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A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • NOVEMBRO DE 2006
Discursos
da Conferência
Geral
Joseph Smith Jr., de Grant Romney Clawson,
com base na obra de William Rogers que, acredita-se, tenha sido o artista original.
O Presidente John Taylor (1808–1887) escreveu, a respeito de Joseph Smith: “Joseph Smith,
o Profeta e Vidente do Senhor, com exceção apenas de Jesus, fez mais pela salvação dos homens
neste mundo do que qualquer outro homem que jamais viveu nele. (...) Viveu grandiosamente
e morreu grandiosamente aos olhos de Deus e de seu povo” (D&C 135:3).
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • NOVEMBRO DE 2006
A Liahona
2 Resumo da 176ª Conferência Geral
Semestral
SESSÃO DA MANHÃ DE SÁBADO
4 Prestamos Testemunho ao Mundo
Presidente Gordon B. Hinckley
6 Ele Cura os Oprimidos
Élder Dallin H. Oaks
9 O Templo Diz Respeito à Família
Élder Richard H. Winkel
11 A Primeira Geração
Élder Paul B. Pieper
13 Fé, Serviço, Constância
Élder David S. Baxter
15 O Poder da Paciência
Élder Robert C. Oaks
17 Oh! Sede Sábios!
Élder M. Russell Ballard
20 Discipulado
Presidente James E. Faust
SESSÃO DA TARDE DE SÁBADO
23 Apoio aos Líderes da Igreja
Presidente Thomas S. Monson
24 As Santas Escrituras: O Poder de
Deus para Nossa Salvação
Élder Robert D. Hales
28 O Domingo Virá
Élder Joseph B. Wirthlin
31 Voltem-se para a Eternidade!
Elaine S. Dalton
33 A Expiação Pode Purificar,
Recuperar e Santificar Nossa Vida
Élder Shayne M. Bowen
35 A Lei do Dízimo
Élder Daniel L. Johnson
37 O Poder de um Testemunho Pessoal
Élder Dieter F. Uchtdorf
40 A Expiação Pode Garantir Sua Paz e
Felicidade
Élder Richard G. Scott
SESSÃO DO SACERDÓCIO
43 Um Quórum do Sacerdócio
Élder Henry B. Eyring
46 Sejamos Homens
Élder D. Todd Christofferson
49 O Grande Plano de Felicidade
Élder Marcus B. Nash
51 Ele Confia em Nós!
Élder Stanley G. Ellis
53 Nutrição Espiritual
Presidente James E. Faust
56 Sejamos Leais às Nossas
Responsabilidades no Sacerdócio
Presidente Thomas S. Monson
59 Erguei-Vos, Ó Homens de Deus
Presidente Gordon B. Hinckley
SESSÃO DA MANHÃ DE DOMINGO
62 Que Firme Alicerce
Presidente Thomas S. Monson
69 O Plano de Salvação
Élder L. Tom Perry
72 Três Toalhas e um Jornal de 25
Centavos
Bispo Richard C. Edgley
74 Olhai Para Vossas Criancinhas
Margaret S. Lifferth
76 “O Grande e Maravilhoso Amor”
Élder Anthony D. Perkins
79 A Coligação da Israel Dispersa
Élder Russell M. Nelson
82 Fé para Remover Montanhas
Presidente Gordon B. Hinckley
SESSÃO DA TARDE DE DOMINGO
85 Uma Defesa e um Refúgio
Presidente Boyd K. Packer
89 E para Eles Não Há Tropeço
Élder David A. Bednar
92 Receber pelo Espírito
A. Roger Merrill
94 Mais Perto de Deus
Élder Craig A. Cardon
97 Tornar-se Instrumentos nas
Mãos de Deus
Élder Don R. Clarke
99 Que Te Conheçam A Ti
Élder Keith R. Edwards
102 Portanto, Decidi em Vosso Coração
Élder Larry W. Gibbons
104 Novamente Surgiram Profetas
na Terra
Élder Jeffrey R. Holland
107 Comentários de Encerramento
Presidente Gordon B. Hinckley
REUNIÃO GERAL DA SOCIEDADE
DE SOCORRO
108 Eternamente Envolvidas em
Seu Amor
Bonnie D. Parkin
111 Lembrar-se do Amor do Senhor
Kathleen H. Hughes
113 Olhar, Buscar e Vir a Cristo
Anne C. Pingree
115 Nos Braços de Seu Amor
Presidente Gordon B. Hinckley
64 Autoridades Gerais de A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias
119 Ensinamentos para os Nossos Dias
120 Eles Falaram para Nós: Tornar a
Conferência Parte de Nossa Vida
122 Guia de Recursos para o Sacerdócio
Aarônico e Moças
125 Presidências Gerais das Auxiliares
126 Notícias da Igreja
Resumo da 176ª Conferência Geral
Semestral
MANHÃ DE SÁBADO, 30 DE SETEMBRO
DE 2006 – SESSÃO GERAL
Preside: Presidente Gordon B. Hinckley.
Dirige: Presidente Thomas S. Monson.
Oração de abertura: Élder Merrill J.
Bateman. Oração de encerramento: Élder
Richard J. Maynes. Música pelo Coro do
Tabernáculo; Craig Jessop e Mack Wilberg,
regentes; Richard Elliott e John Longhurst,
organistas: “Arise, O God, and Shine” [Em
Glória Vem, Ó Deus], Hymns, nº 265;
“Oração pelo Profeta”, Hinos, nº 8, arr.
Wilberg, inédito; “Sempre Que Alguém Nos
Faz o Bem”, Hinos, nº 145, arr. Cundick,
pub. Jackman; “Cantando Louvamos”,
Hinos, nº 50; “Com Amor no Lar”, Hinos,
nº 188, arr. Wilberg, inédito; “Israel, Jesus
Te Chama”, Hinos, nº 5, arr. Wilberg,
inédito.
TARDE DE SÁBADO, 30 DE SETEMBRO
DE 2006 – SESSÃO GERAL
Preside: Presidente Gordon B. Hinckley.
Dirige: Presidente Thomas S. Monson.
Oração de abertura: Élder Dale E. Miller.
Oração de encerramento: Élder Gene R.
Cook. Música por um coro combinado do
Centro de Treinamento Missionário de Provo;
Douglas Brenchley, regente; Linda Margetts,
organista: “Fé a Cada Passo”, Dayley, arr. Nally,
inédito; “Tão Humilde ao Nascer”, Hinos,
nº 115, arr. Kasen, pub. Jackman; “No Monte
a Bandeira”, Hinos, nº 4; “Povos da Terra,
Vinde, Escutai”, Hinos, nº 168, arr. Duffin,
inédito.
NOITE DE SÁBADO, 30 DE SETEMBRO
DE 2006 – SESSÃO DO SACERDÓCIO
Preside: Presidente Gordon B. Hinckley.
Dirige: Presidente Thomas S. Monson.
Oração de abertura: Élder Clate W. Mask Jr.
Oração de encerramento: Élder W. Craig
Zwick. Música por um Coro do Sacerdócio
de Melquisedeque da Cidade de Brigham,
Utah; N. Geoffrey Anderson, regente; Clay
Christiansen, organista: “See, the Mighty
Angel Flying” [Vede, um Anjo a Voar],
Hymns, nº 330; “Jeová, Sê Nosso Guia”,
Hinos, nº 40, arr. Wilberg, inédito; “A Deus,
Senhor e Rei”, Hinos, nº 35; “Brilha, Meiga
Luz”, Hinos, nº 60, arr. Wilberg, inédito.
MANHÃ DE DOMINGO, 1º DE OUTUBRO
DE 2006 – SESSÃO GERAL
Preside: Presidente Gordon B. Hinckley.
Dirige: Presidente Gordon B. Hinckley.
Oração de abertura: Élder Carl B. Pratt.
Oração de encerramento: Élder W. Douglas
Shumway. Música pelo Coro do Tabernáculo; Craig Jessop e Mack Wilberg, regentes;
John Longhurst, organista: “Que Firme
Alicerce”, Hinos, nº 42; “Eis-Nos Agora
Aqui”, Hinos, nº 82; “Meu Pai Celestial Me
Tem Afeição”, Músicas para Crianças,
p. 16; “Alegres Cantemos”, Hinos, nº 3;
“How Lovely Is Thy Dwelling Place” [Quão
Linda É a Tua Morada], Brahms, edição de
Jessop; “Vinde, Ó Povos, Graças Dar”,
Hinos, nº 52, arr. Wilberg, inédito.
TARDE DE DOMINGO, 1º DE OUTUBRO
DE 2006 – SESSÃO GERAL
Preside: Presidente Gordon B. Hinckley.
Dirige: Presidente Thomas S. Monson.
Oração de abertura: Élder Jay E. Jensen.
Oração de encerramento: Élder Donald L.
Staheli. Música pelo Coro do Tabernáculo;
Craig Jessop e Mack Wilberg, regentes;
Bonnie Goodliffe e Linda Margetts, organistas: “I Saw a Mighty Angel Fly” [Um Anjo
Poderoso Eu Vi], Hymns, nº 15, arr. Wilberg,
inédito; “Só por em Ti, Jesus, Pensar”,
Hinos, nº 84, arr. Wilberg, inédito; “Vinde,
Ó Filhos do Senhor”, Hinos, nº 27; “Graças
Damos, Ó Deus, por um Profeta”, Hinos,
nº 9, arr. Wilberg, inédito.
NOITE DE SÁBADO, 23 DE SETEMBRO DE
2006 – REUNIÃO GERAL DA SOCIEDADE
DE SOCORRO
Preside: Presidente Gordon B. Hinckley.
Dirige: Bonnie D. Parkin. Oração de abertura: Julie Hales. Oração de encerramento:
Denise I. Hales. Música por um coro da
Sociedade de Socorro das estacas em
Salt Lake City, Utah; Elizabeth Ballantyne,
regente; Bonnie Goodliffe, organista:
“Sing Praise to Him” [Cantai-Lhe Louvor],
Hymns, nº 70, arr. Wilberg, inédito; “When
I Feel His Love” [Quando Sinto Seu Amor],
Perry, pub. Prime Recordings (solo:
Melinda Lockwood); “Beautiful Savior”
[Benigno Salvador], Children’s Songbook,
p. 62, arr. Wilberg, inédito (flauta: Jeannine
Goeckeritz; Corne inglês: Bonnie
Schroeder); “O Holy Jesus” [Ó Santo
Jesus], Willcocks, pub. Sacred Music
Press (harpa: Tamara Oswald).
GRAVAÇÃO DAS SESSÕES DA
CONFERÊNCIA
A gravação das sessões da conferência
em muitos idiomas estará à disposição nos
centros de distribuição, geralmente dois
meses após a conferência.
DISCURSOS DA CONFERÊNCIA NA
INTERNET
Para acessar os discursos da conferência
geral pela Internet em vários idiomas, acesse
o site www.lds.org. Clique em “Gospel
Library” e em “General Conference”. Depois,
selecione o idioma.
MENSAGENS DOS MESTRES FAMILIARES
E DAS PROFESSORAS VISITANTES
Para as mensagens dos mestres familiares e
das professoras visitantes, escolha um discurso que melhor atenda às necessidades
daqueles a quem visitam.
NA CAPA
Cristo e um Menino, de Carl Heinrich Bloch
FOTOGRAFIA DA CONFERÊNCIA
Cenas da conferência geral em Salt
Lake City, tiradas por Craig Dimond,
Welden C. Andersen, John Luke,
Matthew Reier, Christina Smith, Les
Nilsson, Scott Davis, Amber Clawson,
Rod Boam, Emily Leishman, Geoffrey
McAllister e Dustin Fife; nas Bahamas,
por Bookie Joseph; no Brasil, por
Laureni Fochetto; no Camboja, por
Trevor Wright; no México, por Cristian
Barragan e Israel Gutiérrez; nas Filipinas,
por Danny Soleta e L. Carvel Whiting;
na Rússia, por Vladimir Egorov; na Escócia,
por Mark Finch Hedengren e, em Tonga,
por Mele Nau.
2
Novembro de 2006 Vol. 59, Nº 11
A LIAHONA 26991 059
Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley,
Thomas S. Monson, James E. Faust
Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry,
Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard,
Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott, Robert D. Hales,
Jeffrey R. Holland, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf,
David A. Bednar
Editor: Jay E. Jensen
Consultores: Gary J. Coleman, Yoshihiko Kikuchi,
Gerald N. Lund, W. Douglas Shumway
Diretor Gerente: David L. Frischknecht
Diretor Editorial: Victor D. Cave
Editor Sênior: Larry Hiller
Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg
Gerente Editorial: R. Val Johnson
Gerente Editorial Assistente: Jenifer L. Greenwood
Editores Associados: Ryan Carr, Adam C. Olson
Editor(a) Adjunto: Susan Barrett
Equipe Editorial: Christy Banz, Linda Stahle Cooper, David A.
Edwards, LaRene Porter Gaunt, Carrie Kasten, Melvin Leavitt,
Melissa Merrill, Michael R. Morris, Sally J. Odekirk, Judith M.
Paller, Vivian Paulsen, Richard M. Romney, Jennifer Rose, Don L.
Searle, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe, Julie Wardell,
Kimberly Webb
Secretário(a) Sênior: Monica L. Dickinson
Gerente de Marketing: Larry Hiller
Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki
Diretor de Arte: Scott Van Kampen
Gerente de Produção: Jane Ann Peters
Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo,
Collette Nebeker Aune, Brittany Jones Beahm, Howard G.
Brown, Julie Burdett, Thomas S. Child, Reginald J. Christensen,
Kathleen Howard, Eric P. Johnsen, Denise Kirby, Randall J. Pixton
Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick
Diretor de Distribuição: Randy J. Benson
A Liahona:
Diretor Responsável: Wilson R. Gomes
Produção Gráfica: Eleonora Bahia
Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605)
Tradução: Edson Lopes
Assinaturas: Cezare Malaspina Jr.
© 2006 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos
reservados. Impresso nos Estados Unidos da América.
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November 2006 Vol. 59 Nº 11. A LIAHONA (USPS 311-480)
(ISSN 1044-3347) is published monthly by The Church
of Jesus Christ of Latter-day Saints, 50 East North Temple,
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Express) may be taken by telephone.
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Salt Lake City, UT 84126-0368.
ORADORES POR ORDEM
ALFABÉTICA
Ballard, M. Russell, 17
Baxter, David S., 13
Bednar, David A., 89
Bowen, Shayne M., 33
Cardon, Craig A., 94
Christofferson, D. Todd, 46
Clarke, Don R., 97
Dalton, Elaine S., 31
Edgley, Richard C., 72
Edwards, Keith R., 99
Ellis, Stanley G., 51
Eyring, Henry B., 43
Faust, James E., 20, 53
Gibbons, Larry W., 102
Hales, Robert D., 24
Hinckley, Gordon B., 4, 59,
82, 107, 115
Holland, Jeffrey R., 104
Hughes, Kathleen H., 111
Johnson, Daniel L., 35
Lifferth, Margaret S., 74
Merrill, A. Roger, 92
Monson, Thomas S., 23,
56, 62
Nash, Marcus B., 49
Nelson, Russell M., 79
Oaks, Dallin H., 6
Oaks, Robert C., 15
Packer, Boyd K., 85
Parkin, Bonnie D., 108
Perkins, Anthony D., 76
Perry, L. Tom, 69
Pieper, Paul B., 11
Pingree, Anne C., 113
Scott, Richard G., 40
Uchtdorf, Dieter F., 37
Winkel, Richard H., 9
Wirthlin, Joseph B., 28
ÍNDICE POR ASSUNTO
Adversidade, 6, 13, 85, 99
Amor, 9, 74, 108, 115
Apostasia, 79
Aprendizado, 92
Arbítrio, 89
Arrependimento, 31, 33, 40,
49, 113
Atração pelo mesmo sexo, 6
Auto-Suficiência, 115
Bênçãos, 35
Caridade, 15, 97, 113
Chamados, 17
Coligação de Israel, 79
Compaixão, 108
Conferência geral, 104, 107
Confiança, 56
Constância, 13
Convênios, 51, 79
Crescimento da Igreja, 4
Cura, 6
Dever, 56
Dignidade, 31, 51, 53, 56, 59
Discipulado, 20
Dízimo, 35
Educação, 59, 115
Escrituras, 24, 53, 62,
92, 111
Esperança, 28, 76
Espírito Santo, 37, 92, 97,
111
Espiritualidade, 53
Exemplo, 11
Expiação, 6, 33, 40, 99
Família, 9, 85
Fé, 13, 35, 53, 62, 82, 115
Felicidade, 40, 49
Filhos, 74
Homens, 46
Honestidade, 72
Integridade, 46, 72
Irmandade entre as
mulheres, 108
Jesus Cristo, 6, 15, 24, 28,
46, 69, 76, 113
Livro de Mórmon, O, 24
Mandamentos, 102
Moralidade, 102
Morte, 28
Natureza divina, 76
Obediência, 11, 20, 40, 97
Obra missionária, 4, 69
Ofensa, 89
Oração, 62, 82
Ordenanças, 11, 94
Paciência, 15, 89
Padrões, 85, 102
Paz, 40, 107, 111
Perdão, 33, 76, 89
Perseverança, 99
Pioneiros, 82
Plano de salvação, 49, 69
Pornografia, 6, 59
Profetas, 104
Proteção, 74
Pureza, 31
Responsibilidade, 46
Restauração, 79
Resurreição, 28
Retidão, 94
Sabedoria, 17
Sacerdócio, 43, 51, 53, 56,
59, 94
Sacrifício, 20, 82
Serviço, 13, 17, 43, 53,
56, 62
Sociedade de Socorro, 115
Templos, 4, 9, 31
Tentação, 49
Testemunho, 37, 62, 104
União, 43
Valor individual, 76
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006 3
SESSÃO DA MANHÃ DE SÁBADO
30 de setembro de 2006
Prestamos
Testemunho
ao Mundo
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY
O Senhor está abençoando ricamente a Sua Igreja, e é nosso
dever fazer tudo o que pudermos para que ela avance.
M
eus irmãos e irmãs, ao nos
reunirmos em mais uma conferência geral, tenho o prazer
de informar que a Igreja continua a
crescer em força e influência. Em
1982, há 24 anos, anotei o seguinte
em meu diário: “Teremos, na conferência geral de outubro, mais de 300
canais disponíveis para nosso serviço
de transmissão via satélite. Isso significa que haverá mais de 300 sedes de
estaca onde nosso povo poderá reunir-se em todo o país e participar da
conferência”.
Tenho ciência agora de que existem
6.066 receptores de sinal do satélite
4
de propriedade da Igreja, em 83 países. Quão grato sou pelo nosso crescimento em número e por termos
também a capacidade de chegar até
onde se encontram os santos dos
últimos dias no mundo inteiro, e de
nos comunicar com eles.
Ora, poderíamos desejar que
houvesse mais batismos nos Estados
Unidos e no Canadá, mas o mesmo
poderia ser dito de todas as partes
do mundo. Contudo, grande é a
seara, com membros em 160 nações.
Em locais onde, há não muito tempo,
havia bem poucos santos dos últimos
dias, hoje existem alas e estacas fortes, com homens e mulheres fiéis e
capazes na liderança.
Embora haja limitações em nossa
possibilidade de viajar a todos os lugares que gostaríamos, isso é compensado pela capacidade de a Primeira
Presidência, os membros dos Doze e
os dos Setenta falarem via satélite a um
grande número de estacas no mundo.
As circunstâncias mudam, mas
não a nossa mensagem. Prestamos
testemunho ao mundo de que os
céus se abriram, de que Deus, nosso
Pai Eterno e Seu Filho, o Senhor
Ressuscitado, apareceram e falaram.
Oferecemos nosso solene testemunho
de que o sacerdócio foi restaurado,
com as chaves e a autoridade das bênçãos eternas.
Recentemente dedicamos o novo
Templo de Sacramento Califórnia, o
sétimo naquele estado e o 123º no
mundo. Também realizamos a cerimônia de abertura da terra para outro
templo na área de Salt Lake.
Temos o prazer de anunciar que a
reforma do Tabernáculo de Salt Lake
está progredindo de acordo com o
cronograma, e que esse edifício único
e maravilhoso poderá abrigar o Coro
do Tabernáculo, em suas apresentações semanais, já a partir do próximo
semestre.
A Igreja está empreendendo um
projeto enorme de desenvolvimento,
com o intuito de proteger o ambiente
da Praça do Templo. Apesar de as
despesas serem grandes, não envolverão dispêndio dos fundos de dízimo.
Contudo, a fé do nosso povo continua a ser demonstrada no pagamento
de dízimos e ofertas.
Em resumo, informo simplesmente que o Senhor está abençoando
ricamente a Sua Igreja, e é nosso
dever fazer tudo o que pudermos
para que ela avance.
Agora, irmãos e irmãs, após o hino
que o Coro vai apresentar, ouviremos
os comentários de nossos irmãos e
irmãs. Ao prosseguirmos com esta
grande conferência, que o Espírito do
Senhor dirija tudo o que for feito e
dito, e que nosso coração e nossa
mente sejam reabastecidos em abundância. É a minha oração, em nome
de Jesus Cristo. Amém. ■
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
5
Ele Cura os
Oprimidos
É L D E R DA L L I N H . O A K S
Do Quórum dos Doze Apóstolos
O poder de cura do Senhor Jesus Cristo (…) aplica-se
a todas as aflições da mortalidade.
O
Salvador disse: “Vinde a mim,
todos os que estais cansados e
oprimidos, e eu vos aliviarei”
(Mateus 11:28).
Muitos de nós carregam fardos
pesados. Alguns perderam um ente
querido para a morte ou cuidam de
outro com doenças graves. Outros
foram atingidos pelo divórcio. Uns
anseiam por um casamento eterno.
Outros sucumbiram ao apelo de
substâncias nocivas ou práticas compulsivas como o consumo de álcool,
tabaco, drogas ou pornografia. Outros
têm deficiências físicas ou mentais
debilitantes. Alguns se debatem
contra a atração pelo mesmo sexo.
Outros têm terríveis sentimentos
6
de depressão ou incapacidade. De
uma maneira ou de outra, muitos
estão oprimidos.
A cada um de nós, o Salvador faz
um carinhoso convite:
“Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e
aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis
descanso para as vossas almas. Porque
o meu jugo é suave e o meu fardo é
leve” (Mateus 11:28-30).
As escrituras relatam várias ocasiões
em que o Salvador curou os oprimidos.
Ele fez os cegos enxergarem e os surdos ouvirem. Fez os paralíticos, coxos
e aleijados andarem, purificou leprosos
e expulsou espíritos imundos. Lemos
muitas vezes que as pessoas curadas
desses problemas físicos “ficaram sãs”
(ver Mateus 14:36, 15:28; Marcos 6:56,
10:52; Lucas 17:19; João 5:9).
Jesus curou muitos de doenças físicas, mas não deixou de curar os que
buscavam “ficar sãos” de outras enfermidades. Mateus escreveu que Ele
curava toda sorte de enfermidade e
doença entre o povo (ver Mateus 4:23,
9:35). Grandes multidões O seguiam
e Ele “curou a todas” (Mateus 12:15).
Certamente essas curas incluíam
enfermidades emocionais, mentais
ou espirituais. Ele curou a todas.
Em Seu sermão na sinagoga no
início do ministério, Jesus leu em voz
alta esta profecia de Isaías: “O Espírito
do Senhor é sobre mim, pois que
me ungiu para evangelizar os pobres.
Enviou-me a curar os quebrantados
do coração, a pregar liberdade aos
cativos, e restauração da vista aos
cegos, a pôr em liberdade os oprimidos” (Lucas 4:18–19). Quando Jesus
declarou que viera cumprir essa profecia, afirmou expressamente que curaria as pessoas com doenças físicas e
também libertaria os cativos, socorreria os feridos e aliviaria os angustiados.
O evangelho de Lucas contém
diversos exemplos desse ministério.
Fala da ocasião em que se reunia
“muita gente para (…) ouvir [Jesus] e
para ser por ele curada das suas enfermidades” (Lucas 5:15). Em outros
momentos, registra que Jesus “curou
muitos de enfermidades” (Lucas 7:21)
e que “sarava os que necessitavam de
cura” (Lucas 9:11). Também descreve
como grandes multidões vinham da
Judéia, de Jerusalém e da costa de
Sidom até as planícies “para o ouvir,
e serem curados das suas enfermidades” (Lucas 6:17).
Quando o Salvador apareceu aos
justos no Novo Mundo, pediu aos
coxos, cegos e outros enfermos que
se aproximassem. Fez o mesmo convite às pessoas que estavam “aflitas de
algum modo” (3 Néfi 17:7). “Trazei-os
aqui”, disse Ele, “e eu os curarei” (v. 7).
O Livro de Mórmon conta que a multidão trouxe “todos aqueles que estavam aflitos de qualquer forma” (v. 9).
Isso deve ter incluído pessoas com
toda espécie de aflições físicas, emocionais e mentais. E as escrituras testificam que Jesus “curou a todos” (v. 9).
O Salvador ensina que teremos
tribulações na vida, mas devemos
ter “bom ânimo”, pois Ele venceu o
mundo (João 16:33). Sua Expiação é
abrangente e eficaz não só para pagar
o preço do pecado, mas também para
curar todas as aflições mortais. O Livro
de Mórmon ensina que: “Ele seguirá,
sofrendo dores e aflições e tentações
de toda espécie; e isto para que
se cumpra a palavra que diz que ele
tomará sobre si as dores e as enfermidades de seu povo” (Alma 7:11; ver
também 2 Néfi 9:21).
Ele conhece nossas angústias, e
Ele está sempre pronto a ajudar-nos.
Como o bom samaritano de Sua parábola, quando Ele nos encontra feridos
na beira da estrada, ata nossas chagas
e cuida de nós (Lucas 10:34). Irmãos
e irmãs, o poder de cura da Expiação
aplica-se a vocês, a nós, a todos nós.
Seu poder inigualável é invocado
nas seguintes palavras suplicantes
do belo hino “Mestre, o Mar Se
Revolta”:
Mestre, tão grande tristeza me quer
hoje consumir
A dor que perturba minh’alma, eu
peço-te vem banir!
De ondas do mal que me encobrem,
quem me fará sair?
Eu pereço sem ti, ó meu Mestre,
depressa vem-me acudir!
(Hinos, 72, segunda estrofe)
Podemos ser curados pela autoridade do Sacerdócio de Melquisedeque.
Jesus conferiu a Seus Apóstolos o
poder de “curar toda a enfermidade
e todo o mal” (Mateus 10:1; ver também Marcos 3:15; Lucas 9:1-2). Assim,
eles saíram “anunciando o evangelho,
e fazendo curas por toda a parte”
(Lucas 9:6; ver também Marcos 6:13;
Atos 5:16). Os Setenta também foram
enviados ao mundo com o poder e a
responsabilidade de curar os enfermos (ver Lucas 10:9; Atos 8:6-7).
Embora o Salvador pudesse curar
a todos que desejasse, o mesmo não
ocorre com os portadores de Sua
autoridade do sacerdócio. O exercício
mortal dessa autoridade está condicionado à vontade Daquele a quem
pertence o sacerdócio. Portanto, énos dito que algumas das pessoas
abençoadas pelos élderes não serão
curadas porque estão “[designadas]
para morrer” (D&C 42:48). Da mesma
forma, quando o Apóstolo Paulo
pediu para ser curado de “um espinho
na carne” que o afligia (II Coríntios
12:7), o Senhor recusou-Se a atendêlo. Paulo escreveu posteriormente que
o Senhor explicou: “A minha graça te
basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (v. 9). Paulo respondeu, obediente: “De boa vontade,
pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder
de Cristo. (…) Porque quando estou
fraco então sou forte” (v. 9–10).
As bênçãos de cura vêm de várias
formas, cada uma adaptada a nossas
necessidades individuais, que são
conhecidas por Aquele que mais nos
ama. Às vezes a “cura” elimina nossa
doença ou alivia nosso fardo. Em
outras ocasiões, porém, somos “curados” ao recebermos forças, compreensão ou paciência para suportarmos os
fardos recebidos.
As pessoas que seguiram Alma
estavam sob o jugo de opressores iníquos. Quando oraram para ser socorridas, o Senhor disse-lhes que um dia
as libertaria, mas antes disso, aliviaria
suas cargas, “de modo que não as
podereis sentir sobre vossas costas
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
7
enquanto estiverdes no cativeiro; e
isso eu farei para que sejais minhas
testemunhas (…) de que eu, o
Senhor Deus, visito meu povo nas
suas aflições” (Mosias 24:14). Nesse
caso, o peso não foi removido, mas o
Senhor fortaleceu as pessoas para que
“pudessem carregar seus fardos com
facilidade; e submeteram-se de bom
grado e com paciência a toda a vontade do Senhor” (v. 15).
Essa mesma promessa e seus efeitos se aplicam a vocês, mães viúvas
ou divorciadas, a vocês solteiros que
estão solitários, a vocês que estão
sobrecarregados cuidando de outras
pessoas, a vocês que têm vícios e a
todos nós, qualquer que seja o nosso
fardo: “Vinde a Cristo”, conclamou o
profeta, “e sede aperfeiçoados nele”
(Morôni 10:32).
Às vezes nos desesperamos e consideramos nossos fardos pesados
demais. Quando parece que uma
tempestade se abate sobre nossa
vida, podemos sentir-nos abandonados e tentados a clamar como os discípulos na tormenta: “Mestre, não se
te dá que pereçamos?” (Marcos 4:38).
Em momentos assim, devemos recordar a resposta Dele: “Por que sois
tão tímidos? Ainda não tendes fé?”
(Marcos v. 40).
O poder de cura do Senhor Jesus
Cristo — quer Ele remova nossos fardos ou nos fortaleça para perseverarmos e vivermos com eles como o
Apóstolo Paulo — aplica-se a todas
as aflições da mortalidade.
Depois que discursei na conferência geral sobre os males da pornografia (ver “Pornografia”, A Liahona,
maio de 2005, pp. 87–90), recebi muitas cartas de pessoas oprimidas por
esse vício. Algumas dessas cartas eram
de homens que tinham vencido o
problema com a pornografia. Um
irmão escreveu:
“Aprendi várias lições com a minha
experiência de sair das trevas do
pecado que muito profundamente
dominam a vida das pessoas que por
8
elas se enveredam. 1) Trata-se de um
grande problema, algo dificílimo de
vencer. (…) 2) A fonte mais importante de auxílio e força no processo
de arrependimento é o Salvador. (…)
3) O estudo intenso e diário das escrituras, a freqüência regular ao templo e
a participação séria e contemplativa da
ordenança do Sacramento são, todas
elas, partes indispensáveis do verdadeiro processo de arrependimento.
E isso, creio eu, ocorre porque todas
essas atividades servem para aprofundar e fortalecer nosso relacionamento
com o Salvador, nossa compreensão
de Seu sacrifício expiatório e nossa fé
em Seu poder de cura” (carta datada
de 24 de outubro de 2005).
“Vinde a mim”, disse o Senhor, “e
encontrareis descanso para as vossas
almas” (Mateus 11:28-29). Foi o que
esse homem oprimido fez: voltou-se
para o Salvador, e é isso o que todos
nós podemos fazer.
Uma irmã cujo casamento estava
ameaçado pelo vício do marido em
pornografia escreveu sobre o quanto
ela se empenhou para ajudá-lo
durante cinco dolorosos anos até que,
como relatou ela, “por meio do dom
da gloriosa Expiação do Salvador e
do que Ele ensinou sobre o perdão,
[meu marido] finalmente está livre —
e eu também”. Na condição de
alguém que não precisava ser purificado do pecado, mas apenas buscava
a libertação do cativeiro para um ente
querido, ela deu este conselho:
“Entrem em comunhão com o
Senhor (…): Ele é o seu melhor
amigo! Ele conhece as suas dores
porque já as sentiu por vocês. Ele
está pronto para carregar esse fardo.
Confiem Nele a ponto de pô-lo
aos pés Dele e permitir que o carregue para vocês. Então, sua angústia
poderá ser substituída pela paz Dele,
no mais profundo da alma.” (Carta
datada de 18 de abril de 2005).
Um homem escreveu a uma autoridade geral sobre como o poder da
Expiação o ajudou com seu problema
de atração pelo mesmo sexo. Depois
de ser excomungado por sérias transgressões que violavam os convênios
do templo e as responsabilidades para
com os filhos, ele precisava escolher
entre tentar viver o evangelho e continuar num curso contrário a seus
ensinamentos.
“Eu sabia que seria difícil”, escreveu
ele, “mas nem tinha idéia do quanto
sofreria.” Sua carta descreve a sensação de vazio, a solidão e a indescritível
dor que ele sentiu no fundo da alma
ao empenhar-se para voltar. Ele orou
com fervor para ser perdoado, não
raro por horas a fio. Foi fortalecido
pela leitura das escrituras, pela companhia de um bispo amoroso e pelas
bênçãos do sacerdócio. Mas o que
finalmente fez a diferença foi o auxílio
do Salvador. Esse homem explicou:
“Foi apenas por meio Dele e da Sua
Expiação. (…) Agora sinto uma gratidão incomensurável. Minhas dores
por vezes eram maiores do que eu
podia suportar, mas insignificantes
se comparadas ao que Ele sofreu.
Onde antes havia trevas na minha
vida, agora há amor e gratidão.”
E concluiu: “Alguns afirmam que
é possível mudar e que a terapia é
a única solução. Eles têm profundo
conhecimento do assunto e muito a
oferecer aos que estão sofrendo (…),
mas preocupo-me quando se esquecem de envolver o Pai Celestial
no processo. Se houver mudança,
será segundo a vontade de Deus.
Preocupo-me também ao ver que
muitas pessoas ficam obcecadas com
as causas da [atração pelo mesmo
sexo]. (…) Não vejo necessidade em
determinar por que tenho [esse problema]. Não sei se nasci com ele ou
se houve a contribuição de fatores
externos. O fato é que tenho essa
dificuldade a enfrentar na minha
vida e o que importa é o que farei
de agora em diante” (carta de 25
de março de 2006).
As pessoas que escreveram essas
cartas sabem que a Expiação de Jesus
Cristo e a “cura” oferecida por ela
fazem muito mais do que dar a oportunidade de arrependimento dos
pecados. A Expiação também traz forças para suportar “dores e aflições e
tentações de toda espécie”, pois
nosso Salvador também tomou sobre
Si “as dores e as enfermidades de seu
povo” (Alma 7:11). Irmãos e irmãs, se
a sua fé, orações e o poder do sacerdócio não os curarem de uma aflição,
o poder da Expiação certamente lhes
dará forças para suportar o fardo.
“Vinde a mim, todos os que
estais cansados e oprimidos”,
disse o Salvador, “e encontrareis
descanso para as vossas almas”
(Mateus 11:28-29).
Ao nos debatermos com os desafios
da mortalidade, oro por todos nós,
conforme fez o profeta Mórmon por
seu filho Morôni: “(…) possa Cristo
animar-te; e os seus sofrimentos e a sua
morte (…) e sua misericórdia e longanimidade e a esperança de sua glória e
da vida eterna permaneçam em tua
mente para sempre” (Morôni 9:25).
Testifico de Jesus Cristo, nosso
Salvador, que convida todos nós a virmos a Ele e a sermos aperfeiçoados
Nele. Ele atará nossas feridas e curará
os oprimidos. Em nome de Jesus
Cristo. Amém. ■
O Templo Diz
Respeito à Família
ÉLDER RICHARD H. WINKEL
Dos Setenta
Ao freqüentar o templo, vocês amarão sua família
muito mais do que antes.
C
omo o Presidente Hinckley
acaba de mencionar, o 123º
templo de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias
foi recentemente dedicado por ele
em Sacramento, Califórnia. Esse
lindo templo serve aproximadamente
80.000 entusiastas e maravilhosos
membros da Igreja em Sacramento
e áreas vizinhas. Mais de 168.000 visitantes, que passaram pelo templo
durante a visitação pública, ficaram
sabendo que podemos achegar-nos
mais ao Salvador, Jesus Cristo, nesses
magnificentes edifícios do que em
qualquer outro lugar do mundo.
Nossos membros sabem que, por
meio Dele, podem encontrar a paz
e a esperança que os susterá e a sua
família no mundo agitado de hoje.
Ao freqüentar o templo, vocês
amarão sua família muito mais do
que antes. O templo diz respeito às
famílias. Quanto mais tempo minha
esposa Karen e eu servimos no templo, mais tem aumentado nosso amor
um pelo outro e por nossos filhos. E
não pára por aí. O mesmo sentimento
se estende a nossos pais, irmãos e
irmãs, tias, tios, primos, nossos antepassados e especialmente aos nossos
netos! Esse é o Espírito de Elias, que
é o espírito do trabalho de história
da família e, quando inspirado pelo
Espírito Santo, incita a conversão do
coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais. Por causa
do sacerdócio, marido e mulher são
selados um ao outro; os filhos são
selados aos pais para a eternidade,
assim, a família se torna eterna e
não será separada pela morte.
Quando éramos jovens, minha
esposa e eu desafiávamos nossos filhos
pequenos a decorarem as Regras de
Fé. O prêmio ou recompensa pelo
cumprimento da tarefa era uma noite
fora, só com o papai. Ficamos muito
satisfeitos porque nossos três mais
velhos completaram a tarefa. Quando
nosso filho de sete anos decorou
todas as treze, sentamo-nos para escolher uma noite e uma atividade para
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
9
estarmos juntos. Eu andava tão ocupado com o trabalho, atividades
sociais e com as responsabilidades na
Igreja, que não pude cumprir o
acordo feito com meu filho por cerca
de duas semanas. Ele ficou muito
desapontado. Contudo, descobri que
na cidade onde morávamos, havia
uma pista de boliche aberta a noite
toda. Marcamos a data e combinamos começar nossa atividade às
cinco da manhã. Nosso plano era
levantar-nos às quatro, tomar o desjejum e rumar para o centro da
cidade. Quando o dia chegou, senti
alguém me sacudindo o ombro no
início da madrugada. Enquanto tentava abrir os olhos, ouvi meu filho
dizer: “Já está na hora, papai?” Olhei
o despertador e eram apenas duas da
manhã!
“Vá dormir, filho” disse, “Ainda não
está na hora”.
Uma hora mais tarde, o mesmo
aconteceu: “Papai, papai, já está na
10
hora?” Depois de mandar que voltasse
para a cama pela segunda vez, avaliei
o tamanho de seu entusiasmo. Então,
às quatro da manhã, levantamo-nos,
comemos alguma coisa e rumamos
para a pista de boliche. Foi muito
divertido!
Eu gostaria de poder dizer que
fiz regularmente coisas memoráveis
como aquela com todos os meus
filhos, mas não posso. Sou daqueles
pais que com freqüência desejam
retornar no tempo para fazer algumas coisas de maneira diferente.
Como vocês, não quero perder
nenhum dos meus filhos. Quero
ficar eternamente com toda a minha
família. O templo nos dá a todos a
esperança de continuar e melhorar
nossos relacionamentos, mesmo
depois desta vida.
O selamento realizado no templo
promete outras bênçãos.
“‘O Profeta Joseph Smith declarou’ — e não houve doutrina mais
reconfortante que tenha ensinado
— que o selamento eterno de pais
fiéis e as promessas divinas feitas a
eles pelo serviço valoroso na Causa
da Verdade, salvariam não apenas a
si próprios, mas também sua posteridade. Embora algumas ovelhas possam vir a perder-se, o olho do Pastor
está sobre elas, e mais cedo ou mais
tarde, sentirão os braços da Divina
Providência envolvendo-as e trazendo-as de volta ao redil. Seja nesta
vida ou na próxima, elas voltarão.
Elas pagarão sua dívida à justiça;
sofrerão por seus pecados; e trilharão um caminho espinhoso; mas se
as conduzir, finalmente, como o
Pródigo arrependido, a um coração
de pai amoroso e cheio de perdão,
e ao lar, a dolorosa experiência não
terá sido em vão.” 1
Essas declarações são notícias
maravilhosas para todos os pais cujos
filhos são selados a eles.
Vejamos algumas outras bênçãos
que o templo nos traz. A Casa do
Senhor é nosso refúgio contra o
mundo. Os membros de Sacramento
fizeram o seguinte comentário a seus
convidados na visitação pública: “Às
vezes, nossa mente se acha tão cheia
de problemas e há tantas coisas exigindo nossa atenção imediata, que
simplesmente não conseguimos pensar com clareza. No templo, a poeira
da distração parece se acomodar, a
névoa e a neblina se dissipam e conseguimos ver coisas que não éramos
capazes de ver antes”.2
A sala celestial no templo é especialmente um lugar de paz, tranqüilidade
e beleza. É um abrigo calmo onde
podemos refletir, ponderar, orar, meditar e sentir o amor do Pai Celestial e
do Salvador. Ao ponderarmos e meditarmos sobre o templo, é natural que
nossos pensamentos se concentrem
nos membros de nossa família.
Em II Samuel 22:7, lemos as palavras de Davi: “Estando em angústia,
invoquei ao Senhor, e a meu Deus clamei; do seu templo ouviu ele a minha
voz, e o meu clamor chegou aos seus
ouvidos”. O templo é um lugar de
revelação pessoal que nos abençoará
em nossas mordomias.
O Presidente Hinckley disse-nos
que: “Assim como nosso Redentor
deu Sua vida em sacrifício vicário por
todos os homens e, ao fazê-lo, tornou-Se nosso Salvador, nós também,
numa ínfima proporção, quando nos
envolvemos com o trabalho vicário do
templo, tornamo-nos salvadores para
os que estão do outro lado e não têm
meios de progredir, a não ser que
algo seja feito em seu benefício pelos
que estão na Terra”.3
Esse é um serviço de grande magnitude que prestamos, pois nossos
irmãos e irmãs falecidos se tornam
literalmente mais ligados a nós.
O templo é um local para se conhecer o Pai e o Filho. Ali experimentamos
a presença divina. O Profeta Joseph
Smith exortou-nos: “Aconselho a todos
que (…) examinem mais e mais os
mistérios da Divindade”4. E onde devemos examiná-los? Na casa de Deus.
Devemos tornar-nos um povo que
ama e freqüenta o templo. Presto testemunho de que o templo diz respeito à família. Também testifico que
tudo no templo testifica de Jesus
Cristo. Ali sentimos o Seu exemplo de
amor e serviço. O templo é Sua casa
sagrada. Sei que Ele é o Filho de Deus,
nosso Salvador, nosso Redentor,
nosso Mediador e nosso Advogado
junto ao Pai. Ele nos ama e quer que
nossa família seja feliz e fique unida
para sempre. Ele quer que todos nós
sejamos ativos no Seu templo.
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Orson F. Whitney em Conference Report,
abril de 1929, p. 110.
2. Boyd K. Packer, “The Holy Temple” [O
Templo Sagrado], Tambuli, junho de 1992,
p. 23; Ensign, fevereiro de 1995, p. 36.
3. Discourses of President Gordon B.
Hinckley, Volume 2: 2000–2004 [Discursos
do Presidente Gordon B. Hinckley](2005),
p. 265.
4. History of the Church [História da Igreja],
volume 6, p. 363.
A Primeira
Geração
É L D E R PA U L B . P I E P E R
Dos Setenta
Por serem os primeiros em sua família a aceitar o
evangelho, tornaram-se a primeira geração, uma geração
escolhida, por intermédio da qual, gerações passadas,
presentes e futuras serão abençoadas.
H
á alguns dias, durante uma
refeição em família discutíamos
a respeito de alguns discursos.
Clarissa, nossa filha de 13 anos, preparava um discurso para a reunião sacramental de nosso ramo em Moscou
e se mostrava um pouco ansiosa.
Garanti-lhe que tudo correria bem
e expressei um pouco da minha própria ansiedade dizendo-lhe que pelo
menos não teria que falar para milhares de pessoas na conferência geral.
Clarissa tranqüilizou-me um pouco e
deu-me um conselho: “Vai dar tudo
certo, pai. É só fingir que é um ramo
bem grande”. Irmãos e irmãs, vocês
são realmente um ramo muito grande.
Resolvi dirigir minhas palavras esta
manhã àqueles que são a primeira
geração de membros de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias. Aqueles que foram os primeiros
em sua família a ouvir e aceitar a mensagem de que o evangelho de Jesus
Cristo foi restaurado à Terra em nossos
dias com profetas, videntes e reveladores vivos. Vocês tornaram-se humildes,
exerceram fé e arrependeram-se de
todos os seus pecados, tomando
sobre si o nome de Jesus Cristo pelo
batismo por imersão e receberam o
Espírito Santo.1 Por serem os primeiros
em sua família a aceitar o evangelho,
tornaram-se a primeira geração, uma
geração escolhida, por intermédio da
qual, gerações passadas, presentes e
futuras serão abençoadas.2
Nem sempre é fácil ser a primeira
geração de membros da Igreja. Vocês
andarão por lugares onde nunca
ninguém de sua família andou. As condições a seu redor poderão ser desafiadoras. Talvez tenha algum ou nenhum
amigo ou parente que os entenda e
apóie. Às vezes pode ser que se sintam desanimados imaginando se tudo
isso vale a pena. Meu propósito esta
manhã é garantir-lhes que vale.
A primeira geração de membros
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
11
Nas Filipinas, uma família chega à capela.
ocupa um lugar especial e importante
na Igreja e em sua família. Vocês
sabiam que a primeira geração de
membros constitui mais da metade
dos membros da Igreja?3 Talvez nunca
antes, desde o início da Igreja, a primeira geração constituiu uma porcentagem tão elevada no número total de
membros como hoje. Sua fé e testemunho são uma grande força e bênção aos outros. Por meio de vocês,
ganhamos uma compreensão mais
ampla dos princípios do evangelho
e nosso testemunho se fortalece.
Vocês dão uma grande força à
Igreja quando utilizam seu testemunho, talentos, capacidade e energia
para edificar o reino em sua ala ou
ramo. Vocês são grandes exemplos
por compartilhar o evangelho, servir
em uma missão, enviar os filhos para
a missão e acolher os membros novos.
Vocês estendem a mão com bondade
para os que estão a seu redor, edificando-os e abençoando-os por meio
de seu serviço inspirado. Tantas coisas
feitas na Igreja hoje em dia não poderiam ser realizadas sem seu empenho.
Ainda mais importante, como primeira geração na Igreja, vocês ocupam
12
um lugar importante em sua família.
Vocês são para sua família um exemplo
de um verdadeiro discípulo de Jesus
Cristo. Sejam eles membros da Igreja
ou não, ao viver o evangelho em casa,
os que estiverem a seu redor sentirão
o amor do Salvador por seu intermédio. Eles sabem que vocês estão envolvidos em algo bom, mesmo que não
entendam o que é nem tenham fé o
bastante para aceitá-lo. Sejam pacientes e bons, orem todos os dias para
saber como servi-los e o Senhor os ajudará e abençoará para influenciar sua
família para o bem. Por serem consistentemente bons e honrados, vocês
estabelecerão padrões de fidelidade e
retidão. Esses padrões moldarão sua
vida, mas, ainda mais importante, eles
se tornarão um padrão em sua família
e posteridade.
Como primeira geração, vocês
também são a chave para estender
as bênçãos do Senhor aos membros
da família que faleceram sem ouvir o
evangelho e receber as ordenanças
salvadoras. A sua é uma oportunidade
única e um privilégio começar esse trabalho em prol deles. Eles estão ansiosos para que vocês os identifiquem e
vão ajudá-los em sua busca pelos
registros. Uma vez identificados,
sua vida digna permitirá que vocês
entrem no templo e realizem as
ordenanças essenciais por eles. Essas
ordenanças vão uni-los a seus antepassados e trarão grande poder espiritual à sua vida.
Por serem a primeira geração de
membros, cada decisão que tomam
é importante. Aparentemente, decisões pequenas e insignificantes terão
impacto nas gerações passadas e futuras, bem como em sua própria vida. A
um jovem que fazia parte da primeira
geração de membros, Chris, ofereceram uma bebida alcoólica no trabalho,
no dia seguinte ao seu batismo. Seus
amigos estavam todos lá, bebendo.
Havia uma considerável pressão.
Ninguém, exceto ele, sabia que no dia
anterior fora batizado e feito promessas ao Senhor. Ele tomou a decisão de
não beber e foi maltratado. Mais tarde,
ao refletir sobre o assunto, ele escreveu: “Faz agora quarenta anos desde
que fiz aquelas promessas [batismais]
e posso sinceramente dizer que (…)
cumpro a Palavra de Sabedoria (…)
Creio que se tivesse aceitado [aquela]
bebida eu, talvez, nunca tivesse
sido capaz de guardar a Palavra de
Sabedoria”.4
Chris cumpriu suas promessas
batismais. Posteriormente, conheceu
e casou-se com uma mulher que era
um membro maravilhoso. Juntos criaram oito filhos no evangelho. Agora,
em sua sexta geração, seus descendentes fiéis já são contados às centenas. Seu trabalho com a história da
família estendeu as bênçãos do evangelho a outras centenas de pessoas.
Uma pequena decisão que um membro da primeira geração tomou fez a
diferença para milhares.
Conseguem ver agora por que a
primeira geração é tão importante?
Conseguem entender a posição que
ocupam e a influência que exercem
para o bem? Nunca subestimem quem
são e o poder que têm para influenciar
outras pessoas. Satanás entende quem
são e fará todo o possível para instigálos a fazer escolhas erradas. Às vezes, a
despeito de nosso melhor empenho,
todos cometemos erros. Felizmente,
o Senhor preparou um caminho
para que os sobrepujemos por meio
do arrependimento e da confiança
na Expiação de Seu Filho. Não desanimem se cometeram um erro.
Arrepender-se e seguir em frente
são talvez os padrões mais importantes a serem desenvolvidos na primeira geração. Sejam pacientes e
prossigam com obediência.
Lemos e falamos muito sobre os
pioneiros no início da história da
Igreja. Eles foram a primeira geração
de membros do mesmo jeito que
vocês. Eles viveram cada dia enfrentando os desafios da família, do trabalho e da fé. Tiveram uma vida comum
e boa, e foram fiéis servindo a Igreja
e abençoando a família. Quando
caíam, levantavam-se e prosseguiam.
Agora, aqueles de nós que somos
seus descendentes olhamos para
trás com reverência e gratidão por
sua fidelidade.
O legado deles pode ser seu, por
serem companheiros na primeira
geração de membros. Sejam fiéis, sirvam seu semelhante, abençoem sua
família e façam boas escolhas. Vocês
são a primeira geração, uma geração
escolhida para abençoar gerações
passadas, presentes e futuras. Nós os
honramos. Gerações passadas e futuras vão honrá-los. Mas, ainda mais
importante, Deus vai honrá-los por
serem fiéis na primeira geração. Em
nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Ver Regras de Fé 1:4; D&C 20:37.
2. Ver I Pedro 2:9.
3. De acordo com a Divisão de Registro de
Membros e Estatística da Igreja, a primeira
geração de membros perfez 64 por cento
do total de membros da Igreja até julho
de 2006.
4. History of Heinrich Friedrich Christian
Pieper and Emma Frieda Alber and Their
Family [História de Heinrich Friedrich
Christian Pieper e Emma Frieda Alber e
Família], (1987), p. 29.
Fé, Serviço,
Constância
É L D E R DAV I D S. B A X T E R
Dos Setenta
Se cultivarmos a fé, crescermos por meio do serviço e
permanecermos constantes e fiéis, independentemente
do que aconteça, sentiremos o amor do Salvador.
H
á trinta e nove anos, dois missionários do Senhor bateram na
porta da casa da minha família
em Glasgow, Escócia. Ficamos profundamente tocados com sua vivacidade,
humildade e fé. Sempre que estavam
em casa, sentíamos amor e paz. Era
um sentimento de pura bondade.
Eles ensinavam de modo pessoal,
sincero e familiar. Simplesmente sentimos que nos ensinavam a verdade.
Poucas semanas depois, fomos batizados e confirmados, e imediatamente
fomos envolvidos pela amizade e bondade dos membros e líderes de nossa
nova família da Igreja.
Assim começamos a jornada do
evangelho que enriqueceu e abençoou todos os aspectos de nossa vida,
proporcionando um senso de propósito e direção profundo, duradouro e
tranqüilizador. Na esperança de que
isso seja útil para os membros novos
da Igreja, falarei hoje de apenas três
princípios fundamentais do evangelho
que aprendi ao longo do caminho.
O primeiro é o poder motivador e
transformador da fé em Jesus Cristo.
Essa fé é como se fosse o oxigênio
espiritual. Quando permitimos que
a fé flua livremente dentro de nós,
ela desperta e vivifica nossos sentidos espirituais e dá vida à nossa
própria alma.
À medida que a fé flui, passamos
a ser mais sensíveis aos sussurros do
Espírito. Sentimos a mente iluminada,
nosso ritmo espiritual se acelera e algo
toca nosso coração.
A fé nutre a esperança. Nosso
modo de ver as coisas muda; nossa
visão se torna mais clara. Começamos
a procurar o melhor e não o pior na
vida e nas pessoas. Adquirimos um
senso profundo do propósito e significado da vida. O desespero é substituído pela alegria.
Uma fé como essa é uma dádiva do
céu, mas pode ser buscada e cultivada.
Como sugere o Bible Dictionary, freqüentemente “a fé é reavivada quando
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
13
ouvimos o testemunho de pessoas
que têm fé”.1 Portanto, a fé é nutrida
quando nos permitimos acreditar.
Como todas as outras virtudes, a fé se
fortalece quando a exercemos; quando
vivemos e agimos como se ela já fosse
inabalável. A fé é o produto do desejo
justo, da crença e da obediência.
Por isso temos, no Livro de
Mórmon, o exemplo do pai do rei
Lamôni, que ouviu o testemunho de
Aarão e se dispôs a acreditar e a agir,
de modo que foi levado a dizer em
humilde oração: “(…) se existe um
Deus e se tu és Deus, faze-mo saber;
e abandonarei todos os meus pecados
para conhecer-te. (…)”2
O mesmo pode acontecer conosco
se permitirmos que o espírito do testemunho nos toque, exercitando a nossa
crença, desejando, ponderando e buscando, ou seja, cultivando nossa fé.
O segundo princípio é que crescemos à medida que servimos. O
Presidente George Albert Smith
ensinou: “Não é o que recebemos
que nos enriquece a vida, mas, sim,
o que damos”.3
O serviço abnegado é um maravilhoso antídoto para os males
resultantes da epidemia mundial de
egocentrismo. Algumas pessoas ficam
amarguradas ou ansiosas quando parecem não estar recebendo a atenção
suficiente, ao passo que teriam a vida
muito enriquecida se simplesmente
14
prestassem mais atenção às necessidades das outras pessoas.
A resposta está em ajudarmos a
resolver os problemas das pessoas a
nosso redor, em vez de nos preocuparmos com os nossos próprios problemas. A resposta está em aliviarmos
os fardos dos outros, mesmo que nos
sintamos sobrecarregados. A resposta
está em nos engajarmos em uma boa
causa, em vez de reclamarmos de que
estamos sendo excluídos das experiências recompensadoras da vida.
Dedicar-nos de coração ao serviço
ao próximo faz-nos elevar acima de
nossas preocupações, desafios e problemas. Ao concentrarmos nossa energia em aliviar o fardo dos outros, algo
milagroso acontece: nossos próprios
fardos são reduzidos. Tornamo-nos
mais felizes. Há mais significado em
nossa vida.
Terceiro, ser um discípulo de Cristo
não garante isenção das provações da
vida. Mesmo que estejamos trilhando
cuidadosa e fielmente o caminho
estreito e apertado, encontraremos
obstáculos e desafios. Haverá dias,
talvez até meses e anos, em que
a vida será simplesmente árdua.
Teremos nosso quinhão de adversidades, sofrimentos, solidão, dor e
tristeza. Algumas vezes, parecerá que
recebemos mais do que seria justo.
O que fazer quando surgirem
adversidades? Só há uma coisa a fazer.
Permanecer firmes até que terminem.
Permanecer firmes, constantes e fiéis.
A verdadeira tragédia das tribulações
da vida está em permitirmos que nos
desviem de nosso rumo verdadeiro.
Nesses momentos de crise e desafio, alguns decidem abandonar a fé,
justamente no momento em que
mais precisariam exercê-la. A oração
é ignorada no momento exato em
que precisaria ser intensificada. A
virtude é negligentemente posta de
lado, quando deveria ser valorizada.
Afastamo-nos de Deus, devido ao
receio muito humano, porém errôneo,
de que Ele nos tenha abandonado.
A verdade é que nossa única segurança, nossa única garantia, nossa
única esperança está em apegar-nos
firmemente ao que é bom. Quando as
névoas da escuridão nos envolverem,
só estaremos perdidos se decidirmos
largar a barra de ferro, que é a palavra
de Deus.
A parábola contada pelo Salvador
a respeito do homem que edificou a
casa sobre a rocha é muito clara justamente porque ilustra que o homem
sábio também teve que enfrentar desafios. A chuva caiu, o vento soprou, e
veio a inundação, mas ele sobreviveu
a todas essas coisas porque tinha edificado sobre um alicerce seguro e, isso
é essencial, permaneceu ali quando a
tempestade chegou.
Em sua descrição do progresso
do peregrino, ou do discípulo, John
Bunyan escreveu:
Quem quiser contemplar a
verdadeira coragem
Venha para cá.
Aqui a pessoa será constante,
Haja vento ou tempestade
E não haverá desânimo
Que diminua a determinação
Que teve desde o princípio
De ser um peregrino 4
O Apóstolo Paulo instou os colossenses a permanecerem “fundados e
firmes na fé, e não [se moverem] da
esperança do evangelho que [tinham]
ouvido”.5
O povo de Corinto recebeu este
vigoroso testemunho:
“Em tudo somos atribulados, mas
não angustiados; perplexos, mas não
desanimados.
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos”.6
O que tornou essa atitude possível?
Paulo deu o motivo: “Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em
nossos corações, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na
face de Jesus Cristo”.7
É meu testemunho que, se cultivarmos a fé, crescermos por meio do serviço e permanecermos constantes e
fiéis, aconteça o que acontecer, sentiremos o amor do Salvador e nos colocaremos em condição de ter acesso
a toda a plenitude das bênçãos da
Expiação, passaremos de membros da
Igreja a discípulos de Cristo e seremos
fortalecidos, purificados, revigorados e
curados espiritual e emocionalmente.
Presto testemunho disso, em
nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Bible Dictionary, “Faith”, p. 669.
2. Alma 22:18.
3. Conference Report, abril de 1935, p. 46.
4. The Pilgrim’s Progress, 1997, p. 295.
5. Colossenses 1:23.
6. II Coríntios 4:8–9.
7. II Coríntios 4:6.
O Poder
da Paciência
ÉLDER ROBERT C. OAKS
Da Presidência dos Setenta
A paciência pode ser considerada uma virtude catalisadora
que contribui para o desenvolvimento e fortalecimento das
virtudes correlatas do perdão, da tolerância e da fé.
Q
uão grato sou pelas escrituras
modernas que falam das virtudes cristãs essenciais!
O Livro de Mórmon dá-nos uma
visão clara da relação que existe entre
a paciência e a caridade. Depois de
salientar que se o homem “não tem
caridade, nada é; portanto ele precisa ter caridade”, Mórmon prossegue relacionando os treze elementos
da caridade, ou puro amor de Cristo.
Considero muito interessante que
quatro dos treze elementos dessa virtude que o homem precisa ter estejam relacionados com a paciência
(ver Morôni 7:44–45).
Primeiro, “a caridade é sofredora”.
Isso tem tudo a ver com paciência.
“A caridade não se irrita facilmente” é
outro aspecto dessa qualidade, assim
como “a caridade tudo sofre”. E, por
fim, a caridade “tudo suporta” sem
dúvida é uma manifestação de paciência (Morôni 7:45). Considerando-se
esses elementos definidores, fica evidente que se a paciência não adorna a
nossa alma, estamos bem longe de ter
um caráter semelhante ao de Cristo.
Na Bíblia, Jó é o exemplo clássico
da paciência. Tendo perdido seu
vasto império, inclusive seus filhos,
Jó foi capaz de proclamar, graças à
sua fé inabalável: “O Senhor o deu,
e o Senhor o tomou: bendito seja
o nome do Senhor”. Durante todas
as suas tribulações e sofrimentos,
“Jó não pecou, nem atribuiu a Deus
falta alguma” (Jó 1:21–22).
Quantas vezes ouvimos os aflitos
perguntarem insensatamente: “Como
pôde Deus fazer isso comigo?”,
quando na verdade deveriam orar
pedindo forças para “sofrer” e
“suportar todas as coisas”.
Os maiores exemplos de paciência
encontrados nas escrituras vêm da
vida de Jesus Cristo. Mas o melhor
exemplo de Sua paciência e resignação está naquela noite excruciante no
Getsêmani em que Ele proferiu, na
agonia da Expiação: “(…) Meu Pai, se
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
15
é possível, passe de mim este cálice;
todavia, não seja como eu quero, mas
como tu queres” (Mateus 26:39).
Ele verdadeiramente sofreu e
suportou todas as coisas.
Enquanto estava pregado na cruz
do Calvário, Cristo prosseguiu com
Seu perfeito exemplo de paciência, ao
proferir estas palavras extraordinárias:
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem
o que fazem” (Lucas 23:34).
Esses exemplos de paciência têm
maior significado para nós se levarmos em consideração a admoestação de 3 Néfi: “Portanto, que tipo de
homens devereis ser? Em verdade
vos digo que devereis ser como eu
sou” (3 Néfi 27:27).
Várias escrituras destacam a importância da paciência. Vejamos algumas:
“Todo o homem seja pronto para
ouvir, tardio para falar, tardio para se
irar” (Tiago 1:19).
“Não obstante, o Senhor julga
conveniente castigar seu povo; sim,
ele prova sua paciência e sua fé”
(Mosias 23:21).
Em Mosias, o rei Benjamim ensina
que somos homens naturais, inimigos de Deus, até cedermos ao influxo
do Espírito Santo por meio da nossa
paciência e outras virtudes (ver
Mosias 3:19).
16
Joseph Smith declarou: “A paciência é celestial” (History of the Church,
vol. 6, p. 427).
Será que é importante e útil ponderar e buscar a paciência? Sem dúvida
que sim, se quisermos evitar a classificação depreciativa de “nada” usada
para rotular os que não têm caridade;
é importante se desejarmos ser menos
do homem natural, inimigo de Deus; é
importante se quisermos ser celestiais;
é importante se quisermos procurar
nos tornar semelhantes a Cristo.
O homem natural e impaciente
está em toda parte. Podemos vê-lo em
noticiários que falam de pais que maltratam o filho, num acesso de raiva, a
ponto de matá-lo. Em nossas estradas,
incidentes de impaciência ao volante
resultam em violentos acidentes e
muitas vezes em fatalidades.
Menos dramáticos, porém bem
mais comuns, são os casos de ânimos
exaltados e palavras ásperas suscitados
por filas lentas, ligações intermináveis
de telemarketing ou filhos que relutam em atender a nossas instruções.
Alguma dessas coisas soa familiar?
Felizmente, há histórias maravilhosas de grande paciência, ainda
que sejam raramente relatadas.
Recentemente, estive no funeral de
um grande amigo. O filho dele contou
uma bela história de paciência paterna.
Quando o filho era jovem, o pai tinha
uma concessionária de motocicletas.
Certo dia, receberam uma entrega
de motocicletas novinhas em folha e
as enfileiraram na loja. O rapaz fez o
que todo rapaz teria vontade de fazer:
montou na motocicleta mais próxima.
Chegou até a dar a partida, então,
quando se deu conta de que tinha abusado da sorte, pulou da moto. Para
sua consternação, ao descer da motocicleta, ele derrubou a primeira da
fileira. Então, como uma fila de dominós, foram todas caindo, uma após a
outra. O pai ouviu o barulho e colocou
a cabeça para fora da sala onde estava
trabalhando. Com um discreto sorriso,
ele disse: “Bem, meu filho, é melhor
consertarmos e vendermos uma delas,
para podermos pagar as outras”.
Acho que a reação de meu amigo
é o perfeito exemplo da paciência
paterna.
A paciência pode ser considerada
uma virtude catalisadora que contribui para o desenvolvimento e fortalecimento das virtudes correlatas do
perdão, da tolerância e da fé. Quando
Pedro perguntou a Cristo quantas
vezes deveria perdoar a seu irmão,
Cristo respondeu “setenta vezes
sete”, em vez de apenas sete, como
Pedro sugerira (ver Mateus 18:21-22).
Perdoar setenta vezes sete, sem
dúvida, exige muita paciência.
O Élder Neal A. Maxwell vinculou
a paciência à fé ao ensinar: “A paciência está intimamente vinculada à fé
no Pai Celestial. Na verdade, quando
somos indevidamente impacientes,
estamos sugerindo que sabemos o
que é melhor, mais do que Deus. Ou
ao menos que nosso cronograma é
melhor que o Dele” (Neal A. Maxwell,
“Patience”, Ensign, outubro de 1980,
p. 28).
Nossa fé só poderá aumentar se
estivermos dispostos a esperar pacientemente que os propósitos e padrões
de Deus se manifestem em nossa vida,
no tempo Dele.
Já que a impaciência é algo tão
natural, como é que desenvolvemos a
virtude divina da paciência? Como deixamos de ser o homem natural e passamos a seguir o exemplo de paciência
que é Jesus Cristo?
Primeiro, precisamos compreender que isso é necessário, se desejarmos desfrutar plenamente as bênçãos
do evangelho restaurado. Esse entendimento nos motiva a:
1. Ler cada escritura indicada no
verbete “paciência” do Guia para
Estudo das Escrituras e, depois, ponderar os exemplos de paciência deixados por Cristo.
