Filhos para todos

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Filhos para todos
R$ 8,50
ano 5 número 38 Janeiro 2011
Filhos para todos
Reprodução assistida tem novas regras no Brasil.
Agora, mais casais, incluindo homossexuais, e até
pessoas solteiras terão acesso à gravidez “induzida”
Especial
Pesquisa indica os acidentes
como o maior inimigo da vida no país
Política
Dilma assume o país com dívida
de R$ 137 bilhões deixada por Lula
Editorial
Falta vontade, eis a questão
Os últimos acontecimentos causados pelas chuvas em algumas regiões
brasileiras, principalmente na região
serrana do Rio de Janeiro, foram a
repetição de “tragédias anunciadas”.
Só para citar algumas, no próprio
estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o ano passado foi marcado por
grandes tragédias provocadas pelas
chuvas: na madrugada do 1º de janeiro, logo após as festas de réveillon,
a pousada Sankay e mais sete casas
próximas foram soterradas na Praia
do Bananal, em Angra dos Reis. Na
mesma noite, outras 20 casas também foram atingidas no Morro da
Carioca. O saldo da noite foi de 53
mortos. Depois, no dia 7 de abril, o
acúmulo de água provocou um grande deslizamento de terra no Morro
do Bumba, em Niterói, e em toda
região metropolitana da capital. Por
causa disso, dezenas de casas que
haviam sido construídas em cima de
um antigo lixão - no Morro do Bumba
- foram soterradas, o que ocasionou
47 vítimas e deixou centenas de desabrigados. No total, 150 mortos foram contabilizados no Rio e em mu-
nicípios vizinhos. O mesmo Morro
do Bumba, onde a maioria das casas
está em área de risco, fora antes, em
17 de dezembro de 1961, cenário de
um incêndio que causou a morte de
500 pessoas (70% delas crianças).
Saindo do Rio de Janeiro, em
2008, o estado de Santa Catarina foi
vítima da força das águas. A tragédia
começou a se desenhar em 22 de novembro e, ao final, 137 pessoas perderam a vida, mais de 60 cidades foram atingidas e cerca de 1,5 milhão
de pessoas foram afetadas, terminando com 25 comunidades riscadas
do mapa.
Da mesma forma, em São Paulo,
entra ano e sai ano, notícias de alagamentos, mortes e desabrigados pelas chuvas encabeçam as principais
manchetes nos jornais. E isso não é
de hoje. Em 1967, o estado viveu uma
das maiores tragédias naturais da história do Brasil, quando fortes chuvas
provocaram grandes deslizamentos
na Serra de Caraguatatuba, no litoral norte paulista, que mataram 436
pessoas e soterraram centenas de casas. Cerca de 30% da população ficou
desabrigada e muitos desaparecidos
nunca foram encontrados.
É certo que tragédias naturais
ocorrem em todo o mundo. A natureza é indomável, mas também não
pode ser condenada. Chuva, incêndio, independente do fato causador
da tragédia, o que se percebe é que a
maioria dos desastres acontece por
falta de planejamento urbano e de
negligência de autoridades.
Depois do que aconteceu em Angra dos Reis, em 2010, mais recentemente, é impossível aceitar que
nenhuma autoridade pública tenha
tomado qualquer providência para
que a tragédia não se repetisse, infelizmente, como agora na região
serrana do Rio, onde o número de
mortos ultrapassa com folga a 800
pessoas. Novamente, o brasileiro é
forçado a assistir, inerte, uma tragédia repetida sem que qualquer providência de alerta ou prevenção tivesse sido tomada.
Não há como negar a parcela de
culpa de certas pessoas que invadem
e constroem casas em áreas de risco,
como margens de córregos e rios e
em encostas de morros, só que para
isso contam com a conivência das autoridades. Mas na maioria dos casos
falta é mesmo um tal Planejamento
Urbano, até porque investimentos
em infraestrutura não rendem votos obras de infraestrutura normalmente
ficam escondidas abaixo do solo - e,
portanto, não são tão atrativas assim
para os nossos políticos.
Mas é melhor ser chato e cobrar
das autoridades mais seriedade e
comprometimento quando o assunto
envolve questões de Planejamento
Urbano. Nesse sentido, tirar moradores das áreas de risco é apenas o
primeiro passo para evitar a tragédia
das enchentes e, depois, é preciso
adotar medidas preventivas.
Basta lembrar que na Austrália
milhares de vidas foram salvas em
Brisbane, uma das maiores cidades
do país, graças a um plano de emergência eficiente. Nos mesmos dias,
enquanto aqui no Brasil, na região
serrana do Rio, os mortos eram contados às centenas, a cidade australiana viveu a maior chuva dos últimos cem anos de sua história. Mas
lá, o desastre não matou mais que 20
pessoas. Um dos motivos foi um plano eficaz de emergência.
Isso não existe no Brasil. E olha
que em alguns estados, como o Rio
de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais
e Santa Catarina as tempestades
ocorrem quase todos os anos e quase sempre entre dezembro e março.
Assim, se os nossos governantes
dedicassem mais tempo e investimento ao planejamento urbano muitas das tragédias que aqui ocorrem
poderiam ser evitadas.
Ah! Quem puder que tire um tempinho e acesse o site do Ministério
das Cidades do governo federal. Lá,
entre os objetivos desse ministério,
está escrito: “combater as desigualdades sociais, transformando as
cidades em espaços mais humanizados, ampliando o acesso da população à moradia, ao saneamento
e ao transporte. Tratar da política
de desenvolvimento urbano e das
políticas setoriais de habitação, saneamento ambiental, transporte urbano e trânsito. Assegurar o direito
à cidade - garantindo que cada moradia receba água tratada, coleta de
esgoto e de lixo, que cada habitação
tenha em seus arredores escolas,
comércio, praças e acesso ao transporte público”.
Pena que tudo é pura enganação!
Evaldo Pighini
Editor
Índice
Janeiro 2011
30Capa
Conselho Federal de Medicina
anuncia novas regras para
a reprodução assistida no
Brasil. Agora, mais casais,
incluindo homossexuais e até
pessoas solteiras, terão acesso
à técnica, porém, sob normas
mais rígidas
12Entrevista
36Política
44Especial
Como vai o mercado de trabalho
e o exercício da profissão para o
advogado nos dias de hoje? Quem
responde estas entre outras questões é o advogado Marcus Reis,
sócio do escritório Reis Advogados,
com 43 anos de fundação
Nunca antes na história deste país
foi deixada uma conta tão grande,
de um ano para outro, como a que
o ex-presidente Lula deixou para
a sua sucessora, Dilma Roussef. O
valor chega a R$ 137,5 bilhões no
orçamento da União
Vítimas acidentadas representaram 90% dos atendimentos em
urgências e emergências no Brasil.
Quedas e acidentes de trânsito
são as principais causas, sendo a
ingestão de álcool um dos principais fatores
38
52Em Foco
O empresário do setor farmacêutico
e atual presidente da Fecomércio
Minas, Lázaro Luiz Gonzaga, é
o novo presidente do Conselho
Deliberativo do Sebrae-MG. Ele vai
comandar a instituição mineira de
2011 a 2014
56Turismo
As ilhas de San Blas, no litoral
atlântico do Panamá, canalizam
a um raro e quase desconhecido
destino. O arquipélago prova
que o estado panamenho é mais
do que o Canal e outras ondas
caribenhas
66Veículos
Os carros híbridos já são realidade
em vários países do mundo. No
Brasil, a história está apenas
começando. Conheça uma das
novidades: o Fusion Hybrid,
que vem recheado de novas
tecnologias verdes
Canal Livre 6
Artigo 8
Conversa 10
Franchising 18
Investimentos 20
Comunicação 22
Educação 24
Indústria 34
Saúde 40
Cidadania 50
54 Alimentação
72 Bazar
76 Dica de Leitura
78 Literatura
80 Profissões em filme
82 Sustentabilidade
84 Ponto de vista
86 Causos empresariais
88 Geral
canal
livre
Causos Empresariais
Quero agradecer a todos da Revista Mercado. Sou o
Rodrigo, o personagem citado pelo Nege Calil, na edição 36,
na coluna Causos Empresariais. Fiquei muito emocionado
e feliz com a publicação.
Obrigado, Nege, e parabéns pela excelente redação.
Rodrigo Corrêa Leite
HR Management
UFU
AIDS
Parabéns pela reportagem sobre a UFU. O conteúdo só
aumenta em mim, e acredito que nos demais uberlandenses, o sentimento de orgulho por termos em nossa cidade
esse grande patrimônio chamado Universidade Federal de
Uberlândia.
Excelente a matéria publicada na última edição alertando
sobre o descaso da população com relação à AIDS. Sinto
que as pessoas deixaram de se preocupar com essa doença ao longo dos anos e, consequentemente, também
deixaram de lado os cuidados de proteção contra o HIV.
Num país como o nosso, em pleno século 21, é inadmissível quase 260 mil pessoas terem o vírus da doença e não
tomarem consciência disso. Falta o quê?
Vincent Castro Rodrigues
Estilista/Uberaba-MG
Turismo
Sou leitora assídua do caderno de Turismo desta revista.
Ainda assim, sempre me surpreendo com a qualidade
das matérias publicadas. Com a última edição não foi diferente e, ainda mais, pelo fato de eu já ter tido o prazer
de visitar Punta del Este. Deu uma saudade danada. Parabéns por mais essa bela matéria!
Neusa Gaudêncio Silva
Bancária
Uberabinha
Gostaria de pedir às autoridades de Uberlândia maior
fiscalização em torno das margens do nosso querido rio
Uberabinha. Tenho que reconhecer que o trabalho feito
abaixo da ponte do Praia Clube ficou muito bom. Mas é
precisa mais, principalmente punição às pessoas que estão avançando - e as que já avançaram - construções sobre as áreas de proteção das margens do rio. Fica aí minha
reclamação.
Alfredo Rodrigues Neto
Estudante
Mercado Janeiro 2011 ∞ 6
Francisco Ribeiro
Protético
__________________________________________________
Estudei na UFU na década de 1970. Confesso que desde
então, após terminar o curso de Veterinária e me mudar
para Goiás, nunca mais voltei à universidade, nem quando
vou a Uberlândia. Agora, numa de minhas visitas, tive o
prazer de ler a matéria publicada por esta revista a respeito da universidade e foi aí que tomei conhecimento
do quanto ela cresceu... E como cresceu. Por isso é que
escrevo para elogiar a reportagem. Acredito que outros
que ser formaram aí, assim como eu, não deveriam nunca
deixar de dar uma passadinha pela universidade, principalmente, no charmoso Campus Umuarama.
Cláudio Augusto Fonseca
Veterinário
Dica de Leitura
Sou aficcionado por livros. Por isso, quero dizer aos responsáveis pela edição da Mercado que a revista ganhou muito
a partir do momento da inclusão da coluna Dica de Leitura.
Pelo conteúdo da revista dá para notar que os responsáveis
também se preocupam com cultura, e é disso que o nosso
país precisa, ou seja, valorizar mais a cultura, sendo que o
incentivo à leitura é um dos caminhos para isso.
Júlio Romano Ferreira
Aposentado
MArtigo
Felicidade
Interna Bruta
(FIB) versus PIB
POR Célio Pezza*
O
que é mais importante em sua vida: ser
feliz ou ser rico? Foi baseado nessa
premissa que o Butão, pequeno país
budista vizinho ao Himalaia, instituiu
o FIB (Felicidade Interna Bruta). Em
1972, seu novo rei, Jigme Singye, declarou durante
sua posse que a Felicidade Interna Bruta é mais importante que o PIB (Produto Interno Bruto). A partir
daí, baseou todo o seu governo em quatro premissas: desenvolvimento econômico sustentável e equitativo, preservação da cultura, conservação do meio
ambiente e boa governança. Essa política virou realidade e o Butão, hoje, mostra ao mundo que o nosso
conceito de avaliação de países está errado. Veja o
exemplo dos EUA, onde o PIB é considerado alto e
ao mesmo tempo aumentam os índices de criminalidade, divórcios, guerras, neuroses e toda sorte de
infelicidade. O problema é que o PIB só se preocupa
com o crescimento material e não leva em conta se a
riqueza foi gerada a partir de destruição de lares ou
do meio ambiente.
Os “especialistas” impuseram ao mundo o conceito de que o crescimento econômico é a base e o objetivo das sociedades e isso está nos levando ao desastre. Esse modelo de produção e consumo seguido de mais produção e mais consumo desestabilizou
o ser humano e o planeta. Uma nova empresa que se
instala em uma região traz, sem dúvida, um aumento do PIB desta região, mas se for acompanhada de
uma degradação ambiental, da saúde e do bem-estar
da comunidade, o resultado final será uma perda de
qualidade de vida, mesmo com crescimento econômico. Uma civilização focada no FIB é preocupada
em fazer o bem e não em acumular lucros, pois, aci-
ma de certa quantidade, o dinheiro não vale nada em
termos de felicidade. É uma tremenda virada nos
conceitos atuais, mas que pode salvar o ser humano de um futuro desastroso. O primeiro-ministro do
Butão explicou na ONU que é responsabilidade do
Estado criar um ambiente que permita ao cidadão
aumentar sua felicidade e é enfático ao afirmar que
o sucesso de uma nação deve ser avaliado pela sua
qualidade de vida e felicidade de seu povo, e não
pela sua habilidade de produzir e consumir.
Os conceitos da FIB do Butão estão correndo pelo
mundo todo e despertando a curiosidade de muita
gente interessada na promoção de um novo modelo de civilização, mais feliz e menos preocupada
com o consumo. O ocidente já adicionou mais cinco
itens aos quatro pilares do Butão: boa saúde, educação de qualidade, vitalidade comunitária, gestão
equilibrada do tempo (trabalho e lazer) e bem-estar
psicológico. O modelo econômico atual tem que ser
modificado drasticamente e devemos nos empenhar
na busca e concretização de outros modelos mais
favoráveis à vida e à felicidade no planeta Terra.
É hora de lembrarmos as palavras do ex-senador
Robert Kennedy quando, durante um de seus últimos discursos, em março de 1968, criticou o crescimento econômico a qualquer custo e disse, entre
outras coisas, que “não encontraremos nem um propósito nacional nem satisfação pessoal numa mera
continuação do progresso econômico. Não podemos
medir a realização nacional pelo PIB, pois ele cresce
com a produção de napalm, mísseis e ogivas nucleares. Ele mede tudo, menos o que torna a vida digna
de ser vivida”. Robert Kennedy foi assassinado logo
depois, em junho de 1968, aos 42 anos de idade. B
*Célio Pezza é escritor (www.celiopezza.com), mas tem sua formação acadêmica em Química e Administração de Empresas
Mercado Janeiro 2011 ∞ 8
CONVERSA
DEMERCADO
Caros leitores,
O marketing esportivo traz resultados garantidos
para todos os envolvidos. Alguém duvida disso?
Tenho o privilégio de ser um dos pioneiros do marketing esportivo no Brasil. Minha carreira no marketing soma já 52 anos, dos quais mais de 40 com marketing esportivo. Já militei como profissional, como
cliente/patrocinador, como produtor de eventos, como
dirigente esportivo e como profissional de agência de
marketing esportivo.
Essa experiência toda me permite tecer alguns
comentários e propor ações de forma fundamentada
e profissional.
Durante todo esse tempo, minha maior preocupação,
além da profissionalização do segmento, foi com a disseminação das vantagens em participar da indústria do
esporte como pessoa física e/ou jurídica.
A indústria do esporte
vai muito além do futebol e de alguns esportes
profissionalizados - que
são a ponta do iceberg -,
ela movimenta no Brasil
algo em torno de 3,3%
do PIB, segundo a Fundação Getúlio Vargas em
estudo de 2002. Hoje
esse percentual representa algo como 100 bilhões de reais.
Uma das indústrias
que mais crescem no
mundo é a do entretenimento. Quanto maior a
capacidade ociosa das
pessoas, mais entretenimento consomem. E em
Mercado Janeiro 2011 ∞ 10
se tratando de entretenimento, o mais importante é o
esporte.
A indústria do esporte é uma das mais importantes
para uma nação: ela atende a praticamente todos os
segmentos da sociedade: indústria, comércio e serviços;
patrocinadores e anunciantes; atletas, técnicos e dirigentes; população; governo; mídia; clubes, federações,
confederações e ligas desportivas.
E, ainda, tem muito a crescer no Brasil comparativamente a outros países.
Segundo estudo recente da consultoria Ernst&Young,
entre 2010 e 2014, somente as atividades da Copa de
2014 vão injetar adicionalmente no mercado R$ 142 bilhões, R$ 63 bilhões de renda para a população e 3,63
milhões de empregos por ano.
Embora já muito altos, esses valores podem ser potencializados e crescer de maneira mais rápida e consistente.
A falta de informação das empresas potenciais patrocinadoras, das entidades esportivas, dos atletas e dos
clubes não dá vazão a todas as oportunidades que estes
poderiam ter na indústria do esporte.
Os clubes mais importantes, as federações mais profissionalizadas e os patrocinadores melhor administrados na área de marketing exemplificam bem a mostra
do excelente retorno na correta aplicação e utilização
do marketing esportivo.
O mercado está repleto de exemplos de pequenas,
médias e grandes empresas que têm suas marcas divulgadas e obtêm um consequente aumento das suas
vendas por um valor muito menor do que os alcançados com outras atividades ortodoxas de marketing.
Temos também inúmeros exemplos de clubes menores que se esmeram para ter uma imagem preferencial
entre os potenciais patrocinadores e conquistam expressivos patrocínios.
Esse é o ponto: se o mercado é imenso e crescente, se
existem milhares de potenciais patrocinadores, se há o
grande interesse da mídia, qual a razão de muitos clubes
Outro ponto é a mística que existe no mercado de
que pequenas ou médias empresas não têm cacife para
patrocínios. Para contrapor, é só verificar os inúmeros
exemplos de pequenas empresas que cresceram sobremaneira ao investirem em patrocínio ou entrarem na
indústria do esporte como fabricantes de material esportivo e prestadoras de serviços, com todas as oportunidades que isso traz.
O marketing esportivo é a atividade de marketing que
mais propicia a segmentação de mercado. Desde o patrocínio de um único atleta até o patrocínio de grandes
clubes e seleções.
O segredo é a profissionalização. A Copa de 2014 e os
Jogos Olímpicos de 2016 já estão aí e milhares de oportunidades se oferecem para o mercado. Mas não adianta
bola pingando na área sem goleiro, se o chute for para
fora. E quem estiver mais preparado terá grandes chances de marcar belos e inesquecíveis gols. E conseguir
excelentes vitórias. B
não conseguirem patrocínio?
A resposta é clara, simples e contundente: é porque
eles não se apresentam ao mercado como valorosos,
competentes, com credibilidade, enfim, como um bom
produto. Antes do patrocínio deve existir o produto,
senão o clube não estará vendendo o direito do patrocinador de utilizar suas camisas, seus clubes e seus
atletas. Estará pedindo favor ao patrocinador para dar
uns trocados em forma de colaboração para manter a
equipe. Além de não ser profissional, essa atitude desvaloriza totalmente o valor de mercado do clube e não
atrai patrocinadores.
Todo patrocinador tem interesse em dar visibilidade
à sua marca. Mas antes disso vem a necessidade de aliar
essa marca a outra marca (no caso, o clube ou atleta)
que agregue vantagens.
José Estevão Cocco
([email protected]) é diretor-presidente da
J.Cocco Sportainment Strategy; presidente da Academia
Brasileira de Marketing Esportivo (Abraesporte), conselheiro da Associação de Marketing Promocional (Ampro)
e membro da Academia Brasileira de Marketing (ABM).
Tem no seu portfólio cases de sucesso para grandes clientes como Panasonic, Grupo Accor, Ticket, Citroën, Grupo
Pão de Açúcar, Unibanco, TV Cultura, Claro, Boheringer
Ingelheim e Universidade São Judas; além de grandes sacadas de marketing esportivo, como Programa Mulheres Que
Fazem o Brasil Brilhar - da Bombril -, Extra Bike Brasil, SuperCopa CompreBem e Sendas, Copa Coca-Cola, Fórmula
Renault do Brasil, Copa Clio do Brasil, Basquete Colegial
Caixa, SPVôlei (Federação Paulista de Volleyball), entre
inúmeros outros.
MEntrevista
Advogado: profissão
e mercado de trabalho
O diretor regional da Business Partners Consulting - empresa de consultoria estruturada em duas áreas de negócio:
Consulting Services e Recruitment Services -, Carlos Contar,
afirmou recentemente que hoje em dia qualquer profissão requisita profissionais com diversas habilidades. Disse ainda que
os profissionais de agora devem ter perfis estratégicos, proativos e com pleno entendimento dos negócios das organizações
em que atuam.
A área de advocacia é um exemplo disso, até por causa do
aumento do número de advogados no mercado, onde não há demanda para isso. Com mais de 713 mil inscritos na Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) federal, o país está em terceiro lugar
no ranking das nações que mais formam advogados no mundo.
Enfim, o mercado de trabalho para advogados, se ainda não
se encontra saturado, está perto de estar, pelo grande número de
profissionais formados. Nesse cenário, muitas empresas eliminaram a área jurídica de suas organizações e passaram a contratar
escritórios externos para tratar desses assuntos. Entre os objetivos, a intenção de reduzir custos fixos e o tamanho da estrutura
organizacional. Assim, como alternativa, hoje em dia um advogado pode ter sua própria banca, pode trabalhar associado em
algum escritório de nome ou pode, aleatoriamente, conseguir um
emprego de advogado em uma empresa não jurídica.
Diante disso tudo cabe, porém, salientar que o advogado
desempenha um papel especial na sociedade, afirmação fundamentada na Carta Constitucional, promulgada há mais de 20
anos, que em seu artigo 133 determina ser o advogado indispensável à administração da justiça.
Assim sendo, para falar mais sobre como está o exercício da
profissão no dias de hoje e também como anda o mercado de
trabalho para os formandos em Direito, entre outras questões, o
advogado Marcus Vinícius de Carvalho Rezende Reis concedeu
entrevista à MERCADO. Formado há 17 anos, pós-graduado em
Direito Civil e Processual Civil, Marcus Reis é também sóciofundador do escritório Reis Advogados em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Fundado em 1967, na cidade de São Paulo, pelo
advogado Morival Reis - pai de Marcus, essa empresa de advocacia tem, portanto, 43 anos de serviços prestados na administração da justiça em áreas como Direito do Agronegócio e Direito
Bancário, entre outras, prestando assessoria jurídica a grandes
empresas do país.
Marcus Reis é sócio-fundador do Escritório Reis Advogados em Uberlândia,
empresa paulista com 43 anos de atuação em assessoria jurídica
Mercado: O senhor concorda que o atual mercado
de trabalho para o advogado no país está mais competitivo e escasso?
Concordo plenamente. Essa é uma preocupação inclusive da Ordem dos Advogados do Brasil. O problema está
na quantidade e qualidade de novos cursos de Direito à
disposição em todo o país. Houve uma época em que para
se formar em Direito o estudante tinha que se mudar para
os grandes centros, normalmente as capitais dos estados.
Hoje em dia, os cursos de Direito estão pulverizados, na
região sudeste, para todas as cidades com mais de 30 mil
habitantes. Esse fator implica no incremento de milhares
de bacharéis a cada ano, oriundos de centros de formação com qualidade duvidosa, tornando o mercado para
esses profissionais cada vez mais competitivo e escasso.
Mercado: A que o senhor atribui essa grande procura pelo curso de Direito no Brasil?
É um curso de fácil acesso, presente na esmagadora
maioria das universidades do país, adicionado ao enorme
leque de opções de carreira que aproveitam a formação
de um bacharel em Direito. Exemplo disso é a quantidade
de concursos públicos que exigem conhecimento específico na área do Direito.
Mercado: Como o senhor vê o Direito hoje? Ele já
foi diferente do atual? O que mudou?
O Direito hoje está massificado. Enquanto hoje o “Dr.
Google” e afins disponíveis na rede mundial se tornaram
ferramentas facilitadoras, em outros tempos, a exemplo
da época de meu pai, Dr. Morival Reis, formado na década
de 60, e ainda em plena atividade, o advogado, na solução
dos problemas de seus clientes, tinha que lançar mão de
enorme quantidade de livros e tempo de pesquisa para a
formatação de suas teses. A pesquisa à moda antiga aguçava o raciocínio jurídico, ao passo que nos dias atuais,
a utilização exclusiva da internet tende a limitar o profissional, que passa a adaptar teses previamente elaboradas.
Mercado: Como o senhor avalia o relacionamento
da tríade advogado, Justiça e leis no Brasil?
