(Relatório Provisório) Núcleo de Pesquisa em História

Transcrição

(Relatório Provisório) Núcleo de Pesquisa em História
PUBLICAÇÃO CRÍTICA DO RECENSEAMENTO GERAL DO IMPÉRIO DO
BRASIL DE 1872
(Relatório Provisório)
Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica - NPHED
CLOTILDE A. PAIVA
Pesquisadora do Cedeplar
MARCELO MAGALHÃES GODOY
Prof. da FACE/UFMG/ Pesquisador do Cedeplar
MARIO MARCOS SAMPAIO RODARTE
Prof. da FACE/UFMG/ Pesquisador do Cedeplar
DOUGLAS SANTOS
Programador
ANTÔNIO DA MATTA DE JESUS, HENRIQUE MIRANDA, MATHEUS MENDONÇA, PATRÍCIA VARGAS
Bolsistas BAT e IC
Janeiro de 2012
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Índice
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 4
PARTE I: O CENSO DE 1872 – ASPECTOS GERAIS DA PESQUISA.............................................................. 6
1. O RECENSEAMENTO GERAL DO IMPÉRIO DO BRASIL DE 1872: UMA ANÁLISE DA
CONSISTÊNCIA E UMA PROPOSTA DE CORREÇÃO DOS DADOS ............................................................ 7
1.1 Introdução ........................................................................................................................................................... 7
1.2 O censo de 1872 e as contagens populacionais anteriores .................................................................................. 7
1.2.1 O período proto-estatístico no Brasil (1750 – 1872)................................................................................... 7
1.2.2 Um censo nacional.................................................................................................................................... 10
1.2.3 O censo de 1872 em campo ....................................................................................................................... 12
1.3 Considerações sobre o censo a partir do seu pré-teste e dos registros de uma família quase recenseada ......... 13
1.4 Divulgação dos dados divulgados e os ajustados do Censo de 1872 ................................................................ 21
1.5 Considerações finais ......................................................................................................................................... 26
1.6 Fontes e referências bibliográficas.................................................................................................................... 27
1.6.1 Fontes primárias........................................................................................................................................ 27
1.6.2 Referências bibliográficas ......................................................................................................................... 27
PARTE II: A DIGITALIZAÇÃO DO CENSO DE 1872 ...................................................................................... 29
2. A DIGITALIZAÇÃO DO CENSO DE 1872 ...................................................................................................... 30
PARTE III: A CORREÇÃO DOS DADOS DO CENSO DE 1872....................................................................... 32
3. O MÉTODO DO RESULTADO PREDOMINANTE (MRP) PARA CORREÇÃO DOS DADOS DO
CENSO DE 1872 ....................................................................................................................................................... 33
3.1 Aspectos gerais ................................................................................................................................................. 33
3.2 Primeiro módulo: Os resultados predominantes gerais..................................................................................... 36
3.3 Segundo módulo: o cotejamento automático da mesma variável entre tabelas do censo ................................. 37
3.4 Terceiro módulo: ajuste das variáveis singulares pelo valor modal ou de vizinhança espacial ........................ 38
3.5 Considerações finais do MRP........................................................................................................................... 39
3.6 Anexo estatístico............................................................................................................................................... 39
PARTE IV: AVALIAÇÃO CRÍTICA DO CENSO DE 1872 ............................................................................... 55
4. OS DOIS CENSOS DA CORTE – 1870/1872 .................................................................................................... 56
5. A INSTRUÇÃO PÚBLICA E OS CENSOS DEMOGRÁFICOS NAS DÉCADAS DE 1830 E 1870, EM
MINAS GERAIS: UM ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 59
5.1 Introdução ......................................................................................................................................................... 59
5.2 O Censo de 1872............................................................................................................................................... 61
5.3 Resultados......................................................................................................................................................... 63
5.3.1 Centralidade urbana.................................................................................................................................. 63
5.3.2 Nível de desenvolvimento........................................................................................................................... 64
5.3.3 Dinâmica demográfica .............................................................................................................................. 65
5.4 Considerações finais ......................................................................................................................................... 67
5.5 Referências bibliográficas................................................................................................................................. 68
PARTE V: ANEXOS ................................................................................................................................................ 69
6. O SOFTWARE POP 72 - BRASIL: ASPECTOS TÉCNICOS DO APLICATIVO ....................................... 70
7. RELATÓRIO DE PESQUISA DE DIGITALIZAÇÃO DO CENSO DE 1872, EM 1983.............................. 71
8. PRODUÇÃO CIENTÍFICA E DIVULGAÇÃO .............................................................................................. 105
8.1 Produção acadêmica ....................................................................................................................................... 105
8.2 Divulgação acadêmica .................................................................................................................................... 105
8.3 Atividades dos bolsistas.................................................................................................................................. 106
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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Índice de Tabelas
TABELA 1: POPULAÇÃO TOTAL. BRASIL - 1872 ...................................................................................................................................20
TABELA 2: DIFERENÇA ENTRE OS DADOS PUBLICADOS E A SOMA TOTAL DAS PARÓQUIAS, POR CONDIÇÃO, COR E ESTADO CIVIL. BRASIL, 1872
..................................................................................................................................................................................................25
TABELA 3: DIFERENÇA ENTRE OS DADOS PUBLICADOS E A SOMA TOTAL DAS PARÓQUIAS, POR RELIGIÃO, NACIONALIDADE E FREQUÊNCIA
ESCOLAR. BRASIL, 1872 ............................................................................................................................................................26
TABELA 4 – TOTAL DA POPULAÇÃO SEGUNDO O OFICIALMENTE DIVULGADO E SEGUNDO A SOMA NAS 11 SEÇÕES DAS TABELAS PAROQUIAIS –
BRASIL – 1872...........................................................................................................................................................................33
TABELA 5 – TOTAL DA POPULAÇÃO NAS 11 SEÇÕES DAS TABELAS PAROQUIAIS, SEGUNDO CONDIÇÃO E SEXO - PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DO
PILAR DE OURO PRETO - 1872...................................................................................................................................................34
TABELA 6 – PARÓQUIAS SEGUNDO OCORRÊNCIA DE TOTAIS DIVERGENTES AO NÚMERO MODAL NAS 11 SEÇÕES DE TOTALIZAÇÕES DAS TABELAS
PAROQUIAIS, POR CONDIÇÃO E SEXO - BRASIL - 1872................................................................................................................35
TABELA 7 – DISTRIBUIÇÃO DAS PARÓQUIAS SEGUNDO O RESULTADO MODAL NAS 11 SEÇÕES DE TOTALIZAÇÕES DAS TABELAS PAROQUIAIS, EM
RELAÇÃO AO NÚMERO MODAL E DIVERGÊNCIA PARA MAIS E PARA MENOS, POR CONDIÇÃO E SEXO – BRASIL – 1872...............36
TABELA 8 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO PRIMEIRO “QUADRO GERAL DA POPULAÇÃO” – BRASIL – 1872
..................................................................................................................................................................................................40
TABELA 9 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO PRIMEIRO “QUADRO GERAL DA POPULAÇÃO” – BRASIL –
1872 ..........................................................................................................................................................................................41
TABELA 10 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO SEGUNDO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO DE FATO
(PRESENTE) EM RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872 ..............................................................................................................42
TABELA 11 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO SEGUNDO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO DE FATO
(PRESENTE) EM RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872 ..............................................................................................................43
TABELA 12 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO TERCEIRO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO AUSENTE EM
RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872.......................................................................................................................................44
TABELA 13 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO TERCEIRO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO AUSENTE
EM RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872 .................................................................................................................................45
TABELA 14 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NOS QUADROS DE IDADES, RELATIVO À POPULAÇÃO TOTAL –
BRASIL – 1872...........................................................................................................................................................................46
TABELA 15 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NA PRIMEIRA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À
POPULAÇÃO MASCULINA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872......................................................................47
TABELA 16 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NA PRIMEIRA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À
POPULAÇÃO MASCULINA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872......................................................................48
TABELA 17 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NA SEGUNDA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À
POPULAÇÃO FEMININA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 .........................................................................49
TABELA 18 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NA PRIMEIRA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À
POPULAÇÃO FEMININA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 .........................................................................50
TABELA 19 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO QUINTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO ESTRANGEIRA,
EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 ..................................................................................................................................51
TABELA 20 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO QUINTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO
ESTRANGEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 ..........................................................................................................52
TABELA 21 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO SEXTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO TOTAL, EM
RELAÇÃO ÀS PROFISSÕES – BRASIL – 1872................................................................................................................................53
TABELA 22 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO SEXTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO TOTAL, EM
RELAÇÃO ÀS PROFISSÕES – BRASIL – 1872................................................................................................................................54
TABELA 23: POPULAÇÃO DA CORTE EM 1870 E 1872..........................................................................................................................57
TABELA 24: NÍVEL DE CENTRALIDADE URBANA, POR INSTRUÇÃO – 1838...........................................................................................64
TABELA 25: NÍVEL DE CENTRALIDADE URBANA, POR INSTRUÇÃO – 1872...........................................................................................64
TABELA 26: NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X INSTRUÇÃO – 1838 ...................................................................................65
TABELA 27: NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X INSTRUÇÃO – 1872 ...................................................................................65
TABELA 28: TIPOLOGIA DE DINAMISMO DEMOGRÁFICO X INSTRUÇÃO – 1838 ....................................................................................66
TABELA 29: TIPOLOGIA DE DINAMISMO DEMOGRÁFICO X INSTRUÇÃO – 1872 ....................................................................................67
TABELA 30: DIVISÃO ADMINISTRATIVA E POPULAÇÃO SEGUNDO A CONDIÇÃO ...................................................................................77
TABELA 31: PROVÍNCIAS, PARÓQUIAS E POPULAÇÕES RESPECTIVAS SEGUNDO O ANO DE REALIZAÇÃO DO CENSO.............................78
TABELA 32: POPULAÇÃO PRESENTE POR IDADE, SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL ORIGINAL88
TABELA 33: POPULAÇÃO PRESENTE POR IDADE, SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL CORRIGIDA89
TABELA 34: DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA POPULAÇÃO PRESENTE POR SEXO, CONDIÇÃO E IDADE – MINAS GERAIS 1872 COMPARAÇÃO ENTRE
AS TABELAS PROVINCIAIS ORIGINAL E CORRIGIDA ....................................................................................................................90
TABELA 35: POPULAÇÃO LIVRE SEGUNDO IDADE, SEXO E COR – MINAS GERAIS – 1872 – TABELA PROVINCIAL ORIGINAL ................91
TABELA 36: PULAÇÃO LIVRE SEGUNDO IDADE, SEXO E COR – MINAS GERAIS – 1872 – TABELA PROVINCIAL CORRIGIDA ..................92
TABELA 37: POPULAÇÃO EM RELAÇÃO À NACIONALIDADE BRASILEIRA MINAS GERAIS – 1872 – TABELA PROVINCIAL ORIGINAL .....93
TABELA 38: POPULAÇÃO EM RELAÇÃO A NACIONALIDADE BRASILEIRA MINAS GERAIS - 1872 – TABELA PROVINCIAL CORRIGIDA ...94
TABELA 39: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR PROFISSÕES SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO – MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL
CORRIGIDA ................................................................................................................................................................................95
TABELA 40: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR PROFISSÕES SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO – MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL
ORIGINAL...................................................................................................................................................................................96
TABELA 41: DISTRIBUIÇÃO, POR MUNICÍPIO, DA POPULAÇÃO DE MINAS GERAIS, EM 1872, SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO ..................97
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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Introdução
O momento da concretização dos resultados da pesquisa “Publicação crítica do
Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872” simboliza o fechamento de um ciclo que
durou três décadas, que acabaram unindo o nome do Cedeplar/UFMG ao primeiro censo
demográfico brasileiro, pois foi a instituição que identificou, no início da década de 1980, a
importância de voltar a atenção com mais cuidado para esta preciosa documentação demográfica
e dar a ela maior publicidade. A ideia de que se conclui uma etapa importante se baseia,
principalmente, no fato de que a pesquisa logrou disponibilizar os dados da primeira iniciativa de
retratar a população brasileira (sem os erros de soma e de impressão dos originais) da forma mais
ampla possível, por meio da internet, com acesso gratuito.
Seria tarefa árdua e, ao mesmo tempo, desnecessária, elencar as inúmeras aplicações e
utilidades que os dados do Censo de 1872, agora trabalhados e mais acessíveis, teriam para a
comunidade científica e para a sociedade em geral. Um censo demográfico, qualquer que seja,
pode ser considerado fonte inesgotável de pesquisas, mas as particularidades do censo em
questão o tornam ainda mais especial: foi o primeiro censo brasileiro e o único do período
imperial e escravista. Além disso, o Censo de 1872 pode ser considerado bem completo, mesmo
para os padrões atuais, devido à quantidade de atributos da população que conseguiu levantar.
A ampla repercussão da divulgação do acesso aos dados do Censo de 1872 pode ser
atestada pelo interesse de inúmeros sites e portais de notícia de repercutirem a informação, que
foi também ecoado nos blogs e nas redes sociais. O resultado disso se traduziu em uma
ampliação de cerca de 45 vezes os acessos ao site, em relação ao fluxo médio anterior.
O principal produto da pesquisa foi o “Pop 72 – Brasil, v 1.0”, aplicativo hospedado no
site do Cedeplar/UFMG1 que permite extrair os dados do Censo de 1872 de diversas formas de
consulta, que podem ser transferidos facilmente para planilha eletrônica (do tipo Excel). O
presente texto, na forma de relatório, procura, entre outras coisas, descrever as etapas da
pesquisa, a participação dos membros da pesquisa, além de apresentar o conteúdo pesquisado,
que versa principalmente sobre a descrição do Censo de 1872 e os métodos empregados para
suprir suas deficiências e petencializar seu uso.
O relatório encontra-se composto em cinco partes. A primeira parte propõe realizar uma
apresentação geral do Censo de 1872, sua contextualização histórica, além de conter uma
1
http://www.nphed.cedeplar.ufmg.br/
4
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
primeira reflexão sobre as diferenças entre os dados divulgados e os dados efetivamente
coletados em campo, depois de eliminadas as incorreções.
A parte dois do relatório propõe fazer um resgate de toda a trajetória de três décadas de
pesquisa que culminaram, agora, na disponibilização dos dados em versão digital. Dois aspectos
devem ser ressaltados aqui que justificaram a iniciativa, desde o início. O primeiro aspecto
refere-se à necessidade de ajustar os dados, uma vez que as inconsistências eram evidentes e os
dados divulgados davam margem a uma leitura diferente daquela realidade. O outro aspecto diz
respeito à necessidade de se dar maior publicidade aos dados do censo, tão necessários para a
historiografia brasileira, quer local, quer nacional.
A terceira parte volta-se a apresentar o método pelo qual foi possível vencer o desafio de
eliminar todas as inconsistências dos dados de 1872 de forma a tornar o censo um todo
harmônico, buscando, para tanto, realizar o mínimo de intervenção sobre os registros originais.
Trata-se de um método que procura corrigir os dados não por alguma evidência externa, mas sim
orientado, tão somente, pela coerência intrínseca dos próprios dados censitários de 1872.
A parte quatro contém estudos de caso que auxiliam no entendimento das possibilidades e
limitações do Censo de 1872, ainda que incipientes. O primeiro propõe fazer uma comparação
entre os resultados do censo da Corte, de 1870 (considerado o pré-teste do censo de 1872) e os
dados da Corte do Censo de 1872. O segundo estudo versa sobre as informações de frequencia
escolar e alfabetização contidas nesse registro demográfico. Optou-se ai, fazer um estudo da
província de Minas Gerais, que já continha um censo regional que tratava esse tempo (de 1838),
o que permitiu fazer comparações dos dados e acompanhar a evolução no tempo.
A quinta parte é composta por anexos que objetivam complementar os conteúdos
anteriores do relatório. Apresenta-se, primeiramente, os aspectos técnicos do aplicativo Pop 72 –
Brasil, v. 1.0. Na sequencia, é apresentada uma versão ligeiramente modificada do relatório de
pesquisa que deu início à digitalização dos dados de 1872, no Cedeplar. Por último, apresenta-se
a produção científica dos pesquisadores e bolsistas.
5
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
PARTE I: O Censo de 1872 – Aspectos gerais da pesquisa
6
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
1. O Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872: uma análise da consistência e
uma proposta de correção dos dados2
1.1 Introdução
O Recenseamento Geral do Império de 1872 desperta natural interesse não apenas por ter
sido o primeiro censo brasileiro de abrangência nacional, mas também por ter sido única
experiência de arrolamento populacional que logrou sucesso no período imperial e escravista.
Além disso, teve o primado de ser o levantamento demográfico com leque de temas divulgados
mais amplo que os dois censos de 1890 e 1900, que o sucederam, além de ter sido considerado
mais exato na captação e com maior cobertura que estes.
Apesar de sua relevância esta obra não havia sido objeto de um estudo crítico até cerca de
três décadas quando, no Cedeplar, teve início o estudo crítico deste censo. O presente trabalho é
um estudo minucioso do censo e, de certa forma, tem a função de apresentar a sua base de dados
disponibilizada no site do Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica do
Cedeplar. O trabalho propõe lançar luz sobre duas questões. Em primeiro lugar, pretende-se
investigar como foram coletadas as informações censitárias, o que passa, necessariamente, pela
análise do questionário do censo, então denominado lista (ou boletim) de família. Em segundo
lugar, foca-se os dados divulgados como síntese da população do Brasil, procurando analisar em
que medida eles guardam coerência com a soma dos dados locais.
O texto está subdivido em três partes, além desta introdução e das considerações finais.
No item seguinte, procura-se descrever o contexto histórico em que esse censo se inseria. Além
disso, buscou-se fazer uma síntese dos aspectos legais e institucionais que o cerca. No item dois,
fez-se um estudo comparativo do censo do Município da Corte de 1870 (considerado o pré-teste)
e do de 1872, mediante análise dos questionários remanescentes. No item seguinte investigou-se
alguns dados efetivamente publicados, buscando compará-los com as agregações de dados
somente possíveis de se fazer agora, com a base de dados de 1872 do Cedeplar.
1.2 O censo de 1872 e as contagens populacionais anteriores3
1.2.1 O período proto-estatístico no Brasil (1750 – 1872)
É bastante disseminada a periodização quanto ao registro de informações demográficas
no Brasil proposta por Luiza Marcílio (1986: 14) e também apresentada de forma mais sintética
2
Esta é uma versão ligeiramente modificada do texto apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos
Populacionais, pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais – ABEP, em novembro de 2012.
3
Este item e o seguinte são adaptações de parte do conteúdo do trabalho de tese desenvolvido por Rodarte (2008).
7
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
no texto de Paiva, Carvalho e Leite (1990). Segundo Marcílio, haveria três fases distintas: 1) a
pré-estatística (de 1500 a cerca de 1750), em que há escassez de registros de levantamento
populacional baseados em contagem direta da população; 2) a proto-estatística (de 1750,
aproximadamente, a 1872), caracterizada pela abundância de censos regionais e séries
estatísticas vitais provenientes de registros paroquiais; e 3) a estatística (a partir de 1872), com a
criação dos censos nacionais, inicialmente por órgãos estatísticos centrais e pela secularização
das estatísticas vitais (de nascimentos, óbitos e casamentos), com a institucionalização dos
cartórios.
O marco da mudança para o período proto-estatístico seguramente foi dado com a
realização do primeiro levantamento de caráter censitário, simultaneamente, em toda a colônia
portuguesa, em 1776, por meio de mapas de população com formato provavelmente inspirado no
levantamento espanhol de 1768 (Botelho, 1998: 17). Atribui-se o esforço de realização desse
primeiro censo à influência do caráter modernizante da gestão do marquês de Pombal. Ainda
segundo o autor:
“Desde as reformas pombalinas, descrever e conhecer a realidade brasileira
começaram a fazer parte das preocupações dos seus letrados. Inseridos em uma
lógica pragmática que buscava promover o renascimento agrícola da colônia e
fomentar a produção de matérias primas para a industrialização de Portugal,
partia-se para o estudo da realidade brasileira” (Botelho, 1998: 32).
Apesar de baseados na efetiva contagem in loco da população, os primeiros arrolamentos
demográficos tinham a qualidade limitada por vários fatores relativos ao seu contexto histórico.
Em documentos coevos, os capitães-mores (administradores municipais) e vigários paroquiais,
responsáveis últimos pelos levantamentos locais da população, manifestavam a existência de
subcontagem, pelo temor do fisco, do recrutamento militar e mesmo pela impossibilidade de
recensear as áreas rurais mais isoladas de forma plena (Botelho, 1998: 18).
A exatidão desses documentos em aferir as dimensões populacionais também era
comprometida, segundo Botelho (1998: 19-20), pelo interesse das autoridades locais em omitir o
verdadeiro tamanho da população, causado pelo receio de subdivisão de paróquias, pelos
conflitos entre as instâncias administrativas, pela falta de preparo técnico dos envolvidos na
organização do trabalho demográfico e pela ausência de coordenação entre os agentes. Tudo
isso, vez por outra, também resultava em duplicação de tarefas. Acresce a isso, o temor da
população pelo aumento de tributação e o alistamento militar. Pode-se dizer que, em maior ou
menor grau, esses elementos afetaram a qualidade de todos os recenseamentos ao longo do
período proto-estatístico.
8
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Por cerca de um século, depois de 1776, como dito, os levantamentos demográficos eram
regionais e desarticulados entre as unidades da Colônia/Império4. No caso de Minas Gerais, área
mais populosa do Brasil, um documento anônimo elaborado, provavelmente em 1833, transcrito
na Revista do Arquivo Púbico Mineiro (RAPM, 1899: 294-296) apresenta sínteses das contagens
gerais da população, para os anos de 1786, 1805, 1808, 1821 e 1823 desagregadas por condição
e sexo, segundo cor.
Em breves palavras, o mesmo documento aponta para o fato de que os dados de 1823
tinham sido extraídos de “relações nominais”, mais conhecidas como listas nominativas. Esse
enunciado pode estar sugerindo uma mudança importante nos procedimentos para levantamentos
populacionais. Ela seria a substituição de mapas de população, documentos de síntese de
população, normalmente com totais por sexo, faixa etária, condição e cor, por um documento
mais minucioso5. Supostamente, ele trazia, linha por linha, a relação de todos os habitantes com
as respectivas informações de nome, idade, cor, condição social6, domicílio de pertencimento e
outras7.
Em Minas Gerais, a adoção das listas nominativas, que resultava em maior confiabilidade
aos arrolamentos populacionais, foi advogada pelo major Luiz Maria da Silva Pinto (1775-1869),
um dos principais organizadores das estatísticas de Minas Gerais por quase quatro décadas8.
Lotado no cargo de secretário de Governo, desde o ano da Independência, Luiz Maria, que
também havia sido presidente da província, justificava a mudança alegando que na elaboração
dos seus mapas de população, as autoridades dos municípios e distritos de paz freqüentemente
agregavam as informações em categorias estranhas ao padrão previamente definido pelo governo
4
As clássicas “Investigações sobre os Recenseamentos da População Geral do Império”, de Souza e Silva (1986) e o
“Resumo Histórico dos Inquéritos Censitários Realizados no Brasil” (Vianna, 1986), trabalhos de recapitulação dos
levantamentos populacionais para subsidiar o planejamento dos censos de 1872 e 1920, respectivamente,
mencionam diversas contagens populacionais importantes. Mais recentemente, o trabalho de Botelho (1998)
apresenta as experiências e relatos desses diversos recenseamentos e contagens populacionais em cada
capitania/província da colônia/nação, ao longo do século XIX.
5
Apesar de mais frequentes após a independência, existem remanescentes de listas nominativas em períodos
anteriores, como nos termos de Ouro Preto e Mariana, em 1808, estudadas, dente outros, por Costa (1981). Mesmo
para a década de 1770 foram encontradas algumas listas nominativas, em Minas Gerais e em outras capitanias,
sobretudo em São Paulo.
6
Entre as condições sociais, livre e escravo eram as mais freqüentes. Forros (cativo liberto) e quartados (cativo em
processo de alforriamento) eram menos incidentes, inclusive pela menor frequência dessas condições, mas também
por não constituir categorias normalmente exigidas nos ofícios que solicitavam os levantamentos das listas. Por isso,
forros poderiam ser classificados, simplesmente, como livres e quartados, como escravos. A ausência dessa
informação, em geral, foi tomada como indicação do indivíduo ser livre, pelo elevado número de casos de não
informação de condição entre os brancos.
7
Em Paiva e Arnaut (1990), consta uma descrição mais detalhada sobre as características das listas nominativas
mineiras.
8
A atuação do Major Luiz Maria da Silva Pinto na constituição de estatísticas demográficas, socioeconômicas e
elaboração cartográfica foi reconhecida por um dos coordenadores da parte econômica do censo de 1920 e, depois,
um dos diretores do IBGE, Mário Augusto Teixeira de Freitas, ao ponto de chamá-lo “pai da estatística geral
mineira”. (Freitas, 1932: 171).
9
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
da província. Isso impossibilitava as totalizações provinciais de forma satisfatória e rápida
(Botelho, 1998: 22). Já com as listas nominativas, as próprias autoridades provinciais poderiam
calcular e tabular as informações da forma como lhes conviesse.
O mesmo secretário, entretanto, advertia que os números apurados pelas listas
nominativas deveriam ser expandidos em, aproximadamente, 1/3, ou no mínimo, ¼, “pois é
sabido, que muitos chefes de famílias ocultam o que podem aos empregados nestas diligências”9.
Esse mesmo raciocínio esteve presente na avaliação do censo de 1823. Segundo consta no
documento transcrito na RAPM, a população arrolada era de 563.671 pessoas. O autor pondera,
entretanto, que a razão de pessoas por domicílio era baixa e que, por isso, a população deveria ter
por volta de 800.000 habitantes (RAPM, 1899: 296).
Ao longo do período proto-estatístico, a historiografia apresenta algumas tentativas,
próximas de uma dezena, de sistematização dos dados gerados regionalmente, para todo o Brasil.
As estimativas mais conhecidas referem-se aos anos de 1808, 1818, 1823 e 1854. Em geral, as
somas das capitanias/províncias apresentam-se, com frequência, arredondadas, o que sugere
pouca exatidão dos levantamentos populacionais, um produto mais próximo de uma conjectura
do que de algo fundamentado em uma contagem populacional efetiva.
1.2.2 Um censo nacional
Deve-se considerar que com a Independência, aumentou-se a necessidade de se saber o
tamanho da população, por questão eleitoral, com o voto censitário (que estabelecia proporções
entre número de domicílios de cada paróquia e província e a quantidade de eleitores, deputados e
senadores), como se observa em Senra (2006: 91).
Mas os levantamentos regionais não atendiam a contendo as demandas do Estado10, pela
pouca precisão e baixa qualidade da informação. De fato, a modernização da gestão do estado
requeria a disponibilidade de informações mais acuradas sobre a totalidade da população e suas
principais características. Pode-se dizer, mesmo, que o interesse o governo imperial brasileiro em
realizar o censo geral da população esta dentro do espírito tecnocrático que estava se gestando no
mundo ocidental no decorrer do século XIX.
9
Arquivo Nacional – Códice 808, volume 1, folha 200, citado por Botelho (1998: 23).
A necessidade de dados populacionais, por parte de membros do governo, passou a ser mais explicitada e
documentada a partir da Independência, em 1822 e nos anos subsequentes. Senra (2006: 73-78) transcreveu e
analisou trechos dos anais do parlamento e do senado brasileiro, da época, que mostravam a demanda do legislativo
dessa e de outras estatísticas. O autor também analisou depoimentos de minístros e próceres do Império que
evidenciavam a mesma desejo de conhecimento do tamanho populacional, para municiar políticas de governo
(Senra, 2006: 66- 72).
10
10
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
“É preciso, primeiro de tudo, que o Governo geral mostre ostensivamente ligar a
assunto tão transcendente toda a importância que merece nas nações que nos
precederam na marcha da civilização (...) a necessidade de semelhantes
operações, que não tem por fim nem o recrutamento, nem o lançamento de
novos impostos e outros pesados ônus, meros fantasmas com que se assombram
e que as perseguem quando se trata de incluí-las no número que representa a
totalidade da população de seu país” (Souza e Silva, 1986: 16-17).
A referência do autor sobre os receios da população em serem recenseadas justifica-se,
principalmente, pelas revoltas populares insufladas por boatos sobre as razões por trás da
modernização da coleta de informações demográficas, o que frustrou a tentativa de se realizar
um censo nacional já em 1852.
“A notícia da obrigatoriedade do registro civil deu origem a uma série de
revoltas pelo Império. Segundo o Visconde de Monte Alegre, Ministro do
Império, estas revoltas foram estimuladas pelo boato de que o registro “só tinha
por fim escravizar a gente de cor”. Em seu depoimento, o ministro registrou a
ocorrência de distúrbios, alguns de muita gravidade, nas províncias da Paraíba,
do Ceará, de Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Como bem notou Souza e Silva
[1986: 14-15], a revolta contra o registro civil teve como efeito colateral a
impossibilidade de levar adiante a realização do censo” (BOTELHO, 1998: 39).
Em 1870 o Império promove um verdadeiro ensaio para a realização de um censo
nacional, ao levantar, num período relativamente muito curto, o Censo do Município da Corte,
com os seus 235 mil habitantes. Em dois de abril de 1870, cria-se uma Comissão Central para
presidir os trabalhos. Até o dia 16, todos os questionário ou “listas de famílias” já deviriam ser
entregues aos chefes de famílias de “cada morada” para preenchimento das mesmas. Na
sequência, elas seriam recolhidas pelos recenseadores, denominados inspetores, entre os dias 17
e 21 de abril. Seguindo as instruções, todo o material produzido estaria reunido, em maio de
1870, para que a Comissão Central desse início ao trabalho de apuração geral. Data de 1871 o
Relatório que divulga o censo, com circunstanciada análise dos dados, além do relato do
processo de arrolamento populacional, entre outras informações. (RELATÓRIO, 1871).
