12 - AUTOMAÇÃO - Baan tenta revolucionar mercado com o iBaan
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12 - AUTOMAÇÃO - Baan tenta revolucionar mercado com o iBaan
TECNOLOGIA AUTOMAÇÃO Baan tenta revolucionar mercado com o iBaan Mara Fornari D evido às exigências da nova economia, de gestão inteligente das modernas as indústrias vêm procurando im- corporações, o que inclui conjuntos plementar, de forma personalizada, uma completos de apli cações de ERP e plataforma web única e escalável para supply-chain, além dos componentes de gerenciar toda a cadeia produtiva e sus- software destinados a planejamento dos tentar estratégias de comércio eletrônico. negócios, automação do processo de Para atender a essas necessidades, a Baan Company, empresa de tradição mundial em soluções de gestão integrada, lançou recentemente a iBaan, uma suíte de automação de processos de negócios, baseada em ferramentas como ERP (Enterprise Resource Planning), CRM, supply-chain, ccommerce (collaborative commerce), ebusiness e business intelligence. As soluções iBaan pretendem cobrir todas as necessidades das indústrias da eco- Nova ferramenta tem aplicação na indústria de alimentos nomia web, que precisam de ferramen- produção e e-commerce. Ao disponibilizar uma plataforma com tas de fácil operação e capazes de acomeste nível de abrangência, a Baan Brasil panhar o crescente nível de complexidapretende solucionar um problema comum de dos negócios, podendo, a curto praentre as várias ferramentas de ERP do merzo, equacionar suas necessidades de cado, que se manifesta na falta de inteconectar fornecedores, parceiros e cliengração com certas camadas do negócio mais tes , bem como oferecer aos gerentes e relacionadas à produção, especialmente em funcionários uma base de informações ambientes de manufatura. abrangentes e ágeis para as decisões de produção e negócios. Área alimentícia Desta forma, não é mais necessária a dedicação das empresas ao cruzamento de As empresas da área de alimentos iminformações de fontes diferentes e ao plantaram sistemas de ERP (Sistema de equacionamento de inúmeras variáveis do Gestão Empresarial) por terem um perfil negócio, que podem voltar-se exclusivadiferente das chamadas indústrias de mamente ao negócio-fim. nufatura discreta. Produzir bala, iogurte O iBaan contempla as necessidades 30 ou manteiga é completamente diferente de produzir televisão, tratores, etc. Por causa disso, a Baan tem em seu ERP para as indústrias de processo uma linha de módulos – o bank process - voltado exatamente ao planejamento e produção de produtos alimentícios. Apesar do processo produtivo dessas empresas ser contínuo, não se pode trabalhar nesse setor com o conceito de ordem de produção por se estar lidando com materiais orgânicos e químicos. Para o gerente da Consultoria de Vendas da Baan Brasil, Giuseppe Varalla, um bom exemplo é a indústria de iogurtes. No início da produção tem-se todos os componentes para fabricar o iogurte que, no fim da linha, podem dar origem a vários outros produtos. Deve-se considerar, ainda, que o mesmo produto é destinado a embalagens e processos diferentes. É aqui que entra o Sistema de Gestão Empresarial: todos os componentes são juntados num lote de produção e depois acondicionados nas embalagens. Qualquer problema que tenha ocorrido na qualidade desse produto tem como ser verificado, graças à implantação do ERP. “A grande diferença está aqui. O bank process tem todo um conjunto de funcionalidades para cuidar das etapas específicas da indústria de processo”, destaca Varalla. O ERP administra toda a parte contábil, financeira, de compras, ven- BRASIL ALIMENTOS - nº 12 - Janeiro/Fevereiro de 2002 das e produção. A função do ERP Bank Process é cuidar de todo esse processo na indústria alimentícia, desde o recebimento da matéria-prima, de estocagem da mesma nos almoxarifados, dos lançamentos deste setor para a linha de produção, além de toda a parte de distribuição dessa mercadoria para os supermercados. “A tudo isto está ligada também a questão contábil e financeira”, prossegue o gerente. Existem várias maneiras