2. Avaliar-nos para determinar
onde estamos na escala da paciência.
Quanta paciência ainda temos que
desenvolver para nos tornarmos mais
semelhantes a Cristo? Fazer essa autoavaliação é difícil. Poderíamos pedir a
nosso cônjuge ou a outro membro da
família que nos ajude.
3. Tornar-nos mais sensíveis aos
exemplos de paciência e impaciência
que acontecem à nossa volta todos
os dias. Devemos esforçar-nos para
imitar as pessoas que consideramos
pacientes.
4. Renovar a cada dia o compromisso de tornar-nos mais pacientes
e não deixar de envolver a pessoa da
família que escolhemos para o nosso
projeto de paciência.
Parece que tudo isso dá muito trabalho, mas para alcançar qualquer
objetivo que valha a pena é preciso
trabalho árduo. E sobrepujar o
homem natural e esforçar-nos para
tornar-nos mais semelhantes a Cristo
em nossa paciência é um objetivo
muito bom. Oro para que trilhemos
esse caminho com diligência e
dedicação.
Testifico que Jesus é o Cristo e que
Ele dirige esta Igreja, que nos guia por
meio de um profeta vivo e nos abençoa em todos os nossos esforços para
tornar-nos mais semelhantes a Ele.
Presto testemunho disso no sagrado
nome de Jesus Cristo. Amém. ■
Oh! Sede Sábios!
ÉLDER M. RUSSELL BALLARD
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Concentremo-nos nas maneiras simples de servir no
Reino de Deus, sempre nos esforçando para mudar vidas,
inclusive a nossa.
I
rmãos e irmãs, ao estudar o Livro
de Mórmon recentemente, um
dos ensinamentos do profeta Jacó
chamou-me a atenção. Como devem
lembrar-se, Jacó foi um dos dois
filhos do patriarca Leí que nasceram
no deserto, depois que a família partiu de Jerusalém. Ele foi testemunha
ocular de milagres e também viu sua
família ser dividida pela desobediência e rebelião. Jacó conhecia e amava
Lamã e Lemuel tanto quanto conhecia e amava Néfi, e a desavença entre
eles foi muito íntima e pessoal. Para
Jacó, não se tratava de ideologia, filosofia ou mesmo teologia. Era uma
questão de família.
A dolorosa angústia que Jacó sentia
na alma ficou evidente quando ele
expressou sua profunda preocupação
de que seu povo viesse a “[rejeitar] as
palavras dos profetas” a respeito de
Cristo e “[negar] (…) o poder de
Deus e o dom do Espírito Santo (…) e
[desdenhar] o grande plano de redenção” (Jacó 6:8).
Então, pouco antes de se despedir,
ele proferiu sete palavras que são o
tema básico de minha mensagem de
hoje. A súplica de Jacó foi: “Oh! Sede
sábios! Que mais poderei dizer?”
(Jacó 6:12).
Vocês, que são pais e avós, têm
uma noção do que Jacó devia estar
sentindo naquele momento. Ele amava
seu povo, em parte porque também
era a sua família. Ele os ensinara com a
máxima clareza e com toda a energia
de sua alma. Advertira-os com clareza
sobre o que aconteceria se decidissem
não “entrar pela porta estreita e continuar pelo caminho apertado” (ver
Jacó 6:11). Não conseguiu pensar
em mais nada que poderia dizer para
admoestar, incentivar, inspirar e motivar. Portanto, disse simplesmente,
com grande veemência: “Oh! Sede
sábios! Que mais poderei dizer?”
Conheci membros da Igreja de
muitos países do mundo. Fiquei
impressionado com o espírito e a
energia de muitos de nossos membros. Corações estão sendo tocados
e vidas estão sendo abençoadas. O
trabalho está progredindo com dinamismo e sinto-me profundamente
grato por isso. Mas vejo muitas coisas
nas quais nós, os membros da Igreja,
devemos ser muito, muito sábios.
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
17
Os membros da Primeira Presidência aguardam o início de uma das sessões da
conferência: o Presidente Gordon B. Hinckley (ao centro), o Presidente Thomas S.
Monson, Primeiro Conselheiro (à direita), e o Presidente James E. Faust,
Segundo Conselheiro (à esquerda).
O Senhor, em Sua infinita sabedoria, determinou que Sua Igreja funcionasse com um ministério leigo. Isso
significa que temos o encargo de zelar
uns pelos outros e servir uns aos
outros. Devemos amar uns aos outros
como o Pai Celestial e o Senhor Jesus
Cristo nos amam. Nossos chamados
e condições mudam de tempos em
tempos, proporcionando-nos oportunidades diferentes e ímpares de servir
e crescer. A maioria dos líderes e professores da Igreja estão zelosamente
engajados no cumprimento de suas
responsabilidades. Alguns são menos
eficazes que outros, é verdade; mas
quase sempre há um sincero esforço
para servir de modo significativo no
evangelho.
De vez em quando, encontramos
alguns que se dedicam com tanta
energia ao serviço na Igreja que chegam a ficar com a vida desequilibrada.
Começam a acreditar que os programas que administram são mais importantes do que as pessoas a quem
servem. Complicam seus serviços
com detalhes e embelezamentos que
ocupam muito tempo, custam muito
caro e demandam muita energia.
Recusam-se a delegar ou a permitir
que outras pessoas cresçam em suas
respectivas responsabilidades.
18
Por concentrarem muito tempo
e energia em seu serviço na Igreja,
seu relacionamento familiar eterno
pode deteriorar-se. O desempenho
no emprego fica prejudicado. Isso
não é saudável, nem espiritualmente
nem em outros aspectos. Embora
haja ocasiões em que nossos chamados na Igreja exijam esforço mais
intenso e concentração incomum,
temos que nos esforçar para manter
o devido equilíbrio das coisas. Jamais
devemos permitir que nosso serviço
substitua a atenção necessária a
outras prioridades importantes de
nossa vida. Lembrem-se do conselho
do rei Benjamim: “E vede que todas
estas coisas sejam feitas com sabedoria e ordem; porque não se exige que
o homem corra mais rapidamente
do que suas forças o permitam”
(Mosias 4:27).
Gostaria de sugerir seis maneiras
pelas quais podemos servir bem e
com sabedoria.
Primeira, concentrar-se nas pessoas e nos princípios, e não nos
programas. Uma das coisas mais
importantes que fazemos por meio
do evangelho de Jesus Cristo é edificar as pessoas. O serviço adequado
ao próximo exige esforço para
compreendermos as pessoas como
indivíduos — sua personalidade,
seus pontos fortes, suas preocupações, esperanças e seus sonhos — de
modo a oferecer a ajuda e o amparo
corretos. Falando com franqueza, é
muito mais fácil simplesmente administrar os programas do que compreender e servir verdadeiramente
às pessoas. O propósito fundamental
das reuniões de liderança da Igreja
deve ser discutir a maneira de ministrar às pessoas. A maioria das informações e tarefas de coordenação
rotineiras pode ser tratada hoje por
telefone, e-mails ou correspondência
regular, de modo que a agenda das
reuniões de conselho e reuniões de
presidência se concentre nas necessidades das pessoas.
Nossa meta sempre deve ser
usar os programas da Igreja como
meio de elevar, incentivar, auxiliar,
ensinar, amar e aperfeiçoar as pessoas. “Lembrai-vos de que o valor
das almas é grande à vista de Deus”
(D&C 18:10). Os programas são ferramentas. A sua administração e o
preenchimento dos cargos a eles
relacionados não podem ter prioridade sobre as necessidades das
pessoas a quem eles deveriam abençoar e servir.
Segunda, ser inovador. Ao nos
esforçarmos para magnificar nossos
chamados, devemos buscar a inspiração do Espírito para resolver os problemas da maneira que mais ajudará
as pessoas a quem servimos. Temos
manuais de instruções, e suas diretrizes devem ser seguidas; mas, dentro
desses parâmetros, existem oportunidades substanciais para pensar,
ser criativo e usar os talentos individuais. A instrução que recebemos
de magnificar nosso chamado não é
um mandamento para embelezá-lo
e complicá-lo. Inovar não significa
necessariamente expandir. Muito freqüentemente significa simplificar.
Como o princípio eterno do arbítrio nos dá a liberdade de escolher e
pensar por nós mesmos, devemos
tornar-nos cada vez mais capazes
de resolver problemas. Talvez cometamos erros ocasionalmente, mas
enquanto estivermos seguindo os
princípios do evangelho e as diretrizes, poderemos aprender com esses
erros e tornar-nos mais compreensivos para com os outros e mais eficazes ao servir às pessoas.
Ser inovador também significa
que não é preciso que nos digam
tudo o que devemos fazer. O Senhor
disse: “(…) não é conveniente que
em todas as coisas eu mande; pois
o que é compelido em todas as coisas é servo indolente e não sábio”
(D&C 58:26). Irmãos e irmãs, confiamos que vocês usarão a inspiração.
Confiamos que o farão dentro dos
parâmetros estabelecidos pelas
normas e princípios da Igreja.
Confiamos que serão sábios e se
aconselharão mutuamente para ajudar a edificar a fé e o testemunho
na vida daqueles a quem servem.
Terceira, dividir o trabalho e
delegar as responsabilidades. Há
uma diferença entre ser responsável
pelo trabalho a ser feito e fazer o trabalho você mesmo. Por exemplo:
Já se foram os dias em que o presidente do quórum de élderes achava
que precisava fazer pessoalmente
as visitas de ensino familiar que os
outros deixavam de fazer. O mesmo
se aplica à presidente da Sociedade
de Socorro, no tocante às professoras visitantes. Isso não somente é
insensato, mas também não tem
nada a ver com o ensino familiar e
o trabalho das professoras visitantes.
O ensino familiar não são números
ou relatórios de visitas a famílias; as
visitas e os números são apenas uma
forma de quantificar o trabalho. O
ensino familiar refere-se a amar as
pessoas e servir e cuidar dos filhos
de nosso Pai Celestial.
Devem ser feitas designações,
devem ser delegadas responsabilidades, deve-se permitir que os membros cumpram suas mordomias da
melhor forma possível. Aconselhem,
alertem, convençam e motivem,
mas não façam o trabalho por eles.
Permitam que as pessoas progridam
e cresçam, mesmo que isso às vezes
signifique resultados menos do que
perfeitos nos relatórios.
Quarta, eliminar a culpa. Nem é
preciso dizer que a culpa não é uma
técnica adequada de motivação para
os líderes e professores do evangelho
de Jesus Cristo. Sempre devemos
motivar por meio do amor e da valorização sincera, e não criando um sentimento de culpa. Gosto do conceito
de “pegar alguém fazendo algo certo”.
Ainda assim, há pessoas que têm
algum sentimento de culpa em conseqüência de seu serviço na Igreja.
Esse sentimento pode ocorrer
quando nosso tempo e atenção
estão divididos entre prioridades e
exigências que competem entre si.
Como mortais, simplesmente não
conseguimos fazer tudo ao mesmo
tempo. Portanto, precisamos fazer
todas as coisas “com sabedoria e
ordem” (Mosias 4:27). Muitas vezes
isso significa adiar temporariamente
a atenção dedicada a determinada
prioridade para cuidar de outra.
Às vezes, as necessidades da família
exigirão sua total atenção. Outras
vezes, as responsabilidades profissionais virão em primeiro lugar. E
haverá ocasiões em que os chamados da Igreja virão em primeiro
lugar. Alcançamos um bom equilíbrio quando fazemos as coisas no
momento oportuno, sem procrastinar nossa preparação nem esperar
para cumprir as responsabilidades
no último minuto.
Além disso, precisamos lembrar
que Cristo veio para remover a culpa
e perdoar àqueles que se arrependem
(ver Alma 24:10). Veio para trazer paz
à alma perturbada. Ele disse: “Deixovos a paz, a minha paz vos dou; não
vo-la dou como o mundo a dá. Não
se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14:27). Por meio da
milagrosa Expiação, Ele nos pede:
“Tomai sobre vós o meu jugo, (…) e
encontrareis descanso para as vossas
almas” (Mateus 11:29).
À medida que a Expiação começar
a agir em nossa vida, passaremos a
compreender que o Salvador já tomou
sobre Si o fardo de nossa culpa. Que
sejamos sábios o suficiente para compreender isso, arrepender-nos, quando
necessário, e deixar de lado a nossa
culpa!
Quinta, precisamos dividir sensatamente nossos recursos de tempo,
renda, energia e atenção. Vou contarlhes um segredinho. Alguns de vocês
já aprenderam isso. Se ainda não, é
hora de saberem. Não importa quais
sejam as necessidades de sua família
ou suas responsabilidades na Igreja,
não existe um momento em que
podemos dizer “minha tarefa está
concluída”. Sempre podemos fazer
algo mais. Sempre há outro assunto
familiar que necessita de atenção,
outra lição a preparar, outra entrevista a realizar, outra reunião a assistir. Temos mesmo é que ser sábios,
preservar nossa saúde e seguir o
conselho que o Presidente Hinckley
nos dá com freqüência: simplesmente “fazer o melhor possível”.
O segredo, a meu ver, está em
conhecer e compreender nossas
próprias capacidades e limitações,
e depois criar nosso próprio ritmo,
dividindo nosso tempo, nossa atenção e nossos recursos sabiamente
para ajudar as pessoas, inclusive a
nossa família, em sua jornada rumo
à vida eterna.
Sexta, uma palavra para vocês,
líderes, sobre delegar responsabilidades aos membros, especialmente
aos recém-conversos. O Presidente
Hinckley disse que todo membro
novo da Igreja precisa de uma responsabilidade. Seja qual for a responsabilidade delegada, ela não
deve sobrecarregar os membros
novos, mas dar-lhes amplas oportunidades para que se sintam bem na
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
19
Igreja, aprendam a doutrina e trabalhem cordialmente em conjunto
com membros cordiais. Ela deve
ancorá-los no evangelho restaurado,
por meio do fortalecimento de seu
testemunho e do serviço significativo que prestarem.
Irmãos e irmãs, concentremo-nos
nas maneiras simples de servir no
reino de Deus, sempre nos esforçando para mudar vidas, inclusive a
nossa. A coisa mais importante em
nossas responsabilidades na Igreja
não são as estatísticas dos relatórios
nem as reuniões realizadas, mas, sim,
que as pessoas, individualmente —
de quem cuidamos uma a uma como
o Salvador fazia — sejam elevadas e
incentivadas e, por fim, transformadas. Nossa tarefa é ajudar as pessoas
a encontrar a paz e a alegria que
somente o evangelho pode proporcionar-lhes. Em sete palavras, Jesus
resumiu como podemos fazer isso.
Ele disse: “Se me amais, guardai os
meus mandamentos” (João 14:15).
Em muitos aspectos, os dias de
hoje se assemelham aos dias de Jacó.
Meu conselho é semelhante ao dele:
“Suplico (…) que vos arrependais e
que vos apegueis a Deus de todo o
coração, como ele se apega a vós”
(Jacó 6:5). Irmãos e irmãs, sejam
sábios com suas famílias. Sejam
sábios no cumprimento de seus
chamados na Igreja. Sejam sábios
com seu tempo. Sejam sábios ao
darem prioridades equilibradas a
suas responsabilidades. Oh! Sede
sábios, meus amados irmãos e
irmãs! O que mais eu poderia dizer?
Que Deus nos abençoe com sabedoria para que amemos Seu filho
Jesus Cristo e sabiamente ajudemos a
realizar Sua obra. Presto o meu testemunho de que Ele vive. Esta é a Sua
Igreja. Estamos realizando a Sua obra.
Que a paz do Senhor nos acompanhe
e que sejamos sábios no cumprimento
de nossas responsabilidades, é minha
humilde oração, em nome de Jesus
Cristo. Amém. ■
20
Discipulado
P R E S I D E N T E J A M E S E . FA U S T
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência
Uma das maiores bênçãos da vida e da eternidade é ser
contado como um dos discípulos fiéis do Senhor Jesus Cristo.
U
ma grande multidão seguia o
Salvador enquanto Ele ensinava
na praia do Mar da Galiléia.
Assim, para que mais pessoas pudessem ouvi-Lo, Ele entrou no barco de
Pedro e pediu que o afastassem da
terra firme. Depois de falar, disse a
Pedro, que havia pescado a noite toda
sem sucesso, que entrasse no lago e
lançasse a rede na parte profunda.
Pedro obedeceu e apanhou tantos peixes que as redes se romperam. Pedro
chamou seus companheiros, Tiago e
João, para que o ajudassem. Todos ficaram assombrados com o número de
peixes que pegaram. Jesus disse a
Pedro: “Não temas; de agora em diante
serás pescador de homens”. Lucas
depois diz: “Levando os barcos para
terra, deixaram tudo, e o seguiram”.1
Tornaram-se discípulos do Senhor.
A palavra discípulo e a palavra
disciplina vêm da mesma raiz latina
— discipulus, que significa aluno.
Salienta a prática e o exercício.
Autodisciplina e autocontrole são
características próprias e sempre
constantes dos seguidores de Cristo,
como exemplificado por Pedro,
Tiago e João que realmente “deixaram tudo, e o seguiram”.
O que é discipulado? É principalmente obediência ao Salvador. O
discipulado inclui muitas coisas. É
castidade, dízimo, noite familiar e
guardar todos os mandamentos. É
abandonar tudo o que não é bom
para nós. Tudo na vida tem um preço.
Considerando a grande promessa
do Salvador, de paz nesta vida e vida
eterna no mundo vindouro, vale a
pena pagar o preço do discipulado.
É um preço que não podemos nos
dar ao luxo de não pagar. Se fizermos
uma comparação, os requisitos do
discipulado são muito poucos em
relação às bênçãos prometidas.
Os discípulos de Cristo recebem
um chamado de não somente abandonarem a busca às coisas do mundo,
mas também de carregarem sua cruz
diariamente. Carregar a cruz significa
cumprir Seus mandamentos e edificar
Sua Igreja na Terra. Também significa
autodomínio.2 Como Jesus de Nazaré
nos instruiu, “Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, e tome
cada dia a sua cruz, e siga-me”.3 “E
qualquer que não levar a sua cruz ,
e não vier após mim, não pode ser
meu discípulo.”4
A letra de um hino da Primária
muito apreciado repercute em todos
os que seguem o Mestre:
Eu quero ser como Cristo,
Seguindo Seus passos vou.
Eu quero amar a todos, tal como
Ele sempre amou.5
Vamos analisar algumas coisas
que Cristo fez as quais todos podemos imitar.
1. Jesus “andou fazendo bem”.6
Todos nós podemos fazer algo de
bom todos os dias—por um membro
da família, um amigo, ou mesmo um
estranho—se procurarmos essas
oportunidades.
2. Jesus era o Bom Pastor, que
tomava conta de Suas ovelhas e Se
preocupava com aquelas que se perdiam.7 Nós podemos procurar aqueles
que estão sozinhos ou que estão
menos ativos e integrá-los.
3. Jesus teve compaixão de muitos, inclusive de um pobre leproso.8
Nós também podemos ter compaixão. O Livro de Mórmon lembra-nos
que devemos “chorar com os que
choram”.9
4. Jesus prestou testemunho de
Sua missão divina e da grande obra
do Pai. Quanto a nós, todos podemos
“servir de testemunhas de Deus em
todos os momentos”.10
5. Jesus convidou as criancinhas
a “[virem] a [Ele]”.11 Nossas crianças
precisam de nossa atenção e amor,
assim como de nosso cuidado.
Os verdadeiros seguidores do
Salvador devem estar preparados
para dar sua vida, e alguns tiveram
o privilégio de fazer isso. Doutrina
e Convênios aconselha-nos:
“Que nenhum homem tenha medo
de perder sua vida por minha causa;
porque aquele que perder a vida por
minha causa tornará a achá-la.
E aquele que não estiver disposto
a perder a vida por minha causa não
é meu discípulo.”12
Lemos, no livro de Atos, o relato
do discípulo Estevão que era “cheio
de fé e de poder [e] fazia prodígios e
grandes sinais entre o povo”.13 Estevão
deparou-se, em Jerusalém, com um
público hostil que o acusou falsamente
de blasfemar, embora tivesse sido
transfigurado diante deles. Estevão
testificou da divindade do Salvador e,
quando chamou o povo ao arrependimento, várias pessoas da multidão voltaram-se contra ele. “Mas ele, estando
cheio do Espírito Santo, fixando os
olhos no céu, viu a glória de Deus, e
Jesus, que estava à direita de Deus”.14
Mesmo sendo apedrejado até à morte,
suas últimas palavras foram: “Senhor,
não lhes imputes este pecado”.15
Nos primeiros dias da Igreja no
México, dois líderes fiéis, que eram
discípulos de Cristo, tornaram-se mártires por causa de suas crenças. Os
dois que perderam a vida chamavamse Rafael Monroy e Vicente Morales.
Durante a Revolução Mexicana,
Rafael Monroy era presidente do
pequeno ramo de San Marcos, México,
e Vicente Morales era seu primeiro
conselheiro. Em 17 de julho de 1915,
foram capturados pelos zapatistas.
Disseram-lhes que seriam poupados
se entregassem suas armas e renunciassem à sua estranha religião. O
irmão Monroy disse a seus captores
que ele não tinha nenhuma arma e
simplesmente tirou do bolso sua
Bíblia e o Livro de Mórmon. Ele disse:
“Cavalheiros, essas são as únicas armas
que eu carrego; são as armas da verdade contra o erro”.
Como nenhuma arma foi encontrada, os irmãos foram cruelmente
torturados para que contassem onde
as armas estavam escondidas. Mas
não havia nenhuma arma. Depois
foram levados sob escolta para os
arredores da pequena cidade, onde
seus captores os encostaram a uma
árvore diante de um pelotão de fuzilamento. O oficial encarregado ofereceu-lhes liberdade se abandonassem
sua religião e se unissem aos zapatistas, mas o irmão Monroy respondeu:
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
21
“Minha religião vale mais para mim do
que minha própria vida e não posso
renunciar a ela”.
Disseram-lhe que seriam fuzilados
e perguntaram-lhes se tinham algum
pedido. O irmão Rafael perguntou se
poderia fazer uma oração antes de ser
executado. Lá, na presença de seus
executores, ele se ajoelhou e, num
tom que todos podiam ouvir, orou e
pediu que Deus abençoasse e protegesse seus entes queridos e cuidasse
do pequeno ramo que ficaria sem seu
líder. Ao terminar a oração, ele usou
as palavras do Salvador quando foi
pendurado na cruz e orou por seus
executores: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”,16 após
o que o pelotão fuzilou o irmão
Monroy e o irmão Morales.17
Há alguns anos, fui ao México reorganizar uma presidência de estaca.
Enquanto realizava as entrevistas, tive
o privilégio de conhecer um dos descendentes de Rafael Monroy. Fiquei
muito impressionado com a grandiosidade do testemunho desse homem
e seu compromisso para com o evangelho. Quando lhe perguntei o que
acontecera com o restante dos descendentes do irmão Monroy, ele disse
que muitos deles serviram em uma
missão e continuavam fiéis na Igreja.
Nos primórdios da Igreja, outros
discípulos além de Joseph Smith e
Hyrum Smith também sacrificaram a
vida pelo evangelho de Jesus Cristo.
A fidelidade de Edward Partridge, o
primeiro bispo da Igreja, foi registrada
em Doutrina e Convênios.18 Em 20 de
julho de 1833, Edward estava sentado
em casa com a sua frágil esposa que
acabara de dar à luz. Três malfeitores
entraram à força em sua casa e o arrastaram para o tumulto que estava acontecendo na rua e depois para a praça
para onde já haviam levado Charles
Allen. Uma turba de cerca de 300
homens exigiu, por meio de seu portavoz, que Edward e Charles renunciassem a sua fé no Livro de Mórmon ou
saíssem do condado. Edward Partridge
22
respondeu: “Se eu tiver de sofrer por
causa da minha religião, não terei feito
mais do que outros já fizeram. Tenho
consciência de que não causei mal a
ninguém no condado, portanto não
consentirei em partir. Não fiz nada
para ofender alguém. Se vocês me
maltratarem, estarão fazendo mal a
um homem inocente”. A turba então
cobriu Edward e Charles dos pés à
cabeça com piche quente e perlasso,
um ácido que corrói a carne, depois
com penas que grudaram no piche
fervente.19
O Profeta Joseph Smith referiu-se
à morte de Edward Partridge, alguns
anos depois, com 46 anos, com estas
palavras: “Ele morreu em conseqüência das perseguições que ocorreram
no Missouri e será um daqueles
cujo sangue será reclamado de suas
mãos”.20 Edward Partridge deixou
um legado que continua na vida de
uma grande posteridade justa.
A maioria de nós, contudo, não
precisa morrer pela Igreja, mas viver
por ela. Para muitas pessoas, viver
uma vida cristã todos os dias pode
ser até mais difícil do que sacrificar a
vida. Aprendi na época da guerra que
muitos homens eram capazes de agir
com altruísmo, heroísmo e nobreza,
sem se importarem em perder a vida.
Mas, quando a guerra acabou e eles
voltaram para casa, não souberam
lidar com os fardos corriqueiros do
dia-a-dia e tornaram-se escravos do
fumo, do álcool, das drogas e da
imoralidade que no final acabaram
ceifando-lhes a vida.
Alguns podem dizer: “Sou uma
pessoa comum. Não tenho nenhuma
proeminência ou projeção. Sou novo
na Igreja. Meus talentos e capacidade
são limitados. Minha contribuição é
mínima”. Ou podem dizer: “Estou
velho demais para mudar. Já vivi a
minha vida. Por que deveria tentar?”
Nunca é tarde demais para mudar.
O discipulado não vem de posições
importantes ou proeminência, de
riqueza ou de nível elevado de
instrução. Os discípulos de Cristo
vinham de todos os níveis da sociedade. Entretanto, o discipulado
realmente exige que abandonemos
transgressões maléficas e desfrutemos
daquilo que o Presidente Spencer W.
Kimball chamou de “o milagre do
perdão”.21 Isso só pode ocorrer por
meio do arrependimento, que significa renunciar ao pecado e decidir ser
seguidores da verdade e da retidão
todos os dias. Como Jesus ensinou:
“Que tipo de homens devereis ser?
Em verdade vos digo que devereis
ser como eu sou”.22
Muitos pensam que o preço do
discipulado é muito alto e traz fardos
pesados demais. Para alguns, pode
significar abrir mão de muitas coisas.
Mas a cruz não é tão pesada quanto
parece. Por meio da obediência,
podemos conseguir uma força muito
maior para carregá-la.
“Vinde a mim, todos os que
estais cansados e oprimidos, e eu
vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e
aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis
descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o
meu fardo é leve.”23
Nós nos tornamos verdadeiramente
discípulos quando podemos dizer com
toda a certeza que Seus caminhos se
tornaram os nossos caminhos.
As bênçãos do discipulado estão
prontamente disponíveis a todos os
que estão dispostos a pagar o preço.
O discipulado traz um propósito a
nossa vida de maneira que, em vez
de ficarmos vagando sem rumo, andamos com determinação no caminho
estreito e apertado que nos conduz de
volta ao nosso Pai Celestial. O discipulado nos traz consolo em momentos
de tristeza, paz de consciência e alegria em servir, coisas que nos ajudam
a ser mais semelhantes a Jesus.
Por intermédio do discipulado do
Salvador, aprendemos e cremos no
coração e mente sobre os princípios e
SESSÃO DA TARDE DE SÁBADO
30 de setembro de 2006
ordenanças salvadores de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias. Por meio de nosso discipulado,
aprendemos a dar valor à importante
missão do Profeta Joseph Smith em
restaurar esses princípios salvadores
em nossa época. Regozijamo-nos com
o fato de que as chaves do sacerdócio
e sua autoridade foram passadas por
intermédio dos Presidentes da Igreja,
do profeta Joseph Smith ao nosso
atual profeta, o Presidente Gordon B.
Hinckley.
Somos gratos porque, em nosso
discipulado do Salvador, passamos a
desfrutar de Sua promessa de “paz
neste mundo”24 com satisfação, felicidade e realização. Por meio de nosso
discipulado somos capazes de receber
a força espiritual de que precisamos
para lidar com as dificuldades da vida.
Uma das maiores bênçãos da vida e
da eternidade é ser contado como um
dos discípulos fiéis do Senhor Jesus
Cristo. Tenho um testemunho profundo dessa verdade, da qual testifico,
em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
Apoio aos Líderes
da Igreja
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
NOTAS
1. Ver Lucas 5:1–11.
2. Ver Alma 39:9, nota de rodapé “b”.
3. Lucas 9:23.
4. Lucas 14:27.
5. “Eu Quero Ser Como Cristo”, Músicas para
Crianças, pp. 40–41.
6. Atos 10:38.
7. Ver Mateus 15:24, João 10:11–12).
8. Ver Marcos 1:40.
9. Mosias 18:9.
10. Mosias 18:9.
11. Marcos 10:14.
12. D&C 103:27–28.
13. Atos 6:8.
14. Atos 7:55.
15. Atos 7:60.
16. Lucas 23:34.
17. Ver Rey L. Pratt, A Latter-day Martyr,
Improvement Era, junho de 1918,
pp. 720–726.
18. Ver D&C 124:19.
19. Ver B. H. Roberts, A Comprehensive History
of the Church, vol. 1, p. 333; Andrew
Jenson, Latter-day Biographical
Encyclopedia, 4 vol. (1901–1936),
vol. 1, pp. 220.
20. History of the Church, vol. 4, p. 132.
21. Ver The Miracle of Forgiveness (1969),
p. 362.
22. 3 Néfi 27:27.
23. Mateus 11:28–30.
24. D&C 59:23.
Q
ue coro bonito! Espero que
tenham notado que cada coralista usa uma plaqueta missionária, eles logo irão para o Centro
de Treinamento Missionário, para as
diversas partes do mundo para as
quais foram chamados. Meus irmãos
e irmãs, o Presidente Hinckley pediume que lhes apresentasse agora as
Autoridades Gerais, os Setentas de
Área e as presidências gerais das auxiliares da Igreja, para seu voto de apoio.
É proposto que apoiemos Gordon
Bitner Hinckley como profeta, vidente
e revelador, e Presidente de A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias; Thomas Spencer Monson
como Primeiro Conselheiro na
Primeira Presidência; e James Esdras
Faust como Segundo Conselheiro
na Primeira Presidência.
Os que forem a favor,
manifestem-se.
Os que se opõem, se houver, pelo
mesmo sinal.
É proposto que apoiemos Thomas
Spencer Monson como Presidente do
Quórum dos Doze Apóstolos; Boyd
Kenneth Packer como Presidente
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
23
Interino do Quórum dos Doze
Apóstolos; e os seguintes como
membros desse quórum: Boyd K.
Packer, L. Tom Perry, Russell M.
Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell
Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G.
Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R.
Holland, Henry B. Eyring, Dieter F.
Uchtdorf e David A. Bednar.
Os que forem a favor,
manifestem-se.
Alguém se opõe?
É proposto que apoiemos os conselheiros na Primeira Presidência e os
Doze Apóstolos como profetas, videntes e reveladores.
Todos a favor, podem manifestar-se.
Os que se opuserem, se houver
alguém, pelo mesmo sinal.
Estendemos a desobrigação aos
Élderes Ronald T. Halverson, Dale E.
Miller, H. Bryan Richards, Donald L.
Staheli, David R. Stone, H. Bruce
Stucki, Robert J. Whetten e Richard H.
Winkel do Segundo Quórum dos
Setenta.
Os que quiserem juntar-se a nós
para expressar gratidão a esses
irmãos, queiram manifestar-se.
Com gratidão também desobrigamos César A. S. Milder, Hyae-Kee Min
e Masayuki Nakano, do cargo de
Setentas de Área.
Os que quiserem acompanhar-nos
nesse agradecimento, manifestem-se.
É proposto que apoiemos Erich W.
Kopischke como novo Setenta
de Área.
Todos a favor, manifestem-se.
Se alguém se opuser, pelo mesmo
sinal.
É proposto que apoiemos as
demais Autoridades Gerais, Setentas
de Área e presidências gerais das auxiliares como atualmente constituídas.
Os que forem a favor,
manifestem-se.
Se alguém se opuser, manifeste-se.
Parece que o apoio foi unânime e
afirmativo, Presidente Hinckley.
Obrigado, irmãos e irmãs, por sua
fé e orações contínuas. ■
24
As Santas
Escrituras: O Poder
de Deus para
Nossa Salvação
É L D E R R O B E R T D. H A L E S
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Registros sagrados dão testemunho do Salvador
e nos levam a Ele.
A
s santas escrituras são a palavra
de Deus revelada a nós para a
nossa salvação. As escrituras
são essenciais para recebermos o testemunho de Jesus Cristo e de Seu
evangelho. As escrituras que recebemos de Deus nestes últimos dias são o
Velho Testamento, o Novo Testamento,
o Livro de Mórmon, Doutrina e
Convênios e A Pérola de Grande
Valor. Esses registros sagrados dão
testemunho do Salvador e nos levam
a Ele. É por isso que os grandes profetas, como Enos, suplicaram com fé ao
Senhor que preservasse as escrituras.
Abram comigo o Livro de Mórmon.
Na Página de Rosto lemos (…) que é
“escrito por mandamento, (…) pelo
espírito de profecia e de revelação”.
Revelado “pelo dom e poder de Deus”
e sua interpretação se dá “pelo dom de
Deus”—por meio do Espírito Santo.
Ele mostra as “grandes coisas que o
Senhor [tem feito]” e dá-nos a conhecer os convênios do Senhor, para “que
não [sejamos] rejeitados para sempre”.
E o que é mais importante: foi escrito
para convencer-nos de “que Jesus é o
Cristo, o Deus Eterno”.
Virem a página de novo e vejam
a Introdução. Aqui aprendemos que
esse registro profético “é um volume
de escrituras sagradas comparável à
Bíblia”. Ele contém “a plenitude do
evangelho eterno, (…) delineia o plano
de salvação e explica [nos] o que
[devemos] fazer para ganhar paz nesta
vida e salvação eterna na vida futura”.
Promete a cada um de nós que “todos
Em São Paulo, Brasil, missionários exibem seu exemplar do Livro de Mórmon.
os que se achegarem [ao Salvador] e
obedecerem às leis e ordenanças do
seu evangelho poderão ser salvos”.
Qual é o papel vital desse livro
sagrado em nossa época? Qual é a
sua mensagem quanto ao propósito
de todas as escrituras?
A primeira página de 1 Néfi — o
primeiro livro no Livro de Mórmon
— nos ensina que Leí, por volta de
600 a. C., foi orientado por Deus a reunir a família e fugir para o deserto. Mas
Leí não tinha ido muito longe quando
o Senhor lhe ordenou que enviasse
seus filhos de volta. Para quê? Para buscar as escrituras, as placas de latão, que
eram tão importantes, que os filhos de
Leí arriscaram a vida e perderam todos
os bens materiais para consegui-las!
Por fim, foi graças à ajuda do Senhor e
à fé do próprio Néfi que as placas chegaram miraculosamente às mãos de
Leí. Quando Néfi e os irmãos voltaram,
Leí, seu pai, muito se alegrou. Ele
começou a examinar as santas escrituras “desde o princípio” e viu que
eram “de grande valor; sim, de tão
grande valor que [Leí e sua posteridade] [poderiam] preservar os mandamentos do Senhor para [seus]
filhos“.1
Na verdade, as placas de latão eram
um registro dos antepassados de Leí
e incluíam o seu idioma, genealogia e,
o mais importante, o evangelho ensinado pelos santos profetas de Deus.
Examinando as placas, Leí aprendeu
o que todos nós aprendemos com o
estudo das escrituras:
• Quem somos.
• O que podemos vir a ser.
• As profecias quanto a nós e
nossa posteridade.
• Os mandamentos, leis, ordenanças e convênios a que devemos obedecer para conseguir a vida eterna.
• E como devemos viver para perseverar até o fim e voltar com honra à
presença do Pai Celestial.
Essas verdades são tão essenciais
que, tanto a Leí como a Néfi, o Pai
Celestial concedeu visões vívidas que
representavam a palavra de Deus
como uma barra de ferro. Tanto o pai
como o filho aprenderam que se agarrar a esse guia forte, invariável e totalmente confiável é a única maneira de
permanecer no caminho estreito e
apertado que conduz ao Salvador.
Vários capítulos do Livro de
Mórmon se dedicam a mostrar Leí
e Néfi aplicando essa lição— examinando as escrituras e citando-as. Fica
claro que eles queriam que sua família
e nós entendêssemos a importância
das escrituras, principalmente das profecias de Isaías quanto à Restauração
do evangelho e do surgimento do
registro deles, o Livro de Mórmon,
em nossos dias.
O Livro de Mórmon conta como
várias civilizações prezaram ou desprezaram as escrituras, começando com
a família do próprio Leí. O Senhor
ordenou a Leí que fugisse de
Jerusalém, pois ela seria tomada por
Babilônia, e que viajasse atravessando
o mar até a terra prometida, em um
navio projetado por Deus. Mas os
filhos de Leí estavam divididos em
duas facções opostas. Aqueles que
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
25
seguiam Néfi, que era justo (os
nefitas), ficaram com as escrituras
quando os lamanitas partiram, e “suas
almas foram iluminadas pela luz da
palavra eterna”.2
Mas Lamã, Lemuel e seus descendentes, os lamanitas, rejeitaram as
escrituras e andaram nas trevas da
ignorância, contenda e destruição.
Cerca de 400 anos depois de Cristo,
os nefitas também rejeitaram a palavra de Deus, caíram na incredulidade
e foram destruídos, encerrando assim
aproximadamente 1.000 anos da civilização nefita.
O livro de Éter conta a história
de uma civilização: os jareditas,
que deixaram o Velho Mundo na
época da Torre de Babel, aproximadamente 2.200 anos antes de Cristo.
O Senhor conduziu-os em uma jornada através do mar até a terra prometida, em barcos projetados por
Deus. Enquanto os jareditas foram
justos, foram abençoados; quando
rejeitaram a palavra do Senhor e
recusaram-se a arrepender-se, o
Espírito do Senhor deixou de lutar
com eles. Por fim, abandonaram os
caminhos do Senhor e destruíram
uns aos outros por volta de 600
26
anos antes de Cristo, pondo fim a
aproximadamente 1.600 anos de
civilização jaredita.
Leí chegou à terra prometida mais
ou menos na época da destruição
dos jareditas. Poucos anos depois,
outra civilização, a de Muleque e seus
seguidores, também chegara à terra
prometida. Eles encontraram o último
sobrevivente jaredita de que se tem
registro, um rei chamado Coriântumr.
Os mulequitas não levaram as escrituras consigo; portanto, cerca de 400
anos depois, quando Mosias e os nefitas os encontraram, o idioma dos
mulequitas havia-se corrompido e eles
tinham deixado de crer no Criador.
Eles não sabiam quem eram. Quando
os mulequitas ficaram sabendo que o
Senhor enviara os nefitas com as placas de latão que continham o registro
das escrituras dos judeus, alegraram-se
muito e uniram-se à civilização nefita.
O destino dessas civilizações, como
registrado nas escrituras, é um testemunho a todo mundo: de que se não
tivermos a palavra de Deus ou se não
atentarmos para ela, nós tomaremos
caminhos estranhos, e estaremos
perdidos como pessoas, famílias e
nações.
Como vozes do pó, os profetas do
Senhor clamam a nós, na Terra hoje:
Estudem as escrituras! Apeguem-se
a elas, sigam-nas, vivam por elas, alegrem-se com elas, banqueteiem-se
com elas. Não apenas lambisquem.
Elas são “o poder de Deus para a salvação”3 que nos leva de volta ao nosso
Salvador, Jesus Cristo.
Se o Salvador estivesse hoje,
entre nós, na carne, Ele nos ensinaria
por meio das escrituras, como ensinou quando esteve na Terra. Na
sinagoga de Nazaré, “foi-lhe dado
o livro do profeta Isaías (…) Então
começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”.4 Depois, quando os saduceus e
os fariseus Lhe fizeram uma pergunta
difícil, “Jesus, (…) respondendo,
disse-lhes: Errais, não conhecendo as
Escrituras, nem o poder de Deus”.5
Depois da Ressurreição, na estrada de
Emaús, Seus discípulos “disseram um
para o outro: Porventura não ardia em
nós o nosso coração quando, pelo
caminho, nos falava, e quando nos
abria as Escrituras?”.6 Aos ouvidos de
Seus discípulos daquela época e de
hoje ecoam Suas palavras: “Examinais
as Escrituras, porque (…) são elas
que de mim testificam”7, testemunho
esse prestado pelo Espírito Santo,
pois ”pelo poder do Espírito Santo
podeis saber a verdade de todas
as coisas”.8
Irmãos e irmãs, testifico que as
escrituras foram “guardadas e preservadas [para nós] pela mão do Senhor
“(…) para um sábio propósito seu”.9
Leí profetizou, “as placas de latão
jamais seriam destruídas ou escurecidas pelo tempo”.10 O Senhor fez convênio com Enos de preservar e revelar
as escrituras “em seu próprio e devido
tempo”.11 Referindo-se ao Livro de
Mórmon, o profeta Morôni registrou
que foi “escrito e selado e escondido
para o Senhor, a fim de que não fosse
destruído”. As escrituras nos foram
dadas por profecias e promessas, e
elas se cumpriram em nossa época.
Que bênção gloriosa! Pois,
quando queremos falar com Deus,
oramos; e quando queremos que Ele
fale conosco, estudamos as escrituras; pois Suas palavras são ditas por
meio de Seus profetas. Ele então nos
ensinará, se ouvirmos os sussurros
do Espírito Santo.
Se não ouviram a voz Dele lhes
falar ultimamente, voltem-se com
novos olhos e novos ouvidos às escrituras. Elas são nosso cabo salva-vidas.
Nas trevas da Cortina de Ferro, os santos sobreviveram porque ouviram a
Sua voz por meio das escrituras. Em
outras partes do mundo, quando os
membros ficaram tempos sem poder
ir à Igreja, continuaram a adorar a
Deus por ouvirem a Sua voz por meio
das escrituras. Ao longo de todas as
guerras do último século e de todos
os conflitos que assolam o presente,
os santos dos últimos dias sobrevivem
porque ouvem a voz Dele por meio
das escrituras. Pois o Senhor disse: “As
escrituras serão dadas (…) para salvação de meus eleitos; pois hão de ouvir
minha voz e ver-me e não estarão
adormecidos, podendo suportar o dia
de minha vinda; porque estarão purificados, assim como eu sou puro”.13
Há mais de dois milênios, Isaías
escreveu o seguinte da palavra de
Deus, “Vai, pois, agora, escreve isto
numa tábua perante eles e registra-o
num livro; para que fique até ao último
dia, para sempre e perpetuamente”.14
Esse dia é agora. Este mundo precisa
das escrituras hoje. Antes da vinda
do Salvador, foi preciso que todos os
filhos de Deus aprendessem por meio
da lei preparatória de Moisés, que permitia o “olho por olho, e dente por
dente”.15 Muitas pessoas neste mundo
ainda seguem esse código assustador
e vemos as provas à nossa volta.
Declaramos com ousadia que a resposta para o terror, a destruição e até
para o genocídio destes últimos dias
está nas escrituras. O evangelho do
Velho Testamento cumpre-se no Novo
Testamento. As profecias da Bíblia
cumprem-se no Livro de Mórmon.
Doutrina e Convênios e A Pérola de
Grande Valor testificam da plenitude
do evangelho que está agora na Terra.
De Gênesis a Malaquias e de
Moisés a Abraão, foi profetizado que
o Salvador viria. Do livro de Mateus ao
de Apocalipse, de Néfi a Morôni e de
Joseph Smith a nosso amado profeta
vivo, o Presidente Gordon B. Hinckley,
os profetas todos testificaram que
Jesus Cristo, o Messias há tanto esperado, já veio e ainda voltará. Nele “as
coisas antigas são passadas e todas as
coisas foram renovadas”.16 Por meio
das sagradas escrituras, o Seu evangelho eterno proclama: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo”.17 “Amai
a vossos inimigos, bendizei os que
vos maldizem, fazei bem aos que vos
odeiam, e orai pelos que vos maltratam (…)”.18 “(…) De vós é exigido que
perdoeis a todos os homens”.19 Pois
este é o evangelho de nosso Salvador,
que foi ungido para “curar os quebrantados do coração, (…) pregar liberdade aos cativos, e (…) pôr em
liberdade os oprimidos”.20
No final do Livro de Mórmon,
Morôni figurativamente olha para os
últimos remanescentes de seu povo.
Ele sabe que sua extinção poderia
ter sido evitada se não tivessem
esquecido a palavra sagrada de Deus
e perdido o Espírito do Senhor. Será
de admirar que Morôni escreva para
nós, para você e para mim, pessoalmente, implorando que busquemos
as bênçãos das escrituras?
“E quando receberdes estas coisas,
eu vos exorto a perguntardes a Deus,
o Pai Eterno, em nome de Cristo, se
estas coisas não são verdadeiras; e se
perguntardes com um coração sincero e com real intenção, tendo fé em
Cristo, ele vos manifestará a verdade
delas pelo poder do Espírito Santo.
E pelo poder do Espírito Santo
podeis saber a verdade de todas as
coisas.”21
Estamos vivendo nos últimos dias,
irmãos e irmãs, na plenitude dos tempos. Temos de lembrar que temos
controle sobre quem somos, não
importa o quanto o mundo se torne
difícil. Como as pessoas de 1 Néfi,
quem for leal e fiel conseguirá resistir aos dardos inflamados do adversário quando ele estiver à solta nesta
Terra22. A despeito de todo o tumulto
no mundo, quando o Salvador vier
ao Seu templo como fez no Livro de
Mórmon, os que forem leais e fiéis
estarão presentes. Que nós estejamos
entre eles, é, portanto minha oração,
em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1 Néfi 5:10, 21.
2. Alma 5:7.
3. D&C 68:4.
4. Lucas 4:17, 21.
5. Mateus 22:29.
6. Lucas 24:32.
7. João 5:39.
8. Morôni 10:5
9. Alma 37:4, 14; ver também 1 Néfi 9:5,
Palavras de Mórmon 1:7.
10. 1 Néfi 5:19.
11. Enos 1:16.
12. Livro de Mórmon, Página de Rosto.
13. D&C 35:20–21.
14. Isaías 30:8.
15. Mateus 5:38; ver também 3 Néfi 12:38.
16. 3 Néfi 12:47.
17. Mateus 22:39.
18. Mateus 5:44; ver também 3 Néfi 12:44.
19. D&C 64:10.
20. Lucas 4:18.
21. Morôni 10:4–5 (grifo do autor).
22. Ver 1 Néfi 15:24
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
27
O Domingo Virá
ÉLDER JOSEPH B. WIRTHLIN
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Graças à vida e ao sacrifício eterno do Salvador
do mundo, seremos reunidos a nossos entes queridos.
S
into-me grato por estar com
vocês hoje e poder fortalecerme com seu testemunho. Não
posso expressar o quanto me sinto
agradecido por suas bondosas palavras de apoio, suas manifestações de
amor e suas orações.
Gostaria de relembrar hoje algumas coisas da minha história pessoal.
Nasci de bons pais. Com meu pai,
Joseph L. Wirthlin, aprendi o valor do
trabalho árduo e da compaixão. Ele foi
bispo da nossa ala durante a Grande
Depressão. Tinha genuína preocupação com os aflitos. Estendia a mão
para os necessitados não por ser esse
o seu dever, mas porque esse era o
seu sincero desejo.
Cuidava incansavelmente de muitos
e abençoava a vida dos que sofriam.
Para mim, ele foi o bispo ideal.
Aqueles que conheceram meu pai
28
sabiam como ele era ativo. Alguém me
disse, certa vez, que ele podia fazer o
trabalho de três homens. Raramente
diminuía o ritmo. Em 1938, dirigia
uma empresa muito bem-sucedida,
quando recebeu um chamado do
Presidente da Igreja, Heber J. Grant.
O Presidente Grant disse que iriam
reorganizar o Bispado Presidente
naquele dia e que ele queria que meu
pai servisse como conselheiro de
LeGrand Richards. Isso pegou meu pai
de surpresa, e ele perguntou se, primeiro, poderia orar a respeito disso.
O Presidente Grant disse: “Irmão
Wirthlin, só faltam 30 minutos para a
próxima sessão da conferência, e eu
gostaria de descansar um pouco. Qual
é sua resposta?”
É claro que meu pai disse sim. Ele
serviu por 23 anos, nove dos quais
como Bispo Presidente da Igreja.
Meu pai tinha 69 anos quando
faleceu. Eu estava com ele quando,
de repente, desmaiou. Pouco depois,
veio a falecer.
Penso muito em meu pai. Sinto
saudades dele.
Minha mãe, Madeline Bitner, foi
outra grande influência em minha vida.
Em sua juventude, era uma excelente
atleta e campeã de corridas. Sempre
foi bondosa e amorosa, mas seu ritmo
era exaustivo. Freqüentemente dizia:
“Apressem-se”. E quando ela dizia
isso, nós nos apressávamos. Talvez
esse tenha sido um dos motivos
pelos quais eu corria tanto quando
jogava futebol americano.
Minha mãe tinha grandes expectativas em relação aos filhos e deles
esperava sempre o melhor. Ainda me
lembro de ouvi-la dizer: “Não seja
relaxado — Você precisa fazer melhor
que isso”. Relaxado era a palavra que
ela usava para alguém preguiçoso que
não atingia todo o seu potencial.
Minha mãe faleceu quando estava
com 87 anos. Penso muito nela e
sinto saudades dela, mais do que
posso expressar.
Minha irmã caçula, Judith, era
escritora, compositora e professora.
Ela amava muitas coisas, inclusive o
evangelho, a música e a arqueologia.
O aniversário de Judith era poucos
dias antes do meu. A cada ano, em
seu aniversário, eu lhe dava uma nota
novinha de um dólar como presente.
Três dias depois, ela me dava cinqüenta centavos de dólar como presente de aniversário.
Judith faleceu há poucos anos.
Tenho saudades dela e penso muito
nela.
E isso me faz lembrar de minha
esposa, Elisa. Lembro-me da primeira
vez que a vi. Como favor para um
amigo, fui à casa dela para dar carona
à sua irmã, Frances. Elisa abriu a porta
e, ao menos para mim, foi amor à primeira vista.
Creio que ela deve ter sentido algo
também, porque as primeiras palavras
que me lembro que ela disse foram:
“Eu sabia que era tu”.
Elisa era especialista em inglês.
Até hoje, ainda considero aquelas
cinco palavras como as mais belas do
mundo.
Ela adorava jogar tênis e tinha um
saque relâmpago. Tentei jogar tênis
com ela, mas acabei desistindo depois
de concluir que não poderia acertar
numa bola que não conseguia ver, de
tão rápida.
Ela era minha força e minha alegria. Graças a ela, sou um homem,
marido e pai melhor. Casamos, tivemos oito filhos e caminhamos juntos
por 65 anos de vida.
Devo à minha mulher mais do
que posso expressar. Não sei se já
houve algum casamento perfeito,
mas do meu ponto de vista, acho
que o nosso era.
Quando o Presidente Hinckley
falou, durante o funeral da irmã
Wirthlin, disse que era devastador
e arrasador perder alguém amado.
É algo que abala a alma.
Ele estava certo. Assim como Elisa
foi a minha maior alegria, sua morte
é hoje a minha maior tristeza.
Nas horas solitárias, passei muito
tempo pensando nas coisas eternas.
Meditei nas consoladoras doutrinas
da vida eterna.
Durante minha vida, ouvi muitos
sermões sobre a Ressurreição. Tal
como vocês, sei de cor os eventos
daquele primeiro domingo de Páscoa.
Marquei em minhas escrituras as
passagens referentes à Ressurreição
e tenho à mão muitas declarações
importantes proferidas pelos profetas modernos sobre esse assunto.
Sabemos o que é a Ressurreição —
a reunião do espírito e do corpo em
sua perfeita forma.1
O Presidente Joseph F. Smith disse:
“Poderemos reencontrar e rever aqueles de quem tivemos que nos separar
nesta vida. Encontraremos o mesmo
ser idêntico com quem nos associamos aqui na carne”.2
O Presidente Spencer W. Kimball
ampliou essa declaração dizendo:
“Tenho a certeza de que se pudermos
imaginar-nos em nossa melhor condição física, mental e espiritual, será
assim que voltaremos”.3
Quando formos ressuscitados,
“este corpo mortal será levantado
num corpo imortal (…) para não
mais [morrermos]”.4
Conseguem imaginar isso? As
melhores condições de vida? Sem
doença, sem dor, sem o fardo dos
males que freqüentemente nos acometem na mortalidade?
A Ressurreição está no cerne de
nossas crenças cristãs. Sem ela, nossa
fé não teria sentido. Como disse o
Apóstolo Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação e
também é vã a [nossa] fé”.5
Ao longo de toda a história do
mundo sempre houve muitas almas
grandes e sábias, muitas das quais afirmavam ter um conhecimento especial
de Deus. Mas quando o Salvador levantou-Se do sepulcro, Ele fez algo que
ninguém jamais fez. Fez algo que ninguém mais poderia fazer. Ele rompeu
as cadeias da morte, não apenas para
Si mesmo, mas para todos os que já
viveram, tanto justos quanto injustos.6
Quando Cristo Se levantou do
sepulcro, tornando-Se as primícias
da Ressurreição, Ele tornou essa
dádiva acessível a todos. E com esse
ato sublime, Ele abrandou a tristeza
devastadora e arrasadora que abala
a alma dos que perderam preciosos
entes queridos.
Como deve ter sido sombria a
sexta-feira na qual Cristo foi pregado
na cruz.
Naquela terrível sexta-feira, a terra
tremeu e o dia escureceu. Terríveis
tempestades fustigaram a Terra.
Os homens que maldosamente
planejaram Sua morte regozijaram-se.
Eliminando-se Jesus, com certeza Seus
seguidores se dispersariam. Naquele
dia, sentiram-se triunfantes.
Naquele dia, o véu do templo
rasgou-se em dois.
Maria Madalena e Maria, mãe
de Jesus, estavam cheias de dor e
desespero. O homem sublime que
elas tinham amado e honrado pendia
da cruz, sem vida.
Naquela sexta-feira, os Apóstolos
estavam arrasados. Jesus, seu Salvador
— o homem que tinha andado sobre
as águas e revivido os mortos — Ele
mesmo estava à mercê de homens iníquos. Eles O viram ser subjugado por
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
29
Seus inimigos, sem que nada pudessem fazer.
Naquela sexta-feira, o Salvador da
humanidade foi humilhado, ferido,
maltratado e desprezado.
Foi uma sexta-feira cheia de tristeza devastadora e arrasadora que
abalou a alma dos que amavam e
honravam o Filho de Deus.
Creio que aquela sexta-feira foi
o dia mais sombrio de todos, desde
o princípio da história do mundo.
Mas a trágica situação daquele dia
não durou muito tempo.
O desespero não se prolongou
porque no domingo, o Senhor ressuscitado rompeu as cadeias da morte.
Ergueu-Se do sepulcro e apareceu gloriosamente triunfante como o Salvador
de toda a humanidade.
Então, num instante, os olhos que
estavam cheios de copiosas lágrimas
ficaram enxutos. Os lábios que tinham
sussurrado orações de aflição e dor
encheram o ar de maravilhoso louvor,
porque Jesus Cristo, o Filho do Deus
vivo, estava diante deles como as primícias da Ressurreição, a prova de que
a morte era apenas o início de uma
nova e maravilhosa existência.
Todos temos as nossas próprias
sextas-feiras — aqueles dias em que
o próprio universo parece esfacelar
e vemos as ruínas de nosso mundo
espalhadas a nossos pés. Todos passaremos por momentos assim, dos quais
nos parecerá impossível recuperar-nos.
Todos teremos nossas sextas-feiras.
Mas testifico a vocês, em nome
Daquele que conquistou a morte, que
o domingo virá. Em meio às trevas de
seu sofrimento, o domingo virá.
Seja qual for o nosso desespero,
seja qual for a nossa dor. O domingo
virá. Nesta vida ou na próxima. O
domingo virá.
Testifico-lhes que a Ressurreição
não é uma fábula. Temos o testemunho pessoal daqueles que O viram.
Milhares de pessoas do Velho e do
Novo Mundo foram testemunhas do
Salvador ressuscitado. Tocaram-Lhe as
30
mãos, os pés e o lado. Derramaram
lágrimas de incontida alegria ao
abraçarem-No.
Depois da Ressurreição, os
discípulos sentiram-se revigorados.
Viajaram pelo mundo inteiro proclamando as gloriosas novas do evangelho. Se quisessem, poderiam ter
fugido, desaparecido, e retornado à
vida e à ocupação que tinham antes.
Com o tempo, o relacionamento que
tiveram com Ele teria sido esquecido.
Poderiam facilmente ter negado a
divindade do Cristo.
Mas não fizeram isso.
Mesmo em face do perigo, do
escárnio e das ameaças de morte,
adentraram palácios, templos e sinagogas, proclamando corajosamente
Jesus, o Cristo, o Filho Ressuscitado
do Deus vivo.
Muitos deles, como testemunho
final, ofereceram a própria e valiosa
vida. Morreram como mártires, tendo
nos lábios o testemunho do Cristo
Ressuscitado, ao perecer.
A Ressurreição transformou a vida
dos que a testemunharam. Acaso não
deveria transformar a nossa também?
Todos nos ergueremos do sepulcro. E naquele dia, meu pai abraçará
a minha mãe. Naquele dia, mais uma
vez tomarei em meus braços a minha
amada Elisa.
Graças à vida e ao sacrifício eterno
do Salvador do mundo, seremos reunidos a nossos entes queridos.
Naquele dia, conheceremos o amor
de nosso Pai Celestial. Naquele dia,
teremos grande regozijo pelo Messias
ter vencido todas as coisas para que
pudéssemos viver para sempre.
Devido às sagradas ordenanças
que recebemos nos templos sagrados,
nossa partida desta breve existência
mortal não separa por muito tempo
os relacionamentos estreitados por
cordões tecidos de laços eternos.
É meu solene testemunho que a
morte não é o fim da existência. “Se
esperamos em Cristo só nesta vida,
somos os mais miseráveis de todos os
homens”.7 Graças ao Cristo ressuscitado, “Tragada foi a morte na vitória”.8
Graças a nosso amado Redentor,
podemos elevar a voz, mesmo
estando em nossas mais sombrias
sextas-feiras, e proclamar: “Onde está,
ó morte, o teu aguilhão? Onde está,
[ó morte], a tua vitória?”9
Quando o Presidente Hinckley
falou da terrível solidão que advém
aos que perderam alguém amado,
ele também prometeu que, na calada
da noite, uma voz mansa e inaudível
sussurrará paz à nossa alma, dizendo:
“Tudo bem”.
Sinto-me imensamente grato
pelas sublimes doutrinas verdadeiras
do evangelho e pelo dom do Espírito
Santo, que me sussurrou à alma as
palavras de paz e consolo prometidas
por nosso amado profeta.
Das profundezas do meu sofrimento, tenho-me regozijado na glória do evangelho. Regozijo-me pelo
Profeta Joseph Smith ter sido escolhido para restaurar o evangelho
na Terra nesta última dispensação.
Regozijo-me por termos um profeta,
o Presidente Gordon B. Hinckley,
que dirige a Igreja do Senhor em
nossos dias.
Que compreendamos e tenhamos
gratidão pelas inestimáveis dádivas que
recebemos como filhos e filhas de um
Pai Celestial amoroso e pela promessa
daquele dia radiante em que todos nos
ergueremos triunfantes do sepulcro.
Que sempre saibamos, por mais
sombria que seja a nossa sexta-feira,
que o domingo virá. Essa é minha
oração, em nome de Jesus Cristo.
Amém. ■
NOTAS
1. Ver Alma 11:43.
2. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Joseph F. Smith, p. 91
3. The Teachings of Spencer W. Kimball
[Os Ensinamentos de Spencer W. Kimball],
org. por Edward L. Kimball (1982), p. 45.
4. Alma 11:45.
5. I Coríntios 15:14.
6. Ver João 5:28–29.
7. I Coríntios 15:19.
8. I Coríntios 15:54.
9. I Coríntios 15:55.
Voltem-se para
a Eternidade!
E L A I N E S. DA LTO N
Segunda Conselheira na Presidência Geral das Moças
Você entende por que é tão importante permanecer
limpo e puro?
Q
uando nosso primeiro neto
nasceu, toda a família correu
para o hospital. Para mim, foi
uma experiência fabulosa ver nosso
filho mais velho, Matthew, segurar
aquele menininho precioso. Enquanto
estava na janela do berçário com
nosso filho mais novo, Chad, olhamos
atentamente os olhos desse novo
espírito pequenino—tão limpo, tão
puro, recém-chegado do céu. Parecia
que o tempo havia parado e, por
um instante, pudemos vislumbrar o
grande plano eterno. A santidade da
vida ficou clara como cristal, e sussurrei ao Chad, “Você entende por que é
tão importante permanecer limpo e
puro?” Com reverência ele respondeu:
“Ah sim, mamãe, eu entendo”.
Foi um momento de tamanho
efeito, que eu desejo que cada rapaz
e moça, cada jovem adulto, e efetivamente cada um de nós sinta e saiba da
importância de viver uma vida digna e
pura. A nossa dignidade pessoal é que
vai qualificar-nos para cumprir nossa
missão terrena individual.
Nossa missão pessoal começou
muito antes de chegarmos à Terra.
Na vida pré-mortal, fomos “chamados
e preparados” para viver na Terra em
um período quando as tentações e os
desafios existentes seriam os maiores.
Isso ocorreu “por causa de [nossa]
grande fé e [nossas] boas obras” e por
termos “escolhido o bem”.1 Nós compreendemos o plano do nosso Pai e
sabíamos que era bom. Não apenas
o escolhemos, mas o defendemos.
Sabíamos que nossa missão terrena
seria repleta de tentações, desafios e
opressão, mas sabíamos que seríamos
abençoados pela plenitude do evangelho, por profetas vivos e pela orientação do Espírito Santo. Sabíamos, e
entendemos hoje, que nosso sucesso
nesta Terra seria determinado por
nossa dignidade e pureza.
O que significa ser digno? No Livro
de Mórmon, o pai de Lamôni implorou: “Que deverei fazer para conseguir essa vida eterna da qual falaste?”2
Então, o rei assumiu o seguinte
compromisso com o Senhor ao dizer:
“Abandonarei todos os meus pecados
para conhecer-te”3. Assim que o pai
de Lamoni entendeu quem ele era e
entendeu o plano de salvação de que
fazia parte, a dignidade tornou-se o
desejo de seu coração.
Para sermos dignos, fazemos escolhas que nos capacitarão a voltar à presença do nosso Pai Celestial. Fazemos
essas coisas que nos qualificarão para
merecer todas as bênçãos que Ele tem
reservadas para nós. Essa é a razão de
estarmos aqui na Terra—“para ver se
[faremos] todas as coisas que o Senhor
(…) ordenar”.4 É por meio de nossa
fé no Senhor Jesus Cristo que resistiremos à tentação.5 Nossa fé nos permitirá evitar o mal, que será algo
repulsivo para nós, pois “a luz se apega
à luz” e “a virtude ama a virtude”.6
Para tornar-nos livres das manchas
do mundo, temos de ter não apenas
fé, mas também arrependimento
e obediência. Devemos viver os
padrões e fazer as coisas que nos
dêem direito à constante companhia
e orientação do Espírito Santo —
pois o Espírito não pode habitar em
templos impuros.7
Certo jovem conhecido meu, disse:
“É difícil demais! Viver os padrões em
meu mundo não é algo realista. É difícil demais!” Apesar disso, por saber
que somos filhos e filhas de Deus, precisamos nos esforçar para sermos dignos. Um outro grupo de jovens adotou
o lema: “Posso Fazer Coisas Difíceis!”
Eles compreendem sua identidade,
sua missão, sua fonte de orientação
e recebem forças por guardarem os
mandamentos. Também entendem
que, quando cometem um erro, eles
podem mudar! Satanás quer que todos
nós pensemos que o arrependimento
não é possível. Isso é definitivamente
falso. O Salvador prometeu perdão.8 A
cada semana, partilhar dignamente do
sacramento torna possível a cada um
de nós nos tornarmos limpos e puros,
conforme nosso convênio de “recordar [o Salvador] sempre e guardar os
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
31
[Seus] mandamentos”.9 O evangelho
de Jesus Cristo é um evangelho de
simplicidade, e recebemos as ferramentas que tornam o caminho reto e
apertado. O caminho é claro: “Meu
jugo é suave e o meu fardo é leve”.10
Há trinta e oito anos, meu marido
e eu fomos selados no Templo de
Salt Lake, pelo Presidente Gordon B.
Hinckley. Os conselhos e orientações
que ele nos deu naquele dia tornaramse um farol em nossa vida. Quando
saímos do templo como marido e
mulher, fomos a um parque ao lado
do templo e registramos em um diário
as palavras de sabedoria que havíamos
recebido. Ele nos aconselhou a sempre nos lembrarmos de orar—à noite
e pela manhã; a orar como casal e
em família. Ele nos aconselhou a sempre pagarmos um dízimo integral
e honesto. Aconselhou-nos a que lêssemos as escrituras diariamente e
aplicássemos os princípios em nossa
vida. E ele nos aconselhou a que
32
permanecêssemos dignos. Disse
ele: “Vivam sempre de maneira que,
quando precisarem das bênçãos do
Senhor, possam pedi-las a Ele e recebêlas porque são dignos.” Ele disse:
“Haverá ocasiões em sua vida em que
precisarão de ‘bênçãos imediatas’.
Vocês precisarão viver de maneira tal
que elas sejam concedidas—não por
misericórdia, mas porque vocês são
dignos”. Não entendi o que isso queria
dizer, mas nos trinta e oito anos que
se seguiram, pedimos muitas “bençãos
imediatas” ao nosso Pai Celestial.