Parece não haver dúvida de que havia um sentimento de que o Censo da Corte
representava um salto em relação a tudo que já se tinha feito em termos de contagem
populacional, sendo a iniciativa paradigmática para as novas iniciativas do gênero, a começar
pelo Censo de 1872. Em dois de maio de 1870, Souza e Silva já sugeria em seu estudo que “o
modo por que se esta procedendo ao arrolamento da Corte, os brilhantes resultados já obtidos
dão as mais lisonjeiras esperanças de que o pequeno ensaio servirá de incentivo e norma para o
arrolamento geral do Império” (Souza e Silva, 1986: 17). Em 1871, Albuquerque chega mesmo a
dizer que “não existem no Império nenhum trabalho estatístico de população que mereça fé, a
11
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
não ser o recenseamento , a que se procedeu no Município da Corte, em abril de 1870”
(Albuquerque, 1942: 132) 11.
Os outros dois passos determinantes para que o censo se concretizasse foram dados com a
promulgação da lei nº. 1829 de 09 de setembro de 1870 – que estabelecia a constituição de
censos decenais, que seriam executados pela Diretoria Geral de Estatística (DGE), também
criada por essa lei – e do decreto n° 4856 de 30 de dezembro de 1871, que tratava da fixação dos
detalhes da execução do censo, em 1872.
1.2.3 O censo de 1872 em campo
Por esse decreto de n° 4856, “ficou determinado que, em cada paróquia do Império,
haveria uma comissão censitária composta de cinco membros e um corpo de agentes
recenseadores, a ela subordinado, cujo número seria fixado pelos presidentes de província, tendo
em vista a população de cada paróquia e sua distribuição no espaço”. As comissões censitárias
receberiam da DGE, os lotes de “boletins de família”, que eram os questionários do censo e os
redistribuiriam para os agentes recenseadores (IBGE, 1951).
Eles iriam de casa em casa encaminhar, para cada chefe de família, um “boletim de
família”, durante os 15 dias anteriores a 1º de agosto de 1872, data de referência do censo, ao
modo semelhante como determinado em 1870. Na sequência, ainda pelo decreto n° 4856, os
“boletins de família”, uma vez preenchidos, seriam recolhidos pelos mesmos agentes
recenseadores, no prazo de 10 dias após a data de referência. Os dados constantes nos “boletins
de família” seriam checados e os erros, corrigidos. Por fim, nos cinco dias seguintes, as
comissões receberiam o material e, após uma conferência e cumpridos outros trâmites legais, os
expediriam de volta para a DGE, na Corte (IBGE, 1951).
A autodeclaração censitária, adotada nos censos de 1870 e de 1872, por trazer graves
deficiências aos dados, é um procedimento banido dos censos contemporâneos, mesmo em se
tratando de sociedades mais letradas. Além disso, deve-se considerar que os problemas
referentes à falta de uniformidade das respostas, omissão e de erros de interpretação das questões
se agravavam pelo fato de que o número de pessoas que sabiam ler e escrever, pelos próprios
dados do Censo de 1872, era quase igual ao número de famílias. Daí imagina-se o farto volume
11
Segundo relatório de pesquisa de Paiva e Martins, as normas previstas no decreto nº 4856 de 30 de dezembro de
1871 procuravam contornar algumas dificuldades enfrentadas pelos recenseadores na execução do arrolamento da
população do Município da Corte, de abril de 1870, que por isso, pode ser considerado a pesquisa de ensaio para o
Recenseamento de 1872. Ver PAIVA, Clotilde A.; MARTINS, Roberto B. Um estudo crítico do recenseamento
de 1872. Belo Horizonte: PNPE, 1983. Relatório de Pesquisa. Mimeografado, p. 4.
12
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
de trabalho na checagem e correção das informações produzidas pelos próprios chefes de
família, ou por algum outro residente alfabetizado, caso este existisse.
Além dessa questão, o formato do questionário também pode facilitar ou dificultar o
preenchimento e a sua posterior apuração. O item seguinte procura analisar este aspecto,
ressaltando, sobretudo os aspectos mantidos e os alterados entre o boletim de família de 1870 e o
de 1872 e, na sequência, os dados efetivamente apurados pela DGE.
1.3 Considerações sobre o censo a partir do seu pré-teste e dos registros de uma
família quase recenseada
O cotejamento entre os questionários dos censos de 1870 (Figura 1) e o de 1872 (Figura
2) foi sintetizado no Quadro 1. Para questionários respondidos pelos próprios chefes de fogos,
sem o acompanhamento de um manual, os campos para preenchimento das variáveis deveriam
ter as alternativas de resposta (ou as categorias), e/ou acompanhadas de notas explicativas, para
que o questionário fosse autocontido. Observou-se do primeiro para o segundo arrolamento
populacional um avanço nesse quesito, uma vez que todos os campos eram precedidos de
explicação no boletim de família de 1872, ao passo que o anterior, apenas o de estado civil e de
religião.
13
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Figura 1: Boletim de família do Censo do Município da Corte, 1870
Fonte: Recenseamento do Município da Corte de 1870 – Paróquia de São Cristóvão (IBGE, 1980).
14
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Figura 2: Boletim de família do Censo de 1872
Província da Bahia
Quarteirão ignoro
Recenseamento Geral do Imperio em 1872
Municipio da Capital
Logar próximo ao largo da matriz
Bahia, (...) Julho de 1872
LISTA DE FAMÍLIA No 222 da Matrícula geral do Município
Parochia de N. Sra. da Victória
Districto de Paz
Cor
Casa N.º 332 F
Idade
Estado
Logar de Nascimento
Nacionalidade
para
de
de 1872)
Profissão
Religião
Instrucção
1º Antonio Gonçalves Gravatá
branco
2º D. Luisa Adelaide Gonçalvez de Almeida
Idem
3º Flora
Preta
4º Argentina
Idem
Condições especiaes e observações
(A respeito dos hóspedes e transeuntes deve-se
declarar o logar de seu domicilio, e dos ausentes
o logar em que se acham, sendo sabido. Si algumas
das pessoas da relação forem surdo-mudos, cegos,
tortos, aleijados, dementes, alienados, isto será
aqui declarado. A respeito das crianças de 6 a 15
M ez es
(Annos
Sabe
No Brazil
Fora do Brazil
Brazileiro Estrangeiro
Sabe ler ?
completos.
escrever?
(Declara-se
si
a
(Declara-se si
(Declara-se primeiramente o nome
(Declara-se
o
So se
pessoa é branca,
catholico ou
do chefe de familia, depois o da
declaram os estado pelas
(Declara-se a
parda, cabocla
acatholico ,
(Declara-se profissão, officio
mulher, dos filhos, dos outros
palavras
mezes das
(Deve-se
(Declara-se
(Declara-se
si
é
ou preta
comprehendidas
o Estado
parentes que com elle morem e em
solteiro,
crianças de
ou occupação
declarar
a
sómente
o
Estado
nato,
adoptivo
(Responde- (Respondecomprehendidas
nesta ultima
ou Nação a habitual ou os
seguida o dos criados, escravos,
menos de um casado ou
provincia em
ou Paiz em que
ou
na designação de
designação todas se sim ou se sim ou
que
aggregados e hospedes.)
viuvo. )
anno.)
meios
de
vida)
que nasceu.)
naturalisado.)
nasceu.)
não. )
não. )
caboclas as de
as outras
pertence)
raça indigena.)
religiões)
A nnos
N um e ros de orde m
(Deve comprehender todas as pessoas que pernoitarem na casa na noite de
Nomes sobenomes e appellidos
Rua estrada da Victória
e 1 da relação apresentada por mim.
annos deve-se declarar si frequentam ou não
a eschola)
[Vive de sua própria
Catholico
lavoura e
Apostólico Romano
actualmente (...)]
72
casado
Na Bahia
Nato
54
casada
Na Bahia
Idem
solteira
N'A frica
N'Africa
Estrangeiro
Cozinheira
Idem
Não
Não
Escrava
Idem
Idem
Idem
Idem
Lavadeira
Idem
Não
Não
Idem
Idem
mais de
40
Idem
Idem
Sim
Sim
Sim
Sim
5º Paciencia
Idem
13
Idem
Na Bahia
Na Bahia
Brasileira
Todo o serviço
Idem
Não
Não
6º João
Idem
17
Idem
Idem
Idem
Idem
Aprende Carapina
Idem
Não
Não
Idem, he filho da escrava Flora
7º Estevão
Idem
13
Idem
Idem
Idem
Idem
Aprende a Pedreiro
Idem
Idem
Idem
Idem, he filho de uma escrava q libertou-se
8º Theodorico
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
(...)
Idem
Idem
Idem
9º Adão
Idem
Idem
África
África
África
Serviço da casa
Idem
Idem
Idem
Idem, he filho da escrava Flora
Este preto foi liberto com a condiçam de acompanhar seus
senhores durante sua vida
Idem
10º Tobias
Idem
8
mais de
40
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
11º Auta
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
12º [Fava ]
Idem
13
Idem
Bahia
Bahia
Bahia
Do serviço da casa
Idem
Idem
Idem
Idem, he filha da preta Auta
13º Cleta
Idem
10
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
Idem
14º Hypólito
Idem
10 meses
Idem
Idem
Idem
Idem
[Não presta serviço ]
[Ainda não foi
baptizado ]
(...)
(...)
Idem, idem
He livre por ter nascido em 6 de outubro de 1871
Auta, Fava e Cleta sairao de casa em 7 de setembro de 1872
O recenseador,
O Chefe de família
Antonio Gonçalves Gravatá
Obs.: Lista de família preenchida pelo chefe e não recolhido pelo agente recenseador. Original pertencente a família do bibliógrafo Hélio Gravatá, cujos antepassados residiam em Salvador na província da Bahia nesta época. Traz no verso a
anotação: “Este exemplar me foi deixado em casa quando eu me achava fora; na volta disse-me hua escrava que o portador voltaria no dia seguinte; é por isso que recebendo-me no dia 16 de julho, a organizei no dia 17 á espera do portador que não voltou. Agora te [ilegível]
poderia ser datada no 1º de Agosto de 1872 como vai [ilegível] agora”.
15
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Quadro 1 – Informações coletadas e divulgadas no primeiro censo demográfico do Brasil e no censo do
município da Corte
Informação
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
Atributos pessoais
Sexo
Idade
Estado marital
Cor
Nacionalidade
País de origem
Província de origem dos
brasileiros
Religião
Condição de presença
Incapacidade física
Alfabetização
Frequência escolar (6 a 15
anos)
Relação com chefe do fogo
Condição (livre ou escravo)
Atividade econômica
14. Ocupação principal individual
15. Posição na ocupação
Atributos do domicílio e locacionais
16. Igrejas
17. Prisões
18. Quartéis e postos militares
19. Outros prédios públicos
20. Hospitais e casas de saúde
21. Casas habitadas
22. Localização (logradouro) da
casa
23. Residências vagas
24. Fogos existentes
Censo de 1870 - Corte
Questionário
Divulgado
Censo de 1872 - Brasil
Questionário
Divulgado
X (1)
X
X
X
X
-
X
X (2)
X
X
-
X (1)
X
X
X
X
X
X
X
X (2)
X
X
X
X
X
X
X
-
X
-
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X(3)
X
(4)
(5)
X(3)
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
-
X
X
X
X
X
X
X
X
-
X
X
X
X
X
X
Fonte dos dados básicos:.
(1) Deduzido pelo nome dos indivíduos; (2) Em grandes faixas etárias; (3) Apenas número de chefes, não-chefes e escravos; (4)
Determinado pelo regulamento do decreto nº 4.856 de 30 de dez. de 1871. O questionário indica a ordem dos membros do fogo
segundo a posição do domicílio, mas não pede a declaração dos mesmos. (5) Situação análoga à “relação com o chefe”, mas
moradores parecem ter declarado espontaneamente os escravos, com frequência.
Entre os atributos acrescentados, ou mais detalhados, observou-se mais elementos para o
estudo da mobilidade espacial e migração, uma vez que o censo de 1872 inquiria naturalidade
(isto é, lugar de nascimento) dos brasileiros e o de 1870, não.
Contudo, nas instruções para o recenseamento da Corte, de 1870, constava a necessidade
de se apurar, de cada indivíduo a “condição, idade, religião, estado e profissões dos habitantes”,
sob a justificativa de que tais dados serviriam “para o estudo e apreciação de muitos fatos
sociais” e sob as justificativas mais específicas de “regular convenientemente a distribuição do
16
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
ensino primário garantido pelo art. 179 (...) da Constituição, e para efetuar-se uma melhor
divisão e organização administrativa do mesmo Município”.
Apesar dessa demanda de mais informações sobre a educação, tal informação não foi
captada em 1870, mas passou a ser explicitada no boletim de família de 1872. Um outra
inovação foi a introdução da declaração sobre a (in)capacidade física e mental.
Com relação aos pontos em comum entre 1870 e 1872, observou-se a manutenção dos
atributos mais elementares de um levantamento populacional (como sexo e idade). Mas também
foram mantidas algumas fragilidades e indeterminações decorrentes do momento histórico e do
próprio estágio de desenvolvimento do conhecimento demográfico. Uma das principais refere-se
à junção das informações “profissão” e a inserção produtiva, mais conhecida atualmente como
“posição na ocupação”.
Segundo Rodarte (2008), a forma de inserção produtiva do chefe do fogo e dos demais
membros assumia grande importância, pois constituía um fator determinante da conformação do
domicílio, o que explicita a estreita relação entre o universo laboral e a organização da vida
doméstica, e, em outras palavras, sinaliza uma forma específica de vinculação entre economia e
demografia nessa sociedade. Ocorre porém, que as informações de profissão não são separadas
das de posição na ocupação. Assim, um comerciante poderia ser declarado como tal, ou como
proprietário (no caso, de uma loja, por exemplo), pelas categorias constituídas tanto no censo de
1870 (Figura 1) quanto no de 1872 (Tabela 21).
Entre as duas experiências, também foram observados alguns retrocessos. O principal
deles refere-se à captação da informação da posição dos membros no fogo, inclusive a
declaração da condição social de escravo, a despeito das instruções dadas pelo decreto nº 4.856
de 30 de dez. de 1871. A segmentação dos membros entre grandes grupos de posição no fogo
(membros da família, agregados12 e escravos) era inequívoca no boletim da família do censo de
1870, ao passo que no Censo de 1872, não. De fato, a informação sobre a condição escrava (que
deveria caber destaque, pela importância com que apareceu nos dados apurados do Censo de
1872, como se antevê na Figura 2) contou com a iniciativa voluntariosa dos chefes de fogos que
se deram ao trabalho declarar a condição de escravos, quando achavam apropriado, o que deve
ter comprometido a qualidade dessa informação.
Deve-se aqui, fazer algumas considerações pontuais sobre cada aspecto investigado dos
habitantes em ambos arrolamentos populacionais. Em 1872, a informação de cor levantada por
12
Provavelmente, o parente que fosse agregado figuraria entre os membros da família em 1870, sendo explicitada a
condição de agregado na coluna de observações.
17
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
apenas 4 categorias resultava em uma agregação grande para considerável parcela da sociedade,
em especial, para os “pardos” que, a princípio, abarcaria todos os mestiços, independente da
específica relação interétnica.
A informação sobre a idade foi solicitada sem agregação por categoria ou faixa etária,
para ambos os censos. O de 1870 contava com uma coluna para este dado, enquanto que o de
1872 tinha o refinamento de ter dois campos, um para anos completos e outro para meses (para
crianças antes de completar seu primeiro ano de vida), o que deveria facilitar a correta tabulação
de dados de idade. Conquanto o boletim de família ter uma forma adequada de captação da
informação de idade, o correto registro de idade esbarrava-se em duas questões. A primeira
decorria da falta de padronização do registro decorrente da autodeclaração. Observa-se, no
exemplo, que o Antônio Gravatá registrou a idade de Hipólito (de 10 meses) na coluna anos
completos. Caso esse erro tenha sido recorrente, a distribuição etária nas primeiras idades estaria
bastante comprometida. A segunda questão envolve o próprio desconhecimento da idade para
indivíduos adultos e, principalmente, idosos, com posição mais subalterna no domicílio, tal como
os escravos. Nota-se, no exemplo, que o Adão teria a idade declarada como “mais de 40 anos”.
Até o momento da pesquisa, desconhece-se como as equipes da DGE encarregadas da apuração
do censo procederam em casos como este.
18
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Figura 3: Dados gerais do Recenseamento da Corte de 1870
Fonte: Recenseamento do Município da Corte de 1870 (IBGE, 1980).
19
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 1: População total. Brasil - 1872
Quadro geral - Império - 1872
Grupos
Total
Categorias
Almas
Branco
Raças
Pardo
Preto
Caboclo
Solteiro
Estado civil
Casado
Viúvo
Religião
Católicos
Acatólico
Nacionalidade
Brasileira
Estrangeira
Instrução
Sabem Ler e Escrever
Analfabetos
Frequentam Escola
Instrução - população escolar Não Frequentam Escola
de 6 a 15 anos
S./ Inf. da Frequência Escolar
Cegos
Surdos-Mudos
Defeitos físicos
Aleijados
Alienados
Dementes
Ausentes
Ausentes
Transeuntes
Transeuntes
Parte de domicílios
Casas habitadas
Casas desabitadas
1.297.447
32.930
Homens
4.318.699
1.967.118
1.680.046
470.552
200.983
2.977.146
1.164.547
177.006
4.302.387
16.312
4.139.274
179.425
1.013.078
3.305.621
155.622
779.343
2.782
7.990
6.538
23.656
4.838
3.103
35.631
23.221
Livres
Mulheres
4.100.973
1.813.992
1.651.608
449.122
186.251
2.751.978
1.122.881
226.114
4.089.538
11.435
4.036.624
64.349
550.973
3.550.000
96.170
786.110
3.706
5.409
3.863
9.823
3.449
2.027
15.819
13.786
Soma
8.419.672
3.781.110
3.331.654
919.674
387.234
5.729.124
2.287.428
403.120
8.391.925
27.747
8.175.898
243.774
1.564.051
6.855.621
251.792
1.565.453
6.488
13.399
10.401
33.479
8.287
5.130
51.450
37.007
Homens
805.170
246.641
558.529
711.881
73.094
20.195
803.946
1.224
719.632
85.538
958
804.212
114
147.806
1.504
728
4.680
637
374
6.484
1.449
Escravos
Mulheres
705.636
223.397
482.239
623.199
62.684
19.753
705.017
619
652.816
52.820
445
705.191
114
132.054
982
590
2.925
523
333
4.662
885
Soma
Soma
1.510.806
470.038
1.040.768
1.335.080
135.778
39.948
1.508.963
1.843
1.372.448
138.358
1.403
1.509.403
228
279.860
2.486
1.318
7.605
1.160
707
11.146
2.334
9.930.478
3.781.110
3.801.692
1.960.442
387.234
7.064.204
2.423.206
443.068
9.900.888
29.590
9.548.346
382.132
1.565.454
8.365.024
251.792
1.565.681
286.348
15.885
11.719
41.084
9.447
5.837
62.596
39.341
Fogos
1.332.465
Fonte dos básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Dados ajustados pelo MRP.
20
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
O boletim de família de 1872 reservou nada menos que quatro campos para registrar a
origem (naturalidade ou país de origem), o que resultou em certa redundância (como se pode
observar no preenchimento do documento). Certamente, este excesso cumpria a função de tornar
mais clara a necessidade de se declarar a procedência, de forma precisa, tanto estrangeiros
quanto de nacionais. Apesar disso, para a família de Gravatá constatou-se o arrolamento da
naturalidade africana de forma genérica, sem especificar a região do continente.
Mesmo que tenha sido mais detalhado que o boletim de família de 1870, o campo
reservado à profissão continha elevada indeterminação quanto à informação a ser declarada ou
privilegiada, em 1872. Isto porque, em vários casos, a “profissão” ou a “ocupação” poderiam se
diferir dos “meios de vida”. Sobre isso, a título de recomendação, o relatório sobre o censo de
1870 sugeria que fosse privilegiada, nos próximos censos, a informação sobre a posse de
unidades produtivas sobre qualquer outra informação ocupacional (Relatório, 1871: 17).
Desconhece-se em que medida esta suposta orientação tenha sido repassada aos declarantes da
informação.
Tanto o censo de 1870 como o de 1872 continham um campo dedicado a observações. O
de 1870 apresenta-se aqui mais vago, mas explicita que o campo deveria ser explicitada a
situação de ausência (no caso de não pernoitar na noite da data de referência). O boletim de 1872
indicava, além desta, a necessidade de declarar a existência de transeuntes e hospedes. Além
disso, outras informações que seriam dignas de serem declaradas neste campo, que seriam a
existência de incapacidades físicas e mentais, a frequência escolar de crianças. Sobre isso, Senra
ponderou que:
“Há, aqui, um excesso de registros a serem feitos. Não há razão para não se ter
aberto colunas específicas para a maior parte desses temas. Como foi feito, terá
dificultado muito o trabalho de apuração” (Senra, 2006: 361).
Deve-se considerar, inclusive, que todos os atributos indicados neste campo foram
efetivamente apurados e usados nas tabulações do censo, o que confere maior gravidade deste
problema colocado. Além disso, os declarantes acabaram por adicionar outras informações (o
que dificultaria mais a apuração), como observado no exemplo da lista de família de Gravatá, em
que se mencionou um evento que se referia a uma futura mudança de domicílio, ou alforria ou
venda de 3 escravos.
1.4 Divulgação dos dados divulgados e os ajustados do Censo de 1872
O fato de se ter um questionário de difícil transcrição e apuração, acrescido à da questão
da baixa escolarização da população contribuíram, provavelmente, para o agravamento dos erros
21
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
de planejamento logístico para a execução do censo. Estes derivaram, sobretudo, da
subestimação dos problemas inerentes ao desafio de se recensear um país de proporções
continentais, com a infra-estrutura de meios de transporte e comunicação daquela época13. Com
isso, os prazos muito curtos inicialmente estipulados para o levantamento do censo não foram
cumpridos e quatro das 21 províncias adiaram a data de execução do censo14. A não realização
simultânea do censo em todo o território pode também ter comprometido a qualidade do censo,
como foi ressaltado por Paiva e Martins (1983).
Deve-se frisar, como lembrou Senra (2006: 362), que os artigos 13 e 14 do decreto nº
4.676, de 14 de janeiro de 1871, determinavam, aos presidentes de província, o envio de todo o
material censitário para a DGE, na Corte, para que:
“à proporção que for recebendo os elementos originais do recenseamento,
procederá ao apuramento (...) e depois de concluído fará publicar em um ou
mais volumes” (IBGE, 1951: 6).
A diminuta estrutura física da DGE e pequeno número de pessoas para receber e trabalhar
tamanho volume do material que foi chegando das províncias se fez perceber em 1873, tornando
necessário contratação adicional de pessoas, aumento de turnos e adicional de remuneração por
produtividade (DGE, 1874: 50).
Supostamente, a DGE detectou a necessidade de se apurar o segmento escravo da
população quando o censo já estava em campo. No relatório sobre as atividades de 1873 o seu
diretor geral Manuel Correia justificaria proceder assim:
“uma vez que no Brasil era de summa vantagem fazel-a [a separação entre
livres e escravos] em mappas separados, para mais facilmente se poder apreciar
no proximo recenseamento a proporção em que tiver decrescido a população
escrava” (DGE, 1874: 52).
Também nesse relatório parece se apresentar, pela primeira vez, a ideia do plano tabular,
isto é, da configuração dos seis quadros (com relação entre variáveis) que efetivamente veio a
público, com a divulgação do censo:
“[A DGE] entendia ser muito proveitosa a organização [de um quadro geral e]
de mais cinco mappas indicativos: o primeiro da população presente, o segundo
da população ausente no dia do recenseamento considerada em relação às
13
A construção de um cronograma que previa um rápido período de levantamento de dados pode ter sido fundado na
perspectiva que poderiam reproduzir, em escala nacional, a bem sucedida e célere experiência do levantamento do
censo de 1870 do Município da Corte.
14
São Paulo foi a província que mais atrasou o levantamento de informações, que se deu, por fim, em janeiro de
1874. Em Minas Gerais, o censo só foi aplicado em agosto de 1873.
22
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
idades, o terceiro da população nacional, o quarto dos estrangeiros, e o ultimo
da população total em relação às profissões15” (DGE, 1874: 52).
A apuração, questionário a questionário, procurando captar todas as variáveis para
preencher o plano tabular concebido, fazia-se em equipes com um indivíduo lendo em vós alta e
os demais tomando nota (Senra, 2006: 367). Por tudo o que foi tratado, desconhece-se o nível de
exatidão e da fidelidade ao conteúdo das listas de famílias, uma vez que as mesmas não existem
mais.
Para que não atrasasse ainda mais o término da contagem e publicação do Censo de 1872,
optou-se por não esperar o levantamento e a chegada dos dados de 32 paróquias. A despeito do
enorme volume de informações a serem trabalhadas, a DGE conseguiu finalizar seus trabalhos
ainda em 1876. Para cada uma das 1.440 paróquias recenseadas, foram gerados seis quadros
padronizados contendo as principais informações produzidas a partir da síntese dos dados
contidos nos “boletins das famílias”, como se observa no Quadro 2.
Quadro 2 – Organização das informações divulgadas no Censo de 1872, por atributos pessoais e
socioeconômicos, segundo quadro padronizado disponível por paróquia
Quadros paroquiais
1. Quadro geral da população
Atributos pessoais e socioeconômicos
Sexo, condição, cor, estado civil, religião,
nacionalidade, nível de alfabetização, frequência
escolar de crianças, defeitos físicos e número casas
(habitas e desabitadas) e de fogos
2. População presente em relação à idade
Sexo, condição, cor, idades
3. População ausente em relação à idade
Sexo, condição, cor, idades
4. População em relação à nacionalidade brasileira
Sexo, condição, estado civil, cor, província de origem
5. População em relação à nacionalidade estrangeira
Sexo, condição, estado civil, religião, país de origem
6. População em relação à profissão
Sexo, condição, estado civil, nacionalidade, profissões
Fonte: DGE – Recenseamento do Império de 1872.
A edição original da publicação do Censo de 1872 foi organizada em 23 volumes, e
conta-se que apenas 50 exemplares dessa publicação foram disponíveis à venda. Com isso, esses
exemplares da edição original do censo transformaram-se em obras raras. Atualmente, além das
fontes secundárias com dados do Recenseamento de 1872, o acesso às informações ampliou-se
com a disponibilização, por internet, do acervo referente à edição original de 1876, na biblioteca
virtual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cabe ressaltar, contudo, que não
se trata de dados compilados em planilhas eletrônicas, mas de arquivos digitais de imagem das
páginas do Censo, nem sempre inteligíveis.
15
O enunciado sugere que na época não havia o conceito de população em idade ativa (PIA), já que a tabela de
profissão contava com toda a população, sem a subtração de crianças, mesmo as de 0 a 4 anos.
23
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Em princípios da década de 1980, um importante passo em direção à maior
acessibilidade, permitindo o manuseio computacional dos dados foi dado pelo Centro de
Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) que, em uma pesquisa com
financiamento do INPES/IPEA, através do Programa Nacional de Pesquisa Econômica (PNPE),
transcreveu, em meio digital, todo o acervo dos dados das paróquias recenseadas, o que
representou a digitalização dos 8.640 quadros paroquiais. A partir de 2012, o Cedeplar passa a
disponibilizar em seu site essa base de dados com os dados divulgados e os corrigidos, segundo o
método do resultado predominante (MRP) desenvolvido por Rodarte (2008).
Como tratado anteriormente, o que viria a ser os microdados do censo de 1872 (ou seja,
os dados contidos no boletim de família) não existem mais e, com isso, o que se pode ter, de
mais desagregado desse arrolamento populacional, são os dados das 1.440 paroquiais. Deve-se,
supor, por uma questão de lógica e de coerência, que os dados sintéticos do censo, que
expressam as características do Império e das províncias, teriam como lastro e forma de
sustentação, a soma dos dados das suas paroquiais. Assim, pelo menos, deveria ser.
De fato, o que se pode observar é que os números agregados divulgados e a soma dos
dados paroquiais se coincidem no total de pessoas, subdivididas entre livres e escravas.
Encontra-se no primeiro volume do Censo de 1872, uma população no Brasil de 9.930.478
habitantes, sendo 8.419.672 livres e 1.510.806 escravos16 (DGE, 1876). Ao somar todas as
paróquias recenseadas com os dados ajustados pelo método MRP, os mesmos totais são
encontrados. Contudo, no restante dos atributos analisados, quase tudo tem divergência. Analisase, abaixo, algumas das principais características investigadas no primeiro quadro do censo.
Pelos dados publicados, a população brasileira seria ligeiramente mais branca e com um
número maior de casados (Tabela 2). Até aqui, é difícil supor uma intencionalidade ou
manipulação dos dados, uma vez que, em termos relativos, a distribuição por cor e estado civil
da população mantém-se a mesma em ambas totalizações. O mais provável teria sido erros de
soma para justificar essas divergências. O mesmo pode ser dito em relação à composição da
população por religião, e nacionalidade, uma vez que são diferenças em número que não influem
em termos percentuais (Tabela 3).
16
O cálculo aqui desconsidera a população residente nas paróquias não recenseadas.
24
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 2: Diferença entre os dados publicados e a soma total das paróquias, por condição, cor e estado civil.
Brasil, 1872
12.000
(Habitantes)
10.000
8.000
6.000
4.000
Livres
2.000
Escravos
0
Total
-2.000
-4.000
-6.000
-8.000
-10.000
Branco
Pardo
Preto
"Raças"
Caboclo
Solteiro
Casado
Viúvo
Estado civil
Fonte dos básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).
