Tomando um AIR

Transcrição

Tomando um AIR
É possível – e fácil – usar o Adobe AIR no GNU/Linux
TUTORIAL
Tomando um AIR
Com o advento do Adobe Integrated Runtime (AIR), os aplicativos em
Flash agora rodam em qualquer desktop, incluindo o Linux.
por Martin Streicher
M
ac OS X, Windows e Linux oferecem ferramentas
para desenvolvimento de
aplicações complexas, chamadas de
“rich” em inglês. Porém, escolher uma
dessas plataformas como base de um
aplicativo para desktop normalmente significa dar adeus às outras duas.
Neste caso, o termo “normalmente”
indica que há exceções. O toolkit Qt
[1], por exemplo, é capaz de criar
softwares multiplataforma; o wxWidgets [2] também engloba todas as
três plataformas; e o REALbasic [3]
é um ambiente de desenvolvimento
independente de sistema operacional
e bem semelhante ao Visual Basic.
Os softwares criados com essas ferramentas são escritos uma vez, talvez
compilados várias vezes e distribuídos
para todos os ambientes.
Uma outra opção é o Adobe Flash.
O Flash oferece perfumarias para os
olhos na Web há anos, mas inovações
recentes expandiram as possibilidades
do formato e o tornaram disponível
offline. Na verdade, o Flash já é, por
si só, uma plataforma. Ele pode ser
usado para criar aplicativos comparáveis aos de desktop, e o Adobe Integrated Runtime (mais conhecido como
AIR) [4] executa esses aplicativos em
qualquer desktop, mesmo desconec64
tado da Internet. Com o Flash, um
aplicativo pode ser escrito uma vez
e usado em qualquer sistema com
Flash ou AIR. E o melhor: como o
aplicativo se baseia em Flash, seu visual e comportamento, assim como a
experiência do usuário, serão idênticos
onde quer que ele seja executado.
Nosso primeiro exemplo de programa em AIR é o belo TimesReader,
um aplicativo AIR fornecido pelo jornal americano The New York Times.
Além dele, a figura 1 mostra o
popular TweetDeck para Twitter e
Facebook. Tanto o TimesReader
quanto o TweetDeck são aplicativos
independentes instaláveis no disco
rígido, como qualquer outro utilitário de desktop. Apesar de estes dois
exemplares serem obviamente muito
dependentes da conectividade para
obtenção de conteúdo, há outros menos prejudicados pela falta da rede,
e até alguns capazes de sincronizar
os dados locais com a Internet assim
que detectam uma conexão.
Diferentemente de outros aplicativos de desktop, esses programas em
Flash são idênticos em Mac OS X,
Windows e Linux. É possível rodar
aplicativos AIR em sistemas GNU/
Linux de 32 e 64 bits, e a instalação
não é onerosa. Na realidade, a ins-
talação é rapidíssima em sistemas de
32 bits e requer apenas alguns passos
a mais na arquitetura x86-64.
Este artigo trata da instalação do
AIR num computador Dell Dimension E510 com processador Pentium
D e 1 GB de memória, equipado
com Kubuntu 9.04 32 bits e Ubuntu
Server 9.04 64 bits. A instalação em
outros “sabores” de GNU/Linux de
32 bits é idêntica ou semelhante ao
processo descrito neste artigo. Porém,
no caso de sistemas de 64 bits Fedora
e openSUSE, há algumas diferenças
significativas. Confira o site da Adobe para instruções mais detalhadas.
AIR em 32 bits
A última versão do AIR para GNU/
Linux é a 1.5, lançada em dezembro
de 2008. No momento, o AIR para
GNU/Linux ainda é um aplicativo
de 32 bits; ainda não foi anunciada
uma data para o suporte a sistemas
de 64 bits.
O primeiro passo da instalação é
uma espécie de limpeza. Se o sistema em questão tiver alguma versão
do AIR anterior à 1.5, o software AIR,
assim como qualquer aplicativo AIR e
seus respectivos dados, precisarão ser
apagados do sistema. Por exemplo, se
a versão 1.1 do AIR estiver instalada,
http://www.linuxmagazine.com.br
Adobe AIR | TUTORIAL
é preciso removê-la completamente
antes de continuar.
