Euphorbiaceae - Pós-graduação em Recursos Naturais do Semiárido
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Euphorbiaceae - Pós-graduação em Recursos Naturais do Semiárido
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO SEMIÁRIDO LEANDRA MACEDO DE ARAÚJO GOMES Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores PETROLINA 2014 LEANDRA MACEDO DE ARAÚJO GOMES Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores Dissertação apresentada à Universidade Federal do Vale do São Francisco, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Semiárido, para obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais do Semiárido. Orientador: Prof. Dr. Julianeli Tolentino de Lima Co-orientador: Prof. Dr. Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida PETROLINA 2014 Gomes, Leandra Macedo de Araújo G633e Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (EUPHORBIACEAE) em roedores/Leandra Macedo de Araújo Gomes. – Petrolina, 2014. 184f. Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais do Semiárido) - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Petrolina, 2014. Orientador: Prof. Dr. Julianeli Tolentino de Lima. 1. Plantas da Caatinga – Medicina popular. 2. Plantas medicinais – Usos e costumes. 3. Euphorbiaceae - Atividade anti-inflamatória. I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco. CDD 615.537 Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Bibliotecas SIBI/UNIVASF Bibliotecário: Lucídio Lopes de Alencar Dedico este trabalho aos meus pais Orlandino Macedo Gomes e Marinalva Macedo de Araújo, ao meu irmão José Gustavo Macedo de Araújo Gomes, meus avós, familiares e amigos que acreditaram na minha vontade de vencer e me apoiaram em todos os momentos, sempre cheios de amor para me ofertar. AGRADECIMENTOS Externalizar os sentimentos e transformá-los em palavras, não é uma tarefa fácil, e durante esses dois longos anos de realização do mestrado serei eternamente grata a todos aqueles que passaram por minha vida e deixaram um pouquinho de si. Talvez faltem palavras para expressar o quanto sou grata a cada um que cruzou o meu caminho e que de alguma forma contribuiu para o meu crescimento pessoal e profissional. Ao meu orientador Prof. Dr. Julianeli Tolentino de Lima ao qual tenho respeito e admiração pelo seu caráter e honestidade, eu agradeço por todo o acolhimento e todas as oportunidades geradas. Ao meu co-orientador Prof. Dr. Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida pelo qual tenho imenso carinho e afeição, agradeço de todo coração por ter-me “adotado” e acreditado nos meus sonhos. Obrigada por ser esse “grande homem” que acolhe, se esforça e se dedica tanto aos seus alunos, merecendo todo o nosso respeito e admiração. Ao Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais do Semiárido, e a todos os professores inseridos no programa, por todo conhecimento que foi compartilhado, contribuindo significativamente na minha formação. A todos os integrantes da equipe do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais – NEPLAME. Aos meus anjos enviados por Deus para me ajudar a realizar meus experimentos: Viviane Barreto, Thayne Andrade, Sarah Raquel, Tâmara Diniz, Juliane Cabral, Fernanda Granja, Suzana Rabêlo, Jamile Maiara e Noádya Rebeca, Igor Menezes, Rafael Libório, Alessandra Marques. A professora Dra Maria Helena Tavares de Matos e a aluna Jamile Maiara pela confecção e coloração das lâminas, e por todo apoio e motivação durante esse período. A professora Dra Rosemairy L. Mendes e a sua fantástica equipe de alunos: Érica M. Lavor, Mariana Gama, Osmar Galvão e Tales. A grande família UNIVASF os meus agradecimentos a essa instituição que foi a minha segunda casa durante seis anos (quatro de graduação e dois de mestrado) influenciando significativamente na formação do meu caráter ético e profissional. A toda equipe do Biotério por toda ajuda nas horas de aflição, por toda paciência e por todos os bons momentos vividos: Leonardo Neves, Euda Freire, Helenildo Senna e Jean Gomes. A todos os vigilantes da universidade, por toda a ajuda, compromisso e segurança transmitidos. A todos os funcionários terceirizados da UNIVASF pela paciência e disposição para ajudar, em especial, Geralda Coelho, Francisca e Neide. Aos Técnicos dos laboratórios da UNIVASF: Ana Paula, Amanda, Sílvio Alan, Fernando, Amanda Leal, Geisa Lopes e Alberto. A minha querida turma de mestrando 2012.1, em especial aos colegas: Igor Menezes, Martapoliana, Anne, Suzana Rabêlo, Larissa Macêdo, Rafael Libório e Eliatânia, por todo o companheirismo. Aos funcionários da EMBRAPA Dr. Viseldo Ribeiro de Oliveira pela coleta e identificação da espécie e ao Sr. João Macedo pela pulverização das cascas da espécie do presente estudo. À Coordenacão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa de mestrado. Ao grande criador da vida Deus, sem a presença dele em minha vida eu nada seria. Obrigada Senhor por me permitir viver cada momento que vivi durante o mestrado, obrigada por seu amor infinito por mim, por me guiar e me conduzir para o melhor caminho, por tudo sou grata a ti! Aos meus pais amados Orlandino Macedo Gomes e Marinalva Macedo de Araújo por todo o amor, carinho e dignidade a mim ofertados. Tenho muito orgulho de ser filha de pais humildes e que não tiveram oportunidades de estudar na vida, mas que fizeram e fazem todos os sacríficos possíveis para que eu possa estudar. E ao meu irmão José Gustavo Macedo de A. Gomes por todo o apoio e força que me foi dada durante esse percurso. À minha doce e amada Aline Braga pela sua amizade! E todos os meus familiares e amigos, não irei citar nomes para não correr o risco de esquecer alguém. Sou uma pessoa abençoada e de muita sorte, pois tenho os melhores amigos e a melhor família. Á todos vocês muito obrigada!! Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos. Provérbios 16:3 RESUMO A espécie Cnidoscolus quercifolius (faveleira) é uma planta pertencente ao bioma Caatinga, sendo utilizada popularmente no combate a inflamações em geral. O presente trabalho avaliou o efeito antinociceptivo e anti-inflamatório do extrato etanólico bruto das cascas (Cqc-EtOH) e das folhas (Cqf-EtOH) de C. quercifolius, bem como realizou o estudo toxicológico dos extratos. A atividade antinociceptiva foi investigada através dos testes de contorções abdominais induzidas por ácido acético, teste da formalina e o teste da placa quente. A avaliação da atividade anti-inflamatória foi realizada utilizando-se dois modelos experimentais: peritonite e edema de pata, ambos induzidos por carragenina. O estudo toxicológico dos extratos foi realizado através do estudo de toxicidade aguda. Os resultados obtidos através da avaliação antinociceptiva demonstram que os extratos possuem efeito antinociceptivo marcante. Cqc-EtOH e Cqc-EtOH reduziram significativamente a nocicepção dos animais no teste das contorções abdominais e o tempo da lambida da pata no teste da formalina, bem como aumentaram o tempo em que os animais permaneceram na placa quente. Os extratos Cqc-EtOH e Cqf-EtOH apresentaram também marcante atividade anti-inflamatória. Nos resultados da toxicidade aguda nenhuma alteração significativa foi observada nos animais que receberam os extratos nas doses de 2,0 e 5,0 g/kg pelas vias intraperitoneal e oral, respectivamente. Conclui-se que Cnidoscolus quercifolius possui atividades antinociceptiva e anti-inflamatória, corroborando com o uso na medicina popular. Além disso, os estudos de toxicidade demostram nenhuma toxicidade, demonstrando que há segurança no uso dos extratos, contribuindo assim, para o desenvolvimento de pesquisas farmacológicas e toxicológicas futuras com a espécie. Palavras-chave: Atividade anti-inflamatória; Atividade Cnidoscolus quercifolius; Euphorbiaceae; Toxicidade aguda. antinociceptiva; ABSTRACT The species Cnidoscolus quercifolius (faveleira) is a plant from the Caatinga biome, commonly used to combat inflammation. This study evaluated the antinociceptive and anti-inflammatory effect of the crude ethanol extract from barks (Cqb - EtOH) and leaves (Cql - EtOH) of C. quercifolius and performed the toxicological study of the extracts. The antinociceptive activity was investigated through the induced writhing acetic acid, formalin test and hot plate test. The evaluation of the anti-inflammatory activity was performed using two experimental models: peritonitis and paw edema, both induced by carageenan. The toxicological study for the extracts was performed using the acute toxicity study. The results obtained by the evaluation of antinociceptive activity demonstrate that the extracts have a marked antinociceptive effect. Cqb-EtOH and Cql-EtOH extracts significantly reduced nociceptive activity on the animals tested for the writhing and the time of paw licking in the formalin test and increased the time that the animals remained on the hot plate. The Cqb-EtOH and Cql-EtOH extracts also showed marked anti-inflammatory activity. The results of the acute toxicity showed no significant changes in the animals that received the extracts at doses of 2.0 and 5.0 g/kg by intraperitoneal and oral routes respectively. It’s possible to conclude that Cnidoscolus quercifolius has antinociceptive and anti-inflammatory activities, corroborating the use in folk medicine. In addition, toxicity studies demonstrate no toxicity, indicating security in the use of the extracts, contributing to the development of pharmacological and toxicological studies to further species. Palavras-chave: Anti-inflamatory activity; Antinociceptive activity; Cnidoscolus quercifolius; Euphorbiaceae; Acute toxicity. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Fotografia de Cnidoscolus quercifolius..................................................34 Figura 2 - Distribuição fitogeográfica de Cnidoscolus quercifolius.........................35 Figura 3 - Desenho esquemático de um nociceptor..............................................38 Figura 4 - Representação das terminações nervosas livres, Fibras Aβ, Aδ e C...39 Figura 5 – Fotografia da exsicata de Cnidoscolus quercifolius..............................56 Figura 6 - Camundongo observado no teste de contorções abdominais...............61 Figura 7 - Camundongo observado no teste da formalina.....................................62 Figura 8 - Camundongo observado no teste da placa quente...............................63 Figura 9 - Camundongos observados no teste do Rota-Rod.................................64 Figura 10 - Volume da pata mensurado utilizando o aparelho pletismômetro no modelo do edema de pata induzido por carragenina............................................66 Figura 11 - Efeito antinociceptivo do Cqc-EtOH, da indometacina e da morfina, no teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético em camundongos.........................................................................................................72 Figura 12 - Efeito antinociceptivo do Cqc-EtOH, da indometacina e da morfina na primeira e segunda fase do teste da formalina em camundongos.........................................................................................................74 Figura 13 - Efeito antinociceptivo do Cqc-EtOH no teste da placa quente em camundongos.........................................................................................................75 Figura 14 - Efeito sobre a coordenação motora do Cqc-EtOH e do diazepam no teste de Rota-Rod em camundongos....................................................................76 Figura 15 - Efeito do Cqc-EtOH e da dexametasona sobre a migração leucitária na cavidade peritoneal após a administração de carragenina em camundongos.........................................................................................................77 Figura 16 - Efeito anti-inflamatório do Cqc-EtOH e da indometacina, no edema de pata induzida por carragenina em camundongos..................................................78 Figura 17 - Consumo de alimentos pelos animais tratados com Cqc-EtOH.........80 Figura 18 - Consumo de água pelos animais tratados com Cqc-EtOH.................80 Figura 19 - Variação de peso dos animais tratados com Cqc-EtOH.....................81 Figura 20 - Fotomicrografias de cortes histológicos do fígado de animais tratados com Cqc-EtOH.......................................................................................................87 Figura 21 - Fotomicrografias de cortes histológicos do pâncreas de animais tratados com Cqc-EtOH.........................................................................................88 Figura 22 - Fotomicrografias de cortes histológicos dos rins de animais tratados com Cqc-EtOH.......................................................................................................89 Figura 23 - Efeito antinociceptivo do Cqf-EtOH, da indometacina e da morfina, no teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético em camundongos.........................................................................................................90 Figura 24 - Efeito antinociceptivo do Cqf-EtOH, da indometacina e da morfina na primeira e segunda fase do teste da formalina em camundongos.........................................................................................................92 Figura 25 - Efeito antinociceptivo do Cqf-EtOH no teste da placa quente em camundongos.........................................................................................................93 Figura 26 - Efeito sobre a coordenação motora do Cqf-EtOH e do diazepam no teste de Rota-Rod em camundongos....................................................................94 Figura 27 - Efeito do Cqf-EtOH e da dexametasona sobre a migração leucitária na cavidade peritoneal após a administração de carragenina em camundongos.........................................................................................................95 Figura 28 - Efeito anti-inflamatório do Cqf-EtOH e da indometacina, no edema de pata induzida por carragenina em camundongos..................................................96 Figura 29 - Consumo de alimentos pelos animais tratados com Cqf-EtOH...........98 Figura 30 - Consumo de água pelos animais tratados com Cqf-EtOH..................98 Figura 31 - Variação de peso dos animais tratados com Cqf-EtOH......................99 Figura 32 - Fotomicrografias de cortes histológicos do fígado de animais tratados com Cqf-EtOH.....................................................................................................105 Figura 33 - Fotomicrografias de cortes histológicos do pâncreas de animais tratados com Cqf-EtOH.......................................................................................106 Figura 34 - Fotomicrografias de cortes histológicos dos rins de animais tratados com Cqf-EtOH.....................................................................................................107 LISTA DE QUADRO E TABELAS Quadro 1 - Sistemas de eluição e reveladores utilizados para caracterizar os principais metabólitos secundários da espécie Cnidoscolus quercifolius (Euphorbiaceae).....................................................................................................59 Tabela 1 - Identificação das principais classes de constituintes químicos presentes no extrato etanólico bruto das cascas e folhas de Cnidoscolus quercifolius ................................................................................................................................71 Tabela 2 - Parâmetros hematológicos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius........................................82 Tabela 3 - Parâmetros bioquímicos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius........................................84 Tabela 4 - Peso dos órgãos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius.................................................................85 Tabela 5 - Parâmetros hematológicos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius........................................100 Tabela 6 - Parâmetros bioquímicos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius........................................102 Tabela 7 - Peso dos órgãos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius ................................................................103 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Aα Fibras nervosas mielinizadas do tipo A-alfa Aβ Fibras nervosas mielinizadas do tipo A-beta Aδ Fibras nervosas mielinizadas do tipo A-delta AA Ácido araquidônico AAS Ácido acetilsalicílico ACTH Corticotropina AINES Anti-inflamatórios não esteroides ALT Alanina aminotrasnferase AMPc Monofosfato de 3,5 - adenosina cíclico ANOVA Análise de variância AST Aspartato aminotransferase ATP 1,4,5- Trifosfato de Adenosina CD31 Cluster of Differentiation 31 CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais CHCM Concentração de hemoglobina corpuscular média CGRP Peptídeo relacionado ao gene da calcitonina Cqc-EtOH Extrato etanólico das cascas de Cnidoscolus quercifolius Cqf-EtOH Extrato etanólico das folhas de Cnidoscolus quercifolius COX Cicloxigenase CT Corticosteróides EDTA Ácido etileno diamino tetra-acético FDA Food and Drug Administration GC Glicocorticoides HCM Hemoglobina corpuscular média HVASF Herbário Vale do São Francisco IASP International Association for the Study of Pain ICAM Intercellular Adhesion Molecules IFNʏ Interferon Gama IL Interleucina IL-1β Interleucina-1 beta IL-6 Interleucina-6 IKK Proteína quinase do IkB IkB Proteína inibidora do NFkB iNOS Sintase de Óxido Nítrico Induzível JAM-3 Molécula de adesão juncional-3 LOX Lipoxigenase OMS Organização Mundial da Saúde NFkB Fator nuclear kappa B NMDA N-metil-D-aspartato NO Óxido nítrico PAF Fator de agregação plaquetária PG Prostaglandina PGE2 Prostaglandina E2 PGF2α Prostaglandina F2 alfa PGI2 Prostaciclina PKA Proteína cinase A PKC Proteína cinase C PLA2 Fosfolipase A2 PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares QPN Química de Produtos Naturais RGC Receptor Guanylate Cyclase SG Substância Gelatinosa SNC Sistema Nervoso Central SUS Sistema Único de Saúde TGO Transaminase glutâmico oxalacética TGP Transaminase glutâmico pirúvica TGFβ Fator transformador do crescimento beta TNF Fator de necrose tumoral TNF-α Fator de necrose tumoral-α TRVP-1 Transient Receptor Potential cation channel, subfamily V, member 1 TXA2 Tromboxano UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco VCAM-1 Moléculas de Adesão Vascular VCM Volume corpuscular médio VR Vanilloid Receptor SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................. 23 2. OBJETIVOS.................................................................................... 26 2.1. Objetivo geral................................................................................... 27 2.2. Objetivos específicos....................................................................... 27 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................... 28 3.1. Produtos naturais............................................................................. 29 3.2. O bioma Caatinga............................................................................ 31 3.3. Considerações sobre a família Euphorbiaceae............................... 32 3.4. Considerações sobre o gênero Cnidoscolus................................... 33 3.5. Considerações sobre a espécie Cnidoscolus quercifolius Pohl....... 34 3.6. Considerações sobre a dor ............................................................. 36 3.6.1. Dor e nocicepção............................................................................. 36 3.6.2. Nociceptores.................................................................................... 37 3.6.3. Fibras e vias nociceptivas................................................................ 38 3.6.4. Mecanismo da dor central................................................................ 