Plano de Manejo - Prefeitura Municipal de Terra de Areia
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Plano de Manejo - Prefeitura Municipal de Terra de Areia
PLANO DE MANEJO APA TERRA DE AREIA OUTUBRO DE 2012 Sumário APRESENTAÇÃO....................................................................................................................................... 9 1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO E DA APA..................................................................... 10 1.1 QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL ........................................................................................ 10 1.1.1 LEGISLAÇÃO: CONCEITO DE APA ................................................................................... 10 1.1.2. FINALIDADE DA APA – USO SUSTENTÁVEL ......................................................................... 11 1.1.3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ESPECÍFICA ..................................................................................... 12 1.2 LOCALIZAÇÃO ........................................................................................................................ 12 1.2.1 DELIMITAÇÃO DA APA................................................................................................... 13 1.2.2 ACESSOS ........................................................................................................................ 15 1.2.3 ASPECTOS HISTÓRICOS.................................................................................................. 15 1.3 CONTEXTO SOCIOECONÔMICO............................................................................................. 17 1.3.1 DEMOGRAFIA .................................................................................................................... 18 1.3.2 EDUCAÇÃO .................................................................................................................... 18 1.3.3 RENDA ........................................................................................................................... 19 1.3.4 HABITAÇÃO ................................................................................................................... 19 1.3.5 VULNERABILIDADE ........................................................................................................ 20 1.3.6 TURISMO ....................................................................................................................... 20 1.4 CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL .............................................................................................. 21 1.4.1 USOS DA ÁGUA.............................................................................................................. 21 1.4.2 CONDIÇÃO GERAL DAS DISPONIBILIDADES................................................................... 22 1.4.3 SITUAÇÃO GERAL DE BALANÇO HÍDRICO...................................................................... 23 1.4.4 USO DO SOLO ................................................................................................................ 24 1.4.5 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO LEGAL ................................................................................... 25 1.4.6 DEMANDAS HÍDRICAS ................................................................................................... 27 1.4.7 SANEAMENTO ............................................................................................................... 28 1.4.8 RESÍDUOS SÓLIDOS ....................................................................................................... 30 1.4.9 IRRIGAÇÃO E CRIAÇÃO ANIMAL .................................................................................... 31 1.4.10 INDÚSTRIA ..................................................................................................................... 33 1.4.11 AQÜICULTURA............................................................................................................... 34 1.4.12 PESCA............................................................................................................................. 35 1.4.13 NAVEGAÇÃO.................................................................................................................. 35 1.4.14 MINERAÇÃO .................................................................................................................. 37 1.4.15 TURISMO ....................................................................................................................... 37 1.5 1.5.1 CONDIÇÕES GERAIS DO AMBIENTE NATURAL .............................................................. 38 1.5.2 Sistema lacunar ............................................................................................................. 42 1.5.3 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA .................................................................................... 42 1.5.4 CLIMA ............................................................................................................................ 46 1.5.5 SOLO .............................................................................................................................. 46 1.5.6 FLORA ............................................................................................................................ 51 1.5.7 FAUNA ........................................................................................................................... 74 1.5.8 DISPONIBILIDADE HÍDRICA............................................................................................ 93 1.5.9 SISTEMAS AQÜÍFEROS................................................................................................... 96 1.5.10 VAZÃO ECOLÓGICA........................................................................................................ 98 1.6 2. CONTEXTO AMBIENTAL......................................................................................................... 38 IMPACTOS AMBIENTAIS ...................................................................................................... 103 1.6.1 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ..................................... 106 1.6.2 CARACTERIZAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ........................................................ 109 1.6.3 DETALHAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS.......................................................... 111 ZONEAMENTO DA APA................................................................................................................ 114 2.1. DEFINIÇÃO DAS ZONAS ....................................................................................................... 115 2.2. TABELAS INDIVIDUAIS DE ZONEAMENTO ........................................................................... 116 3. PLANEJAMENTO E GESTÃO DA APA TERRA DE AREIA................................................................. 125 3.1. PROCESSO ADOTADO PARA O PLANEJAMENTO ................................................................. 126 3.2. CONSELHO GESTOR............................................................................................................. 127 3.2.1. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS REPRESENTANTES DO SEGMENTO NÃO GOVERNAMENTAL ...................................................................................................................... 128 3.2.2. 4. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS REPRESENTANTES DO SEGMENTO DO GOVERNO.... 128 3.3. NORMAS GERAIS PARA A APA TERRA DE AREIA ................................................................. 129 3.4. PROGRAMAS E AÇÕES......................................................................................................... 131 3.4.1. PROGRAMA DE OPERACIONALIZAÇÃO ....................................................................... 131 3.4.2. PROGRAMA DE PROTEÇÃO E MANEJO ....................................................................... 134 3.4.3. PROGRAMA DE ALTERNATIVAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.................... 137 3.4.4. PESQUISA E MONITORAMENTO.................................................................................. 139 3.4.5. PROJETO: RECOLHIMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS 141 3.4.6. PROJETO: RECUPERAÇÃO DAS MATAS CILIARES......................................................... 144 3.4.7. USO ADEQUADO E MELHORIA DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS................ 145 3.4.8. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E LAZER....................................................... 147 3.4.9. PROGRAMA DE PROTEÇÃO DE NASCENTES ............................................................... 148 PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE............................................................................................... 163 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................... 168 INDICE DE FOTOS FOTOS 1,2 e 3 CRIAÇÃO DE GADO DENTRO DA ÁREA DA APA...........................................................33 FOTO 4 e 5 VEGETAÇÃO DE BANHADO........................................................................................40 FOTO 06 – EXEMPLAR DE CAPOROQUINHA DA PRAIA ........................................................................51 FOTO 7 – EXEMPLAR DE FIGUEIRA DA FOLHA MIÚDA.........................................................................56 FOTO 8 JERIVÁ OU COQUEIRO..............................................................................................................54 FOTO 09 E 10...............................................................................................................................55 FOTO 11 E 12.................................................................................................................................57 FOTO 13– AO FUNDO FLORESTA OMBRÓFILA DENSA...........................................................................58 FOTO 14 – FLORESTA SUBMONTANA....................................................................................................59 FOTO 15 E 16 – FLORESTA ALTO MONTANA........................................................................................61 FOTO 17 E 18 – PLANTAÇÕES DE EUCALIPTOS SPP., DENTRO DA APA ................................................74 FOTO 19 – (a) Mugil platanus (TAINHA) – b) Geophagus brasiliensis (CARÁ) – c) Rhamdia quelen (JUNDIÁ) – d) Salminus hilarii (TABARANA................................................................................... 75 FOTO 20 – A) LEPTODACTYLUS OCELLATUS (RÃ CRIOULA) – B) HYPSIBOAS FABER (SAPO MARTELO) – C) MELANOPHRYNISCUS DORSALIS ............................................................................................ 80 FOTO 21– A) TRACHEMYS DORBIGNI (TARTARUGA) – B) TUPINAMBIS MERIANAE (LAGARTO TEJU) – C) CAIMAN LATIROSTRIS (JACARÉ DE PAPO AMARELO) – D) PHILODRYAS PATAGONIENSIS (PAPA PINTO) ............................................................................................................................... .......... 83 FOTO 22 – A) PASSER DOMESTICUS – PARDAL – B) SATRAPA ICTEROPHRYS SUIRIRI PEQUENO – C) TURDUS RUFIVENTRIS – SABIA LARANJEIRA – D) DACNIS CAYANA – SAÍ AZUL E)SPEOTYTO CUNICULARIA – CORUJA BURAQUEIRA – F) PAROARIA CORONATA – CARDEAL..............................90 FOTO 23 – a) Hidrochoeris hidrochaeris – Capivara, b) Cebus nigritus – Macaco prego, c) Myocastor coypus – Ratão do banhado, d) Cerdocyon thous – Graxaim do mato ........................................... 93 FOTO 24 LAGOA DOS QUADROS...................................................................................................99 FOTO 25 RIO DOS CORNÉLIOS.......................................................................................................100 FOTO 26 DEPOSIÇÃO DE LIXO DA MARGEM DA LAGOA DOS QUADROS.........................................112 FOTO 27 JAZIDA DE AREIA ABANDONADA.......................................................................................113 FOTOS 28,29 E 30 ..........................................................................................................................162 FOTOS 30,31,32 E 33...........................................................................................................................164 INDICE DE MAPAS MAPA 01 MAPA DE SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA APA.............................................................14 MAPA 02 MAPA DOS ECOSSISTEMAS EXISTENTES NA APA................................................................. 41 MAPA 03 MAPA GEOLOGIA.........................................................................................................45 MAPA 04 MAPA DOS SOLOS ........................................................................................................ 50 MAPA 05 ZONEAMENTO DA APA.......................................................................................................120 INDICE DE FIGURAS FIGURA 01 – EXTREMO NORTE DO LITORAL NORTE.............................................................................52 FIGURA 02 – EXTREMO SUL DO LITORAL NORTE...................................................................................52 FIGURA 03 – DIVISÕES DA FLORESTA OMBRÓFILA DENSA................................................................... 57 FIGURA 4 – LISTA DE PRESENÇA AUDIÊNCIA PÚBLICA COMUNIDADE DE SANGA FUNDA..................166 INDICE DE TABELAS TABELA 01........................................................................................................................................ 62 TABELA 02 CLASSIFICAÇÃO PEIXES.................................................................................................... 76 TABELA 03 – CLASSIFICAÇÃO ANFIBIOS..........................................................................................78 TABELA 04 – CLASSIFICAÇÃO RÉPTEIS...............................................................................................81 TABELA 05 – CLASSIFICAÇÃO AVES.................................................................................................84 TABELA 6– CLASSIFICAÇÃO MAMÍFEROS.......................................................................................91 TABELA 07 ZONEAMENTO DA APA TERRA DE AREIA...................................................................117 PREFEITURA MUNICIPAL DE TERRA DE AREIA PREFEITO MUNICIPAL JOELCI DA ROSA JACOBS SECRETARIA MUNICIPAL DA AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE ROMÁRIO MACHADO SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO ROSA MARIA MACHADO VIEIRA APOIO TÉCNICO Carlos Renato Cechin ENGENHEIRO AGRÔNOMO Anelise de Oliveira Pereira BIÓLOGA José Cirineu Correa dos Santos Junior – ENGENHEIRO CIVIL EQUIPE TÉCNICA – ZIMMERMANN SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA COORDENAÇÃO GERAL E PLANEJAMENTO DIEGO WEBBER RAUPP – BIOLÓGO EQUIPE TÉCNICA FELIPE HERTZOG FELTES – ARQUITETO E URBANISTA MARIA DE FÁTIMA SUERTEGARAY – ENGENHEIRA AGRÔNOMA DEIZE MARA VIDAL – GEÓLOGA CRISTHIANE ZIMMERMANN RIBEIRO BIOQUIMICA VALERIA GOEBEL ESTÁGIARIA DE ARQUITETURA FINANCIAMENTO DNIT DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA E TRÂNSITO APRESENTAÇÃO O Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Terra de Areia é um documento direcionado a todos os órgãos, instituições governamentais ou não, setores da sociedade civil organizada, comunidades locais, proprietários urbanos e rurais da APA que, de alguma forma, se inter relacionam na sua gestão ambiental e socioeconômica. Este documento representa o início de um processo de gestão participativa, constituindo se em diretrizes para região que, tão logo sejam implantadas deverão ser analisadas e, se necessário, adaptadas pelos diferentes segmentos atuantes na APA, através de seu Conselho Gestor. O plano está dividido em três, partes: a caracterização do município de Terra de Areia e da APA relacionando o contexto físico, social, biológico e legal; o zoneamento ecológico econômico acompanhado da descrição de cada zona e suas indicações de uso; e o sistema de gestão que compreende a definição das diretrizes socioambientais para a APA, a estrutura de gestão participativa e os programas prioritários. Acompanham os textos os mapas de Geologia e Geomorfologia, Hidrografia, Solos, Vegetação e Uso do Solo e Zoneamento. O processo de elaboração do Plano de Manejo ocorreu de forma participativa, com acompanhamento do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Terra de Areia em diferentes fases de sua execução. Foram feitos levantamentos a campo, pela equipe técnica, além da análise ao Plano Ambiental Municipal e à Lei do Plano Diretor. Foram realizadas reuniões e audiência pública para monitoramento dos trabalhos de diagnóstico, zoneamento ecológico econômico e de programas e ações. O resultado deste trabalho é um conjunto de informações que ampliam o conhecimento técnico e científico a respeito da APA Terra de Areia, dos ecossistemas da região, suas comunidades, sua economia, suas potencialidades e fragilidades. Contém ações e programas que auxiliarão os órgãos envolvidos na atividade de ordenamento territorial e no manejo de áreas naturais protegidas. 1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO E DA APA 1.1 QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL 1.1.1 LEGISLAÇÃO: CONCEITO DE APA Áreas de proteção ambiental são áreas que se destacam por seu relevante interesse público e, portanto, o Poder Executivo declara que devam ser protegidas. A finalidade de declarar uma área como sendo de proteção ambiental é assegurar o bem estar das populações humanas e conservar ou melhorar as condições ecológicas do local. Assim é o que dispõe o artigo 8º da Lei n. 6.902/81, a saber: “O Poder Executivo, quando houver relevante interesse público, poderá declarar determinadas áreas do Território Nacional como de interesse para a proteção ambiental, a fim de assegurar o bem estar das populações humanas e conservar ou melhorar as condições ecológicas locais.” (BRASIL, 1981) Dentro dessas áreas de proteção ambiental, existem algumas limitações ao exercício do direito de propriedade. Estes limites estão sempre previstos na legislação, ou conforme ocaso, no plano de manejo. Para melhor atendimento do que dispõe a Constituição da República em seu artigo 225 e a melhor efetividade da proteção ambiental, foi criado o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Nele é apresentada a categoria as Áreas de Proteção Ambiental – APA. As áreas de proteção ambiental estão elencadas como unidades de uso sustentável (artigo 14, I, Lei n. 9.985/00), e têm como conceito previsto no artigo 15: “A área de proteção ambiental é uma área em geral extensa, com um grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do usos dos recursos naturais.” (BRASIL, 2000) Basicamente as áreas de proteção ambiental são criadas para que as populações humanas usem essas áreas de forma sustentável, ou seja, usem em harmonia com a natureza. 1.1.2. FINALIDADE DA APA – USO SUSTENTÁVEL Como já dito anteriormente, a APA tem como finalidade integrar as comunidades locais com a natureza, ou seja, promover naquela área de proteção ambiental, o uso sustentável do ambiente, sendo vantajoso para os dois lados: comunidade e natureza. Paulo de Bessa Antunes (2001) explica melhor a finalidade das APA, afirmando que um de seus objetivos, assegurar o bem estar das populações humanas que nela habitam, 253 deve ser conjugado com o aprimoramento das condições ambientais existentes em seu interior. Sendo assim, as comunidades que vivem dentro de uma APA, precisam adaptar se de forma a não infringir as leis e os mandamentos ambientais, e para isto existe o plano de manejo. Ele deve ser elaborado em até cinco anos depois da criação de uma UC e dentre outras questões, impõe alguns limites e reforça os limites existentes na legislação. De acordo com Antunes (2001), a criação de uma APA não impede o exercício de atividades econômicas. Desde que a APA seja bem concebida, é possível que o seu estabelecimento se constitua em estímulo ao desenvolvimento de atividades econômicas. O Poder Público exige tão somente que as atividades sejam compatíveis com o plano de manejo e executadas sustentavelmente. Vale lembrar, no entanto, que o plano de manejo pode impor severas restrições de uso em determinados locais e que há necessidade de respeito a demais normas legais em vigor, por exemplo o Código Florestal. 1.1.3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ESPECÍFICA Conforme o anexo do Decreto n. 1.438/95, o embasamento legal para a instituição de APA está previsto na Constituição Federal, artigo 225, III, assim como na Constituição Estadual, artigo 207, IV. Na legislação ordinária, a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público, e respectivo zoneamento ambiental, são instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, conforme dispõe a Lei n° 6.938/81, especificamente em seu artigo 9º, incisos II e VI. No caso específico de criação de APA, a possibilidade jurídica encontra se estabelecida na Lei Federal n. 6.902/81. O zoneamento ambiental/econômico da APA está disciplinado e detalhado na Resolução Conama n° 10/88. É bom frisar que as atividades utilizadoras de recursos naturais (salvo exceções previstas na Lei 11.428/06) efetiva ou potencialmente poluidoras e/ou capazes de causar degradação ambiental incidentes no perímetro abrangido pela APA deverão ser previamente autorizadas pelo órgão ambiental estadual, no caso, o IAP, na forma dos artigos 9º, III e IV e 10, ambos da Lei n. 6.938/81, bem como, artigos 17 e 19 do Decreto Federal n. 99.274/90. A APA Terra de Areia foi criada através da Lei Municipal n° 736 de 26 de novembro de 1998. 1.2 LOCALIZAÇÃO A APA Terra de Areia situa se no interior do perímetro que delimita o município de Terra de Areia. Este situa se no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, a 150 Km de Porto Alegre, com acessos pela BR 101, RS 389 – Estrada do Mar – ou pela Rota do Sol. Área da APA: 65,10Km2 Ano de Instalação: 1998 Microrregião: Osório Mesorregião: Metropolitana de Porto Alegre 1.2.1 DELIMITAÇÃO DA APA NORTE: Inicia se em um ponto localizado no morro que serve de divisor de águas entre o arroio Três Pinheiros e o Arroio Sanga Funda com cota altimétrica de 93m, seguindo por uma linha reta e seca no sentido geral oeste leste de 3725,00 metros até a curva norte da estrada do Espigão, seguindo por esta até a Rua Souza, seguindo por esta até a BR 101. LESTE: Inicia se no ponto em que a BR 101 encontra a estrada do canto da coruja, seguindo por esta até encontrar a Estrada dos Cornélios, seguindo por esta até a ponte do Rio Cornélios, seguindo pela margem direita deste Rio até a sua foz na Lagoa dos Quadros. SUL: Inicia se na foz da Lagoa dos Quadros, com o Rio dos Cornélios, fazendo divisa com o município de Maquine, tomando sentido Leste Oeste por sobre as águas da Lagoa dos Quadros, por linha reta e seca de 6200 Metros até encontrar a Foz do Arroio Ibaquê, seguindo por este até o divisor de águas do Morro Grande de cota altimétrica 948m OESTE: Faz divisa com o município de Itati seguindo pelo divisor de águas do Morro Grande de cota altimétrica 848m, seguindo por este até o Morro que serve de divisor de águas entre o Arroio Três Pinheiros e o Arroio Sanga Funda com cota altimétrica de 913m, seguindo até encontrar a cota altimétrica 496m, seguindo por esta até encontrar a cota altimétrica 452m, seguindo por esta até encontrar o ponto Norte com cota altimétrica de 93m. Sendo que a poligonal resultante da delimitação possui área aproximada de 65,10Km2. MAPA 01 MAPA DE SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA APA 1.2.2 ACESSOS A APA Terra de Areia abrange a área sudoeste do município de Terra de Areia, possuindo uma malha de estradas municipais não pavimentadas. O acesso a APA Terra de Areia, a partir da capital Porto Alegre, pode ser feito pela BR 101 ou pela RS 486 (Rota do Sol), com distância aproximada de 130 km até Tainhas passando pelas sedes municipais de Taquara e São Francisco de Paula. Pela BR 101 pode se percorrer aproximadamente 95,8Km pela BR 290, ate a Br 101, percorrendo mais 56,2 km até a sede do município de Terra de Areia. Pela RS 389, pode se percorrer aproximadamente 95,8Km pela BR 290, ate a RS 030 percorrendo 1,7Km até a RS 389, seguindo por ela por 41,10 Km até a 3° saída para a RS 486, percorrendo mais 14,8 km até a sede do município de Terra de Areia. 1.2.3 ASPECTOS HISTÓRICOS A história do município começa com os vestígios indígenas. Os sambaquis e caingangues, deixando marcas de sua passagem através de objetos de uso pessoal encontrados mais tarde por moradores. O povoamento europeu iniciou se no primeiro quarto do século XVIII, com a passagem dos lacunistas de João de Magalhães, que estabeleceram as primeiras estâncias de gado no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. O povoamento efetivo deu se no ano de 1826, com a chegada dos imigrantes alemães do Vale de Três Forquilhas, onde fundaram a Colônia de Itati, Três Forquilhas e Boa União. O isolamento geográfico contribuiu para a estagnação dos primeiros tempos, com o total abandono. Entre os primeiros habitantes do município, citam se o Pastor Carlos Leopoldo Voges, líder dos colonos alemães, João André Sparremberger, João Carlos Witt, Jacob Klipell, Miguel Eberhardt, Jacob Veeck, João Nicolau Mittmann, Eugênio Bobsin e outros. Os primeiros habitantes (após os indígenas), que povoaram o território do Município vieram da Alemanha. A primeira igreja foi erguida pelo Pastor Voges, em 1831. Também a primeira escola e a primeira casa comercial foram estabelecidas pelo Pastor Voges. Alguns colonos alemães ferreiros, carpinteiros, sapateiros, etc., entre os primeiros professores da colônia alemã, destacam se o Pastor Voges, sua esposa e o jovem seminarista Pedro Paulo Müller. Com a República, começaram as preocupações no sentido de tirar a região do Litoral Norte do isolamento, em relação ao resto do Estado. Para tanto, o Presidente do Estado, Dr. Borges de Medeiros mandou abrir canais de ligação entre as lagoas Itapeva, Quadros, Pinguela e outras. O antigo canal de ligação entre a Lagoa Itapeva e Lagoa dos Quadros é hoje o Chamado Rio Cornélios. Aberto estes canais teve impulso a navegação lacustre, proporcionando o progresso de comunidades, como Porto Alágio e Cornélios. Estes dois locais, principalmente em torno de 1930, eram os grandes centros comerciais da região, contando com portos para barcos a vapor, podendo transportar mais de vinte pessoas, com serviço de restaurante a bordo. Entretanto, por esforço do Deputado Osvaldo Bastos, constituinte estadual de 1947, natural de Osório, foi inserido na Constituição Estadual a abertura de uma estrada ligando Porto Alegre a Torres, hoje atual BR 101 (ex RS 59) que proporciona o surgimento da Localidade de Entroncamento (primeiro nome de Terra de Areia, mesmo não sendo oficial). Por surgir neste local o entroncamento entre duas rodovias, RS 486 e RS 59 (atual BR 101) e com o crescimento desta localidade, a mesma foi elevada à categoria de distrito de Osório em 18 de novembro de 1953, com o nome de Terra de Areia, através da Lei Legislativa 04. Inicialmente, o território do Município de Terra de Areia pertenceu a Santo Antônio da Patrulha, um dos quatro primeiros municípios do Rio Grande do Sul, criado em 1809. Em 1857 foi criado o Município de Conceição do Arroio (atualmente, Osório), do qual Terra de Areia passou a fazer parte. Terra de Areia, tornou se cidade com a criação do Município em 13 de abril de 1988, através da Lei Estadual 8.561. O nome Terra de Areia surgiu como denominação genérica da área onde mais tarde seria implantado o núcleo urbano do município. Tal denominação foi usada pelos imigrantes alemães como referencial para diferenciar a composição do solo argiloso em que se fixaram. Na época citavam com frequência: “fulano está morando lá pelas terras de areia”, para diferenciar dos outros que moravam em regiões de terras argilosas. 