Baixar trabalho - Painel PEMM
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Baixar trabalho - Painel PEMM
Inibidores de corrosão para meios de elevada salinidade Adriana Barbosa da Silva1*, José Antonio da Cunha Ponciano Gomes1, Eliane D’Elia2, Fabrizio Zucchi3 *[email protected], bolsista de doutorado CNPq 1Laboratório de Corrosão, PEMM-COPPE-UFRJ, 21941-972, Rio de Janeiro, RJ 2Instituto 3Centro de Química, UFRJ, 21941-909, Rio de Janeiro, RJ de Estudos sobre a Corrosão Aldo Daccò, Universidade de Ferrara, Ferrara, Itália Resumo O efeito do composto orgânico dimetil-tiouréia (DMTU) na corrosão do aço carbono em solução salina com elevado teor de íons cloreto e cálcio foi avaliado através de ensaios de perda de massa e ensaios eletroquímicos como impedância eletroquímica e curvas de polarização anódica e catódica. Os resultados mostraram que a presença de DMTU na faixa de concentração estudada (1-100 ppm) atua como inibidor da corrosão do aço carbono com eficiência máxima de 67% obtida para a maior concentração estudada. Palavras-chave: inibidores de corrosão, aço carbono, cloreto, dióxido de carbono. Introdução Materiais e métodos A água produzida, solução salina gerada na produção de óleo e gás, é considerada como um meio altamente corrosivo por conter diversos íons e gases dissolvidos como cloreto, dióxido de carbono (CO2) e sulfeto de hidrogênio (H2S). Estima-se que sua produção seja de aproximadamente 250 milhões de barris por dia [1]. O CO2 se dissolve na água gerando um ácido fraco, o ácido carbônico, que favorece o aumento da acidez e a consequente deterioração do aço. Além disso, outros íons dissolvidos como Ca2+, Ba2+, SO42- alteram as características do meio em termos de pH, capacidade tamponante, salinidade e potencial incrustante e assim também influenciam nos processos de corrosão. Tratamentos químicos como injeção de inibidores de corrosão é um método efetivo e flexível utilizado no controle deste processo. Os inibidores mais utilizados e bem conhecidos são compostos orgânicos contendo átomos de nitrogênio como as imidazolinas e derivados. Muitos estudos têm sido realizados para avaliar a corrosão do aço em meio salino contendo CO2 e apenas cloreto com teores em torno de 18000 ppm. Porém, poucos se dedicam ao estudo de meios com elevado teor de cloreto acima de 100 000 ppm, por exemplo e presença de outros íons dissolvidos [2,3]. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar o efeito de compostos orgânicos na corrosão do aço carbono em meio de elevada salinidade saturado com CO2. Os corpos de prova utilizados foram de aço carbono 1020. O eletrólito foi água produzida simulada com a composição apresentada na Tabela 1. Foram realizados ensaios de perda de massa de acordo com a norma ASTM G-31 com tempo de imersão de 24h e temperatura ambiente. Os ensaios eletroquímicos de determinação do potencial de corrosão (Ecorr), espectroscopia de impedância eletroquímica (EIS) e curvas de polarização anódica e catódica foram realizados em célula convencional de três eletrodos, com o aço carbono como eletrodo de trabalho, um fio de platina com grande área superficial como eletrodo auxiliar e eletrodo de calomelano saturado (ECS) como eletrodo de referência. Utilizou-se um potenciostato Solartron Sl1287 e 1260 com software CorrWare. O inibidor utilizado foi o composto orgânico, dimetiltiouréia (DMTU), adicionado à solução previamente saturada com CO2. Resultados e discussão A Tabela 2 mostra as taxas de corrosão (TC) do aço carbono em solução salina simulada obtida através dos ensaios de perda de massa. Pode ser observada a diminuição da taxa de corrosão com a adição do composto orgânico e consequente Painel PEMM 2012 - 24, 25 e 26 de outubro de 2012 – PEMM/COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil aumento da eficiência de inibição. Além disso, não há diferença significativa na EI obtida nas concentrações de 10 e 100 ppm com valores de 64 e 67 %, respectivamente. Tabela 1: Composição da água produzida simulada. Solução salina W0 Concentração (mg/L) Na+ 89515 K+ 3955 Mg++ 1184 Ca++ 14485 Ba++ 22 Sr++ 1509 Cl171400 SO42340 HCO3386 Para observar o comportamento eletroquímico deste sistema foram realizados ensaios de espectroscopia de impedância eletroquímica e curvas de polarização anódica e catódica. Tabela 2: Taxa de corrosão (TC) e eficiência de inibição (EI) obtidos na ausência e presença de DMTU. Concentração (ppm) TC (mm/ano) EI (%) 0 0,3455 * 1 0,1982 43 5 0,1890 45 10 0,1260 64 30 0,1580 54 100 0,1130 67 Importante ressaltar que são apresentados apenas os resultados para as concentrações de 1 e 100 ppm. Optou-se por avaliar os extremos na faixa de concentração uma vez que foi observado comportamento similar nos ensaios de perda de massa para concentrações de DMTU superior a 10 ppm. Os resultados de impedância eletroquímica obtidos no Ecorr na ausência e presença de DMTU são apresentados na forma de diagrama de Nyquist na Figura 1. Pode ser observado que na ausência de DMTU o diagrama apresenta dois semicírculos, um arco capacitivo na região de alta frequência e um arco indutivo na região de baixa frequência. Entretanto, na presença de DMTU em ambas as concentrações avaliadas apenas um arco capacitivo foi observado em toda a faixa de frequência analisada. As curvas de polarização anódica e catódica apresentadas na Figura 2 mostraram que não houve variação significativa no Ecorr com a adição do composto orgânico situando-se na faixa de -673 a 657 mVECS. Além disso, observou-se a diminuição tanto das correntes anódica quanto catódica. Figura 1 – Diagramas de Nyquist obtidos na ausência e presença de 1 e 100 ppm de DMTU. Figura 2 – Curvas de polarização obtidas na ausência e presença de 1 e 100 ppm DMTU. Conclusões Os ensaios eletroquímicos e de perda de massa realizados mostraram que a presença de DMTU na faixa de concentração de 1 a 100 ppm atua como inibidor da corrosão do aço carbono em meio aquoso com elevada salinidade a temperatura ambiente. Agradecimentos Ao CNPq e Petrobras pelo auxílio financeiro e ao Centro de Estudos sobre a Corrosão da Universidade de Ferrara/Itália pela oportunidade de estudo. Referências [1] F. Ahmadun, A. Pendashteh, L. C. Abdullah et al., J. Harz. Mat. 170 (2009) 530. [2] M. K. Deyab, Corros. Sci. 49 (2007) 2315. [3] X. Zhang et al., Corros. Sci. 43(2001)1417. Painel PEMM 2012 - 24, 25 e 26 de outubro de 2012 – PEMM/COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil