Empreendedor cada vez mais jovem vê chances de ascensão

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Empreendedor cada vez mais jovem vê chances de ascensão
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Jornal Valor Econômico - CAD F - ESPECIAIS - 20/8/2015 (16:43) - Página 4- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW
Enxerto
F4
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Valor
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Quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Especial | Franquias
ANA PAULA PAIVA/VALOR
Negócios Cresce o número de franqueados com
menos de 30 anos em busca de oportunidades
Empreendedor cada
vez mais jovem vê
chances de ascensão
Katia Simões
Para o Valor, de São Paulo
Formada em direito, Jéssica
Escobar não se encontrou na
profissão. Sentia-se melhor trabalhando na empresa do pai, especializada em terceirização de
mão de obra. Empreender, porém, não era tarefa fácil, principalmente para uma jovem de 21
anos. Faltava dinheiro e experiência. Depois de muita pesquisa, ela convenceu o pai a investir
em uma franquia.
“Ele seria o sócio investidor e
eu operaria o negócio”, conta Jéssica. A marca escolhida foi a
Subway. O que a jovem não sabia,
entretanto, é que a única praça livre em 2013, próxima de Volta
Redonda (RJ), sua cidade natal,
era Angra dos Reis. Desistir, jamais. Ela se mudou para Angra e
abriu a primeira franquia de rua,
meses depois, começou a negociação da segunda unidade, desta vez em shopping center.
Hoje, aos 24 anos, ela responde por duas unidades da rede
Subway e tem fome de crescimento. Não perde um treinamento e não deixa de transmitir
suas ideias para o coordenador
de campo e até para a matriz. “A
franquia é o primeiro degrau de
quem quer empreender na atualidade, porque a cartilha já está
pronta e o negócio testado”, afirma Jéssica. “A chance de dar certo e crescer é maior do que começar um negócio do zero e bater a cabeça sozinha.”
Jéssica não é mais uma exceção no universo do franchising.
Com menos de 30
Jovens formam um terço do total de franqueados no Brasil - em %
Gênero
45%
Feminino
Faixa etária
55%
Masculino
10%
De 46 a
60 anos
3%
Mais de 60 anos
27%
De 18 a
30 anos
4%
Não
reveleram
a idade
56%
De 31 a
45 anos
Gustavo Albanesi, da rede Budha Spa: “O perfil dos candidatos vem mudando, sobretudo nos últimos três anos”
Nos últimos dois anos, jovens
com formação universitária, alguma experiência no mercado e
ávidos para empreender têm encontrado nas franquias uma
porta de entrada para o primeiro negócio. O movimento é recente, não tem mais do que três
anos, mas já tem peso nas estatísticas. É o que mostra o estudo
Franquias Brasil, realizado pela
Associação Brasileira de Franchising (ABF) em parceria com o Sebrae. Segundo o levantamento,
27% dos franqueados têm de 18
a 30 anos e 56% entre 31 a 45
anos. Um percentual significativo de gente jovem, com muito
gás e uma forma diferente de
pensar e fazer negócio.
Hoje, já há exemplos de redes
em que franqueador e franqueado possuem trajetórias bem semelhantes, tendo em comum o
franchising como meio para empreender. Aos 18 anos, conversando com o pai, Hugo Rosin,
sócio fundador da rede DVI Ra-
diologia, especializada em diagnóstico por imagem em odontologia, ouviu o seguinte conselho:
Escolha algo em que você consiga ser dono do próprio nariz.
O filho escutou. Formou-se
em odontologia e, aos 25 anos,
fundou a DVI. “Senti na pele o
ônus e o bônus de ser jovem”,
lembra Rosin. “Cansei de ser
chamado de menino. O desafio
era fazer a competência valer
mais que a minha idade.”
Com dez anos de mercado e
desde 2012 como franquia, a rede vê com bons olhos o crescimento da demanda de candidatos com menos de 30 anos. Das
13 unidades em operação, três
são comandadas por jovens empreendedores.
Se por um lado, os jovens têm
mais disposição, sonham alto,
dominam com facilidade as inovações tecnológicas e imprimem
uma comunicação mais inovadora às redes, por outro, são mais
questionadores, ansiosos, bus-
cam resultados imediatos e são
emocionalmente menos preparados. “Eles pensam mais fora da
caixa e isso é bom para as redes”,
avalia o consultor Marcelo Cherto, do Grupo Cherto. “Trata-se de
uma geração diferente, movida
não apenas pelo ganho financeiro, mas, principalmente, pelo
bom ambiente de trabalho, pela
defesa de uma causa e pelo valor
de aprender coisas novas, equilibrando trabalho e bem estar.”
Outra característica importante destacada pelo consultor é a
energia e a falta de medo para
recomeçar, além da preocupação
em fazer as coisas certas, porém,
não rigorosamente “certinhas”, o
que ajuda a acelerar o crescimento. “Esse conjunto de pontos
exige uma mudança na forma
das franquias de atuar, no modo
como se comunicam com a rede”, adverte Cherto.
Trata-se de uma geração de
empresários que troca o e-mail
pelo WhatsApp, o treinamento
presencial pelo e-learning e com
grande afinidade com as ferramentas tecnológicas.
Com 21 unidades em operação, das quais seis comandadas
por franqueados abaixo dos 32
anos, a Rede Budha Spa espera faturar este ano R$ 11 milhões. “O
perfil dos candidatos à franquia
vem mudando, sobretudo nos
últimos três anos”, afirma Gustavo Albanesi, fundador da rede.
