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A íntegra da revista Financeiro está disponível em arquivo pdf, cuja
financeiro
financeiro
arevistadocrédito
edição
65
set
out
Redescobrimento
do Brasil
setembro/outubro 2010 edição 65
ARTUR SILVA FERNANDES, PRESIDENTE
DO PORTUGUÊS BANIF INVESTMENT
BANK, FALA SOBRE OPORTUNIDADES
EM SOLO BRASILEIRO
MAIS OS BANCOS
INTERNACIONAIS
DESEMBARCAM
SUAS ESTRATÉGIAS
ALEXANDRE TOMBINI E O ALICERCE DO BANCO CENTRAL
conteúdofinanceiro
8
18
42
36
08
18
Capa – Entrevista do Mês
52
Mercado em Ascensão
Presidente do Banif Investment Bank fala
Saiba mais sobre o 5º Seminário
sobre o Brasil como mercado estratégico
Internacional Acrefi
Especial Bancos
Estrangeiros
Bancos internacionais encontram
oportunidades para crescer no País
30
Meios de Pagamento
Plataformas on-line afastam
o medo na hora de consumir
36
42
Vida Pessoal
seções
14 Rápidas Tudo o que acontece no mercado
16 Livros Obras que você não pode deixar de ler
Presidente do banco Indusval
artigos
mostra sua coleção de carros
40 Carlos Thadeu de Freitas Gomes Política Monetária
Raio X
50 Alberto Fishlow Universo Financeiro
58 Alexandre A. Tombini Convidado Especial
Walmart cresce mais em
64 Alberto Borges Matias Análise e Perspectivas
mercados fora dos EUA
74 Conrado Engel Última Palavra
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 3
editorial
A
A Europa sob ameaça de recessão (até um Nobel já alertou) e o Brasil apontando crescimento
de 7% este ano. O ministro Guido Mantega já prevê média de 6% até 2014. A combinação desses
e outros fatores nos oferece um cenário único na história brasileira. A atração desse cenário para
os bancos internacionais e as oportunidades e inovações que podemos buscar neste momento é
o tema deste 5º Seminário Internacional Acrefi, que acontece em 30 de setembro.
As boas notícias não param de vir. No final de agosto, o Brasil consolidou a posição de oitava
economia global, passando de vez a Espanha. Para o futuro, as perspectivas são ainda melhores.
Pré-sal, megaeventos esportivos, crescimento do crédito imobiliário, tudo permite supor mais
e mais fluxo de capital vindo para o Brasil. Tudo somado significa centenas de bilhões de reais.
Como resultado, os bancos internacionais correm para cá e nos fortalecemos na disputa
global por recursos para investimentos. O Brasil deixa de ser secundário ou apenas uma das diversas prioridades. Agora é prioridade entre duas, no máximo três opções. O objetivo é conseguir
no Brasil um retorno que se mostra distante em outros lugares. É a conhecida máxima de que o
“O dinheiro vai para onde há crescimento econômico”.
Agora é preciso evitar o comodismo. O Brasil precisa corrigir problemas e buscar oportunidades. Nesse aspecto, o 5º Seminário Internacional Acrefi incluiu um painel para abordar a inovação
tecnológica nos meios de pagamento, na conectividade, enfim, para um mundo novo e no qual
as instituições e os executivos precisam estar preparados. É a chance de conhecer ameaças e
oportunidades na internet.
Sob o olhar do mundo
No que se refere ao desafio fiscal, o País precisa estar preparado para lidar com o crescente
déficit em conta corrente. Em parte, o problema é minimizado pelo investimento externo. Mas
também nesse caso não é possível ficar parado.
Em breve, iremos conhecer o novo governante brasileiro (acompanhado de governadores e do
legislativo renovado), que irá usufruir deste momento positivo singular da nação e enfrentar seus
desafios. Sem dúvida, a principal agenda política será a do investimento. Entre as áreas principais, três se destacam: infraestrutura, mercado de consumo e commodities. Que nossos futuros
governantes tomem as decisões certas. Estamos sob o olhar do mundo.
Adalberto Savioli
Presidente da Acrefi
4 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
expediente
financeiro
ISSN 1809-8843
Rua Líbero Badaró, 425 – 28o andar – São Paulo – SP
Tel: (11) 3107–7177 Fax: (11) 3106–6082 – www.acrefi.org.br
Presidente
Adalberto Savioli
Vice-Presidentes
Arnaldo Alves Vieira, Érico Sodré Quirino Ferreira, José Renato Simão Borges, Marcio Ronconi de Oliveira, Marco Ambrógio C. Bonomi, Sérgio Antonio Cipovicci,
Aquiles Leonardo Diniz, Odílio Figueiredo Neto, Bartholomeu Ribeiro e Ricardo Annes Guimarães
Secretários
Paulo Tabaquim e Sérgio Marra Pereira Capella
Tesoureiros
Cláudio Messias Ferro e Marcus André de Oliveira
Diretores Regionais
Athaide Vieira dos Santos, Carlos Alberto Samogim, Elcio Antonio de Azevedo, Felicitas Renner, José Antonio Rodrigues, José Newton Lopes de Freitas, Laécio Barros Junior,
Leonardo Marcondes Dadalto, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Pedro Costa Carvalho e Teófilo Newton Mattos
Diretores-Executivos
Gunnar Murillo, Morris Dayan, Sandro Alexandre de Almeida, Edson Froes Castilho, Luis Felix Cardamone Neto , Marc Camp, Mateus Affonso Bandeira,
Rubens Bution e Leonel Dias de Andrade Neto
Diretores Conselheiros
Eduardo Tavares Nobre Varella, Élcio Jorge dos Santos, Giovani Cataldi Neto, Roberto Bronzere, Paulo Sérgio Borsatto, Nelson Aguiar Junior, Marcelo Barp,
Odilon Pereira Guerra e Joelcyr Carmello Filho
Conselho Consultivo
Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon
Membros: Alencar Burti, Ricardo Loureiro, Jorge Hilário Gouveia Vieira, Luiz Horácio da Silva Montenegro, Miguel José Ribeiro de Oliveira,
Sergio Antonio Reze e Ilídio Gonçalves dos Santos
Conselho Fiscal
Efetivos: Domingos Spina, Edson Ueda, David Figueiredo
Suplentes: Elpídio Hoffmann, Maria Madalena Américo Marinho, Gilson de Oliveira Carvalho
Diretor Superintendente
Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Controller
Carlos Alberto Marcondes Machado
Consultor Jurídico
Cassio M.C. Penteado Jr.
Planejamento de marketing
Connexa Consultoria de Gestão e Marketing Estratégico
Assessoria de imprensa
Tamer Comunicação Empresarial
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Publisher
Roberto Meir
REDAÇAO
Editor-executivo
Rogério Godinho
Editora-assistente
Juliana Jadon
Repórteres
Felipe Floresti e Juliana Gonçalvez
Fotografia
Douglas Luccena
Arte
Editora de Arte Marina Martins
Diagramadores Alexandre Braga e Érika Bernal
Pré-Impressão Alexandre Lima
Revisora Dora Wild
6 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
Publicidade
Gerente Comercial – Marco Góes – [email protected]
Gerentes de Negócios Adriana Próspero e Fabiana Zuanon
Facilitadoras Ana Chiesi, Fabiana Martins e Patrícia Pinheiro
Impressão
IBEP Gráfica Ltda.
capaentrevistadomês
Artur Silva Fernandes, presidente do
português Banif Investiment Bank,
fala sobre como o País se tornou um
mercado de oportunidades para a
instituição e conta como pretende
expandir os negócios em solo brasileiro
Descobrimento do
mercado bra
Por Juliana Jadon
É com conversa e proximidade dos clientes que Artur Silva Fernandes, presidente do português Banif Investment Bank, fecha grandes negócios. Mensalmente
vem ao Brasil acompanhá-los de perto neste mercado o
qual chama de “prioritário”. No País são 600 funcionários
e o mercado representa cerca de 15% dos resultados totais
do grupo. Ele segue os passos do fundador do Banco Internacional do Funchal (Banif) que deixou como herança ao grupo financeiro seus melhores funcionários e suas
andanças pelo globo, além de quase R$ 1,5 bilhão de ativos somente no Brasil. Fernandes acredita também que é
preciso contratar as pessoas mais capacitadas para atuarem
no grupo. É um dos sete componentes do board do grupo.
Fernandes é chamado de exigente pelos funcionários do Banif Investment Bank, mas também recebe elogios por premiá-los quando as coisas ocorrem bem. “Sou
determinado e acho que consegui inspirar os outros a serem também, seduzindo mais do que obrigando”, conta.
Exemplo recente foi quando indicou seu vice-presidente
ao cargo de Chief Financial Officer (CFO) do grupo. O
executivo, que atuava junto a ele há dez anos, o apoiando
ajudando em decisões importantes. Foi uma perda para
8 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
Fernandes, mas ele segue a filosofia de que precisa se cercar de gente competente. E depois deixá-los seguir seu
caminho. Antes do ingresso no Banif, Fernandes atuou
em bancos como JPMorgan e Grupo Espírito Santo. Com
apenas 27 anos, foi diretor do Deutsche Bank. Acompanhe entrevista exclusiva com o executivo:
Revista Financeiro O que o Brasil representa para
o Banif ?
Artur Silva Fernandes O mercado brasileiro é um
mercado prioritário para nós. Representa um potencial de
crescimento futuro muito grande para o grupo, pelas condições econômicas do País e pelo fato de termos apostado
há 11 anos na aquisição do antigo banco Primus aqui no
Brasil. Era uma época de crise por aqui e ninguém acreditava ainda na economia brasileira. Nós sempre confiamos no
potencial que existe de fazer negócios entre Brasil e Europa
ou Brasil e Estados Unidos, porque essa economia possui
muitas grandes e médias empresas. Também podemos dar
suporte e orientação aos nossos clientes que estão nos outros 26 países nos quais estamos presentes e que querem
fazer negócios e investir no Brasil. Hoje já não somos
apenas um banco. Somos um conglomerado com 600
sileiro
colaboradores em solo brasileiro. O grupo possui
aqui no País cerca de R$ 400 milhões em patrimônio líquido. No total são cerca de € 15 bilhões de
ativos e gerencia € 4 bilhões. Desse valor, a gestão de
€ 3 bilhões provém de Portugal. Somente no Brasil
são cerca de R$ 800 milhões sob nossa gestão e mais €
500 milhões na Espanha. Hoje existe um banco comercial com uma financeira e um banco de investimento que
possui uma asset (empresa de gestão de ativos) e uma
corretora. Temos 30% da corretora Banif, pois vendemos
cerca de 70% ao Grupo Caixa Geral de Depósitos, no
sentido de ter uma parceria forte para essa área.
Financeiro Quais as áreas mais importantes para vocês
no Brasil?
Fernandes Temos como foco uma área em que chamamos de cross-boarding. Para nós, isso significa desenvolver
negócios no eixo Brasil–Europa com enfoque especial em
Portugal e Espanha. Nesse processo, apoiamos as
empresas em procedimentos como fusões
e aquisições, expansão para a Europa e viceversa. Orientamos empresas de pequeno
capaentrevistadomês
e médio porte, pois somos um banco de médio porte,
embora tenhamos feito recentemente uma operação para
a BR Distribuidora, que é grande. Muitas empresas aqui no
Brasil são muito grandes, mas não são internacionalizadas,
e internacionalizar uma companhia é um processo complicado. Também as ajudamos nisso, pois implica enviar
os melhores profissionais para o estrangeiro e significa se
preparar com os documentos necessários exigidos pelo
país em que for aberta a empresa. É preciso ter pessoas aqui
capazes de fazer negócios em qualquer ambiente.
Financeiro Recentemente vocês efetuaram alguma operação em que considera exemplar nesse serviço?
Financeiro Quais os setores do mercado nos quais estão
as oportunidades?
Fernandes Existem quatro setores que são muito importantes para nós e, dada a fase em que se passa o País,
são igualmente relevantes ao Brasil. São eles: o imobiliário,
infraestrutura, energia e meio ambiente. No Brasil, óleo e
gás, e energias renováveis vão muito bem. Só a área de infraestrutura, li num jornal que precisa de R$ 120 milhões da
iniciativa privada. Bom, nós temos o exemplo de atuação
nisso. Em Portugal, somos o maior do país em Parcerias
Público-Privadas (PPPs) de project finance. Eu participei, e os bancos portugueses estão entre os primeiros que
criaram expertise em project finance. Praticamente todas
Fernandes Num leilão de eólicas nós apoiamos um
consórcio de vencedores, que é uma empresa chamada Martifer Renováveis Geração e Comercialização de
Energia. Esse é um exemplo de cliente português que
está investindo por aqui. Tem o caso da BR Distribuidora, quando fizemos uma operação de Certificados de
Recebíveis Imobiliários (CRIs) para essa empresa local.
Portando é por isso que passamos a mensagem de “global reach local approach”. Fazemos negócios globais, mas
locais também. E isso é tanto no banco de investimento
quanto no banco comercial, que apoia muito as exportações e as importações.
as infraestruturas são desenvolvidas nesse exemplo, em
que há um recurso gradativamente pequeno aos condutores. O próprio projeto deve se pagar e mostrar de várias
formas que mitigou o risco. E há uma expertise no desenvolvimento desses estudos diferenciada, pois eles tratam
de diferentes setores. Há, por exemplo, um project finance
em que o condutor é pago por disponibilidade de serviço,
a disponibilidade de uma autoestrada ou um hospital, por
exemplo. Outros precisam passar pelo risco de ter usuários
ou trafego de carros. No caso de uma autoestrada com um
pedágio é preciso ter disponibilidade da rodovia e o governo paga para manter essa disponibilidade. Então é preciso
10 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
estudar cada situação como única. E isso é uma realidade
tanto numa rodovia quanto numa usina eólica, por exemplo. Essa última depende de ver não sei quantas medições
para saber se o Sol vai ou não brilhar em x dias do ano para
aquecer o tanque das termoelétricas, por exemplo. Esses
processos exigem expertise e nós temos. Acreditamos que
o fato de sermos um banco de pequeno e médio porte na
Europa e aqui pequeno faz com que esse tipo de expertise
as empresas reconheçam. E há uma demanda boa.
Financeiro Que tipo de negócios vocês possuem relacionados ao meio ambiente?
Fernandes Em meio ambiente nós temos empresas
que apoiamos em Portugal e um fundo de créditos de
carbono. Temos também a única corretora de carbono
que existe na Europa Continental chamada Ecotrade, na
qual também sou o presidente e, assim, já temos expertise
na área de sustentabilidade e meio ambiente.
Financeiro E infraestrutura?
Fernandes Na área de infraestrutura, somos os maiores
acionistas, com 30% do maior fundo de private equity chamado Finpro, que significa financiar projetos ou ou project
finance. O Finpro tem vários negócios no mundo. O segundo maior acionista é o Caixa Geral de Depósitos, com
20%. Em Portugal administramos cerca de € 1 bilhão no
setor imobiliário. Esse montante contempla todo o tipo de
negócios e todo o tipo de fundos: equity, gerencial, comercial, shopping. Também temos investimentos imobiliários
no Estados Unidos. E aqui estamos lançando um imobiliário com R$ 200 milhões. Esses ativos são constituídos
por meio de alguns que gerenciamos aqui por meio de um
fundo imobiliário, que conta com cerca de dez projetos.
Temos também uma área de logística e finalmente uma
participação importante de 10% na AL, antiga construtora
Lindemberg. O capital citado é inicial, pois pretendemos
crescer mais R$ 100, depois passar para R$ 500 milhões e
aumentar para R$ 1 bilhão muito rápido.
Financeiro Das áreas citadas, quais vocês consideram ter
maior potencial de crescimento?
Fernandes Acredito que infraestrutura e energia. Energia,
pois acompanha a área de infra. Hoje já somos parceiros de
Furnas, na Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, por meio
de um fundo que criamos com o Santander. Somos parceiros da CCR aqui no metrô de São Paulo por meio da
Montgomery Participações, que é controlada pelo Fundo
Banif Primus Infraestrutura. E por isso eu digo que infraestrutura e energia são o nosso foco aqui, sem esquecer que
o setor de energia está ligado à questão ambiental. Aqui as
empresas fazem projetos que muitas vezes geram créditos
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 11
capaentrevistadomês
de carbono, porque geram energia limpa e elas não sabem.
O Brasil, então, é um mercado com esse tipo de demanda
que podemos atender. Podem ser novos projetos limpos
ou projetos que substituam os que não eram e que contribuem para melhorar o índice de poluição. A logística também, pois tudo isso precisa de transporte e o imobiliário,
seja por meio da AL ou da Centauros.
Financeiro Os grandes eventos esportivos interessam ao Banif ?
Fernandes Temos interesse e temos experiência nesse setor. Na Copa em Portugal participamos da construção de
vários estádios. O que acontece é que os estádios são feitos
mais uma vez por meio de project finance. São infraestruturas de fato e existem entidades como a nossa que em principio são convidadas para fazer uma avaliação da viabilidade.
A nossa experiência mostra que os estádios devem ser mais
do que somente estádios, com mais espaços, escadas, devem ser uma casa de espetáculos e estar bem localizados.
Hoje, quanto maior a flexibilidade que o projeto do estádio
tiver, melhor. Temos uma experiência rica em Portugal.
Junto à outra entidade fizemos uma pesquisa para analisar
a viabilidade da construção do estádio e quais os clientes
que esse local teria futuramente para rentabilizar essa construção. Pode ser que tenha lojas, um centro comercial, estacionamento pago para gerar uma receita adicional, venda
de bilhetes, camarotes e outras coisas. Quanto mais flexibilidade, mais parceiros e, portanto, mais receita e agilidade
para construir, melhor será um empreendimento como
um estádio. Não basta construir o estádio, é preciso pensar
em algo que seja rentável dentro de 30 ou 50 anos depois
da conclusão da obra. Hoje para que se possa fazer é preciso
olhar todos esses ângulos.
Financeiro Já houve casos em que o Banif prestou esse
serviço de project finance e manteve um equity?
Fernandes Sim. Isso é um caminho que leva ao outro.
Normalmente gostamos de ter uma participação. É normal
que os bancos participem um pouco mais. Isso é muito bom
porque mostra que fazemos aquilo que acreditamos. Participamos, às vezes, com 10% ou 15% de nosso próprio equity.
12 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
Financeiro Por que venderam a corretora?
Fernandes A venda da corretora ocorreu para encontrar
um parceiro. Havia oito concorrentes e sobraram dois. Para
nós é muito importante ter a Caixa Geral de Depósitos nessa parceria. Não nos importa ter menos capital se formos
muito maiores. A corretora faz parte de um mercado muito
competitivo e maduro. É preciso diferenciar o produto e,
com o mercado aquecido, os profissionais estão mais caros,
com toda a demanda surgem os grandes competidores
e, por isso, para nós, apesar de termos ficado com 30% de
nossa corretora e o CGD com 70%, acreditamos que era
preciso. Agora, vamos continuar a ganhar mercado. Antes, a
corretora tinha uma dimensão pequena e agora, certamente, será maior. O próprio asset também é pequeno. Temos
R$ 800 milhões geridos o que para nós não é nada num
País que é um mercado estratégico e que vamos crescer no
banco de investimentos e no asset.
‘‘
‘‘
Nossa meta é
crescer rapidamente
e alcançar R$ 500
milhões em curtíssimo
prazo – até o final
do ano
Financeiro Como você acompanha o andamento do
Banif Investment Bank pelo mundo?
Fernandes Na Eslováquia, Polônia e Hungria estamos
presentes por meio de um banco que adquirimos, que é
o banco Plus. Como membro do board devo sempre visitar esses lugares e temos um local onde podemos fazer
uma reunião. Em Buenos Aires, por exemplo, temos três
representantes do Banif Investimentos pelo parceiro Prisma Investments. No México, também temos apoio que faz
conosco juntamente pesquisas. Na Índia também temos.
Na Europa pertencemos a uma associação de bancos, chamada European Banking Group. Nos Estados Unidos, em
Miami e em Nova York, também estamos presentes.
Financeiro O grupo começou numa pequena ilha em
Portugal, há cerca de 20 anos. Na sua opinião, qual a razão
desse crescimento relativamente rápido do Banif?
Fernandes O mentor do grupo, Horácio Roque, faleceu
há pouco tempo, em maio deste ano. Era meu amigo pessoal e quem me convidou a ser membro da equipe há dez
anos. Tínhamos na empresa orgulho, admiração e respeito
por ele, que era um grande empresário e banqueiro. Ele foi
muito jovem para Angola onde fez uma fortuna no setor
imobiliário. Era um homem do mundo e foi uma grande
perda para nós. Ele deixou o grupo com uma equipe tão
boa que o grupo conseguiu, apesar de uma perda dessa
grandeza, continuar as operações e o desenvolvimento. Compramos uma companhia de seguros e o banco
Mais, gerando a BanifMais. Passamos de € 600 milhões
para € 1 bilhão. Isso significa que as pessoas estavam no lugar certo em suas posições de comando. Estou convicto de
que poderemos continuar a obra dele. Ele deu uma coesão
grande ao grupo. No Brasil, iremos continuar nossa atividade. Pretendemos crescer por meio de alguma aquisição.
No mundo, abrimos um escritório em Hong Kong.
Financeiro Cite duas áreas prioritárias para aquisição
aqui no Brasil?
Fernandes Precisamos desenvolver o nosso asset, mas
falando pelo grupo eu diria que também queremos crescer
no banco de investimento. Poderíamos adquirir um banco
comercial ou múltiplo. O que temos é uma holding imobiliária e estamos constituindo aqui uma holding financeira
aqui, e vamos colocar os dois bancos, tanto o comercial
quanto o de investimentos por baixo dessa holding que
será a Banif Holding Brasil ou algo do tipo. Isso vai ser
bom para nós, pois vamos publicar resultamos por aqui e
nos apresentar de maneira mais firme ao mercado. O risco
será vislumbrado de uma forma mais eficaz. Com capital
maior, poderemos utilizar a holding para fazer aquisições.
No Brasil queremos aproveitar as oportunidades do mercado e sabemos que há uma janela de grandes delas. Não
temos ainda capacidade de aproveitá-las em sua plenitude.
Por isso, devemos adquirir algo aqui no Brasil.
Financeiro Com a holding, qual a meta de crescimento
no Brasil?
Fernandes Nossa meta é crescer rapidamente e alcançar R$ 500 milhões em curtíssimo prazo – até o final do
ano. No próximo ano queremos dobrar para R$ 1 bilhão e no próximo dobrar novamente para R$ 2 bilhões.