de adquirir essa automação. Depois de definido qual dos ERPs melhor se encaixa no processo industrial de cada fábrica, a Baan começa a adequar o sistema de gerenciamento por partes, de forma a não interromper as atividades da empresa. O sistema antigo é eliminado e criam-se interfaces temporárias com outros Giuseppe Varalla, gerente da consultoria de vendas sistemas, até que se consiga substituir cada um deles. A essas metodologias dos analisados no chão de fábrica fiquem de implantação a empresa de informática disponíveis on-line, oferecendo um relachama de target. O período de implanta- tório final para que o gerente possa monitorar o que está acontecendo. ção pode variar de 6 a 18 meses. “A estratégia Varalla explicou ainda que, durante o processo de venda, deve-se considerar o da Invensys era sizing da máquina. A Baan faz um levan- fazer a pirâmide tamento de que tipo de equipamento essa inteira, atuando empresa deve contratar – contando nes- não só no chãota etapa com parcerias desenvolvidas com de-fábrica, mas também colhendo a IBM e Compaq. A necessidade do cliente é levantada a essas informapartir de consultorias como Price ou ções dentro de Andersen, que são bastante detalhistas, um sistema de além de muito rígidos. “Nesse processo ERP e as transmidestacam-se dois pontos: saber se a tec- tindo a um nologia do produto vai atender às necessi- b u s i n e s s dades do cliente, se o sistema é disponível intelligence de para internet e se acompanha os avanços maneira que totecnológicos. O outro é funcional – saber das as informase o sistema atende a todos os problemas ções da empresa que foram levantados”, diz Varalla. O dire- estejam ao alcantor lembrou ainda que, durante o processo ce dos executivos, de implantação, existe uma fase de na forma de relacustomização onde, se necessário, pode- tórios e gráficos”, disse Varalla. se adaptar o software. Segundo o gerente da Baan, a Cadeia logística Santista já tem Desde que foi adquirida pela Invensys, alguma coisa de há 18 meses, a Baan passou a oferecer chão-de-fábrica, sob a marca da controladora também a terminou agora o automação de fábrica, analisando a ERP e está parperformance de cada equipamento no chão tindo para outras de fábrica. O sistema permite que os da- atividades dentro BRASIL ALIMENTOS - Nº 12 - Janeiro/Fevereiro de 2002 da pirâmide, como, por exemplo, o supply-chain, que é a gestão de toda a cadeia logística. A Santista tem uma linha de produtos que são fabricados em moinhos espalhados pelo País. Junto a esses moinhos existem ainda os centros de distribuição e as fábricas. Esse é o desafio da Santista: fazer o planejamento dessa cadeia logística, de maneira eficaz. Varalla explicou que, de tempos em tempos, um moinho tem que ser parado para limpeza: “Se existe uma manutenção planejada para cada período, a empresa tem condição de direcionar a produção desse moinho para outro, de forma a atender à demanda existente”. É isto que está ocorrendo com a Santista – terminou a implantação do ERP e agora está partindo para administrar a cadeia logística SCM (Supply Chain Manager). Varalla destacou que a Baan iniciou com o nível de ERP e, após adquirir uma gama de empresas, criou um suíte de sistemas para supply chain manager. A em- 31 TECNOLOGIA presa comprou, ainda, um conjunto de produtos para gestão de relacionamento com o cliente, o CRM (Customer Relation Manager). Nos últimos dois anos, o maior trabalho da Baan foi juntar as administrações que vêm do ERP, do SCM e do CRM e poder distribuir tudo isso através da Internet. “Imagine duas fábricas, uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro, com vários centros de distribuição. As fábricas recebem o material de um determinado fornecedor e os centros de distribuição são os elos de ligação com os clientes. Torna-se necessário, portanto, fazer um resumo da cadeia logística de ponta a ponta”, Bank Process cuida das etapas específicas da indústria salientou Varalla. Segundo ele, o ERP atualmente dá uma gração, trocando a versão antiga pela visão muito segmentada, enquanto o SCM nova. Ou seja, vai ser preciso