Herança - Amor
Transcrição
Herança - Amor
HERANÇA “Onde há testamento, necessário é que intervenha a morte do testador, porque um testamento só é confirmado onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hb. 9: 16 e 17). Para que haja herança a receber é preciso que alguém morra. Não existe, pois, herança de pessoa viva. Se há alguma transmissão de bens com seu legítimo proprietário ainda vivo, não há que se falar em herança. Trata-se de qualquer outro tipo de transferência de propriedade, mas não de herança, uma vez que esta é a transmissão dos bens de alguém a seus herdeiros, depois de sua morte. Deus é o Pai. Jesus é o Filho, o Primogênito. E Jesus é o Primogênito porque há outros, nós, visto que Deus nos faz filhos Dele (a quem quiser). E diz a Bíblia que “Se nós somos filhos, logo somos também herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Rm. 8: 17 – 1.ª parte). Portanto, Deus nos chama de co-herdeiros em Cristo, que significa dizer que quando Jesus morreu por nós na cruz do Calvário, transmitiu a todos nós a Sua herança (pois esta foi primeiro recebida por Ele, Cristo). Os principais bens deixados por Ele, entre outros tantos e igualmente preciosos, são a graça e o amor. Toda a humanidade é co-herdeira em Cristo. A graça e o amor foram dados liberalmente por Deus a todos, sem exceções. A herança é de todos, é para todos. Do Céu, contudo, o Todo-Poderoso vê, com tristeza, muitos de nós aqui embaixo na Terra, renunciando a essa bendita herança. E as conseqüências para aqueles que renunciam são trágicas... Por outro lado, é certo que a herança pode mesmo ser recusada, renunciada. Não é imposição, nem há obrigação de aceitála, sendo que os motivos para tal recusa podem ser os mais variados. Por uma questão moral, por orgulho, por já possuir o suficiente etc., alguém renuncia à herança que lhe cabe por direito. Mas como recusar uma herança despretensiosa, liberal, sacrificada e gratuita, que entre tantas outras coisas, traz em seu acervo a graça e o amor? Difícil mesmo conceber que alguém a rejeite, mas há casos. Há muitos casos. Sabemos, contudo, que Jesus morreu na cruz a fim de pôr em prática o plano de redenção e a promessa de reconciliação entabulada por Deus. A morte do Mestre nos deixou essa preciosa herança, que precisa ser aceita por cada um de nós. Essa herança dá vida à Palavra de Deus, confirmando-A aos nossos olhos e tornando-A eficaz em nossas vidas. Jesus cumpriu o propósito que Lhe cabia cumprir e concretizou a vontade do Pai. Glórias a Deus por isso. A herança do Pai, repassada ao Filho, e por fim à Humanidade, é transmitida por lei e por testamento. Na verdade por dois Testamentos: o Velho e o Novo, que unidos formam as Escrituras Sagradas, a Bíblia, que é a Lei. Nossos direitos, deveres, encargos, formas de cumprimento e tudo o mais, estão lá descritos. O coherdeiro que almeja saber qual é o conteúdo de sua herança deve buscar na Bíblia as respostas para todas as suas perguntas. Crer em Jesus, no entanto, é a condição primaz para ser considerado co-herdeiro. E ser considerado co-herdeiro é ter que dividir a herança. Se houver apenas um herdeiro, ele herda toda a herança. Esse é um aspecto bastante interessante, pois sendo caso de uma herança material, e havendo co-herdeiros, o acervo de bens é dividido em tantas pessoas quantas tenham direito e legitimidade a recebê-lo. Se forem muitos os co-herdeiros, e conforme a “força” da herança, esta perde o seu valor ao ser dividida em quotas ou partes ideais. A herança de Deus, entretanto, recebida por intermédio da morte de Jesus, nesse específico ponto destoa da lógica temporal. Em primeiro lugar ela é espiritual, não material. Depois, a herança não é dividida em quotas ou partes ideais. Pelo contrário, cada co-herdeiro a recebe por