos em não conformidade com a Instrução Normativa (105.006) do Instituto
Ambiental do Paraná referente a empreendimentos de Suinocultura.
A Tabela 11 e a Tabela 12 apresentam, respectivamente, para os anos de 2010 e 2030,
as cargas poluidoras presentes nos efluentes lançados nos recursos hídricos superficiais
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considerando o município de Paranaguá e a área de influência direta (AI05).
Tabela 11 – Cargas poluidoras dos diversos setores para o ano de 2010
Setor
Abast. Urbano
Abast. Rural
Industrial
Pecuária
Total
DBO
potencial
(kg/dia)
7310,84
274,48
373,60
303,30
8262,23
Paranaguá
DBO
DQO
DQO
DBO
remanes. potencial remanes. potencial
(kg/dia) (kg/dia) (kg/dia) (kg/dia)
4232,25
----7181,41
158,90
----53,41
97,50
142,80
35,60
367,00
34,20
----59,00
4522,85
142,80
35,60
7660,81
AI05
DBO
DQO
DQO
remanes. potencial remanes.
(kg/dia) (kg/dia) (kg/dia)
4157,32
----30,92
----95,80
140,30
35,00
6,60
----4290,63
140,30
35,00
Tabela 12 – Cargas poluidoras dos diversos setores para o ano de 2030
Setor
Abast. Urbano
Abast. Rural
Industrial
Pecuária
Total
2.1.4.2
DBO
potencial
(kg/dia)
8896,23
333,99
454,60
369,10
10053,92
Paranaguá
DBO
DQO
DQO
DBO
remanes. potencial remanes. potencial
(kg/dia) (kg/dia) (kg/dia) (kg/dia)
5150,03
----8738,71
193,35
----64,96
118,60
173,80
43,30
446,60
41,60
----71,80
5503,57
173,80
43,30
9322,07
AI05
DBO
DQO
DQO
remanes. potencial remanes.
(kg/dia) (kg/dia) (kg/dia)
5058,84
----37,61
----116,60
170,70
42,60
8,00
----5221,05
170,70
42,60
Estudo: Fluxos de Nutrientes e Material Particulado na Bacia de Drenagem do
Complexo Estuarino de Paranaguá – PR
A dissertação de mestrado denominada Fluxos de Nutrientes e Material Particulado na
Bacia de Drenagem do Complexo Estuarino de Paranaguá – PR (ROSA, 2010) teve como
objetivo a quantificação de nutrientes e material particulado provenientes do meio fluvial ao
longo de um ciclo hidrológico completo para o CEP (Complexo Estuarino de Paranaguá). Os
nutrientes medidos foram: nitrito, nitrato, nitrogênio amoniacal, fosfato, silicato e clorofilaa, além disso, foi medido o pH e a temperatura.
As amostragens foram feitas nos principais rios que compõem a bacia do CEP:
Guaraguaçú, Sambaqui, Sagrado, Nhundiaquara, Cacatú, Cachoeira, Faisqueira, Cedro,
Tagaçaba, Serra Negra e Guaraqueçaba. Estes rios possuem aportes consideráveis de água, o
que infere em uma melhor caracterização do aporte de nutrientes e material particulado.
Todos os rios, até a área de influência de maré estão enquadrados na Classe 1, com exceção
do rio Guaraguaçú que pertence a Classe 2 (SUREHMA, 1989). Foram feitas amostragens
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mensais durante o período de um ano para verificar as possíveis variações sazonais. A Figura
18 apresenta os rios amostrados em Rosa (2010).
Fonte: Rosa (2010).
Figura 18 – Localização dos pontos de amostragem
As medições foram feitas entre março de 2008 e fevereiro de 2009, sendo que, as
coletas foram feitas sempre a montante da área de influência de maré, a fim de não haver
influência da salinidade no aporte fluvial.
A seguir, são apresentadas as principais conclusões acerca dos diversos parâmetros,
considerando os dados obtidos por Rosa (2010).
Clorofila-a
As concentração de clorofila-a, na maioria das vezes, ficaram abaixo dos limites
máximos impostos pela resolução CONAMA 357/05, de 10 μg/L para a classe 1 (linha em
verde nos gráficos) e 30 μg/L para a classe 2 (linha em rosa nos gráficos). O rio Guaraguaçú,
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único rio de classe 2, apresentou na medição de julho de 2008 concentração acima dos 10
μg/L sugeridos para a classe 1, mas ainda abaixo do limite sugerido para rios de classe 2 (30
μg/L). No rio Segredo, na medição realizada em junho de 2008, o valor observado supera
levemente o limite para rios de classe 1.
Alguns meses não apresentam dados para determinados rios, devido a problemas
técnicos com o amostrador. Durante o período seco (Figura 19) foram medidas
concentrações de clorofila-a maiores do que durante o período chuvoso (Figura 20).
Provavelmente, as concentrações de clorofila-a estão sendo limitadas pela disponibilidade
de nutrientes visto que os dois seguem o mesmo padrão de concentrações, isto é, altas
durante o período seco e baixas durante o chuvoso. Outro fator que pode determinar a
concentração de clorofila-a em ambientes fluviais é o tempo de retenção da água, que por
ser muito curto não permite que as populações de fitoplâncton se desenvolvam.
Figura 19 - Concentrações de clorofila-a amostradas no período seco
Figura 20 - Concentrações de clorofila-a amostradas no período chuvoso
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Nitrito
A concentração de nitrito tanto no período seco (Figura 21) quanto no período
chuvoso (Figura 22) foi, normalmente, menor do que o limite máximo, 1,0 mg/L, imposto
pela resolução CONAMA 357/2005 para corpos d’água dentro das classes 1 e 2. Houve pouca
variação entre as concentrações de nitrito durante o período chuvoso e seco. As
concentrações de nitrito foram muito baixas em razão da alta instabilidade deste composto
na água, transformando-se rapidamente em nitrato, de acordo com a disponibilidade de
oxigênio (MARQUES, 2004). Entretanto, por duas vezes o limite sugerido pela referida
resolução foi superado, ambas em medições realizadas no rio Guaraguaçu, de classe 2, nos
meses de julho (período seco) e dezembro (período chuvoso) de 2008. Este rio, apresentou,
na maioria das vezes, concentrações maiores de nitrito em relação aos outros córregos.
Figura 21 - Concentrações de nitrito amostradas no período seco
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Figura 22 - Concentrações de nitrito amostradas no período chuvoso
Nitrato
O nitrato foi a forma de nitrogênio inorgânico dissolvido predominante nas amostras,
o que é uma característica comum em ambientes aquáticos em geral. Houve uma
quantidade muito maior durante o período seco (Figura 23) em relação ao período úmido
(Figura 24), provavelmente devido à menor atividade fitoplanctônica, dado que o nitrato
representa uma das principais fontes de nitrogênio para os produtores primários (ESTEVES,
1998). O limite máximo de nitrato é de 10 mg/L para as classes 1 e 2 segundo a resolução
CONAMA 357/2005. Portanto, como pode ser observado pelas figuras, os rios amostrados
estão de acordo com a legislação.
Figura 23 - Concentrações de nitrato amostradas no período seco
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60
Figura 24 - Concentrações de nitrato amostradas no período chuvoso
Nitrogênio Amoniacal
As concentrações de nitrogênio amoniacal apresentaram certa sazonalidade, sendo,
em geral maiores durante o período seco (Figura 25) em relação ao período chuvoso (Figura
26). Houve um pico de nitrogênio amoniacal para o rio Nhundiaquara em julho de 2008,
provavelmente devido à proximidade das áreas urbanas de Morretes que despejam esgoto
doméstico.
O limite em termos de concentração de nitrogênio amoniacal sugerido pela resolução
CONAMA 357/2005, em função do máximo valor de pH (7,49) apresentado durante todo o
período de observação (períodos seco e chuvoso) é de 3,7 mg/L (para pH ≤ 7,5), para as
classes 1 e 2 de enquadramento. Este limite é, isoladamente, o menos restritivo da
legislação considerando os outros intervalos de variação de pH. Desta forma, todas as
concentrações de nitrogênio amoniacal observadas estão baixas em relação ao limite da
legislação vigente, visto que as variações de pH foram entre 6,02 e 7,49.
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Figura 25 - Concentrações de nitrogênio amoniacal amostradas no período seco
Figura 26 - Concentrações de nitrogênio amoniacal amostradas no período úmido
2.1.4.3
Parâmetros de qualidade das águas monitorados pelo AGUAS PARANA
O AGUAS PARANA monitora diversas estações de qualidade de água na bacia litorânea.
Entre as estações disponíveis foi possível analisar os dados das estações do rio Cambará
(pertencente à bacia do rio Guaraguaçu), do Pinto e Nhundinhaquara. A primeira localiza-se
no município de Paranaguá e as duas últimas no município de Morretes. Destes rios, apenas
o Cambará é enquadrado como classe 2, os demais pertencem à classe 1. A Tabela 13
apresenta as principais características das estações analisadas. A Tabela 14 e Tabela 15
apresentam os dados medidos nos últimos 10 anos da estação Morretes. A Tabela 16 e a
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Tabela 17 apresentam os dados, também medidos nos últimos 10 anos, das estações Anhaia
e ETA-Matinhos, respectivamente.
Tabela 13 - Dados informativos das estações Anhaia, ETA-Matinhos, Morretes e Paranaguá
Área de
Coordenadas
Código
Nome da Estação
Rio
Drenag.
Latitude
Longitude
(km²)
82170000 Morretes
Nhundiaquara
217
25º 28' 37" 48º 49' 48"
82198000 Anhaia
Do Pinto
66
25º 32' 16" 48º 50' 52"
82220000 Eta-Matinhos -Col.Cambará
Cambará
13
25º 43' 39" 48º 35' 30"
Tabela 14 - Medições dos parâmetros para a estação Morretes (Parte 1)
Data
Colif. Fec.
(NMP/
100mL)
23/03/01
27/03/01
19/04/01
25/04/01
22/06/01
25/06/01
02/09/01
17/10/01
08/12/01
09/04/02
05/08/03
27/11/03
26/05/04
06/08/04
23/03/05
03/05/05
21/06/05
06/10/05
26/10/05
03/11/05
30/03/06
30/05/06
29/08/06
02/10/06
23/03/07
07/08/07
13/03/08
17/06/08
27/05/09
04/08/09
11/08/09
08/10/09
29/06/10
24/08/10
07/10/10
25/10/10
21/07/11
14/09/11
1300
170
1700
500
700
20
300
1100
500
30000
-
Colif.
Tot.
(NMP/
100mL)
30000
3,57
14000
5000
5000
23000
5000
2300
5000
11000
11000
140000
11000
50000
35000
50000
80000
30000
11000
23000
50000
11000
130000
4900
49000
23000
13000
23000
17000
23000
33000
4900
Escherichia
DBO/5
coli
20 ºC
(NMP/
(mg/L O2)
100mL)
<2
2,6
<2
<2
<2
<2
<2
<2
<2
1
<2
<2
7000
<2
7000
<2
30000
6
4700
2,1
22000
2,2
28000
2
17000
4
11000
2,8
23000
<2
<2
50000
2
11000
<2
33000
2
3300
<2
22000
<2
700
2
2200
<2
13000
<2
7900
<2
13000
<2
<2
<2
1100
2,5
700
-
DQO
(mg/L O2)
10
10
21
<1
1,3
4,9
3,9
5,8
53
8
11
12
11
3
25
7,1
9,6
8,8
21
12
10
15
12
7
23
4,4
<2
7,8
5,8
9,2
3,6
4,2
8,9
<2
3
2
Nitrog.
Kjeldahl
Tot.
(mg/L N)
0,69
0,43
0,99
0,41
0,19
0,28
0,27
0,04
0,23
0,15
0,32
0,27
0,28
0,47
0,22
0,28
0,14
0,22
0,12
0,14
0,29
0,22
0,078
0,26
0,24
0,097
0,13
0,12
0,23
0,088
0,16
0,23
0,32
0,13
0,13
O.D.
(mg/L
O2)
pH
Temp.
água
(ºC)
Turbidez
(N.T.U.)
8,8
9,2
8,4
10,1
9,8
8,4
9,3
9,2
9,7
10,8
10,1
9,18
9,06
9,1
9,96
8,88
10,4
9,5
11,7
9,1
8,96
11
10,5
9,43
9,98
4,2
9,7
9,2
8,2
6,9
7,3
6,6
6,8
6,9
6,6
7,0
6,7
6,6
7,4
7,1
7,2
7,4
6,9
6,9
7,1
6,8
5,0
7,0
7,6
7,3
6,7
7,6
6,6
7,1
7
6,9
6,8
6,9
8,4
6,7
6,8
7,7
6,4
6,6
24,4
23,3
21,9
21,4
13,6
17
23
22,8
25
23,2
26
23
17
19,3
24
19,3
17
18
20
19
22
21
19
18,7
23
17,7
21,8
11
19
16
17,7
17
15
18
18,7
21
12
7
4,4
2
6,4
2,5
2,2
2,3
2,1
2
5
1,5
4,1
17
2,4
3,3
7
3,5
10
13
17
2
2
5
2,7
2
7
2,2
1
3,5
1,5
4
5
2
3
2,4
2,5
-
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
63
27/11/11
-
22000
230
3,4
6
0,18
11,82
7,9
14
1
Tabela 15 - Medições dos parâmetros para a estação Morretes (Parte 2)
Data
23/03/01
27/03/01
19/04/01
25/04/01
22/06/01
25/06/01
02/09/01
17/10/01
08/12/01
09/04/02
05/08/03
27/11/03
26/05/04
06/08/04
23/03/05
03/05/05
21/06/05
06/10/05
26/10/05
03/11/05
30/03/06
30/05/06
29/08/06
02/10/06
23/03/07
07/08/07
13/03/08
17/06/08
27/05/09
04/08/09
11/08/09
08/10/09
29/06/10
24/08/10
07/10/10
25/10/10
21/07/11
14/09/11
27/11/11
Sól. Tot.
Dureza Magn.
Nitrog. Resíduos Sulfatos
Fósf. Tot. Cloretos
Nitratos Nitritos
a 103ºC
Tot. (mg/ (mg/L
Amon.
Susp.
(mg/L
(mg/L P) (mg/L Cl)
(mg/L N) (mg/L N)
(mg/L)
L CaCO3) Mg)
(mg/L N) (mg/L)
SO4)
2,01
7,4
0,66
0,19
0,003
0,1
3
6,4
0,99
6,61
0,68
0,12
0,002
0,1
3
1,1
1,79
8
0,56
0,07
0,005
0,1
14
3,83
7
0,83
0,28
<0,002
0
2
2
2,45
5,5
0,11
<0,02
2
2
1,98
14
0,2
0
4,4
18
34
32
36
0,018
0,94
7,3
0,094
0,003
0,1
7
<1
33
0,023
6,7
0,16
<0,02
1
<1
28
30
0,021
30
0,018
1,8
4
0,17
0
3
1,2
35
0,014
30
28
27
0,033
5,35
3
0,21
0
3
2,36
33
0,014
56
0,011
3,75
9
0,12
0
2
4,5
60
0,032
5,15
6
0,15
0
2
5,6
45
0,02
4
0,013
58
0,019
20
0,013
3
6
0,16
0
1,8
5,1
27
0,027
32
0,017
27
0,011
52
0,021
2,06
6,1
0,17
0
3,2
7
33
66
51
26
-
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
64
Tabela 16 - Medições dos parâmetros para a estação Anhaia
Data
Temp.
água
(ºC)
Colif. Fecal
(NMP/
100mL)
Colif. Total
(NMP/
100mL)
Escherichia
coli (NMP/
100mL)
DBO/5
20 ºC
(mg/L O2)
DQO
( mg/L O2)
25/06//01
18/07/01
02/09/01
24/10/01
08/12/01
08/08/03
27/11/03
26/05/04
03/11/05
30/03/06
30/05/06
29/08/06
23/03/07
17/06/08
30/06/10
24/08/10
25/10/10
19/07/11
14/09/11
27/11/11
17
20
21
18
22
19
22
17
19
21
20
21
24
13
14
21
24
14
8
14
23000
70
230
70
270
1700
-
30000
2300
1300
5000
2300
13000
23000
30000
2800
50000
50000
7900
28000
11000
3300
-
23000
23000
1400
50000
22000
1700
22000
1100
490
-
<2
<2
<2
<2
<2
<2
<2
<2
2
2
2
<2
2
2,2
<2
<2
<2
<2
2,6
3,9
6,5
4,7
10
3
<1
13
13
7
16
10
10
6
5,7
7,3
14
5
6,3
2,9
5,8
Fósf.
Nitrog.
Total
Kjeldahl
(mg/L P) Tot.(mg/L N)
0,039
0,06
0,02
0,031
0,019
0,024
0,021
0,014
0,015
0,42
0,13
0,22
0,03
0,13
0,09
0,17
0,26
0,14
0,13
0,067
0,056
0,13
0,087
0,18
0,17
0,15
0,092
0,12
0,14
O.D.
(mg/L O2)
pH
9,3
9,4
7,9
10
9,1
9,02
8,62
9,3
9,59
9,1
9,55
9,6
10,9
7,3
7,7
7,0
7,8
7,1
7,4
7,2
7,6
7,7
7,5
7,8
7,9
7,7
7,4
7,8
8,8
8,0
6,97
7,2
8,1
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
65
Sólidos Tot.
Turb.
a 103ºC
(N.T.U.)
(mg/L)
55
30
26
38
32
41
20
102
28
58
35
38
55
75
28
32
1,7
2,5
2,4
3,6
1,5
9,5
16
12
36
1
1
3
1
1,8
4
1,9
0,9
0,6
Tabela 17 - Medições dos parâmetros para a estação ETA-Matinhos
Data
Temp.
água
(ºC)
22/03/05
21/06/05
06/10/05
03/11/05
01/04/06
02/06/06
01/09/06
03/04/07
20/05/08
03/07/10
28/08/10
27/10/10
03/05/11
21/07/11
27/11/11
25
14
18
18
22
18
18
24
19
13
17
21
18
11
15
Colif.
Colif.
Escherichia
Fecal
Total
coli
(NMP/100mL) (NMP/100mL) (NMP/100mL)
2800
-
17000
8000
23000
17000
2200
17000
11000
13000
2300
4900
11000
4900
-
5000
8000
5000
2200
8000
2200
480
270
3300
1700
490
-
DBO/5
Fósf.
Nitrog.
O.D.
DQO
20ºC
Total Kjeldahl Tot. (mg/L
(mg/L O2)
(mg/L O2)
(mg/L P) (mg/L N)
O2)
<2
2
2
2
3
<2
<2
<2
<2
<2
<2
<2
<2
<2
3,9
6
7,5
3,6
13
8,6
13
2
<1
3,2
8
2
<2
2,6
<2
6,7
0,002
0,004
<0,003
0,007
0,006
0,007
0,007
0,004
0,006
0,12
0,23
0,13
0,14
0,067
0,047
0,2
0,077
0,15
0,11
0,087
0,14
0,083
0,094
0,12
8
9,44
9,12
9,08
9,66
8,4
8,65
10
10,13
9,6
10,62
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
66
pH
7,1
6,8
7,2
7,3
6,9
7,0
6,9
7,2
7,0
7,9
7,6
7,9
7,5
6,2
6,6
Sól. Tot.
Turb.
a 103ºC
(N.T.U.)
(mg/L)
50
33
22
25
28
21
83
93
28
25
35
30
60
47
44
1,6
4
15
12
15
1
4
0,6
10
1
1
1
1,4
0,8
2
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Na estação Morretes, localizada no rio Nhundinhaquara, de classe 1, foram analisadas
36 medições de DBO das quais 4 ultrapassaram o limite de 3 mg/L, sendo que o valor
máximo de DBO medido foi de 10 mg/L (Figura 27). A estação Anhaia, localizada no rio do
Pinto, enquadrado como classe 1, possui todas as de DBO abaixo do limite de 3 mg/L que é o
limite imposto pela resolução para rios de classe 1 (Figura 28). Para a estação ETA-Matinhos
(rio Cambará), as medições de DBO/5 20ºC ficaram dentro dos limites máximos da resolução
CONAMA 357/2005, que é de 5 mg/L para rios de classe 2 (Figura 29).
12
10
10
DBO/5 20ºC (mg/L O2)
8
6
6
4
4
3,4
Limite Classe 1
<2
<2 <2 <2 <2 <2 <2 <2
2,8
2,1 2,2 2
<2 <2 <2 <2
2,5
<2 <2 2 <2 2 <2 <2 2 <2 <2 <2 <2 <2 <2
2
1
21/7/2011
27/11/2011
7/10/2010
25/10/2010
24/8/2010
29/6/2010
8/10/2009
4/8/2009
11/8/2009
27/5/2009
17/6/2008
7/8/2007
13/3/2008
23/3/2007
2/10/2006
29/8/2006
30/5/2006
30/3/2006
3/11/2005
6/10/2005
26/10/2005
3/5/2005
21/6/2005
6/8/2004
26/5/2004
5/8/2003
27/11/2003
9/4/2002
8/12/2001
2/9/2001
17/10/2001
25/6/2001
22/6/2001
25/4/2001
19/4/2001
23/3/2001
0
Figura 27 - Medições de DBO/5 20ºC para a estação Morretes
3,5
Limite Classe 1
3
<2
<2
2
2
2
<2
2
24/10/2001
8/12/2001
8/8/2003
27/11/2003
26/5/2004
3/11/2005
30/3/2006
30/5/2006
29/8/2006
23/3/2007
<2
<2
<2
<2
19/7/2011
<2
25/10/2010
<2
24/8/2010
<2
30/6/2010
<2
2/9/2001
<2
18/7/2001
2,2
<2
25/6/2001
2
1,5
1
0,5
27/11/2011
0
17/6/2008
DBO/5 20ºC (mg/L O2)
2,6
2,5
Figura 28 - Medições de DBO/5 20ºC para a estação Anhaia
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
67
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Limite Classe 2
5
3,9
3
<2
<2
<2
<2
21/7/2011
20/5/2008
<2
3/5/2011
<2
27/10/2010
<2
28/8/2010
<2
3/7/2010
<2
3/4/2007
2
1/9/2006
2
2/6/2006
2
3/11/2005
<2
6/10/2005
3
21/6/2005
DBO/5 20ºC (mg/L O2)
4
2
1
27/11/2011
1/4/2006
22/3/2005
0
Figura 29 - Medições de DBO/5 20ºC para a estação ETA-Matinhos
A estação Morretes teve 30 medições de oxigênio dissolvido e destas, apenas uma
ficou abaixo do limite mínimo de 6 mg/L (Figura 30). Para todas as medições feitas na
estação Anhaia, as concentrações de oxigênio dissolvido ficaram de acordo com o limite
mínimo imposto pela resolução CONAMA 357/2005 de 6 mg/L para rios de classe 1 (Figura
31). Todas as medições feitas na estação ETA-Matinhos resultaram em concentrações de
oxigênio dissolvido de acordo com o limite mínimo imposto pela resolução CONAMA
357/2005 de 5 mg/L O2 para os rio de classe 2 (Figura 32).
14
11,82
11,7
12
11
10
9,2
8,4
9,5
9,18 9,06 9,1
8,8
9,98
9,96
9,7
9,3
10,5
10,4
10,1
9,8
9,2
8,88
9,7
9,43
9,1 8,96
9,2
8,4
8,2
8
Limite mínimo Classe 1
6
4,2
4
2
14/9/2011
27/11/2011
21/7/2011
25/10/2010
7/10/2010
29/6/2010
8/10/2009
11/8/2009
4/8/2009
27/5/2009
13/3/2008
7/8/2007
2/10/2006
29/8/2006
30/3/2006
3/11/2005
6/10/2005
26/10/2005
3/5/2005
21/6/2005
6/8/2004
9/4/2002
8/12/2001
17/10/2001
2/9/2001
25/6/2001
22/6/2001
25/4/2001
19/4/2001
0
23/3/2001
Oxigênio Dissolvido (mg/L O2)
10,8
10,1
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
68
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Figura 30 - Medições de Oxigênio Dissolvido para a estação Morretes
12
10,9
9,4
9,3
9,1
9,3
9,02
9,59
9,55
9,6
14/9/2011
Oxigênio Dissolvido (mg/L O2)
10
19/7/2011
10
9,1
8,62
7,9
8
Limite mínimo Classe 1
6
4
2
27/11/2011
25/10/2010
30/6/2010
29/8/2006
30/3/2006
3/11/2005
8/12/2001
24/10/2001
2/9/2001
18/7/2001
25/6/2001
0
Figura 31 - Medições de Oxigênio Dissolvido para a estação Anhaia
12
10,62
10
Oxigênio Dissolvido (mg/L O2)
10
9,44
10,13
9,66
9,12
9,6
9,08
8,4
8,65
8
8
6
Limite mínimo Classe 2
4
2
0
22/3/2005
21/6/2005
6/10/2005
3/11/2005
1/4/2006
1/9/2006
3/7/2010
27/10/2010
3/5/2011
21/7/2011
27/11/2011
Figura 32 - Medições de Oxigênio Dissolvido para a estação ETA-Matinhos
Em relação ao pH, na estação Morretes, das 37 medições, apenas duas ficaram fora
dos limites máximo e mínimo descritos na resolução CONAMA 357/2005 que diz que o pH
deve estar entre os valores de 6,0 e 9,0, tanto para rios enquadrados como classe 1 quanto
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
69
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
para os de classe 2 (Figura 33). A estação Anhaia também ficou dentro dos limites, tendo pH
máximo de 8,8 e mínimo de 6,97 (Figura 34). Na estação ETA-Matinhos o pH variou de 6,2
até 7,9, ficando, portanto, dentro dos limites máximo e mínimo descritos na resolução
CONAMA 357/2005 (Figura 35).
10
Limite superior Classe 1
9
8,4
8
7,4
7,3
7
6,9
6,6
7
7,1 7,2
6,9 6,9
6,7 6,6
6,6
7,3
7,1
7,1
7
6,8
6,73
7,04
6,85
6,9 6,84
6,7
6,55
6,82
6,38
6,58
5,98
Limite inferior Classe 1
6
pH
6,8 6,9
7,9
7,7
7,61
7,6
7,4
5
5
4
3
2
1
14/9/2011
27/11/2011
21/7/2011
7/10/2010
25/10/2010
24/8/2010
29/6/2010
8/10/2009
4/8/2009
11/8/2009
27/5/2009
17/6/2008
7/8/2007
13/3/2008
23/3/2007
2/10/2006
29/8/2006
30/5/2006
30/3/2006
3/11/2005
6/10/2005
26/10/2005
3/5/2005
21/6/2005
6/8/2004
26/5/2004
5/8/2003
27/11/2003
9/4/2002
8/12/2001
2/9/2001
17/10/2001
25/6/2001
22/6/2001
25/4/2001
19/4/2001
23/3/2001
0
Figura 33 - Medições de pH para a estação Morretes
10
Limite superior Classe 1
9
7,8
7,7
8
7,3
8,8
7,1
7
7,4
7,6
7,7
7,2
7,5
7,8
7,9
7,7
7,4
6,97
7
7,2
Limite inferior Classe 1
6
5
4
3
2
1
27/11/2011
14/9/2011
19/7/2011
25/10/2010
24/8/2010
30/6/2010
17/6/2008
23/3/2007
29/8/2006
30/5/2006
30/3/2006
3/11/2005
26/5/2004
27/11/2003
8/8/2003
8/12/2001
24/10/2001
2/9/2001
18/7/2001
0
25/6/2001
pH
8,1
8
7,8
Figura 34 - Medições de pH para a estação Anhaia
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
70
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
10
Limite superior Classe 2
9
7,9
8
7,1
7
7,3
6,9
6,8
7
6,9
7,2
7,6
7,9
7,5
7
6,6
6,2
Limite inferior Classe 2
6
pH
7,2
5
4
3
2
1
27/11/2011
21/7/2011
3/5/2011
27/10/2010
28/8/2010
3/7/2010
20/5/2008
3/4/2007
1/9/2006
2/6/2006
1/4/2006
3/11/2005
6/10/2005
21/6/2005
22/3/2005
0
Figura 35 - Medições de pH para a estação ETA-Matinhos
Os valores de turbidez para todas as medições na estação Morretes ficaram abaixo do
limite superior imposto pela resolução vigente (CONAMA 357/2005) que é de 40 NTU para
rios de classe 1 (Figura 36). O mesmo aconteceu para a estação Anhaia, na qual todas as
medições resultaram em valores abaixo de 40 NTU (Figura 37). Os valores de turbidez para
todas as medições na estação ETA-Matinhos ficaram consideravelmente abaixo da resolução
vigente (CONAMA 357/2005) que é de 100 NT para rios de classe 2. A medição que teve
concentração mais alta foi de 15 UNT nos dias 1/4/2006 e 6/10/2005. Os gráficos para estas
medições foram feitos em escala logarítmica e são apresentados na Figura 38.
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
71
1
1
21/7/2011
27/11/2011
1
27/11/2011
1,8
19/7/2011
2,2
25/10/2010
2,7
7/10/2010
24/8/2010
3,5
29/6/2010
8/10/2009
4,1
25/10/2010
1
4/8/2009
5
24/8/2010
1,5
11/8/2009
1,5
30/6/2010
3,6
27/5/2009
2
17/6/2008
3,5
17/6/2008
7/8/2007
2
13/3/2008
7
23/3/2007
1
23/3/2007
2,4
29/8/2006
2/10/2006
2
29/8/2006
30/5/2006
5
30/5/2006
Limite Classe 1
30/3/2006
3/11/2005
17
30/3/2006
3/11/2005
26/10/2005
3,3
6/10/2005
21/6/2005
3/5/2005
6/8/2004
6,4
26/5/2004
10
27/11/2003
1,7
26/5/2004
2,2 2,3 2,1
2
8/8/2003
27/11/2003
5/8/2003
9/4/2002
8/12/2001
4,4
8/12/2001
2,5
24/10/2001
17/10/2001
2/9/2001
25/6/2001
2
2/9/2001
32
22/6/2001
25/4/2001
19/4/2001
23/3/2001
2,5
18/7/2001
25/6/2001
Turbidez (UNT)
Turbidez (N.T.U.)
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
100
Limite Classe 1
13
17
10
10
7
4
5
3
2
2,4 2,5
1,5
1
1
0,1
Figura 36 - Valores de turbidez para a estação Morretes
100
36
16
9,5
12
2,4
3
4
1,9
0,9
0,6
0,1
Figura 37 - Valores de turbidez para a estação Anhaia
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
72
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
1000
Limite Classe 2
Turbidez (UNT)
100
15
15
12
10
10
4
4
2
1,6
1
28/8/2010
1
1
3/7/2010
1,4
1
1
0,8
0,6
27/11/2011
21/7/2011
3/5/2011
27/10/2010
20/5/2008
3/4/2007
1/9/2006
2/6/2006
1/4/2006
3/11/2005
6/10/2005
21/6/2005
22/3/2005
0,1
Figura 38 - Valores de turbidez para a estação ETA-Matinhos
As concentrações de fósforo total na estação Morretes (Figura 39), Anhaia (Figura 40)
e ETA-Matinhos (Figura 41), resultaram em valores abaixo do limite máximo apresentado na
resolução CONAMA 357/2005 de 0,1 mg/L P para ambientes lóticos e rios de classes 1 e 2.
0,12
Limite Classe 1
0,08
0,06
0,04
0,031
0,027
0,022
0,02
0,025
0,021
0,019
0,02
0,017
0,013
0,016
0,011
0,009
0,012
27/11/2011
14/9/2011
21/7/2011
25/10/2010
7/10/2010
24/8/2010
29/6/2010
8/10/2009
11/8/2009
4/8/2009
29/8/2006
30/5/2006
0
30/3/2006
Fósforo Total (mg/L P)
0,1
Figura 39 - Medições de fósforo total para a estação Morretes
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
73
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
0,12
Limite Classe 1
Fósforo Total (mg/L P)
0,1
0,08
0,06
0,06
0,039
0,04
0,031
0,024
0,02
0,019
0,02
0,021
0,014
0,015
14/9/2011
27/11/2011
0
30/3/2006
30/5/2006
29/8/2006
30/6/2010
24/8/2010
25/10/2010
19/7/2011
Figura 40 - Medições de fósforo total para a estação Anhaia
Fósforo Total (mg/L P)
1
Limite Classe 2
0,1
0,01
0,007
0,006
0,007
0,007
0,004
0,006
0,004
0,003
0,002
0,001
1/4/2006
2/6/2006
1/9/2006
3/7/2010
28/8/2010
27/10/2010
3/5/2011
21/7/2011
27/11/2011
Figura 41 - Medições de fósforo total para a estação ETA-Matinhos
Alguns parâmetros foram medidos apenas na estação Morretes, tais como, cloreto,
nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal e sulfato total. Em relação à presença de cloretos, a
resolução CONAMA 357/2005 propõe o limite máximo de 250 mg/L Cl para rios com o
enquadramento na classe 1 e 2 e a estação Morretes apresentou, em todas medições,
valores bem abaixo deste limite. Esses valores são apresentados na Figura 42, a qual está em
escala logarítmica, uma vez que os valores observados são muito inferiores ao limite
estabelecido.
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
74
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
1000
Limite Classe 1
Cloreto Total (mg/L Cl)
100
10
5,35
3,83
3,57
2,45
2,01
5,15
3,75
1,98
1,79
3
2,06
1,8
0,94
1
7/10/2010
11/8/2009
13/3/2008
7/8/2007
2/10/2006
26/10/2005
6/8/2004
9/4/2002
17/10/2001
22/6/2001
25/4/2001
19/4/2001
23/3/2001
0,1
Figura 42 - Valores de cloreto para a estação Morretes
O nitrato, quanto a concentração, possui um limite máximo de 10 mg/L N segundo a
resolução CONAMA 357/2005 para rios de classes 1 e 2. A estação Morretes apresentou
todas as medições com valores significativamente abaixo deste limite (o gráfico para esta
substância está em escala logarítmica, sendo apresentado na Figura 43).
100
Limite Classe 1
1
0,28
0,1
0,11
0,16
0,17
0,21
0,12
0,094
0,15
0,16
0,17
7/10/2010
0,12
11/8/2009
0,2
0,19
13/3/2008
Nitratos (mg/L N)
10
0,07
7/8/2007
2/10/2006
26/10/2005
3/5/2005
6/8/2004
9/4/2002
17/10/2001
22/6/2001
25/4/2001
19/4/2001
23/3/2001
0,01
Figura 43 - Valores de nitrato para a estação Morretes
As concentrações de nitrito para todas as medições na estação Morretes ficaram de
acordo com a resolução CONAMA 357/2005, na qual o limite máximo sugerido para nitrito é
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
75
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
de 1,0 mg/L para rios de classe 1 e 2. Pelo fato dos valores observados serem muito
inferiores ao limite estabelecido, novamente o gráfico desta substância está em escala
logarítmica (Figura 44).
10
Nitritos (mg/L N)
1
Limite Classe 1
0,1
0,01
0,005
0,003
0,003
0,002
<0,002
0,001
23/3/2001
19/4/2001
25/4/2001
22/6/2001
6/8/2004
Figura 44 - Valores de nitrito para a estação Morretes
Por fim, a estação Morretes apresentou em todas suas medições de sulfato total
concentrações abaixo do limite máximo proposto pela resolução CONAMA 357/2005 que é
de 250 mg/L SO4, tanto que o gráfico das concentrações desta substância foi feito em escala
logarítmica (Figura 45).
Em todas as medições feitas para nitrogênio amoniacal na estação Morretes as
concentrações ficaram abaixo do limite máximo imposto pela resolução CONAMA 357/2005
de 3,7 mg/L N para pH < 7,5; 2,0 mg/L N para 7,5 < pH < 8,0; 1,0 mg/L N para 8,0 < pH < 8,5 e
0,5 mg/L N para pH > 8,5, tanto para rios de classe 1 quanto 2. Os valores de pH na estação
Morretes variaram entre 5 e 8,4. Em todas as medições feitas, salvo uma no dia 19/04/2001,
as concentrações ficaram abaixo de 0,5 mg/L N, encontrando-se, portanto, dentro dos
limites da resolução. Neste dia específico, a concentração de nitrogênio amoniacal foi de 0,6
mg/L N; entretanto, neste mesmo dia o pH medido foi de 7,3 e, portanto, esta medição está
de acordo com a resolução vigente. O gráfico a seguir apresenta, em escala logarítmica, as
medições de nitrogênio amoniacal para a estação Morretes (Figura 46).
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
76
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
1000
Limite Classe 1
4,5
4,4
5,1
2,36
2
1,1
<1
<1
3/5/2005
2
7
5,6
11/8/2009
6,4
13/3/2008
10
6/8/2004
Sulfatos (mg/L SO4)
100
1,2
1
7/10/2010
7/8/2007
2/10/2006
26/10/2005
9/4/2002
17/10/2001
22/6/2001
19/4/2001
23/3/2001
0,1
Figura 45 - Medições de sulfato total para a estação Morretes
Nitrogênio Amoniacal (mg/L N)
10
Limite Classe 1
1
0,12
0,12
0,1
0,06
0,07
0,035
0,031
0,02
<0,02
0,02
0,028
0,022
<0,02
0,018
0,015
7/10/2010
11/8/2009
13/3/2008
7/8/2007
2/10/2006
26/10/2005
3/5/2005
6/8/2004
9/4/2002
17/10/2001
22/6/2001
25/4/2001
19/4/2001
23/3/2001
0,01
Figura 46 - Valores de nitrogênio amoniacal para a estação Morretes
A estação Anhaia apresentou 4, das 6 medições observadas de coliformes fecais, com
valores ultrapassando o limite máximo de 200 NMP/100 mL para rios de classe 1. Os gráficos
referentes a esta estação é apresentado a seguir (Figura 47).
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
77
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
100000
23000
Coliforme fecal (NMP/100 mL)
10000
1700
1000
Limite Classe 1
100
270
230
70
70
10
25/6/2001
18/7/2001
2/9/2001
24/10/2001
8/8/2003
27/11/2003
Figura 47 - Valores de coliforme fecal para a estação Anhaia
Houve apenas uma medição para coliformes fecais para a estação ETA – Matinhos,
sendo que esta extrapolou significativamente o limite máximo imposto pela resolução
CONAMA 357/2005. A medição do dia 22/03/2005 foi de 2800 NMP/100 mL enquanto o
máximo sugerido é de 1.000, de acordo com a resolução vigente para rios de classe 2.
2.1.4.4
Situação atual do saneamento na região
Abastecimento de Água Potável
De acordo com informações da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do
Estado do Paraná, a maior parte da água captada na Bacia Litorânea é destinada para o
abastecimento residencial, cerca de 50% deste total. Das atividades econômicas, a atividade
agropecuária consome aproximadamente 30% da água captada, sendo o restante divido
entre as atividades industriais (18,6%) e de mineração (0,04%).
Em Paranaguá, o abastecimento de água é de responsabilidade da CAB – Águas de
Paranaguá na área urbana, na Ilha do Mel e Distrito de Alexandra da CAGEPAR e nas
comunidades pesqueiras (colônias insulares) a responsabilidade é da Secretaria de
Agricultura e Pesca. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
78
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
(SNIS 2008) a população abastecida é de 130.881 pessoas. Paranaguá possui, de acordo com
o IBGE (2010), 136.911 habitantes, com 96% desta população vivendo em áreas urbanas.
Isto implica que cerca de 6.000 pessoas não são abastecidas com água tratada.
Paranaguá conta com quatro estações de tratamento de água principais: Colônia,
Alexandra, Ilha do Mel – Nova Brasília e Ilha do Mel – Encantadas e seis sistemas
descentralizados de tratamento localizados nas colônias e monitorados pela comunidade
local. Estes últimos atendem cerca de 2.600 pessoas. A ETA responsável pelo atendimento
da maior parte da área urbana de Paranaguá é a ETA Colônia. A localização das ETAs de
Paranaguá está apresentada na Fonte: Plano Municipal de Saneamento (2011)
Figura 48.
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
79
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Fonte: Plano Municipal de Saneamento (2011)
Figura 48 – Localização das ETAS de Paranaguá
LACTEC – 2012
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80
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Até março de 2010, a captação de água bruta para abastecimento da ETA colônia se
dava por três mananciais superficiais, com vazão máxima de captação de 670 L/s. Estes
mananciais eram:
 Manancial Ribeirão, formado pelo rio Ribeirão, com capacidade de captação
de 180 L/s e vazão de estiagem de 80 L/s;
 Manancial da Serra da Prata, formado pelos rios Santa Cruz e Miranda, com
capacidade de captação de 125 e 80 L/s respectivamente e vazão de estiagem
de 110 e 60 L/s;
 Manancial do Morro Inglês, formado pelos rios Cachoeira, Ribeirão do Meio e
Tingui, com capacidade de captação de 220 L/s e vazão de estiagem de 180
L/s.
Os mananciais de captação de água bruta da ETA Colônia foram seriamente
prejudicados pelas chuvas ocorridas em março de 2011, sendo que as captações dos rios
Cachoeira, Tingui e Meio foram totalmente danificadas. Com isso, não é possível afirmar a
vazão de captação atual de cada rio. Em função destas avarias, a CAB – Águas de Paranaguá
está buscando junto ao Instituto das Águas do Paraná a antecipação da concessão de
outorgas para captação de água nos rios Piedade, Jacareí, Sagrado e das Pombas, além da
agilização dos estudos para captar águas nas cavas desativadas da exploração de areia do rio
Embocuí.
Sistema de coleta e tratamento de esgoto
Paranaguá conta com três sistemas de esgotamento sanitários, operados pela CAB –
Águas de Paranaguá. Estes sistemas são: Emboguaçú (com capacidade de atendimento de
45.000 habitantes), Nilton Neves (capacidade de 4.500 habitantes) e Samambaia
(capacidade de 4.500 habitantes), sendo que estas duas últimas foram inauguradas
recentemente, em 2010. De acordo com o Plano Municipal de Recursos Hídricos,
aproximadamente 90% do sistema de esgotamento sanitário da área urbana funciona como
sistema único, ainda que originalmente tenha sido projetado como sistema de drenagem
urbana. O sistema é dividido em várias configurações sendo que em uma destas o esgoto é
coletado e conduzido por galerias de águas pluviais, direcionando-o a um interceptor às
margens do rio Itiberê. Em alguns pontos desse interceptor o esgoto é coletado por
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caminhão e transportado até a ETE Emboguaçú, a qual trata o esgoto através do processo
biológico do lodo ativado. Outra configuração é composta simplesmente pela rede de
drenagem e lançamento direto no rio do Chumbo. Existem ainda micro sistemas isolados,
que utilizam reatores anaeróbios em conjuntos habitacionais, que se encontram em fase de
recuperação. Ainda de acordo com este último documento, a previsão é que seja utilizado
um emissário misto, incluindo trechos por recalque e por gravidade, por meio do qual o
esgoto será conduzido até a ETE Emboguaçú. Esta Estação de Tratamento é a responsável
pelo atendimento do esgoto provindo do Porto de Paranaguá.
Devido às características de topografia predominantemente isenta de aclives e declives
acentuados, o escoamento das águas pluviais ocorre em três canais principais: Canal do
Chumbo, Canal do Sabiá e Canal da Anhaia. O Canal do Chumbo deságua no rio Itiberê, o
Canal do Sabiá deságua no Porto de Paranaguá e o Canal Anhaia deságua no rio Emboguaçú.
Os tipos de coleta de esgoto e suas respectivas áreas de abrangência estão representados na
Fonte: Plano Municipal de Recursos Hídricos (2009)
Figura 49.
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Fonte: Plano Municipal de Recursos Hídricos (2009)
Figura 49 - Tipos de coleta de esgoto e suas respectivas áreas de abrangência
As comunidades Distrito de Alexandra, Amparo, Eufrasina, Europinha, São Miguel,
Ponta de Ubá, Piaçanguera, Colônia Pereira, Colônia Maria Luiza e Colônia Quintilha, Ilha do
Mel e Ilha do Teixeira não possuem sistemas coletivos de coleta e tratamento de esgoto
sanitário. Os sistemas que existem em alguns casos são domiciliares, normalmente fossa
séptica.
Até o final de 2010 a meta da Prefeitura Municipal de Paranaguá era atingir a meta de
coleta de esgoto de 73,4% e a meta para 2015 é atingir 90% de atendimento. Porém o
atendimento atual descrito no Plano Municipal de Saneamento (2011) não ultrapassa 53%.
O Plano prevê a ampliação do tratamento de esgoto através da instalação das ETEs Costeira
(capacidade de 43.000 habitantes), ETE Rocio (10.000 habitantes), a ETE Itiberê (capacidade
de 9.600 habitantes) e da ETE Guaraituba (capacidade ainda não definida) na área urbana de
Paranaguá e das ETEs Vila Bela e Ilha Nova na ilha dos Valadares. A coleta de esgoto deverá
ser efetuada através de um sistema integrado de redes unitárias e separadoras, com
tomadas de tempo seco e dispositivos especiais para conter o retorno da maré.
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A ETE Costeira é a mais importante entre as estações a serem instaladas, devido à sua
grande capacidade de tratamento. De acordo com informações fornecidas pela CAB – Águas
de Paranaguá, as obras de terraplanagem já foram iniciadas e a construção será iniciada em
março de 2012.
A localização das ETEs e suas respectivas áreas de abrangência estão representadas na
Figura 50.
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Fonte: Plano Municipal de Saneamento (2011)
Figura 50 - Localização das ETEs e suas respectivas áreas de abrangência
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Coleta e disposição de resíduos sólidos
Quanto aos resíduos sólidos, mais de 90% dos domicílios são atendidos pelo sistema
de coleta, porém a disposição final é realizada no lixão do Imbocuí. De acordo com o Plano
Municipal de Recursos Hídricos, está em andamento o processo de instalação de um aterro
sanitário, sendo que a área já está definida. Existe o programa de coleta seletiva, porém o
que se observa ainda é a falta de cultura e educação ambiental da população, que
normalmente não separa o lixo devidamente e não o acondiciona devidamente nas lixeiras.
Isto agrava o problema de qualidade das águas superficiais da região.
Ocupações irregulares
Um dos grandes problemas socioambientais que agravam a situação da qualidade dos
recursos hídricos é a ocupação irregular. Dentre estas áreas, a região próxima ao Canal da
Anhaia é a que apresenta as piores condições de moradia (Figura 51).
Nas bacias dos rios Itiberê e Emboguaçú as áreas de preservação permanente (região
de mangue) são frequentemente aterradas para dar lugar a ocupações irregulares com
arruamento desordenado e infraestrutura precária (Figura 52). A Prefeitura de Paranaguá
estima que 7% da população se enquadre nestas condições.
Fonte: Programa de Desenvolvimento Social e Urbano de Paranaguá – Paranaguá Rumo Certo (2009).
Figura 51 – Ocupação irregular no Canal da Anhaia
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Fonte: Programa de Desenvolvimento Social e Urbano de Paranaguá – Paranaguá Rumo Certo (2009).
Figura 52 – Aterramento sobre o mangue
Estes terrenos não são passíveis de regularização fundiária e agrava a situação a falta
de projetos de loteamentos regulares.
2.1.4.5
Disponibilidade e demanda de Recursos Hídricos
Os serviços de saneamento dependem diretamente da disponibilidade de recursos
hídricos e, por este motivo, sua análise é fundamental para o prognóstico de demanda e
disponibilidades.
Conforme o Atlas de Recursos Hídricos elaborado pela Agência Nacional de Águas –
ANA, Paranaguá utiliza atualmente os seguintes mananciais para captação: Rio Cachoeira,
Rio Santa Cruz, Rio Ribeirão e Barragem Miranda, todos localizados no município. O Plano
Municipal de Saneamento estima que Paranaguá necessitará explorar novos mananciais e de
um investimento de 8 milhões de Reais para equilibrar a oferta e a demanda de água do
município até 2025. Conforme citado no item 78, devido às avarias nas captações dos rios
Cachoeira, Tingui e Meio, a CAB – Águas de Paranaguá está buscando a antecipação da
concessão de outorgas para captação de água nos rios Piedade, Jacareí, Sagrado e das
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Pombas, e dos estudos para captar águas nas cavas desativadas da exploração de areia do
rio Embocuí.
De acordo com o Plano Municipal de Recursos Hídricos, a cidade de Paranaguá é
abastecida com uma vazão de cerca de 430 L/s, que é captada nos mananciais da Serra do
Mar (330 L/s) e do Rio Ribeirão (100 L/s), localizado na Planície Litorânea. No período de
estiagem prolongada o déficit de volume de água produzido é de aproximadamente 100 L/s.
O mesmo documento explica que a ampliação do sistema de abastecimento de água de
Paranaguá é complexa tecnicamente e onerosa economicamente porque os possíveis pontos
de captação estão localizados em distâncias raramente inferiores a 15 km em relação aos
locais de consumo, bem como porque as bacias hidrográficas da região possuem áreas
reduzidas. A área reduzida implica, frequentemente, em quedas abruptas na produção
durante os períodos de estiagem e nas épocas de chuvas torrenciais, tendo também como
consequência a alteração negativa na qualidade da água. O Plano Municipal de Recursos
Hídricos reporta uma perda de 60% da rede de distribuição de água potável entre 2004 e
2007, o que dificulta ainda mais a expansão do sistema de abastecimento.
A previsão de aumento populacional de Paranaguá, de acordo com o Plano Municipal
de Saneamento, é de 0,85% ao ano, sendo que estima-se que a população do município será
de 167.844 habitantes no ano de 2031. A projeção populacional de 2012 a 2031 encontra-se
na Tabela 18.
Tabela 18 – Projeção populacional entre 2012 e 2031
Ano
População
2012
143.018
2013
144.325
2014
145.631
2015
146.938
2016
148.245
2017
149.551
2018
150.858
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Ano
População
2019
152.164
2020
153.471
2021
154.778
2022
156.084
2023
157.391
2024
158.697
2025
160.004
2026
161.311
2027
162.617
2028
163.924
2029
165.230
2030
166.537
2031
167.844
De acordo com o Plano Municipal de Recursos Hídricos, a demanda atual de água é de
146,37 L/s e estima-se que com o acréscimo populacional a demanda de água de Paranaguá
irá aumentar para 441,74 L/s até 2027.
Apesar da previsão do aumento da demanda de água potável, uma das grandes
questões para se garantir o abastecimento do município é a solução do problema de perdas
da rede de distribuição. Esta é uma das propostas de medidas previstas no Plano Municipal
de Recursos Hídricos.
De acordo com o Plano Municipal de Saneamento, as áreas de ocupação irregular não
estão aptas a receber estruturas de saneamento por estarem em área de preservação
permanente e não são consideradas como áreas de expansão do saneamento básico.
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2.1.4.6
Considerações finais
Pela análise da qualidade da água dos rios Guaraguaçu, Sagrado, Nhundiaquara,
Cacatu, Cachoeira, Pinto e Cambará. Estes rios não se localizam diretamente dentro da atual
área do porto, bem como, nas possíveis áreas de expansão. No entanto, alguns deles, como
o Guaraguaçu, Sagrado e Nhundiaquara, representam o entorno destas áreas e podem
fornecer subsídios para a avaliação dos locais de expansão do porto. Infelizmente, apesar da
pesquisa realizada, não se encontrou informações relevantes (parâmetros medidos) de
alguns importantes rios que cortam ou contornam a região portuária, como o Itiberê e o
Emboguaçu, os quais visualmente aparentam apresentar problemas relativos à qualidade da
água.
Entre as estações avaliadas neste item, a maioria atende as especificações da
Resolução CONAMA 357/2005 em quase todas as observações. Apenas as estações dos rios
Guaraguaçu, Sagrado e Nhundiaquara apresentam, eventualmente, alguma discordância em
relação à resolução. Infelizmente, as análises de coliformes fecais são escassas e antigas. As
poucas medições existentes, em grande parte das vezes, não atenderam a Resolução
CONAMA 357/2005. No entanto, em relação aos diversos outros parâmetros, pode-se dizer
que, os rios avaliados se encontram em situação adequada. Portanto, sendo alguns destes
rios, possíveis canais que poderão ser afetados pela expansão do porto. Desta forma,
cuidados especiais deverão ser tomados, no sentido de tentar evitar a degradação destes
recursos hídricos.
Os rios mais afetados pelas atuais atividades portuárias e urbanas são os rios Sabiá,
Chumbo, Emboguaçu, Canal do Anhaia e Itiberê (trecho final), rios que contornam ou cortam
a área e retro-área do porto (
Figura 4). Dentre estes, o rio Chumbo está praticamente todo canalizado no
subterrâneo, atravessando a área urbana de Paranaguá, inclusive lateralmente a um
cemitério e desaguando no canal Sabiá. O canal Sabiá é de pequena extensão e passa aos
fundos do terminal de contêineres, desaguando na margem esquerda do rio Itiberê, bem
próximo a foz deste na baía.
Apesar de não se ter encontrado avaliações quantitativas da qualidade da água, estes
rios que cortam Paranaguá apresentam níveis de contaminação por esgotos, cujos efeitos
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nocivos podem ser facilmente detectados em inspeção visual. O rio Emboguaçu, corpo
hídrico que possui nascente localizada na região do mangue e que adentra o terminal
portuário próximo à área destinada a CATALINI, foi vistoriado em levantamento de campo
realizado durante a realização do estudo feito pela ENGEMIN (2004). Nesta visita foi
constatado que esse rio possui odor característico de esgoto sanitário, sem tratamento
adequado. Isso revelou possível contaminação por coliformes fecais e totais, matéria
orgânica dos cereais, adubos e fertilizantes e de substâncias orgânicas derivadas do
petróleo, tais como: óleos, graxas e fenóis. Esta também é a situação da galeria de águas
pluviais que acompanha a Avenida Portuária. A Figura 53 e a Figura 54 mostram o aspecto
apresentado por esta galeria em visita realizada durante a execução do trabalho
apresentado por ENGEMIN (2004).
Figura 53 - Vista parcial da galeria de águas pluviais contaminada com esgotos sanitários de redes
clandestinas – Avenida Portuária
Fonte: ENGEMIN (2004).
Figura 54 - Detalhe da matéria orgânica poluente na galeria de águas pluviais
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Não diferente é a situação dos outros canais que cortam Paranaguá, como o rio
Chumbo e o Sabiá. Cabe ressaltar que esta poluição é causada por diversos fatores,
destacando os esgotos domésticos e industriais da área urbana, como pode ser atestado
pela situação do rio Chumbo, que não atravessa a retro-área do porto, e apresenta
acentuado nível de contaminação conforme informado pela CAB Águas de Paranaguá.
Apesar do município contar com rede coletora de esgotos, ocorrem muitas ligações
clandestinas na galeria de águas pluviais, gerando contaminação dos rios pelo lançamento
de esgoto in natura. O Plano Municipal de Saneamento prevê a regularização do sistema de
coleta de esgotos e o seu tratamento dos rios Chumbo e Sabiá.
Não foi possível obter dados de lançamentos de efluentes das principais empresas
situadas na retro-área. No entanto, conforme informações obtidas na APPA, não existe
tratamento de efluentes por parte destas empresas, sendo os mesmos lançados
diretamente na galeria de águas pluviais, após passar por um sistema de caixas separadoras
de água e óleo.
No Porto de Paranaguá são gerados, basicamente, quatro tipos de efluentes, sendo
eles (ENGEMIN, 2004):
 Esgoto sanitário, proveniente de instalações sanitárias, copas, restaurantes,
vestiários e refeitórios;
 Efluentes resultantes da lavagem de resíduos líquidos como óleos e graxas da
Oficina de Manutenção;
 Efluentes resultantes da lavagem de armazéns contendo resíduos vegetais de
cereais, adubos e fertilizantes;
 Água de lastro dos navios e outras embarcações marítimas.
Conforme informações repassadas pela APPA, a lavação de pátios é proibida, sendo
permitida apenas a varredura dos mesmos. Também não ocorre lavação dos navios (porões).
Os efluentes dos navios normalmente são mantidos nos mesmos para posterior lançamento
em alto mar, exceto quando os navios ficam atracados por um período de mais de 3 dias, os
efluentes podem ser retirados pelas empresas supply (que fazem o fornecimento de bordo,
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eventualmente fornecimento de água, limpeza de porão, etc.), e enviados para tratamento
pela própria empresa.
