O que contêm nesse guia?

Transcrição

O que contêm nesse guia?
O que contêm nesse guia?
Conteúdo
Por que uma Semana de Ação?
Comércio, agricultura e alimento - qual é o problema?
O que eu e a minha igreja podemos fazer?
Comércio global de alimentos: um péssimo negócio para os pobres
Algumas definições
Como a liberalização do comércio afeta as economias pobres?
Rompendo os mitos
Histórias reais
O direito à alimentação
Quem precisa ser mudado?
O que precisa ser mudado?
Sugestões para ações
Dicas para fazer lobby
Trabalhando com os meios de comunicação
Preparando um serviço litúrgico
Idéias para o sermão
Liturgia para justiça no Comércio
Mais informações
1
2
3
4
5
6
7
8
10
11
12
13
16
17
18
19
20
24
O que contêm nesse guia?
Esse guia de ação apresenta o propósito e as metas, assim como planos, para uma Semana de Ação sobre o Comércio. Ele aborda um tópico específico sobre o comércio, o qual você poderia escolher para fazer uma campanha,
explorando as relações entre comércio, agricultura, alimentação e direitos humanos. Ele considera que a Bíblia
tem algo a dizer sobre comércio e alimentação, e conta histórias reais de pessoas atingidas pelas políticas de livre
comércio. O guia ainda oferece dicas de como fazer lobby, bem como algumas idéias para ações específicas. Ele dá
sugestões de como realizar alianças com outros grupos, influenciar os responsáveis pelas decisões, e de trabalhar
com os meios de comunicação.
Independentemente do que você já sabe (ou não sabe) sobre o comércio, se você faz lobby sobre o comércio de
alimentos ou sobre outras questões relacionadas ao comércio, e independentemente das experiências que você já
tenha tido nesta área, esse guia está desenhado para ajudá-lo/la a desempenhar o seu papel – com outras pessoas
nas paróquias e congregações, grupos da comunidade, sindicatos, organizações não governamentais (ONGs),
movimentos populares, coalizões nacionais e redes internacionais.
res, eles me
b
o
p
s
o
a
a
ue
omid
“Se eu dou c nto. Se eu pergunto porq
sa
chamam de têm comida, eles me
ão
os pobres n munista.”
Brasileiro
- Arcebispo
o
c
e
d
der Câmara
él
m
H
a
.
D
m
a
ch
Por que?
Por que tomar medidas sobre o comércio e o direito à alimentação?
Você come todo dia?
A comida é suficiente?
Ela é saudável?
Se você responder sim a todas as três perguntas acima,
você é um dos felizardos. Se a sua resposta a alguma
delas for não, então você é um dos 854 milhões de
pessoas no mundo todo que passam fome. Isto é mais
do que uma em cada dez pessoas. Nos países em
desenvolvimento esta proporção aumenta para uma
em cada seis, e na África sub-Saara, uma em cada três.
Esta situação está ficando pior, não melhor.
Ainda há muita comida produzida no mundo suficiente
para alimentar a todos. Um décimo da população
mundial está faminta, não porque o planeta não
possa sustentar a todos, mas por causa dos sistemas e
estruturas que criamos em torno das formas de como
produzimos, vendemos, compramos e repartimos os
alimentos. A boa notícia é que essas são coisas que
podemos mudar.
O comércio é um dos elementos-chave na complexa
rede de estruturas que determinam se uma pessoa
tem ou não o suficiente para comer. Todo mundo tem
direito à alimentação, o qual é internacionalmente
aceito, um direito portanto, que está sendo violado para
milhões de pessoas. Esta é uma realidade ultrajante
hoje em dia, mas se agirmos juntos podemos transformar o nosso mundo.
Como Cristãos e como membros de comunidades de fé,
somos compelidos à ação pela compreensão de justiça,
tanto do Velho como do Novo Testamento, de colocarse ao lado dos pobres e oprimidos. Somos motivados
a lutar por justiça, cada um desde o seu próprio
lugar e de acordo com os seus próprios dons. Somos
chamados à luta para fazer do comércio um meio para
comparti-lhar a
generosidade da
terra e os frutos do
trabalho humano,
e assegurar que o
direito das pessoas
à alimentação
seja totalmente
respeitado.
A Semana de Ação sobre o Comércio é uma oportunidade de dizer ao mundo que o livre comércio forçado
está impondo a miséria a milhões de pessoas pobres, e
de que há alternativas para reverter esta situação.
O que é a Semana de Ação sobre o Comércio?
Em Abril de 2005 diversas igrejas se
uniram à outros grupos da sociedade
civil para uma Semana de Ação Global
pedindo por justiça no comércio. Foi
uma semana que juntou as vozes de 10
milhões de pessoas em 80 países de todo o mundo,
e foi o primeiro grande evento de clamor global para
fazer da pobreza história. Em Outubro de 2007, igrejas
continuaram o trabalho da semana de 2005. Milhares
de eventos pelo mundo realizaram-se entre dia 14 a 21
de Outubro, desde feiras locais em Bogotá a abaixoassinados em Washington, D.C., greves de fome na
India e demonstrações nas Philippinas.
Voçê pode realizar uma Semana de Acção sobre o
Comércio na sua communidade e país como um
momento curcial para apelar às relações comercias
justas. Voçê pode escolher os assuntos e acções que
fazem mais sentido no seu contexto, sabendo que
está ligado(a) a milhares de pessoas, igrejas, e communidades espalhadas pelo mundo num movimento
apelando à mudança.
Em anos passados, a semana ocurreu em Outubro,
incorporando o Dia Mundial da Alimentação (16 de
Outubro), focando em temas como agricultura, fome, e
direitos humanos. Mas voçê pode focar noutros assuntos e realizar a semana numa altura em que acha que
pode ter mais impacto.
Agir para promover relações commercias justas é o
passo mais importante – de jejum e ágape, marchas e
tribunais de fome, teatros de rua e serviços religiosos,
exibições e abaixo assinados – há muitas mais maneiras
creativas de fazer com que a nossa mensagem seja
vista e ouvida.
A
Paul Jeffrey/EA
1
O Problema
Comércio, agricultura e alimento – Qual é o problema?
Desde os anos 1980, os países ricos e as instituições
controladas por eles – o Fundo Monetário Internacional
(FMI), o Banco Mundial (BM) e a Organização Mundial
do Comércio (OMC) – estiveram forçando os países
pobres a implementar políticas e a assinar acordos que
lhes fazem mais mal do que bem.
A
Paul Jeffrey/EA
A crise da dívida
externa levou
muitos países
pobres à programas de ajuste
estruturais como
uma condição
para receber
ajuda do FMI e do
Banco Mundial.
Estes programas,
sob vários nomes,
contêm políticas
que obrigam
países vulneráveis
a expor os seus
agricultores à
competição
com grandes
corporações
de agricultura
subsidiadas.
Através de persuasão, ameaças, pressões e condições
vinculadas a empréstimos e ajudas, os países pobres
foram forçados a:
abrir os seus mercados a exportações subsidiadas dos
países ricos;
deixar de priorizar produtores locais;
•
•
•redirecionar esforços de desenvolvimento para longe
dos mercados de alimentos locais; e
•privatizar serviços essenciais.
Esta tendência continuou no Acordo da OMC sobre
Agricultura, bem como através de acordos regionais e
bilaterais como o Acordo de Livre Comércio da América
do Norte (ALCAN) e o Acordo de Livre Comércio da
América Central e República Dominicana (ALCAM-RD).
Esta tendência não mostra nenhum sinal de enfraquecimento nas negociações comerciais atuais, tais
como os Acordos de Parceria Econômica (APEs) entre a
União Européia e 76 países africanos, caribenhos e do
Pacífico.
O comércio pode oferecer grandes benefícios e oportunidades. Mas o problema é que todas as condições
para redução da dívida externa e de acordos comerciais
estão dirigidos somente para aumento do total do
comércio na agricultura, e não para a melhoria dos
meios de vida e bem-estar dos agricultores e de outros
produtores agrícolas. A teoria que o Banco Mundial, o
FMI e a OMC propõem é que o aumento do comércio
igualará automaticamente o bem estar. Esta equação
nunca funcionou na prática.
s Generais
o
e
is
e
R
s
o
o
ã
“Não s
mas sim as
,
ia
r
ó
t
is
h
a
m
que faze
.”
ssas populaNerelsosn Mandela,l-alídfriercaannoti-apartheid e a
m
su
ex-presidente
A Bíblia diz...
Na oração do Pai Nosso pedimos: “o pão nosso de cada dia nos dai hoje.” Como Martin Lutero explicou no século 17,
“Quando você pede o seu ‘pão de cada dia’, você pede tudo o que é necessário para ter e desfrutar do pão de cada dia e, ao
contrário, [proteção] contra tudo o que interfere para o seu desfrute.”
Depois de citar vários fatores que impedem as pessoas de ter acesso aos alimentos que elas precisam para viver, Lutero
conclui: “quantos problemas existem no mundo hoje … por causa da exploração diária … por parte daqueles que
arrojadamente oprimem os pobres e os privam do seu pão de cada dia!”
Lutero oferece uma base teológica clara para o direito à alimentação a todos, bem como um mandato para fazer lobby
para mudar aquelas políticas de comércio e outras políticas que impedem as pessoas de cultivar e vender os alimentos que
eles necessitam para sobreviver.
2
O Que
O que eu e a minha igreja podemos fazer?
Podemos de fato mudar algo?
Nossas vozes serão ouvidas se clamarmos por
justiça no comércio?
A resposta é sim. Já fizemos isso antes – nas campanhas
contra a escravidão e pelos direitos das mulheres, no
Movimento de Independência do indiano Gandhi,
no movimento pelos direitos civis nos EUA, e no
movimento mundial anti-apartheid, nas campanhas
para eliminar minas terrestres e para cancelar a dívida
externa, e o recente giro na consciência internacional
sobre mudança climática. De tempo em tempo, as
pessoas normais que empreenderam ações conjuntas
foram capazes de mudar o mundo.
Em todo o mundo o movimento para justiça no comércio é forte. Mesmo as pequenas ações, como fazer um
abaixo-assinado, podem fazer uma enorme diferença
à forma em que o comércio atinge as nossas vidas.
Juntos temos o poder para realizar mudanças enormes.
Devemos recusar estar de acordo com um mundo de
pobreza e de fome.
Omar Fe
rnandez
Obregó
n
A primeira coisa a fazer é organizar um grupo em sua
igreja para pensar as formas de engajamento. Possivelmente já exista um grupo ou talvez você precise
organizar um. Fale com o seu pastor ou sacerdote sobre
o grupo e também sobre a possibilidade de realizar um
serviço religioso no começo ou no fim da semana de
ação.
