Clipping_2007_light

Transcrição

Clipping_2007_light
Clipping de Notícias
Tuck na mídia Brasileira
Tuck Alumni Club Brazil
Ano 2007
Índice
Data
Fonte
Julho/2007
Estado de São Paulo
Por que os executivos erram
Maio/2007
Valor Econômico
Tuck aposta na vantagem de ser pequena e
tradicional
Valor Econômico
Brasileiros querem ficar nos EUA para atuar
em bancos
Portal Exame
A Faria Lima bate Wall Street
Vida Executiva
Leitura da Vez - Entre erros e acertos
Você S/A
Pesca no Exterior
Você S/A
Os bons duram mais
Valor Econômico
Estudantes brasileiros de cursos de MBA não
querem voltar ao país
Folha de S.Paulo
Liderança é o nosso principal foco
Abril/2007
Março/2007
Novembro/2006 Valor Econômico
Título
O equilíbrio entre a dívida e o valor agregado
Janeiro/2006
Valor Econômico
Mais brasileiros fazem empréstimos para
estudar no exterior
Março/2005
Valor Econômico
Serão os MBAs os grandes culpados?
Por que os executivos erram
Pesquisa mostra que, de 51 presidentes de empresas afastados em meio a
crises, apenas dois ficaram no mercado
Ana Paula Lacerda
Eles são experientes, inteligentes, muito bem preparados e
já comandaram empresas de peso. Ainda assim, erram - a
ponto de levar uma empresa à beira da falência.
'Infelizmente todo executivo, por mais preparado que seja,
por melhor que seja seu currículo, é um ser humano. E
seres humanos erram', diz o pesquisador americano
Sydney Finkelstein, professor do MBA do Dartmouth
College.
Nos últimos anos, Finkelstein pesquisou as razões pelas
quais CEOs de grandes companhias cometeram erros que
abalaram seriamente suas empresas - seja com grandes
prejuízos, como na Motorola nos anos 90, ou escândalos
de corrupção, como na Enron. Um de seus livros - Por que
executivos inteligentes falham - lista 51 casos de grandes
empresas (como Sony, Iridium e DaimlerChrysler) que
passaram por crises e explica os motivos pelo qual ocorreram.
'Existem quatro razões principais que levam um executivo a cometer erros', diz ele. 'A visão distorcida dos fatos,
a ilusão, falhas de comunicação e alguns hábitos dos executivos (ver ao lado). A maioria dos grandes erros
empresariais se encaixa em uma destas situações.'
Como exemplo do primeiro caso - a visão distorcida - ele cita a Motorola. Em meados de 1994, a empresa ficou
meses desenvolvendo tecnologia analógica para celulares, quando outras desenvolviam tecnologia digital. 'E,
mesmo vendo o resultado de outras empresas, levou tempo para que a Motorola mudasse sua estratégia', diz o
pesquisador. 'O próprio Gary Tooker, CEO da empresa naquela época, me disse posteriormente que os líderes
estavam muito concentrados em resultados a curto prazo e não pensaram o suficiente no futuro.'
Neste caso, porém, uma estratégia errada pode ser corrigida, e a Motorola continua hoje sendo uma das gigantes
de celulares. 'Em geral, é possível corrigir erros de gestão. Mas em casos que ferem a ética, como o da Enron, ou
da empresa japonesa Snow Brand Food, que demorou a assumir que havia ocorrido uma contaminação em seus
produtos, não há como recuperar a magem ou mesmo a empresa.'
Para evitar crises, ele aconselha nunca trabalhar de maneira automática. 'O executivo, especialmente o CEO,
deve se perguntar se aquilo que está fazendo é o melhor para a companhia.' Das 51 empresas pesquisadas por
Finkelstein (situadas na América do Norte, Europa, Ásia e Oceania), todas dispensaram seus CEOs. E 49 deles
não conseguiram recolocação.
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RECOLOCAÇÃO
'É muito difícil seguir com a carreira depois de passar por uma crise', diz a consultora de carreiras sênior Mara
Turolla, da Carreer Center. 'Vai depender muito de onde a pessoa está na estrutura da empresa. O presidente é
sempre o primeiro a ser responsabilizado.'
No Brasil, ela diz que um dos casos mais emblemáticos seja o ocorrido com o Banco Santos, cujo controlador
Edemar Cid Ferreira foi condenado por evasão de divisas, formação de quadrilha e gestão fraudulenta.
'Os executivos de lá certamente enfrentaram perguntas difíceis em entrevistas de emprego posteriores.' Mara diz
que aqueles executivos que passaram por momentos de crise e foram afastados da empresa - ou foram afastados devem esperar alguns dias antes de buscar recolocação.
'Primeiro, a poeira deve baixar para a própria pessoa, para ela avaliar o que aprendeu com a situação. E ela deve
saber falar sobre seus erros mas também sobre suas conquistas.'
OS PRINCIPAIS ERROS
Visão errada: Ocorre quando o executivo analisa erroneamente as informações que lhe são passadas, ou não
percebe algum fato que pode influenciar resultados e processos
Ilusão: Por vezes, o executivo está tão convencido de que tomou a decisão certa que não debate com a equipe ou
não avalia se esta é realmente a melhor opção
Falhas de Comunicação: Quando, simplesmente, alguma informação não chega aos diretores, ou chega
truncada
Hábitos: Cada executivo tem sua maneira de agir, sua formação e sua experiência. Às vezes, atitudes específicas
- como a maneira de tratar colegas - podem influenciar nos resultados
Como evitar estes problemas: Finkelstein afirma que os executivos devem fazer perguntas a si mesmos para
detectar sinais de alerta. Por exemplo: a estratégia, a contabilidade e o palavreado usado na empresa são
desnecessariamente complicados? Há detalhes ou problemas pequenos que a gerência parece desprezar? Tenho
dúvidas sobre o CEO?
http://www.estado.com.br/editorias/2007/07/05/eco-1.93.4.20070705.61.1.xml
Fonte: Estado de São Paulo
05/07/2007
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A vantagem de ser pequena e tradicional
Stela Campos
07/05/2007
Primeira escola de negócios do mundo, criada em 1900 dentro do Dartmouth College, a Tuck
prepara uma reforma curricular onde deverá personalizar ainda mais seu curso de MBA,
oferecendo classes com oito estudantes. Situada em Hanover, interior dos EUA, a escola conta
com apenas 480 alunos. A Tuck ocupa lugar de destaque em todos os rankings de MBAs do
mundo. Ser pequena é o que a diferencia de outras renomadas escolas americanas. Sua meta não
é crescer, mas ter mais estrangeiros.
3
Tuck aposta na vantagem de ser
pequena e tradicional
Por Stela Campos
07/05/2007
Ao contrário das outras renomadas Stela Campos/Valor
escolas de negócios com as quais
divide as primeiras colocações nos
principais rankings dos melhores
cursos de MBA do mundo, Tuck não
tem planos para crescer. Situada
dentro do campus do Dartmouth
College, na minúscula cidade de
Hanover, na charmosa região dos
lagos no estado de New Hampshire,
Estudantes aproveitam o calor da primavera
seu objetivo no futuro é manter-se nos jardins da escola
exatamente do mesmo tamanho.
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Primeira escola de negócios do mundo, criada em 1900, Tuck encara como seu maior
desafio hoje tornar-se mais internacional. Quer ter 40% de alunos estrangeiros em suas
classes, hoje eles são apenas 34%. Mas quer fazer isso mantendo o espírito familiar e
interiorano que acredita ser o seu maior diferencial em relação às outras grandes escolas
americanas.
Tuck abriga no curso de MBA 480 alunos. São sempre 240 alunos por turma, nos dois
anos do curso, nenhum a mais ou a menos. Cerca de 60% deles moram no campus. Os
estudantes do MBA, junto com os do Dartmouth College, compõe a maioria da população
de Hanover, que tem 10 mil habitantes. A cidade fica há duas horas de carro de Boston.
Quem não vive em um dos dormitórios patrocinados pela escola está no máximo há três
ou quatro quilômetros dali, na cidade de Lebanon ou em algum lugar no estado de
Vermont, cuja divisa fica há dois quilômetros do campus.
A disputa pelas poucas vagas na escola é grande. Este ano, 2,6 mil candidatos
concorrem por um lugar na turma de 2008. O sistema de seleção é rigoroso. A escola
não exige uma nota mínima no GMAT (exame internacional que testa o inglês e conceitos
de administração), mas uma nota acima de 710 é desejável. É necessário ter pelo menos
cinco anos de experiência no mercado. Mas, na hora "h" o que conta pontos mesmo são
as habilidades pessoais e a impressão dos examinadores. "O candidato tem que ter
iniciativa, ser persuasivo e se fracassou alguma vez não deve esconder isso e sim contar
como superou a crise", recomenda Christie St-John, diretora da área de recrutamento e
seleção de Tuck.
Dos estudantes deste ano, 40% são casados e 15% trouxeram os filhos para viver com
eles. Existem inclusive cinco casais fazendo o curso. Tuck só oferece o MBA "full time",
modelo mais tradicional, com dois anos de duração. "Como a cidade é pequena, todos
ficam muito próximos", diz a diretora.
O número de alunos estrangeiros ainda é pequeno, mas vem crescendo. Aumentar esta
participação é a grande meta da escola para os próximos anos e uma questão de honra
para o reitor Paul Danos. Desde que assumiu o comando de Tuck há oito anos, ele tem
se empenhado pessoalmente para que a escola se torne mais internacional. Todo ano faz
cerca de 15 viagens para a Europa, Ásia e América Latina, com a intenção de promover o
nome da escola, conhecida no mercado americano, mas praticamente desconhecida em
muitos países.