A frequência escolar de crianças de 6 a 15 anos, contudo, apresenta números muito
discrepantes entre as duas formas de mensuração. Segundo a DGE, havia 320,7 mil crianças nas
escolas, ao passo que pela soma das paróquias esse número era de 251, 7 mil. Os motivos pelos
quais levaram a DGE divulgar um numero 27,4% maior que o apurado nas sub-unidades ainda
devem ser investigados. Deve-se considerar, contudo, que esta questão era objeto de muita
atenção por parte do governo, uma vez que a necessidade de números para se promover políticas
públicas de educação era uma das justificativas explicitadas para se fazer censos demográficos.
25
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 3: Diferença entre os dados publicados e a soma total das paróquias, por religião, nacionalidade e
frequência escolar. Brasil, 1872
(Habitantes)
80.000
70.000
60.000
50.000
Livres
40.000
Escravos
30.000
Total
20.000
10.000
(10.000)
Católicos
Acatólico
Religião
Brasileira
Estrangeira
Nacionalidade
Frequentam
Escola
Não
Frequentam
Escola
Crianças (6 a 15 anos)
Fonte dos básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).
1.5 Considerações finais
O presente trabalho procurou apresentar e investigar as formas de captação das
informações demográficas no primeiro esforço bem sucedido do Império em se realizar um
censo nacional. A experiência teve, inclusive, o mérito de ser abrangente em temas, ao se
levantar, inclusive, características da população que não tinham sido objeto de atenção em
censos de outros países.
Observou-se, inclusive, que esta ousadia estatística foi em grande parte concebida depois
de se realizar o Censo do Município da Corte, de 1870, o que fica evidente pela cotejamento
entre os questionários de ambos os censos. Outra inovação foi o fato de o questionário de 1872
ter-se tornado quase totalmente auto-explicativo, aspecto essencial para sua aplicação, uma vez
que a captação da informação não era mediada por agentes recenseadores. Isso não implica dizer
que o preenchimento tenha ocorrido sem problemas pelos indivíduos, uma vez que as notas
explicativas para a declaração tinham lacunas e indeterminações, em especial, no caso do campo
reservado à declaração da profissão de cada indivíduo.
A forma do questionário do censo de 1872 permitia aos declarantes serem muito
detalhistas, o que pode ter dificultado a apuração dos resultados. Mas o fator mais dificultoso no
processamento das informações foi o fato de ter desejado investigar quantos escravos havia no
Brasil, sem que o questionário (que já tinha ido a campo) estivesse adaptado para coletar esta
informação. Isso deve, certamente, ter comprometido a captação do fenômeno de forma mais
acurada.
26
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Outra questão importante seria, em que medida os dados divulgados mais agregados
condizem com a soma das partes. Para qualquer censo a resposta inequívoca seria a
correspondência total entre estes dois. Contudo erros de soma do Censo de 1872 levaram a
algumas distorções que, contudo, não eram grandes ao ponto de subverter a pesquisa, para vários
atributos analisados. Mas observou-se porém, que a DGE divulgou a frequência escolar das
crianças de 17,2%, quando, pela soma dos dados paroquiais – corrigidos – apontaram uma
cobertura escolar expressivamente menor (de 13,8%). Mais pesquisas deverão ser feitas para
diagnosticar estas e outras possíveis distorções. A base de dados ajustada dos dados de 1872, que
se encontra disponível no site do Cedeplar, possibilita a realização desse estudo.
1.6 Fontes e referências bibliográficas
1.6.1 Fontes primárias
IBGE. Recenseamento do Município da Corte de 1870; volume de manuscritos pelos próprios moradores da
"Parochia de São Cristóvão do Município da Corte”. Rio de Janeiro: IBGE, 1980, microfilme.. Disponível em:
< http://biblioteca.ibge.gov.br/colecao_digital_publicacoes.php >. Acesso em: 11 jul. 2012.
DIRETORIA GERAL DE ESTATÍSTICA – DGE. Recenseamento geral do império de 1872. Rio de Janeiro: Typ.
Leuzinger; Tip. Commercial, 1876. 23 v.
< http://biblioteca.ibge.gov.br/colecao_digital_publicacoes.php >. Acesso em: 11 jul. 2012.
DIRETORIA GERAL DE ESTATÍSTICA – DGE. Relatório e trabalhos estatísticos apresentados ao ministro e
secretario de estado dos negócios do império pelo diretor geral conselheiro Manuel Francisco Correia.
Rio de Janeiro: Typ. Franco-Americana, 1874.
<http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u1701/000791.html>. Acesso em: 11 jul. 2012.
DIRETORIA GERAL DE ESTATÍSTICA – DGE. Relatório e trabalhos estatísticos apresentados ao ministro e
secretario de estado dos negócios do império pelo diretor geral conselheiro Manuel Francisco Correia.
Rio de Janeiro: Typ. de Hippólito José Pinto, 1877.
IBGE. Legislação básica dos recenseamentos de 1872 e 1890. Documentos Censitários, série A – Número 1. Rio
de Janeiro: IBGE, Conselho Nacional de Estatística, 1951. 17 p.
RAPM. “Documentos” Diversos. Revista do Arquivo Publico Mineiro, Ouro Preto, v. 4, n. 4, p. 287-316, 1899.
SOUSA e SILVA, Joaquim Norberto de. Investigação sobre os recenseamentos da população geral do Império e de
cada província de per si tentados desde os tempos coloniais até hoje. São Paulo: IPE/USP, 1986. (ed. facsimilar; 1ª ed.: 1870).
VIANNA, Oliveira. Resumo histórico dos inquéritos censitários realizados no Brasil: recenseamento do Brasil,
1920. São Paulo: IPE/USP, 1986. (ed. fac-similar).
RELATORIO apresentado ao Ministro e Secretario d'Estado dos Negocios do Imperio pela Commissão
encarregada da direcção dos trabalhos do arrolamento da população do Municipio da Côrte em abril de 1870.
Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1871. 65 p.
1.6.2 Referências bibliográficas
ALBUQUERQUE, Joaquim José de C. da C. M. As atividades da Diretoria Geral de Estatística no ano de sua
criação (1871). Revista Brasileira de Estatística. Rio de Janeiro, p. 131-144, Jan.-Mar. 1942.
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Paulo, São Paulo, 1998.
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alvorecer do século XIX. São Paulo: IPE-USP, 1981. 335 p.
FREITAS, Mário A. T. Os serviços de estatística no Estado de Minas Gerais. Revista da Sociedade de Geografia
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MARCÍLIO, Maria L. A população do Brasil em perspectiva histórica. In: COSTA, Iraci del N. da (Org.). Brasil:
história econômica e demográfica. São Paulo: IPE/USP, 1986. p. 11-27.
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BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Estatísticas históricas do Brasil. 2. ed.. Rio de
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PAIVA, Clotilde A.; ARNAUT, Luiz D. H. Fontes para o estudo de minas oitocentista: listas Nominativas. In:
SEMINÁRIO SOBRE ECONOMIA MINEIRA, 5., 1990, Diamantina. Anais... Belo Horizonte: UFMG/
CEDEPLAR, 1990. p. 85-106.
RODARTE, Mario M. S. O trabalho do fogo: perfis de domicílios enquanto unidades de produção e reprodução na
Minas Gerais Oitocentista. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG, 2008. 365f. Tese (doutorado em Demografia) –
Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,
2008.
SENRA, Nelson de C. História das estatísticas brasileiras. v. 1. Estatísticas desejadas (1822-1889). Rio de
Janeiro: IBGE, 2006. 614 p.
28
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
PARTE II: A digitalização do Censo de 1872
29
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
2. A digitalização do Censo de 1872
Podemos identificar três momentos em que os avanços na transcrição, avaliação e
disponibilização do censo de 1872 foram mais significativos, embora o trabalho com este censo
nunca tenha sido totalmente interrompido.
O primeiro, aquele que deu origem a pesquisa, foi financiado com recursos do INPES/
IPEA dentro do programa PNPE. Em 1981 os professores Roberto Martins e Clotilde Paiva,
integrantes do corpo docente do Cedeplar, submeteram ao PNPE um projeto intitulado “Um
estudo crítico do recenseamento de 1872”. Este projeto estava calcado na transcrição dos dados
da publicação original de 1876, composta de 12 volumes17. Naquele momento, colocar em meio
eletrônico todas as tabelas, então denominadas “quadros” paroquiais publicados. Como havia
1.473 paróquias e o plano tabular da Directoria Geral de Estatística (DGE) previa seis “quadros”
por paróquia, contabilizava-se um total de 8.840 tabelas a serem transcritas. Soube-se, no
avançar dos trabalhos, que algumas poucas paróquias não foram recenseadas, o que reduzia o
total de tabelas a serem trabalhadas para 8.640. Dada a tecnologia da época, a tarefa implicava a
transcrição para o papel todos os dados microfilmados e, depois, a digitalização dos mesmos
para computador18. Os pesquisadores propuseram, no prazo de um ano, digitar todas as tabelas
paroquiais, conferir a cópia e a digitação, e fornecer uma primeira avaliação da qualidade e do
grau de cobertura deste registro censitário, que foi o primeiro levantamento censitário realizado
no Brasil.
Desnecessário ressaltar a relevância da pesquisa proposta e, também, a ingenuidade dos
pesquisadores ao imaginarem que no período de um ano poderiam realizar tarefa desta dimensão.
No “Relatório Final” apresentado ao INPES/IPEA em 1983 resgatamos aspectos importantes do
planejamento do censo, analisamos sua cobertura em todo o território nacional e inventariamos
as paróquias omitidas da publicação. De fato, foram digitalizados dados de todas as províncias.
Contudo, apenas os dados das tabelas paroquiais das províncias de Minas Gerais, Alagoas, Rio
Grande do Norte, Pará, Pernambuco e Espírito Santo puderam ser conferidos e comparados com
os das tabelas originais. Como se observou grandes divergências de resultados, adotou-se, como
metodologia de ajuste, o procedimento de se recalcular os totais de cada tabela no pressuposto de
que o seu miolo (ou seja, os dados mais desagregados das tabelas) estaria correto, que quanto
17
A equipe reconhece os esforços do IBGE e, em especial, da Hespéria Zulma de Rosso, chefe do Departamento de
Documentação e Referência da Biblioteca Central do IBGE (Rio de Janeiro) que, naquela ocasião, havia nos
recebido e nos orientado no uso do acervo de seu departamento. Sem a liberação do material censitário, esta
pesquisa teria sido inviável.
30
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
menor a unidade de informação melhor seriam os dados19. Ainda que os dados tivessem sido
apenas parcialmente conferidos, a base de dados digitalizada do censo de 1872 passou a ser
cedida (ainda com reservas) para pesquisadores. A identificação de enorme demanda por
informação dessa natureza conferiu novo estímulo ao Cedeplar para que o se retomasse o
trabalho deste censo.
O segundo momento de grande avanço ocorreu em duas etapas entre os anos de 1995 e
2002, quando se recebeu apoio financeiro e institucional da Fundação João Pinheiro (FJP) e, em
seguida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O professor Tarcisio Botelho
coordenou ambas as etapas. Com o auxílio da FJP, completou-se o trabalho de conferência de
conferência dos dados digitados das tabelas paroquiais com relação aos originais microfilmados.
Em seguida, com apoio do IPEA, foi dada continuidade aos trabalhos com vistas à produção de
um CD-ROM que teria, além de um software de consulta aos dados, um conjunto de estudos
relevantes sobre a obra (com relato da história, institucionalidade, legislação, e outros elementos
relacionados ao censo) contando com a participação de alguns especialistas da área. Assim,
Botelho cuidou de completar a transcrição, elaborar a primeira proposta de correção dos dados e
coordenar a produção de estudos. Embora o CD-ROM nunca tenha sido produzido, o avanço
nesta etapa foi decisivo para que o projeto pudesse ser agora concluído.
O terceiro momento, que agora se finaliza, teve inicio em novembro de 2010 com
recursos da FAPEMIG. Obtivemos financiamento para concluir o trabalho e disponibilizar, via
internet, o censo acompanhado dos estudos relativos a ele que ao longo do tempo foram sendo
realizados. Este relatório mostra o sucesso alcançado pela equipe e contém todas as informações
necessárias para que o acesso a esta obra tão importante esteja ao alcance de todos.
18
Deve-se mencionar aqui o apoio de Hélio Mário Neves Pimentel de Oliveira (Engepel), por sua assistência
durante as fases de coleta de dados, e de transposição destes dados para fita magnética.
19
A proposta de correção dos dados é mais bem detalhada no item 8 deste relatório.
31
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
PARTE III: A correção dos dados do Censo de 1872
32
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
3. O método do resultado predominante (MRP) para correção dos dados do Censo de
187220
3.1 Aspectos gerais
O primeiro problema que se depara ao se buscar utilizar os dados mais gerais da
Província pelo Censo de 1872 relaciona-se à decisão de qual número privilegiar. Isso porque,
como se observa na Tabela 4, para cada atributo pessoal ou característica socioeconômica a soma
dos números paroquiais dificilmente correspondiam ao total que a Diretoria Geral de Estatística
(DGE) divulgou para o Brasil (e também para as províncias), chegando ao paroxismo de se
defrontar com números divergentes sobre um mesmo aspecto analisado, em dois momentos da
exposição das estatísticas, para uma mesma unidade paroquial.
Tabela 4 – Total da população segundo o oficialmente divulgado e segundo a soma nas 11 seções das tabelas
paroquiais – Brasil – 1872.
Livres
Escravos
DiferenSeções dos quadros
Natureza dos
Total (1)
ça do
paroquiais
resultados
Homens Mulheres Homens Mulheres
oficial
A) Total (oficial DGE)
Dados oficiais 4.318.699 4.100.973
805.170
705.636
B) Quadros paroquiais
1º Quadro geral
1 - Total - "Almas"
2 - Cor "Raças"
3 - Estado marital
4 - Religião
5 - Nacionalidade
6 - Instrução
Coluna de total 4.319.510
4.322.576
4.315.199
Soma das
4.316.596
categorias
4.318.627
4.318.638
4.108.325
4.101.295
4.148.554
4.104.956
4.102.482
4.228.222
805.203
856.115
805.626
804.682
805.113
802.960
705.709 9.938.747 8.269
706.178 9.986.164 55.686
706.512 9.975.891 45.413
705.315 9.931.549 1.071
705.824 9.932.046 1.568
705.818 10.055.638 125.160
4.326.075 4.098.487
804.597
705.177 9.934.336
Colunas de totais 4.317.827 4.174.553
853.566
737.088 10.083.034 152.556
804.478
705.545 9.932.879
804.155
704.425 10.013.251 82.773
804.908
705.597
2º e 3º quadros - por grupos de idade
7 - Pop. presente/ausente
Soma das
por idade
categorias
8 - Total da pop.
presente/ausente
4º e 5º quadros - por província ou nação de origem
9 - População por local
Soma das
4.319.678 4.103.178
de origem
categorias
6º quadro - por profissão
10 - População por
Soma das
4.334.802 4.169.869
profissão
categorias
11 - Total da população Colunas de totais 4.319.474 4.100.562
9.930.478
9.930.541
-
3.858
2.401
63
Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar.
As seções de 1 a 6 correspondem à 1º “quadro geral” (ver Tabela 8, no Apêndice); As duas seções seguintes referem-se aos
segundo e terceiro quadros de distribuição etária (ver Tabela 10 e Tabela 12); A nona seção mescla dados do quarto e quinto
quadros, sobre população por origem de província ou nação (Ver Tabela 15, Tabela 17 e Tabela 19). As duas últimas seções
originam do 6º quadro (ver Tabela 21).
(1) Pela soma dos dados apresentados e não pela coluna de somatória original da publicação das paróquias.
20
Este item constitui uma adaptação de parte do conteúdo do trabalho de tese desenvolvido por Rodarte (2008), que
se apresentava ainda em uma forma incipiente.
33
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Se as divergências predominam em cada seção de totalização dos dados da população no
conjunto das paróquias mineiras, como indica a Tabela acima, o mesmo não se sucede com os
números apresentados em cada paróquia, que se mostram mais coerentes entre si. Os dados
censitários de uma das duas paróquias que formam a sede municipal da capital de Minas Gerais,
na Tabela 5, ilustram essa afirmação. Na Paróquia de N. Sra. do Pilar de Ouro Preto, não havia
divergência de totais entre as mulheres escravas. Mesmo nos outros três segmentos
populacionais por sexo e condição, que apresentaram ocorrências de totais discrepantes em
relação ao resultado predominante, a maioria dos resultados mantiveram-se coerentes uns com os
outros.
Tabela 5 – Total da população nas 11 seções das tabelas paroquiais, segundo condição e sexo - Paróquia de
Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto - 1872.
Seções dos quadros
Natureza dos
resultados
Livres
Escravos
Total (1)
Homens Mulheres Homens Mulheres
Moda
3.661
3.089
480
471
7.701
Coluna de total
Soma das categorias
Soma das categorias
Soma das categorias
Soma das categorias
Soma das categorias
3.661
3.661
3.661
3.661
3.661
3.661
3.089
3.089
3.089
3.089
3.089
3.089
480
480
480
480
480
480
471
471
471
471
471
471
7.701
7.701
7.701
7.701
7.701
7.701
2º e 3º quadros - por grupos de
idade
7 - Pop. Presente/ausente por idade
8 - Total da pop. presente/ausente
Soma das categorias
Colunas de totais
3.661
3.661
3.089
3.089
479
480
471
471
7.700
7.701
4º e 5º quadros - por província ou
nação de origem
9 - População por local de origem
Soma das categorias
3.661
3.089
480
471
7.701
6º quadro - por profissão
10 - População por profissão
11 - Total da população
Soma das categorias
Colunas de totais
3.657
3.661
3.093
3.089
480
480
471
471
7.701
7.701
Quadros paroquiais
1º Quadro geral
1 - Total - "Almas"
2 - Cor "Raças"
3 - Estado marital
4 - Religião
5 - Nacionalidade
6 - Instrução
Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar.
Números divergentes em relação à moda estão em negrito.
(1) Pela soma dos dados apresentados e não pela coluna de somatória original da publicação das paróquias.
Com efeito, as discrepâncias são exceções à regra, como mostra a análise de todas as
1.440 paróquias brasileiras recenseadas, pela Tabela 6. Entre os livres, para ambos os sexos,
notou-se que as totalizações de pouco mais de 60% das paróquias não se divergiram entre si,
tanto entre homens (61,3%) quanto para mulheres (64,1%). O número máximo de divergências
em relação ao resultado modal em uma mesma paróquia foi equivalente a quatro e isso só se
observou em apenas uma paróquia.
34
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 6 – Paróquias segundo ocorrência de totais divergentes ao número modal nas 11 seções de totalizações
das tabelas paroquiais, por condição e sexo - Brasil - 1872.
Ocorrências de
Livres
Escravos
discrepâncias em
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
relação à moda
N.
%
N.
%
N.
%
N.
%
Total
Sem desvio
1 Ocorrência
2 Ocorrências
3 Ocorrências
4 Ocorrências
1.440
100,0
1.440
100,0
1.440
100,0
1.440
100,0
882
431
114
12
1
61,3
29,9
7,9
0,8
0,1
923
406
95
15
1
64,1
28,2
6,6
1,0
0,1
1.143
264
30
3
0
79,4
18,3
2,1
0,2
0,0
1.159
254
24
3
0
80,5
17,6
1,7
0,2
0,0
Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar.
Inicialmente, suspeitava-se que os desvios da moda decorriam da omissão da população
sem informação para determinados atributos pesquisados, como profissão. Mediante análise da
Tabela 7, refutou-se essa hipótese como única responsável pelos desvios em relação à moda,
uma vez que os mesmos eram, ora positivos, ora negativos. Com isso, os resultados expostos
sugerem a existência de outras razões para os erros, como os advindos de impressão e, também,
de soma. É provável que este último tenha uma responsabilidade menor do que apregoava Paiva
e Martins21. No caso dos desvios superiores à moda, seria preciso supor correta a soma das
categorias e desprezar as outras 10, nove ou oito totalizações das demais tabelas, o que parece
pouco razoável.
21
Ver PAIVA, Clotilde A.; MARTINS, Roberto B. Um estudo crítico do recenseamento de 1872. Belo Horizonte:
PNPE, 1983. Relatório de Pesquisa. Mimeografado, p. 2.
35
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 7 – Distribuição das paróquias segundo o resultado modal nas 11 seções de totalizações das tabelas
paroquiais, em relação ao número modal e divergência para mais e para menos, por condição e sexo – Brasil
– 1872.
Natureza dos
resultados
Seções dos quadros
1º Quadro geral
1 - Total - "Almas"
2 - Cor "Raças"
3 - Estado marital
4 - Religião
5 - Nacionalidade
6 - Instrução
Coluna de total
Diferença em relação à moda
Livres
Escravos
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
menor maior menor maior menor maior menor maior
3
13
18
6
11
5
5
18
12
2
13
7
4
10
15
10
9
19
4
8
20
9
10
10
3
3
9
8
6
5
1
11
6
7
4
3
3
8
10
5
9
7
1
4
7
4
4
6
2º e 3º quadros - por grupos de idade
7 - Pop. presente/ausente por
Soma das
137
idade
categorias
8 - Total da pop. presente/ausente Colunas de totais 12
135
141
139
64
70
73
47
7
12
9
4
8
12
5
56
42
43
21
20
14
14
26
79
102
80
63
31
53
44
16
8
8
5
4
2
1
4
2
Soma das
categorias
4º e 5º quadros - por província ou nação de origem
Soma das
categorias
9 - População por local de origem
6º quadro - por profissão
10 - População por profissão
11 - Total da população
Soma das
categorias
Colunas de totais
Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar.
(1) Para brasileiros, 22 categorias; para estrangeiros livres, 27; e escravos africanos, 1.
De posse das evidências apresentadas, passou-se para a tarefa de elaboração de uma
forma de correção dos dados do censo que valorizasse os resultados predominantes das
estatísticas paroquiais quanto ao sexo e condição social, e, mais do que isso, tomasse como ponto
de partida esses valores modais.
3.2 Primeiro módulo: Os resultados predominantes gerais
O princípio do processo de correção, com efeito, consistiu no estabelecimento do valor
modal da população segmentada por sexo e condição social como os valores que deveriam ser
considerados como corretos22. Não deixou de surpreender o fato de que a soma dos valores
modais das paróquias havia correspondido com os valores totais da população divulgados pela
DGE, constante na primeira linha da Tabela 4, como se pode observar comparando esses
números com a primeira linha da Tabela 9 (pág. 41).
Uma vez que os resultados do procedimento de correção corresponderam ao total
oficialmente divulgado pelo Recenseamento, concluiu-se que o método provavelmente resgatava
36
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
o expediente adotado pelos técnicos da DGE, que consistiria em empregar, nas somatórias de
províncias e do Brasil, o resultado predominante ao nível paroquial, desvencilhando-se das
inconsistências e dos problemas de soma, vez por outra encontrados.
Deve-se sublinhar que este módulo do MRP corrige apenas os dados paroquiais da
população por sexo e condição. Para se fazer avançar no ajuste de dados de composição da
população, era forçoso pensar também, como corrigir as discrepâncias de informação da
distribuição da população por cor, estado marital, e, sobretudo, idade, origem e profissão. Tais
atributos, entretanto, não eram passíveis de serem obtidas pelo mesmo processo de extração da
moda. Daí formulou-se outros dois módulos do método, interdependentes, para a correção dos
dados mais desagregados do censo e que mantivessem a coerência com o processo de correção
da primeira etapa.
3.3 Segundo módulo: o cotejamento automático da mesma variável entre tabelas do
censo
O segundo módulo do método consistiria na correção de atributos que se repetiriam nas
seis tabelas do censo, ao menos em três momentos tal como “raças” – presente no Quadro Geral
(Tabela 8, no apêndice, pág. 40); e duas vezes nos 2º e 3º quadros do censo, das quais, uma era
distribuída por faixas etárias; e outra, como total, na última linha das tabelas (Tabela 10 e Tabela
12, págs. 42 e 44).
Trata-se de um processo de escolhas automáticas, feitas por programa de computador, em
que se confrontam os valores de cor nas três partes do censo, sendo escolhidas aquelas
distribuições por cor, a nível paroquial, cujas somas correspondessem aos valores modais obtidos
na primeira parte do método.
O “estado civil” – presente no Quadro Geral e duas vezes nos 4º e 5º quadros (das
populações por província de origem e “nacionalidade”) (Tabela 15, Tabela 17 e Tabela 19) –
também foi obtido mediante aplicação do segundo módulo do método.
22
Todos as etapas do MRP foram realizadas mediante a concepção de um algoritmo, processado no software SPSS.
37
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
3.4 Terceiro módulo: ajuste das variáveis singulares pelo valor modal ou de
vizinhança espacial
Por fim, para corrigir atributos mais específicos que não se repetiam como idade (Tabela
10 e Tabela 12), origem (Tabela 15, Tabela 17 e Tabela 19) e profissões (Tabela 21, das págs. 42
a 53), desenvolveu-se o terceiro módulo de correção, dependente dos dois módulos anteriores.
Tal como na etapa anterior, o método de correção das idades ao nível de paróquias prevê
manutenção dos dados das colunas da somatória dos 2º e 3º quadros (para o caso da variável
idade) que corresponderam com os dados mais agregados obtidos no módulo anterior e uma
alteração criteriosa apenas das demais colunas com discrepância de resultados, obedecendo ao
princípio de se minimizar intervenções realizadas sobre os dados originais. A programação por
computador prediz duas situações distintas nos casos em que se requeriam correções:
1) Nas paróquias em que essa diferença em relação ao dado “correto” era pequena
(inferior a 1%), corrigiam-se os valores de cada categoria dos grupos de idade, distribuindo o
dado “correto” pro rata à distribuição original;
2) Nos casos mais graves de distorção, em que a soma de pessoas por faixa etária era
muito acima, ou muito abaixo, dos totais indicados nos dois módulos anteriores de correção,
pressupunha-se que a função de distribuição estava corrompida e, por isso, deveria ser
substituída por outra, supostamente, mais “realista”. No caso, a programação excluía a
distribuição distorcida e a trocava por uma nova composição etária, calculada com base no
conjunto das demais paróquias que formavam o município da paróquia sob processo de
correção23. Na seqüência, o processamento repetia uma operação semelhante à prevista na
primeira situação, ao tomar o valor total corrigido e distribuí-lo pro rata à nova distribuição.
23
Nos casos em que o município era composto de apenas uma paróquia, algoritmo MRP considerava a distribuição
média das demais paróquias da província em questão.
38
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
3.5 Considerações finais do MRP
Em síntese, a correção pelo MRP para os dados de 1872 é um método que visa eliminar
as contradições internas aos dados do censo, existentes na publicação, devido aos erros de
contagem, no processo de sistematização das informações, que foram somados, mais tarde, aos
erros tipográficos. Estes últimos existem em menor quantidade no primeiro volume da
publicação, que contém a síntese dos dados do Império, mas são freqüentemente notados nos
volumes seguintes, referentes às províncias, que continham os dados mais desagregados das
paróquias, que são, justamente, as fontes mais interessantes para se trabalhar organizando as
informações em regiões, ou sob outras formas de agregação.
Tomou-se a decisão por introduzir a correção pelo MRP no programa POP 72-Brasil, ao
invés de, simplesmente, apresentar apenas os dados originais do Censo de 1872. Isso porque se
avaliou que o emprego do método era ainda mais oportuno em estudos espacialmente mais
desagregados. Nesses casos, os erros devem assumir uma dimensão maior que aqueles presentes
em unidades mais agregadas, pois as chances de um sub-registro ser compensado por outro
sobre-registro, ou vice-versa, diminuem na medida em que se reduzem os tamanhos das unidades
espaciais de análise.
Cumpre destacar, contudo, que a correção pelo MRP não pode ser vista como ajuste final
e decisivo para os dados de 1872. É, sim, o começo. Uma vez corrigidos os dados, percebeu-se
que deformidades da distribuição etária persistiam em algumas paróquias. Por isso, a aplicação
do MRP não prescinde dos métodos de análises e ajustes convencionais da demografia,
existentes para a avaliação de qualquer censo.
3.6 Anexo estatístico
39
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Grupos
Total
Raças
Estado civil
Religião
Nacionalidade
Instrução
Instrução - população
escolar de 6 a 15 anos
Defeitos físicos
Ausentes
Transeuntes
Parte de domicílios
Casas habitadas
1.297.447
Tabela 8 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no primeiro
“Quadro Geral da População” – Brasil – 1872
Categorias
Livres
Escravos
Homens
Mulheres
Soma
Homens
Mulheres
Almas
4.319.510
4.108.325
8.426.435
805.203
705.709
Branco
1.967.574
1.814.074
3.778.101
Pardo
1.683.148
1.651.771
3.330.390
247.062
224.272
Preto
470.762
449.288
919.801
609.053
481.906
Caboclo
201.092
186.162
387.075
Total*
4.322.576
4.101.295
8.415.367
856.115
706.178
Solteiro
2.973.627
2.799.005
5.687.794
712.367
624.139
Casado
1.164.486
1.123.279
2.290.908
73.079
62.627
Viúvo
177.086
226.270
402.987
20.180
19.746
Total*
4.315.199
4.148.554
8.381.689
805.626
706.512
Católicos
4.300.284
4.093.522
8.378.495
804.682
705.315
Acatólico
16.312
11.435
27.747
Total*
4.316.596
4.104.957
8.406.242
804.682
705.315
Brasileira
4.139.208
4.037.920
8.170.602
719.578
652.925
Estrangeira
179.419
64.562
243.673
85.535
52.899
Total*
4.318.627
4.102.482
8.414.275
805.113
705.824
Sabem Ler e Escrever
1.012.986
588.001
1.561.501
958
445
Analfabetos
3.305.652
3.640.221
6.866.308
802.002
705.373
Total*
4.318.638
4.228.222
8.427.809
802.960
705.818
Frequentam Escola
155.848
96.170
252.156
Não Frequentam Escola
783.745
793.101
1.569.954
114
114
Total
942.117
886.992
1.825.440
Cegos
7.990
5.409
13.388
1.504
982
Surdos-Mudos
6.538
3.863
10.392
728
590
Aleijados
23.656
9.823
33.371
4.680
2.925
Alienados
3.103
2.027
5.126
374
333
Dementes
4.838
3.449
8.282
637
523
Ausentes
34.138
14.555
48.576
6.410
4.612
Transeuntes
23.221
13.786
36.910
1.449
885
Casas desabitadas
32.930
Soma
Soma
1.510.981
470.636
1.042.650
1.513.286
1.334.779
135.712
39.975
1.510.466
1.511.653
1.511.653
1.372.621
138.349
1.510.970
1.397
1.510.067
1.511.464
228
2.486
1.314
7.608
717
1.156
11.018
2.341
9.952.948
3.778.102
3.801.123
1.959.873
387.179
9.926.277
7.066.854
2.420.419
443.092
9.930.365
9.886.340
27.747
9.914.087
9.549.196
382.136
9.931.332
1.565.454
8.366.947
9.932.401
252.240
1.574.120
1.828.859
15.880
11.710
41.002
5.859
9.444
59.645
39.325
Fogos
1.332.465
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.