Elementos a ser considerados
•Como conseguir a cobertura de imprensa para as
Maike Gorsboth
Como a minha igreja pode se engajar
nessa ação?
•Use ou adapte o serviço de culto desse guia na sua
igreja no começo ou no fim da semana da ação
•Faça jejum durante um dia e quebre o seu jejum com
uma refeição fraternal de produtos do comércio justo
e de alimentos produzidos localmente. Esta pode ser
uma ação conjunta sobre dívida externa e comércio
Realize um jogo de futebol “injusto”, representando as
relações de comércio
Organize um abaixo-assinado, reunindo assinaturas
em pratos de papel
•
•
Para maiores informações
sobre essas idéias veja as
páginas 13 a 15.
suas ações? (ver dicas de como trabalhar com os
meios de comunicação na página 17)
Existem formas de envolver celebridades locais?
Você pode envolver mais igrejas e outros grupos? (ver
dicas para trabalhar com outros grupos na página 15)
•
•
Algumas idéias úteis para convencer a
sua igreja a engajar-se
•Conte-lhes histórias sobre a vida real de pessoas
atingidas pelo comércio. Há algumas nas páginas 8
e 9.
Faça relação com a Bíblia. Busque por textos neste
guia sobre o que “na Bíblia diz …”, assim também o
que não diz.
•
ento e
v
e
u
e
s
o
re
t
is
Reg
ros estão
veja o que ouot em
fazend
ek.org
e
w
e
d
a
r
.t
w
w
w
3
I
ComErcio
Comércio global de alimentos: um péssimo negócio para
os pobres
Como o mundo está ficando mais rico, os pobres também deveriam.
Mas eles não estão!
Desde os anos 80, o foco sobre a agricultura de exportação e a abertura de mercados aumentou as margens
de lucro das grandes corporações, supermercados,
companhias de transportes e agencias de propaganda,
assim como ajudou os agro-negócios a consolidar o seu
controle sobre a cadeia de produção.
Ao mesmo tempo, milhões de pequenos agricultores
ficaram cada vez mais desprovidos e empobrecidos.
Como as fronteiras se
abriram, os preços pagos
aos pequenos produtores
caíram e os rendimentos reais
diminuíram. Com grandes
corporações no controle
das operações, os pequenos
agricultores são incapazes de
obter preços justos e estáveis
para os seus produtos. Muitos
já não são capazes de alimentar as suas famílias, muito
menos produzir excedentes
Paul Jeffrey
para a venda.
/EAA
O atual mercado global trabalha só para alguns poucos.
O modelo não trabalha para a maioria pobre rural no
Sul.
O que comércio internacional significa
para os agricultores
A maior parte dos agricultores no mundo não produzem safras para exportação - 90% da produção agrícola
é, em realidade, vendida em mercados locais e domésticos. Mesmo assim, todos os agricultores estão sendo
forçados a viver segundo as regras que são desenhadas
para ajudar aqueles que produzem 10% da produção
agrícola, a qual é vendida internacionalmente.
O mercado internacional de produtos agrícolas é
dominado por algumas corporações transnacionais
gigantescas (CTNs) que manejam o poder maciço e
controlam os preços de mercado. Também dominando
setores individuais, as CTNs muitas vezes estão inte-
4
gradas entre setores, para que um grupo
de companhias possa comprar, processar,
manufaturar e vender os alimentos sem
competição dentro da cadeia. Essas
companhias de agro-negócios usam o seu
poder para manter os preços baixo dos
produtos agrícolas que eles compram
dos agricultores. Ao mesmo tempo,
os preços dos insumos continuam
aumentando, tal como o fertilizante
e as sementes que os agro-negócios
vendem aos agricultores.
O comércio internacional é cruPaul Je
ffrey/EA
A
cial, porém, somente para alguns
agricultores em países em desenvolvimento. As
colheitas como chá, café, açúcar e cacau sempre foram
cultivadas para exportação. Mas os preços que esses
produtos obtêm no mercado internacional caíram na
era da liberalização comercial. O mercado internacional
desses produtos eram acostumados a ser regulados
por “acordos de preços de commodity”, os quais
controlavam a oferta para estabilizar os preços. Mas
com a liberalização comercial, esses acordos caíram. Os
preços pagos a agricultores locais de café, cacau, arroz,
óleo de palma e açúcar caíram pela metade durante as
duas últimas décadas.
Duplamente discriminada
Em todo o mundo, as mulheres ainda têm a responsabilidade principal de cuidar de seus lares. Elas estão
na linha de frente na tentativa de alimentar as suas
famílias. Elas também desempenham um papel fundamental na agricultura familiar. As mulheres produzem
entre 60 a 80 % dos alimentos na maioria dos países
em desenvolvimento, e são responsáveis pela metade
da produção mundial de alimentos. Apesar disto, o seu
papel fundamental muitas vezes não é reconhecido.
A maioria das sociedades ainda negam às mulheres o
acesso igualitário a recursos produtivos, como a terra
e o crédito, os quais são necessários para alguém que
espera competir num mercado agrícola liberalizado.
Como trabalhadoras rurais as mulheres muitas vezes
sofrem de discriminação, inclusive com salários menores e menos segurança de emprego do que trabalhadores rurais homens.
Aprender
Algumas definições
O que é livre comércio e liberalização do
comércio?
Livre comércio é o comércio interno e entre países que
está livre da intervenção do governo – nenhum incentivo aos produtores e nenhum limite para o comércio. A
liberalização do comércio é o processo para chegar-se
ao livre comércio.
As pessoas a favor do livre comércio argumentam que
este tipo de comércio é a melhor forma para permitir
que os mercados cresçam, e assim possibilite o
caminho para que os países pobres saiam da pobreza.
Mesmo na teoria, este argumento não se sustenta
porque o conceito de livre comércio somente trabalha
para o comércio entre jogadores iguais, onde ninguém
tem o controle do sistema. Esta é apenas uma descrição
exata do nosso mundo, com o seu desequilíbrio de
poder maciço baseado em fatores como a história, o
controle da terra e o poderio militar.
Na prática, a retórica dos países ricos sobre a liberalização do comércio foi uma fraude. Enquanto eles
impuseram o livre comércio aos países pobres, eles
mesmos nunca o aplicaram quando as regras não os
favoreciam. Em vez disso, eles intervieram em seus
mercados internos, forneceram subsídios e ofereceram
proteção aos seus próprios produtores. O livre comércio
foi um instrumento que os países ricos usaram para
promover os seus próprios interesses – para tornar-se
mais ricos e permitir que corporações acessassem
novos mercados.
O que é fome?
‘Fome’ é uma palavra utilizada casualmente, muitas
vezes somente quando é hora da refeição. Não devemos esquecer a família que se senta na hora da sua
refeição sabendo que não haverá suficiente comida
para todos, sabendo que eles não têm meios de prover
mais comida, sabendo que eles se levantarão da mesa
ainda com fome. Neste guia, ‘fome’ é usada segundo
a definição da ONU para pessoas que estão “cronicamente subnutrida”. Estas pessoas são incapazes de ter
acesso a suficiente comida, segura e nutritiva durante
períodos longos, de modo que a fome se torna a sua
condição normal. Quando isto acontece, as pessoas têm
menos para comer do que seria necessário para manter
o peso de seus corpos e mesmo para realizar atividades
leves. Conseqüentemente, a fome as matará.
fome em conseqüência de catástrofes naturais ou
guerras como “agudamente”, e não “cronicamente”,
subnutridas. Portanto, quando a ONU diz que uma
em cada dez pessoas no mundo está com fome, estes
dados não incluem as crises de curto prazo. A ONU
se refere somente a fome que é resultado da injustiça
sustentada em sistemas sociais. Então, há toda aquela
gente que não está suficientemente faminta para ser
considerada cronicamente subnutrida, mas cujo direito
à alimentação ainda está sendo violado.
O que é justiça no comércio?
A justiça no comércio é o reconhecimento ao direito
que os agricultores têm de alimentar as suas famílias e
de enviar as suas crianças à escola. Trata-se de permitir
que indústrias domésticas se desenvolvam; trata-se de
acesso a serviços essenciais como água e serviços de
saúde, trata-se do direito a salários justos e trabalho
digno. É a melhor oportunidade que os países pobres
têm para sair da pobreza.
A justiça no comércio está centrada nas pessoas, respeita os direitos humanos, e garante segurança alimentar, meios de vida e desenvolvimento sustentável para
toda a sociedade. Ela reconhece o direito de todas as
pessoas de decidir quanto ao seu próprio futuro, e de
todos os governos de determinar a sua própria política
econômica e comercial.
A justiça no comércio pede mudanças básicas nas
regras que governam o comércio internacional. Ela
requer que os governos dos país ricos e as instituições
como a OMC, FMI e Banco Mundial deixem de impor a
liberalização e livre comércio sobre os países pobres.
A Bíblia diz...
O profeta Ezequiel nos diz que a cidade florescente de Tiro incorreu a ira de Deus porque
as pessoas comercializavam de um modo
opressivo e explorador: “pela abundância
do teu comércio o teu coração se encheu de
violência, e pecaste.” (Ezequiel 28:16)
A profecia de Isaías sobre a cidade de Tiro, contudo, visualiza
um tempo quando a prosperidade considerável da cidade
será redistribuída: “a sua mercadoria e os seus salários serão
dedicados ao Senhor; os seus lucros não serão guardados
ou acumulados, mas a sua mercadoria fornecerá comida
abundante e roupas esplêndidas para aqueles que vivem na
presença do Senhor.” (Isaías 23:18)
A ONU descreve aquelas pessoas que estão com
5
Impacto
Como a liberalização do comércio afeta as economia pobres?
Dumping:
As nações ricas dão enormes subsídios aos seus
agricultores, normalmente grandes agro-negócios que
implicitamente estimulam a superprodução. O excedente de mercadorias é então vendido mais barato do
que o custo de produção em outras partes do mundo,
às vezes somente para entrar em um país e destruir
o mercado local. Isto leva para baixo os preços das
mercadorias no mercado mundial – um pesadelo para
exportadores pobres. E a inundação de importações
baratas significa que os pequenos agricultores não
serão capazes de competir em seus mercados locais, ou
alimentar as suas próprias famílias.
O poder concentrado nas mãos de poucos:
Alguns grandes compradores – grandes agro-negócios
– dominam mercados mundiais e, diretamente ou
indiretamente, milhões de pequenos produtores que
não têm nenhum poder no mercado. Três corporações,
Cargill, ADM e Zen Noh, controlam 81% de todas as
exportações de grãos no mundo. A mesma concentração do poder se aplica aos insumos que os agricultores
precisam comprar, como sementes, pesticidas, fertilizantes e água. Duas corporações, DuPont e Monsanto,
dominam o mercado mundial de sementes de milho e
de soja.
