Quintais medicinais - Medicinais - Aromáticas

Transcrição

Quintais medicinais - Medicinais - Aromáticas
CUIABÁ-MT
2005
2
Realização
GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO
Promoção
Secretaria de Estado de Saúde
Secretaria de Estado de meio Ambiente
Secretaria de Trabalho, Emprego e Cidadania
Secretaria de Desenvolvimento Rural – EMPAER/MT
CUIABÁ-MT
2005
3
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bieski, Isanete Geraldini Costa & De La Cruz, Marigemma de.
Quintais Medicinais mais Saúde menos Hospitais / Isanete Geraldini
Costa Bieski, Marigemma De La Cruz: - Cuiabá: GOVERNO DO ESTADO DE
MATO GROSSO, 2005.
80 p. il.; cm x cm (Série FITOPLAMA/MT – FITOVIVA / Cuiabá ISSN 18072720,10)
ISBN 85-88797-11-5
1. Plantas medicinais ; 2. Quintais medicinais; 3.Cultivo; Saúde/SUS.
Coordenação
Programa Estadual de Fitoterápicos, Plantas Medicinais e Aromáticas de Mato
Grosso.
Elaboração:
ISANETE GERALDINI COSTA BIESKI
MARI GEMMA DE LA CRUZ
CUIABÁ-MT
2005
4
APOIO:
CUIABÁ-MT
2005
5
COMISSÃO ORGANIZADORA:
COORDENAÇÃO GERAL
Antonimar Marinho Santos - EMPAER
Isanete Geraldini Costa Bieski – MTFAMA/SES
Neide Mendonça - SETEC
Mari Gemma De La Cruz – SEMA
COMISSÃO CIENTÍFICA
Décio Teruo Miyajima - EMPAER
Gilma Silva Chitarra - UNIVAG
Graciela Silva – EMPAER
Maria das Graças Leão – MTFARMA/SES
Márcia Rutili Konageski Da Fonseca – SMS
Maria Imelda Leite – FUNASA
Rogério Alexandre Nunes Dos Santos - UNIC
Marilene Moura Alves - EMPAER
Ilza Marta de Souza – UNIC
COMISSÃO FINANCEIRA:
Cynthia Regina da Silva Justino - SEBRAE
Décio Teruo Miyajima - EMPAER
Norival Tiago Cabral - EMPAER
Ricardo Willian Santiago - SEBRAE
Lozenil Carvalho Frutuoso - EMPAER
COMISSAO DE LOGISTICA:
Alice Marques da Silva - SEMA
Alcimar Moretti Coelho - MORETTI
Carlos Henrique Checolli - ATEPLAMA
Cynthia Regina da Silva Justino - SEBRAE
Décio Teruo Miyajima - EMPAER
Helena Szilagzi Belai - ATEPLAMA
Lozenil Carvalho Frutuoso - EMPAER
Vanderval Silva de Oliveira - UNIVAG
6
No Tempo dos Quintais
(Sivuca e Paulinho Tapajós)
“Era uma vez
Um tempo de pardais
De verde nos quintais
Faz muito tempo atrás
Quando ainda havia fadas .........
O tempo dos pardais
Do verde dos quintais
Tempo em que o medo se chamou jamais”
7
Apresentação
O Programa Estadual de Fitoterápicos, Plantas Medicinais e Aromáticas do Estado
de Mato Grosso – FITOPLAMA tem como um de seus objetivos promover o uso racional de
plantas medicinais viabilizando o tratamento de agravos à saúde utilizando a fitoterapia
como terapêutica. Para isso devem ser contempladas ações de educação em saúde
popular, educação ambiental e a formação de hortas medicinais. Nesta perspectiva, a
ação articulada entre as Secretarias de Estado de Saúde, de Meio Ambiente, de Trabalho,
Emprego e Cidadania e EMPAER/MT proporcionam uma estratégia de ação efetivas para
a melhoria da qualidade de vida da população mato-grossense incentivando a formação
de quintais medicinais mais produtivos, mais saúde e, consequentemente menos uso de
hospitais.
O uso de quintais para produção agrícola é uma prática antiga e sua retomada em
comunidades urbanas tem gerado resultados muito positivos, contribuindo para a
segurança alimentar das famílias envolvidas, fortalecendo os vínculos de vizinhança e
valorizando a cultura e o conhecimento popular, principalmente quanto ao uso de
espécies medicinais de forma correta e sustentável, assegurando, desta forma, que
gerações futuras tenham acesso a este conhecimento.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 80% da população dos países
em desenvolvimento utilizam-se da medicina popular na atenção primária à saúde. Essas
populações dependem, em grande parte, da prática da medicina popular para resolução
dos seus problemas de saúde, decorrentes seja pelas dificuldades impostas ao acesso ao
médico e ao medicamento, seja por aspectos culturais da comunidade.
Os quintais constituem-se num tipo de sistema de cultivo das unidades de
produção e observa-se que as áreas ao redor dos domicílios, definidas como quintais ou
terreiros são os locais em que as plantas são cuidadosamente cultivadas. Eles
apresentam um mosaico de diferentes ambientes. Servem à criação de animais
domésticos, cultivo de plantas ornamentais, frutíferas e medicinais e principalmente aos
convívios de pessoas.
As pessoas não representam somente um corpo. Elas têm mente emoções e espírito, e seu
bem-estar depende das interações com o ambiente externas a elas, representadas pelas
condições sociais, econômicas, políticas, culturais e ambientais propriamente, que são a
natureza ou as perturbações ecológicas resultantes da modificação desta; há também o
ambiente interno do ser humano, representados pelos fatores hereditários ou adquiridos
em alterações do corpo resultantes de doenças anteriores.
(1)
Assim, devemos considerar o ser humano como um todo e não dividido em partes cabeça, tronco e membros – como aprendemos na escola. O ser humano é um ser
8
ecológico, um ser que é apenas um dos elos de uma rede de conexões, chamada
VIDA. Os quintais representam também uma rede de conexões entre as plantas, as
pessoas, os outros animais, o ar, a terra e a água.
O quintal é um local de intenso convívio social e de estreitamento de laços de
amizade através da circulação de seus produtos entre a vizinhança. Em tempos remotos,
os jardins existentes nos quintais representavam experiências emocionais intensas e
eram empregados como uma forma de terapia, pois o contato com a terra, a concentração
na atividade agrícola aliviava a dor física e emocional, proporcionando maior equilíbrio,
sendo assim denominados Quintais Terapêuticos.
1. O Quintal Medicinal
(3)
Principais passos para o cultivo de plantas medicinais em quintais cultivo de Plantas
Medicinais
1.1. CLIMA(4)
Os principais fatores relacionados ao clima e que devem ser levados em
consideração são: temperatura, umidade, altitude, longitude e latitude, mas será descrito
apenas o dois primeiro:
9
TEMPERATURA(4)
A temperatura irá afetar principalmente a produção da biomassa ou a produção de
flores como ocorre principalmente com plantas originárias de regiões mais frias.
Com relação ao clima podemos citar algumas dicas para auxiliar na escolha de
sua espécie:
¾
Quase que a maioria das plantas que produzem frutos suculentos são adaptadas a
clima mais quente como, por exemplo, maracujá, acerola, limão ;
¾
A maioria das plantas que recebem nomes indígenas é de clima mais quente como,
por exemplo, pariparoba, catuaba, ipecacuanha (ou poaia) e jaborandi, pois são
originárias de regiões tropicais ou subtropicais;
¾
Enquanto que a maioria das espécies produtoras de raízes e flores, como por
exemplo camomila e calêndula (flores) e bardana (raiz); preferem clima ameno;
¾
Em locais de clima mais ameno, plante as espécies exigentes em clima mais
quente apenas nos meses de setembro ou outubro, e em locais de clima quente
plante em abril ou maio as de clima mais ameno; e
¾
Na face sul de sua propriedade plante espécies resistentes ou adaptadas ao frio.
Obs. a grande maioria das plantas medicinais preferem clima mais quente, mas o
contrário acontece quando da venda, isto é, as de clima mais ameno são relativamente
um pouco mais caras.
UMIDADE(4)
Ainda com muitas dúvidas, alguns resultados demonstraram que os efeitos
negativos nos teores de princípios ativam são mais devidos ao excesso de água do que da
falta, pois algumas espécies, sofrendo do stress hídrico em determinadas fases da
cultura, tiveram reação no sentido de produzir mais substâncias do metabolismo
secundário, pois estas substâncias teriam ação de defesa da planta.
Na natureza observa-se que em períodos mais secos, algumas espécies produzem
maior quantidade de frutos para poder garantir a perpetuação da espécie, mesmo em
condições adversas.