40
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Grupos
Total
Raças
Estado civil
Religião
Nacionalidade
Instrução
Instrução - população
escolar de 6 a 15 anos
Defeitos físicos
Ausentes
Transeuntes
Parte de domicílios
Casas habitadas
1.297.447
Tabela 9 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no primeiro
“Quadro Geral da População” – Brasil – 1872
Categorias
Livres
Escravos
Homens
Mulheres
Soma
Homens
Mulheres
Almas
4.318.699
4.100.973
8.419.672
805.170
705.636
Branco
1.967.118
1.813.992
3.781.110
Pardo
1.680.046
1.651.608
3.331.654
246.641
223.397
Preto
470.552
449.122
919.674
558.529
482.239
Caboclo
200.983
186.251
387.234
Total*
4.318.699
4.100.973
8.419.672
805.170
705.636
Solteiro
2.977.146
2.751.978
5.729.124
711.881
623.199
Casado
1.164.547
1.122.881
2.287.428
73.094
62.684
Viúvo
177.006
226.114
403.120
20.195
19.753
Total*
4.318.699
4.100.973
8.419.672
805.170
705.636
Católicos
4.302.387
4.089.538
8.391.925
803.946
705.017
Acatólico
16.312
11.435
27.747
1.224
619
Total*
4.318.699
4.100.973
8.419.672
805.170
705.636
Brasileira
4.139.274
4.036.624
8.175.898
719.632
652.816
Estrangeira
179.425
64.349
243.774
85.538
52.820
Total*
4.318.699
4.100.973
8.419.672
805.170
705.636
Sabem Ler e Escrever
1.013.078
550.973
1.564.051
958
445
Analfabetos
3.305.621
3.550.000
6.855.621
804.212
705.191
Total*
4.318.699
4.100.973
8.419.672
805.170
705.636
Frequentam Escola
155.622
96.170
251.792
Não Frequentam Escola
779.343
786.110
1.565.453
114
114
S./ Inf. da Frequência Escolar
2.782
3.706
6.488
147.806
132.054
Cegos
7.990
5.409
13.399
1.504
982
Surdos-Mudos
6.538
3.863
10.401
728
590
Aleijados
23.656
9.823
33.479
4.680
2.925
Alienados
4.838
3.449
8.287
637
523
Dementes
3.103
2.027
5.130
374
333
Ausentes
35.631
15.819
51.450
6.484
4.662
Transeuntes
23.221
13.786
37.007
1.449
885
Casas desabitadas
32.930
Soma
Soma
1.510.806
470.038
1.040.768
1.510.806
1.335.080
135.778
39.948
1.510.806
1.508.963
1.843
1.510.806
1.372.448
138.358
1.510.806
1.403
1.509.403
1.510.806
228
279.860
2.486
1.318
7.605
1.160
707
11.146
2.334
9.930.478
3.781.110
3.801.692
1.960.442
387.234
9.930.478
7.064.204
2.423.206
443.068
9.930.478
9.900.888
29.590
9.930.478
9.548.346
382.132
9.930.478
1.565.454
8.365.024
9.930.478
251.792
1.565.681
286.348
15.885
11.719
41.084
9.447
5.837
62.596
39.341
Fogos
1.332.465
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).
41
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 10 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no segundo
“Quadro”, relativo à população de fato (presente) em relação às idades – Brasil – 1872
Homens
Grupos
Meses
Anos
completos
Quinquênios
Decênios
Categorias
Livres
Brancos
1 mês
6.206
2 meses
5.794
3 meses
5.907
4 meses
5.978
5 meses
5.732
6 meses
7.006
7 meses
6.179
8 meses
7.053
9 meses
6.994
10 meses
7.405
11 meses
8.162
1 ano
32.068
2 anos
37.829
3 anos
38.710
4 anos
42.134
5 anos
51.092
6-10 anos
218.247
11-15 anos
197.911
16-20 anos
206.176
21-25 anos
208.333
26-30 anos
221.768
31-40 anos
250.538
41-50 anos
180.197
51-60 anos
109.044
61-70 anos
53.630
71-80 anos
23.317
81-90 anos
10.356
91-100 anos
3.940
Maiores de 100
1.151
Não determinados
1.534
Total por raça (soma coluna)* 1.960.391
Total por raça
1.950.770
Total por condições
4.274.903
Total por sexo
5.078.101
Total
9.863.270
Pardos
6.234
5.744
5.784
5.754
5.650
6.773
5.788
6.383
6.433
6.817
7.451
32.110
38.175
39.420
43.299
51.639
207.390
175.645
178.851
175.297
177.243
189.981
130.143
80.706
41.258
20.207
9.198
3.903
1.075
1.303
1.665.654
1.668.300
-
Pretos
2.138
1.797
2.087
2.348
2.128
2.470
2.371
2.574
2.691
2.613
3.045
8.096
8.819
8.774
10.044
11.522
47.453
42.448
45.579
48.456
51.280
58.851
40.223
27.309
16.027
7.751
3.747
1.519
461
695
465.316
464.135
-
Caboclos
620
549
637
678
729
809
849
907
983
1.066
1.258
3.778
4.158
4.418
4.922
6.279
22.291
20.904
22.200
21.526
20.721
21.783
15.566
10.167
5.483
2.624
1.285
632
214
1.076
199.112
199.051
-
Mulheres
Escravos
Pardos
Pretos
8
4
3
1
7
127
210
3.528
6.098
4.951
8.961
5.772
10.897
6.340
12.103
7.980
15.001
25.711
47.224
25.255
49.059
27.861
57.381
28.797
59.345
29.878
65.490
31.880
78.242
20.920
64.954
12.777
41.903
6.543
20.968
3.297
8.835
1.644
4.176
679
1.657
192
363
314
791
244.447
553.680
244.504
602.569
797.832
-
Livres
Brancas
5.533
5.327
5.556
5.625
5.609
6.446
5.916
6.438
6.551
6.885
7.508
29.868
35.057
36.395
39.961
47.058
201.283
186.902
197.518
196.198
201.972
225.525
161.187
95.045
48.573
20.737
9.478
3.591
940
1.331
1.806.013
1.803.566
4.080.966
4.778.080
-
Pardas
5.923
5.311
5.245
5.410
5.428
6.294
5.732
6.379
6.142
6.642
7.278
30.886
36.518
38.321
42.099
49.628
198.679
171.284
185.391
180.449
181.325
188.243
123.653
75.624
40.765
20.123
9.384
3.887
942
1.350
1.644.335
1.699.885
-
Pretas
2.011
1.674
1.970
1.938
2.016
2.340
2.159
2.422
2.543
2.602
2.732
7.687
8.198
8.403
9.239
11.464
44.291
40.912
47.187
47.648
49.162
55.769
38.180
25.652
14.881
7.681
3.658
1.648
477
430
446.974
471.242
-
Caboclas
573
514
607
653
624
793
795
919
872
947
1.132
3.473
3.883
4.191
4.774
6.056
20.420
19.065
21.491
20.404
20.631
20.671
13.774
8.723
4.558
2.286
1.129
523
175
688
185.344
184.062
-
Escravas
Pardas
Pretas
1
1
2
1
1
100
196
3.368
5.388
4.760
7.780
5.464
9.208
6.017
10.434
7.520
12.979
24.469
41.280
23.374
42.646
25.124
49.647
25.350
53.592
26.795
59.062
28.913
69.898
18.208
53.485
10.926
33.215
5.942
17.164
2.993
7.094
1.416
3.292
667
1.377
147
333
264
635
221.821
478.707
256.245
476.136
700.303
-
Soma
29.229
26.681
27.812
28.391
27.911
32.941
29.778
33.046
33.209
34.961
39.203
166.361
199.083
209.899
231.284
277.862
1.097.603
995.181
1.063.464
1.062.906
1.094.746
1.220.267
881.155
530.849
276.198
126.889
58.758
24.050
6.472
10.414
9.876.603
9.899.382
10.006.706
9.913.907
-
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.
42
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 11 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no segundo
“Quadro”, relativo à população de fato (presente) em relação às idades – Brasil – 1872
Homens
Grupos
Meses
Anos
completos
Quinquênios
Decênios
Categorias
1 mês
2 meses
3 meses
4 meses
5 meses
6 meses
7 meses
8 meses
9 meses
10 meses
11 meses
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
6-10 anos
11-15 anos
16-20 anos
21-25 anos
26-30 anos
31-40 anos
41-50 anos
51-60 anos
61-70 anos
71-80 anos
81-90 anos
91-100 anos
Maiores de 100
Não determinados
Total
Livres
Brancos
6.213
5.798
5.893
5.978
5.731
7.000
6.167
7.045
7.005
7.419
8.216
32.199
37.987
38.865
42.211
51.268
218.457
198.001
205.720
208.249
211.166
250.636
180.259
109.132
53.509
23.155
10.340
3.957
1.139
1.814
1.950.529
Pardos
6.259
5.749
5.797
5.760
5.643
6.788
5.769
6.380
6.405
6.799
7.382
32.086
38.218
39.416
43.230
51.690
207.941
175.964
179.109
175.524
177.701
190.197
130.282
80.718
41.188
20.184
9.198
3.899
1.067
1.580
1.667.923
Pretos
2.139
1.782
2.084
2.342
2.124
2.465
2.365
2.569
2.674
2.606
3.032
8.099
8.803
8.768
9.999
11.513
47.531
42.250
45.435
48.469
51.407
58.874
40.349
27.343
16.063
7.760
3.756
1.516
453
974
465.544
Mulheres
Escravos
Livres
Caboclos
Pardos
Pretos
Brancas
Pardas
Pretas
Caboclas
616
5.525
5.915
1.990
566
533
5.305
5.308
1.629
501
630
1
5.536
5.280
1.876
603
671
5.602
5.394
1.918
643
724
5.593
5.401
2.007
624
811
3
6.440
6.305
2.338
802
838
5.885
5.719
2.141
756
880
1
6.440
6.404
2.319
892
975
6.539
6.119
2.533
866
1.039
1
6.886
6.661
2.573
955
1.212
127
210
7.508
7.267
2.712
1.143
3.767
3.514
6.011
29.799
31.010
7.583
3.480
4.177
4.934
8.908
34.884
36.647
8.215
3.883
4.387
5.767
10.819
36.349
38.405
8.408
4.206
4.899
6.337
12.090
39.975
42.229
9.305
4.785
6.276
7.972
14.969
46.917
49.779
11.524
6.072
22.382
25.671
47.222
201.187
198.835
44.519
20.572
20.914
25.276
49.066
186.941
171.555
41.144
19.078
22.248
27.912
57.400
197.191
185.855
46.787
21.167
21.597
28.713
59.337
196.285
179.994
46.804
20.286
20.781
29.864
65.468
202.316
181.702
49.274
20.552
21.765
31.923
78.421
225.914
188.753
56.083
20.528
15.565
20.998
65.116
161.158
123.460
38.290
13.630
10.089
12.803
42.062
95.034
75.746
25.754
8.906
5.357
6.568
20.994
48.623
40.734
14.927
4.567
2.571
3.246
8.828
20.839
20.200
7.740
2.232
1.255
1.656
4.166
9.461
9.424
3.677
1.071
619
684
1.639
3.572
3.889
1.640
510
200
192
361
937
946
478
176
1.294
435
1.001
1.752
1.795
802
988
199.072
244.593
554.093 1.806.393 1.646.731
446.990
185.040
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).
Escravas
Pardas
Pretas
1
1
1
1
1
100
181
3.382
5.405
4.758
7.750
5.459
9.194
6.021
10.407
7.507
12.882
24.376
41.285
23.382
42.601
25.111
49.675
25.399
53.744
26.835
59.185
28.929
70.087
18.153
53.550
10.901
33.261
5.946
17.001
2.990
7.089
1.416
3.285
668
1.362
146
333
396
817
221.878
479.096
Soma
29.223
26.605
27.701
28.308
27.847
32.953
29.640
32.931
33.117
34.940
39.090
166.335
199.164
210.043
231.488
278.369
1.099.978
996.172
1.063.610
1.064.401
1.096.251
1.222.110
860.810
531.749
275.477
126.834
58.705
23.955
6.428
13.648
9.867.882
43
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 12 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no terceiro
“Quadro”, relativo à população ausente em relação às idades – Brasil – 1872
Grupos
Meses
Anos
completos
Quinquênios
Decênios
Homens
Mulheres
Livres
Livres
Escravos
Brancos
Pardos
Pretos
Caboclos
Pardos
Pretos
Brancas
Pardas
Pretas
Caboclas
1 mês
5
3
2
1
5
1
2 meses
2
1
5
2
1
3
3 meses
4
2
2
2
1
1
4 meses
2
7
2
3
2
1
2
5 meses
3
2
8
4
1
2
2
4
6 meses
15
4
3
3
6
7
3
7 meses
5
8
6
6
6
1
3
8 meses
7
10
3
7
4
8
2
9 meses
5
4
5
2
3
6
6
8
10 meses
6
7
1
4
10
6
3
5
11 meses
4
9
3
4
6
3
2
8
1 ano
67
31
14
11
5
7
47
29
15
4
2 anos
68
37
16
6
5
14
32
27
6
7
3 anos
60
42
9
14
4
12
42
16
13
13
4 anos
76
59
28
16
7
15
54
26
20
7
5 anos
112
71
26
23
14
21
70
46
18
12
6-10 anos
833
562
155
84
100
135
461
265
104
54
11-15 anos
1.311
928
298
174
171
280
643
382
137
107
16-20 anos
2.281
1.706
700
261
264
509
895
557
266
133
21-25 anos
2.559
1.911
814
283
326
619
1.129
659
268
175
26-30 anos
2.522
1.967
924
291
402
700
1.224
791
336
214
31-40 anos
3.016
2.375
977
322
405
925
1.272
878
378
168
41-50 anos
1.863
1.290
486
192
230
728
959
617
279
118
51-60 anos
1.098
673
338
116
72
339
449
327
151
96
61-70 anos
383
289
123
46
22
99
182
145
74
40
71-80 anos
167
104
37
32
12
15
59
52
44
17
81-90 anos
44
17
11
5
3
5
19
14
5
2
91-100 anos
2
2
4
2
1
2
4
1
3
Maiores de 100
1
1
1
1
Não determinados
37
14
7
1
2
1
5
4
2
2
Total por raça (soma coluna)* 16.557
12.135
4.994
1.916
2.045
4.425
7.592
4.887
2.131
1.211
Total por raça
16.558
12.115
4.988
1.910
2.048
4.445
7.585
4.884
2.128
1.201
Total por condições
35.601
4
6.473
15.828
2
Total por sexo
42.088
35
20.468
Total
62.251
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.
Categorias
Escravas
Pardas
Pretas
4
3
6
9
10
2
4
12
16
17
82
103
130
208
205
343
252
408
242
540
305
749
169
482
59
184
23
60
4
18
1.511
3.138
1.511
3.196
4.703
2
6
Soma
17
14
12
19
26
41
35
41
39
42
39
238
233
237
324
445
2.938
4.751
8.123
9.400
10.146
11.767
7.416
3.906
1.487
561
125
21
7
72
62.522
65.704
62.495
62.529
6
44
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 13 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no terceiro
“Quadro”, relativo à população ausente em relação às idades – Brasil – 1872
Grupos
Meses
Anos
completos
Quinquênios
Decênios
Categorias
1 mês
2 meses
3 meses
4 meses
5 meses
6 meses
7 meses
8 meses
9 meses
10 meses
11 meses
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
6-10 anos
11-15 anos
16-20 anos
21-25 anos
26-30 anos
31-40 anos
41-50 anos
51-60 anos
61-70 anos
71-80 anos
81-90 anos
91-100 anos
Maiores de 100
Não determinados
Total
Brancos
5
2
4
2
3
15
5
7
5
6
4
67
68
60
76
112
839
1.311
2.289
2.569
2.522
3.016
1.870
1.098
383
167
44
2
38
16.589
Homens
Livres
Escravos
Pardos
Pretos
Caboclos
Pardos
Pretos
Brancas
3
2
1
1
5
2
2
2
7
2
3
2
2
8
4
2
4
3
3
6
8
6
6
10
3
7
4
4
5
2
3
7
1
4
10
9
3
4
6
31
14
11
5
7
47
37
16
6
5
14
32
42
9
14
4
12
42
59
28
16
6
15
54
71
26
22
14
21
70
561
155
84
98
135
465
912
298
174
165
280
643
1.706
705
258
262
509
897
1.911
814
281
328
618
1.129
1.966
924
289
398
699
1.222
2.372
984
322
404
927
1.272
1.283
486
192
229
727
958
672
338
116
72
339
448
291
123
46
22
99
182
104
37
32
12
15
59
17
11
5
2
5
19
2
4
2
1
2
1
1
1
29
9
4
22
13
10
12.123
5.008
1.911
2.048
4.436
7.599
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).
Mulheres
Livres
Pardas
Pretas
Caboclas
5
1
2
1
3
1
1
1
2
2
4
7
3
6
1
3
8
2
6
6
8
6
3
5
3
2
8
29
15
4
27
6
7
16
13
13
26
20
7
46
18
12
265
104
54
382
137
107
557
266
133
658
268
173
778
336
214
873
378
168
616
279
119
319
152
96
143
74
40
52
44
17
13
5
2
4
1
3
1
25
2
3
4.877
2.132
1.211
Escravas
Pardas
Pretas
4
3
6
9
10
2
4
12
16
17
82
103
130
209
207
342
252
407
242
539
307
746
169
482
59
184
26
60
4
19
1
9
1.519
3.143
Soma
17
14
12
19
25
41
35
41
39
42
39
237
233
237
323
445
2.945
4.748
8.131
9.408
10.129
11.769
7.410
3.893
1.489
562
123
21
4
165
62.596
45
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 14 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos nos quadros de idades, relativo à população total – Brasil – 1872
Homens
Grupos
Categorias
1 mês
2 meses
3 meses
4 meses
5 meses
Meses
6 meses
7 meses
8 meses
9 meses
10 meses
11 meses
1 ano
2 anos
Anos
3 anos
completos
4 anos
5 anos
6-10 anos
11-15 anos
Quinquênios 16-20 anos
21-25 anos
26-30 anos
31-40 anos
41-50 anos
51-60 anos
Decênios 61-70 anos
71-80 anos
81-90 anos
91-100 anos
Maiores de 100
Não determinados
Total
Livres
Brancos
6.218
5.800
5.897
5.980
5.734
7.015
6.172
7.052
7.010
7.425
8.220
32.266
38.055
38.925
42.287
51.380
219.296
199.312
208.009
210.818
213.688
253.652
182.129
110.230
53.892
23.322
10.384
3.959
1.139
1.852
1.967.118
Pardos
6.262
5.749
5.799
5.767
5.645
6.792
5.777
6.390
6.409
6.806
7.391
32.117
38.255
39.458
43.289
51.761
208.502
176.877
180.814
177.434
179.668
192.569
131.571
81.390
41.479
20.288
9.215
3.901
1.068
1.603
1.680.046
Pretos
2.139
1.783
2.084
2.344
2.132
2.468
2.365
2.572
2.679
2.607
3.035
8.113
8.819
8.777
10.027
11.539
47.686
42.548
46.140
49.283
52.331
59.858
40.835
27.681
16.186
7.797
3.767
1.520
454
983
470.552
Mulheres
Escravos
Livres
Caboclos
Pardos
Pretos
Brancas
Pardas
Pretas
Caboclas
618
5.526
5.920
1.990
567
533
5.310
5.310
1.630
504
630
1
5.538
5.281
1.877
603
674
5.604
5.395
1.918
645
728
5.595
5.403
2.007
628
812
3
6.446
6.312
2.338
805
844
5.891
5.725
2.142
759
884
1
6.444
6.412
2.319
894
977
6.542
6.125
2.539
874
1.043
1
6.896
6.667
2.576
960
1.215
127
210
7.514
7.270
2.714
1.151
3.777
3.521
6.018
29.846
31.039
7.598
3.484
4.182
4.939
8.922
34.916
36.674
8.221
3.890
4.402
5.770
10.831
36.391
38.421
8.421
4.219
4.915
6.343
12.105
40.029
42.255
9.325
4.792
6.299
7.984
14.990
46.987
49.825
11.542
6.085
22.452
25.767
47.357
201.652
199.099
44.623
20.624
21.074
25.450
49.346
187.584
171.938
41.281
19.185
22.506
28.176
57.909
198.088
186.411
47.053
21.301
21.877
29.038
59.955
197.414
180.654
47.072
20.459
21.081
30.267
66.167
203.538
182.484
49.610
20.765
22.054
32.328
79.348
227.186
189.630
56.461
20.697
15.765
21.229
65.843
162.116
124.078
38.569
13.747
10.209
12.874
42.401
95.482
76.067
25.906
9.002
5.413
6.590
21.093
48.805
40.879
15.001
4.607
2.613
3.258
8.843
20.898
20.252
7.784
2.249
1.262
1.658
4.171
9.480
9.438
3.682
1.073
622
684
1.640
3.574
3.893
1.641
513
200
192
361
938
947
478
176
1.322
445
1.014
1.762
1.804
804
993
200.983
246.641
558.529 1.813.992 1.651.608
449.122
186.251
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).
Escravas
Pardas
Pretas
1
1
1
1
1
100
181
3.386
5.408
4.764
7.759
5.469
9.196
6.025
10.419
7.523
12.899
24.458
41.388
23.512
42.810
25.318
50.017
25.651
54.151
27.077
59.725
29.236
70.835
18.322
54.034
10.960
33.444
5.972
17.061
2.994
7.108
1.416
3.285
668
1.362
146
333
397
822
223.397
482.239
Soma
29.240
26.619
27.711
28.327
27.872
32.992
29.675
32.969
33.156
34.982
39.128
166.573
199.396
210.280
231.811
278.814
1.102.904
1.000.917
1.071.742
1.073.806
1.106.401
1.233.854
868.238
535.646
276.978
127.406
58.831
23.977
6.432
13.801
9.930.478
46
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 15 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos na primeira parte do quarto
“Quadro”, relativo à população masculina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872
Grupos
Categorias
Brasileiros adotivos
Estrang. Naturalizados
Amazonas
Pará
Maranhão
Piauhy
Ceará
Rio Grande do Norte
Parahyba
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
Província
Bahia
Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Paraná
Santa Catharina
Rio Grande do Sul
Minas Geraes
Goyaz
Matto Grosso
Total por raça (soma coluna)*
Total de raças
Total de estado civil
Total de condição
Total
Brancos
224
190
3.489
32.724
36.731
14.873
94.482
38.767
49.850
98.870
31.204
15.079
118.441
7.314
118.714
134.289
23.518
39.340
84.434
290.109
13.846
5.229
1.251.717
1.251.715
2.867.568
4.140.258
4.858.985
Solteiros
Pardos
Pretos Caboclos Brancos
0
12
0
373
0
4
0
380
2.779
319
15.879
790
34.428
6.360
18.071
10.876
54.241
10.218
4.574
12.468
35.252
4.692
3.797
5.218
119.777
10.521
19.142
38.692
29.938
8.465
4.069
12.042
57.870
7.953
3.274
20.538
136.754
22.695
5.106
45.870
64.300
5.341
2.049
11.758
23.905
6.183
1.087
7.831
211.023
93.787
19.084
44.440
6.420
2.003
2.034
3.406
57.640
24.931
2.823
43.439
47.776
16.765
12.538
56.749
10.352
2.393
4.158
11.557
4.709
1.648
1.022
14.519
18.542
12.344
9.071
23.914
207.860
70.644
10.739 112.673
26.871
5.848
1.364
5.250
7.004
2.468
3.270
2.807
1.157.441
1.157.443
0
0
0
315.594
315.592
0
0
0
143.151
143.132
0
0
0
485.590
485.599
1.103.897
0
0
Livres
Casados
Viúvos
Solteiros
Pardos
Pretos Caboclos Brancos Pardos
Pretos Caboclos Pardos
Pretos
0
8
1
150
1
0
0
0
0
0
5
1
64
1
3
0
0
0
809
103
2.361
158
163
46
393
160
240
10.947
2.124
4.314
1.390
1.655
408
1.077
5.259
7.250
16.685
2.517
1.465
2.019
2.223
443
352
11.420
24.145
12.736
1.652
1.678
993
1.557
242
199
4.096
6.293
50.772
3.819
7.047
3.228
4.522
699
1.034
8.619
7.109
12.642
2.696
1.386
2.328
1.734
783
348
3.088
3.203
26.892
2.954
1.523
2.283
3.425
484
255
4.609
5.671
61.280
7.664
1.484
4.715
5.905
1.344
310
13.091
30.978
30.152
2.922
961
1.502
2.776
379
164
4.339
10.849
12.470
2.157
384
793
1.387
319
136
3.839
5.074
79.927
30.516
6.249
8.104
12.864
6.324
1.649
27.191
45.472
2.493
982
860
386
268
116
80
2.785
4.810
17.826
7.724
991
8.822
4.240
2.132
245
42.402
86.679
18.870
6.557
4.758
6.731
3.408
1.716
870
19.667
40.322
4.659
1.125
1.911
1.379
876
314
424
2.042
2.803
1.133
392
409
1.173
160
98
60
2.543
4.871
4.109
2.303
2.387
2.825
1.006
642
670
11.036
19.932
84.737
27.210
5.464
18.693
14.934
7.241
2.151
50.079 113.649
10.378
2.043
596
596
1.006
303
111
1.636
2.409
3.191
950
939
587
698
298
281
1.306
1.594
462.708
462.684
0
0
0
108.423
108.453
0
0
0
47.169
47.172
0
0
0
68.919
68.948
168.420
0
0
64.809
64.793
443
0
0
24.334
24.336
0
0
0
10.809
10.818
0
0
0
219.207
219.246
641.742
717.760
0
423.353
423.339
863
898
0
Escravos
Casados
Pardos
Pretos
0
0
0
0
9
6
354
489
485
887
268
464
629
585
198
183
330
532
1.253
3.046
487
982
620
541
5.815
9.316
330
737
2.840
4.777
2.299
5.396
109
194
75
100
297
486
5.055
9.349
183
280
117
174
21.753
21.723
60.222
0
0
38.524
38.528
27
0
0
Viúvos
Pardos
Pretos
0
0
0
0
4
2
116
122
118
238
65
74
122
113
40
52
51
104
257
563
94
195
90
87
1.588
2.228
51
106
722
1.410
502
901
36
54
28
17
62
107
2.226
3.128
44
81
35
58
6.251
6.254
15.886
0
0
9.640
9.633
8
0
0
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.
47
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 16 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos na primeira parte do quarto
“Quadro”, relativo à população masculina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872
Grupos
Categorias
Brancos
Província
Solteiros
Pardos
Pretos
Caboclos Brancos
Livres
Casados
Pardos
Pretos
Caboclos
Brancos
Viúvos
Pardos
Pretos
Solteiros
Pardos
Pretos
Escravos
Casados
Pardos Pretos
Viúvos
S/ inf.