inteiro. Aqui há uma aparente contradição para quem entende minimamente de Direito das Sucessões, pois, se há co-herdeiros na linha sucessória, há o pressuposto de que a herança deverá ser partilhada, dividida. Essa lógica, no entanto, é terrena, e não do Céu. De fato a herança será partilhada por todos. Ou melhor, compartilhada. Mas jamais será dividida. Como assim? Significa dizer que cada coherdeiro recebe a herança em sua totalidade e todos a compartilham entre si, pela lei do amor. Parece ilógico, mas é a lógica de Deus: todos (co-herdeiros) recebem a herança toda (cujos termos estão escritos na Bíblia), sem dividi-la, mas compartilhando-a. Na verdade todos nós recebemos tudo (espiritualmente falando), pois Jesus é Tudo em todos. Até mesmo aqueles que repudiam a herança estão a ela sujeitos. Logo, cada um de nós que, crendo em Jesus, se torna co-herdeiro em Cristo, recebe a herança toda (pois Jesus já morreu por nós, então a herança já pode ser transmitida, imediatamente). E apesar de recebê-la por inteiro, a herança deve ser partilhada, porém, sem ser dividida, com todos aqueles que também hão de recebê-la toda. O verbo “partilhar” está empregado no “sentido espiritual” (se é que se pode dizer isso) e o verbo “dividir” no “sentido material”. Trocando em miúdos: aquilo que recebemos do Pai, em Jesus, de graça e pela graça, deve ser partilhado. O único herdeiro da herança de Deus é Jesus. Portanto, quem se julga herdeiro está enganado (e é no mínimo presunçoso), pois só podemos ser coherdeiros, situação esta que pressupõe a obrigação de ter que compartilhar a herança (de Jesus) entre muitos. Aquele que se considera herdeiro (sem o “co” na frente), certamente julga que pode tomar a herança só para si (falta-lhe amor, piedade, é egoísta, centrado em si mesmo etc.), mas está bastante equivocado. E isso dá o “tom” de nossa herança: do mesmo modo que Jesus multiplicou pães e peixes e alimentou todo aquele povo (que Ele chamava de ovelhas sem pastor), quanto mais nós dividirmos o que recebemos, tanto mais teremos para dividir (“dividir”, agora, empregado no sentido espiritual). O verbo “dividir” no Reino de Deus significa “multiplicar” ou “ter em abundância”. Ser cristão é compartilhar, dividir nossa herança (Jesus Cristo), buscando mesmo amealhar novos co-herdeiros. Mas há ainda um importante aspecto nessa história de herança. Talvez o “ponto alto” do tema proposto. Só que desta vez a perspectiva não é nossa, mas do Senhor, nosso Deus. Diz a Palavra, a nós direcionada: “Tendo nele crido (em Jesus), fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da propriedade de Deus, em louvor da sua glória” (Ef. 1: 13 – 2.ª parte e 14). Deus nos considera como sendo Sua herança. Nós somos a herança do Senhor. Aleluia. O conhecimento desse fato deve marcar qualquer existência: ser a herança do Criador. É uma realidade tão espetacular que sequer podemos absorver com inteireza o integral e real valor do que isto significa. Não conseguimos, pela nossa limitação, entender a profundidade de sermos considerados a herança de Deus. E ainda por cima, para louvor da Sua glória. Só podemos mesmo agradecer com júbilo e gratidão ao nosso Deus e Pai. Assim é que temos, postas acima, as diversas faces da bendita herança de Deus, cujos destinatários (co-herdeiros) somos nós, Seus filhos. Em resumo, temos a receber, recebemos e somos recebidos. Vivamos, pois, na comunhão e na graça de sermos feitos co-herdeiros em Cristo. Nossa herança é a vida eterna na presença do Pai, o Deus Todo-Poderoso, Eterno e Maravilhoso. Estas linhas ousam expressar a Sabedoria do Céu, cujo Autor (da herança) é Deus. E Deus é Deus: essa é a singela explicação da loucura desta pregação. Amém. © Amor-Perfeito © Cr./2007
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