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ARTIGO
O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM-TREINAMENTODA
TÉCNICA ESPORTIVA APLICADA AO FUTEBOL
Marcelo de Oliveira ~ a t t ~ :
Pablo Juan Greco
RESUMO
O processo de ensino-aprendizagem-treinamento da técnica
desportiva é um componente de rendimento importante na formação
esportiva do individuo. Neste processo, o planejamento sistemático e
consciente gera caminhos seguros para a formação integral do indivíduo. O
embasarnento teórico gera segurança na realização do trabalho, Atualmente,
existe vasta bibliografia orientando e fundamentando o processo de
formação esportiva. Entretanto, constatou-se nos livros de treinamento
esportivo um menor número de paginas dedicadas ao estudo da técnica.
Diferentes abordagens foram encontradas. O objetivo deste estudo não é
trabalhar estas diferenças, mas sim realizar uma revisão bibliográfica sobre
os elementos constitutivos da capacidade técnica e, dentro desta, a relação
com o futebol de campo e sua aplicação na metodologia do processo de
ensino-a~rendizaeem-treinamento.
' UNFFE~ÚMOS: Ensino-aprendizagem-treinamento, técnica, formação '
esportiva.
O desenvolvimento dos componentes do rendimento esportivo é
parte importante do processo de ensino-aprendizagem-treinamento inerente
à formação do individuo. A preocupação de professores de educação física e
técnicos esportivos em estimular o desenvolvimento equilibrado das
capacidades fisicas, técnicas, táticas e psicológicas deve ser constante,
objetivando a formação integral do indivíduo. Neste processo de ensinoaprendizagem-treinamento, o planejamento sistemático e consciente gera
caminhos seguros para a formação biopsicossocial de indivíduos que gostam
da prática esportiva e podem aspirar a serem atletas, ou para a prática como
melhora do potencial de saúde ou pelo valor do lazer. Atualmente, existe
vasta bibliografia orientando e fundamentando o processo de formação
esportiva. Entretanto, os livros de treinamento esportivo dedicam amplo
número de páginas ao estudo do treinamento das capacidades condicionais,
enquanto o treinamento técnico, tático e psicológico destina-se a uma
* Professor da Faculdade de Educação Física e Desportos - UFJF.
** Professor da Escola de Educaç5o Física da Universidade Federal de Minas Gerais.
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quantidade bastante inferior. Vejamos os exemplos de uma rápida revisãode
literatura de autores de livros na língua portuguesa e espanhola (Quadro 1).
QUADRO 1 - Numero de páginas dedicadas aos estudos relacionados com o
* O autor fez uma abordagem das capacidades técnicas e táticas no mesmo
capítulo.
A análise do conteúdo das referências bibliográficas dos autores
pesquisados e a abordagem das capacidades apresentaram algumas
semelhanças. Não cabe ao presente estudo trabalhar estas diferenças. O
objetivo é realizar uma revisão bibliográfica sobre os elementos
constitutivos da capacidade técnica e, dentro desta, a relação com o futebol
de campo e sua aplicação na metodologia do processo de ensinoaprendizagem-treinamento.
O futebol de campo é um esporte muito praticado nas escolas e nos
clubes. Conseqüentemente, impõe-se que os professores de Educação Física
que o utilizam como conteúdo de suas aulas e aqueles que trabalham em
escola de iniciação ao futebol tenham uma fundamentação teórica
suficientemente ampla e consistente em relação a tão importante capacidade
inerente ao rendimento esportivo. Como visto no quadro anterior, os livros
destinam poucas páginas ao estudo desta capacidade. A bibliografia
especializada do futebol que foi consultada limita-se a conceituar os
fundamentos, como se procede sua execução e quais os exercícios para seu
desenvolvimento (Quadro 2).
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QUADRO 2 - Abordagem dos livros de futebol em relação à técnica
Sendo assim, o presente estudo vem preencher esse espaço e
contribuir para o progresso do futebol, fornecendo embasamento teórico e
fundamentando o trabalho daqueles que utilizam este esporte como
conteúdo em atividades como professor de Educação Física.
