Avaliação de Riscos de Saúde para Refinarias de alumina

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Avaliação de Riscos de Saúde para Refinarias de alumina
ARTIGO ORIGINAL
Avaliação de Riscos de Saúde para Refinarias de alumina
Michael Donoghue, MBChB, MMedSc, PhD e Patrick S. Coffey, BE, BA, MSc
Objetivo: Descrever as metodologias contemporâneas de modelagem da dispersão do ar e de
avaliação do risco à saúde aplicada a refinarias de alumina e sumarizar os resultados
recentes. Métodos: Modelos de dispersão do ar, utilizando fontes de emissão e dados
meteorológicos, foram empregadas para avaliar as concentrações ao nível do solo (GLCs) de
emissões de uma refinaria. GLCs de curta duração (média de 1 hora e 24 horas) e GLCs
médios anuais têm sido utilizados para avaliar o efeito agudo e crônico à saúde assim como
os riscos adicionais de carcinogenicidade. Resultados: O índice de perigo agudo pode exceder
1, perto de refinarias, mas é normalmente menos de 1 em locais residenciais vizinhos. O
índice de perigo crônico é em geral substancialmente menor do que 1. O risco de
carcinogenicidade adicional é tipicamente menos do que 10-6. Conclusões: Os riscos de
efeitos agudos à saúde estão devidamente controlados e os riscos de efeitos crônicos à saúde
e os riscos de carcinogenicidade adicionais são insignificantes nas refinarias de alumina de
referência.
As avaliações de riscos à saúde (HRAs) baseadas em modelagem de dispersão do ar das emissões
de refinarias de alumina provaram ser úteis para avaliar e comunicar riscos. Os objetivos deste
artigo são os de delinear a metodologia de modelagem de dispersão do ar e avaliações de riscos
à saúde, discutir a escolha de modelos de dispersão do ar, descrever as características gerais das
emissões atmosféricas de refinarias de alumina e apresentar os resultados de recentes avaliações
de riscos à saúde em refinarias de alumina.
MÉTODOS
Modelagem de dispersão do ar
O monitoramento de fontes de emissão e receptores do ambiente não conseguem propiciar
cobertura geográfica e temporal completa da distribuição de emissões atmosféricas em um
ambiente nos arredores de uma refinaria. É, por conseguinte, desejável utilizar técnicas de
modelagem de dispersão do ar para descrever e documentar mais plenamente a provável
distribuição dos valores de contaminantes atmosféricos no espaço e no tempo. A abordagem
mais comumente adotada é a de documentar as fontes e substâncias emitidas em um inventário
de emissões, e, em seguida, lançar as taxas de emissão de modelos de dispersão atmosférica
para fornecer previsões de concentrações ao nível do solo (GLCs) de substâncias que poderiam
causar ou contribuir para os efeitos na saúde.
Da Alcoa da Austrália, Perth, Austrália Oeste.
Este é um artigo de acesso livre distribuído sob os termos da "Creative Commons Attribution-Non Commercial- No Derivatives 3.0
License", em que é permitido baixar e compartilhar desde que adequadamente citado. O trabalho não pode ser alterado de
nenhumaforma ou utilizado comercialmente.
Dr, Donoghue é o Diretor de Saúde e o Chefe Médico da Alcoa da Austrália, e o Sr. Coffey é o Consultor Chefe de Meio Ambiente-Ar,
para a Alcoa Austrália.
Ambos os autores são empregados em tempo integral da Austrália. O manuscrito foi escrito durante o período em que se
encontravam empregados. O Dr. Donoghue possui açõesda Alcoa Inc. Ele é um membro do Comitê de Saúde da International
Aluminium Institute e do Painel de Saúde da Australian Aluminium Council. Os autores foram convidados para escrever o
manuscrito pelo International Aluminium Institute, mas nenhum fundo econômico foi recebido do Instituto.
Os autores declaram não ter nenhum conflito de interesse.
Endereço para correspondência: A. Michael Donoghue, MBChB, MMedsC, PhD, Alcoa of Australia, PO Box 252, Applecross, Western
Australia, Australia, 6953 ([email protected])
Copyright©2014 by American College of Occupational and Envronmental Medicine
Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo.
- Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine
(JOEM), Número 5S, em maio de 2014.-
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Por vezes, as avaliações são baseadas exclusiva ou principalmente em dados de monitoramento
do ar-ambiente, em vez de dados de modelagem de dispersão de ar - particularmente onde
galpões aéreos complexos envolvam múltiplas instalações industriais. Vide, por exemplo, a
Queensland Health1, uma avaliação que levou em conta uma série de fontes industriais na
região, incluindo estações de energia movidos a carvão, refino de alumina e fundição de
alumínio.
A opção pelo modelo de dispersão a ser utilizado pode ser crucial na determinação do rigor e da
confiabilidade das previsões GLC (NR: GLC: Ground Level Concentration - Concentração no nível
do solo). Para fontes pontuais e fugitivas da área, uma gama de modelos é normalmente
utilizada com base na aptidão para as condições, terrenos e tipos de fontes. O Australian
Aluminium Council [Conselho Australiano do Alumínio] patrocinou uma análise das melhores
práticas em técnicas de modelagem na indústria de alumina (PAE Holmes Ltd, 2009), e a prática
de avaliações de riscos à saúde na Austrália tem geralmente seguido os modelos de dispersão e
técnicas recomendados segundo análises2. Os efeitos de terreno são levados em conta, quer
diretamente por meio de modelagem eólica de campo e uso de modelos com capacidades
complexas de terreno como Calmet/Calpuff ou "O Modelo de Poluição Atmosférica", ou por meio
da quantificação de fatores de velocidade que são então aplicados aos dados eólicos2. A
modelagem computacional dinâmica de fluidos tem sido empregada em aplicações recentes com
o fim de quantificar as áreas de alta ou baixa velocidade de vento que podem ser importantes na
determinação do comportamento da poeira (efeito da velocidade com ventos fortes) ou do odor
(efeito da velocidade com ventos leves).
As incertezas nas estimativas modeladas de exposição surgem de várias fontes, incluindo a
incerteza combinada do valor de emissão, a incerteza do modelo e a variabilidade
meteorológica. A incerteza sobre GLCs modelados e observados é geralmente de ±50% para um
nível de confiança de 95% para substâncias um conjunto de dados de emissão, substanciais3 .A
Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) concluiu que os erros em concentrações
modeladas em estimativas mais altas estão normalmente entre ±10% e ±40%4.
Em locais onde os resultados de avaliações de risco à saúde se aproximam ou excedem valores
de referência, passa a ser importante testar hipóteses que fundamentem os modelos de
dispersão através da realização de análises de sensibilidade para questões como a assimilação de
ventos previstos com observações locais, a incerteza de estimativas da taxa de emissão e a
escolha da configuração do modelo e do parâmetro dentro do modelo. Por exemplo, a dispersão
em relação a fontes aquecidas e fracamente flutuantes, como as lagoas de resfriamento das
refinarias, com base na modelagem computacional da dinâmica de fluidos, foi observada como
sendo altamente dependente da direção do acordo com a variação incidental do vento para o
sentido da lagoa (relações comprimento/largura) 5. Esse comportamento, por sua vez,
influenciou o aumento inicial da nuvem que ocorreu, de modo que houve diferenças marcantes
nas GLCs no eixo transversal comparadas com o longitudinal.
As avaliações de risco à saúde de refinarias da Alcoa tendem predominantemente a utilizar os
modelos de dispersão do ar Calpuff e o The Air Pollution Model [modelo de poluição
atmosférica], com este último aplicado principalmente em fontes pontuais, incluindo fontes
flutuantes em altura, com mínimas forças de arrasto, ao passo que o modelo Calpuff tem sido a
opção para fonte de grandes áreas onde as taxas de emissão são movidas por processos eólicos,
como a geração de poeiras fugitivas6. Em locais em que são usados dois modelos para diferentes
tipos de fontes, torna-se necessário acrescentar os resultados, hora a hora, em cada ponto de
grade.6 Deve-se tomar precauções para garantir que etapas do tempo-modelo aplicadas se
alinhem exatamente, de modo que a estatística gerada pela combinação de resultados sejam
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representativos e comparáveis. Por exemplo, as condições que causam exposições máximas aos
pós fugitivos são frequentemente associadas com ventos fortes, condições que tendem a
ocasionar GLCs mais baixos para as emissões de fontes pontuais de altura. Se os resultados não
estiverem alinhados exatamente no tempo e, em vez disso, os valores máximos das diferentes
contribuições da fonte para um local forem simplesmente adicionados, isto irá erroneamente
atribuir um efeito combinado que, na prática, não aconteceria.
