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VERDADE OU SEDUÇÃO:
Uma Análise de Alguns Ensinamentos Doutrinários na Igreja Evangélica Brasileira.
por:
WALMIR VIGO GONÇALVES
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
I. DEFININDO CONCEITOS
1.1. O Movimento G-12
1.2. A Teologia da Prosperidade
1.3. Maldição Hereditária
II. NOVOS RUMOS DA IGREJA EVANGÉLICA BRASILEIRA
2.1. A Passos Largos Rumo ao Movimento G-12
2.2. Rumo à Teologia da Prosperidade
2.3. Rumo à Doutrina da Maldição Hereditária
III. AVALIAÇÃO
3.1. O Movimento G-12
3.2. A Teologia da Prosperidade
3.3. A Doutrina da Maldição Hereditária
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
Temos testemunhado nos últimos tempos a chegada e a aceitação nas igrejas
evangélicas do Brasil de muitas estratégias, modelos e alternativas para se realizar a obra
de Deus, vindas do exterior. Alguns desses movimentos estratégicos vêm e vão,
enquanto que outros ficam, juntamente com uma série de práticas, doutrinas e costumes,
que são bem aceitos por muitos, ao mesmo tempo que repudiados e combatidos por
outros tantos. A polêmica causada por alguns destes movimentos é grande, gerando a
confecção de livros, teses, artigos, manifestos e muitos outros escritos tanto para
combater quanto para defender. Para se ter uma idéia da proporção da polêmica basta
acessar um site de busca na Internet e escolher um desses movimentos, o G-12 por
exemplo, para se fazer uma pesquisa. A quantidade de links para o assunto, links esses
que nos conduzem a, desde simples opiniões até a verdadeiros tratados apologéticos
sobre a questão, bem como a fóruns onde a discussão é abundante e cheia de
animosidade, é tão grande que é praticamente impossível analisar todos.
A presente obra é um trabalho de pesquisa sobre três desses movimentos, a saber:
o Movimento G-12, a Teologia da Prosperidade e a doutrina da Maldição Hereditária.
A delimitação necessária quanto ao número de páginas desta obra não permitirá
que se faça uma análise muito profunda sobre cada assunto em questão, mas veremos,
na pesquisa, o que de mais comum se tem debatido sobre cada assunto.
No primeiro capítulo do trabalho a pesquisa objetivará dar uma definição do que é o
Movimento G-12, a Teologia da Prosperidade e a doutrina da Maldição Hereditária, bem
como dizer como se deu surgimento de tais movimentos no seio da igreja evangélica
brasileira e quem são os seus principais proponentes e defensores no Brasil.
No segundo capítulo veremos um pouco mais sobre cada movimento, enfatizando
como ele tem sido bem aceito, praticado e ensinado por, ainda que não toda, uma boa
parcela da igreja evangélica brasileira.
E o terceiro capítulo constituir-se-á em uma avaliação, mediante a pesquisa
realizada, de cada movimento analisado, bem como a comparação de algumas práticas
dos mesmos com aquilo que diz a Bíblia, para se tentar chegar à conclusão se tal
movimento se trata de verdade, algo salutar para a igreja, ou de algo não salutar, mas
que, entretanto, tem caído na graça do povo evangélico no Brasil, tratando-se então,
nesse caso, de uma sedução.
Tozer expressou-se certa vez dizendo que cada geração de cristão tem a
responsabilidade de examinar aquilo que tem crido, sustentado e ensinado, para ver se
condiz de fato com a Palavra revelada. A razão disso é que, apesar de a verdade mesma
ser imutável, as mentes dos homens são quais vasos porosos dos quais a verdade pode
escoar-se e nas quais o erro pode infiltrar-se, diluindo a verdade que contém; e o coração
humano, herético por natureza, tem a capacidade de correr para o erro com a mesma
naturalidade que um jardim vira mato.1
A presente obra pode ser considerada, acerca dos três movimentos propostos,
esse exame a que Tozer se referiu, ainda que não um exame de grande profundidade.
I. DEFININDO CONCEITOS
1.1. O Movimento G-12
O chamado G-12 é um movimento antigo que, com o passar do tempo, vem sendo
rebuscado com novos contornos. É um movimento que propõe um crescimento rápido e
milagroso das igrejas através de células, com reuniões nas casas a partir de 12 pessoas,
que, segundo o próprio mentor da idéia, é baseado na reprodução do caráter dos 12
apóstolos com os quais Jesus trabalhou.
Esse movimento surgiu a partir de uma visão que o seu fundador, ou aquele que
normalmente é considerado o seu fundador, o Pr. César Castellanos, diz ter recebido de
Deus em 1991, visão em que, segundo ele, Deus o orientou para que levasse ao mundo o
novo modelo de crescimento de igreja. Segundo o Pastor César Castellanos, na "visão"
Deus lhe teria dito para sonhar com uma grande igreja, porque os sonhos são, segundo
Deus na visão de Castellanos, a linguagem de Seu Espírito. E a igreja que ele haveria de
pastorear, segundo a visão, seria tão numerosa quanto as estrelas do céu e a areia do
mar. Nessa mesma visão Deus teria lhe perguntado sobre que Igreja ele gostaria de
pastorear. E, de acordo com suas experiências, observou que os que têm êxito são os
que aprenderam a ter esperança, a "sonhar", a projetar-se. Tudo isso ocorreu depois que
ele conheceu a Igreja liderada pelo Pastor Paul (atualmente David) Yonggi Cho, em Seul,
na Coréia do Sul, cujo trabalho é feito através de Igrejas com células, a exemplo dos
Grupos Familiares, de Discipulados, existentes aqui no Brasil.
Entretanto, outras fontes nos dão conta de que tal movimento, na verdade, é mais
antigo que o começado por Castellanos. Segundo Onézio Figueiredo, em artigo postado
no site Sollascriptura, sob o título “G-12 – De Escrivá a Castellanos”,
1
TOZER, A. W. Homem: Habitação de Deus. Tradução de Odayr Olivetti. 2ª. Edição brasileira. São Paulo:
Mundo Cristão, 1994.
O G12 Evangélico, quanto ao sistema, à metodologia operacional e ao psicologismo, teve como
antecessor o G12 de Escrivá, herdeiro do romanismo de Torquemada. Podem alegar mera
coincidência, mas é inegável a procedência jesuítica da sigla, do sistema e dos métodos. No
mínimo, há uso indevido do nome e do esquema programático. Foi, realmente, o Padre espanhol
Josemaria Escrivá de Balanguer y Albas o criador do G12, em 02 de outubro de 1928, organização
por ele mesmo designada de "Opus Dei" – Obra de Deus. Havia, na pré-organização, treze clérigos,
todos com votos declarados e sacramentados pelo romanismo, de obediência, castidade e pobreza.
Um deles, porém, renegou os referidos votos, contraindo matrimônio. Com os doze comparsas fiéis
e submissos, formou e estruturou o G12, que o comparava, ousadamente, com Cristo e seus
apóstolos, em que ocupava o lugar do Filho de Deus. A finalidade era recrutar leigos proeminentes
dos vários setores sociais e, nos pré-encontros, trabalhar neles a "filosofia do sigilo", a mais
poderosa arma do jesuitismo, até ter a certeza da "fidelidade absoluta". Os recrutados, sendo
pessoas do mundo leigo, poderiam perguntar sobre que tipo de segredo havia no Encontro. A
resposta orientada ou induzida deveria ser: não há segredo nenhum. Mantemos sigilo apenas para
provocar a curiosidade. A principal recomendação dos recrutadores era: quanto mais despertarem
a curiosidade a respeito da Opus Dei, mais divulgarão sua obra. Com o interesse de ajudar a
propagação e o crescimento do G12, mantendo sigilo, os leigos estariam "matando dois coelhos
com uma paulada só": divulgando a Opus Dei e não revelando a sua nefasta "obra secreta". As
manifestações externas mais divulgadas e difundidas, filhas prediletas do G12 da Opus Dei de
Escrivá, foram e são "Os cursilhos da Cristandade", especialmente os que "trabalhavam" os casais,
retirados de seus filhos e demais parentes e levados para lugares por eles completamente
ignorados. A quebra de vínculos familiares implicava o rompimento das raízes tribais e o
conseqüente comprometimento com o clero engajado na Opus Dei, a quem deveriam devotar
irrestrito amor, respeito, obediência e submissão. O primeiro cursilho, organizado em sua própria
casa, recebeu a sigla ou senha DyA que, para os não iniciados do mundo externo, deveria significar
"Direito e Arquitetura", mas, para os iniciados, os cursilhistas, o significado era: "Deus e Audácia". A
Opus Dei, filha do G12, dominou a política espanhola por muitos e tenebrosos anos, sendo,
inclusive, uma das mãos políticas do ditador, Generalíssimo Franco. Da Europa Latina a Opus Dei
passou à América Latina, aportando-se na fragilíssima e, por isso mesmo, catolicíssima Colômbia,
onde encontrou campo fértil. Dominou todo clero e penetrou fundo no mundo leigo. Da terra dos
bionarcóticos espalhou-se para os demais países sul-americanos, encontrando no Brasil os braços
abertos de um romanismo amancebado com a política, o animismo nativo, as superstições
lusitanas e a iconolatria dos cultos africanos. Em nossa pátria, mais do romanismo que nossa, por
meio de tão amplas, ecléticas e influentes parcerias, a Opus Dei, pelos seus tentáculos externos,
“Os Cursilhos da Cristandade", o G12 em operação, cooptou para o seu hermético redil o "melhor"
de nossa sociedade: a elite do comércio, da indústria, da política e da intelectualidade. Na mesma
Colômbia, ninho migratório da Opus Dei, nasceu o "G12 "Evangélico", um casamento misto do
método Cursilhista do padre Escrivá com a mística da "Igreja em Células" do avivalismo protestante
Sul-coreano de Paul Yonggi Cho. Concebeu-o o carismático neopentecostal César Castellanos
Dominguez que, à semelhança do genitor da Opus Dei, codificou sua "descoberta espiritual" num
2
livro: Sonha e Ganharás o Mundo.