1.3 CONTEXTO SOCIOECONÔMICO O município de Terra de Areia faz parte do COREDE Litoral, que abrange outros 21 municípios da região que, por sua vez, enfrentam uma situação bastante problemática quanto aos principais índices de desenvolvimento socioeconômicos, ficando muito aquém de outras regiões do estado. No estudo mais recente realizado pela Secretaria de Coordenação e Planejamento do estado, a região pode ser contextualizada através da análise de várias características regionais discutidas a seguir. Conforme estudo do IPEA/IBGE (2000), a participação dos municípios do Litoral Norte do Rio Grande do Sul na economia estadual é um pouco superior a 1% destacando se os municípios de Osório e Palmares do Sul que detêm os maiores investimentos produtivos, tendo no arroz a sua cultura agrícola principal. A economia de Terra de Areia gira em torno da produção primária, sendo a agricultura a principal atividade, com produção diversificada de fruticultura e olericultura. O setor de comércio e serviços é constituído por micro e pequenas empresas. A indústria é também constituída de pequenas empresas no ramo de móveis e esquadrias de madeiras, fábrica de calçados, serrarias e confecções. 1.3.1 DEMOGRAFIA O município tem uma população formada por descendentes de portugueses, alemães, italianos, poloneses, japoneses e negros. A miscigenação é bastante acentuada. A expectativa média de vida é de 70 anos para os homens e 74 anos para as mulheres. População por Situação de Domicílio 2000 2010 11.453 9878 Urbana 5.072 5617 Rural 6.381 4261 População Total Taxa de Urbanização 44,29% 56,87% Fonte: IBGE 1.3.2 EDUCAÇÃO O município conta com 05 escolas municipais de Ensino Fundamental, com 1.044 alunos; 02 escolas de Educação Infantil com 165 alunos; 03 escolas estaduais, com 1099 alunos e uma APAE com 31 alunos. O município possui, ainda, dois Cursos Universitários de Educação à Distância – Pedagogia com 55 alunos e Gestão Pública com 23 alunos – no Polo da Universidade de Caxias do Sul (UCS). O município paga metade do transporte de 150 universitários que estudam na FACOS de Osório. Nível Educacional da População Jovem Faixa Etária Taxa de % com menos de % com menos de % frequentando analfabetismo 4 anos de estudo 8 anos de estudo a escola 1991 2000 1991 2000 1991 2000 7 a 10 7,8 4,3 10 a 14 2,7 1,1 43,9 26,8 15 a 17 2,7 0,8 14,8 4,8 75,9 50,6 18 a 24 3,2 2,1 14,6 11,8 70,8 50,3 1991 2000 85,5 96,5 81,2 96,5 30,2 64,8 = Não se aplica Fonte: FEE 1.3.3 RENDA Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade 2000 Renda per capita Média (R$ de 2000) 236,0 Proporção de Pobres (%) 26,9 Índice de Gini 0,54 Fonte: FEE 1.3.4 HABITAÇÃO Acesso a Bens de Consumo 2000 Geladeira 94,9 Televisão 91,3 Telefone 29,6 Computador 3,7 ND = não disponível Fonte: FEE 1.3.5 VULNERABILIDADE Desenvolvimento Humano 2000 2009 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 0,773 0,638 Educação 0,840 0,827 Longevidade 0,763 0,872 Renda 0,685 0,638 Fonte: FEE 1.3.6 TURISMO Os principais pontos turísticos, na parte urbana de Terra de Areia, são as praias de Santa Rita, Ibicuí, Miramar, Nova Curumim, São Salvador; na parte rural, temos as Lagoas Itapeva e a dos Quadros, cascatas, cachoeiras e Mata Atlântica. Outro fator importante é a localização entre a serra e o mar, no ponto de encontro entre a BR 101 e a Rota do Sol, estrada que demanda à Serra Gaúcha. As principais atividades turísticas são os eventos: Motocross, Garota Verão, eliminatória de Terra de Areia, Rodeio do CTG Porteira do Litoral, Baile do Chopp, Baile dos Bailes, Festa de São Pedro, Festa de São Sebastião. 1.4 CONTEXTO SOCIOAMBIENTAL 1.4.1 USOS DA ÁGUA No que se refere ao consumo de água, as maiores demandas estão concentradas no setor agrícola, seguido de água para abastecimento humano. Tanto a agricultura como os abastecimentos humanos apresentam demandas diferenciadas conforme a época do ano. A agricultura em função do período de irrigação do arroz – novembro a março e o abastecimento humano em função do período de veraneio que provoca um aumento acentuado no número de habitantes da bacia. Por outro lado, as precárias condições de saneamento (falta de tratamento de esgotos) fazem com que os esgotos domésticos sejam responsáveis pela maior carga poluidora. No gráfico abaixo, é apresentada a participação percentual de cada setor gerador de carga poluidora, em termos de carga poluidora de origem orgânica, medida em DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio). Cenário atual (2004) dos usos da água na área da bacia do rio Tramandaí Abastecimento público 15,42% Abastecimento industrial 0,22% Criação animal 1,34% Irrigação 83,03% Fonte: Plano de Bacia do Rio Tramandaí – Profil/2005 Cenário atual (2004) de geração de carga poluidora (medida em DBO) Efluentes dos resíduos sólidos urbanos 0,10% Efluentes industriais 7,09% Efluentes criações de animais 34,52% Efluentes domésticos 58,29% Fonte: Plano de Bacia do Rio Tramandaí – Profil/2005 Outros usos, não menos importantes são verificados: pesca, navegação, turismo, aquicultura, abastecimento de indústria e criação animal. 1.4.2 CONDIÇÃO GERAL DAS DISPONIBILIDADES No que se refere ao sistema hídrico da região, pode se dividi lo em duas partes: - O subsistema norte (entre a Lagoa de Itapeva e a Lagoa de Tramandaí) é considerado o sistema dominante do escoamento. A título de exemplificação, se forem tomadas as disponibilidades calculadas para o mês de janeiro: o Rio Três Forquilhas contribui com o volume da Lagoa Itapeva à taxa de 2.800 L/s; a Lagoa de Itapeva, por sua vez acumula 135 milhões de m³ de água; O Rio Maquine, por sua vez desemboca 5.250 L/s na Lagoa dos Quadros que apresenta um volume de 255 milhões de m3 de água. A Lagoa Itapeva e a Lagoa dos Quadros representam juntas 93 % da contribuição total do subsistema norte. O município de Terra de areia pertence a este subsistema. - O subsistema sul das lagoas de água doce é composto pelo conjunto de lagoas desde a Cerquinha até a Lagoa do Manoel Nunes, apresenta um volume aproximado de 44 milhões de m³ de água. No subsistema sul ainda encontra se, a jusante da lagoa do Manoel Nunes, as Lagoas do Gentil e Lagoa das Custódias ambas de água salobra. Quanto à qualidade das águas superficiais, os corpos de água doce apresentam características de Classe 1, a exceção da Lagoa Marcelino Ramos (Classe 4) e da Lagoa Itapeva (Classe 2). As lagoas Tramandaí/Armazém, Custódias e Gentil e a Barra do Rio Tramandaí apresentam águas salobras de Classe 7. Há indicativos de que a Lagoa do Marcelino tenha sua qualidade comprometida em função do despejo de esgotos sanitários da sede urbana de Osório. A Lagoa Itapeva fica classificada como Classe 2 em função da presença de coliformes, provavelmente provenientes de despejos de esgotos sanitários ou mesmo em função do estabelecimento de alguma atividade agropecuária do entorno. As águas salobras nas lagoas Tramandaí/Armazém, Custódias e Gentil são consequência da proximidade com o Estuário do Rio Tramandaí, pelo qual se dá a entrada da água do mar. vale ressaltar também que, apesar de não classificadas em termos de coliformes (pois a resolução do CONAMA 02/1986 não permite), os níveis de coliformes nas lagoas Tramandaí/Armazém são elevados, também indicando a presença de esgotos domésticos. 1.4.3 SITUAÇÃO GERAL DE BALANÇO HÍDRICO Na região em que o município está inserido, nos meses de junho a agosto o déficit hídrico é mínimo, com valor acumulado de 5 mm Já nos meses de novembro e dezembro o excesso hídrico é praticamente nulo. Os maiores valores de excedente hídrico se localizam na região norte enquanto a deficiência hídrica se concentra na porção sul, comportamento que ocorre devido à maior concentração de chuvas na porção norte da região. Os mananciais superficiais da região com maior demanda são as lagoas Fortaleza, dos Quadros, das Pombas, Cidreira e Rio Tramandaí. Em todos esses mananciais a maior demanda é para irrigação da cultura de arroz e concentra se entre novembro e março. As lagoas da Custódia, Tramandaí/Armazém e do Gentil não apresentam uso consuntivo de suas águas tendo em vista que suas águas são salobras. A comparação entre volumes disponíveis para consumo e uso consuntivo atual, mostra que algumas lagoas já apresentam superexploração: a Lagoa Emboaba, onde é realizada a captação para abastecimento público de Tramandaí, ocorre superexploração ao longo de todos os meses do ano; as lagoas Fortaleza, das Pombas e Cidreira apresentam super exploração apenas nos meses em que ocorre irrigação do arroz (novembro a março). Quanto às cargas recebidas por cada manancial superficial, salienta se a influência da sazonalidade populacional que faz com que alguns corpos d’água recebam uma quantidade de carga muito maior no verão do que no inverno, destacando se nesse caso a Lagoa Tramandaí/Armazém, a Lagoa dos Quadros e o Estuário do Rio Tramandaí. Dentre os corpos d’água com menor quantidade de carga recebida, destacam se as lagoas da Emboaba, Manuel Nunes, do Passo e das Pombas, além do Canal João Pedro. Além da menor carga recebida, a variação de carga entre os períodos considerados (verão e inverno) é insignificante nesses mananciais. 1.4.4 USO DO SOLO A fisionomia da paisagem da região pode ser descrita pelo predomínio de matas a oeste; na porção central a extensa área composta por lagoas e campos; a leste, junto ao oceano, há concentração de áreas urbanizadas; e presença da silvicultura e campos arenosos ao sul. Área ocupada e participação relativa das unidades de paisagem na Bacia do Rio Tramandaí a qual o município está inserido: Unidade da paisagem Área ocupada(ha) Participação relativa (%) Mata de encosta 73.627,02 27,29 Corpos d’água 43.464,31 16,11 1.443,94 11,66 Campo seco 27.131,14 10,05 Vegetação arbustiva 21.951,68 8,14 Bananais 3.955,08 1,47 Arroz irrigado 4.903,45 1,82 Outros cultivos 19.352,22 7,17 13.894,59 5,15 Área urbanizada 8.965,02 3,32 Silvicultura 8.630,99 3,20 Dunas 8.135,64 3,01 Mata de restinga 4.205,24 1,56 126,92 0,05 Banhado/campo úmido Agricultura Mata de araucária Mineração Fonte: Plano de Bacia do Rio Tramandaí – Profil/2005 1.4.5 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO LEGAL A região abriga Unidades de Conservação, Reservas Indígenas, além da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Salienta se ainda que, existem outras unidades de conservação que, provavelmente, contribuem no fluxo gênico regional (APA Guarita Itapeva, Reserva Ecológica da Ilha dos Lobos, Parque Estadual da Guarita e Parque Nacional da Serra Geral). Áreas de Proteção Área (ha) Legal Unidades De Área na Percentual bacia (ha) inserido na bacia (%) Conservação Reserva Biológica da 4.845,76 4.845,76 100,0 Serra Geral APA Rota do Sol Localização na bacia Maquine, Terra de Areia, Itati. 52.355,00 24.679,77 47,1 São Francisco de Paula, Itati, Três Forquilhas, Terra de Areia, Maquine. Fonte: Plano de Bacia do Rio Tramandaí – Profil/2005 As áreas de preservação permanente são definidas no Código Florestal Federal (Lei Federal n° 4771, de 15 de setembro de 1965), no Código Estadual do Meio Ambiente (Lei n° 11.520, de 04 de agosto de 2000) e na Resolução do CONAMA n° 303, de 20 de março de 2002. Conforme essas legislações, na região incidem áreas de preservação permanente ao longo dos rios e curso d'água, ao redor das lagoas e nascentes, nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, nas restingas e dunas. Áreas de preservação permanente no município: Área do município (ha) 13.357,92 APP do município (ha) 1.196,54 Fonte: Plano de Bacia do Rio Tramandaí – Profil/2005 A existência de legislação ambiental específica sobre quase toda a região, sobreposta em alguns casos, deve ser considerada no planejamento da expansão urbana e do desenvolvimento socioeconômico regional do município. Assim sendo, a gestão ambiental no município deve buscar compatibilizar o máximo possível à conservação da biodiversidade e dos processos naturais com o bem estar humano, possibilitando que esta relação seja menos conflituosa e que resulte em benefícios significativos para o ambiente e para as comunidades locais. 1.4.6 DEMANDAS HÍDRICAS O diagnóstico de demanda hídrica teve por objetivo caracterizar os usos múltiplos da água existentes na região. O levantamento dos usos múltiplos da água obedeceu a uma sistemática de classificação em tipos de uso e/ou setores. Os usos da água identificados podem ser separados em usos consuntivos e usos não consuntivos. Os usos consuntivos são aqueles que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas disponibilidades, quantitativa ou qualitativa, espacial e temporalmente. São usos consuntivos as aplicações deste recurso natural em abastecimento púbico e industrial, agricultura e irrigação. Os usos não consuntivos são aqueles em que não há consumo ou modificação do volume de água de forma expressiva e, de um modo geral, correspondem às necessidades relativas à geração de energia, transporte hidroviário, pesca e piscicultura, turismo/recreação/lazer, transporte e depuração de efluentes e à manutenção do equilíbrio ambiental, principalmente para a preservação da flora e fauna. Na região, foram identificados os seguintes usos consuntivos: No setor de SANEAMENTO: abastecimento público; No setor INDUSTRIAL: abastecimento de indústria; No setor AGROPECUÁRIO: dessedentação animal e irrigação. Os usos não consuntivos, aqueles em que não há consumo ou modificação do volume de água de forma expressiva, estão presentes na Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí na seguinte forma: Na AQÜICULTURA; No SANEAMENTO: lançamento de efluentes do esgotamento sanitário (doméstico) e dos depósitos de resíduos sólidos; No setor INDÚSTRIAL: lançamento de efluentes da indústria; No setor AGROPECUÁRIO: lançamento de efluente da criação animal; LAZER, RECREAÇÃO E TURISMO; PESCA; MINERAÇÃO; NAVEGAÇÃO. 1.4.7 SANEAMENTO O abastecimento de água à população no perímetro urbano é feito pela CORSAN, atingindo um total de 4.143 (quatro mil cento e quarenta e três) habitantes. Na localidade de Sanga Funda, 1° Distrito, existe uma rede de abastecimento de água tratada feita pela Prefeitura e mantida pela comunidade, abastecendo em torno de 123 (cento e vinte e três) pessoas. O percentual de habitantes abastecidos com água tratada é de 45% (quarenta e cinco). O restante da população (55% cinquenta e cinco por cento) é abastecido por água de poços artesianos domésticos. Não há cadastramento de poços ou fontes alternativas de abastecimento. A análise da água só é feita quando o proprietário solicita à Vigilância Sanitária, e o resultado tem sido de água própria para o consumo humano. A análise da água do Poço Comunitário do Ressaco é feita pela Vigilância Sanitária do Município. Com relação ao atendimento básico de saúde, o município conta com um Centro Integrado de Saúde que, além de prestar consultas médicas com clínico geral e especialistas, tem atendimento 24 horas e 10 leitos. Possui três postos de Saúde e em 2007 está prevista a implantação do quarto posto no Distrito da Sanga Funda. Estima se que cerca de 494 mil m3 de água da bacia sejam retirados anualmente para complementação do abastecimento público através de pequenos poços e ponteiras. Os dados do Censo Demográfico de 2000 demonstram que o tratamento de esgotos na forma de fossas é predominante. 48,2% Fossa séptica 33,0% Fossa rudimentar 13,2% Rede geral de esgoto ou pluvial 2,3% Vala 2,0% Não tinham banheiro nem sanitário 0,4% Rio, lago ou mar 0,9% Outro escoadouro Não é toda a carga orgânica gerada que atinge os cursos d’água superficiais da região, a maior parte da carga orgânica é removida pelas fossas sépticas, lançada no mar, ou é removida por tratamento. Isso seria satisfatório se fosse considerado o período de inverno e a população residente; ocorre que não é, devido à sazonalidade da população presente na região, que se reflete numa população de mais pessoas nos meses de veraneio. Sendo assim, são lançadas nos corpos d’água e no solo da região toneladas de carga poluidora orgânica proveniente do esgotamento doméstico, sendo que esta quantidade quadruplica nos três meses de veraneio (dezembro, janeiro e fevereiro). Com relação à situação de drenagem pluvial, as informações existentes são escassas e se referem às informações recebidas através do questionário do saneamento. A tabela abaixo mostra o percentual de cobertura por rede de drenagem pluvial. Cobertura inferior 50% da área urbana não contam com rede de drenagem pluvial cobertura superior a 50% da área urbana 41% 12% 47% 1.4.8 RESÍDUOS SÓLIDOS Os resíduos Sólidos Domésticos são coletados por veículo adequado, caminhão compactador com prensa, por empresa contratada. É depositado no Aterro Sanitário do Município. Em 2005, 100% da população começou a ser atendida com a coleta de lixo. Os resíduos provenientes dos estabelecimentos de saúde são coletados por empresa particular especializada, AMBIENTUS – Tecnologia Ambiental Ltda., a cada 15 dias, e depositado em Cachoeirinha/RS. Existem na região sete aterros para disposição de resíduos sólidos urbanos licenciados pela FEPAM. Estes depósitos de resíduos localizam se nos municípios de Terra de Areia, Osório, Capão da Canoa, Tramandaí, Três Cachoeiras, Torres e São Francisco de Paula. Os municípios que não possuem área própria para destinação enviam os resíduos coletados para Tramandaí e Terra de Areia A geração de resíduos sólidos urbanos tem uma forte dependência da sazonalidade da população, da mesma forma que a geração de esgotos ou a demanda para abastecimento público. Nos meses de verão a geração aumenta em cerca de cinco vezes. A decomposição dos resíduos sólidos gera um líquido com elevada carga poluidora e, por isso, com grande potencial de contaminação do solo e dos corpos hídricos. Quando os resíduos são dispostos em aterros sanitários, o líquido gerado, o chorume, pode ser drenado e conduzido para tratamento de forma que seu potencial poluidor, ao ser lançado nos corpos d’água, é reduzido. No entanto, quando os resíduos são dispostos sem controle nos lixões ou quando os aterros sanitários não são operados de forma adequada, o líquido originário da decomposição do lixo drena para os rios e arroios comprometendo a qualidade das águas superficiais e subterrâneas. Cabe destacar a variação no volume de resíduos a ser disposto e, consequentemente, na carga gerada, em função da variabilidade sazonal da população já que a geração de resíduos aumenta cinco vezes no período de verão em decorrência do veraneio. O problema do mau gerenciamento dos resíduos sólidos tem implicações sanitárias mais sérias, tendo em vista que os depósitos podem se tornar focos de vetores de doenças. 1.4.9 IRRIGAÇÃO E CRIAÇÃO ANIMAL Na área em estudo, o consumo de água na agricultura está relacionado às lavouras de arroz e hortaliças. As demandas d’água associadas ao cultivo do arroz são sazonais, concentrando se no período de dezembro a março. As hortaliças são cultivadas nos vales dos rios Três Forquilhas e Maquine e a irrigação dessas culturas tem caráter complementar, pois o regime pluviométrico local é bastante homogêneo ao longo do ano e as chuvas são frequentes. As principais hortaliças cultivadas na região são alface, couve flor, beterraba, cenoura, tomate e repolho. Para as lavouras de hortaliças, a irrigação apresenta caráter complementar tendo em vista as chuvas distribuem se de forma homogênea ao longo do ano suprindo, na maioria dos meses, a necessidade hídrica específica dos vegetais cultivados. No mês de maior consumo na região, a irrigação de arroz, acrescida da irrigação de hortaliças é de aproximadamente 27,5 milhões de m³/mês em janeiro. A demanda hídrica associada à criação de animais ao setor é de 4.371.105,74 l/dia, o que corresponde a, aproximadamente, 1,6 milhões m³/ano com a distribuição por rebanho apresentada abaixo: Demanda Hídrica Rebanho (espécie) (l/dia) (m3/ano) Bovinos 3.009.192,34 1.098.355,20 Suínos 1.132.812,99 413.476,74 Ovinos 40.979,95 14.957,68 Aves 35.622,17 Equinos 152.498,29 Total 4.371.105,74 13.002,09 55.661,87 1.595.453,60 Fonte: Plano de Bacia do Rio Tramandaí – Profil/2005 A estimativa das cargas orgânicas efluentes geradas no setor foi realizada a partir do número efetivo de cabeças por rebanho, nas taxas per capita de geração de DBO por espécie criada e de coeficientes de abatimento de carga tendo em vista a depuração pela qual os efluentes passam antes de alcançar os corpos hídricos. Carga orgânica remanescente com origem na pecuária, no município de Terra de Areia: Carga orgânica (t DBO5 20/ano) Bovinos Suínos Aves 119,65 70,70 39,49 Ovinos 4,88 Equinos 6,45 Total 241,16 Fonte: Plano de Bacia do Rio Tramandaí – Profil/2005 FOTOS 1,2 e 3 CRIAÇÃO DE GADO DENTRO DA ÁREA DA APA (Foto: Diego Raupp) 1.4.10 INDÚSTRIA As atividades industriais com o maior número de empreendimentos são Serraria e Desdobramento de Madeira e Matadouros/Abatedouros. A estimativa da demanda de água associada ao setor foi realizada com base no número e na tipologia do empreendimento industrial e na taxa de consumo por atividade realizada Abaixo é apresentada a demanda de águas superficiais para abastecimento industrial: Demanda para abastecimento da indústria (m3/ano) Terra de Areia 32.850 Fonte: Plano de Bacia do Rio Tramandaí – Profil/2005 A produção industrial, mesmo monitorada e com tratamento de efluentes é responsável pela geração de carga poluidora. No município não existem indústrias com elevado potencial de poluição. Esta situação pode ser constatada através da análise do cadastro do SISAUTO – Sistema de Auto monitoramento das Indústrias onde não consta nenhuma indústria da bacia. Nesse cadastro são incluídas as indústrias com maior potencial poluidor do estado. A partir da vazão e da concentração dos despejos líquidos por atividade industrial foi estimada a carga poluente gerada pela indústria. As tipologias industriais ocorrentes no município também não apresentam lançamento de efluentes com os metais do Cr (Cromo), Ni (Níquel) e minimamente pode ser quantificada a presença do metal Fe (Ferro). 1.4.11 AQUICULTURA De acordo com os dados apresentados no cadastro da FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler) existem empreendimentos de aquicultura licenciados. Todos os processos se referem à piscicultura com exceção de um empreendedor de Terra de Areia que cultiva camarões (carcinicultura), em tanques que perfazem 1,1 ha. A demanda de água para a piscicultura ocorre em função das perdas de volume por evaporação e, em especial, porque se faz necessária a manutenção de uma concentração mínima de Oxigênio Dissolvido. Empreendimentos de aquicultura: Empreendimento Área (ha) Volume nos tanques (m3) Demanda (m3/ano) Carcinicultura 1,1 16.500 346.896,0 Fonte: Plano de Bacia do Rio Tramandaí – Profil/2005 1.4.12 PESCA Não existem colônias de pescadores, mas sim comunidades de pescadores consolidadas. As comunidades de pescadores da região apresentam características de situação econômica, percepção ambiental, social e política bastante heterogêneas. A maioria das comunidades que está organizada, ou como Associação ou apenas pela eleição natural de representantes (como líderes comunitários), o está muito recentemente e/ou muito superficialmente. Nem todos os pescadores vivem em comunidades agregadas, sendo extremamente difícil quantificar exatamente toda a população que vive exclusivamente da pesca ou esporadicamente da pesca. 1.4.13 NAVEGAÇÃO Na região, o trajeto de Torres a Tramandaí foi feito, durante anos, por barcos movidos a vapor, transportando passageiros e produtos entre as localidades. Possivelmente estas águas também foram navegadas por lanchões impulsionados à vela, enfrentando as condições dos ventos contrários e as baixas profundidades das lagoas e arroios. A situação atual difere sobremaneira daquela histórica, sendo que o complexo lacunar se destaca negativamente, do ponto de vista da navegação justamente pelo isolamento das lagoas causado pelo baixo calado oferecido pelos canais. Um projeto de canal de irrigação, que ligaria a Lagoa do Peixoto em Osório à Lagoa de Tramandaí e Lagoa Armazém, no município de Imbé e Tramandaí não foi levado adiante. A navegabilidade de um curso d’água está ligada à existência de uma profundidade mínima para a qual a embarcação permanece flutuando na água, sem ficar presa ao fundo (encalhar). Essa profundidade mínima necessária é função do calado da embarcação, do efeito das ondas, do movimento da embarcação e da natureza do fundo do rio ou lagoa. Na área em estudo, o maior potencial de navegação localiza se nas lagoas ao norte da Barra do Tramandaí, pois, além da ligação com o mar via Rio Tramandaí, as lagoas são interligadas por canais de modo que, em condições de profundidade adequada, seria possível a navegação desde a Barra do Tramandaí (sul) até a Lagoa de Itapeva (norte). Ocorre, no entanto, a existência de bancos de areia que, reduzindo a profundidade da água nos locais de ocorrência, impede a navegação de embarcações de porte médio. No sistema lacunar, as lagoas mais profundas (Quadros, Pinguela e Palmital) apresentam profundidades em torno de 3,00 metros sendo que, em alguns pontos essa profundidade é bem menor, mal atingindo 1,00 metro. As demais lagoas do sistema norte apresentam profundidade entre 1,00 e 2,00 metros. No entanto, o maior empecilho para a integração, via fluvial, do sistema norte deve se às profundidades dos canais de ligação entre as lagoas. Nos canais de ligação entre a Lagoa dos Passos e a Lagoa Malvas e entre esta com a Lagoa dos Quadros são raros os pontos com profundidade maior do que 1,50 metros. Já o Rio Tramandaí, que faz a ligação entre a Lagoa do Armazém/Tramandaí e a Lagoa do Passo, apresenta profundidades maiores, predominantemente entre 1,5 e 2,0 metros. Dadas às condições de navegabilidade apresentadas, atualmente a navegação existente no sistema lacunar norte é de pequena escala e porte, restringindo se ao lazer, recreação e pesca artesanal. Embarcações de médio porte ficam impedidas de navegar devido a pouca e irregular profundidade d’água nas lagoas e, em especial, nos canais de ligação entre as lagoas. 1.4.14 MINERAÇÃO Dos minerais explorados na região, destacam se a areia e o basalto pela quantidade de lavras existentes. Tendo em vista a interferência direta com os recursos hídricos e a localização das lavras – entre as lagoas do complexo lacunar – é de especial interesse a mineração da areia. Ocorre na região também exploração clandestina de areia numa área estimada de 185 ha distribuídos entre Capão da Canoa, Cidreira, Osório, Balneário Pinhal, Torres, Tramandaí e Xangri lá. Abaixo é apresentado a área total de mineração de areia. Município Terra de Areia Área (ha) 98,18 Fonte: Plano de Bacia do Rio Tramandaí – Profil/2005 Em menores proporções do que a mineração de areia, também ocorre a requisição de áreas para exploração de outros minerais como basalto, antracito, argila, saibro e sapropelito. 1.4.15 TURISMO Sabidamente todo o litoral norte do Rio Grande do Sul, tem um forte setor turístico voltado à orla marítima e a infraestrutura de lazer vinculada às praias do mar. Contudo, é importante ressaltar que a abrangência deste trabalho diz respeito à prática de Turismo, de esportes de Aventura, de Ecoturismo, ou Turismo Rural, desde que vinculados também ao uso dos recursos hídricos de água doce. O histórico do povoamento do Litoral Norte evidencia o uso das lagoas, por onde trafegavam e por onde era escoada a produção do estado. Paralelamente, o uso dos recursos hídricos sempre teve seu caráter de lazer, sendo utilizado pelos moradores do entorno também para a sua diversão e não somente para o consumo doméstico. 1.5 CONTEXTO AMBIENTAL 1.5.1 CONDIÇÕES GERAIS DO AMBIENTE NATURAL A região caracteriza se pela presença de diferentes ambientes naturais, onde se encontram rios caudalosos, mata de encosta, lagoas, dunas, banhados, matas de restinga, entre outros. Um “passeio” por estes ambientes naturais poderia ser assim: Na região de serra, nas sub bacias dos rios Três Forquilhas e Maquine – junto aos municípios de São Francisco de Paula, Itati, Três Forquilhas e Maquine – encontram se os rios e arroios, que têm como característica grande energia de arraste de sedimentos. Este poder de arraste diminui à medida que os rios “descem” a serra. Ocorrem então trechos de rio em que os sedimentos transportados das partes altas são depositados. A interferência do homem na cobertura vegetal das encostas pode fazer com que o fenômeno natural de transporte de sedimentos seja alterado, o que pode agravar problemas de assoreamento das lagoas. Nas porções baixas dos rios há captação de água para a irrigação de hortaliças, importante atividade econômica local. Próximo à foz do Rio Três Forquilhas (na Lagoa Itapeva) e Rio Maquine (na Lagoa dos Quadros), a paisagem muda mais uma vez e as corredeiras dão lugar a um rio de águas calmas que se espalha pela sua extensa planície de inundação até chegar às lagoas. Toda a porção mais “baixa” da região é formada por um complexo de lagoas interligadas ou isoladas. Estas lagoas se constituem em reservatórios naturais de água os quais servem a diversos usos: abastecimento público (captações da CORSAN) criação de animais e agricultura (irrigação do arroz), pesca, diluição de esgotos, entre outros. Entre as lagoas ocorrem às áreas de banhado, porção da bacia importante para a manutenção da biodiversidade e da hidrodinâmica das lagoas. Os banhados “funcionam” como grandes “esponjas” que armazenam água e regulam o nível de longo prazo das lagoas através da recarga por subsuperfície. A drenagem dos banhados faz com que o nível das lagoas oscile mais rapidamente tornando todo o sistema mais suscetível a enchentes e secas. Entre o mar e as lagoas existem os campos de dunas. Por vezes invadidas ou removidas, as dunas têm duas funções fundamentais no equilíbrio e preservação do sistema natural da bacia: (i) funcionam como primeiro “anteparo” aos ventos e tempestades oceânicas (quando fixadas); (ii) e mais importante: são reservatórios de água doce próximo ao mar que impedem que a água do mar invada o continente e provoque salinização da água doce das lagoas. A saída de todo o sistema de rios e lagoas para o mar se dá no estuário do Rio Tramandaí, a jusante das Lagoas Armazém e Tramandaí. Neste ponto se configura a situação mais aguda de interferência oceânica na região. As Lagoas Armazém/Tramandaí, Lagoa das Custódias e Lagoa do Gentil têm água salobra (denominação da água com salinidade superior a 0,5 o/oo 30 o/oo). Neste ponto nota se também a maior pressão da ocupação urbana sobre os recursos hídricos em que as cidades estão no limite das lagoas e do estuário. No que se refere aos diversos ambientes naturais, é importante que se tenha presente que toda a região funciona como um todo único. Se for comparada a um grande “condomínio” vertical, fica claro que as interferências humanas na parte de cima deste condomínio (nas nascentes dos rios) terão efeito na parte de baixo (nas lagoas). FOTO 4 e 5 VEGETAÇÃO DE BANHADO (Foto: Diego Raupp) MAPA 02 MAPA DOS ECOSSISTEMAS EXISTENTES NA APA 1.5.2 SISTEMA LACUNAR No Litoral Norte do Estado do Rio Grande do Sul, destaca se um conjunto de ambientes, designado por Tomazelli e Villwock (1991) de “sistema lacunar”, que resultou do isolamento de lagunas iniciado há cinco mil anos atrás, por ocasião do último evento transgressivo do Quaternário. Os reservatórios naturais mais importantes para o atendimento dos múltiplos usos da água na região encontram se justamente associados aos subambientes deposicionais deste vasto sistema. O tempo tem revelado que a fragilidade deste “complexo lacunar” se manifesta tanto pela tendência natural da sua evolução, quantos pelos impactos da exploração dos seus recursos hídricos, considerados, equivocadamente, como abundantes e inesgotáveis pela maioria dos seus distintos usuários. 1.5.3 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA O município de Terra de Areia apresenta duas unidades geomorfológicas bem distintas. Uma rochosa e outra sedimentar. A unidade rochosa é constituída pelos basaltos da Serra Geral que são rochas vulcânicas toleíticas (rochas típicas de zonas de ascensão magmática) na forma de derrames, diques e sills em massas contínuas ou em corpos isolados. Datam do Mesozoico (Cretáceo 138 a 128 milhões de anos). Esses derrames basálticos estão concentrados no quadrante NW da área formando um alinhamento de morros abruptos com altitudes variáveis. No restante da área aflora a outra unidade sedimentar constituída por sedimentos do tipo areia, cascalhos até conglomerados, de idade mais recente (Cenozóico 120 milhões de anos) iniciando pelo sistema Laguna Barreira III e terminando nos dias de hoje (Holoceno) pelo subsistema de leques aluviais, passando pelo Sistema Laguna Barreira IV. O Sistema Laguna Barreira III é constituído por: a) depósitos marinhos praiais que apresentam areias quartzosas finas, claras, bem selecionadas; e, b) depósitos eólicos de dunas litorâneas com areias quartzosas finas a médias, castanho avermelhadas, bem arredondadas e selecionadas. O Sistema Laguna Barreira IV é constituído por: a) depósitos de cristas de praias lacunares: areias quartzosas finas a muito finas bem selecionadas; b) depósitos deltaicos atuais construídos por rios nos corpos lacunares atuais, contendo areias síltico argilosas, siltes e argilas com restos orgânicos vegetais; c) depósitos de planície e canal fluvial: depósitos de cascalhos e areias com presença de corpos tabulares síltico argilosos com restos vegetais; d) depósitos lacunares associados a depósitos fluviais e de retrabalhamento fluvial, apresentando areias síltico argilosas, mal selecionadas, de cor creme, com concreções carbonárias e ferro manganíferas. Por último e mais recente, tem se o Subsistema de Leques Aluviais alimentados pelo Planalto. Esse subsistema é constituído por depósitos gravitacionais de encosta gradando para sistemas de leques aluviais e canais anastomosados, apresentando uma litologia de conglomerados, diamictitos, arenitos conglomerativos, arenitos e latimos avermelhados, fracamente consolidados. O Estado do Rio Grande do Sul apresenta quatro grandes províncias geomorfológicas, que tem origens geológicas distintas: Planalto, Depressão Periférica, Escudo Sul rio grandense e Planície Costeira. No interior da área delimitada pela APA Terra de Areia, encontram se duas províncias geomorfológicas: A Planície Costeira e o Planalto. A província geomorfológica do Planalto pode ser subdividida nas seguintes regiões fisiográficas: Campos de Cima da Serra, Encosta Inferior do NE, Encosta Superior do NE, Planalto Médio, Alto Uruguai, Missões e Campanha. Em altitudes entre 300 e 500 metros situam se os patamares da Serra Geral, que formam a região da Encosta Inferior do Nordeste, bem como as escarpas da Serra Geral com face para o litoral. A litologia dominante é o basalto em relevo ondulado a montanhoso, onde predominam Neossolos, Chernossolos e Cambissolos. A Planície Costeira pode ser dividida em Planície Costeira Interna e Externa. A Planície Costeira Interna situa se entre a encosta leste do Escudo Sul rio grandense e a Lagoa dos Patos; a Planície Costeira Externa se estende junto ao Oceano Atlântico, podendo ser ainda subdividida em Litoral Norte que se estende de São José do Norte às Torres, e Litoral Sul, que se estende de Rio Grande ao Chuí. A Planície Costeira corresponde à área dos depósitos sedimentares quaternários que se alonga no sentido norte sul do litoral do Rio Grande do Sul, em relevo praticamente plano com cotas de até 25 metros, onde predominam os solos das classes Planos solos, Gleissolos e Neossolos. MAPA 03 MAPA GEOLOGIA 1.5.4 CLIMA 1.5.4.1 ASPECTOS CLIMÁTICOS E PLUVIOMÉTRICOS As temperaturas médias anuais se situam em torno de 20ºC, com média das máximas dos meses mais quentes, novembro, dezembro, fevereiro e março, as temperaturas situam se em torno de 24 ºC Com, e como média das mínimas dos meses mais frios, junho e julho, em torno de 14 ºC. A umidade relativa do ar (média anual) fica em torno de 79% e as precipitações somam ao longo do ano em torno de 1.500mm. O mês com maior carga pluviométrica é fevereiro (média de 180 mm). Durante o ano ocorrem em média cerca de 120 dias de chuva, o que representa uma média de 10 dias por mês. 1.5.5 SOLO 1.5.5.1 INTRODUÇÃO A região é uma área de transição entre a planície costeira e as encostas da Serra Geral, cujas altitudes máximas atingem até 900 metros. Os solos da região compreendem áreas cobertas por derrames basálticos da bacia do Paraná, o que possibilita a formação de diferentes tipos de rochas: Formação Serra Geral (rochas basálticas), Formação Botucatu (arenito Botucatu) e depósitos recentes (depósitos de sedimentos). Sabe se que o solo é um recurso natural lentamente renovável, encontrado em diferentes posições na paisagem. Sua origem resulta da alteração de rochas e sedimentos pela ação das variações climáticas (intensidade das chuvas, variação de temperatura) e dos organismos vivos (fauna e flora), nas mais diversas situações da paisagem, ao longo do tempo. No Rio grande do Sul, a combinação da diversidade geológica, climática e de relevo originou uma grande variedade de tipos de solos que contribuíram para os diferentes padrões de ocupação das terras, do seu uso agrícola e do desenvolvimento regional. Considerando esses vários aspectos, “os solos podem ser definidos como corpos naturais que cobrem a superfície terrestre, são constituídos por materiais minerais e orgânicos, contém organismos vivos e tem potencial para o desenvolvimento de vegetação onde ocorrem e que foram em parte modificados pela atividade humana”. A identificação dos tipos de solo no campo é feita pela observação do perfil do solo em um talude de estrada ou na parede de uma trincheira. O entendimento do perfil é a primeira etapa na identificação e interpretação das características do solo para fins de recomendação de uso e manejo. As características morfológicas representam a aparência do solo no campo, sendo visíveis a olho nu ou perceptíveis por manipulação. A sua feição no perfil do solo é utilizada na identificação de solos, na avaliação da capacidade de uso da terra, no diagnóstico da causa de variação no crescimento das plantas e no diagnóstico de degradação em propriedades do solo. A descrição morfológica de um perfil de solo inicia com a identificação e separação dos horizontes no solo. Em seguida, as diversas características morfológicas são observadas e descritas em cada horizonte: espessura, cor, textura, estrutura, consistência, cerosidade, porosidade, distribuição de raízes e a transição entre os diferentes horizontes. As características morfológicas devem ser observadas numa face recém exposta do perfil, pois a exposição prolongada produz alterações, principalmente na cor e na estrutura. Além do perfil descreve se também o ambiente de ocorrência do solo, quanto aos seguintes aspectos: relevo, drenagem, vegetação, geologia, pedregosidade, rochosidade, erosão, uso atual e clima. 1.5.5.2 A CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS Os perfis representando os diversos tipos de solos das diferentes regiões do Estado mostram uma grande heterogeneidade quanto à presença e a sequência de horizontes, bem como da sua espessura e cor. Além dessas propriedades visíveis, os horizontes de cada solo podem variar quanto à textura, a estrutura, ao teor de matéria orgânica, a CTC, a saturação das bases, ao teor de alumínio extraível e outros atributos. A partir da disponibilidade do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos publicado pela Embrapa (1999), este passou a ser adotado nos mapeamentos e na identificação dos solos para fins de pesquisa, ensino e extensão. De acordo com o Sibcs, a classificação de um solo é organizada em seis níveis: ordens, subordens, grandes grupos, subgrupos, famílias e séries. 1.5.5.3 CLASSES DE SOLOS IDENTIFICADOS NA APA As classes de solos identificadas na área da APA tiveram como referência os perfis de solos descritos no Levantamento de Reconhecimento de Solos do Estado do Rio grande do Sul (BRASIL, 1973), por Lemos et al. Cambissolos: O termo Cambissolo lembra um solo em processo incipiente de formação. Os Cambissolos são solos rasos a profundos, variando de bem drenados a imperfeitamente drenados. São solos em processo de transformação, razão pela qual tem características insuficientes para serem enquadrados em outras classes de solos mais desenvolvidos. Os Cambissolos Háplicos originados de basalto, situados na Encosta Inferior do Nordeste, apresentam melhor fertilidade química em comparação aos Cambissolos originados de riolito e de granito. Chernossolos: O termo Chernossolo lembra solos com horizonte A, escuro, e alta fertilidade química. Estes solos se caracterizam por apresentarem razoáveis teores de material orgânico, o que confere cores escuras ao horizonte superficial que é do tipo A chernozênico. Os Chernossolos Argilúvicos Férricos típicos originados de basalto ocorrem na Encosta Inferior do Nordeste. Estes solos oferecem condições para uso com culturas anuais, fruticultura, pastagem e reflorestamento. Neossolos: O termo Neossolo lembra solos novos, pouco desenvolvidos. São solos de formação muito recente, desenvolvido a partir dos mais diversos tipos de rochas (material de origem) e encontrados nas mais diversas condições de relevo e drenagem. Este tipo de solo ocorre principalmente na Encosta Inferior do Nordeste. Associações de Solos e afloramentos rochosos: Em grande parte da APA Terra de Areia, existem misturas de diversas classes de solos do tipo Neossolo Regolítico Eutrófico, Cambissolo Háplico Eutrófico e Luvissolo Háplico Pálico. Os Luvissolos são caracterizados por acumulação subsuperficial de argila. São solos pouco profundos. MAPA 04 MAPA DOS SOLOS 1.5.6 FLORA As encostas e escarpas mais pronunciadas conservam ainda áreas consideráveis de matas nativas, áreas pouco utilizadas para a agricultura ou pecuária. As várzeas apresentam se em vales com áreas de relevo ondulado a suavemente ondulado e áreas planas com declividade bastante reduzida, solos bem drenados e profundos e elevada disponibilidade hídrica, características que permitem o desenvolvimento de atividades agrícolas. Os cultivos agrícolas utilizam adubação química e defensivos agroquímicos. O município localiza se numa área de ecótono, o que determina a ocorrência de uma composição florística muito rica e variada, num raro encontro de diferentes formações vegetais (Floresta Atlântica, Floresta Araucária, Floresta Estacional Sem decidual). Formações Pioneiras A Planície Costeira possui ambientes continentais cenozoicos, correspondendo a depósitos marinhos e aluviais muito antigos. O relevo da planície apresenta sequência de faixas onduladas de dunas, faixas planas ou em depressão, correspondendo, em seu conjunto, a antigos movimentos de transgressão e regressão marinhos, no que se denomina em senso amplo, de restinga litorânea. Na zona de interface com o mar, a planície sedimentar costeira é composta por dunas primárias, secundárias e terciárias, seguidas pelo cordão de lagoas litorâneas e de rios que têm suas nascentes na encosta oriental, da Serra Geral (WÜRDIG & FREITAS, 2009). O complexo vegetacional ocorre geralmente em sequências, desde áreas mais secas até mais úmidas. Em terrenos secos, de leste para oeste, temos vegetação de dunas, campos arenosos, frutícetos arenosos, butiazal e florestas arenosas. Em terrenos úmidos, sem uma sequência muito clara, temos campos úmidos, banhados, juncal, maricazal, sarandizal e florestas paludosas. (FIGURA 01) FIGURA 01 – EXTREMO NORTE DO LITORAL NORTE FIGURA 02 – EXTREMO SUL DO LITORAL NORTE Nas porções mais recuadas do mar, junto aos campos arenosos, tendendo à ocupação por plantas lenhosas, podemos verificar os frutícetos, constituindo se em uma vegetação arbustiva, ou formando moitas de pequenas árvores. Entre as principais espécies que atingem porte arbóreo, entretanto um tanto raquíticas (entre 2m e 4m), podem ser destacadas Myrsine parvifolia (caporoquinha da praia) (FOTO 06), Myrsine guianensis (capororocão), Eugenia hyemalis (guamirim), Myrciaria cuspidata (camboim), Cereus hildemannianus (tuna) e Jacaranda puberula (carobinha). FOTO 06 – EXEMPLAR DE CAPOROQUINHA DA PRAIA Myrsine parvifolia (Foto Diego Raupp) As espécies arbustivas, herbáceas, trepadeiras e epifitas – comuns nos frutícetos – são Opuntia monacantha (arumbeva), Passiflora edulis (maracujá azedo), Bromelia antiacantha (caraguatá banana), Lantana camara (camaradinha), Vriesia friburguensis (bromélia da restinga), Epidendrum fulgens (orquídea da praia), Philodendron bipinnatifidum (cipó imbé), Tibouchina urvilleana (manacá veludo), Calliandra tweedie (caliandra vermelha). Nos terrenos onde os frutícetos ou mesmo as florestas foram danificados pelas queimadas ou atividade agrícola, ficando posteriormente abandonadas e sujeitos à regeneração natural, se pode constatar a presença de vassourais. Estes se distinguem dos frutícetos, pois possuem poucas espécies geralmente arbustos pioneiros de terrenos arenosos alterados, como Dodonaca viscosa (vassoura vermelha) e Bacccharis dracuncunlifolia (vassoura branca), podendo atingir, em seu conjunto, 2m a 3m de altura. As florestas arenosas, ou matas psamófilas, são formadas por manchas florestais geralmente associadas às dunas em linhas de barreiras de paleodunas, paralelas ao mar ou às lagoas, ou mesmo em forma de capões, possuindo de 6 a 12m de altura. A figueira de folha miúda (Ficus cestrifolia)(FOTO 7) é uma espécie emergente que se destaca nesta formação. Abaixo, temos o dossel, ou estrato arbóreo superior sendo constituído, comumente, por Sebastiana serrata (branquilho), Myrsine guianensis (capororocão), Butia sp. (Butia da Praia), Chrysophyllum marginatum (Aguaí mirim), Eugenia uruguayensis (batinga branca), Nectandra oppositifolia (canela ferrugem), Ocotea pulchella (canela do brejo), Tabebuia pulcherrima (ipê amarelo), Sideroxylum obtusifolium (coronilha da praia), Syagrus romanzoffiana (jerivá)(FOTO 8) , Vitex megapotamica (tarumã preto) e Enterelobium cotortisiliquum (timbaúva). Nos estratos arbóreo médio, inferior e arbustivo, são características muitas mirtáceas (Calyptanthes, Euegenia, Myceugenia, Myrcia, Myrciaria, Psidium), e rubiáceas (Chiococca, Faramea, Guettarda, Psychotria). FOTO 7 – EXEMPLAR DE FIGUEIRA DA FOLHA MIÚDA (Fotos: Diego Raupp) FOTO 8 JERIVÁ OU COQUEIRO (Fotos: Diego Raupp) O sub bosque é mais impactado pelo gado, é comum a presença de Daphmopsis racemosa (embira). No estrato herbáceo, ocorrem várias espécies do gênero Piper (pariparoba) e Peperomia. Não raro, ocorrem moitas de Bromelia antiacantha (caraguatá banana) no estrato herbáceo. Nas margens da mata, se tornam comuns pequenas arvores ou arbustos como Eugenia hyemalis (guamirim aperta cu), Eugenia uniflora (pitangueira), Myrcia palustris (guamirim), Cereus hildemanianus(tuna), Zanthoxylum cf. fagara (mamica de cadela), Randia ferox (limoeiro do mato), Lantana camara (camaradinha). As margens dos capões podem apresentar também trepadeiras armadas de espinhos ou acúleos como Smilax campestris (japecanga), Celtis sp. (taleira) e Acacia bonariensis (unha de gato). Os campos úmidos ocorrem nas porções de depressões, ou em planícies que se inundam com certa facilidade devido às chuvas fortes, mas drenam rapidamente, sendo às vezes interrompidos por canais naturais de drenagem. Trata se de uma vegetação com predomínio de ciperáceas dos gêneros, Cyperus, Eleocharis, Fimbristyles, Rynchospora e plantas de outros grupos, como Lycopodium alopecuroides (licopódio), Drosera brevifolia (drósera), Ludwigia spp. (cruz de malta), Tibouchina asperior (tibuchina do banhado), Rhynchanthera cf. dichotoma (falsa tibuchina), Vigma luteola (feijão da praia). O juncal pode ser encontrado no limite entre as lagoas e os campos úmidos (FOTO 09), constituindo se em uma formação praticamente monoespecífica, dominada por Schoenoplectus californicus (junco grande). Nas margens mais ou menos submersas, formam se banhados, com dezenas de espécies de plantas anfíbias como Schoenoplectus americanus (junco), Typha domingensis (taboa), Senecio bonariensis (margarida do banhado), Juncus sp. (junquinho). O maricazal ocorre nas planícies úmidas, sendo uma vegetação entre 1,5m e 5m de altura (FOTO 10), formada quase que exclusivamente por maricá (Mimosa bimucromata). A origem desta vegetação é alvo de certa polêmica, se natural ou antrópica. Porém, geralmente está associada a áreas anteriormente florestais, submetidas a corte e abandono, sendo uma formação sucessional que regenera a floresta em terrenos mais úmidos (WÜRDIG & FREITAS, 2009). FOTO 09 E 10 – JUNCAL E LINHA DE MARICAZAL NA DIVISÃO DAS FORMAÇÕES VEGETACIONAIS (Fotos Diego Raupp) As florestas paludosas, ou matas brejosas, ocorrem sobre gleissolos, pouco profundos, mal drenados e ácidos, de cor cinza escura, possuindo horizontes superficiais bem espessos e alto teor de matéria orgânica. A altura da mata é um pouco maior do que a das florestas arenosas, podendo atingir 15m ou mais (FOTO 11 ). A composição florística, de certa forma, é semelhante a da Floresta Ombrófila Densa que ocorre na porção baixa das encostas (WÜRDIG & FREITAS, 2009). Entretanto, se verifica a presença de algumas espécies arbóreas que toleram solos mais úmidos ou encharcados. A espécie que mais uma vez se destaca como emergente, com ampla cobertura de copa, é a figueira de folha miúda (Ficus cestrifolia), a qual pode atingir 20m ou mais de altura, estando geralmente coberta por, pelo menos, duas dúzias de espécies epifíticas, destacando se a densa cobertura de barba de velho (Tillandsia usneoides), pendendo de seus grossos ramos. Abaixo desta, o dossel é irregular, entre 8m e 15m, apresentando como espécies típicas, de maior porte, Syagrus romanzoffiana (jerivá), Citharexylum myrianthum (tarumã branco), Cecropia pachystachya (embaúba branca), Ficus adhatodifolia (figueira purgante), Hieronyma alchorneoides (licurana), Citronella SP (congonha), Tabebuia umbellata (ipê da várzea), Posoqueria latifolia (baga de macaco) e palmeiras como Euterpe edulis (palmeira juçara), Bactris setosa (tucum) e Geonoma schottiana (guaricana do brejo). O sub bosque pode possuir samambaias arborescentes como Alsophylla setosa (xaxim de espinho) e Cyathea atrovirens, ou arbustivas, no caso Blechmum sp. (xaxim do brejo), formando densas coberturas monoespecíficas. Na porção norte do litoral, as florestas paludosas podem também apresentar em sub bosque um tapete herbáceo formado pela bromeliácea Nidularium innocentii, ou ainda moitas de marantáceas, em especial dos gêneros Calathea, Ctenanthe e Marantha (caetés). Neste estrato, é comum também a presença de touceiras de Heliconia velozziana (bananeira do mato), planta ornamental e típica das florestas tropicais úmidas. Na borda das matas é comum a ocorrência de Erythrina cristagalli (corticeira do banhado) na interface com ambientes úmidos mais abertos. Atualmente, grande parte das florestas paludosas está descaracterizada, porém se sobressai ainda a grande densidade de jerivás e de figueiras que não foram suprimidas. Quando mais ralas e em condição de maior perda dos estratos inferiores, podem ser ocupadas por manchas praticamente homogêneas de Typha cf. domingensis (taboa) (WÜRDIG & FREITAS, 2009). FOTO 11 E 12– AMOSTRA DO PORTE ARBÓREO DOS ESPÉCIMES DE FLORESTA PALUDOSA E A FLORESTA EM VISTA AÉREA (Foto:Diego Raupp). Floresta Ombrófila Densa Segundo Veloso & Góes Filho, 1982, a Floresta Ombrófila Densa pode ser