Trabalho Prático n 3 Conversor BCD-7 Segmentos SSI
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Trabalho Prático n 3 Conversor BCD-7 Segmentos SSI
Tecnologia dos Computadores 2002/2003 Trabalho Prático no 3 Trabalho Prático no 3 Projecto de Funções Lógicas Combinacionais Conversor BCD-7 Segmentos SSI 1 Introdução Este trabalho tem como objectivo: • introduzir o conceito de “Escala de Integração” (Scale of Integration) e mostrar o uso de circuitos integrados SSI (Small-Scale Integration) na resolução de problemas genéricos; • introduzir códigos numéricos e conversões no âmbito dos circuitos digitais; • providenciar um primeiro contacto com os visores de 7 segmentos e uma descrição mais aprofundada do funcionamento de LEDs; • introduzir os conceitos de lógica positiva, lógica negativa, activações a zero e activações a um. 2 Algumas Bases... Seguidamente, apresentam-se algumas explicações que talvez sejam úteis para desmistificar a complexidade aparente (para alguns...) deste trabalho... 1 Tecnologia dos Computadores 2002/2003 2.1 Trabalho Prático no 3 Alguma logı́stica sobre CIs Os circuitos integrados podem ser classificados através do número de portas que integram: • Integrados SSI (Small-Scale Integration) — 1 a 20 portas lógicas (custam tipicamente à volta de 25 cêntimos, se a inflação ajudar!), sendo na sua maioria DIPs de 14 pinos. Hoje em dia são quase exclusivamente usados em situações de “remedeio”. • Integrados MSI (Medium-Scale Integration) — 20 a 200 portas lógicas (com um custo rondando 1 Euro). Cada um destes integrados contém uma unidade funcional — serão dados vários exemplos destas unidades funcionais ao longo deste e dos próximos trabalhos práticos. • Integrados LSI (Large-Scale Integration) — 200 a 200000 portas (ou mais!), com um custo indo de 1 a 20 Euros (e por vezes mais...). Cada um destes integrados poderá conter memórias, microprocessadores, dispositivos de lógica programável, etc. • Integrados VLSI (Very Large-Scale Integration) — para cima de 200000 portas, se bem que a fronteira entre estes e os anteriores é muito difusa, sendo geralmente dada pelo número de transı́stores no seu interior. Os preços destes integrados vão desde os 10 Euros (por exemplo, memórias de 1 Mbit) até às centenas de Euros (por exemplo, os processadores Pentium da Intel, com os seus portentosos pelo menos 3 milhões de transı́stores). 2.2 Dı́gitos Decimais Codificados “Binariamente” Apesar de a numeração binária ser a mais apropriada para as computações internas de um sistema digital, muitas pessoas ainda preferem lidar com números decimais — é preciso ver que o ser humano já existia antes de haver computadores! Como resultado, os interfaces com o exterior de um sistema digital podem ler ou reproduzir visualmente números decimais, e alguns dispositivos digitais chegam a processar números decimais directamente. A necessidade humana de representar números decimais não modifica a natureza básica dos circuitos electrónicos digitais — estes continuam a processar sinais que podem tomar um de dois estados a que nós convencionamos chamar 0 ou 1. Por esse motivo, um número decimal é representado num sistema digital por uma sequência 2 Trabalho Prático no 3 Tecnologia dos Computadores 2002/2003 Dı́gito Decimal 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Códigos não utilizados BCD (8421) 0000 0001 0010 0011 0100 0101 0110 0111 1000 1001 1010 1011 1100 1101 1110 1111 2421 Excess-3 0000 0011 0001 0100 0010 0101 0011 0110 0100 0111 1011 1000 1100 1001 1101 1010 1110 1011 1111 1100 0101 0110 0111 1000 1001 1010 0000 0001 0010 1101 1110 1111 Biquinary 0100001 0100010 0100100 0101000 0110000 1000000 1000001 1000010 1000100 1001000 1-out-of-10 1000000000 0100000000 0010000000 0001000000 0000100000 0000010000 0000001000 0000000100 0000000010 0000000001 0000000 0000001 0000010 0000011 0000101 ... 