Aos poucos, o reitor vem conseguindo plantar sua semente. O percentual de alunos
estrangeiros em sua gestão passou de 11% para 34%. Mas, ele quer ir além. Sua
ambição é equilibrar a distribuição de nacionalidades nas salas de aula. "Queremos mais
diversidade", diz. Hoje apenas 10% dos estudantes são latino-americanos e 40% são
chineses. Diversidade também significa ter mais mulheres. Hoje elas representam 33%
dos alunos.
Para 2012, Danos quer promover algumas mudanças no currículo de Tuck. As últimas
aconteceram em 2000. "Não será nada radical", explica Robert G. Hansen, reitor
associado. A intenção é oferecer no segundo ano, a oportunidade para os estudantes
desenvolverem as matérias eletivas em classes bem pequenas, com no máximo oito
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alunos. "Queremos nos aperfeiçoar naquilo que já sabemos fazer, que é oferecer um
ensino mais personalizado", diz o reitor.
Para adotar esse novo modelo de ensino, Tuck terá que aumentar o número de
professores. Hoje existem 60 professores, com 70% deles atuando em tempo integral.
No geral, eles dão aulas durante cinco meses e o resto do ano dedicam-se
exclusivamente a pesquisas. "Isso é crítico para nossa escola", diz Dave Pyke, reitor
associado, responsável pelo MBA. Encontrar este tipo de docente não é fácil e custa caro.
Eles recebem, em média, US$ 300 mil por ano. Para bancar as novas contratações, a
escola está lançando uma campanha para arrecadar US$ 95 milhões, nos próximos três
anos. Esse dinheiro será desvinculado do que já é recolhido anualmente entre os 8 mil
ex-alunos. Ano passado, 65% deles doaram à escola US$ 5 milhões.
A generosidade dos ex-alunos está relacionada com o alto grau de satisfação após o
curso, um dos destaques da escola no ranking do jornal "Financial Times". A
empregabilidade dos formandos também é alta. "O fato da escola ser pequena ajuda",
diz Robert Hansen. O salário médio gira em torno de US$ 150 mil por ano. Mas quem
decidiu fazer o MBA em Tuck apostou alto. O custo do curso, estimado para 2008,
incluindo moradia, está em US$ 142,5 mil. Se o estudante levar a família este valor pode
subir para US$ 162,5 mil.
A escola tem poucas bolsas de estudo, apenas 7% dos alunos deste ano utilizam este
recurso. Quase metade dos estudantes conseguem pagar o MBA através de empréstimos
realizados com instituições financeiras através da escola. Os outros usam recursos
próprios ou são custeados pela família ou empresa. O brasileiro André Bueno, 34 anos,
conta que conseguiu um empréstimo de U$ 140 mil através da escola, em apenas três
horas, após ter sido aprovado no curso. "Isso sem avalista", lembra. Esta é mais uma
das iniciativas de Tuck que está ajudando a atrair mais estrangeiros. Porém, muito ainda
precisa ser feito para que o nome da escola soe familiar em outros continentes, assim
como Harvard ou Stanford. "Estamos trabalhando para isso", diz Danos.
Fonte: Valor Econômico
07/05/2007
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Brasileiros querem ficar nos EUA para
atuar em bancos
De São Paulo
07/05/2007
Fazer o MBA no exterior, para a maioria dos executivos brasileiros, significa investir
numa carreira internacional. E, se possível, um emprego em um banco de investimentos
em Nova York ou algo que o valha. Quase 80% dos formandos da escola de negócios
Tuck, do Dartmouth College, têm a intenção de trabalhar nos Estados Unidos após o
curso.
Stela Campos/Valor
Grupo de alunos brasileiros do curso de MBA de Tuck, junto ao prédio na escola de negócios em Hanover
"Para o profissional brasileiro trabalhar em um banco internacional, em Nova York,
significa estabelecer um bom relacionamento com a matriz, o que é extremamente
importante para a carreira dentro da instituição" , diz Andre Bueno, estudante do
primeiro ano do MBA em Tuck. Ele trabalhou na área financeira da Ford no Brasil e nos
Estados Unidos. Fez o mestrado em finanças na Universidade de Michigan. "Vim para
Tuck com a intenção de fazer uma transição da área automotiva para a de bancos de
investimentos", conta.
Bueno diz que no Brasil essa mudança seria mais difícil. "Os headhunters sempre me
veriam como alguém do setor automotivo", diz. Ele conseguiu um "summer job"
(trabalho realizado entre o primeiro e o segundo ano do MBA) na Merril Lynch, em Nova
York. "Vou trabalhar com fusões e aquisições. Era o que eu queria", comemora.
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Como o conteúdo do MBA em Tuck é mais tradicional e generalista, focado no ensino da
administração, boa parte dos estudantes tem intenção de migrar para outro setor após o
curso. Cerca de 40% seguem para consultorias e bancos de investimentos. Este ano, por
exemplo, 25% dos alunos foram recrutados pela McKinsey.
A escola também tem sido bastante procurada por fundos de private equity. O brasileiro
Benny Finzi, 29 anos, ex-consultor da Accenture, diz que o fato de existir um Centro de
Private Equity e Empreendedorismo em Tuck foi um dos fatores que ajudou a aumentar
seu interesse pelo MBA. "Gostaria de trabalhar nessa área", diz.
O estudo sobre liderança também é outro carro-chefe da escola. "Nossos alunos querem
dar uma guinada na carreira e em dez anos chegar ao cargo de CEO", diz David Pyke,
reitor associado de Tuck, responsável pelo MBA.
Encontrar um bom "summerjob", entre o primeiro e segundo ano do MBA, é uma forma
de tentar antecipar um contrato de trabalho após o curso. No período de 8 a 10 semanas
em que os alunos atuam nas companhias, eles recebem, em média, luvas na assinatura
do contrato temporário no valor de US$ 5 mil, mais um salário de US$ 18 mil.
Paulo Almeida, 33 anos, que está se formando este ano, fez o "summerjob" no Citibank
em Nova York e já tem emprego garantido no banco quando terminar o curso. "Foi uma
oferta irresistível para ficar", conta.
Outra maneira de alavancar a carreira dos estudantes do MBA durante o curso são os
trabalhos realizados para a Tuck Global Consultancy, consultoria criada pela escola, em
1997, para prestar serviços para empresas. No ano passado, foram realizados 15
projetos, do qual participaram 100 estudantes. "Como são poucas vagas, existe uma
grande disputa entre os alunos para entrar nos projetos", diz Pyke. Os trabalhos
realizados pela consultoria duram entre quatro e seis semanas e o preço médio cobrado
pela escola é US$ 28 mil.
Arnaldo Romera, 29 anos, é um dos alunos que está pleiteando um espaço na consultoria
da escola. Ele veio para Tuck com o curso financiado pela empresa italiana Value
Partners, onde trabalha no Brasil. O fato de poder realizar trabalhos em grupo menores,
na sua opinião, é uma das vantagens de estudar em Tuck. "Sempre trabalhei em equipes
pequenas onde existia uma maior exposição e isso também acontece aqui", diz.
O ambiente interiorano de Hanover também acaba sendo um atrativo a mais para quem
quer se focar nos estudos. O engenheiro Alexandre Perlingeiro, 32 anos, foi um que
buscou a escola não só por ela ser bem reconhecida no mercado financeiro, mas também
para fugir da vida agitada dos grandes centros. "Vou ter que morar em São Paulo ou
Nova York depois, quero aproveitar a tranqüilidade da cidade", diz.
Rogério Cafruni, 29 anos, ex-consultor da Arthur Andersen e da Deloitte diz que o fato de
poder morar em uma cidade do interior também o animou . "Sou casado e pelo fato da
escola ter uma comunidade bastante coesa, achei que isso iria ajudar na adaptação da
minha família", diz. (SC)
Fonte: Valor Econômico
07/05/2007
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A Faria Lima bate Wall Street
Os salários nos bancos de investimento do Brasil passam os dos Estados Unidos
Por Giuliana Napolitano
EXAME
Tina Fineberg / APhoto
Como seria de esperar da maior economia
do mundo, os Estados Unidos reinam
quando o assunto é mercado financeiro. No
ano passado, um terço de todos os
lançamentos de ações e quase 40% das
operações de fusões e aquisições de
empresas do mundo aconteceram em Wall
Street, o maior centro financeiro do
planeta. Também são americanos os bancos
de investimento responsáveis por estruturar
a maior parte dessas transações -- que
movimentaram a cifra recorde de 1,7
trilhão de dólares.
o
Surpreende, portanto, que um país emergente consiga superar os Estados Unidos em algum quesito
nessa área. Mas é o que ocorre com o Brasil, pelo menos no que diz respeito à remuneração dos
profissionais -- e pelo menos por enquanto. Apesar de o mercado de capitais brasileiro ainda
representar uma tímida fração do americano, os salários e os bônus pagos por bancos de investimento
já ultra passam os valores de Nova York. Atualmente, presidentes, diretores e até trainees das
instituições que operam no país ganham cerca de 20% mais do que seus colegas nos Estados Unidos,
segundo estimativas das maiores consultorias de recrutamento e de executivos dos principais bancos
ouvidos por EXAME. "A Faria Lima bateu Wall Street", afirma um headhunter, referindo-se à
Brigadeiro Faria Lima, avenida da zona oeste de São Paulo onde estão localizados os escritórios dos
principais bancos de investimento do país.