A literatura mostra várias definições de técnica. ZAKHAROV e
GOMES (1992, 178) a definem como "ação motora como meio de solução
da tarefa motora". Para o autor, a noção de técnica esportiva é percebida
frequentemente como o modo mais eficiente de realização de um
movimento. GROSSER e NEUMAIER (1982, 1 1 ) têm uma definição de
técnica dividida em dois aspectos. No primeiro, "Técnica é o modelo ideal
de um movimento relativo a uma disciplina desportiva. Este movimento
ideal pode descrever-se baseando-se nos conhecimentos cientíJicos atuais e
nas experiências praticas, verbalmente, de forma grafica, de forma
matemática, anatômico-funcional e outras". No segundo, técnica " é a
realização do movimento ideal a que todo desportista aspira. Ou seja, o
método para realizar a ação motriz ótima por parte do desportista". De
acordo com HEGEDUS (1984, 139), a técnica esportiva "consiste num
sistema especzpco de ações sucessivas e/ou simultâneas, das quais operam
como conseqüência da intenção de forças externas e internas e com um
único objetivo: aproveitar de maneira mais efetiva todas estas ações em
vista a alcançar um alto rendimento". WEINECK (1989, 195) entende por
técnica esportiva "os processos desenvolvidos, geralmente pela pratica,
para resolver mais racional e economicamente um problema motor
determinado". GRECO (1995, apostila de aula) define como "a adequada
interpretação no tempo espaço e situação do meio instrumental operativo
necessário para solução da tarefa ou problema motor que se enfrenta no
esporte".
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Percebe-se que a abrangência do termo técnica varia de autor para
autor. Esses conceitos são aplicados de acordo com a importância que a
técnica tem nos esportes.
A ação motora como solução de um problema motor pode ser
determinante para o sucesso a ser alcançado em um esporte, ou seja, a
execução correta do fundamento esportivo está dentro de certos padrões
predeterminados. Em outros esportes a execução dos fundamentos pode ser
efetuada de diversas maneiras, desde que alcance o objetivo. WEINECK
(1989, 195) divide a importância da técnica em quatro grupos:
1- Esportes de precisão e de expressão.
2- Esportes de força e explosão.
3- Esportes de combate e coletivos.
4- Esportes de resistência.
Segundo WEINECK (1989, 195), os esportes de precisão "são
aqueles que exigem o máximo de perfeição técnica, pois aí a técnica
intervém como elemento autônomo na cotação da performance". Patinação
Artística e Ginástica Olímpica são exemplos de esportes que exigem
precisão na execução de movimentos.
Nos esportes de força e explosão, "devido ao curto espaço de tempo
e ao desenvolvimento máximo da força, é preciso uma grande habilidade
técnica" (WEINECK, 1989, 195). Levantamento de peso, lançamento de
dardo e arremesso de peso são exemplos deste grupo. O autor qualifica os
esportes de combate e coletivos como aqueles em que "a técnica influencia
prioritariamente a solução de situações complexas de combate ou de jogo"
(WEINECK, 1989, 195). Os esportes coletivos e lutas como judô são
exemplos. Finalmente, nos esportes de resistência, "a técnica intervém antes
de tudo como economia de esforço" (WEINECK, 1989, 195). Corridas,
triatlon e esqui servem de exemplo.
De acordo com essa divisão, o futebol está relacionado com o grupo
de esportes de combate e coletivos, pois a técnica na execução de um passe,
de um chute, de um domínio ou de um cabeceio tem influência como
mecanismo de solução de situações encontradas durante uma partida. Para o
futebol, por ser um esporte em que a execução perfeita da técnica não é um
fator que determina o alcance do objetivo, os conceitos de GRECO e
WEINECK parecem ser os mais aplicados.
No futebol a solução motora deve procurar ser eficaz, ou seja, a
técnica como meio de se chegar a um fim (GRECO, 1991, 41, citando
Letzelter 1978, 100). O passe deve alcançar seu companheiro,
indiferentemente se ele foi executado com o pé de apoio próximo ou
afastado da bola ou se foi com a perna predominante ou não. O fato de um
chute ser feito em desequilíbrio, fora dos padrões colocados pela
bibliografia específica do futebol, não determina que o gol não será
convertido. Muitas vezes, o jogador executa o chute dentro dos padrões e o
gol não é convertido.
A bibliografia específica sobre futebol mostra como executar
corretamente os diversos fundamentos que devem ser considerados como
técnicas específicas. Entretanto, o fato de'ser o futebol um esporte dinâmico,
em que algumas variáveis, como gramado e ambiente, inflrienciam na
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execução das técnicas, demonstra que não é a todo momento que o jogador
vai executar técnicas conforme orientação da literatura. Dessa maneira, as
vezes, não é possível ser eficiente durante a execução, ou seja, o processo de
realização da técnica esportiva não vai ser de acordo com as leis inerentes ao
movimento ideal.
Os padrões ideais da técnica esportiva estão baseados em leis e
modelos biomecânicos. Sua maior ou menor aplicação depende da
capacidade do esportista.
No futebol, estas leis e estes modelos também amparam a execução
da técnica. Eles contribuem para a direção e precisão do chute, do passe, do
cabeceio, do domínio e da progressão. Mas, não é a todo momento que o
jogador poderá aplicá-los durante uma partida, pois o futebol, como já foi
dito, é um esporte muito dinâmico, com inúmeros fatores influenciando na
execução das técnicas. Porém, no processo de ensino-aprendizagemtreinamento, considera-se extremamente importante que os jogadores
consigam o domínio das técnicas, para eles poderem canalizar as
possibilidades de solução da tarefa motora da melhor maneira possível.
