Apnéia do Sono e suas repercussões

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Apnéia do Sono e suas repercussões
Apnéia do Sono e
suas repercussões
O nome pode parecer familiar, mas os problemas que a
doença acarreta vão muito além de uma noite mal dormida
ou de reclamações sobre o ronco. A síndrome da Apnéia
– Hipopnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS), uma parada
da passagem do ar pelas vias aéreas superiores, atinge
9% da população masculina e 4% da população feminina
entre 30 e 60 anos, sendo considerada um problema de
saúde pública. E não é só isso: a doença pode deixar um
saldo de complicações que vão de arritmias cardíacas
a variações da pressão arterial sistêmica e pulmonar. O
médico otorrinolaringologista Dr. Antonio José de Moraes
Olivetti (CRM 23291) traz mais detalhes sobre o tema:
Dr. Jornal - O que é a síndrome
da Apnéia Obstrutiva do sono?
(SAOS). Quais os seus tipos?
Dr. Olivetti - A síndrome da Apnéia
– Hipopnéia Obstrutiva do Sono
(SAHOS) - é uma doença crônica,
evolutiva com alta taxa de morbidade e
mortalidade, apresentando um cortejo
sintomático polimorfo que vai desde
o ronco até a sonolência excessiva
diurna, com graves repercussões
gerais, hemodinâmicas, neurológicas
e comportamentais. A Apnéia é a
parada da passagem do ar pelas
vias aéreas superiores com duração
mínima de 10 segundos. Estas
pausas respiratórias podem ocorrer
inúmeras vezes durante o sono e
estão associadas a despertares e/
ou dessaturação da oxihemoglobina.
Podem ser de causa central obstrutiva
ou mista. Na Apnéia Obstrutiva há
aumento do esforço respiratório
enquanto que na Apnéia Central há
ausência de esforço. Na Apnéia Mista
há associação de ambos.
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Dr. Jornal - Porque ela ocorre?
Dr. Olivetti - A Apnéia Obstrutiva do
sono, o tipo mais comum de Apnéia, é
causada por uma obstrução das vias
aéreas superiores. Na grande maioria
dos pacientes, a obstrução esta
relacionada à obesidade, que reduz o
tamanho da via aérea faríngea, ou por
lesões anatômicas das vias aéreas
superiores, como por exemplo, o
retrognatismo, hipertrofia das tonsilas
(faríngea e palatina), desvio do septo
nasal e as hipertrofias das conchas
ou cornetos nasais.
Dr. Jornal - Existem dados
epidemiológicos sobre a doença?
Qual o grupo mais atingido?
Dr. Olivetti - A SAHOS atinge 9%
da população masculina e 4% da
população feminina entre 30 e 60
anos, sendo um problema de saúde
pública. É ainda maior em faixas
etárias avançadas, principalmente
homens obesos entre 40 a 60
anos. O ronco está presente em
cerca de 90 a 95% dos pacientes
com SAHOS. O ronco deixou de
ser avaliado simplesmente pelo
seu aspecto social e passou a ser
considerado um problema médico.
Dr. Jornal - Quais os sintomas da
Apnéia do sono?
Dr. Olivetti - Os sinais e sintomas da
SAHOS são divididos em Noturno:
ronco alto, paradas respiratórias
(apnéias), engasgos durante o sono,
atividade motora anormal durante o
sono (agitação), fragmentação do
sono, refluxo gastroesofágico, nocturia
e enurese noturna (principalmente
em crianças), sudorese excessiva
noturna, insônia (em alguns casos).
Diurnos: sonolência excessiva
diurna, esquecimento, perda
de
memória e atenção, diminuição
na concentração, execução,
aprendizado, alterações de
personalidades (irritabilidade,
agressividade, depressão),
diminuição da libido e impotência
Dr. Jornal Como é feito o
diagnóstico da doença?