10
1.2. SOLO(4)
O tipo de solo pode influenciar a produção da biomassa e das substâncias
medicinais. Geralmente a origem da planta medicinal pode servir como indício de qual
solo ela está mais adaptada, de modo que possa servir de subsídios para indicação de
locais mais propícios.
No item adubação há maiores informações sobre a influência dos nutrientes na
produção de plantas medicinais.
Como são inúmeras as espécies de plantas medicinais, no (Quadro.02) há
exemplos de recomendação do tipo de ciclo, propagação, solo, das plantas medicinais
selecionadas. Estes tipos de observações, que é comum nos livros de língua portuguesa,
são baseados mais na prática dos autores do que em experimentos científicos, o que não
prejudica a qualidade da informação. No entanto, para o produtor a consulta aos
especialistas é essencial, pois este fornecerá, quando existirem, informações mais
específicas.
QUADRO .01: Recomendação do tipo de ciclo, propagação, solo, luz, espaçamento,
porte, plantio, colheita e parte usada das plantas medicinais selecionadas
Iten
s
1
Nome
Nome
científico
2
Açafrão
Curcuma
longa L.
3
Alecrim
Rosmarinus
officinalis L.
Arbusto
perene
4
Alfavaca
Ocimum spp.
L.
Arbusto
perene
Acerola
Ciclo
Propagação
Arbusto
perene
Sementes ou
estacas, em
viveiro
Rizomas,
estacas, em
viveiro
Sementes ou
estacas, em
viveiro
Sementes ou
estacas, em
viveiro
(4)
Solo
Seco, pobre, bem
drenado
11
5
6
Alho
Arnica brasileira
7
Anador
8
Solidago
microglossa
D.C.
Justicia
pectoralis L.
Erva perene
Babosa
Aloe vera L.
Arbusto
perene
9
Boldo
Colleus
Arbusto
barbatus
perene
(Andr.) Benth.
10
Capim limão
Gramínia,
touceira
Divisão de
touceiras
Todo tipo
11
Carqueja
Cymbopogon
citratus (DC.
ex Ness)
Stapf.
Baccharis
trimera (Less)
D.C.
Erva perene
No campo, por
sementes ou
estaquias
Todo tipo, melhor no
úmidos
12
Cavalinha
Erva perene
13
Colônia
No campo, por
sementes ou
estaquias e
mergulhia
Rizoma, divisao
de toveira
14
Erva cidreira
Equisetum sp
L. (E.
arvensis; E.
hiemale)
Alpinia
zerumbet
Schum.
Lippia
alba (Mill) N.
E. Brown
15
Erva de santa
maria
Chenopodium
Erva perene
ambrosioides L.
16
Funcho
Foenicul
um vulgare
Mill.
Erva perene
17
Gengibre
Zingiber
officinale
Roscoe
18
Guaco
19
Ginseng do Brasil
Babosa
Arbusto
perene
Erva perene
Sementes ou
estacas, em
viveiro
Sementes
estacas, em
viveiro
Semente e
brotos, direto no
campo
Sementes ou
estacas, em
viveiro
Todo tipo
Todo tipo, melhor
nos leves e arenosos
Secos e leves
drenado
Estacas, em
viveiro
Todo tipo , menos
enchertia
No campo, por
sementes ou
estaquias e
Sementes, No
campo
Todo tipo, melhor
no úmido argiloso
Erva perene
Rizoma,
divisao de
toveira
Todo tipo, melhor no
úmido argiloso
Mikania
glomerata
Spreng
Trepadeira
perene
Estacas em
viveiro, mergulhia
Todo tipo, melhor no
úmido argiloso
Pfaffia
iresinoides
Arbusto
perene
Estacas em
viveiro, sementes
Fértil, leve e bem
drenado
Úmidos e férteis
12
20
Hortelã vick
Menta x
arvensis
Erva perene
Estacas, ou
divisao de
toceiras,, ponteira
Todo tipo, melhor no
úmido argiloso
21
Hortelã graúda
Pectranthus
aboinicos
Erva perene
Estacas em
viveiro
Todo tipo, melhor no
úmido argiloso
22
Hortelã resteira
Mentha x vilosa Erva perene
Estacas em
viveiro, ponteiras
Todo tipo, melhor no
úmido argiloso
23
Limão
Siparuna
Arbusto
apiosyce (D.C. ) perene
Estacas e
sementes
24
Maracujá
Passiflora alata
Dryand
Trepadeira
perene
Estacas e
sementes
Todo tipo, melhor no
úmido argiloso
25
Poejo
Mentha
pulegium L.
Erva perene
Estacas em
viveiro, ponteiras
Todo tipo, melhor no
úmido argiloso
26
Quebra pedra
Phyllantus
niruri L.
Erva perene
Sementes ou
mudas coletadas
no mato
Todo tipo melhor nos
úmidos
27
Romã
Punica
granatum L.
Arbusto
perene
Estacas e
sementes
28
Tanchagem
Plantago major
L.
Erva perene
Sementes em
vivieiro
29
Urucum
Bixa orellana
Huber
Arbusto
perene
Estacas e
sementes
Todo tipo
Todo tipo
Úmido
Todo tipo, melhor no
úmido argiloso
Quadro.02: há exemplos de recomendação, luz, espaçamento, porte, plantio, colheita e
parte das plantas medicinais selecionadas(4)
Itens Nome
LUZ
1
Acerola
Plena
2
Açafrão
3
Alecrim
Plena
Plena
Espaçamento
6x6m
0,7 x 0,7 m
0,90x1,2m
Porte
5a7m
1, 2
0,5 m
Plantio
Colheita
Após dois anos
Parte
usada
Chuvas
(outubro em
Mato Grosso)
Ano todo
Seis meses após plantio
Rizoma
Chuvas
(outubro)
Ano todo, conforme a
necessidade
Folhas
Fruto e
folha
13
4
Alfavaca
Plena
0,7 x 0,8 m
0,5 m
Ano todo
Seis meses após plantio
5
6
Alho
Arnica
brasileira
Plena
0,5 x 0,6 m
0,7 m
Ano todo
3 meses após plantio
Rizoma
Folha
7
Anador
Plena
0,4 x 0,4 m
0,5 m
Ano todo
6 meses após plantio
Folha
8
Babosa
Plena
0,50x1m
0,6 a 1,5
m
Chuvas
(outubro em
Mato Grosso)
A partir do primeiro ano, Folhas
o ano todo, só as folhas (suco)
crescidas
9
Boldo
Plena
2x2m
2a3m
Chuvas
(outubro em
Mato Grosso
Quando a arvore estiver
cheia na medida da
necessidade
Folhas
10
Plena
0,4 x 1m
0,80 m
Ano todo
Quarto meses apos
plantio, duas ao ano
Folhas e
rizomas
11
Capim
limão
Carqueja
Plena
0,40 x 1m
1,2 m
Chuvas
(outubro em
MT)
Folhas e
rizomas
12
Cavalinha
Meia
sombra
0,4 x 0,4 m
1,2 m
Ano todo
Quarto meses apos o
plantio conforme
necessidade
Seis meses apos o
plantio conforme
necessidade
13
Colônia
Plena
0,7 x 0,9 m
1,0 m
Ano todo
Seis meses apos o
plantio
14
Erva
cidreira
Plena
0,80x1,5m
Planta
inteira
Folhas
15
Erva de
santa
maria
Plena
0,7 x 0,7 m
16
Funcho
Plena
17
Gengibre
Plena
18
Guaco
Plena ou
meia
sombra
19
Ginseng do Plena
Brasil
20
Hortelã
vick
Plena
21
Hortelã
graúda
Plena ou
meia
sombra
22
Hortelã
resteira
Plena ou
meia
sombra
1,00x1,00
0,40 a
0,60m
2,00
Chuvas
(outubro em
MT)
Quarto meses apos o
plantio
Ano todo
Seis meses após plantio
Folha
Planta
toda
Folha
14
23
Limão
Plena
24
Maracujá
Plena
25
Poejo
Plena
26
Quebra
pedra
0,30
27
Romã
Meia
0,50x0,30
sombra
mas
tambem da
na pedra
Plena
28
Tanchage
m
Plena
0,30
29
Urucum
Plena
0,30
Algumas dicas que servem para a maioria:
™ Espécies que tem como objetivo a extração de raízes (gengibre, açafrão curcuma,
colônia, por exemplo) devem ser plantadas em solos mais soltos (mais arenoso e
menos argiloso);
™ Espécies que produzem muita massa foliar preferem solos ricos em matéria
orgânica (hortelãs, poejo, carqueja, capim cidreira, erva cidreira, por exemplo);
™ Solos mais escuros (mais argilosos) são geralmente mais férteis retém mais água,
são menos ácidos, mas são mais propícios para ataque de doenças. Por isso tenha
muito cuidado se for plantar uma espécie muito atacada por doença (mentas,
tanchagem, por exemplo) neste tipo de solo; e
™ Apenas umas poucas espécies como chapéu-de-couro, cavalinha prefere solos
encharcados.