Para que o atleta tenha total domínio da técnica, é preciso passar por
um processo de ensino-aprendizagem-treinamento. E necessário treinar, ou
seja, adquirir novas experiências, para aumentar a bagagem motora.
MARTIN (1991, 07) entende que a expressão Treinamento da
Técnica, para ser conceituada, tem de ser tratada separadamente, a fim de
extrair seus conceitos específicos. O Treinamento "é um processo
planificado, com o qual se procura alcançar determinado nível de
desempenho, que é sempre o resultado da interação complexa de parâmetros
condicionais, coordenativos, psíquicos e de qualidades pessoais. O
treinamento tem também a finalidade de tornar estável, durante a
competição, em nível de desempenho obtido" (MARTIN, 1991, 07).
Técnica, para MARTIN, "é o uso sistemático de processos e operações para
desenvolver uma determinada tarefa, para resolver um determinado
problema" (MARTIN, 1991,07).
GRECO (1995,98) diz que "se existe uma polêmica onde ainda não
há consenso na literatura das ciências do treinamento, que também tem a ver
com as particularidades do idioma, é em relação aos alcances dos termos
aprendizagem motora e treinamento técnico". Segundo GRECO (1995, 98),
"a escola americana utiliza preponderantemente o termo aprendizagem
motora (motor learning), enquanto na escola alemã é mais frequente
encontrar o conceito treinamento técnico".
GRECO (1995, 98) continua, dizendo que "alguns autores
(GROSSER e NEUMEIER, 1982; HARRE, 1979; LETZELTER, 1978;
MEINEL e SCHNABEL, 1976 e 1987; ROTH, 1987; WEINECK 1983 e
1989) consideram o termo treinamento técnico como sinônimo de
aprendizagem motora. Essa posição não é compartilhada por outros
(LEHNERTZ, 1990; MARTIN, CARL e LEHNERTZ, 1991; MECHLING,
1984)".
Entretanto, para GRECO (1995, 98), "na realidade, trata-se de
diferentes momentos dentro de um mesmo processo: o processo de ensinoaprendizagem-treinamento". Este autor diz também que "a aprendizagem
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motora é o caminho para obter e automatizar habilidades ou técnicas
motoras como resultado de um sistemático e planejado 'processo de
aprendizagem, decorrente de diferentes etapas e com objetivos bem
definidos a serem atingidos em cada fase. A meta final é a melhoria da
coordenação da ação do sistema nervoso central com o sistema
neuromuscular".
Resumindo, de acordo com GRECO (1995, 98), "a aprendizagem
motora é uma fase dentro do processo de ensino-aprendizagem-treinamento,
entendendo-se o termo treinamento, no sentido utilizado pela escola alemã,
como aquele que inclui os processos de ensino aprendizagem". Dessa
maneira, o processo de ensino-aprendizagem-treinamento, em forma de
unidade estrutural, não existe um sem o outro.
Atualmente é grande o número de crianças que participam de
programas de iniciação esportiva. Os clubes, principalmente, acreditam que
o investimento nestes programas tem um retomo a médio e longo prazo, pois
estas crianças, futuramente, irão sustentar sistematicamente as equipes
principais.
Esses programas de iniciação esportiva não podem limitar-se apenas
a formar atletas, mas sim auxiliar a criança na sua formação global, como,
por exemplo, nos aspectos social, moral, cognitivo, cultural, além de outros.
GRECO (1995, 196) propõe uma divisão do processo de ensinoaprendizagem-treinamento em nove fases. Esta divisão "visa uma seqüência
da ação pedagógica paralela ao desenvolvimento do nível de performance do
indivíduo no marco da estrutura temporal".
O processo de formação esportiva do modelo criado na Escola de
Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais, proposto por
GRECO, "caracteriza-se por curtos períodos de duração de cada uma das
fases, o que permite que exista uma aproximação com a evolução
ontogenética. Por outro lado, evita-se a especialização precoce, pois esta,
juntamente com a competição sistemática e alta competição, não são
construtivas para as crianças".
O modelo proposto pelo autor é dirigido fundamentalmente para os
jogos coletivos e para os esportes de conjunto em geral. O modelo é
composto das seguintes fases:
I ) PRÉ-ESCOLAR (3-6 anos): procura-se caracterizar o processo de
ensino-aprendizagein-treinamento nas três áreas de manifestação da
aprendizagem, ou seja, na unidade e complexidade do sistema cogniçãoemoção-inotivação. Atividades de deslocamento, equilíbrio, acoplamento,
esquema corporal, relação tempolespaço etc. são prioritárias e devem
preferencialmente ser apresentadas em formas jogadas, tipo de imitação e
perseguição.
