CONFECÇÃO DE GENOGRAMA E ECOMAPA COM FAMÍLIAS DE
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CONFECÇÃO DE GENOGRAMA E ECOMAPA COM FAMÍLIAS DE
CONFECÇÃO DE GENOGRAMA E ECOMAPA COM FAMÍLIAS DE TRANSPLANTADOS RENAIS Briane Bairros(2), Marilene Matos Rubim(3), Camila Antunez Villagran(4), Eda Schwartz(5), Raquel Pötter Garcia(6) (1) Trabalho executado a partir da coleta de dados da tese de doutorado intitulada “Processo de vivência da família com o transplante renal”. O projeto está cadastrado na plataforma SIPPEE sob número de execução 10.071.15, possuindo um bolsista PBIP vinculado. (2) Voluntária do Projeto. Acadêmica do 5° semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana, RS. E-mail: [email protected] (3) Bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação a Pesquisa (PBIP). Acadêmica do 8º semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana, RS. E-mail: [email protected] (4) Bolsista do Programa de Desenvolvimento Acadêmico (PDA). Acadêmica do 5° semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana, RS. E-mail: [email protected]. (5) Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Faculdade de Enfermagem e Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, RS. E-mail: [email protected] (6) Orientador. Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Doutoranda da Universidade Federal de Pelotas e Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana, RS. E-mail: [email protected] RESUMO: O transplante renal interfere na qualidade de vida do paciente e de sua família, sendo que o cuidado será efetivo quando englobar indivíduo, família e ambiente no qual estão inseridos. Este estudo tem como objetivo relatar a experiência da confecção de genogramas e ecomapas com famílias de pessoas que realizaram transplante renal. O relato foi desenvolvido a partir da realização de entrevistas intensivas com 10 famílias de pessoas que passaram por transplante renal. Mesmo com a presença de alguns obstáculos na elaboração dos genogramas e ecomapas foi possível concluir que sua utilização como método de conhecimento da estrutura e relações familiares foi de relevante importância e eficácia, principalmente para a melhor compreensão dos dados da pesquisa. Palavras-Chave: transplante de rim, enfermagem, família, entrevista. INTRODUÇÃO Alguns pacientes com insuficiência renal crônica necessitam de intervenções como a diálise ou o transplante renal para a melhoria da sua qualidade de vida. Após o diagnóstico de falência renal, o paciente tem em torno de 90 dias após o início do tratamento dialítico para a realização de exames físicos e psicológicos e a partir deste momento iniciar o processo de entrada na lista de espera de doação de órgãos. Ao se tratar de um doador vivo serão realizados os exames de compatibilidade e após sua confirmação é necessário que haja um acompanhamento psicológico envolvendo o doador, o receptor e a família (BRASIL, 2014). A doença renal crônica e o transplante renal interferem na qualidade de vida do paciente e de sua família, uma vez que sua dinamicidade fica prejudicada, sendo que o cuidado será efetivo quando englobar indivíduo, família e ambiente no qual estejam inseridos. O apoio de familiares e amigos é necessária para a recuperação destes pacientes, assim como conhecer sua estrutura familiar, elementos que podem ser melhor conhecidos por meio da utilização de genogramas e ecomapas (SCHWARTZ et al., 2008). O genograma é um diagrama do grupo familiar que representa a sua estrutura interna, por meio de gráficos convencionais genéticos e genealógicos. Tem a finalidade de obter uma visão geral da família, com o levantamento de dados relevantes sobre os relacionamentos ao longo do tempo, e também pode incluir dados sobre saúde, ocupação, religião, etnia e migrações, entre outras. O ecomapa, assim como o genograma, objetiva oferecer impacto visual, porém contém dados do atual funcionamento familiar, representando os relacionamentos dos integrantes da família com os sistemas mais amplos (WRIGHT; LEAHEY, 2012). Diante desses apontamentos, o objetivo desse trabalho é relatar a experiência da confecção de genogramas e ecomapas com famílias de pessoas que realizaram transplante renal. METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência, desenvolvido a partir da confecção de genogramas e ecomapas durante a etapa de coleta de dados da pesquisa intitulada “Processo de vivência da família com o transplante renal”, ocorrida no período de dezembro de 2014 a julho de 2015, desenvolvida com 10 famílias de pessoas que passaram por transplante renal. Realizaram-se entrevistas intensivas com as famílias sendo que em cada uma participaram dois integrantes, totalizando 20 participantes. O acesso às Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa famílias foi realizado por ligação telefônica aos transplantados, sendo que as entrevistas realizaram-se nos domicílios das famílias, localizados em um município da metade sul do Rio Grande do Sul. A pesquisa foi aprovada por comitê de ética em pesquisa, parecer nº 861.869 e foram assegurados os princípios da resolução para pesquisas com seres humanos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na coleta de dados da presente pesquisa, percebeu-se que o genograma construído no início das entrevistas favoreceu o seu andamento, facilitando o conhecimento da estrutura familiar e evitando interferências do pesquisador, sobretudo, quando os participantes se referiam aos familiares já citados na elaboração do diagrama. No entanto, percebeu-se que em algumas entrevistas, era necessário, inicialmente, permitir que os participantes falassem sobre a temática pesquisada e, somente ao final elaborar o genograma, buscando não interferir na dinâmica familiar. Cabe destacar ainda que a construção dos genogramas tornouse difícil em determinadas entrevistas pelo fato de que os participantes lembravam parcialmente dos dados, como a idade e a ordem de nascimento, especialmente quando as famílias eram numerosas. O genograma e o ecomapa permitem conduzir o pesquisador ao conceito de família, gerado entre os sujeitos da pesquisa em curso, isto é, cada participante vai revelando quem eles consideram membro de sua família, como a família funciona e como os diversos papéis são desempenhados, entre si e na comunidade (NASCIMENTO, ROCHA, HAYES, 2005). Tanto na investigação quanto no processo terapêutico, esses instrumentos facilitam as relações entre o profissional e os entrevistados, pois tornam a comunicação mais livre, permitindo a utilização de recursos da linguagem não verbal. Contudo, deve-se ter em mente que seu processo de construção é dinâmico (NASCIMENTO et al., 2014). Com relação aos ecomapas elaborados nessa pesquisa, optou-se por construí-los ao final das entrevistas, fato que facilitou sua elaboração, pois algumas fontes de apoio os participantes não lembravam, porém, haviam sido faladas anteriormente e o próprio pesquisador as retomava para inserir no diagrama. Percebeu-se também que as famílias entrevistadas demonstraram certa dificuldade para compreensão acerca do que deveriam expor quando questionadas sobre o apoio, fato que pode ter interferido na exatidão dos dados, já que os ecomapas demonstraram precárias fontes de apoio. Em alguns casos, relatavam que somente contavam com o auxílio dos filhos; os serviços de saúde do munícipio pouco aparecem e em alguns momentos com relações conflituosas devido as dificuldades de liberação de medicamentos, transporte para as consultas que ocorrem em Porto Alegre, dentre a falta de uma rede de atendimento estruturada para os transplantados. Assim, as famílias ficam solitárias e contam com a ajuda das pessoas mais próximas para superar obstáculos e ter melhor qualidade na saúde. Outro fato a destacar seria que as atividades de lazer como fonte de apoio também pouco aparecem nessas famílias. Acredita-se que isso pode ocorrer devido a necessidade de distanciamento inicial dos transplantados pelos riscos de contaminação e rejeição do enxerto. CONCLUSÕES Concluiu-se que diante do fato de que cada indivíduo apresenta suas particularidades e estas estão atreladas no seu núcleo familiar, no ambiente e na comunidade em que vivem, não se pode negar a importância da avaliação familiar por meio do genograma e ecomapa. Por mais que tenham sido relatadas algumas dificuldades na construção destes, sua elaboração sistemática serviu para mostrar que por meio deste método foi possível tanto conhecer a estrutura familiar dos entrevistados quanto garantir uma boa aproximação com os entrevistadores, o que oportunizou maior eficácia e objetividade na coleta de dados. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Diretrizes Clínicas para o Cuidado ao paciente com Doença Renal Crônica – DRC no Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. NASCIMENTO, L. C.; ROCHA, S. M. M.; HAYES, V. E. Contribuições do genograma e do ecomapa para o estudo de famílias em enfermagem pediátrica. Texto & Contexto Enfermagem, v14, n.2, p.280-6, 2005. NASCIMENTO, L. C. et al. Genograma e ecomapa: contribuições da enfermagem brasileira. Texto & Contexto Enfermagem, v.23, n.1, p.211-20, 2014. SCHWARTZ, E. et al. Avaliação de famílias: ferramenta de cuidado de enfermagem. Ciência, cuidado e saúde, v.8, suplem, p.117-24, 2008. WRIGHT, L.M.; LEAHEY, M. Enfermeiras e famílias: um guia para avaliação e intervenção na família. 4ª ed. São Paulo: Roca, 2008. Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
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