As cifras são milionárias. No Brasil, o ganho anual de um presidente de banco de investimentos é de
cerca de 4 milhões de dólares. Essa é a média. Executivos top de linha podem receber mais de 10
milhões de dólares no mesmo período. Diretores dos principais bancos recebem, em média, cerca de 2
milhões de dólares por ano, e um analista recém-saído da faculdade ganha 150 000 dólares. O que
explica essa surpreendente remuneração dos brasileiros é a falta de mão-de-obra num mercado
superaquecido. As operações de compra e fusão de empresas e também as ofertas de ações nas bolsas
de valores são dois filões que crescem a taxas chinesas no país. No ano passado, o segmento
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movimentou 55 bilhões de dólares, mais que o dobro do volume de 2005, segundo um levantamento da
consultoria Thomson Financial. "O Brasil é um dos poucos países que fazem cerca de 35 aberturas de
capital por ano", diz Gabriel Alonso, vice-presidente executivo do Santander, referindo-se à média dos
últimos anos -- em 2007, estima-se que o número de aberturas de capital chegue a 70. "Por isso, é
natural que a maioria dos bancos esteja olhando para cá. Nós também estamos investindo." Para
entregar esse crescimento, a maioria dos executivos dos bancos de investimento trabalha
freneticamente num ritmo superior ao registrado pela média dos bancos nos Estados Unidos. Como
90% do contracheque desses profissionais depende de bônus, mais trabalho quer dizer mais dinheiro no
bolso.
Recompensa milionária
O mercado financeiro americano é bem maior que o brasileiro (1)...
Brasil
EUA
Ofertas de ações
13 bilhões de dólares
215 bilhões de dólares
Fusões e aquisições
42 bilhões de dólares
1,5 trilhão de dólares
Número de bancos de
investimento(2)
20
100
...mas quem trabalha em bancos de investimento no Brasil ganha mais
(remuneração anual em dólares) (3)
Brasil
EUA
Presidente
4 milhões
3,2 milhões
Diretor
2 milhões
1,5 milhão
Analista
150 000
120 000
(1) Números de 2006
(2) Número estimado de bancos que atuam em ofertas de ações e de dívida e em fusões
e aquisições
(3) Inclui salário e bônus pagos em 2006
Fontes: bancos,Dealogic, headhunters,Thomson Financial
A euforia nos bancos de investimento começou em 2004, com a arrancada da Bolsa de Valores de São
Paulo. Nessa época, apenas três bancos de investimento -- Credit Suisse, UBS e Pactual -- mostraram
capacidade de atender à nova demanda de empresas, que precisavam de quem estruturasse seus
lançamentos de ações. Com a compra do Pactual pelo UBS no ano passado, o mercado ficou ainda
mais concentrado. Como esse é um segmento invejavelmente rentável -- calcula-se que as margens de
lucro sejam de impressionantes 50% --, as instituições que ficaram de fora do mercado tiveram de ir à
luta. Resultado: há uma verdadeira guerra pelos talentos no mercado. "Vivemos uma escassez crônica
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de pessoal", diz Bruno Padilha, diretor executivo do banco de investimentos do Unibanco. Os bancos
que ainda estão engatinhando nesse mercado sabem que a única maneira de entrar rapidamente no jogo
é buscar talentos na concorrência. "Com o mercado bastante aquecido, não há tempo hábil para formar
pessoas", diz Jorge Maluf Filho, sócio da consultoria Korn/Ferry International.
O momento atual tem produzido mudanças curiosas na cultura de alguns bancos. O Bradesco, a maior
instituição financeira privada do país, abriu seu banco de investimentos no ano passado e não vacilou
em fazer contratações de peso. Para ser o diretor-geral da nova área, destacou Bernardo Parnes, expresidente do Merrill Lynch e responsável pelo family office do banqueiro José Safra até então. O
movimento quebrou uma tradição. Foi a primeira vez que o Bradesco preencheu um cargo de alto
escalão com um executivo que não veio de seus próprios quadros ou de uma instituição adquirida. O
banco também foi a mercado para contratar outros três executivos para sua área de investimento -Bruno Boetger, que saiu do Citigroup em Nova York, Renato Ejnisman, vindo do Bank of America, e
Jaime Singer, ex-Credit Suisse e Pactual. "São reforços necessários à nossa estratégia de crescer nessa
área", diz José Luiz Acar Pedro, vice-presidente executivo responsável pelo banco de investimentos.
Antes do Bradesco, o Itaú BBA já tinha feito uma incursão na equipe do UBS (hoje UBS Pactual) em
março de 2005, levando três executivos.
Diferentemente dos bancos de varejo -- que investem pesado em tecnologia para tentar reduzir os
gastos com pessoal --, os bancos de investimento dependem quase que exclusivamente da qualidade de
seus profissionais. Mais do que em qualquer outra área do mercado financeiro, nesse setor o
relacionamento pessoal entre os executivos das empresas e dos bancos pesa tanto ou mais do que a
placa de uma instituição financeira na hora de fechar negócios. "Cativar o cliente é vital em nosso
ramo", diz Ricardo Stern, presidente do JP Morgan no Brasil. Segundo especialistas, a maioria das
companhias só toma a decisão de abrir capital ou de comprar outras empresas depois de ouvir essa
sugestão de um banco de investimentos. Foi o que ocorreu com a rede de laboratórios Diagnósticos da
América (Dasa) em 2006. A idéia de fazer uma segunda oferta de ações partiu das instituições
financeiras que estruturaram o negócio -- UBS, Itaú BBA, JP Morgan e Unibanco. "Seguimos a
recomendação porque confiamos na avaliação dos bancos e, principalmente, nos profissionais que
cuidavam da nossa operação", diz Odélio Arouca Filho, diretor da Dasa.
O vigor do mercado transformou os bancos de investimento em uma das primeiras opções de quem está
saindo da faculdade. Um exemplo é Ricardo Castro, de 22 anos, recém-formado em administração de
empresas na Universidade de São Paulo e analista do JP Morgan. "Quando comecei o curso, queria
trabalhar no setor público, mas os bancos de investimento me chamaram a atenção porque oferecem
chances reais de crescimento", diz. A rotina, porém, é pesada. São longas jornadas de trabalho que
facilmente se estendem pelas madrugadas e pelos finais de semana. Além disso, o ambiente é bastante
competitivo. Os profissionais são avaliados constantemente, porque os bônus dependem não só do
resultado financeiro dos bancos mas também do desempenho individual de cada um. "Por isso, essas
instituições procuram pessoas determinadas, ágeis, que queiram crescer rapidamente mas tenham
capacidade de trabalhar longas horas sob pressão", diz Jaqueline Giordano, responsável pela área de
carreiras do Ibmec São Paulo.
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O cenário é tão positivo que, pela primeira vez em décadas, jovens profissionais que saíram do
Brasil para cursar MBAs ou trabalhar no exterior começam a voltar para o país. É o caso de
Guilherme Steagall Gertsenchtein. Depois de concluir um MBA na Tuck School of Business, uma
das principais escolas de negócios dos Estados Unidos, ele passou uma temporada de dois anos e
meio no Morgan Stanley em Nova York. Agora, está sendo transferido para trabalhar em São
Paulo. "A opção pelo Brasil está cada vez mais comum -- e ela parte não apenas dos alunos mas
também dos bancos", diz o americano Jonathan Masland, diretor da Tuck. "As instituições
querem seus profissionais onde os negócios acontecem, e hoje esse lugar é o Brasil."
Por enquanto, poucos profissionais reúnem o que os bancos de investimento precisam. A consultoria de
recursos humanos Mercer estima que os bancos não consigam preencher um quarto das vagas que
abrem. É o caso da cadeira de presidente do Morgan Stanley no Brasil. Até o fechamento desta edição,
o banco não havia encontrado um sucessor para Rodrigo Lowndes, que saiu no fim de fevereiro para
montar um fundo de private equity. É natural que uma fase tão próspera -- e atípica -- comece a suscitar
dúvidas sobre sua sustentabilidade. A maioria dos executivos prevê alguma piora no futuro. "O
mercado de capitais é cíclico. Saltos geralmente são seguidos por quedas", diz Marcos Grodetzky,
chefe do banco de investimentos do HSBC. Se isso ocorrer, os salários vão cair e alguns bancos podem
até voltar a demitir profissionais, como ocorreu no passado. Ao menos para este ano, porém, as
perspectivas são otimistas. "Pelo menos por ora, a Faria Lima deve seguir superando Wall Street",
acredita um banqueiro.
Fonte: Portal Exame
19/04/2007
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Estudantes brasileiros de cursos de
MBA não querem voltar ao país
Por Stela Campos
26/03/2007
Dos alunos brasileiros do cursos de MBA da renomada Tuck School of Business, escola de
negócios da universidade de Dartmouth, 80% optam por trabalhar em companhias
americanas ou européias após a formatura. Destes, 60% permanecem nos Estados
Unidos no setor bancário. A maioria rejeita propostas de empresas nacionais, com
salários similares, apenas para não ter que voltar para o Brasil.
Há quem diga que esse movimento pode levar a uma "fuga de cerébros". Ele se repete
em quase todos os melhores programas internacionais. Para tentar ajudar recrutadores e
educadores brasileiros a encontrarem saídas para essa rejeição dos alunos, Paul Danos,
reitor da escola americana -que está entre as dez melhores do mundo, segundo o
"Financial Times"- esteve semana passada em São Paulo. Ele participou de mesa
redonda, organizada pela Fundação Estudar. Na ocasião, concedeu uma entrevista
exclusiva ao Valor.
Danos, que desde 2005 comanda com outros reitores um blog sobre educação executivaum dos mais populares entre acadêmicos de todo o mundo- costuma viajar muito para
descobrir as causas de alguns fenômenos, como o que está acontecendo hoje com os
brasileiros.