Jogos de uin contra um tentando a ultrapassagem, jogos de chute a
gol, ein que cada criança terá a oportunidade de chutar várias vezes para seu
companheiro que faz o papel de goleiro, e jogos de imitação, em que cada
um vai tentar repetir todos os gestos que o companheiro está fazendo com a
bola.
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2) UNIVERSAL (6-12 anos): procura-se desenvolver todas as capacidades
motoras e coordenativas de uma forma geral, criando uma base ampla e
variada de movimentações que ressaltam o aspecto Iúdico. Nessas faixas
etárias, o ensino-aprendizagem-treinamentodeve ser administrado conforme
a idade e o nível de experiência motora. A ação do processo de ensinoaprendizagem-treinamento deveria ser voluntária, não atropelando outros
possíveis interesses. Esta fase tem uma duração de 3 a 6 anos e se inicia,
geralmente, aos 516 anos.
Um dos aspectos mais descuidados nesta fase é o desenvolvimento
das capacidades coordenativas, ou seja, enfatiza-se muito a técnica do gesto
técnico. Não há harmonia nem interação no volume de trabalho dedicado as
capacidades coordenativas. Fatores como desenvolvimento da imagem
corporal e percepção sensorial diferenciada são esquecidos ou sacrificados,
em procura de performance ou aperfeiçoamento do nível técnico.
A "Iniciação Esportiva Universal" (IEU) e uma alternativa
pedagógica importante para a faixa etária entre os 4 e os 11-12 anos. O jogo
é o elemento didático-pedagógico que deverá ser oferecido conforme as
características evolutivas da criança, especialmente no que se refere à sua
maturidade e evolução coordenativo-cognitiva. Exemplo: com crianças de 68 anos, deve-se dar ênfase aos jogos de perseguição, estafetas, e jogos de
relevos no final desta faixa etária; já com crianças de 8-10 anos pode-se
começar a desenvolver jogos esportivos coletivos na forma do jogo reduzido
(por exemplo, situações de 2 x 2), jogos de iniciação, grandes jogos e, em
alguns casos, jogos pré-desportivos.
E importante ressaltar que o processo de ensino-aprendizagemtreinamento das capacidades físicas nesta fase deve, impreterivelmente,
estar adequado ao nível de desenvolvimento e de experiência da criança,
respeitando as "fases sensíveis" (MARTíN, 1982, 24) em que a criança se
encontra. As capacidades coordenativas devem desenvolver-se seguindo o
princípio do fácil para o difícil, do simples para o complexo.
Nesta fase, aplicada ao futebol de campo, os jogos devem ser em
campos com dimensões reduzidas e as equipes devem ter número reduzido
de jogadores, para oportunizar o contato mais frequente com a bola, com
jogos 2 contra 2, 3 contra 3, 4 contra 4 e outros, modificando as regras do
jogo de acordo com o objetivo. Essas modificações podem ser na
delimitação de toques que cada jogador pode dar ao ter posse de bola,
aumentando ou diminuindo o tamanho do gol, ou até mesmo determinar que,
para consignar um gol, todos os jogadores devem tocar na bola.
3) ORIENTAÇÃO (12-14 anos): com base do nível anterior, deve-se
procurar o desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades físicas
(motoras e coordenativas) e se iniciar o processo de fixação e
aprimoramento das técnicas.
Deve-se aqui destacar que um dos objetivos é a iniciação técnica em
sua forma global. Não se deve realizar treinamento técnico e sim uma
passagem pelas técnicas das diferentes disciplinas esportivas, contemplando
os níveis de exigência que se apresentam em cada uma delas. A correção
deve estar dirigida a elementos grossos dos diferentes programas e esquemas
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motores. Deve ser priorizada a variação das técnicas, no sentido de
aquisição de amplos repertórios de padrões motores. Isto significa que
devem ser oferecidas atividades em que, por exemplo, por meio do jogo
aplicado conforme a metodologia situacional, a criança seja levada a
desenvolver, a aprender e aplicar técnicas de movimentos esportivos, porém
sem um alto nível de perfeição gestual, unidas a momentos de tomada de
decisão sobre o que fazer.
A literatura específica do futebol apresenta um número variado de
exercícios que podem ser aplicados nessa fase. Os exercícios devem retratar
situações encontradas durante um jogo de futebol e suas possíveis soluções
por meio do gesto técnico. As atividades devem envolver as técnicas do
chute, do cabeceio, do domínio e das demais técnicas inerentes ao jogo de
futebol.
4) DIREÇÃO (14-16 anos): com base no nível anterior, pode-se começar
com o aperfeiçoamento e a especialização técnica em uina ou duas
modalidades esportivas.