Dr. Olivetti - O diagnóstico se baseia,
fundamentalmente, em uma boa
história clínica, com questionamentos
padronizados sobre as condições de
sono e suas repercussões diurnas, a
variação clínica geral e de vias aéreas
superiores, estudos do sono através de
escalas e da polissonografia. Existem
diversos métodos radiológicos para
avaliação da SAHOS, dentre os
quais cito a cefalometria, a tomografia
computadorizada (TC) e a ressonância
nuclear magnética (RNM).
A p o l i s s o n o g r a f i a ( P S G )
fornecendo o diagnóstico
quantitativo de gravidade. As mais
importantes variáveis a considerar
no estudo do sono são o Índice
de Apnéia – Hipopinéia (IAH), o
Índice de Apnéia (IA) e a menos
dessaturação de oxihemoglobina.
A determinação do nível de
gravidade da SAHOS deve se basear
nos índices polissonográficos,
na intensidade dos sintomas, no
impacto nas funções sócias e
profissionais e na presença de
doenças cardiovasculares.
Dr. Jornal - Quais os tratamentos
disponíveis hoje?
Dr. Olivetti - Tratamento médico –
comportamental: é o primeiro passo
da SAHOS, recomendando-se ao
paciente perder peso, tratamento
posicional (evitar dormir de barriga para
cima), ter atividade física regular, evitar
refeições pesadas antes de dormir,
evitar álcool, sedativos, antialérgicos
antes de dormir, evitar bebidas
cafeínadas à noite, evitar fumar antes
de dormir, evitar privação do sono
(dormir no mínimo 7:30 horas/noite).
Tratamento físico: o uso de
aparelhos intra – orais e o uso do
aparelho de pressão aérea nasal
via aérea normal
apnéia do sono obstrutiva
Imagem ilustrativa - Healthwise, Incorporated
no homem, cefaléia matinal,
secura na boca ao despertar, perda
auditiva (em alguns pacientes),
hiperatividade (em crianças).
positiva contínua – CPAP (Nasal
Contínuous Positive Airway Pressure).
O uso de órteses bucais é indicado
como opção de tratamento do ronco
primário e da apnéia leve. O fluxo
de ar liberado pelo CPAP via nasal,
vence a resistência física produzindo
a dilatação pneumática da VAS,
aumenta a capacidade residual
funcional do pulmão melhorando a
função ventilatória.
A Apnéia é a parada da
passagem do ar pelas vias
aéreas superiores com
duração mínima de 10
segundos.
Indicação cirúrgica – deve ser
considerada quando encontram-se
anormalidades específicas a serem
corrigidas; na falha de tratamentos nãoinvasivos; quando são rejeitados pelo
paciente; a cirurgia é desejada pelo
paciente; o paciente está clinicamente
estável para a cirurgia.
Os procedimentos cirúrgicos
incluem: cirurgia nasal, da orofaringe,
lingual, supraglote, hióide, maxilofacial
e cirurgias combinadas.
Novas tecnologias como a
radiofreqüência para a redução
volumétrica dos tecidos (Somnoplastia)
vêm sendo utilizadas para a redução
do volume do palato, conchas nasais e
base da língua, com resultados iniciais
animadores. Outros procedimentos
como a injeção de substâncias
esclerosantes, a distração osteogênica
e a cirurgia bariátrica podem ser
considerados no tratamento das
várias formas de SAHOS.
Dr. Jornal - O paciente que não se
trata fica sujeito a outras patologias
secundárias? Quais são elas?
Dr. Olivetti - Os períodos apnéicos
podem determinar arritmias cardíacas,
variações significativas do débito
cardíaco, variações da pressão arterial
sistêmica e pulmonar, variações
da pressão de perfusão cerebral e
variações da pressão intracraniana.
40 a 80% dos pacientes com SAHOS
apresentam hipertensão arterial
sistêmica e 26 a 40% dos hipertensos
apresentam SAHOS.
A SAHOS atinge 9% da
população masculina e
4% da população feminina
entre 30 e 60 anos, sendo
um problema de saúde
pública. É ainda maior em
faixas etárias avançadas,
principalmente homens
obesos entre 40 a 60 anos
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