Entendemos que precisamos ter um porte maior para
atender ao mercado. As empresas por aqui cresceram e
hoje se faz um IPO de no mínimo R$ 500 milhões. As
operações aumentaram por vias de desenvolvimento do
País, as próprias empresas cresceram e os bancos devem
seguir esse caminho. É natural que nos queremos fazer
parte desse crescimento.
Financeiro Há alguma aquisição em curso?
Fernandes Não. Só estamos olhando atentamente o
mercado. O mercado brasileiro é hoje porta de saída para a
economia espanhola. O contrário também vale. Portugal e
Espanha também são oportunidades para a economia brasileira. Temos de aproveitar essa ocasião que ocorre de cem
em cem anos. A Europa está com preços baixos, por isso os
empreendedores daqui devem olhar para aquele mercado
também. Porque um dia as coisas vão valorizar por lá. f
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 13
notasmercado
Crédito Imobiliário
BNDES
Casa própria
em alta
Desembolso atinge
R$ 72,6 bi no ano
O financiamento
imobiliário com recursos
das cadernetas de poupança
atingiu R$ 23,8 bilhões no
primeiro semestre deste ano.
É um crescimento de 77% e o
melhor resultado da história.
A informação é da Associação Brasileira das Entidades de Crédito
Imobiliário e Poupança (Abecip).
O número de unidades financiadas subiu de 123,9 mil, nos
primeiros seis meses de 2009, para 187,6 mil, de janeiro a junho
deste ano. Em número de imóveis, representa um crescimento de
51,5%. Somente no mês foram financiados 40,8 mil imóveis.
Os desembolsos do BNDES atingiram
R$ 72,6 bilhões nos primeiros sete meses deste
ano. O anúncio foi feito pelo presidente da
instituição Luciano Coutinho. Em relação aos sete
primeiros meses de 2009, as liberações registram
queda de 3%. A variação é explicada pelo efeito do
empréstimo de R$ 25 bilhões concedido em 2009
à Petrobras, cujos desembolsos se encerraram em
junho. A maior participação nos empréstimos coube
ao setor de infraestrutura, com R$ 28,2 bilhões
(39% do total). Em seguida está a indústria, com
33% e R$ 23,8 bilhões em liberações.
Finanças
BRICs
Entre BRICs,
Índia tem câmbio mais livre
A crise econômica internacional expôs as diferenças na forma
como Brasil, Rússia, Índia e China – os BRICS – conduzem a política
de câmbio. Nos últimos dois anos, entre maio de 2008 e maio de
2010, a Índia foi o único entre esses países a a presentar um câmbio
com pouca interferência do governo para promover a valorização ou a
desvalorização da moeda. As informações estão na Nota Econômica
intitulada Regimes Cambiais dos BRICs, feita pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI).
O índice médio de intervenção no câmbio da Índia foi de 0,048
ponto nos últimos 24 meses. No mesmo período, o do Brasil foi de
0,514 ponto, enquanto o da Rússia foi de 0,708 ponto e o da China
foi de 0,886 ponto. O indicador varia de zero, quando a flutuação é
totalmente livre, a um, quando o câmbio é fixo.
Mais recursos
Caixa aumenta capital
em R$ 2,5 bilhões
A Caixa Econômica Federal expandirá a capacidade de crescimento
dos negócios em, aproximadamente, R$ 50 bilhões, depois de receber
aporte de R$ 2,5 bilhões do Tesouro Nacional. Com a capitalização,
publicada no “Diário Oficial da União”, a carteira de crédito da
instituição ganha potencial para dobrar nos próximos anos e alcançar
os R$ 300 bilhões. A medida reflete o fortalecimento da estrutura de
capital da empresa, iniciado com emissões dos instrumentos híbridos
de capital e dívida em 2007 e 2009, nos valores de R$ 5,2 bilhões
e R$ 6 bilhões, respectivamente. Os recursos permitirão à Caixa,
principal agente de políticas públicas, atuar no crescimento da renda,
do emprego e da atividade econômica.
14 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
Para
onde vai o
dinheiro do
brasileiro?
Os consumidores brasileiros
não lembram como gastaram
aproximadamente US$ 23 em
dinheiro por semana, ou cerca de
US$ 1.200 por ano. A informação
é de estudo encomendado pela Visa e realizado
pela Ipsos Mori. Os consumidores afirmam estar
mais propensos a esquecer gastos relacionados a
produtos alimentícios (43%) e compras relacionadas
com lazer e/ou itens não essenciais (35%). Além
disso, 50% dos consumidores brasileiros acreditam
que parte das pequenas compras em dinheiro é
difícil de controlar. A pesquisa foi realizada em três
mercados da América Latina (Argentina, Brasil e
México) e em 12 países.
Comércio
Paulistano compra mais
O primeiro semestre de vendas no comércio
varejista da região metropolitana de São Paulo
registrou aumento de 6,3% na comparação com
o mesmo período do ano passado, segundo
os dados da Fecomercio. Os melhores
desempenhos ocorreram por conta de
eletrodomésticos e eletroeletrônicos (17,7%),
vestuário, tecidos e calçados (11,7%) e farmácias
e perfumarias (11,2%).
Tecnologia
Inovação
São Paulo é a
cidade mais
digital
Seguro no caixa automático
A informação é de
estudo divulgado pela
Motorola e engloba 150
cidades da América Latina, em
15 países da região. O motivo pelo qual a capital
paulista ocupa a primeira posição da lista são os
serviços prestados às pessoas pela internet e pelo
compromisso com a inclusão digital.
A pesquisa considerou fatores como
infraestrutura, serviços e o uso de tecnologias
digitais por empresas, instituições públicas e
cidadãos. Das 25 cidades escolhidas, o México
lidera com sete. Já o Chile teve seis cidades
selecionadas como digitais, enquanto o Brasil, a
Colômbia, o Peru e a Venezuela ficaram com duas,
e o Uruguai com uma.
Cartões
CEF, Bradesco
e BB juntos
Após o anúncio feito em março por
Bradesco e Banco do Brasil sobre a intenção
de criar uma bandeira de cartões brasileira
denominada Elo, recentemente mais um
gigante financeiro entrou na jogada. Agora é a
vez da Caixa Econômica Federal, dirigida por
Maria Fernanda Ramos Coelho.
A nova marca será focada inicialmente
nas classes C, D e E. Somente a Caixa assiste
mais de quatro milhões de famílias por meio
do programa de incentivos do governo Bolsa
Família e abre cerca de seis mil novas contas
bancárias da classe C por dia.
O primeiro plástico com a bandeira
Elo deve ser emitido ainda este ano.
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos
Trabuco Cappi, ressalta que mais de
cem milhões de brasileiros são clientes
dessas três instituições, mas que o
plástico poderá ser utilizado por qualquer
pessoa, seja essa cliente ou não. O novo
memorando de entendimento também
prevê o compartilhamento dos terminais de
autoatendimento (ATMs) e a participação
igual de um terço das ações da Elo para cada
um dos bancos.
O HSBC permitirá em breve que se contrate apólice
de seguro de vida nos terminais de autoatendimento
(ATMs). O banco já aproveita seus os canais de serviços e
distribuição para oferecer apólices de seguros, pelos quais
se pode contratar um título de capitalização ou um seguro
de proteção ao crédito.
O trabalho é feito para aumentar a eficiência nas
vendas, alinhando o canal de distribuição de acordo
com o produto. Na oferta de seguro para automóvel,
por exemplo, o banco começou em abril deste ano um
processo de migração das vendas das agências para um
call center especializado.
.
Inadimplência
Cartões
de crédito
puxam alta
O consumidor tem enfrentado
dificuldades na hora de honrar
seus compromissos. O Indicador
Serasa Experian de Inadimplência do
Consumidor registrou alta de 3,9% em julho na relação ao
mesmo mês do ano passado. A elevação representa a terceira
alta consecutiva. Segundo os economistas da Serasa, além
das compras feitas nas datas comemorativas em maio e
junho e as constantes promoções do varejo, com prazos mais
alongados para diluir a elevação dos juros, o consumidor
também carrega dívidas desde março, quando aproveitou a
redução do IPI para comprar veículos e eletrodomésticos da
linha branca. As dívidas com os cartões de crédito foram as
principais responsáveis pelo crescimento (com alta de 4,4%),
contribuindo 1,4% no resultado total.
Internet
Santander lança
canal no Youtube
Já está no ar, o canal do banco Santander Brasil no
Youtube: www.youtube.com/santanderbrasil. O espaço
irá reunir, além de filmes institucionais e comerciais de
TV, notícias sobre a unificação das marcas Santander/
Real, cursos de sustentabilidade e filmes sobre orientação
financeira. O novo canal é uma extensão do relacionamento
e diálogo que a instituição estabelece com seus clientes,
compartilhando ideias, resultados e conhecimento. O canal
ainda traz links das redes sociais Twitter e Formspring.
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 15
livros
>>
A mente
de um líder
O que move o jovem presidente dos
Estados Unidos Barack Obama? Essa
é a questão central que o autor da obra,
Sasha Abramsky, se dispõe a responder.
Como Obama enfrenta problemas?
Que ideias e teorias compõem seu pensamento político? Como ele se comunica
com amigos e adversários? O jornalista
entrevistou mais de cem pessoas, entre
amigos antigos e atuais de Obama, professores, companheiros de ativismo em
Chicago e outros para descobrir o que se
passa na mente do presidente.
Livro “A Cabeça de Obama”
Autor Sasha Abramsky
Editora Agir Negócios
Páginas 264
Preço sugerido R$ 34,90
Lições de
um bilionário
>>
Próximo
ao colapso
16 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
>>
A obra de Henry Paulson, ex-secretário do Tesouro Nacional americano, expõe os bastidores da crise econômica que
abalou o mundo. O olhar é de quem viveu
os piores momentos na história financeira
dos EUA. Paulson descreve de maneira
detalhada fatos em que a análise pode
trazer lições importantes para a política
econômica, mesmo para quem discorda
das decisões tomadas pelos agentes envolvidos. O ex-secretário narra até mesmo,
como em um desabafo, os próprios erros.
Ele previu, por exemplo, a possibilidade
de uma crise cíclica e mesmo assim deixou de mencionar os riscos das hipotecas
imobiliárias no país.
Livro “À Beira do Abismo Financeiro”
Autor Henry Paulson
Editora Campus-Elsevier
Páginas 456
Preço sugerido R$ 89,90
O magnata americano Warren Buffett, dono da terceira maior fortuna do
mundo em 2010, foi aluno e usou as teorias do “pai da análise financeira moderna” (Benjamin Graham) para acumular
U$ 47 bilhões. A obra trata da revolução
na filosofia do investimento provocada
pelas ideias de Graham, ao criar o conceito de análise de segurança que minimiza
os riscos do investidor, e a teoria conhecida como “investimento em valor”, que
prevê a identificação de ações potencialmente rentáveis, mas com preços
depreciados no mercado. Anos após a
sua morte, em 1976, as ideias de Graham
continuam atuais e ele ainda é constantemente citado pelo multibilionário.
Livro “Benjamin Graham –
Lições de Investimento do
Mentor de Warren Buffett”
Autora Janet Lowe
Editora Gente
Páginas 296
Preço sugerido R$ 79,90
Uma das maiores
fabricantes de motos
do mundo com fábrica
no Brasil.
Fábrica Em Manaus
A Moto Traxx da Amazônia instalou-se no Brasil há 6 anos
trazendo a tecnologia do China Jialing Group, um dos
maiores e mais famosos fabricantes de motocicletas da
China, administrado pelo China South Industry Corporation
Group (CSICG).
Para dominar o mercado doméstico de motocicletas o
Jialing Group mantém as seguintes fábricas na China:
Chongqing Headquarter Factory, Chongqing Jiapeng Factory,
Guangdong Jialing Factory, Shanghai Jialing Factory e Henan
Jialing Factory. Juntas, as fábricas da China podem produzir
até 2 milhões de unidades. Até hoje, a Jialing comercializou
cerca de 18 milhões de motocicletas.
Fora da China a Jialing tem fábricas na Indonésia, Estados
Unidos e Brasil, onde as motos são produzidas com a
tecnologia da Jialing e comercializadas com a marca Traxx.
Em território brasileiro, a Traxx – inicialmente - investiu em
pesquisas e análises de mercado e desenvolveu estratégias
que atendam aos anseios do público brasileiro. Essas
pesquisas resultaram na criação de uma linha de montagem
de produtos exclusivos para o mercado nacional.
Sede Administrativa Em Fortaleza
A Traxx mantém sua sede administrativa e pós-vendas em
Fortaleza e escritório em São Paulo. A fábrica foi inaugurada
em dezembro de 2007 em Manaus, e em pouco tempo
será o polo de exportação de motos para o Mercosul.
A unidade conta com duas linhas de produção. A linha de
motores possui diversos pontos de inspeção, em que são
feitas medições com equipamentos certificados, de acordo
com os mais rígidos padrões internacionais e a linha de
montagem de motos foi especialmente dimensionada
para a produção de 100 mil motos por ano. E isto é só o
inicio. Com 8 modelos sendo comercializados no país, a
Traxx já é líder no segmento das 50 cilindradas e estará
lançando modelos exclusivos em 2010, que priorizam um
baixo custo de comercialização e manutenção aliados a
excelente qualidade de quem fabrica motocicletas a mais
de 30 anos. Em outras palavras, a Traxx é garantia de
um excelente investimento em um dos segmentos mais
promissores do mercado nacional. Entre em contato com
a Traxx Motos e venha conhecer de perto a marca que vai
revolucionar o mercado de motocicletas no Brasil.
Traxx, uma empresa do China South Group,
um dos maiores fabricantes de motocicletas do mundo.
Visite www.traxx.com.br e saiba mais.
especialbancosestrangeiros
País se tornou um local
indispensável para as
estratégias de crescimento
dos bancos internacionais
Brasil
oportuno
Por Juliana Jadon
O Brasil é hoje um enorme ímã de capital. Gigantesco. A exploração de petróleo na camada do pré-sal na costa
fluminense, as obras para a Copa do Mundo de 2014
e a Olimpíada de 2016 atraem os olhares e os bolsos
dos dirigentes das instituições financeiras internacionais. Somente a preparação para a Copa do Mundo irá
exigir cerca de R$ 100 bilhões em investimentos. Sem
contar os R$ 35 bilhões previstos para o trem de alta
velocidade. Os dados foram levantados pela consultoria Deloitte e o Instituto Brasileiro de Relações com
Investidores (Ibri). Se fosse só isso, já seria suficiente
para seduzir os investimentos e os olhares do sistema
financeiro do mundo inteiro. Mas há mais. O Brasil
está a caminho de se tornar na próxima década um
dos mercados mais atrativos do mundo e alcançar um
crescimento sustentável do PIB acima de 5% ao ano.
A informação é de estudo sobre o Brasil, patrocinado
pelo HSBC e feito pela Economist Intelligence Unit,
braço de pesquisas da revista “The Economist”.
No HSBC, no qual Helio Duarte é diretor-executivo, a previsão é de um crescimento de 7,2% do
PIB em 2010. De acordo Duarte, que também pre-
side a Associação Brasileira de Bancos Internacionais
(ABBI), os bancos de capital estrangeiro veem neste
momento oportunidades para o crescimento de seus
negócios no Brasil. “O Brasil é um dos países emergentes mais importantes para as estratégias globais
dessas instituições”, aponta. O economista Paulo Rabello de Castro reforça: “Qualquer banco que queira
fazer negócios não pode deixar de estar aqui.”
Independentemente da opinião do mercado, que
aponta os extremos sorte ou capacidade, e até a mistura dos dois, o Brasil se sobressaiu na última e na atual
crise financeira mundial sendo um dos únicos locais
nos quais as instituições financeiras estrangeiras puderam continuar a crescer. E mais, o País é hoje o porto
seguro para muitas instituições que buscavam emergir
de um oceano de incertezas e respirar.
Em vista disso, Duarte avalia o setor financeiro
brasileiro como um dos mais sólidos do mundo, devido também ao equilíbrio entre bancos públicos,
privados de capital nacional e de capital estrangeiro.
Para ele, foi essa estrutura que permitiu ao País passar
pela turbulência causada pela crise econômica munsetembro/outubro 2010 FINANCEIRO 19
especialbancosestrangeiros
dial deflagrada pela quebra do Lehman Brothers, em
setembro de 2008.
A estrutura do sistema financeiro era propícia à adoção de medidas anticíclicas pelo governo. Entretanto o
Pequenos empreendedores
O mexicano banco Azteca quer como clientes a classe mais
carente. Diferentemente da maioria das instituições de capital
estrangeiro que atuam no Brasil – focada no segmento corporate e em
grandes operações de fusões e aquisições – o Azteca veio para cá com
uma meta: conceder crédito para a baixa renda do País. E, para isso,
não é preciso que o possível cliente comprove nem mesmo sua renda
mensal. Com apenas R$ 5 qualquer um abre uma conta e, com mais
cem, investe em CDB.
Com o público principal da instituição sendo vendedores
ambulantes e trabalhadores informais, o modelo de aprovação de
crédito é baseado na visita na casa do cliente. Um funcionário do
banco, denominado chefe de crédito e cobrança, agenda a visita ou
bate na porta das casas das regiões periféricas do Nordeste para
oferecer o benéfico. Ele avalia as condições de vida, quantas pessoas
e dependentes há na família e quanto o interessado ganha, em média,
mensalmente. Esse processo é o mesmo em todos os países em que a
instituição está presente.
O banco Azteca nasceu, em outubro de 2002, a partir da
oportunidade gerada pela baixa bancarização do México e está
orientado para o público de menor renda – cerca de 70% da
população que não é atendida pelos bancos tradicionais. Faz parte
do grupo mexicano Salinas, que conta com TV Azteca, Iusacell,
Unefon, Salinas y Rocha e Elektra, entre outras. Como a terceira
maior rede bancária do México, conta com mais de 1.400 filiais e
cerca de 15 milhões de clientes.
No Brasil, a primeira e única agência se estabeleceu em 2008 na
capital de Pernambuco (Recife). Aqui o padrão de negócios deveria
ser o mesmo e, para conhecê-lo, o presidente da instituição no País,
José Francisco Cordeiro, visitou agências e foi até as casas de clientes
no México e no Peru – onde se concentra a segunda maior fatia de
clientes da instituição.
O banco possui, além dessa agência, 16 correspondentes
instalados em cada uma das lojas Elektra, rede de eletroeletrônicos e
eletrodomésticos, e cerca de 500 funcionários. O cartão Azteca possui
28 mil usuários ativos e contempla um ticket médio de R$ 400. É
possível abrir uma conta no banco com apenas R$ 5 e ainda investir
em CDB a partir de R$ 100.
A atuação é pequena, mas tem muito a crescer. Já autorizada
pelos dirigentes mexicanos, a subsidiária brasileira vai investir cerca
de US$ 16 milhões na expansão da rede num projeto que deverá ser
concluído em 2011. Serão cerca de 25 novos pontos de vendas. Neste
ano, seis novos locais terão, no mínimo, um atendente do banco. “A
idéia é que o crescimento acompanhe a rede varejista Elektra no País
e que o banco se estabaleça em outras regiões, como Paraíba, Rio
Grande do Norte e Alagoas”, almeja José Francisco.
20 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
País não teria alçado vôo rumo à retomada do crescimento sem a firme condução da política monetária pelo Banco Central. O diretor do MBA da Fundação Armando
Álvares Penteado (Faap), Tarcisio Bierrenbach concorda:
“Temos um sistema financeiro que funciona muito bem
regulado pelo Banco Central do Brasil. O resultado dessa
eficiência se percebe de cara.”
Para Bierrenbach, o mercado financeiro nacional
é mais regulado, mais cuidadoso e mais seguro do que
em muitos países. Quando um banco de fora chega aqui
encontra profissionais capacitados para dar o apoio necessário nesse âmbito. Dessa maneira, a discrepância da
regulação do sistema financeiro entre países não se torna
um obstáculo. “Nosso mercado, bem regulado pelo Banco Central, estimula os bancos a crescerem. Os bancos de
capital estrangeiro veem no País a possibilidade de dar o
retorno esperado ao acionista”, ressalta.
Setores em expansão
Atualmente, parece que tudo dá certo na nação
verde e amarela. Os setores relacionados ao consumo
doméstico seguem favorecidos; a renda real cresce
3,5% ao ano, em média, desde 2006. Além disso, o
aumento do trabalho formal com carteira assinada facilita a bancarização e o acesso ao crédito, com efeitos
multiplicadores do consumo.
E isso faz os olhos dos gestores globais mirarem o
País. Como exemplo, Duarte lembra que o plano estratégico do HSBC, apresentado há dois anos, elegeu três
regiões como prioritárias para alcançar 60% de seus resultados nos países emergentes. Na Ásia os destaques são
China e Oriente Médio e na América Latina o principal
mercado-alvo é exatamente o Brasil.
Duarte também aposta que o setor imobiliário será beneficiado pelas tendências demográficas, com a população
jovem em transição para adulta. Em 2030, cerca de 125 milhões de pessoas estarão na faixa de 20 a 60 anos, em comparação com 108 milhões deste ano. Isso significa que não
só a renda média do brasileiro melhora, como vai haver
uma população significativamente maior para consumir.
especialbancosestrangeiros
Os setores exportadores de commodities também
devem seguir em franca expansão, seja pela competitividade do Brasil, seja pela tendência de alguma depreciação
do câmbio, que, os economistas acreditam, se estabelecerá a partir de 2011. Não há nuvens no céu.
Descoberta do País
Dessa vez não foi de caravelas que eles chegaram.
Entretanto mais uma vez os portugueses descobrem
que investir por aqui é lucrar. Exemplo disso o leitor encontra na entrevista de capa com o presidente do Banif
Investment Bank, nesta edição da Financeiro. Outros portugueses também encontram no solo brasileiro uma terra
fértil e cheia de riquezas e consolidaram suas instituições
financeiras e bancos de investimento. Foram ambiciosos
e quiseram conquistar somente as grandes companhias
como clientes. Para isso, se especializaram em áreas como
fusões e aquisições e ‘‘project financial’’.
Ricardo Espírito Santo, atual presidente do Espírito
Santo Investment Bank Brasil foi um deles. Em 1980, o
jovem Espírito Santo se formava numa faculdade por22 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
tuguesa e vinha ao Brasil para ficar próximo ao tutor e
encontrar um emprego. Por aqui trabalhou em bancos
como Mercantil e Bank of América para, somente anos
depois, ingressar no negócio da família. O banco teve
como sócios outros gringos controladores dos bancos
JPMorgan e do francês Credit Agricóle. Em 97, surgiram
oportunidades de crescer no Brasil com as privatizações
e o Interatlântico se fundiu com o banco Boa Vista. Veio
a crise da Ásia; em 98, a da Rússia; em 99, a do Brasil. O
banco precisava de mais capital.
