Panorama do espaço caribe 2004

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Panorama do espaço caribe 2004
Turismo
TURISMO
O setor de turismo cresceu muito na última década, independente de sua posição
central ou secundária na economia dos países do espaço Caribe. Mais de 25
milhões de turistas foram recebidos em 2001, o que representou uma alta de mais
de 54% em relação a 1990. Destes, cerca de 17 milhões se dirigiam às praias das
ilhas do Caribe, número que cresceu em 50% desde 1990. No conjunto do
período, as ilhas do Caribe são responsáveis por mais de dois terços dos turistas
recebidos pelo conjunto do espaço Caribe. Se incluirmos os 15 milhões de
1
cruzeristas , chegamos a um número total de 32 milhões de visitantes recebidos
pelas ilhas do Caribe em 2001.
As ilhas são mais visitadas do que os Estados continentais
Evolução do número de turistas
30
Espaço Caribe
25
20
15
Ilhas do Caribe
10
5
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
Fonte : Organização Caribenha de Turismo, Organização Mundial do Turismo, Insee
Os anos 90 foram globalmente favoráveis ao turismo caribenho. Os anos
excelentes, como 1993, foram intercalados com anos “sem”, como 1996, quando o
turismo colombiano foi dividido por dois. Os atentados de 11 de setembro de 2001
nos Estados Unidos fizeram com que os números do turismo mundial caíssem
vertiginosamente no último trimestre desse ano. O espaço Caribe foi afetado de
forma ainda mais brutal porque a alta temporada começa em dezembro. O número
de turistas no espaço Caribe caiu em 1,3%, enquanto que para as ilhas a queda foi
de 2,8%.
1
O número de cruzeiristas não equivale ao número de turistas em cruzeiros; para cada escala de um cruzeiro, conta-se o número de
cruzeiristas. Não há dados para Cuba, as Ilhas Turks e Caicos e para Montserrat.
184 - Panorama do espaço Caribe
Turismo
2
O número dos cruzeiristas aumenta regularmente. Nas ilhas do Caribe , de 1995
a 2001, o número de cruzeiristas aumentou em 5.200.000, com uma alta de
54%. Para este número, 2001 foi um bom ano, com uma alta de
aproximadamente 3% em relação ao ano anterior.
As ilhas do Caribe sensíveis à conjuntura
Evolução do número de turistas
10
%
Ilhas do Caribe
8
6
4
2
Espaço Caribe
0
-2
1991 1992 1993
1994
1995 1996
1997
1998
1999 2000
2001
-4
Fonte : Organização Caribenha de Turismo, Organização Mundial do Turismo, Insee
Aumento do fluxo de turistas : Porto Rico em primeiro ; destaques para Cuba e
a República Dominicana
Para além do cartão postal com praias de areia fina, cercadas de palmeiras e
banhadas por uma água azul-turquesa, os 38 Estados e territórios do espaço
Caribe não aproveitam seu potencial turístico do mesmo modo.
Seis países são responsáveis por mais da metade do fluxo de turistas do conjunto
do espaço Caribe. Porto Rico, Estado livre associado aos Estados Unidos, atrai
14% dos turistas da região, em sua maioria americanos (86% do fluxo local).
Encontramos a seguir a República Dominicana (11%), Cancun e Cozumel no
México (10%), Cuba (7%), as Bahamas (6%) e a Jamaica (5%). Os destinos se
diversificaram desde 1990: até então cinco países eram responsáveis pela metade
do fluxo. Ainda assim, os 19 últimos Estados e territórios recebem somente um
pouco mais de 11% do total de turistas.
2
Como os dados a respeito dos Estados continentais são muito fragmentários, eles não foram integrados aqui, com exceção da ilha
de Cozumel, no México, destino comum de cruzeiros no Caribe.
Panorama do espaço Caribe - 185
Turismo
Cuba : para a primeira fila, em uma década
Evolução do fluxo de turistas entre 1990 e 2001
500
En %
Espaço Caribe
400
300
200
100
0
-100
Fonte : Organização Caribenha de Turismo, Organização Mundial do Turismo, Insee
Saindo do 15º lugar em 1990, Cuba conquistou mais de 1.400.000 turistas, uma
alta de 431%. Frente ao bloqueio americano que continua em vigor, Cuba optou
pelo turismo de massa para atrair divisas. Mais da metade dos turistas são europeus.
