PDF - Instituto Florestal

Transcrição

PDF - Instituto Florestal
GOVERNADOR DO ESTADO
Geraldo Alckmin
SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE
Rubens Naman Rizek Junior
DIRETOR GERAL DO INSTITUTO FLORESTAL
Miguel Luiz Menezes Freitas
ISSN Online 2178-5031
v. 26
n. 2
p. 131 - 230
dez. 2014
REVISTA DO INSTITUTO FLORESTAL
São Paulo, Instituto Florestal.
1989, 1(1-2)
1990, 2(1-2)
1991, 3(1-2)
1992, 4 1993, 5(1-2)
1994, 6
1995, 7(1-2)
1996, 8(1-2)
1997, 9(1-2)
1998, 10(1-2)
1999, 11(1-2)
2000, 12(1-2)
2001, 13(1-2)
2002, 14(1-2)
2003, 15(1-2)
2004, 16(1-2)
2005, 17(1-2)
2006, 18
2007, 19(1-2)
2008, 20(1-2)
2009, 21(1-2)
2010, 22(1-2)
2011, 23(1-2)
2012, 24(1-2)
2013, 25(1-2)
2014, 26(1-2)
Esta publicação é indexada no Academic Journal Database, AGRIS, Directory of Open Acess Journal – DOAJ,
Latindex, Open Acess Library – OALib e Sumários de Revistas Brasileiras.
Exemplares desta publicação podem ser solicitados ao:
Instituto Florestal
Rua do Horto, 931
Cep: 02377-000 – São Paulo – SP
Telefone/ Fax: (11) 2231-8555 – ramal: 2043
http://www.iflorestal.sp.gov.br
Email: [email protected]
Publicada on-line em 31 de janeiro de 2015
Tiragem: 400 exemplares
CORPO EDITORIAL/EDITORIAL BOARD
Frederico Alexandre Roccia Dal Pozzo Arzolla – EDITOR-CHEFE/EDITOR-IN-CHIEF
Eduardo Luiz Longui – EDITOR-ASSISTENTE/ASSISTANT EDITOR
Maurício Ranzini – EDITOR-ASSISTENTE/ASSISTANT EDITOR
EDITORES/EDITORS
Adriano Wagner Ballarin
FCA – UNESP – Botucatu
João Carlos Nucci
UFPR
Alexsander Zamorano Antunes
Instituto Florestal
Antonio da Silva
Instituto Florestal
Leni Meire Pereira Ribeiro Lima
Instituto Florestal
Leonaldo Alves de Andrade
UFPB – Areia
Antonio Ludovico Beraldo
FEAGRI – UNICAMP
Lígia de Castro Ettori
Instituto Florestal
Beatriz Schwantes Marimon
UNEMAT – Nova Xavantina
Maria de Jesus Robim
Instituto Florestal
Carla Daniela Câmara
UTFPR – Medianeira
Marilda Rapp de Eston
Instituto Florestal
Claudio de Moura
Instituto Florestal
Miguel Angel Vales Garcia
Instituto de Ecología y Sistemática, Cuba
Daniela Fessel Bertani
Instituto Florestal
Daysi Vilamajó Alberdi
Instituto de Ecología y Sistemática, Cuba
Gláucia Cortez Ramos de Paula
Instituto Florestal
Humberto Gallo Júnior
Instituto Florestal
Milton Cezar Ribeiro
IB – UNESP – Rio Claro
Paulo Eduardo Telles dos Santos
Embrapa Florestas
Rosângela Simão Bianchini
Instituto de Botânica
Ingrid Koch
UFSCAR – Sorocaba
Roseli Buzanelli Torres
Instituto Agronômico de Campinas
Israel Luiz de Lima
Instituto Florestal
Solange Terezinha de Lima-Guimarães
IGCE – UNESP – Rio Claro
CONSELHO EDITORIA/EDITORIAL COUNCIL
Alain Philippe Chautems – Conservatoire et Jardin Botanique de la ville de Genève, Suiça
Eduardo Salinas Chávez – Universidad de la Habana, Cuba
Fábio de Barros – Instituto de Botânica
Fátima Conceição Márquez Piña-Rodrigues – UFSCAR – Sorocaba
George John Shepherd – IB-UNICAMP
Maria Margarida da Rocha Fiuza de Melo – Instituto de Botânica
Miguel Trefaut Urbano Rodrigues – IB-USP
Robin Chazdon – The University of Connnecticut, EUA
Sueli Angelo Furlan – FFLCH-USP
Walter de Paula Lima – ESALQ-USP
REVISÃO DO VERNÁCULO/LÍNGUA INGLESA
PORTUGUESE/ENGLISH REVIWER
Yara Cristina Marcondes
REVISÃO FINAL
FINAL REVIEW
Yara Cristina Marcondes
REVISÃO DE LÍNGUA ESPANHOLA
SPANISH REVIWERS
Ivan Suarez da Mota
Miguel Angel Vales Garcia
EDITORAÇÃO GRÁFICA
GRAPHIC EDITING
Yara Cristina Marcondes
TRATAMENTO DE IMAGENS
IMAGE EDTING
Priscila Weingartner
Fátima A. Marino
CRIAÇÃO DA CAPA
COVER ART
Leni Meire Pereira Ribeiro Lima
Regiane Stella Guzzon
ANALISTAS/REFEREES
Andreia de Oliveira Vieira
Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Mato Grosso
Bruna Gonçalves da Silva
UNICAMP
Kleber Andrade da Silva
Universidade Federal de Pernambuco
Léo Zimback
Instituto Florestal
Carolline Zatta Fieker
Universidade Federal de São Carlos
Leonaldo Alves de Andrade
Universidade Federal da Paraíba
Cecília Khusala Verardi
Mário José Pedro Junior
Instituto Agronômico de Campinas
Dimas Antonio da Silva
Instituto Florestal
Douglas Póvoas de Oliveira
Universidade de Cuiabá
Emerson Galvani
USP
Matheus Peres Chagas
ESALQ/USP
Pedro Bond Schwartsburd
Universidade Federal de Viçosa
João Carlos Nucci
Universidade Federal do Paraná
Regina Yoshie Hirai
Instituto de Botânica
Julio Cesar Raposo de Almeida
Universidade de Taubaté
Ugo Leandro Belini
Universidade Federal de Santa Catarina
SUMÁRIO/CONTENTS
ARTIGOS CIENTÍFICOS/SCIENTIFIC ARTICLES
Pinus tropical com potencial para uso em plantios comerciais no Brasil. Tropical pine for
commercial planting in Brazil. Marcos Silveira WREGE; Elenice FRITZSONS; Jarbas Yukio
SHIMIZU; Ananda Virgínia de AGUIAR; Paulo Henrique CARAMORI ........................... 137-145
Aspectos ambientais da disposição de resíduos sólidos em aterro sanitário na zona de
amortecimento das unidades de conservação do município de Assis – SP. Environmental
aspects of solid waste disposition on landfill in buffer zone of protected areas of Assis
municipality – SP. Regiane Novais LEITE; Solange BONGIOVANNI ................................ 147-159
Variação genética para os teores dos macro e micronutrientes após aplicação de 2,4-D em
progênies de Eucalyptus grandis. Genetic variation in the levels of macro and micronutrients
after 2,4-D application on Eucalyptus grandis progenies. Alexandre Martins FRAGOSO;
Edson Seizo MORI; Mario Luiz Teixeira de MORAES ....................................................... 161-167
Comparação de aspectos fenológicos e de frugivoria entre a palmeira nativa Euterpe edulis
Mart. e a palmeira exótica Phoenix roebelenii O’Brien (Arecaceae) no Sudeste do Brasil.
Comparative fruit phenology and frugivory between the native palm Euterpe edulis Mart.
and the exotic palm Phoenix roebelenii O’Brien (Arecaceae) in southeastern Brazil.
Taís OMOTE; Alexsander Zamorano ANTUNES; Ciro Koiti MATSUKUMA .................... 169-181
Alterações da relação C/N de um Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferentes coberturas
vegetais em Brasnorte – MT. Changes in C/N relation of a Red-Yellow Latosol under different
plant cultivations in Brasnorte – MT. Cristiane Ramos VIEIRA; Oscarlina Lúcia dos Santos
WEBER; Rafael Ferreira LIUTI; José Fernando SCARAMUZZA ...................................... 183-191
Radial variation of wood anatomy and basic density of Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan. Variação radial da anatomia e densidade básica da madeira de Anadenanthera colubrina
(Vell.) Brenan. Eduardo Luiz LONGUI; Israel Luiz de LIMA; Osny Tadeu de AGUIAR;
Sandra Monteiro Borges FLORSHEIM; Itiberê Moura Sckerratt SUCKOW ................. 193-201
The influence of abiotic factors on litter deposition in a semiarid area, northeastern Brazil.
Influência de fatores abióticos na deposição de serapilheira em uma área semiárida no
Nordeste brasileiro. Ivan Jeferson Sampaio DIOGO; Irlaine Rodrigues VIEIRA; Andréa
Pereira SILVEIRA; Francisca Soares de ARAÚJO ............................................................... 203-213
Sobrevivência de Cyathea atrovirens (Cyatheaceae; Pteridophyta) após desmatamento.
Survival of Cyathea atrovirens (Cyatheaceae; Pteridophyta) after deforestation. Vívian
TAMAKI; Catarina Carvalho NIEVOLA; Ivomar Aparecido MEDINA; Elisabete Aparecida
LOPES; Rogério Mamoru SUZUKI ...................................................................................... 215-225
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 137-145 dez. 2014
http://dx.doi.org/10.4322/rif.2014.010
ISSN impresso 0103-2674/on-line 2178-5031
PINUS TROPICAL COM POTENCIAL PARA USO EM PLANTIOS COMERCIAIS NO BRASIL1
TROPICAL PINE FOR COMMERCIAL PLANTING IN BRAZIL
Marcos Silveira WREGE2, 5; Elenice FRITZSONS2;
Jarbas Yukio SHIMIZU3; Ananda Virgínia de AGUIAR2; Paulo Henrique CARAMORI4
RESUMO – Entre os pinus tropicais, Pinus caribaea var. hondurensis é uma variedade
natural, oriunda de região com clima tropical na América Central. A espécie se aclimatou
bem em várias partes do mundo, em regiões com alta pluviosidade e temperaturas elevadas.
Embora não tolere geadas severas, pode ser plantada em partes da região Sul do Brasil
onde o clima é mais quente e a frequência de geadas é menor e é indicado para plantio em
boa parte do Brasil, em mais de 3,5 milhões de km2. Essa é uma variedade que apresenta
alto rendimento em madeira de boa qualidade, além de possibilitar a exploração da resina.
Neste trabalho, são apresentadas as regiões no Brasil que apresentam potencial para
cultivo dessa variedade em regime de silvicultura intensiva, tomando como base sua
região de origem no mundo. São indicadas para plantio comercial as zonas com os menores
riscos de geada nos estados da região Sul, no Estado de São Paulo e nas demais regiões
que oferecem condições climáticas favoráveis, principalmente de disponibilidade hídrica
para o desenvolvimento dessa variedade de pinus.
Palavras-chave: Pinus caribaea var. hondurensis; zoneamento; riscos climáticos; balanço
hídrico; evapotranspiração.
ABSTRACT – Among tropical pines, Pinus caribaea var. hondurensis is a natural variation
from the tropical regions of Central America. The species has adapted well in various parts
of the world, in regions with high rainfall and high temperatures. Although intolerance to
severe frosts, it can be grown in parts of southern Brazil, where the climate is hot, with
infrequent frosts and even can be used for commercial planting in over 3.5 million square
kilometers.This variety presents high yield in quality wood as well as resin. This work
shows regions in Brazil where environmental conditions are favorable for commercial
plantations with this variety, by making comparisons with the conditions in its origin.
Climatic zones within the Southern Region, as well as in the state of São Paulo and
elsewhere with the lowest risks of frost and plenty of water for the development of this
pine variety are presented.
Keywords: Pinus caribaea var. hondurensis; zoning; climate risks; water balance;
evapotranspiration.
______
1
Recebido para análise em 03.06.14. Aceito para publicação em 16.09.14.
2
Embrapa Florestas, Estrada da Ribeira, km 111, Guaraituba, 83411-000 Colombo, PR, Brasil.
3
Autônomo. Pesquisador aposentado da Embrapa Florestas. [email protected]
4
Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, Rodovia Celso Garcia Cid, km 375, Três Marcos, 86047-902 Londrina, PR, Brasil. [email protected]
5
Autor para correspondência: Marcos Silveira Wrege – [email protected]
138
WREGE, M.S. et al. Pinus tropicais para plantios comerciais
1 INTRODUÇÃO
Espécies de pinus vem sendo cultivadas no
Brasil há mais de um século e os primeiros plantios
utilizando espécies subtropicais iniciaram-se por
volta de 1936, estabelecidos pelo Serviço Florestal
do Estado de São Paulo, atual Instituto Florestal
de São Paulo. Em meados de 1960, iniciaram-se os
plantios comerciais nas regiões Sul e Sudeste, sendo
que as espécies mais difundidas foram P. elliottii e
P. taeda, introduzidas dos Estados Unidos e, em menor
escala, os tropicais P. caribaea e P. oocarpa. Hoje,
estima-se que o plantio de pinus atinja 1.562,782
hectares no Brasil (Associação Brasileira de
Produtores de Florestas Plantadas – ABRAF, 2013).
Pinus caribaea é um dos pinus mais difundidos
no mundo nas regiões tropicais e apresenta três
variedades: hondurensis, bahamensis e caribaea. Pinus
caribaea var. hondurensis é originário da América
Central, onde o clima é tipicamente tropical, com grandes
variações na precipitação pluviométrica, em pequenas
extensões de terra e com temperaturas médias anuais
elevadas. Sua região de origem estende-se desde o
nível do mar até 700 metros s.n.m. (metros sobre o
nível do mar), mas pode ser encontrada, também,
até 1.000 metros s.n.m. (Shimizu e Sebbenn, 2008).
O crescimento de P. caribaea var.
hondurensis pode chegar a 30 m de altura, com
DAP (diâmetro do tronco a 1,3 m de altura) de
até 80 cm. Em alguns casos, pode atingir até mesmo
45 m, com DAP de 135 cm em condições climáticas
favoráveis. De modo geral, o fuste é reto, com
poucas ramificações laterais (Dvorak et al., 2000).
A produção de madeira pode variar de 21 m3 ha-1
a 43 m3 ha-1 até o terceiro ano após o plantio. Essa
é uma variedade de rápido crescimento e produtora
de madeira de boa qualidade, além de produzir
resina que pode ser extraída comercialmente.
As condições climáticas na região de origem
de P. caribaea var. hondurensis são caracterizadas
por temperaturas médias anuais de 22 oC a 27 oC
(Dvorak et al., 2000) e pluviosidades médias anuais
de 670 mm a 2.400 mm. O déficit hídrico varia de
200 mm a 250 mm (Castro et al., 2010). Como a
amplitude das variáveis climáticas na sua região
de origem é elevada, desenvolveu a capacidade
de se adaptar bem em muitas regiões do mundo.
Existem raças geográficas litorâneas, bem como de
regiões montanhosas e continentais. Contudo, elas não
toleram ambientes onde ocorrem geadas severas.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 137-145 dez. 2014
A distribuição geográfica de P. caribaea
var. hondurensis é mais ampla do que das outras
variedades (bahamensis e caribaea), sugerindo
que, provavelmente, estas tenham surgido a partir
da primeira, apresentem menor versatilidade para
se adaptarem e dependam de nichos mais restritos
para se desenvolverem. No processo de adaptação,
P. caribaea tornou-se capaz de tolerar o fogo
rasteiro, por meio da espessa camada de casca
desenvolvida no tronco, especialmente do córtex que
protege o tecido cambial. As procedências costeiras
apresentam especial resiliência aos efeitos dos
ventos fortes e salinos, devido à evolução em
ambiente litorâneo regularmente fustigado por
furacões (International Center for Research in
Agroforestry – ICRAF, 2013). A variedade hondurensis
é a mais plantada, inclusive no Brasil, nas regiões
Norte, Centro-Oeste e Sudeste (Aguiar et al., 2011).
Neste trabalho, visou-se à identificação de regiões
no Brasil que apresentem potencial para o uso de
P. caribaea var. hondurensis em plantios comerciais
com baixo risco climático. Isso inclui locais com
os menores riscos de geada na região Sul.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Um dos grandes problemas para o uso
em plantio comercial de espécies arbóreas tropicais
está no risco de ocorrência de geadas, comuns nas
regiões Sul e Sudeste do Brasil, inclusive de
espécies de pinus tropicais, como o Pinus caribaea
var. hondurensis. Assim, neste trabalho, usou-se
o risco de ocorrência de geadas como critério de
delimitação de zonas para plantio dessa variedade
de pinus nos estados da região Sul do Brasil e
para o Estado de São Paulo, onde os riscos de geadas
são comuns.
Os riscos de geada foram estabelecidos
usando a série temporal de dados climáticos diários
dos últimos 30 anos, fornecidos pelas instituições
estaduais de pesquisa do Paraná e do Rio Grande
do Sul (Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR
e Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária –
FEPAGRO). Foram usados dados de temperatura
mínima do ar e foram calculadas as frequências com
que a temperatura chega a menos de 3 oC no mês
mais frio do ano (julho). A frequência foi calculada
da seguinte maneira (Equação 1):
frequência de geadas = (n / 10) x 100
(Equação 1);
139
WREGE, M.S. et al. Pinus tropicais para plantios comerciais
em que:
n: número de dias, a cada 10 dias, em que a
temperatura mínima do ar atinge menos de 3 oC no
abrigo meteorológico.
Foi usada a temperatura mínima do ar de
3 oC no abrigo meteorológico (situado a 1,5 metro
de altura), considerando-se que a mesma está
relacionada à ocorrência de geadas devido ao
fenômeno de inversão térmica que ocorre em noites
estáveis de inverno, ocasionando um gradiente
médio de temperatura, entre o abrigo e a relva,
superior a 4 oC. Essa diferença entre a medição feita
no abrigo e a relva pode variar entre 3,3 oC a 7 oC
(Silva e Sentelhas, 2001; Grodzki et al., 1996).
Por meio de análise estatística multivariada,
os riscos de geadas foram calculados e correlacionados
com o modelo de superfície do terreno (altitude)
e, posteriormente, aos modelos de latitude e de
longitude, formando uma equação de regressão
linear múltipla, usada em sistema de informações
geográficas para mapear os riscos de ocorrência de
geadas (Wrege et al., 2011) (Equação 2):
risco de geada (0 a 1) = α + β x latitude +
χ x longitude + δ x altitude
(Equação 2);
em que,
α = constante;
β = coeficiente da latitude (representada em graus
decimais negativos);
χ = coeficiente da longitude (representada em graus
decimais negativos);
δ = coeficiente da altitude (metros).
Os valores de α, β, χ e δ são apresentados
na Tabela 1.
A classificação quanto aos riscos de
geadas para as regiões Sul e Sudeste foi feita da
seguinte maneira: 1. estados de Minas Gerais,
São Paulo e Paraná: a zona foi considerada
favorável quando os riscos de geada encontravam-se
classificados abaixo de 20%; zona marginal,
quando os riscos foram classificados entre
20-30%, e zona desfavorável, quando os riscos
eram superiores a 30%; 2. para Santa Catarina e
Rio Grande do Sul, mudou-se a classificação
para: zona favorável, quando os riscos
foram classificados abaixo de 10%, e zona
desfavorável, quando os riscos eram superiores
a 10%. Neste último caso, não foi utilizada
zona marginal, devido às características desses
estados da região Sul, sujeitos à ocorrência de
geadas mais fortes, isto é, geadas associadas
à ocorrência de temperaturas mínimas absolutas do
ar menores e com maior frequência, que inviabilizam
o cultivo de P. caribaea var. hondurensis.
O modelo de superfície do terreno
usado foi o GTOPO30, o qual reproduz as cotas
altimétricas do Brasil, elaborado pelo serviço
geológico dos Estados Unidos (United States
Geological Survey – USGS, 2011) a partir de
imagens de satélite da Terra. Foram elaborados,
também, modelos dos paralelos e dos meridianos
(representando o efeito de continentalidade), modelos
que reproduzem a latitude e a longitude do Brasil,
na escala 1:250.000, como o modelo de superfície
do terreno.
Tabela 1. Coeficientes da equação de regressão linear múltipla dos riscos de geada para os estados de São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Wrege et al., 2005).
Table 1. Coefficients of the multiple linear regression of frost risk in the states of São Paulo, Paraná, Santa Catarina and
Rio Grande do Sul (Wrege et al., 2005).
Estado
Coeficientes da equação de regressão
α
β
χ
δ
Estados de São Paulo
e Paraná
-2,8864
-0,1081
-0,004937
0,0005165
Estados de Santa Catarina
e Rio Grande do Sul
-2,6701
-0,09784
0,001844
0,0004057
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 137-145 dez. 2014
140
WREGE, M.S. et al. Pinus tropicais para plantios comerciais
Para as demais regiões do Brasil, pelo
fato das restrições climáticas serem diferentes,
foram adotados outros critérios. Utilizaram-se,
assim, as temperaturas médias anuais e o
balanço hídrico climático (P-ETP), em que P é
o total de precipitação pluviométrica de um mês
(mm) e ETP é a evapotranspiração potencial
acumulada em um mês (mm), calculada pelo
método de Thornthwaite (1948) (Wrege et al.,
2011), pelas seguintes fórmulas (Equações 3 a 6):
ETP = f x 16 x (10 x tmed/I);a
Equação 3;
em que:
f = [0,006 x (-1) x latitude + 1,01]
(Equação 4);
(Equação 5);
a = 6,75 x 10-7 x I3 - 7,71 x 10-5 x I2 + 0,01791 x
I + 0,492
(Equação 6);
em que:
f: representa a função de ajuste do modelo para cada
local, considerando-se que a equação é dada para
calcular a ETP em um período de 12 horas de brilho
solar, o que não ocorre em todas as regiões;
I: é o índice anual de calor;
a: é a função cúbica do índice anual de calor;
tmed: é a temperatura média do ar nos meses de
janeiro a dezembro, em oC;
: é o somatório das temperaturas médias
do ar de janeiro a dezembro, em oC.
A latitude, na equação, foi expressa em
graus decimais negativos e serviu para calibrar os
valores de ETP para cada local.
Foram somadas as diferenças de P-ETP
de cada mês para cada local, totalizando o valor
de P-ETP para um ano completo. Quando o valor
final foi superior a 250 mm, o local foi considerado
favorável para plantio comercial de P. caribaea var.
hondurensis; quando se situava entre 0 – 250 mm,
indicou que o local foi considerado marginal e,
quando os valores foram negativos, isto é, inferiores
a 0 mm, foi considerado indicativo de condição
desfavorável ao plantio comercial.
A temperatura média anual do ar foi
calculada usando-se as médias entre as mínimas
e as máximas diárias. Essas temperaturas e a
pluviosidade foram calculadas para todo o Brasil
por Hamada et al. (2008). A temperatura maior
que 22 oC indica zonas preferenciais, ou entre 21
e 22 oC indica zonas marginais, e menor que 21 oC
foi considerada desfavorável ao desenvolvimento
de P. caribaea var. hondurensis.
Os coeficientes das regressões usadas para
o mapeamento da temperatura média anual do ar
são apresentados na Tabela 2, sendo feita da mesma
forma que o risco de geada, por meio de análise
estatística multivariada, em que as temperaturas
foram correlacionadas com o modelo de superfície
do terreno (altitude), da latitude e da longitude,
formando uma equação de regressão linear múltipla,
usada em sistema de informações geográficas
(Wrege et al., 2011).
O mapa do balanço hídrico climático
foi elaborado usando-se geoestatística, por meio
de krigagem por indicação, em que são relacionados
os pontos dos locais de ocorrência de cada uma
das estações pertencentes à rede de estações
meteorológicas com os pontos das estações vizinhas.
Tabela 2. Coeficientes das equações de regressão linear múltipla das médias anuais das temperaturas mínimas e máximas
do ar (oC) no Brasil (Wrege et al., 2011).
Table 2.Coefficients of multiple linear regression of the annual minimum and maximum temperature (oC) in Brazil
(Wrege et al., 2011).
Brasil
Coeficientes da
equação
Coeficientes da equação de regressão
α
β
χ
δ
Temp. mín.
21,0143
0,107068
-0,01347
-0,00444
Temp. máx.
29,9644
0,047187
-0,03094
-0,00352
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 137-145 dez. 2014
141
WREGE, M.S. et al. Pinus tropicais para plantios comerciais
Os mapas dos limites estaduais e do limite
federal utilizados foram os do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE (2001), que são os
mapas oficiais do Brasil.
Os mapas foram classificados delimitando-os
em zonas com os limites de riscos de geadas, de
temperatura e de disponibilidade hídrica necessários
ao desenvolvimento de P. caribaea var. hondurensis,
citados anteriormente neste tópico.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Atualmente, existem poucas informações
de orientação sobre as melhores regiões para
plantio comercial de P. caribaea var. hondurensis
no Brasil, e são exceções os zoneamentos para
o estado do Paraná (Fritzsons et al., 2013) e
para o Estado do Espírito Santo (Castro et al.,
2010). Anteriormente, foram feitos zoneamentos
para espécies florestais, incluindo essa variedade
para o Paraná e Santa Catarina (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA,
1986; 1988). Golfari e Caser (1977), também fez
um zoneamento utilizando metodologia diferente,
em função de não existirem séries temporais
históricas de clima na época em que o trabalho
foi realizado.
Os fatores limitantes para o P. caribaea
var. hondurensis são a geada e o déficit hídrico.
Estas mesmas condições foram utilizadas nos
zoneamentos realizados por Golfari e Caser
(1977) e por Castro et al. (2010). P. caribaea var.
hondurensis tem potencial para ser cultivado em
sistema intensivo em boa parte do Brasil (figuras 1
e 2), exceto nas regiões de ocorrência de geadas,
como nas zonas de altitude das regiões Sul e
Sudeste e onde o déficit hídrico é acentuado, como
é o caso do Semiárido do Agreste. Estima-se que a
área potencial de plantio comercial de P. caribaea
var. hondurensis seja de pouco mais de 3,5 milhões
km2, representando mais de 40% da área total
do Brasil, que é de aproximadamente 8,5 milhões
de km2.
No Litoral da região Sul, nos estados
do Paraná e de Santa Catarina, o clima é tropical,
com elevadas temperaturas e pluviosidade,
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 137-145 dez. 2014
semelhante à região de origem de algumas
populações de P. caribaea var. hondurensis
(Dvorak et al., 2000), sendo, portanto, uma região
recomendada para o plantio comercial.
No Norte do paralelo 23o27’S, ocorre
a transição do clima temperado para o tropical,
dependendo também do efeito do relevo sobre a
temperatura do ar. A cada 100 metros de elevação,
ocorre uma redução, em média, de 0,8 oC na
temperatura do ar no Estado do Paraná (Fritzsons
et al., 2008). Desse modo, o risco de geadas
é maior nas zonas de maior altitude. Os riscos
de geada são maiores (> 30%) nas seguintes
condições: no Estado de São Paulo, a mais de
700 metros; no Estado do Paraná, a mais de 600
metros; em Santa Catarina, a mais de 500 metros;
e no Rio Grande do Sul, a mais de 400 metros
(Wrege et al., 2011). A zona de clima temperado
fica, basicamente, acima dessas altitudes.
Portanto, espécies suscetíveis à geada, como
P. caribaea var. hondurensis, podem, a princípio,
ser plantadas nos estados da região Sul e de
São Paulo, em locais com altitudes inferiores às
mencionadas. No entanto, ainda assim existem riscos
de ocorrência de geadas esporádicas e fora
de época nas zonas de altitude inferior às
mencionadas, e o plantio, em muitos casos,
deve ser evitado, principalmente onde o microclima
for desfavorável (baixadas onde ocorre acúmulo
de ar frio, topos de morros, onde as plantas
ficam expostas aos ventos fortes e frios vindos do
Sul, etc.).
O Litoral do Estado de São Paulo
é também propício ao desenvolvimento de
P. caribaea var. hondurensis, enquanto na região
centro-oeste do estado, apesar de a temperatura
do ar ser mais elevada e o risco de geadas menor
(< 20%) do que no restante do estado, é classificada
como marginal para o cultivo, por ser uma região
de transição do Cerrado para a região Sudeste,
com menor disponibilidade hídrica. Nas zonas
com altitudes maiores que 700 metros, o risco de
geadas é maior (> 30%), tornando a silvicultura
intensiva uma atividade de risco para P. caribaea
var. hondurensis.
142
WREGE, M.S. et al. Pinus tropicais para plantios comerciais
Figura 1. Delimitação de zonas com potencial para plantios comerciais de P. caribaea var. hondurensis nos estados
do Paraná (a), Santa Catarina (b), Rio Grande do Sul (c) e São Paulo (d).
Figure 1. Delimitation of potential areas for commercial plantations of P. caribaea var. hondurensis in the states of
Paraná (a), Santa Catarina (b), Rio Grande do Sul (c) and São Paulo (d).
O sudoeste do Paraná, oeste de Santa
Catarina e noroeste do Rio Grande do Sul são as
zonas com as maiores pluviosidades médias da
região Sul, chegando a quase 2.000 mm acumulados
em um ano, na média (Wrege et al., 2011).
Em Santa Catarina, as áreas com elevada
pluviosidade coincidem com aquelas onde as
temperaturas são maiores, embora sujeitas a
geadas fracas, isto é, geadas relacionadas com
temperaturas do ar mais elevadas e menos
frequentes, mas de baixo risco, e onde é indicado
o plantio da variedade. No Rio Grande do
Sul, embora o Vale do Uruguai seja uma zona
de clima quente e de pluviosidade elevada,
não é recomendado o plantio comercial, pois
ocorrem geadas esporádicas que podem limitar
o desenvolvimento. No Paraná, os maiores
volumes de chuva ocorrem no sudoeste do Estado,
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 137-145 dez. 2014
devido à entrada das frentes frias que trazem as
massas úmidas de ar e aumentam os riscos de geada,
inclusive nas áreas de menor altitude, como na Foz
do Rio Iguaçu. Nessa região do estado, a variação
climática é acentuada em decorrência do relevo
acidentado, existindo zonas com clima quente
próximas de zonas com clima frio, não sendo
indicado, portanto, o plantio.
As zonas indicadas neste trabalho (Figura 2),
para cultivo comercial no Estado do Paraná, coincidem
com as zonas recomendadas no zoneamento para
espécies florestais feito em 1986 pela EMBRAPA
(1986), que são as regiões bioclimáticas 4 (Planalto
Norte do Paraná), 5 (Vale do Ribeira), 6 (Extremo
Norte do Paraná) e 7 (Litoral). A região 3 (Oeste
do Planalto de Guarapuava) não foi recomendada
para plantio comercial neste trabalho, em virtude do
elevado risco de geadas.
143
WREGE, M.S. et al. Pinus tropicais para plantios comerciais
Figura 2. Classificação das zonas de balanço hídrico (a) e delimitação de zonas com potencial para plantio comercial
de P. caribaea var. hondurensis no Brasil (b).
Figure 2. Classification of water balance areas (a) and delineation of potential areas for commercial planting of
P. caribaea var. hondurensis in Brazil (b).
Nas zonas marginais, onde os riscos de
geada são de até 20%, deve-se evitar o plantio,
principalmente nos estados de Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, pois nestes locais ocorre, na média,
mais de uma geada forte a cada cinco anos. Nas
zonas preferenciais, o risco diminui para 10%, onde,
em média, pode ocorrer uma geada forte a cada
10 anos. Deve-se considerar que sempre existe risco
de ocorrerem geadas nas regiões Sul e Sudeste do
Brasil, ainda que em níveis baixos, abaixo de 10%.
Para reduzir os riscos de geada, deve-se
realizar o transplantio preferentemente após o
período crítico de ocorrência de geadas. De modo
geral, esse período se estende entre maio e setembro
na região Sul e de maio a agosto na região Sudeste.
Deve-se considerar que tanto a ocorrência de geadas
quanto a de estiagens é menor nas zonas litorâneas
do Paraná e de Santa Catarina.
Nas regiões tropicais do Brasil, a
temperatura do ar é elevada e o risco de geadas é
baixo, embora o Estado de Mato Grosso do Sul
esteja sujeito à entrada de sistemas frontais mais
intensos que no interior paulista. O Semiárido,
no Agreste Nordestino, é a região que menos se
assemelha à região de origem de P. caribaea var.
hondurensis, por causa do regime pluviométrico e
do menor volume de chuvas. Na região Nordeste,
também existe uma grande variabilidade climática,
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 137-145 dez. 2014
ocorrendo desde zonas com reduzidos volumes
totais de chuva, como no Semiárido (em torno
de 600 a 800 mm ano-1), até zonas com índices
elevados, como na Zona da Mata (> 1.500 mm ano-1)
(Kousky e Chu, 1978). O limite crítico para o
desenvolvimento de P. caribaea var. hondurensis
é de 670 mm ano-1 (menor média de pluviosidade
acumulada em um ano que ocorre na região de
origem deste pinus). O Litoral e o noroeste do
Maranhão são zonas recomendadas para o plantio
onde, na região Nordeste, são os locais em que as
condições climáticas são atendidas (Hastenrath
e Heller, 1977). As zonas recomendadas para o
plantio são semelhantes ao zoneamento feito por
Golfari e Caser (1977).
Na região Centro-Oeste, onde predomina
o Cerrado, ocorre um período seco característico
no inverno, que pode durar mais de quatro meses
e interferir na produtividade do pinus. No entanto,
a temperatura do ar é favorável ao desenvolvimento.
Esta região é considerada marginal, por causa do
balanço hídrico, que dificulta o desenvolvimento,
com a possibilidade da produtividade ser menor
que em outras regiões, mas por ser uma espécie
perene, não o impede, exceto no primeiro ano,
quando podem ser necessárias regas para o
estabelecimento dos plantios, dependendo da época
do plantio.
144
WREGE, M.S. et al. Pinus tropicais para plantios comerciais
A região Norte do país é a que mais se
assemelha à região de origem do pinus tropical,
principalmente em relação ao regime pluviométrico.
Apesar disso, na Amazônia também existem
variações do clima, incluindo o regime de chuvas,
em que podem ocorrer estiagens prejudiciais à
produção agrícola e florestal, sendo que estas
estiagens têm se tornado mais comuns nos últimos
anos (Saatchia et al., 2012). Existem referências
de plantios feitos no passado, em larga escala, na
região do Jarí, Estado do Pará (Golfari et al., 1978).
O zoneamento feito está de acordo com
outros trabalhos realizados anteriormente (Golfari
e Caser, 1977), com muitos pontos em comum,
principalmente no balanço hídrico. As temperaturas
utilizadas são diferentes, mas os resultados similares,
pois, atualmente, conta-se com uma base de dados
climáticos mais ampla, com séries temporais com
mais de 30 anos de registros e o país é coberto por
uma rede de estações meteorológicas com uma
melhor resolução espacial. Neste trabalho, foi
utilizado sistema de informações geográficas, com
o uso de técnicas modernas de geoprocessamento,
empregando-se nos mapeamentos regressões lineares
múltiplas e geoestatística.
As várias procedências de P. caribaea
var. hondurensis comportam-se de forma diferente
conforme o ambiente e algumas se adaptam melhor
que outras em cada região. A escolha da correta
procedência é fundamental para o êxito dos plantios
e deve ser feita de acordo com o clima e os solos
de cada local. Contudo, estudos desse tipo ainda
não foram feitos para essa variedade de Pinus.
Este zoneamento teve como base o estudo
de regiões consideradas ótimas para o plantio
considerando-se o aspecto climático, visando dar
orientações sobre o estabelecimento de plantios
comerciais de P. caribaea var. hondurensis. No
entanto, é importante alertar que o êxito dos plantios
comerciais de pinus não depende somente das
boas condições climáticas, mas também das boas
condições de solos.
4 CONCLUSÕES
Pinus caribaea var. hondurensis pode ser
usado para plantios comerciais em regime de
silvicultura intensiva em pouco mais de 40% do
território brasileiro, incluindo as regiões Nordeste e Sul.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 137-145 dez. 2014
Existem, porém, regiões mais apropriadas que
outras para esse fim. São locais onde não só o
clima é mais quente, com menores riscos de
ocorrência de geada, mas também onde as estiagens
são menos frequentes.
Na região Sul do Brasil, existem zonas
mais propícias para a silvicultura intensiva
com P. caribaea var. hondurensis, sendo que as
zonas marginais, em termos climáticos, que são
caracterizadas por baixadas onde ocorre acúmulo
de ar frio no inverno, os corredores de ventos frios
e os topos de morro que sofrem a ação de ventos
fortes vindos do Sul, devem ser usadas com cautela,
devido aos riscos climáticos. Em um primeiro
momento, tais locais podem ser usados para fins
de experimentação ou no máximo para plantios
concentrados nas faces norte, nordeste ou noroeste
da propriedade.
