Fita Verde no Cabelo

Transcrição

Fita Verde no Cabelo
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
Texto selecionado: Fita Verde no Cabelo (Nova velha história),
Guimarães Rosa
Antes da leitura:
 Chamar a atenção para o subtítulo do conto. Por que “nova
velha história”?
 Ressaltar o estilo rosiano; prosa poética, uso de neologismo,
universalização. (Por conta do estilo peculiar de Guimarães
Rosa, sugere-se que esse texto seja trabalhado no 3º ano do
EM, depois de os alunos já conhecerem um pouco do autor).
 Se estiverem com o livro, chamar a atenção também para as
ilustrações. Em que medida elas formam, informam ou
deformam a compreensão do texto?
Durante a leitura:
 Promover a leitura compartilhada, fazendo as inferências
necessárias;
 Ir pontuando as características de estilo de Guimarães Rosa
durante a leitura. Por exemplo:
o neologismos – velhavam, agagado, encurtoso, inalcançar;
o prosa poética – 4º parágrafo;
Depois da leitura:
 Provocar a reflexão
questionamentos:
sobre
o
texto
através
de
 O texto de Rosa dialoga com qual outro texto da
literatura universal (intertextualidade com Chapeuzinho
Vermelho)? Em que eles se aproximam ou se
distanciam?
 Por que a fita era “verde” e “inventada”? Esse
questionamento abre a reflexão sobre a temática do
texto, ou seja, o processo de crescimento da menina
(verde = imaturidade; inventada = que pertence ao
mundo da imaginação). Tal processo evidencia-se por
pistas linguísticas, a saber:
•
“Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha,
a que por enquanto.” A menina ainda não tinha juízo, ou seja,
ainda estava na fase da infância. Ressalta-se a expressão
“tudo era uma vez” (2º parágrafo);
• “e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.” O
cesto vazio metaforiza tudo o que a menina ainda tinha a
aprender.
• “depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das
horas, que a gente não vê que não são.” A palavra “moinho”
metaforiza a passagem do tempo, isto é, do crescimento da
menina.
• “Fita Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela
primeira vez.” Essa expressão confronta o primeiro parágrafo,
quando a menina ainda não tinha maturidade (juízo).
• “Gritou: - "Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!..." Questionar o
que a palavra Lobo (grafada com maiúscula) pode significar
no contexto da trama (medo do desconhecido, da vida, da
passagem da infância para a adolescência? São possíveis
reflexões.)
Obs. É interessante que o professor faça a leitura do anexo 1 –
Uma leitura do conto “Fita Verde no Cabelo”, de Guimarães Rosa,
por Érica Antunes.
Como leitura de fruição, depois da análise feita do conto de
Guimarães Rosa, sugere-se a leitura de Chapeuzinho Amarelo, de
Chico Buarque.
Fita Verde No Cabelo (Nova velha história)
Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor,
com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que
esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam.
Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a
que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita
inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a
amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita - Verde
partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha
um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar
framboesas.
Daí, que, indo no atravessar o bosque, viu só os lenhadores,
que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido, nem
peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então
ela, mesma, era quem dizia: "Vou à vovó, com cesto e pote, e a
fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou". A aldeia
e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a
gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não
são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá,
louco e longo e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas
ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós.
Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com
inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e
com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores,
princesinhas e incomuns, quando a gente tanto passa por elas
passa. Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe
respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
- "Quem é?"
- "Sou eu..." - e Fita Verde descansou a voz. - "Sou sua linda
netinha, com cesto e com pote, com a Fita Verde no cabelo, que
a mamãe me mandou."
Vai, a avó difícil, disse: - "Puxa o ferrolho de pau da porta,
entra e abre. Deus a abençoe."
Fita Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar
agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim
defluxo. Dizendo: - "Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para
perto de mim, enquanto é tempo."
Mas agora Fita Verde se espantava, além de entristecer-se de
ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo
atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela
perguntou:
- "Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos
tão trementes!"
- "É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha
neta...." - a avó murmurou.
- "Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados".
- "É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta..."
- a avó suspirou.
- "Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto
encovado, pálido?"