As três partes são interdependentes. Na realidade, o Direito deve acompanhar a evolução da sociedade, e nunca
o inverso. Assim, o advogado, a Justiça e as leis devem interagir de forma harmônica e equilibrada em prol da sociedade. Infelizmente, avalio que as leis são, em grande parte,
mal elaboradas e dissonantes da realidade social, o que
torna hercúleo o trabalho dos advogados e órgãos judiciais
no afã de aplicá-las aos casos concretos. Aliado a isso, a
sociedade cresce em velocidade desproporcional ao Poder
Judiciário que, sempre zeloso pela qualidade de formação
de seus representantes, sofre com a avalanche de novas
demandas que a cada dia aportam em nossos fóruns.
Mercado: Baseado em sua experiência de mercado, e falando diretamente a quem deseja fazer
o curso de Direito, em quais áreas ou segmentos o
bacharel em Direito pode atuar? Quais são as mais
concorridas?
Atualmente, cerca de 90% dos estudantes de Direito
ingressam no curso almejando a aprovação em concurso público, sendo que boa parte deles visa estabilidade
e os bons salários pagos pelo estado. A mínima parte
desses bacharéis tem se interessado pelo exercício da
advocacia, sobremaneira pelas dificuldades da profissão, tais como a grande concorrência, questões salariais
e exigências adicionais que o mercado impõe ao profissional do ramo privado.
Como se vê, a diferença é gritante. O concurso público é muito procurado, em especial para as carreiras da
Magistratura e do Ministério Público, as mais desejadas
e, portanto, as mais concorridas; já entre os advogados,
temos nas áreas cível e trabalhista a maior incidência de
profissionais atuantes.
Mercado: Em se falando do Direito Empresarial,
sua grande expertise, como o senhor vê a área de
advocacia empresarial no Brasil? Onde ainda há
possibilidades de crescimento?
Há bem mais de uma década, identifiquei que a advocacia empresarial no Brasil tendia ao modelo das firmas
norte-americanas, nas quais os profissionais do Direito
se apresentam organizados em grandes sociedades de
advogados. Dessa forma, como gestor do escritório Reis
Advogados, passei a me preocupar e a direcionar o modelo administrativo de nossa organização para se tornar
uma autêntica empresa de prestação de serviços, apta
ao atendimento de outras empresas, formatação essa
que se tornou, mais que uma tendência, verdadeira exigência do mercado empresarial. O empresário de hoje
quer advogados que falem a sua língua, que o entendam
e apresentem soluções personalizadas à sua realidade.
As maiores possibilidades de crescimento se encontram no interior do país, onde os investimentos em
agronegócio, energia, recursos naturais, meio ambiente
e infraestrutura estão presentes. As indústrias estão deixando as capitais e migrando para o interior. Esse foi
o maior motivo de nossa vinda à Uberlândia, segunda
maior cidade do interior brasileiro, um dos centros mais
promissores do país.
Mercado: Na sua visão, existe alguma premissa
básica para o relacionamento advogado/cliente?
Por mais moderno que tenha se tornado o exercício
da advocacia, confiança, segurança e honestidade nunca
deixarão de ocupar o cerne do relacionamento advogado/cliente.
Mercado: Como avalia a afirmação: “É impossível atender o cliente sem ser um bom técnico. E é
também impossível ser um bom técnico sem entender do negócio do cliente”?
Como já disse, a maioria dos estudantes de Direito prefere a carreira pública à advocacia, em razão, dentre A
13 ∞ Mercado Janeiro 2011
MEntrevista
outras, das dificuldades impostas ao advogado. As faculdades de Direito transmitem o conhecimento simplesmente, não preparam os futuros advogados para todos
os desafios do mercado de trabalho, em especial para
as particularidades dos negócios de seus clientes, nem
para a forma de se relacionar com estes. O advogado,
além de deter conhecimento jurídico, deve vivenciar o
cotidiano de seu cliente, a fim de que possa aplicar as
melhores soluções aos anseios deste. O Direito tende
a seguir o exemplo da Medicina, em que o profissional,
após receber o conhecimento geral de formação, passa
pela chamada “residência” para, depois então, especializar-se no ramo médico de sua preferência.
Mercado: Nestes anos de profissão, houve algum momento crítico em que foi preciso superar barreiras?
A superação deve ser meta pessoal de todo ser humano. Evolução é meta universal. A vida do advogado é
uma sequência de momentos críticos. É bom estar preparado a cada dia.
Mercado: O que o senhor espera da nova conjuntura política e como isso pode motivar negócios no
nosso país?
Desde a era FHC, nosso país passou a trilhar os caminhos do desenvolvimento. Lula soube dar boa continuidade a essa marcha. Assim, como dito pelo economistachefe do Bradesco, Dr. Octávio de Barros, em relação ao
novo governo, “para se chegar à vitória, bastará seguir à
risca a lição de casa. Sem estripulias”.
Mercado: Mudando um pouco o foco do assunto,
e agora falando mais diretamente aos novos advogados, que lições o senhor tem tirado do exercício
do Direito?
Creio que o homem deve acreditar em seus sonhos,
persistir neles e, como acredito que a dignidade pessoal deva sempre preceder à profissional, àquele que quer
se tornar um grande advogado diria para olhar primeiro
para dentro de si próprio e fazer uma auto-análise. Se
gostar do que viu, por certo terá sucesso em sua carreira
profissional.
Mercado: Na sua opinião, a criação dos juizados
especiais contribuiu para o acesso à Justiça? Seria
essa a melhor alternativa para aproximar a Justiça
dos socialmente excluídos?
Sem dúvida os juizados especiais representam uma
grande evolução no tocante ao acesso à Justiça. Porém, o
crescimento vertiginoso de demandas nesses juizados chama atenção à necessidade, contínua e constante, da melhoria de estrutura e capacidade de atendimento da Justiça.
Mercado: Qual ou quais perspectivas o senhor
vislumbra para os futuros profissionais da área?
Quais os requisitos básicos para quem deseja entrar
neste setor? Que conselhos daria a essas pessoas?
Segundo os especialistas, o Brasil será, em alguns
anos, a quarta economia do planeta. A melhoria das condições de vida da população é fato notório. A consequência disso para o Direito é o aumento de demanda em
todas as esferas. Conhecimento de mercado e estudo
direcionado são os requisitos básicos para quem deseja
entrar neste setor.
Mercado: Por que resolveram investir em Uberlândia e região?
Como já disse, cremos que a força do crescimento de
nosso país está no interior. Grandes centros, tais como
São Paulo, estão se tornando um grande polo prestador
de serviços; as indústrias estão migrando para regiões
como a nossa, potencial logístico da região, com elevado índice de desenvolvimento humano - IDH, localização geográfica privilegiada, boas condições de acesso,
aeroporto com boa oferta de voos para as principais regiões de nosso país, dentre outros foram elementos que
foram cruciais à escolha.
Mercado: Qual a importância da boa gestão em
uma banca competitiva?
Não é questão de importância, mas de sobrevivência! Quando um escritório passa ao status de banca de
advocacia, a gestão passa a ter papel preponderante no
sucesso ou fracasso desta. Os grandes escritórios estão
cada vez mais profissionalizados. Arrisca-se a ban-A
“O Direito tende a seguir o exemplo
da Medicina, em que o profissional,
após receber o conhecimento geral
de formação, passa pela chamada
“residência” para, depois então,
especializar-se no ramo médico de
sua preferência”
MEntrevista
ca que ainda utiliza seus sócios com formação apenas
em Direito como gestores. A competitividade e o alto
grau de exigência dos clientes exige respostas personalizadas e profissionais. Quem busca hoje os serviços
de uma banca de advocacia empresarial avalia primeiro questões relacionadas à gestão do escritório, para
somente depois avaliar o grau de conhecimento de
seus componentes.
Mercado: Em sua opinião, quais os pré-requisitos para que se contratem estagiários e advogados? Como o seu escritório faz a seleção?
Os pré-requisitos variam muito conforme a vaga a
ser preenchida; poderia enumerar alguns mais comumente analisados em nossos processos seletivos: perfil
para trabalho em equipe, comportamento em situações
de estresse e pressão, proatividade, dentre outros.
Nosso escritório contrata por competência, de maneira personalizada. Isso significa que um bom currículo
pode não completar os requisitos para uma dada vaga
específica. Em razão da departamentalização, os mais
variados perfis, juntos, são capazes de formar uma
equipe de excelência.
Mercado: Por que em qualquer lugar do país,
mesmo com 713.000 advogados, está tão complicado encontrar bons advogados para contratar para
as bancas? E quais as medidas que os sócios da
banca devem tomar?
Esse é um problema recorrente em todas as profissões atualmente no Brasil. Falta mão de obra qualificada. Nunca em nossa história fomos tão carentes
de mão de obra qualificada como agora. Não basta
ser advogado, não basta ter um currículo razoável, o
candidato à vaga de uma banca de advocacia precisa
demonstrar habilidades outras que não se encontram
na grade curricular de uma boa escola de Direito. Sustentabilidade, globalização, informática, línguas, ações
sociais, tão em moda atualmente, bem representam essas necessidades. Os sócios das bancas atuais devem
valorizar o material humano. A maior riqueza de uma
empresa são seus funcionários.
Mercado: Pautado nos mais de 40 anos que a
Reis Advogados tem de mercado, quais as diferenças mais significativas que o senhor pontua comparando a advocacia da década de 70 com os modelos
atuais de gestão de escritórios?
Pude vivenciar esse verdadeiro choque de gerações
no simples relacionamento com os advogados antigos
da família. Mas em linhas gerais, posso dizer que a advocacia da década de setenta não existia dissociada
da pessoa do advogado. Hoje em dia, com bancas gigantescas, verdadeiras empresas de grande porte, essa
despersonalização se faz cada vez mais presente. Em
grandes centros, já não mais se contrata o advogado,
mas o escritório.
Mercado: Por uma necessidade de mercado e de
planejamento administrativo, muitos escritórios
de advocacia estão sendo compelidos a lançar mão
de um novo personagem dentro da banca, o administrador legal. Como avalia isso?
Esse é um caminho que, a exemplo do marketing
jurídico, vem ganhando cada vez mais força. Nosso
escritório já conta com esse tipo de profissional. Nossas áreas administrativa e financeira são controladas
por colaboradores com formação em administração e
finanças. Avalio também essa nova figura como necessária e irreversível.
“Não basta ser advogado, não
basta ter um currículo razoável, o
candidato à vaga de uma banca
de advocacia precisa demonstrar
habilidades outras que não se
encontram na grade curricular de
uma boa escola de Direito”
Mercado: Qual a sua opinião sobre a entrada
de bancas estrangeiras no país? Isto significa algum tipo de ameaça à advocacia ou serve como
estímulo ainda maior ao aperfeiçoamento da administração legal?
Não creio que seja uma ameaça, mesmo porque essas bancas estrangeiras, que cada vez mais aportarão
no país, precisam de advogados brasileiros para subsistir. Além disso, o judiciário brasileiro assusta essas
bancas ao representar um emaranhado de leis e interpretações que nos torna praticamente impenetráveis
às bancas estrangeiras.
Mercado: Para finalizar, que dicas o senhor daria para quem planeja fazer parte de uma banca de
longa duração?
Cuide de sua formação com muita atenção. Vá além
do direito, especialize-se, comece a se interessar pelo
mercado, esteja conectado, antecipe tendências e seja
autêntico; diferencie-se. B
MFranchising&Negócios
A economia da
experiência
“... até que você não se tenha exposto ao conhecimento e à
experiência não pode ser chamado de vendedor”
Og Mandino, o maior vendedor do mundo
POR Carlos Ruben Pinto*
Nos dias atuais, a qualidade dos produtos e serviços
tende, cada vez mais, a se tornar igual. Os preços, em
economias de baixa inflação, já não apresentam grandes
diferenças, assim, resta ao cliente buscar o menor preço,
e somente o menor preço. Será que essa comoditização
de produtos e serviços conduzirá os negócios ao crescimento e à lucratividade?
Muitas empresas, entendendo que era preciso desenvolver mecanismos que permitissem a elas ultrapassar as
barreiras impostas pela comoditização, viram oportunidades de crescimento no desenvolvimento de negócios
que exploram as sensações. Nasceu assim o que B. Joseph Pine II e James H. Gilmore, de Minnesota e Ohio,
respectivamente, chamam de economia da experiência.
Eles estudaram negócios em que os clientes atribuíram
um valor mais elevado às sensações, e com isto se tornaram bem-sucedidos. Ou seja, há algumas empresas que
fazem das sensações uma importante atividade econômica e, consequentemente, um diferencial competitivo que
as conduz ao crescimento econômico.
“As sensações precisam ser “férteis
e atraentes” e, sobretudo, renovadas,
caso contrário os clientes se
afastam”
Na economia da experiência, cada cliente é envolvido
de forma pessoal, dedicando seu tempo a desfrutar de
uma série de sensações, e são a elas que eles atribuem valor. Isso exige que cada empresa supere as suas funções,
que crie e encene experiências memoráveis, transformando seus produtos e serviços em sensações inesquecíveis.
Entrar nessa nova economia não é para toda e qualquer
empresa, é uma decisão estratégica que afasta a comoditização e permite o desenvolvimento da diferenciação, o
que reflete positivamente nos preços dos produtos e serviços. As sensações precisam ser “férteis e atraentes” e, so-
bretudo, renovadas, caso contrário os clientes se afastam.
Quando reflito sobre essa tendência do varejo, volto
minhas preocupações para o sistema de franchising. Será
que os franqueadores estão preparados para atuar nessa
nova economia? Sabem como treinar seus franqueados
para causar as sensações certas nos clientes da marca?
Como está hoje o atendimento dispensado aos clientes
por cada vendedor da rede?
“A nova economia exige um
atendimento novo, uma vontade
enorme de encantar o cliente, de
surpreendê-lo, de superar suas
expectativas”
A marca, os produtos e serviços de cada franquia estão
nas mãos dos franqueados e sua equipe de atendimento.
Transferir para eles os princípios da nova economia é um
gigantesco desafio, e quem quiser crescer não tem como
fugir dela. Será necessário treinar muita gente e trabalhar muito as sensações. Contar só com tecnologia não
basta, as sensações não são automatizáveis, a emoção
sempre depende de gente. Muito terá que ser feito para
unir os interesses da franqueadora, empresa franqueada e equipe de atendimento. As vantagens decorrentes
dessas mudanças são muito grandes, a primeira, e mais
importante, é o próprio cliente fazendo a publicidade da
marca, e levando mais clientes para cada loja da rede. O
prêmio está no valor do produto, que deixa de ter uma
relação com o mercado e a concorrência.
A nova economia exige um atendimento novo, uma vontade enorme de encantar o cliente, de surpreendê-lo, de superar
suas expectativas. A loja passa a ser o palco, o cenário onde
o cliente interage com os produtos e serviços, onde encenar
é diferenciar, interagir, experimentar, desenvolver atividades
inovadoras que ampliam o tempo do cliente na loja, com lazer e alegria, e que permitem conquistar o seu coração. B
* Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, consultor de varejo e franquias [email protected] - www.guiadofranchising.com.br/mds
Mercado Janeiro 2011 ∞ 18
MInvestimentos&etc.
Ibovespa.
O que é?
POR João Rodrigues Carneiro Neto
D
iariamente temos contato com uma enxurrada de notícias e informações. Isso ocorre nos mais distintos
momentos, quando, por exemplo,
andamos nas ruas, navegamos na
internet, assistimos a jornais televisivos, e ainda de outras maneiras.
Muitas dessas notícias, informações e comentários que ouvimos por
aí estão atrelados aos mais diversos
assuntos, que perpassam por religião, futebol, política, culinária, economia e outros.
Focando em economia, nos deparamos frequentemente com comentários sobre o Ibovespa. E você?
Sabe o que significa o Ibovespa, que
é tão falado em todos os noticiários
na televisão?
Para se entender o que é o Ibovespa, é necessário que inicialmente
entendamos o que é a Bovespa.
A Bovespa é a Bolsa de Valores
brasileira, cuja sigla significa Bolsa
de Valores do Estado de São Paulo.
Até o dia 30 de setembro de 2005, a
Bovespa realizava o “pregão viva-voz”,
que era o sistema em que as negociações ocorriam de maneira presencial
no espaço destinado a elas, e que era
conhecido como “pregão”. Após essa
data, todas as negociações viva-voz
foram suspensas e o modelo que passou a vigorar foi o de negociações via
internet, sendo realizadas online em
sua totalidade, tal como é hoje.
Por sua vez, o Índice Bovespa é o
indicador mais importante do desempenho médio das cotações do mercaMercado Janeiro 2011 ∞ 20
do brasileiro. O Ibovespa mostra o
desempenho das principais ações negociadas na BM&FBOVESPA, além
de sua solidez, pois não sofreu nenhuma alteração metodológica desde sua implantação, em 1968.
O comportamento e as oscilações
do índice Bovespa são visualizados
através da quantidade de pontos em
que o índice está no momento em
que o consultamos, pois ele sofre variações em todos os dias úteis.
O índice Bovespa é o valor atual,
em moeda, de uma carteira teórica de
ações criada em 2 de janeiro de 1968
- que tinha valor base 100 pontos - a
partir de uma aplicação hipotética.
Desde então, considera-se que não
houve nenhuma aplicação adicional
de recursos, além da hipotética, e o
índice vem evoluindo e aumentando
seus pontos, estando atualmente por
volta de 71.000 pontos.
A criação do índice está para completar 43 anos, e nesse tempo ele não
caminhou somente dos 100 pontos
Empresa
Vale
Petrobras
OGX Petróleo
Itaú Unibanco
BMFBovespa
Gerdau
Usiminas
Bradesco
Banco do Brasil
PDG
do qual partiu para em torno dos
71.000 em que se encontra nos dias
de hoje. A título de uma visualização
mais simplificada, o índice já sofreu
10 divisões ao longo de sua existência, sendo que em nenhuma dessas
foi alterada a sua metodologia de cálculo, não prejudicando em nada as
informações que o seu desempenho
nos mostra.
Com o passar do tempo, as empresas vão distribuindo proventos aos
seus acionistas, então o índice não
reflete apenas a variação do preço
dos ativos dele, como também o impacto da distribuição de proventos,
sendo assim um indicador que consegue avaliar o retorno total das ações
que fazem parte de sua composição.
O índice conta atualmente com 69
ativos em sua composição - revista e
atualizada a cada quatro meses -, sendo que os 10 ativos principais e sua
participação relativa na composição
do índice podem ser visualizados na
tabela a seguir:
Ação/Tipo
Vale PNA
Petrobras PN
OGX Petróleo ON
ITAUUNIBANCO PN
BMFBovespa ON
Gerdau PN
Usiminas PNA
Bradesco PN
Brasil ON
PDG Realt ON
Participação Relativa (%)
11,357
10,258
4,709
3,734
3,418
3,102
2,882
2,853
2,695
2,445
As negociações dos ativos que
compõem o Índice Bovespa representam mais de 90% do volume financeiro e negociações movimentadas diariamente.
Mesmo com o risco que existe nas
negociações em mercados de Bolsa,
quando se pensa no longo prazo, indiscutivelmente é a melhor opção.
Conclusão essa que se torna verídica
ao fazermoa a comparação do investimento em bolsa de valores com ou-
tros segmentos, como renda fixa.
É possível visualizar no gráfico
abaixo como existe uma evolução
do índice de Bolsa no longo prazo,
sendo que o período do gráfico é de
15 anos. B
* Colaboração: Ápis Investimentos | Afiliada XP-Uberlândia www.apisinvestimentos.com - 34 3221-8606
MComunicação
Tarifa interurbana
deixará de ser cobrada
em 560 municípios
DA Agência Brasil
Fim da tarifa interurbana em 42 regiões brasileiras
vai beneficiar quase 70 milhões de pessoas; ligações
passarão a ter tratamento tarifário de chamada local
E
m breve, os moradores de
39 regiões metropolitanas
e de três regiões economicamente
integradas
deixarão de pagar tarifas
de ligações interurbanas para se co-
Mercado Janeiro 2011 ∞ 22
municar com municípios vizinhos
identificados pelo mesmo código
nacional de área (DDD). Essas ligações passarão a ter tratamento tarifário de chamada local. O Conselho
Diretor da Agência Nacional de Tele-
comunicações (Anatel) aprovou no
dia 21 a revisão do regulamento que
trata do serviço de telefonia fixa em
áreas locais, ampliando o conceito
de áreas metropolitanas e de Regiões Integradas de Desenvolvimento
(Ride). Segundo a agência reguladora, a mudança irá beneficiar, direta
ou indiretamente, até 68 milhões de
pessoas em cerca de 560 municípios
de todo o país.
Para se adequar à nova prática,
as operadoras de telefonia terão até
120 dias, a partir da data da publicação do regulamento que, segundo a
assessoria da Anatel, ainda não tem
data certa para ocorrer. Além disso,
novas situações que se encaixem na
definição de áreas com continuidade
urbana (surgidas da fusão de duas ou
mais localidades ou que constituam
uma única área urbanizada) ou em
decorrência de solicitação fundamentada por parte da concessionária
de telefonia fixa na modalidade do
serviço local serão revistas anualmente, junto com as revisões quinquenais dos contratos de concessão.
As regiões metropolitanas e Rides
contempladas são: Porto Alegre (RS),
Curitiba (PR), Londrina (PR), Marin-
gá (PR), Baixada Santista (SP), Campinas (SP), Belo Horizonte (MG), Vale
do Aço (MG), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Distrito Federal e entorno
(DF/GO/MG), Goiânia (GO), Vale do
Rio Cuiabá (MT), Salvador (BA), polo
Petrolina-Juazeiro (PE/BA), Aracaju (SE), Maceió (AL), Agreste (AL),
Campina Grande (PB), João Pessoa
(PB), Recife (PE) e Natal (RN).
Também integram a relação Cariri
(CE), Fortaleza (CE), sudoeste maranhense (MA), Grande Teresina (PI/
MA), Belém (PA), Macapá (AP), Manaus (AM), Roraima capital, Roraima
região central, Roraima sul, Florianópolis (SC), Chapecó (SC), Vale do Itajaí (SC), norte/nordeste catarinense
(SC), Lages (SC), região carbonífera
(SC) e Tubarão (SC).
Quanto às regiões de Foz do Rio
Itajaí (SC), Grande São Luís (MA) e
São Paulo (SP), todos os municípios
já são considerados integrantes de
uma mesma área de tarifação local.
Triângulo Mineiro de fora
Do estado de Minas Gerais,
apenas três regiões serão beneficiadas com a decisão da
Anatel: Belo Horizonte (MG),
Vale do Aço (MG) e cidades
que fazem parte da Ride Distrito Federal e entorno (DF/GO/
MG). No caso de Uberlândia e
demais cidades da região do Triângulo Mineiro, além de não se
enquadrarem nem como Região
Metropolitana (RM) nem como
Região Integrada de Desenvolvimento (Ride), também não serão favorecidas com a não mais
cobrança de tarifas interurbanas. Lembrando que Uberlândia e outras cerca de 40 cidades
fazem parte da área de cobertura pelo DDD 34 (veja lista), da
CTBC, e que não estão contempladas pela decisão da Agência
Nacional de Telecomunicações.
Tire dúvidas sobre as novas regras para DDD
O que muda?
Com a aprovação do regulamento, será possível fazer chamadas telefônicas a custo de ligação local
entre todos os municípios de uma mesma região metropolitana ou de uma região integrada de desenvolvimento que contenham continuidade geográfica e o mesmo código nacional de área - o DDD.
O que são regiões metropolitanas?
Região Metropolitana (RM) é o agrupamento de municípios limítrofes, instituída legalmente, que tem
como finalidade integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Um exemplo de RM abrangido por esta decisão é o de Belo Horizonte - neste caso,
moradores de cidades como Betim, Contagem, Lagoa Santa, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Sabará,
Vespasiano, entre outras, poderão fazer chamadas telefônicas entre si ao custo de ligação local.
O que são regiões integradas de desenvolvimento?
Região Integrada de Desenvolvimento (Ride) é o complexo geoeconômico e social, instituído legalmente, que tem o objetivo de articular a ação administrativa da União visando ao seu desenvolvimento e à
redução das desigualdades regionais. No caso da decisão da Anatel, uma das três rides beneficiadas é
a do Distrito Federal e entorno, no qual entram Ceilândia, Paranoá, Guará, Gama, entre outros.
Quem será beneficiado?
O novo regulamento contempla 39 regiões metropolitanas e 3 regiões integradas de desenvolvimento, beneficiando, direta ou indiretamente, até 68 milhões de pessoas em todo o Brasil, em cerca de
560 municípios.
A partir de quando passa a valer a decisão?