40 3.6.5. Mecanismo da dor periférica: dor inflamatória................................. 41 3.6.6. Drogas analgésicas......................................................................... 41 3. 7. Modelos experimentais para avaliação da atividade antinociceptiva................................................................................. 43 3.7.1. Contorções abdominais induzidas por ácido acético....................... 43 3.7.2. Teste da formalina........................................................................... 44 3.7.3. Teste da placa quente..................................................................... 44 3. 8. Considerações sobre inflamação................................................. 45 3.8.1 Eventos vasculares.......................................................................... 46 3.8.2 Eventos celulares............................................. ……………….……. 47 3.8.3 Mediadores químicos …………………………………………………. 48 3.9. Drogas anti-inflamatórias................................................................. 49 3.9.1. Anti-inflamatórios não esteroides.................................................... 49 3.9.2. Anti-inflamatórios esteroides........................................................... 50 3.10. Modelos experimentais.................................................................... 52 3.10.1. Edema de pata induzido por carragenina........................................ 52 3.10.2. Edema de orelha induzido por óleo de cróton................................. 53 3.10.3. Peritonite induzida por carragenina................................................. 54 4. PARTE EXPERIMENTAL ............................................................... 55 4.1. Material vegetal................................................................................ 56 4.1.1. Coleta de Cnidoscolus quercifolius Pohl.......................................... 56 4.2. Obtenção do extrato etanólico bruto das cascas e folhas de Cnidoscolus quercifolius Pohl.......................................................... 4.3. 57 Avaliação fitoquímica preliminar dos constituintes químicos das cascas e folhas de Cnidoscolus quercifolius Pohl........................... 57 4.4. Animais............................................................................................ 60 4.5. Testes de atividade antinociceptiva................................................. 60 4.5.1. Teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético.............................................................................................. 60 4.5.2. Teste da formalina........................................................................ 61 4.5.3. Teste da placa quente..................................................................... 63 4.6. Teste de coordenação motora......................................................... 64 4.6.1. Teste do rota-rod........................................................................... 64 4.7. Testes de atividade anti-inflamatória............................................... 65 4.7.1. Migração de leucócitos na cavidade peritoneal............................... 65 4.7.2. Edema de pata induzido por carragenina........................................ 65 4.8. Toxicidade aguda............................................................................. 67 4.8.1. Análise comportamental.................................................................. 67 4.8.2. Análises de parâmetros hematológicos e bioquímicos.................... 67 4.8.3. Análise histopatológica dos órgãos.................................................. 68 4.9. Análise estatística............................................................................ 69 5. RESULTADOS................................................................................ 70 5.1. Triagem fitoquímica......................................................................... 71 5.2. Resultados da atividade farmacológica do extrato das cascas de Cnidoscolus quercifolius.................................................................. 5.2.1 72 Atividade antinociceptiva do extrato das cascas de Cnidoscolus quercifolius....................................................................................... 72 5.2.1.1 Teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético....... 72 5.2.1.2 Teste da formalina........................................................................... 73 5.2.1.3 Teste da placa quente..................................................................... 75 5.2.2. Avaliação da coordenação motora do extrato das cascas de Cnidoscolus quercifolius.................................................................. 76 5.2.2.1 Teste do rota-rod........................................................................... 76 5.2.3. Atividade anti-inflamatória do extrato das cascas de Cnidoscolus quercifolius............................................................. 77 5.2.3.1 Migração de leucócitos na cavidade peritoneal............................... 77 5.2.3.2 Teste do edema de pata induzido por carragenina......................... 78 5.2.4. Toxicidade aguda do extrato das cascas de Cnidoscolus quercifolius............................................................. 78 5.2.4.1. Avaliação comportamental dos camundongos................................ 79 5.2.4.2. Consumo de alimento e água.......................................................... 79 5.2.4.3. Variação do peso corporal............................................................... 80 5.2.4.4 Parâmetros hematológicos.............................................................. 81 5.2.4.5. Parâmetros bioquímicos.................................................................. 83 5.2.4.6. Peso dos órgãos.............................................................................. 85 5.2.4.7. Análise macroscópica e histológica................................................ 86 5.3. Resultados da atividade farmacológica do extrato das folhas de Cnidoscolus quercifolius.................................................................. 5.3.1. 90 Atividade antinociceptiva do extrato das folhas de Cnidoscolus quercifolius....................................................................................... 90 5.3.1.1 Teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético....... 90 5.3.1.2 Teste da formalina........................................................................... 91 5.3.1.3 Teste da placa quente..................................................................... 93 5.3.2. Avaliação da coordenação motora do extrato das folhas de Cnidoscolus quercifolius.................................................................. 94 5.3.2.1 Teste do rota-rod........................................................................... 94 5.3.3. Atividade anti-inflamatória do extrato das folhas de Cnidoscolus quercifolius.................................................................. 95 5.3.3.1 Migração de leucócitos na cavidade peritoneal............................... 95 5.3.3.2 Teste do edema de pata induzido por carragenina......................... 96 5.3.4. Toxicidade aguda do extrato das folhas de Cnidoscolus quercifolius.................................................................. 96 5.3.4.1. Avaliação comportamental dos camundongos................................ 97 5.3.4.2 Consumo de alimento e água.......................................................... 97 5.3.4.3. Variação do peso corporal............................................................... 98 5.3.4.4. Parâmetros hematológicos.............................................................. 99 5.3.4.5. Parâmetros bioquímicos.................................................................. 101 5.3.4.6. Peso dos órgãos.............................................................................. 103 5.3.4.7. Análise macroscópica e histológica................................................. 104 6. DISCUSSÃO.................................................................................... 108 7. CONCLUSÕES................................................................................ 116 REFERÊNCIAS............................................................................... 118 APÊNDICES.................................................................................... 133 ANEXOS.......................................................................................... 182 1. INTRODUÇÃO GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 1. INTRODUÇÃO A ingestão de plantas para o alívio e a cura das doenças foi uma das primeiras formas de utilização dos produtos naturais pela humanidade (VIEGAS-JÚNIOR et al., 2006). Assim, as plantas medicinais têm sido utilizadas ao longo do tempo, sendo vários os procedimentos clínicos registrados com as mesmas. Embora a medicina alopática tenha obtido um grande avanço a partir da segunda metade do século XX, ainda existem alguns entraves na sua utilização pelas populações menos favorecidas economicamente. Dessa maneira, o uso de plantas medicinais se destacou entre as populações carentes dos países em desenvolvimento, devido a sua fácil obtenção e a grande tradição do uso de plantas medicinais (VEIGAJÚNIOR et al., 2005). O Brasil se destaca abrigando aproximadamente 14% da diversidade de plantas do mundo, sendo considerado o país com a maior diversidade biológica do planeta (PEIXOTO; AMORIM, 2003). Nesse sentido, a biodiversidade brasileira é considerada uma importante fonte para a descoberta de novos fármacos e/ou fitofármacos, contribuindo assim, para o avanço das pesquisas multidisciplinares e para o desenvolvimento tecnológico nacional, ressaltando que a diversidade dos biomas brasileiros é ainda muito pouco explorada como uma fonte de substâncias de interesse farmacológico (BARREIRO; BOLZANI, 2009). Dentre os biomas brasileiros, destaca-se a Caatinga, por se encontrar na lista dos biomas que mais sofreram com a interferência humana e é um dos menos estudados no