VALDENSES E ALBIGENSES

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VALDENSES E ALBIGENSES
VALDENSES E ALBIGENSES
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Os valdenses são uma denominação cristã que tiveram sua origem entre os seguidores de Pierre Vaudès
(Pedro Valdo), na Idade Média (c. 1140 – c. 1220), e subsiste hoje como um grupo etnorreligioso na Itália e
Uruguai, nas igrejas Valdense e Evangélica Valdense do Rio da Prata, além de descendentes na Alemanha,
Estados Unidos e França.
Os valdenses do norte da Itália foram um povo remanescente da era apostólica, e a prova disso, além deles
não terem sido alcançados pelo catolicismo, eram ferozes combatentes das heresias romanas, além disso,
somente com a bíblia conseguiram confeccionar um conjunto de doutrinas, dignos de admiração, conforme
um livro antigo valdense chamado Nobla Leycon pode testificar.
Eles criam:
•
Na morte expiatória e a justificação de Cristo foi a sua verdade cardeal.
•
Na doutrina da Trindade
•
A queda do homem, a encarnação do Filho
•
Na autoridade perpétua do Decálogo como dado por Deus
•
Na necessidade da graça divina para praticar boas obras, a necessidade de santidade, a instituição
do ministério, a ressurreição do corpo e a bem-aventurança eterna do céu.
A irrepreensibilidade dos valdenses se tornou um provérbio, de modo
que se alguém que normalmente fosse isento de vícios do seu tempo,
era como a certeza de ser suspeito de ser um Vaudes. [O Nobla Leycon)
tem a seguinte passagem:
- "Se há um homem honesto, que deseja amar a Deus e
reverenciar Jesus Cristo, que não faça calúnia, nem jure, nem
minta, nem comete adultério, nem mata, nem rouba, nem se
vinga de seus inimigos, eles num instante dizem que ele é um
Vaudes e digno de morte".
Escudo de los valdenses.Candelabro con la inscripción "Lux lucet in tenebris" (La
luz brilla en las tinieblas)
As acusações contra os valdenses incluíram uma lista formidável de "heresias".
Eles sustentavam:
•
que não houve verdadeiro Papa desde o dia de Silvestre; (Silvestre I – 33º Papa de 314 a 335,
durante o reinado do imperador romano Constantino I, que determinou o fim da perseguição aos
cristãos, iniciando-se a Paz na Igreja);
•
que os ofícios temporais e dignidades não são encontrados entre os pregadores do Evangelho,
•
que as indulgências do papa eram uma fraude,
•
que o purgatório era uma fábula;
•
que relíquias eram simplesmente ossos podres que haviam pertencido a não se sabia quem;
•
que ir em peregrinação não servia para nada, senão para esvaziar as economias,
•
que a carne podia ser consumida em qualquer dia, se o apetite lhe conviesse;
•
que água benta não foi nem um pouco mais eficaz que a água da chuva;
•
e que a oração em um celeiro era tão eficaz como se oferecida em uma igreja.
Eles foram acusados, por outro lado, de zombar da doutrina da transubstanciação, e de ter falado de forma
blasfema de Roma como a prostituta do Apocalipse.
PEDRO VALDO
Pedro Valdo foi um rico comerciante de Lyon.
Em 1176, Pedro Valdo consultou um sábio teólogo
acerca do caminho para o céu, e que este lhe
respondeu as palavras de Cristo para com o jovem
rico: “Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai,
vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um
tesouro no céu; e vem, segue-me.” (Mt 19:21).
Após a leitura do Novo Testamento, Valdo partilhou os
seus bens com a esposa e suas duas filhas e entregou
o restante aos pobres.
“A Igreja desviou-se do Evangelho e é mister fazê-la voltar à sua simplicidade
primitiva. a doutrina de Cristo e dos apóstolos, sem os decretos da Igreja, é
suficiente à salvação. Não passa de fábula todo o ensino que não se possa
provar pelo texto bíblico.”
(Pedro Valdo 1170-1217)
Um grupo de discípulos logo se formou, tornando-se conhecidos como os
Pobres de Espírito.