A maior parte dos efluentes sanitários gerados pelas instalações da APPA é bombeada
para Estações Elevatórias dentro do Terminal Portuário de Paranaguá, de onde são
encaminhadas à Estação de Tratamento de Esgotos – “ETE Emboguaçu”, localizada a 3 km da
divisa do Porto de Paranaguá (ENGEMIN, 2004).
A Figura 19 apresenta os destinos dos efluentes líquidos intermediários e finais
gerados no Porto de Paranaguá.
Tabela 19 - Resumo dos efluentes finais e intermediários
Tipos
Destino
Drenagem Pluvial
Baía de Paranaguá
Efluentes da lavagem de silos e máquinas
de cereais
Efluentes da lavagem de silos, tanques e
máquinas de adubos e fertilizantes
Efluentes das oficinas de manutenção e
águas pluviais contaminadas
Estação de Tratamento de Efluentes
Estação de Tratamento de Efluentes
Tanque de equalização / Separador de água e
óleo – SAO e Estação de Tratamento de Efluentes
Fonte: APPA, 2004 apud ENGEMIN, 2004
2.1.5 Conflitos de múltiplos usos
Os dois principais aspectos que devem ser analisados na avaliação dos conflitos entre
os usuários de recursos hídricos são quantitativo e qualitativo da água. Evidentemente que
estes dois aspectos estão relacionados, pois as características qualitativas da água
dependem também dos aspectos quantitativos.
No caso do aspecto quantitativo, uma das principais metodologias utilizadas para
avaliação dos conflitos entre usos dos recursos hídricos superficiais está na verificação da
disponibilidade hídrica efetiva através do balanço hídrico. É através desta ferramenta que se
avalia os riscos associados ao déficit de água associado à exploração dos recursos hídricos
através de usos consuntivos. A bacia litorânea é uma das bacias paranaenses mais ricas em
água (ÁGUAS PARANÁ, 2010). Entretanto, faz-se necessário avaliar o balanço hídrico
principalmente quanto ao cenário futuro, projetado, neste caso, para o ano de 2030.
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As disponibilidades hídricas superficiais foram avaliadas através da vazão média de
longo termo (QMLT) e da vazão com freqüência igual a 95% da curva de permanência de
vazões (Q95). As vazões foram determinadas com base em estações fluviométricas operadas
pelo ÁGUAS PARANÁ apresentadas na Tabela 20.
Para a determinação das vazões características foi considerado o período 1976 a 2011
(36 anos), exceto para as estações Pinguela e Ponte Velha, que contam com um período
menor.
Tabela 20 - Estações fluviométricas consideradas no cálculo da disponibilidade hídrica
Código
Nome
Rio
Latitude
Longitude AD (km2)
82065000
Pinguela
Cachoeira
7.206.283
726.877
180
82121003
Ponte Velha
Cachoeira
7.198.008
731.535
369
82170000
Morretes
Nhundiaq.
7.180.440
718.141
214
82195002
Morretes
Marumbi
7.177.245
713.728
77
82198000
Anhaia
Pinto
7.173.879
716.365
60
Início
04/1992
12/1989
08/1938
09/1975
09/1975
A determinação do balanço hídrico para águas superficiais foi realizada descontando a
demanda hídrica da disponibilidade hídrica, assim como, os lançamentos de efluentes que
atingem os cursos d’água foram restabelecidos aos valores das disponibilidades para
recompor de forma adequada os quantitativos de vazão. Esta conta é realizada a fim de
determinar a disponibilidade efetiva dos mananciais. Os dados sintetizados do balanço
hídrico estão dispostos na Tabela 21. Os valores apresentados nas duas últimas colunas são
resultados da equação do balanço hídrico.
Balanço hídrico = Disponibilidade hídrica natural + lançamento – demanda
Tabela 21 - Balanço hídrico para a área de estudo (l/s)
Disponibilidade natural
Local/Ano
Demanda Lançamento
QMLT
Q95
Paranaguá / 2010
381,49
165,94
55523,04
14818,29
Paranaguá / 2030
464,22
201,92
AI05 / 2010
348,46
162,33
8849,8
2361,88
AI05 / 2030
424,02
197,52
Saldo hídrico
QMLT
Q95
55307,49
14602,74
55260,75
14556,00
8663,67
2175,75
8663,67
2175,75
Verifica-se que os valores do saldo hídrico (efetivamente disponíveis), são pouco
afetados pelos usos consuntivos observados na região, mesmo considerando-se uma vazão
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características de períodos de estiagem (Q95). Para períodos de estiagem ocorre uma
redução de 8% da disponibilidade natural na AI05 considerando os usos atuais (2010), e 10%
para os usos projetados para 2030. Esta redução é de 2% para o município de Paranaguá,
seja considerando o ano de 2010 ou 2030. As alterações nas épocas de condições
hidrológicas médias (QMLT) são sempre pequenas, atingindo o máximo de 3% na AI05 (2030).
Estas alterações são pouco significativas do ponto de vista quantitativo ao se
considerar o horizonte utilizado de 20 anos. No entanto, para horizontes maiores, o
incremento destas alterações poderá afetar os conflitos nos usos no enfoque qualitativo,
especialmente os relacionados a suporte de ecossistemas e diluição de efluentes. Além
disto, a demanda de água necessária para as próprias atividades portuárias da expansão,
bem como, o incremento populacional que pode ocorrer para atender estas atividades,
poderão gerar uma demanda de água maior que a projetada para 2030. Prováveis
problemas relacionados à demanda poderão ser evitados ou minimizados através de um
planejamento e uma gestão adequada dos recursos hídricos.
O porto de Paranaguá é abastecido pela empresa de abastecimento CAB Águas de
Paranaguá. A água é armazenada em uma cisterna e esta fornece água para o abastecimento
de navios e para a manutenção de suas próprias instalações. Em relação ao atendimento da
demanda de água das instalações do porto de Paranaguá, considerando infra-estrutura atual
e prevista na expansão, foi realizado o levantamento das principais informações junto à
APPA, não sendo possível, no entanto, obter valores oficiais. Entretanto, verifica-se que para
incrementar a movimentação de cargas em 60% (de 50 para 80 milhões de ton anuais), o
aumento da demanda de água das atividades portuárias vai girar em torno desta
porcentagem.
Através do Plano Municipal de Recursos Hídricos de Paranaguá verificou-se que
existem projetos de expansão para o abastecimento de água utilizando os rios Piedade,
Jacareí, Sagrado e das Pombas.
Outro ponto que deve ser avaliado na análise dos conflitos é a interferência da
qualidade da água no turismo/recreação, especialmente no tocante à utilização das águas
para contato primário e beleza cênica. Ocorrem atividades de contato primário com a água
em alguns rios, sendo que foram constituídos locais que são frequentemente utilizados pelo
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público para este fim. É importante ressaltar que essas atividades apenas devem ser
realizadas em locais onde a qualidade da água é própria para tal, de acordo com a Resolução
CONAMA 274/2000. Os principais recantos de banho de água doce utilizados pela população
são monitorados pelo IAP (Instituto Ambiental do Paraná): rios Nhundiaquara, do Nunes e
Marumbi.
A principal ferramenta no estudo da balneabilidade é a determinação de coliformes
fecais ou Escherichia coli, encontrada apenas em animais de sangue quente; logo, está
diretamente ligado ao despejo de esgoto na água. No litoral paranaense a rede coletora,
embora já implementada, não recebe todo o esgoto produzido, uma vez que é
responsabilidade da população fazer a ligação dos imóveis à rede. Desta forma, tendo em
vista a sazonalidade do contingente populacional e a fragilidade do sistema de tratamento
de esgotos na região, nos meses mais quentes o uso da água para fins de recreação pode
acabar restrito.
A Tabela 22 apresenta o boletim de balneabilidade divulgado pelo IAP em
26/jan/2012, que apresenta avaliações no último verão entre as datas 22/dez/2011 a
26/jan/2012 para os rios Nhundiaquara, do Nunes e Marumbi. Conforme se verifica em
alguns locais se apresentam impróprios para banho no mês de janeiro (rio Nhundiaquara em
Porto de Cima e rio Marumbi próximo à ponte da estrada Anhaia).
Tabela 22 – Boletim de balneabilidade divulgado pelo IAP com resultados para dezembro e janeiro
Ponto
Município
Praia/Rio
Local
Antonina/
Próximo a Ponte PRRio do Nunes
Morretes
340
Antonina/
Rio
26
Porto de Cima
Morretes
Nhundiaquara
Antonina/
Rio
26
Largo Lamenha Lins
Morretes
Nhundiaquara
Antonina/
Próximo à Ponte
27
Rio Marumbi
Morretes
Estrada Anhaia
Legenda: P = Própria para banho; I = Imprópria para banho.
25
22/12
30/12
06/01
12/01
20/01
26/01
P
P
P
P
P
P
P
P
P
I
I
I
P
P
P
P
P
P
P
P
P
I
I
I
Os rios monitorados pelo IAP quanto ao parâmetro balneabilidade são também
monitorados pelo ÁGUAS PARANÁ em diversos outros parâmetros de qualidade de água.
Através do item 2.1.4.3, pode-se verificar que a qualidade de água é adequada na maioria
dos parâmetros avaliados. Porém, a avaliação dos coliformes fecais ainda é muito deficitária.
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Os rios tradicionalmente utilizados na região para banho não são diretamente afetados pelas
atividades do porto.
O maior problema relacionado à geração de efluentes devido às atividades do porto
corresponde às empresas que não são administradas pela APPA, mas que estão localizadas
no entorno do terminal portuário e cuja existência está relacionada às atividades do porto.
Este problema está relacionado diretamente com a ausência de tratamento de efluentes
gerados nestas empresas e/ou lançamentos irregulares nas galerias de águas pluviais.
Idealmente, deverá ocorrer uma regularização destas empresas (tratamento de efluentes
e/ou lançamento na rede coletora de esgoto), o que poderá ser solicitado pelo próprio IAP
quando ocorrer o pedido de renovação de licença de operação.
2.2 RECURSOS HÍDRICOS - ESTUÁRIO
2.2.1 Área de Estudo
O Complexo Estuarino de Paranaguá – CEP é parte de um extenso sistema estuarino
subtropical interconectado que inclui o sistema de Cananéia-Iguape, localizado na parte sul
da costa do Estado de São Paulo. Nele estão localizados os portos de Antonina e Paranaguá,
um terminal petrolífero, além da previsão de construção de novos terminais privados, cuja
existência é justificada pelas características geomorfológicas da região, que favorecem o
desenvolvimento da navegação (ENGEMIN, 2004). Uma grande diversidade de ambientes
pode ser notada ao longo do CEP, incluindo planícies de maré, baixios, costões rochosos,
marismas, canais de maré e manguezais. O funcionamento destes ambientes está ligado à
circulação hidrodinâmica forçada principalmente pela ação das marés e pela descarga fluvial
(MANTOVANELLI, 1999).
As aberturas através das quais o CEP possui comunicação com o oceano são quatro.
As duas principais se dão nos canais de maré que estão ao redor da Ilha do Mel (152 km²),
denominados de Barra Norte e Galheta (ACQUAPLAN, 2011). Esses canais apresentam dois
caminhos primários de circulação separados por um grande baixio denominado Baixio do
Perigo, limitando dois corpos de água principais: os sistemas estuarinos da baía de
Paranaguá e os da baía de Laranjeiras (ANGULO, 1999, apud ENGEMIN, 2004). As formas
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associadas ao canal de entrada sul (Galheta) formam o mais extenso delta de maré da costa
do Estado do Paraná. Ao sul do canal principal (artificial na atualidade) existe um complexo
de barras conhecido como Banco da Galheta, com dunas submersas que se movimentam
costa afora pelo efeito das correntes de maré vazante. Estas barras desenvolvem-se de
forma rápida por receberem sedimentos transportados pela deriva litorânea (sentido sulnorte), que são barrados pelas correntes de maré do canal principal (ANGULO, 1999 apud
FALKENBERG, 2009). A terceira conexão do CEP com o oceano é o Canal de Superagüi, um
canal independente localizado na porção central-norte da baía de Laranjeiras. A quarta
localiza-se na barra do Ararapira, via Canal do Varadouro, artificialmente construído
(ACQUAPLAN, 2011). Além disso, o eixo N-S conecta-se, também, ao complexo estuarino de
Cananéia (SP), por um sistema de canais na região de Guaraqueçaba.
A Baía de Paranaguá propriamente dita possui área superficial de 330 km2 e um
volume de água de 1,8 x 109 m3, profundidade média de 5,4 m e profundidade máxima de
33 m. O prisma de maré é de aproximadamente 0,58 x 109 m3 com intrusão aproximada de
7,7 km e tempo de residência estimado em 3 dias (com variações que acompanham as
mudanças de maré e sazonais), (MARONE et al., 2005 apud FALKENBERG, 2009). Na Figura
55 é apresentado o Complexo Estuarino de Paranaguá e identificadas as baías e as principais
localidades.
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Fonte: BORZONE & ROSA (2008).
Figura 55 - Localização do Complexo Estuarino de Paranaguá
2.3 Caracterização Hidrossedimentológica
2.3.1 Introdução
Os sistemas estuarinos são definidos em uma forma clássica por Miranda et al. (2002)
apud ACQUAPLAN (2011) como: “Corpos de água parcialmente fechados, com aberturas
para o oceano adjacente, onde a água do mar é diluída pela água de origem fluvial”. A
complexidade envolvida na interação entre os processos bióticos, os parâmetros físicos e os
químicos, assim como os hidrológicos e os sedimentológicos nessas regiões, demonstram
quão sensíveis são às intervenções antrópicas.
ENGEMIN (2004) apresentou uma descrição geral das forçantes que governam a
circulação em estuários, a saber, a descarga de água doce, as correntes de maré e a tensão
do vento:
 A descarga de água doce é responsável pela circulação gravitacional em sistemas
costeiros devido às diferenças de densidade entre água doce e a água salgada do
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oceano. A primeira, menos densa, tende a permanecer na camada superficial,
embora a maré e os efeitos do vento tendam a misturar a coluna d’água. Esta mistura
turbulenta causa uma troca vertical, resultando na formação de gradientes de
densidade, verticais e longitudinais, os quais correspondem aos gradientes de
pressão médios no tempo e governam a circulação gravitacional. A superfície de
pressão ao longo do eixo principal de um estuário é inclinada em direção ao mar, na
camada superficial, causando um fluxo superficial, de saída do estuário e um fluxo de
entrada, na camada de fundo. Assim, a circulação gravitacional é responsável pelo
fenômeno de estratificação, tanto térmica como salina, nesses corpos d´água.
 As correntes de maré líquida são induzidas pelo fluxo oscilatório da maré e
apresentam freqüentemente maior magnitude que a circulação gravitacional.
Geralmente, estas interações não lineares, como resultado da fricção do fundo, da
diminuição da profundidade e mudanças na largura, manifestam-se como pequenas
diferenças na força das correntes máximas, de enchente e de vazante e na duração
da maré enchente e da maré vazante. A média das correntes de maré (líquida),
geralmente chamada de circulação lateral, é freqüentemente orientada para a
enchente, em um lado de uma seção transversal do estuário e para a vazante, no
outro lado. A circulação residual estuarina é causada pelas correntes de maré
instantâneas. Em muitos sistemas, a circulação residual da maré, gerada pelas
correntes de maré instantâneas, é responsável pela exportação ou importação
sistemática, de constituintes da água. Essa circulação é particularmente pronunciada
em estuários rasos e de elevada variação da maré. Tanto as circulações gravitacional
como a residual coexistem em muitos sistemas, contudo, a interação entre elas é
pouco conhecida. Em sistemas rasos, com variação de maré maior ou igual a 2 m e
com fluxo fluvial de moderado para alto, nem a circulação residual nem a
gravitacional podem ser ignoradas.
 A circulação induzida pelo vento é particularmente importante em lagunas
costeiras. Grandes extensões de água, baixas profundidades, pequena variação de
maré e baixo aporte de água doce são condições que favorecem o domínio de
correntes induzidas pelo vento e variações do nível da água. Estas correntes são
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pouco estudadas porque são altamente variáveis e freqüentemente mascaradas
pelas correntes gravitacionais e de maré. O cálculo da circulação associada aos
ventos é raramente prático, visto que os ventos variam em períodos de minutos a
semanas. As correntes induzidas pelo vento são de maior interesse como agentes de
mistura e causadores de dispersão de material.
Embora um estuário ou corpo de água costeira sejam dominados por um desses tipos
de circulação, dois ou todos os tipos podem estar operando simultaneamente, resultando
em uma estrutura de fluxo complexa. Além disso, o padrão de circulação também é
influenciado pela variabilidade nas condições oceanográficas na plataforma continental,
assim como por intervenções feitas pelo homem (e.g.: dragagens, canais, diques, barreiras,
etc).
A natureza e a distribuição dos sedimentos de fundo nos estuários têm importante
papel para o planejamento de canais de acesso a portos, terminais portuários, marinas,
avaliação de áreas de despejo, assim como, para comporem o substrato para a biota
existente nestas regiões. A sedimentação de material no leito de fundo é função de um
gradiente negativo na taxa de transporte e da concentração dos sedimentos em suspensão.
Essa concentração depende não somente do range de maré e capacidade de mistura do
sistema estuarino, como também varia através dos ciclos de maré e em resposta ao aporte
de água doce sazonal (HARDISTY, 2007 apud FALKENBERG, 2009). O processo de renovação
d’água nos ciclos de maré juntamente com a troca de nutrientes e outras propriedades
biogeoquímicas, entre o sistema bentônico e a coluna d’água estuarina, através dos
processos de erosão e ressuspensão dos sedimentos de fundo (NICHOLS, 1986 apud
ENGEMIN, 2004), são componentes da dinâmica hidrossedimentológica que colaboram para
a alta produção biológica característica dos sistemas estuarinos.
Outro fator influente na dinâmica estuarina e intimamente ligado à deposição dos
sedimentos nesses sistemas costeiros são as modificações na batimetria, que alteram a
magnitude de corrente (velocidade), de forma que a erosão ocasiona um decréscimo na
corrente enquanto que a deposição ou acréscimo do leito de fundo provoca um acréscimo
na corrente. Dependendo do espaço de acomodação criado pela elevação do nível do mar e
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dos volumes de sedimentos aportados aos estuários, estes vêm sendo progressivamente
assoreados. O Complexo Estuarino de Paranaguá foi assoreado apenas parcialmente, mas,
naturalmente, o processo de preenchimento continua. Os estuários são preenchidos
principalmente pelo aporte fluvial, que os assoreia primordialmente pela cabeceira, e pela
deriva litorânea. Os sedimentos mais grossos, tais como cascalhos e areias, ficam retidos
próximos a foz dos rios formando deltas de cabeceira de estuário; os sedimentos mais finos
podem ficar retidos na parte intermediaria do estuário ou ser exportados para o mar. Já a
deriva litorânea associada às correntes e marés das barras dos estuários pode preencher a
parte mais externa do estuário formando deltas de maré enchente (ACQUAPLAN, 2011).
Nas próximas seções são apresentadas as características hidrodinâmicas e
sedimentológicas do sistema estuarino. Todos os dados utilizados e apresentados no
presente relatório foram obtidos junto aos estudos já realizados, devidamente
referenciados.
2.3.2 Hidrodinâmica do CEP
2.3.2.1
Regime de correntes
Durante um ciclo de maré (enchente e vazante), observa-se uma forte relação entre as
velocidades das correntes (transporte) e as concentrações de material particulado em
suspensão (MPS). Variações deste padrão podem ser observadas em ambientes vegetados,
onde se verifica uma alta deposição de sedimento, em função do trapeamento das partículas
e estabilização do substrato, pela vegetação. A assimetria na velocidade das correntes de
maré, presente no CEP, primariamente condiciona o transporte líquido do material em
suspensão em uma determinada direção do corpo estuarino (importação ou exportação).
Efeitos episódicos de alta energia (e.g. tempestades) apresentam particular importância,
podendo movimentar em um curto período de tempo, uma carga de MPS superior à
verificada durante longos períodos, em condições normais (ENGEMIN, 2004).
As correntes de maré são fortes e atingem velocidades máximas de 80 cm/s durante a
enchente e 110 cm/s na vazante (MARONE et al., 1995 apud ACQUAPLAN, 2011). Em média,
as correntes de vazante são de 10 a 15% superiores as de enchente. Isso ocorre devido à
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influência dos atritos lateral e de fundo, gradativamente maiores em direção a cabeceira e
gradativamente menor em direção à desembocadura (CAMARGO, 1998, apud ACQUAPLAN,
2011), assim como ao aporte de água doce e à circulação residual (MARONE et al., 1995,
apud ACQUAPLAN, 2011). A Figura 56 ilustra as correntes medidas pelo Centro de Estudos
do Mar/UFPR (CEM) em frente ao Porto de Paranaguá de 11/07/1996 a 26/07/1996.
Fonte: ACQUAPLAN (2011).
Figura 56 – Série temporal das componentes das correntes medidas em dois eixos pelo Centro de
Estudos do Mar – CEM da UFPR em frente ao Porto de Paranaguá
Valores médios de correntes de massas de água que atravessam transversalmente as
principais seções da baía são mostrados na Tabela 23. O fato de todos os valores serem
positivos indica exportação de água em todas as seções, (MARONE et al., 2005 apud
FALKENBERG, 2009).
Tabela 23 - Valores médios das correntes que atravessam transversalmente as seções superior,
mediana e inferior da Baía de Paranaguá
Corrente média no período
Corrente média no período
Setores
chuvoso (m/s)
de seca (m/s)
Superior para mediana
0,18
0,37
Mediana para inferior
0,29
0,33
Inferior para a costa
0,30
0,34
Fonte: MARONE et al., 2005 apud FALKENBERG, 2009
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KNOPPERS et al. (1987) apud FALKENBERG (2009) verificaram a ocorrência de um
padrão de circulação lateral não homogêneo na seção mediana da baía, indicando uma
velocidade maior no flanco sul desta seção, provavelmente em decorrência da maior
presença de rios ao sul da Baía de Paranaguá.
Através da realização de fundeios e perfilagens principalmente na frente do Porto de
Paranaguá, nas proximidades do Porto de Antonina e no setor externo do Canal da Galheta,
o Laboratório de Física Marinha (LFM) do Centro de Estudos do Mar produziu cartas de
correntes do CEP (ACQUAPLAN/CEM, 2000 apud CARRILHO, 2003). Essas cartas são
mostradas na Figura 57 à Figura 59 para as correntes durante a preamar, as máximas
correntes de enchente e as máximas correntes de vazante. As dimensões menores dos
vetores de correntes de enchente em relação aos de vazante evidenciam a assimetria de
maré que ocorre no CEP. Além disso, em todas as figuras é possível observar que as maiores
velocidades são características do eixo leste-oeste do sistema estuarino.
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Fonte: ENGEMIN (2004).
Figura 57 - Carta geral de máximas correntes de enchente no CEP
Fonte: ENGEMIN (2004).
Figura 58 - Carta geral de máximas correntes de vazante no CEP
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Fonte: ENGEMIN (2004).
Figura 59 – Carta geral de máximas de corrente na preamar
ACQUAPLAN (2011) apresentou o desenvolvimento de uma simulação computacional
a fim de representar a hidrodinâmica da área de estudo nas condições atuais e futuras (pósexecução das dragagens de aprofundamento). Para o desenvolvimento da modelagem foi
adotado o módulo Delft3D-Flow integrante do modelo DELFT3D, que resolve um sistema de
equações de águas rasas em modo bidimensional (ou integrado na vertical) e tridimensional.
O modelo numérico Delft3D foi desenvolvido pela Deltares, em Delft, Holanda, e
constitui-se em um avançado sistema de modelos numéricos 2D/3D (duas e três dimensões)
que inclui vários módulos para possibilitar a simulação de processos costeiros complexos,
tais como geração e propagação ondas, hidrodinâmica, transporte de sedimentos e
mudanças da morfologia (erosão e deposição sedimentar, bem como variações da linha de
costa). Maiores detalhes sobre a aplicação do modelo podem ser obtidos em ACQUAPLAN
(2011).
Os campos de correntes gerados por ACQUAPLAN (2011) são mostrados pela Figura 60
à Figura 63.
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Figura 60 - Campo de correntes gerado pelo modelo Delft3D para o
cenário atual na enchente de sizígia
Figura 62 - Campo de correntes gerado pelo Delft 3D para o cenário atual
na enchente de quadratura
Figura 61 - Campo de correntes gerado pelo modelo Delft3D para o
cenário atual na vazante de sizígia
Figura 63 - Campo de correntes gerado pelo Delft 3D para o cenário atual
na vazante de quadratura
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Conclusivamente, os resultados da modelagem hidrodinâmica entre o cenário atual e o
cenário de aprofundamento, demonstraram pouca variação no campo de correntes, com
diferenças de velocidades localizadas em pontos específicos próximos dos canais de
dragagem (na região do canal da Galheta e em frente ao Porto de Paranaguá), e diferenças
máximas de magnitude em torno de 0,2 m/s, ocorrendo principalmente nos períodos de
vazante de sizígia (ACQUAPLAN, 2011).
2.3.2.2
Regime de ondas
Os estudos de ondas no litoral do Paraná são muito reduzidos (ENGEMIN, 2004). De
acordo com MAR & COSTA (2006) apud ACQUAPLAN (2011), o trem (sistema) de ondas no
mar aberto praticamente não afeta a circulação na parte interna dos estuários paranaenses.
Comparando-se com efeitos de maré, a influência torna-se mínima. Porém, as áreas externas
e próximas as barras podem sofrer leve influência de ondas. O interior de baía de Paranaguá
é protegido das condições de indas de alta energia devido à presença da Ilha do Mel,
localizada na boca da baía juntamente com dois deltas de maré vazante (LESSA et al., 1998,
apud ACQUAPLAN, 2011).
De acordo com Marone et al. (1994) apud Falkenberg (2009), a altura média das
ondas, significativas apenas na região da boca do estuário, é de 0,5 metros, com período de
3 a 7 segundos, porém ondas podem atingir alturas máximas de 2 a 3 metros em
tempestades. Bandeira (1974) analisou as ondas em praia de Leste, a partir de um ano de
observações visuais. Entre agosto e dezembro de 1982 um ondógrafo registrou dados de
onda a 13 km da praia de Leste e a 2,6 km a Nordeste da Ilha dos Currais. As ondas
predominantes foram dos quadrantes ESSE e SE, com altura máxima mensal entre 2,3 e 3,9
m e período médio entre 11,9 e 16,8 segundos (PORTOBRAS, 1983 apud ENGEMIN, 2004). A
distribuição do percentual de ondas que chega à costa do Paraná correspondeu a 90%,
variando no quadrante Leste para Sul-Sudeste e cerca de 10% das direções entre Leste e
Nordeste (GOBBI, 1999, apud ENGEMIN, 2004). Dentro do complexo estuarino, porém,
pouco do efeito do clima de ondas oceânicas é sentido, devido à proteção natural da costa e,
especialmente, à Ilha do Mel na entrada do CEP. Todavia, a existência de áreas de largura
considerável, dentro do CEP, oferece uma pista de ventos suficiente para que ondas, geradas
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localmente pelos ventos, provoquem, em situações e horários particulares (notadamente no
final da tarde), agitação marítima considerável que se constitui em agente de mistura
superficial de propriedades (ou de sedimentos em suspensão, ou poluentes).
Na desembocadura do CEP, o predomínio de ondas do quadrante S-SE, gera uma
deriva litorânea orientada para Norte. Segundo Angulo (1992) apud ENGEMIN (2004) a
ocorrência de deriva litorânea, para Norte, pode ser observada na orientação da
desembocadura fluvial e morfologia do delta de vazante do estuário de Paranaguá. O
lançamento de garrafas de deriva nos canais Norte e Galheta confirmou que as correntes
predominantes na zona costeira, adjacente ao CEP, são na direção Norte (MARONE et al.,
1995 apud ENGEMIN, 2004).
ACQUAPLAN (2011) apresentou um estudo de propagação de ondas geradas por vento
no interior da baía de Paranaguá a partir de dados de ventos de um período de 10 anos,
obtidos junto ao NCEP (National Centers for Environmental Prediction – NOAA). Foram
selecionados quatro casos de vento:
 Direção E-NE e magnitude máxima (10,6 m/s), representando a direção com maior
freqüência de ocorrência;
 Direção S-SW e magnitude máxima (12,8 m/s), representando a ocorrência de
maior magnitude entre os casos de vento;
 Direção S e magnitude máxima (12,1 m/s), por se caracterizar como um vento
típico de frentes frias e por apresentar a segunda maior magnitude entre os
casos de vento;
 Direção SE e magnitude máxima (11,2 m/s), por representar a direção normal à
costa.
Os resultados do modelo numérico de propagação de ondas geradas por vento (Figura
64 à Figura 67) mostraram que a baía de Paranaguá é menos suscetível a ondas que a baía
de Laranjeiras, justamente pela Ilha do Mel atuar como uma barreira de proteção para os
casos de vento de direção leste. Nos casos extremos de vento de direção E-NE, observou-se
altura significativa de ondas geradas por vento de aproximadamente 0,5 m na baía de
Paranaguá e 0,4 m na baía de Laranjeiras (ACQUAPLAN, 2011). Para os casos extremos de
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vento de direção S-SW, verificou-se ondas de 0,5 m ao norte da baía de Paranaguá e 0,7 m
na baía de Laranjeiras. Já para os casos extremos de vento S, observa-se que podem chegar
ondas de aproximadamente 1,0 m nas imediações da Ilha da Galheta, sendo atenuadas a até
0,5 m nas imediações da ilha das Cobras, próximo ao Baixio do Perigo, enquanto podem ser
geradas ondas de aproximadamente 0,7 m na baía de Laranjeiras. Nos casos extremos de
vento de direção SE, foram observadas ondas de 0,5 m de altura significativa na baía de
Paranaguá e de 0,7 m na baía de Laranjeiras. Não foi observada qualquer alteração
significativa entre alturas de ondas geradas por vento na baía quando simulada a dragagem
de aprofundamento, estes resultados podem ser vistos em ACQUAPLAN (2011).
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Figura 64 - Campo de ondas geradas por vento no cenário atual (direção
ENE e velocidade 10,6 m/s), ACQUAPLAN (2011)
Figura 65 - Campo de ondas geradas por vento no cenário atual (direção 5
e velocidades 12,1 m/s), ACQUAPLAN (2011)
Figura 66 - Campo de ondas geradas por vento no cenário atual (direção
SSW e velocidades 12,8 m /s), ACQUAPLAN (2011)
Figura 67 - Campo de ondas geradas por vento no cenário atual (direção
SE e velocidades 11,2 m/s), ACQUAPLAN (2011)
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No estudo de propagação de ondas desde águas profundas até o interior da baía de
Paranaguá foram utilizados dados de ondas de um período de cinco anos, a partir do qual foi
realizada uma análise estatística e elaborado um clima de ondas com base no fluxo de
energia de cada caso (ACQUAPLAN, 2011). Foram selecionados quatro casos de onda mais
energéticos, provenientes das direções mais representativas:
• Altura significativa: 2,47 m; período de pico: 7,82 s; direção: 86,4º;
• Altura significativa: 2,81m; período de pico: 9,01 s; direção: 113,84º;
• Altura significativa: 3,0 m; período de pico: 10,1 s; direção: 141,6º;
• Altura significativa: 3,16 m; período de pico: 8,94 s; direção: 182,29º.
A Figura 68 à Figura 71 mostram o campo de ondas gerado pelo modelo. Para melhor
visualização, as figuras para cada caso de ondas simulado foram geradas omitindo-se ondas
com altura significativa menor que 0,2 metros (ACQUAPLAN, 2011).
Os resultados da modelagem numérica dos processos de propagação de ondas
também mostraram que não ocorre alteração no padrão de propagação de ondas geradas
por vento no interior da baía entre os cenários com e sem dragagem de aprofundamento.
Para os casos de ondas propagadas desde águas profundas, constatou-se que as dragagens
de aprofundamento geram alterações de altura de ondas restritas ao local de intervenção.
Não foram observadas variações em regiões costeiras adjacentes. As mudanças de altura
significativa de ondas foram de no máximo 0,2 m para mais e 0,2 m para menos, observadas
principalmente para um estado de mar de altura significativa: 2,81 m, período de pico: 9,01 s
e direção predominante: 113,84° (ACQUAPLAN, 2011).
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Figura 68 - Campo de ondas de águas profundas propagadas na baía no
cenário atual (Hs: 2,47 m; Tp: 7.82s; Direção: 86,48°)
Figura 70 - Campo de ondas de águas profundas propagadas na baía no
cenário atual (Hs: 3,0 m; Tp: 10.1s; Direção: 141,6°)
Figura 69 - Campo de ondas de águas profundas propagadas na baía no
cenário atual (Hs: 2,81 m; Tp: 9.01s; Direção: 113,84°)
Figura 71 - Campo de ondas de águas profundas propagadas na baía no
cenário atual (Hs: 3,16 m; Tp: 8.94 s; Direção: 182,29°)
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2.3.2.3
Regime de marés
É muito importante destacar o grande significado que o conhecimento preciso das
variações do nível do mar, como as marés, tem para as operações portuárias. O ciclo das
marés condiciona a navegação, na medida em que, no caso de Paranaguá, é capaz de reduzir
o calado útil em mais de 2 m entre uma preamar e uma baixa-mar (ENGEMIN, 2004).
Na ausência de efeitos meteorológicos significativos, o regime de marés é o principal
mecanismo de fornecimento de energia para o Complexo Estuarino de Paranaguá, fora a
energia solar, apresentando amplitude média de 2,2 m. Entretanto, variações do nível do
mar de até 80 cm acima dos valores de maré astronômica têm sido observadas na região,
devido aos efeitos de marés meteorológicas causadas pelas passagens de frentes frias
(MARONE & CAMARGO, 1994, apud ENGEMIN, 2004).
No litoral paranaense, as marés são classificadas como micro-marés e apresentam
caráter predominantemente semidiurno, embora ocorram desigualdades diurnas e efeitos
não lineares (MARONE & CAMARGO, 1994, apud ENGEMIN, 2004), assim como forte
assimetria nas elevações e correntes de maré.
O atraso na ocorrência das marés alta e baixa aumenta progressivamente conforme se
caminha estuário adentro (KNOPPERS et al., 1987). A maré alta e a baixa em Antonina
ocorrem com até 1,5 horas de atraso em relação à ocorrência no canal da Galheta. O mesmo
é verificado com a variação de amplitude. A baía de Paranaguá apresenta-se como um
estuário hipersíncrono, onde o efeito de convergência excede o de atrito, resultando numa
amplificação da variação do nível do mar em direção a montante (LESSA et al., 1998;
MANTOVANELLI, 1999), (Tabela 24). Durante marés de sizígia, variam desde 1,7 m na boca
até aproximadamente 2,7 m em Antonina (MARONE et al., 1997 apud ACQUAPLAN, 2011).
Já durante as marés de quadratura, a variação da maré é reduzida a menos de 80% dos
valores de maré de sizígia, apresentando fortes interações não-lineares entre as
componentes de maré, permitindo a formação de até seis eventos diários de maré alta e
baixa (MARONE et al., 1994, apud ACQUAPLAN, 2011). Essas interações são controladas
basicamente por ressonância, que depende da freqüência de oscilação da onda de maré e
do comprimento do estuário (CAMARGO, 1998, apud ENGEMIN, 2004).
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Alterações anormais do nível médio do mar são comuns, principalmente, durante o
inverno, atribuídas à passagem de frentes frias oceânicas e a ventos fortes, que geram
grandes ondas e causam o empilhamento de água na costa (MARONE & CAMARGO, 1994,
apud ENGEMIN, 2004). A intrusão da maré alcança aproximadamente 13 km e a renovação
da água do sistema, ocorre em 3,5 dias (tempo de fluxo) (MARONE et al., 1995, apud
ENGEMIN, 2004), sendo esta favorecida pelo regime mesotidal e pela reduzida profundidade
do sistema (KJERFVE et al., 1982, apud ENGEMIN, 2004).
Tabela 24 - Características de maré para os dados de nível observados para a baía de Paranaguá.
Diferenças de fase considerando a Galheta como zero de origem
Diferenças de Difer. de fase
Período de Período de Variação de Variação de
fase na Sizígia
Quadratura
Local
vazante
enchente
sizígia
quadratura
(min)
(min)
(horas)
(horas)
(metros)
(metros)
Alta
Alta
Alta Baixa
Galheta
6,8
5,5
1,74
1,30
Cobras
69
55
91
75
2,07
1,68
Paranaguá
88
68
106
93
7,5
4,8
2,09
1,68
Antonina
100
110
132
151
8,1
4,2
2,74
2,02
Fonte: MARONE et al. 1997, apud FALKENBERG, 2009.
Na Figura 72 são ilustradas as séries de elevação do nível d’água medidas pela
ACQUAPLAN na Ilha da Galheta, Porto de Paranaguá e Ponta do Félix. Na figura, fica
evidenciado um pequeno atraso de fase entre as marés do início (estação da Galheta) e
fundo da baía (estação da Ponta do Félix), bem como, um aumento na amplitude no sentido
do interior da baía, caracterizando-se desta forma, como um estuário hipersíncrono. As
marés também demonstram uma assimetria crescente no sentido do interior da baía,
caracterizada por um curto período descendente e um longo período ascendente de maré. A
razão média entre os períodos de enchente e de vazante aumenta de 1,23 no canal da
Galheta para 1,92 próximo a Antonina (MARONE et al., 1997 apud ACQUAPLAN, 2011).
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Figura 72 – Elevação do nível d’água medida pela ACQUAPLAN na Ilha da Galheta, Porto de
Paranaguá e Ponta do Félix
2.3.3 Batimetria
Dentre os levantamentos batimétricos realizados no CEP disponíveis na literatura, o
mais recente é encontrado em ACQUAPLAN (2011), composto pela digitalização das cartas
náuticas da DHN (Diretoria de Hidrografia e Navegação), descritas na Tabela 25, e de
batimetrias efetuadas ao longo do canal entre os anos de 2008 e 2010 fornecidas pela
ACQUAPLAN e pela Paranaguá Pilots (Figura 73). Essa batimetria projetada em uma grade
numérica foi utilizada para a realização da modelagem hidrodinâmica do CEP considerando
os cenários atuais e com a realização de dragagem de aprofundamento. Detalhes da
metodologia adotada para a projeção dos dados batimétricos na grade numérica podem ser
encontrados em ACQUAPLAN (2011).
Tabela 25 - Cartas náuticas e batimétricas utilizadas e suas respectivas escalas
Levantamentos batimétricos
Carta
Nome
Escala
(ano)
23300
De Paranaguá a Imbituba
1957/1976/1992/2003
1:300.000
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Carta
1820
1821
1822
1800
1825
Levantamentos batimétricos
(ano)
Proximidades da barra de Paranaguá
1976
Barra de Paranaguá
1975-76/1987-92/2003
Portos de Paranaguá e Antonina
1979/1987-92/2003
Da Ilha do Bom Abrigo à Ilha do Arvoredo
1960
Canal da Cotinga
1998
Nome
Escala
1:100.000
1:25.000
1:25.000
--1:25.000
Fonte: ACQUAPLAN (2011).
Fonte: ACQUAPLAN (2011).
Figura 73 – Pontos obtidos pelo levantamento batimétrico efetuado nos canais de navegação entre
os anos de 2008 e 2010
A Figura 74 mostra a batimetria final adotada por ACQUAPLAN (2011), onde as regiões
de mangue (áreas em verde claro) foram inclusas na área de estudo, a fim de considerar as
regiões passíveis de inundação por efeito de maré no Complexo Estuarino de Paranaguá.
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Fonte: ACQUAPLAN (2011).
Figura 74 - Batimetria final, interpolada e projetada na grade numérica criada para resolver os
processos hidrodinâmicos
Outros levantamentos batimétricos realizados no CEP (SOTO, 2004; KRUG &
NOERNBERG, 2005) também utilizaram a digitalização de cartas Náuticas, disponibilizadas
pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), assim como de dados obtidos com
ecobatímetros e de imagens de satélite, adotadas geralmente para refino dos dados
digitalizados, principalmente na delimitação da linha de costa e bancos de areia.
Uma descrição geral da batimetria do CEP a partir do levantamento de trabalhos
anteriormente realizados foi feita por Lamour (2007). Segundo o autor, no Complexo
Estuarino de Paranaguá podem ser verificadas variações abruptas de profundidades relativas
às extensas áreas rasas (planícies inter-marés) e profundas (canais), (Figura 75).
Especificamente no setor em frente ao Porto de Paranaguá, um levantamento hidrográfico
por ecobatímetro realizado em agosto de 1998 pela DHN, encontrou profundidades
variando entre 0,3 e 28 m (KRUG & NOERNBERG, 2005).
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Ponta
do
Poço
Fonte: LAMOUR (2007).
Figura 75 - Batimetria do CEP
Carrilho (2003) apresentou o mapa batimétrico da região adjacente ao Porto de
Paranaguá elaborado a partir de um levantamento realizado pela Diretoria de Hidrografia e
Navegação do Brasil em agosto de 1998 (Figura 76). O autor verificou que 70% da região
estudada possui profundidades naturais inferiores a 10 m. Os fundo médios (-5 m a -10 m)
ocupam a maior extensão do fundo estuarino adjacente ao Porto de Paranaguá, seguidos
dos fundos rasos (-2 m a -5 m) e das planícies de maré (-2 m a 0 m). As profundidades
superiores a 10 m correspondem à região ocupada pelo canal subaquático principal.
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Fonte: CARRILHO (2003).
Figura 76 - Mapa batimétrico da região adjacente ao Porto de Paranaguá
Ao menos duas vezes ao dia as áreas rasas estão sujeitas a exposição pela amplitude
de variação das marés. Estes compartimentos batimétricos estão relacionados às margens
do complexo em áreas de mangue, onde as profundidades verificadas variam entre as
isóbatas 0 e 5 m. Nos canais ocorrem as maiores profundidades do CEP, sendo estas áreas
sujeitas à dragagem, de forma que as profundidades podem sofrer alterações. Ainda, por
apresentarem maior profundidade, são setores propensos a rápidos processos de
assoreamento (LAMOUR & SOARES, 2007 apud LAMOUR, 2007). Estes canais desenvolvemse desde as porções médias das baías de Paranaguá e das Laranjeiras e avançam na direção
da plataforma continental rasa em meio a barras de espraiamento, as quais constituem os
deltas de maré vazante identificados por ANGULO (1999) apud LAMOUR (2007). Segundo
ANGULO (1992) as barras localizadas na desembocadura sul ficaram expostas durante alguns
períodos de tempo durante o início da década de 1980. LAMOUR et al. (2005) apud LAMOUR
(2007) constataram que na desembocadura do canal do Superagüi (Figura 75) ocorre o
mesmo fenômeno com uma barra de espraiamento que tende a fechar esta
desembocadura.
Na Ponta do Poço e desembocaduras sul e norte do CEP ocorrem as maiores
profundidades associadas às velocidades mais rápidas de correntes de maré (MARONE et al.,
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1997 apud LAMOUR, 2007). Estas profundidades podem atingir 38 m no trecho entre a ilha
do Mel e o balneário Pontal do Sul. Na plataforma continental rasa a isóbata -10 m identifica
os limites dos deltas de maré. Na desembocadura norte do CEP estão localizados os canais
Norte e Sueste, denominados assim pela posição em relação à ilha das Palmas (Figura 75).
No passado estes dois canais passaram por processo de dragagem, porém suas
profundidades naturais variam em torno dos 10 m. Na desembocadura sul, o canal da
Galheta é uma estrutura completamente construída por dragagens, que escavaram o banco
da Galheta com profundidades originais de 5 m, para os atuais 13,5 m (LAMOUR, 2007). A
partir das profundidades dos canais de acesso são determinadas as principais rotas de
navegação no CEP, que podem ser vistas na Figura 77.
Fonte: FILHO (2009).
Figura 77 - Principais rotas no CEP
2.3.4 Caracterização dos sedimentos de fundo
Neste item serão abordados a caracterização granulométrica e a qualidade dos
sedimentos de acordo com o estudo apresentado em AQUAPLAN (2011). Salienta-se que as
informações aqui apresentadas foram transcritas do referido trabalho.
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ACQUAPLAN (2011) apresentou o diagnóstico da sedimentologia e geoquímica dos
sedimentos a serem dragados do Complexo Estuarino de Paranaguá, na região que
compreende o canal de acesso, bacia de evolução e cais de atracação, baseado em dados
primários obtidos a partir de coleta de amostras em campo, realizadas entre janeiro e
fevereiro de 2010. Uma malha de amostragem representativa foi criada e apresentada no
estudo (Figura 78). Detalhes sobre a metodologia de amostragem, conservação, envio ao
laboratório e análise, podem ser vistos em ACQUAPLAN (2011).
Fonte: ACQUAPLAN (2011).
Figura 78 - Malha de amostragem de sedimentos ao longo do CEP
2.3.4.1
Granulometria dos sedimentos
A caracterização granulométrica dos sedimentos de fundo do CEP é apresentada em
diferentes estudos realizados. Dentre eles, Bigarella et al. (1970 ; 1978) apud Soto (2004)
analisaram e descreveram 429 amostras de sedimento de fundo da baía de Antonina, porção
ocidental da baía de Paranaguá e na zona de transição entre as duas baías, obtidas em um
levantamento realizado na segunda metade da década de 1960. O autor observou que a
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composição do material de fundo na região estudada foi dividida em três categorias
fundamentais. Na primeira encontra-se o material procedente do retrabalhamento direto da
planície costeira, constituído em excelência por areia fina. A segunda categoria engloba o
material de origem fluvial, composto por cascalho, areia, silte e argila. Na última categoria
está o material biogênico proveniente do interior do sistema estuarino como as frações de
matéria orgânica e de carbonato biodetrítico.
Odreski (2002) e Odreski et al. (2003) detectaram importante redução da
profundidade da baía de Antonina no período de 1901 a 1979, provocada pelo acúmulo de
sedimentos, além disso, constatou-se um aumento acentuado no diâmetro médio e no grau
de seleção dos sedimentos, passando de silte médio, em 1996, para areia muito fina, em
1995, o que indica uma variação acentuada nesses parâmetros. Seguindo a mesma linha de
pesquisa, Carrilho (2003) realizou o mapeamento da distribuição dos sedimentos do fundo
estuarino adjacente ao Porto de Paranaguá a partir de 231 amostras coletadas em
campanhas realizadas entre maio e novembro de 2001, enquanto que Lamour (2000) apud
Lamour (2004) estudou os sedimentos da desembocadura da baía. No eixo norte-sul do CEP,
SOARES & BARCELOS, 1995 apud LAMOUR, 2004 apresentaram resultados de estudos
semelhantes para as baías das Laranjeiras e de Guaraqueçaba.
Um apanhado geral dos dados existentes foi realizado por Lamour et al. (2004), que
verificaram a distribuição das características dos sedimentos de fundo do CEP fazendo uma
síntese integrada de dados de 1.187 amostras coletadas entre os anos de 1988 e 2001. Os
dados analisados estavam distribuídos em 216 amostras coletadas na baía das Laranjeiras
(SOARES & BARCELOS, 1995 apud LAMOUR, 2004), 339 amostras nas baías de Paranaguá e
Antonina e área da desembocadura sul (SOARES et al., 1996 apud LAMOUR (2004)), 51
amostras da área de desembocaduras (LAMOUR, 2000), 230 amostras nas adjacências do
porto de Paranaguá (CARRILHO, 2003), e 351 amostras em pequenas áreas distribuídas pelo
estuário (LOGEO/CEM/UFPR), somando 1.187 amostras distribuídas aleatoriamente (Figura
79).
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Fonte: LAMOUR et al. (2004).
Figura 79 - Mapa da distribuição dos pontos de amostragem de sedimentos de fundo no CEP, nos
vários levantamentos considerados por LAMOUR et al. (2004)
A fim de facilitar a apresentação dos resultados, Lamour et al. (2004) dividiu o CEP em
setores. A baía de Antonina compreende a foz dos rios Faisqueira, Cachoeira e
Nhundiaquara até a ilha do Teixeira. A partir dessa ilha, a baía de Paranaguá estende-se até
a ilha das Cobras. No eixo norte-sul, a baía das Laranjeiras compreende a baía de
Guaraqueçaba, a qual está em sua porção norte. O setor de desembocaduras compreende
as duas conexões do CEP com o oceano Atlântico, onde se encontram os canais navegáveis
ao porto de Paranaguá (Galheta, Sueste e Norte). Os valores dos diâmetros médios e a
distribuição espacial dos mesmos obtidos pelo autor para cada setor são mostrados na
Tabela 26 e na Figura 80, o grau de seleção granulométrica é apresentado na Tabela 27.
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Tabela 26 - Comparação da distribuição (%) do diâmetro médio nos três setores do Complexo
Estuarino de Paranaguá
Diâmetro Médio
Locais
Areia Muito
Areia
Areia Areia Muito
Silte
Silte
Silte
Grossa
Média
Fina
Fina
Argiloso
Médio
Fino
Paranaguá
3,1
6,9
29,0
23,0
15,0
17,2
5,8
Laranjeiras
0,9
5,0
52,3
17,9
12,9
6,5
4,3
Desembocadura
3,8
14,6
75,4
4,6
0,8
0,8
OBS: AG – areia grossa; AM – areia média.
Tabela 27- Comparação da distribuição do grau de seleção granulométrica nos três setores do
Complexo Estuarino de Paranaguá
Grau de Seleção
Muito
Locais
Pobremente Moderadamente
Bem
Muito bem
pobremente
Selecionado Selecionado
Selecionado
Selecionado
selecionado
Paranaguá
13,0
64,2
17,0
4,5
1,3
Laranjeiras
30,8
59,6
7,8
1,8
Desembocadura
3,2
19,0
30,2
19,8
27,7
Fonte: (LAMOUR et al., 2004)
Figura 80 - Mapa de distribuição dos valores de diâmetro médio no CEP
Os valores do diâmetro médio das amostras apresentados na Tabela 26 evidenciam
uma nítida diferenciação entre as baías de Paranaguá e Laranjeiras. Em Paranaguá a
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tendência é que os sedimentos tenham diâmetro médio menor do que os das Laranjeiras,
exceto na foz dos rios Faisqueira, Cachoeira e Nhundiaquara (areia muito grossa a grossa).
Nas Laranjeiras, o diâmetro médio tende a ser maior, exceto na baía de Guaraqueçaba, onde
os sedimentos são mais finos.
Em Antonina ocorrem silte grosso a fino, associado às áreas rasas, concentrados nas
margens da baía. Próximo à margem sudoeste, o diâmetro médio dos sedimentos aumenta
para areia grossa a média. Na área próxima à ilha do Teixeira, os sedimentos gradam para
areia grossa a média, tornando-se mais finos na direção do porto de Paranaguá. Entre a ilha
das Pedras e as adjacências do porto de Paranaguá, a tendência é de redução do diâmetro
médio, variando entre areia fina e silte médio. Os sedimentos mais finos dessa região estão
concentrados em duas grandes áreas dispostas no sentido leste-oeste (LAMOUR et al.,
2004).
Alterações na distribuição dos sedimentos de fundo das baías de Paranaguá e
Antonina também foram detectadas por Soares et al. (1997) apud SOTO (2004), que
realizaram uma breve comparação dos resultados obtidos por Bigarella et al. (1970; 1978) e
por PETROBRAS (1997). De modo geral, observou-se na porção superior um aumento de
porcentagem dos sedimentos arenosos, conforme observado na Figura 81, fato atribuído
pelos autores aos desmatamentos ocorridos na Serra do Mar nas últimas décadas.
Fonte: SOTO (2004).
Figura 81 - Distribuição do diâmetro médio dos sedimentos de fundo da baía de Antonina e setor
ocidental da baía de Paranaguá em 1966 (a) e 1995 (b)
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Em Guaraqueçaba, o diâmetro médio varia entre areia muito fina e silte médio,
passando à areia grossa próximo à sede do município. Na baía das Laranjeiras, o diâmetro
médio variou entre areia média e silte grosso, sendo a principal gradação nas adjacências da
Ilha Rasa, no sentido da desembocadura do CEP. Na área próxima ao Baixio do Perigo
observa-se uma concentração de sedimentos finos com diâmetro médio na classe silte
grosso. Na área da desembocadura sul do CEP predominam areias médias, gradando para
areia grossa na entrada do canal principal de vazante. Na desembocadura norte observa-se
diâmetros médios entre areia muito grossa e grossa, cujo maior diâmetro médio encontrado
está associado ao canal Sueste, entre as ilhas do Mel e das Palmas (LAMOUR et al., 2004).
Assim, conforme afirmado por Bigarella et al. (1970 ; 1978) apud Soto (2004) as
frações mais grossas ocorrem preferencialmente associadas aos canais de maré, enquanto o
material mais fino estava depositado nos ambientes de menor energia. Essa disposição
revelou que a distribuição dos sedimentos de fundo é controlada pelo ambiente físico,
principalmente pela profundidade e pelas correntes de maré.
As análises apresentadas em ACQUAPLAN (2011), mostraram que as características
hidrodinâmicas das regiões (áreas associadas ao intenso tráfego de navios e a largura
limitada nos trechos), promovem intensos retrabalhamentos dos sedimentos, o que resulta
em uma constituição granulométrica preferencialmente formada por frações arenosas, já
que frações mais finas são facilmente removidas do pacote sedimentar.
Os valores de grau de seleção no CEP mostram uma predominância de sedimentos
pobremente selecionados, excetuando-se a área de desembocadura, onde ocorrem
sedimentos mais bem-selecionados. Na baía de Guaraqueçaba ocorrem sedimentos com
grau de seleção pior (Tabela 27). Em Paranaguá, na foz dos rios Faisqueira, Cachoeira e
Cacatu, os sedimentos apresentam-se moderadamente selecionados. De uma forma geral,
Antonina apresenta sedimentos pobremente selecionados, gradando a muito pobremente
selecionados, dispostos em concentrações circulares pela área. O mesmo ocorre em
Paranaguá, onde o predomínio de sedimentos pobremente selecionados é ainda maior.
Nas Laranjeiras, os sedimentos são pobremente selecionados, exceto pelas
concentrações provindas de Guaraqueçaba e do Saco do Tambarutaca, onde os sedimentos
são muito pobremente selecionados. Na área das desembocaduras do CEP, o pior grau de
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seleção está na desembocadura norte, onde ocorrem sedimentos muito pobremente
selecionados, e sedimentos bem-selecionados a muito bem-selecionados na desembocadura
sul. No Baixio do Perigo e no canal da Cotinga, os sedimentos são moderadamente
selecionados.
Considerando a região adjacente ao Porto de Paranaguá delimitada por Carrilho
(2003), o silte é a granulometria com maior distribuição espacial, recobrindo 76% da área
(Figura 82). O estudo revelou que aproximadamente 70% da área è coberta por sedimentos
finos (inferiores a 0,062 mm), sendo que o restante possui médias granulométricas entre
areia fina e muito fina.
Fonte: CARRILHO (2003).
Figura 82 - Mapa de distribuição de diâmetro médio das classes granulométricas do fundo estuarino
adjacente ao Porto de Paranaguá
2.3.4.2
Qualidade dos sedimentos
O Complexo Estuarino de Paranaguá CEP vem sofrendo o impacto de atividades
antrópicas ao longo do tempo sendo que os efeitos sobre o sistema começam a se tornar
cada vez mais evidentes. Nesta região, o grande fluxo de embarcações, aliado ao aporte de
LACTEC – 2012
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128
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
efluentes urbanos, agrícolas e industriais, podem ser considerados como os principais
responsáveis pela entrada de contaminantes que são detectados em todos os
compartimentos estuarinos (SANTOS, 2008).
De acordo com Deletic et al. (2000), em termos de massa, os sedimentos são os
poluentes potenciais mais importantes conduzidos pelo escoamento pluvial. A acumulação
de sedimentos acarreta danos pela obstrução das canalizações, prejudicando o desempenho
da rede de drenagem projetada. Os sedimentos carreados até o corpo receptor formam
depósitos modificando seu leito, originando muitos problemas. Em resumo, as principais
consequências ambientais da produção de sedimentos em áreas urbanas são a obstrução
das canalizações da rede de drenagem; o assoreamento da drenagem, com redução da
capacidade de escoamento de condutos, rios e lagos urbanos e o transporte de poluentes
agregados ao sedimento que contaminam as águas pluviais (DOTTO, 2006).
Os sedimentos fazem parte do ciclo hidrológico, que, dependendo da sua composição
química e características de adsorção, podem ter uma elevada capacidade de acumulação de
contaminantes orgânicos e inorgânicos (COELHO et al., 2009).