dividida conforme faixas de altitude, em quatro formações. A APA Terra de Areia está inserida dentro de três divisões Floresta Atlântica de Terras Baixas ate a altitude de 50m, Floresta Atlântica Submontana entre 50m e 400m e Floresta Atlântica Montana que tem sua altitude estabelecida entre 400 e 1000m(FIGURA 03). FIGURA 03 – DIVISÕES DA FLORESTA OMBRÓFILA DENSA. A Floresta Ombrófila Densa (FIGURA 03) na sua maior parte caracterizava se por estratos superiores com grandes árvores perenifoliadas de alturas entre 25 e 30 m. Sua penetração até Torres e Osório, resultou fundamentalmente da ausência, em toda esta faixa costeira, de um período biologicamente seco e de ocorrência de médias térmicas em geral superiores a 15ºC. Convém salientar que, nas baixadas da porção setentrional da região, registram se mais de seis meses ao ano com médias térmicas iguais ou superiores a 20ºC. As elevações costeiras funcionam como agente ascensional das massas de ar carregadas de umidade. Estas, condensando se e precipitando se em copiosas chuvas mantêm elevada a umidade relativa do ar, durante todo o ano. FOTO 13– AO FUNDO FLORESTA OMBRÓFILA DENSA – REGIÃO SUBMONTANA, MONTANA E ALTO MONTANA (Foto: Diego Raupp). A diversificação ambiental resultante da interação de múltiplos fatores é um importante aspecto desta região fito ecológica, com ponderável influência sobre a dispersão e crescimento da flora e da fauna. Permite o desenvolvimento de várias formações, cada uma com inúmeras comunidades e associações, constituindo complexa e exuberante coleção de formas biológicas. Equivale a dizer que a Floresta Ombrófila Densa é a classe de formação mais pujante, heterogênea e complexa do Sul do País, de grande força vegetativa, capaz de produzir naturalmente, de curto em médio prazo, grandes volumes de biomassa. Os ambientes mais expressivos desta região encontram se entre aproximadamente 30 e 1000 m de altitude e compreende as formações submontanas (FOTO 14). Neles, a floresta apresentava os limites máximos de complexidade e esplendor permitidos pelos parâmetros ecológicos. Uma multidão de indivíduos de grande variedade de espécies macro, meso, micro e nanofanerófitas dispunha se sobre diversas feições geomorfológicas num harmonioso conjunto de formas de vida, ricamente enfeitada por grande variedade de epífitas e lianas. Temos neste ambiente a presença e a importância fisionômica de epífitas e das lianas e ressaltamos também a grande presença e dominância da bromeliácea como Vrisea vagans, Vrisea altodasserrae, Aechnea cylindrata, Aechnea caudata e Nidularium innocentii, das cactáceas Rhipsalis haulletiana, Rhipsalis elliptica e Rhipsalis pachyptera e das orquídeas Cattleya intermedia, Epidendrum elliptcum, Oncidium longipes, Pleurothallis grobii e Laelia purpurata. Dentre as lianas, tem se o cipó buta (Abuta selloana), cipó pau (Clytostoma scuiripabuluem), unha de gato (Doxantha unguis cati), cipó escada de macaco (Bauhinia microstachya) e cipó cravo (Cynnanthus elegans) e dentre as aráceas destacam se os gêneros Philodendron e Anthurium. Deve ser salientada a ocorrência de pteridófitas terrestres herbáceas, principalmente, Aspidiáceas e Polipodiáceas e, sobretudo, Pteridófitas arborescentes das ciateáceas (Cyathea, Nephaelea e Alsophila), que podem formar densos agrupamentos nos ambientes úmidos da floresta. FOTO 14 – FLORESTA SUBMONTANA (Foto: Diego Raupp) A Floresta Atlântica caracteriza se por ser uma floresta latifoliada intimamente relacionada com os índices termo pluviométricos mais elevados da zona litorânea, apresentando três estratos definidos: o estrato superior, formado pelas espécies dominantes de 25 a 35 metros de altura, ou mais, como a canela preta (Ocotea catharinensis), sapopema (Sloanea monosperma), guamirim chorão (Calyptranthes grandifolia), canela fogo (Cryptocarya moschata), tanheiro (Alchornea triplinervia), figueira branca (Ficus organensis), guapuruvu (Schizolobium parayba) e angico (Parapiptadenia rigida); a submata, formada de arvoretas até 9 metros de altura, em que domina o palmito (Euterpe edulis) e o guamirim – de – folhas miúdas (Myrceugenia myrcioides) e outras; o estrato arbustivo com cerca de 3 metros de altura, formado por inúmeras espécies entre as quais se encontram a palmeira gemiova (Geonoma gamiova), o feto arborescente xaxim (Dicksonia sellowiana) e a samambaia assu (Hemitelia setosa). Os ambientes conhecidos como alto montanos (FIGURA 15), sujeitos aos efeitos de um clima tido como "de altitudes", por compreenderem os terrenos mais elevados da região, nas altitudes superiores a 1.000 m. São ambientes constantemente saturados de umidade, onde as médias térmicas podem descer a índices inferiores à 15ºC. Neles se desenvolveu a chamada mata nebular ou floresta nuvígena (RAMBO, 1949), vegetação arbórea densa baixa, de dossel uniforme, normalmente com indivíduos tortuosos, abundantemente ramificados e nano foliados revestidos de epífitas, musgos, hepáticos, etc. Os agrupamentos florestais, em geral, apresentam significativa dominância de mirtáceas e aquifoliáceas, sendo, no entanto, praticamente desprovidos de aráceas, bromeliáceas e orquidáceas, caracterizada principalmente pelas espécies: gramimunha miúda (Weinmannia humilis), cambuí (Siphoneugena reitzii), guaperê (Clethra scabra), quaresmeira (Tibouchina sellowiana), jabuticaba do campo (Eugenia pluriflora), guamirim (Eugenia obtecta), congonha (Ilex theezans) e caúna (Ilex microdonta), além de outras. FOTO 15 E 16 – FLORESTA ALTA MONTANA – DIVISA DE TERRA DE AREIA COM MAQUINE – LIMITE DA APA TERRA DE AREIA COM A RESERVA BIOLÓGICA DA SERRA GERAL. (Fotos – Diego Raupp) Intercalados a esta mata nebular encontram se campos litólicos de altitude (refúgios), em terrenos movimentados, com solos muito rasos, povoados de blocos rochosos e ocupados por vegetação gramíneo lenhosa pontilhada de pequenos capões e, às vezes, de diminutas turfeiras. Nestes locais são comuns touceiras de carás, caratuvas (Chusquea sp.) e de taquara lisa (Merostachys multiramea) que, ao lado de outras gramíneas silvestres como Panicum glutinosum, predominam na composição dos estratos herbáceos. Para os mesmos autores a vocação natural da região, seguramente, não é a agricultura. Os seus terrenos, em grande parte movimentados, são inadequados às práticas agrícolas convencionais e geralmente classificados como de preservação permanente pelo código florestal. As planícies, ao natural, também são pouco apropriadas ao uso agrícola. Apesar destas evidências, a região foi submetida a um intenso processo de antropização da cobertura florestal. Retiram se dela, por métodos extrativistas rudimentares e predatórios, madeira, palmito, plantas ornamentais, aves, peixes, pequenos animais, etc. Há também intervenção irreversível caracterizada por corte raso e limpeza do solo para agricultura, num processo clandestino e criminoso de subtração de áreas lindeiras aos parques e reservas legais. A vocação regional, não poderia ser outra, senão a predominantemente florestal, as culturas permanentes ou as pastagens com espécies rizomatosas, pressupondo se, nesta, o aproveitamento racional e o manejo adequado dos recursos naturais, buscando assegurar o rendimento sustentado e o equilíbrio ecológico, que redundam em maiores benefícios sociais das terras, com um mínimo de problemas ambientais. TABELA 01 – LISTA DE ESPÉCIES VEGETAIS, COM FAMÍLIA, NOME CIENTIFICO, NOME COMUM E CATEGORIA DE AMEAÇA, CONFORME DECRETO ESTADUAL 42.099 DE 01/01/2003 LISTA FINAL DAS ESPÉCIES DA FLORA AMEAÇADAS RS. FAMILIA ESTADO DE CONSERVAÇÃO GENERO EPITETO NOME COMUM Schinus terebinthifo lius Aroeira vermelha ANNONACEAE Duguetia lanceolata Pindabuna, Corticeira ANNONACEAE Rollinia rugulosa Araticum ANNONACEAE Xylopia brasiliensis Pindaíba, Cortiça AQUIFOLIACEAE Ilex microdonta Caúna/congonha AQUIFOLIACEAE Ilex theezans Caúna AQUIFOLIACEAE Ilex brevicuspis Caúna, Congonha ARACEAE Philodendro n bipinnatifid um Cipó imbé ARALIACEAE Schefflera morototoni Caixeta Araucaria angustifolia Pinheiro, Pinheiro do Paraná ARECACEAE Butia sp Butiá da praia ARECACEAE Bactris setosa Tucum ARECACEAE Euterpe edulis Palmiteiro, Juçara EN ARECACEAE Geonoma gamiova Guaricanga de folha CR ANACARDIACEAE ARAUCARIACEAE CR CR EN larga, Rabo de peixe ARECACEAE Geonoma schottiana Guaricana Syagrus romanzoffia na Gerivá, Coqueiro Baccharis Dracuncunli folia Vassoura branca Senecio bonariensis Margarida do banhado BIGNONIACEAE Jacaranda puberula Carobinha BIGNONIACEAE Tabebuia pulcherrima Ipê amarelo Cybistax antisyphiliti ca Ipê Verde, Ipê Mandioca BIGNONIACEAE Jacaranda puberula Carobinha, Caroba BIGNONIACEAE Jacaranda micrantha Caroba, Carobão Tabebuia umbellata Ipê amarelo, Ipê de Várzea BLECHNACEAE Blechmum sp. Xaxim do brejo BOMBACACEAE Pseudobom bax grandiflorus Embiruçu Cordia monosperm a SEM NOME POPULAR BORAGINACEAE Cordia silvestris Louro Branco BORAGINACEAE Cordia trichotoma Louro, Louro Pardo BROMELIACEAE Tillandsia usneoides Barba de velho VU BROMELIACEAE Aechnea cylindrata Bromélia EN BROMELIACEAE Aechnea caudata Bromélia monjola EN ARECACEAE ASTERACEAE ASTERACEAE BIGNONIACEAE BIGNONIACEAE BORAGINACEAE CR VU VU VU BROMELIACEAE Bromelia antiacantha Caraguatá banana BROMELIACEAE Nidularium innocentii Bromélia EN Vrisea friburguensi s Bromélia da restinga VU Vrisea vagans Bromélia EN Vrisia altodaserra e Bromélia EN Cereus Hildemanni anus Tuna CACTACEAE Rhipsalis haulletiana Cacto CACTACEAE Rhipsalis elliptica Cacto CACTACEAE Rhipsalis pachyptera Cacto Opuntia monacanth a Cacto, Palma, Arumbeva CACTACEAE Rhipsalis paradoxa Comambaia CACTACEAE Rhipsalis teres Fruta de Passarinho CANNABACEAE Trema micrantha Grandiúva CARDIOPTERIDAC EAE Citronella Gongonha Congonha, Laranjeira do banhado CARDIOPTERIDAC EAE Citronella engleriana SEM NOME POPULAR Jacaratia spinosa Mamão do Mato, Jacaratiá CHRYSOBALANAC EAE Hirtella hebeclada Cinzeiro, Uvá de Facho, Ubá CLETHRACEAE Clethra scabra Guaperê BROMELIACEAE BROMELIACEAE BROMELIACEAE CACTACEAE CACTACEAE CARICACEAE VU VU EN CLUSIACEAE Clusia Mangue do Mato, Criúva CLUSIACEAE Garcinia gardneriana Bacopari COMBRETACEAE Buchenavia kleinii SEM NOME POPULAR CUNONIACEAE Weinmanni a humilis Gramimunha miúda CUNONIACEAE Lamanonia ternata Guaraperê Alsophylla setosa Xaxim de espinho, samambaiaçu CYATHEACEAE Cyathea atrovirens Sem nome popular CYPERACEAE Schoenople ctus californicus Junco grande CYPERACEAE Schoenople ctus americanus Junco DICKSONIACEAE Dicksonia selowiana Xaxim DROSERACEAE Drosera brevifolia Orvalinha Diospyros inconstans Maria preta, fruto de jacu macho ELAEOCARPACEA E Sloanea monosperm a Sapopema ERYTHROXYLACE AE Erythroxylu m cuspidifoliu m SEM NOME POPULAR ERYTHROXYLACE AE Erythroxylu m deciduum Cocão EUPHORBIACEAE Sebastiana serrata Branquilho EUPHORBIACEAE Alchornea triplinervia Tanheiro EUPHORBIACEAE Alchornea glandulosa Tanheiro CYATHEACEAE EBENACEAE EN EUPHORBIACEAE Gymnanthe s concolor Laranjeira do mato ou Banhado EUPHORBIACEAE Pachystrom a longifolium Mata olho EUPHORBIACEAE Pausandra morisiana SEM NOME POPULAR EUPHORBIACEAE Pera glabrata SEM NOME POPULAR EUPHORBIACEAE Pera obovata SEM NOME POPULAR Sapium glandulosu m Leiteiro, Pau de Leite EUPHORBIACEAE Sebastiania argutidens SEM NOME POPULAR EUPHORBIACEAE Tetrorchidiu rubrivenium m Canemuçu, embirão, peloteira EUPHORBIACEAE Bauhinia microstachy a Cipó escada de macaco Calliandra tweedie Caliandra vermelha, topete de cardeal Erythrina cristagalli Corticeira do banhado FABACEAE Parapiptade nia rígida Angico vermelho FABACEAE Schizolobiu m parayba Guapuruvu FABACEAE Vigna luteola Feijão da praia Abarema langsdorfii Raposeira Branca, Farinha Seca, Pau Gambá, Brinco de Macaco Enterelobiu cotortisiliqu Timbaúva FABACEAE FABACEAE FABACEAE FABACEAE FABACEAE m um Erythrina falcata Corticeira da Serra, Bico de Papagaio FABACEAE Inga sessilis Ingá Ferradura FABACEAE Inga striata Ingá FABACEAE Inga vera Ingá banana FABACEAE Inga marginata Ingá Feijão FABACEAE Lonchocarp us muehlbergi anus Rabo de Bugio FABACEAE Lonchocarp us cultratus Rabo de Bugio, Embira Sapo Mimosa bimucronat a Maricá Ormosia arborea SEM NOME POPULAR Heliconia velozziana Bananeira do mato, caeté JUNCACEAE Juncus sp. Junquinho LAMIACEAE Aegiphila sellowiana Gaioleira LAMIACEAE Aegiphila obducta SEM NOME POPULAR Vitex megapotam ica Tarumã Cryptocarya moschata Canela fogo Nectandra oppositifoli a Canela ferrugem LAURACEAE Ocotea pulchella Canela do brejo LAURACEAE Ocotea catharinensi Canela preta FABACEAE FABACEAE FABACEAE HELICONIACEAE LAMIACEAE LAURACEAE LAURACEAE VU s Aiouea saligna Canela, Canela Vermelha Endlicheria paniculata Canela toiça, Canela sebo Nectandra oppositifoli a Canela Ferrugem, Amarela Ocotea odorifera Canela Sassafrás Ocotea Aciphylla Canela Amarela de cheiro LAURACEAE Ocotea indecora Canela LAURACEAE Ocotea cf. lancifolia Canela Lycopodium alopecuroid es Licopódio Talauma ovata Baguaçu, Pinha do Brejo MALPIGHIACEAE Byrsonima ligustrifolia SEM NOME POPULAR MELASTOMATÁC EA Rhynchanth era dichotoma Falsa tibuchina MELASTOMATAC EAE Tibouchina urvilleana Manacá veludo, quaresma MELASTOMATAC EAE Tibouchina asperior Tibuchina do banhado MELASTOMATAC EAE Tibouchina sellowiana Quaresmeira MELASTOMATAC EAE Miconia cinerascens Pixirica MELIACEAE Cabralea canjerana Canjerana LAURACEAE LAURACEAE LAURACEAE LAURACEAE LAURACEAE LYCOPODIACEAE MAGNOLIACEAE EN VU VU EN MELIACEAE Cedrela fissilis Cedro, cedro branco MELIACEAE Cedrela odorata Cedro rosa Trichilia casaretti Catiguá, catiguá branco Trichilia pallens Arco de peneira, baga de morcego MONIMIACEAE Mollinedia schottiana Pimenteira, capixim MORACEAE Brosimum glaziovi Leiteiro Ficus adhatifolia Figueira, Figueira purgante, Figueira Purga Ficus cestrifolia Figueira, Figueira Branca, Figueira de Folha Miúda MORACEAE Maclura tinctoria Tajuva MORACEAE Sorocea bonplandii Cincho Myrsine Parvifolia Capororoquinha da praia Myrsine umbellata Capororoca folha larga Myrsine coriacea Capororoca – folha estreita MYRTACEAE Calyptranth es grandiflora Guamirim chorão MYRTACEAE Eugenia himalis Guamirim aperta cu Eugenia uruguayensi s Guamirim Eugenia uniflora Pitangueira MELIACEAE MELIACEAE MORACEAE MORACEAE MYRSINACEAE MYRSINACEAE MYRSINACEAE MYRTACEAE MYRTACEAE VU MYRTACEAE Eugenia pluriflora Jabuticaba do campo MYRTACEAE Myrceugeni a myrcioides Guamirim de folhas miúdas MYRTACEAE Myrcia palustris Pitangueira do mato MYRTACEAE Myrciaria Cuspidata Camboim MYRTACEAE Siphoneuge na reitzii Cambuí MYRTACEAE Calyptranth es lucida Guamirim Eugenia beaurepaire ana SEM NOME POPULAR Marlierea eugeniopsoi des SEM NOME POPULAR MYRTACEAE Myrcia glabra Uvá MYRTACEAE Myrcia tijucensis SEM NOME POPULAR MYRTACEAE Myrciaria plinioides SEM NOME POPULAR MYRTACEAE Neomitrant hes cordifolia SEM NOME POPULAR MYRTACEAE Plinia edulis Cambucá NYCTAGINACEAE Guapira opposita Maria mole NYCTAGINACEAE Pisonia zapallo Anzol de lontra OCHNACEAE Ouratea OLEACEAE Chionanthu s filiformis Azeitona do mato ONAGRACEAE Ludwigia Grandiflora Cruz de malta ORCHIDACEAE Cattleya intermedia Orquídea MYRTACEAE MYRTACEAE AMEAÇA IMINENTE (LRNT) SEM NOME POPULAR EN VU ORCHIDACEAE Epidendrum fulgens Orquídea da praia ORCHIDACEAE Laelia purpurata Orquídea ORCHIDACEAE Oncidium longipes Orquídea ORCHIDACEAE Pleurothalli s grobii Orquídea PASSIFLORACEAE Passiflora edulis Maracujá azedo PHYLLANTHACEA E Hieronyma alchorneoid es Licurana Piper dilatatum Pariparoba murta, pau de junta Piper aduncum Pariparoba Chusquea bambusoide s Caratuvas POACEAE Merostachy s multiramea Taquara lisa POACEAE Panicum glutinosum SEM NOME POPULAR PRIMULACEAE Myrsine guianensis Capororocão Roupala brasiliensis Carvalho, carvalho brasileiro RHAMNACEAE Colubrina rufa Sobragi RUBIACEAE Randia ferox Limoeiro do mato RUBIACEAE Amaioua intermedia SEM NOME POPULAR RUBIACEAE Bathysa australis Macuqueiro Faramea monteviden sis Café do mato Posoqueria latifolia Baga de macaco PIPERACEAE PIPERACEAE POACEAE PROTEACEAE RUBIACEAE RUBIACEAE VU VU EN RUBIACEAE Psychotria suterella SEM NOME POPULAR RUBIACEAE Rudgea jasminoides SEM NOME POPULAR RUTACEAE Esenbeckia grandiflora Cutia, cutia amarela RUTACEAE Zanthoxylu m fagara Mamica de cadela RUTACEAE Zanthoxylu m rugosum Mamica de cadela SABIACEAE Meliosma sellowi Pau fernandes Casearia sylvestris Carvalinho, Chá de Bugre SAPINDACEAE Dodonaca viscosa Vassoura vermelha SAPINDACEAE Matayba guianensis Camboatá branco SAPOTACEAE Chrysophyll um marginatu m Aguaí mirim Sideroxylum obtusifoliu m Coronilha da praia SAPOTACEAE Chrysophyll um inornatum Aguaí, aguaí da serra SAPOTACEAE Chrysophyll um viride Aguaí SOLANACEAE Cestrum SALICACEAE SAPOTACEAE Coerana Solanum pseudoquin a Coerama, canema Typha domingensi s Taboa THYMELAEACEAE Daphnopsis racemosa Embira URTICACEAE Cecropia pachystach Embaúba branca SOLANACEAE THPHACEAE VU ya Cecropia glazioui Embaúba, pau formiguieiro URTICACEAE Coussapoa microcarpa Mata pau URTICACEAE Urera nitida Urtigão VERBENACEAE Lantana camara Camaradinha VERBENACEAE Citharexylu m myrianthum Tucaneira, Tarumã branco URTICACEAE VU A APA tem uma diversidade de vegetação muito ampla. É importante destacar, que a APA, esta situada em ambientes distintos de região fito ecológica, pois está localizada entre as áreas de Formações Pioneiras (juncais, banhados, maricazais e floresta paludosa) e também inserida no contexto da Serra Geral, fazendo limite com a Reserva Biológica da Serra Geral, na divisa com o município de Maquine, que esta caracterizada como Floresta Ombrófila Densa. As quais possuem espécies que são consideradas ameaçadas de extinção, ou protegidas por lei, seja em âmbito regional, nacional ou global como: Araucária (Araucaria angustifolia – Araucariaceae), Xaxim bugio (Dicksonia sellowiana, Dicksoniaceae), Canela preta (Ocotea catharinensis, Lauraceae), Palmito Juçara (Euterpe edulis – Arecaceae), Butia da praia (Butia sp. – Arecaceae), Barba de velho (Tillandsia usneoides – Bromeliaceae), Figueiras (Ficus adhatodifolia, F. insipida, F. luschnathiana e F. organensis). AMEAÇAS A BIODIVERSIDADE DA APA – TERRA DE AREIA Plantio de Eucalipto O plantio de Eucalipto vem se tornando, cada vez mais uma fonte de renda extra para a pequena propriedade. A fácil adaptação ao clima da região se torna uma grande ameaça para os ecossistemas regionais, devido à alta adaptabilidade a terrenos encharcados, úmidos e também as encostas de serra. Seu desenvolvimento é muito rápido e geram uma concorrência desleal as espécies nativas, por ter um grande porte arbóreo. Dentro dos limites da APA, o cultivo é expressivo, fazendo até limitações com regiões fitoecológicas importantes como é o caso da Mata Paludosa (FOTO 17). Por ser um terreno úmido e de fácil adaptação, coloca em risco a biodiversidade de fauna e flora da referida região. A grande concentração de plantações próxima aos recursos hídricos, que pertencem a APA, serve de alerta para o questionamento, sobre o futuro do cultivo de Eucaliptos spp. O plantio desordenado pode trazer sérios problemas como a desertificação do solo, pois as plantações de eucalipto necessitam de um sistema hídrico muito potente, cada pé consome em média 30 litros de água por dia, o que acaba gerando um déficit hídrico muito alto, com isso acaba ocasionando também a erosão, pois o alto ressecamento do solo diminui a diversidade vegetal da região de floresta, já que o mesmo impede que gramíneas e pequenos arbustos cresçam e se desenvolvam. Assim empobrecendo o solo e o tornando em deserto(VITAL, 2007). FOTO 17 E 18 – PLANTAÇÕES DE EUCALIPTOS SPP., DENTRO DA APA – TERRA DE AREIA (FOTO – Diego Raupp) 1.5.7 FAUNA A região na qual está inserida a Área de Proteção Ambiental Terra de Areia, abrange uma ampla variedade de situações com relação à cobertura vegetal, tanto no que se refere aos domínios fitogeográficos como ao grau de alteração de origem antrópica. As formações vegetais abrangidas pertencem a duas regiões fitoecológicas das nove presentes no Estado, segundo o Levantamento de Recursos Naturais do IBGE(1986), quais sejam Formações Pioneiras, e a Floresta Ombrófila Densa. 1.5.7.1 PEIXES Em termos de Rio Grande do Sul, vamos encontrar na região denominada de Planície Costeira, a qual está situada entre as terras altas do Estado a oeste e o Oceano Atlântico a leste, além das grandes lagunas dos Patos e Mirim, uma grande variedade de outros ambientes aquáticos. Dentre estes, podemos citar o Sistema Lacunar de Tramandaí, situado no Litoral Norte e pertencendo a bacia hidrográfica do Rio Tramandaí, que apresenta uma sequência de lagoas paralelas à faixa oceânica, a maioria delas interligada por pequenos canais e rios. Nesse sistema podemos encontrar lagoas eminentemente de água doce (lagoas Emboaba, Caconde, Marcelino, Peixoto, Pinguela, entre outras), bem como lagunas que se caracterizam por apresentar águas salobras devido ao fato de estarem em comunicação direta (Lagoa de Tramandaí) ou indireta (lagoas das Custódias e Armazém) com o mar. Segundo Malabarba & Isaia (1992) a bacia hidrográfica do Rio Tramandaí pode ser subdividida em duas subregiões de características geológicas e ambientais bem distintas, a da Serra Geral e a da Planície Costeira. A primeira é a mais antiga, e compreende o curso superior e médio dos rios Maquine e Três Forquilhas. A segunda é a mais recente (últimos 5000 anos), sendo constituída pela sequencia de lagoas costeiras desde a Lagoa Itapeva, no município de Torres, até a Lagoa Cerquinha, no município de Cidreira. Dentro do apresentado e da grande diversidade de peixes que encontramos neste sistema e por ser impossível aqui descreveremos as espécies mais comuns deste ambiente e que também fazem parte das características econômicas da região, listaremos algumas espécies na tabela abaixo. TABELA 02 CLASSIFICAÇÃO PEIXES ORDEM FAMÍLIA ATHERINIFORMES ATHERINOPSIDAE CHARACIFORMES ERYTHRINIDAE CHARACIFORMES CHARACIDAE CHARACIFORMES CURIMATIDAE CHARACIFORMES CHARACIDAE CHARACIFORMES CHARACIDAE CHARACIFORMES CHARACIDAE CLUPEIFORMES CYPRINODONTIFORMES ENGRAULIDAE POECILIDAE CYPRINODONTIFORMES MUGILIFORMES PERCIFORMES PERCIFORMES SILURIFORMES ANABLEPIDAE MUGILIDAE CICHLIDAE CICHLIDAE LORICARIIDAE SILURIFORMES SILURIFORMES SILURIFORMES HEPTAPTERIDAE LORIICARIDAE ARIIDAE NOME CIENTIFICO Odontesthes piquava Hoplias malabaricus Salminus hilarii Cyphocharax voga Astyanax bimaculatus Astyanax jacuhiensis NOME COMUM Peixe rei Traíra Tabarana Biru Lambari Lambari rabo amarelo Astyanax fasciatus Lambari rabo vermelho Lycengraulis grossidens Manjuba Phalloceros Barrigudinho caudimaculatus Jenynsia multidentata Barrigudinho Mugil platanus Tainha Geophagus brasiliensis Cará Crenichla lepidota Joaninha Hypostomus Cascuda escura commersoni Rhamdia quelen Jundiá Loricariichthys anus Viola Genidens genidens Bagre a) b) c) d) FOTO 19 – (a) Mugil platanus (TAINHA) – b) Geophagus brasiliensis (CARÁ) – c) Rhamdia quelen (JUNDIÁ) – d) Salminus hilarii (TABARANA) – (FOTOS: Diego Raupp). 1.5.7.2 ANFÍBIOS A comunidade de anfíbios da região apresenta dois agrupamentos distintos, o primeiro ocupando os ambientes paludosos sob influência da Floresta Atlântica e o segundo relacionado às áreas mais próximas do litoral (BRAUN & BRAUN, 1980; KWET, 1998). O primeiro seria formado por espécies habitantes de áreas fechadas (matas, córregos, pequenos riachos e poças), entre as quais podem ser citadas Hylodes meridionalis, Proceratophrys cristinae, Hyla microps, Scinax cf. rizibilis e Phyllomedusa distincta, habitantes exclusivos de áreas florestadas. H. meridionalis e P. cristinae são encontrados somente em riachos de interior de mata cobertos por vegetação, sob a qual se reproduzem. Sphaenorhynchus surdus e Hyla guentheri preferencialmente ocupam áreas de borda de mata e são bastante sensíveis a alterações ambientais. O segundo agrupamento engloba as espécies típicas de áreas abertas (campos, poças e alagados pequenos com vegetação baixa, zonas alteradas, banhados e corpos d’água formados pela chuva). Bufo ictericus, Elachistocleis bicolor, Leptodactylus ocellatus, Leptodactylus gracilis, Physalaemus cuvieri, Physalaemus gracilis, Physalaemus lisei, Hyla minuta, Hyla pulchella, Hyla sanborni,Scinax alterus e Scinax fuscovarius vivem e se reproduzem em áreas abertas com corpos d’água cercados por vegetação de pequeno porte (gramíneas, ciperáceas, umbelíferas, etc.). Elachistocleis bicolor tem hábitat fossorial mas se reproduz em poças temporárias formadas pelas chuvas. Esse também é o principal ambiente de reprodução de P. cuvieri, P. gracilis e P. lisei. As demais espécies concentram se em alagados margeados por vegetação abundante. O Rio Grande do Sul possui cerca de 100 espécies de Anuros. No Litoral Norte do Rio Grande do Sul, levando em consideração somente as regiões de dunas, florestas de restinga e as matas paludosas, existem 39 espécies de anfíbios divididas em duas ordens (WÜRDIG & FREITAS, 2009)., que serão representadas na tabela abaixo. TABELA 03 – CLASSIFICAÇÃO ANFIBIOS ORDEM FAMÍLIA GYMNOPHION CAECILIDAE A HYLIDAE ANURA LEIUPERIDA E NOME CIENTIFICO NOME COMUM Chthonerpeton indistinctum Cobra cega, Cecília Dendropsophus minutus Dendropsophus sanborni Hypsiboas faber Hypsiboas guentheri Hypsiboas pulchellus Pseudis minuta Scinax aff. alter Scinax berthae Scinax fuscovarius Perereca rajada Perereca Ferreiro, sapo martelo Perereca Perereca do banhado Rã boiadora Perereca Perereca Raspa de cuia, perereca de banheiro Perereca de banheiro Perereca nariguda Perereca verde do brejo Rã chorona Rã cachorro Rã chorona Rã Rã Scinax granulatus Scinax squalirostris Sphaenorhynchus aff surdus Physalaemus biligonigerus Physalaemus cuvieri Physalaemus gracilis Physalaemus henselii Physalaemus lisei BUFONIDAE LEPTODACT YLIDAE CYCLORAM PHIDAE BRACHYCEP HALIDAE MICROHYLI DAE Physalaemus riograndensis Pleurodema bibroni Pseudopaludicola falcipes Rhinella arenarum Rhinella dorbignyi Rhinella fernandezae Rhinella henseli Rhinella ictérica Melanophryniscus dorsalis Leptodactylus fuscus Leptodactylus gracilis Leptodactylus latinasus Leptodactylus mystacinus Leptodactylus ocellatus Limnomedusa macroglossa Odontophrynus americanus Odontophrynus maisuma Lithobates catesbeianus Haddadus binotatus Ischnocnema henselii Elachistocleis bicolor Rã Rã Rãzinha Sapo da areia Sapinho de jardim Sapinho de jardim Sapo de cruz Sapo cururu Sapinho barriga vermelha Rã assobiadora Rã listrada Rã piadora Rã de bigodes Rã crioula Rã das pedras Sapinho de jardim Sapo de enchente Rã touro Rã das matas Rã das matas Rã de barriga amarela a) b) c) FOTO 20 – A) LEPTODACTYLUS OCELLATUS (RÃ CRIOULA) – B) HYPSIBOAS FABER (SAPO MARTELO) – C) MELANOPHRYNISCUS DORSALIS Fotos retirados do site http://www.ufrgs.br/herpetologia/Anfíbios Fotógrafo Márcio Borges Martins. 1.5.7.3 RÉPTEIS A fauna de répteis da região apresenta uma riqueza média, com cerca de 40 espécies, com grande predomínio de serpentes. Há registros nos acervos de museus de várias espécies de serpentes, como coral (Micrurus frontalis), jararaca (Bothrops jararaca), boipeva (Waglerophis merremii), papa pinto (Philodryas patagoniensis), jararaca do banhado (Mastigodryas bifossatus) e cobra de capim (Liophis poecilogyrus), além de dois lagartos (Hemidactylus mabouia e Tupinambis sp), todos coletados na área de estudo. Além dessas, pode ser confirmada a presença do jacaré do papo amarelo (Caiman latirostris) em alguns banhados e rios da bacia do Tramandaí, o que aumenta a importância desses ambientes do ponto de vista da conservação da biodiversidade. Uma grande parte da fauna de répteis assinalada para a Mata Atlântica é de ampla distribuição geográfica, ocorrendo em outras formações como na Amazônia, cerrados e mesmo as caatingas. No entanto, são conhecidas várias espécies endêmicas ou com distribuição marcante na Mata Atlântica (HADDAD & ABE, 1999). No Rio Grande do Sul, a Floresta Ombrófila Densa é a que apresenta maior grau de endemismo em relação à fauna de répteis, sendo registradas cinco espécies de serpentes endêmicas desta formação, Clelia plumbea, Helicops carinicaudus, Siphlophis longicaudatus, Tropidodryas striaticeps e Uromacerina ricardinii (OLIVEIRA & DI BERNARDO, 1996). TABELA 04 – CLASSIFICAÇÃO RÉPTEIS ORDEM FAMÍLIA AMPHISBAENIA CROCODYLIA AMPHISBAENIDAE ALLIGATORIDAE CROTALINAE VIPERIDAE DIPLOGLOSSA ANGUIDAE NOME CIENTIFICO Amphisbaena darwini Amphisbaena prunicolor Anops kingii Caiman latirostris Bothrops alternatus Bothrops cotiara Bothrops jararaca Bothrops neuwiedi Ophiodes striatus Dipsas incerta Helicops carinicaudus DIPSADINAE COLUBRIDAE Helicops infraetaeniatus Liophis flavifrenatus Liophis jaegeri Liophis miliaris Liophis poecilogyrus Lystrophis dorbignyi Mastigodryas bifossatus Oxyrhopus rhombifer Phalotris lemniscatus Philodryas aestivus Philodryas arnaldoi NOME COMUM Cobra cega comum Cobra cega marrom Cobra cega de crista Jacaré papo amarelo Cruzeira Cotiara Jararaca Jararaca pintada Cobra de vidro Dormideira de árvore Cobra d´água do litoral Cobra d´água meridional Corredeira listrada Cobra d´água verde Cobra lisa Cobra de capim Nariguda Jararaca do banhado Falsa coral comum Cabeça preta Cobra cipó carenada Parelheira do mato ELAPIDAE MABUYINAE SAURIA SCINCIDAE GEKKONIDAE TEIIDAE GYMNOPHTALMIDAE EMYDIDAE TESTUDINES CHELIDAE Philodryas olfersii Philodryas patagoniensis Sibynomorphus neuwiedi Sibynomorphus ventrimaculatus Spilotes pullatus Waglerophis merremii Micrurus frontalis Micrurus coralinus Mabuya dorsivittata Hemidactylus mabouia Cnemidophorus lacertoides Teius oculatus Tupinambis sp. Pantodactylus schreibersi Trachemys dorbigni Acanthochelys spixii Phrynops hilarii Cobra cipó comum Papa pinto Dormideira cinzenta Dormideira comum Caninana preta Boipeva Cobra coral Cobra coral Scinco comum Lagartixa de parede Tiú da areia Tiú verde Lagarto de papo amarelo Lagartixa comum Tartaruga Cágado preto Cágado comum a) b) c) d) FOTO 21– A) TRACHEMYS DORBIGNI (TARTARUGA) – B) TUPINAMBIS MERIANAE (LAGARTO TEJU) – C) CAIMAN LATIROSTRIS (JACARÉ DE PAPO AMARELO) – D) PHILODRYAS PATAGONIENSIS (PAPA PINTO) – FOTOS RETIRADAS DO SITE HTTP://WWW.UFRGS.BR/HERPETOLOGIA/REPTEIS.HTM 1.5.7.4 Fotográfos Márcio Borges Martins & Marcos Di Bernardo AVES A Mata Atlântica é notável pela diversidade de sua avifauna. Além disso, aproximadamente 30% das espécies de aves que ocorrem na Mata Atlântica são endêmicas, ou seja, ocorrem somente nesta formação florestal(WÜRDIG & FREITAS, 2009).. Várias espécies de aves florestais têm nas matas costeiras do extremo nordeste do Rio Grande do Sul seu limite meridional de ocorrência, especialmente aves de florestas de planície. O desaparecimento dessas espécies mais para o sul e para oeste coincide aproximadamente com o limite de distribuição da Floresta Ombrófila Densa, configurando uma importante fronteira biogeográfica no domínio da Mata Atlântica. Várias dessas espécies são de difícil observação, sendo desconhecidas do público em geral. TABELA 05 – CLASSIFICAÇÃO AVES ORDEM ANSERIFORMES ANSERIFORMES FAMILIA ANATIDAE ANATIDAE NOME COMUM Capororoca Marreca–pé vermelho Marreca pardinha Marreca parda Marreca cricri Tachã Andorinhão–de coleira Andorinhão Beija–flor dourado Bacurau CAPRIMULGIDAE NOME CIENTIFICO Coscoroba coscoroba Amazonetta brasiliensis Anas flavirostris Anas georgica Anas versicolor Chauna torquata Streptoprocne zonaris Streptoprocne sp. Hylocharis chrysura Nyctidromus albicollis Hydropsalis torquata ANSERIFORMES ANSERIFORMES ANSERIFORMES ANSERIFORMES APODIFORMES ANATIDAE ANATIDAE ANATIDAE ANHIMIDAE APODIDAE APODIFORMES APODIFORMES CAPRIMULGIFORM ES CAPRIMULGIFORM ES CHARADRIIFORMES APODIDAE TROCHILIDAE CAPRIMULGIDAE CHARADRIIDAE Vanellus chilensis Quero quero CHARADRIIFORMES CHARADRIIFORMES JACANIDAE LARIDAE Jacana jacana Larus maculipennis CHARADRIIFORMES CHARADRIIFORMES CHARADRIIFORMES LARIDAE RYNCHOPIDAE SCOLOPACIDAE CICONIFORMES CICONIFORMES ARDEIDAE ARDEIDAE Sterna superciliaris Rynchops niger Gallinago paraguaiae Syrigma sibilatrix Ardea cocoi Jaçanã Gaivota– maria velha Trinta–réis anão Talha mar Narceja CICONIFORMES ARDEIDAE Casmerodius albus CICONIFORMES CICONIFORMES ARDEIDAE ARDEIDAE Egretta caerulea Egretta thula CICONIFORMES COLUMBIFORMES THRESKIORNITHIDAE COLUMBIDAE Plegadis chihi Columba picazuro COLUMBIFORMES COLUMBIDAE Clavaris pretiosa Bacurau tesoura Maria faceira Garça–moura ou socó grande Garça–branca– grande Garça morena Garça branca pequena Maçarico preto Asa–branca ou pombão Rola azul COLUMBIFORMES COLUMBIFORMES COLUMBIFORMES COLUMBIFORMES CORACIIFORMES COLUMBIDAE COLUMBIDAE COLUMBIDAE COLUMBIDAE ALCEDINIDAE Zenaida auriculata Columbina picui Leptotila verreauxi Leptotila rufaxilla Ceryle torquata CORACIIFORMES ALCEDINIDAE CORACIIFORMES ALCEDINIDAE CUCULIFORMES CUCULIFORMES CUCULIFORMES CUCULIFORMES FALCONIFORMES FALCONIFORMES CUCULIDAE CUCULIDAE CUCULIDAE CUCULIDAE ACCIPITRIDAE CATHARTIDAE Chloroceryle amazona Chloroceryle americana Crotophaga ani Guira guira Piaya cayana Tapera naevia Buteo magnirostris Coragyps atratus FALCONIFORMES CATHARTIDAE Cathartes aura FALCONIFORMES CATHARTIDAE FALCONIFORMES FALCONIFORMES FALCONIFORMES GRUIFORMES GRUIFORMES FALCONIDAE FALCONIDAE FALCONIDAE ARAMIDAE RALLIDAE GRUIFORMES GRUIFORMES GRUIFORMES GRUIFORMES RALLIDAE RALLIDAE RALLIDAE RALLIDAE GRUIFORMES RALLIDAE Cathartes burrovianus Caracará plancus Milvago chimachima Milvago chimango Aramus guarauna Pardirallus sanguinolentus Pardirallus nigricans Aramides ypecaha Porzana albicollis Laterallus melanophaius Gallinula chloropus PASSERIFORMES PASSERIFORMES EMBERIZIDAE EMBERIZIDAE Zonotrichia capensis Ammodramus humeralis Pomba–de bando Rolinha picuí Juriti pupu Juriti gemedeira Martim–pescador grande Martim–pescador verde Martim–pescador pequeno Anu preto Anu branco Alma de gato Saci Gavião carijó Urubu–de–cabeça preta Urubu–de–cabeça vermelha Urubu–de– cabeça–amarela Caracará Carrapateiro Chimango Carão Saracura–do– banhado Saracura sanã Saracuraçu Sanã carijó Pinto–d’ água comum Galinhola ou frango d’ água Tico tico Tico–tico–do campo PASSERIFORMES EMBERIZIDAE Donacospiza albifrons Poospiza nigrorufa Sicalis flaveola PASSERIFORMES PASSERIFORMES EMBERIZIDAE EMBERIZIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES EMBERIZIDAE EMBERIZIDAE PASSERIFORMES EMBERIZIDAE PASSERIFORMES EMBERIZIDAE PASSERIFORMES EMBERIZIDAE PASSERIFORMES EMBERIZIDAE Sicalis luteola Emberizoides herbicola Emberizoides ypiranganus Embernagra platensis Coryphospingus cucullatus Saltador similis PASSERIFORMES PASSERIFORMES EMBERIZIDAE EMBERIZIDAE Thraupis sayaca Thraupis cyanoptera PASSERIFORMES PASSERIFORMES EMBERIZIDAE EMBERIZIDAE Euphonia chlorotica Euphonia violacea PASSERIFORMES EMBERIZIDAE Coereba flaveola PASSERIFORMES PASSERIFORMES EMBERIZIDAE EMBERIZIDAE PASSERIFORMES EMBERIZIDAE PASSERIFORMES EMBERIZIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES PASSERIFORMES EMBERIZIDAE EMBERIZIDAE EMBERIZIDAE PASSERIFORMES FORMICARIIDAE Parula pitiayumi Geothlypis aequinoctialis Basileuterus culicivorus Basileuterus leucoblepharus Tangara peruviana Tangara seledon Tangara cyanocephala Thamnophilus caerulescens Tico–tico–do banhado Quem te vestiu Canário–da– terra verdadeiro Tipio Canário–do campo Canário–do brejo Sabiá–do banhado Tico–tico– rei ou cravina Trinca–ferro verdadeiro Sanhaçu cinzento Sanhaçu–de– encontro azul Fim fim Gaturama Verdadeiro Cambacica ou sebinho Mariquita Pia cobra Pula pula Pula–pula assobiador Saíra sapucaia Saíra sete cores Saíra Militar ou Farrapinho Choca–da mata PASSERIFORMES FORMICARIIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES PASSERIFORMES PASSERIFORMES FURNARIIDAE FURNARIIDAE FURNARIIDAE FURNARIIDAE PASSERIFORMES FURNARIIDAE PASSERIFORMES FURNARIIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES FURNARIIDAE FURNARIIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES FURNARIIDAE HIRUNDINIDAE PASSERIFORMES HIRUNDINIDAE PASSERIFORMES HIRUNDINIDAE PASSERIFORMES HIRUNDINIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES PASSERIFORMES PASSERIFORMES PASSERIFORMES HIRUNDINIDAE ICTERIDAE ICTERIDAE ICTERIDAE ICTERIDAE PASSERIFORMES ICTERIDAE PASSERIFORMES ICTERIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES ICTERIDAE ICTERIDAE PASSERIFORMES MIMIDAE Thamnophilus ruficapillus Furnarius rufus Synallaxis spixi Cranioleuca obsoleta Certhiaxis cinnamomea Phleocryptes melanops Limnornis curvirostris Anumbius annumbi Syndactyla rufosuperciliata Furnarius rufus Tachycineta leucorrhoa Progne tapera Choca–de boné vermelho João–de barro João teneném Arredio oliváceo Curutié Bate bico Junqueiro–de– bico curvo Cochicho Trepador quiete João de barro Andorinha–de– testa branca Andorinha–do campo Progne chalybea Andorinha– doméstica grande Notiochelidon Andorinha– cyanoleuca pequena–de casa Alopochelidon fucata Andorinha morena Agelaius thilius Sargento Paroaria coronata Cardeal Agelaius ruficapillus Garibaldi Sturnella Polícia inglesa superciliaris Pseudoleistes Chopim–do brejo guirahuro Amblyramphus Cardeal–do holosericeus banhado Oreopsar badius Asa–de telha Molothrus Vira–bosta ou bonariensis chopim Mimus saturninus Sabia–do campo PASSERIFORMES MOTACILLIDAE Anthus lutescens PASSERIFORMES PASSERIFORMES MUSCICAPIDAE MUSCICAPIDAE PASSERIFORMES MUSCICAPIDAE Turdus rufiventris Turdus amaurochalinus Polioptila dumicola PASSERIFORMES TROGLODYTIDAE PASSERIFORMES TYRANNIDAE PASSERIFORMES TYRANNIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES TYRANNIDAE TYRANNIDAE PASSERIFORMES TYRANNIDAE PASSERIFORMES TYRANNIDAE PASSERIFORMES TYRANNIDAE PASSERIFORMES TYRANNIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES TYRANNIDAE TYRANNIDAE PASSERIFORMES TYRANNIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES PASSERIFORMES TYRANNIDAE TYRANNIDAE TYRANNIDAE PASSERIFORMES TYRANNIDAE PASSERIFORMES PASSERIFORMES TYRANNIDAE TYRANNIDAE Troglodytes musculus Camptostoma obsoletum Elaenia flavogaster Elaenia obscura Serpophaga nigricans Serpophaga subcristata Pseudocolopteryx sclateri Pseudocolopteryx flaviventris Phylloscartes ventralis Phylloscartes kronei Todirostrum plumbeiceps Tolmomyias sulphurescens Xolmis cinerea Xolmis irupero Hymenops perspicillata Arundinicola leucocephala Satrapa icterophrys Machetornis rixosus Caminheiro zumbidor Sabiá–laranjeira Sabiá poca Balança–rabo–de máscara Corruíra Risadinha Guaracava–de– crista amarela Tuque João pobre Alegrinho Tricolino Amarelinho–do junco Borboletinha–do mato Maria–da restinga Tororó Bico chato de orelha preta Primavera Noivinha Viuvinha–de óculos Freirinha Suiriri pequeno Suiriri cavaleiro PASSERIFORMES PASSERIFORMES PASSERIFORMES PELECANIFORMES TYRANNIDAE TYRANNIDAE VIREONIDAE PHALACROCORACIDA E PICIDAE Pitangus sulphuratus Pitangus sulphuratus Cyclarhis gujanensis Phalacrocorax brasilianus Colaptes campestris PODICIPEDIFORME S PSITTACIFORMES PODICIPEDIDAE Podilymbus podiceps PSITTACIDAE STRIGIFORMES STRIGIDAE Myiopsitta monachus Otus choliba STRIGIFORMES STRIGIFORMES TINAMIFORMES STRIGIDAE STRIGIDAE TINAMIDAE TINAMIFORMES TINAMIDAE PICIFORMES Bubo virginianus Speotyto cunicularia Crypturellus obsoletus Nothura maculosa Bem–te vi Bem te vi Pitiguari Biguá Pica–pau–do campo Mergulhão Caturrita Corujinha–do mato Jacurutu Coruja buraqueira Inambuguaçu Perdiz ou codorna a) b) c) d) e) f) FOTO 22 – A) PASSER DOMESTICUS – PARDAL – B) SATRAPA ICTEROPHRYS SUIRIRI PEQUENO – C) TURDUS RUFIVENTRIS – SABIA LARANJEIRA – D) DACNIS CAYANA – SAÍ AZUL E)SPEOTYTO CUNICULARIA – CORUJA BURAQUEIRA – F) PAROARIA CORONATA – CARDEAL. (FOTOS: Diego Raupp). 1.5.7.5 MAMÍFEROS A fauna de mamíferos que ocorre no Rio Grande do Sul, representa aproximadamente 35% do total de mamíferos conhecidos no Brasil. São em torno de 150 espécies, algumas com ampla área de distribuição e outras com distribuição mais restrita(WÜRDIG & FREITAS, 2009). A fauna do Rio Grande do Sul sofre influencias de diversas regiões biogeográficas na porção Neotropical da América, como: Mata Atlântica, Província Patagônica, Província do Chaco e Domínio Amazônico, via região do Alto Uruguai. No Estado do Rio Grande do Sul, a fauna apresenta, uma divisão associada às regiões fitogeográficas da Planície Costeira, Serra do Sudeste, Campanha, Depressão Central e do Planalto. Na Mata Atlântica ocorrem cerca de 250 espécies de mamíferos, sendo 55 endêmicas a este bioma. A expansão da pecuária e da silvicultura, com espécies exóticas, foram fragmentando a floresta nativa, transformando a cobertura vegetal contínua num mosaico de fragmentos de tamanho médio a pequeno, isolados por grandes extensões de terras ocupadas por atividades econômicas ou degradadas e abandonadas. TABELA 6– CLASSIFICAÇÃO MAMÍFEROS ORDEM FAMILIA NOME CIENTIFICO CARNIVORA MUSTELIDAE Conepactus chinga POPULAR Zorrilho CARNIVORA CANIDAE Cerdocyon thous Graxaim do mato CARNIVORA CANIDAE Dusicyon gymnocercus Graxaim do campo CARNIVORA FELIDAE Leopardus pardalis Jaguatirica CARNIVORA FELIDAE Leopardus trigrinus Gato do mato pequeno CARNIVORA MUSTELIDAE Lontra longicaudis Lontra CARNIVORA MUSTELIDAE Galictis cuja Furão CARNIVORA MUSTELIDAE Galictis vittata Furão CARNIVORA PROCYONIDA E Nasua nasua Quati CARNIVORA PROCYONIDA E Procyon cancrivorus Mão pelada EDENTATA DASYPODIDA E Dasypus novemcinctus Tatu galinha EDENTATA MYRMECOPH Tamandua tetradactyla AGIDAE Tamandua mirim LAGOMORPH A LEPORIDAE Lepus capensis Lebre LAGOMORPH A LEPORIDAE Sylvilagus brasiliensis Tapiti MARSUPIALI A DIDELPHIDAE Didelphis albiventris Gambá de orelha branca MARSUPIALI A DIDELPHIDAE Didelphis marsupialis Gambá de orelha preta PRIMATES CEBIDAE Cebus nigritus Macaco prego PRIMATES ATELIDAE Alouatta guariba clamitans Bugio ruivo PRIMATES ATELIDAE Alouatta caraya Bugio preto RODENTIA CAPROMYID Myocastor coypus Ratão do banhado AE RODENTIA CAVIIDAE Cavia aperea Preá RODENTIA ERETHIZONTI DAE Sphiggurus villosus Ouriço cacheiro RODENTIA HIDROCHOER Hidrochoeris hidrochaeris IDAE Capivara RODENTIA CRICETIDAE Akodon nigrita Rato do mato RODENTIA CRICETIDAE Akodon montensis Rato do mato RODENTIA CRICETIDAE Akodon serrensis Rato do mato RODENTIA CRICETIDAE Bolomys lasiurus Rato do mato RODENTIA CRICETIDAE Delomys dorsalis Rato RODENTIA CRICETIDAE Delomys cf. sublineatus Rato RODENTIA CRICETIDAE Deltamys kempi Rato RODENTIA CRICETIDAE Holochilus brasiliensis Rato do junco RODENTIA CRICETIDAE Oryzomys flavescens Rato do arroz RODENTIA CRICETIDAE Oryzomys nigripes Rato do mato RODENTIA CTENOMYID AE Ctenomys flamarioni Tuco tuco RODENTIA DASYPROCTI DAE Dasyprocta azarae Cotia a) b) c) d) FOTO 23 – a) Hidrochoeris hidrochaeris – Capivara, b) Cebus nigritus – Macaco prego, c) Myocastor coypus – Ratão do banhado, d) Cerdocyon thous – Graxaim do mato . (FOTOS: arquivo pessoal DIEGO RAUPP). 1.5.8 DISPONIBILIDADE HÍDRICA O sistema hídrico possui uma importante comunicação com o mar, a Barra do Tramandaí, que determina o sentido predominante de escoamentos dos cursos d’água localizados ao norte e ao sul da mesma barra. Esse sistema apresenta nitidamente dois subsistemas hidrográficos distintos: o subsistema norte, compreendido entre a Lagoa de Itapeva e a Laguna de Tramandaí, e o subsistema sul, que se inicia na Lagoa da Cerquinha e deságua na Laguna de Tramandaí. Essa lagoa constitui se no canal natural do sistema Litoral Norte, e interliga se com o Oceano Atlântico através da Barra do Rio Tramandaí. Os principais cursos d’água do sistema hídrico da região são o Rio Três Forquilhas afluentes da Lagoa Itapeva e o Rio Maquine afluentes da Lagoa dos Quadros ambos têm suas nascentes na Serra Geral em altitudes superiores a 900 m e foz na Planície Costeira, junto ao sistema lacunar. As duas principais lagoas onde ocorre praticamente toda a contribuição são a Lagoa Itapeva e a Lagoa dos Quadros, as quais possuem 93 % da contribuição. Dessa forma, pode se dizer que o subsistema norte é considerado o sistema dominante do escoamento na região. Características fundamentais da região, do ponto de vista hidrográfico: a influência oceânica se faz presente de forma marcante, com a intrusão de água salgada do mar interferindo sobre várias Lagoas: Armazém Tramandaí, Custódias e Gentil. A ocorrência de ventos que represam a água doce das lagoas inclusive causa sérios problemas ao atendimento das demandas hídricas; dois cenários hidrográficos estão presentes: nas suas porções baixas um complexo lacunar interligado com dinâmica peculiar e, nas porções altas, duas sub bacias formadas por rios torrenciais, que alimentam as lagoas. MAPA 05 MAPA RECURSOS HIDRICOS 1.5.9 SISTEMAS AQUÍFEROS Aquífero Costeiro Livre Águas levemente ácidas a neutras, com teor médio de sais dissolvidos de 181,3 mg/l, cloretos variando entre 12 e 41 mg/l, dureza entre 24 e 196 mg/l CaCO3 (média de 83,4 mg/l CaCO3) o que classifica as águas como pouco duras a duras. Os cátions predominantes são o Ca2+ e o Na+, enquanto que como ânions predominam o HCO3 e o Cl . Pelas suas características, as águas deste sistema aquífero são condizentes com águas de baixa mineralização, predominando os tipos bicabornatadas cálcicas, sugerindo águas com baixo tempo de residência, função da excelente permeabilidade e transmissividade do aquífero. Aquífero Costeiro Confinado Águas com pH variando entre 7,28 e 8,5 (média de 7,66). Os teores de sais totais dissolvidos oscilam entre 198 e 1840 mg/l, sendo a média de 500,3 mg/l. Quanto à dureza, as águas apresentam um valor médio de 154,8 mg/l CaCO3, classificando as como duras. Os cátions predominantes são o Na+ e o Ca+2, os ânions mais comuns são o HCO3 e o Cl . A concentração de cloretos variam de 22 a 1310 mg/l, com média de 176,68 mg/l. As águas de este sistema aquífero podem ser classificadas em relação ao seu tipo hidro geoquímico como cloretadas sódicas (50%), bicabornatadas sódicas (25%), bicabornatadas cálcicas (20%) e sulfatada mista (5%). Aquífero Botucatu O pH varia de 6,9 a 8,4 com média de 7,51.Os teores de sais dissolvidos vão de 123 a 323 mg/l, sendo a média de 219,6 mg/l. A concentração do ânion fluoreto varia de 0 a 1,1mg/l, com média de 0,32 mg/l. A classificação hidro química para este sistema aquífero revela águas bicabornatadas mistas, cálcicas e sódicas e águas sulfatadas sódicas. Aquífero Serra Geral Os dados físico químicos deste sistema aquífero englobam a variação Serra Geral–a e Serra Geral–b. As águas são levemente alcalinas com pH variando entre 6,9 e 8. O teor médio de sais totais dissolvidos é de 205 mg/l, condizente com aquíferos de meio fraturado. A dureza está entre 56 e 193 mg/l (média de 102,14 mg/l CaCO3), o que classifica as águas como pouco duras a duras. A classificação hidro química mostra uma água bicabornatada cálcica e outra sulfatada cálcica. As águas do aquífero costeiro livre se enquadraram nos tipos C1 S1(salinidade baixa fracamente sódicas), C3 S1(alta salinidade fracamente sódica) e C4 S1 (salinidade muito alta fracamente sódica). As do primeiro tipo, C1 S1 não apresentam risco de sódio nem de salinidade. As do tipo C3 S1 e C4 S1 apresentam baixo risco de sódio, mas alto risco de salinidade, devendo se evitar o uso destas para irrigação. As águas do aquífero costeiro confinado foram classificadas como C2 S1(salinidade média fracamente sódicas), C3 S1(alta salinidade fracamente sódicas), C3 S2 (alta salinidade medianamente sódicas) e C5 S1(salinidade extremamente alta fracamente sódicas). Somente as do tipo C2 S1 podem ser utilizadas para irrigação, as demais apresentam um teor salino exagerado. O aquífero Botucatu apresentou águas classificadas como C1 S1(salinidade baixa fracamente sódicas), C2 S1 (salinidade média fracamente sódicas), e C4 S1 (salinidade muito alta fracamente sódica) (Gráfico 5.4.18). Somente as do tipo C1 S1 devem ser utilizadas para irrigação, porque apresentam baixa salinidade e risco de sódio. Os demais tipos possuem risco de salinidade alto e muito alto. De um modo geral, as águas do Sistema Aquífero Serra Geral não apresentam restrição quanto a sua utilização na irrigação. Nesta avaliação, as duas amostras disponíveis pertencem às classes C1 S1 (salinidade baixa fracamente sódicas) e C2 S1 (salinidade média fracamente sódicas). Estas classes, de baixo risco de salinidade e de sódio, permitem afirmar que na área as águas do aquífero Serra Geral provavelmente não terão problemas para irrigação. 1.5.10 VAZÃO ECOLÓGICA A vazão ecológica é muitas vezes referida como a vazão residual (ou remanescente) ou vazão mínima para a proteção ambiental a ser conservada em um curso d’água. No entanto, ela deve ser considerada como a “vazão necessária para que sejam preservadas as condições de ‘pulso hidrológico’, transporte de sedimentos e nutrientes, sincronicidade com o ciclo de vida das espécies silvestres da fauna e da flora e a taxa de perturbações necessárias à renovação e funcionamento dos ecossistemas associados ao curso de água” (Cruz, 2000). A flora e a fauna dos ecossistemas aquáticos apresentam inúmeras características relacionadas com o regime hidrológico dos grandes rios, áreas alagadas e de várzeas. O regime hidrológico tem condições altamente flutuantes, produzindo se pulsos de frequência e magnitude variadas. Estes pulsos apresentam períodos de inundação e seca produzindo grandes alterações na estrutura e funcionamento das comunidades aquáticas. Lagoa dos Quadros FOTO 24 LAGOA DOS QUADROS. (Foto: Diego Raupp) As cargas que alcançam a Lagoa dos Quadros são, principalmente, originárias da criação de animais e dos efluentes domésticos de parte dos municípios do entorno da lagoa, ou seja, Capão da Canoa, Terra de Areia, Maquine e Xangri lá. Dentre os corpos d’água da bacia, a Lagoa dos Quadros é um dos que recebe maior carga orgânica, ficando atrás apenas das lagoas Itapeva e Marcelino nos meses de março a novembro e da Lagoa Armazém/Tramandaí nos meses de dezembro a fevereiro. Nos meses em que ocorre veraneio (dezembro a fevereiro) a carga afluente à Lagoa dos Quadros é cinco vezes maior do que nos demais meses do ano o que se explica pelo aumento considerável da população nos municípios da orla marítima entre os quais se incluem Capão da Canoa e Xangri lá, às margens da Lagoa dos Quadros. A Lagoa dos Quadros apresenta boas condições de depurar as cargas orgânicas afluentes, mesmo as do período de veraneio, mantendo se sob condições aeróbias. Essa capacidade de depuração deve se, muito provavelmente, ao grande volume de água da lagoa, a sua reduzida profundidade, a sua extensa área superficial e aos ventos frequentes na região que, juntos, favorecem a incorporação de oxigênio na água, favorecendo a depuração da carga orgânica recebida e mantendo as condições aeróbias do meio líquido. Rio dos Cornélios FOTO 25 RIO DOS CORNÉLIOS. (Foto: Diego Raupp). O Rio dos Cornélios, ligação entre as lagoas de Itapeva e dos Quadros, recebe carga orgânica proveniente de parte das zonas rurais de Capão da Canoa e Maquine. O maior percentual de carga tem origem na criação de animais (82% a 73%) sendo que nos meses de dezembro a fevereiro, cerca de 17% da carga tem origem nos efluentes domésticos das referidas zonas rurais. O Rio dos Cornélios deve receber também parte da carga orgânica da Lagoa de Itapeva, embora reduzida. Não há monitoramento da qualidade da água do Rio dos Cornélios, de forma que para estabelecer uma relação entre qualidade e carga recebida considere se, conservadoramente, que a carga orgânica total, sem sofrer depuração, alcance a foz do Rio dos Cornélios. Para as vazões de permanência Q90 e Q95 1, as concentrações de matéria orgânica medida em termos de DBO seriam inferiores a 1,0 mg/L compatíveis, portanto, à Classe 1 de qualidade conforme Resolução CONAMA No 20/1986. Lagoa de Itapeva Das cargas orgânicas afluentes à Lagoa Itapeva, de 60% a 70%, dependendo do período do ano, são originárias da criação de animais e 20% a 30% são decorrentes dos efluentes domésticos. Essas cargas são geradas nas zonas rurais dos municípios que circundam a lagoa: Torres, Arroio do Sal, Três Cachoeiras e Terra de Areia. A variação da carga afluente nos dois períodos do ano considerados é pequena, mantendo se praticamente igual tendo em vista que a maior parte da contribuição é de origem animal e que o número de cabeças por rebanho se mantém durante o ano. Dentre os mananciais superficiais avaliados, a Lagoa de Itapeva representa o que recebe a maior carga orgânica no período de março a novembro. No período de veraneio, com o aumento da população nos municípios da orla marítima, quatro corpos d’água recebem carga orgânica maior do que a Lagoa de Itapeva, a saber: lagoas Tramandaí/Armazém, dos Quadros, Marcelino Ramos e Estuário do Rio Tramandaí. A elevada carga orgânica de origem humana e animal recebida por esse corpo hídrico é responsável pelo elevado número de Coliformes Fecais, conferindo à lagoa Classe 2. Quanto à concentração de DBO na lagoa, está é característica de águas Classe 1 podendo se inferir que o manancial apresenta boas condições de depuração mesmo para as elevadas cargas orgânicas que recebe. Vale ressaltar que o potencial problema de qualidade da água da Lagoa de Itapeva tem difícil solução, uma vez que a sua piora na qualidade da água (em que pese Classe 2 para as águas doces não se configurar em baixo nível de qualidade), está associada a fontes difusas de lançamento de carga poluidora (criação de animais). Medidas cabíveis para a melhoria de sua situação de qualidade talvez se restrinjam a criação de áreas de proteção, visto que o tratamento dos dejetos animais é extremamente dispendioso. Rio Três Forquilhas A porção mais “alta” do Rio Três Forquilhas recebe carga orgânica elevada em comparação aos demais corpos hídricos avaliados. Essas cargas têm origem principal (86% a 82%) na criação de animais que ocorrem parte nas zonas rurais dos municípios de Itati, Três Forquilhas e São Francisco de Paula. Secundariamente, em termos de percentual de participação, as cargas provêm dos efluentes domésticos (13% a 19%) gerados na mesma zona. A variação de carga entre os períodos avaliados é pouco significante tendo em vista que engloba municípios sem atividades ligadas ao veraneio devido à distância da orla marítima. Considerando se apenas o efeito de diluição da carga estimada, em alguns meses do ano a qualidade do Alto Rio Três Forquilhas seria de Classe 3 em relação à concentração de DBO. No entanto, há de se considerar a elevada capacidade de depuração que cursos d’água como o Rio Três Forquilhas apresentam devido às grandes declividades de seus leitos o que proporciona a incorporação de oxigênio atmosférico na massa líquida favorecendo a depuração natural. Dessa forma, a porção mais “alta” do Rio Três Forquilhas deve apresentar características de qualidade superiores à Classe 3. Além disso, parte dessa carga orgânica é lançada em afluentes do Rio Três Forquilhas e, quando alcança esse curso d’água, já passou por um processo natural de pré depuração sendo, portanto, reduzida. Na porção mais baixa do Rio Três Forquilhas, as cargas afluentes são muito menores do que as recebidas pelo Alto Rio Três Forquilhas. Há de se considerar, no entanto, a possibilidade de parte da carga lançada na porção mais elevada do Rio Três Forquilhas atingir o Baixo Rio Três Forquilhas, embora muito reduzida. As cargas orgânicas que atingem a porção mais baixa do Rio Três Forquilhas têm origem nos municípios de Três Forquilhas e Itati e provêm principalmente dos efluentes da criação de animais (69% a 56%) e, secundariamente dos efluentes domésticos (29% a 44%). Considerando se, conservadoramente, que toda carga orgânica estimada para o Baixo Rio Três Forquilhas alcançasse a foz do mesmo e que as cargas lançadas em sua porção mais alta não atingissem sua foz, por diluição da carga na vazão Q90 da foz do Rio Três Forquilhas, haveria meses em que, nesse ponto, a qualidade da água em relação à concentração de DBO seria Classe 2. Há de se considerar, no entanto, a capacidade de autodepuração desse corpo d‘água o que, provavelmente, deve fazer com que a qualidade da água nesse trecho do Rio Três Forquilhas seja superior à Classe 2. Caso o monitoramento que deverá ser sugerido para o Rio três Forquilhas indique a presença de águas de Classe 2, a situação de qualidade da água da Lagoa Itapeva poderia estar sendo influenciada pela afluência das águas do Rio Três Forquilhas. 