Avaliação de Risco à Saúde
As concentrações ao nível do solo geradas pela modelagem de dispersão de ar são empregadas
para se avaliar três tipos de riscos à saúde:
•
Riscos de efeitos agudos à saúde
•
Riscos de efeitos crônicos à saúde
•
Riscos adicionais de carcinogenicidade.
São utilizadas GLCs de curto prazo para avaliar os riscos de efeitos agudos à saúde. Normalmente
aplicam-se GLCs as médias horárias com o percentil de 99,9% e GLCs médias de 24 horas com o
percentil de 99,5% para representar uma estimativa de condições próximas do cenário mais
pessimista, que por definição, ocorrem com pouca frequência. GLCs médias anuais são aplicadas
para avaliar os riscos de efeitos crônicos à saúde e riscos adicionais de carcinogenicidade.
Os riscos de efeitos agudos e crônicos à saúde são avaliados pelo cálculo do índice de perigo
agudo (IAH) e do índice de perigo crônico (CHI), respectivamente. Cada um desses índices é
calculado como a soma dos quocientes de perigo de cada composto. O quociente de perigo é
calculado dividindo-se a GLC pela concentração-guia relevante da qualidade do ar baseada em
saúde para o período médio em questão. Essa abordagem pressupõe relações adicionais e
conservadoras, em função da diversidade das propriedades toxicológicas dos compostos em
avaliação.
Fatores unitários de risco, publicados por órgãos como a EPA dos Estados Unidos e a Organização
Mundial de Saúde, indicam, para cada substância cancerígena de interesse, o limite superior de
probabilidade de câncer que se pode esperar com a exposição contínua a uma concentração
inalada de 1 μg/m3 por mais de 70 anos7,8. O risco adicional de carcinogenicidade (ICR) é a
probabilidade adicional de um indivíduo desenvolver câncer acima do limite superior, em
consequência de exposição prolongada durante toda a vida, a um agente cancerígeno numa
concentração específica. Essa probabilidade adicional está acima e além da probabilidade do
câncer ocorrer como resultado de outros fatores - isto é, da taxa de base de incidência de
câncer. O ICR de cada composto é calculado multiplicando-se o fator unitário de risco pela GLC
média anual. O ICR total é então calculado pela soma dos ICRs de cada composto. Isto
novamente pressupõe relações adicionais e conservadoras, dada a especificidade geralmente
mostrada pelos agentes cancerígenos para determinados tipos de câncer. O ICR mínimo (de
minimis) definido pela EPA americana é de 1 x 10-6. Esse risco adicional, que equivale a menos
de uma pessoa em um milhão, é considerado insignificante do ponto de vista regulamentar da
EPA. Os ICRs toleráveis variam entre as diversas jurisdições, normalmente entre 10-6 e 10-4, com
10-5 ganhando aceitação em algumas jurisdições9,10.
Índices de perigo e ICRs são calculados para cada ponto distribuído em uma grade nas
imediações de uma refinaria. Os contornos correspondentes são muitas vezes representados em
mapas ou fotos aéreas, indicando IAH, CHI, e ICR em regiões/receptores próximos de refinarias.
Isso pode ajudar a apresentação a grupos de partes interessadas. A metodologia de avaliação de
risco à saúde é descrita com pormenores pelo enHealth Council of Australia11.
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Vias não inalatórias
As avaliações de riscos à saúde em refinarias de alumina até hoje conduzidas são principalmente
concentradas em vias aéreas de exposição. Espera-se que a inalação represente a via de
exposição mais significativa para fontes de emissão atmosférica. Os compostos tendendo a fase
de particulados têm sido investigados como potenciais candidatos à exposição multitrajetória,
uma vez que podem se depositar sobre superfícies e, assim, se tornarem disponíveis para
ingestão.