mudar toda surgiu para unir toda a cadeia e atender essa interface com o novo sistema, já bem o consumidor final. Para realizar o que houve alteração. E o custo, obrigasupply-chain, a Baan comprou a canaden- toriamente, será elevado”, prossegue Varalla. Enquanto os sistemas de ERP são se Berclain e a americana Caps. vendidos normalmente por número de usuários, uma instalação de TCO implica Relação com o cliente nos custos do software, de implantação Os CRMs administram sistemas como e de manutenção. o call center, sistemas de automação da Faturamento força de vendas. Mantendo a exemplificação com a Santista, é necessário A Invensys é uma empresa de US$ 20 bique haja na empresa um certo nível de automação na relação com o cliente. O lhões. Já a Baan fatura em torno de US$ 1 vendedor precisa de um sistema onde ele bilhão por ano. Normalmente as empresas possa entrar com o pedido e verificar a de softwares e sistemas destinam cerca de posição de estoque. “O custo para man- 20% a 25% da sua receita para desenvolver ter um cliente é muito menor do que o novas tecnologias e manter o seu programa de conquistar outros”, lembra o gerente. atualizado. Varalla observa que as empresas Para fazer a parte de CRM a Baan com- nacionais de tecnologia destinam o equivalente a R$ 25 milhões em desenvolvimento. prou a americana Aurum. A Baan também disponibiliza o TCO Desde 1993, quando a Baan entrou no mer(Total Cost Ownership) – Custo Total de cado, a visão das empresas mudou. O Propriedade, que resume os custos de mainframe já era tecnologicamente inviável, software, hardware, integração, manuten- além dos custos de sua manutenção serem ção da integração e do equipamento. En- elevados. Foi quando começou a se trabatretanto, deve-se levar em consideração lhar em plataforma Unix, um sistema uma série de fatores para se analisar o operacional de infra-estrutura mais barata. Até então, as empresas nacionais tracusto da propriedade. Para manter a integração de sistemas isolados existe um balhavam baseadas em IBM ou AS400, custo. “Se a Baan lançar uma nova ver- plataformas totalmente proprietárias, já são com tecnologia diferenciada, o usu- que limitavam a aquisição a produtos ário necessariamente terá que fazer a mi- próprios. O Unix, ao contrário, ofereceu 32 um leque de fornecedores, tanto de hardware como de software. Ou seja, as empresas começaram a abandonar o mainframe para rodar numa plataforma baixa, o Unix. “Empresas como a Baan e seus concorrentes”, continua Varalla, “tinham a visão de que o Unix iria emplacar. Para tanto, já tinham todos os sistemas desenvolvidos nessa época, o que facilitou a entrada no mercado”. Atualmente, a plataforma mais difundida começa a ser o Windows NT e Windows 2000 (Microsoft), de custos mais baixos. Como alternativa ao Windows, o gerente destaca o Linux, que já teve o seu boom, mas ainda “não pegou”. Apesar de ter muitos produtos para Unix, a Baan tem uma parceria muito forte com a Microsoft, onde os sistemas são desenvolvidos conjuntamente: “Se a Microsoft está lançando o Windows 2000, nós já estamos preparando os sistemas para trabalharem sob essa plataforma”. Um dos objetivos da Baan, atualmente, é reforçar a área de supply-chain, uma tendência de crescimento que está sendo sentida nas grandes corporações. Para as pequenas e médias indústrias, a Baan desenvolveu todo um processo, tanto de implantação mais barata, como de aquisição de softwares mais acessíveis a estas empresas. Internet O ERP, o SCM e o CRM estão sendo consolidados pela Baan debaixo de um portal. A idéia é permitir ao usuário ter uma única visão via internet de todas as informações, independentemente de onde elas estejam. Dentro desse portal a Baan tem uma série de funções de comércio eletrônico, de vendas, de e-procurement e colaboração. “Isto é um grande diferencial”, enfatiza Varalla, “um portal que consolida todas as informações”. Em 2005, a Baan pretende estar fornecendo automação completamente integrada do ERP a negócios e-business, oferecendo soluções integradas e não-integradas. ❏ BRASIL ALIMENTOS - nº 12 - Janeiro/Fevereiro de 2002