Valdo e seus seguidores passaram, então, a pregar suas ideias pela região. Em virtude de sua recusa em
interromper suas pregações, eles foram excomungados em 1184.
Valdo também foi um tradutor, que traduziu a Bíblia para o provençal.
Mesmo após a morte de Pedro Valdo, em 1220, seus discípulos continuaram o movimento, sendo
nomeados, então, OS VALDENSES.
HISTÓRIA
A cruz huguenote, um dos símbolos vandenses
Os valdenses reuniam-se em casas de família ou mesmo em grutas,
clandestinamente, devido à perseguição da Igreja Católica.
Celebravam a Santa Ceia uma vez por ano.
Negavam a supremacia de Roma, rejeitavam o culto às imagens
vistas por eles como idolatria e se diziam guardadores da doutrina
cristã apostólica.
Em virtude de sua recusa em interromper suas pregações, foram excomungados em 1184.
Condenados pelo papado, os valdenses foram
perseguidos durante a Idade Média e a Reforma
Protestante,
quando
juntaram-se
ao
nascente
protestantismo no Sínodo de Chanforan em 1532.
Desde
então,
Calvinismo.
os
valdenses
subscrevem
ao
O MOVIMENTO VALDENSE E SUAS DOUTRINAS
Segundo alguns autores, os valdenses defendiam que existia uma continuidade desde a Igreja primitiva, ou
seja, que apesar dos desvios da Igreja de Roma, sempre terá havido grupos que se mantiveram fieis às
doutrinas de Cristo e dos apóstolos, perpetuadas no Novo Testamento.
Por outro lado, pensa-se que as doutrinas dos valdenses não surgiram com Pedro Valdo, mas têm uma
origem muito mais antiga, que qualquer dos movimentos que lhe eram contemporâneos.
Theodoro Beza, discípulo e sucessor de Calvino chega a chamar aos valdenses de “verdadeira semente da
igreja primitiva e pura igreja cristã”.
Em 1218, houve uma convenção de valdenses em conjunto com os “pobres da Lombardia” na cidade de
Bérgamo (norte da Itália). Pretendia-se harmonizar as divergências existentes entre os dois grupos.
Estes tinham sido também excomungados em 1184, e muitos tinham buscado a liderança de Valdo.
Inocêncio III, em 1208, aproveitando as divergências entre os dois
grupos, criou uma organização de “pobres católicos”. Desta forma
alguns seguidores de Valdo voltaram ao catolicismo.
Considerado pelos historiadores como o papa mais poderoso da
história, foi papa em 8 de janeiro de 1198. Foi o 176º Papa.
Foi contemporâneo de São Francisco de Assis e é muito conhecido
por ter aprovado sua recente ordem religiosa.
Convocou a Cruzada albigense e a Quarta Cruzada ao Oriente,
assim como uma Quinta Cruzada que não chegou a assistir.
Existem dois documentos datados de cerca de 1260. Um chamado por Preger “Pssau Anonymous",
descreve os valdenses como vestindo de forma simples e comendo de forma moderada.
Eram homens e mulheres muitos trabalhadores e estudiosos, conhecendo o Novo Testamento de cor, o que
era raro mesmo entre o clero romano.
O outro documento é o tratado de Davi de Augsburgo, que fala com grande ódio acerca dos “pobres de
Lion”.
Diz que os valdenses se alegravam quando eram excomungados e perseguidos e que rejeitavam as festas
e bênçãos instituídas pela Igreja.
Opunham-se ao batismo de crianças, consideravam a Ceia apenas um símbolo e não a presença real do
corpo e sangue de Cristo e rejeitavam a ideia de purgatório.
Os valdenses insurgiam-se ainda contra o uso do Antigo Testamento que a Igreja fazia, pois muitas
perseguições e atrocidades eram justificadas com passagens veterotestamentárias.
Anteriormente a 1350, outros historiadores romanos falaram dos valdenses.
Segundo estes, consideravam que os decretos da Igreja não eram necessários à salvação, mas apenas a
doutrina de Cristo e dos apóstolos.
Os valdenses criam que todos os homens deviam possuir uma Bíblia na sua própria língua, e que esta
deveria ser a máxima autoridade espiritual para o homem.