Diariamente, esses hábitos sagrados e rotinas dignas têm-nos ajudado
a nos mantermos firmes no caminho
que leva de volta à presença de nosso
Pai. E hoje digo—“Graças damos, Ó
Deus, por um profeta, que nos guia
no tempo atual”.11
A dignidade pessoal é essencial
para entrarmos em Seus templos
sagrados e para finalmente tornarnos herdeiros “de tudo o que o Pai
possui”.12 O Senhor disse: “Que a virtude adorne teus pensamentos incessantemente; então tua confiança se
fortalecerá na presença de Deus”.13
Ao fazê-lo, podemos entrar, com confiança, nos templos sagrados de Deus
com o conhecimento de que somos
dignos para ir aonde o próprio Senhor
vai. Quando somos dignos, podemos
não apenas entrar no templo, mas o
templo pode entrar em nós. As promessas do Senhor de salvação e felicidade tornam-se nossas—e nossa
missão terrena se torna Dele.
Exatamente no mês passado, nosso
filho mais novo, Chad, entrou no
templo com uma linda jovem digna e
casou-se com ela para esta vida e toda
a eternidade. Ao tomar sua mão e
ajoelhar-se no altar, olhei para os espelhos de cada lado e novamente quis
sussurrar—“Você entende por que
é tão importante permanecer puro?”
Mas desta vez não precisei lembrá-lhe,
porque o Espírito sussurrou a eles.
Para os jovens de nobre estirpe:
voltem-se para as janelas da eternidade! Vejam-se nos templos sagrados
do Senhor. Vejam-se levando uma
vida digna e pura. As gerações futuras dependem de vocês! Testifico
que a dignidade é possível devido
ao poder redentor e capacitador da
Expiação de Jesus Cristo. Oro para
que seja dito de cada um de nós:
“Comigo andarão de branco; porquanto são [dignos] disso”.14 Em
nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Ver Alma 13:3.
2. Alma 22:15.
3. Alma 22:18.
4. Abraão 3:25.
5. Ver Alma 37:33; 3 Néfi 7:18.
6. Ver D&C 88:40.
7. Ver Helamã 4.24.
8. Ver “Para o Vigor da Juventude”, (2001),
p. 30.
9. Morôni 4:3.
10. Mateus 11:30.
11. “Graças Damos, Ó Deus, Por um Profeta”,
Hinos, nº 9.
12. D&C 84:38; ver também v. 35–37.
13. D&C 121:45.
14. Apocalipse 3:4; ver também v. 5.
A Expiação Pode
Purificar, Recuperar
e Santificar
Nossa Vida
É L D E R S H AY N E M . B O W E N
Dos Setenta
A Expiação de Jesus Cristo está ao alcance
de cada um de nós. Sua Expiação é infinita.
E
m Idaho Falls, Idaho, há um
belo aeroporto. Sendo um
dos maiores da região, esse
aeroporto permite fácil acesso ao vale
superior do rio Snake. Lembro-me
de que voltei do Chile, quando jovem,
para esse mesmo aeroporto e fui
recebido por minha família, depois
de servir por dois anos como missionário. Cenas semelhantes ocorrem
milhares de vezes nesse aeroporto,
sempre que santos fiéis atendem ao
chamado para servir. Ele é muito utilizado e é parte essencial da cidade e
da região.
Perto do aeroporto fica outra parte
da cidade muito bonita e bastante utilizada, o Parque Freeman. O rio Snake
corre ao longo do parque por aproximadamente 3 quilômetros. Há uma
trilha para caminhadas que atravessa o
parque e acompanha o rio por vários
quilômetros.
O Parque Freeman tem muitos hectares de gramado verde com campos
de beisebol e softball, balanços para as
crianças, quiosques para piqueniques
das famílias e belos caminhos repletos
de árvores e arbustos para os namorados passearem. Olhando do parque
para o rio, lá embaixo, vê-se o majestoso Templo de Idaho Falls, branco e
imaculado, erguendo-se de um amplo
patamar. O som das águas correntes
do rio Snake, que serpenteia por afloramentos naturais de lava, torna o parque muito agradável. É um dos meus
lugares favoritos para passear com
minha querida esposa, Lynette e para
relaxar, contemplar e meditar. É muito
tranqüilo e inspirador.
Por que estou falando do aeroporto regional e do Parque Freeman,
de Idaho Falls? Porque ambos foram
construídos sobre o mesmo tipo de
solo. Esses dois belos e bem freqüentados lugares costumavam ser aterros
sanitários.
Aterro sanitário é o lugar em que se
enterra o lixo entre camadas de terra.
O Webster’s Dictionary define aterro
como um “sistema de descarte de
lixo ou entulho, enterrados sob camadas de terra para nivelar ou elevar
uma depressão de terreno” (MerriamWebster’s Collegiate Dictionary, 11ª
edição [2003], p. 699).
Outra definição de aterro é “local
em que se enterra o lixo para a recuperação do solo”. A definição de recuperar-se é “retornar à conduta correta
ou própria, resgatar de um estado
indesejável” (p. 1039).
Morei em Idaho Falls quase a vida
inteira. Contribuí com muito entulho
para aqueles aterros ao longo de mais
de 50 anos.
O que as autoridades municipais
pensariam se um dia eu aparecesse
numa das pistas do Aeroporto de
Idaho Falls ou no meio de um dos
gramados do Parque Freeman com
uma escavadeira e começasse a abrir
grandes buracos? Quando me perguntassem o que estava fazendo, eu
responderia que pretendia desenterrar todo o lixo antigo que coloquei
ali durante anos.
Imagino que eles me diriam que
não haveria como identificar o meu
lixo pessoal, que ele havia sido recuperado e enterrado há muito tempo.
Sem dúvida me diriam que eu não
tinha o direito de desenterrar o lixo e
que estaria destruindo algo muito belo
e útil que foi feito por cima dele. Em
resumo, creio que ficariam muito descontentes comigo. Suponho que ficariam perguntando-se por que alguém
desejaria destruir algo tão belo e útil
para desenterrar lixo velho.
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
33
Será possível recuperar uma vida
que, por negligente abandono, tenha
ficado tão cheia de lixo a ponto de
à pessoa parecer imperdoável? E
quanto àquele que está fazendo
um esforço sincero, mas teve tantas
recaídas no pecado que começa a
achar que é impossível romper esse
padrão aparentemente imutável? E
aquela pessoa, que mudou sua vida,
mas simplesmente não consegue
perdoar-se?
Referindo-se à Expiação de Jesus
Cristo, o profeta Alma ensinou o
seguinte ao povo de Gideão: “E Ele
seguirá, sofrendo dores e aflições e
tentações de toda espécie; e isto para
que se cumpra a palavra que diz que
ele tomará sobre si as dores e as
enfermidades de seu povo.
E tomará sobre si a morte, para soltar as ligaduras da morte que prendem
o seu povo; e tomará sobre si as suas
enfermidades, para que se lhe encham
de misericórdia as entranhas, segundo
a carne, para que saiba, segundo a
carne, como socorrer seu povo, de
acordo com suas enfermidades.
Ora, o Espírito sabe todas as coisas;
não obstante, o Filho de Deus padece
segundo a carne para tomar sobre si os
pecados de seu povo, para apagar-lhes
34
as transgressões, de acordo com seu
poder de libertação; e eis que agora
este é o testemunho que está em
mim” (Alma 7:11–13).
Falando também sobre a Expiação,
Jacó, o irmão de Néfi, ensinou:
“Portanto é necessário que haja uma
expiação infinita — porque se a expiação não fosse infinita, esta corrupção
não poderia revestir-se de incorrupção. Portanto o primeiro julgamento
que recaiu sobre o homem deveria
ter durado eternamente. E se assim
fosse, esta carne teria que apodrecer
e desfazer-se em sua terra mãe, para
não mais se levantar” (2 Néfi 9:7).
A Expiação de Jesus Cristo está
ao alcance de cada um de nós. Sua
Expiação é infinita. Ela se aplica a
todos, inclusive a você. Ela pode purificar, recuperar e santificar a todos,
inclusive você. É isso que significa
infinita: total, completa, integral,
para sempre. O Presidente Boyd K.
Packer ensinou: “(…) Não há hábito,
dependência, rebelião, transgressão,
apostasia ou crime que esteja isento
da promessa de perdão completo.
Essa é a promessa da Expiação
de Cristo” (“A Radiante Manhã do
Perdão”, Boyd K. Packer, A Liahona,
janeiro de 1996, p. 20).
Assim como o aterro exige atenção
e trabalho dedicados, colocando-se
cuidadosamente camada após camada
de entulho para recuperar a depressão de terreno, nossa vida também
exige essa mesma vigilância, aplicando-se continuamente, camadas
sobre camadas, o dom da cura pelo
arrependimento.
Assim como as autoridades municipais de Idaho Falls ficariam descontentes se uma pessoa tentasse desenterrar
seu lixo velho, nosso Pai Celestial e
Seu Filho Jesus Cristo sentem tristeza
quando decidimos permanecer no
pecado, visto que o dom do arrependimento, que se tornou possível pela
Expiação, pode purificar, recuperar e
santificar nossa vida.
Ao aceitar e utilizar essa preciosa
dádiva com gratidão, desfrutaremos
tudo que há de belo e proveitoso em
nossa vida, que foi recuperado por
Deus por meio de Seu amor infinito
e pela Expiação de Seu Filho e nosso
irmão, Jesus Cristo.
Testifico que Jesus é o Cristo, o
Filho do Deus vivo, que Sua Expiação
é real e que, por meio do milagre do
perdão, Ele pode purificar cada um
de nós novamente, inclusive você.
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
A Lei do Dízimo
É L D E R DA N I E L L . J O H N S O N
Dos Setenta
Convido-os a depositarem sua confiança no Senhor e,
como Ele próprio disse: “Provai-me então com isto”.
M
eu discurso desta tarde é
um convite para aqueles que
ainda não adquiriram um
testemunho pessoal do pagamento
integral do dízimo. Há muitas razões
alegadas para não se pagar o dízimo,
como emergências médicas, dívidas,
consertos de carro ou reforma da
casa, despesas educacionais e seguros. Essas razões, como outras semelhantes, são bastante reais, e muitos
de nós, senão a maioria, vivenciamos
essas coisas e lidamos com elas todos
os dias. Sobrecarregam nossos limitados recursos financeiros e, se não
as administrarmos sabiamente, podemos tornar-nos incapazes de cumprir
a obrigação de pagar o dízimo para
o Senhor. O cumprimento dessa lei
eterna não deve ser negligenciado,
pois isso pode não apenas prejudicar seriamente nosso crescimento e
desenvolvimento espiritual mas também limitar as bênçãos físicas e materiais que poderíamos desfrutar.
Como disse o Presidente Spencer W.
Kimball: “O Senhor deixa claro que o
dízimo é Sua lei, sendo exigido de
todos os Seus seguidores. Temos a
honra e o privilégio, a segurança e a
promessa e a grande bênção de viver
essa lei de Deus. Deixar de cumprir
essa obrigação em sua plenitude significa negar-nos Suas promessas e
negligenciar um assunto muito sério.
Trata-se de uma transgressão, e não
de um descuido inconseqüente”.1
Portanto, o que é o dízimo? O
Senhor deu-nos a Sua definição: “E
este será o início do dízimo de meu
povo. E depois disso, os que assim
tiverem pagado o dízimo pagarão
a décima parte de toda a sua renda
anual; e isto será uma lei permanente para eles (…)”2. Observem
que o dízimo não é simplesmente
qualquer oferta voluntária nem a
vigésima parte ou outra fração de
nossa renda anual.
O Presidente Howard W. Hunter
declarou desta forma: “A lei declara
simplesmente que é ‘um décimo de
toda a sua renda’. Renda significa
lucro, remuneração, aumento. É o
salário do empregado, o lucro de um
negócio, o aumento de patrimônio
de alguém que planta ou produz, a
renda pessoal proveniente de qualquer outra fonte. O Senhor disse
que essa é uma lei ‘permanente’
como foi no passado”.3
Como é usado o dízimo? Os membros fiéis da Igreja pagam seu dízimo
a um membro da presidência de ramo
ou do bispado da ala. Sob a direção do
profeta do Senhor, esses fundos são
então coletados e usados para financiar o crescimento e desenvolvimento
da Igreja no mundo inteiro. Alguns
exemplos da utilização dos fundos do
dízimo são a construção de templos, o
financiamento do trabalho missionário
mundial, a construção e manutenção
de capelas e outros propósitos dignos.
Por que o Senhor exige que Seu
povo pague o dízimo? O Senhor é
nosso Pai, e como nosso Pai, Ele nos
ama. Por nos amar, Ele deseja abençoar-nos tanto material quanto espiritualmente. Ouçam algumas de Suas
declarações registradas nas escrituras:
“Escutai e dai ouvidos, ó vós, meu
povo, diz o Senhor e vosso Deus, vós,
que me deleito em abençoar com as
maiores de todas as bênçãos (…)”.4 E
outra: “Pois assim diz o Senhor: Eu, o
Senhor, sou misericordioso e benigno
para com aqueles que me temem e
deleito-me em honrar aqueles que me
servem em retidão e em verdade até
o fim”.5
Para conceder Suas bênçãos a Seus
filhos de modo justo e eqüitativo, o
Senhor instituiu leis que regem as bênçãos que Ele deseja que desfrutemos.
Ele revelou esse princípio de leis a Seu
profeta da Restauração: “Há uma lei,
irrevogavelmente decretada no céu
antes da fundação deste mundo, na
qual todas as bênçãos se baseiam —
E quando recebemos uma bênção de
Deus, é por obediência à lei na qual ela
se baseia”.6 Novamente: “Eu, o Senhor,
estou obrigado quando fazeis o que eu
digo; mas quando não o fazeis, não
tendes promessa alguma”.7
O Senhor sabia desde o princípio
que nós, Seus filhos, enfrentaríamos
adversidades materiais e espirituais
durante esta vida mortal. De fato,
essas adversidades são uma parte vital
da provação mortal. Ele sabia que precisaríamos de Suas bênçãos durante a
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
35
vida, não apenas para sobreviver a
nossas provações individuais, mas
também para desfrutar certo nível
de conforto e até de prosperidade.
Por isso, a lei do dízimo foi instituída desde o princípio. Sabemos
pelas escrituras que Abraão foi abençoado por sua obediência a essa lei,
e temos hoje essa mesma lei que foi
reforçada pelo Salvador em Sua visita
aos habitantes do continente americano, há quase dois mil anos:
“Trazei todos os dízimos à casa do
tesouro, para que haja mantimento
na minha casa; e provai-me então
com isto, diz o Senhor dos Exércitos,
se eu não vos abrir as janelas do céu e
não derramar sobre vós uma bênção
tal, que não haja espaço suficiente
para recebê-la.
E por vossa causa repreenderei o
devorador e ele não destruirá os frutos
da vossa terra; nem a vossa videira derrubará antes do tempo o seu fruto nos
campos, diz o Senhor dos Exércitos.
E todas as nações vos chamarão
bem-aventurados, porque vós sereis
uma terra aprazível, diz o Senhor dos
Exércitos”.8
Que lei maravilhosa! Ele, que tem
não apenas o poder e os meios para
abençoar Seus filhos material e espiritualmente, mas também o desejo de
fazê-lo, proveu-nos a chave para as
bênçãos de que necessitamos e
que desejamos. Essa chave é a lei
36
do dízimo. De fato, conforme declarado pelo Presidente James E. Faust:
“Alguns talvez achem que não estejam em condições de pagar o dízimo,
mas o Senhor prometeu preparar
um caminho para que cumpríssemos
todas as Suas ordens. No início,
pagar o dízimo exige um salto de
fé. (…) Aprendemos a respeito do
dízimo pagando-o. De fato, creio ser
possível sair da pobreza se tivermos
fé suficiente para devolver ao Senhor
parte do pouco que temos”.9 Meus
irmãos e irmãs, só precisamos obedecer à lei para receber as bênçãos.
Agora o convite: Para os que ainda
não são dizimistas integrais, convidoos a começarem hoje a pagar seu
dízimo integral ao Senhor, por intermédio de seu líder local do sacerdócio.
Convido-os a pagarem seu dízimo ao
Senhor em primeiro lugar, antes de
saldarem qualquer outra obrigação
financeira. Convido-os a depositarem
sua confiança no Senhor e, como Ele
próprio disse: “Provai-me então com
isto”.10 Se fizerem isso, colocando
sua obrigação de pagar o dízimo ao
Senhor como a primeira prioridade
dentre todas as suas obrigações financeiras, vocês se tornarão realmente
testemunhas do incomparável poder
do Senhor, quando Ele abrir as janelas
do céu e derramar uma bênção tal
“que não haja espaço suficiente para
recebê-la”.11 Terão, então, adquirido
seu próprio testemunho pessoal dessa
lei muito sagrada do dízimo e, se continuarem a ser obedientes a essa lei, vão
achegar-se cada vez mais ao Senhor.
Para os que já pagam o dízimo,
cumprimento-os por sua fidelidade.
Vocês já são testemunhas e têm
um testemunho pessoal quanto
ao cumprimento das promessas do
Senhor aos que obedecem a esse
mandamento, e toda vez que pagam
seu dízimo, sua devoção ao Senhor
aumenta.
Presto-lhes meu testemunho pessoal sobre a lei do dízimo e da veracidade das promessas que o Senhor
nos fez referentes a essa lei. Sei, por
experiência própria, que realmente
recebemos as bênçãos, e sou muito
grato por isso. Em nome de Jesus
Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. “Ele o Fez de Todo Coração, e Prosperou”,
Tambuli, agosto de 1981, p. 3; “O
Presidente Kimball Fala sobre o Dízimo”,
New Era, abril de 1981, p. 6.
2. D&C 119:3–4.
3. Conference Report, abril de 1964, p. 35.
4. D&C 41:1
5. D&C 76:5.
6. D&C 130:20–21.
7. D&C: 82:10.
8. 3 Néfi 24:10–12; ver também Malaquias
3:10–12.
9. “Abrir as Janelas do Céu”, A Liahona,
janeiro de 1999, p. 67; Ensign, novembro
de 1998, p. 59.
10. 3 Néfi 24:10–12; ver também Malaquias
3:10–12.
11. 3 Néfi 24:10; ver também Malaquias 3:10.
O Poder de
um Testemunho
Pessoal
É L D E R D I E T E R F. U C H T D O R F
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Nosso firme testemunho pessoal vai motivar-nos a mudar
nossa vida e vai, depois, abençoar o mundo.
N
o Livro de Mórmon, lemos
sobre o jovem Néfi a quem o
Senhor deu a ordem de construir um navio. Ele foi rápido em
obedecer a esse mandamento, mas
seus irmãos estavam céticos. Néfi
escreveu: “Quando meus irmãos
viram que eu estava prestes a construir um navio, começaram a murmurar contra mim, dizendo: Nosso
irmão é um tolo, pois pensa que
poderá construir um navio; sim, e
pensa também que poderá atravessar estas grandes águas” (1 Néfi
17:17).
Mas Néfi não ficou desanimado.
Não tinha experiência na construção
de navios, mas tinha um forte testemunho pessoal de que o Senhor “(…)
prepararia] um caminho pelo qual
suas ordens [pudessem] ser cumpridas” (1 Néfi 3:7). Com esse forte testemunho e motivação no coração,
Néfi construiu um navio no qual cruzaram as grandes águas, apesar da
forte oposição manifestada por seus
irmãos descrentes.
Deixem-me contar-lhes uma experiência pessoal que tive na juventude
sobre o poder de um motivo justo.
Depois do tumulto da Segunda
Guerra Mundial, minha família acabou
morando na Alemanha Oriental, que
estava ocupada pela Rússia. Quando
cursei a quarta série, tive que aprender russo como primeira língua
estrangeira na escola. Achei muito
difícil por causa do alfabeto cirílico,
mas, com o tempo, consegui aprender a língua suficientemente bem.
Quando completei onze anos,
tive que sair às pressas da Alemanha
Oriental por causa da orientação política do meu pai. Passei a freqüentar a
escola na Alemanha Ocidental, que na
época era ocupada pelos americanos.
Nessa escola, exigia-se que todas as
crianças aprendessem inglês, e não
russo. Aprender russo tinha sido difícil, mas o inglês foi impossível para
mim. Achei que minha boca não tinha
sido feita para falar inglês. Meus professores se esforçaram. Meus pais
sofreram. Mas eu sabia que o inglês
definitivamente não era o meu
idioma.
Mas, então, algo mudou em minha
vida de jovem. Quase todos os dias,
eu ia de bicicleta até o aeroporto para
ver os aviões decolarem e aterrissarem. Li, estudei e aprendi tudo o que
pude sobre aviação. O meu maior
desejo era tornar-me piloto. Já podia
me ver sentado na cabine de um avião
comercial ou de um caça militar.
Sentia no fundo do coração que esse
era o meu destino!
Descobri, então, que para tornarme piloto, teria de aprender inglês.
Da noite para o dia, para surpresa
total de todos, pareceu que minha
boca havia mudado. Consegui aprender inglês. Ainda assim, foi necessário
muito trabalho, persistência e paciência, mas consegui aprender inglês!
Por quê? Por causa de um motivo
muito forte e justo!
Nossa motivação e pensamentos
acabam influenciando nossas ações. O
testemunho da veracidade do evangelho restaurado de Jesus Cristo é a
mais poderosa força motivadora de
nossa vida. Jesus enfatizou muitas
vezes o poder dos bons pensamentos
e dos motivos corretos: “Buscai-me
em cada pensamento; não duvideis,
não temais” (D&C 6:36).
O testemunho do evangelho restaurado nos ajudará na vida primeiro
a aprender o plano específico de
Deus para nós e, depois, a agir de
modo condizente. Ele nos dará a certeza da realidade, veracidade e bondade de Deus, dos ensinamentos e
Expiação de Jesus Cristo e do chamado divino dos profetas modernos.
O testemunho nos motiva a viver em
retidão e uma vida justa torna o nosso
testemunho mais forte.
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
37
O que É um Testemunho?
Uma definição de testemunho
é “declaração solene quanto à verdade de um assunto”, originário da
palavra latina testemonium, sendo
que a palavra testis significa “testemunho” [“testimony”, http://www
.reference.com/browse/wiki/
Testimony; Merriam-Webster’s
Collegiate Dictionary, 11ª edição
(2003), “testimony”, p. 1291].
Para os membros da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, o termo testemunho é uma
palavra familiar e bastante utilizada
em nosso vocabulário religioso. É
uma palavra terna e agradável, sempre associada a algo sagrado. Quando
falamos de testemunho, referimo-nos
ao sentimento que temos no coração
e na mente, em vez do acúmulo de
fatos lógicos e sem proveito. É um
dom do Espírito, uma confirmação
do Espírito Santo de que certos conceitos são verdadeiros.
O testemunho é o conhecimento
seguro ou a certeza, proveniente
do Espírito Santo, da veracidade e
divindade da obra do Senhor nestes
últimos dias. O testemunho é “a convicção firme, viva e motivadora das
verdades reveladas do evangelho de
Jesus Cristo” (Marion G. Romney,
“How to Gain a Testimony”, New Era,
maio de 1976, p. 6, grifo do autor).
Quando prestamos testemunho,
declaramos a veracidade absoluta da
mensagem do evangelho. Numa época
em que muitos vêem a verdade como
uma coisa relativa, uma declaração de
verdade absoluta não é muito popular
nem parece politicamente correta nem
oportuna. O testemunho das “coisas
como realmente são” (Jacó 4:13) é
destemido, verdadeiro e vital porque
tem conseqüências eternas para a
humanidade. Satanás não se importaria
se declarássemos a mensagem de
nossa fé e da doutrina do evangelho
como algo que variasse de acordo com
as circunstâncias. Nossa firme convicção da veracidade do evangelho é uma
38
âncora em nossa vida, tão firme e confiável quanto uma estrela-guia. O testemunho é muito pessoal e pode ser
um pouco diferente para cada pessoa,
porque toda pessoa é única. Contudo,
o testemunho do evangelho restaurado
de Jesus Cristo sempre inclui estas
verdades claras e simples:
• Deus vive. Ele é nosso amado
Pai Celestial e somos Seus filhos.
• Jesus Cristo é o Filho do Deus
vivo e Salvador do mundo.
• Joseph Smith é o profeta de
Deus por intermédio de quem o
evangelho de Jesus Cristo foi restaurado nos últimos dias.
• O Livro de Mórmon é a palavra
de Deus.
• O Presidente Gordon B.
Hinckley, seus Conselheiros e os
membros do Quórum dos Doze
Apóstolos são profetas, videntes
e reveladores em nossos dias.
Ao adquirirmos um conhecimento
mais profundo dessas verdades e
do plano de salvação pelo poder e
dom do Espírito Santo, poderemos
“conhecer a verdade de todas as coisas” (Morôni 10:5).
Como Adquirimos um Testemunho?
Todos sabemos que é mais fácil
falar do testemunho do que adquirilo. O processo para recebê-lo baseiase na lei da colheita: “Porque tudo o
que o homem semear, isso também
ceifará” (Gálatas 6:7). Nenhuma coisa
boa é alcançada sem esforço e sacrifício. Se tivermos que trabalhar arduamente para adquirir um testemunho,
isso fará com que nós e nosso testemunho fiquemos ainda mais fortes. E,
se compartilharmos nosso testemunho, ele crescerá.
Um testemunho é a coisa mais preciosa que podemos ter porque não é
adquirido só pela lógica ou pela razão,
ele não pode ser comprado com posses terrenas, não pode ser dado como
presente nem herdado de nossos antepassados. Não podemos depender
do testemunho de outras pessoas.
Precisamos saber por nós mesmos.
O Presidente Gordon B. Hinckley
disse: “Todo santo dos últimos dias
tem a responsabilidade de saber por
si mesmo, com uma certeza acima
de qualquer dúvida, que Jesus é o
Filho ressuscitado e vivo do Deus
vivente” (“Fear Not to Do Good”,
Ensign, maio de 1983, p. 80).
A fonte desse conhecimento
seguro e dessa firme convicção é a
revelação divina, “Porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”
(Apocalipse 19:10).
Recebemos esse testemunho
quando o Santo Espírito fala a nosso
espírito. Recebemos uma certeza
serena e inabalável que será a fonte
de nosso testemunho e convicção,
independentemente de cultura, raça,
idioma ou formação socioeconômica.
Esses sussurros do Espírito, em vez da
lógica humana apenas, serão o verdadeiro alicerce sobre o qual nosso testemunho será edificado.
O cerne desse testemunho sempre
será a fé em Jesus Cristo e Sua divina
missão, e nosso conhecimento Dele,
que declarou, segundo as escrituras:
“Eu sou o caminho, e a verdade e a
vida” (João 14:6).
Portanto, como recebemos um testemunho pessoal fundamentado no
testemunho do Espírito Santo? O
padrão está explicado nas escrituras:
Primeiro: Desejar acreditar. O
Livro de Mórmon declara: “Se
despertardes e exercitardes vossas
faculdades, pondo à prova minhas
palavras e exercerdes uma partícula
de fé, sim, mesmo que não tenhais
mais que o desejo de acreditar”
(Alma 32:27).
Alguns podem dizer: “Não consigo acreditar. Não sou uma pessoa
religiosa”. Pensem nisto: Deus promete auxílio divino mesmo que
tenhamos apenas o desejo de acreditar, mas tem que ser um desejo verdadeiro e não fingido.
Segundo: Examinar as escrituras.
Façam perguntas estudem-nas,
examinem as escrituras em busca
de respostas. Novamente, o Livro de
Mórmon tem um bom conselho para
nós: “Se derdes lugar em vosso coração para que uma semente seja plantada” por meio do estudo diligente
da palavra de Deus, a boa semente
“começará a inchar em vosso peito”
se não resistirem com descrença. Essa
boa semente “[dilatará a sua] alma”
e “[iluminará seu] entendimento”
(Alma 32:28).
Terceiro: Fazer a vontade de
Deus, guardar os mandamentos.
Não
é suficiente participar de um debate
acadêmico se quisermos saber, por
nós mesmos, se o reino de Deus
foi restaurado na Terra. O estudo
superficial também não é suficiente.
Temos que colocar em prática a palavra por nós mesmos, e isso significa
aprender e depois fazer a vontade
de Deus.
Precisamos achegar-nos a Cristo e
seguir Seus ensinamentos. O Senhor
ensinou: “A minha doutrina não é
minha, mas daquele que me enviou.
Se alguém quiser fazer a vontade
dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo
de mim mesmo” (João 7:16–17; grifo
do autor). E Ele disse: “Se me amais,
guardai os meus mandamentos”
(João 14:15).
Quarto: Ponderar, jejuar e orar.
Para receber conhecimento do
Espírito Santo, precisamos pedir ao
Pai Celestial que nos dê esse conhecimento. Precisamos confiar que Deus
nos ama e que nos ajudará a reconhecer os sussurros do Espírito Santo. O
Livro de Mórmon declara:
“Quando lerdes estas coisas, (…)
[lembrai-vos] de quão misericordioso
tem sido o Senhor para com os filhos
dos homens, desde a criação de Adão
até a hora em que receberdes estas
coisas, e a meditardes sobre isto em
vosso coração.
(…) [Perguntai] a Deus, o Pai
Eterno, em nome de Cristo, se estas
coisas (…) são verdadeiras; e se
Na Estaca Chihuahua México Tecnológico, após o término de uma sessão da
conferência, os membros e missionários posam para uma fotografia.
perguntardes com um coração sincero e com real intenção, tendo fé
em Cristo, ele vos manifestará a verdade delas pelo poder do Espírito
Santo” (Morôni 10:3–4).
E o profeta Alma disse:
“Eis que vos testifico que sei que
estas coisas de que falei são verdadeiras. E como supondes que eu tenho
certeza de sua veracidade?
Eis que jejuei e orei, (…) a fim de
saber estas coisas por mim mesmo.
E o Senhor Deus mas revelou por Seu
Santo Espírito; e este é o espírito de
revelação” (Alma 5:45–46).
Meus queridos irmãos e irmãs,
Alma recebeu seu testemunho pelo
jejum e oração, há mais de dois mil
anos, e podemos ter essa mesma
experiência sagrada hoje em dia.
Para que Serve um Testemunho?
Um testemunho proporciona uma
visão correta, motivação e um firme
alicerce sobre o qual se edifica uma
vida cheia de propósito e crescimento
pessoal. É uma fonte constante de
confiança, um companheiro verdadeiro e fiel nos bons e maus momentos. O testemunho nos proporciona
um motivo para termos esperança
e alegria. Ajuda-nos a cultivar um
espírito de otimismo e felicidade e
permite que nos regozijemos com as
belezas da natureza. O testemunho
nos motiva a escolher o certo em
todos os momentos e em todas as
situações. Motiva-nos a achegar-nos
mais a Deus, permitindo que Ele Se
achegue a nós (ver Tiago 4:8).
Nosso testemunho pessoal é um
escudo protetor e, tal como a barra
de ferro, guia-nos em segurança através da escuridão e confusão.
O testemunho de Néfi deu-lhe
coragem para erguer-se e ser contado
como alguém que obedeceu ao
Senhor. Ele não reclamou nem duvidou nem temeu, a despeito de todas
as circunstâncias. Quando as coisas
ficaram difíceis, ele disse: “Eu irei e
cumprirei as ordens do Senhor, porque
sei que o Senhor (…) [preparará]
um caminho pelo qual suas ordens
possam ser cumpridas” (1 Néfi 3:7).
Assim como o Senhor conhecia
Néfi, Deus nos conhece e nos ama.
Esta é a nossa época; estes são os nossos dias. Estamos onde as coisas estão
acontecendo. Nosso firme testemunho pessoal vai motivar-nos a mudar
nossa vida e vai, depois, abençoar o
mundo. Disso presto testemunho,
deixando com vocês minha bênção
como Apóstolo do Senhor, em nome
de Jesus Cristo. Amém. ■
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
39
A Expiação Pode
Garantir Sua Paz
e Felicidade
É L D E R R I C H A R D G. S C OT T
Do Quórum dos Doze Apóstolos
A verdadeira e duradoura felicidade, com a força que
a acompanha, bem como a coragem e a capacidade de
sobrepujar as maiores dificuldades, virão quando você
centralizar sua vida em Jesus Cristo.
O
nosso Pai Celestial deseja que
cada um de nós desfrute paz
e felicidade na vida mortal.
O nosso Mestre, Jesus Cristo, e Seus
profetas ensinaram como ter essa
paz e felicidade, mesmo num mundo
cada vez mais desafiador, com conflitos crescentes e a intensa concentração de tentações sedutoras.
Vou ilustrar a maneira errada de
buscar paz e felicidade e, depois, o
modo correto, usando a analogia do
40
montanhismo. Há pessoas que tentam
escalar um rochedo difícil com um
método chamado de “solo”. Sobem
sozinhas, sem equipamentos, sem
companheiros e sem nenhuma proteção segura. Valem-se de sua própria
destreza e capacidade. Fazem-no pela
emoção de correr altos riscos. E fazemno apesar da probabilidade de um dia
caírem e se ferirem seriamente ou perderem a vida. São como muitos que
enfrentam os desafios e tentações da
vida sem a segurança da obediência
aos mandamentos de Deus e da orientação do Espírito Santo. No mundo
conturbado de hoje, é quase certo que
violarão leis cruciais, sofrendo, por
isso, conseqüências dolorosas e destrutivas. Não façam a escalada “solo”
na vida. É quase inevitável que caiam
em transgressão.
Há um modo mais seguro de escalar. Quando uma dupla de montanhistas se depara com uma subida
difícil, o guia, que vai à frente, escala
o rochedo fincando pontos de apoio
espaçados por alguns centímetros.
Sua corda é ligada a esses pontos de
ancoragem por um gancho chamado
mosquetão. A segurança é garantida
por um companheiro denominado
“suporte”, estacionado numa posição
sólida. O primeiro é protegido à
medida que o segundo dá segurança,
controlando cuidadosamente a forma
como a corda é estendida. Dessa
maneira, o guia tem sua proteção
garantida ao subir. Caso o escalador
pise em falso, o ponto de ancoragem
seguramente limitará a queda. O
suporte não só garante a segurança
do guia, mas incentiva-o com comentários e sinais em suas comunicações.
O objetivo deles é uma experiência
segura e divertida ao vencerem um
grande desafio. Eles empregam técnicas e equipamentos testados e comprovados. Os equipamentos essenciais
incluem uma proteção segura chamada arnês, uma corda confiável e
vários pontos de apoio a serem fincados na superfície da rocha, carbonato
de magnésio para secar o suor das
mãos e botas adequadas ou sapatos
especiais que o guia usa para agarrarse à superfície do rochedo íngreme.
A dupla estuda as regras e técnicas
da escalada. Eles recebem instruções
de montanhistas experientes e praticam para estar à vontade com os
movimentos corretos e o uso dos
equipamentos. Planejam uma rota e
determinam como trabalharão juntos.
Quando o guia sobe um bom trecho
e acha um local conveniente e seguro,
auxilia o outro segurando a corda à
medida que sobe ao longo da corda
estendida. Quando o guia é alcançado, o processo então é repetido.
Um garante a segurança, enquanto o
outro escala e insere pontos de ancoragem ao longo do percurso como
proteção para casos de uma queda
inesperada. Embora a escalada técnica
pareça algo arriscado e perigoso, essas
precauções garantem uma experiência
estimulante e segura, se forem observados princípios corretos.
Na vida real, os pontos de apoio
são as leis de Deus que fornecem proteção em meio a todos os desafios que
você enfrentará. A corda e os mosquetões que a mantêm nos pontos de
ancoragem representam a obediência
a esses mandamentos. Ao aprender os
mandamentos, continuar a praticá-los
e contar com um plano para evitar o
perigo, você terá meios seguros de
obter proteção contra as tentações de
Satanás. Desenvolverá força de caráter
que servirá de escudo contra a transgressão. Caso você dê um passo em
falso, não haverá problemas duradouros devido ao apoio ou ajuda ao seu
alcance por meio do arrependimento.
Permita que o Salvador seja seu
“guia” na vida. Ele disse: “Eu sou (…)
a Rocha do Céu; (…) Quem entrar
pela porta e subir por meu intermédio, jamais cairá”.1 O Redentor
certamente o ajudará a vencer os obstáculos mais difíceis da vida. Suas leis
são âncoras protetoras absolutamente
seguras que afastam o temor e garantem o sucesso num mundo que, sem
elas, é perigoso. Uma vida assim certamente lhe trará paz e felicidade.
A verdadeira e duradoura felicidade,
com a força que a acompanha, bem
como a coragem e a capacidade de
sobrepujar as maiores dificuldades,
virão quando você centralizar sua vida
em Jesus Cristo. A obediência aos
ensinamentos Dele proporciona uma
ascensão segura na jornada da vida.
Essa obediência exige esforço. Ainda
que nada garanta resultados instantâneos, há a certeza de que, no tempo
do Senhor, as soluções virão, a paz
prevalecerá e você será feliz.
Os desafios que você enfrenta e
as experiências de crescimento que
encontra foram concebidos como
cenas efêmeras no palco de uma
vida de contínua paz e felicidade. A
tristeza, a angústia e a decepção são
acontecimentos da vida; não devem
ser a essência da vida. Não quero
minimizar a dificuldade desses eventos. Quando a lição que você precisa
aprender é muito importante, as
provações podem ser longas, mas
não devem tornar-se o seu único
foco. Sua vida pode e deve ser maravilhosamente compensadora. É a sua
compreensão e a aplicação das leis
de Deus que darão um propósito glorioso à sua vida à medida que você
cresce e vence as dificuldades. Essa
perspectiva mantém as dificuldades
confinadas em seu devido lugar: são
trampolins para o crescimento e as
grandes realizações no futuro.
O Senhor preocupa-Se com o seu
crescimento e desenvolvimento pessoal. Seu progresso acelera-se quando
você permite prontamente que Ele o
guie em todas as experiências de crescimento que você viver, sejam agradáveis ou não. Confie no Senhor. Peça a
orientação do Espírito para conhecer a
vontade Dele e esteja disposto a aceitála. Então, você será digno da maior felicidade e das realizações mais elevadas
desta experiência mortal.
A paz e a felicidade são os frutos
preciosos de uma vida justa. Só são
possíveis em virtude da Expiação de
Jesus Cristo. Vou explicar.
Cada um de nós comete erros na
vida. Eles resultam da quebra de uma
lei eterna. A justiça é a parte do plano
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
41
do Pai Celestial que mantém a ordem.
É, para o alpinista, como a gravidade
que sempre está presente. É uma
amiga caso as leis eternas sejam observadas; tem efeitos negativos se forem
ignoradas. A justiça garante que você
receberá as bênçãos que merecer por
obedecer às leis de Deus. A justiça
exige também que todas as leis violadas sejam satisfeitas. Quando você
obedece às leis de Deus, você é abençoado, mas não acumula pontos que
podem ser usados para satisfazer
outras leis que quebrar. Se não resolvidas, as leis descumpridas podem
tornar a sua vida infeliz e impedir
que você volte à presença de Deus.
Somente a vida, os ensinamentos e
principalmente a Expiação de Jesus
Cristo podem libertá-lo desse
impasse insolúvel.
As exigências da justiça para as leis
violadas podem ser satisfeitas pela
misericórdia alcançada, por meio do
seu arrependimento contínuo e da
obediência às leis de Deus. Esse arrependimento e essa obediência são
absolutamente essenciais para que a
Expiação opere seu milagre integral na
sua vida. O Redentor pode pagar a sua
dívida para com a justiça e conceder
o perdão por meio do caminho misericordioso do arrependimento. Graças à
Expiação, você pode viver num mundo
onde reina a justiça assegurando que
você irá reter o que recebeu pela
42
obediência. Por meio da misericórdia
Dele, você pode diminuir as conseqüências das leis infringidas.
A Expiação foi um ato abnegado
com conseqüências eternas e infinitas, realizado árdua e solitariamente
pelo Filho de Deus.2 Por meio dela, o
Salvador rompeu os laços da morte.
Ela justifica o fato de no final sermos
julgados pelo Redentor. A Expiação
pode evitar uma eternidade sob o
domínio de Satanás. Abrem-se as portas da exaltação para todos os que se
arrependerem e forem obedientes.
Ao ponderarmos sobre a grandiosidade da Expiação, evocamos os mais
profundos sentimentos de reverência,
uma imensa gratidão e extrema humildade. Essas impressões podem trazernos uma excelente motivação para
guardarmos os mandamentos Dele e
nos arrependermos de modo consistente dos erros a fim de gozarmos
maior paz e felicidade.
Creio que, por mais que se esforce,
você nunca poderá, com a mente
humana, compreender plenamente
o significado eterno da Expiação nem
entender totalmente como foi realizada. Só podemos imaginar, num grau
mínimo, o preço que o Salvador
pagou em termos de dor, angústia e
sofrimento ou como foi difícil para o
Pai Celestial ver Seu Filho enfrentar
o incomparável desafio da Expiação.
Ainda assim, você deve estudar
atentamente a Expiação para compreendê-la o melhor possível. Você
poderá aprender o que é necessário
para guardar os Seus mandamentos e
desfrutar paz e felicidade na vida mortal. Você pode tornar-se digno, com
seus familiares obedientes, de viver
com Ele e o Pai Celestial eternamente.
Leí ensinou a seu filho Jacó: “(…)
Nenhuma carne pode habitar na presença de Deus a menos que seja por
meio dos méritos e misericórdia e
graça do Santo Messias”.3
Jesus Cristo possuía méritos que
nenhum outro ser poderia ter. Ele era
um Deus, Jeová, antes do Seu nascimento em Belém. O Seu Pai amado
não só Lhe deu o Seu corpo espiritual,
mas Jesus foi também o Seu Unigênito
na carne. O nosso Mestre levou uma
vida perfeita, sem pecados, e assim
estava isento dos requisitos da justiça.
Ele é perfeito em cada atributo, inclusive no amor, na compaixão, paciência,
obediência, perdão e humildade. A Sua
misericórdia paga a nossa dívida com
a justiça quando nos arrependemos e
obedecemos a Ele. Afinal, mesmo com
o nosso máximo empenho para obedecer aos Seus ensinamentos, ainda
assim somos incapazes. Mas por causa
da Sua graça seremos “salvos, depois
de tudo o que pudermos fazer”.4
Testifico que, com sofrimento e
agonia inimagináveis e pagando um
preço incalculável, o Salvador adquiriu o direito de ser o nosso Redentor,
nosso Intermediário, o nosso Juiz
Final. Sei que Ele vive e que ama você.
Com consistência, torne-O o seu
“guia” na vida. As âncoras seguras
das leis Dele garantirão segurança e
sucesso quando você escalar os desafios que surgirem. Você não cairá em
transgressões sérias. Terá uma vida de
paz e felicidade, coroada da exaltação
no reino celestial. Em nome de Jesus
Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Moisés 7:53 (grifo do autor).
2. Ver D&C 133:50, 52–53.
3. 2 Néfi 2:8, ênfase do autor.
4. 2 Néfi 25:23.
SESSÃO DO SACERDÓCIO
30 de setembro de 2006
Um Quórum
do Sacerdócio
ÉLDER HENRY B. EYRING
Do Quórum dos Doze Apóstolos
A força de um quórum consiste em grande parte
no grau de união dos seus membros em retidão.
S
ou grato por estar com vocês
nesta grandiosa reunião do
sacerdócio. Todos nós somos
membros de um quórum do sacerdócio. Talvez isso não seja digno de nota
para vocês, mas para mim é. Fui ordenado diácono no Sacerdócio Aarônico
num pequeno ramo da Igreja. Havia
apenas uma família na unidade. Não
tínhamos capela. Reuníamo-nos na
nossa casa. Eu era o único diácono e
o meu irmão, o único mestre.
Assim, sei o que significa exercer
o sacerdócio sozinho, sem servir com
outros portadores num quórum. Mas
sentia-me satisfeito naquele pequeno
ramo sem quórum. Eu nem tinha
como saber o que estava perdendo.
Então, a minha família mudou-se
para o outro lado do continente,
onde havia muitos portadores do
sacerdócio e quóruns fortes.
Aprendi ao longo dos anos que a
força de um quórum não reside no
número de portadores do sacerdócio
que o constituem. Tampouco depende
automaticamente da idade e maturidade dos membros. Na realidade, a
força de um quórum consiste em
grande parte no grau de união dos
seus membros em retidão. Essa grandiosa unidade num quórum forte do
sacerdócio não é comparável a nada
que vivenciei numa equipe esportiva,
clube ou nenhuma outra organização
do mundo.
As palavras de Alma, registradas no
livro de Mosias, são as que melhor traduzem a união que senti nos quóruns
mais fortes do sacerdócio:
“E mandou-lhes que não contendessem entre si, mas que olhassem
para a frente com um único fito, tendo
uma fé e um batismo, tendo os corações entrelaçados em unidade e amor
uns para com os outros.”1
Alma até ensinou ao seu povo como
alcançar essa unidade. Orientou-os a
não pregarem nada além do arrependimento e da fé no Senhor, que redimira
o Seu povo.2
O que Alma ensinou e o que se
verifica em qualquer quórum do
sacerdócio unido que conheço é que
o coração dos membros se transforma
por meio da Expiação de Jesus Cristo.
É assim que o coração deles se une.
Assim, podemos ver por que o
Senhor orienta os presidentes de
quórum a liderarem como o faz. Na
Seção 107 de Doutrina e Convênios,
Ele emprega quase as mesmas palavras para descrever os deveres do presidente de cada quórum. O presidente
do quórum de diáconos deve ensinar
aos membros do quórum o seu dever
“de acordo com os convênios”.3 O presidente do quórum de mestres deve
ensinar aos membros os seus deveres
“como dados nos convênios”.4 O presidente do quórum de sacerdotes, que
é o bispo, recebe o mandamento de
“presidir quarenta e oito sacerdotes e
sentar-se em conselho com eles para
ensinar-lhes os deveres de seu ofício,
como dados nos convênios”.5
O presidente do quórum de élderes recebe as seguintes orientações:
“Também o dever do presidente
do ofício de élder é presidir noventa
e seis élderes e sentar-se em conselho com eles e ensinar-lhes segundo
os convênios.”6
É fácil entender por que o Senhor
deseja que os Seus quóruns sejam
instruídos “segundo os convênios”.
Convênios são promessas solenes. O
Pai Celestial prometeu a todos nós a
vida eterna, se fizermos e guardarmos
os convênios. Por exemplo, recebemos o sacerdócio com o convênio de
sermos fiéis ao ajudá-Lo na Sua obra.
As pessoas batizadas na Sua Igreja
prometem ter fé em Jesus Cristo,
arrepender-se e guardar os Seus mandamentos. Cada convênio exige fé
em Jesus Cristo e obediência aos
Seus mandamentos a fim de qualificar para o perdão e purificar o coração das pessoas, o que é necessário
para herdarem a vida eterna, o maior
de todos os dons de Deus.
Talvez vocês estejam perguntandose: “Quer dizer que todas as lições no
quórum devem tratar apenas de fé e
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43
arrependimento?” Claro que não. Mas
significa que o professor e os participantes devem sempre ter o desejo de
levar o Espírito do Senhor ao coração
dos presentes a fim de despertarem
a fé e a determinação de arrependerem-se e serem puros.
E esse desejo vai além das paredes
da sala onde se reúne o quórum. Num
quórum verdadeiramente unido, essa
disposição acompanha os membros
onde quer que estejam.
Fui testemunha disso há alguns
anos num quórum de diáconos no
qual eu fora chamado para ensinar.
Alguns dos diáconos faltavam às reuniões do quórum de vez em quando.
Eu sabia que o ensino naquele quórum — e em todos os quóruns — era
responsabilidade do presidente, que
tinha as chaves. Ele sentava-se em conselho com todos eles. Assim, adquiri o
hábito de buscar a orientação da pessoa designada por Deus e perguntarlhe: “O que acha que devo ensinar?
O que eu deveria aperfeiçoar?”
Aprendi a seguir os seus conselhos,
pois sabia que Deus dera a ele a responsabilidade de ensinar os membros
do seu quórum. Certo domingo, eu
soube que Deus ajudara um jovem
presidente de quórum a honrar suas
responsabilidades. Eu estava dando
aula aos diáconos e vi uma cadeira
vazia, com um gravador. Percebi
que estava ligado. Depois da aula, o
rapaz sentado ao lado da cadeira vazia
pegou o aparelho. Quando ele estava
saindo da sala, perguntei-lhe por que
gravara a aula. Ele sorriu e respondeu
que um outro diácono o avisara de
que não estaria no quórum naquele
dia. Assim, ele levaria a gravação à casa
desse amigo para que ouvisse a aula.
Eu confiara na responsabilidade
conferida a um jovem presidente de
quórum, e o céu viera ajudar. O
Espírito tocou os membros daquela
classe e guiou um deles até um amigo
para tentar fortalecer sua fé e conduzilo ao arrependimento. O diácono que
gravara a aula aprendera segundo os
44
convênios e estendera a mão para ajudar seu amigo e companheiro
de quórum, conforme indicado nos
convênios.
Os membros do quórum do sacerdócio são ensinados de várias formas
além das lições em classe. O quórum
é uma unidade de serviço e os membros aprendem ao servirem. Um quórum pode prestar muito mais serviço
do que os membros poderiam fazê-lo
sozinhos. E esse poder é multiplicado
muito além do mero número de integrantes. Cada quórum tem um líder
com autoridade e responsabilidade
para dirigir o serviço do sacerdócio. Já
presenciei o poder que surge quando
quóruns se mobilizam em situações
de calamidade. Diversas vezes ouvi
pessoas de fora da Igreja externarem
surpresa e admiração pela eficiência
da Igreja ao organizar-se para prestar
auxílio. Para eles, parece um milagre.
Em todo o serviço no sacerdócio, o
milagre do poder opera-se porque os
líderes e membros honram a autoridade daqueles que estão à frente do
serviço nos quóruns do sacerdócio
em todo o mundo.
Milagres de poder podem ocorrer
quando os quóruns se prontificam a
servir ao próximo. Acontecem também quando o serviço no sacerdócio
é dirigido aos membros do próprio
quórum. Um presidente do quórum
de diáconos reuniu-se certo domingo
bem cedo, antes da reunião de
quórum, com os conselheiros e o
secretário. Depois de conversarem
em espírito de oração, ele sentiu-se
inspirado a convidar para a reunião
de quórum seguinte outro diácono
que nunca freqüentara. Ele sabia que
na família desse diácono o pai não
era membro e a mãe tinha pouco
interesse pela Igreja.
O diácono designado aceitou
a incumbência do presidente de contatar o rapaz. E o fez. Eu o vi caminhando, ele foi um pouco relutante,
como se a tarefa fosse muito árdua.
O menino que ele convidou veio ao
quórum apenas algumas vezes antes
de sua família se mudar de cidade.
Muitos anos depois, eu estava numa
conferência de estaca a milhares de
quilômetros do local em que se reunira aquele quórum de diáconos.
Entre uma sessão e outra da conferência, um desconhecido veio até
mim e perguntou se eu conhecia uma
pessoa. Ele deu-me um nome. Era o
rapaz que fora chamado pelo seu presidente do quórum de diáconos para
correr atrás e cuidar de uma ovelha
perdida. O homem pediu-me: “Pode
agradecer-lhe em meu nome? Sou
o avô do menino que ele convidou
para o quórum de diáconos há muitos
anos. Hoje o meu neto é adulto. Mas
ainda me fala sobre o diácono que o
convidou para ir com ele à Igreja”.
Ele tinha lágrimas nos olhos e eu
também. Um jovem presidente dos
diáconos fora inspirado a buscar um
membro perdido do seu quórum e
a confiar essa missão a um companheiro. Aquele presidente fez o que o
Mestre teria feito. E ao agir assim, um
jovem presidente treinou um novo
portador do sacerdócio em seu dever
de servir ao próximo, segundo os
convênios. O coração de uma pessoa
se unira ao de outra e assim permanecia após mais de 20 anos e milhares de quilômetros de distância. A
unidade do quórum perdura quando
é forjada no serviço do Senhor e à
maneira Dele.
Uma das características de um
quórum forte são os sentimentos de
companheirismo entre os membros.
Eles importam-se uns com os outros.
Ajudam-se mutuamente. Os presidentes de quórum podem contribuir para
essa união ao lembrarem-se do propósito do Senhor para a unidade no quorum, que é promover o auxílio mútuo.
Mas vai além disso, muito além. O
objetivo é levar os participantes a edificarem e incentivarem uns aos outros
para servirem com o Mestre em retidão na Sua obra de oferecer a vida
eterna aos filhos do Pai Celestial.
Ao compreendermos isso, mudaremos a nossa maneira de buscar a
união no quórum. Por exemplo, isso
até modificará o modo de um quórum
de diáconos jogar basquete. A meta
dos membros será aumentar o entrosamento mais do que apenas ganhar
uma partida. Serão levados a convidar
um rapaz que sempre é excluído por
não jogar muito bem. Se ele aceitar e
vier, os membros do quórum estarão
mais propensos a passar-lhe a bola e
dar-lhe a chance de driblar, principalmente se tiver dificuldade para fazer
cestas. Vinte anos depois, talvez nem
se lembrem de quem ganhou naquela
noite, mas nunca esquecerão que
jogaram juntos e por quê … e recordarão a quem pertencia a equipe. Foi
o Senhor que disse: “Se não sois um,
não sois meus”.7
Compreender por que o Senhor
deseja o companheirismo pode
mudar a maneira de planejar as festas
do quórum de élderes. Fui a uma
festa cujo organizador era um converso à Igreja. Conhecer o evangelho
foi a melhor coisa que lhe acontecera.
Assim, vizinhos e amigos que ainda
não eram membros da Igreja foram
convidados ao evento. Ainda me lembro do espírito de amizade ao conversarmos com eles sobre o que a Igreja
significava para nós. Senti naquela
festa mais do que mero companheirismo com irmãos do sacerdócio. O
Mestre convidou os Seus discípulos
para o primeiro Quórum dos Doze
no Seu ministério mortal da seguinte
forma: “Vinde após mim, e eu vos
farei pescadores de homens”.8 Assim,
naquela noite em uma festa, senti que
estava em comunhão com o Mestre e
os Seus discípulos, e estávamos transformando-nos segundo Sua vontade.
Fui abençoado com esse mesmo
espírito de amizade por um líder do
sacerdócio quando eu pertencia ao
Sacerdócio Aarônico. Ele sabia criar
um companheirismo duradouro no
sacerdócio. Ele combinou com o dono
de um terreno para passarmos uma
tarde cortando lenha e empilhando-a.
Íamos doá-la para viúvas, para que
tivessem aquecimento no inverno.
Ainda recordo o calor humano e a amizade que senti com os meus irmãos do
sacerdócio. Contudo, lembro-me ainda
mais da sensação de estar fazendo o
que o Salvador faria. Assim, senti-me
perto Dele. Podemos criar essa preciosa proximidade nos nossos quóruns
nesta vida e depois desfrutá-la para
sempre, em glória e em família, se
vivermos segundo os convênios.
Minha oração é que vocês aceitem
o convite do Senhor de tornarem-se
unos nos quóruns do sacerdócio.
Ele mostrou o caminho. E prometeunos que, com o Seu auxílio, quóruns
bons podem tornar-se quóruns excelentes. Ele deseja isso para nós. E sei
que Ele precisa de quóruns mais fortes para abençoar os filhos do nosso
Pai Celestial, segundo os convênios.
Tenho fé em que Ele o fará.
Sei que o nosso Pai Celestial vive.
Sei que o Seu Filho, Jesus Cristo,
expiou os nossos pecados e os de
todos que viermos a conhecer. Ele
ressuscitou. Ele vive. Ele dirige a Sua
Igreja. Possui as chaves do sacerdócio.
Por meio da inspiração aos que detêm
as chaves na Igreja, Ele chama cada
presidente de cada quórum do sacerdócio. Testifico que o sacerdócio foi
restaurado com todas as chaves a
Joseph Smith. E presto solene testemunho de que essas chaves foram
transmitidas até hoje ao Presidente
d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, que é o presidente
do sacerdócio em todo o mundo.
Assim testifico, no sagrado nome
de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Mosias 18:21.
2. Ver Mosias 18:20.
3. D&C 107:85.
4. D&C 107:86.
5. D&C 107:87.
6. D&C 107:89.
7. D&C 38:27.
8. Mateus 4:19.
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
45
Sejamos Homens
É L D E R D. TO D D C H R I S TO F F E R S O N
Da Presidência dos Setenta
Nós que temos o sacerdócio de Deus (…). Precisamos nos
elevar do pó da autocomplacência e ser homens!
H
á muitos anos, quando meus
irmãos e eu éramos crianças,
nossa mãe passou por uma
cirurgia radical de câncer. Ela quase
morreu. Grande parte do tecido do
pescoço e do ombro precisou ser retirado, e por muito tempo era bem
doloroso para ela usar o braço direito.
Certa manhã, cerca de um ano após
a cirurgia, meu pai levou mamãe a
uma loja de eletrodomésticos e pediu
que o gerente lhe ensinasse como
usar uma máquina para passar roupas.
A máquina chamava-se Ironrite. Ela
era operada por uma pessoa que,
sentada em uma cadeira, apertava os
pedais com os joelhos para baixar o
rolete acolchoado de encontro ao aço
quente e girá-lo para passar camisas,
calças, vestidos e outras roupas. Como
vêem, isso fazia com que passar roupas
(muitas, devido à nossa família de
46
cinco meninos) se tornasse muito
mais fácil, especialmente para uma
mulher com uso limitado do braço.
Mamãe ficou chocada quando papai
disse ao gerente que eles comprariam a máquina e pagariam à vista.
Apesar da boa renda de papai como
veterinário, a cirurgia e os remédios
de mamãe os haviam deixado em
uma situação financeira difícil.
No caminho de volta para casa,
minha mãe estava deprimida: “Como
pudemos comprá-la?” De onde veio
o dinheiro? Como vamos conseguir
pagar as contas agora? Finalmente
papai contou a ela que havia ficado
sem almoço por quase um ano para
economizar o suficiente. “Agora,
quando você passar roupas,” disse ele,
“não precisa parar e ir para o quarto
chorar até que a dor do braço desapareça”. Ela não tinha consciência de que
ele sabia disso. Eu não sabia do sacrifício e do ato de amor de meu pai para
com minha mãe naquela época, mas
agora que sei, digo a mim mesmo:
“Que grande homem era ele!”
O profeta Leí rogou a seus filhos
rebeldes, dizendo: “levantai-vos do pó,
meus filhos, e sede homens” (2 Néfi
1:21; grifo do autor). Pela idade, Lamã
e Lemuel eram homens, mas em termos de caráter e maturidade espiritual,
ainda se comportavam como crianças.
Eles murmuravam e reclamavam se
lhes fosse pedido qualquer coisa mais
difícil. Não aceitavam a autoridade de
ninguém para corrigi-los. Não davam
valor a coisas espirituais. Facilmente
recorriam à violência e eram ótimos
em passar-se por vítimas.
Vemos as mesmas atitudes hoje em
dia. Alguns agem como se a meta mais
elevada de um homem devesse ser
seu próprio prazer. Costumes sociais
tolerantes perdoam aos homens os
seus erros, de maneira que muitos
acham que é aceitável ter filhos fora
do casamento e coabitar em lugar de
casar.1 Evitar compromissos é considerado esperteza, mas sacrificar-se
pelo bem de outros é ingenuidade.
Para alguns, uma vida de trabalho e
realizações é opcional. Um psicólogo
ao estudar o fenômeno crescente a
que chama de “rapazes parados no
tempo” descreve este cenário:
“Justin vai para a faculdade durante
um ou dois anos, desperdiça milhares de dólares do dinheiro dos pais,
então fica entediado e volta para
casa, vivendo em seu antigo quarto,
o mesmo quarto em que morara
quando cursou o segundo grau. Agora
ele trabalha 16 horas por semana na
Fotóptica ou meio período na Casa do
Pão de Queijo.
Seus pais estão arrancando os
cabelos. ‘Justin, você tem 26 anos de
idade. Não estuda. Não tem uma profissão. Nem mesmo uma namorada!
Está planejando alguma coisa?
Quando vai ser alguém na vida?’
‘Qual é o problema?’ pergunta
Justin. ‘Nunca fui preso por nada.
Não peço dinheiro pra vocês. Por
que não se acalmam?’” 2
E o que dizer da aspiração pessoal?
Nós que temos o sacerdócio de
Deus não podemos viver a esmo.
Temos trabalho a fazer (ver Morôni
9:6). Precisamos nos elevar do pó da
autocomplacência e ser homens! É
uma aspiração maravilhosa a de um
menino tornar-se homem — forte e
capaz; alguém que pode edificar e
criar coisas, administrar coisas; alguém
que faz a diferença no mundo. É uma
aspiração maravilhosa para nós, os
mais velhos, termos o comportamento esperado de um homem de
verdade e sermos modelos para os
que nos vêem como exemplo.
Em grande parte, ser realmente um
homem acha-se definido em nosso
relacionamento com as mulheres. A
Primeira Presidência e o Quórum dos
Doze Apóstolos descreveram o ideal a
ser atingido, nestas palavras:
“A família é ordenada por Deus. O
casamento entre o homem e a mulher
é essencial para Seu plano eterno. Os
filhos têm o direito de nascer dentro
dos laços do matrimônio e de ser criados por pai e mãe que honrem os
votos matrimoniais com total fidelidade. (…) Segundo o modelo divino,
o pai deve presidir a família com amor
e retidão, tendo a responsabilidade de
atender às necessidades de seus familiares e de protegê-los (…).”3
Com o passar dos anos visitei membros da Igreja em muitos países e, apesar das diferenças de circunstâncias
e cultura, em todos os lugares fiquei
impressionado com a fé e a habilidade
das mulheres, inclusive algumas muito
jovens. Tantas delas possuem fé e
generosidade notáveis. Elas conhecem as escrituras. São equilibradas e
confiantes. Pergunto-me se temos
homens à altura dessas mulheres. Os
nossos jovens estão-se tornando os
companheiros dignos que tais mulheres podem buscar e respeitar?
O Presidente Gordon B. Hinckley,
falando na sessão do sacerdócio de
abril de 1998, deu um conselho específico aos rapazes:
“A moça com quem você se casará
estará arriscando muito ao se casar
com você. [Você] determinará o restante da vida dela. (…)
Empenhem-se nos estudos.
Estudem o máximo que puderem. O
mundo vai pagar-lhes o quanto achar
que merecem. Paulo não usou de eufemismos quando escreveu a Timóteo:
‘Mas, se alguém não tem cuidado dos
seus, e principalmente dos da sua
família, negou a fé, e é pior do que
o infiel’ (I Timóteo 5:8).”4
A integridade é fundamental para
alguém ser homem. Ser íntegro significa ser verdadeiro, mas também
significa aceitar responsabilidades e
honrar compromissos e convênios.
O Presidente N. Eldon Tanner, antigo
conselheiro na Primeira Presidência,
um homem íntegro, falou sobre
alguém que o procurou pedindo
conselho:
“Um rapaz veio procurar-me há não
muito tempo e disse: ‘Fiz um trato
com uma pessoa de pagar-lhe certa
quantia todos os anos. Estou atrasado
no pagamento e não tenho como
pagar, pois se o fizer, acabarei perdendo minha casa. Que devo fazer?’
Fitei-o nos olhos e disse:
‘Mantenha o trato que fez’.
‘Mesmo que isso me custe a minha
casa?’
Eu disse: ‘Não estou falando de sua
casa. Estou falando de seu trato e
acho que sua esposa preferiria um
marido que não faltasse com sua palavra, que cumprisse suas obrigações,
(…) e precisasse alugar outro local
para morar, a ter uma casa com um
marido que não soubesse cumprir
seus convênios e promessas’”.5
Bons homens às vezes cometem
erros. Um homem íntegro enfrentará
e corrigirá seus erros honestamente,
e esse é um exemplo que podemos
respeitar. Algumas vezes os homens
tentam, mas fracassam. Nem todos os
objetivos dignos são atingidos, apesar
do melhor e mais honesto empenho.
Ser realmente homem nem sempre é
medido pelos frutos de seu trabalho,
mas pelo trabalho em si—pelos seus
próprios esforços.6
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
47
13). Ele convidou todos a arrepender-se (ver Mateus 4:17) e receber
o perdão (ver João 8:11; Alma 5:33).
Assim poderemos ser firmes em
defender as coisas sagradas e elevar
a voz de advertência.
Ele deu a vida para redimir a humanidade. Sem dúvida podemos aceitar a
responsabilidade por aqueles que Ele
confiou a nós.
Irmãos, sejamos homens—como
Ele é. Em nome de Jesus Cristo.
Amém. ■
Embora ele faça alguns sacrifícios e
se prive de alguns prazeres por honrar
seus compromissos, um homem de
verdade, leva uma vida que não deixa
nada a desejar. Ele muito dá, mas
recebe mais, e vive satisfeito com a
aprovação de seu Pai Celestial. A vida
do homem de verdade é uma boa vida.
Ainda mais importante, ao considerarmos a admoestação para sermos homens, precisamos pensar em
Jesus Cristo. Quando Pilatos O levou
para fora com uma coroa de espinhos, declarou: “Eis aqui o homem”
(ver João 19:4–5). Talvez Pilatos não
tenha compreendido o significado
de suas próprias palavras, mas o
Senhor realmente ficou diante do
povo, da mesma forma que Ele está
hoje, —o mais elevado ideal de ser
homem. Eis o Homem!