15
2. PRODUÇÃO EM PEQUENAS ÁREAS(2)
Este capítulo servirá principalmente para aqueles que querem ter uma pequena
produção caseira, e como um treinamento para produtores sem nenhuma experiência.
Muitas das informações também servirão para produções em áreas maiores.
Para produção em pequenas áreas, quando se deseja o uso caseiro, é possível
produzir quase todas as plantas medicinais, pois as variações que ocorrerão no valor
medicinal não trará grandes prejuízos ao usuário. De qualquer maneira, para uso caseiro,
deve escolher plantas que já ocorrem na sua região, pois estas, com certeza, já estão
aclimatadas no seu local.
2.1. Exigências para pequenas áreas(2)
Qualquer local em que incida pelo menos 5 horas de sol, bem drenado e protegido
de ventos frios e fortes, para que as plantas cresçam com vigor, pode ser utilizado para a
instalação de uma horta medicinal ou até colocar algum recipiente com espécies que
podem servir principalmente como condimento (salsinha, cebolinha e orégano por
exemplo), além do uso medicinal. Como exemplo de recipientes podem ser citados:
™ Jardineiras;
™ Vasos;
™ Sacos de leite para as menores;
™ Caixas de madeira;
™ Latas de 18 litros; e
™ Caixa d’água.
Estes recipientes ou outros, devem ter pelo menos 20 cm de profundidade, para
plantas de altura que não ultrapasse 50 cm, semelhante ao poejo, hortelãs, anador e no
fundo devem haver furos para evitar encharcamento e uma camada de pedras. Algumas
plantas necessitam de profundidade muito maior como, por exemplo: alecrim, manjericão
e boldo-da-terra e outras podem ficar nos vasos por certo período de tempo como, por
exemplo, louro, sabugueiro e favacão.
Outras características que o local deveria ter são:
™ O mais plano possível;
™ Proximidade de fonte de água para irrigação;
™ Próximo de um local onde serão guardadas as ferramentas e;
™ Com solo não muito argiloso (compactado), devido a dificuldade em trabalhar.
16
Mesmo em locais onde a iluminação é deficiente (3 a 4 horas de sol), pode-se
plantar em vasos, espécies tais como hortelã, poejo, melissa ou menta.
2.2. Ferramentas necessárias para pequenas áreas
Um dos requisitos básicos para a eficiência de qualquer atividade são as
ferramentas. As principais que serão usadas na produção são:
QUADRO- 03: FERRAMENTAS USADAS NA PRODUÇÃO(4)
FERRAMENTA
NOME
FERRAMEN
NOME
FERRAMENTA
NOME
TA
Enxada
Forquilha
Avental
Enxadão
Tesoura de
Sacola plástica
poda
Rastelo
Luvas
Carrinho
Sacho
Colher
Pá
Transplantador
a Estreita
Regador e
Purificador
Placa de isopor
Sistema de
irrigação
Tubetes
Estacas
Boldo Nacional
Plectranthus barbatus Andr
Placa de
identificação
Além destas, o produtor comercial necessitará de arado, trator, pulverizador e outros
equipamentos que são normalmente utilizado na produção de outra cultura.
17
2.3. Escolha das plantas medicinais
Como a produção é caseira, leve em consideração os seguintes critérios:
™ Se não tem experiência, plante espécies fáceis de cultivar tais como hortelã,
capim-limão, boldo-da-terra e boldo-baiano;
™ Se a planta não se adaptar ao local ou ser muito atacada por doenças é preferível
que escolha outra espécie;
™ Plante espécies que vão auxiliar diretamente o usuário, isto é, plante em função
das doenças que ocorrem nestas pessoas. Poderá fazer um plantio com espécies
com funções semelhantes, como por exemplo só diuréticas: cavalinha, dente-deleão, salsinha, cana-do-brejo, milho e chapéu-de-couro;
™ Não utilize em excesso pois não há planta medicinal que não faz mal em doses
elevadas; e
™ Só use as plantas para problemas mais simples ou com auxílio de um médico.
3. PLANTIO(4)
3.1. Preparo do local para plantio
O preparo do solo se resume em limpeza, destoca, aração, calagem e gradagens,
no caso de se utilizar máquinas agrícolas. Lembre-se também de localizar formigueiros
nas proximidades, e fazer o controle com formicidas específicos, antes de qualquer
trabalho. Do contrário, as dores de cabeça posteriores para o combate serão maiores e
demandaram um bom dinheiro.
Após a escolha do local, este deverá ser limpo para iniciar a formação das
sementeiras, sulcos, covas e canteiros. Os passos podem ser os seguintes:
™ Retirar os entulhos e pedras;
™ Caso haja problemas de invasão por animais ou mesmo como segurança contra
roubo e se for possível, cercar a área com tela, bambu, etc.;
™ Se for plantar espécie tóxica, coloque cartaz alertando que a planta pode causar
danos a saúde;
™ Retirar as plantas indesejáveis e as mais rasteiras com a enxada de modo que
arranque até as raízes;
™ Com o rastelo, retirar o mato que ficou sobre o local;
™ Se for plantar em canteiros, demarcá-los com estacas de madeira e barbante bem
esticado (figura 01). Cada canteiro deve ter no máximo 1,20 metros de largura e o
18
comprimento pode variar. Se o terreno for meio inclinado, o comprimento deve
acompanhar o nível e;
™ Deixar corredores de 40 a 50 cm entre os canteiros e um metro distante do muro
ou cerca.
Demarcação de Canteiros para cultivo de Plantas Medicinais
5
7
6
1
8
12
2
13
9
10
3
14
16
15
11
4
Figura 01: Demarcação do canteiro de Plantas Medicinais: Erva de santa Maria; 2. Anador; 3. Erva cidreira; 4.
Pfaffia (ginseng brasileiro); 5. Quebra-pedra; 6. Cavalinha; Tanchagem; 8. Carqueja; 9. abóbora; 10. Mentrasto;
11. Arnica; 12. Artemísia e Cavalinha; 13. Ginseng; 14. Boldo brasileiro; 15. Babosa; 16. Capim limão. (1)
Figura 02: Horta de Plantas Medicinais em Espiral para melhor aproveitamento do espaço em seu quintal,
(1)
Obs. plante em canteiro apenas espécies de pequeno porte ou ciclo anual (que
produz e morre antes de completar um ano). Quanto menos usar canteiros menos
trabalho terá, em médias e grandes produções não utilizam canteiros.
19
3.4. PLANTIO DE MUDAS
(9)
As mudas obtidas da sementeira ou da propagação vegetativa deverão ser
transplantadas para os canteiros observando os seguintes passos:
molhar bem a sementeira e retirar as mudas com cuidado para não danificar as raízes.
Outra maneira é com covas adubadas em áreas fora dos canteiros, onde as covas deverão
estar em profundidade e espaçamento corretos; e transplantar as mudinhas retiradas da
sementeira ou do viveiro para os canteiros ou locais de plantio adubados, no período da
tarde quando o sol estiver mais fraco (à tardinha).
Para o plantio em covas, deve-se fazer um buraco com dimensões que podem
variar de 30x30x30 a 60x60x60 (altura, comprimento e largura), conforme a altura da
planta. A terra retirada deve ser misturada com três a quatro litros de esterco curtido ou
conforme análise de solo, e recolocada na cova.
Após a colocação da mistura, fazer uma cova rasa no local, colocar a muda e
cobrir com um pouco de terra. A grande maioria das plantas medicinais são plantadas
através de covas de 30x30x30 cm.
Há também o plantio por sulcos (hortelãs, por exemplo), mas são raras as espécies
que são plantadas desta forma. No quadro 2, do ciclo ate parte utilizada da planta
medicinal, importantes informações para o planejamento do plantio.
3.5. PLANTIO DEFINITIVO E DIRETO DE SEMENTES
(9)
Quando as plantas possuírem 4 a 5 folhas definitivas ou cerca de 5 cm de altura ,
faz-se o desbaste, isto é, a retirada do excesso de plantas. O desbaste deverá ser feito de
modo a deixar as plantas restantes no espaçamento definitivo.
Algumas espécies como a camomila são plantadas diretamente em semeadura à
lanço (espalhadas no terreno). No plantio à lanço, o terreno deve ter o mínimo de
infestação com plantas concorrentes, para que a camomila germine e consiga emergir sem
concorrência.