- "É porque já não estou te vendo, nunca mais, minha
netinha...." - a avó ainda gemeu.
Fita Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela
primeira vez.
Gritou: - "Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!..."
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado
ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.
Guimarães Rosa
ANEXO 1
Uma leitura do conto "Fita Verde no Cabelo", de Guimarães Rosa
O conto "Fita Verde no Cabelo", de Guimarães Rosa, é uma espécie de
paráfrase à história de Chapeuzinho Vermelho. A simbologia, porém, é mais
profunda.
Como na história original, no conto existia uma aldeia em algum lugar, nem
maior nem menor. Nota-se, assim, que o espaço e o tempo são sempre os
mesmos e, por tal razão, irrelevantes.
A presença de neologismo, característica marcante em Guimarães Rosa, do
verbo na terceira pessoa do plural do pretérito imperfeito, velhavam, gera duas
leituras. A primeira é de que as pessoas da terceira idade se conformavam com
a própria condição e agiam nos moldes que a sociedade impunha, ou seja,
limitavam-se a aguardar pela morte. A segunda, constitui-se, exatamente, no
revés da anterior, caso em que o termo assume foros de reclamação constante
e de rebeldia quanto ao processo de envelhecimento.
Enquanto os velhos velhavam, os adultos esperavam, ou seja, aguardavam o
momento de também, a exemplo dos mais velhos, "velhar". A atitude é de
intensa passividade, não se manifesta nenhum traço de rebeldia, mas, pura e
simplesmente, de aceitação incontestável.
As crianças, por sua vez, é que aparecem dotadas de movimento, posto que
nasciam e cresciam. É o mito do eterno retorno surgindo no ciclo vital com a
infância, a ingenuidade e a inocência caracterizadas, essencialmente, na
personagem da meninazinha de fita verde no cabelo.
A fita, diga-se, aliás, é inventada e da cor verde. Isso, por si só, revela uma
enormidade de significações. O destaque é a alusão aos contos de fada, em
que o "era uma vez" se faz necessário, remetendo à idéia de que o mundo
imaginário pode se tornar real a qualquer momento.
Do mesmo modo, a cor verde está ligada à esperança e, ainda, ao processo de
crescimento da menina. Em outras palavras, o texto apresenta o desabrochar
para a vida, ou, ainda, a adolescência, momento em que o indivíduo começa a
enxergar o todo, tomando-se de dores e epifanias aliadas à curiosidade de se
sentir humano e participante do mundo.
Voltemos, porém, ao primeiro parágrafo do conto, em que todos tinham juízo,
suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto.
Esta passagem, caracterizada por uma inversão e pela expressão por
enquanto, bem confirma a temática a ser trata mais adiante, relativa ao
desenvolvimento da garota de fita verde no cabelo.
Até então, a inocência é imperativa, restando, no entanto, evidentes as marcas
já assinaladas de que tal fato não perdurará por muito tempo. E tanto é assim
que, no parágrafo seguinte, aparece a figura da mãe determinando a ida à casa
da avó. E lá seguiu a menina com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a
uma outra e quase igualzinha aldeia.
Tudo rememora Chapeuzinho Vermelho, à exceção da fita verde e do pote que,
naquela, aparecem sob a forma de um capuz vermelho e de um bolo. A
menina, agora, aparece nomidade Fita-Verde, numa introspecção maior à
história original.
Ao mesmo tempo, aparece, pela primeira vez, a expressão tudo era uma vez,
ou seja, tudo semelhava aos contos de fada. Contudo, o pote continha um doce
em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas. O doce em
calda, tipicamente mineiro, talvez esteja elencado apenas por uma questão
regionalista do autor ou, talvez, para representar o conservadorismo de que
podem estar imbuídas as pessoas, num reflexo da perenidade e invocando,
ainda, os conjugados verbos velhavam e esperavam anteriormente discutidos.
Note-se que o cesto estava vazio, a menina tudo tinha para atravessar,
aprender, viver. As framboesas, portanto, representam as experiências
colhidas ao longo do percurso, da vida.