Políticas que protegem a apoiam a
justiça no comércio:
Como os países mais ricos do mundo sabem individualmente muito bem, o apoio governamental pode ser
essencial para novas indústrias ou para aquelas que
estão enfrentando problemas, bem como para produtores primários. Esta ajuda pode tomar várias formas,
incluído:
limitação da competição injusta ao reduzir as importações mais baratas, e requerer que as companhias
comprem produtos locais em vez de importados;
prioridade aos mercados locais ao prover aos pequenos agricultores o apoio que eles necessitam, por
exemplo: crédito preferencial ou incentivos fiscais;
garantindo que os investimentos de negócios beneficiem as pessoas mais pobre, através da regulação das
atividades de grandes companhias trans-nacionais
•
Perda dos meios de sustento:
A retirada de apoio e proteção do governo, associado
com os preços crescentes de insumos, leva muitos
agricultores pobres a endividar-se e conseqüentemente a abandonar as suas colheitas. Eventualmente,
eles podem perder a sua terra, juntando-se então ao
exército de trabalhadores diários sem terra ou
migrando às cidades à procura de empregos.
Fome crescente:
A fome está crescendo novamente, segundo a Organização de Agricultura e Alimentos da ONU (FAO).
Depois de cair durante a primeira metade dos anos
1990, o número de pessoas com fome em países
em desenvolvimento aumentou em 18 milhões na
segunda metade da década. Em 2007, 854 milhões de
pessoas estiveram famintas. Oitenta por cento dessas
pessoas vivem em áreas rurais, e metade delas são
pequenos agricultores familiares.
Destruição ambiental:
A produção agrícola de larga escala para exportação
está muitas vezes baseada no uso destrutivo dos
recursos naturais e sistemas ambientais. Os impactos
incluem o desflorestamento, o cultivo
não sustentável de
ladeiras e a vasta
exploração de
áreas de terra
secas, levando a
irregularidade
nos padrões
de chuva e
intensificando
os períodos
de enchentes
e ciclos de
seca.
•
•
Armin
6
Paasc
h
/EAA
Mitos
Comércio, Agricultura e Alimento: Alguns mitos comuns
A crença de que o livre comércio e a liberalização
sempre trarão prosperidade para todos é normalmente
aceitada. Vamos ver alguns “mitos” que reforçam esta
crença.
Crescimento econômico automaticamente
significa crescimento para todos; os benefícios
“gotejam” ao pobre.
Não é bem assim! O impacto do crescimento econômico sobre o rendimento financeiro dos pobres é geralmente marginal. Aonde 100 dólares de crescimento
entram na economia global atual? Os 20% mais ricos
obtêm mais de 83 dólares, e os 20% mais pobres vêem
menos de 1.40 dólares dele. A fome e a subnutrição
podem em realidade aumentar devido ao crescimento
econômico se as pessoas pobres perderem o acesso
à sua terra e a outros recursos que elas precisam para
plantar os seus próprios alimentos. O crescimento mal
administrado pode também esgotar os recursos não
renováveis e danificar o equilíbrio frágil de um ecossistema. O crescimento econômico precisa ser parte de
uma política de desenvolvimento coerente que vise as
pessoas pobres.
Países em desenvolvimento necessitam acessar
os mercados do Norte para vender alimentos.
Em realidade, 90% dos produtos agrícolas são destinados para mercados locais e nacionais. O mercado
internacional de alimentos é altamente competitivo,
com altos padrões de embalagem e controle de qualidade, e já está saturado. Só alguns poucos agricultores
industrializados das “potências médias” emergentes,
como o Brasil, têm qualquer possibilidade de entrar
neste mercado. A vasta maioria de agricultores em
países em desenvolvimento não tem nada a ganhar
dos mercados abertos. Na verdade, eles têm muito a
perder quando o alimento subsidiado dos países ricos
invade os seus países, empurrando-lhes para fora dos
seus mercados locais. Os agricultores pobres precisam
ter acesso a mercados locais muito mais do que acesso
a mercados do Norte.
A liberalização do comércio é o caminho para o
desenvolvimento.
Não é verdade! De fato, nenhum país do mundo jamais
se desenvolveu economicamente sozinho através da
liberalização do comércio. Os países que hoje são ricos
ofereceram proteção e ajuda aos seus produtores e
comerciantes vulneráveis quando eles começavam a
cultivar, e continuam fazendo isso ainda hoje. De fato,
muitas economias prósperas de hoje usam uma abordagem de “mistura e combinação”, isto é, eles pressionam
para abrir aqueles setores onde são fortes, enquanto
continuam protegendo aqueles aonde não são.
Se todo mundo liberalizar e começar a jogar de
acordo com as regras da OMC, então os produtores em países ricos e pobres poderão “jogar
sob as mesmas regras e condições”.
Na verdade, quando os países começam com
diferenças gritantes enquanto a poder, níveis tecnológicos, trabalho especializado, economias de escala,
inteligência de mercado e infra-estrutura, então a liberalização forçada coloca os países pobres no campo de
jogo desigual e injusto atual. Uma abordagem multilateral ao comércio pode ter muito mais a oferecer, mas
as atuais regras da OMC apenas impõe o comércio livre
como uma camisa-de-força à política comercial dos
países. Em vez de ter o espaço para decidir sobre a sua
própria política de desenvolvimento e apoiá-los através
do comércio na forma de “mistura e combinação”, como
as economias prósperas fizeram, os países pobres só
podem fazer uma coisa – liberalizar e abrir os seus
mercados. As regras da OMC também evoluíram para
ser muito mais resistentes aos tipos de proteção que
os países pobre utilizam, como tarifas, do que aquelas
utilizadas pelos países ricos, como subsídios.
Preço baixo de alimentos é bom para todo
mundo.
Não necessariamente. Em torno de 70 por cento
dos 1.3 bilhões de pessoas que vivem com menos
de 1 dólar ao dia dependem da agricultura para seu
alimento e sustento. Quando as importações de
alimentos baratos inundam os mercados dos países
pobres e competem com mercadorias produzidas
localmente, os pobres perdem o rendimento que eles
precisam para comprar comida e muitas vezes também
os recursos para cultivar os seus alimentos. Além do
mais, as corporações nem sempre repassam os preços
baixos aos consumidores. No Canadá, o preço que os
agricultores receberam para o trigo entre 1975 e 1999
permaneceu constante e baixo, mas o preço do pão
aumentou constantemente.
A agricultura não tem futuro. Os governos
deveriam investir na transferencia de agricultores para o setor de manufaturas e serviços.
De fato, tais fontes alternativas do emprego são escassas na maior parte dos países em desenvolvimento
com baixos rendimentos, e não podem absorver a
maioria das suas populações. A produção de alimentos
continua sendo uma estratégia importante para países
com baixo rendimento que querem ajudar os seus
agricultores pobres a melhorar a sua qualidade de vida.
Em países em desenvolvimento, mais da metade da
população economicamente ativa está empregada na
agricultura. Nesta situação, o desenvolvimento do setor
agrícola é um modo eficaz de gerar empregos e reduzir
a pobreza, bem como aumentar os níveis de saúde,
nutrição e educação.
7
I
Historias
Histórias reais
Issahden Muhammed Alhassan (Gana):
“As crianças são as que mais sofrem”
Issahden Muhammed Alhassan, um produtor de arroz de uma aldeia do Norte de
Dalun, Gana, viu o preço que ele recebia por cada saca de arroz cair pela metade
desde 2000. Uma visita ao mercado local nos mostra por que isso acontece.
Empilhadas nas estantes do mercado estão sacas de arroz originárias dos EUA,
Tailândia e Vietnã –temos que procurar pelo arroz mais escuro que vem das
fazendas locais. As importações se triplicaram entre 2000 e 2003, devastando a
produção local. Quando o governo Ganes tentou em 2003 aumentar os impostos
para o arroz importado em somente 5% para proteger os seus agricultores, o Fundo
Monetário Internacional teve conversações sérias com o governo, fazendo com que
ele baixasse o seu imposto ao nível original somente um mês
depois que a lei foi aprovada.
Isto é só um exemplo da pressão imposta pelo FMI sobre o
governo. Desde 1983, o governo teve que privatizar serviços,
abrir os seus mercados e cada vez mais reduzir o seu apoio à
agricultura para poder receber empréstimos do FMI.
Armin Paasch/E
Armin Paasch/EAA
AA
Os agricultores e as suas famílias sofrem mais pela atual pressão
de preços. “Estamos muitas vezes no vermelho e mal podemos alimentar as nossas
famílias,” diz Alhassan. “Quando as colheitas são escassas na primavera e estamos esperando
pela seguinte colheita, temos de reduzir as nossas refeições. As crianças são as que mais
sofrem”.
Leissa Carey (Jamaica):
“Tínhamos que ir dormir comendo sal e água”
Leissa Carey tinha 14 anos, a mais jovem de 12 crianças que cresceram fora do Kingston, Jamaica, quando sua mãe
perdeu o emprego como cortadora de cana de açúcar. Com muito pouco dinheiro, houve minimamente suficiente
recursos para alimentar a família, sem falar do pagamento das mensalidades da escola de Leissa. Deste modo, sem
perspectivas de emprego na região de Kingston, Leissa se mudou para Baía Montego, na costa norte, e começou
trabalhar num bordel.
“Simplesmente não havia suficiente comida, e tínhamos que ir dormir comendo sal e água”, ela lembra. “Não era
um emprego agradável, mas você não quer apenas ficar sentado e morrer de fome.”
Desde a independência da Jamaica em 1962 o desenvolvimento econômico tem sido um problema, o qual se
agravou devido a liberalização do mercado que foi imposta, mas também perseguida pela Jamaica desde 1980.
As indústrias alimentares de expressão que empregam mulheres pobres, como produção de açúcar e de banana
estão em declínio, e a tentativa de diversificar passando dessa agricultura comercial para a manufatura de roupas
também falhou por causa da liberalização do comércio. O desemprego crescente de mulheres sem mão de obra
qualificada é devastador numa sociedade na qual dois de cada cinco lares são encabeçados por mulheres, muitas
das quais têm a única responsabilidade de apoiar e criar os filhos.
outras
e
s
ta
s
e
re
b
o
s
is
Para saber magidas pela injustiça no
pessoas atin e www.tradeweek.org
comércio, visit
8
I
Historias
Histórias reais
Eduardo Benitez (Honduras):
“Nós, pequenos produtores, perdemos”
No início dos anos 1990 o governo hondurenho decidiu importar arroz barato
dos EUA. Da noite para o dia, a produção de arroz em Honduras caiu 86 por
cento. O número de produtores de arroz caiu de 25,000 para menos de 2,000.