A camomila, assim como calêndula, losna, alfavaca, funcho e manjerona, também
podem ser semeados em sulcos, desde que seja feito o desbaste para deixar uma planta
espaçada da outra na distância indicada. O plantio através de sulcos destas espécies
apesar de aumentar significativamente os gastos com sementes é recomendado para
produtor que precisa economizar mão-de-obra.
20
4. IRRIGAÇÃO(9)
A água é essencial para o desenvolvimento das plantas, principalmente daquelas
que possuem crescimento rápido e grande quantidade de massa verde, além de serem
plantadas próximas umas das outras. Mesmo em pequenos plantios a irrigação torna-se
um dos fatores que pode determinar o fracasso de uma produção. Tanto o excesso quanto
a escassez poderão trazer prejuízos para o cultivo.
Quando as espécies arbóreas estiverem bem desenvolvidas, a irrigação pode ser
feita quando houver um longo período de estiagem.
Se houver abundância de água, recomenda-se irrigar de manhã e à tarde no início
do desenvolvimento da planta e depois reduzir para as necessidades da planta.
Recomenda-se nunca irrigar na hora de sol forte.
As regas podem ser feitas com o regador, mangueira ou aspersores. Caso haja
necessidade de economizar água e regar uma vez por dia, siga os seguintes conselhos:
™ Folhas de plantas mais sensíveis quando murchas ou caídas indicam necessidade
de regar;
™ Não irrigue por aspersão espécies sensíveis ao ataque de doenças;
™ Cobertura morta com palha de arroz, serragem, etc. diminui a evaporação de água
e;
™ Terra nos canteiros deve estar sempre bem solta.
5. MANEJO DE PRAGAS, DOENÇAS E PLANTAS CONCORRENTES
(6)
É inevitável o aparecimento de problemas biológicos (ataque de pragas e doenças
por exemplo) que irão atrapalhar o rendimento, mas com certeza estes problemas serão
irrelevantes se tomar as seguintes medidas:
™ Plantar espécies resistentes e adaptadas ao local e à época;
™ Evitar a monocultura, procurando plantar espécies diferentes;
™ Manter sempre o solo em boas condições;
™ Evitar o uso de produtos químicos, sem a devida orientação técnica;
™ Adquirir sempre mudas sadias;
™ Em casos de infecções, retirar folhas, frutos, ramos e demais partes infectadas,
queimando-os posteriormente;
™ Plantar na época adequada.
21
6. COLHEITA(9)
A colheita é a etapa final no campo e para ser coroada com êxitos deve ser feita
com bastante rigor, portanto algumas dicas são:
™ Não se recomenda antes da secagem e após a colheita, a lavagem das partes
colhidas a não ser que a sua região esteja na época quente e seca. Para limpar as
plantas que estiverem muito sujas, lave com um jato de água suave um dia antes
da colheita;
™ Para as plantas aromáticas, a colheita é feita no início da floração, por atingirem
seu ponto máximo de fragrância;
™ Nas plantas perenes, fazer um corte alguns centímetros acima do solo, com uma
tesoura de poda, ou faca bem afiada. Pode-se colher a maioria duas vezes por ano,
sendo a 1ª colheita. Quando a planta tiver pleno crescimento. No 1º ano deve-se
limitar a colheita;
™ Para as plantas anuais, que são aquelas que possuem todo o seu ciclo, inclusive a
morte, no mesmo ano, deve-se arrancá-las totalmente, pois não irão rebrotar;
™ Devem-se escolher em dias secos e ensolarados e não colher com chuva ou vento.
Como cada planta desenvolve-se de modo diferente, é necessário conhecer-se os
seus ciclos de vida, para escolher o momento certo de colhê-las a parte a ser
utilizada deve ser colhida na época em que apresentar maior teor de princípios
ativos;
™ Evitar da retirada de todas as folhas de um galho. Algumas plantas como a
espinheira-santa só pode sofrer colheita de 50% da parte aérea por corte;
™ Para colheita de raízes, escolher as superiores ou as mais próximas da superfície.
Em algumas espécies produtoras de raízes, a parte aérea murcha na época em que
estão completamente maduras (colônia e curcuma, por exemplo);
™ A parte aérea deve ser colhida logo de manhã (após a secagem do orvalho) e raízes
no final da tarde;
™ Raízes e rizomas são colhidos no início da primavera ou do outono;
™ Caules lenhosos são colhidos quando perdem as folhas no inverno ou outono;
™ Flores ou sumidades floridas devem ser colhidas com 2 cm de pedúnculo, pela
manhã e no início da floração antes que se abram totalmente;
™ Frutos são colhidos no início da maturação (deiscentes) ou quando estão
completamente maduros, no outono;
™ Sementes são colhidas quando estão maduras, no outono ou no inverno;
™ Cascas são colhidas antes de a planta brotar novamente, na primavera;
22
™ Folhas são colhidas sem o pecíolo, no início da formação de flores;
™ Para aumentar a massa foliar em manjericões e boldo-da-terra, por exemplo, devese retirar as flores;
™ Gemas são colhidas logo depois de surgirem;
™ Plantas herbáceas na altura das primeiras folhas.
6.1. Alguns cuidados para plantas colhidas por extrativismo (8)
Não coletar plantas de lavoura que receberam aplicação de agrotóxicos.
Não coletar de beira de córregos, represas ou lagos que estejam recebendo
descarga de poluentes.
7. SECAGEM E ARMAZENAMENTO
(7)
Caso as plantas não sejam usadas frescas, é necessário proceder à secagem o
mais brevemente possível, para manter os princípios ativos intactos, além de preservá-las
do ataque de fungos e bactérias.
As condições ideais para secagem são:
™ O secador não deve ter portas ou janelas voltadas para a face sul;
™ Internamente o secador deve ser limpo, arejado, sem muita entrada de luz solar;
as temperaturas máximas de secagem são:
30 a 35ºC para folhas e flores aromáticas
40º para folhas e flores não aromáticas
65º para partes duras
¾
Não revolver folhas e flores;
¾
Não esquecer de colocar na secadora saída para o ar quente;
¾
Não secar ao sol folhas e flores;
¾
As camadas de folhas devem ter no máximo 5 cm de espessura;
¾
Secar uma espécie de cada vez no secador;
¾
Secar logo após a colheita;
¾
Se forem utilizar prateleiras, deixe espaçamento de 30 cm entre cada uma;
¾
As partes colhidas têm que ser secadas sobre superfície não compactada, isto é,
sobre telas, sombrite ou ripado.
23
A secagem pode ser através do calor natural ou artificial. Para a secagem
natural, as partes colhidas são colocadas sobre panos, ripados ou redes, estendidos em
local arejado, sem umidade e abrigadas do sol.
A secagem artificial dá-se em secadores especiais com temperatura controlada
(entre 30 e 65º). É mais rápida e geralmente utilizada para grandes quantidades de
plantas, só que são raras as empresas que comercializam secadores específicos para
plantas medicinais.
Em alguns casos faz-se uma estabilização, que é feita com vapores de álcool
etílico, que mantém as enzimas celulares inativas, preservando assim, sua composição
química.
A secagem dura de 2 a 15 dias dependendo do tipo de material, secador e do local.
As partes colhidas ficam com 1/3 a ¼ do peso do material colhido.
Após a secagem, deve-se conservar as drogas ao abrigo da luz, do calor, do pó e
dos insetos. A luz altera a cor das drogas e por isso deve-se conservá-las em recipientes
de metal, cerâmica, vidro escuro ou madeira e nunca em recipientes de plástico ou
transparentes. Os recipientes devem ser fechados hermeticamente para impedir que a
umidade os alterem devem ser guardados em locais ventilados, longe do calor e da poeira,
que facilitam o desenvolvimento de fungos e bactérias.
No material colhido colocar etiquetas com o nome da espécie colhida e a data da
colheita.
Figura. : Secador artesanal a base de luz solar (1).
7. 1 Secagem de produções caseiras (7)
Para produção caseira proceda da seguinte forma:
24
™ Pendurar em varal as partes colhidas após amarrá-las em pequenos maços;
™ Abrigar o material em local seco e escuro, porém arejado;
™ Envolver as partes colhidas com sacos de papel com furos, para proteção contra
luz e poeira.
A secagem total levará cerca de duas semanas. Verifica-se o estágio de secagem
após apalpar as folhas e estas desmancharem ao toque. Neste momento retiram-se as
plantas e separam-se as partes, ficando apenas as interessadas.
Devem ser acondicionadas também em recipientes hermeticamente fechados.