No Brasil o movimento baseado nesse princípio está, principalmente, com o Pastor
Renê Terra Nova (Ministério Internacional da Restauração), ex-Pastor da Igreja Batista
(Manaus-AM); com a Pastora Valnice Milhomens (Igreja Nacional do Senhor Jesus), exmembro, também, da Igreja Batista (São Paulo-SP); e com o Pastor Robson Rodovalho
(Comunidade Sara Nossa Terra), de Brasília-DF. Recentemente muitos outros grupos
também têm aderido a esse movimento, até mesmo dentre aqueles que, como grupo, se
manifestaram contra, como é o caso dos Batistas da CBB.
1.2. A Teologia da Prosperidade
Teologia da Prosperidade é o nome popular de um movimento que engloba uma
série de pensamentos teológicos conhecidos como Movimento da Fé, Confissão Positiva,
Palavra da Fé, Ensino da Fé, etc.
Trata-se de um movimento que apregoa que todos os cristãos devem ser ricos
financeiramente, ter o melhor salário, a melhor casa, o melhor carro e uma saúde de ferro
– toda enfermidade, segundo esse movimento, vem do diabo.
Alan B. Pierrat, em artigo para Vox Scripturae, volume III, número 2, de Setembro
de 1993, a título de ilustração sobre o que apregoa esse movimento, reproduziu um
anúncio de uma determinada igreja, anúncio esse que extraiu de um jornal prestador de
serviços a imigrantes brasileiros na costa leste dos Estados Unidos, anúncio esse que
dizia:
Desemprego, caminhos fechados, dificuldades financeiras, depressão, vontade de suicidar-se,
solidão, casamento destruído, desunião na família, vícios (cocaína, crack, álcool, etc), doenças
incuráveis (câncer, aids, etc), dores constantes (de cabeça, coluna, pernas), insônia, desejos
homossexuais, perturbações espirituais (você vê vultos, ouve vozes, tem pesadelos, foi vítima de
bruxaria, macumba, inveja ou olho grande), má sorte no amor, desânimo total, obesidade, traumas,
etc [...] Nós! Sim, nós temos a solução para você!3
Os principais pregadores da Teologia da Prosperidade no Brasil são:
2
FIGUEIREDO, Onézio. G-12 – De Escrivá a Castellanos – O G-12 Evangélico. Disponível em
www.solascripturae.com.br. Acesso em 15 de Outubro de 2007.
3
Apud PIERRAT, Alan B. O Segredo da Espiritualidade da Prosperidade. Revista Vox Scripturae, volume
III – Número 2, ps. 131 – 150, 1993.
Valnice Milhomens: televangelista, líder do Ministério Palavra da Fé, fundadora e
pastora da Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo Palavra da Fé, que já conta com vários
templos espalhados pelo Brasil. É autora de vários livros, entre eles: Personalidades
Restauradas e Tipos de Oração.
R. R. Soares: escritor, televangelista, cunhado de Edir Macedo, fundador da Igreja
Internacional da Graça de Deus (cisma da Igreja Universal), e proprietário da Graça
Editorial, a principal publicadora dos livros da Teologia da Prosperidade no Brasil, tais
como os de autoria de Kenneth Hagin, T. L. Osborn, além dos seus próprios, entre eles:
Enéias, Jesus Cristo te dá Saúde!, Como Tomar Posse da Benção e A Sua Saúde
Depende do que Você Fala.
Edir Macedo: escritor, televangelista, fundador e bispo primaz da Igreja Universal
do Reino de Deus e da Editora Universal Produções, autor dos livros: Vida com
Abundância, O Perfil do Homem de Deus, A Libertação da Teologia, O Poder
Sobrenatural da Fé, Nos Passos de Jesus e Aliança com Deus.
Cássio Colombo: conhecido como “Tio Cássio”, fundador do Ministério Maná Cristo
Salva (ligado às Igrejas Maná de Portugal lideradas pelo Pr. Jorge Tadeu).
Jerônimo Onofre da Silveira: conferencista, pastor do Templo dos Anjos, presidente
da Escola de Ministério Jeová-Jirê, diretor do Seminário Ministros Labaredas de Fogo e
presidente do Centro de Convenções Jeová-Jirê. Autor dos livros Provisões e Riquezas,
Os Gafanhotos do lnferno, O Dom de Adquirir Riquezas e Os Exterminadores de
Riquezas.
Cristiano Netto: conferencista, fundador do Ministério Cristiano Netto e autor dos
livros: O Melhor Vencedor do Mundo, As Sete Chaves da Riqueza e Como Prosperar em
Tempos de Crise.
Jorge Linhares: conferencista, pastor da Igreja Batista Getsêmane de Belo
Horizonte, e autor dos livros: Bênção e Maldição e Quebrando Maldições na Família.
Rinaldo de Oliveira: fundador do Ministério Rinaldo de Oliveira, conferencista,
pastor e autor do livro Conhecer a Deus Para Prosperar.
Robson Rodovalho: escritor, televangelista, conferencista, pastor, fundador do
Ministério Sara Nossa Terra e da denominação Comunidade Sara Nossa Terra. É autor
de Conhecendo a Glória de Deus, A Beleza de Cristo e o Caráter Cristão, Igreja
Vencedora, Regendo a História da Nossa Nação e Quebrando as Maldições Hereditárias.
Como já foi dito, o movimento ensina que todos os cristãos devem ser ricos
financeiramente, ter o melhor salário, a melhor casa, o melhor carro, uma saúde de ferro.
Afirma também que toda enfermidade vem do diabo e que se o cristão não vive essa vida
pregada por eles é por falta de fé ou porque há pecado em sua vida.
Joaquim de Andrade, conferencista e pesquisador do Instituto Cristão de
Pesquisas, no apêndice do livro de John Ankerberg e John Weldon, Os Fatos Sobre o
Movimento da Fé, páginas 87 a 89, sob o título O Movimento da Fé, a Teologia da
Prosperidade e a Confissão Positiva no Brasil, declara, sobre os ensinamentos de alguns
dos ícones desse movimento no Brasil:
Em Provisões e Riquezas, o pastor Jerônimo declara: “Nas conferências que faço, ministro aos
filhos de Deus, ‘sete anos de prosperidade’...” (pag. 30). Ele também ministra o dom de adquirir
riquezas, relacionando-o aos dons naturais e espirituais... Ele também declara que “esta é outra
ministração que buscamos nas cruzadas com grande intensidade, ou seja, o dom de adquirir
riquezas. Este dom deve ser buscado pelo corpo de Cristo como qualquer outro dom...“ (pag. 30).
No livro Gafanhotos do Inferno, na quarta capa, lemos: “Este livro é portador de um alimento
espiritual poderoso, suas páginas são reveladoras e esclarecedoras, seus ensinamentos são
libertadores e fatais contra as estratégias dos exterminadores de riquezas”. No livro Os
Exterminadores de Riquezas, Jerônimo ensina que mulher nenhuma suporta marido pobre,
compara o dízimo com o sangue do Cordeiro, e diz que Jimmy Swaggart e Jim Bakker só caíram
porque não deram o dízimo e que só irão se levantar quando fizerem isso. Ele chega a dizer que Jó
só passou por todo aquele sofrimento porque não era dizimista e que quando deu o dízimo, Deus o
restituiu em dobro (pp. 16, 27, 30). Cristiano Netto, em seu livro Com prosperar em Tempos de
Crise, diz: “... O Senhor me entregou um ministério específico de ensinar o povo de Deus a
prosperar... portanto, prepare-se para ser cheio de uma nova unção de riso e prosperidade” (pp. 1718) Ele próprio se intitula o profeta da prosperidade. Na página 20, lemos: “mais uma vez, como
profeta da Prosperidade para esses dias de crise, eu afirmo: Deus está interessado no bom
andamento de suas finanças”. No livro As Sete Chaves da Riqueza, ele ensina que: “O problema
financeiro é, sem dúvida, o maior problema do mundo, pois dos quatro cantos da terra recebemos
notícias de fome, miséria e penúria... A única razão que me levou a escrever um livro sobre como
ganhar dinheiro é o fato de milhões de pessoas estarem aterrorizadas pelo medo da pobreza...