Para ele, atrair os talentos de volta é uma questão a ser pensada, mas nada deve
impedir a ida dos jovens brasileiros para o mundo. "As empresas hoje buscam um perfil
multicultural, com facilidade para lidar com pessoas, como o dos brasileiros", lembra. Os
estudantes de MBA, segundo ele, estão voltando a ser cobiçados por recrutadores
interessados em gestores para empresas globais. Os salários estão disparando. Em Tuck,
os formandos receberam, em média, no ano passado, US$ 155 mil. A seguir alguns
trechos da entrevista:
Valor: Como está o recrutamento de alunos de MBA este ano?
Paul Danos: Depois da recessão do começo de 2001 até 2002, no ano passado houve
uma explosão na demanda por alunos. Foi um recorde para Tuck. Acho que aconteceu
com todos os melhores programas do mundo. Hoje existe uma grande procura por
gerentes para a área de finanças, marketing, estratégia, para atuar em todo tipo de
companhia. Vivemos um mercado muito saudável.
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Valor: O senhor acredita que os MBAs estão retomando o prestígio que tinham
há dez anos?
Danos: Acho que eles têm até mais prestígio hoje porque existem muito mais empresas
globais com operações na China, na Índia, na América Latina. Existem mais empresas
atuando de uma forma multinacional. Elas precisam de pessoas que tenham uma visão
de mundo. Então acho que os principais programas de MBA foram beneficiados com este
saudável crescimento da comunidade internacional.
Valor: Os salários dos alunos também subiram?
Danos: Eles aumentaram gradualmente. Eu acredito que este ano teremos um novo
aumento. No ano passado, nossos alunos alcançaram os melhores salários na história da
Tuck. A remuneração total deles em 2006 ficou em US$ 155 mil, mas deve subir ainda
mais este ano. É bom lembrar que nossos estudantes são profissionais com experiência,
na faixa dos 28 aos 30 anos de idade.
Valor: Na sua opinião, a expectativa de quem faz um MBA hoje é diferente do
que há dez anos?
Danos: Eu acho que a expectativa dos estudantes hoje transcende o lado educacional.
Eles não querem apenas quantificar as habilidades que aprendem. Mas ter a experiência
completa de como dirigir um negócio e interagir com a sociedade.
Valor: A presença de alunos latino-americanos em Tuck cresceu?
Danos: Os alunos internacionais hoje representam um terço dos alunos em nossas
classes. Em toda a escola, temos 35% de alunos vindos de outros países. O percentual
cresceu no ano passado e deve crescer mais este ano. Os alunos latino-americanos têm
sido muito bem sucedidos. As pessoas que empregam em Tuck valorizam suas atitudes.
Valor: Os estudantes brasileiros são muito cobiçados pelas companhias
americanas?
Danos: Se vierem dos melhores cursos de MBA, os estudantes latino-americanos podem
se dar tão bem nos EUA quanto os americanos. Agora, o foco dos recrutadores são
pessoas capazes de administrar companhias internacionais, de todos os tipos, da área de
finanças, marketing, consultoria. Eles precisam de executivos que possam atuar em
qualquer parte do mundo. Os latino-americanos são, no geral, multiculturais, falam
várias línguas, têm tudo para serem bem sucedidos.
Valor: Qual a característica que chama a atenção dos recrutadores para os
brasileiros?
Danos: Em primeiro lugar, são pessoas que gostam de pessoas, são dedicados à família,
não só ao seu núcleo familiar. Eles gostam de fazer amizades, de cooperar. Criam um
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ambiente familiar e pessoal. Também têm um tipo de background cultural que é muito
interessante para as empresas nesse momento.
Valor: Por que as empresas do Brasil que recrutam na porta do campus, mesmo
oferecendo salários altos, têm dificuldade para atrair os brasileiros?
Danos: As grandes companhias têm um recrutamento profissional, organizam um plano
para os profissionais que estão indo para elas. Inclusive nos trabalhos do meio do curso
(chamados "summer jobs"). A profissionalização do departamento de recurso humanos
das empresas é um fator importante. Companhias menores, de regiões menores, que
não trabalham com este nível de exigência têm uma desvantagem na hora de atrair os
melhores alunos.
Valor: O senhor acha que o Brasil corre o risco de ver acontecer uma "fuga de
cérebros"?
Danos: Eu sempre acho que essa idéia vem impregnada de muita emoção. Os estudantes
brasileiros vão para os EUA para estudar e isso não prejudica o país. Ao contrário, isso
acaba ajudando. Porque mesmo se eles não voltam fisicamente para o Brasil, voltam em
espírito. Outros membros da família também participam desse conhecimento de alguma
forma, se beneficiam. Eu acho que é sempre melhor deixar a informação fluir entre as
pessoas. Qualquer tentativa de restringir ou intervir nisso, eu acho improdutivo. As
pessoas vão atrás das melhores oportunidades. Mas para países como o Brasil, as
pessoas têm intenção de voltar um dia. Elas querem fazer parte da sua cultura. Você
deve mandar os jovens para fora e atraí-los de volta, se não está conseguindo fazer isso,
é preciso olhar para sua própria cultura e ver o que está acontecendo. O problema não é
eles saírem, mas porque eles não querem voltar. Tanto no Brasil como na Argentina,
acho que os executivos querem rever suas famílias. Mas eles estão preparados para
trabalhar em qualquer parte do mundo.
Site: www.deanstalk.net
Fonte: Valor Econômico
26/03/2007
19
Entrevista: "Liderança é nosso principal foco"
Para reitor do MBA da Tuck, nos EUA, aluno deve ter "bagagem" para diversificar discussão
Divulgação: Alunos da Tuck tiveram média salarial de US$ 155 mil em 2006
MARIANA DESIMONE (COLABORAÇÃO PARA A FOLHA)
Excelência acadêmica, liderança,
comprometimento,
habilidades
interpessoais e diversidade de
experiência. Essas são as cinco
características essenciais para o
executivo que pretende fazer um
MBA na Tuck Escola de Negócios,
considerada a oitava melhor do
mundo, segundo o ranking do
"Financial Times" de 2006.
A afirmação é do professor Paul
Danos, atual reitor da escola, em
New Hampshire, no nordeste dos
Estados Unidos. Danos chegará ao
Brasil amanhã para participar da
seleção de estudantes daqui para o
programa da Tuck do ano que vem.
Em entrevista por e-mail à Folha, o
reitor antecipa o que apresentará
aos brasileiros.
FOLHA - Qual o perfil dos estudantes brasileiros aceitos na Tuck?
PAUL DANOS - Os 11 brasileiros que estudam aqui [no campus norte-americano] têm
um passado em escolas de negócios. Os alunos atuam em cargos gerenciais ou seniores,
como gerentes de projetos, de finanças e da área tributária ou como consultores de
investimentos. Em média, nossos alunos têm pelo menos cinco anos de experiência
integral no mercado. Nós buscamos essa característica porque a consideramos necessária
para acrescentar referências na sala de aula.
20
FOLHA - Qual o perfil dos estudantes brasileiros aceitos na Tuck?
Os 11 brasileiros que estudam aqui [no campus norte-americano] têm um passado em
escolas de negócios. Os alunos atuam em cargos gerenciais ou seniores, como gerentes
de projetos, de finanças e da área tributária ou como consultores de investimentos. Em
média, nossos alunos têm pelo menos cinco anos de experiência integral no mercado.
Nós buscamos essa característica porque a consideramos necessária para acrescentar
referências na sala de aula.
FOLHA - Qual é o ponto alto do curso de MBA da Tuck?
DANOS - A liderança é nosso principal foco. Percebemos a demanda no mundo
corporativo por líderes que sejam equilibrados, que saibam o momento de serem fortes
ou amáveis. Por isso criamos um programa de desenvolvimento de liderança. Esse
acompanhamento permite que todos os alunos sejam treinados para trazer à tona seus
próprios traços. O programa inclui trabalhos individuais e em dupla e temas que
abordam como criar e implementar planos de liderança e de carreira, entre outros.
FOLHA - O que a universidade busca em um estudante de MBA?
DANOS - Nós procuramos candidatos que agreguem cinco características. Primeiro,
excelência nos estudos. Nossos alunos demonstram grande curiosidade intelectual e são
engajados no processo acadêmico. A liderança deve ter sido exercida em cenários dos
mais variados, como no trabalho, na comunidade e em suas atividades extracurriculares.
Há também o fator comprometimento. Os alunos têm que ter dado duro, com impacto
positivo por onde passaram. Já as habilidades interpessoais servem tanto para um líder
como para o grupo. Por fim, a diversidade de experiências ajuda a promover, na sala de
aula, uma maior escala de perspectivas.
FOLHA - O senhor acredita que exista uma tendência hoje de os MBAs se focarem
cada vez mais?
DANOS - Eu acredito que o MBA voltado para gerenciamento geral [o MBA
tradicional] tenha prosperado e continue prosperando. Esse modelo fornece grandes
possibilidades de conhecimento e de aprimoramento de habilidades -ferramentas
necessárias para qualquer ramo de atividade.
FOLHA - Aqui em São Paulo temos programas competentes de MBA. Por que
estudar fora do país?
DANOS - Em Tuck, 31% do corpo estudantil vem de outras partes do mundo. Eles vêm
porque oferecemos um padrão internacional de ensino. Eles também têm acesso a uma
rede formada por mais de 8.000 alunos e podem contar com nosso programa de
recrutamento, que engloba mais de 700 empresas ao redor do mundo. Além disso, o
21
salário médio de nossos alunos em 2006 foi o maior até hoje -de cerca de US$ 155
mil/ano.
FOLHA - Por que a Tuck se mantém pequena ao longo de sua história?