Atravessando o bosque, não viu nenhum lobo, apenas lenhadores, que por lá
lenhavam. Há, aqui, neologismo, atribuindo à profissão uma ação verbalizada,
ressaltando os aspectos oral e cotidiano do ofício.
Do lobo, só restou o medo, já que os próprios lenhadores cuidaram de
exterminá-lo. Assim, podia, a garotinha, seguir tranqüilamente à vovó, com
cesto e pote, e a fita verde no cabelo, como havia determinado a mãe, posto
que a aldeia e a casa estavam esperando-a acolá, depois daquele moinho.
O caminho, no entanto, que parecia tão próximo, revela-se extremamente
distante, desses que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê
que não são.
E foi assim que Fita-Verde seguiu, ao contrário de Chapeuzinho Vermelho, pelo
caminho louco e longo, e não o outro, encurtoso. O sufixo "oso" dá vazão ao
pensamento de intencionalidade da personagem que resolveu seguir o
caminho comum e recomendável, embora existisse a opção de, do mesmo
modo, trilhar outro menos penoso, mais célere.
O processo de crescimento, aqui, resta evidente, pois a menina possui asas
ligeiras e sua sombra vem-lhe correndo, em pós. As metáforas tomam maior
corpo com a referência às avelãs do chão que não voavam, às borboletas
nunca em buquê nem em botão e às plebeiinhas flores, princesinhas e
incomuns ignoradas pela própria menina.
Todas essas imagens conduzem à uma maior e imperativa, a de que a
garotinha está passando para dentro de si mesma, reconhecendo-se no e do
mundo. E, por ser um momento extremamente solitário, interior e introspectivo,
as borboletas não aparecem em buquê nem em botão, nem as avelãs voavam,
como em outrora. Fita-Verde começa a enxergar os seres como
verdadeiramente sã, sem emprestar-lhes um caráter mágico e irreal.
O conto de fadas, ao que demonstra, vai se tornando escasso à medida em
que a menina desabrocha junto com as plebeiinhas flores, princesinhas e
incomuns que a própria Fita-Verde não percebe posto que vinha
sobejadamente -, mas que, por extensão, são ela mesma.
Depois de muito andar, dá com a avó em casa, o que se percebe com a
onomatopéia toque, toque e a resposta vinda lá de dentro: Quem é? A neta,
então, responde um simples sou eu e descansa a voz para se auto-definir
como linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo mandada
pela mãe. Mas já não era a mesma ou estava prestes a deixar de ser.
A avó, nesse momento, determinou que entrasse e a abençoou. Fita-Verde
assim procedeu e olhou a velhinha na cama, rebuçada e só. Concluiu, ainda,
que devia, para falar agagado e fraco e rouco assim, de ter apanhado um ruim
defluxo.
Fita-Verde, portanto, pela primeira vez na vida, deparou-se com a velhice
escancarada e os perigos que dela advinham.
Nota-se que a expressão falar agagado, outro dos neologismos de Guimarães
Rosa, indica, pelo emprego do sufixo "ado", o modo de falar da avó ocasionado
por um terrível resfriado.
Ao mesmo tempo que a menina se depara com aquela imagem que se opunha
ao desabrochar que estava vivendo, a avó sentencia: vem para perto de mim,
enquanto é tempo.
Fita-Verde, agora, se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em
caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme
fome de almoço. É, portanto, a retratação do despertar para a vida e suas
mazelas. A fita verde perdida é a garantia de que a inocência, até tão pouco
tempo aquilatada, foi-se embora para sempre.
A menina, assim, está perto da estatização proclamada ao início do conto, com
os velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, ou seja,
tudo que antes produzia efeito epifânico no âmago de Fita-Verde, de um
momento para outro é transformado em desolação e medo, como deixa
transparecer na exclamação: Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e
que mãos tão trementes!
E a resposta da avó não poderia ser pior: É porque não vou poder nunca mais
te abraçar, minha neta...
A essa altura, Fita-Verde se desespera: Vovozinha, mas que lábios, ai, tão
arroxeados! Note-se que o ai reflete, exatamente, o medo que saía dos olhos
da menina.
A avó era implacável: É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha
neta... Sempre reticente, a avó vai incutindo, ainda que de modo tácito, na
menina, a idéia da fatalidade, do inevitável.