8. COMERCIALIZAÇÃO
(9)
As plantas medicinais não possuem grande variação de preços mas o que pode
elevar o preço, são pesquisas sobre novas comprovações científicas da planta ou até por
modismo. Nos últimos cinco anos a tendência de preços para as espécies coletadas no
Brasil foi em média U$ 1,00 a 2,00 para plantas espontâneas e U$ 2,00 a 5,00 para
espécies cultivadas, sendo que algumas podem ter preços bem maiores ou em função da
escassez ou do modismo.
Estes preços são relacionados as produções sem necessariamente terem
qualidade, principalmente porque a maioria das plantas medicinais são obtidas via
extrativismo e com isto ocorre muita falsificação e produto com muitas impurezas. Com
um produto de primeira, o produtor poderá receber preços melhores.
Para os iniciantes, como já foi dito, deve-se começar com pequena área, para poder
controlar melhor a produção e oferecer produtos de ótima qualidade e com isto ganhar a
confiança do comprador, o qual poderá sugerir novas plantações.
O pequeno produtor poderá vender sua produção, obtida no início geralmente da
extração de plantas espontâneas, para farmácias de manipulação, vendedores de plantas
medicinais em feiras. É interessante que forneça uma amostra do produto.
9. As Plantas Medicinais
9.1 Identificação da Planta Medicinal
(3)
25
Quando falamos de uma planta, geralmente usamos o nome popular, mas uma
mesma planta pode ser conhecida por diferentes nomes dependendo do lugar onde ela se
encontra, por exemplo, a Erva de Santa Maria é conhecida no nordeste do Brasil por
Mastruz. Às vezes, plantas diferentes recebem o mesmo nome, o que pode causar graves
confusões, por exemplo, a Espinheira Santa também é conhecida como Cancerosa e é
uma planta com baixa toxicidade, entretanto existe outra planta conhecida também como
Cancerosa ou Leiterinha que é tóxica e seu látex (“leite” que sai quando os galhos os
folhas são retirados) pode causar queimaduras quando em contato com a pele.
As plantas também podem ser conhecidas pelo nome científico, neste caso cada
planta tem um só nome científico, que é escrito em latim e é composto por duas partes: a
primeira é o gênero e a segunda a espécie, depois vem o nome do autor do nome, que é
aquele que identificou a planta pela primeira vez.
Atenção!
3Não faça uso de uma planta como remédio, sobretudo se for ingeri-la, sem ter certeza de
que de fato se trata da espécie recomendada.Uma planta medicinal deve ser utilizada,
somente quando for bem conhecida. Nunca utilize plantas desconhecidas ou de
identidade duvidosa, pois podem ocorrer acidentes graves.
3Certifique-se!
Procure conhecer bem as plantas antes de decidir incorporar à sua farmácia familiar.
Pergunte e estude até ter certeza.
9.2. Cuidados na coleta (3)
•
Quando coletamos folhas, nunca tirar mais da metade das folhas existentes na
planta. Quando coletamos flores, frutos e sementes, deixar uma quantidade tal que
permita a multiplicação da espécie. Quando coletamos cascas, nunca coletar ao redor do
tronco, somente em um dos lados;
•
Não devemos coletar plantas com doenças (manchas, fungos, etc.) ou com insetos,
pois pode ser prejudicial a nossa saúde;
•
Devemos utilizar ferramentas adequadas, para que não prejudiquemos a planta
coletada e nem a que fica viva (pois facilita a cicatrização do corte). Usamos tesoura
para folhas, flores e frutos, facão para as cascas, pá para as raízes que devem ser
retiradas inteiras, quando possível.
•
26
Quando não houver muita quantidade de planta no lugar da coleta, devemos
coletar somente uma quantidade que permita que a planta se desenvolva e continue
se multiplicando;
•
Local de coleta das frutas, ervas e temperos devem ser limpos, longe de indústrias,
de esgotos, de ruas por onde passem muitos carros, pois as plantas podem estar
contaminadas. Também não devem ser consumidas aquelas em que foram aplicados
defensivos agrícolas.
•
Devemos trocar o local de coleta de um ano para outro, para que as plantas
tenham tempo de recuperar-se;
•
O material colhido não deve ser amontoado, pois pode causar o emboloramento e
não deve ser colocado diretamente no chão;
9.3. Formas de uso
(3)
As plantas medicinais podem ser usadas de diferentes maneiras.
Salada
É uma forma direta de ingerir as plantas medicinais, algumas delas por seu sabor
agradável podem ser utilizadas como temperos. Exemplo: Hortelã rasteira, alho e
gengibre.
Preparação: se prepara com a planta fresca utilizando flores, folhas, frutos, talos e raízes
bem lavados, podendo combinar com outras verduras e também serem temperados com
azeite e sal.
Sumo
Nesta preparação os princípios ativos encontram-se dissolvidos na água da própria
planta. O sumo é obtido cortando pequenos pedaços da planta fresca e triturando-a num
pilão até obter uma “papa”. Esta pasta pode ser usada com talou ser espremida com força
obtendo um líquido. Deve ser utilizado logo após sua preparação, pois pode estragar
rapidamente.
27
Maceração
A preparação é obtida deixando a planta "de molho", isto é, em contato por um tempo
prolongado com água, álcool, vinho ou óleo a temperatura ambiente (só com o calor do
ambiente).
Com água
Preparação: colocar a planta, que deve estar cortada em pequenos pedaços em um pote
limpo e de boca larga. Colocar água, tampar e deixar "de molho" durante a noite. Coar e
utilizar. Como esta preparação é feita com água, não é adequado usá-la mais de um dia
pois pode estragar, alterando os princípios ativos ou contaminando com bactérias e
fungos. Exemplo: maceração da folha de Boldo Nacional.
Infusão
É um das principais maneiras de utilizar as plantas medicinais, conhecemos também por
outro nome - chá. Deixamos a planta fresca ou seca em contato com água quente (que
acabou de ser fervida) por uns 10 minutos. Geralmente usamos flores e folhas pois elas
"soltam" mais facilmente os princípios ativos na água quente e plantas aromáticas (que
tem um odor forte e geralmente agradável). Temperatura elevada e exposição por tempo
prolongado podem alterar os princípios ativos ou fazer com que eles evaporem. A infusão
serve para ser ingerida ou para ser usada em banhos, compressas, gargarejos, etc.
Preparação: colocar duas colheres de chá da planta seca e moída em uma xícara de chá
ou copo de geléia. Colocar a água fervente, tapar e deixar por 10 minutos em contato e
beber quente ou frio.
Xarope
È uma forma de uso açucarada e por isso facilita a administração de plantas com sabor
desagradável ou em crianças. Além disso, a grande concentração de açúcar nesta
preparação permite a conservação por mais tempo.
O xarope pode ser preparado utilizando o chá de uma ou mais plantas e depois
acrescentando açúcar, ou podemos colocar a tintura de uma planta em um xarope
simples. Em ambos os casos, também podem ser acrescentados óleos essenciais.
28
Preparação: Preparar meio litro de chá (infusão para folhas, flores e semente; decocção
para cascas, raízes e sementes muito duras), com cerca de 50 gramas de planta seca em
meio litro de água. Coar. Adicionar 450 gramas de açúcar (8 copos descartáveis de
cafezinho) no chá ainda quente para facilitar sua dissolução. Coar e completar com água
fervida até meio litro. Guardar em um frasco limpo, protegido da luz em lugar fresco. Se
for guardar na geladeira pode ocorrer a cristalização do açúcar no fundo do frasco.
Colocar uma etiqueta contendo o nome da planta, o tipo de preparação (xarope) e a data.
Observar, freqüentemente, se o xarope não “azedou”. Esta preparação não pode ser usada
após um seis meses.
Compressas
Utilizamos um pano limpo embebido no chá quente da planta, tomando o cuidado para
não queimar a pela. Pode ser utilizado o chá frio.
Banhos
Colocamos a parte que desejamos tratar submersa em um chá da planta. Entretanto,
pode haver banhos de corpo inteiro. Nestes casos, geralmente são utilizadas plantas
aromáticas, o que torna o banho muito agradável.
Algumas vezes podemos colocar algumas gotas de óleo essencial da planta diretamente na
água levemente aquecida. Também podemos colocar a tintura na água do banho, numa
proporção de 100 ml de tintura para 2 litros de água. Cuidado! Quando utilizar o banho
para áreas íntimas (órgãos genitais e ânus) o álcool da tintura pode causar ardência.
Bochechos e gargarejos
Podemos utilizar o chá ou a tintura diluída em água. Estas preparações ficam em contato
com a boca, mas não são engolidas.
29
9.4. As Plantas Medicinais
(1) (3) (5)
Açafrão
Nome científico:
Curcuma longa L.