Apague os seguintes arquivos e
diretórios:
~/.appdata;
~/.adobe/AIR;
~/.macromedia/Flash_Player/
www.macromedia.com/bin/air*
e também qualquer diretório associado a aplicativos AIR. Em seguida, use o gerenciador de pacotes do
sistema para apagar os aplicativos
AIR. Por último, remova o AIR propriamente dito.
Feita a faxina, é hora de instalar a
versão mais recente do Adobe Flash
Player [5]. Apesar de não ser necessário ter a última versão, as mais recentes do Flash Player 10 permitem
instalar aplicativos AIR com um
único clique. Baixe o Flash Player
10 no site da Adobe [6]. Dentro do
site, escolha o pacote mais indicado
para a sua distribuição e baixe-o. Em
seguida, certifique-se de que suas
dependências estejam instaladas:
sudo apt-get install libnspr4-dev
libnss3-dev libcurl3
antes de instalar o pacote baixado.
Para testar se o Player funciona,
reinicie o navegador e visite a página
do Flash. Ao entrar nela, você deve
ver e ouvir uma animação em Flash.
Também é possível verificar o sucesso
da instalação no próprio navegador,
por meio do endereço about:plugins.
É preciso que seja exibido um trecho
como aquele da figura 2.
Com o Flash pronto, é hora de
instalar o AIR. No site da Adobe [7] é
possível baixar a versão mais recente
do AIR para Linux. O arquivo tem
um nome semelhante a AdobeAIRInstaller.bin – portanto, basta torná-lo
executável e em seguida executá-lo
para realizar a instlação:
$ chmod +x AdobeAIRInstaller.bin
$ ./AdobeAIRInstaller.bin
Linux Magazine #59 | Outubro de 2009
Em um instante, o instalador do
AIR exibe a licença do software; clique em Agree para aceitá-la e continuar. A tela seguinte pede a senha
do administrador do sistema. O resto da instalação leva apenas alguns
segundos. Para fechar o instalador,
basta clicar em Finish.
Instalação de
aplicativos
gratuitas, mas outras exigem uma
assinatura mensal.
64 bits
Na presença do hardware necessário, usar o GNU/Linux em 64 bits é
bem melhor que seu irmão limitado
a 32 bits, principalmente por causa
da maior capacidade de endereçar
memória diretamente e dos benefícios advindos disso.
Atualmente, a Adobe oferece uma
versão de pré-lançamento do Flash
para Linux de 64 bits, mas a empresa
ainda não anunciou uma data para o
AIR de 64 bits nessa plataforma. Por
enquanto, então, resta-nos executar
o AIR de 32 bits no Linux de 64 bits,
com ajuda de algumas bibliotecas
de 32 bits.
Comecemos pelo Flash para depois avançar ao AIR. Para instalar a
versão do Flash de 64 bits, vá ao site
da Adobe Labs [6], baixe o tarball e
descompacte-o. Se for preciso, crie
o diretório ~/.mozilla/plugins/. Em
seguida, copie o arquivo libflash-
Em sistemas KDE, o TweetDeck usa
o KWallet para armazenar senhas.
Então, usuários do KDE devem
executar o KWallet antes de chamar
o TweetDeck. No caso do gnome,
não é necessário um gerenciador de
senhas separado.
Para instalar o TweetDeck, vá ao
site do programa [8] e clique em
Download Now. Isso iniciará o instalador do AIR, que perguntará se
pode continuar. Quando aparecer
o diálogo de abrir e salvar, clique
em Open e em seguida em Install.
Depois, escolha um local para o
aplicativo (ou deixe na configuração
padrão, /opt/) e clique em OK.
Depois de iniciar o programa, ele
aparecerá e pedirá
o nome da conta
do Twitter. Basta
o usuário fornecer
seu nome e sua senha para começar
a twittar.