O Senhor perguntou aos discípulos que tipo de homens deveriam ser,
Ele próprio respondeu: “Em verdade
vos digo que devereis ser como eu
sou” (3 Néfi 27:27; ver também 3 Néfi
18:24). Essa é a nossa busca final. O
que foi que Ele fez que podemos imitar como homens?
Jesus rejeitou a tentação. Quando
Se defrontou com o próprio grande
tentador, Jesus “não [cedeu às tentações]” (Mosias 15:5). Ele respondeu
com a escritura: “Nem só de pão
viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mateus
4:4). Os mandamentos do evangelho
e os padrões são também nossa
48
proteção e, como o Salvador, podemos
extrair força das escrituras para resistirmos à tentação.
O Salvador era obediente. Ele abandonou completamente o “homem
natural” (Mosias 3:19) e submeteu-Se
à vontade do Pai (ver Mosias 15:7).
Ele foi batizado para mostrar “que,
segundo a carne, se humilha ante o
Pai e testifica-lhe que lhe será obediente na observância de seus mandamentos” (2 Néfi 31:7).
Jesus “andou fazendo bem” (Atos
10:38). Ele empregou os poderes
divinos do santo sacerdócio para
abençoar os necessitados, “como
curar os enfermos, levantar os mortos, fazer andar os coxos, dar vista
aos cegos, fazer ouvir os surdos e
curar toda espécie de enfermidades”
(Mosias 3:5). Jesus disse a Seus
Apóstolos: “E qualquer que dentre
vós quiser ser o primeiro, será servo
de todos. Porque o Filho do homem
também não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em
resgate de muitos” (Marcos 10:44–
45). Sendo Seus servos, podemos
tornar-nos grandes em Seu reino,
por meio do amor e do serviço.
O Salvador era destemido na oposição ao mal e ao erro: “E entrou Jesus
no templo de Deus, e expulsou todos
os que vendiam e compravam no templo (…) e disse-lhes: Está escrito:
A minha casa será chamada casa de
oração; mas vós a tendes convertido
em covil de ladrões” (Mateus 21:12–
NOTAS
1. Ver, por exemplo: James E. Faust, “Desafios
que as Famílias Enfrentam”, Reunião de
Treinamento Mundial de Liderança, 10 de
janeiro de 2004, pp. 1–2. Eduardo Porter
e Michel O’Donnel, “Middle-aged, No
Degree, No Wife”, [Na Meia-Idade, Sem
Formação, Sem Esposa], New York Times,
conforme publicado no Atlanta JournalConstitution, 6 de agosto de 2006, p. A7;
Peg Tyre, “The Trouble with Boys” [O
Problema com os Rapazes], Newsweek,
30 de janeiro de 2006, p. 44–51.
2. Leonard Sax, “Project Aims to Study Young
Men Stuck in Neutral” [O Projeto objetiva
Estudar Rapazes que Estão Acomodados
na Vida], Washington Post, conforme
Publicado no Deseret Morning News, 3
de abril de 2006, A13. “De acordo com
o censo norte-americano, um terço dos
rapazes entre 22 e 34 anos de idade ainda
moram na casa dos pais — um aumento
de cerca de 100 por cento nos últimos
20 anos.”
3. A Família: Proclamação ao Mundo”,
A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
Ensign, novembro de 1995, p.102.
4. “Viver de Modo a Serem Dignos da Moça
com Quem Se Casarão”, A Liahona, julho
de 1998, pp. 55–56.
5. Conference Report, outubro de 1966,
p. 99; ou Improvement Era, dezembro
de 1966, p. 1137.
6. No final da década de 1830, depois
que os santos abandonaram Kirtland, o
Senhor chamou um homem chamado
Oliver Granger para retornar e encerrar
alguns assuntos pendentes da primeira
Presidência. Em uma revelação dada ao
Profeta Joseph Smith, o Senhor disse:
“Portanto, que [Oliver Granger] pleiteie
sinceramente a redenção da Primeira
Presidência da minha igreja, diz o Senhor;
e, quando ele cair, tornará a erguer-se,
pois seu sacrifício ser-me-á mais sagrado
que seu crescimento, diz o Senhor. (…)
Portanto, que nenhum homem despreze
meu servo Oliver Granger, mas que as
bênçãos de meu povo estejam com ele
para todo o sempre” (D&C 117:13, 15;
grifo do autor).
O Grande Plano
de Felicidade
ÉLDER MARCUS B. NASH
Dos Setenta
Assim como o peixe precisa da água, vocês precisam
do evangelho e da companhia do Espírito Santo para
serem verdadeira e profundamente felizes.
Q
uando eu era diácono como
muitos de vocês, rapazes,
meu pai e eu fomos até um
rio nas montanhas para pescar trutas.
Enquanto prendia a isca no anzol, na
ponta da minha linha de pesca, meu
pai me disse que eu teria de fisgar o
anzol na boca do peixe quando ele
tentasse pegar a isca, senão ele escaparia. Como eu não sabia o que significava fisgar o anzol, ele explicou que
eu precisaria fincar o anzol na boca
do peixe quando ele mordesse a isca,
de modo que não conseguisse soltarse, e que para isso eu teria que puxar
rapidamente a vara quando o peixe
tentasse pegar a isca. Eu queria muito
pegar um peixe, por isso fiquei ali
na margem do rio, tenso como uma
mola recolhida, esperando o puxão
na ponta da vara que indicaria que
o peixe estava tentando pegar a isca.
Poucos minutos depois, senti um
movimento na ponta da vara e imediatamente puxei a vara com toda a
força, esperando ter que lutar muito
com o peixe. Para minha surpresa, vi
a pobre truta — com o anzol preso
firmemente na boca — ser arremessada da água para o ar, por cima da
minha cabeça, e cair no chão atrás
de mim se debatendo.
Aprendi duas coisas com aquela
experiência: Primeiro, um peixe fora
da água é um pobre coitado. Embora
suas guelras, barbatanas e cauda funcionem muito bem na água, são inúteis na terra. Segundo: o infeliz peixe
que pesquei naquele dia morreu porque foi enganado e levado a achar
que algo muito perigoso e até fatal
era valioso ou ao menos suficientemente interessante para ser examinado de perto ou experimentado.
Meus queridos irmãos do
Sacerdócio Aarônico, podemos aprender algumas lições com isso: Primeiro,
um propósito básico da vida, conforme ensinou Leí, é “ter alegria”
(2 Néfi 2:25). Para isso, é preciso que
compreendam que, como filhos do
Pai Celestial, vocês herdaram características divinas e necessidades espirituais — assim como o peixe precisa
da água, vocês precisam do evangelho e da companhia do Espírito Santo
para serem verdadeira e profundamente felizes. Por serem filhos de
Deus (ver Atos 17:28), não é compatível com sua natureza eterna fazerem
coisas erradas e sentirem-se bem. Isso
é impossível. Faz parte de seu DNA
espiritual, por assim dizer, o fato de
que só terão paz, alegria e felicidade
à medida que viverem o evangelho.
Por outro lado, à medida que decidirem não viver o evangelho, serão
tão miseráveis quanto um peixe fora
da água (ver Mosias 4:30). Como Alma
disse a seu filho Coriânton:
“Eis que te digo que iniqüidade
nunca foi felicidade. E agora, meu
filho, todos os homens que estão (…)
num estado carnal (…) vivem sem
Deus no mundo e seguiram caminhos contrários à natureza de Deus;
por conseguinte, estão num estado
contrário à natureza da felicidade”
(Alma 41:10–11).
Observem que “viver sem Deus no
mundo” — em outras palavras, recusar-se a viver Seu evangelho e, portanto, perder a companhia do Espírito
— é seguir um caminho contrário à
natureza da felicidade. O evangelho
de Jesus Cristo é de fato o — observem que está no singular, significando
o único — grande plano de felicidade
(Alma 42:8). Se vocês escolherem qualquer outro estilo de vida, ou tentarem
viver apenas as partes do evangelho
que lhes parecerem convenientes,
essa decisão lhes roubará a plena e
resplendente alegria e felicidade que
lhes foram reservadas por nosso bondoso Pai Celestial e Seu Filho.
Agora, a segunda lição que aprendi
na minha pescaria: Assim como um
peixe num rio das montanhas precisa
tomar cuidado com as armadilhas em
seu caminho para não ser puxado para
fora da água, vocês também precisam
ser sábios para não serem tirados de
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
49
uma vida feliz, centralizada no evangelho. Lembrem que, como disse
Leí, o diabo procura “tornar todos os
homens tão miseráveis como ele próprio” e obtém “poder para escravizar[nos]” (2 Néfi 2:27, 29) quando nos
envolvemos com coisas impuras e
malignas. Portanto, não sejam enganados e nem sequer experimentem
coisas indignas, porque Satanás está
pronto para fisgar o anzol. Foi o risco
muito real de sermos fisgados sutil ou
subitamente que levou o antigo profeta Morôni — que realmente viu os
nossos dias (ver Mórmon 8:35) — a
advertir: “(…) Não [toquem] nem na
dádiva má nem no que é impuro”
(Morôni 10:30; grifo do autor).
Há muitas coisas malignas e impuras na música, na Internet, nos filmes,
nas revistas e nas bebidas alcoólicas,
drogas e fumo. Meus queridos amigos,
nem sequer toquem em qualquer
coisa maligna ou impura! Por trás dessas coisas está um anzol que fisga de
modo sutil e muito mais repentino do
que vocês imaginam — e o processo
de retirada do anzol pode ser extremamente doloroso. Alma disse que, para
ele, o processo de arrependimento
foi “quase até a morte” (Mosias 27:28).
De fato, ele declarou: “Nada pode
haver tão intenso e cruciante como
o foram minhas dores” (Alma 36:21).
Alguns de vocês talvez já se
tenham envolvido com coisas malignas ou impuras. Tenham esperança,
sabendo por doutrina e pela história,
50
que a fé que Alma tinha no Senhor o
levou a arrepender-se e, como resultado direto de seu arrependimento,
sentiu imensa felicidade, graças ao
poder da Expiação de Cristo, a ponto
de declarar: “(…) Nada pode haver
tão belo e doce como o foi minha alegria” (Alma 36:21). Vocês também
sentirão o mesmo, se buscarem o
Senhor por meio do arrependimento.
Todos precisamos nos arrepender
em maior ou menor grau. Arrependerse significa efetuar na vida as mudanças
reais que o Senhor deseja que façam
para sua felicidade. O arrependimento
é o grande princípio capacitador do
evangelho: se sua fé no Salvador provocar uma mudança pessoal, esse seu
arrependimento, conforme declarou
Helamã, irá “[conduzi-los] ao poder do
Redentor para a salvação de suas almas”
(Helamã 5:11). Ao mudar, lembrem-se
de que nosso amoroso Salvador, conforme declarou Alma, tem “(…) todo o
poder para salvar cada homem que crê
em seu nome e apresenta frutos dignos do arrependimento” (Alma 12:15).
Essa é uma doutrina vigorosa, libertadora e plena de esperança!
O Profeta Joseph Smith aprendeu
por experiência própria que o Senhor
espera que evitemos a infelicidade
vivendo Seu evangelho e deseja que
compreendamos que podemos arrepender-nos. Quando Joseph perdeu
as 116 páginas do manuscrito da tradução do Livro de Mórmon ao ceder
às persuasões dos homens, sentiu-se
miserável. O Senhor lhe disse: “(…)
Tu deverias ter sido fiel e [Deus] teria
estendido o braço, amparando-te
contra todos os dardos flamejantes
do adversário; e teria permanecido
contigo em todos os momentos de
angústia” (D&C 3:8). O mesmo acontece com cada rapaz: Seja fiel e
terá o amparo da mão de Deus. O
Senhor lembrou então ao Profeta —
e a cada um de nós — que ele seria
perdoado, caso se arrependesse.
Imaginem a alegria que ele sentiu
quando ouviu o Senhor declarar:
“Lembra-te, porém, de que Deus
é misericordioso; portanto arrepende-te do que fizeste contrário
ao mandamento que te dei e és
ainda escolhido (…)” (D&C 3:10).
Meu convite a cada um de vocês
nesta noite é que vivam o evangelho
para serem verdadeiramente felizes,
evitem o mal e a infelicidade que ele
traz e, caso tenham-se envolvido com
alguma coisa maligna ou impura,
efetuem as mudanças que o Senhor
deseja que façam para sua própria felicidade — presto testemunho que Ele
permitirá que vocês tenham sucesso
por intermédio de Seu incomparável
poder.
Se aceitarem esse convite, colherão uma felicidade duradoura e edificarão o alicerce de sua vida “sobre a
rocha de nosso Redentor”, que será
tal que, quando as flechas do maligno
e as tempestades do mundo os açoitarem, como Helamã ensinou, o mal
não terá “poder para vos arrastar ao
abismo da miséria e angústia sem fim,
por causa da rocha sobre a qual estais
edificados, que é um alicerce seguro;
e se os homens edificarem sobre esse
alicerce, não cairão” (Helamã 5:12;
grifo do autor). Presto meu ardoroso
testemunho do Senhor Jesus Cristo:
Ele é a Rocha, o único alicerce seguro
para a felicidade e a cura. Ele vive, Ele
tem todo o poder no céu e na Terra,
Ele os conhece pelo nome, Ele os
ama. No sagrado nome do Senhor
Jesus Cristo. Amém. ■
Ele Confia em Nós!
É L D E R S TA N L E Y G. E L L I S
Dos Setenta
Um dia, todos teremos de nos apresentar perante Deus e
prestar contas de nosso serviço (…) no sacerdócio.
H
á vários anos, minha mulher e
eu fomos chamados para presidir a Missão Brasil São Paulo
Norte. Esse chamado significava que
ficaríamos ausentes por três anos.
Tendo em vista a situação de nossa
família e de nossos negócios, fomos
inspirados a manter nossa casa e
nossa empresa em Houston em vez
de vendê-las.
Quando começamos a fazer os preparativos necessários, ficou evidente
que teríamos que pedir a nosso advogado que preparasse uma procuração,
um documento legal dando a outra
pessoa autoridade para tomar qualquer decisão em nosso nome. A pessoa que ficasse com esse documento
poderia vender nossa casa e outras
propriedades, pedir dinheiro emprestado em nosso nome, gastar o nosso
dinheiro ou até vender nossa empresa.
A idéia de dar a alguém tanto poder e
autoridade sobre nossos negócios era
assustadora.
Decidimos entregar nossa procuração a uma pessoa em que confiávamos, um bom amigo e nosso sócio,
que exerceu esse poder e autoridade
muito bem: fez o que teríamos feito
se estivéssemos ali.
Irmãos, pensem no que o Senhor
nos concedeu: Seu poder e autoridade! O poder e autoridade para agir
em nome Dele em todas as coisas
relativas à Sua obra!
Com esse poder do sacerdócio
e, quando necessário, a autorização
dos que possuem as devidas chaves,
podemos realizar as ordenanças de
salvação em nome Dele: batizar para
a remissão de pecados, confirmar e
conferir o Espírito Santo, conferir o
sacerdócio e ordenar outras pessoas
aos ofícios do sacerdócio e realizar as
ordenanças do templo. Em Seu nome,
podemos administrar Sua Igreja. Em
Seu nome podemos abençoar, fazer
as visitas do ensino familiar e até curar
os enfermos.
Que confiança o Senhor depositou
em nós! Pensem nisto, irmãos: Ele
confia em nós!
Antes de recebermos o sacerdócio,
já havíamos sido preparados e provados. Exercemos fé em Jesus Cristo,
arrependemo-nos, fomos batizados e
recebemos o dom do Espírito Santo.
Cada um de nós tinha um grau diferente de experiência ao receber o chamado, mas o procedimento divino foi
o mesmo. Oraram a nosso respeito
e fomos entrevistados por aqueles
que exerciam as chaves do sacerdócio. Fomos apoiados pelo voto dos
membros da Igreja de nossa unidade.
Fomos ordenados por alguém que
tinha autoridade e estava autorizado
a fazê-lo.
O Senhor é cuidadoso com Seu
sacerdócio: exercer Seu poder e
autoridade é uma responsabilidade
sagrada.
Como é maravilhoso termos conquistado a confiança de Deus! Ele
confia em vocês! Ele confia em mim!
Quando recebemos o sacerdócio,
nós o fazemos por convênio. Um
convênio é uma promessa mútua.
Ele promete abençoar-nos, sob certas condições. Prometemos cumprir
essas condições. Quando o fazemos,
o Senhor sempre cumpre Sua palavra
e nos abençoa. Geralmente, Ele nos
dá mais do que havíamos combinado. Ele é muito generoso.
Quando recebemos o Sacerdócio
de Melquisedeque, recebemos o assim
chamado “juramento e convênio” do
sacerdócio. Prometemos duas coisas
ao Senhor, e Ele nos promete duas coisas. Prometemos ser “fiéis de modo a
obter estes dois sacerdócios” e “magnificar [nosso] chamado” fielmente.
Ele promete que seremos “santificados pelo Espírito”. Então, após termos sido fiéis em todas as coisas até
o fim, Ele promete que “tudo o que
[Seu] Pai possui [ser-nos-á] dado”
(ver D&C 84:33–41).
O Senhor abençoa Seus filhos por
meio de nosso serviço no sacerdócio. Para ajudar-nos a ter sucesso ao
prestar serviço fiel no sacerdócio, Ele
transmitiu-nos instruções e admoestações. Fez isso nas escrituras e continua a guiar-nos por meio de nossos
líderes e pelos sussurros do Espírito
Santo.
As escrituras contêm muitas passagens de orientação e admoestação
para os portadores do sacerdócio.
Uma das melhores é a seção 121 de
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
51
Doutrina e Convênios. Nesses poucos versículos, o Senhor ensina que
o sacerdócio só pode ser exercido
em retidão. Devemos tratar uns aos
outros com persuasão, paciência e
bondade. Ele nos relembra a importância da caridade e da virtude para
termos a companhia constante do
Espírito Santo.
Essa seção também nos adverte
acerca das atitudes e ações que nos
farão perder o poder do sacerdócio.
Se “[aspirarmos] as honras dos
homens”, tentarmos “encobrir nossos pecados”, “[satisfizermos] nosso
orgulho” ou “vã ambição,” ou procurarmos “exercer controle” sobre
os outros, perderemos o poder do
sacerdócio (ver versículos 35 a 37).
A partir daí, estaremos praticando
artimanhas sacerdotais. Teremos deixado o serviço de Deus e nos colocado a serviço de Satanás.
Seria bom que os portadores
do sacerdócio estudassem regularmente a seção 121 de Doutrina e
Convênios. É fácil entender por que
os profetas modernos salientaram a
necessidade de nos mantermos dignos e por que nos deram o livreto
Para o Vigor da Juventude como
um guia para ajudar-nos.
Um dos motivos pelos quais precisamos manter-nos dignos é que nunca
sabemos quando seremos chamados a
usar o sacerdócio.
Quando nosso filho Matthew estava
com cinco anos, ele caiu do trampolim mais alto da piscina comunitária.
Caiu no piso de concreto e sofreu fratura de crânio e concussão cerebral.
Foi levado às pressas pelo helicóptero
do resgate até o Centro Médico de
Houston para tratamento de emergência. Precisei imediatamente do auxílio
do sacerdócio. O nosso mestre familiar e o nosso líder do sacerdócio estavam ambos dignos e preparados
naquele momento. Eles ajudaram a
dar uma bênção em Matthew, e ele
se recuperou completamente.
Precisamos estar preparados a
52
qualquer momento. Como dizemos
no Escotismo: “Sempre alerta”.
Sem dúvida precisamos abster-nos
das artimanhas sacerdotais. Mas o
Apóstolo Paulo nos advertiu contra
outro perigo. Ele disse que em nossos
dias haveria pessoas com “aparência
de piedade, mas negando a eficácia
dela” (II Timóteo 3:5).
Como portadores do sacerdócio,
de que modo podemos ter aparência
de piedade, mas negar a eficácia dela?
Poderia ser possuindo o sacerdócio,
mas deixando de exercê-lo? Apenas
visitando as famílias, em vez de
ensiná-las como mestres familiares?
Orando por uma pessoa, numa ordenança ou ordenação, em vez de abençoá-la? Fazendo o trabalho do Senhor
da melhor maneira que podemos,
sem antes suplicar para conhecer e
fazer a vontade Dele, à maneira Dele?
Lembrem-se do conselho que o
Senhor nos deu por intermédio de
Néfi de que “(…) nada [devemos]
fazer para o Senhor sem antes orar
ao Pai (…)” (2 Néfi 32:9).
Há vários anos, fui chamado para
servir como conselheiro na presidência da Estaca Houston Texas Norte.
Estava estudando a parábola dos
talentos. Vocês se lembram dessa história. Um homem precisou viajar, por
isso confiou seus bens a seus servos.
Um recebeu cinco talentos, outro
recebeu dois, e o último recebeu um.
Ao retornar, ele pediu que prestassem
contas do que fizeram.
O servo que recebeu cinco e devolveu dez, bem como o que recebeu dois
e devolveu quatro foram considerados
servos bons e fiéis. Mas o que chamou
a minha atenção foi o servo que recebeu um talento, cuidou dele e devolveu-o em segurança a seu senhor.
Fiquei surpreso com a resposta do
mestre: “Mau e negligente servo (…)
tirai-lhe pois o talento (…) lançai (…)
o servo inútil nas trevas exteriores
(…)”! (Ver Mateus 25:14–30.)
Essa me parecera uma reação
exagerada contra alguém que parecia
estar procurando cuidar do que lhe
fora confiado. Mas o Espírito ensinoume esta verdade: o Senhor espera
uma diferença! Soube naquele
momento que, um dia, todos teremos
de nos apresentar perante Deus e
prestar contas de nosso serviço e mordomia no sacerdócio. Será que fizemos alguma diferença? Em meu caso,
será que a Estaca Houston Texas Norte
estava melhor na época de minha
desobrigação do que estava quando
fui chamado?
Felizmente, o Senhor nos ensinou
a termos sucesso, a fazermos a diferença. “Quem está em mim, e eu
nele, esse dá muito fruto” (João
15:5). Se exercermos Seu sacerdócio
à maneira Dele, seguindo a orientação que recebemos de Seus servos e
de Seu Espírito, seremos servos bons
e fiéis!
Meus queridos irmãos do sacerdócio, o Senhor Jesus Cristo, nosso
Salvador e Redentor, vive! Ele nos
conhece; Ele nos ama. Ele depositou
Sua confiança em nós concedendonos o poder e a autoridade do Seu
sacerdócio. Sou testemunha dessa
verdade. Que usemos esse poder e
essa autoridade para fazer Sua vontade à maneira Dele é minha oração.
Ao ouvirmos as palavras do
Presidente Hinckley, do Presidente
Monson e do Presidente Faust, presto
meu testemunho pessoal de que
cada um deles é um profeta, vidente
e revelador. Estou ansioso para ouvir
seus conselhos. Em nome de Jesus
Cristo. Amém. ■
Nutrição Espiritual
P R E S I D E N T E J A M E S E . FA U S T
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência
Precisamos aumentar os nossos nutrientes espirituais,—
nutrientes que tenham origem no conhecimento da
plenitude do evangelho e nos poderes do santo sacerdócio.
T
odo verão, meu avô costumava
levar seu gado para pastar nos
belos e verdejantes vales das
montanhas a leste de nossa cidade, no
centro de Utah. No entanto, o gado
precisava de nutrientes extras que
existiam no sal que comiam. O sal de
rocha é oriundo de uma mina de sal
dos arredores. Vovô amarrava o saco
de sal na sela de um cavalo forte e percorria com ele a pastagem enchendo
os cochos com o sal. Eu chamava o
cavalo de Molenga por uma boa razão.
Vovô me colocava sobre o cavalo com
a sela carregada de sal e me dava as
rédeas para que eu guiasse o animal
montanha acima, seguindo vovô em
seu cavalo.
Meu cavalo, o Molenga, era lento,
mas eu não o forçava porque ele
levava uma carga pesada. Gastávamos
um dia inteiro para subir a montanha
até que todo o sal fosse descarregado
nos cochos. À medida que os dias
ficavam mais quentes, eu sentia ferroadas nas pernas quando elas roçavam as pedras de sal que estavam no
alforje. Era com alegria que, ao cruzar
um riacho, eu podia descer do cavalo
e me livrar das ferroadas lavando e
enxugando as pernas.
Vovô cantava quase o dia todo; a
maioria das canções eram hinos de
Sião. Porém, uma canção que me
impressionava muito era “Dize-me
com quem andas e te direi quem
és”. Pensando bem, transportar sal
montanha acima era uma experiência agradável e, ao mesmo tempo,
os nutrientes extras do sal de rocha
fortaleciam o gado.
Um nutriente suplementa a alimentação e promove o crescimento
e a saúde tanto dos animais quanto
dos seres humanos. O gado do vovô
necessitava desses nutrientes, porém,
os seres humanos precisam de algo
mais. Eles precisam ser reabastecidos
espiritualmente, porque “mais é a
vida do que o sustento”1 e “há um
espírito no homem, e a inspiração do
Todo-Poderoso o faz entendido”2. O
espírito humano anseia por amor. Ele
também carece ser “criado com as
palavras da fé e da boa doutrina”.3
A nutrição espiritual nos prepara
para o batismo. Essa preparação
implica nos humilharmos diante de
Deus, com “o coração quebrantado
e o espírito contrito”, arrependendonos de todos os nossos pecados,
estando “dispostos a tomar sobre
[nós] o nome de Jesus Cristo”, manifestando “por [nossas] obras que
[recebemos] o Espírito de Cristo”4.
Nosso nutriente espiritual mais
importante é o testemunho de que
Deus é nosso Pai Eterno, que Jesus é
nosso Salvador e Redentor, e que o
Espírito Santo é nosso Consolador.
Esse testemunho é nos confirmado
pelo dom do Espírito Santo. É desse
testemunho que retiramos os nutrientes espirituais da fé e confiança em
Deus, o que nos traz as bênçãos dos
céus. Os nutrientes espirituais nos
advêm de várias fontes, mas devido a
restrições de tempo, gostaria de mencionar apenas três.
Há alguns anos, um jovem que
estava terminando o segundo grau
resolveu nutrir-se por meio do estudo
das escrituras meia hora por dia. Ao
iniciar a leitura do Novo Testamento,
ele encontrou uma dificuldade. Não
sentiu a esperada elevação espiritual e
não estava conseguindo nenhuma inspiração. Então, ele se perguntou: “O
que estou fazendo de errado?” Aí se
lembrou de um episódio ocorrido na
escola. Ele e alguns amigos estavam
contando piadas—algumas das quais
não eram engraçadas, e eram também
totalmente indecorosas. Ele não só
havia participado, mas também havia
feito alguns comentários inadequados.
Enquanto ele lembrava, seus olhos
caíram sobre as palavras de Mateus:
“Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem,
hão de dar conta no dia do juízo”5.
Ele reconheceu que o Espírito o havia
direcionado àquelas palavras. Colocou
então a Bíblia de lado e, arrependido,
fez uma oração.
A resposta à pergunta dele “O que
estou fazendo de errado?” foi simples.
Ele estava lendo as escrituras, marcando-as e até gostando delas, mas
não estava vivendo os conselhos nelas
contidos. À medida que renovava seus
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
53
esforços de leitura e tentava viver o
exemplo de Cristo, logo percebeu
que diferentes áreas de sua vida
começaram a ganhar novo sentido.6
A incorporação das escrituras em seu
dia-a-dia lhe trouxera importantes
nutrientes espirituais.
Em nosso incerto ambiente físico,
precisamos aumentar os nossos
nutrientes espirituais, — nutrientes
que tenham origem no conhecimento da plenitude do evangelho e
nos poderes do santo sacerdócio.
Quando tal conhecimento penetra
nossas almas, não só nos aproximamos de Deus, mas também desejamos servir a Ele e ao próximo.
Há alguns anos, um quórum de
sacerdotes decidiu coletar alimentos
para os necessitados como parte de
um projeto de serviço. Jim, um dos
sacerdotes, estava animado com o
54
projeto e decidiu coletar mais alimentos do que os outros. Finalmente, os
sacerdotes se reuniram na capela.
Todos haviam saído na mesma hora e
voltaram à capela mais tarde em uma
hora preestabelecida. Para a surpresa
de todos, o carrinho de Jim estava
vazio. Ele estava calado e alguns dos
rapazes zombaram dele. Percebendo
isso e sabendo que Jim tinha interesse
em automóveis, o consultor disse:
“Venha comigo, Jim. Preciso que
você dê uma olhada no meu carro.
Ele está me causando problemas”.
Quando estavam lá fora, o consultor
perguntou a Jim se ele estava chateado.
Jim disse: “Na verdade, não estou. Mas
quando saí para coletar os mantimentos, consegui muito. Meu carrinho
ficou cheio. Quando eu voltava para a
capela, parei na casa de uma senhora
não membro que é divorciada e vive
na área de nossa ala. Bati à porta e
expliquei o que estávamos fazendo ela
me convidou a entrar e começou a
procurar algo para contribuir. Quando
abriu a geladeira, vi que estava praticamente vazia. Não havia nada nos
armários também. Finalmente, ela
encontrou uma latinha de pêssegos.
Mal pude acreditar. Com vários
filhos para alimentar e ainda me deu
aquela lata de pêssegos! Coloquei
a latinha no carrinho e continuei
rua acima, e aí senti um ardor que
me mostrou que eu deveria voltar
àquela casa. Aí, dei para ela tudo o
que recolhera”.
O consultor então disse: “Jim,
nunca se esqueça do que sentiu esta
noite, porque é isso o que realmente
importa”.7 Jim havia experimentado
o nutriente do serviço altruísta.
Muitos nutrientes espirituais advêm
enquanto servimos em uma missão —
por nos entregarmos totalmente ao
serviço do Mestre. São resultados da
ajuda que damos às pessoas para despertarem espiritualmente e aceitarem
o evangelho. Há mais de um século,
quando o Élder J. Golden Kimball presidia a Missão dos Estados do Sul, convocou os élderes para uma reunião em
um lugar discreto em um bosque, para
que tivessem tranqüilidade. Um dos
élderes tinha um problema na perna.
Ela estava em carne viva e inchada a
ponto de ter o dobro do tamanho da
outra perna. Porém, esse élder insistiu
em participar dessa reunião especial
do sacerdócio no bosque. Assim, dois
élderes o carregaram até lá.
O Élder Kimball perguntou aos
missionários: “Irmãos, o que vocês
estão ensinando?”
Eles responderam: “Ensinamos o
evangelho de Jesus Cristo”.
“Estão dizendo às pessoas que
vocês têm o poder e a autoridade, por
meio da fé, para curar os enfermos?”,
ele continuou.
Eles responderam: “Sim”.
“Muito bem”, continuou ele, “e por
que não acreditam nisso?”
O jovem com a perna inchada
levantou-se e disse: “Eu creio”. E eis
o restante da história nas palavras do
Élder Kimball: “[O élder] sentou-se
em um toco e os élderes se reuniram
em torno dele. Eles o ungiram e administraram a ele e ele foi curado ali, na
presença deles. Foi um choque e tanto
e todos os outros élderes que estavam doentes foram ungidos e curados. Saímos da reunião do sacerdócio
e cada um recebeu sua designação.
Havia alegria e felicidade indescritíveis”.8 Seu nutriente de fé havia sido
reabastecido e seu zelo pela obra
missionária fora reavivado.
Os nutrientes espirituais, que nos
mantêm espiritualmente saudáveis,
podem perder a eficácia e a potência
se não vivermos dignos da orientação divina de que necessitamos. O
Salvador nos disse: “Vós sois o sal da
terra; e se o sal for insípido, com que
se há de salgar? Para nada mais presta
senão para se lançar fora, e ser pisado
pelos homens”.9 Precisamos manter
nossa mente e nosso corpo livres de
todo tipo de vício ou contaminação.
Nunca aceitaríamos comer alimento
estragado ou contaminado. Da mesma
forma seletiva, devemos evitar ler ou
ver qualquer coisa que não seja de
bom gosto. A maior parte da contaminação espiritual que vem a nossa vida
chega pela Internet, pelos jogos eletrônicos, programas de TV e filmes que
são muito insidiosos e que mostram
de forma explícita os atributos mais
baixos da humanidade. Por vivermos
num ambiente desses, é preciso que
aumentemos nossa força espiritual.
Enos fala de como sua alma ficou
faminta e como, por ela, clamou o dia
inteiro e a noite.10 Ele ansiava pelos
nutrientes espirituais que matariam
sua sede pela verdade espiritual. Como
disse o Salvador do mundo à mulher
no poço de Samaria: “Mas aquele que
beber da água que eu lhe der nunca
terá sede, porque a água que eu lhe
der se fará nele uma fonte de água que
salte para a vida eterna”.11
Rapazes filipinos encontram-se para assistir à conferência.
Esta noite reunimos o sacerdócio
de Deus nesta imensa congregação,
tanto os que vejo quanto os que não
vejo. Espero que seja porque desejamos ser nutridos espiritualmente.
Espero que sempre sintamos fome e
sede da palavra do Senhor dada por
meio de Seus servos, os profetas, e
que sejamos reabastecidos semanalmente ao irmos às reuniões sacramentais e renovarmos nossos convênios.
Cada um de vocês, rapazes do
Sacerdócio Aarônico, tem todos os
elementos essenciais para buscar
seu destino eterno. Esses elementos,
alguns ainda potenciais, precisam
ser fortalecidos e nutridos. Alguns
são físicos; alguns são espirituais. O
espírito humano precisa conhecer
sua jornada eterna — saber onde ela
começou, por que estamos aqui na
mortalidade e aonde, por fim, iremos
para receber alegria e felicidade a fim
de cumprir esse destino. Reabastecer
nosso espírito com nutrientes espirituais pode ser eternamente necessário
e nos acompanhará para as eternidades. Como ensinou Amuleque: “o
mesmo espírito que possuir vosso
corpo quando deixardes esta vida,
esse mesmo espírito terá poder para
possuir vosso corpo naquele mundo
eterno”.12
Irmãos, agradecemos por sua devoção e retidão. Vocês cumprem seus
chamados nos quóruns, ramos, alas
e estacas tão bem que a Igreja cresce
e toda a obra de Deus progride no
mundo inteiro. Por meio de seu sacerdócio, vocês são capazes de abençoar,
em nome do Senhor, sua família e
outros a quem sejam chamados ou
que sejam designados a abençoar. Isso
se deve ao direito divino que Deus
nos confiou, pois Ele prometeu que a
“quem abençoares, eu abençoarei”.13
Irmãos, oro para que sejamos fiéis e
verdadeiros a todos os nossos convênios e totalmente dedicados à nossa
família, especialmente a nossa esposa,
mas também aos pais, filhos e netos.
Que sejamos encontrados prestando
nosso testemunho da veracidade desta
obra todos os dias de nossa vida. Que
continuemos em frente, em retidão,
como os humildes servos do Senhor.
Por isso oro no nome de Jesus Cristo.
Amém. ■
NOTAS
1. Lucas 12:23.
2. Jó 32:8.
3. I Timóteo 4:6.
4. D&C 20:37.
5. Mateus 12:36.
6. Carl Houghton, “What Am I Doing
Wrong?”[O Que Estou Fazendo de Errado],
Tambuli, maio de 1988, pp. 42–43;
New Era, setembro de 1987, p. 12.
7. Robert B. Harbertson, “The Aaronic
Priesthood: What’s So Great About It”
[O Sacerdócio Aarônico: O Que Há de
Tão Grande a Respeito Dele?], New Era,
maio de 1990, p. 49.
8. Em Max Nolan, “J. Golden Kimball in the
South” [J. Golden Kimball no Sul],
New Era, julho de 1985, p. 10.
9. Mateus 5:13.
10. Ver Enos 1:4.
11. João 4:14.
12. Alma 34:34.
13. D&C 132:47.
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
55
Sejamos Leais
às Nossas
Responsabilidades
no Sacerdócio
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
É fazendo — e não apenas sonhando — que as vidas são
abençoadas, as pessoas são guiadas e as almas são salvas.
H
á algumas semanas, em uma
reunião de jejum e testemunhos em nossa ala, observei
um menininho no fundo da capela
procurando ganhar coragem para
prestar o testemunho. Ele se levantou
três ou quatro vezes, mas desistiu.
Finalmente, sua vez chegou. Ele
empertigou-se, caminhou corajosamente até a frente, subiu os degraus
até o púlpito e, firmando as mãos
56
sobre a plataforma, olhou para a congregação e sorriu—em seguida, virouse e refez o caminho de volta até onde
estavam seus pais. Olhei para vocês
esta noite neste vasto Centro de
Conferências e pensei naqueles que
estão me ouvindo. Aí pude dar mais
valor às ações daquele garotinho.
Meus irmãos, sinto-me honrado
pelo privilégio de falar-lhes esta noite.
Pensando no que dizer-lhes, veio-me
à mente uma de minhas escrituras
favoritas: “Teme a Deus, e guarda os
seus mandamentos; porque esse é o
dever de todo o homem” (Eclesiastes
12:13). Gosto imensamente da nobre
palavra dever.
O lendário General Robert E. Lee,
que ficou famoso na Guerra Civil
Americana, declarou: “Dever é a palavra mais sublime de nossa língua. (…)
Não é possível ir além dele; não deseje
fazer menos do que ele” (John Bartlett,
Familiar Quotations [1968], p. 620.
Todos temos deveres relacionados
ao sagrado sacerdócio que possuímos. Quer sejamos portadores do
Sacerdócio Aarônico ou do Sacerdócio
de Melquisedeque, muito é esperado
de cada um de nós. O próprio Senhor
resumiu nossa responsabilidade
quando, na revelação sobre o sacerdócio, ordenou-nos: “Portanto agora
todo homem aprenda seu dever e a
agir no ofício para o qual for designado
com toda diligência” (D&C 107:99).
Espero do fundo do coração e da
alma que todo rapaz que for ordenado
honre esse sacerdócio e seja leal à responsabilidade que recebeu quando
ele lhe foi conferido.
Há cinqüenta e um anos, ouvi
William J. Critchlow Jr., que na época
presidia a estaca Ogden Sul e mais
tarde se tornou Assistente do Quórum
dos Doze, falar aos irmãos, na sessão
do sacerdócio da conferência, e contar
uma história a respeito de confiança,
honra e dever. Quero contar-lhes essa
história. Sua lição simples se aplica a
nós, hoje em dia, tanto quanto
naquela época.
“O [jovem] Rupert estava parado
à margem da estrada vendo um
número incomum de pessoas passarem correndo. Por fim, reconheceu
um amigo. ‘Aonde estão indo todos
com tanta pressa?’ perguntou.
O amigo parou. ‘Não ficou
sabendo?’ perguntou ele.
‘Não, não soube de nada’, respondeu Rupert.
‘Ora’, disse o amigo, ‘o rei perdeu
a esmeralda real. Ele esteve ontem
em um casamento da nobreza usando
a esmeralda presa a uma fina corrente
de ouro que levava ao pescoço. De
alguma forma a esmeralda se soltou da
corrente. Todos a estão procurando,
porque o rei ofereceu uma recompensa para a pessoa que a encontrar.
Venha, temos que nos apressar.’
‘Mas não posso ir sem pedir à
minha avó’, hesitou Rupert.
‘Então, não posso esperar. Tenho
que encontrar a esmeralda’, respondeu o amigo.
Rupert voltou correndo para a
cabana à beira da floresta a fim de
pedir permissão para a avó. ‘Se eu
conseguir encontrá-la, poderemos
sair desta cabana úmida e comprar
um pequeno terreno na encosta da
montanha’, suplicou ele à avó.
Mas a avó fez que não com a
cabeça. ‘O que vai ser das ovelhas?’,
perguntou ela. ‘Elas já estão agitadas
no cercado, esperando para serem
levadas ao pasto. E não se esqueça de
levá-las para beber água quando o sol
estiver brilhando bem alto no céu’.
Tristemente, Rupert levou as ovelhas para o pasto, e ao meio-dia, levouas até o riacho na floresta. Ficou ali
sentado numa grande pedra junto à
margem. ‘Se ao menos eu tivesse a
chance de procurar a esmeralda do
rei’, pensou ele. Ao olhar para o fundo
arenoso do riacho, de repente, viu
algo dentro da água. O que era aquilo?
Não podia ser! Pulou para dentro
da água e apanhou uma coisa verde,
presa a uma fina corrente de ouro. ‘A
esmeralda do rei!’ gritou ele. ‘Ela deve
ter caído da corrente quando o rei passou a galope em seu cavalo sobre a
ponte que atravessa o riacho, e a correnteza deve tê-la trazido até aqui.’
Com os olhos brilhantes, Rupert
correu para a cabana da avó para
contar-lhe sobre o seu grande
achado. ‘Abençoado seja você, meu
rapaz’, disse ela, ‘mas você nunca a
teria encontrado se não tivesse cumprido o seu dever de levar as ovelhas
para pastar’. E Rupert sabia que
era verdade“ (Conference Report,
outubro de 1955, 86).
A lição a ser aprendida com essa
história está contida num ditado
conhecido: “Faça o seu dever; é
o melhor a fazer. Deixe o restante
com o Senhor” (Henry Wadsworth
Longfellow, “The Legend Beautiful”,
em The Complete Poetical Works
of Longfellow [1893], 258).
Para vocês que são ou foram presidentes de seus quóruns, gostaria de
sugerir que o seu dever não chega ao
fim com o término do seu chamado.
Esse relacionamento com os membros de seu quórum, seu dever para
com eles, continua por toda a vida.
Durante o tempo em que fui mestre no Sacerdócio Aarônico, fui chamado para ser presidente do quórum.
Com o incentivo e auxílio de um dedicado e inspirado consultor do quórum, trabalhei diligentemente para
assegurar-me de que cada rapaz freqüentasse nossas reuniões regularmente. Dois deles foram um grande
desafio, mas com perseverança e amor
eles começaram a freqüentar as reuniões e a participar das atividades do
quórum. Contudo, com o passar do
tempo, quando deixaram a ala para
estudar e trabalhar, os dois voltaram
a ficar inativos.
Ao longo dos anos, tenho encontrado esses dois bons amigos em várias
ocasiões. Sempre que encontro um
deles, coloco a mão no ombro dele e o
relembro: “Ainda sou o presidente de
seu quórum e não vou desistir. Você
significa muito para mim, e quero que
desfrute as bênçãos da atividade na
Igreja”. Eles sabem que eu os amo e
que nunca, nunca desistirei deles.
Para aqueles que possuem o
Sacerdócio de Melquisedeque, o
privilégio de magnificar nosso chamado está sempre presente. Somos
pastores que cuidam de Israel. As
ovelhas famintas erguem a cabeça,
prontas para serem nutridas com o
pão da vida.
Há muitos anos, na antevéspera
do dia de finados, tive o privilégio
de auxiliar uma pessoa que tinha
perdido temporariamente o caminho
e precisava de ajuda para voltar. Eu
estava voltando de carro do escritório bem tarde, quando passei pelo
Hospital St. Mark, em Salt Lake City.
Então, lembrei que um bom amigo,
Max, estava muito enfermo naquele
hospital. Quando nos conhecemos,
alguns anos antes, descobrimos que
tínhamos passado a juventude na
mesma ala, embora em épocas diferentes. Quando nasci, Max e seus
pais já tinham se mudado da ala.
Naquela noite, parei no estacionamento e entrei no hospital. Ao perguntar no balcão de atendimento o
número do quarto dele, disseram-me
que, ao se registrar no hospital, Max
não tinha indicado ser SUD, mas, sim,
de outra religião.
Entrei no quarto de Max e o cumprimentei. Eu lhe disse que estava
muito orgulhoso de ser amigo dele
e que me preocupava muito com
ele. Conversamos sobre sua carreira
como bancário e paralelamente como
regente de orquestra. Descobri que
ele se ofendera com certos comentários de algumas pessoas e decidira
freqüentar outra igreja. Eu lhe disse:
“Max, você tem o Sacerdócio de
Melquisedeque. Quero dar-lhe uma
bênção esta noite”. Ele concordou,
e a bênção foi dada. Então, ele me
disse que sua esposa, Bernice, também estava muito doente e, na verdade, estava internada no quarto ao
lado. A convite meu, Max e eu demos
uma bênção na esposa dele. Eu o
orientei. Ele ungiu a esposa. Houve
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
57
No Camboja, do lado de fora da capela, missionários posam para uma fotografia.
lágrimas e abraços depois que eu selei
a unção junto com o Max, impondo
nossas mãos sobre a cabeça dela, o
que tornou aquela noite digna de ser
lembrada.
Ao sair do hospital naquela noite,
parei no balcão de atendimento e
disse à recepcionista que, com a permissão de Max e de sua esposa, o
registro deveria ser alterado para indicar que eles eram membros da Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Para certificar-me, esperei
que ela fizesse a mudança.
Meus amigos Max e Bernice
estão agora ambos do outro lado
do véu, mas passaram o último
período de sua vida ativos e felizes,
e receberam as bênçãos advindas
do testemunho do evangelho e da
freqüência à Igreja.
Irmãos, nossa tarefa é estender a
mão para ajudar todos aqueles que,
por qualquer motivo, estejam precisando de nosso auxílio. Nosso desafio
não é insuperável. Estamos cumprindo
o que o Senhor nos ordenou e, portanto, temos o direito de receber Sua
ajuda. Mas precisamos tentar. Na peça
Shenandoah encontramos estas palavras inspiradoras: “Se não tentarmos,
não faremos; e se não fizermos, então
para que estamos aqui?”
Temos a responsabilidade de viver
de modo que, ao sermos chamados
para dar uma bênção do sacerdócio ou
auxiliar de qualquer forma, estejamos
dignos de fazê-lo. Foi-nos dito que
58
realmente não podemos escapar dos
efeitos de nossa influência pessoal.
Precisamos ter a certeza de que nossa
influência seja positiva e inspiradora.
Estamos com as mãos limpas?
Temos o coração puro? Revendo as
páginas da história, encontramos uma
lição sobre dignidade nas palavras do
rei Dario em seu leito de morte. De
acordo com os devidos ritos, Dario
tinha sido reconhecido como o legítimo rei do Egito. Seu rival, Alexandre,
o Grande, tinha sido declarado filho
legítimo de Amon. Ele também era
faraó. Quando Alexandre encontrou
Dario às portas da morte, colocou as
mãos sobre a cabeça dele para curá-lo,
ordenando que se erguesse e assumisse o seu poder real, dizendo: “Jurote, Dario, por todos os deuses, que
faço estas coisas com sinceridade e
sem falsidade”.
Dario respondeu com uma gentil
repreensão: “Alexandre, meu rapaz,
(…) achas que podes tocar o céu
com essas tuas mãos?” (Adaptado
de Hugh Nibley, Abraham in Egypt
[1981], p. 192.)
O chamado ao dever pode vir serenamente quando nós que possuímos o
sacerdócio atendemos às designações
que recebemos. O Presidente George
Albert Smith, um líder muito modesto,
mas bastante eficaz que foi o oitavo
Presidente da Igreja, declarou: “É seu
dever em primeiro lugar saber o que
o Senhor deseja e, então, pelo poder
e força de Seu santo sacerdócio,
magnificar de tal maneira o seu chamado na presença de seus companheiros que as pessoas sintam alegria em
segui-lo” (Conference Report, abril de
1942, p. 14).
E como uma pessoa magnifica um
chamado? Simplesmente cumprindo
o serviço associado a esse chamado.
Irmãos, é fazendo — e não apenas
sonhando — que as vidas são abençoadas, as pessoas são guiadas e as
almas são salvas. Tiago declarou:
“Sede cumpridores da palavra, e não
somente ouvintes, enganando-vos
com falsos discursos” (Tiago 1:22).
Que todos nós aqui reunidos hoje
nesta reunião do sacerdócio façamos
um esforço redobrado a fim de
qualificar-nos para a orientação do
Senhor em nossa vida. Há tantas pessoas que suplicam e oram pedindo
ajuda. Há pessoas desalentadas, que
desejam muito voltar, mas não sabem
como começar.
Sempre acreditei na veracidade
destas palavras: “As mais doces bênçãos de Deus sempre são concedidas por pessoas que O servem aqui
na Terra” (Whitney Montgomery,
“Revelation”, em Best-Loved Poems
of the LDS People, ed. Jack M. Lyon
e outros [1996], p. 283). Estejamos
sempre prontos, puros e dispostos
para podermos participar do trabalho
de oferecer o que o Pai Celestial
deseja que as pessoas recebam Dele.
Concluo com um exemplo de
minha própria vida. Tive um amigo
querido que parecia ter mais problemas e frustrações na vida do que
podia suportar. Por fim, ele foi hospitalizado com uma doença terminal.
Eu não sabia que ele estava lá.
Minha mulher e eu tínhamos ido
àquele hospital visitar outra pessoa
que estava muito doente. Quando
estávamos saindo do hospital e caminhando em direção a nosso carro estacionado, senti uma inspiração bem
clara de que devia voltar e perguntar
se meu amigo Hyrum ainda estava
internado ali. Verifiquei no balcão de
atendimento e confirmei que Hyrum
estava realmente internado ali havia
várias semanas.
Fomos até o quarto dele, batemos
na porta e a abrimos. Não estávamos
preparados para o que vimos. Havia
balões espalhados por toda parte.
Numa das paredes havia um cartaz
bem visível com os dizeres: “Feliz
Aniversário, Papai”. Hyrum estava sentado em seu leito de hospital, com os
familiares a seu lado. Quando nos viu,
ele disse: “Irmão Monson, como foi
que você ficou sabendo que hoje era
meu aniversário?” Sorri, mas deixei a
pergunta sem resposta.
As pessoas presentes no quarto
que possuíam o Sacerdócio de
Melquisedeque reuniram-se ao redor
daquele homem, seu pai, seu avô e
meu amigo, e uma bênção do sacerdócio foi dada.
Depois das lágrimas, dos sorrisos
de gratidão e de ternos abraços,
aproximei-me de Hyrum e sussurrei
para ele: “Lembre-se das palavras do
Senhor, porque elas lhe darão alento.
Ele prometeu para você: ‘Não vos
deixarei órfãos; voltarei para vós’
(João 14:18)”.
O tempo segue sua marcha. O
dever acompanha essa marcha. O
dever não diminui com o tempo.
Conflitos catastróficos vêm e vão,
mas a guerra pela alma dos homens
prossegue sem cessar. Como um
chamado de trombeta a palavra do
Senhor vem a todos nós, portadores
do sacerdócio: “Portanto agora todo
homem aprenda seu dever e a agir
no ofício para o qual for designado
com toda diligência” (D&C 107:99).
Irmãos, aprendamos nossos deveres. Sejamos dignos de cumprir esses
deveres e, ao fazê-lo, sigamos os passos do Mestre. Ao receber o chamado
ao dever, Ele respondeu, dizendo:
“Pai, faça-se a tua vontade e seja tua a
glória para sempre” (Moisés 4:2). Que
façamos o mesmo, é minha humilde
oração, em nome de Jesus Cristo, o
Senhor. Amém. ■
Erguei-Vos, Ó
Homens de Deus
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY
Com esse sacerdócio, vem a grandiosa obrigação
de sermos dignos dele.
versão dele no nosso hinário em
inglês, mas não me lembro de tê-lo
cantado nenhuma vez.
A letra está imbuída do espírito dos
velhos hinos britânicos escritos por
Charles Wesley e outros. Ela diz:
Erguei-vos, ó homens de Deus!
Ao trivial não vos apegueis.
De todo coração, mente e força,
Servi ao Rei dos Reis.
Erguei-vos, ó homens de Deus!
Em perfeita e total união.
Anunciai o dia do amor fraternal
E findai a noite de escuridão.
I
rmãos, olho para vocês e vejo o
sacerdócio de mangas arregaçadas.
Parece que vocês estão todos de
branco, prontos para o trabalho. E
chegou a hora de trabalhar.
Que visão extraordinária! Este
grande Centro de Conferências
está lotado e as nossas palavras
estão sendo transmitidas ao mundo
inteiro. Provavelmente esta é a maior
reunião de portadores do sacerdócio
jamais realizada. Parabéns por sua
presença hoje!
Recentemente assisti na televisão
a um concerto do Coro Masculino da
BYU. O coro cantou um empolgante
hino chamado “Erguei-vos, ó Homens
de Deus”. Foi escrito em 1911 por
William P. Merrill e eu encontrei uma
Erguei-vos, ó homens de Deus!
A Igreja por vós espera.
Sem vossa força cairá,
Erguei-vos e vencei a guerra!
Erguei-vos, ó homens de Deus!
Segui os passos do Senhor.
Como irmãos do Filho do Homem,
Erguei-vos hoje com vigor!
(Hymns, nº 324; terceira estrofe
extraída de The Oxford American
Hymnal, ed. Carl F. Pfatteicher
(org.), [1930], nº 256)
As escrituras são muito claras em
sua aplicação para cada um de nós.
Néfi, por exemplo, citou Isaías: “Oh!
se tivesses dado ouvidos aos meus
mandamentos — então tua paz teria
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
59
sido como um rio e tua justiça como
as ondas do mar” (1 Néfi 20:18, ver
também Isaías 48).
As palavras de Leí são uma exortação veemente para todos os homens
e rapazes do sacerdócio. Ele declarou
com grande convicção: “Despertai,
meus filhos, cingi a armadura da retidão. Sacudi as correntes com que
estais amarrados e saí da obscuridade
e levantai-vos do pó” (2 Néfi 1:23).
Não há um único homem ou rapaz
nesta vasta congregação hoje que não
possa melhorar a sua vida. E isso precisa acontecer. Afinal, somos portadores do sacerdócio de Deus. Se são
rapazes que receberam o Sacerdócio
Aarônico, têm o direito ao ministério
de anjos para guiá-los, orientá-los,
abençoá-los e protegê-los. Como isso
é extraordinário e maravilhoso! Tendonos sido conferido o Sacerdócio de
Melquisedeque, foram-nos dadas as
chaves do reino que trazem com elas
poderes eternos. Esses poderes foram
citados pelo Senhor ao impor as mãos
sobre a cabeça dos Seus discípulos.
Com esse sacerdócio, vem a grandiosa obrigação de sermos dignos
dele. Não podemos entregar-nos a
pensamentos impuros. Não podemos
60
ver pornografia. Jamais devemos
cometer abusos ou maus-tratos de
qualquer natureza. Devemos estar
acima de tais coisas. “Erguei-vos, ó
homens de Deus!”, e deixai tudo isso
para trás, e o Senhor será seu guia e
apoio.
O profeta Isaías declarou: “Não
temas, porque eu sou contigo; não te
assombres, porque eu sou teu Deus;
eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça”
(Isaías 41:10).
Alguns de vocês, rapazes, parecem
gostar de vestir-se de maneira desleixada. Sei que é um assunto delicado,
mas acredito que esse é um comportamento inadequado para os rapazes
ordenados ao santo sacerdócio de
Deus. E o nosso modo de falar às
vezes corresponde ao de nos vestir:
usamos termos profanos e tomamos
o nome do Senhor em vão. Deus
advertiu-nos claramente contra isso.
Tenho certeza de que já ouviram
esta história do Presidente Spencer W.
Kimball, mas tomo a liberdade de
repeti-la. Ele acabara de ser operado.
Um jovem enfermeiro o colocara
numa maca e o estava levando para
outro andar do hospital. Ao entrar
no elevador, o enfermeiro tropeçou
e proferiu um xingamento usando o
nome do Senhor.
O Presidente Kimball, apenas
semiconsciente, suplicou: “Por favor!
É o meu Senhor cujo nome você
está injuriando”.
Houve um silêncio sepulcral, e
então o rapaz sussurrou com um tom
de voz suave: “Desculpe” [ver The
Teachings of President Spencer W.
Kimball, Edward L. Kimball (org.),
1982, p. 198].
Peço a sua atenção para outro
assunto que muito me preocupa. Por
meio de revelação, o Senhor deu a
Seu povo o mandamento de adquirir
o máximo de instrução possível. Ele
foi muito claro quanto a isso. Mas há
um fenômeno inquietante em curso.
O irmão Rolfe Kerr, Comissário de
Educação da Igreja, informou-me
que nos Estados Unidos quase
73 por cento das moças concluem o
ensino secundário, contra apenas
65 por cento dos rapazes. Os rapazes
são mais propensos a abandonar a
escola do que as moças.
Cerca de 61 por cento dos rapazes matriculam-se na faculdade
logo depois do ensino médio,
contra 72 por cento das jovens.
Em 1950, 70 por cento dos universitários eram do sexo masculino e
30 por cento, do feminino. Em 2010,
as estimativas prevêem 40 por cento
do sexo masculino e 60 por cento do
feminino.
As mulheres vêm obtendo mais
títulos de bacharel do que os homens
desde 1982 e mais títulos de mestre
desde 1986.
Essas estatísticas indicam claramente que as moças estão superando
os rapazes nos estudos. Assim, rapazes,
exorto-os: ergam-se e disciplinem-se
para tirar proveito das oportunidades
educacionais. Gostariam de casar-se
com uma jovem que tem muito mais
estudo do que vocês? Costumamos
falar de “jugo igual” no casamento.
Isso se aplica também, a meu ver, ao
grau de escolaridade.
Além do mais, o seu nível de instrução fortalecerá o seu serviço na
Igreja. Um estudo realizado há alguns
anos mostra que, quanto mais alto o
grau de escolaridade, maior é a fé e a
participação em atividades religiosas.
Já abordei antes a pornografia.
Torna-se facilmente um vício da pior
espécie. Permitam-me ler uma carta
que recebi de uma vítima:
“Gostaria de abrir-me como nunca
fiz antes com ninguém. Sou um
homem de 35 anos. Durante a maior
parte da minha vida adulta, fui viciado
em pornografia. Tenho muita vergonha de admitir isso, (…) mas não
restam dúvidas de que o meu vício
é tão real quanto o alcoolismo ou a
toxicomania. (…)
O meu principal motivo ao escrever
é pedir que a Igreja continue infatigavelmente a aconselhar os membros
a absterem-se de pornografia. Meu
primeiro contato com ela foi quando
ainda criança. Fui molestado por um
primo mais velho, e a pornografia
foi usada para atrair o meu interesse.
Estou convencido de que o fato de ter
sido exposto na infância ao sexo e à
pornografia é a raiz do meu vício atual.
Acho irônico os defensores da
indústria da pornografia afirmarem
que se trata da liberdade de expressão. Não tenho liberdade. Perdi o
meu livre-arbítrio porque não consegui vencer essa dependência. É como
uma armadilha, e sou incapaz de
sair. Por favor, por favor, por favor,
supliquem aos irmãos da Igreja que
não só evitem, mas eliminem as fontes de material pornográfico da sua
vida. Além de coisas óbvias como
livros e revistas, devem bloquear os
canais de filmes da TV a cabo na sua
casa. Conheço muitos usuários desses serviços que afirmam conseguir
ignorar as coisas ruins, mas não
é verdade. (…)
A pornografia e a perversão
tornaram-se tão corriqueiras em
nossa vida que esses materiais
estão por toda parte. Já encontrei
revistas pornográficas na rua e no
lixo. Precisamos conversar com os
nossos filhos e explicar o quanto
essas coisas são ruins e incentivá-los
a não as olharem quando se depararem com elas. (…)
Por fim, Presidente Hinckley,
suplico que ore por mim e por outros
na Igreja que estão na mesma situação, para que tenhamos a coragem e a
força para vencer essa terrível aflição.
Não posso assinar meu nome e
espero que compreenda.”
O computador é um instrumento
maravilhoso quando é usado adequadamente. Mas quando utilizado para
ver pornografia, entrar nas chamadas
“salas de bate-papo” ou para quaisquer outros fins que levem a práticas
ou pensamentos nocivos, devemos
ter autodisciplina suficiente para
desligá-lo.
O Senhor declarou: “Purgai a iniqüidade que existe em vós; santificaivos perante mim” (D&C 43:11). Essas
palavras não deixam nenhuma margem de dúvida.
Ele ensinou também: “Os elementos são o tabernáculo de Deus; sim,
o homem é o tabernáculo de Deus,
ou melhor, templos; e qualquer templo que for profanado, Deus destruirá
esse templo” (D&C 93:35). Não há
equívoco. O Senhor disse com clareza
que devemos cuidar do nosso corpo
mortal e manter distância de tudo o
que o prejudique.
Ele fez uma promessa grandiosa
a cada um de nós: “Sê humilde; e o
Senhor teu Deus te conduzirá pela
mão e dará resposta a tuas orações”
(D&C 112:10).
E lemos ainda: “Deus vos dará
conhecimento, por seu Santo Espírito,
sim, pelo indescritível dom do Espírito
Santo, conhecimento esse que não foi
revelado desde a fundação do mundo
até agora” (D&C 121:26).
Todos nós devemos estudar a vida
do Mestre e tentar imitar as Suas palavras e atos. Também faríamos bem em
estudar a vida do Profeta Joseph. Com
o exemplo dele, todos nós podemos
aprender muito sobre o nosso próprio comportamento.
Meus irmãos, testifico a veracidade dessas qualidades eternas.
Presto testemunho de que, se
nos empenharmos para melhorar
a nossa vida, o resultado será evidente. Que Deus os abençoe, a cada
um de vocês, queridos irmãos. Essas
coisas testifico, com humildade e
gratidão, no sagrado nome de Jesus
Cristo. Amém. ■
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
61
SESSÃO DA MANHÃ DE DOMINGO
1º de outubro de 2006
Que Firme
Alicerce
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
Podemos reforçar nosso alicerce de fé e nosso testemunho
da verdade, para que não vacilemos, não fracassemos.
M
eus queridos irmãos e irmãs,
tanto os que estão ao alcance
de minha visão quanto os
que se acham reunidos no mundo
inteiro, busco sua fé e orações ao
atender à designação e ao privilégio
de dirigir-me a vocês.
Em 1959, não muito tempo
depois de iniciar meu serviço como
presidente da Missão Canadense,
sediada em Toronto, Ontário,
Canadá, conheci N. Eldon Tanner,
um proeminente canadense que,
apenas dois meses depois, seria chamado como Assistente do Quórum
dos Doze Apóstolos, logo a seguir,
como membro do Quórum dos
Doze e, depois, como conselheiro
62
de quatro Presidentes da Igreja.
Quando conheci o Presidente
Tanner, ele era presidente da grande
Trans-Canadá Pipelines Ltd. e presidente da Estaca Canadá Calgary.
No Canadá, era conhecido como
“Mister Integridade”. Naquele primeiro encontro falamos, entre outros
assuntos, do rigoroso inverno canadense, no qual as tempestades eram
violentas, as temperaturas caíam bem
abaixo da de congelamento durante
semanas seguidas, e os ventos glaciais
baixavam ainda mais as temperaturas.
Perguntei ao Presidente Tanner por
que as estradas e rodovias do oeste
do Canadá basicamente permaneciam intactas durante tais invernos,
mostrando pouco ou nenhum sinal
de rachaduras ou rompimentos,
enquanto a superfície das estradas
de muitas áreas, onde o inverno é
menos frio e rigoroso, apresenta
rachaduras, rompimentos e buracos.
Ele disse: “A resposta está na profundidade da base dos materiais de
pavimentação. Para que eles permaneçam firmes e não se rompam, é
necessário aprofundar muito as camadas da base. Quando essas não são
profundas o bastante, a superfície não
suporta as temperaturas extremas”.
Com o passar dos anos, pensei
com freqüência nessa conversa e na
explicação do Presidente Tanner,
pois reconheci em suas palavras uma
grandiosa aplicação para nossa vida.
Simplificando, se não tivermos um
firme alicerce de fé e um testemunho sólido da verdade, poderá ser
difícil enfrentar as tempestades violentas e os ventos glaciais da adversidade que inevitavelmente atingem
cada um de nós.
A mortalidade é um período de
testes, um período para nos mostrarmos dignos de retornar à presença de
nosso Pai Celestial. Para sermos testados, precisamos enfrentar desafios e
dificuldades. Eles podem nos destruir,
e a superfície de nossa alma poderá
rachar e desmoronar — isto é, se o
nosso alicerce de fé e o nosso testemunho da verdade não estiverem firmemente enraizados em nós.
Podemos contar com a fé e o testemunho de outros, por certo tempo.
No final, é preciso que o nosso
próprio alicerce esteja firme e profundamente enraizado, ou seremos
incapazes de suportar as tempestades
da vida, que certamente virão. Tais
tempestades chegam-nos de várias
formas. Podemos defrontar-nos com a
tristeza e o sofrimento de ver um filho
obstinado preferir afastar-se do caminho que leva à verdade eterna e divagar pelas ladeiras escorregadias do
erro e da desilusão. A doença pode
acometer-nos ou a um ente querido,
trazendo sofrimento e, às vezes, a
morte. Acidentes podem deixar sua
marca cruel na memória ou mesmo
ceifar vidas. A morte chega ao idoso,
à medida que caminha, vacilante. Sua
convocação é ouvida por aqueles que
mal chegaram ao meio do caminho
na jornada da vida e, com freqüência,
silencia o riso das criancinhas.
Às vezes, parece que não há luz
no fim do túnel, nenhuma aurora
para dispersar a escuridão da noite.
Sentimo-nos circundados pela dor de
um coração partido, pela desilusão de
sonhos despedaçados e pela angústia
de esperanças perdidas. Unimo-nos
ao apelo bíblico: “Porventura não há
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
63
D. Todd Christofferson
Robert D. Hales
Richard G. Scott
Earl C. Tingey
L. Tom Perry
Boyd K. Packer
Gordon B. Hinckley
Presidente
Henry B. Eyring
Dallin H. Oaks
Charles Didier
Merrill J. Bateman
Robert C. Oaks
A PRESIDÊNCIA DOS SETENTA
Jeffrey R. Holland
Russell M. Nelson
Neil L. Andersen
Dieter F. Uchtdorf
M. Russell Ballard
James E. Faust
Segundo Conselheiro
O QUÓRUM DOS DOZE APÓSTOLOS
Thomas S. Monson
Primeiro Conselheiro
A PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
Ronald A. Rasband
David A. Bednar
Joseph B. Wirthlin
Outubro de 2006
AS AUTORIDADES GERAIS DE A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS
Kenneth Johnson
Marcus B. Nash
Cecil O. Samuelson Jr.