O emprego gerado pela produção de arroz caiu de 150,000 para menos de
11,200. E apesar das importações maciças, o preço do arroz nos mercados
hondurenhos subiu 12 por cento.
Segundo Eduardo Benitez, um agricultor de Guayamán, as mudanças foram
projetadas para beneficiar os poderosos através da expulsão dos agricultores
camponeses do negócio. “Os donos de moinhos e os políticos se beneficiaram
… eles tiveram um grande lucro e nós, pequenos produtores, perdemos.”
Nos últimos anos, Benitez e outros agricultores levaram a sua luta às ruas,
protestando em Honduras e no país vizinho de El Salvador contra o processo
de negociações que levou ao Acordo de Livre Comércio Centro Americano.
Nos próximos anos o ALCA eliminará as limitadas barreiras comerciais que
ainda existem, as quais são dirigidas à proteção de agricultores e moinhos
hondurenhos.
Paul Jeffrey
/EAA
O livre comércio aumentou a emigração para o Norte. “Trabalhar na zona rural é difícil,” diz Benitez. “Os jovens
se perguntam por que eles deveriam matar-se trabalhando para nada. Por isso eles fogem para o Norte. É difícil
convencê-los a ficar.”
Bujjamma Reddy (Índia):
A dívida levou o seu marido ao suicídio
O marido de Bujjamma Reddy, Lachi, 32 anos, suicidou-se no dia 2 de Fevereiro de 2005. Apesar da tentativa de
ganhar a vida na agricultura, ele se endividou profundamente. Depois de tomar uma garrafa da pesticida, Lachi
se dirigiu a sua esposa e lhe disse que ele não poderia tomar conta de sua família. Enquanto estava falando, caiu.
Somente em 2004, 2,115 agricultores como Lachi, da região de Andhra Pradesh na Índia,
terminaram com as suas próprias vidas.
A Índia foi motivada pelo FMI, Banco Mundial e o Departamento Britânico para
Desenvolvimento Internacional (DFID) a liberalizar e privatizar o seu setor agrícola.
Entretanto, a retirada de apoio e proteção do governo levou ao aumento dos níveis da
dívida dos agricultores pobres. Conformado por preços do mercado flutuantes de produtos
agrícolas e os preços crescentes das sementes, pesticidas, fertilizantes e água, a agricultura
na região está em crise.
As histórias dos produtores de arroz são parte de uma pesquisa realizada pela Aliança
Ecumênica de Ação Mundial sobre o direito à alimentação em Honduras, Gana e Indonésia.
Para três bilhões de pessoas no mundo inteiro o arroz é um alimento importante. Os rendimentos de dois bilhões de pessoas dependem da produção de arroz, 90 por cento dos quais são
pequenos agricultores. As histórias da Índia e da Jamaica foram coletadas por Christian Aid.
/John
an Aid
Christi
ie
McGh
9
Direito
O direito à alimentação
O direito à alimentação diz que todas as pessoas
têm direito a uma alimentação adequada, suficiente,
segura, nutritiva e culturalmente aceitável. O direito à
alimentação foi reconhecido na Declaração Universal
dos Direitos Humanos de 1948. Este direito também
está incluído no Convênio Internacional de 1976 sobre
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
O acesso à alimentos não é entendido simplesmente
como sendo alimento dado através de ajuda humanitária. Significa acesso a uma base de rendimento, já
seja pela organização de recursos produtivos (terra,
água, sementes, criação de animais, piscicultura, etc.),
trabalho, ou, se nenhum desses for possível, por uma
política de rede de segurança social adequada.
Pessoas e comunidades podem exigir que os governos
respeitem, protejam e satisfaçam as suas necessidades
de acesso à alimentação adequada, suficiente e de
qualidade aceitável. Se as pessoas querem de fato
conseguir esses direitos, as obrigações do governo
devem ser transformadas em leis.
A obrigação de respeitar o direito à alimentação requer
que os governos evitem medidas que dificultem
o acesso à alimentação adequada. A obrigação de
proteger requer medidas que assegurem que ninguém
prive outras pessoas do acesso a uma alimentação
adequada. E a obrigação de satisfazer formas em
que os estados possam tomar medidas ativas para
fortalecer o acesso e utilização de recursos visando
assegurar o sustento das famílias.
É reconhecido que nem todos os estados são completamente capazes ou estão imediatamente aptos a
cumprir com as suas obrigações de respeitar, proteger
e satisfazer. Mas eles devem trabalhar nessa direção;
eles não devem tomar nenhuma medida de retrocesso
para a realização desses direitos.
É também nossa responsabilidade de agir e de exigir
os nossos direitos! Sob pressão da sociedade civil a
Organização de Agricultura e Alimentação das Nações
Unidas (FAO) adotou em 2004 “Diretrizes Voluntárias
para a realização progressiva do direito à alimentação
adequada no contexto da segurança alimentar nacional”. Estas diretrizes receberam o apoio dos 187 estados
membros da FAO! O texto é um instrumento útil para
desafiar governos com falta de vontade.
A Bíblia diz...
A Bíblia nos conta diferente histórias sobre
o pão: sobre fome e abundância, sobre
exploração e repartição …
As crianças de Israel são levadas à
escravidão por causa da fome. Aplicando
as leis de mercadorias do Faraó, José toma
primeiro o dinheiro do povo, então o seu gado e arados,
então a sua terra, e finalmente o povo mesmo em troca do pão:
“…e a terra ficou sendo do Faraó. Quanto ao povo, José fê-lo
escravo desde uma até a outra extremidade dos confins do Egito”
(Gênesis 47:20b-21).
Depois, liberado da escravidão e no deserto, Deus dá aos israelitas
uma nova economia que começa com um novo pão, maná. É
exatamente o contrário do pão contido no depósito do Faraó. Este
pão não pode ser guardado, senão ele apodrecerá. Ele não pode ser
trocado porque ele não é uma mercadoria mas sim um presente
da graça de Deus: “eles colheram, alguns mais, outros menos …
o que colheu muito nada lhe sobrou, e o que colheu pouco nada
lhe faltou; colheu cada um tanto quanto podia comer” (Gênesis
16:18). A economia de Deus dá forma a esta nova lógica radical de
distribuição.
“Na lavoura
do pobre
pode haver
abundância
de alimento,
mas se perde
pela falta de
justiça.”
Provérbios 13:23
y/EAA
Paul Jeffre
10
quem
Quem precisa ser mudado?
O Banco Mundial e o FMI
… que continuam impondo condições sobre a ajuda e
o pagamento da dívida externa, forçando a liberalização do comércio em países pobres.
A OMC
…onde negociações estagnadas sobre regras comerciais na agricultura estão só provavelmente agora promovendo a abertura forçada de mercados dos países
pobres para a entrada de corporações transnacionais.
Os governos de países ricos
…que estão forçando governos de países pobres a
liberalizar o comércio não só na OMC mas também
em outras negociações comerciais como os Acordos
de Parceria Econômica da União Européia (APEs) e os
Tratados de Livre Comércio dos Estados Unidos (TLC)..
Os governos de países pobres
…que precisam estabelecer políticas de comércio como
um instrumento para o desenvolvimento, não como um
fim em si mesmo.
As grandes empresas
… que dominam o mercado da agricultura e precisam
assumir a responsabilidade sobre as vidas sobre as
quais eles mantêm poder. Os agro-negócios funcionam
em quatro áreas:
A Bíblia diz...
Entre as leis que Deus deu às crianças de
Israel no Sinai está a lei de deixar as sobras
da colheita no campo. Aos pobres é dado
o acesso à economia de vida de Deus
através do direito de repartir a colheita
(Deut. 24:19-22; Lev. 23:22; Rute 2). O
direito às sobras da colheita não é um ato voluntário de caridade, mas sim o direito do pobre ao sustento.
E há a história de Jesus e os pães e peixes. “E ele lhes disse, ‘Quantos
pães vocês têm? Vão e vejam’. Depois de terem verificado eles
disseram, ‘Cinco pães e dois peixes’. Então ele ordenou aos discípulos que eles organizassem toda a gente em grupos e ficassem
sentados sobre o gramado. Portanto, eles se sentaram em grupos
de cem e de cinqüenta. Tomando os cinco pães e os dois peixes,
Jesus olhou para o céu, e abençoou e partiu os pães, e os deu aos
seus discípulos para colocá-los em frente das pessoas; e ele dividiu
os dois peixes entre todos eles. E todos comeram e se fartaram; e
eles recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe.
”(Marcos 6:38-43)
A história do pão e Deus culmina
para a igreja quando levantamos o pão na Eucaristia
e lhe damos uma nova
compreensão comunitária
compartilhada: “Isto é o
meu corpo, que é dado
para você.” Este pão da vida se torna o símbolo de todas aquelas
coisas que devem ser distribuídas se as crianças de Deus devem ter
vida, e vida em abundância.
1. Produção de insumos
agrícolas, como sementes,
fertilizantes, pesticidas, óleo
As principais companhias
incluem:
Monsanto, DuPont, Syngenta,
Limagrain
4. Venda a consumidores
3. Alimentos manufaturados
para venda a consumidores
2. Atacado e processamento de grãos
As principais companhias
incluem:
Cargill, ADM (Archer Daniels
Midland), Tyson Foods,
Bunge
As principais companhias
incluem:
Nestlé, Kraft, Unilever, PepsiCo
As companhias principais
incluem:
Walmart, Carrefour, Metro,
Tesco
ar
do que lançr
is
a
m
é
a
ir
e
para ve
o verdad
“A compaixã a um mendigo; ela vem os precisa
uma moeda ício que produz mendig
vis
que um edif ão.”
de direitos ci
ç
King Jr., líder
a
r
er
u
th
t
Lu
u
r
tin
t
Rev. Dr. Mar
de rees
11
O que
O que precisa ser mudado?
as políticas internacionais e nacionais, regras, práticas e estruturas que governam o comércio global e violam o direito das pessoas à alimentação. Estas têm que ser determinadas e implementadas tendo em mente os interesses
da maioria das pessoas do mundo. Elas têm que colocar as pessoas em primeiro lugar. Elas devem ser avaliadas em
termos de seus impactos sobre as pessoas em todos os lugares. Elas devem incorporar abordagens e medidas que
trazem benefícios comprovados aos pobres. O comércio deve servir às pessoas!
Com a justiça no comércio em mente, aqui estão as nossas demandas.
Ao FMI, OMC, Banco Mundial e governos de países ricos:
PARAR com a liberalização comercial obrigatória por parte de qualquer instituição
internacional
PARAR com a condicionalidade (isto é, vincular condições de livre comércio à ajuda
externa, empréstimos e pagamento da dívida externa)
PERMITIR que os países pobres definam as suas próprias políticas economómicas e de
desenvolvimento
GARANTIR que uma avaliação independente sobre direitos humanos, inclusive o seu
impacto sobre o direito à alimentação, seja feita antes das negociações comerciais
IMPLEMENTAR uma regulação internacional comum viável para terminar o dumping
Paul Jeffrey/EA
A
ESTABELECER acordos de mercadorias internacionais que estipulem preços básicos estáveis para os produtos
REGULAR corporações transnacionais (CT), especialmente agro-negócios, sobre uma base internacional comum
A governos nacionais:
DETERMINAR uma política de comércio, incluindo estratégias de exportação, no marco de uma política de desenvolvimento coerente
PROTEGER a produção local sustentável que seja complementária, e não
substitutiva de exportações
OFERECER às mulheres acesso eqüitativo a recursos produtivos, incluindo
terra e crédito
PROTEGER os agricultores pobres e vulneráveis de importações baratas
que destruem as suas fontes de sustento
SUBSIDIAR os custos de insumos agrícolas e de assistência técnica aos pequenos produtores
Paul Je
ff
rey/EAA
ADMINISTRAR os preços dos produtos alimentares manufaturados para assegurar estabilidade para produtores e
consumidores
APOIAR a distribuição de insumos e a produção agrícola onde os mercados não existem ou não funcionam
apropriadamente
FORNECER crédito preferencial a pequenos produtores
12
Acao
Sugestões para ações
Influenciando pessoas,
fazendo as mudanças acontecerem
Se nenhum evento local ou nacional estiver planejado
onde você mora, por que não organizar um? Embora a
mesma coisa possa não funcionar em países diferentes,
uma ação de alto perfil com uma mensagem clara que
tenha como objetivo mudanças específicas, relacionada
com a Semana de Ação, e envolvendo uma variedade
de grupos e a participação de massa, dará um ímpeto
poderoso para que as mudanças ocorram.
Quando estiver organizando a sua ação, você pode
querer considerar:
a quem dirigir a ação (ver página 11)
que tipo de eventos organizar (ver sugestões abaixo)
como envolver outros grupos (ver página 15)
como convidar os meios de comunicação para cobrir o
seu evento (ver página 17)
como influenciar os responsáveis pelas decisões (ver
página 16)
mais dicas (visite www.tradeweek.org)
•
•
•
•
•
•
Jejum + ágape
Convide indivíduos, grupos e membros de sua igreja
para jejuar durante um dia inteiro no início da semana.
A gente pode cerimonialmente quebrar o jejum com
uma refeição fraternal compartilhada.
Como parte de muitas tradições religiosas, o jejum
é uma forma para confrontar a injustiça. Ele pode
aprofundar a compreensão do que significa ter fome,
não por escolha, mas por necessidade. O jejum feito por
muitas pessoas e quando bem publicitado
demonstrará aos políticos a profundidade de seus
compromissos ao direito à alimentação.
Uma refeição ágape é uma refeição de irmandade
cristã relembrando as refeições que Jesus compartilhou
com os seus discípulos durante o seu ministério, e a
koinonia desfrutada pela família de Cristo. Prepare a
refeição utilizando alimentos produzidos localmente
e do comércio justo, o qual relaciona produtores a
consumidores.
Organize “teatros de rua” durante a refeição e faça
circular um abaixo-assinado em favor do Direito à
Alimentação – você pode pedir para que as pessoas
assinem sobre pratos de papel! – para fortalecer o
impacto geral. (Ver “Abaixoassinado”, e “Teatro de Rua”,
nas páginas seguintes.)
Esportes injustos
Quando se trata de comércio
global, os países pobres
estão em desvantagem
antes mesmo que o jogo
comece! A liberalização
forçada coloca então os
países pobres num campo
de jogo desnivelado,
injusto.
Mostre para as pessoas
o que está acontecendo
organizando um jogo
público de um esporte
bem conhecido, mas
jogue-o com regras manipuladas e condições
desiguais. Envolva tantas
pessoas quanto possível, e dê publicidade ao
evento.
EAA
Você pode montar uma equipe de adultos contra uma
equipe de crianças, ou ter uma equipe jogando com
mochilas carregadas nas costas. Filme ou tome fotos do
jogo em andamento. Faça circular um abaixo-assinado
em favor do Direito à Alimentação entre os espectadores. Envie o abaixo-assinado e as fotos para as pessoas
que você quer influenciar (fazer lobby).
Frank Schultze
13
acao
Mais sugestões para ações
Refeição justa
Enquanto alguns de nós têm suficiente boa comida
em nosso pratos três vezes por dia, uma em cada dez
pessoas no mundo hoje estão com fome por causa
dos sistemas e estruturas que governam a produção
alimentar, a venda, a compra e a distribuição.
Para demonstrar essa injustiça e de como o comércio
global tem impacto sobre o acesso à alimentação,
convide algumas pessoas (incluindo autoridades locais,
políticos, celebridades e a imprensa) para uma refeição
justa. Algumas receberão pratos cheios de comida
enquanto outras somente um pequeno prato do arroz.
Quem recebe o quê pode ser determinado através de
um sorteio, tirando pedaços de papel de um chapéu.
Novamente, a organização de “teatros de rua” e de
abaixo-assinados em favor do Direito à Alimentação
durante a refeição ajudará a passar a mensagem
adiante.
tores pobres submersos por um monte de alimentos
baratos importados, perdendo suas terras e meios de
sustento, ou migrando a bairros pobres da cidade. Os
manifestantes portam estandartes e faixas, distribuem
panfletos, e solicitam assinaturas ao abaixo-assinado.
Tribunal da fome
Organize um painel de economistas, advogados
de direitos humanos, ativistas de comércio justo e
funcionários da ONU para investigar o impacto do livre
comércio e da liberalização forçada sobre o direito à
alimentação. O tribunal ouve as evidência de pequenos agricultores e mães pobres sobre os efeitos das
importações de alimentos baratos nos seus países, e o
quanto eles têm que trabalhar para sair da pobreza; e a
testemunha dos países pobres de como a OMC, o FMI
e o Banco Mundial ataram a sua ajuda, empréstimos e
redução da dívida para aceitar o comércio livre. Naturalmente, os acusados também terão a possibilidade
de defender-se. O tribunal então dará um veredicto
(e emitirá uma declaração). Convide a imprensa para
acompanhar a audiência.
Abaixo-assinado
Organize um uma abaixo-assinado nacional em
favor do direito à alimentação com as suas principais
exigências incluídas nele (pode usar as declarações na
página 12). Talvez você poderia ainda reunir assinaturas
sobre pratos de papel. Alternativamente, organize
uma campanha de envio de cartas ou de cartão postal.
Escreva, desenhe e distribua uma carta modelo ou um
cartão postal para ser enviado às mesmas pessoas/
instituições no mesmo dia.
Aleksander
Marcha
Wasyluk
Organize uma marcha de carnaval pela sua cidade.
Sobre os carros alegóricos mostre figuras e adereços
dos principais “ jogadores” (vencedores e perdedores)
no comércio agrícola global; um campo desnivelado;
um pequeno grupo exclusivo de nações poderosas
e companhias transnacionais que ditam as regras
enquanto os países pobres suplicam por ajuda; agricul-
Serviço religioso
Organize um serviço religioso no domingo ao início e
final da Semana da Ação. Concentre-se na justiça no
comércio e o direito à alimentação (veja um exemplo
de liturgia na página 20). Faça uma campanha de ação
durante o culto/missa, convidando a congregação para
participar de um jejum de 24 horas e de uma refeição
ágape, ou assinando um abaixo-assinado/carta/cartão
postal.
David
14
Bouc
herie
acao
Mais sugestões para ações
Teatro de rua + estante de informação
Festival
•
•
Faça campanha acompanhado/a!
Organize uma peça de teatro de rua para chamar a
atenção e passar a sua mensagem adiante. Algumas
dicas :
faça uma peça curta, e a repita quantas vezes necessário
use objetos para simbolizar conceitos: machados para
o que pode ser cortado, barras para coisas/pessoas
aprisionadas, um saco pesado para a sobrecarga
sobre os agricultores
vista os atores/as atrizes como personagens conhecidos: Robin Hood, o carrasco, o comerciante /país rico,
a corporação transnacional, a OMC
esteja onde as pessoas passam
e possam parar para assistir a
peça
faça as pessoas saberem com
antecedência o que você está
fazendo ao disponibilizar uma
variedade de panfletos
distribua a informação impressa, um abaixo-assinado
ou um cartão postal para
assinar
se você tiver uma estante,
assegure-se de que ela seja
sempre visitada e dê as
boas-vindas às pessoas
interessadas
•
•
•
•
•
Exposições e amostras
Um foto diz mais que mil palavras! Organize uma
exposição ou amostra com muitas fotos e caricaturas
grandes, um ou dois gráficos, slogans atrativos que
peguem facilmente, e a maior quantidade possível
de material escrito detalhado para atrair a atenção e
motivar as pessoas a tomarem a sua literatura e/ou
empreenderem uma ação sugerida. Peça permissão
para armar uma amostra num lugar público ou como
parte de uma exposição mais ampla. Use as fotos e
histórias disponíveis em www.tradeweek.org.
Organize um festival de eventos incluindo música,
drama, seminários etc.
Realize ações com outras pessoas – aos níveis locais,
nacionais e regionais – é mais eficaz do que fazer
tudo sozinho, especialmente se você envolver uma
grande variedade de diferentes grupos que podem
trazer experiências diferentes à sua campanha – em
mobilização, educação, pesquisa sobre políticas, ou
comunicação, por exemplo.
Outros benefícios de uma campanha
aliada incluem melhor acesso à informação atualizada, não duplicação
de trabalho, e maior credibilidade.
Também, obviamente, quanto mais
apoio ativo uma campanha angariar,
mais difícil será para as pessoas e
instituições que se quer influenciar
ignorarem o que você está fazendo.
Quando você estiver fazendo campanha com outros grupos, combine
uma estratégia e metodologia comum.
Como
as decisões serão tomadas?
Jean Blaylock/
EAA
Quem é a pessoa ou organização principal? Leva tempo para ganhar confiança
e decidir sobre os papéis e responsabilidades de cada
grupo; diferentes formas de lobby podem também
restringir a forma de expressar as mensagens. Portanto
se aproxime a outros grupos o mais cedo possível para
discutir o que eles querem fazer.
Durante a Semana de Ação, considere contatar: outros
grupos religiosos e igrejas, movimentos de agricultores,
grupos de mulheres, grupos de consumidores, grupos
sociais e comunitários de direitos humanos, sindicatos,
grupos ambientalistas, organizações estudantis,
movimentos sociais e comunidades de migrantes.