A instalação do
TimesReader também é rápida e fácil. Basta entrar no
site do software [9]
e clicar em Download. O TimesReader também precisa
do KWallet para
funcionar no KDE.
Algumas partes do
TimesReader são Figura 1O TweetDeck é um cliente para Twitter e Facebook.
65
TUTORIAL | Adobe AIR
Pegando um ar
Figura 2O navegador confirma que o plugin do Flash está instalado.
player.so contido no tarball para
dentro desse diretório.
Feito isso, reinicie o Firefox e entre
na página do Flash para verificar se
ele foi instalado corretamente. Ou
então, digite about:plugins na barra
de endereço (figura 2).
Quanto ao AIR, o primeiro passo
é instalar os pré-requisitos de 32 bits:
sudo apt-get install ia32-libs \
lib32nss-mdns lib32asoudn2 \
lib32gcc1 lib32ncurses5 \
lib32stdc++6 lib32z1 libc6 \
libc6-i386 lib32nss-mdns \
libcanberra-gtk-module
Em seguida, é preciso baixar e
instalar o utilitário getlibs. Ele analisa aplicativos de 32 bits e instala as
bibliotecas necessárias para executar
o código. O getlibs vem num pacote
próprio, que deve ser baixado:
$ wget http://frozenfox.freehostia.
com/cappy/getlibs-all.dev
$ sudo dpkg -i getlibs-all.deb
$ sudo getlibs -l libgnome
-keyring.so.0.1.1
Em seguida, copie a biblioteca de
assinatura da Adobe para o código
de 32 bits encontrá-la:
$sudo ln -s /usr/lib
/libadobecertstore.so /usr/lib32/
Agora que o sistema está devidamente preparado, a última etapa é
executar o instalador do AIR:
$ ./AdobeAIRInstaller.bin
O instalador pede a atenção do
administrador algumas vezes, incluindo uma para a senha de root.
O AIR Marketplace tem uma boa
lista de aplicativos gratuitos e comerciais. Eles fazem desde a prototipagem de websites até o gerenciamento de projetos.
Alguns aplicativos AIR notáveis
incluem o DeskTube – uma galeria
de vídeos do YouTube –, o Google
Analytics em uma interface alternativa que dispensa o navegador, e o
Yammer, semelhante ao TweetDeck
mas destinado ao serviço de mensagens Yammer. O Thwirl é uma alternativa ao TweetDeck que não exige
o KWallet. Além disso, clientes para
Twitter e Facebook são algo como
uma indústria em expansão: existem várias alternativas semelhantes
em AIR.
Com essa facilidade de executar
aplicativos em Flash no desktop
GNU/Linux, é provável que aumente muito o número de softwares disponíveis nessa plataforma nos
próximos anos. n
Mais informações
[1]Qt: http://www.qtsoftware.com/products/
[2]wxWidgets: http://wxwidgets.org
[3]REALbasic: http://www.realsoftware.com
[4]Adobe AIR: http://www.adobe.com/products/air
Agora, para executar o AIR de 32
bits no Linux de 64 bits, o getlibs
precisa analisar o AIR. Portanto, a
próxima etapa é baixar a versão do
AIR para Linux (a mesma utilizada
na explicação anterior). Depois, execute os seguintes comandos para o
getlibs realizar sua análise:
$ chmod +x ./AdobeAIRInstaller.bin
$ sudo getlibs .
/AdobeAIRInstaller.bin
$ sudo getlibs -l libgnome
-keyring.so
$ sudo getlibs -l libgnome
-keyring.so.0
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[5]Adobe Flash: http://www.adobe.com/products/flashplayer
[6]Adobe Labs Flash Player:
http://labs.adobe.com/downloads/flashplayer10.html
[7]Download do AIR: http://get.adobe.com/air
[8]TweetDeck: http://www.tweetdeck.com
[9]TimesReader: https://timesreader.nytimes.com
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Este artigo no nosso site:
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http://www.linuxmagazine.com.br

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