Pardos Pretos Est. civil
Brasileiros adotivos
Estrang. Naturalizados
Amazonas
Pará
Maranhão
224
184
3.499
32.131
37.055
2.762
34.731
54.356
12
4
315
6.360
9.750
15.891
18.270
4.505
378
378
775
10.719
12.498
812
10.986
16.568
8
5
95
2.117
2.424
1
1
2.370
4.358
1.416
144
63
158
1.373
1.984
1
1
161
1.670
2.127
3
46
407
407
398
1.085
330
-
160
5.284
11.405
240
7.262
24.122
-
-
-
-
9
354
483
6
487
881
4
114
118
2
119
236
-
Piauhy
Ceará
Rio Grande do Norte
Parahyba
Pernambuco
Alagoas
14.460
94.460
38.646
49.868
98.776
31.107
35.297
119.806
30.057
57.885
137.796
64.192
4.600
10.521
8.557
7.952
22.782
5.309
3.606
19.137
4.035
3.274
5.030
2.036
5.168
38.696
11.924
20.539
45.232
11.753
12.782
50.769
11.456
26.898
60.540
30.172
1.589
3.817
2.742
2.951
7.726
2.921
1.597
7.042
1.376
1.520
1.444
953
952
3.225
2.334
2.275
4.674
1.504
1.580
4.516
1.753
3.421
5.876
2.779
245
696
789
480
1.361
375
191
1.031
347
252
300
164
-
4.089
8.599
3.088
4.609
13.099
4.339
6.296
7.091
3.210
5.689
30.979
10.849
268
628
197
358
1.255
487
464
579
186
524
3.036
982
65
122
39
49
257
94
74
112
52
94
563
195
-
Sergipe
Bahia
Espírito Santo
Rio de Janeiro
15.033
118.599
7.313
118.637
24.177
211.593
6.413
57.897
6.255
94.281
2.003
25.047
979
19.171
2.023
2.855
7.883
44.017
3.401
43.201
12.543
80.085
2.492
17.756
2.194
30.574
975
7.729
359
6.313
859
995
803
7.796
386
8.832
1.414
12.623
268
4.252
324
6.077
116
2.136
134
1.664
80
244
-
3.839
27.180
2.784
42.768
5.070
45.463
4.809
86.421
620
5.813
330
2.857
541
9.306
737
4.664
90
1.588
51
719
87
2.226
106
1.402
-
São Paulo
Paraná
Santa Catharina
Rio Grande do Sul
133.956
23.518
39.320
84.367
47.710
10.347
4.697
18.354
16.909
2.393
1.637
11.766
12.594
4.139
1.022
9.512
56.750
11.554
14.509
24.322
19.014
4.621
1.126
4.123
6.604
1.117
389
2.266
4.760
1.893
400
2.423
6.785
1.372
1.168
2.841
3.429
874
155
1.017
1.724
312
98
636
872
422
57
680
-
19.675
2.040
2.542
11.141
40.331
2.800
4.867
19.920
2.302
107
72
293
5.396
193
99
490
500
36
28
62
901
54
17
106
-
Minas Geraes
Goyaz
Matto Grosso
S/ Informação
292.098
13.837
5.213
-
206.397
26.870
7.002
-
70.133
5.844
2.467
-
10.728
1.357
3.268
-
113.090
84.306
10.370
3.190
-
27.149
2.037
950
-
5.464
586
931
-
18.729
588
587
-
14.946
1.005
698
-
7.233
303
298
-
2.149
111
280
-
1.443
50.302
1.635
1.306
-
114.257
2.408
1.594
-
5.025
183
117
-
9.269
280
174
-
2.215
44
35
-
3.105
81
58
-
198
Total
1.252.301
1.158.339
314.897
143.432
484.817
460.609
108.379
47.061
68.573
64.566
24.066
10.791
1.443
219.884
423.678
21.758
38.294
6.230
9.590
198
5.229
2.801
-
-
S/ inf.
Caboclos Est. civil
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).
48
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 17 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos na segunda parte do quarto
“Quadro”, relativo à população feminina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872
Grupos
Categorias
Brasileiros adotivos
Estrang. Naturalizados
Amazonas
Pará
Maranhão
Piauhy
Ceará
Rio Grande do Norte
Parahyba
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
Província
Bahia
Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Paraná
Santa Catharina
Rio Grande do Sul
Minas Geraes
Goyaz
Matto Grosso
Total por raça (soma coluna)*
Total de raças
Total de estado civil
Total de condição
Total
Brancos
23
18
2.619
29.915
35.590
12.967
89.603
35.826
45.299
88.968
27.144
16.070
104.937
7.623
112.240
131.065
21.069
37.894
80.013
284.817
12.730
5.200
1.181.630
1.181.642
2.722.640
4.038.837
4.691.476
Solteiros
Pardos
Pretos Caboclos Brancos
0
9
0
11
0
1
0
36
1.942
362
13.525
726
34.736
5.447
16.367
10.381
53.785
9.728
4.311
12.730
36.962
4.008
2.878
4.906
109.536
10.534
18.382
38.455
29.086
7.722
4.190
11.900
55.607
7.106
3.060
21.418
128.557
23.178
4.557
47.601
63.012
5.957
1.814
12.237
25.826
6.524
1.092
7.768
197.191
84.326
16.075
41.930
7.262
2.151
1.560
3.739
56.143
24.894
2.351
50.591
47.123
15.814
10.772
59.110
9.729
2.259
3.247
11.111
4.219
1.565
1.004
15.048
17.954
11.806
8.711
25.166
201.297
67.769
9.359 110.744
27.559
5.425
1.276
5.318
6.825
2.203
3.336
2.625
1.114.351
1.114.362
0
0
0
298.788
299.226
0
0
0
127.867
127.860
0
0
0
493.551
493.546
1.095.152
0
0
Livres
Casados
Viúvos
Solteiros
Pardos
Pretos Caboclos Brancos Pardos
Pretos Caboclos Pardos
Pretos
0
2
0
36
0
1
0
0
0
0
3
0
15
0
0
0
0
0
597
133
2.844
244
258
44
1.060
133
244
10.116
1.615
4.080
2.109
2.071
422
1.344
5.362
6.906
16.173
2.151
1.270
2.886
3.238
621
324
11.393
24.773
12.992
1.752
1.031
1.143
2.487
410
286
4.854
6.113
50.827
3.766
7.218
5.324
7.914
952
1.296
9.222
7.532
11.308
2.870
1.427
2.501
2.217
685
428
3.075
3.004
26.974
2.511
1.337
3.586
4.828
715
440
4.669
5.666
60.214
6.103
1.708
7.795
10.337
1.887
415
11.946
26.702
30.221
2.040
895
2.937
5.711
810
256
4.842
10.941
13.174
2.372
409
995
1.789
352
129
3.905
5.423
76.705
29.836
4.497
8.148
14.228
5.714
1.770
24.142
41.257
2.861
934
1.383
468
362
173
107
2.750
4.884
18.553
7.823
918
12.073
5.239
2.733
261
36.306
78.286
18.546
6.038
4.332
8.548
4.152
1.869
1.008
16.196
32.468
4.792
1.168
1.765
2.078
1.093
341
333
2.007
2.498
1.353
333
410
3.353
328
177
106
2.416
4.585
4.701
2.740
2.864
5.598
1.497
867
1.099
10.469
18.325
81.566
25.774
4.617
20.606
17.619
7.740
2.061
42.061 100.990
11.007
1.487
569
1.137
2.094
443
134
1.658
2.493
2.945
771
877
480
607
207
212
1.143
1.278
455.625
455.528
0
0
0
102.222
102.304
0
0
0
44.451
44.674
312
0
0
92.060
91.857
219.770
0
0
88.069
88.129
0
0
0
27.163
27.016
0
0
0
13.069
13.074
384
0
0
198.549
198.677
582.641
652.190
0
384.368
384.296
22
408
0
Escravos
Casados
Pardos
Pretos
0
0
0
0
5
9
274
400
436
788
184
192
852
541
162
146
407
398
1.128
2.757
406
821
536
599
4.628
7.193
327
604
2.578
5.003
2.052
5.301
97
136
55
93
269
522
4.643
8.502
137
226
125
177
19.301
19.132
53.520
0
0
34.408
34.411
7
0
0
Viúvos
Pardos
Pretos
0
0
0
0
2
3
113
157
77
221
65
57
126
147
39
51
75
129
329
738
104
233
64
74
1.326
2.100
50
87
778
1.453
473
1.086
34
56
29
40
89
177
2.069
3.155
53
64
24
44
5.919
5.913
15.978
0
0
10.072
10.072
0
0
0
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.
49
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 18 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos na primeira parte do quarto
“Quadro”, relativo à população feminina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872
Grupos
Categorias
Brancos
Província
Solteiros
Pardos
Pretos
Caboclos Brancos
Livres
Casados
Pardos
Pretos
Caboclos
Brancos
Viúvos
Pardos
Pretos
Brasileiros adotivos
Estrang. Naturalizados
Amazonas
Pará
Maranhão
23
18
2.619
29.913
35.564
1.942
34.735
53.754
9
1
362
5.447
9.726
13.525
16.367
4.311
11
36
726
10.381
12.711
597
10.116
16.117
2
3
133
1.615
2.149
2.844
4.080
1.268
36
15
244
2.109
2.881
258
2.071
3.226
Piauhy
Ceará
Rio Grande do Norte
Parahyba
Pernambuco
Alagoas
13.126
89.474
35.826
45.312
89.037
27.149
34.009
109.690
29.084
55.619
127.992
63.023
4.047
10.499
7.720
7.109
22.947
5.964
2.916
18.344
4.198
3.061
4.321
1.813
4.891
38.492
11.900
21.424
48.094
12.241
12.969
51.156
11.304
26.986
60.965
30.229
1.720
3.762
2.871
2.516
6.058
2.041
992
7.241
1.428
1.341
1.617
894
1.151
5.304
2.499
3.587
7.888
2.938
Sergipe
Bahia
Espírito Santo
Rio de Janeiro
16.073
104.860
7.623
111.377
25.828
197.057
7.262
56.781
6.526
84.321
2.151
25.038
1.092
16.074
1.560
2.383
7.774
41.920
3.739
50.533
13.175
76.639
2.861
18.707
2.374
29.833
934
7.789
409
4.495
1.383
930
São Paulo
Paraná
Santa Catharina
Rio Grande do Sul
131.012
21.067
37.896
80.046
47.424
9.730
4.219
18.086
15.835
2.258
1.565
11.828
10.869
3.247
1.003
8.484
58.599
11.113
15.048
25.075
18.633
4.795
1.352
4.764
6.021
1.166
332
2.777
Minas Geraes
Goyaz
Matto Grosso
S/ Informação
284.666
12.649
5.204
-
201.166
27.672
6.825
-
67.776
5.439
2.202
-
9.360
1.286
3.348
-
110.808
81.594
11.076
2.947
-
Total
1.180.534
1.111.898
298.770
127.562
493.470
456.982
5.328
2.626
-
1
S/ inf.
Caboclos Est. civil
Solteiros
Pardos
Pretos
Escravos
Casados
Pardos Pretos
Viúvos
S/ inf.
Pardos Pretos Est. civil
-
131
5.359
11.388
243
6.902
24.770
-
-
-
-
44
422
618
1.060
1.344
322
4
272
436
9
398
786
2
112
77
3
156
218
-
2.522
7.923
2.219
4.829
10.413
5.712
415
950
685
713
1.893
809
281
1.282
427
441
406
256
-
4.850
9.465
3.073
4.665
11.942
4.838
6.110
7.422
3.004
5.664
26.661
10.932
184
698
162
407
1.122
406
191
543
144
397
2.751
819
65
123
39
75
327
104
57
148
50
129
733
233
-
994
8.144
468
12.099
1.789
14.220
362
5.274
352
5.711
173
2.750
129
1.769
107
262
-
3.903
24.113
2.748
36.113
5.417
41.239
4.879
78.677
536
4.622
326
2.578
598
7.184
601
5.002
63
1.325
50
782
74
2.097
86
1.459
-
4.340
1.763
410
2.793
8.380
2.073
3.353
5.584
4.122
1.092
328
1.508
1.855
341
177
868
1.004
331
105
1.072
-
16.229
2.000
2.415
10.473
32.540
2.494
4.584
18.334
2.039
97
55
268
5.233
137
92
521
465
34
29
88
1.078
53
40
177
-
25.810
1.522
770
-
4.613
581
877
-
20.590
1.148
481
-
17.614
2.100
607
-
7.737
445
207
-
2.054
134
212
-
592
42.030
1.650
1.140
-
101.004
2.489
1.279
-
4.629
137
125
-
8.496
226
177
-
2.049
53
24
-
3.152
64
44
-
302
102.198
44.299
91.966
88.189
27.166
12.998
592
198.525
384.644
19.103
34.305
5.886
10.051
302
-
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).
50
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 19 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no quinto
“Quadro”, relativo à população estrangeira, em relação à origem – Brasil – 1872
Homens
Grupos
Africanos
Países
Categorias
Escravos
Livres
Alemães
Austríacos
Argentinos
Belgas
Bolivianos
Chineses
Dinamarqueses
Franceses
Gregos
Espanhóis
Holandeses
Húngaros
Ingleses
Italianos
Japoneses
Mexicanos
Norte-americanos
Orientais
Paraguaios
Persas
Peruanos
Portugueses
Russos
Suissos
Suecos
Turcos
Total por estado civil (soma coluna)*
Total por estado civil
Total por religião
Total de estrangeiros
Solteiros
68.544
14.204
4.627
202
651
154
506
315
42
2.530
112
2.271
122
2
726
4.200
9
4
256
1.474
1.413
6
163
66.571
18
542
24
0
Católicos
Casados
12.901
5.182
5.177
168
329
129
150
65
30
1.577
17
1.094
98
2
375
2.791
0
1
145
755
278
6
81
34.971
17
431
22
2
Viúvos
4.305
1.697
566
14
44
13
17
10
5
231
0
159
6
2
55
225
0
0
26
72
32
1
8
4.429
0
49
3
0
169.688
66.794
11.969
Mulheres
0
64
5.792
70
3
10
23
58
52
48
2
13
50
0
778
5
2
1
433
11
9
2
8
15
14
265
32
4
Acatólicos
Casados
0
34
6.427
73
0
19
14
10
28
35
3
23
85
5
491
19
1
1
346
13
26
1
5
10
20
221
29
3
7.764
7.942
Solteiros
0
17
461
8
2
1
0
0
1
1
0
1
4
0
56
0
0
0
17
0
2
0
0
6
0
25
5
0
Solteiras
39.966
11.440
3.037
83
300
68
232
11
10
1.130
0
244
33
1
238
398
3
2
68
548
842
14
18
8.442
5
278
7
0
Católicas
Casadas
9.172
3.428
3.863
98
111
64
86
6
19
771
1
182
52
4
188
427
0
1
62
326
260
9
41
9.158
13
264
15
0
Viúvas
3.790
1.887
685
15
106
18
19
0
5
301
0
62
8
0
62
110
0
0
11
169
66
0
1
2.323
3
79
3
0
607
67.418
28.621
9.723
Viúvos
Solteiras
0
41
3.588
19
4
12
7
0
18
7
0
5
17
4
206
1
0
0
266
6
2
3
1
8
7
103
21
1
Acatólicas
Casadas
0
16
5.236
32
1
6
0
2
8
8
0
6
76
5
201
28
0
0
494
18
19
3
2
5
3
149
15
0
Total
Viúvas
0
8
598
5
1
1
0
0
3
0
0
0
3
0
133
1
0
0
25
4
0
0
0
0
0
32
4
0
138.465
36.975
40.072
785
1.543
495
1.354
477
221
6.639
135
4.061
554
25
3.336
8.205
15
10
2.149
3.393
2.926
45
324
125.803
94
2.439
180
10
4.347
6.333
818
380.730
169.924
67.432
11.963
7.767
7.942
615
67.407
28.606
9.710
4.349
248.689
0
21
16.308
0
21
105.727
0
7
11.435
265.270
0
0
0
0
21
116.840
0
0
0
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.
6.346
0
0
740
0
7
382.062
379.892
382.116
51
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 20 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no quinto
“Quadro”, relativo à população estrangeira, em relação à origem – Brasil – 1872
Homens
Grupos
Africanos
Países
Categorias
Escravos
Livres
Alemães
Austríacos
Argentinos
Belgas
Bolivianos
Chineses
Dinamarqueses
Franceses
Gregos
Espanhóis
Holandeses
Húngaros
Ingleses
Italianos
Japoneses
Mexicanos
Norte-americanos
Orientais
Paraguaios
Persas
Peruanos
Portugueses
Russos
Suissos
Suecos
Turcos
S./ Inf.
Total
Solteiros
67.765
14.199
4.473
207
633
145
397
387
43
2.539
111
2.246
131
2
729
4.205
9
4
255
1.655
1.407
6
234
66.592
18
540
23
0
0
168.955
Católicos
Casados
12.767
5.166
5.127
175
328
124
78
71
30
1.598
17
1.100
101
2
384
2.825
0
1
149
803
281
6
83
35.049
16
421
22
2
0
66.726
Viúvos
4.267
1.676
487
15
41
10
9
9
4
229
0
157
6
2
54
224
0
0
27
68
32
1
8
4.391
0
45
3
0
0
11.765
Acatólicos
Católicas
Sem
Solteiros Casados Viúvos Informação Solteiras
Casadas
0
0
0
739
39.042
9.036
64
34
17
0
11.223
3.396
5.880
6.524
465
0
3.078
3.892
75
82
7
0
84
97
3
0
2
0
305
112
11
21
1
0
72
66
24
14
0
0
271
117
58
11
0
0
11
6
51
30
1
0
10
19
52
37
1
0
1.210
833
2
3
0
0
0
1
13
26
1
0
253
185
50
87
4
0
34
52
0
5
0
0
1
3
755
467
55
0
245
175
5
22
0
0
378
415
1
1
0
0
3
0
1
1
0
0
2
3
435
347
17
0
65
64
13
13
0
0
561
326
9
28
2
0
800
256
2
1
0
0
12
7
8
5
0
0
12
46
17
10
6
0
8.378
9.155
14
19
0
0
5
13
264
217
24
0
281
268
32
29
5
0
7
15
4
3
0
0
0
0
0
0
0
290
0
0
7.843
8.037
608
1.029
66.343
28.558
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).
Mulheres
Acatólicas
Sem
Viúvas Solteiras Casadas Viúvas Informação
3.721
0
0
0
1.021
1.855
44
17
8
0
694
3.583
5.255
598
0
13
19
35
5
0
99
4
1
1
0
17
12
6
1
0
25
9
0
0
0
0
0
1
0
0
5
19
8
3
0
323
7
8
0
0
0
0
0
0
0
64
5
6
0
0
8
17
76
3
0
0
4
5
0
0
51
200
213
59
0
110
1
36
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
11
268
503
25
0
162
6
24
4
0
64
2
27
0
0
0
0
3
0
0
0
1
2
0
0
2.265
9
4
0
0
3
7
3
0
0
78
103
148
32
0
3
21
15
4
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
194
9.571
4.342
6.396
744
1.215
Total
138.358
37.699
40.056
814
1.529
486
944
554
223
6.837
134
4.056
569
24
3.387
8.222
14
12
2.166
3.635
2.908
38
399
125.876
98
2.421
179
10
484
382.132
52
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 21 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no sexto “Quadro”, relativo à população total, em relação às profissões – Brasil – 1872
Brasileiros livres
Grupos
Categorias
Solteiros
Seculares (religiosos)
Homens (relig. Regular)
Mulheres (relig. Regular)
Juizes
Advogados
Notários e escrivães
Procuradores
Prof. liberais
Oficiais de justiça
Médicos
Cirurgiões
Farmacêuticos
Parteiros
Professores e homens de letras
Empregados públicos
Artistas
Militares
Marítimos
Pescadores
Capitalistas e proprietários
Manufatureiros e fabricantes
Prof. Industriais e
Comerciantes, guarda-livros e
comerciais
caixeiros
Costureiras
Canteiros, calcoteiros, mineiros
e cavouqueiros
Operários em metais
Operários em madeiras
Profissões Manuais Operários em tecidos
e Mecânicas.
Operários de edificações
Operários em couros e peles
Operários em tinturaria
Operários de vestuários
Operários de chapéus
Operários de calçado
Lavradores
Prof. Agric.
Criadores
Pessoas assalariadas Criados e jornaleiros
Serviço doméstico
Sem profissão
Total por estado civil (soma coluna)*
Total por estado civil
Total por sexo
Homens
Casados
Viúvos
Estrangeiros livres
Mulheres
Solteiras Casadas
Viúvas
Homens
Solteiros Casados
Escravos
Mulheres
Solteiras Casadas Viúvas
Viúvos
Total
Homens Mulheres
2.249
109
0
310
693
562
592
642
666
71
699
22
2.128
5.734
18.375
20.393
12.738
10.305
9.294
7.700
3
0
0
459
1.155
1.043
629
981
947
93
617
26
2.519
5.949
11.819
5.701
4.413
7.996
14.611
5.220
2
0
0
46
136
125
145
139
136
18
86
15
320
959
2.203
947
724
1.513
2.680
1.028
0
0
230
0
0
0
0
0
0
0
0
419
1.058
2
1.770
0
0
33
3.233
2.459
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
526
923
1
910
0
0
14
2.423
1.614
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
1
798
267
0
367
0
0
2
3.253
596
395
12
0
1
14
0
45
0
68
28
152
8
409
8
4.375
167
2.365
442
781
1.514
8
0
0
0
16
0
35
1
123
24
142
4
377
16
2.533
31
1.256
239
744
811
1
0
0
0
3
0
7
0
11
4
21
2
50
2
362
6
108
56
188
119
0
0
63
0
0
0
0
0
0
0
0
30
80
0
226
0
0
0
108
54
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
28
43
0
168
0
0
0
79
38
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
54
31
0
55
0
0
1
123
18
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1.664
0
2.164
1.462
0
77
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
8
0
0
305
0
0
2
0
3
2.659
121
295
814
2.017
1.730
1.453
1.762
1.953
238
1.718
1.940
8.194
12.669
45.117
27.245
23.788
22.033
37.556
21.283
45.242
37.000
5.798
3.635
2.417
1.758
25.866
13.677
1.970
971
365
316
1
0
139.058
72
55
13
277.389
143.574
31.210
69
39
3
3.851
2.814
897
761
48.762
509.698
3.420
2.510
414
869
478
111
1.708
1.208
120
31
16
5
2.419
315
13.624
11.335
21.019
6.037
10.166
3.102
139
9.516
606
10.551
849.528
45.704
201.444
94.833
1.471.214
9.502
18.516
2.857
7.135
2.775
96
6.778
279
8.491
653.810
39.834
110.310
50.205
92.027
1.744
3.051
536
1.511
490
18
1.435
85
1.752
89.053
5.121
18.897
8.300
22.196
677
6
65.738
45
5
64
215
137
119
344.158
6.280
46.398
451.771
1.507.404
693
2
38.037
28
3
43
63
64
116
236.293
4.731
21.679
376.219
266.135
221
0
13.243
15
3
26
30
45
51
56.295
2.037
5.736
52.967
52.163
2.300
3.996
239
2.150
450
46
1.554
323
1.665
17.820
546
19.028
6.902
12.381
1.582
2.719
86
1.334
382
23
870
167
1.219
18.016
474
8.613
2.331
4.041
222
365
12
188
38
2
148
27
180
2.251
63
1.046
283
769
1
0
197
0
1
6
15
1
25
4.397
50
1.926
10.618
9.327
1
0
149
3
1
3
5
1
10
5.544
39
804
8.629
7.012
0
7
76
1
0
1
5
1
4
1.124
24
276
75.290
1.533
3.265
8.093
1.548
5.450
799
32
1.949
175
2.997
373.624
12
95.489
95.362
206.812
37
22
10.044
0
3
6
76
50
3
204.032
83
45.894
187.310
207.470
31.590
57.793
138.929
28.017
8.022
505
22.647
1.961
27.184
2.848.101
104.973
578.520
1.349.731
3.857.653
2.877.210
1.106.361
171.636
2.714.114
1.096.987
221.196
107.827
63.141
8.627
31.978
25.752
79.842
804.155
704.425
9.932.591
2.867.579
4.140.585
1.103.575
0
168.919
0
2.719.676
4.034.399
1.096.437
0
220.095
7
109.234
179.387
61.915
0
8.252
0
31.865
64.361
25.814
0
6.675
0
0
0
0
0
8.424.002
8.419.502
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.
53
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 22 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no sexto “Quadro”, relativo à população total, em relação às profissões – Brasil – 1872
Grupos
Categorias
Solteiros
Seculares (religiosos)
Homens (relig. Regular)
Mulheres (relig. Regular)
Juizes
Advogados
Notários e escrivães
Procuradores
Prof. liberais
Oficiais de justiça
Médicos
Cirurgiões
Farmacêuticos
Parteiros
Professores e homens de letras
Empregados públicos
Artistas
Militares
Marítimos
Pescadores
Capitalistas e proprietários
Manufatureiros e fabricantes
Prof. Industriais e
Comerciantes, guarda-livros e
comerciais
caixeiros
Costureiras
Canteiros, calcoteiros, mineiros
e cavouqueiros
Operários em metais
Operários em madeiras
Profissões Manuais Operários em tecidos
e Mecânicas.
Operários de edificações
Operários em couros e peles
Operários em tinturaria
Operários de vestuários
Operários de chapéus
Operários de calçado
Lavradores
Prof. Agric.
Criadores
Pessoas assalariadas Criados e jornaleiros
Serviço doméstico
Sem profissão
S./ Informação
Total
Brasileiros livres
Homens
Casados Viúvos S./ Inf. Solteiras
Estrangeiros livres
Escravos
Mulheres
Homens
Mulheres
Casadas Viúvas S./ Inf. Solteiros Casados Viúvos S./ Inf. Solteiras Casadas Viúvas S./ Inf. Homens Mulheres
Total
2.190
108
0
284
663
529
573
624
639
72
670
22
2.074
5.746
18.498
20.372
12.715
10.220
9.225
7.606
3
0
0
425
1.119
986
613
932
902
89
584
26
2.472
5.853
11.855
5.793
4.419
7.921
14.418
5.175
2
0
0
43
130
112
136
126
134
18
83
14
297
942
2.198
966
719
1.471
2.678
992
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
229
0
0
0
0
0
0
0
0
406
1.036
2
1.768
0
0
32
3.268
2.484
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
512
900
1
904
0
0
14
2.462
1.628
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
786
255
0
357
0
0
1
3.258
587
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
387
10
0
0
13
0
43
0
66
26
148
5
403
8
4.368
152
2.405
462
756
1.433
8
0
0
0
15
0
33
1
121
19
142
3
378
17
2.500
29
1.283
251
742
793
1
0
0
0
3
0
6
0
9
3
18
2
57
1
352
6
105
57
185
116
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
80
0
0
0
0
0
0
0
0
29
75
0
226
0
0
0
106
54
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
24
40
0
165
0
0
0
74
38
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
57
29
0
50
0
0
0
121
18
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1.523
0
1.866
1.451
0
80
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
8
0
0
237
0
0
0
0
3
2.591
118
311
752
1.943
1.627
1.404
1.683
1.871
227
1.645
1.894
8.016
12.570
45.001
27.318
23.512
21.880
37.293
21.007
45.335
36.874
5.705
0
3.674
2.430
1.756
0
25.425
13.610
1.949
0
862
367
312
0
0
0
138.299
72
55
13
0
278.703
144.851
31.152
0
27
35
2
0
3.913
2.796
890
0
1
49.577
512.087
3.521
2.584
419
0
874
482
112
0
744
477
51
0
6
0
0
0
2.510
320
12.100
9.271
1.672
18.205
2.966
2.806
532
7.032
1.474
2.717
458
94
18
6.689
1.391
278
83
8.355
1.696
650.473 88.745
39.831
5.070
111.088 18.986
49.650
6.825
89.514 20.819
0
0
1.099.101 167.933
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3.510
3.510
675
1
65.803
45
5
65
215
135
116
343.765
6.256
46.139
453.840
1.504.060
0
2.713.596
692
219
2
0
38.168 13.260
28
13
3
1
42
23
62
27
63
44
115
51
234.029 56.314
4.650
2.081
21.253
5.624
379.263 53.113
267.527 52.563
0
0
1.100.082 221.598
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1.348
1.348
2.292
4.006
124
1.820
437
45
1.538
323
1.623
18.588
543
19.880
6.335
13.093
0
107.528
1.568
2.685
65
1.214
379
22
854
161
1.192
18.602
458
8.481
2.310
4.375
0
62.823
222
354
12
183
36
2
143
24
171
2.324
61
1.030
255
763
0
8.503
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
571
571
0
0
220
0
1
6
14
0
24
4.512
50
1.965
10.662
9.166
0
31.971
1
0
220
3
1
3
3
1
10
5.614
39
846
8.234
7.020
0
25.499
0
0
77
1
0
1
2
0
3
1.054
24
269
2.274
1.577
0
6.759
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
120
120
3.152
7.873
1.550
5.328
794
31
1.964
168
2.947
376.450
12
94.466
95.655
207.084
265
805.170
37
24
10.161
0
3
6
76
50
1
204.637
88
45.534
187.628
207.130
116
705.636
30.979
56.897
138.961
27.231
7.890
495
22.432
1.932
26.701
2.847.927
104.976
577.735
1.350.630
3.854.613
5.930
9.930.478
11.178
20.781
5.963
10.090
3.055
137
9.454
602
10.397
842.820
45.813
202.174
94.586
1.469.922
0
2.868.730
Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).
54
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
PARTE IV: Avaliação crítica do Censo de 1872
55
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
4. Os dois censos da Corte – 1870/1872
Com o fim da Guerra do Paraguai em 1870, percebeu-se a necessidade de estudos
cartográficos e demográficos mais acurados do Império. Em (1871), através da Lei 1829 foi
criada a Diretoria Geral de Estatística, (DGE), cuja função era a de coordenação da atividade
censitária e de elaboração de estatísticas, sendo ela a primeira instituição com esse fim na
história do país. Futuramente ela seria substituída pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, (IBGE).
A Corte, como o maior centro econômico e político do Império, acabava por polarizar
também a atenção de todos: tudo o que acontecia nela era ressonante mesmo nas áreas mais
remotas do país. Por essa razão, mostrar a viabilidade e as vantagens da realização de um
censo geral seria plausível a experiência de realizá-lo antes no Município Neutro da Corte.
Através da experiência de realização do Censo da Corte, podia-se detectar os possíveis
problemas, as dificuldades, podendo levar assim maior fluência e agilidade para a realização
do Censo Geral do Império, em 1872. Além disso, pode-se esquematizar a forma como seriam
divididas as tarefas, como a divisão de Paróquias, além da logística de todo o recenseamento.
As principais finalidades da realização de um Censo da Corte, ditas pelo Imperador
para a população era que, com os dados coletados, poder-se-ia melhorar a administração
pública, a organização municipal, assim como supracitado, embasar, com a experiência deste
Censo, a realização do Censo Geral o Império em 1872.
As listas utilizadas no recenseamento de 1870 continham dados como Nome, Idade,
Religião, Nacionalidade, Estado Civil, Profissão, e ainda levava em conta qualquer
observação que fosse notória. Além disso, elas informavam o número da casa recenseada,
assim como a rua em que a residência se encontrava. As listas eram distribuídas pelos agentes
censitários, e, após determinado prazo, eram recolhidas pelos mesmos já devidamente
preenchidas.