Daniel L. Johnson
Lynn A. Mickelsen
Lynn G. Robbins
Steven E. Snow
Dennis B.
Neuenschwander
Ulisses Soares
Glenn L. Pace
W. Rolfe Kerr
Donald L. Hallstrom
Bruce C. Hafen
C. Scott Grow
Walter F. González
Paul V. Johnson
Benjamín De Hoyos
Claudio R. M. Costa
Quentin L. Cook
Gene R. Cook
Monte J. Brough
Shayne M. Bowen
David S. Baxter
Carlos H. Amado
Francisco J. Viñas
Anthony D. Perkins
Yoshihiko Kikuchi
Keith K. Hilbig
Robert K. Dellenbach
Sheldon F. Child
Won Yong Ko
Spencer V. Jones
Wolfgang H. Paul
Paul K. Sybrowsky
Marlin K. Jensen
Richard J. Maynes
Carl B. Pratt
John M. Madsen
Bruce D. Porter
H. David Burton
Bispo Presidente
Keith B. McMullin
Segundo Conselheiro
O BISPADO PRESIDENTE
W. Craig Zwick
Jay E. Jensen
William R. Walker
Wayne S. Peterson
Keith R. Edwards
James M. Dunn
Christoffel Golden Jr.
David F. Evans
Douglas L. Callister
Mervyn B. Arnold
Robert S. Wood
R. Conrad Schultz
Gerald N. Lund
Stanley G. Ellis
Craig A. Cardon
H. Ross Workman
Lowell M. Snow
Robert F. Orton
Clate W. Mask Jr.
W. Douglas Shumway
D. Rex Gerratt
Shirley D. Christensen
Daryl H. Garn
Craig C. Christensen
O SEGUNDO QUÓRUM DOS SETENTA
Spencer J. Condie
Gary J. Coleman
Richard C. Edgley
Primeiro Conselheiro
Lance B. Wickman
Paul B. Pieper
Paul E. Koelliker
Richard G. Hinckley
John B. Dickson
L. Whitney Clayton
O PRIMEIRO QUÓRUM DOS SETENTA
Robert R. Steuer
William W. Parmley
Larry W. Gibbons
Don R. Clarke
No sentido horário, começando pelo alto da página: irmãs nas
Filipinas; membros tonganeses chegam de barco para assistir à
conferência; em São Petersburgo, Rússia, uma jovenzinha SUD;
sapatos do lado de fora de uma capela no Camboja.
66
bálsamo em Gileade?” (Jeremias 8:22)
Ficamos inclinados a ver nossos infortúnios através do prisma distorcido do
pessimismo. Sentimo-nos abandonados, inconsoláveis, sozinhos.
Como podemos edificar um alicerce forte o bastante para suportar as
vicissitudes da vida? Como podemos
manter a fé e o testemunho que nos
serão exigidos para que possamos
experimentar a alegria prometida aos
fiéis? É necessário um empenho constante e inabalável. A maioria de nós
já sentiu uma inspiração tão forte
que trouxe lágrimas aos olhos e uma
determinação de permanecer sempre
fiel. Ouvi a declaração: “Se eu pudesse
ao menos ter sentimentos como esses
sempre comigo, jamais teria problemas para fazer o que devo”. Tais sentimentos, porém, podem ser fugazes.
A inspiração que sentimos durante
estas sessões de conferência pode
enfraquecer e desaparecer gradualmente, quando vem a segunda-feira
e enfrentamos a rotina do trabalho,
da escola, de administrar nosso lar e
nossa família. Essas coisas podem facilmente desviar nossa mente do que é
santo, para o que é material; do que
edifica, para o que — se permitirmos
— desgasta nosso testemunho, nosso
forte alicerce espiritual.
Naturalmente, não vivemos em um
mundo onde experimentamos apenas
o que é espiritual, mas podemos
reforçar nosso alicerce de fé e nosso
testemunho da verdade, para que não
vacilemos, não fracassemos. Como,
talvez se perguntem, podemos obter
e manter mais eficazmente o alicerce
necessário para sobreviver espiritualmente no mundo em que vivemos?
Permitam-me oferecer-lhes três
diretrizes que poderão ajudar-nos
nessa busca.
Primeira, fortaleçam seu alicerce
por meio da oração. “A oração é
o desejo sincero da alma, seja ela
proferida ou silenciosa” (“Prayer Is
the Soul’s Sincere Desire”, Hymns,
nº 145).
Ao orar, que nos comuniquemos
realmente com nosso Pai Celestial. É
fácil deixar que nossas orações se tornem repetitivas, expressando palavras
com pouco ou nenhum conteúdo.
Quando nos lembrarmos de que cada
um de nós é literalmente filho ou filha
espiritual de Deus, não teremos dificuldade para abordá-Lo em oração. Ele
nos conhece; Ele nos ama; Ele quer o
que é melhor para nós. Que oremos
com sinceridade e significado, oferecendo nossa gratidão e pedindo coisas
que sentimos serem necessárias. Que
escutemos Suas respostas, para que
as reconheçamos, quando chegarem.
Fazendo assim, seremos fortalecidos e
abençoados. Passaremos a conhecê-Lo
e a saber o que Ele deseja para a nossa
vida. Por conhecê-Lo, por confiar em
Sua vontade, nosso alicerce de fé será
reforçado. Se alguém dentre nós tem
sido lento para dar ouvidos ao conselho de orar sempre, não há melhor
hora para começar do que agora.
William Cowper declarou: “Satanás
treme quando vê ajoelhar-se o mais
fraco dos santos” (William Neil, comp.,
Concise Dictionary of Religious
Quotations, [1974], p. 144).
Que não negligenciemos nossas
orações familiares. Elas são um inibidor eficaz contra o pecado e, portanto, a melhor e mais produtiva fonte
de alegria e felicidade. O velho ditado
ainda é verdadeiro: “A família que ora
unida permanece unida”. Ao darmos o
exemplo da oração aos nossos filhos,
estaremos também os ajudando a iniciarem o aprofundamento do próprio
alicerce de fé e testemunho, do qual
precisarão durante toda a vida.
Minha segunda diretriz: Que
estudemos as escrituras e “meditemos nelas dia e noite”, conforme
aconselhado pelo Senhor no livro
de Josué 1:8.
Em 2005, centenas de milhares de
santos dos últimos dias aceitaram o
desafio do Presidente Hinckley de ler
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
67
o Livro de Mórmon até o final daquele
ano. Acredito que dezembro de 2005
bateu o recorde de horas dedicadas
para vencer o desafio no prazo.
Fomos abençoados ao completar a
tarefa; nosso testemunho se fortaleceu, nosso conhecimento aumentou.
Quero incentivar todos nós a que
continuemos a ler e a estudar as escrituras, para que as compreendamos
e apliquemos em nossa vida as lições
que lá encontramos. Parafraseando
o poeta James Phinney Baxter:
O que estuda e estuda, mas nunca
aprende,
É como o que ara e ara, mas nunca
semeia.
(“The Baxter Collection”, Baxter
Memorial Library, Gorham, Maine)
Empregar algum tempo por dia
estudando as escrituras, sem dúvida,
reforçará nosso alicerce de fé e nosso
testemunho da verdade.
Lembrem-se comigo da alegria
que Alma sentiu ao viajar da terra
de Gideão para o sul, em direção à
terra de Mânti e encontrar os filhos de
Mosias. Havia algum tempo que Alma
não os via e sentiu-se muito feliz ao
descobrir “que eles ainda eram seus
68
irmãos no Senhor; sim, e haviam-se
fortalecido no conhecimento da
verdade; porque eram homens de
grande entendimento e haviam examinado diligentemente as escrituras
para conhecerem a palavra de Deus”
(ver Alma 17:1, 2).
Que possamos também conhecer a
palavra de Deus e conduzir nossa vida
de acordo com ela.
Minha terceira diretriz para a edificação de um firme alicerce de fé e testemunho envolve o serviço.
Certa manhã, enquanto dirigia para
o escritório, passei por uma tinturaria
onde havia uma placa na janela. Lá se
lia: “É o Serviço Que Conta”. A mensagem da placa simplesmente não me
saía do pensamento. De repente, lembrei-me por quê. De fato, realmente,
é o serviço que conta — o serviço do
Senhor.
No Livro de Mórmon, lemos a respeito do nobre rei Benjamim. Com
a verdadeira humildade de um líder
inspirado, ele expressou o desejo
de servir a seu povo e de guiá-lo nos
caminhos da retidão. Declarou-lhes:
“Eis que vos digo, ao afirmar-vos
haver empregado meus dias a vosso
serviço, que não é meu desejo
vangloriar-me, porque só estive
a serviço de Deus.
E eis que vos digo estas coisas
para que aprendais sabedoria; para
que saibais, que quando estais a
serviço de vosso próximo, estais
somente a serviço de vosso Deus”
(Mosias 2:16–17).
Esse é o serviço que conta, o serviço para o qual todos fomos chamados: o serviço do Senhor Jesus Cristo.
Ao longo do caminho da vida, notaremos que não somos os únicos viajantes. Existem outros que precisam
de ajuda. Existem pés a ser firmados,
mãos a segurar, mentes a incentivar,
corações para inspirar e almas para
salvar.
Há treze anos, tive o privilégio de
dar uma bênção a uma linda jovenzinha de 12 anos de idade, Jami Palmer.
Os médicos diagnosticaram um câncer em seu organismo, e ela se sentia
assustada e confusa. Precisou submeter-se a uma cirurgia e a uma dolorosa
quimioterapia. Hoje, ela está livre do
câncer e é uma linda moça de 26 anos
de idade e já realizou muitas coisas na
vida. Há algum tempo, em sua hora
de maior escuridão, em que qualquer
possibilidade futura parecia cruel,
ela soube que a perna, onde o câncer
se alojara, exigiria múltiplas cirurgias.
Aquela caminhada, há muito tempo
planejada com sua classe de Moças,
que seguiria por uma trilha acidentada até a Caverna Timpanogos —
localizada nas Montanhas Wasatch,
a 64 quilômetros ao sul de Salt Lake
City, Utah — estava fora de questão,
pensou. Jami contou às amigas que
teriam que subir a trilha sem ela.
Estou certo de que havia um nó em
sua garganta e decepção no coração.
Mas aí as outras jovens responderam
enfaticamente: “Não, Jami; você vai
conosco!”
“Mas não posso andar”, foi a resposta angustiada.
“Nesse caso, Jami, carregaremos
você até o topo!” E foi o que fizeram.
Hoje, a caminhada é só uma recordação mas, na realidade, é muito mais.
James Barrie, poeta escocês, declarou:
“Deus deu-nos recordações, para que
possamos ter as rosas da primavera no
inverno da nossa vida” (paráfrase de
James Barrie, em Laurence J. Peter,
comp. Peter’s Quotations: Ideas for
Our Time [1977], p. 335). Nenhuma
daquelas preciosas jovens jamais se
esquecerá daquele dia memorável em
que um Pai Celestial amoroso olhou
para baixo com um sorriso de aprovação e grande satisfação.
Ele, ao alistar-nos na Sua causa,
convida-nos a achegar-nos a Ele e a
sentir Seu Espírito em nossa vida.
Ao estabelecermos um firme alicerce em nossa vida, lembremo-nos
de Sua preciosa promessa:
Se Deus é convosco, a quem
temereis?
Ele é vosso Deus, seu auxílio tereis.
Se o mundo vos tenta, se o mal faz
tremer,
Com mão poderosa vos há de suster.
(“How Firm a Foundation,” Hymns,
no. 85)
Que cada um se qualifique para
merecer essa bênção. É minha
humilde oração, em nome de Jesus
Cristo, nosso Salvador. Amém. ■
O Plano de
Salvação
É L D E R L . TO M P E R R Y
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Não fomos abandonados para vagar pela mortalidade
sem conhecimento do plano mestre que o Senhor designou
para Seus filhos.
E
m uma reunião sacramental,
tive a felicidade de ouvir os discursos de três estudantes que
tinham voltado da escola para passar
as férias de verão em casa. Um dos
discursos me deixou particularmente
interessado.
A oradora estava trabalhando
durante as férias de verão em um restaurante freqüentado por motoristas
de caminhão. Havia um motorista que
sempre parava ali para almoçar em um
certo dia da semana. A regularidade
de suas paradas criou a oportunidade
para breves conversas. Ele perguntou
à jovem onde ela morava. Ela disse
que estava em casa para passar o
verão, juntando dinheiro para voltar
para a escola no outono. A pergunta
seguinte foi: “Que escola você freqüenta?” Ela respondeu com orgulho:
“BYU– Idaho”. Ele quis saber mais
sobre a escola, dando início a uma
conversa sobre o evangelho. A primeira coisa que ela lhe ensinou foi a
Palavra de Sabedoria. E teve sucesso.
Convenceu-o a parar de fumar.
Mais tarde, ela trocou de turno
e não teve mais a oportunidade de
encontrá-lo, por isso escreveu-lhe
um bilhete e colocou-o dentro de um
folheto missionário da Igreja sobre o
plano de salvação. Depois de vários
dias, ela recebeu um bilhete do motorista que dizia apenas: “Você mudou
toda a minha vida”. Graças àquela
moça, ele tinha encontrado informações que o levaram a pensar nas
mudanças que precisaria fazer na vida.
Não sei qual foi o resultado daquelas
breves conversas entre a garçonete
e o motorista de caminhão, mas sem
dúvida a vida dele foi influenciada.
Ela prosseguiu, então, explicando
como era fácil fazer com que as pessoas conhecessem as belezas do
evangelho. Todos os dias, em meio
a nossos afazeres normais da vida,
temos muitas oportunidades de abrir
a boca e fazer com que as pessoas
conheçam as verdades do evangelho
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
69
que as abençoarão nesta vida e na
eternidade.
Muitos se perguntam: “De onde
viemos? Por que estamos aqui? Para
onde iremos?” Nosso Pai Eterno não
nos enviou à Terra numa jornada sem
sentido ou propósito. Ele providenciou um plano para seguirmos. Ele é
o autor desse plano, o qual foi criado
para o progresso do homem e sua salvação e exaltação. Citando o guia missionário Pregar Meu Evangelho:
“Deus é o Pai de nosso espírito.
Somos literalmente Seus filhos, e Ele
nos ama. Vivemos como filhos espirituais de nosso Pai Celestial antes de
nascermos nesta Terra. Não éramos,
contudo, iguais a nosso Pai Celestial,
nem poderíamos nos tornar como Ele
é e desfrutar todas as bênçãos que Ele
70
tem, sem a experiência de vivermos
na mortalidade com um corpo físico.
O verdadeiro propósito de Deus
— a Sua obra e Sua glória — é permitir que cada um de nós desfrute todas
as Suas bênçãos. Ele providenciou um
plano perfeito para cumprir o Seu
propósito. Compreendemos e aceitamos esse plano antes de virmos para
a Terra” (2004, p. 48).
No entanto, muitas pessoas ainda
hoje se debatem para encontrar respostas para as perguntas básicas da
vida. Os falsos pregadores clamam
cada vez mais alto: “eis aqui a verdade” e “eis ali a verdade”, porém
estão cada vez mais confusos. A tecnologia multiplicou a confusão propagando essas mensagens por meio dos
veículos de comunicação e de uma
infinidade de linhas de cabos de
transmissão que agora cobrem a
Terra. Há tantos meios de comunicação com um número cada vez maior
de mensagens diferentes que não é
de se admirar que as pessoas estejam
confusas. Há séculos, Paulo predisse:
“Porque virá tempo em que não
suportarão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão
para si doutores conforme as suas
próprias concupiscências;
E desviarão os ouvidos da verdade,
voltando às fábulas” (II Timóteo
4:3–4).
Não precisamos ficar confusos. As
respostas para as intrigantes perguntas sobre o propósito da vida foram
novamente dadas à humanidade para
nossa orientação.
Ouvimos pela primeira vez o plano
de salvação antes de nascermos, no
que as escrituras chamam de nosso
primeiro estado (ver Abraão 3:26).
Não sabemos com clareza o que ocorreu naquele primeiro estado, mas
sabemos que vivemos ali como espíritos, filhos de nosso Pai Celestial,
progredimos passo a passo a fim de
preparar-nos para a oportunidade de
abrigar nosso espírito eterno num
corpo terreno. Também sabemos que
nosso Pai realizou um grande conselho para explicar o propósito da vida
terrena. Tivemos a oportunidade de
aceitar ou rejeitar o plano de salvação.
Ele não nos foi imposto. A essência
do plano era que o homem teria uma
oportunidade de conseguir pelo seu
próprio esforço a sua salvação na
Terra, com a ajuda de Deus. Um líder
foi escolhido para ensinar-nos a seguir
o plano e redimir-nos do pecado e da
morte. Conforme o Senhor explicou
a Moisés: “Eis que meu Filho Amado,
que foi meu Amado e meu Escolhido
desde o princípio, disse-me: Pai, façase a tua vontade e seja tua a glória
para sempre” (Moisés 4:2).
Jesus Cristo, nosso Irmão mais
velho, tornou-Se o líder na defesa do
plano designado pelo Pai, e aceitamos
o plano e suas condições. Com essa
escolha, ganhamos o direito de vir
para a Terra e entrar em nosso
segundo estado.
Adão e Eva foram criados à imagem de Deus, com um corpo de
carne e ossos, e colocados no Jardim
do Éden. Foi-lhes dada a escolha de
permanecerem no jardim ou comerem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e terem a
oportunidade de passar pela mortalidade. Eles aceitaram o desafio, comeram do fruto e assim se tornaram
mortais e sujeitos à morte física. Por
causa da escolha que fizeram, eles
passariam pelas provações e dificuldades da mortalidade.
Há dois propósitos para a vida na
mortalidade. O primeiro é que podemos ganhar experiências que, de
outra maneira, jamais poderíamos
obter. O segundo é obter um tabernáculo de carne e ossos. Os dois propósitos são vitais para a existência do
homem. Estamos agora sendo testados e provados para ver se faremos
todas as coisas que o Senhor ordenou
que fizéssemos. Esses mandamentos
são os princípios e ordenanças do
evangelho, e eles constituem o evangelho de Jesus Cristo. Todo princípio
e ordenança tem seu peso no grande
propósito de nosso teste, que é preparar-nos para voltar a viver com
nosso Pai Celestial e nos tornarmos
semelhantes a Ele. O Élder Bruce R.
McConkie disse o seguinte sobre o
caminho estreito e apertado:
“Em minha opinião, todos precisamos determinar onde estamos em
cada campo de realização mortal.
Depois, com base em conceitos gerais
que são simples e claros, temos que
determinar como viveremos neste ou
naquele campo ao passarmos por este
estado probatório de modo a termos
sucesso no teste da mortalidade. Se
fizermos as escolhas certas, teremos a
recompensa eterna, caso contrário,
obteremos um dos reinos inferiores
que foram preparados.
(…) Todo membro da Igreja que
estiver no caminho estreito e apertado, que estiver se esforçando,
lutando e desejando fazer o certo,
embora esteja longe da perfeição
nesta vida, se continuar no caminho
estreito e apertado até o fim da vida,
terá a recompensa eterna no reino
do Pai” (The Probationary Test of
Mortality [O Teste Probatório da
Mortalidade], discurso devocional,
Instituto de Religião de Salt Lake,
10 de janeiro de 1982, pp. 8–9).
Tudo isso nos foi possibilitado por
Jesus Cristo. Ele é o ponto central do
plano eterno do Pai — o Salvador que
foi preparado para resgatar a humanidade. Deus enviou Seu Filho Amado
para vencer a Queda de Adão e Eva.
Ele veio à Terra como nosso Salvador e
Redentor. Venceu por nós o obstáculo
da morte física, oferecendo a própria
vida. Quando morreu na cruz, Seu
espírito separou-se de Seu corpo. No
terceiro dia, Seu espírito e Seu corpo
se reuniram para toda eternidade, para
nunca mais serem separados.
A vida na Terra tem duração limitada. Chegará para todos o momento
em que o espírito e o corpo serão
separados na morte. Mas devido à
Ressurreição de Jesus Cristo, todos
seremos ressuscitados, independentemente de termos feito o bem ou o mal
nesta vida. A imortalidade é a dádiva
de nosso Pai Celestial a todos os Seus
filhos mortais. A morte deve ser vista
como uma porta para uma vida nova e
melhor. Por meio da gloriosa ressurreição, o corpo e o espírito serão reunidos. Teremos um corpo perfeito e
imortal de carne e ossos que jamais
será sujeito a doenças, dor ou morte.
Mas a glória que alcançaremos na vida
futura dependerá de nosso desempenho nesta vida. Somente pela dádiva
da Expiação e de nossa obediência ao
evangelho poderemos voltar a viver
com Deus novamente.
Depois da Ressurreição do
Salvador, Seus Apóstolos saíram para
pregar essa gloriosa mensagem às
nações da Terra. Viajaram muito,
ensinando sobre a missão de nosso
Salvador. O grande movimento do
cristianismo começou a espalhar-se
por muitas terras. Mas a Igreja foi
gradualmente caindo em uma apostasia geral na qual a sucessão do
sacerdócio foi rompida. A autoridade
para oficiar nas ordenanças espirituais deixou de existir na Terra.
Gradualmente, homens inspirados
começaram a efetuar uma reforma. O
Presidente Gordon B. Hinckley descreveu a Reforma como o despertar
de um grande dia. Ele disse:
“Mas de algum modo, durante
aquela época de escuridão, uma vela
se acendeu. A era da Renascença
trouxe consigo um desabrochar do
aprendizado, da arte e da ciência.
Surgiu um movimento de homens
e mulheres audazes e corajosos
que voltaram seu olhar para o céu
reconhecendo Deus e Seu divino
Filho. Chamamos esse movimento
de A Reforma.
E então, depois das muitas gerações
que haviam caminhado sobre a Terra
— tantas delas em meio ao conflito, ao
ódio, à escuridão e ao mal — despertou o grande dia da Restauração. Esse
dia glorioso descortinou-se com a aparição do Pai e do Filho ao menino
Joseph. O amanhecer da dispensação
da plenitude dos tempos despontou
no mundo. Todo o bem, o belo, o
divino, de todas as dispensações anteriores foi restaurado nesta época verdadeiramente notável” (“O Despertar
de um Grande Dia”, A Liahona, maio
de 2004, p. 81).
Depois do glorioso evento da
Primeira Visão, o Profeta Joseph
Smith recebeu o registro sagrado do
Livro de Mórmon. Assim surgiu uma
nova testemunha de nosso Senhor e
Salvador e Sua missão em favor dos
povos da Terra.
Vemos, portanto, no plano eterno
de nosso Pai, que Seu amor não tem
limites. Todos os Seus filhos estão
incluídos. Todos os homens têm a
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
71
mesma origem e igual possibilidade
de cumprirem seu destino eterno.
O profeta Amuleque do Livro de
Mórmon, testificando que as palavras
de Cristo nos proporcionam a salvação, disse:
“E agora, meus irmãos, eu quisera
que, depois de haverdes recebido
tantos testemunhos, vendo que as
santas escrituras testificam estas
coisas, produzísseis frutos para o
arrependimento.
Sim, eu quisera que já não endurecêsseis vosso coração, pois eis que
agora é o tempo e o dia de vossa salvação; e, portanto, se vos arrependerdes e não endurecerdes o coração,
imediatamente terá efeito para vós
o grande plano de redenção.
Pois eis que esta vida é o tempo
para os homens prepararem-se para
encontrar Deus; sim, eis que o dia
desta vida é o dia para os homens
executarem os seus labores” (Alma
34:30–32).
Para que não sejamos mais levados
em roda por todo o vento de doutrina dos homens (ver Efésios 4:14).
Declaramos ao mundo que os céus
estão abertos e que a verdade do
plano eterno de Deus foi novamente
dada a conhecer à humanidade.
Vivemos na dispensação da plenitude
dos tempos. Vivemos numa época em
que temos um testemunho das escrituras do grande plano que o Senhor
concedeu a Seus filhos desde o princípio dos tempos até o presente,
nesta última dispensação. A evidência
está bem documentada. Não fomos
abandonados para vagar pela mortalidade sem conhecimento do plano
mestre que o Senhor designou para
Seus filhos. Ele assumiu conosco o
solene convênio de conceder-nos
as bênçãos do céu, de acordo com
nossa obediência à Sua lei. Oh!
Lembrem-se de que essas coisas
são verdadeiras, porque o Senhor
Deus nos revelou essas verdades
eternas. Em nome de Jesus Cristo.
Amém. ■
72
Três Toalhas
e um Jornal
de 25 Centavos
BISPO RICHARD C. EDGLEY
Primeiro Conselheiro no Bispado Presidente
Quando somos fiéis aos princípios sagrados da
honestidade e da integridade, somos fiéis a nossa
fé e somos fiéis a nós mesmos.
D
iante deste enorme público
mundial e com certo retraimento, farei uma confissão
pessoal. Faço isso como introdução
ao assunto que tem pesado muito em
minha mente há algum tempo. Em
1955, depois do meu primeiro ano
de faculdade, passei as férias de verão
trabalhando na recém-inaugurada
Pousada Jackson Lake, em Moran,
Wyoming. Meu meio de transporte
era um Hudson 1941 que deveria ter
sido aposentado 10 anos antes. Entre
outros traços marcantes do carro, o
piso estava tão enferrujado que, se
não fosse por um pedaço de madeira,
eu poderia literalmente pôr os pés na
estrada. O ponto positivo é que, ao
contrário da maioria dos veículos de
14 anos daquela época, ele não usava
óleo — muita água no radiador, mas
não óleo. Eu não entendia para onde
ia a água e por que o óleo ficava cada
vez mais fino e mais claro.
Em preparação para a viagem de
quase 300 quilômetros de volta para
casa ao fim do verão, levei o carro ao
único mecânico de Moran. Após uma
rápida análise, ele explicou que o
bloco de cilindros estava danificado
e havia água vazando para o óleo.
Isso explicava o mistério da água e
do óleo. Eu perguntava-me se poderia também fazer a água vazar para
o tanque de gasolina e assim gastar
menos combustível.
Agora, a confissão: após o milagre
de chegar a casa, meu pai saiu ao
meu encontro e recebeu-me com alegria. Depois de um abraço e algumas
brincadeiras, ele olhou para o banco
de trás do carro e viu três toalhas da
Pousada Jackson Lake — do tipo que
não se encontra à venda. Com um
olhar de decepção, disse simplesmente: “Eu esperava mais de você”.
Eu não achava que fizera algo tão
errado. Para mim, as toalhas eram
apenas a lembrança de um verão
inteiro de trabalhos num hotel de
luxo, uma espécie de “rito de iniciação”. Contudo, ao levá-las para casa,
senti que perdera a confiança e o respeito do meu pai, e fiquei arrasado.
No fim de semana seguinte, ajustei a tábua no piso do carro, enchi o
radiador de água e comecei a viagem
de quase 600 quilômetros de ida e
volta à Pousada Jackson Lake para
devolver as toalhas. Meu pai não perguntou o motivo de minha volta à
pousada, e eu também não expliquei.
Nem era preciso. Foi uma lição cara e
dolorosa sobre honestidade, que me
acompanhou ao longo de toda a vida.
É triste, mas alguns dos maiores
valores ausentes do mundo atual são
a honestidade e a integridade. Nos
últimos anos, inúmeros líderes do
mundo dos negócios foram denunciados publicamente por desonestidade
e outras formas de mau comportamento. Dezenas de milhares de funcionários antigos e leais perderam seu
meio de subsistência e pensão. Para
alguns, isso resultou na perda da casa
própria e na interrupção dos estudos
e de outros planos de vida. Lemos e
ouvimos falar da desonestidade generalizada nas escolas, praticada por alunos mais preocupados em receber
boas notas ou diplomas do que em
aprender e preparar-se. Ouvimos falar
de alunos que no passado usaram
meios ilícitos para concluir a faculdade
de Medicina e hoje estão realizando
cirurgias complicadas em seus pacientes. Pessoas idosas e outras são vítimas
de fraudadores, o que não raro resulta
na perda de imóveis ou de economias
de toda uma vida. Essa desonestidade
e a falta de integridade sempre surgem
da ganância, arrogância e desrespeito.
Em Provérbios, lemos: “Os lábios
mentirosos são abomináveis ao
Senhor, mas os que agem fielmente
são o seu deleite” (Provérbios 12:22).
Mórmon, referindo-se aos lamanitas convertidos que ficaram conhecidos como o povo de Ânti-Néfi-Leí,
escreveu: “E eles estavam com o povo
de Néfi e foram também contados
com o povo que era da igreja de
Deus. E também se distinguiram por
seu zelo para com Deus, assim como
para com os homens, porque eram
perfeitamente honestos e justos em
todas as coisas; e conservaram-se
firmes na sua fé em Cristo até o fim”
(Alma 27:27; grifo do autor).
Há cerca de trinta anos, quando eu
trabalhava no meio empresarial, estava
de passagem com alguns colegas de
trabalho pelo Aeroporto O’Hare, em
Chicago, Illinois. Um deles acabara de
vender sua companhia por dezenas de
milhões de dólares: em outras palavras, ele não era pobre.
Ao passarmos por uma máquina
de venda de jornais, esse homem
inseriu uma única moeda, abriu a
portinhola e começou a distribuir,
sem pagar, jornais a cada um de nós.
Quando ele me passou um exemplar,
pus uma moeda na máquina e, tentando não ofender, mas deixando
clara a minha opinião, disse em tom
de brincadeira: “Jim, não vou vender
minha integridade por 25 centavos.
Por um dólar, talvez, mas não por
25 centavos”. Como vocês vêem, eu
nunca me esqueci da experiência das
três toalhas e do velho Hudson 1941.
Alguns minutos depois, passamos
pela mesma máquina de venda de
jornais. Percebi que Jim se afastou do
grupo e estava introduzindo moedas
na máquina. Não lhes conto essa história para posar de exemplo perfeito
de honestidade, mas sim para enfatizar as lições tiradas de três toalhas e
de um jornal de 25 centavos.
Nunca existirá honestidade no
mundo dos negócios, nas escolas,
no lar ou em qualquer outro local, se
não houver honestidade no coração.
Lições importantes e duradouras
freqüentemente são dadas por meio
de exemplos simples — talvez tão
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
73
simples quanto três toalhas, ou um
jornal de 25 centavos. Fico me perguntando como seria o mundo se
lições simples de honestidade fossem
ministradas às crianças no lar, desde
a mais tenra infância, lições simples
como “amarás o teu próximo como a
ti mesmo” (ver Mateus 22:39; Marcos
12:31) e “o que quereis que vos
façam, fazei-lho também vós” (ver
Mateus 7:12; Lucas 6:31). Perguntome onde estariam hoje os milhares de
trabalhadores despedidos e extorquidos, se alguns grandes empresários
tivessem tido na juventude experiências como as das três toalhas ou a do
jornal de 25 centavos.
A honestidade é a base de uma
verdadeira vida cristã. Para os santos
dos últimos dias, a honestidade é
um requisito importante para entrar
no santo templo do Senhor. A
honestidade permeia os convênios
que fazemos no templo. A cada
domingo, ao participarmos dos
emblemas sagrados da carne e do
sangue do Salvador, renovamos nossos convênios básicos e sagrados,
que incluem a honestidade. Como
santos dos últimos dias, temos a
sagrada obrigação não somente de
ensinar o princípio da honestidade,
mas também de vivê-lo, talvez com
lições simples como três toalhas ou
um jornal de 25 centavos. A honestidade deve estar entre os valores
mais fundamentais que governam
nosso cotidiano.
Quando somos fiéis aos princípios
sagrados da honestidade e da integridade, somos fiéis a nossa fé e somos
fiéis a nós mesmos.
Oro para que, como santos dos
últimos dias, sejamos reconhecidos
como as pessoas mais honestas do
mundo. E assim, se dirá de nós o que
foi escrito sobre o povo de Ânti-NéfiLeí, que somos “perfeitamente honestos e justos em todas as coisas; e (…)
firmes na (…) fé em Cristo até o fim”
(Alma 27:27). Em nome de Jesus
Cristo. Amém. ■
74
Olhai para Vossas
Criancinhas
M A R G A R E T H S. L I F F E R T H
Primeira Conselheira na Presidência Geral da Primária
No mundo atual, as crianças (...) precisarão de cada
um de nós para protegê-las, ensiná-las e amá-las.
A
o servir neste chamado, tenho
feito alguns novos amigos.
Eliza canta muitos hinos da
Primária. Lucas está aprendendo as
Regras de Fé em espanhol. Caitlyn
é tímida, porém curiosa. Sentei-me
ao lado de Martha na Primária e ela
entrelaçou seu braço com o meu.
Essas crianças refletem em sua face
a luz do evangelho.
Quem são as crianças em nosso lar
ou em nossa vizinhança? Olhem-nas.
Pensem a respeito delas. O Salvador
nos ensina que, para entrar no reino
de Deus, o homem precisa tornar-se
como uma criança: “submisso, manso,
humilde, paciente e cheio de amor”
(Mosias 3:19).
Mas, apesar de crianças cheias de fé
virem até nós, elas enfrentam os desafios de um mundo decaído. O que é
necessário para mantermos a luz da
fé em seus olhos? Sabemos que nada
pode substituir uma família digna na
vida de uma criança. Mas no mundo
atual, as crianças não precisarão apenas de uma mãe ou pai dedicados —
elas precisarão de cada um de nós
para protegê-las, ensiná-las e amá-las.
Irmãos e irmãs, proteger as crianças significa proporcionar-lhes um
ambiente seguro e saudável que convide o Espírito para a vida delas e O
confirme em seu coração. Isso automaticamente elimina qualquer forma
de indiferença, negligência, abuso,
violência ou exploração.
E enquanto as condições de imoralidade se tornam mais graves, também
protegemos as crianças de outras condições prejudiciais, como: expectativas
elevadas ou baixas demais, indulgência, atividades em excesso e egocentrismo. Qualquer um dos extremos
obscurece a capacidade de uma
criança de identificar o Espírito Santo,
confiar Nele e ser guiada por Ele.
As crianças estão abertas às verdades do evangelho mais do que em
qualquer outro tempo, e a infância
protegida é uma oportunidade única
de ensinar e fortalecer as crianças
para fazerem o que é certo.
É fácil saber o que ensinar. As escrituras e nossos profetas são claros a
respeito do que devemos ensinar aos
nossos filhos. Néfi resume neste versículo: “E falamos de Cristo, regozijamonos em Cristo, pregamos a Cristo,
profetizamos de Cristo (…) para que
nossos filhos saibam em que fonte
procurar a remissão de seus pecados”
(2 Néfi 25:26).
Uma vez que ensinamos sobre
Cristo e Seu evangelho, como fazemos
isso? Comecemos seguindo o conselho de nossos profetas e encontrando
tempo em nosso lar para a oração
familiar, para o estudo das escrituras e
para a noite familiar. Será que de tanto
ouvirmos esse conselho ele nos parece
simples demais? Ou será que estamos
tão ocupados, que o acréscimo de
uma única coisa parece muito complicado? Testifico que, mesmo quando a
adoração em nossa família parece
menos do que eficaz, a obediência por
si só convida as bênçãos do Senhor.
De fato, a obediência e o exemplo
pessoal em todas as áreas de nossa
vida são as principais lições do evangelho a nossos filhos. Portanto, estudem,
aprendam e apliquem o evangelho.
Não podemos ensinar princípios que
não conhecemos e que não vivemos.
Quem somos e o que vai em nosso
coração são percebidos pelas crianças
mais rapidamente do que pensamos.
Portanto, amem as crianças.
Lembro-me de me sentir amada
quando era criança e, por essa razão,
para mim foi fácil acreditar que o
Salvador também me amava. As crianças florescem em um lar onde os pais
entendem seu “sagrado dever de
criar os filhos com amor e retidão”
(“A Família: Proclamação ao Mundo”,
A Liahona, outubro de 2004, p. 49).
Mas todos nós podemos ajudar.
Fiquem atentos às crianças a seu redor
e aprendam seu nome. Depois conversem, incentivem, escutem, afirmem,
orientem, edifiquem, sirvam e compartilhem seu testemunho. Seu amor
pode ajudar a levar uma criança ao
amor do Salvador.
Vasily é uma criança que passa
muito tempo na rua e não tem o apoio
dos pais em sua busca pela verdade.
Ele encontrou um pequeno ramo da
Igreja em sua cidade e participava de
todos os eventos lá realizados. Ele também levou seus três irmãos mais novos
à Igreja e outros amigos seus foram
à Primária com ele. De fato, a maior
Primária da época, naquela área, consistia desses garotinhos que não são
membros da Igreja. Eles foram atraídos para a verdade, e a luz do evangelho está começando a refletir em seu
rosto. Eles foram bem recebidos, protegidos, ensinados e amados por todos
os membros daquele pequeno ramo,
inclusive pelos jovens, jovens adultos,
missionários, professores e líderes
do sacerdócio. Pensem nas crianças
de sua vizinhança ou da classe da
Primária. Quem são as crianças de
sua ala ou ramo? Há alguma, como
o Vasily, que precisa de vocês?
Quando penso nesses meninos
e em crianças como eles, fortaleço
minha esperança ao ler o relato
da visita do Salvador ao continente
americano. Lembram-se, de que, antes
da aparição do Salvador, houve tempestades, terremotos, incêndios e três
dias de escuridão profunda? (ver 3 Néfi
8). Penso com freqüência nas crianças
que presenciaram esses acontecimentos. E posso apenas imaginar o medo
e a preocupação no coração dos pais.
E, então, o Salvador apareceu e
ordenou à multidão “que as criancinhas fossem levadas à sua presença”
(3 Néfi 17:11). Quão ansiosos esses
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
75
pais devem ter ficado quando levaram
os filhos até o Salvador. E então eles
observaram quando o Salvador chorou por elas e as abençoou (…) uma
a uma, orou ao Pai por elas e chamou
anjos para ministrar-lhes (ver 3 Néfi
17:21, 24). Esse relato nos lembra que
o Salvador é o grande protetor, o
maior professor e a eterna fonte de
amor e cura.
À medida que a escuridão de hoje
nos envolve, é-nos ordenado que levemos nossos filhos ao Salvador e, como
o Élder Ballard tem nos lembrado:
“nós somos aqueles a quem Deus indicou para que abracemos as crianças de
hoje com amor e com o fogo da fé, e
com a compreensão de quem são”
(“Behold Your Little Ones”, Tambuli,
outubro, 1994, p. 40; “Great Shall Be
the Peace of Thy Children”, Ensign,
abril de 1994, p. 60).
Irmãos e irmãs, como mãe e líder
da Primária, sei que esse trabalho com
as crianças não é fácil. Proteger, ensinar e amar as crianças pode exigir
muito de nós e é, com freqüência,
desanimador, algumas vezes exaustivo
e, ocasionalmente, os frutos de nosso
empenho demoram muito a chegar.
Mas é precisamente por não ser fácil
levar as crianças ao Salvador, que nós
mesmos precisamos ir até Ele.
Ao buscá-Lo e ao Seu Espírito
para ajudar-nos, presenciaremos um
milagre. Reconheceremos que nosso
próprio coração está mudando e
nós também estamos nos tornando
alguém (…) “submisso, manso,
humilde, paciente, cheio de amor,
disposto a submeter-se a tudo”
(Mosias 3:19). Nós também refletiremos a luz do evangelho em nosso
semblante. Entenderemos estas
palavras do Salvador: “E qualquer
um que receber em meu nome
um menino, tal como este, a mim
me recebe” (Mateus 18:5).
Amo o Salvador e testifico a respeito de Seu poder redentor por
mim, por vocês e por nossos filhos.
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
76
“O Grande e
Maravilhoso Amor”
É L D E R A N T H O N Y D. P E R K I N S
Dos Setenta
A fé como a de uma criança no perfeito amor do Pai
Celestial e de Jesus Cristo “romperá ao meio” as armadilhas
de inadequação, imperfeição e culpa criadas por Satanás.
A armadilha da falsa inadequação. Uma jovem fiel se sente incapaz
de atender às expectativas das pessoas. Em casa e na escola, raramente
ela é elogiada, sendo freqüentemente
criticada. A mídia popular diz que ela
não é suficientemente bonita ou inteligente. Todos os dias, essa irmã justa
se pergunta se é digna do amor do
Pai Celestial, do sacrifício expiatório
do Salvador ou da constante orientação do Espírito.
A armadilha da imperfeição exagerada. Um excelente missionário
A
s crianças, com pura fé, proclamam: “Cremos em Deus, o Pai
eterno, e em Seu Filho, Jesus
Cristo, e no Espírito Santo”.1 Mas, às
vezes, como jovens e adultos, não
sentimos a força que tem essa simples
declaração.
Satanás é o “inimigo de toda retidão”2; por isso ele semeia a dúvida
sobre a natureza da Trindade e de
nosso relacionamento com Eles.
Jesus Cristo profetizou que nos últimos dias até os eleitos seriam enganados.3 Vejam três exemplos de
como Lúcifer está “preparando
armadilhas e laços para apanhar
os santos de Deus”.4
sente-se incapaz de atender às expectativas de Deus. Em sua mente, esse
élder digno imagina um Pai Celestial
severo obrigado a exercer justiça irrevogável, um Salvador capaz de limpar
as transgressões dos outros mas não
as do próprio élder, e um Espírito
Santo que não deseja acompanhar
uma pessoa imperfeita.
A armadilha da culpa desnecessária. Uma mulher de meia-idade é
mãe dedicada, amiga amorosa, serva
fiel da Igreja e oficiante do templo
assídua. Mas em seu coração, essa
irmã não consegue perdoar-se por
pecados cometidos há vários anos,
dos quais ela se arrependeu, resolvendo-os plenamente com os líderes
do sacerdócio. Ela não crê que sua
vida venha a ser aceitável ao Senhor
e perdeu a esperança na vida eterna
na presença do Pai Celestial.
Se você tiver quaisquer pensamentos ou sentimentos semelhantes aos
desses bons santos, convido-o a
tornar-se como uma criancinha e sentir novamente “o grande e maravilhoso amor manifestado pelo Pai
e o Filho na vinda do Redentor ao
mundo”.5 A fé como a de uma criança
no perfeito amor do Pai Celestial e de
Jesus Cristo “romperá ao meio”6 as
armadilhas de inadequação, imperfeição e culpa criadas por Satanás.
Provérbios ensina: “Porque, como
imaginou no seu coração, assim é
ele”.7 Quero sugerir — além da oração constante, estudo das escrituras
e freqüência à Igreja e ao templo —
cinco mudanças em seus pensamentos e coração para que você sinta
mais plenamente o terno amor de
Deus.
Primeiro, veja-se como um filho
precioso de um amoroso Pai Celestial.
Nossos filhos cantam, confiantes: “Sou
um filho de Deus, por Ele estou aqui”.8
As criancinhas sentem e sabem o que
talvez tenhamos esquecido. Somos
filhos amados do Pai Celestial, criados à “sua própria imagem”9 e temos
imenso valor — tão grande que Jesus
Cristo deu a vida por nós.
Deus, o Pai, é misericordioso e tem
um amor infinito por nós, apesar de
nossas faltas. Somente a voz de Satanás
nos faz sentir sem valor. O Espírito
Santo fará com que sintamos “tristeza
segundo Deus”10 para o arrependimento, enchendo-nos de esperança
numa mudança positiva.
Quando você se sentir sem valor,
“[lembre-se] de que o valor das almas
é grande à vista de Deus”.11 Abstenhase de pensar ou dizer coisas negativas
a seu próprio respeito. Há uma nítida
diferença entre humildade e humilhação. Identifique e use seus talentos
especiais, em vez de pensar somente
nas suas fraquezas.
Segundo, coloque seus fardos
sobre Jesus Cristo. Quando se sentir
sobrecarregado com as expectativas e
desafios, não trave a batalha sozinho.
Siga o exemplo das criancinhas e
ajoelhe-se em oração.
Jesus Cristo nos ordenou: “Buscaime em cada pensamento; não duvideis, não temais”.12 A dúvida, o temor
e a preocupação indicam que tomamos sobre nós todos os fardos e ansiedades da vida. Quando você se sentir
atormentado por sentimentos de inadequação, diga com confiança: “Posso
todas as coisas em Cristo que me fortalece”.13 Depois, se fizermos “alegremente todas as coisas que estiverem a
nosso alcance”,14 teremos a certeza de
que o Senhor fará o restante e de que
tudo dará certo.
O Salvador prometeu: “Vinde a
mim, todos os que estais cansados e
oprimidos, e eu vos aliviarei”.15 Se
você “[lançar] o [seu] cuidado sobre
o Senhor”,16 sentirá a paz proporcionada pelo Espírito.17
Terceiro, perdoe-se de pecados
e imperfeições. O Pai Celestial não
espera que você se torne completamente perfeito nesta vida. Ele sabia
que Seus filhos cometeriam erros
quando estivessem aprendendo
por experiência própria na mortalidade. Mas “Deus amou o mundo de
tal maneira”18 que proveu em Seu
plano de felicidade um Salvador
misericordioso.
Jesus disse: “Eu, o Senhor, perdoarei a quem desejo perdoar, mas de
vós é exigido que perdoeis a todos os
homens”.19 Comece por você mesmo,
e perdoe aos outros também. Se Deus
não Se lembrará dos pecados dos
quais nos arrependemos,20 então por
que deveríamos lembrar-nos deles?
Evite perder tempo e energia revivendo o passado.
Para perdoar-se a si mesmo e
aos outros, você precisa confiar na
Expiação de Jesus Cristo. O profeta
Zenoque orou: “Estás irado, ó Senhor,
contra este povo, porque não compreende a misericórdia que lhe concedeste por causa de teu Filho”.21
Nosso Pai Celestial fica triste quando
limitamos o poder do sacrifício expiatório de Seu Filho. Se você exercer fé
em Jesus Cristo, sua culpa pode ser
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
77
“apagada”.22 Se a culpa permanecer
depois do arrependimento sincero,
creia em seus líderes do sacerdócio
quando eles o declararem digno.23
Quarto, manter a esperança na
vida eterna. Se você imagina que seus
pecados, falhas de caráter e decisões
erradas do passado o impedem de
receber todas as bênçãos, pense no
que aconteceu com Alma, o pai.
Falando de sua juventude como sacerdote imoral do iníquo rei Noé, Alma
admitiu: “Eu mesmo caí numa armadilha e fiz muitas coisas abomináveis aos
olhos do Senhor, o que me causou
penoso arrependimento”.24 Mas o
arrependimento de Alma foi tão completo, e a Expiação de Cristo tão infinita, que Alma se tornou profeta e
recebeu a promessa de vida eterna.25
Se você fizer o melhor que puder para
ser obediente e arrepender-se, também poderá receber um lugar no
reino celestial por intermédio da
Expiação e graça de Jesus Cristo.26
Quinto, sinta alegria a cada dia.
Uma fonte de alegria é o serviço,
porque quando você está atarefado
ajudando as pessoas, terá menos
capacidade de atormentar-se com
suas próprias falhas. O Salvador ensinou sabiamente: “Porque qualquer
78
que quiser salvar a sua vida, perdêla-á, mas, qualquer que perder a sua
vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará”.27
Você sentirá maior alegria em sua
vida quando eliminar o pessimismo
de adulto e substituí-lo pelo otimismo
infantil. O otimismo é uma virtude
que nos permite ver a mão amorosa
de Deus em cada detalhe de nossa
vida. Um hino favorito aconselha:
“Conta as muitas bênçãos (…) e verás
surpreso quanto Deus já fez”.28
Presto testemunho do Pai Celestial
que, com grande e maravilhoso amor,
estende a mão a cada um de Seus
filhos. Presto testemunho de Jesus
Cristo, que é “poderoso para salvarnos”29 de nossas inadequações, imperfeições e pecados. Presto testemunho
do Espírito Santo, que acompanhará
a alma imperfeita, porém penitente.
Para vocês, santos fiéis e dignos, que
se debatem com as armadilhas modernas do diabo,30 digo: “Permita Deus
que vossas cargas sejam leves pela
alegria em seu Filho”.31 No sagrado
nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. 1ª Regra de Fé.
2. Alma 34:23; ver também Atos 13:10;
Mosias 4:14; Morôni 9:6.
3. Ver Mateus 24:24; ver também
Joseph Smith —- Mateus 1:22, 37.
4. Alma 10:17.
5. D&C 138:3.
6. Helamã 3:29.
7. Provérbios 23:7.
8. “Sou um Filho de Deus”, Hinos, n.o 193.
9. Gênesis 1:27; ver também Alma 22:12;
Éter 3:15–16; D&C 20:17–18;
Moisés 6:8–10; Abraão 4:26–27.
10. II Coríntios 7:10.
11. D&C 18:10.
12. D&C 6:36; ver também Isaías 41:10;
Mateus 10:31; Lucas 8:50;
D&C 50:41; 122:9.
13. Filipenses 4:13; ver também II Coríntios
12:7–10; Hebreus 11:33–34; 1 Néfi 7:12;
17:3; Jacó 4:7; Alma 26:12; Éter 12:27.
14. D&C 123:17.
15. Mateus 11:28.
16. Salmos 55:22.
17. Ver Gálatas 5:22; ver também D&C 19:23.
18. João 3:16.
19. D&C 64:10.
20. Ver D&C 58:42; ver também Salmos 25:7;
Isaías 43:25; Jeremias 31:34; Hebreus 8:12;
10:17; Alma 36:19.
21. Alma 33:16.
22. Ver Enos 1:3–8; ver também Alma 24:10;
36:16–19.
23. Ver Marvin J. Ashton, “On Being Worthy”,
Ensign, maio de 1989, pp. 20–22.
24. Mosias 23:9.
25. Ver Mosias 26:20.
26. Ver Tito 3:7; I Pedro 5:10; 2 Néfi 2:6–8;
10:24–25; 25:23; Enos 1:27; Morôni 7:41;
D&C 138:14.
27. Marcos 8:35; ver também Alma 36:24–25.
28. “Conta as Bênçãos”, Hinos, n.o 57.
29. Ver 2 Néfi 31:19; ver também Isaías 63:1;
Alma 7:14; 34:18; D&C 133:47.
30. Ver II Timóteo 2:26.
31. Alma 33:23.
A Coligação da
Israel Dispersa
ÉLDER RUSSELL M. NELSON
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Fazemos isso ajudando a coligar os eleitos
do Senhor nos dois lados do véu.
escrituras. Nelas estão incluídas a promessa de que o Filho de Deus viria
pela linhagem de Abraão, de que certas terras seriam herdadas, de que as
nações e povos da Terra seriam abençoados por meio de sua semente,
além de outras.2 Embora alguns aspectos desse convênio já se tenham cumprido, o Livro de Mórmon ensina que
o convênio Abraâmico só será cumprido nestes últimos dias!3 Também
salienta que fazemos parte do povo
do convênio do Senhor.4 Temos o privilégio de participar pessoalmente do
cumprimento dessas promessas. Que
época emocionante de se viver!
M
eus amados irmãos e irmãs,
obrigado por sua fé, devoção
e amor. Compartilhamos a
enorme responsabilidade de ser o
que o Senhor deseja que sejamos e
realizar o que Ele deseja que realizemos. Fazemos parte de um grande
movimento: A coligação da Israel
dispersa. Falarei dessa doutrina hoje
devido à sua importância especial
no plano eterno de Deus.
O Convênio Abraâmico
No passado, o Senhor abençoou o
patriarca Abraão com a promessa de
fazer de sua posteridade um povo
escolhido.1 Existem referências a esse
convênio espalhadas por todas as
A Israel Dispersa
Como descendentes de Abraão, as
tribos da antiga Israel tinham acesso
à autoridade do sacerdócio e às bênçãos do evangelho, mas acabaram
se rebelando. Mataram os profetas
e foram punidos pelo Senhor. Dez
tribos foram levadas cativas para a
Assíria. A partir daí, elas se perderam
para os registros da humanidade.
(Obviamente, as dez tribos não estão
“perdidas” para o Senhor.) Duas tribos remanescentes continuaram
por algum tempo, mas devido a sua
rebelião, foram levadas cativas para
a Babilônia.5 Quando retornaram,
foram favorecidas pelo Senhor, mas
novamente deixaram de honrá-Lo.
Elas O rejeitaram e desprezaram.
Um Pai amoroso embora angustiado
prometeu: “Espalhar-vos-ei entre as
nações”,6 e foi o que Ele fez —
espalhou-os entre todas as nações.
Israel Será Coligada
A promessa de Deus de que coligaria a Israel dispersa foi igualmente
enfática.7 Isaías, por exemplo, previu
que nos últimos dias o Senhor enviaria “mensageiros velozes” para esses
povos que estariam “dispersos e
oprimidos”.8
Essa promessa da coligação, que
se repete diversas vezes nas escrituras, será cumprida tão seguramente
quanto o foram as profecias da dispersão de Israel.9
A Igreja de Jesus Cristo no
Meridiano dos Tempos e a Apostasia
Antes de Sua crucificação, o
Senhor Jesus Cristo estabeleceu Sua
Igreja, que incluía apóstolos, profetas,
setentas, mestres, etc.10 E o Mestre
enviou Seus discípulos ao mundo
para pregar o Seu evangelho.11
Depois de algum tempo, a Igreja,
conforme tinha sido estabelecia pelo
Senhor, entrou em decadência espiritual. Seus ensinamentos foram alterados; Suas ordenanças foram mudadas.
Aconteceu a Grande Apostasia, conforme predita por Paulo, que sabia
que o Senhor não voltaria “sem que
antes [viesse] a apostasia”.12
Essa Grande Apostasia seguiu o
padrão que encerrara cada dispensação anterior. A primeira de todas foi
na época de Adão. Depois, vieram as
dispensações de Enoque, Noé, Abraão,
Moisés e outros. Cada profeta tinha
o encargo divino de ensinar sobre
a divindade e a doutrina do Senhor
Jesus Cristo. Em cada era, esses ensinamentos visavam ajudar as pessoas.
Mas sua desobediência resultou em
apostasia. Assim, todas as dispensações anteriores foram limitadas quanto
ao tempo e ao espaço. Foram limitadas
quanto ao tempo, porque cada uma
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
79
Os membros e os missionários na frente de sua capela em Nassau, nas Bahamas.
delas terminou em apostasia. Foram
limitadas quanto ao espaço, porque
ficaram restritas a um segmento relativamente pequeno do planeta Terra.
A Restauração de Todas as Coisas
Portanto, era necessária uma restauração completa. Deus, o Pai, e Jesus
Cristo chamaram o Profeta Joseph
Smith para ser o profeta desta dispensação. Todos os poderes divinos das
dispensações anteriores seriam restaurados por intermédio dele.13 Esta
dispensação da plenitude dos tempos não será limitada nem quanto
ao tempo nem quanto ao espaço.
Ela não terminará em apostasia, e
encherá o mundo inteiro.14
A Coligação de Israel — Uma Parte
Integral da Restauração de Todas
as Coisas
Conforme profetizado por Pedro e
Paulo, todas as coisas foram restauradas nesta dispensação. Portanto, é preciso que aconteça, como parte dessa
restauração, a tão esperada coligação
da Israel dispersa.15 Trata-se de um prelúdio necessário à Segunda Vinda do
Senhor.16
Essa doutrina da coligação é um
dos ensinamentos importantes de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias. O Senhor declarou:
“Em verdade vos digo que vos dou
um sinal, (…) quando, de sua longa
dispersão, reunirei meu povo, ó casa
de Israel, e estabelecerei novamente
80
no meio deles minha Sião”.17 O surgimento do Livro de Mórmon é um
sinal para o mundo inteiro de que o
Senhor começou a coligar Israel e a
cumprir os convênios que fez com
Abraão, Isaque e Jacó.18 Não apenas
ensinamos essa doutrina, mas também participamos dela. Fazemos isso
ajudando a coligar os eleitos do
Senhor nos dois lados do véu.
O Livro de Mórmon é um ponto
central dessa obra. Ele declara a doutrina da coligação.19 Faz as pessoas
aprenderem a respeito de Jesus
Cristo, a acreditarem em Seu evangelho e a filiarem-se à Sua Igreja. Na verdade, se não houvesse o Livro de
Mórmon, a coligação prometida de
Israel não aconteceria.20
Para nós, o honrado nome de
Abraão é muito importante. Ele é
mencionado em mais versículos das
escrituras da Restauração do que em
todos os versículos da Bíblia.21 Abraão
tem uma ligação com todos os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias.22 O Senhor
confirmou o convênio Abraâmico em
nossos dias por intermédio do Profeta
Joseph Smith.23 No templo, recebemos as nossas maiores bênçãos, como
herdeiros de Abraão, Isaque e Jacó.24
A Dispensação da Plenitude
dos Tempos
Essa dispensação da plenitude dos
tempos foi prevista por Deus como
uma época de coligação, tanto no céu
quanto na Terra. Pedro sabia que,
após um período de apostasia, viria
uma restauração. Ele, que esteve com
o Senhor no Monte da Transfiguração,
declarou: “Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham
assim os tempos do refrigério pela
presença do Senhor, (…)
O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de
tudo, dos quais Deus falou pela boca
de todos os seus santos profetas,
desde o princípio”.25
Nos tempos modernos, os
Apóstolos Pedro, Tiago e João foram
enviados à Terra pelo Senhor com “as
chaves de [Seu] reino e uma dispensação do evangelho para os últimos
tempos; e para a plenitude dos tempos”, na qual Ele “[reuniria] em uma
todas as coisas, tanto as que estão no
céu como as que estão na Terra”.26
No ano de 1830, o Profeta Joseph
Smith leu sobre um mensageiro celestial chamado Elias, que possuía as
chaves para levar a efeito a “restauração de todas as coisas”.27
Seis anos depois, o Templo de
Kirtland foi dedicado. Após o Senhor
ter aceitado aquela casa sagrada, surgiram mensageiros celestes trazendo
as chaves do sacerdócio. Moisés apareceu28 “e conferiu (…) as chaves
para coligar Israel das quatro partes
da Terra e trazer as dez tribos da terra
do norte.
Depois disso Elias apareceu e conferiu-nos a dispensação do evangelho
de Abraão, dizendo que em nós e
em nossa semente todas as gerações
depois de nós seriam abençoadas”.29
Em seguida, apareceu Elias, o profeta, e proclamou: “Eis que é chegado
plenamente o tempo proferido pela
boca de Malaquias — testificando que
ele [Elias, o profeta] seria enviado
antes que viesse o grande e terrível
dia do Senhor — para voltar o coração dos pais para os filhos e os filhos
para os pais, a fim de que a Terra toda
não seja ferida com uma maldição”.30
Esses eventos ocorreram em 3 de
abril de 1836,31 cumprindo assim a
profecia de Malaquias.32 Foram restauradas as chaves sagradas desta
dispensação.33
Coligação de Almas do Outro Lado
do Véu
Misericordiosamente, o convite
de “vir a Cristo”34 também pode ser
estendido aos que morreram sem
conhecimento do evangelho.35
Parte de sua preparação exige um
trabalho terreno de outras pessoas.
Compilamos gráficos de linhagem,
criamos folhas de grupo familiar e
fazemos o trabalho vicário no templo para coligar pessoas ao Senhor
e a suas respectivas famílias.36
Participar da Coligação:
Compromisso por Convênio
Aqui na Terra, o trabalho missionário é fundamental para a coligação de
Israel. O evangelho deve ser levado em
primeiro lugar “às ovelhas perdidas da
casa de Israel”.37 Conseqüentemente,
servos do Senhor saem proclamando
a Restauração. Em muitas nações, os
nossos missionários estão buscando
os dispersos de Israel; caçando-os “nas
fendas das rochas”; e pescando-os
como nos dias antigos.38
A escolha de vir a Cristo não é uma
questão de localização física, mas de
compromisso individual. As pessoas
podem ser “levadas ao conhecimento
do Senhor”39 sem saírem de sua terra
natal. É verdade que, nos primeiros
dias da Igreja, a conversão freqüentemente significava também emigração.
Mas agora, a coligação está acontecendo em cada país. O Senhor decretou que o estabelecimento de Sião40
ocorra em cada local em que Ele concedeu aos Seus santos o seu nascimento e nacionalidade. As escrituras
predizem que as pessoas “[seriam]
coligadas nas terras de sua herança e
estabelecidas em todas as suas terras
de promissão”.41 Cada nação é o local
de coligação de seu próprio povo.42
O local de coligação dos santos brasileiros é no Brasil; o local de coligação
dos santos nigerianos é na Nigéria; o
local de coligação dos santos coreanos é na Coréia, e assim por diante.
Sião é o “puro de coração”.43 Sião é
qualquer lugar onde existam santos
justos. Existem hoje publicações,
comunicações e congregações para
que praticamente todos os membros
tenham acesso às doutrinas, chaves,
ordenanças e bênçãos do evangelho,
onde quer que morem.
A segurança espiritual sempre
dependerá de como vivemos, e não
de onde vivemos. Os santos de todos
os países têm igual direito às bênçãos
do Senhor.
Esta obra do Deus Todo-Poderoso
é verdadeira. Ele vive. Jesus é o Cristo.
Esta é Sua Igreja, restaurada para
cumprir seu destino divino, inclusive
a prometida coligação de Israel. O
Presidente Gordon B. Hinckley é o
profeta de Deus hoje. Presto testemunho disso, em nome de Jesus Cristo.
Amém. ■
NOTAS
1. Ver Gênesis 12:1–2; D&C 132:29–32;
Abraão 2:6–11.
2. Ver Gênesis 26:1–4, 24, 28; 35:9–13; 48:3–4;
João 8:33, 39; Atos 3:25; 1 Néfi 17:40;
2 Néfi 29:14; Jacó 5; Éter 13:7–8; D&C 52:2.
3. Ver, por exemplo, 1 Néfi 15:12–18.
4. Ver 1 Néfi 14:14; 15:14; 2 Néfi 30:2;
Mosias 24:13; 3 Néfi 29:3; Mórmon 8:15;
D&C 133:26–34.
5. A tribo de Levi fornecia sacerdotes para o
povo e não era contada como tribo nem
recebia herança tribal. Os dois filhos de
José, Manassés e Efraim, receberam terras de
herança. Eles foram contados como tribos
de Israel, em lugar de seu pai, José. Desse
modo manteve-se o número de doze tribos.
6. Levítico 26:33; ver também Jeremias 9:16.
7. Ver Gênesis 22:16–18; 3 Néfi 20–22;
Abraão 2:10–11.
8. Isaías 18:2, 7.
9. Ver Levítico 26:44; Deuteronômio 4:27–31;
28; 29; 30:2–5; Neemias 1:9; Isaías 11:11–12;
Jeremias 31:7–8, 10–12; Ezequiel 37:21–22;
Amós 9:14–15; Mateus 24:31; Jacó 6:2; ver
também Russell M. Nelson, “O Êxodo na
Israel Antiga e Moderna”, A Liahona,
abril de 2002, pp. 30–39.
10. Ver Lucas 10:1, 17; Efésios 4:11;
Regras de Fé 1:6.
11. Ver Mateus 28:19–20; Marcos 16:15.
12. II Tessalonicenses 2:3. “Apostasia” vem do
grego apostasia.
13. Ver D&C 128:18; 132:45.
14. Ver Isaías 27:6.
15. Ver 1 Néfi 15:18; ver também a página de
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
81
rosto do Livro de Mórmon, parágrafo 2.
16. Ver D&C 133:17.
17. 3 Néfi 21:1.
18. Ver Gênesis 12:2–3; 26:3–4; 35:11–12; e
o cabeçalho do capítulo de 3 Néfi 21, 29.
19. As doutrinas referentes à dispersão e coligação da casa de Israel estão entre as primeiras lições ensinadas no Livro de Mórmon:
“E depois que a casa de Israel houvesse sido
dispersa, ela seria novamente reunida; (…)
os ramos naturais da oliveira, ou melhor,
os remanescentes da casa de Israel, seriam
enxertados, ou seja, viriam a conhecer o
verdadeiro Messias, seu Senhor e seu
Redentor” (1 Néfi 10:14).
20. Ver Bruce R. McConkie, A New Witness for
the Articles of Faith (1985), p. 554.
21. Abraão é mencionado em 506 versículos de
escrituras; 216 estão na Bíblia, 290 estão
nas escrituras da Restauração.
22. O convênio também pode ser recebido
por adoção (ver Mateus 3:9; Lucas 3:8;
Gálatas 3:26–29; 4:5–7; Abraão 2:9–10).
23. Ver D&C 124:58; 132:31–32.
24. Ver D&C 84:33–40; 132:19; Abraão 2:11.
25. Atos 3:19, 21.
26. D&C 27:13. Paulo também profetizou a respeito de nossos dias: “[Deus haveria] de
tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as
que estão na terra” (Efésios 1:10).
27. D&C 27:6.
28. É muito adequado que Moisés, o primeiro
a conduzir os filhos de Deus para a terra de
sua herança, tenha sido quem concedeu as
chaves da coligação de Israel à Igreja restaurada. Moisés apareceu a Pedro, Tiago e João
no Monte da Transfiguração e ali lhes concedeu as mesmas chaves do sacerdócio na
época deles. Durante a conferência da
Igreja realizada em abril de 1840, o Profeta
Joseph Smith incumbiu Orson Hyde de
ir a Jerusalém e ali dedicar a terra para o
retorno dos judeus e da Israel dispersa. 44
No domingo, 24 de outubro de 1841, o
Élder Hyde ajoelhou-se no Monte das
Oliveiras e dedicou a terra para a coligação
dos judeus e de Israel à sua antiga herança.