E importante destacar a necessidade de que o jovem realize e
participe de duas ou três modalidades esportivas, as quais devem ser de
preferência complementares. Paulatinamente, aperfeiçoam-se as técnicas
que encaminhem o atleta a otimização do seu rendimento.
Esta fase se estende por, aproximadamente, dois anos e inicia-se,
geralmente, aos 14 anos. As técnicas são trabalhadas em situações
apresentadas na forma de exercícios complexos, em que a requisição da
técnica seja variável em relação aos seus parâmetros de execução e
aplicação. A inteligência e a capacidade de jogo continuarão a ser
desenvolvidas por meio de atividades que exijam a aplicação do
conhecimento adquirido na fase anterior, de forma tal a efetivar a
concretização dos conceitos teóricos em ações esportivas. Deve-se, portanto,
continuar utilizando exercícios complexos que apresentem exigências de
execução relacionadas com o tipo de técnica a ser aplicada e incluam os
parâmetros necessários para o êxito da ação, assim como exercícios que
impliquem uma tomada de decisão no sentido tático, ou seja, do que será
feito.
As atividades relacionadas com futebol, nesta fase, devem ser mais
complexas e envolver mais de uma técnica na solução da tarefa motora. O
exemplo seria um exercício de cruzamentos na área, em que o indivíduo
tenha como objetivo converter gols, utilizando todas as técnicas possíveis,
adequadas e permitidas pela regra, para aquele momento.
5 ) ESPECIALIZAÇÃO (16-18 anos): será incrementado o trabalho nas
áreas específicas da disciplina. Procura-se o aperfeiçoamento e a otimização
do potencial físico, técnico e tático, que deve ser base para o emprego de
comportamentos táticos de alto nível. Inicia-se, paralelamente, um processo
de estabilização das capacidades psíquicas. A participação em competições
aumenta sensivelmente.
Esta fase inicia-se aproximadamente aos 16 anos e sua duração varia
de 2 a 4 anos.
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Sobre o aspecto da integração do treinamento técnico com o
treinamento tático, conformando assim um treinamento técnico-tático, é
importante destacar que o desenvolvimento dos processos cognitivos no
marco do processo de ensino-aprendizagem-treinamento é um pré-requisito
fundamental. Para isso será necessário: "desenvolver e aperfeiçoar a
regulação dos programas e processos motores, particularmente em situações
sob influência da ação do adversário, respeitando a cooperação com colegas
:i diminuindo o tempo que o jogador necessita para recepção, descoberta e
elaboração das informações, a fim de minimizar a quantidade de erros no
jogo"(K0NZAG e KONZAG, 1981,26).
A regulação dos programas motores será realizada pela união do
treinamento técnico com o treinamento tático, e ambos serão integrados em
um treinamento teórico. A diminuição dos erros será proposta através de um
processo metodológico que se baseia na construção de árvores genealógicas
para tomada de decisão.
Num treinamento de futebol seria necessário treinar todas as
possibilidades de tomada de decisão, ou seja, após a percepção de todo
ambiente externo (posicionamento dos jogadores adversários e local que se
encontra no campo) e ambiente interno (seu corpo), verificar quais as
possibilidades existentes de êxito e escolher a mais adequada.
6 ) APROXIMAÇÃO~TEGRAÇÃO (18-21 anos): esta fase pode ser
considerada como o momento mais importante na transição do jovem
amador para uma possível carreira profissional.
Aqui serão estabelecidos os limites de rendimento que o indivíduo
tem e projetada sua possibilidade concreta de êxito no esporte de alto nível.
A fase de crescimento encontra-se quase que finalizada, ficando assim
determinados o biótipo corporal e os fortes traços de seu perfil psicológico.
A soma desses fatores faz com que o momento da decisão pelo
esporte de alto nível ou o esporte como lazer, ou em nível de competição,
seja relativamente reduzido. Toma-se aqui importante dedicar um volume
grande de tempo ao processo de ensino-aprendizagem-treinamento,
juntamente com o trabalho de aperfeiçoamento, a otimização das
capacidades físicas, técnicas, táticas, e a otimização das capacidades
psíquicas e sociais. Não é fácil realizar-se no esporte profissional; por este
motivo esta fase permite uma integração com a fase seguinte. Grandes
talentos que s6 ficam na promessa e que as vezes "não chegam" a ser
grandes resultam, precisamente, da ausência de uma adequada estrutura de
treinamento.
No futebol, esta fase é retratada pela passagem do jogador júnior
para o jogador profissional. O jogador amador tem de ir familiarizando-se
com a nova realidade gradualmente. Sua integração a equipe de
profissionais deve ser adequada, para que todo seu potencial não seja
prejudicado. E necessário saber o momento certo de "lançar" o atleta
amador na equipe profissional, pois houve um investimento na sua formação
esportiva que não pode ser desprezado. As atividades desta fase devem ser
variadas, estabilizando as tomadas de decisão.