Além disso, os gestores acreditavam que o banco era
muito pequeno para o potencial de crescimento que vislumbravam no Brasil. Eram duas opções, ou Ricardo e a
família colocavam dinheiro na instituição ou desistiam.
Os outros acionistas deixaram a aliança e seguiram o seu
próprio caminho. Mas Espírito Santo e a família não queriam jogar fora os anos de relacionamento com o mercado nacional que haviam conquistado.
O banco passou a ter assim o nome da família. Na
época ele e os acionistas do Banco Espírito Santo (BES)
no Brasil conversaram com dirigentes do Bradesco,
Helio Duarte,
do HSBC,
plano global
de crescimento
elegeu o País
com um dos
principais
como Lázaro Brandão e Mario Teixeira. Eles toparam e compraram 20% das
ações do BES. Como pagamento, Espírito Santo recebeu 8,2% das ações ordinárias do Bradesco. Naquela época o
banco possuía somente R$ 50 milhões
em capital. “Como não queríamos sair
do Brasil, vendemos o banco Boa Vista
para o Bradesco por troca de ações do
banco. Mantivemos essa participação
e até aumentamos”, conta. “Tanto que
o Bradesco é hoje o nosso banco de
varejo parceiro em todas as operações.”
Agora, no Brasil, entre banco, corretora e gestora de recursos (asset) 200
pessoas compõem o Espírito Santo
Investment Bank. Todo ano entram
dez ou 15 pessoas a mais para o time.
Espírito Santo chega ao escritório do
banco, num dos andares de um edifício comercial na Avenida Presidente
Juscelino Kubitschek, entre 8 e 8h30
da manhã. Suas atividades terminam
cerca de 12 horas depois, às 8 horas da
noite. Almoça praticamente todos os
dias com clientes ou possíveis clientes.
Outro grupo português que se estabeleceu por aqui
foi o Caixa Geral de Depósitos, chamado no Brasil de
banco Caixa Geral. Em Portugal, o Banco Caixa Geral de
Depósitos é o maior grupo financeiro existente. Atua em
quase todos os setores da economia, com uma estrutura
semelhante a Caixa Econômica Federal, pois é do Estado.
A diferença é que lá não é preciso, por exemplo, prestar
concurso público para trabalhar na instituição. Presente
em 24 países, se estabeleceu no Brasil no ano passado
exatamente pelas oportunidades que surgem nos setores
acima citados. Em seus primeiros oito meses de operação, o português faturou R$ 40 milhões.
Agora, um espaço na Rua Joaquim Floriano, em São
Paulo é o ponto de encontro de Diogo Castro, diretor da
instituição, com os clientes. Eles são dirigentes de grandes
empresas e construtoras nacionais, além de companhias
da Península Ibérica com interesses comerciais no Brasil
e grupos brasileiros com negócios na Europa, nos Estados Unidos, na África e no extremo Oriente. Atua como
banco de investimento, corporate e tesouraria. A ideia é
estabelecer uma unidade do Caixa Geral também no Rio
de Janeiro para não ficar por fora das oportunidades que
surgem no setor petrolífero e na exploração da camada
do pré-sal. No ano passado em nove meses de atividade,
o Caixa lucrou R$ 40 milhões.
Já para Ricardo Espírito Santo, do BES, o mundo
ficou pequeno. No acumulado deste ano até o início de
agosto, Espírito Santo esteve duas vezes em Angola, quatro nos Estados Unidos, seis vezes em Portugal. Como
acionista, fica cerca de dois dias fora para acompanhar o
desempenho do grupo do mundo. Ele sabe de cor cada
detalhe do plano de expansão global e conta que a ideia
Diogo Castro,
do Caixa Geral,
aposta em
investimentos,
corporate e
tesouraria
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 23
especialbancosestrangeiros
é abrir mais uma agência na Venezuela, onde mais de 500
mil portugueses residem na Ilha da Madeira. “O grupo estuda negócios na Argélia, possui 40% de um banco na Líbia
e um private banking em Dubai. A meta é conquistar mercado também na China Continental e na Índia”, diz.
Em terra firme
Apesar de terem se especializado, a área de fusões e
aquisições traz desafios para Espírito Santo e para Diogo
Castro. Se uma empresa quer se vender, por exemplo, mas
o valor está muito acima do que o interessado em comprar
espera, Espírito Santo conversa com ambas as partes para
que cheguem num acordo ou busca outras possibilidades.
Mas, às vezes, se depara com negócios em que não
é uma questão de utilizar artimanhas para convencer.
Há operações que esbarram além de valores, em entrada
no mercado, posicionamento estratégico, sinergias que
aquele negócio pode criar. “O meu principal desafio é trazer os negócios para o banco e num segundo momento,
fazer com que dê certo”, aposta Espírito Santo.
O espanhol
Ele é o maior grupo bancário estrangeiro no Brasil. Somente
no primeiro semestre do ano, o Grupo Santander, maior instituição
financeira da Espanha, cresceu cerca de 34,7% no Brasil. Devido
a isso, o lucro total do banco atingiu US$ 2,81 bilhões no período
na América Latina, 19,6% a mais que no mesmo período de 2009,
graças, principalmente, ao crescimento de 34,7% no Brasil.
Em junho, o banco comunicou ao mercado a construção de um
polo de tecnológico na cidade de Campinas (SP). O projeto prevê
um investimento no valor de R$ 450 milhões, que será realizado
ao longo de sua construção com término previsto para o primeiro
trimestre de 2012. “A construção está alinhada com as práticas de
sustentabilidade do banco e reflete a estratégia de expansão dos
negócios”, aponta relatório.
A meta do Santander é ser o melhor banco no Brasil em
termos de lucratividade e reconhecimento de marca, conquistando
a satisfação dos clientes, acionistas e funcionários. Os dirigentes
da instituição acreditam que podem alcançar essas metas
por meio das seguintes estratégias:
Melhoria de eficiência por meio de sinergias e implementação
das melhores práticas no processo de integração.
Expansão da oferta de produtos e canais de distribuição
no banco comercial.
Capitalização da posição de mercado do banco no negócio
de atacado.
Desenvolvimento de uma plataforma de negócios transparente
e sustentável.
24 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
A aposta do momento é o “project financial” – projeto de longo prazo que precisa de uma estruturação
adequada e no qual as garantias são dadas pelos próprios
ativos. Os outros bancos portugueses como o Banif (na
matéria de capa) e o Caixa Geral também tentam conquistar mercado para esse tipo de serviço. Exemplo disso
é a construção de portos e estradas, onde o BES concede
a assessoria necessária ao projeto até o final da construção. No ano passado, o Caixa Geral, por meio desse serviço, estruturou o projeto do Rodoanel Oeste e outros e já
possui como clientes grandes empresas de infraestrutura,
como o Grupo Camargo Corrêa e o Grupo Votorantim.
A corretora do BES também está crescendo. Está em
30º lugar no País, mas já esteve 50º. Na Espanha está entre
as três primeiras. Já o Caixa Geral comprou 70% da corretora Banif no Brasil e o Banif vê o Caixa Geral como um
parceiro estratégico.
Hoje, o total de ativos do banco de Ricardo no Brasil ultrapassa R$ 500 milhões – valor dez vezes maior
do que no início. O Bradesco comprou também 6% do
Espírito Santo em Portugal, além de ter anunciado recentemente uma parceria com o grupo para efetuar negócios
em países africanos. O banco de investimento no Brasil
representou cerca de 10% do resultado global. No Brasil
estão também 50% dos clientes do BES Investments.
Espírito Santo também representa o BES nas reuniões de conselho no Brasil. Além do banco, o grupo
possui hotel, empresa de incorporação imobiliária, participações no Grupo Monteiro Aranha, na empresa BHG,
na BradesPar e na ERB – empresa de bioenergia em conjunto com a CaixaPar.
O executivo considera Portugal um mercado pequeno e que satura rapidamente. Já os países africanos onde
desenvolvem atividades são importantes, mas crescem
devagar e isso coloca o Brasil como um dos principais
mercados para o banco. Para os portugueses, terras a
conquistar não vão faltar.
País da vez
No HSBC, Duarte julga que ainda há muito a fazer
por aqui. As especialidades do banco são as operações
de câmbio e comércio exterior e há também uma participação em operações de mercados de capitais – nas ofertas
especialbancosestrangeiros
de abertura de capital (as IPOs) e nas fusões e aquisições.
Duarte também quer participar mais fortemente do financiamento do comércio exterior brasileiro e oferecer linhas
de crédito para a expansão das empresas e dos negócios no
mercado interno.
Ele conta que atividades dos bancos internacionais já
recuperaram o ritmo de expansão pré-crise. Isso porque as
características estruturais da economia –fechada e pouco
alavancada – ajudaram a atenuar o impacto inicial da crise.
Ultrapassado o pior momento, a recuperação que ocorre
desde o segundo trimestre de 2009 é consistente e conheceu seu ápice no inicio de 2010.
Duarte acredita que, com a retirada de boa parte dos
estímulos, a economia tende a se estabilizar em patamar de
crescimento por volta de 5% a partir de 2011, assim como
no estudo apresentado no início desta matéria.
É evidente que as oportunidades são muitas no Brasil,
e os dirigentes dos bancos participantes dessa matéria já decidiram em que apostar. Agora, cabe aos líderes das outras
instituições internacionais escolherem quais os setores que
querem explorar. Mas, para isso, será preciso conhecer o
mercado brasileiro.
Ricardo
Espírito
Santo, do
Espírito Santo
Investment
Bank,
50% dos
clientes estão
no Brasil
entrevista Paulo Rabello de Castro
Economia do povo
Diferentemente das principais agências de classificação
de risco internacionais, como Moody’s, Fitch e Standard &
Poor’s, a SR Rating não atribui ao Brasil o mérito de “Grau
de Investimento”. Para o fundador e presidente da primeira
agência brasileira que atua no contexto, Paulo Rabello de
Castro, o Brasil ainda precisa subir um degrau.
Nos anos 60, a desigualdade social era o centro dos
debates e das rodinhas estudantis, inclusive, das conversas
de Rabello. Para aquele garoto, com apenas 13 anos, parecia
simples demais atribuir toda culpa aos ricos e isso o fez se
interessar pela economia e estudar e pesquisar o tema. Atualmente, em parceria com o economista Raul Velloso, ele
propaga o Movimento Brasil Eficiente (MBE). Um estudo
efetuado pelos dois indica que a carga tributária pode ser
26 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
reduzida, em dez anos, de 40% para 30% do PIB brasileiro.
Isso, se o governo seguir os caminhos apontados na análise.
A proposta garante o crescimento sustentado da economia
na média de 6% ao ano, sem ameaçar o controle da inflação.
Para ele, o País deveria democratizar o capital e, inclusive, a
Bolsa de Valores. Acompanhe entrevista exclusiva com ele:
Financeiro A sua agência, a SR Rating, ainda não classifica o Brasil como “Grau de Investimento”, posição que já foi
alcançada pelo País na avaliação de outras agências, como
Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s. Por quê?
Paulo Rabello de Castro Classificamos o Brasil um
grau abaixo do “investment grade” não porque não tenha
reservas razoavelmente volumosas e uma redução da sua
vulnerabilidade externa. Não, isso tudo correu bem por
aqui. Mas, o País não pratica uma política de taxa de juros
que seja amigável em relação aos encargos financeiros do
Brasil. E essa política de juros sobrecarrega toda a estrutura
financeira doméstica, aumentando a vulnerabilidade caso
o Brasil tenha um solavanco decorrente do agravamento da
situação econômica mundial.
Financeiro Qual a saída para resolver esse problema?
Rabello Uma reestruturação fiscal mais corajosa do que
a que é empreendida. Com isso, reconhecemos o que é
feito. Mas não é o bastante para atingir uma etapa de consolidação própria de um país do grau de investimento,
porque a caracterização própria dessa classificação é a baixa
vulnerabilidade a solavancos externos. O Brasil, por acaso,
demonstrou que tem uma estrutura de defesa. E isso foi
evidenciado em 2009. Mas o teste ácido dessa resistência
só ocorreria se o preço das commodities tivesse ido lá para
baixo; o que não aconteceu. As agências americanas têm
uma tendência a interagir com a opinião do mercado e nós
buscamos, às vezes, se proteger dessa ideia momentânea
com absoluta independência e com uma visão de longo
prazo, olhando os cenários mais adversos e não apenas repetir a moda. Se olharmos as empresas que caíram, o grave
problema delas foi repetir mais do mesmo. E não só a área
soberana – em que deram notas altíssimas para países europeus que hoje estão quase quebrados. A SR Rating foi
a primeira agência classificadora de risco a, por exemplo,
atribuir um nível BB, em 2004. Nesse momento a nossa
nota era mais elevada do que a das estrangeiras. Na área
financeira e hipotecária, o que tem de rating AAA sendo
degradado, não é preciso nem falar.
Paulo Rabello,
da SR Rating,
“Brasil serve
como um
amparo para
os bancos
internacionais”
Financeiro Como o País se coloca como um mercado
oportuno para os bancos internacionais?
Rabello Os bancos internacionais precisam rentabilizar o
conjunto de suas operações para reviver o seu valor de mercado que desandou e, em muitos casos, se arrasta no chão.
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 27
especialbancosestrangeiros
O Brasil serve como um amparo para eles nesse âmbito.
De modo geral não há notícias de subsidiárias de bancos
estrangeiros que foram atingidas pelas últimas crises.
Financeiro Como o Brasil poderia crescer de maneira madura?
Rabello Nós estamos fazendo hoje propaganda de um estudo denominado “Movimento Brasil Eficiente” (MBE),
que tem como núcleo um estudo feito por mim e pelo economista Raul Velloso, dedicado ao diagnóstico fiscal brasileiro com uma proposta de ação. Ou seja, um diagnóstico
e uma proposição muito prática para atacar a isenção fiscal
dos dois lados: das receitas e da despesa corrente. Se fizer
essa abordagem mútua, o Brasil pode emergir como uma
das nações mais importantes do mundo – já o é politicamente – mas pode ser economicamente em 20 anos. Seria
possível, assim, ganhar uma projeção capaz de deslocar o
PIB brasileiro dos atuais R$ 3,4 trilhões para cerca de R$
10 trilhões. Seriam praticamente dois Brasis a mais. Nessa
de todo mundo fazer mais do mesmo, o Brasil vai crescer
também, mas vai parar no meio do caminho. Esse projeto
preza pela transparência dos impostos. Achamos que essa é
uma maneira de introduzir a cidadania por meio do âmbito
tributário. O MBE reúne representantes da sociedade civil
brasileira e mais de 70 entidades de diversos setores da economia, que respondem por quase 90% do PIB.
Financeiro Quais serão os principais desafios do Brasil
nos próximos anos?
Rabello Além da condução da política fiscal, uma educação eficiente supera todos os demais. Estamos na era
do conhecimento e não há notícias de um país cujo povo
seja despreparado do ponto de vista de conhecimento e
que tenha destaque, por mais que possuia riquezas naturais. A olimpíada nesse caso é da matemática, da leitura e
não do futebol.
Em segundo lugar, o Brasil tem o desafio de democratizar o capital. Isso significa abrir o mercado de capitais ao
grande público por meio de um sistema de fundos de pensão que complemente a previdência social brasileira, mas
não só para os 2,5 milhões de pessoas que participam do
sistema de fundos atual. Essas já são, digamos, privilegiadas
dentro de um universo de carentes. O Brasil hoje ainda está
28 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
na fase de defender a renda básica via Bolsa Família. Então,
muita gente não pensa no passo seguinte. Mas esse passo
seguinte é o que viabilizará a taxa de poupança necessária
para dar o salto no PIB nos próximos 20 anos. É preciso
democratizar o capital no percurso do crescimento. Não
queremos que esses R$ 10 trilhões estejam somente na
mão de milionários. Democratizar o capital é tornar diversas parcelas da população totalmente viáveis.
Financeiro Uma pesquisa do Ipea destaca a desigualdade
territorial na geração de riqueza do País. Um número reduzido de municípios responde pela maior parte do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro. É possível aliar crescimento
a desenvolvimento?
Rabello Sim. Mas o conceito de desenvolvimento passa
por quatro portas de acesso, conforme defendo no Instituto Atlântico – entidade sem fins lucrativos que presido e
que hoje ajuda a coordenar o Movimento Brasil Eficiente.
A primeira é a porta de acesso via propriedade dos imóveis,
com a democratização da casa própria, não só com o programa do governo em parceria com a Caixa Econômica
Federal “Minha Casa, Minha Vida”, mas também com a
democratização das propriedades irregulares. Para isso, fazemos um trabalho na comunidade Canta Galo, no Rio de
Janeiro, e estamos próximos a obter do Estado o título da
propriedade para mais de mil famílias que lá residem. A segunda porta é o acesso ao capital na Bolsa e em outras formas
de títulos. A terceira é ao conhecimento. E a quarta e última é
utilizar a biodiversidade para uma economia de baixa emissão de carbono. Estamos longe disso, mas é fundamental,
pois significa ter o acesso a continuidade planetária.
Financeiro Quais as suas metas?
Rabello Considero-me um bem-sucedido profissional e isso
já me preenche, acrescentado a uma família especial. Isso me
abre espaço para me dedicar mais as grandes causas da juventude, plantadas desde o colégio. Por isso me dedico ao Movimento Brasil Eficiente e entidades como o Instituto Atlântico
e o Instituto Maria Stella, que atua na luta por uma educação
melhor. Muitos colegas daquela época e que hoje concorrem a cargos no governo aparentemente pensam diferente e
talvez por isso tenham mais destaque e poder. Mas eu busco
estar mais perto da sociedade. Prefiro Brasil a Brasília. f
meiosdepagamento
Vitrine
virtual
Por Juliana Jadon
Promoção imperdível: TV de plasma de 52 polegadas a R$ 4 mil. Era a primeira vez que o internauta acessava aquele site, mas uma
oferta daquelas não se despreza. Informou os dados solicitados, inclusive a senha do cartão de crédito. Pagamento
à vista, algo perdoável considerando o superdesconto. A
entrega seria efetuada em até sete dias úteis. Dez dias depois, nada de a televisão chegar. Mais um a cair no conto
do vigário eletrônico.
Quem a relata a história já comum no comércio eletrônico é Wanderson Castilho, especialista em crimes digitais
e detetive virtual. Nesses casos, o dinheiro é embolsado por
aqueles que especialistas em crimes virtuais chamam de
“fantasma”. Eles assombram a internet.
Comprar em lojas on-line pode ser um medo constante para muita gente. O risco é justamente esse: pagar e
30 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
nunca receber. Segundo Castilho, são dois os principais
receios dos internautas. Primeiro o produto não chega
como prometido. Segundo o risco de abrir dados pessoais
e financeiros. A empresa de segurança Symantec aponta
o Brasil em terceiro lugar na lista de países com atividades
“malévolas” na internet, como spam, tentativas de trapaça on-line e outros tipos de crimes virtuais. E isso abre as
portas para um mercado potencial para as provedoras de
plataformas de pagamento seguro.
No caso das plataformas Pagamento Seguro (do Uol)
e Mercado Pago, por exemplo, nenhum dado confidencial
do comprador pode ser visto por quem vendeu. Esse receio não é gratuito. A Polícia Federal estima que os golpes
na web somam um rombo de R$ 500 milhões por ano. O
número de fraudes na internet cresceu 6,5% no País entre
Foto: Douglas Luccena
Plataformas on-line
disputam mercado
do comércio
eletrônico brasileiro
de olho na expansão
do consumo
2004 e 2009, de acordo com o Centro de Estudos, Resposta
e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil. Castilho
mesmo solucionou mais de 500 crimes virtuais, dentre eles
60 são financeiros.
Isso não ocorre com internautas mais cautelosos como o
designer Pedro Fontana. Sentado no chão do jardim de casa,
rodeado de plantas e com o notebook sobre as pernas cruzadas, ele compra no eBay, maior shopping virtual do mundo.
Busca mensalmente equipamentos para seu trabalho que
não encontra no País. Na Amazon, outra loja virtual dos Estados Unidos, adquire livros usados com 10% de desconto.
No Mercado Livre, portal de comércio eletrônico nacional,
também barganha artigos. Tudo isso com a segurança de
que os produtos vão chegar conforme o acordado com o
vendedor. Caso contrário, ele não precisará pagar a conta ou
terá seu dinheiro de volta, pois utilizou nas compras uma das
plataformas de pagamento seguro.
Em aquisições fora do País, Pedro utiliza a plataforma de
pagamento seguro Paypal e no Brasil o Mercado Pago. Ele faz
parte dos 17,6 milhões de internautas brasileiros que compraram produtos pelo canal on-line em 2009 e representam
26% dos navegantes virtuais do País. É essa fatia de consumidores que as grandes empresas que processam os pagamentos eletrônicos na internet querem como clientes e os lojistas
virtuais também.
No ano passado, o comércio eletrônico no Brasil alcançou faturamento de R$ 10,6 bilhões, um crescimento de
30% ante os R$ 8,2 bilhões de 2008. O resultado faz parte do
relatório “WebShoppers”, realizado pela empresa especializada em informações de e-commerce e-bit. De acordo com
a pesquisa, o principal fator que contribuiu para esse crescimento é exatamente a maior confiança dos consumidores
em adquirirem produtos on-line. O Índice de Confiança
aponta que 86,3% das pessoas que fizeram compras pela
rede durante o ano de 2009 sentiram-se satisfeitas. Neste ano,
a previsão é ainda maior e aponta que cerca de 23 milhões de
brasileiros comprem pelo canal.
A primeira experiência de compra de Pedro na internet
foi no lançamento do eBay, em 1995. Na época, para não
correr o risco de pagar por algo que não chegasse em casa,
optou pelo cartão de crédito, conciliando a data da entrega
do produto para antes da do pagamento. Ele fez exatamente
o que Castilho aconselha para quem ainda hoje não usa
plataformas de pagamento seguro nas compras pela internet,
seja pelo custo do uso ou por falta de costume. Assim, se o
produto não chegar no prazo certo ou conforme o acordado,
é possível cancelar o pagamento.
Pedro Fontana,
designer,
compra
mensalmente
em lojas na
internet
Compras seguras
Se internautas brasileiros como Pedro se sentem seguros
em comprar na web, parte dessa confiança foi proporcionada pelas plataformas de pagamento seguro, disponibilizadas
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 31
Marcelo
Coelho, do
Mercado Pago,
no ano
passado, foram
realizados mais
de 3,1 milhões
de transações
por meio da
plataforma
pelas lojas. No ano passado, foram realizadas mais de 3,1 milhões de transações no Mercado Pago, movimentando um
volume superior a US$ 383 milhões, cerca de 15% da movimentação total de pagamentos do Mercado Livre no ano.