Procuravam assim pregar na língua do povo a que se dirigiam, indo sempre dois a dois.
A
sua
teologia
interpretavam
era
anti-agostiniana
literalmente
o
sermão
e
da
montanha sendo utilizado como modelo de
vida.
Aceitavam a Ceia do Senhor (como símbolo) e
o batismo (excepto de crianças).
Defendiam a ordenação de leigos para a
pregação e ministração dos sacramentos,
apoiando a pregação tanto de homens como
de mulheres.
Possuíam
duas
classes,
ministros
e
discípulos, e uma hierarquia eclesiástica
própria:
enquanto
bispos,
os
presbíteros
e
simpatizantes
diáconos,
eram
denominados de “amigos”.
Consideravam as missas e orações pelos mortos não bíblicas (chamavam ao cantar da missa em latim de
“cântico infernal”), não juravam, nem derramavam sangue.
Valorizavam mais uma oração em secreto que na igreja.
Parte do seu tempo foi ocupado em transcrever as Sagradas Escrituras, ou parte delas, para distribuir,
quando saíam como missionários. Por esta e por outras agências, as sementes do Verbo Divino se espalhou
por toda a Europa mais amplamente do que se costuma supor.
Os padres raramente enfrentavam os argumentos dos missionários valdenses.
Os valdenses tinham o desejo de conduzir as pessoas para fora da escuridão, e voltar a conquistar o reino
que Roma tinha dominado.
Eles eram evangelistas, assim como uma igreja evangélica.
Era uma velha lei entre eles que todos os que fossem ordenados em sua Igreja deviam, antes de ser elegível
para um cargo na sua igreja, servir três anos no campo missionário.
Os jovens em cujas cabeças os pastores impunham as mãos não se viam em perspectiva de um rico
benefício, mas de um possível martírio.
Seu campo de missão eram os reinos que estavam espalhados aos pés de suas próprias montanhas.
Saíam dois a dois, ocultando seu caráter real sob o
disfarce de uma profissão secular, comumente como
comerciantes e feirantes.
Levavam sedas, jóias e outros artigos, que nesse
tempo não era facilmente compráveis em mercados
distantes, e eram bem recebidos como negociantes
onde teriam sido repelidos como missionários.
A porta da casa de campo e no portal do castelo do
barão ficava igualmente aberta a eles.
Mas o seu discurso era mostrado principalmente na
venda, sem dinheiro e sem preço, a mercadoria mais
rara e mais valiosa do que as jóias e sedas, que havia
conseguido a entrada deles.
Eles tiveram o cuidado de levar consigo, escondido entre os seus produtos ou sobre as suas roupas, porções
da Palavra de Deus, comumente a sua própria transcrição, e para isso chamavam a atenção dos moradores.
Quando viam o desejo de possuí-la, eles livremente faziam uma doação quando os meios de compra
estavam ausentes.
Não houve reino do sul e Europa Central que esses missionários não entraram, e onde não deixaram
vestígios de sua visita nos discípulos que fizeram.
No oeste, penetraram na Espanha.
No sul da França encontraram companheiros congênitos – os Albigenses, pelo quais as sementes de
verdade foram abundantemente espalhadas sobre Dauphine e Languedoc.
No leste, descendo o Reno e o Danúbio, eles influenciaram Alemanha, Boêmia e Polônia, com suas
doutrinas, sua trilha sendo marcada com os edifícios de culto e as estacas de martírio que surgiram em torno
de seus passos.
Mesmo na cidade das sete colinas (Roma) que não tinham medo de entrar, espalharam as sementes no
solo desagradável, para ver se por ventura algumas viessem a enraizar-se e crescer.
Seus pés descalços e trajados com roupas de lã grossa os tornaram figuras marcadas, nas ruas de uma
cidade que se vestia de púrpura e linho fino, e quando a sua real incumbência foi descoberta, às vezes por
acaso, os governantes da cristandade tiveram mais cuidado, em seu próprio caminho, pela eclosão da
semente, regando-a com o sangue dos homens que haviam o semeado.
Assim a Bíblia naqueles tempos, velando a sua majestade e missão, viajando em silêncio através da
cristandade, entrando em casas e corações, fazia ali a sua morada.