Como existem diversas procedências,
o sucesso da atividade está muito relacionado à
escolha da procedência mais bem adaptada a cada
local, onde pode ter maior desenvolvimento em
função das características do clima e dos solos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, A.V.; SOUSA, V.A.; SHIMIZU, J.Y.
Sistemas de produção: cultivo do Pinus.
Espécies: Pinus caribaea. Disponível em:
<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/
FontesHTML/Pinus/CultivodoPinus_2ed/index.
htm>. Acesso em: 14 jun. 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES
DE FLORESTAS PLANTADAS – ABRAF.
Anuário estatístico da ABRAF 2013 ano base
2012. Brasília, DF, 2013. 145 p.
CASTRO, F. et al. Zoneamento agroclimático
para espécies do gênero Pinus no estado do
Espírito Santo. Floresta,v. 40, n. 1, p. 235-250,
2010. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/
ojs2/index.php/floresta/article/view/17114/11274>.
Acesso em: 14 maio 2013.
DVORAK, W. et al. Pinus caribaea hondurensis.
In: CONSERVATION and testing of tropical and
subtropical forest tree species by the CAMCORE
Cooperative. Raleigh: College of Natural Resources,
2000. 234 p.
145
WREGE, M.S. et al. Pinus tropicais para plantios comerciais
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Zoneamento
ecológico para plantios florestais no Estado
do Paraná. Brasília, DF: EMBRAPA-DDT;
Curitiba: EMBRAPA-CNPF, 1986. 89 p. (Embrapa,
Documentos 17).
______. Zoneamento ecológico para plantios
florestais no Estado de Santa Catarina. Curitiba:
EMBRAPA-CNPF, 1988. 113 p. (Embrapa,
Documentos 21).
FRITZSONS, E.; MANTOVANI, L.E.; AGUIAR,
A.V. de. Relação entre altitude e temperatura:
uma contribuição ao zoneamento climático no
estado do Paraná. Revista de Estudos Ambientais,
v, 10, n. 1, p. 49-64, 2008. Disponível em: <http://
proxy.furb.br/ojs/index.php/rea/article/view/902>.
Acesso em: 14 maio 2013.
______. et al. Carta de zoneamento de Pinus
caribaea para o estado do Paraná. Colombo:
Embrapa Florestas, 2013. 24 f. (Embrapa Florestas.
Documentos, 254).
GOLFARI, L.; CASER, R.L. Zoneamento ecológico
da região Nordeste para experimentação florestal.
Belo Horizonte: Centro de Pesquisa Florestal da
Região do Cerrado, 1977. 116 p. (PRODEPEF. Série
Técnica, 10).
______.; ______.; MOURA, V.P.G. Zoneamento
ecológico esquemático para reflorestamento no
Brasil (2a aproximação). Belo Horizonte: PRODEPEF,
1978. 66 p. (PRODEPEF. Série Técnica, 11).
GRODZKI, L.; CARAMORI, P.H.; BOOTSMA, A.
Risco de ocorrência de geada no estado do Paraná.
Revista Brasileira de Agrometeorologia, v. 4, n. 1,
p. 93-99, 1996.
HAMADA, E. et al. Cenários climáticos futuros
para o Brasil. In: GHINI, R.; HAMADA, E. (Org.).
Mudanças climáticas: impactos sobre doenças de
plantas no Brasil. Brasília, DF: Embrapa Informação
Tecnológica, 2008. v. 1, p. 25-73.
HASTENRATH, S.; HELLER, L. Dynamics of
climatic hazard in the northeast Brazil. Quarterly
Journal of Royal Meteorological Society, v. 103,
p. 77-92, 1977.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE. Malha municipal digital
do Brasil, 2001. Rio de Janeiro, 2001. 1 CD-ROM.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 137-145 dez. 2014
INTERNATIONAL CENTER FOR RESEARCH
IN AGROFORESTRY – ICRAF. Disponível em:
<http://www.worldagroforestrycentre.org/sea/
Copyright.htm>. Acesso em: 7 maio 2013.
KOUSKY, V.E.; CHU, P.S. Fluctuations in annual
rainfall for Northeast Brazil. Journal of Meteorological
Society of Japan, v. 56, p. 457-465, 1978.
OLIVEIRA, L.T.; PEZZOPANE, J.E.M.; CECÍLIO,
R.A. Potencial impacto das mudanças climáticas no
zoneamento do Pinus no Espírito Santo. Floresta e
Ambiente, v. 18, n. 1, p. 37-49, 2011.
SAATCHIA, S. et al. Persistent effects of a severe
drought on Amazonian forest canopy. Stanford:
Stanford University. Disponível em: <http://www.
yadvindermalhi.org/uploads/1/8/7/6/18767612/
saatchi_pnas-2012-1204651110.pdf>. Acesso em:
2 maio 2014.
SHIMIZU, J.Y.; SEBBENN, A.M. Espécies de
pinus na silvicultura brasileira. In: SHIMIZU, J. Y.
(Ed.). Pinus na silvicultura brasileira. Colombo:
Embrapa Florestas, 2008.
SILVA, J. G.; SENTELHAS, P. C. Diferença entre
temperatura mínima do ar medida no abrigo e
na relva e probabilidade de sua ocorrência em
eventos de geadas no Estado de Santa Catarina.
Revista Brasileira de Agrometeorologia, v. 9,
n. 1, p. 9-15, 2001.
THORNTHWAITE, C.W. An approach toward a
rational classification of climate. Geographical
Review, v. 38, p. 55-94, 1948.
UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY – USGS.
Survey National Mapping Division. Global 30
arc second elevation data. 1999. Disponível em:
<http://edcwww.cr.usgs.gov/landdaac/gtopo30/
gtopo30.html>. Acesso em: 10 julho 2011.
WREGE, M.S. et al. Regiões potenciais para
cultivo da cana-de-açúcar no Paraná, com base na
análise do risco de geadas. Revista Brasileira de
Agrometeorologia, v. 13, n. 1, p. 113-122, 2005.
______. et al. Atlas climático da região Sul do
Brasil: estados do Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. Pelotas: Embrapa Clima Temperado,
2011. v. 1, 332 p.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
http://dx.doi.org/10.4322/rif.2014.011
ISSN impresso 0103-2674/on-line 2178-5031
ASPECTOS AMBIENTAIS DA DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
EM ATERRO SANITÁRIO NA ZONA DE AMORTECIMENTO
DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ASSIS – SP1
ENVIRONMENTAL ASPECTS OF SOLID WASTE DISPOSITION ON LANDFILL
IN BUFFER ZONE OF PROTECTED AREAS OF ASSIS MUNICIPALITY – SP
Regiane Novais LEITE2,3; Solange BONGIOVANNI2
RESUMO − A análise dos aspectos ambientais da disposição de resíduos sólidos em aterro
sanitário na zona de amortecimento das unidades de conservação Floresta Estadual e Estação
Ecológica de Assis permitiu estimar impactos ambientais negativos, que podem afetar
a biodiversidade e recursos naturais destas unidades. Pretendeu-se, através deste trabalho,
alertar, por meio de relatório ambiental, o gestor municipal e os órgãos ambientais existentes em
Assis sobre a situação dessa área, a fim de promover o encerramento das atividades do aterro
e a destinação final correta dos resíduos sólidos gerados no município de Assis. A pesquisa
pautou-se na legislação vigente e pertinente e nos métodos descritos pela literatura sobre
aterramento de resíduos e impactos ambientais. Foram realizadas idas a campo para observação
do cenário. Os aspectos ambientais analisados apresentaram correspondência com impactos
ambientais negativos, os quais exibem potencial de causar ao ambiente: perda da qualidade e
contaminação do solo, deterioração da qualidade das águas subterrâneas, deterioração da qualidade
do ar, perda líquida dos habitats e alteração dos ecossistemas aquáticos e terrestres, e ao meio
antrópico: impacto visual, sobre a saúde humana e socioambiental. Faz-se necessária a adoção de
medidas mitigadoras, como a descontaminação dessa área após o encerramento do aterro,
em prol do reestabelecimento da qualidade dessa paisagem e da minimização dos riscos à saúde pública.
Palavras-chave: Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza; Política Nacional
de Resíduos Sólidos; impactos ambientais.
ABSTRACT − The analysis of the environmental aspects of solid residue disposal in the
landfill in buffer zone at the conservation units State Forest and Assis Ecological Station
allows estimating negative environmental impacts, which may affect biodiversity and natural
resources of these units. The purpose through this work was to alert, by environmental report,
the municipal manager and others environmental agencies of Assis upon the situation of this
area, promote the ending of the landfill and the correct disposal of solid waste generated
in Assis municipality. The research is based on the actual relevant legislation and methods
described in the literature about grounding waste and environmental impacts. Field visits were
made to analyze the scenery. Environmental aspects analyzed, showed correspondence with
negative environmental impacts, which exhibit potential to cause to the environment: loss
of quality and contamination of the soil, deterioration of groundwater quality, deterioration
of air quality, net loss of habitat and change aquatic and terrestrial ecosystem, and to the anthropic
environment: visual impact on human health and socio-environmental. It is necessary to adopt
mitigation instructions, such as decontamination of those areas after the shutdown of the landfill,
in favor to reinstate the quality of this landscape and minimize risks to public health.
Keywords: National System of Nature Conservation; National Policy of Solid Waste;
environmental impacts.
______
1
Recebido para análise em 14.04.14. Aceito para publicação em 18.09.14.
2
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Avenida Dom Antônio, 2100, Parque Universitário, 19806-900
Assis, SP, Brasil.
3
Autor para correspondência: Regiane Novais Leite − [email protected]
148
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
1 INTRODUÇÃO
A revolução industrial é tida como o
marco inicial da crise ambiental, pois é a partir dela
que o desenvolvimento econômico e demográfico
se elevou, permitindo o aumento na produção dos
bens de consumo e, consequentemente, na geração
de resíduos. Ao mesmo tempo em que houve avanço
tecnológico para expansão da produção industrial,
houve também retrocesso ambiental, devido ao uso
indiscriminado de recursos naturais, não se levando
em conta a capacidade suporte do meio, provocando
esgotamento de recursos que são essenciais ao
ambiente ecologicamente equilibrado, promotor da
qualidade de vida em todas as suas formas. Desse
modo, tornou-se “cada vez mais significativa a
ação humana, que ao se apropriar do território e de
seus recursos naturais, causa grandes alterações na
paisagem natural, com um ritmo muito mais intenso
que aquele que normalmente a natureza imprime”
(Ross, 1993, p. 64).
A disposição irregular e mal planejada de
resíduos sólidos sobre o solo, sem o emprego de
técnicas ambientalmente adequadas, pode causar
diversos impactos negativos ao ambiente, tais como,
a contaminação das águas superficiais e subterrâneas
e do solo, a emissão de gases, a exalação de fortes
odores, a proliferação de agentes causadores de
doenças e a presença inadequada de coletores de
materiais reutilizáveis e recicláveis (Neto et al.,
2010). Uma das soluções para este problema é a
deposição de resíduos sólidos em aterros sanitários.
Aterro sanitário é uma das técnicas
de disposição final de resíduos sólidos, onde
padrões aceitáveis quanto aos danos ambientais
e à saúde pública são estabelecidos para sua
operacionalização, consistindo no confinamento de
resíduos sólidos na menor área e no menor volume
possíveis, onde tais resíduos recebem uma camada
de terra periodicamente, de forma a minimizar os
impactos ambientais (Neto et al., 2010).
O tipo de aterro sanitário indicado para
cada município é definido conforme a quantidade de
resíduos gerada por sua população. No município
de Assis, é utilizado o “Aterro Sanitário em Valas”.
O aterramento de resíduos em valas é recomendado
para municípios de pequeno porte, onde a produção
de lixo não ultrapasse 10 (dez) toneladas por dia
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
e deve possuir, basicamente, como infraestrutura
operacional: cobertura diária dos resíduos,
drenagens superficiais, controle de acesso (cerca
de arame, cerca viva e guarita), controle de vetores,
aceiro, limpeza da área, entre outros (Neto et al., 2010).
O aterramento irregular de resíduos sólidos
é uma realidade de diversos municípios brasileiros,
onde a gestão, em sua maioria, envolve apenas a
coleta e a disposição final, sendo os procedimentos
diferenciados (coleta seletiva, reciclagem, compostagem
etc.) inexistentes ou ineficazes (Schalch et al., 2002).
Para o mesmo autor, o gerenciamento inadequado
de resíduos sólidos provoca desperdícios, além
de ser fator importante para a manutenção das
desigualdades sociais, consistindo em ameaça
frequente à saúde pública. Outro ponto abordado é
o agravamento da degradação ambiental ocasionado
pelo gerenciamento inadequado dos resíduos, o que
compromete a qualidade ambiental.
A zona de amortecimento das unidades de
conservação Floresta Estadual e Estação Ecológica
de Assis, com área de 20.483,2876 hectares, tem
como finalidade minimizar os impactos advindos
de sua vizinhança, com o propósito de proteger os
ecossistemas naturais e o manancial de abastecimento
da cidade de Assis (Represa Água do Cervo) localizado
no interior destas unidades. A zona de amortecimento
protege também os fragmentos florestais ali presentes
que são importantes para manter a qualidade da
paisagem, diminuir o isolamento e a descontinuidade
entre as unidades de conservação, permitindo,
assim, a existência de corredores ecológicos entre
estas áreas. A zona de amortecimento abrange ainda
sub-bacias hidrográficas tributárias da Bacia do
Cervo (exceto as localizadas no perímetro urbano
do município) e todas as microbacias hidrográficas
que se delimitam com as unidades, desde os seus
divisores de águas, sendo a conservação destes
corpos d’água de fundamental importância por
servirem de abastecimento ao município de Assis
(Max et al., 2007a; Durigan et al., 2010).
O presente estudo teve como intuito a
análise dos aspectos ambientais da disposição
irregular e mal planejada de resíduos sólidos em
aterro sanitário localizado na zona de amortecimento
da Floresta Estadual e Estação Ecológica de Assis,
que podem lhes causar impactos negativos, afetando
sua biodiversidade e recursos naturais. Pretendeu-se,
através deste trabalho, alertar, por meio de
relatório ambiental, o gestor municipal e os órgãos
149
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
ambientais existentes em Assis sobre a situação desta
área, a fim de promover o encerramento das atividades
do aterro e a destinação final correta dos resíduos
sólidos gerados no município de Assis, buscando
atender a proposta de gestão integrada de resíduos
sólidos da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
pautada nos objetivos: “I – a prevenção e a precaução;
II – o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
III – a visão sistêmica, na gestão dos resíduos
sólidos, que considere as variáveis ambiental,
social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde
pública; IV – o desenvolvimento sustentável;
V – a ecoeficiência, mediante a compatibilização
entre o fornecimento, a preços competitivos, de
bens e serviços qualificados que satisfaçam as
necessidades humanas e tragam qualidade de vida
e a redução do impacto ambiental e do consumo de
recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente
à capacidade de sustentação estimada do planeta;
VI – a cooperação entre as diferentes esferas
do poder público, o setor empresarial e demais
segmentos da sociedade; VII – a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
VIII – o reconhecimento do resíduo sólido
reutilizável e reciclável como um bem econômico e
de valor social, gerador de trabalho e renda e
promotor de cidadania; IX – o respeito às
diversidades locais e regionais; X – o direito da
sociedade à informação e ao controle social;
XI – a razoabilidade e a proporcionalidade”.
(Brasil, 2010).
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Localização da Área
A pesquisa foi realizada no município de
Assis – São Paulo (Figura 1) e teve como área de
análise o aterro sanitário em valas de Assis – Figura 2,
estando este contido na zona de amortecimento da
Floresta Estadual e da Estação Ecológica de Assis.
Figura 1. Localização do município de Assis – São Paulo (Fonte: Bongiovanni, 2008).
Figure 1. Assis municipality location – São Paulo (Source: Bongiovanni, 2008).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
150
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
Figura 2. Aterro sanitário em valas de Assis – SP. Nota-se, na figura, resíduos sólidos produzidos no município de Assis
e que em breve seriam aterrados.
Figure 2. Assis landfill ditches – SP. The figure shows solid waste produced in Assis municipality which were supposed
to be buried soon.
O clima predominante no município de
Assis é o tropical de altitude (Cwa) que, segundo a
Classificação Climática de Köppen, é caracterizado
por chuvas no verão e seca no inverno, com
temperatura média máxima de 25 ºC e média mínima
de 18 ºC. A precipitação anual é de 1.441,5 mm,
tendo o mês mais seco precipitação de 45,8 mm
e o mês mais úmido 214,2 mm de chuva. Assis
está situada a uma altitude média de 560 metros,
em relação ao nível do mar (Centro de Pesquisas
Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura –
CEPAGRI, 2013).
A Estação Experimental de Assis tornou-se
Floresta Estadual de Assis através do Decreto
Estadual nº 47.098, de 18/09/2002 (Max et al.,
2007a). A Estação Ecológica de Assis foi criada
pelo Decreto Estadual nº 35.697, de 21/09/1992
e, posteriormente, ampliada por força do Decreto
nº 47.097, de 18/09/2002 (Durigan et al., 2010).
As unidades de conservação contíguas de Assis
(Figura 3), gestadas pelo Instituto Florestal, órgão
da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, possuem
zona de amortecimento partilhada e representam
uma importante área remanescente de conservação
de Cerrado.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
O aterro sanitário em valas de Assis,
localizado na Estrada Municipal Assis – Lutécia
(ASS-427) – Figura 3, foi implantado por meio
da Licença de Instalação de número 11000811,
de 28 de fevereiro de 2002, e começou a funcionar
através da Licença de Operação de número 1100762,
em 27 de fevereiro de 2003 (Companhia Ambiental
do Estado de São Paulo – CETESB, 2013).
O “Mapa de solos do entorno da
Estação Ecológica de Assis” do Plano para o
Desenvolvimento Sustentável do Entorno da
Estação Ecológica de Assis (Max et al., 2007b),
indica que a unidade pedológica existente na
área do aterro sanitário de Assis é o Latossolo
Vermelho Distrófico Típico, Álico, A moderado,
textura média (A arenoso). O trabalho desse mesmo
autor apresenta, ainda, em “Mapa de hidrografia do
entorno da Estação Ecológica de Assis”, a Água
Bonita (ou Água das Pontinhas) – tributária à
Água das Antas, indicada na Figura 3, como corpo
hídrico que irriga essa região. Não há corpos d’água
superficiais perenes na área do aterro de Assis,
existem apenas lagoas temporárias formadas em
períodos de chuva.
151
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
Figura 3. Mapa da região do aterro sanitário em valas de Assis. Visualiza-se na figura: as unidades de conservação e sua
zona de amortecimento, o aterro sanitário (S 22º33’142 e O 50º24’456) e o corpo hídrico Água Bonita ou das Pontinhas
(Fonte: Max et al., 2007b – adaptado por Gustavo Reis de Brito, 2014).
Figure 3. Map of Assis landfill ditches region. The figure indicates: conservation areas and its buffer zone, the landfill
(S 22º33’142 and W 50º24’456) and the water body Água Bonita or Pontinhas (Source: Max et al., 2007b – adapted by
Gustavo Reis de Brito, 2014).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
152
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
2.2 Metodologia Aplicada
A pesquisa teve como base a legislação
pertinente e vigente, Lei nº 9.985/00, que criou o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(Brasil, 2000), e Lei nº 12.305/10, que instituiu
a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Brasil,
2010), e para a análise foi utilizada uma Matriz
de Identificação, por se tratar de uma ferramenta
de uso comum e simples em estudos ambientais,
objetivando identificar as prováveis interações entre
os componentes da atividade e os elementos do meio,
sendo esta metodologia indicada por Sánchez (2008).
De forma adaptada, foi empregada a
“Matriz de identificação de aspectos e impactos
ambientais” de Sánchez e Hacking (2002), em que
aspectos ambientais do aterramento de resíduos
sólidos foram correlacionados com impactos
ambientais desta atividade (Quadro 1). Foram
realizadas inspeções de campo para o preenchimento
de uma lista de verificação (“Checklist”), a qual foi
transposta para a matriz de identificação em questão.
Quadro 1. Matriz de identificação de aspectos e impactos ambientais para aterro sanitário em valas.
Table 1. Matrix identification of environmental aspects and impacts to landfill ditches.
Fonte: Sánchez e Hacking, 2002 – adaptado.
Source: Sánchez & Hacking, 2002 – adapted.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
153
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O emprego da “Matriz de identificação
de aspectos e impactos ambientais para aterro
sanitário em valas” teve como intuito correlacionar
os aspectos ambientais do aterramento de resíduos
sólidos com os impactos desta atividade. Desse
modo, aspectos ambientais sobre a disposição de
resíduos sobre o solo na zona de amortecimento
das unidades de conservação de Assis permitiram
estimar os impactos ambientais desta operação.
Conforme a matriz de identificação,
os aspectos ambientais sobre o “uso do solo” são
correspondentes à alteração do ambiente natural
da zona de amortecimento para a implantação
do aterro sanitário em valas de Assis, causando:
degradação do solo, perda da vegetação e restrições
de uso como aspectos “significativos”, e alteração
da topografia como aspecto “pouco significativo”.
Os aspectos ambientais sobre o uso do solo,
exceto alteração da topografia, apresentaram
correlação com impactos ambientais de
nível “muito importante”, em face ao
potencial de alterarem a qualidade ambiental.
A deposição de resíduos sólidos em valas, sem
mantas de polietileno de alta de densidade – PEAD,
como é o caso do aterro de Assis, permite o contato
direto entre o líquido percolado (chorume) e o
solo, tornando-o inviável para a agropecuária ou
para demais atividades que apresentem utilização
intensa do solo, já que há perda de sua qualidade.
Para a instalação do aterro de Assis, a vegetação
original desta área foi retirada, deixando o solo
exposto e desprotegido, extinguindo abrigos e
refúgios da vida silvestre, causando a perda líquida
de habitats e impacto visual, formando um descontínuo
entre o ambiente natural e o antrópico. A alteração
da topografia não foi significativa, pois as valas são
totalmente preenchidas com resíduos e terra, não
havendo elevação ou decaimento topográfico
significativo por longo tempo, embora nas duas
primeiras inspeções de campo tenham sido observados
morros de resíduos aguardando o aterramento, esta
situação não foi vista nas demais vistorias. Em maio
de 2013, uma nova vala foi aberta (Figura 4) e,
aparentemente, esta vala recebeu uma camada de
solo argiloso, o que dificulta a infiltração de chorume,
mas ainda assim o aterro opera em inconformidade.
Figura 4. Nova vala no aterro sanitário de Assis – SP, instalada em maio de 2013. Observa-se, na figura, uma camada de
solo argiloso sobre a base da vala.
Figure 4. New ditch in Assis landfill – SP, installed in May 2013. It can be observed by the figure that there is a layer of
clay soil on the base of the ditch.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
154
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
O aspecto ambiental “emissões hídricas”
corresponde à formação de chorume (líquido escuro,
ácido e de odor desagradável, resultante de atividade
enzimática extracelular de bactérias anaeróbicas
para a decomposição de resíduos sólidos),
caracterizado como uma fonte poluidora pontual
que percola e atinge as águas subterrâneas,
classificando-se como aspecto ambiental “significativo”.
Em períodos de chuva, infiltrações de água nos
depósitos em aterros são facilitadas, carreando
consigo substâncias inorgânicas, como carbonatos,
sulfatos, nitratos e cloretos. Há também infiltração
de íons magnésio, sódio, potássio, cálcio e amônio,
e de íons de metais pesados (Schalch et al., 2002).
A demanda bioquímica de oxigênio – DBO
em águas que sofrem infiltração oriunda de depósitos
de aterros sanitários varia conforme o tempo de
deposição da matéria orgânica. Depósitos mais
antigos apresentam variação de 200 a 2.000 mg/L
e os depósitos mais recentes possuem valores
superiores a 20.000 mg/L. A contaminação destas
águas está relacionada com a profundidade e
direção do lençol freático, a força de adsorção e
a capacidade de autodepuração do solo onde há
percolação do chorume, tendo a natureza do solo
influência direta sobre a velocidade de escoamento
das águas infiltradas. Essas características são
de grande importância e resultam em infiltrações
que podem comprometer as águas subterrâneas
imediatamente ou após alguns decênios, sendo a
capacidade de autodepuração do solo direcionadora
desse processo (Schalch et al., 2002).
Desse modo, a deposição de resíduos
no solo arenoso do aterro de Assis facilita a
infiltração de chorume da decomposição destes
resíduos, podendo levar à contaminação das águas
subterrâneas que apresentam ligação com sub-bacias
que abastecem a Represa Água do Cervo,
manancial de abastecimento da cidade de Assis.
A deterioração da qualidade das águas subterrâneas,
a alteração dos ecossistemas aquáticos e o impacto
sobre a saúde humana são considerados como
impactos de nível “muito importante” pelo passivo
ambiental à saúde pública e aos ecossistemas
aquáticos, em especial por ser um risco à Represa
Água do Cervo.
O
aspecto
ambiental
“emissões
atmosféricas” está condicionado à decomposição
da matéria orgânica e à falta de revolvimento
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
dos resíduos dispostos no solo, que acelera o
consumo de oxigênio por bactérias aeróbicas,
tornando baixa a disponibilidade de oxigênio
e facilitando a ação de bactérias anaeróbicas
que, através de seu metabolismo, liberam gases,
como metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2),
emitidos em grandes quantidades, além da liberação
de outros gases (Schalch et al., 2002).
A decomposição da matéria orgânica em
aterros é dividida em duas fases (Filho e Mahler,
2005): Acidogênica – corresponde à formação
de ácidos, tais como, o ácido acético e o ácido
propiônico, que são hidrolisados e produzem ácidos
graxos, açúcares simples, aminoácidos e outros
compostos orgânicos de baixo peso molecular que
são empregados na fase seguinte; Metanogênica –
diz respeito à síntese de metano e de dióxido de
carbono a partir de ácidos formados na fase anterior,
através da atuação de microrganismos específicos,
como fungos e bactérias. Durante esse processo,
outros gases, como o sulfeto de hidrogênio (H2S),
o nitrogênio (N2) e o hidrogênio (H2) são formados.
Há também a queima dos resíduos devido à
propriedade de combustão de alguns materiais,
liberando fumaças com altos teores de dióxido
de carbono.
Gases
liberados
por
meio
de
decomposição da matéria orgânica e por queima
de resíduos sólidos são poluentes e contribuem
para o agravamento do efeito estufa, em especial o
metano, que apresenta 21 vezes maior capacidade
de causar danos ao ambiente, quando comparado
ao dióxido de carbono. A dimensão da área atingida
por esse aspecto ambiental é imensurável, por se
tratar de meio atmosférico, podendo atingir grandes
áreas, classificando-se como “significativo”. Desse
modo, a deterioração da qualidade do ar é um
impacto de nível “muito importante” por conta da
sua magnitude.
O aspecto ambiental “emissões para
o solo” relaciona-se com a decomposição da
matéria orgânica, sendo ela um dos constituintes
do chorume e de grande importância para a
complexação e o transporte de metais pesados, além
da retenção de alguns contaminantes orgânicos.
A matéria orgânica natural do solo altera a
quantidade de matéria orgânica presente no
chorume que fica em solução no solo, alterando, por
consequência, os teores de matéria orgânica nas águas.
155
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
A matéria orgânica contida no solo apresenta-se,
em maior proporção, no horizonte superficial,
de modo que infiltrações de chorume tendem a
alterar a quantidade de matéria orgânica nos
horizontes mais profundos, sendo um indício da
transição da pluma de contaminação para determinadas
profundidades (Leite et al., 2004).
As infiltrações no solo são consideradas
como aspecto ambiental “significativo” porque
o chorume altera suas propriedades físicas,
químicas e biológicas, fazendo com que haja
perda de suas características, representando um
risco ambiental aos ecossistemas terrestres. Sendo
assim, a contaminação do solo e a alteração dos
ecossistemas terrestres são impactos classificados
como “muito importante”, devido ao dano que
causam ao ambiente
O aspecto ambiental “atração de animais”,
classificado como “significativo”, ocorre pela oferta
de alimento, ocasionada por falta de recobrimento
com terra dos resíduos depositados no solo, atraindo
aves (urubus, em sua maioria) e vetores, tais como,
moscas, mosquitos, ratos, baratas, e outros animais
das unidades de conservação e da região de entorno.
A proximidade com as unidades de
conservação, em especial com a Estação Ecológica
de Assis, e com os corredores ecológicos que ligam
as unidades à zona de amortecimento, possibilita
a atração de diversos animais, aves, em sua
maioria. Foram avistados urubus, Figura 5, que são
comuns em locais onde há matéria orgânica em
decomposição. Ressalta-se, ainda, a possibilidade
de migração dos animais que vivem no aterro para
às unidades de conservação e vice-versa.
As modificações do ambiente natural para
o aterramento de resíduos alteraram a qualidade
da paisagem, permitindo a propagação de vetores
e de microrganismos patogênicos que apresentam
potencial de afetar a saúde da população rural
vizinha, já que o aterro pode ser uma área para o
desenvolvimento de epidemias. A atividade de
aterramento de resíduos causa impactos de nível
“muito importante”, como os impactos sobre
a saúde humana, pois atrai vetores de diversas
doenças. A atração de aves e vetores pode ainda
causar desequilíbrios ecológicos tanto na área do
aterro quanto às unidades de conservação, já que
há possibilidade de migrações.
Figura 5. Urubus no aterro sanitário em valas de Assis – SP. Esta atração de aves deve-se à matéria orgânica em
decomposição e à falta de recobrimento dos resíduos com terra.
Figure 5. Vultures in Assis landfill ditches – SP. Birds are attracted due to decaying organic matter and lack of covering
waste with earth.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
156
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
O aspecto ambiental “atividades humanas”,
classificado como “significativo”, corresponde à
alteração cênica, ao risco à saúde e à presença de
catadores. Tais aspectos ocorrem pela utilização
dessa área para o aterramento de resíduos, onde
o cenário natural foi transformado (antropizado)
e tornou-se um local para o desenvolvimento de
um trabalho informal – a catação de materiais
reutilizáveis e recicláveis – por não ter vínculo com
a Prefeitura, cooperativas e afins.
A alteração cênica é pronunciada nessa
região, formando um descontínuo com o ambiente
natural da zona de amortecimento e das unidades
de conservação. A falta de controle do acesso
ao aterro, principalmente sobre a entrada e
permanência de pessoas que não são funcionários,
é o principal fator que permite o desenvolvimento
da catação de resíduos. Verificou-se essa situação
em ida ao aterro, onde foi possível observar
que os catadores revolviam o lixo sem o uso
de equipamentos de proteção individual – EPI,
como luvas de raspa de couro, botinas, bonés ou
demais trajes e acessórios que conferem proteção
física, consistindo em risco à saúde. Esses
catadores estavam lá de maneira ilegal, já que
a entrada de pessoas não autorizadas é proibida
(expressa em placa de aviso na entrada do aterro),
porém não havia guarda ou qualquer outro
funcionário na guarita. Essa condição de ocupação
está relacionada à baixa renda e à baixa oferta
de empregos.
O aterro sanitário em valas de Assis
e a presença de catadores caracterizam-se
como impactos de nível “muito importante”. O
primeiro relaciona-se com o impacto visual, pois
houve alteração do cenário, e o segundo está
vinculado aos impactos sobre a saúde humana
e socioambiental, em que catadores trabalham
em condições precárias, expostos às doenças e
demais mazelas.
O Plano Diretor do Município de Assis,
instituído pela Lei Complementar nº 10, de 10 de
outubro de 2006, apresenta como metas, em seu Art.
23, inciso XI: “promover a instalação de novo Aterro
Sanitário Municipal, somente, quando restarem
esgotadas todas as possibilidades de utilização do
atual Aterro, em local fora da Zona de Amortecimento
da Estação Ecológica de Assis.” e inciso XII:
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
“planejar a localização de novo Aterro Sanitário
Municipal de modo a não comprometer a integridade
de recursos naturais, as bacias e mananciais de
abastecimento público de água, as reservas e as
áreas florestais, as áreas de proteção ambiental e
as de preservação permanente.”, e em seu Art. 65,
§ 2º: “O atual Aterro Sanitário Municipal,
localizado no interior da Zona de Amortecimento da
Estação Ecológica de Assis, terá seu funcionamento
encerrado assim que se esgotarem as possibilidades
de sua utilização, implementando, assim, processo
de recuperação ambiental.” (Assis, 2006).
Os problemas ambientais ocorridos na
zona de amortecimento das unidades de conservação
de Assis são reflexos da ineficiência na delimitação
e proteção das áreas de interesse ambiental.
A implantação de um novo aterro sanitário em
outro local não é possível, visto que não há
áreas livres no município de Assis, restando
apenas as que se limitam com o aeroporto e que
não poderiam ser utilizadas por conta da atração
de aves que um aterro sanitário causa, afetando o
tráfego aéreo e provocando acidentes à avifauna,
de modo que a Lei nº 12.725/12 define como
área de segurança aeroportuária um raio de 20 km
a partir do centro geométrico da maior pista do
aeródromo (Brasil, 2012).
Max et al. (2007a), no Plano de Manejo da
Floresta Estadual de Assis, e Durigan et al. (2010),
no Plano de Manejo da Estação Ecológica de
Assis, apresentam o aterro sanitário da Prefeitura
Municipal de Assis como uma fonte de riscos para
o equilíbrio do ecossistema destas unidades de
conservação, devido à proximidade em que ele se
encontra destas áreas.
Max et al. (2007b) indicam que, no Plano
para o Desenvolvimento Sustentável do Entorno
da Estação Ecológica de Assis, a população faz
revindicações quanto à fiscalização dos problemas
ambientais nas áreas das unidades de conservação
(incluindo a sua zona de amortecimento). Entre
essas cobranças, o controle e fiscalização do
aterro sanitário foi um dos pedidos, ressaltando
o dano que esta atividade pode causar. Ainda
nesse Plano, foi tratado que o aterro sanitário
apresenta potencial de gerar problemas à
área de expansão da Estação Ecológica de
Assis, limitando o crescimento desta unidade,
157
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
sendo este fator condicionado à forma de manejo
e extensão do aterro. Discorre também, sobre
o aterro ser um risco à qualidade da água que
abastece diversas propriedades a jusante.
Vitalli (2007) aponta que o aterro
sanitário de Assis teve como motivo de criação
o recebimento do material excedente da Usina
de Compostagem de Assis, sendo destinados a
este aterro todos os resíduos coletados no município
de Assis, não operando, então, de acordo com
as normas e regulamentos impostos para
legalização desta atividade. A autora destaca,
ainda, a quantidade de resíduos (cerca de
60 (sessenta) toneladas por dia) acima do limite
permitido que é destinada ao aterro e a falta
de infraestrutura operacional.
A Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo – CETESB renovou a Licença de
Operação do aterro sanitário de Assis sob o
número 59000508 para a atividade: Aterro
Sanitário para Rejeitos da Usina de Compostagem
de Assis, na data de 01 de fevereiro de 2012,
com vencimento previsto para 01 de fevereiro
de 2013. Foi solicitada Licença Prévia e esta não
foi cedida, estando arquivada desde 18 de julho
de 2012 (CETESB, 2013).
O aterro continua operando, apesar da
licença ambiental vencida, e recebendo resíduos
que não são compatíveis aos resíduos que deveria
receber (rejeitos da Usina de Compostagem) e
em quantidades que extrapolam a capacidade
indicada para o aterramento em valas, além de
apresentar infraestrutura precária. Por esses
motivos, o aterro sanitário de Assis obteve
pontuação de 4,5, enquadrando-se como I
(Condições Inadequadas) no Inventário Estadual
de Resíduos Sólidos 2013 (publicação mais recente
deste relatório), no qual consta também que o
aterro não possui as Licenças de Instalação e
de Operação e que está cumprindo Termo de
Ajustamento de Conduta – TAC (Iwai et al.,
2014). Este fato pode ser considerado um avanço
na fiscalização ambiental, visto que no Inventário
Estadual de Resíduos Sólidos 2012 o aterro
de Assis se enquadrava como A (Condições
Adequadas), obtinha pontuação de 7,2 e
possuía tais licenças para sua operação (Iwai et
al., 2013).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
4 CONCLUSÕES
Através
dos
aspectos
ambientais
analisados para estimação de impactos ambientais,
foi possível inferir que a operação de um aterro
sanitário na zona de amortecimento das unidades
de conservação de Assis representa riscos de
impactos ambientais negativos à biodiversidade
e aos recursos naturais destas unidades (e de sua
zona de amortecimento), em especial ao
abastecimento de água para propriedades rurais
a jusante e à Represa Água do Cervo. Como
instituído pelo Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (Lei no 9.985/00), operações desse
tipo não são permitidas em zona de amortecimento,
mas mesmo assim o aterro foi implantado,
sendo que essa Lei Federal já estava em vigor.
As atividades potencialmente impactantes constam
nos Planos de Manejo das duas unidades, pois esta
é uma responsabilidade de suas gestões, mas elas
por si só não têm força para promover o encerramento
do aterro.