Outra característica do Complexo Estuarino de Paranaguá está relacionada à
atividade portuária e aos processos de dragagem realizados para a manutenção e para o
aumento da profundidade dos canais de navegação. Estas atividades podem causar a
ressuspensão de sedimentos, modificando suas condições químicas. Essa situação
representa um risco iminente de liberação de elementos químicos para a coluna de água,
afetando a sua qualidade (SÁ, 2003, apud DOS ANJOS, 2006).
Além da atividade portuária, a forte presença da indústria no município de Paranaguá
também contribui para a contaminação química dos sedimentos na região do CEP.
Metais pesados e arsênio
De acordo com Soares (2009), os primeiros trabalhos relativos à caracterização
química dos sedimentos na região de Paranaguá foram realizados entre 1998 e 1999 durante
as dragagens realizadas pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) no
CEP. Os resultados obtidos pelos autores evidenciaram que entre os elementos metálicos
LACTEC – 2012
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129
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
nos sedimentos superficiais investigados, o zinco (Zn), o cromo (Cr) e o chumbo (Pb)
apresentaram valores acima dos limites estabelecidos pela legislação brasileira. As maiores
concentrações ocorreram nos locais situados na Bacia de Evolução do Porto de Paranaguá
ou muito próximas, sugerindo que a fonte destes compostos está associada diretamente às
atividades portuárias.
Outros estudos foram conduzidos no Complexo Estuarino de Paranaguá, como os de
Sá (2003), Rebelo et al. (2005), Machado & Sá (2006), Sá et al. (2006), Machado et al.
(2007) e Sá & Machado (2007) citados por Soares (2009). De todos os elementos analisados
nos sedimentos nestes estudos, apenas o chumbo (Pb) não apresentou concentrações acima
do limite crítico, enquanto que os elementos arsênio (As), cobre (Cu), níquel (Ni), mercúrio
(Hg), cádmio (Cd), cromo (Cr) e zinco (Zn) apresentaram concentrações acima dos limites
críticos estabelecidos na Resolução CONAMA Nº 344/2004.
Um estudo realizado por Machado (2007) em duas estações amostrais, durante
períodos de maré de quadratura e sizígia na Zona de Máxima Turbidez da baía de Paranaguá,
em amostras de material particulado em suspensão, o arsênio (Ar) apresentou
concentrações menores que 2,0 mg.kg-1 sendo detectado em apenas duas amostras de
fundo com concentrações de 2,3 e 3,6 mg.kg-1 respectivamente, durante a maré de sizígia de
inverno. O cádmio (Cd) comportou-se de maneira semelhante, com concentrações
predominantemente menores que 0,2 mg.kg-1. As exceções foram cinco amostras coletadas
na maré de sizígia de verão, as quais tiveram concentração mínima de 0,24 e máxima de
2,82 mg.kg-1. Comparando as concentrações do material em suspensão e dos sedimentos a
autora sugeriu que a região não está contaminada, considerando-se a capacidade desse
segmento sofrer bioacumulação e ainda assim apresentar concentrações relativamente
baixas (Ar: 9,7 a 15,2 mg.kg-1; Cd: 0,8 a 1,29 mg.kg-1). De acordo com Soares (2009), não foi
possível identificar diretamente a fonte dos elementos metálicos. O autor infere a influência
de despejos domésticos e industriais na baía de Paranaguá para alguns dos elementos, como
por exemplo, o Arsênio. Outra hipótese postulada é que os níveis de metais encontrados
poderiam ser considerados naturais para o ambiente geoquímico da região. Neste cenário,
estes elementos seriam provenientes de rochas e minerais, e seus produtos de alteração
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
130
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
existentes nas rochas da Serra do Mar, carreados pela drenagem continental para o
Complexo Estuarino de Paranaguá (Sá, 2003).
Também se constatou no CEP que a concentração do elemento Cd diminuiu após as
obras de dragagens realizadas nos canais de acesso ao porto, enquanto que as
concentrações de outros elementos como As, Zn e Pb aumentaram (SÁ, 2003; 2008, apud
SOARES, 2009).
A Tabela 28 apresenta os resultados da campanha amostral realizada para a
consecução da caracterização geoquímica proposta no estudo realizado pela AQUAPLAN
(2011). Nesta representação, são apresentadas as concentrações dos metais pesados e do
elemento arsênio, conforme orientação da Resolução CONAMA N° 344/04.
Tabela 28 - Concentração de metais pesados e arsênio nas amostras de sedimento
Estuarino de Paranaguá.
Metais Pesados e Arsênio (mg/kg)
Estação
Amostra
As
Cd
Pb
Cu
Cr
Hg
#003
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
4,6
< 0,15
#004
Superfície
< 2,5
< 0,5
2,5
< 2,5
11,0 < 0,15
#005
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
< 2,5
7,1
< 0,15
#006
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
< 2,5
4,2
< 0,15
#007
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
3,2
< 0,15
#008
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
< 2,5 < 0,15
#009
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
< 2,5
3,0
< 0,15
#010
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
< 2,5 < 0,15
#011
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
< 2,5 < 0,15
#012
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
< 2,5 < 0,15
#013
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
< 2,5 < 0,15
#014
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
< 2,5 < 0,15
#015
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
< 2,5 < 0,15
#016
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
< 2,5 < 0,15
#017
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
2,5
< 0,15
#018
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
ND
< 2,5 < 0,15
#019
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
< 2,5
3,0
< 0,15
#020
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
< 2,5
2,7
< 0,15
#022
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
< 2,5
3,9
< 0,15
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
< 2,5
6,1
< 0,15
#022A
Subsuperfície
< 2,5
< 0,5
2,5
< 2,5
11,3 < 0,15
#023
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
< 2,5
4,1
< 0,15
#024
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
< 2,5
6,5
< 0,15
#025
Superfície
< 2,5
< 0,5
< 2,5
< 2,5
3,7
< 0,15
do Complexo
Ni
< 2,5
4,2
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
4,7
< 2,5
3,2
< 2,5
Zn
6,1
14,5
9,2
5,7
3,6
3,1
3,4
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
2,5
3,1
3,0
5,0
3,9
5,4
8,0
14,2
5,4
9,2
5,3
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
131
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Estação
Amostra
#026
#027
#028
#029
#030
#031
#032
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
#032A
#033
#034
#036
#037
#038
#039
#041
#042
#045
#046
#047
#048
#050
#051
#052
#053
#054
#055
#056
#057
As
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
2,5
2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
3,0
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
3,4
3,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
2,5
< 2,5
< 2,5
2,7
3,7
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
Cd
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
Metais Pesados e Arsênio (mg/kg)
Pb
Cu
Cr
Hg
< 2,5
< 2,5
6,0
< 0,15
< 2,5
< 2,5
7,5
< 0,15
< 2,5
< 2,5
6,0
< 0,15
< 2,5
< 2,5
8,3
< 0,15
2,6
< 2,5
8,7
< 0,15
3,3
< 2,5
11,8 < 0,15
4,8
3,4
17,0 < 0,15
5,6
5,0
20,8 < 0,15
6,7
6,3
22,4 < 0,15
8,7
8,2
31,2 < 0,15
5,8
4,0
19,9 < 0,15
5,1
3,3
19,0 < 0,15
5,9
4,2
20,8 < 0,15
5,0
3,0
17,3 < 0,15
< 2,5
< 2,5
4,8
< 0,15
2,8
< 2,5
8,5
< 0,15
4,0
< 2,5
13,7 < 0,15
4,1
< 2,5
16,3 < 0,15
8,6
9,3
41,4 < 0,15
10,3
13,5
50,2 < 0,15
8,1
8,9
30,1 < 0,15
3,8
< 2,5
12,8 < 0,15
6,7
4,9
33,7 < 0,15
7,7
5,4
38,4 < 0,15
4,9
3,1
16,5 < 0,15
6,3
4,3
21,6 < 0,15
9,9
9,3
37,3 < 0,15
10,2
8,6
36,2 < 0,15
8,3
7,6
33,7 < 0,15
6,9
3,8
23,3 < 0,15
5,4
4,5
21,4 < 0,15
10,8
10,0
35,6 < 0,15
7,3
6,4
28,1 < 0,15
6,9
5,7
25,6 < 0,15
10,1
10,7
37,0 < 0,15
13,0
11,0
40,1 < 0,15
7,0
5,2
24,8 < 0,15
8,7
7,4
30,6 < 0,15
6,4
4,2
20,8 < 0,15
4,9
2,7
15,9 < 0,15
7,1
19,9
20,0 < 0,15
Ni
< 2,5
2,8
< 2,5
3,1
3,3
4,5
7,0
7,8
8,5
13,1
8,2
7,3
8,2
7,0
< 2,5
3,1
5,1
6,0
17,3
21,7
11,9
4,6
12,2
14,0
6,0
7,8
14,5
13,6
13,3
9,1
8,1
13,8
11,1
10,0
15,2
16,2
9,9
12,4
8,5
6,2
6,8
Zn
8,8
10,8
8,8
11,5
13,6
16,9
24,9
26,1
28,1
43,5
28,8
29,2
30,2
26,4
9,2
19,0
17,8
18,6
45,8
51,9
40,3
15,6
36,0
40,9
19,9
24,9
46,8
43,8
43,8
30,7
28,0
47,5
38,2
34,6
51,3
55,1
34,7
41,6
30,4
21,6
43,1
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
132
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Estação
#058
#059
#060
#062
#063
#064
#065
#066
#067
#068
#069
#071
#072
#073
#074
#075
#077
#078
#079
#080
Amostra
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
As
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
3,5
2,8
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
4,1
< 2,5
< 2,5
< 2,5
3,0
3,4
3,4
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
4,7
< 2,5
3,3
< 2,5
2,5
2,5
3,9
2,8
< 2,5
2,5
< 2,5
3,2
< 2,5
3,0
3,0
2,7
Cd
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
Metais Pesados e Arsênio (mg/kg)
Pb
Cu
Cr
Hg
12,5
8,2
26,7 < 0,15
6,9
9,5
24,5 < 0,15
6,0
4,1
16,5 < 0,15
6,4
5,5
23,4 < 0,15
8,0
5,0
23,5 < 0,15
11,8
14,2
44,3 < 0,15
13,2
7,7
32,3 < 0,15
4,3
3,2
13,5 < 0,15
3,5
< 2,5
10,8 < 0,15
3,6
3,9
12,0 < 0,15
3,9
< 2,5
10,6 < 0,15
6,2
5,0
29,5 < 0,15
7,2
6,4
33,8 < 0,15
7,3
6,9
24,5 < 0,15
4,0
< 2,5
12,7 < 0,15
11,4
13,7
41,8 < 0,15
16,0
12,1
40,4
0,3
9,6
9,7
35,0 < 0,15
3,5
< 2,5
13,2 < 0,15
4,4
3,6
15,0 < 0,15
6,1
4,4
23,2 < 0,15
4,5
5,1
13,4 < 0,15
5,9
3,6
20,9 < 0,15
6,5
5,6
22,6 < 0,15
5,1
2,8
17,0 < 0,15
12,2
14,4
42,7
0,2
4,3
< 2,5
15,7 < 0,15
8,6
8,3
31,5 < 0,15
5,8
3,8
20,6 < 0,15
9,4
8,0
36,9
0,3
8,5
20,7
28,1
0,5
11,9
13,5
44,9
0,4
9,4
8,3
32,0
0,5
7,9
5,8
34,9
0,3
9,5
7,8
45,8
0,3
10,9
11,1
46,2
0,2
12,8
12,1
48,0
0,5
7,3
4,3
29,7
0,4
9,9
8,3
46,5
0,4
12,7
13,6
47,2
0,4
14,2
15,1
52,4 < 0,15
Ni
10,5
9,8
7,9
9,7
10,2
19,0
13,8
5,4
4,2
4,8
4,1
11,7
13,7
10,1
5,3
17,8
17,2
14,7
5,1
6,0
9,3
6,7
8,6
9,0
7,0
18,3
6,2
12,4
7,7
13,6
10,5
17,3
11,8
12,9
16,8
17,7
18,5
10,3
17,0
17,8
19,7
Zn
41,2
34,0
26,0
32,8
33,7
61,5
43,7
18,6
14,6
23,5
14,6
34,0
38,7
33,6
16,6
58,3
57,5
47,6
16,5
23,1
30,0
22,6
27,8
32,9
23,7
57,5
19,6
42,8
31,1
51,2
114,0
58,0
41,0
48,3
49,2
60,4
58,7
52,3
51,5
57,7
62,1
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
133
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Estação
#081
#082
#083
#084
#085
#087
#088
#089
#090
#091
#092
#093
#094
#095
#096
#097
#098
#099
#100
#101
#102
Amostra
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
As
2,8
3,0
< 2,5
< 2,5
2,7
3,6
3,2
2,8
< 2,5
< 2,5
2,5
< 2,5
3,9
4,4
4,9
5,0
3,9
4,9
5,4
5,2
3,7
4,1
4,1
2,9
5,0
5,9
4,9
4,6
3,6
2,7
4,6
3,0
2,3
3,3
2,4
3,2
< 2,5
ND
< 2,5
4,6
< 2,5
Cd
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
Metais Pesados e Arsênio (mg/kg)
Pb
Cu
Cr
Hg
13,5
14,6
52,0
0,2
14,1
15,9
53,6
0,2
11,1
11,6
45,8
0,3
11,1
8,9
48,3
0,3
14,3
15,3
53,6
0,4
15,5
16,1
51,7
0,4
13,9
15,8
52,1
0,3
14,7
14,4
49,2
0,2
7,0
5,0
31,2 < 0,15
10,4
8,2
46,0 < 0,15
8,1
5,8
33,3 < 0,15
10,2
9,2
47,0 < 0,15
14,7
15,8
53,6
0,2
13,9
14,9
51,9
0,2
14,9
15,7
53,3 < 0,15
14,8
14,8
51,2 < 0,15
14,5
16,8
53,5
0,2
14,4
14,4
50,3
0,2
13,7
14,7
49,9
0,2
14,2
13,7
49,8
0,2
6,6
4,1
20,9 < 0,15
7,7
6,3
33,8 < 0,15
11,4
11,7
39,0
0,2
6,5
4,8
25,9 < 0,15
13,6
16,9
50,0
0,2
14,6
13,5
45,9
0,2
12,2
12,8
42,7
0,2
8,0
3,8
22,8 < 0,15
11,4
11,0
39,4 < 0,15
9,6
8,7
32,4 < 0,15
13,6
14,2
47,7 < 0,15
10,1
7,9
34,8 < 0,15
5,0
< 2,5
17,0 < 0,15
6,2
2,5
22,1 < 0,15
7,6
3,9
27,6 < 0,15
11,1
9,6
43,8 < 0,15
8,0
12,2
19,1 < 0,15
23,3
22,1
12,6 < 0,15
7,2
3,7
21,4 < 0,15
6,4
< 2,5
22,8 < 0,15
8,4
5,8
25,3 < 0,15
Ni
20,0
20,6
17,4
17,5
19,9
18,9
19,7
18,3
10,9
16,8
11,5
16,9
21,1
20,7
21,3
20,9
22,2
21,1
20,9
21,3
8,6
14,4
17,0
11,3
22,4
20,2
18,7
9,4
16,9
13,9
21,6
15,3
6,5
9,0
11,1
18,6
7,1
14,9
9,0
8,5
11,0
Zn
62,9
64,0
53,2
52,9
63,4
60,7
62,2
59,5
45,6
51,1
47,7
52,8
65,4
63,5
66,2
64,3
67,5
64,5
64,7
63,9
38,6
43,9
55,5
36,5
64,0
61,4
59,7
47,0
55,3
47,3
65,2
49,4
33,3
39,8
41,3
55,1
32,2
49,7
37,9
38,2
39,9
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
134
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Estação
#103
#104
#105
#106
#108
#109
#110
#111
#112
#113
#114
CONAMA
344/04
Amostra
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Nível 1
Nível 2
As
3,2
< 2,5
3,0
3,7
4,3
4,1
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
2,5
3,0
< 2,5
2,7
< 2,5
< 2,5
< 2,5
2,6
< 2,5
< 2,5
< 2,5
< 2,5
8,2
70,0
Cd
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
< 0,5
1,2
9,6
Metais Pesados e Arsênio (mg/kg)
Pb
Cu
Cr
Hg
7,7
5,2
31,6 < 0,15
8,4
6,7
25,0 < 0,15
11,0
11,3
35,3 < 0,15
14,2
14,3
46,4 < 0,15
14,8
16,5
50,4 < 0,15
13,8
14,1
44,7 < 0,15
13,7
15,0
54,3 < 0,15
12,9
15,3
52,2 < 0,15
13,7
16,5
53,2 < 0,15
12,2
14,2
50,2 < 0,15
12,6
14,8
51,0 < 0,15
13,4
15,8
51,7 < 0,15
14,4
17,8
56,1 < 0,15
13,2
16,5
54,4 < 0,15
12,7
14,6
50,5 < 0,15
11,9
13,3
45,8 < 0,15
11,5
14,4
48,0 < 0,15
10,6
12,1
41,1 < 0,15
13,7
15,4
49,3 < 0,15
12,1
16,8
51,6 < 0,15
12,2
15,5
48,5 < 0,15
7,5
5,4
24,5 < 0,15
12,7
14,9
48,3 < 0,15
46,7
34,0
81,0
0,2
218,0
270,0
370,0
0,7
Ni
14,3
11,4
16,5
21,4
23,5
20,9
20,8
19,8
20,3
19,2
19,5
19,2
21,3
21,1
19,3
17,5
18,3
15,8
18,3
19,9
18,4
9,5
18,3
20,9
51,6
Zn
43,6
36,0
51,0
63,9
69,8
64,3
64,4
59,9
60,8
57,3
57,8
58,6
64,5
61,5
57,5
52,7
53,1
46,9
55,4
55,6
54,1
31,6
54,3
150,0
410,0
Obs.: em laranja, os resultados de mercúrio que ultrapassaram os limites da Resolução CONAMA
344/04; em amarelo, os resultados de níquel que ultrapassaram aqueles limites.
Em estudo realizado na baía de Paranaguá, Morais (2009) observou que, de modo
geral, os maiores valores para metais foram observados nas estações localizadas na porção
interna da baía. A distribuição dos elementos Ni, Zn, Fe, Cu, Pb, Cd e Co na área estudada
apresentam correlações significativas com os teores de argila, silte e matéria orgânica.
Segundo este autor, este comportamento sugere que esses metais estão associados aos
sedimentos finos e matéria orgânica ou advêm de uma fonte comum ou, ainda, que sofrem
os mesmos processos, por exemplo, a deposição em áreas de menor energia.
No diagnóstico realizado pela AQUAPLAN (2011), os elementos metálicos Cádmio,
Chumbo, Cobre, Cromo e Zinco, bem como o Fósforo Total, permaneceram inferiores aos
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
135
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
limites estabelecidos pela Resolução CONAMA N° 344/2004. Apenas os metais Mercúrio e
Níquel apresentaram concentrações superiores aos limites mínimos estabelecidos como
Nível 1 em águas salinas (0,15 mg.kg-1), tanto em sedimentos superficiais quanto nos de subsuperfície.
Contudo, sobre estes resultados, é importante destacar que a região com as maiores
concentrações ocorre entre Paranaguá e Antonina, na área Delta. Portanto, em que pese as
obras de dragagem sob análise no Estudo de Impacto Ambiental apresentado em
AQUAPLAN (2011) se limitarem ao trecho compreendido entre as áreas Alfa e Charlie 3, não
são esperados eventos que promovam a remobilização e biodisponibilização destes
contaminantes. A divisão das áreas estudadas está representada na Figura 83 e os pontos
analisados estão representados na Figura 78.
Figura 83 – Divisão das áreas estudadas durante a dragagem
De forma geral o mercúrio esteve presente nos sedimentos superficiais e
subsuperfíciais, acima do nível 1 estabelecido na Resolução CONAMA N° 344/2004, nas
amostras coletadas nas áreas Charlie 3 e Delta 2. Aproximadamente 80% das fontes
antrópicas de mercúrio são emissões de mercúrio elementar do ar, principalmente da
combustão de combustíveis fósseis, mineração, fundição e incineração de resíduos sólidos.
Outros 15% das emissões antrópicas ocorrem por aplicação direta de fertilizantes e
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
136
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
fungicidas e resíduos sólidos municipais (por exemplo, baterias, lâmpadas e termômetros)
na terra e na produção de cimento (ATSDR, 2002). Efluentes domésticos também podem
fornecer mercúrio ao meio. Siqueira e Braga (2001) fizeram estudos a partir do emissário
submarino da baía de Santos e constataram que os efluentes domésticos podem ser
fornecedores de metais.
De acordo com o Relatório da Associação de Defesa do Meio Ambiente do
Desenvolvimento de Antonina, na região de Morretes – Antonina (ADEMADAN), foram
citadas como possíveis fontes dos metais pesados e arsênio, além das naturais, todos os
passivos antropogênicos, e ações inadequadas atuais, porventura existentes nos limites das
microbacias tributárias da baía de Paranaguá. Ou seja, passivos derivados do uso do solo, da
descarga de efluentes domésticos sem tratamento, agrotóxicos utilizados na agricultura,
resíduos de atividades industriais, entre outros.
Efluentes domésticos podem fornecer ao meio, principalmente Cd e Hg. Siqueira &
Braga (2001) fizeram estudos a partir do emissário submarino da baía de Santos e
constataram que os efluentes domésticos podem ser fornecedores de metais. Os despejos
do emissário apresentaram níveis altos de Hg (até 5 vezes o nível base), mostrando uma
clara associação de Hg com despejos domésticos (Relatório da Associação de Defesa do
Meio Ambiente do Desenvolvimento de Antonina).
O Zinco esteve presente, tanto em amostras superficiais quanto subsuperficiais, na
área Delta 2, muitas vezes associado ao Mercúrio. A área Delta 2 apresentou valores
elevados para Níquel, Carbono Orgânico Total e Nitrogênio Totais.
O níquel pode estar contido em águas residuais de indústrias químicas, produção de
metal ou mineração. Este elemento é um dos metais pesados mais móveis. Uma vez que Sá
(2003) encontrou concentrações desse elemento acima do limite em sedimentos nesta
mesma área, sugere-se que o níquel está ligado ao sedimento, formando complexos
(SANTOS et al., 2006). Atualmente a presença e o uso do níquel é cada vez maior na vida do
homem moderno. É utilizado em diversas ligas, como o aço inoxidável, em galvanização,
fundições, catalisadores, baterias, eletrodos e moedas. Dessa forma, o níquel está presente
em materiais, produtos e equipamentos de transporte, bélicos, equipamentos eletrônicos,
produtos
químicos,
equipamentos
médico-hospitalares,
materiais
de
construção,
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
137
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
equipamentos aeroespaciais, bens de consumo duráveis, pinturas, e cerâmicas
(MAGALHÃES, 2010).
A maior contribuição de níquel para o meio ambiente pela atividade humana é a
queima de combustíveis fósseis. Como contribuintes principais estão presentes também os
processos de mineração e fundição do metal, fusão e modelagem de ligas, indústrias de
eletrodeposição e, como fontes secundárias, há a fabricação de alimentos, artigos de
panificadoras, refrigerantes e sorvetes aromatizados. Algumas fontes de níquel são
fertilizantes, fungicidas e pesticidas em solos altamente cultivados. O uso desses produtos
nas atividades agrícolas da região pode ser uma das possíveis fontes de níquel na área de
estudo.
Hertel et al. (1991) cita como fontes primárias de emissões de níquel no ar a
combustão do carvão e óleo para a geração do calor ou energia, a incineração de resíduos,
galvanização e manufatura do cimento. Muitas destas atividades estão ou estiveram
presentes na região em estudo.
Sá et al. (2007) encontraram em amostras de testemunho em amostragem da baía de
Paranaguá, comportamento conservativo para os metais cobre e níquel, com concentrações
de aproximadamente 10 e 20 mg.kg-1, respectivamente. Os demais elementos (zinco e
cromo) apresentaram variações bem mais significativas ao longo dos testemunhos, com
concentrações mais elevadas.
Segundo Zamboni (2000), o zinco pode ser considerado praticamente um “indicador
químico” da presença de efluentes domésticos cloacais no ambiente hídrico, o que demanda
uma maior preocupação com o tratamento do esgoto dos municípios de Antonina e
Paranaguá. Esse mesmo autor associa as concentrações de cromo à presença das indústrias
de fertilizantes, uma vez que se acredita que o metal esteja ligado a resíduos minerais
resistentes ao tratamento das rochas fosfáticas utilizadas na fabricação de adubos.
Segundo Rebelo et al. (2005, apud PROCOPIAK, 2007), o litoral norte do Paraná
contém ouro primário, podendo ocorrer associação com cobre, chumbo, zinco, arsênio,
prata, mercúrio, selênio, bismuto e telúrio. Segundo esse mesmo autor, a hipótese da
contaminação por metais ser natural não pode ser descartada.
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
138
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos – HPA’s, Pesticidas Organoclorados e Bifenilas
Policloradas – PCB’s
Fillmann
et al. (2007) fizeram uma avaliação da contaminação no CEP por
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA’s), pesticidas organoclorados e bifenilas
policloradas (PCB’s) utilizando as concentrações destes compostos como indicadores de
qualidade ambiental dos sedimentos. Os resultados evidenciaram que a maioria dos HPA’s
presentes nos sedimentos de superfície e testemunhos coletados nas áreas de influência
direta da dragagem do Porto de Paranaguá estiveram abaixo dos valores estabelecidos na
Resolução CONAMA Nº 344/2004 para os níveis 1 e 2 de águas salino-salobras, com exceção
do criseno e dibenzo(a,h) antraceno, numa única estação de amostragem e o dibenzo(a,h)
antraceno em outra estação, cujo resultado ultrapassou o nível 1 do CONAMA. Concluíram
que a predominância de HPA’s de origem pirolítica, de maior estabilidade, constituiu um
indício de contaminação crônica, ainda que restrita às cercanias do Porto de Paranaguá e
que os POP’s (poluentes orgânicos persistentes) investigados se encontram em níveis que
não causam impactos significativos. No mesmo trabalho, os autores indicaram a necessidade
de se investigar outros contaminantes orgânicos na região, tais como os TBT’s, e uma vasta
gama dos chamados poluentes orgânicos emergentes, como dioxinas e ftalatos, para uma
caracterização total do ambiente em questão. Embora não estejam enquadrados na
Resolução CONAMA Nº 344, Santos (2008) identificou compostos organoestânicos (OT’s) em
diversos locais do CEP, atribuídos provavelmente à manutenção e pintura de navios.
A maioria dos parâmetros químicos analisados para caracterização dos sedimentos
do Complexo Estuarino de Paranaguá (Compostos Organoclorados, Hidrocarbonetos
Policíclicos Aromáticos, Bifenilas Policloradas) não apresentaram concentrações superiores
aos limites definidos na Resolução CONAMA N° 344/2004.
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
139
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Nutrientes
Em estudo realizado por Maceno (2010) foi observado este mesmo padrão para este
parâmetro. Este autor cita resultados obtidos por Cesar et al. (2009) que teores de COT
entre 0,44 e 4,20% no canal de acesso entre as cidades de Paranaguá e Antonina.
A Tabela 29 apresenta os resultados alcançados para a concentração de Carbono
Orgânico Total e Nutrientes, durante a campanha realizada para a caracterização geoquímica
da região de estudo.
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
140
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Tabela 29 - Concentração de Carbono Orgânico Total (COT) e nutrientes nos sedimentos coletados
no Complexo Estuarino de Paranaguá.
Carbono Orgânico Total e Nutrientes
Estação
Amostra
COT (%)
NT (mg/kg)
PT (mg/kg)
#003
Superfície
0,46%
52,9
414
#004
Superfície
0,70%
188,0
981
#005
Superfície
0,37%
107,7
733
#006
Superfície
0,20%
58,1
606
#007
Superfície
0,08%
39,0
540
#008
Superfície
0,10%
29,9
577
#009
Superfície
0,15%
42,2
607
#010
Superfície
0,07%
49,6
606
#011
Superfície
0,11%
37,4
666
#012
Superfície
0,10%
64,2
704
#013
Superfície
0,08%
26,4
704
#014
Superfície
0,10%
25,8
640
#015
Superfície
0,13%
40,9
697
#016
Superfície
0,11%
42,6
573
#017
Superfície
0,11%
42,0
539
#018
Superfície
0,13%
36,8
160
#019
Superfície
0,15%
47,6
165
#020
Superfície
0,05%
48,1
320
#022
Superfície
0,23%
63,1
217
Superfície
0,98%
64,0
203
#022A
Subsuperfície
3,99%
80,7
329
#023
Superfície
0,87%
55,5
151
#024
Superfície
0,36%
81,3
282
#025
Superfície
0,20%
92,6
429
#026
Superfície
0,33%
79,3
343
#027
Superfície
0,42%
83,1
343
#028
Superfície
0,36%
102,7
442
#029
Superfície
0,26%
133,2
494
#030
Superfície
0,29%
199,4
826
#031
Superfície
0,23%
359,2
1639
#032
Superfície
0,26%
253,8
1090
Superfície
3,88%
232,6
801
#032A
Subsuperfície
5,62%
264,7
887
#033
Superfície
2,67%
234,2
772
#034
Superfície
1,52%
117,0
393
#036
Superfície
0,83%
191,4
632
#037
Superfície
1,16%
164,2
597
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
141
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Estação
Amostra
#038
#039
#041
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
#042
#045
#046
#047
#048
#050
#051
#052
#053
#054
#055
#056
#057
#058
#059
#060
#062
#063
#064
COT (%)
0,97%
0,40%
0,77%
0,73%
0,76%
2,32%
3,30%
3,39%
1,07%
1,92%
2,07%
1,20%
1,66%
3,10%
3,22%
2,40%
1,32%
1,62%
3,09%
2,03%
1,93%
3,47%
3,81%
2,08%
2,58%
1,38%
1,22%
1,50%
2,23%
1,31%
1,49%
1,90%
1,75%
4,49%
2,95%
1,35%
0,43%
0,85%
2,42%
2,93%
Carbono Orgânico Total e Nutrientes
NT (mg/kg)
PT (mg/kg)
120,0
481
444,3
1285
506,4
1402
552,5
2228
142,0
518
324,2
968
361,8
1025
230,2
787
215,3
608
606,7
1859
453,1
1547
535,9
1515
336,0
732
402,6
990
575,4
1549
463,4
1226
437,0
1088
656,7
1976
744,0
2001
383,1
1114
521,2
1227
352,0
756
166,8
516
2740,8
1773
729,3
1951
370,4
2063
201,4
1628
304,4
1816
238,2
1750
760,2
4219
360,8
2484
284,2
1674
134,6
1357
372,7
1450
137,3
1289
275,3
1946
276,6
1033
334,5
1324
117,9
405
593,6
2381
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
142
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Estação
#065
#066
#067
#068
#069
#071
#072
#073
#074
#075
#077
#078
#079
#080
#081
#082
#083
#084
#085
#087
Amostra
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
COT (%)
2,09%
1,05%
4,09%
4,24%
3,39%
0,86%
0,85%
1,23%
1,72%
1,05%
1,52%
1,75%
1,29%
4,83%
1,02%
2,77%
1,64%
2,72%
3,04%
4,34%
3,27%
1,99%
3,04%
3,38%
4,18%
1,61%
3,88%
4,80%
4,54%
4,51%
4,54%
4,26%
3,14%
4,77%
4,69%
10,96%
5,39%
8,34%
6,61%
6,69%
Carbono Orgânico Total e Nutrientes
NT (mg/kg)
PT (mg/kg)
512,0
2096
551,9
2133
113,8
441
199,0
544
210,6
689
203,5
599
195,0
624
299,8
1076
150,4
533
737,8
3089
139,3
443
438,2
1414
190,6
855
435,0
1630
223,2
874
652,3
2576
346,0
1513
313,6
905
277,1
1139
575,4
2130
635,6
2280
352,4
968
351,5
1426
680,0
3020
701,6
2728
698,6
2863
729,8
2886
484,5
2190
360,4
1349
786,0
3295
733,7
2777
754,2
3275
708,1
2837
262,4
1030
308,3
1156
285,8
1083
313,8
1145
768,4
3192
718,4
2845
752,6
3102
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
143
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Estação
#088
#089
#090
#091
#092
#093
#094
#095
#096
#097
#098
#099
#100
#101
#102
#103
#104
#105
#106
#108
Amostra
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
COT (%)
9,79%
9,82%
11,15%
10,35%
11,12%
12,50%
11,36%
11,56%
11,25%
2,65%
6,15%
9,09%
6,49%
9,72%
9,16%
10,03%
3,13%
6,27%
19,39%
8,83%
7,24%
2,17%
3,83%
5,56%
7,07%
7,62%
2,20%
2,67%
2,72%
4,76%
4,59%
5,80%
11,81%
11,07%
13,60%
12,12%
15,41%
12,90%
10,24%
13,21%
Carbono Orgânico Total e Nutrientes
NT (mg/kg)
PT (mg/kg)
705,9
2796
721,3
3143
719,5
2559
657,4
2965
546,8
2480
339,7
729
2370,0
937
650,9
2565
285,9
788
771,3
3419
669,2
2591
605,9
2565
382,9
935
507,0
1933
380,5
1217
532,3
2603
469,1
1531
570,4
738
219,2
555
260,3
769
302,5
1296
337,6
711
113,2
207
568,4
710
235,6
472
299,2
1274
231,4
764
344,0
1354
502,4
3335
732,9
2452
787,3
3399
719,0
2872
762,9
2866
746,1
2965
681,9
2967
693,5
2913
714,8
3113
734,3
3304
777,6
3587
644,7
4611
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
144
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Estação
#109
#110
#111
#112
#113
#114
CONAMA
344/04
Amostra
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Valor de
Alerta
COT (%)
9,03%
13,51%
11,82%
11,14%
11,24%
10,33%
9,80%
8,85%
10,39%
10,66%
12,26%
3,82%
14,53%
Carbono Orgânico Total e Nutrientes
NT (mg/kg)
PT (mg/kg)
673,6
4679
402,7
3050
651,1
4962
612,8
4771
669,7
5064
60,8
292
83,4
443
686,4
5199
690,9
5162
196,1
1126
181,6
920
591,8
4888
623,9
4706
10%
4800,0
2000
Margens continentais são ambientes importantes para a ciclagem biogeoquímica do
carbono orgânico nos oceanos. Como são ambientes transicionais, tal qual as margens
continentais, os estuários possuem um papel importante na regulação do ciclo do carbono e
materiais associados entre a costa e o oceano. Os estuários recebem Matéria Orgânica de
múltiplas fontes. Uma vez que estes compostos entram no estuário as transformações
dessas diferentes formas de matéria orgânica vão depender de propriedades físico-químicas
inerentes e do tempo de residência (GUSSO, 2008).
Em muitas áreas costeiras, o aporte de carbono orgânico está relacionado com
origens naturais (decomposição de plantas vasculares submersas, macroalgas bentônicas e
biodepósitos), sendo que nestes sistemas a concentração de detritos orgânicos pode variar
de 0,1 a 1 mg.L-1 em águas costeiras e 0,5 a 5 mg.L-1 em estuários, podendo alcançar nestes
últimos até 125 mg.L-1. Já o aporte de carbono proveniente de fontes antrópicas pode causar
problemas de eutrofização e, consequentemente, decréscimo dos níveis de oxigênio
dissolvido em estuários e águas costeiras, principalmente quando há descarga de esgotos
domésticos e efluentes industriais, onde os níveis de carbono orgânico total são mais
elevados (RIBEIRO, 2006).
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
145
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
O solo é um sistema aberto, com permanente troca de matéria e energia com o
meio, e complexo, em virtude de intricada rede de relações entre os subsistemas que o
compõem, representados pelos vegetais, macro e microrganismos e minerais, e concentra
resíduos orgânicos de origem vegetal, animal e os produtos das transformações desses
resíduos. Os vegetais são os principais responsáveis pela adição ao solo de compostos
orgânicos primários sintetizados no processo de fotossíntese, que se distribuem de maneira
heterogênea sobre o solo, contribuindo para a variação no teor de carbono orgânico nos
ecossistemas.
De acordo com análise realizada para ampliação e modernização da estrutura
portuária da APPA (EIA APPA, 2006), a contribuição antrópica das cidades de Antonina e
Paranaguá com relação a nutrientes e compostos orgânicos totais como carbono e
nitrogênio é bastante significativa. Embora ocorra essa contribuição os valores para estes
parâmetros estão na mesma faixa de variação de diversos ambientes costeiros e muitas
vezes abaixo de valores encontrados para ecossistemas caracterizados por eutrofização
natural ou antropogênica.
A Figura 84 demonstra as concentrações de Carbono Orgânico Total - COT em
sedimentos superficiais e subsuperficiais, sendo as maiores concentrações observadas na
porção mais interna do estuário em direção a Antonina.
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
146
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Figura 84 - Concentrações de Carbono Orgânico Total - COT em sedimentos superficiais e de subsuperfície na área de estudo
A Figura 85 ilustra a representação espacial das concentrações de Nitrogênio
Orgânico Total – NOT, também em sedimentos superficiais e de subsuperfície.
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
147
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Figura 85 – Distribuição espacial das concentrações de nitrogênio total em sedimentos coletados na
superfície e na sub-superfície
Ecotoxicologia dos sedimentos
O Complexo Estuarino de Paranaguá - CEP vem sofrendo o impacto de atividades
antrópicas ao longo do tempo, sendo que os efeitos sobre o sistema começam a se tornar
cada vez mais evidentes. Nesta região, o grande fluxo de embarcações, aliado ao aporte de
efluentes urbanos, agrícolas e industriais, podem ser considerados como os principais
responsáveis pela entrada de contaminantes que são detectados em todos os
compartimentos estuarinos (SANTOS, 2008).
O Estudo de Impacto Ambiental da dragagem de aprofundamento dos canais de
acesso, berços de atracação e bacias de evolução dos Portos Organizados de Paranaguá e
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
148
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Antonina, descreve os resultados do Monitoramento Ecotoxicológico dos Sedimentos dos
pontos amostrais que apresentaram valores de parâmetros acima do limiar da Resolução
CONAMA N° 344/2004, para ambientes salobros nível 1, onde a norma recomenda “a
caracterização ecotoxicológica em complementação à caracterização física e química, com a
finalidade de avaliar os impactos potenciais à vida aquática”. Neste item serão descritos e
discutidos os dados obtidos na campanha realizada para o monitoramento da qualidade do
sedimento, observando possíveis efeitos adversos à biota local através da realização de
testes de toxicidade, nas baías de Paranaguá e Antonina.
Os testes de toxicidade visam avaliar os efeitos e riscos da presença de poluentes
sobre um ecossistema, sendo utilizados de modo isolado ou dentro de estudos integrados.
Dificilmente se poderia obter esse tipo de informação, a partir, simplesmente, de dados
analíticos. A toxicidade de uma água ou sedimento, ou seja, a sua capacidade de provocar
estados mórbidos, nem sempre depende da presença de uma única espécie química, mas
sim da interação de diferentes espécies e condições físicas e químicas, da qual podem
resultar atenuações ou, ao contrário, sinergismos, reduzindo ou acentuando os efeitos
tóxicos individuais. Assim, o verdadeiro potencial de toxicidade só pode ser estimado, com
relativo grau de segurança, através de ensaios sintéticos, ou empíricos, realizados com seres
vivos (BRANCO, 2002). Apesar de suas inúmeras vantagens, os testes de toxicidade
apresentam algumas limitações, tais como, não indicarem a substância responsável pelo
efeito, não repetirem em laboratório as condições encontradas na natureza; e não serem
suficientes para desenvolver critérios químicos se usados isoladamente (ADAMS et al.,
1992). Por isto, muitas vezes são utilizados em conjunto com métodos químicos e/ou
ecológicos.
2.3.4.3
Resultados e discussão da Ecotoxicologia dos sedimentos
A distribuição dos sedimentos na área de estudo focada em ACQUAPLAN (2011)
esteve de acordo com os valores descritos por outros autores (SOARES et al., 1996; MORAIS,
2009), onde há predominância de sedimentos finos na porção mais interna do eixo leste
LACTEC – 2012
REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC
149
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
oeste (Porto de Antonina) e posterior aumento do diâmetro médio dos sedimentos (areia
muito fina e areia fina) em direção à porção externa da baía. Os dados obtidos para o
referido Estudo de Impacto Ambiental estão de acordo com os obtidos por Lamour et al.
(2004) em estudo anterior realizado na mesma área. Segundo estes autores, de forma geral,
os sedimentos do CEP têm diâmetro médio entre silte fino e areia fina, são pobremente
selecionados, com 40 a 60% de sedimentos grossos, contendo de 0 a 20% de carbonato
biodetrítico (CaCO3) e de 0 a 30% de matéria orgânica. Com exceção das variáveis mercúrio e
níquel, as demais analisadas em ACQUAPLAN (2011) se encontraram de acordo com o
estabelecido para ambientes salobros nível 1: limiar abaixo do qual se prevê baixa
probabilidade de efeitos adversos à biota, conforme definido pela Resolução CONAMA N°
344/2004. Em alguns pontos amostrados, estas duas variáveis ultrapassaram os limites
máximos estabelecidos, com concentrações maiores que 0,15 mg.kg-1 e 20,9 mg.kg-1 de
sedimento, respectivamente.
A maioria dos parâmetros químicos analisados por ACQUAPLAN (2011) para
caracterização dos sedimentos do CEP (Compostos Organoclorados, Hidrocarbonetos
Policíclicos Aromáticos, Bifenilas Policloradas) não apresentou concentrações superiores aos
limites definidos na Resolução CONAMA N° 344/2004. Os elementos metálicos cádmio,
chumbo, cobre, cromo e zinco, bem como o fósforo total, se apresentaram inferiores aos
limites estabelecidos. Já o carbono orgânico total e o nitrogênio total ultrapassaram os
valores de alerta estabelecidos por aquela Resolução em algumas das estações amostradas.
Apesar disso, importante consideração faz a citada norma: ”ficam excluídos de comparação
com a presente caracterização, os valores oriundos de ambientes naturalmente enriquecidos
por matéria orgânica e nutrientes, como manguezais”. Considerando que esta é uma
característica inerente da área de estudo, o desvio observado nos parâmetros tende a ser
justificado por tal razão.
Os Pesticidas Organoclorados PCB’s, e os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos –
HPA’s, também não apresentaram, no estudo apresentado em ACQUAPLAN (2011), valores
acima do limiar proposto na Resolução CONAMA N° 344/2004, estando de acordo com o
estabelecido para ambientes salobros nível 1. Corroborando com os resultados dos ensaios
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anteriores, os testes de toxicidade não demonstraram potencial de toxicidade aguda para as
amostras, conforme apresentado na Tabela 30.
Tabela 30 - Percentuais de toxicidade aguda nos elutriatos testados para as amostras de
sedimento do CEP.
Amostra
Local
Toxicidade (%)
Amônia (mg/L NH3)
# 066
# 072
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
0
0,33
0,33
0
1,67
0
0,67
1
0,67
0,67
4
0
1
0
0,67
0,33
1,33
0
1,67
0
0,66
0
0
0
1
0,33
0
0
0
0,33
0,33
0,33
0
0
3,33
0
0,67
0
0,67
0,8463
0,0783
0,0541
0,4958
0,0816
0,3319
0,0159
0,0706
0,1261
1,0344
0,0289
0,1743
0,0444
0,8495
0,5837
0,0686
0,2445
0,3592
0,4309
0,0942
1,8181
0,1427
0,5029
0,3289
1,2905
0,1291
0,2921
0,3309
0,9581
0,0927
0,0775
0,3285
0,4026
0,3647
0,3518
0,2060
0,0832
0,1857
0,2169
# 074
# 075
# 077
#078
#079
# 080
#081
# 082
# 083
# 084
# 088
# 089
# 090
# 091
# 093
# 094
# 095
# 097
# 104
# 105
# 109
# 110
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Por outro lado, os testes de toxicidade crônica demonstraram algum potencial tóxico,
como pode ser observado na Tabela 31.
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Tabela 31 - Percentuais de toxicidade crônica nos elutriatos testados para as amostras de
sedimento do CEP.
Amostra
Local
Toxicidade (%)
Amônia (mg/L NH3)
# 066
# 072
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
100
100
100
100
100
100
97,33
28,66
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
0,8463
0,0783
0,0541
0,4958
0,0816
0,3319
0,0159
0,0706
0,1261
1,0344
0,0289
0,1743
0,0444
0,8495
0,5837
0,0686
0,2445
0,3592
0,4309
0,0942
1,8181
0,1427
0,5029
0,3289
1,2905
0,1291
0,2921
0,3309
0,9581
0,0927
0,0775
0,3285
0,4026
0,3647
0,3518
0,2060
0,0832
0,1857
0,2169
# 074
# 075
# 077
#078
#079
# 080
#081
# 082
# 083
# 084
# 088
# 089
# 090
# 091
# 093
# 094
# 095
# 097
# 104
# 105
# 109
# 110
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Em função da sensibilidade da espécie-controle ao cloreto de amônia, valores de
amônia não-ionizada (NH3) superiores a 0,2 mg/L na amostra podem causar mortalidade dos
organismos, exigindo que as amostras nestas condições não sejam incluídas na avaliação
global, já que nestes casos, infere-se que os resultados tóxicos podem ser atribuídos a este
constituinte. A Tabela 32 apresenta os resultados dos ensaios em que se detectou níveis de
toxicidade crônica, mas para os quais a amônia não-ionizada não ultrapassou os limites
estabelecidos pela metodologia. Paralelamente, a mesma Tabela apresenta os metais que,
segundo os ensaios laboratoriais, ultrapassaram o Nível 1 da Resolução CONAMA 344/2004.
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Tabela 32 - Percentuais de toxicidade crônica nos elutriatos testados para as amostras de
sedimento da baía de Paranaguá, em amostras que não sofrem interferência da amônia.
Amostra
Local
Toxicidade crônica (%)
Metal
#072
#074
#075
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Superfície
Subsuperfície
100
100
100
97,33
28,66
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
Hg
Hg
Hg
Hg
Hg
Hg
Hg
Hg
Hg
Hg
Hg
Ni + Hg
Ni + Hg
Hg
Ni + Hg
Ni
Ni
#077
#078
#079
#080
#082
#084
#088
#090
#093
#094
#105
#109
Os efeitos crônicos observados nas amostras em que a presença de amônia nãoionizada não interfere nos resultados, possivelmente estão associados à presença do níquel
e do mercúrio biodisponível, em quantidades acima do permitido para sedimentos
marinhos, conforme estabelecido pela Resolução CONAMA n° 344/2004 para águas Nível 1,
e observado nas análises de metais adsorvidos ao sedimento.
Em estudo realizado na baía de Paranaguá, Morais (2009) sugere que o níquel, assim
como outros elementos, está associado aos sedimentos finos e matéria orgânica ou advêm
de uma fonte comum ou, ainda, que sofre os mesmos processos como, por exemplo, a
deposição natural em áreas de menor energia.
Considerando o cruzamento com as informações granulométricas, observa-se que
possivelmente essas estações sejam áreas de deposição, tendo em vista suas características
sedimentológicas semelhantes. Em confirmada esta constatação, e por serem consideradas
barreiras geoquímicas para os fluxos provenientes do continente, é natural que haja um
aumento da capacidade de fixação e acumulação dos metais provavelmente trazidos por
esses fluxos.
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155
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
O níquel pode estar contido em águas residuais de indústrias químicas, produção de
metal ou mineração. Este elemento é um dos metais pesados mais móveis.
Uma vez que Sá (2003) encontrou concentrações desse elemento acima do limite em
sedimentos nesta mesma área, sugere-se que o níquel está ligado ao sedimento, formando
complexos (SANTOS et al., 2006). Algumas fontes de níquel são fertilizantes, fungicidas e
pesticidas em solos altamente cultivados. O uso desses produtos nas atividades agrícolas da
região pode ser uma das possíveis fontes níquel na área de estudo. Hertel et al. (1991) cita
como fontes primárias de emissões de níquel no ar a combustão do carvão e óleo para a
geração do calor ou energia, a incineração de resíduos, galvanização e manufatura do
cimento. Muitas destas atividades estão ou estiveram presentes na região em estudo.
De acordo com Soares (2009), não foi possível identificar diretamente a fonte dos
elementos metálicos. Foi inferida a influência de despejos domésticos e industriais na baía
de Paranaguá para alguns dos elementos.
Os despejos do emissário apresentaram níveis altos de mercúrio (até 5 vezes o nível
base), mostrando uma clara associação de mercúrio com despejos domésticos (Relatório da
Associação de Defesa do Meio Ambiente do Desenvolvimento de Antonina). O lixo urbano
contém mercúrio proveniente de várias fontes, que contamina o composto orgânico,
produto da reciclagem da parte orgânica do lixo, e o chorume, que é lançado em corpos
receptores (rios) ou penetra no solo alcançando águas subterrâneas (ESTEVES, 2001). Este
autor encontrou as maiores contrações de mercúrio em sedimentos da área urbana, onde
ocorre com mais frequência a prática do lançamento de resíduos doméstico a céu aberto.
Considerações finais
O litoral paranaense possui grande importância econômica, devido às atividades de
seus portos, localizados no interior do Complexo Estuarino de Paranaguá. Com a crescente
necessidade de expansão das atividades portuárias, esta região passa a ser foco para a
implantação de novos terminais e ampliação dos existentes. Entretanto, para a expansão da
capacidade destes empreendimentos, urge que obras de dragagem sejam realizadas,
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156
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
assegurando o ingresso de embarcações cada vez maiores, que ano após ano, vem sendo
integradas à frota mercante mundial.
O carbono orgânico total e o nitrogênio total ultrapassaram os valores de alerta
estabelecidos pela Resolução CONAMA N° 344/2004, em algumas das estações amostradas.
Apesar disso, de acordo com a citada norma, ”ficam excluídos de comparação com a
presente caracterização, os valores oriundos de ambientes naturalmente enriquecidos por
matéria orgânica e nutrientes, como manguezais”, característica esta, inerente às baías de
Paranaguá e Antonina.
No que se refere ao enquadramento dos sedimentos do Complexo Estuarino de
Paranaguá em face da Resolução CONAMA N° 344/2004, a maioria dos parâmetros está
abaixo do estabelecido para Nível 1 de ambientes salobros: limiar abaixo do qual se prevê
baixa probabilidade de efeitos adversos à biota. Entretanto, a contaminação por níquel
apresentou resultados, para algumas amostras, ligeiramente superiores ao Nível 1, e a
contaminação por mercúrio, dos mesmos trechos, também apresentou resultados
superiores ao Nível 1. Por outro lado, em nenhum dos casos os resultados ultrapassaram o
Nível 2 (Figura 86 e Figura 87).
Figura 86 - Representação gráfica do grupo de amostras de sedimentos que apresentou
contaminação por Mercúrio
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Figura 87 - Representação gráfica do grupo de amostras de sedimentos que apresentou
contaminação por Níquel
Em relação aos resultados de avaliação ecotoxicológica, muitos metais são
micronutrientes indispensáveis à vida aquática, e podem se tornar tóxicos quando em
concentrações que excedam os níveis necessários à alimentação dos organismos. É o caso do
zinco, cobre, ferro, manganês, cobalto e selênio. Outros metais como mercúrio, chumbo e
cádmio provocam efeitos adversos em concentrações tóxicas (LA GREGA et al., 1994).
Metais pesados, via de regra, afetam vários processos metabólicos essenciais para o
crescimento, desenvolvimento e reprodução da biota, geralmente em baixa concentração.
Estes formam complexos com outros componentes, modificando sua toxicidade e
comportamento no meio ambiente. Geralmente, mas não sempre, o metal livre é mais
tóxico que os complexos que ele forma (SAWYER et al., 1994).
De acordo com as ponderações acerca dos ensaios ecotoxicológicos, ficou
demonstrado que as concentrações identificadas não representam potencial de toxicidade
aguda para as amostras. Por outro lado, os efeitos crônicos observados a partir das amostras
sugerem uma possível relação com a presença de níquel e mercúrio biodisponível, em
quantidades acima do permitido para sedimentos marinhos, conforme estabelecido pela
Resolução CONAMA N° 344/2004 para águas Nível 1. Cabe destacar que a alteração
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158
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
identificada para níquel, além de representar um pequeno transpasse em relação ao limite
de Nível 1 (Figura 87), não encontra exigência, naquela resolução, quanto à necessidade de
estudos complementares, por entender que este elemento não constitui significativo risco
para os processos bióticos.
2.3.5 Morfologia e Transporte de Sedimentos
A determinação do balanço de sedimentos de uma região costeira depende do
conhecimento quantitativo de todas as entradas e saídas de sedimentos desta região. O
balanço deve ser definido para um determinado período: quanto mais longo o período
considerado, mais representativo será o balanço de sedimentos. Na costa paranaense, assim
como na maior parte do litoral brasileiro, não existem séries temporais que possam ser
utilizadas para determinar o balanço de sedimentos. Dado este quadro de escassez de
medições sobre o transporte de sedimentos na região costeira, este conhecimento pode ser
inferido a partir de abordagens geológicas e oceanográficas. A abordagem geológica consiste
na análise da evolução geológica da região costeira, onde o balanço de sedimentos pode ser
inferido através do seu resultado de longo prazo, ou seja, a formação de feições
deposicionais (balanço positivo) ou erosivas (balanço negativo). Os resultados desta
abordagem podem ser comparados com os resultados de modelos oceanográficos para
avaliar a sua confiabilidade (ACQUAPLAN, 2011).
A baía de Paranaguá possui zonas bem distintas decorrentes do processo de formação
relacionado aos eventos de transgressão e subseqüentes regressões de nível do mar. Esses
processos criaram uma zona superior (oeste de Paranaguá) que constitui um paleovale e
inunda a Serra do Mar. Alcançando altitudes de até 1.800 m, a Serra do Mar possui grandes
vertentes e seus rios são responsáveis pela lixiviação das rochas e aporte sedimentar na
planície litorânea (BIGARELLA, 2007 apud LAMOUR, 2007). Grande parte desses sedimentos
fica aprisionada no interior da baía em função de a zona intermediária do estuário não ter
força hidrodinâmica para expulsar todo o material trazido pelos rios, tornando assim a parte
superior mais lamosa (BIGARELLA, 2007 apud LAMOUR, 2007). A zona inferior da baía (leste
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159
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
de Paranaguá) caracteriza-se por largas praias de planícies costeiras, predominantemente
arenosas (LESSA et al., 1995 apud ACQUAPLAN,2011).
No CEP os deltas de cabeceira podem ser observados na foz dos rios Nhundiaquara,
Cachoeira, Faisqueira, Itaqui, Borrachudo, Tagaçaba, Serra Negra e Guaraquecaba (Figura
88).
Fonte: ACQUAPLAN (2011).
Figura 88 - Deltas de cabeceira dos rios tributários de CEP (círculos vermelhos). Deltas dos rios (a)
Nhundiaquara, (b)Cachoeira, (c) Faisqueira, (d) Itaqui, (e) Borrachudo, (f) Tagaçaba, (g) Serra Negra e
(h) Guaraqueçaba
Estes deltas são ativos e progradam, assoreando os estuários. Os sedimentos mais
grossos ficam retidos nas cabeceiras formando planícies aluviais e bancos intermareais e
assoreando a parte submersa do estuário (ACQUAPLAN, 2011). Os sedimentos mais finos são
depositados na parte intermediária do estuário, principalmente na zona de máxima turbidez,
por floculação e diminuição da velocidade das correntes. O resultado deste processo pode
ser verificado pela ocorrência de sedimentos finos na parte intermediária do estuário (Figura
89). Parte dos sedimentos finos pode permanecer em suspensão e ser carreada pelas
correntes de maré vazante para fora do estuário como atestam as plumas de sedimentos
visíveis em imagens de satélite (NOERNBERG, 2001 apud ACQUAPLAN, 2011).
LACTEC – 2012
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160
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Fonte: ANGULO et al. (2009) apud ACQUAPLAN (2011).