De sua imponente sede, Roma olhou com desdém sobre o livro e os seus portadores humildes.
O olhar penetrante de Inocêncio III detectou o perigo que estava a surgir.
Ele viu nos trabalhos desses homens humildes o início de um movimento que, se autorizadas a continuar
ganhando força, varreria para longe tudo o que eles tinham tomado à custa de laboriosas intrigas por séculos
para conseguir.
Ele imediatamente começou as terríveis cruzadas, que destruiu os semeadores, mas regou a semente, e
ajudou a trazer na sua hora marcada, o ressurgimento da igreja apostólica, com a reforma de Lutero, da
qual os Valdenses foram precursores.
O MASSACRE DOS VALDENSES
Os valdenses, muito antes de Lutero, já empregavam bíblias traduzidas em seus idiomas e defendiam a
abolição do uso de imagens e do poder da hierarquia eclesiástica católica, tendo sido condenados pelo papa
Lúcio III em 1184, e oficialmente excomungados em 1215, durante o IV Concílio de Latrão (1215).
Eram desde então vistos como seguidores de movimento herético a ser combatido pelos católicos e por
Roma e essa postura vigorou ao longo dos anos mesmo com a ocorrência de fases de maior perseguição e
outras nas quais eram quase que ignorados.
Ainda assim, os valdenses continuaram existindo, persistindo e defendendo suas concepções e práticas.
Desde o surgimento da Reforma Protestante os valdenses passaram a integrar o movimento que se opunha
à Igreja Católica - mesmo sendo anteriores e precursores de muitas das teses e princípios do protestantismo
mais conhecido.
As perseguições que sofriam passaram até a ser reforçadas em função desse fato.
Em abril de 1655, sob as ordens de Carlos Emmanuel II, o Duque de Sabóia,
um sangrento massacre ocorreu no Piermonte, Itália, região onde era
concentrado um significativo contingente de valdenses, que constituíam
comunidades isoladas do convívio com católicos e alheias às autoridades
políticas aliadas ao papado.
O duque simplesmente decidiu que deveria eliminar os valdenses de seus domínios e reuniu uma poderosa
tropa para cumprir este propósito.
E não houve limite para a realização deste extermínio, pois nem crianças ou pessoas idosas ou doentes
eram poupadas da carnificina.
Todos os métodos de torturas e execuções foram empregados para dar efeito à eliminação sangrenta dos
valdenses e até persistiram relatos de que os exterminadores (a maioria deles constituída por mercenários
de várias procedências) chegaram a praticar canibalismo, comendo partes de corpos que foram cozidos.
A repercussão dos massacre foi péssima e até mesmo o protestante Oliver Cromwell, líder da república
revolucionária inglesa, chegou a ameaçar os domínios do agressor e a articular uma retaliação aos aliados
do Duque de Sabóia, como era o caso do jovem rei Luís XIV, da França.
O OITAVO CHIFRE
O PODER PERSEGUIDOR SOBRE OS VALDENSES.
As perseguições desencadeadas durante muitos séculos sobre este povo temente a Deus, foram por eles
suportadas com uma paciência e constância que honravam seu Redentor.
Apesar das cruzadas contra eles e da desumana carnificina a que foram sujeitos, continuavam a mandar
seus missionários a espalhar a preciosa verdade.
Eram perseguidos até à morte; contudo, seu sangue regava a semente lançada, e esta não deixou de
produzir fruto.
Assim os valdenses testemunharam de Deus, séculos antes do nascimento de Lutero.
Dispersos em muitos países, plantaram a semente da Reforma que se iniciou no tempo de Wycliffe, cresceu
larga e profundamente nos dias de Lutero, e deve ser levada avante até ao final do tempo por aqueles que
também estão dispostos a sofrer todas as coisas pela "Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo".
Apoc. 1:9.
IGREJA VALDENSE EM ROMA
Em 1848, foi proclamando o
edito
de
garantindo
emancipação
liberdade
de
culto e direitos individuais
para
os
valdenses
no
Piemonte (então parte do
Reino da Sardenha e depois
para toda o Reino de Itália.