Independentem
ente da ação qu
e você organiza
r use panfletos,
postais, auto-ad
cartazes, cartõe
esivos, estandart
s
e
s,
fa
ix
as, bandeiras e c
E não esqueça d
amisetas …
e informar a imp
rensa para cobri
r o evento!
15
lobby
Dicas para fazer lobby
Quem pressionar?
A resposta é: pessoas que podem fazer ou reivindicar as mudanças que você quer – líderes e responsáveis por
decisões dentro dos governos, instituições regionais e internacionais. Essas são pessoas que podem ser capazes de
mudar coisas no seu país; elas também podem ser capazes de levar estes temas à nível internacional.
A situação política varia muito de um país a outro, e você saberá melhor que meios e abordagens funcionam
efetivamente no lugar onde vocês está. De qualquer modo, as seguintes dicas gerais aplicam-se na maioria dos
casos. Sendo assim, quando fazendo lobby lembre-se de:
Falar com a pessoa certa
Quem pode ocasionar as mudanças que você quer? O ministro do
comércio, o ministro de finanças, o presidente? Ou um parlamentar
local que pode passar adiante as suas preocupações?
Ser persistente
Os funcionários de governo podem não querer recebê-lo, mas se
você conseguir bastante apoio público, as portas se abrirão!
Ser específico
Trate de fazer exigências claras e relevantes, e peça por mudanças
específicas.
Apresentar dados certos
Faça a tarefa de casa e apresente dados chave e um argumento
lógico e justificado.
Jedrzej Chelm
O reverendo Ric
inski/EAA
Canadá, entregak Fee, secretário geral da Igreja
petiçào da “Cam a Pascal Lamy, director geral Presbiteriana do
da OM
panha por um Co
mércio ao Serviço C, uma
das Pessoas”.
Ir em delegação
Algumas pessoas que representam vários grupos são mais persuasivas do que uma só pessoa. Saiba com
antecedência o que cada uma delas irá dizer.
Organizar
Revise planos e assuntos práticos. Assegure-se de saber a hora e o local da reunião e como chegar lá a
tempo. Confirme o dia com antecedência.
Ser educado
Os funcionários governamentais podem discordar de você. Busque mútuo entendimento e não os hostilize.
Colocar por escrito
Deixe um resumo escrito das suas exigências. Ele deve explicar o que você quer que eles façam e por que.
Peça para os funcionários confirmarem as suas promessas por escrito posteriormente.
Sobretudo, não se deixe intimidar! Se você tem uma história para contar, conte-la. Se não,
relate uma de muitas histórias que você sabe de pessoas que estão sofrendo devido ao comércio injusto, e cujos direitos à alimentação estão sendo violados.
randes
g
s
o
d
e
d
a
abilid
ar o
“A responsservir, e não domin
no
estados é
te America
an, Presiden
m
”
.
u
Tr
o
S.
d
y
Harr
mun
16
I
Midia
Trabalhando com os Meios de Comunicação
Qualquer ação que você organizar, os jornais, a rádio, a televisão, os sites Web e blogs podem disseminar a sua
mensagem a milhões de pessoas, tanto no seu país como no exterior. Somente uma história promissora pode fazer
os políticos sentarem-se e fazer caso à sua petição!
Os meios de comunicação locais estão sempre na expetativa de histórias oportunas e relevantes, especialmente as
de interesse humanitário. Por outro lado, eles podem pensar que o livre comércio é o único modo de acabar com
a pobreza, ou não serem capazes ou não quererem criticar posições oficiais do governo em relação ao comércio.
Independentemente de qual for o caso, aqui vão algumas dicas de como chamar atenção dos meios de comunicação:
Apresente a suas atividades em forma de notícias
Uma boa história para a mídia deve:
dizer algo novo
•
•destacar a relevância para a comunidade local
•mencionar líderes locais ou personalidades importantes
•contar histórias sobre a vida real das pessoas
•fornecer dados ilustrativos (assegure-se de que estejam corretos)
s
nique des Église
Conseil Oecumé
•fornecer boas fotos
Contate jornalistas locais
A construção de uma relação construtiva com os meios de comunicação locais
não é muito difícil, e é uma grande vantagem em termos de alcance e impacto da
sua mensagem. Vise jornalistas que cubram as áreas que você está trabalhando
(política, religião, agricultura, negócios, etc.). Telefone para eles (talvez envie
um correio eletrônico primeiro). Uma chamada pessoal pode fazer uma grande
diferença. Então, dê seguimento com um comunicado de impressa.
Comunicado de imprensa
•faça-os curtos e funcionais, em uma página se possível
•passe a sua mensagem nos dois primeiros parágrafos, explicando quem,
quando, que, onde e por que
•use fatos e dados chave, especialmente os locais, se você os tiver
•inclua citações implacáveis de pessoas de sua comunidade
•acrescente os detalhes de contato de seu porta-voz, e forneça informa-
Conseil Oec
uménique
des Églises
ção adicional
“A opinião privada é insignificante, mas
opinião pública é quase onipotente.” a
Harriet Beecher Stowe, autor
Conseil Oec
uménique
des Églises
17
Culto
Preparando um serviço litúrgico
Uma liturgia foi preparada para a Semana de Ação ou
para outras ocasiões quando a sua igreja quiser concentrar-se na justiça no comércio. A liturgia que começa na
página 20 pode ser fotocopiada para ser distribuída aos
membros da congregação. As notas importantes para
conduzir este serviço religioso estão incluídas abaixo.
Porém, sinta-se à vontade para adaptá-la ao seu próprio
contexto.
ou pratos de comida. Faça isto ruidosamente para que
as pessoas levantem os olhos para observar. Então o
leitor continua. Depois que o leitor diz, “Tomando os
cinco pães e os dois peixes, ele olhou para o céu, e
abençoou e quebrou os pães,” o discípulo dá um pão
de cada vez à figura de Jesus, que os levanta e os parte.
Si se tratar comida que não pode ser partida, o ato de
elevação do alimento é suficiente.
Liderança
Chamado à Confissão
Diferentes pessoas precisarão assumir papéis de
liderança na liturgia:
uma “figura de Jesus” e uma “figura de Discípulo” para
participar da leitura do Evangelho e várias cenas de
drama
um condutor para o culto e um ou dois leitores
adicionais
alguém para dar o sermão
•
•
•
Saudação
A “figura de Jesus” deveria ler como se estivesse surpresa, e com energia e força. Quando ela diz pela primeira
vez “O que vocês têm?”, cinco cestas de pão, ou bolos
de arroz, ou cinco pratos de comida básica são trazidos.
Isto é feito ruidosamente para que as pessoas fiquem
olhando o que está acontecendo. Quando a figura de
Jesus pede pela segunda vez à congregação, “O que
vocês têm?”, o condutor principal do culto continua
depois de um breve silêncio.
Oração de Ação de Graças
A oração pode ser feita pelo condutor do culto ou por
vozes que se alternam nas fileiras, com o condutor
fazendo a parte responsiva no final. Depois do silêncio,
a figura de Jesus volta à frente do altar para conduzir a
troca. Esta vez, quando ele primeiro diz, “O que vocês
têm?”, a figura de Jesus pega um dos cestos ou pratos
de comida. Ele leva tempo fazendo isto e talvez faça-o
ruidosamente para que as pessoas o observem.
Leitura do Evangelho
No compartilhar entre Jesus e os discípulos há vários
momentos onde as linhas são repetidas (“despede-os”,
“compre-lhes algo para comer”, “dê-lhes algo para
comer”. Os leitores devem fazer uma pausa depois
dessas linhas, exceto na última vez que elas forem lidas.
Depois que Jesus diz, “Quantos pães vocês têm? Vão e
vejam.” O discípulo vai e pega os cinco cestos de pão,
18
A figura de Jesus regressa à frente do altar para a litania
inicial. A oração de confissão é feita pelo condutor do
culto.
Ofertório
O ofertório deve incluir um ato – por exemplo, assinatura de um abaixo-assinado (talvez em pratos de
papel), cartas dirigidas à pessoas envolvidas em negociações comerciais ou à corporações que controlam
cada vez mais os alimentos do mundo, ou declarações
de compromisso individuais sobre o que cada um fará
para trabalhar em favor do comércio justo.
Oração de Ação de Graças
A figura de Jesus levanta um dos
pães, ou pratos de comida, enquanto a oração é lida pelo condutor do
culto de adoração.
Benção e despedida
A figura de Jesus vem ao centro
pela última vez. Durante o hino a
figura de Jesus e alguns ajudantes
levam os cestos de pão, ou pratos
de comida para as saídas e os
repartem com as pessoas à medida que elas saem.
Mais recursos
Paulino Menezes
Esta liturgia está também
disponível na Web em www.tradeweek.org em vários
formatos para fotocopiar para os participantes, modificando o texto segundo a necessidade e ajudando os
líderes da liturgia ao incluir as instruções dentro do
texto a medida que elas ocorrerem.
Recursos adicionais e sugestões para serviço litúrgico
serão ingressados na página www.tradeweek.org
/WCC
Sermoes
Idéias para o sermão
Reflexões sobre o Alimentar das Multidões: Marcos 6:30-44
O Desafio de Deus
“Está ficando tarde e este é um lugar solitário, leve
estas pessoas para as aldeias vizinhas e compre comida
para elas.” Esta é a boa sabedoria convencional. Se esta
grande multidão de milhares de pessoas permanecer
aqui até escurecer, seremos esmagados – envie-lhes às
aldeias vizinhas para comprar comida para a multidão.
Esta sugestão mantém os discípulos numa situação
cômoda, pensamento sábio, e os protege de ficarem
implicados com as pessoas ou sobrecarregados pela
atenção dispensada.
Contrário a sugestão dos discípulos, Jesus respondeu,
“Eles não têm que ir; dê-lhes algo para comer.” Vocês!
Façam de tudo para que eles comam. Isto deve ter sido
chocante para os discípulos. A chamada de Jesus não
estava limitada a fazer as sugestões sábias em oração.
Foi um chamado à ação.
Hoje nos enfrentamos a desafios semelhantes. As
economias do mundo são arranjadas de tal maneira
que milhões de pessoas estão indo dormir com fome e
inúmeras outras têm limitado acesso a saúde, educação
e outros serviços básicos. Ao mesmo tempo, os sistemas
econômicos mundiais funcionam com base naquelas
pessoas que têm os cinco pães e dois peixes, mantendo-os para eles próprios e se beneficiando de forma
egoísta dos lucros. Os sistemas protegem aqueles que
têm, e criam barreiras para aqueles que não têm. Quem
protegerá então as multidões?