1.6 IMPACTOS AMBIENTAIS De acordo com Santos, é possível inferir que a dinâmica do ambiente natural do ambiente local concorre para a redução dos seus recursos hídricos superficiais, tendo se em conta especialmente a crescente colmatagem dos ecossistemas lacustres dominantes na área e os riscos de salinização oriundos da influência do setor estuarino. Por outro lado, as limitações impostas pela ocorrência de inundações e de estiagens, que se intercalam em decorrência de condicionantes climáticos e topográficos, também representam fatores não negligenciáveis na análise dos recursos hídricos do sistema em foco, especialmente em face das particularidades dos solos da área. A complexidade deste quadro tende a ser agravada pelas atividades antrópicas que nele se destacam, uma vez que a disponibilidade quali quantitativa dos corpos de água é uma resultante da interação sociedade natureza. O entendimento das causas que motivaram a formação das comunidades e a evolução das mesmas, com destaque para as suas demandas presentes e seus possíveis efeitos na dinâmica hidrológica, representam, assim, etapas importantes para o diagnóstico do cenário atual, prognose do cenário futuro e definição de estratégias necessárias à conservação dos recursos hídricos. De acordo com Santos, estudos anteriores e o levantamento das atuais condições ambientais demonstram que os problemas dos recursos hídricos da área estudada abrangem tanto questões ligadas à quantidade quanto à qualidade. Os principais usos da água na área estão ligados basicamente ao abastecimento público, ao lançamento de esgoto e resíduos sólidos, à dessedentação de animais e à irrigação. Outros usos contemplados pela Resolução n.º 20/86, do CONAMA, como preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e aquicultura, ainda que tenham sido sugeridos como propostas de utilização nos ecossistemas lacustres da área, como consta no trabalho do Ministério do Interior (1982), não aparecem como usos preponderantes. A utilização sem controle de fertilizantes também representa um problema potencial na área em questão, uma vez que concorre para a aceleração do processo de enriquecimento biológico dos corpos de água, especialmente os lacustres. A este respeito, Yudelman (1992, p.87) alerta para a “... a degradação de habitats naturais insubstituíveis ...”, quando aborda a influência da irrigação na qualidade da água dos ecossistemas aquáticos. Segundo este autor, o uso cada vez mais acentuado de adubos químicos tem provocado à contaminação de aquíferos e águas superficiais, o que compromete outros usos deste bem, como a pesca e o abastecimento público. Como já foi mencionado, nas sub bacias estudadas não há controle no uso de adubos e, muito menos, de seus possíveis efeitos na qualidade da água. Não se pode esquecer de que, associada à poluição oriunda das atividades agrárias, existe a utilização dos recursos hídricos para o lançamento do esgoto doméstico in natura. A Resolução do CONAMA n o 20/86 não permite o abastecimento público sem prévia desinfecção da água que registre qualquer presença de coliformes totais. Na área estudada não existe um monitoramento sistemático das fontes drenadas, dos poços artesianos ou das águas superficiais que são utilizadas para o abastecimento da população. Além disto, a mesma Resolução adverte, no seu art. 4 o , letra f, que “ ... As águas utilizadas para a irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas que se desenvolvam rentes ao solo e que são consumidas cruas, ..., não devem ser poluídas por excrementos humanos ...” Sabe se que, no contexto estudado, a irrigação das oleícolas é feita pela água captada diretamente dos rios e arroios ou dos reservatórios artificiais, os quais são passíveis de contaminação pelas águas de escoamento superficial. As áreas de cabeceiras de drenagem, bem como os sistemas lacustres ocupados preponderantemente por lavouras e pastagens não figuram, à primeira vista, como uma preocupação que deva ser considerada por todos os municípios e, em especial, pelos situados na parte baixa da bacia. Na área de estudo é possível verificar o impacto provocado pelos sistemas agrários. A cultura da banana, desenvolvida em pequenas propriedades, se expande de forma implacável nas encostas anteriormente ocupadas pela Floresta Atlântica. A substituição da floresta pela bananicultura tem como efeito imediato a perda de diversidade biológica e a proliferação de pragas. Isto decorre basicamente do caráter de monocultura impresso a este cultivo, que tem ocupado extensões contínuas da encosta planáltica, e do uso indiscriminado de agrotóxicos. Desta maneira, a perda do patrimônio natural representado pela floresta é bastante discutível no âmbito de um sistema produtivo que se configura imprevidente e antieconômico em várias propriedades inseridas no contexto estudado. Quanto à rizicultura, responsável pela maior rentabilidade econômica da região, verificou se que sua expansão ultrapassa o permitido pela lei, ocupando inclusive áreas consideradas de preservação permanente como as dominadas originalmente pelas matas ciliares e áreas úmidas. Em síntese, o quadro acima expõe uma economia que se fundamenta num modelo agrícola ainda muito tradicional, subordinado à utilização de agroquímicos e que é decididamente discutível em termos de sustentabilidade. Isto se verifica na crescente dificuldade do controle efetivo das pragas nos cultivos, nos baixos preços pagos aos produtores e na degradação do ambiente natural, o que contribui para a formação de um cenário vulnerável às constantes flutuações da economia e incompatível com as novas regras de mercado internacional definidas pela Iso 14.000. Conforme já foi colocado, as atividades agrárias dominantes neste espaço caracterizam se pelo uso sem controle de adubos e agrotóxicos, apesar dos esforços dos técnicos da EMATER da região de reverter este quadro. Faltam cuidados com a limpeza, a desinfecção e o destino final das embalagens dos agrotóxicos e ainda existe a ocorrência de contaminações por agrotóxicos. Pelo que se constatou, os conflitos de uso da água e do solo estão ligados principalmente: 1. Abastecimento público x lançamento de esgoto; 2. Abastecimento público x poluição por agroquímicos; 3 Irrigação x lançamentos de esgoto 4 Irrigação x poluição por agroquímicos 5 Dessedentação de animais x lançamentos de esgoto 6 Dessedentação de animais x poluição por agroquímicos 7 Agricultura x desmatamentos 8 Agricultura x drenagem de banhados 9 Agricultura x uso de agroquímicos e adubo químico 10 Agricultura x assoreamento de rios e lagoas 1.6.1 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS FATORES DO AMBIENTE SÓCIO FÍSICO BIÓTICO x x x x x x SAÚDE PÚBLICA FAUNA x PATRIMÔNIO VEGETAÇÃO AR SOLO ÁGUA SUPERFICIAL SUBSOLO ATIVIDADES SÓCIO ECONÔMICAS PATRIMÔNIO HISTORICO CULTURAL ECONÔMICO 1. OCUPAÇÃO E USO DE RECURSOS NATURAIS 1. Exploração seletiva da floresta (extrativismo) 2. Corte raso da floresta (vegetação arbórea e x arbustiva) x 3. Caça e Pesca x 4. Agricultura (inclui a drenagem) x x x x 5. Exploração mineral x x x x x x x 6. Aproveitamento hidráulico (irrigação, drenagem, hidrelétricas) 7. Ocupação territorial urbana, industrial e de x circulação (estradas) x x 2. DEPOSIÇÃO DE SOBRAS E RESIDUOS Área 1. Lixo doméstico x x 2. Efluentes cloacais domésticos x x x x Urbana x 3. Resíduos sólidos industriais e comerciais 4. Efluentes líquidos industriais e comerciais x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 5. Emissões aéreas industriais e comerciais 6. Resíduos hospitalares 7. Emissões aéreas urbanas Área 1. Resíduos de mineração Rural 2. Resíduos sólidos de agropecuária (embalagem) 3. Resíduos líquidos de agropecuária (agrotóxico) 4. Efluentes cloacais de criações x banhados média Redução de área média Fiscalização 4.Irrigação alta de hídrica Disponibilida disperso reversível 3.Esgoto alta água Análise da disperso reversível permanente negativo alta água Análise da disperso reversível permanente negativo contínuo alta água Análise da consumo Alto disperso reversível permanente negativo contínuo 1.Uso de permanente negativo contínuo l Zona rural Magnitude Dispersos Local Irreversível Reversível Permanente Temporário Negativo Positivo ocorrência Período de Localização IMPACTO Fiscalização; disperso de disperso Drenagem irreversível 6. irreversível ento permanente Desmatam permanente 5. negativo controle negativo sem contínuo criações esporádico cloacal de esporádico doméstico Urbano/Rura cloacal Zona rural 2.Esgoto Zona rural os Zona rural agroquímic Zona rural 1.6.2 CARACTERIZAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS CARACTERISTICAS Indicadores disperso reversível permanente sólidos negativo resíduos Contínuo de Urbano/Rural Disposição alta média voçorocas to e Assoreamen Ocupação de APP ão média alta 10. Sem aterro sanitário disperso disperso irreversível l reversíve permanente rio temporá negativo negativo mo rural Zona 9.Extrativis esporádico da do solo co desordena esporádi o Urbano/Rural 8.Ocupaçã Fiscalizaç disperso reversível permanente negativo solo contínuo perda do Zona rural 7. Erosão e Por ser um Município que margeia a Rodovia Federal BR 101, além de estar inserido na poligonal da Mata Atlântica, com um ecossistema muito frágil, devido a banhados, lagoas, morros e uma agricultura bastante diversificada, diversos são os impactos ambientais causados pelas diferentes atividades desenvolvidas pela população. Entre os impactos ambientais mais significativos, identificam se aqueles ligados a agricultura: uso indiscriminado de defensivos agrícolas; destino incorreto de embalagens vazias de defensivos agrícolas; lançamento de esgoto cloacal de residências e indústrias em cursos d’água; irrigação sem controle nas lavouras de arroz; desmatamento. Também os impactos ambientais causados pela população urbana, tais como destino incorreto de resíduos sólidos industriais e esgoto sanitário com destino final inadequado. 1.6.3 DETALHAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 1.6.3.1 EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTÓXICOS Este problema ambiental é de longa data, em função da maior área do Município pertencer à agricultura, com a consequente aplicação de defensivos agrícolas. Embora o Município tenha um comércio de defensivos, bastante forte, e o uso dos mesmos, pelos agricultores, bastante intenso, ainda não dispõe de um local apropriado para recolhimento das embalagens vazias. Atualmente as embalagens vazias de agrotóxicos são depositadas a céu aberto em margens de córregos, próximos aos galpões nas propriedades ou ainda lateralmente as lavouras. Uma minoria pratica a recomendação da tríplice lavagem e armazenagem acondicionada em local protegido. 1.6.3.2 ESGOTAMENTO SANITÁRIO – DOMÉSTICO E CRIAÇÃO ANIMAL O Município, possui uma área considerável, com a população predominantemente rural, envolvendo várias comunidades, distantes uma das outras. Atualmente o esgotamento sanitário é feito através do uso de fossas sépticas e sumidouro. Pela topografia plana da área urbana e a saturação rápida do solo próximo ao sumidouro, ocorrem situações de ligação do esgoto cloacal, ao esgoto pluvial da cidade. 1.6.3.3 ASSOREAMENTO DE CURSOS D’ÁGUA Os rios de maior extensão na área do Município e que possuem suas nascentes em altitudes mais elevadas, possuem a característica de que os seus seixos sejam transportados com facilidade após intensas precipitações pluviométricas e se acumulem em determinados pontos, causando o assoreamento dos mesmos. Este promove o desvio das águas, invadindo áreas que margeiam esses cursos, promovendo alagamentos e destruição de estradas, pontes e lavouras, além da erosão lateral. FOTO 26 DEPOSIÇÃO DE LIXO DA MARGEM DA LAGOA DOS QUADROS (foto: Diego Raupp) 1.6.3.4 DESMATAMENTO DE MATAS CILIARES Com o aumento nas áreas de produção, o homem foi cada vez mais degradando o solo, desmatando e se aproximando dos cursos d’água. Esses procedimentos tornaram as margens dos cursos d’água susceptíveis a erosão, facilitando o desvio das águas e favorecendo o assoreamento. 1.6.3.5 DEPÓSITOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS O município de Terra de Areia, proporcionou um acúmulo de comércio e serviços destinados ao transporte de cargas, através de oficinas mecânicas, comércio e troca de pneus, fábrica de carrocerias, além de outros empreendimentos como fábricas de móveis e esquadrias. Atualmente os resíduos sólidos destes empreendimentos, não tem uma destinação objetiva e planejada. Alguns são recolhidos juntamente com os resíduos sólidos domésticos, outros com destinação precária em nível de preservação do meio ambiente e outros ainda, clandestinos. 1.6.3.6 EXTRAÇÃO DE AREIA A extração de areia, mesmo que com licenciamentos ambientais, promoveu no município danos ambientais consideráveis, devido ao não cumprimento das condições e restrições impostas pelos órgãos ambientais licenciadores. FOTO 27 JAZIDA DE AREIA ABANDONADA (foto: Diego Raupp) 2. ZONEAMENTO DA APA Conforme definição do IBAMA, Zoneamento constitui se no instrumento que estabelece a ordenação do território da APA e suas normas de ocupação e uso do solo e dos recursos naturais. Buscando organizar o espaço em áreas com graus diferenciados de proteção. Objetiva estabelecer distintos tipos e intensidades de ocupação e uso do solo e dos recursos naturais, através da definição de um conjunto de zonas ambientais com seu respectivo corpo normativo. Através das peculiaridades ambientais da região planejar o desenvolvimento futuro da APA. Partindo destes conceitos, foi elaborado um Zoneamento Ecológico e Econômico buscando atender às necessidades de conservação dos recursos naturais da APA Terra de Areia , objetivando o manejo sustentado dos recursos e a proteção de aspectos importantes. Fatores de natureza legal, social ou ambiental orientaram a elaboração do zoneamento. Entre os parâmetros legais observados tem destaque à legislação referente ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o Código Florestal, a Resolução nº 303/02 do Conama e a Resolução nº 10/88 do CONAMA, as diretrizes Ambientais para o desenvolvimento dos municípios do Litoral Norte, documento elaborado pela FEPAM, 2000. A Resolução CONAMA nº 13/90 estabelece um raio de 10 km como área de influência regional do território da APA, na qual o órgão ambiental competente deverá efetuar o licenciamento ambiental observando qualquer atividade que possa afetar a biota da APA. Observados estes aspectos legais, são os fatores ambientais e sociais que determinarão a identificação das áreas homogêneas da APA, ou seja, a divisão do território da APA em parcelas com peculiaridades ambientais e condições de ocupação similares, chamadas de Zonas. Para o desenvolvimento dos trabalhos de zoneamento foram utilizadas as bases cartográficas da APA e os dados do diagnóstico ambiental apresentados pelos mapas elaborados através do cruzamento dos dados diagnosticados. Foram utilizados os seguintes mapas: Recursos Hídricos; Ecossistemas; Geologia e geomorfologia; 2.1. DEFINIÇÃO DAS ZONAS O zoneamento proposto para a área da APA e dividido em 6 zonas, conforme descritas a seguir e apresentado no Mapa de Zoneamento em anexo. Zona de Proteção– ZP Zona que compreende as áreas de preservação permanente, tais como a Lagoa dos Quadros, Rios e as áreas de ocorrência da Floresta Ombrófila Densa, Mata paludosa e Parque Natural do Espigão e do Arroio Bonito bem como o Parque Municipal. Zona de Uso Agropecuário ZUA Zona que compreende as áreas de vegetação de banhado e áreas úmidas, onde ocorre a intensa atividade agropecuária. Zona de uso sustentável ZUS Composta por vales e encostas da serra que atuam como corredores entre as bacias hidrográficas, proporcionando áreas de alimentação, refúgio e deslocamento de espécies vegetais e animais. Zona Corredor – ZC Zona ao longo das estradas municipais do Ressaco, Linha Becker, Sanga Funda, dos Muller e do Arroio Bonito que apresenta ocorrência de patrimônio cultural representativo, que poderão ser utilizadas como instrumentos de regularização fundiária. Apresenta também ocorrência de habitações unifamiliares e indústrias de pequeno porte. Zona de Ocupação Urbana ZOU Zona de ocupação urbana compreendendo as zonas AM2, AM3, AM4, AEII, ECI1, ECI2, ZEIS com seus padrões definidos pelo PDDUA Zona Faixa de Domínio da Rodovia – ZFDR Compreende a faixa de domínio da BR 101. 2.2. TABELAS INDIVIDUAIS DE ZONEAMENTO A seguir são apresentadas as zonas e suas características na APA Terra de Areia. Foram elaboradas tabelas específicas para cada zona as quais podem ser visualizadas no Mapa de Zoneamento que acompanha este documento. Estas tabelas servirão como base para as ações de gestão a serem implantadas na área e contemplam: • Caracterização; • Usos; • Diretrizes/atividades incentivadas; • Atividades proibidas. TABELA 07 ZONEAMENTO DA APA TERRA DE AREIA NOME DA ZONA ZONA DE PROTEÇÃO Sigla ZP ÁREA (M2) % na APA 26.903.274,40 41,38% ZONA DE USO AGROPECUÁRIO ZUA 17.594.689 27,06% Zona Corredor ZONA DE USO SUSTENTÁVEL Zona de ocupação urbana Zona dominio BR-101 ZP ZUS 5146267,72 10294838,82 7,92% 15,84% ZOU ZFDR 4.860.496,77 209.722,20 7,48% 0,32% MAPA 05 ZONEAMENTO DA APA CARACTERIZAÇÃO Zona que compreende as Areas de preservação permanente, tais como a Lagoa dos Quadros, Rios e as áreas de ocorrência da Floresta Ombrófila Densa, Mata paludosa e Parque Natural do Espigão e do Arroio Bonito bem como o Parque Municipal USOS Atividades primárias, extrativas, comércio e serviços, pequenas industrias vinculadas a produção rural, habitação e sitios de lazer, compativeis com a proteção ambiental diretrizes - atividades incentivadas manutenção dos ecossistemas e recuperação de áreas degradadas, estimulo a educação ambiental, pesquisa científica. ATIVIDADES PROIBIDAS Mineração, caça, corte de vegetação em área de APP, lançamento de efluentes em rios e arroios sem tratamento, implantação de industrias de médio e alto potencial poluidor. ZP ZONA DE PROTEÇÃO USOS Propostas para o desenvolvimento compatibilizado de atividades primárias, extrativas, comércio e serviços, pequenas indústrias vinculadas à produção rural, bem como para a localização de habitação e sítios de lazer, sempre compatibilizada com a proteção ambiental. CARACTERIZAÇÃO Zona que compreende as áreas de vegetação de banhado e áreas úmidas, onde ocorre a intensa atividade agropecuária. Manutenção da hidrodinâmica natural e do balanço de sedimentos, estimulo de atividades de agropecuária, lazer, recreação, turismo; manejo adequado do solo agrícola e controle da expansão urbana diretrizes - atividades incentivadas Mineração,corte de vegetação em área de APP; corte de vegetação sem licença, uso de agrotoxicos, fungicidas e pesticidas proibidos no RS, lançamento de efluentes em rios e arroios sem prévio tratamento, Atividades proibidas ZUA ZONA DE USO AGROPECUÁRIO USOS diretrizes - atividades incentivadas Zona ao longo das estradas municipais Atividades ligadas ao patrimônio Implantar sistema de tratamento de do Ressaco, Linha Becker, Sanga Funda, cultural e artistico, propostas de efluentes liquidos, capacitar a dos Muller e do Arroio Bonito que implantação de habitação por meio de comunidade em aspectos ambientais apresenta instrumentos de regularização e para o recebimento de visitantes. ocorrência de patrimônio cultural fundiária na área ao longo da estrada Incentivo a criação de equipamentos representativo, que poderão ser do Ressaco e da Linha Becker. São de apoio turistico, tais como cafés utilizadas como instrumentos de espaços definidos pelas Vias de coloniais, restaurantes, paradouros, regularização fundiária. Apresenta Transição dentro dos limites da Zona pousadas, hotéis, museu, tambem ocorrência de habitações Urbana de Expansão - ZUE é a faixa observatório de fauna e flora. if ili i d ti d it d l d t d d CARACTERIZAÇÃO Criação de abelhas, aves, suinos, animais de médio porte acima de 5ha, tratamento e destinação de residuos solidos, extração de minerais não metálicos, industria de papel acima de 250ha, industria de couros, industrias acima de 250ha, industria de fumo, depositos de materiais inflamáveis, t d i tit i l ATIVIDADES PROIBIDAS ZC ZONA CORREDOR USOS Propostas para o desenvolvimento compatibilizado de atividades primárias, extrativas e serviços de apoio, associados habitação unifamiliar, conciliando a proteção da flora, da fauna e dos demais elementos naturais, sendo o uso para localização de empreendimentos turísticos e de habitações coletivas somente admitidas através de Projetos Especiais CARACTERIZAÇÃO Composta por vales e encostas da serra que atuam como corredores entre as bacias hidrogáficas, proporcionando áreas de alimentação, refúgio e deslocamento de espécies vegetais e animais. diretrizes - atividades incentivadas Manutenção das áreas de preservação e definir microzoneamento agricola por propriedade. Estimulo do plantio de espécies nativas e a produção de espécies vegetais nativas de manejo sustentavel. Tratamento e destinação de resíduos solidos, industrias, matadouro. Atividades proibidas ZUS ZONA DE USO SUSTENTÁVEL USOS Usos de acordo com os padrões urbanisticos definidos do PDDUA CARACTERIZAÇÃO Zona de ocupação urbana compreendendo as zonas AM2, AM3, AM4, AEII, ECI1, ECI2, ZEIS com seus padrões definidos pelo PDDUA Implantar sistema de tratamento de efluentes liquidos, capacitar a comunidade em aspectos ambientais e para o recebimento de visitantes diretrizes - atividades incentivadas Mineração, caça, corte de vegetação em área de APP, lançamento de efluentes em rios e arroios sem tratamento, implantação de industrias de médio e alto potencial poluidor. Atividades proibidas ZOU ZONA DE OCUPAÇÃO URBANA Compreende a faixa de domínio da BR-101 CARACTERIZAÇÃO diretrizes - atividades incentivadas Construções de hotéis e Mapear os atrativos turisticos e restaurantes e demais montar roteiros; implantar estruturas de aopio ao sistema de sinalização autoturismo; implantação de explicativo para a interpretação ginásio de esportes e centros da paisagem; monitorar a fauna de lazer. atropelada visando mitigar os óbitos. USOS Mineração, corte de vegetação da faixa de domínio sem licenciamento; transporte de cargas perigosas sem licença da FEPAM. Atividades proibidas ZFDR ZONA FAIXA DE DOMINIO DA RODOVIA 3. PLANEJAMENTO E GESTÃO DA APA TERRA DE AREIA Segundo o Snuc (BRASIL, 2002) as APAs são classificadas como UC de uso sustentável, o que significa que o uso econômico direto dos recursos naturais é disciplinado e não proibido. São, portanto, UCs que abrigam atividades econômicas e convivem com comunidades no seu interior, respeitado o regime de propriedade privada, inclusive posses. O objetivo principal de uma APA é a proteção dos ecossistemas locais e a promoção do desenvolvimento econômico e social, ou seja, a garantia da qualidade de vida de sua comunidade biótica (fauna, flora, pessoas), solos e águas. Tais características qualificam a UC como “instrumento de planejamento e gestão” e, ao levar em conta os processos participativos e o sistema de gestão adotados, as APAs podem se consolidar como agências de desenvolvimento socioambiental (BRITTO, 2001, apud IAP, 2003). Enquanto instrumento de planejamento e gestão de uma UC formada por propriedades privadas, é função do plano de manejo da APA orientar e coordenar as ações do desenvolvimento social com a conservação da natureza e das culturas das populações ali instaladas. Isso exige uma estrutura de gerenciamento que necessariamente inclui instituições e pessoas do lugar, diretrizes claras, comunicação ativa, integração e interação com políticas públicas; exige, portanto parcerias para viabilizar financiamento e execução de tarefas que a APA, como uma agência de desenvolvimento socioambiental (IAP, 2003). Pode se considerar que o planejamento e a gestão da APA Terra de Areia ajustam se ao contexto de um planejamento biorregional. Tem se como bases comuns a ambos os casos: abrangem áreas extensas; contêm áreas de preservação ambiental (mananciais de abastecimento, parque natural municipal); orientam o ordenamento territorial e o uso dos recursos naturais com ênfase em atividades sustentáveis (social, ambiental e econômica) de geração de renda, que se aplicam à região e através de processos políticos que resultem na melhoria da qualidade de vida das comunidades locais. O planejamento de uma UC ocorre de forma processual e caracteriza se por ser gradativo, contínuo, flexível e participativo. Mantém uma correlação entre a evolução e profundidade dos conhecimentos obtidos, a motivação, os meios e o grau de intervenção no seu manejo. Estabelece, também, a relação de prioridades entre as ações, mantendo as grandes linhas e diretrizes que orientam o manejo. Permite ajustes ao longo de sua implantação e requer o envolvimento da sociedade em diferentes etapas de sua elaboração (IBAMA, 2002). A gestão ambiental busca conduzir processos administrativos e operacionais a partir de um modelo de conservação e desenvolvimento sustentável programado. É uma premissa básica que todas as partes interessadas têm papéis a desempenhar. A administração governamental deve tornar se ágil e flexível para acomodar e promover este modelo. Realizar a gestão da APA Terra de Areia significa exercer sobre ela um conjunto de ações políticas, legislativas, técnicas e administrativas para que se permita alcançar uma cultura organizacional que promova trabalhos em equipe com a comunidade. Objetiva se a capacitação dos diferentes atores, a produção de bens e serviços, de modo a minimizar os impactos dessa produção sobre os recursos naturais e o cumprimento dos objetivos conservacionistas. 