A Teoria da Tect ica de Placas

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A Teoria da Tect ica de Placas
A Teoria da Tect�ica de Placas
Escrito por Gerson Caravaca
Ter, 15 de Setembro de 2009 02:57 - Última atualização Qui, 08 de Outubro de 2009 01:08
<p style="text-align: justify;"><br /> Quando os primeiros mapas mundiais confi�eis
come�ram a ser constru�os, os cientistas notaram que os continentes, particularmente a
Am�ica do Sul e a �rica, podiam encaixar-se como em um jogo de quebra cabe�s. Em 1516,
o ge�rafo flamenco Abraham Ortelius observou o encaixe dos limites dos continentes em
ambos os lados do oceano Atl�tico, como se as Am�icas, Europa e �rica tivessem sido
agrupadas em algum tempo e posteriormente separadas. Pr�imo do final do S�ulo 19, o
ge�ogo austr�co Eduard Suess juntou algumas pe�s do quebra cabe�s e postulou que
outrora os continentes meridionais tinham formado um �nico continente gigante, o
Gonduana.</p> <p style="text-align: justify;"><img height="142" align="left" width="185"
class="caption" alt="Evid�cias fossiliferas comuns que levaram Wegener a compor a teoria da
deriva dos continentes: Fonte U.S. Geological Survey"
src="images/stories/Figuras/Tectonica/Tectonica_Placas/foss.jpg" /><br /> Entretanto, foi um
meteorologista alem�, <strong>Alfred Wegener</strong>, no in�io do S�ulo 20, o primeiro a
investigar exaustivamente a id�a da deriva dos continentes (continental drift). Em seu livro
&quot;<strong>A Origem dos Continentes e Oceanos</strong>&quot; de 1915, Wegener
baseou sua teoria n� somente na forma dos continentes, mas tamb� em evid�cias geol�icas,
tais como similaridades entre as rochas, estruturas geol�icas e os f�seis encontrados no
Brasil e na �rica.<br /> <br /> <br /> <br /> <img height="231" align="left" width="185"
class="caption" alt="A proposta de Wegener para a fragmenta�o do Supercontinente Pangea:
Fonte U.S. Geological Survey"
src="images/stories/Figuras/Tectonica/Tectonica_Placas/globos.jpg" /> Nos anos que se
seguiram, Alfred Wegener postulou a forma�o de um supercontinente chamado Pangea na
Era Paleoz�ca (565-252 Ma), que estava unido at�o Per�do Carbon�ero (354-290 milh�s de
anos) e que come�u a se fragmentar na Era Mesoz�ca (200 Ma), formando os continentes
que conhecemos atualmente, com o oceano preenchendo os espa�s entre eles.</p> <p
style="text-align: justify;">O meteorologista alem� acreditava que os continentes, constitu�os
de rochas silicosas menos densas, eram arrastados sobre as rochas mais densas do fundo
oce�ico por for�s relacionadas a rota�o da Terra que criariam uma for� centr�uga em dire�o
ao Equador. Wegener acreditava que o Supercontinente Pangea tinha originado-se perto do
p�o sul e que a for� centr�uga do planeta tinha provocado o rompimento do protocontinente,
movendo ent� os continentes rec� formados na dire�o do Equador. Faltava a Wegener dados
sobre a natureza da forma�o da crosta oce�ica, o que lhe impediu a forma�o de uma teoria
mais completa da din�ica terrestre.</p> <p style="text-align: justify;">Ap� uma d�ada de
debates acalorados, a maioria dos ge�ogos e geof�icos rejeitaram a teoria de Alfred
Wegener, pois segundo eles, as for�s geradas pela rota�o da Terra seriam insuficientes para
mover os continentes. Entretanto, alguns poucos ge�ogos europeus, sul-africanos e
australianos, entre os quais se destacam Alexander L. du Toit e Arthur Holmes, acrescentaram
novos e importantes dados geol�icos, paleontol�icos e paleoclim�icos a teoria dos
movimentos dos continentes.</p> <p style="text-align: justify;"><img align="left"
class="caption" alt="Esquema mostrando as c�ulas de convec�o comumente vistas em
recpiente com �ua fervendo: Fonte U.S. Geological Survey"
src="http://www.vulcanoticias.com.br/portal/images/stories/Figuras/Tectonica/Tectonica_Placas/
convex.jpg" /><br /> <br /> Em 1929, Arthur Holmes prop� a id�a que o manto terrestre sofria
convec�o termal, baseando seu conceito no fato que pode ser observado facilmente quando
se aquece um recepiente com �ua. Quando uma subst�cia �aquecida sua densidade diminui
e por conseq��cia ascende para a superf�ie. Na superf�ie ela �resfriada, aumenta sua
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Ter, 15 de Setembro de 2009 02:57 - Última atualização Qui, 08 de Outubro de 2009 01:08
densidade e ent� mergulha para baixo novamente.</p> <p style="text-align: justify;"><br />
<br /> <br /> <br /> <img height="142" align="left" width="185" class="caption" alt="Diagrama
mostrando o conceito das c�ulas de convec�o no manto. Abaixo da profundidade de 700 Km,
a placa descendente come� a amolecer e fluir, perdendo sua forma original: Fonte U.S.