Figura 89 – Facie de sedimentos de fundo da baía de Paranaguá 1) sedimentos arenosos;
2)sedimentos lamosos e areno-lamosos, 3) paleodeltas de maré enchente
Os deltas de maré vazante, por sua vez, são feições sedimentares encontradas nas
desembocaduras dos canais principais que passam imediatamente ao norte e ao sul da Ilha
do Mel. As formas associadas ao canal de entrada sul da baía de Paranaguá formam o mais
extenso delta de maré de toda a costa do Estado do Paraná. Ainda, na porção mais abaixo
(sul) do canal principal (mantido atualmente por dragagens), existe um complexo de barras,
conhecido como Banco da Galheta, com dunas submersas que se movimentam costa afora
pelo efeito das correntes de maré vazante. Essas barras desenvolvem-se de forma rápida por
receberem aporte sedimentar via deriva litorânea. Os sedimentos provenientes de sul com
direção ao norte são retidos nas proximidades do delta pela barreira hidrodinâmica gerada
por correntes de maré do canal principal, que podem atingir velocidades acima de 100 cm/s
e formam ondas de areia (sandwaves), com cristas lineares, com mais de 2 m de altura e
transversais às correntes de maré (LAMOUR et al., 2007). Esse processo representa, além do
crescimento do Banco da Galheta, um possível déficit no balanço sedimentar de regiões
vizinhas situadas mais ao norte, que deveriam estar recebendo esse aporte de sedimentos.
LACTEC – 2012
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161
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Ainda de acordo com Noernberg (2001), em relação ao material particulado em
suspensão (MPS), foram identificados três fatores que causam picos nas concentrações de
MPS. Dentre eles, o aporte do material originário da bacia de drenagem, quando em eventos
de grande precipitação e escoamento superficial. O segundo fator importante neste aspecto
é referente à formação da zona de máxima turbidez e o terceiro fator, está associado à
penetração de água com características marinhas na desembocadura do estuário, a qual
apesar da alta transparência apresenta elevada produção biológica.
Estes fatores têm interferência localizada sobre o complexo estuarino. Na região de
Antonina, ocorre o aporte de sedimentos decorrente da drenagem superficial da bacia de
contribuição. Na porção intermediária do CEP, entre as Ilhas do Gererês e o Porto de
Paranaguá, a formação da zona de máxima turbidez pelo encontro da descarga fluvial e a
cunha de intrusão salina, favorece os processos de floculação e sedimentação das partículas
finas ao passo que permite o processo de ressuspensão e deposição final, tornando as
concentrações de material particulado nesta zona de mistura cerca de 100 vezes maior do
que as concentrações observadas nas regiões a montante ou a jusante do estuário. E, para a
região nas proximidades da Ilha do Mel, na desembocadura do complexo estuarino, o
terceiro fator apontado é mais significativo.
Segundo Lana et al. (2001) apud Falkenberg (2009), as concentrações médias de MPS
no CEP variam de 10 a 120 mg/l em verões chuvosos, e são cerca de 40% menores durante
invernos secos.
Nas proximidades da Ilha da Galheta (desembocadura sul do CEP), conforme cita
Martins et al. (2004) apud Falkenberg (2009), a partir de investigações realizadas no período
de 1994 a 1995 por Machado et al. (1997) apud Falkenberg (2009), acerca de variações
sazonais nos parâmetros físico-químicos da coluna d’água em termos de material
particulado em suspensão, foi possível determinar o valor médio de 32 mg/l, que fornece
uma primeira estimativa e permite conhecer a ordem de grandeza do transporte de
sedimentos nesta área, também próxima ao canal de acesso à baía de Paranaguá (canal da
Galheta).
Através de medições realizadas em uma seção transversal à Baía de Paranaguá em
frente ao Porto de Paranaguá, Mantonvanelli (1999) verificou em análise de perfis
LACTEC – 2012
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162
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
estacionários de material particulado em suspensão presença de estratificação vertical com
menores valores na superfície e concentrações mais elevadas no fundo. A autora também
observou diferenças pequenas entre MPS de fundo e superfície durante as quadraturas, e
diferenças maiores durante as marés de sizígia, com aumento das concentrações junto ao
fundo devido às correntes mais fortes, gerando uma maior estratificação vertical líquida.
Medições do material particulado em suspensão no canal principal do fundo estuarino
adjacente ao Porto de Paranaguá foram realizadas por Carrilho (2003). Para as três seções
examinadas o aporte de MPS na maré vazante é superior ao aporte na maré enchente. As
concentrações do material particulado em suspensão, medidas a 1/3 de profundidade a
partir do fundo estuarino, apresentam valores entre 25 a 75 mg/l durante a maré enchente
(Figura 90) e entre 25 e 125 mg/l durante a maré vazante (Figura 91).
Fonte: CARRILHO (2003).
Figura 90 - Mapa de distribuição das concentrações de material particulado em suspensão durante a
maré enchente (sizígia no inverno de 2001)
LACTEC – 2012
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163
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Fonte: CARRILHO (2003).
Figura 91 - Mapa de distribuição de material particulado em suspensão durante a maré vazante
(sizígia no inverno de 2001)
Lamour (2007) analisou a tendência de transporte sedimentar no CEP através do
método GSTA – Grain Size Trend Analisys (Gao, 1996 apud Lamour, 2007). Os resultados
obtidos mostraram que em ambas as desembocaduras do CEP o transporte é direcionado
para a plataforma central (Figura 92). Na desembocadura sul do CEP os vetores de
transporte indicam que os sedimentos seguem pelo canal dragado, onde os vetores de
transporte estão direcionados para o quadrante SE. Já na desembocadura norte, no canal
Sueste, os vetores de transporte estão direcionados para o quadrante NW, indicando uma
contribuição sedimentar do quadrante SE da plataforma continental próxima.
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Fonte: LAMOUR (2007).
Figura 92 - Mapa esquemático das principais tendências de transporte de sedimentos, obtidos pelo
método GSTA para a desembocadura do CEP
Detalhados estudos de modelagem numérica com o objetivo de avaliar as condições
atuais e as perspectivas do comportamento com a execução das obras de dragagem foram
apresentados por ACQUAPLAN (2011). O comportamento atual foi analisado, permitindo
traçar um prognóstico de quatro fenômenos considerados potencialmente afetados:
hidrodinâmica (apresentada no item 2.3.2), salinidade e intrusão da cunha salina
(apresentada no item 2.6.1.1), dispersão da pluma de sedimentos durante as obras de
dragagem e variações nas taxas de sedimentação. Os cenários simulados para os quatro
fenômenos consideraram períodos de 365 dias. A batimetria utilizada foi composta a partir
da digitalização de cartas náuticas da DHN e dos levantamentos batimétricos efetuados pela
Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina – ACQUAPLAN e pela Paranaguá Pilots
(praticagem) ao longo do canal de navegação.
Para a realização da modelagem da dinâmica sedimentar foi utilizado o módulo
morfológico Delft3D-Mor do software Delft3D. Embora computacionalmente o transporte
tridimensional de sedimentos seja calculado da mesma forma que o transporte de qualquer
outro constituinte conservativo, tal como salinidade, temperatura e trocadores, a
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165
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modelagem de sedimentos diferencia-se por resolver os processos de troca de sedimento
entre a camada de fundo e a coluna d’água pela velocidade de sedimentação em
decorrência da gravidade, pela influência do sedimento na densidade local e no processo
turbulento, além da contínua alteração da batimetria e subseqüente influência desta nos
processos hidrodinâmicos.
Um pós-processamento dos dados de saída do modelo permitiu a obtenção do volume
sedimentado em cada setor do canal de navegação, para cada intervalo de tempo
selecionado. Esse procedimento foi realizado com a utilização do programa Surfer (Golden
Software). A localização dos pontos de referência adotados na modelagem realizada por
ACQUAPLAN (2011) pode ser vista na Figura 93.
Fonte: ACQUAPLAN (2011).
Figura 93 - Localização dos pontos de referência adotados na modelagem realizada por ACQUAPLAN
(2011)
Detalhes do processo de dragagem simulado podem ser obtidos em ACQUAPLAN
(2011). A Tabela 33 apresenta o volume sedimentado em cada seção do canal atual, após 1
ano de simulação.
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Tabela 33 - Volume sedimentado em cada seção do canal atual, após 1 ano de simulação.
Volume Sedimentado
(m³)
Alfa
1.469.034
Bravo 1
160.303
Bravo 2
106.027
Charlie 1
147.038
Charlie 2
20.966
Charlie 3
57.302
Delta
51.775
Delta Ponta do Félix
6.588
Echo
32.945
Trecho
Fonte: ACQUAPLAN (2011).
Na Figura 94 à Figura 97 podem ser vistos os resultados da modelagem computacional
dos processos de mudanças morfológicas do leito marinho, apresentada por ACQUAPLAN
(2011), nas duas principais áreas de sedimentação do canal de navegação (setores Alfa e
Bravo 1) para os instantes: inicial, após seis meses de simulação e após um ano de
simulação, considerando o cenário atual e com a dragagem de aprofundamento.
Figura 94 - Evolução da topografia do fundo, com foco na região da seção Alfa, para o instante inicial
(painel esquerdo), após 6 meses de simulação (painel central) e após 1 ano de simulação (painel
direito) - cenário atual
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Figura 95 - Evolução da topografia do fundo, com foco na região da seção Alfa, para o instante inicial
(painel esquerdo), após 6 meses de simulação (painel central) e após 1 ano de simulação (painel
direito) - cenário dragagem de aprofundamento
Figura 96 - Evolução da topografia do fundo, com foco na região da seção Bravo1, para o instante
inicial (painel esquerdo), após 6 meses de simulação (painel central) e após 1 ano de simulação
(painel direito) - cenário atual
Figura 97 - Evolução da topografia do fundo, com foco na região da seção Bravo1, para o instante
inicial (painel esquerdo), após 6 meses de simulação (painel central) e após 1 ano de simulação
(painel direito) - cenário aprofundamento
2.3.6 Considerações finais acerca dos processos hidrossedimentológicos
Além dos resultados gerados pela modelagem apresentada por ACQUAPLAN (2011),
nesta subseção são mostrados valores de taxas de sedimentação estimados por outros
estudos sedimentológicos já realizados no CEP, a fim de avaliar a compatibilidade entre os
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resultados dos diversos estudos e as principais considerações. Os estudos aqui analisados
foram apresentados por Odreski (2003), Souza et al. (2001) apud Carrilho (2003), Carrilho
(2003), Mantovanelli (1999), Paula (2010), LACTEC (2007), Lessa et al. (2000) e Lamour et al.
(2007).
Odreski (2003) verificou intenso assoreamento da baía de Antonina, do ponto de vista
batimétrico, principalmente na porção superior e nas margens, onde se constatou
progradação das planícies de maré. Através da comparação entre levantamentos históricos
de batimetria com dados mais recentes, o autor estimou o volume de sedimento depositado
na baía de Antonina no período entre 1901 e 1979 em cerca de 60x106 m³. Considerando de
forma simplificada uma distribuição uniforme do volume sedimentado por toda a área da
baía, o volume obtido pelo autor caracteriza uma taxa de sedimentação de
aproximadamente 2,6 cm/ano. Esta taxa representaria um preenchimento de 2,1 m do
estuário nos últimos 78 anos. Segundo o autor, os sedimentos de fundo na baía de Antonina
aumentaram de diâmetro médio entre estes dois levantamentos em decorrência do
desmatamento da Serra do Mar e/ou da transposição da bacia de drenagem do rio Capivari
para o rio Cachoeira. A redução da profundidade da baía de Antonina detectada por Odreski
(2003) no período de 1901 a 1979 pode ser observada na Figura 98.
Fonte: ODRESKI (2003).
Figura 98 - Mapas batimétricos da baía de Antonina em 1901 (A) e 1979 (B)
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Souza et al. (2001) apud Carrilho (2003), a partir de datações de sedimentos de
planície de maré, estimaram que o Estuário de Paranaguá estaria sofrendo assoreamento a
uma taxa de 1,22 cm/ano, considerando a distribuição uniforme dos sedimentos no estuário.
Analisando a bacia de evolução do porto de Paranaguá através da comparação
batimétrica dos levantamentos ocorridos em fevereiro e agosto de 2001 (Figura 99), Carrilho
(2003), mostrou variações significativas na bacia de evolução, entre +30cm e -30cm,
resultando num acréscimo de volume de sedimentos de aproximadamente 153.200 m³,
nesse intervalo de seis meses. Para fins comparativos de taxa de sedimentação, considerouse a bacia de evolução do porto de Paranaguá com uma área aproximada de 5 km², obtendo
assim, uma taxa de sedimentação de 3,064 cm/ano distribuída uniformemente por essa
área.
Fonte: CARRILHO (2003).
Figura 99 - Mapa com diferenças de profundidades na bacia de evolução do cais comercial do porto
de Paranaguá entre fevereiro e agosto de 2001
Os resultados das simulações realizadas por ACQUAPLAN (2011) mostraram que o
setor do sistema aquaviário do Complexo Estuarino de Paranaguá com maior volume de
sedimentação anual é a área Alfa, seguida pelas áreas Bravo 1 e Bravo 2, respectivamente
(Figura 93). O estudo observou que o aumento na taxa de sedimentação provocado pela
dragagem de aprofundamento ocorre principalmente na área Bravo 1, podendo representar
o dobro (100%) dos volumes sedimentados em condições sem o aprofundamento, seguido
da área Bravo 2 (60%), Delta (50%), Charlie 3 (34%), Echo (10%) e Alfa (7%). Para as outras
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áreas (Charlie 1, Charlie 2 e Delta), foi observada uma diminuição na taxa de sedimentação,
variando de 15 a 20%. Além desses, foram gerados resultados da formação das plumas de
sedimentos pelas operações de dragagem, apresentados em ACQUAPLAN (2011).
As taxas de sedimentação obtidas por Odreski (2003), Souza et al. (2001), Carrilho
(2003) e ACQUAPLAN (2011) são mostradas na Tabela 34 juntamente com os locais para os
quais os valores foram determinados.
Tabela 34 - Taxas de sedimentação obtidas em estudos já realizados no CEP
Taxa de Sedimentação
(cm/ano)
Autor
Local
Período analisado
ODRESKI (2003)
Baía de Antonina
2,60
SOUZA et al. (2001)
Estuário de Paranaguá
1901-1979
realizou datações de
sedimentos
CARRILHO (2003)
Bacia de evolução do porto
de Paranaguá
02/2001- 08/2001
3,064
Trecho Alfa
Trecho Bravo 1
Trecho Bravo 2
Trecho Charlie 1
ACQUAPLAN (2011)
Trecho Charlie 2
Trecho Charlie 3
Trecho Delta
Trecho Delta Ponta do Félix
Trecho Echo
1,22
87,81
Valores obtidos após 1
ano de simulação
17,59
4,88
8,91
13,98
9,47
3,64
3,13
23,07
Parte da discrepância entre os valores apresentados pela Tabela 34 pode ser atribuída
à metodologia e períodos adotados por cada autor para determinação das taxas de
sedimentação, mas principalmente devido às características hidrossedimentológicas
diferenciadas de cada região dentro do CEP. A Tabela 34 revela que as maiores taxas de
sedimentação foram determinadas em estudos realizados no canal de navegação
(ACQUAPLAN, 2011). Isso pode ser explicado pelo fato desta área estar associada às regiões
mais profundas, que geralmente apresentam maior taxa de sedimentação, agindo o canal de
navegação como uma armadilha de sedimentos. Já ao considerar uma área maior, a taxa de
sedimentação é distribuída uniformemente, fazendo com que os valores das taxas de
sedimentação das áreas mais profundas sejam contrabalanceados pelos baixos valores
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geralmente associados às áreas rasas, não abordadas por Carrilho (2003) e ACQUAPLAN
(2011).
Mantovanelli (1999) realizou a quantificação do aporte de material particulado em
suspensão dos principais rios que compõem a bacia de drenagem das baías de Antonina e
Paranaguá nas estações seca (inverno, de 16/07 a 19/09/1997) e chuvosa (verão, de 09/01 a
01/04/1998). Para tal, amostras de água foram coletadas diariamente da superfície dos rios
Cachoeira, Nhundiaquara e Marumbi. Além disso, a autora realizou duas campanhas de 2 a 3
dias, uma no inverno de 1997 e outra no verão de 1998, a fim de estabelecer a importância
relativa dos principais rios da bacia de drenagem dessas duas baías. Essas campanhas
abrangeram 80% da área total de drenagem (1700 km²), correspondente a 20 rios. A autora
encontrou aporte de sedimentos de 18,9 t/ano.km2 , para o período de inverno, e
76,1 t/ano.km2 , para o verão.
Também estudando a baía de Antonina, Paula (2010) efetuou a estimativa da
produção de sedimentos nas bacias hidrográficas contribuintes priorizando a delimitação e a
hierarquização das áreas que disponibilizam esses sedimentos. Assim, com base em dois
cenários, um gerado a partir da Carta de Vegetação Natural da região e outro considerando
a cobertura vegetal e o uso da terra nas bacias hidrográficas em 2005, o autor determinou
um aumento de 77,9% na produção de sedimentos. Para o cenário referente à cobertura
vegetal e uso da terra no último trimestre de 2005, Paula (2010) estimou produção de
sedimentos total das bacias de drenagem da baía de Antonina em 40,4 t/ano.km².
LACTEC (2007) estudou a influência da usina Governador Parigot de Souza – GPS, no
processo de assoreamento na baía de Antonina. A produção hidrossedimentológica foi
estimada a partir do modelo semi-distribuído SWAT – Soil and Water Assessment Tool,
quando foram analisadas as seguintes bacias hidrográficas: Faisqueira, Cachoeira, Cacatu,
Xaxim, Nhundiaquara e Sagrado. As simulações contemplaram o período entre os dias
1/01/1993 e 30/06/2007, fornecendo como resultado os valores médios diários de vazão e
de volume de sedimento transportado. Os resultados encontrados foram 41,4 t/ano.km² e
51,4 t/ano.km², para o cenário com e sem GPS, respectivamente.
Os valores da taxa de aporte anual de sedimentos por quilômetro quadrado
determinados por Mantovanelli (1999), Paula (2010) e LACTEC (2007) para a baía de
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Antonina foram extrapolados para a área correspondente ao eixo leste-oeste do CEP (baías
de Antonina e Paranaguá, 480 km²). No caso dos valores apresentados por LACTEC (2007),
considerando os cenários com e sem GPS, foi obtido um resultado final a partir da média
ponderada pelas áreas da bacia contribuinte da baía de Paranaguá e da Baía de Antonina,
assumindo que a baía de Paranaguá não é abrangida pela área de influência do cenário
gerado por GPS. A Tabela 35 apresenta as taxas de sedimentação estimadas em cm/ano a
partir dos valores fornecidos por Mantovanelli (1999), Paula (2010) e LACTEC (2007). Para
fins comparativos, é apresentada também a taxa estimada considerando os resultados
obtidos em ACQUAPLAN (2011). As taxas de sedimentação apresentadas para os estudos,
exceto em ACQUAPLAN (2011), foram obtidas através de uma abordagem simplificada, que
considerou que a distribuição do aporte fluvial de sedimentos ocorre de forma uniforme em
toda a baía e desconsiderou a existência do sistema de troca entre estuário e oceano.
Tabela 35 - Taxas de sedimentação calculadas para a região de Antonina e Paranaguá
Taxa de sedimentação
Autor
Observações
(cm/ano)
MANTOVANELLI (1999)
PAULA (2010)
LACTEC (2007)
ACQUAPLAN (2011)
OBS:
0,0120
0,0102
0,0124
*22,96
** Metodologia simplificada
** Metodologia simplificada
** Metodologia simplificada
***Modelagem computacional
* Média dos valores obtidos por ACQUAPLAN (2011)
** Considerando que todo o volume de sedimentos transportado pelos rios até a foz dos
mesmos no estuário de forma uniforme e não são consideradas deposições de sedimentos
de origem oceânica
***Modelagem de transporte de sedimentos através do modelo DELFT3D
Verifica-se pelos resultados apresentados na Tabela 35, que as taxas de sedimentação
obtidas em Mantovanelli (1999), Paula (2010) e LACTEC (2007), estudos estes que
comparáveis entre si devido a mesma área de abrangência, são bastante similares. Assim
como na Tabela 34, o valor associado aos resultados de ACQUAPLAN (2011) são maiores por
ser referente apenas ao canal de navegação, uma região menor (equivale a
aproximadamente 21% da área total considerada para os outros estudos) e associada a um
maior processo erosivo em sua extensão.
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Segundo levantamento realizado por Sayão (1989) apud Veiga (2004), o volume de
areia movendo-se para norte na região próxima à baía de Paranaguá foi estimado em cerca
de 300 x 10³ m³/ano. Para Lessa et al. (2000), devido à presença do canal que corta o delta
de desembocadura da baía no sentido leste-oeste, pode-se supor que este esteja agindo
como uma armadilha de sedimentos e que o montante de areia transportado pelas
correntes de deriva na região seja pelo menos duas vezes maior que aquele calculado por
Sayão (1989) apud Veiga (2004). Segundo dados da Administração dos Portos de Paranaguá
e Antonina, o volume de areia dragado do canal de acesso ao porto de Paranaguá entre os
anos de 1987 e 1993, foi da ordem de 1.100 x 10³ m³/ano (ACQUAPLAN, 1994).
Lamour et al. (2007), estudando a porção externa do canal de acesso aos portos de
Paranaguá e Antonina, que corta o delta de maré vazante no sentido L-O, calcularam taxas
de assoreamento em uma área crítica que variam entre 19 x 10 3 m3 (1993/94), 229 x 103 m3
(1997/98) e 103 x 103 m3 (1998/2000), sendo que o maior valor representa
aproximadamente 0,09% do volume do banco da Galheta. Assim, considerando a
metodologia simplificada de obtenção da lâmina de sedimentação (distribuição anual
uniforme) obtém-se uma lâmina de sedimentos assoreados da ordem de 1,1 cm/ano. A
discrepância acentuada entre as taxas de assoreamento encontradas nos dois períodos
deve-se, segundo os autores, a uma variação natural das taxas ou a diferenças
metodológicas na aquisição dos dados de batimetria. Lamour et al. (2004) considera que o
balneário de Pontal do Sul (imediatamente ao sul do canal da Galheta) encontra-se em
processo erosivo desde 1997, o que poderia estar fornecendo um maior volume de
sedimentos para o transporte sedimentar longitudinal preferencial de sul para norte na
região, causando um maior aporte de sedimentos no setor externo do canal da Galheta a
partir deste ano de 1997.
Dentre os estudos sedimentológicos apresentados, que abrangeram a área do CEP,
Carrilho (2003) e ACQUAPLAN (2011) analisaram especificamente as áreas de maior
interesse ao Porto de Paranaguá. O primeiro avaliou a bacia de evolução apresentada na
Figura 99, enquanto que o segundo avaliou todo o canal de navegação. Estes estudos
revelaram através das avaliações e modelagens realizadas, a intensidade da problemática no
que se refere à movimentação de sedimentos. Carrilho (2003) mostrou variações
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significativas na bacia de evolução ocorridas em apenas seis meses (resultando num
acréscimo de volume de sedimentos de aproximadamente 153.200 m³). ACQUAPLAN (2011)
verificou, através da avaliação dos resultados da modelagem sobre o canal de navegação,
que no período de um ano ocorre uma sedimentação de 22,96 cm (2.051.978 m³/ano),
Considerando apenas os trechos Alfa, Bravo 1, Bravo 2, Charlie 1, Charlie 2 e Charlie 3,
correspondentes ao canal de entrada do CEP até o Porto de Paranaguá, o valor de
sedimentação encontrado é de 27,38 cm/ano (1.960.670 m³/ano), evidenciando a
necessidade de constantes dragagens que garantam a movimentação dos navios.
2.4 Usos da Água
Neste item serão apresentados os usos da água na região do estudo, focando águas
estuarinas.
2.4.1 Recreação/Turismo
O Paraná, apesar de sua pequena extensão litorânea, possui uma grande variedade de
habitats e cidades de alta infra-estrutura turística. São encontradas reservas ecológicas,
praias, ilhas e baías, o que ocasiona uma maior busca desses ambientes para a prática de
esportes náuticos, pesca esportiva e turismo ecológico, especialmente durante o verão. De
acordo com o jornal O Estado do Paraná (2012), na primeira semana do ano havia mais de
800 mil visitantes no litoral do estado, sendo que a população residente é de cerca de 300
mil habitantes. Desta forma, fica evidente o caráter sazonal do contingente populacional na
região.
Considerando a recreação e turismo ocorrentes em águas estuarinas podem-se citar a
utilização para banhos, pesca esportiva (submarina ou de superfície), mergulho, navegação
(passeios contemplativos a barco), ou simplesmente, cenarização paisagística da região,
visto que o corpo d’água em conjunto com a vegetação e ilhas compõem um belo cenário
natural.
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Dentre as ilhas de Paranaguá, a que mais se destaca no turismo é a Ilha do Mel (Figura
100), localizada na entrada do Complexo Estuarino de Paranaguá. Ocupa uma área de 2.762
ha, sendo 55,05 ha só de praias. Foi tombada em 1975 por ato da Coordenadoria do
Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, sendo sua administração entregue
ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em 1982. Na década seguinte, durante a Conferência
ECO 92, a ilha foi elevada a condição de Reserva da Biosfera. O Plano Diretor prevê áreas de
ocupação, tanto pela população local como pelos veranistas, estabelecendo diretrizes para
preservação do patrimônio natural do restante da ilha. Dos seus 2.700 ha, apenas 200 têm
permissão de uso, estes com restrição quanto ao número de visitantes, limitando-se em
5.000 pessoas simultaneamente. Não é permitida a tração animal ou a motor na ilha, não há
ruas ou estradas, o camping fica restrito a locais determinados sendo que as autoridades
fiscalizam qualquer atitude que venha comprometer o equilíbrio ecológico do lugar.
Fonte: http://www.hostelmarimar.com.br/noticias-da-ilhadomel/ (acessado em 08/02/12)
Figura 100 – Vista aérea parcial da Ilha do Mel
Nos pontos turísticos da Ilha do Mel há diversas opções de turismo como trilhas,
pesca, mergulho, surf, parapente, praias, matas, mangues, morros. Neste ano, em menos de
um mês a Ilha do Mel atraiu mais de 15 mil visitantes, uma média de 2.500 pessoas por dia
(AEN, 2012).
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Parte do turismo da região estudada engloba atividades de contato primário com a
água, como banhos de rio e mar, natação, mergulho. Porém, é comum também a prática de
atividades de contato secundário, onde se enquadra a navegação e a pesca esportiva,
ocorrendo em praticamente toda a extensão do Complexo Estuarino de Paranaguá (Figura
101).
Fonte: Adaptado de SEMA (2006).
Figura 101 - Áreas de pesca esportiva e mergulho
Há diversas empresas que realizam passeios entre as ilhas e Porto de Paranaguá,
saindo da Rua da Praia, onde historicamente se localizava inicialmente o Porto.
2.4.2 Navegação
A navegação é o objetivo principal da utilização do porto de Paranaguá, sendo
amplamente realizada na baía como um todo. O setor de navegação destaca-se dentro do
Complexo Estuarino de Paranaguá pelo fluxo de cargas existentes nos portos de Paranaguá e
Antonina (ACQUAPLAN, 2011). De acordo com Abrahão (2011), é relevante destacar que em
torno de 76% do total de atividades nacionais relacionadas ao comércio exterior são
realizadas através dos portos. No cenário atual o Porto de Paranaguá é o terceiro em
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movimentação de contêineres no país sendo o segundo na região Sul. Esta característica,
além de evidenciar a tendência crescente na utilização de cargas, que está vinculada a
mudanças na indústria de navegação, incluindo a adaptação dos navios para o transporte
desses contêineres, associa-se aos principais portos vinculados aos corredores de
exportação do país, os quais lideram a movimentação deste tipo de carga (ABRAHÃO, 2011).
Em 2010, de acordo com dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviário
(ANTAQ), a movimentação geral de cargas do Porto de Paranaguá cresceu 12,0% em relação
a 2009. Destaca-se ainda o aumento da movimentação de contêineres, açúcar, farelo de
soja, fertilizantes, milho e soja (ANTAQ, 2010). Quanto à circulação de navios, o cais
comercial do porto, com uma extensão acostável de 2.616 m, permite a atracação
simultânea de 12 a 14 navios desde os pequenos de cabotagem aos supergraneleiros de 270
metros de comprimento, além de possuir condições estruturais para atingir profundidades
de 8, 10, 12 e 13 m (SOARES, 2009).
Os corpos d’água do litoral paranaense apresentam profundidades, características de
fundo e correntes variáveis, sendo o eixo leste-oeste da Baía o mais conhecido em relação às
importantes características para a navegação. A profundidade média do estuário de
Paranaguá é de 5,4 m e as cotas batimétricas médias nos canais de acesso aos portos de
Paranaguá e Antonina se mantém entre 35 e 26 pés (SEMA, 2006). No entanto, em algumas
áreas, devido a processos de assoreamento, ocorrem profundidades de risco para a
navegação; enquanto, áreas como aquela entre as Ilhas do Mel e da Galheta, e a Ponta do
Poço, apresentam profundidades de cerca de 40 e 23 metros, respectivamente (SEMA,
2006).
As principais rotas de fluxo de navios e pequenas embarcações no Complexo Estuarino
de Paranaguá podem ser observadas na Figura 102. Conforme é possível observar, para as
Baías de Laranjeiras e Pinheiros existem canais navegáveis para embarcações de médio e
pequeno porte, uma vez que tais canais são muito variáveis em largura, profundidade e
direção das rotas (SEMA, 2006). Adicionalmente, ainda de acordo com SEMA (2006), apesar
de existirem alguns levantamentos batimétricos para estas áreas, tais levantamentos
encontram-se desatualizados e pouco detalhados.
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Legenda:
Fonte: Adaptado de Fonte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – Ministério do Meio Ambiente (2004).
Figura 102 – Principais rotas de navegação no litoral do Paraná.
Os impactos ambientais indiretos e associados ao fluxo de navios na Baía de Paranaguá
estão relacionados às atividades portuárias de manuseio, transporte e armazenagem das
cargas, bem como aos serviços de manutenção de infra-estrutura, operações de
abastecimento e reparo das embarcações, máquinas, equipamentos e veículos em geral.
Quando realizadas de forma inadequada, tais atividades podem gerar resíduos tanto sólidos
quanto líquidos, provocar o lançamento de efluentes em corpos d’água, poluição do ar, da
água, do solo e do subsolo da região (ANTAQ, 2012).
Em relação aos impactos ambientais decorrentes do fluxo de navios na baía de
Paranaguá, destacam-se o vazamento, ruptura, transbordamento ou derramamento de óleo
durante a operação de abastecimento e transferência entre embarcações ou entre
embarcação e terminal. Outra pressão ambiental associada ao fluxo de navios na Baía é a
descarga de água de lastro nas regiões portuárias uma vez que esta descarga permite a
transferência de organismos aquáticos nocivos e agentes patogênicos, os quais podem ser
trazidos de outras regiões por incrustações no casco das embarcações (ANTAQ, 2012).
Parte do município de Paranaguá está a 15 milhas da parte continental da cidade,
sendo seu acesso a barco. A Baía de Paranaguá apresenta em seu território a presença de
aproximadamente trinta ilhas (SOARES NETO & GUERIOS, 2008). A realização da
movimentação de pessoas e mercadorias só pode ser realizada por barco, com exceção da
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Ilha de Valadares, que dispõe de uma ponte para a travessia ao centro de Paranaguá. Entre
as principais ilhas, têm-se:
 Ilha de Valadares: é a ilha mais próxima do centro de Paranaguá, distando apenas
400 metros. Além do acesso marítimo, está ligada por uma passarela. É habitada
por 22 mil pessoas, que têm como fonte de renda a pesca, o artesanato e o
turismo, e a facilidade de acesso possibilita uma estreita interação com Paranaguá,
inclusive em termos de emprego e renda (SOARES NETO & GUERIOS, 2008).
 Ilha da Cotinga: dista dez minutos por via marítima e possui uma área de numa
área de 1.685,04 ha (PARELLADA, 2006). Entre os poucos moradores da ilha, há
algumas famílias de índios carijós.
 Ilha do Mel: a travessia para a ilha dura em torno de uma hora e meia partindo de
Paranaguá. Possui uma área de 2.760 ha. A ilha é conhecida pelos seus atrativos
históricos e naturais. Atualmente, em torno de 95% da ilha é protegida. Em função
de problemas na ocupação da ilha, principalmente durante o verão, o IAP restringiu
o acesso, limitando a entrada de turistas a cinco mil pessoas.
 Ilha das Palmas: local ainda preservado e freqüentado principalmente por
pescadores amadores.
 Ilhas das Cobras: tem o acesso proibido em função de sediar a residência oficial do
governo do estado.
 Ilha das Peças: é habitada por aproximadamente 600 pessoas (SOARES NETO &
GUERIOS, 2008). Possui escola e telefone comunitário.
 Ilha da Europinha: distando doze milhas de Paranaguá, é habitada por pouco mais
de 35 famílias (SOARES NETO & GUERIOS, 2008), possuindo uma associação
formalizada. Sua fonte de renda consiste na pesca, no cultivo de ostras, agricultura
de subsistência e artesanato.
 Ilha Eufrasina: possui cerca de 85 famílias (SOARES NETO & GUERIOS, 2008),
contando com uma associação formalizada, acesso à energia elétrica e sistema de
água. A fonte de renda consiste na pesca e no artesanato.
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 Ilha do Amparo: é habitada por cerca de 94 famílias (SOARES NETO & GUERIOS,
2008), contando com uma associação formalizada, tem acesso a energia elétrica e
sistema de água. As fontes de renda consistem na pesca do camarão, de outras
espécies em menor proporção e no artesanato. Há um sambaqui próximo ao
trapiche. Conforme Soares Neto & Guerios (2008), a Prefeitura Municipal vem
desenvolvendo um projeto de estímulo ao turismo nesta ilha, juntamente com a de
Piaçaguera, visando proporcionar nova fonte de renda para os moradores.
 Ilha do Teixeira: é habitada por cerca de 55 famílias. Possui uma associação
formalizada, acesso a energia elétrica e abastecimento de água. As fontes de renda
são a pesca e o artesanato.
 Ilha Ponta do Ubá: dista 15 milhas de Paranaguá. É habitada por cerca de 40
famílias, contando com uma associação formalizada, energia elétrica e
abastecimento de água. As fontes de renda se baseiam na pesca e no artesanato.
 Ilha do Piaçaguera: dista 15 milhas de Paranaguá. É habitada por cerca de 30
famílias. Possui associação formalizada e energia elétrica. As fontes de renda
consistem na pesca e no artesanato.
 Ilha de São Miguel: dista 15 milhas de Paranaguá. É habitada por cerca de 85
famílias. Possui associação formalizada, energia elétrica e sistema de água ainda
precário. As fontes de renda consistem na pesca, na agricultura de subsistência e no
artesanato.
Além destas ilhas, os barcos que saem de Paranaguá também realizam viagens para
Antonina e Guaraqueçaba. Os horários de saída para o deslocamento da população são
restritos
(informação
obtida
em:
http://www.paranagua.pr.gov.br/conteudo/guia-
turistico/horarios-de-barcos. Acesso em: 15/02/2012). Este é um fator limitante, pois as
populações destas ilhas dependem inteiramente desse meio de transporte para o seu
deslocamento e para a provisão de bens. A Figura 103 mostra o uso das embarcações para o
fornecimento de mercadorias a estas populações.
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Fonte: SOARES NETO & GUERIOS (2008).
Figura 103 - Embarcação de acesso às ilhas transportando mercadorias na sua parte superior, no rio
Itiberê
As marinas localizadas principalmente no bairro Oceania e Centro Histórico, próximos
à área portuária, são importante fonte de lazer, emprego e geração de renda. Soares Neto &
Guerios (2008) identificou as seguintes marinas:
 Porto Marina Oceania (Rua Benjamin Constant, nº 89) (Figura 104)
 Barra Itiberê Marina (Rua Domingos Peneda, nº 294 - Ponta do Caju)
 Marina do Caju (Rua dos Expedicionários, nº 35 - Ponta do Caju)
 Marina Velho Marujo (Rua Benjamin Constant, nº 258 - Centro Histórico) (Figura
105)
 Iate Clube de Paranaguá (Rua Benjamin Constant, nº 423 – Centro Histórico) (Figura
106)
 Marlin Azul Marina (Rua Benjamin Constant, nº 435 – Centro Histórico) (Figura 107)
 Marina Iate Clube Literário (Rua Domingos Peneda, nº 1097 – Ponta do Caju)
 Paranaguá Pilots Serv Praticagem (Rua Benjamin Constant, nº 111 – Oceania)(Figura
108)
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Fonte: SOARES NETO & GUERIOS (2008).
Figura 104 - Fachada do Porto Marina Oceania em Paranaguá
Fonte: SOARES NETO & GUERIOS (2008).
Figura 105 - Fachada da marina Velho Marujo em Paranaguá
Fonte: SOARES NETO & GUERIOS (2008).
Figura 106 - Embarcações atracadas no Iate Clube de Paranaguá
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Fonte: SOARES NETO & GUERIOS (2008).
Figura 107 - Fachada da marina Marlin Azul em Paranaguá
Fonte: SOARES NETO & GUERIOS (2008).
Figura 108 - Fachada da empresa Praticagem em Paranaguá
2.4.3 Lançamento de efluentes
Existem diferentes tipos de lançamentos de efluentes na área de estudo, tais como:
lançamento de esgotos de residências, lançamentos industriais e do setor pecuário. Além
disso, a água de lastro provinda da atividade de navegação também é uma fonte de
contaminação. O item 2.5 traz uma avaliação da qualidade da água da baía.
2.4.3.1
Lançamentos de esgoto sanitário
Devido à complexidade deste tema, este está abrangido no item 2.1.4.4 – Situação
atual do Saneamento na região de estudo.
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2.4.3.2
Lançamentos de efluentes industriais
Paranaguá apresenta uma forte atividade industrial, porém não existem dados
publicados sobre o lançamento dos efluentes de cada indústria da região. Foram realizadas
visitas à APPA e à CAB Águas de Paranaguá e foram consultados vários documentos oficiais
contendo dados de saneamento do município, porém não foram encontradas informações
confiáveis sobre este tema.
2.4.3.3
Lançamentos de água de lastro
Lastro pode ser definido como qualquer material usado para aumentar o peso e/ou
balancear um objeto; um exemplo são os sacos de areia usados em balões de ar quente que
podem ser descartados para aliviar a carga, permitindo sua subida. Para embarcações, a
água de lastro pode ser definida como “a água captada no mar ou no rio que, armazenada
dentro dos tanques de lastro, tem por objetivo garantir às embarcações operarem em
condições seguras no tocante à estabilidade, manobra (imersão do hélice), governo (direção)
e distribuição de tensões (ação de forças internas e externas) no casco do navio” (Associação
Água de Lastro Brasil, 2009).
A água de lastro é um componente essencial à estabilidade do navio e para fornecer
uma melhor propulsão. A quantidade de água varia de acordo com o tipo de embarcação,
tipo de sistema portuário e das condições de carga e de mar. Apesar de tal importância, o
transporte de água de lastro exerce um impacto profundo em ambientes aquáticos, tais
como o transporte de organismos exóticos com potencial de se tornarem espécies invasoras.
Estudos realizados em diversos países comprovaram que muitas espécies de plantas,
bactérias, animais e outros seres vivos podem sobreviver na água de lastro e nos sedimentos
transportados pelos navios, mesmo após longas viagens (ANVISA, 2002).
Além da proliferação excessiva destas espécies que podem não encontrar um
predador natural no novo ambiente, pode ocorrer o desaparecimento de espécies nativas
por meio da bioinvasão, ou seja, quando uma espécie invasora substitui uma espécie nativa,
o dano ambiental pode ser imensurável, pois, em geral, ocorre um “efeito dominó”, visto
que outros organismos dependentes da espécie eliminada também sofrem as consequências
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desse dano — por exemplo, a falta de alimentos —, correndo risco de extinção (Associação
Água de Lastro Brasil, 2009).
O lançamento de água de lastro também implica no risco de contaminação por
bactérias patogênicas, poluentes de diversas fontes e contaminantes. Diversos organismos
patogênicos (por exemplo, a bactéria da cólera – Vibrio cholerae), potencialmente nocivos e
tóxicos como as microalgas, estão presentes nos tanques de lastro coluna d´água, paredes
dos tanques e sedimentos. Alguns organismos sobrevivem por dias ou meses, geralmente
formando células ou estruturas de resistência bênticas. As microalgas podem produzir
mucilagem em excesso que obstrui as brânquias de organismos aquáticos filtradores, como
peixes e moluscos. Também podem causar depleção de oxigênio e nutrientes na água,
causando mortandade de diversos organismos. Outras causam injúrias mecânicas que
danificam as brânquias de peixes e moluscos, dificultando as trocas gasosas destes
organismos. Toxinas também são produzidas por algumas microalgas e são acumuladas na
cadeia trófica, atingindo ostras, mariscos, camarões e peixes de interesse comercial. Estes
organismos contaminados ao serem consumidos pelo homem causam distúrbios
gastrointestinais, neurológicos, cárdio-respiratórios e, em casos graves, podem matar.
Quando a pesca e os cultivos de organismos marinhos são afetados pelas florações de algas
tóxicas e nocivas, é necessário interromper a comercialização dos produtos durante estes
períodos, o que acarreta prejuízos financeiros à economia da região afetada. O turismo
também pode ser afetado durante uma proliferação destas espécies, devido à alteração no
odor e cor da água, comprometendo a balneabilidade (Boldrini e Procopiak, 2005).
No Brasil, foi demonstrado o transporte do agente da cólera através da água de lastro
de navio, em um estudo pioneiro que ocorreu em 2001, constatando-se a presença de até
5,4 milhões de bactérias por litro de água de lastro de navios que atracaram no Brasil, sendo
que em onze — de cento e cinco — amostras foi identificado o agente da cólera. O Vibrio
cholerae é considerada uma bactéria exótica do ecossistema aquático, podendo ser
encontrado em águas marinhas, estuarinas e dulcícolas, bem como associado na superfície e
conteúdo intestinal de animais vertebrados e invertebrados (plâncton, moluscos bivalves,
peixes, água e larvas de crustáceos), facilitando sua disseminação e transporte via água de
lastro (Associação Água de Lastro Brasil, 2009).
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Para prevenir a bioinvasão por água de lastro ainda não existe tratamento
recomendado pelo IMO – Organização Marítima Internacional - ou qualquer legislação
nacional. A troca oceânica é o fundamento da recomendação internacional e da legislação
brasileira para plano de manejo de água de lastro desenvolvida pela Marinha do Brasil, em
particular pela Diretoria de Portos e Costa, intitulada NORMANxx/DCP: Norma da
Autoridade Marítima para a Gestão de Água de Lastro, elaborada em 2004 e que entrou em
vigor no final de 2005. As recomendações para prevenir a bioinvasão por água de lastro no
conteúdo desta Norma tem seu fundamento na troca oceânica, como segue:
a) como regra geral as embarcações deverão realizar a troca da água de lastro em
alto mar a pelo menos 200 milhas náuticas da costa e em águas com pelo menos 200 metros
de profundidade, considerando os procedimentos determinados nesta Norma, assim como
as Diretrizes desenvolvidas pela IMO. Será aceita a troca de água de lastro por qualquer dos
métodos aprovados pela IMO: seqüencial, fluxo contínuo e diluição;
b) nos casos em que o navio não puder realizar a troca da água de lastro em
conformidade com o parágrafo acima, a troca deverá ser realizada o mais distante possível
da costa, e em todos os casos a pelo menos 50 milhas náuticas e em águas com pelo menos
200 metros de profundidade ou em zonas determinadas pelo Agente da AM. Neste caso,
informações
ambientais
e
sanitárias
existentes
subsidiarão
o
Agente
da
AM
(NORMANxx/DCP, 2004, p.2-2).
A troca oceânica consiste no procedimento de trocar toda a água contida nos tanques
de lastros dos navios de seu local de origem no mínimo 200 milhas de distância da costa
onde se localizam os portos em que os navios irão deslastrar. O princípio preventivo deste
procedimento se fundamenta no fato das espécies oceânicas não sobreviverem em
ambientes de regiões costeiras e vice-versa. Este ainda é o procedimento mais simples e
barato de prevenção (Boldrini e Procopiak, 2005).
Através do Projeto Água de Lastro, originado da parceria entre a iniciativa privada, a
universidade e o terceiro setor, foi estabelecida uma parceria para prevenir a bioinvasão por
meio da água de lastro. O Departamento de Botânica da Universidade Federal do Paraná
desenvolveu o projeto ALARME, financiado pelo Fundo Nacional de Meio Ambiente do
Ministério do Meio Ambiente, cujos objetivos foi o de proceder aos diagnósticos físico
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(temperatura), químico (salinidade) e biológico (Plâncton) da água e sedimentos de lastros
dos navios que atracam no Porto de Paranaguá e Antonina, associado ao diagnóstico do
plâncton da baía de Paranaguá e Antonina. Para os estudos a serem realizados nos terminais
portuários da Ponta do Félix foi criado um laboratório de ensino, pesquisa e extensão para o
controle da bioinvasão por água de lastro. Estes diagnósticos são fundamentais para
desenvolver plano de manejo de água de lastro, segundo as recomendações do Programa
GLOBALLAST. Este programa é suportado pela IMO/ONU com os objetivos de auxiliar os
países em desenvolvimento a reduzir a transferência de organismos nocivos por água de
lastro de navios e aumentar a participação destes países através da orientação da IMO no
gerenciamento de água de lastro; assistir estes países para a implementação futura do
regime obrigatório da IMO através da Convenção Internacional de Água de Lastro (fevereiro
de 2004) e dar suporte à implementação de programas de monitoramento, gerenciamento,
educação, consciência e avaliação de risco (Boldrini e Procopiak, 2005).
O objetivo inicial da parceria entre a Ponta do Félix e o projeto ALARME foi o de
averiguar se os comandantes de navios realmente procediam à troca oceânica, conforme a
recomendação da IMO (Res. 868/20 e Convenção Internacional). Para tal, orientados pelos
pesquisadores do projeto ALARME, o Departamento de Meio Ambiente da empresa
desenvolveu procedimentos de coleta de amostras nos tanques de água de lastro e
desenvolveu procedimentos de controle documental da troca oceânica, cuja meta foi a de
atingir todos os navios que atracassem nos berços dos Terminais Portuários da Ponta do
Félix. Porém, este estudo constatou a dificuldade de controle da troca oceânica e a
dificuldade de confirmação de esta ter sido realizada corretamente. Para tal, o projeto
também desenvolveu ações de educação ambiental com os comandantes dos navios.
Analisando os perigos de contaminação causados pela água de lastro e considerandose que muitos portos se situam em meio à área urbana e que a população que vive nas
imediações faz uso dessa água para fins de recreação, além da pesca e extração de
mexilhões e ostras para consumo, é necessário que se estabeleçam mais programas de
monitoramento voltados para a qualidade da água portuária e que sejam realizados mais
estudos que visem o controle de espécies invasoras e prevenir doenças.
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2.4.4 Lançamento de vazão originada da transposição entre bacias hidrográficas
Um importante empreendimento instalado na área de interesse é a Usina Governador
Parigot de Souza – GPS, da Companhia Paranaense de Energia – COPEL. Esta usina possui
247 MW de potência nominal instalada e seu município sede é Antonina. O reservatório
desta usina barra o rio Capivari em ponto que drena 945 km², e pertence à bacia hidrográfica
do Ribeira, localizando-se a sudeste desta bacia, quase nos limites da bacia litorânea do
Estado do Paraná.
As águas da represa do Capivari são transpostas para a bacia do rio Cachoeira, na bacia
litorânea (COPEL, 1996). O aqueduto subterrâneo que leva a água do reservatório para a
usina percorre parte da Área Especial de Interesse Turístico Marumbi (SUDERHSA, 1998). O
enchimento do reservatório iniciou-se em julho de 1970, ano em que a usina de Capivari
entrou em operação com a primeira turbina (COPEL, 1996). A localização da usina e
reservatório, bem como, maiores detalhes sobre a mesma, podem ser encontrados no item
2.1.3.7.
Existem diversos estudos que analisam a influência da usina GPS no processo de
assoreamento da Baía de Antonina. LACTEC (2007) constitui-se no estudo mais atual e foi o
único que isolou o efeito dos diversos fatores intervenientes neste processo de
assoreamento (natural, alteração dos usos do solo e derivação de vazões). A modelagem
abordada em LACTEC (2007) indicou que parte dos sedimentos excedentes transportados
devido à operação da usina, igualmente aos sedimentos transportados devido aos outros
processos, é depositada na foz dos rios. Uma pequena parte é distribuída ao longo da Baía
de Antonina e outra parte participa do sistema de troca estuário-oceano. Para o tempo de
simulação considerado em LACTEC (2007), cerca de um ano, as alterações volumétricas
nestas três regiões não são significativas.
Apesar de LACTEC (2007) ter apresentado conclusões detalhadas sobre a baía de
Antonina e área portuária da Ponta do Félix em Antonina, a modelagem realizada
considerou toda a região do CEP, a qual não apresentou alterações volumétricas na baía de
Paranaguá ao considerar diferentes cenários.
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2.5 Caracterização da qualidade da água
2.5.1 Potenciais poluentes e contaminantes
A contaminação no ambiente estuarino é provocada por lançamentos pontuais ou
difusos de poluentes que podem ter origem industrial, agrícola e urbana.
De acordo com a Lei nº. 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente, poluição é
definida como a “degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde a segurança e o bem estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lance matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais”.
A diferença entre poluente e contaminante é descrita como:
Contaminante: qualquer substância que ocorra no meio ambiente em níveis
mais elevados que os normais (naturais), entretanto sem ainda causar algum efeito
danoso aos recursos ambientais.
Poluente: qualquer substância que ocorra no meio ambiente em níveis mais
elevados do que os normais (naturais), a ponto de afetar de forma
indesejável/danosa a qualidade e a utilidade de um ou mais recursos ambientais.
É importante ressaltar que, na região do CEP, os poluentes e contaminantes potenciais
mais importantes são os hidrocarbonetos.
2.5.1.1
Contaminação por hidrocarbonetos
Os hidrocarbonetos de petróleo estão entre os principais grupos de contaminantes
orgânicos em áreas costeiras e são os compostos mais abundantes do petróleo. Por esta
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razão, estes compostos são utilizados como indicativos deste tipo de poluição (ZanardiLamardo, 2011).
Os hidrocarbonetos podem ser classificados de acordo com a sua estrutura química em
alifáticos e aromáticos. Os alifáticos podem ser sintetizados por organismos, tais como
fitoplâncton e vegetais superiores. Os hidrocarbonetos aromáticos, além do aporte
petrogênico, podem ser introduzidos no meio ambiente através de processos de combustão
tanto de matéria orgânica quanto de petróleo e seus derivados. As atividades portuárias e os
efluentes industriais/domésticos são fontes de petróleo e derivados para os ambientes
aquáticos, e contribuem de forma acentuada para a introdução de hidrocarbonetos para os
ecossistemas marinhos (ZANARDI-LAMARDO, 2011).
Entre os compostos derivados do petróleo assumem grande importância no meio
ambiente os HPAs, que são compostos orgânicos que apresentam dois ou mais anéis
aromáticos fundidos, caráter hidrofóbico, baixa biodegradabilidade e potencial acumulativo
(VASCONCELLOS et al., 2007).
Na natureza, estes compostos surgem através das atividades vulcânicas. Como fonte
antropogênica, estes compostos podem surgir de derramamentos de petróleo, na geração
de energia elétrica, na combustão incompleta do lixo e de madeira assim como podem ser
formados a partir da produção de carvão e asfalto (ALBERS, 1995 apud MACENO, 2010). Os
hidrocarbonetos poliaromáticos apresentam potencial carcinogênico (SHAILAJA E D’SILVA,
2003 apud MACENO, 2010) e, em peixes, podem ocasionar lesões hepáticas, fisiológicas e
desordens bioquímicas (BILLIARD et al., 2006 apud MACENO, 2010).
O derramamento de óleo ocasional provinda do tráfego de navios na região do porto
pode acarretar na contaminação da baía de Paranaguá por hidrocarbonetos e compostos
como o HPA.
De acordo com Noernberg et al. (2008), o estado do Paraná sofreu, nos últimos anos,
alguns dos piores acidentes envolvendo derrames de óleo no país. Destacam-se três deles
ocorridos no Complexo Estuarino de Paranaguá:
 16 de fevereiro de 2001: Rompimento de um duto da Petrobrás que resultou no
vazamento de quatro mil litros de óleo diesel em um afluente do Rio Nhundiaquara,
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um dos principais rios que deságuam no estuário. Teve como conseqüência grandes
danos para os manguezais da região com contaminação da flora e fauna. A pesca na
região ficou proibida pelo IBAMA por mais de 40 dias.
 18 de outubro de 2001 - O navio petroleiro Norma chocou-se em uma rocha na baía
de Paranaguá, resultando em um vazamento de 392 mil litros de nafta, atingindo
uma área de três mil metros quadrados. O acidente ocasionou a morte por
intoxicação de um mergulhador que trabalhava na avaliação das condições do
casco perfurado.
 15 de novembro de 2004 - A explosão do navio-tanque chileno Vicuña de oito mil
toneladas, provocou o maior vazamento de óleo dos últimos 20 anos no Porto de
Paranaguá. O acidente causou a morte de quatro tripulantes do navio e levou a
embarcação a pique em poucas horas. Nos dias seguintes cerca de quatro milhões
de litros de óleo bunker cobriram boa parte das baías e praias dos municípios de
Antonina, Paranaguá, Guaraqueçaba e Pontal do Paraná. A pesca na região ficou
interditada por quase dois meses, prejudicando milhares de famílias. Resquícios do
óleo foram encontrados há 30 quilômetros do local do acidente (NOERNBERG et al.,
2008).
Figueiredo (2000) ressalta que a elaboração dos mapas de sensibilidade é essencial
para a geração do plano de contingência aos derrames de petróleo, permitindo a localização
e o mapeamento das áreas de maior risco. Além disso, o mapeamento também possibilita o
apoio à tomada de decisões para as áreas de proteção prioritárias, diminuindo assim os
custos referentes à limpeza do óleo em caso de acidente.
No ano de 2004, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Agência Nacional do
Petróleo (ANP) criaram as Especificações e Normas Técnicas para Elaboração de Cartas de
Sensibilidade ao Derramamento de Óleo (Cartas SAO) para o litoral brasileiro. Estas cartas
englobam informações a respeito dos recursos biológicos e sócio-econômicos sensíveis ao
óleo, e o Índice de Sensibilidade do Litoral (ISL), que indica o grau de sensibilidade dos
ambientes costeiros e marinhos ao derramamento de óleo.
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192
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2.5.1.2
Contaminação por elementos presentes em sedimentos
A poluição dos sedimentos está intimamente ligada com a poluição das águas e tem
origem em diversas fontes, dentre as quais se destacam efluentes domésticos, efluentes
industriais, carga difusa urbana e agrícola. A situação é mais crítica nas regiões em que
existem atividades portuárias, depósito de resíduos industriais e urbanos.
Sedimentos têm sido amplamente utilizados como indicadores ambientais, porque
possuem grande capacidade de incorporar e acumular elementos contaminantes. Como os
sedimentos são levados pelos rios para outro curso de água ou para o mar, as análises dos
sedimentos em vários pontos de uma região de interesse servem para rastrear fontes de
contaminação ou monitorar esses contaminantes (HORTELLANI et al., 2007).
A ocorrência de variações nas características físicas e químicas do meio (como pH,
salinidade, conteúdo de quelantes orgânicos, entre outras) pode liberar um poluente
incorporado ao sedimento. Portanto, mudanças nas condições ambientais e dragagens
podem transformar os sedimentos em fontes de contaminação. Além disso, já foi
comprovado que para a comunidade bentônica, além da coluna d’ água, há diferentes vias
de exposição aos contaminantes, como pelo simples contato direto ou pela ingestão dos
sedimentos (HORTELLANI et al., 2007).
2.5.2 Resultados do estudo apresentado em ACQUAPLAN (2011)
Detalhados estudos de modelagem numérica com o objetivo de avaliar as condições
hidroquímicas e hidrossedimentológicas com a execução das obras de dragagem no canal de
navegação do Porto de Paranaguá foram apresentados por ACQUAPLAN (2011). Para o
desenvolvimento da modelagem foi adotado o módulo Delft3D-Flow integrante do modelo
DELFT3D, que resolve um sistema de equações de águas rasas em modo bidimensional (ou
integrado na vertical) e tridimensional.