0000000000 0000000011 0000000101 0000000110 0000000111 ... Tabela 1: Correspondência entre valores de diversos códigos binários e os dı́gitos decimais que eles representam (adaptado de [1]). Veja se consegue perceber, usando os seus conhecimentos de numeração binária, como são formados os códigos 8421 e 2421 (dica: atenção aos seus nomes!). (em inglês “string”) de bits, onde diferentes combinações desses bits na sequência representam diferentes números decimais. Para exemplificar este procedimento, foi compilada a tabela 1, que mostra a correspondência entre dı́gitos decimais e alguns códigos bastante usados para os representar em sistemas digitais. Existem centenas de maneiras diferentes de codificar estes 10 dı́gitos, mas são necessários sempre pelo menos 4 bits para os representar. Talvez o código binário que codifica da forma mais natural dı́gitos decimais seja o BCD (Binary-Coded Decimal ). Este representa cada digito decimal através do seu correspondente numérico binário, de 0000 a 1001. As sequências de 1010 até 1111, como se pode ver na tabela, não são usados. 3 Tecnologia dos Computadores 2002/2003 ânodo + - Trabalho Prático no 3 cátodo – + Figura 1: Da esquerda para a direita, sı́mbolos para: um dı́odo genérico, com uma representação das suas propriedades de condução, um LED, e uma “lâmpada” lógica genérica e abstracta. Note-se nesta última que a abstracção implica a ausência, ao contrário do sı́mbolo especı́fico do LED, da noção de “a corrente flui através de”; ao invés, a ideia é que “a corrente flui até”, porque, no seu sentido abstracto, um indicador luminoso é habitualmente indicador de fim de percurso num circuito lógico. 2.3 LEDs e visores de 7 segmentos LED é um acrónimo usado para designar “Light Emitting Diode”, ou seja, não é mais que um “dı́odo que emite luz”. Dı́odos são dispositivos electrónicos construı́dos a partir de material semicondutor e que, devido precisamente ao processo através do qual foram fabricados e à forma como o semicondutor foi tratado, têm caracterı́sticas muito especiais. Estas caracterı́sticas estão patentes no sı́mbolo usado para os representar, e que se pode ver na figura 1. O dı́odo ideal funciona como um interruptor que é accionado conforme estiver feita a colocação da voltagem nos seus terminais. O seu sı́mbolo, com forma de seta, aponta o sentido possı́vel para a corrente; ou seja, como está indicado na figura, o dı́odo funciona como condutor se estiver aplicada uma tensão mais positiva no lado do ânodo do que no cátodo e como isolante em qualquer outra situação. No caso de circuitos TTL, basta, portanto, colocar o LED em condução para se obter luz, e em corte para o apagar. Para além de funcionar como indicador luminoso útil quando usado sozinho, vários LEDs com vários formatos podem também ser agrupados de modo a formar padrões congruentes num mostrador. O agrupamento deste tipo mais comum é o visor ou mostrador de 7 segmentos, onde 7 LEDs (geralmente aproximadamente rectangulares) são colocados de modo a formar dı́gitos — veja-se a figura 2 na página seguinte. 4 Trabalho Prático no 3 Tecnologia dos Computadores 2002/2003 a f g b c e d a a f b b e c c e g d a b g a b f c d g b f a f g c d b f g c e d a c g c e d a b f g c d b c d (a) VCC a b c d e f g a b c d e f g GND (b) Figura 2: (a) Representação do aspecto fı́sico dos 7 segmentos, incluindo a sua disposição e etiquetagem, e demonstração da formação de dı́gitos através deles. (b) Esquemas das modalidades de circuito para um visor de 7 segmentos: em cima, versão ânodo comum; em baixo, versão cátodo comum. Porque se chamarão assim? O que se deverá ligar ao terminal que sobra (a, b, c, d, e, f ou g) para qualquer dos LEDs correspondentes acender? 5 Tecnologia dos Computadores 2002/2003 2.4 Trabalho Prático no 3 Há mais de uma lógica para a lógica... Afinal em que ficamos? Quando se discutem circuitos lógicos, como os CIs CMOS ou TTL, os projectistas digitais e fabricantes muitas vezes usam as palavras “LOW” e “HIGH” (ou, abreviando, “L” e “H”) em vez de “0” e “1” para lembrar que estão a falar de circuitos electrónicos reais e não apenas em quantidades abstractas: LOW Um sinal na gama das baixas voltagens, que normalmente poderá ser interpretado como nı́vel lógico 0; HIGH Um sinal na gama das altas voltagens, que normalmente poderá ser interpretado como nı́vel lógico 1. Note-se que esta convenção de correspondência entre nı́veis lógicos e nı́veis fı́sicos, apesar de ser a mais natural e a mais usada, e a que se dá nome de lógica positiva, não é a única. À correspondência inversa dá-se o nome de lógica negativa. Precisamente para evitar confusões, os fabricantes de CIs constroem as tabelas de verdade dos circuitos em termos de sinais fı́sicos, deixando as convenções para os projectistas. De qualquer das formas, não se deve confundir esta questão com outra que parece muito similar: a activação a um ou a activação a zero. Estas indicam, independentemente