O prazo de adequação à revisão é de até 120 (cento e vinte) dias, contados a partir da data da publicação do regulamento. B
23 ∞ Mercado Janeiro 2011
MEducação
A lousa digital permite uma aula muito mais dinâmica e arrojada: são as inovações
invadindo as salas de aula
Os diferentes métodos
de ensino
POR Anderson Silva
Escolas criam novas formas de ensino para manter os
alunos motivados. Mas como fazer a diferença e ainda
manter a qualidade?
E
m tempos de mudanças
no sistema de aprendizagem, que está em
constante transformação, o que se espera dos
alunos é a vontade de aprender para
mudar a realidade em que vivem.
Mas na prática isso não anda acontecendo. Uma das queixas dos educadores é a falta de interesse dos alu-
Mercado Janeiro
Dezembro
2011
2010
∞ 24
∞ 24
nos, a falta de vontade de aprender,
que a cada dia está mais patente,
dificultando o trabalho dos profissionais na área e ainda atrapalhando
a aprendizagem de quem realmente
está interessado. No entanto, com
a introdução das novas tecnologias
e as diversas técnicas e inovações,
principalmente na área educacional,
as escolas conquistaram novos alia-
dos para instigar a vontade dos seus
alunos de aprender.
Na opinião de especialistas, a
educação propõe um repensar do
conhecimento, por ser muito mais
que o desenvolvimento da capacidade de aprender. É a escola que redefine o papel da sociedade, atribuindo novos objetivos e aprofundando
as novas habilidades cognitivas do
aluno. Dessa forma, educar requer
participação ativa deste. Educar é
ouvir, falar, ler, discutir, escrever,
raciocinar, trocar ideias, debater,
crescer com os erros e acertos uns
dos outros.
Com o surgimento de novas ferramentas voltadas ao ensino/aprendizagem, passando pelo conceito
básico da educação, muitas instituições que atuam com educação estão
se mobilizando para não perderem o
trem da modernidade. Em Uberlândia, um dos exemplos está na escola
de idiomas CCAA, que desenvolveu
programas interativos que auxiliam
o aprendizado. “Todas as nossas aulas são interativas, nelas o professor
incentiva os alunos a interagirem
entre si durante todos os passos da
aula. Essa interação comunicativa
visa à construção do conhecimento
de forma cooperativista, em que o
professor exerce o papel de facilitador e mediador do saber”, comenta
a coordenadora de ensino da escola,
Taciana Fonseca.
Segundo a coordenadora, o professor deve usar tudo que estiver ao
seu alcance para propiciar ao aluno
um aprendizado completo. Atualmente existem várias ferramentas e
técnicas que facilitam e estimulam o
interesse do estudante, como: cursos online, práticas extracurriculares e aulas divertidas e dinâmicas.
“Em nossa escola, desenvolvemos várias atividades lúdicas com
a proposta de tornar as tarefas mais
prazerosas e motivadoras. Algumas
delas são: role play ou jogo de interação de personagens, jogos de
dominó para estimular a memória,
jogos com balões, bolas, bambolês,
músicas e outros. Também temos
aulas temáticas, como a Italian Class
(aula italiana) e o Breakfast Class,
quando os alunos comem e aprendem a fazer a culinária típica de
cada país”, explica Taciana. Outra
forma de aperfeiçoar o novo idioma
é levar a atividade para fora da sala
de aula. “Levamos quatro unidades
para o English Camp (Acampamento Inglês), evento que proporciona a
prática alegre e efetiva de uso real
da língua estrangeira”, garante.
Sesi faz uso de HQs
Quando ainda crianças ou até
mesmo adultas, muitas pessoas são
adeptas da leitura de histórias em
quadrinhos (HQs). Assim, por que
não aproveitar este recurso na educação de alunos? Na Rede Sesi de
Educação, a instituição lança mão do
personagem infantil Sesinho - protagonista de histórias em quadrinhos e
desenhos animados - para repassar
aos seus alunos muitos dos valores
humanos e culturais. Criado em 1947
para ser o principal porta-voz das
ações da entidade junto ao público
de 4 a 14 anos, o Sesinho é hoje um
recurso pedagógico que extrapola as
fronteiras das escolas.
Mensalmente, são distribuídos
um milhão de exemplares dos gibis
entre todas as unidades de ensino
do Sesi espalhadas pelo país e mais
para outros 12 mil endereços, entre
empresas, ONGs e universidades brasileiras. Após a leitura e discussão em
sala de aula, os alunos podem levar a
revistinha para casa e dividir o conteúdo delas com suas famílias. Quem
tem computador conectado à internet
pode, ainda, fazer download gratuito
das edições, inclusive das anteriores.
“Em 2000, o Sesi desenvolveu o
programa de multimídia interativo
Sesinho. Esse programa está voltado
para o trabalho com as crianças de 4
a 6 anos. Os temas são os quatro elementos da natureza: ar, água, fogo e
terra. A continuidade do programa
trabalhou com o Brasil 500 na História, na arte e na música”, explica Veridiana Lemos, pedagoga do Sesi em
Uberlândia.
Diversão e aprendizado também
caminham juntos na TV. O desenho
animado Sesinho “É Tempo de Aprender” é distribuído em DVD para todas
as unidades de educação da instituição e, ainda, transmitido pelo canal
Futura de televisão. B
O gibi do Sesinho é uma importante e bem aceita
ferramenta de ensino/aprendizagem na Rede Sesi de
Educação
25 ∞ Mercado Janeiro 2011
MEducação
A apostila na
educação infantil
Apesar de não ser unanimidade entre os educadores,
o uso de apostilas vem crescendo nas escolas do
Ensino Infantil
R
esponsável por exercitar as faculdades
motoras, incitar a experimentação e as descobertas e preparar
as crianças para a alfabetização, a
Educação Infantil atende meninos e
meninas de zero a seis anos de idade.
Neste período, segundo orientações
do Ministério da Educação (MEC),
as crianças devem ser estimuladas
por meio de brincadeiras, atividades lúdicas e jogos, deixando as cobranças e obrigações para as séries
seguintes. De certo que pular corda,
jogar amarelinha, brincar de ciranda,
entre tantas outras brincadeiras, ajuda na socialização e no desenvolvimento da criatividade, mas não seria
necessário o uso de apostilas para
nortear o trabalho do professor junto a crianças dessa idade?
A utilização de apostilas no ensino
infantil gera polêmica entre os educadores. Boa parte deles teme que nessa
fase, em que a criança precisa de uma
Mercado Janeiro
Dezembro
2011
2010
∞ 26
∞ 26
grande diversidade de estímulos para
conhecer e aprender, as aulas fiquem
presas às atividades propostas pelas
apostilas, o que pode restringir o professor e a criatividade dos pequenos.
Apesar das divergências, uma
pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) comprova que, de 2008 para
2009, o número de municípios do
estado de São Paulo que adota material apostilado subiu de 24 para
32. O trabalho mostra ainda que dez
anos antes apenas quatro cidades
do estado utilizavam apostilas nessa
etapa educacional.
Segundo a diretora do Ensino Infantil do Colégio Nacional de Uberlândia, Maria Amélia Castro, não é
o material que faz a criatividade da
criança. “Não utilizamos material
apostilado nem livro didático. Todo
o material é construído pela nossa
equipe pedagógica de acordo com o
planejamento e os projetos desenvolvidos. Só usamos livros de literatura
Foto: Reprodução
POR Isabella Peixoto (Ares)
infantil. Preferimos que o material
seja preparado aqui, porque ele pode
ser contextualizado de acordo com a
vivência da turma e também porque
ele se encaixa melhor nas habilidades
e competências que se quer desenvolver em cada projeto ou conteúdo a ser
trabalhado. Mas não é o material que
torna o aluno mais ou menos criativo.
Um livro pode ser muito bom nesse
quesito. Depende da forma como ele
é explorado”, afirma.
Para Maria Amélia, estrutura, professores e projeto pedagógico sólido
são mais importantes para o desenvolvimento cognitivo e criativo da
criança do que o material didático.
Qualquer material pode ser prejudicial se o professor ficar preso unicamente às atividades propostas por
ele, mas pode também ser excelente
se utilizado junto a outras atividades
e brincadeiras. “A escola determina o
material, mas é o educador que movimenta e impulsiona a turma para o
crescimento”, informa. B
MCapa
Ano novo, vida nova:
reprodução assistida
fica mais acessível
POR Evaldo Pighini com Agência Brasil
O Conselho Federal de Medicina anunciou novas regras para
a reprodução assistida no Brasil. Agora, mais casais, incluindo
homossexuais e até pessoas solteiras, terão acesso à técnica, porém,
os especialistas deverão seguir normas mais rígidas
N
o Brasil, o número de
casais que procuram
clínicas especializadas em Reprodução
Assistida (R.A.) vem
aumentando consideravelmente. Espera-se que um aumento ainda mais
significativo ocorra em cidades que
ofereçam gratuitamente, em hospitais públicos, esse tipo de tratamento, como é o caso de São Paulo. Em
Uberlândia, esse procedimento é
oferecido apenas por clínicas particulares. A reprodução assistida é
um conjunto de técnicas, utilizadas
por médicos especializados, que tem
Mercado Janeiro 2011 ∞ 28
como principal objetivo tentar viabilizar a gestação em mulheres com dificuldades de engravidar. Muitas vezes essas dificuldades, até mesmo a
infertilidade do casal ou um de seus
membros, podem inclusive trazer
sérios prejuízos ao relacionamento
conjugal, problemas esses que parecem ter chegado ao fim com a decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) de atualizar as regras para
quem precisa ou quer recorrer a esse
tipo de procedimento. As novas regras para reprodução assistida no
Brasil foram publicadas no Diário
Oficial da União do dia 6 de janeiro.
Na reprodução assistida, o óvulo da mulher é coletado e fertilizado pelo
espermatozóide em laboratório. Os embriões gerados são, então, transferidos para
o útero da mulher
As mudanças aprovadas refletem
a preocupação do CFM com os avanços da ciência e o comportamento
social. Elas incluem a permissão para
a realização de procedimentos com
material biológico criopreservado
(conservado sob condições de baixíssimas temperaturas) após a morte, desde que haja autorização prévia.
A norma autoriza também que pessoas solteiras e casais homossexuais
tenham acesso ao procedimento.
Traz ainda regras mais claras sobre o
uso de embriões quando um dos pais
morre ou quando o casal se divorcia.
O CFM também estabeleceu um
número máximo de embriões a serem
implantados nas pacientes. Mulheres
até 35 anos podem implantar no máximo dois embriões; de 36 a 39 anos,
até três; e acima de 40 anos, quatro.
Em casos de gravidez múltipla,
continua proibido o uso de procedimentos que visem à redução embrionária. Permanecem também em vigor
diretrizes éticas, como a proibição de
que as técnicas de reprodução sejam
aplicadas com a intenção de selecio-
nar sexo ou qualquer característica
biológica do futuro bebê. A
A criopreservação dos óvulos e dos espermatozóides
em nitrogênio líquido é feita à temperatura de -196ºC.
Nesse ambiente, essas células ficam preservadas,
vivas, com seu metabolismo totalmente suspenso por
longos períodos, podendo alcançar décadas
29 ∞ Mercado Janeiro 2011
MCapa
Mudanças atendem à demanda da sociedade moderna
O presidente do CFM, Roberto D’Avila, afirmou, por meio de
nota, que as alterações nas regras
de reprodução assistida representam avanço e atendem a uma
demanda da sociedade moderna.
“A medicina não tem preconceitos e deve respeitar todos de maneira igual”, disse D’Avila.
Sobre a decisão de limitar o
número de embriões a serem
transferidos, o presidente da
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, Adelino Amaral, explicou, também por meio
de nota, que a ideia é prevenir a
gravidez múltipla, que aumenta
as chances de aborto e de nascimento de bebês prematuros. “O
médico não pode interferir na
questão biológica, definida pela
natureza”, ressaltou, na mesma
nota, o presidente da Sociedade
Brasileira de Reprodução Humana, Waldemar Amaral.
O texto, que substitui uma resolução de 92, estabelece, por
exemplo, que a reprodução as-
sistida somente pode ser usada
depois de o paciente ser devidamente informado sobre os riscos
e as taxas de sucesso da técnica.
“Vimos que algumas clínicas asseguravam que 90% dos casos
eram bem-sucedidos. Algo que
está muito longe da realidade:
cerca de 40%”, afirmou o relator
do texto, o médico José Hiran
Gallo. O texto também proíbe a
escolha do sexo dos embriões.
“Há relatos de casos de pacientes
que eram abordados se queriam
meninos ou meninas. Em caso
de meninos, o preço era maior”,
completou Gallo, completando a
explicação da nota expedita por
Waldemar Amaral.
Roberto D’Avilla, presidente do CFM: “A medicina
não tem preconceitos e deve respeitar todos de
maneira igual”
Resolução abre caminhos para casais gays
A resolução do CFM também
abre caminho para que casais
gays possam ter filhos por meio
da reprodução assistida. Na nova
regra está previsto que “todas as
pessoas, independentemente do
estado civil, podem fazer uso da
técnica, desde que sejam civilmente capazes”.
A Associação Brasileira de
Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) comemora a alteração nas regras de
reprodução assistida em laboratório. O diretor da
ABGLT e integrante
do Conselho Nacional de Saúde,
Léo Mendes, afirma que a decisão
representa uma grande vitória para
os casais homossexuais de todo o
país. É que pelas novas regras do
CFM fica também permitido que
casais homossexuais possam ter
filhos por meio da técnica de fertilização de embriões.
Relator da medida do CFM, o conselheiro
José Hiran Gallo é a favor do uso da
reprodução assistida, mas somente depois
de o paciente ser devidamente informado
sobre os riscos e as taxas de sucesso da
técnica, que ainda está muito aquém dos
90% de casos bem-sucedidos assegurados
pelas clínicas atualmente
Pela nova regra “todas as pessoas,
independentemente do estado civil, podem fazer uso
da técnica, desde que sejam civilmente capazes”, o
que inclui casais gays e até pessoas solteiras
O diretor da ABGLT diz que essa é
uma demanda antiga da associação,
mas que o desafio continua. “Agora,
nossa luta vai ser no sentido de que o
CFM insira o serviço de reprodução
assistida no Sistema Único de Saúde (SUS). O conselho reconheceu o
que a Justiça já tinha reconhecido:
que os casais homossexuais devem
ter os mesmos direitos dos heterossexuais”, acrescenta.
Segundo Léo Mendes, a permissão para casais homossexuais
fazerem reprodução assistida exi-
Em Uberlândia, o casal
homossexual Tânia Martins,
de 52 anos, e Andrea Santana,
32, vê mais próximo a
realização de um sonho que
é poder ‘cuidar e formar um
outro ser humano desde os
primeiros anos de vida
ge mais mudanças na legislação.
“Quando esses casais tiverem seus
filhos, começará outra luta na Justiça para registrar a criança. Hoje,
a legislação não permite que dois
pais ou duas mães tenham seus nomes no registro de nascimento do
filho. Mas as mudanças ocorrerão,
essa decisão do CFM já é um grande progresso”, afirma.
Com a decisão do CFM, o casal
homossexual Tânia Martins, de 52
anos, e Andrea Santana, 32, vê mais
próximo a realização de um sonho
que é poder “cuidar e formar um
outro ser humano desde os primeiros anos de vida”, como descreve a
própria Tânia. Ela conta que as duas
se conheceram e moram juntas em
Uberlândia, no Triângulo Mineiro,
há cinco anos. “Ser mãe é um desejo
que Andrea alimenta há muito tempo e que agora está mais fácil realizar”, diz.
Tânia é jornalista e Andrea, estudante de Administração. As duas se
consideram em perfeitas condições
para terem um filho(a). “Sabemos
da responsabilidade e essa nossa
decisão só foi concluída após muito diálogo”, ressalta Tânia. Porém,
ela tem a consciência de que ainda
existem barreiras a serem vencidas,
tais como, o registro da criança em
nome do casal e também a união legal entre ambas, que passa pelo casamento, o que, segundo afirma, se
já existisse no Brasil, talvez nem haveria a necessidade de o CFM tomar
uma atitude como esta de agora.
Para finalizar, ela lamenta a negligência do Congresso Nacional
em não dar ao assunto a atenção
devida. “Se o direito de união entre
casais homossexuais já fosse legal
no Brasil, por consequência, todos
os demais direitos já nos seriam
garantidos”, lamenta Tânia, recordando o Projeto de Lei 1.151/1995,
da ex-Deputada Marta Suplicy, que
trata da “Parceria Civil Registrada”,
ou seja, visa regulamentar a união
entre homossexuais. “É um projeto
que tramita há mais de 15 anos no
Congresso, mas os nossos políticos
não lhe conferem a atenção devida”, lamenta. A
31 ∞ Mercado Janeiro 2011
MCapa
Especialista comemora decisão do CFM
O especialista em Reprodução
Assistida, Vinicius Medina Lopes, do
Instituto Verhum, de Brasília, considera um avanço a decisão do CFM e
dá ênfase principalmente à determinação de estipular um número máximo de embriões a serem transferidos
para o útero da mulher - medida que
visa evitar casos de gestação múltipla e suas complicações para mãe e
para os fetos. Nestes casos, para as
mães, existe o perigo do aumento na
incidência de diabetes gestacional e
a pré-eclâmpsia; já para os fetos, o
risco é de prematuridade, que está
associada a um aumento na mortalidade e possibilidade de ter sequelas
irreversíveis. “Agora, com esta nova
regra, as mulheres de até 35 anos
podem ter implantados até dois embriões; as de 36 a 39 anos, até três; e
as que estão na faixa acima dos 40
anos podem ter a implantação de 4
embriões”, relaciona o médico.
O número de embriões a serem
implantados já era uma preocupação antiga do Verhum. Acostumado
a investir em tecnologia e em estudos científicos, o instituto utiliza o
Super-ICSI, um microscópio equipado com um sistema de alto poder de
resolução, onde é possível se obter
aumento de 6000 a 8000 vezes, o
que melhora a escolha dos espermatozoides. “Utilizando esse tipo
de tecnologia, podemos avaliar, com
precisão, as características da cabeça, do pescoço e da cauda dos espermatozóides, o que permite a seleção
daquele com morfologia perfeita,
um aumento nas taxas de gestação e
uma diminuição no número de abortos, em determinadas situações.
Com a limitação no número de embriões a serem transferidos, teremos
que produzir e selecionar os embriões com excelente qualidade para
manter a mesma taxa de gestação”,
afirma o especialista.
Para o médico, é uma pena que a
resolução do CFM não especifique o
número a ser transferido quando se
tem apenas embriões de má qualidade ou quando os mesmos estavam
Mercado Janeiro 2011 ∞ 32
Vinicius Medina Lopes é especialista em
Reprodução Assistida
congelados antes da transferência.
“Nestas situações, o número adequado de embriões a ser implantado
no útero seria de três a quatro, independentemente da idade. Transferindo um número menor, com certeza, algumas mulheres terão menores
chances de engravidar após pagarem um tratamento caro para nossa
realidade”, declara Vinicius.
Mesmo sem essa informação específica, o médico acredita que a
resolução chega para reafirmar o caminho que fazem as clínicas sérias.
“Trabalhamos com a preocupação
de realizar o desejo dos pacientes
com qualidade e segurança. É mais
comum do que se pensa que clínicas
prometam resultados eficazes e com
baixo custo para os casais que estão
ansiosos para terem filhos. Para que
essas clínicas consigam sucesso na
fertilização, acabam por transferir
um número muito grande de embriões, o que aumenta o risco da gestação múltipla”, alerta.
Dados do Registro Latino-Americano de Reproducción Asistida revelam que, no Brasil, 42% das gestações
por FIV (Fertilização In Vitro) resultam em gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos e quíntuplos. “O desafio hoje
para a reprodução humana é manter
bons índices de gravidez, sem aumentar a incidência de gestação múltipla,
aprimorando sempre as condições
ideais de transferência, sobrevivência e implantação do embrião. Assim,
evitamos, ainda, as diversas complicações para a mãe e para o bebê, que
pode ter sequelas definitivas pela gemelaridade”, ressalta o médico.
Veja as novas regras
POST MORTEM
Será permitido uso de sêmen, óvulo ou embriões em caso de morte do parceiro, casa haja autorização prévia em
cartório.
HOMOSSEXUAIS
Poderão ser usados sêmen de um homem ou óvulo de uma mulher do casal gay. A inseminação poderá ser feita
em uma das mulheres ou em uma parente de um dos envolvidos.
SOLTEIROS
Poderão usar as técnicas, assim como casais estáveis.
EMBRIÕES
Haverá número máximo de embriões a serem implantados no útero, de acordo com a idade da mulher.
BARRIGA DE ALUGUEL
A mulher deve ser parente de até 2º grau de um dos envolvidos na reprodução.
Não é permitido receber dinheiro para “emprestar” o útero.
COMO É A FERTILIZAÇÃO
Óvulo é retirado da mãe (ou doadora), e, junto com o sêmen, fertilizado em laboratório.
Depois de 3 meses, um ou mais embriões são implantados no útero e a
gestação segue normalmente. B
33 ∞ Mercado Janeiro 2011
MIndústria
Valorizar para crescer
POR Michele Borges (Ciclo)
Foto: Douglas Luzz
Empregado, funcionário ou colaborador? Chefe ou gestor?
Recursos Humanos ou Gestão de Pessoas?
A diferença, que pode parecer uma simples questão semântica, é
na verdade algo mais sério e que pode afetar diversos interesses
Trabalho com prazer: colaboradores da PDCA Engenharia de Uberlândia, empresa
classificada em 1º lugar no PSQT estadual, na categoria Gestão de Pessoas
M
uito se fala da necessidade de se buscar
novos paradigmas de
gestão humana, podendo até se afirmar
que gerir pessoas não é mais o fator
de uma visão mecanicista, sistemática,
metódica ou mesmo sinônimo de controle, tarefa e obediência. É preciso,
agora, discutir e entender o disparate
entre as técnicas tidas como obsoletas
e tradicionais e as modernas, empreendendo uma gestão participativa e de conhecimento. Mas o que isso significa?
Encarar a área de Recursos Humanos
não mais como um mero departamento
Mercado Janeiro 2011 ∞ 34
de pessoal, mas como o personagem
principal de transformação dentro da
uma empresa. Significa compreender
o Capital Humano como o grande diferencial competitivo no mercado atual.
Wanderson Tavares Alves é analista
financeiro da PDCA - empresa de engenharia de Uberlândia - há seis anos
e nem passa por sua cabeça deixar
esse emprego tão cedo. Isso porque, há
quase dois anos a empresa deu início à
implementação de novos conceitos de
gestão de pessoas. “Antigamente, havia
salários diferentes para cargos iguais.
Agora não. Contamos com um plano de
cargos e salários, cartão alimentação,
auxílio combustível e até bolsa educação, benefício este que quero aproveitar para fazer uma pós-graduação em
Controladoria em Finanças, o que irá
me dar ainda mais perspectiva de crescimento”, afirma Wanderson.
Na contramão do analista, a professora M.L.P, que trabalha em um
colégio particular da cidade e que
não quer se identificar por medo de
sofrer retaliações, lamenta o fato de
não trabalhar numa empresa que não
dá nenhum sinal de avanços no sentido de valorizar mais a sua força de
trabalho. “Ficaria mais satisfeita se tivesse alguns benefícios, pois não é só
o dinheiro que conta. Quero também
bem-estar, qualidade de vida e possibilidade de crescimento no mínimo
proporcional à minha dedicação ao
que faço”, diz.
Investir em pessoas vale a pena
Mas o que mais chama a atenção é
que muitos administradores de empresas ainda não perceberam que investir
em talentos humanos só traz resultados positivos para a organização e não
são poucos. No caso da PDCA, onde
trabalha o “satisfeito” Wanderson, a
empresa acaba de conquistar o 1º lugar - entre 245 empresas mineiras - na
categoria Gestão de Pessoas na Etapa
Estadual do PSQT 2010 - Prêmio Sesi
de Qualidade no Trabalho.
Segundo o gestor administrativo
da PDCA, Oberdan Veras Tostes,
muitos foram os avanços nas últimas décadas, como a introdução
Prêmio Sesi de Qualidade
no Trabalho
O PSQT existe desde 1996, e tem
como objetivo estimular as empresas brasileiras a incorporarem a
responsabilidade social como parte
integrante de suas estratégias mediante o reconhecimento e a difusão
de boas práticas.