Após a conclusão do recenseamento da Corte, através do decreto 4856 de 31 de
dezembro de 1871, ficou estabelecido que o primeiro recenseamento da população brasileira
seria realizado em todo o território no dia 1º de Agosto de 1872, e ainda que todos os
habitantes do Império, nacionais e estrangeiros, livres e escravos, seriam recenseados no lugar
ou habitação em que se encontrassem no dia. A identificação era feita por boletins e listas de
família, que continham o nome, o sexo,a idade, a cor, o estado civil, a naturalidade, a
nacionalidade, a residência, o grau de instrução primária, a religião e as enfermidades
aparentes; também se declarava a relação de parentesco ou de convivência de cada pessoa
56
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
com o chefe da família, e a respeito das crianças de 6 a 15 anos notar-se-á se frequentam ou
não as escolas. Além disso, a recusa em responder os boletins de família levaria punição na
forma da lei por crime de desobediência.
Para o desenvolvimento do recenseamento havia em cada paróquia do Império uma
comissão censitária composta por cinco cidadãos residentes na paróquia, conhecedores dos
limites e dos habitantes dela, além de um determinado número de agentes recenseadores.
Para a realização da pesquisa, uma das maneiras de se fazer o estudo crítico do Censo
Geral de 1872, era se utilizar de uma comparação deste com o Censo da Corte, 1870, já que
para este dava-se maior confiabilidade devido às circunstâncias com que o mesmo foi
realizado, menor espaço amostral, por exemplo. (RELATORIO, 1871)
Já em relação ao Censo Geral do Império, utilizou-se os dados ajustados pelo método
MRP, disponíveis no software Pop 72 (www.nphed.cedeplar.ufmg.br/pop72). Ao realizar os
cotejamentos desses censos, 1870 e 1872, notou-se discrepâncias expressivas, ao observarmos
os dados da comparação (Tabela 23).
Tabela 23: População da Corte em 1870 e 1872
Variáveis
Categorias
Total
Ano
Masculino
Nacionalidade
70.843
171.144
23.779
22.714
46.493
217.637
226.033
24.886
24.053
48.939
274.972
Casado
32,1%
4,7%
5,9%
5,3%
26,3%
69.988
168.200
23.775
22.676
46.451
214.651
1872
132.552
91.553
224.105
23.662
23.434
47.096
271.201
35,0%
30,8%
33,2%
-0,5%
3,3%
1,4%
26,3%
1.789
885
2.674
4
8
12
2.686
1.328
600
1.928
1.224
619
1.843
3.771
-25,8%
-32,2%
-27,9%
30500,0%
7637,5%
15258,3%
40,4%
1870
54.100
54.286
108.386
15.407
18.120
33.527
141.913
1872
77.876
74.851
152.727
18.009
19.957
37.966
190.693
43,9%
37,9%
40,9%
16,9%
10,1%
13,2%
34,4%
1870
46.201
15.557
61.758
8.402
4.591
12.993
74.751
1872
56.004
17.302
73.306
6.877
4.096
10.973
84.279
21,2%
11,2%
18,7%
-18,2%
-10,8%
-15,5%
12,7%
1870
77.628
48.687
126.315
23.280
22.030
45.310
171.625
1872
104.036
64.073
168.109
24.525
23.584
48.109
216.218
1872
34,0%
31,6%
33,1%
5,3%
7,1%
6,2%
26,0%
1870
19.562
15.810
35.372
417
369
786
36.158
1872
25.762
20.175
45.937
243
262
505
46.442
28,4%
Variação (%)
Viúvo
30,1%
98.212
Variação (%)
Estado
Civil
33,5%
1870
Variação (%)
Solteiro
Total
92.153
Variação (%)
Estrangeiro
Total
100.301
Variação (%)
Brasileiro
ESCRAVOS
Feminino
133.880
1870
Diferente
Masculino
1872
Variação (%)
Religião
Total
1870
Variação (%)
Do Estado
LIVRES
Feminino
31,7%
27,6%
29,9%
-41,7%
-29,0%
-35,8%
1870
3.111
6.346
9.457
112
315
427
9.884
1872
4.082
7.905
11.987
118
207
325
12.312
31,2%
24,6%
26,8%
5,4%
-34,3%
-23,9%
24,6%
Variação (%)
Fonte dos dados básicos: Censos demográficos de 1870 e 1872
Nota-se, através das comparações de crescimento existentes, que as variações de um
ano para o outro são muito grandes, inconstantes. Por exemplo, o crescimento populacional
57
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
total do Município Neutro da Corte, entre 1870 e 1872 foi de 26,3%, superando a média do
crescimento vegetativo esperado. Assim como houve, também, um aumento de 40,4% na
quantidade pessoas que professam uma religião diferente da do estado, neste município, o que
só poderia ser explicado com o caso de um elevado crescimento vegetativo, ou migração
interna intensa ou conversão em massa dos habitantes, fenômenos que provavelmente não
teriam ocorrido nesse curto espaço de tempo.
Ainda, ao se proceder às comparações, percebem-se casos de crescimentos negativos
elevados, como pode ser notado no caso de homens que professam uma religião diferente da
do Estado, que teve um decréscimo de 25,8%.
Contudo, para sanar qualquer possibilidade de dúvida quanto a confiabilidade de um
ou de outro censo, resolveu-se fazer também a recontagem do recenseamento de 1870, da
paróquia de São Christóvão, cujas listas estão disponíveis na Biblioteca virtual do IBGE, e,
assim que este órgão disponibilizar as listas faltantes, poder-se-á concluir o cotejamento, e
sanar-se-ão as dúvidas quanto a confiabilidade dessas contagens, e por fim, pretende-se
colocar disponível a nova recontagem da Paróquia de São Christóvão na internet, como foi
feito com o recenseamento de 1872.
58
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
5. A instrução pública e os censos demográficos nas décadas de 1830 e 1870, em Minas
Gerais: Um estudo de caso
5.1 Introdução
Na primeira metade do século XIX, as famílias eram, ao mesmo tempo, unidades de
parentesco e unidades de produção econômica. Os tipos mais frequentes eram as unidades
escravistas e camponesas. No meio urbano, contudo, assumia maior protagonismo as famílias
de artesãos – principalmente as formadas por mulheres tecedeiras e fiandeiras. Nesse contexto
em que não havia uma separação maior entre a unidade de habitação e o locus do trabalho,
entre consumo e produção, era natural que as próprias famílias se incumbissem da formação
para o trabalho dos novos membros, fossem eles crianças, parentes, agregados e escravos.
Entretanto, grandes transformações empreendidas pelo Estado ocorrem entre as
décadas de 1830 a 1850, no sentido de subverter a velha ordem e promover um esforço
decisivo para se estabelecer a ordem capitalista. As iniciativas mais emblemáticas foram as
promulgações da Lei de Terras, da Lei Eusébio de Queiroz e pelo estabelecimento do Código
Comercial, que acabam por criar condições de desenvolvimento do mercado de terras e de
trabalho, além de propiciar a cisão entre as unidades familiares e as unidades produtivas.
Nesse novo contexto, destaca-se a crescente preocupação do Estado com a educação e
formação para o trabalho, que se mostra, entre outras coisas, através do estabelecimento de
normas para a regulação da prática educacional.
Como exemplo, tem-se a Lei Mineira n° 13. Ao investigarem as relações entre as
famílias, a escola e o estado no que concerne à instrução pública na província de Minas
Gerais, Viana e Veiga (2002) ressaltam que a partir de 1835 com a Lei, os pais passaram a ser
obrigados a dar instrução primária para seus filhos por meio de escolas públicas, particulares
ou em suas próprias casas, sendo que a fiscalização do cumprimento desta determinação cabia
aos Delegados dos Círculos Literários.
Além disso, a legislação mineira, que incluía a Lei n° 1400 de 1867, que isentava a
inspeção do ensino familiar domiciliar, reforçava as diferenças socioeconômicas nas formas
de acesso à instrução, já que fazia com que a fiscalização estivesse mais presente para as
famílias pobres e aulas públicas (VIANA e VEIGA, 2002). Para as autoras, a obrigatoriedade
dos pais em dar instrução aos filhos possibilitou uma alteração na cultura familiar oitocentista,
particularmente nas famílias pobres que passaram a perceber a instrução como um fator de
alteração da condição social.
59
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Em Minas Gerais, fica clara a preocupação do Estado, que também pôde ser observada
nos levantamentos censitários da população, que passaram a contar, a partir de finais da
década de 1830, com a informação, indivíduo a indivíduo, do atributo de alfabetização (se
sabe ler e escrever), o que não se observava, por exemplo, nas chamadas listas nominativas de
1831/32.
Fonseca (2006), por exemplo, desenvolve em sua obra uma visão diferenciada da
inserção do negro - incluindo aqui todas as derivações do período como os pardos, crioulos e
africanos – nas escolas mineiras do século XIX fazendo uso de diferentes registros históricos,
dando enfoque a um conjunto de listas nominativas do início da década de 1830, fruto de uma
tentativa de se realizar um censo da população mineira desse recorte temporal.
A partir da análise desses registros, Fonseca critica a historiografia denominada por
ele de tradicional apontando que:
“houve uma excessiva valorização da ideia de contexto histórico, passandose a conferir grande destaque aos aspectos econômicos e políticos, sobretudo
ao antagonismo entre as classes sociais, que foi elevado à categoria de
elemento explicativo das diversas dimensões do fenômeno educacional”.
(FONSECA, 2006 p.117)
O autor argumenta que a “historiografia tradicional” deixa de observar elementos
importantes para a compreensão da história da educação ao entender todo o processo
educacional apenas como um reflexo da situação econômica e social majoritária no país.
Além disso, Fonseca critica a forma como o escravo e o negro livre são tratados na
historiografia tradicional ao reduzi-los ao caráter econômico de escravo e tirando deles o
aspecto humano e racional, o que limita suas tentativas de ascensão social em uma sociedade
altamente racista e hierarquizada.
Contrapondo esse ponto acima exposto, Fonseca aponta uma tendência e uma maior
importância dada pelos negros ao processo de escolarização. Segundo o autor, a escola era,
para a população negra livre, “uma forma de afirmação da sua condição e como demonstração
de um domínio dos códigos de liberdade” (Fonseca, p.229).
Vale notar que os negros eram sub-representados nas escolas secundárias em
contraposição ao perfil das escolas de instrução elementar. Em geral, a participação dos
brancos nas escolas era superior ao índice de participação na sociedade, estando mais
representados nas escolas secundárias. Fonseca (2009) acredita que isso se deve aos valores
atribuídos pelos diferentes perfis raciais à educação. Para os brancos, as escolas seriam um
elemento de consolidação de sua condição de elite. Já para os negros, a escolarização era uma
maneira de afirmação e maior inserção social.
60
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Há autores que trabalham sob uma outra perspectiva relacionada à infância, que não a
educação, para apresentar as ocupações possíveis às crianças. A obra de Teixeira consiste em
mostrar a forma como, muitas vezes, o trabalho infantil era utilizado e mascarado pelos
proprietários de fazendas, pois essa mão-de-obra não necessitava receber uma remuneração,
visto que parte desses proprietários agia legalmente como tutores, o que lhes isentava de
qualquer tipo de pagamento de soldo aos menores.
Segundo Teixeira, o processo de tutorização funcionava “(...) em torno da troca. O
domicílio acolhedor fornecia proteção, subsistência e educação e o acolhido pagava com
tarefas, serviços ou trabalhos.” (Teixeira, p.4). Apesar do caráter exploratório, observado por
Teixeira a partir de um olhar retrospectivo, esse processo ocorria devido principalmente à
orfandade e à pobreza e constantemente era visto como benéfico à criança, inclusive na visão
de parte das famílias originárias dos tutorados, que viam nessa situação uma possibilidade de
crescimento das oportunidades para a inserção futura da criança no mercado de trabalho.
Para uma melhor compreensão do censo de 1872 e da configuração populacional geral
do período imperial, esses dados sobre o trabalho infantil são de extrema importância,
principalmente no que concerne à relação escola-trabalho, que muitas vezes funciona como
uma exclusão de uma em relação ao outro. Além disso, esses dados nos mostram a
necessidade de crianças oriundas de famílias pobres ingressarem no mercado de trabalho
precocemente, decorrente constantemente da falta de estrutura financeiro-familiar que
garantisse aos menores uma possibilidade de maior escolarização.
O objetivo principal desse trabalho é mostrar as rupturas e permanências no lento
processo de consolidação do sistema educacional na província de Minas Gerais entre os
censos de 1838 e 1872, além de investigar a sua relação com o nível de centralidade urbana,
desenvolvimento econômico, bem como a dinâmica demográfica das províncias nos dois
períodos em questão.
5.2 O Censo de 1872
O presente trabalho utiliza o Recenseamento do Império de 1838 e o censo de 1872,
digitalizado pelo núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica do
Cedeplar/UFMG, ao longo das últimas quase três décadas.
Como verificado por Rodarte (2008), o Recenseamento Geral do Império de 1872, que
contemplou quase que toda a população do Brasil no período imperial e escravista, possui
problemas referentes à falta de uniformidade das respostas, omissão e de erros de
interpretação, que advém também dos problemas inerentes ao desafio de se recensear um país
61
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
de proporções continentais, com a infra-estrutura de meios de transporte e comunicação
daquela época.
A partir de análises dos resultados do censo, Rodarte (2008) conclui que, apesar de
serem exceções, as discrepâncias e divergências dos números de uma mesma paróquia
ocorriam, não só pela omissão da população sem informação para determinados atributos,
mas possivelmente erros de soma e impressão.
Dessa forma, o autor elaborou uma metodologia de correção que valoriza os resultados
paroquiais em relação ao sexo e condição social a partir de seus valores modais. O
procedimento para a correção é composto por três módulos distintos (Rodarte, 2008):
MÓDULO 1: estabelece os valores modais da população por sexo e condição social,
considerados os corretos para a correção dos demais dados segmentados. Verificou-se que os
valores modais eram correspondentes aos valores oficialmente divulgados pelos técnicos da
Diretoria Geral de Estatística (DGE).
Com a necessidade de se conhecer outros atributos da população, como idade e nível
de instrução, o autor propõe mais duas etapas que possibilitassem a correção de dados mais
desagregados.
MÓDULO 2: consiste na correção de variáveis que se repetem nas tabelas do censo,
tal como sexo que se repete no 2º e 3º quadros do censo e se distribui a partir de distintas
categorias (nacionalidade, estado civil, etc.). A correção se dá por um processo de escolhas
dos valores das somas correspondentes aos valores modais previamente estabelecidos feitos
por programa de computador.
MÓDULO 3: o último procedimento de correção buscou corrigir atributos mais
específicos que não se repetiam tanto (profissões, idade) a partir da manutenção dos dados das
colunas da somatória dos 2º e 3º quadros, priorizando a intervenção mínima sobre os dados
originais.
Assim, para paróquias cuja diferença dos dados com relação à moda era inferior a 1%,
a correção dos valores para cada categoria era feita a partir dos dados modais respeitando-se a
distribuição original. Para os demais dados incorretos e de maior distorção, a distorção
regional era excluída e os dados por categoria eram corrigidos por uma nova composição, de
acordo com o conjunto das demais paróquias que formavam o município da paróquia sob o
processo de correção.
62
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
5.3 Resultados
Os resultados abaixo mostram que as taxas de alfabetização eram bastante próximas de
zero para os escravos, sendo que, em geral, os homens livres apresentavam taxas mais
elevadas que as mulheres livres. Este resultado pode estar atrelado ao fato de haviam escolas
em determinadas cidades, sendo que os alunos deveriam se ausentar de casa para estudar, o
que era mais recorrente entre os homens.
As seções a seguir apresentam os resultados para a taxa de instrução por sexo e
condição com relação ao nível de centralidade urbana, nível de desenvolvimento e dinâmica
demográfica das regiões.
5.3.1 Centralidade urbana
A ideia de centralidade aqui empregada está de acordo com a definição de
(RODARTE, PAULA e SIMÕES, 2004) que associa a estrutura ocupacional ao nível de
urbanização. As regiões centrais seriam aquelas que compreendem as instituições e as
construções mais importantes, o que a pode tornar um centro tanto para a área rural quanto
para outras cidades menores vizinhas.
Assim, a tabela abaixo apresenta a taxa de alfabetização da população de 6 a 15 de
acordo com o nível de centralidade que vai de 1 (maior nível) a quatro (menor nível). Pode-se
perceber que a proporção de indivíduos instruídos entre os homens livres é maior nas regiões
de nível de centralidade urbana 1 e 2, representando mais de 40% deles, ao passo que para as
mulheres livres, 24% são alfabetizadas e locais de alta centralidade e 17% para aqueles de
nível de centralidade 2. Para os níveis de centralidade 3 e 4 não há uma grande diferença da
proporção de alfabetizados entre os homens livres e entre as mulheres livres. Vale ressaltar
que no caso dos escravos, que apresentam taxas de alfabetização bastante baixas, a proporção
de mulheres alfabetizadas é maior que as dos homens em locais de alta centralidade urbana.
(Tabela 24).
63
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 24: Nível de centralidade urbana, por instrução – 1838
Nível de
Centralidade
Urbana
/Instrução
Taxa de alfabetização (%) - população de 6 a 15 anos
Condição/ Sexo
Livres
Escravos
HOMEM MULHER HOMEM
MULHER
Nível 1
Nível 2
Nível 3
Nível 4
49
41
28
25
24
17
4
5
1,0
0,8
0,2
0,2
1,4
0,4
0,1
0,1
Total
26
6
0,3
0,2
Fonte: IBGE- Recenseamento de 1838
De acordo com o Censo de 1872, a proporção de indivíduos instruídos entre os
homens livres é maior nas regiões de nível de centralidade urbana 1 e 2, sendo que quanto
maior o nível de centralidade urbana, menor a taxa de alfabetização. Já para as mulheres
livres, as maior taxa de alfabetização pode ser percebida em regiões que correspondem ao
nível de centralidade urbana 2, sendo que este não varia para as demais regiões. (Tabela 25).
Tabela 25: Nível de centralidade urbana, por instrução – 1872
Nível de
Centralidade
Urbana
/Instrução
Taxa de alfabetização (%) - população de 6 a 15
anos
Condição/ Sexo
Livres
Escravos
HOMEM MULHER HOMEM
MULHER
Nível 1
Nível 2
Nível 3
Nível 4
30
22
18
16
11
12
10
8
0
0,3
0,02
0,02
0
0,1
0,02
0,03
Total
18
9
0,05
0,03
Fonte: IBGE- Recenseamento de 1872
5.3.2 Nível de desenvolvimento
A definição do nível de desenvolvimento econômico baseou-se em (PAIVA, 1996)
que define três níveis de desenvolvimento econômico a partir da magnitude dos impactos
regionais e posição relativa na economia provincial levando em conta a presença de atividades
de produção e comércio.
A partir da tabela abaixo, pode-se perceber que as maiores taxas de alfabetização estão
associadas ao maior nível de alfabetização, não havendo, no entanto, uma relação linear, na
medida em que o nível de desenvolvimento decresce. Nesse sentido, os homens livres
64
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
apresentam taxas de alfabetização superiores em regiões de baixo de nível de
desenvolvimento (24%) se comparada com a taxa em regiões de nível médio (21%). No que
diz respeito às mulheres e aos escravos, quanto menor o nível de desenvolvimento, menor as
taxas de alfabetização. (Tabela 3).
Tabela 26: Nível de desenvolvimento econômico x instrução – 1838
Taxa de alfabetização (%)
Nível de
Desenvolvimento
/Instrução
Condição/ Sexo
Livres
Escravos
HOMEM MULHER HOMEM MULHER
31
8
0,31
0,26
21
5
0,26
0,09
24
2
0,25
0,05
Nível Alto
Nível Médio
Nível Baixo
26
Total
6
0,3
0,2
Fonte: IBGE- Recenseamento de 1838
Os dados obtidos a partir do censo de 1872 mostram que, em termos gerais, a taxa de
alfabetização da população decresceu com relação a 1838, exceto para as mulheres livres que
apresentaram uma taxa superior à de 1838. Além disso, as maiores taxas de alfabetização
estão associadas aos altos níveis de desenvolvimento. A instrução decresce na medida em que
o nível de desenvolvimento vai de “alto” para “baixo”, sendo que as mulheres livres e os
homens escravos apresentam taxas de alfabetização em regiões de nível de desenvolvimento
médio superiores ás de regiões de nível de desenvolvimento baixo (Tabela 27).
Tabela 27: Nível de desenvolvimento econômico x instrução – 1872
Taxa de alfabetização (%)
Nível de
Desenvolvimento
/Instrução
Nível Alto
Nível Médio
Nível Baixo
Condição/ Sexo
Livres
Escravos
HOMEM MULHER HOMEM MULHER
19
10
0,04
0,01
18
11
0,05
0,02
15
5
0,08
0,12
Total
18
9
0,05
0,03
Fonte: IBGE- Recenseamento de 1872
5.3.3 Dinâmica demográfica
Para se compreender a conformação da dinâmica demográfica nos diversos espaços da
província de livres e escravos, sem se ater sempre às especificidades de cada região, elaborouse uma tipologia de regiões, com a definição de grupos de entidades espaciais que tiveram
65
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
evoluções populacionais semelhantes, tendo em vista não só a população total, como também
o recorte por condição social.
O dinamismo demográfico das regiões foi classificado de acordo com Rodarte (2008)
da seguinte forma:
•
•
•
Tipo A: áreas menos dinâmicas de Minas Gerais, do ponto de vista demográfico, ao dobrar de tamanho
a cada 45 anos (com crescimento de 1,6% a.a.);
Tipo B: áreas de evolução explosiva de seu ritmo de crescimento populacional, duplicando de tamanho
a cada 18 anos (3,9% a.a.)
Tipo C: áreas de dinamismo intermediário com crescimento próximo da média provincial (2,6% a.a.).
Os dados do recenseamento de 1838 mostram que as áreas mais dinâmicas de Minas
Gerais são aquelas com maior taxa de alfabetização exceto no caso dos homens escravos.
Estes, apesar de apresentarem baixas taxas de alfabetização, demonstram possuir um nível de
instrução maior em áreas do tipo B, de evolução demográfica explosiva, do que em área de
elevado crescimento demográfico (tipo A), pela Tabela 28.
Tabela 28: Tipologia de dinamismo demográfico x instrução – 1838
Taxa de alfabetização (%)
Dinamismo
Demográfico/Instrução
Condição/ Sexo
Livres
Escravos
HOMEM MULHER HOMEM MULHER
Tipo A
Tipo B
Tipo C
29
20
22
8
3
2
0,28
0,41
0,16
0,22
0,14
0,03
Total
26
6
0,3
0,2
Fonte: IBGE- Recenseamento de 1838
No que diz respeito aos dados de 1872, percebe-se que as maiores taxas de instrução
de homens e mulheres livres se concentram em área do tipo B, de evolução demográfica
explosiva e onde os escravos apresentam as menos taxas (Tabela 29).
66
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 29: Tipologia de dinamismo demográfico x instrução – 1872
Taxa de alfabetização (%)
Dinamismo
Demográfico/Instrução
Condição/ Sexo
Livres
Tipo A
Tipo B
Tipo c
Total
Escravos
HOMEM MULHER HOMEM MULHER
19
10
0,07
0,02
20
12
0,00
0,00
14
6
0,05
0,08
18
9
0,05
0,03
Fonte: IBGE- Recenseamento de 1872
5.4 Considerações finais
A analise dos resultados dos censos de 1838 e de 1872 com base em características
econômicas e demográficas das regiões mostrou que o fator que mais influenciou a taxa de
alfabetização foi a centralidade urbana. Percebe-se que tanto para os homens a para as
mulheres quanto para os livres e os escravos, o nível de instrução foi sensível ao movimento
de urbanização.
Vale ressaltar que parece existir o "ruído" da informação associado ao status dos indivíduos.
Os resultados mostram que pode haver uma tendência a declarar como instruído aqueles
indivíduos que assumem posição de destaque na sociedade, senda esta uma questão que deve
ser futuramente investigada.
67
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
5.5 Referências bibliográficas
FONSECA, M. O predomínio dos negros nas escolas de Minas Gerais do século XIX.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 35, n.3, p. 585-599, set./dez. 2009.
FONSECA, Marcus V. População negra e educação: o perfil racial das escolas no século XIX. Belo Horizonte:
Mazza Edições, 2009.
PAIVA, Clotilde A. População e economia nas Minas Gerais do século XIX. 1996. 229
f. Tese (Doutorado de História) - Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.
RODARTE, Mario M. S. O trabalho do fogo: Perfis de domicílios enquanto unidades de produção e reprodução
na Minas Gerais Oitocentista. 2008, 365 f. Tese (Doutorado em Demografia) - Centro de Desenvolvimento
e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.
RODARTE, Mario M. S.; PAULA, João A. de; SIMÕES, Rodrigo F. Rede de cidades em Minas Gerais no
Século XIX. História Econômica & História de Empresas, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 7-45, jan./jun. 2004.
TEIXEIRA, H. M.. A labuta sem ciranda: crianças pobres e trabalho em Mariana. História. Questões e Debates,
v. 24, 2006. (http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/seminario_diamantina/2006/D06A051.pdf)
VIANA, F. S.; VEIGA, C. G.. Relação governo, família e educação na primeira metade do século XIX em
Minas Gerais. In: II Congresso Brasileiro de História da Educação, 2002, Natal. II Congresso Brasileiro de
História da Educação: História e Memória da Educação Brasileira, 2002. V. II.
68
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
PARTE V: Anexos
69
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
6. O Software POP 72 - Brasil: Aspectos técnicos do aplicativo
O Pop 72 – Brasil foi desenvolvido utilizando Java, uma linguagem altamente
difundida e gratuita, também deve ser levada em consideração a técnica utilizada para
desenvolvimento, todo o software foi desenvolvido em camadas o que facilita futuras
modificações em qualquer parte do software.
A linguagem Java é totalmente orientada a objetos e seu pacote de desenvolvimento o
Java JDK, é distribuído gratuitamente e cheia de recursos. Algumas características da
linguagem são: Garbage Colector, Threads, Exceptions, Controlled Resources, Java API.
•
•
•
•
•
Garbage Colector: coleta partes do programa na memória que não são mais úteis;
Threads: suporte para que seu programa rode em vários processadores;
Exceptions: para tratamento de erros, melhora o desempenho do software;
Controlled Resources: controle de acessos a recursos, aumentando a segurança;
Java API: pacote com vários recursos a serem reaproveitados assim não existe a
necessidade de reescrever algumas rotinas.
O software foi construído em quatro camadas: primeira camada de persistência,
segunda camada de entidades, terceira camada de controle, quarta camada de visão. Na
camada de persistência ou acesso aos dados, é realizado todo controle de acesso ao banco de
dados, a camada de entidades é responsável pelo formato dos dados, a camada de controle
visa à regra de negócios do sistema, já a camada de visão é responsável pela parte gráfica do
sistema, o que o usuário vê. Para implementação destas camadas foram utilizados diferentes
frameworks, para a de persistência o Hibernate, para a de controle o JSF e para a camada de
visão foi utilizado o PrimeFaces.
O software escolhido para gerencia dos dados foi o MySQL por ser um dos softwares
mais utilizados hoje, gratuito e totalmente compatível com a técnica escolhida para
desenvolvimento.
A parte visual é desenvolvida totalmente para acesso via internet utilizando os
melhores navegadores, toda navegação é feita utilizando uma técnica de programação
chamada Ajax que da melhor interatividade e desempenho para o usuário final. Parte
totalmente implementada pelo Framework PrimeFaces. O Ajax é uma técnica que utiliza
várias linguagens e scripts em conjunto.
70
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
7. Relatório de pesquisa de digitalização do Censo de 1872, em 1983
“Um estudo crítico do recenseamento de 1872”24
Introdução
O censo brasileiro de 1872 constitui, inegavelmente, uma das fontes importantes para
a pesquisa da história demográfica, social e econômica do Brasil na segunda metade do século
XIX.
Apesar de sua inegável importância histórica como o único censo nacional do período
imperial e escravista, e de ser o primeiro censo que cobriu de forma sistemática todo o
território brasileiro, ele nunca foi submetido a um exame crítico rigoroso.
A necessidade e a oportunidade de um estudo crítico deste censo foi apontada, por
exemplo, por Mortara (1959) quando, analisando a estrutura etária da população nacional
enumerada, chamou a atenção para as evidências de subenumeração no grupo etário de 0 a 1
ano, e para o percentual aparentemente alto da população acima de 100 anos.25 Da mesma
forma, Martins, (1980) trabalhando com os dados da província de Minas Gerais descobriu
que, ao se proceder à agregação dos quadros paroquiais para se obter os totais provinciais,
foram cometidos grandes erros de soma.
Segundo Martins (1980), a soma correta dos quadros paroquiais altera,
consideravelmente, a distribuição ocupacional dos escravos da província de Minas Gerais. O
percentual de escravos ocupados na agricultura conforme os resultados publicados no censo
corresponde a 75,3% do total da população escrava, enquanto que após a soma correta dos
quadros paroquiais este valor passa a ser 30,9%, com evidentes alterações para a interpretação
da estrutura ocupacional escrava feita com base nesta fonte histórica..26
As evidências de incorreções na estrutura etária, e de erros na agregação dos totais
provinciais que podem acarretar grandes alterações na distribuição da população segundo um
dado atributo (ocupação, procedência, idade, etc.) são, sem dúvida, argumentos que apontam
para a importância de um estudo crítico deste censo.
24
Esta é uma versão modificada pelo Prof. Tarcísio Rodrigues Botelho do Relatório Final da pesquisa intitulada
“Um estudo crítico do Recenseamento de 1872”, realizada com financiamento do INPES/IPEA, através do
Programa Nacional de Pesquisa Econômica (PNPE). Ver PAIVA, Clotilde A.; MARTINS, Roberto B. Um
estudo crítico do recenseamento de 1872. Belo Horizonte: PNPE, 1983. Relatório de Pesquisa. Mimeografado.
25
MORTARA, Giorgio (1975), “Demographic Studies in Brazil” in Philip M. Hanser e Otis D. Duncan. Eds.,
The Study of Population. An Invetory and Appraisal, Chicago: University of Chicago Press.