Para Marcelo Coelho, diretor do Mercado Pago no
Brasil, o crescimento do número de transações processadas
pela empresa é orgânico e acompanha a alta na demanda
pelo comércio eletrônico nacional. Só no primeiro semestre
deste ano o volume de transações processadas via Mercado
Pago cresceu 132,9%. No ano passado foram cerca de 29,5
milhões de itens vendidos para pessoas como Pedro por essa
vitrine virtual, uma alta de 39% sobre 2008. A taxa de crescimento no volume de produtos comercializados é quase o
dobro da apresentada no ano anterior.
Em abril deste ano, o Mercado Pago soltou as amarras
do Mercado Livre e passou a ser utilizado em outros portais,
32 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
a maioria deles era de vendedores que expunham seus produtos no próprio Mercado Livre, mas que já possuíam sua
própria venda na web. Somente no primeiro dia de liberdade,
a plataforma processou cerca de 800 mil transações.
Com isso, os lojistas proporcionaram aos clientes, além
de segurança na compra, a facilidade de poder pagar em dez
diferentes opções de pagamento – entre cartões, depósito e
em até 18 parcelas. Para esses lojistas, o custo é de 4,99% sobre
o valor da venda. O comprador que quita a aquisição no ato
da compra não paga valor adicional ao Mercado Pago.
Esse benefício é recente e está disponível desde 16 de
julho. Caso o consumidor não quite as parcelas até o final
do contrato, quem paga pela inadimplência é o Mercado
Pago. Para o comerciante (ou destinatário do dinheiro), a
liberação dos valores poderá ocorrer a partir de dois dias,
dependendo da atuação. Dessa maneira, Coelho segue a
política que a empresa já adotava em países como Chile e
Argentina, nos quais já podia ser utilizado por outros canais
de comércio eletrônico.
Já Ricardo Dortas, diretor da PagSeguro, solução de
pagamentos on-line do Uol, comemora mais de 60 mil
lojas cadastradas e cerca de seis milhões de usuários. A
maioria são micro e pequenas empresas instaladas no
universo virtual. Em novembro do ano passado, a plataforma foi relançada após mais de um ano e meio de
projeto. Uma equipe própria de desenvolvimento reescrevia os códigos da plataforma e praticava uma série de
testes. Tudo para garantir que a plataforma funcionasse
da forma adequada.
Um grupo especializado acompanha qualquer caso
de compra com problemas. Dortas lembra que de todas
as reclamações que o PagSeguro recebe – tanto de produtos que não foram entregues, quanto em desacordo
do combinado –, quase 80% se resolvem de maneira
amigável do comprador com o vendedor. “Recomendamos que o comprador fique atento ao que a loja informa
sobre o prazo de entrega”, diz.
Dortas é responsável por outras unidades de negócios
no Uol. Como todo gestor, passa parte do tempo checando
relatórios e o andamento das vertentes sob seu comando. Na
outra metade, elabora estratégias, conversa com as equipes e
ajuda outros gestores. Ele trabalha com metas mensais, em
função de receitas ou da combinação de resultados. Quando
os resultados não são o esperado, Dortas procura entender
onde está o problema para retraçar novos planos.
Outra possibilidade de uso dessas plataformas é o
envio e recebimento de dinheiro por e-mail. O internauta pode, por exemplo, fazer pagamentos diretamente no
site do Mercado Pago para outros usuários da plataforma,
sem precisar compartilhar dados cadastrais ou financeiros com terceiros.
Brasil promissor
O mercado de plataformas de pagamento eletrônico
deve ser aquecer mais por aqui ainda em 2010. Até a PayPal,
empresa de mais de 200 milhões de clientes no mundo que
nasceu no eBay instalou um escritório no Brasil neste ano. A
PayPal tem atualmente 84 milhões de contas ativas em 190
mercados e operações com 24 moedas.
No Brasil, mesmo sem nenhuma presença em portais
brasileiros, a companhia atingiu a marca de mais de dois milhões de clientes em 2009 que compraram cerca US$ 200
milhões em produtos no exterior. O presidente da companhia no Brasil, Mário Mello, promete ainda em 2010 lançar
uma plataforma de pagamento para competir com os principais players do mercado nacional.
Mello ingressou no comando da Paypal Brasil em
maio deste ano. Antes, ele foi vice-presidente do banco Safra e ocupou diversos cargos na Visa América Latina e no
banco Real. Também foi membro do conselho da Cielo,
CBSS e Fidelity Sistems. Uma das missões de Mello é conversar com lojas virtuais para que adotem a plataforma no
lançamento. A gigantesca empresa no País funciona com
uma estrutura de startup.
Diferentemente dos 1.440 funcionários do Mercado
Pago espalhados pelos seis países na América Latina, Mello
deverá ter uma equipe com 20 funcionários até o final do ano
no Brasil. Reúne-se quase que diariamente com o RH para
abordar esse assunto e conversa com a área de tecnologia
para saber como anda a estrutura da plataforma nacional.
Mello baseia-se na experiência internacional. Em pesquisa efetuada pelo eBay no ano passado, a empresa levantou
que 18% americanos só compram na web devido ao uso do
Paypal. No mercado inglês, esse montante é mais expressivo
e chega a 36%. Tudo que Pedro compra no eBay passa pelo
Paypal e é pago à vista. Os vendedores o pontuaram como
um comprador “excelente”. Com a subsidiária brasileira, acredita que ocorrerá o mesmo.
Ricardo
Dortas, da
Pague Seguro,
possui mais
de 60 mil lojas
virtuais como
clientes
Protegido até demais
A segurança em comprar é tamanha que Pedro
obteve por impulso itens que nunca utilizou. Além de
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 33
Mario Mello,
do PayPal
Brasil,
irá lançar
ferramenta
no País
designer ele desenha prototípicos de produtos. Há três
anos, solicitou por US$ 60 um assessório de um piloto
de avião do Estado de Washington (EUA). Era uma espécie de compasso escolar gigante que servia para cortar madeira em círculos e ovais. Com aquilo, ele pode
fazer uma mesa redonda, um porta-copo, ou algo circular. Mas até hoje só lhe serviu para fazer volume em casa.
Comprou também um scanner USB usado por US$
49. A ideia era digitalizar as imagens dos mais de cinco
mil slides guardados num armário de casa e colocar em
um HD externo. Um novo sairia por US$ 150.
Pedro pede que a entrega da maioria dos itens comprados no exterior, seja feita por United States Postal Service
(USPS). O serviço custa 25% do preço de um Sedex nacional. As miudezas, prefere que cheguem como carta e o custo
fica mais baixo. A próxima compra lá fora já está programada.
Vai comprar uma peça grande que serve para moldá-los. Por
coincidência, um amigo vai se mudar de lá para o Brasil. Pedro já pensou até mesmo em colocar no mesmo contêiner
da mudança do colega o artefato.
Com a chegada oficial do PayPal, o designer Pedro não
terá de se cadastrar novamente e a disputa por clientes vai
aumentar. Dortas, da PagSeguro, considera essa competição
saudável. “Surgirão novos participantes, mas isso faz com que
o comércio eletrônico seja mais seguro”, considera. O shopping de Pedro é a internet, e neste ano, no Brasil, deverá crescer na mesma intensidade do ano passado. Pedro poderá ter
30% a mais de lojas para encontrar produtos. f
34 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
Butique
O mostruário virtual de Natan Sztamfater, diretor da PortCasa, é
de cama, mesa e banho e decoração. No final de 2007, o executivo
enxergou oportunidades no plano virtual. Antes de criar o quiosque na
internet, ele conversou com a Visa e Redecard e fechou acordos para
que os clientes pudessem comprar por esses canais. Mas muitos erros
ocorriam no processamento dos pagamentos. Sztamfater também
perdia clientes que reclamavam que seus cartões não eram aceitos.
Seis meses depois, ele reestruturou o portal, lotou as prateleiras
de produtos com marcas conhecidas e outros artefatos – como coisas
para bebês – e fechou a parceria com a Braspag para ser a porta de
pagamento. Sztamfater inseriu no portal o gateway internacional de
pagamentos “O pagador”, pelo qual os clientes podem usar diversos
meios de pagamento on-line, como cartão de crédito (todas as
bandeiras), débito, boleto bancário, parcelamento, entre outros.
A Braspag também fornece relatórios diários que concentram os
dados das compras. Além disso, a própria empresa ajuda na venda
de produtos. Atualmente, a Braspag possui cerca de 1.100 clientes,
entre eles: Carrefour, Votorantim, Sky, Netshoes e B2W (Americanas.
com, Submarino, Shoptime). Em agosto promoveu a quinta edição
do Saldão na internet, portal no qual os principais varejistas virtuais
brasileiros expõem produtos com gordos descontos. Ele ficou no ar
por cerca de 15 dias e Sztamfater aproveitou para colocar itens em
liquidação no canal.
Renan Fortes, gerente de projetos da Braspag no Brasil, estima
que a venda das soluções da empresa cresça cada vez mais na
América Latina. Já a PortCasa registra um crescimento anual de
100%. Hoje são cerca de cem mil clientes cadastrados no PortCasa.
Os concorrentes dele são os grandes lojistas virtuais, como o
PontoFrio.com, por exemplo.
Para se diferenciar, Sztamfater colocou à disposição dos
compradores telefonistas especializadas em decoração, prontas
para falar coisas como a cor da colcha a ser colocada na cama e dar
sugestões de presentes, além de apontar os pontos positivos em cada
um dos produtos. Há também um setor financeiro, uma logística e
uma montanha de pedidos que não param de chegar. A loja virtual de
Sztamfater virou uma empresa real.
vidapessoal
Dono do banco Indusval
Multistock, Manoel Cintra
divide suas atenções
entre o mundo dos
negócios e sua paixão por
carros. Nem só de lucro
vivem os homens
do mercado financeiro
Por Felipe Floresti
O motor rugia potente, estremecendo a bela carroceria azul do Mustang
Fastback 1968. De dentro do carro sai alguém decidido a
pagar os US$ 25 mil exigidos pelo dono daquela raridade.
Era o ano de 2000 e se tornava oficial o relacionamento de
paixão entre um homem e seus bólidos. Bem-vindo à coleção de carros antigos do banqueiro Manoel Cintra.
Mesmo sem saber, a coleção começou já no início dos
anos 70, com um Fusca branco. Ou melhor, dois Fuscas
brancos. Quando se casou, o carro dele e da mulher eram
iguais, com diferença de um ano. Não era seu primeiro veículo, mas Manoel se apegou à dupla. O tempo passou, o sa36 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
lário aumentou, e surgiu a oportunidade de trocar por um
melhor. Precisava vender e resolveu fazer negócio com sua
irmã. A condição era que quando ela fosse revender, seria
ele o comprador.
O outro foi para seu sogro. Apaixonado por carros, ele
queria somar aquele exemplar à sua coleção, que já contava
com figurinhas premiadas, como um Opel 67, um Oldsmobile 62 e Fairlane 66. Ao falecer, sabendo que o genro
compartilhava o gosto por carros, o sogro deixou os itens
com quem iria cuidar bem deles. A herança se juntou ao
Fusca que já havia readquirido junto à sua irmã, e assim,
Foto: Douglas Luccena
A vida no banco.
... do carro
quase sem querer, começou a coleção. Com o sogro, os
carros estavam envelhecendo ao natural, com cuidados
básicos, mas sem grandes restaurações. “Eu gosto de manter
o carro como se fosse zero, para usar quando preciso, viajar
com ele”, diz Cintra. “Então tem de deixar com todas as borrachas, tudo intacto.” Contou com especialistas em restauração e ficaram todos impecáveis.
Mais ou menos na época que comprou o Mustang,
Manoel decidiu montar um lugar especial para sua coleção.
Para abrigar os carros, construiu um galpão no final de uma
rua residencial sem saída, não muito longe de sua casa, onde
teria segurança e não chamaria atenção. Ele tinha sua própria
festa particular no mundo dos motores. Munidos de espaço
próprio e do desejo de Manoel, a coleção cresceu. Depois
do Mustang veio um Corvair 64 amarelo, um Opala dos
primeiros sempre solicitados pela GM em exposições, um
Porche Carrera 94 e até um Escort 84. Mas os xodós estão
em um período específico do tempo. Há um Rolls Royce.
que, mesmo sendo de 1969, traz confortos como banco
com regulagem elétrica e ar condicionado. E um MG 67
preto de interior cor de vinho, considerado um dos melhores exemplares da marca inglesa no País.
Manuel Cintra,
do Indusval,
“o pessoal leva
cachorro para
passear, eu levo
meus carros”
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 37
vidapessoal
Manoel explica a preferência pela década de 60. “Havia
aqueles carros que eu tinha desejo de ter aos 18, 20 anos e
não tinha condições”, conta. “É uma época muito marcante,
quando se começa a ganhar dinheiro e ter acesso ao mercado de consumo. Quando você tem mais ambição de ter.”
Agora, ele pode ir atrás da realização dos seus sonhos.
Para satisfazer os anseios mais particulares tem de estar
sempre atento às oportunidades. É parte do hobby procurar. Fazer contatos, encontrar aqueles que mais deseja, cobiçar a coleção dos outros. Em uma dessas oportunidades,
conquistou sua maior relíquia: um Fusca.
A história do Fusca no
Brasil começou em 1950.
Naquele ano, a Volks importou os primeiros 30
exemplares do que mais
tarde seriam modelos-símbolo do Brasil. Para Manoel, o desejo começaria
uns cinco anos depois de
o Fusca chegar por aqui,
quando ele ainda era um
garoto na cidade de Presidente Prudente. A maioria
dos carros era pesada e
quadrada como Ford Perfect preto. Um dia surgiu
rodando pela praça da cidade um pequeno, charmoso e
redondo Fusca. “Era uma coisa diferente de tudo que eu
conhecia.” Em 1959, o Fusca passou a ser produzido no
País, mas o menino guardou aquele primeiro na memória.
Cinquenta anos depois da cena em Presidente Prudente, Manoel caçava um fusca parecido com aquele que tinha
visto. Foi quando soube que um dos donos de uma dessas
raridades havia falecido. Manoel foi até a missa de sétimo
dia e avisou a viúva: “Se quiser vender, eu compro”. Não era
qualquer Fusca. Manoel só queria um Fusca semelhante ao
primeiro que viu e acabou comprando um dos primeiros
que o País todo viu. Um dos 30 primeiros.
A viúva vendeu o Fusca, mas segurou o outro alvo da
avidez do banqueiro, uma Mercedes Pagoda 1970. Queria deixar para o filho. Depois disso, Manoel ainda não
encontrou algum que valha a pena investir. “Com o passar
38 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
do tempo você fica mais exigente. É igual quando começa a
namorar. Qualquer mulher é mulher. Você vai ficando mais
velho, conhece mais e fica mais exigente”, compara. “Fica
mais detalhista. Encontra um carro e vê que é irrecuperável,
está com a lataria comprometida, com muita massa”.
Mesmo restaurados não dispensam cuidados constantes. Cada um com sua peculiaridade. Para ligar o Corvair amarelo precisa esperar esquentar bastante. Já o MG
requer quase um pequeno manual para funcionar. Liga,
espera encher o sistema de gasolina, puxa o afogador até
o fim com uma pequena girada para a direita, só então
coloca o motor para funcionar. Quem sabe de tudo isso,
com cada carro, é o Wilson Rodrigues. Há nove anos divide seu tempo entre as funções de motorista da Indusval
e no cuidado com os carros. É ele que os movimenta, limpa, cobre com a lona e deixa para dormir. Todos sempre
impecáveis, como zero-quilômetro.
Para Manoel sobra a função de passear com os carros,
visitar clubes de colecionadores, levar para exposições, ralis
de regularidade. “Tenho feito grandes amizades nesse meio.
Pessoas completamente diferentes. Você não precisa ser rico
para ter uma coleção. Pode fazer o seu carro, compra barato
e vai montando”, comenta. “Só um e você já é colecionador.
Tem gente que gosta de cachorro, mas não precisa ter 20. Se
você gosta de carro tem de ter carro. O pessoal leva cachorro
para passear, eu levo meus carros.”
Se aquele US$ 25 mil do Mustang fosse investido, Manoel teria hoje muito mais do que vale toda a coleção. Com
a experiência na presidência da BM&F, cargo que ocupava
na época, e no comando do banco Indusval Multistock
atualmente, poderia fazer esse capital render e multiplicar. Se
a aposta fosse as ações da Petrobras, por exemplo, o rendimento de 1.200% ao longo da década o deixaria com mais
de US$ 8 milhões. Nada mal, mas Manoel Cintra optou
por um retorno diferente.
Hoje são 18 carros colecionáveis que, juntos, valem
“míseros” R$ 2,5 milhões. Foi preciso muito mais que os
US$ 25 mil iniciais para chegar a essa quantia. “Eu costumo dizer que tudo que eu tenho está à venda, com exceção do meu filho e mulher. É tudo material. Mas pelo
carro você cria um sentimento e eu tenho muita dificuldade de vender”, confessa. “A parte sentimental você não
vende. Não tem preço.” f
artigopoliticamonetária
Expansão e contração
A política monetária restritiva iniciada em abril deste ano teve como objetivo reduzir o estado de excesso
de demanda no qual a economia se encontra. Na última reunião, o Banco CenPor Carlos Thadeu de Freitas Gomes
tral optou por diminuir
o ritmo do aperto monetário à medida que a inflação
apresenta alguma moderação na margem e a incerteza
sobre a recuperação das economias avançadas se eleva.
No entanto, dado o déficit em conta corrente e a volta
da dependência de capitais voláteis na sustentação do
balanço de pagamentos, as perspectivas para a política
monetária vão depender, dentre outros fatores, do nível
da taxa de juros nos países desenvolvidos.
No primeiro trimestre de 2010, a expansão da economia gerou pressões de demanda nos preços ao consumidor e nas importações. A política monetária expansionista do ano de 2009 facilitou as condições de crédito, que
junto a expansão da renda, emprego e estímulos fiscais,
resultaram no aumento da demanda agregada acima da
capacidade produtiva da economia, fazendo com que
crescesse a uma taxa duas vezes maior que seu potencial.
Os últimos dados refletem uma acomodação da
produção industrial, e o consumo das famílias mostra um
crescimento a taxas mais sustentáveis. Entretanto o déficit
em conta corrente e o câmbio real valorizado ainda dão
indícios de uma situação de excesso de demanda, fazendo com que esses dados pareçam mais uma desaceleração pontual do que permanente. No cenário do Banco
Central, que contempla a taxa Selic estável em 10,25% e
taxa de câmbio em R$1,75, as projeções continuam acima da meta de inflação ao longo de todo o ano de 2011,
convergindo a 4,5% somente em 2012. No cenário de
mercado, que assume a taxa Selic a 12% no final de 2010,
as projeções para o IPCA em 2011 se situam ao redor da
meta, ficando abaixo dela no primeiro semestre de 2012.
A incerteza nas economias desenvolvidas, a elevação
dos déficits fiscais e a expectativa de aumento das taxas de
juros de longo prazo nesses países podem afetar negativa40 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
mente o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil. Portanto, apesar da alta atratividade brasileira, não há garantias
de que os investimentos diretos poderão compensar os
déficits em conta corrente, caso eles se tornem crescentes.
O real tornou-se uma das commodities monetárias
mais desejadas, dada a sua trajetória esperada de valorização. Entusiasmado pelo interesse dos investidores pelo
real, o Tesouro alongou a dívida interna, mesmo sem a
existência de mercados secundários líquidos. Logo, quando da ocorrência dos primeiros sintomas da desvalorização dos ativos denominados em real, sem portas de saídas
imediatas, a ansiedade dos investidores é potencializada
pelos aumentos da cotação do dólar e das taxas de juros.
Os investimentos dos não residentes em títulos públicos já alcançam 8,95% do total da dívida pública mobiliária. Apesar de os títulos serem nominalmente de longo
prazo, sua liquidez os transforma em ativos de curto prazo.
Qualquer sinal de aumento das taxas de juros que recaem
sobre os títulos da dívida pública americana pode estimular a saída de capitais investidos nesses ativos, como consequência as taxas de juros que recaem sobre os títulos
emitidos pelo Tesouro do Brasil voltariam a subir e a saída
de recursos acarretaria volatilidade cambial.
Dessa forma, apesar das incertezas no cenário externo
que mudaram o conjunto de informações do Banco Central, a expectativa de que a inflação levará mais tempo até
convergir para a meta pode sinalizar novos aumentos na
taxa de juros nos anos seguintes, caso a política fiscal não
seja mais contracionista. Além disso, os déficits em conta
corrente estão financiados pelo ingresso de capitais voláteis, que podem ficar escassos no caso de uma elevação
das taxas de juros de longo prazo dos títulos americanos,
forçando o Banco Central a subir novamente a Selic. f
Carlos Thadeu de Freitas Gomes é
economista-chefe da CNC
e ex-diretor do Banco Central
mercadoraiox
Por Juliana Gonçalves
O Walmart
demorou
para entender
o jeito brasileiro. Com
o tempo, descobriu a forma de
fazer negócios por aqui. Agora, os
números no balanço e as vendas nas
gôndolas mostram que conseguiu
O futuro da maior varejista do mundo já não está nas mãos
dos americanos que vivem no país no qual
tudo começou. A lucratividade do Walmart em
outros países supera os números da matriz americana. O lucro nas unidades internacionais avançou
17% neste segundo trimestre fiscal. Já as lojas americanas tiveram queda de 0,2% na lucratividade e de
1,8% nas vendas. Entre as filiais, o Brasil se destaca
pelos resultados positivos. Em 2009, a rede americana vendeu R$ 19,7 bilhões por aqui, um crescimento de 16% sobre 2008. É o país do futuro e do
presente do Walmart.
42 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
O desempenho impressiona até mesmo em comparação com a média internacional da rede de varejo,
de 11%. Para não falar da média americana, de 2%.
Por isso, é natural pensar que quem cresce mais ganha mais investimento também. Os recursos aplicados pela empresa no Brasil podem ultrapassar os R$ 2
bilhões em 2010, mais do que o recebido por outros
países, excluindo os EUA.
Em agosto deste ano, a rede promoveu o Fórum
de Varejo 2010, que também marcou os 15 anos de
atuação da gigante do varejo no Brasil. Durante o
evento, Héctor Núñez revelou que o País é o que mais
Fotos: iStockphoto / Divulgação
Walmart verde.
E amarelo
recebe investimentos da empresa fora dos Estados
Unidos. “Os dados divulgados pelo IBGE mostram
que o setor varejista cresceu 10%, 11% este ano”, afirmou. “O Walmart Brasil cresceu bem mais que isso.”
Os resultados financeiros brasileiros positivos fazem com que a maior varejista do mundo e também
a empresa mais poderosa dos EUA, segundo estudo
conduzido pela Kantar Retail, volte cada vez mais
seus recursos para o Brasil, já que o país assumiu papel
fundamental na consolidação global.