Mas Fita-Verde, aturdida, ainda outra vez se manifesta: Vovozinha, e que olhos
tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido? É evidente que a garota
já sabia o destino da avó, que, finalmente, sentenciou: É porque já não te estou
vendo, nunca mais, minha netinha...
E a menina, movida pelo susto e pelo espanto, como se fosse ter juízo pela
primeira vez, grita: Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!...
Não era o lobo da história de Chapeuzinho Vermelho que Fita-Verde temia. Era
a morte, o despertar para a vida, a chegada do juízo, a transição da infância
para a adolescência.
E, nesse momento, esteve, de fato, completamente sozinha, já que a avó não
estava mais lá, sendo que demasiado ausente, frio, triste e tão repentino corpo.
Em outras palavras, o processo de descoberta de si própria se completou no
momento da morte da avó. Já não era mais Fita-Verde, era um ser no e do
mundo.
Érica Antunes é advogada e professora e autora deste texto pesquisado na net.
Era Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de tanto medo.
Tinha medo de tudo,
aquela Chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada
nem descia.
Não estava resfriada
mas tossia.
Ouvia conto de fada
e estremecia.
Não brincava mais de nada,
nem de amarelinha.
Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol
Porque tinha medo de sombra.
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada,
deitada, mas sem dormir,
com medo de pesadelo.
Era Chapeuzinho Amarelo
E de todos os medos que tinha
o medo mais que medonho
era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.
Mesmo assim a Chapeuzinho
Tinha cada vez mais medo
do medo do medo do medo
de um dia encontrar um LOBO.
Um lobo que não existia.
E Chapeuzinho Amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz
de comer duas avós,
um caçador,
rei, princesa,
sete panelas de arroz
e um chapéu
de sobremesa.
Mas o engraçado é que,
assim que encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo,
o medo do medo do medo
de um dia encontrar um LOBO.
Foi passando aquele medo
do medo que tinha do LOBO.
Foi ficando só com um pouco
de medo daquele lobo.
Depois acabou o medo
e ela ficou só com o lobo.
O lobo ficou chateado
de ver aquela menina
olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado,
triste, murcho e branco azedo,
porque um lobo, tirado o medo,
É um arremedo de lobo
É feito um lobo sem pelo
Lobo pelado.
O lobo ficou chateado.
E ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada!.
E ele gritou: sou um LOBO!
Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: Eu sou um LOBO!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar
de outra coisa.
Ele então gritou bem forte
aquele seu nome de LOBO
umas vinte e cinco vezes,
que era pro medo ir voltando
e a menininha saber
com quem não estava falando:
LO-BO- LO-BO- LO-BO- LO-BO- LO-BO- LO-BOLO-BO- LO-BO- LO-BO- LO-BO- LO-BO- LO-BOLO-BO- LO-BO- LO-BO- LO-BO- LO-BO- LO-BO-
Aí,
Chapeuzinho encheu e disse :
"Pára assim! Agora! Já!
Do jeito que você tá!"
E o lobo parado assim
do jeito que o lobo estava
já não era mais um LO-BO
Era um BO_LO.
Um bolo de lobo fofo,
tremendo que nem pudim,
com medo da Chapeuzim.
Com medo de ser comido
com vela e tudo, inteirim.
LO-BO-LO-BO
Chapeuzinho não comeu
aquele bolo de lobo,
porque sempre preferiu
de chocolate.
Aliás, ela agora, come de tudo,
menos sola de sapato.
Não tem mais medo de chuva
nem foge de carrapato.
Cai, levanta, se machuca,
vai à praia, entra no mato,
trepa em árvore rouba fruta,
depois joga amarelinha
com o primo da vizinha
com a filha do jornaleiro
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.
Mesmo quando está sozinha,
inventa uma brincadeira.
E transforma
em companheiro
cada medo que ela tinha:
o raio virou orrái,
barata é tabará,
a bruxa virou xabru
e o diabo bodiá.
FIM
Ah! Outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo:
O Gãodra, a Jacoru, o Barão-tu, o Pão Bichopa,
e todos os trosmons.

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