Você quer enriquecer-se? Claro que sim, do contrário, não estaria lendo este livro. Dentro em
pouco, você estará lendo as Sete Chaves. Elas fizeram homens falidos, sem estudo, sem nenhuma
chance aparente, tornarem-se prósperos e ricos. Por isto, eu reafirmo; sua vida jamais será a
mesma” (pp. 5-7). Cristiano ensina que por intermédio das sele chaves é possível dizer adeus à
miséria, às dívidas, aos problemas financeiros, etc. No livro Conhecer a Deus Para Prosperar, o
pastor Rinaldo declara: “...quando na verdade eu creio que se uma pessoa está na igreja e não tem
prosperidade, Deus não está na vida desta pessoa... Saúde – Você tem o direito à cura de qualquer
enfermidade. Não há necessidade de você perguntar a Deus se é da vontade dEle que você seja
curado, pois a Palavra já te garante a cura... Consta nesta aliança [dos Deveres] que tudo o que
você tem, pertence a Deus, e tudo o que Deus tem pertence a você.” (pp. 12,54,55). O Pastor
Rogério recomenda ao crente ter fé na fé... Edir Macedo... diz em livros e a seus pastores que eles
devem pregar a prosperidade ao povo e que toda doença vem do diabo. Daí as correntes de oração
de Jericó, do trabalhador, do desafio, da prosperidade, dos dizimistas, dos empresários, etc.
4
1.3. Maldição Hereditária
Segundo Jorge Linhares no livro Bênção e Maldição, a maldição é a autorização
dada ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano à vida
do amaldiçoado. A maldição é a prova mais contundente do poder que têm as palavras.
Prognósticos negativos são responsáveis por desvios sensíveis no curso da vida de
muitas pessoas, levando-as a viver completamente fora dos propósitos de Deus.
A doutrina da maldição hereditária é também conhecida como “Maldição de
Família” ou “Pecado de Geração”. Trata-se de uma doutrina que afirma que se alguém
tem algum problema relacionado com alcoolismo, pornografia, depressão, adultério,
nervosismo, divórcio, diabete, câncer e muitos outros, é porque algum antepassado viveu
aquela situação ou praticou algum pecado e transmitiu tal pecado ou maldição ao
descendente. A pessoa deve então orar a Deus a fim de que lhe seja revelado qual é a
geração no passado que o está afetando. Uma vez que se saiba qual, pede-se perdão por
aquele antepassado ou pela geração revelada e o problema estará resolvido, isto é,
estará desfeita a maldição. Paulo Romeiro, em seu livro Evangélicos em Crise, à página
98, cita uma autora norte-americana, de nome Marylin Hickey, que já esteve algumas
vezes no Brasil em conferências da ADHONEP. Esta autora diz sobre o tema maldição
hereditária:
Se você ou alguns de seus ancestrais deu lugar ao diabo, sua família poderá estar sob a “Maldição
Hereditária”, e esta se transmitirá a seus filhos. Não permita que sua descendência seja atingida
pelo diabo através das maldições de geração. O pecado dos pais podem passar de uma a outra
geração, e assim consecutivamente. Há na sua família casos de câncer, pobreza, alcoolismo,
alergia, doenças do coração, perturbações mentais e emocionais, abusos sexuais, obesidade,
adultério? Estas são algumas das características que fazem parte da maldição hereditária nas
famílias. Contudo, elas podem ser quebradas! 5
4
Apud ANDRADE, Joaquim de. O Movimento da Fé. A Teologia da Prosperidade e a Confissão
Positiva no Brasil. Apêndice do livro Os Fatos sobre o Movimento da Fé, de John Ankerberg e John
Weldon, publicado pela Obra Missionária Chamada da Meia Noite, ps.81 – 93, 1996.
5
Apud ROMEIRO, Paulo. Evangélicos Em Crise – Decadência doutrinária na igreja brasileira. São Paulo:
Mundo cristão, 1995. P. 98.
O texto principal usado pelos pregadores da maldição hereditária é êxodo 20.4-6,
que diz: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em
cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te
encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso,
que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me
aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus
mandamentos.” (BÍBLIA, A.T. Êxodo 20.4-6)
Essa doutrina engloba também, além do ensinamento da maldição hereditária
propriamente dita, o ensinamento da maldição ligada a nomes próprios e até objetos.
Segundo seus propagadores, há nomes próprios que já vêm carregados de maldição, já
trazem consigo um prognóstico negativo, e, por isso, não é conveniente que crentes dêem
a seus filhos nomes que tenham conotação negativa, que expressem derrota, tristeza,
dureza, como, por exemplo, Maria das Dores, Mara (que significa amargura), Dolores
(que indica dor e pesar), Adriana (deusa das trevas), Cláudio (coxo, aleijado) e muitos
outros.
II. NOVOS RUMOS DA IGREJA EVANGÉLICA BRASILEIRA
Willian E. Hordern, ao escrever o livro Teologia Contemporânea, começa por
afirmar que o tempo em que estamos vivendo é um tempo de mudanças radicais,
inclusive no âmbito religioso. O pensamento teológico, no decurso do tempo passa por
mudanças radicais, surgindo muitas vezes novas idéias, novos pensamentos e às vezes
retornando a idéias e pensamentos antigos.
Quem tem estado na igreja evangélica durante, digamos, as últimas três décadas,
tem podido perceber na prática a realidade da afirmação de Hordern.
Darci Dusilek na lição 5, página 36, da revista de estudos que escreveu sobre o
futuro da igreja no terceiro milênio diz que nós (estes que têm estado na igreja nas últimas
décadas)
Somos testemunhas das tentativas de se encontrar novas formas de ser igreja no mundo no limiar
do terceiro milênio. As formas tradicionais se, por um lado, mostraram uma estabilidade que durou
quase dois milênios, agora, estão se mostrando insuficientes para atender as demandas de uma fé
muito mais voltada para a experiência e para o sentimento do que para o ensino e a doutrina.6
6
DUSILEK, Darci. O Futuro da Igreja no Terceiro Milênio. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Horizonal Editora, 2001.
A igreja evangélica brasileira tem tomado novos rumos, os mais variados, sendo
talvez os principais deles os anteriormente alistados sob pretensão de fornecer
informações mínimas a título de definição sobre o que é, o que ensina e quem são os
principais expoentes no Brasil. O objetivo desse capítulo é discorrer um pouco sobre
esses rumos e como eles têm sido assumidos, ainda que não por toda, mas por boa parte
da igreja evangélica no Brasil.
2.1. A Passos Largos Rumo ao Movimento G-12
Como foi mencionado, o movimento G-12 não é um movimento novo; trata-se de
um movimento antigo que, com o passar dos tempos vem ganhando novos contornos.
Esse movimento tem crescido vertiginosamente entre os evangélicos no mundo inteiro.
No Brasil, a adesão da igreja evangélica ao mesmo tem se mostrado não menos
vertiginosa. Os principais responsáveis pela sua divulgação em nosso país são o Pastor
Renê Terra Nova (Ministério Internacional da Restauração), ex-Pastor da Igreja Batista
(Manaus-AM); a Pastora Valnice Milhomens (Igreja Nacional do Senhor Jesus), exmembro, também, da Igreja Batista (São Paulo-SP); e o Pastor Robson Rodovalho
(Comunidade Sara Nossa Terra), de Brasília-DF. Recentemente muitos outros grupos
também têm aderido a esse movimento, até mesmo dentre aqueles que, como grupo, se
manifestaram contra, como é o caso dos Batistas da CBB. Há, portanto, uma divisão
visível nesse caminho apresentado à igreja evangélica brasileira nos últimos tempos. Uma
boa parte da igreja tem trilhado por ele, mas uma outra parte tem resistido de forma
veemente. Mas o que é que tem nesse movimento que tanto atrai uns, ao mesmo tempo
que causa repulsa em outros. O objetivo dessa parte da presente obre é apenas expor, e
isso de forma não profunda, algumas das coisas que há nesse movimento.