DANOS - Nós estamos engajados em manter um total de 240 alunos. Isso nos permite
continuar focados. Nossos alunos se conhecem e nossa faculdade se relaciona com eles
em nível pessoal. Esse toque individual cria uma atmosfera de comunidade, mais difícil
de ser alcançado em grande escala.
FOLHA - Quais os critérios para conseguir uma bolsa de estudos?
DANOS - As bolsas são oferecidas para estudantes nacionais e estrangeiros e são
baseadas numa combinação de mérito e necessidade. Todos os estudantes que pedem
ajuda são considerados pelos dois critérios. A ajuda vai de US$ 3.000 a 100%. O mérito
é uma combinação dos seguintes fatores: desempenho acadêmico excepcional, liderança,
realizações no trabalho e habilidade para contribuir com a diversidade da aula. As bolsas
são renovadas automaticamente no segundo ano, quando o nível de rendimento
acadêmico é mantido durante o primeiro ano.
Fonte: Folha de S.Paulo
18/03/2007
22
O equilíbrio entre a dívida e o valor agregado
Colin Blaydon e Fred Wainwright
30/11/2006
As LBOs evoluíram e atualmente são um poderoso
mecanismo para a transformação corporativa. Fundos de
muitos bilhões de dólares estão em plena atividade,
comprando empresas fechadas e abrindo seu capital. Nove
das dez maiores aquisições da história foram realizadas nos
últimos 18 meses por fundos de private equity e com esses
valores recordes, tanto em termos de dívidas como de ações,
os megaacordos tornaram-se comuns.
Este artigo examina os fundamentos dessas aquisições e
explica como gerar valor nesse tipo de negócio. Também
aborda questões recentes como os club deals (empréstimos
sindicalizados feitos com um grupo pequeno de bancos), as
aquisições de empresas de tecnologia, o alto nível de crédito
e a institucionalização do setor.
O que é uma LBO?
Uma LBO é a compra de uma empresa, ou de uma divisão de uma empresa, utilizando o
fluxo de caixa do novo negócio para o pagamento dos empréstimos tomados na
aquisição. Parte integrante do alinhamento dos incentivos é a participação dos gestores
no capital da nova empresa - em geral uma combinação de investimentos de recursos
pessoais e remuneração em opções de compra de ações. A dívida pode ser na forma de
financiamentos bancários tradicionais, ofertas de papéis, financiamento pelos próprios
vendedores ou empréstimos de fundos especializados.
Segundo dados coletados nos Estados Unidos pela Thomson Financial e pela National
Venture Capital Association, espera-se que o setor de aquisições ultrapasse os US$ 100
bilhões em 2006, lembrando que os melhores fundos geraram retornos anuais líquidos
superiores a 40% nos últimos 20 anos - o retorno médio anual do mercado é de 13,3%,
segundo a Thomson, e de apenas 12,1%, pelo índice S&P 500.
Em termos estratégicos, há três maneiras de gerar valor em uma aquisição:
comprar barato e vender caro (arbitragem de valor ou expansão múltipla);
•
•
melhorar a relação entre o capital e a dívida (reestruturar o balanço patrimonial ou
recapitalizar para agregar valor);
melhorar as operações para aumentar o fluxo de caixa (reestruturar o
demonstrativo de resultados).
23
É claro que existem muitas combinações entre esses três objetivos estratégicos e o
cronograma e a aplicação de qualquer um deles é parte do desafio enfrentado por
gestores e investidores. Na verdade, esses objetivos correspondem à evolução histórica
do moderno setor de aquisições. O começo dessa era, no início da década de 1980, foi
um período de aquisições hostis, em que se comprava e se dissolvia conglomerados
ineficientes. Naquela época, as aquisições eram exemplos de arbitragem de valor e/ou
engenharia de balanço. No início dos anos 90, a geração de valor das aquisições se
concentrava em melhorar as margens operacionais e o fluxo de caixa. Mais tarde, em
meados dos anos 90, surgiu a "LBO de crescimento", com ênfase na expansão das
vendas e no aumento da escala. Hoje em dia, porém, as aquisições ocorrem em um
clima relativamente amistoso entre compradores e vendedores, com o uso pelos fundos
de aquisição de todas as possibilidades para gerar valor.
Um equívoco bastante comum
Algumas pessoas têm a falsa idéia de que o segredo para gerar valor em uma LBO é
emitir pesadas dívidas na aquisição e quitar o débito ao longo do tempo com o fluxo de
caixa do novo negócio. Segundo essa lógica, o pagamento das dívidas permite à empresa
usar o fluxo de caixa para aumentar o valor do patrimônio líquido. Na realidade, reduzir a
dívida na compra é, com freqüência, um requisito dos credores mais experientes. Para
eles, o endividamento excessivo na aquisição é uma situação insustentável ou arriscada
demais no longo prazo. Assim, muitas vezes exigem um rápido pagamento da dívida. Por
outro lado, os gestores da empresa e os investidores fazem todos os esforços para
eliminar, ou pelo menos minimizar, as amortizações do empréstimo nos primeiros anos
após a aquisição.
Alguns trimestres de bom desempenho financeiro após o fechamento do negócio darão
aos gestores a oportunidade de tentar renegociar os termos da dívida com os credores e
talvez até aumentar o nível de empréstimo, em uma "recapitalização alavancada". Nos
generosos mercados de financiamento atuais, a dívida principal contraída em aquisições
implica exigências de pagamento muito menos estritas do que ocorria no passado. Isso é
importante - sem dúvida, depois de pagar os juros do empréstimo, a empresa estaria em
melhores condições reinvestindo qualquer capital extra em seu negócio principal. A taxa
de retorno dos projetos internos ou o crescimento por meio de aquisições é, com
freqüência, mais alta do que o custo do capital. Se isso não ocorrer, os investidores
preferem que o excesso de capital lhes seja devolvido sob a forma de dividendos.
Arbitragem de valor
A nova realidade dos mercados abertos é que muitas boas empresas são ignoradas pelo
grupo relativamente reduzido de analistas das principais instituições financeiras. Mesmo
antes dos recentes escândalos empresariais, que originaram uma onda de novas
regulamentações corporativas, afetando os bancos de investimento, havia muitas
empresas cotadas em bolsa sem grande habilidade para divulgar seus negócios para os
investidores.
Por outro lado, os fundos de aquisição são especialistas em saber quando e como se
comunicar com os vários grupos envolvidos em um negócio, desde os funcionários e
24
acionistas até possíveis credores e compradores. Não se trata apenas de causar boa
impressão - muitas vezes é necessário fazer ajustes na equipe de gestão ou encontrar
novos mercados para o produto. O que surpreende é ver como é freqüente o aumento
substancial na valorização, seja pela abertura do capital de uma empresa fechada ou
pela venda a um comprador estratégico. Além disso, os setores sofrem com os ciclos de
oferta de commodities, assim como outras tendências macroeconômicas e o desinteresse
dos investidores. Mesmo boas companhias podem ser afetadas pela aversão
momentânea dos investidores, que criam oportunidades para os fundos especializados
em aquisição ajudarem a fechar a empresa, a fazer os ajustes necessários e a reabrir o
capital quando o mercado melhorar.
É preciso lembrar também que as grandes empresas expandem periodicamente linhas de
produtos e divisões operacionais, para em seguida enxugar a estrutura e se desfazer de
ativos não essenciais. Na verdade, os grupos de aquisição estão prontos para vender as
empresas de seu portfólio quando as grandes corporações estão comprando.
Inversamente, quando as grandes empresas estão vendendo suas divisões, os fundos de
aquisição se dispõem a assumir o risco de ajudá-las a desenvolver suas estruturas
operacionais internas e a definir seu posicionamento externo de mercado.
Hoje, bons vendedores e seus conselheiros têm consciência do aumento de valor previsto
pelos compradores de fundos privados de investimentos. Assim, empresas são vendidas
em leilões ou negociações bilaterais múltiplas; relativamente poucas são feitas por
aquisição unilateral. O resultado é que o vendedor antecipa, e em geral recebe, um
prêmio sobre qualquer valorização atual do mercado, participando assim do aumento do
valor previsto.
Recapitalizar para gerar valor
As primeiras LBOs se baseavam na idéia de que algumas empresas com ativos tangíveis
e/ou fluxo de caixa constante podiam ser financiadas de uma maneira semelhante à dos
imóveis. As transações imobiliárias sempre foram financiadas com níveis substanciais de
dívida, pois os credores confiam nos ativos físicos e nos aluguéis relativamente
regulares.
Os primeiros a adotar essa estratégia de compra perceberam que muitas empresas
podiam ser alavancadas, mas historicamente incorriam em dívidas de pouca monta.
Essas companhias eram valorizadas com base em uma expectativa de que continuariam
a usar baixos níveis de dívidas, de modo que os fundos de aquisição podiam pagar
prêmios, por dois motivos: estavam aplicando apenas quantias relativamente pequenas
de dinheiro vivo para fazer investimentos de capital (o restante do preço da compra era
pago por meio da dívida); e os pagamentos de juros da dívida eram isentos de impostos.
Na verdade, este último ponto permite a criação de deduções fiscais que agregam valor
ao negócio. Esse fato é bem conhecido dos engenheiros financeiros, que reconhecem que
o valor de uma empresa pode ser expresso como o valor da empresa financiado apenas
com capital, mais o valor de qualquer dedução fiscal futura sobre os juros, criada
acrescentando-se a dívida à estrutura de capital. É claro que há um limite a esse
acréscimo no valor, pois a introdução do risco financeiro devido a uma dívida
25
substancialmente mais elevada pode resultar em maiores custos da dívida e do capital,
que contrabalançam o valor das deduções fiscais.