Faz-se necessário o encerramento desse
aterro, visto que seu prazo para finalização de
atividades está vencido, bem como a mitigação dos
impactos ambientais causados na área do aterro
e possivelmente às unidades de conservação,
de modo a atender uma das exigências, a de
descontaminação de áreas impactadas por deposição
de resíduos sólidos, da Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei no 12.305/10). Dessa maneira,
procura-se reestabelecer a qualidade da paisagem
e prover o devido funcionamento da zona de
amortecimento, protegendo a Floresta Estadual
e Estação Ecológica de Assis e minimizando os
riscos à saúde da população local.
Para que esse cenário seja alterado,
devem-se modificar os processos produtivos e
incentivar a mudança ambiental nos hábitos de
consumo, por meio de Educação Ambiental e
estímulos fiscais, visando minimizar a quantidade
de resíduos sólidos gerada, além da implantação de
uma gestão integrada destes resíduos, priorizando
os procedimentos diferenciados, como coleta
seletiva, reciclagem e compostagem, de modo
que seja destinado ao aterro apenas o rejeito
(resíduos que não apresentam possibilidade de
reutilização
e/ou
reciclagem/compostagem),
promovendo o menor uso dos recursos naturais e
a geração de empregos para cooperativas e afins.
158
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
A gestão de resíduos sólidos é um desafio à
sociedade moderna, mas é extremamente necessária
para a manutenção de um ambiente sadio, promotor
da qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS. Lei Complementar nº 10, de 10 de outubro
de 2006. Disponível em: <http://www.assis.sp.leg.
br/leis/codigos-e-estatutos/lc%20010-06.pdf>.
Acesso em: 26 jun. 2013.
BONGIOVANNI, S. Caracterização geológica do
município de Assis: a importância do estudo das
coberturas cenozóicas. 2008. 218 f. Tese (Doutorado
em Geologia Regional) – Instituto de Geociências
e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista,
Rio Claro.
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000.
Institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm>. Acesso em: 17
nov. 2012.
______. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Disponível
em:
<http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>.
Acesso em: 15 abr. 2013.
DURIGAN, G. et al. Plano de manejo da Estação
Ecológica de Assis. Assis: Instituto Florestal, 2010.
171 p.
FILHO, L.F.B.; MAHLER, C.F. Estudo de gases
em aterros de resíduos sólidos urbanos. 2005.
218 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Civil) – Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro.
IWAI, C.K. et al. Inventário estadual de resíduos
sólidos urbanos 2012. São Paulo: Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB,
2013. p. 96.
______. et al. Inventário estadual de resíduos
sólidos urbanos 2013. São Paulo: Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB,
2014. p. 100.
LEITE, C.M.B.; BERNARDES, R.S.; OLIVEIRA, A.
Método Walkley-Black na determinação da
matéria orgânica em solos contaminados por
chorume. Revista de Engenharia Agrícola e
Ambiental, v. 8, n. 1, p. 111-115, 2004.
MAX, J.C.M. et al. Plano de manejo da Floresta
Estadual de Assis. IF Série Registros, n. 30,
p. 1-80, 2007a.
MAX, J.C.M. et al. Plano para o desenvolvimento
sustentável do entorno da Estação Ecológica de
Assis. IF Série Registros, n. 32, p. 1-48, 2007b.
______. Lei nº 12.725, de 16 de outubro de 2012.
Disponível
em:
<http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12725.htm>.
Acesso em: 15 out. 2013.
NETO, A.S. et al. Manual de operação de aterro
sanitário em valas. São Paulo: Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB,
2010. 24 p.
CENTRO DE PESQUISAS METEOROLÓGICAS
E CLIMÁTICAS APLICADAS À AGRICULTURA –
CEPAGRI. Clima dos municípios paulistas.
Disponível em: <http://www.cpa.unicamp.br/
outras-informacoes/clima-dos-municipiospaulistas.html>. Acesso em: 21 jul. 2013.
ROSS, J.L.S. Análise empírica da fragilidade dos
ambientes naturais e antropizados. Revista do
Departamento de Geografia da FFLCH/USP,
n. 8, p. 1-13, 1993.
COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE
SÃO PAULO – CETESB. Licenciamento ambiental.
Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/
licenciamento/licenciamento-ambiental/1-paginainicial>. Acesso em: 22 jun. 2013.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
SÁNCHEZ, L.H. Avaliação de impacto ambiental:
conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos,
2008. 595 p.
______.; HACKING, T. An approach to linking
environmental impact assessment and environmental
management systems. Impact Assessment and
Project Appraisal, v. 20, n. 1, p. 25-38, 2002.
159
LEITE, R.N.; BONGIOVANNI, S. Aterro sanitário em zona de amortecimento
SCHALCH, V. et al. Gestão e gerenciamento de
resíduos sólidos. São Carlos: Universidade de
São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos:
Departamento de Hidráulica e Saneamento, 2002.
97 p.
VITALLI, P.D.L. Análise dos aspectos
jurídicos correlatos à zona de amortecimento
de unidades de conservação: estudo de caso
da Estação Ecológica de Assis (SP), 2007.
148 f. Dissertação (Mestrado em Ciências
da Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo,
São Carlos.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 147-159 dez. 2014
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 161-167 dez. 2014
http://dx.doi.org/10.4322/rif.2014.012
ISSN impresso 0103-2674/on-line 2178-5031
VARIAÇÃO GENÉTICA PARA OS TEORES DOS MACRO E MICRONUTRIENTES
APÓS APLICAÇÃO DE 2,4-D EM PROGÊNIES DE Eucalyptus grandis1
GENETIC VARIATION IN THE LEVELS OF MACRO AND MICRONUTRIENTS
AFTER 2,4-D APPLICATION ON Eucalyptus grandis PROGENIES
Alexandre Martins FRAGOSO2,5; Edson Seizo MORI3;
Mario Luiz Teixeira de MORAES4
RESUMO ‒ O Brasil triplicou sua produção florestal de eucalipto desde 1970, alcançando
médias de 45 m3.ha-1.ano-1. Muitos avanços técnicos contribuíram para essa produtividade,
entre eles a utilização de herbicidas para o controle de plantas daninhas. O produto 2,4-D
destaca-se como herbicida seletivo às dicotiledôneas utilizado nas grandes culturas, entre elas
está a cultura do eucalipto. O 2,4-D também pode ser usado como regulador vegetal, auxina
(Ax), em subdosagem, podendo gerar incrementos nutricionais e auxiliar no desenvolvimento
morfológico do vegetal após testes preliminares para obtenção de dosagem ideal, que
no presente trabalho foi de 3,75 µL L-1. Assim, o trabalho teve como objetivos avaliar a
aplicação de auxina em um teste de progênies de Eucalyptus grandis, na fase de mudas, para
estimar os parâmetros genéticos das variações dos elementos minerais nas plantas, com base
no procedimento REML/BLUP. O delineamento foi em blocos casualizados com 20 progênies
em três repetições, 16 plantas por parcela, totalizando 960 plantas. Como fatores norteadores,
após 15 dias da aplicação do produto, foram avaliados os macro e micronutrientes (N, P, K,
Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn) nos tecidos vegetais da parte aérea. Como resultado, verificou-se
que o 2,4-D age como auxina, quando aplicada em subdosagem (3,75 µL L-1), promovendo
o desenvolvimento das mudas de E. grandis e permite a expressão da variação genética,
sendo que o CVg variou de 1,22% (S) a 13,51% (Ca). Apenas os teores de N (43,05%),
Fe (56,545%) e Cu (58,37%) apresentaram acurácias inferiores a 70%. Os maiores coeficientes
de variação relativa foram para os teores de Ca (2,0) em relação à escolha de uma variável
para a seleção com base nos macronutrientes e Mn (1,16) no caso dos micronutrientes.
Palavras-chave: auxina; metabolismo; nutrição mineral; parâmetros genéticos.
ABSTRACT – The forest tree production in Brazil was three times greater than through 70’s
decade, reaching the wood volume averages by 45 m3.ha-1.year-1. Many technological advances
have contributed for that productivity, such as the use of herbicides for weed control, thus
avoiding much of the weed competition and better development of plants as the lighting and
nutrient assimilation. The 2,4-D product stands out as selective herbicide for broadleaved
used in major crops, among them is the cultivation of eucalyptus. The 2,4-D may also be used
as plant growth regulator as a synthetic auxin (Ax) and can generate nutritional helper increases
and the morphological plant development after preliminary testing to obtain optimal dosage.
______
1
Recebido para análise em 14.04.14. Aceito para publicação em 13.10.14.
2
Faculdade de Ciências Agronômicas – FCA/UNESP, Fazenda Lageado, Portaria I, Rua José Barbosa de Barros, nº 1780, Rodovia Alcides Soares, Km 3,
18610-307 Botucatu, SP, Brasil. Bolsista CAPES.
3
Faculdade de Ciências Agronômicas – FCA/UNESP, Departamento de Produção e Melhoramento Vegetal, Campus de Botucatu, Fazenda Experimental Lageado,
Rua José Barbosa de Barros, 1780, Caixa Postal 237, 18610-307 Botucatu, SP, Brasil. [email protected].
4
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia, Rua Monção, nº 226, Zona Norte, 15385-000
Ilha Solteira, SP, Brasil. [email protected].
5
Autor para correspondência: Alexandre Martins Fragoso – [email protected]
162
FRAGOSO, A.M.; MORI, E.S.; MORAES, M.L.T. de. Uso de 2,4-D como regulador de crescimento
This study aimed to evaluate the influence and interactions between obtaining optimal
doses of 2,4-D product as plant growth regulator through the Eucalyptus grandis progeny
trial to estimate quantitative genetic parameters. We used statistical design of randomized
blocks with 20 progenies, and three replications with 16 plants, totaling 960 plants by the
trial. The quantitative genetic parameters were obtained by SELEGEN software using
REML/BLUP statistical procedure. As guiding factors after 15 days of application of
2,4-D doses, we have evaluated macro and micronutrients (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe,
Mn, and Zn) in aerial part of plant tissues. As a result it was found that 2,4-D in sub-dosage
(3.75 µL.L-1) promoted the development of E. grandis and allows the expression of genetic
variation, the CVg ranged from 1.22% (S) to 13.51% (Ca). Only the N levels (43.05%),
Fe (56.545%) and Cu (58.37%) showed lower accuracies below 70%. The highest coefficients
of relative variation were related for Ca (2.0) as selection factor for selection based on
macronutrients and Mn (1.16) on micronutrients.
Keywords: auxin; genetic parameters; metabolism; mineral nutrition.
1 INTRODUÇÃO
Com o desenvolvimento agrícola, os
insumos vêm sendo utilizados em larga escala,
onde os avanços nas áreas técnicas da cadeia
agrícola vêm diminuindo as perdas e maximizando
os ganhos, principalmente aqueles relacionados
à produtividade e uso de novas tecnologias.
Produtividade esta que, alcançada pelas grandes
culturas, entre elas a do eucalipto, torna necessário
o uso racional dos produtos, entre eles os
fitossanitários, como os herbicidas.
Para a incorporação de novas tecnologias
no âmbito florestal, as mesmas devem ser
comprovadas por meio de experimentos como
os testes de progênies, nos quais são avaliados as
características de interesse e as demais relacionadas
ao processo produtivo, pois quanto maiores forem
os ganhos na espécie a ser melhorada, melhor
serão as condições de adaptabilidade ao local de
plantio e maior será a resistência a fatores não
controlados, generalizados nas características de
sobrevivência do vegetal ao estresse. Estresse
caracterizado pela severidade, duração, tempo
de exposição e combinação deles, nos quais os
tecidos, genótipos e estádio de desenvolvimento
do vegetal irão determinar a resposta e o resultado,
ou seja, se haverá a tolerância (sobrevivência) ou
suscetibilidade (morte) do vegetal (Fragoso, 2014).
O 2,4-D vem sendo utilizado desde a
guerra do Vietnã como agente desfolhante, bem
como o ácido 2,4,5-triclorofenoxiacético (2,4,5-T)
e o pentaclorofenol (PCF), para formação do até
então denominado “agente laranja” (Taiz, 2013).
Atualmente, o produto DMA é um herbicida
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 161-167 dez. 2014
sistêmico e seletivo para a cultura da cana-de-açúcar,
cereais, pomares e no controle florestal. Deve
ser aplicado em pós-emergência, controlando
seletivamente as plantas de folhas largas,
as plantas dicotiledôneas. Sua aplicação dá-se
em função do estádio fenológico da cultura,
seguindo as recomendações do boletim técnico
Down Agrosciences para as respectivas culturas.
Os estudos com relação à molécula, caracterizada
como regulador vegetal auxina, baseiam-se nos
estudos deletérios de derivas artificiais, que têm
causado modificações em culturas agrícolas
comestíveis, deixando efeitos residuais no solo
(Hemphill e Montgomery, 1981; Wall, 1996;
Constantin et al., 2007; Reis et al., 2008; Nascimento
e Yamashita, 2009).
A metodologia de utilização de 2,4-D
como regulador para culturas anuais e perenes,
destacando-se que o ponto de epinastia é aquele
no qual se dividem as demais doses decrescentes
gradativas para obtenção de dose ideal, indicando
que a dosagem de plantas perenes é relativamente
dez vezes maior que as anuais para o produto 2,4-D
(Fragoso et al., 2012a). Os ganhos significativos
para a área foliar e matéria seca em E. grandis, nas
quais a dosagem de 2,5 mg.i.a.L-1 foi a significativa,
indicam alterações na fotossíntese e demais
alterações no metabolismo do vegetal (Fragoso et
al., 2012b). Assim, observações em E. grandis com
medições na altura e diâmetro apresentaram outro
efeito, o de alongamento celular, pois na dosagem
de 0,625 mg.i.a.L-1 ganhos na altura e diâmetro
foram observados, indicando que alterações
endógenas nos níveis de auxina são alteradas com
a aplicação do produto (Fragoso et al., 2012c).
163
FRAGOSO, A.M.; MORI, E.S.; MORAES, M.L.T. de. Uso de 2,4-D como regulador de crescimento
Desse modo, a importância nutricional da interação
com o produto, no qual os elementos fósforo e
enxofre apresentaram diferenças significativas na
dosagem de 3,75 μL.L-1, indicam a participação
dos elementos na fotossíntese, como ATP e
cofatores enzimáticos, respectivamente (Fragoso
et al., 2013). Assim, fica evidente que o vegetal
sob condição de estresse pode alterar seu
metabolismo, tendo em vista sua sobrevivência ou
devido a um ganho por processos biológicos da
interação como abertura estomática, fotossíntese e
elongação celular.
O teste de progênies tem como finalidade,
relacionada a valores reprodutivos, estimar
parâmetros genéticos, sendo todos os indivíduos
avaliados com características de sua morfologia
como altura, diâmetro e volume (Moraes, 2001).
A especificidade relacionada ao tipo de polinização,
torna o teste gradativo de dificuldade, facilitando ou
não, a seleção recorrente dos indivíduos (Daniels,
1984), sendo que a avaliação da capacidade produtiva
permite a extrapolação dos resultados até então
obtidos, possibilitando novas características na
população a ser melhorada e obtenção de indivíduos
superiores para produção, ou com alto valor genético,
para conservação.
A capacidade de identificação de
genótipos superiores sob um programa de seleção,
torna possível a obtenção de populações melhoradas
(Kageyama, 1980). As estratégias de melhoramento
baseiam-se nas estimativas de parâmetros genéticos
e predição de ganhos, pois as mesmas geram
informações sobre o potencial genético do indivíduo,
progênies e clones, para a obtenção de um novo
ciclo de seleção (Resende, 1991; Fernandes et
al., 2004).
O presente estudo teve como hipótese se
a utilização de subdosagens de 2,4-D em mudas
de Eucalyptus grandis teria efeito na translocação
de nutrientes à parte aérea (Schoroder et al., 1983;
Reis et al., 2008), onde ocorreria uma melhor
translocação de produtos sistêmicos, aumentando
a sua eficiência, possibilitando subadubações,
sistêmicas e racionais, além de incrementos
produtivos por aumento da taxa fotossintética por
alteração do metabolismo. Desse modo, as mudas
teriam maior estímulo de crescimento em função da
interação com o produto e resposta a sobrevivência,
por parte do vegetal, ao estresse imposto.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 161-167 dez. 2014
Assim, o comportamento do 2,4-D, como uma
auxina, é um evento fisiológico, mas a presença
dos teores dos macro e micronutrientes é de
origem genética e a estimativa desta variação é
significativa para o desenvolvimento da planta em
diferentes ambientes.
Na falta de trabalhos sobre a utilização
do herbicida 2,4-D como regulador, utilizando a
cultura do Eucalyptus grandis como cultura pioneira
de estudo e sua interação nos níveis nutricionais
(N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn) de
tecidos vegetais da parte aérea, surgiu a proposta
do presente trabalho, que teve por objetivo avaliar
a variação genética dos teores dos macros e
micronutrientes após a aplicação de subdosagens
de 2,4-D em progênies de E. grandis na fase final
de mudas.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Fazenda
Experimental Lageado, pertencente à Faculdade
de Ciências Agronômicas – FCA, da Universidade
Estadual Paulista – UNESP. A FCA localiza-se
na região centro-sul do Estado de São Paulo,
cujas coordenadas são 22º51’03’’ de latitude Sul
e 48º25’37’’ de longitude Oeste, com altitude de
804 m. Segundo a classificação Köppen, o clima é do
tipo Cfa – moderado chuvoso, sendo a temperatura
média do ar de 22,8 ºC no mês mais quente, e de
16,7 ºC no mês mais frio, com média anual de
20,6 ºC (Cunha e Martins, 2009).
O experimento foi instalado em 10
de outubro de 2013, no viveiro de mudas do
Departamento de Ciências Florestais da Faculdade
de Ciências Agronômicas/UNESP – Campus de
Botucatu/SP. O teste de progênies de Eucalyptus
grandis foi implantado em delineamento em
blocos ao acaso, 16 plantas por parcela, três
repetições e 20 progênies de Eucalyptus grandis,
originárias do Horto Florestal de Itatinga,
totalizando 960 plantas. A dose de 2,4 D foi
de 3,75 μL.L-1. A aplicação do produto ocorreu
nas seguintes condições: Altura da planta:
0,30 m; Altura da barra: 0,90 m; Volume aplicado:
110 L.ha-1; Pressão: 1,95 bar; Velocidade: 5 km.h-1;
Umidade relativa: 65%; Temperatura: 26 ºC; Ponta
XR 110 015 US.
164
FRAGOSO, A.M.; MORI, E.S.; MORAES, M.L.T. de. Uso de 2,4-D como regulador de crescimento
As variáveis analisadas foram os teores
dos macro e micronutrientes (Malavolta, 1997),
cujas análises foram realizadas no laboratório do
Departamento de Recursos Naturais – Ciência do
Solo, da Faculdade de Ciências Agronômicas da
UNESP Botucatu–SP (cinco plantas por parcela
amostra composta). Retiraram-se todas as mudas em
amostras destrutivas para as análises, sem observação
de toxicidade e comportamento do vegetal após
a aplicação de produto. As estimativas dos
parâmetros genéticos para caracteres quantitativos
foram obtidas com base no procedimento
REML/BLUP e foi utilizado o programa
computacional SELEGEN (Resende, 2007b),
com base no modelo estatístico: y = Xr +Zg + ɛ;
em que: y, r, g, e ɛ são vetores de dados, repetição
genéticos aditivos individuais, de parcelas e
de erros, respectivamente; X e Z são matrizes
de incidência dos respectivos efeitos (Resende,
2007a). A partir desse modelo foi possível obter as
seguintes estimativas:
Variância residual (ambiental + não aditiva):
Variância genotípica:
Variância fenotípica individual:
Variância fenotípica média:
Coeficiente de variação experimental:
Coeficiente de variação genotípica:
Coeficiente de variação relativa
:
Coeficiente de herdabilidade de parcelas individuais
no sentido amplo
:
Coeficiente
genótipo
de
:
herdabilidade
da
média
de
Acurácia:
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na avaliação da parte aérea das mudas
de Eucalyptus grandis, avaliado duas semanas
após a aplicação de 2,4-D na dose de 3,75 μL.L-1,
verificou-se que a maioria dos teores dos elementos
analisados (P, K, Ca, Mg, S, Mn e Zn) apresentou
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 161-167 dez. 2014
variação para o efeito de progênies, com base no
teste da razão de verossimilhança (LRT), indicando
que estes teores seriam passíveis de uma seleção
em um programa de melhoramento, destacando-se
os teores de Ca (CVr = 2,00) em relação aos
macronutrientes e o manganês (CVr = 1,16).
O mesmo já não ocorreu em relação aos teores
de N, B, Cu e Fe (Tabela 1).
O nitrogênio alcançou o nível mais baixo do
teste para herdabilidade. Sua proporção da variância
genética na variância fenotípica das amostras de
tecidos da parte aérea, ligados às gerações seguintes
da etapa de melhoramento (Resende, 2007a), se deu
em função do possível consumo em fazer parte da
molécula de clorofila. Indicando aumento da taxa
fotossintética, com possível relação à abertura
estomática, metabolismo de auxina e indicação
de grande dependência ambiental (Tabela 1).
O cálcio apresentou a maior herdabilidade
das amostras de tecidos da parte aérea,
demonstrando ser um caráter altamente herdável em
função principalmente do aumento na área foliar,
por participar no aumento nos níveis celulares e
estar relacionado à constituição da parede celular,
indicando que a parte genética é superior a ambiental
(Resende, 2007a).
O fósforo atuou na molécula de adenosina
trifosfato (ATP), integrante do DNA, RNA e
fosfolipídeos. O potássio agiu no potencial osmótico
e transporte por membrana neutralizando ânions.
O magnésio atuou na molécula de clorofila e
ativação de enzimas e manganês constituinte do
fotossistema II da fotossíntese (Epstein e Bloom,
2004). Esses apresentaram herdabilidades médias,
indicando que em função da molécula do possível
produto sistêmico a ser abordado, o mesmo poderá
ser utilizado com caráter amplo nas progênies
em função dos caracteres herdáveis, indicando
pequena a influência ambiental na variação total
(Resende, 2007a).
Em se tratando de herdabilidades médias de
progênies, os níveis de fósforo, potássio, cálcio,
magnésio e manganês apresentaram elevados índices
indicando que, entre eles, cálcio com 0,92 é o de
maior notoriedade também em nível de progênies.
Nitrogênio, cobre e ferro alcançaram as
menores acurácias, nas quais a possível seleção
por estes elementos se tornaria prejudicada e
subestimada em relação aos demais que, em média,
alcançaram valores superiores a 0,7273.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 161-167 dez. 2014
0,0314
0,0196
0,5103
0,0261
0,3446
0,3707
0,4384
0,1787
0,2597
K
g.10-3
3,6630
0,7355
2,9275
Ca
0,1982
0,0911
0,1071
Mg
0,0008
0,0005
0,0003
S
B
0,6718
0,4889
0,1830
Macro e micronutrientes
0,2684
0,2290
0,0394
Cu
18,2583
15,7854
2,4729
Fe
mg
2307,1664
986,0282
1321,1382
Mn
3,5956
2,3535
1,2420
Zn
2,52
9,15
0,28
6,4167
0,27ns
CVgp(%)
CVe(%)
CVr
Média
LRT(λ2)
19,26**
5,2583
1,20
8,04
9,69
0,9019
0,81
: variância residual;
21,03**
2,5227
1,26
5,56
7,02
0,9096
0,83
15,60**
3,5717
1,08
8,45
9,16
0,8826
0,78
7,72**
1,4139
0,80
1,53
1,22
0,8093
0,65
: variância fenotípica individual;
42,86**
12,6600
2,00
6,77
13,51
0,9606
0,92
1,14ns
3,3667
0,42
14,21
5,90
0,5837
0,34
0,97ns
33,8500
0,40
11,74
4,64
0,5654
0,32
17,80**
303,0000
1,16
10,36
12,00
0,8949
0,80
6,12*
14,2800
0,72
10,74
7,80
0,7829
0,61
: herdabilidadede parcelas individuais no sentido amplo;
3,82ns
12,9634
0,61
5,39
3,30
0,7273
0,53
residual; CVr: coeficiente de variação relativa; Média geral do experimento; LRT: Teste da Razão de Verossimilhança.
: herdabilidade da média de progênie; Acprog: acurácia da seleção de progênie; CVgp(%): coeficiente de variação genotípica; CVe(%): coeficiente de variação
: variância genotípica;
0,4305
0,19
0,07 ± 0,10 0,61 ± 0,29 0,59 ± 0,28 0,80 ± 0,33 0,54 ± 0,27 0,39 ± 0,23 0,27 ± 0,19 0,15 ± 0,14 0,14 ± 0,13 0,57 ± 0,28 0,34 ± 0,21
P
N
Acprog
Parâmetros
genéticos
Table 1. Estimation of genetic parameters in function of mineral nutrition of aerial part of plant tissues in progeny test of Eucalyptus grandis after two weeks
of 2,4-D application (3.75 μL.L-1).
Tabela 1. Estimativa dos parâmetros genéticos com relação à nutrição, amostras da parte aérea, do teste de progênie de Eucalyptus grandis avaliado a duas
semanas após aplicação do produto 2,4-D (3,75 μL.L-1).
165
FRAGOSO, A.M.; MORI, E.S.; MORAES, M.L.T. de. Uso de 2,4-D como regulador de crescimento
166
FRAGOSO, A.M.; MORI, E.S.; MORAES, M.L.T. de. Uso de 2,4-D como regulador de crescimento
fator norteador de avaliação dos experimentos de
Eucalyptus grandis com subdosagens de 2,4-D.
As herdabilidades junto as acurácias
comprovam valores excelentes, indicando eficiência
de uma seleção geral envolvendo o teste de progênie,
caracterizando uma situação favorável à seleção
destes caracteres.
A maioria das correlações genéticas
(Tabela 2) foi de baixa magnitude. No entanto,
destacam-se nessa fase (duas semanas após a aplicação
de 2,4-D em mudas de E. grandis) as correlações
entre os teores dos elementos: P x K (0,75);
Ca x Mn (0,75) e Ca x Mg (0,70).
O coeficiente de variação genética entre
progênies demonstrou alta variação no caráter
ferro, porém com relação negativa aos demais
parâmetros. O caráter de notoriedade seria o
elemento cálcio, com 13,51, indicando que há
variabilidade genética.
Porém, com CVr de 2,00 o elemento cálcio se
destacou entre os demais neste fator, classificando-se
como norteador da interação do regulador vegetal
com a cultura, para servir de padrão envolvendo
os estudos de melhoramento (Vencovsky,
1969). Quanto maior for o CVr, este indica o
Tabela 2. Correlações genéticas de macro (g.10-3) e micronutrientes (mg) da parte aérea após duas semanas de aplicação
de 2,4-D em progênies de Eucalyptus grandis.
Table 2. Genetic correlations of macro (g.10-3) and micronutrients (mg) of aerial parts after two weeks of 2,4-D
application in Eucalyptus grandis progenies.
P
K
Ca
Mg
S
B
Cu
Fe
Mn
Zn
N
0,29
0,44
0,58
0,36
-0,14
0,15
0,33
0,00
0,40
-0,14
P
–
0,75
0,31
0,30
0,38
0,57
0,24
-0,22
0,38
-0,42
K
–
–
0,21
0,33
0,18
0,60
0,15
-0,11
0,38
-0,28
Ca
–
–
–
0,70
0,11
0,07
0,50
0,06
0,75
-0,03
Mg
–
–
–
–
0,48
0,34
0,06
0,33
0,67
0,20
S
–
–
–
–
–
0,36
0,18
0,14
0,16
0,33
B
–
–
–
–
–
–
-0,15
-0,16
0,34
0,00
Cu
–
–
–
–
–
–
–
-0,23
0,32
-0,16
Fe
–
–
–
–
–
–
–
–
0,01
0,51
Mn
–
–
–
–
–
–
–
–
–
-0,22
4 CONCLUSÕES
A expressão da variação genética
para os teores dos macro (N, P, K, Ca, Mg e S)
e micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn),
na fase de mudas, é considerável em progênies
de E. grandis, após aplicação do 2,4-D
em subdosagem.
Em relação aos teores dos macronutrientes,
recomenda-se a utilização do teor de Ca como
a variável a ser selecionada para a obtenção de
um maior ganho na seleção; no que se refere
aos micronutrientes, à indicação fica para o teor
de Mn.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 161-167 dez. 2014
5 AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoas de Nível Superior – CAPES, pela concessão
da bolsa de estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONSTANTIN, J. et al. Efeito de subdoses de
2,4-D na produtividade de fumo e suscetibilidade
da cultura em função de seu estádio de
desenvolvimento. Eng. Agríc., v. 27, p. 30-34, 2007.
CUNHA, A.R.; MARTINS, D. Classificação climática
para os municípios de Botucatu e São Manuel, SP.
Revista Irriga, v. 14, n. 1, p. 1-11, 2009.
167
FRAGOSO, A.M.; MORI, E.S.; MORAES, M.L.T. de. Uso de 2,4-D como regulador de crescimento
DANIELS, J.D. Role of tree improvement
in intensive forest management. Forest Ecology
and Management, v. 8, n. 3/4, p. 161-165, 1984.
EPSTEIN, E.; BLOOM, A. Nutrição mineral
de plantas: princípios e perspectivas. Londrina:
Planta, 2004. 403 p.
FERNANDES, J.S.C. et al. Estudo comparativo
de delineamentos experimentais para estimativas
de parâmetros genéticos em erva-mate (Ilex
paraguariensis A. St. - Hil.). Revista Árvore,
v. 28, n. 5, p. 663-671, 2004.
FRAGOSO, A.M. Variações nos níveis de elementos
minerais após aplicações de 2,4-D em progênies
de Eucalyptus grandis. 2014. 48 f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Florestais), Faculdade de
Ciências Agronômicas, Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu.
______. et al. Efeito do 2,4-D na translocação
de nutrientes na cultura do feijoeiro. In: MOSTRA
CIENTÍFICA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS, 7.,
Botucatu, 2011. Disponível em:<www.fca.unesp.br/
Home/Pesquisa/MostraCientifica/trabs/57.pdf>.
Acesso em: 5 fev. 2014.
______. et al. Utilização de 2,4-D como
biorregulador. In: MOSTRA CIENTÍFICA EM
CIÊNCIAS AGRÁRIAS, 8., Botucatu, 2012a.
Disponível em: <www.fca.unesp.br/Home/Pesquisa/
.../inscricao/.../1347639226trab.dot>. Acesso em:
5 fev. 2014.
_______. et al. Efeito do regulador auxina
(2,4-D) na área foliar e matéria seca em eucalipto.
In: CONGRESSO DE BIOCIÊNCIAS, Botucatu,
2012b. Disponível em: <www.ibb.unesp.br/#!/
eventos/congresso-de-biociencias/resumos>.
Acesso em: 9 nov 2012.
KAGEYAMA, P.Y. Variação genética em progênies
de uma população de Eucalyptus grandis (Hill)
Maiden. 1980. 125 f. Tese (Doutorado em Genética
e Melhoramento de Plantas) – Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de
São Paulo, Piracicaba.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A.
Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafós,
1997. 319 p.
MORAES, M.L.T. Variação genética e aplicação
da análise multivariada em progênies de Pinus
caribaea Morelet var. hondurensis Barret e
Golfari. 2001. 124 f. Tese (Livre Docência) –
Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual
Paulista, Ilha Solteira.
NASCIMENTO, E.R.; YAMASHITA, O.M.
Desenvolvimento inicial de olerícolas cultivadas em
solos contaminados com resíduos de 2,4-D + picloram.
Ciências Agrárias, v. 30, n. 1, p. 47-54. 2009.
REIS, M.R. et al. Dinâmica de nutrientes em
tecidos foliares de cana-de-açúcar após aplicação
de herbicidas. Planta Daninha, v. 26, n. 1,
p. 175-184, 2008.
RESENDE, M.D.V. Correções nas expressões
do progresso genético com seleção em função da
amostragem finita dentro de famílias de populações
e implicações no melhoramento florestal. Boletim
Pesquisa Florestal, n. 22/23, p. 61-77, 1991.
______. Matemática e estatística na análise
de experimentos e no melhoramento genético.
Colombo: Embrapa Florestas, 2007a. 362 p.
______. Software SELEGEN-REML/BLUP:
sistema estatístico e seleção genética computadorizada
via modelos lineares mistos. Colombo: Embrapa
Florestas, 2007b. 359 p.
______. et al. 2,4-D em sub-dosagens em
Eucalyptus grandis. In: CONINCE, 5., Avaré,
2012c. Disponível em: <www.eduvaleavare.com.
br/conince/resumos> Acesso em: 1 jan 2013.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 5. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2013. 954 p.
______. et al. Metabolismo fisiológico de 2,4-D
em Eucalyptus grandis. In: CONINCE, 6., Avaré,
2013. Disponível em: <www.eduvaleavare.com.br/
conince/resumos>. Acesso em: 1 fev 2014.
VENCOVSKY, R., Genética quantitativa. In:
KERR, W.E. Melhoramento e genética. São
Paulo: Melhoramentos: Editora da Universidade
de São Paulo, 1969. p. 17-38.
HEMPHILL, D.D.; MONTGOMERY, M.L. Response
of vegetable crops to sublethal application of
2,4-D. Weed Science, v. 29, p. 632-635, 1981.
WALL, D.A. Effect of sublethal dosages of 2,4-D
on annual broadleaf crops. Canadian Journal of
Plant Science, v. 76, n. 1, p. 179-85, 1996.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 161-167 dez. 2014
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
http://dx.doi.org/10.4322/rif.2014.013
ISSN impresso 0103-2674/on-line 2178-5031
COMPARAÇÃO DE ASPECTOS FENOLÓGICOS E DE FRUGIVORIA ENTRE A
PALMEIRA NATIVA Euterpe edulis Mart. E A PALMEIRA EXÓTICA Phoenix roebelenii O’Brien
(ARECACEAE) NO SUDESTE DO BRASIL1
COMPARATIVE FRUIT PHENOLOGY AND FRUGIVORY BETWEEN THE
NATIVE PALM Euterpe edulis Mart. AND THE EXOTIC PALM Phoenix roebelenii O’Brien
(ARECACEAE) IN SOUTHEASTERN BRAZIL
Taís OMOTE²; Alexsander Zamorano ANTUNES², ³; Ciro Koiti MATSUKUMA²
RESUMO – A dispersão de sementes de vegetais exóticos por animais nativos é um dos
fatores associados a invasões biológicas. Visando colaborar para maior compreensão sobre
o estabelecimento dessa relação, os objetivos do presente trabalho foram comparar os
padrões fenológicos de frutificação e caracterizar a assembleia de aves visitantes de duas
palmeiras, a nativa Euterpe edulis e a exótica Phoenix roebelenii no Parque Estadual Alberto Löfgren.
Phoenix roebelenii é originária do sudeste da Ásia, frequentemente utilizada no
paisagismo urbano, e apresenta-se disseminada no sub-bosque florestal do Parque Estadual
Alberto Löfgren. Contudo, ela não é considerada uma espécie invasora em território
brasileiro. Os padrões fenológicos de 30 indivíduos adultos de cada espécie de palmeira foram
acompanhados mensalmente entre abril de 2012 e março de 2014. A caracterização das
assembleias de aves visitantes foi obtida por meio de observação focal. As palmeiras diferiram em
seus padrões fenológicos apresentando sobreposição parcial na fenofase frutos maduros, mas não
em seus picos de frutificação. Considerando-se apenas os dispersores em potencial de ambas as
espécies, observou-se que aves distintas foram responsáveis pelas maiores taxas de consumo
de frutos obtidas para cada uma das palmeiras. Os dados do presente trabalho sugerem que a
palmeira exótica se tornou importante fonte de alimento para aves nativas nessa unidade de
conservação, e que em decorrência dessa interação ocorre a dispersão de sementes, a qual
provavelmente contribui para o recrutamento bem-sucedido dessa planta no local, o que justificaria o
desenvolvimento de pesquisas sobre o impacto do seu estabelecimento sobre as espécies vegetais nativas.
Palavras-chave: Aves; invasão biológica; Mata Atlântica.
ABSTRACT – Seed dispersal of exotic plants by native animals is one factor associated
with biological invasions. Aiming to contribute to the understanding of establishment of this
relationship, the objectives of this study were to compare fruit phenology and to characterize
the bird visitors of two palm trees, the native Euterpe edulis and the exotic Phoenix
roebelenii in Alberto Löfgren State Park, southeastern Brazil. Phoenix roebelenii came from
Southeast Asia and are often used in urban gardens. This palm is naturally disseminated in
the forest understory of Alberto Löfgren State Park. However, currently, it is not considered
an invasive species in Brazil. The phenological patterns of 30 adult individuals of each palm
species were monitored monthly, between April 2012 and March 2014. Characterization of bird
assemblages was obtained by focal observation, resulting in 10 samples of two hours per
palm species. Palm trees differed in their phenological patterns showing partial overlap
in phenology of ripe fruits, but not in their fruiting peak. The data obtained in this study
suggest that the exotic palm tree has become an important food source for native birds
of the Alberto Löfgren State Park and that due to this interaction seed dispersal occurs
and probably contributes to the successful recruitment of this plant locally, which would
justify the development of researches on the impact of its establishment on native plant species.