Márcio Argachof, em um trabalho que escreveu sob o título G-12 O Fruto do
Engano no Corpo de Cristo, trabalho esse encontrado no site www.jesussite.com.br, alista
algumas coisas as quais aponta como boas no movimento, apesar de escrever para
combatê-lo. Essas coisas são, segundo ele, as reuniões nas casas dos crentes, ou
células; a busca de santidade; a oração intensa por um propósito e um trabalho
sistemático de evangelização. Em contrapartida a isso, há coisas estranhas à Palavra de
Deus, segundo ele, como a exaltação dos sonhos, através dos quais, segundo
Castellanos, pode-se fazer uma transformação no mundo real, trazendo à realidade aquilo
que incubamos em nossas mentes (um plágio de Paul Yonggi Cho?); técnicas de
regressão usadas no “Encontro com Deus”, onde os encontristas são levados a repetir
uma oração onde o pastor diz que Deus nos escolheu desde o ventre da nossa mãe, e
então pede a todos que se imaginem desde o instante da concepção, passando pela vida
uterina, como Deus o tratou com amor, até o seu nascimento; a necessidade da
participação no Encontro para que haja verdadeiro arrependimento; a necessidade de se
perdoar a todos, até mesmo a Deus para se livrar; a confissão de pecados a líderes; a
teologia da prosperidade; práticas judaizantes, como tocar o shofar para “chamar o
Espírito Santo”; diminuição do valor do pastor; maior ênfase na quantidade que na
qualidade dos crentes; os chamados jejuns criativos, como, por exemplo, o jejum das
delícias, onde a pessoa escolhe algumas delícias de sua preferência e se abdica delas
por algum tempo; a busca ostensiva por falar em línguas; a taxação de toda e qualquer
tradição como coisa velha e ruim; etc. Essas são algumas das coisas apontadas por
Marcos como estranhas.7
Lourenço Stélio Rega organizou uma série de estudos e reflexões sobre o G-12.
Deste trabalho consta uma análise do movimento G-12 feita pelo pastor batista Alberto
Kenji Yamabuchi. Nesta análise, o referido pastor, em um dos pontos expõe quais são as
principais características do G-12. Faço constar aqui um resumo dessas características
segundo o Pr. Yamabuchi, citado por Rega:
(a) Exclusivismo - O G-12 é, para seus defensores, à última solução para a Igreja do novo milênio.
Por isso, para eles, o movimento merece toda a atenção e exclusividade. O próprio Castellanos
reforça essa idéia em seu depoimento: Em várias oportunidades encontrei-me com alguns dos
convertidos em diferentes lugares, que me diziam: “Pastor eu conheci o senhor na missão, mas
estou congregando em tal igreja”: Eu dizia: ‘Amém, glória a Deus, esta alma não se perdeu, está
sendo edificada!” No entanto, chegou o dia em que Deus chamou minha atenção, dizendo-me:
“Estás errado; essa alma eu a trouxe à tua igreja. Se tivesse querido mandá-la. a outra igreja tê-lo-ia
feito. Enviei-a para ti para que cuides dela e espero que me respondas... (b) A prática da regressão
psicológica - Embora seja de natureza psicoterapêutica, não há consenso entre os profissionais da
saúde mental sobre a eficácia da regressão psicológica na cura das pessoas... No G-12, a
regressão psicológica é realizada nos encontros, onde o líder poderá manipular as lembranças,
emoções e traumas do neófito de tal maneira que todo o passado da pessoa será “levantado” para
as devidas “correções espirituais”. Um “mapa espiritual” é elaborado após as sessões de regressão
psicológica. O líder, então, tem em suas mãos informações importantes a respeito de seu discípulo
e pode usá-las para orientar sua vida. Cria-se, com essa prática, um forte vínculo de dependência
do neófito com o líder do grupo... A regressão está associada à cura interior. (c) Cura interior - A
regressão psicológica prepara o campo para o que é chamado de “cura interior’. Nos encontros,
procura-se explorar a experiência pré-natal, infância, adolescência e juventude da pessoa “para
assim, com a ajuda do Espírito Santo e a Palavra de Deus, ministrar libertação e santidade interior
7
ARGACHOF, Márcio. G-12 – O Fruto do Engano no Corpo de Cristo. Disponível em
www.jesussite.com.br. Acesso em 15 de Outubro de 2007
ao novo (convertido)”. Assim, pretendem que problemas como a rejeição na gravidez, na infância ou
na adolescência recebam tratamento espiritual durante as sessões de regressão e de cura interior
nos encontros do G-12... (d) Deificação do homem - LIMA trata do assunto da deificação do homem
em sua obra no capítulo três sob o interessante título “A louca mania de querer mandar em Deus”.
Segundo esse autor, a palavra de ordem nos encontros é: “Eu determino“, “Eu declaro...”, ou “Eu
ordeno... em nome de Jesus Cristo”... (e) Confissão positiva - Um dos exemplos mais destacados
que contribuem para a afirmação que o G-12 abraça a doutrina da Confissão Positiva de Kenneth
Hagin é o uso do termo grego rhema (palavra). Na língua grega há dois termos para o vocábulo
“palavra”: logos e rhema. Os líderes do G-12 fazem questão de distinguir os dois termos: rhema é a
palavra que os crentes usam para decretar ou declarar e logos é a palavra da revelação de Deus
(que pode incluir a Bíblia). É nesse termo que reside o poder de mudar as coisas. O crente pode
abençoar ou amaldiçoar alguém se utilizar o rhema... (f) Teologia da Prosperidade - A afirmação de
que Deus é o “dono de todo ouro e de toda prata” toma seus filhos os herdeiros de toda a riqueza
material que puderem alcançar em vida. Aliás, os discípulos não são chamados de “filhos de Deus”,
mas de “filhos do Rei”. Una exagerada confiança na prosperidade material é a característica dessa
teologia. O “ter” é sinônimo de fé legítima e de aprovação divina. [Mas] a Teologia da Prosperidade
não diz respeito apenas à riqueza material, mas também à saúde física perfeita. As enfermidades
são sinais de pecado ou de domínio satânico. Por isso, o doente, seja convertido ou não, precisa
passar por “libertação”, ou seja, precisa ser exorcizado para gozar a vida como filho do Rei. (g)
Triunfalismo - O triunfalismo é o modo de pensar que está muito ligado à Confissão Positiva e à
Teologia da Prosperidade. Lima ensina que “o triunfalismo, em geral, faz as pessoas pensarem de
si mesmas além do que realmente são”. Cria uma espécie de super crente. O texto bíblico predileto
dos triunfalistas é aquele que fala sobre a promessa de Deus em permitir que seu povo seja
“cabeça e não cauda” (Dt 28:13). A fragilidade da natureza humana é desprezada. Nenhuma derrota
é admitida. Nenhum fracasso. Isso seria sinal de falta de fé... (h) Guerra espiritual - O homem
quando passa por crises tem a tendência de responsabilizar alguém ou algo pelas adversidades da
vida. No G-12, o diabo é o principal culpado pelo sofrimento humano. Daí a necessidade de
guerrear contra ele e, para tanto, é necessário equipar-se militarmente contra as hostes infernais.
Demônios são identificados e o exorcismo se processa mediante uma pantomima mística: punhos
cerrados, gritos de guerra, etc. Assim, nessa “guerra”, o homem deixa de ser vítima do ataque
demoníaco e passa a ser um “guerreiro espiritual”... (i) Maldição hereditária - A maldição hereditária
é aquela que acompanha uma família através das gerações, e que se originou com uma palavra
(rhema?) contrária proferida por autoridade espiritual que “autorizou” o diabo a prejudicar alguém e
sua descendência ao longo do tempo. (j) Os encontros - Os encontros são assim classificados: (1)
pré-encontro: palestras preparatórias para o encontro; (2) encontro: retiro espiritual de cerca de 3
dias e (3) pós-encontro: dura cerca de 3 meses onde são oferecidas palestras para consolidação do
que foi aprendido no encontro. Os encontros estão envoltos em mistério para quem nunca participou
deles. É vedado ao adepto do G-12 relatar o que acontece nesses encontros. “O encontro foi
8
tremendo!” é a única informação permitida...
8
Apud REGA, Lourenço Stélio (Organizador). G-12 – Estudos e Reflexões. [s.l.; s.n]. Estudo recebido por
[email protected] em 13 de Outubro de 2007.
Dizer que boa parte da igreja evangélica brasileira tem caminhado a passos largos
e de braços abertos em direção a esse movimento não é um exagero, mas uma realidade
perfeitamente verificável em quase todos os seguimentos evangélicos no Brasil,
principalmente entre os pentecostais.
2.2. Rumo à Teologia da Prosperidade
A chamada Teologia da Prosperidade tem encontrado no meio evangélico
brasileiro um campo fértil para crescer e se espalhar.