da convenção de lógica utilizada, que nı́vel lógico provoca a activação ou desactivação de um componente: por exemplo, no caso de um LED de activação a zero, este emitirá luz caso esteja na presença do nı́vel lógico 0 e apagará no caso inverso. Dispositivos de activação a zero e a um devem ser diferenciados colocando como prefixo ou sufixo nas variáveis lógicas correspondendo aos seus sinais de entrada um sı́mbolo especial. Há inúmeras convenções para isto — em termos de sufixos, + ou -, .L ou .H, (L) ou (H), e * ou ˜ apenas para a activação a zero; em termos de prefixos, * ou ˜ ou / para a activação a zero. Veja-se que a maior parte destas convenções pressupõem lógica positiva. Problemas 1. Olhem de novo para a figura 2 na página precedente. Que tipo de activação terão: (a) Os LEDs num visor de 7 segmentos em ânodo comum? (b) Os LEDs num visor de 7 segmentos em cátodo comum? 6 Tecnologia dos Computadores 2002/2003 CONTADOR BINÁRIO (0 a 9) TRIGGER Trabalho Prático no 3 a CONVERSOR BCD-7 SEGMENTOS 4 7 BCD SEVSEG f g b c e d Figura 3: Diagrama lógico projectado para a pista de automóveis. 2. Qual dos dois esquemas estará então incompleto devido a isto? O que mudariam nele? (Dica: lembrem-se das convenções sobre activação e usem a vossa resposta à pergunta anterior...) 3 Projecto do Sistema Um licenciado em Comunicações e Multimédia era um amante de pistas de automóveis em miniatura, e decidiu construir um circuito digital que contasse 9 voltas à pista e apresentasse num visor de 7 segmentos (de ânodo comum) a volta em que o carro estaria nesse momento. Para tal, adaptou a pista de modo a ter um pequeno contacto condutor no “carril” do automóvel na zona da meta que, sempre que interrompido pela passagem deste, causaria um impulso de voltagem. Este projectista comprou um CI MSI cuja função era de contador binário de 4 bits (que ele “programou” de forma a contar de 0 a 9) activado através de transições de voltagem de 0 para 1. Desta forma, denominando o sinal vindo do contacto de TRIGGER, projectou um diagrama de blocos, apresentado na figura 3. Infelizmente, os CIs MSI conversores de BCD para 7 segmentos estavam esgotados na Loja de Electrónica e ele decidiu então implementar ele próprio o conversor com lógica combinacional, usando uns CIs SSI que ele tinha à disposição, com portas lógicas discretas... Problemas 1. Escrevam a tabela de verdade que representa a lógica combinatória do conversor, separando claramente as entradas (bits A B C D) das saı́das (segmentos a b c d e f g 1 ). (Dica: recorram à figura 2 na página 5, às respostas que deram 1 Este será dos poucos exemplos em que as variáveis/sinais poderão ser representadas por letras minúsculas. 7 Tecnologia dos Computadores 2002/2003 Trabalho Prático no 3 ao conjunto de perguntas anterior e à noção de condições DON’T CARE que estudaram nas aulas teóricas para decidirem os valores para as saı́das.) 2. Seguidamente: (a) construam os mapas de Karnaugh das funções lógicas correspondendo a cada saı́da e retirem desses mapas as suas formas mı́nimas de soma de produtos (FMSP). (Dica: Aproveitem as condições DON’T CARE que estabeleceram na resposta à pergunta anterior para simplificar as funções lógicas ao máximo.) (b) Se quiserem e conseguirem, derivem dos resultados que obtiveram na alı́nea anterior, através dos métodos que aprenderam no Trabalho Prático 2 e outros teoremas da álgebra de Boole que achem apropriados, outras formas de representar as funções que minimizem o número de portas (e portanto de CIs) utilizadas. Atenção: poderá não ser possı́vel minimizar mais as funções! Porém, não se esqueçam que quanto menos CIs usarem, mais cotação têm! 3. Desenhem o diagrama lógico do vosso conversor. 4 Implementação do sistema Antes de começarem a montar, façam um diagrama de montagem, onde mostrem os integrados (todos na vertical e com o pino 1 para cima) e o fluxo de sinal. Não se esqueçam de seguir as minhas recomendações e boa sorte no vosso trabalho! Referências Bibliográficas [1] Wakerly, J. F. Digital Design – Principles and Practices, 2nd ed. Prentice Hall, 1994. [2] Marta, E. S. Sebenta Prática de Sistemas Digitais I. Cadeira dada no DEEC, 2002. [3] Padilla, A. J. G. Sistemas Digitais. McGraw-Hill, 1993. [4] Horowitz, P., and Hill, W. The Art Of Electronics, 2nd ed. Cambridge University Press, 1989. 8
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