Jesus parecia estar consciente de que ter enviando os
discípulos às aldeias poderia ter sido mais fácil, mas que
esta não era uma solução satisfatória. Algumas pessoas
ainda poderiam ter que ir dormir com fome. Jesus toma
ações de melhoria de vida dos discípulos – dando os
recursos limitados à Deus para a bênção Daquele que
criou tudo, e então tendo um compromisso para seguir
a instrução do Senhor para a distribuição eqüitativa.
Este é o chamado que hoje temos.
Veremos Deus chamar-nos para um novo nível da ação
– aprendendo novas formas de trazer a comida e vida
plena para todos, mesmo que isso signifique confrontar
os poderosos que querem manter os pães e peixes do
mundo para eles? Mesmo que isso signifique mudar
os nosso próprio estilo de vida? Estamos dispostos a
responder ao desafio de Deus: dê-lhes algo para comer?
Sermão preparado pelo Rev. Dr. Setri Nyomi, secretário geral da
Aliança Mundial de Igrejas Reformadas, durante a Semana de Ação
sobre o Comércio em Abril de 2005. Texto completo em : www.e-alliance.ch/media/media-5621.doc
A Promessa de Bênção
Quanto vale cinco pães e dois peixes? Isto depende. Se
houver só cinco pães e dois peixes para uma multidão
de pessoas com fome, possivelmente eles sejam muito
valiosos. A “lógica” do mercado diz: Pouca oferta, mais
grande demanda, igual a preço alto. Mas por que existe
pouca oferta? Se o alimento for vendido ou comercializado, quem se beneficiaria do alto preço e quem
sofreria? Aqueles que controlam o mercado podem
estabelecer as regras para benefício próprio – e não
necessariamente em benefício daqueles que precisam
de alimentos ou os agricultores que o produzem.
Jesus olha além das convenções do mercado e antecipa
as desculpas das nossas impropriedades. Quando continuamos comendo, percebendo que não temos muito
para solucionar o problema. São Paulo, em uma de suas
cartas aos Coríntios nos pede para esperarmos pelos
outros. Quando estamos presos à carência percebida,
Jesus invoca a promessa da bênção. Podemos crer que
a bênção pode superar a ganância? Pode a repartição
dos recursos de alguém, independente se eles são
grandes ou pequenos, ser uma parte da história de
Deus em que todos são alimentados e de que haja
abundância para repartir? Podemos insistir em “regras
abençoadas” invés de “regras comerciais,” de modo que
aqueles com pouco ainda possam comer, e aqueles
com muito para comer descubram a promessa de
que na espera por outros eles estarão meritoriamente
desfrutando da ceia do Senhor?
Jesus ainda olha aos seus discípulos e pede que
repartamos com a multidão alguma comida, mesmo
que seja uma multidão sem nome, desconhecida e
complicada. Ele pode fazer isto porque sabe que Deus
tem bênçãos para repartir. A comida não é para armazenar, onde a traça, o fungo e a ferrugem a estragam,
mas sim para alimentar a multidão. O alimento é para
o benefício de corpos sãos e mentes sanas, não para
corporações terem lucros milionários. Se nós, Cristãos,
estivéssemos dispostos a seguir Jesus Cristo, encontraríamos formas de influir sobre as regras do comércio.
Podemos exigir que a exploração de agricultores
pobres em benefício de grandes corporações pare
imediatamente. Podemos apoiar o comércio justo e
comprar estes produtos. Podemos acreditar que em
Cristo, com cinco pães e dois peixes, podemos alimentar o mundo.
Por Rev. Terry MacArthur, Genebra
19
Liturgia da Semana de Ação Sobre o Comércio
Preparação Musical
Saudação
Jesus:
Todos: Jesus:
Todos:
Jesus:
Todos:
Jesus:
Vocês!
Nós?
Sim, vocês!
Verdade?
Dê-lhes algo para comer.
Despede-os.
O que vocês têm?
O que vocês têm?
Líder:
Todos:
Líder:
Todos:
Adoramos a um Deus abençoado,
um Deus abundante,
um Deus cuja mesa é bastante grande para todos.
Louvamos a um Deus salvador,
um Deus que nutre,
um Deus que ama.
Adoramos a Trindade Abençoada, um Deus, agora e para sempre.
Amém.
Hino
Oração de Ação de Graças
Líder:
Suas são as laranjas, as ervilhas, as batatas.
Seus são os feijões, o abacaxi, tomates.
Suas são as nozes da árvore de amêndoa, as flores das abóboras, os grãos de milho.
Seus são o peixe do mar, o frango no pátio.
Seus são os coelhos e os cervo que saltam.
Suas são a Jaca, as mangas, as ameixas.
Seus são o arroz e a pimenta que dança como fogo nas nossas línguas.
Sua é a comida que nos mantêm vivos.
Sua é a satisfação de comer juntos.
Sua é a mesa onde ninguém fica de fora.
Seu é o vinho que sobe à nossa cabeça.
Seu é o corpo que tem gosto de pão.
Você nos faz pessoas famintas, esperando para ser alimentadas.
Líder:
Todos:
Líder:
Todos:
Líder:
Todos:
Líder:
Silêncio
Sua é a glória.
Sua é a necessidade.
Sua é a generosidade da qual todos nos alimentamos.
Suas são as feridas que doem devido a ganância.
Sua, Deus, é a semente da qual a esperança se origina.
Suas são as lutas, as petições, Seus são os protestos, atos fortes.
Temos coragem para imaginarmos um mundo possuído por Deus,
onde as regras de Deus se aplicam,
onde o comércio apoia a criação de Deus
e não a degradação humana?
Jesus:
Todos:
Jesus:
Todos:
Jesus:
Todos:
Jesus:
Todos:
Vocês!
Nós?
Sim, vocês!
Verdade?
Dê-lhes algo para comer.
Despede-os.
O que vocês tem?
O que vocês tem?
O que é isto para tantos?
A multidão é tão grande.
Os problemas tão enormes.
As soluções tão difíceis.
Leitura de Epístola: 1 Coríntios 11:17-22; 27-33
Agora nas instruções seguintes não os louvo, porque quando vocês se juntam não é para melhor,
Leitor:
mas para pior. Pois, em primeiro lugar, quando vocês se juntam como igreja, ouço que há divisões
entre vocês; e até certo ponto acredito nisso. De fato, há que haver facções entre vocês, para
somente assim ficar claro quem entre vocês são genuínos. Quando vocês se reúnem, não é realmente para comer a ceia do Senhor. Já quando é hora de comer, cada um de vocês procede com a
sua própria ceia, e um está com fome e o outro fica bêbado. Que coisa! Vocês não têm casas para
comer e beber? Ou vocês demonstram desprezo para com a igreja de Deus e humilham aquelas
pessoas que não têm nada? O que devo dizer-lhes? Devo louvá-los? Nesta questão não os louvo!
Seja quem for que, portanto, comer o pão ou beber o cálice do Senhor de uma maneira indigna
será culpado pelo corpo e o sangue do Senhor. Examinem-se vocês mesmos, e só então comam
do pão e bebam do cálice. Todos os que comem e bebem sem discernir o corpo, comem e bebem
julgamento contra eles mesmos. Por essa razão muitos de vocês estão fracos e doentes, e alguns
morreram. Mas se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas quando somos
julgados pelo Senhor, somos disciplinados para que possamos não ser condenados com o mundo.
Então, meus irmãos, minhas irmãs, quando vocês se reunirem para comer, esperem um pelo outro.
(NRSV)
Resposta à Palavra
Silêncio
São Paulo estava disturbado pelas ações dos Cristãos de Coríntios. Eles comiam a ceia do Senhor
de uma maneira indigna. Muitas vezes este texto é usado para apoiar a necessidade de confissão
ou penitência antes de tomar a comunhão. Mas a reclamação de Paulo é específica. Alguns estão
“humilhando aquelas pessoas que não têm nada.” Alguns continuam. Eles não discerniram que
o corpo de Cristo é formado por toda a comunidade reunida. Eles não aprenderam a esperar
um pelo outro. Tomem um momento para simplesmente ver os alimentos sobre a mesa. Muitas
pessoas no nosso mundo de hoje raramente vão mais além do que somente ver o que os outros
desfrutam. Elas podem ver, mas não provar. Para os que fazem as regras, estas pessoas não contam. Ninguém espera por elas. Num mundo que anda cada vez mais rápido, como Paulo poderia
nos instruir para uma espera ativa? Quando esta rapidez é aproveitada para o bem próprio e
humilha e reduz à pobreza aqueles com pouco; quando os poderosos fazem as regras para que
apenas alguns possam acumular enorme prosperidade, e muitos, muitos outros não têm nenhuma
casca de pão, nenhum grão de arroz, quando o livre comércio não é livre para aqueles que não são
capazes de competir, o humilhado, o deixado atrás, o que Deus pede de nós? Como julgaremos a
nós mesmos?
Canção de oração
Leitura de Evangelho: Marcos 6:30-44
Leitor:
os apóstolos se reuniram em volta de Jesus, e lhe disseram tudo o que eles tinham feito e tinham ensinado. Ele lhes disse,
Jesus: ‘vão vocês, à parte, a um lugar abandonado e descansem um pouco.’
Leitor:
Porque eram muitos os que viam e iam, eles não tinham tempo nem para comer. E eles foram embora num barco a um lugar abandonado. Muitos, porém, os viram partir, e os reconheceram, e para lá correram a pé de todas as cidades, e lá chegaram primeiro do que eles. Quando Jesus desembarcou, ele viu uma grande multidão; e compadeceu-se deles,
Todos:
e ele teve compaixão deles
Leitor:
porque eles eram como ovelhas que não têm pastor;
Todos:
como ovelhas que não têm pastor
Leitor:
e Ele começou a ensinar-lhes muitas coisas. Estando a hora já muito adiantada, seus discípulos se aproximaram dele e disseram,
Discípulo:
‘Este lugar é deserto, e a hora já está muito adiantada; despede-os.
Despede-os.
Despede-os para que vão aos sítios e à aldeias, em redor, e comprem para si o que comer.’
Comprem para si o que comer.
Jesus: Todos:
Jesus:
Todos:
‘Vocês
Nós?
Sim, vocês!
Verdade?
Jesus:
Dê-lhes algo para comer.’
Dê-lhes algo para comer.’
Dê-lhes algo para comer.’
Todos:
‘Havemos de ir comprar duzentos denários de pão e dar-lhes de comer?’
Jesus:
‘Quantos pães vocês têm? Vão e vejam.’
Leitor:
Depois de terem verificado eles disseram,
Discípulo: ‘Cinco pães e dois peixes’.