Keywords: birds; biological invasion; Atlantic Forest.
______
1
Recebido para análise em 11.07.14. Aceito para publicação em 14.10.14.
2
Instituto Florestal, Rua do Horto, 931, 02377-000 São Paulo, SP, Brasil.
3
Autor para correspondência: Alexsander Zamorano Antunes – [email protected]
170
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
Frutos de palmeiras (Arecaceae) são
importante fonte energética para diversos vertebrados
(Zona e Henderson, 1989; Zona, 2006). No Brasil,
palmeiras nativas e exóticas são frequentemente
incluídas no paisagismo, em parques públicos,
praças, jardins e canteiros de avenidas (Lorenzi et
al., 2004). Algumas das palmeiras exóticas apresentam
potencial de invasão biológica, que pode prejudicar
espécies de palmeiras ou de outras plantas nativas
(Dislich et al., 2002; Mengardo et al., 2012).
Muitas das invasões biológicas estudadas
iniciaram-se em áreas urbanas ou periurbanas
(Rose, 1997). No caso das palmeiras, a dispersão de
sementes por frugívoros nativos é um fator crucial
para o sucesso do seu estabelecimento (Fonseca
e Antunes, 2007; Mengardo et al., 2012). Assim,
o objetivo geral do presente trabalho foi avaliar,
em uma localidade periurbana, as assembleias de
aves visitantes de duas palmeiras ornitocóricas
sintópicas e que se dispersam naturalmente na área,
a nativa juçara Euterpe edulis Mart. e a exótica
tamareira-anã Phoenix roebelenii O’Brien.
Os objetivos específicos foram avaliar
comparativamente, entre as duas espécies de
palmeiras, a produção de diásporos e a disponibilidade
de frutos maduros ao longo do ano. Também,
se pretendeu caracterizar as assembleias visitantes
considerando-se o comportamento de consumo
dos frutos e o potencial de dispersão das sementes,
com a finalidade de verificar diferenças entre as
palmeiras nos padrões de interações com as aves.
A partir da consecução desses objetivos, foram
avaliadas as seguintes hipóteses:
O estudo foi desenvolvido na área
administrativa do Instituto Florestal, no Parque
Estadual Alberto Löfgren – PEAL, São Paulo–SP
(23º27’43”S, 46º37’59”W; 723 m de altitude;
Figura 1). O parque ocupa uma área de 174 ha,
com vegetação constituída por remanescente de
Floresta Ombrófila Densa Montana em estádios
inicial e médio de sucessão ecológica e por
talhões reflorestados com espécies vegetais
nativas e exóticas que, na maioria das vezes,
apresentam um sub-bosque bem desenvolvido
com predomínio de espécies vegetais nativas.
O PEAL é contíguo ao Parque Estadual da
Cantareira, que ocupa uma área de 7.900 ha.
As duas Unidades de Conservação são
consideradas, internacionalmente, uma “Important
Bird Area – IBA”, isto é, uma Área Importante
para a Conservação das Aves
(Bencke et
al., 2006).
A juçara Euterpe edulis Mart. ocorre
tanto nos remanescentes naturais quanto no
sub-bosque dos talhões. Espécie nativa da Mata
Atlântica e de matas de galeria do Cerrado,
atinge até 20 m de altura, apresenta alta densidade
em florestas não perturbadas e frutifica por
um período superior a seis meses, produzindo
grande quantidade de frutos que são consumidos
por mais de 30 espécies de vertebrados (Galetti
et al., 1999). Trata-se de espécie vulnerável
à extinção no Brasil devido ao corte ilegal
para a extração de palmito em toda a sua
área de distribuição geográfica (Martinelli e
Moraes, 2013).
Já a tamareira-anã Phoenix roebelenii
O’Brien foi utilizada no paisagismo de áreas
do PEAL, disseminando-se para alguns dos
talhões (Figura 2). Originária do norte do Laos
e do Vietnã e sudoeste da China, atinge de
2 a 4 metros de altura e é amplamente utilizada
em projetos de paisagismo em todo o Brasil
(Lorenzi et al., 2004; Iossi et al., 2007). Seus
frutos são muito procurados por aves (Lorenzi et al.,
2004; Fonseca e Antunes, 2007).
1) as palmeiras não diferem em seus padrões
fenológicos, apresentando alta sobreposição na
disponibilidade de frutos maduros ao longo
do ano;
2) considerando-se que as duas palmeiras produzem
frutos de aparência similar, para consumidores
visualmente orientados, existe alta similaridade
na composição das assembleias de visitantes das
duas palmeiras.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
171
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
Figura 1. Localização do Parque Estadual Alberto Löfgren–SP, com a distribuição das palmeiras estudadas.
Figure 1. Location of Alberto Löfgren State Park, São Paulo state southeastern Brazil, with the distribution of sampled
palm trees.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
172
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
Figura 2. Detalhe de área do Parque Estadual Alberto Löfgren com presença da tamareira-anã Phoenix roebelenii no
sub-bosque florestal.
Figura 2. Presence of Phoenix roebelenii at forest understory in Alberto Löfgren State Park.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
173
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
A coleta de dados ocorreu entre abril de
2012 e março de 2014. Inicialmente, foram percorridas
as trilhas e estradas disponíveis, identificando-se
as palmeiras adultas. Trinta indivíduos por espécie
tiveram suas posições obtidas com GPS (Figura 1).
Semanalmente, cada palmeira foi visitada registrando-se
a fenofase em que esta se encontrava. No auge da
fenofase frutos maduros, foi efetuada a observação
focal (Lehner, 1979) para a caracterização da assembleia
de aves visitantes. Cinco indivíduos de cada espécie
de palmeira foram observados durante cinco dias em
2012 e cinco dias em 2013, por duas horas consecutivas
diárias cada indivíduo, resultando em 10 amostras de
visitação por espécie de palmeira. As observações
ocorreram em maio de 2012 e de 2013 para
Phoenix roebelenii e em setembro de 2012 e julho
de 2013 para Euterpe edulis. Durante a fenofase
frutos maduros do ano de 2012, foram coletados
aleatoriamente 30 frutos por espécie de palmeira
para a obtenção de medidas morfométricas. A média
de frutos por espécie de palmeira foi obtida pela
contagem de frutos de 10 cachos de 10 indivíduos
de cada espécie. O número médio de frutos dos
cachos foi multiplicado pelo total de cachos que
apresentaram frutos maduros por espécie no período.
A média obtida foi multiplicada pelo total de cachos
que apresentaram frutos maduros no período.
As observações focais foram realizadas
a uma distância aproximada de cinco metros das
palmeiras, registrando-se as aves visitantes, bem como
o seu comportamento, com auxílio de binóculos 8x40.
As observações foram iniciadas em torno das
8h. O horário de coleta de dados foi definido a
partir de um projeto-piloto, no qual se registrou o
período de 8h às 10h como o de maior atividade
das aves visitantes. Foi considerado um feeding
bout cada vez que uma ave ou um grupo de aves
foi observado consumindo um fruto independente
da duração do comportamento alimentar (Galetti et
al., 1999). As correlações da porcentagem de frutos
maduros/mês entre as espécies de palmeira e da
precipitação média mensal e o percentual médio
de frutos maduros disponível por mês para cada
espécie de palmeira foram obtidas por meio do
coeficiente de postos de Spearman (rs). Valores
médios são acompanhados por seu desvio-padrão e
foram comparados por meio do teste Mann-Whitney
(U). Os testes estatísticos foram efetuados com
o programa BioEstat 5.0 (Ayres et al., 2008).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
A similaridade na composição de espécies
entre as assembleias de aves visitantes das duas
palmeiras foi comparada por meio do índice de
Jaccard – ISJ (Magurran, 1988).
Os dados de precipitação pluviométrica
mensal foram obtidos no banco de dados do Instituto
Nacional de Meteorologia e referem-se à estação do
Mirante de Santana localizada a aproximadamente
4,5 km da área de estudo (Instituto Nacional de
Meteorologia – INMET, 2014).
A nomenclatura utilizada para os táxons
de aves segue a proposta do Comitê Brasileiro de
Registros Ornitológicos (Comitê Brasileiro de
Registros Ornitológicos – CBRO, 2014).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A produção média foi estimada em
8.669,5 ± 2.073,84 frutos por palmeira para Euterpe
edulis e em 2.681 ± 536 para Phoenix roebelenii.
O diâmetro médio dos frutos de E. edulis foi
de 12,03 ± 0,41 mm e de 9,93 ± 0,74 mm para
P. roebelenii, esta variável diferiu significativamente
entre as duas palmeiras, U = 7, p < 0,0001.
Os picos de disponibilidade de frutos
maduros diferiram entre as duas palmeiras nos
dois anos de amostragem (Figura 3), resultando
em correlação de baixa intensidade entre
as porcentagens de frutos maduros entre as
espécies, rs = 0,18, p = 0,39. Essa fenofase variou
acentuadamente sua distribuição mensal entre os
anos considerados para E. edulis, mas não para
P. roebelenii (Figura 3). Não houve correlação
significativa entre a precipitação média mensal e
o percentual médio de frutos maduros disponível
por mês para esta última espécie, rs = -0,54, p = 0,033
(Figura 3). Já o percentual médio de frutos
maduros de E. edulis apresentou correlação
negativa significativa com a precipitação mensal,
rs = -0,76, p < 0,02.
A variação no pico da fenofase frutos
maduros entre anos para a palmeira juçara foi
relatada em outras localidades do Sudeste do Brasil
(Galetti et al., 1999). A estratégia fenológica de
E. edulis, com maior produção de frutos, disponibilidade
de frutos maduros a maior parte do ano e com
variação nos picos dessa fenofase entre anos,
poderia fazê-la ter mais sucessona ocupação dos
talhões em relação a Phoenix roebelenii, fato que
deve ser avaliado em pesquisas futuras.
174
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
Figura 3. Distribuição percentual de frutos maduros das palmeiras Euterpe edulis e Phoenix roebelenii no período
de abril de 2012 a março de 2014, em relação à precipitação média mensal, no Parque Estadual Alberto Löfgren–SP.
Figure 3. Monthly percentage distribution of ripen fruits of Euterpe edulis and Phoenix roebelenii palms, and average
monthly precipitation in Alberto Löfgren State Park.
Quanto às aves visitantes, foram
registradas 19 espécies para P. roebelenii e 10
para E. edulis (Tabela 1, figuras 4 e 5). Em ambas
as palmeiras, a curva de acúmulo de espécies
visitantes atingiu a assíntota após a sexta amostra
(Figura 6). A assembleia de visitantes de E.
edulis contou com uma espécie exclusiva, o pavó
Pyroderus scutatus (Shaw, 1792). Esta espécie e a
araponga Procnias nudicollis (Vieillot, 1817) são
consideradas ameaçadas de extinção no Estado de
São Paulo (São Paulo, 2014), sendo que a última
também é considerada vulnerável internacionalmente
(International Union for Conservation of Nature –
IUCN, 2014).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
P. roebelenii apresentou riqueza média de
visitantes por amostra, 8,9 ± 1,45, significativamente
maior do que a obtida para E. edulis, 5 ± 1,15, U = 0,
p < 0,01. A média de feeding bouts por amostra
também diferiu significativamente entre ambas,
53,30 ± 22,61 e 21,20 ± 12,41, respectivamente,
U = 10,50, p = 0,0028 (Tabela 2). Assim, o maior
número de frutos produzidos por E. edulis e sua
maior disponibilidade de frutos ao longo do ano
em relação à P. roebelenii não se traduziram numa
maior riqueza de espécies visitantes e maior número
de feeding bouts. O tamanho menor dos frutos
de P. roebelenii em relação aos de E. edulis pode
ter atraído maior diversidade de aves visitantes,
com distintos tamanhos corporais e aberturas de bico.
175
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
Tabela 1. Aves consumidoras dos frutos das palmeiras Euterpe edulis e Phoenix roebelenii no Parque Estadual
Alberto Löfgren–SP, com o total de feeding bouts obtidos para cada espécie.
Table 1. Bird species consuming fruits of Euterpe edulis and Phoenix roebelenii palms in Alberto Löfgren State
Park, with the feeding bouts.
P. roebelenii
E. edulis
jacuaçu
1
4
tucano-de-bico-verde
2
14
Pyrrhura frontalis (Vieillot, 1817)
tiriba-de-testa-vermelha
1
6
Brotogeris tirica (Gmelin, 1788)
periquito-rico
1
0
Procnias nudicollis (Vieillot, 1817)
araponga
2
24
Pyroderus scutatus (Shaw, 1792)
pavó
0
3
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766)
bem-te-vi
5
22
Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766)
neinei
6
0
Turdus flavipes Vieillot, 1818
sabiá-una
50
74
Turdus leucomelas Vieillot, 1818
sabiá-barranco
78
37
Turdus rufiventris Vieillot, 1818
sabiá-laranjeira
220
23
Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850
sabiá-poca
12
5
Turdus subalaris (Seebohm, 1887)
sabiá-ferreiro
1
0
Turdus albicollis Vieillot, 1818
sabiá-coleira
13
0
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758)
cambacica
14
0
Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822)
tiê-preto
1
0
Tangara sayaca (Linnaeus, 1766)
sanhaçu-cinzento
66
0
Tangara palmarum (Wied, 1823)
sanhaçu-do-coqueiro
47
0
Tangara cayana (Linnaeus, 1766)
saíra-amarela
11
0
Dacnis cayana (Linnaeus, 1766)
saí-azul
2
0
Nome do Táxon
Nome em Português
Galliformes Linnaeus, 1758
Cracidae Rafinesque, 1815
Penelope obscura Temminck, 1815
Piciformes Meyer & Wolf, 1810
Ramphastidae Vigors, 1825
Ramphastos dicolorus Linnaeus, 1766
Psittaciformes Wagler, 1830
Psittacidae Rafinesque, 1815
Passeriformes Linnaeus, 1758
Cotingidae Bonaparte, 1849
Tyrannidae Vigors, 1825
Turdidae Rafinesque, 1815
Thraupidae Cabanis, 1847
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
176
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
Figura 4. Aves consumidoras dos frutos da palmeira Euterpe edulis no Parque Estadual Alberto Löfgren–SP:
Pyroderus scutatus (A), Procnias nudicollis (B), Ramphastos dicolorus (C) e Turdus flavipes (D).
Figure 4. Birds consuming fruits of Euterpe edulis palm in Alberto Löfgren State Park: Pyroderus scutatus (A),
Procnias nudicollis (B), Ramphastos dicolorus (C) e Turdus flavipes (D).
Figura 5. Aves consumidoras dos frutos das palmeiras Phoenix roebelenii no Parque Estadual Alberto Löfgren–SP:
Penelope obscura (A), Turdus rufiventris (B), Tangara cayana (C) e Tangara palmarum (D).
Figure 5. Birds consuming fruits of Phoenix roebelenii palm in Alberto Löfgren State Park: Penelope obscura (A),
Turdus rufiventris (B), Tangara cayana (C) e Tangara palmarum (D).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
177
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
Figura 6. Curvas de acúmulo de espécies de aves visitantes das palmeiras Euterpe edulis e Phoenix roebelenii no
Parque Estadual Alberto Löfgren–SP.
Figure 6. Species accumulation curves for bird visitor of Euterpe edulis and Phoenix roebelenii palms in Alberto
Löfgren State Park.
Tabela 2. Total de feeding bouts por amostra, considerando-se todas as espécies de aves visitantes das palmeiras
Euterpe edulis e Phoenix roebelenii no Parque Estadual Alberto Löfgren–SP.
Table 2. Total feeding bouts per sample, considering all species of birds visitors of palms Euterpe edulis and
Phoenix roebelenii in Alberto Löfgren State Park.
Feeding bouts
Amostra
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
Phoenix
Euterpe
1
23
6
2
43
27
3
68
40
4
55
28
5
47
15
6
86
38
7
82
16
8
70
26
9
32
9
10
27
7
178
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
A previsibilidade da frutificação de
P. roebelenii em relação à de E. edulis também
pode ter influenciado no fato de a primeira
palmeira ter apresentado mais visitantes. A
sobreposição parcial da fenofase frutos maduros,
com picos em meses distintos para cada espécie,
pode favorecer a dispersão das sementes de
ambas as palmeiras. Em conjunto, elas ofertaram
frutos maduros na maior parte do período
de estudo. Isso pode ter contribuído para a
manutenção de populações das aves frugívoras
na área, principalmente dispersores de grande
porte, que se deslocam por distâncias maiores,
como o tucano-de-bico-verde Ramphastos dicolorus
e a araponga Procnias nudicollis. Entretanto,
cabe ressaltar que devido à variação fenológica
de E. edulis, a sobreposição nos picos de frutificação
entre as palmeiras variou entre os anos, indicando
que pode haver maior competição por dispersores
em determinados períodos.
A similaridade na composição de espécies
entre as assembleias de aves visitantes das duas
palmeiras foi moderada, ISJ = 0,45. Restringindo-se
a análise às espécies dispersoras potenciais de
sementes, representantes das famílias Cracidae,
Ramphastidae, Cotingidae, Tyrannidae e Turdidae,
observa-se que 90% das visitantes de E. edulis
e 58% das de P. roebelenii se enquadram nesta
categoria, enquanto no caso dos feeding bouts,
as dispersoras responderam por 97% e 73% do
total de registros, respectivamente (Tabela 1).
A similaridade na composição de dispersores
potenciais entre as duas palmeiras foi maior do
que a similaridade entre as assembleias de aves
visitantes, ISJ = 0,66.
Espécies do gênero Turdus foram as
principais consumidoras dos frutos de ambas as
palmeiras, contudo estas diferiram em relação à
espécie dominante. Turdus rufiventris representou
41% dos registros de visitantes obtidos para
P. roebelenii, enquanto Turdus flavipes constituiu
35% dos registros para E. edulis (Tabela 1).
A observação do sabiá-ferreiro Turdus subalaris
(Seebohm, 1887) consumindo fruto de P. roebelenii
representa o primeiro registro desta ave para
o Parque Estadual Alberto Löfgren (Antunes e
Eston, 2008).
Os sabiás Turdus spp. são os principais
dispersores de sementes de frutos ornitocóricos
no PEAL (Fonseca e Antunes, 2007) e o
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
sabiá-una é considerado o principal visitante da
palmeira juçara E. edulis em várias localidades da
Mata Atlântica (Galetti et. al., 1999; Cerisola et al., 2007,
Fonseca e Antunes, 2007; Fadini et al., 2009; Castro
et al., 2012). O comportamento dos sabiás pode
fazê-los dispersores mais eficientes do que espécies
de maior porte, pois eles tendem a permanecer
por menos tempo nas palmeiras do que essas aves,
provavelmente por enfrentarem um maior risco de
predação (Howe, 1979; Silva et al., 2008). Tucanos e
arapongas foram observados regurgitando sementes
sob a palmeira visitada. Assim, faz-se necessário
avaliar a efetividade da dispersão das sementes
pelos dispersores potenciais (Schuppe, 1993; Galetti
et al., 1999; 2000). Todavia, sabiás selecionam
sementes menores de E. edulis, o que pode trazer
consequência para o recrutamento e a dinâmica
populacional desta palmeira em localidades em
que dispersores de maior porte estejam ausentes,
pois sementes pequenas apresentam maior
mortalidade do que as maiores em condições de
dessecação, e resultam em plântulas de menor porte
(Galetti et al., 2013).
Psitacídeos atuaram como predadores de
sementes, enquanto traupídeos retiraram pedaços
da polpa dos frutos nos próprios cachos, algumas
vezes descartando as sementes embaixo da
palmeira-mãe.
Ambas as hipóteses testadas no estudo
foram rejeitadas já que as palmeiras diferiram em
seus padrões fenológicos apresentando sobreposição
parcial na fenofase frutos maduros, mas não em
seus picos de frutificação, e que devido ao menor
número de espécies visitantes registradas para
E. edulis, aproximadamente metade do total registrado
para P. roebelenii, a similaridade na composição
das assembleias de visitantes das duas palmeiras
foi moderada. Cabe destacar que, considerando-se
apenas os dispersores em potencial de ambas
as espécies, apesar da maior similaridade neste
subconjunto das assembleias de visitantes,
observa-se que espécies de aves distintas foram
responsáveis pelas maiores taxas de consumo
de frutos obtidas para cada uma das palmeiras.
Os resultados indicam que a palmeira
exótica P. roebelenii, tornou-se uma importante
fonte de alimento para espécies de aves nativas
no Parque Estadual Alberto Löfgren e que, em
decorrência desta interação, ocorre a dispersão
de suas sementes nesta Unidade de Conservação.
179
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
No momento, a população invasora de P. roebelenii
encontra-se estabelecida em áreas anteriormente
alteradas pela ação humana, talhões de plantios de
arbóreas não manejados. Entretanto, considerando-se
que se trata de uma unidade de conservação
de proteção integral, em cujo plano de manejo
preconiza-se a restauração ecológica de suas áreas
degradadas (São Paulo, 2012), pesquisas sobre o
impacto do estabelecimento de P. roebelenii sobre
as espécies vegetais nativas devem ser efetuadas.
A gestão de áreas protegidas precisa
considerar as funções ecológicas das espécies,
independente de sua origem geográfica, avaliando
os benefícios ou prejuízos que estão produzindo
à biodiversidade, saúde humana e serviços
ecossistêmicos (Davis et al., 2011; Durigan et
al., 2013). O monitoramento é fundamental, pois
os efeitos de espécies exóticas ou nativas em
desequilíbrio populacional podem variar ao longo
do tempo, e as que não causam danos aos
ecossistemas, no momento, podem vir a causar no
futuro (Davis et al., 2011). O impacto ao ecossistema
no início de um processo de invasão biológica é
local, e nesta fase, a solução para o problema ainda
é viável (McNeely et al., 2003). A tamareira-anã
P. roebelenii ainda não é reconhecida como espécie
exótica invasora no Brasil (Instituto Hórus, 2014),
mas apresenta grande potencial de se dispersar
pelo ambiente, pois, como demonstrado pelo
presente estudo, várias espécies de aves se
alimentam de seus frutos.
Em áreas em que espécies exóticas
zoocóricas já estão estabelecidas e interagindo com
a fauna nativa, ações de controle e erradicação
devem considerar o impacto da diminuição de
recursos alimentares para os animais frugívoros do
local (Gosper et al., 2005; Mengardo e Pivello, 2012;
Buckley e Han, 2014). Em ações de manejo futuras,
que considerem a retirada ou controle da população
de P. roebelenii no Parque, deve-se avaliar antes
o impacto sobre a avifauna que consome seus
frutos. Para isso, são necessárias pesquisas sobre
a biologia dessas aves visando quantificar a
importância dos frutos da tamareira-anã P. roebelenii
em sua dieta e também avaliar as espécies vegetais
nativas que apresentam frutos maduros no mesmo
período do ano.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
4 AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Pesquisador Geraldo
Antonio Daher Corrêa Franco da Seção de Ecologia
Florestal do Instituto Florestal pelo auxílio na
identificação das palmeiras, e aos dois revisores
anônimos pelas importantes críticas e sugestões.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, A.Z.; ESTON, M.R. Avifauna do
Parque Estadual Alberto Löfgren-São Paulo:
diagnóstico e propostas para a conservação. Revista
do Instituto Florestal, v. 20, n. 2, p. 195-211, 2008.
AYRES, M. et al. BioEstat 5.0: aplicações
estatísticas nas áreas das ciências biológicas e
médicas. Belém: Instituto de Desenvolvimento
Sustentável Mamirauá, 2008. 364 p.
BENCKE, G.A. et al. (Org.). Áreas importantes
para a conservação das aves no Brasil. Parte I –
Estados do Domínio da Mata Atlântica. São Paulo:
SAVE Brasil, 2006. 494 p.
BUCKLEY, Y.M.; HAN, Y. Managing the side
effects of invasion control. Science, v. 344, n. 6187,
p. 975-976, 2014.
CASTRO, E.R. et al. Temporal variation in the
abundance of two species of thrushes in relation
to fruiting phenology in the Atlantic rainforest.
Emu, v. 112, n. 2, p. 137-148, 2012.
CERISOLA,
C.M.;
ANTUNES,
A.Z.;
PORT-CARVALHO, M. Consumo de frutos de
Euterpe edulis Martius (Arecaceae) por vertebrados
no Parque Estadual Alberto Löfgren, São Paulo,
Sudeste do Brasil. IF Série Registros, n. 31,
p. 167-171, 2007.
COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS
ORNITOLÓGICOS – CBRO. Listas das aves do
Brasil. 11. ed. versão 01/01/2014. Disponível em:
<http://www.cbro.org.br>. Acesso em: 6 ago. 2014.
DAVIS, M.A. et al. Don’t judge species on their
origins. Nature, v. 474, n. 7350, p. 153-154, 2011.
180
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
DISLICH, R.; KISSER, N.; PIVELLO, V.R.
A invasão de um fragmento florestal em São Paulo
(SP) pela palmeira australiana Archontophoenix
cunninghamiana H. Wendl. & Drude. Revista
Brasileira de Botânica, v. 25, n. 1, p. 55-64, 2002.
INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION
OF NATURE – IUCN. IUCN red list of threatened
species. Cambridge: IUCN Species Survival Commission.
Disponível em: <http://www.redlist.org>. Acesso
em: 26 set. 2014.
DURIGAN, G. et al. Control of invasive
plants: ecological and socioeconomic criteria
for the decision making process. Natureza &
Conservação, v. 11, n. 1, p. 23-30, 2013.
IOSSI, E. et al. Maturação fisiológica de sementes
de Phoenix roebelenii O’Brien. Revista Brasileira
de Sementes, v. 29, n. 1, p. 147-154, 2007
FADINI, R.F. et al. Effects of frugivore
impoverishment and seed predators on the
recruitment of a keystone palm. Acta Oecologica,
v. 35, n. 2, p. 188-196, 2009.
FONSECA, F.Y.; ANTUNES, A.Z. Frugivoria e
predação de sementes por aves no Parque Estadual
Alberto Löfgren, São Paulo, SP. Revista do
Instituto Florestal, v. 19, n. 2, p. 81-91, 2007.
GALETTI, M.; ZIPARRO, V.B.; MORELLATO, P.C.
Fruiting phenology and frugivory on the palm
Euterpe edulis in a lowland Atlantic Forest of
Brazil. Ecotropica, v. 5, n. 2, p. 115-122, 1999.
______.; LAPS, R.; PIZO, M.A. Frugivory by
toucans (Ramphastidae) at two altitudes in the
Atlantic Forest of Brazil. Biotropica, v. 32, n. 4b,
p. 842-850, 2000.
______. et al. Functional extinction of birds drives
rapid evolutionary changes in seed size. Science,
v. 340, n. 6136, p. 1086-1090, 2013.
GOSPER, C.R.; STANSBURY, C.D.; VIVIAN-SMITH, G.
Seed dispersal of fleshy-fruited invasive plants
by birds: contributing factors and management
options. Diversity and Distributions, v. 11, n. 6,
p. 549-558, 2005.
HOWE, H.F. Fear and frugivory. American
Naturalist, v. 114, n. 6, p. 925-931, 1979.
LEHNER, P. Handbook of ethological methods.
New York: Garland STPM, 1979. 403 p.
LORENZI, H. et al. Palmeiras brasileiras e
exóticas cultivadas. Nova Odessa: Plantarum,
2004. 416 p.
MAGURRAN, A. E. Ecological diversity and its
measurement. Princeton: Princeton University
Press, 1988. 179 p.
MARTINELLI, G.; MORAES, M.A. (Org.). Livro
vermelho da flora do Brasil. Rio de Janeiro:
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, 2013. 1100 p.
McNEELY, J.A.; NEVILLE, L.E.; REJMÁNEK, M.
When is eradication a sound investment?
Conservation in Practice, v. 4, n. 1, p. 30-31, 2003.
MENGARDO, A.L.; PIVELLO, V.R. Phenology
and fruit traits of Archontophoenix cunninghamiana,
an invasive palm tree in the Atlantic forest of
Brazil. Ecotropica, v. 18, n. 1, p. 45-54, 2012.
______. et al. Comparing the establishment of an
invasive and an endemic palm species in the Atlantic
rainforest. Plant Ecology and Diversity, v. 5, n. 3,
p. 345-354, 2012.
INSTITUTO HÓRUS. Base de dados nacional
de espécies exóticas invasoras. Florianópolis
I3N Brasil: Instituto Hórus de Desenvolvimento e
Conservação Ambiental. Disponível em: <http://
i3n.institutohorus.org.br>. Acesso em: 10 jun. 2014.
ROSE, S. Influence of suburban edges on invasion
of Pittosporum undulatum into the bushland of
northern Sydney, Australia. Australian Journal of
Ecology, v. 22, n. 1, p. 89-99, 1997.
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA –
INMET. BDMEP – Banco de Dados Meteorológicos
para Ensino e Pesquisa. Disponível em: <http://
www.inmet.gov.br/projetos/rede/pesquisa/inicio.
php>. Acesso em: 16 abr. 2014.
SÃO PAULO (ESTADO). Parque Estadual Alberto
Löfgren: Plano de Manejo. São Paulo: Instituto
Florestal, 2012. 710 p. Disponível em: <http://
s.ambiente.sp.gov.br/if/Plano_de_Manejo_PE_
Alberto_Lofgren_.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2014.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
181
OMOTE, T.; ANTUNES, A.Z.; MATSUKUMA, C.K. Fenologia e frugivoria de Euterpe edulis e Phoenix roebelenii
SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 60.133, de
7 de fevereiro de 2014. Declara as espécies da
fauna silvestre ameaçadas, as quase ameaçadas e
as deficientes de dados para avaliação no Estado
de São Paulo e dá providências correlatas. Diário
Oficial do Estado de São Paulo, Poder Executivo,
v. 124, n. 27, 8 fev. 2014. Seção I, p. 25-32, 2014.
SCHUPPE, W. Quantity, quality, and the effectiveness
of seed dispersal by animals. Vegetatio, v. 107/108,
n. 1, p. 15-29, 1993.
SILVA, I.A.; FIGUEIREDO, R.A.; MATOS, D.M.S.
Feeding visit time of fruit-eating birds
in Cerrado plants: revisiting the predation risk
model. Revista Brasileira de Zoologia, v. 25,
n. 4, p. 682-688, 2008.
ZONA, S. Additions to “a review of animal-mediated
seed dispersal of palms”. 2006. Disponível em:
<http//:www.virtualherbarium.org/palms/psdispersal.html>.
Acesso em: 16 maio 2014.
ZONA, S.; HENDERSON, A. A review of
animal-mediated seed dispersal of palms.
Selbyana, v. 11, p. 6-21, 1989.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 169-181 dez. 2014
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 183-191 dez. 2014
http://dx.doi.org/10.4322/rif.2014.014
ISSN impresso 0103-2674/on-line 2178-5031
ALTERAÇÕES DA RELAÇÃO C/N DE UM LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO
SOB DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS EM BRASNORTE – MT1
CHANGES IN C/N RELATION OF A RED-YELLOW LATOSOL
UNDER DIFFERENT PLANT CULTIVATIONS IN BRASNORTE – MT
Cristiane Ramos VIEIRA2, 5; Oscarlina Lúcia dos Santos WEBER3;
Rafael Ferreira LIUTI2; José Fernando SCARAMUZZA4
RESUMO – Este estudo objetivou analisar as alterações nos teores de carbono e de
nitrogênio e na relação C/N em solos sob diferentes coberturas. Os sistemas avaliados
foram: Floresta Secundária, pastagem, e plantios de teca (Tectona grandis) com 8, 13, 16
e 19 anos, utilizando o delineamento inteiramente casualizado para a coleta do solo nas
profundidades 0 a 5, 5 a 10 e 10 a 20 cm. Nas áreas dos plantios de T. grandis as amostras
de solo foram coletadas na projeção da copa e nas entrelinhas, e nas áreas de pastagem e
de Floresta Secundária a coleta foi aleatória. Verificou-se que os teores de carbono orgânico
total – COT foram mais elevados nas primeiras camadas de solo, diminuindo conforme a
profundidade. A manutenção dos teores de C e de N, semelhantes aos da Floresta Secundária,
permitem caracterizar o solo dos sistemas pastagem e de cultivo de T. grandis como
quimicamente não degradados, sendo que os valores de relação C/N indicam que o processo
dominante em todos os sistemas foi a mineralização.
Palavras-chave: sistemas de manejo; estoque de carbono; estoque de nitrogênio; matéria orgânica.
ABSTRACT – This study aimed to analyze the changes in the levels of carbon and nitrogen
and C/N relation in different soil covers. The systems evaluated were: Secondary Forest,
pasture, and plantations of teak at 8, 13, 16 and 19 years old, using a completely randomized
design in split plot to collect soil in three depths (0-5, 5-10 and 10-20 cm). In the area of teak
plantations samples of soil were collected on the projection of the tree crown and between
lines, in the pasture and Secondary Forest they were collected randomly. It was found that
the concentration of total organic carbon – TOC was higher in the first depth, decreasing as
the depth. The maintenance of the levels of C and N similar to Secondary Forest can
characterize the soil of grass pastures systems and cultivation of teak as chemical not degraded
and C/N relation indicates that the dominant process on all systems was the mineralization.
Keywords: management systems; carbon stock; nitrogen stock; organic matter.
______
1
Recebido para análise em 11.08.14. Aceito para publicação em 06.11.14.
2
Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Corrêa da Costa, n. 2367, Bairro Boa Esperança, 78060-900 Cuiabá, MT, Brasil.
3
Universidade Federal de Mato Grosso, Departamento de Solos e Engenharia Rural, Av. Fernando Corrêa da Costa, n. 2367, Bairro Boa Esperança,
78060-900 Cuiabá, MT, Brasil. [email protected].
4
Universidade Federal de Mato Grosso, Departamento de Solos e Engenharia Rural, Av. Fernando Corrêa da Costa, n. 2367, Bairro Boa Esperança,
78060-900 Cuiabá, MT, Brasil. [email protected].
5
Autor para correspondência: Cristiane Ramos Vieira – [email protected]
184
VIEIRA, C.R. et al. Alterações C/N de um Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferenes coberturas vegetais
1 INTRODUÇÃO
O Bioma Cerrado passa por intensa
transformação da paisagem para dar suporte às
grandes áreas de monocultivos. Nesse contexto,
situa-se Brasnorte, município localizado na região
norte de Mato Grosso e cujas principais atividades
econômicas se baseiam na produção agrícola,
pecuária e exploração madeireira em florestas
nativa e plantada.
Em condições nativas, o solo organiza-se
em uma estrutura bem definida pela sua composição
granulométrica, química e atuação dos agentes
biológicos. Sua conversão para agricultura
convencional impõe mudanças drásticas nessa
estabilidade, refletindo-se na perda da matéria
orgânica – MO e dos agregados mais complexos
(Bayer et al., 2006). De acordo com Matias et
al. (2012), o intenso revolvimento do sistema de
plantio convencional favorece a decomposição de
MO, com efeitos negativos sob os atributos físicos
no solo, pois a redução da matéria orgânica do
solo – MOS ocasiona redução nos teores de C e
de N, também observado por Souza et al. (2006);
Matias et al. (2012) e Loss et al. (2013).
Segundo Denardin et al. (2014), o manejo
inadequado do solo, ou a alteração da cobertura
florestal, levam a grandes perdas do C estocado, em
pouco tempo. Dessa maneira, o solo, considerado
um reservatório ou um dreno de C, pode tornar-se
fonte de C para a atmosfera, aumentando a
concentração dos gases do efeito estufa. Enquanto as
perdas de N acarretam em reduções no metabolismo
das plantas e, consequentemente, no crescimento,
comprometendo a produtividade de todo o cultivo.
Portanto, o estoque de C de um solo sob vegetação
natural representa o balanço entre a adição de
material vegetal morto e a perda pela decomposição
ou mineralização (Machado, 2005).
Segundo Santos (2008), uma alternativa
para manter ou melhorar os estoques de MOS,
de C, de N e a fertilidade é a utilização de sistemas
de culturas que adicionam material orgânico.
A manutenção dos resíduos culturais na superfície
proporciona decomposição gradual e acúmulo
do material orgânico no perfil do solo (Franzluebbers
et al., 2007). Campos et al. (2013) observaram que os
sistemas de plantio direto acumularam maiores teores
de carbono orgânico total – COT e nitrogênio total – NT
no perfil do solo, após cinco anos de implantação,
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 183-191 dez. 2014
em razão da maior estabilidade das frações húmicas
e menor grau de mineralização da MOS.
No entanto, resultados contraditórios
têm sido observados, demonstrando que estes
dependerão da cultura implantada, do solo e do
bioma utilizado como referência. Pulrolnik et al.