Brasil (CASTELLETTI et al., 2003). A espécie selecionada para este estudo foi Cnidoscolus quercifolius, conhecida popularmente como “faveleira”, uma das plantas pertencentes ao bioma Caatinga, que se destaca pela sua extraordinária resistência à seca. Esta espécie apresenta grande importância para o desenvolvimento da região semiárida em virtude de sua alta disseminação e completa adaptação às condições adversas dessa região. É popularmente utilizada para recuperar áreas degradadas, para a alimentação animal e humana, para a medicina 24 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. popular, para serrarias como fonte de energia e para diversos outros usos (NETO et al., 2009). Em relação ao uso na medicina popular, Cnidoscolus quercifolius é usada para combater a inflamação (LORENZI; MATOS, 1998). O processo inflamatório consiste na resposta orgânica mais precoce diante de lesão tissular ou infecção. Perante um trauma tissular, ocorre o acúmulo local de prostaglandinas, tromboxanos e outros mediadores químicos que ocasionam uma alteração no limiar de nociceptores, com consequente hiperalgia. A dor é uma modalidade sensorial que em muitos casos representa o único sintoma para o diagnóstico de várias doenças. Ela tem muitas vezes uma função protetora (ALMEIDA et al., 2001; KUMMER; COELHO, 2002). Em levantamento bibliográfico realizado nos principais bancos de dados sobre estudos com plantas medicinais, não foram encontrados registros de estudos com essa espécie e sua ação antinociceptiva e anti-inflamatória. Nesse sentindo, é de suma importância a realização do presente estudo no intuito de avaliar os efeitos antinociceptivo e anti-inflamatórios da espécie. Assim, a presente pesquisa buscou realizar a avaliação da atividade antinociceptiva e anti-inflamatória do extrato etanólico bruto da espécie Cnidoscolus quercifolius, bem como o estudo de sua toxicidade, no intuito de assegurar sua utilização e servir de parâmetros para o desenvolvimento de futuros medicamentos fitoterápicos. 25 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 2. OBJETIVOS 26 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 2. OBJETIVOS 2.1. Geral Contribuir para o estudo farmacológico de espécies de família Euphorbiaceae nativas da Caatinga, através da avaliação da atividade antinociceptiva e anti-inflamatória de Cnidoscolus quercifolius Pohl em camundongos. 2.2. Específicos Realizar a triagem fitoquímica para a identificação das principais classes de constituintes químicos presentes nos extratos; Avaliar o potencial antinociceptivo do extrato etanólico bruto das cascas e folhas da espécie Cnidoscolus quercifolius Pohl; Avaliar o potencial anti-inflamatório do extrato etanólico bruto das cascas e folhas da espécie Cnidoscolus quercifolius Pohl; Investigar os possíveis mecanismos de ação envolvidos nos extratos e a participação dos sistemas de neurotransmissão; Avaliar o perfil de segurança, através do estudo da toxicidade aguda, do extrato etanólico bruto das cascas e folhas da espécie. 27 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 28 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Produtos naturais O uso dos produtos naturais pela humanidade transcorre desde tempos imemoriais. Assim, uma das primeiras formas de utilização dos produtos naturais para o alívio e a cura de doenças, foi pela ingestão de ervas e folhas. Nas civilizações Oriental e Ocidental, no desenvolvimento de suas histórias, utilizaram os recursos naturais na medicina e no controle de pragas. Já na medicina tradicional chinesa, até hoje muitas espécies e preparados vegetais medicinais são estudados na busca pelo entendimento de seu mecanismo de ação e no isolamento dos princípios ativos (VIEGAS-JUNIOR et al., 2006). O termo "produtos naturais" usualmente está associado com a produção de metabólitos secundários produzidos por um organismo, que na maioria dos casos funciona como mecanismo de defesa contra herbívoros, microorganismos, insetos e plantas competidoras. Uma variedade de produtos naturais, originados principalmente a partir das plantas, contêm vários componentes ativos e são usados por milhares de anos pela população em diversos países e regiões do mundo (MAJEED et al., 2012). Estima-se que 40% dos medicamentos disponíveis na terapêutica atual foram desenvolvidos de fontes naturais, desses, 25% são provenientes de plantas, 13% de microrganismos e 3% de animais. Somente no período entre 1983-1994, aproximadamente 39% dos fármacos aprovados pela agência americana de controle de medicamentos e alimentos (FDA), foram desenvolvidos a partir de produtos naturais. Além disso, um terço dos medicamentos mais prescritos e vendidos no mundo foi desenvolvido a partir de produtos naturais (CRAGG et al., 1997). Nesse sentindo, os produtos naturais têm servido como importante fonte de medicamentos durantes séculos, e cerca de metade dos produtos farmacêuticos, como os fármacos, em uso hoje são derivados dos produtos naturais (ZHANG et al., 2013). Assim, a terapêutica moderna, baseada no uso 29 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. de medicamentos com ações específicas sobre receptores, enzimas e canais iônicos, não teria sido possível sem a contribuição dos produtos naturais (CALIXTO, 2003). Em meio aos diversos reinos da natureza, o reino vegetal é o que tem contribuído de forma mais significativa para o fornecimento de metabólitos secundários, a grande maioria destes de grande valor agregado, devido às suas aplicações em medicamentos, cosméticos, alimentos e agroquímicos (PHILLIPSON; ANDERSON, 1989). Assim, as plantas além do seu uso na medicina popular, têm contribuído ao longo dos anos para a obtenção de vários fármacos, até hoje amplamente utilizados na clínica (FARNSWORTH, 1980). Um exemplo relevante a ser considerado é a morfina (analgésico de ação no sistema nervoso central) e a codeína (antitussígeno), ambas são produtos obtidos a partir do ópio da Papaver somniferum (SIMÕES; PETROVICK, 2010). Os metabólitos secundários produzidos pelas plantas têm a função de modular seus próprios metabolismos, possuindo uma constituição complexa e, consequentemente, também podem alcançar alvos terapêuticos de doenças humanas. Assim, a grande maioria dos princípios ativos de relevância farmacológica encontradas nos extratos vegetais é proveniente dos metabólitos secundários (FERREIRA; PINTO, 2010). Nesse sentindo, os produtos naturais são usados como matériaprima na síntese de moléculas complexas de interesse farmacológico. Através deles os pesquisadores puderam compreender fenômenos complexos relacionados à biologia celular e molecular e à eletrofisiologia, permitindo que enzimas, receptores, canais iônicos e outras estruturas biológicas fossem identificados (SHU, 1998). Assim, o Brasil por possuir uma riqueza na sua biodiversidade e, sendo o detentor da maior floresta equatorial e tropical úmida do planeta, não pode abdicar de sua vocação para os produtos naturais. Assim, a Química de Produtos Naturais (QPN) é, dentro da Química brasileira, a área mais antiga, agregando um número elevado de pesquisadores (PINTO et al., 2002). É importante que o Brasil progrida no uso das plantas medicinais, a partir de uma campanha de esclarecimento público, incluindo a classe médica, para mostrar a segurança e eficácia das plantas medicinais de uso tradicional, 30 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. como uma alternativa terapêutica. É também relevante, que os químicos de produtos naturais se envolvam com o estudo de plantas medicinais, desde o trabalho de identificação do princípio ativo ao controle de qualidade dos produtos oferecidos ao consumidor (FERREIRA; PINTO, 2010). 3.2 O bioma Caatinga A Caatinga brasileira compreende aproximadamente 750.000 km 2 de área geográfica e possui uma população de 20 milhões de habitantes, sendo considerada uma das regiões semiáridas de maior densidade populacional do mundo. O Bioma tem grande potencial para o desenvolvimento de novas pesquisas científicas em vários aspectos, tais como fauna, flora, recursos hídricos e minerais, além dos aspectos ecológicos e climáticos. Isso é justificado pelo fato de ser uma região altamente habitada e por possuir inúmeras características próprias e particulares (FREIRE, 2009). A vegetação da Caatinga ocupa uma área de aproximadamente 7% do território brasileiro e está presente nos estados da Bahia, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e a porção norte de Minas Gerais. É importante ressaltar, que a preservação da biodiversidade da Caatinga é de relevante importância, tanto para o ecossistema como para o sustento das famílias da região, estas que sofrem com o longo período de estiagem (BARBOSA et al., 2009). Nesse sentido, por estarem inseridas em uma região com baixas precipitações pluviométricas, temperaturas elevadas, solos cristalinos, baixa umidade e alta incidência solar suas espécies são notavelmente adaptadas (FREIRE, 2009). A Caatinga pode ser caracterizada por uma vegetação baixa, composta principalmente por árvores e arbustos adaptados às condições xerofíticas por meio da microfilia, da caducidade e de espinhos, entre outras modificações morfológicas típicas desses ambientes (PRADO, 2003). 