Chinua Achebe – artigo
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Chinua Achebe – artigo
tradvziu aAfrica do s6culoXX O escritor que O nigeriano ChinuaAchebe, morto h6 um mes, reinventou o idioma do coloni zadorem sua literatura' expressando esperanqa e desencanto com as lutas e trag6dias do continente Alnsnro ne Cosre m22 de margo de 2013, moneu em Boston, aos 82 anos, um dosmaiores escritores africanos de l{ngua inglesa. Chinua Achebe era um ibo. Pertencia a um povo que tradicionalmente ocupa as terras que-se esiendem, no sudeste da Nig6ria, enue os rios Niger e daconfluOncia u4da connue_flurir pouco aDaD(O abaixo Oa Um pOUCO Cross, desde um CTOSS, nigeriE, sendo gande delta' seu do norte o at6 o Benu6 quele com ano, foi ibo at6 o fim. Como outros de sua geraqio que acordararn do colonizador para a aventura da escrit4 deve ter sofriou "r"ota -Ao pot"ao pOr no papelbs seus poemas e hist6rias na Hngua de sua primeiii infdncia, mas naquell em que o ensinatam a ler Sabia, por6m, iomo aqueles que imediatamente o precederam,-que o idioma em que se expressava a violOncia do estrangeiro ngdia s.er transformado em artira de inconformidadg rebeldia e resist6ncia. ilAfri"a ;t colonizados apropriaram-se da lfngua do colofizador, e seria em francOg ingl0s ou pornrguOs que se fariam as inde- e Srr,ve ram escritos durante aqueles anos de euforia e esperanEa, nos quais as independencias anunciavam que o continente africano ,L.rr.orrt u* i sua hist6ria e o seu rumo. N6o tardaram as decep- qoes. 16 no dia seguinte ao da independ0ncia.desatou-se, feroz, a crise no ex-CongJbe[a. E os massicres, desde 1959, envolvendo tutsis e hutus, e- Ru*du e em Burundi, bem como a deposiq6o e o assassinato pelos militares do primeiro presidente do Togq Sylvanus Olympi-o, em 1963, prenunciavam as tr€s d6cadas qm que a AAica ssfreu os flagelos dos partidos rlnicos, das g'erras-civis e dos chefes de Estado eicolhidos nos quart6is e que se transformaram, alguns deles, em tiranog quando n6o se revelaram psicopatas' Em boa parte das duas drizias de obras que publicou.- e.qle co-pt"endum romances, liwos de contos e de poemag higtpr$s Achebe para crianqas, ensaios e textos de intervenqio poUtica que com tristeza e da indigrraqdo da i6 testemunho do desencanto, 1986' de titulo, Um esperanqa. da o esgarqar e sofreu acompanhou destaia-se: "The anthills of the savanna" ("Os formigueiros da savana'i in6dito no Brasil), um romance que pode ser lido, do mesmo *odo qtu "H senor presidente'i do guitemalteco MiguelAnqAesturias, iomo o relato da formaqio de um d6spota, mas 6, sobretu- -, penddncias e tomariam forma as literaturas nacionais' O serere L6opold S6dar Senghor escrevia em franc6q mas num franc6s e- q.te t"tsoavam os tambores de sua terra natal' O ingl€s de Amos Tutuola tornou-se mdgico, ao tomar a inflex6o e a mfsica do, uma den(ncia da falencia dos politicos e intelectuais africanos do iorub6. E s5o iorubds as vozes que se ouvem' falando em ingl6s, de seu tempo. ibo idioma o tamb6m, Assim nas peqas teatrais de Wole Soyinka. Poucos meses antes de morrer, Chinua Achebe lanqgY um lilm inglOs em escritos todos livros n6s nos neoie despede de --de de mem6rias, "There was a country' ("Havia um pafs'i tambfm Cyprian Elauensi, Chukrnruemeka Ike e, sobretudo, Chinua Achebe' "O inddito em portuguOs), em que conta, comovido, a histdria de Biaseu primefuo romance, "Things fall apart"-("O mundo se d-e-sfra, como pessoalmente a viveu. E um depoimento pungente e pela C-ompanhia publicada pedaqa'i'na traduqdo em portugu6s, amargo, que em certos momentos assume o tom de elegia sobre,a das tltras), comega e termina na aldeia ibo de Umu6fia' Achebe dos ibos da FederaqSo da Nig6ria a criag6o n5s n iflsaliza, mas a descreve com suas intrigas, sua competigdo tentaiva de secessdo pals, e a guerra sangenta e impiedosa-que, duBiafr4 novo um de feroz por riqueza e prest(gio, seu desprezo pelos malogrados' Mosmeio, a isso se seguiu. Sem justiflcar nem e anos di dois mais gorante p6rias, e escravos tra-no* umi sociedade hlerarquizada, com cometidos duranteo conflito, Achebe, que atuou vernada minuciosamente por regms para cada circunstAnci4 lugar perdoar os brimes iom dedicaqSo em favor de Biafra, reconciliou-se com a Nig6ria e e momento. Eis que chega o homem branco e; apesar de sua religiuma pdtria em que o afliglam a nela reencontron a sua p6tria 6o absurda, de suas leis incompreenslveis e de seu comportamento todas as mazelas que govemantes-e dasilites e o egolsmo in6pcia ignominie irracional, que o leva a cometer todo tipo de sacril68os esp6cie de testaUma desireveu eri "Os formigueiros da savana'i desmontar a coer6ncia do universo ibo' ag "Havia um prosa admirrivel, mrma vid4 no fim da "o-eqai ot.tttu aldeia, Umuaro, 6 o principal cendrio de "The arrow mento, escrito U-u niafr1 4 gue^rra de da a qag6dia jamais esquecer nos deiiard pais' of God" ('A flecha de Deus'f pela mesma editora), um romanc€ em iO mundo se despedaqa'i 'A flecha de Deusl 'Os formigueiros io* que se aprofundam dramaticamente as dificuldades de conviv0nda savana'' e outras obiaq ihinuaAchebe nos ajudan{ a entender o cia entre os valores e modos de vida tradicionais e os que os britdque erq no s6culo )fi, ser ibo, nigeriano e africano' o nicos trouxeram consigo e procuravirm impor. Tamanha 6 a intensidade dos conflitos e ae tal forma eles ferem a alma das personae Silua ihistoriador , autor de'hnagens daAfrica" e do liwo pode ser resumido como uma luta entre Albern da Costa. g"nt, q,t" o A manilla e o libamb o : a Afrba e a escrauiddoi entre outros. Prefacinu "-adoibo e o Deus dos brancos. 6- ar,n au aldeia ;Ol*tttao se despedaqa" foi publicado em 1958;'A'flecha de a edi4fio brasileira de "O nund.o se dnsped,aEni dc Chirun Aclwbq por Vera Queiroz da Costa e Silva Deusi em rgO+. Rm-bos, iomo v6tios outros liwos de Achebe, fo- trad.uzi.da - -