(2009) observaram que o cultivo do Eucalyptus
não reduziu o estoque de C e de N da biomassa
microbiana do solo em comparação com a do
Cerrado e pastagem, contribuindo para o aumento da
MOS. Moreira e Malavolta (2004) concluíram que
a sucessão floresta primária-pastagem-cupuaçuzal
causa diminuição significativa da MO e do C da
biomassa microbiana do solo. No entanto, a floresta
primária apresentou maior relação C/N da biomassa,
o que resultou em menor perda de C.
Enquanto Campolin (2006) observou que
a conversão do Cerrado em plantios florestais de
T. grandis alterou a capacidade de armazenamento
de MOS, mantendo ou elevando os teores e estoques
de MO no solo. Resultados contraditórios foram
observados por Souza et al. (2006) ao verificarem
que o estoque de C do solo reduziu em até 25%
na área sob pastagem, em relação ao Cerrado, e a
menor perda ocorreu na área sob sorgo em plantio
direto (4%).
Portanto, uma das preocupações atuais
é o desenvolvimento de pesquisas que verifiquem
a influência dos sistemas de cultivo na qualidade
do solo, utilizando C e N como indicativos. Desse
modo, o estudo visou quantificar os teores de C e
de N, e a relação C/N em diferentes camadas do
perfil do solo, sob diferentes sistemas de cultivo,
utilizando a Floresta Secundária como referência.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido na
Fazenda Paraná, propriedade da BERTeca Brasil,
unidade industrial pertencente ao grupo Berneck
S. A. Painéis e Serrados, localizada no município
de Brasnorte, região centro-norte do Estado de
Mato Grosso.
A propriedade onde foi realizado
este trabalho está classificada e situada por
Brasil (1982) como pertencente ao Grupo
Parecis. A Chapada dos Parecis constitui-se,
litologicamente, de arenitos do Grupo Parecis,
185
VIEIRA, C.R. et al. Alterações C/N de um Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferenes coberturas vegetais
os quais apresentam acamamento plano-paralelo,
caracterizando a homogeneidade topográfica desta
subunidade. Possui uma camada de sedimentos
finos recobrindo parcialmente o grupo. Essa camada
compunha-se de um material concrecionário,
sotoposto a um solo Latossolo Argilo-arenoso,
em topografia suave, com relevo plano e
suave ondulado.
O solo característico na região é do tipo
Latossolo Vermelho-Amarelo – LVA, que são
solos com teores de Fe2O3 iguais ou inferiores
a 11% e, normalmente, acima de 7% quando
argilosos ou muito argilosos e não concrecionários.
São profundos ou muito profundos, bem drenados,
com textura argilosa, muito argilosa ou média
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
EMBRAPA, 1999).
Para o estudo, foram escolhidas seis
áreas contíguas: (I) cobertura vegetal de Floresta
Secundária (FS); (II) pastagem extensiva com
braquiária (Brachiaria brizantha (Hochst.) Stapf.)
29 anos (PA); (III) plantio de teca (Tectona
grandis) com 19 anos (teca 19); (IV) plantio
de teca com 16 anos (teca 16); (V) plantio de
teca com 13 anos (teca 13) e teca com 8 anos
(teca 8), considerando como tratamento cada um
dos sistemas.
O Sistema FS está sob Floresta Ombrófila
Aberta, cuja última interferência antrópica ocorreu
no ano de 1999, com a retirada de espécies de
alto valor comercial como: mogno (Swietenia
macrophylla King), cerejeira (Amburana cearenses
Fr. All), cedro (Cedrela fissilis Vell.) e peroba
(Aspidosperma polyneuron Muell. Arg).
Para a implantação do sistema PA, a
floresta primária foi inicialmente explorada de
modo comercial. Logo após, implantou-se o método
do “correntão” para a retirada total da vegetação
restante, que foi leirada e queimada. A taxa de
lotação é inferior a duas unidades animal por
hectare, sendo a área utilizada na forma de rotativo
não controlado. A área não recebe adubação,
porém mantém a serapilheira.
A supressão da vegetação nas áreas onde
posteriormente foram implantados os sistemas
teca 19, teca 13 e teca 8 foi realizada idem ao da
pastagem. A diferença na implantação do sistema
teca 16 está no cultivo de arroz em intervalo de
três anos consecutivos anteriormente ao plantio,
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 183-191 dez. 2014
para cuja implantação se realizou a calagem
e adubação NPK, porém sem controle quanto
às características químicas do solo no momento,
bem como as exigências da espécie.
Os sistemas teca 19, teca 16, teca 13 e
teca 8 foram plantados com mudas provenientes
de origem seminal (com variabilidade genética),
produzidas em viveiro próprio do tipo toco raiz
nua, formando área plantada de 764,33 hectares.
As coletas de solo ocorreram no mês de
maio de 2011, no final da estação chuvosa, nas camadas
de 0 a 5, 5 a 10 e 10 a 20 cm de profundidade, a partir
da abertura de três minitrincheiras de 0,5 x 0,5 m
e 30 cm de profundidade, para cada tratamento.
As coletas foram realizadas em locais
distintos dentro dos sistemas FS e PA, demarcando
uma área de 0,5 ha para cada sistema, com a abertura
das minitrincheiras, aleatoriamente, com distância
mínima de 5 m entre elas.
Para os sistemas teca 19, teca 16, teca 13
e teca 8, as coletas foram realizadas em área total
de 0,5 ha de plantio, com coletas na projeção da
copa e nas entrelinhas, percorrendo a área em
zigue-zague, com distância mínima de 5 m entre
as minitrincheiras.
O delineamento utilizado foi o inteiramente
casualizado, contendo três repetições em cada
sistema de uso e tipo de amostra, cujos tratamentos
consistiram em uma referência (T1 – Floresta
Secundária) e cinco diferentes sistemas de uso:
T2 – Pastagem – PA; T3 – Teca 19 anos coleta
entrelinhas; T4 – Teca 16 anos coleta
entrelinhas; T5 – Teca 13 anos coleta
entrelinhas; T6 – Teca 8 anos coleta entrelinhas;
T7 – Teca 19 anos coleta projeção de copa;
T8 – Teca 16 anos coleta projeção de copa;
T9 – Teca 13 anos coleta projeção de copa;
T10 – Teca 8 anos coleta projeção de copa.
As amostras de solo foram secas ao ar e
peneiradas em malha de 2 mm. O carbono orgânico – CO
do solo foi determinado pelo método descrito em
Yeomans e Bremner (1988), enquanto o N, pelo
método de Bremner e Mulvaney (1982). Os tratos
silviculturais dentro das áreas de plantio de teca
estão apresentados na Tabela 1.
Os dados foram submetidos ao teste
Scott-Knott a 5% de significância quando o teste F
da ANOVA foi significativo, utilizando o software
SISVAR 4.6 desenvolvido pela Universidade Federal
de Lavras – UFLA (Ferreira, 2003).
186
VIEIRA, C.R. et al. Alterações C/N de um Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferenes coberturas vegetais
Tabela 1. Tratos silviculturais nos plantios de T. grandis.
Table 1. Silviculture management in T. grandis plantations.
Sistema
Tratamentos Silviculturais
T19
Desbaste no ano de 1996, retirando 30%, obedecendo a um desbaste baixo do tipo regular.
Desbaste no ano de 2002, retirando 40%, obedecendo a um desbaste sistemático (retirada da sétima
linha) em conjunto com um desbaste baixo.
Desbaste no ano de 2008, retirando 55%, obedecendo a um desbaste baixo.
T16
Desbaste no ano de 1999, retirando 25%, obedecendo a um desbaste baixo do tipo regular.
Desbaste no ano de 2003, retirando 30%, obedecendo a um desbaste sistemático (retirada da sétima linha).
T13
Desbaste no ano de 2002, retirando 30%, obedecendo a um desbaste baixo do tipo regular.
Desbaste no ano de 2007, retirando 40%, obedecendo a um desbaste sistemático (retirada da sétima linha).
T8
Desbaste no ano de 2009, retirando 50%, obedecendo a um desbaste baixo do tipo pesado.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Carbono Orgânico Total
A conversão da vegetação nativa em
diferentes usos e manejo do solo acarretou
alterações nos atributos químicos estudados e
apresentados nas Tabelas de 2 a 4. Os teores de
carbono orgânico total – COT, nos diferentes sistemas
de uso, encontram-se na Tabela 2. Ressalta-se
que as coletas de solo na Floresta Secundária
ocorreram 12 anos após a última intervenção.
Os resultados obtidos nos sistemas de cultivo com
pastagem e com T. grandis foram comparados com
o sistema natural considerando essas condições,
o que pode ter inferido nos teores de C, reduzindo-os,
quando comparados com outras pesquisas.
Nas condições atuais do solo, nota-se que
na camada 0 a 5 cm os sistemas de manejo com
cultivos de T. grandis e a pastagem foram
consideradas semelhantes ao sistema floresta,
no que se refere aos teores de COT. As maiores
diferenças entre sistemas ocorreram nas camadas
mais profundas.
Em geral, os teores de COT no sistema
floresta e na pastagem reduziram com o aumento da
profundidade, o mesmo foi observado por Santos
(2007), Campos et al. (2013) e Denardin et al.
(2014). O teor mais elevado de COT, na primeira
camada de solo, deve-se provavelmente à deposição
de material orgânico na superfície do solo,
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 183-191 dez. 2014
como a presença de biomassa diminui com
a profundidade, diminuem os teores de COT.
O mesmo não foi observado para os sistemas
com cultivo de T. grandis.
Nas camadas de 5 a 10 cm e 10 a 20 cm,
os sistemas: pastagem, teca 16 anos entrelinhas
e teca 8 anos apresentaram teores de COT mais
elevados que no sistema floresta. Segundo Castro
(2008), isso pode ser explicado pela intensidade
dos processos de adição de resíduos vegetais com
baixas taxas de decomposição na superfície do
solo, aumentando seu teor com a profundidade,
porque a serapilheira formada pelo sistema
teca é mais lignificada, demorando mais para
decompor. Diferentemente do sistema de floresta,
que possui diversidade de material a ser decomposto.
Ressalta-se que a Floresta Secundária
apresentou redução significativa dos teores de
COT conforme aumentou a profundidade; isto se
deve à diversidade de material vegetal e, assim,
de microrganismos, que possibilitam a degradação
com maior rapidez que nos demais sistemas.
Segundo Denardin et al. (2014), esses resultados
demonstram a importância da estabilidade do solo
nos sistemas florestais e do aporte de resíduos
vegetais, pois o manejo do solo e a ação de fatores
abióticos influenciam na degradação da MO e,
assim, nos teores de C, ficando evidente que os
maiores teores e maiores perdas de C ocorrem
nas camadas superficiais devido a maior presença
de microrganismos.
187
VIEIRA, C.R. et al. Alterações C/N de um Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferenes coberturas vegetais
Tabela 2. Carbono orgânico total (g.kg-1) em função dos sistemas de cultivo e das profundidades de amostragem.
Table 2. Total organic carbon (g.kg-1) in function of cultivation systems and sampling depths.
Tratamento
0-5 cm
5-10 cm
10-20 cm
Média
Teor de C (g.kg-1)
Floresta Secundária
5,97 Aa
4,44 Bb
3,33 Bc
4,58 c
Pastagem
6,54 Aa
5,78 Aa
4,60 Ab
5,64 a
Teca 19 – entrelinha
5,37 Aa
3,95 Bb
3,52 Bb
4,28 c
Teca 19 – projeção copa
5,62 Aa
4,23 Bb
3,92 Bb
4,59 c
Teca 16 – entrelinha
5,57 Aa
4,95 Aa
4,43 Aa
4,98 b
Teca 16 – projeção copa
6,22 Aa
4,79 Ab
4,04 Bb
5,01 b
Teca 13 – entrelinha
4,68 Aa
3,97 Ba
3,67 Ba
4,11 c
Teca 13 – projeção copa
4,70 Aa
3,60 Bb
3,30 Bb
3,87 c
Teca 8 – entrelinha
5,53 Aa
5,41 Aa
4,48 Aa
5,14 b
Teca 8 – projeção copa
5,81 Aa
6,05 Aa
5,04 Aa
5,63 a
5,60 a
4,72 b
4,03 c
Média
CV2(%)
CV1(%) = 13,57
13,44
CV1% = coeficiente de variação para tratamentos; CV2% = coeficiente de variação para profundidades. Médias seguidas
de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott 5%.
CV1% = coefficient of variation for treatments; CV2% = coefficient of variation for depths. Means followed by the
same letter, uppercase in the column and lowercase in the line, do not differ by the Scott-Knott test at 5%.
Portanto, as áreas de pastagem e de teca 8
anos na projeção da copa foram as que apresentaram
os maiores teores de COT, superiores ao sistema
natural, além de maior equilíbrio nos teores de C
entre as camadas do solo nos sistemas teca 16, 13
e 8 anos. Isso indica que esses sistemas possuem
mecanismos de manutenção de C, possibilitando que
este não seja perdido para a atmosfera, contribuindo
para o efeito estufa, semelhante ao que ocorre no
sistema natural ao manter a ciclagem de nutrientes
sem intervenção ao solo.
No caso da pastagem, esse resultado pode
estar relacionado ao tipo de gramínea, pois embora
não se tenha diversidade de material vegetal a ser
decomposto, as gramíneas são capazes de manter ou de
aumentar os teores de C, isto porque possuem sistema
radicular de crescimento rápido, que agrega as partículas
do solo, mantendo a porosidade e, consequentemente,
a qualidade física do mesmo e, ainda, à capacidade
em sequestrar maior quantidade de C atmosférico.
Silva et al. (2012) também observaram
um dos maiores valores de COT na área de pastagem,
atribuindo-o à eficiência de ciclagem de nutrientes da área.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 183-191 dez. 2014
Segundo Barreto et al. (2006), as gramíneas são
plantas C4 e, devido à sua fisiologia, podem
contribuir com maior aporte de C no solo.
Assim, a presença de gramíneas no plantio direto
favorece a formação de agregados mais estáveis,
aumentando os teores de C no solo e a taxa de
sequestro de CO2 (Salton et al., 2008).
No sistema teca, pode estar relacionado
ao tipo de material depositado na superfície do
solo e à sua facilidade ou não de decomposição,
potencialmente mais lignificado. Além disso, o
tempo de deposição e a quantidade de serapilheira
formada também favorecem, já que nesse sistema
não houve revolvimento do solo e/ou retirada da
mesma. Resultados reforçados por Loss et al. (2010),
que observaram os maiores valores de COT em área
onde se manteve a cobertura morta proveniente
de material roçado da vegetação de gramíneas
(Paspalum notatum), pois caso os sistemas não
sofram revolvimento, haverá uma melhora nas
propriedades físicas, químicas e biológicas do solo,
o que reduz as perdas por erosão hídrica e oxidação
microbiana (Bayer et al., 2004).
188
VIEIRA, C.R. et al. Alterações C/N de um Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferenes coberturas vegetais
3.2 Nitrogênio Total
Os valores obtidos de NT, apresentados
na Tabela 3, permitem descrever o decréscimo nos
teores do elemento com o aumento da profundidade
nos sistemas floresta e teca 13 anos entrelinha,
como observado por Freixo et al. (2002), Pulrolnik
et al. (2009) e Pimentel (2012), isto pode estar
relacionado ao decréscimo de COT em profundidade,
provavelmente em decorrência da redução de MOS.
Segundo Freixo et al. (2002), a maior parte dos
resíduos orgânicos permanece na superfície do
solo, aumentando, assim, com o acúmulo de
MO em superfície. Nos demais tratamentos,
os teores foram semelhantes aos da Floresta
Secundária. Esses resultados podem indicar,
no caso do sistema pastagem, que esta foi
bem manejada. Rangel e Silva (2007) também
observaram pouca diferença nos teores de NT entre
os tratamentos testados.
Tabela 3. Teores de nitrogênio total (g.kg-1) em função dos sistemas de cultivo e das profundidades de amostragem.
Table 3. Total nitrogen (g.kg-1) in function of cultivation systems and sampling depths.
Tratamento
Floresta Secundária
Pastagem
Teca 19 – entrelinha
Teca 19 – projeção copa
Teca 16 – entrelinha
Teca 16 – projeção copa
Teca 13 – entrelinha
Teca 13 – projeção copa
Teca 8 – entrelinha
Teca 8 – projeção copa
Média
CV2(%)
0-5 cm
5-10 cm
10-20 cm
Média
Teor de N (g.kg )
-1
1,33 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
0,33 Ba
1,00 Aa
1,00 Aa
0,97 a
1,00 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
0,66 Ba
0,33 Ba
1,00 Aa
1,00 Aa
0,90 a
0,66 Ab
1,00 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
1,00 Aa
0,66 Aa
0,00 Bb
0,00 Ba
1,00 Aa
1,00 Aa
0,73
1,00 a
1,00 a
1,00 a
1,00 a
1,00 a
0,89 a
0,55 b
0,22 c
1,00 a
1,00 a
CV1(%) = 6,49
5,80
CV1% = coeficiente de variação para tratamentos; CV2% = coeficiente de variação para profundidades. Médias seguidas
de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott 5%.
CV1% = coefficient of variation for treatments; CV2% = coefficient of variation for depths. Means followed by the
same letter, uppercase in the column and lowercase in the line, do not differ by the Scott-Knott test at 5%.
Isso corrobora os resultados observados
para os teores de C, demonstrando que os sistemas
estudados possuem mecanismos de manutenção ou
de aporte e decomposição da MO, o que garante
teores de C e de N semelhantes aos do sistema
natural, apesar da perda de diversidade vegetal.
No entanto, os menores teores de N foram
observados no sistema teca 13 anos projeção da
copa, o que pode estar relacionado aos menores
teores de COT que, por sua vez, está contido
na MOS. Segundo Rangel e Silva (2007), isso
se deve ao fato de que mais de 95% do NT do
solo estão associados à MO, e a MO no sistema
teca é de difícil degradação. No presente caso,
os teores obtidos foram semelhantes aos obtidos
por Matias et al. (2009) e Freixo et al. (2002),
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 183-191 dez. 2014
e inferiores aos observados por Costa Junior (2008),
Pimentel (2012) e Loss et al. (2013).
3.3 Relação C/N
Com os dados de N e de COT obteve-se
a relação C/N (Tabela 4); segundo Santos (2007),
esta pode indicar atividade biológica mais ou
menos intensa, além do grau de humificação e
estabilidade da MO do solo. Nesse caso, os valores
de relação C/N foram inferiores a 20 em todos
os sistemas e profundidades, o que indica que o
processo dominante é a mineralização, favorecendo
a decomposição e a liberação de N para o solo
(Moreira e Siqueira, 2002), resultados semelhantes
aos observados por Santos (2007), Matias et al.
(2009) e Pimentel (2012).
189
VIEIRA, C.R. et al. Alterações C/N de um Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferenes coberturas vegetais
Tabela 4. Relação C/N em função dos sistemas de cultivo e das profundidades de amostragem.
Table 4. C/N relation (g.kg-1) in function of cultivation systems and sampling depths.
Tratamento
0-5 cm
5-10 cm
10-20 cm
Média
Relação C/N
Floresta Secundária
4,01 Cb
5,57 Ba
5,13 Ca
4,90 c
Pastagem
7,82 Aa
8,06 Aa
7,31 Aa
7,73 a
Teca 19 – entrelinha
6,49 Ba
5,95 Ba
6,40 Ba
6,28 b
Teca 19 – projeção copa
6,87 Ba
6,52 Ba
6,60 Ba
6,66 b
Teca 16 – entrelinha
6,97 Ba
7,02 Aa
6,50 Ba
6,83 b
Teca 16 – projeção copa
8,26 Aa
7,97 Aa
7,23 Aa
7,82 a
Teca 13 – entrelinha
7,86 Aa
7,82 Aa
7,54 Aa
7,74 a
Teca 13 – projeção copa
8,86 Aa
7,77 Aa
8,00 Aa
8,21 a
Teca 8 – entrelinha
7,61 Aa
7,45 Aa
7,56 Aa
7,54 a
Teca 8 – projeção copa
7,66 Aa
7,70 Aa
8,35 Aa
7,90 a
7,24 a
7,18 a
7,06 a
Média
CV2(%)
CV1(%) = 10,54
9,67
CV1% = coeficiente de variação para tratamentos; CV2% = coeficiente de variação para profundidades. Médias seguidas
de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott 5%.
CV1% = coefficient of variation for treatments; CV2% = coefficient of variation for depths. Means followed by the
same letter, uppercase in the column and lowercase in the line, do not differ by the Scott-Knott test at 5%.
Avaliando-se as camadas do solo, o sistema
floresta apresentou os menores valores de relação C/N
entre os sistemas avaliados, tendendo a aumentar na
profundidade 5-10 cm, pois a floresta possui maior
diversidade de material vegetal, que, por sua vez,
possui diferentes graus de decomposição, ou seja, dos
mais aos menos lignificados, contribuindo também para
a maior diversidade da microbiota do solo. São eles
que degradam a MO, liberando os nutrientes. Nesse
caso, a degradação pode ser mais rápida, assim
como o aporte de material, mantendo o ciclo, devido
a menor relação C/N.
Com relação aos sistemas de cultivo de teca,
o cultivo de 19 anos apresentou os menores valores
para a relação C/N, o que pode estar relacionado ao
tempo de deposição do material, enquanto os maiores
valores foram observados nos sistemas: pastagem, teca
16 projeção de copa, teca 13 entrelinha e projeção de
copa, teca 8 entrelinha e projeção de copa, nestes,
o processo de decomposição foi mais lento que
na Floresta Secundária. A maior relação C/N acarreta
degradação mais lenta e favorece o acúmulo de COT
e N nos agregados do solo (Loss et al., 2011).
A exemplo disso, Schiavo et al. (2011)
verificaram que a pastagem de braquiária foi a cobertura
de solo que proporcionou índices de manejo de C no
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 183-191 dez. 2014
solo mais próximos aos da vegetação de Cerrado,
enquanto Teixeira et al. (2010) observaram maiores
valores de relação C/N em plantios de Eucalyptus
sp.; segundo os autores, a qualidade dos resíduos
influenciou a incorporação de MO, sugerindo
menor mineralização. Os autores especularam ainda
que, nesse caso, houve favorecimento para perda
de N em forma de gases. O mesmo pode ter ocorrido
no presente estudo devido aos valores de N obtidos.
Além disso, algumas áreas podem
apresentar maior relação C/N devido à sua maior
acumulação de COT e de N no perfil do solo,
em razão da estabilidade das frações húmicas
e menor grau de mineralização da MOS (Campos
et al., 2013).
Portanto, os sistemas de cultivo de
T. grandis apresentaram valores superiores na relação
C/N, o que se explica pela menor diversidade
de material a ser decomposto. No entanto, no
presente caso, a relação C/N esteve entre valores
que propiciam a decomposição da MO, liberando
os nutrientes essenciais. Assim, os sistemas de
cultivo de T. grandis e a pastagem apresentaram
semelhança ao sistema nativo, representado pela
Floresta Secundária; isto se deve, provavelmente,
às poucas intervenções nos solos sob estas culturas.
190
VIEIRA, C.R. et al. Alterações C/N de um Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferenes coberturas vegetais
4 CONCLUSÕES
Os sistemas pastagem e teca (T. grandis)
assemelharam-se ao sistema Floresta Secundária,
em termos de manutenção nos teores de C e de N, já que
os referidos sistemas de cultivo não apresentaram
reduções em relação ao sistema referência.
Os valores de relação C/N indicaram que o
processo dominante é a mineralização. No entanto,
o sistema teca 16 anos foi o único que apresentou
alteração dos valores de relação C/N entre projeção
de copa e entrelinha entre todos os sistemas com
plantio de T. grandis e a Floresta Secundária
apresentou um dos menores valores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRETO, A.C. et al. Características químicas e
físicas de um solo sob floresta, sistema agroflorestal
e pastagem no sul da Bahia. Caatinga, v. 19, n. 4,
p. 415-425, 2006.
BAYER, C. et al. Armazenamento de carbono
em frações lábeis da matéria orgânica de um
Latossolo Vermelho sob plantio direto. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 7, p. 677-683, 2004.
______. et al. A method for estimating coefficients
of soil organic matter dynamics based on long-term
experiments. Soil Tillage Research, v. 91,
p. 217-226, 2006.
BRASIL. Ministério das Minas e Energia
Departamento Nacional de Produção Mineral.
Projeto RADAMBRASIL. Folhas SD.23. Rio de
Janeiro, 1992. 660 p. (Levantamento de Recursos
Naturais, 29).
BREMNER, J.M.; MULVANEY, C.S. Total
nitrogen. In: PAGE, A.L. (Ed.). Methods of soil
analysis. Madison: American Society of Agronomy,
1982. p. 595-624.
CAMPOLIN, W.R. Características físicas e
químicas, estoque de matéria orgânica (total e
nas frações granulométricas) do solo sob Cerrado
e teca. 2006. 49 f. Dissertação (Mestrado em
Agricultura Tropical) – Faculdade de Agronomia,
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade
Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 183-191 dez. 2014
CAMPOS, L.P. et al. Estoque e frações de carbono
orgânico em Latossolo Amarelo submetido a
diferentes sistemas de manejo. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 48, n. 3, p. 304-312, 2013.
CASTRO, G.C. Carbono orgânico nas frações
granulométricas e húmicas em solos de
diferentes texturas sob floresta da região
noroeste mato-grossense. 2008. 45 f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Florestais e Ambientais) –
Faculdade de Engenharia Florestal, Universidade
Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
COSTA JUNIOR, C. Estoque de carbono e
nitrogênio e agregação do solo sob diferentes
sistemas de manejo agrícola no Cerrado, em Rio
Verde (GO). 2008. 139 f. Dissertação (Mestrado
em Ciências) – Centro de Energia Nuclear na
Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba.
DENARDIN, R.B.N. et al. Estoque de carbono no
solo sob diferentes formações florestais, Chapecó –
SC. Ciência Florestal, v. 24, n. 1, p. 59-69, 2014.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Centro Nacional
Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação
de solos. Brasília, DF, 1999. 412 p.
FERREIRA, D.F. Sisvar: versão 4.6. Lavras:
Universidade Federal de Lavras, 2003.
FRANZLUEBBERS, A.J.; SCHOMBERG, H.H.;
ENDALE, D.M. Surface‑soil responses to
paraplowing of long‑term no‑tillage cropland in
the Southern Piedmont USA. Soil and Tillage
Research, v. 96, p. 303‑315, 2007.
FREIXO, A.A. et al. Estoques de carbono e
nitrogênio e distribuição de frações orgânicas de
Latossolo do Cerrado sob diferentes sistemas de
cultivo. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
v. 26, n. 2, p. 425-434, 2002.
LOSS, A. et al. Carbono, matéria orgânica leve
e frações oxidáveis do carbono orgânico sob
diferentes sistemas de produção orgânica. Comunicata
Scientiae, v. 1, n. 1, p. 57-64, 2010.
______. et al. Agregação, carbono e nitrogênio
em agregados do solo sob plantio com integração
lavoura-pecuária. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
v. 46, n. 10, p. 1269-1276, 2011.
191
VIEIRA, C.R. et al. Alterações C/N de um Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferenes coberturas vegetais
LOSS, A. et al. Carbono mineralizável, carbono
orgânico e nitrogênio em macroagregados de
Latossolo sob diferentes sistemas de uso do solo
no Cerrado Goiano. Semina: Ciências Agrárias,
v. 34, n. 5, p. 2153-2168, 2013.
MACHADO, P.O. Carbono do solo e a mitigação
da mudança climática global. Química Nova, v. 28,
n. 2, p. 239-334, 2005.
MATIAS, M.C.B.S. et al. Biomassa microbiana
e estoques de C e N do solo em diferentes
sistemas de manejo, no Cerrado do Estado do Piauí.
Acta Scientiarum. Agronomy, v. 31, n. 3,
p. 517-521, 2009.
MATIAS, S.S.R. et al. Influência de diferentes
sistemas de cultivo nos atributos físicos e no
carbono orgânico do solo. Revisa Brasileira de
Ciência Agrária, v. 7, n. 3, p. 414-420, 2012.
MOREIRA, A.; MALAVOLTA, E. Dinâmica da
matéria orgânica e da biomassa microbiana em
solo submetido a diferentes sistemas de manejo
na Amazônia Ocidental. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 39, n. 11, p. 1103-1110, 2004.
MOREIRA, F.M.; SIQUEIRA, J.O. Microbiologia
e bioquímica do solo. Lavras: Universidade Federal
de Lavras, 2002. 625 p.
PIMENTEL, R.M. Propriedades físicas, carbono
e nitrogênio do solo em sistemas agropecuários.
2012. 99 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) –
Departamento de Zootecnia, Universidade Federal
de Lavras, Lavras.
PULROLNIK, K. et al. Estoques de carbono
e nitrogênio em frações lábeis e estáveis da
matéria orgânica de solos sob eucalipto, pastagem
e Cerrado no Vale do Jequitinhonha – MG.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 33, n. 5,
p. 1125-1136, 2009.
RANGEL, O.J.P.; SILVA, C.A. Estoques de carbono
e nitrogênio e frações orgânicas de Latossolo
submetido a diferentes sistemas de uso e manejo.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 31, n. 6,
p. 1609-1623, 2007.
SALTON, J.C. et al. Agregação e estabilidade de
agregados do solo em sistemas agropecuários em
Mato Grosso do Sul. Revista Brasileira de Ciência
do Solo, v. 32, n. 1, p. 11-21, 2008.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 183-191 dez. 2014
SANTOS, C.H. Alterações no estoque de
carbono, na dinâmica da matéria orgânica e dos
atributos químicos e físicos induzidas por
diferentes usos dos solos de Colorado do
Oeste-RO. 2008. 76 f. Dissertação (Mestrado em
Agricultura Tropical) – Faculdade de Agronomia,
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade
Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
SANTOS, E. Carbono, nitrogênio e relação
C/N em Gleissolo e Cambissolo sob diferentes
tipologias vegetais na área de ocorrência da
Floresta Ombrófila Densa, Antonina – PR. 2007.
104 f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) –
Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal
do Paraná, Curitiba.
SCHIAVO, J.A. et al. Índice de manejo de
carbono e atributos químicos de Latossolo
Vermelho sob diferentes sistemas de manejo.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 46, n. 10,
p. 1332-1338, 2011.
SILVA, C.F. et al. Carbono orgânico total, biomassa
microbiana e atividade enzimática do solo de
áreas agrícolas, florestais e pastagem no médio
Vale do Paraíba do Sul (RJ). Revista Brasileira de
Ciência do Solo, v. 36, n. 6, p. 1680-1689, 2012.
SOUZA, E.D. et al. Frações do carbono orgânico,
biomassa e atividade microbiana em um Latossolo
Vermelho sob cerrado submetido a diferentes
sistemas de manejos e usos do solo. Acta
Scientiarum. Agronomy, v. 28, n. 3, p. 323-329, 2006.
TEIXEIRA, J.M. et al. Estoque de nitrogênio
total e relação C/N influenciados pelo sistema de
manejo e uso do solo de Cerrado. In: CONGRESSO
NACIONAL DE MILHO E SORGO, 28., 2010,
Goiânia. Anais... Goiânia: Associação Brasileira
de Milho e Sorgo, 2010. CD-Rom.
YEOMANS, A.; BREMNER, J.M. A rapid and
precise method for routine determination of organic
carbon in soil. Communication in Soil Science
and Plant Analysis, v. 19, p. 1467-1476, 1988.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 193-201 dez. 2014
http://dx.doi.org/10.4322/rif.2014.015
ISSN impresso 0103-2674/on-line 2178-5031
RADIAL VARIATION OF WOOD ANATOMY AND BASIC DENSITY OF
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan.1
VARIAÇÃO RADIAL DA ANATOMIA E DENSIDADE BÁSICA DA MADEIRA DE
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan.
Eduardo Luiz LONGUI2; 3; Israel Luiz de LIMA2; Osny Tadeu de AGUIAR2;
Sandra Monteiro Borges FLORSHEIM2; Itiberê Moura Sckerratt SUCKOW2
ABSTRACT ‒ We investigated wood samples of five Anadenanthera colubrina trees,
aiming to study radial variation of anatomy and basic density. The trees were cut from “lote 5
do Rodoanel trecho sul” in Embu municipality, State of São Paulo, where vegetation is
classified as Montane Ombrophilous Dense Forest and climate is classified as Cwa. We cut
discs from the diameter at breast height ‒ DBH, and then cut samples from pith-to-bark to
anatomical and basic density analysis. The results suggest that Anadenanthera colubrina
has a very common anatomical and basic density radial variation pattern from pith-to-bark
between hardwoods with an increase in vessel diameter favoring hydraulic conductivity,
fiber wall thickness and length, ray height and width, and basic density. While the negative
relationship between vessel diameter and frequency is well reported for many species, it has not
been observed in A. colubrina because vessel frequency oscillates radially. This typical
radial pattern also occurs in other native species in planting conditions, already demonstrated
by our group in other studies, obviously with some changes depending on species.
Keywords: pith-bark variation; hydraulic conductivity; angico branco; Brazilian native wood.
RESUMO ‒ Investigamos amostras de madeira de cinco árvores de Anadenanthera
colubrina objetivando estudar a variação radial da anatomia e densidade básica. As árvores
foram cortadas no lote 5 do Rodoanel trecho sul, no município de Embu, com a vegetação
de Floresta Ombrófila Densa Montana e clima do tipo Cwa. Cortamos discos à altura do
peito ‒ DAP e destes obtivemos amostras radiais da medula para a casca, destas preparamos
amostras para a determinação anatômica e da densidade básica. Os resultados sugerem
que Anadenanthera colubrina apresenta um padrão radial de variação bastante comum no
sentido medula-casca para as angiospermas arbóreas, com aumento no diâmetro dos vasos,
consequentemente condutividade hidráulica, comprimento e espessura da parede da fibra,
altura e largura do raio e densidade básica. Contudo, a relação negativa entre diâmetro e
frequência dos vasos é bem reportada para muitas espécies, mas não ocorreu em A. colubrina,
pois a frequência oscilou radialmente. Esse típico padrão radial também ocorre em outras
espécies nativas em condições de plantio, como já demostrado por nosso grupo em outros
estudos, obviamente com algumas alterações dependendo da espécie.
Palavras-chave: variação medula-casca; condutividade hidráulica; angico branco; madeira
nativa do Brasil.
______
1
Received for analysis on 02.06.14. Accepted for publication on 09.12.14.
2
Instituto Florestal, Rua do Horto 931, 02377-000 São Paulo, SP, Brasil.
3
Corresponding author: Eduardo Luiz Longui ‒ [email protected]
194
LONGUI, E.L. et al. Wood variation of Anadenanthera colubrina
1 INTRODUCTION
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
(Fabaceae-Mimosoideae), locally known as
“angico-branco, angico liso, cambuí, monjoleiro”,
is a native species, not endemic to Brazil, with
geographical distribution in the Northeast
(Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio
Grande do Norte, and Sergipe States), Midwest
(Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul,
and Mato Grosso States), Southeast (Minas
Gerais, Rio de Janeiro, and São Paulo States), and
the South (Paraná State), with vegetation types
that include Caatinga, Cerrado, Floresta Estacional
Semidecidual (Seasonal Semideciduous Forest),
and Floresta Ombrófila (Rain Forest) (Morim,
2014). This pioneer deciduous heliophytic species
shows characteristics common to secondary
forest regions above 400 m in elevation,
reaching 12-15 m in height and trunk diameter
of 30-50 cm. Depending on environmental
conditions, A. colubrina trees can reach up to
35 m in height and 100 cm diameter at breast
height (Lorenzi, 2002).
Silvicultural characteristics of this
species include irregular growth with bifurcations
that may occur from the base. After cutting and
pruning, sprouting shows good results, both in
pure plantings in full sunlight and in mixed
plantings (Carvalho, 1994). Characterized by
sapwood and heartwood that is brown with
golden shades, A. colubrina provides beautiful
decorative effects and medium texture with
interlocked, irregular grain that splits easily, but
is, nonetheless, durable. A. colubrina has several
uses, including woodworking, packaging and,
shipbuilding, as well as being one of the Caatinga
species most used as coal (Johnson, 1985; Carvalho,
1994). In addition, the bark is used to treat
respiratory disorders (Peters, 2011). A. colubrina
has been used for multiple purposes within the
rural communities of northeastern Brazil, is largely
used in rural constructions, as an energy source,
as well as in popular medicines. Local management
of this species is based on simple maintenance
and harvesting of individuals in agroforest
home gardens (Monteiro et al., 2006; Albuquerque
and Andrade, 2002a; Albuquerque and Andrade,
2002b).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 193-201 dez. 2014
Lachenbruch et al. (2011) describe the
complexity and interactions in the development
of woody plants that may cause the typical radial
pattern, and the authors mention that gradual
radial variations are the rule in many properties of
wood, including differences in mature wood when
compared with juvenile wood – in general, the latter
presents shorter cells with smaller diameters and
thinner cell walls.
We summarize the results of radial
variation for some anatomical features of vessels,
fibers, rays and wood density in eight other
Brazilian native species that we studied previously
to give a sense of how the radial variation occurs.