Jeitinho que deu certo
O ponto de interrogação que brota na cabeça de
muitos investidores quando fala-se em clima, sociedade e costumes dos brasileiros leva empresas de diversos setores a cometer pequenos (ou imensos) deslizes. Em 1995, o Walmart desembarcava no Brasil.
Nessa época, quem poderia dizer que o País já havia
perdido seus mistérios? Ou que o mercado tropical
havia sido completamente desbravado?
A maior rede varejista do mundo demorou para
entender o Brasil. Quem fosse ao Walmart nesse período de descoberta do mercado brasileiro, encontrava
lojas com teto reforçado contra neve. E poderia adquirir modelos variados de tacos de golfe, que aliás eram
o carro-chefe dos estoques do empreendimento.
O estilo de consumo brasileiro não estava refletido nos negócios e as vendas que mal começaram já
estavam caindo. Logo a rede percebeu que não adiantava simplesmente dar um Ctrl+C Ctrl+V no modelo
de operação que fez sucesso mundo afora.
“Têm de customizar, aprender a atender o consumidor local e o quê ele quer”, disse Hector Nuñez,
presidente da rede no Brasil, ao relembrar a história
durante fórum que reuniu empresários do LIDE (
associação que reúne lideranças do mundo corporativo) na segunda quinzena de agosto deste ano.
Hector fez sua lição de casa, pois esse é justamente o segredinho de sucesso revelado por Sam Walton,
que fundou a rede em 1962. Em sua autobiografia ele
afirma: “Se você pensar o negócio do ponto de vista
do consumidor, também vai querer ter tudo: uma
grande variedade de mercadorias de qualidade, os preços mais baixos, satisfação garantida, serviço simpático e reconhecido; horários convenientes e viver uma
experiência de compra agradável. Você ama sempre
que uma loja supera as suas expectativas e
odeia quando ela é inconveniente,
proporciona uma experiência desagradável, ou finge
que você é invisível.”
Ao revisitar os
ensinamentos de
Walton, o Walmart
deu a volta por cima.
Reviu conceitos, incorporou mercadorias mais brasileiras
em suas gôndolas,
adaptou lojas ao clima
brazuca e começou, de
fato, a se envolver com a
população local por meio
de ações e programas voltados à comunidade.
Hoje, 15 anos depois
dos primeiros funcionários do
Walmart pisarem em terras tupiniquins, a rede é a terceira maior
do Brasil, investe pesado
na sustentabilidade e implementa ideias
testadas no
Hector Nuñez,
“tem de
customizar,
aprender a
atender o
consumidor”
mercadoraiox
Flavio Dias,
“queremos
vender
produtos
mais
sustentáveis
e com apelo
social”
exterior aqui sempre, claro, sem tirar os olhos do gosto
do consumidor local.
Em rede
Conhecer e entender, conquistar para crescer. Essa
seria uma definição adequada para o trabalho que o
Walmart desempenha no Brasil. A rede faz questão de se
Prêmio C.K. Prahalad
O Prêmio Prahalad foi criado para homenagear a visão e o
trabalho do indiano C.K. Prahalad, influente pensador do mundo
dos negócios falecido este ano, que foi ícone da discussão da
sustentabilidade no setor privado. A atuação do Walmart no Brasil
foi reconhecida por meio do prêmio que levou em considerações
diversos projetos desenvolvidos pela rede. Desde 2008, por exemplo,
em parceria com a ONG Conservação Internacional, o Walmart
desenvolve o projeto “Floresta Nacional do Amapá (Flona)” que
pretende conscientizar sobre o uso sustentável dos recursos da
Amazônia brasileira.
Além disso, o “Pacto pela Sustentabilidade” com fornecedores
de toda a sua cadeia produtiva, feito em 2009 pelo Walmart,
também foi destaque.
44 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
envolver com as comunidades e assim vai conhecendo e
sendo conhecida por milhares de brasileiros.
O projeto “E-Commerce Solidário” reflete bem o
pensamento defendido pela rede. Realizado em parceria com a Solidarium (empresa social que tem como
objetivo promover um comércio mais justo), a loja virtual do Walmart criou a categoria E-Solidário que oferece
cerca de cem itens de decoração e design produzidos artesanalmente por diversas comunidades brasileiras.
Iniciado em junho deste ano, o projeto configurase como a primeira parceria no Brasil entre uma rede
varejista e um negócio social para criar um canal de
vendas na internet.
Com o apoio do Walmart, produtores artesanais
podem pensar na ampliação de suas vendas, uma vez
que passam a ter alcance nacional e contam com um
forte esquema de logística. A cada encomenda feita,
os fornecedores têm 50% do pagamento antecipado.
O projeto beneficia 13 empreendimentos localizados nos Estados do Paraná, de São Paulo, do Maranhão e
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Verde do começo ao fim
Em junho deste ano, o Walmart Brasil recebeu nos
EUA o Prêmio C.K. Prahalad de Liderança Global em
Sustentabilidade. (Saiba mais no box 1). Sem dúvida, o
prêmio reforça o fato de que a operação brasileira está à
frente da norte-americana no quesito sustentabilidade.
Segundo o presidente da rede no Brasil, o Walmart brasileiro não vê o assunto como mais um mero
46 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
projeto. “Não podemos mais tratar de assuntos como
esse (sustentabilidade) como projeto, pois no caso
de uma crise será imediatamente cortado”, brincou
Núñez. “E se torna apenas mais um power point.”
Núñez acredita que a sustentabilidade hoje deva
fazer parte do orçamento das empresas. Atualmente,
as 436 lojas da rede espalhadas por 18 Estados brasileiros, além do Distrito Federal, contam com diversos
Dados referentes ao segundo trimestre
Aumento das vendas
11%
2,8%
Vendas internacionais líquidas
Vendas líquidas no mundo
Participação
no mercado internacional
Dados referentes ao segundo trimestre
de Minas Gerais, e amplia a rede de atuação do Walmart.
“Vender produtos mais sustentáveis e com apelo social e,
com isso, contribuir para o desenvolvimento das comunidades se encaixa perfeitamente na nossa maneira de ver
a sustentabilidade de maneira ampla”, afirma Flávio Dias,
diretor de e-commerce do Walmart Brasil. “Completamente inserida no negócio.”
Ainda na área social, o Instituto Walmart financia
hoje 43 projetos no País, fruto de investimentos da ordem de R$ 8,5 milhões este ano. Entre eles está a Escola Social do Varejo que atua em São Paulo, na Bahia,
em Pernambuco, em Alagoas, no Rio Grande do Sul
e em Ceará.
O programa, que recebe um investimento de
R$ 3 milhões, tem o objetivo de promover a formação
profissionalizante de jovens de baixo poder aquisitivo
para o mercado de trabalho com foco nas diferentes
ramificações do varejo e conta com a parceria técnica
do Instituto Aliança. Até o final do ano, mais de mil
jovens entre 17 e 24 anos devem se formar com um
treinamento que leva 18 meses, sendo oito para o período de inserção no mercado de trabalho e monitoramento das atividades dos jovens absorvidos.
Ao se envolver intensamente com a realidade dos
brasileiros, a rede está cada vez mais próxima do seu
mercado consumidor. Os tacos de golfe foram definitivamente descartados.
US$ 25,9
bilhões
US$ 103 bilhões
Vendas líquidas totais
Vendas internacionais líquidas
Marcos
Ambrosano,
“reduzimos
o uso de
sacolas em
nossas lojas
em 10%
desde 2007”
As marcas da rede
Os multiformatos do Walmart no Brasil atendem diversos
públicos e necessidades.
w Hipermercados Walmart Brasil, Big e Hiper.
w Supermercados Bompreço, Mercadorama e Nacional.
w Atacado Maxxi Atacados.
w Loja de vizinhança Todo Dia.
w Clube de Compras SAM’S Club.
programas voltados à bandeira verde. Assim, o Walmart desponta como um defensor do verde do Brasil.
Um bom exemplo está nos descontos para
quem não usa sacola plástica do Walmart e a instalação, em todas as unidades, de um caixa preferencial para clientes que usam alternativas à sacola
para levar suas compras.
“Estamos satisfeitos com os resultados obtidos até
agora. Junto a outras iniciativas, como a nossa sacola
retornável e o apoio à campanha ‘Saco é um Saco’, já
reduzimos o uso de sacolas em nossas lojas em 10%
desde 2007”, constatou Marcos Ambrosano, vicepresidente executivo do Walmart Brasil. “São 138,9
milhões de sacolinhas a menos no meio ambiente.”
O Walmart sempre foi admirado pelo seu forte
poder de persuasão diante dos fornecedores. A rede
percebeu que para viabilizar com mais força suas
práticas sustentáveis a cadeia desde o início deveria
ser “verde”.
Dentro desse contexto, a iniciativa “Ponta a Ponta” do Walmart incentiva os fornecedores a criarem
produtos 100% sustentáveis. “Já temos 30 fornecedores envolvidos”, revela Núñez. “Queremos que
isso se torne uma cadeia, com aumento de participantes a cada edição.”
Nesse mesmo sentido, em agosto deste ano a rede
se engajou no controle de origem de carne bovina,
pescados e frutos do mar. O primeiro projeto de rastreamento de carnes é encabeçado pela marca própria
Campeiro Novilho Precoce que informa ao consumidor a origem do produto (fazendas que não são de
áreas de desmatamento) e ressalta a não utilização de
mão de obra escrava.
Recentemente a rede decidiu antecipar uma tendência mundial e suspender a venda de termômetros
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 47
mercadoraiox
Carlos
Fernandes,
“quando o
consumidor
compra
comigo, eu fico
com os dados
dele, o e-mail e
o telefone”
de mercúrio em todas as suas 263 unidades de farmácias nos 18 Estados brasileiros em que está presente. Mais uma vez, conseguir um bom acordo com o
fornecedor foi fundamental. Embora permitido no
Brasil, o uso do termômetro de mercúrio vem sendo abolido gradualmente em todo o mundo, devido
à sua substância extremamente nociva à saúde e ao
meio ambiente. Para incentivar o consumidor a aderir
a mais essa atitude em busca da sustentabilidade, com
ajuda do fornecedor, o Walmart levou às farmácias a
opção do produto no formato digital pelo preço mais
baixo do mercado, R$ 9,98.
A conquista de novos territórios
Mais da metade dos R$ 2 bilhões de investimentos para a expansão da rede no próximo semestre ficará na região nordeste. É o que afirmou Núñez, ressaltando que até o final do ano o ritmo de inaugurações
será acelerado. “Vamos carregar as inaugurações no
segundo semestre, focando na bandeira Todo Dia
(voltada à classe C)”, revelou.
O crescimento do poder de compra dos consumidores da classe C acarreta esse posicionamento da
rede. Estão previstas cerca de 110 lojas, até o momento apenas 30 delas já foram abertas.
Além do nordeste, o território on-line também
está sendo demarcado aceleradamente pelo Walmart.
Quando, em 2008, a rede lançou sua loja virtual, a
ideia era oferecer o preço mais baixo sempre e o mesmo nível de satisfação do consumidor da loja física
para a compra virtual.
Em dois anos de investimentos constantes, a loja
on-line é hoje uma das 15 que levam o selo Diamante concedido pela e-bit, empresa especializada em
comércio eletrônico, num universo de três mil lojas
48 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
virtuais. Para ganhar o selo a loja precisa ter avaliação
positiva dos clientes em quesitos como facilidade de
compra, preço, cumprimento do prazo de entrega e
informações sobre produtos.
A rede orgulha-se da rápida fidelização conseguida em ambiente on-line. “Quando o consumidor
compra comigo, eu fico com os dados dele, e-mail, telefone. O canal de comunicação está aberto, inclusive
para eu me relacionar com ele no pós-venda”, revelou
Carlos Fernandes, vice-presidente administrativo do
Walmart. “A questão da fidelização on-line passa também por essas vias.”
De olho no consumidor 2.0, a rede varejista criou
o perfil no Twitter @varejoverdewm no qual ocorrem
discussões, dicas e fatos sobre consumo consciente.
Além do @WalmartAtende. Por meio dele o consumidor segue esse perfil até sua solicitação ser atendida.
“Foi algo ousado, mas que se torna um viral caso o assunto seja bem resolvido”, comenta Fernandes.
Ousar e se permitir mudar foi o que salvou o Walmart no Brasil dos tetos com reforço contra neve e coloriu cada vez mais o engessado modelo de negócios
cinza para um adaptado e vibrante verde e amarelo. f
artigouniversofinanceiro
Olho no futuro
Prever o próximo estágio da recuperação
global após a Grande Recessão, ou mesmo se
um avanço vai mesmo ocorrer, tem se tornado problemático nos últimos meses.
Por Albert Fishlow As previsões não se concretizaram.
Talvez ler as entranhas do Óraculo de
Delphi ajudasse. Exceto que todo mundo quer
esquecer a Grécia: apenas três meses atrás, enquanto ela rumava direto para o calote, o resto
da União Europeia ameaçou seguir o mesmo
destino. Os mercados europeus se recuperaram, com boas notícias recentes, apesar de as
taxas de juros permanecerem altas para o padrão de países mediterrâneos.
Os países desenvolvidos não são mais a
maior fonte de estímulo econômico. Na verdade, essa tem sido a realidade para a Europa
e o Japão há bastante tempo. Desde os anos
90, esses países têm encolhido, enquanto os
países asiáticos e, mais recentemente os latino-americanos, crescem. Um fato torna esse
fenômeno claro: China, Índia e Brasil devem
ser responsáveis por algo em torno de 40%
do crescimento mundial nos próximos anos;
adicionando-se todos os demais países em
desenvolvimento, essa contribuição quase
dobra. Os Estados Unidos são uma exceção.
Sua explosão de crescimento nos anos 90 e
a recuperação depois de 2001 contribuíram
para o desempenho global, em parte por encorajar importações.
50 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
Hoje, países desenvolvidos foram prejudicados em relação ao desenvolvimento. E, ainda
por cima, emergiram da desaceleração global
com sérios déficits fiscais – em parte por causa
das políticas para conter a recessão e enormes
dívidas do setor público. Isso se transformou
numa corrida para reduzir os déficits – como
discutido no encontro dos G-20 em Toronto
por todos, exceto Estados Unidos – e desacelerar o crescimento do endividamento.
As políticas monetárias seguem muito
frouxas. Os juros reais estão negativos. Projeções sugerem que não subirão tão cedo. Governos intervêm para salvar o setor financeiro
do colapso. Mas a desalavancagem (redução
da dependência do crédito) continua. Existem
lucros corporativos acumulados, mas pouco
incentivo para investir. Especialmente agora,
com incerteza crescente e um mercado financeiro volátil, as empresas preferem esperar
para ver. Enquanto isso, nos Estados Unidos o
desemprego cresceu rapidamente e continua
alto demais.
Vai levar tempo – menos, com crescimento econômico – antes que os governos consigam um superávit primário alto o suficiente
para reverter a escalada na relação entre dívida
e renda. Um cenário positivo depende de uma
resposta rápida por parte do setor privado em
investimentos e consumo. Se isso não acontecer, déficits públicos reduzidos vão se traduzir
em estagnação e deflação. Alguns se preocupam com a alta da taxa de juros e preços decorrentes da excessiva expansão monetária,
além do ciclo de desequilíbrio na ponta oposta. Há uma linha tênue entre os dois.
Exportações podem ajudar na recuperação, mas alguém tem de comprar. A Alemanha
se beneficia das vendas na periferia sulista da
União Europeia. Os Estados Unidos, com
comércio interno deficitário, almejam crescimento de dois dígitos. O objetivo lógico é o
Sul em expansão, com expectativas de taxas de
crescimento três vezes maior que o Norte.
Há resistência. Com o retorno do crescimento econômico, existe o foco no eixo Sul–
Sul. As discussões se afastam da globalização
das últimas décadas, enfatizando uma abertura
seletiva e gradual nos países em desenvolvimento. Para complementar o mercado interno
predominante, há a possibilidade de comércio
entre economias de peso semelhante. Deveria
haver proteção diferenciada contra importações do Norte, favorecendo as do Sul.
A China, que dependia do crescimento
controlado de exportações para países desenvolvidos, sofre uma reviravolta. Também
procura assegurar o futuro fornecimento das
matérias-primas que sua rápida expansão demanda. A China progressivamente se tornou
o maior parceiro comercial do Brasil. Por sua
vez, o Brasil reforça o mercado latino-americano para exportações industriais, e se movimenta para a África, assim como para a Índia.
A África do Sul se torna um elo importante.
IBSA (Índia, Brasil e África do Sul) e BRICs
(Brasil, Rússia, Índia e China) ficam para trás.
Agora, BASIC (Brasil, África do Sul, América
do Sul, Índia e China) se tornou o acrônimo
do futuro.
Fazer desse ascendente Sul compatível
com a globalização é a rota preferencial. Eles
não são inconsistentes. O Brasil, retórica política à parte, tem seguido esse caminho há
mais de uma década. Apesar de ter rejeitado
a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), investimentos norte-americanos são procurados e bem-vindos. Assim como os itens
de primeira necessidade de empresas norteamericanas que provêm avanços tecnológicos
com baixos preços. Um exemplo é o recente
acordo diplomático sobre os subsídios ao algodão, válido até 2012. O mesmo desejo brasileiro de ampliar vínculos se estende, talvez ainda mais intensamente, para a União Europeia.
Um acordo de livre comércio entre a União
Europeia e o Mercosul, depois de anos fora
das negociações, está de volta à agenda. Igualmente, a China é crescentemente vista como
uma competidora, não um simples complemento, com seus impostos domésticos e políticas salariais que impactam no Brasil.
Os brasileiros se beneficiarão da diversidade de caminhos e conteúdo do comércio
internacional no futuro. Um retorno para um
crescimento alto nos países desenvolvidos só
pode ajudar. f
Albert Fishlow
é diretor de estudos
latino-americanos
e diretor do Centro para o
Estudo do Brasil,
ambos departamentos do
Columbia Institute
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 51
mercadoemascensão
Um País na ribalta
O Brasil chama a atenção de economistas do mundo inteiro. Este
ano, o Seminário Internacional Acrefi reflete
essa situação privilegiada. Anualmente, o evento
aborda a economia brasileira dentro do contexto mundial.
Nesta quinta edição, o encontro ocorre no Renaissance
Hotel São Paulo, em 30 de setembro.
No evento estarão renomados presidentes de instituições financeiras multinacionais de capital estrangeiro.
Entre eles, estão Louis Bazire, presidente do BNP Paribas,
Conrado Engel, presidente do HSBC, e Artur Fernandes,
presidente do Banif. A abertura do evento contará com a
presença do presidente da Acrefi, Adalberto Savioli, que fará
uma análise geral do crédito no Brasil e falará sobre o papel
da associação. Em seguida, Albert Fishlow, professor emérito da Universidade de Colúmbia (USA), apresentará a
“Análise do contexto global e do Brasil como uma alternativa
prioritária e estratégica para as instituições internacionais”.
Eles veem no Brasil um importante mercado para
atuar e já se posicionam aqui de maneira consolidada.
Estão atraídos pelos altos níveis de crescimento e um
dos melhores locais do globo para fazer negócios. Há
interesse em todas as áreas do País, desde o mercado
consumidor – que desponta com 200 milhões de potenciais clientes – até a indústria e serviços.
52 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
Por outro lado, algumas instituições internacionais
sofreram perdas nos países de origem ocasionadas pela
crise financeira ocorrida nos Estados Unidos e a atual na
Europa. Essas situações fizeram com que os dirigentes de
alguns bancos e empresas europeias, por exemplo, pensassem estrategicamente no Brasil como uma alternativa
importante para investimentos ou de recomposição de
alguma perda. Na ocasião, o mercado poderá prestar atenção a esse movimento.
Durante o seminário serão abordadas, ainda, inovações na área de tecnologia, como a atuação das plataformas que processam pagamentos eletrônicos na
web, os meios de pagamentos utilizados no canal, o
crescimento do comércio eletrônico e todas as partes
envolvidas no universo virtual. Durante o Painel Interativo de Tecnologia, os participantes irão acompanhar
quais são as estratégias das multinacionais que atuam
na web com relação ao Brasil.
A cada mês, dezenas de lojas saem do mundo real
e migram para a internet. Novas tecnologias surgem
no mercado para atender a essa atividade. No encontro, também será levantado o papel do meio de
pagamento nesse contexto e de que forma as instituições financeiras estão se preparando para essa nova
Fotos: Divulgação
Executivos do setor financeiro do mundo inteiro
vêm ao Brasil em setembro. É o 5º Seminário
Internacional Acrefi, este ano ainda mais relevante
devido à situação privilegiada do País
Albert Fishlow,
da Universidade
de Colúmbia (USA)
realidade virtual. Diversas provedoras de plataformas
de pagamento não são bancos, mas fazem o papel de
uma financeira. “Este painel é uma chance para conhecer as ameaças e oportunidades na internet”, aponta
Marcelo Borges, sócio-diretor da Connexa Consultoria de Gestão e Marketing Estratégico.
Há seis meses, a Acrefi contratou a Connexa para
ajudar no novo posicionamento da marca. A ideia é que
a associação seja ainda mais eficaz e efetiva naquilo em
que se propõe a fazer: informar o mercado e os associados de maneira adequada. Segundo ele, esse novo modelo irá diferenciar de maneira positiva o 5° Seminário
Internacional Acrefi das edições anteriores. Para finalizar, em vias de mudar o presidente do País, haverá um
debate com economistas, como Rubens Sardenberg e
José Roberto Mendonça de Barros, que falarão quais
as expectativas do mercado financeiro com o próximo
mandato de governo.
O 5º Seminário Internacional Acrefi contará com um
público seleto de cerca de 400 pessoas. “Quem atua no
mercado financeiro não deve deixar de comparecer. Além
do conteúdo explorado na ocasião, será também um bom
momento para fazer networking”, ressalta Borges.
Painel Interativo de Lideranças
Conrado Engel,
do HSBC
A crise financeira internacional continua e a Europa é o foco. Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha
– que formam o chamado grupo dos PIIGS – são os
que se encontram em posição mais delicada dentro
da zona do euro e têm sido os epicentros de mais
uma onda de turbulências. Por sua vez, as grandes
empresas e instituições financeiras internacionais têm
experimentado perdas significativas que as forçam a
buscar alternativas. Nesse contexto, o Brasil se coloca
como um mercado oportuno e já é possível identificar movimentos estratégicos em nossa direção. Neste
painel, presidentes de grandes corporações e especialistas farão uma análise das estratégias de negócios,
avaliando as oportunidades.