Durante muito tempo a população evangélica brasileira quase que em sua
totalidade contrastava com os demais da população neste aspecto. Enquanto a grande
massa populacional crescia aprendendo que a riqueza é sinal da bênção de Deus, os
evangélicos, pelo menos em sua grande maioria aprendiam diferente. A ênfase da
pregação evangélica, principalmente a pregação pentecostal era que os cristãos não
deveriam se apegar às riquezas, coisas terrenas, e que os problemas da vida
(enfermidades, perseguições, falta de dinheiro, etc.) eram provações de Deus para o Seu
povo. Entretanto, de uns tempos para cá, as coisas começaram a mudar. As livrarias
evangélicas foram invadidas por uma grande enxurrada de livros dos Movimentos da Fé,
da Confissão Positiva e da Teologia da Prosperidade, movimentos esses que, em
essência são iguais, têm todos uma mesma raiz, são galhos de uma árvore só, a maioria
influenciada por autores americanos como Kenneth E. Hagin, Benny Hinn e Marilyn
Hickley. O número de pessoas e igrejas influenciadas por esses livros foi e ainda tem sido
muito grande e crescente. Muitos pregadores começaram a ler estes livros que falavam
do sucesso aqui e agora e logo começaram a colocar em prática nas suas igrejas.
Segundo Alan B. Pierrat, a Teologia da Prosperidade propõe um desafio visível ao
ensino protestante ao afirmar de forma categórica que a igreja evangélica interpretou de
modo errôneo o evangelho e vem pregando a mensagem errada e que os que foram
criados em denominações tradicionais devem desaprender o que lhes foi transmitido na
igreja e na escola dominical e reaprender a verdade. Tais afirmações Pierrat as encontrou
nos livros “Compreendendo a Unção” e “Como Tomar Posse da Bênção”, de Kenneth
Hagin e R. R. Soares, respectivamente. Ambos os livros foram publicados no Brasil pela
Graça Editorial.
Segundo Pierrat, em artigo para Vox Scripturae, volume III, número 2, de Setembro
de 1993,
Esse tipo de desafio é característico de todos os grupos que oferecem uma nova interpretação da
Bíblia. Cada movimento que se levantou desde os tempos de Jesus – quer gnósticos, quer
bogomilos – ou em nossos dias – quer mórmons, quer testemunhas de Jeová – afirmou que a
tradição ortodoxa da igreja deve ser posta de lado à fim de dar vazão à sua nova e mais perspicaz
visão do evangelho. A questão não é se a doutrina da prosperidade enquadra-se na categoria de
seita ou heresia, mas sim que o desafio dessa doutrina deve ser levado a sério.9
A promessa da teologia da prosperidade e, conseqüentemente, das igrejas que a
ela aderiram diz respeito à saúde e à prosperidade material enquanto aqui nesta vida. É,
como diriam alguns, a promessa do paraíso na terra. Hagin, que apesar de não fazer
parte da igreja evangélica brasileira exerce grande influência sobre a mesma através de
seus escritos, citado por Pierrat, no mesmo artigo de Vox Scripturae, assim afirma, acerca
da pobreza, saúde e também da enfermidade, nos livros “Novos Limiares da Fé” e
“Redimidos da Miséria, da Enfermidade e da Morte”, ambos publicados pela Graça
Editorial:
Nós, como cristãos, não precisamos sofrer reveses financeiros; não precisamos ser cativos da
pobreza ou da enfermidade! Deus proverá a cura e a prosperidade para Seus filhos se eles
obedecerem aos Seus mandamentos... Deus quer que Seus filhos... tenham o melhor de tudo... As
doenças e as enfermidades não são da vontade de Deus para o Seu povo. Ele não quer que a
maldição paire sobre os Seus filhos por causa da desobediência; Ele quer abençoá-los com a
saúde... Não é da vontade de Deus que fiquemos doentes. Nos dias do Antigo Testamento, não era
da vontade de Deus que os filhos de Israel ficassem doentes, e eles eram servos de Deus. Hoje,
somos filhos de Deus. Se Sua vontade era que nem sequer Seus servos ficassem doentes, não
pode ser Sua vontade que Seus filhos fiquem doentes! As doenças e as enfermidades não provêm
do amor. Deus é amor... Nunca diga a ninguém que a enfermidade é a vontade de Deus para nós.
Não é! A cura e a saúde são a vontade de Deus para a humanidade. Se a enfermidade fosse a
vontade de Deus, o céu estaria cheio de enfermidades e doenças. 10
Sendo assim, a conclusão óbvia a se chegar é que deve haver pouca necessidade
de assistência médica na comunidade cristã, e essa é exatamente a opinião de Hagin que
diz que para os que atingiram uma fé madura, nem remédios nem parecer médico devem
ser necessários.
R. R. Soares, posiciona-se mais severamente ainda, e sustenta ser errado um
cristão procurar um médico sob quaisquer circunstâncias, porque quem vai ao médico ou
9
PIERRAT, Alan B. O Segredo da Espiritualidade da Prosperidade. Revista Vox Scripturae, volume III –
Número 2, ps. 131 – 150, 1993.
10
Ibidem
recorre a hospitais demonstra uma falta de fé que desonra a Deus. Os médicos são
apenas para os incrédulos, sendo sua profissão um testemunho da bondade de Deus
para com o mundo pagão.
Além da saúde, segundo a Teologia da Prosperidade, o cristão tem também o
direito de prosperar nesta vida. E, assim como a doença jamais é a vontade de Deus para
o crente, tampouco a pobreza. Segundo Pierrat,
É comum ouvir os pregadores da prosperidade afirmarem que Deus deseja que Seus filhos comam
o melhor alimento, vistam a melhor roupa, dirijam os melhores carros e tenham do bom e do melhor.
Jesus, afirma, Hagin, dirigiria um Cadillac se estivesse cumprindo Seu ministério messiânico nos
dias de hoje. Para os que sentem ser isso um tanto materialista, Hagin responde que os cristãos
são filhos do Rei e, portanto, devem viver como a realeza. Não nos surpreende que isso inclua
pastores que podem acumular cem casas se desejarem e permanecer inteiramente dentro da
vontade de Deus.
11
Tudo parece muito simples, mas não é. Tudo isso não é tão simples assim de se
obter, e não depende simplesmente de se ser “filho do Rei”. Segundo observa Alan B.
Pierrat, no mesmo artigo supracitado, na Teologia da Prosperidade o apregoado direito do
crente à saúde e à riqueza não é automático. Simplesmente acreditar em Cristo, ser
batizado, ir à igreja, orar e levar uma vida santificada não é o suficiente para propiciar a
bênção de Deus. Existem regras de crença e procedimentos que em geral se resumem no
ensinamento da prosperidade, sob a expressão “confissão positiva”. E essas regras ou
exigências são significativamente mais complicadas do que as promessas. Segundo
Pierrat conclui depois um estudo geral dessa teologia, o crente somente prosperará de
acordo com o que conhece sobre seus direitos, o quão firmemente exige tais direitos e o
modo como professa sua fé. Assim ele expõe sobre esses três requisitos:
Antes de mais nada, o crente prosperará de acordo com o que conhece sobre seus direitos. Para
que o cristão com êxito reivindique seu direito à saúde e à prosperidade, deve estar consciente de
que são seus desde que os peça... O conhecimento, portanto, é o primeiro passo crucial para atingir
o que se deseja. Consiste quase somente num reconhecimento de que temos direitos “legais” com
Deus garantidos pela plena vigência da antiga e da nova alianças. Soares concorda e acrescenta
que os grandes homens de fé da Bíblia conseguiram executar tanto não por causa da escolha
soberana de Deus, mas porque sabiam o que lhes tocava por direito... Em segundo lugar, uma vez
compreendidos esses direitos, devem ser reivindicados. Isso implica uma porção de coisas, quase
todas relacionadas à forma como o crente ora. Por exemplo, a oração que eficazmente reivindica
seus direitos será dirigida a Deus com um tom de insistência, exigindo ser ouvida. Hagin afirma que,
11
Ibidem
quando Jesus ensinou seus discípulos a orar, ensinou-lhes a ordenar o que desejavam: “Descobri
que o modo mais eficaz de se orar é aquele pelo qual você requer os seus direitos. E assim que eu
oro: ‘Exijo meus direitos.” Na verdade, Hagin argumenta que na Bíblia o verbo “pedir” na verdade
significa “exigir”... A terceira regra da confissão positiva é que o crente prosperará de acordo com o
modo pelo qual permanece firme em sua exigência. Isso significa que o crente não pode demonstrar
nenhuma hesitação ou dúvida. Se a oração parece não ser atendida, o crente deve continuar a
reivindicar o que deseja, testificar que já foi concedido e jamais duvidar por um instante que
acontecerá. A posição do crente é importante porque a fé não é tanto um pedido a um Deus que
ouve quanto uma força que cria a realidade desejada. É, portanto, vital que a imagem mental do
indivíduo se mantenha “positiva”, concentrada no pedido desejado... Não se pode permitir que os
lábios profiram nenhuma dúvida ou incerteza, porque a força e a eficácia da exigência devem-se à
quantidade de confiança e à falta de dúvida que o crente confere ao pedido. Qualquer espécie de
dúvida destruirá o poder que tem a oração de atender o pedido. Por essa razão, afirma Hagin, o
cristão jamais deve usar a expressão “se for da tua vontade” ou mesmo repetir sua oração, porque
isso pode indicar alguma fraqueza ou dúvida na mente do crente... O crente jamais pode admitir que
uma oração não tenha sido respondida, ainda que as circunstâncias provem o contrário. Por
exemplo, se um cristão alega ter sido curado por Deus, mas depois admite que a dor persiste, a
admissão feita depois anula a confissão inicial. Se um crente preocupa-se ou reclama de uma
doença após ter orado, perdeu seu direito à cura. Até mesmo dizer “estou ficando resfriado”
possibilita ao resfriado instalar-se. Caso se perceba a existência de dúvida, esta deve ser
imediatamente negada para si próprio e jamais admitida para os outros. A “confissão positiva”,
portanto, significa também que a “confissão negativa” deve ser rigorosamente evitada... O que salta
aos olhos é que essas exigências são inflexíveis. Caso seja empregado um “se” na oração, caso
haja dúvida, caso se ouça uma queixa de que a oração não foi atendida, caso o nome de Jesus não
seja usado corretamente, a falha em qualquer ponto invalidará a oração e poderá fazer com que o
problema se agrave.12
Esse é outro dos rumos que a igreja evangélica brasileira tem tomado nos últimos
tempos. Não é toda a igreja evangélica, vale ressaltar. Também vale ressaltar que esse
rumo é tomado principalmente pelos pentecostais e pelas ditas comunidades. Entretanto,
mesmo entre muitos dos teoricamente “tradicionais”, tal teologia tem encontrado terreno
fértil para florescer.