O crescimento populacional
e busca de maior liberdade
econômica
fizeram
e
os
religiosa
valdenses
emigrarem em massa no
final
do
século
XIX,
estabelecendo colônias no
Uruguai, Argentina e Estados Unidos.
Em 1975, a Igreja Evangélica Valdense, então com 35.000 membros na Itália e 15.000 no Uruguai se uniram
com a Igreja Metodista Italiana (com 5.000 membros) para formar a União das Igrejas Valdense e Metodista.
ALBIGENSES
MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS AOS VALDENSES
Os albigenses, ou CÁTAROS, foram descobertos em Aquitânia e Orleans, mas foram mais numerosos em
Albi, no sul de França.
Mapa com as rotas dos castelos cátaros (quadrados e linhas azuis), no sul da França, por volta da virada
do século 13.
CATARISMO
O catarismo (do grego καϑαρός katharós, "puro") foi um movimento cristão de ascetismo extremo na Europa
Ocidental entre os anos de 1100 e 1200, estreitamente ligado aos bogomilos da Trácia.
Bogomilos significa, em língua eslava, “amigos de Deus”. Tiveram origem na Bulgária e espalharam-se entre
os eslavos. Eram dualistas, á semelhança dos gnósticos e rejeitavam o baptismo com água, substituindo-o
por outra cerimónia de purificação.
Rejeitavam o uso de imagens, a Ceia, o casamento e o consumo de carne. Consideravam as Igrejas romana
e grega como satânicas. Utilizavam unicamente o Novo Testamento, que interpretavam alegoricamente.
Em 1111, os bogomilos foram perseguidos pelo imperador Alexis, mas restaram alguns até à Reforma.
O catarismo foi um movimento tão forte no sul da Europa e na Europa Ocidental que a igreja Católica
Romana passou a considerá-lo uma séria ameaça à religião ortodoxa.
As principais manifestações do catarismo
centralizavam-se na cidade de Albi (sul da
França), motivo pelo qual seus adeptos
também
receberam
o
nome
de
"ALBIGENSES".
O catarismo teve suas raízes no movimento
Pauliciana na Armênia e no Bogomilismo na
Bulgária que teve influências dos seguidores
de Paulo.
Embora o termo "Cátaros" tenha sido usado
durante
séculos
para
identificar
o
movimento, se o movimento se identificava
mesmo com este nome ainda é discutível.
Em textos cátaros, os termos "homens bons" (Bons Hommes) ou "bons cristãos" são os termos comuns de
auto-identificação.
A idéia de dois deuses ou princípios, sendo um bom outro mau, foi fundamental para as crenças dos Cátaros.
O Deus bom era o Deus do Novo Testamento e criador do reino espiritual, em oposição ao Deus mau que
muitos cátaros identificavam como Satanás, o criador do mundo físico do Antigo Testamento.
Toda a matéria visível foi criado por Satanás, e portanto foi contaminada com o pecado, isto incluía o corpo
humano.
Esse conceito é oposto à Igreja Católica monoteísta, cujo princípio fundamental é que há somente um Deus
que criou todas as coisas visíveis e invisíveis.
Os cátaros também pensavam que as almas humanas eram almas sem sexo de Anjos aprisionadas dentro
da criação física de Satanás amaldiçoado a ser reencarnado até os fiéis cátaros alcançarem a salvação por
meio de um ritual chamado Consolamentum.
Desde o início de seu reinado, o Papa Inocêncio III tentou usar de diplomacia para acabar com o catarismo,
mas no ano de 1208, seu delegado Pierre de Castelnau foi assassinado quando voltava para Roma depois
de pregar a fé católica no sul da França.
Com a opção de enviar missionários católicos e juristas extintas, o Papa Inocêncio III declarou Pierre de
Castelnau um mártir e lançou a Cruzada dos Albigenses.
ORIGENS
As crenças dos cátaros não são claras, mas a maioria das teorias concordam que se originaram no Império
Bizantino principalmente através da rota de comércio e da propagação da Bulgária para a Holanda e
Espanha (Catalunha), pós a queda do império romano.
O nome búlgaros (Bougres) também foi aplicado aos Albigenses, e eles mantiveram associação com o
movimento cristão similar do Bogomilos ("Amigos de Deus") da Trácia.