31 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 32 3.3 Considerações sobre a família Euphorbiaceae Dentre as diversas famílias de espécies vegetais da Caatinga podemos destaca a família Euphorbiaceae. Essa família é constituída por 62 gêneros e 765 espécies, entre os quais 500 são endêmicas (FORZZA et al., 2010). As plantas desta família possuem folhas simples ou compostas, em geral possuem laticíferos, em maior ou menor quantidade e na maioria das vezes, glândulas no pecíolo ou no limbo (SILVA et al., 2012). No Brasil, a família possui cerca de 70 gêneros e 100 espécies, sendo mais frequentemente encontrados os seguintes vegetais: Croton (“sangue-de-dragão”), Manihot ("mandioca"), Joannesia (“ánda-açu” ou “purgade-cavalo”); Jathropha ("pinhão-do-paraguai"); Euphorbia ("coroa-de-cristo”), Poinsettia (“flor-de-papagaio”) Acalypha (PANTOJA, 2010). Assim, a família é considerada de grande importância econômica entre as Angiospermas (SÁTIRO; ROQUE, 2008), reunindo algumas espécies de interesse econômico, destacando-se a espécie Hevea brasiliensis Müll. Arg. (seringueira), Manihot esculenta Crantz (mandioca ou cassava), Ricinus comunis L. (mamona) e Croton cajucara L. (sacaca) (GIULIETTI, 2009). É relevante destacar ainda, que a família Euphorbiaceae é a segunda família mais representativa em número de espécies na Caatinga, distribuída em trópicos e subtrópicos (SANTOS et al., 2005). É característica desta família, a ocorrência de vários metabólitos secundários (RANDAU et al., 2002). Uma classe de metabólitos secundários presentes na família são os diterpernos, os mesmos são considerados o grupo de substâncias mais característico e complexo da família (SALATINO et al., 2007). Dessa forma, as plantas da família Euphorbiaceae são detentoras de várias atividades biológicas. A espécie Croton urucurana, cujos óleos voláteis possuem em torno de 83 compostos distintos, apresenta atividades anticâncerígena, anti-inflamatória, antioxidante, antirreumática e antiulcerogênica (SIMIONATTO et al., 2007). Pera glabrata possui atividade antifúgica, devido às altas taxas de cafeína, além de ser também utilizada no tratamento para a perda da memória decorrente da doença de Alzheimer GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. (CARDOSO-LOPES et al., 2009). Dentre os diversos gêneros pertecencentes a essa família, podemos destacar o Cnidoscolus, relatado no tópico a seguir. 3.4 Considerações sobre o gênero Cnidoscolus O gênero Cnidoscolus Pohl compreende cerca de 50-75 espécies, distribuídas excepcionalmente na América tropical e concentradas, principalmente, no México e Nordeste do Brasil (WEBSTER, 1994). É um gênero bem representado no Brasil (aproximadamente 18 espécies), especialmente na região Nordeste (com cerca de 10 espécies), sendo esta região um dos prováveis centros de diversidade de Cnidoscolus (MACBRIDE, 1951). Uma das características das espécies pertencentes ao gênero Cnidoscolus é a presença de tricomas urticantes (Cnidoscolus, do grego: knide = urtiga, skolos = ponta), que se concentram em quase todas as suas partes vegetativas e florais. A característica distinta deste gênero é a presença de tricomas urticantes que, quando estimulada pelo contato com a pele, pode causar dor intensa e localizada (MELO; SALES, 2008). Na Caatinga, o gênero Cnidoscolus se faz presente, através de quatro espécies utilizadas na medicina popular: C. infestus Pax & K., Hoffm.; C. pubescens Pohl, C. quercifolius Pohl e C. urens L. Arthur. Essas espécies possuem diversas propriedades medicinais, dentre elas, atividade antitumoral, anti-inflamatória para o sistema genito-urinário, antisséptica e no tratamento de infecções renais, dermatológicas e lesões oftalmológicas, contusões, fraturas, feridas, verrugas, disenteria, hemorragia, apendicite e reumatismo (AGRA et al., 2008). Outro fato relevante, é que várias espécies do gênero Cnidoscolus possuem atividade antioxidante, dentre elas, as raízes de C. infestus e as folhas de C. pubescens (SOBRINHO et al., 2011). Existem relatos na literatura da presença de alcaloides no gênero Cnidoscolus (AWOYINKA et al., 2007; YAKUBU et al., 2008). Outros metabólitos também foram encontrados no gênero, tais como: as cumarinas, os terpenoides, as xantinas e as antocianinas (TAVARES; AMORIM, 2010). Foram 33 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. identificados e isolados três novos terpenoides das cascas da espécie C. quercifolius, que foram denominados: um bis-nor-diterpeno, filacantona e dois triterpenos 3β-O-cinamoil-lupeol e 3β-O-dihidrocinamoil-lupeol (LEMOS et al., 1991). 3.5 Considerações sobre a espécie Cnidoscolus quercifolius Pohl Pertencente à família Euphorbiaceae, Cnidoscolus quercifolius Pohl (Figura 1) está presente nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia e dentre outros (DUQUE, 2004). A espécie é conhecida popularmente como faveleira, sendo uma árvore de porte pequeno e muito conhecida por possuir tricomas urticantes distribuídos por toda a planta (MAIA-SILVA et al., 2012). Figura 1. Fotografia de Cnidoscolus quercifolius Pohl. Esta espécie é uma planta oleaginosa, xerófila, decídua, heliófila e pioneira, que atinge de 4 a 8 m de altura, dotada de copa alongada ou arrendondada e rala, possuindo um tronco curto e ramificado desde a base, mais ou menos cilíndrico, com casca fina, lenticelada e quase lisa, de 20 a 35 cm de diâmetro. Na medicina popular do Nordeste, a decocção, a infusão e 34 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. maceração das cascas e entrecascas do caule são empregadas contra inflamações ovarianas e inflamações gerais (LORENZI; MATOS, 1998). A faveleira destaca-se por sua grande capacidade de tolerância à seca. Suas raízes são tuberosas e armazenam nutrientes, utilizados durante a estação seca, período em que ocorre a floração e a frutificação dessa espécie. Suas inflorescências são compostas por flores pequenas e brancas (MAIASILVA et al., 2012). Essa espécie é utilizada na medicina popular para combater a inflamação (LORENZI; MATOS, 1998). RR AP MA PI AM CE PA RN PB PE AL TO SE MT AC BA RO MS ES PR RS RJ MG SC Figura 2. Distribuição fitogeográfica de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2013). 35 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 36 3.6 Considerações sobre a dor 3.6.1 Dor e nocicepção A palavra “dor” na língua portuguesa é derivada do latim “dolore” e significa sofrimento; na língua inglesa “pain”, do grego: poiné, pena. Há uma distinção entre os termos dor e nocicepção feita pelos fisiologistas, onde a nocicepção se refere aos sinais que chegam ao sistema nervoso central resultante da ativação dos receptores sensoriais especializados, denominados nociceptores, que fornecem informações sobre a lesão tecidual ocasionada por estímulos nocivos, daí a origem da nomenclatura. Diferentemente, “a dor é uma experiência emocional desagradável, que geralmente acompanha a nocicepção” (FEIN, 2011). A definição de dor descrita pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) como uma “experiência emocional, com sensação desagradável, associada à lesão tecidual presente, potencial ou descrita como tal” (LAPA et al., 2003). No Brasil, estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas padeçam de algum tipo de dor (FORNI et al., 2012). Quando o sujeito experimental não pode definir verbalmente a resposta de dor, como no caso dos animais, torna-se preferível a utilização do termo “Resposta Nociceptiva” por englobar as respostas comportamentais e neurofisiológicas da dor, dissociando-as do caráter cognitivo-afetivo da resposta. Dessa forma, apesar dos animais não apresentarem a capacidade de comunicar verbalmente a ocorrência da dor, quando são submetidos a um estímulo nociceptivo, eles exibem respostas comportamentais, motoras e fisiológicas semelhantes às observadas em humanos (LAPA et al., 2003). O sistema sensorial, que engloba visão, olfato, tato, audição e gustação, tem a função de informar o cérebro sobre os ambientes externo e interno do corpo. A dor, por ser considerada uma percepção sensorial, constitui um sistema de alarme, para proteção do organismo de uma eventual lesão tecidual, por meio da ativação de mecanismos que envolvem vias reflexas periféricas, espinhais e supraespinhais (CARLINI; MENDES, 2011). GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 3.6.2 Nociceptores Os nociceptores são terminações neuronais livres dos neurônios de primeira ordem, cuja função é preservar a homeostasia tecidual, assinalando uma injúria potencial ou real (KLAUMANN et al., 2008). A função básica dos nociceptores é de transmitir informações aos neurônios de ordem superior sobre a lesão tecidual ocasionada por estímulos térmicos, mecânicos ou químicos que provocam lesão tecidual, resultando em sensação de dor. Existem várias possibilidades para explicar como estes diferentes estímulos resultariam na sensação de dor, dentre elas, a de que os nociceptores individuais são sensíveis a todos esses estímulos diferentes e a outra é que existem vários tipos de nociceptores, e cada um é sensível a um estímulo específico (FEIN, 2011). Os nociceptores estão descritos em quatro classes: os mecânicos, térmicos, polimodais e silenciosos. Os nociceptores mecânicos respondem a pressão intensa; os nociceptores térmicos respondem a temperaturas extremas, quentes (> 45 °C) ou frias (< 5 °C) e possuem fibras A mielinizadas, em conjunto esses nociceptores de fibra A δ-β são denominados mecanotérmicos. Os nociceptores polimodais respondem aos estímulos nocivos mecânicos, térmicos ou químicos. Os nociceptores silenciosos são ativados por estímulos químicos, mediadores inflamatórios, e respondem a estímulos mecânicos e térmicos somente depois de serem ativados (FEIN, 2011). 37 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Figura 3. Desenho esquemático do nociceptor (FEIN, 2011, Disponível em: http://www.dol.inf.br/nociceptores). 3.6.3 Fibras e vias nociceptivas Os nociceptores (Figura 4) são responsáveis por transmitir o sinal nociceptivo da periferia para os neurônios secundários que estão localizados no corno dorsal da medula, estes que transmitem as informações para os centros integrativos do Sistema Nervoso Central (SNC) através de vias ascendentes da medula espinhal. As fibras são divididas em três categorias: a primeira são as fibras sensoriais primárias Aα e Aβ mielinizadas e de condução rápida, responsáveis pela informação proprioceptiva (toque leve e pressão); na segunda estão os neurônios de corpos celulares de pequeno e médio diâmetro, formados pelas fibras C amielinizadas de condução lenta, e por fim, as fibras Aδ mielinizadas de condução rápida. Em condições normais apenas as fibras C e Aδ transmitem informações nociceptivas (CARLINI; MENDES, 2011). 