Nomes populares:
Curcuma, Açafroa
Toxicidade:
Não apresenta toxicidade conhecida até o
presente momento na literatura consultada,
entretanto, mostrou atividade antiovulatória em ratas, portanto deve ser
utilizado com cuidado por mulheres que
pretendem engravidar, mesmo que não
tenha sido ainda comprovada tal atividade
em mulheres.
Indicação:
- Antiinflamatório
- Digestão difícil,
- Gastrite e úlcera gástrica
- Dores articulares, ateroesclerose, osteoartrite e artrite reumatóide
- Amigdalite
- Taxa de colesterol alto
- Cólica intestinal
- Distúrbios do fígado
- Imuno-estimulante (contra infecções causadas por vírus e bactérias)
Forma de Uso e Modo de Usar:
Infusão – 1 xícara de chá duas vezes ao dia.
Nas gengivites, aftas e amigdalites fazer bochecho e gargarejo com o chá, três vezes ao dia
Na acne, Acne, ferimentos, afecções da pele, coceira, eczema e sarampo fazer compressa
com o chá 1 vez ao dia
Alecrim
Nome científico:
Rosmarinus officinalis L.
Nomes populares:
Alecrim-verdadeiro,
Alecrim-do-Sul,
Romero,
Alecrim de Cheiro, Alecrim de Jardim, Rosemarino,
Alecrim de Horta.
Toxicidade:
Está contra indicado na gravidez, gastroenterites
(infecção no aparelho digestivo) e prostatite
30
(inflamação da próstata). As folhas e do óleo essencial devem ser usados com cuidado
pois podem causar irritação renal, gastroenterites,
nefrites (inflamação do rim) e convulsões. Seu uso
tópico pode causar dermatites (inflamação da pele).
Indicação:
- Amigdalite
- Sapinho
- Tosse, Gases intestinais
- Protetor do fígado
- Cólica menstrual
- Cólica intestinal
- Gastrite, Azia, Analgésico.
- Candidíase vaginal
- Ferimentos
- Contusões
- Acne
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Infusão – 3 a 5 gramas de folhas secas em uma xícara de água fervente, três vezes ao
dia.
- Bochecho e gargarejo: usar o infuso três vezes ao dia
- Banho: usar o infuso no local afetado, duas vezes ao dia
- Compressa: usar o infuso, duas vezes ao dia
Alfavaca
Nome científico:
Ocimum basilicum L.
Nomes populares:
Alfavaca doce, Manjericão, Manjericão Doce
Toxicidade:
O Suco da folha pode ser ligeiramente narcótico em
altas doses, alguns de seus compostos como safrol
e estragol podem causar câncer. A essência pode
produzir irritação da mucosa.
Indicação:
- Amigdalite
- Sapinho
- Gases intestinais
- Protetor do fígado
- Cólica menstrual
- Cólica intestinal
- Gastrite, Azia
- Analgésico, Tosse
- Candidíase vaginal
- Ferimentos
- Contusões, Acne.
31
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Infusão – 3 a 5 gramas de folhas secas em uma xícara de água fervente, três vezes ao
dia.
- Bochecho e gargarejo: usar o infuso três vezes ao dia
- Banho: usar o infuso no local afetado, duas vezes ao dia
- Compressa: usar o infuso, duas vezes ao dia
Alho
Nome científico:
Allium sativum L.
Toxidade:
O sumo e o óleo podem ser irritantes das mucosas
e conjuntiva. Em quantidades moderadas não
representa nenhum risco para a saúde.
Indicação:
- Gripe, resfriado
- Amigdalite
- Bronquite
- Tosse
- Digestivo
- Lombriga, ameba, tricomonas
- Digestivo
- Protetor hepático
- Diminuição do açúcar no sangue
- Diminuição do colesterol no sangue
- Pressão alta
- Doenças cardiovasculares
- Sapinho
- Micose de pele
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Infusão: três vezes ao dia.
- Bochecho: usar o infuso, 3 vezes ao dia.
- Pó: preparado com o bulbo seco; 2-4 g, 3 vezes ao dia.
- Salada: 3-9 dentes picados ou amassados ao dia.
- Compressa: usar o infuso, três vezes ao dia
Anador
Nome científico:
Justicia pectoralis Jacq.
Nomes populares:
Trevo – cumaru e Chambá
FOTO: LEÃO, 1994
32
Toxidade:
Não apresenta toxidade na literatura consultada,
entretanto por apresentar cumarina, não deve ser utilizado junto com
medicamentos antiagregantes plaquetários.
Indicação:
- Bronquite, asma, tosse, respiração difícil sem causa aparente
- Dores articulares
- Ansiedade, nervosismo
- Febre
- Cólicas
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Xarope utilizando um punhado de folhas secas e 100ml de água, ferver por 5 minutos
e acrescenta-se o açúcar, de acordo com a técnica de preparação de xarope. Tomar 1
colher de sopa, três vezes ao dia.
- Infusão: 5g de folhas a 1 xícara de água fervente. Tomar um xícara de chá, três vezes
ao dia.
Babosa
Nome científico: Aloe vera L.
Nomes populares:
Aloé,
Babosa,
Caraguatá,
Babosa
de
Jardim, Erva Babosa, Erva de Azebre
Toxidade:
Não deve ser ingerida por mulheres durante a gravidez ou períodos menstruais,
pois aumenta o fluxo de sangue. Nos estados hemorroidais só usar localmente, não
ingerir.. Abortiva. Não usar internamente em crianças. Não usar nos casos de inflamações
da próstata e infecções urinárias. Em doses elevadas é um purgante muito forte. O uso
prolongado em grandes doses (maior que 1g/dia) pode produzir diarréia com sangue.
Pode causar aborto.
Indicação:
-
Laxativa drástica (purgante): inicia o efeito 6 a 8 horas após a ingestão;
Digestiva
-
Hemorróidas inflamadas
Queimaduras pelo sol ou fogo.
Cicatrização de feridas.
Dermatites
Acne
Psoríase
33
-
Digestivo
-
Anti-inflamatória/ Cicatrizante/ Antisséptica/ Emoliente/ Hidratante e Protetora da
pele: Queimaduras pelo calor, sol, radiações, como raio X, inclusive ferimentos da
mucosas, feridas crônicas, erisipela, dermatites, irritações, acne, psoríase, verrugas
-
Anti-úlcera: protetora da mucosa gástrica;
-
Anti-helmíntica: oxiúros;
Imunoestimulante: aumenta as defesas do organismo contra as doenças;
Forma de Uso e Modo de Usar:
-
Maceração: 10g da polpa da folha, corte, lave e adicione 10g de açúcar, deixe macerar
por 8 a 10 horas. O uso do açúcar é alternativo, poiso sabor é amargo. Tomar 1 colher
de sopa pela manhã em jejum.
-
Pó da folha (resina): meia colher rasa de cafezinho em meia xícara de água com
açúcar. A resina é obtida pendurando a folha com a parte grossa para baixo e
deixando escorrer. Depois de seco, moer até obter um pó fino. Guardar em pote limpo,
escuro e com tampa. Como laxante tomar antes de deitar quando for necessário.
Como digestivo tomar uma vez ao dia durante 15 dias.
-
Supositórios: Corta-se a cutícula da folha; a polpa corta-se em forma de supositório.
Coloca-se no congelador para que fique duro. Não usar o supositório congelado, pois o
frio excessivo pode causar queimaduras no local. Aplicar supositório cada quatro
horas.
-
Cataplasma: Passar a folha pelo calor do fogo; retirar a cutícula e colocar na zona
afetada. Repetir quando for necessário.
-
Compressa: usar o infuso ou a tintura diluída (1 parte de tintura e 1 parte de água)
no local afetado. Repetir quando for necessário.
Boldo Nacional
Nome científico:
Plectranthus barbatus Andr.
Nomes Populares:
Malva Santa, Sete Dores, Boldo, Boldo de jardim; Boldo
Silvestre, Malva Amarga, Sete Sangrias, Boldo
Brasileiro.
Toxidade:
Grandes doses ou uso prolongado causa irritação
gastrointestinal e elevação da pressão arterial.
FOTO: BIESKI, 2005
34
Indicação:
Anti-ácido,
- Anti-ulcerosa,
- Má digestão;
- Azia, mal-estar gástrico,
- Ressaca
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Infusão: 4 a 6g das folhas frescas ou 1 a 3g de folhas secas em xícara de água
fervente. Tomar duas a três xícaras ao dia.
- Maceração. Triturar 2 a 3 folhas verdes (4 a 6g) em 1 xícara de água. Tomar duas a
três xícaras ao dia,
Capim Limão
Nome científico:
Cymbopogon citratus (D.C) Stapf.
Nomes populares:
Capim Cidrão, Capim Cidró, Erva Cidreira, Capim Limão,
Capim Cheiroso, Capim Catinga, Chá de Estrada, Capim Ciri.