A metodologia chamada “Hot Spots Analysis and Reporting Program” (HARP) [Programa de
Análise e Relatórios de Pontos Quentes], desenvolvida em colaboração com vários órgãos
ambientais da Califórnia, foi aplicada nas avaliações de riscos à saúde (HRAs) de Wagerup e
Pinjarra12-14. As análises consideraram as seguintes vias indiretas de exposição:
•
ingestão de solo
•
absorção dérmica
•
ingestão vegetal
•
ingestão de água
A avaliação HARP constatou que a exposição por outras vias que não a inalatória tinha potencial
para ser significativa apenas para os metais, arsênico e cádmio. O cádmio apenas teve uma
contribuição mínima para o índice de risco crônico (CHI) e como o próprio CHI máximo era muito
baixo, as exposições por via cutânea e ingestão não fariam qualquer diferença considerável para
o CHI geral, o que justificou a exclusão de vias alternativas para o cádmio. A exposição por
inalação ao arsênio contribuiu de forma significativa para a projeção do risco adicional de
carcinogenicidade (ICR), entretanto, e, por isso, recebeu uma avaliação mais aprofundada. O
programa HARP indicou que a via de exposição por inalação era suscetível a responder por cerca
de 75% da exposição cancerígena ao arsênio. Os 25% restantes da exposição foram previstos de
ocorrer por consequência de ingestão do solo (14%), ingestão vegetal (8%), absorção dérmica
(2%) e ingestão de água potável (1%). Incorporar essas vias adicionais na avaliação da refinaria
de Wagerup significou que o ICR total de todos os compostos teria aumentado de 0,63×10-6 para
0,72×10-6 no receptor máximo, que é menor do que o nível mínimo ("de minimis") de 1 x 10-6 da
EPA americana. Dessa forma, não se esperava que as vias alternativas de exposição ao arsênio
tivessem contribuído substancialmente para o ICR no receptor máximo e contribuído ainda
menos em outros receptores. Notando-se que as suposições inerentes ao HARP são projetadas
para pecar por excesso na proteção à saúde para evitar a subestimação do risco ao público
(Office of Environmental Health Hazard Assessment13) [Gabinete de Avaliação de Risco à Saúde],
é razoável se reduzir as vias de avaliações de riscos à saúde apenas à via inalatória, sabendo-se
que outras vias não afetarão de forma significativa o nível de risco avaliado de forma geral.
RESULTADOS
Fontes de Emissão
As fontes de emissão de refinarias de alumina podem ser divididas em fontes pontuais e
fugitivas. As fontes pontuais incluem pilhas, aberturas, tanques abertas e vasos nas áreas de
processo Bayer da refinaria, bem como as chaminés e torres de resfriamento vinculadas às casas
de máquinas, caldeiras e turbinas a gás. Elas podem ser ainda mais divididas em fontes de baixa
e alta concentração, liberações lançamentos flutuantes e não flutuantes e fontes de conteúdo
de baixa ou alta umidade. Algumas dessas fontes são relativamente complexas de se mensurar
com segurança e obter taxas confiáveis de emissão para, principalmente, fontes de conteúdo de
baixa concentração, não flutuantes e de alta umidade.
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As fontes fugitivas incluem fontes de área como áreas de armazenamento de resíduo de bauxita,
lagoas de resfriamento, pilhas de bauxita e áreas de carregamento e transferência, tais como
instalações de carregamento de vagões ferroviários e navios. Esses tipos de fontes também
envolvem uma situação de difícil medição, estimativa e/ou desafios com intermitência de
vazamentos.
Quando são feitas as suposições sobre as fontes de emissão, de ambas, fontes pontuais e
fugitivas, como parte do processo de análise do risco à saúde, essas suposições são
deliberadamente conservadoras e cautelosas – com tendência a superestimarem o efeito sobre as
estimativas de risco pontual.
Estudos de caso na Austrália
Existem atualmente pelo menos cinco análises de risco à saúde (HRAs), elaboradas sobre as
refinarias de alumina da Austrália, com relatórios disponíveis publicamente na Internet. Veja-se,
por exemplo, as refinarias de Wagerup e Pinjarra e as avaliações sobre os resíduos em Pinjarra
conduzidas em nome da Alcoa, a avaliação de risco à saúde da expansão da refinaria de Worsley,
elaborada pela BHP Billiton, e a avaliação da refinaria QAL Gladstone, executada para a
Queensland Alumina Limited. 12,14-17 Os resultados dessas avaliações foram os seguintes.