We noticed that vessel diameter increased toward
the bark in all eight species: Plathymenia reticulata
(Longui et al., 2012), Astronium graveolens
(Santos et al., 2011), Balfourodendron riedelianum
(Lima et al., 2011a), Cariniana legalis (Lima et
al., 2011b), Gallesia integrifolia (Longui et al.,
2011), Piptadenia gonoacantha (Longui et al.,
2010), Croton floribundus (Lima et al., 2010) and
Luehea divaricata (Longui et al., 2009). While
vessel frequency increased in Balfourodendron
riedelianum (Lima et al., 2011a), it decreased in
other four species: Plathymenia reticulata (Longui
et al., 2012), Astronium graveolens (Santos et al.,
2011), Cariniana legalis (Lima et al., 2011b) and
Gallesia integrifolia (Longui et al., 2011).
Fiber length increased in four species:
Plathymenia reticulata (Longui et al., 2012),
Astronium graveolens (Santos et al., 2011), Gallesia
integrifolia (Longui et al., 2011), and Cariniana
legalis (Lima et al., 2011b). Fiber wall thickness
increased in six species: Astronium graveolens
(Santos et al., 2011), Balfourodendron riedelianum
(Lima et al., 2011a), Cariniana legalis (Lima et
al., 2011b), Gallesia integrifolia (Longui et al.,
2011), Piptadenia gonoacantha (Longui et al.,
2010) and Luehea divaricata (Longui et al., 2009).
Wood density increased in three species: Astronium
graveolens (Santos et al., 2011), Balfourodendron
riedelianum (Lima et al., 2011a) and Luehea
divaricata (Longui et al., 2009).
Ray height increased in four species:
Balfourodendron riedelianum (Lima et al.,
2011a), Cariniana legalis (Lima et al., 2011b),
Gallesia integrifolia (Longui et al., 2011) and
Piptadenia gonoacantha (Longui et al., 2010).
195
LONGUI, E.L. et al. Wood variation of Anadenanthera colubrina
Ray width decreased in Balfourodendron
riedelianum (Lima et al., 2011a) and increased
in three species: Plathymenia reticulata (Longui
et al., 2012), Gallesia integrifolia (Longui et al.,
2011), and Piptadenia gonoacantha (Longui et al.,
2010). Ray frequency decreased in three species:
Balfourodendron riedelianum (Lima et al., 2011a),
Piptadenia gonoacantha (Longui et al., 2010), and
Croton floribundus (Lima et al., 2010).
Studies that evaluate the radial and
axial variation in the trunk have illustrated how
the architecture adopted by different species can
safely and efficiently transport water (Fan et al.,
2009). However, radial and axial variation in trunk
can also be a characteristic used to distinguish
plants that have commercial importance, making
it possible to establish the most suitable raw
material for a given application. The investigation of
the radial variation in natural conditions also helps
improve the understanding of anatomical differences
and wood properties found on plantations (Bosman
et al., 1994) where different spacing is employed,
in contrast to trees growing in the natural forest.
The aim of this study was to investigate
the radial variation of wood anatomy and basic
density of Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
trees growing under natural conditions.
2 MATERIAL AND METHODS
2.1 Study Site and Sampling
Wood samples were collected in Embu
municipality, State of São Paulo, between the
Regis Bittencourt and Imigrantes Highways.
Samples were taken from vegetation removed
for construction of the Rodoanel Highway. The
geographic coordinates of the collection area
are 23o41’50.6”S and 46o49’06.4’’ W (Figure 1).
Embu vegetation is classified as Montane
Ombrophilous Dense Forest (Franco et al., 2007).
According to the Centro de Pesquisas Meteorológicas
e Climáticas Aplicadas à Agricultura – CEPAGRI
(Centre for Meteorological and Climate Research
Applied to Agriculture) (2014), the climate of
Embu is Cwa (humid subtropical climate).
Figure 1. Location of Embu municipality (*) in São Paulo State, Brazil, and mean monthly precipitation and
temperature. Data from 1961-1990 (CEPAGRI, 2014).
Figura 1. Localização do município de Embu (*) em São Paulo, Brasil, e as médias mensais de precipitação e
temperatura. Dados entre 1961-1990 (CEPAGRI, 2014).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 193-201 dez. 2014
196
LONGUI, E.L. et al. Wood variation of Anadenanthera colubrina
Five trees of Anadenanthera colubrina
were identified in the field. These trees were cut,
and discs were removed at breast height diameter
(DBH, 1.30 m in height). Discs averaged 30 cm in
diameter. From each disc, a strip with 6 cm deep
was cut, and seven samples from pith-to-bark,
independent of DBH variation, seven samples were
obtained on all discs, consequently with different
dimensions. From the top part, we investigated
wood anatomical features, and from the bottom
samples, we determined basic density values
(Figure 2).
Figure 2. Schematic illustration of wood samples for anatomic measurements and basic density determination.
Figura 2. Representação esquemática da amostragem para anatomia e densidade básica.
2.2 Anatomical and Basic Density Analysis
Small pieces were cut from the side of
samples, and macerations were prepared according to
the modified Franklin method (Berlyn and Miksche,
1976), modification is due to differences in the
concentration of hydrogen peroxide in solution that
is higher in our study. Then, samples were boiled for
about 60 min in water, glycerin and alcohol (4:1:1),
and 16 μm transverse and tangential longitudinal
sections were cut with a sledge microtome. Sections
were stained with a 1% solution of safranin, washed
with distilled water, and mounted in a solution of
water and glycerin (1:1) on slides. The terminology
followed the IAWA list of Microscopic Features for
Hardwood Identification (IAWA Committee, 1989).
All anatomical measurements were obtained using
an Olympus CX 31 microscope equipped with a
digital camera (Olympus Evolt E330) and a computer
with image analyzer software (Image-Pro 6.3).
Hydraulic conductivity was calculated
based on vessel diameter, using the following
equation: Kh = πD4/128η, where D is the diameter,
η is the viscosity index of water (1.002 x 10-9 MPa s
at 20 oC), and Kh is the hydraulic conductivity (Scholz
et al., 2013).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 193-201 dez. 2014
Samples 2 x 2 x 3 cm were saturated in
water by treatment with a vacuum system for 72 h to
obtain the green volume of wood. The samples were
dried (105 ± 3 oC) in a laboratory kiln for three days
to determine the oven-dry mass for calculate basic
density (Glass and Zelinka, 2010).
2.3 Statistical Analysis
We performed a parametric analysis of
variance (One-Way Analysis of Variance). When a
normal distribution of data was not observed, data
were transformed (i.e., square root). In the case of
a significant difference, Tukey’s test was applied to
identify pairwise determinants of differences. Only
results with p < 0.01 were considered significant.
3 RESULTS
In a general, vessel diameter (Figure 3),
hydraulic conductivity, fiber length and wall
thickness (Figure 4), rays height and width and
basic density increased from pith-to-bark (Table 1).
Vessel frequency oscillated radially (Table 1).
However, ray frequency decreased towards the bark
(Table 1).
197
LONGUI, E.L. et al. Wood variation of Anadenanthera colubrina
Figure 3. Transverse sections of Anadenanthera colubrina wood. Pith position (a). Bark position (b). Scale bars = 200 μm.
Figura 3. Secções transversais da madeira de Anadenanthera colubrina. Posição próxima da medula (a). Posição próxima
da casca (b). Barra de escala = 200 μm.
Figure 4. Difference in length (a) and fiber wall thickness (b) of Anadenanthera colubrina wood between pith and bark.
We emphasize that only five radial positions are represented, as the visual difference between the fibers in some positions
was very small. Scale bar in a = 250 μm, in b = 50 μm.
Figura 4. Diferença no comprimento (a) e na espessura da parede das fibras (b) da madeira de Anadenanthera colubrina
entre medula e casca. Ressaltamos que apenas cinco posições radiais estão representadas, uma vez que a diferença visual
entre as fibras em algumas posições foi muito pequena. Barra de escala em a = 250 μm e em b = 50 μm.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 193-201 dez. 2014
198
LONGUI, E.L. et al. Wood variation of Anadenanthera colubrina
Table 1. Wood feature variations of Anadenanthera colubrina from pith-to-bark.
Tabela 1. Variação das características anatômicas de Anadenanthera colubrina no sentido medula-casca.
Wood Features
VEL
VD
VF
Kh
FL
FWT
RH
RW
RF
BD
A (pith)
486b
92d
12.1a
2.495d
663f
3.6c
300c
39bc
5.9a
0.35b
B
496b
119c
11.1ab
6.628c
724e
3.9b
256d
33c
5.4b
0.36b
C
517ab
127c
8.8c
8.662c
836d
3.8b
296cd
35c
5.1bc
0.39b
D
535a
128bc
8.6c
8.223c
902c
4.2ab
308c
40b
4.9cd
0.46ab
E
541a
138ab
8.7c
12.323b
954b
4.2a
312bc
40b
4.9cd
0.50ab
F
545a
150a
9.9bc
17.152a
1018a
4.4a
372a
48a
4.8cd
0.52a
G (bark)
521ab
140a
10.2b
13.817ab
1054a
4.0b
352ab
46a
4.6d
0.54a
VEL = Vessel element length (μm), VD = Vessel diameter (μm), VF = Vessel frequency (nº mm-2), Kh = Hydraulic
conductivity (m4/MPa-1 * s-1), FL = Fiber length (μm), FWT = Fiber wall thickness (μm), RH = Ray height (μm),
RW = Ray width (μm), RF = Ray frequency (nº mm-1), BD = Basic density (g cm-3). Different letters in the same column
indicate statistical significance by the Tukey’s test (p value < 0.01).
VEL = Comprimento do elemento de vaso (μm), VD = Diâmetro de vaso (μm), VF = Frequência de vaso (nº mm-2),
Kh = Condutividade hidráulica (m4/MPa-1 * s-1), FL = Comprimento da fibra (μm), FWT = Espessura da parede da fibra
(μm), RH = Altura do raio (μm), RW = Largura do raio (μm), RF = Frequência do raio (nº mm-1), BD = Densidade básica
(g cm-3). Letras diferentes na mesma coluna indicam variação estatística significativa pelo teste de Tukey (valor de p < 0,01).
4 DISCUSSION
Many authors mention that gradual
radial variations are the rule in many properties
of wood (Lachenbruch et al., 2011). However,
these variations should be studied and understood
in each species. For example, in another study we
collected samples of Alchornea sidifolia in the
same area and period of year as indicated in
the present study, and we found few variations
in the pith-to-bark direction with increases only
in fiber length, vessel diameter and intervessel
pit diameter (Santini Júnior et al., 2010). However,
in A. colubrina, variations occurred in all studied
features with increases or decreases from
pith-to-bark. Studying Anadenanthera peregrina,
Teixeira (2008) also observed an increase in fiber
length and fiber wall thickness, as well as basic
density from pith to bark. This author carried out
the tree sampling (average DBH of 44.2 cm) in
native forest at the Universidade Federal de Viçosa,
Minas Gerais State, with Cwb (subtropical highland
variety) climate type.
Although radial variation is shared among
tree species, these results show species that are
more homogeneous than others, and although small
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 193-201 dez. 2014
variations can occur, they are not statistically
significant. In this discussion, it should be noted
that such changes may be either ontogenetically
fixed or plastic, and, as such, we need to investigate
whether such changes are triggered by factors that
vary as the plant grows (Lachenbruch et al., 2011).
Comparing the two species mentioned above,
Alchornea sidifolia and Anadenanthera colubrina,
growing under the same environmental pressures,
it is evident that the two species responded
differently to wood radial variation pattern.
Specifically, Anadenanthera peregrina, a species of
the same genus as A. colubrina, was growing
in another area and another climate type, but it
still showed the same variation pattern for basic
density and fiber dimensions, implicating the
influence of ontogeny in this genus.
The complexity increases when we
evaluate radial variation within the same species
with trees that grew in the same area, but with
different seed origins. For instance, in study with
Gallesia integrifolia from three seed origins
(Longui et al., 2011), it was found that wood
radial variation depends on the origin of the seeds
(genetic factor) more than the influence of climate
and soil of studied area (environmental factors).
199
LONGUI, E.L. et al. Wood variation of Anadenanthera colubrina
Guimarães (2009) studied Anadenanthera
colubrina at two locations with different types
of vegetation and climate in Rio de Janeiro:
Ilha Grande (Lowland Ombrophilous Dense
Forest with Af climate type (tropical rainforest
climate) according to Köppen (1948)) and
Itatiaia (Montane Ombrophilous Dense Forest,
Cwa climate type) and found variation in wood
anatomy between the environments in almost all
features also studied by us in the present study. In
that study, vessel diameter and frequency did not
vary significantly between the two environments,
and the author did not evaluate hydraulic
conductivity. Since Guimarães (2009) studied
nondestructive samples close to the bark, we used
values at G position (close to bark) for comparison.
Neither in the study of Guimarães nor in ours
was the age of the trees determined, since tree
samples were collected in the natural environment.
However, since diameters of about 30 cm at
breast height (1.30 m in height) described by
Guimarães are close to ours, we estimate that trees
had roughly similar ages. We present below the
values obtained by Guimarães (2009) in each area:
Ilha Grande: VEL = 348 μm, VD = 126 μm,
VF = 13.5 nº mm-2, FL = 954 μm, FWT = 5.7 μm,
RH = 188 μm, RW = 43 μm and RF = 5 nº mm-1;
Itatiaia: VEL = 310 μm, VD = 145 μm, VF = 19.5 nº mm-2,
FL = 1,095 μm, FWT = 4.7 μm, RH = 328 μm,
RW = 38 μm and RF = 5 nº mm-1. For comparison
see our data in Table 1.
We know that radial growth, usually
measured in DBH, depends on several conditions,
such as spacing, climate and soil types. Mattos
and Seitz (2008) studied the formation of annual
growth rings in Anadenanthera colubrina in
the Pantanal, Mato Grosso State and estimated
that the species takes at least 55 years to reach
40 cm in diameter. Obviously, it would be
difficult to estimate the age of trees in the
present study, as such estimate would depend on
many factors.
According to Franco et al. (2007), the
collection area of the present study is Montane
Ombrophilous Dense Forest and the weather,
according to CEPAGRI (2014), is Cwa (humid
subtropical climate) for Embu municipality. These
are the same characteristics as those of Itatiaia,
according to Morim (2002), Oliveira (2001) and
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 193-201 dez. 2014
SIMERJ (Sistema de Meteorologia do Estado
do Rio de Janeiro), INMET (Instituto Nacional
de Metereologia), as reported by Guimarães
(2009). Except for vessel element length, which
was longer in our study when compared to the
results of Guimarães (2009), the values of vessel
diameter, fiber length, fiber wall thickness, and
ray height were similar between the present
study and those of Itatiaia by Guimarães (2009),
while our values of vessel frequency and
ray width were closer to those found in Ilha
Grande by Guimarães (2009) (see Table 1).
Based on this comparison, we asked if the largest
number of similarities between Embu and
Itatiaia could be attributed to the occurrence
of the same vegetation and climate types.
Once again, the relative contribution of
environmental vs. genetic factors becomes relevant.
The fact is that A. colubrina presents a clear radial
variation in wood structure in different vegetation
types, e.g., increase in vessel diameter and
fiber lenght.
Plourde et al. (2014) investigated tropical
trees in northeastern Costa Rica and they found
radial changes in wood specific gravity in 42 of
74 species, with 37 species exhibiting increases
from pith to bark, and 5 exhibiting decreases.
We also found increase in wood density from
pith to bark in A. colubrina, based on the
Plourde’s study, our result appears in most tropical
species. Wiemann and Williamson (1988; 1989)
proposed that increasing density in the radial
direction are related to increasing mechanical
requirements when tree grows in thickness and
may be linked to successional group, since pioneer
species grow rapidly in the early years (lighter
wood) to achieve necessary height to obtain light,
and then there is an mechanical reinforcement
with increase in density. Noting that A. colubrina
is pioneer species (Lorenzi, 2002).
5 CONCLUSIONS
The results suggest that Anadenanthera
colubrina has a very common radial variation pattern
from pith-to-bark with an increase in vessel diameter,
favoring hydraulic conductivity, fiber wall thickness
and length, ray height and width, and basic density.
200
LONGUI, E.L. et al. Wood variation of Anadenanthera colubrina
Although the negative relationship between vessel
diameter and frequency is well reported for many
species, it has not been observed in A. colubrina
because vessel frequency oscillates radially. Our tree
samples were collected in the natural environment,
specifically Montane Ombrophilous Dense Forest;
however, this typical radial pattern also occurs
in other native species in planting conditions,
obviously with some changes depending on species.
6 ACKNOWLEDGMENTS
The authors thank Sonia Godoy Campião
for laboratory assistance.
REFERENCES
ALBUQUERQUE, U.P.; ANDRADE, L.H.C.
Conhecimento botânico tradicional e conservação
em uma área de caatinga no Estado de Pernambuco,
Nordeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 16,
n. 3, p. 273-285, 2002a.
______. Uso de recursos vegetais da Caatinga: o
caso do agreste do Estado de Pernambuco (Nordeste
do Brasil). Interciência, n. 7, p. 336-345, 2002b.
BERLYN, G.P.; MIKSCHE, J.P. Botanical
microtechnique and cytochemistry. Ames: The
Iowa University Press, 1976. 326 p.
BOSMAN, M.T.M. et al. Radial variation in wood
properties of naturally and plantation grown light
red meranti (Shorea sp., Dipterocarpaceae). IAWA
Journal, v. 15, n. 2, p. 111-120, 1994.
CARVALHO, P.E.R. Espécies florestais brasileiras:
recomendações silviculturais, potencialidade e
uso da madeira. Brasília, DF: EMBRAPA-CNPF,
1994. 640 p.
FRANCO, G.A.D.C. et al. Importância dos
remanescentes florestais de Embu ‒ SP para a
conservação da flora regional. Biota Neotropica,
v. 7, n. 3, p. 145-161, 2007.
GLASS, S.; ZELINKA, S.L. Moisture relations
and physical properties of wood. In: ROSS, R.
(Ed.). Wood handbook – wood as an engineering
material. 100th ed. Madison: U.S. Department
of Agriculture, Forest Service, Forest Products
Laboratory, 2010. p. 4-1-4-19. (General Technical
Report FPL-GTR-190).
GUIMARÃES, R.C. Anatomia do lenho de
Anadenanthera
colubrina
em
diferentes
fitofisionomias da Floresta Atlântica no Estado
do Rio de Janeiro: Ilha Grande e Itatiaia – Rio
de Janeiro. 2009. 44 f. Dissertação (Mestrado em
Botânica) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico
do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica
Tropical, Rio de Janeiro.
IAWA COMMITTEE. IAWA list of microscopic
features for hardwood identification. IAWA
Bulletin, v. 3, n. 10, p. 219-332, 1989.
JOHNSON, D.V. Relatório sobre o manejo da
caatinga, semi-árido do Nordeste Brasileiro. In:
PROJETO PNUD/FAO/BRA/85/007. Natal, 1985.
(Circular Técnica, 3).
LACHENBRUCH, B.; MOORE, J.R.; EVANS, R.
Radial variation in wood structure and function
in woody plants, and hypotheses for its occurrence.
In: MEINZER, F.C.; LACHENBRUCH, B.;
DAWSON, T.E. (Ed.). Size- and age-related
changes in tree structure and function. Dordrecht:
Springer, 2011. p. 121-164.
LIMA, I.L. et al. Variação radial da densidade
básica e dimensões celulares de Croton floribundus.
Floresta, v. 40, n. 3, p. 663-670, 2010.
CENTRO DE PESQUISAS METEOROLÓGICAS E
CLIMÁTICAS APLICADAS À AGRICULTURA –
CEPAGRI. Clima dos municípios paulistas.
Available at: <http://www.cpa.unicamp.br/outrasinformacoes/clima-dos-municipios-paulistas.
html>. Access on: 8 Mar. 2014.
______. et al. Densidade básica e dimensões
celulares da madeira de Balfourodendron
riedelianum em função da procedência e posição
radial. Revista do Instituto Florestal, v. 23, n.2,
p. 217-230, 2011a.
FAN, X.; CAO, K.F.; BECKER, P. Axial and radial
variations in xylem anatomy of angiosperm and
conifer trees in Yunnan, China. IAWA Journal,
v. 30, n. 1, p. 1-13, 2009.
______. et al. Variação radial da densidade básica
e dimensões celulares da madeira de Cariniana
legalis (Mart.) O. Kuntze em função da procedência.
Cerne, v. 17, n. 4, p. 517-524, 2011b.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 193-201 dez. 2014
201
LONGUI, E.L. et al. Wood variation of Anadenanthera colubrina
LONGUI, E.L. et al. Variação anatômica radial
do lenho de açoita-cavalo (Luehea divaricata) e
sua influência na densidade aparente. Revista do
Instituto Florestal, v. 21, n. 2, p. 181-190, 2009.
______. et al. Variação radial das características
anatômicas, densidade aparente, teores de extrativos,
lignina e holocelulose na madeira de Piptadenia
gonoacantha (Mart.) Macbr. Scientia Forestalis,
v. 38, n. 3, p. 341-353, 2010.
______. et al. Seed provenance influences the wood
structure of Gallesia integrifolia. IAWA Journal,
v. 32, n. 3, p. 361-374, 2011.
______. et al. Estrutura do lenho de Plathymenia
reticulata e algumas implicações na eficiência
hidráulica e resistência mecânica. Floresta, v. 42,
n. 2, p. 335-346, 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de
identificação e cultivos de plantas arbóreas do
Brasil. 2. ed. São Paulo: Nova Odessa, 2002. 382 p.
MATTOS, P.P.; SEITZ, R.A. Growth dynamics of
Anadenanthera colubrina var. cebil and Tabebuia
impetiginosa from Pantanal Mato-Grossense, Brazil.
Ciência Florestal, v. 18, n. 4, p. 427-434, 2008.
MONTEIRO, J.M. et al. Use and traditional
management of Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan in the semi-arid region of northeastern
Brazil. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine,
v. 2, p. 1-18, 2006.
MORIM, M.P. Leguminosae arbustivas e arbóreas
do Parque Nacional do Itatiaia: abordagem
florístico-taxonômica. 2002. 215 p. Tese (Doutorado
em Ciências Biológicas – Botânica) – Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
______. Anadenanthera. In: LISTA de espécies da
flora do brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Available at: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/
floradobrasil/FB18071>. Access on: 26 Mar. 2014.
OLIVEIRA, R.R. Ação antrópica e resultantes
sobre a estrutura e composição da Mata Atlântica
na Ilha Grande, RJ. Rodriguésia, v. 53, n. 82,
p. 33-58, 2001.
PETERS, C.M. Economic botany and management
potential of neotropical seasonally dry forests. In:
DIRZO, R. et al. (Ed.). Seasonally dry tropical
forests: ecology and conservation. Washington,
D. C.: Island Press, 2011. p. 239-258.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 193-201 dez. 2014
PLOURDE, B.T.; BOUKILI, V.K.; CHAZDON, R.L.
Radial changes in wood specific gravity of tropical
trees: inter- and intraspecific variation during
secondary succession. Functional Ecology, 2014.
doi: 10.1111/1365-2435.12305.
SANTINI JUNIOR, L. et al. Análise anatômica
qualitativa e quantitativa e densidade básica
da madeira de Alchornea sidifolia Müll. Arg.
(Euphorbiaceae). Revista do Instituto Florestal,
v. 22, n. 2, p. 201-214, 2010.
SANTOS, C.M. et al. A densidade básica e
características anatômicas variam radialmente
na madeira de Astronium graveolens Jacq.
(Anacardiaceae). Revista do Instituto Florestal,
v. 23, n. 2, p. 191-201, 2011.
SCHOLZ, A. et al. How to quantify conduits
in wood? Frontiers in Plant Science, v. 4,
p. 1-11, 2013.
TEIXEIRA, B.M.R. Variabilidade radial e
longitudinal de propriedades da madeira de
angico-vermelho (Anadenanthera peregrina (L.)
Speg. 2008. 52 f. Dissertação (Mestrado em Ciência
Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
WIEMANN, M.C.; WILLIAMSON, G.B. Extreme
radial changes in wood specific gravity in some
tropical pioneers. Wood and Fiber Science, v. 20,
p. 344-349, 1988.
______. Radial gradients in the specific gravity of
wood in some tropical and temperate trees. Forest
Science, v. 35, p. 197-210, 1989.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
http://dx.doi.org/10.4322/rif.2014.016
ISSN impresso 0103-2674/on-line 2178-5031
THE INFLUENCE OF ABIOTIC FACTORS ON LITTER DEPOSITION
IN A SEMIARID AREA, NORTHEASTERN BRAZIL1
INFLUÊNCIA DE FATORES ABIÓTICOS NA DEPOSIÇÃO DE SERAPILHEIRA
EM UMA ÁREA SEMIÁRIDA NO NORDESTE BRASILEIRO
Ivan Jeferson Sampaio DIOGO2, 6; Irlaine Rodrigues VIEIRA3;
Andréa Pereira SILVEIRA4; Francisca Soares de ARAÚJO5
ABSTRACT – The amount of deciduous material throughout the year is mostly related
to climatic conditions in tropical areas. A large deposition of litterfall in the dry season is
described for deciduous and semideciduous forests. We aimed to assess the monthly
deposition rate of litterfall during one year and the climatic influence in a deciduous thorny
woodland area. The study area had a permanent plot of one hectare. To collect litterfall, 50
plots were selected and a collector (0.5 x 0.5 m) was installed. Samples were collected monthly
for twelve months and divided into fractions: leaves, branches, fruits and seeds, flowers
and miscellaneous. We tested the correlation of four abiotic factors (rainfall, soil humidity,
temperature and wind) and the litter deposition.The annual litterfall collected had a total value of
2,731.6 kg ha-1.The contribution fraction of leaves corresponded to 54.3%, branches (14.2%),
fruits (12.6%), flowers (1.6%) and miscellaneous (17.2%). The wind was the abiotic factor most
correlated with the total deposition of the litterfall, but other correlations were found. In this area,
site-dependent climatic and edaphic variables have an important control on litterfall.
Keywords: deciduousness; weather; environmental factors; Caatinga.
RESUMO – A quantidade de material decíduo ao longo do ano em ambientes tropicais
está relacionada principalmente com as condições climáticas. Há uma grande deposição
de serapilheira na estação seca em florestas decíduas e semidecíduas. Este trabalho teve
como objetivo avaliar a taxa de deposição mensal de serapilheira durante um ano e a
influência climática sobre esta deposição em uma área de floresta decídua espinhosa.
A área de estudo teve uma parcela permanente de um hectare. Para a coleta de serapilheira,
foram selecionados 50 pontos e um coletor (0,5 x 0,5 m) foi instalado. As amostras foram
coletadas mensalmente, por doze meses, e divididas em cinco frações: folhas, galhos, frutos e
sementes, flores e miscelânea. Foi testada a correlação entre quatro fatores abióticos
(pluviosidade, umidade do solo, temperatura e vento) e a deposição de serapilheira.
Obteve-se um valor total de 2.731,6 kg ha-1 no período de coleta. A contribuição da fração
folhas correspondeu a 54,3%, ramos (14,2%), frutos (12,6%), flores (1,6%) e miscelânea
(17,2%). Embora a velocidade do vento tenha sido o fator abiótico mais correlacionado
com a deposição total de serapilheira, outras correlações foram encontradas. Variáveis
climáticas e edáficas têm um controle importante na produção de serapilheira nesse ambiente.
Palavras-chave: deciduidade; tempo; fatores ambientais; Caatinga.
______
1
Received for analysis on 20.05.14. Accepted for publication on 11.12.14.
2
Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Departamento de Botânica, Rua Monteiro
Lobato, 255, 13083-970 Campinas, SP, Brasil.
3
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Piauí – UFPI, Campus Ministro Reis Veloso,
Av. São Sebastião, 2819, 64202-020 Parnaíba, PI, Brasil.
4
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação de Itapipoca, FACEDI/UECE, Rua da Universidade, s/n, Coqueiro, 62500-000 Itapipoca, CE, Brasil.
5
Universidade Federal do Ceará – UFC, Centro de Ciências, Departamento de Biologia, Av. Mister Hull, s/n, Campus do Pici, Bloco 906, 60455-760
Fortaleza, CE, Brasil.
6
Corresponding author: Ivan Jeferson Sampaio Diogo – [email protected]
204
DIOGO, I.J.S. et al. Litter vs. abiotic factors in Brazilian semiarid
1 INTRODUCTION
Litterfall is a key process in nutrient
cycling of forest ecosystems (Baker et al., 2004;
Isaac and Nair, 2006) and plays a fundamental role
in nutrient turnover and in the transfer of energy
between plants and soil (González-Rodríguez et
al., 2011). Litterfall deposition provides valuable
information on the productivity and dynamics of
nutrient cycling in forest ecosystems (Navarro et
al., 2013). However, the inputs vary among forest
ecosystems in terms of quality (Duchesne et al.,
2001; Vasconcelos and Luizão, 2004) and quantity
(Rothe and Binkley, 2001; Zhou et al., 2007).
It is widely assumed that the amount
and quality of litterfall depend on climate
(Meentemeyer et al., 1982; Albrektson, 1988;
Berg and Meentemeyer, 2001) and influence the
heterogeneity of soil conditions and the distribution
of species in a plant community (Facelli and Pickett,
1991; Austin et al., 2004; Hooker and Stark, 2008).
These effects can be altered at a regional scale by
climate and soil factors, such as altitude, soil type,
nutrient, water availability, humidity, temperature,
seasonality and wind according to the study area
(Lodhiyal and Lodhiyal, 2002; Li et al., 2006;
Martínez-Alonso et al., 2007).
Based on data from studies conducted
in different macroecological zones, the amount of
deciduous material throughout the year is mostly
related to climatic conditions, higher in hot and
humid tropical areas (Bray and Gorham, 1964).
Each ecosystem has its particular type of deposition
and nutrient cycling. The deposition of litterfall
during the seasons is quite variable for different
forest formations in tropical zone (Spain, 1984;
Chave et al., 2010).
In dry areas, a large deposition of litterfall
in the dry season is described in comparison with
wet season (Lodhiyal and Lodhiyal, 2002; Jha and
Mohapatra, 2010; Alvarez, 2009; McIvor, 2001).
In these forest formations, litterfall deposition coincides
with the period of water-limitation, which does
not imply the cessation of nutrient cycling, although
it is reduced to ¼ of the total (Delitti, 1995).
Increased understanding of the climate
variables that govern the deposition of litterfall
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
in drylands will help to further elucidate how
plant biomass is accumulated in these ecosystems
and will provide a better understanding of the
processes that relate to nutrient cycling, calcination
process and soil formation. Our general hypothesis
was that litterfall is directly influenced by abiotic
factors. To test this hypothesis, we focused
on the deposition of dead plant biomass and the
influence of some abiotic/climatic variables in a
semiarid and well-preserved area of deciduous
thorny woodland.
We aimed to assess the monthly deposition
rate of litterfall during one year and the climatic
influence. We hypothesized that (1) most of the
deposition occurs between the end of the rainy
season and the beginning of the dry season that
coincides with the plant water stress, (2) leaves are
the main monthly contributor to biomass production
because of the deciduousness and (3) rainfall and
soil humidity are the climate factors that have more
influence on deposition.
2 MATERIAL AND METHODS
This study was conducted in deciduous
thorny woodland, locally known as Caatinga
(Woodward et al., 2004). The area is inside the Serra
das Almas Natural Reserve, in Crateús (5º10’58.1”S
and 40º40’19.4”W), central-west region of the
state of Ceará, Brazil, at an altitude of 297 m asl.
The regional climate is classified as BSh
(hot semiarid, with rainy summer and dry winter)
in the Köppen-Geiger system (Peel et al., 2007).
The average annual rainfall in the Caatinga of
Crateús is 683 mm, and, even though it has
well-defined rainy and dry seasons, the total
annual rainfall is variable between years.
Due to this rainfall variability, we used
the climate diagram of Walter and Lieth (Figure 1)
to demonstrate the extent of dry and rainy seasons
in the years 2009 (rainy season: January to May
and dry season: from June to December) and 2010
(rainy season: January to April with a drought
interpulse in February, and the dry season: May
to November). The average annual temperature
is 27 oC.
205
DIOGO, I.J.S. et al. Litter vs. abiotic factors in Brazilian semiarid
Figure 1. Climatic diagram Walter and Lieth (temperature and rainfall x months), during the study period (2009-2010)
for Crateús. R environment, package climatol (R Development Core Team, 2010).
Figura 1. Diagrama climático Walter & Lieth (temperatura e precipitação x meses) durante o período de estudo
(2009-2010) para Crateús. Programa R (R Development Core Team, 2010).
The plant community of the area was
formed by 25 species belonging to 14 families and
21 genera. Fabaceae (9 species), Euphorbiaceae
(3) and Apocynaceae (2) were the families
with greater richness. Fabaceae was the most
numerous (875 individuals divided into subfamilies –
Caesalpinioidae: 84; Cercidae: 124; Faboidae: 13
and Mimosoidae: 654) followed by Euphorbiaceae
(511) and Boraginaceae (195). Aspidosperma,
Croton, Caesalpinia and Mimosa were the only
genera that occurred with more than one species
(Menezes, 2010).
To evaluate species composition of the
seed rain in this area, we established ten transects
perpendicular to the matrix forest, separated from
each other by 10 m. Along pair transects, we placed
seed traps starting at 20 m distance from the matrix
forest and with 20 m intervals (20, 40, 60, 80 and
100 m), while odd transects had seed traps starting
at 10 m distance from the matrix forest and with
20 m intervals from the matrix forest (10, 30, 50,
70 and 90 m), yielding five traps per transect and 50
overall. Each trap consisted of a square polyethylene
bucket of 0.5 m2 and 20 cm high. They were placed
directly on the ground and fixed with wooden
stakes. A layer of grease was applied around
the edge of each trap to prevent seed predation.
Small holes were made in trap sides to avoid
rainwater accumulation and subsequent seed decay
(Zimmerman et al., 2000; Cubina and Aide, 2001).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
Samples were collected monthly for
twelve months (June/2009 – May/2010), closing
the annual cycle of monitoring the production of
plant biomass (dry and rainy season). The collected
material was sorted and separated into reproductive
material, vegetative and inert, and divided into
the following fractions: 1) mature, immature,
and predated fruits and seeds that fall separately
of the fruits, 2) flowers and inflorescences,
3) leaves, 4) branches (stems and petioles) and
5) miscellaneous, corresponding to residues and
animal droppings, soil, seeds of herbaceous, small
leaves (Backes et al., 2005). The material was put
to dry in air for further screening.
The screened material was taken to the
oven at 65 oC and weighed on a precision scale
with three decimal places until constant weight
to evaluate the monthly and annual production
of litterfall and the contribution of each of the
fractions in the litterfall.
We estimated the monthly and annual
biomass (kg ha-1) by the average amount of
litterfall found in the traps. First, data were
tested for normality using the Shapiro-Wilk test
(p > 0.05). Then, we carried out analyses of variance
(ANOVA) to observe statistical differences between
litterfall in each month and litterfall for each
fraction with significance levels of 5% using the
Tukey’s test.
206
DIOGO, I.J.S. et al. Litter vs. abiotic factors in Brazilian semiarid
3 RESULTS
In order to assess which of the abiotic
factors (rainfall, soil humidity, temperature and
wind) were correlated with the deposition of
litterfall, the relationship between abiotic factors
in the month of deposition of the litterfall and in
the previous month to the event with each fractions
of litterfall was analyzed using a Spearman
correlation test (rs).
Data for rainfall and temperature were
obtained from the climatological station of the
Instituto Nacional de Meteorologia – INMET
(National Institute of Meteorology) (2010), located
in the city of Crateús, 25 km away from the
study area and at a similar altitude. Data for
wind speed were obtained from Fundação Cearense
de Meteorologia e Recursos Hídricos – FUNCEME
(Ceará Foundation of Meteorology and Water
Resources) (2010) and soil humidity data were
obtained from Silveira et al. (2013).
Annual litterfall collected had a total
value of 2,731.6 kg ha-1 (Table 1). The months of
August and September/2009 diverged from the
other months, since they showed the highest
rates of litter input and the lowest rate was in
December/2009, differing from the other months
(Figure 2). The seasonality in the input of litterfall
occurred due to the fact that dry season was
responsible for the investment of 2,015.323 kg ha-1,
73.8% of the total contribution; consequently,
the lowest litterfall was in the rainy season.
However, the months of February/2010 and
April/2010 showed high rates of deposition of
litter compared to other months of the rainy season
(Figure 2).
Table 1. Litterfall production (kg ha-1) in the study period.
Tabela 1. Produção de serapilheira (kg ha-1) no período de estudo.