38 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Figura 4. Representação das terminações nervosas livres, Fibras Aβ, Aδ e C (RANG et al., 2007). Os corpos celulares das fibras aferentes nociceptivas situam-se nos gânglios da raiz dorsal: as fibras entram na medula espinal através das raízes dorsais, terminando na substância cinzenta do corno posterior. A maioria das fibras aferentes nociceptivas termina na região superficial do corno posterior, com as fibras C e algumas fibras Aδ inervando os corpos celulares nas lâminas I e II, enquanto outras fibras A penetram mais profundamente no corno posterior (lâmina V). As células nas lâminas I e V dão origem às principais vias de projeção do corno posterior ao tálamo (RANG et al., 2007). A informação nociceptiva é transmitida da medula espinhal para o tálamo e para o córtex por cinco vias ascendentes: os tratos espinotalâmico, espinoreticular, espinomesencefálico, cervicotalâmico, espinohipotalâmico (PINTO, 2000). O tálamo e o córtex são regiões finais da projeção das vias de nocicepção. O tálamo é um dos responsáveis por informar que existe sensação nociceptiva, e o córtex é responsável pela discriminação do tipo de sensação nociceptiva e por identificar, de forma pouco fiel, de onde provém (SOUZA, 2005). Os neurônios cruzam a linha média da medula espinhal e ascendem em direção ao tálamo, através do fascículo anterolateral que contém os feixes 39 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. espinotalâmico e espinorreticular para penetrar na substância cinzenta, após o impulso ser integrado no sistema medular, o impulso nociceptivo caminha por feixes ascendentes. O feixe espinotalámico dirige-se ao tálamo para o complexo ventrobasal, núcleo posterior e núcleos intralaminares, as informações processadas nessas áreas são transmitidas ao córtex e o feixe espinorreticular vai à formação reticular. Há também um sistema descendente que tem origem no córtex e na formação reticular, que desce anatomicamente pelo funículo dorso lateral e faz sinapse com os neurônios da lâmina II na medula espinhal, com função inibitória (CAVALCANTI; MADALENA, 2003). Já o feixe espinomesencefálico é formado por axônios de neurônios de projeção das lâminas I e IV que se projetam até os núcleos parabraquiais da formação reticular. O feixe espinocervical tem origem nas Lâminas III e IV e projeta-se para o tálamo através do trato cervicotalâmico. O Trato espinohipotalâmico compreende axônios das lâminas I, V e VIII. Estas se projetam diretamente no hipotálamo (KLAUMANN et al., 2008). 3.6.4 Mecanismo central da dor As lesões teciduais periféricas induzem a liberação de neurotransmissores, como substância P, somatotastina, peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, neurocinina-A, glutamato e aspartato. Essas substâncias estão relacionadas com a ativação de potenciais pós-sinápticos excitatórios e dos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA) (ROCHA et al., 2007). A sensibilização central é induzida por impulsos sensoriais conduzidos pelas fibras C, estas quando são estimuladas podem liberar os neurotransmissores, aminoácidos excitatórios e os neuropeptídios (substância P, glutamato, etc). O glutamato por sua vez, após sua liberação, ativa os receptores NMDA, provocando a despolarização da célula pós-sináptica e a liberação de um segundo mensageiro, além de ativar receptores metabotrópicos que ativam enzimas intracelulares através da fosfolipase C (CAVALCANTI; MADALENA, 2003). 40 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 3.6.5 Mecanismo da dor periférica (dor inflamatória) A dor inflamatória tem como função indicar a ocorrência de uma lesão tissular, assim reduz a propagação do agente etiológico e previne lesões tissulares futuras (LAPA et al., 2003). Logo após uma lesão tecidual ou inflamação, nociceptores sensibilização periférica são ativados com e eventos inicia-se uma celulares e cascata de subcelulares (KLAUMANN et al., 2008). Os mediadores liberados ativam cascatas de segundos mensageiros, influenciando canais iônicos, enzimas e proteínas de sinalização intracelular nos nociceptores, levando ao aumento da excitabilidade do neurônio, diminuindo o limiar de disparo e aumentando a frequência de potenciais de ação produzidos durante uma estimulação supralimiar (BASBAUM; WOOLF, 1999). As células lesadas e fibras aferentes primárias liberam uma série de mediadores químicos, incluindo substância P e neurocinina A que têm efeitos diretos sobre a excitabilidade de fibras sensoriais e simpáticas, além de promover a vasodilatação com extravasamento de proteínas plasmáticas e o recrutamento de células inflamatórias: mastócitos, macrófagos, linfócitos e plaquetas contribuem para a formação de um ambiente complexo, composto por mediadores inflamatórios, como íons hidrogênio, bradicinina, histamina, íons potássio, citocinas, serotonina, fator de crescimento neural, óxido nítrico e produtos das vias da ciclo-oxigenase e lipo-oxigenase do metabolismo do ácido araquidônico (KLAUMANN et al., 2008). 3.6.6 Drogas analgésicas As drogas utilizadas para o tratamento da dor tanto de classificação aguda como crônica, são na grande maioria as drogas adjuvantes, que possuem ações farmacológicas diversas, entre elas estão os antidepressivos, anticonvulsivantes, anestésicos locais, agonistas dos receptores adrenérgicos e moduladores gabaérgicos, entre outros, os fármacos anti-inflamatórios não 41 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 42 esteroides (AINES) e os opioides. Nesse sentindo, vale ressaltar que as drogas clinicamente utilizadas para combater a dor, possuem ação limitada dependendo do tipo de dor e produzem efeitos colaterais relevantes, que restringem sua utilização (CARLINI; MENDES, 2011). Os fármacos opioides são amplamente utilizados para promover o alívio da dor, sendo considerados importantes por atuarem no sistema nervoso central, exercendo os seus efeitos através de três receptores opioides (µ, ƙ, ᵹ). Essa classe de fármacos é importante para o tratamento da dor crônica. Existem algumas consequências devido ao uso dos opiáceos, dentre elas, a depressão respiratória, sonolência, diminuição da motilidade gastrointestinal, náuseas e diversas alterações do sistema endócrino e do sistema nervoso autônomo (ALMEIDA et al., 2001). O sistema opioide endógeno tem várias funções fisiológicas, incluindo a regulação da dor, através da inibição da resposta dolorosa, modulação das funções gastrointestinal, endócrinas, autonômicas e de aprendizado e da memória (ÁLVAREZ; FARRÉ, 2005). Os medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) são utilizados no combate a dor e são amplamente utilizados no mundo, seus efeitos farmacológicos são devido à inibição de uma enzima chamada ciclooxigenase (COX), que existe em três isoformas, a COX-1, COX-2 e a COX-3 (ABDEL-AZIZ et al., 2011). A administração de AINES em longo prazo pode causar úlceras gastrointestinais, sangramentos e desordens renais, devido à inibição não seletiva das isoformas constitutiva (COX-1) e induzível (COX-2). Os fármacos cardiovasculares inibidores e seletivos adversos da COX-2 importantes, podem causar dentre efeitos eles, o aumento do risco de infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e hipertensão arterial (BATLOUNI, 2010). Os opioides atuam excitando os neurônios na substância cinzenta periaquedutal e no núcleo reticular paragigantocelular, que, por sua vez, se projetam ao bulbo rostroventral, que inclui o núcleo magno da rafe e a partir dele os neurônios contendo 5-hidroxitriptamina e encefalina vão à substância gelatinosa do corno posterior e exercem influência inibitória sobre a transmissão, além disso, eles atuam também no corno posterior e nas terminações periféricas de neurônios aferentes nociceptivos. Já os AINES GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. atuam perifericamente diminuindo a produção de prostaglandinas, além dos efeitos periféricos, eles também atuam na região central, possivelmente na medula espinal, tendo em vista que, as lesões inflamatórias aumentam a liberação de prostaglandinas na medula, causando facilitação da transmissão das fibras de dor aferentes para os neurônios de retransmissão no corno posterior (RANG et al., 2007). 3. 7. Modelos experimentais para avaliação da atividade antinociceptiva 3.7.1. Contorções abdominais induzidas por ácido acético O teste de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético em camundongos é descrito como um modelo típico de estudo da dor inflamatória, a ser utilizado como uma triagem para avaliação de analgésicos ou antiinflamatórios. Assim, a irritação local que é produzida pela injeção intraperitoneal do ácido acético provoca a liberação de vários mediadores, tais como a substância P, bradicininas, prostaglandinas, bem como das citocinas pró-inflamatórias tais como IL-1, IL-6, IL-8 e TNF-α (PINHEIRO et al., 2011). O modelo das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético é um modelo geral, não seletivo, para estudos de drogas antinociceptivas (COUTO et al., 2011). O ácido acético induz o aumento do nível de PGE2 e PGF2α no fluido peritoneal, que é responsável pela produção de dor. Por isso, pode concluir-se que qualquer agente que reduz o número de contorções irá demonstrar efeito analgésico, por inibição da síntese de prostaglandina, um mecanismo periférico de inibição da dor (ALI et al., 2012). 43 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 3.7.2. Teste da formalina A injeção subcutânea de formalina, em camundongos, determina o aparecimento de várias respostas motoras bem caracterizadas, cuja quantificação permite que se avalie a intensidade da resposta nociceptiva (LAPA et al., 2003). Assim, o teste da formalina é um método de avaliação comportamental utilizado para medir a efetividade de agentes antinociceptivos, sendo composto por duas fases. A primeira inicia-se logo após a injeção de formalina e se estende pelos primeiros 5 minutos (dor neurogênica ou aguda), estando relacionada com a estimulação química direta dos nociceptores das fibras aferentes do tipo C e, em parte, das fibras do tipo Aδ, está associada à liberação de aminoácidos excitatórios, óxido nítrico e substância P. A segunda ocorre entre 15 e 30 min após a injeção de formalina e está relacionada com a liberação de vários mediadores pró-inflamatórios, como bradicinina, prostaglandinas e serotonina, entre outros. O intervalo entre a primeira e a segunda fase (período de quiescência) é resultado de uma inibição da transmissão nociceptiva através de circuitos supra-espinhais e espinhais (HUNSKAAR; HOLE, 1987). 