29. D&C 110:11–12.
30. D&C 110:14–15.
31. É significativo que Moisés, Elias e Elias,
o profeta, tenham vindo no domingo de
Páscoa, no início da Páscoa.
32. Ver Malaquias 4:5–6.
33. Ver D&C 110:16.
34. Jacó 1:7; Ômni 1:26; Morôni 10:30, 32;
D&C 20:59.
35. Ver D&C 137:6–8.
36. Ver I Coríntios 15:29; I Pedro 4:6.
37. Mateus 10:6; 15:24.
38. Ver Jeremias 16:16.
39. 3 Néfi 20:13.
40. Ver D&C 6:6; 11:6; 12:6; 14:6.
41. 2 Néfi 9:2.
42. Bruce R. McConkie, em Conference Report,
Conferência de Área da Cidade do México,
México, 1972, p. 45.
43. D&C 97:21.
44. Ver 2 Néfi 9:2; 10:7–9; 25:16–17, 20;
3 Néfi 21:22–28; D&C 29:7–8.
82
Fé para Remover
Montanhas
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY
Mais fé é o de que realmente precisamos. Sem ela,
o trabalho estagnaria. Com ela, ninguém pode
parar seu progresso.
M
eus irmãos e irmãs, deixemme começar tratando de um
assunto pessoal.
O Presidente da Igreja pertence a
toda a Igreja. Sua vida não é exclusivamente sua. Sua missão é a de servir.
Agora, como todos vocês sabem,
estou um tanto quanto velho. Completei 96 anos em junho passado.
Tenho ouvido de muitas fontes, que
existe grande especulação quanto à
minha saúde. Vamos esclarecer isso.
Caso eu sobreviva mais alguns meses,
serei o Presidente da Igreja mais velho
dentre todos os outros que me antecederam. Não falo isso com empáfia,
mas sim com gratidão. Em janeiro passado passei por uma cirurgia séria. Foi
uma experiência terrível, particularmente para alguém que jamais fora
internado em um hospital. Depois
disso a pergunta era se eu deveria
continuar o tratamento ou não.
Resolvi fazê-lo. Meus médicos chamam o resultado de milagroso. Sei
que os resultados positivos vieram
de suas muitas orações por mim.
Sou profundamente grato a vocês.
O Senhor permitiu que eu vivesse;
não sei por quanto tempo. Mas
seja o quanto for, continuarei a
dar o melhor de mim nas tarefas
que desempenho. Não é fácil presidir
esta grande e complexa Igreja.
Nada escapa à atenção da Primeira
Presidência. Nenhuma decisão importante, nenhum dispêndio de fundos é
feito sem sua aprovação. A responsabilidade e as pressões são enormes.
Mas iremos adiante por tanto
tempo quanto o Senhor quiser.
Como disse em abril passado, estamos em Suas mãos. Sinto-me bem,
minha saúde é relativamente boa.
Mas quando a hora chegar para um
sucessor, a transição será serena e
de acordo com a vontade Daquele a
quem esta Igreja pertence. E assim,
prosseguimos com fé — e fé é o tema
que quero abordar nesta manhã.
Desde o início esta Igreja progride
pela fé. A fé foi a força do Profeta
Joseph.
Sou grato pela fé que o levou ao
bosque para orar. Sou grato por sua
fé para traduzir e publicar o Livro de
Mórmon. Sou grato por ele ter procurado o Senhor em uma oração que
foi respondida com a concessão do
Sacerdócio Aarônico e do Sacerdócio
de Melquisedeque. Sou grato porque
pela fé, ele organizou a Igreja e colocou-a no curso correto. Agradeço a
ele por ter dado a sua vida como testemunho da verdade de seu trabalho.
A fé foi também a força motriz por
trás de Brigham Young. Reflito com
freqüência na enorme fé que ele teve
para trazer um número imenso de
pessoas para povoar este Vale do Lago
Salgado. Ele sabia bem pouco sobre
a área. Jamais a havia visto, exceto em
visão. Suponho que ele tenha estudado as parcas informações disponíveis, porém mal sabia algo a respeito
do solo, da água ou do clima. E ainda
assim, quando olhou para o vale,
disse sem hesitação: “Este é o lugar
certo, prossigam” (B. H. Roberts,
A Comprehensive History of the
Church, volume III, p. 224).
E o mesmo aconteceu com cada
um dos Presidentes da Igreja. Em face
à terrível oposição, eles seguiram em
frente com fé. Quer fossem gafanhotos destruindo suas colheitas. Quer
fosse a seca ou a geada na primavera.
Quer fosse a perseguição do governo
federal. Ou, mais recentemente, quer
fosse a necessidade urgente de estender ajuda humanitária às vítimas do
tsunami, ou de terremotos ou inundações em muitos lugares diferentes, o
progresso tem sido o mesmo. As prateleiras do bem-estar têm sido esvaziadas. Dinheiro vivo aos milhões tem
sido enviado aos necessitados, independente de serem ou não membros
da Igreja — tudo pela fé.
Este é um ano importante de aniversário na história desta Igreja, como
todos sabem. É o sesquicentenário
da chegada das companhias Willie e
Martin de carrinhos de mão e das
companhias de carroções de Hunt e
Hodgett que os acompanharam.
Muito foi escrito no que se refere a
isso, e eu não preciso entrar em detalhes. Todos vocês estão familiarizados
com a história. É o suficiente dizer que
aqueles que empreenderam a longa
jornada desde as Ilhas Britânicas até
o vale do grande Lago Salgado começaram sua viagem pela fé. Eles tinham
pouco ou nenhum conhecimento
do que enfrentariam. Mas foram em
frente. Iniciaram sua jornada com
grande expectativa. Essa expectativa
diminuiu gradualmente à medida
que rumavam para o oeste. Ao começarem a tediosa jornada seguindo o
rio Platte e depois ao subirem o vale
do Sweetwater, a fria mão da morte
levou muitos deles. Seu alimento foi
racionado; os bois morreram; seus
carrinhos quebraram; tinham trajes
e roupas de cama inadequados. As
tempestades vinham furiosas. Eles
buscavam abrigo, mas nada encontravam. As tempestades rugiam a seu
redor. Eles literalmente morriam de
fome. Dezenas morriam e eram enterrados no solo congelado.
Felizmente, encontraram-se com
Franklin D. Richards que retornava da
Inglaterra. Ele tinha um transporte
leve, puxado a cavalos, capaz de viajar
muito mais rápido. Ele chegou neste
vale. Era esta mesma época do ano.
A conferência geral estava em sessão.
Quando Brigham Young recebeu a
notícia, colocou-se imediatamente
diante da congregação e disse:
“Darei agora o assunto e o texto
para os élderes que vão falar hoje e
durante a conferência, neste quinto dia
de outubro de 1856, muitos de nossos
irmãos e irmãs estão nas planícies
puxando carrinhos de mão, e
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
83
provavelmente muitos estão a 1.125
quilômetros daqui. Eles precisam ser
trazidos para cá, temos de enviar-lhes
ajuda. O texto será — ‘tragam-nos para
cá’. Quero que os irmãos que vão falar
entendam que seu assunto é o povo
que está nas planícies, e o assunto
importante para esta comunidade é
mandar buscá-los e trazê-los antes que
o inverno fique forte demais (…)
Conclamo os bispos no dia de hoje.
Não esperarei até amanhã nem até o
dia seguinte para reunir 60 boas mulas
e 12 ou 15 carroções. Não quero mandar bois. Quero bons cavalos e boas
mulas. Eles existem neste território,
e precisamos reuni-los. Também 12
toneladas de farinha e 40 bons cocheiros (…) 60 ou 65 boas parelhas de
mulas ou cavalos, com arreios. (…)
Declaro a todos,” disse ele, “que
sua fé, religião e consagração à religião, jamais salvarão sequer uma
alma no reino celestial de nosso
Deus, a menos que possam cumprir
da mesma maneira os princípios que
lhes estou ensinando agora. Vão e tragam as pessoas que estão nas planícies e cuidem estritamente das coisas
que chamamos de temporais ou deveres temporais, de outro modo sua fé
será em vão; a pregação que ouviram
terá sido em vão e vocês afundarão
no inferno, a menos que cuidem das
84
coisas de que lhes falei” (Deseret
News, 15 de outubro de 1856, p. 252).
Imediatamente cavalos, mulas e
carroções resistentes foram oferecidos. Trouxeram farinha em abundância. Trajes quentes e roupas de cama
foram rapidamente reunidos. Em um
ou dois dias os carroções dirigiram-se
para o leste pela neve.
Quando a equipe de resgate alcançou os santos sitiados, eles foram
como anjos do céu. Derramaram
lágrimas de gratidão. As pessoas dos
carrinhos de mão foram transferidas
para os carroções, para viajarem mais
rapidamente até a comunidade de
Salt Lake.
Cerca de duzentos morreram, mas
mil foram salvos.
Entre os que enfrentaram essas
horrendas circunstâncias nas planícies estava a bisavó de minha esposa.
Ela fazia parte da companhia Hunt
de carroções.
Hoje, o túmulo de minha esposa no
Cemitério de Salt Lake City tem vista
para o túmulo de sua bisavó, Mary
Penfold Goble, que morreu nos braços
da filha ao entrar neste vale em 11 de
dezembro de 1856. Ela foi enterrada
no dia seguinte. Perdera três de seus
filhos durante aquela longa jornada.
Os pés de uma das filhas que sobreviveu estavam seriamente congelados.
Que história é essa! Cheia de sofrimento, fome, frio e morte. Repleta de
relatos de rios congelados que tinham
que ser penosamente atravessados,
de tempestades de neve uivantes, da
longa e lenta subida de Rocky Ridge.
Com o passar deste ano de aniversário, isso poderá ser esquecido. Mas
espera-se que seja citado com freqüência para lembrar às gerações
futuras do sofrimento e da fé daqueles que nos precederam. Sua fé é
nosso legado. Sua fé é um lembrete
para nós do preço que eles pagaram
pelo conforto que desfrutamos.
Mas a fé não é demonstrada apenas nos grandes acontecimentos
heróicos, tais como a vinda dos pioneiros dos carrinhos de mão. Ela é
também demonstrada em eventos
pequenos, porém significativos.
Deixem-me narrar-lhes um deles.
Quando o Templo de Manti Utah
estava em construção, há cerca de 120
anos, George Paxman trabalhava como
um carpinteiro que fazia os acabamentos. Ele e a jovem esposa Martha
tinham um filho e esperavam outro.
Enquanto levantava uma das pesadas portas na parte leste do templo,
George teve uma hérnia estrangulada. Sentia dores terríveis. Marta deitou-o em um carroção e levou-o até a
cidade de Nephi, onde o colocou no
trem e levou-o até Provo. Lá ele faleceu. Recusando-se a se casar novamente, ela ficou viúva por 62 anos,
sustentando-se com o trabalho de
bordadeira.
Agora deixem que me desvie dessa
narrativa para contar que, quando eu
estava noivo de minha esposa, dei-lhe
um anel. Quando nos casamos, dei-lhe
uma aliança. Ela usou-os durante anos.
Então um dia notei que ela os havia
tirado e estava usando uma pequena
aliança de ouro que pertencera à
avó. O anel havia sido dado por seu
marido, George, que mais tarde falecera devido ao ferimento que descrevi. O único bem que deixara nesta
vida. Certo dia de primavera, Martha
SESSÃO DA TARDE DE DOMINGO
1º de outubro de 2006
fazia uma limpeza. Ela tirou toda a
mobília da casa para limpar tudo. Ao
afofar a palha do colchão, olhou para
a mão e a aliança não estava mais no
dedo. Procurou-a cuidadosamente
em todos os lugares. Era a única lembrança material de seu marido amado.
Ela revolveu toda a palha com os
dedos, mas não conseguiu encontrála. Lágrimas escorriam-lhe pelo rosto.
Ela ajoelhou-se e orou com toda convicção para que o Senhor a ajudasse
a encontra-la. Quando abriu os olhos,
olhou para o chão e lá estava a aliança.
Estou com ela agora em minha
mão. É muito pequena para que
todos vocês a vejam. É de ouro 18
quilates, velha, arranhada e amassada.
Mas representa fé, a fé possuída por
uma viúva que rogou ao Senhor em
seu momento crítico. Tal fé é a fonte
da atividade. É a raiz da esperança e
da confiança. É esse tipo de fé simples
que todos nós tanto precisamos.
No trabalho contínuo desta grande
causa, mais fé é o de que realmente
precisamos. Sem ela, o trabalho estagnaria. Com ela, ninguém pode parar
seu progresso.
Disse o Salvador: “(…) se tiverdes
fé como um grão de mostarda, direis
a este monte: Passa daqui para acolá,
e há de passar; e nada vos será impossível” (Mateus 17:20).
A seu filho Helamã, Alma declarou: “Prega-lhes arrependimento e
fé no Senhor Jesus Cristo; ensina-os
a humilharem-se, a serem mansos
e humildes de coração; ensina-os a
resistirem a todas as tentações do
diabo com sua fé no Senhor Jesus
Cristo” (Alma 37:33).
Que o Senhor nos abençoe com
fé na grande causa da qual fazemos
parte. Que a fé seja como uma vela
para guiar-nos à noite com sua luz.
Que ela siga diante de nós como uma
nuvem para guiar-nos durante o dia.
Por isso oro humildemente, no
sagrado e santo nome Daquele que
é a força de nossa fé, o Senhor Jesus
Cristo. Amém. ■
Uma Defesa
e um Refúgio
P R E S I D E N T E B OY D K . PA C K E R
Presidente Interino do Quórum dos Doze Apóstolos
Falamos da Igreja como nosso refúgio, nossa defesa.
Há segurança e proteção na Igreja.
N
o dia 26 de julho de 1847, seu
terceiro dia no vale (o segundo
tinha sido um domingo),
Brigham Young, com alguns membros
dos Doze e outras pessoas, subiu até o
alto de um monte que ficava a cerca de
três quilômetros de onde me encontro agora. Acharam ser um bom lugar
para erguerem um estandarte para as
nações. Heber C. Kimball usava um
grande lenço amarelo. Eles prenderam
o lenço à bengala de Willard Richards
e o agitaram no ar, um estandarte
para as nações. Brigham Young deu ao
monte o nome de Pico do Estandarte.1
Depois, desceram para junto de
seus velhos carroções, onde estavam
as poucas coisas que carregaram por
mais de três mil quilômetros, e de seus
seguidores cansados da viagem. Não
foram as coisas que possuíam que lhes
deram forças, mas, sim, o que sabiam.
Sabiam que eram apóstolos do
Senhor Jesus Cristo. Sabiam que o
sacerdócio lhes havia sido concedido
por mensageiros angelicais. Sabiam
que tinham os mandamentos e convênios que ofereciam a oportunidade
de salvação e exaltação eternas para
toda a humanidade. Tinham a certeza
de que a inspiração do Espírito Santo
estava com eles.
Apressaram-se em plantar hortas e
erguer abrigos contra o inverno que
logo chegaria. Prepararam-se para
receber outros irmãos que já estavam
nas planícies, seguindo-os até aquele
novo lugar de coligação.
Uma revelação, escrita nove anos
antes, ordenava: “Erguei-vos e brilhai,
para que vossa luz seja um estandarte
para as nações;
“E para que a reunião na terra
de Sião e em suas estacas seja uma
defesa e um refúgio contra a tempestade e contra a ira, quando for derramada, sem mistura, sobre toda a
Terra” (D&C 115:5–6).
Eles deviam ser a “luz”, o “padrão”.
Esse padrão, estabelecido por revelação, está contido nas escrituras,
nas doutrinas do evangelho de Jesus
Cristo. Os princípios do evangelho
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85
que seguimos baseiam-se na doutrina,
e os padrões estão de acordo com
os princípios. Estamos obrigados
por convênio a seguir os padrões,
quando ministrados por meio das
ordenanças do evangelho por aqueles que receberam o sacerdócio e
as chaves de autoridade.
Aqueles irmãos fiéis não tinham,
como nós também não temos, a liberdade de alterar os padrões ou de
ignorá-los. Precisamos vivê-los.
Não é solução nem consolo simplesmente dizer que eles não importam. Todos sabemos que importam,
sim, porque todos os homens são
“ensinados suficientemente para distinguirem o bem do mal” (2 Néfi 2:5).
Se estivermos fazendo o melhor
86
possível, não devemos desanimar.
Quando deixamos de atingir a perfeição, como acontece, ou tropeçamos,
como pode ocorrer, sempre haverá
o remédio do arrependimento e do
perdão.
Devemos ensinar o padrão moral a
nossos filhos para que se abstenham
de todo tipo de imoralidade. Os
preciosos poderes contidos em seu
corpo mortal devem ser “empregados somente entre homem e mulher
legalmente casados”.2 Precisamos ser
totalmente fiéis no casamento.
Devemos cumprir a lei do dízimo.
Devemos cumprir nossas responsabilidades na Igreja. Devemos nos reunir
todas as semanas na reunião sacramental para renovar os convênios
e tornar-nos merecedores das
promessas proferidas naquelas orações simples e sagradas do pão e
da água. Devemos honrar o sacerdócio e ser obedientes aos convênios
e ordenanças.
Aqueles irmãos que estavam no
Pico do Estandarte sabiam que deveriam levar uma vida comum e manter
a imagem de Cristo gravada em seu
semblante (ver Alma 5:14).
Compreendiam que as estacas
deveriam ser uma defesa e um refúgio, numa época em que não havia
uma única estaca na Terra. Sabiam que
tinham a missão de estabelecer estacas de Sião em toda nação da Terra.
Talvez tenham se perguntado que
tipo de ira ou tempestade ainda seria
derramada, a qual ainda não tivessem
experimentado. Tiveram de suportar
uma oposição selvagem, a violência e
o terrorismo. Seus lares tinham sido
queimados, suas propriedades, roubadas. Tinham sido expulsos de seus
lares muitas e muitas vezes. Sabiam,
então, como sabemos hoje, que a
oposição nunca teria fim. A natureza
dela muda, mas nunca termina. Não
haveria fim para os tipos de desafios
que os primeiros santos enfrentariam.
Os novos desafios seriam diferentes,
mas certamente não menores do que
eles tinham enfrentado pelo caminho.
Existem hoje milhares de estacas
de Sião espalhadas pelo mundo
inteiro. Há milhões de membros, e
esse número continua aumentando.
Não é possível impedir que isso aconteça, porque esta é a obra do Senhor.
Atualmente há membros em 169
nações e falam mais de 200 idiomas.
Alguns vivem com um medo inexprimível das coisas que nós e a Igreja
viremos a enfrentar no mundo. Cada
vez há mais trevas na moralidade e
espiritualidade. Se nos reunirmos na
Igreja, vivermos os princípios simples
do evangelho, seguirmos os padrões
morais, obedecermos à Palavra de
Sabedoria, cumprirmos nossos deveres do sacerdócio e outros encargos,
então não precisaremos viver com
medo. A Palavra de Sabedoria é um
ponto-chave tanto para a saúde física,
quanto para a revelação. Abstenhamse de usar chá preto, café, bebidas
alcóolicas, fumo e drogas.
Podemos morar onde quisermos,
fazendo o melhor possível para ganhar
nosso sustento, seja ele modesto ou
abundante. Temos a liberdade de fazer
o que quisermos com nossa vida, com
a certeza da aprovação e até da intervenção do Todo-Poderoso, confiantes
na constante orientação espiritual.
Cada estaca é uma defesa, um refúgio e um padrão. Uma estaca contém
em si mesma tudo o que é necessário
para a salvação e exaltação daqueles
que procuram viver sob sua influência, e os templos estão cada vez mais
próximos.
Não há fim para a oposição. Há
muitos mal-entendidos em relação a
nós e nossa história, alguns dos quais
são mal-intencionados e sem dúvida
contrários aos ensinamentos de Jesus
Cristo e Seu evangelho. Às vezes,
sofremos oposição de ministros e até
de organizações religiosas. Eles fazem
coisas que jamais faríamos. Não atacamos, criticamos ou perseguimos as
pessoas como eles fazem conosco.
Até hoje, existem histórias absurdas que são transmitidas e repetidas
tantas vezes que as pessoas passam a
acreditar nelas. Uma das mais tolas
é a de que os mórmons têm chifres.
Há vários anos, eu estava num simpósio em uma faculdade do Oregon.
Ali presentes estavam um bispo católico, um rabino, um ministro episcopal, um ministro evangélico, um
religioso da igreja unitária e eu.
O presidente da escola, o Dr.
Bennett, foi o anfitrião de um desjejum. Um dos presentes perguntoume qual das minhas esposas estava
me acompanhando. Respondi que
eu tinha uma única esposa muito
especial. Por um segundo, achei que
estavam tentando me constranger.
Então, alguém perguntou ao bispo
católico se ele estava acompanhado
da esposa dele.
A pergunta seguinte foi feita pelo
Dr. Bennett para mim: “É verdade que
os mórmons têm chifres?”
Sorri e disse: “Penteio o cabelo,
para que as pessoas não possam
vê-los”.
O Dr. Bennett, que era completamente calvo, cobriu o alto da cabeça
com as mãos e disse: “Oh! Vocês
nunca conseguirão fazer com que
eu vire mórmon!”
O mais estranho de tudo é que há
pessoas inteligentes que afirmam que
não somos cristãos. Isso mostra que
eles sabem bem pouco ou nada a
nosso respeito. Um princípio verdadeiro declara que não podemos elevar-nos rebaixando os outros.
Alguns imaginam que nossos elevados padrões impedem nosso crescimento. É justamente o oposto. Os
padrões elevados são como um ímã.
Todos somos filhos de Deus e nos
sentimos atraídos pela verdade e
pelo bem.
Enfrentamos o desafio de criar
uma família num mundo envolto em
névoas de iniqüidade cada vez mais
escuras. Alguns de nossos membros
estão muito preocupados e às vezes se
perguntam: Haverá algum lugar aonde
eu possa ir para escapar de tudo isso?
Há outra cidade, estado ou país que
seja seguro, onde possamos encontrar
refúgio? A resposta geralmente é não.
A defesa e o refúgio estão onde nossos membros residem hoje.
O Livro de Mórmon profetizou:
“Sim, e então a obra será iniciada e
o Pai, em todas as nações, preparará
o caminho pelo qual seu povo possa
voltar à terra de sua herança” (3 Néfi
21:28).
Aqueles que saem do mundo e
entram para a Igreja, guardam os
mandamentos, honram o sacerdócio
e se tornam ativos encontraram seu
refúgio.
Há poucas semanas, em uma de
nossas reuniões, o Élder Robert C.
Oaks, um dos sete Presidentes dos
Setenta (que é brigadeiro-do-ar aposentado e ex-comandante das forças
aéreas da OTAN na Europa Central),
lembrou-nos de um acordo assinado
por dez nações, a bordo do encouraçado Missouri, na Baía de Tóquio, em
2 de setembro de 1945, que deu fim
à Segunda Guerra Mundial. Alguns
de nós estávamos na Ásia na ocasião.
O Élder (Brigadeiro) Oaks disse:
“Não posso nem imaginar uma situação atual em que uma reunião assim
pudesse ser realizada ou um acordo
como esse pudesse ser assinado para
dar fim à guerra que estamos travando
contra o terrorismo e a iniqüidade.
Não se trata desse tipo de guerra”.
Não devemos ter medo, mesmo
estando num mundo em que as hostilidades nunca terão fim. A guerra
da oposição que foi profetizada nas
revelações prossegue nos dias atuais.
Devemos ser felizes e positivos. Não
devemos ter medo. O medo é o
oposto da fé.
Sabemos que a atividade na Igreja
centraliza-se na família. Onde quer que
haja membros da Igreja no mundo,
eles devem estabelecer uma família na
qual os filhos sejam bem-vindos e valorizados como “herança do Senhor”
(Salmos 127:3). Uma família de santos
dos últimos dias digna é um padrão
para o mundo.
Não apenas devemos manter os
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87
mais elevados padrões, mas também
cada um de nós deve ser um padrão,
uma defesa, um refúgio. Devemos
fazer com que “assim resplandeça a
[nossa] luz diante dos homens, para
que vejam as [nossas] boas obras e
glorifiquem a [nosso] Pai, que está
nos céus” (Mateus 5:16; ver também
3 Néfi 12:16).
Todas as lutas e esforços das
gerações passadas proporcionaramnos hoje a plenitude do evangelho
de Jesus Cristo, a autoridade para
ministrar e o meio para cumprir o
ministério. Tudo está reunido nesta
dispensação da plenitude dos tempos, na qual a consumação de todas
as coisas será concluída e a Terra
será preparada para a vinda do
Senhor.
Fazemos parte desse trabalho
tanto quanto aqueles homens que
desfraldaram o lenço amarelo preso
à bengala de Willard Richards e desceram do Pico do Estandarte. Aquele
lenço, que foi agitado há muito
tempo, sinalizou o início da grande
coligação que foi profetizada nas
escrituras antigas e modernas.
Falamos da Igreja como nosso
refúgio, nossa defesa. Há segurança
e proteção na Igreja. Ela centraliza-se
no evangelho de Jesus Cristo. Os santos dos últimos dias aprendem a
88
procurar dentro de si mesmos o
poder redentor do Salvador de toda
a humanidade. Os princípios do evangelho ensinados na Igreja e aprendidos nas escrituras são um guia para
cada um de nós individualmente e
para nossa família.
Sabemos que o lar que estabelecemos e o lar de nossos descendentes
serão o refúgio mencionado nas
revelações — a “luz”, o “padrão”, o
“estandarte” para todas as nações
e o “refúgio” contra as tempestades
que virão (ver D&C 115:5–6;
Isaías 11:12; 2 Néfi 21:12).
O estandarte junto ao qual todos
nos devemos reunir é Jesus Cristo,
o Filho de Deus, o Unigênito do Pai.
Esta é a Sua Igreja, tomamos sobre
nós o Seu nome e possuímos a Sua
autoridade.
Esperamos ansiosamente com fé.
Vimos muitas coisas na vida, e muitas
outras virão para colocar nossa coragem à prova e aumentar nossa fé.
Devemos “[exultar] e [alegrar-nos],
porque é grande o [nosso] galardão
nos céus” (Mateus 5:12).
“Defendam com firmeza a história
da Igreja e não [se envergonhem] do
evangelho de [Jesus] Cristo, pois é o
poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê” (Romanos 1:16).
Enfrentaremos os desafios, pois
não podemos evitá-los, proclamaremos o evangelho de Jesus Cristo e
ensinaremos a respeito Dele, como
nosso Salvador, nosso Refúgio e
nosso Redentor.
Se um velho lenço amarelo foi
bom o suficiente para ser um estandarte para o mundo, então homens
comuns que possuem o sacerdócio e
mulheres e crianças comuns de famílias comuns, que vivem o evangelho
da melhor maneira que podem no
mundo inteiro, podem brilhar como
um estandarte, uma defesa, um refúgio contra tudo o que será derramado
sobre a Terra.
“Falamos de Cristo, regozijamonos em Cristo, pregamos a Cristo,
profetizamos de Cristo e escrevemos
de acordo com nossas profecias, para
que nossos filhos saibam em que
fonte procurar a remissão de seus
pecados” (2 Néfi 25:26).
Esta Igreja prosperará. Ela prevalecerá. Disso tenho absoluta certeza.
Presto meu testemunho em nome
de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Ver Diário de Wilford Woodruff, 26 de julho
de 1847, Arquivos de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias; ver
também B. H. Roberts, A Comprehensive
History of the Church, volume III, pp.
270–271.
2. “A Família: Proclamação ao Mundo”,
A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
E para Eles
Não Há Tropeço
É L D E R DAV I D A . B E D N A R
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Por meio do poder fortalecedor da Expiação de
Jesus Cristo, vocês e eu seremos abençoados para
evitar e vencer as ofensas.
O
ro, esta tarde, para que o
Espírito Santo ajude a mim e
a vocês à medida que, juntos,
examinarmos importantes princípios
do evangelho.
Uma das minhas atividades preferidas como líder do sacerdócio é visitar
os membros da Igreja em sua casa.
Gosto particularmente de conversar
com os membros que em geral são
descritos como “menos ativos”.
Durante os anos em que servi como
presidente de estaca, eu contatava
regularmente os bispos e lhes pedia
que identificassem em espírito de oração pessoas ou famílias que pudéssemos visitar juntos. Antes de irmos até
a casa deles, o bispo e eu nos ajoelhávamos e pedíamos orientação e inspiração ao Pai Celestial para nós e os
membros que encontraríamos.
Nossas conversas eram bastante
diretas. Expressávamos amor e gratidão pela oportunidade de estar em
sua casa. Afirmávamos que éramos servos do Senhor a Seu serviço naquele
lar. Dizíamos que sentíamos sua falta
e precisávamos deles — e que eles
necessitavam das bênçãos do evangelho restaurado. Em algum momento
no início da conversa, eu costumava
fazer uma pergunta do tipo: “Poderiam
ajudar-nos a entender por que não
estão participando ativamente das
bênçãos e programas da Igreja?”
Fiz centenas e centenas de visitas
dessa natureza. Cada pessoa, cada
família, cada lar, cada resposta era
diferente. Contudo, com o passar dos
anos, detectei um tema comum a
muitas das respostas às minhas perguntas. Com freqüência eu ouvia
explicações como:
“Há vários anos, um irmão disse
algo na Escola Dominical que me
ofendeu, e nunca mais voltei.”
“Ninguém no ramo me cumprimentava ou se aproximava de
mim. Sentia-me um intruso. Fiquei
magoado com a frieza dos membros
deste ramo.”
“Não concordei com certos conselhos do bispo. Não porei os pés
naquela capela enquanto ele for
o líder.”
Foram citados muitos outros motivos de ofensa — desde diferenças
doutrinárias entre adultos a zombarias, provocações e exclusões entre os
jovens. No entanto, o motivo recorrente era: “Fui ofendido por (…)”.
O bispo e eu ouvíamos com atenção e sinceridade. Um de nós perguntava em seguida sobre a conversão
deles ao evangelho restaurado e seu
testemunho. Ao conversarmos, os
olhos deles não raro se enchiam de
lágrimas quando recordavam o testemunho confirmador do Espírito Santo
e descreviam suas antigas experiências
espirituais. A maioria dos “menos ativos” que visitei tinha um testemunho
perceptível e cálido da veracidade do
evangelho restaurado. Contudo, no
momento não estavam participando
das atividades e reuniões da Igreja.
Então eu dizia algo como:
“Deixem-me ver se compreendi o que
aconteceu com vocês. Porque alguém
na Igreja os ofendeu, vocês deixaram
de ser abençoados pela ordenança
do sacramento. Renunciaram à companhia constante do Espírito Santo.
Porque alguém na Igreja os ofendeu,
afastaram-se das ordenanças do sacerdócio e do templo sagrado. Abriram
mão da oportunidade de servir ao
próximo e de aprender e crescer. E
agora estão erguendo barreiras que
impedirão o progresso espiritual dos
seus filhos, dos filhos dos seus filhos
e das gerações seguintes”. Muitas
vezes as pessoas paravam para pensar
por um instante e em seguida comentavam: “Eu nunca tinha visto as coisas
por esse prisma”.
Então, o bispo e eu fazíamos o
convite: “Caros amigos, estamos aqui
hoje para dizer-lhes que a hora de
parar de sentirem-se ofendidos é
agora. Não só nós precisamos de
vocês, mas vocês também precisam
das bênçãos do evangelho restaurado
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
89
de Jesus Cristo. Por favor, voltem —
e voltem agora”.
Optar por Não Se Ofender
Quando achamos ou dizemos que
fomos ofendidos, em geral isso quer
dizer que nos sentimos injuriados,
maltratados, desprezados ou desrespeitados. Certamente ocorrem coisas
irrefletidas, constrangedoras, censuráveis e mesquinhas em nossas interações com outras pessoas que podem
fazer com que nos sintamos ofendidos. Todavia, no fundo é impossível
para uma pessoa ofender outra.
Na verdade, achar que alguém nos
ofendeu é fundamentalmente falso.
Ofender-nos é uma escolha que fazemos; não é uma condição infligida ou
imposta a nós por alguém ou algo.
90
Na grande divisão de todas as criações de Deus, há coisas que agem e
outras que recebem a ação (ver 2 Néfi
2:13–14). Na condição de filhos e filhas
do Pai Celestial, fomos abençoados
com o dom do arbítrio moral, a capacidade de agir e escolher de maneira
independente. Investidos do arbítrio,
todos somos agentes e portanto devemos primeiramente agir e não só nos
submeter à ação. Achar que alguém ou
algo pode fazer com que nos sintamos
ofendidos, zangados ou magoados é
um insulto ao nosso arbítrio moral e
reduz-nos a meros objetos sujeitos à
ação. Contudo, como agentes, todos
temos o poder de agir e escolher
como nos conduziremos diante de
uma situação ofensiva ou aviltante.
Thomas B. Marsh, o primeiro
presidente do Quórum dos Doze
Apóstolos, desta dispensação, optou
por ofender-se num desentendimento
insignificante sobre uma porção de
nata, (ver Deseret News, 16 de abril de
1856, p. 44). Brigham Young, por
outro lado, foi repreendido severa e
publicamente pelo Profeta Joseph
Smith, mas decidiu não se ofender
(ver Truman G. Madsen, “Hugh B.
Brown—Youthful Veteran”, New Era,
abril de 1976, p. 16).
Em muitas ocasiões, optar por
ofender-se é sintoma de um problema espiritual bem mais amplo e
sério. Thomas B. Marsh permitiu-se
sofrer a ação, e no final os resultados
foram a apostasia e a infelicidade.
Brigham Young foi um agente que
exerceu seu arbítrio e procedeu de
acordo com princípios corretos.
Assim, tornou-se um instrumento
valioso nas mãos do Senhor.
O Salvador é o maior exemplo
de como devemos reagir a acontecimentos ou situações potencialmente
ofensivos.
“E o mundo, devido à iniqüidade,
julgá-lo-á como uma coisa sem valor;
portanto o açoitam e ele suporta-o;
e ferem-no e ele suporta-o. Sim, cospem nele e ele suporta-o por causa
de sua amorosa bondade e longanimidade para com os filhos dos
homens” (1 Néfi 19:9).
Por meio do poder fortalecedor da
Expiação de Jesus Cristo, vocês e eu
seremos abençoados para evitar e
vencer as ofensas. “Muita paz têm os
que amam a tua lei, e para eles não
há tropeço” (Salmos 119:165).
Um Laboratório de Aprendizado
nos Últimos Dias
A capacidade de estar imune às
ofensas talvez pareça algo além do
nosso alcance. Essa faculdade, porém,
não está reservada a líderes proeminentes da Igreja como Brigham Young.
A própria natureza da Expiação do
Redentor e o propósito da Igreja restaurada estão voltados para ajudar-nos
a receber precisamente esse tipo de
força espiritual.
Paulo ensinou aos santos de Éfeso
que o Salvador estabeleceu Sua Igreja
para “(…) o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para
edificação do corpo de Cristo;
Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do
Filho de Deus, a homem perfeito,
à medida da estatura completa de
Cristo” (Efésios 4:12–13).
Peço que atentem para o uso da
palavra “aperfeiçoamento”. Conforme
descrito pelo Élder Neal A. Maxwell,
a Igreja não é uma “clínica de repouso
bem-equipada para pessoas já aperfeiçoadas” (“A Brother Offended”,
Ensign, maio de 1982, p. 38). Na realidade, a Igreja é um laboratório de
aprendizado e uma oficina na qual
adquirimos experiência ao praticarmos uns com os outros o processo
contínuo de “aperfeiçoar os santos”.
O Élder Maxwell também explicou
com sabedoria que, neste laboratório de aprendizado dos últimos dias
conhecido como a Igreja restaurada,
os membros constituem o “material
de estudo“ (ver “Jesus the Perfect
Mentor”, Ensign, fevereiro de 2001,
p. 13) que é essencial para o crescimento e o desenvolvimento. Uma
professora visitante aprende seu
dever ao servir e amar suas irmãs da
Sociedade de Socorro. Um professor
inexperiente aprende lições preciosas
ao ensinar tanto alunos interessados
como desatentos e assim se torna
um professor mais eficaz. E um novo
bispo aprende seu ofício por meio
da inspiração e do trabalho conjunto
com os membros da ala que o apóiam
incondicionalmente, mesmo reconhecendo suas fraquezas humanas.
Compreender que a Igreja é um
laboratório de aprendizado ajuda a
preparar-nos para uma realidade inevitável. De uma forma ou de outra
e mais cedo ou mais tarde, alguém
na Igreja fará ou dirá algo que
poderá ser considerado ofensivo.
Um acontecimento desse tipo seguramente se dará com cada um de nós
— e com certeza mais de uma vez.
Ainda que as pessoas não tenham a
intenção de nos insultar ou ofendernos, pode ser que às vezes ajam de
modo irrefletido ou careçam de tato.
Nenhum de nós pode controlar as
intenções ou o comportamento dos
outros. Contudo, nós é que determinamos a maneira como agiremos.
Peço que nunca se esqueçam de que
todos somos agentes investidos do
arbítrio moral e podemos optar por
não nos ofendermos.
Durante um período conturbado de
guerra, ocorreu uma troca de correspondência entre Morôni, o capitão dos
exércitos nefitas, e Paorã, juiz supremo
e governador do país. Morôni, cujas
tropas estavam sofrendo devido ao
apoio insuficiente das autoridades,
escreveu a Paorã “a título de recriminação” (Alma 60:2) e acusou-o duramente de negligência, indolência e
indiferença. Paorã poderia facilmente
ter-se ressentido com Morôni e sua
mensagem, mas preferiu não se ofender. Paorã reagiu de modo compassivo e relatou uma rebelião contra o
governo da qual Morôni não tinha
ciência. Em seguida, respondeu: “(…)
Eis que te digo, Morôni, que não me
regozijo com vossas grandes aflições;
sim, elas afligem-me a alma. (…) E
agora, em tua epístola censuraste-me,
mas isso não importa. Não estou zangado; antes, regozijo-me pela grandeza
de teu coração (…)” (Alma 61:2, 9).
Um dos maiores indicadores
da nossa maturidade espiritual é a
maneira de reagirmos às fraquezas,
à inexperiência e aos atos potencialmente ofensivos dos outros. Ainda
que uma coisa, um incidente ou
uma expressão pareçam ultrajantes,
podemos optar por não nos ofendermos — e por dizermos como Paorã:
“Não importa”.
Dois Convites
Concluo a minha mensagem com
dois convites.
Primeiro Convite
Convido-os a aprender e a aplicar
os ensinamentos do Salvador sobre as
interações e episódios que podem ser
interpretados como ofensivos.
“Ouvistes o que foi dito: Amarás o
teu próximo, e odiarás o teu inimigo.
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos
inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam,
e orai pelos que vos maltratam e vos
perseguem (…);
Pois, se amardes os que vos amam,
que galardão tereis? Não fazem os
publicanos também o mesmo?
E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não
fazem os publicanos também assim?
Sede vós pois perfeitos, como é
perfeito o vosso Pai que está nos
céus” (Mateus 5:43–44; 46–48).
É interessante notar que a admoestação “sede vós pois perfeitos” vem
precedida imediatamente de conselhos sobre a forma de agir em resposta
a injustiças e ofensas. Está claro que
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91
os requisitos rígidos para o aperfeiçoamento dos santos incluem designações que nos põem à prova e nos
desafiam. Se uma pessoa disser ou
fizer algo que considerarmos ofensivo,
nossa primeira obrigação é recusarmonos a ofender-nos e depois nos comunicarmos em particular, de modo
honesto e direto com a pessoa. Tal
atitude é um convite à inspiração do
Espírito Santo e permite que os malentendidos se esclareçam e que se
compreenda a real intenção.
Segundo Convite
Muitas das pessoas e famílias que
mais precisam ouvir esta mensagem
sobre a decisão de não se ofender
talvez não estejam participando da
conferência conosco hoje. Suponho
que todos conhecemos membros
que se encontram afastados da Igreja
por terem preferido ofender-se — e
que seriam muito abençoados se
voltassem.
Poderiam identificar, em espírito de
oração, uma pessoa com quem vocês
conversarão e a quem farão o convite
para voltar a nosso convívio? Podem
dar-lhe uma cópia deste discurso ou,
se preferirem, abordar os princípios
que discutimos hoje. E, por favor, lembrem-se de que esse convite deve
ser feito com amor e mansidão —
e não em espírito de superioridade
e orgulho.
Ao respondermos a esse convite
com fé no Salvador, testifico e prometo que portas se abrirão, que
nossa boca se tornará inspirada e o
Espírito Santo testificará da verdade
eterna e que o fogo do testemunho
se reacenderá.
Como Seu servo, faço ecoar as
palavras do Mestre, ao declarar:
“Tenho-vos dito estas coisas para
que vos não escandalizeis” (João
16:1). Testifico da realidade e divindade de um Salvador vivo e de Seu
poder de ajudar-nos a evitar e superar as ofensas. No sagrado nome de
Jesus Cristo. Amém. ■
92
Receber
pelo Espírito
A. ROGER MERRILL
Presidente Geral da Escola Dominical
Quando (…) nos concentramos em buscar e receber o
Espírito, não esperamos que os professores ou oradores
conquistem nossa atenção; empenhamo-nos para dar nossa
atenção ao Espírito.
C
erta manhã, quando eu servia
como um jovem missionário
em Beaumont, Texas, meu companheiro ficou doente e precisava
de repouso. Seguindo os conselhos
de nosso presidente de missão para
esse tipo de situação, coloquei uma
cadeira ao lado da janela aberta em
nosso apartamento do quarto andar
e comecei a ler o Livro de Mórmon.
Logo mergulhei nas escrituras e,
após certo tempo, cheguei ao capítulo 29 de Alma, versículos 1 e 2:
“Oh! Eu quisera ser um anjo e
poder realizar o desejo de meu coração de ir e falar com a trombeta de
Deus, com uma voz que estremecesse
a terra, e proclamar arrependimento a
todos os povos!
“Sim, declararia a todas as almas,
com voz como a do trovão, o arrependimento e o plano de redenção,
para que se arrependessem e viessem ao nosso Deus, a fim de não
haver mais tristeza em toda a face
da Terra”.
Ao ponderar sobre as palavras
de Alma, elas tornaram-se profundamente pessoais. Meu companheiro
e eu tínhamos batido em centenas
de portas em Beaumont, oferecendo
nossa mensagem, mas com sucesso
limitado. Com os olhos do meu
entendimento, comecei a imaginar
qual seria a sensação de ser um anjo
e clamar arrependimento com uma
voz que estremecesse a Terra. Olhei
pela janela as pessoas que andavam
pela rua. Imaginei como seria estar
lá, brilhando como um anjo, com as
mãos erguidas, falando com a voz de
trovão. Pensei nos prédios tremendo
e as pessoas caindo por terra. Nas
circunstâncias que imaginei, as pessoas teriam o desejo repentino de
ouvir o que eu tinha a dizer!
Mas então li o versículo seguinte:
“Mas eis que sou um homem e peco
em meu desejo; porque deveria
contentar-me com as coisas que o
Senhor me concedeu” (v. 3).
Senti-me pequeno e humilde ao
perceber que o Senhor ama todos os
Seus filhos e tem um plano para Sua
obra. A mim cabia fazer minha parte.
Também fiquei tocado ao darme conta de outra coisa. Naquele
momento, eu soube que o que estava
lendo não era ficção — era real. De
modo sereno e pacífico durante
minha leitura, eu enchera-me de luz
e da certeza de que Alma era de fato
uma pessoa, de que vivera e de que
também desejara profundamente
transmitir a mensagem do evangelho
às pessoas.
Se vocês tivessem me perguntado
naquele momento: eu teria respondido: “Com certeza!” Você sabe que
isso é verdade! Àquela altura, ficou
claro para mim que eu estava recebendo um testemunho espiritual da
veracidade do Livro de Mórmon.
Ao refletir sobre essa experiência
— e muitos testemunhos semelhantes que vieram em seguida — passei a
compreender melhor como é essencial receber pelo Espírito. Tendemos a
ressaltar, com razão, a importância de
ensinar pelo Espírito. Mas precisamos
recordar que o Senhor deu igual, se
não maior importância a receber pelo
Espírito (ver D&C 50:17-22).
Receber dessa forma é um princípio fundamental do evangelho. É algo
estabelecido na própria ordenança
pela qual somos confirmados membros da Igreja. Nessa ordenança,
somos instruídos a “receber o Espírito
Santo”. Trata-se de um convite formal para agir, para receber esse
grande dom.
Ao compreender melhor esse
princípio, vejo que as escrituras estão
repletas da doutrina de receber. Como
ensinou o Presidente Boyd K. Packer,
“Nenhuma mensagem é repetida
mais vezes nas escrituras, de tantas
maneiras, como ‘Pedi e recebereis’”
(“Reverence Invites Revelation”
[A Reverência Convida a Revelação];
Ensign, novembro de 1991, p. 21).
Algo crucial em nossa provação
mortal é a escolha de receber Jesus
como o Cristo. O Apóstolo João
ensinou:
“Veio para o que era seu, e os seus
não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam,
deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus (…)” (João 1:11–12).
Nem imaginamos quantas dádivas
e bênçãos estão a nosso alcance, mas
não as recebemos. O Senhor disse:
“Pois de que vale a um homem ser-lhe
conferida uma dádiva e não a receber?
Eis que ele não se regozija no que lhe
foi dado nem se regozija naquele que
faz a doação” (D&C 88:33).
Em nossas reuniões da Igreja,
em nosso estudo pessoal e familiar
das escrituras e mesmo hoje ao
ouvirmos os profetas e apóstolos do
Senhor, alguns de nós “receberão”
mais do que outros. Por quê? Estou
aprendendo que aqueles que verdadeiramente recebem fazem pelo
menos três coisas que os outros
talvez não façam.
Primeiro, eles buscam. Vivemos
num mundo de entretenimento, num
mundo de espectadores. Sem nos
darmos conta, podemos acabar vindo
à conferência ou indo à Igreja com a
atitude de: “Aqui estou, agora me inspirem”. Tornamo-nos espiritualmente
passivos.
Quando, em vez disso, nos concentramos em buscar e receber o
Espírito, não esperamos que os professores ou oradores conquistem
nossa atenção; empenhamo-nos
para dar nossa atenção ao Espírito.
Recordem que “receber” é um
verbo. É um princípio de ação. É
uma expressão fundamental de fé.
Em segundo lugar, aqueles que
recebem, sentem. Embora a revelação chegue à mente e ao coração,
na maioria das vezes ela é sentida.
Enquanto não aprendermos a prestar
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
93
atenção a esses sentimentos espirituais, nem sequer reconheceremos
o Espírito.
Ao conversar recentemente com
uma de nossas noras, ela sugeriu que
podemos ajudar até mesmo as crianças
pequenas a tomarem consciência desses sentimentos do Espírito. Podemos
fazer-lhes as seguintes perguntas:
“Como vocês se sentem ao lermos
estas escrituras juntos? O que você
sente que o Espírito está inspirando-o
a fazer?” São boas perguntas para
todos nós. Deixam transparecer o
desejo de receber.
Em terceiro lugar, aqueles que
recebem pelo Espírito estão dispostos
a agir. Conforme ensinou o profeta
Morôni, a fim de recebermos um
testemunho do Livro de Mórmon,
precisamos pedir “com real intenção” (Morôni 10:4). O Espírito ensina
quando demonstramos o desejo
sincero de pôr em prática o que
aprendermos.
Ao reler o que escrevi no diário
para compreender e aprender mais
com a experiência que tive como missionário, percebi que, embora eu já
tivesse lido o Livro de Mórmon antes,
o que aconteceu em Beaumont,
naquela manhã, foi diferente porque
eu estava diferente. Por mais inexperiente que fosse, pelo menos naquela
ocasião eu estava empenhado sinceramente em buscar e sentir, e minha
intenção era agir com fé segundo
o que me fosse ensinado. Agora
sei que tais testemunhos estão ao
alcance de todos nós regularmente
se os recebermos.
O Livro de Mórmon é a palavra de
Deus. Jesus é o Cristo. O evangelho
foi restaurado, e estamos verdadeiramente na presença de apóstolos e
profetas modernos.
Oro para que hoje e sempre aprendamos a receber melhor a fim de nos
regozijarmos verdadeiramente tanto
na dádiva quanto “naquele que faz a
doação”.
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
94
Mais Perto
de Deus
ÉLDER CRAIG A. CARDON
Dos Setenta
Portanto, é o sacerdócio, por meio das obras do Espírito,
que move as pessoas para mais perto de Deus, por
intermédio da ordenação, ordenanças e refinamento
da natureza individual.
H
á vários anos, nossa jovem
família mudou-se para uma
casa que ficava, na época, no
limite de nossa comunidade, com
vista para as montanhas a leste. Numa
manhã de segunda-feira, quando
eu terminava de me vestir e estava
pronto para sair apressadamente de
casa para o trabalho, nosso filho de
seis anos, Craig, entrou na sala trazendo pela mão o irmão de quatro
anos, Andrew. Com determinação,
Craig olhou para mim e disse: “Pai,
ontem na Primária, minha professora
disse que quem possui o sacerdócio
pode mover montanhas. Eu disse isso
para o Andy, mas ele não acredita em
mim. Você possui o sacerdócio, não é,
pai?” Então, virando-se para a janela,
apontou para fora e olhou para mim,
dizendo: “Está vendo aquelas montanhas ali? Mostre para ele, pai!”
Tivemos então uma experiência
muito terna. Quão grato fiquei por
meus filhos pequenos estarem começando uma vida inteira de aprendizado a respeito do sacerdócio!
Embora o Senhor verdadeiramente ensine àqueles a quem Ele
concedeu o sacerdócio que as montanhas podem ser movidas pela fé,1 —
e embora haja exemplos registrados
disso,2 — espero proporcionar maior
entendimento sobre esse aspecto da
doutrina do sacerdócio que move as
pessoas para mais perto de Deus,
dando-lhes a oportunidade de se tornarem semelhantes a Ele e de viverem eternamente em Sua presença.
Essa doutrina envolve tanto os filhos
quanto as filhas de Deus. Assim, oro
para que eu possa transmitir algo que
seja útil para todos.
Em 1823, o anjo Morôni apareceu
a Joseph Smith e citou várias escrituras, inclusive esta de Malaquias: “Eis
que eu vos revelarei o Sacerdócio
pela mão de Elias, o profeta (…).”3
Essa primeira referência de que se
tem registro sobre o sacerdócio
nesta dispensação prevê um processo
que se desenvolveria nas décadas
subseqüentes.
Em 1829, João Batista restaurou o
Sacerdócio Aarônico4 e, pouco tempo
depois, Pedro, Tiago e João restauraram o Sacerdócio de Melquisedeque.5
Em 1836, Moisés e Elias restauraram as chaves da coligação de Israel
e da dispensação do evangelho de
Abraão6 e, em seguida, Elias restaurou
as chaves do selamento. A revelação,
então, encerra-se com Elias dizendo
ao Profeta Joseph: “Portanto, as chaves desta dispensação são confiadas a
vossas mãos”.7
Depois da restauração de toda a
autoridade, todos os ofícios e chaves
do sacerdócio novamente na Terra, o
Senhor ressaltou para o Profeta, em
1841, a importância da construção de
templos, onde Ele poderia colocar à
disposição de Seus filhos as ordenanças do sacerdócio por meio das quais
Seus filhos e filhas se preparariam
para retornar à Sua presença.8
Ele declarou: “Que essa casa seja
construída (…) a fim de que nela eu
revele minhas ordenanças a meu
povo.
Pois digno-me revelar (…) coisas
pertinentes à dispensação da plenitude dos tempos”.9
Anteriormente, em Kirtland, o
Senhor ensinara ao Profeta Joseph o
juramento e convênio do sacerdócio,
explicando as condições pelas quais
as bênçãos prometidas seriam cumpridas.10 Em Nauvoo, havia maior
entendimento do âmbito eterno e
do poder do sacerdócio11 para abençoar todos os Seus filhos fiéis, seja
nesta vida ou no mundo futuro.12
Embora o sacerdócio seja concedido
aos filhos dignos de Deus, Suas filhas
também fazem parte do Seu “povo”
a quem Ele revelou Suas ordenanças
do sacerdócio. E a bênção prometida
de “tudo o que [o] Pai possui”13 está
ao alcance tanto dos homens quanto
das mulheres que exercerem fé em
Jesus Cristo, receberem as ordenanças
e perseverarem com fé até o fim.
“Portanto, [nas] ordenanças [do
Sacerdócio de Melquisedeque] manifesta-se o poder da divindade”.14
A mais importante ordenança do
templo somente está à disposição de
um homem e uma mulher, quando
são selados formando uma unidade
familiar eterna. É em virtude dessa e
de todas as outras ordenanças do
sacerdócio que as famílias da Terra
serão abençoadas.15 Essa ordenança
de selamento é tão vital aos propósitos do Senhor, que Ele prometeu essa
bênção na vida futura aos fiéis que
não forem selados nesta vida sem
terem culpa disso.16 Nenhuma outra
doutrina de toda a religião confirma
melhor o imenso amor de Deus tanto
por Seus filhos quanto por Suas filhas.
O sacerdócio também tem o poder
de mudar nossa própria natureza.
Paulo escreveu: “Todos aqueles que
são ordenados a esse sacerdócio
são feitos semelhantes ao Filho de
Deus (…)”.17 Essa semelhança não
está apenas na ordenação e ordenança, mas também no aperfeiçoamento individual do coração, algo
que acontece “com o correr do
tempo”,18 à medida que “[cedemos]
ao influxo do Santo Espírito e [nos
despojamos] do homem natural”.19
Quando um homem é ordenado ao
Sacerdócio de Melquisedeque, ele
entra em uma “ordem”20 por meio da
qual pode ser refinado pelo serviço ao
próximo, em especial a sua própria
família, e é abençoado pela companhia constante do Espírito Santo.21
O Senhor instruiu-nos a todos
quando ensinou que, para os portadores do sacerdócio, a iniqüidade põe
fim ao poder ou influência celestial,
ao passo que a retidão fortalece
essas coisas. Ele identificou qualidades que “grandemente expandirão a
alma” como “persuasão, (…) longanimidade, (…) brandura, (…) mansidão (…) amor não fingido; (…)
bondade e conhecimento puro”.22
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
95
Então, acrescentou estas palavras
instrutivas: “Que tuas entranhas
também sejam cheias de caridade
para com todos os homens e para
com a família da fé; e que a virtude
adorne teus pensamentos incessantemente; então tua confiança se
fortalecerá na presença de Deus;
e a doutrina do sacerdócio destilarse-á sobre tua alma como o orvalho
do céu”.23
É significativo que, depois de nos
convidar a ter caridade para “com
todos os homens”, o Senhor tenha
acrescentado a frase “e para com a
família da fé”. Por quê? Nem “todos
os homens” incluem a “família da fé”?
Reflitam em quais seriam as implicações se essa frase acrescida fosse
compreendida como significando
mais especificamente “a sua própria
família da fé”. Infelizmente, há algumas pessoas na Igreja que demonstram mais caridade por pessoas que
não são da família do que para com
seu próprio cônjuge e filhos, irmãos
e pais. Expressam uma bondade fingida publicamente, ao passo que,
em particular, plantam e cultivam
sementes de contenda, menosprezando os que deveriam ser-lhes mais
próximos. Essas coisas não devem
acontecer.
O Senhor referiu-Se então a
pensamentos que são adornados —
embelezados e protegidos — incessantemente pela virtude. Esses pensamentos abominam o pecado.24
Permitem que nos comuniquemos
dizendo: “Sim, sim; não, não”25 sem
engano ou falsidade. Percebem o
que há de bom nas pessoas e seu
potencial, a despeito das inevitáveis
imperfeições que nelas existam.
O versículo termina com uma bela
referência instrutiva a um processo de
destilação. Para compreender melhor
a aplicação desses princípios de refinamento de nossa vida pessoal, imaginem dois copos de água, ambos com
a mesma aparência externa, colocados
em uma sala muito úmida. Depois de
96
Qual orvalho que cintila
Nos canteiros do vergel
E os envolve brandamente
Gotejando lá do céu
Faze, ó Pai, onipotente
Teus ensinos orvalhar
Nossas almas, concedendo
Teu eterno bem estar.28
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
algum tempo, a água começa a condensar-se em um dos copos porque
ele se encontra em uma temperatura
diferente, como resultado de uma preparação anterior não evidenciada a
princípio, ao passo que o outro copo
permanece seco e inalterado. Sem
meios compulsórios, a umidade é
capaz de “fluir para”26 um dos copos,
ao passo que o outro nada recebe. De
modo semelhante, as qualidades que
expandem a alma grandemente, a caridade para com o próximo, especialmente para com nossa família, e os
pensamentos adornados pela virtude,
adaptam nossa temperatura espiritual,
permitindo que a doutrina do sacerdócio destile sobre nossa alma.
Portanto, é o sacerdócio, por meio
das obras do Espírito, que move as
pessoas para mais perto de Deus, por
intermédio da ordenação, ordenanças e refinamento da natureza individual, permitindo assim que os filhos
de Deus tenham a oportunidade de
se tornar mais semelhantes a Ele e
de viverem eternamente em Sua
presença: um trabalho mais glorioso
que mover montanhas.27
Concluo tornando minha a oração
de Thomas Kelly, em palavras editadas
por Parley P. Pratt:
1. Ver Mateus 17:20.
2. Éter 12:30; Moisés 7:13; ver também
Jacó 4:6; Helamã 10:9.
3. Joseph Smith — História 1:38.
4. Ver D&C 13.
5. Ver D&C 18:9; 27:12.
6. Ver D&C 110:11–12.
7. D&C 110:13–16.
8. Conforme evidenciado pelas instruções do
Profeta Joseph Smith, na sala superior de
sua loja em Nauvoo, o Senhor restaurou
as ordenanças do templo à Terra antes de
revelá-las ou torná-las disponíveis ao Seu
povo no Templo de Nauvoo, assim como
Ele continua a fazê-lo hoje em todos os
Seus templos, acompanhadas de revelação
e inspiração pessoais (ver History of the
Church, volume V, pp. 1–2).
9. D&C 124:40-41 grifo do autor; ver também
vers. 31–32, 34, 39.
10. Ver D&C 84:33–42.
11. Ver D&C 128:8–9.
12. Ver D&C 137:7–9; ver também Pregar Meu
Evangelho (2004), p. 86.
13. D&C 84:38.
14. D&C 84:20.
15. Ver Abraão 2:11.
16. “Os profetas declararam com ênfase que
nenhuma bênção será negada a qualquer
dos filhos ou filhas de Deus se eles O amarem, tiverem fé Nele, guardarem Seus mandamentos e perseverarem fielmente até o
fim” (M. Russell Ballard, Counseling with
Our Councils: Learning to Minister
Together in the Church and in the Family
[1997], p. 55). “Todos os que se qualificam
para as bênçãos [do selamento no templo e
da família eterna] receberão essas bênçãos
no devido tempo do Senhor, aqui nesta
vida, ou na vida futura” (Élder Richard G.
Scott, “O Poder da Retidão”, A Liahona,
janeiro de 1999, p. 81).
17. TJS Hebreus 7:3; ver também Moisés 1:6.
18. Moisés 7:21.
19. Mosias 3:19.
20. Alma 13:2, 16; D&C 107:3.
21. Ver D&C 20:77, 79; 121:46.
22. D&C 121:41,42.
23. D&C 121:45.
24. Ver Alma 13:12.
25. Mateus 5:37.
26. Ver D&C 121:46.
27. Ver Moisés 1:39.
28. “Qual Orvalho Que Cintila”, Hinos, nº 91
Tornar-se
Instrumentos nas
Mãos de Deus
ÉLDER DON R. CLARKE
Dos Setenta
Uma pessoa não precisa ter um chamado na Igreja, um
convite para ajudar alguém, ou até mesmo saúde para
tornar-se um instrumento nas mãos de Deus.
M
eu avô materno, Alma
Benjamin Larsen, tinha apenas 34 anos de idade quando,
ao levantar-se certa manhã, percebeu
que não enxergava bem. Logo depois,
perdeu a visão completamente. Ele
havia servido em uma missão e era
membro fiel da Igreja. Era um fazendeiro com uma esposa e três filhos e
não poderia imaginar o que seria a
vida sem enxergar. A esposa dele e
os filhos ainda pequenos tiveram de
suportar os fardos extras do trabalho
na fazenda, e assim o dinheiro logo
ficou escasso.
Durante essa época de escuridão
física, muitas pessoas se tornaram
instrumentos nas mãos de Deus para
ajudar meu avô. Uma experiência de
grande impacto na família ocorreu
em 1919. Foi um ano de grandes dificuldades financeiras para todos na
cidade em que ele morava. Fazendas
estavam sendo tomadas e empresas
estavam quebrando. Vovô tinha uma
hipoteca considerável da fazenda e
recebeu um aviso de que deveria
pagar 195 dólares para que a execução fosse adiada por mais um ano.
Para ele, pagar essa quantia era o
mesmo que lhe arrancar um braço.
Todos se achavam em situação semelhante e parecia impossível conseguir
tanto dinheiro. Reunindo todos os
seus bens da fazenda—os cavalos, as
vacas e as máquinas—ele não os venderia por 195 dólares. Meu avô pediu
a um vizinho que matasse duas ou
três vacas e as vendeu junto com
outros produtos. Ele vendeu fiado
aos vizinhos, entendendo que eles
lhe pagariam no final do ano,
mas nenhum de seus devedores
conseguiu pagar. A situação econômica de sua família era terrível.
Em seu diário, Vovô conta: “Nunca
esquecerei aquela fria tarde pouco
antes do Natal de 1919. Tudo indicava
que perderíamos nossa fazenda.
Minha filha, Gladys, entregou-me um
pedaço de papel e disse: ‘Isto chegou
pelo correio hoje’. Levei o papel até
minha esposa e perguntei o que era.
Eis o que ela leu para mim: ‘Prezado
irmão Larsen, você ocupou meus
pensamentos durante todo o dia de
hoje. Fiquei imaginando se você não
estaria enfrentando dificuldades financeiras. Se estiver, tenho 200 dólares
que você pode usar’. Assinava a
carta ‘Jim Drinkwater’, que era um
homem pequeno e aleijado e que
seria o último homem no mundo
que alguém imaginaria ter tanto
dinheiro disponível. Fui à casa dele
naquela noite e ele disse: ‘Irmão
Larsen, recebi um telegrama do céu
esta manhã e não consegui tirar você
da minha mente o dia inteiro. Eu
tinha certeza de que você estava
com problemas financeiros’. O irmão
Drinkwater deu-me os 200 dólares e
enviamos 195 dólares para o banco.
Com os 5 dólares restantes, compramos botas e roupas para as crianças.
O Papai Noel realmente nos visitou
naquele ano”.
Meu avô então presta seu testemunho, “O Senhor nunca me falhou.
Ele tocou o coração de outros, assim
como tocou o coração do irmão
Drinkwater. Presto testemunho de
que a única segurança e garantia que
tenho encontrado advêm de esforçarme em viver os mandamentos do
Senhor e de apoiar as autoridades
desta Igreja”.
Tenho pensado muito em Jim
Drinkwater e imagino por que ele se
tornou alguém em quem o Senhor
confiava. Jim era um homem pequeno
e aleijado a quem Deus confiou o
socorro a um cego que tinha uma
dívida enorme e três filhos pequenos.
Aprendi muito com essa experiência
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
97
de meu avô e Jim Drinkwater. Aprendi
que uma pessoa não precisa ter um
chamado na Igreja, um convite para
ajudar alguém, ou mesmo saúde para
tornar-se instrumento nas mãos de
Deus. Como, então, me torno um
instrumento nas mãos de Deus?
Os profetas e as escrituras nos ensinam como.
Primeiramente, precisamos amar
os filhos de Deus. Quando o advogado perguntou ao Salvador “Mestre,
qual é o grande mandamento?”, o
Salvador respondeu:
“Amarás o Senhor teu Deus de todo
o teu coração, e de toda a tua alma, e
de todo o teu pensamento. Este é o
primeiro e grande mandamento.
98
E o segundo, semelhante a este,
é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo” (Mateus 22:36–39).
Joseph F. Smith disse: “A caridade,
ou amor, é o maior princípio que
existe. Se pudermos dar uma ajuda
ao oprimido, se pudermos ajudar aos
que sofrem e aos desesperançados, se
pudermos melhorar e aperfeiçoar as
condições da humanidade, nossa missão é fazê-lo; essa é uma parte essencial de nossa religião” (Conference
Report, abril de 1917, p. 4). Quando
amamos os filhos de Deus, a oportunidade é-nós dada para ajudá-los em
sua jornada de volta a Sua presença.
As experiências missionárias dos
filhos de Mosias também nos ajudam
a compreender melhor como nos tornarmos instrumentos nas mãos de
Deus. “E aconteceu que viajaram muitos dias no deserto” (Alma 17:9).
Devemos estar dispostos a viajar. Os
filhos de Mosias estavam dispostos a
sair de seu ambiente e fazer coisas
desconfortáveis. Se Amon não estivesse disposto a viajar a uma terra
estranha, habitada por um povo selvagem, empedernido e feroz, ele nunca
teria encontrado e ajudado Lamôni e
a seu pai, e muitos lamanitas nunca
poderiam ter aprendido sobre Jesus
Cristo. Deus nos pediu que viajássemos, servíssemos em uma missão,
aceitássemos chamados, convidássemos pessoas para vir à igreja, e que
ajudássemos a quem necessitasse.