Hoje, a reestruturação do balanço patrimonial é prática comum dos grandes fundos de
investimento e consultores em investimentos financeiros. Alguns afirmam que essa
capacidade de reestruturação já se tornou uma commodity disponível a todas as
empresas interessadas e que a reestruturação do balanço não é mais exclusividade dos
grupos privados de investimento. Não há dúvida de que os investidores privados têm
grande experiência em estruturação de negócios, resultando em arranjos favoráveis que
agregam valor a uma empresa. No entanto, esse valor, por si mesmo, não é mais de
magnitude suficiente para alcançar os retornos exigidos pelos investidores em uma
aquisição.
Estrutura de capital
A estrutura de capital de uma LBO típica consiste, sobretudo, de quatro tipos de capital:
a dívida bancária, que em geral corresponde a cerca de 50% do montante; dívida de alto
rendimento, ou alto risco, com cerca de 10% de participação; dívida mezanino, com
cerca de 10%; e fundos de investimento particulares, representando os restantes 30%.
Outras formas de dívida também podem ser utilizadas, tais como empréstimos baseados
em ativos e securitizações, empréstimos com segunda hipoteca, leasing de equipamentos
e financiamento pelo próprio vendedor, mas estes são menos comuns.
A dívida bancária consiste em uma linha de crédito rotativo que pode ser paga ou sacada
pela empresa conforme necessário, assim como várias categorias de empréstimos, com
diferentes graus de preferência, prazo e custo.
A dívida de altos juros é usada para aumentar a alavancagem além dos níveis que os
bancos estão dispostos a oferecer. As empresas fazem ofertas para o mercado público de
papéis ou para o mercado privado institucional (por exemplo, seguradoras e planos de
pensão) de dívidas com taxas de juros relativamente altas (ou deságio elevado),
refletindo os riscos relacionados à dívida bancária.
A dívida mezanino tem preferência ainda menor, de modo que os fundos de aquisição,
fundos hedge e outros credores oferecem esse capital com juros altos e exigem garantias
(opções de compra de ações) como compensação adicional.
O fundo de investimento em participações (private equity) é a forma mais arriscada de
capital. Se a empresa abrir falência, os credores controlam esse processo e, em caso de
liquidação, têm prioridade para receber o produto da venda de quaisquer ativos, como
imóveis e equipamentos. Os acionistas, sendo os últimos da fila, perdem o controle da
empresa e em geral também todo o seu investimento.
Aumentando o fluxo de caixa
Há três maneiras de melhorar o fluxo de caixa de uma empresa: reduzindo os custos da
fabricação de produtos ou da prestação de serviços; reduzindo os custos operacionais e
aumentando a lucratividade.
26
No início dos anos 90, os investidores dos fundos de participação perceberam que não
podiam mais ter a garantia de encontrar negócios a preços atraentes e aumentar
agressivamente o endividamento para alcançar seus objetivos de investimento.
Precisavam incentivar a melhoria no desempenho operacional - ou mesmo intervir - para
atingir seus objetivos. Assim nasceu a era da reengenharia de operações. Além de
trabalhar com os gestores e com freqüência recorrer a consultores externos, as
empresas passaram a utilizar novas técnicas para aperfeiçoar as declarações financeiras
e aumentar o fluxo de caixa.
Teoricamente, aperfeiçoar operações, cortar custos e aumentar a eficiência pode parecer
uma boa estratégia. No entanto, muitas das ações desenvolvidas para melhorar a
lucratividade são justamente as razões que tornam as LBOs alvo de críticas e que
prejudicam sua imagem. Essas ações podem incluir redução dos gastos com P&D e
investimentos; extensão do prazo de contas a pagar e redução do prazo das contas a
receber; venda de imóveis e outros ativos; alteração na política de remuneração, para
reduzir os salários básicos e aumentar os bônus atrelados ao desempenho; e, ainda,
mudanças nos planos de benefícios de saúde e aposentadoria.
Comunidades dos Estados Unidos, além de alguns governos europeus e asiáticos, já
tiveram reações negativas a fundos de private equity que compram empresas, fazem
cortes de pessoal e depois vendem as companhias com grandes lucros. Essas reações
hostis geram preocupação entre os fundos internacionais de investimento; eles temem
que os governos possam restringir o acesso dos investidores, alterar as práticas
tributárias ou regulatórias ou ainda limitar o movimento de capitais.
A LBO de crescimento
Depois da ênfase, verificada nos anos 80, na aquisição de empresas estáveis,
subvalorizadas e subcapitalizadas e, no início dos anos 90, na melhoria das operações, os
investidores de fundos privados começaram a procurar aquisições com potencial para
uma expansão significativa no mercado. Foi o início da era da LBO de crescimento.
Depois de adquirir uma empresa com produtos e serviços de bom desempenho, alguns
fundos de aquisição investem o dinheiro da empresa em uma expansão regional,
nacional ou internacional, assim como no desenvolvimento de produtos e serviços
derivados. Se o modelo do negócio principal consegue demonstrar resultados financeiros
razoáveis, muitas vezes o crescimento das vendas dá à empresa a vantagem necessária
para garantir descontos dos fornecedores pela compra de altos volumes, para negociar
alianças vantajosas e comprar concorrentes menores. O aumento de escala pode ser
uma ferramenta poderosa.
Os riscos para os fundos de aquisição, no entanto, são significativos. Eles dependem dos
gestores da empresa para executar as estratégias de expansão ou aquisição, sem deixála perder seu impulso nem o controle de custos. Muitas aquisições não dão bom
resultado - com freqüência devido a diferenças culturais ou à falta de sinergia nos níveis
operacionais ou de marketing. Além disso, caso a equipe gestora não atinja as metas
27
prometidas ao corpo diretor, os fundos de aquisição não hesitam em substituir o CEO
e/ou a equipe executiva.
O novo mundo das LBOs
Nos últimos dois anos, houve uma transformação radical no mundo das LBOs. Essas
mudanças incluíram um influxo sem precedentes de fundos, resultando nos primeiros
fundos de LBO de mais de US$ 10 bilhões, as primeiras sindicalizações de capital (club
deals), as primeiras aquisições de grandes empresas de tecnologia e uma dependência
muito maior das recapitalizações alavancadas ou a venda a outros compradores
financeiros para sair do investimento. Houve ainda um grande aumento na dependência
dos empréstimos e o menor rigor nos contratos da dívida. Além disso, novas estruturas
institucionais estão se desenvolvendo, incluindo empresas multiprodutos acessando
mercados públicos e, pela primeira vez, a formação de uma associação do setor.
Club deals
Uma importante característica da indústria do capital de risco é a capacidade que têm
muitas empresas de agir de maneira eficiente como membros da diretoria de empresas
novas e em crescimento. Os desafios enfrentados por esses investimentos e a
coordenação ou negociação exigida entre as empresas são substanciais.
Em contrapartida, grupos de aquisição estão acostumados a operar como "cavaleiros
solitários". Eles encontram empresas onde investir, oferecem a maior parte do capital de
risco e formam conselhos de administração relativamente pequenos para trabalhar com a
equipe gestora na resolução de questões diversas.
Nos últimos dois anos, os fundos de aquisição começaram a investir juntos, como
"sindicatos" compostos de três a sete membros. Essa sindicalização do capital lhes
permite diversificar os riscos, adquirir empresas maiores e reduzir o nível de
concorrência nos leilões de aquisição.
Até agora, esse novo tipo de arranjo não foi totalmente testado. Um investidor solitário
pode agir rapidamente sem consultar ninguém para resolver problemas e buscar
oportunidades e isso tem sido visto como a principal vantagem do modelo de governança
dos fundos de investimento em comparação ao de uma empresa pública. O que precisa
ser demonstrado é se uma estrutura de governança com vários fundos de private equity
pode ser tão eficiente quanto o modelo de investidor solitário que tem servido tão bem à
indústria.
Aquisições de tecnologia
Como muitas tecnologias se generalizaram, os bancos e outros credores têm mais
disposição para ajudar grupos de aquisição que têm em mira empresas de tecnologia
bem estabelecidas. Até recentemente, uma aquisição assim era vista como uma
contradição: os fundos de aquisição partiam do princípio de que não podiam assumir um
risco com a tecnologia nem convencer os credores a oferecer capital para indústrias de
alta volatilidade. No entanto, alguns investidores perceberam que diversas empresas de
28
tecnologia já tinham desenvolvido um fluxo de faturamento estável, recorrente e
diversificado. Os fundos de aquisição já se interessaram por fornecedores de dados para
planos de saúde, sistemas de comércio eletrônico, empresas de software, fabricantes de
discos rígidos e de chips para computador. Mais ainda: é possível que empresas de
tecnologia maiores, cujo desempenho nunca foi dos mais expressivos, também venham a
ser candidatas à aquisição.
A bolha do crédito
Os veteranos das aquisições reconhecem que o volume de alavancagem e o número de
credores no mercado estão num patamar nunca visto desde os anos 1980. Bancos e
outros credores estão competindo agressivamente em busca de acordos para gerar
honorários e juros, em um ambiente com taxas relativamente baixas. O resultado tem
sido a expansão constante no volume de dívida disponível para aquisições alavancadas e
o relaxamento de termos e condições dos credores.
Essa expansão da disponibilidade da dívida permitiu aos investidores recapitalizar
rapidamente as empresas que compraram e fazer vultosos pagamentos de dividendos
para si próprios e para outros controladores de capital. Esse retornos significativos sobre
os investimentos levaram a um forte desempenho do setor de LBOs nos últimos dois
anos. Fundações, planos de pensão, seguradoras e outros investidores institucionais em
fundos de aquisição vêm aplicando grandes quantias no setor.