Em Uberlândia, além da PDCA, a
empresa Bom Jesus Extração Mineral também conquistou o prêmio, ficando em 2º lugar na categoria Educação e Desenvolvimento no PSQT
2010. A Bom Jesus tem 85 funcionários e está no mercado desde 1967.
Foto: Douglas Luzz
Foto: Douglas Luzz
Wanderson Tavares é
exemplo do empregado
satisfeito: ele nem pensa em
deixar o trabalho na PDCA,
onde está há seis anos
de novas técnicas orçamentárias, a
descentralização administrativa de
alguns setores, a redução das hierarquias e a implementação de programas de desempenho, mas ainda
há muito por fazer. “Não podemos
jamais esquecer que a mão de obra
são os seres humanos e não simplesmente objetos de mais valia. São as
pessoas que fazem as empresas se
desenvolverem, que as dinamizam e
impulsionam. Um dos grandes obstáculos para o crescimento corporativo é a falta de pessoas eficientes, a
perda de entusiasmo, a falta de motivação, o que, ao meu ver, pode ser
solucionado com pequenas ações,
como, por exemplo, bonificações
por resultado alcançado”, afirma.
Oberdan Veras Tostes,
gestor administrativo da
PDCA: “São as pessoas
que fazem as empresas
se desenvolverem,
que as dinamizam e
impulsionam”
Para José de Assis, gestor administrativo da empresa, hoje não tem
como crescer sem valorizar o trabalhador. “Já possuíamos uma política
de desenvolvimento de oportunidades para nossos colaboradores, mas
intensificamos isso em 2010, com
capacitações, círculo de palestras
e coparticipação no financiamento
da formação continuada. A boa colocação no PSQT para nós é muito
importante e serve de incentivo”, diz
José de Assis.
Com relação ao PSQT, agora os
primeiros colocados nas diversas
categorias avaliadas em cada estado
do Brasil seguem para a disputa na
etapa nacional, que acontece de 25
de fevereiro a 25 de março de 2011,
quando Uberlândia será representada pela PDCA Engenharia. B
MPolítica
Se vira!!!
Dilma herda R$ 137 bilhões
de contas a pagar
DO Contas Abertas
Abraço de Judas: Lula entrega cargo a Dilma e junto dívidas como herança de
mais de R$ 137 bilhões para pagar
N
unca antes na história
deste país foi deixada
para o ano seguinte
uma conta tão grande, teria dito o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva
se ainda quisesse anunciar algo sobre
a sua gestão. Isso porque o estoque
de restos a pagar (compromissos assumidos em anos anteriores rolados
para os exercícios seguintes) acu-
Mercado Janeiro 2011 ∞ 36
mula R$ 137,5 bilhões no Orçamento
Geral da União. Caso nenhuma dessas despesas seja cancelada, o valor
representará o dobro de tudo o que o
governo pretende gastar com investimentos neste ano - R$ 64 bilhões - ou
o triplo do previsto para o Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC)
- R$ 40 bilhões.
O montante computa a estimativa
de restos a pagar para serem inscri-
tos em despesas correntes (R$ 63,8
bilhões), investimentos (R$ 57 bilhões), inversões financeiras (R$ 12,9
bilhões), gastos com pessoal (R$ 2,1
bilhões), dentre outros grupos de despesa (Veja tabela). Não estão incluídos nos cálculos os dispêndios das
empresas estatais, dos estados e municípios e da iniciativa privada, que
não são contabilizados no sistema de
receitas e despesas da União, o Siafi.
ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO
ESTIMATIVA DE RESTOS A PAGAR PARA SEREM INSCRITOS EM 2011
Grupo de Despesa
Valores em R$
PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS
2.139.272.999,24
JUROS E ENCARGOS DA DÍVIDA
432.147.824,63
OUTRAS DESPESAS CORRENTES
63.835.088.499,84
INVESTIMENTOS
57.074.856.425,96
INVERSÕES FINANCEIRAS
12.921.864.298,81
AMORTIZAÇÃO/REFINANCIAMENTO DA DÍVIDA
758.920.954,48
RESERVA DE CONTINGÊNCIA
0,00
TOTAL
137.162.151.002,96
Fonte: Siafi - Consulta em 03/01/2011
Em 2010, a União pagou R$ 61,8
bilhões de contas pendentes que
foram comprometidas ao longo dos
últimos anos. Esse valor é 40% superior ao valor aplicado em obras
e compra de materiais ao longo do
ano passado - R$ 44,6 bilhões. De
acordo com a assessora de Política Fiscal e Orçamentária do Instituto de Estudos Socioeconômicos
(Inesc), Eliana Graça, o que rege o
orçamento são primordialmente os
compromissos com os credores da
dívida pública e, por isso, “todo o
restante do orçamento fica ao belprazer dos humores do mercado”.
“Depois de equacionar a dívida e
de garantir o superávit primário (economia de recursos para pagar os juros
da dívida pública), pensa-se em como
gastar os recursos destinados às políticas públicas. Quando houver a decisão política de inverter essas prioridades, aí poderemos ter um orçamento
planejado e os compromissos honrados. E a maioria da população com
seus direitos atendidos”, diz Eliana.
Entre as contas pendentes, há
uma divisão. Uma quantia diz respeito aos projetos de infraestrutura
que o governo já reconheceu como
prontos, mas ainda não liberou o
dinheiro para quitar o serviço prestado. Essa despesa emplaca na ru-
brica “restos a pagar processados”.
A outra se refere às ações não finalizadas, isto é, que não tiveram a vistoria de técnicos do governo federal
de que o produto foi entregue ou o
serviço prestado. Essa é conhecida
no jargão econômico como “restos a
pagar não processados”.
Vale ressaltar que parte dos empenhos efetuados até o fim do ano
passado ainda pode ser cancelada, já
que a equipe econômica do governo
ainda não efetuou o balanço final das
contas de 2010, o que poderia reduzir
o montante total da conta a pagar.
Orçamento paralelo
A utilização dos restos a pagar é
uma forma legal de executar os gastos públicos. No entanto, já em 2007,
o ministro do Tribunal de Contas da
União (TCU), Ubiratan Aguiar, criticou o alto volume de contas pendentes verificado entre 2006 e 2007. Segundo o ministro, que foi relator das
contas do governo de 2006, o crescimento dos débitos acontece porque
o governo não disponibiliza recursos
suficientes para arcar com os compromissos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA). Esse crescimento,
na avaliação de Ubiratan, configura
um “orçamento paralelo”.
O ministro do
Tribunal de Contas
da União (TCU),
Ubiratan Aguiar,
criticou o alto
volume de contas
pendentes
De acordo com o tribunal, o crescimento do volume de restos a pagar inscritos entre 2005 e 2009 foi da ordem
de 195%, “o que equivale a dizer que o A
37 ∞ Mercado Janeiro 2011
MPolítica
montante de restos a pagar quase triplicou nos últimos cinco anos”. Caso os
empenhos realizados no ano passado
não sejam cancelados, o estoque de
restos a pagar transferidos para 2011
representarão um crescimento de quase 252% em relação às contas de 2005
(em valores correntes).
Caso os gestores não empenhem
os recursos autorizados para o ano,
eles perdem a dotação. Por isso, em
dezembro do ano passado, o governo se esforçou e conseguiu garantir
77% do orçamento para obras ou
compra de materiais relacionados à
infraestrutura nacional. Até novem-
VOU EMBORA
E NÃO DEIXAREI
NENHUMA HERANÇA
MALDITA!
PIADISTA!
bro, pouco mais de R$ 40,2 bilhões
haviam sido comprometidos com a
programação de investimentos. Em
dezembro, as reservas de recursos
saltaram para quase R$ 53,4 bilhões.
De acordo com a assessora do Inesc,
os restos a pagar são um efeito colateral da política econômica dos últimos
dez anos. Para a especialista, a necessidade de empurrar os gastos para o ano
seguinte produz ainda um efeito negativo para a transparência das contas
públicas. “No médio prazo, passamos
a ter dois orçamentos com um recurso
só. Na prática, temos uma contabilidade pública oficial e outra contabilidade
paralela. É um orçamento que ninguém
tem controle sobre ele, a não ser os donos do cofre”, critica Eliana Graça.
“Essa política de grandes volumes
de restos a pagar é um problema de
gestão e claramente uma decisão de
não deixar transparente para a sociedade quanto se gasta ou quanto
se pretende gastar”, lamenta Eliana.
Ela explica que, quando o governo
anuncia o orçamento previsto para
o ano, ele “já sabe que será executado junto com outro, de anos anteriores”. “O mesmo recurso servirá para
os dois. E aí o processo se repete no
ano seguinte”, afirma. B
MSaúde
Burnout: estresse no
trabalho em alto grau
POR Alitéia Milagre (Serifa)
Estima-se que mais de 600 milhões de trabalhadores, ou 22% da força
de trabalho mundial, passem mais de 48 horas semanais no trabalho
J
ornalistas, publicitários, corretores da bolsa de valores, professores, executivos, motoristas de ônibus, controladores
de voos, pilotos, profissionais
da saúde, operadores de telemarketing, bancários, e acreditem, freiras e
padres são apontados por especialistas como sendo profissões das mais
estressantes. Esses profissionais estão entre aqueles mais propensos a
Mercado Janeiro 2011 ∞ 40
desenvolver a chamada Síndrome de
Burnout, um distúrbio psíquico caracterizado por estresse agudo relacionado ao trabalho. Ou seja, trabalhar
por longos períodos sem descanso e
recreação pode causar frustração e resultar em graves problemas de saúde.
Vez por outra é comum encontrarmos
pessoas explosivas ou desmotivadas
ao extremo, com sintomas de esgotamento físico, mental e emocional.
Segundo o reumatologista Carmo
de Freitas, a sobrecarga crônica de
trabalho tem sido associada à obesidade, alcoolismo, doenças cardíacas,
acidentes de trabalho, ansiedade, fadiga, depressão, entre outros problemas. “É o corpo reclamando, dando
sinais de que é preciso avaliar até que
ponto o trabalho é mais importante
que a saúde. Esse conjunto de sintomas pode ser burnout”, afirma Carmo.
Estima-se que mais de 600 milhões de trabalhadores, ou 22% da
força de trabalho mundial, gastem
mais de 48 horas semanais trabalhando. De acordo com as últimas
pesquisas, 70% dos brasileiros apresentam algum grau de estresse, sendo que 30% desse total manifestam
“Burnout”, o que as deixa incapacitadas para o trabalho.
O reumatologista
Carmo de Freitas,
sobre a Síndrome
de Burnout,: “O
cotidiano, que antes
era prazeroso, se
torna uma carga
insuportável, e a
sensação de cansaço
além do habitual, sem
relação causa/efeito,
se torna constante”
E não para por aí. Os sintomas
incluem diminuição do rendimento,
irritabilidade, intolerância, reclamações, indecisão, perda de controle,
insônia, sono agitado, falta de concentração e memória. “O cotidiano,
que antes era prazeroso, se torna uma
carga insuportável, e a sensação de
cansaço além do habitual, sem relação causa/efeito, se torna constante.
A pessoa sofre alterações digestivas,
queda da resistência orgânica e por
isso tem maior predisposição a doenças banais, como gripe e herpes. Também está acometida por alterações de
pressão arterial (alta ou baixa), dores
de cabeça, vertigens, bruxismo, redução do desejo sexual, libido e impotência”, acrescenta o reumatologista.
Pesquisadores colocam o Brasil
como o segundo país mais estressado do mundo. Só perdemos para o
Japão. O estresse profissional afeta
69% da população brasileira.
passaram a investir em programas
que auxiliam os colaboradores a
desenvolverem sua resiliência, ou
seja, sua capacidade de lidar com
esse novo cenário, comum a toda
população, composto por metas
de curto prazo, concorrência e
pressão por resultados. As pessoas precisarão aprender a lidar com
suas angústias, com seus medos,
“70% dos brasileiros apresentam
algum grau de estresse, sendo que
30% desse total manifestam Burnout”
Outro dado alarmante é do Ministério da Previdência. Segundo
o órgão, mais de 90% dos auxílios-doença concedidos no ano
passado referiam-se à categoria
“Transtornos Mentais e Comportamentais” ligados ao estresse.
Para a mestre em administração de empresas, Vianei Guimarães, essas estatísticas preocupam
as empresas que perdem muito em
produtividade, sem considerar os
prejuízos sociais que também refletem em seus resultados. Cálculos de institutos de pesquisa
sérios e renomados atestam que
esse cenário causa um prejuízo
de aproximadamente 4,5% no PIB
nacional. “Com o objetivo de reverter esse quadro, (as empresas)
organizando melhor suas vidas”,
diz Vianei, que também é diretora
da Inthegra, empresa especializada em Talentos Humanos.
Terapia
Para ajudar os funcionários a lidar com as pressões diárias, muitas
empresas adotaram algumas práticas
internas de ginástica laboral, incentivos à prática de exercícios em casa
ou em academias, programas específicos de relaxamento e estímulo a
leituras que provocam pensamentos
mais otimistas. “São alguns programas que as empresas disponibilizam
como forma de auxiliar seus colaboradores a encontrarem o equilíbrio”,
acrescenta Vianei. A
41 ∞ Mercado Janeiro 2011
MSaúde
Vianei Guimarães:
“Investir em cursos de
capacitação de líderes,
gestão de processos
e relacionamentos
interpessoais, como
forma de aprimoramento
de competências
comportamentais, ajuda
a organizar melhor o
trabalho, a focar no que
realmente deve ser feito”
Vianei explica ainda que investir em cursos de capacitação de
líderes, gestão de processos e relacionamentos interpessoais, como
forma de aprimoramento de competências comportamentais, ajuda
a organizar melhor o trabalho, a focar no que realmente deve ser feito.
“Consequentemente, essas horas
de estudo e aplicação de novos
conhecimentos na administração
de recursos e na gestão de pessoas
Mercado Janeiro 2011 ∞ 42
trarão mais horas livres para que os
profissionais possam dedicar à qualidade de vida”, informa.
Em se tratando de qualidade de
vida, o Serviço Social da Indústria
(Sesi) é uma referência em saúde e
bem-estar de trabalhadores por causa da assistência dada às empresas
associadas, incluindo os próprios
colaboradores. Além das “famosas”
paradas para a ginástica laboral em
horários de expediente, os funcioná-
rios do Sesi e da FIEMG realizaram
recentemente o Diagnóstico de Saúde e Estilo de Vida, em que foram
medidas taxa de glicemia, a circunferência abdominal e feita aferição
da pressão arterial dos colaboradores. “Nossa função foi conscientizá-los com relação às atividades e
orientá-los a como proceder para
atingir o peso ideal de acordo com
o Índice de Massa Corporal, ou seja,
relação peso e altura de cada um”,
diz a técnica de Lazer da Vila Olímpica do Sesi de Uberlândia, Petuccia
Fagundes Brunelli .
Para finalizar, o reumatologista
Carmo Gonzaga afirma que o equilíbrio entre trabalho e diversão é
o aconselhável para que a pessoa
não chegue a um determinado grau
de estresse que possa acabar em
Burnout. “Todos nós precisamos
trabalhar, porém deve existir um
equilíbrio com relação às atividades diárias. É preciso ter tempo
para o trabalho, repouso, atividade
física e lazer. Também é primordial
ter uma boa convivência dentro e
fora de casa e evitar a rotina”, recomenda o médico. B
MEspecial
Acidente é o maior
inimigo da vida
DA Evaldo Pighini | Editor / Min. da Saúde/Cepa
Vítimas acidentadas representaram 90% dos
atendimentos em urgências e emergências. Quedas e
acidentes de trânsito são as principais causas, sendo a
ingestão de álcool antes da ocorrência relatada por 8,1%
dos pacientes
Os acidentes de trânsito são uma das principais causas de atendimentos em
urgências e emergências
A
s vítimas de acidentes somaram 35.646
atendimentos do total de 39.665 registros de pessoas acolhidas em serviços sentinelas de
Mercado Janeiro 2011 ∞ 44
urgência e emergência no Brasil.
Isso representou 89,9% dos atendimentos identificados pelo Sistema de Vigilância de Violências e
Acidentes (VIVA) do Ministério da
Saúde. Divulgadas em dezembro,
as informações coletadas constam de levantamento feito junto
a 74 serviços de saúde de 23 capitais e Distrito Federal (quadro
abaixo) entre setembro e novembro de 2009.
Capitais com
serviços sentinela
para acidentes e
violências:
Palmas, Porto Velho, Boa Vista,
Macapá, Rio Branco, Goiânia,
Campos Grande, Brasília, Maceió,
Fortaleza, Natal, Recife, Aracaju,
Salvador, Teresina, São Luís, João
Pessoa, Belo Horizonte, Rio de
Janeiro, Vitória, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre
Os homens foram os que mais necessitaram de atendimento por conta de acidentes, com 23.082 registros
(64,8% do total). Para o sexo feminino, o número e a proporção caíram
quase pela metade - 12.515 (35,2%).
Não houve registro do sexo de quarenta e nove pessoas (0,1%).
Entre os homens, as duas principais causas de acidentes foram
as quedas (31,8%) e os acidentes
de transporte (29,6%). Essas causas
se repetem na mesma ordem para
o sexo feminino, com 45% e 20,5%,
respectivamente. Pessoas de 20 a 29
anos foram as que mais procuraram
atendimento, sendo 22,9% do total
de vítimas de acidentes.
Entre os homens, as
duas principais causas
de acidentes foram as
quedas (31,8%) e os
acidentes de transporte
(29,6%)
Tipos de acidentes - A análise
dos dados mostra que as principais
causas de acidentes identificadas
pelo VIVA foram as quedas (36,5%)
e os acidentes de trânsito (26,4%).
Também entraram no levantamento
os ferimentos com objetos que cortam ou perfuram (7,2%), choque contra pessoa ou objeto (6,5%), lesões
ou torções (4,7%), além de acidentes
envolvendo penetração, ingestão ou
inalação de corpo estranho (4,5%).
Houve, ainda, registros de acidentes
com objetos que caíram em cima da
vítima (3,7%), acidentes com animais (3,2%) e queimaduras (2,2%).
Atendimentos de emergência
provocados por sufocação, afogamento, envenenamento, acidentes
com arma de fogo e situações não
especificadas foram incluídas na
categoria “outros” e representaram
apenas 3,6% do total de pessoas
atendidas e participantes da pesquisa. Do total de atendimentos por acidentes, 23,5% foram relacionados ao
trabalho, sendo 14,2% em mulheres
e 28,7% em homens.
De acordo com a coordenadora
da área de Vigilância e Prevenção
de Acidentes e Violências do Departamento de Análise de Situação de
Saúde (Dasis), Marta Silva, as quedas podem ser evitadas com cuidados que variam conforme o grupo
etário. “As crianças, por exemplo,
devem ficar sob a supervisão dos
adultos, sejam os pais ou responsáveis. Nas residências, deve haver
proteção de móveis, telas em janelas
e varandas, uso de tapetes antidesli-
zantes, cercadinhos e demais mecanismos de segurança”, explica.
Bebida alcoólica - Realizada
desde 2006, esta edição do VIVA
também apurou se os indivíduos que
procuraram atendimento haviam ingerido bebida alcoólica - um hábito
mais frequente em homens e um importante fator de risco para acidentes, especialmente os acidentes de
trânsito e as violências.
Pela primeira vez, o questionamento foi feito diretamente aos pacientes. Antes, era anotada somente
a suspeita do entrevistador de que
a pessoa atendida apresentava indícios de ingestão de bebida alcoólica,
tais como o hálito forte e dificuldade
para articular palavras.
Em 8,1% dos casos as pessoas estavam alcoolizadas e em 6,7% houve suspeita de terem bebido. Entre
os homens, o percentual sobe para
10,6% entre os que declararam ter bebido antes do acidente e 8,9% foram
classificados como suspeitos. Para as
mulheres, os percentuais caem para
2,7% e 3,7%, respectivamente. A
Quanto aos idosos,
também vulneráveis às
quedas, a recomendação
é adaptar banheiros,
retirar tapetes, usar
assentos adaptados para
banho, etc.
45 ∞ Mercado Janeiro 2011
MEspecial
Período - De acordo com o
VIVA, os acidentes foram mais frequentes durante o dia. No entanto,
há variações, como o aumento de
registros a partir das 6h, com pico
por volta das 12h. No período da
tarde, verifica-se redução, mas com
aumento gradual e pico por volta
das 18h, coincidindo com o retorno
do trabalho para casa. Do total dos
atendimentos, 26% foram realizados pela manhã, 36% à tarde e 38%
à noite.
Local do acidente - O local
mais comum do acidente foi a residência (37,7%). Em seguida, vieram
as vias públicas, como ruas e praças (35,5%). Entre as mulheres, 51%
dos acidentes ocorreram na própria
casa e 31,4% em vias públicas. Entre
os homens, a situação se inverte:
37,7% dos acidentes ocorreram nas
ruas e 30,3% no ambiente doméstico. Quanto ao tipo de lesão sofrida,
no geral as principais foram corte
ou laceração (28,4%), torções ou
luxação (19,5%) e contusão (18,1%).
Maioria dos acidentes
pode ser evitada
Se os números do VIVA que destacam a quantidade de vítimas de
acidentes atendidas nos serviços
sentinelas de urgência e emergência no Brasil por si só chamam a
atenção, o maior alerta, entretanto,
é que a grande maioria dos acidentes poderia ser evitada, o que não é
segredo para ninguém.
No caso dos acidentes de trânsito, por exemplo, cerca de 90% deles
simplesmente não aconteceriam
com conscientização e mudança de
atitude, tendo em vista esse percentual ter como causa as falhas humanas, portanto, poderiam ser evitados
com mudanças comportamentais.
Entre as principais causas estão
negligência (desatenção ou falta de
cuidado ao realizar um ato), imprudência (má-fé: velocidade excessiva, dirigir sob efeito de álcool, falar
ao celular, desrespeitar sinalização,
etc.) e imperícia (falta de técnica ou
de conhecimento para realizar uma
ação de forma segura e adequada).
Mercado Janeiro 2011 ∞ 46
O desrespeito à sinalização, atitude que poderia
ser evitada, é uma negligência comum que resulta
em muitos acidentes
A velocidade pode ser tanto um
fator agravante quanto a causa determinante de um acidente de trânsito, pois quando um carro colide com
um obstáculo, na realidade ocorrem
três colisões: do carro, dos passageiros com o interior do carro e dos órgãos internos do ocupante contra a
estrutura do seu corpo (esqueleto).
Com isso, quanto maior a velocidade, maior o impacto, mais graves as
consequências da colisão e maior a
possibilidade de morte.
Além disso, a velocidade também
aumenta a distância percorrida durante o tempo de percepção e rea-
ção, a distância de frenagem e de parada total do veículo, o que provoca
a redução das chances de o condutor evitar a colisão.
Quando um veículo se envolve em
um acidente, a velocidade excessiva
também pode aumentar a deformação na estrutura do carro, reduzir o
espaço interno da célula de sobrevivência, aumentar o contato do corpo
dos ocupantes com as estruturas rígidas do veículo e entre os ocupantes.
Confira no quadro a seguir como
a velocidade pode interferir na distância necessária para parar totalmente um carro:
Quando um veículo se envolve em um acidente,
a velocidade excessiva também pode aumentar a
deformação na estrutura do carro
Velocidade
Distância total de parada sobre
pista de asfalto
Piso seco
Piso molhado
50 km/h
51 m
62 m
60 km/h
65 m
83 m
100 km/h
140 m
201 m
120 km/h
188 m
279 m
Obs: Note que, ao dobrar a velocidade de circulação, a distância total de
parada do veículo quase triplica.
“Ainda existe no Brasil uma crença incorreta e generalizada de que o
acidente de trânsito acontece porque
‘Deus assim quis’, ou seja, o acidente
é uma fatalidade e nada pode ser feito para evitá-lo. Porém, como vimos
anteriormente, isso não é verdade.
A grande maioria dos acidentes de
trânsito pode ser evitada. Uma vez
consciente de sua responsabilidade,
o condutor pode e deve praticar uma
condução segura e preventiva a fim
de evitar os riscos presentes no trânsito”, diz Dennys Riper.
Velocidade e atropelamento
A gravidade dos atropelamentos
mantém direta relação com as características físicas e com a dinâmica dos corpos em conflito. O fato de
o impacto aumentar em proporção
muito maior do que a velocidade
confere aos atropelamentos consequências particularmente severas
em decorrência da vulnerabilidade
de um corpo frente a um veículo.
O Departament for Transport britânico* realizou um estudo que comprova a relação entre a velocidade
do veículo no impacto e a gravidade
das lesões:
•A 32km/h, 5% dos pedestres atingidos morrem, 65% sofrem lesões e
30% sobrevivem ilesos;
•A 48km/h, 45% morrem, 50% sofrem
lesões e 5% sobrevivem ilesos;
•A 64km/h, 85% morrem e os 15% restantes sofrem algum tipo de lesão.
*Fonte: UK Department of Transport
Traffic Advisory Leaflet 7/93 (TAU, 1993)
37,7%, ocorre dentro de casa e da
mesma forma que os acidentes no
trânsito, grande parte poderia ser
evitada.