"Que houve uma transmissão substancial de rituais e idéias do Bogomilismo para o catarismo está além de
qualquer dúvida razoável."
Suas doutrinas têm inúmeras semelhanças com os dos Bogomilos e mais cedo os Paulicianos, assim como
os maniqueístas e os cristãos gnósticos dos primeiros séculos depois de Cristo, embora, muitos estudiosos,
principalmente Mark Gregory Pegg, têm apontado que seria errôneo extrapolar as conexões históricas
diretas com base nas semelhanças teóricas percebidas pelos estudiosos modernos.
São João Damasceno, escreveu no século 8, notas sobre uma seita
anteriormente chamada de "Cátaros", em seu livro Sobre Heresias, título tirado
do resumo fornecido por Epifânio de Salamis em seu Panarion, e diz: "Eles
rejeitam aqueles que se casam pela segunda vez e rejeitam a possibilidade de
penitência [isto é, o perdão dos pecados após o batismo]".
É provável que tenhamos apenas uma visão parcial de suas crenças, porque
os escritos dos cátaros foram em grande parte destruídos por causa da
ameaça doutrinária percebida pelo papado.
Muito do nosso conhecimento existente dos cátaros é derivado de textos de seus adversários.
As conclusões sobre a ideologia dos cátaros continuam a ser ferozmente debatidas com comentaristas
regularmente acusando seus adversários de especulação, distorção e preconceito.
Os cátaros ensinavam que para recuperar o estatuto angelical a pessoa deveria renunciar completamente
ao mundo material.
Até que não estivesse preparado para fazê-lo, ele / ela estaria preso em um ciclo de reencarnação,
condenado a viver na Terra corrompida.
Os supostos textos sagrados dos cátaros, além do Novo Testamento, incluem O Evangelho da Ceia Secreta,
ou o Interrogatório de João e O Livro dos dois Princípios.
CRUZADA ALBIGENSE
A Cruzada Albigense (denominação derivada de Albi, cidade situada ao sudoeste da França), também
conhecida como Cruzada Cátara ou Cruzada contra os Cátaros, foi um conflito armado ocorrido em 1209
e 1244, por iniciativa do papa Inocêncio III com o apoio da dinastia capetiana (reis da França na época),
com o fim de reduzir pela força o catarismo, um movimento religioso qualificado como heresia pela Igreja
Católica e assentado desde o século XII nos territórios feudais do Languedoque; favoreceu a expansão para
sul das posses da monarquia capetiana e os seus vassalos.
A guerra, que se desenvolveu em várias fases, começou com o confronto entre os exércitos de cruzados
súditos do rei Filipe Augusto da França com as forças dos condes de Tolosa (ver mapa inicial) e vassalos,
provocando a intervenção da Coroa de Aragão, que culminou na batalha de Muret.
Numa segunda etapa, na qual inicialmente os tolosanos atingiram certos sucessos, a intervenção de Filipe
Augusto decidiu a submissão do Condado, ratificada pelo Tratado de Paris.
Numa prolongada fase final, as operações militares e as atividades da recém criada Inquisição focaram-se
na supressão dos focos de resistência cátara que, desprovidos dos seus apoios políticos, terminaram por
ser reduzidos.
A guerra teve episódios de grande
violência, provocou a decadência do
movimento religioso cátaro, o ocaso
da
até
então
florescente
cultura
languedociana e a formação de um
novo espaço geopolítico na Europa
ocidental.
Em que pese à derrota dos senhores
feudais, a heresia cátara seguiu
presente no Midi.
Para terminar de extirpá-la, a Igreja criou a Inquisição, que a princípio se centraria em reprimir cátaros e
valdenses.
A sua presença foi motivo de diferentes alçamentos populares e de que os cátaros se retirassem
paulatinamente a fortificações afastadas com a esperança de sobreviverem longe das fontes militares do
conflito.
A queda destes castelos e fortalezas, como a de Montsegur em 1244 e a de Quéribus em 1255, causaria as
últimas matanças da guerra e o fim do catarismo.
A Inquisição continuaria agindo na zona nos seguintes três quarteis de século, mas com casos individuais,
até ficar extinta.

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