Além de diversos outros parâmetros considerados em ACQUAPLAN (2011), foram
analisadas a temperatura, salinidade e turbidez da área de estudo, cujos resultados são aqui
integralmente transcritos.
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193
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2.6 Caracterização da temperatura
As variações de temperatura são parte do regime climático normal de corpos de água
naturais, que podem apresentar variações sazonais e diurnas, bem como estratificação
vertical. Para tal, a temperatura superficial é influenciada por vários fatores, como latitude,
altitude, estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e profundidade. No levantamento
efetuado para realização do presente estudo foram encontrados poucos autores que
estudaram a variação da temperatura da água no CEP, dentre eles estão Marone et al.
(1997) apud Falkenberg (2009), Filho (2009) e ACQUAPLAN (2011).
Segundo Marone et al. (1997) apud Falkenberg (2009), a temperatura média da água
no CEP varia de 23 a 30°C no verão e de 18 a 25°C no inverno. Knoppers et al. (1987) apud
ENGEMIN (2004) afirmou que os gradientes térmicos verticais no CEP raramente
ultrapassam os 3°C. Em outro estudo pouco mais recente, Filho (2009) determinou
temperatura mínima de 14,8°C, máxima de 29°C e média 22,6°C para a região, considerando
dados obtidos do relatório técnico 2006/2007 elaborado pelo Laboratório de Física Marinha
– Centro de Estudos do Mar – UFPR, com o título Medições de Correntes (2007), através dos
relatórios de 54 pontos de análise em pontos distintos da Baía. A distribuição espacial dos
valores mínimos e máximos de temperatura, obtidos através do relatório técnico 2006/2007
elaborado pelo Laboratório de Física Marinha – CEM-UFPR (FILHO, 2009), são mostrados
respectivamente na Figura 109 e na Figura 110.
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Fonte: adaptado de Secretaria Estadual do Meio Ambiente apud FILHO (2009).
Figura 109 – Distribuição espacial de temperaturas mínimas da água no CEP para 2006/2007
Fonte: adaptado de Secretaria Estadual do Meio Ambiente apud Filho (2009)
Figura 110 – Distribuição espacial de temperaturas máximas da água no CEP para 2006/2007
Resultados, apresentados por ACQUAPLAN (2011), de medição de temperaturas
realizadas nos dias 27 de janeiro, 1, 2 e 3 de fevereiro de 2010 em pontos amostrais
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distribuídos na baía de Paranaguá (Figura 111), permitiram afirmar que a temperatura das
águas nesta região não sofre interferência significativa das ações antrópicas (Figura 112).
Figura 111 - Distribuição das estações de coleta de amostras de água (ACQUAPLAN, 2011)
(TCP, 2010 apud ACQUAPLAN, 2011)
Figura 112 - Temperatura (°C) nos pontos amostrais
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2.6.1.1
Caracterização da salinidade
Quanto à salinidade, Knoppers et al. (1987) apud ACQUAPLAN (2011) identificaram a
presença de variação sazonal deste parâmetro na Baía de Paranaguá, com valores
superficiais menores no verão devido a maiores valores de descarga fluvial, e valores mais
altos no inverno em decorrência de valores de descarga fluvial reduzidos, com possibilidades
de variações intra-anuais por causa da variabilidade irregular sazonal da precipitação. Em
geral, o gradiente vertical de salinidade aumenta estuário adentro e o gradiente horizontal
de salinidade diminui em direção à boca do sistema estuarino. Condições próximas de
homogêneas são encontradas na parte inferior do sistema estuarino nos períodos de
máximas forçantes de maré e descarga fluvial abaixo de 50 m3s-1 (KNOPPERS et al., 1987,
apud ENGEMIN, 2004).
Conforme estudo realizado por Marone et al. (1997), apud Falkenberg (2009), o
sistema estuarino mostra uma importação de sal durante os períodos de seca e uma
exportação equivalente durante os períodos de chuva. O gradiente horizontal de salinidade
média varia de 12 a 29 g/kg no verão e 20 a 34 g/kg no inverno, com gradientes máximos de
0 a 35 g/kg no verão e de 3 a 35 g/kg no inverno (MARONE et al., 1997, apud FALKENBERG,
2009). Na seção médiana da baía, quando ocorre descarga fluvial acima de 90 m 3s-1,
observa-se um gradiente vertical de salinidade de 8 g/kg, (KNOPPERS et al., 1987, apud
ENGEMIN, 2004).
Noernberg (2001) apud ENGEMIN (2004) estudou a variação espaço-temporal de
propriedades físico-químicas simultaneamente na Baía de Paranaguá (eixo Leste-Oeste) e na
Baía de Laranjeiras e Pinheiros (eixo Sul-Norte) em um período de 26 meses. O autor
verificou que a região de Antonina apresenta rápida resposta a elevados valores de
precipitação, ocorrendo, nestes casos, salinidade próxima a zero e elevado aporte de
sedimentos em suspensão. Através de correlação de dados de temperatura, salinidade e
precipitação, verificou-se que a variação da salinidade do corpo aquoso, tanto no eixo LesteOeste como no eixo Sul-Norte, não está relacionada à precipitação total mensal, e sim à
precipitação dos sete dias anteriores à medição, sendo que a temperatura apresentou
marcada sazonalidade e pouca variação entre os dois eixos.
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O mesmo autor realizou uma comparação de situações extremas em duas campanhas,
uma em maré de quadratura e alta precipitação nos dias precedentes e outra em maré de
sizígia sem precipitação. No evento de quadratura verificou-se variação longitudinal de
salinidade de 1,2 g/kg na superfície da região de Antonina a 31,5 g/kg no fundo na
extremidade Leste. Observou-se uma faixa de acentuada estratificação (entre 5 e 20 km de
distância da desembocadura), chegando ao valor máximo do gradiente vertical a 8,4 g/kg. Na
campanha de maré sizígia e sem precipitação observou-se salinidade de 5,8 g/kg na
superfície da região de Antonina a 27,9 g/kg no fundo na extremidade Leste, com
praticamente nenhuma estratificação entre as camadas de superfície e fundo ao longo de
todo o eixo. A baixa variação de temperatura nas duas campanhas e a alta correlação entre
salinidade e densidade evidencia que os processos baroclínicos que ocorrem na baía têm
maior influência da salinidade que da temperatura. Observou-se também que a temperatura
média da água nos dois eixos apresenta acentuada sazonalidade e alto coeficiente de
correlação com a variação da temperatura do ar média mensal.
Mantovanelli (1997) analisou uma seção da Baía de Paranaguá e observou que no
verão, em todos os ciclos de maré, tanto em sizígia como em quadratura, a região
apresentou apreciável estratificação (tipo 2b). Nos ciclos de quadratura de inverno, a
classificação da baía situou-se próxima à região de transição entre os tipos 2b e 2a-3a,
enquanto que nos ciclos de sizígia de inverno apresentou fraca estratificação. A autora
também analisou a estratificação lateral de salinidade da Baía de Paranaguá, verificando
valores máximos de estratificação lateral nos ciclos de maré de verão, com gradientes entre
1 e 1,6 g/kg e valores reduzidos para o inverno na faixa de 0,3 a 0,9 g/kg. Os valores mínimos
e máximos de salinidade obtidos através do relatório técnico 2006/2007 elaborado pelo
Laboratório de Física Marinha – Centro de Estudos do Mar – UFPR (FILHO, 2009), são
apresentados na Figura 113 e na Figura 114.
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Fonte: adaptado de Secretaria Estadual do Meio Ambiente apud FILHO (2009)
Figura 113 - Distribuição espacial dos valores mínimos de salinidade no CEP para 2006/2007
Fonte: adaptado de Secretaria Estadual do Meio Ambiente apud FILHO (2009)
Figura 114 - Distribuição espacial dos valores máximos de salinidade no CEP para 2006/2007
ACQUAPLAN (2011) apresenta os resultados de 75 dias de simulação dos padrões de
distribuição e intrusão da salinidade considerando as forçantes de maré astronômica e
descargas fluviais dos principais rios da região em seis cenários: descarga média de verão, de
inverno e média anual; para a situação atual e com dragagem de aprofundamento.
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O perfil vertical de salinidade no interior da baía de Paranaguá foi analisado na seção
ao longo dos canais de navegação (Figura 115). Os mapas de distribuição da salinidade
média ao longo da coluna vertical para os cenários simulados em relação às vazões anuais,
exceto para os cenários considerando dragagem de aprofundamento, abrangendo toda a
baía, bem como perfis verticais de salinidade em uma seção ao longo dos canais de
navegação são mostrados na Figura 116 à Figura 119. Já os perfis horizontais de distribuição
da salinidade para os cenários simulados em relação às vazões anuais podem ser vistos na
Figura 120 à Figura 122.
Fonte: (ACQUAPLAN, 2011)
Figura 115 - Seção ao longo dos canais de navegação utilizada para a análise do perfil vertical de
salinidade no interior da baía de Paranaguá
Fonte: (ACQUAPLAN, 2011)
Figura 116 - Distribuição vertical de salinidade para o cenário atual, após 1 dia, com média das
vazões anuais
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Fonte: (ACQUAPLAN, 2011)
Figura 117 - Distribuição vertical de salinidade para o cenário atual, após 30 dias, com média das
vazões anuais
Fonte: (ACQUAPLAN, 2011)
Figura 118 - Distribuição vertical de salinidade para o cenário atual, após 60 dias, com média das
vazões anuais
Fonte: (ACQUAPLAN, 2011)
Figura 119 - Distribuição vertical de salinidade para o cenário atual, após 75 dias, com média das
vazões anuais
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Fonte: (ACQUAPLAN, 2011)
Figura 120 -Distribuição horizontal de salinidade na baía de Paranaguá para o cenário atual, após 30
dias, com média das vazões anuais
Fonte: (ACQUAPLAN, 2011)
Figura 121 - Distribuição horizontal de salinidade na baía de Paranaguá, para o cenário atual, após
60 dias, com média das vazões anuais
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Fonte: (ACQUAPLAN, 2011)
Figura 122 - Distribuição horizontal de salinidade na Baía de Paranaguá, para o cenário atual, após
75 dias, com média das vazões anuais
Diante dos resultados gerados pelo estudo, ACQUAPLAN (2011) concluiu que a
modelagem numérica da intrusão salina no interior da baía de Paranaguá indica alterações
na concentração de sal somente a partir das imediações do canal do Porto de Paranaguá em
direção ao interior da baía, com aumento na concentração de sal de 1 g/kg no cenário de
aprofundamento em relação ao cenário atual. Os efeitos são observados somente na
camada de fundo da coluna d’água. Para os valores de descargas fluviais simulados, foi
concluído que a baía de Paranaguá, até as imediações desse canal, comporta-se como um
estuário bem misturado, de forma que não há praticamente gradiente vertical de salinidade.
A partir do mesmo canal, o estuário pode comportar-se como bem misturado no inverno,
período caracterizado como de baixa precipitação e baixas descargas fluviais, ou comportarse como parcialmente misturado nos períodos de verão, onde as descargas fluviais são mais
elevadas. O gradiente vertical de salinidade obtido foi de poucas unidades (ACQUAPLAN,
2011).
2.6.1.2
Caracterização da turbidez
O aumento da turbidez das águas está associado ao processo erosivo e de transporte
de material particulado em suspensão uma vez que se entende por turbidez o grau de
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atenuação de intensidade que um feixe de luz sofre ao atravessar determinada amostra de
água. No eixo Leste-Oeste do Complexo Estuarino de Paranaguá, a turbidez apresenta,
conforme determinado por Noernberg (2001), coeficiente de correlação com o material
particulado em suspensão de r²=0,69.
Valores de turbidez, na superfície meio e fundo, dos pontos amostrados por
ACQUAPLAN (2011), cuja localização é apresentada na Figura 111, podem ser vistos na
Figura 123. De acordo com a Resolução CONAMA n. 357/2005, a turbidez deve ser
virtualmente ausente em águas salobras de classe 2. Os resultados apresentados pela Figura
123, porém, mostram valores significativos de turbidez, principalmente nas amostras de
fundo de alguns dos pontos (ponto #052: 425 NTU; ponto #057: 788 NTU; ponto #058:
>800NTU; e ponto #114: >800).
Figura 123 - Valores de turbidez nos pontos amostrados por ACQUAPLAN (2011)
2.6.2 Documento “Paraná Mar e Costa - Subsídios ao Ordenamento das Áreas Estuarina e
Costeira do Paraná” (SEMA, 2006)
O documento “Paraná Mar e Costa - Subsídios ao Ordenamento das Áreas Estuarina e
Costeira do Paraná” (SEMA, 2006), apresentado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente
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e Recursos Hídricos - SEMA, compila importantes informações para o planejamento dos
ambientes marinhos, seus componentes do meio físico, biológico e socioeconômico e suas
variáveis. O objetivo da compilação das informações contidas em SEMA (2006) foi subsidiar
uma proposta de ordenamento aos ambientes estuarinos e costeiro, cabendo às instituições
Federal, Estadual e Municipal, a adoção de instrumentos normativos específicos.
A construção dos mapas das variáveis ambientais oceanográficas apresentadas em
SEMA (2006) se baseou em trabalhos científicos sobre a superfície do mar,
independentemente da época do ano, com valores extremos de qualquer parâmetro
ambiental ou biológico. Apenas importaram os limites de variação, não foram considerados
os padrões de variação temporal. Foram usados modelos matemáticos, ou interpolações,
com o propósito de atribuir valores das variáveis ambientais em áreas onde não foram
aferidas. As variáveis foram interpoladas conforme seus valores mínimos e máximos, com
exceção dos valores de batimetria, sedimentos e bentos, que foram baseadas nas médias.
As características do regime hidrográfico analisado permitem extrapolações para o
norte e sul com grande grau de confiabilidade, salvo nos setores mais rasos próximos da
linha de costa e na boca das baías. Isto se dá uma vez que estes setores são mais afetados
pela drenagem continental e ressuspensão de sedimentos pelas ondas e circulação de marés
(BRANDINI, 2004 apud SEMA, 2006).
A seguir são transcritas as principais informações apresentadas em SEMA (2006)
acerca do meio físico-químico.
2.6.2.1
Transparência da água
A transparência da água foi medida com um disco de Secchi e variou de 1,6 a 16,6 m
com mínimo próximo da costa. Em áreas mais externas encontramos os maiores valores,
onde transparências acima de dez metros não são raras, à exceção de meses chuvosos
quando valores abaixo de dez metros foram observados desde a costa até as áreas mais
externas, aproximadamente, a 50 km de distância. As interpolações das transparências
máximas e mínimas estão exemplificadas na Figura 124 e Figura 125, respectivamente.
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Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 124 - Interpolações sobre valores máximos de transparência da água
Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 125 - Interpolações sobre valores mínimos de transparência da água
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2.6.2.2
Salinidade
A salinidade mínima na superfície do mar aberto varia entre 29 e 34, crescendo à
medida que nos afastamos da costa em direção a áreas externas. Em baías a variação é
muito mais brusca, indo de 1 até 29, com mínimos nas áreas mais internas, em especial
próximo da desembocadura de rios, aumentando em direção às barras de acesso ao mar
aberto.
A salinidade é o parâmetro que melhor setoriza as áreas internas lagunares, por conta
de seu caráter conservativo durante os processos de mistura entre a água doce e salgada. Na
Figura 126 e Figura 127 é fácil ver pelo menos quatro setores bem definidos quanto ao limite
de salinidade. São eles: Baía de Antonina (1-15); entre a Ponta do Teixeira e a Ponta da Cruz
(15-25); desde a Ponta da Cruz até a porção oeste da Ilha do Mel (25-30) e daí até a barra do
Canal da Galheta (30-34).
As interpolações sobre valores máximos e mínimos de salinidade estão exemplificadas
na Figura 126 e Figura 127, respectivamente.
Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 126 - Interpolações sobre valores máximos de salinidade
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Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 127 - Interpolações sobre valores mínimos de salinidade
2.6.2.3
Oxigênio dissolvido
Devido à grande importância e utilização do oxigênio dissolvido nos processos
biológicos em todos os níveis tróficos funcionais, um padrão de variação espacial regular não
pode ser observado. Concentrações mínimas de oxigênio dissolvido na superfície do
Complexo Estuarino Lagunar Paranaguá - Cananéia variam de 4,3 a 7 mg/L. Apesar de se
tratar de valores mínimos, estas concentrações são suficientemente altas para manter a
estabilidade biológica do meio. Os valores máximos variam entre 4 e 10 mg/L, isto é., bem
acima dos pontos de saturação.
Não foi possível estabelecer um padrão de distribuição de máximos e mínimos para o
mar aberto, por conta de uma falta de dados desta área. Entretanto, a demanda biológica de
oxigênio dissolvido é menor do que as concentrações originadas da difusão atmosférica ou
da produção autótrofa.
Na costa do Paraná, ainda não ocorrem níveis críticos de eutrofização, a ponto de
causar anoxia em camadas superficiais. Existem, no entanto, bolsões anóxicos em setores
pontuais e isolados do fundo das baías, onde o acúmulo de matéria orgânica e a baixa
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circulação impedem a renovação da água (MACHADO et al., 1997 apud SEMA, 2006), nessas
regiões ocorre de nitrificação e perda de nitrogênio do sistema.
A Figura 128 e a Figura 129 apresentam as interpolações sobre valores máximos e
mínimos de oxigênio dissolvido, respectivamente.
Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 128 – Interpolações sobre valores máximos de oxigênio dissolvido
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Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 129 - Interpolações sobre valores mínimos de oxigênio dissolvido
2.6.2.4
Nitrogênio Total
Na Baía de Paranaguá, as concentrações mínimas variam de 0,04 a 6,2 μM. Valores
máximos variam entre 0,37 a 17 μM. Os padrões de distribuição espacial tanto para os
valores máximos quanto mínimos são irregulares. Isto é, Ou seja, qualquer valor dentro dos
limites de cada mapa pode ser encontrado em qualquer setor do CEP, tendo em vista o
caráter não conservativo do nitrogênio.
As interpolações sobre valores máximos e mínimos de nitrogênio estão apresentadas
na Figura 130 e na Figura 131, respectivamente.
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Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 130 - Interpolações sobre valores máximos de nitrogênio
Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 131 - Interpolações sobre valores mínimos de nitrogênio
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2.6.2.5
Fósforo Total
Nas áreas lagunares, as concentrações mínimas de fósforo variam entre 0,1 e 1 μM e
as máximas entre 0,3 e 10 μM. Foram observados picos de concentração somente na saída
do rio Itiberê, em função do esgoto doméstico proveniente do Município de Paranaguá. Uma
maior concentração urbana por conta da presença das cidades de Paranaguá e Antonina faz
com que sejam freqüentes concentrações acima de 1 μM no eixo leste-oeste da Baía de
Paranaguá .
A Figura 132 e Figura 133 apresentam as interpolações sobre valores máximos e
mínimos de fósforo, respectivamente.
Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 132 - Interpolações sobre valores máximos de fósforo
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Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 133 - Interpolações sobre valores mínimos de fósforo
2.6.2.6
Clorofila
Concentrações máximas de clorofila na superfície do mar aberto variam de 0,5 a 5
mg/L com máximo próximo das bocas de baías, crescendo em direção a áreas mais próximas
da costa. Os valores médios são elevados nos locais mais próximos da costa, decrescente em
direção às áreas mais externas. Concentrações abaixo de 0,5mg/l são constantes e
homogeneamente distribuídas na coluna de água nos períodos mais frios e no verão nas
áreas abaixo dos trinta metros de profundidade.
Nas baías, a concentração máxima varia com amplitudes bem maiores, entre 0,5 e
65 mg/L com picos de máxima concentração em setores medianos das baías, onde a
turbidez é suficientemente baixa provendo uma condição satisfatória para que ocorra um
maior crescimento algal. Nos setores internos onde a turbidez é mais elevada, as
concentrações de clorofila são mais baixas, limitadas pela maior espessura da zona eufótica,
mais ainda são elevadas (5-20 μg/L). Nas áreas externas próximas das barras de acesso, as
concentrações máximas variam entre 0,5 e 9 μg/L.
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Concentrações mínimas no mar aberto variam entre 0,01 a 2 μg/L, de modo que
repetem o mesmo padrão de concentrações maiores nas áreas mais próximas da costa e
decrescem nas áreas mais distantes e mais profundas. Nas baías, as concentrações mínimas
variam entre 0,01 e 16,8 μg/L com padrões de distribuição semelhantes ao observado no
caso das concentrações máximas, ou seja, mais elevados nas áreas internas, decrescendo na
direção das barras de acesso ao mar aberto.
2.6.2.7
Fitoplâncton
Dados sobre a densidade de células fitoplanctônicas são mais consistentes no mar
aberto do que nas baías lagunares. Tanto no mar aberto quanto nas baías, a densidade
mínima varia de 4 x 103 a 100 x 103 céls.l-1. Valores mínimos excepcionalmente elevados são
raros e associados a blooms episódicos que logo se dispersam no mar aberto com a
circulação e turbulência gerada pelos ventos. Valores máximos, acima de 106 céls.l -1, podem
atingir 15 x 106 céls.l-1, em situações de blooms algais. São mais comuns dentro das baías,
mas podem ser observados no mar aberto devido a fenômenos semelhantes a marés
vermelhas.
Presente na maioria dos ambientes costeiros, o fitoplâncton é em geral dominado por
diatomáceas cêntricas e fitoflagelados do nanoplâncton (BRANDINI, 1985b apud SEMA,
2006; FERNANDES, 1992 apud SEMA, 2006; BRANDINI e THAMM, 1994 apud SEMA, 2006;
BRANDINI, 2000 apud SEMA, 2006). Dinoflagelados e silicoflafelados do microplâncton
(>20μm) estão sempre presentes, mas, numericamente, contribuem pouco com a população
fitoplanctônica.
Em escala sazonal e espacial, a biomassa bacteriana na região varia entre 49 mgC.L-1 e
217 mgC.L-1 (SIQUEIRA, 2001 apud SEMA, 2006), com máximos em áreas mais costeiras,
decrescendo em direção a áreas externas. Em média, a biomassa bacteriana foi de 80 mgC.L1
. A concentração de bactérias heterotróficas totais é relativamente constante em todos os
setores do mar aberto.
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Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 134 - Interpolações sobre valores máximos de fitoplâncton
Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 135 - Interpolações sobre valores mínimos de fitoplâncton
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2.6.2.8
Zooplâncton
Nas baías lagunares, as densidades mínimas de zooplâncton total (holo- +
meroplâncton) variam de 20 a 20.000 ind.m-3 e as máximas de 2.000 a 175.000 ind.m-3. No
mar aberto, as concentrações são, evidentemente, bem inferiores do que as observadas
dentro das baías.
Concentrações mínimas variam entre 500 a 1000 ind.m-3 e as máximas entre 2.500 e
7.500 ind.m-3. As áreas de maior concentração são as mais próximas da costa e decrescem
em direção ao mar aberto.
Copépodos e organismos meroplanctônicos são os elementos dominantes do
mesozooplâncton da Baía de Paranaguá (MONTÚ e CORDEIRO, 1988 apud SEMA, 2006;
LOPES, 1997 apud SEMA, 2006; LOPES et al., 1998 apud SEMA, 2006), e não há nenhuma
razão para que o mesmo não seja válido para as Baías de Pinheiros e de Guaratuba, tendo
em vista a semelhança hidrográfica entre esses sistemas.
O meroplâncton é dominado por larvas de poliquetas e decápodas. O
microzooplâncton é dominado por ciliados do grupo dos tintinídeos e dinoflagelados.
Concentrações máximas de zooplâncton total atingem 80.000 ind.m-3 nos períodos de
primavera e verão, entretanto altasdensidades também ocorrem no período outonoinverno.
No setor externo das baías, dominam espécies de zooplâncton estenohalinos típicos
do mar aberto, sujeitos a menor variação de salinidade. Espécies mais eurihalinas ocupam
áreas mais extensas da baía com o aumento da precipitação pluviométrica e descarga de
água doce.
Larvas de ostras ocorrem ao longo de todo o ano, mas, com picos de abundância em
geral no verão (SILVA, 1994 apud SEMA, 2006). Do mesmo modo, as larvas de peixes mais
abundantes identificadas neste trabalho pertencem às concentrações máximas do
ictioplâncton, principalmente as famílias Gobiidae, Sciaenidae e Engraulidae estiveram
associadas aos períodos mais quentes do ano (verão e primavera) (SINQUE et al., 1982 apud
SEMA, 2006). De acordo com a distribuição de densidades, a desova mais intensa ocorre em
salinidades de 22,1 a 26,8; ou seja, nos setores intermediários das baías. A Figura 136 e a
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Figura 137 apresentam as interpolações sobre os valores máximos e mínimos de
zooplâncton.
Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 136 - Interpolações sobre valores máximos de zooplâncton
Fonte: (SEMA, 2006)
Figura 137 - Interpolações sobre valores mínimos de zooplâncton
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2.6.3 Conflitos de Múltiplos Usos dos Recursos Hídricos
Os principais conflitos e problemas identificados para os ambientes marinhos foram
aqueles gerados pelo uso do espelho d’água. Alguns conflitos estão identificados
diretamente com o significativo aumento da poluição orgânica na alta temporada e diversos
focos de poluição orgânica e inorgânica em áreas portuárias e urbanas. Os conflitos
identificados em SEMA (2006) advêm das discussões com grupos de interesse e autoridades
consultadas por participantes deste projeto, e nas experiências do Projeto de Recifes
Artificiais (RAM - UFPR), os quais são descritos a seguir:
 entre pescadores esportivos e pescadores artesanais em desembocaduras de rios;
 entre pescadores esportivos e mergulhadores em áreas costeiras com substratos;
 entre a pesca esportiva, mergulho contemplativo e a pesca industrial de arrasto em
áreas costeiras;
 entre a caça submarina e o turismo de mergulho;
 entre navegadores em recreio e pescadores artesanais;
 entre a maricultura e a pesca artesanal e esportiva;
 entre interesses de conservação ambiental e atividades produtivas;
 entre a conservação de recursos culturais e históricos e a pesca e mergulho.
Os conflitos são pontuais, de intensidades variáveis, dependentes das condições de
uso local e da importância da área para determinado grupo e temporalmente diferenciada.
A intensificação do uso dos ambientes estuarinos e costeiros com critérios normativos
de difícil entendimento, por atividades que convivem e convergem nem sempre de forma
harmoniosa, geram conflitos de usos dos recursos marinhos e dos espaços aquáticos.
Além disso, a deficiência no ordenamento e a característica de livre acesso aos
recursos naturais causam impactos no potencial produtivo desses ambientes, por meio de
uma pressão acima dos limites de sustentabilidade sobre os recursos vivos marinhos,
especialmente aqueles situados nos estuários e nas áreas costeiras rasas.
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Outro aspecto que merece destaque é a apropriação de áreas tradicionais e dos
recursos aquáticos por investidores de outras regiões e classes sociais, o que desloca
comunidades de pescadores de áreas de frente para o mar, e faz substituir suas áreas de
ancoragem e atracação por instalações de marinas, equipamentos de veraneio, loteamentos
e instalações portuárias, ampliando-se os conflitos e a marginalização dos pescadores, com
impactos negativos à sua cultura.
Como se verifica que ocorrem atividades de contato primário com a água na região do
estuário é importante ressaltar que essas atividades apenas devem ser realizadas em locais
onde a qualidade da água é própria para tal, de acordo com a Resolução CONAMA 274/2000.
O IAP (Instituto Ambiental do Paraná) monitora a balneabilidade em 68 pontos em todo o
Estado. Desses, 49 estão no litoral, distribuídos desde a divisa com Santa Catarina, no
Balneário da Barra do Saí, até Pontal do Sul, incluindo-se ainda pontos na Ilha do Mel, na
Baía de Antonina e nos rios Nhundiaquara, do Nunes e Marumbi.
A Figura 138 apresenta os pontos de balneabilidade situados no Complexo Estuarino
de Paranaguá, excetuando os locais de rios. A nomenclatura dos pontos apresentada na
figura corresponde à adotada pelo IAP nos boletins de divulgação.
Figura 138 – Pontos de balneabilidade monitorados pelo IAP
Nesta região, especificamente na Baía de Paranaguá, alguns estudos realizados com os
sedimentos identificaram as zonas mais sensíveis a processos de contaminação, bem como
as principais fontes de contaminação antrópica de metais, componentes orgânicos, óleos e
graxas. Em particular, a área em frente ao Porto recebe o aporte de matérias de diversas
origens e composições, que contaminam pontualmente os sedimentos da região bem como
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os de sua bacia de evolução. A Figura 139 apresenta a classificação da qualidade da água
segundo a contaminação por Escherichia coli nos meses de verão.
Fonte: Paraná Mar e Costa (2006)
Figura 139 – Classificação da Qualidade da Água segundo a contaminação por Escherichia coli nos
meses de verão com pico populacional
Ainda na região de Paranaguá e zona costeira adjacente, são comuns pequenos
blooms de algas de primavera-verão, possivelmente associadas a alterações de salinidade e
temperatura da água do mar, pelo excesso de nutrientes introduzidos pelo despejo de
esgoto doméstico, ou até por correntes marinhas e marés; entretanto, existem poucos
estudos que expliquem as causas de tais ocorrências. As manchas atuais afetam
principalmente o norte da Baía de Paranaguá, próximo de Guaraqueçaba, Itaqui e Serra
Negra. Na Baia de Laranjeiras o aumento do risco de ocorrência destes blooms e fenômenos
mais intensos de maré vermelha preocupa pesquisadores, órgãos ambientais e da saúde.
Estes eventos, com possível liberação de toxinas na água e mortandade de peixes,
contaminam mariscos, mexilhões e ostras e, por conseqüência, afetam diretamente os
consumidores de pescado e frutos do mar.
A Figura 140 identifica as regiões de risco de ocorrência de blooms de algas, bem
como as regiões de risco para outros tipos de contaminação como por agrotóxicos,
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urbanização, acidentes com substâncias químicas e contaminação associada a atividade
portuária.
Fonte: Paraná Mar e Costa (2006)
Figura 140 – Áreas de risco de ocorrência de blooms
Focando os conflitos associados às atividades portuárias sobre o meio hídrico,
verificam-se conflitos que podem ser gerados ou sofridos por estas. Entre os impactos que
as atividades portuárias podem gerar destacam-se as alterações da morfologia do estuário,
devido às obras de implantação, manutenção do calado através das dragagens e despejo do
material assoreado. Estas alterações de morfologia alteram a hidrodinâmica e ocorrerão
independentemente do local de implantação do porto e sua expansão Este conflito afeta a
praticamente todos os usuários dos recursos hídricos do estuário, pois a alteração da
hidrodinâmica, morfologia e ressuspensão de sedimentos serão constantes e de proporções
significativas. Outro conflito associado é a movimentação de navios, o que deverá gerar
traçados de novas rotas e maiores cuidados de segurança por parte das navegações
pesqueiras e de transporte e turismo.
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Finalmente, pode-se citar a poluição das águas gerada pelas atividades portuárias, a
qual novamente poderá ser motivo de conflitos entre praticamente todos os usuários das
águas do estuário. Neste sentido, o próprio porto poderá realizar a gestão dos efluentes
produzidos e a gestão de riscos (vazamentos, explosões, operações inadequadas, etc.),
verificando e corrigindo irregularidades.
Para identificar as fontes de poluição existentes no Complexo Estuarino de Paranaguá
decorrentes das atividades portuárias foram apurados os dados de estudos anteriores
realizados para a região portuária. Os estudos analisados foram os seguintes: o Plano de
Controle Ambiental das Dragagens de Manutenção dos Portos de Paranaguá e Antonina
(2007), coordenado pela Associação de Defesa do Meio Ambiente e do Desenvolvimento de
Antonina (ADEMADAN Antonina); e o Estudo de Impacto Ambiental da Ampliação do Cais
Leste do Terminal de Contêineres de Paranaguá – TCP (2010) realizado pela Soares Neto &
Guerios Advocacia e Consultoria.
Dentre as fontes poluidoras identificadas em Paranaguá, destacam-se as indústrias
de
fabricação
e
armazenamento
de
fertilizantes.
A
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Tabela 36 apresenta as fontes identificadas por ADEMADAN Antonina (2007) nesse
município:
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Tabela 36 – Principais fontes poluidoras em Paranaguá (PR) e sua localização.
Coordenadas geográficas
(UTM)
Fonte Poluidora
Localização
Adubos Sudoeste Ltda.
Localização Avenida Coronel Santa
Rita, 1361, bairro Bockmann.
748957
7175772
Adubos Trevo S/A
Rua Professor Cleto, s/n, Bairro Rocio.
748386
176570
Andali Operações Industriais Ltda.
Areal Alexandra Ltda.
Rua Ludovica Borio, 1111, Bairro Raia
Rua Principal - bairro Alexandra
Rua dos Flanboians, 401, - bairro
Jardim Samambaia
Rua Ildefonso Munhoz da Rocha,
1975, Vila Paranaguá
Estrada do Imbocui, bairro Imbocui
Estrada Velha de Alexandra, bairro
Alexandra
Rua Manoel Bonifácio, 2555 - bairro
Estiva
Avenida Portuária, bairro Porto
Avenida Cel. Santa Rita, 2677
Avenida Presidente Kenedy, 3500 Bairro Oswaldo Cruz
Avenida Bento Rocha, 976, bairro
Rocio.
Avenida Bento Rocha, 640, Bairro
Rocio
Rua Ludovica Bório, 1426, barro Vila
Rute
Av. José da Costa Lute, 251 - bairro
Vila Primavera
Rua Presidente Getúlio Vargas, 2859 bairro Vila Portuária
748903
Areal das Ilhas Ltda.
Areal Imbocui Ltda.
Areal Rocha
Areal Santa Maria
Bunge Fertilizantes S/A
Cargil Fertilizantes S/A.
Cattalini Terminais Marítimos Ltda
Cooperativa Central Regional
Iguaçu Ltda
Delta Fertilizantes Ltda.
Estinave Unitização de Cargas e
Armazéns Gerais Ltda.
Fertibras S/A
Fertipar Fertilizantes do Paraná
Ltda
Fospar S.A.
Grain Port Padronização de Grãos e
Cereais Ltda.
Avenida Governador Manoel ribas,
1711 - bairro serraria do Rocha
Avenida Atílio Fontana, bairro
Lava Car do Pedro
Imbocui
Avenida Atílio Fontana, bairro
Lava Car Santa Rita
Imbocui
Lixão do Imbocui
Estrada do Lixão, bairro Imbocuí
Macrofertil Indústria e Comércio
Avenida Paulo Canhola, 717, bairro
de Fertilizantes Ltda.
Alvorada
Avenida Gabriel de Lara, 1471, bairro
Mosaic Fertilizantes do Brasil
Rocio
Multitrans Transportes e Armazéns
Rua Baronesa do Cerro Azul, 682,
Gerais Ltda
bairro Costeira
Nova Sul Padronização de Cereais
Rua Francisco Machado, 772, bairro
Ltda.
Vila Alboit
Península Internacional Ltda.
Avenida Coronel José Lobo, 1211
7175536
-
744390
7173420
743351
7173220
-
748423
7176407
749935
748032
7176880
7176469
750060
7176393
743644
7172015
750456
7176103
748292
7175891
749506
7176319
747361
7176396
748594
7175804
739135
7170183
745540
7172082
744546
7172337
744813
7173080
748532
7174957
749152
7176183
748188
7174173
748388
7176033
Heringer Fertilizantes Ltda.
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Posto Farol (abandonado)
Sadia S.A.
BR277 km05 - Parque São Jorge
Avenida Senador Atílio Fontana, 1501
- bairro Distrito Industrial
Serra do Mar Armazéns Avenida Senador Atílio Fontana, 100 bairro Colônia Santa Rita
Gerais Ltda.
Rua Professor João de Souza Ribeiro,
Transadubo S.A.
267
Cel. Santa Rita, s/n - bairro Rocio
União Vopak
750060
7176393
744239
7172183
745003
7172400
743535
7172072
747941
7176512
Fonte: Adaptado de ADEMADAN - Antonina (2007).
A
localização
das
empresas
listadas
na
LACTEC – 2012
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Tabela 36 está apresentada na Figura 141.
Figura 141 – Localização das empresas
A empresa Fertipar Fertilizantes do Paraná Ltda armazena, manipula fertilizantes e
realiza o seu carregamento em navios, trens e caminhões. Pequenas quantidades desse
produto são comercializadas com agricultores da região.
Também está instalada na região a Andali Operações Industriais Ltda. que atua no
armazenamento de matéria-prima para produção de fertilizantes.
Outras empresas do setor são a Mosaic Fertilizantes do Brasil, a Heringer Fertilizantes
Ltda, a Macrofertil Indústria e Comércio de Fertilizantes e a Adubos Sudoeste Ltda. que
também atuam na fabricação, armazenamento, manipulação e comércio de fertilizantes. No
caso da Mosaic, o principal produto comercializado é fertilizante a base de fosfatados
concentrados de potássio. Também atuam no armazenamento e manipulação (mistura) de
fertilizantes a Multitrans Transportes e Armazéns Gerais Ltda, a Heringer Fertilizantes Ltda e
a Transadubo S.A. A Península Internacional Ltda realiza a mistura de fertilizantes e a
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aglutinação do pó resultante desse processo, formando grãos. Além da mistura, é realizado
o ensaque do produto final.
A FOSPAR S/A está associada à FERTIPAR desde 1994 e fabrica fertilizantes, dentre
eles, o superfosfato (enxofre associado a ácido sulfúrico e rocha fosfatada). Possui um
terminal portuário privado em Paranaguá desde 2001. Os fertilizantes oriundos da FOSPAR
são comercializados pela CARGIL Fertilizantes S/A.
A empresa Delta Fertilizantes Ltda também atua na fabricação de fertilizantes e os
efluentes gasosos resultantes do seu processo industrial são tratados através da utilização
de lavadores de gás antes de serem lançados na atmosfera. A Bunge Fertilizantes S/A atua
no armazenamento e comércio de fertilizantes e a Fertibras S/A na produção e
comercialização do produto. Por fim, a Adubos Trevo S/A realiza a mistura e o ensaque de
fertilizantes granulados.
O principal problema da presença destas indústrias é a possibilidade de
contaminação por excesso de nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênio. Dentre os
componentes destes produtos estão, além dos os elementos nitrogênio (N), fósforo (P), os
elementos potássio (K), enxofre (S) nas formas de sulfatos (SOX) e os microelementos como
boro (B), cobre (Cu), molibdênio (Mo), manganês (Mn), cobalto (Co), ferro (Fe), sílica (Si),
cálcio (Ca), além de enzimas como a urease. Estes microelementoss quando em excesso,
podem causar danos ao meio biótico por se tornar tóxico devido à concentração maior do
que a ideal. O excesso de nutrientes pode causar o crescimento excessivo de algas e também
a redução da concentração de oxigênio dissolvido na água, o que dificulta a sobrevivência da
vida aquática. Outra preocupação com relação aos fertilizantes é a presença de metais
pesados em sua composição. De acordo com Malavolta (2006), é considerado metal pesado
o elemento que tem peso específico maior que 5 g.cm-3 ou possui número atômico maior
que 20. Um estudo realizado por Moraes (2009) encontrou até 57 g.kg-1 de Cd, 114 g.kg-1 de
Cr, 36 g.kg-1 de Ni e 28 g.kg-1 de Pb em amostras de fertilizantes.
No setor da mineração, estão instaladas no município de Paranaguá várias
mineradoras que realizam a extração de areia tais como: Areal Imbocui Ltda., Areal das Ilhas,
Areal Alexandra Ltda., Areal Santa Maria e Areal Rocha. A princípio a extração de areia
apresenta como risco apenas pela movimentação de solo e possibilidade de aporte de
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sedimentos para o estuário e, desta forma, contribuir com o assoreamento do canal de
navegação.
Também atua na região, a União Vopak que importa e exporta óleo vegetal e ácido
sulfúrico. Dentre os processos desta empresa, o que oferece maior risco de contaminação,
aos recursos hídricos e ao solo é a descarga e transferência de ácido sulfúrico do navio para
tanques de armazenamento.
Outra empresa é a Cooperativa Central Regional Iguaçu que exporta grãos que são
armazenados em silos para posterior embarque. Os grãos descartados são encaminhados
para o aterro sanitário do município de Pontal do Paraná. Também atua na exportação de
grãos e cereais a Nova Sul Padronização de Cereais Ltda. O transporte de grãos sempre
apresenta perdas, tanto ao longo das estradas de acesso ao porto quanto no embarque nos
navios. A degradação destes grãos causa mau cheiro nas imediações do porto, além de
poder provocar a redução da concentração de oxigênio dissolvido na água.
Já a Estinave Unitização de Cargas e Armazéns Gerais Ltda. exporta madeira, caulim,
ferro, tubos e conexões.
A Cattalini Terminais Marítimos Ltda. manipula produtos petroquímicos, óleos
vegetais, álcool, diesel, metanol, etanol, terebintina. Esses produtos são descarregados e
transferidos dos navios para tanques e vice-versa. Após isso, esses produtos são distribuídos
através de dutos para locais de armazenamento ou para caminhões. Os hidrocarbonetos
podem provocar vários efeitos adversos à biota e à qualidade da água, conforme elucidado
no 2.5.1.1.
No setor industrial, também esta instalada a Sadia S/A, que fabrica margarina. As
emissões atmosféricas resultantes do seu processo industrial são direcionadas para um
sistema de tratamento que utiliza multiciclone. O resíduo resultante do processo de flotação
é comercializado para fabricantes de ração e de sabão. Os demais resíduos são
encaminhados para o aterro sanitário do município de Curitiba.
Existem empresas de lavação de veículos instaladas em locais impróprios, tais como:
Lava Car Santa Rita e o Lava Car do Pedro, localizadas nas proximidades de um manguezal.
LACTEC – 2012
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Estes estabelecimentos não possuem sistema de tratamento de seus efluentes líquidos,
contaminados principalmente por resíduos de cargas, óleos, graxas, entre outros.
Nesse município também existe uma área de disposição de resíduos urbanos
desativada, conhecida como “lixão” do Imbocuí. Esse “lixão” esteve em funcionamento
durante 30 anos e, atualmente, recebe catadores informais. A disposição inadequada dos
resíduos compromete a qualidade do solo e da água subterrânea e superficial da região,
além de ser um fator agravante de problemas sociais.
Na região de atracadouro do porto e diretamente ligadas a esta, existem as empresas
arrendatárias,
listadas
na
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229
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Tabela 37, segundo informações do IAP. Também estão apresentados nesta tabela a
atividade da empresa e o destino final do efluente.
LACTEC – 2012
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Tabela 37 – Empresas arrendatárias do Porto Organizado.
CNPJ
N° LO
Atividade
Destino do Efluente
Final
84046101028284
10703
Armazenagem
Infiltração no Solo
84046101054528
2988
Recebimento, armazenagem
e embarque de granéis
sólidos
Rede de Esgoto
BUNGE
ALIMENTOS S/A
(Armazém Nº 4)
84046101028101
2987
Recebimento, armazenagem
e embarque de granéis
sólidos
Rede de Esgoto
BUNGE
ALIMENTOS S/A
(Armazém Nº 5)
84046101054609
2986
Recebimento, armazenagem
e embarque de granéis
sólidos
Rede de Esgoto
BUNGE
ALIMENTOS S/A
(Armazém N° 6)
84046101054447
2989
Recebimento, armazenagem
e embarque de granéis
sólidos
Rede de Esgoto
Rede Pluvial
Empresa
BUNGE
ALIMENTOS S/A
BUNGE
ALIMENTOS S/A
(Armazém Vertical)
CARGILL
AGRICOLA S/A
60498706000319
10180
Comércio atacadista de
cereais in natura,
leguminosas e matérias
primas agrícolas
CATTALINI
TERMINAIS
MARÍTIMOS LTDA
75633560000182
10881
Armazenagem e
movimentação de Granéis
Líquidos
-------------
CATTALINI
TERMINAIS
MARÍTIMOS LTDA
77628329000126
10880
Armazenagem e
movimentação de Granéis
Líquidos
-------------
75904383006405
6548
Armazenagem e Expedição
de Produtos Agrícolas e
Óleos Vegetais
Rede de Esgoto
77118131000283
16169
Ampliação segunda linha e
moega rodoviária
-------------
77118131000283
10802
Movimentação de Cereais
Rede de Esgoto
77118131000283
7639
Pátio para estacionamento
de caminhões
Rede de Esgoto
76204130000108
11146
47067525005410
5016
COAMO
AGROINDUSTRIAL
COOPERATIVA
COOPERATIVA
CENTRAL
REGIONAL
IGUAÇU LTDA
COOPERATIVA
CENTRAL
REGIONAL
IGUAÇU LTDA
COOPERATIVA
CENTRAL
REGIONAL
IGUAÇU LTDA
FOSPAR S/A
LOUIS DREYFUS
COMMODITIES
BRASIL S/A
PASA - PARANÁ
OPERAÇÕES
PORTUÁRIAS S/A
2725300000163
1917
Indústria de Fertilizantes
Armazenamento e
movimentação de produtos
de origem vegetal
Terminal Portuário de
Armazenagem e
Movimentação de Granéis PASA I e II
Infiltração no Solo
Rede de Esgoto
Rede de Esgoto
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PETROBRÁS
TRANSPORTE S.A 2709449005118 93085048
- TRANSPETRO
TCP - TERMINAL
DE CONTÊINERES
3020098000137
8740
DE PARANAGUÁ
S/A
TERMINAIS
PORTUÁRIOS DA
85041333000111
4817
PONTA DO FELIX
S/A
UNIÃO VOPAK
ARMAZÉNS
77632644000127
4660
GERAIS LTDA
Como
pode
Transferência e estocagem
de derivados de petróleo
-------------
Terminal Marítimo de
Contêineres de Paranaguá
-------------
Terminais Portuários da
Ponta do Felix S/A
-------------
Armazenagem de granéis
líquidos
Rede de Esgoto
ser
observado
na
LACTEC – 2012
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232
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Tabela 37, o efluente da maioria das empresas arrendatárias do Porto de Paranaguá têm
como destino final a rede de esgoto, a rede pluvial ou a simples infiltração no solo. Nas
licenças de operação consultadas não consta se as empresas possuem algum tipo de
tratamento de resíduos ou efluentes antes da disposição final nas redes.
2.7 Vegetação
Foi considerado os que a vegetação que sofre influência do Porto de Paranaguá está
compreendida entre o nível do oceano até 600 metros de altitude. Nesta faixa aparecem
conforme nos direcionamos ao planalto, áreas de formação pioneira com influência marinha
(restinga) e/ou influência fluvio-marinha (campo salino e mangue), seguido da Floresta
Ombrófila Densa com seus ecossistemas associados (terras baixas, aluvial e submontana) e
também a presença de atividades antrópicas caracterizando um sistema secundário de
sucessão vegetacional. A Figura 142 apresenta o perfil esquemático representativo das
principais associações vegetais da planície litorânea.
Figura 142 - Perfil Esquemático Representativo das Principais Associações Vegetais da Planície
Litorânea (Leste-Oeste), (URURAHY et. al., 1983)
2.7.1 Caracterização da Vegetação Regional
A região está enquadrada nos domínios fitogeográficos da Floresta Ombrófila Densa e
ecossistemas associados, bem como em seus ecótonos. Para denominar as unidades de
vegetação delimitadas na área de estudo, utilizou-se a divisão proposta por RODERJAN;
KUNIYOSHI (1988, p.1-4) e a do Manual técnico da vegetação brasileira (IBGE, 1992, p.1632), para perímetro da Baía de Paranaguá, onde existem as seguintes unidades de
vegetação: Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas - Restinga; Floresta Ombrófila Densa
Submontana; Área de Formação Pioneira sob Influência Fluvio-marinha - Manguezal; Área de
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233
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Transição e Área de Formação Pioneira sob Influência Fluvial. Também foram detectadas
áreas sem vegetação, ou seja, áreas antropizadas e lagoas.
A seguir são descritas com maior detalhamento as fisionomias características, que
ocorrem na área de estudo.
2.7.1.1
Formações Pioneiras
As formações pioneiras caracterizam-se pela vegetação de primeira ocupação,
associada a espécies pioneiras que se desenvolvem sobre áreas pedologicamente instáveis,
sob constantes deposições sedimentares, tais como da orla marinha, margens dos rios e ao
redor dos pântanos, lagos e lagoas. São comunidades cujo desenvolvimento pleno é limitado
por condições ambientais diferentes do clima regional, principalmente vento, salinidade,
maresia e hidromorfismo. Sua florística é mais simplificada em relação a florestas clímax e
não há ainda formação de estratos (Roderjan e Kuniyoshi, 1988; Veloso, Rangel e Lima,
1991; IBGE, 1992; Jaster, 1995; SEMA e IAP, 1996; Jaster, 2002).
a) Formação Pioneira com Influência Marinha: são comunidades associadas a
condições ambientais extremas, sob permanente ação dos ventos, das marés, da salinidade
e das condições pedológicas desfavoráveis, geralmente sobre Neossolos Quartzarênicos e
Espodossolos. Apresenta-se em tipos distintos de vegetação em resposta às diferentes
intensidades da influência do mar, aumentando o seu grau de desenvolvimento conforme
adentra no continente, tanto estrutural como floristicamente, até chegar ao ponto em que
adquire aspecto florestal. Essa formação, também conhecida como restinga, faz a transição
entre o manguezal e a Floresta Ombrófila Densa, ou então ocorre logo após as primeiras
dunas. É considerada uma formação de estrutura e composição florística bastante
heterogênea, sendo separada por alguns autores de acordo com a espécie dominante e/ou
aspecto fisionômico geral (Roderjan e Kuniyoshi, 1988; IBGE, 1992; Jaster, 1995; SEMA e IAP,
1996; Roderjan et al., 2002).
A restinga apresenta-se com a forma de faixas longas, estreitas e abauladas, de
altitude variável de 3 m a 7 m. Na região da praia de Leste as restingas do interior são
designadas vulgarmente por taboleiros. As formações arenosas junto ao mar são designadas
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também por campinas e cômoros. São cobertas de vegetação halo-psamófila nas regiões
mais próximas ao mar onde as areias conservam ainda certa salinidade (Bigarella, J. J., 1946).
Ainda, segundo Menezes-Silva, 1998, ao pesquisar a restinga da Ilha do Mel, contatou-se
que ela pode ser caracterizada por três tipos: campo, frutíceto e floresta, de acordo com sua
estrutura e o substrato onde se encontra.
Na restinga próxima ao mar ocorre uma flora psamófila parcialmente tolerante a
salinidade passando a espécies adaptadas a climas severos mais para o interior. A zona
pantanosa é coberta de mata em sua maior parte. No Herbário do Museu Paranaense,
encontra-se o seguinte material coletado nas praias e ante-dunas do litoral paranaense,
sendo que as poucas espécies determinadas são as que seguem: salicornia (Salicornia
gaudichaudiana), salsa (Remirea marítima), Sporobolus virginicus, capim-caiana (Panicum
racemosum), acariçoba (Hydrocotyle umbellate), ipomeia (Ipomoea pes caprae), carrapichode-praia (Acicarpha spathulata), capim-carrapicho (Cenchrus echinatus) (Bigarella, J. J.,
1946).
b) Formação Pioneira com Influência Fluviomarinha: essa formação, conhecida como
manguezal, estabelece-se nas áreas de baía, desembocadura dos rios e locais de baixa
energia ambiental, onde o depósito de sedimentos médios e finos é favorecido, formando
um sistema ecológico altamente especializado, condicionado pela salinidade e tiomorfismo
conferidos pela água salobra e condições pedológicas. A florística é bem simplificada e,
geralmente, representada por três espécies arbóreas: mangue-vermelho (Rhizophora
mangle), siriúba ou mangue amarelo (Avicennia schaueriana) e mangue-branco
(Laguncularia rancemosa), porém, em terraços dos rios, gramíneas do gênero Spartina e
Salicornia portulacoides aparecem também (Roderjan e Kuniyoshi, 1988; IBGE, 1992;
Schaeffer-Novelli, 1995; SEMA e IAP, 1996).
A distribuição das diferentes espécies de mangue parece não obedecer à regra geral.
Referente à Rhizophora, a sua distribuição atual foi muito modificada pela intervenção
humana, constata-se na Baía de Paranaguá seu desenvolvimento maior. A Avicennia é muito
difundida no litoral paranaense, juntamente com a Laguncularia, que é a espécie de mangue
mais desenvolvida pelo número de indivíduos (Bigarella, J. J., 1946).
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
c) Formação Pioneira com Influência Flúvio-Lacustre: são comunidades desenvolvidas
sobre Organossolos e Gleissolos, influenciadas pelo regime hídrico dos flúvios, ou então em
depressões alagáveis durante ao menos um período do ano – condição ambiental que
propicia o estabelecimento apenas de espécies adaptadas (Roderjan e Kuniyoshi, 1988;
IBGE, 1992; Jaster, 1995; SEMA e IAP, 1996). À medida que se afastam do mar, os
intercordões apresentam um grau maior de desenvolvimento, onde então a formação
pioneira dá lugar à floresta (SEMA e IAP, 1996).
As pequenas dunas junto à praia tem a forma de pequenos montículos que adquirem
maior desenvolvimento mais para o interior, podendo atingir 3 ou 4 m de altura. São móveis
e não apresentam a forma característica das dunas. Avançam sobre a restinga em forma de
cunhas soterrando e asfixiando a vegetação baixa de restinga. Geralmente são cobertas com
a vegetação das ante-dunas: ipomeia (Ipomoea pes caprae), salsa (Remirea marítima),
Salicornea, gramíneas, ciperáceas, etc (Bigarella, J. J., 1946).
d) Formações Pioneiras de Influência Fluvial (brejos e caxetais): denomina-se "as
formações herbáceas ou arbóreas seletivas em depressões úmidas, que ocorrem
interiorizadas na região da floresta ombrófila densa, sem influência do oceano" (RODERJAN;
KUNIYOSHY, 1988). São nestas formações que a caxeta (Tabebuia cassinoides) passa a ser a
espécie dominante. Estas áreas regionalmente conhecidas como caxetais, evoluíram de
associações vegetais predominantemente alagadas e brejosas dominadas pela foguete
(Typha domingensis), que após contínua deposição de material orgânico criam ambiente
propício para a ocupação das caxetas e espécies companheiras. À medida que este processo
evolui, outras espécies arbóreas assumem a dominância do extrato onde predominava a
caxeta até constituir a Floresta Ombrófila Densa (LIMA, 1996).
2.7.1.2
Floresta Ombrófila Densa
Também denominada “Floresta Pluvial Tropical Atlântica” ou “Mata Pluvial Tropical da
Serra do Mar”, é popularmente conhecida como “Floresta Atlântica” ou “Mata Atlântica”. Na
atualidade seus remanescentes mais expressivos se encontram nas regiões sudeste e sul do
Brasil. Nestas regiões esta tipologia ocorre associada a conjuntos de serras geralmente
paralelas à linha da costa, ora mais próximas ao mar, ora mais afastadas. Neste último caso
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
são normalmente antecedidas por planícies arenosas de origem quaternária (PROATLÂNTICA, 2005). Localizada na área leste do estado do Paraná, definida pela barreira
geográfica da serra do mar. Esta formação é influenciada diretamente pelas massas de ar
quentes e úmidas do oceano Atlântico e pelas chuvas relativamente intensas e bem
distribuídas ao longo do ano.
A complexidade de fatores que incide sobre esta unidade fitoecológica, faz com que
ela se apresente sobre a forma de uma heterogênea associação de comunidades de plantas,
fazendo com que alguns pesquisadores a considerem a mais pujante, heterogênea e
complexa do Sul do Brasil, de grande força vegetativa, capaz de produzir naturalmente de
curto a médio prazos, incalculável volume de biomassa. Estima-se que a flora arbórea desta
formação seja representada por mais de 700 espécies, sendo que parte é endêmica (Leite,
1994; Reis 1995).
No Brasil, um dos ecossistemas ameaçados de extinção, historicamente alvo de intensa
pressão antropogênica, é a Floresta Atlântica (ou Floresta Ombrófila Densa), que outrora
ocupava quase toda a costa brasileira, atualmente restrita a esparsas áreas primitivas e a
inúmeras áreas alteradas, sobre as quais ainda pouco se conhece, pois o processo
sucessional pode variar de local para local, tanto em função das características do biótopo
como do histórico do processo de ocupação e usos atuais a que esteja submetido
(GUAPYASSÚ, 2004).