Toxicidade:
As doses recomendadas dos infusos não são tóxicas (via oral). Contra indicado
para hipotensão. O citral e relatado como indutor de reações de sensibilidade em
humanos. Pode ocasionar irritação oftálmica.
Indicação:
- Dor de estômago
- Dor de barriga
- Cólicas menstruais
- Gases intestinais
- Ansiedade
- Calmante
- Hipertensão
Forma de uso e modo de usar:
Infusão: 15g de folhas frescas para meio litro de água. Tomar uma xícara duas a três
vezes ao dia.
Colônia
Nome científico:
Alpinia Speciosa Schum
Nomes populares:
Cardamomo, Helicondia, Jardineira, Pacová,
Vindi – Caá, Falso Cardamomo
35
Toxidade:
Fazer o controle da pressão arterial durante a ingestão do chá, pois sua utilização
por longos períodos pode fazer baixar a pressão arterial além do desejável. As sementes
são abortivas. Em doses elevadas a tintura pode produzir contorções, excitação
psicomotora e coceiras.
Indicação:
Pressão alta
Diurético
Calmante
Dor de barriga
Cólica menstrual
Dor de cabeça: devido a tensão, nervosismo e falta de sono.
Tosses como expectorante
Forma de uso e modo de usar:
- Infusão:1 folha fresca, cortada em pedaços pequenos em 1 litro de água fervida mas não
muito quente, pois pode alterar a cor do chá. Deixar macerando por 1 hora e coar. Para
pressão alta, tomar 1 litro de chá por dia como se fosse água.
Manter na geladeira e renovar o chá a cada 6 horas. Para as cólicas e tosse, tomar uma
xícara de chá uma ou duas vezes ao dia.
Erva de Santa Maria
Nome Científico:
Chenopodium ambrosioides L. var. anthelmintica (L.) A. Gray.
Nomes Populares:
Chá-de-Espanha, Chá-do-México,
Chá-dos-jesuítas,
Erva-das-serpentes, Mastruço, Mentrus, Mastruz.
Toxicidade:
O óleo essencial pode provocar efeitos tóxicos como
náuseas, vômitos, parada respiratória, depressão do
sistema nervoso, lesões no fígado e rins, surdez,
transtornos da visão, problemas cardíacos e respiratórios
e, em altas doses, até a morte.
O uso do óleo da planta não é recomendado para gestantes,
crianças com menos de 10 kg de peso e pessoas com problemas
de audição e idosos.
Indicação:
- Antihelmíntica: vermífuga contra vermes (Lombriga, Amarelão, Oxiúros);
- Antimicrobiana e antisséptica: ferimentos e inflamações da pele;
- Relaxante muscular: indicada nas contusões e entorses;
- Repelente de insetos.
Forma de uso e modo de usar:
- Como vermífugo para crianças de 10 a 20 kg de peso: 1 colher de sobremesa da
planta fresca, cortada em pequenos pedaços e macetada até obter uma “papa”,
misturada com 2 colheres de mel ou melado ou leite com açúcar. Para crianças de 20
a 40 kg: 1 colher de sopa da planta fresca preparada da mesma forma; Para jovens e
adultos: 2 a 3 colheres de sopa preparada da mesma forma (quanto maior o peso
maior a quantidade). A quantidade de mel ou melado é maior.
- Como repelente: colocar os ramos debaixo dos colchões e varrer a casa.
- Nos ferimentos: Compressa com o sumo da planta ou o chá e cataplasma.
36
Erva Cidreira
Nome científico:
Lippia alba (Mill.) N. E. Br.
Nomes populares:
Falsa Melissa, Erva Cidreira Brasileira, Chá da Febre,
Cidreira, Salva Limão, Sálvia, Sálvia da Gripe.
Toxicidade:
Não apresenta toxicidade até o momento, na literatura consultada.
Indicação:
- Dor de barriga
- Digestivo
- Resfriado, bronquite, infecções respiratórias
- Calmante
- Insônia
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Infusão: 10 folhas (4g) numa xícara de água. Tomar quando necessário. Como
digestivo tomar após as refeições.
- Inalação: usar o infuso, fazendo inalação uma vez ao dia.
Funcho
Nome científico:
Foeniculum vugare Mill
Nome Popular:
Anis-verde, Erva-doce
Toxidade:
O extrato alcoólico pode ser abortivo, provocar alterações e distúrbios no feto, causar
irritação e vermelhidão na pele e ainda convulsões em crianças por isso deve ser usado
com cuidado.
Indicação:
- Digestivo
- Gases intestinais
- Laxante
- Expectorante, tosse e contra asma e bronquite
- Calmante
- Acne, ferimentos
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Infusão: 1 g do fruto em uma xícara de água fervente. Tomar 1 xícara após as
refeições. Nas demais indicações tomar uma xícara três vezes ao dia.
- Banho e compressa: usar o infuso no local afetado.
37
Gengibre
Nome Científico:
Zingiber officinale Roscoe
Toxicidade:
Grandes doses causam depressão do SNC e arritmia cardíaca e alucinações.
Experimentos realizados em cães demonstraram aumento na pressão arterial, portanto
uso por pessoas hipertensos deve ser feito com cuidado. Também foi observado em
cobaias atividade broncoconstritora, desta forma o seu em bronquite deve ser feito com
critério. Não deve ser usado por longos períodos.
Indicação Terapêutica:
- Diarréias
- Afecções da pele (impetigo)
- Afecções das vias respiratórias (tosse, resfriado, gripe)
- Dores articulares
- Gastrite (também diminui a produção de ácido e pepsina),
- Amigdalite e faringite.
- Estimulante da secreção biliar: auxilia na má digestão.
- Elimina gases intestinais
- Enjôo e vômito
- Indicado no tratamento local de dores causadas por traumatismos, nas articulações e
no torcicolo.
Formas de uso e modo de usar:
- Salada: 1-3 g de rizoma fresco usado com tempero de verduras e outros alimentos.
- Infusão: 1-3 gramas do rizoma fresco em uma xícara de água fervente. Como digestivo
tomar após a digestão.
- Compressa: usar o infuso no local afetado
- Cataplasma: usar o rizoma fresco. Cuidado com queimadura.
Guaco
Nome científico:
Mikamia glomerata Spring.
Nomes populares:
Cipó caatinga, coração de Jesus, erva de cabra,
guaco de cheiro, guaco liso, guaco verdadeiro, guapé
e cipó sucuriju.
Toxicidade:
Em doses altas causar vômitos e diarréia.
Figura: BIESKI, 2005
Indicação:
Afecções respiratórias: asma, bronquite, tosse e como broncodilatador.
Forma de uso e modo de usar:
- Infusão: 2 folhas frescas e 1xícara de chá de água fervente. Tomar uma xícara, três
vezes ao dia.
38
-
Xarope: 50 folhas frescas em 300ml em água fervente, deixar em infusão, coar
colocar 450 gramas de açúcar. Ver técnica de preparação de xarope. Tomar uma
colher de sopa 3 vezes ao dia.
Goiabeira
Nome científico:
Psidium guajava L
Nome Popular:
Araça-Goiaba,
Araça-Guabá,
Guaiaba-vermelha, Guaiava
Araçú-Guaçú,
Araçú-Uaçu,
Toxidade:
A presença de taninos desaconselha o uso prolongado desta
planta internamente, pois pode ocasionar distúrbios por má
absorção alimentar.
Indicação:
- Disenteria, diarréia
- Feridas na boca, gengivite, dor de garganta, sapinho
- Ferimentos na pele Calmante
- Candidíase vaginal, tricomoníase
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Infusão: 30 gramas de folhas novas em meio litro de água. Tomar uma a duas xícaras
ao dia.
- Bochecho e gargarejo: usar a infusão duas a três vezes ao dia.
- Banho: usar o infuso no local afetado, três vezes ao dia.
Hortelã graúda
Nome científico:
Plectranthus amboinicus, Lour (Spr. )
Nome Popular:
Hortelã da folha grossa, hortelã da folha graúda,
hortelã da Bahia, malva do reino, malva de cheio,
malvarisco e malvariço
Toxicidade:
Em altas doses pode causar irritação na mucosa
gástrica.
Indicação:
- Resfriados, gripes, tosses com catarro, bronquite
- Amigdalite, gengivite, estomatite
- Dor de ouvido
39
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Infusão: 5gramas de folhas frescas em uma xícara de chá de água fervente, três vezes
ao dia Tomar uma a duas xícaras ao dia.
- Bochecho e gargarejo: usar a infusão duas a três vezes ao dia.
- Xarope: 200g de hortelã graúda em 1 litro de água e 1,8 kg de açúcar ou rapadura.