Não se espera que os mercados de dívida continuem a crescer no mesmo ritmo dos
últimos anos. Isso significa que no futuro a criação de valor terá de se concentrar na
melhoria das operações e no crescimento lucrativo. Mais ainda, se os mercados de
dívidas se tornarem mais restritos, será ainda maior a dificuldade de conseguir boas
alternativas de investimento. Um desafio ainda maior seria uma retração econômica;
neste caso, as empresas com dívidas consideráveis no balanço podem ter dificuldade
para realizar os pagamentos. Essa situação pode levar a um ciclo de inadimplência, em
que os fundos de aquisição vão encontrar muitas oportunidades na reestruturação de
empresas excessivamente alavancadas. De fato, algumas empresas de aquisição já
estabeleceram fundos específicos para esse tipo de investimento.
Novos arranjos institucionais
Agora que o setor de aquisições da economia internacional atinge níveis sem
precedentes, surgem novas estruturas institucionais. Primeiro, um pequeno número de
grupos privados de capital, tais como Carlyle e Blackstone, tornaram-se grandes
empresas multiprodutos, abrangendo aquisições, capital de risco, fundos de hedge,
empréstimos especializados, energia e imóveis. Em segundo lugar, outras firmas, tais
como Apollo e Kohlberg Kravis Roberts, estão se voltando para os mercados de capitais
em busca de recursos para suplementar a estrutura tradicional baseada em prazos de
dez anos, da qual dependiam. Por fim, a preocupação com possíveis reações adversas a
uma atividade mais ampla e mais visível de aquisições levou à formação de uma
associação da indústria da aquisição.
29
Conclusão
O modelo de incentivos, financiamento e governança das LBOs já demonstrou ser capaz
de gerar valor em níveis significativos. Esse modelo evoluiu nos últimos 25 anos e
promete ser um novo padrão para a transformação corporativa no mundo todo. Hoje,
parece que não há limite para transações de aquisição. A quantidade de capital
disponível e a disposição dos fundos de aquisição de colaborar entre si lhes dão um
poder significativo nos mercados globais do capital. Contudo, a continuação dessa
tendência depende da saúde dos mercados de dívidas, do crescimento econômico global
e da ausência de uma reação política adversa na arena mundial.
Colin Blaydon é professor da cadeira William and Josephine Buchanan de
Administração na Tuck School of Business do Dartmouth College.
colin.blaydon@ tuck.dartmouth.edu
Fred Wainwright é professor associado adjunto de administração na Tuck
School of Business do Dartmouth College.
[email protected]
Os autores são diretores do Center for Private Equity and
Entrepreneurship na Tuck. Para mais informações acesse
www.tuck.dartmouth.edu/pecenter
Fonte: Valor Econômico
30/11/2006
30
Mais brasileiros fazem empréstimos
para estudar no exterior
Por Stela Campos
23/01/2006
Conseguir um empréstimo para fazer o MBA numa das melhores escolas de negócios do
mundo pode ser uma operação muito mais simples do que se imagina. Pesquisa realizada
com 262 estudantes brasileiros, de renomadas escolas de negócios dos EUA e Europa,
mostrou que 39% deles financiaram seu estudo emprestando dinheiro de bancos
estrangeiros ou através de programas de crédito pré-aprovado das universidades.
Destes, 47% conseguiram dinheiro suficiente para pagar 100% do curso- o preço total
em uma escola de primeira linha varia entre US$ 70 e US$ 100 mil.
O motivo dos executivos brasileiros estarem optando por endividar-se para fazer o MBA
no exterior pode estar relacionado ao fato das empresas patrocinarem cada vez menos
esse tipo de curso, que se tornou bastante popular nos anos 90. A pesquisa conduzida
pelo grupo MBA Alumni Brasil, cedida ao Valor, mostrou que apenas 29% dos
entrevistados contaram com algum apoio financeiro das empresas onde trabalhavam
para estudar.
"O dinheiro não deve ser um empecilho para o estudante brasileiro", diz Paul
Danos, reitor da escola de negócios americana Tuck, uma das dez melhores do
mundo, segundo ranking do jornal britânico "Financial Times". "Os estrangeiros
não têm o hábito de usar empréstimos, como fazem os americanos, mas deveriam ter".
Em 2005, 33% dos empréstimos intermediados pela escola com instituições financeiras
foram destinados a alunos de outros países. No ano passado, Tuck distribuiu US$ 13
milhões, entre empréstimos (federais e institucionais) e bolsas de estudo. Em
média, cada estudante pode emprestar, com o aval da escola, até US$ 56 mil.
Este ano, 80% dos alunos aprovados na sua prova de seleção entraram com
pedidos de ajuda financeira. Para Danos, reitor de Tuck, estrangeiros ainda
usam pouco essa oportunidade
Hoje as principais escolas de negócios do mundo como Harvard, Wharton, Columbia,
London Business School, entre outras, possuem acordos com instituições financeiras
privadas ou estatais para oferecer esse tipo de empréstimo para alunos aprovados em
seus concorridos exames de admissão. "Cada uma tem sua própria política", explica
Elatia Abate, da Fundação Estudar, que oferece bolsas de estudo na área de
administração para brasileiros. A vantagem de se conseguir um empréstimo através das
universidades- além de um prazo de 15 a 20 anos para pagar e uma taxa de juros baixa,
31
em torno de 6% ao ano-, é que nesses programas não é necessário apresentar um
avalista do país onde se quer estudar.
O ex-executivo da Esso, Gustavo Menezes, recorreu a dois empréstimos para realizar o
MBA na Washington University. Sua primeira tentativa foi direto no programa
internacional de financiamento estudantil do Citibank, o CitiAssist. "Foi complicado
porque tive que recorrer a um familiar para encontrar um fiador americano", conta. Com
todos os documentos na mão, entretanto, a aprovação saiu rápido, em uma semana. O
único problema é que ele havia solicitado US$ 80 mil e o banco só aprovou US$ 15 mil.
Teve então que recorrer a outro empréstimo, desta vez, na própria universidade. No fim
da empreitada, levantou dinheiro para pagar 50% do curso, o restante investiu do
próprio bolso. "Valeu a pena porque o financiamento para estudantes nos EUA tem a
menor taxa de juros do país", diz.
O segredo para usufruir bem desta possibilidade de financiamento, segundo Sharon
Brooks, diretora sênior da área de admissão e financiamentos de Wharton, é emprestar o
menor valor possível. "Pagar mensalmente um empréstimo de US$ 60 mil pode ser muito
pesado para o aluno depois", diz.
A London Business School (LBS) passou a ser mais rigorosa na seleção de estudantes
para o seu programa de empréstimos, feito em parceria com o HSBC, depois de ter
recebido alguns calotes de estudantes. O consultor estratégico Renato Pinto, por conta
disso, levou quase seis meses para ter seu pedido aprovado pelo banco. "Eu já estava
em Londres estudando quando tive a confirmação", lembra. Acabou conseguindo as 42
mil libras necessárias para pagar a anuidade do MBA, mas as despesas com a estadia
ficaram por sua conta. "Terei sete anos para pagar", diz. A taxa cobrada na Inglaterra é
a Libor (London Interbank Offered Rate) mais 2% ao ano. "É difícil saber se valerá a
pena financeiramente, já que não sei exatamente o salário que estarei recebendo depois
do curso", diz. "Mas o MBA no exterior é uma experiência única em termos de
conhecimento, contatos e desenvolvimento pessoal".
Outro que também financiou seu curso na LBS foi Renato M. F. da Silva. Ele conta que o
HSBC foi bem rigoroso na parte de documentação por conta dos problemas com
inadimplência. Foram exigidos comprovantes de rendimentos anuais e diversos extratos
bancários. O valor do empréstimo também foi negociado. Ele solicitou 62 mil libras e
acabou aceitando 26 mil. "O fato de ser estrangeiro dificulta, porque é muito difícil ter
um histórico de crédito no Reino Unido", diz. "Isso não é um problema só para os
brasileiros".
Para as escolas de negócios de primeira linha, aumentar o número de estrangeiros em
seus bancos escolares significa oferecer uma maior diversidade cultural aos seus alunos.
Em tempos de globalização, em que os executivos querem internacionalizar cada vez
mais seus currículos e network, uma forte presença internacional as torna mais
atraentes. Anne Coyle, diretora da área de admissão da Yale School of Management,
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conta que a escola tem hoje 20% de alunos de fora dos EUA. "São pessoas de 25 países
diferentes e isso é muito importante para a escola", diz. "Não queremos que o
financiamento as impeça de chegar até aqui", diz. Há um ano, foi criado o Y-Loan, um
programa de empréstimo desenvolvido especialmente para os estudantes estrangeiros.
Pensando também em atender a essa demanda, a Universidade de Stanford criou até um
programa de perdão à divida contraída em empréstimos por estudantes de países em
desenvolvimento, o "International Loan Forgiveness". A diretora de financiamentos da
escola, Colleen McDonald, diz que ele tem o objetivo de reduzir o impacto do
financiamento para aqueles que decidem aplicar seus conhecimentos em organizações
indígenas e, por conta disso, recebem salários menores do que os que optam por seguir
carreira na iniciativa privada. "O aluno brasileiro pode usufruir desse programa", lembra.
Metade dos alunos da Stanford Graduate School of Business hoje recorre aos fundos de
bolsas de estudo da escola e dois terços empresta dinheiro para financiar o MBA. Em
2005, a escola emprestou cerca de US$ 12 milhões, através de parcerias com fundos de
empréstimos privados, para ajudar alunos dos EUA e também estrangeiros.
