alegado homicida confessa crime

Transcrição

alegado homicida confessa crime
19 DE NOVEMBRO DE 2014 QUARTA-FEIRA | 0,70 EUROS
Fundador Adriano Lucas (1925-2011) | Director Adriano Callé Lucas |
Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
ALEGADO HOMICIDA
CONFESSA CRIME
Santa Casa da
Misericórdia tem
novo provedor
Águeda | P19
Homem que matou ajudante de padeiro, na Mealhada, em Dezembro do ano passado,
admitiu, em tribunal, ter agido por ciúmes e garantiu estar arrependido Página 12
Portugal vence
a Argentina
em Inglaterra
PAULO RAMOS
“Festivais de Outono”
prosseguem hoje e
amanhã com concertos
Aveiro | P6
Três municípios são
“amigos das famílias”
Região | P19
Centro Hospitalar
promove rastreios
LUSA
Baixo Vouga | P5
Um golo de Raphael Guerreiro, já mesmo
a terminar o jogo amigável com os argentinos, deu a vitória à selecção nacional, que
quebrou um jejum de 42 anos. Página 26
Alan Mota negoceia rescisão
com a SAD do Beira-Mar P27
Bira reforça equipa sénior
de Voleibol do Sp. Espinho
Bicicletas de madeira
que são uma tentação
i
i
P28
São de Ovar e já estão a conquistar vários países europeus Página 11
Jornadas contam
400 anos de história
do município de Aveiro
Detido o homem que
causou explosão
em habitação
Investigadora da UA
cria modelos que prevêem
gravidade dos acidentes
Autarquia lança novo
Boletim dedicado
aos regulamentos
Biblioteca Municipal
cria nova actividade
dedicada aos seniores
Empresários aveirenses
desafiados a investir
no Nordeste brasileiro
Cultura | P3
Aveiro | P3
Santa Maria da Feira | P12
Espinho | P15
Sinistralidade | P7
Negócios | P5
QUARTA-FEIRA | 19 NOV 2014 | 11
Destaque
FOTOS: PAULO RAMOS
A bicicleta de madeira é o resultado de um ano de investigação e trabalho de João Baptista
Uma bicicleta de madeira
que está a conquistar
vários países europeus
Inovação A bicicleta de madeira construída na oficina da Mud Cycles de Ovar
está já a conquistar vários países europeus
Luís Ventura
Diz-se que Ovar é o melhor
município para andar de bicicleta e não foi por acaso que
recebeu, este ano, o prémio da
Mobilidade em Bicicleta. Coincidência ou não é aqui que
surge a Mud, uma bicicleta
que é um sucesso lá fora. Só
que esta é praticamente toda
feita em madeira e é o resultado de uma aventura que durou mais de um ano a desenvolver.
“É evidente que tem componentes comuns a outras bicicletas, mas há outros exclusi-
vamente pensados para esta”,
esclarece João Baptista, responsável da Mud Cycles, no
seio da qual a bicicleta nasceu.
Olhando para ela, completamente acabada, é nítido o
apelo retro que a inspirou.
João confirma: “Para o ‘design’
da bicicleta e do respectivo
“Para o ‘design’
da bicicleta
e do respectivo
quadro, inspirei-me
nos triciclos de
madeira que eram
usados pelos miúdos”
quadro, inspirei-me nos triciclos de madeira que eram usados pelos miúdos”. Mais: Para
a suspensão, por exemplo, baseou-se num conceito de 1920
utilizado pelas primeiras motos do Século XX. O mesmo
sucede com as mudanças.
Independentemente disso,
“tentei usar os componentes
da melhor qualidade do mercado”. Os travões são de roletos, difíceis de ver em Portugal,
“mas muito usados no Norte
de Europa, pois são travões
que não têm desgaste, podendo andar à chuva ou à
neve”. Não gastam pastilhas,
nem calços, precisando apenas
de duas gotas de óleo, absolutamente mais nada e dentro de
15 anos ainda temos travões.