71
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
No entanto, é também importante mencionar que estas incorreções, quer estejam
ligadas à execução do censo, quer à sua apuração, são perfeitamente compreensíveis dada a
complexidade do trabalho censitário em território tão extenso, e à grande massa de
informações a ser manipulada sem os recursos eletrônicos modernos.
Portanto, para que a utilização dos dados do recenseamento de 1872, tal como estão
publicados, não venha conduzir a interpretações distorcidas, seria conveniente fornecer aos
seus usuários alguns parâmetros para a avaliação da qualidade do dado a ser utilizado.
Embora sem a pretensão de esgotar o assunto, foi este o objetivo principal deste
ensaio. A proposta básica deste trabalho consiste em fornecer ao usuário do censo
informações sobre:
•
As condições de planejamento, execução e apuração do censo apontando para suas
possíveis influências nos resultados, tanto a nível nacional como a nível provincial;
•
Os totais provinciais que realmente correspondam à soma correta das paróquias que
formam cada província; fornecer, também, todas as informações a nível municipal;27
•
A comparação dos resultados originais da publicação com aqueles corrigidos,
avaliando as modificações que a soma correta dos totais provinciais está introduzindo
com relação aos diferentes atributos da população recenseada.
Nosso ponto de partida é, portanto, a informação paroquial no censo. É importante
ressaltar que esta informação ao nível de paróquia é, por sua vez, resultante da compilação
dos vários boletins ou listas de famílias que compõem cada paróquia, podendo, portanto, já
conter erros de apuração. A volta aos manuscritos originais que nos permitiria, inclusive,
avaliar esta etapa inicial da apuração dos dados é impossível neste caso.28
Fica claro, portanto, que tomar a informação paroquial publicada no censo como ponto
de partida não quer dizer desconsiderar a existência de possíveis erros nas fases anteriores da
realização do censo. Pretendeu-se, com isto, eliminar ou pelo menos minimizar os erros de
agregação dos dados daí para frente.
26
MARTINS, Roberto B. (1980), “Growing in Silence: The Slave Economy of Nineteenth Century – Minas
Gerais, Brazil”. Tese de doutorado, Vanderbilt University.
27
Embora os erros de agregação dos quadros paroquiais devam ser tanto maiores quanto maior for o número de
paróquias que compõem cada província, eles existem e foram detectados em todas elas. Além disso, o censo de
1872 é uma obra rara. Um subproduto importante desta pesquisa foi tornar disponível, em meio digital, todas
as tabelas paroquiais originais, o que possibilita a obtenção de totais municipais para todas as tabelas. A única
informação que existe no censo de 1872, a nível municipal, é a referente à população total do município.
28
Surgiram, nas últimas década, especialmente na Europa, vários estudos que retomam as fontes originais do
material publicado no século XIX dando-lhe tratamento mais rigoroso (Ver Tillot, 1972). No caso brasileiro,
este material original parece já ter sido todo destruído. Tillot, P. M. (1972), “Sources or Inaccuracy in 1851
ando 1861 Censues” in Wrigley, E. A. (ed.), Nineteenth Century Society, Cambridge University Press.
72
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Além da contagem da população, o recenseamento de 1872 apresenta, organizados por
paróquias, dados sobre sexo, idade, estado civil, raça, condição (livre ou escravo), ocupação e
outros, constituindo-se numa fonte insubstituível para o estudo da realidade brasileira do
século passado. É possível extrair do censo a composição municipal a nível de paróquias e
reconstituir, com o nível de detalhes apresentado no censo, os totais municipais da época.
Os quase 10 milhões de habitantes do Brasil em 1872, achavam-se distribuídos entre
20 províncias e 1 Município Neutro (corte), que se subdividiam em 641 municípios e 1473
paróquias.
A cada uma destas paróquias foi dado exatamente o mesmo tratamento: transposição
dos dados paroquiais, da forma como estão publicados no censo, para meio digital;
identificação dos erros de soma contidos nos quadros paroquiais, que no entanto, foram
mantidos, uma vez que se buscou a obtenção de uma cópia digital que reproduzisse cada
tabela paroquial tal como ela se apresenta na publicação original.29 A qualquer momento é
possível gerar, para qualquer subconjunto (de paróquias, de municípios, ou mesmo de
províncias) totais corretos, pela agregação adequada dos dados paroquiais originais,
respectivos de cada caso.
Dado o volume de informações manipuladas nesta pesquisa, decidiu-se selecionar,
para constar deste texto, a província de Minas Gerais, que era a mais populosa da época.
A parte 1 deste trabalho apresenta alguns aspectos de história deste recenseamento,
desde a legislação que lhe deu origem até os relatórios da Diretoria Geral de Estatística
descrevendo a marcha dos trabalhos de apuração. Esta informação histórica é analisada, tendo
em vista as limitações que elas passam impor à qualidade da informação censitária.
A parte 2 descreve, detalhadamente, a forma como a pesquisa foi realizada,
principalmente naquilo que concerne ao levantamento dos dados. Apresenta informações
relativas à todas as etapas do processo, desde a elaboração dos formulários de coleta até os
procedimentos utilizados para a emissão das tabelas provinciais e municipais corrigidas.
A parte 3 analisa os resultados obtidos pela cópia digital e compara-os com as tabelas
dos totais provinciais originalmente publicadas no Recenseamento Geral do Império. Esta
primeira comparação tem por objetivo mostrar o impacto da correção nos resultados que são
comumente utilizados pelos historiadores e, ao mesmo tempo, sugerir a realização de
trabalhos semelhantes para outras províncias brasileiras.
29
O procedimento usado foi o seguinte: os subtotais e totais das linhas e das colunas de cada tabela paroquial são
recalculados, imprimindo-se, para posterior conferência com o original, as tabelas que contém erros internos de
73
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
1. Um pouco de história
O interesse do governo imperial brasileiro em realizar um censo geral da população
em 1872 está dentro do espírito que predominava em todo o mundo ocidental no decorrer do
século XIX.30 Na verdade, este censo foi precedido de vários censos regionais, e de algumas
tentativas fracassadas de se obter um arrolamento da população total, conforme cita o
conhecido trabalho de Joaquim Norberto de Souza e Silva.31 Este autor termina seu trabalho
em maio de 1870, recomendando enfaticamente à autoridade competente que empreenda a
árdua tarefa de realizar o censo geral do Império. Sugere, simultaneamente, que para o bom
desempenho desta tarefa incorpore a experiência obtida com o censo do Município da Corte,
realizado em abril de 1870.
A lei 1829, de 9 de setembro de 1870, dá início a este processo quando estabelece o
censo decenal, e cria a Diretoria Geral de Estatística com a incumbência, entre outras, de
dirigir os trabalhos do censo de todo o império. Com o decreto no. 4856 de 30 de dezembro
de 1871 a matéria é regulamentada e os detalhes de execução do censo fixados.32
Os relatórios da Diretoria Geral de Estatística, elaborados anualmente, entre 1871 e
1878, constituem fonte importante de informação sobre o recenseamento de 1872. Estes
relatórios eram preparados pelo Diretor Geral e dirigidos ao Ministro e Secretário de Estado
dos Negócios do Império. As informações neles contidas eram incorporadas na “Falla” que o
Ministro e Secretário dos Negócios do Império dirigia à Assembléia Geral na abertura de cada
legislatura. Na maioria das vezes, eram reproduzidos na íntegra nos vários anexos que,
geralmente, acompanhavam estas “Fallas”. A importância destes documentos está ligada,
sobretudo, à riqueza de informações que eles contém.
Os vários relatórios elaborados entre 1871 e 1878 apresentam detalhes importantes
quanto:
A – à organização inicial do censo, no Rio de Janeiro, logo após a publicação da
legislação básica dos recenseamentos. Incluem informações relativas à preparação do material
impresso que seria usado (boletins de família e cadernetas de agente recenseador); a
estimativa da quantidade de impressos necessária e a forma mais apropriada de se proceder à
agregação. Em seguida, calculam-se os totais municipais e os provinciais que são comparados com os resultados
impressos, detectando os erros de agregação do censo.
30
Vários países ocidentais já haviam criado o censo decenal, tais como, Estados Unidos a partir de 1790,
Inglaterra (1801), Portugal (1864), etc.
31
Vide Joaquim Norberto de Souza e Silva (1870) “Investigações sobre os recenseamentos da população geral
do Império e de cada província de per si tentados desde os tempos coloniais até hoje”. Memória anexa ao
Relatório do Ministro do Império apresentado em 1870 pelo titular da mesma pasta, Conselheiro Paulino José
Soares de Souza. (Reproduzido em Documentos Censitários Série B, 1, IBGE, 1951).
32
A legislação básica do censo de 1872 consta do Anexo 1.
74
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
sua distribuição pelas províncias; a organização do trabalho, tanto a nível interno na Diretoria
Geral de Estatística, quanto a nível externo, com relação à constituição das comissões
censitárias; os recursos disponíveis para as várias etapas do recenseamento, etc.
B – à forma de realização da operação censitária, a nível das diversas províncias. Estão
aqui incluídas informações relativas à formação das comissões censitárias locais; à forma de
distribuição do material impresso e de seu retorno devidamente preenchido; às alterações
introduzidas em algumas províncias quanto à data prevista para o censo (1o de agosto de
1872) e quais as razões que levaram à alteração; que parte da população não foi incluída nos
resultados do censo, sugerindo as razões da omissão, etc.
C – ao desenrolar dos trabalhos de apuração dos resultados (à medida que as
províncias devolviam os impressos preenchidos) e de preparação do material para publicação.
D – finalmente, os relatórios de 1877 e 1878 comentam detalhadamente os resultados
do censo em todo o território nacional, cuja impressão é declarada concluída por volta desta
data.
O relatório de 1877 é particularmente importante, porque apresenta um inventário das
paróquias omitidas em cada província, descreve o procedimento usado para estimar a
população destas paróquias omitidas e seu uso para ajustar o total da população recenseada.
Dificuldades na distribuição deste material, tanto da Diretoria Geral de Estatística para
as Seções de Estatísticas Provinciais, como destas para as comissões censitárias paroquiais,
têm sido apontadas como as responsáveis pelo atraso na execução do censo em algumas
províncias. A leitura dos relatórios dos presidentes de províncias no ano censitário e nos
subseqüentes nos permite identificar as razões alegadas para o atraso na execução do censo.33
A Tabela 30 apresenta a divisão administrativa do Brasil e sua população segundo a
condição à época do censo de 1872, e indica a data de realização do censo nas diversas
províncias. De um modo geral, o censo foi realizado na data estabelecida pela lei (1o de
agosto de 1872), exceto nas províncias de Minas Gerais (1o de agosto de 1873), São Paulo (30
de janeiro de 1874), Mato Grosso (1o de outubro de 1872) e Goiás (25 de junho de 1873).
A Tabela 31 apresenta, em termos absolutos e percentuais, as províncias com as suas
paróquias e respectivas populações, divididas em 2 grupos de acordo com o ano de execução
do censo, isto é, 1872 ou 1873/74.
33
A maior parte do levantamento das informações contidas nos Relatórios dos Presidentes de Província foi
realizada por Maria Luíza Marcílio no Arquivo Público de São Paulo e no Arquivo Nacional, que nos cedeu as
informações. A demora no recebimento do material e as dificuldades para redistribuí-lo a nível provincial são
os principais motivos que levaram à alteração da data de realização do censo.
75
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Embora apenas 3 províncias tenham realizado o censo cerca de uma ano após a data
estabelecida, estas províncias englobam 38,42% das paróquias existentes na época, e nelas
viviam 35,59% da população escrava do país e quase 30% da população livre.
A realização simultânea do censo em todo território é um requisito importante, uma
vez que minimiza erros tais como dupla contagem. Mesmo sabendo que os governos das
províncias retardatárias recomendaram, através de ofício que a data de referência do censo
fosse aquela fixada pela lei, sabe-se que, quanto maior foi o intervalo de tempo decorrido
entre a data a que a informação deve se referir a aquela em que ela é recolhida, maiores são as
possibilidades de erros.
Apenas como exemplo, poderíamos mencionar as dificuldades que os informantes, em
geral, têm de estabelecer datas precisas para eventos que ocorreram no passado. Esta
dificuldade poderia levar, indevidamente, à inclusão de crianças que nasceram ou à exclusão
de pessoas que morreram após a data de referência do censo.
Erros de memória poderão, também, distorcer informações sobre atributos que variam
no tempo, tais como estado civil, ocupação, idade, freqüência à escola, condição
(livre/escravo), etc.
Os movimentos migratórios, neste caso, também podem aumentar a incidência de
erros, que serão tanto mais graves quanto maior for a mobilidade da população na região.
Famílias que tiveram migrado da província antes da data de realização do censo, mas após a
sua data de referência, não serão recenseadas.34 Por outro lado, a inclusão de pessoas que
chegaram ao local após a data de referência, e cuja origem é uma província onde já haviam
sido recenseados, resultará, em termos nacionais, em dupla contagem.
O uso de informações adicionais sobre o desenvolvimento econômico e social da
região poderá indicar, ao usuário dos dados, em que medida estes problemas levantados
podem estar alterando seus resultados.
34
Mesmo que a migração tenha se dado em direção a uma província onde o censo ainda não tenha se realizado,
estas famílias e/ou pessoas deveriam ser incluídas no local de origem e não de destino.
76
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 30: Divisão administrativa e população segundo a condição
Província*
Amazonas .........................................
Pará ...................................................
Maranhão ..........................................
Piauí ..................................................
Ceará ................................................
Rio Grande do Norte ........................
Parayba do Norte ..............................
Pernambuco ......................................
Alagoas .............................................
Sergipe ..............................................
Bahia ................................................
Espírito Santo ...................................
Rio de Janeiro ...................................
São Paulo (30.1.1874) ......................
Paraná ...............................................
Santa Catarina ...................................
Rio Grande do Sul ............................
Minas Gerais (1.8.1873) ...................
Goiás (25.5.1873) .............................
Mato Grosso (1.10.1872) .................
Município Neutro (Corte) ................
Número
Número de Paróquias
de
Não
Município
Total
Incluídas
s
7
22
32
70
37
1
53
22
2
27
46
57
22
27
24
38
39
71
19
28
24
5
30
72
169
13
25
33
6
123
89
142
16
23
11
38
28
4
72
72
14
370
26
54
9
15
19
641
32
1.473
População
Livre
56.631
274.779
284.101
178.427
689.773
220.959
354.700
752.511
312.268
153.620
1.211.792
59.478
490.087
680.472
116.162
144.818
367.022
1.669.276
149.743
53.750
223.033
8.419.672
Escrava
979
27.458
74.939
23.795
31.913
13.020
21.526
89.028
35.741
22.623
167.824
22.659
292.637
156.612
10.560
14.984
67.791
370.459
10.652
6.667
48.939
1.510.806
Total
348.009
275.237
359.040
202.222
721.686
233.979
376.226
841.539
348.009
176.243
1.379.616
82.137
782.724
837.354
126.722
159.802
434.813
2.039.735
160.395
60.417
274.972
9.930.478
TOTAL
FONTE: Directoria Geral de Estatística, Recenseamento da População do Império do Brasil de 1872, Rio de Janeiro, Leuziger e Filhos 1873-1876.
O censo realizou-se em todo o território nacional no dia 1o de Agosto de 1872.
77
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 31: Províncias, paróquias e populações respectivas segundo o ano de realização do Censo
Ano de
Realização
do Censo
Número de
Paróquias
População
Número de
Províncias
%
1872
18
85,71
907
61,58
1873/74
3
14,29
566
Total
21
100,00
1.473
%
Livre
%
Escrava
%
Total
%
5.920.181
70,31
973.083
64,41
6.893.264
69,42
38,42
2.499.491
29,69
537.723
35,39
3.037.214
30,58
100,00
8.419.672
100,00
1.510.806
100,00
9.930.478
100,00
FONTE: Tabela 1
78
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
A importância, em termos de população, destas paróquias omitidas, é difícil de ser avaliada.
Há, na literatura da época, referências a estimativas indiretas da população destas
paróquias que não foram recenseadas em 1872. Existem, também, alguns casos em que o
recenseamento foi realizado, mas o resultado não chegou à Diretoria Geral de Estatística a
tempo de ser incluído na publicação final do censo. Para estes casos, os dados relativos à
população total estão publicados nos Relatórios da Diretoria Geral de Estatística permitindo
sua utilização para o ajustamento da população total. Estão nesta situação as paróquias de
Sant’Ana das Traíras de Minas Gerais onde foram contados 11745 habitantes; a de São José
do Barreto (Rio de Janeiro) com 3971 habitantes; e a de São João Baptista do Herval (Rio
Grande do Sul) com 4940 habitantes.
Para os demais casos de exclusão, não existem senão cálculos aproximados, com base
em critérios que são discutíveis como veremos mais adiante.
No caso da província de Minas Gerais, a situação das 15 paróquias omitidas, entre as
370 recenseadas, em seus respectivos municípios, consta no quadro abaixo.
Paróquias
Omitidas
Recenseadas
Total
Curvelo
1
3
4
Conceição
1
7
8
Diamantina
2
3
6
São João Baptista
3
3
4
Santo Antônio do Arassuahy
1
2
4
Passos
1
6
7
São Sebastião do Paraíso
1
3
4
Caldas
1
4
5
São João D’El Rei
1
4
5
Juiz de Fora
1
4
5
Muriahé
1
10
11
Pode-se observar que, a não ser o caso de Diamantina e de Santo Antônio de
Arassuahy onde foram recenseadas apenas a metade das paróquias existentes, nos demais
municípios apenas uma paróquia foi omitida. O peso relativo desta paróquia omitida vai
variar em cada caso.
É importante observar ainda que, no caso de Minas Gerais, os municípios com
paróquias omitidas não estão concentrados em nenhuma região da província, há casos
isolados de omissão espalhados pelo território.
Os motivos da não inclusão destas paróquias de Minas Gerais variam. Há casos
conforme vimos anteriormente, como o de Sant’Ana das Traíras, no município de Curvelo,
cujos dados chegaram à Diretoria Geral de Estatística quando o processo de impressão do
censo já havia se iniciado. Há referências aos 11754 habitantes desta paróquia que foram
79
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
enumerados, mas não estão incluídos nos resultados publicados. Não há, contudo,
informações sobre a maioria das paróquias omitidas. Possivelmente, o censo não tenha se
realizado nestes locais.
O Conselheiro Manoel Francisco Correia, diretor geral da Diretoria Geral de
Estatística em 1876, estimou a população das paróquias omitidas no censo usando a
proporção de 400 habitantes por eleitor, conforme estabelecia a lei eleitoral.35 Segundo seus
cálculos, a população total de Minas Gerais publicada no censo deveria ser acrescida de
51200 habitantes (correspondentes a 11 paróquias omitidas), e mais os 11754 habitantes de
Sant’Ana das Traíras. A população total da Província passaria de 2.039.735 para 2.102.689,
um ajustamento da ordem de 3%.
É curioso mencionar que o peso relativo das paróquias omitidas no município de
Curvelo parece ser bem alto. Nas 3 paróquias recenseadas foram contados 18273 habitantes.
No entanto, somente em uma das paróquias omitidas neste município, a de Sant’Ana das
Traíras foram contados 11754 habitantes, o que representa em termos relativos mais da
metade da população de Curvelo à época.
No caso das demais províncias onde houve casos de omissão, os cálculos do
Conselheiro Manoel Francisco Correia, com base na relação eleitor/habitante citada
anteriormente, sugerem o seguinte ajustamento a nível de província: acrescentar à população
do Maranhão 1600 habitantes; 9600 habitantes à população do Piauí; 58400 habitantes à
população de Sergipe; 28400 habitantes à população do Rio de Janeiro e 7200 à população do
Rio Grande do Sul.
Se compararmos a população total recenseada em cada uma destas províncias onde
ocorreram as omissões citadas, com os ajustamentos propostos pelo Conselheiro Manoel
Francisco Correia, teremos uma aproximação da subenumeração da população destas
províncias estimada à época do censo.
Com relação a este aspecto, a situação da província de Sergipe parece ser a mais
vulnerável, pois a população recenseada (58400 habitantes) constitui 33% da população total
estimada (176243 habitantes). Além disto, o município de Itabaiana, cuja população não foi
recenseada, se coloca segundo as estimativas do Conselheiro Manoel Francisco Correia entre
os mais populosos da região.
Se realizarmos todos estes ajustamentos citados anteriormente, aos 9.930.478
habitantes, passando o total da população brasileira para 10.112.061, o que significa um
80
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
ajustamento da ordem de 1,8%. É importante ressaltar que este percentual significa apenas
uma parte pequena da chamada subenumeração censitária.
Para se estimar o grau de cobertura do censo seria necessário poder investigar, a nível
das paróquias que responderam ao censo, que parcela da população foi omitida. Esta é,
evidentemente uma tarefa muito mais complexa que as aproximações citadas anteriormente.
Finalmente, é importante mencionar, ainda, que o uso da relação eleitor/habitante
poderia subestimar o valor estimado da população omitida. Há na literatura da época, algumas
referências à necessidade de se recalcular esta relação, que se baseava nas estimativas da
população disponíveis em 1870. O censo nacional, fornecendo estimativas atuais do efetivo
populacional do império, seria inclusive usado para este fim.
Também, a classificação da população brasileira considerada com relação às
profissões que consta no recenseamento de 1872, coloca, para o seu usuário, uma série de
dúvidas.
O critério de classificação das profissões é nitidamente ambíguo. Ora as profissões são
definidas em função da natureza da atividade exercida (manuais ou liberais), ora segundo o
tipo de remuneração (pessoal assalariado). Além disto, não há indicações de critérios de
escolha que deveriam ser usados no caso de dupla profissão.
Inúmeras tentativas foram feitas para se localizar as cadernetas dos agentes
recenseadores na expectativa que pudessem prover algum esclarecimento.
No entanto, os modelos do material de coleta dos dados usados em 1872 não foram
localizados. Como alternativa, foram analisados os modelos de boletins de família usados em
1870 no censo do município da corte, e em 1890, no segundo censo nacional, na suposição de
que eles refletissem o espírito da época. Em termos práticos, porém muito pouco ficou
esclarecido com a análise deste material.
Os dados relacionados à estrutura ocupacional da população brasileira aparecem, do
censo de 1872, na tabela que fornece a “população considerada em relação às profissões”, e
esta é, sem dúvida, a tabela que levanta o maior número de questões (Ver Anexo).
A comparabilidade destes dados com os existentes para período posteriores depende
de ser compreender o significado do sistema de classificação das profissões usado em 1872.36
35
Na relação das paróquias omitidas em Minas Gerais, apresentadas por este conselheiro, faltam as paróquias de
Nossa Senhora das Dores de Guanhães e Divino Espírito Santo (Curato) em Muriaé.
36
Ver a este respeito Merrick, Thomas e Douglas Graham (1979), “Population and Economic Development in
Brazil: 1800 to the present” The Johns Hopkins University Press, Maryland, USA.
81
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Certamente este sistema reflete a forma como as atividades econômicas se organizavam no
final do século XIX.
As informações sobre as profissões individuais foram classificadas em 35 categorias
diferentes, como dissemos, segundo critérios mal definidos. O quadro 7 do Anexo mostra a
lista das 35 “profissões” usadas para classificar os profissionais brasileiros, estrangeiros e
escravos, de ambos os sexos, recenseados em 1872 e agrupadas de acordo com os critérios da
época.
Em torno das categorias “criados e jornaleiros” (pessoal assalariado) e “serviço
doméstico” é que se colocam as maiores dificuldades. No caso de Minas Gerais, nestas duas
categorias estão incluídos cerca de 25% da população com alguma profissão.
Via de regra, a categoria “criados e jornaleiros” parece incluir pessoas que se dedicam
a atividade de vários tipos: artesãos, diferentes tipos de serviço doméstico, algum tipo de
trabalho na agricultura ou outros setores, etc.
Uma análise conceitual de todas as profissões usadas na classificação deste censo e de
seu significado histórico poderia, certamente, esclarecer estas e várias outras dúvidas, mas
está além dos limites estabelecidos para este trabalho.
2. Coleta e tratamento dos dados
Os dados que foram utilizados na versão digital do censo foram coletados da
publicação do Recenseamento Geral do Império de 1872, datado de ano de 1876, cujos
trabalhos de impressão foram divididos entre a Typ. G. Leuzinger e Filhos, Ouvidor 31, Rio
de Janeiro (que imprimiu a maior parte), e a Typ. Comercial, rua do Hospício n. 205, ambas
no Rio de Janeiro.
A edição original do censo é constituída de 12 volumes apresentados da seguinte
maneira:
Volume 1 – Império do Brasil
Volume 2 – Amazonas e Alagoas
Volume 3 – Bahia
Volume 4 – Ceará
Volume 5 – Espírito Santo, Paraíba e Pará
Volume 6 – Goiás, Maranhão, Mato Grosso e parte de Minas Gerais
Volume 7 – Minas Gerais
Volume 8 – Minas Gerais
Volume 9 – Paraná, Piauí e Pernambuco
Volume 10 – Rio de Janeiro
Volume 11 – Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina
Volume 12 – São Paulo e Sergipe
A preparação dos dados paroquiais publicados no censo, para seu posterior
processamento eletrônico consumiu horas de trabalho e recursos muitas vezes superiores
82
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
àqueles previstos inicialmente pelos pesquisadores. Embora, como veremos a seguir, a tarefa
de codificação, digitação e processamento dos dados apresenta um nível de sofisticação muito
simples, a sua implementação é onerosa por causa do volume de dados a ser manipulado. O
objetivo desta parte é descrever este trabalho dando simultaneamente uma idéia de sua
dimensão.
Ao contrário dos censos atuais, que são agrupados ao nível de município, no censo de
1872 a menor unidade da federação é a paróquia. Os quadros ferais da população por
província fornecem uma lista completa das paróquias separadas por municípios. A partir
desses Quadros foi possível obter uma lista de todas as paróquias do Brasil. Estas 1473
paróquias existentes em 1872 receberam um código de identificação composto de seis dígitos,
mais um dígito de controle. Os dois primeiros dígitos correspondem à província a qual
pertence a paróquia, o terceiro e o quarto dígitos ao município e o quinto e o sexto dígito à
paróquia propriamente dita. Isso, além de facilitar o trabalho de codificação e digitação dos
dados, facilita também a localização de qualquer província, ou município, ou paróquia para
pesquisa futura.
É preciso salientar que a partir das listagens alfabéticas e numéricas das paróquias
localizamos alguns casos de alteração nos nomes das paróquias. Na maioria dos casos trata-se
de simples abreviação do nome ou de ortografia diferente para a mesma palavra. Houve, no
entanto, algumas situações em que a mesma paróquia apresentava-se com dois nomes
diferentes. Adotou-se como nome oficial aquele que consta dos quadros dos totais provinciais.
Estão listados abaixo os casos encontrados.
Província
Nome oficial
Sergipe
Nossa Senhora da Parida
Santo Antônio de Jequeriçá
Bahia
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Santíssima
Trindade
de
Massaraçá
Nossa Senhora da Conceição
de Mambucaba
Sant’Ana de Itacurussa
São Francisco do Ribeirão
Vermelho
Nossa Senhora Mãe dos
Homens da Bagagem
Nome que consta dos
quadros paroquiais
Nossa Senhora da Conceição
Aruá
Nossa Senhora da Conceição
de Carirys
Santíssimo Sacramento de
Massaraca
Nossa Senhora do Rosário de
Mambucaba
Sant’Ana de Itacuruça de
Mangaratiba
São Francisco de Assis do
Vermelho
Nossa Senhora dos Homens
da Bagagem
83
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
No recenseamento de 1872 a informação a nível paroquial é apresentada em 6
Quadros diferentes:
•
•
•
•
•
•
Quadro geral da população (condição, sexo, raça, estado civil, religião, nacionalidade, instrução,
defeitos físicos e casas).
População considerada em relação às idades. Presentes (população de fato) (sexo, condição, raça,
idade).
População ausente considerada em relação às idades (sexo, condições, raças, idades).
População em relação à nacionalidade brasileira (sexo, condição, estados civis, raças, província de
origem).
População considerada em relação à nacionalidade estrangeira (estrangeiros, sexos, religião, estado
civil, país de origem).
População considerada em relação às profissões (nacionalidade, condição, sexo, estado civil,
profissões).
Para possibilitar a digitação destes quadros paroquiais foram elaborados formulários
para a codificação dos dados a nível paroquial. Esses formulários correspondem aos seis
quadros de população existentes no censo. O Quadro 4 referente à população em relação à
nacionalidade brasileira, que no censo é apenas um, foi desdobrado em dois quadros, um
referente à população masculina, outro referente à população feminina.
Para se ter uma idéia do volume de trabalho que o preenchimento destes formulários
exigiu, basta analisar a complexidade de cada um, e saber que cada um dos modelos foi
preenchido 1473 vezes perfazendo um total de quase 11000 quadros preenchidos.
Como se pode observar pelos formulários apresentados no Anexo 2, o trabalho de
codificação consistiu na transposição dos dados numéricos para as folhas de codificação. Os
dados foram copiados diretamente dos originais impressos do recenseamento de 1872, ou de
cópias xerox destes originais cedidos pela FIBGE. Para esclarecer os trechos danificados ou
ilegais
do
material
original,
foi
usada
cópia
microfilmada
existente
no
CEDEPLAR/FACE/UFMG.
O preenchimento dos 11000 quadros citados anteriormente foi feito por 5 estagiários
(4 horas por dia) durante um período de oito meses. O trabalho dos estagiários era
periodicamente checado, usando uma produção mais eficiente e racional. Esses estagiários
receberam instruções cuidadosas no sentido de copiar os dados nos lugares adequados, sem
corrigir os erros que eventualmente aparecessem, uma vez que a precisão na cópia dos dados
é da mais alta importância para a pesquisa.
Desde que é possível cometer erros mesmo quando são simples os problemas de
codificação, decidiu-se que cada formulário codificado por um estagiário fosse revisto por
outro para evitar que eventuais erros de codificação passassem para a etapa seguinte, a
digitação dos dados. A consistência interna de cada quadro foi testada após a digitação e
decidiu-se imprimir cada paróquia que apresentasse algum tipo de erro nos totais das linhas
84
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
e/ou colunas. Esse material impresso foi revisto pela equipe de estagiários da pesquisa, sendo
os erros de codificação e digitação apontados e corrigidos. O trabalho só foi considerado
perfeito quando os erros de soma encontrados correspondiam exatamente aos erros
encontrados no censo. Dessa maneira, é possível ter certeza de que a primeira reprodução em
meio digital do Recenseamento de 1872 é cópia perfeita do censo original.
3. Alguns resultados
São apresentados a seguir os resultados obtidos para a província de Minas Gerais.
Foram comparados os resultados originais e corrigidos referentes à distribuição da população
por idade, sexo, e condição, e idade, sexo e cor. Comparamos também a distribuição original
e corrigida da população destas províncias, segundo a nacionalidade brasileira e a distribuição
por profissões. É importante mencionar que é possível comparar os resultados originais e
corrigidos de todas as tabelas provinciais. A seleção, para fins comparativos, das tabelas
referentes à estrutura etária ou à distribuição da população por profissões e segundo a
nacionalidade brasileira, foi feita em função dos comentários de Mortara e Martins
apresentados na introdução deste relatório.
A Tabela 32 e a Tabela 33 apresentam a população por idade, sexo e condição. A
primeira mostra os resultados originais publicados no censo, e a Segunda os resultados
corrigidos após a soma correta dos quadros paroquiais.
Nas tabelas provinciais originais do censo pudemos detectar vários tipos de erro de
soma, além daqueles resultantes da agregação incorreta dos dados paroquiais. Em todas as
tabelas que reproduzem os dados originais há dois valores para os totais: aqueles que
aparecem na publicação e aqueles que correspondem à soma correta dos valores das colunas
respectivas.
A Tabela 34 compara a distribuição percentual da população presente por sexo,
condição e idade apresentadas nas 2 tabelas anteriores.
No caso da Província de Minas que constitui o primeiro exemplo, a agregação correta
dos quadros paroquiais alterou a distribuição etária em pontos importantes. A população total
desta província no grupo etário de 0 a 1 ano passa de 2,90% para 3,64%. A maior mudança no
entanto, foi observada no grupo etário de 1 a 5 que passa de 3,20% para 8,39%.
O percentual da população acima de 90 anos, que pareceu a Mortara, excessivamente
alto em termos de Brasil, também o era para a província de Minas Gerais, pois segundo os
dados originais do censo estava em torno de 1,44%. Após a soma correta das tabelas
paroquiais este valor cai para 0,22%.
85
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Se considerarmos o percentual de população abaixo de 5 anos (incluindo esta idade 5)
veremos que também foram registradas enormes alterações após a correção da soma. Na
tabela original os homens livres abaixo de 5 anos constituíam 6,69% do total de homens
livres, valor este que passa para 12,78% após a correção. Também grande alteração pode ser
observada, para este mesmo grupo, nas idades acima de 90 anos que passam de 1,74% para
0,23% após a correção.
Mesmo que as evidências de subenumeração nas primeiras idades continuem
acentuadas, há uma redução de alguns pontos percentuais neste erro.
Dada a forma peculiar como os dados foram agrupados por idade neste censo, o uso de
modelos para fins comparativos fica praticamente prejudicado.
O mesmo tipo de erro observado na distribuição etária por sexo e condição na
Província de Minas Gerais pode ser observado para a população por idade, sexo e cor. Há um
crescimento relativo do contingente populacional nas idades mais novas e uma redução nas
idades mais avançadas (Tabela 35 e Tabela 36).
Estas alterações apresentam alguma variação, embora pequena, quando se leva em
consideração, juntamente com idade e sexo, a variável cor ou condição.
Contudo, é importante ressaltar que o baixo percentual (0,02%) de população escrava
de ambos os sexos, nas idades abaixo de 1 ano, é decorrência da lei do Ventre Livre que havia
entrado em vigor no ano anterior e permanece após a correção. É possível, no entanto, que
esta população, nascida no ano anterior, tenha sido declarada como mais velha.
Ainda com relação aos dados da província de Minas Gerais, algumas modificações
aparecem quando se comparam os resultados originais e corrigidos da população brasileira
segundo a origem e condição. A Tabela 37 e a Tabela 38 apresentam estes resultados. Embora
para ambos os sexos e ambas as condições, a grande maioria da população brasileira
recenseada em Minas Gerais, tenha nascido também em Minas Gerais, após a correção dos
totais aumentou sensivelmente o número de pessoas nascidas nas províncias vizinhas de São
Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Há evidências, portanto, de que o movimento de população
entre Minas Gerais e as províncias vizinhas não era tão desprezível como os dados originais
parecem indicar. Este é um dado particularmente significativo quando se considera a
população escrava, pois possuir escravos nascidos fora da província era um importando mãode-obra escrava.
No caso de Minas Gerais a mudança ocorrida nesta direção após a correção é da
seguinte ordem: o número de escravos homens nascidos na Bahia e Rio de Janeiro, era de 184
86
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
na tabela original e passou para 3205 na corrigida. Também, para o sexo feminino a mudança
nos números é desta magnitude, passando de 135 para 2641.
Em termos dos totais o menor erro absoluto observado foi o relativo às mulheres
escravas.
A Tabela 39 e a Tabela 40 vão apresentar os dados originais e corrigidos de Minas
Gerais distribuída por profissões. Após as correções grandes alterações foram observadas para
ambos os sexos e condições. Os resultados mais surpreendentes são aqueles relativos à
categoria “sem profissão” cuja participação percentual cresce muito. Além deste merece
destaque a mudança observada no percentual de escravos dedicados à agricultura que
corresponde à 90,47% da população escrava masculina recenseada, e, após a agregação
correta dos quadros paroquiais passa a ser 39,24%.
Seria importante ainda mencionar um produto importante desta etapa da pesquisa que
foi o fornecimento da população de cada província distribuída por seus municípios, segundo o
sexo e a condição. As possibilidades de comparar estes resultados com os originais do censo
se limitou à população total do município.
A Tabela 41 apresenta, para Minas Gerais, estes resultados.
87
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 32: População presente por idade, segundo sexo e condição Minas Gerais – 1872
Tabela provincial original
Idades
Até 11 meses
1– 5
6 – 10
11 – 15
16 – 20
21 – 25
26 – 30
31 – 40
41 – 50
51 – 60
61 – 70
71 – 80
81 – 90
91 – 100
+ de 100
Não determinado
Total* ............................................
Livres
30.196
26.740
71.177
57.835
88.842
107.984
110.797
110.157
86.528
69.049
41.730
20.439
15.157
12.842
1.937
182
851.592
(847.592)
Homens
Escravos
35
6.941
21.280
21.026
23.504
24.150
23.687
25.263
17.702
15.831
10.882
4.421
2.763
1.299
12
138
198.934
(199.434)
Total
30.231
33.681
92.457
78.861
112.346
132.134
134.484
134.420
104.230
84.880
52.612
24.860
17.920
14.141
1.949
320
1.050.526
(1.047.026)
Livres
28.606
25.632
66.758
58.006
78.076
103.368
109.155
107.517
86.006
62.817
41.386
18.073
13.348
11.487
1.211
238
811.684
(821.684)
Mulheres
Escravos
26
5.702
18.432
18.301
20.493
20.337
20.763
22.415
15.240
13.612
9.251
3.293
2.383
547
7
123
170.925
(171.025)
Total
28.632
31.334
85.190
76.307
98.569
123.705
129.918
129.932
101.246
76.429
50.637
21.366
15.371
12.034
1.218
361
982.609
(992.709)
Total
58.836
65.015
177.647
155.168
210.915
255.839
264.402
265.352
205.476
161.309
103.249
46.226
33.651
26.175
3.167
681
2.033.135
(2.039.735)
FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.
Este total corresponde a soma correta dos valores de cada coluna. Os valores entre parênteses são aqueles totais que aparecem na publicação do censo
88
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 33: População presente por idade, segundo sexo e condição Minas Gerais – 1872
Tabela provincial corrigida
Idades
Até 11 meses
1– 5
6 – 10
11 – 15
16 – 20
21 – 25
26 – 30
31 – 40
41 – 50
51 – 60
61 – 70
71 – 80
81 – 90
91 – 100
+ de 100
Não determinado
Total................................................
Livres
37.644
70.008
53.385
68.789
81.186
93.081
107.116
132.458
98.689
57.837
26.420
9.557
3.914
1.437
493
2
842.036
Homens
Escravos
35
17.583
11.745
14.971
18.675
22.641
28.168
34.738
24.039
14.854
6.700
2.189
838
345
117
197.638
Total
37.699
87.591
65.130
83.760
99.861
115.722
135.284
167.196
122.728
72.691
33.120
11.746
4.752
1.782
610
2
1.039.674
Livres
36.191
66.970
53.458
66.602
79.619
91.799
108.126
129.821
94.024
53.626
25.001
8.569
3.612
1.274
430
819.122
Mulheres
Escravos
30
15.617
10.146
12.948
16.490
19.584
24.004
30.512
20.564
11.423
5.361
1.938
730
335
123
169.805
Total
36.221
82.587
63.604
79.550
96.109
111.383
132.130
160.333
114.588
65.049
30.362
10.507
4.342
1.609
553
988.927
Total
73.920
170.178
128.734
163.310
195.970
227.105
267.414
327.529
237.316
137.740
63.482
22.253
9.094
3.391
1.163
2
2.028.601
FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.
89
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 34: Distribuição percentual da população presente por sexo, condição e idade – Minas Gerais 1872
Comparação entre as tabelas provinciais original e corrigida
Tabela Original
Idades
Até 11 meses
1– 5
6 – 10
11 – 15
16 – 20
21 – 25
26 – 30
31 – 40
41 – 50
51 – 60
61 – 70
71 – 80
81 – 90
91 – 100
+ de 100
Não determinado
Total ...............................................
(N) ..................................................
Homens
Livres
Escravos
3,55
0,02
3,14
3,49
8,36
10,70
5,79
10,57
10,43
11,81
12,68
12,14
13,01
11,91
12,94
12,70
10,16
8,90
8,11
7,96
4,90
5,47
2,40
2,22
1,78
1,39
1,51
0,65
0,23
0,01
...
0,07
100,00
100,00
(851.592)
(198.934)
Mulheres
Livres
Escravos
3,52
0,02
3,16
3,34
8,22
10,78
7,15
10,71
9,62
11,99
12,74
11,90
13,45
12,15
13,25
13,11
10,60
8,92
7,74
7,96
5,10
5,41
2,23
1,93
1,64
1,39
1,42
0,32
0,15
...
0,03
0,07
100,00
100,00
(811.864) (170.925)
Tabela Corrigida
Homens
Mulheres
Livres
Escravos
Livres
Escravos
4,47
0,02
4,42
0,02
8,31
8,90
8,18
9,20
6,34
5,94
6,53
5,98
8,17
7,57
8,13
7,63
9,64
9,45
9,67
9,71
11,05
11,46
11,21
11,53
12,72
14,25
13,20
14,14
15,73
17,58
15,85
17,97
11,72
12,16
11,48
12,11
6,87
7,52
6,55
6,73
3,14
3,39
3,05
3,15
1,13
1,11
1,05
1,14
0,46
0,42
0,44
0,43
0,17
0,17
0,16
0,20
0,06
0,06
0,05
0,07
...
100,00
100,00
100,00
100,00
(842.036)
(197.638)
(819.122) (169.805)
FONTE: Tabelas 1 e 2.
Obs.: ... = menor que 0,01
- = zero
90
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 35: População livre segundo idade, sexo e cor – Minas Gerais – 1872 – Tabela provincial original
Idades
Até 11 meses
1– 5
6 – 10
11 – 15
16 – 20
21 – 25
26 – 30
31 – 40
41 – 50
51 – 60
61 – 70
71 – 80
81 – 90
91 – 100
+ de 100
Não determinado
Total * .............................
Brancos
14.757
12.745
23.332
24.163
43.356
52.264
54.305
53.940
43.229
39.327
23.448
11.541
9.184
8.645
186
1
415.861
(421.681)
Homens
Pretos
2.511
2.385
22.854
12.106
11.240
12.202
12.141
12.334
9.542
8.324
5.220
2.441
1.205
924
12
66
115.507
(105.507)
Pardos e Caboclos
12.928
11.610
24.991
21.566
34.246
43.518
44.351
43.883
33.757
21.398
13.062
6.457
4.768
3.273
364
52
320.224
(320.224)
Brancos
14.017
12.036
27.145
22.322
44.316
52.718
54.608
53.381
43.737
33.715
23.836
10.607
8.341
7.335
936
49
409.126
(409.126)
Mulheres
Pretos
Pardos e Caboclos
2.283
12.306
2.307
11.289
15.584
24.029
13.131
22.553
10.320
33.440
10.124
40.526
11.009
43.538
10.030
44.106
9.310
32.959
8.120
20.982
5.116
12.434
2.317
5.149
1.109
3.898
801
3.351
10
238
76
113
101.647
310.911
(101.647)
(310.911)
FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.
* Este total corresponde à soma correta dos valores de cada coluna. Os valores entre parênteses são os totais que aparecem na publicação do censo.
91
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 36: pulação livre segundo idade, sexo e cor – Minas Gerais – 1872 – Tabela provincial corrigida
Idades
Até 11 meses
1– 5
6 – 10
11 – 15
16 – 20
21 – 25
26 – 30
31 – 40
41 – 50
51 – 60
61 – 70
71 – 80
81 – 90
91 – 100
+ de 100
Não determinado
Total ............................
Brancos
17.039
32.084
25.417
32.754
40.156
46.392
53.144
69.523
52.892
30.570
13.426
4.365
1.683
581
186
1
420.213
Homens
Pretos
6.463
9.870
6.161
8.244
9.585
10.876
12.843
15.751
10.984
7.133
3.806
1.592
660
271
109
104.348
Pardos e Caboclos
14.162
28.054
21.807
27.791
31.445
67.258
41.129
47.184
34.183
20.134
9.188
3.600
1.571
585
198
1
317.475
Brancos
15.896
29.823
24.857
32.087
37.881
44.534
54.541
69.219
51.695
28.033
12.867
3.523
1.461
544
151
407.112
Mulheres
Pretos
Pardos e Caboclos
6.549
13.746
9.772
27.375
6.420
22.181
7.897
26.618
9.653
32.085
11.003
36.262
12.732
40.853
14.792
45.810
9.922
32.407
6.546
19.047
3.361
8.773
1.460
3.586
697
1.454
241
489
107
172
101.152
310.858
FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.
92
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 37: População em relação à nacionalidade brasileira
Minas Gerais – 1872 – tabela provincial original
Local de Nascimento
Brasileiros adotivos ................
Estr. Naturalizados .................
Amazonas ...............................
Pará .........................................
Maranhão ...............................
Piauí .......................................
Ceará ......................................
Rio Grande do Norte .............
Paraíba ...................................
Pernambuco ...........................
Alagoas ..................................
Sergipe ...................................
Bahia ......................................
Espírito Santo ........................
Rio de Janeiro ........................
São Paulo ...............................
Paraná ....................................
Santa Catarina ........................
Rio Grande do Sul .................
Minas Gerais ..........................
Goiás ......................................
Mato Grosso ...........................
Total ....................................
Livres
Homens
10
8
1
5
17
4
22
9
8
79
20
8
153
67
99
84
6
5
16
832.463
65
18
833.157
(833.167)
Mulheres
1
3
13
3
17
4
8
71
15
5
144
34
85
59
4
5
13
817.154
40
14
817.692
(817.692)
Homens
7
15
6
19
8
11
46
24
8
120
40
64
43
5
3
12
182.058
7
5
182.501
(182.501)
Escravos
Mulheres
3
11
6
15
6
7
36
18
6
87
36
48
37
6
5
15
159.457
7
4
159.810
(159.810)
FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872
93
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 38: População em relação a nacionalidade brasileira
Minas Gerais - 1872 – tabela provincial corrigida
Livres
Escravos
Local de Nascimento
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Brasileiros adotivos ................
Estr. Naturalizados .................
Amazonas ...............................
Pará .........................................
Maranhão ...............................
Piauí .......................................
Ceará ......................................
Rio Grande do Norte .............
Paraíba ...................................
Pernambuco ...........................
Alagoas ..................................
Sergipe ...................................
Bahia ......................................
Espírito Santo ........................
Rio de Janeiro ........................
São Paulo ...............................
Paraná ....................................
Santa Catarina ........................
Rio Grande do Sul .................
Minas Gerais ..........................
Goiás ......................................
Mato Grosso ...........................
Total ....................................
34
19
6
39
93
96
178
5
162
493
113
101
3.190
134
4.073
2.094
516
48
74
820.814
562
74
832.918
4
8
20
23
80
17
99
286
46
52
2.273
119
3.067
1.813
88
31
8
809.154
468
26
817.682
1
36
25
64
72
418
45
37
1.203
48
2.002
729
47
11
5
176.951
111
4
181.809
22
1
27
17
248
23
21
885
43
1.756
566
15
13
3
156.302
74
2
160.018
FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872
94
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 39: Distribuição da população por profissões segundo sexo e condição – Minas Gerais – 1872
Tabela provincial corrigida
Grupos de Profissões
Livres
%
1,53
Escravos
Prof. Liberais ..................................
H
13.038
M
1.716
%
0,21
Prof. Industriais e comerciais .........
15.298
1,79
411
Prof. Manuais ou mecânicos ..........
39.344
4,60
Prof. Agrícolas ...............................
268.394
Pessoas assalariadas .......................
H
%
M
%
4
...
5
...
0,05
46
0,02
-
-
201.430
24,59
5.358
2,68
22.485
13,48
31,40
104.674
12,78
78.444
39,24
32.266
19,34
157.468
18,42
12.304
1,50
19.864
9,94
7.885
4,73
Serviço doméstico ..........................
33.623
3,93
215.965
26,36
35.783
17,90
46.211
27,70
Sem profissão .................................
327.678
38,33
282.648
34,51
60.412
30,22
57.951
34,74
Total ...........................................
854.843
199.911
100,00
166.803
100,00
100,00
819.148
100,00
FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.
95
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 40:
Distribuição da população por profissões segundo sexo e condição – Minas Gerais – 1872
Tabela provincial original
Livres
Grupos de Profissões
Escravos
Prof. Liberais ..................................
H
3.339
%
0,35
M
665
%
0,21
Prof. Industriais e comerciais .........
1.441
0,15
291
Prof. Manuais ou mecânicos ..........
3.957
0,41
Prof. Agrícolas ...............................
266.933
Pessoas assalariadas .......................
H
16
%
0,01
0,05
-
178.531
24,59
27,90
34.749
159.124
16,63
Serviço doméstico ..........................
31.673
Sem profissão .................................
490.180
Total ...........................................
956.647
M
%
-
-
-
-
-
179
0,09
16.191
9,47
12,78
180.436
90,47
98.331
57,50
32.183
1,50
513
0,26
16.120
9,43
3,31
93.899
26,36
125
0,06
14.231
8,32
51,24
481.371
34,51
18.165
9,11
26.152
15,29
199.434
100,00
171.025
100,00
100,00
821.689
100,00
FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.
96
Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Tabela 41: Distribuição, por município, da população de Minas Gerais, em 1872, segundo sexo e condição
Município
Total
H
Livres
M
Ouro Preto
48.214 21.830 20.752
Que Luz
56.902 21.693 21.216
Mariana
42.036 17.282 16.332
Pitanguy
40.353 16.605 17.158
Marmellada
25.828 11.806 11.356
Santa Bárbara
48.344 20.605 20.129
Itabira
42.614 17.942 17.208
Ponte Nova
57.231 24.637 24.990
Sabará
55.449 23.111 23.356
Caeté
16.756
6.863
7.095
Bom-Fim
35.586 14.727 15.035
Santa Luzia
27.431 10.628 10.850
Sete Lagoas
14.399
6.066
6.038
Serro
67.436 29.460 28.556
Grão-Mongol
53.005 24.537 24.767
Minas Novas
54.447 25.134 25.001
Rio Pardo
51.583 22.370 22.491
Guaycuy
7.185
3.367
3.334
São Romão
7.373
3.533
3.407
Januária
16.285
7.622
7.548
Parcatu
34.398 15.743 16.017
Bagagem
26.130 11.750 11.417
Santo Antônio de Patos
15.081
6.863
6.823
Araxá
23.565 10.297
8.902
Patrocínio
31.378 11.964 12.237
Três Pontas
24.136
9.056
9.083
Flores da Boa Esperança
20.477
7.916
7.797
Baependy
37.453 14.518 13.805
Cristina
24.412
9.922
9.943
Espanha
27.521 10.401 10.370
Itaruoca
16.674
6.632
6.478
Alfenas
25.305 10.576 10.559
Piunhy
22.876
9.696
9.168
Cabo Verde
12.601
5.520
5.571
Tamanduá
31.745 13.543 13.438
Formiga
20.806
8.439
8.742
FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.
T
42.582
42.909
33.614
33.763
23.162
40.734
35.150
49.627
46.467
13.958
29.762
21.478
12.104
58.016
49.304
50.135
44.861
6.701
6.940
15.170
31.760
23.167
13.686
19.199
24.201
18.139
15.713
28.323
19.865
20.771
13.110
21.135
18.864
11.091
26.981
17.181
H
Escravos
M
3.018
7.217
4.644
3.488
1.377
3.986
4.015
4.098
4.672
1.535
3.179
3.008
1.195
5.181
2.074
2.181
3.612
268
217
650
1.361
1.588
732
2.658
3.725
3.205
2.480
4.972
2.605
3.636
1.926
2.251
2.162
799
2.530
1.955
2.614
6.776
3.778
3.102
1.289
3.624
3.449
3.506
4.310
1.263
2.645
2.945
1.100
4.239
1.627
2.131
3.110
216
216
465
1.277
1.375
663
1.708
3.452
2.792
2.284
4.158
1.942
3.114
1.638
1.919
1.850
711
2.234
1.670
T
5.632
13.993
8.422
6.590
2.666
7.610
7.464
7.604
8.982
2.798
5.824
5.953
2.295
9.420
3.701
4.312
6.722
484
433
1.115
2.638
2.963
1.395
4.366
7.177
5.997
4.764
9.130
4.547
6.750
3.564
4.170
4.012
1.510
4.764
3.625
Município
Oliveira
Pouso Alegre
Ouro Fino
Paraíso
Jaguary
Itajubá
São João Del Rei
Bom Sucesso
Lavras
Barbacena
Porto do Turvo
Pomba
Leopoldina
Mar de Espanha
S. S. Sacramento
Rio Novo
Ubá
Santa Rita do Turvo
Piranga
Rio Preto
Monte Alegre
Sto. Ant. do Monte
Montes Claros
Uberaba
Prata
Curvelo
Conceição
Diamantina
São João Babtista
S.A. do Arassuahy
Passos
S.S. do Paraíso
Caldas
São José Del Rei
Juiz de Fora
Muriahé
Total
27.046
22.004
24.196
21.535
12.590
23.261
36.100
13.300
31.813
39.513
14.252
32.556
41.886
32.290
22.775
22.795
32.460
37.096
22.436
22.059
11.332
18.331
40.317
19.973
10.759
18.273
29.200
15.974
14.429
26.258
23.369
19.428
13.798
10.405
38.336
34.620
H
9.662
8.908
10.529
8.643
5.822
9.642
13.766
5.690
11.836
15.320
5.376
13.463
13.913
10.663
10.272
7.911
13.272
15.766
9.263
8.172
4.555
8.084
18.563
8.780
4.557
8.569
12.608
7.128
6.106
12.148
9.859
8.161
5.854
3.925
13.721
14.431
Livres
M
9.945
9.021
10.066
8.728
5.698
9.123
14.242
5.286
11.597
13.845
5.225
12.065
12.720
8.969
9.901
9.927
12.039
14.694
8.978
7.574
4.104
8.405
17.708
7.891
4.211
8.275
12.506
6.810
6.011
11.687
9.447
7.669
5.553
3.745
10.247
13.251
T
19.157
17.929
20.595
17.371
11.520
18.765
28.008
10.976
23.433
29.165
10.601
25.528
26.663
19.632
20.173
15.838
25.311
30.460
18.241
15746
8.659
16.489
36.271
16.671
8.768
16.844
25.144
13.938
12.117
23.835
19.306
15.830
11.47
7.670
23.968
27.682
H
Escravos
M
T
4.102
2.081
1.876
2.121
575
2.453
4.439
1.251
4.409
5.706
1.855
3.976
8.160
7.337
1.371
3.585
3.882
3.559
2.271
3.365
1.545
940
2.112
1.748
1.128
721
2.157
1.176
1.285
1.236
2.236
1.998
1.278
1.484
8.156
3.660
3.787
1.994
1.698
2.043
4.95
2.043
3.653
1.073
3.971
4.642
1.796
3.052
7.093
5.321
1.211
3.372
3.267
3.077
1.924
2.948
1.128
902
1.934
1.554
863
708
1.929
860
1.027
1.187
1.827
1.600
1.113
1.251
6.212
3.278
7.889
4.075
3.574
4.163
1.070
4.496
8.092
2.324
8.380
10.348
3.651
7.028
15.253
12.658
2.582
6.957
7.149
6.636
4.195
6.313
2.673
1.842
4.046
3.302
1.991
1.429
4.086
2.036
2.312
2.423
4.063
3.598
2.391
2.735
14.368
6.938
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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
Anexo: Formulários de compilação dos dados paroquiais do Censo de 1872
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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
8. Produção científica e divulgação
8.1 Produção acadêmica
Capítulos de livros
As correções dos dados de 1872 foram utilizadas em dois capítulos de livros, sendo um
lançado em 2012. Outro ainda encontra-se no prelo:
RODARTE, Mario M. S. O trabalho do fogo: domicílios ou famílias do passado Minas Gerais, 1830. 1. ed. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2012. v. 1. 279p .
PAIVA, Clotilde A.; RODARTE, Mario M. S. Uma província em transformação: dinâmica demográfica e
econômica de Minas Gerais entre as décadas de 1830 e 1870. In: RESENDE, Maria Efigênia L. A província
de Minas Gerais. Belo Horizonte: Companhia do Tempo, 2013. (no prelo).
Trabalhos em anais de congressos
RODARTE, Mario M. S. ; PAIVA, Clotilde A. ; GODOY, Marcelo M. . A Reinvenção das Minas pelas Gerais:
Transformações Econômicas e Demográficas nas Regiões das Minas Gerais Oitocentistas. In: XIV Encontro
Nacional da ANPUR, 2011, Rio de Janeiro. Anais.... Rio de Janeiro: ANPUR, 2011. p. 1-20. (Trabalho com
apresentação oral).
RODARTE, Mario M. S. ; PAIVA, Clotilde A. ; GODOY, Marcelo M. . O Recenseamento Geral do Império do
Brasil de 1872: uma análise da consistência e uma proposta de correção dos dados. In: XVIII Encontro
Nacional da ABEP, 2012, Águas de Lindóia. Anais.... Campinas: ABEP, 2012. p. 1-20. (Trabalho com
apresentação oral em painel especial).
OLIVEIRA, Patrícia V. S. C.; JESUS, Antônio da M. de; FIGUEIREDO, Henrique M. Educação e formação para o
trabalho em Minas Gerais pelos censos de 1838 e 1872. In: XVIII Encontro Nacional da ABEP, 2012, Águas
de Lindóia. Anais.... Campinas: ABEP, 2012. p. 1-20. (Trabalho com apresentação oral em pôster).
8.2 Divulgação acadêmica
A divulgação no ambiente acadêmico ocorreu em dois eventos:
•
XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, organizado pela
Associação Brasileira de Estudos Populacionais – ABEP e realizado em Águas de
Lindóia – SP, entre 19 e 23 de novembro de 2012. O núcleo de pesquisa NPHED
apresentou o painel especial “O Recenseamento Geral do Império do Brasil de
1872: uma análise da consistência e uma proposta de correção”. Foram
expositores a Profa. Clotilde Paiva e Mario Rodarte
•
XV Seminário sobre a Economia Mineira, organizado pelo Cedeplar/UFMG,
realizado em Diamantina-MG, entre 29 e 31 de agosto de 2012. O núcleo de
pesquisa NPHED apresentou a Sessão Temática Especial “O Censo de 1872 e seu
Acesso pelo Site do Cedeplar”. Foram expositores a Profa. Clotilde Paiva
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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872
(UFMG), Roberto Borges Martins (UFMG), Carlos de Almeida Prado Bacellar
(USP), Mario Rodarte (UFMG), Marcelo Magalhães Godoy (UFMG)
•
XXI Semana de Iniciação Científica, organizado pela UFMG, realizado em Belo
Horizonte, entre 15 e 19 de outubro de 2012. O bolsista Matheus Soares de
Mendonça apresentou o trabalho “Estudo Crítico do Recenseamento de 1872”.
8.3 Atividades dos bolsistas
Os bolsistas de aperfeiçoamento técnico e de iniciação científica permaneceram
parcialmente envolvidos nos trabalhos de prospecção da documentação primária, participando
das consultas aos instrumentos de pesquisa das instituições arquivísticas e bibliotecas, bem como
da consulta exploratória das fontes. Mais especificamente, houve o trabalho de compilação do
Censo da Corte, de 1870, ajustes na base de dados do Censo de 1872, que serviram de base para
os trabalhos científicos desenvolvidos por eles e por toda a equipe do NPHED.
Assim, os bolsistas também atuaram integrados à equipe, no desenvolvimento do processo
de análise dos dados, articulação entre evidências empíricas e literatura especializada, e na
elaboração dos relatórios, e artigos que consubstanciaram os resultados finais da pesquisa.
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