Leaves
Branches
Fruits
Flowers
Miscellaneous
Total
June/2009
39.300
9.360
15.580
0
42.700
106.940
July/2009
93.847
14.217
12.600
0
37.404
158.069
August/2009
589.486
68.281
138.354
0.608
130.800
927.528
September/2009
276.498
32.250
42.465
4.370
40.635
396.218
October/2009
216.541
26.756
26.029
0.591
20.243
290.160
November/2009
34.967
16.168
22.661
5.150
7.731
86.678
December/2009
16.359
7.276
16.932
5.796
3.368
49.731
January/2010
18.194
11.618
26.456
0.676
56.892
113.836
February/2010
40.092
108.407
18.604
10.405
25.206
202.714
March/2010
57.827
16.330
10.268
0.854
24.587
109.866
April/2010
60.887
69.465
12.610
0.815
54.940
198.718
May/2010
39.148
7.791
2.633
16.490
25.075
91.136
123.596 a
32.327 b
28.766 b
3.812 c
39.132 b
227.633
± 167.844
± 32.364
± 35.944
± 5.113
± 33.318
± 241.212
1483.146
387.919
345.193
45.754
469.581
2731.594
(54.3%)
(14.2%)
(12.6%)
(1.7%)
(17.2%)
(100%)
Average
Total Annual
*The average results followed by same letter do not differ according to the Tukey’s test (p < 0.05).
*Médias seguidas de mesma letra não diferem de acordo com o teste de Tukey (p < 0,05).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
207
DIOGO, I.J.S. et al. Litter vs. abiotic factors in Brazilian semiarid
Figure 2. Litterfall (kg ha-1) produced per month compared to average rainfall (mm) recorded in the period from
June/2009 to May/2010. Months followed by the same letter do not differ according to the Tukey’s test (p < 0.05). In the
rainy season, the months with pulses of rain are represented by dark areas, and the dry months, by white areas.
Figura 2. Serapilheira (kg ha-1) produzida por mês em relação à precipitação média (mm) registrada no período de
junho/2009 a maio/2010. Meses seguidos pela mesma letra não diferem de acordo com o teste de Tukey (p < 0,05).
Na estação chuvosa, os meses com pulsos de chuva são representados por áreas escuras, e os meses de seca,
por áreas brancas.
The contribution fraction of leaves
corresponded to 54.3% of all deposited material,
differing from the other fractions (Table 1) and
had a positive correlation with the total litterfall
(rs = 0.935, p < 0.05). There was a greater deposition
of leaves in August, September and October/2009
(Figure 3), which is directly reflected in higher
deposition of total litterfall in those months
(Figure 2). The smaller contribution of leaves
occurred in the months of November/2009 and
December/2009, end of the dry season, and January/2010,
beginning of the rainy season (Figure 3).
The miscellaneous fraction represented
17.2% of total litter and the second largest
contribution, not differing statistically with
the fractions of branches and fruits (Table 1).
August/2009 was the month with the highest
amount of miscellany. The months of January/2010
and April/2010 showed a relative increase in the
rate of miscellaneous material with the highest
average monthly rainfall. In November/2009 and
December/2009, miscellaneous rates were relatively
low when compared to other months, when rates
were nearly uniform (Figure 3).
Figure 3. Production of litterfall of each fraction (kg. ha-1) from June/2009 to May/2010. In the rainy season, the months
with pulses of rain are represented by dark areas, and the dry months, by white areas.
Figura 3. Produção de serapilheira de cada fração (kg ha-1) de junho/2009 a maio/2010. Na estação chuvosa, os meses
com pulsos de chuva são representados por áreas escuras, e os meses secos, por áreas brancas.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
208
DIOGO, I.J.S. et al. Litter vs. abiotic factors in Brazilian semiarid
The climatic data showed the biggest
rainfall in January and April/2010, low annual
temperature variation from 24.8 oC in the coldest
month (June/09) to 29.5 oC in the warmest month
(November/2009), big variation of soil humidity
from 3.2% (December/2009) to 12.3% (June/2009)
and months with great wind velocity (August/2009
and February/2010) (Table 2).
The wind was the only abiotic
factor that was correlated with the total deposition
of the litterfall, the amount of litter increased with
increasing wind speed. The fractions of leaves,
branches and fruits were also positively correlated
with the wind speed in the month of deposition.
Branches had the highest correlation (Table 3).
The deposition of flowers was positively
correlated with temperature. Miscellaneous were
positively correlated with precipitation and soil
moisture and negatively with temperature. Lastly, leaves
were negatively correlated with temperature (Table 3).
From the total, 14.2% corresponded to the
fraction of branches. Although there is a temporality
correlation between the deciduousness of leaves
and branches with overlaps, the greater amount
of branches in February/2010 and April/2010
leads to a major contribution in the rainy season
(Figure 3).
The fruit fraction corresponded to 12.6%
of total deposition. Although this fraction has shown
a low percentage of the total number of litter
produced, it is observed that the distribution was
uniform throughout the year, except for the highest
peak contribution in August/2009 (Figure 3),
occurred due to the high rates of wind speed in this
month (Table 2).
The fraction of flowers differed
significantly when compared to other fractions,
because they contributed only with 1.7% (Table 1).
The months with highest deposition of flowers
were February/2010 and May/2010 (Figure 3).
Table 2. Climatic data per month for the Caatinga studied area.
Tabela 2. Dados climáticos por mês para a área estudada.
Rainfall
mm
Temperature
(oC)
Soil humidity
(%)
Wind velocity
(km/h)
June/2009
7.3
24.8
12.3
13
July/2009
14.8
25.0
7.9
15
August/2009
18.6
26.2
4.1
21
September/2009
2.7
28.0
3.7
17
October/2009
0.2
29.1
3.8
17
November/2009
0.6
29.5
3.7
15
December/2009
5.0
29.3
3.2
13
January/2010
86.8
27.4
11.1
14
February/2010
14.1
29.3
3.1
23
March/2010
68.4
29.2
4.6
13
April/2010
108.9
27.0
16.1
19
May/2010
18.4
28.0
6.9
11
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
209
DIOGO, I.J.S. et al. Litter vs. abiotic factors in Brazilian semiarid
Table 3. Spearman correlations (rs) between the abiotic factors and the fractions of litterfall.
Tabela 3. Correlações de Spearman (rs) entre os fatores abióticos e as frações de serapilheira.
Fractions
R0
R1
H0
H1
T0
T1
W0
W1
Total litter
0.08
0.22
-0.05
0.06
-0.32
-0.46
0.80*
-0.13
Leaves
-0.01
0.22
0.04
0.16
-0.39
-0.61*
0.61*
0.11
Branches
0.13
0.19
-0.18
-0.02
0.05
-0.17
0.91*
-0.14
Flowers
-0.06
0.05
-0.56
-0.09
0.73*
0.41
-0.12
0.28
Fruits
-0.30
-0.31
-0.37
-0.27
0.05
-0.09
0.57*
-0.11
Miscellaneous
0.61*
0.49
0.58*
0.31
-0.78*
-0.42
0.36
-0.41
R = rainfall; H = soil humidity; T = temperature; W = wind speed; 0 = month of deposition of the litterfall, and 1 = month
previous to the occurrence of the deposition of the litterfall. * Significant results (p < 0.05).
R = pluviosidade; H = umidade do solo; T = temperatura; W = velocidade do vento; 0 = mês de deposição da serapilheira,
e 1 = mês anterior à deposição de serapilheira. * Resultados significativos (p < 0,05).
4 DISCUSSION
When most of the deposition of the litterfall occurs?
Contrary to our first hypothesis, we found
the highest rates of litter input concentrated at
three months of the dry season. While in the rainy
season of Serra das Almas Natural Reserve, the
forest is predominantly herbaceous, consisting of
mainly therophytes and a woody component with
approximately 25 species per hectare; in the dry
season, the herbaceous plants die and most trees
and shrubs lose their leaves (Araújo et al., 2011;
Costa and Araújo, 2012).
The deciduous behavior of most species
of Caatinga explains the lower deposition rate at
the end of the dry season and the beginning of the
rainy season. The lowest rate in December can be
explained by the small amount of edaphic moisture.
While, high rates in February and April can be
associated with the intense wind velocity.
The value found for total litterfall is
expected for Caatinga areas, where the average
litter production is between 1,500 and 3,000 kg ha-1.
year (Costa et al., 2007; Andrade et al., 2008). This
production is small when compared to Brazilian
rainforests (Freire, 2006; Santana et al., 2003).
Furthermore, there is no great accumulation of litter
in the semiarid areas, because the volume produced
is not significant even when compared to rainforests
and the calcination occurs (Montès et al., 2002).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
This strong concentration of calcium probably
participates in the neutralisation of top soil
(Gauquelin et al., 1998) through litterfall. Because
of the major contribution of calcium in leaves,
branches, branchlets and trunks, the calcination
of litterfall roughly cancels its contribution to
nutrient cycling, where the soils of semiarids areas
have important participation as source of nutrients
(Montès et al., 2002).
Which fraction is the main monthly contributor
to biomass production?
Corroborating our second hypothesis,
the higher deposition of leaves is a seasonal process
of gradual replacement of structures in adults by
new leaves and occurs due to the small longevity
of the leaves compared to other plant organs. The
highest deposition of leaf litterfall in the beginning
of the dry season represents a plant community
response to the intense dry period, where leaf fall
is a preventive measure or physiological adaptation
to water stress due to the higher levels of abscisic
acid (Sundarapandian and Swamy, 1999).
The smaller contribution of leaves that
occurred in November, December and January
can be related with the end of the dry season,
where the majority of species have already lost
their leaves, and the beginning of the rainy
season, where there is the renewing of leaves.
210
DIOGO, I.J.S. et al. Litter vs. abiotic factors in Brazilian semiarid
The increase in water supply, which is quite limited
in semiarid regions, leads to a renewing of leaves
(Monasterio and Sarmiento, 1976; Shipley and
Meziane, 2002).
Although there is a synchrony in leaf
deposition and water loss, with higher deposition
during periods of reduced precipitation, the
leaves are not shed or flushed only in response to
variation in rainfall. The annual rainfall in tropical
forests indirectly affects leaf litter production
and there is no simple relationship between the
variables (Proctor et al., 1983). There is variability
in the time of leaf abscission and in the presence
or absence of correlation between rainfall and
leaf fall for Caatinga species (Lima and
Rodal, 2010), since they have different sensitivities
to water stress.
The increased supply of food for insects
and birds in the rainy season, as well as the
competition for food between them, contributes to
a greater deposition of excreta and parts of dead
insects which make up the miscellaneous fraction
(Santos et al., 2011). Miscellaneous is directly
correlated with decreasing temperature, which is
responsible for enhancing the metabolic activity of
animals, generating a greater amount of excrement.
The low rates of miscellaneous at the end of the dry
season and beginning of the rainy season are related
to the reduction of green matter to be consumed
by insects, since most species undergo shedding
during the dry season.
The fall of branches can be attributed
to the occurrence of adverse weather conditions.
The greater deposition of this fraction in the rainy
season is associated to the intensity of the wind
speed that follows the rains during this period,
which would be related to deterioration of wood.
The uniform behavior of deposition of fruits
fraction is explained by the presence of species
that have different periods of fruiting in semiarid
(Griz and Machado, 2001).
Although there was no correlation between
flowers and rainfall, the greatest input of flowers
occurred in the rainy season, since most species in
the semiarid region give flowers shortly after the
start of the rainy season (Borchet, 1996). There was
an increment in the number of flowers available
with an increase in temperature; however, there is
no high temperature variation in the semiarid region.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
This fact may be explained by an overlap between
physiological manifestations caused by ground
water level and temperature.
Which climate factors have more influence on
litterfall deposition?
The high production of deciduous
material at the beginning of the dry season is a result
of the adaptation mechanism for semiarid species
to reduce water loss during the dry period (Ferri
and Labouriau, 1952). Although the importance
of water for semiarid areas is widely described,
rainfall and soil humidity did not present correlation
with total litter, denying our third hypothesis.
These climatic factors should be analyzed together,
since they interact with each other and effects can
be summed.
The high correlation of the increased
production of litter with increasing wind speed
is explained by physical strength able to pull
their components down. The estimated litterfall
corresponds very well to prevailing wind
directions during leaf fall in a model developed
for broad-leaved deciduous forest (Staelens
et al., 2003). Consequently, prevailing wind
directions during leaf, branch and fruit fall affected
litter deposition in a Caatinga forest. Since the
wind has correlation with almost all the fractions,
we think that wind need to be included in
ecosystem models or biogeochemical models in
drylands. However, even if the wind does not
have an active influence in the area, the deposition
will continue to occur, so this factor should
be considered as one more contribution to the
deposition of litter.
In Caatinga areas, site-dependent climatic
variables have an important control on litterfall.
We found that the cause of the predicted ecosystem
differences in terms of its contribution to litterfall
is completely related to climate models in drylands.
Because litter decomposition is probably linked
to local forest structure as well, climate-spatial
models can result in a better understanding of
litter accumulation. Incorporating the influence
and interaction of individual abiotic factors and
insights into the heterogeneous litter input is also
necessary to evaluate the efficiency of litterfall
sampling strategies.
211
DIOGO, I.J.S. et al. Litter vs. abiotic factors in Brazilian semiarid
5 ACKNOWLEDGMENTS
We thank Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
(National Council for Scientific and Technological
Development) for the scholarship granted to the
first author for his undergraduate research. We
also thank Fundação Cearense de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Ceará
State Foundation for the Support to Scientific and
Technological Development) (FUNCAP – Edital
05/2009) for the subsidy to perform the field work.
REFERENCES
ALBREKTSON, A. Needle litterfall in stands of
Pinus sylvestris L. in Sweden, in relation to site
quality, stand age and latitude. Scandinavian
Journal of Forest Research, v. 3, p. 333-343, 1988.
ALVAREZ, J.A. et al. Spatial and temporal litterfall
heterogeneity generated by woody species in
the Central Monte desert. Plant Ecology, v. 205,
p. 295-303, 2009.
ANDRADE, R.L. et al. Deposição de serrapilheira
em área de caatinga na RPPN “Fazenda Tamanduá”,
Santa Terezinha – PB. Revista Caatinga, v. 21,
p. 223-230, 2008.
ARAÚJO, F.S. et al. Floristics and life-forms along
a topographic gradient, central-western Ceará,
Brazil. Rodriguésia, v. 62, n. 2, p. 341-366, 2011.
AUSTIN, A.T.; YAHDJIAN, L.; STARK, J.M.
Water pulses and biogeochemical cycles in arid
and semiarid ecosystems. Oecologia, v. 141,
p. 221-235, 2004.
BACKES, A.; PRATES, F.L.; VIOLA, M.G.
Produção de serapilheira em Floresta Ombrófila
Mista, em São Francisco de Paula, Rio Grande
do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 19,
p. 155-160, 2005.
BAKER, T.R. et al. Increasing biomass in Amazonian
forest plots. Philosophical Transactions of the
Royal Society B, v. 359, p. 353-365, 2004.
BERG, B.; MEENTEMEYER, V. Litter fall in
some European coniferous forests as dependent on
climate: a synthesis. Canadian Journal of Forest
Research, v. 31, p. 292-301, 2001.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
BORCHET, R. Phenology and flowering periodicity
of Neotropical dry forest species: evidence from
herbarium collections. Journal of Tropical
Ecology, v. 12, p. 65-80, 1996.
BRAY, R.J.; GORHAN, E. Litter productions forests
of the world. Advances in Ecological Research,
v. 2, p. 101-157, 1964.
CHAVE, J. et al. Regional and seasonal patterns of
litterfall in tropical South America. Biogeosciences,
v. 7, p. 43-55, 2010.
COSTA, C.C.A. et al. Produção de serapilheira na
caatinga da Floresta Nacional do Açú-RN. Revista
Brasileira de Biociências, v. 5, p. 246-248, 2007.
COSTA, R.C.; ARAÚJO, F.S. Physiognomy and
structure of a caatinga with Cordia oncocalyx
(Boraginaceae), a new type of community in
Andrade-Lima’s classification of caatingas.
Rodriguésia, v. 63, p. 269-276, 2012.
CUBINA, A.; AIDE, T.M. The effect of distance
from forest edge on seed rain and soil seed bank
in a tropical pasture. Biotropica, v. 33, n. 2,
p. 260-267, 2001.
DELITTI, W.B.C. Estudos da ciclagem de
nutrientes: instrumentos para análise funcional de
ecossistemas terrestres. Oecologia Brasiliensis,
v. 1, p. 469-486, 1995.
DUCHESNE, L. et al. Seasonal nutrient transfers
by foliar resorption, leaching, and litter fall in a
northern hardwood forest at Lake Clair watershed,
Quebec, Canada. Canadian Journal of Forest
Research, v. 31, p. 334-344, 2001.
FACELLI, J.M.; PICKETT, S.T.A. Plant litter: its
dynamics and effects on plant community structure.
Botanical Review, v. 57, p. 1-25, 1991.
FERRI, M.G.; LABOURIAU, L.G. Water balance
of plants from “caatinga”. I. Transpiration of some
of the most frequent species of the “caatinga” of
Paulo Afonso (Bahia) in the rainy season. Revista
Brasileira de Biologia, v. 12, p. 301-312, 1952.
FREIRE, M. Chuva de sementes, banco de
sementes do solo e deposição de serrapilheira
como bioindicadores ambientais no bioma Mata
Atlântica, Teresópolis, RJ. 2006. 69 f. Dissertação
(Mestrado em Ciências) – Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Seropédica.
212
DIOGO, I.J.S. et al. Litter vs. abiotic factors in Brazilian semiarid
FUNDAÇÃO CEARENSE DE METEOROLOGIA
E RECURSOS HÍDRICOS – FUNCEME.
Monitoramento global mensal. Available at:
<http://www.funceme.br/index.php/areas/23monitoramento/meteorol%C3%B3gico/541monitoramento-global-mensal>. Access on: 15 Nov. 2010.
GAUQUELIN, T. et al. Cycle biogéochimique
et hétérogénéité édaphique des groupements
forestiers pré-steppiques à Genévrier thurifère
du Haut Atlas de Marrakech, Maroc. Revue de
la Société Française d’Ecologie, v. 29, n. 1/2,
p. 177-180, 1998.
GONZÁLEZ-RODRÍGUEZ, H. et al. Litterfall
deposition and leaf litter nutrient return in different
locations at northeastern Mexico. Plant Ecology,
v. 212, p. 1747-1757, 2011.
GRIZ, L.M.S.; MACHADO, I.C.S. Fruiting
phenology and seed dispersal syndromes in
caatinga, a tropical dry forest in the northeast
of Brazil. Journal of Tropical Ecology, v. 17,
p. 303-321, 2001.
HOOKER, T.D.; STARK, J.M. Soil C and N
cycling in three semiarid vegetation types: response
to an in situ pulse of plant detritus. Soil Biology &
Biochemistry, v. 40, p. 2678-2685, 2008.
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA –
INMET. Gráficos climatológicos. Available at:
<http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=
clima/graficosClimaticos>. Access on: 12 Nov. 2010.
ISAAC, S.R.; NAIR, M.A. Litter dynamics of six
multipurpose trees in a homegarden in southern
Kerala, India. Agroforestry in Sustainable
Agricultural Systems, v. 67, p. 203-213, 2006.
JHA, P.; MOHAPATRA, K.P. Leaf litterfall, fine
root production and turnover in four major tree
species of the semi-arid region of India. Plant and
Soil, v. 326, p. 481-491, 2010.
LI, Y.; XU, M.; ZOU, X. Effects of nutrient
additions on ecosystem carbon cycle in a Puerto
Rican tropical wet forest. Global Change Biology,
v. 12, p. 284-293, 2006.
LIMA, A.L.A.; RODAL, M.J.N. Phenology and
wood density of plants growing in the semi-arid
region of northeastern Brazil. Journal of Arid
Environments, v. 74, p. 1363-1373, 2010.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
LODHIYAL, N.; LODHIYAL, L.S. Pangtey YPS
structure and function of shisham forests in central
Himalaya, India: dry matter dynamics. Annals of
Botany, v. 89, p. 41-54, 2002.
MARTÍNEZ-ALONSO, C. et al. The uncoupling of
secondary growth, cone and litter production by
intradecadal climatic variability in a Mediterranean
Scots pine forest. Forest Ecology and Management,
v. 253, p. 19-29, 2007.
McIVOR, J.G. Litterfall from trees in semiarid
woodlands of north-east Queensland. Austral
Ecology, v. 26, p. 150-155, 2001.
MEENTEMEYER, V.; BOX, E.O.; THOMPSON, R.
World patterns and amounts of terrestrial plant litter
production. BioScience, v. 32, p. 125-128, 1982.
MENEZES, B.S. Dinâmica espaço-temporal em
um fragmento de savana decídua espinhosa,
semi-árido do Brasil. 2010. 65 f. Dissertação
(Mestrado em Ecologia e Recursos Naturais) –
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.
MONASTERIO, M.; SARMIENTO, G. Phenological
strategies of plant species in the tropical
savanna and the semi-deciduous forest of the
Venezuelan Llanos. Journal of Biogeography, v. 3,
p. 325-355, 1976.
MONTÈS, N. et al. Biomass and nutrient content
of a semi-arid mountain ecosystem: the Juniperus
thurifera L. woodland of Azzaden Valley (Morocco).
Forest Ecology and Management, v. 166,
n. 1-3, p. 35-43, 2002.
NAVARRO, F.B. et al. Effects of thinning on
litterfall were found after years in a Pinus halepensis
afforestation area at tree and stand levels. Forest
Ecology and Management, v. 289, p. 354-362, 2013.
PEEL, M.C.; FINLAYSON, B.L.; McMAHON, T.A.
Updated world map of the Köppen-Geiger climate
classification. Hydrology and Earth System
Sciences, v. 11, p. 1633-1644, 2007.
PROCTOR, J. et al. Ecological studies in four
contrasting lowland rain forests in Gunung Mulu
National Park, Sarawak. II. Litterfall, litter standing
crop and preliminary observation on herbivory.
Journal of Ecology, v. 71, p. 281-263, 1983.
213
DIOGO, I.J.S. et al. Litter vs. abiotic factors in Brazilian semiarid
R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: a language
and environment for statistical computing. Vienna:
R Foundation for Statistical Computing, 2010.
ROTHE, A.; BINKLEY, D. Nutritional interactions
in mixed species forests: a synthesis. Canadian
Journal of Forest Research, v. 31, p. 1855-1870, 2001.
SANTANA, J.A.S.; SOUZA, L.K.V.S.; ALMEIDA, W.C.
Produção anual de serapilheira em Floresta Secundária
na Amazônia Oriental. Revista Ciências Agrárias,
v. 40, p. 119-132, 2003.
SANTOS, P.S. et al. Diferenças sazonais no aporte
de serrapilheira em uma área de caatinga em
Pernambuco. Revista Caatinga, v. 24, p. 94-101, 2011.
SHIPLEY, B.; MEZIANE, D. The balanced-growth
hypothesis and the allometry of leaf and root
biomass allocation. Functional Ecology, v. 16,
p. 326-331, 2002.
SILVEIRA, A.P.; MARTINS, F.R.; ARAÚJO, F.S.
Do vegetative and reproductive phenophases of
deciduous tropical species respond similarly to
rainfall pulses? Journal of Forestry Research,
v. 24, p. 643-651, 2013.
SPAIN, A.V. Litterfall and the standing crop of
litter in three tropical Australian rainforests.
Journal of Ecology, v. 72, p. 947-961, 1984.
STAELENS, J. et al. A model of wind-influenced
leaf litterfall in a mixed hardwood forest. Canadian
Journal of Forest Research, v. 33, p. 201-209, 2003.
SUNDARAPANDIAN, S.M.; SWAMY, P.S. Litter
production and leaf-litter decomposition of selected
tree species in tropical forests at Kodayar in
the Western Ghats, India. Forest Ecology and
Management, v. 123, p. 231-244, 1999.
VASCONCELOS, H.L.; LUIZÃO, F.J. Litter
production and litter nutrient concentrations in
a fragmented Amazonian landscape. Ecological
Applications, v. 14, p. 884-892, 2004.
WOODWARD, F.I.; LOMAS, M.R.; KELLY, C.K.
Global climate and the distribution of plant
biomes. Philosophical Transactions of the Royal
Society B, v. 359, p. 1465-1476, 2004.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 203-213 dez. 2014
ZHOU, G. et al. Litterfall production along successional
and altitudinal gradients of subtropical monsoon
evergreen broadleaved forests in Guangdong,
China. Plant Ecology, v. 188, p. 77-89, 2007.
ZIMMERMAN, J.K.; PASCARELLA, J.B.; AIDE, T.M.
Barriers to forest regeneration in an abandoned
pasture in Puerto Rico. Restoration Ecology, v. 8,
n. 4, p. 350-360, 2000.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
http://dx.doi.org/10.4322/rif.2014.017
ISSN impresso 0103-2674/on-line 2178-5031
SOBREVIVÊNCIA DE Cyathea atrovirens (CYATHEACEAE; PTERIDOPHYTA) APÓS DESMATAMENTO1
SURVIVAL OF Cyathea atrovirens (CYATHEACEAE; PTERIDOPHYTA) AFTER DEFORESTATION
Vívian TAMAKI2, 3; Catarina Carvalho NIEVOLA2; Ivomar Aparecido MEDINA2;
Elisabete Aparecida LOPES2; Rogério Mamoru SUZUKI2
RESUMO – A adoção de medidas de mitigação é necessária para minimizar os impactos
ambientais provocados pelo desmatamento para a construção de rodovias. Nesse contexto,
a avaliação da adaptação de espécies vegetais que permaneceram na beira da estrada após
o desmatamento, associada à realocação dos espécimes que foram retirados, pode favorecer
a preservação destas espécies. O objetivo do trabalho foi avaliar a adaptação de exemplares
de Cyathea atrovirens que permaneceram na beira de estrada após o desmatamento
(Experimento-ABE) para construção do Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, em São
Paulo e também avaliar a possibilidade de transplante dos indivíduos desta espécie que foram
retirados por ocasião da supressão da mata (Experimento-AT), por até 43 meses. Os espécimes
de ABE apresentaram 97% de sobrevivência e os de AT tiveram 80%. Foram observados
novos báculos e frondes, bem como crescimento do cáudice em ambos os experimentos.
Os resultados mostraram não haver necessidade de retirada e realocação dos exemplares
de C. atrovirens que permaneceram nas bordas da mata após a supressão da vegetação e
que houve adaptação dos exemplares transplantados, constituindo importante medida para
a conservação de C. atrovirens, além de contribuir para o planejamento do desmatamento
para a construção de rodovias, minimizando o impacto ambiental.
Palavras-chave: beira de estrada; conservação; realocação; rodovias; samambaiaçu; transplante.
ABSTRACT – Adoption of mitigation procedures is necessary to minimize the environmental
impact caused by deforestation for construction of roads. In this context, evaluation of the
adaptation of plant species that remained on the roadside after deforestation associated
with the relocation of the specimens that were withdrawn may promote the preservation of
these species. The aim of this study was to evaluate the adaptation of Cyathea atrovirens,
that remained on the edge of the runway after deforestation (Experiment-ABE) for construction
of the southern section of Mário Covas highway in São Paulo and also to evaluate the possibility
of relocation of individuals of this species that were withdrawn during the suppression of
the forest (Experiment-AT), until 43 months. The specimens of ABE showed 97% survival
and those of AT, 80% survival. New fiddleheads and fronds were observed, as well as
the growth of the caudex of both experiments. The results showed that removal and relocation
of ferns that remained on the edges of the forest after the removal of vegetation are not necessary
and that there was adaptation of the transplanted specimens, representing an important
measure for the conservation of C. atrovirens, besides contributing to the deforestation
planning for the construction of highways, minimizing environmental impact.
Keywords: road verges; conservation; relocation; highway; tree fern; transplant.
______
1
Recebido para análise em 24.09.14. Aceito para publicação em 31.12.14.
2
Instituto de Botânica/SMA-SP, Av Miguel Estéfano, 3687, 04301-912 São Paulo, SP, Brasil.
3
Autor para correspondência: Vívian Tamaki – [email protected]
216
TAMAKI, V. et al. Sobrevivência de Cyathea atrovirens após desmatamento
1 INTRODUÇÃO
As rodovias são importantes componentes
para a sociedade, servindo de corredores para
o transporte e gerando novas oportunidades de
serviços e empregos (Vasconcelos e Araújo, 2012).
A construção dessas obras pode demandar a
supressão de florestas naturais, resultando na
degradação
ambiental,
principalmente
nas
regiões de maior biodiversidade (Nunes e
Souza, 2011), como a Floresta Atlântica. Esta é a
segunda maior floresta tropical do Brasil com
níveis muito elevados de riqueza e endemismo,
estando entre os 34 hotspots globais de
biodiversidade, sendo uma área prioritária para
a conservação (Sugiyama, 2010). Atualmente,
em virtude da ação antrópica, como a construção
de obras viárias, restam somente 7% dessa
floresta (Sugiyama, 2010), justificando medidas
de mitigação.
O Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas
foi construído com 53 quilômetros de extensão no
limite da mancha urbana da cidade de São Paulo,
sendo necessário para isto a supressão de cerca de
31 hectares de floresta. Nesse trecho, se encontram
regiões de várzea e vegetação remanescente
da Floresta Atlântica (florestas em estágio
médio e avançado). Entre as espécies nativas do
trecho desmatado está Cyathea atrovirens (Langsd.
& Fisch.) Domin (Cyatheaceae), o samambaiaçu
do brejo. Trata-se de uma espécie terrícola,
arborescente, com as bases dos pecíolos persistentes
e frondes monomorfas (Sakagami, 2006).
Geralmente, indivíduos dessa espécie ocupam
uma ampla variedade de ambientes, entre os
quais florestas primárias, florestas secundárias ou
em regeneração, bem como áreas abertas (Prado,
2004). C. atrovirens é uma espécie endêmica do
Brasil, apesar de não ser ameaçada; outras 13
espécies deste gênero estão presentes na lista
vermelha de espécies ameaçadas de extinção da
International Union for Conservation of Nature –
IUCN (2014).
A faixa de vegetação nativa, que é
mantida ao longo de rodovias e estradas, tem
sido estudada nos últimos anos (O’Farrell e
Milton, 2006), sendo considerada como uma
área adequada para a avaliação das respostas
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
da vegetação aos distúrbios impostos pelos impactos
humanos, como o desmatamento. Vasconcelos
e Araújo (2012) avaliaram a estrutura arbórea
na área de beira de estrada presente em regiões
de Cerrado e verificaram menor número de
indivíduos em comparação a áreas preservadas,
contudo estes autores não verificaram diferenças
quanto à diversidade de espécies entre os
ambientes. No entanto, o acompanhamento da
sobrevivência de samambaias na beira de estrada
é pouco relatado.
O resgate de samambaias foi relatado
por Coelho et al. (2007). Contudo, esses autores
não encontraram exemplares de Cyatheaceae.
A maioria dos estudos de realocação referentes
à vegetação enfoca os efeitos do desmatamento
produzidos sobre comunidades de angiospermas
arbóreas e arbustivas (Inácio e Leite, 2007; Cury
et al., 2013), poucos se dedicaram a estudar
espécies de outros grupos taxonômicos como
samambaias arborescentes.
Um dos trabalhos sobre realocação
de Cyatheaceae foi descrito por Eleutério e
Perez-Salicrup (2009), que verificaram 86,7%
de sobrevivência no transplante de Cyathea
divergens Kunze para áreas nativas, concluindo
que é uma estratégia de baixo custo com ganho
de tempo contribuindo para viabilizar a
conservação de populações de samambaias. Esses
autores consideram que os transplantes são mais
bem-sucedidos quando a área de realocação reúne
condições ambientais semelhantes aos locais
de origem dos exemplares resgatados. Não
foram encontrados trabalhos que avaliaram o
resgate e a realocação de plantas de C. atrovirens,
espécie comumente encontrada na região de
mata adjacente ao Rodoanel, embora haja
relatos sobre a fenologia e o crescimento
(Schmitt et al., 2009), e avaliações sobre os impactos
ambientais na população de samambaiaçus
(Lehn e Leuchtenberger, 2008).
Durante a avaliação inicial para supressão
da mata foram identificados vários indivíduos
de Cyathea atrovirens, que permaneceriam na
beira da rodovia após o desmatamento, e outros
que precisariam ser retirados em virtude da
derrubada da mata.
217
TAMAKI, V. et al. Sobrevivência de Cyathea atrovirens após desmatamento
Esse cenário propiciou a avaliação
de dois procedimentos de conservação para a
espécie, que são os objetivos deste trabalho:
o acompanhamento da sobrevivência e crescimento
dos exemplares que permaneceram na beira da
estrada e dos indivíduos transferidos para áreas
de mata, adjacentes à obra, de modo a mantê-los
em região de mata nativa, próximas ao Rodoanel
Mário Covas-Trecho Sul/SP.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Áreas de Estudo
O trabalho foi desenvolvido no
entorno das obras da construção do Trecho Sul
do Rodoanel Mário Covas, partindo da rodovia
Régis Bittencourt, no município de Embu/SP
(23º40’21,8”S e 46º49’26,9”W), com cerca de
790 m de altitude, denominado Experimento de
Avaliação das Plantas de Beira de Estrada – ABE,
chegando até à Av. Papa João XXIII,
no município de Mauá/SP (23º45’15,9”S e
46º30’12,5” W), com cerca de 240 m2, altitude de
780 m, denominado Experimento de Avaliação do
Transplante – AT.
A área de estudo pertence à Floresta
Atlântica, o clima regional dominante é o Cwa,
segundo a classificação de Köppen (1948),
é caracterizado pelo clima tropical de altitude,
com chuvas no verão e seca no inverno, com a
temperatura média do mês mais quente superior
a 22 oC. A caracterização local incluiu os dados
mensais de precipitação total e temperaturas
médias mínimas e máximas, que foram obtidos
do Centro de Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Centro de Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos – CPTEC/Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais – INPE, 2012).
2.2 Marcação
e
Acompanhamento
Sobrevivência das Plantas
da
O experimento ABE (avaliação das
plantas que permaneceram na beira da estrada)
avaliou a sobrevivência dos samambaiaçus
Cyathea atrovirens existentes na área localizada
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
no município de Embu/SP após o desmatamento
durante 34 meses, iniciando-se em maio de 2008.
Foi avaliada a porcentagem de sobrevivência de
exemplares em locais de acesso possível, o número
de báculos e de frondes expandidas e o crescimento
do cáudice (medida do ápice do cáudice até o
nível do solo) em 30 espécimes localizados na
borda da pista. De acordo com o comprimento do
cáudice dos samambaiaçus, estes foram agrupados
em duas classes de tamanho: menores (n = 14)
de 0,5 a 1,6 m (Classe 1) e maiores (n = 16) de
1,6 a 2,5 m (Classe 2), semelhante ao descrito por
Schmitt e Windisch (2007).
O experimento AT (Experimento de
Avaliação do Transplante) avaliou a sobrevivência
dos exemplares de Cyathea atrovirens após o
transplante. Esses indivíduos foram resgatados,
sem o sistema radicular, da área do município
de Mauá/SP em outubro de 2007 e foram
realocados em novembro de 2007 em uma
área de mata nativa adjacente à área de resgate,
na qual existiam exemplares da mesma espécie
(AT). Para a realocação, os exemplares foram
cortados rentes ao solo. Foram observados 20
exemplares realocados em área de clareira.
A altura do cáudice variou entre 0,35 m até 1,40 m.
Foram avaliadas a porcentagem de sobrevivência,
o crescimento do cáudice (medida do ápice do
cáudice até o nível do solo), o número de báculos
e frondes expandidas e a porcentagem de frondes
mortas, durante 43 meses. Foram consideradas
frondes vivas aquelas que apresentavam ≥ 10% de
tecido verde, semelhante ao adotado por Eleutério
e Perez-Salicrup (2009).
Os exemplares de Cyathea atrovirens
foram identificados com placas de alumínio
numeradas e presas com arames ao redor
dos cáudices.
O período de execução de cada um dos
experimentos foi determinado de acordo com a
possibilidade de acesso aos diferentes locais de
instalação dos mesmos, por ocasião da construção
do Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, visto que a
execução da obra não ocorreu de forma sincronizada
nas duas áreas escolhidas, contudo, foi possível
monitorar satisfatoriamente todos os indivíduos
selecionados de modo a avaliar as medidas de
mitigação utilizadas.
218
TAMAKI, V. et al. Sobrevivência de Cyathea atrovirens após desmatamento
2.3 Análise de Dados
Foram obtidos a porcentagem de
sobrevivência das plantas e o número médio de
báculos e frondes por planta, em cada um dos
dois experimentos, utilizando-se two-way ANOVA.
No experimento AT foi obtido ainda o crescimento
do cáudice. A taxa média de crescimento
relativo foi calculada da seguinte forma:
TCR = (altura inicial/altura final) – 1 x 100. Todos
esses resultados foram relacionados (correlação
linear de Pearson-p) aos dados climatológicos
(temperatura e precipitação pluviométrica –
Figura 1) obtidos do Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE, 2012),
à semelhança do realizado por Farias e Xavier (2011).