Será o caso do líder do Grupo Santander Brasil, Fábio Barbosa. Sua carreira se iniciou na Nestlé,
na qual trabalhou por 12 anos na Suíça e nos EUA.
Também atuou no Citibank na LTCB Latin America, subsidiária brasileira do The Long Term Credit
Bank do Japão, além do banco holandês ABN Amro.
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 53
mercadoemascensão
Fabio Barbosa,
do Santander
Brasil
Louis Bazire,
do BNP
Paribas
Em 2007 tornou-se presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), sendo o primeiro presidente de um banco estrangeiro com a posição. Em
2007 empossou a cadeira de presidente do Grupo
Santander Brasil.
O vice-presidente sênior para a América Latina da
Moody’s, Mauro Leos, será um dos participantes. A
Moody’s é uma das maiores agências de classificação
de risco do mundo.
Participantes
Mediador: Francisco da Silva Coelho
Presidente da Ordem dos Economistas do Brasil
Fabio Colletti Barbosa – Presidente do Banco Santander
Mauro Leos – Vice-presidente – senior credit officer de risco
soberano da Moody’s
Conrado Engel – Presidente do HSBC
Louis Bazire – Presidente do BNP Paribas
Artur Fernandes – Presidente do Banif
54 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
Mauro Leos,
da Moody’s
Outro nome será Conrado Engel, que assumiu a
cadeira de presidente e CEO do HSBC Bank Brasil
em junho do ano passado. Desde 2007, Engel é responsável pela área de varejo bancário das operações
do HSBC na Ásia e Oceania, englobando 19 países.
Antes desse cargo em Hong Kong, foi diretor-executivo do HSBC Bank Brasil desde agosto de 2004. O
executivo catarinense, formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), tem mais de 27 anos de
experiência no setor financeiro.
Louis Bazire, presidente do maior banco da França,
o BNP Paribas, dará seu parecer sobre o mercado brasileiro. Ele é graduado na École des Hautes Études Commerciales de Paris, a HEC. Com passagens pela Espanha, pela Bélgica, pela Suíça e pelo México, tornou-se
especialista em América Latina, o que o levou a acumular a direção dos negócios do banco de investimento na
região com o comando da operação brasileira.
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AULA INAUGURAL DE MBA
EM CRÉDITO E COBRANÇA
FOI UM SUCESSO
A aula inaugural do MBA executivo IGEOC / ACREFI
em Créd to e Cobrança, estágio mais alto na formação dos
profissionais do setor, realizada na sede do Instituto GEOC,
teve lotação completa no auditório da entidade. A apresentação do curso coube aos presidentes do IGEOC, Adilson Sil
Melhado, da ACREFI, Adalberto Savioli e do Grupo IBMEC
Eduardo Wurzmann, que ressaltaram a importância em promover a reciclagem e a formação de novos profissionais em
um mercado de mudanças e atualizações tão constantes.
O CEO do Groupe BPI no Brasil, G lberto Guimarães,
proferiu a aula inaugural para a primeira turma que participa
da iniciativa inédita.
Durante a idealização do curso contamos com a participação e envolvimento da ACREFI, que aportou ao projeto as
necessidades do mercado financeiro, construindo uma visão
desafiadora e ampla sobre o ciclo de crédito e cobrança.
A entidade de ensino escolhida para ser a responsável
pela viabilidade do projeto educacional foi o Grupo IBMEC.
“O MBA executivo IGEOC em Crédito e Cobrança é o
primeiro passo de um projeto muito mais abrangente. O convênio entre o IGEOC, a ACREFI e o Grupo IBMEC levara
cursos à distância e presenciais para todo o Brasil, com previsão de turmas em Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e Recife.
O dinamismo, a competitividade e a alta performance
das empresas de crédito e cobrança estão representadas em
sala de aula, na presença de professores, alunos e palestrantes, promovendo, dessa forma, o debate em alto nível de
temas que vão desde a criação e concessão de produtos de
crédito até a recuperação do crédito e cobrança, passando
por todas as etapas.
SELO DE QUALIDADE DO INSTITUTO GEOC
COMPLETA QUATRO ANOS. O MODELO DE QUALIDADE
É “EXPORTADO” PARA AMÉRICA LATINA E EUROPA
O Instituto GEOC apresentou no 3º Intercâmbio das Associações de Crédito e Cobrança da América Latina, realizado
no México pelo Latincob, o Selo de Qualidade da entidade
que certifica as empresas do setor de cobrança. A entidade
brasileira comemora os quatro anos de sucesso da certificação, que agora serve de modelo para outros países.
Em agosto, diretores do IGEOC apresentaram o Selo de
Qualidade no 71º Congresso da ACA (American Collectors
Association) – considerada a maior associação de crédito e
cobrança do mundo, com cerca de 3.500 membros – realizado em Washington, nos Estados Unidos. O mesmo acontecerá, no final do ano, com o mercado europeu, onde a
certificação será apresentada no 1º. Congresso de Crédito e
Recuperação em Portugal.
A Certificação – criada sob a coordenação da Fundação Getúlio Vargas e a certificação da Fundação Vanzolini –
USP – avalia a experiência da empresa , a visão estratégica,
o portfólio de clientes, os processos de cobrança administrativa e judicial, a obediência à legislação e os códigos de
conduta, tecnologia e resultados, entre outros.
“O Selo é requisito básico para ser um associado do
IGEOC, instituto criado para assegurar a qualidade em
todas as etapas do processo de recuperação de crédito”,
afirma o presidente do Latincob e do Instituto IGEOC,
Adilson Sil Melhado.
As turmas de março de 2011 já estão abertas.
Os interessados podem entrar em contato pelo site
www.igeoc.org.br
ou pelos telefones (11) 3666-5031 / 3369-3800
mercadoemascensão
Painel Interativo de Tecnologia
O comércio eletrônico nacional cresce cerca
de 30% ao ano. Com essa alta, os consumidores
exigem cada vez mais que as soluções bancárias e
plataformas de pagamento sejam seguras e inovadoras. Neste painel, profissionais experientes de
mercado debaterão sobre as oportunidades, ameaças e novas fronteiras da internet.
O encontro terá a presença do presidente das
unidades pessoa física e pessoa jurídica da Serasa Experian, Laércio de Oliveira Pinto. A Serasa Experian,
parte do grupo Experian, é o maior birô de crédito
do mundo fora dos Estados Unidos, detendo o mais
extenso banco de dados da América Latina sobre
consumidores, empresas e grupos econômicos. Há
Participantes
Mediador: Ethevaldo Siqueira – Colunista do jornal “O Estado
de S. Paulo”, da revista “Época” e da rádio CBN
Laércio de Oliveira Pinto – Presidente das UNs pessoa física e
pessoa jurídica da Serasa Experian
Cláudio Oliveira – Diretor comercial da Redecard
Rodrigo Borges – Vice-presidente de produtos e novos negócios/
co-founder BuscaPé
Eduardo Pontes – Diretor de tecnologia da Braspag
Carlos Vianna – Líder em consultoria para área financeira da Accenture
mais de 40 anos presente no mercado brasileiro, participa da maioria das decisões de crédito e negócios
tomadas no País, respondendo on-line e em tempo
real a quatro milhões de consultas por dia, demandadas por 400 mil clientes diretos e indiretos.
O vice-presidente do portal BuscaPé, Rodrigo
Borges, irá para representar o canal. O BuscaPé não
é uma loja, mas uma ferramenta que ajuda o consumidor a fazer a melhor compra de um produto ou
serviço por meio de informação rápida. O serviço
é gratuito e faz com que o cliente não perca tempo
entrando e saindo de lojas (físicas ou na internet),
pois o portal busca e entrega numa página uma lista com o que ele procura. Todos os dias, milhões
de ofertas são capturadas nas lojas pelo canal.
Eduardo Pontes, diretor de tecnologia da Braspag, participará do debate. A companhia processa pagamentos para e-commerce e call center na
América Latina. A Braspag integra todos os meios
de pagamento e consolida o processo de contas a
receber das principais lojas virtuais do Brasil. Fornece a empresas de todos os portes uma solução
consolidada para processamento de transações no
Brasil e também em países como México, Colômbia, Argentina e Chile.
Painel Interativo – Novo Governo
O que mudará na economia brasileira após a
eleição do novo(a) presidente(a)? Durante o painel,
o economista-chefe da Federação Brasileira de Ban-
Participantes
Christiane Pelajo – Jornalista
Cristiana Lobo – Jornalista
Rubens Sardenberg – Economista da Febraban
José Roberto Mendonça de Barros – Economista
56 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
cos (Febraban), Rubens Sardenberg, e o economista
José Roberto Mendonça de Barros, farão uma análise
completa das perspectivas políticas e econômicas do
novo governo.
Sardenberg é ex-diretor da Nossa Caixa e ex-secretário-adjunto do Tesouro Nacional, e Mendonça de Barros
foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 1995 e 1998, e secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior da Presidência da República. f
especialdiscurso
Banco Central
Alicerce bem sedimentado
Discurso de Alexandre A. Tombini, em 23 de agosto, no
recebimento do prêmio de Economista do Setor Público
de 2010, concedido pela Ordem dos Economistas do Brasil
‘
Caro Francisco Coelho – presidente da Ordem dos Economistas do Brasil –,
demais conselheiros aqui presentes, senhoras e senhores, é
para mim uma enorme satisfação receber, nesta celebração,
o prêmio de Economista do Setor Público em 2010. Agradeço à ordem pelo privilégio de ter sido lembrado para essa
importante honraria.
Acredito que tal distinção reflete na realidade um trabalho conjunto e integrado de toda uma equipe, muitos aqui
dos meus colegas de Banco Central, diretor Carlos Hamilton, e vários outros do corpo funcional aqui presentes, eu
entendo que este prêmio é um prêmio que revela o resultado de um trabalho institucional e eu aproveito este momento para agradecer o empenho de todas essas pessoas
que colaboraram na minha instituição com meu trabalho
de economista.
Quero agradecer ainda ao presidente Henrique
Meirelles pela confiança e, sobretudo, pela oportunidade que me proporcionou de integrar a diretoria colegiada do Banco Central do Brasil, onde venho exercendo a
função de economista.
Para um economista de Banco Central, os desafios da
economia, especialmente da economia mundial, têm sido
muitos nos últimos anos. No entanto, a atuação eficiente e
organizada, com o envolvimento e comprometimento de
todos, permitiu que o Banco Central do Brasil agisse no
momento adequado e com as respostas certas aos desafios impostos pelo novo cenário mundial, e também pelas
demandas internas que se avolumaram como resultado de
uma sociedade brasileira que se transformou para melhor
nos últimos anos.
Creio que tal evolução exitosa não se verifica por mero
acaso: resultou de alicerce bem sedimentado em termos de
políticas macroeconômicas. Referindo-me à minha insti58 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
tuição eu creio que é sempre bom lembrar essa última estrutura básica de pilares que tem permitido conciliar, para o
País, estabilidade com crescimento: me refiro ao Sistema de
Metas para a Inflação, à taxa de câmbio flutuante, à Política
de Acumulação de Reservas Internacionais, tudo isso aliado a uma regulação e supervisão financeiras equilibradas
e eficientes, tudo concentrado em uma única instituição, o
Banco Central do Brasil.
Além do baixo, e previsível, nível de inflação alcançado
– que traz tantos benefícios para a população –, temos procurado garantir a continuidade do processo de expansão
do crédito. Tal expansão, verificada de maneira consistente
ao longo do tempo, tem possibilitado às empresas e aos
consumidores alongar seus horizontes de decisão e realizarem suas aquisições a prazos mais dilatados. Esse tem
sido mais um dos grandes méritos da regulação do banco
central, a qual tem buscado equilibrar modernidade com
cautela, ampliando os níveis de transparência, de concorrência, e da chamada inclusão financeira.
É consenso atualmente na comunidade financeira, e
na academia em geral, que muito do êxito alcançado pela
economia brasileira no enfrentamento e na superação da
crise financeira internacional decorreu do nível de solidez
evidenciado em nosso sistema financeiro, como foi definido pelo governador Lauro Natel. Portanto gostaria também de aproveitar a oportunidade para destacar o alto nível
da regulação e da supervisão bancária brasileira – fruto do
mencionado trabalho coletivo a que me referi inicialmente,
e objetivo ao qual tenho buscado me dedicar sempre com
visão de economista.
Se no exterior as normas permitiram a realização de
empréstimos com base em créditos de natureza duvidosa, no Brasil o ambiente regulatório desenvolvido pelo
sabilidades. Na arena externa, o Brasil desempenha no
momento papel ativo e fundamental seja nas discussões da
nova arquitetura financeira internacional gestada no G–20,
seja nos outros fóruns internacionais, nos quais defendemos com firmeza nossos pontos de vista com respeito às
regras prudenciais.
Creio que muito já avançamos na matéria, mas acho
bom que ainda existam vários desafios e muito trabalho pela
frente. Isso certamente nos estimula na nossa determinação
de termos um sistema financeiro cada vez mais exemplar ao
mundo, mas, sobretudo, um sistema financeiro que sirva a
nós brasileiros.
Eu queria antes de encerrar reconhecer a visão da Ordem dos Economistas do Brasil, que sempre trouxe a matéria da regulação prudencial para perto dos economistas.
Nos últimos anos muito se investiu na profissão, seja pelos
profissionais que atuam diretamente no mercado de trabalho, seja na academia, os economistas investiram muito nos
aspectos macroeconômicos, na política fiscal, na política
monetária, quando a área de regulação prudencial, e essa crise nos demonstrou é fundamental que a nossa profissão se
dedique tanto na academia, quanto no mercado de trabalho,
a essa matéria. É uma matéria rica, é uma matéria que merece a atenção dos economistas, e a Ordem dos Economistas
do Brasil foi pioneira, sempre trazendo expoentes da área financeira e da área de regulação, e isso sob a liderança do meu
amigo Francisco Coelho.
Por fim, aproveito para cumprimentá-lo pelo septuagésimo quinto aniversário da Ordem dos Economistas.
Mais uma vez o meu muito obrigado a todos e tenham
um ótimo jantar. f
Alexandre A.
Tombini, do
Banco Central,
recebe o
prêmio de
Economista
do Setor
Púbico 2010
de Adalberto
Savioli,
presidente
da Acrefi, e do
economista
Antônio
Delfim Neto
‘
Banco Central, por vezes dito como sendo excessivamente
conservador, mas que eu qualificaria mais como cauteloso,
eficiente e avançado, impôs regras firmes que mantiveram a
estabilidade do sistema financeiro nacional.
No enfrentamento da crise, dessa recente crise, fizemos
uso, no momento correto, do nosso amplo ‘colchão de liquidez’ para assegurar a continuidade das operações de crédito,
e ampliarmos a disponibilidade de recursos para instituições
menores, sem utilizarmos recursos públicos, fato que ocorreu com frequência no exterior em várias jurisdições.
Estamos agora trabalhando, de forma coordenada com
nossos parceiros internacionais no BIS, em novas medidas
que objetivam resguardar o sistema financeiro internacional de possíveis intempéries futuras. Esse processo sendo
conduzido no âmbito do ‘comitê de Basiléia’ promoverá, a
meu ver, importantes ajustes para tornar o sistema financeiro mundial mais seguro, aspecto muito importante para o
Brasil no momento em que um número crescente de instituições financeiras nacionais se expande no exterior.
No tocante a esse ambiente regulatório moderno,
não se pode esquecer a importância de se ter uma supervisão que soube se aprimorar rapidamente, e que passou
a incorporar, entre outras coisas, uma visão moderna no
processo de licenciamento de novas instituições financeiras, mediante exigência de planos de negócios e uma visão
proativa em relação ao ‘interesse público’, contribuindo de
forma consistente para garantir a saúde e ampliar a robustez
do sistema financeiro.
Se o Brasil se modificou muito, o Banco Central –
importante gestor desse processo evolutivo – passou a
assumir, por consequência, novas e importantes respon-
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 59
Em defesa do setor
A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi)
tem o objetivo de congregar as empresas do setor, defender seus legítimos interesses,
fortalecer as relações entre os associados e promover o desenvolvimento de suas
atividades. Por isso, a Acrefi criou Comissões com temas distintos para debater os
assuntos relevantes desse mercado. Conheça um pouco sobre cada uma delas:
Veículos
A Comissão de Veículos, criada em julho, tem como principal objetivo, além dos debates referentes ao crédito de
veículos, suas oscilações, tendências e novidades. A criação de uma nova ferramenta de consulta em parceria com os
principais bureaus de informações do País é uma das iniciativas. A idéia, com isso, é unificar todos os dados referentes
ao bem concedido em garantia à solicitação e ao perfil do solicitante. “Esperamos, com isso, uma maior agilidade e
segurança em nossas inúmeras decisões diárias em nossas mesas de crédito sejam elas automáticas ou manuais”,
aponta o Coordenador Comissão de Veículos Acrefi, Fernando Ruiz.
Crédito & Cobrança
Assuntos Jurídicos
Coordenada por José Renato Simão Borges, vice-presidente do banco Sofisa, a comissão se reúne mensalmente. Os participantes, entre representantes das outras
comissões e associados da Acrefi, apresentam a experiência de crédito e cobrança de suas instituições no mês
anterior, bem como são convidados a falar sobre cenários
e perspectivas.
Na última edição, falamos sobre a Comissão Jurídica, que discutiu o modelo de formulário que esclarecerá os clientes o custo total de uma operação
de financiamento para ser utilizado por todas as instituições financeiras signatárias da autorregulação
bancária. Iniciativas como essa fazem a comissão
ter um papel fundamental para os bancos.
Sandro Almeida, diretor-executivo do banco Carrefour, coordena a nova Comissão Outros Produtos, focada em
produtos e serviços financeiros que não são relacionados ao tema veículos. A ideia é adicionar na agenda da Acrefi a
discussão sobre temas como crédito pessoal, cartão de crédito, CDC e cartão lojista. No dia 5 de agosto ocorreu o primeiro encontro. Também será tratado, durante as reuniões, o quesito custo versus serviços. Com isso, Almeida espera
que os participantes, após uma saudável discussão alcancem ganho de eficiência, por meio de redução de custos.
“Essa é uma oportunidade de trocar experiências e melhorar a performance por meio de banchmarck”, ressalta.
Almeida também pretende colocar em pauta o papel dos associados na educação financeira da sociedade. “Com
o aumento da classe C, queremos posicionar a Acrefi como facilitadora também dos clientes, possibilitando a inclusão
da classe C de maneira sadia. Se tratarmos de educação financeira, certamente vamos perpetuar o período de vida
dos clientes nas instituições”, estima Almeida.
Foto: Douglas Luccena
Outros Produtos
Publieditorial
Comissão do
Cadastro Positivo
Acompanhe entrevista com o coordenador Wellington Santos
Financeiro Quais os temas tratados por essa Comissão?
Wellington Santos Debatemos a questão da utilização das informações do comportamento\habito de pagamento para uma melhor decisão de crédito, do ponto de
vista da instituição que aumentará suas taxas de aprovações com menor risco e do ponto de vista de clientes com
baixo risco de inadimplência que gozarão de juros menores
e também dos clientes que hoje não tem acesso ao crédito
que poderão ter.
Financeiro Qual a finalidade dos debates?
Santos Primeiramente, a finalidade dos debates é mostrar por meio de estudos e cases, os beneficios de um cadastro positivo, que são muitos, desde a redução do valor na consulta a bases da Serasa Experian quanto numa
maior e mais assertiva decisão de crédito.
Financeiro Quem participa?
Santos Hoje temos 20 bancos\financeiras
trocando informações e mais 18 prospects
analisando questões jurídicas e de tecnologia
e também fazendo back test na Serasa Experian para poder mensurar o tamanho do beneficio para as decisões de crédito.
Financeiro Considerações Finais?
Santos Estudos do Banco Mundial e dos
principais bureaus de crédito do Brasil mostram
grandes benefícios na utilização do cadastro positivo, tais como: Redução da Inadimplência, em
consequência redução dos spreads bancários e,
assim, aumento na concessão de crédito, mais
pessoas tomando crédito e sendo atendidas.
relacionamentodireto
Mais perto
Eles querem estar perto de você. Discutindo e apontando
temas relevantes do mercado. Por isso, para se
aproximar dos colaboradores, a Associação das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento
(Acrefi) criou o evento “Encontros Regionais”. Desde julho deste ano a entidade realiza esses encontros
para acabar com a barreira da distância.
A ideia de criar esse tipo de evento surgiu após a
realização de pesquisas em 2009 junto aos associados
de diversas partes do Brasil para o desenvolvimento
do novo Planejamento Estratégico da Acrefi. Durante
62 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
a fase do diagnóstico, entre as muitas oportunidades
percebidas na relação da entidade com eles, chegouse à conclusão de que a distância física era um fator
que contribuía para os baixos níveis de participação e
interesse dos associados. Os que estavam fora de São
Paulo interagiam somente com a entidade quando
se deslocavam para essa cidade – onde fica a sede da
Acrefi – ou por meio de e-mails e publicações.
Com a conclusão da pesquisa, ficou óbvio e urgente que, seguindo a orientação da nova administração de aproximar mais a Acrefi de seus associados,
Fotos: Divulgação
Acrefi realiza
“Encontros Regionais”
para se aproximar dos
associados de fora de São Paulo
seria necessário mover a entidade para perto deles. O
primeiro movimento nesse sentido foi testado com
sucesso este ano e, até o fechamento desta edição, foram realizados três “Encontros Regionais”. Os locais
escolhidos para essas primeiras ocasiões foram Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, Estados
com maior concentração de instituições associadas.
O modelo pensado apontava para um evento de
curta duração, que permitisse uma apresentação objetiva do presidente da entidade, Adalberto Savioli,
sobre o novo modelo estratégico da Acrefi, que preza por estar cada vez mais presente. Em seguida, um
economista apresenta algo sobre contexto do crédito
na região e mostra indicadores e expectativas de mercado. No final ainda sobra um tempinho para fazer
networking durante o almoço ou jantar.
Ao todo, esses encontros duram cerca de três horas. Para esses eventos foram convidados associados
e não associados. A integração entre os representantes das instituições presentes foi extremamente posi-
tiva e, para Acrefi, uma oportunidade de ampliação
de seu quadro de associados.
O sucesso do evento foi tanto que será incorporado ao calendário de eventos oficiais da Acrefi em
2011. A ideia é que tenham abrangência nacional.
Ainda em 2010, Brasília será a sede do próximo Encontro Regional, que ocorre em outubro. Mais 40
instituições estarão presentes por meio de seus representantes e presidentes.
Os eventos também são uma oportunidade para
as instituições não associadas conhecerem o papel da
associação e também para passarem a fazer parte. Atualmente, a Acrefi conta com mais de 70 instituições
associadas e prepara também o 5º Seminário Internacional Acrefi (mais sobre o evento em matéria nesta
edição). Tudo isso para alcançar o objetivo de congregar as empresas do setor, defender seus legítimos
interesses, fortalecer as relações entre os associados e
promover o desenvolvimento de suas atividades.
E você, vai ficar de fora? f
Adalberto Savioli, da Acrefi, Kátia Rabello, do
banco Rural e Aquiles Diniz, do banco Intermédium
(ao lado). Executivos debatem temas relevantes
em encontro no Rio de Janeiro (abaixo)
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 63
artigoanáliseeperspectivas
A rentabilidade líquida
Passada a crise financeira que afetou o mundo
entre o final de 2008 e início de 2009, é um bom
momento para se anaPor prof. dr. Alberto Borges Matias lisar o comportamencolaboração de Lucas Saura e
to da rentabilidade dos
Matheus J.N.A Costa Figo
bancos no Brasil, visto
que o setor bancário representa um importante
setor para o desenvolvimento do País.
A amostra dessa análise contém bancos múltiplos, comerciais e a Caixa Econômica Federal
durante o período que vai de 2000 até 2009, em
que será analisada a rentabilidade líquida do patrimônio líquido final do setor, calculada por meio da
mediana das rentabilidades individuais dos bancos.
Vale destacar, primeiramente, na Tabela 1,
que a mediana é uma medida estatística mais
apropriada, já que, diferentemente da média, ela
não leva em consideração valores extremos que
podem distorcer a análise. Mesmo assim, colocamos a média e o desvio-padrão para comparação.
Analisando-se o Gráfico 1, observa-se rentabilidade maior dos grandes bancos. Entre 2001
e 2004, tanto os maiores bancos como os outros
Rentabilidade líquida
do patrimônio
GRÁFICO 1
líquido final
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Os 10 maiores bancos
Outros bancos
Fonte: Inepad & Visionarium
Rentabilidade líquida do patrimônio líquido final (%)
Estatística
Mediana
Média
Desvio-padrão
TABELA 1
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
11,3
6,2
26,6
14,9
12,1
24,7
15,5
6,3
83,8
17,9
14,9
14,1
14,1
12,8
15,0
15,9
14,7
21,8
17,4
19,2
13,1
19,5
21,2
19,0
13,5
11,4
23,2
10,5
8,4
15,9
Maiores rentabilidades do PL no período
Os 10 bancos com maiores rentabilidade
Banco do Estado de São Paulo S.A.
Paraná Banco S.A.
Banco Citibank S.A.
Banco Credit Suisse S.A.
Banco BMG S.A.
Banco Pecúnia S.A.
Banco Fator S.A.
Itaú Unibanco Banco Múltiplo S.A.
Banco Investcred Unibanco S.A.
Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A.
64 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
Mediana da rentabilidade líquida do PL final
35,336
31,791
30,125
27,602
27,125
27,013
26,558
26,532
25,864
25,412
TABELA 2
Desvio-padrão
59,813
17,638
21,318
26,202
12,959
5,258
24,414
5,615
3,661
7,153
do setor bancário
Desempenho dos 10 maiores bancos
Os 10 maiores bancos
Mediana da rentabilidade líquida do PL final
Banco do Brasil S.A.
Itaú Unibanco Banco Múltiplo S.A.
Banco Bradesco S.A.
Banco Santander S.A.
Banco Santander S.A.
HSBC Bank Brasil S.A. – Banco Múltiplo
Banco Votorantim S.A.
Banco Safra S.A.
Banco Citibank S.A.
Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A.
tiveram uma queda de aproximadamente 2,5 pontos
porcentuais na rentabilidade do PL; a partir daí apresentaram uma tendência de crescimento e elevaram a
sua rentabilidade em 4,5 pontos porcentuais até 2007,
quando alcançaram o máximo de rentabilidade no
período. Com a crise financeira em 2008, a tendência de crescimento se inverteu, sendo que os grandes
bancos diminuíram a sua rentabilidade do PL em 7,1
pontos porcentuais até 2009 e os demais bancos em
6,6 pontos porcentuais.
A Tabela 2 apresenta os bancos com maior rentabilidade nos últimos dez anos, utilizando como critério a mediana da rentabilidade do patrimônio líquido
final do período analisado para cada instituição. Notase na tabela que a maioria dos bancos de maior destaque no período é de pequeno porte.
A Tabela 3 contém os dez maiores bancos do País
no período, em que foi utilizado como critério de tamanho o valor do ativo total de cada banco.
O Gráfico 2 compara a rentabilidade líquida do
patrimônio líquido final dos bancos e das empresas
de capital aberto registradas na CVM. Nota-se que
os bancos possuem rentabilidades líquidas maiores
do que as empresas em quase todo o período analisado. O único ano em que as empresas superam os
bancos foi em 2009, ano em que os bancos se recu-
TABELA 3
Desvio-padrão
21,743
26,532
21,010
19,384
17,212
19,685
19,609
20,360
30,125
25,412
6,739
5,615
3,476
45,577
49,449
7,031
5,750
3,179
21,318
7,153
peraram mais lentamente em relação à crise do que
as empresas. f
Prof. dr. Alberto Borges Matias
Professor Titular do Departamento de
Administração da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da
Universidade de São Paulo no campus de
Ribeirão Preto, e diretor do Inepad
Lucas Saura, aluno da FEA–USP de
Ribeirão Preto e analista financeiro do Inepad
Matheus J. N. A. Costa Figo, aluno da
FEA–USP de Ribeirão Preto e analista
financeiro do Inepad
Bancos x empresas
GRÁFICO 2
25%
20%
15%
10%
5%
0%
2000
2001
2002
2003
Bancos
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Empresas de capital aberto
Fonte: Inepad & Visionarium
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 65
bancodedadosinepad
Taxas médias: geral
Data
Aplicações % a.a.
jul/09
36,00
ago/09
35,40
set/09
Captações
Var. p.p.
-0,6
9,20
-0,6
26,80
-0,4
-0,6
9,10
-0,1
26,30
-0,5
35,30
-0,1
9,30
0,2
26,00
-0,3
out/09
35,60
0,3
9,60
0,3
26,00
0,0
nov/09
34,90
-0,7
9,80
0,2
25,10
-0,9
dez/09
34,30
-0,6
10,00
0,2
24,30
-0,8
jan/10
35,10
0,8
10,00
0,0
25,10
0,8
fev/10
34,30
-0,8
10,00
0,0
24,30
-0,8
mar/10
34,20
-0,1
10,20
0,2
24,00
-0,3
abr/10
34,30
0,1
10,50
0,3
23,80
-0,2
mai/10
34,90
0,6
11,00
0,5
23,90
0,1
jun/10
34,60
-0,3
11,10
0,1
23,50
-0,4
jul/10
35,40
0,8
11,10
0,0
24,30
0,8
Variação jul/jul
Var. p.p.
Var. p.p.
-2,5
1,9
-0,6
Spread % p.p.
Fonte: BC/Inepad
Taxas médias: pessoa física
Data
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
jul/09
44,90
0,7
9,70
-0,1
35,20
-0,6
ago/09
44,10
0,8
9,80
0,1
34,30
-0,9
set/09
43,60
0,5
10,20
0,4
33,40
-0,9
out/09
44,20
0,6
10,70
0,5
33,50
0,1
nov/09
43,00
-1,2
10,80
0,1
32,20
-1,3
dez/09
42,70
0,3
11,10
0,3
31,60
-0,6
jan/10
43,00
0,3
11,20
0,1
31,80
0,2
fev/10
41,90
-1,1
11,10
-0,1
30,80
-1,0
mar/10
41,00
0,9
11,30
0,2
29,70
-1,1
abr/10
41,10
0,1
11,60
0,3
29,50
-0,2
mai/10
41,50
0,4
11,90
0,3
29,60
0,1
jun/10
40,40
-1,1
11,80
-0,1
28,60
-1,0
jul/10
40,50
0,1
11,60
-0,2
28,90
0,3
Variação jul/jul
Aplicações % a.a.
-6,3
1,9
-4,4
Fonte: BC/Inepad
Taxas médias: pessoa jurídica
Data
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread % p.p.
jul/09
26,70
-0,7
8,80
-0,4
17,90
-0,3
ago/09
26,40
-0,3
8,60
-0,2
17,80
-0,1
set/09
26,30
-0,1
8,60
0,0
17,70
-0,1
out/09
26,50
0,2
8,80
0,2
17,70
0,0
nov/09
26,00
-0,5
8,90
0,1
17,10
-0,6
dez/09
25,50
-0,5
9,00
0,1
16,50
-0,6
jan/10
26,50
1,0
9,00
0,0
17,50
1,0
fev/10
25,90
-0,6
9,00
0,0
16,90
-0,6
mar/10
26,30
0,4
9,20
0,2
17,10
0,2
abr/10
26,30
0,0
9,50
0,3
16,80
-0,3
mai/10
26,90
0,6
10,10
0,6
16,80
0,0
jun/10
27,30
0,4
10,40
0,3
16,90
0,1
jul/10
28,70
1,4
10,60
0,2
18,10
1,2
Variação jul/jul
2,0
Fonte: BC/Inepad
66 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
1,8
0,2
Var. p.p.
Spread financeiro
Crédito pessoa física
Volume R$ milhões
200,000
40,00
35,00
Taxa de juros
46.00
180,000
30,00
45.00
160,000
25,00
140,000
20,00
120,000
15,00
100,000
44.00
43.00
VOLUME
Volume
jul/10
jun/10
abr/10
mai/10
fev/10
mar/10
dez/09
jul/09
Captação
jan/10
40.00
nov/09
60,000
set/09
41.00
jul/10
jun/10
mai/10
abr/10
mar/10
fev/10
jan/10
dez/09
nov/09
Aplicação
Fonte: BC/Inepad
PREFIXADOS –
out/09
set/09
ago/09
jul/09
5,00
80,000
out/09
SPREAD
FINANCEIRO
ago/09
10,00
42.00
Taxa de juros
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
MÊS/ANO
CHEQUE
ESPECIAL
VARIAÇÃO
EM %
CRÉDITO
PESSOAL
VARIAÇÃO
EM %
jul/09
17.156
-3,8%
146.452
-0,9%
ago/09
17.475
1,9%
149.604
2,2%
set/09
17.479
0,0%
152.072
out/09
17.335
-0,8%
nov/09
17.341
dez/09
15.748
jan/10
16.532
fev/10
16.987
mar/10
FINANCIAMENTO
IMOBILIÁRIO
VARIAÇÃO
EM %
CARTÃO DE
CRÉDITO
VARIAÇÃO
EM %
799
2,9%
25.151
-0,9%
821
2,8%
25.307
0,6%
1,6%
846
3,0%
25.635
1,3%
155.567
2,3%
859
1,4%
25.519
-0,5%
0,0%
157.097
1,0%
873
1,7%
26.574
4,1%
-9,2%
157.763
0,4%
900
3,1%
26.292
-1,1%
5,0%
160.526
1,8%
908
0,8%
26.845
2,1%
2,8%
163.364
1,8%
918
1,2%
27.755
3,4%
17.526
3,2%
172.372
5,5%
935
1,9%
26.976
-2,8%
abr/10
17.695
1,0%
176.495
2,4%
949
1,5%
27.436
1,7%
mai/10
17.904
1,2%
180.849
2,5%
976
2,8%
28.307
3,2%
jun/10
17.873
-0,2%
183.785
1,6%
993
1,7%
28.558
0,9%
jul/10
17.319
-3,1%
187.147
1,8%
1.036
4,3%
28.930
1,3%
Fonte: BC/Inepad
VOLUME
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
PREFIXADOS/CONTINUAÇÃO –
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
AQUISIÇÃO
VARIAÇÃO
EM %
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
8.642
-0,8%
291.403
-0,5%
8.752
1,3%
296.180
1,6%
2,9%
8.705
-0,5%
301.662
1,9%
99.256
2,4%
8.668
-0,4%
307.204
1,8%
0,3%
100.997
1,8%
8.644
-0,3%
311.527
1,4%
9.595
4,9%
103.511
2,5%
8.484
-1,8%
312.699
0,4%
1,9%
9.278
-3,3%
104.952
1,4%
8 282
-2,4%
318.045
1,7%
97.805
2,2%
9.139
-1,5%
106.944
1,9%
8.135
-1,8%
324.103
1,9%
mar/10
101.941
4,2%
9.066
-0,8%
111.008
3,8%
8.142
0,1%
336.959
4,0%
abr/10
105.048
3,0%
9.028
-0,4%
114.076
2,8%
7.985
-1,9%
344.636
2,3%
mai/10
108.254
3,1%
9.115
1,0%
117.370
2,9%
7.891
-1,2%
353.297
2,5%
jun/10
111.452
3,0%
9.183
0,7%
120.635
2,8%
7.968
1,0%
359.812
1,8%
jul/10
115.177
3,3%
9.268
0,9%
124.445
3,2%
7.408
-7,0%
366.286
1,8%
MÊS/ANO
VEÍCULOS
VARIAÇÃO
EM %
OUTROS VARIAÇÃO
EM %
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
jul/09
84.226
1,2%
8.977
ago/09
85.324
1,3%
8.897
-0,4%
93.203
1,1%
-0,9%
94.221
1,1%
set/09
87.955
3,1%
8.970
0,8%
96.924
out/09
90.136
2,5%
9.120
1,7%
nov/09
91.852
1,9%
9.145
dez/09
93.916
2,2%
jan/10
95.674
fev/10
OUTROS
Fonte: BC/Inepad
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 67
bancodedadosinepad
VOLUME
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO
–
CRÉDITO CONSIGNADO (R$
CONSIGNADO
MÊS/ANO
CRÉDITO
PESSOAL*
PÚBLICOS
jul/09
165.023
ago/09
168.531
set/09
% CONSIGNADO***
MILHÕES)
CONCENTRAÇÃO DO
CONSIGNADO
TAXA DE JUROS % A.A.
ESTIMATIVA INEPAD CONSIGNADO
PESSOAL DIFERENÇA
PRIVADOS
TOTAL
AMOSTRA**
82.596
12.750
95.346
65.104
57,8%
68,3%
28,0%
44,8%
16,8%
85.407
12.991
98.398
66.979
58,4%
68,1%
27,6%
44,3%
16,7%
171.260
87.577
13.263
100.839
68.238
58,9%
67,7%
27,1%
44,7%
17,6%
out/09
175.182
90.150
13.616
103.766
69.782
59,2%
67,3%
27,2%
45,7%
18,5%
nov/09
177.113
91.678
14.800
106.478
71.880
60,1%
67,5%
27,0%
43,6%
16,6%
dez/09
178.131
92.970
14.923
107.894
72.568
60,6%
67,3%
27,2%
44,4%
17,2%
jan/10
181.180
94.765
15.032
109.796
73.959
60,6%
67,4%
27,2%
44,8%
17,6%
fev/10
184.145
96.455
15.182
111.906
75.312
60,8%
67,3%
27,3%
43,8%
16,5%
mar/10
193.386
100.367
15.429
115.613
77.907
59,8%
67,4%
27,2%
42,7%
15,5%
abr/10
197.984
102.193
16.116
118.309
79.886
59,8%
67,5%
26,9%
42,9%
16,0%
mai/10
202.453
104.271
16.822
121.000
81.672
59,8%
67,5%
26,9%
43,0%
16,1%
jun/10
205.627
105.830
17.578
123.233
84.119
59,9%
68,3%
27,1%
42,0%
14,9%
jul/10
Variação
jul/jul
209.223
107.606
18.072
125.678
85.447
60,1%
68,0%
26,8%
42,2%
15,4%
26,78%
30,28%
41,75%
31,81%
31,25%
3,97%
-0,43%
-4,24%
-5,80%
-8,40%
Fonte: BC/Inepad
* Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com 13 das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.
INADIMPLÊNCIA –
MÊS/ANO
OPERAÇÕES PREFIXADAS
% SOBRE
COM ATRASO
2.803.291
1,91%
3.001.242
2,01%
137.893.252
2.888.166
out/09
141.066.139
nov/09
–
CRÉDITO PESSOAL (R$
MILHÕES)
% SOBRE
COM ATRASO
MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
CARTEIRA-BRASIL
SALDO TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
3.065.117
2,09%
7.871.132
5,37%
146.452.207
-0,91%
3.111.469
2,08%
8.021.523
5,36%
149.603.980
2,15%
1,90%
3.285.453
2,16%
8.005.536
5,26%
152.072.408
1,65%
2.934.272
1,89%
3.340.514
2,15%
8.226.112
5,29%
155.567.037
2,30%
142.821.930
2.802.029
1,78%
3.235.617
2,06%
8.237.832
5,24%
157.097.408
0,98%
dez/09
144.189.909
2.556.501
1,62%
2.987.982
1,89%
8.028.402
5,09%
157.762.794
0,42%
jan/10
146.638.980
2.833.489
1,77%
3.103.111
1,93%
7.950.578
4,95%
160.526.158
1,75%
fev/10
149.465.410
2.983.387
1,83%
3.217.325
1,97%
7.697.499
4,71%
163.363.621
1,77%
mar/10
157.676.488
3.317.146
1,92%
3.516.573
2,04%
7.861.453
4,56%
172.371.660
5,51%
abr/10
161.743.837
3.349.196
1,90%
3.549.077
2,01%
7.852.788
4,45%
176.494.897
2,39%
mai/10
165.635.590
3.446.750
1,91%
3.461.197
1,91%
8.305.570
4,59%
180.849.107
2,47%
jun/10
168.571.617
3.529.729
1,92%
3.539.512
1,93%
8.144.624
4,43%
183.785.482
1,62%
jul/10
171.603.286
3.530.925
1,89%
3.482.385
1,86%
8.530.315
4,56%
187.146.911
1,83%
COM ATRASO
SALDO SEM
ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
jul/09
132.712.667
ago/09
135.469.746
set/09
SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS
SALDO DA CARTEIRA
% SOBRE
Fonte: BC/Inepad
INADIMPLÊNCIA –
MÊS/ANO
OPERAÇÕES PREFIXADAS
–
AQUISIÇÃO DE BENS
% SOBRE
COM ATRASO
3.109.076
3,69%
3.149.781
3,69%
76.776.879
3.060.911
out/09
78.832.640
nov/09
% SOBRE
COM ATRASO
3.856.605
4,58%
3.911.192
4,58%
3,48%
3.805.709
3.270.284
3,63%
80.588.964
3.158.438
dez/09
83.014.671
jan/10
–
VEÍCULOS (R$
MILHÕES)
% SOBRE
SALDO TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
4.496.687
5,34%
84.226.412
1,21%
4.381.271
5,13%
85.324.267
1,30%
4,33%
4.311.278
4,90%
87.954.777
3,08%
3.777.116
4,19%
4.255.461
4,72%
90.135.501
2,48%
3,44%
3.864.630
4,21%
4.239.705
4,62%
91.851.737
1,90%
3.130.897
3,33%
3.637.146
3,87%
4.133.704
4,40%
93.916.418
2,25%
84.458.430
3.238.848
3,39%
3.830.188
4,00%
4.146.294
4,33%
95.673.760
1,87%
fev/10
86.797.381
2.966.277
3,03%
3.923.946
4,01%
4.117.314
4,21%
97.804.917
2,23%
mar/10
90.274.037
3.469.715
3,40%
4.078.636
4,00%
4.118.820
4,04%
101.941.208
4,23%
abr/10
93.650.833
3.307.494
3,15%
4.007.709
3,82%
4.081.638
3,89%
105.047.673
3,05%
mai/10
96.687.205
3.596.153
3,32%
3.898.220
3,60%
4.072.547
3,76%
108.254.125
3,05%
jun/10
99.858.444
3.576.420
3,21%
4.022.138
3,61%
3.994.608
3,58%
111.451.610
2,95%
jul/10
103.526.383
3.723.733
3,23%
3.978.840
3,45%
3.948.073
3,43%
115.177.029
3,34%
COM ATRASO
SALDO SEM
ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
jul/09
72.764.044
ago/09
73.882.023
set/09
Fonte: BC/Inepad
68 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS
SALDO DA CARTEIRA MAIOR DE 90 DIAS
SALDO DA CARTEIRA CARTEIRA-BRASIL
INADIMPLÊNCIA –
MÊS/ANO
OPERAÇÕES PREFIXADAS
% SOBRE
–
AQUISIÇÃO DE BENS
–
OUTROS (R$
COM ATRASO
% SOBRE
COM ATRASO
% SOBRE
3,59%
401.997
4,48%
1.365.508
3,47%
374.510
4,21%
1.321.058
295.626
3,30%
372.910
4,16%
7.163.042
310.964
3,41%
362.269
nov/09
7.270.337
291.618
3,19%
dez/09
7.814.322
277.329
jan/10
7.654.514
fev/10
mar/10
MILHÕES)
CARTEIRA-BRASIL
SALDO TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
15,21%
8.976.738
-0,38%
14,85%
8.897.067
-0,89%
1.319.554
14,71%
8.969.722
0,82%
3,97%
1.284.034
14,08%
9.120.309
1,68%
370.785
4,05%
1.212.677
13,26%
9.145.417
0,28%
2,89%
343.283
3,58%
1.159.871
12,09%
9.594.806
4,91%
281.069
3,03%
328.046
3,54%
1.014.348
10,93%
9 277.977
-3,30%
7.518.569
291.939
3,19%
370.756
4,06%
957.992
10,48%
9.139.256
-1,50%
7.435.241
295.211
3,26%
405.327
4,47%
930.541
10,26%
9.066.320
-0,80%
abr/10
7.449.577
289.658
3,21%
388.877
4,31%
900.336
9,97%
9.028.447
-0,42%
mai/10
7.443.906
314.129
3,45%
379.754
4,17%
977.651
10,73%
9.115.440
0,96%
jun/10
7.523.160
313.589
3,41%
375.355
4,09%
970.944
10,57%
9.183.048
0,74%
jul/10
7.578.814
324.382
3,50%
371.750
4,01%
993.482
10,72%
9 268.428
0,93%