Adulto: uma colher de sopa três vezes ao dia. Criança: uma colher de chá três vezes ao
dia.
- Inalação: 5 a 8 folhas em meio litro de água. Três vezes ao dia.
- Sumo: Preparar o sumo, embeber no algodão e colocar no ouvido. Aplicar quando
necessário
Hortelã rasteira
Nome científico:
Mentha X villosa Huds
Nome Popular:
Erva-boa, Hortelã-miúda, Hortelã-de-Cheiro, Hortelã-deTempero, Hortelã-da-horta, Hortelã-de-panela, Hortelãcomum, Hortelã-cultivada, Hortelã-de-cavalo.
Toxidade:
O uso em grandes quantidades e sua utilização por inalação
pode causar efeitos colaterais sobre a respiração e o
coração.
Indicação:
- Ameba
- Giárdia
- Barriga d’água
- Trichomoníase
- Coceiras
- Dor de barriga
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Pó das folhas secas: pode ser misturado com mel ou sucos. Meia colher das de café
3x/dia, durante 10 dias.
- Folhas frescas: podem ser comidas ou batidas com suco de frutas, junto com as
refeições. Adulto: 1 colher de sopa 1x/dia; Criança: 1 colher de chá 1x/dia
- Infusão: 1 a 2 ramos (5g) para meio litro de água fervendo. Tomar uma xícara morna
duas a quatro vezes ao dia
Maracujá
Nome científico:
Passiflora edulis Sims.
Nome popular:
Maracujá Comum, Maracujá da Garapa, Maracujá Peroba,
Maracujá Preto, Maracujá roxo, Passiflora
Toxidade:
40
Pelo uso prolongado e altas doses de preparações feitas com as folhas, pois nelas há
liberação de ácido cianídrico, que causa distúrbios no SNC, alterações do nervo ótico e
perturbações gastrointestinais. Na intoxicação aguda, observa-se o aparecimento de
tonturas, dor de cabeça, aumento da freqüência respiratória e cianose que pode ser
seguida da perda de consciência e morte por anoxia.
Indicação:
- Calmante
- Insônia
- Diurético
- Diabete
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Suco do fruto: dois à três maracujás em 1litro de água. Tomar um ou dois copos por
dia.
- Infuso das folhas: quatro à seis gramas de folhas verdes em uma xícara de água
fervente. Tomar uma ou duas xícaras por dia, de preferência à noite.
- Fibra da casca do maracujá, rica em pectina, diminui a absorção de carbohidratos
pelo organismo, reduzindo a taxa de glicose, colesterol e auxiliando em regimes de
emagrecimento. 1 colher de chá ao dia.
Romã
Nome científico:
Punica granatum L.
Nome popular:
Granado, Romeira, Romanzeira
Toxidade:
Doses elevadas da casca da raiz produzem náuseas e vômitos. As doses tóxicas produzem
rapidamente dilatação da pupila, cegueira parcial, forte dor de cabeça, vômitos, diarréia,
prostração e convulsões.
Indicação:
- Amigdalite
- Faringite e rouquidão
- Estomatite
- Diarréia
- Cervicite
- Vaginite
- Solitária
Forma de Uso e Modo de Usar:
- Bochecho e gargarejo: usar o decocto Fazer o decocto usando 10 g da casca do fruto (1
colher de sopa) em 1 xícara de água. Três vezes ao dia.
- Decocção: 1-2 g da casca do fruto em 1 xícara de água. Tomar uma xícara três a
quatro vezes ao dia
- Banho de assento: fazer o decocto usando 10 g da casca do fruto (1 colher de sopa)
em 1 xícara de água. Fazer três vezes ao dia.
- Para tratar a infestação por solitária usar o chá cozido (decocção): 40 a 60 g da casca
do caule em uma xícara de água. Tomar uma xícara ao dia, durante três dias. Usar
laxante para expulsar os vermes mortos
41
Quebra Pedra
Nome científico
Phyllanthus niruri Muell. -Arg.
Nomes populares
Arranca pedras, Arrebenta pedra, Conami, Quebra
pedra branco, Saudade da mulher, Saúde da mulher,
Saxifraga, Erva pombinha, Fura parede
Toxicidade
Não foi encontrada toxicidade na literatura consultada. Entretanto devido a
presença de alcalóides pirrolizidínicos não é conveniente utilizar por tempo prolongado,
sendo mais adequado interromper o uso por duas semanas após cada período de dez dias
tratamento.
Indicação
- Antiviral: hepatite B
- Protetor do fígado
- Diminui o colesterol do sangue
- Diminui o açúcar no sangue
- Pedra nos rins
- Diminui o ácido úrico
Forma de uso e modo de usar
- Decocção: 30-40g da planta fresca para um litro de água ou 10-20g da planta seca por
litro, fervendo-se a mistura durante dez minutos. Tomar uma xícara três vezes ao dia
Tansagem
Nome científico
Tratamos aqui de duas espécie conhecidas por Tansagem
- Plantago lanceolata, L.
- Plantago major L.
Toxicidade
Não foi encontrada toxicidade na literatura consultada.
Indicação terapêutica (semelhante para as duas espécies)
- Antibacteriano: diarréia, infecções da pele (piodermite)
- Diminui levemente a pressão arterial
- Gastrite e úlcera gástrica
- Antiinflamatório: cistite, nefrite, hemorróidas, gastrite, amigdalite, faringite, laringite
- Diurético
- Cicatrizante: ferimentos
Forma de uso e modo de usar
- Banho para uso externo: usar o decocto Lavar o local afetado três vezes ao dia.
42
-
Para uso interno, usar o chá (decocto): 6-9 g das folhas secas em 1 xícara de água,
ferver por 5 minutos. Usar uma xícara duas vezes ao dia.
Vique
Nome científico:
Mentha arvensis L.
Nomes populares:
Hortelã, Hortelã Brasil, Hortelã japonesa.
Toxidade:
O uso em grandes quantidades e sua utilização
por inalação pode causar efeitos colaterais sobre
a respiração e o coração.
Mentha arvenses – Hortelã-Vick
Fonte: Leão, 1998
Indicação terapêutica:
- Coceiras e irritações da pele
- Gripes e resfriados como descongestionante
- Eliminação de gases intestinais
- Náuseas e vômito
Forma de uso e modo de usar:
- Infusão: 6 a 10 gramas de folhas frescas em uma xícara de água fervente. Tomar uma
xícara duas a três vezes ao dia.
- Compressa: usar o infuso frio ou a tintura diluída (1 parte de tintura e 1 parte de
água) no local afetado.
- Banho: usar o infuso frio ou a tintura diluída (1 parte de tintura e 1 parte de água) no
local afetado.
- Inalação: usar o infuso. Fazer uma vez ao dia.
43
Referências Bibliográficas
1BIESKI,
I. G. C., PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS NO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE DA REGIÃO SUL DE CUIABÁ-MT, Monografia de conclusão do Curso de
Especialização em Plantas Medicinais, Uso, Manejo e Manipulação, UFLA, 2005.
2
CORRÊA JR., C., MING, L. C., SCHEFFER, M. C. 1991. Cultivo de plantas medicinais, condimentares e
aromáticas. Curitiba, EMATER-PR, 151 p.
3
DE LA CRUZ, M. G. Frutas, Ervas e Temperos o Remédio na sua Cozinha e no seu Quintal. Curso a
Distância on-line. Disponível em: www.icv.org.br. Acessado em: dezembro de 2003.
4
FURLAN, MARCOS ROBERTO. CULTIVO DE PLANTAS MEDICINAIS. Coleção Agroindústria, 13.
Edição SEBRAE - Cuiabá. Mato Grosso. 1998.137p.
5
LEÃO, M. G., Fabrica de Medicamentos de Mirassol D’Oeste – FAMEM, Prefeitura de Mirassol D’Oeste,
MT, 1998.
6
MARTINS, E. R.; CASTRO, D. M.; CASTELLANI. D. C.; DIAS, J. E. 1995 Plantas medicinais. Viçosa,
UFV. 220p.
7
MATOS, F. J. 1994. Farmácias vivas: sistema de utilização de plantas medicinais projetado para
pequenas comunidades. 2 ed. Fortaleza, EUFC. 180 p.
8
SIMÕES, C. M. O.; MENTZ, L. A.; SCHENKEL, E. P.; IRGANG, B. E.; STEHMANN, J. R. 1986 Plantas
da medicina popular no Rio Grande do Sul. Porto Alegre. Ed. UFRGS. 174 p.
9
HERTWIG, I. F. 1991. Plantas aromáticas e medicinais: plantio, colheita, secagem, comercialização. 2
ed. São Paulo, Ícone, p. 314-325.