O outro grande ganhador foi a República Dominicana. O fluxo de turistas
aumentou em 1.500.000 turistas, o que garantiu que passasse do quarto para o
segundo lugar, com uma alta de 113%, e apesar de uma queda de 7% em 2001.
São Domingos também optou pelo turismo de massa, com grandes estruturas
hoteleiras que atraem uma clientela diversificada que inclui um quarto de
norte-americanos. Essas duas grandas Nações hispânicas ficaram com um terço dos
turistas ganhos pelo espaço Caribe de 1990 a 2001.
A maior parte dos países da América central também garantiu o seu quinhão,
apostando, de um lado, num turismo de negócios e, de outro, nas visitas de
expatriados a suas famílias. No que se refere à elevação da freqüência de turistas no
período, quatro Estados centro-americanos encontram-se entre as dez primeiras
posições: a Nicarágua em segundo lugar com + 356%, El Salvador em quarto com
+ 279%, a Costa Rica em sexto com 160% e o Panamá em sétimo com + 143%.
186 - Panorama do espaço Caribe
Turismo
Algumas ilhas do Caribe, como as Ilhas Turks e Caicos e a Guadalupe, mais do
que dobraram o seu fluxo de turistas. Outros ainda fazem melhor do que média
geral: Trinidad e Togabo, as Ilhas Virgens britânicas, Santa Lúcia, Martinica,
Granada e Aruba. Estas oito ilhas representam agora um oitavo do fluxo de
turistas do espaço Caribe.
Os “pesos-pesados”, como Porto Rico, o México com Cancun e Cozumel, as
Bahamas e a Jamaica ficaram abaixo da média, sendo que as Bahamas foram um
dos principais perdedores da região com uma baixa de 8% no fluxo de turistas
desde 1990 e de cerca de 10% entre 2000 e 2001. Estas regiões sofreram com a
perda da clientela americana (que chega a 85% do total de turistas).
Oito países, além das Bahamas, tiveram uma diminuição do fluxo de turistas.
Belize (-1%), Haiti (-2%), São Cristóvão e Nevis (-3%), as Antilhas holandesas
(-19%), a Colômbia (-24%), as Bermudas (-37%) e Montserrat (-48%). Em
detrimento do restante das Antilhas holandesas, a parte holandesa de Saint Martin
concentra cerca de 60% do seu fluxo turístico. A instabilidade política da
Colômbia cria dificuldades para seu turismo de negócios, que é mais importante
do que o turismo de lazer, e o fluxo caiu drasticamente. Em Montserrat, a erupção
do vulcão Soufrière em 1995 atingiu toda a parte sul da ilha, fazendo fugir uma
parte da população da ilha e estancando o fluxo turístico.
• Aumento do número de cruzeiristas : seis destinos principais e decolagem
da República Dominicana
O arquipélago das Bahamas, composto por mais de 700 ilhas – das quais somente
30 habitadas –, é a escala mais procurada do Caribe: 17% dos cruzeiristas em
2001, ou seja, mais de 2.500.000. Seis destinos concentram dois terços dos
cruzeiristas: as Bahamas, as Ilhas Virgens americanas (13%), Cozumel, no
México (11%), Porto Rico (9%), as Ilhas Caiman (8%) e as Antilhas holandesas
com Saint Martin (8%), todos situados na região das grandes Antilhas. Entre 1995
e 2001 elas conquistaram mais cerca de 3% do mercado. Com efeito, o mercado
de cruzeiros depende muito da clientela americana, e muitas partidas são feitas
na Flórida. É setor com muita concorrência, onde as condições de recepção dos
turistas são controladas pelas empresas responsáveis. Isto não impede a
existência de outros destinos importantes, como a Jamaica e Barbados. As
Antilhas francesas, depois de chegarem a receber cerca de 9% dos cruzeiristas
em 1995, tiveram seu fluxo dividido pela metade, em decorrência
principalmente da queda drástica do fluxo da Martinica em 2001.
Panorama do espaço Caribe - 187
Turismo
No período 1995-2001, a República Dominicana, que praticamente sextuplicou o
número de cruzeiristas, passando de mais de 30 milhões a mais de 211 milhões, um
salto de 593%. Três outros países mais que dobraram o número de cruzeiristas:
Trinidad e Tobago (+276%), Santa Lúcia (+153%) e São Cristóvão e Nevis (+109%).
Quatro territórios apresentaram resultados negativos: a Martinica (-53%), Granada
(-41%), Guadalupe (-14%) e São Vicente e Granadinas (-10%).