2.1. Rumo à Doutrina da Maldição Hereditária.
Não é raro ouvirmos e visualizarmos pelos meios de comunicação de massa,
pregadores convidando o povo para comparecer à sua igreja em determinados dias e
horas para participar de correntes de oração que visam libertar as pessoas de maldições
12
Ibidem
hereditárias. Essa crença está se espalhando cada vez mais rapidamente em meio ao
povo evangélico do Brasil, principalmente no meio pentecostal, através do rádio,
televisão, pregações, músicas, livros, seminários realizados nas igrejas, e Internet.
Essa teoria tem a maldição como uma entidade em si mesma que precisa apenas
que alguém desencadeie o processo inicial, que é um pecado cometido por uma pessoa
num passado remoto ou recente; depois disso, passa a agir com total independência. A
maldição, segundo a doutrina em questão, opera cegamente atingindo qualquer um ao
seu alcance; vai se transmitindo indefinidamente através do tempo, até que um
especialista em quebra de maldições a quebre; usa como meio receptor e transmissor um
local, um objeto, uma pessoa, uma família, uma cidade, um país etc...; como uma energia
maligna invisível, vai se espalhando. A maldição, em certas circunstâncias parece operar
por si mesma, como um mal invisível que tem personalidade própria e poder de se
autodeterminar; já em outras circunstâncias parece ser uma energia maligna
operacionalizada por demônios, que são chamados de "espíritos familiares". Essa
maldição tem que ser quebrada pela intervenção humana num ritual que difere de
especialista para especialista. Existem diferentes elementos do ritual da quebra de
maldição. Um deles é a busca de palavras de conhecimento e de revelações para se
descobrir a causa específica das maldições hereditárias, busca essa em vale até
entrevista com demônios. Segundo o Pr. José Laerton no artigo “A Falsa Doutrina da
Maldição Hereditária”, postado no site Louvando a Jesus, Marilyn Hickey conta: “Certa
vez expulsamos um espírito mau de uma mulher. Perguntamos a ele: 'Quando você
entrou aí?' Ele respondeu com alguma coisa jocosa. Então indagamos: 'Por que você está
aí?' Ele respondeu: 'Porque se eu a peguei, pego também o filho dela!' Aquela mulher foi
liberta!"13
Um outro elemento do ritual da quebra de maldição é a declaração de que não se
aceita os problemas porque são fruto de maldição seguido de a oração a Deus e
Profissão de Fé ao Diabo. Segundo o Pr. José Laerton, no mesmo artigo acima citado,
Marilyn Hickey ensina como fazer isso:
"Amado Pai Celestial, Tu me amas! Tu enviaste Teu Filho para quebrar esta maldição... Tenho o
Seu Nome... Nome que protege. Seu sangue me purifica de imediato. Estou liberto pelo sangue. No
Nome de Jesus, amém. Agora, em voz alta, faça esta profissão de fé: 'Satanás! Tu e os teus maus
espíritos do alcoolismo ouviram a oração que acabo de fazer! Tiveste a tua chance, mas o teu poder
13
Apud LAERTON,
Pr. José.
A Falsa Doutrina da Maldição
www.louvandoajesus.com.br. Acesso em 15 de Outubro de 2007.
Hereditária.
Disponível
em
está quebrado... Em Nome de Jesus, a tua maldição está quebrada... Por isso, diabo, afasta-te
14
daqui e não tornes nunca mais!".
Ainda outro elemento é o exorcismo com palavras de ordem amaldiçoando a
Satanás para amarrá-lo e livrar a geração por ele amaldiçoada. Segundo os proponentes
dessa doutrina, o diabo é o valente, e ser amarrado é ter a casa tomada (a casa é a
geração sob maldição).
Isso é só um pouco do que há nesse caminho que muitos dentre os evangélicos
brasileiros escolheram para trilhar.
No próximo capítulo veremos uma avaliação, juntamente com os demais, desse
controverso caminho pelo qual muitos têm enveredado com pés ligeiros; talvez ligeiros
demais e, conseqüentemente, inconseqüentes.
III. AVALIAÇÃO
3.1. O Movimento G-12
Quanto ao G-12, um movimento que tem sido muito aceito nas igrejas evangélicas
brasileiras, apesar do que de bom há em seu rol de práticas, trata-se de um movimento
herético por assimilar muitas práticas contrárias à Palavra de Deus, como, por exemplo, a
Teologia da Prosperidade e a doutrina da maldição hereditária, cuja avaliação consta
mais à frente.
Há ainda muitas outras práticas contrárias à Bíblia. A prática da regressão
psicológica é uma delas. Essa prática não encontra respaldo bíblico e até oferece perigo
para os que dela participam, por ser uma prática de risco mesmo quando realizada por
profissionais competentes. Segundo Paulo César Lima,
para levar o participante – geralmente novo convertido – a uma consciência de pecado, preparam
todo o ambiente com representações bizarras: alguém se passa pelo diabo e acusa os participantes
de supostos pecados que um ou outro pode estar cometendo, num ambiente de total coação
psicológica. [o papel de advogado do diabo para impor culpa ao povo é algo reprovado pela Bíblia
Sagrada] Agora, o que o leitor precisa saber é que tudo isso é feito dentro de um contexto sórdido
de acusações pesadas, como prostituição, aborto, onanismo, adultério etc.15
14
Ibidem
15
LIMA, Paulo César – O Que Está Por Trás do G-12. 6ª. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. P. 42
O mesmo autor refuta:
Segundo o que a Bíblia nos ensina, a consciência dos nossos pecados é resultante da ação única e
direta do Espírito Santo, que nos convence do pecado, da justiça e do juízo. Isso quer dizer que não
precisamos de nenhum outro agente. Ademais, a Palavra de Deus diz que “... se andarmos na luz,
como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho,
nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1.7). Mais: as Escrituras nos informam que os nossos pecados
foram lançados no mar do esquecimento e deles o Senhor não se lembrará mais. Ora, se quando
aceitamos a Jesus somos justificados, ou seja, somos absolvidos de toda culpa, por que então ficar
lembrando de algo que Deus já nos perdoou? Até porque a Bíblia declara que ”...se alguém está em
Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).16
Outra prática é a da cura interior. De fato precisamos curar nosso interior, segundo
o que Jesus nos ensinou: ”Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”
(BÍBLIA, N. T. João 8.36). Mas do jeito que se está fazendo é contrário a tudo o que a
Bíblia ensina. A linha doutrinário-teológica do fundador do G-12 evangélico passa pela
influência de Kenneth Hagin (confissão positiva, teologia da prosperidade). Um dos
exemplos é o emprego do termo rhema como uma palavra que os crentes usam para
“decretar” ou “declarar”, uma espécie de “abracadabra” espiritual.
Deificação do homem (que pode “exigir” seus direitos com Deus), confissão
regressiva, sopro espiritual, etc. são outras práticas estranhas à Bíblia que fazem parte do
movimento G-12.
Por tudo isso e mais, a avaliação que podemos fazer de tal movimento é que tratase de uma sedução.