3.1. PROCESSO ADOTADO PARA O PLANEJAMENTO Seguindo se o que preconiza o Roteiro para Elaboração de Planos de Manejo, o planejamento da APA Terra de Areia teve como base as informações secundárias disponíveis e as informações primárias através de visitas a campo pelos diversos profissionais envolvidos. Assim, o grau de conhecimento dos recursos naturais e culturais atuais determinou o grau de intervenção na APA, estabelecidos nos programas de manejo. Estes foram definidos, também, considerando se as prioridades factíveis de serem implantadas em um horizonte de cinco anos. Segundo Ibama (2002), quando se estabelece um processo gradativo de planejamento e implantação das ações de manejo, é possível favorecer as UCs com um instrumento de planejamento. Para isso são utilizadas informações existentes naquele momento e possíveis de serem obtidas, além dos diferentes níveis de intervenção dentro da realidade institucional do órgão que tem como função a gestão da área. Outra característica do processo de planejamento é ser participativo, isto é buscar o envolvimento da sociedade, não só na elaboração do plano de manejo, como também na definição de ações específicas para a unidade, tornando a partícipe e comprometida com as estratégias estabelecidas (IBAMA, 2002). Durante a fase de levantamento de dados primários, buscou se a participação direta das comunidades locais, tanto para os dados biológicos quanto socioeconômicos. 3.2. CONSELHO GESTOR Inicialmente, devera ser feito um Decreto Municipal, criando o cargo de Gestor da AA Terra de Areia, conforme modelo em anexo, com a descrição de todas as funções. Posteriormente devera ser formado o Conselho Gestor da AA Terra de Areia. O primeiro passo para a formação do Conselho Gestor da APA Terra de Areia e a identificação dos diversos atores desta UC. Consideram se como atores, as pessoas físicas ou jurídicas que residem na APA ou que possuem algum tipo de atuação nesta UC. Isso ocorre através de pesquisas junto a órgãos de representação do setor empresarial e comercial e secretarias municipais. Em seguida, faz se a apresentação do projeto para os atores previamente identificados. Finalizada esta etapa, e realizada a formação do conselho propriamente dita. A escolha do número de vagas e distribuição seguem critérios estabelecidos pela equipe, com paridade na distribuição das vagas. 3.2.1. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS REPRESENTANTES DO SEGMENTO NÃO GOVERNAMENTAL Produtores rurais com ligação às atividades econômicas representativas dentro dos limites da APA. Produtores familiares representando a agricultura familiar com atuação dentro dos limites da APA. Instituições com atuação relevante dentro do limite da APA; Setor educacional com número de instituições do setor com atuação local; Comunidades: Número de comunidades existentes dentro da APA. 3.2.2. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS REPRESENTANTES DO SEGMENTO DO GOVERNO Órgãos dos governos estadual e federal conforme número de instituições com atuação local e relacionadas à realidade da APA. Prefeitura: Presença de Secretarias Municipais ligadas a atividades de preservação do meio ambiente. Entre os membros do Conselho Gestor, deverá haver a indicação direta dos representantes, sendo escolhido também pelo menos um titular ou suplente de cada segmento. Tão logo seja criado o Conselho Gestor, deverá ser realizada uma primeira reunião para discutir o regimento interno. 3.3. NORMAS GERAIS PARA A APA TERRA DE AREIA A seguir são apresentadas normas que dizem respeito a todas as zonas da APA Terra de Areia: 1. Fica proibido o plantio de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) no interior da APA; 2. Fica proibida a disposição ou a incineração de resíduos químicos; 3. Nas propriedades, o agrotóxico e seus componentes e afins deverão ser armazenados em local adequado, evitando que eventuais acidentes, derrames ou vazamentos possam comprometer o solo e os corpos d’água superficiais e subterrâneos; 4. O proprietário deverá manter cópia da receita agronômica emitida por profissional legalmente habilitado, disponibilizando a para a fiscalização no local da aplicação; 5. Todas as embalagens vazias de agrotóxicos deverão ser devolvidas aos estabelecimentos comerciais, de onde foram adquiridos, devendo estes contar com local adequado para o recebimento e armazenamento das embalagens, até que sejam recolhidas pelas empresas responsáveis pela destinação final, conforme previsto na Lei, e em atendimento à Resolução Conama n. 334, de 03/04/2003; 6. A lavagem dos equipamentos de aplicação dos agrotóxicos nos corpos d’água é proibida; 7. Toda atividade ou empreendimento passível de licenciamento ambiental seja no interior como no entorno da UC (Resolução Conama 13/90) nos termos do art. 10 da Lei n. 6.938/81, das Resoluções do Conama n. 001, de 23 de janeiro de 1986 e a de n. 237 de 19/12/1997, deverão ser objeto de autorização prévia do Gestor da APA; 8. No processo de licenciamento de empreendimentos na APA deverá ser observado o grau de comprometimento da conectividade dos remanescentes de vegetação nativa; 9. A duplicação, construção, asfaltamento e manutenção de estradas e rodovias deverão observar técnicas que permitam o escoamento de águas pluviais para locais adequados, devendo se prever medidas mitigadoras para o trânsito de animais silvestres; 10. A produção agrícola e pecuária deverá ser realizada de acordo com as práticas de conservação do solo recomendadas pelos órgãos de extensão rural; 11. A vegetação nativa das Áreas de Preservação Permanente (APP) deverá ser preservada ou, se necessário, restaurada, conforme disposições legais vigentes; 12. Os imóveis rurais cujas escrituras não apresentem averbação da Reserva Legal, deverão providenciar sua regularização, conforme a legislação vigente (Decreto Nº. 23.793, de 23 de janeiro de 1934, Lei Nº. 7.803, de 18 de julho de 1989, Lei Nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, Medida Provisória Nº 1.956/50, de 27 de maio de 2000, Decreto 6.514 de 22 de julho de 2008 e do Decreto 6.686 de 10 de dezembro de 2008); 13. As Reservas Legais e florestais a serem averbadas deverão ser dispostas, sempre que possível, objetivando o estabelecimento de conectividade entre os fragmentos florestais; 14. Os empreendimentos e atividades potencialmente poluidoras, em operação na APA Terra de Areia, sem as licenças ambientais, deverão ser regularizados, em caráter de urgência; 15. Todos os empreendimentos que não estejam de acordo com as normas estabelecidas para a APA, terão um prazo de um ano após a aprovação do plano de manejo para buscarem sua regularização, quando poderão ser acordados prazos para a implantação de medidas necessárias e/ou corretivas; 16. Todo empreendimento turístico implantado ou a ser implantado deverá ser licenciado pelos órgãos competentes e atender às normas sanitárias, bem como as de proteção dos recursos naturais; 17. Todos os projetos de urbanização e assentamentos rurais necessitarão de prévia autorização da chefia da APA para que sejam implantados; 18. Não são permitidas as atividades de terraplanagem, mineração, dragagem e escavação que venham a causar danos ou degradação do meio ambiente e/ou perigo para pessoas ou para a biota (Resolução CONAMA nº10; 1988); 19. Fica proibido o lançamento de efluentes domésticos não tratados no sistema fluvial; 20. É terminantemente proibido o peixamento com espécies exóticas; 21. As atividades a serem implantadas no território da APA não poderão conflitar com os objetivos e normas de manejo, nem comprometer a integridade do seu patrimônio natural; 22. As construções localizadas na APA que estejam em desacordo com os dispositivos legais deverão ser removidas; 23. Fica proibida, na APA, a utilização de espécies exóticas invasoras na recuperação das Reservas Legais. 24. Fica proibida a implantação de aterro sanitário dentro dos limites da APA 25. Estas normas deverão ser amplamente divulgadas, e ser de conhecimento de todos os funcionários, pesquisadores, gestores e de toda a comunidade envolvida com a APA, que também deverão receber instruções específicas quanto aos procedimentos para sua proteção. 3.4. PROGRAMAS E AÇÕES 3.4.1. PROGRAMA DE OPERACIONALIZAÇÃO Este programa tem por objetivo assegurar meios (financeiros, humanos, logísticos e materiais) para que os demais programas sejam desenvolvidos, através da estrutura necessária para o bom funcionamento da APA Terra de Areia. Indica um quadro funcional adequado e traça ações, visando à manutenção da infraestrutura existente e o controle administrativo da unidade. Potenciais Parceiros: Universidades, ONGs, Prefeitura Municipal de Terra de Areia, conselho gestor, Batalhão de Polícia Ambiental, SEMA. Atividades / Subatividades e normas: 1. Buscar integração interinstitucional . 2. Definir equipe responsável pela gestão da APA, que auxiliará o gerente. 3. Implantar a sede administrativa da APA. 4. Adquirir equipamentos básicos e funcionais de escritório (mesa, cadeiras, armário, arquivo, mesa de reunião, mesa para computador, microcomputadores, impressoras) e de campo ( máquina fotográfica, GPS). 5. Manter equipamentos e local em condições de uso. 6. Criar e centralizar na sede administrativa, um banco de dados sobre a APA, contendo informações sobre pesquisas desenvolvidas no local e atividades licenciadas dentro de seu perímetro, bem como denúncias e registro de atividades irregulares. 7. Implantar o plano de manejo da APA, com apoio do Conselho. 8. Buscar o apoio e participação de instituições governamentais e da sociedade civil para o estabelecimento e desenvolvimento dos programas previstos neste plano de manejo. 9. Elaborar e acompanhar a execução do Plano Operativo Anual (POA) para garantir a realização de seus objetivos e metas. 10. Realizar avaliação administrativa periódica com a equipe de gerência da unidade para identificar aquilo que inibe e aquilo que estimula o processo cotidiano do trabalho. 11. Implantar programa de voluntariado em parceria com instituições de ensino. 12. Definir necessidades de apoio em relação a ações de administração e gestão da APA. 13. Contatar instituições de ensino, tais como universidades e colégios técnicos, com atuação no município da APA. 14. Elaborar programa de voluntariado, voltado às necessidades administrativas e gerenciais da APA. 15. Capacitar os agentes ambientais. 16. Realizar parcerias com universidades, associações da sociedade civil, e corpo de bombeiros para elaboração e implantação do programa de capacitação. O programa de capacitação deverá abordar os seguintes temas: prevenção e combate a incêndios, primeiros socorros e ofidismo, fiscalização e proteção de UC, mecânica básica, operação de equipamentos de comunicação, operação de GPS, identificação de espécies ameaçadas, legislação ambiental, identificação de alterações, impactos e sucessão da paisagem, bases da educação ambiental, gestão participativa de UC, entre outros. Os agentes deverão ser orientados e capacitados para atuar de forma preventiva e educativa. 17. Orientar e capacitar os órgãos fiscalizadores no sentido de atuarem de forma preponderantemente preventiva e educativa, atentando para as normas de cada zona da APA, constantes neste plano de manejo. 18. Criar identidade visual (logomarca) para a APA Terra de Areia e/ou para seu Conselho Gestor. Poderá ser realizado um concurso nas escolas para a escolha da logomarca. 19. Implantar sistema de comunicação visual, abrangendo: sistema de sinalização interna e externa. 20. Identificar elementos representativos e significantes para o desenvolvimento dos materiais que envolvem a comunicação visual para APA e/ou Conselho. Priorizar o uso de materiais recicláveis. 21. Adequar o sistema de sinalização e placas informativas com um formato moderno e atual. 22. Colocar placas nas estradas em locais limítrofes da APA indicando que a pessoa está saindo ou entrando na UC. As placas deverão respeitar as normatizações impostas por lei. Periodicamente deverá ser providenciada a substituição das placas danificadas. 23. Criar material padronizado para campanhas publicitárias, material de divulgação e placas informativas. 24. Elaborar material gráfico informativo para os visitantes e moradores de forma a disponibilizar as informações sobre objetivos e cuidados para preservação do patrimônio nos pontos de entrada para a área da APA (rodovias, pedágios, estações rodoviárias e secretarias do município). 25. Elaborar um vídeo sobre a APA, apresentando sua missão, falando do seu histórico de criação e importância para a conservação da biodiversidade e cultura locais. 26. Elaborar plano de captação de recursos, visando à estruturação da APA e à implantação das atividades previstas neste plano de manejo. 3.4.2. PROGRAMA DE PROTEÇÃO E MANEJO Este programa tem por objetivo desenvolver ações de controle, recuperação e monitoramento na região da APA, de modo a prevenir e minimizar os impactos ambientais e socioeconômicos identificados, garantindo a dinâmica dos ecossistemas, a manutenção da biodiversidade da APA e a proteção do patrimônio sociocultural. Potenciais Parceiros: Conselho Regional de Engenharia, e Agronomia (Crea); Batalhão da Polícia Ambiental, Ministério Público, corpo de bombeiros, prefeitura, Emater, associações de moradores das comunidades da APA, associações de produtores, cooperativas, Defesa Civil, associações comerciais, Departamento Estadual de Estradas e Rodagem (DAER). Atividades / subatividades e normas 1. Estabelecer um sistema de controle e fiscalização integrado entre o escritório central da APA e os setores de fiscalização e licenciamento, e com o Batalhão da Polícia Ambiental, com base em estratégias definidas em conjunto com o gestor da APA e equipe de gestão. 1.1 Solicitar ao setor de licenciamento da prefeitura todos os processos de licenciamento ambiental de atividades desenvolvidas na APA. 1.2 Acompanhar a emissão de licenciamentos ambientais para o estabelecimento de empreendimentos industriais, agrícolas e turísticos. 1.3 Promover a integração entre os setores de fiscalização e licenciamento , de forma a proporcionar um enfoque sistêmico das propriedades da APA. 1.4 Definir um método de monitoramento do sistema, visando a avaliar permanentemente a ocorrência de crimes ambientais, obtendo se informações sobre sua natureza, frequência e gravidade, de modo a embasar ações de fiscalização e educação ambiental junto à população da APA. Prever e promover a articulação da sociedade no processo de monitoramento. 2. Efetivar e intensificar a fiscalização na APA visando ao combate ao desmatamento e à caça; o controle de atividades poluentes; e o cumprimento de exigências ambientais e legislação relativa às APP, áreas de reserva legal e uso de agroquímicos. 2.1. Cumprir as exigências legais determinadas pela legislação ambiental na implantação das atividades potencialmente poluidoras, tais como: postos de combustível, atividades de mineração, matadouros, curtumes e outros. 2.2. Definir setores dentro da APA e rotas de fiscalização dentro dos seus limites. Os setores deverão ser estabelecidos de acordo com facilidade de acesso. 2.3. Estabelecer rotina e escalas de fiscalização, de acordo com os setores a serem definidos no sistema de controle e fiscalização . Cada setor deverá ser percorrido no mínimo uma vez ao mês. A fiscalização rotineira deverá ser realizada com a participação de pelo menos um fiscal pertencente ao escritório central. As atividades de fiscalização deverão prever rondas noturnas e/ou em finais de semanas e feriados, quando se fizer necessário; Todos os funcionários no exercício da atividade de fiscalização deverão estar adequadamente identificados e uniformizados; O regime de fiscalização deverá ser alternado, seguindo orientações e programações definidas pelo gestor da APA; A fiscalização deverá priorizar uma abordagem educativa. 3. Estabelecer uma metodologia de monitoramento das atividades, incluindo padrões de relatórios, visando a incorporar todas as informações no banco de dados da APA. 3.1 Poderá constar no relatório: materiais apreendidos (descrição, volume, quantidade); instrumentos legais lavrados (autos de infração, termos de apreensão e depósito), atividades não condizentes com o previsto no zoneamento e normas específicas para a APA; avistamento de fauna silvestre ou indícios de sua presença; alterações na vegetação. 4.Quando pertinente, buscar apoio do Ministério Público para o cumprimento das leis. 5. Realizar estudos para a criação de UC de proteção integral dentro da APA. 6. Promover parcerias entre prefeituras e proprietários para viabilizar criação de RPPN. 7. Incentivar e apoiar a implantação de sistemas alternativos de tratamentos de esgoto nas comunidades rurais, residências isoladas e pequenos núcleos urbanos (por exemplo, o tratamento por zonas de raízes). 7.1 Promover o intercâmbio e busca de conhecimento das experiências bem sucedidas. 8. Incentivar e apoiar programas de coleta seletiva de lixo 8.1 Incentivar a implantação de sistemas alternativos de tratamento do lixo orgânico (compostagem, vermicompostagem, biogás etc.) e usinas de reciclagem. 9. Estabelecer Programa para Espécies Exóticas Invasoras nas propriedades localizadas dentro dos limites da APA e naquelas confrontantes. 10. Estudar a viabilidade de vincular a composição de Reservas Legais de acordo com as diretrizes de estabelecimento de corredores ecológicos. 11.Estimular a criação de alternativas para a adequação ambiental de estabelecimentos rurais de modo a compatibilizar a qualidade de vida dos agricultores com a conservação dos ecossistemas. 12. Promover a recomposição de APPs e reservas legais que estejam ocupadas por cultivos de exóticas e plantios agrícolas. 12.1 Selecionar áreas para promover a recuperação em caráter emergencial e/ou prioritário de acordo com sua fragilidade ambiental. 3.4.3. PROGRAMA DE ALTERNATIVAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Este programa tem por objetivo envolver as populações locais, os setores produtivos e as lideranças comunitárias com os objetivos da APA, através da difusão e implantação de alternativas produtivas de baixo impacto ambiental, com garantias do aumento de rentabilidade e da melhoria da qualidade de vida. Potenciais Parceiros: Sebrae, universidades da região, Emater, ONGs Senar, prefeitura, conselho municipal de turismo, conselho municipal de meio ambiente. Atividades / subatividades e normas 1.Incentivar e apoiar organizações (formais e informais) no desenvolvimento de projetos e ações de organização comunitária, em especial nas comunidades rurais. 2. Promover articulações interinstitucionais para viabilizar as cadeias de produtos sustentáveis da sociobiodiversidade visando a fomentar alternativas sustentáveis de renda para agricultor familiar, tais como: Implantação de sistemas agroflorestais (plantio, enriquecimento florestal, erva mate), com espécies nativas, de forma a promover a diversidade biológica; Diversificação da propriedade; Produção agroecológica envolvendo, por exemplo, horticultura, frango, suínos, ovos, fruticultura etc.; Agricultura ecológica, orgânica ou biodinâmica para a redução do uso de agrotóxicos; Apicultura Agroindústria artesanal, visando agregar valor à produção da agricultura familiar. 3.Promover junto às prefeituras e às comunidades a identificação e/ou abertura de canais de comercialização específicos para os produtos, tais como: feiras, quiosques, quitandas e mercados públicos. 4.Fomentar incentivos para a manutenção dos ecossistemas naturais (servidão florestal, enriquecimento florestal visando ao uso de madeiráveis e pagamento por serviços ecossistêmicos) junto aos proprietários. 5. Incentivar e buscar instrumentos para fomentar a diversidade de usos do imóvel. 6. Incentivar técnicas agrícolas de pequeno impacto e fomentar a aquisição/fabricação de equipamentos tradicionais por parte dos próprios produtores rurais de forma a manter o uso desses equipamentos. 7. Estimular o resgate, a difusão e uso de sementes e raças crioulas, como forma de preservar o patrimônio genético das espécies, visando a aumentar a produtividade. 8. Estimular e apoiar a realização de oficinas de capacitação para a prática de atividades de renda que sejam ecológica, econômica e socialmente sustentáveis. Dentre os cursos ofertados sugere se: fruticultura; agroindústria caseira; cooperativismo, apicultura, implantação de sistemas agroflorestais, cultivo de plantas medicinais, agricultura biodinâmica; permacultura, manejo integrado de pragas, controle biológico, entre outros; As comunidades devem ser envolvidas no processo de aprendizado, de forma que sejam valorizados os saberes locais. 9. Estimular e apoiar a realização oficinas de capacitação para o turismo responsável em áreas naturais e sítios históricos destinados a empreendedores e demais prestadores de serviços turísticos por meio de convênios/parcerias com o Conselho Municipal de Turismo, Sebrae, , e outras organizações afins. 3.4.4. PESQUISA E MONITORAMENTO O objetivo deste programa é ampliar o grau de conhecimento sobre a região da APA Terra de Areia nos aspectos relevantes que subsidiem o seu manejo. Potenciais Parceiros: Universidades, com destaque para as regionais, Embrapa, ONGs, EMATER, Prefeitura, entre outros. Atividades / subatividades e normas 1. Interagir com os projetos de pesquisa dos outros programas e as instituições: 2. Identificar possíveis instituições parceiras para o financiamento e a execução dos trabalhos de pesquisa. 3. Incentivar a implantação de um programa de pesquisas zoológicas em parceria com universidades e centros de pesquisa, visando o monitoramento de espécies ameaçadas com ocorrência na APA. 4. Incentivar pesquisa de produtos não madeiráveis. Os pesquisadores deverão apresentar relatórios periódicos do andamento de suas pesquisas ao gestor da APA; Todos os resultados das pesquisas, assim como o seu cadastramento, deverão ser organizados no banco de dados. 5. Estimular o desenvolvimento de estudos sobre o efeito da cultura do pinus sobre os ecossistemas naturais na região da APA. Deverão ser priorizados os estudos relacionados à interferência dos plantios de pinus no regime hídrico local e regional; dispersão de sementes; interação da fauna com os reflorestamentos de pinus; potencial invasor do pinus nos estágios sucessionais iniciais, áreas de campo e várzeas; perda de solo por erosão; Os pesquisadores deverão apresentar relatórios periódicos do andamento de suas pesquisas ao gestor da APA; Todos os resultados das pesquisas, assim como o seu cadastramento, deverão ser organizados no banco de dados. 6. Estimular pesquisas que estejam relacionadas com a recuperação de áreas degradadas. 7. Priorizar estudos sobre conectividade de fragmentos, dinâmica de ecossistemas, sucessão ecológica, recomposição de ecossistemas (natural e induzida), de forma a contribuir na implantação de corredores ecológicos e para a conservação dos ecossistemas. 8. Promover estudos sobre a competição de espécies exóticas da fauna e da flora que ameaçam as espécies nativas. 9. Incentivar e apoiar o resgate dos aspectos histórico culturais das comunidades da APA, de forma a fortalecer sua identidade, proporcionando maior integração entre elas. 10. Incentivar estudos que propiciem informações que embasem o planejamento territorial da APA, levando em consideração que há regiões na APA que podem representar áreas de recarga de sistemas aquíferos importantes, como o aquífero Guarani. 10.1 Mapear fontes potencialmente poluidoras, complementando mapa de uso do solo. 10.2 Mapear vulnerabilidade natural à poluição dos aquíferos subterrâneos. 10.3 Estabelecer uma relação entre as áreas vulneráveis à poluição dos aquíferos e o mapa de fontes potencialmente poluidoras, visando identificar onde se farão necessárias alterações no ordenamento territorial. 11. Realizar estudos limnológicos nos banhados da APA abrangendo variáveis bióticas e abióticas, bem como a estrutura e função destes ecossistemas. 12. Estimular pesquisas específicas sobre aptidão agropecuária do solo da APA, que embasem a tomada de decisão quanto à pertinência ou não do desenvolvimento de determinadas atividades na região. 13. Realizar levantamento socioeconômico e cultural, segundo cada uma das zonas da APA. 14. Criar base de dados temáticos, visando embasar futuras pesquisas e ações a serem desenvolvidas na APA. 15. Realizar estudos para identificar áreas de maior fragilidade à erosão nas áreas da APA, priorizando a região da serra. 16. Selecionar matrizes florestais para a coleta e produção de sementes, visando a formar banco de sementes e valorização do patrimônio genético da região. 17. Estimular pesquisas voltadas à qualidade dos recursos hídricos e a dinâmica de sedimentação. 