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7) ALTO NÍVEL (a partir dos 21 anos): a estabilização do rendimento nas
capacidades físico-técnico-tático e psíquicas, atingida na fase anterior, será
aprimorada considerando-se um significativo aumento da relação das cargas
de treinamento quanto ao volume, a intensidade e à densidade "psíquicotécnico-técnico-tática"; deve-se, conseqüentemente, dirigir o processo para a
meta de otimização dos processos cognitivos (em relação I? situação
esportiva, ao alto rendimento e ao estilo de vida) e psicológicos
(psicorregulação e motivação intrínseca).
A Figura 1 completa-se com as fases de esporte de recreaçãolsaúde
e a fase de readaptação. Esta última é dirigida aqueles que realizaram
esporte de alto nível durante muito tempo e tem por objetivo uma "volta à
normalidade", principalmente dos parâmetros fisiológicos do indivíduo.
I ~ V ' J ~DE
L RENDIMENTO
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FASE P&FASE
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I: C5mor -)
D: 2-3D:6F: 2 ~ n r
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FASE
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I: 16-18R 2F: 2-3 ~ a
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FIGURA 1 - Sistema de formação esportiva
LEGENDA: I = IDADE: D = DLIIUÇÃO; F = F R E Q ~ C I A
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'
Este modelo das fases de formação esportiva, proposto pela Escola
de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais, vem auxiliar
na sistematização e no planejamento consciente dos professores de
Educação Física, não só nos programas de iniciação esportiva, como
também nas aulas de Educação Física Escolar. A aprendizagem da técnica
será oportunizada a todos.
ROTH (1993, 18) entende que a aprendizagem de uma técnica
esportiva corresponde, primeiramente, a aquisição de um programa motor
(SCHMIDT, 1988; ROTH, 1989 e 1990).
Rosembaum (1985) e Schmidt (1988), citados por ROTH (1993),
entendem que os programas motores se constituem com poucos
componentes fixos, suficientes para "dar vida as relações estruturais
externas, específicas de diversas habilidades motoras" (1993, 18). Um baixo
número de fatores internos que não variam e que são próprios do programa
serve de guia a diferentes movimentos cujos parâmetros externos são
específicos e podem se transferir de um movimento para outro.
ROTH (1993, 18), citando Schmidt (1988), coloca que os programas
!motores transmitem aos músculos que efetuam um movimento informações
sobre sequência de impulso de tempo e força. Os programas motores
.agregam impulsos temporariamente ordenados e são caracterizados de
maneira concreta por três elementos ou relações que não variam ( teoria do
"impuls-timing"):
"Sequencing": refere-se A sequência de cada impulso e a ordem em
que os músculos serão estimulados.
"Timing" relativo: refere-se à extensão temporal' de cada impulso
que guia o movimento (tempo de ativação), expressa em cocientes de
duração correspondente a duração do estímulo, guardando a proporção com
os anteriores e os que seguem.
Força relativa: refere-se as relações entre amplitude, intensidade e
magnitude de cada impulso.
"Aprender movimentos básicos que reproduzem de forma precisa e
estável, ou seja, de padrões motores fechados" é entendido por ROTH
(199 1,02) como o A do ABC para o treinamento técnico nos esportes.
A capacidade de saber modificar, unir e combinar a execução dos
programas motores do grupo A de forma variada e precisa é o objetivo B no
ABC do treinamento técnico em esportes. Os programas motores acoplados
um sobre o outro vão somando sequencialmente ou combinando os impulsos
de modo a facilitar a execução. A técnica desejada será oferecida "peça a
peça', solucionando o problema motor.
O C do ABC é a capacidade de alongar e encurtar o modelo básico,
velozmente, de forma variável e adequando-o as exigências de mudanças das
situações de jogo, de forma a facilitar a antecipação e a elaboração mental
das possíveis ações a serem executadas.
Essas associações e adaptações dos elementos invariáveis do
programa motor, oportunizadas pela exercitação e prática nas sessões,
facilitarão a fixação de esquemas motores na memória. Esta memória,
através do reconhecimento e da recordação, fornece importantes
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informações para solução dos problemas motores. Esse esquema,
inicialmente, exige três informações diferentes da memória:
- posição inicial do movimento;
- programa de alongamento-encurtamento do movimento;
- o resultado/posição final.
Essas informações são gravadas progressivamente e convertidas em
regras gerais, que servem para antecipar o movimento da posição inicial até
o final.