Conforme mostrado na Figura 1, os dados mensais
de precipitação total e temperaturas médias
mínimas e máximas mostraram flutuações ao
longo do período de novembro de 2007 a abril
de 2011. No período estudado as menores
precipitações, inferiores a 100 mm mensais,
ocorreram nos meses de junho a julho de
2008, maio a junho de 2009, agosto de 2009,
maio a junho de 2010 e agosto de 2010.
As maiores pluviosidades, que variaram de
250 a 400 mm mensais, foram observadas nos
meses de dezembro de 2007, fevereiro de 2008,
fevereiro de 2009, julho de 2009, setembro de
2009, de dezembro de 2009, fevereiro de
2010, dezembro de 2010 e fevereiro
de 2011.
Figura 1. Pluviosidade total mensal e temperaturas médias mínimas e máximas obtidos do Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE, 2012).
Figure 1. Total monthly rainfall and average minimum and maximum temperatures obtained from Center for
Weather Forecasting and Climate Studies, National Institute for Space Research (CPTEC/INPE, 2012).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
219
TAMAKI, V. et al. Sobrevivência de Cyathea atrovirens após desmatamento
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
influência da altura das plantas sobre os números
de báculos e de frondes durante o período deste
estudo. Todavia, foi possível observar que logo
após o desmatamento, nos meses de maio a julho de
2008, o número das frondes era equivalente a 2/3
da quantidade observada para os mesmos meses
de 2009 e 2010. Essa diferença na produção de
frondes e báculos, em determinados períodos do
ano, também foi observada para outras samambaias
arborescentes tropicais.
Schmitt e Windisch (2007), estudando
populações de Cyathea delgadii Sternb., verificaram
que a produção de frondes foi irregular ao longo
do ano, sendo que nos meses de setembro e
outubro foram registradas altas médias mensais
em Novo Hamburgo/RS. Quando os espécimes
estão presentes em locais onde o dossel é contínuo,
tem sido considerado que este serve de proteção
contra variações ambientais relacionadas às
geadas e incidência excessiva de radiação
(Schmitt e Windisch, 2007). De modo semelhante,
observou-se, neste trabalho, maior quantidade de
frondes nos meses de setembro e outubro
durante os três anos de acompanhamento.
Em outro trabalho de Schmitt e Windisch (2012),
sobre a fenologia de C. atrovirens em florestas
secundárias no Sul do Brasil, estes autores verificaram
o surgimento de novas frondes, principalmente,
entre os meses de setembro e outubro, de modo
semelhante ao observado neste trabalho, tanto
para as plantas de ABE quanto para as de AT,
indicando a adaptação das populações estudadas.
A sobrevivência das plantas de Cyathea
atrovirens que permaneceram na adjacência da
pista após a supressão da vegetação (ABE) foi
elevada (97%) (Tabela 1), o que indica a resistência
desta espécie às mudanças ambientais. A resistência
de C. atrovirens às alterações ambientais foi
constatada no trabalho desenvolvido por Lehn e
Leuchtenberger (2008), que observaram a sobrevivência
de exemplares desta espécie à passagem rápida
de fogo no Estado do Rio Grande do Sul/Brasil.
As plantas que permaneceram na beira
da estrada (ABE) apresentaram flutuações no
desenvolvimento de báculos e frondes ao longo
do período avaliado (Figura 2). O maior número
de báculos ocorreu entre os meses de setembro a
outubro (3 ± 2 báculos por planta), atingindo
até 10 báculos em um único exemplar. Os
menores valores foram verificados no período
de abril a julho (Figura 2A), sendo que em
12 indivíduos não foram encontrados báculos
e
apenas
quatro
samambaiaçus
tinham
um báculo cada. Contudo, não houve diferenças
quanto ao número de báculos entre as plantas
menores e as maiores no mesmo período avaliado
(Figura 2A).
Semelhante ao verificado para os báculos,
o número de frondes também variou ao longo
dos 34 meses de observações (Figura 2B). Essa
variação foi constatada para as duas classes de
tamanho dos exemplares, sugerindo não haver
Tabela 1. Porcentagem de sobrevivência das plantas de Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin. analisadas
nos experimentos ABE (Experimento de Avaliação das plantas que permaneceram na beira de estrada) e AT (Experimento
de Avaliação do Transplante).
Table 1. Percentage survival of plants of Cyathea atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin. analyzed in the experiments
ABE (Evaluation Experiment of plants that remained in roadside) and AT (Transplantation Evaluation Experiment).
pluviosidade (mm/mês)
% sobrevivência
Experimento ABE
50
97
Experimento AT
275
80
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
220
TAMAKI, V. et al. Sobrevivência de Cyathea atrovirens após desmatamento
Figura 2. Avaliação do número médio de báculos (A) e frondes (B) por planta de Cyathea atrovirens, entre maio/2008
e fevereiro/2011, localizadas em área de borda de mata, em Embu/SP – Experimento de Avaliação das plantas
que permaneceram na beira de estrada – ABE. Classe 1 inclui plantas de 0,5 a 1,6 m de altura (n = 14) e Classe 2
agrupa plantas de altura > 1,6 até 2,5 m (n = 16).
Figure 2. Evaluation of the average number of fiddleheads (A) and fronds (B) of Cyathea atrovirens for each plant,
between May/2008 to February/2011, located on the edge of a forest in Embu/SP – Evaluation Experiment of
plants that remained in roadside – ABE. Class 1 includes plants with 0.5 to 1.6 m in height (n = 14) and Class 2 plants
with height > 1.6 to 2.5 m (n = 16).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
221
TAMAKI, V. et al. Sobrevivência de Cyathea atrovirens após desmatamento
Variações na pluviosidade (Figura 1)
podem estar relacionadas a maior quantidade de
frondes expandidas (Figura 2B), como observado
nos meses de abril e maio de 2009, março de 2010
e fevereiro de 2011. Verificou-se que a maior
quantidade de frondes não coincidiu com os picos
de maior pluviosidade (p = 0,29 para Classe 1 e
p = 0,39 para Classe 2), tendo sido verificado no
mês seguinte ao pico de chuva.
De acordo com Coelho et al. (2007),
apesar da diversificação adaptativa, as samambaias
e licófitas apresentam-se altamente dependentes da
disponibilidade hídrica do ambiente, que é um fator
determinante aos aspectos reprodutivos. Todavia,
Schmitt e Windisch (2012) e Schmitt et al. (2009),
trabalhando com fenologia de Cyathea atrovirens
e Dicksonia sellowiana Hook., respectivamente,
em florestas secundárias no Sul do Brasil, verificaram
que os eventos fenológicos não foram influenciados
pela precipitação.
O aumento da altura do cáudice de
plantas de ABE variou conforme a classe, sendo
que as plantas maiores (Classe 2) cresceram cerca
de 0,18 m em 34 meses (6,3 cm.ano-1), enquanto
as menores (Classe 1) aumentaram cerca de
0,14 m em 34 meses (4,9 cm.ano-1) (Tabela 2).
Verificou-se que a menor planta tinha 0,55 m e
a maior 2,50 m, indicando grande variação entre
os indivíduos.
Franz e Schmitt (2005) avaliaram o
crescimento de cáudices de plantas de Blechnum
brasiliense Desv., de acordo com classes definidas
por tamanho, e verificaram uma taxa de crescimento
de cerca de 3,03 cm.ano-1, sendo que plantas menores
cresceram menos em relação às plantas com
cáudices maiores, à semelhança do observado neste
trabalho. Esses autores atribuíram esses resultados
ao fato de que as plantas menores apresentam
menor área foliar, absorvendo menor quantidade de
luz do que plantas maiores localizadas no interior
da mata.
Schmitt e Windisch (2012) observaram a
média anual de crescimento do cáudice de Cyathea
atrovirens em população nativa em torno de
1,19 a 2,50 cm.ano-1, valores abaixo dos observados
no presente trabalho, indicando que o desmatamento
para a construção do Rodoanel não prejudicou
o crescimento do cáudice de exemplares de
C. atrovirens avaliados. No entanto, em outro trabalho
desenvolvido por Schmitt et al. (2009), com
Dicksonia sellowiana do Sul do Brasil, observaram
um crescimento do cáudice de 5,65 cm.ano-1, valor
muito próximo ao observado neste estudo.
Tabela 2. Altura do cáudice de plantas de Cyathea atrovirens em maio/2008 e em fevereiro/2011, localizadas em
área de borda de mata em Embu/SP – Experimento de Avaliação das plantas que permaneceram na beira de
estrada – ABE. Classe 1 inclui plantas de 0,5 a 1,6 m de altura (n = 14) e Classe 2 agrupa plantas de altura > 1,6 até 2,5 m
(n = 16).
Table 2. Caudex height of Cyathea atrovirens plants in May/2008 and February/2011, located on the edge of a forest
in Embu/SP – Evaluation Experiment of plants that remained in roadside – ABE. Class 1 includes plants with
0.5 to 1.6 m in height (n = 14) and Class 2 plants with height > 1.6 to 2.5 m (n = 16).
Altura média inicial (m)
maio de 2008
Altura média final (m)
fevereiro de 2011
Taxa de crescimento
anual (cm.ano-1)
Classe 1
0,97 ± 0,34
1,11 ± 0,32
4,9
Classe 2
1,72 ± 0,31
1,90 ± 0,31
6,3
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
222
TAMAKI, V. et al. Sobrevivência de Cyathea atrovirens após desmatamento
A sobrevivência das plantas de Cyathea
atrovirens realocadas (AT) foi de 80%, podendo estar
relacionada à ocasional ocorrência de precipitações
nos períodos de realocação (Figura 1), pois elas
foram realocadas em novembro de 2007, sendo que
30 dias após esta realocação ocorreu o maior índice
pluviométrico registrado em 2007 (Figura 1). A maior
média da quantidade de frondes em AT surgiu logo
após os picos de chuva (abril de 2009, março e abril
de 2010 e fevereiro de 2011), indicando relação
da expansão foliar com a disponibilidade hídrica.
Observou-se que a maior quantidade de frondes
não coincidiu com os picos de maior pluviosidade,
tendo sido verificado no mês seguinte ao pico de chuva,
semelhante à ABE. Verificou-se, também, em
um experimento adicional com outra realocação de
C. atrovirens para uma área de mata nativa
remanescente, realizada em abril de 2008 (dados não
mostrados), que coincidiu com o período de redução
da pluviosidade, que dos 34 exemplares realocados
apenas 13 sobreviveram (38,2% de sobrevivência) após
24 meses, não tendo sido possível realizar a análise
estatística, visto que parte da área experimental
precisou ser removida para a construção da rodovia,
meses antes do término do experimento.
Primack (2008) relatou que a sobrevivência
das plântulas de Asclepias meadii Torr. ex A. Gray
(Apocynaceae) aumentou quando realocadas em
períodos de maior pluviosidade. Segundo Eleutério e
Perez-Salicrup (2009), que acompanharam a
sobrevivência de plantas de C. divergens após
realocação, no México, a disponibilidade hídrica
influencia no metabolismo, favorecendo a taxa
fotossintética e, consequentemente, o crescimento e
produção de frondes nesta espécie. A relação entre o
aumento do número de frondes desenvolvidas após
o aumento da pluviosidade também foi verificada
por Lehn e Leuchtenberger (2008) com a mesma
espécie do presente trabalho.
As avaliações de desenvolvimento de
frondes e báculos das plantas de AT mostraram
também uma flutuação, porém esta foi observada
apenas onze meses após a realocação. Entretanto,
após esse período, o número de frondes e báculos
variou em função do tempo (Figura 3A e B).
Observou-se maior quantidade de báculos em
setembro de 2008 (2,1 ± 1,3 báculos por planta) e
em outubro de 2010 (2,4 ± 1,3 báculos por planta),
e menor nos meses de abril a julho (0,1 ± 0,3
báculos por planta em abril de 2010) (Figura 3A).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
Com relação à quantidade de frondes
expandidas por planta observou-se um maior
número nos meses de abril e junho de 2009
(7,7 ± 3,0 e 7,0 ± 2,9 frondes por planta, respectivamente)
e menor em agosto e setembro de 2008 (0,4 ± 0,7 e
0,6 ± 0,7 frondes por planta, respectivamente)
(Figura 3B). A produção de frondes foi relativamente
constante e menor no primeiro ano após o
transplante em comparação aos anos subsequentes
(Figura 3B). Essa menor produção de frondes
no período inicial após a realocação também
foi observada por Eleutério e Perez-Salicrup
(2009) em Cyathea divergens Kunze. A porcentagem
de frondes mortas foi maior nos meses de julho
(80% em julho de 2008) a outubro (80% em
outubro de 2008) (Figura 3C), tendo sido observado
o ápice em fevereiro de 2011 (83%).
Schmitt et al. (2009) observaram frondes
senescentes em outra samambaia (Dicksonia
sellowiana Hook.) em todos os meses do ano à
semelhança do observado no experimento AT
deste trabalho, indicando que os espécimes de
C. atrovirens realocados apresentaram variações
na quantidade de frondes mortas, característica de
uma população natural.
Com relação ao crescimento do cáudice
no AT, após a realocação, que ocorreu em novembro
de 2007, não se observou o crescimento durante
um ano, somente após o início de 2009 constatou-se
a retomada do crescimento do cáudice, sendo mais
acentuado após setembro de 2009, tendo atingido
um crescimento médio em fevereiro de 2011,
totalizando, 0,11 ± 0,03 m (Figura 3D).
Eleutério e Perez-Salicrup (2009),
também verificaram a sobrevivência de exemplares
de Cyathea transplantados, porém estes autores
utilizaram plantas resgatadas com o sistema
radicular. Nesse sentido, o presente trabalho mostrou
ser possível a sobrevivência de exemplares
realocados sem o sistema radicular. Adicionalmente,
a maioria das plantas, no momento da realocação,
possuíam poucas frondes expandidas, o que
deve ter contribuído para reduzir a perda de água
nesse período de estabelecimento, conforme
relatado por Eleutério e Perez-Salicrup (2009).
Vale ressaltar, que a sobrevivência dos exemplares
em AT se confirmou após cerca de dois anos após
a realocação, pois não houve mais mortes de
plantas após abril de 2009.
223
TAMAKI, V. et al. Sobrevivência de Cyathea atrovirens após desmatamento
Figura 3. Avaliação do número médio de báculos (A) e frondes (B) por planta, porcentagem de frondes mortas (C)
e o crescimento do cáudice (D) de Cyathea atrovirens, entre novembro/2007 e abril/2011 em área de realocação localizada
no município de Mauá/SP – Experimento de Avaliação do Transplante – AT (n = 20).
Figure 3. Evaluation of the average number of fiddleheads (A) and fronds (B) per plant, percentage of dead fronds
(C) and caudex growth (D) of Cyathea atrovirens, between November/2007 to April/2011 in relocation area in
Mauá/SP – Transplantation Evaluation Experiment – AT (n = 20).
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
224
TAMAKI, V. et al. Sobrevivência de Cyathea atrovirens após desmatamento
Segundo Eleutério e Perez-Salicrup
(2009), a sobrevivência de plantas transplantadas
de Cyathea divergens foi de 86,7% após um ano
da realocação em área de clareira. Esses autores
também observaram que a produção de frondes foi
menor nos primeiros três meses (0,6 frondes.mês-1)
em comparação a 1,2 frondes.mês-1 no período
subsequente; adicionalmente, constataram que o
cáudice cresceu em um ano, após a realocação,
0,15 m, todos estes dados se assemelham aos
resultados obtidos no presente trabalho. Concluíram
que a realocação é válida, principalmente,
para a conservação dos espécimes, com alta
relação custo-benefício.
No presente trabalho, verificou-se que
é possível transplantar indivíduos de Cyathea
atrovirens para regiões de mata nativa, onde existiam
outros exemplares da mesma espécie, à semelhança
do realizado por Eleutério e Perez-Salicrup (2009),
que consideraram ser um fator importante para
o sucesso da realocação, contribuindo para a
conservação de samambaias arborescentes.
De modo geral, analisando-se os dois
experimentos, foi possível observar em relação
ao número de báculos que as plantas do ABE
apresentaram quantidades semelhantes às do
experimento AT (figuras 2, 3). Nos samambaiaçus,
que já estavam na região de mata (ABE), foram
observados de 1 a 4 báculos por planta e nos
realocados, em novembro de 2009 (AT), de 1 a 3
báculos por planta. O número de frondes expandidas
foi maior nas plantas em ABE do que em AT (figuras
2, 3). Com relação ao crescimento do cáudice,
observou-se que as plantas em ABE cresceram
mais do que as plantas realocadas em AT (Figura
3D). É importante ressaltar que no ambiente onde
permaneceram as plantas do ABE há um riacho
que mantém a umidade do local, não ocasionando
um período de deficiência hídrica, essencial para
a sobrevivência dessas plantas, tal observação foi
corroborada por Schmitt e Windisch (2007).
O presente trabalho mostrou que os
espécimes de Cyathea atrovirens sobreviveram
após a supressão da vegetação e após a realocação,
sugerindo que é uma espécie resistente às
adversidades ambientais, conforme relatado por
Lehn e Leuchtenberger (2008), que observaram a
sobrevivência de todos os indivíduos pertencentes
a uma população de C. atrovirens atingida por
uma queimada no Rio Grande do Sul.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
Adicionalmente, observou-se que o
período de realocação mais propício foi o de maior
pluviosidade. Recomenda-se, portanto, atentar
para as condições climáticas de modo a aumentar a
porcentagem de sobrevivência das plantas dessa
espécie ao serem realocadas. Os resultados mostraram
não haver necessidade de retirada e realocação dos
samambaiaçus que permanecerem nas bordas da
mata após a supressão da vegetação, o que constitui
importante contribuição para o planejamento do
desmatamento e recuperação das áreas afetadas.
Avaliações como esta contribuem para
minimizar o impacto ambiental provocado pelo
desmatamento para a construção de rodovias.
Este trabalho pode ser utilizado para incentivar
mais pesquisas sobre o resgate e realocação de
outras espécies de plantas em áreas de supressão.
Conclui-se ser possível a realocação de
exemplares adultos de Cyathea atrovirens para áreas
de mata nativa e a adaptação dos samambaiaçus
desta espécie que permanecerem na borda da
rodovia após a supressão da vegetação adjacente.
4 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à empresa de
Desenvolvimento Rodoviário S.A. – DERSA pelos
recursos fornecidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO, S.J.; CARVALHO, E.M.A.F.; MAIA,
L.G.S. Resgate das pteridófitas na área diretamente
afetada do Aproveitamento Hidrelétrico do Funil-MG.
Revista Brasileira de Biociências, v. 5, p. 489-491,
2007. Supl. 1.
CENTRO DE PREVISÃO DE TEMPO E
ESTUDOS CLIMÁTICOS – CPTEC/INSTITUTO
NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS – INPE.
Previsão climática. 2012. Disponível em: <http://
clima1.cptec.inpe.br/~rclima1/monitoramento_
brasil.shtml#>. Acesso em: 5 ago. 2014.
CURY, R.T.S. et al. Sobrevivência de plântulas
transplantadas de uma floresta tropical madura para
viveiro de mudas na bacia do rio Xingu. Revista
do Instituto Florestal, v. 25, n. 1, p. 53-63, 2013.
225
TAMAKI, V. et al. Sobrevivência de Cyathea atrovirens após desmatamento
ELEUTÉRIO, A.A.; PEREZ-SALICRUP, D.
Transplanting tree ferns to promote their conservation
in Mexico. American Fern Journal, v. 99, n. 4,
p. 279-291, 2009.
FARIAS, R.P.; XAVIER, S.R.S. Fenologia e
sobrevivência de três populações de samambaias
em remanescentes de Floresta Atlântica Nordestina,
Paraíba, Brasil. Biotemas, v. 24, n. 2, p. 13-20, 2011.
FRANZ, I.; SCHMITT, J.L. Blechnum brasiliense
Desv. (Pteridophyta, Blechnaceae): estrutura
populacional e desenvolvimento da fase esporofítica.
Pesquisas: Botânica, v. 56, p. 173-184, 2005.
INÁCIO, C.D.; LEITE, S.L.C. Avaliação de
transplantes de árvores em Porto Alegre, Rio
Grande do Sul. Iheringia Sér. Botânica, v. 62,
n. 1-2, p. 19-29, 2007.
INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION
OF NATURE – IUCN. The IUCN red list of
threatened species. 2014. Disponível em: <http://
www.iucnredlist.org/search>. Acesso em: 15 dez. 2014.
KÖPPEN, W. Climatologia: con un estudio de
los climas de la tierra. Mexico: Fondo de Cultura
Econômica, 1948. 479 p.
LEHN, C.R.; LEUCHTENBERGER, C. Resistência
ao fogo em uma população de Cyathea atrovirens
(Langsd. & Fisch) Domin (Cyatheaceae) no Estado
do Rio Grande do Sul, Brasil. Biotemas, v. 21, n. 3,
p. 15-21, 2008.
NUNES, C.C.S.; SOUZA, D.R. Sobrevivência
de quatro espécies lenhosas nativas cultivadas em
solos degradados, Cruz das Almas, Bahia. Magistra,
v. 23, n. 1-2, p. 11-16, 2011.
O’FARRELL, P.J.; MILTON, S.J. Road verge
and rangeland plant communities in the southern
Karoo: exploring what influences diversity,
dominance and cover. Biodiversity and
Conservation, v. 15, p. 921-938, 2006.
PRADO, J. Pteridófitas do Maciço da Juréia. In:
DULEBA, W.; MARQUES, O.A.V. (Ed.). Estação
Ecológica Juréia-Itatins: ambiente físico, flora e
fauna. Ribeirão Preto: Holos, 2004. p. 139-151.
PRIMACK, R.B. A primer of conservation biology.
Suderland: Sinauer Associates, 2008. 349 p.
Rev. Inst. Flor. v. 26 n. 2 p. 215-225 dez. 2014
SAKAGAMI, C.R. Pteridófitas do Parque
Ecológico da Klabin, Telêmaco Borba, Paraná,
Brasil. 2006. 200 f. Dissertação (Mestrado em
Botânica) – Universidade Federal do Paraná.
Curitiba. Disponível em: <http://dspace.c3sl.ufpr.
br/dspace/bitstream/1884/15461/1/Dissertacao_
Cinthia.pdf>. Acesso em: 5 ago. 2014.
SCHMITT, J.L.; WINDISCH, P.G. Estrutura
populacional e desenvolvimento da fase esporofitica
de Cyathea delgadii Sternb. (Cyatheaceae,
Monilophyta) no sul do Brasil. Acta Botanica
Brasilica, v. 21, n. 3, p. 731-740, 2007.
______. Caudex growth and phenology of Cyathea
atrovirens (Langsd. & Fisch.) Domin (Cyatheaceae)
in secondary forest, southern Brazil. Braz. J. Biol.,
v. 72, n. 2, p. 397-405, 2012.
______.; SCHNEIDER, P.H.; WINDISCH, P.G.
Crescimento do cáudice e fenologia de Dicksonia
sellowiana Hook. (Dicksoniaceae) no sul do Brasil.
Acta Botanica Brasilica, v. 23, n. 1, p. 282-291, 2009.
SUGIYAMA, M. Biomas do Estado de São Paulo.
In: BONONI, V.L.R (Coord.). Biodiversidade.
São Paulo: SMA, 2010. p. 31-49.
VASCONCELOS, P.B.; ARAÚJO, G.M. Comparação
da estrutura arbórea de reservas e áreas na beira
de estradas de cerrado (sentido restrito) no
Triângulo Mineiro. In: BAGER, A. (Ed.). Ecologia
de estradas. Lavras: UFLA, 2012. p. 283-296.
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
Apresentação
A Revista do Instituto Florestal (Rev. Inst. Flor.) é um periódico semestral de divulgação científica, que publica trabalhos em ciências
florestais e afins, na forma de artigos científicos, notas científicas e artigos de revisão, redigidos em português, inglês ou espanhol.
O trabalho submetido à publicação na Revista do Instituto Florestal deverá ser original e inédito, não tendo sido publicado nem
submetido a outras revistas. Será distribuído pelo editor-chefe da Comissão Editorial a um relator da área do trabalho, que o enviará a
dois analistas, especialistas nessa área. O sistema de análise utilizado é o duplo-cego em que os nomes dos autores e dos analistas são
mantidos em sigilo.
O trabalho será analisado e receberá uma das seguintes avaliações: aceitável sem modificações; aceitável com modificações;
necessita ser totalmente reformulado e submetido à nova análise; recusado para publicação.
Após a análise, os comentários e sugestões dos analistas serão encaminhados aos autores para realizarem as modificações necessárias.
As sugestões não aceitas deverão ser justificadas. Após as modificações, a versão corrigida deverá ser reencaminhada para o editor de
área da Comissão. Com base nos pareceres dos analistas, caberá ao relator o aceite ou a recusa do trabalho após a conclusão do
processo de análise.
Após o aceite e a diagramação do trabalho, as provas de publicação serão enviadas aos autores para uma revisão final (restrita a erros e
composição) e deverão ser devolvidas no prazo indicado.
Os artigos serão publicados nas formas impressa e online na página da Revista do Instituto Florestal: http://www.iflorestal.sp.gov.br/
publicacoes/revista_if/index.asp. Os autores receberão, posteriormente, um exemplar da revista na qual seu artigo foi publicado.
Ao submeterem um artigo para a Revista do Instituto Florestal os autores concordam com a publicação exclusiva do artigo neste
periódico e com a transferência automática de direitos de cópia e permissões à publicadora do periódico.
Normas para Encaminhamento e Apresentação dos Originais
Os originais devem ser encaminhados por e-mail, acompanhados de uma carta endereçada ao Editor-Chefe da Comissão Editorial, em que
devem constar o título, os autores, a filiação e uma declaração do caráter original e inédito do trabalho.
Editor-Chefe da Comissão Editorial
Instituto Florestal
[email protected]
Os arquivos devem ser no formato Word em extensão doc. Devem apresentar as seguintes características: papel A4 (210 mm x 297 mm);
margens superior, inferior, direita e esquerda de 25 mm; espaço duplo; fonte Times New Roman 11; texto justificado; páginas numeradas a
partir da primeira página de texto, não ultrapassando 30 páginas (inclusive tabelas e figuras) para artigos científicos e de revisão e
10 páginas para notas científicas, sendo aceitas exceções, desde que aprovadas pela Comissão Editorial.
A página de rosto deve conter: título do manuscrito, em português e inglês, nome por extenso do(s) autor(es), rodapé com os dados
relativos à filiação institucional (instituição, rua, número, CEP, cidade, estado, país) e o e-mail do autor responsável pelo trabalho
para correspondência.
Na segunda página devem constar: resumo, palavras-chave, abstract e keywords.
É necessário obedecer a seguinte padronização:
•Título: centralizado, em caixa alta e negrito, seguido do título em inglês e título resumido. Deve ser claro, objetivo, conciso,
com até 20 palavras, e refletir o conteúdo do trabalho. Devem ser evitadas abreviaturas, parênteses e fórmulas que dificultem
sua compreensão.
• Resumo e Abstract: devem ter até 250 palavras e apresentar sinteticamente a questão que motivou a pesquisa, os objetivos,
o material e métodos, os resultados e conclusões. Não têm recuo no texto nem numeração, devem ser iniciados com a palavra em
caixa alta e negrito, seguida de traço, começando o texto na mesma linha.
•
Palavras-chave e keywords: de três a seis, em ordem de importância, não repetindo aquelas utilizadas no título.
•Tópicos: em caixa alta, negrito, recuo à esquerda, numerados em algarismos arábicos.
•Introdução: apresentar a questão, contextualizar com base na revisão da literatura, explicitar os objetivos e, se necessário,
apresentar as hipóteses.
• Material e Métodos: deve conter descrições breves, suficientemente claras para permitir a repetição do estudo; técnicas já
publicadas devem ser apenas citadas e não descritas. Indicar o nome completo da(s) espécie(s). Mapas podem ser inclusos se
forem de extrema relevância e devem apresentar qualidade adequada para impressão. Apresentar as coordenadas geográficas de
estudos de campo. Todo e qualquer comentário de um procedimento utilizado para análise de dados em Resultados deve,
obrigatoriamente, estar descrito no item Material e Métodos. Se houver subdivisão deste item, utilizar caixa alta e baixa e negrito.
•
Resultados e Discussão: a separação em dois itens é opcional. Se houver subdivisão deste item, utilizar caixa alta e baixa e negrito.
•Conclusões: as conclusões, se houver, devem estar neste item, claramente relacionadas com os objetivos e as hipóteses
colocadas na Introdução. Se as conclusões forem poucas e dispensarem um item específico podem finalizar o item anterior.
•Agradecimentos: devem ser sucintos; nomes de pessoas e instituições devem ser escritos por extenso, explicitando o
porquê dos agradecimentos. Créditos de financiamentos, bolsas e vinculações do artigo a programas de pesquisa mais amplos
podem ser incluídos.
• Referências Bibliográficas: devem ser apresentadas no final do texto, sem recuo, dispostas em ordem alfabética. Para a elaboração
deste item, verificar as Normas para Referências Bibliográficas.
•
Notas de Rodapé: devem ser evitadas ao máximo, podendo ser, excepcionalmente, aceitas. Utilizar fonte Arial 7.
•Ilustrações: são consideradas ilustrações as Tabelas, Figuras e Quadros. Deverão apresentar chamada no texto, sem abreviatura e com
letra inicial em maiúscula. No texto, as ilustrações devem ser inseridas o mais próximo possível da citação. Os títulos das ilustrações devem
estar em português e inglês, autoexplicativos, sem negrito e com fonte Times New Roman 10.
– Tabelas e Quadros: nas tabelas e quadros os títulos devem vir em posição superior a estes. A primeira linha do título não tem recuo,
letra inicial maiúscula, seguida pelo número de ordem em algarismo arábico e um ponto (ex.: Tabela 1. Título.).
Recomenda-se não utilizar linhas verticais separando as colunas. Quanto ao sombreamento das linhas de tabelas e quadros,
utilizar tons de cinza quando extremamente necessário. As fontes consultadas para a construção das tabelas e outras notas
devem ser colocadas após o traço inferior. Enviar as tabelas em arquivo Word.
– Figuras: desenhos, mapas, esquemas, fichas, gráficos e fotografias são considerados como Figura. Nas figuras os títulos
devem vir em posição inferior a estas. A primeira linha do título não tem recuo, letra inicial maiúscula, seguida pelo número de
ordem em algarismo arábico e um ponto (ex.: Figura 1. Título.). As fotografias devem ser enviadas em arquivo digital,
preferencialmente com extensão JPEG. Devem ser de boa qualidade, ter resolução mínima de 300 DPIs, formato máximo de
150 mm x 100 mm e conter o crédito do(s) autor(es). Não serão aceitas imagens escaneadas com baixa resolução. O tamanho máximo
de mapas, esquemas, desenhos, fichas e gráficos deverá ser de 215 mm x 170 mm, incluindo o título e a fonte consultada (se houver).
No envio da versão final do trabalho, as figuras deverão vir em arquivos separados.
•Equações: devem estar destacadas no texto para facilitar sua leitura. É permitido o uso de uma entrelinha maior, que comporte
seus elementos (expoentes, índices e outros). Quando fragmentadas em mais de uma linha, por falta de espaço, devem ser interrompidas
antes do sinal de igualdade ou depois dos sinais de adição, subtração, multiplicação e divisão.
• Siglas e Abreviaturas: as siglas e abreviaturas devem ser apresentadas em caixa alta. Quando utilizadas pela primeira
vez no texto, devem ser precedidas pelo seu significado por extenso, com travessão, ex.: Unidade de Conservação – UC.
Siglas internacionais não devem ser traduzidas. Evitar o uso de siglas no Abstract.
• Nomenclatura Científica: deve ser abreviada somente quando aparecer mais de uma vez no mesmo parágrafo. Seguir as
regras internacionais.
•Números: escrever por extenso os números de um até nove, exceto quando seguidos de unidade ou indicarem numeração de
tabela ou figura, ex.: três indivíduos, 6,0 m, 2,0-2,5 µm. Para os números decimais utilizar vírgula nos artigos escritos em
português ou espanhol, e ponto nos artigos escritos em inglês.
• Unidades e Medidas: deve-se utilizar o sistema métrico e o Sistema Internacional de Unidades – SI. Separar as unidades dos
valores através de um espaço, exceto para porcentagem, graus, minutos e segundos das coordenadas geográficas. Utilizar abreviaturas
sempre que possível e, para as unidades compostas, usar exponenciação e não barras. Ex.: mg.dia-1 em vez de mg/dia-1, µmol.min-1 em
vez de µmol/min-1.
Normas para Citação no Texto
A citação no texto deverá apresentar o formato autor (inicial maiúscula) + data.
Nas citações com dois autores os sobrenomes devem estar ligados por “e”. Ex.: Chaves e Usberti (2003) ou (Chaves e Usberti, 2003).
Nas citações com três ou mais autores, citar o primeiro autor seguido da expressão latina “et al.” sem itálico. Ex.: Gomes et al. (2008) ou
(Gomes et al., 2008).
Nas citações indiretas usar a expressão latina “apud” sem itálico. Ex.: Oliveira (2002) apud Souza (2009).
Nas citações de vários artigos do mesmo autor e mesma data, indicar através de letras minúsculas a, b, c, etc. Ex.: Vrek (2005a, b) ou
(Vrek, 2005a, b).
Citações de informações obtidas por meio de comunicação pessoal devem ser evitadas. Porém, se apresentadas, devem vir entre parênteses no
texto, com o nome completo do autor. Ex.: (José da Silva, comunicação pessoal).
Dados não publicados devem ser apresentados sempre em nota de rodapé, acompanhados pela expressão “não publicado” entre parênteses.
Citações de dissertações, teses e publicações no prelo devem ser evitadas ao máximo, podendo ser aceitas a critério da Comissão Editorial.
Não serão aceitas citações de resumos simples e monografias ou trabalhos de conclusão de curso.
Normas para Referências Bibliográficas
Deverão ser apresentadas em ordem alfabética pelo sobrenome do autor ou do primeiro autor, sem numeração. Quando houver vários
artigos do(s) mesmo(s) autor(es), obedecer a ordem cronológica de publicação. Quando houver vários artigos do(s)
mesmo(s) autor(es) e mesma data, indicar através de letras minúsculas, ex.: 2005a, 2005b, etc. Para os documentos com mais de
três autores, indicar o primeiro autor seguido da expressão latina “et al.” sem itálico. Os nomes dos autores devem ficar separados por
ponto e vírgula e as iniciais dos prenomes não devem ter espaço.
Exemplos:
•Livro
CARVALHO, P.E.R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2008. v. 3, 593 p.
•
Capítulo ou Parte de Livro
HOBBS, R.J.; NORTON, D.A. Ecological filters, thresholds, and gradients in resistance to ecosystem reassembly. In: TEMPERTON,
V.M. et al. (Ed.). Assembly rules and restoration ecology. London: Island Press, 2007. p. 72-95.
•Dissertação/Tese
MIGLIORINI, A.J. Variação da densidade básica da madeira de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden em função de diferentes níveis de
produtividade da floresta. 1986. 80 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Universidade de São Paulo, Piracicaba.
VEDOVELLO, R. Zoneamentos geotécnicos aplicados à gestão ambiental a partir de unidades básicas de compartimentação – UBCs.
2000. 154 f. Tese (Doutorado em Geociências) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista “Julio de
Mesquita Filho”, Rio Claro.
•
Artigo de Periódico
YAMAMOTO, L.F.; KINOSHITA, L.S.; MARTINS, F.R. Síndromes de polinização e de dispersão em fragmentos da Floresta Estacional
Semidecídua Montana, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 21, n. 3, p. 553-573, 2007.
•
Trabalho Apresentado em Evento e Publicado em Anais
GIANSANTE, A.E. et al. Sensoriamento remoto aplicado à proteção de mananciais: o caso do sistema Cantareira. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 17., 1993, Natal. Anais... Natal: ABES, 1993. v. 2, p. 657-659.
•Legislação
BRASIL. Lei no 11.428, de 22 de dezembro de 2006. Lex: coletânea de legislação e jurisprudência, v. 70, p. 3145-3166, 2006.
SÃO PAULO (Estado). Decreto Estadual no 53.494, de 2 de outubro de 2008. Declara as espécies da fauna silvestre ameaçadas,
as quase ameaçadas, as colapsadas, sobrexplotadas, ameaçadas de sobrexplotação e com dados insuficientes para avaliação no
Estado de São Paulo e dá providências correlatas. Diário Oficial do Estado de São Paulo, Poder Executivo, v. 118, n. 187, 3 out. 2008.
Seção I, p. 1-10.
•Mapa
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Mapa da vegetação do Brasil. Rio de Janeiro, 1998.
Escala 1:5.000.000.
•
Documento Obtido por Via Eletrônica
CATHARINO, E.L.M. et al. Aspectos da composição e diversidade do componente arbóreo das florestas da Reserva Florestal do Morro Grande, SP.
Biota Neotropica, v. 6, n. 2, 2006. Disponível em: <http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?article+bn00306022006>.
Acesso em: 16 set. 2009.

Documentos relacionados