Há muito tempo que os acidentes domésticos (dentro de casa)
são alvo de pesquisas e discussões.
Nesse ambiente, excluindo adultos e
tomando como exemplo as crianças,
todo cuidado é pouco. Isso porque
boa parte do risco a que as crianças
estão expostas está dentro de casa,
nos brinquedos e pequenos objetos, além do manuseio de líquidos
quentes e produtos tóxicos, principalmente os utilizados na limpeza
doméstica.
Só para se ter uma ideia, as quedas são responsáveis por 74,6% das
internações de menores de 15 anos
em hospitais. Em seguida estão atropelamentos (8,4%) e queimaduras
(5,8%). Os casos fatais são provocados por afogamento (27,7%), atropelamento (25,7%) e acidentes com
transporte (18,6%). Já a sufocação
é a principal causa de óbito por acidente em menores de um ano. Esses
dados foram extraídos de pesquisa
feita pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual
de Saúde do Estado de São Paulo. A
Acidentes domésticos
Outra constatação do VIVA que
também é bastante preocupante tem
a ver com o local mais comum onde
os acidentes acontecem. A maioria,
A 32km/h, 5% dos pedestres atingidos morrem,
65% sofrem lesões e 30% sobrevivem ilesos
47 ∞ Mercado Janeiro 2011
MEspecial
Outro perigo que existe dentro
de casa é o tanque de lavar roupas.
Os tanques de concreto pesam de
50 a 90 quilos e o acidente acontece porque os pés de apoio anteriores costumam ser retos, concentrando o centro da gravidade nas
laterais. As crianças se penduram
Terraço/Varanda
Colocar telas de proteção no parapeito para evitar quedas
Colocar grades de proteção até
mesmo nas janelas das casas
Garagem
Ao chegar ou sair com o
veículo, verificar se não há
crianças por perto para evitar atropelamentos
Manter as chaves do automóvel bem guardadas e
longe das crianças
Não deixar as crianças
manipularem controles de
portão automático ou outros dispositivos eletrônicos
Muro
Deve ter mais de 1,5 m de
altura
Cercas elétricas e objetos perfurantes devem
estar longe do alcance das
crianças
Preferir superfícies lisas
que dificultem a escalada
Área de serviço
Baldes e bacias devem ser
guardados de boca para
baixo
Caixa d’água e cisternas
devem estar bem vedadas
Produtos de limpeza devem ser guardados fora do
alcance de crianças e nas
embalagens originais
Produtos em garrafas PET,
por exemplo, podem ser
atrativos para as crianças
Mercado Janeiro 2011 ∞ 48
e se apoiam no tanque e, caso ele
não esteja bem preso à parede,
acaba tombando em cima da criança. A queda do tanque pode acarretar sérias lesões ou ainda levar
à morte.
Além do tanque, lavatórios de
louça e vasos sanitários também
Quarto
Brinquedos devem estar guardados e
não espalhados.
Também devem ser adequados à idade da
criança e ter selo Inmetro
Evitar encher o berço de brinquedos e travesseiros. O ideal é que seja livre e confortável, com 5cm entre as grades de proteção
Vigiar o sono da criança. Nem sempre o silêncio é sinal de que está tudo bem
Proteger as tomadas elétricas com protetores. O mesmo vale para o resto da casa
Jardim
Cuidado com as plantas. Algumas são tóxicas e põem em risco
a saúde da criança
Piscinas devem ser cercadas
por grades com, no mínimo 1,5
m de altura. Cobertura com telas
não servem, porque podem não
suportar peso
Piscinas infantis devem ser esvaziadas após o uso e guardadas
longe do alcance dos pequenos
Quintal
Nunca deixar que as crianças
brinquem na laje. Quedas nesse
local costumam ser fatais
Pipas devem ser empinadas
em locais abertos, longe de fios
elétricos
são alvo de acidentes, por isso
todo cuidado é pouco. É necessário checar as condições de
segurança desses materiais, se
estão instalados adequadamente, fixos ou ainda chumbados na
parede, para evitar qualquer tipo
de acidente. B
Banheiro
Nunca deixar a criança sozinha na banheira
Até os 8 anos de idade, nunca deixar o pequeno sozinho no box
Testar a temperatura da água para evitar
queimaduras
Guardar medicamentos trancados em armário de difícil acesso
Colocar piso antiderrapante no Box
Manter o piso do banheiro sempre seco
Vaso sanitário deve estar sempre tampado
Recolher o lixo sempre, principalmente se
tiver com produto perigoso
Sala
Quinas afiadas de móveis devem
ser emborrachadas ou arredondadas
Evitar colocar móveis perto de janelas e cortinas. A criança tanto pode
subir nos móveis e cair quanto brincar
com o cordão da cortina e se enforcar
Evitar objetos de vidro no chão e
sobre móveis
Não colocar bebidas alcoolicas à
mostra. A criança pode derrubar alguma garrafa e se machucar ou mesmo
ingerir a bebida sem saber o que está
fazendo
Recolher brinquedos espalhados
para evitar quedas
Cozinha
(Essa é a área mais perigosa da casa)
Usar preferencialmente as bocas de trás do
fogão
Virar o cabo da panela
para dentro do fogão
Manter fósforos, isqueiros e álcool longe das
crianças
Evitar dar comidas e bebidas quentes à criança
Ter cuidado com vidros,
cerâmicas e facas
Deixar sacos plásticos
longe das crianças para evitar sufocamentos
Fonte: Ana Beatriiz Bontorim, ONG Criança Segura
MCidadania
Nova identidade
civil dos brasileiros
vigora já em 2011
DA Redação
O
s primeiros cartões
do novo Registro
de Identidade Civil
(RIC), documento que
gradativamente substituirá as atuais cédulas do RG, serão
expedidos em 2011 pela Casa da Moeda do Brasil. Com investimentos de
cerca de R$ 90 milhões, o RIC é um
dos mais modernos documentos de
identificação do mundo. Segundo o
Ministério da Justiça, o documento é
mais seguro e mais prático, uma vez
que incorpora em um só documento
diversos itens de segurança. A nova
identidade integrará o CPF e o título
de eleitor, entre outros documentos.
A incorporação de novas tecnologias ampliará a segurança do cidadão em diversos processos hoje re-
Mercado Janeiro 2011 ∞ 50
alizados, como abertura de contas,
operações bancárias e concessão de
créditos, reduzindo a possibilidade
de fraudes e prejuízos.
Com o RIC, cada cidadão brasileiro passa a ser identificado por
um único número em nível nacional,
vinculado diretamente às impressões digitais e registrado num chip
presente no cartão do RIC. Isso evita
que uma mesma pessoa seja identificada por mais de um número de
registro em diferentes estados da federação ou que o cidadão seja confundido com uma pessoa do mesmo
nome. A vinculação do número do
RIC às impressões digitais também
impede que uma pessoa se passe por
outra para cometer crimes, solicitar
crédito ou cometer abusos.
O chip contido no RIC reunirá
também informações como gênero,
nacionalidade, data de nascimento,
foto, filiação, naturalidade, assinatura, órgão emissor, local de expedição, data de expedição e data de
validade do cartão, além de informações referentes a outros documentos, como título de eleitor, CPF, etc.
Ao longo de 2011 serão produzidos dois milhões de cartões RIC. As
primeiras cidades a participar do
projeto-piloto serão Brasília (DF),
Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA),
Hidrolândia (GO), Ilha de Itamaracá
(PE), Nísia Floresta (RN) e Rio Sono
(TO). A perspectiva é que a troca
de todos os atuais documentos de
identidade pelo cartão RIC seja feita
num prazo de 10 anos. B
MEm Foco
Da esquerda para a direita, o ex presidente do Sebrae-MG, Roberto Simões;
o presidente eleito do Sebrae-MG, Lázaro Gonzaga; e o governador de Minas
Gerais, Antônio Augusto Anastasia
Sebrae-MG tem
novo presidente
DA Redação
O coromandelense Lázaro Luiz Gonzaga irá comandar a instituição
nos próximos quatro anos
O
empresário do setor
farmacêutico e atual
presidente da Fecomércio Minas, Lázaro Luiz Gonzaga, é o
novo presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-MG. Lázaro
Gonzaga vai comandar o SebraeMG de 2011 a 2014. O Conselho
Deliberativo manteve a composição atual do Conselho Fiscal e da
Diretoria Executiva do Sebrae-MG.
Mercado Janeiro 2011 ∞ 52
O novo presidente vai suceder Roberto Simões, que dirigiu o SebraeMG de 2007 a 2010 e é presidente
da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais.
A solenidade de posse do novo presidente, realizada em dezembro,
contou com a presença do governador do estado de Minas Gerais,
Antônio Augusto Anastasia, entre
outras autoridades.
Lázaro Gonzaga, de 58 anos, é
natural de Coromandel, no Triângulo Mineiro. Ele é presidente do
Sistema Fecomércio Minas, SESC,
SENAC Minas e ainda presidente do
Sindicato do Comércio Varejista de
Produtos Farmacêuticos do Estado
de Minas Gerais (Sincofarma).
A eleição do presidente e dos diretores do Sebrae-MG é realizada
por representantes das 15 instituições que compõem o Conselho Deliberativo Estadual (veja quadro).
Foto: Evandro Fiuza
Conselho Deliberativo do Sebrae-MG
Banco do Brasil S/A (BB)
Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A (BDMG)
Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH)
Caixa Econômica Federal (CEF)
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec)
Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (Ciemg)
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg)
Federação das Associações Comerciais, Industriais, Agropecuárias e de Serviços do Estado de Minas Gerais
(Federaminas)
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig)
Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG)
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG)
Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (Indi)
Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg)
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede)
A instituição
Gerais. A instituição existe há 38
anos e integra o Sistema Sebrae.
O Sebrae-MG é uma entidade privada, sem fins lucrativos,
que tem como missão promover
a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e
pequenas empresas e fomentar
o empreendedorismo em Minas
Formas de atuação
Para realizar sua missão, o
Sebrae-MG desenvolve projetos
e oferece produtos e serviços que
atendem ao empreendedor nos
Sebrae-MG em números
52
Pontos de atendimento
282
Projetos em carteira
342.174
Clientes atendidos em 2010 (até novembro)
254
Soluções educacionais, entre programas de
gestão, cursos, palestras, oficinas, seminários,
prêmios, telessalas e jogos empresariais
R$ 129 milhões
Orçamento da entidade em 2010
diferentes estágios de desenvolvimento do negócio.
A instituição presta completa
orientação a quem deseja abrir,
diversificar ou ampliar um empreendimento; oferece cursos, palestras, consultorias e programas
de atualização para possibilitar o
aprimoramento das habilidades
e técnicas de gestão empresarial; orienta o acesso ao crédito
e à expansão dos negócios das
micro e pequenas empresas; desenvolve projetos que incentivam
a formalização dos negócios e o
crescimento dos mais variados
setores da economia; apoia a disseminação de políticas públicas
que favorecem o crescimento dos
pequenos negócios; e ajuda a aumentar os níveis de organização,
qualidade, inovação, produtividade e lucratividade das micro e
pequenas empresas, para que estejam aptas a acompanhar o dinamismo do mercado. B
53 ∞ Mercado Janeiro 2011
MAlimentação
Alimentos que
contribuem para
a saciedade
POR Ive Andrade
Quer manter a dieta sem passar fome?
Aposte em ingredientes que contribuem para a sensação
de saciedade, evitando assim exagerar nas porções
A
lguns truques, como
prolongar o tempo
de mastigação, evitar
jejuns
prolongados
e prestar atenção ao
que se está comendo - evitando distrações como TV ou leitura na hora
das refeições - contribuem para
uma menor ingestão de alimentos
e, consequentemente, de calorias.
Porém, alguns ingredientes podem
dar uma força a mais para quem
deseja perder peso ou mantê-lo.
“Fibras, grãos integrais, proteínas e
gorduras - desde que sejam do tipo
‘boas’ para o coração, como as poli-insaturadas e monoinsaturadas -,
pois possuem poder saciante quando ingeridas em quantidade adequada e contribuem com uma dieta
equilibrada e saudável, com baixo
teor calórico”, explica o endocrinologista Alfredo Halpern, autor do
livro “A nova dieta dos pontos”.
Sobre essa questão, Alfredo
Halpern dá algumas dicas sobre
os alimentos com grande poder
de saciedade e, depois, duas receitas que te ajudam a seguir firme na dieta.
Grãos integrais
ou refinados?
Os grãos integrais são aliados da
dieta, pois necessitam de maior tempo
de mastigação e retardam a sensação
de fome, fornecendo energia por mais
tempo, diferentemente dos grãos refinados. “Os carboidratos presentes na
farinha branca, o arroz branco e o macarrão tradicional oferecem um pico
de energia alto, mas por pouco tempo,
fazendo com que o organismo precise
de reposição. Carboidratos integrais
devem ser priorizados na dieta”, explica Alfredo Halpern.
Gorduras: saiba
a escolher a certa
Todas as gorduras influenciam no
processo de saciedade, uma vez que
retardam o esvaziamento gástrico, e
ainda dão sabor aos alimentos. No entanto, o médico recomenda dar prefeFilé de peixe com molho
de abóbora e espinafre
Rendimento: 4 porções
Tempo de preparo: 15 minutos
Tempo de forno: 25 minutos
Tempo total: 40 minutos
Ingredientes:
1 colher (sopa) de óleo
1/2 cebola pequena picada
250g de abóbora cortada em cubos
cozida e amassada
1/2 maço de espinafre ( só as folhas)
cozido, escorrido e picado
1/2 xícara (chá) de maionese
500g de filé de peixe
1 pitada de sal
2 colheres (sopa) de suco de limão
Para untar: margarina
Hambúrguer com molho
de nozes e picles
Rendimento: 6 unidades
Tempo de preparo: 20 minutos
Ingredientes:
1 colher (sopa) de azeite
6 hambúrgueres
1/2 xícara (chá) de maionese
3 colheres (sopa) de creme de leite
2 colheres (sopa) de nozes picadas
3 colheres (sopa) de picles picado
2 colheres (sopa) de uva-passa sem
semente
rência àquelas de origem vegetal - do
tipo poli-insaturada ou monoinsaturada - em detrimento das gorduras
saturadas, geralmente encontradas
em alimentos de origem animal. Esse
tipo de nutriente pode ser encontrado no abacate, nas nozes, castanhas e
nos óleos vegetais e derivados, como
azeite, maionese e creme vegetal.
“Mergulhar legumes em um ‘dip’ à
base de maionese, por exemplo, pode
ser uma opção de entrada para enganar a fome, evitando chegar ao prato principal com muita voracidade”,
orienta o endocrinologista.
Verduras e legumes:
escolhas certeiras
“É possível abusar na quantidade
de legumes e verduras, já que são uma
alternativa saudável, com poucas calorias, ricos em fibras e água - que
também contribuem para diminuir a
vontade de comer”, sugere Alfredo.
Para polvilhar: queijo ralado
Modo de preparo:
1- Preaqueça o forno em temperatura
média (180ºC).
2- Unte e enfarinhe um refratário retangular pequeno ( 26 x 16 cm). Reserve.
3- Em uma panela média, aqueça o
óleo em fogo médio. Doure a cebola.
E junte a abóbora e o espinafre. Refogue por 2 minutos. Acrescente meia
xícara (chá) de maionese, misture e
reserve.
4- Em uma tigela média, junte os filés
de peixe, o sal e o suco de limão.
5- No refratário reservado alterne
camadas de peixe e o molho reservado. Polvilhe o queijo ralado e leve ao
forno por 25 minutos ou até dourar.
Cardápio da saciedade:
•Comece o dia com um café da ma-
nhã reforçado com pão ou torrada
integral, café ou sucos e frutas.
•Tenha sempre à mão nozes ou castanhas. São fáceis de carregar, saudáveis e enganam o desejo por guloseimas entre as refeições;
•Frutas para todos os momentos, escolha as suas preferidas e varie na
forma. Ficam ainda mais potentes
quando consumidas com cereais,
combinadas com outras frutas ou
com iogurte.
•Dê preferência aos alimentos fontes
de gorduras boas para acompanhar
os lanches ou refeições, eles ajudarão a manter a sensação de saciedade por mais tempo.
A seguir, as sugestões de receitas
preparadas com ingredientes que
contribuem para a saciedade.
Sirva em seguida.
Variação: Se preferir, substitua o
queijo ralado por ricota ralada.
Dica: Prefira filé de caçonete, merluza ou pescada branca.
1 colher (sopa) de salsinha picada
Curry a gosto
Modo de preparo:
Em uma frigideira grande, aqueça o
azeite e frite os hambúrgueres em fogo
médio, até que fiquem com os dois lados dourados. Retire e reserve em local
aquecido.
Em uma tigela coloque a maionese, o
creme de leite, as nozes, o picles, a
uva-passa, a salsinha, o curry e misture até ficar homogêneo.
Coloque sobre os hambúrgueres reservados e sirva a seguir. B
55 ∞ Mercado Janeiro 2011
MTurismo
San Blas, a aven
POR Heitor e Silvia Reali (Scritta)
Localizado no litoral atlântico do Panamá,
o arquipélago convida a uma viagem de
descoberta e aventura
Mercado Janeiro 2011 ∞ 56
tura de ser livre
As ilhas de San Blas, litoral atlântico do Panamá,
canalizam a um raro e quase desconhecido destino. O arquipélago prova que o Panamá é mais
do que o Canal e outras ondas caribenhas. Mas
não se trata aqui de comparar regiões, belezas
são incomparáveis. As novidades nas ilhas não
estão mapeadas. Nada é determinado. Afinal,
viagens que incorporam o espírito da liberdade
são sagradas demais para serem desperdiçadas
com obrigações. Ali se inventa aventura a cada
instante. As decisões de onde nadar, velejar, praticar mergulho autônomo ou snorkelling são do
visitante. Cada um escolhe em qual ilha aportar
para lavar a alma. A
MTurismo
O arquipélago de San Blas
São 360 ilhas, das quais somente 56 habitadas algumas não maiores que uma quadra de tênis -,
e outras cujo cenário é digno de cartunista: um
montinho de areia rodeado por uma palmeira. As
ilhas são envolvidas pelo mar cristalino que, de
tão claro, nos confunde quanto à sua real profun-
As ilhas são envolvidas pelo
mar cristalino que, de tão claro,
nos confunde quanto à sua real
profundidade
didade. E basta uma escala em algumas dessas
ilhazinhas desertas, frequentadas sobretudo por
pelicanos e golfinhos, para interagir com o mundo que os cerca. Todas despertam a impressão
de reviver por algumas horas um pouco da aventura “robinsoniana”.
Apesar de os homens governarem as aldeias, a sociedade é matriarcal e são as mulheres que mandam no pedaço. O arquipélago de San Blas é pátria
dos kuna, etnia que venera as mulheres e cultua as
cores. Ali todas as festas são para elas: quando nascem, quando atingem a puberdade, quando têm o
primeiro filho e por aí vai... Mas não é uma nova versão das amazonas ou de fábula recém-descoberta
dos irmãos Grimm. Esse arquipélago existe mesmo.
O acesso se faz por via aérea, e antes mesmo de o
pequeno avião atingir seu teto máximo, já começa
a descer. São trinta minutos de voo saindo da Cidade do Panamá, mas a distância para as aldeias não
pode ser medida em horas, e sim em séculos. Elas
têm uma quietude histórica que faz com que pareçam cristalizadas no tempo. Em uma viagem a este
território, é impossível dissociar a sensação de beleza da história de seu povo. A
San Blas é a pátria dos Kuna, etnia que venera as
mulheres e cultua as cores
Vista aérea de San Blas
MTurismo
É mais fácil uma Sexta-feira Santa cair num domingo
do que influenciar a cultura kuna. De sanha brava, lutaram por quase 500 anos para sobreviver e não per-
mitir a aculturação. Essa luta só terminou em 1925,
quando o governo do Panamá reconheceu o arquipélago de San Blas como território dos kuna, o Kuna Yala.
O arquipélago de San Blas é território dos Kuna
Paraíso étnico
A simples visão da pista de aterrissagem em El Porvenir, uma ilha que remete a uma passadeira estendida
no mar, assegura a sensação de que se verá um belo
espetáculo feito de paisagens únicas. Navegar entre
as ilhas onde o sol brilha 350 dias, para não dizer o ano
todo, faz brotar o sentimento de que não se desejaria
estar em nenhum outro lugar do mundo.
Aeroporto de El Porvenir, uma das ilhas de San Blas
Mercado Janeiro 2011 ∞ 60
Durante o trajeto, os viajantes vão se familiarizando
com essas ilhas que ainda pertencem à natureza. O
povoado de Nalunega é um emaranhado de casas que
chegam até as bordas do mar. Uma das pousadas ali
tem o mesmo look das casas: telhado de sapé, paredes de bambu que deixam passar sons e nuances de
luz, e o chão de areia onde uma onda mais afoita pode
lavar o quarto. São as evidências das palavras dos
kuna, “se a maneira como vivemos desperta a curiosidade de nos conhecerem, é justo que provem nosso
modo de viver. Não temos grandes hotéis, pois não
permitimos que estrangeiros comprem nossas terras.
Esta é uma das formas de não sermos envolvidos por
outras culturas”.
Índias Kuna e a arte de suas vestes que espelham
devoção e respeito pela Mãe-Terra
As kuna complementam a roupa com um lenço escarlate, anéis, brincos e as wini - pulseiras e caneleiras
feitas de miçangas e vidrilhos. O ol-osu, uma argola
de ouro símbolo do sol, é colocado entre as narinas
para afastar os espíritos malignos. A beleza do nariz
é realçada ainda mais por um traço negro delineado
em todo seu perfil e, como último detalhe, um amplo
lenço, geralmente em tons laranja ou fúcsia, para proteger do forte sol caribenho. As meninas “coroam” literalmente o traje com um periquito verde na cabeça.
Nas aldeias sempre se veem mulheres tecendo o
mola em frente às suas casas, e ali mesmo os viajantes podem adquirir uma peça de qualidade por cerca
de R$ 50. Essa atividade é a que oferece a melhor remuneração familiar, pois a pesca e a agricultura são
apenas de subsistência.
Nalunega, San Blas
Mas não foram essas ilhas paradisíacas que colocaram San Blas no mapa da arte mundial. Foram suas
mulheres, ao conceber seu vestuário que espelha a
devoção e respeito que cultivam pela Mãe-Terra, e
que resultou num dos mais belos trajes tradicionais.
Compõe-se de um pareô com desenhos geométricos
e de uma blusa estampada onde, abaixo do seio, é
costurado um sobretecido - o mola. Este é feito de
diversas camadas de panos coloridos e recortados, e
para conseguir mais textura, aplicam sutaches, sinhaninhas e entremeios. Seus desenhos labirínticos, cujas
cores, formas e motivos são retirados da natureza, reproduzem peixes, aves, folhas, e criam mandalas que
buscam reproduzir a harmonia com o mundo. Afinal,
não é este o princípio da mandala?
Pescadores Kuna - atividade apenas para
subsistência
As mulheres sabem da importância da preservação de suas tradições. E vão além ao criar um
tecido diferenciado, que ajuda a projetar os kuna
no cenário da arte mundial e mantém sua etnia
viva economicamente. A
61 ∞ Mercado Janeiro 2011
MTurismo
Cidade do Panamá
Cidade do Panamá
Para quem escolhe San Blas como destino turístico, não custa nada dar uma paradinha no Panamá,
aliás, quem fizer isso só tem a ganhar. Considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o centro histórico da Cidade do Panamá há mais de um
século é endereço de galerias de arte e lojas que
expõem o renomado artesanato regional. A dica é
iniciar o passeio na Calle Primera, entrar em cada
lojinha, comparar preços e variedades.
Plaza de la Cadetral
A que oferece amplo mostruário de produtos nos
mais diferentes materiais fica no n° 844. Nela estão
expostas peças esculpidas em taguá, conhecido
como marfim vegetal, máscaras utilizadas em rituais e cestas da cultura indígena Emberá. Estas, de
tão perfeitas, mais parecem cerâmica.
Nas ruas vizinhas, vale incluir uma visita às tiendas El Farol, La Ronda e Arte Quetzal. Na sequência,
perto da Plaza de Francia, nas Bóvedas, sob um longo caramanchão com primaveras floridas, as índias
da etnia Kuna expõem suas mola - tecido feito com
tirinhas de pano colorido. No final desse prazeroso
roteiro, além de encontrar os melhores produtos,
o viajante terá aprendido muito sobre a rica arte
popular panamenha.
Canal do Panamá
O projeto francês previa sua construção nos moldes do Canal de Suez, inaugurado em 1869, ou
seja, uma grande escavação que uniria os oceanos
no mesmo nível. Em 1882, a Cia. Francesa iniciou
a obra que dez anos mais tarde renderia à França
notáveis recordes de fracasso.
Os americanos compraram dos franceses os direitos para a construção do Canal em 1901 e iniciaram
a obra dois anos mais tarde. Primeiro corrigiram a
rota e, depois, prevendo a impossibilidade de transpor a Cordilheira Continental, optaram por alagar
grandes áreas e utilizar um sistema de eclusas. A
Os panamenhos consideram o Canal do Panamá a
“Oitava Maravilha do Mundo”. Como obra de engenharia ele realmente impressiona. Ali os franceses
entraram em cena primeiro. O sucesso comercial e
financeiro da estrada de ferro construída no istmo
do Panamá em 1853, unindo os dois oceanos, levou
Ferdinand de Lesseps, construtor do Canal de Suez,
a obter da Colômbia (nessa época o Panamá era
território deste país), a autorização para construção de um canal marítimo com o mesmo objetivo.
A inauguração, em agosto de 1914
O Canal do Panamá
MTurismo
A travessia do cargueiro Anton, em agosto de
1914, após 10 anos de construção, inaugurou a
passagem marítima entre Atlântico e Pacífico,
não sem antes tirar a vida de mais de 6 mil trabalhadores. As características físicas dessa via
interoceânica impressionam pelos números.
Desde 15 de agosto de 1914, mais de 760 mil
embarcações cruzaram o Canal. O trajeto para
percorrer seus 80 km e três eclusas demora em
“O trajeto para percorrer seus
80 km e três eclusas demora
em média nove horas
média nove horas. Estradas vicinais permitem
observar todo o canal, os lagos artificiais e as
gigantescas comportas das eclusas. Pela história e pela geologia, um dos pontos mais interessantes é o Corte Culebra, atual Corte Gaillard, na
Cordilheira Continental. Essa parte tem 12 quilômetros de extensão em rocha sólida. A permanência dos americanos como administradores
do Canal terminou em 31 de dezembro de 1999.
Agenda de viagem
Como chegar: A viagem para o arquipélago passa invariavelmente pela Cidade do Panamá. A Copa Airlines (tel. 11/3549-2672 ou
0800-771-2672 - www.copaair.com) mantém
35 voos semanais a partir do Brasil: três diários
partindo de São Paulo (Guarulhos), um diário
do Rio de Janeiro (Galeão), além de quatro frequências semanais de Belo Horizonte e três de
Manaus. Os voos do Brasil ao Panamá duram
em média sete horas. Da capital panamenha, a
rota para San Blas é operada por companhias
aéreas regionais e dura em média 30 minutos.
Quem leva: A Flot Operadora Turística oferece pacotes para a Cidade do Panamá a partir de US$ 1.375 por pessoa em apartamento
duplo. A tarifa inclui passagens aéreas de ida
e volta, cinco noites de hospedagem em hotel de categoria turística (Country Inn Dorado
ou similar), café da manhã, traslados, city tour
e visita ao Canal do Panamá, além de cartão
de assistência (seguro viagem). O preço é válido de 1º de janeiro a 31 de março de 2011.
Onde ficar: Em San Blas, Hotel San Blas (507629-0613/ 280-6528), na ilha Nalunega, um dos
mais tradicionais do arquipélago, Kwadule Eco
Resort (507-269-6313), na ilha Kwadule, com cabanas confortáveis construídas sobre palafitas.
Ilha Kwadule
Da capital panamenha para San Blas, os voos
duram em média apenas 30 minutos
Os voos são mais confortáveis e menos burocráticos. Os passageiros não passam pela alfândega
nem pela imigração. Além disso, os passageiros
podem fazer compras no duty free mais barato
do mundo, situado no próprio Hub das Américas, no Aeroporto Internacional de Tocumen. As
tarifas custam a partir de US$ 893. As rotas são
operadas com modernos Boeing 737-700, com
capacidade para 124 passageiros - 12 na classe
executiva e 112 na econômica - e um sistema de
entretenimento com 12 canais de áudio e vídeo.
Dicas: Na gastronomia, o prato típico dos kuna é
o tulemasi: peixe cozido no leite de coco, acompanhado de arroz vermelho e mandioca. No artesanato local, as mola são produtos de excelente
qualidade e bom preço. Importante: as kuna não
gostam de ser fotografadas, mas por US$ 1, abrem
exceção. As moedas oficiais do Panamá são o
dólar americano e o balboa. O setor de Cartí é o
mais atrativo para visitantes por abrigar diversas
pequenas ilhas e corais. Visitar o museu local também é interessante para conhecer um pouco mais
sobre a cultura Kuna e comprar o artesanato local.
San Blas: turismo o ano inteiro
Aeroporto Internacional de Tocumen
Melhor época: as ilhas podem ser visitadas o ano todo, especialmente nos períodos
de janeiro a julho e outubro a dezembro. B
65 ∞ Mercado Janeiro 2011
MVeículos
O preço da
sustentabilidade
POR Jorge Alexandre Araújo | Editor
O Fusion Hybrid é recheado de novas tecnologias
verdes, mas o preço é elevado frente às versões
convencionais
Nos Estados Unidos, o Fusion Hybrid é o líder de vendas no segmento, com mais de 18
mil unidades comercializadas em 2010
Mercado Janeiro 2011 ∞ 66
O
s carros híbridos são
realidade em vários
países do mundo. No
Brasil, a história está
apenas começando.
Até o fim do ano passado, o Mercedes-Benz S400 era o único híbrido
no Brasil. Agora a Ford traz ao país
o Fusion Hybrid. Fabricado no México, o sedan chega ao Brasil sem
imposto de importação, já que existe um acordo bilateral entre os dois
países. Custa R$ 133.900. Se comparado a outras versões vendidas no
Brasil, o Hybrid não fica mais tão
atraente. A versão ecológica custa
R$ 58.000 a mais do que o modelo
de entrada, oferecido por R$ 75 mil
em concessionárias do Triângulo Mineiro. E é R$ 38 mil mais cara que
a versão V6, que tem embarcada um
pacote de itens de série e conforto
similares ao modelo ecológico. A
diferença para ter um veículo híbrido é elevada. Com esses números é
possível comprar um outro veículo
da montadora, como um Fiesta.
Desde 2003, a montadora fabrica
modelos híbridos nos Estados Unidos. No mercado ianque, o Fusion Hybrid é o líder de vendas no segmento,
com mais de 18 mil unidades comercializadas em 2010. Lá o preço parte
de US$ 28.825, cerca de R$ 50 mil.
O motor 2.5 da versão híbrida é similar ao que equipa a versão V6, a gasolina. A potência gerada é um pouco
inferior: 158 cavalos contra os 173 cv
do outro modelo. O torque também
é menor, gerando 18,04 kgfm contra
22,9 kgfm. Mas com o uso combinado com o propulsor elétrico o carro
pode atingir 193 cv de potência.
Como funciona
O motor a gasolina Duratec do
Fusion Hybrid faz parte de uma nova
geração de veículos prevista para os
próximos anos. Seu princípio básico
de funcionamento é o uso do motor elétrico nas situações de anda e
para ou em velocidades inferiores a
75 km/h. Quando precisa recarregar
a bateria automaticamente, ou em
condições de velocidades maiores, o
motor a gasolina entra em operação.
O motor 2.5 da versão híbrida é similar ao que equipa
a versão V6, a gasolina
Existem três tipos de propulsão
híbrida no mercado: micro, mild e
full. O Fusion é híbrido full (total),
ou seja, um veículo no qual o sistema de tração consegue operar no
modo puramente elétrico até a velocidade de 75 km/h.
A bateria de níquel-metal é recarregável pela própria ação energética do veículo, sem a necessidade
de ligações externas. O sistema de
freios é regenerativo e recupera até
94% da energia que normalmente seria perdida por atrito. Essa energia
recarrega a bateria. A transmissão
automática é continuamente variável (tipo e-CVT), com engrenagens
planetárias, o que torna as trocas do
motor elétrico para o de combustão
praticamente imperceptíveis.
O sistema elétrico do Ford Fusion
Hybrid funciona em alta tensão, de
275 V, com ligações protegidas por
isolamento e sinalização. Um conversor transforma essa energia em
12 V para alimentação dos faróis,
vidros e outros equipamentos. A tecnologia de segunda geração aplicada ao veículo permite uma eficiência
acima de 90% nessa conversão.
A bateria de níquel-metal - coração do sistema - foi desenvolvida em
parceria com a Sanyo, com tecnologia avançada para proporcionar efi-
ciência e grande durabilidade. Isso
é atestado pela garantia de 8 anos
oferecida para o equipamento.
Na prática, obtém-se um consumo médio de 12,18km/l na cidade
e estrada, de acordo com dados da
própria montadora, praticamente
o mesmo que um carro popular 1.0
básico, sem direção hidráulica e arcondicionado.
Equipamentos de série
O Ford Fusion Hybrid é disponível em versão única, completa. Ele
vem com: 7 air bags; transmissão
continuamente variável e-CVT; partida silenciosa; tomada de 110 V; teto
solar elétrico; abertura das portas
por teclas; acendimento automático dos faróis; controle eletrônico
de estabilidade AdvanceTrac; direção elétrica; espelhos retrovisores
elétricos, aquecidos e com luz de
aproximação; sistema de segurança “Personal Safety System”; piloto
automático; sistema SYNC multimídia com som Premium da Sony e 12
alto-falantes; sensor de pressão dos
pneus; banco do motorista elétrico
com 10 direções; chave configurável
MyKey; sistema de monitoramento
de pontos cegos e tráfego cruzado;
câmera de ré e sensor de chuva. A
67 ∞ Mercado Janeiro 2011
MVeículos
Direção elétrica; acendimento automático dos faróis; controle eletrônico de
estabilidade AdvanceTrac; espelhos retrovisores elétricos, aquecidos e com luz de
aproximação e 7 air bags estão entre o itens de série do Fusion Hybrid
Detalhes do Fusion Hybrid
•O
ar-condicionado elétrico,
ao contrário dos sistemas
comuns, não depende do
motor a gasolina para acionar o compressor, por isso
não tira potência da tração,
proporcionando menor consumo de combustível.
•O sistema sofisticado de
engrenagens permite uma
variação infinita na relação
de marchas de acordo com
o sentido de rotação dos
motores elétricos, que muda para tracionar as rodas ou para alimentar a bateria.
•Quando se tira o pé do acelerador e a velocidade do veículo é reduzida pelo freio-motor, essa força também é aproveitada para mover o gerador de eletricidade.
•O motor Duratec 2.5 de alumínio tem 16 válvulas com comando variável e usa o ciclo Atkinson, que mantém a válvula de admissão aberta por mais tempo, reduzindo o volume de ar no pistão.
•Os pneus de baixa resistência ao rolamento contribuem para aumentar a eficiência energética do Fusion
Hybrid.
•Ao ligar a chave, não se ouve nenhum barulho: apenas uma luz verde no painel indica que ele está pronto
para partir. B
Mercado Janeiro 2011 ∞ 68
MVeículos
O híbrido Prius Plug-in, que chega ao mercado no início de 2012
Toyota pretende lançar 11
novos modelos híbridos
Marca apresentou durante o Salão de Detroit duas
variações do Prius e anunciou início das vendas do
Prius Plug-in para o 1º semestre de 2012
B
ob Carter, vice-presidente da Toyota Division
(Toyota-EUA), anunciou
durante apresentação
no Salão Internacional
de Detroit (EUA) - que acontece de
15 a 23 de janeiro - que a Toyota lançará 11 novos veículos híbridos em
um prazo de 23 meses, sendo que,
desse total, sete modelos serão totalmente inéditos.
Carter também lembrou que há
21 anos, quando a Toyota introduziu o Prius no mercado dos Estados
Unidos, com o preço da gasolina em
baixa, alguns críticos chegaram a
afirmar que a introdução da tecnologia híbrida seria um “golpe de marketing” da marca.
“Com quase um milhão de unidades
vendidas na América do Norte nos últimos 10 anos, temos a consciência de
que somos a maior marca de veículos
híbridos. O Prius se tornou para os veMercado Janeiro 2011 ∞ 70
ículos híbridos o que a Levi’s é para os
jeans. Desde que o Prius estreou, 13
marcas de automóveis juntaram-se ao
mercado de híbridos, oferecendo uma
variedade de 30 modelos”, afirmou o
executivo em seu discurso.
Durante a coletiva de imprensa da
Toyota em Detroit, foi anunciada a introdução comercial do Prius Plug-in
para o primeiro semestre de 2012. O
veículo foi exibido como carro-con-
ceito no último Salão do Automóvel
de São Paulo.
Outra novidade foi a apresentação de duas derivações do Prius,
ainda como conceitos: O Prius C,
um compacto urbano com design
futurista, e o Prius V, uma versão
minivan do híbrido mais vendido
do mundo, que possui espaço para
carga 60% superior em comparação
com o Prius hatchback. B
O Prius V é a versão minivan do híbrido da Toyota
MBazar
Biomarine lança máscara para cílios
A Biomarine - grife de
dermocosméticos que
traz o glamour do caviar
em seus produtos - está
lançando a Effect Double Mask, máscara para
cílios que alia alongamento e volume dos pelos ao seu tratamento.
Effect Double Mask®
alonga e proporciona volume aos cílios, deixandoos extensos e definidos.
Sua escova tem dois lados: um que proporciona volume e outro que alonga. O
produto contém Follicusan, um bioativo que atua diretamente no folículo
piloso, normalizando e fortalecendo
o crescimento dos cílios. Disponível
na cor preta, a máscara é diferenciada
porque sua escova espalha uniformemente os cílios e distribui a quantidade
exata do produto, sem borrar ou deixar resíduos. Proporciona cor intensa
e efeito maquiagem imediato e duradouro, principalmente no uso diário.
Com caviar e Follicusan em sua fórmula, a
Effect Double Mask normaliza e fortalece o
crescimento dos pelos
Os produtos da linha make-up Biomarine são especiais porque têm funções que vão além da coloração. Todos eles trazem princípios ativos em
suas composições que têm funções
variadas, como a de tratar, hidratar,
combater radicais livres, preparar
a pele para receber maquiagem, reduzir linhas e marcas de expressão
e disfarçar imperfeições. Boa parte
dos produtos da linha make-up conta
com o glamour do caviar, um princípio ativo reconhecidamente hidratante, com alto poder de emoliência
e utilizado em grifes internacionais.
A Effect Double Mask é vendida
em todo o Brasil, nas melhores redes
de drogarias e perfumarias, ou pelo
televendas: (11) 4196-1500. O preço
sugerido do produto é de R$51,45.
Johnson cria linha Matrix
Livestrong de bicicletas Indoor
A bicicleta S-Series LS
apresenta o primeiro
guidão “drop” do
mercado, com design
exclusivo e único que
simula todas as técnicas
de ciclismo ao ar livre
em um ambiente indoor
Mercado Janeiro 2011 ∞ 72
A Johnson Health Tech lança a linha profissional de bicicleta Indoor
Matrix Livestrong. Os equipamentos são endossados pelo vencedor
do Tour de France por sete vezes,
Lance Armstrong. “A parceria entre
a JHT e a Livestrong nos permitiu
chamar atenção para a ideia de que
todos podem fazer a diferença na
luta contra o câncer, levando um estilo de vida mais ativo”, declara Kent
Stevens, vice-presidente executivo
de vendas da Matrix Fitness.
Inspiradas pelo super atleta e
vencedor da luta contra o câncer
Lance Armstrong, as bicicletas indoor E-series LS e S-Series LS oferecem desempenho de alta qualidade. Os equipamentos contam com
pedais duplos SPD, selim esportivo
confortável e roda de inércia de 18
kg precisamente balanceada para
um desempenho suave.
A bicicleta S-Series LS apresenta
o primeiro guidão “drop” do mercado, com design exclusivo e único que
simula todas as técnicas de ciclismo
ao ar livre em um ambiente indoor.
Ela também possui um computador
de bordo que eleva os treinos para
um nível superior e um suporte duplo para garrafas que mantém água
em local de fácil alcance.
O modelo E-Series LS combina
desempenho profissional e durabilidade com um preço excelente. Ele
também oferece ajustes simples que
agradam usuários de todas as idades
e níveis de experiência.
“Estamos orgulhosos de oferecer
as ferramentas fundamentais para
promover a saúde e o fitness e ao
mesmo tempo apoiar um movimento tão significante - cada compra de
equipamento Matrix Livestrong ajuda a garantir que o mínimo de US $ 4
milhões irá para a Livestrong e a luta
contra o câncer”, completa Stevens.
Brastemp lança linha retrô
No primeiro lançamento da marca em 2011, destaque para
refrigeradores e fogões com inovações do século 21 e todo o charme
dos anos 50
Agora, o consumidor Brastemp,
que está cada vez mais interessado
em imprimir sua personalidade em
produtos que ofereçam inovação e
estilo, encontra mais uma opção para
deixar a casa com a sua personalidade: a família Brastemp Retrô, que até
então possuía o Frigobar, conta agora com Refrigerador e Fogão.
Refrigerador
Numa mistura de traços clássicos e modernos, o novo refrigerador
Brastemp Retrô resgata verdadeiros
ícones da história da marca: o simpático esquimó da Brastemp no grafismo do painel; o alinhamento vintage,
tanto interno quanto externo com linhas mais curvas; os puxadores em
liga de alumínio cromado; e o logo
utilizado pela Brastemp nos anos 50.
Além do design inspirador, o produto
oferece a comodidade e a tecnologia
do século 21, como, por exemplo, o
controle eletrônico externo que facilita a escolha da temperatura e evita
a abertura da porta para fazer os ajustes, economizando energia elétrica.
Dentro de seus 352L de capacidade,
o compartimento ‘extra-frio’ guarda
espaço específico para um resfriamento mais rápido e o de ‘congelados
especiais’ reserva um lugar para os
produtos que precisam de um armazenamento específico. Preço sugerido: R$ 7.999.
cksplash (complemento decorativo
do fogão), grafismos e abas laterais,
que remetem à década de 50. O alinhamento do fogão 4 bocas segue o
mesmo estilo vintage do refrigerador,
inclusive com os detalhes cromados
e a figura do tradicional esquimó.Entre as facilidades estão a mega-chama (potência de 3,4 kw) e a função
grill (potência 1.600w), que auxiliam
na preparação de pratos. Já o timer
digital avisa quando o tempo de preparo chegou ao fim e as trempes de
ferro fundido esmaltadas e individuais facilitam a limpeza do aparelho.
Além disso, o fogão também é classe
A quando o assunto é consumo de
energia. Preço sugerido: R$ 3.999.
Fogão
A família Retrô Brastemp também ganha outro membro: o Fogão
Brastemp Retrô. O design traz a cara
do passado com a modernidade do
presente com elementos como o ba-
Minigeladeira Dynasty
Pode ser utilizada no carro, barco, iate, praia,
picnic ou pescarias
A minigeladeira Dynasty pode ser utilizada tanto na função refrigerar como na
função aquecer. Tem a vantagem de não
poluir, ser de pequeno volume, ser leve,
ser portátil, ter vida útil longa e consumir
pouca energia.
Pode ser utilizada em diferentes lugares
e ocasiões. Em casa, pode ser colocada no
quarto, na sala de jantar, na área de lazer
ou no bar.
E nas férias, quando as viagens se intensificam, ela pode ser utilizada no carro, em barcos e iates, idas a praias, picnics ou pescarias.
A minigeladeira Dynasty tem capacidade para 4,5 litros e pode ser encontrada nas
cores prata e branca. O preço sugerido é de
R$ 259. Mais informações (11) 2894-2222.
73 ∞ Mercado Janeiro 2011
MBazar
LG Optimus Black: o Smartphone
mais fino do mundo
Entrando na onda de lançamentos
de celulares Android, a LG apresentou em seu stand, na CES 2011, em
Las Vegas, o novo LG Optimus Black.
Carregado com a versão 2.2 do sistema operacional da Google (Froyo),
o smartphone da sul-coreana trás o
display NOVA, de 4 polegadas. Mas o
seu grande destaque é a espessura de
sua carcaça: apenas 9,2 milímetros.
A tal tela NOVA do LG Optimus
Black é uma das mais brilhantes do
mercado, oferecendo uma boa visibilidade até ao ar livre, em um dia
bem ensolarado. Comparado às telas
LCDs usadas nos smartphones touchscreen, como a do iPhone, a tela
da LG chega a economizar até 50% de
energia no consumo da bateria.
Apesar de portar a plataforma
Android 2.2, a LG garante que o hardware do Optimus Black é capaz de
suportar o upgrade para a versão 2.3,
também conhecida como Gingerbread. Tanto que, pensando nesta atualização, a sul-coreana embutiu uma
câmera frontal de 2 Megapixels - ao
contrário da usual câmera VGA - e
que após o upgrade dará aos usuários a capacidade de realizar video
chamadas com mais qualidade.
O Optimus Black vem com uma
bateria de 1500 mAh acoplada à
carcaça preta com design ultrafino
de apenas 9,2 mm de espessura; garantindo seu título de celular mais
fino do mundo. Além do hardware, o
smartphone possui um conjunto de
funções inteligentes em sua interface
- o Optimus 2.0 -, tal como a recémlançada tecnologia Wi-Fi Direct para
transferências de dados entre dispositivos móveis mais rápida ainda que
a disponibilizada pela função Wi-Fi
spot do Android 2.2.
O LG Optimus Black será lançado
O novo LG Optimus Black
Integra a Revolucionária
Tecnologia de Display
NOVA
globalmente no primeiro semestre
de 2011. Para mais informações e
imagens do produto, acesse o kit de
imprensa on-line da LG no www.lgnewsroom.com/CES2011.
Chega ao Brasil linha italiana
de porcelanato Mirage
Ligada às tendências do mercado internacional, a Revix acaba de
trazer para o Brasil os produtos da
terceira maior empresa de produção
de porcelanatos da Itália, a Mirage. A
sofisticada linha é exclusiva e pode
ser encontrada na Composé Revestimentos, Acabamentos e Planejados.
Com grande aprovação na área do
design e da construção civil, o porcelanato vendido pela Revix é referência mundial. O diferencial é que cada
peça é única, já que, através de dosagens específicas, elas podem ser produzidas com texturas não repetitivas,
superando as limitações tradicionais
da cerâmica decorada.
Toda série Mirage é confeccionada
nos mínimos detalhes. Para garantir a
Mercado Janeiro 2011 ∞ 74
economia do material e a responsabilidade com o meio ambiente, o porcelanato possui uma espessura mínima
de 4,8 mm, muito abaixo dos valores
produzidos no mercado. Ainda tomando cuidado com a natureza, os
produtos não emitem gases poluentes, nem quando expostos à chama.
Outro benefício da linha é sua forte resistência aos agentes externos,
que permite a longa duração e fácil
manutenção do material. Ela oferece
ainda aos clientes uma grande variedade de cores, texturas, tamanhos e
acabamentos. Apropriado para ser
cortado, perfurado e personalizado,
atende a qualquer projeto. O formato
90 x 90 cm custa entre R$ 199 e R$
390 o metro quadrado. B
O porcelanato Mirage é
produzido em textura
única, não repetitiva
MDica de Leitura
A ameaça da Terceira
Guerra Mundial
POR Barbara Ataide
Adrenalina do início ao fim, “À beira do apocalipse”,
de Tim LaHaye e Craig Parshall, reacende os temores
de um conflito nuclear
T
rilhando o mesmo caminho de sucesso da série de livros “Deixados
para trás” - que vendeu
mais de 70 milhões de
exemplares e foi publicada em mais
de trinta idiomas, além de ter sido
transformada numa trilogia para o
cinema -, Tim LaHaye lança “À beira do apocalipse”, primeiro livro de
uma nova série, publicado no Brasil
pela Thomas Nelson.
Neste novo thriller internacional,
Tim Lahaye e Craig Parshall criaram
uma trama carregada de suspense e
ação, tendo como pano de fundo a
crise econômica e política dos Estados Unidos e, consequentemente, de
todo o planeta.
Mercado Janeiro 2011 ∞ 76
Na história, o designer de armas e ex-espião norte-americano
Joshua Jordan desenvolve o mais
poderoso equipamento de defesa que o mundo já viu: o Retorno
ao Remetente, ou RTS. Por meio
dessa arma ainda experimental, os
norte-americanos serão capazes de
“devolver” um míssil lançado por
seu inimigo.
Em paralelo aos testes com a
nova arma, a Coreia do Norte aponta e lança um míssil para Nova
York, e Jordan tem pouco tempo
para acionar seu experimento e
salvar o país. Mas a crise política e
econômica em que se vê o governo
norte-americano cria diversos obstáculos para que o espião tenha êxito em sua missão.
A corrupção e o endividamento
causado pela escassez do mais importante recurso natural do mundo, o petróleo, faz com que o governo se empenhe em apoderar-se do RTS, o qual
pode ser usado como barganha para
resolver os problemas econômicos.
Lutando contra inimigos globais e nacionais, Jordan ainda cruza com a ameaça do fim dos tempos, previsto na Bíblia no livro do
Apocalipse, e com ataques terroristas que ecoam por todo o país.
Assim, Jordan arrisca sua vida em
situações incríveis em nome de
sua pátria.
Num futuro bastante próximo da
realidade atual, em que os Estados
Unidos enfrentam uma crise política e econômica e a Coreia do Norte
ameaça iniciar uma guerra, o perso-
nagem principal do livro tenta retomar a estabilidade do país, tendo
ainda de lidar com a possibilidade
bíblica do fim dos tempos.
“À beira do apocalipse” é um livro
para os fãs de thrillers políticos e
histórias épicas: não falta adrenalina
e emoção, suspense e ação. Publicada pela Thomas Nelson Brasil, é uma
obra atual, repleta de personagens e
questões que invadem o cotidiano,
trazendo à tona a realidade de uma
nação que vem perdendo sua hegemonia no mundo.
Os autores
Escritor, orador e pastor, Tim
LaHaye escreveu mais de sessenta livros, incluindo a série “Deixados para trás”, que esteve entre os
mais vendidos da lista do jornal
The New York Times, representando até hoje um grande fenômeno editorial. É autor ainda de
Jesus, publicado pela Thomas
Nelson Brasil.
Craig Parshall é vice-presidente
sênior e conselheiro geral da National Religious Broadcasters e autor
de sete romances de suspense campeões de venda.
Título: À beira do apocalipse
Autor (es): Tim LaHaye e Craig
Parshall
Editora: Thomas Nelson Brasil
ISBN: 9788578601393
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 424
Preço: 39,90 B
MColunaLiteratura
Das dificuldades
de se escrever
uma boa crônica
POR Kenia Maria
C
aros leitores, como
escrever é coisa difícil! Tinha razão
Carlos
Drummond
de Andrade quando
dizia que “Lutar com palavras é a
luta mais vã/ entanto lutamos mal
/rompe a manhã”.
A página está aqui, em branco,
absurda, lisa, deserta. O cronista
deve salpicá-la com letras pretas.
Mas não é um desenho aleatório.
Não adianta jogar e semear palavras como num poema dadaísta.
O cronista tem que ter assunto,
escrever com coerência, humor,
leveza, graça. O bom cronista precisa cativar, seduzir, narrar, hipnotizar. Escrever é saber contar uma
boa história ou refletir sobre algo
banal do cotidiano.
Creio que todos que escrevem
crônicas já se desesperaram no dia
em que se viram totalmente sem
assunto, sem história nenhuma,
sem ideias para transformá-las em
palavras. Mas, ironicamente, não
ter nada para contar é também um
tema bom para prosear.
Lembrei-me agora de uma interessante crônica de Drummond em
que ele dizia assim: “Chega um dia
de falta de assunto. Ou, mais propriamente, de falta de apetite para
os milhares de assuntos. Escrever é
triste. Impede a conjugação de tanMercado Janeiro 2011 ∞ 78
tos outros verbos.”
Curiosamente, ao relatar a angústia da falta do que escrever,
Drummond elabora um de seus
textos mais melancólicos e poéticos, afinal, diz ele, enquanto tentamos dolorosamente fixar o verbo no papel, deixamos de gozar
grande parte da vida, pois “lá fora
a vida estoura não só em bombas
como também em dádivas de toda
natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que
está de olho na maquininha”.
Clarice Lispector
Clarice Lispector é também autora que nos emociona ao tocar no
assunto da dificuldade de lutar com
as metáforas. No polêmico romance
“A hora da estrela”, travestida de
narrador masculino, ela nos surpreende com frases como esta: “Não,
não é fácil escrever. É duro como
quebrar rochas”.
Igualmente, para a desafiadora
poeta Hilda Hilst, escrever é também trabalho penoso, intricado, já
que nos dizeres desta autora “literatura não é distração, entretenimen-
Hilda Hilst
to. É uma coisa séria, que você vai
adquirindo. É dificílimo”.
Mas, talvez, mais difícil que escrever, reescrever e cortar palavras,
complicado mesmo seja adquirir o
poder de observação do mundo. O
bom cronista deve estar munido de
uma lupa que o fará enxergar pequenos detalhes da alma humana
que quase sempre escapam ao olhar
apressado e não poético do cotidiano. E quem melhor traduz essa lição da sensibilidade para enxergar
poesia no mundo é o admirável Fernando Sabino, que em um dado momento de seu belo texto “A última
crônica”, resume, de forma lúcida,
os difíceis embates entre a emoção
de ver e a razão ao escrever:
Sem mais nada
para contar, curvo
a cabeça e tomo
meu café,
enquanto o verso
do poeta se repete
na lembrança:
‘assim eu queria o
meu último poema’.
Não sou um
poeta e estou sem
assunto.
Lanço então um
último olhar fora de
mim,
onde vivem os
assuntos que
merecem uma
crônica
Escrever é também um jogo,
uma brincadeira de gente grande,
muitos plantam verbos e colhem
liberdades. Mesmo encarando
a escritura como objeto lúdico,
cabe ao autor escolher as peças
e desmontar esse afortunado
Fernando Sabino
passatempo da escrita, como se
pode ver em Manoel de Barros,
quando ele anuncia prazeroso:
Não gosto
de palavra
acostumada.
Palavra poética
tem que chegar
ao grau de
brinquedo para
ser séria
Há ainda outra questão que incomoda o cronista. Por que escrevemos? Com qual finalidade? Qual
Carlos Drummond de
Andrade
seria o motivo que moveria o artista
da palavra a gastar preciosas horas
a conjugar verbos, escolher substantivos, cortar adjetivos, entremear
vírgulas? Novamente é Clarice Lispector quem vem em nosso socorro,
tentando dar uma resposta plausível
à nossa angústia: “escrevo por não
ter nada a fazer no mundo: sobrei e
não há lugar no mundo para mim na
terra dos homens. Escrevo porque
sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me
ver ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria
simbolicamente todos os dias”.
Assim, tal qual Clarice e Xerazade, para não morrermos todos os
dias, continuamos a inventar histórias, a recontar o cotidiano, a fazer
rir e a fazer chorar. Inventamos personagens, causos, tragédias e comédias. Também rimamos e damos
o tom. Brincamos e sofremos. Emprestamos ritmos e música às palavras sonolentas do cotidiano cinza.
Deve ser por isso que é cada dia
mais difícil, mas também prazeroso,
fazer uma crônica.
Amigo leitor, desconfio de que,
finalmente, mais uma vez escrevi
uma crônica.
Kenia Maria de Almeida Pereira - doutora em Literatura
Manoel de Barros
Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre
literatura brasileira, dentre eles, Machado de Assis: outras faces,
publicado pela editora Aspecttus ([email protected])
79 ∞ Mercado Janeiro 2011
MProfissões em Filme
A rede social
POR Kelson Venâncio
Este mês a nossa coluna de cinema
é direcionada a pessoas ligadas na internet, especificamente nas redes de
relacionamentos virtuais que existem
por aí. E claro, aos curiosos que sempre ouviram falar que é possível fazer
amizades, namorar e até se casar com
alguém em consequência do uso de
um computador.
E para isso nada melhor que um
bom filme, ainda mais se for baseado
em uma história verídica. É exatamente o que acontece em “A rede social”,
produção que conta o que aconteceu
com os criadores da maior rede de
relacionamentos do mundo, o Facebook. E o melhor é que mesmo estando acostumados com tantos sites
assim, inclusive o que é a base para o
longa, milhares de pessoas ao redor do
mundo não sabiam que uma simples
página na web se tornaria o motivo
de muitas brigas judiciais, de acordos
milionários e deixaria bilionário um
jovem nerd de Harvard.
Mercado Janeiro 2011 ∞ 80
O filme não é especificamente sobre o Facebook, e sim sobre os fatos
e consequências causados pela sua
criação e sucesso. Logo no início da
projeção, nossos cérebros são bombardeados pelos primeiros minutos
de fala do personagem principal.
Sentado em um bar com sua namorada, Mark Zuckerberg só sabe falar
de assuntos relacionados a pessoas
com QIs mais avançados, de forma
tão rápida que se torna difícil até
mesmo acompanhar as legendas do
filme. Não se assuste com isso, pois
até mesmo a namorada do rapaz se
perde em meio a tanta informação
em um curto espaço de tempo. E o
filme começa a nos conquistar exatamente aí, nos minutos iniciais, pois
de cara somos apresentados a um
jovem gênio que tem muita inteligência, mas não sabe se relacionar bem
com as pessoas.
Napster e empresário que se aproveita
de jovens nerds como Mark Zuckerberg.
A direção de David Fincher (de “O
curioso caso de Benjamin Button”,
“Seven”, “Clube da luta” e “Zodíaco”)
é fantástica e pode ser considerada até
aqui, mesmo com tantos ótimos filmes
já feitos, talvez a melhor de sua carreira, já que ele consegue amarrar o ótimo
roteiro às sequências bem produzidas.
E por falar em roteiro, esse é o ponto forte da produção e que nos leva a
uma viagem em torno de um simples
e famoso site de relacionamentos que
por traz esconde uma grande história.
E o roteiro tem um desfecho interessantíssimo que não vou revelar, mas
dou a dica: quem é que nunca ficou
apertando a tecla F5 em um site de relacionamentos esperando algo?
Mas o mais interessante é parar e
imaginar, após assistir ao filme, como
é que a vida de uma pessoa pode mu-
Ficha Técnica
E neste comecinho de filme já dá
para perceber que o jovem ator Jesse
Eisenberg fará deste o melhor papel
de sua carreira até agora. Sem sombra
de dúvida esse jovem garoto deveria
concorrer ao prêmio de melhor ator no
Oscar 2011 por essa sua interpretação
memorável em “A rede social”. Mas não
é só ele que se destaca, Andrew Garfield
(o novo Homem-Aranha) já mostra por
que foi o novo eleito para interpretar os
próximos filmes do herói aracnídeo nas
telonas. O ator faz de Eduardo Severin,
melhor amigo (ou pior inimigo se preferir) de Mark, um ótimo complemento do
criador do Facebook. Se Mark não se dá
bem com as mulheres ou com os negócios, Severin faz as coisas acontecerem
nesse sentido. E para completar o elenco, que conta com essas jovens feras,
tem o cantor Justin Timberlake, com
mais uma ótima participação em filmes,
e que nesta produção interpreta Sean
Parker, o jovem ambicioso criador da
dar a partir do nada. Pense bem, um
jovem que não se dá bem em seus relacionamentos tem a ideia de criar um
site de relacionamentos virtuais e de
“zé ninguém” passa a ser o jovem mais
rico do mundo. Mark Zuckerberg parece que descontou a raiva de ter levado
um fora da namorada criando um site
que hoje é usado por 500 milhões de
pessoas em todo o mundo. Por causa
disso, hoje sua fortuna é estimada em
40 bilhões de dólares. E olha que o rapaz está apenas com 26 anos!
O filme “A rede social” foi o grande
vencedor do Globo de Ouro 2011. O
longa, que conta a história da origem
do site Facebook, ganhou os prêmios
de filme dramático, diretor (David Fincher), roteiro (Aaron Sorkin) e trilha
sonora (Atticus Ross e Trent Reznor,
líder da banda Nine Inch Nails). E com
isso passa a ser um dos fortes candidatos ao Oscar 2011, que acontece no dia
27 de fevereiro. B
Filme: A rede social
Título original: The social network
Duração: 190 minutos (3
horas e 10 minutos)
Gênero: drama
Direção: David Fincher
Ano: 2010/EUA
Elenco: Jesse Eisenberg
(Mark Zuckerberg), Andrew
Garfield (Eduardo Saverin),
Brenda Song (Christy Lee),
Justin Timberlake (Sean Parker), Rooney Mara (Erica),
Joseph Mazzello (Dustin
Moskovitz), Malese Jow (Alice), Shelby Young (K.C.)
Nota 10
Kelson Venâncio - jornalista e diretor do Cinema e Vídeo
www.cinemaevideo.com.br
81 ∞ Mercado Janeiro 2011
MSustentabilidade
Em busca de um
mundo melhor
POR Amanda Célio (Ares)
Marketing verde: empresas
e agências de publicidade se unem
pela sustentabilidade
S
ustentabilidade,
meio
ambiente e ecologia. Essas palavras remetem a
conceitos importantíssimos, que devem nortear
a conduta das pessoas de agora para
que as próximas gerações tenham a
chance de, como as de hoje, suprir
suas necessidades básicas e viver
com tranquilidade no planeta Terra.
Diante disso, discutir problemas ambientais, buscar soluções realistas e,
principalmente, agir são atualmente
questões de necessidade.
Esse é o pensamento da mestra
em Ecologia Neiva Antunes, para
quem é imprescindível mudar a
forma como as pessoas se comportam atualmente. “Sustentabilidade
não pode ser só uma palavra ‘da
moda’, tem que ser uma atitude,
uma mudança de comportamento.
As pessoas se preocupam muito
com o reciclar, reutilizar, reinventar e se esquecem da palavra mais
importante: reduzir. Precisamos
reduzir o consumo para que tenhamos menos a reciclar, menos a
reutilizar, a reinventar”, reforça a
ecóloga uberlandense.
Como uma luz no fim do túnel,
está surgindo em todas as áreas de
atuação a preocupação com esse
futuro incerto. As empresas apostam todas as suas cartas no marketing verde de diversas formas, e os
publicitários usam a criatividade e
abusam dela para criar campanhas
que despertem a atenção e conscientizem a população de que é preciso
preservar as riquezas naturais do
Mercado Janeiro 2011 ∞ 82
planeta e se elas tiverem que ser usadas, que seja de forma racional. É
nesse sentido que o marketing verde
se tornou uma importante ferramenta, capaz de projetar e sustentar a
imagem de uma empresa e de atingir
um grande público com mensagens
de conscientização e responsabilidade ambiental.
Na opinião de Thales Schmidt, diretor de atendimento e planejamento de uma agência publicitária de
Uberlândia, mais do que demandar
peças de comunicação que atendam
a diretrizes da sustentabilidade, os
anunciantes mais conscientes vão
exigir em pouco tempo que as próprias agências adotem um processo
de gestão sustentável, em seu sentido mais amplo. “O que preocupa é
que poucos empresários do nosso
ramo têm pensado nisso. O que hoje
ainda é um diferencial, amanhã será
requisito básico”, afirma o empresário do meio publicitário.
Mas já existem agências publici-
tárias de Uberlândia preocupadas
com o meio ambiente, umas inclusive já estão literalmente apoiando
e incentivando ações de conscientização relativas à sustentabilidade.
A redatora de uma dessas agências,
Daniela Borges, que tem em seu portfólio clientes que trabalham diretamente com a exploração da terra e
outros com o setor educacional, dá
a sua explicação: “Em datas especiais fazemos questão de dar a nossa
colaboração com peças de incentivo
e procuramos também ter atitudes
sustentáveis em nosso ambiente de
trabalho. Acreditamos que se cada
um fizer a sua parte teremos muito
mais futuro pela frente, e com qualidade de vida”.
Entre os clientes da agência onde
trabalha Daniela Borges está o Colégio Nacional, que desenvolve o projeto Educação para a Sustentabilidade, que visa a contribuir para que o
aluno seja capaz de problematizar e
transformar seu espaço e a realidade
socioambiental do sistema do qual
faz parte. Segundo a coordenadora
de projetos especiais Sandra Nunes,
em 25 anos de fundação, o colégio
sempre se preocupou com questões
ligadas ao meio ambiente. “A nossa
instituição trabalha há mais de duas
décadas ligada à sustentabilidade,
formando verdadeiros cidadãos que
tenham o máximo de conhecimento
sobre o tema e que estejam prontos
para usá-lo em seu cotidiano, visando a ajudar a sociedade e o mundo
em que vivem”, explica.
Enfim, diante dessas opiniões
e exemplos, seja reduzindo, reciclando, reutilizando, reinventando
ou simplesmente conscientizando,
cada um deve se engajar na batalha
por um mundo melhor. O importante
é tomar atitudes para que as próximas gerações tenham, se possível,
um planeta ainda mais bonito, preservado e justo do que este que encontramos hoje. B
Abigraf vai premiar
empresas sustentáveis
Estão abertas as inscrições para o 2º Prêmio Abigraf
de Responsabilidade Socioambiental
A
premiação, instituída em 2009 pela Abigraf Nacional
(Associação Brasileira da Indústria Gráfica), contempla as
categorias de “Responsabilidade Ambiental”, que reconhece
o mérito de ações ou conjunto de iniciativas a partir do uso
de tecnologias, métodos ou processos na área ambiental; e
“Responsabilidade Social”, que premia intervenções externas, isoladas
ou conjuntas das empresas gráficas nos campos educacional, cultural e
esportivo, na inclusão social, na iniciação profissional ou nas campanhas
em prol da melhoria das comunidades.
Podem inscrever-se para o prêmio empresas gráficas instaladas em
território brasileiro, associadas às Abigraf´s regionais e que estejam em
dia com todas as suas obrigações com a entidade. Cada empresa poderá
inscrever apenas um trabalho em cada categoria.
O regulamento do 2º Prêmio Abigraf de Responsabilidade Socioambiental
está disponível no site www.premiosocioambiental.org.br
As inscrições vão até o dia 18 de abril. A cerimônia de entrega do prêmio aos vencedores será realizada na
Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo, em 7 de junho de 2011, na Semana do Meio Ambiente.
Mais informações pelo e-mail [email protected] ou telefone (11) 3232-4500. B
Este espaço se reserva a notícias e/ou projetos socioambientais. O conteúdo aqui publicado é de responsabilidade do CINTAP, através do
Eco Instituto INDERC, mas está aberto também para outras pessoas, empresas ou instituições que queiram divulgar assuntos pertinentes ao
seu propósito. Informações com Daniela Dias, gerente de Projetos do Eco Instituto INDERC, através do telefone 34 3230 5200 ou do e-mail
[email protected]. Acesse: www.inderc.org.br e siga: www.twitter.com/cintap2010 - www.twitter.com/ecoinstituto
MPonto de Vista
Risco de
desindustrialização
O deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB/ES) deu o alerta sobre a
possibilidade de o Brasil enfrentar uma crise em suas contas externas nos
próximos anos, devido ao processo de desindustrialização instalado no
país. Para o parlamentar, que também é economista, medidas estruturais
precisam ser adotadas o quanto antes para frear o ritmo de desaceleração
da indústria no país. No ano passado, o setor amargou o pior rombo da sua história nas trocas com o exterior.
O déficit da indústria da transformação (que converte as matérias-primas em insumos e produtos acabados)
atingiu o recorde de US$ 37 bilhões, 125% acima do saldo negativo obtido em 2009, segundo cálculo da Secretaria
de Desenvolvimento da Produção, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Se forem excluídos itens com pouco grau de transformação como aço, açúcar ou celulose e considerados apenas os produtos
manufaturados, a queda foi de US$ 70,9 bilhões em 2010.
Para Vellozo Lucas, esse é um fenômeno novo, no qual a indústria passa a ter menos participação no Produto
Interno Bruto (PIB) e as commodities se tornam responsáveis pelo equilíbrio das contas externas. “Essa situação
de déficit no setor de produtos industrializados crescente dessa maneira é algo absolutamente insustentável e levará o Brasil a uma crise na balança de pagamentos e de confiança dos mercados na economia brasileira”, avisou
o parlamentar/economista.
Por conta dessa situação, o questionamento aos membros do G7 para a edição de janeiro da Mercado é o seguinte: quais são os principais vilões que levaram o país a essa situação e qual ou quais as soluções plausíveis de serem
adotadas para evitar esse “caos” na economia brasileira? Com a palavra, o G7...
(*) A ONG G7 - Grupo dos Sete - é formada por sete das mais representativas instituições sociais ativas na
região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. São elas: ACIUB - Associação Comercial e Industrial de Uberlândia,
CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia, Conselho de Veneráveis do Triângulo, FIEMG Regional Vale
do Paranaíba/CINTAP - Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo, OAB/MG 13ª Subseccional de
Uberlândia, SRU - Sindicato Rural de Uberlândia e SMU - Sociedade Médica de Uberlândia.
Estudos realizados em torno do
setor industrial brasileiro mostram
que o país vive um evidente processo de desindustrialização, sendo vários os fatores que culminaram nesta
realidade. Entre os principais, destaco a falta de incentivo à inovação
e pesquisa, a não desoneração dos
custos e dos impostos em investiMercado Janeiro 2011 ∞ 84
mentos e em novos produtos, maquinários e plantas industriais. Somamse a isso os juros altos, o câmbio
valorizado e os encargos sociais na
folha de pagamento. Enfim, o governo brasileiro precisa perceber
que estamos caminhando para uma
situação de paralisia, motivada tanto
pela crise cambial como pela ausência de reformas que, caso não sejam
adotadas, farão com que as nossas
indústrias percam cada vez mais
mercado, ocasionando demissão em
massa, incluindo mão de obra qualificada e, logicamente, o fechamento
de diversos setores estratégicos para
a economia do país, como ocorreu
no passado com os setores naval,
farmacêutico, dentre outros.
Porém, há de se manter a fé no
governo Dilma, que tem como ministro de Desenvolvimento Econômico o mineiro Fernando Pimentel,
um economista e empresário que
tem condições de tornar evidente essa realidade e reunir todas as
forças necessárias do governo para
tentar salvar a Indústria Nacional,
livrando-nos dessa “pecha” de que
somos um país de terceiro mundo.
Continuação
No final do ano passado, até
mesmo autoridades do Ministério da Fazenda admitiram a possibilidade de o Governo ter que
enfrentar um processo de desindustrialização no país. Os primeiros sinais da desindustrialização
ocorreram em um levantamento
feito pelo IBGE, segundo o qual
o percentual de matérias-primas
importadas na fabricação de eletroeletrônicos na Zona Franca de
Manaus subiu de 74% para 80%. As
indústrias desse setor no Brasil
sofreram com a queda nas exportações, em parte motivada pela
valorização do real. As indústrias
brasileiras continuaram a exportar para a Argentina, México,
Colômbia, mas perderam parte
do mercado na União Européia e
nos Estados Unidos. O Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior chegou a admitir que havia indícios de que o
Brasil passava por um processo
de desindustrialização. A maior
preocupação do governo foi que
a substituição da produção local
pelos importados desequilibrasse as contas externas do país.
Alguns setores da indústria nacional aumentaram muito as importações, com destaque para a
indústria siderúrgica. No campo
dos manufaturados, as exportações nacionais perderam competitividade, segundo o IBGE.
A diferencia cambial tem desestimulado drasticamente a indústria, não apenas a nacional, a
de vários países do mundo, e feito
com que grande parte dos empresários do setor deixem de reinvestir no seu parque fabril, que
poderá acabar sucateado. Curiosamente, as empresas industriais
nacionais se veem diante de uma
oportunidade única para comprar
produtos direto de países como
a China, por preço inferior ao da
própria produção. Assim, num
amanhã muito próximo, quando
já estivermos com nossa economia embasada nas importações,
com nossas fábricas todas desativadas, quem garante que os fabricantes estrangeiros manterão
os preços baixos como estão? E
quem estará coordenando os preços mundiais? Assim, temos que
ter a consciência dos efeitos reversos que as taxas cambiais podem nos proporcionar num futuro
muito próximo.
Estamos vivenciando de forma
bastante acelerada a desindustrialização no Brasil. Diante de tantos
desafios/oportunidades, o Governo
Federal, assim como os governos
estaduais, têm estado ausentes, observando como meros espectadores o enfraquecimento da indústria
nacional. Implementar ações que
objetivem o aproveitamento destes
desafios, dentre outros, é o principal
papel das instituições governamen-
tais, principalmente por ser o Brasil
um dos países emergentes que mais
cresce no mundo globalizado.
Na medida em que a economia
nacional corre sérios riscos em
não oportunizar a industrialização,
aproveitando os manufaturados
de maior valor agregado, fortalece
a concorrência externa, o que passa a representar risco de redução
dos empregos e consequentemente da renda da família brasileira,
que tem sido a grande alavanca do
consumo interno no Brasil.
Portanto, é necessário que o Estado ajude a indústria brasileira a
se inserir em um outro patamar de
competitividade, alinhada com as
instituições empresariais, venha a
debater se o fenômeno em curso é
um resultado natural do estágio de
desenvolvimento da economia ou
se é a consequência das políticas
macroeconômicas adotadas nos últimos anos.