Mike Reardon, CEO do Student Loan Corporation, programa internacional de
financiamento estudantil do Citibank, diz que o banco estuda aumentar as facilidades
para os alunos de fora dos EUA. O CitiAssist, criado em 1997, emprestou US$ 1,6 bilhões
para estudantes em 2005. Nele, os estrangeiros podem requisitar empréstimos por conta
própria (para isso precisarão de um fiador nos EUA) ou através das universidades.
"Temos parcerias com a Universidade de Nova York, Columbia, Havard, entre muitas
outras", diz Reardon.
Entre as vantagens dos empréstimos específicos para estudantes está a carência de até
seis meses para que o profissional comece a pagar. É um tempo necessário para que ele
se reestabeleça no mercado de trabalho. O prazo para quitar totalmente a dívida
também costuma ser generoso. Em muitos casos, chega a 20 anos. Isso faz com que as
prestações mensais se tornem mais acessíveis.
O casal, Patrícia e Tito Penteado, paga hoje US$ 300 por mês para quitar dois
empréstimos contraídos em 2000, quando cursavam o MBA na Universidade de Indiana
(EUA). "Decidimos buscar o financiamento no fim do primeiro ano do curso (a duração
dos MBAs americanos é de dois anos e dos europeus de um ano)", conta Patrícia.
Durante o curso, ela trabalhou na universidade para ajudar a pagar o que o empréstimo
não cobriu, como o custo de moradia. "Só em livros gastamos mais de mil dólares",
lembra. Hoje, Patrícia atua como consultora do Yankee Group e o marido gerencia uma
fábrica da Polyform Termoplásticos em São José dos Campos, no estado de São Paulo.
"Buscar o empréstimo foi muito bom", diz Tito.
Em apenas duas semanas, o executivo Henrique Hauptman, atual "management
associate" do Citigroup, em Nova York, conseguiu financiamento para estudar na
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renomada Universidade Vanderbilt, na Holanda. Detalhe: a requisição foi feita online,
pelo site da universidade. Foram dois empréstimos no valor de US$ 45 mil, para cada um
dos dois anos do curso, com 20 anos para serem quitados. "Hoje o cargo que eu ocupo
tem como pré-requisito o MBA", ressalta.
De acordo com a pesquisa do MBA Alumni Brasil, 53,8% dos estudantes brasileiros
acreditam que o MBA feito no exterior é um diferencial competitivo na hora de buscar
uma boa colocação no mercado. Dos 262 participantes que terminaram o curso, 80%
receberam propostas de trabalho. O ex-executivo da Microsiga, Roberto Pujol, atual
aluno do MBA da ESADE, na Espanha, que também figura na lista das melhores escolas
do mundo, segundo o "Financial Times", fez um empréstimo no valor de 36 mil euros. Ele
terá 12 meses de carência para começar a pagar e 84 para quitar toda a dívida. Ele está
satisfeito com a experiência, empolgado pela qualidade do conteúdo do curso. Em termos
financeiros, confessa estar um pouco ansioso. "Falta apenas um trimestre para eu
terminar e ainda não tenho uma oferta de emprego, aliás 90% da minha classe também
não tem", diz. "Mas tenho certeza que ainda valerá a pena".
Fonte: Valor Econômico
23/01/2006
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Serão os MBAs os grandes culpados?
Tradução de Robert Bánvölgyi
Este é o momento do ano em que os alunos de MBA correm, não de uma sala de aula à
outra, mas de entrevista a entrevista, na tentativa de obter o cargo altamente
remunerado que esperam que suas qualificações lhes rendam. Parece que a demanda
por MBAs está firme mais uma vez, depois de quatro anos declaradamente fracos. "Os
grandes consumidores de talentos de MBA recuperaram o seu apetite para contratações",
disse Ken Keeley, diretor de oportunidades de carreira na Escola de Negócios Tepper, da
Carnegie Mellon, em Pittsburgh. Na Escola Stern de Nova York, próxima de Wall Street, o
número de postos de trabalho oferecidos à turma de MBA deste ano, até o começo deste
mês, foi o dobro do ofertado na mesma época em 2004. Melhor ainda, os salários médios
iniciais no setor de bancos de investimentos para formados na Stern ficaram em US$ 95
mil, numa alta de US$ 10 mil em relação ao ano anterior.
Exatamente no momento em que o valor de mercado de um MBA está se recuperando,
porém, sua credibilidade acadêmica está sendo atacada. Em um artigo prestes a ser
publicado, postumamente, no periódico "Academia de Aprendizado e Educação
Executiva", Sumantra Ghoshal sustenta que um grande número dos "piores excessos
cometidos nas práticas recentes de gestão têm suas raízes em um conjunto de idéias que
surgiram com os acadêmicos das escolas de negócios ao longo dos 30 anos passados".
Ghoshal foi um acadêmico exatamente assim, sendo professor na London Businees
School até seu falecimento há 11 meses, aos 55 anos. Ele acreditava que o desejo das
escolas de negócios, de transformar o estudo de administração em uma ciência, em
"uma espécie de Física", progressivamente as levou a basear suas teorias de
administração em algumas das mais funestas pressuposições e técnicas desenvolvidas
por economistas, especialmente pela "Escola de Chicago" e seu líder intelectual, Milton
Friedman. Elas incluem modelos aparentemente simplistas de comportamento humano
individual (racional, egoísta) e de comportamento corporativo (a noção de que o objetivo
de uma empresa deve ser a maximização de valor para os acionistas).
Essas pressuposições, embora extremamente imperfeitas, na opinião de Ghoshal, foram
simples o bastante a ponto de permitir que acadêmicos das escolas de negócios
desenvolvessem teorias grandiosas de administração, apoiadas por elegantes modelos
matemáticos e análises empíricas que pareciam ser científicos e que, conseqüentemente,
conferiram respeitabilidade acadêmica à disciplina, mas que eram, na verdade, um
simulacro de conhecimento, num lugar em que não havia nenhum.
Um traço particularmente preocupante dessas teorias, dizia Ghoshal, é que elas não
reservam nenhum "papel para a escolha ou a intencionalidade humana". E essas teorias
não só alegam falsamente ser científicas como seu ensino poderá levar à sua própria
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concretização. Estudantes de escolas de negócios aprendem que não podem confiar na
direção - portanto, quando eles se tornam administradores, seu comportamento é do tipo
indigno de confiança. Os estudantes têm sido isentados "de qualquer sentido de
responsabilidade moral". Daí decorrem escândalos como os da Enron, na qual se
destacaram executivos educados em escolas de administração. E, conseqüentemente,
talvez, ocorrerão em Enrons futuras, que ainda poderão ser criadas pela muito disputada
safra de MBAs deste ano.
Ghoshal não é o único estudioso peso-pesado a ter manifestado esse "mea culpa".
Jeffrey Pfeffer, da escola de pós-graduação em negócios da Universidade Stanford,
escreve no mesmo periódico que Ghoshal "talvez até expresse de forma contida o
potencial prejudicial do poder de penetração e a aceitação da linguagem, das
pressuposições e da teoria econômica". À guisa de apoio, ele se refere a um estudo de
2000, que concluiu que o vínculo entre porte corporativo e o número de intimações por
violações de regulamentações sanitárias e de segurança se fortalecia à medida que
aumentava a porcentagem de altos dirigentes da empresa que detinham diplomas de
MBA. Em um livro publicado no ano passado, "Managers, not MBAs (do inglês,
"Administradores, não MBAs")", Henry Mintzberg, um professor canadense de
administração e crítico de longa data do título acadêmico, escreveu que "o MBA treina as
pessoas erradas nas formas erradas com as conseqüências erradas".
Também é difícil conciliar o argumento de Ghoshal, de que os escândalos recentes foram
resultado de administradores ansiosos demais em tentar maximizar valor para acionistas,
com o fato de os acionistas terem sido algumas das principais vítimas das suas ações.
Tampouco é verdade, nesse contexto, que tudo o que é ensinado nas escolas de
negócios é apresentado como científico: o método de discutir estudos de casos
corporativos de Harvard, por exemplo, é tudo menos científico. Além disso, apesar de
existir algum mérito nas críticas do uso de pressuposições econômicas simplistas - até a
Universidade de Chicago está perdendo a sua fé no "Homo Economicus" - é fácil perceber
porque os recentes fracassos na governança corporativa de alta visibilidade geralmente
têm sido vistos como evidência favorável, e não contrária, à teoria da agência.
A julgar por seu comportamento recente, no entanto, muitas escolas de negócios
acreditam que existe algum mérito nas críticas dirigidas a elas. Harvard e Stanford estão
entre as instituições que introduziram aulas de ética nos seus cursos de MBA. Na Tuck,
uma escola de primeira linha do Darmouth College, estudos de casos de dilemas
morais são ministrados aos alunos de MBA por membros de sete faculdades
diferentes, como marketing, estratégia e finanças. Em 2003, a Associação para o
Avanço de Escolas de Negócios Universitárias (AACSB, na sigla em inglês), um organismo
regulador, que conta com a presença de todas as escolas de negócios de primeira linha
entre seus 495 membros, introduziu novas regras sobre ensino de ética nos currículos
desses estabelecimentos de ensino. Alguns professores de escolas de negócios querem
que a AACSB vá além, tornando compulsório o ensino de cursos sobre ética nos negócios
nas instituições acreditadas.
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Certamente, esses esforços na sala de aula podem ajudar as escolas de negócios a
repelir o ataque atual desferido às suas reputações. A turma de MBAs deste ano está
vindo de escolas mais conscientes eticamente e, de fato, estão sendo contratados por
empresas mais conscientes eticamente na comparação com qualquer uma de suas
antecessoras. Mas será que isso bastará para tornar mais éticas as empresas ou os seus
dirigentes?
Fonte: Valor Econômico
28/03/2005
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