Os índices de riscos agudos e crônicos tendem a ser dominados por alguns compostos ou
substâncias, com muitas outras substâncias contribuindo apenas superficialmente para o perfil
cumulativo do risco. Por exemplo, constatou-se que os critérios de poluentes dióxido de
nitrogênio, dióxido de enxofre e material particulado (expresso como PM 10) compunham a maior
parte do índice de risco agudo (AHI) em cada uma das avaliações de risco à saúde das refinarias
de alunina de Wagerup, Pinjarra, Worsley e Gladstone12,14,16,17. Até 70 compostos individuais
foram incluídos nas avaliações, o HRAs, incluindo os critérios de poluentes, tóxicos na
atmosfera, metais pesados e compostos persistentes e bioacumulativos. Em quase todos os casos
considerados, conclui-se que o AHI no receptor máximo era confortavelmente menor do que a
unidade12,14,16,17. As poucas exceções foram apenas, marginalmente, mais do que a unidade, uma
questão que não preocupa, dado o conservadorismo embutido na metodologia. Mais de 95% do
AHI no receptor máximo para a avaliação da refinaria de Pinjarra foi atribuído por PM10, dióxido
de nitrogênio, mercúrio, dióxido de enxofre, formaldeído, * e monóxido de carbono14.
Os resultados de CHI foram bem menores do que a unidade em todos os receptores12,14,16,17. Mais
de 95% do CHI no receptor máximo na avaliação da refinaria de Pinjarra foi atribuído ao dióxido
de nitrogênio, mercúrio, acetaldeído,† formaldeído,‡ cádmio, amônia e manganês.14
Deve-se ter em mente, contudo, que as contribuições de formaldeído e acetaldeído são provavelmente exageradas,
uma vez que a modelagem de dispersão não trata da decadência atmosférica desses compostos de carbonila,
conhecidos por terem vidas relativamente curtas na atmosfera.
∗
†
Ver a primeira nota de rodapé.
Ver a primeira nota de rodapé.
§
Veja a primeira nota de rodapé. ¶Veja a primeira nota de rodapé.
‡
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Em uma avaliação de risco à saúde de poeiras fugitivas oriundas da estocagem de resíduos de
bauxita (avaliação de risco à saúde, refinaria de Pinjarra, 2008), descobriu-se que a
contribuição de PM10 absorveu o AHI15. Metais constituintes presentes no pó do resíduo de
bauxita geralmente chegou a menos de 2% do AHI. Os resultados de CHI e ICR foram baixos.
Essas descobertas sugerem que as exposições de curta duração de PM10 são o fator
determinante mais relevante do risco para a saúde em relação à armazenagem de resíduos de
bauxita, exatamente como em muitas outras fontes de pós de crosta terrestre como estradas
não vedadas, operações agrícolas ou atividades de engenharia de construção. Elas também
complementam os resultados mais recentes de um estudo realizado após uma falha de
represamento de resíduo de bauxita na Hungria (Gelencser et al18), notadamente: “Com base
na sua distribuição e composição de tamanho, a lama vermelha parece ser menos nociva à
saúde humana do que o material particulado urbano.”
Constatou-se nos estudos mencionados que as estimativas de risco cancerígeno adicional (ICR) a
partir de exposições cumulativas devidos a refinarias e armazenamento de resíduos,
geralmente atinge o critério mínimo de risco (de minimis) de 1 × 10-6, um indicador de risco
insignificante (quase todos os receptores estavam bem abaixo desse nível, com alguns casos
apenas marginalmente acima dele) 12,14,16,17. Mais de 95% do ICR no receptor máximo para a
refinaria de Pinjarra foi atribuído a formaldeído,§hidrocarbonetos aromáticos policíclicos,
crômio VI, acetaldeído,¶e arsênico.14
As margens típicas de índices de risco e estimativas ICR nos dois exemplos de avaliações de
risco à saúde - refinarias de Wagerup e Pinjarra - são apresentadas na Tabela 1. A amostra
selecionada de curvas de nível para AHI, CHI e ICR é ilustrada nas Figuras 1 a 3 para avaliação
da refinaria de Pinjarra. As incertezas nas projeções de GLC modeladas e observadas são
relatadas como estando dentro de ±40% para a refinaria de Worsley e de -50% a +100% (ao nível
de confiança de 95%) para a refinaria de Wagerup - onde há uma complexidade topográfica. 3,16
DISCUSSÃO
Os resultados das avaliações dos riscos à saúde nas refinarias de alumina, até o momento,
indicam que dos três tipos de riscos, agudo, crônico e de carcinogenicidade, apenas o risco de
efeitos agudos à saúde é de alguma relevância do ponto de vista prático. O AHI pode exceder a
1, nas proximidades das refinarias, mas é normalmente inferior a 1 em áreas residenciais
vizinhas. Conforme explicado anteriormente, existem camadas de conservadorismo embutidas
nas avaliações, de modo que o fato de exceder superficialmente o AHI de 1 não implica que os
efeitos agudos à saúde possam ocorrer. Além disso, vale lembrar que um AHI de 1 supõe que
todos os compostos da avaliação têm percentil elevado (geralmente percentis de 99,9 na média
de 1 hora e de 99,5 na média de 24 horas) e GLCs inferiores às respectivas concentrações
padrões de qualidade do ar-ambiente baseada em saúde. Os resultados de CHI são
substancialmente menores do que 1 o que significa que o risco de efeitos crônicos à saúde seja
insignificante.