Em seus esforços de ajudar seus
irmãos lamanitas, os filhos de Mosias
também aprenderam a importância
do jejum e da oração: “(…) e jejuaram e oraram muito para que o
Senhor lhes concedesse que uma
porção de seu Espírito os acompanhasse e permanecesse com eles, a
fim de servirem de instrumento nas
mãos de Deus, para, se possível, levarem seus irmãos, os lamanitas, a
conhecerem a verdade” (Alma 17:9).
Desejamos realmente ser instrumentos nas mãos de Deus? Se a resposta
for sim, nossos desejos permearão
nossas orações e serão o enfoque
de nossos jejuns.
Depois de perder a visão, meu avô
jejuou e orou para que, se tivesse de
permanecer nas trevas, o Senhor lhe
desse paz. Ele declara que quase na
mesma hora “minha mente se iluminou e a nuvem de escuridão foi retirada”. Ele podia enxergar de novo,
não com os olhos físicos, mas com os
espirituais. Mais tarde, Alma Benjamin
Larsen foi chamado como patriarca,
posição em que serviu por 32 anos.
Como os filhos de Mosias, meu avô
jejuou e orou e, como resultado,
recebeu a oportunidade de abençoar
milhares dos filhos de Deus.
Nós, como Jim Drinkwater e
meu avô, também precisamos ser
receptivos aos sussurros do Espírito
Santo, pois quando desejamos ser
instrumentos nas mãos de Deus,
podemos receber revelação. O profeta Alma, o filho, fala sobre as revelações que recebeu: “Sei o que o
Senhor me ordenou e nisso me
glorio (…) sim, e esta é a minha glória, que talvez possa ser um instrumento nas mãos de Deus para trazer
alguma alma ao arrependimento; e
esta é a minha alegria” (Alma 29:9).
Alma tinha recebido revelação sobre
o que fazer.
Tenho um livrinho que levo
comigo, no qual registro a inspiração
e os pensamentos que recebo do
Espírito. Não parece grande coisa, e
está desgastado e de vez em quando
tenho de trocá-lo. Quando me ocorrem certos pensamentos, anoto-os e
tento executá-los. Descobri, muitas
vezes, ao fazer algo da minha lista,
que minha ação fora a resposta às
orações de alguém. Tem havido também ocasiões nas quais não fiz o que
estava na lista, só para descobrir mais
tarde que havia alguém a quem eu
poderia ter ajudado, mas não o fiz.
Quando recebemos inspiração relativa aos filhos de Deus, se anotarmos
esses pensamentos e a inspiração
recebida e obedecermos a eles, a
confiança de Deus em nós aumentará
e Ele nos dará mais oportunidades de
sermos instrumentos em Suas mãos.
Nas palavras do Presidente Faust:
“Vocês podem ser instrumentos poderosos nas mãos de Deus, para ajudar
a realizar esta grande obra (…). Vocês
podem fazer coisas por outra pessoa
que ninguém mais poderá fazer
(“Instrumentos nas Mãos de Deus”,
A Liahona, novembro de 2005, p. 115).
Deus honra aqueles que ajudam Seus
filhos. Convido todos nós a seguir o
conselho dos profetas de nos tornarmos instrumentos nas mãos de Deus
para estar entre aqueles que Ele honra
por ajudarem Seus filhos.
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
Que Te
Conheçam a Ti
É L D E R K E I T H R . E DWA R D S
Dos Setenta
Podemos aprender lições espirituais se encararmos o
sofrimento, a dor e a tristeza com um enfoque em Cristo.
O
coro cantou “Só por em Ti,
Jesus, Pensar”.1 No Livro de
Mórmon, Néfi, falando do
Messias, profetizou:
“E o mundo, devido à iniqüidade,
julgá-lo-á como uma coisa sem valor;
portanto o açoitam e ele suporta-o; e
ferem-no e ele suporta-o. Sim, cospem
nele e ele suporta-o por causa de sua
amorosa bondade e longanimidade
para com os filhos dos homens.”2
O Salvador passou por Seu grande
e intenso sofrimento por nós; para
que não tivéssemos que sofrer como
Ele sofreu.3 No entanto, o sofrimento
faz parte da vida, e poucos escaparão
dele. Como isso é algo por que todos
já passamos, estamos passando, ou
passaremos, as escrituras sugerem que
podemos aprender lições espirituais
se encararmos o sofrimento, a dor e
a tristeza com um enfoque em Cristo.
No passado, Paulo escreveu que o
sofrimento nos dá a oportunidade
de conhecermos melhor o Salvador.
Paulo escreveu aos romanos:
“O mesmo Espírito testifica com
o nosso espírito que somos filhos
de Deus.
E, se nós somos filhos, somos
logo herdeiros também, herdeiros
de Deus, e co-herdeiros de Cristo:
se é certo que com ele padecemos,
para que também com ele sejamos
glorificados.”4
Para não começarmos a procurar
dificuldades e sofrimento, devo dizer
que não é isso que foi ensinado, mas
que é a atitude com que abordamos
as dificuldades e provações que nos
permite conhecer melhor o Salvador.
A experiência ensina que o sofrimento é algo que acontece na vida
sem que o procuremos. Citando um
exemplo pessoal:
Há alguns anos, quando nosso
primeiro filho estava com um ano
de idade, fui o causador de um sofrimento aparentemente desnecessário.
Estávamos na faculdade e, certa noite,
fiquei brincando com o menino no
chão e depois saí do quarto para estudar. Mas quando fechei a porta, acho
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
99
que ele estendeu a mão para mim por
trás da cabeça e colocou o dedo no
batente da porta. Quando fechei a
porta, ele sofreu um grave ferimento
no dedo.
Corremos com ele para o prontosocorro, e ele recebeu um anestésico
local. O médico veio falar conosco,
garantindo que a lesão no dedo poderia ser reparada. Quase paradoxalmente, naquele momento, a única
coisa que meu filho de um ano queria
era ser abraçado pelo pai. Enquanto
me via, ele se recusava a ser imobilizado para a delicada cirurgia. Quando
saí da sala, ele se acalmou e o
médico conseguiu prosseguir com o
tratamento.
Durante o processo, eu estava
muito ansioso, e volta e meia me
aproximava da porta para ver o que
estava acontecendo. Talvez por algum
sentido invisível, sempre que eu me
esgueirava silenciosamente até o
canto da porta, que ficava atrás dele,
o menino erguia a cabeça e se esforçava para ver se eu estava lá.
Numa dessas ocasiões, quando eu
o vi com o braço esticado e imobilizado, arqueando a cabeça para trás à
procura do pai, lembrei-me de outro
Filho, com os braços estendidos e
100
pregado numa cruz, buscando o Seu
Pai, e ouvi na mente as palavras:
“Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?”5 Aquele momento tão
traumático da minha vida de repente
se tornou muito sagrado.
Nas escrituras, lemos a respeito de
um tipo de homens e mulheres que
parecem ter sempre mantido os olhos
fitos em Cristo, pessoas que, fossem
quais fossem os males ou injustiças
que a vida lhes apresentasse, permaneciam fiéis e dispostas a perseverar.
Estou falando de Abraão, que perdeu
sua terra de herança e recebeu a
ordem de sacrificar Isaque; de José,
que foi vendido como escravo pelos
irmãos, aprisionado por honrar a
virtude e a castidade, e deixado na
cadeia por causa de um servo indiferente; de Rute, que ficou viúva e
necessitada quando jovem, mas continuou leal à sogra; de todos os três
Néfis, dos dois Almas e, é claro, do
Profeta Joseph.
Considero especialmente nobre a
perseverança de Néfi. Sempre suportando a ira dos irmãos, ficou amarrado por quatro dias no navio, a
caminho da terra da promissão. Não
podia mover-se e no quarto dia,
quando parecia que estavam prestes
a ser tragados pelo mar, os irmãos,
temendo pela vida, “soltaram-[lhe] as
cordas dos pulsos e eis que estavam
muito inchados; e também [seus]
tornozelos estavam muito inchados
e doloridos.
Não obstante, [ele voltou-se] para
[seu] Deus e [louvou-o] todo o dia;
e não [murmurou] (…).”6
Lembrem-se, porém, de que foi
Néfi quem escreveu: “Portanto o açoitam e ele suporta-o; e ferem-no e ele
suporta-o. Sim, cospem nele e ele
suporta-o.”7 Néfi compreendeu.
Embora o propósito do sofrimento
nem sempre seja evidente na ocasião,
o Profeta Joseph teve uma experiência
espiritual muito significativa quando
estava na cadeia de Liberty. O Senhor
o consolou, dizendo:
“Meu filho, paz seja com tua alma;
tua adversidade e tuas aflições não
durarão mais que um momento;
E então, se as suportares bem,
Deus te exaltará no alto; triunfarás
sobre todos os teus inimigos”.8
“Sabe, meu filho, que todas essas
coisas te servirão de experiência e
serão para o teu bem.
O Filho do Homem desceu abaixo
de todas elas. És tu maior do que ele?”9
Quando somos obrigados a suportar o sofrimento, que às vezes é nos
infligido deliberada ou negligentemente, somos colocados numa situação singular — se assim decidirmos,
teremos uma nova compreensão do
sofrimento do Filho de Deus. Quando
Alma nos diz que Cristo sofreu tudo o
que cada um de nós terá de sofrer
para que pudesse saber como nos
socorrer,10 o inverso também pode
ser verdadeiro: nosso sofrimento
pode dar-nos um vislumbre da magnitude e dimensão de Seu sacrifício
expiatório.
Ao ponderar o que aconteceu com
meu próprio filho, há tantos anos, tive
uma nova visão e talvez até uma compreensão mais profunda da magnitude e magnificência da Expiação.
Sinto uma gratidão ainda maior por
tudo o que o Pai Se dispôs a permitir
que Seu filho sofresse por mim e por
todos nós. Tive uma nova visão pessoal da dimensão e amplitude da
Expiação. Nem imagino o que seria
dispor-me a permitir que meu filho
sofresse o mínimo que fosse, mas
nosso Pai “amou o mundo de tal
maneira que deu o Seu Filho
Unigênito”.11
Embora nunca tenhamos conversado sobre isso, meu filho também
tem a oportunidade de compreender
a passagem em que o Salvador explica:
“Eis que nas palmas das minhas mãos
eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim”.12
Embora eu não esteja sugerindo
que minha experiência sequer chegue
aos pés da santa Expiação, a cicatriz
na mão de meu filho estará sempre
diante dele, e se ele tiver a oportunidade, e decidir aceitá-la, poderá usar
a cicatriz para lembrar-se das marcas
na palma das mãos do Salvador —
sofridas por nossos pecados. Terá a
oportunidade de compreender por
si mesmo o amor que o Salvador
mostrou por nós ao Se dispor a
ser marcado, ferido, quebrantado e
atormentado.
Embora o sofrimento proporcione
compreensão, temos que tomar cuidado para não comparar, mas, sim,
agradecer. Sempre haverá uma diferença infinita entre o Salvador e nós.
Suas palavras a Pilatos: “Nenhum
poder terias contra mim, se de cima
não te fosse dado,”13 relembram que
Seu sacrifício foi deliberado e voluntário. Jamais poderíamos suportar
a natureza, a magnitude e a imensidão de Seu sofrimento: “Sofrimento
que fez com que eu, Deus, o mais
grandioso de todos, tremesse de dor
e sangrasse por todos os poros; e
sofresse, tanto no corpo como no
espírito”.14 Mas tal como Néfi, sentimos mais gratidão pelo que Ele fez,
podemos sentir Seu espírito nos
socorrendo e conhecer o Salvador
de modo muito real, lembrando
Uma família em São Paulo, Brasil.
que “a vida eterna é esta: que (…)
[conheçamos] a [Ele]”.15
Presto testemunho de que Jesus
Cristo é o Salvador do mundo.
Testifico que graças a Seu sofrimento
e Expiação podemos receber a remissão de nossos pecados e alcançar a
vida eterna. Presto testemunho de
Sua gentil e terna bondade. Ele é o
Unigênito do Pai e em todas as coisas
fez a vontade de Seu pai. Em nome
de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Hinos, nº 84.
2. 1 Néfi 19:9.
3. Ver D&C 19:16–19.
4. Romanos 8:16, 17.
5. Mateus 27:46.
6. 1 Néfi 18:15–16.
7. 1 Néfi 19:9.
8. D&C 121:7–8.
9. D&C 122:7–8.
10. Ver Alma 7:11–12.
11. João 3:16.
12. Isaías 49:16.
13. João 19:11.
14. D&C 19:18.
15. João 17:3.
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
101
Portanto, Decidi
em Vosso Coração
É L D E R L A R R Y W. G I B B O N S
Dos Setenta
Não podemos manter um pé na Igreja e outro no mundo.
P
or ser formado em Medicina, a
compreensão da complexidade,
da ordem e da harmonia do
corpo humano reforça minha fé num
criador. Creio em Deus. Creio que Ele
nos criou.
A alternativa à crença em um
criador é a de acreditar que a vida,
de alguma forma, surgiu espontaneamente, por acidente. Não acredito
nisso.
E se Deus nos criou, não seria
lógico supor que em seguida nos
deixaria sozinhos. Faz sentido que
Ele nos tenha deixado orientações.
Algumas dessas diretrizes vieram
na forma do que chamamos de
mandamentos.
Os mandamentos não nos foram
102
dados para oprimir-nos ou restringirnos. Pelo contrário, são balizas de um
Pai Celestial onisciente para manternos longe dos problemas, trazer-nos
a plenitude da felicidade nesta vida e
levar-nos em segurança de volta a Ele.
Num discurso na Universidade
Brigham Young em 1994, o Rabino
Harold Kushner disse: “Sou um
judeu tradicional e observo as leis
alimentares. Suponho que a maioria
de vocês acha que passo o dia inteiro
resmungando para mim mesmo: ‘Ah,
como eu gostaria de comer costeletas de porco, mas Deus, tão malvado
e cruel, não permite’. Não é nada
disso. Na realidade, passo o dia
dizendo: ‘Não é incrível? Há cinco
bilhões de pessoas no planeta e
Deus Se importa com o que almoço
[e] com o tipo de linguagem que
uso’. Não me sinto diminuído por
ser instado a abster-me de certas
coisas erradas. Na verdade, isso me
torna uma pessoa melhor”.1
O Élder Henry B. Eyring expressou-se ainda melhor na primeira
transmissão do Treinamento
Mundial de Liderança: “O Senhor
deu-nos Seus padrões de dignidade.
Ele não o fez para afastar-nos Dele,
mas sim para que nos aproximemos
Dele”.2
Irmãos e irmãs, guardar os mandamentos faz toda a diferença nesta
vida e na vindoura. Para sermos
dignos do reino celestial e da alegria
que lá existe, precisamos guardar os
mandamentos!
O único padrão que faz sentido
para qualquer um de nós é o padrão
celestial. Em Doutrina e Convênios,
lemos: “Porque aquele que não consegue viver a lei de um reino celestial
não consegue suportar uma glória
celestial”.3 É simples mesmo! Porém,
não precisamos esperar para sentir a
alegria celestial. A obediência aos mandamentos traz alegria aqui e agora.
Meu receio é que muitos de nós
não estejam inteiramente comprometidos com a observância de todos os
mandamentos. Esses santos não estão
dispostos a deixar o mundo totalmente para trás. Estão divididos.
Na sessão da liderança do sacerdócio de uma conferência regional,
entoamos o hino “Ó Élderes de Israel”.
O coro contém a estrofe “Adeus, ó
Babilônia, nós vamos partir”.4 Depois
de cantarmos, o Élder Neal A. Maxwell
discursou e mencionou que dar adeus
a Babilônia é de fato um de nossos
desafios: muitos de nós insistem em
manter um pé no mundo.5
Não podemos manter um pé na
Igreja e outro no mundo. Um dos
motivos é que os caminhos do mundo
e da Igreja estão divergindo rapidamente. Perderemos o nosso equilíbrio.
Sabemos que “ninguém pode servir a dois senhores”.6 Alguns, temo
eu, estão tentando fazer o que o
Presidente Marion G. Romney descreveu como “servir ao Senhor sem
ofender ao diabo”. 7
O Salvador ensinou: “Vós sois o sal
da terra; e se o sal for insípido, com
que se há de salgar? Para nada mais
presta senão para se lançar fora, e ser
pisado pelos homens”.8
Como perdemos o nosso sabor?
Uma das formas é quando deixamos
de ser diferentes do mundo. Muitos
na Igreja estão seguindo os rumos do
mundo e tornando-se cada vez mais
semelhantes a ele. Precisamos interromper esse processo.
O Élder Robert D. Hales disse:
“Como santos dos últimos dias,
não precisamos parecer-nos com o
mundo. Não devemos divertir-nos
como o mundo. Nossos hábitos pessoais têm de ser diferentes. Nossas
recreações devem ser diferentes”.9
Nesta época de relativismo moral,
devemos estar preparados para assumir as nossas posições e dizer: “Isto é
certo e isto é errado”. Não podemos
seguir a multidão! Mas é claro que
não estou sugerindo que nos mudemos para o deserto e tranquemos as
portas. Podemos estar no mundo,
ir à escola, ir ao trabalho, participar
de organizações comunitárias de valor
e assim por diante. Mas devemos apegar-nos aos padrões do Senhor.
Tenho um ótimo amigo que é um
médico respeitado. Ele assina regularmente uma coluna numa publicação de saúde de âmbito nacional.
Com freqüência, aborda a nutrição.
Ele tem um problema: adora donuts,
guloseima deliciosa, mas não considerada um dos alimentos mais
nutritivos.
Para resolver esse dilema, ele criou
o que chama de teoria da nutrição
80 x 20. Ela diz que se agirmos bem
em 80 por cento do tempo, podemos
comer o que quisermos nos outros
20 por cento.
Embora isso seja aceitável na nutrição, o princípio 80 x 20 não o é em
áreas como os jogos de azar, a pornografia ou a honestidade. Irmãos e
irmãs, será que às vezes somos membros 80 x 20 da Igreja?
Pensem na irmã que santifica o Dia
do Senhor a menos que precise comprar algo. Ou no irmão que é honesto
em todas as suas interações, mas não
consegue resistir à tentação de adulterar suas deduções tributárias porque isso representa uma economia de
1.000 dólares. Ou no pai que é bondoso e carinhoso com a esposa e os
filhos, exceto após um dia difícil no
trabalho.
Irmãos e irmãs, tiremos o pé de
Babilônia. Não sejamos santos dos
últimos dias “parciais”, mas sim
“completos”.
Na tradução inspirada de Joseph
Smith de Lucas 14:28, o Senhor diz:
“Portanto decidi em vosso coração
a fazer as coisas que vos ensinarei e
ordenarei”. Adoro o verbo “decidir”.
Irmãos, oro para que sejamos decididos. Há bênçãos preciosas que só nos
advêm ao entregarmos o coração
totalmente a Deus.
O Presidente Heber J. Grant disse:
“Há somente um caminho seguro
para os santos dos últimos dias, que é
o caminho do dever. Não é o testemunho, não são manifestações maravilhosas, não é saber que o evangelho
de Jesus Cristo é verdadeiro, (…)
nem é realmente saber que o
Salvador é o Redentor e que Joseph
Smith foi Seu profeta que salvará
vocês e eu, mas é guardando os mandamentos de Deus, levando a vida de
um santo dos últimos dias”.10
Então, jovens irmãos e irmãs, ao
começarem a estabelecer suas prioridades na vida, lembrem-se de que a
única verdadeira segurança na vida
reside na obediência aos mandamentos. A segurança financeira e a posição
social são vazias sem a retidão. Isso
posso assegurar-lhes.
Vocês viveram com o Pai Celestial
na vida pré-mortal. Estavam com
Ele. O seu espírito sabe como é viver
em esferas celestiais. Vocês nunca
serão verdadeiramente felizes num
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
103
ambiente que não seja celestial; vocês
têm conhecimento demais para isso.
Esse é um dos motivos pelos quais
para vocês iniqüidade nunca poderá
ser felicidade.11 Como é maravilhoso
decidir de uma vez por todas, no início da vida, o que vocês farão e o que
não farão no tocante à honestidade,
ao recato, à castidade, à Palavra de
Sabedoria e ao casamento no templo.
Irmãos e irmãs, permaneçam no
caminho estreito e apertado; não,
permaneçam no meio do caminho
estreito e apertado. Não fiquem à
deriva, não vaguem a esmo, não
sejam negligentes, tenham cuidado.
Lembrem-se: não brinquem com
o mal. Fiquem longe do território do
diabo. Não dêem a Satanás nenhuma
vantagem. Viver os mandamentos
trará a vocês a felicidade que muitos
procuram em outros lugares.
Da mesma forma como o Élder
Nelson ensinou nesta manhã, esta
é a plenitude do evangelho de
Jesus Cristo. Esta é a Sua Igreja. A
Restauração de fato aconteceu! Não
há motivos para questionarmos.
Sei que o Presidente Gordon B.
Hinckley é o profeta do Senhor hoje.
Sou grato por estar ao lado dele e
agradeço-lhe por seus ensinamentos, sua liderança e seu maravilhoso
exemplo de força. Sei que Deus vive
e que é nosso Pai. Testifico que Jesus
é o Cristo. Em nome de Jesus Cristo.
Amém. ■
Novamente
Surgiram Profetas
na Terra
ÉLDER JEFFREY R. HOLLAND
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Não é algo insignificante o fato de a Igreja declarar
ao mundo que tem profetas, videntes e reveladores,
mas o fazemos.
NOTAS
1. “The Human Soul’s Quest for God”,
Brigham Young Magazine, fevereiro de
1995, p. 26.
2. Treinamento Mundial de Liderança,
janeiro de 2003, p. 13.
3. D&C 88:22.
4. Hinos, nº 203.
5. Ver The Neal A. Maxwell Quote Book, ed.
Cory H. Maxwell (1997), p. 25.
6. Mateus 6:24.
7. “The Price of Peace”, Tambuli, fevereiro de
1984, p. 6.
8. Mateus 5:13.
9. “Gifts of the Spirit”, Ensign, fevereiro de
2002, p. 17.
10. “The Prophet Speaks”, Improvement Era,
novembro de 1936, p. 659.
11. Ver Alma 41:10.
104
P
ouco tempo depois de nossa
amiga Carolyn Rasmus começar
a lecionar na Universidade
Brigham Young, um grupo de novos
colegas professores a convidaram
para uma caminhada nas montanhas
nos arredores de Provo. Carolyn não
era membro de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias,
mas sentia-se bem-vinda no novo círculo de colegas. Aceitou prontamente
o convite para o passeio.
À medida que o sol subia no
horizonte, eles faziam o mesmo na
encosta das montanhas. Então, perto
das dez horas, o grupo começou a procurar lugares para sentar-se. Carolyn
pensou: “Que maravilha. Como sabiam
que eu precisava de descanso?” Ela
também procurou um local confortável para estirar-se. Mas os participantes
demonstraram uma seriedade incomum naquela pausa e alguns pegaram
lápis e cadernos enquanto um deles
sintonizava um rádio.
O que aconteceu em seguida
mudou para sempre a vida de Carolyn.
Um dos amigos disse: “Carolyn, precisamos explicar-lhe algo. Hoje é o primeiro sábado de outubro, e para nós
não é só mais um dia ensolarado e
com belas folhagens de outono, é
também conferência geral da Igreja.
Como santos dos últimos dias, não
importa onde nos encontremos ou o
que estejamos fazendo, paramos para
ouvir. Assim, vamos nos sentar aqui
entre os carvalhos e pinheiros, contemplar o vale abaixo e escutar os profetas de Deus durante duas horas”.
“Duas horas!”, pensou Carolyn. “Eu
não sabia que ainda existiam profetas
de Deus vivos e muito menos que
falavam”, disse ela, “e eu certamente
não sabia que seriam duas valiosas
horas!” Ela nem suspeitava de que
eles fossem parar novamente às duas
horas daquela tarde para outras duas
horas de discursos e depois a convidariam para ouvir canções em casa
por quatro horas no dia seguinte.
A essa altura, já deve estar claro o
fim da história. Ao ganhar dos seus alunos um presente em couro, contendo
uma cópia das escrituras, sentiu o amor
dos amigos e das famílias na ala SUD
onde começou a freqüentar e a viver
todas as experiências espirituais que
desejamos aos pesquisadores. Carolyn
foi batizada e confirmada membro da
Igreja. O restante é como eles dizem,
história. Depois de ser apresentada à
conferência geral naquele dia, sentada
no topo das “Y” montanhas de Provo,
a irmã Rasmus testemunhou, na sua
própria vida, o cumprimento do convite profético de Isaías: “E irão muitos
povos, e dirão: Vinde, subamos ao
monte do Senhor, à casa do Deus de
Jacó, para que nos ensine os seus
caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de
Jerusalém a palavra do Senhor”.1
Estamos chegando ao fim de outra
maravilhosa conferência geral. Fomos
abençoados ao ouvir as mensagens
dos nossos líderes, especialmente
do Presidente Gordon B. Hinckley, o
homem a quem apoiamos como oráculo de Deus na Terra, o nosso profeta vivo, vidente e revelador. Assim
como os profetas fizeram em dispensações desde Adão até hoje, o
Presidente Hinckley reuniu-nos figurativamente numa espécie de prévia
mundial da reunião no vale de Adãoondi-Amã, amou-nos, ensinou-nos e
deixou-nos sua bênção.2
Posso dizer com segurança que o
desejo de todos os irmãos e irmãs
que discursaram neste fim de semana
é que a conferência geral tenha sido
tão edificante e, se necessário, tenha
exercido um poder tão transformador
na vida das pessoas quanto no caso
da irmã Rasmus e outras milhares de
pessoas que atendem anualmente ao
chamado do hino: “Vinde ao profeta
escutar, ouvi a voz de Deus”.3
Na minha própria expressão de testemunho e gratidão pelas mensagens
e significado da conferência geral,
permitam-me mencionar três coisas
que essas reuniões semestrais proclamam a todo o mundo.
Primeiro, declaram zelosa e inequivocamente que há novamente um
profeta vivo na Terra falando em nome
do Senhor. E como precisamos desse
tipo de orientação! Vivemos numa
época conturbada e difícil. Vemos
guerras no mundo inteiro e problemas em nosso próprio país. Vizinhos à
nossa volta enfrentam dissabores pessoais e provações familiares. Muitos
estão acuados por temores e problemas diversos. Isso nos faz lembrar de
que, quando as névoas de escuridão
envolviam os viajantes na visão de
Leí da árvore da vida, elas envolviam
todos os homens — os justos e os
injustos, os jovens e os idosos, os
recém-conversos e os membros antigos. Nessa alegoria, todos enfrentam
oposição e revezes e somente a barra
de ferro — a palavra revelada de Deus
— pode conduzi-los com segurança.
Todos nós precisamos dessa barra.
Todos nós precisamos dessa palavra.
Ninguém está em segurança sem ela,
pois em sua ausência qualquer um
pode “[desviar-se] por caminhos proibidos e [perder-se]”4, conforme dizem
os registros. Como somos gratos por
termos ouvido a voz de Deus e sentido a força dessa barra de ferro nesta
conferência nos últimos dois dias!
Embora com pouca freqüência,
algumas fontes vêm afirmando que
as Autoridades Gerais estão ultrapassadas nas suas declarações e que
desconhecem o contexto atual. E
consideram algumas das nossas diretrizes e práticas defasadas e irrelevantes na nossa época.
Como o menor dentre aqueles que
foram apoiados por vocês para testificar em primeira mão do caráter inspirado desta Igreja, digo com todo o
fervor da minha alma que nunca na
minha vida pessoal ou profissional fiz
parte de nenhum grupo tão atento à
realidade, que conheça tão profundamente as questões que enfrentamos,
que estude com tanta seriedade o
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
105
passado, esteja tão aberto às novidades e avalie tudo com tamanho cuidado, consideração e fervor. Testifico
que a compreensão que esses
homens e mulheres possuem das
questões morais e sociais da atualidade supera a de qualquer instituto
de pesquisa ou grupo de especialistas
de porte comparável que eu conheça
em qualquer lugar na Terra. Presto
testemunho pessoal de como são
bons, de como trabalham com afinco
e de como levam uma vida humilde.
Não é algo insignificante o fato de a
Igreja declarar ao mundo que tem
profetas, videntes e reveladores, mas
o fazemos. É uma verdadeira luz num
mundo em trevas e ela resplandece
nestas sessões de conferência.
Segundo, cada uma dessas conferências é um convite à ação, não só
na nossa vida, mas também na vida
das pessoas a nossa volta, sejam familiares, pertençam à mesma Igreja,
ou não. Esta manhã, o Presidente
Hinckley, com emoção, trouxe-nos à
lembrança que este é o 150º aniversário da ocasião em que, enquanto a
conferência geral de outubro de 1856
106
era convocada aqui no Vale do Lago
Salgado, aquelas companhias de carrinhos de mão se debatiam através dos
derradeiros quilômetros congelados
do Nebrasca para verem-se logo
engolfadas pela nevasca impassível
das terras altas do Wyoming. Ele mencionou a mensagem inspirada que o
Presidente Brigham Young proferiu
aos membros, naquela conferência
geral, de saírem e trazerem “os irmãos
que estavam nas planícies”. 5
Tão certo quanto o resgate dos
irmãos em perigo foi o tema principal
da conferência geral de outubro de
1856, é também nesta conferência,
assim como foi na última conferência e
será na próxima, em abril do ano que
vem. Ainda que não enfrentemos
nevascas nem precisemos enterrar
mortos no gelo, há pessoas com dificuldades à nossa espera: os pobres e
cansados, os desalentados e deprimidos, os que se desviaram “por caminhos proibidos” mencionados
anteriormente e as multidões “[afastadas] da verdade por não [saberem]
onde encontrá-la”.6 Eles estão todos ao
relento, com os joelhos enfraquecidos
e as mãos que pendem7, e há tempestades a caminho. Eles só podem ser
resgatados por quem tiver mais, souber mais e puder ajudar mais. E não
tenham medo de perguntar “onde
estão?”, eles encontram-se em todas
as partes, à nossa direita e à nossa
esquerda, no nosso bairro e local de
trabalho, em todas as comunidades,
países e nações deste mundo.
Preparem os animais e o carroção;
encham-nos com seu amor, testemunho e suas provisões de alimento
espiritual e, em seguida, partam em
qualquer direção. O Senhor os guiará
às pessoas com problemas se vocês
abraçarem o evangelho de Jesus Cristo
ensinado nesta conferência. Abram o
coração e estendam a mão para as pessoas que estiverem presas no equivalente do século vinte e um de Martin’s
Cove e Devil’s Gate. Ao agirmos assim,
atenderemos às constantes súplicas
do Mestre em favor das ovelhas desgarradas, dracmas perdidas e almas
em perigo.8
Por fim, a conferência geral da
Igreja é uma declaração a todo o
mundo de que Jesus é o Cristo, de
que Ele e Seu Pai, o Deus e Pai de
todos nós, visitaram o menino-profeta
Joseph Smith em cumprimento da
antiga promessa de que o Jesus de
Nazaré Ressuscitado restauraria a Sua
Igreja na Terra e novamente “[haveria] de vir assim como para o céu [os
galileus o viram ir]”.9 Esta conferência
e todas as outras são um testemunho
de que Ele aceitou vir à Terra em
pobreza e humildade para sofrer revezes e rejeição, decepções e morte, a
fim de permitir-nos ser poupados de
provações semelhantes no decorrer
da nossa existência eterna. E “pelas
suas pisaduras fomos sarados”.10
Esta conferência proclama a todas as
nações, tribos, línguas e povos a amorosa promessa messiânica de que “a
sua benignidade dura para sempre”.11
A todos vocês que se julgam perdidos ou sem esperança ou que crêem
ter errado demais por tempo demais,
a todos os que se consideram atolados
em algum lugar nas planícies geladas
da vida e acham que perderam o carrinho de mão no caminho, esta conferência torna a proclamar a mensagem
imutável de Jeová: “[Minha] mão ainda
está estendida”.12 “Apesar de eu estender o braço sobre eles”, afirmou Ele,
[“eles] me negarão; não obstante, serei
misericordioso para com eles, (…)
caso se arrependam e venham a mim;
pois o meu braço está estendido o dia
todo, diz o Senhor dos Exércitos”.13 A
Sua misericórdia dura para sempre e
Sua mão está estendida. O Seu amor é
o puro amor de Cristo, a caridade que
nunca falha, a compaixão que subsiste
mesmo quando todas as outras forças
desaparecerem.14
Testifico desse Jesus misericordioso que estende a mão e resgata.
Testifico que esta é a Sua Igreja redentora alicerçada no Seu amor redentor
e que, conforme ensinou o Livro de
Mórmon: “Apareceram profetas entre
o povo, os quais foram enviados pelo
Senhor [para profetizar] (…). E novamente surgiram profetas na terra”.15
Testifico que o Presidente Gordon B.
Hinckley é em todos os aspectos um
desses profetas, alguém cuja vida e
voz amamos e por quem muito oramos. Ele concluirá esta conferência
semestral. Por todas essas bênçãos
e tantas outras dou graças neste
período de conferência geral. Em
nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Isaías 2:3.
2. Ver D&C 107:53–56.
3. “Vinde ao Profeta Escutar” Hinos, 10.
4. 1 Néfi 8:28; ver também. 23–24.
5. Deseret News,15 de outubro de 1856,
p. 252; ver também LeRoy R. Hafen e
Ann W. Hafen, Handcarts to Zion (1960,
p. 120–121.
6. D&C 123:12.
7. Ver D&C 81:5.
8. Ver Lucas 15.
9. Atos 1:11.
10. Isaías 53:5.
11. Ver Salmos 136:1.
12. Ver Isaías 5:25; 9:17, 21.
13. 2 Néfi 28:32.
14. Ver Morôni 7:46–47.
15. Éter 7:23; 9:28.
Comentários de
Encerramento
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY
Deixamos com vocês o nosso amor e nossa bênção.
Que o Espírito do Senhor habite em seu lar.
M
eus amados irmãos e irmãs,
estas conferências são um
milagre! Não há nada que se
possa comparar com elas em parte
alguma do mundo. Quando penso
que nos reunimos aqui neste grande
Centro de Conferências e que o que
dizemos é levado a todo o mundo,
para que as pessoas de todos os continentes adorem juntas ao Deus vivo, é
um milagre verdadeiro e maravilhoso!
Todos os oradores fizeram seus discursos muito bem. Os representantes
das organizações auxiliares nos inspiraram com sua mensagem. Gostaria
que houvesse tempo suficiente para
ouvirmos todas as Autoridades Gerais.
Infelizmente, isso não é possível.
As orações também foram
muito inspiradoras. A música foi
simplesmente extraordinária.
Somos tão gratos por este extraordinário Centro de Conferências, um
notável local em que nos reunimos, e
pela tecnologia que permitiu que nossas palavras fossem levadas a toda a
Terra, ao nosso povo, em muitos países e climas.
Desejamos que haja paz na Terra e
oramos constantemente para que isso
aconteça.
Agora, nossos amados irmãos,
deixamos com vocês o nosso amor
e nossa bênção. Que o Espírito do
Senhor habite em seu lar. Que o
amor direcione seus relacionamentos
familiares.
Essa é a nossa oração, ao dizer-lhes
adeus por outros seis meses, no sagrado e santo nome de nosso Redentor, deixando nosso amor e nossa
bênção com vocês, em Seu nome,
o do Senhor Jesus Cristo. Amém. ■
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
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REUNIÃO GERAL DA SOCIEDADE DE SOCORRO
23 de setembro de 2006
Eternamente
Envolvidas
em Seu Amor
B O N N I E D. PA R K I N
Presidente Geral da Sociedade de Socorro
Eu sei que [o Pai Celestial] nos ama, irmãs, assim como Seu
Filho, Jesus Cristo. Esse amor nunca mudará — é constante.
Q
uando recebi este chamado,
supliquei ao Pai Celestial que
me ajudasse a saber do que as
irmãs da Igreja precisavam. Senti uma
forte sensação de que nós, Suas filhas,
precisávamos saber que Ele nos ama.
Precisamos saber que Ele vê o que há
de bom em nós. Sentir seu amor nos
dá ânimo para seguir em frente, dános a certeza de que somos Dele e
confirma o sentimento de que Ele
tem afeição por nós, mesmo quando
cometemos erros e passamos por
reveses temporários.
Tive uma confirmação dessa
108
mensagem quando prestei testemunho na sessão da tarde de domingo da
conferência geral de abril de 2002.
Naquela manhã, disseram-me que o
Élder David B. Haight talvez não
pudesse participar da conferência. Se
isso acontecesse, eu teria cinco minutos para prestar meu testemunho. Eu
orei muito mais intensamente pelo
Élder Haight naquele dia! No domingo
de manhã, eu o vi entrar no Centro
de Conferências e comecei a relaxar,
até o momento em que ele saiu
durante o hino cantado pela congregação. Quando subi ao púlpito naquela
tarde, não havia nada na tela do teleprompter! Mas a mensagem que continuou vindo a minha mente e ao meu
coração foi a de que as mulheres precisavam sentir o amor do Senhor em sua
vida diariamente. Era isso que eu sabia
que precisava transmitir naquele dia, e
essa continua sendo nossa mensagem.
A maneira terna com que vocês
reagem individualmente a ela tem-me
tornado mais humilde. Agradeço por
vocês compartilharem como essa
mensagem tem abençoado sua vida.
Vocês confirmam com suas palavras
que cada uma de nós pode — e
precisa — sentir o amor do Senhor
diariamente.
O Pai Celestial nos amava antes de
virmos a esta Terra. Eu sei que Ele nos
ama, irmãs, assim como Seu Filho,
Jesus Cristo. Esse amor nunca mudará
— é constante. Vocês podem contar
com esse amor. Podem confiar nele.
Assim como o lema da Sociedade
de Socorro lembra-nos de que “a
caridade nunca falha”, temos de acreditar que o amor de Cristo nunca
nos faltará. Tudo o que fazemos na
Sociedade de Socorro deve refletir o
amor do nosso Salvador e o amor do
Pai Celestial. Esse grande amor deve
ser a fonte de nossa motivação para
servir ao próximo. Deve ser tanto
nosso ponto de partida como nosso
destino.
Conheço uma jovem mãe que tem
cinco filhos pequenos, e que chamou
uma irmã idosa, a quem tinha como
exemplo, e perguntou: “Podemos
fazer uma caminhada juntas?” Sua
amiga sabia que isso significava que
ela queria conversar. Na metade de
um caminho de 13 quilômetros em
círculo, a jovem mãe disse: “Não consigo acreditar que o Pai Celestial me
ama; cometi muitos erros na vida.
Não consigo achar que sou digna de
Seu amor; como seria possível Ele me
amar?” Irmãs, essa mulher fizera convênios no templo e era ativa na Igreja.
Ainda assim, sentia-se indigna de Seu
amor. A irmã mais idosa respondeu
rapidamente: “Claro que Ele a ama.
Você é Sua filha”.
Será que rejeitamos o amor que o
Senhor derrama sobre nós em muito
mais abundância do que estamos dispostas a receber? Achamos que temos
de ser perfeitas para merecer o Seu
amor? Quando permitimos a nós mesmas sentir-nos “[envolvidas] eternamente nos braços de seu amor”1, nós
nos sentimos seguras e percebemos
que não precisamos ser imediatamente perfeitas. Temos de estar cônscias de que a perfeição é um processo.
Este evangelho é um evangelho de
progresso eterno, e devemos nos
lembrar de apreciar a experiência de
nosso progresso. Eterno significa
“sem começo nem fim”, portanto sermos envolvidas por Seu amor é algo
que podemos desfrutar todos os dias.
Lembrem-se de que esse amor é constante, mesmo quando não o reconhecemos. Gosto muito da descrição de
Néfi a respeito desse dom: “O amor
de Deus, que se derrama no coração
dos filhos dos homens; é, portanto, a
mais desejável de todas as coisas (…)
[e] a maior alegria para a alma”.2
Testifico que isso é verdade.
Sei que pode haver pessoas que
têm dificuldade em imaginar como é
Seu amor. Pensem numa mãe com um
filho recém-nascido. O calor, a segurança, o carinho e a paz do abraço
da mãe pode ajudar-nos a entender
como é estar envolvido nos braços de
Seu amor. Uma jovem da Sociedade
de Socorro escreveu: “Somente pelo
amor de minha mãe é que consigo
compreender melhor a magnitude
e o poder do amor do Salvador”.
Mães, vocês conseguem ver como
é essencial que ensinem essa verdade
a seus filhos? Quando vocês envolvem
seus filhos com seu amor, eles terão
uma noção do amor de Deus por eles.
O Presidente Gordon B. Hinckley
recomenda enfaticamente: “Amem
o Senhor [nosso] Deus e amem Seu
Filho, sendo sempre gratos pelo amor
Deles por nós. Quando outros amores desaparecerem, haverá o amor
resplendente, transcendente e eterno
que Deus dedica a cada um, e o amor
de Seu Filho, que deu a vida”3 por nós.
A mãe que conhece seu relacionamento com Deus ajuda os filhos a
conhecê-Lo e a serem envolvidos
por Seu amor. Fiquei emocionada
com os comentários que uma irmã
fez no funeral de sua mãe, que morrera aos 100 anos de idade. “Quando
eu era adolescente e tentava organizar meus horários de aula, costumava ir para a cozinha, onde minha
mãe passava roupa. Mostrava-lhe as
possíveis opções para meus estudos
(…) e ela ouvia tudo o que eu dizia.
Discutíamos as possibilidades (…)
e, depois, ela dizia: ‘Tudo bem,
Cathy, você já orou sobre isso?’ Era
um tanto constrangedor para mim.
Eu hesitava, e então dizia: ‘A gente
precisa orar sobre tudo?’ Ela respondia simplesmente: ‘Eu oro’ ”.4
Essa mãe ouviu. Ela compartilhou a
fé que tinha em Deus, deu o exemplo,
externou suas expectativas de que a
filha se voltasse continuamente para o
Senhor. Quando nos aproximamos do
Senhor, sentimos Seu amor trazendonos para mais perto Dele. Mães, ensinem seus filhos a sempre incluírem o
Senhor em sua vida e ajudem-nos a
reconhecerem Sua amorosa influência.
Minha mãe e eu recebemos juntas
nossa bênção patriarcal. Eu tinha vinte
anos e minha mãe, quarenta e nove.
Nunca esquecerei esse dia — como o
patriarca impôs-lhe as mãos sobre a
cabeça e disse-lhe como sua vida fora
poupada quando ela teve ataques de
febre reumática, problemas cardíacos
e muitas outras doenças. Ele recontou
a vida dela, enumerando as vezes em
que ela havia abençoado outras pessoas. Contou-lhe sobre coisas que o
Senhor tinha reservado para ela e a
orientou quanto ao que deveria fazer.
Eu conhecia a vida da minha mãe e
ouvi quando esse patriarca, que não
a conhecia, descreveu sua vida. Essa
experiência foi um testemunho para
mim de que Deus vive, que Ele nos
ama e que nos conhece individualmente. Senti o amor de Deus por
minha mãe — e por mim — nesse
dia inesquecível.
A maior prova do amor que o
Salvador tem por nós é Sua Expiação.
Seu amor nos inunda a alma com
graça, paciência, longanimidade, misericórdia e perdão.
Agora, como avós, temos a sagrada
responsabilidade de envolver nossos
netos com amor. Quando uma menina
de três anos de idade estava sendo
malcriada, sua avó ensinou-a: “Não fale
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assim com a sua avó, porque vamos
ser amigas por milhões e milhões de
anos”. Não é maravilhoso ser avós?
Lembrem-se, irmãs, de que o amor
e os convênios unem-nos como famílias eternas.
O amor do Senhor muitas vezes é
concedido por intermédio de outras
pessoas que atendem aos sussurros
do Espírito. Estamos ouvindo e
seguindo esses sussurros?
Devido a dificuldades financeiras,
certa irmã teve de se mudar da casa e
da ala que ela adorava e onde residira
por vinte e dois anos. Foi doloroso.
Quanto ao primeiro domingo em sua
nova ala, essa irmã disse: “Senti-me
muito sozinha, embora conhecesse
algumas pessoas. Fui uma das primeiras a chegar à Sociedade de Socorro
naquela manhã. Fiquei sentada lá,
observando as irmãs entrarem e tomarem seus lugares. Parecia que elas precisavam de uma fileira inteira para si,
não somente da própria cadeira. Elas
não se sentaram uma a lado da outra,
nem ao meu lado. Senti-me isolada”.
Irmãs, por que fazemos isso umas
com as outras? A irmã continuou:
“Depois, Lisa entrou. Seu rosto iluminou-se quando me viu e veio direto ao
110
meu encontro, sentou-se ao meu lado,
colocou o braço ao meu redor e deume um grande abraço. É impressionante como um pequeno gesto como
esse pode significar tanto! Seu calor”
— e eu diria seu amor — “afugentou
minha solidão”.
Às vezes, temo que vejamos o
amor do Senhor somente nos eventos
importantes de nossa vida; precisamos também ver Seu amor nas pequenas coisas. Não subestimem a sua
capacidade de compartilhar o amor do
Senhor por meio de um gesto simples
e genuíno, como sentar-se ao lado de
uma irmã e fazê-la sentir-se bem-vinda.
Vocês sentem o amor do Senhor
em sua vida? A forma como eu sinto
Seu amor pode ser diferente da
maneira como vocês o sentem. A
chave é compreender como vocês
sentem esse amor. E assim que
o sentirem, estejam prontas para
compartilhá-lo.
Minhas conselheiras e eu fomos
visitar a costa do Golfo do México
após o furacão Katrina. Certa noite,
num serão, subi ao púlpito e senti
que cada irmã presente precisava de
alguém que literalmente a compreendesse e fortalecesse. Após a reunião, a
irmã Hughes, a irmã Pingree e eu
ficamos cada uma numa porta diferente e abraçamos cada irmã que saía.
Queríamos simplesmente expressar
nosso amor por elas. Quero dizer às
irmãs com quem estivemos e que
estejam me ouvindo esta noite, que
saímos de sua capela sentindo-nos
renovadas por causa do amor de
Deus que vocês nos transmitiram.
Agradecemos por vocês cuidarem
umas das outras — e de nós três!
Em minhas orações pela manhã,
peço ao Pai Celestial que me cubra
com Seu amor para que eu faça, de
todo coração, a Sua obra. Sei que
tenho sido abençoada por fazer esse
pedido diariamente. Como irmãs da
Sociedade de Socorro, precisamos
esforçar-nos para demonstrar o amor
de Cristo, que sempre procurou agradar o Pai, fazendo Sua vontade. Irmãs,
precisamos nos esforçar ao máximo
para seguir o exemplo supremo de
Cristo — para demonstrar esse amor
por meio de pensamentos, palavras
e ações — em todas as coisas que
fazemos e somos. Não devemos permitir que o orgulho ou a vaidade, o
egoísmo ou interesses pessoais impeçam-nos de nos aproximar das pessoas com amor. De maneira bem
simples e intensa, precisamos primeiro nos permitir sermos envolvidas
pelo amor de Deus. A melhor forma
de fazermos isso é aceitar a Expiação
eterna do Salvador. Então, podemos
expandir esse círculo e incluir nossa
família e todos os outros. Esse círculo,
na verdade, é o céu.
Queridas irmãs, que Deus as abençoe para que sintam Seu amor diariamente, ao guardar seus convênios,
exercer caridade e fortalecer a família.
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. 2 Néfi 1:15.
2. 1 Néfi 11:22–23; grifo do autor.
3. “Palavras do profeta vivo”, A Liahona, dez.
1996, p. 8; “Excertos de Discursos Recentes
do Presidente Gordon B. Hinckley”,
Ensign, abril de 1996, p. 73.
4. Correspondência pessoal.
Lembrar-se do
Amor do Senhor
KAT H L E E N H . H U G H E S
Primeira Conselheira na Presidência Geral da Sociedade de Socorro
Devemos conhecer e sentir o amor do Senhor
em nossa vida.
O
Cristo com um Manto
Vermelho, de Minerva Teichert,
parece a pintura perfeita para
retratar a escritura que escolhemos
para esta noite: “Estarei eternamente
envolvido pelos braços de seu amor”
(2 Néfi 1:15). Cristo parece tão
receptivo com os braços abertos
para nós. Assim como Ele convidou
os nefitas para levantarem-se e aproximarem-se Dele (ver 3 Néfi 11:15),
Cristo convida cada um de nós para
achegar-se a Ele, um por um, para
que nós também saibamos “que
Ele é o Deus de Israel e o Deus de
toda a Terra e [que foi] morto pelos
pecados do mundo” (3 Néfi 11:14).
Aprendemos como é sentir-se
envolvido pelo Seu amor quando
aceitamos esse convite.
Tenho certeza de que cada uma
de vocês já se sentiu, em algum
momento, envolvida pelos braços
de Cristo. Mas se forem como eu, há
horas em que vocês sentem medo,
em que o estresse e as inúmeras atividades do dia-a-dia parecem oprimilas, momentos em que sentem não
ter a orientação do Espírito. Talvez
se sintam até abandonadas. Quando
me deparo com esses sentimentos, o
melhor antídoto é minha lembrança
dos momentos em que a paz de
Cristo me fortaleceu. Esta noite, portanto, convido-as a lembrarem-se,
comigo, do que é sentir o amor do
Senhor em sua vida e de como é
sentir-se envolvida em Seus braços.
Minha mãe morreu quando eu
era jovem e já era mãe também.
Ainda precisava de seus conselhos e
admoestações. Depois que seu câncer foi diagnosticado, ela viveu só seis
semanas. Inicialmente minha preocupação era com meu pai. Senti-me
grata por minha mãe não ter sofrido
muito tempo e por sua morte ter
sido uma experiência tranqüila para
nós. Mas, poucas semanas depois, era
Dia das Mães e seu aniversário estava
chegando, e comecei a sentir imensamente a sua falta. Queria seus braços
ao meu redor e a certeza de que ela
estava bem. Queria dizer-lhe que a
amava e que sentia saudades.
Certa noite, quando estava orando
e chorando (coisa que eu fazia com
freqüência naquela época), senti de
repente um profundo consolo envolver-me o corpo. Aquela sensação revigorou-me, deu-me paz. Não durou
muito fisicamente, mas o consolo foi
imenso. Eu sabia o que era aquilo —
o amor do Senhor envolvendo-me e
dando-me força e paz. Tão importante
quanto essa experiência foi o fato de
que esse momento ficou gravado em
minha mente como um belo presente
que eu poderia desembrulhar e lembrar em épocas difíceis da vida.
Às vezes, também, os momentos
de amor e a paz resultante desses
momentos surgem inesperadamente,
quando não estou passando por
nenhuma necessidade, nem mesmo
enfrentando um problema em particular. Num lindo domingo de outono,
eu estava sentada na cadeira onde
costumo ler as escrituras, observando
caírem as folhas amarelas do damasqueiro do meu vizinho. Levantei os
olhos das escrituras e, sem prévio
aviso, tive uma sensação de paz e
contentamento que me envolveu
por inteiro. O momento foi fugaz,
contudo, a lembrança do amor que
senti permanece comigo. Lembrar-se
disso é como um presente que recebemos quando a vida está difícil e
enfrentamos problemas.
Mas todos os dias, quando o procuro, sinto o amor de Deus em
minha vida e sinto Seus braços me
envolvendo. Percebo o amor de Deus
em minhas caminhadas matutinas,
quando sinto o ar fresco e vejo os primeiros raios de luz do sol. Sinto Seu
amor quando de repente um versículo de escritura me vem à mente e
compreendo-o de uma outra forma.
Reconheço Seu amor quando sou
ensinada por mulheres atenciosas na
Sociedade de Socorro ou por professoras visitantes que se importam
comigo. Sinto Sua presença quando
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111
meu coração reage a uma bela música
ou a um discurso memorável. Irmãs,
o Senhor está em toda parte quando
abrimos nossos olhos e o coração
para o Seu amor.
Mas tenho certeza de que há
mulheres entre vocês que estão pensando agora: “Quando é que tenho
tempo para uma caminhada matutina?
Quando foi a última vez que tive dez
minutos de paz para ler as escrituras?”
Ou “Quando foi a última vez que tive
um dia sem sofrimento? Ou preocupação? Ou dor no coração?” E reconheço
que a vida muitas vezes parece um
acúmulo de obrigações, frustrações
e decepções. Mas o Senhor está ao
nosso lado e é sempre o mesmo: Seus
braços ainda estão abertos. Quando
nos sentimos oprimidas, temos que
nos lembrar da paz que Ele nos deu
em ocasiões anteriores. Sua paz traz
consolo e força; o mundo não pode
nos dar isso.
Como mulheres fiéis de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, fomos abençoadas com o dom
do Espírito Santo. Quando convidarmos o Senhor para fazer parte de
nossa vida, o Espírito Santo prestará
testemunho do amor que o Pai e Seu
Filho, nosso Salvador, têm por todas
e cada uma de nós. Porém, sentir o
amor Deles depende não só de nosso
desejo, mas também de nossas ações.
E as ações que devemos pôr em prática, já sabemos quais são: orações sinceras, específicas e humildes, seguidas
de silêncio interior para ouvir as respostas do Senhor; estudo regular das
escrituras, com tempo para ponderar o
que lemos; e, finalmente, boa vontade
para avaliar nossos pensamentos e sentimentos, e confiar na promessa do
Senhor de que “as coisas fracas se [tornarão] fortes para [nós]” (Éter 12:27).
Ao estudar e ponderar, nos tornamos
merecedoras dos sussurros do Espírito
e, ao prestarmos cada vez mais atenção a esses sussurros, reconheceremos
a cada dia os milagres do Senhor em
nossa vida. Nós O encontraremos,
112
como declarou o Élder Neal A.
Maxwell, “nos detalhes de nossa vida”
(“Becoming a Disciple”, Ensign, junho
de 1996, p. 19). E quando reconhecemos isso, sentimos Sua paz e percebemos que estamos verdadeiramente
envolvidos pelos braços de Seu amor.
Na reunião de treinamento mundial de liderança realizada em janeiro
de 2004, o Presidente Gordon B.
Hinckley admoestou as mulheres da
Igreja a “permanecerem firmes e inabaláveis” contra o mal crescente que
existe no mundo (“Permanecer Firmes
e Inamovíveis”, Reunião Mundial de
Treinamento de Liderança, 10 de
janeiro de 2004, p. 20). Irmãs, é por
isso que devemos conhecer e sentir o
amor do Senhor em nossa vida. É por
essa razão que devemos entesourar
nossas próprias experiências com relação à paz e a força que Ele nos dá, e
lembrar-nos delas. E é por isso também que devemos relatar nossas experiências de fé e testemunho a nossos
filhos e àqueles que estão sem os pais
ou seus entes queridos.
Nossa família precisa da paz
de Deus em sua vida, e se nós não
pudermos ou quisermos convidar
o Senhor para fazer parte de nossa
vida, então nossa família será um
reflexo de nossa própria confusão.
As mulheres devem nutrir sua família, mas precisam também ser firmes
— devemos ser uma fundação sólida
sobre a qual nosso lar seja edificado.
Precisamos transmitir paz à nossa
família, assim como o Senhor nos
transmite. Nosso lar precisa ser um
local onde nossa família e amigos
queiram estar; onde todos que ali
adentram possam receber força e
coragem para enfrentar as dificuldades de viver num mundo cada vez
mais iníquo. Nossos filhos precisam
nos ouvir “[falar] de Cristo, [regozijarmo-nos] em Cristo, [e] pregar a
Cristo” (2 Néfi 25:26) para que eles
saibam em que fonte procurar a paz
que “excede todo o entendimento”
(Filipenses 4:7).
Lembrem-se, irmãs, de que o convite do Salvador é claro e direto e,
acima tudo, é um convite constante:
“Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos (…). Tomai
sobre vós o meu jugo (…) porque o
meu jugo é suave” (Mateus 11:28–30).
Essa é a promessa do Senhor para
mim e para vocês.
Minha oração para cada uma
de nós é que nos lembremos dos
momentos em que o Senhor nos deu
paz e nos envolveu nos braços de Seu
amor. Igualmente importante é que,
se vocês não sentiram esse amor em
algum momento, procurem vê-lo e
senti-lo nas atividades comuns do diaa-dia. Se assim fizerem, com o passar
dos dias, dos meses e dos anos de sua
vida, a lembrança dessas interações
com o Senhor se tornarão como lindos presentes abertos uma segunda
vez — ou muitas vezes — para lhes
dar força quando a vida estiver difícil.
“Deixo-vos a paz”, promete o
Senhor, “não vo-la dou como o
mundo a dá” (João 14:27). Paz. Força.
É o que ansiamos e o que é possível.
Só precisamos nos voltar para Seus
braços abertos para nós. Em nome de
Jesus Cristo. Amém. ■
Olhar, Buscar
e Vir a Cristo
ANNE C. PINGREE
Segunda Conselheira na Presidência Geral da Sociedade de Socorro
O Messias estende os braços de misericórdia para nós,
sempre ansioso para nos receber — se decidirmos
nos achegar a Ele.
N
essa pintura maravilhosa
de Minerva Teichert, Cristo
com um manto vermelho, o
Salvador da humanidade, com as marcas dos cravos nas mãos, é retratado
em toda Sua majestade, de braços
abertos. Com ternura e compaixão,
Ele olha para as mulheres que tentam se aproximar Dele.
Gosto muito do simbolismo
das mulheres tentando tocar o
Salvador. Ansiamos por estar perto
do Senhor, pois sabemos que Ele
ama cada uma de nós e deseja
envolver-nos eternamente nos braços
de Seu amor.1 Seu toque pode curar
doenças espirituais, emocionais ou
físicas. Ele é nosso Advogado,
nosso Exemplo, o Bom Pastor e o
Redentor. Para onde mais poderíamos olhar? A quem mais poderíamos
buscar, ou a quem mais poderíamos
vir, senão a Jesus Cristo, “autor e
consumador da fé”.2
Ele declarou: “Sim, em verdade
vos digo que, se vierdes a mim, tereis
vida eterna. Eis que meu braço de
misericórdia está estendido para
vós e aquele que vier, eu o receberei
(…)”.3 Sua promessa convida-nos
não somente a que O busquemos,
mas também que demos o passo
mais importante: o de nos achegarmos a Ele.
Essa é uma doutrina tão motivadora e que traz tanto ânimo! O
Messias estende Seus braços de misericórdia para nós, sempre ansioso
para nos receber — se decidirmos
nos achegar a Ele. Quando realmente
nos aproximarmos do Salvador “com
firme propósito de coração”4, sentiremos Seu toque amoroso de maneira
muito pessoal.
“Certa mulher”5, fez essa escolha e
sentiu Seu toque. “E uma mulher, que
tinha um fluxo de sangue, havia doze
anos, e gastara com os médicos todos
os seus haveres, e por nenhum
pudera ser curada,
Chegando por detrás dele, tocou
na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue.
E disse Jesus: Quem é que me
tocou? E, negando todos, disse Pedro
e os que estavam com ele: Mestre, a
multidão te aperta e te oprime, e
dizes: Quem é que me tocou?
E disse Jesus: Alguém me tocou,
porque bem conheci que de mim
saiu virtude.
Então, vendo a mulher que não
podia ocultar-se, aproximou-se tremendo e, prostrando-se ante ele,
declarou-lhe diante de todo o povo
a causa porque lhe havia tocado, e
como logo sarara.
E ele lhe disse: Tem bom ânimo,
filha, a tua fé te salvou; vai em paz.”6
Já me perguntei o que poderia ter
acontecido se essa mulher com o
fluxo de sangue não tivesse acreditado no Salvador o suficiente para
fazer o que fosse necessário para
tocar a orla de Seu manto. Imagino
que, no meio daquela multidão, não
foi fácil aproximar-se Dele. Contudo,
“em nada duvidando”7, ela insistiu.
De modo semelhante, devemos
mostrar que essa fé no Senhor é
profunda o suficiente para conduzirnos à ação.
Uma amiga contou-me de uma
ocasião em que estava inconsolável.
Sentia tanta tristeza, devido a uma
tragédia que ocorrera na família, que
um dia não conseguiu nem mesmo
sair de casa. Sem saber o que estava
acontecendo, uma irmã da Sociedade
de Socorro foi a sua casa e disse-lhe:
“Senti que você estava precisando de
mim”. A irmã não ficou especulando
ou pedindo detalhes, mas apenas
abraçou minha amiga e perguntou:
“Gostaria de fazer uma oração?”
Depois de orarem, a irmã foi embora.
Aquele tipo de aproximação e sensibilidade por parte da irmã muito contribuiu para curar a tristeza de minha
amiga.
Essa solidária irmã da Sociedade
de Socorro não somente ouviu o
Espírito, mas também agiu de acordo
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
113
com o que sentiu. Na verdade, ela
mostrou que a virtude das doutrinas
de salvação haviam-lhe tocado tão
profundamente que ela se esforçava
todos os dias para ser semelhante a
Cristo. Suas ações eram um reflexo
de sua compreensão pessoal de que
“a caridade nunca falha”.8
A respeito das inúmeras mulheres
fiéis da Sociedade de Socorro que,
como essa irmã compassiva, refletem
esse amor “eterno” de Cristo9, que é
caridade, o Presidente Gordon B.
Hinckley disse: “São incontáveis os
benefícios que prestam essas mulheres admiráveis, maravilhosas e abnegadas, socorrendo os aflitos, curando
os feridos, levando alegria e conforto
aos angustiados (…) e ajudando a
levantar os caídos, dando-lhes força,
incentivo e o desejo de continuar
em frente”.10
Esse desejo de continuar em
frente e achegar-se ao Salvador às
vezes requer arrependimento imediato. Significa reconhecermos que
114
cometemos erros ou que não fizemos
o que poderíamos ter feito para
incentivar ou ajudar alguém. Essas
autocorreções em pensamento, atos
ou palavras são essenciais para todos
os que desejam vir a Cristo. Elas
representam nossas escolhas individuais a respeito de como tocaremos a
vida uns dos outros, literal e figurativamente.
Podemos aproximar-nos de Cristo
ao envolvermos os outros com nosso
amor. Ou não. Podemos cuidar de
feridas físicas ou emocionais. Ou não.
Podemos olhar uns para os outros
com amor em vez de olhar com olhos
críticos. Ou não. Podemos pedir perdão pelo mal que causamos, mesmo
não tendo intenção. Ou não pedir.
Podemos esforçar-nos para perdoar
àquele que nos ofendeu. Ou não.
Podemos corrigir rapidamente nossos erros ou omissões em nossos
relacionamentos pessoais quando
nos damos conta disso. Ou não nos
corrigir.
Assim como vocês, eu sei o que
significa fazer correções essenciais.
Lembro-me de um dia em que, sem a
menor intenção, ofendi uma irmã da
minha ala. Eu precisava resolver esse
assunto, mas devo admitir que meu
orgulho me impediu de aproximarme dela para pedir desculpas. Família,
outros compromissos, etc., acabaram
fazendo-me adiar o arrependimento.
Eu tinha certeza de que as coisas se
resolveriam por si mesmas. Mas não
foi o que aconteceu.
Na quietude da noite — não de
uma noite, mas de várias —, acordei
com a nítida sensação de que não
estava agindo da forma que o Senhor
gostaria que eu agisse. Não estava
agindo conforme a minha fé em que
Seus braços de misericórdia estavam
realmente estendidos para mim —
se eu agisse da maneira correta. Orei
pedindo força e coragem, humilheime e fui até a casa da irmã e lhe pedi
perdão. Para nós duas, foi uma bela
experiência que nos curou.
Às vezes, conseguimos corrigir-nos
rapidamente, como quando estamos
saindo apressadas da capela após uma
reunião da Igreja, e de repente voltamos só para cumprimentar uma irmã
solitária que nós sabemos que vai
ficar conversando conosco um longo
tempo. Muitas vezes, será uma atitude
de longo prazo de sobrepujar ressentimentos por membros da família que
não têm consideração — ao passo
que nós estamos sempre tentando
construir bons relacionamentos.
Freqüentemente essas atitudes de
autocorreção, que são momentos
cruciais de arrependimento, “[produzem] um fruto pacífico de justiça”.11
Buscar esse fruto pacífico de justiça não é senão agir como as mulheres da belíssima obra de arte de
Minerva Teichert, estendendo os braços no anseio de aproximarem-se do
Salvador e adorá-Lo, pois sabemos
que Ele estende “o braço de misericórdia aos que nele confiam”.12 Como
essa gloriosa promessa é verdadeira,
para onde mais poderíamos olhar?
A quem mais poderíamos buscar ou
a quem mais poderíamos vir senão
a Jesus Cristo, a Luz do mundo, o
Cordeiro de Deus, o nosso Messias?
Eu sei que “o Filho da Retidão se
levantará com poder de cura em suas
asas”13 não somente para certa mulher
com um fluxo de sangue, mas também para cada uma de nós. Ele nos
guiará, abençoará e reunirá, se decidirmos vir a Ele. Que façamos isso
todos os dias de nossa vida.
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. 2 Néfi 1:15.
2. Hebreus 12:2
3. 3 Néfi 9:14.
4. 3 Néfi 10:6.
5. Marcos 5:25.
6. Lucas 8:43–48.
7. Tiago 1:6.
8. Morôni 7:46.
9. Ver Morôni 8:17.
10. “Mórmon Deveria Significar ‘Muito Bom’”,
A Liahona, jan. 1991, p. 64.
11. Hebreus 12:11.
12. Mosias 29:20.
13. 3 Néfi 25:2, Malaquias 4:2.
Nos Braços
de Seu Amor
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY
Esta é a melhor organização de mulheres no mundo todo.
Foi criada por instrução Divina.
Q
ueridas irmãs, para mim é uma
oportunidade notável falar a
vocês nesta grande conferência
da Sociedade de Socorro. Hoje ouvimos discursos maravilhosos feitos por
mulheres de grande fé e habilidade.