3.7.3. Teste da placa quente O teste da placa quente (hot plate) é utilizado para avaliar a latência dos animais a estímulos térmicos. Foi inicialmente descrito por Woolfe; Macdonald (1944) como modelo específico para a detecção de substâncias analgésicas de efeito central. Neste teste, os animais são colocados individualmente numa placa quente de temperatura constante (55 ± 0,5 0C) e após a obtenção dos valores basais os animais são tratados, posteriormente decorridos 30, 60 e 120 da administração da droga a resposta é novamente avaliada (CARLINI; MENDES, 2011; LAPA et al., 2003). 44 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. O modelo da placa quente avalia a participação de mecanismos centrais na antinocicepção, sendo seletivo para componentes analgésicos tipo opióide (PIRES et al., 2004). Este modelo utiliza a temperatura como estímulo nociceptivo, assim, os nociceptores (fibras C e Aδ, principalmente) são estimulados após a ativação dos receptores vaniloides, em especial, os receptores do tipo VR-1, que possuem limiar de ativação em 43 ºC, e os receptores do tipo VRL-1, que possuem limiar de ativação em 52 ºC. Os recepetores VR-1 e VRL-1 são importantes na avaliação da resposta a estímulos térmicos nocivos, permitindo uma resposta quando a temperatura aumenta (SILVA et al., 2013). 3. 8. Considerações sobre inflamação A palavra inflamação, ou flogose, tem origem do latim inflamare, ou do grego phlogos, que significa pegar fogo. A inflamação é considerada um mecanismo defensivo de relevante importância contra inúmeras agressões, sendo então, uma reação dos tecidos vascularizados a um agente agressor, caracterizada morfologicamente pela saída de líquidos e de células do sangue para o interstício (BRASILEIRO - FILHO, 2009). A inflamação faz parte de um mecanismo de defesa do hospedeiro contra os estímulos que causam lesões, mas quando esse processo não é controlado, pode causar danos ao organismo do indivíduo (DIA et al., 2014). Os sinais cardinais que identificam a inflamação são: o calor, rubor (vermelhidão), tumor (edema), dor e a perda da função, dentre os quais os quatro primeiros foram descritos por Cornelius Celsus (ALESSANDRI et al., 2013). Esses sinais são aparentes no local em que a reação inflamatória foi induzida o processo inflamatório pode ser desencadeado por agentes infecciosos, agentes físicos (radiação, queimadura, trauma), químicos (substâncias cáusticas), isquemia e interações antígeno-anticorpo. A resposta inflamatória pode ser dividida em aguda (caracterizada por vasodilatação localizada e aumento da permeabilidade vascular), subaguda (ocorre a infiltração de leucócitos e células 45 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. fagocitárias) e crônica (ocorre degeneração tecidual e fibrose) (CARVALHO, 2004). A resposta inflamatória ocorre através de uma reação inata, englobando os eventos ocorridos no local do tecido, e a resposta imune que tornando a resposta de defesa mais específica. Assim, a reação inata envolve os eventos que ocorrem localmente no interior dos tecidos e podem ser divididos em vasculares e celulares (SILVA, 2007). 3.8.1. Eventos vasculares Os eventos vasculares são de relevante importância, devido à sua capacidade para promover no local da lesão um aumento na concentração de mediadores de origem plasmática, dentre eles os componentes do sistema complemento, da coagulação, do sistema fibrinolítico e das cininas. Esses eventos compreendem a vasodilatação, com consequente aumento do fluxo sanguíneo no local, o aumento da permeabilidade vascular e a exsudação plasmática (SILVA, 2007). Os fenômenos vasculares são representados por algumas modificações hemodinâmicas que ocorrem na microcirculação, essas são conduzidas pelos mediadores liberados durante os fenômenos irritativos (BRASILEIRO - FILHO, 2009). Inicialmente, após a ocorrência de uma lesão, ocorre a vasodilatação, que é caracterizada por vermelhidão e ardor no local da lesão. Essa vasodilatação ocorre com o propósito de facilitar a migração de mediadores e células inflamatórias para o local da lesão tissular (SHERWOOD; TOLIVER-KINSKY, 2004). A vasodilatação arteriolar é produzida por ação da histamina e mantida por prostaglandinas, leucotrienos e PAF, aumentando assim, o fluxo de sangue para a área agredida. Em seguida, as vênulas menores dilatam-se e as maiores sofrem pequena constrição, aumentando a pressão hidrostática na microcirculação. Concomitantemente com o aumento da permeabilidade vascular, ocorre a exsudação de plasma para o interstício, promovendo a 46 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. hemoconcentração local e o aglomeramento das hemácias, tornando o sangue mais viscoso e a circulação mais lenta (BRASILEIRO - FILHO, 2009). As alterações vasculares na inflamação dependem do equilíbrio de forças para direcionar o líquido para o interior do espaço vascular ou para fora dele, tais como: pressão hidrostática, pressão oncótica, pressão osmótica e fluxo linfático (HANSEL; RENEE, 2007). Assim a resposta inflamatória desempenha um papel importante na regulação do sistema vascular, integrando diversas respostas mecânica e bioquímica, liberando substâncias vasoativas, citocinas, fatores de crescimento e hormônios (ALLER et al., 2007). 3.8.2. Eventos celulares Os eventos celulares são desencadeados com o propósito de promover a saída de leucócitos do leito vascular para o local em que ocorreu a inflamação. Esse fenômeno ocorre simultaneamente com os eventos vasculares e segue algumas fases como captura, rolamento dos leucócitos pelo endotélio, adesão firme e transmigração (SILVA, 2007). Nesse sentindo, a partir de respostas da imunidade inata e adaptativa ocorre à migração de leucócitos para o sítio de inflamação. A migração de neutrófilos, monócitos e células “natural killer” é iniciada através de respostas inatas e pela origem de mediadores inflamatórios no local, tais como, quimiocinase, citocinas específicas e a partir da imunidade adaptativa através da migração de Linfócitos T para o local da inflamação (NOURSHARGH; MARELLI-BERG, 2005). O processo de migração se inicia quando os leucócitos ocupam a periferia do vaso, sendo em seguida capturados, aderindo frouxamente ao endotélio e deslocando-se sobre a superfície endotelial (fenômeno de captura e rolamento), posteriormente são ativados e aderem firmemente ao endotélio (fenômeno da adesão), e finalmente, migram através da parede das vênulas, passando entre as células endoteliais (migração). A captura, o rolamento e a adesão dos leucócitos são mediados por moléculas de adesão na superfície do endotélio e dos leucócitos, naturalmente expressas na membrana ou com 47 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. expressão aumentada após ativação do endotélio ou leucócito. Assim, as moléculas de adesão existentes no endotélio são ICAM-1 e 2, VCAM-1, CD31, selectinas e as JAM-3 (BRASILEIRO – FILHO, 2009). A migração de leucócitos a partir do sistema vascular ocorre através de um processo de múltiplos passos, ditada pela ativação sequencial de proteínas adesivas e os seus ligantes nos leucócitos e no endotélio das células. Os monócitos, os linfócitos e os leucócitos polimorfonucleares migram por mecanismos semelhantes, diferindo apenas em suas respostas (WAGNER; ROTH, 2000). 3.8.3. Mediadores químicos A reação inflamatória é resultado da produção no local de origem do processo inflamatório de inúmeros mediadores, a partir de fontes humorais ou celulares. Esses mediadores químicos são os responsáveis pela uniformidade quase estereotipada da reação inflamatória, independente da natureza do agente agressor (CARVALHO, 2004). Vários mediadores são liberados no tecido lesionado, incluindo o citocinas, quimiocinas, eicosanoides, aminas biogênicas, neuropeptídeos, entre outros. No local da inflamação, esses mediadores exercem efeitos vasculares, tais como, a vasodilatação, estase vascular e aumento da permeabilidade vascular, promove a migração de leucócitos da circulação para o tecido inflamado e coordena as respostas de defesa (ROTH et al., 2009). Nesse sentindo, os mediadores devem ser liberados nos momentos certos para que os fenômenos subsequentes atinjam o objetivo de defesa (eliminação ou contenção da agressão) e de reparo (regeneração ou cicatrização), havendo uma cronologia adequada para que os mecanismos próinflamatórios antecedam os anti-inflamatórios, possibilitando que a inflamação aconteça e seja resolvida ou terminada (BRASILEIRO - FILHO, 2009). Assim, os principais mediadores pró-inflamatórios são: histamina (receptores H1), PAF, bradicinina, prostaglandinas, Leucotrienos, taquicininas, IL-1, TNFα, IL-17, IFNϒ, anafilatoxinas e as proteases plasmina e tripsina. Os 48 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. principais mediadores anti-inflamatórios são: histamina (receptores H2), prostaglandinas e tromboxanos A2, lipoxinas, resolvinas D e E, neuroproteínas, acetilcolina, IL-10, TGFβ, antiproteases: α1-antitripsina e α2-macroglobulina, glicocorticoides e endorfinas (BRASILEIRO - FILHO, 2009). Após o reconhecimento dos estímulos inflamatórios os mediadores liberam uma cascata de citocinas, as quais desempenham um papel essencial no desenvolvimento da dor inflamatória, bem como outros eventos inflamatórios. As citocinas participantes no processo inflamatório após uma lesão são: o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), responsável por promover a liberação de outras citocinas, destacando-se a interleucina 1-beta (IL-1β), que promove a produção de prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanos e a interleucina 8 (IL-8) (BASBAUM; JULIUS, 2006; VERRI et al., 2006). 