3.2. A Teologia da Prosperidade
Quanto à Teologia da Prosperidade, a mesma, conforme apregoada popularmente,
trata-se de um engano cujo segredo é, segundo análise de Alan Pierrat, impor sentimento
de culpa sobre os ombros daqueles que a ela aderem. Se o indivíduo não consegue o que
almeja é porque falhou em algum procedimento, algum dos passos cruciais para que se
reivindique com êxito os direitos. Segundo já foi visto anteriormente, o indivíduo precisa
conhecer quais são os seus direitos “legais” com Deus; a seguir, ele precisa reivindicar
com insistência, exigir os seus direitos; depois ele tem que ficar firme em sua exigência
sem esboçar nenhuma hesitação ou dúvida; o menor sinal de hesitação, o simples fato de
16
Ibidem, p.42
se pedir que seja conforme a vontade de Deus, faz com que a oração perca o seu poder
de conseguir o que se está reivindicando. Isso não encontra, de forma alguma, respaldo
nas Sagradas Escrituras.
A teologia da prosperidade comete o equívoco de declarar que Deus nunca diz não
às orações de seus filhos. Ora, na própria Palavra nós vemos Deus procedendo dessa
forma para com servos seus. Foi assim com Moisés quando implorou para entrar na terra
da promessa; foi assim com Davi quando implorou pela vida do filho recém-nascido; foi
assim com o apóstolo Paulo que por três vezes orou para ser livre de algo a que ele
denominou espinho na carne, e em todas as vezes recebeu um não como resposta. O
mesmo apóstolo Paulo orou pela saúde de Timóteo e de Trófimo, mas não há na Bíblia
nenhuma indicação de que eles tenham sido curados.
Outro equívoco cometido pela Teologia da Prosperidade é o de dizer que nunca
devemos orar mais que uma vez por alguma coisa porque isso é sinal de vacilo na fé e
impede a oração de ser respondida. Ora, o próprio Jesus orou três vezes pelo mesmo
assunto no Getsêmani. Será que Jesus não sabia disso? Será que foi por isso que a
resposta à sua oração foi um “não”? Paulo também orou três vezes por um mesmo
assunto, o espinho na carne. Os salmos de Davi estão cheios de súplicas repetidas;
Jesus, nas parábolas do amigo importuno e do juiz iníquo estimula a insistência da oração
sobre o mesmo assunto. Ora, diante destes fatos só podemos concluir que a Teologia da
Prosperidade em voga está equivocada naquilo que apregoa.
O sofrimento é falta de fé, conforme apregoa a Teologia da Prosperidade, ou isso é
mais um equívoco? Na concepção de muitos estudiosos, trata-se de um equívoco. Jesus
foi um servo sofredor; Paulo quando chamado por Jesus para ser pregador do evangelho,
o foi já predestinado ao sofrimento, conforme lemos em Atos 9.16. E o que dizer de José
do Egito, do profeta Jeremias e de outros homens de Deus dos quais Hebreus 11 relata
que vivenciaram grandes sofrimentos?
Paulo César Lima aponta alguns erros da Teologia da Prosperidade. Diz ele que a
Teologia da Prosperidade
Erra ao dar ênfase demasiada ao ter. Do ponto de vista bíblico, a grande prosperidade humana é a
prosperidade do ser. Erra ao reduzir a perspectiva ética da prosperidade à mesquinhez das coisas
terrenas. Erra ao associar sucesso à espiritualidade. Pense em Abraão: ele deixou de ter para
passar a ser. E em Elias: sempre foi e nunca teve [Co 8.1,2; 9.8-11]. A bênção de Deus sempre é a
riqueza do ser, e algumas vezes enriquece também materialmente. Segundo 1 Timóteo 6.9-19, a
prosperidade só tem chance de ser bênção a) quando não é buscada obsessivamente [9]; b)
quando não se transforma na segurança da vida [17]; c) quando existe para estimular a
espiritualidade [18]; d) quando aponta na direção de outra riqueza [19]. Há vários outros [erros] na
teologia da prosperidade. Se todos fossem relatados, este texto seria comprido demais. Os que
foram aqui mencionados servem de amostragem e de exortação, para que as igrejas de Deus se
portem como os bereanos e examinem as Escrituras cuidadosamente para não abraçar qualquer
17
novidade, por mais atraente que ela seja [At. 17.11].
O Pr. João Flávio, do Centro Apologético Cristão de Pesquisas, citado por Márcio
Argachof na já referida obra G-12 – O Fruto do Engano no Corpo de Cristo, assim se
expressa sobre a Teologia da Prosperidade:
Trata-se de uma substituição do Evangelho da Graça, pelo “evangelho" da ganância. Oral Roberts,
um dos principais pregadores dessa heresia, chegou a escrever um livro intitulado “How I learned
Jesus Was Not Poor” (Como aprendi que Jesus Não foi Pobre) É comum ouvimos da boca dos
pregadores da prosperidade coisas do tipo: “Você é filho do Rei, não tem por que levar uma vida
derrotada". A principio uma frase dessas pode até pode parecer ortodoxa. Mas, o que muitos talvez
não saibam, é que para esses pregadores, “vida derrotada" = ser pobre, ter dificuldades financeiras,
ficar doente etc.. T.L Osborn, ensina em seu livro Curai Enfermos e Expulsai Demônios , que Paulo
jamais esteve doente contradizendo o seguinte texto: "E vós sabeis que vos preguei o evangelho a
primeira vez por causa de uma enfermidade física. E, posto que a minha enfermidade na carne vos
foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto; antes, me recebestes como
anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus". (Gal.4.13,14). É interessante saber que Osborn no
começo de seu ministério se apoiou em líderes heréticos como William Marrion Branham. T. L.
Osborn, no folheto intitulado Um Homem Chamado William Branham, escreveu o seguinte: "Esta
geração está incumbida: uma geração na qual Deus tem caminhado em carne humana na forma de
um Profeta. Deus tem visitado seu povo. Porque Um grande Profeta Tem-se Levantado entre Nós".
Osborn trata a pessoa de Branham como se fosse o próprio Deus. Em outro lugar no mesmo
folheto, diz: "Deus tem enviado o irmão Branham no século 20 e tem feito a mesma coisa. Deus em
carne, novamente passando por nossos caminhos, e muitos não o conheceram. Eles tampouco o
teriam conhecido se tivessem vivido no tempo em que Deus cruzou seus caminhos no corpo
chamado Jesus, o Cristo". A teologia da prosperidade une o fútil ao desagradável, ou seja, é uma
mistura de ganância e comodismo. Os adeptos da teologia da prosperidade acham que nós temos
direito de reivindicarmos o que quisermos de Deus, esquecendo da soberania divina. Cito abaixo
alguns textos bíblicos, que refutam esse evangelho falso, que promete ao homem uma vida de
prosperidade material, atiçando-lhe a ganância: “Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a
traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós
tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam
nem roubam.” Mt 6:19-20. “Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as
sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo,
e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas,
17
Ibidem, p. 68
porfias, injúrias, suspeitas maliciosas, disputas de homens corruptos de entendimento, e privados
da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro; e, de fato, é grande fonte de lucro a piedade
com o contentamento. Porque nada trouxe para este mundo, e nada podemos daqui levar; tendo,
porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes. Mas os que querem tornar-se ricos
caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem
os homens na ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa
cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó
homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a
18
mansidão.,” 1Tm 6:3-11
A Teologia da Prosperidade tem conquistado muitos adeptos no seio da igreja
evangélica brasileira. Nem tudo o que ela apregoa constitui-se em erro, mas há muitos e
gravíssimos erros, conforme vimos acima. Por tudo isso só podemos chegar à conclusão
que trata-se, a mesma, de um engano, uma sedução.
3.3. A Doutrina da Maldição Hereditária
Com respeito à doutrina da maldição hereditária, não encontramos na Bíblia apoio
real para as idéias que seus proponentes apregoam. O que a Bíblia ensina claramente a
respeito da maldição é que todos os homens estão debaixo da maldição da Lei, e é
necessário receberem a Cristo como Salvador para que se livrem da condenação eterna.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Gálatas, afirma que “Cristo nos resgatou da maldição
da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado no madeiro” (BÍBLIA, N. T. Gálatas 3:13). E, uma vez salvos, o ensino bíblico é
que não temos que nos preocupar com nenhum tipo de maldição, proveniente de
ancestrais ou de quem quer que seja. A Palavra nos ensina que somos novas criaturas e
que para nós as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo (BÍBLIA, N. T. 2 Coríntios
5.17). Diz também que não há por que nos preocuparmos com as coisas que para trás
ficaram. Em lugar disso devemos manter os olhos fixos no futuro glorioso que nos espera
(BÍBLIA, N. T. Filipenses 3.13,14). Em Romanos 8.1 Paulo afirma que nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo (BÍBLIA, N. T. Romanos 8.1). O Novo
Testamento enfatiza que a obra de Cristo em favor dos crentes foi suficiente para libertálos do poder do pecado (BÍBLIA, N. T. Colossenses 1.13) e fez deles membros da raça
eleita, da nação santa (BÍBLIA, N. T. 1 Pedro 2.9), contra quem as portas do inferno não
18
Apud ARGACHOF, Márcio. G-12 – O Fruto do Engano no Corpo de Cristo. Disponível em
www.jesussite.com.br. Acesso em 15 de Outubro de 2007.
podem prevalecer (BÍBLIA, N. T. Mateus 16.18). Acerca dos salvos pode-se dizer o que
Balaão foi forçado a dizer acerca de Israel: “Como posso amaldiçoar a quem Deus não
amaldiçoou?… Ele abençoou, não o posso revogar… Pois contra Jacó não vale
encantamento, nem adivinhação contra Israel… Benditos os que te abençoarem e
malditos os que te amaldiçoarem…” (BÍBLIA, A. T. Números 23.8a, 20b, 23a; 24.9b).