Quero que as irmãs da presidência
da Sociedade de Socorro saibam
que temos total confiança nelas. Nós
as temos em alto conceito. Somos
gratos pelo tema que escolheram,
tirado do Livro de Mórmon, de 2 Néfi:
“Eternamente Envolvidas pelos Braços
de Seu Amor” (ver 2 Néfi 1:15). As
mulheres da Sociedade de Socorro
estão literalmente envolvidas eternamente pelos braços de nosso Senhor.
Em minha opinião, esta é a melhor
organização de mulheres no mundo
todo. Foi criada por instrução Divina.
Joseph Smith falou e agiu como profeta ao organizar a Sociedade de
Socorro em 1842. Nessa época ele
disse: “A organização da Igreja de
Cristo só ficou perfeita quando as
mulheres se organizaram” (Sarah M.
Kimball, “Early Relief Society
Reminiscences”, 17 de março de
1882, Registros da Sociedade de
Socorro, 1880, p. 92, Arquivos de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, p. 30).
Hoje, o número de irmãs da
Sociedade de Socorro chega a aproximadamente cinco milhões. Ela está
organizada em muitas nações e ensina
em muitos idiomas. Dela fazem parte
todas as mulheres da Igreja de 18 anos
ou mais. Entre elas há jovens solteiras,
mulheres que nunca se casaram; viúvas e divorciadas, mulheres que têm
marido e família, e mulheres idosas,
dentre as quais muitas perderam o
companheiro eterno.
Um amigo, que não é de nossa fé,
certa vez me disse: “Dizem que SUD
quer dizer serviço, união e devoção”.
Mas o que quer dizer Sociedade de
Socorro? O que significa? Vou tentar
falar um pouco disso.
Sociedade de Socorro quer dizer
amor. É admirável observar o amor
que as bondosas mulheres têm umas
pelas outras. Elas se unem em laços
de amor, amizade e respeito mútuos.
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
115
Essa organização, na verdade, é o
único recurso de que muitas mulheres dispõem para fazer amigas.
As mulheres têm o instinto natural
de estender a mão com amor aos aflitos e necessitados. O programa de
bem-estar da Igreja é fundamentado
no sacerdócio, mas não funcionaria
sem a Sociedade de Socorro.
A Sociedade de Socorro apóia a
educação. Toda mulher da Igreja tem
a obrigação de estudar o máximo que
puder. Com os estudos sua vida ficará
melhor e elas terão mais oportunidades. Elas passarão a ter habilidades
valorizadas no mercado de trabalho,
caso necessitem.
Recebi, na semana passada, uma
carta de uma mãe que cria os filhos
sozinha e gostaria de ler um trecho
para vocês. Ela diz o seguinte:
“Faz 10 anos que o senhor citou
nossa família na conferência de outubro de 1996. (…) Os conselhos e o
incentivo que o senhor deu a mim e a
outras mulheres sozinhas serviram de
padrão para minha vida diária. A frase
que se transformou em meu lema e
emblema é: ‘Dê o melhor de si’ e, na
verdade, é isso que meus filhos e eu
estamos tentando fazer.
Meus quatro filhos homens
formaram-se no curso médio e no
Seminário. Dois deles serviram como
116
missionários de tempo integral. Todos
nós trabalhamos para nos sustentar e
continuamos leais e fiéis ao evangelho. É maravilhosa a sensação de saber
que conseguimos sustentar-nos sozinhos durante os últimos anos. (…) De
certa forma, sentimo-nos realizados
quando voltamos a ser independentes
e sustentamos a própria família. (…)
Também fiquei animada ao voltar
para a faculdade. É muito difícil trabalhar em tempo integral e estudar à
noite. Com isso, minha visão de vida
se ampliou e passei a ser uma pessoa
melhor. Minha família, os membros
da ala e os colegas de trabalho me
dão muito apoio, e minha formatura
será em dezembro.
Depois de ponderar, jejuar e orar a
respeito de minha bênção patriarcal,
consegui traçar algumas metas realistas para a vida, e usei-as como um
mapa rodoviário, para manter-me
no rumo certo e seguir os princípios
do evangelho. Vou às reuniões, oro
todos os dias e pago o dízimo. (…)
Levo muito a sério o meu chamado
de professora visitante. (…)
A Igreja é verdadeira e é uma
honra e um privilégio ser considerada digna e ter a bênção de ser
membro de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias. Somos
guiados pela inspiração de um Pai
Celestial que nos ama, nos conhece
e quer que tenhamos progresso e
crescimento. Agradeço por suas palavras bondosas de incentivo, ditas
há 10 anos, e pelas muitas e incessantes palavras inspiradas que vêm
diretamente do Senhor por meio
de Seus Servos. Sei que sou filha
de Deus e, em minha vida, ser
membro da Igreja do Senhor é
uma bênção.“
A Sociedade de Socorro apóia a
auto-suficiência. O melhor armazenamento de alimentos não está nos
depósitos do Bem-Estar, mas em latas
e vidros, nas casas de nosso povo.
Como é bom ver latas de trigo, arroz
e feijão guardadas debaixo da cama
e nas despensas de mulheres que
tomaram nas mãos a responsabilidade pelo bem-estar. Essa comida
pode até não ser gostosa, mas será
nutritiva, se for necessário usá-la.
A Sociedade de Socorro é sinônimo
de sacrifício. Sempre fico comovido
com um singelo poema que Anne
Campbell fez para o filho. Ela diz:
És a terra distante que não visitei
E as pérolas que nunca comprei;
És o lago azul da cor do mar
E a paz do céu longe do lar.
(“To my Child”, citado por Charles L.
Wallis (org.) em The Treasure Chest,
1965, p. 54.)
Muitas de vocês são mães. Vocês
têm a responsabilidade de cuidar de
seus filhos e educá-los. Quando ficarem mais velhas, e seus cabelos pratearem, a pergunta que farão a si
mesmas não será como eram as roupas finas que um dia usaram, os carros que dirigiram ou a casa enorme
em que moraram. Sua pergunta abrasadora será: “Como meus filhos se
saíram?”
Se eles tiverem-se saído bem,
vocês se sentirão gratas; se não, não
haverá muito consolo para vocês.
Certa vez escrevi: “Que Deus as
abençoe, mães! Quando todas as
vitórias e derrotas dos homens
forem postas na balança, quando a
poeira das batalhas da vida se assentar, quando tudo pelo que lutamos
tanto neste mundo de conquistas
se desfizer diante de nossos olhos,
vocês permanecerão, precisam permanecer, como a força para a nova
geração, o movimento contínuo de
progresso da humanidade” (One
Bright, Shining Hope, [2006], p. 18).
Há alguns anos, no Tabernáculo
de Salt Lake, o Élder Marion D.
Hanks mediou um painel de debates. Participava do painel uma jovem
hábil e de boa aparência, divorciada,
mãe de sete filhos que, na época,
tinham entre 7 e 16 anos. Ela contou
que uma noite foi entregar algo à
vizinha da frente. Escutem o que me
recordo de ouvi-la dizer:
“Quando me virei para voltar para
casa, vi as luzes acesas. Era como se
eu ainda ouvisse o eco do que meus
filhos me disseram uns minutos antes,
quando eu ia saindo:
‘— Mãe, o que vai ter para o jantar?’
‘— Me leva na biblioteca?’
‘— Tenho de comprar cartolina
ainda hoje!’
Cansada e desanimada, olhei para
a minha casa e vi cada cômodo iluminado. Pensei em todos os meus filhos,
em casa, esperando que eu chegasse
para dar-lhes o que precisavam. Senti
como se meu fardo fosse maior do
que eu poderia suportar.
Lembro-me de olhar para o céu
com lágrimas nos olhos e dizer: ‘Meu
Pai, hoje eu não agüento mais. Estou
muito cansada. Não consigo! Não vou
agüentar ir para casa e cuidar sozinha
dos meus filhos. Será que eu não
posso ir para a Tua casa e ficar com o
Senhor só hoje? Volto ao amanhecer’.
Na verdade eu não ouvi as palavras, mas a resposta veio à minha
mente: ‘Não, filhinha, não pode voltar
para Mim agora. Não iria querer voltar
para aí depois. Mas Eu posso ir para
onde você está.’”
Há muitas, tantas mães como essa
jovem, que se sentia só e em desespero, mas que felizmente teve fé no
Senhor, que podia amá-la e ajudá-la.
Sociedade de Socorro quer dizer
fé. Quer dizer dar prioridade ao que
é mais importante. Quer dizer coisas
como pagar o dízimo.
O Élder Lynn Robbins, dos Setenta,
conta esta história de um presidente
de estaca no Panamá:
Quando era rapaz e tinha acabado
de voltar da missão, encontrou a
moça com que queria se casar. Eram
felizes, mas muito pobres.
Houve uma época particularmente
difícil, em que ficaram sem alimento e
sem dinheiro. Era sábado e o armário
da cozinha estava totalmente vazio.
Rene ficou aflito ao ver a jovem esposa
passar fome. Ele decidiu que a única
opção seria usar o dinheiro do dízimo
para comprar o que comer.
Quando ele ia saindo, a mulher
o chamou e perguntou-lhe aonde
ia. Ele disse que ia comprar comida.
Ela perguntou onde arranjara o
dinheiro e ele respondeu que era o
dinheiro do dízimo. Ela disse: “Esse
é o dinheiro do Senhor! Você não
vai usá-lo para comprar comida”. A
sua fé era maior que a do marido.
Ele guardou o dinheiro e, naquela
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006
117
Irmãs em São Petersburgo, na Rússia, assistem à reunião geral da
Sociedade de Socorro.
noite, os dois foram dormir com
fome.
Na manhã seguinte, não comeram
nada e foram para a Igreja em jejum.
Rene deu o dinheiro do dízimo ao
bispo, mas, por orgulho, não disse
que passava por necessidades.
Depois das reuniões, ele e a mulher
foram a pé para casa; mas não tinham
ido muito longe quando um membro
novo os convidou à própria casa. Esse
homem era pescador e disse-lhes que
havia peixe sobrando. Embrulhou
cinco peixinhos em um jornal para
eles, e eles agradeceram. Mais adiante,
outro membro os chamou para darlhes tortillas; depois, outra pessoa os
chamou e lhes deu arroz; depois,
outro membro os viu e lhes deu feijão.
Quando chegaram a casa, tinham
alimento suficiente para duas semanas. Ficaram ainda mais surpresos
quando, ao desembrulhar os peixes,
viram dois peixes bem grandes em vez
dos cinco pequenos que pensaram ter
visto. Cortaram os peixes em postas e
armazenaram no freezer do vizinho.
Eles já prestaram testemunho muitas vezes de que, depois disso, nunca
mais passaram fome.
Queridas irmãs, todas essas qualidades maravilhosas que a Sociedade
118
de Socorro representa significam
estar eternamente envolvidas pelos
braços de Seu amor.
Isso é o que todos desejamos. Isso
é o que todos almejamos. É isso que
todos pedimos em oração.
Agora, queridas irmãs, só mais uma
coisa para encerrar: Quero lembrá-las
de que não são pessoas de menor
importância no reino de Deus. Vocês
são Sua divina criação. Os homens portam o sacerdócio. O papel de vocês é
diferente, mas também extremamente
importante. Sem vocês, o plano de felicidade do Pai se frustraria e não teria
significado real. Vocês compõem 50
por cento dos membros da Igreja, e os
outros 50 por cento são seus filhos.
Ninguém pode subestimá-las.
Recebi outro dia a carta de uma
amiga querida. O nome dela é Helen,
e seu marido chama-se Charlie. Ela
escreveu o seguinte, entre outras
coisas:
“Hoje, Charlie e eu discursamos na
reunião sacramental. No meu discurso,
citei o conselho que o senhor me deu
quando me formei no ensino médio
em Idaho Falls e pretendia ir para a
faculdade no Ricks College. O senhor
me disse que eu devia ir para a faculdade da Igreja no Havaí, onde eu teria
mais possibilidade de conhecer um
rapaz de origem chinesa para casar.
Segui o seu conselho e fui estudar
no Havaí, onde conheci Charlie e
casei-me com ele. Estamos casados há
37 anos e temos cinco filhos. Todos
eles serviram como missionários. Três
se casaram no templo do Havaí. Temos
dois filhos solteiros e esperamos que
eles logo encontrem pessoas dignas
para se casarem no templo. Temos seis
netos lindos e vamos ganhar mais dois.
Fui abençoada com um marido fiel,
que honra o seu sacerdócio e tem-se
mantido digno para servir ao Senhor
como bispo, presidente de estaca e
presidente de missão. Tive o privilégio
de apoiá-lo em todos os seus cargos
na Igreja. Fui presidente da Sociedade
de Socorro da estaca durante quase
cinco anos.
Hoje, ao contar minhas muitas
bênçãos, não pude deixar de pensar
na grande influência que o senhor
teve em minha vida. Quero que o
senhor saiba que segui o seu conselho e por isso recebi muitas bênçãos.
Agradeço a atenção que o senhor
demonstrou, acompanhando o meu
progresso quando vim de Hong
Kong para os Estados Unidos.”
É isso o que a Sociedade de
Socorro faz pelas mulheres. Dá-lhes a
oportunidade de crescer e se desenvolver. Dá-lhes a condição de rainhas
do próprio lar. Dá-lhes espaço e responsabilidades, condições para crescer e exercitar os próprios talentos.
Dá-lhes orgulho e orientação para a
vida em família. Dá-lhes mais apreço
pelo bem, por seus companheiros e
filhos eternos.
Que organização gloriosa é a
Sociedade de Socorro! Não há nada
que se compare a ela no mundo todo!
Que o Senhor abençoe cada uma
de vocês com essas qualidades divinas
que advêm de serem ativas nessa excelente organização que é a Sociedade
de Socorro. Isso rogo humildemente,
no nome sagrado de Jesus Cristo.
Amém. ■
Ensinamentos para os
Nossos Dias
A
s instruções a seguir,
para as aulas do quarto
domingo do Sacerdócio
de Melquisedeque e da
Sociedade de Socorro, substituem as contidas na publicação Informações para os
Líderes do Sacerdócio e das
Auxiliares sobre Currículo
para o período de 2005 a
2008.
As reuniões do Sacerdócio
de Melquisedeque e da
Sociedade de Socorro realizadas no quarto domingo de
cada mês continuarão a ser
dedicadas aos “Ensinamentos
para os Nossos Dias”. Todas as
aulas dos “Ensinamentos para
os Nossos Dias” terão por
base a edição de A Liahona
que traz os discursos da conferência geral mais recente.
Essas edições são publicadas
em maio e novembro. Os discursos também estão disponíveis on-line (em muitos
idiomas) no site www.lds.org.
Cada lição poderá ser
preparada com base em um
discurso, ou mais. Os presidentes de estaca e de distrito
podem escolher quais discursos devem ser usados, ou
podem delegar essa responsabilidade aos bispos e presidentes de ramo. Esses líderes
do sacerdócio devem reforçar
a importância de que tanto
os irmãos do Sacerdócio
de Melquisedeque quanto
as irmãs da Sociedade de
Socorro estudem os mesmos
discursos no mesmo domingo. Os professores devem
buscar o conselho de seus
líderes quanto a alguma
ênfase em especial.
Aqueles que participam das
aulas do quarto domingo são
incentivados a estudar e a levar
para a sala de aula a edição da
revista com os discursos da
última conferência geral.
Os líderes da ala e do ramo
devem assegurar-se de que
todos os membros tenham
acesso às revistas da Igreja.
Sugestões para Preparar
a Aula com Base nos
Discursos
• Ore para que o Espírito
Santo esteja ao seu lado ao
estudar e ao ensinar o(s)
discurso(s). Poderá haver
momentos em que você
fique tentado a deixar os
discursos de conferência
de lado e usar outros
materiais para preparar a
aula, mas são os discursos
da conferência que fazem
parte do currículo aprovado. Sua tarefa é ajudar
os outros a aprender e
viver o evangelho como
ensinado na última conferência geral da Igreja.
• Estude o(s) discurso(s)
procurando princípios e
doutrinas que atendam às
necessidades dos alunos.
Procure também histórias,
referências de escritura e
declarações que o ajudem
a ensinar os princípios e
doutrinas.
• Faça um esboço da
maneira como pretende
ensinar esses princípios e
doutrinas. Seu esboço
deve incluir perguntas que
ajudem os membros a:
–Procurar princípios e doutrinas no(s) discurso(s)
que você usar para ensinar;
–Pensar no significado dos
princípios e doutrinas;
–Falar sobre o que eles
entenderam, as idéias e
experiências que tiveram e
sobre o testemunho que
têm desses princípios e
doutrinas;
–Aplicar à própria vida
esses princípios e
doutrinas.
• Estude os capítulos 31 e
32 do manual Ensino, Não
Há Maior Chamado.
“O que mais importa é que
os alunos sintam a influência
do Espírito, aumentem sua
compreensão do evangelho,
aprendam a aplicar em sua
vida os princípios verdadeiros
e fortaleçam seu compromisso de viver o evangelho”
(Guia de Ensino, 2001, p. 12).
Envie seus comentários
sobre os “Ensinamentos
para os Nossos Dias” para:
Curriculum Development,
50 East North Temple Street,
Room 2420, Salt Lake City,
UT 84150-3220, USA; e-mail:
cur-development@ldschurch
.org. ■
Meses
Materiais para as Aulas dos Quartos
Domingos
De novembro de
2006 a abril de 2007
Discursos publicados na edição de
A Liahona de novembro de 2006*
De maio de 2007 a
outubro de 2007
Discursos publicados na edição de
A Liahona de maio de 2007*
*Esses discursos se encontram disponíveis on-line (em vários idiomas)
no site www.lds.org
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006 119
Eles Falaram
para Nós
Tornar a Conferência Parte de Nossa Vida
A
s idéias que se seguem podem
ajudá-lo em seu estudo pessoal
ou familiar, ou nas discussões
da noite familiar. (Os números entre
parênteses referem-se à página onde
o discurso começa.) A lista de histórias também pode ser-lhe útil.
a hora da conferência geral?
3. Como Paorã, no Livro de
Mórmon, não precisamos responder
com rudeza se alguém for rude
conosco. O que você deve dizer
quando alguém for rude com você?
(Dica: Procure no discurso do Élder
David A. Bednar, na página 89.)
PARA AS CRIANÇAS
Busca de Palavras
Atividades
1. Preencha os espaços em branco:
“Testifico-lhes que a Ressurreição não
é uma ______ .” (Dica: Procure no discurso do Élder Joseph B. Wirthlin,
página 28.) O que ele quis dizer com
isso? Como o testemunho da Ressurreição pode mudar sua maneira diária
de viver?
2. O que fizeram os campistas citados no discurso do Élder Jeffrey R.
Holland, quando chegou a hora da
conferência geral? (Dica: O discurso
começa na página 104.) O que
você pode fazer quando chegar
1. O Presidente James E. Faust nos
ensinou que ser um discípulo significa
obedecer ao Salvador. Ele disse: “As
bênçãos do discipulado estão prontamente disponíveis a todos os que
estão dispostos a pagar o preço”.
Dobre uma folha de papel ao meio,
para marcá-la. Em um dos lados,
escreva o que você precisa “pagar”
para ser um discípulo de Cristo, como
por exemplo, estudar as escrituras,
comparecer às reuniões da Igreja,
dizer a verdade
e ser bondoso. No outro lado, faça
uma lista das bênçãos que nos advêm
por seguirmos a Cristo, como por
exemplo, alegria, paz, proteção, orientação e relacionamentos familiares
eternos. Sempre que for necessário
fazer uma escolha entre o certo e o
errado, lembre-se da lista de bênçãos e
de como elas são preciosas para você.
2. A irmã Elaine S. Dalton disse:
“Para os jovens de nobre estirpe: voltem-se para as janelas da eternidade!
Vejam-se nos templos sagrados do
Senhor. Vejam-se levando uma vida
digna e pura. As gerações futuras
dependem de vocês!” Faça o desenho
de si mesmo próximo a um templo, ou
prenda a gravura de um templo sobre
um espelho no qual você se olhe diariamente. Lembre-se todos os dias das
metas de retidão e de como você pode
permanecer digno para atingi-las.
PARA OS JOVENS
1. Existem membros em sua classe
ou quórum que estão enfrentando
dificuldades? O que você pode fazer
para ajudar essas pessoas? Leia o que
o Presidente
Thomas S.
Monson e o
Élder Henry
B. Eyring
disseram sobre cumprir nosso dever
e cuidar do próximo (p. 56 e p. 43).
2. Leia a história que o Bispo
Richard C. Edgley contou sobre as
toalhas da pousada (p. 72). Que
exemplos de integridade você
pode compartilhar, com base
na sua própria experiência?
Decida, hoje, ser honesto em
seus relacionamentos.
3. Pondere se você também
possui essa atitude de “Aqui
H I S T Ó R I A S PA R A L E R E C O M PA R T I L H A R
FOTOGRAFIA DE ANZÓIS: TAMRA RATIETA; FOTOGRAFIA DA BOLA E PINOS DE BOLICHE © PHOTOSPIN
Nos discursos que iniciam nas páginas citadas na lista abaixo, você encontrará
boas histórias e idéias para compartilhar.
Pai e filho jogam boliche às 5h da madrugada, p. 9
Pai usa a paciência para ensinar o filho que derrubou várias
motocicletas, p. 15
O martírio de Rafael Monroy e Vincente Morales, p. 20
Diácono grava uma aula sobre o sacerdócio e leva a gravação a um
outro diácono, p. 43
Marido se sacrifica para comprar máquina de passar roupas para a
esposa, p. 46
Marcus B. Nash pega um peixe, p. 49
Menino recebe bênção do sacerdócio depois de cair do trampolim, p. 51
Sacerdote entrega os alimentos que coletou a uma mãe carente, p. 53
Menino encontra a esmeralda do rei enquanto cumpria seus deveres, p. 56
Thomas S. Monson é inspirado a visitar e abençoar um amigo enfermo, p. 56
Moças carregam Jami Palmer no colo para que participe da
caminhada, p. 62
Garçonete conversa sobre o evangelho com um motorista de
caminhão, p. 69
Richard C. Edgley devolve três toalhas que tinha levado, p. 72
Homem rico retira jornais de uma máquina automática, p. 72
Martha Paxman encontra a aliança de casamento que havia
perdido, p. 82
Companhias de carrinho de mão são resgatadas nas planícies,
p. 82
Líderes pioneiros erguem um estandarte para as nações, p. 85
Homem é inspirado a ajudar um fazendeiro cego, p. 97
Mulher escuta a transmissão da conferência durante uma
caminhada com as amigas, p. 104
Jovem mãe sente-se indigna do amor de Deus, p. 108
Mulher é inspirada a visitar uma irmã da Sociedade de Socorro
que se achava inconsolável, p. 113
Anne C. Pingree pede o perdão de alguém a quem ofendeu,
p. 113
Mãe que cria sozinha sete filhos ora para ter uma noite
de descanso, p. 115
Jovem casal paga o dízimo e não passa fome, p. 115
estou, agora me inspirem”. Se a resposta for positiva, como você pode
mudá-la? Examine o discurso feito
pelo presidente geral da Escola
Dominical, A. Roger Merrill, sobre
como apreender mais dos discursos e
lições (p. 92).
4. Quais os males que você precisa
evitar para não ser “tirado de uma
vida feliz, centralizada no evangelho”?
que as próximas gerações se lembrem dos pioneiros? O que devemos fazer para honrar nossa
“herança” — sacrifícios fiéis feitos
pelos primeiros santos dos últimos
dias? O que podemos fazer para edificar sobre o trabalho iniciado por
eles? (p. 82)
2. Como o entendimento
sobre a Expiação influenciou a maneira de viver do
Élder Joseph B. Wirthlin e
de sua esposa? (p. 28) De
que forma esse entendimento consolou o Élder
Wirthlin após o falecimento da
esposa? Considere a possibilidade
de compartilhar o discurso do Élder
Wirthlin com alguém que tenha
perdido um ente querido.
3. Leia a história contada pelo
Élder Robert C. Oaks sobre o rapaz
que derrubou a fileira de motocicletas
(p. 15). Como reagiu o pai do rapaz?
De que maneira podemos ser mais
pacientes com nossos familiares e
outras pessoas? Quais foram
as quatro sugestões que
o Élder Oaks fez para
nos tornarmos mais
pacientes? ■
Leia sobre o
“anzol” por trás
da isca, no discurso proferido pelo
Élder Marcus B. Nash,
na página 49.
PARA OS ADULTOS
1. Por que o Presidente
Gordon B. Hinckley espera
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006 121
Guia de Recursos para
o Sacerdócio Aarônico
e Moças
O
s recursos a seguir podem ser
usados para suplementar, não
substituir, as aulas do Sacerdócio
Aarônico, Manual 2, e Moças,
Manual 2. Nas referências, Dever
para com Deus é usado para indicar
os livretos do Sacerdócio Aarônico:
Cumprir Nosso Dever para com
Deus. Progresso Pessoal significa o
livreto Progresso Pessoal das Moças.
Algumas atividades dos manuais
Dever para com Deus e Progresso
Pessoal podem ser feitas durante as
aulas, ou você pode incentivar os
membros do quórum ou da classe a
fazê-las em casa. Outras sugestões
didáticas encontram-se na página 1 da
revista A Liahona e no manual
Ensino, Não Há Maior Chamado.
Rogamos que as aulas sejam
ministradas na ordem em que foram
impressas. O manual não inclui uma
aula específica para a Páscoa. Se quiser dar uma aula especial para a
Páscoa, sugerimos usar escrituras,
discursos de conferência, artigos
de A Liahona, gravuras e hinos que
evidenciem a vida e a missão do
Salvador.
Para encontrar versões dos guias
de recursos em idiomas diferentes do
inglês, visite o site www.lds.org, clique no mapa-múndi e selecione o
idioma desejado. Clique sobre
“Revistas da Igreja” e depois sobre a
edição de novembro de 2006. A versão em inglês dos guias de recursos
pode ser encontrada no site
www.lds.org, clicando sobre “Gospel
Library”. Existem links para os guias
de recursos mais recentes na coluna à
direita.
Futuros guias de recursos serão
impressos nas edições de maio de e
novembro de A Liahona. As revistas
da Igreja (para alguns idiomas)
podem ser vistas on-line, no site
www.lds.org.
Guia de Recursos
para Moças –
Manual 2
Para ser usado em 2007: Lições de
1 a 25
Lição 1: Achegar-se a Jesus Cristo
Gordon B. Hinckley, “Nestes Três
122
Creio”, A Liahona, julho de 2006,
p. 2. Use as seções desse artigo sobre
Jesus Cristo para complementar
“Cada Jovem Precisa Conhecer Jesus
Cristo”.
Dieter F. Uchtdorf, “Qualidades
Cristãs — O Vento Debaixo de Nossas
Asas”, A Liahona, novembro de 2005,
p. 100. Use os três últimos parágrafos
do artigo para encerrar o debate a
respeito de tornar-nos como Cristo.
Keith B. McMullin, “Só por em Ti,
Jesus, Pensar”, A Liahona, maio de
2004, p. 33. Use o artigo para suplementar a seção “Por Meio dos
Próprios Esforços, uma Jovem Pode
Aproximar-se Mais do Salvador”.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Fé”, nº 5.
Lição 2: Dons Espirituais
Julie B. Beck, “Uma Torrente de
Bênçãos”, A Liahona, maio de 2006,
p. 11. Use como um exemplo do dom
de curar.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Valor Individual”, nº 7.
Lição 3: Edificar o Reino de Deus
Stephen B. Oveson e Dixie
Randall Oveson, “Consagração
Pessoal”, A Liahona, setembro de
2005, p. 16. Use o artigo com “O
Sacrifício Ajuda a Nos Prepararmos
para Viver na Presença de Deus”.
Kathleen H. Hughes, “Para Que
Todas Nós Nos Sentemos Juntas no
Céu”, A Liahona, novembro de 2005,
p. 110. Use exemplos do artigo para
ilustrar alguns meios de nos sacrificarmos pela Igreja.
Lição 4: A Obediência aos
Mandamentos Ajuda-nos a Cumprir
Nossas Funções Divinas
Gordon B. Hinckley, “Como
Posso Tornar-me a Mulher Que
Sempre Quis Ser?”, A Liahona, julho
de 2001, p. 112. Use o artigo durante
toda a aula, para explicar o valor
divino.
Jeffrey R. Holland, “Para as
Moças”, A Liahona, novembro de
2005, p. 28. Use o conselho do Élder
Holland sobre como ser uma mulher
que segue a Cristo, para ressaltar a
seção a respeito da obediência aos
mandamentos.
Elaine S. Dalton, “Prosseguir e
Ser Firmes”, A Liahona, maio de
2003, p. 105. Use as histórias desse
artigo para ilustrar como fazer para
cumprir papéis divinos.
Progresso Pessoal, “Experiências
do Valor: Natureza Divina”, nº 2.
Lição 5: O Ambiente do Lar
Susan W. Tanner, “Fortalecer as
Futuras Mães”, A Liahona, junho de
2005, p. 16. Inclua os cinco pontos
para mostrar como as moças podem
aprimorar o ambiente do lar.
Julie B. Beck, “Coração de Mãe”,
A Liahona, maio de 2004, p. 75. Use
o artigo durante o debate sobre o
papel de mãe.
Progresso Pessoal, “Experiências
do Valor: Natureza Divina”, nº 3.
Lição 6: Participar do Trabalho
da Casa
L. Tom Perry, “Uma Solene
Responsabilidade de Amar e Cuidar
Uns dos Outros”, A Liahona, junho
de 2006, p. 56. Use a seção intitulada
“Envolver os Membros da Família”no
início da lição.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Boas Obras”, nº 1.
Lição 7: Viver em Amor e Harmonia
Susan W. Tanner, “Já Lhe
Contei...?”, A Liahona, maio de 2003,
p. 73. Considere a possibilidade de
usar o artigo no início da aula.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Valor Individual”, nº 3.
Lição 8: Desenvolver a Habilidade
de Comunicar-se
“Perguntas e Respostas”,
A Liahona, fevereiro de 2004, p. 30.
Use as sugestões feitas no início do
artigo para enriquecer a seção
“Podemos Ajudar a Melhorar a
Comunicação em Nossa Família”,
desta aula.
Progresso Pessoal, “Padrões para
o Vigor da Juventude: Linguagem”.
Lição 9: A Jovem como Pacificadora
do Lar
Susan W. Tanner, “Eu Sou a Luz
Que Levantareis” A Liahona, maio de
2006, p. 103. Considere a possibilidade de usar a história de Raluca em
vez da história desta lição.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Natureza Divina”, nº 7.
Lição 10: O Sacerdócio: Uma
Grande Bênção
James E. Faust, “A Restauração de
Todas as Coisas” A Liahona, maio de
2006, p. 61. Use no início da aula.
Julie B. Beck, “Uma Torrente de
Bênçãos” A Liahona, maio de 2006,
p. 11. Use quando fizer a lista das
bênçãos recebidas por meio do
sacerdócio.
Lição 11: Apreciar o Bispo
Gordon B. Hinckley, “Os Pastores
de Israel”, A Liahona, novembro de
2003, p. 60. Substitua a primeira
citação da aula pela descrição dos bispos feita pelo Presidente Hinckley.
Lição 12: Bênçãos Paternas
L. Tom Perry, “Paternidade, um
Chamado Eterno”, A Liahona, maio
de 2004, p. 69. Coloque em discussão
a seção “Os Papéis do Pai” com a
parte da aula intitulada “O Pai Pode
Abençoar os Filhos por Meio do
Sacerdócio”.
Merrill J. Bateman, “O Sacerdócio,
as Chaves, e o Poder de Abençoar”,
A Liahona, novembro de 2003, p. 50.
Considere a possibilidade de incluir a
história de Michael, contada pelo
Élder Bateman nesse artigo, quando
discutir as bênçãos de ir à escola.
Lição 13: Bênçãos Patriarcais
Julie B. Beck, “Vocês Têm um
Nobre Legado” A Liahona, maio de
2006, p. 106. Incorpore o conselho
que a irmã Beck deu sobre as bênçãos patriarcais nas citações lidas em
voz alta.
“A Respeito da Bênção Patriarcal”,
A Liahona, março de 2004, p. 18. Use
as respostas desse artigo para responder às perguntas que as jovens possam fazer sobre a bênção patriarcal.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Valor Individual”, nº 6.
Lição 14: As Bênçãos do Templo
Russell M. Nelson, “Os Jovens
Adultos e o Templo”, A Liahona, fevereiro de 2006, p. 10. Enriqueça a discussão sobre revelação com a seção
desse artigo intitulada “Revelação
Contínua”.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Integridade”, nº 1.
Lição 15: Casamento no Templo
Gordon B. Hinckley, “O
Casamento Que Perdura”, A Liahona,
julho de 2003, p. 2. Considere a possibilidade de substituir a história de
LeGrand Richards, na p. 56, pela
seção “Casar Direito e Viver Direito”,
desse artigo.
Robert D. Hales, “Preparar-se para
um Casamento Celestial”, A Liahona,
fevereiro de 2006, p. 16. Inclua o conselho do Élder Hales sobre estabelecer
um curso eterno, para concluir a aula.
Lição 16: Diários
Gordon B. Hinckley, “Buscai o
Reino de Deus” A Liahona, maio de
2006, p. 81. Selecione alguns trechos
dos registros feitos no diário do
Presidente Hinckley e leia-os na seção
sobre o conselho profético a respeito
dos diários, mencionado na lição.
Lição 17: Manter Registros da
História da Família
James E. Faust, “O Fenômeno
Que É Você”, A Liahona, novembro
de 2003, p. 53. Relate as histórias do
Presidente Faust para ressaltar o
propósito da história da família citado
na primeira seção da aula.
Boyd K. Packer, “Sua História
Familiar — Como Começar”,
A Liahona, agosto de 2003, p. 12.
Use a seção “Como Começar”, desse
artigo, como suplemento de “Os
Registros Familiares Começam com
um Gráfico de Linhagem e um
Registro de Grupo Familiar”.
Henry B. Eyring, “Corações
Unidos”, A Liahona, maio de 2005,
p. 77. Use o artigo como introdução
para a seção da aula intitulada “Você
Pode Ser um Elo em Sua Corrente
de Ancestrais”.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Valor Individual”, nº 5.
Lição 18: Uma Herança de Boas
Tradições
Ronald A. Rasband, “Nossa
Nova Geração”, A Liahona, maio de
2006, p. 46. Inclua a história sobre o
batismo pelos mortos à história do
Presidente Kimball.
H. Ross Workman, “Romper
os Grilhões do Pecado”, A Liahona,
julho de 2006, p. 36. Use a discussão
sobre liberdade versus cativeiro, feita
pelo Élder Workman, na seção
“Distinguir entre a Retidão e as
Tradições do Mundo”.
Lição 19: Preparar-se para Ensinar
Outras Pessoas
M. Russell Ballard, “Criar um
Lar Que Transmite o Evangelho”,
A Liahona, maio de 2006, p. 84.
Considere a possibilidade de falar
sobre as idéias desse artigo na seção
“Podemos Desenvolver Habilidades
Que Nos Ajudarão a Ensinar o
Evangelho” desta lição.
M. Russell Ballard, “Mais Um”,
A Liahona, maio de 2005, p. 69.
Inclua a lista de desejos do CTM,
citada no artigo, depois da representação da introdução da aula.
Shanna Butler, Adam C. Olson, e
Roger Terry, “Pregar Seu Evangelho”,
A Liahona, setembro de 2005, p. 10.
Use as idéias da seção “Preparar-se,
Preparar-se, Preparar-se”, do artigo,
para reforçar a aplicação mencionada
na aula.
Lição 20: Compartilhar o
Evangelho
Thomas S. Monson, “O Profeta
Joseph Smith: Mestre pelo Exemplo”,
A Liahona, novembro de 2005, p. 67.
Use os princípios de caráter do
Presidente Monson para enriquecer o
debate a respeito da importância do
exemplo na obra missionária.
Dallin H. Oaks, “Compartilhar o
Evangelho”, A Liahona, janeiro de
2002, p. 7. Use a seção “Como Fazêlo” desse artigo para suplementar a
discussão sobre como uma moça
se prepara para compartilhar o
evangelho.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Boas Obras”, nº 7.
Lição 21: Apoiar os Missionários
por Cartas
David A. Bednar, “Tornar-se um
Missionário”, A Liahona, novembro
de 2005, p. 44. Use as seções mais
adequadas do artigo durante o
debate sobre as responsabilidades de
um missionário.
Lição 22: Aconselhar-se com o
Senhor
Joseph B. Wirthlin, “Como
Melhorar Nossas Orações”,
A Liahona, agosto de 2004, p. 16.
Use a seção “Um Padrão para a
Oração”, desse artigo, durante o
debate sobre a oração.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Fé”, nº 1.
Lição 23: O Jejum Traz Bênçãos
Joseph B. Wirthlin, “A Lei do
Jejum”, A Liahona, julho de 2001,
p. 88. Use o artigo para suplementar
as respostas das moças com relação
ao jejum.
Ronald T. Halverson, “As Chuvas
do Céu”, A Liahona, agosto de 2004,
p. 42. Considere a possibilidade de
usar a história desse artigo em vez de
usar a história de Matthew Cowley.
Progresso Pessoal, “Experiências
com o Valor: Integridade”, nº 6.
Lição 24: A Revelação na Vida
Diária
James E. Faust, “Comunhão com
o Santo Espírito”, A Liahona, março
de 2002, p. 2. Na segunda seção da
aula, use a discussão feita pelo
Presidente Faust sobre como receber
revelação pessoal.
Dallin H. Oaks, “Oito Propósitos
da Revelação”, A Liahona, setembro
de 2004, p. 8. Use os oito propósitos
mencionados no artigo como encerramento da lição.
Lição 25: A Lei do Sacrifício
M. Russell Ballard, “A Lei do
Sacrifício”, A Liahona, março de
2002, p. 10. Use o artigo para suplementar a primeira parte da lição.
Won Yong Ko, “O Sacrifício É uma
Alegria e uma Bênção”, A Liahona,
novembro de 2005, p. 92. Use este
artigo no encerramento da aula,
como exemplo de como o sacrifício
traz bênçãos.
Guia de Recursos
para Sacerdócio
Aarônico - Manual 2
Para ser usado em 2007: Lições de
1 a 25
Lição 1: Quem Sou Eu?
James E. Faust, “Quem Vocês
Pensam Que São? — Uma Mensagem
para os Jovens”, A Liahona, junho
de 2001, p. 2. Use o artigo para
suplementar partes adequadas
da lição.
Joseph B. Wirthlin, “Crescer no
Sacerdócio”, A Liahona, janeiro de
2000, 45. Use o artigo para ajudar
durante a discussão sobre como tornar-se como nosso Pai Celestial.
Dever para com Deus
(Sacerdote), “Desenvolvimento
Educacional, Pessoal e Profissional”,
nº 7.
Lição 2: Conhecer Nosso Pai
Celestial
Gordon B. Hinckley,
“Pensamentos Inspiradores”,
A Liahona, março de 2006, p. 2.
Use a seção “Crer em Deus” para iniciar a aula. Use “Um Sacerdócio Real”
e “Ser Leais à Igreja” com a seção
sobre as responsabilidades do sacerdócio, prevista na aula.
James E. Faust, “Que Te
Conheçam, a Ti Só, por Único
Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo”,
A Liahona, fevereiro de 1999, p. 2.
Use o artigo como suplemento
durante toda a aula.
Elaine S. Dalton, “Ele Conhece
Vocês pelo Nome”, A Liahona, maio
de 2005, p. 109. Use o artigo para
suplementar a seção a respeito de
como Deus conhece cada um pelo
nome.
Lição 3: Fé em Jesus Cristo
Gordon B. Hinckley, “Nestes
Três Creio”, A Liahona, julho de
2006, p. 2. Use para suplementar
“Devemos Ter Fé em Jesus Cristo”,
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006 123
no início da lição.
Earl C. Tingey, “O Grande Plano
de Felicidade”, A Liahona, maio de
2006, p. 72. Use este artigo para explicar a Expiação.
“Do Jardim ao Túmulo Vazio”,
A Liahona, abril de 2006, p. 8. Use
para suplementar o debate sobre a
Expiação.
Dever para com Deus
(Diácono), “Desenvolvimento
Espiritual”, nº 1 e 2.
Lição 4: A Companhia do Espírito
Santo
Joseph B. Wirthlin, “O
Indescritível Dom”, A Liahona, maio
de 2003, p. 26. Use o artigo para
explicar o dom do Espírito Santo e
como ele age.
David A. Bednar, “Para Que
Possamos Ter Sempre Conosco
o Seu Espírito”, A Liahona, maio
de 2006, p. 28. Use esse artigo
como suplemento durante toda
a lição.
Carlos E. Asay, “A Companhia do
Espírito Santo” A Liahona, agosto de
1988, p. 34. Use os passos descritos
pelo Élder Asay para explicar o que
devemos fazer para ter o Espírito
conosco.
Lição 5: Livre-Arbítrio
Robert D. Hales, “Agir por Nós
Mesmos: O Dom e as Bênçãos do
Arbítrio,” A Liahona, maio de 2006,
p. 4. Use no início da lição para explicar o que é arbítrio.
Wolfgang H. Paul, “O Dom do
Arbítrio”, A Liahona, maio de 2006,
p. 34. Use como suplemento durante
toda a lição.
“Mantenha-se Livre”, A Liahona,
fevereiro de 2003, p. 33.
Lição 6: Serviço Cristão
Gordon B. Hinckley, “A
Necessidade de Mais Bondade”,
124
A Liahona, maio de 2006, p. 58.
Use os exemplos de bondade citados
pelo Presidente Hinckley para suplementar a lição.
Joseph B. Wirthlin, “A Virtude da
Bondade”, A Liahona, maio de 2005,
p. 26. Use os exemplos de bondade
citados pelo Élder Wirthlin no início
da lição.
Dever para com Deus (Mestre),
“Desenvolvimento Comunitário e
Social”, nº 3; (Sacerdote),
”Desenvolvimento Espiritual”, nº 9.
Lição 7: A Importância Eterna das
Famílias
Thomas S. Monson, “Tornar-nos
o Melhor Que Pudermos Ser”,
A Liahona, abril de 2006, p. 2. Ao
abrir o debate sobre o que os membros da classe aprenderam com
sua família, leia a seção intitulada
“Escolher o Caminho da Família”.
M. Russell Ballard, “O Mais
Importante É o Que É Duradouro”,
A Liahona, novembro de 2005, p. 41.
Use o artigo para suplementar a introdução da aula.
Ronald A. Rasband, “Nossa
Nova Geração”, A Liahona, maio
de 2006, p. 46. Inicie a aula relatando
a experiência que o Élder Rasband
e sua família tiveram em Preston,
Inglaterra.
Dever para com Deus
(Diácono), “Desenvolvimento
Comunitário e Social”, nº 4.
Lição 8: Espiritualidade
Dieter F. Uchtdorf, “Com Asas
de Águia”, A Liahona, julho de 2006,
p. 14. Use a seção do artigo “É Preciso
Aprender a Controlar-se” para suplementar a história e o debate.
“Despojar-nos do Homem
Natural”, A Liahona, julho de 2006,
p. 30. Use como suplemento durante
toda a lição.
Lição 9: O Arrependimento e a
Expiação de Jesus Cristo
Boyd K. Packer, “Não Mais Me
Lembro de Seus Pecados”, A Liahona,
maio de 2006, p. 25. Use como suplemento ao abrir o debate sobre Alma
e Coriânton.
Jeffrey R. Holland, “Consertar
o Que Está Quebrado”, A Liahona,
maio de 2006, p. 69. Use o segundo
ponto citado pelo Élder Holland,
sobre como vir a Cristo, para iniciar
a apresentação do tema
arrependimento.
Richard G. Hinckley,
“Arrependimento, uma Bênção para
os Membros”, A Liahona, maio de
2006, p. 48. Considere a possibilidade
de usar a história sobre o arrependimento de uma pesquisadora, em vez
da história da lição.
Lição 10: Estudar as Escrituras
L. Tom Perry, “Bênçãos
Decorrentes da Leitura do Livro de
Mórmon”, A Liahona, novembro de
2005, p. 6. Use o artigo para suplementar o debate sobre Néfi, Leí e as
placas de latão.
Dever para com Deus (Diácono,
Mestre, Sacerdote), “Atividades em
Família”, nº 1.
Lição 11: Satanás e Suas Tentações
James E. Faust, “A Voz do
Espírito”, A Liahona, junho de 2006,
p. 2. Use a seção “Ouvir Vozes Justas”
quando colocar em debate as maneiras de resistir a Satanás.
Dallin H. Oaks, “Para Que Não
Sejais Enganados”, A Liahona,
novembro de 2004, p. 43. Use a discussão feita pelo Élder Oaks sobre os
métodos de Satanás para nos enganar, durante a seção “A Obra de
Satanás É Destruir-Nos”.
Dever para com Deus (Mestre),
“Desenvolvimento Espiritual”, nº 5.
Lição 12: Oração
Joseph B. Wirthlin, “Como
Melhorar Nossas Orações”,
A Liahona, agosto de 2004, p. 16.
Considere a possibilidade de usar a
seção “Um Padrão para a Oração” no
lugar da história proposta no início
da aula.
Dever para com Deus (Diácono,
Mestre, Sacerdote), “Deveres e
Padrões do Sacerdócio”, nº 3.
Lição 13: Jejum
Carl B. Pratt, “As Bênçãos de um
Jejum Adequado”, A Liahona, novembro de 2004, p. 47. Use as descrições
de jejum feitas pelo Élder Pratt
quando for discutir “O Jejum É Mais
do Que Ficar Sem Comer”.
Ronald T. Halverson, “As Chuvas
do Céu”, A Liahona, agosto de 2004,
p. 42. Considere a possibilidade de
usar o artigo no lugar de uma das
histórias sobre jejum.
Dever para com Deus (Diácono),
“Atividades do Quórum”, nº 2.
Lição 14: Obediência a Deus
Henry B. Eyring, “Preparação
Espiritual: Começar Cedo e Ser
Constante”, A Liahona, novembro
de 2005, p. 37. Coloque em debate
as maneiras apresentadas pelo
Élder Eyring pelas quais podemos
nos preparar agora, com a seção
“A Obediência Traz Liberdade e
Felicidade”, desta lição.
Dever para com Deus
(Sacerdote), “Atividades em Família”,
nº 1.
Lição 15: Exaltação por meio da
Obediência aos Convênios
Richard J. Maynes, “Guardar
Nossos Convênios”, A Liahona,
novembro de 2004, p. 92. Na discussão prevista nesta lição, sobre guardar
convênios, inclua o exemplo dos
amonitas.
Dever para com Deus
(Sacerdote), “Atividades do Quórum”,
nº 1.
Lição 16: Dízimo e Ofertas
Earl C. Tingey, “Estabelecer
Padrões Eternos”, A Liahona, outubro de 2004, p. 20. Considere a possibilidade de usar a discussão do artigo
a respeito de dízimos e ofertas como
introdução da seção “Devemos
Aprender a Pagar o Dízimo e as
Ofertas”.
Stephen B. Oveson e Dixie
Randall Oveson, “Consagração
Pessoal”, A Liahona, setembro de
2005, p. 16. Use a seção “Mais do Que
o Dízimo”, nesse artigo, antes de contar a história do Presidente Packer
citada na introdução da aula.
Kathleen H. Hughes, “De
Pequenas Coisas”, A Liahona, novembro de 2004, p. 109. Inicie a seção
prevista na aula, sobre as bênçãos do
dízimo, com a seção correspondente
nesse artigo.
Dever para com Deus
(Diácono), “Deveres e Padrões do
Sacerdócio”, nº. 7 e 9; (Mestre,
Sacerdote), ”Deveres e Padrões do
Sacerdócio”, nº 8.
Lição 17: Bênçãos Patriarcais
Julie B. Beck, “Vocês Têm um
Nobre Legado”, A Liahona, maio de
2006, p. 106. Inclua o conselho da
irmã Beck sobre preparar-se para
receber uma bênção patriarcal
quando for responder a pergunta nº
8 do questionário.
“A Respeito da Bênção Patriarcal”,
A Liahona, março de 2004, p. 18.
Presidência Geral das Auxiliares
ESCOLA DOMINICAL
Use as informações desse artigo para
suplementar as respostas do
questionário.
Dever para com Deus
(Sacerdote), “Atividades em Família”,
nº 3.
Lição 18: Deveres de um Mestre no
Sacerdócio Aarônico
“A Restauração do Sacerdócio”,
A Liahona, abril de 2004, p. 30. Use
a discussão desse artigo sobre os
deveres de um mestre para aprimorar a seção sobre esse assunto prevista na lição.
Dever para com Deus (Mestre),
“Desenvolvimento Espiritual”,
nº 1.
Lição 19: Um Coração Quebrantado
e um Espírito Contrito
D. Todd Christofferson, “Quando
Te Converteres”, A Liahona, maio de
2004, p. 11. Use a discussão desse
artigo, sobre um coração quebrantado e um espírito contrito, para enriquecer a seção “Uma Nova Forma de
Sacrifício”, desta aula.
Robert K. Dellenbach, “O
Sacrifício Traz as Bênçãos do Céu”,
A Liahona, novembro de 2002, p. 33.
Inclua a discussão feita no artigo
sobre o sacrifício, para enriquecer
a seção prevista nesta aula “Um
Coração Quebrantado e um Espírito
Contrito”.
Lição 20: Administrar o
Sacramento
James E. Faust, “Um Sacerdócio
Real”, A Liahona, maio de 2006, p.
50. Use a história dos diáconos descuidados na seção “Administrar o
Sacramento Reverentemente”
desta lição.
Robert C. Oaks, “Quem Segue ao
Senhor?”, A Liahona, maio de 2005,
p. 48. Use a primeira metade do
artigo para suplementar a seção
“O Sacramento É uma Ordenança
Sagrada”, desta aula.
Dever para com Deus
(Diácono), “Atividades do Quórum”,
nº 7.
Lição 21: Preparar-se para o
Sacerdócio de Melquisedeque
James E. Faust, “A Chave do
Conhecimento de Deus”, A Liahona,
novembro de 2004, p. 52. Para encerrar a aula, coloque em discussão os
três requisitos citados no artigo para
magnificar o sacerdócio.
Russell M. Nelson, “As Chaves do
Sacerdócio”, A Liahona, outubro de
2005, p. 26. Inclua a definição de
chaves feita pelo Élder Nelson
quando colocar em debate os privilégios do Sacerdócio de
Melquisedeque.
Dever para com Deus
(Sacerdote), “Atividades do Quórum”,
nº 4.
Lição 22: A Liderança Patriarcal
no Lar
James E. Faust, “O Pai Que Se
Importa”, A Liahona, setembro de
2006, p. 2. Use a seção intitulada
“Para Fortalecer o Pai” quando abrir o
debate sobre como apoiar nosso pai.
F. Melvin Hammond, “Papai, Você
Está Acordado?”, A Liahona, novembro de 2002, p. 97. Incorpore esse
artigo ao discutir as maneiras de os
rapazes se prepararem para sua
futura família.
Dever para com Deus (Mestre),
“Desenvolvimento Espiritual”, nº 11.
Lição 23: A Preparação Prática para
a Missão
Richard G. Scott, “O Poder do
Guia Pregar Meu Evangelho”, A
Liahona, maio de 2005, p. 29. Use o
artigo durante toda a aula para discutir a importância de conhecer bem o
guia Pregar Meu Evangelho.
David A. Bednar, “Tornar-se um
Missionário”, A Liahona, novembro
de 2005, p. 44. Coloque em discussão
o conselho do Élder Bednar sobre
preparar-se para a missão, no início
desta aula.
Dever para com Deus
(Diácono), “Desenvolvimento
Espiritual”, nº 9 e 10; (Mestre),
“Desenvolvimento Espiritual”, nº 8 e
9; (Sacerdote), ”Desenvolvimento
Espiritual”, nº 8.
Lição 24: As Bênçãos do Trabalho
Dieter F. Uchtdorf, “Ver o Fim
desde o Princípio”, A Liahona, maio
de 2006, p. 42. Substitua o relato
sobre a condessa pela história da
lavanderia, contada pelo Élder
Uchtdorf.
W. Rolfe Kerr, “O Servo Inútil”,
A Liahona, outubro de 2003, p. 26.
Considere a possibilidade de usar a
história da fazenda do Élder Kerr no
lugar da primeira citação da aula.
Dever para com Deus (Mestre),
“Desenvolvimento Educacional,
Pessoal e Profissional”, nº 4;
(Sacerdote), ”Desenvolvimento
Educacional, Pessoal e Profissional”,
nº 3.
Lição 25: Pureza Pessoal por meio
da Autodisciplina
James E. Faust, “O Inimigo
Interior”, A Liahona, janeiro de 2001,
p. 54. Substitua a primeira citação da
aula pela discussão feita pelo
Presidente Faust sobre nosso inimigo
interior.
Dever para com Deus (Mestre),
“Desenvolvimento Espiritual”, nº 5. ■
Daniel K. Judd
Primeiro Conselheiro
A. Roger Merrill
Presidente
William D. Oswald
Segundo Conselheiro
SOCIEDADE DE SOCORRO
Kathleen H. Hughes
Primeira Conselheira
Bonnie D. Parkin
Presidente
Anne C. Pingree
Segunda Conselheira
RAPAZES
Dean R. Burgess
Primeiro Conselheiro
Charles W. Dahlquist II
Presidente
Michael A. Neider
Segundo Conselheiro
MOÇAS
Julie B. Beck
Primeira Conselheira
Susan W. Tanner
Presidente
Elaine S. Dalton
Segunda Conselheira
PRIMÁRIA
Margaret S. Lifferth
Primeira Conselheira
Cheryl C. Lant
Presidente
Vicki F. Matsumori
Segunda Conselheira
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006 125
NOTÍCIAS
D A
I G R E J A
É Boa a Saúde do Presidente
Hinckley e Também a da Igreja
Kate McNeil, Revistas da Igreja
N
a 176ª Conferência
Geral Semestral, o
Presidente Gordon B.
Hinckley disse que tanto ele
quanto a Igreja gozam de boa
saúde.
“Sinto-me muito bem”,
disse o profeta, que tem 96
anos de idade. “Sinto-me
bem, minha saúde é relativamente boa.”
O Presidente Hinckley
citou seus médicos, que
denominaram a recuperação
da cirurgia a que se submeteu
em janeiro e o resultado do
subseqüente tratamento
como “miraculosos”. No
início de novembro, o
Presidente Hinckley se tornará o presidente mais idoso
126
na história da Igreja restaurada. O Presidente David O.
McKay (1873–1970) morreu
com 96 anos e 132 dias. O
Presidente Hinckley comemorou seu 96º aniversário
em 23 de junho passado.
Mais de 100.000 pessoas
compareceram às sessões da
conferência realizada no
Centro de Conferências em
Salt Lake City e, no mundo
inteiro, outros milhões as
assistiram. Os discursos
foram traduzidos para 85
idiomas, sendo o turco o
idioma acrescentado mais
recentemente.
Na sessão da manhã de
sábado, o Presidente
Hinckley fez um relatório
No alto: Os membros formam uma fila na Praça do Templo
para tentar participar da conferência. Acima: O Presidente
Gordon B. Hinckley e o Presidente Thomas S. Monson,
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência,
cumprimentam alguns presentes.
do progresso da Igreja. “O
Senhor está abençoando ricamente a Sua Igreja”, disse, “e
é nosso dever fazer tudo o
que pudermos para que ela
avance”.
O 123º e o 124º templos
da Igreja foram recentemente dedicados em
Sacramento, Califórnia e em
Helsinque, Finlândia. O
Presidente Hinckley informou que atualmente a Igreja
possui 6.066 sites receptores
de sinais de satélite em 83
países, comparados aos
meros 300 existentes em
1982.
O Presidente Hinckley
também explicou que o
Tabernáculo de Salt Lake,
local na Praça do Templo normalmente usado pelo Coro
do Tabernáculo para o programa semanal Música e a
Palavra Proferida, passa
atualmente por uma reforma.
O edifício será reaberto no
primeiro semestre de 2007,
explicou ele. O Coro tem realizado seu programa no
Centro de Conferências,
enquanto a reforma está em
andamento.
Na sessão da tarde de
sábado, oito membros do
Segundo Quórum dos Setenta
foram desobrigados do serviço de tempo integral como
Autoridades Gerais da Igreja.
São eles: Élderes Ronald T.
Halverson, Dale E. Miller,
H. Bryan Richards, Donald L.
Staheli, David R. Stone,
H. Bruce Stucki, Robert J.
Whetten e Richard H. Winkel.
Além disso, Erich W.
Kopischke, 49 anos, de
Frankfurt, Alemanha, foi chamado para servir como
Setenta de Área. Três Setentas
de Área também foram desobrigados no Sábado: os
Élderes César A. S. Milder,
Hyae-Kee Min e Masayuki
Nakano.
O ano 2006 marca o 150º
aniversário da chegada dos
pioneiros nas companhias de
carrinhos de mão ao Vale do
Lago Salgado.
“Sua fé é nosso legado”,
disse o Presidente Hinckley
sobre os pioneiros. “Sua fé é
um lembrete para nós do
preço que eles pagaram pelo
conforto que desfrutamos.”
Encerrando seu discurso,
disse: “[Nesta] grande causa,
mais fé é o de que nós realmente precisamos. Sem ela,
o trabalho estagnaria. Com
ela, ninguém pode parar seu
progresso”. ■
O Falecimento de Elisa
Young Rogers Wirthlin
E
lisa Young Rogers
Wirthlin, esposa do
Élder Joseph B.
Wirthlin, do Quórum dos
Doze Apóstolos, faleceu em
16 de agosto de 2006, por
causas naturais.
Recentemente, o Élder
Wirthlin comentou sobre sua
companheira eterna, na sessão da tarde de sábado da
conferência geral (ver p. 28):
“Ela era minha força e minha
alegria. Graças a ela, sou um
homem, marido e pai melhor.
(…) Devo à minha mulher
mais do que posso expressar.
Não sei se já houve algum
casamento perfeito, mas do
meu ponto de vista, acho que
o nosso era. (…) Assim como
Elisa Young Rogers Wirthlin
Elisa foi a minha maior alegria, sua morte é hoje a
minha maior tristeza”.
Elisa Rogers, a mais nova
de quatro filhos, nasceu em
22 de junho de 1919, em Salt
Lake City. O casamento dela
com o Élder Wirthlin foi realizado no Templo de Salt Lake,
em 26 de maio de 1941, por
David O. McKay, na época,
conselheiro na Primeira
Presidência. O Élder Wirthlin
foi chamado para servir como
apóstolo em 1986.
A irmã Wirthlin é descendente direta dos pioneiros de
Utah. Seu pai, Orson Madsen
Rogers, era neto de Aurélia
Spencer Rogers, a primeira
presidente da Primária, que foi
organizada em Utah, em 1878.
A mãe, Bernice Young, era
neta de Joseph Young, irmão
do Presidente Brigham Young.
Tendo-se formado na
Universidade de Utah em educação comercial, a irmã
Wirthlin trabalhou como
secretária no escritório administrativo da universidade até
ter o primeiro filho. Depois,
ajudou o marido em casa, com
seus conhecimentos de secretária, enquanto ele administrava os negócios da família.
O casal Wirthlin tem sete
filhas e um filho. Todos freqüentaram a Escola de Ensino
Fundamental Uintah, as
Escolas de Ensino Médio
Roosevelt Júnior e Escola do
Leste — as mesmas que a
irmã Wirthlin freqüentou
quando jovem. Enquanto os
filhos iam à escola, ela trabalhava ativamente na
Associação de Pais e Mestres
e, como membro de um
clube de ópera, ensinava as
crianças a gostarem desse
gênero musical.
Ela não viajou muito,
enquanto as crianças eram
pequenas, e entrou em um
avião pela primeira vez aos
cinqüenta anos de idade. A
partir dessa época, viajou a
muitos continentes, acompanhando o marido em suas
atribuições. O casal Wirthlin
morou na Alemanha por
cinco anos, onde ela desenvolveu um grande amor pelo
país e o povo alemão.
Durante o serviço que
prestou nas organizações
auxiliares da Igreja, ela ficava
profundamente comovida
quando surgiam oportunidades para ajudar famílias que
sofriam devido a doenças ou
outras necessidades. Vivendo
a filosofia de que o lugar
onde se está é o melhor lugar
para servir, ela aproveitou
todas as oportunidades para
doar de si.
Em um lugar especial em
sua casa, há uma antiga
cadeira, que a irmã Wirthlin
ganhou de sua mãe. Ela se
sentava nessa cadeira com
freqüência, para ler as escrituras ou outros materiais e
assim obter consolo, incentivo e divertimento. Outras
atividades de seu interesse
incluíam jogar tênis, tricotar
e caminhar. Ela também se
deleitava, ao lado do marido,
quando reuniam em casa os
oito filhos, os 46 netos e mais
49 bisnetos. ■
Anunciado o
Novo Tema
da Mutual
para 2007
E
m 2006, os jovens da
Igreja partilharam seus
talentos e testemunhos
ao concentrar as atividades
no tema da Mutual “Ergueivos e brilhai, para que vossa
luz seja um estandarte para as
nações” (D&C 115:5).
Para 2007, o tema está
centrado no fortalecimento
espiritual pessoal. O novo
tema da Mutual encontra-se
A L I A H O N A NOVEMBRO DE 2006 127
JOSEPH SMITH NA CADEIA DE LIBERTY © GREG OLSEN
O Profeta Joseph Smith, representado durante seu confinamento na Cadeia de Liberty, onde recebeu as revelações contidas
em Doutrina e Convênios, seções 121 e 122. O tema da Mutual para 2007 encontra-se em D&C 121:45.
em uma revelação dada ao
Profeta Joseph Smith,
durante suas horas de mais
profundo desespero, na
Cadeia de Liberty: “Que a virtude adorne teus pensamentos incessantemente; então
tua confiança se fortalecerá
na presença de Deus” (D&C
121:45).
Em uma declaração feita
em conjunto, a presidência
geral das Moças e a presidência geral dos Rapazes afirmam
que os jovens que se debatem
frente à insegurança e à
dúvida encontrarão esperança
no novo tema da Mutual. “A
confiança ‘na presença de
Deus’ é a verdadeira confiança”, diz a declaração. “Se
nos sentimos confiantes na
presença de Deus, podemos
sentir-nos confiantes perto de
qualquer pessoa.”
128
Visto que “o Senhor olha
para o coração” (I Samuel
16:7), os jovens cujos pensamentos são virtuosos sentirse-ão confiantes de que o
Senhor os aceita e muito provavelmente viverão vidas virtuosas. A presidência geral
das Moças e a presidência
geral dos Rapazes incentivam
os jovens a buscar orientação
para viver uma vida virtuosa
no livreto Para o Vigor da
Juventude (código 36550
059).
Como os jovens podem
adornar seus pensamentos
com virtude? O Presidente
James E. Faust, Segundo
Conselheiro na Primeira
Presidência, diz que “a virtude tem várias definições,
como por exemplo, excelência moral, ações e pensamentos corretos, bondade de
caráter, ou castidade”
(“Quão Próximas dos Anjos”,
A Liahona, julho de 1998,
p. 105).
“Muitas pessoas não compreendem plenamente o significado da virtude”, disse o
Presidente Faust. “Um significado que é normalmente
entendido é o de a pessoa
ser casta ou moralmente
limpa, mas a virtude, em seu
sentido pleno, abrange todas
as características da retidão
que nos ajudam a formar o
nosso caráter” (“As Virtudes
das Íntegras Filhas de Deus”,
A Liahona, maio de 2003,
p. 108).
O Élder Joseph B. Wirthlin,
do Quórum dos Doze
Apóstolos, explicou como a
retidão afeta nossa confiança:
“Quando fazemos o que é
certo, não nos intimidamos
nem hesitamos ao buscar a
orientação divina. Sabemos
que o Senhor vai responder a
nossas orações e ajudar-nos
em nossas necessidades”
(“Integridade Pessoal,” A
Liahona, julho de 1990, p. 32).
O viver virtuoso traz a
companhia do Espírito Santo,
que por sua vez traz a inspiração do Senhor e a confiança
em Sua presença.
Na carta de 1º de agosto
de 2006, que anuncia o
tema da Mutual para 2007, a
Primeira Presidência incentiva
os líderes dos Rapazes e das
Moças a enfatizar o tema nas
aberturas da Mutual e em
outras atividades dos jovens.
Outros materiais de recursos referentes ao tema estarão
disponíveis na edição de
janeiro de 2007 das revistas
A Liahona e New Era. ■
© DAVID LINN, REPRODUÇÃO PROIBIDA
A Escarpa Sagrada, de David Linn
No dia 23 de outubro de 1856, a companhia Willie de carrinhos de mão perfez
a escarpa do Rocky Ridge, 8 quilômetros de aclive, sob forte nevasca e intenso vendaval.
Embora procurassem agasalhar-se, envolvendo o corpo em cobertores, muitos morreram.
Mesmo assim, a companhia prosseguiu, movida pela esperança.
A
02269 91059
4
PORTUGUESE
3
seu filho Helamã, Alma declarou: ‘Prega-lhes arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo; ensina-os a
humilharem-se, a serem mansos e humildes de
coração; ensina-os a resistirem a todas as tentações do diabo
com sua fé no Senhor Jesus Cristo’ (Alma 37:33).” Que o Senhor
nos abençoe com fé na grande causa da qual somos parte. Que
a fé seja como uma vela para guiar-nos à noite com sua luz.
Que ela siga diante de nós como uma nuvem para guiar-nos
durante o dia”, disse o Presidente Gordon B. Hinckley durante
a sessão da manhã de domingo da 176ª Conferência Geral
Semestral.

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