ROTH (1991, 09) diz que, para o processo de ensino-aprendizagemtreinamento das variações técnicas, há a princípio três possibilidades de
simplificação:
1- Princípio do encurtamento do esquema motor (alongamento1
encurtamento) - descreve uma forma metodológica na qual é impreterível a
aplicação permanente do principio de encurtamento-alongamento do
programa básico para, assim, paralelamente, permitir a formação do
esquema de recordação.
Um exemplo deste princípio aplicado ao futebol seria uin exercício
de cabeceio, em que o executante repete várias vezes o mesmo exercício e a
bola percorre o mesmo espaço no mesmo tempo, antes de chegar a ele.
2- Principio da posição constante (posição de saídafinicio) - pode ser
caracterizado pelo fato de que, para uma posição constante de início do
movimento, podem ser modificados (encurtados/alongados) os movimentos
finais do programa.
Um exercício de cabeceio que pode servir de exemplo para este
princípio é aquele em que o executante repete várias vezes o gesto partindo
de uma mesma posição e a bola percorre várias trajetórias até chegar a ele.
3- Princípio do resultado constante - são mantidos os movimentos
que conformam a posição final do programa e modificados os do início.
Um exercício aplicado ao futebol que retrata este princípio é aquele
em que o executante cabeceia a bola procurando alcançar o mesmo ponto
várias vezes, indiferente da direção e da trajetória da bola percorrida antes
de ele cabecear.
Cabe agora estimular a adaptação das técnicas às situações
defrontadas durante a competição. ROTH (1990), citando Gohner (1979),
entende que esse processo está ligado a quatro parâmetros básicos de
relação. São eles:
a- objetivo do movimento;
b- condições do movimento (regras do esporte);
c- atributos do movimento;
d- condições de execução do movimento1meio ambiente.
Gohner (1979), citado por ROTH (1991, 1l), apresenta cinco
possibilidades táticas de simplificação da tarefa, de acordo com os
parâmetros básicos relacionados anteriormente. Eles serão citados a seguir,
juntamente com um exercício aplicado no futebol, para melhor
entendimento.
o executante, ao
a- Simplificação dos objetivos do movimento
realizar a técnica do cabeceio, terá como objetivo atingir um local com
+
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dimensões superiores ao normal. Assim sendo, o alcance do objetivo através
do cabeceio será facilitado.
b- Simplificação das regras durante uma partida de futebol só será
permitido converter gol através de uma cabeçada.
c- Redução da ação do adversário + o executante vai desenvolver o
exercício dentro da grande área, onde ele terá como objetivo cabecear a bola
para dentro do gol. Dentro da área estarão posicionados, de maneira passiva,
companheiros que farão o papel do adversário. O executante vai se deslocar
em direção à bola, desviando de seus companheiros, e executar a cabeçada.
d- Redução da ação do colega + a dinâmica deste exercício é a
mesma do princípio anterior, entretanto será somado ao exercício um
companheiro, que fará o papel de jogador de sua equipe. O objetivo neste
exercício é o seguinte: após desviar dos agentes passivos que estão
posicionados dentro da grande área e alcançar a bola, o executante tentará,
através de uma cabeçada, alcançar seu companheiro de equipe.
e- Simplificação do meio ambiente onde se executa a técnica + um
exercício que pode retratar este princípio é o jogo de futebol em que as
dimensões do campo sejam menores e as balizas (gols), maiores. Durante
esse jogo só será permitido consignar gols através de cabeçadas.
Estes cinco princípios representam, também, um guia para a
elaboração do processo de ensino-aprendizagem-treinamento, conforme a
deficiência que o atleta acusa.
Pode-se concluir, de acordo com o modelo de aprendizagem da
técnica proposto por ROTH, que, para executar as técnicas do futebol, é
necessário criar o programa motor de todas as técnicas do esporte. Este
programa motor é fechado. Conforme as condições da situação encontrada
durante uma partida, o jogador associa ao programa motor movimentos que
lhe permitirão solucionar a tarefa motora. Essas soluções motoras, através
da utilização de técnicas específicas, estão associadas a esquemas de
memória, que SCHMIDT (199 1) denomina recordação e reconhecimento.
Elas são gravadas progressivamente e convertidas em regras gerais, para
serem aplicadas em diferentes momentos do jogo.
+
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para elaborar os processos de ensinoaprendizagem-treinamento dos jogos esportivos coletivos vem mudando
com o tempo. A forma metodológica "séries de exercícios" foi utilizada pela
Educação Física na década de 60. Esta metodologia caracteriza-se pelo
ensino dos jogos através da aprendizagem das técnicas básicas e formas
analíticas. Estas técnicas básicas eram decompostas em partes. Por meio de
uma sequência, do simples para o complexo, procurava-se chegar ao gesto
ideal. Mais tarde, duas novas formas metodológicas de ensinoaprendizagem-treinamento dos jogos coletivos aparecem: "sequência de
jogo.'
e "confronto direto". Segundo GRECO (1995a, 133), citando
Dietrich et al. (1976) e Landau (1974), o método "séries de jogos" apresenta
três argumentos antagônicos a metodologia "séries de exercícios". São eles:
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1- o jogo é mais que a soma de técnica, tática e condição
física;
2- a idéia do jogo deve ser preconizada;
3- os processos de pensamento, aprendizagem e motivação
do educando encontram-se, simultaneamente, na situação de aprendizagem.