• O turismo no espaço Caribe ainda dependente da clientela dos Estados
Unidos
A maioria dos países do espaço Caribe depende da clientela dos Estados Unidos,
que encontra ali uma evasão nas proximidades. De acordo com a importância
desta clientela, pode-se delimitar três grupos a partir dos dados de 2001 :
1. Os países voltados majoritariamente para a clientela norte americana (mais
de 60% do mercado) : Os territórios administrativamente dependentes dos
Estados Unidos, como Porto Rico e as Ilhas Virgens americanas (cerca de
85%), que são destinos naturais, os países “próximos” como as Bahamas
(85%), as Ilhas Caiman (81%), as Bermudas e as Ilhas Turks e Caicos (76%),
Cancun e Cozumel no México (75%) e a Jamaica (72%). O turismo de
negócios e as visitas de emigrados a seus parentes colocam Haiti neste
grupo, pois os Estados Unidos têm uma importante comunidade haitiana. A
clientela vinda dos Estados Unidos têm uma importância semelhante nos
Estados centro-americanos até a Colômbia, com exceção do Belize ;
2. os países com uma clientela norte-americana importante (entre 30% e 60%
do mercado) como o Belize (54%), única ex-colônia britânica da América
central, as Antilhas holandesas (38%), especialmente com o “pólo regional”
Saint Martin, São Cristóvão e Nevis e Santa Lúcia (37%). A maioria destes
países optaram por um turismo de luxo, que atrai a clientela americana ;
3. os países voltados para outras clientelas (menos de 30% do mercado) Isto
pode ter razões políticas, como Cuba (4%) e o bloqueio americano, ou
razões culturais e históricas, como os departamentos franceses da América
(cerca de 10%) ou o Suriname (1%). Nestes casos, os laços com a atual ou
com a antiga metrópole continuam a ser importantes. Para a Guadalupe, a
Guiana e a Martinica, o fluxo turístico provêm em pelo menos três quartos
da França metropolitana. Finalmente, há também escolhas econômicas,
como a República Dominicana, que abriu seu território ao turismo
internacional de massa.
188 - Panorama do espaço Caribe
Turismo
O risco dos países que dependem demais de uma clientela mono-nacional é
sofrer com mudanças bruscas nesta. As repercussões do 11 de setembro de 2001
no turismo caribenho fizeram cair o fluxo turístico dos países muito dependentes
como as Bermudas (-16%) ou as Bahamas (-10%).
• Desenvolvimento do turismo intra-caribenho
O melhor exemplo de desenvolvimento turístico intra-caribenho é o da
Dominica. Esta pequena ilha aproveita sua situação geográfica, cercada pela
Guadalupe e pela Martinica, que lhe forneceram em 2001 um quarto de seus
turistas. Um outro quarto veio de outras ilhas do Caribe. Sem contar com um
aeroporto internacional, ela aposta na proximidade. Outras ilhas vizinhas
recebem, também, entre 25 e 50% de clientela caribenha: Anguilla, São
Cristóvão e Nevis, Montserrat, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas ou
Granada. Todas estas ilhas, distantes da América do norte, estão à margem do
grande mercado caribenho.
No entanto, ainda que se trate de um desenvolvimento potencial importante, ele
é no momento limitado, inclusive porque um turista “caribenho” gasta menos do
que um turista norte-americano ou europeu. Ademais, estes países têm pouca ou
nenhuma infraestrutura e capacidade de recepção, necessárias para acolher
turistas em número mais importante. Desta forma, a ilha de Saint Vincent e o
arquipélago das Granadinas não dispõem de nenhum hotel de grande
capacidade (mais de 100 quartos).
• A densidade turística como indicador
A densidade turística, medida pelo número de turistas por habitante, é maior nos
pequenos países: se o conjunto da região recebeu em média 1 turista para cada 6
habitantes em 2001, as Ilhas Virgens britânicas alcançaram o número de 14
turistas por habitante, sensivelmente mais do que as Ilhas Caiman e as Ilhas Turks
e Caicos, com 9 por 1. Nesta classificação, os Estados continentais ficam para
trás: a Colômbia, com um 1 turista para 69 habitantes, e a Venezuela, 1 para 42.
O Haiti ficou na antipenúltima posição com 1 turista para 57 habitantes. Os 19
primeiros, em termos de densidade turística, são ilhas do Caribe, e os 21 últimos
recebem menos turistas durante um ano do que o seu número de habitantes.
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