O Litoral Paranaense enquadra-se nestas condições; nas áreas de ocorrência da
Floresta Ombrófila Densa predominam as formações secundárias em diversas fases de
sucessão, desde os estágios iniciais até os avançados; em algumas poucas áreas persistem
florestas primárias, com diversos graus de alteração (GUAPYASSÚ, 2004).
Essa formação se caracteriza pelo estabelecimento de uma vegetação de maior
complexidade, estratificada, de maior altura, diversidade de espécies e fechamento de
dossel. A designação Ombrófila, de origem grega, foi criada por Ellemberg e MuellerDombois, em substituição do termo Pluvial, de origem latina, mantendo o mesmo
significado: “amigo das chuvas”. A principal característica ecológica é marcada pelos
ambientes ombrófilos, de temperatura média elevada (25°C) e de alta precipitação, bem
distribuída durante o ano.
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Nestas formações situa-se o limite altitudinal superior para algumas espécies do
dossel, como o guapuruvu (Schizolobium parahyba) e a bocuva (Virola bicuhyba). Compõem
ainda o estrato superior o pau sangue (Pterocarpus violaceus), a peroba (Aspidosperma sp.),
diversas figueiras (Ficus sp.) a laranjeira do mato (Sloanea guianensis), o jequetibá (Cariniana
estrellensis), a licurana (Hieronyma alchorneoides), o tapiá (Alchornea triplinervia), as
meliáceas, cedro (Cedrela fissilis) e canjerana (Cabralea canjerana), a canela (Cryptocarya
aschersoniana) e a maçaranduba (Manilkara subcericea) (RODERJAN & KUNIYOSHI, 1988).
No estrato intermediário situa-se o palmito (Euterpe edulis), com indivíduos bem
distribuídos por classes de idade, podendo chegar a 1.000 indivíduos por hectare. São
comuns também o bacupari (Garcinia gardneriana), a tabocuva (Pera glabrata), ingás (Inga
spp), guamirins (Gomidesia sp. e Calypthranthes sp.), a canela pimenta (Ocotea teleiandra) e
Arecaceae dos gêneros Syagrus (jerivá), Bactrís (tucum), Attalea (indaiá) e Astrocaryum
(brejaúva).
No estrato arbustivo da Floresta em estágio avançado, observa o domínio, nas
encostas menos íngremes, das rubiáceas erva d’anta (Psychotria nuda) e a pimenteira
(Rudgea jasminoides). Também os xaxins são representativos, chegando a formar densos
agrupamentos. O estrato herbáceo caracteriza-se pela presença de musáceas, bromeliáceas
de hábitos terrestres, lianas, diversas pteridófitas, rubiáceas e melastomatáceas.
a) Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas: são formações que ocorrem sobre
sedimentos quaternários de origem marinha, situados entre o nível do mar e
aproximadamente 20 metros de altitude (IBGE, 1992; Roderjan et al., 2002). As espécies
arbóreas que caracterizam essa formação florestal são geralmente seletivas higrófilas, que
encontram, nesse ambiente, condições ótimas de desenvolvimento, o que se evidencia pelas
copas bem desenvolvidas e os troncos bem formados. Sua fisionomia, estrutura e
composição variam conforme as condições hídricas do solo, estágio de desenvolvimento,
interferência antrópica e ainda em função da sua origem, que pode ser de Formações
Pioneiras de Influência Marinha ou Fluvial. Correspondem aos lugares de formação mais
antiga, onde os cordões litorâneos não são tão evidentes (Roderjan e Kuniyoshi, 1988; Ziller,
1996; Roderjan
et al., 2002). Em solos de drenagem deficiente, como Organossolos,
Espodossolos e Neossolos Quartzarênicos, quando hidromorfizados, há predomínio de
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
guanandi (Calophyllum brasiliense) nas fases vegetacionais mais evoluídas, sendo
acompanhado
de
ipê-da-várzea
(Tabebuia
umbelata),
embiruçu
(Pseudobombax
grandiflorum), figueiras (Ficus luschnathiana, F. adhatodifolia) e cupiúva (Tapirira
guianensis). Nos estratos inferiores, são comuns mangue-do-mato (Clusia criuva), tabocuva
(Pera glabrata), caxeta (Tabebuia cassinoides), guapurunga (Marlierea tomentosa), catiguámorcego (Guarea macrophylla), jerivá (Syagrus romanzoffiana) e palmito (Euterpe edulis).
Em solos melhor drenados – Neossolos Quartzarênicos e Espodossolos – sua florística é bem
diferenciada, sendo o guanandi (Calophyllum brasiliense) praticamente ausente. São típicas
as espécies canela-do-brejo (Ocotea pulchella), canela-sassafrás (Ocotea aciphylla), tapiriri
(Tapirira guianensis), pau-óleo (Alchornea triplinervia), fícus (Ficus organensis), podocarpos
(Podocarpus sellowii) e maçaranduba (Manilkara subsericea). No estrato inferior, são
comuns o angelin (Andira anthelminthica), o ingá (Inga spp.), a erva-mate (Ilex spp.), o
palmito (Euterpe edulis), o jerivá (Syagrus romanzoffiana) e o indaiá (Attalea dúbia)
(Roderjan et al., 2002).
Epífitas e lianas são extremamente profusas e diversificadas, característica comum a
todas as formações da Floresta Ombrófila Densa, onde representantes de Bromeliaceae,
Orchidaceae, Araceae, Polypodiaceae, Piperaceae, Cactaceae e Gesneriaceae são marcantes
na fisionomia epifítica no interior da floresta, cobrindo quase totalmente os troncos e galhos
das árvores adultas (Roderjan et al., 2002).
b) Floresta Ombrófila Densa Aluvial: o termo também se refere à floresta de
planície, porém, desenvolvida sobre depósitos de origem fluvial, portanto continentais, ao
longo de rios meandrantes da planície. Tem a mesma estrutura, complexidade e grau de
biodiversidade da anterior. São espécies comuns; cupiúva (Goupia glabra), palmiteiro
(Euterpe edulis) e guanandi (Calophyllum brasiliensis), entre muitas outras (SEMA, 2002).
c) Floresta Ombrófila Densa Submontana: essa tipologia pode ser caracterizada pela
presença de solos profundos (geralmente Argissolos, Latossolos e Cambissolos) e férteis,
ocorrendo em altitudes que variam de 20 até 600 metros de altitude na região estudada
(Roderjan; Kuniyoshi, 1988; Jaster, 1995; Roderjan et al., 2002). O regime climático é
semelhante ao das Terras Baixas, com ausência de geadas. Essa situação favorável propicia o
desenvolvimento de comunidades de elevada diversidade e com uma estratificação bem
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
definida (Roderjan e Kuniyoshi, 1988; Jaster, 1995; Roderjan
et al., 2002). Indivíduos
avantajados, como sangreiro (Pterocarpus violaceus), caovi (Pseudopiptadenia warmingii),
licurana (Hyeronima alchorneoides), jequitibá (Cariniana estrellensis), bocuva (Virola
bicuhyba) e figueira (Ficus sp.) formam o dossel que, em média, situa-se a 20 m de altura,
podendo alcançar 30 m. O segundo estrato é composto por indivíduos que se desenvolvem
em condições de sombreamento. Esse estrato intermediário também é bastante diverso e é
representado, principalmente, por guapurunga (Marlierea tomentosa), capororocão
(Myrsine umbellata), catiguá-morcego (Guarea macrophylla), queima-casa (Bathysa
meridionalis), vacum (Allophylus guaraniticus) e palmito (Euterpe edulis). Seqüencialmente a
esse estrato, existe ainda um patamar inferior, constituído por uma infinidade de ervas e
arbustos, dentre os quais destacam-se: trato-de-anta (Psychotria nuda), pau-de-junta (Piper
sp), caetê (Heliconia sp) e xaxim (Dicksonia sellowiana) (Roderjan e Kuniyoshi, 1988; IBGE,
1991; Roderjan et al., 2002).
2.7.1.3
Sistema Secundário
É caracterizado por três estágios de ocupação, a capoeirinha, capoeira, capoeirão de
origem secundária. "O estágio inicial caracterizado por espécies herbáceas e arbustivas
pioneiras, constitui a capoeirinha." (RODERJAN; KUNIYOSHI, op.cit.). É neste estágio que se
encontram espécies herbáceas da família Asteraceae de utilização medicinal como cabijú
(Ageratum conyzoides), carqueja (Baccharis trimera), assa-peixe (Vernonia beyrichii) entre
outras. O aporte de espécies arbóreas geralmente heliófilas com crescimento rápido,
compondo formações homogêneas, constitui a capoeira. Destacam-se nesta formação;
jacatirão (Tibouchina spp.), embaúba (Cecropia spp.) entre outras. "Criando ambiente
favorável à instalação de outras espécies arbóreas, a vegetação da capoeira tende a ser
substituída por aquelas, constituindo uma formação mais heterogênea de transição
denominada de capoeirão" (RODERJAN; KUNIYOSHI, op.cit). Sem uma composição arbórea
com estratificação definida, as espécies podem atingir de 10 a 15 metros de altura.
Destacam-se espécies muito utilizadas pelas populações tradicionais como o guapuruvu
(Schizolobium parahyba), tapiá (Alchornea spp.), palmiteiro (Euterpe edulis), jacataúva
(Citharexyllum myrianthum) entre outras (LIMA, 1996).
LACTEC – 2012
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240
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
2.7.2 Vegetação na área do porto
No local onde se encontra o Porto de Paranaguá, naturalmente ocorre uma vegetação
Pioneira, característica desta área de transição entre o oceano e o continente. A Figura 143
apresenta uma foto na qual se observa uma área de formação vegetal pioneira próxima ao
Porto de Paranaguá.
Figura 143 – Área de formação pioneira próxima ao Porto de Paranaguá
Analisando o entorno imediato na ilha da cotinga (Figura 144), é possível se observar
uma vegetação florestal secundária graças ao uso antrópico pretérito, porém, com o
processo de regeneração ela se apresenta em estágio médio.
LACTEC – 2012
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241
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Figura 144 – Ilha rasa da cotinga
No outro lado, mais próximo aos rios Emboguaçu e Embocuí a cobertura vegetal foi
bastante modificada dando lugar à área urbana de Paranaguá, onde atualmente estão a vila
Guarani e o bairro do Rocio. Os remanescentes que ainda resistem estão próximos aos
cursos d’água que deságuam na baia de Paranaguá e são formados por uma sucessão
secundária de floresta com influência fluvio-marinha (Figura 145).
Figura 145 – Região do Rocio
Durante o estudo de impacto ambiental para a dragagem dos canais de navegação
realizado pela APPA e ACQUAPLAN (2011), foi elaborado um diagnóstico da vegetação
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242
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
circundante ao Porto. Este estudo buscou caracterizar as estruturas florestais existentes,
principalmente da vegetação do mangue, nas localidades de Rocio, Oceania e Amparo.
Nas três áreas ocorreram as espécies comuns a esta formação para a região sudestesul do Brasil (Avicennia schaueriana, Laguncularia racemosa e Rizophora mangle). Segundo o
estudo, existe um indicativo de estresse ambiental nas áreas de mangue do Rocio e de
Oceania, isto é percebido pela proporção de troncos por indivíduo e pela ocorrência de
raízes aéreas de Avicennia e Laguncularia. Esta alteração pode ter relação com o vazamento
de óleo ocorrido em 2004 pelo navio Vicuña.
Foi constatado que a área do Rocio é a mais alterada com relação a composição do
mangue, e que esta formação ainda vem sofrendo interferência pela movimentação de
barcos e pessoas e também pela drenagem que contém esgoto contaminante.
Verificou-se a presença de Hibiscus pernambucensis, Panicum sp, Sophora tomentosa e
Paspalum sp nas áreas de transição entre o mangue e o continente. Além destas, nas áreas
de marismas ocorrem Spartina alterniflora e Ruppia maritima.
O manguezal da região conhecida como Oceania, ao lado do Porto, segundo o estudo,
encontra-se preservado em parte pelo acesso restrito, mais ainda é ameaçado pela
drenagem com descarga de efluentes, deposição irregular de resíduos sólidos e erosão do
sedimento do aterro. Nesta região foram encontradas as espécies Sophora tomentosa,
Hibiscus
pernambucensis,
Aroeira
(Schinus
terebinthifolius),
Embaúba
(Cecropia
sp),samambaia do mangue (Acrostichum aureum), Scirpus sp e Spartina densiflora.
Na região do Amparo (Figura 146), no outro lado da baía, ou seja, oposta a área urbana
do município os mangues possuem uma composição estrutural mais desenvolvida e
preservada. A amostragem nesta localidade ocorreu próxima aos rios que deságuam na baia
(Boqueira, Pequeno e Itinguaçu) que pelo acesso exclusivamente por barcos, sofreu menos
influência de atividades antrópicas que as outras estudadas. Esta afirmação é corroborada
pela presença de bromélias na área do mangue. Estas epífitas são consideradas com
bioindicadoras de qualidade.
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243
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Figura 146 – Amparo
2.7.3 Unidades de Conservação
As unidades de conservação foram instituídas pela lei 9.985, de 18 de julho de 2000,
que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, estabelecendo
critérios e normas para criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Essa lei
define como Unidades de Conservação - UC o espaço territorial e seus recursos ambientais,
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com
características específicas:
I - Unidades de proteção integral, onde o objetivo básico é preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos
em lei. É composto pelas seguintes categorias: estação ecológica, reserva biológica, parque
nacional, parque estadual, monumento natural e refúgio de vida silvestre.
II - Unidades de uso sustentável, ou seja, onde se pode compatibilizar a conservação da
natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. É composto pelas
seguintes categorias: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico,
Floresta Nacional, Floresta Estadual, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de
Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN.
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O artigo 28° define que são proibidas, nas unidades de conservação, quaisquer
alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo com os seus objetivos, o
seu plano de manejo e seus regulamentos. No entanto, a resolução do CONAMA nº 369 de
28 de março de 2006, dispõe sobre os casos excepcionais de utilidade pública, interesse
social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de
vegetação em Área de Preservação Permanente - APP. A Tabela 38 apresenta as Unidades de
Conservação Federais, Estaduais e Municipais na Área de Influência do PDZPO.
Tabela 38 - Unidades de Conservação Federais, Estaduais e Municipais na Área de Influência do
PDZPO
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS NA
ÁREA DE INFLUÊNCIA DO PDZPO
Nº
NOME
ATO DE CRIAÇÃO
ÁREA (ha)
MUNICÍPIO
1
APA Federal de Guaraqueçaba
Dec 90.883 de
291498,00
Guaraqueçaba
109,00
Guaraqueçaba
34254,00
Guaraqueçaba
24500,00
Guaratuba,
31/01/1985
2
Área de Relevante Interesse
Dec 91.888 de
Ecológico de Pinheiro e
11/05/1985
Pinheirinho
3
Parque Nacional do Superagui
Dec 97.688 de
25/04/1989
4
Parque Nacional Saint-Hilaire
Lei 10.227 de
Langue
23/05/2001
Paranaguá e
Matinhos
5
RPPN Reserva Natural Salto
Portaria 132/94
819,18
Guaraqueçaba
Portaria 99/99N
400,78
Guaraqueçaba
Morato
6
RPPN Reserva Ecológica de
Sebui
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7
RPPN Sítio do Bananal
Portaria 49/02
28,84
Morretes
8
RPPN Perna do Pirata
Portaria 53/10
18,55
Morretes
9
RPPN Reserva da Pousada da
Portaria 89/11
17,33
Morretes
Graciosa
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS NA
ÁREA DE INFLUÊNCIA DO PDZPO
Nº
NOME
ATO DE CRIAÇÃO
ÁREA (ha)
MUNICÍPIO
10
AEIT do Marumbi
Lei 7919 de
66732,99
Antonina,
22/10/84
Morretes, São
José dos Pinhais,
Piraquara, Quatro
Barras e Campina
Grande do Sul
11
APA de Guaraqueçaba
Dec 1228 de
191595,50
Guaraqueçaba
199596,51
Guaratuba, São
27/03/1992
12
APA Estadual de Guaratuba
Dec 1234 de
27/03/1992
José dos Pinhais,
Tijucas do Sul,
Morretes e
Matinhos
13
14
Estação Ecológica do
Dec 1230 de
Guaraguaçu
27/03/1992
Estação Ecológica da Ilha do
Dec 5454 de
Mel
21/09/1982
1150,00
Paranaguá
2240,69
Paranaguá
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15 Parque Estadual da Ilha do Mel
Dec 5506 de
337,84
Paranaguá
530,00
Paranaguá
1189,58
Morretes
6660,64
Guaratuba
905,58
Morretes
8745,45
Piraquara, Quatro
21/03/2002
16
Floresta Estadual do Palmito
Dec 4493 de
17/06/1998
17
Parque Estadual da Graciosa
Dec 7302 de
24/09/1990
18
Parque Estadual do Boguaçu
Dec 4056 de
26/02/1998 e
alterado Lei 13979
de 26/12/2002
19
Parque Estadual do Pau Oco
Dec 4266 de
21/11/1994
20
Parque Estadual Pico do
Dec 7300 de
Marumbi
24/09/1990,
Barras e Morretes
ampliado pelo Dec
1531 de 02/10/2007
21
Parque Estadual Pico Paraná
Dec 5769 de
4333,83
05/06/2002
22
23
Parque Estadual Roberto Ribas
Dec 4267 de
Langue
21/11/1994
Parque Estadual do Rio da
Dec 3825 de
Onça
05/06/1981 e
Campina Grande
do Sul e Antonina
2698,69
Antonina e
Morretes
118,51
Matinhos
categorizado pelo
Dec 3741 de
23/01/2012
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24
25
Parque Estadual da Serra da
Dec 5765 de
3053,21
Piraquara e
Baitaca
05/06/2002
RPPN Reserva Natural Águas
Portaria 184/04
508,2
Antonina
Quatro Barras
Belas
26
RPPN Vô Borges
Portaria 161/07
12,50
Morretes
27
RPPN Reserva Natural Rio
Portaria 159/07
4292,88
Antonina
Portaria 157/07
3526,87
Guaraqueçaba
Portaria 160/07
392,37
Guaraqueçaba
Cachoeira
28
RPPN Reserva Natural Serra do
Itaqui
29
RPPN Reserva Natural Serra do
Itaqui I
30
RPPN Reserva Natural Itaqui II
Portaria 59/11
984,93
Guaraqueçaba
31
RPPN Reserva Natural Morro
Portaria 46/03
1336,19
Antonina
Portaria 58/11
400,27
Antonina
da Mina
32
RPPN Reserva Natural Santa
Maria
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MUNICIPAL NA
ÁREA DE INFLUÊNCIA DO PDZPO
Nº
NOME
ATO DE CRIAÇÃO
ÁREA (ha)
MUNICÍPIO
33
Parque Natural Municipal do
Dec. Municipal 706
33,07
Pontal do Paraná
Manguezal do Rio Perequê
de 10/09/2001
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248
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2.7.3.1
Unidades de Conservação Federais
Área de Proteção Ambiental Federal de Guaraqueçaba
A Área de Proteção Ambiental Federal de Guaraqueçaba, criada através do Decreto Nº
90.833/1985, localiza-se no litoral norte do Estado do Paraná, com uma área de 291.498,00
hectares, abrangendo o Município de Guaraqueçaba e parte dos Municípios de Antonina,
Paranaguá e Campina Grande do Sul.
Seu principal objetivo é de assegurar a proteção de áreas representativas da Floresta
Pluvial Atlântica, assim como das espécies ameaçadas de extinção, dos sítios arqueológicos,
do complexo estuarino da baía de Paranaguá e ecossistemas associados e das comunidades
localizadas na região (IPARDES, 1995).
Área de Relevante Interesse Ecológico de Pinheiro e Pinheirinho
A Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE de Pinheiro e Pinheirinho está
localizada nas ilhas de Pinheiro e Pinheirinho no Canal de Superagüi, ao Sul da baía dos
Pinheiros, Município de Guaraqueçaba. Esta foi criada através do Decreto Nº 91.888/1985,
com uma área total de 109 hectares.
Esta unidade foi atualmente incorporada aos limites do Parque Nacional do Superagüi.
Caracteriza-se por ilhas pequenas, onde encontrase o papagaio chauá ou da cara–roxa, por
esse motivo também, é conhecida como Ilha dos Papagaios. O desembarque nas ilhas é
proibido e a observação é feita a pequena distância.
Parque Nacional do Superagui
O Parque Nacional do Superagui, com área de 34.254 ha, foi criado através do Decreto
Nº 97.688/89 e está localizado no limite dos Estados de São Paulo e Paraná, abrangendo
uma parcela da APA de Guaraqueçaba, com o objetivo de proteger e preservar amostra dos
ecossistemas ali existentes, assegurando a preservação de seus recursos naturais,
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proporcionando oportunidades controladas para uso pelo público, educação e pesquisa
científica.
Parque Nacional Saint-Hilaire Langue
O Parque Nacional Saint-Hilaire Lange foi criado pela Lei Federal Nº 10.227 em 23 de
maio de 2001, e está localizado no litoral do estado do Paraná, abrangendo os municípios de
Matinhos, Guaratuba, Morretes e Paranaguá. Ocupa um trecho da Serra do Mar, conhecido
como Serra da Prata e possui uma área de 24.500 ha. O objetivo da unidade é proteger e
conservar ecossistemas de Mata Atlântica existentes na área e assegurar a estabilidade
ambiental dos balneários sob sua influência, bem como a qualidade de vida das populações
litorâneas.
2.7.3.2
Unidades de Conservação Estaduais
Área de Especial Interesse Turístico do Marumbi
A AEIT do Marumbi foi criada pela Lei 7.919 de 22/10/84 com o objetivo de assegurar a
proteção de parte significativa da Floresta Atlântica do estado do Paraná, disciplinar a
ocupação do solo, proteger os recursos naturais considerando os aspectos referentes aos
bens de valor histórico e arqueológico, à proteção dos recursos naturais renováveis, às
paisagens notáveis e os acidentes geográficos adequados ao repouso e à pratica de
atividades desportivas, recreativas e de lazer. Possui uma área de 66.732,99 ha, Abrange
parte dos municípios de Antonina, Morretes, São José dos Pinhais, Piraquara, Quatro Barras
e Campinas Grande do Sul.
Área de Proteção Permanente de Guaraqueçaba
A Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, criada através do Decreto Nº Dec
1.228/92, localiza-se no litoral norte do Estado do Paraná, com uma área de 191.595,50 ha,
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250
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
localizada no município de Guaraqueçaba, com o objetivo de assegurar a proteção de área
representativa da Floresta Atlântica, compatibilizando-a com o uso racional dos recursos
ambientais e ocupação ordenada do solo, de forma a garantir a melhoria da qualidade de
vida das populações autóctones.
Área de Proteção Ambiental de Guaratuba
A Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, criada através do Decreto Nº 1.234/92,
abrange parte dos Municípios de Guaratuba, Matinhos, Tijucas do Sul, São José dos Pinhais e
Morretes, numa extensão de 199.596,5131 hectares, com objetivo de compatibilizar o uso
racional dos recursos ambientais da região e a ocupação ordenada do solo, proteger a rede
hídrica, os remanescentes de Floresta Atlântica e de manguezais, os sítios arqueológicos e a
diversidade faunística, bem como disciplinar o uso turístico e garantir a qualidade de vida
das comunidades caiçaras e da população local.
Estação Ecológica do Guaraguaçu
A Estação Ecológica do Guaraguaçu, criada através do Decreto Nº 1.230/92, situada em
terras de dominialidade pública estadual, no Município de Paranaguá, com área total de
1.150 ha, com a finalidade de proteção máxima para a área, permitindo a recuperação dos
ecossistemas originais, bem como de evolução natural das espécies da flora e da fauna que
ocorrem na região.
Estação Ecológica da Ilha do Mel
A Ilha do Mel, pertencente ao Município de Paranaguá, e foi tombada em 16 de maio
de 1975 por ato da Coordenadoria do Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da
Cultura. A partir do Decreto Estadual Nº 5.454 de 1982 deu-se a criação da Estação Ecológica
da Ilha do Mel, que localiza-se na parte norte da ilha, com um perímetro aproximado de
22 km e com a área de 2.240,69 hectares, com a finalidade de proteger e preservar os
ecossistemas das restingas e dos morros.
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Parque Estadual da Ilha do Mel
O Parque Estadual da Ilha do Mel, com área de 337,84 ha, localizado no Município de
Paranaguá/PR, criado através do Decreto Nº 5.506/02, tem como objetivo a preservação e
conservação dos ambientes naturais de praia, dos Costões Rochosos, das áreas de influência
marinha, dos marismas, de importantes remanescentes da Floresta Ombrófila Densa
Submontana e de Terras Baixas associadas à Floresta de Restinga, dos sítios arqueológicos,
em especial os sambaquis, e a rica fauna, proporcionando a proteção integral da diversidade
biológica.
Floresta Estadual do Palmito
A Floresta Estadual do Palmito localiza-se na planície litorânea do Estado do Paraná, no
município de Paranaguá e Comarca de Paranaguá, foi criada através do Decreto Estadual Nº
4.493 em 1998. Essa unidade apresenta cerca de 530 hectares de vegetação florestal,
incluindo ecossistemas costeiros como restingas e manguezais, apresenta uma flora
riquíssima, com inúmeras espécies arbóreas, lianas, epífitas e outras.
Com relação à fauna, na Floresta Estadual do Palmito são encontradas espécies como o
gato-do-mato pequeno, a suçuarana, a jaguatirica, o coati, o veado, o tatu, o mão pelada, a
araponga, a gralha-azul, a capivara, além de outros (SCHWARZBACH, 2007).
Parque Estadual da Graciosa
O Parque Estadual da Graciosa, criado através do Decreto Nº 7302/90, busca proteger
a biodiversidade regional, preservando as espécies de fauna e flora, bem como a Mata
Atlântica, as serras e os mananciais de águas. O Parque está situado no Município e Comarca
de Morretes, Estado do Paraná, com a área de 1.189,58 ha. Compete ao Instituto de Terras,
Cartografia e Florestas do Estado do Paraná - ITCF, a administração do Parque, incumbindolhe promover a preservação do regime hídrico, da flora e da fauna, praticando todos os atos
fiscalizatórios.
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Parque Estadual do Boguaçu
O Parque Estadual do Boguaçu, localizado no Município de Guaratuba, foi criado
através do Decreto Estadual Nº 4.056/98, com área de 6.052 ha, tendo seus limites
redefinidos a partir da Lei Estadual Nº 13.979 de dezembro de 2002, passando a ter uma
área de 6.660,64 hectares. O objetivo do Parque é assegurar a preservação de ecossistemas
típicos dos manguezais e restingas, patrimônio arqueológico e pré-histórico, em especial o
Sambaquis.
Parque Estadual do Pau Oco
O Parque Estadual do Pau Oco, situado no Município de Morretes, foi criado através
do Decreto Estadual Nº 4.266/94, com uma área de 905,58 ha. O Parque tem como objetivo
proteger os remanescentes da Floresta Atlântica, cachoeiras como o Salto da Fortuna com
50 metros de queda, que forma em sua base uma grande piscina natural, o Caminho Colonial
do Arraial, antiga ligação entre o Litoral e Curitiba (aberto entre os anos de 1586 e 1590).
Parque Estadual Pico do Marumbi
O Parque Estadual Pico do Marumbi, tem sua área nos Municípios de Morretes,
Piraquara e Quatro Barras. Criado através do Decreto Nº 7.300/90, o parque possuía
originalmente uma área de 2.342,41 ha, posteriormente a área foi ampliada para 8.745,45
ha, através do Decreto Estadual Nº 1.531/07. A unidade busca preservar os aspectos
significativos da floresta Atlântica, abrigando em seu território o Conjunto Marumbi, tendo
como ponto culminante o Olimpo (1.539 metros de altitude), que foi considerado por muito
tempo o ponto culminante do estado do Paraná.
Parque Estadual Pico Paraná
O Parque Estadual Pico Paraná foi criado através do Decreto Nº 5769/02, com área
total de 4.333,83 ha, localizado nos municípios de Campina Grande do Sul e Antonina,
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
constituído de duas áreas de terras devolutas, sendo uma área de 2.080,51 ha e outra de
2.253,32 ha. O Parque tem como objetivo básico conservar uma amostra do bioma Floresta
Ombrólifa Densa, incluídas as formações Florestas Ombrófila Densa Montana, Floresta
Ombrófila Densa Alto-Montana, a fauna, solo e águas interiores, e promover atividades que
não provoquem nenhuma alteração no ecossistema e dar sustentabilidade à preservação.
Parque Estadual Roberto Ribas Langue
O Parque Estadual Roberto Ribas Lange foi criado através do Decreto Estadual Nº
4.267/94, com área total de 2.698,69 ha, em imóveis de domínio público, situados nos
Municípios de Antonina e Morretes, pertence à Área Especial de Interesse Turístico do
Marumbi.
Parque Estadual do Rio da Onça
O Parque Estadual do Rio da Onça, situado no Município de Matinhos, Estado do
Paraná, foi criado através do Decreto Estadual Nº 3.825/81, e abrange uma área de 118,51
ha.
O parque situa-se na região central do município de Matinhos e apresenta vegetação
do ecossistema Floresta Ombrófila Densa, áreas com reflorestamento existentes anteriores à
criação do parque e áreas que abrigavam o depósito de lixo do município. A vegetação
nessas áreas está em estágio médio ou avançado de regeneração e o Rio da Onça empresta
à paisagem um forte poder de atração, além de constituir-se em corredor biológico
(PREFEITURA MUNICIPAL DE MATINHOS, 2010).
Parque Estadual da Serra da Baitaca
O Parque Estadual da Serra da Baitaca foi criado através do Decreto Nº 5765/02,
localizado nos municípios de Quatro Barras e Piraquara, com área total de 3053,21 ha. O
Parque tem como objetivos básicos conservar uma amostra do bioma Floresta Ombrófila
Densa, incluídas as formações Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta Ombrófila Densa
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
Alto-Montana, a fauna, solo e águas interiores, e promover atividades que não provoquem
nenhuma alteração no ecossistema e dar sustentabilidade à preservação.
2.7.3.3
Unidades de Conservação Municipais
Parque Natural Municipal do Manguezal do Rio Perequê
O Parque Natural Municipal do Manguezal do Rio Perequê, criado pelo Decreto
Municipal Nº 706/01, abrange 33,07 ha no município de Pontal do Paraná, e tem como
objetivo proteger o manguezal, local onde ocorre procriação inúmeras espécies de peixes e
crustáceos.
2.7.3.4
Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN’s
É uma unidade de conservação criada em área privada, gravada em caráter de
perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. A criação de uma RPPN é
um ato voluntário do proprietário, que decide constituir sua propriedade, ou parte dela, em
uma RPPN, sem que isto ocasione perda do direito de propriedade. As RPPN’s contribuem
para uma rápida ampliação das áreas protegidas no país, pois representam índices
altamente positivos na relação custo/benefício, são facilmente criadas, possibilitam a
participação da iniciativa privada no esforço nacional de conservação e contribuem para a
proteção da biodiversidade dos biomas brasileiros (Adaptado ICMBio).
 RPPN Reserva Natural Salto Morato - Federal
 RPPN Reserva Ecológica de Sebuí – Federal
 RPPN Sítio do Bananal – Federal
 RPPN Perna do Pirata – Federal
 RPPN Reserva da Pousada da Graciosa - Federal
 RPPN Reserva Natural Águas Belas - Estadual
 RPPN Vô Borges - Estadual
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 RPPN Reserva Natural Rio Cachoeira - Estadual
 RPPN Reserva Natural Serra do Itaqui - Estadual
 RPPN Reserva Natural Serra do Itaqui I - Estadual
 RPPN Reserva Natural Itaqui II - Estadual
 RPPN Reserva Natural Morro da Mina - Estadual
 RPPN Reserva Natural Santa Maria - Estadual
2.8 Fauna da planície litorânea do Estado do Paraná
A Floresta Atlântica é um dos biomas mais ricos e diversos do Brasil e do mundo e tem
sua distribuição geográfica no Brasil, Paraguai e Argentina. No território brasileiro domina
desde o estado do Rio Grande do Norte ao estado do Rio Grande do Sul. Infelizmente, é
também um dos biomas mais ameaçados do planeta, devido às constantes destruições de
seus habitats nas suas variadas formações florestais e ecossistemas associados, restando
menos de 7% da sua cobertura original, estando entre os 5 Hotspots de biodiversidade da
Terra – áreas de rica biodiversidade e altos níveis de endemismo e imensa pressão antrópica
(GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005; CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL, 2003). Um
Hotspot é definido como uma área com uma concentração excepcional de espécies
endêmicas e que tenha sofrido uma excepcional perda de habitat (MYERS, 1988, 1990).
O Bioma Mata Atlântica é composto por um conjunto de formações florestais e
ecossistemas associados que inclui a Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista,
também denominada de Mata de Araucárias, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional
Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, as vegetações de
restingas, os campos de altitude, os brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste. O
conjunto de fitofisionomias que forma a Mata Atlântica propiciou uma significativa
diversificação ambiental, criando as condições adequadas para a evolução de uma
comunidade rica em espécies animais e vegetais. É por este motivo que a Mata Atlântica é
considerada atualmente como um dos Biomas com valores mais altos de diversidade
biológica do planeta (MMA, 2007).
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256
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
A fauna paranaense apresenta uma diversidade de espécies que reflete os diferentes
biomas e ecossistemas presentes no Estado, incluindo aproximadamente 10.000 espécies de
borboletas e mariposas, 450 de abelhas, 950 de peixes, 120 de anfíbios, 160 de répteis, 744
de aves (SCHERER-NETO, et.al., 2011) e 180 de mamíferos. Entretanto, uma parcela
significativa dessa diversidade se encontra sob algum grau de pressão, em função da
destruição e redução dos ecossistemas, da caça e pesca predatória, do comércio ilegal de
indivíduos, da poluição dos ecossistemas terrestres e aquáticos, da introdução de espécies
exóticas, do uso indiscriminado de defensivos agrícolas, entre outros fatores, que colocam
em risco a riqueza faunística (MIKICH & BÉRNILS, 2004).
O Porto de Paranaguá está inserido no bioma Floresta Atlântica, onde a vegetação
caracteriza-se como sendo Floresta Ombrófila Densa, com formações florestais da planície
litorânea (manguezais, restingas, marismas, várzeas, brejos), e toda a fauna habitante deste
bioma estão em constante adaptação aos seus diferentes tipos de ambientes e ecossistemas
associados.
Para a caracterização da fauna da área de influência direta e indireta do Porto de
Paranaguá foram utilizados dados secundários, com base em periódicos, revistas e anais de
congressos, livros, relatórios técnicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre
o assunto na planície litorânea, com ênfase maior na baía de Paranaguá. Foi também
realizada uma visita a campo para reconhecimento das características naturais da região,
com ênfase na constatação das espécies de fauna ocorrentes na área afetada pelo
empreendimento.
2.8.1 Bentos
Os organismos do grupo dos bentos compreendem os indivíduos associados aos
fundos marinhos, que podem viver dentro ou sobre os substratos durante todo o seu ciclo
de vida ou parte dele. Ocupam os substratos lodosos, arenosos, as rochas submersas e a
faixa muito baixa, formada em parte, por substratos biológicos como as raízes da vegetação
de manguezal (SEMA, 2006). Desenvolvem um papel chave nos ciclos biogeoquímicos
através da oxidação da matéria orgânica dos sedimentos (RAFFAELLI et al., 2003), e são
considerados como bioestabilizadores dos substratos não-consolidados (PEREIRA & SOARES-
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GOMES, 2002). Estes organismos constituem a mais importante ligação entre os produtores
primários com os produtores secundários ou terciários.
Segundo VICENTE (2008) os invertebrados bêntonicos são tradicionalmente divididos
em pelo menos dois componentes, o meiobentos e o macrobentos, porém para DAY et
al.1989 apud TCP, 2008, divide este grupo em megabentos (moluscos, crustáceos,
equinodermos, etc); macrobentos (poliquetas, moluscos, crustáceos, etc); meiobentos
(poliquetas, nematódios, tardígrados, etc); e microbentos (bactérias e protistas ciliados).
O complexo Estuarino de Paranaguá, composto pelas baias de Paranaguá e Pinheiros,
no que diz respeito à fauna bentica, é possivelmente uma das áreas mais estudadas da costa
brasileira. Segundo TCP (2008) os estudos dos bentos nesta área iniciaram com LANA (1986),
desde então diversos trabalhos em periódicos, dissertações de mestrados e teses de
doutorados, são desenvolvidos todos os anos.
Devido as suas características sésseis ou semi-séssies os organismos bênticos tem sido
utilizados como indicadores das perturbações ambientais. Segundo LANA (1995) estes
organismos são amplamente utilizados como bioindicadores, pois apresentam respostas
variadas ao estresse ambiental, desde espécies tolerantes a diversos contaminantes, até
mesmo espécies altamente sensíveis a estas perturbações.
O domínio bentônico estuarino pode ser subdividido em zona entre-marés, a região
compreendida entre as preamares e baixa-mares de maior amplitude, e a zona sublitoral,
região que se encontra constantemente sob a coluna d´água (TCP, 2008).
O complexo estuarino de Paranaguá pode ser dividido em três setores principais de
acordo com diversas características ambientais que os distintos habitats apresentam (LANA,
1986; NETTO & LANA, 1997; LANA et al., 2001; TCP, 2008), entretanto levando-se em conta
principalmente os gradientes de salinidade e energia, chega-se a seguintes subdivisão:
 Euhalino – setor mais externo e de alta energia, localizado na desembocadura
da baía, compreende águas com salinidade próxima de 30, sedimento bem
selecionado, areia fina e baixo teor de matéria orgânica;
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258
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
 Polihalino – setor mediano, possui baixa energia e salinidades intermediárias,
sedimentos pobremente selecionados, com predominância de areia muito
fina e teor de matéria orgânica variado;
 Mesohalino – região mais interna da baía, com salinidades entre zero e 15,
sedimentos tipicamente fluidos, com predominância de silte médio e alto teor
de matéria orgânica e água.
Em virtude da gama de microambientes criada por estes gradientes ao longo da baia
de Paranaguá, a distribuição dos organismos de fundo não é homogênea, e sim em forma de
um mosaico.
A diversidade e abundância da macrofauna bêntica sublitoral estuarina são, em geral,
menores na região mesohalina da Baía de Paranaguá. Os grupos da fauna numericamente
importantes nas zonas de entre marés são os moluscos bivalves e os poliquetas. No
sublitoral, os ofiuroides e os poliquetas são comuns em fundos com sedimentos
heterogêneos dos canais entre as ilhas rasas da baía e o continente (SEMA, 2006).
O setor polihalino da Baía de Paranaguá apresenta diferenças significativas em relação
ao macrobentos de bancos vegetados e não vegetados. O berbigão Anomalocardia
brasiliana e o poliqueta Glycera americana, são as espécies mais abundantes nos bancos não
vegetados (FUNPAR, 1997 apud SEMA 2006). Nos bancos vegetados, há um aumento de
organismos característicos das marismas, como o poliqueta Nereis oligohalina, associado
biomassa subterrânea viva de Spartina alterniflora.
Em termos gerais, a fauna bêntica sublitoral do estuário apresenta alta resiliência,
sendo capaz de retornar rapidamente a níveis populacionais originais após distúrbios (SEMA,
2006). O grupo dos bentos do Complexo Estuarino de Paranaguá apresenta diversas
estratégias adaptativas e variabilidade temporal, que vão desde associações de equilíbrio,
com populações relativamente estáveis ao longo do espaço e do tempo, até associações
oportunistas, com marcadas variações espaço-temporais.
As planícies de maré adjacentes ao Porto de Paranaguá apresentam uma típica
associação faunística dos ambientes polihalinos e euhalinos da Baía como um todo. Segundo
Ecowood, 2002 apud ENGEMIN 2004, os animais mais representativos e abundantes destas
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259
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áreas, e também de importância comercial, são os bivalves Anomalocardia brasiliana,
Tagelus divisus e Macoma constricta, seguidos por poliquetas das famílias Opheliidae e
Spionidae, além de juvenis do gastrópode Bulla striata.
No estudo de impacto ambiental realizado por TCP, 2008, é possível identificar uma
fauna bêntica diversificada para aos fundos sublitorais dos setores Meso e Polihalino,
totalizando sessenta e quatro espécies macrobênticas ou demersais. Com relação à riqueza
específica, os grupos predominantes foram os poliquetas com 34 espécies, bivalves com 7
espécies e gastrópodes com 5 espécies. No entanto, do total de 129.746 indivíduos
amostrados, 99% pertenceram à espécie Heleobia australis. Co-dominantes, porém em
densidades muito inferiores à H. australis foram o decápode Ogyrides alphaeorostris, os
poliquetas Glycera americana, Timarete sp, Scoloplos ohlini, Sthenelais limicola e Nephtys
fluviatilis, além de Chaetognata demersais.
Alguns estudos indicam que o gastrópode Heleobia australis, em função de sua
estratégia de vida oportunista, que os permite recolonizar rapidamente áreas perturbadas
por eventos naturais ou antrópicos, podem ser apontada como espécie indicadora de áreas
degradadas (HOSTIN et al. 2007; LANA et al. 1999 APUD TCP, 2008).
2.8.2 Ictiofauna
O litoral do Estado do Paraná possui 98 km de costa e uma plataforma continental com
a largura variando de 175 a 190 km, estendendo-se desde seu limite norte na foz do rio
Varadouro-Vila Ararapira (25° 12’ 44” S e 48° 01’ 15”W) até seu limite sul na foz do rio SaíGuaçu (25° 58’ 38” S e 48° 35’ 26” W) (BIGARELLA, 1978).
A baía de Paranaguá, ao norte, e a de Guaratuba, ao sul, originadas por ingressão
marinha, dividem naturalmente o litoral do estado em três setores: baía de Paranaguá ao
norte, limitado ao leste pela praia de Superagui, ou praia Deserta; região de transição entre
as duas baías, representado pela planície da praia de Leste; e ao sul encontram-se a baía de
Guaratuba, constituindo a planície da praia do Saí (BIGARELLA, 1978).
Em todo o litoral paranaense o clima é classificado como Cfa (subtropical úmido)
(BIGARELLA, 1978), este tipo de ambiente apresenta verão quente e sem estação seca
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260
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
definida. A temperatura média do mês mais frio encontra-se abaixo de 18°C, porem sempre
superiores a -3°C e no mês mais quente é superior a 22°C (BIGARELLA, 1978). A umidade
relativa do ar média anual é de 84,5% (BIGARELLA, 1978). As precipitações ocorrem em
qualquer época do ano, chegando a atingir 163 dias chuvosos (BIGARELLA, 1978), sendo o
período mais chuvoso, o do verão e o mais seco, o do inverno. A precipitação média anual é
estimada em 1998 mm (dados fornecidos pelo Laboratório de Física Marinha do Centro de
Estudos do Mar - UFPR).
As duas maiores bacias hidrográficas que compõem o litoral paranaense são divididas
em duas; a de Paranaguá, com 3882 km² de extensão, e a de Guaratuba, com 1886 km². A
Baía de Paranaguá é o maior complexo estuarino da costa sul do Brasil, (BIGARELLA, 1978),
sendo considerado o mais importante estuário da região devido ao seu tamanho e vazão
d´água (KNOPPERS et al.,1987).
NETTO & LANA (1997) definiram três setores de salinidade no sentido leste-oeste da
baía: o setor eurialino apresenta a salinidade média superior a 30, compreende a região de
maior salinidade no interior da baía, que se encontra desde as barras de acesso na Ilha do
Mel até a Ilha da Cotinga; no setor polihalino encontram-se a salinidade variando entre 18 e
30, este ambiente compreende a região desde a ilha da Cotinga até a Ilha das pedras; e por
ultimo o setor mesoalino que apresenta a salinidade variando entre 5 e 18 e compreende a
região de Antonina.
Os estuários são classificados como corpos d´água costeiros e semi-fechados com
comunicação para o mar (DAY et al,1989; KENNISH, 1990) e caracterizam-se pela intensa
variação de suas propriedades físicas, químicas e biológicas (KENNISH 1990).
Por apresentar uma grande oscilação das variáveis ambientais, os estuários são
ambientes únicos para muitas espécies de peixes, devido à excepcional produtividade
(CARMOUZE, 1994). A alta produtividade dos estuários deve-se não só a produção primaria
planctônica e fitoplanctônica, mas também à entrada de material alóctone pelo fluxo dos
rios. Nos estuários onde os ciclos sazonais seguem o padrão de chuvas, a produção primaria
é mais alta durante as estações seca, devido à maior transparência da água, já a entrada de
material alóctone aumenta durante o período de chuva (CAURMOUZE, 1994; LOWEMcCONNELL, 1999), isto proporciona uma grande quantidade de suprimento de alimento
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
(KENNISH, 1990). A presença de ambientes complexos, como mangues e marismas, também
favorece a presença de várias espécies.
Os estuários são áreas de transição entre rios e oceano. De um modo geral, áreas de
transição podem ser classificadas em duas categorias principais: ecótone e ecocline
(ATTRULL & RUNDELE, 2002). Segundo estes autores, os estuários são mais bem definidos
como ecocline, pois possuem comunidades heterogêneas que apresentam mudanças
graduais em resposta ao gradiente ambiental. No ecótone ocorre uma mudança
relativamente rápida, produzindo uma estreita faixa de transição, e com uma comunidade
mais homogênea.
Os peixes são o principal grupo nectônico, devido à sua predominância numérica e
grande mobilidade (KENNISH, 1990). Segundo o mesmo autor, os peixes estuarinos podem
ser divididos, de acordo com o ciclo de vida, em: 1) espécies dulcícolas que eventualmente
invadem a água salobra, 2) espécies verdadeiramente estuarinas, 3) migrantes (anádromos
ou catádromos), 4) visitantes ocasionais e 5) estuarino dependentes. Estes últimos
correspondem ao grupo de peixes que se reproduzem no mar, cujas larvas e juvenis migram
para o estuário em busca de alimento e refúgio.
Em várias regiões os trabalhos têm analisado a estrutura da comunidade de peixes
demersais do talude e plataforma continental, por sua importância econômica na atividade
pesqueira (KIHARA & ITSU, 1989; CLAY, 1991; MACPHERSON & DUARTE, 1991; BIANCHI,
1992; GORDON & BERGSTAD, 1992; FUGITA et al., 1993; FARIÑA et al., 1997; BERGSTAD et
al., 1999; KALLIANOTIS et al., 2000). Na plataforma continental do sudeste-sul do Brasil os
estudos sobre a ictiofauna demersal objetivaram principalmente identificar os padrões de
distribuição e abundância e as possíveis influências dos parâmetros ambientais sobre a
estrutura dessas comunidades de peixes (BENVEGNU-LÉ, 1978; NONATO et al., 1983;
FAGUNDES NETTO & GAELZER, 1991; ROSSI-WONGTSCHOWSKI & PAES, 1993; NATALI NETO,
1994; HAIMOVICI et al., 1994; FACCHINI, 1995; PAES,1996; HAIMOVICI et al., 1996; ROCHA
& ROSSI-WONGTSCHOWSKI, 1998; MUTO et al., 2000).
Segundo as literaturas específicas, no litoral do Estado do Paraná são registradas a
ocorrência de 92 famílias, 191 gêneros e 313 espécies, dos quais 80 famílias, 179 gêneros e
289 espécies correspondem exclusivamente aos peixes ósseos (COUUTO & CORRÊA, 1992;
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CASTELLO et al., 1994; CHAVES & CORRÊA, 1997). Já no complexo estuário da Baía de
Paranaguá e áreas adjacentes, encontram-se referidas 67 famílias e 193 espécies de peixes
cartilaginosos (cações e arraias) e peixes ósseos (Tabela 39) (ENGEMIN, 2004; NAKAYAMA,
2004).
Tabela 39 - Lista de espécies encontradas na baía de Paranaguá
FAMILIA
ESPECIE
NOME VULGAR
Achirus declivis
Linguado
Achirus lineatus
Linguado
Trinectes microphthalmus
Linguado
Trinectes paulistanus
Linguado
Albula vulpes
Parati mico
Bagre bagre
Bagre
Cathorops spixii
Bagre amarelo
Genidens genidens
Bagre pararê
Genidens barbus
Bagre
Aspistor luniscutis
Bagre cangatá
Austroatherina incisa
Peixe rei
Odontesthes bonariensis
Peixe rei
Atherinella brasilienis
Peixe rei
Porichthys porosissimus
Mangangá liso
PERIGO DE
EXTINÇÃO
ACHIRIDAE
ALBULIDAE
ARllDAE
ATHERINOPSIDAE
BATRACHOIDIDAE
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FAMILIA
ESPECIE
NOME VULGAR
Strongylura marina
Agulha
Strongylura timucu
Agulha
Carangoides crysos
Xaréu
Carangoides bartholomaei
Xaréu
Caranx latus
Xerelete
Caranx hippos
Xeréu
Caranx ruber
Xeréu
Chloroscombrus chrysurus
Palombeta
Oligoplites palometa
Salteira
Oligoplites saliens
Salteira
Oligoplites saurus
Salteira
Selene vomer
Galo verdadeiro
Selene setapinnis
Galo de penacho
Seriola lalandi
Olhete
Seriola dumerili
Olho de boi
Trachinotus carolinus
Pampo
Trachinotus falcatus
Pampo
Trachinotus goodei
Pampo
PERIGO DE
EXTINÇÃO
BELONIDAE
CARANGIDAE
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FAMILIA
PERIGO DE
ESPECIE
NOME VULGAR
Trachinotus marginatus
Pampo
Carcharrhinus limbatus
Cação, grelha preta
DD
Carcharrhinus porosus
Cação, azeieiro
DD
Centropomus parallelus
Robalo peba
Centropomus undecimalis
Robalo flecha
Cetorhinus maximus
Tubarão elefante
CICHLIDAE
Geophagus brasiliensis
Cara
CLINIDAE
Ribeiroclinus eigenmanni
EXTINÇÃO
CARCHARHINIDAE
CENTROPOMIDAE
CETORHINIDAE
Harengula clupeola
Sardinha cascuda
Platanichthys platana
Sardinha
Opisthonema oglinum
Sardinha bandeira
Sardinella brasiliensis
Sardinha verdeira
Conger orbignyanus
Congro preto
CYNOGLOSSIDAE
Symphurus tesselatus
Língua de mulata
DACTYLOPTERIDAE
Dactylopterus volitans
Peixe-voador
Dasyatis guttata
Arraia
Cyclichthys spinosus
Baíacu de espinho
DD
CLUPEIDAE
CONGRIDAE
DASYATIDAE
DIODONTIDAE
ELEOTRIDAE
Eleotris pisonis
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FAMILIA
ESPECIE
NOME VULGAR
PERIGO DE
EXTINÇÃO
Guavina guavina
ENGRAULIDAE
EPHIPPIDAE
EXOCOETIDAE
Anchoa lyolepis
Manjuba
Anchoa parva
Manjuba
Anchoa spinifera
Manjuba
Anchoa tricolor
Manjuba
Anchovia clupeoides
Manjuba
Anchoviella lepidentostole
Manjuba
Cetengraulis edentulus
Sardinha xingó
Engraulis anchoita
Manjuba
Lycengraulis grossidens
Manjubão
Chaetodipterus faber
Parú
Parexocoetus brachypterus
Peixe voador
Fistularia petimba
FISTULARIDAE
Fistularia tabacaria
Diapterus rhombeus
Caratinga-itê
Eucinostomus argenteus
Escrivão
Eucinostomus gula
Escrivão
Eucinostomus
Escrivão
GERREIDAE
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FAMILIA
ESPECIE
NOME VULGAR
PERIGO DE
EXTINÇÃO
melanopterus
Ulaema lefroyi
Escrivão
Bathygobius soporator
Amborê
Ctenogobius boleosoma
Amborê
Ctenogobius shufeldti
Amborê
Ctenogobius smaragdus
Amborê
Gobionellus boleosoma
Codundas
Gobionellus oceanicus
Codundas
Gobionellus stigmaticus
Codundas
Microgobius meeki
Amborê
Gymnura altavela
Raia manteiga
Anisotremus surinamensis
Sargo de beiço
Anisotremus virginicus
Frade
Conodon nobilis
Roncador de listra
Genyatremus luteus
Saguá
Orthopristis ruber
Corocoróca
GOBIIDAE
GYMNURIDAE
HAEMULIDAE
Pomadasys corvinaeformis
HEMIRANPHIDAE
Hyporhanphus brasiliensis
Agulha preta
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FAMILIA
PERIGO DE
ESPECIE
NOME VULGAR
Hyporhanphus unifasciatus
Paranaguaçú
LAMNIDAE
Carcharodon carcharias
Tubarão branco
LOBOTIDAE
Lobotes surinamensis
Prejereba
LUTJANIDAE
Lutjanus analis
Caranho vermelho
Manta birostris
Jamanta, raia jamanta
DD
Mobula rochebrunei
Raia manta
DD
Mobula hypostoma
Raia diabo, jamanta
DD
Stephanolepis hispidus
Peixe porco
Mugil curema
Parati guaçu
Mugil gaimardianus
Parati pema
Mugil platanus
Tainhota
Mugil incilis
Tainhota
Mugil liza
Tainhota
Mugil curvidens
Tainhota
Mullus argentinae
Trilha
Pseudupeneus maculatus
Trilha
MURAENESOCIDAE
Cynoponticus savanna
Moréia
MURAENIDAE
Gymnothorax ocellatus
Moréia pintada
MOBULIDAE
MONACANTHIDAE
EXTINÇÃO
VU
MUGILIDAE
MULLIDAE
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FAMILIA
ESPECIE
NOME VULGAR
Narcine brasiliensis
Raia elétrica
Carcharias taurus
Tubarão tigre
Ogcocephalus vespertilio
Peixe morcêgo
Ophichthus gomesii
Muçum
Echiopsis intertinctus
Muçum
Myrophis punctatus
Muçum
Citharichthys macrops
Linguado
Citharichthys arenaceus
Linguado
Citharichthys spilopterus
Linguadinho
Etropus crossotus
Linguado
Paralichthys patagonicus
Linguado
Syacium papillosum
Linguado
PHYCIDAE
Urophycis brasiliensis
Abrótea
PINGUIPEDIDAE
Pinguipes brasilianus
Michole quati
PLEURONECTIDAE
Oncopterus darwini
Linguado
Poecilia vivipara
Barrigudinho
Archosargus rhomboidalis
Canhanha
Polydactylus virginicus
Barbudo
NARCINIDAE
ODONTAPITIDAE
OGCOCEPHALIDAE
OPHICHITHIDAE
PERIGO DE
EXTINÇÃO
DD
PARALICHTHYIDAE
POECILIDAE
POLYNEMDAE
LACTEC – 2012
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269
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
FAMILIA
POMATOMIDAE
PERIGO DE
ESPECIE
NOME VULGAR
Pomotomus saltatrix
Anchova
Pristis pectinata
Peixe serra
VU
Pristis perotteti
Peixe serra
VU
Chirocentrodo bleekerianus
Sardinha dentuça
Pellona harroweri
Sardinha mole
Rhincodon typus
Tubarão baleia
Rhinobatus percellens
Raia viola
Rhinobatus horkelli
Raia viola, cação viola
Zapteryx brvirostris
Raia viola de cara curta
Bairdiella ronchus
Roncador
Ctenosciaena gracilicirrhus
Goretê
Cynoscion acoupa
Pescada amarela
Cynoscion jamaicensis
Calafate
Cynoscion leiarchus
Pescada branca
Cynoscion microlepidotus
Pescada de dente
Cynoscion sp.