Uma nação que se conforma
com a posição de simplesmente ser
produtor de commodities e deixa
de aproveitar o mercado interno
que tem para fortalecer sua indústria está legando às gerações futuras mais problemas que soluções.
Esta situação é o
reflexo de uma política de concessões
que foi adotada pelo
governo Lula nos
dois mandatos que,
para fortalecer sua imagem pessoal e de grande estadista, ofereceu
benefícios em acordos comerciais
firmados com outros países, que
resultaram em prejuízos inestimáveis para a nossa indústria bem
como para o setor agropecuário brasileiro. Enquanto lá fora a
matéria prima que fornecemos é
usada para fortalecer a indústria
e gerar empregos e renda agregados, nós nos vemos com este saldo negativo na nossa indústria de
transformação, que hoje atinge a
casa dos 125%.
Esta situação seria ainda muito
pior, não fosse a participação do
segmento agropecuário, que hoje
responde por 1/3 do PIB brasileiro
e contribui de forma decisiva para o
equilíbrio e até mesmo o superávit
da nossa balança de pagamentos, o
que nos permitiu zerar a nossa inflação, prática considerada impossível
até mesmo pelo Banco Mundial.
Mas tudo isso só foi possível
graças ao setor produtivo agropecuário, uma vez que o item alimentação é o que mais pesa na composição da inflação.
Hoje o alimento tem uma importância estratégica, maior até que os
grandes arsenais bélicos dos países
industrializados, pois nenhum governo consegue administrar crises se
seu povo estiver passando fome. B
Obs: Até o fechamento desta edição, os responsáveis pelas demais instituições que congregam o G7, ou suas respectivas assessorias de imprensa, não haviam enviado cada um a sua resposta.
85 ∞ Mercado Janeiro 2011
MCausosEmpesariais
Ana
e o Rei
(A Arte de Liderar I)
POR Nege Calil*
L
iderar é a capacidade de
inspirar pessoas, trabalhar em equipe e encorajar atitudes éticas e
focadas nos objetivos
organizacionais. Fácil no conceito,
difícil na prática; todavia, factível.
Trata-se de uma atividade perene, que passa pela arte e pela ciência de conduzir pessoas a bons
resultados e à realização profissional, educando constantemente
cada indivíduo e, concomitantemente, o grupo. Basta que um elemento saia ou entre e a dinâmica
se torna outra. Afinal, seres humanos são assim: diante do mesmo
ambiente e dos mesmos estímulos
é perfeitamente possível nos depararmos com respostas diferentes.
E cabe ao líder ser o ponto de equilíbrio desta seara!
Isso me lembra o “causo” de
Ana e Henrique. Conheci ambos
no início dos anos 90, quando ainda trabalhavam numa grande multinacional em São Paulo.
Ele, extremamente defensor
dos interesses da empresa, focado
em resultados a qualquer custo.
Rapaz novo, com pouca experiência, trazia consigo a mensagem
verbal e comportamental de total
desconhecimento sobre como gente funciona.
Ela, também muito competenMercado Janeiro 2011 ∞ 86
te, costumava rir de seus próprios
problemas, ironizando suas aflições como forma de atenuá-las.
Bonita em sua juventude, exibia
com orgulho as fotos de quando
foi miss em sua cidade natal, no
interior de Minas. Vinte anos mais
velha renderam-lhe vinte quilos a
mais, que segundo a versão dela,
tornaram-na uma “miss tura”. Por
trás desse comportamento bonachão, reinava um poço de insegurança. Excelente profissional, era
querida por muitos na empresa,
fossem de seu departamento ou
não. Seu líder anterior a Henrique sabia ler com precisão seu
mecanismo funcional: eficaz nos
resultados, leve nas relações, tinha necessidade constante de ser
reconhecida para manter-se equilibrada. E com o apoio dele, ela progrediu muito na carreira.
Esse líder se aposentou no
mesmo mês em que seu marido
a abandonou. Tão logo Henrique
assumiu a equipe, oriundo de outra filial, a mudança de cultura foi
percebida como uma bomba. Dos
quinze membros da equipe, apenas
dois se identificaram rapidamente com o estilo dele. Três não se
adaptaram e pediram demissão.
Os demais lutaram bravamente
para entender o novo contexto e
manterem o emprego numa época
de economia difícil.
Ana estava entre esses últimos
e, curiosamente, seu comportamento mudou muito. Com nenhum
feedback sobre seu trabalho, sua
insegurança transbordou em atitudes tensas e, por vezes, arredias.
Angustiada por mostrar resultados, e com dificuldade de encarar
seus problemas pessoais reforçados com a separação, tornou-se
workaholic. Chegou a virar noites
no escritório, defendendo a busca
por uma perfeição imaginária.
Sua salvação veio através de
uma situação inusitada. Esgotada
fisicamente, ao entrar no banheiro
para urinar, sentou-se no vaso sanitário, recostou a cabeça em uma
das paredes laterais do reservado
e adormeceu. Aos poucos foi deslizando para frente e ficou com a
cabeça no canto entre a porta e a
lateral. O sono se tornou pesado e
seu ronco se misturou a gemidos
agudos e intensos que assustaram
algumas colegas de trabalho. As
mais afoitas arrombaram a porta, convictas de que precisavam
socorrê-la. Surpreendida pelo barulho, pela invasão e pela pancada na cabeça, aceitou de imediato
a tese de que passara mal, a fim
de diminuir o vexame que sentira. Feitos os primeiros socorros
no ambulatório da empresa, sem
qualquer indício de um mal estar
físico, o médico foi taxativo: estresse. Ana foi afastada por alguns
dias e a notícia foi o estopim das
mudanças necessárias à liderança
de Henrique.
Ele mostrou-se surpreso com o
afastamento de Ana. Ao conversar
com a analista de RH, elogiou o
desempenho dela, afirmou categoricamente que ela estava entre
os melhores profissionais com os
quais trabalhou. A pergunta da
analista deixou Henrique reflexivo
por dias:
- Quantas vezes você disse isso
a ela?
Henrique acreditava que isso
era desnecessário. Seus dois únicos líderes lhe ensinaram que cada
um deve buscar sua motivação e
aperfeiçoamento e que o papel do
líder é cobrar resultados. Correto
este pensamento, mas muito incompleto! Pessoas são de fato responsáveis por suas carreiras, mas
precisam de feedbacks que reforcem os bons desempenhos e orientem nas decisões erradas. Necessitam de ser tratadas conforme sua
personalidade; alguns precisam de
desafios, outros, de ordens, e Ana,
de elogios.
O líder é aquele que deve entender qual o melhor estímulo para
cada profissional de sua equipe,
consciente de que o resultado é
consequência dessa sua atitude. É
o que ensina, mostra, acompanha,
encaminha para estudos e treinos e vibra com os desempenhos.
Precisa entender de gente, saber
como funcionam as pessoas com
as quais trabalha, compreender
seus diferentes momentos e fases
da vida.
Para sorte de Ana, Henrique se
dispôs a aprender a liderar. Inteligente, percebeu que sua estratégia não iria gerar frutos por muito
tempo. Ana foi o “primeiro parafuso que espanou” e, naturalmente,
outros apresentariam problemas
semelhantes cedo ou tarde.
Com o apoio da analista de
RH, descobriu que seu apelido
era “Henrique VIII”, numa alusão
ao monarca inglês conhecido por
seus atos absolutistas. Era percebido como um jovem mimado, que
não se importava com ninguém, só
com os números. Curiosamente,
seu time começara a se moldar a
esse formato. Descobriu que desde a sua vinda, sua equipe passou
a ser percebida por outros setores
como antipática, sisuda, contrariando os valores da empresa. O
alto escalão já mostrava sinais de
preocupação: os resultados estavam bons, mas a que preço?
Erroneamente, muitos líderes
ainda se pautam na ideia de que
o grupo deve se adaptar aos seus
estilos. Quando isso não acontece,
o primeiro impulso é trocar as pessoas, esquecendo-se de que demissão é caro para a empresa, tanto
economica quanto emocionalmente. Muitas organizações perdem
rios de dinheiro ao disponibilizarem seus talentos ao mercado por
não saberem conduzi-los adequadamente. Desligamentos devem
ser a última opção. B
Nege Calil
é consultor e especialista em gestão
de pessoas
[email protected]
87 ∞ Mercado Janeiro 2011
MGeral
CNA estima crescimento para
o agronegócio
A estimativa da instituição é que o PIB do setor cresça
entre 3,5% e 4% em 2011
DA Redação
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio
deve crescer entre 3,5% e 4% em 2011, previsão
que, se confirmada, consolida a recuperação da
atividade após queda de 5,51% do PIB em 2009,
quando o resultado foi influenciado pela crise
financeira internacional. Em 2010, as projeções
indicam crescimento de 7% do PIB do setor, previsão que considera o resultado acumulado até
outubro, que mostra crescimento de 4,67%.
Mercado Janeiro 2011 ∞ 88
Em outubro, o crescimento do PIB do agronegócio foi de 0,79%, de acordo com estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).
A superintendente técnica da CNA, Rosemeire
Cristina dos Santos, ressalta, no entanto, que
a confirmação da previsão de crescimento do
PIB em 2011 depende do tamanho da safra
2010/2011, cuja colheita já começou no Estado
do Mato Grosso. A CNA estima que a produção
nacional será de 151 milhões de toneladas, volume superior ao colhido em 2010, de 149,25
milhões de toneladas.
A confirmação da estimativa para esta safra
vai depender das condições climáticas durante
o período de colheita. “O clima é, neste momento, a grande preocupação dos produtores rurais.
Por enquanto, as chuvas estão concentradas em
algumas regiões, mas a situação pode mudar até
o final do período de colheita da safra de verão,
no mês de maio”, explica a superintendente.
O estudo elaborado pela CNA e pelo Cepea
mostra que a produção em alta e a recuperação dos preços melhoraram a rentabilidade dos
segmentos em 2010, com ênfase para o básico
(produção na propriedade rural), que acumulou,
até outubro, expansão de 4,22%. A indústria se
manteve na dianteira e, até outubro, acumulou
crescimento de 6,55%. O segmento de insumos
seguiu se recuperando, mas ainda registrou perdas no acumulado de 2010.
De acordo com dados da Superintendência
Técnica da CNA, os custos de produção caíram
em 2010, o que favoreceu o resultado positivo do
segmento básico. Na média, o custo caiu para R$
950,00 por hectare em 2010, contra R$ 1.150,00
por hectare em 2009, redução que garantiu uma
renda um pouco melhor para os agricultores. A
íntegra do estudo da CNA/Cepea se encontra no
Canal do Produtor – www.canaldoprodutor.com.br.
Governo pode rever limites
para antenas de rádios
comunitárias
Atualmente, a potência das rádios é limitada em 25 watts
e a antena não pode superar 30 metros de altura
DA Agência Brasil
O secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cézar Alvarez, esteve reunido no dia 22 de
janeiro com representantes da Associação Brasileira
de Radiodifusão Comunitária (Abraço) para discutir
reivindicações do setor. Alvarez tomou conhecimento
das principais questões levantadas no 7º Congresso
Nacional da Abraço, que ocorreu na mesma semana
em Brasília. Entre as reivindicações, pedidos de ampliação da potência e mais altura das antenas para as
rádios comunitárias.
Foi a primeira vez em 14 anos que o governo federal estabeleceu um canal de diálogo com a associação
e o tom foi de conciliação. “Há uma determinação expressa da presidenta Dilma Rousseff ao ministro - do
Planejamento - Paulo Bernardo no sentido de trabalhar a relação com rádios comunitárias - com a Abraço em particular como uma das maiores (entidades
representativas) do setor - dentro de uma qualificação
da radiodifusão como um todo”, disse Alvarez.
O secretário garantiu que as rádios comunitárias
terão espaço no Ministério das Comunicações, mas
não definiu nada sobre a criação de uma subsecretaria para atender o setor. A proposta de criação de uma
subsecretaria foi aprovada na 1ª Conferência Nacional
de Comunicação (Confecom), em dezembro de 2009.
Apesar da indefinição quanto à subsecretaria,
Alvarez garantiu que os radiodifusores comunitários terão espaço na elaboração do marco regulatório da comunicação. “Ele ainda está em fase de
estudo no Executivo e ainda tem muitas etapas de
debate com a sociedade e com o Legislativo antes
de ser implementado”.
Uma das principais reivindicações que surgiram
durante a reunião é o tratamento diferenciado da potência e da altura das antenas das rádios comunitárias, atendendo a variações urbanísticas e de relevo
das cidades. Segundo a Lei da Radiodifusão Comunitária, a potência das rádios é limitada em 25 watts
e a antena não pode superar 30 metros de altura. A
Abraço pede uma potência dez vezes maior. Alvarez
admitiu que a questão pode ser discutida. “Temos que
trabalhar com essa questão da diversidade social e regional do Brasil”, afirmou.
O secretário executivo do
Ministério das Comunicações,
Cézar Alvarez, confirmou a
intenção do governo de rever a
relação com as rádios comunitárias
Os representantes da Abraço também cobraram
medidas para que a verba de publicidade do governo
também seja distribuída às rádios. O representante do
ministério disse não ter uma posição sobre o assunto,
mas prometeu estudá-lo.
Entre as reivindicações estão ainda a discriminalização das rádios comunitárias, o fim das ações de
agentes de fiscalização e policiais nas emissoras e
anistia de multas e, também, para quem foi condenado por botar no ar uma rádio sem amparo legal.
“No Rio de Janeiro, é preciso deixar de tratar as rádios comunitárias em favelas como se estivessem a
serviço dos traficantes”, disse o delegado fluminense
Adel Moura.
O secretário executivo do ministério pediu que as
denúncias sejam relatadas com documentação completa para averiguação de responsabilidades. Uma
nova reunião com os radiodifusores comunitários
deve acontecer em 30 dias.
MGeral
Especialista alerta sobre peso
da mochila escolar
Nesta época ou em qualquer outra do ano, ela deve ser
alvo de preocupação entre pais e professores
POR Anderson Silva (Serifa)
O peso excessivo das mochilas escolares com
material desnecessário, assim como o reaproveitamento das “do ano passado”, que inclui o preenchimento das alças com espuma, entre outras coisas,
pode se tornar uma verdadeira dor de cabeça para os
pais em relação aos filhos em idade escolar, segundo
o ortopedista pediátrico do Hospital Orthomed Center, Celso Santos. Segundo ele, o excesso de peso
ou a mochila inadequada podem provocar dores na
região lombar, baixo rendimento durante as aulas e
irritabilidade no período escolar. “São os principais
sintomas que devem ser observados. No mais são
inúmeras as doenças que podem afetar uma criança
ou jovem que utiliza a mochila inadequadamente ou
acima do peso”, diz o ortopedista.
Com relação ao tipo adequado de mochila, a
Academia Americana de Pediatria fala que o modelo
deve ter tiras largas e acolchoadas, contar com duas
alças, possuir acolchoamento posterior e ser confeccionada com material o mais leve possível. Além disso, de acordo com Celso Santos, o assessório deve
ser proporcional ao tamanho da criança para que
possa permitir o seu ajuste perfeito à coluna, sem
folga. “Vale lembrar que quando a mochila não está
presa ao corpo, requer que o tronco vá para trás e
força os músculos da criança, fazendo com que ela
curve os ombros para facilitar o equilíbrio”, ressalta.
Já as mochilas de rodinhas pedem cuidado com
o comprimento do puxador. Segundo o ortopedista, a criança tem que ficar com a coluna retinha e
não curvada para alcançá-la, porque uma alça mal
regulada sobrecarrega os joelhos e o quadril, o que
pode causar inflamações e muitas dores no período
de crescimento.
Peso ideal - Segundo o médico, o peso da mochila
deve estar entre 10 e 20% do peso corporal da criança. Celso Eduardo também ressalta que organizar a
mochila - utilizando todos os seus compartimentos
de modo que os objetos mais pesados se encontrem
no centro dela e mais próximos das costas - é uma
forma de prevenir problemas futuros. “Se a criança
tem 40 quilos, a mochila deve ter no máximo cinco
quilos. Mas o que realmente vale é a conscientização”, enfatiza.
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Crianças já afetadas - No caso de lesões causadas por mochilas pesadas, segundo o ortopedista, a
solução é fisioterapia, RPG, natação, alongamentos
musculares, exercícios físicos e orientações posturais. O médico alerta para que os pais fiquem atentos,
já que cada caso tem um cuidado diferente. “Os pais
devem levar os filhos a um ortopedista o quanto antes. Só ele poderá indicar o melhor tratamento. Cuidando do peso da mochila de seu filho, você estará
garantindo a saúde dele hoje e no futuro. Adotando
regras simples podemos evitar dores nas costas na
fase adulta”, adverte.
Pelé Club ganha franquia em Uberlândia
Segunda unidade da academia
em Minas Gerais vai funcionar
no Center Shopping
POR Flávia Ferraz (GA)
A Pelé Club, academia que leva o nome do maior
ícone do futebol brasileiro e é sinônimo de sucesso em franquias do gênero, prepara-se para abrir a
quarta unidade da rede e a segunda no estado de
Minas, dessa vez em Uberlândia.
Em abril de 2010, o empresário Lucas de Oliveira Moreira adquiriu direito exclusivo da franquia da
rede em Belo Horizonte. A primeira loja funciona no
bairro Sion, região sul da capital.
Moreira agora comanda a construção da unidade de Uberlândia, localizada na área de expansão
do Center Shopping (piso E3). O local terá 1.030 m²,
divididos em salão de musculação, com 400 m²; sala
de ginástica, com 85 m²; estúdio de pilates; sala bike
para 30 bicicletas e amplos vestiários, podendo receber até 1.200 alunos.
O investimento para a abertura dessa unidade
deve girar em torno de R$ 4 milhões, a serem recuperados em cerca de 36 meses. “É um mercado que
dá retorno de até 30% ao ano, mas depende de bons
profissionais, suporte técnico, tecnologia e gestão”,
afirma o empreendedor que deve inaugurar a Pelé
Club Uberlândia com a presença de Pelé, em março
de 2011.
O Negócio - A Pelé Club nasceu no ano de 2005,
em São Paulo, onde está localizada sua primeira unidade instalada. Com investimento inicial alto e a forte
parceria com o atleta do século, a Pelé Club marcou
o início das atividades de expansão da empresa em
Gustavo Bicalho) legenda: Maquete
eletrônica: vista parcial da Pelé Club
em Uberlândia
2010, inaugurando uma unidade em Belo Horizonte e
outra em Belém (PA). Na capital paraense, o resultado
superou as expectativas, com quase mil alunos matriculados antes do primeiro dia de funcionamento.
Segundo o CEO da Pelé Club, Augusto Anzelotti, a
meta da rede para os próximos cinco anos é chegar a
15 unidades no Brasil, e cinco no exterior. “Mudamos o
plano de negócios que existia antes e desde então, em
apenas 15 meses, conseguimos vender três franquias.
Esse é um número excelente, pois temos de levar em
conta que o investimento do franqueado é de, aproximadamente, R$ 3 milhões”, diz Anzelotti.
MGeral
“Caixa preta” com dinheiro público
Foto: Geraldo Magela
POR Marcos Côrtes e Artur Filho
Alvaro Dias cobrará do governo
explicações sobre aumento dos
gastos com cartões corporativos
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), apresentará em fevereiro, na volta do recesso parlamentar,
requerimentos a todos os ministérios e à Presidência
da República com o objetivo de obter informações detalhadas sobre os gastos do governo Lula com cartões
corporativos. O tucano quer saber, por exemplo, por
que aumentou o uso deste tipo de pagamento no governo federal em 2010, ano eleitoral.
Segundo o senador, essa “caixa preta” com dinheiro
público é um desrespeito com o povo brasileiro. Dados
pesquisados no Portal da Transparência do governo federal revelam que os gastos totais com cartões cresceram 28,8% entre 2008 e 2010. No período, as despesas
passaram de R$ 55,2 milhões para R$ 71,1 milhões. Somente em 2009, foram torrados R$ 64,5 milhões.
Para o tucano, os gastos com os cartões no Palácio
do Planalto foram exagerados no ano passado. O Ministério do Planejamento liderou o ranking de despesas,
com R$ 17,2 milhões. Quase todos esses recursos foram usados pelo IBGE, que realizou o Censo em 2010.
Logo depois aparece justamente a Presidência da
República, com R$ 15,9 milhões. Do montante, R$ 9,7
milhões foram gastos pela Abin. Todas essas despesas
do órgão de inteligência estão protegidas pelo sigilo
para suposta “garantia da segurança da sociedade e do
Estado”. Dentro da Secretaria de Administração da Presidência de República, outros R$ 5,6 milhões também
estão protegidos. Das poucas informações disponíveis,
aparecem pequenas compras em lojas de material de
construção, manutenção de piscinas, eletroeletrônicos,
entre outras.
“Queremos informações, especialmente sobre os
gastos da Presidência da República. Estes foram fantásticos, expressivos e não são revelados. É ridícula a
alegação de que o sigilo é por interesse da segurança
nacional”, criticou.
Mercado Janeiro 2011 ∞ 92
No portal do governo é possível verificar, por exemplo, que em 2010 uma servidora do IBGE do Amazonas
gastou R$ 200 mil no cartão corporativo, sendo que os
saques em dinheiro correspondem à maioria esmagadora dos recursos usados. No mesmo órgão, outro
funcionário despendeu R$ 193 mil. Vários servidores do
IBGE-AM também aparecem na relação dos que mais
gastaram com este instrumento no ano passado.
Para o tucano, caso aconteça novamente uma
“operação abafa”, como nas investigações da CPI dos
Cartões Corporativos, isto mostrará que algo está errado. “Eventual rejeição do pedido significa tentativa de
esconder o malfeito, a corrupção e o desvio de dinheiro
público. É nosso dever cumprir o papel de minoria e
usar os instrumentos possíveis para fiscalizar o governo”, destacou.
28,8%
Foi o aumento dos gastos com cartões corporativos
entre 2008 e 2010. No período, as despesas passaram
de R$ 55,2 milhões para R$ 71,1 milhões
Planalto bancou relatório de CPI que não pediu
indiciamentos; oposição fez voto em separado
•Em janeiro de 2008, o Ministério Público Federal no
Distrito Federal (MPF-DF) abriu investigação interna
para apurar o uso irregular de cartões do governo
federal pelos ministros. Em março do mesmo ano, o
Congresso instalou uma CPI com a participação de
deputados e senadores para investigar o caso. O Palácio do Planalto agiu para prejudicar a conclusão dos
trabalhos. Depois de três meses, o colegiado aprovou
o relatório do então deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), atual
ministro das Relações Institucionais do governo Dilma, sem nenhum pedido de indiciamento dos envolvidos em gastos ilegais.
•No entanto, foi feito um voto em separado apresentado pelos partidos de oposição (PSDB, DEM, PSOL
e PPS) que nem chegou a ser votado. O documento
pedia ao Ministério Público Federal o indiciamento
de 473 servidores suspeitos. Desse total, o relatório
também pediu a abertura de processo na Comissão
de Ética Pública contra 37 desses servidores e autoridades.
•Entre eles, estava a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e seus subordinados diretos, como
Erenice Guerra, que assumiu a pasta com a candidatura da atual presidente no ano passado e caiu do
cargo após se envolver em escândalo de tráfico de influência junto com seus filhos. Na época, Dilma e Erenice produziram um dossiê com gastos da ex-primeira
dama Ruth Cardoso para tentar calar os parlamentares da oposição. Quando foram questionadas pela comissão, ambas disseram que se tratava apenas de um
“banco de dados”.
MGeral
Balneário de Nova ponte
é reestruturado
A Prefeitura Municipal de Nova Ponte já deu
início às obras para reestruturação do Balneário
Social da cidade. O prédio onde funcionará a administração já está sendo levantado e os novos
sanitários também começaram a ser construídos.
O balneário abriga diversos eventos durante todo
o ano, como o Carnaval e shows, e atrai muitos
expediente
turistas, além da população novapontense. O objetivo da construção do prédio administrativo é criar
um espaço adequado para a Secretaria de Turismo
funcionar dentro do Balneário Social e ficar mais
próxima dos eventos. O local também vai servir de
apoio para os artistas. Quanto aos sanitários, os
atuais serão retirados e, no local deles, será instalado o palco. Dessa forma, as pessoas terão um
espaço maior para assistirem aos shows.
O projeto de reestruturação também prevê a
ampliação de três dos quatro bares existentes e
a realocação do outro. O secretário municipal de
Planejamento e Política Urbana, Maurício Messias
Barbosa, afirma que essa mudança é para atender
uma reivindicação bastante antiga dos comerciantes, já que a atual cozinha onde se preparam os
pratos é pequena, limitando as opções do cardápio. “Agora, eles vão ter melhores condições de
preparar pratos melhores e oferecer mais opções
aos visitantes”, disse.
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