A madeira utilizada na construção da bicicleta é o contraplacado marítimo de bétula e
é garantido que “não cede, não
dilata, não mexe”. As tábuas
chegam a Ovar, em bruto, e depois é nas oficinas Mud que
são transformadas no quadro
das bicicletas. O mentor dela
assegura que “as colagens
efectuadas são extremamente
resistentes, conforme tivemos
ocasião de provar em diversos
testes”.
A propósito das rodas, que
não são feitas na Mud, João
desvenda outra das suas orientações a que não quis fugir.
“Todos os componentes devem ser feitos em Portugal”.
Assim, as rodas são da Rodi,
marca de Aveiro, e as pedaleiras são da Miranda & Irmão,
de Águeda. “Fiquei, recentemente, a saber que há uma bicicleta holandesa que também
utiliza estas pedaleiras”. Ora, se
assim é e os europeus já aqui
compram, “mau seria que eu,
na minha bicicleta de madeira,
não privilegiasse os compo-
nentes portugueses, comprovadamente, de excelente qualidade”.
João demorou mais de um
ano a desenvolver todo o conceito e quando olha para trás,
para os primeiros modelos,
ainda pergunta: “Como é que
foi possível mostrar isto a alguém?” (Risos). E há outra
coisa garantida: “Nas próximas
20 ou 30 que forem feitas vão
haver sempre coisas que vão
ser melhoradas”. !
venda ao público. Curioso
também é verificar que na família nunca ninguém teve especial apetência para a carpintaria. “Mas gosto de tudo que
tem a ver com a madeira”,
considerando-se um auto-didacta na matéria.
Mais: ”Os punhos também
sou eu que faço”. São em cabedal, cortados e enrolados à mão.
A bicicleta tem três velocidades
e pedaleiras de madeira, “feitas
também por nós”. Aliás, “o mecanismo das mudanças foi con-
cebido com a ajuda do Paulo
Pereira, um amigo que nos ajudou a resolver algumas questões”.
A Mud está dotada de suspensão e de um porta-luvas
que pareceser de metal mas não
é. Mas o facto de ser em madeira
não a impede de ser extremamente confortável, mesmo
quando anda em paralelo. Pai e
filholembram que convidaram,
para a experimentar, “um indivíduo com 1,90 metros e 120
quilos de peso e ele andou na
bicicleta sem problemas nenhuns e, no final, disse que era
um espectáculo”. !
Uma receptividade... à portuguesa
INTERNACIONAL “Eu tento
ter sempre bicicletas prontas
disponíveis, mas felizmente,
isso nem sempre é possível,
pois elas vendem-se em pouco
tempo”, revela João Batista. Assim, uma bicicleta personalizada, que só é possível ter por
encomenda, demora sempre
quatro ou cinco semanas a entregar.
“As bicicletas que fazemos são
vendidas rapidamente e, normalmente, lá para fora”. A receptividade portuguesa tem
No expositor, as bicicletas prontas a “embarcar”
sido… à portuguesa: João explica: “Quando há procura de
um determinado produto no estrangeiro, o português vai atrás.
No entanto, quando surge um
conceito novo, introduzido em
Portugal, as pessoas desconfiam”. Ele conta, com a ajuda de
outro João, o filho, que “as pessoas vêm ver, acham muito giro
e tal, mas ficam por aí”.
O preço também pode ter alguma influência, pois o preço
de uma Mud anda à volta dos
2.000 euros, preço final de
“As pessoas
riam-se quando
eu falava dela”
Depois de ter trabalhado 17 anos numa
firma de artes gráficas,
“quando dizia que estava a trabalhar num
projecto novo, relacionado com uma bicicleta
de madeira, as pessoas,
por respeito, não diziam
nada, mas ficavam com
uma cara de quem ficava a pensar que eu
não estava bom da cabeça”. João Baptista explica que a actual versão
da bicicleta estreou a 10
de Agosto e, a partir daí,
“tudo aconteceu muito
depressa e até agora não
temos tido mãos a medir”. Itália, Holanda e
França estão no topo
dos países europeus
amigos da MUD. !