3.4.5. PROJETO: RECOLHIMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS OBJETIVOS: evitar que as embalagens vazias de agrotóxicos sejam depositadas a céu aberto ou as margens de cursos d’água. JUSTIFICATIVA: Muitas embalagens são depositadas em áreas próximas a vertentes, que abastecem residências na área rural. Aquelas embalagens depositadas em margens de cursos d’água são carregadas pelas mesmas, por ocasião de intensas precipitações pluviométricas, poluindo nossos rios e lagoas. Qualquer tipo de situação irregular da armazenagem de embalagens vazias de agrotóxicos traz como consequência o risco de doenças, causando grandes danos a população. METODOLOGIA PARA EXECUÇÃO: Através de reuniões e seminários, envolvendo os comerciantes do setor, Poder Público Municipal, Estadual e Federal, Órgãos ambientais fiscalizadores, Prefeituras Municipais da região e agricultores, para que a legislação sobre o assunto seja esclarecida a todos. A partir destas, irá se buscar a construção de um espaço para que ocorra o recolhimento das embalagens vazias de agrotóxicos e que possa ter um destino final em acordo com a legislação. Posteriormente, serão feitas reuniões de divulgação, para conscientização da entrega das embalagens no espaço a elas destinado. Essas ocorrerão nas escolas municipais e estaduais, nas Comunidades, envolvendo os agricultores, associações de classe, Câmara de Vereadores. EXECUTORES: O Poder Público, com o envolvimento de todas as Secretarias Municipais dos Municípios da região, especialmente do Meio Ambiente, da Agricultura, Saúde, Educação de Três Cachoeiras, Morrinhos do Sul, Três Forquilhas, Itati, Terra de Areia, Dom Pedro de Alcântara, Mampituba e Torres. A Emater, com a sua organização e estrutura, juntamente com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais dos Municípios. papel importante também nesse processo. Os comerciantes estão tendo ORIGEM DOS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS: Foi feita uma parceria com as Prefeituras Municipais dos Municípios, juntamente com o Comércio de Agrotóxicos. O custo do transporte das embalagens até o destino final, que é a reciclagem, é coberto pelos comerciantes. CRONOGRAMA: Uma primeira reunião, envolvendo, PATRAM, Prefeituras Municipais dos municípios envolvidos, Conselho Municipal do Meio Ambiente e comerciantes de agrotóxicos, foi realizada no mês de dezembro de 2005. Na segunda reunião, foi feito o chamamento para a participação do INPEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens vazias), quando ficaram definidas metas para serem atingidas até o processo de recolhimento de embalagens vazias, pelo entendimento de que é inviável, no momento, a construção de um depósito de recolhimento de embalagens vazias. Para o processo de recolhimento, foram chamados 8 Municípios da região, já que muitos córregos e arroios que contribuem para a Lagoa Itapeva, encontram se nesses Municípios: Torres, Mampituba, Dom Pedro de Alcântara, Morrinhos do Sul, Três Forquilhas, Terra de Areia e Itati. RESULTADOS ESPERADOS Espera se a destinação de um espaço, seja na área do Município ou de outro Município da região, para que as embalagens vazias de agrotóxicos sejam depositadas e posteriormente recolhidas. Pela inviabilidade no momento deste processo, o recolhimento retira de circulação as embalagens vazias, determinando uma melhor qualidade de vida, sem os riscos de contaminação de nossas vertentes e cursos d’água. No mês de julho de 2006, foi feito o primeiro recolhimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas na região, envolvendo os 8 Municípios, com o resultado de mais de 13.000 embalagens recolhidas. Este recolhimento está ocorrendo duas vezes ao ano, na mesma região. 3.4.6. PROJETO: RECUPERAÇÃO DAS MATAS CILIARES OBJETIVOS: aumentar a população de essências florestais nativas em margens de cursos d’água do Município. JUSTIFICATIVAS: com a degradação da vegetação próxima aos cursos d’água, o assoreamento dos mesmos, promove o desvio das águas, causando sérios problemas de destruição a esta população. METODOLOGIA PARA EXECUÇÃO: Para que possamos reverter esta situação, várias medidas estão sendo adotadas e outras planejadas. O município pretende instalar um horto florestal, onde são produzidas mudas nativas que serão destinadas a reflorestamento das margens dos rios. Está sendo feita, através de reuniões, a conscientização dessa revegetação, junto aos agricultores. Projeto a nível federal, junto ao FNMA, está sendo encaminhado pleiteando recursos para implementação em maior escala deste projeto. As escolas, através de seus professores e alunos, além da Secretaria Municipal da Agricultura, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Emater, intensificarão campanha nesse sentido . EXECUTORES: Secretarias Municipais da Agricultura, do Meio Ambiente e de Obras, juntamente com Emater e Órgãos Ambientais Estaduais e Federais. ORIGEM DOS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS: Até o momento, estão sendo utilizados recursos de dotação orçamentária Municipal. Espera se a captação de recursos das esferas governamentais a nível estadual e federal. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES: As reuniões de conscientização estão sendo desenvolvidas paralelamente a outros temas, pela Emater, Secretaria Municipal da Agricultura e continuarão a ser desenvolvidas também pelos Sindicatos e Associações de Classe do Município. RESULTADOS ESPERADOS E OBTIDOS: Já ocorreu a fixação das margens de vários pontos dos Rios do Município. Espera se com o planejamento proposto, um aumento progressivo na área de matas ciliares, bem como a diminuição da erosão em margens de nossos Rios. 3.4.7. USO ADEQUADO E MELHORIA DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS OBJETIVOS: Apoio ao gerenciamento de uso das águas para irrigação, visando a redução no consumo, minimizando conflitos e a melhoria da qualidade das águas superficiais. JUSTIFICATIVAS: Algumas regiões do Município possuem condições apropriadas para o cultivo de arroz irrigado. Em períodos de maior consumo para irrigação, associados aos de menor intensidade de precipitações pluviométricas, ocorre a busca por maiores vazões de água visando o atendimento as necessidades da planta, gerando conflitos. O uso de defensivos agrícolas em áreas rurais, muitas vezes atingem propriedades no entorno, afetando cursos de água que abastecem irrigação de oleícolas ou dessedentação de animais. Fontes de água para consumo humano também são afetadas. METODOLOGIA PARA EXECUÇÃO: Todas as secretarias Municipais serão envolvidas para que a população tenha uma orientação única acerca do problema. A Secretaria Municipal da Saúde, através da Vigilância Sanitária, com a conscientização e fiscalização; A Secretaria Municipal da Agricultura, associada ao Meio Ambiente, juntamente com a Emater, na promoção de reuniões sobre a utilização de águas para irrigação e cuidados na aplicação de defensivos agrícolas. A Secretaria Municipal da Educação, através de educação ambiental junto a Professores e alunos. EXECUTORES A Prefeitura Municipal, juntamente com todos os consumidores de água dos rios de Mampituba, através de reuniões de estudo, buscando uma solução a este grave impacto ambiental no município. A Emater, com reuniões técnicas e de conscientização, juntamente com Sindicatos e Escolas também fazem parte dessa estrutura. ORIGEM DOS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS A fiscalização e a conscientização através dos vários setores das Secretarias Municipais, já dispõem de dotações orçamentárias próprias. CRONOGRAMA O estudo de viabilidade da implantação de uma Associação dos Usuários das Águas do Município de Mampituba. Reunião com a equipe diretiva da Associação Mampituba Sul, que gerencia as águas superficiais no Município de Morrinhos do Sul, buscando subsídios para a criação de uma similar no município. As escolas Municipais tem no Programa de Educação Ambiental, um espaço destinado ao tema. Na semana do Meio Ambiente, este impacto ambiental foi trabalhado com professores e alunos das escolas municipais. RESULTADOS OBTIDOS OU ESPERADOS Com as atividades a serem desenvolvidas , prevê se uma melhoria na qualidade das águas de irrigação e de consumo animal e humano, evitando com isso a incidência de doenças. 3.4.8. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E LAZER OBJETIVOS A Educação Ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental. JUSTIFICATIVAS Atualmente é comum, a contaminação dos cursos d’água, a poluição atmosférica, a devastação das florestas, a caça indiscriminada, entre outras. Dentro desse contexto, é clara a necessidade de mudar o comportamento do homem em relação a natureza, no sentido de promover um desenvolvimento sustentável, a compatibilização de práticas econômicas e conservacionistas, com reflexos positivos evidentes junto à qualidade de vida de todos. METODOLOGIA PARA EXECUÇÃO Será desenvolvida formal e informalmente. A primeira, institucionalizada, ocorrendo nas unidades de ensino. A segunda, fora da escola, envolvendo vários métodos e conteúdos, com um público muito variável em suas características. EXECUTORES Todas as Secretarias Municipais, além das Instituições representativas do Município, juntamente com toda a Comunidade. ORIGEM DOS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS Os recursos correrão por conta de dotação orçamentária destinada a cada uma das Secretarias Municipais. Serão feitas parcerias com instituições particulares de ensino. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO Várias são as ações para a Prática da Educação Ambiental. Passeios em trilhas ecológicas, na qual os monitores estimulam os presentes a curiosidade a medida que os eventos se sucedem. Atividades e campanhas de conscientização ambiental com o intuito de incrementar a participação da comunidade nos espaços relativos ao conhecimento a melhoria de seu próprio ambiente, como caminhadas rústicas pela região. Especificamente para Comunidades Agrícolas, orientar através de reuniões e seminários, quanto ao uso correto de defensivos agrícolas, noções sobre atividades modificadoras do meio ambiente. Em 2006, as reuniões promovidas pelo Poder Público e Emater, envolvendo todas as Comunidades, com 20 horas de curso para cada Comunidade e a participação de 28 30 pessoas em cada uma, foi uma forma de Educação Ambiental. Na semana do Meio Ambiente em 2006 e 2007, foram trabalhados temas com alunos e professores de escolas municipais e estadual relativos ao meio ambiente. Plantios de essências nativas foram plantadas em margens de rios nas diversas comunidades, por alunos e professores, durante o ano de 2006 e 2007. Parceria com a Patram tem resultado em palestras esclarecedoras, promovidas por Sindicatos do Município e Poder Público. RESULTADOS ESPERADOS Espera se manter o respeito pelos diferentes ecossistemas e culturas humanas da Terra. O dever de reconhecer as similaridades globais, enquanto se interagem efetivamente com as especificidades locais. 3.4.9. PROGRAMA DE PROTEÇÃO DE NASCENTES JUSTIFICATIVA Considerando a urgência de recuperar e proteger as nascentes que exercem um papel fundamental na formação e manutenção dos recursos hídricos, o Comitê da Bacia do Rio Tramandaí, propõe este programa de proteção das nascentes nos municípios do entorno da Lagoa Itapeva. Visa não só o ponto de partida estratégico para recuperação dos recursos hídricos, mas também para preservar a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo, gerar trabalho, manter e ampliar a beleza cênica de uma paisagem e assegurar o bem estar das populações humanas. O programa será executado por meio de serviços de recuperação e proteção com a utilização de técnica pré definida em áreas cadastradas na região de abrangência. As áreas de nascentes propostas neste programa serão cadastradas pelos municípios de Arroio do Sal, Dom Pedro de Alcântara, Mampituba, Morrinhos do Sul, Terra de Areia, Torres, Três Cachoeiras e Três Forquilhas, participantes do Programa de Proteção de Nascentes dos Municípios do Entorno da Lagoa Itapeva, objetivando a sua recuperação. OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Recuperar e ou proteger áreas de nascentes, mesmo que intermitentes, localizadas em área rural ou urbana com características rurais, de propriedades privadas ou públicas. OBJETIVO ESPECÍFICO Recuperar a vegetação e as funções ecológicas do entorno das nascentes cadastradas adotando minimamente as seguintes etapas: a envolver os atores locais no projeto visando o comprometimento com os trabalhos; b eliminar os fatores de degradação c implantar técnica de recuperação a partir do diagnóstico e do uso da chave de tomada de decisão; d realizar os tratos culturais das áreas durante todas as fases por pelo menos 24 meses; e monitorar as áreas em recuperação conforme a técnica a ser escolhida. METAS Recuperação de 16 nascentes com envolvimento de 16 propriedades e 16 proprietários, conforme etapas estabelecidas no cronograma de implantação. METODOLOGIA Cadastramento dos proprietários rurais e da propriedade (anexo 1) As propriedades participantes do projeto serão cadastradas individualmente pela Prefeitura Municipal participante do Programa. A inscrição no programa para recuperação é voluntária e sem custo. O cadastro contém dados da propriedade e de seu proprietário e/ou responsável pelo imóvel. As condições estabelecidas para inscrição de áreas serão: áreas de preservação permanente de nascentes de propriedades pública ou privada inseridas na área rural ou urbana com características rurais. áreas sobre as quais não existam obrigações administrativas ou judiciais determinando a sua recuperação. Todas as informações necessárias sobre o programa a Prefeitura Municipal forneceu para ciência do proprietário no momento do cadastramento. Cartas de anuência dos proprietários (anexo 2) Os proprietários ou responsável legalmente constituído, inserido no programa de proteção de nascentes, concordarão com a recuperação/proteção e tratos culturais das APPs relacionadas mediante uso da(s) técnica(s) de recuperação escolhida(s), adequada(s) às condições locais e capacidade de resiliência da(s) área(s), conforme diagnosticado. Desta forma será garantida a sustentabilidade do processo de recuperação e o restabelecimento dos processos ecológicos. Para confirmar a participação no projeto, os proprietários e/ou responsável legal se comprometerão formalmente: Permitir o livre acesso dos executores do projeto ao imóvel, para nele implantar o programa, nas áreas de nascentes, podendo para tanto executar as obras, serviços e trabalhos necessários à recuperação das mesmas, conforme o Projeto Executivo. Zelar, após a execução dos trabalhos do projeto, pela constante preservação da área recuperada, nela não exercendo qualquer outra atividade e impedindo que terceiros a perturbem. Permitir, em qualquer tempo, durante e após a execução dos trabalhos, que seja feita a fiscalização e o monitoramento do projeto pelos respectivos agentes. Para cada proprietário ou representante legal foi firmada uma carta de anuência constando as nascentes a serem recuperadas e as sanções cabíveis em caso de descumprimento. Obs.: Anexar todas as cartas de anuência assinadas (anexo 2). Cadastro e diagnóstico das áreas a serem protegidas (Anexo 3) Serão cadastradas as propriedades e cada uma das áreas objeto de recuperação. Para cada área de nascente será realizado um diagnóstico local contento as seguintes informações: a) o uso das terras no local e no entorno, b) a presença ou ausência de regeneração natural, c) a presença de fragmentos florestais naturais na proximidade, d) presença de animais causadores de degradação, e) vazão atual do curso d água, f) localização geográfica em UTM, g) tipo de solo, h) presença de espécies invasoras, i) impedimentos naturais, j) fisionomia do terreno, k) fatores de degradação (presença de formiga, fogo, erosão, resíduos...etc.), l) Outras informações relevantes. Por meio deste diagnóstico e com o uso da chave de orientação, o técnico responsável definiu a técnica a ser aplicada em cada área selecionada. Caso existam processos erosivos a montante ou no local que possam comprometer a recuperação florestal, estes serão primeiramente sanados, por conta do proprietário, a fim de estabilizá los. Obs.: Apresentar o cadastro e diagnóstico de cada área de nascente (anexo 3). Definição da técnica de recuperação das áreas de nascente Para cada APP de nascente será definida uma técnica de recuperação. (obs.: indicar e descrever, no anexo 3, as técnicas de recuperação escolhidas a partir do diagnóstico das áreas , conforme listagem abaixo. Técnica 1: Condução da regeneração natural por isolamento da área com cercamento Técnica 2: Plantio total Técnica 3: Plantio total com cercamento Técnica 4: Enriquecimento com mudas Técnica 5: Enriquecimento com até 500 mudas/ha com cercamento Para cada técnica estão previstos os custos de implantação e dos tratos culturais durante pelo menos 24 meses. A área de recuperação poderá ter o formato circular ou poligonal. Identificação das áreas As áreas serão fotografadas e identificadas, conforme relatório anexo e especializadas em mapa (anexos 4, 5 e 6). (Obs.: As propriedades deverão ser georeferenciadas na porteira) RESPONSÁVEL PELA EXECUÇÃO DO PROJETO O proprietário será o responsável pela execução do programa desde a implantação até a regeneração total, com o acompanhamento e monitoramento das Secretarias Municipais da Agricultura e Meio Ambiente e parceria da Emater dos municípios envolvidos. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO Será realizado pelo Comitê da Bacia do Rio Tramandaí o monitoramento e avaliação do projeto. Deverão ser apresentados relatórios de acompanhamento ao final da execução de cada etapa e relatório final do programa. Para avaliação da evolução do processo de recuperação será utilizado o modelo constante no Anexo 7. DURAÇÃO DO PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO/PROTEÇÃO O período de execução do programa, envolvendo a implantação das atividades e os tratos culturais, é de 24 meses. ANEXO 1 Cadastramento dos proprietários rurais e da propriedade 1 DADOS DO IMÓVEL RURAL: Nome do Imóvel: Endereço do Imóvel UTM porteira: Bairro/Setor Micro bacia: Município Região: Área (ha): Principal uso econômico: 2 IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO: Nome do proprietário: CPF: Endereço para correspondência: Município/Estado CEP: Fone: ( ) Fax: ( ) email: 3 ARRENDAMENTO E PARCERIA Tem arrendatário que explora áreas no imóvel? Não ( ) Sim ( ) Se sim quantos? ____________ Tem parceiro que explora áreas no imóvel? Não ( ) Sim ( ) Se sim quantos? ____________ 4 RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES (CONTATO) Nome: Função: Telefone: email: Data do levantamento: Responsável pelo levantamento: ANEXO 2 Carta de anuência dos proprietários Carta de Anuência e Compromisso Programa de Proteção de Nascentes Qualificação do Proprietário ou responsável legalmente constituído: Nome: Endereço: CEP: CPF: RG: Condição: (proprietário, posseiro, outros) Município: Propriedade: Nome: Matricula nº Registro de Imóveis de: Cadastro INCRA sob nº Micro bacia: Município: Nascentes cadastradas para recuperação : Por esta Carta o acima qualificado vem aderir ao Programa de Proteção de Nascentes, executado sob a coordenação do Comitê da Bacia do Rio Tramandaí comprometendo se, por si e por seus herdeiros ou sucessores a qualquer título, a: 1º Permitir o livre acesso dos executores do PROGRAMA ao imóvel acima referido para nele implantar o PROGRAMA, nas áreas de nascentes, podendo para tanto executar as obras, serviços e trabalhos necessários à recuperação, conforme o Projeto Executivo. 2º Zelar, após a execução dos trabalhos do PROGRAMA, pela constante preservação da área de preservação permanente recuperada, nela não exercendo qualquer outra atividade e impedindo que terceiros a perturbem. 3º Permitir, em qualquer tempo, durante e após a execução dos trabalhos, que seja feita a fiscalização e o monitoramento do PROGRAMA pelos respectivos agentes. Declara também que: tem pleno conhecimento do Programa de Proteção de Nascentes referido no preâmbulo deste Termo. que não está obrigado, por força de decisões administrativas ou judiciais, nem de acordos de qualquer natureza, a fazer a recuperação das áreas referidas no preâmbulo deste Termo. tem ciência de que o cumprimento das obrigações ora assumidas é de relevante interesse ambiental, sendo que seu descumprimento caracteriza o crime contra a administração ambiental previsto no artigo 68 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, bem como infração administrativa prevista no artigo 70 da mesma Lei. Proprietário Testemunha Instituição proponente Testemunha Terra de Areia, 18 de maio de 2012. ANEXO 3 : Cadastro, diagnóstico e indicação da técnica de recuperação de cada nascente Devem ser cadastradas todas as nascentes a serem recuperadas no projeto com identificação individual Identificação: Área: Propriedade: Cobertura vegetal da área: Presença de regeneração natural*: Uso do solo no entorno: Presença de animais*: Presença de processo erosivo a montante*: Presença de processo erosivo na área: Vazão da nascente (l/s) UTM Coordenada X e Y: Distancia de fragmento florestal próximo: Presença de espécies invasoras (descrever) Técnica indicada: Data do levantamento: Responsável pelo levantamento: Este programa servirá de estudos para futuros pagamentos de serviços florestais, sendo que os participantes terão prioridade no agendamento. ANEXO 4 Relatório Fotográfico Para cada nascente cadastrada deverá ter pelo menos duas fotos identificadas. Foto 1 Legenda da Foto 01 (vista da propriedade com presença da nascente) Foto 2 Legenda da Foto 02 (da nascente e entorno da vegetação) Anexo 5 Distribuição Espacial das nascentes a serem recuperadas (fazer um croqui com a localização das nascentes identificadas. Acrescentar no croqui, estradas, locais de relevância, etc.) N1N2 Anexo 6 Croqui com a localização no município do local de desenvolvimento do programa ANEXO 7 Avaliação da evolução do processo de recuperação (Relatório individual por nascente e especifico por técnica de recuperação proposta no projeto) Relatório de avaliação da recuperação Compromissário Nome Imóvel ou Propriedade Identificação da nascente Município Responsável Técnico Data da Vistoria Localização UTM Estratégia de recuperação (assinalar) Condução da regeneração Plantio de mudas Outras (descrever) Medidas complementares Citar: Condução da regeneração natural Área compromissada (ha) Área efetivamente recuperada (ha) Quesitos mínimos: 1 Cercamento: informar se a área esta completamente cercada ou cercamento desnecessário, ou área parcialmente cercada ou área não cercada 2 Proteção de perturbações: indicar o tipo e a área com perturbação em % 3 Densidade dos indivíduos regenerantes: informar o número de plantas/há 4 Homogeneidade de a distribuição indicar em % a área com presença de regenerantes 5 Riqueza: informar o número de espécies 6 Altura média dos indivíduos regenerantes: informar em metros a altura média 7 Presença de espécies exóticas invasoras: indicar em % a área ocupada por espécies exóticas invasoras 8 Mato competição na coroa dos regenerantes: indicar em % a ocorrência de competidoras na área da copa/coroa dos indivíduos arbóreos Observações: CONCLUSÃO: 1. Plantio de Mudas Área compromissada (ha) Área efetivamente recuperada (ha) Quantidade de mudas: Quesitos mínimos: 1 Cercamento: informar se a área esta completamente cercada ou cercamento desnecessário, ou área parcialmente cercada ou área não cercada 2 Proteção de perturbações: indicar o tipo e a área com perturbação em % 3 Mortalidade indicar em % de indivíduos mortos 4 Ataque de formigas informar em % os indivíduos desfolhados 5 Mato competição na coroa: indicar em % a ocorrência de competidoras na área da coroa dos indivíduos arbóreos 6 Mato competição na entrelinha: indicar em % a ocorrência de competidoras na área da entrelinha 7 Riqueza: informar o número de espécies 8 Altura média dos indivíduos: informar em metros a altura média Observações: CONCLUSÃO: Número de mudas compromissadas Número de mudas efetivamente estabelecidas Espaçamento Utilizado (m) Plantio localizado efetivado na área compromissada SIM NÃO GALERIA DE FOTOS – Registro de todas as etapas projeto Foto 1 Legenda da Foto 01 Foto 2 Legenda da Foto 02 4. PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE Foram realizadas diversas reuniões junto à comunidade, que contaram com a participação de membros da Administração Municipal, Conselho Municipal de Meio Ambiente, EMATER, membros da comunidade nas quais foram discutidos os assuntos referentes à APA TERRA DE AREIA. Alem de reuniões na sede da comunidade foi realizado encontro no salão comunitário de Sanga Funda para a exposição e discussão do Plano de Manejo a população desta comunidade e da comunidade de Arroio Bonito. FOTOS 28,29 E 30 – AUDIÊNCIA PÚBLICA DIA 10 DE SETEMBRO REALIZADA NO CENTRO DE MULTIUSO, TERRA DE AREIA FOTOS 30,31,32 E 33 FOTOS AUDIÊNCIA PÚBLICA REALIZADA NO DIA 16 DE OUTUBRO NA COMUNIDADE DE SANGA FUNDA (FOTOS: Diego Raupp) FIGURA 4 – LISTA DE PRESENÇA AUDIÊNCIA PÚBLICA COMUNIDADE DE SANGA FUNDA REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELTON, W. Aves silvestres do Rio Grande do Sul. 4.ed.atual. Porto Alegre: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 2004. 175p., 105 il. FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental. Diretrizes Ambientais para o Desenvolvimento dos Município do Litoral Norte . Porto Alegre 2000. LORENZI, H. & SOUZA, V. C.; Botânica Sistemática. 2ª edição, Editora Nova Odessa. São Paulo 2008, 703p. Orr. R. T., A Biologia dos Vertebrados. São Paulo, Editora Roca.510p. PMTA, Prefeitura Municipal de Terra de Areia. Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial e Ambiental de Terra de Areia. Terra de Areia, 2010. R.S. CECHIN, Mapas delimitação da APA. Torres 2012. RAMBO, B.; A fisionomia do Rio Grande do Sul: Ensaio de Monografia Natural – 3ª ed. Unisinos. São Leopoldo 2000. RAMOS, L.A. & R.B. DAUDT. Avifauna urbana dos balneários de Tramandaí e Imbé, litoral norte do Rio Grande do Sul. Biotemas 18(1): 181 191.2005. STRECK, E. V. Et al. Solos do Rio Grande do Sul. EMATER/RS; UFRGS. Porto Alegre, 2002 ULBRA, Plano Ambiental Municipal de Terra de Areia. Torres, 2006. WÜRDIG, N. L.; & FREITAS, S. M. F.; Ecossistemas e Biodiversidade do Litoral Norte do RS. Ed. Nova Prova – Porto Alegre 2009, 288p. Conteúdo da INTERNET FEE em < http://www.fee.tche.br> , acesso em 10/09/2012. IBGE em <www.ibge.gov.br>, acesso em 10/09/2012. ANEXOS APRESENTAÇÃO ETAPA 01