Geological Survey" src="images/stories/Figuras/Tectonica/Tectonica_Placas/conveccao.jpg"
/><br /> <br /> Repetidos aquecimentos e resfriamentos resultariam em uma corrente
mant�ica que poderia ser suficiente para provocar o rompimento e movimento dos continentes.
Esta id�a tamb� recebeu pouca aten�o na �oca.<br /> <br /> <br /> <br /> <br /> <br />
Foi s�quando a topografia do assoalho oce�ico come�u a ser mapeada nos anos entre
1950-1960 que houve um grande avan� no desenvolvimento na teoria da Tect�ica de Placas.
Quando estes estudos foram compilados, revelaram que algum oceanos s� divididos por uma
grande cordilheira submersa, com aproximadamente 65.000 Km de comprimento e em torno de
1.500 Km de largura. Entretanto, na parte central da cordilheira existe um vale, com 1-3 Km de
profundidade. Esta fei�o constitui um rifte, isto � um local com profundas rachaduras tect�icas
que provocam a separa�o de blocos devido a tens� na crosta. Outras evid�cias mostraram
uma variedade de diferen�s entre as crostas continentais e oce�icas. Pesquisas mostraram
que a crosta oce�ica �muito mais jovem do que a crosta continental, e amostras de
sondagens da crosta oce�ica revelaram que ela �composta principalmente de basalto e,
portanto, tem composi�o completamente diferente da crosta continental &quot;gran�ica&quot;.
Estudos s�micos mostraram que a crosta oce�ica �tamb� mais fina que a crosta continental,
n� sendo portanto, sujeita a grandes deforma�es devido a for�s compressionais.</p> <p
style="text-align: justify;"><img height="126" align="left" width="185" class="caption"
alt="Diagrama ilustrando as cordilheiras meso-oce�icas e zonas de subduc�o: Fonte U.S.
Geological Survey" src="images/stories/Figuras/Tectonica/Tectonica_Placas/tectonica.jpg"
/>No in�io da d�ada de 1960, os ge�ogos Harry Hess da Universidade de Princeton e Robert
Dietz da Universidade da Calif�nia, baseados nestes novos dados cient�icos, propuseram
hip�eses similares, no qual o assoalho oce�ico separava-se ao longo dos riftes, denominados
agora de cordilheiras meso-oce�icas, devido a correntes de convec�o no manto e s� movidos
simetricamente para cada lado da cordilheira. O cont�uo movimento lateral produz rachaduras
no rifte, no qual material mant�ico quente (magma) �injetado para cima tornando-se a nova
crosta oce�ica (espalhamento do assoalho oce�ico). A corrente de convec�o no manto
empurra os continentes para longe da cordilheira meso-oce�ica e na dire�o das fossas
oce�icas. Neste local, a crosta oce�ica submerge para o manto, sendo ent� reabsorvida.
Deste modo, o fundo oce�ico �completamente regenerado em 200 ou 300 milh�s de
anos.</p> <p style="text-align: justify;">Dados paleomagn�icos foram utilizados para testar a
id�a do espalhamento do assoalho oce�ico. Certas rochas vulc�icas, como o basalto, cont�
minerais de ferro chamados magnetita. Quando o basalto resfria atingindo temperaturas abaixo
de 500 graus Celsius, as magnetitas tornam-se orientadas na dire�o do campo magn�ico
terrestre daquele momento. Deste modo, os minerais que constituem a rocha tornam-se
magnetos f�seis, isto � mostram a orienta�o do campo magn�ico terrestre no momento da
cristaliza�o e resfriamento. Este processo �chamado de paleomagnetismo
termoremanente.</p> <p style="text-align: justify;">Algumas rochas sedimentares podem
tamb� mostrar um outro tipo de magnetismo remanente. As rochas sedimentares s� formadas
quando part�ulas de sedimentos assentam e acumulam, por exemplo, no fundo de um corpo
de �ua. Gr�s magn�icos entre as part�ulas, como fragmentos de magnetita, tornam-se
alinhados na dire�o do campo magn�ico terrestre no momento da deposi�o, e esta orienta�o
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poder�ser incorporada na rocha quando as part�ulas tornarem-se litificadas. Este tipo de
magnetismo �chamado de paleomagnetismo remanente deposicional.</p> <p
style="text-align: justify;"><img height="136" align="left" width="185" class="caption" alt="
Diagrama ilustrando um modelo polaridade magn�ica do fundo mar. A nova crosta oce�ica
forma-se continuamente na cordilheira meso-oce�ica, resfria e move-se para longe da
cordilheira com o espalhamento do fundo oce�ico: a) espalhamento oce�ico em torno de 5
milh�s de anos atr�; b) em torno de 2 a 3 milh�s de anos atr�; e c) atualmente: Fonte U.S.
Geological Survey" src="images/stories/Figuras/Tectonica/Tectonica_Placas/magnet.jpg" />O
estudo das propriedades magn�icas de numerosas amostras de basaltos oce�icos, de muitos
locais da Terra, demonstraram que o campo magn�ico terrestre mudou muitas vezes nos
�ltimos 70-80 milh�s de anos. �ocas de polaridade normal (isto � per�dos quando o campo
magn�ico estava orientado como ele �hoje, com o p�o norte magn�ico no norte e pr�imo a
sua loca�o atual) t� sido seguidas por per�dos durante o qual as loca�es do p�o norte
magn�ico e p�o sul magn�ico foram revertidos. Se o espalhamento do assoalho oce�ico
realmente ocorre, ele pode ser registrado no magnetismo dos basaltos na crosta oce�ica, pois
se o campo magn�ico muda intermitentemente, novos basaltos extrudidos no rifte podem ser
magnetizados de acordo com a polaridade do tempo em que eles se formaram. Investiga�es
subseq�entes do fundo mar comprovaram esta teoria, pois quando o assoalho oce�ico se
movimenta, o campo magn�ico �registrado na crosta ao longo de cada lado da cordilheira
oce�ica, com as rochas identificando per�dos com polaridades normais e reversas
alternadas.</p> <p style="text-align: justify;">Para muitos ge�ogos, a evid�cia mais
convincente para a comprova�o da teoria da Tect�ica de Placas vem desde a amostragem
dos sedimentos que est� sobre o assoalho oce�ico. Os sedimentos mais jovens e com menor
espessura est� localizados sobre o fundo do mar pr�imo da cordilheira oce�ica, onde nova
crosta est�sendo criada. Longe da cordilheira, os sedimentos que est� diretamente acima dos
basaltos oce�icos tornam-se progressivamente mais antigos e mais espessos, estando os
sedimentos mais antigos pr�imos das margens continentais.</p> <p style="text-align:
justify;">No final da d�ada de 1960, uma nova gera�o de ge�ogos ampliou os conceito da
deriva continental e do espalhamento do assoalho oce�ico em uma teoria mais ampla, a
Tect�ica de Placas. Eles estenderam as id�as iniciais em torno da mobilidade da litosfera com
a identifica�o dos limites de placas e a discuss� de seus movimentos relativos e dos
fen�enos tect�icos, vulc�icos e s�micos que ocorrem nos seus limites.</p> <p
style="text-align: justify;">O desenvolvimento da Teoria da Tect�ica de Placas foi para a
geoci�cias o que a Teoria da Relatividade de Einstein foi para a F�ica e a Teoria da Evolu�o
de Darwin foi para a Biologia, uma revolu�o no conhecimento cient�ico. Essa teoria teve um
grande impacto nas ci�cias geol�icas e isso aconteceu porque ela fez com que os ge�ogos
reconhecessem que tudo est�interligado no planeta. N� existe, por exemplo, uma teoria sobre
como os sedimentos se formam e outra que explique como os vulc�s agem. Tudo faz parte de
um s�grande quadro e compreender cada parte desse quadro ajuda a entender todo o
sistema. Esse sistema, �claro, �a Terra.</p> <p style="text-align: justify;">A teoria da
Tect�ica de Placas est�atualmente firmemente estabelecida, sendo aceita como a teoria
fundamental da din�ica terrestre. Ela foi primeiramente utilizada, como foi visto acima, para
explicar as fei�es do assoalho oce�ico. Agora a �fase tem mudado para os continentes, e
muitas das primeiras observa�es geol�icas continentais est� sendo reexaminadas na luz
dessa teoria.</p> <p style="text-align: justify;"> </p> <h4><span style="color: rgb(255, 255,
153);">Refer�cias bibliogr�icas utilizadas na confec�o do texto acima:</span></h4> <p
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style="text-align: justify;">Hamblin, W.K. & Christiansen, E.H. 1998. Earth,s Dynamic Systems
(Eighth Edition). Prentice-Hall, Inc. 740 p.</p> <p style="text-align: justify;">Press, F. & Siever,
R. 1998. Understanding Earth (Second Edition). W.H. Freeman and Company. 682 p.</p> <p
style="text-align: justify;"> </p>
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