Pescada
Cynoscion virecens
Pescada cambucú
Isopisthus parvipinnis
Pescada malheira
EXTINÇÃO
PRISTIDAE
PRISTIGASTERIDAE
RHINCODONTIDAE
RHINOBATIDAE
SCIAENIDAE
DD
VU
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270
ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
FAMILIA
ESPECIE
NOME VULGAR
Larimus breviceps
Oveva
Macrodon ancylodon
Pescada membeca
Menticrrhus americanus
Betara preta
Menticrrhus littoralis
Betara branca
Micropogonias furnieri
Corvina
Nebris microps
Pescada banana
Ophioscion punctatissimus
Canguá
Paralonchurus brasiliensis
Maria Luisa, camiseta
Pogonias cromis
Miraguaia
Stellifer brasiliensis
Canguá
Stellifer stellifer
Canguá
Stellifer rastrifer
Canguá
Umbrina canosai
Chora Chora
Scomberomorus brasiliensis
Sororoca
Scomberomorus cavalla
Cavala preta
Acanthocybium colandri
Cavala wahoo
SCORPAENIDAE
Scorpaena isthimensis
Mamangá
SERRANIDAE
Diplectrum formosum
Michole
SCOMBRIDAE
PERIGO DE
EXTINÇÃO
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
FAMILIA
PERIGO DE
ESPECIE
NOME VULGAR
Epinephelus itajara
Mero
VU
Epnephelus marginatus
Garoupa
DD
Epinephelus niveatus
Cherne, badejo branco
DD
Mycteroperca microlepis
Badejo
DD
Mycteroperca rubra
Michole
Acanthistius brasilianus
Michole
Diplectrum radiale
Michole
Rypticus randalli
Peixe sabão
EXTINÇÃO
Archosargus rhomboidalis
SPARIDAE
Diplodus argenteus
Sphyraena guachancho
SPHYRAENIDAE
Sphyraena barracuda
Sphyraena tome
SPHYRNIDAE
Marimbau
Pescada bicuda,
barracuda
Pescada bicuda,
barracuda
Pescada bicuda,
barracuda
Sphyrna lewini
Tubarão-martelo
DD
Squatina guggenheim
Caçao anjo
VU
Squatina occulta
Caçao anjo
DD
SQUATINIDAE
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FAMILIA
PERIGO DE
ESPECIE
NOME VULGAR
Peprilus paru
Maria redonda
Pseudophallus mindi
Peixe cachimbo
Syngnathus dunckeri
Peixe cachimbo
Syngnathus folletti
Agulha
Syngnathus pelagicus
Peixe cachimbo
Cosmocampus elucens
Agulha
Hippocampus erectus
Cavalo marinho
DD
Peixe cachimbo, agulha
DD
Hippocampus reidi
Cavalo marinho
VU
Synodus foetens
Peixe lagarto
Lagocephalus laevigatus
Baíacu arara
Sphoeroides greeleyi
Baíacu mirim
Sphoeroides sp.
Baíacu
Sphoeroides spengleri
Baíacu
Sphoeroides testudineus
Baíacu pintado
TRICHIURIDAE
Trichiurus lepturus
Peixe espada
TRIGLIDAE
Prionotus nudigula
Cabrinha
STROMATEIDAE
SYNGNATHIDAE
Microphis brachyurus
lineatus
SYNODONTIDAE
TETRAODONTIDAE
EXTINÇÃO
DD
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FAMILIA
ESPECIE
NOME VULGAR
Prionotus punctatus
Cabrinha
Astroscopus sexspinosus
Miracéu, mata-mão
Astrocopus ygraecum
Miracéu, mata-mão
PERIGO DE
EXTINÇÃO
URANOSCOPIDAE
Os hábitats estuarinos, e a assembléia de peixes associada a eles, são potencialmente
impactados por muitas ações antropogênicas que podem ter uma influência direta nos
recursos alimentares, distribuição, diversidade, reprodução, abundância, crescimento,
sobrevivência e comportamento tanto das espécies de peixes residentes quanto das
migratórias (MC DOWALL, 1988). A relação direta e indireta entre as comunidades
ictiofaunísticas e os impactos humanos nos estuários reforçam a escolha deste grupo
taxonômico como um indicador biológico que pode auxiliar na formulação de objetivos de
qualidade ambiental e ecológica, e estabelecer padrões de qualidade ambiental e ecológica
para esses sistemas.
2.8.3 Anfíbios
Para HADDAD et.al., (2008), durante a evolução dos seres vivos em nosso planeta,
animais pertencentes à classe dos anfíbios foram os primeiros vertebrados a conquistar os
ambientes terrestres, possivelmente durante o período geológico Devoniano, há cerca de
370 milhões de anos.
Os anfíbios estão distribuídos atualmente dentro de três ordens: Gymnophiona
(cobras-cegas), Caudata (salamandras), e Anura (sapos, pererecas e rãs). (HADDAD et.al.,
2008).
Estes animais constituem um grupo de distribuição geográfica mundial, apenas não
ocorrendo nas regiões polares, nos desertos mais áridos e em algumas ilhas oceânicas
isoladas. Estão presentes em quase todos os tipos de hábitats terrestres e de água doce,
sendo sua distribuição fortemente influenciada pela presença e abundância de água, muitas
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vezes apenas na forma de chuva. Apesar de depender muito da água para a vida e
reprodução, muitas espécies apresentam adaptações à vida em ambientes com longos
períodos de aridez. No entanto, é nas regiões de matas úmidas neotropicais (América
Central, Floresta Amazônica e Floresta Atlântica) onde ocorre a maior diversidade e
abundância (DUELLMAN, 1999).
Atualmente o Brasil abriga a maior diversidade de anfíbios. Foram reconhecidas 877
espécies de anfíbios ocorrentes no país, sendo 821 Anuros, 1 Caudata; 27 Gymnophionas
(SBH, 2010), das quais mais de 60% são endêmicas (IUCN, 2008). Segundo MMA (2007), a
Mata Atlântica concentra 340 espécies de anfíbios, o que corresponde a cerca de 65% das
espécies brasileiras conhecidas, entretanto, HADDAD et.al., (2008) afirma que neste bioma a
riqueza supera a quantia de 400 espécies de anfíbios anuros e a maior riqueza em espécies
ocorre nos ambientes de floresta úmida. Cerca de 250 espécies de anfíbios são endêmicas
(MMA, 2007), podendo incluir famílias inteiras, como é o caso dos sapos da família
Brachycephalidae.
Muitos anfíbios da Mata Atlântica dependem da integridade da floresta para a sua
sobrevivência. O desmatamento os expõe à luz direta do sol, levando a dessecação de seus
corpos e reduzindo a disponibilidade de abrigos e a oferta de alimentos. Os solos,
desprovidos da proteção propiciada pela floresta, são erodidos pelas chuvas e provocam a
destruição ou degradação de pequenos riachos, lagoas, brejos e mesmo de poças d’água,
habitats onde anfíbios encontram abrigo, alimento e ambiente propício à reprodução
(HADDAD et.al., 2008).
Estes autores ainda argumentam sobre a fragmentação das florestas, que é
consequência do aumento dos desmatamentos, que reduz e isola as populações de anfíbios,
diminuindo a variabilidade genética das populações. Teme-se que muitas espécies venham a
se extinguir em um futuro próximo, em consequência da degradação genética (HADDAD
et.al., 2008).
Atualmente o Brasil ocupa o quarto lugar em número de espécies de anfíbios
ameaçados, tendo uma porcentagem significativamente mais baixa de espécies ameaçadas
quando comparada a média mundial (IUCN, 2008).
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Entretanto, é muito provável que o número de espécies amea¬çadas no Brasil esteja
subestimado, uma vez que a principal causa de declínios e extinções de anfíbios é a
destruição de habitats (FONSECA et. al., 2008) e o Brasil é atualmente um dos países que
mais destroem ou modificam habitats naturais (LOPES, 2006).
A conservação dos anfíbios anuros da Mata Atlântica, assim como a de outros seres
vivos, depende da manutenção de grandes extensões de ecossistemas íntegros e da
interconexão entre eles, de forma a manter o fluxo gênico necessário à continuidade da
diversidade genética das comunidades. Assim, a conservação deste importante grupo de
animais requer, não só a criação de um maior número de unidades de proteção –
representativas da diversidade de ambientes e biotas – mas também ações de planejamento
do uso do solo e medidas de manejo das populações (HADDAD et.al., 2008).
As informações com relação às publicações científicas deste grupo para o Estado do
Paraná são pontuais e as localizações dos estudos dispersos, de modo que o conhecimento
sobre a anurofauna paranaense carece de maiores informações sobre os aspectos
taxonômicos, sistemáticos e ecológicos das espécies habitantes. Contudo em sua publicação
sobre os anfíbios da Mata Atlântica, HADDAD et.al. (2008) citam a ocorrência de 63 espécies
existentes para o Estado do Paraná. Incrementando a informação regional sobre o
conhecimento dos anfíbios, LINGNAU (2004) em uma área da planície litorânea de
Guaratuba registrou 26 espécies, contudo SEGALLA (2003) levantou para a região de
Guaraqueçaba um total de 30 espécies de anfíbios.
Em relatório técnico elaborado pelo Terminal de Contêineres de Paranaguá para
ampliação do cais do porto (TCP, 2008) foram apontadas 30 espécies de anfíbios anuros com
provável ocorrência na área de influência do porto de Paranaguá, entre elas estão a
perereca-grande (Osteocephalus landsdorffii) e a rã-de-cachoeira (Hylodes heyeri).
Segundo ACQUAPLAN (2011), considerando se que a área de influência do porto de
Paranaguá inclui o Complexo Estuarino de Paranaguá, as espécies de anfíbios estimadas, são
as características do domínio florestal da Floresta Ombrófila Densa e ecossistemas
associados, sendo então possível estimar a ocorrência de 33 espécies de anfíbios.
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Contudo, em AMB (2010) foi constatado em estudo de impacto ambiental para o
Terminal de Contêineres Porto Pontal – TCPP - um total de 19 espécies, divididas em 5
famílias [Bufonidae (2), Hylidae (10), Leptodactylidae (4), Leiuperidae (2), Microhylidae (1)],
sendo elas: sapos (Chaunus crucifer, Dendrophryniscus leucomystax), pererecas (Hyla
albomarginata, Hyla berthautzae, Hyla werneri, Trachycephalus mesophaeus, Scinax
argireornata, Scinax cuspidata, Scinax rizillis, Osteocephalus langsdorfii) e as rãs
(Phyllomedusa distincta, Hypsiboas albomarginatus, Adenomera bokermani, Leptodactylus
ocellatus,
Leptodactylus
notoaktites,
Leptodactylus
spiniger,
Physalaemus
nanus,
Physalaemus spiniger, Elachistocleis ovalis).
Nenhuma das espécies com possível ocorrência para a região consta em alguma das
categorias de ameaças de extinção no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do
Paraná (MIKICH & BERNILS, 2004). Este fato, no entanto, não diminui a importância da
conservação de suas populações. A Figura 147 mostra imagens de algumas espécies de
anfíbios que ocorrem na região do empreendimento.
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Foto 01 – Sapo-cururuzinho (Chaunus crucifer)
Foto 02 – Perereca-grudenta (Trachycephalus
Fonte: HADDAD et al., 2008.
mesophaeus) -- Fonte: HADDAD et al., 2008.
Foto 03 – Perereca-rizadinha (Scinax rizibilis)
Foto 04 – Perereca-das-folhagens (Phyllomedusa
Fonte: HADDAD et al., 2008.
distincta) -- Fonte: HADDAD et al., 2008.
Figura 147 – Imagens de algumas espécies com ocorrência na região do empreendimento.
2.8.4 Répteis
Segundo BÉRNILS & COSTA (2011) no Brasil habitam 732 espécies de répteis
naturalmente ocorrentes e se reproduzindo no país, sendo: 36 quelônios, 6 jacarés, 248
lagartos, 67 anfisbênias e 375 serpentes. O Brasil ocupa a segunda colocação na relação de
países com maior riqueza de espécies de répteis; fica atrás apenas da Austrália (com 864
espécies registradas, segundo WILSON & SWAN, 2008 apud SBH, 2012), mas supera México,
Índia, Indonésia, Colômbia, China e Peru. Para MARTINS & MOLINA (2008), os répteis
ocorrem em praticamente todos os ecossistemas brasileiros e, por serem ectotérmicos, são
especialmente diversos e abundantes nas regiões mais quentes do país. Assim, nossa maior
diversidade de répteis é encontrada na Amazônia (cerca de 350 espécies), na Mata Atlântica
(quase 200 espécies), no Cerrado (mais de 150 espécies) e na Caatinga (mais de 110
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espécies). A fauna de répteis do Paraná apresenta uma riqueza de espécies que reflete a
diversidade de biomas, ecossistemas presentes no Estado. A heterogeneidade ambiental
existente no Estado proporcionou o registro de 154 espécies de répteis. Destas, muitas
possuem ampla distribuição geográfica, ocorrendo no Paraná apenas como marginais,
principalmente fronteiriças a São Paulo, Mato Grosso do Sul ou Paraguai (MIKICH & BÉRNILS,
2004).
Em MORATO (2005) na sua tese de doutorado realizada na porção de Mata Atlântica
da planície litorânea e encostas da Serra do Mar paranaense, registrou 42 espécies de
serpentes, valor este próximo ao citado por MARQUES et al (2001) para a região Atlântica do
Estado do Paraná (44), porém com algumas diferenças quanto à composição específica, em
parte devido à ausência de determinadas espécies registradas para outras porções Atlânticas
do estado (tais como a região do alto Vale do Ribeira, onde ocorrem as espécies cobrasuaçubóia - Corallus hortulanus e cobra-cipó - Tropidodryas striaticeps, não registradas para
a porção Atlântica central do Estado do Paraná), em parte devido a equívocos de
identificação por parte daqueles autores, em especial no que se refere às espécies de
Thamnodynastes.
Segundo MORATO (2004 apud TCP, 2008), no caso da região sob estudo, as espécies
correspondem àquelas típicas da planície litorânea e da baía de Paranaguá, em especial
aquelas associadas à Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, restingas, manguezais e
ecossistemas marinhos, que em maior ou menor escala serão afetados pelo
empreendimento. O mesmo autor registrou a presença de 21 espécies terrestres na área a
ser afetada, sendo um crocodiliano, quatro lagartos, um anfisbenídeo e 15 serpentes, além
de um quelônio de água doce.
Presença confirmada para o município de Paranaguá são as espécies de cobras-cipó Chironius bicarinatus, C. laevicollis, cobra-dormideira - Dipsas albifrons, jararaquinha Xenodon neuwiedii, jararacuçu - Bothrops jararacussu, caninana - Spilotes pullatus
(MORATO, 2005).
Quanto aos répteis marinhos, segundo PARANA (2009), no mundo são conhecidas sete
espécies de tartarugas marinhas. Particularmente no Brasil, cinco espécies estão presentes
ao longo da costa, a saber: tartaruga-cabeçuda - Caretta caretta, tartaruga-verde - Chelonia
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mydas, tartaruga-de-couro - Dermochelys coriacea, tartaruga-de-pente - Eretmochelys
imbricata e tartaruga-oliva - Lepidochelys olivacea. Dentre essas, a tartaruga-verde Chelonia mydas (LINNAEUS, 1758), conhecida como tartaruga-verde, é a espécie que
apresenta maior distribuição, sendo encontrada em todo litoral brasileiro.
Atualmente todas as espécies que ocorrem no Brasil estão listadas na “Red list of
Threatened Species” (IUCN, 2011). Particularmente a tartaruga-verde é considerada
vulnerável no Brasil, no entanto, para o Estado do Paraná, a mesma consta na categoria de
dados insuficientes (MIKICH & BÉRNILS, 2004).
A espécie tartaruga-verde - Chelonia mydas pertence à família Cheloniidae, a ordem
Testudines e a subordem Cryptodira (MÁRQUEZ, 1990 apud PARANA, 2009). A tartarugaverde apresenta ampla distribuição, sendo encontrada em águas tropicais e subtropicais,
próxima de regiões costeiras e ilhas, nos Oceanos Atlântico, Pacífico e Índico (MÁRQUEZ,
1990 apud PARANA, 2009). No Brasil, a espécie ocorre em toda extensão do litoral (SANCHES
& BELLINI, 1999 apud PARANA, 2009), inclusive o Estado do Paraná (D'AMATO, 1991 e
GUEBERT et al., 2007 apud PARANA, 2009).
A espécie utiliza a costa brasileira para alimentação, assim como o litoral do Paraná. É
registrada com frequência em áreas próximas de costões rochosos, baixios e estuários,
regiões onde busca recursos alimentares vegetais e espécies de algas disponíveis (GUEBERT,
2008a apud PARANA, 2009). No Brasil, reproduzem-se em ilhas oceânicas como o
Arquipélago de Fernando de Noronha (PE), Atol das Rocas (RN) e a Ilha de Trindade (ES),
sendo a ultima o principal sítio brasileiro, onde desovam em média 3.000 fêmeas por ano
(SPOTILA, 2004 apud PARANA, 2009). A tartaruga-verde utiliza o litoral do Estado do Paraná
como área de alimentação e abrigo. As áreas de alimentação são, principalmente, áreas de
baixios onde se desenvolvem as gramas marinhas (Halodule wrightti) (SORDO, 2008 apud
PARANA, 2009), ilhas e regiões de costões rochosos e regiões de manguezais. Estas áreas
foram mapeadas na área interna do Complexo Estuarino de Paranaguá (Guebert, 2008a
apud PARANA, 2009). Tais recursos alimentares são os mais consumidos e apresentam
ocorrência sazonal, o que torna a tartaruga-verde uma espécie oportunista, já que busca
diferentes recursos ao longo das estações do ano (FORBES, 1994, MORTIMER, 1981 e
GUEBERT, 2008a apud PARANA, 2009).
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Sendo assim, atividades antrópicas como o aterro de manguezais, modificação
sedimentar dos baixos arenosos e a sua contaminação química, podem causar desequilíbrios
nas atividades alimentares e de ocorrência da tartaruga-verde, levando em consideração a
relevância do ecossistema estuarino e costeiro para manutenção dos recursos energéticos
(GUEBERT, 2008a apud PARANA, 2009).
As dragagens a serem realizadas no Complexo Estuarino de Paranaguá representam
uma grande interferência no ambiente por ser uma atividade que altera o fundo estuarino e
marinho removendo comunidades bentônicas e suspendendo sedimentos contaminados, já
depositados no fundo (BOLDRINI, 2007). Processos que envolvem derrocagens (retirada de
afloramentos rochosos em ambientes submersos utilizando detonação com explosivos ou
expansor químico) causam mudanças na profundidade, na turbidez da água e modificam os
microhabitats da região, alterando a cadeia trófica local (VIADA et al., 2007 apud PARANA,
2009).
A última família é representada por um gênero de espécie única: tartaruga-de-couro Dermochelys coriacea, conhecida popularmente como tartaruga-gigante ou de couro. A
tartaruga-gigante apresenta distribuição global sendo encontrada em oceanos tropicais a
subpolares. Sabe-se muito pouco a respeito da distribuição de filhotes e juvenis, sendo as
informações concentradas nas principais áreas de reprodução que se encontram na América
Central (LUTZ & MUSICK, 1997 apud PARANA, 2009).
Segundo a “Red List of Threatened Species” (Lista Vermelha de Animais Ameaçados de
Extinção), a tartaruga-gigante apresenta o nível mais crítico de ameaça. As populações
mundiais decrescem potencialmente com possibilidade de extinções locais. Devido à queda
no número de indivíduos e ameaça de colapso das populações é necessário o
estabelecimento de medidas de mitigação adequadas, além de esforços conjuntos, com
diferentes atores e áreas de pesquisa (IUCN, 2011).
A poluição das águas por elementos orgânicos e inorgânicos (como óleo e derivados,
lixo, esgoto, metais pesados, entre outros) interfere na alimentação, locomoção e funções
fisiológicas, prejudicando o ciclo de vida desses animais, constituindo-se numa das principais
ameaças direta e indireta, pois degradam o ambiente marinho (PARANA, 2009).
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Um agravante para o litoral paranaense é a presença de áreas portuárias e o aporte
fluvial continental que transporta altas quantidades de sedimento, muitas vezes
contaminado, para as baías e regiões costeiras do Estado (PARANA, 2009). Adicionado ao
fato está a carência de estudos na área para determinação dos níveis de contaminação dos
poluentes. Vale ressaltar que já existem estudos sobre a contaminação por resíduos sólidos
que apresenta o litoral paranaense como um dos locais com maior freqüência de ingestão de
lixo (principalmente plástico) por tartarugas marinhas no mundo (GUEBERT, 2008 apud
PARANA, 2009).
No dia 8 de janeiro de 2007 foi registrada ocorrência reprodutiva da tartaruga-gigante
na praia de Pontal do Sul, município de Pontal do Paraná. Em 7 de fevereiro, a mesma
tartaruga reapareceu em Pontal do Paraná, no balneário de Canoas, distante cerca de 20 km
ao sul de Pontal do Sul. As ocorrências foram consideradas inéditas para o Litoral do Paraná
(ROSA et al., 2008 apud PARANA, 2009).
Vale ressaltar que no Brasil as tartarugas marinhas são protegidas por lei, sendo crime
inafiançável, com pena de até dois anos de cadeia, a caça e comercialização de animais e
ovos (Portaria n° 005 de 31 de janeiro de 1986 e Lei de Crimes Ambientais, Lei n° 9605 de 12
de fevereiro de 1998).
A tartaruga-gigante é considerada criticamente ameaçada de extinção pela IUCN
(2011). Estudos recentes mostram a queda brusca no número de fêmeas em áreas de
reprodução, o fato se relaciona com a perda de áreas de desova e a crescente mortalidade
relacionada a impactos antrópicos, principalmente a captura incidental (PARANA, 2009).
A Figura 149 apresenta imagens de algumas espécies com probabilidade de ocorrência
na região do empreendimento.
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Foto 01 – Cobra-cipó (Chironius bicarinatus)
Foto 02 – Cobra-cipó (Chironius laevicollis)
Fonte: MARQUES et al., 2001.
Fonte: MARQUES et al., 2001.
Foto 03 – Jararacuçu (Bothrops jararacussu)
Foto 04 – Caninana (Spilotes pullatus)
Fonte: MARQUES et al., 2001.
Fonte: MARQUES et al., 2001.
Foto 05 – Tartaruga Verde (Chelonia mydas)
Fonte: PROJETO TAMAR, 2012.
Foto 06 – Tartaruga de Couro ou Gigante (Dermochelys
coriacea) – Fonte: PROJETO TAMAR, 2012.
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Foto 07 – Tartaruga Cabeçuda ou Mestiça (Caretta Caretta)
Foto 08 – Tartaruga Oliva (Lepidochelys olivacea)
– Fonte: PROJETO TAMAR, 2012.
Fonte: PROJETO TAMAR, 2012
Foto 09 – Tartaruga de Pente ou Legítima juvenil (Chironius
Foto 10 – Tartaruga de Pente ou Legítima (Chironius
laevicollis) – Fonte: PROJETO TAMAR, 2012.
laevicollis) – Fonte: PROJETO TAMAR, 2012.
Figura 148 – Imagens de algumas espécies com probabilidade de ocorrência na região do
empreendimento.
2.8.5 Avifauna
Segundo MARINI & GARCIA (in CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL, 2005), o
Brasil possui uma das mais ricas avifaunas do mundo, com as estimativas recentes variando
entre 1.696 e 1.731 espécies. Cerca de 10% (193 táxons) dessas estão ameaçadas. A
Amazônia apresenta o maior número de espécies, seguida pela Mata Atlântica e o Cerrado;
entretanto, a maioria das espécies endêmicas do Brasil é encontrada na Mata Atlântica,
especialmente nas terras baixas do litoral Sudeste e no Nordeste. Uma revisão da Lista de
Aves do Estado do Paraná, realizada por SCHERER-NETO et.al., (2011), evidenciam a
presença de 744 espécies, com a maior riqueza cabendo às formações florestais atlânticas e
ambientes associados.
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Para GOERCK (1997), a Floresta Atlântica abriga uma comunidade de aves
extremamente rica e diversa. Do total de 688 espécies conhecidas desse bioma, cerca de
68% destas espécies são raras. Este valor é determinado analisando a distribuição
geográfica, a especificidade de habitat e o tamanho da população.
Segundo SICK (1997), existe variação latitudinal na composição da avifauna dentro do
domínio da Floresta Atlântica. Muitas espécies não ocorrem em toda a sua extensão,
estando algumas restritas às florestas existentes no sul e sudeste, ao passo que outras são
encontradas apenas na região nordeste. Além dessa diferença de distribuição latitudinal,
também há separação altitudinal das aves, sendo que o bioma pode ser dividido em dois
grandes blocos: a floresta litorânea que se estende até 200 m s.n.m, e a floresta de
montanha, representada principalmente pela Serra do Mar (SICK, 1997). Seguindo esta
afirmação científica, para este grupo faunístico tomou como base todas as informações
divulgadas para a ocorrência de espécies na floresta litorânea (até 200 m s.n.m), destacando
os trabalhos realizados no município do empreendimento.
Os ambientes estuarinos, caracterizados por serem locais de transição entre as águas
continentais e marinhas, apresentam diversidade faunística elevada. Ao longo da costa
brasileira, destacam-se os chamados “complexos estuarinos” que são vastas regiões que
apresentam um conjunto de hábitats ideal para diversas espécies de animais (SEMA/IAP,
2006).
Levantamentos desenvolvidos por MORAES (1997) e KRUL & MORAES (1994; 1996),
indicam que os ecossistemas litorâneos do estado do Paraná abrigam mais de 300 espécies
de aves distribuídas em diferentes comunidades. Esta elevada riqueza específica reflete o
estreito contato com um dos mais importantes biomas brasileiros, a Floresta Atlântica, cujos
principais remanescentes atualmente se encontram em território paranaense. O Estado do
Paraná além das espécies residentes, recebe, tanto visitantes setentrionais como
meridionais apresentando uma rica avifauna aquática e limícola (SEMA/IAP, 2006).
A região litorânea paranaense recebeu alguns estudos ornitológicos os quais
amostraram os diferentes mosaicos de vegetação presentes na região, onde destacam-se
MORAES (1991) na Ilha do Mel, registrando 124 espécies; CARRANO (1997) e CARRANO &
SCHERER-NETO (2000) na Ilha Rasa, APA de Guaraqueçaba, registrando 187 espécies;
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MORAES & KRUL (1999) nas Ilhas Rasa, das Gamelas e das Bananas, ambas na APA de
Guaraqueçaba, totalizando 91 espécies; ISFER (2000) no Parque Florestal do Rio da Onça,
município de Matinhos, registrou 177 espécies; SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) listou
338 espécies para a Estação Ecológica do Guaraguaçu e suas adjacências; e CARRANO (2006)
na Floresta Estadual do Palmito, município de Paranaguá, registrou 255 espécies de aves.
Outros estudos também foram realizados na Floresta Ombrófila Densa, porém nas
suas outras tipologias vegetacionais (submontana, montana e altomontana) onde
destacamos: SCHERER-NETO et. al., (1988) registraram 215 espécies nos municípios de
Guaratuba e Morretes; STRAUBE (2003) apontou a ocorrência de 314 espécies na Área de
Especial Interesse Turístico (AEIT) do Marumbi; e por fim, STRAUBE & URBEN-FILHO (2005)
encontraram na Reserva Natural Salto Morato, município de Guaraqueçaba, a ocorrência de
329 espécies.
Quanto a esta diferença da riqueza das espécies têm que ser considerado as diferentes
localizações geográficas, tamanho da área estudada, tipologia vegetacional, esforço
amostral, técnicas de pesquisa utilizadas e o estado de conservação da área, pois são
decisivos para um melhor entendimento da composição de espécies de uma determinada
região.
De todos os estudos listados anteriormente que foram executados na área da planície
litorânea e Serra do Mar paranaense, seguiremos os resultados apresentados por SEGER
(2002 apud SEMA/IAP, 2006) para a área da Estação Ecológica do Guaraguaçu e STRAUBE &
URBEN-FILHO (2005) para a área da Reserva Natural Salto Morato para aves continentais e
os estudos realizados por KRUL (2004) para aves marinhas e insulares. Isto se deve pela
significância dos dados encontrados por estes estudiosos, além da importância das suas
áreas de estudos (unidades de conservação), que mantém em seus limites ambientes ainda
satisfatoriamente conservados, constituídos por Floresta Atlântica Montana, submontana,
das terras baixas e por ecossistemas pioneiros de restingas arbóreas, manguezais, caxetais,
brejos, ilhas e arquipélagos, além de possuir a maior riqueza de espécies encontrada para a
planície litorânea paranaense.
Seguindo SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006), as áreas cobertas por Floresta
Ombrófila Densa de Terras Baixas, registrou-se o maior número de espécies. Entre as
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constatações realizadas durante as atividades de campo e por revisão bibliográfica,
verificou-se que uma considerável parcela das espécies apresenta uma certa dependência
deste ambiente, algumas das quais a certos padrões florísticos típicos de floresta primária. É
o caso especial de representantes de famílias da ordem Passeriformes, como os
Dendrocolaptidae, Formicariidae, Pipridae, Cotingidae e Rhynocryptidae, e de algumas
famílias dos não-Passeriformes, dentre as quais os Tinamidae e Ramphastidae.
Entre as espécies com vários níveis de dependência deste ambiente destacam-se o
macuco (Tinamus solitarius), o jaó-do-litoral (Crypturellus noctivagus), o gavião-pombo
(Leucopternis lacernulata), o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), o beija-flor-grandedo-mato (Ramphodon naevius), o araçari-poca (Selenidera maculirostris), o tucano-de-bicoverde (Ramphastus dicolorus) e o pica-pau-rei (Campephilus robustus).
Entre os passeriformes, o macuquinho (Scytalopus indigoticus), a tovaca-campainha
(Chamaeza campanisona), a galinha-do-mato (Formicarius colma), o limpa-folha-coroado
(Philydor atricapilus), o arapaçu-de-garganta-branca (Xiphocolaptes albicollis), o anambébranco-de-rabo-preto (Tytira cayana), o tangará (Chiroxiphia caudata), o pavó (Pyroderus
scutatus), a araponga (Procnias nudicollis), o tiê-do-mato-grosso (Habia rubica), a gralha-azul
(Cyanocorax caeruleus) e o sanhaçu-pardo (Orchesticus abeillei).
Para SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) a avifauna do estádio avançado de sucessão
vegetacional da Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas constitui-se em grande parte por
espécies generalistas, sendo também possível encontrar espécies com preferência ambiental
de áreas florestadas, dependendo neste caso da estrutura da vegetação e de outros fatores
ecológicos. São espécies comuns para este ambiente a juriti (Leptotila verreauxi), o alma-degato (Piaya cayana), o joão-corta-pau (Caprimulgus rufus), o pica-pau-anão-barrado
(Picumnus temminckii), o pica-pau-carijó (Veniliornis spilogaster), a choca-da-mata
(Thamnophilus caerulescens), a papataoca (Pyriglena leucoptera), o enferrujadinho
(Lathrotricus euleri), a rendeira (Manacus manacus), o flautim (Schiffornis virescens), o tiêde-coroa (Tachyphonus coronatus), o tiê-de-topete (Trichothraupis melanops) e o trincaferro-verdadeiro (Saltator similis).
Em SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) foi encontrado para o estágio intermediário de
sucessão vegetacional da Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas que neste ambiente
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predominam também espécies generalistas ou, quando muito, com algumas capacidade
adaptativa. Com a degradação das áreas florestadas, as capoeiras passam a ter importância
ao abrigarem espécies florestais em fase de adaptação às novas condições impostas. De um
modo em geral, as espécies observadas não podem ser consideradas como habitantes
exclusivas desta fase de sucessão, mas como ocupantes oportunistas, e podem ter como
ambiente preferencial tanto as florestas como as áreas abertas. Este estádio de sucessão se
constitui no hábitat de diferentes espécies, principalmente de algumas pertencentes às
famílias Cuculidae, Furnariidae, Vireonidae, Parulidae e Emberizidae. Registrou-se para as
mesmas o bentererê (Synallaxis spixi), o joão-tenenem (S. ruficapilla), o risadinha
(Camptostoma obsoletum), o alegrinho (Serpophaga subcristata), o gente-de-fora-vem
(Cyclarhys gujanensis), a juruviara (Vireo chivi), a mariquita (Parula pityaiumi), o pia-cobra
(Geothlypis aequinoctialis), o sanhaço (Thraupis sayaca), o anu-branco (Guira guira) e o
carrapateiro (Milvago chimachima).
Nas formações florestais caracterizadas como estágio inicial de sucessão vegetacional,
SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) afirma que a avifauna destas formações pode ser
considerada como colonizadora de áreas recém desmatadas e em estágio bem inicial de
sucessão. Nelas ocorrem, entre outros, o tico-tico (Zonotrichia capensis), o tiziu (Volatinia
jacarina), o pintassilgo (Carduelis magellanicus), a coleirinha (Sporophila caerulescens) e o
papa-lagarta-acanelado (Coccyzus melacoryphus). Os curiangos (Hydropsalis brasiliana e
Lurocalis semitorquatus) podem ser encontrados em áreas de capoeirinhas, mantendo-se às
margens de estradas a espreita de presas.
A avifauna que ocupa as áreas de restinga constitui-se basicamente de uma parcela de
espécies que também habita a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e apresenta menor
dependência de alguns atributos específicos somente encontrados na Floresta Ombrófila
Densa (SEGER, 2002 apud SEMA/IAP, 2006). Entre as espécies registradas que se enquadram
nestes
parâmetros
encontram-se
o
beija-flor-tesoura-de-fronte-violeta
(Thalurania
glaucopis), o pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens), o pintadinho (Drymophila
squamata), o formigueira-da-grota (Myrmeciza squamosa), o limpa-folha-ocrácea (Philydor
lichtensteini),
o
papa-taoca
(Pyriglena
leucoptera),
o
cabeçudo
(Leptopogon
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amaurocephalus), o sabiá-coleira (Turdus albicollis), o juruviara (Vireo chivi), o pulapula
(Basileuterus culicivorus) e o flautim (Schiffornis virescens).
Para as comunidades arbustivo-arbóreas (caxetal), SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006)
abordou que apesar das condições edáficas e hidrológicas neste tipo de formação
propiciarem o domínio da caxeta (Tabebuia cassinoides), a avifauna que habita os estratos
médio e superior se assemelha em parte àquela da Floresta Ombrófila Densa de Terras
Baixas e da Restinga, haja visto que os caxetais se apresentam em faixa bastante estreita,
havendo uma mistura de espécies vegetais de ambas as formações. Já no solo, as cheias
periódicas não propiciam, ou dificultam, a ocupação de espécies terrícolas observadas para
as áreas mais secas. Nestas áreas foram registradas espécies como o anambé-branco-derabo-preto (Tytira cayana), o flautim (Schiffornis virescens), o suiriri (Tyrannus
melancholicus), o peitica (Legatus leucophaius), o guaxe (Cacicus haemorrhous), o tiê-preto
(Tachyphonus coronatus), o sanhaçu (Thaupis sayaca) e o gavião-de-rabo-branco (Buteo
albicaudatus).
SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) no seu estudo realizado na Estação Ecológica do
Guaraguaçu afirmou que as comunidades herbáceas (várzeas e brejos) constituem-se no
hábitat da saracura-sanã (Rallus nigricans), da saracurinha-da-mata (Amaurolimnas
concolor), do joão-pobre (Serpophaga nigicans) e do papa-piri (Tachuris rubrigastra).
Utilizando o mesmo ambiente também foram encontrados o curutiê-do-brejo (Certhiaxis
cinamomea), o pia-cobre (Geothypis aequinoctialis) e o tiê-sangue (Ramphocelus bresilius).
No entanto, a espécie que mais chama a atenção é o bicudinho-do-brejo (Stymphalornis
acutirostris), registrado em diferentes locais, cobertos principalmente por pirizais (Scirpus
californicus) e cebolanas (Crinum salsum).
Segundo SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) na formação pioneira de influência
fluviomarinha (manguezais), um dos tipos de vegetação presentes na baía de Paranaguá, foi
apontado que este tipo de vegetação geralmente é utilizada como pouso de espécies de
hábito aquático ou semi-aquático. Ocorrem o biguá (Phalacrocorax brasilianus), o colhereiro
(Platalea ajaja), o martim-pescador-grande (Ceryle torquata) e as garças (Egretta thula,
Casmerodius albus e Egretta caerulea). Além destas, também o socó-dorminhoco
(Nycticorax nycticorax) e a saracura-da-praia (Aramides mangle).
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Os manguezais também são procurados por espécies que habitam outros ambientes,
dentre estas os tiranídeos, como o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), o suiriri (Tyrannus
melancholicus), a figuinha-do-mangue (Conirostrum bicolor), e, eventualmente, o curutié
(Certhiaxis cinnamomea), o joão-pobre (Serpophaga nigricans), o bem-te-vi-pequeno
(Conopias trivirgata), o pula-pula-ribeirinho (Phaeothlypis rivularis) e a pomba-amargosa
(Columba Plumbea), esta última mais comum no período invernal.
Em estudo realizado por MESTRE et al. (2007 apud TCP, 2008) foi feita uma
caracterização da comunidade de aves que habitam os manguezais da baía de Paranaguá e
foi comparado três áreas a diferentes distâncias da cidade e do porto, onde detectaram a
presença de 81 espécies. Segundo este estudo, a maioria das espécies de aves ali registrada
é considerada residente, ou seja, permanece na região durante todas as etapas de seu ciclo
de vida. Foi constatado que 50% do total das espécies registradas nos manguezais de
Paranaguá também ocorrem na restinga, o que indica a importância da conservação desta
formação vegetacional na região. As espécies exclusivas dos mangues representaram 26%.
A compilação dos dados disponíveis sobre a avifauna dos manguezais da região de
Paranaguá revelou a ocorrência de 115 espécies neste tipo de ambiente (SCHERER-NETO &
STRAUBE, 1995; STRAUBE et al. 2004; MESTRE et al. 2007 apud TCP, 2008). Este valor é
expressivo, uma vez que se refere apenas a espécies encontradas nas Formações Pioneiras
de Influência Flúvio-Marinha.
Para as formações pioneiras de influência marinha (campos salinos / marismas), SEGER
(2002 apud SEMA/IAP, 2006) descreve que estas formações se apresentam a princípio como
hábitats de poucas espécies de aves. Entre as que podem ser destacadas se encontra o
bicudinho-do-brejo (Stymphalornis acutirostris), registrado em diferentes pontos com este
tipo de vegetação, porém a princípio com pequenas populações.
Para os ambientes ribeirinhos, SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) levantou que neste
tipo de ambiente são encontradas espécies que procuram águas mais profundas para a
alimentação. As espécies mais evidentes são o biguá (Phalacrocorax brasilianus) e o
biguatinga (Anhinga anhinga). Também foram observadas para este ambiente algumas
espécies da família Anatidae, com destaque para o pato-do-mato (Cairina moschata) e o
pato-de-crista (Sarkidiornis melanotos). Espécies que vivem na vegetação arbórea às
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margens, como martim-pescador-grande (Ceryle torquata), e duas espécies menores
Chloroceryle amazona e C. americana, aves bastante comuns para a região, também são
incluídas como habitantes deste biótopo.
Um fato que chamou a atenção de SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) durante o
estudo, foi a observação de bandos (com mais de 50 indivíduos) de fragata (Fregata
magnifiscens) que, embora seja uma ave marinha, foi constantemente observada
perseguindo cardumes de peixes em trecho do rio Guaraguaçu, entre sua confluência com o
rio Pequeno até a ilha da Volta Seca, realizando vôos rasantes sobre a água para a captura
destes peixes.
Em ambiente lacustre, SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) apontou que neste tipo de
ambiente, é comum a presença do frango-d´água (Gallinula chloropus), da jaçanã (Jacana
jacana), do mergulhão (Podilymbus podiceps) e da marreca-ananaí (Amazonetta brasiliensis)
todas com presença confirmada para o litoral.
Nos ambientes praianos, locais de depósitos de areias em algumas curvas do rio
Guaraguaçu, SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) registrou na região intermarés espécies
limnícolas como o maçarico-de-papo-vermelho (Calidris canutos), ave migratória de longa
distância e aparentemente incomum para a costa paranaense, além do maçarico-pintado
(Actitis macularia).
Embora a princípio somente estas duas espécies tenham sido visualizadas durante os
trabalhos de SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006), é de se esperar que outras também
procurem estes locais, principalmente espécies pertencentes ao gênero Tringa.
Em áreas onde há exposição de lodo quando da maré baixa, diferentes espécies para aí
se dirigem na procura de alimento (invertebrados e peixes). Entre as mais conspícuas, a
garça-branca-pequena (Egretta thula), a garça-branca-grande (Casmerodius albus), a garçaazul (Egretta caerulea), o colhereiro (Platalea ajaja), o socó-grande (Ardea cocoi) e o
socozinho (Butorides striatus) (SEGER, 2002 apud SEMA/IAP, 2006).
Para áreas degradadas ou antropizadas, predominam nestes ambientes espécies
típicas de áreas abertas. Entre as mais comuns o quero-quero (Vanellus chilensis), o carcará
(Caracara plancus), o quiri-quiri (Falco sparverius), a rolinha paruru (Columbina talpacoti), a
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coruja buraqueira (Athene cunicularia), o joão-de-barro (Furnarius rufus), o siriri-cavaleiro
(Machetornis rixosus), o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) e o canário-da-terra (Sicalis
flaveola) (SEGER, 2002 apud SEMA/IAP, 2006).
As espécies registradas para as zonas urbanizadas apresentam uma alta adaptação a
ambientes altamente antropizados, com alterações profundas. São típicas, o joão-de-barro
(Furnarius rufus), o quiri-quiri (Falco sparverius), o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), o sabiálaranjeira (Turdus rufiventris), a andorinha-pequena-de-casa (Notiochelidon cyanoleuca) e a
curruíra (Troglodytes musculus) (SEGER, 2002 apud SEMA/IAP, 2006).
No estudo de SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) foi levantado que para o ambiente
aéreo, são incluídos aqui o urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), o urubu-de-cabeçavermelha (Cathartes aura) e o andorinhão (Streptoprocne zonaris). Algumas espécies
características de ambiente aéreo muitas vezes são anotadas em outras categorias quando
pousadas ou sobrevoando alguma paisagem específica.
Como espécies exóticas de ocorrência para a área de estudo temos o pardal (Passer
domesticus), o pombo (Columba livia) e o bico-de-lacre (Astrilda astrild). Estas espécies pelo
tempo em que foram introduzidas e a adaptação que tiveram, já são consideradas como
parte da fauna brasileira, porém, praticamente restritas ao ambiente urbano.
Em outro estudo base para elaboração da lista de avifauna ocorrente na região do
Porto de Paranaguá, realizado na Reserva Natural Salto Morato, município de
Guaraqueçaba, STRAUBE & URBEN-FILHO (2005) apontam que foram registradas na área de
estudo, um total de 329 espécies de aves. Essa riqueza considerável deve-se principalmente
à grande diversificação de hábitats e micro-hábitats, decorrente em especial da
representação de quase todas as expressões fitofisionômicas ao longo da gradação
altitudinal da floresta ombrófila densa, bem como de parte de outras formações
diretamente associadas a ela; as pequenas áreas que se encontram em diversos estádios de
regeneração (capoeira a capeirão), completam as variantes fitofisionômicas determinantes
dessa riqueza.
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Em KRUL & MORAES (1994), estes autores consideram que as aves que ocorrem nos
ambientes marinhos e costeiros podem ser classificadas em comunidades que ocupam
setores definidos e apresentam adaptações para tipos de habitats.
Segundo KRUL (2004), recentemente a costa paranaense foi classificada por Avaliação
e Ações Prioritárias para a Zona Costeira e Marinha (BIO-RIO, 2002) como de extrema
importância para a conservação de aves marinhas no Brasil, com destaque para as três ilhas
situadas na plataforma continental interna. A importância do litoral paranaense é justificada
pela utilização desta área como ponto de parada de espécies migratórias, por haver
reprodução de aves aquáticas coloniais e também por abrigar importantes sítios de
alimentação para aves marinhas em geral.
No cenário paranaense destaca-se um grupo de aves marinhas formado por cinco
espécies que nidificam nas três ilhas situadas na plataforma continental interna (Arquipélago
de Currais, Ilhas Itacolomis, Ilha da Figueira). As populações mais abundantes são a do atobá
(Sula leucogaster) e a do tesoureiro (Fregata magnificens), que juntas superam cinco mil
casais somente no Arquipélago de Currais. Por outro lado, as populações da gaivota (Larus
dominicanus), da andorinha-do-mar-de-bico-amarelo (Sterna eurygnatha) e da andorinhado-mar-de-bico-vermelho
(S.
hirundinacea),
são
menores,
com
estimativa
de
aproximadamente 100 casais de cada espécie reproduzindo no Arquipélago de Currais e
Ilhas Itacolomis (KRUL, 1999).
O litoral do Paraná se caracteriza como importante sítio de alimentação para aves e
nidificação de aves pelágicas ou oceânicas e de outras aves costeiras. De acordo com
VOOREN & FERNANDES (1989) esse setor, é a fronteira entre as águas quentes e pouco
produtivas de origem tropical e as águas sub-antárticas frias, extremamente fértil e
altamente produtivas. Os principais representantes das aves marinhas são os
Procellariiformes, albatroz (Diomedea spp.) e o petrél (Puffinus spp.). Também são comuns o
pingüim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), as pardelas (Pachyptila spp.) e o petrelprateado (Fulmarus glacialoides). Essas aves reproduzem em regiões das altas latitudes e
deslocam-se durante o período não-reprodutivo para a costa brasileira.
Este grupo de espécies que nidifica em território paranaense vem interagindo
intensamente com o homem. Por um lado atividades pesqueiras têm provido farta
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alimentação a partir de descartes de parte da captura que não apresenta valor comercial
(KRUL, 1999), e por outro por distúrbios provocados nos sítios de reprodução,
principalmente desembarques e provocação de revoadas.
O corpo aquoso é a principal fonte de forrageio, tanto das espécies que se alimentam
mais na superfície, como talha-mar (Rynchops niger) e o tesourão (Fregata magnificens),
como daquelas que mergulham ate determinadas profundidades para apanhar peixes, como
atoba (Sula leucogaster) e o biguá (Phalacrocorax brasilianus). A produtividade de peixes
encontrada nesse local é um dos fatores mais importantes para ocorrência destas espécies,
em altas densidades.
Com relação às espécies consideradas como tipicamente migratórias, ou seja, que não
nidificam na área e que aparecem apenas durante o período de invernada na região, caso de
vários representantes da ordem dos Charadriformes, é difícil, até o momento, definir com
mais precisão o número de espécies que podem ocorrer na área. Durante os trabalhos de
campo de SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006), apenas o maçarico-de-papo-vermelho
(Calidris canutos) e o maçarico-pintado (Actitis macularia) foram registrados, com poucos
indivíduos forrageando em pequenos bancos de areia ao longo das margens de rios que
desaguam na Baía de Paranaguá (Ex. rios Guaraguaçú e Itaqui). Foi realizada também a
observação de um bando de andorinha-de-dorso-castanho (Hirundo pyrrhonota) (migrante
setentrional).
Em SEGER (2002 apud SEMA/IAP, 2006) foram constatadas diferentes espécies
denominadas por SICK (1997) como residentes de verão (que na primavera e verão nidificam
na área e durante o inverno migram para outras regiões do continente sul-americano), a
exemplo da tesourinha (Tyrannus savana), do suiriri (Tyrannus melancholicus), da juruviara
(Vireo chivi), do irrê (Myiarchus swainsonii), do bem-te-vi-pirata (Legatus leucophaius), entre
outras.
Podem ser visitantes regulares, aquelas registradas com freqüência em todos aos anos,
caso da fragata (Fregata magnifiscens) (presença comentada anteriormente), enquanto
como visitantes irregulares (que não ocorrem em todos os anos) o gavião-caramujeiro
(Rosthramus sociabilis) e o gavião-de-rabo-branco (Buteo albicaudatus).
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Com relação às espécies protegidas pela lei estadual de espécies ameaçadas (34
espécies) estão presentes, as seguintes categorias: "em perigo (EN)" (5), "vulnerável (VU)"
(7), "quase-ameaçada (LR)" (15), "insuficientemente conhecida (DD)" (7), seguindo-se os
critérios IUCN adotados por STRAUBE et al. (2004). Nessa escala regional há que se ressaltar
a presença de espécies com distribuição restrita, cujas populações-fonte encontram-se
exatamente na área litorânea meridional do Estado de São Paulo e dali para sul até as
baixadas florestadas de Santa Catarina (e.g. papagaio-de-cara-roxa - Amazona brasiliensis e a
maria-da-restinga - Phylloscartes kronei).
O papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) é considerado uma espécie endêmica
de uma estreita faixa do litoral que vai do Sul de São Paulo até o Norte de Santa Catarina,
encontra-se seriamente ameaçada de extinção (BERNARDES et. al., 1990; COLLAR et al.
(1994); BIRDLIFE INTERNATIONAL, 2000). O complexo estuarino-lagunar, que se estende de
Peruíbe (SP) até Paranaguá (PR), considerado pela UNESCO, desde 1991, como Reserva da
Biosfera, é o trecho de maior ocorrência do papagaio (SCHERER-NETO, 1989; MARTUSCELLI,
1995). A espécie é comumente encontrada até 300 m de altitude, embora seja raramente
registrada acima de 700 m (SCHERER-NETO, 1989). No Paraná pode ser encontrado em toda
a faixa litorânea do Estado, nos municípios de Guaratuba, Paranaguá, Pontal do Paraná,
Antonina e Guaraqueçaba (SCHERER-NETO, 1989; SCHERER-NETO & TOLEDO, 2007). O
trecho de maior ocorrência da espécie, com cerca de cinco mil indivíduos ou 75% da
população, é o litoral norte do Paraná, nas áreas da Área de Proteção Ambiental (APA) de
Guaraqueçaba, Parque Nacional de Superagui e Estação Ecológica de Guaraqueçaba
(SIPINSKI, 2003; BÓÇON et al., 2004a; SCHERER-NETO & TOLEDO, 2007). São citadas algumas
ilhas preferenciais no Paraná: do Pinheiro, Rasa, Rasa da Cotinga e Mel para repouso
noturno; do Mel, Rasa da Cotinga, Gamelas e Rasa como local de reprodução; e das Peças,
Superagui e Rasa para alimentação (SCHERER-NETO, 1989; LALIME, 1997; CARRILLO et al.,
2002; SIPINSKI, 2003; BÓÇON
et al., 2004b). Os papagaios-de-cara-roxa deslocam-se
diariamente entre as ilhas e a porção continental da área de ocorrência, formando grandes
grupos para o repouso noturno. Além disso, demonstram preferência por utilizar as ilhas
para reprodução, dormitório e alimentação (SCHERER-NETO, 1989; MARTUSCELLI, 1995).
Altamente procurado como ave de estimação, tanto na sua área de distribuição como em
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outras regiões do país. A ocupação humana, em parte de sua área de distribuição,
potencializa a ameaça de tráfico, pois a fragmentação de áreas florestadas torna as áreas de
reprodução cada vez mais acessíveis aos coletores de filhotes. A modificação do hábitat é
outra ameaça que atinge fortemente o papagaio-de-cara-roxa, diminuindo gradativamente
sua já pequena área de distribuição. A retirada seletiva de recursos naturais pela população
local, como o guanandi e a caxeta (Tabebuia sp.), usados na fabricação de canoas,
instrumentos musicais e outros utensílios, diminui a oferta de locais para nidificação,
contribuindo para o baixo recrutamento da espécie. Alterações mínimas em seu hábitat
podem representar um grande impacto, considerando que a distribuição geográfica natural
da espécie já é bastante restrita (SCHUNCK et al., 2011).
A maria-da-restinga (Phylloscartes kronei) é uma espécie da família Tyrannidae descrita
recentemente e considerada como globalmente ameaçada de extinção (BIRDLIFE
INTERNATIONAL, 2012), cuja história natural é pouco conhecida. É um pequeno pássaro
endêmico da baixada litorânea do Sul e Sudeste do Brasil. É uma espécie típica de restingas
da planície costeira do país, que frequenta o dossel de bordas de restingas arbóreas,
florestas esparsas, capoeirões e bordas de matas secundárias próximas ao nível do mar. Vive
solitário ou aos pares e acompanha bandos mistos (MACHADO et al., 2008).
Analisando o estudo de impacto ambiental realizado pelo Terminal de Contêineres de
Paranaguá para ampliação do cais do porto (TCP, 2008), averiguou-se a seguinte informação
com relação às espécies ameaçadas de extinção existentes na área de influência do Porto de
Paranaguá:
Capororoca (Coscoroba coscoroba): Apesar de não ser considerado ameaçado segundo
MIKICH & BÉRNILS (2004), esta espécie é rara no Paraná e esporadicamente é vista em
ambientes estuarinos das baías de Paranaguá Antonina e Guaratuba. Registros ocasionais no
Pantanal e outras regiões de Mato Grosso sugerem que realiza deslocamentos sazonais,
vindo do Rio Grande do Sul. É possível que habite os estuários das áreas de influência em
certas épocas do ano.
Savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea): Considerada “em perigo” (EN) segundo
MIKICH & BÉRNILS (2004), apresenta poucas informações de ocorrência e ocorre
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exclusivamente em manguezais (STRAUBE et al. 2004 apud TCP, 2008). Registros obtidos em
várias regiões do estuário sugerem aocorrência da espécie na Área de Influência Indireta.
Guará (Eudocimus ruber): Espécie “criticamente em perigo” (MIKICH & BÉRNILS, 2004).
Em 1977 foi localizada na baía de Antonina (SCHERER-NETO & STRAUBE, 1995 apud TCP,
2008), tratando-se da última informação conhecida até ser recentemente vista em
manguezais de Guaraqueçaba e Guaratuba. Pesquisas detalhadas devem se conduzidas na
região de Paranaguá com o objetivo de verificar a presença a espécie.
Caracoleiro (Chondrohierax uncinatus): “Vulnerável” (VU) (MIKICH & BÉRNILS, 2004).
Espécie florestal que conta com registros de ocorrência na Ilha Rasa (CARRANO & SCHERERNETO, 2000 apud TCP, 2008), na Floresta Estadual do Palmito (KLEMANN-JR. 2002 e
CARRANO, 2006 apud TCP, 2008), na Estação Ecológica do Guaraguaçu (SEGER, apud
SEMA/IAP, 2006) e também na ESEC da Ilha do Mel (MORAES, 1991 e STRAUBE et al., 2004
apud TCP, 2008). É possível que ocorra nas áreas de influência do empreendimento.
Gavião-bombachinha-grande (Accipiter bicolor): Espécie insuficientemente conhecida
no Estado, com observações recentes em manguezais e áreas florestais próximas ao porto
de Paranaguá (KLEMANN-JR., 2002 e CARRANO, 2006 apud TCP, 2008). Segundo MIKICH &
BÉRNILS (2004), no Paraná a espécie é registrada comumente em áreas associadas a Floresta
Ombrófila Mista. É provável que ocorra na Área de Influência Direta do Porto de Paranaguá.
Gavião-pombo-pequeno (Leucopternis lacernulatus): Espécie ameaçada em nível global
(VU), nacional (VU) (MMA, 2003 apud TCP, 2008) e “em perigo” (EN) no Paraná (STRAUBE et
al., 2004 apud TCP, 2008; MIKICH & BÉRNILS, 2004). Suas populações estão em declínio em
consequência da perda de hábitat (BIRDLIFE INTERNATIONAL, 2008 apud TCP, 2008). Ocorre
em áreas florestas próximas ao Porto de Paranaguá e deve utilizar a vegetação presente na
Área de Influência Indireta.
Caranguejeiro (Buteogallus aequinoctialis): É considerado “em perigo” (EN) no Estado
(MIKICH & BÉRNILS, 2004) e está restrito a áreas de manguezal. Registros obtidos no
Ribeirão dos Correias indicam sua presença na área de influência do Porto de Paranaguá.
Chimango (Milvago chimango): Apesar de ser muito comum nos estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, no Paraná é insuficientemente conhecida. É possível que
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ocorra na baía de Paranaguá, a exemplo das observações obtidas na Ilha do Mel, na Ilha do
Superagui e em Pontal do Sul (MORAES, 1991; BORNSCHEIN et al. 1993; MORAES & KRUL,
1995; BORNSCHEIN & REINERT, 1997; STRAUBE et al. 2004 apud TCP, 2008; MIKICH &
BÉRNILS, 2004). Devido a estas informações, certamente a espécie ocorre na Área de
Influência Indireta do empreendimento.
Saracura-matraca (Rallus longirostris): Ocorre exclusivamente em ambientes de
manguezais e é considerada insuficientemente conhecida no Estado, talvez em decorrência
da escassez de estudos realizados neste tipo de ambiente. Conta com registro confirmado
para a região estuarina de Paranaguá (SCHERER-NETO & STRAUBE, 1995 apud TCP, 2008) e é
bastante provável em grande parte da Área de Influência Direta do empreendimento.