COM ATRASO
SALDO SEM
ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
SALDO DA CARTEIRA
jul/09
6.887.234
321.999
ago/09
6.893.004
308.495
set/09
6.981.632
out/09
DE 31 A 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
MAIOR 90 DIAS SALDO DA CARTEIRA
Fonte: BC/Inepad
INADIMPLÊNCIA – AQUISIÇÃO DE OUTROS
– PREFIXADO – JUN/10 – (EM R$ MILHÕES)
INADIMPLÊNCIA – AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS –
PREFIXADO – JUN/10 – (EM R$ MILHÕES)
BENS
ATRASO DE
15 A 30 D AS:
324 382
ATRASO DE
15 A 30 DIAS:
3.723.733
19%
ATRASO DE MAIS
DE 90 DIAS:
993.482
59%
22%
ATRASO DE MAIS
DE 90 DIAS:
3.948.073
ATRASO DE 31
A 90 DIAS:
371.750
32%
34%
34%
INADIMPLÊNCIA – CRÉDITO PESSOAL –
PREFIXADO – JUN/10 – (EM R$ MILHÕES)
INADIMPLÊNCIA – OUTRAS OPERAÇÕES –
PREFIXADO – JUN/10 – (EM R$ MILHÕES)
23%
ATRASO DE MAIS
DE 90 DIAS:
8.530.315
INADIMPLÊNCIA –
MÊS/ANO
ATRASO DE
31 A 90 DIAS:
3.978.840
ATRASO DE
15 A 30 DIAS:
3.530.925
12%
55%
22%
ATRASO DE MAIS
DE 90 DIAS:
1.679.850
ATRASO DE
31 A 90 DIAS:
3.482 385
OPERAÇÕES PREFIXADAS
% SOBRE
–
65%
OUTRAS OPERAÇÕES (R$
% SOBRE
COM ATRASO
740.735
8,57%
2.198.661
707.826
8,09%
2.362.881
7,26%
630.299
7,24%
378.123
4,36%
760.105
304.235
3,52%
703.707
5.115.534
376.951
4,44%
jan/10
4.947.367
283.610
fev/10
4.804.513
mar/10
COM ATRASO
ATRASO DE
15 A 30 DIAS:
320.910
23%
ATRASO DE
31 A 90 DIAS:
610.136
MILHÕES)
% SOBRE
SALDO TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
25,44%
8.641.605
-0,76%
27,00%
8.751.673
1,27%
2.163.296
24,85%
8.705.096
-0,53%
8,77%
2.396.709
27,65%
8.667.932
-0,43%
8,14%
2.395.790
27,72%
8.644.207
-0,27%
608.761
7,18%
2.383.221
28,09%
8.484.467
-1,85%
3,42%
639.116
7,72%
2.412.374
29,13%
8.282.467
-2,38%
353.756
4,35%
637.094
7,83%
2.339.214
28,76%
8.134.577
-1,79%
4.803.492
334.578
4,11%
602.876
7,40%
2.401.245
29,49%
8.142.191
0,09%
abr/10
4.792.555
335.107
4,20%
650.057
8,14%
2.206.901
27,64%
7.984.621
-1,94%
mai/10
4.703.489
330.725
4,19%
635.052
8,05%
2.221.879
28,16%
7.891.145
-1,17%
jun/10
4.774.705
355.008
4,46%
644.970
8,09%
2.193.631
27,53%
7.968.314
0,98%
jul/10
4.797.204
320.910
4,33%
610.136
8,24%
1.679.850
22,68%
7.408.100
-7,03%
COM ATRASO
SALDO SEM
ATRASO
DE 15 A 30 DIAS
jul/09
5.334.315
367.894
4,26%
ago/09
5.313.499
367.467
4,20%
set/09
5.279.740
631.761
out/09
5.132.995
nov/09
5.240.475
dez/09
SALDO DA CARTEIRA DE 31 A 90 DIAS
SALDO DA CARTEIRA MAIOR DE 90 DIAS
SALDO DA CARTEIRA CARTEIRA-BRASIL
Fonte: BC/Inepad
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 69
bancodedadosinepad
TAXA
DE DESEMPREGO
DATA
BRASIL
VAR. % - BRASIL
SP
VAR. %
jul/09
8,0
-0,1
8,9
-0,1
11,0
1,50
ago/09
8,1
0,1
9,1
0,2
10,5
1,20
set/09
7,7
-0,4
8,7
-0,4
10,0
0,90
out/09
7,5
-0,2
8,6
-0,1
9,5
0,60
nov/09
7,4
-0,1
8,1
-0,5
9,0
0,30
-0,6
8,5
0,00
8,0
-0,30
7,5
-0,60
7,0
-0,90
0,2
8,2
0,1
6,5
-1,20
abr/10
7,3
-0,3
7,7
-0,5
6,0
-1,50
mai/10
7,5
0,2
7,8
0,1
jun/10
7,0
-0,5
7,4
-0,4
jul/10
6,9
-0,1
7,2
-0,2
ago/09
mar/10
São Paulo
Brasil
jul/10
7,6
jun/10
mar/10
mai/10
0,1
abr/10
0,5
8,1
fev/10
8,0
0,2
jan/10
0,4
7,4
dez/09
7,2
fev/10
nov/09
jan/10
out/09
-0,6
set/09
6,8
jul/09
dez/09
7,5
Var. p.p. – Brasil
Fonte: BC/Inepad
RENDIMENTO
MÉDIO REAL
HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
1.521,72
1,3%
0,6%
1.538,01
1,1%
out/09
1.403,69
0,0%
1.550,21
0,8%
nov/09
1.402,50
-0,1%
1.565,24
1,0%
dez/09
1.389,89
-0,9%
1.556,62
-0,6%
jan/10
1.404,54
1,1%
1.549,27
-0,5%
fev/10
1.420,76
1,2%
1.554,04
0,3%
mar/10
1.425,83
0,4%
1.564,21
0,7%
abr/10
1.426,60
0,1%
1.553,22
-0,7%
mai/10
1.413,91
-0,9%
1.535,29
-1,2%
jun/10
1.421,52
0,5%
1.535,15
0,0%
jul/10
1.452,50
2,2%
1.568,40
2,2%
1,0%
0,5%
0%
-0,5%
-1,0%
-1,5%
Brasil
SP
São Paulo
jul/10
0,9%
1.403,91
jun/10
1.395,72
set/09
1,5%
mai/10
ago/09
1.650
1.600
1.550
1.500
1.450
1.400
1.350
1.300
1.250
1.200
1.150
1.100
1.050
1.000
950
900
850
800
750
700
abr/10
-1,9%
mar/10
1.502,46
fev/10
0,5%
jan/10
1.382,61
dez/09
jul/09
nov/09
VAR. %
out/09
SP
set/09
VAR. % – BRASIL
ago/09
BRASIL
jul/09
DATA
Var. % – Brasil
Fonte: BC/Inepad
VOLUME
DE VENDAS NO
COMÉRCIO VAREJISTA
145,27
3,2%
199,75
5,0%
-2,6%
139,77
-3,8%
240,48
20,4%
161,55
8,0%
152,01
8,8%
203,78
-15,3%
157,89
-2,3%
145,42
-4,3%
193,78
-4,9%
dez/09
213,24
35,1%
185,01
27,2%
208,25
7,5%
jan/10
158,87
-25,5%
147,54
-20,3%
181,01
-13,1%
fev/10
147,30
-7,3%
142,89
-3,2%
181,54
0,3%
mar/10
166,54
13,1%
157,83
10,5%
274,57
51,2%
abr/10
158,35
-4,9%
150,42
-4,7%
193,88
-29,4%
mai/10
167,98
6,1%
151,94
1,0%
199,58
2,9%
jun/10
162,18
-3,5%
148,56
-2,2%
207,31
3,9%
out/09
nov/09
Variação jun/jun
11,3%
Fonte: IBGE/Inepad
70 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
11,5%
9,3%
Índice geral
Hipermercados e
supermercados
jun/10
1,7%
149,52
set/09
mai/10
153,45
ago/09
abr/10
-16,8%
mar/10
190,22
fev/10
5,7%
jan/10
140,81
150,95
nov/09
22,2%
3,6%
jul/09
VAR. %
dez/09
228,65
out/09
-5,4%
set/09
133,26
145,69
ago/09
-4,4%
DATA
jun/09
280.00
270.00
260.00
250.00
240.00
230.00
220.00
210.00
200.00
190.00
180.00
170.00
160.00
150.00
140.00
130.00
120.00
110.00
100.00
90.00
80.00
jul/09
VAR. %
VEÍCULOS, MOTOS,
PARTES E PEÇAS
jun/09
VAR. %
HIPERMERCADOS
E SUPERMERCADOS
ÍNDICE
GERAL
Veículos, motos,
partes e peças
PREVISÕES
ECONÔMICAS
ANO DE 2010
PIB TOTAL % AA
PIB AGROPECUÁRIO % A.A.
PIB INDÚSTRIA % A.A.
PIB SERVIÇO % A.A.
PRODUÇÃO INDUSTRIAL % A.A.
Previsão 04/01/2010
5,14
4,19
5,90
4,33
7,62
4 semanas antes 27/07
7,15
4,92
9,56
5,36
11,81
1 semana antes 20/08
7,11
5,07
9,45
5,34
11,44
Previsão 27/08/2010
7,09
5,07
9,43
5,43
11,38
SELIC TAXA ANUAL
IGP–DI % A.A.
ANO DE 2010
IPCA % A.A.
TAXA DE CÃMBIO R$/US$
SALDO COMERCIAL US$ BILHÕES
Previsão 04/01/2010
10,92
4,47
4,48
1,76
10,69
4 semanas antes 27/07
11,75
5,32
4,84
1,80
15,55
1 semana antes 20/08
10,97
5,55
5,01
1,80
15,30
Previsão 27/08/2010
10,90
5,57
4,98
1,79
15,15
Fonte: BC/Inepad
ATIVIDADE
ECONÔMICA
TAXA DA UTILIZAÇÃO DA
CAPACIDADE INSTALADA
VAR. P.P.
ÍNDICE DE PRODUÇÃO FÍSICA
MÉDIA MÓVEL TRIMESTRAL
VAR. %
jun/09
79,70
-0,30
jul/09
80,50
0,80
jun/09
113,27
0,96%
jul/09
114,75
ago/09
81,10
1,31%
0,60
ago/09
116,53
set/09
1,55%
81,40
0,30
set/09
119,01
2,13%
out/09
82,70
1,30
out/09
121,18
1,82%
nov/09
82,40
-0,30
nov/09
122,71
1,26%
dez/09
80,10
-2,30
dez/09
123,94
1,00%
jan/10
78,70
-1,40
jan/10
124,23
0,23%
fev/10
78,80
0,10
fev/10
125,40
0,94%
mar/10
81,80
3,00
mar/10
127,70
1,83%
abr/10
82,50
0,70
abr/10
129,33
1,28%
mai/10
83,30
0,80
mai/10
130,31
0,76%
jun/10
82,70
-0,60
jun/10
129,36
-0,73%
Variação jun/jun
3,76%
Variação jun/jun
14,20%
DATA
DATA
Fonte: BC/Inepad
Fonte: BC/Inepad
PRODUÇÃO
85,0
(ÍNDICE) X CAPACIDADE (%)
Capac dade
%
Produção
(índ ce)
133
84,0
129
83,0
82,0
125
81,0
121
80,0
79,0
117
78,0
113
77,0
109
76,0
105
Taxa da utilização da
capacidade instalada
jun/10
mai/10
abr/10
mar/10
fev/10
jan/10
dez/09
nov/09
out/09
set/09
ago/09
jul/09
jun/09
75,0
Índice da produção física
média móvel trimestral
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 71
bancodedadosinepad
PRODUÇÃO – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS,
VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
-7,3%
44.150
16,2%
nov/09
291.500
293.883
-25.650
-8,1%
dez/09
252.800
287.150
-38.700
-13,3%
jan/10
245.900
263.400
-6.900
-2,7%
fev/10
250.500
249.733
4.600
1,9%
mar/10
339.700
278.700
89.200
35,6%
abr/10
292.100
294.100
-47.600
-14,0%
mai/10
323.900
318.567
31.800
10,9%
jun/10
306.200
307.400
-17.700
-5,5%
jul/10
315.900
315.333
9.700
Produção
3,2%
jul/10
-21.400
294.850
jun/10
283.133
317.150
mai/10
273.000
out/09
abr/10
set/09
350.000
330.000
310.000
290.000
270.000
250.000
230.000
210.000
190.000
170.000
150.000
130.000
110.000
90.000
mar/10
4,4%
fev/10
12.400
jan/10
286.933
dez/09
294.400
nov/09
-0,8%
ago/09
out/09
VAR. MENSAL (%)
-2.400
set/09
VAR. MENSAL
278.433
ago/09
MÉDIA TRIM.
282.000
jul/09
PRODUÇÃO
jul/09
DATA
Média trimestral
12,0%
Variação jul/jul
Fonte: Anfavea/Inepad
VENDAS
INTERNAS NO ATACADO DE
NACIONAIS – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS,
290.652
17.048
5,9%
350.000
out/09
309.995
301.434
4.317
1,4%
300.000
nov/09
278.976
298.216
-31.019
-10,0%
250.000
dez/09
261.059
283.343
-17.917
-6,4%
200.000
jan/10
225.488
255.174
-35.571
-13,6%
150.000
fev/10
241.067
242.538
15.579
6,9%
100.000
mar/10
348.344
271.633
107.277
44,5%
50.000
abr/10
277.008
288.806
-71.336
-20,5%
0
mai/10
295.176
306.843
18.168
6,6%
jun/10
282.451
284.878
-12.725
-4,3%
jul/10
282.024
286.550
-427
-0,2%
Vendas
jul/10
400.000
305.678
jun/10
4,0%
set/09
mai/10
10.982
abr/10
288.648
mar/10
288.630
fev/10
-7,3%
ago/09
jan/10
VAR. (%)
-22.018
dez/09
VARIAÇÃO
279.570
out/09
MÉDIA TRIM.
277.648
set/09
VENDAS
jul/09
DATA
nov/09
VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
Média trimestral
1,58%
Variação jul/jul
Fonte: Anfavea/Inepad
EXPORTAÇÃO
TOTAL –
AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS,
MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
EXPORTAÇÕES
MÉDIA TRIM.
VARIAÇÃO
VAR. (%)
jul/09
37.200
38.600
-2.200
-5,6%
70.000
ago/09
45.800
40.800
8.600
23,1%
65.000
set/09
40.400
41.133
-5.400
-11,8%
60.000
out/09
48.600
44.933
8.200
20,3%
55.000
nov/09
49.800
46.267
1.200
2,5%
dez/09
52.700
50.367
2.900
5,8%
jan/10
48.300
50.267
-4.400
-8,3%
fev/10
53.000
51.333
4.700
9,7%
30.000
mar/10
69.400
56.900
16.400
30,9%
25.000
abr/10
49.300
57.233
-20.100
-29,0%
20.000
mai/10
73.800
64.167
24.500
49,7%
jun/10
63.600
62.233
-10.100
-13,8%
jul/10
64.900
67.433
1.300
Variação jul/jul
Fonte: Anfavea/Inepad
72 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
2,0%
74,5%
80.000
50.000
45.000
40.000
Exportações
Média trimestral
jul/10
jun/10
mai/10
abr/10
mar/10
fev/10
jan/10
dez/09
nov/09
out/09
set/09
ago/09
35.000
jul/09
DATA
LICENCIAMENTO
DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (EM
TOTAL
1000CC
% NO TOTAL
% NO TOTAL
+2000CC
jul/09
226.275
124.746
55,1%
ago/09
204.291
113.612
55,6%
98.838
43,7%
2.691
1,2%
87.988
43,1%
2.691
set/09
249.120
133.648
1,3%
53,6%
112.810
45,3%
2.662
out/09
230.526
1,1%
120.137
52,1%
107.777
46,8%
2.612
nov/09
1,1%
192.138
99.431
51,7%
90.522
47,1%
2.185
1,1%
dez/09
222.649
111.025
49,9%
108.383
48,7%
3.241
1,5%
jan/10
159.294
80.188
50,3%
77.136
48,4%
1.970
1,2%
fev/10
168.618
85.111
50,5%
81.918
48,6%
1.589
0,9%
mar/10
274.487
145.109
52,9%
126.938
46,2%
2.440
0,9%
abr/10
207.959
105.911
50,9%
99.404
47,8%
2.644
1,3%
mai/10
191.598
90.726
47,4%
88.736
46,3%
2.526
1,3%
jun/10
181.988
98.668
54,2%
90.498
49,7%
2.432
1,3%
jul/10
191.598
120.289
51,5%
101.257
52,8%
2.916
1,5%
DATA
+1000CC A 2000CC
UNIDADES)
% NO TOTAL
Fonte: Anfavea/Inepad
LICENCIAMENTO
POR CATEGORIA
–
AUTOMÓVEIS
110.000
90.000
70.000
50.000
1.000cc
TAXA
DE JUROS PREFIXADOS
–
PESSOA FÍSICA (R$
CRÉDITO PESSOAL
SALDO TOTAL
R$ MILHÕES
% VARIAÇÃO
A.M.
P.P.
MILHÕES)
AQUISIÇÃO DE BENS – OUTROS
TAXA DE JUROS
TAXA DE JUROS
%
A.A.
VARIAÇÃO
P.P.
SALDO TOTAL
R$ MILHÕES
jul/10
jun/10
mai/10
abr/10
+1.000cc a 2.000cc
AQUISIÇÃO DE BENS – VEÍCULOS
TAXA DE JUROS
MÊS/
ANO
mar/10
fev/10
jan/10
dez/09
nov/09
out/09
set/09
ago/09
jul/09
30.000
% VARIAÇÃO
A.M.
P.P.
% VARIAÇÃO
A.A.
P.P.
SALDO TOTAL
R$ MILHÕES
% VARIAÇÃO
A.M.
P.P.
% VARIAÇÃO
A.A.
P.P.
-1,40
jul/09
146.452
3,13
-0,05
44,80
-0,80
84.226
2,01
0,00
26,92
0,07
8.977
3,66
-0,08
53,85
ago/09
149.604
3,10
-0,03
44,30
-0,50
85.324
1,96
-0,05
26,21
-0,71
8.897
3,69
0,03
54,42
0,57
set/09
152.072
3,13
0,02
44,70
0,40
87.955
1,87
-0,09
24,94
-1,27
8.970
3,52
-0,17
51,41
-3,01
out/09
155.567
3,19
0,06
45,70
1,00
90.136
1,91
0,04
25,56
0,62
9.120
3,44
-0,08
50,01
-1,40
nov/09
157.097
3,06
-0,12
43,60
-2,10
91.852
1,90
-0,02
25,30
-0,26
9.145
3,54
0,10
51,78
1,77
dez/09
157.763
3,11
0,05
44,40
0,80
93.916
1,90
0,00
25,37
0,07
9.595
3,71
0,17
54,83
3,05
jan/10
160.526
3,13
0,02
44,80
0,40
95.674
1,89
-0,01
25,20
-0,17
9.278
3,53
-0,18
51,70
-3,13
fev/10
163.364
3,07
-0,06
43,80
-1,00
97.805
1,82
-0,07
24,10
-1,10
9.139
3,49
-0,05
50,90
-0,80
mar/10
172.372
3,01
-0,07
42,70
-1,10
101.941
1,78
-0,04
23,51
-0,59
9.066
3,45
-0,04
50,20
-0,70
abr/10
176.495
3,02
0,01
42,90
0,20
105.048
1,78
0,00
23,53
0,02
9.028
3,42
-0,03
49,71
-0,49
mai/10
180.849
3,03
0,01
43,00
0,10
108.254
1,86
0,09
24,82
1,29
9.115
3,54
0,12
51,89
2,18
jun/10
183.785
2,97
-0,06
42,00
-1,00
111.452
1,78
-0,08
23,61
-1,21
9.183
3,54
-0,01
51,75
-0,14
jul/10
187.147
2,98
0,01
42,20
0,20
115.177
1,81
0,02
23,96
0,35
9.268
3,50
-0,03
51,19
-0,56
Fonte: Anfavea/Inepad
setembro/outubro 2010 FINANCEIRO 73
artigoúltima palavra
Emergentes são
fundamentais
Até 2016 já se espera que a Ásia contribua com a
maior parte do PIB mundial, ultrapassando a União
Europeia e os EUA. Isso pode ser uma novidade
para muitos, mas não é surpresa para nós, do HSBC.
O processo de fortalecimento das economias
emergentes se intensificou no início desta década
e muita gente nos países desenvolvidos não se deu
conta. Com a eclosão da crise financeira
Por Conrado Engel mundial em 2007, houve congelamento
dos mercados de crédito e uma freada dos
negócios. Hoje as evidências nos mostram que o
mundo está em processo de recuperação e, mais
que isso, que países emergentes estão liderando
essa volta a uma economia mais saudável.
Mas o que torna essa recuperação é o fato de
que, durante as crises econômicas anteriores, o restante do mundo tinha de esperar os países desenvolvidos se reabrirem para o mercado. Desta vez, estas
economias ainda estão se recuperando, enquanto os
países emergentes já deram a partida no motor.
Parte da explicação está no menor endividamento dos países emergentes, cujos consumidores estiveram muito mais protegidos da destruição de riqueza durante a crise do que seus
homólogos nos países desenvolvidos. Mas isso
acontece também porque as nações emergentes
estão se tornando cada vez mais interdependentes em termos de negócios e serviços, e esse
maior fluxo de comércio atenua o efeito negativo da recessão nos países desenvolvidos. Nesse
cenário, a grande protagonista é a China.
O investimento em infraestrutura e o consumo doméstico na China geraram uma demanda
por commodities e outros bens, o que, por sua vez,
reforçou os ganhos de exportação de outras nações
emergentes. Isso representou segurança para as
nações produtoras de commodities, enquanto os
desenvolvidos ainda se recuperam gradualmente.
74 FINANCEIRO setembro/outubro 2010
Os altos preços das commodities continuam
a dificultar a recuperação dos países ricos. No
passado, as quedas nos preços das commodities
permitiram que os países ocidentais aliviassem
suas eventuais perdas. Desta vez, o alto custo das
matérias-primas está destruindo gradualmente o
poder de compra nas economias desenvolvidas.
Claro que, embora a perspectiva para os países
emergentes seja muito positiva, ainda há desafios
pela frente. A maior parte deles está ligada a limitações de capacidade nas maiores economias
desse bloco. As pressões sobre os custos, a dificuldade dos fornecedores para cumprir compromissos de entrega e a dos fabricantes em lidar
com o acúmulo de pedidos podem ser potenciais
problemas. Eles podem ter como consequência
uma elevação muito rápida das importações e do
déficit de conta corrente desses países. Também
podem significar pressões de demanda não atendidas, que se transformarão em pressões inflacionárias mais à frente. Não é a toa que os bancos
centrais dos países emergentes estão vigilantes,
aumentando pontualmente os juros.
Nada disso, porém, é capaz de afetar o otimismo do HSBC no futuro dos países emergentes. Como líder financeiro mundial nos
mercados emergentes, estamos investindo
em países como o Brasil precisamente porque
acreditamos que o crescimento mundial virá de
economias como a nossa. Enquanto as nações
desenvolvidas se preparam para uma década de
austeridade, no Sul e no Oriente estamos nos
preparando para uma década de desafios e mudanças estimulantes na economia. f
Conrado Engel
é presidente do HSBC Bank Brasil
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