Os resultados de ICRs também são baixos e, normalmente, menores do que o nível
mínimo (de minimis) de 1 x 10-6 da EPA americana. Um estudo longitudinal dos
trabalhadores de três refinarias de alumina da Alcoa na Austrália Ocidental, em
execução, constatou não haver aumento na incidência de câncer atribuível ao fato de
trabalharem nas refinarias19. Esta observação é reconfortante, já que exposições
ocupacionais a emissões são normalmente superiores às exposições ambientais.
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TABELA 1. Intervalos típicos de AHI, CHI e ICR: dois exemplos de
avaliações de riscos à saúde (HRAs)
Distância da
AHI
CHI
ICR
0,3 –
0,02 –
0,1 x 10-6 – 1,2 x
1,1
0,04
10-6
0,2 –
0,01 –
0,05 x 10-6– 0,6
0,7
0,02
x 10-6
fábrica
3 km
5 km
AHI, índice de risco agudo; CHI, índice de risco crônico; HRA, avaliação de
risco à saúde; ICR, risco cancerígeno adicional
FIGURA 1. Formatos do índice de risco agudo, avaliação de risco à saúde da refinaria de Pinjarra, 2008.
Um dos benefícios de se executar a modelagem de dispersão do ar e avaliações de risco
à saúde é que os efeitos das alterações das taxas de emissão de massa, altura de pilhas,
tecnologias de controle de emissões e áreas de zona de atrito (buffer zone) podem ser
examinados. Isso pode ajudar a determinar o impacto potencial de uma proposta de
expansão e os efeitos benéficos de quaisquer medidas de controle associadas. Por
exemplo, as Figuras 1 a 3 contêm isopletas (contornos), tanto para a refinaria existente
de Pinjarra em 2008 e uma expansão proposta que foi posteriormente concluída.
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Conduzir avaliações de riscos à saúde em instalações isoladas em áreas rurais, como a
refinaria de Pinjarra e a de Wagerup, é relativamente simples. É claro que é muito mais
complicado se o ar de um galpão complexo com múltiplas instalações industriais tiver de
ser avaliado ou se houver exposições substanciais históricas e difusas a se considerar,
como aquelas advindas de fontes urbanas, estáticas e móveis. Nessas circunstâncias, a
modelagem de dispersão de ar exigiria dados de emissão de várias empresas diferentes e
precisariam incorporar as avaliações de exposições históricas por meio de dados de
monitoramento ambiental.
As preocupações da comunidade sobre as emissões atmosféricas provenientes da
refinaria de Wagerup resultaram em uma ampla gama de investigações, incluindo o
monitoramento intensivo da qualidade do ar-ambiente, modelagem de dispersão de ar,
avaliações de riscos à saúde e análises de reclamações20,21 Estas investigações
constataram que os riscos de efeitos na saúde eram insignificativos, mas que o odor da
refinaria podia ser detectado ocasionalmente. A percepção de odor e a preocupação
ambiental têm sido encontradas em outras regiões como sendo determinantes sinérgicos
de relatos sobre sintomas. Estas e outras questões são discutidas em um artigo relatando
a experiência na refinaria de Wagerup20. Apresentações de resultados de avaliações de
ricos à saúde, por meio de isopletas em fotos aéreas (ou mapas, como os das Figuras 1 a
3, têm se mostrado úteis na comunicação com membros da comunidade e outras partes
interessadas.
FIGURA 2. Contornos crônicos do índice de riscos, refinaria de Pinjarra, avaliação de riscos à saúde, 2008.
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FIGURA 3. Contornos adicionais de risco cancerígeno, refinaria de Pinjarra, avaliação de riscos à saúde, 2008.
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Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo.
- Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine
(JOEM), Número 5S, em maio de 2014.-
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