Saracura-do-mangue (Aramides mangle): Situação semelhante à espécie anterior, no
entanto apresenta informações apenas para a região de Guaraqueçaba (STRAUBE et al. 2004
apud TCP, 2008). Estudos específicos nos manguezais da Área de Influência Indireta são
necessários para inferir sobre a probabilidade de ocorrência nesta área.
Trinta-réis-real (Thalasseus maximus): No Paraná é considerada “quase ameaçada”
(MIKICH & BÉRNILS, 2004), pois vem sofrendo declínio populacional, além de reduções
consideráveis nas colônias reprodutivas. Esta espécie tem ocorrência confirmada no estuário
de Paranaguá, e provável ocorrência na Área de Influência Direta do empreendimento.
Pararu-espelho (Claravis godefrida): “Criticamente em perigo” (CR) no Paraná (MIKICH
& BÉRNILS, 2004), esta espécie conta com registros em locais bastante próximos ao porto de
Paranaguá (CARRANO, 2006 apud TCP, 2008), no entanto ocorre em ambientes florestais da
Área de Influência Indireta do empreendimento.
Martinho (Chloroceryle aenea): É a menor espécie de martim-pescador, com apenas 12
cm de comprimento total. Habita pequenos riachos e áreas de mangue do litoral. Está
“quase ameaçado” no Paraná (MIKICH & BÉRNILS, 2004) e conta com registros no Rio
Emboguaçu (MESTRE et al. 2007 apud TCP, 2008), no Ribeirão dos Correias (KLEMANN-JR.,
2002 e CARRANO, 2006 apud TCP, 2008) e no Rio Guaraguaçu (MESTRE et al., 2007 apud
TCP, 2008). Sua presença na Área de Influência Direta do Porto de Paranaguá.
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Martim-pescador-da-mata (Chloroceryle inda): Também “quase ameaçado” no Estado
(MIKICH & BÉRNILS, 2004) e está presente em áreas bastante próximas ao porto, por
exemplo, na Floresta Estadual do Palmito (KLEMANN-JR., 2002 e CARRANO, 2006 apud TCP,
2008). É provável que habite áreas de manguezal da Área de Influência Indireta.
Saíra-sapucaia (Tangara peruviana): Apesar de ser encontrada com freqüência na
planície litorânea, é uma espécie “vulnerável” (VU) em nível mundial e nacional (MMA, 2003
e IUCN, 2008 apud TCP, 2008). Conta com registros para a Floresta Estadual do Palmito
(KLEMANN-JR., 2002 e CARRANO, 2006 apud TCP, 2008), para o Rio Emboguaçu (MESTRE et
al., 2007 apud TCP, 2008) e certamente está presente na Área de Influência Indireta do
empreendimento.
Figuinha-do-mangue (Conirostrum bicolor): Espécie tida como “vulnerável” no Paraná
(MIKICH & BÉRNILS, 2004). Ocorre exclusivamente nos maguezais. Conta com registros no
Ribeirão dos Correias (MESTRE et al., 2007 apud TCP, 2008) e deve ocorrer na Área de
Influência Direta do empreendimento. A Figura 149 apresenta imagens de algumas espécies
com ocorrência registrada na região do empreendimento.
Foto 01 – Macuco (Tinamus solitarius)
Foto 02 – Gavião-pombo (Leucopternis lacernulatus)
Fonte: WIKIAVES, 2012.
Fonte: DEVELEY & ENDRIGO, 2004.
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Foto 03 – Gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus)
Foto 04 – Biguá (Phalacrocorax brasilianus)
Fonte: WIKIAVES, 2012.
Fonte: WIKIAVES, 2012.
Foto 05 – Martim-pescador-grande (Ceryle torquatus)
Foto 06 – Papagaio-da-cara-roxa (Amazona
Fonte: DEVELEY & ENDRIGO, 2004.
brasiliensis) – Fonte: WIKIAVES, 2012.
Foto 07 – Garça-branca-pequena (Egretta thula)
Foto 08 – Garça-moura (Ardea Cocoi)
Fonte: WIKIAVES, 2012.
Fonte: WIKIAVES, 2012.
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Foto 09 – Maria-da-restinga (Phylloscartes kronei)
Foto 10 – Savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea)
Fonte: WIKIAVES, 2012.
Fonte: WIKIAVES, 2012.
Foto 11 – Saracura-matraca (Rallus longirostris)
Foto 12 – Trinta-réis-real (Thalasseus maximus)
Fonte WIKIAVES, 2012.
Fonte: WIKIAVES, 2012.
Figura 149 – Imagens de algumas espécies com ocorrência na região do empreendimento.
2.8.6 Mastofauna
Segundo HICKMAN JR et. al., (2004), os mamíferos possuem características peculiares.
A homeotermia, capacidade de manutenção da temperatura corporal, possibilita aos
animais realizarem atividades noturnas e utilizarem habitats de baixas temperaturas,
durante todo o ano. A placenta permite aos recém-nascidos a obtenção de nutrientes e
proteção durante o período mais vulnerável de suas vidas. As glândulas mamárias propiciam
aos recém-nascidos a continuidade da proteção e alimentação. Já a especialização dentária
diferenciada permitiu a evolução de inúmeras adaptações alimentares.
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Segundo REIS et.al., (2009), os mamíferos modernos possuem o corpo total ou
parcialmente recoberto de pelos e possuem glândulas mamárias que secretam leite para a
alimentação
de
filhotes.
Possuem
sistema
nervoso
altamente
desenvolvido
e
comportamento individual e social complexos. Estas características separam os mamíferos
dos demais animais, sendo que a presença de uma plasticidade genética e o surgimento de
numerosas adaptações fenotípicas permitiu que esses vertebrados invadissem todos os
ambientes na Terra onde a vida é possível (LARSSON, et.al., 2004 apud REIS, et.al., 2009).
A diversidade biológica no Brasil é ainda pouco conhecida, embora seja considerada a
maior do planeta (MMA, 2005). O estado de conhecimento da diversidade de mamíferos
segue a mesma tendência geral, podendo aumentar conforme os inventários sejam
intensificados e análises citogenéticas e moleculares sejam implementadas (REIS, et al.,
2006). O Brasil apresenta registro de 652 espécies de mamíferos das quais 250 são
encontradas no bioma Floresta Atlântica, sendo 55 endêmicas (MMA, 2005).
Embora sejam escassas as informações na maior parte do Estado do Paraná, muito
conhecimento sobre a mastofauna paranaense tem sido acumulado nos últimos anos,
especialmente na última década, como demonstra MIRETZKI (1999).
Somente em 1981 surgiu a primeira lista de espécies, compilação bibliográfica de
LANGE & JABLONSKI (1981) que aponta para o Paraná, 152 espécies de mamíferos. Em 2004
este número aumentou para 176 espécies (MIKICH & BÉRNILS, 2004).
A riqueza de mamíferos na planície litorânea foi amostrada em diferentes regiões e em
diferentes estudos, quais destacam-se aqueles realizados para elaboração de planos de
manejo das unidades de conservação existentes na região, a citar: BORNSCHEIN & REINERT
(2000) encontraram 64 espécies para a Área de Proteção Ambiental de Guaratuba; TIEPOLO
(apud SEMA/IAP, 2006) na Estação Ecológica do Guaraguaçu registraram a ocorrência de 77
espécies; SPVS (2009) na RPPN Serra do Itaqui em Guaraqueçaba encontraram 52 espécies.
Para elaboração da lista de espécies com possível ocorrência na área de influência
direta e indireta do Porto de Paranaguá, tomaremos como base o estudo realizado por
TIEPOLO (apud SEMA/IAP, 2006) na Estação Ecológica do Guaraguaçu, devido a riqueza de
espécies encontradas nesta região e também pelo fato que de maneira geral, as espécies
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distribuem-se amplamente na planície litorânea, ocupando diferentes ambientes, tanto em
porções da Floresta Ombrófila Densa Alto-montana como nas Terras Baixas e em seus
ecossistemas associados (campos salinos ou marismas, mangue, restinga, brejos e várzeas),
além de informações disponíveis sobre a área do estudo em questão e para mamíferos
marinhos seguiremos como base o estudo realizado pela SEMA (2006).
Abordando o estudo realizado por TIEPOLO (apud SEMA/IAP, 2006), as 77 espécies
registradas, foram distribuídas em sete Ordens, sendo o grupo mais representativo a Ordem
Chiroptera, com 32 espécies, seguida de Rodentia (16) e Carnivora (11). Este fato é esperado
uma vez que os morcegos são o grupo mais bem amostrado no Paraná, como demonstra
MIRETZKI (2000). Considerando a lista prévia dos Mammalia do Paraná, de LANGE &
JABLONSKI (1981), os mamíferos da Estação Ecológica do Guaraguaçu representam 50,6% da
mastofauna paranaense.
O grupo Didelphimorphia obteve registro do gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita),
gambá-de-orelha-branca (D. albiventris), cuíca-de-quatro-olhos (Philander frenata), e as
cuícas (Micoureus demerarae, Metachirus nudicaudatus e Gracilinanus microtarsus). Se
considerarmos a distribuição geográfica, são esperados para a região as cuícas (Gracilinanus
agilis, Monodelphis americana, M. iheringi, M. sorex, M. scalops) e a cuíca-lanosa (Caluromys
philander) que estão presentes na porção atlântica do país (EISENBERG & REDFORD, 1999). A
cuíca-d’água (Chironectes minimus), embora não evidenciada possui grande probabilidade
de estar presente na Estação Ecológica do Guaraguaçu e região.
Os Xenarthra evidenciados foram o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e o tatu
(Dasypus sp.). O tatu-peludo (Euphractus sexcinctus) é esperado para a região litorânea. O
método de constatação não permitiu identificar a espécie de Dasypus sp.. Entretanto tanto
Dasypus novemcinctus quanto D. septemcinctus ocorrem na planície litorânea.
Os morcegos apresentaram a maior riqueza entre os mamíferos diagnosticados, com
31 espécies. TIEPOLO (apud SEMA/IAP, 2006) registrou o morcego-pescador (Noctilio
leporinus), dos filostomídeos Anoura caudifera, Chiroderma doriae, Glossophaga soricina,
Sturnira lilium, Carollia perspicillata, Artibeus sp., Desmodus rotundus e os vespertilionídeos
Lasiurus cinereus e Myotis nigricans.
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O trabalho de MIRETZKI (2000) aponta para o Estado do Paraná 53 espécies de
morcegos. Com base neste estudo há registro de 31 espécies para a região litorânea,
aproximadamente 58% dos morcegos do Estado. TIEPOLO (apud SEMA/IAP, 2006) registrou
Chiroderma doriae para o litoral do Paraná, considerada ameaçada de extinção, categoria
vulnerável (VU), de acordo com MIKICH & BÉRNILS (2004).
De acordo com MIRETZKI (2000) a espécie é endêmica do Bioma Floresta Atlântica e
no Paraná era considerada restrita a região norte e noroeste do Estado, sendo este o
primeiro registro para o litoral. Espécie endêmica do bioma e de provável ocorrência para a
região é Myotis rubra, que encontra-se ameaçada de extinção de acordo com MIKICH &
BÉRNILS (2004). MIRETZKI (2000) destaca ainda Peropteryx macrotis, Tonatia bidens e
Sturnira tildae como espécies exclusivas da Floresta Ombrófila Densa no Paraná.
Pelo menos duas espécies de primatas ocorrem na região: o bugio-ruivo (Alouatta
guariba clamitans) e o macaco-prego (Cebus nigritus). PASSOS et al., (2006) registraram a
ocorrência de duas espécies de saguis: Callithrix jacchus e C. penicillata. Porém estas
espécies são exóticas a este bioma, sendo originárias do nordeste brasileiro e da região do
centro-oeste do país, respectivamente.
Um ambiente similar ao da Estação Ecológica do Guaraguaçu foi palco da descoberta
de uma espécie nova de Callitrichidae, o mico-leão-da-cara-preta (Leonthopitecus caissara)
por PERSSON e LORINI (1990). No Paraná esta espécie ocorre em restingas, caxetais, e
taboais da Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e Aluvial, porém sua distribuição
original é desconhecida. Ocorre no Parque Nacional de Superagui e se encontra na categoria
criticamente ameaçada de extinção no Paraná (MIKICH & BÉRNILS, 2004) e no mundo
(KIERULFF et. al., 2008 apud IUCN, 2011).
A Ordem Carnivora está representada pelo cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), pelos
felinos jaguarundi (Puma yaguarondi), jaguatirica (Leopardus pardalis), gato-do-matopequeno (Leopardus tigrinus), gato-maracajá (Leopardus wiedii) e onça-parda (Puma
concolor) (TIEPOLO apud SEMA/IAP, 2006). De acordo com MIRETZKI & QUADROS (1998), os
carnívoros apresentam uma distribuição homogênea no Estado do Paraná.
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TIEPOLO (apud SEMA/IAP, 2006) aponta que foram freqüentes os rastros da onçaparda (Puma concolor) e dos gatos-do-mato (Leopardus tigrinus, L. wiedii, Puma
yaguarondi), entretanto não foi possível identificar as pegadas destes últimos, mas todos são
esperados para a região da planície litorânea e para áreas próximas a área do porto.
Entre os mustelídeos, as melhores informações referem-se a lontra (Lontra
longicaudis), que foi estudada em uma área semelhante de planície litorânea por QUADROS
(1998) e QUADROS & MONTEIRO-FILHO (2000, 2001) no litoral norte de Santa Catarina.
Também foram registrados a irara (Eira barbara) e o furão (Galictis cuja).
Os procionídeos registrados foram o mão-pelada (Procyon cancrivorus) e o quati
(Nasua nasua).
Entre os Artiodactyla que obtiveram registro para área de estudo de TIEPOLO (apud
SEMA/IAP, 2006) está o cateto (Pecari tajacu) e o veado (Mazama sp.), não sendo possível
uma identificação específica para esta última, pois o registro foi com base em pegadas
(observação indireta). Entretanto, para a planície litorânea paranaense ocorrem as espécies
Mazama americana, M. gouazoubira e M. nana. Os veados (Mazama americana e M.
goazoubira) diferem no uso do ambiente; o primeiro prefere áreas florestais e o segundo
bordas e áreas abertas. Quanto à dieta ambos são pastadores e frugívoros, alimentando-se
também de fungos (TIEPOLO apud SEMA/IAP, 2006).
Os Rodentia constituem o grupo mais diverso do mundo e encontram na região
neotropical sua maior riqueza de espécies. De acordo com EISENBERG e REDFORD (1999)
considerando somente os mamíferos terrestres da América do Sul, os roedores constituem
42% das espécies descritas até então. Para o Paraná existe registro de 52 espécies de acordo
com a lista de LANGE & JABLONSKI (1981). De acordo com FONSECA et al. (1994) a floresta
atlântica na região litorânea do Paraná possui característica de acentuado grau de
endemismos, especialmente entre os roedores com 35 espécies endêmicas.
Os roedores são importantes na manutenção do equilíbrio ecológico, por atuarem em
diferentes cadeias tróficas, além de participarem dos processos de regeneração de áreas
alteradas, tendo atuação na dispersão e predação de sementes.
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Entretanto, roedores como os sigmodontíneos são de difícil identificação e
apresentam-se como um grupo confuso taxonomicamente. Na área de estudo de TIEPOLO
(apud SEMA/IAP, 2006) foram obtidos registros de ouriço (Sphiggurus sp.), capivara
(Hydrochaeris hydrocheris), cotia (Dasyprocta azarae) e a paca (Agouti paca) e coletados
exemplares de pequenos roedores, como: Delomys dorsalis e dos gêneros Akodon, Oryzomys
e Delomys. Houve registro de Nectomys squamipes, Oryzomys flavescens, Oxymycterus sp.,
Proechimys dimidiatus e Cavia aperea para a região.
Conforme citado por VIDOLIN (2004), espécies de hábitos semi-aquáticos, como a
capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) e o ratão-do-banhado (Myocastor coypus), podem
apresentar estreitas relações com os manguezais e marismas. A mesma autora registrou
ainda a presença do camundongo (Mus musculus) e da ratazana (Rattus rattus)
nos
ambientes de mangue da área de influência direta do Porto de Paranaguá, que são atraídas
pela grande disponibilidade de recursos alimentares, provenientes do acúmulo de lixo e dos
silos de armazenamento de grãos.
As espécies de mamíferos ocorrentes no Paraná e não constatadas neste estudo,
apesar de possuírem distribuição geográfica para a planície litorânea são o bugio (Alouatta
guariba clamitans), a onça-pintada (Panthera onca), o queixada (Tayassu pecari), a anta
(Tapirus terrestris) e o tapiti (Sylvilagus brasiliensis). Estas espécies ocorrem na Serra do Mar
em áreas de Guaratuba, Guaraqueçaba, Morretes e Antonina, podendo ter sido extintas
localmente pela pressão de caça em conjunto com outros fatores, especialmente destruição
de ambientes florestais.
Dentre os mamíferos pode-se encontrar muitas espécies com hábitos arborícolas e/ou
que dependem de ambientes florestais. São peculiares as cuícas-de-rabo-curto (Monodelphis
spp., Marmosa microtarsus e M. incana). Dentre os primatas, o mico-leão-de-cara-preta
(Leontopithecus caissara) endêmico da província Tupi. Algumas espécies de roedores são
típicas desta província, como a cutia (Dasyprocta azarae) e o serelepe (Guerlinguetus
ingrami). Com relação à área de influência direta do Porto de Paranaguá, foram registradas,
nos ambientes de mangue, apenas duas espécies: camundongo (Mus musculus) e ratazana
(Rattus rattus), ambos exóticos. Estas espécies são atraídas pela grande disponibilidade de
recursos alimentares, provenientes do acumulo de lixo e dos silos de armazenamento de
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grãos. Cabe ressaltar que esta área encontra-se extremamente degradada, podendo ser
observado um baixo poder de resiliência, tanto em razão da utilização antrópica como da
existência de caminhos de acesso ao trapiche do Rocio em meio à vegetação e da grande
quantidade de lixo ali depositado e do despejo de esgoto, não oferecendo condições
ambientais e ecológicas para a ocorrência das espécies prováveis da mastofauna silvestre
(ACQUAPLAN, 2011).
O incipiente conhecimento da mastofauna dos manguezais da baía de Paranaguá não
permite uma avaliação segura do impacto da degradação destes ambientes sobre as
espécies de mamíferos que o habitam. No entanto, deve-se considerar que os impactos e
distúrbios tendem a ser mais significativos para as espécies que estão diretamente
associadas aos ambientes semi-aquático e aquático.
A lontra (Lontra longicaudis) também e afetada pela retirada da vegetação ciliar dos
rios que lhe servem de habitat. Estes procedimentos além de acabar com seus refúgios,
provoca assoreamento e conseqüente diminuição da fauna aquática da qual se alimenta.
Outra espécie de destaque é o mão-pelada (Procyon cancrivorus), que embora seja um
animal considerado relativamente comum no Paraná, encontra-se listado como
provavelmente ameaçado no Estado de São Paulo, devido principalmente a destruição de
ambientes florestais.
Os marsupiais ameaçados são Chironectes minimus e Gracilinanus microtarsus. Estas
espécies figuram entre as ameaçadas da lista do Paraná de acordo com MIKICH & BERNILS
(2004).
Atenção especial deve ser dada às espécies arborícolas, que enfrentam na supressão
da vegetação, uma situação muito crítica para adaptação ou colonização de novas áreas
adjacentes. Se considerarmos a lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção do
Estado, há dez espécies de Carnivora ameaçadas, sendo que destas o cachorro-vinagre
(Speothos venaticus) é considerado extinto para o Estado (MIRETZKI & QUADROS, 1998) e a
ariranha é conhecida somente para a região noroeste, no rio Paraná.
Os felinos, de modo geral são importantes reguladores de ecossistemas terrestres e a
eliminação dos predadores de topo de cadeia pode ocasionar desequilíbrio na proporção
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presa-predador, aumentando as densidades de presas como alerta REDFORD (1992), neste
caso, os predadores são considerados espécies-chave no processo de manutenção da
biodiversidade (TERBORGH et al., 1999).
Pesquisadores que trabalham em várias regiões neotropicais têm demonstrado que
uma diminuição no número de mamíferos predadores de grande porte está associada com o
aumento da quantidade de mamíferos terrestres de médio porte, principalmente de cutias
(GLANZ, 1990; JANSON & EMMONS, 1990).
Os Rodentia ameaçados apresentam espécies de médio porte de interesse cinegético
como a paca (Agouti paca) e a cotia (Dasyprocta azarae). No Paraná somente a paca é
considerada sob ameaça e a cotia consta como vulnerável em São Paulo e Rio de Janeiro. A
capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), embora não figure como espécie ameaçada, sofre
acentuada pressão de caça (TIEPOLO apud SEMA/IAP, 2006).
Os tatus, porco-do-mato e os veados são considerados os animais com maior pressão
de caça entre os mamíferos (REDFORD, 1992; BODMER et al., 1996).
Para os mamíferos aquáticos marinhos, SEMA (2006) abordou que ocorrem tanto nos
estuários quanto nas áreas costeiras do Paraná, com episódios ocasionais e sazonais de
concentração de populações ou continuamente.
O boto (Sotalia brasiliensis) é encontrado com freqüência nos estuários e áreas
costeiras e, eventualmente, grupos de capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris) e indivíduos
isolados de lontra (Lutra longicaudis) são observados no interior nas barras de rios que
integram o sistema estuarino.
Para a ordem Cetacea, em estudo de impacto ambiental do terminal de contêineres
porto pontal (AMB, 2010) foi avaliado o eixo leste-oeste da baía de Paranaguá, verificou-se
que o setor intermediário desse corpo d’água representa a principal área de concentração
de boto-cinza (Sotalia guianensis). Além desta espécie, foram descritas a ocorrência de 13
espécies de mamíferos aquáticos no litoral do estado do Paraná, dentre os quais destacamos
as seguintes espécies por se tratarem de espécies ameaçadas de extinção: baleia-franca
(Eubalaena australis – EP), baleia-jubarte (Megaptera novaengliae - EP), golfinho-de-dentes-
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rugosos (Steno bredanensis - DD) e a toninha (Pontoporia blainvillei - EP) (MIKICH & BÉRNILS,
2004).
Também ocorrem, ocasionalmente, pinipedios e outros mamíferos da região costeira
do Uruguai e da Argentina, trazidos pela corrente subantártica.
Em relação às ocorrências espaciais importantes para os mamíferos aquáticos, pode-se
citar a região da Baía das Laranjeiras, considerado um habitat de grande importância para o
boto-cinza (Sotalia fluviatilis). Entretanto, em outras áreas, como as partes mais profundas
da Baía de Pinheiros e Baía de Paranaguá, assim como em áreas de mar aberto, grandes
grupos de botos ou golfinhos são avistados com frequência (SEMA, 2006).
No Complexo Estuarino do Paraná, o boto-cinza (Sotalia guianensis) é observado com
frequência em grupos de 2 a 10 indivíduos (BONIN, 2001, FILLA, 2004, DOMIT, 2006 apud
PARANA, 2009), podendo alguns indivíduos serem observados sozinhos, sobretudo em
áreas protegidas, como no interior das baías e estuários (MONTEIRO-FILHO, 2000, FILLA,
2004 apud PARANA, 2009). As populações de boto-cinza foram estimadas para algumas
baías do Estado do Paraná: Baía de Guaraqueçaba e Enseada do Benito (BONIN, 1997, FILLA,
1999 apud PARANA, 2009), Baía de Laranjeiras (FILLA, 2004 apud PARANA, 2009), Baía de
Antonina (JAPP, 2004 apud PARANA, 2009) e Baía de Guaratuba (FILLA, 2004 apud PARANA,
2009), os comportamentos e a forma de uso pela espécie foram analisados (PARANA, 2009).
Os resultados demonstraram que as baías são importantes para a alimentação e reprodução
da espécie, que as áreas são utilizadas de maneira heterogênea, ou seja, há setores de maior
densidade, e que alguns animais apresentam padrão de residência. As principais ameaças
que afetam a espécie estão diretamente relacionadas com o desenvolvimento urbano nas
regiões costeiras. As ações portuárias (dragagem, derrocagem, vazamentos de óleo), a
captura incidental em redes de pesca, o choque com embarcações, o turismo desordenado,
o molestamento por embarcações de turismo e lazer, além da exploração e o desmatamento
das zonas litorâneas são algumas das ações responsáveis pelo impacto negativo sobre os
cetáceos (IBAMA, 2001, PALAZZO JR., 2006, CREMER, 2007 apud PARANA, 2009). As
dragagens a serem realizadas no Complexo Estuarino de Paranaguá representam uma
grande interferência no ambiente por ser uma atividade que altera o fundo estuarino e
marinho removendo comunidades bentônicas e suspendendo sedimentos contaminados já
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
depositados no fundo (BOLDRINI, 2007 apud PARANA, 2009). Processos que envolvem
derrocagens (retirada de afloramentos rochosos em ambientes submersos utilizando
detonação com explosivos ou expansor químico) também são importantes fontes de
impacto. Estas atividades causam muitos ruídos subaquáticos, mudanças na profundidade,
na turbidez da água e modificam os microhabitats da região, alterando a cadeia trófica local.
A destruição dos manguezais traz implicações para a conservação do boto-cinza, já que
a maior parte dos peixes e cefalópodos que fazem parte de sua dieta apresentam alta
dependência destas áreas para reprodução e alimentação e devido à importância destas
áreas como obstáculos para que o boto encurrale os cardumes durantes suas estratégias de
pesca (MONTEIRO-FILHO 1991, 2008, DOMIT, 2006 apud PARANA, 2009).
Devido a mudanças taxonômicas em relação ao gênero Sotalia o status de conservação
do boto-cinza (Sotalia guianensis), ainda não foi avaliado pela IUCN, muito embora notas
taxonômicas relacionadas ao trabalho de MONTEIRO-FILHO et. al. (2002) já estejam citadas
na versão mais recente da “Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas” (IUCN, 2008). Em função
das ameaças a que a espécie está submetida, ROSAS (2006 apud PARANA, 2009) sugere que
S. guianensis seja considerada uma espécie “vulnerável”. No Livro Vermelho de Fauna do
Estado do Paraná (MIKICH & BÉRNILS, 2004) a espécie está enquadrada como “vulnerável”,
considerando os diferentes impactos que a espécie vem sofrendo na região do Complexo
Estuarino de Paranaguá e Baía de Guaratuba.
Pontoporia blainvillei (GERVAIS & D'ORBIGNY, 1844 apud PARANA, 2009), conhecida
popularmente como toninha ou franciscana, é uma espécie de cetáceo endêmica da região
costeira central do Oceano Atlântico Sul Ocidental, ocorrendo na costa da Argentina,
Uruguai e Brasil. Os registros acerca da distribuição geográfica de P. blainvillei estendem-se
desde Itaúnas (18º25'S), no norte do Espírito Santo, sudeste do Brasil (SICILIANO, 1994 apud
PARANA, 2009), até a Província de Chubut (42º35'S), na Patagônia Argentina (CRESPO et al.,
1998 apud PARANA, 2009).
A região costeira vem sofrendo grandes alterações devido à pressão antrópica. O
habitat costeiro da espécie tem colocado em risco a sua conservação, pois são estas as áreas
de maior atividade da pesca artesanal e industrial, o que significa presença intensa de redes
de emalhe, responsáveis pela maioria das capturas de toninhas (PRADERI et al., 1989; DI
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BENEDITTO et al., 2001; SECCHI et al., 1997, 2003b; BERTOZZI & ZERBINI, 2002; OTT et al.,
2002; ROSAS et al., 2002 apud PARANA, 2009). A presença de portos e indústrias na zona
costeira, o tráfego marítimo intenso (navios, barcos de lazer e de pesca), a poluição sonora,
a contaminação dos ambientes e da cadeia trófica e as prospecções sísmicas são ameaças a
esta espécie. Adicionalmente, a exploração excessiva e o colapso de recursos pesqueiros
importantes na dieta da toninha (BASSOI & SECCHI, 2000; SECCHI et al., 2003b apud
PARANA, 2009), também podem representar fatores preocupantes para a sua conservação.
Metais pesados e organoclorados têm sido detectados em tecidos de toninhas no
Brasil, Uruguai e Argentina, ainda que em concentrações não muito elevadas (O´SHEA et al.,
1980; MARCOVECCHIO et al., 1990, GERPE et al., 2002; LAILSON-BRITO et al., 2002; SEIXAS et
al. 2007; no prelo; DORNELLES et al., 2007 apud PARANA, 2009). A presença de detritos (e.g.
plástico, náilon) no estômago de exemplares no Brasil e Uruguai aponta igualmente para a
degradação do habitat da espécie (PINEDO, 1982; BASSOI, 1997; BASTIDA et al., 2000 apud
PARANA, 2009).
As águas abrigadas, de baías e enseadas, são utilizadas para atracação de navios,
embarcações de pesca e atividades recreativas, gerando intensa poluição sonora e trânsito
marítimo. O intenso tráfego de embarcações pode causar dois tipos de impacto, o da
poluição sonora e o risco de colisão. Os cetáceos se comunicam e se orientam através do
som e os ruídos podem afetar de diversas formas sua locomoção, alimentação, comunicação
e orientação (RICHARDSON et al., 1995 apud PARANA, 2009). Estas atividades podem
restringir o uso ou a reocupação de áreas de ocorrência de espécies de mamíferos marinhos
costeiros, como a toninha (CREMER, 2007 apud PARANA, 2009).
Devido a sua vulnerabilidade às capturas incidentais, a toninha tem sido considerada
como o pequeno cetáceo mais impactado do Oceano Atlântico Sul (SECCHI et al., 1997;
SECCHI et al., 2002a apud PARANA, 2009). A IUCN (2008) e o IBAMA (2001) inserem a
espécie dentro da categoria de “Vulnerável” e está incluída na “Lista Oficial das Espécies da
Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção”. No Estado do Paraná, os registros de captura
incidental indicam que a população está ameaçada (ROSAS, 2000; ROSAS et al., 2002a apud
PARANA, 2009) e no “Livro Vermelho de Fauna Ameaçada do Estado do Paraná” (MIKICH &
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BÉRNILS, 2004) é citada como “em perigo”. A Figura 150 apresenta imagens de algumas
espécies com ocorrência na região do empreendimento
Foto 01 – Gambá-de-orelha-branca (Didelphis
Foto 02 – Cuíca-graciosa (Gracilinamus microtarsus)
albiventris) – Fonte: REIS et al., 2009.
Fonte: REIS et al., 2009.
Foto 03 – Gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus)
Foto 04 – Mão-pelada (Procyon cancrivorus)
Fonte: REIS et al., 2009.
Fonte: REIS et al., 2009.
Foto 06 – Boto-cinza (Sotalia guianensis)
Fonte: REIS et al., 2009.
Foto 05 – Cuíca-d’água (Chironectes minimus)
Fonte: REIS et al., 2009.
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Foto 07 – Golfinho-de-dentes-rugosos (Steno
bredanensis) – Fonte: MARINEBIO, 2012.
Foto 08 – Tucuxi (Sotalia fluviatilis)
Fonte: EMIN-LIMA, 2007.
Foto 09 – Toninha ou Franciscana (Pontoporia
Foto 10 – Toninha ou Franciscana (Pontoporia
blainvillei) Fonte: Convention on Migratory Species,
blainvillei) Fonte: ICMBio, 2012
2012.
Figura 150 - Imagens de algumas espécies com ocorrência na região do empreendimento.
2.9 Meio socioambiental
2.9.1 Pesca
Devido a grande extensão da costa brasileira a pesca nos estuários e na plataforma
continental é uma atividade com grande importância econômica, cultural e social em nosso
país. Segundo FRANCO (2004), pode ser considerada uma fonte significativa de renda, e
acaba por caracterizar a cultura de muitas comunidades tradicionais.
Esta atividade nos estados de Santa Catarina e São Paulo é bem desenvolvida e
expressiva economicamente no cenário nacional, diferente do arquétipo apresentado para o
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
estado do Paraná. Entretanto, a pesca paranaense possui grande importância local e
regional do ponto de vista social e econômico.
Mesmo sendo a pesca paranaense de pouca expressão no cenário regional, como
citado anteriormente, Paiva (1997) evidencia que esta modalidade foi responsável por 92,2%
da produção regional. Um fator importante salientado por este mesmo autor, é que grande
parte da frota pesqueira de maior porte dos estados vizinhos, Santa Catarina e São Paulo,
também operam na costa paranaense.
O litoral do Paraná possui uma população de cerca de 210 mil habitantes, que tem
passado por grandes modificações nas últimas décadas devido ao turismo e a urbanização
(ANDRIGUETTO FILHO, 1999). Este processo afeta principalmente as mais de 70 vilas ou
comunidades de pesca na região Noernberg et al., 2008. Além disso, segundo Franco (2004)
o aumento de produtos agrícolas escoados pelo porto do Paranaguá, e consequente
acréscimo no fluxo de navios, gera alguns impactos que afetam a pesca, (e.g. a
contaminação da água).
Com base em diversos estudos, a pesca paranaense pode ser caracterizada como de
pequena escala e artesanal, com grande diversidade de modos de pesca, realizada por
pescadores de canoas, botes e pequenas baleeiras. (LOYOLA e SILVA et al. 1977;
ANDRIGUETTO FILHO 1999 e 2002; CHAVES, et al. 2002).
Com base nas informações do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), cerca de 4443
pescadores estão registrados para a área de influência do porto organizado. Os municípios
de Guaraqueçaba e Paranaguá concentram a maior parte deles: 40,2% e 25,91%,
respectivamente. Em Antonina estão cerca 24,6%, e em Pontal do Paraná 9,3% (Tabela 40)
(CINCO REINOS, 2010). Para todo o litoral paranaense estima que o número total de
pescadores seja algo em torno de 5688 (MPA, 2010), e se contabilizado todos os familiares
envolvidos na pesca pode-se obter um número superior a onze mil pessoas beneficiadas
com esta atividade (Andriguetto Filho et a, 2006).
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Tabela 40 - Pescadores profissionais registrados na Superintendência do Ministério da Pesca e
Aquicultura do Paraná em 2010.
Município
Número de Pescadores
Antonina
Pontal do Paraná
Guaraqueçaba
Paranaguá
Total
Fonte: CINCO REINOS, 2010, adaptado pelo autor.
1093
413
1786
1151
4443
%
24,6
9,3
40,2
25,91
100
Este número de pessoas envolvidas na atividade pesqueira é elevado, pois as diversas
atividades correlatas a pesca propriamente dita, como limpeza, processamento e venda dos
pescados, são realizadas normalmente pelas famílias dos pescadores (ROBERT et al., 2007).
As embarcações utilizadas para a pesca e também as práticas pesqueiras no complexo
estuarino de Paranaguá são altamente diversificadas. As embarcações encontradas variam
de pequenas canoas e bateiras sem motor, a embarcações motorizadas de madeira (botes,
barcos) (ANDRIGUETTO FILHO, 2002; ROBERT et al. 2007). Dentre as mais de uma dezena de
praticas de pesca utilizadas pelos pescadores na área de estudo, as principais práticas são:
cerco fixo, tarrafa, gerival, arrasto de praia, caceio, fundeio e espinhel (CORRÊA, 1987;
ANDRIGUETTO FILHO, 2002; MAR BRASIL, 2012; ROBERT et al., 2007.
Segundo Andriguetto Filho (1999) a pesca no litoral paranaense é realizada em quatro
áreas distintas, a saber:
(I) área de pesca artesanal estuarina, limitada ao interior das baías;
(II) área localizada na desembocadura do Complexo Estuarino de Paranaguá, na qual
coexistem atividades de pesca artesanal estuarina e de pesca artesanal costeira;
(III) área utilizada pela pesca artesanal costeira e pela pesca empresarial, que
abrange a plataforma continental interna, ao longo de toda a costa paranaense;
(IV) área de plataforma utilizada pela pesca empresarial, que vai da terceira milha de
distância da costa até o limite aproximado da isóbata de 20 metros.
Mais precisamente este mesmo trabalho diferencia oito territórios de pesca, sendo:
Baía de Antonina; estuário da Baía de Paranaguá; Zona Nerítica da Baía de Paranaguá; Baía
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das Laranjeiras; Baía de Guaraqueçaba; Baía de Pinheiros; Baía de Guaratuba e Plataforma
Continental Interna. Na região de Paranaguá 34,5% das pescarias ocorre em mar aberto
enquanto que 65,5% ocorre no interior da baía (SEAP/IBAMA/PROZEE, 2005).
No que diz respeito aos recursos pesqueiros explorados pelos pescadores no litoral
paranaense, foram identificadas 72 espécies distribuídas em 19 famílias (MAR BRASIL, 2012).
Destes, a maioria possui parte ou todo seu ciclo de vida em águas costeiras e estuarinas,
sendo comuns os deslocamentos entre esses ambientes, na busca de condições favoráveis
ao seu desenvolvimento (CORRÊA, 1987). Com base em trabalhos de alguns autores
(ANDRIGUETTO et al., 2006; ANDRIGUETTO FILHO, 1999 e ANDRIGUETTO FILHO, 2002.) 55%
das espécies ocorrentes têm por preferência de distribuição o ambiente estuarino-costeiro,
22% o ambiente costeiro, 10% o ambiente costeiro-plataforma e 3% preferem o ambiente
estuarino.
Para o complexo estuarino de Paranaguá, ROBERT et al.(2007) levantam pelo menos
37 espécies como alvo das práticas pesqueiras (Tabela 41). Isso sem considerar a captura
acessória que também é aproveitada.
Tabela 41 - Espécies de peixes alvo da atividade pesqueira no complexo estuarino de Paranaguá.
Nome popular
Nome científico ou grupo
Teleósteos
Anchova
Pomatomus saltatrix
Badejo
Mycteroperca spp
Bagre
Várias espécies de Ariidae
Bagre cangatá ou amarelo
Sciadeichthys luniscutis
Bagre guiri ou branco
Genidens barbus
Bagre parerê
Genidens genidens
Baiacu
Sphoeroides spp
Baiacu-pintado
Sphoeroides testudineus
Betara
Menticirrhus americanus e M. littoralis
Calafate
Cynoscion sp.
Caratinga
Eugerres brasilianus ou Diapterus spp
Cavalinha
Scomberomorus spp
Corvina
Micropogonias furnieri
Inhãsoga
Linguado
Paralichthys spp
Manjuba
Várias espécies de Engraulidae
Miraguaia
Pogonias cromis
Pampano
Trachinotus spp
Parabiju
Rachycentron canadum
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Nome popular
Parati
Paru
Parúi
Pescada
Pescada amarela
Pescadinha
Prejereva
Robalo
Saguá
Salteira
Sardinha
Tainha
Nome científico ou grupo
Mugil spp.
Chaetodipterus faber
Cynoscion spp, Macrodon ancylodon e/ou Isopisthus parvipinnis
Cynoscion acoupa
Isopisthus parvipinnis
Lobotes surinamensis
Centropomus parallelus e C. undecimalis
Genyatremus luteus
Oligoplites spp.
Várias espécies de Clupeidae
Mugil spp.
Elasmobrânquios
Arraia
Várias espécies de Rajiformes
Fonte: ROBERT et al.(2007).
Segundo TCP (2008) quando comparado os resultados obtidos com o levantamento
pesqueiro realizado por CORRÊA (1987), como os resultados de ROBERT et al. (2007), houve
uma alteração na proporção e na posição das espécies nos desembarques ao longo destes
anos, possivelmente em consequência de vários fatores de origem antrópica. As principais
causas para a redução nas capturas, segundo os pescadores locais são: 1) o vazamento de
produtos químicos em várias ocasiões (31,6%); o aumento no número de pescadores
(22,9%); as dragagens como um todo (12,0%); e o assoreamento (10,6%) (TCP, 2008).
Já no que diz respeito a pesca amadora, não existem levantamentos científicos de sua
dinâmica, distribuição espacial, espécies capturadas ou de sua estrutura socioeconômica.
Entretanto o setor da pesca esportiva ou de recreio tem se tornado cada vez mais
organizado e importante do ponto de vista turístico e econômico.
2.9.2 Bentos com importância econômica
Os bentos representam um grupo de organismos dos corpos d´água que estão
intimamente relacionados aos fundos. Podem ser fixos ou sedentários e formam associações
muito abundantes e diversificadas desde a região entre-marés até profundidades marinhas
abissais (TCP, 2008). Compreende espécies comercialmente importantes de moluscos e
crustáceos, além de pequenos vegetais e animais, como algas, poliquetas, nematódeos e
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microcrustáceos, que servem como fonte de alimento para peixes de interesse econômico e
para aves costeiras e oceânicas.
Além das espécies íctiicas alvo da atividade pesqueira que representam uma
importante fonte econômica para a região do complexo estuarino de Paranaguá, algumas
espécies de bentos também são igualmente importantes, como é o caso do camarão,
caranguejos, ostras e bacucus (sururus ou mariscos). A atividade de extrativismo destas
espécies é extremante importante nas áreas estuarinas onde existem habitas de
manguezais, baixios e costões rochosos. Na Tabela 42 são apresentadas as espécies
exploradas na área de estudo.
Tabela 42 - Espécies de bentos alvo da atividade pesqueira no complexo estuarino de Paranaguá.
Nome popular
Nome científico ou grupo
Crustáceos
Camarão-branco
Litopenaeus schmitti
Camarão-pintado ou preto
Camarão-sete-barbas
Xiphopenaeus kroyeri
Caranguejo
Uscides cordatus
Siri
Callinectes spp.
Siri-guaçu
Callinectes sapidus
Siri-mirim
Callinectes danae
Moluscos
Bacucu ou marisco
Modiolus brasiliensis
Ostra
Crassostrea rizophorae
Fonte: ROBERT et al.(2007).
A pesca de camarão é realizada a través de arrasto de fundo ao longo da costa
Brasileira, mas é intensificada em todo o litoral sul do Brasil, em sua plataforma rasa. (PAIVA,
1997 e ANDRIGUETTO FILHO, et al, 1999). As principais espécies pescadas são o sete-barbas
(Xiphopenaeus kroyeri) e o camarão branco (Litopenaeus schimitti). Andriguetto Filho et al.
(1999) consideram que a pesca de arrasto de camarão é o único segmento da pesca que se
pode classificar de empresarial no Paraná e, como pescaria especializada, que possui
inserção no mercado.
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3
CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste item serão abordados os principais resultados deste estudo. Procurou-se
relacionar as principais conclusões referentes a área diretamente afetada pelas atividades
portuárias seja na área atual ou possíveis de expansão.
Com relação ao balanço hídrico, verifica-se que os valores do saldo hídrico
(efetivamente disponíveis) são pouco afetados pelos usos consuntivos observados na região,
mesmo considerando-se uma vazão característica de períodos de estiagem (Q95). Estas
alterações são pouco significativas do ponto de vista quantitativo ao se considerar o
horizonte utilizado de 20 anos. No entanto, para horizontes maiores, o incremento destas
alterações poderá afetar os conflitos nos usos no enfoque qualitativo, especialmente os
relacionados a suporte de ecossistemas e diluição de efluentes. Além disto, a demanda de
água necessária para as próprias atividades portuárias da expansão, bem como, o
incremento populacional que pode ocorrer para atender estas atividades, poderão gerar
uma demanda de água maior que a projetada para 2030. Prováveis problemas relacionados
à demanda poderão ser evitados ou minimizados através de um planejamento e uma gestão
adequada dos recursos hídricos.
O porto de Paranaguá é abastecido pela empresa CAB Águas de Paranaguá. Em
relação ao atendimento da demanda de água das instalações do porto de Paranaguá,
considerando a infraestrutura atual e prevista na expansão, foi realizado o levantamento das
principais informações junto à APPA, não sendo possível, no entanto, obter valores oficiais.
Entretanto, verifica-se que para incrementar a movimentação de cargas em 60% (de 50 para
80 milhões de ton anuais), o aumento da demanda de água das atividades portuárias não
deverá ser muito diferente deste incremento.
No que tange à geração de efluentes devido às atividades do porto, o maior conflito
relacionado corresponde às empresas que não são administradas pela APPA, mas que estão
localizadas no entorno do terminal portuário e cuja existência está relacionada às atividades
do porto. O problema está relacionado diretamente com a ausência de tratamento de
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efluentes gerados nestas empresas e/ou lançamentos irregulares nas galerias de águas
pluviais. Idealmente, deverá ocorrer uma regularização destas empresas (tratamento de
efluentes e/ou lançamento na rede coletora de esgoto), o que poderá ser solicitado pelo
próprio IAP quando ocorrer o pedido de renovação de licença de operação.
Com relação aos ambientes marinhos, os principais conflitos e problemas
identificados foram aqueles gerados pelo uso do espelho d’água. Alguns conflitos estão
identificados diretamente com o significativo aumento da poluição orgânica na alta
temporada e diversos focos de poluição orgânica e inorgânica em áreas portuárias e
urbanas. Os conflitos identificados em SEMA (2006) foram: entre pescadores esportivos e
pescadores artesanais em desembocaduras de rios; entre pescadores esportivos e
mergulhadores em áreas costeiras com substratos; entre a pesca esportiva, mergulho
contemplativo e a pesca industrial de arrasto em áreas costeiras; entre a caça submarina e o
turismo de mergulho; entre navegadores em recreio e pescadores artesanais; entre a
maricultura e a pesca artesanal e esportiva; entre interesses de conservação ambiental e
atividades produtivas; entre a conservação de recursos culturais e históricos e a pesca e
mergulho.
Cabe salientar a importância de implantar o controle ambiental efetivo das áreas do
Complexo Estuarino de Paranaguá, visando principalmente à manutenção da biota.
Consequentemente este controle irá garantir um ambiente propicio à manutenção dos
recursos pesqueiros e o desenvolvimento das comunidades tradicionais.
Outro aspecto que merece destaque é a apropriação de áreas tradicionais e dos
recursos aquáticos por investidores de outras regiões e classes sociais, o que desloca
comunidades de pescadores de áreas de frente para o mar, e faz substituir suas áreas de
ancoragem e atracação por instalações de marinas, equipamentos de veraneio, loteamentos
e instalações portuárias, ampliando-se os conflitos e a marginalização dos pescadores, com
impactos negativos à sua cultura.
Na Baía de Paranaguá, especificamente, alguns estudos realizados com os
sedimentos identificaram as zonas mais sensíveis a processos de contaminação, bem como
as principais fontes de contaminação antrópica de metais, componentes orgânicos, óleos e
graxas.
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No diagnóstico realizado pela AQUAPLAN (2011), os elementos metálicos Cádmio,
Chumbo, Cobre, Cromo e Zinco, bem como o Fósforo Total, permaneceram inferiores aos
limites estabelecidos pela Resolução CONAMA N° 344/2004. Apenas os metais Mercúrio e
Níquel apresentaram concentrações superiores aos limites mínimos estabelecidos como
Nível 1 em águas salinas (0,15 mg.kg-1), tanto em sedimentos superficiais quanto nos de subsuperfície. De forma geral o mercúrio esteve presente nos sedimentos superficiais e
subsuperfíciais, acima do nível 1 estabelecido na Resolução CONAMA N° 344/2004, nas
amostras coletadas nas áreas Charlie 3 e Delta 2.
O Zinco esteve presente, tanto em amostras superficiais quanto subsuperficiais, na
área Delta 2, muitas vezes associado ao Mercúrio. A área Delta 2 apresentou valores
elevados para Níquel, Carbono Orgânico Total e Nitrogênio Totais.
Com relação aos parâmetros químicos analisados para caracterização dos sedimentos
do Complexo Estuarino de Paranaguá (Compostos Organoclorados, Hidrocarbonetos
Policíclicos Aromáticos, Bifenilas Policloradas), estas não apresentaram concentrações
superiores aos limites definidos na Resolução CONAMA N° 344/2004.
Com exceção das variáveis mercúrio e níquel, as demais analisadas em ACQUAPLAN
(2011) se encontraram de acordo com o estabelecido para ambientes salobros nível 1: limiar
abaixo do qual se prevê baixa probabilidade de efeitos adversos à biota, conforme definido
pela Resolução CONAMA N° 344/2004. Em alguns pontos amostrados, estas duas variáveis
ultrapassaram os limites máximos estabelecidos, com concentrações maiores que
0,15 mg.kg-1 e 20,9 mg.kg-1 de sedimento, respectivamente.
No tocante a ecotoxicologia dos sedimentos, os efeitos crônicos observados nas
amostras em que a presença de amônia não-ionizada não interfere nos resultados,
possivelmente estão associados à presença do níquel e do mercúrio biodisponível, em
quantidades acima do permitido para sedimentos marinhos, conforme estabelecido pela
Resolução CONAMA n° 344/2004 para águas Nível 1, e observado nas análises de metais
adsorvidos ao sedimento.
O níquel pode estar contido em águas residuais de indústrias químicas, produção de
metal ou mineração. Este elemento é um dos metais pesados mais móveis. Uma vez que Sá
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ESTUDOS AMBIENTAIS - PLANO DE DESENVOLVIMENTO E ZONEAMENTO PORTUÁRIO – PORTO DE PARANAGUÁ
(2003) encontrou concentrações desse elemento acima do limite em sedimentos nesta
mesma área, sugere-se que o níquel está ligado ao sedimento, formando complexos
(SANTOS et al., 2006).
De acordo com Soares (2009), não foi possível identificar diretamente a fonte dos
elementos metálicos. Foi inferida a influência de despejos domésticos e industriais na baía
de Paranaguá para alguns dos elementos. A baía de Antonina foi, provavelmente,
influenciada por contaminações passadas devido a minerações existentes na Serra do Mar. A
presença de mercúrio no sedimento superficial desta região poderia ser relacionada com a
ressuspensão e posterior deposição gerada por atividades de dragagens realizadas pela
atividade portuária. Outra hipótese postulada é que os níveis de metais encontrados
poderiam ser considerados naturais para o ambiente geoquímico da região (SOARES, 2009).
Os despejos do emissário apresentaram níveis altos de mercúrio (até 5 vezes o nível
base), mostrando uma clara associação de mercúrio com despejos domésticos (Relatório da
Associação de Defesa do Meio Ambiente do Desenvolvimento de Antonina). O lixo urbano
contém mercúrio proveniente de várias fontes, que contamina o composto orgânico,
produto da reciclagem da parte orgânica do lixo, e o chorume, que é lançado em corpos
receptores (rios) ou penetra no solo alcançando águas subterrâneas (ESTEVES, 2001). Este
autor encontrou as maiores contrações de mercúrio em sedimentos da área urbana, onde
ocorre com mais frequência a prática do lançamento de resíduos doméstico a céu aberto.
De acordo com as ponderações acerca dos ensaios ecotoxicológicos, ficou
demonstrado que as concentrações identificadas não representam potencial de toxicidade
aguda para as amostras. Por outro lado, os efeitos crônicos observados a partir das amostras
sugerem uma possível relação com a presença de níquel e mercúrio biodisponível, em
quantidades acima do permitido para sedimentos marinhos, conforme estabelecido pela
Resolução CONAMA N° 344/2004 para águas Nível 1.
Em particular, a área em frente ao Porto recebe o aporte de matérias de diversas
origens e composições, que contaminam pontualmente os sedimentos da região bem como
os de sua bacia de evolução. Ainda na região de Paranaguá e zona costeira adjacente, são
comuns pequenos blooms de algas de primavera-verão, possivelmente associadas a
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alterações de salinidade e temperatura da água do mar, pelo excesso de nutrientes
introduzidos pelo despejo de esgoto doméstico, ou até por correntes marinhas e marés.
Diante disso, entre os impactos que as atividades portuárias podem gerar destacamse as alterações da morfologia do estuário, devido às obras de implantação, manutenção do
calado através das dragagens e despejo do material assoreado. Estas alterações de
morfologia alteram a hidrodinâmica e ocorrerão independentemente do local de
implantação do porto e sua expansão. Este conflito afeta praticamente todos os usos dos
recursos hídricos do estuário, destacando-se os organismos bentônicos, tetrápodes
marinhos (ex. botos, golfinhos e tartarugas marinhas), pois a alteração da hidrodinâmica,
morfologia e ressuspensão de sedimentos serão constantes e de proporções significativas.
Outro conflito associado é a movimentação de navios, o que deverá gerar traçados de novas
rotas e maiores cuidados de segurança por parte das navegações pesqueiras e de transporte
e turismo.
No tocante aos recursos hídricos, de acordo com o Código Florestal (Lei Federal
4.771/65) em seu artigo 2º, ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, é obrigatória a
presença de vegetação, desde seu nível mais alto em faixa marginal, sendo que a largura
mínima deverá ser de um raio de 50 m para nascentes; 30 m para os cursos d’água de menos
de 10 m de largura; de 50 m para os cursos d’água que tenham de 10 a 50 m de largura; de
100 m para os cursos d’água que tenham 50 a 200 m de largura; de 200 m para os cursos
d’água que tenham 200 a 600 m de largura e de 500 m para os cursos d’ água que tenham
largura superior a 600 m. Essas áreas de proteção permanente tem a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica (protegendo as margens
dos deslizamentos e erosão e evitando a intensificação dos carreamento dos sedimentos), a
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar da
população. Assim, o entorno dos rios em questão (Maciel, Guaragaçu, Pequeno, dos
Almeidas, Itiberê, dos Correias, Emboguaçu, Embocuí e Ribeirão), conforme demonstrado na
Figura 151 devem cumprir a legislação em vigor.
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Figura 151 – Áreas de Preservação Permanente de acordo com o Código Florestal
Desta forma, estes fatores restringem a expansão da área portuária no entorno
desses rios.
Com relação à vegetação que ocorre na área do porto, segundo os dados obtidos nas
bibliografias consultadas a área mais alterada, ou seja, aquela que sofreria um menor nível
de impacto seria a área do Rocio. As estruturas de mangue e floresta das áreas do Amparo,
Oceania e Ilha da Cotinga são mais preservadas que as demais.
Como existe uma relação entre o estado de conservação da vegetação e a riqueza de
espécies de fauna encontrada neste tipo de ambiente, a supressão da vegetação nestas
áreas mais preservadas expandiria sobremaneira a amplitude deste impacto, afetando
negativamente todos os grupos faunísticos existentes nele. Cabe ressaltar que nestes
ambientes com maiores níveis de conservação, geralmente estão associados espécies
endêmicas e raras, quais utilizam estes locais para nidificação, abrigos, reprodução,
alimentação e outros padrões comportamentais dependendo de cada espécie, justificando
assim a preservação destes ambientes.
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Muito embora a área do complexo estuarino onde está inserido o Porto de
Paranaguá seja de extrema importância para a preservação e conservação da
biodiversidade, muitas áreas presentes na faixa de transição entre o continente e o
complexo estuarino, especialmente áreas de manguezais e outros tipos de vegetação com
influência fluvio-marinha, estão contaminadas com produtos químicos diversos oriundos de
acidentes ambientais. Nesta região há também a presença de resíduos sólidos provenientes
das embarcações e das aglomerações residenciais ribeirinhas do município de Paranaguá,
com a vegetação descaracterizada proporcionada pela supressão de espécies de interesse
econômico (e.g. palmitos, guapuruvus, guanandis), especulação imobiliária e invasão em
áreas nativas anteriormente sem degradação. Tais fatores alteram significativamente a
riqueza de espécies da fauna no entorno do Porto de Paranaguá, porém de todo modo,
muitas espécies raras e ameaçadas para o Estado do Paraná possuem registros de ocorrência
na área do complexo estuarino de Paranaguá. Sendo assim, um fator crucial para o
desenvolvimento das atividades portuárias na região é a implantação de medidas e ações
conservacionistas visando a preservação das áreas com características ambientais relevantes
para permanência das espécies na região.
Através do presente estudo, pode-se citar como um dos mais relevantes impactos a
poluição gerada pelas atividades portuárias, a qual poderá ser motivo de conflitos entre
praticamente todos os usos das águas do estuário. A qualidade das águas também influencia
na vida aquática e terrestre, sendo de fundamental importância a sua conservação.
Ainda, segundo os dados obtidos nas bibliografias consultadas e os temas aqui
abordados a área que sofreria um menor nível de impacto é a área do Rocio, devido à
profunda alteração já consolidada nesta região.
Por fim, ressalta-se a importância de estudos ambientais detalhados e com dados
primários quando da ampliação e modernização das estruturas já existentes, bem como, a
identificação e o monitoramento dos impactos ambientais decorrentes das atuais atividades
portuárias.
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