O método "confronto direto" é entendido por GRECO (1995a, 134)
como uma "variação dentro da mesma idéia da globalidade". Neste método,
o jogo é aprendido jogando. Não se dividem os elementos que o compõem.
Separam-se duas equipes com poucas informações sobre as regras e joga-se.
Este método tem como lema o "jogar-jogar-jogar".
A proposta deste artigo é aplicar o "método situacional" proposto
por GRECO (1995~)no processo de ensino-aprendizagem-treinamento do
futebol. Neste método, o jogo é aprendido desde o começo por meio de
técnicas simples. Segundo GRECO (1995a, 128), "o ensino do jogo baseiase na união da técnica ao processo tático, mediante a apresentação de
situações de jogo que exigem uma solução".
O "método situacional" agrega uma sugestão didático-metodológica
que enfatiza a importância do desenvolvimento das capacidades cognitivas
de percepção, antecipação e tomada de decisão do jogador ( GRECO, 1995a,
128).
-A dedicação de tempo da sessão de ensino-aprendizagemtreinamento na aquisição de técnicas, separada da parte tática, é considerada
perda de tempo.
As habilidades técnicas e táticas servem para dar soluções as tarefas
motoras específicas do jogo. As decisões tomadas para as soluções motoras
surgem de duas perguntas: o quê? e como?.
A primeira pergunta, o quê?, segundo GRECO (1995a, 129), "é a
escolha de uma alternativa de solução para o problema de jogo". Por
exemplo, no futebol, se o jogador deve cruzar ou chutar a bola para o gol.
A segunda pergunta, como?, segundo GRECO (1995a, 129),"são as
técnicas adquiridas dentro do processo de ensino-aprendizagem-treinamento,
que estão à disposição do jogador, nas variadas e amplas formas".
As decisões serão tomadas conforme o nível de habilidade de cada
um. Através das sessões de prática, as decisões escolhidas serão, cada vez
mais, adequadas a realidade.
Atualmente, nas competições de alto nível, a tomada de decisão
torna-se um fator determinante no resultado de um jogo. As jogadas
programadas dependem do comportamento desejado do adversário, para que
elas alcancem o objetivo. Caso o adversário não se comporte conforme o
desejado, o jogador, naquele instante, deve mudar o planejado. Outra
decisão deve ser tomada; neste caso, cabe um questionamento: será que o
jogador tem a capacidade de solucionar esse problema, já que ele estava
preparado apenas para a jogada programada?
O "método situacional" permite ao jogador maior flexibilidade e
criatividade na hora de decidir. Durante o jogo a tomada de decisão cabe ao
jogador e não ao treinador. A formação do "jogador inteligente" é o objetivo
deste processo de ensino-aprendizagem-treinamento dos esportes coletivos.
-
I
~
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47
Neste método, todas as possibilidades de tomada de decisão devem ser
treinadas até sua automatização.
O "método situacional" é adequado ao processo de ensinoaprendizagem-treinamento do futebol, por ser este um esporte dinâmico e
porque, atualmente, as atitudes ofensivas dependem de muita criatividade e
flexibilidade nas tomadas de decisões, devido aos fortes esquemas
defensivos. O método situacional pode propiciar ganhos efetivos na
aprendizagem de táticas no ataque.
Através deste ensaio, acreditamos ajudar aqueles que trabalham no
processo de formação esportiva. Esta revisão bibliográfica veio preencher
um espaço referente ao treinamento técnico aplicado ao futebol. Convém
ressaltar o modelo de fases de formação esportiva proposto pela Escola de
Educação Física da CTFMG, pois ele oferece uma seqüência sistematizada,
coerente e fundamentada.
Esta revisão bibliográfica veio demonstrar a necessidade de estudos
na área de treinamento técnico. Esse componente do rendimento esportivo
deve ter uma maior dedicação pelos autores dos livros de treinamento
esportivo. A importância da técnica na solução das tarefas motoras durante
uma partida de futebol é essencial. O acervo motor deve ser grande para
uma melhor tomada de decisão. Atualmente, um fator determinante nos
jogos de futebol é a capacidade técnica dos atletas, pois os espaços para as
ações ofensivas são pequenos. Dessa maneira, acreditamos cumprir com o
objetivo do ensaio, pois ele veio fundamentar e apresentar uma
sistematização no processo de formação esportiva.
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