Leitor:
Então ele ordenou aos discípulos que eles organizassem toda a gente em grupos e ficassem sentados sobre o gramado. Portanto, eles se sentaram em grupos de cem e de cinqüenta. Tomando os cinco pães e os dois peixes, Jesus olhou para o céu, e abençoou e partiu os pães. Ele os deu aos seus discípulos para colocá-los frente as pessoas; e ele dividiu os dois peixes entre todos eles. E todos comeram e se fartaram; e eles recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. Aqueles que tinham comido os pães somaram cinco mil homens. (NRSV)
Aleluia Cantada
Sermão
Hino
Confissão e Perdão
Chamado à Confissão
Jesus:
Vocês!
Todos:
Nós?
Jesus:
Sim, vocês!
Todos: Verdade?
Jesus:
Dê-lhes algo para comer.
Todos:
Despede-os.
Jesus:
O que vocês tem?
Silêncio
Oração de Confissão
Líder:
Deus paciencioso,
Todos:
esperando para que a mesa tenha um lugar para todos,
esperando pela repartição para que todos possam comer,
esperando que nós possamos aprender a esperar,
perdoa-nos quando vamos em frente e deixamos os outros para trás.
Converta-nos quando tomamos mais do que precisamos, deixando muitos outros com menos do que eles precisam.
Transforme as nossas mentes quando optamos pela ignorância teimosa sobre o impacto do que compramos, pechinchamos, ou comercializamos.
Dê-nos mãos e corações para desafiar as regras para que nenhuma das nossas crianças seja excluídas,
e nenhuma parte do seu corpo fique com fome, por Jesus Cristo. Amém.
Resposta Cantada
Palavras de Perdão
Líder:
O perdão de Jesus Cristo significa que sempre podemos recomeçar.
Ele nos renova e nos transforma.
Há bênçãos de Deus para ser repartidas.
Há abaixo-assinados e protestos,
movimentos e mobilizações,
cartas e votos
com as quais fazer os mandamentos de Deus de modo que ninguém fique com fome.
Novas comunidades podem ser formadas
para que não compitamos um contra o outro
mas que nos reunamos juntos em nome de Cristo,
cuja mesa tem espaço para todos
onde esperamos para perceber que cada parte do seu corpo é alimentada.
Irmãs e irmãos em Cristo, os seus pecados estão redimidos.
Todos:
Amém.
Ofertório
Música durante o ofertório
Oração de Ação de Graças sobre as ofertas
Líder:
Criador de mil estrelas e intermináveis números de células vivas.
Lhe agradecemos pelos alimentos,
suficiente alimentos para o rico
suficiente alimentos para o pobre
se os alimentos não forem para ser acumulados.
Criador de toda as proteínas, vitaminas, nutrientes e gorduras
juntando compostos e elementos
para que as pessoas possam comer
e crescer e pensar
e serem feitas maravilhosamente
se só nós soubéssemos como esperar por eles.
Criador de todo os passados e todos os futuros
equilibrando, desdobrando,
evolucionando, mantendo,
dissonando, moldando,
tudo o que você tem feito,
abençoe o que oferecemos
abençoe e multiplique
para que o nosso “pouco”
se torne em suas mãos algo
e a mesa fique tão grande como o nosso mundo
com colheres e garfos e pauzinhos e mãos
comendo juntos ao mesmo tempo
com canções de celebração carregando a atmosfera com amor
e doze cestos deixados de lado,
por Jesus Cristo.
Todos:
Amém.
Oração do Pai Nosso
Despedida
Jesus:
Vocês!
Todos:
Nós?
Jesus:
Sim, vocês!
Todos:
Verdade?
Jesus:
Dê-lhes algo para comer.
Benção
Hino
Mais
Mais informações
Semana de Ação sobre o Comércio – www.tradeweek.org
O sítio Web para a própria semana de ação tem mais recursos, histórias, idéias para ações, orações, canções,
cartazes, fotos, camisetas, capas de boletim, artes, e outros recursos de culto.
FIAN (Foodfirst Information and Action network) – www.fian.org
FIAN é uma rede de direitos humanos com membros em todo o mundo que trabalham para defender o direito das
pessoas comuns de alimentar-se com dignidade.
Organização de Agricultura e Alimentos das Nações Unidas (FAO) – www.fao.org
O papel desta agência de ONU é aumentar os níveis de nutrição, melhorar a produtividade agrícola, melhorar as
condições de vida de populações rurais e contribuir para o crescimento da economia mundial. Ela tem muitos
recursos úteis, incluindo:
Alimentando mentes, lutando contra a fome – www.feedingminds.org
Sítio Web Direito à Alimentação – www.fao.org/righttofood
O estado de : insegurança alimentar no mundo, alimento e agricultura, mercadorias
agrícolas – www.fao.org/sof/
Uma sala de aula internacional para explorar os problemas da fome, subnutrição e insegurança alimentar, este site Web equipa e estimula professores, estudantes e gente jovem de todo o mundo a participar ativamente na criação de um mundo sem fome.
Um portal de informação e de recursos de treinamento para apoiar a implementação contínua do Direito à Alimentação, orientado particularmente às Diretrizes Voluntárias que delineiam bons exemplos para os países na implementação do Direito à Alimentação.
Relatórios anuais e bianuais com análises e estatísticas sobre os temas.
Fundo Internacional para Desenvolvimento Agrícola (IFAD) - www.ifad.org
Esta agência da ONU foi estabelecida depois das crises alimentares dos anos 1970 e está dedicada à erradicação da
pobreza rural em países em desenvolvimento.
Instituto de Agricultura e Política de Comércio (IATP) – www.iatp.org
O IATP promove propriedades agrícolas familiares resilientes, comunidades rurais e ecossistemas ao redor do mundo,
através da pesquisa e incidência política.
Aliança Ecumênica de Ação Mundial (EAA) – www.e-alliance.ch/trade.jsp
A Campanha de Comércio para o Povo da EAA trabalha para construir um movimento de pessoas dentro das
igrejas e organizações relacionadas com as igrejas para promover a justiça no comércio.
Poder com fome: seis razões para regular as corporações alimentares globais–
www.actionaid.org/docs/power_hungry.pdf
Um relatório da ActionAid pedindo por ações urgentes para reorganizar os mercados agrícolas para eles
beneficiem as pessoas pobres e para fazer as companhias legalmente responsáveis pelos seus impactos sobre
direitos humanos e o meio ambiente.
Semeando justiça para famílias de agricultores em todo lugar–
www.churchworldservice.org/pdf_files/EA/SowingJustice.pdf
Um recurso produzido pelo Serviço Mundial da Igreja que examina questões-chave que precisam ser trabalhadas
na atual política agrícola dos Estados Unidos e para apoiar agricultores familiares de pequena escala nos Estados
Unidos e no exterior. Há também um cartão postal para que você possa tomar medidas, em www.churchworldservice.org/pdf_files/EA/SowingJusticecard.pdf
“Nunca du e
que um
pensantes veid
engajados ppoesqueno grupo de cidadão
s
sa
fato, é a única
coisa que sem modificar o mundo. De
pre existe.”
24
Margaret Mea
d
mais
Mais informações
Campanhas de jubileu
As campanhas internacionais para cancelamento da dívida externa ganharam compromissos importantes de
líderes mundiais em 1999 e 2005, e permanecem centros importantes para trabalhar em rede com movimentos
sociais, organizações religiosas e de direitos humanos, ambientalistas, grupos comunitários e trabalhistas contra
a dívida. Veja por exemplo o Jubileu Sul - www.jubileesouth.org - e Jubileu dos EUA - www.jubileeusa.org - para
recursos sobre o impacto da dívida e os planos para a Semana Global de Ação contra a dívida.
Rede Internacional de Gênero e Comércio (IGTN) - www.igtn.org
A IGTN é uma rede liderada por organizações do Sul e de especialistas que oferecem informações e recursos sobre
gênero e questões comerciais, com o objetivo de desenvolver políticas comerciais mais justas e democráticas
desde uma perspectiva feminista crítica. Os recursos recentes incluem estudos de caso e instrumentos para
construção de capacidades na área de comércio, agricultura e alimentos.
Via Campesina – www.viacampesina.org
Via Campesina é um movimento internacional de organizações camponesas que promove a solidariedade e a
unidade na diversidade entre pequenas organizações de agricultores. Ela clama por soberania alimentar, agricultura sustentável, direito à terra e justiça econômica.
Programa Presbiteriano contra a Fome– www.pcusa.org/hunger
O Programa Presbiteriano contra a Fome trata da fome e as suas causas, inclusive a incidência política para práticas
agrícolas sustentáveis e a sobrevivência de famílias agrícolas, e para políticas comerciais que protejam os mais
vulneráveis. Os recursos são fornecidos para o estudo bíblico e para examinar os nossos próprios estilos de vida.
Iniciativa de Responsabilidade dos Agro-Negócios – www.agribusinessaccountability.org
Esta iniciativa é uma câmara de compensação central de recursos e uma rede de ativistas e acadêmicos de organizações agrícolas, trabalhistas, ambientais, de consumidores, igrejas e de desenvolvimento, que reconhecem
que a concentração corporativa entre os agro-negócios está ameaçando a sustentabilidade do sistema alimentar
global. Ela é patrocinada pelo Centro de Interesses e a Conferência de Vida Rural Católica Nacional.
Ouro preto: desperte-se e cheire o café – www.blackgoldmovie.com
Um filme criticamente aclamado que acompanha agricultores etíopes de café à medida que eles lutam por um
preço justo no sistema comercial internacional. O sítio Web dá detalhes das apresentações ao redor do mundo, e
da os detalhes para contato se você quiser tentar fazer uma apresentação. O filme foi apoiado por Christian Aid.
bilaterals.org – www.bilaterals.org
Notícias atualizadas e recursos sobre diversos acordos comerciais bilaterais.
IFIwatchnet – www.ifiwatchnet.org
Esta iniciativa une organizações que trabalham no mundo inteiro para monitorar instituições financeiras internacionais como o Banco Mundial, FMI e bancos de desenvolvimento regionais. O sítio Web tem víinculos a diferentes
organizações de monitorização e aos seus recursos.
Texto: Miriam Reidy-Prost, Jean Blaylock, Sara Speicher
Liturgia: Terry MacArthur
Desenho e ilustração: Natalie Ott
Edição revisada 2008 Aliança Ecumênica de Ação Mundial - publicado originalmente em 2007.
O material pode ser fotocopiado ou citado desde que a fonte seja informada.
As citações da Escritura Sagrada são da Bíblia de versão padrão revisada, © 1989 pela
Divisão de Educação Cristã do Conselho Nacional de Igrejas de Cristo dos EUA e são usadas com a devida permissão.
Todos os direitos são reservados.
25

Documentos relacionados