Quanto ao texto do Antigo Testamento utilizado para se defender a doutrina da
Maldição Hereditária, Êxodo 20.4-5, nas palavras de Delcyr de Souza Lima,
Esta passagem... não fala a mesma coisa falada pelos que crêem em Maldição Hereditária. Ela
registra o contraste que Deus faz entre o mal e o bem em sua duração. Enquanto o mal dura até a
terceira e quarta gerações, as misericórdias de Deus não têm limitação. Há uma advertência nesta
passagem em relação à idolatria. Os pais que fossem desobedientes, que se voltassem para os
ídolos, estariam levando seus filhos a nascerem e a se desenvolverem em desvantagem da má
influência. Nasceriam e seriam educados fora da influência da Palavra de Deus, sob a influência da
idolatria, e seriam desviados para os caminhos do mal. Deus, porém, é de tal forma misericordioso,
que até mesmo as leis de genética que há na natureza, e as leis da psicologia e da sociologia que
atuam de modo a levar influências ruins de uma geração para outra têm sua violência limitada,
enquanto que a operação da misericórdia de Deus atua sem nenhuma limitação, alcançando todas
as gerações. A passagem referida não fala de nenhuma disposição de Deus para amaldiçoar. Pelo
contrário, revela uma disposição de abençoar. Deus quer abençoar as gerações indefinidamente, e
adverte sobre o perigo da idolatria, que poderia interromper a atuação de Sua bênção avançando
como influência até algumas gerações. 19
O Dr. Russel Norman Champlin também explica esse texto dizendo que o que ele
expressa é que a misericórdia de Deus é um princípio muito mais poderoso que a
aplicação da justiça.20
Em O Novo Comentário da Bíblia lemos a respeito:
Mediante Dt. 24.16 fica claro que Deus não pune os filhos por causa das ofensas de seus pais, mas
se os filhos cometerem o mesmo pecado de seus pais, serão punidos da mesma maneira
("daqueles que me aborrecem"). Mas, além disso, os pecados dos pais influenciam seus filhos para
o mal, e certos pecados atraem castigo que é inevitavelmente compartilhado pela descendência do
pecador, como por exemplo, as enfermidades que são o resultado direto da imoralidade, e a
pobreza, que resulta da extravagância. O temor destas últimas conseqüências exerce um freio
saudável na conduta dos pais. Porém, enquanto a má conduta afeta apenas três ou quatro
gerações, as conseqüências de uma vida pura beneficia a posteridade até um ponto quase ilimitado.
19
LIMA, Delcyr de Souza – Maldição Hereditária – Verdade ou Falsidade?. São Paulo: Êxodus, 1997. ps.
38 e 39
20
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado. Vol. 1. São Paulo: Candeia, 2.000.
A ira de Deus se estende somente até à terceira ou quarta geração; mas Sua misericórdia se
estende até mil gerações.
21
Ezequiel 18.1-20 é uma passagem bastante elucidativa a respeito da maldição
hereditária no Antigo Testamento. Sobre esse texto, Delcyr de Souza Lima comenta:
1) A idéia expressa no ditado popular de que o pai comera uvas verdes e os dentes do filho ficaram
escuros é a de que os filhos pagariam, então, pelos pecados dos pais; mas Deus desautoriza,
veementemente, esta idéia, dizendo que este ditado não poderia mais ser dito entre seu povo,
porque não expressava a verdade. E o pensamento proibido por Deus é exatamente o pensamento
dos que crêem em maldição hereditária. Ela não existe.
2) O princípio ético da justiça de Deus é que paga pelo pecado o que o comete, e não seus
descendentes. Este princípio lança luz sobre Êxodo 20.5,6, deixando claro que visitar a
transgressão do pai nos descendentes até terceira e quarta geração não tem o sentido de punição
determinada por Deus, mas de influência do mal no exemplo e educação. Não se trata, portanto, de
maldição hereditária.
3) Um pai que seja justo diante de Deus pode ter um filho que não siga seu caminho, e se torne um
ímpio. Neste caso, quem paga a iniqüidade do filho é ele próprio. O mal que o filho estiver sofrendo
nada tem a ver com nenhuma maldição lançada por outra pessoa, mas com o caminho de
impiedade que ele resolveu trilhar.
4) Um pai ímpio pode ter um filho que, observando suas iniqüidades, resolva ser temente a Deus e
escolha o caminho da justiça. Neste caso, somente o pai pagará seu pecado, e nunca o filho. Fica
claro que não haverá nenhuma maldição do pai que atinja o filho. Por ter-se convertido, ele está
livre do pecado e de sua conseqüência. Sua conversão corta a corrente de influência do mau
exemplo do pai. Não há, portanto, lugar para a maldição hereditária.
5) A justiça do justo fica com o justo e a impiedade do ímpio cai sobre ele. Não há comunicação.
“Cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14. 1 2). A frase “impiedade cai sobre ele”
deixa claro que não pode haver maldição desvinculada da iniqüidade cometida pela própria pessoa.
Não se trata do poder de urna pessoa para atrair o mal sobre alguém. Maldição é a sentença, a
declaração de condenação para o que transgride a lei de Deus; e só Deus tem poder para fazer
essa declaração.22
Repetindo, não há na Bíblia apoio real para as idéias apregoadas pelos
proponentes da doutrina da Maldição Hereditária. Esse é um caminho pelo qual uma boa
parte da igreja evangélica brasileira tem trilhado, mas que deveria evitar, por se tratar de
21
DAVIDSON, F – O Novo Comentário da Bíblia. Editado em Português pelo Dr. Russel P. Shedd. 3ª.
Edição. São Paulo: Vida Nova, 1997.
22
LIMA, Delcyr de Souza – Maldição Hereditária – Verdade ou Falsidade?. São Paulo: Êxodus, 1997. ps.
38 e 39
uma doutrina herética e que não encontra, portanto, nenhum apoio nas Sagradas
Escrituras, tratando-se de uma sedução.
CONCLUSÃO
O objetivo desse trabalho foi pesquisar e expor alguns fatos sobre alguns dos
movimentos aos quais, ainda que não toda, boa parte da igreja evangélica brasileira tem
aderido nos últimos tempos. Mais precisamente, três movimentos foram pesquisados, a
saber: o Movimento do G-12, a Teologia da Prosperidade e a doutrina da Maldição
Hereditária. A pesquisa teve como objetivo final, através dos dados colhidos acerca dos
referidos movimentos, avaliar se os mesmos são salutares para a igreja ou não; se são
verdade ou sedução.
As informações sobre cada um desses movimentos são abundantes e a
delimitação do espaço deste trabalho não permitiu alistá-las todas, mas as que aí estão
são as mais comuns e suficientes para nos conduzir em uma reflexão consubstancial.
Não há dúvidas de que em todo movimento, ou quase todo, ainda que o mesmo
não seja totalmente firmado na verdade e digno de ser acolhido por aqueles que se
firmam, ou querem se firmar, inteiramente na verdade expressa na Palavra de Deus,
alguma coisa de verdade há. É o caso dos movimentos abordados na presente obra,
especialmente do Movimento G-12. Mas, pelas muitas coisas que se constatam serem
diametralmente opostas ao que diz a Palavra de Deus, a conclusão a que chegamos,
conforme expressa no capítulo de avaliação, é que tais movimentos não são dignos da
igreja. Entretanto, por algumas razões, uma delas o fato de que tais movimentos
proporcionam um crescimento um tanto mais rápido, muitas igrejas os têm recebido com
os braços e o coração abertos. Algumas têm feito as suas modificações, tentando extrair
aquilo que de mais flagrantemente errôneo há. Outras, no entanto, têm recebido tais
movimentos na íntegra, conforme eles foram concebidos originalmente. Resta saber quais
serão as conseqüências de tudo isso, a longo prazo, para a igreja evangélica no Brasil.
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