“Acho bastante positiva essa
mudança, embora como franqueadores tenhamos de ter preocupação maior com o lado emocional desses empresários.”
Segundo ele, no começo eles
apanham na questão de liderança,
já que liderar é dar exemplo e não
impor a forma de trabalho. Também revelam egos em alguns momentos inflados e acabam dando
importância exagerada e maior
complexidade a fatos e ocorrências que não demandam tanta
energia. Albanesi reforça, contudo, que se falta experiência de vida
para esses empresários, sobra formação, já que a maioria tem mais
do que o curso universitário.
A opinião é compartilhada
por Elídio Biazini, fundador da
Dídio Pizza, rede com 24 unidades, das quais sete comandadas
por franqueados abaixo dos 30
anos. Na visão do franqueador,
além de aprender a lidar com a
ansiedade e o novo jeito de ser
desse público, a marca deve se
preparar para recebê-los, atualizando seus processos e, principalmente, introduzindo tecnologia na rede. “Eles têm muita
facilidade para absorver informações, entendem melhor o negócio como um todo, são mais
flexíveis e totalmente digitais”,
assegura Biazini. “Todavia, demandam um acompanhamento
mais próximo, uma consultoria
de campo mais atenta que lhe
mostre que o resultado é consequência do amadurecimento do
negócio e tem seu tempo para
acontecer.”
Geração antenada tem visão global e gosta de arriscar
De São Paulo
Longe de ser um movimento
passageiro, impulsionado pela
economia em baixa e queda dos
postos de trabalho, a entrada de
jovens franqueados no universo
do franchising só tende a crescer. Essa é a opinião da consultora Ana Vecchi, da Vecchi & Ancona Consulting. “Trata-se de uma
geração com visão atualizada e
global, que sabe pesquisar e visualizar o que acontece nos
grandes mercados e, ao contrário de um passado recente, querem empreender”, afirma.
“Tem horas, é claro, que batem cabeça, pela falta de alguma
ruga no rosto, de alguma experiência a mais de vida, e é nesse
momento que o acompanha-
mento do franqueador é essencial para o sucesso do negócio.”
Este também é o pensamento
de Jean Chu, sócio da rede Los
Paleteros. Para ele, o apetite de
risco e o desejo de controlar a
própria vida de forma mais voraz são características da nova
geração, que prefere empreender a fazer carreira. “Eles compõem o perfil ideal para nossa
marca, que é jovem, colorida e
bastante atual”, afirma Chu.
Há três anos no mercado, a rede conta com 100 unidades
franqueadas, das quais 20 comandadas por jovens abaixo
dos 35 anos.
Com duas décadas de atuação
no mercado e 11 anos de franchising, Altino Christofoletti, sócio fundador da Casa do Cons-
trutor, não titubeia ao dizer, que
teve de mudar o pensamento e a
forma de agir com a chegada
dos primeiros jovens franqueados à rede no último ano.
Até então, a preocupação da
consultoria de campo era com os
indicadores de desempenho das
unidades, já que a gestão de pessoas e o respeito ao manual já faziam parte do dia a dia dos franqueados mais experientes. “Hoje,
temos de estar mais preparados,
oferecer tecnologia para a coleta
e análise dos dados”, afirma.
“Eles trazem uma visão mais
moderna para o negócio. Demoram um pouco mais para pegar
a habilidade do dia a dia, mas
quando assimilam, deslancham
bem mais rápido. São mais
questionadores e exigem res-
postas rápidas”. Com 25 unidades, a Casa do Construtor tem
15% de seus franqueados abaixo dos 30 anos e está de olho na
chegada de outros tantos.
Foi-se o tempo em que os milleniuns eram apenas clientes
das redes no Brasil e no resto do
mundo. A edição da Feira do
Franchising 2015, em junho, foi
um bom termômetro do aumento da entrada de jovens
empreendedores no segmento.
Embora não haja um setor específico que atraia mais este
público, é certo que áreas ligadas à tecnologia, que exigem
uma formação mais sólida,
além de beleza, saúde e bem estar tendem a sair na frente.
A rede Dr. Shape, pioneira na
área de suplementação alimen-
tar e artigos esportivos, com 48
unidades em operação, confirmou a preferência na prática.
“Não é só o franchising que está
assistindo a esta mudança, mas
o varejo como um todo”, afirma
o franqueador Roberto Kalaes.
“As próprias universidades têm
abordado o tema empreendedorismo com maior eficiência,
o que leva esta geração a pensar
mais nesse caminho como objetivo de vida.”
Ciente de que se trata de um
candidato arrojado, dinâmico,
que quer alcançar suas conquistas de forma muito rápida, a rede
redesenhou seus processos de
consultoria de campo e, principalmente, seus treinamentos,
que ganharam horas a mais.
“Eles precisam ser monitorados
de perto para não colocar os pés
pelas mãos”, garante Kalaes. “A
rede tem de dar treinamento e
segurar a corda para eles não
voarem para o lado errado.”
Investir forte em treinamento
e redobrar o cuidado na hora de
selecionar os candidatos a franqueado é a receita da Mr. Beer para lidar com os novos parceiros.
Entre os 60 franqueados da rede,
que juntos respondem por 80
pontos de venda, 20% tem menos
de 30 anos. “Nosso maior desafio
é fazê-los entender que comprar
uma franquia é se tornar um empresário, sem hora para entrar ou
sair, que precisa gerir pessoas,
administrar as finanças e não se
deixar levar mais pelo emocional
do que pelo racional”, diz o franqueador Fabiano Wohlers. (KS)

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