3.9. Drogas anti-inflamatórias 3.9.1. Anti-inflamatórios não esteroides As terapias anti-inflamatórias têm focado em estratégias para reduzir ou neutralizar a ação dos mediadores pró-inflamatórios, bem como inibir o recrutamento e ativação de leucócitos (ALESSANDRI et al., 2013). Dentre eles, destacam-se os AINEs, esses estão entre os mais usados de todos os fármacos. Seus principais efeitos terapêuticos são: anti-inflamatório (modificação da reação inflamatória), analgésico (redução da dor inflamatória) e antipirético (redução da temperatura corporal patologicamente elevada) (RANG et al., 2007). Os anti-inflamatórios não-esteroides interferem na síntese de prostaglandinas e leucotrienos, e são excelentes bloqueadores da dor e do edema inflamatório, mas com menor ação na exsudação celular. São conhecidos dois grupos: os inibidores da COX-1 e inibidores da COX-2. Os inibidores da síntese de leucotrienos têm seus receptores utilizados como anti- 49 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. inflamatórios nos casos de inflamações alérgicas, principalmente asma (BRASILEIRO - FILHO, 2009). O principal mecanismo de ação dos AINEs é a inibição da COX, e consequentemente das prostaglandinas. Estas provocam vasodilatação, eritema e hiperalgia quando liberadas em resposta ao trauma. O eritrema e o edema resultam da propriedade vasodilatadora da PGE2 e da PGI2, principais produtos da COX-2 do macrófago e do endotélio vascular, os efeitos antiinflamatórios decorrem da inibição da COX-2 e da síntese de PGE2 e PGI2 pelos macrófagos e pelo endotélio vascular (SAKATA, 2008). A COX é responsável pela conversão de ácido araquidônico a prostaglandinas, tromboxanos e outros mediadores lipídicos envolvidos na inflamação. Os efeitos anti-inflamatórios dos AINEs são decorrentes da sua capacidade de inibir a forma indutível da COX (isto é, a COX-2). A forma constitutiva da enzima, a COX-1, é responsável pela produção de prostaglandinas envolvidas na citoproteção gástrica, na agregação plaquetária e na auto-regulação do fluxo sanguíneo renal. Por conseguinte, os AINEs, que inibem tanto a COX-1 e COX-2 (por exemplo, o ASS) podem resultar tanto em uma diminuição de inflamação e os efeitos colaterais de comprometimento de plaquetas, renais e as funções gastrointestinais (WAGNER; ROTH, 2000). No intuito de diminuir os efeitos colaterais dos anti-inflamatórios convencionais, manter suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, os inibidores seletivos da COX-2 foram formulados. Esses, em sua dose terapêutica, inibem apenas a isoforma COX-2, sem interferência na atividade COX-1, os coxibes, como por exemplo, o rofecoxibe®, etoricoxibe®, lumiracoxibe® e firocoxibe® (LEES et al., 2004; SAKATA, 2008). 3.9.2. Anti-inflamatórios esteroides Os corticosteroides são hormônios esteroides sintetizados pela cortex da adrenal, exercendo efeito sobre muitos sistemas orgânicos, bem como possuindo ação anti-inflamatória (SAKATA, 2008). De forma primária, a produção de glicocorticoides é regulada pelo hormônio adrenocorticotrófico 50 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. (ACTH). Os corticoides podem ser divididos em duas classes principais, os mineralocorticoides, assim denominados por estarem envolvidos com a regulação do equilíbrio de íons, e os glicorticoides, que participam da regulação do metabolismo de carboidratos e de outras vias metabólicas (POIAN; CARVALHO-ALVES, 2006). Os corticosteroides possuem efeito analgésico intrínseco, tornandoos úteis no combate à dor aguda ou crônica. A prescrição dessa classe de medicamentos torna-se especial em situações nas quais o processo inflamatório se manifesta como importante agente patogênico da dor em questão, ou seja, nas dores reumáticas, naquelas associadas aos traumas, em algumas dores neuropáticas, em dores causadas por tumores e em especial nas de acometimento ósseo, entre outras situações (SAKATA, 2008). Os glicocorticoides atuam por vários mecanismos no processo inflamatório, dentre eles: estabilizam membranas, diminuindo a fagocitose e a exocitose dos fagócitos; reduzem a permeabilidade vascular e a ativação de células endoteliais, bloqueando parcialmente a expressão de moléculas de adesão e têm ação antifibrogênica (BRASILEIRO - FILHO, 2009). Os glicocorticoides inibem as citocinas pró-inflamatórias, como as interleucinas IL2 e IL12, o interferon gama (INFg) e o fator de necrose tumoral, bem como moléculas de adesão, como a lipocortina-1, moléculas de adesão vascular (VCAM-1) e moléculas de adesão intercelular (ICAM) e enzimas, como a sintase induzida pelo óxido nítrico (INOS), a ciclooxigenase (COX 2) e a fosfolipase (A2). No processo inflamatório, os glicocorticoides produzem ação moduladora sobre a taxa de expressão de fatores de transcrição, como o fator nuclear kappa B (NFkB), proteína inibidora do NFkB (IkB) e a proteína quinase do IkB (IKK), além dos efeitos genômicos dos glicocorticoides, os quais determinam redução da ação histamínica, diminuição da síntese de prostaglandinas e da ativação do plasminogênio (LONGUI, 2007). Os glicocorticoides suprimem a expressão da COX 2, promovem a inibição da fosfolipase A2, bloqueiam a liberação de ácido araquidônico e consequentemente da síntese de prostaglandinas mediada pela COX 2. Esses efeitos contribuem para as ações anti-inflamatórias dos glicocorticoides (GILMAN et al., 2006; HANSEL; DINTZIS, 2007). 51 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Os glicocorticoides possuem um amplo espectro de indicações terapêuticas e dignósticas, podendo ser utilizados de forma substitutiva em casos de insuficiência adrenocortical ou no diagnóstico de doenças como a síndrome de Cushing, além de serem empregados no tratamento agudo da hipoglicemia e da hipercalcemia. Esses também induzem a maturação celular (pneumócito tipo II), a diferenciação celular (linhagens da crista neural) e a morte celular por apoptose, o que permite seu uso no tratamento de tumores, especialmente os de linhagem hematopoiética. Os glicocorticoides têm papel central no tratamento de doenças, nas quais estejam envolvidos mecanismos imunes e inflamatórios (LONGUI, 2007). É importante ressaltar, que o uso prolongado dos glicocorticoides constitui num fator de risco elevado. Os efeitos adversos são geralmente mais graves quando o uso é sistêmico, quando comparado com o uso tópico. Os principais efeitos adversos são: a cicatrização retardada, o aparecimento de petéquias e eritemas na pele, acne, glaucoma, osteoporose e outros (SCHACKE et al., 2002). 3.10. Modelos experimentais para avaliação da atividade anti-inflamatória 3.10.1. Edema de pata induzido por carragenina O edema é ocasionado pela injeção subcutânea de carragenina na pata de ratos ou camundongos, que promove o aumento agudo e progressivo do volume da pata injetada. Esse edema é proporcional à intensidade da resposta inflamatória, constituindo um parâmetro útil na avaliação da atividade anti-inflamatória de novos compostos (LAPA et al., 2003). Na atividade anti-inflamatória avaliada pelo modelo, o edema é induzido pela administração de 0,1 mL/animal de carragenina 1% na região subplantar do camundongo. O volume é mensurado pelo aparelho de hidroplestismômetro no tempo de 0 e intervalos de 1, 2, 3, 4 e 5 horas após a injeção. O modelo experimental demonstra um elevado grau de 52 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. reprodutibilidade. A resposta inflamatória induzida pela carragenina é caracterizada por uma resposta bifásica com formação de edema acentuado resultante da produção rápida de vários mediadores inflamatórios, tais como histamina, serotonina e bradicinina (primeira fase), e subsequentemente liberação de prostaglandinas e óxido nítrico (segunda fase), com pico em 3 h, produzido pela COX 2 e óxido nítrico sintase (iNOS), respectivamente (THOMAZZI et al., 2010). 3.10.2. Edema de orelha induzido por óleo de cróton O modelo de edema induzido na orelha de camundongos, através da administração do óleo de cróton, é utilizado para avaliar a atividade de agentes anti-inflamatórios de uso tópico, bem como anti-inflamatórios esteroides de uso sistêmico. Primeiramente o anti-inflamatório é aplicado topicamente nas orelhas dos camundongos e, após um período de absorção (geralmente 1 h) aplica-se na orelha direita o agente irritante diluído em acetona, enquanto a orelha esquerda é tratada apenas com o veículo. O edema é medido através da diferença de peso entre as orelhas (LAPA et, al., 2003). O edema de orelha induzido por óleo de cróton representa um modelo usado para estudar atividade anti-inflamatória de drogas esteroides e não esteroides. No teste são aplicados topicamente 10 µL de óleo de cróton (2,5% em acetona), tendo como controle a orelha contralateral administrado com o mesmo volume de acetona. Após 4 h os animais devem ser sacrificados e removidos discos de 5 mm de diâmetro das orelhas e pesados. A diferença entre o peso das orelhas é tomada como o edema induzido por óleo de cróton (BRAGGIO et al., 2002). 53 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 3.10.3. Peritonite induzida por carragenina O modelo de peritonite induzida pela injeção intraperitoneal (i.p.) de carragenina permite avaliar drogas anti-inflamatórias. A injeção i.p. de carragenina induz a migração de leucócitos para o local, cuja quantificação permite avaliar a influência de drogas no desenvolvimento deste parâmetro da resposta inflamatória, sendo sensível a anti-inflamatórios esteroides, além da presença de vários mediadores inflamatórios pode ser avaliada e dosada no exsudato inflamatório assim obtido (LAPA et al., 2003). O recrutamento de células durante a inflamação depende da liberação de mediadores locais, que são responsáveis pelas alterações vasculares no local do processo inflamatório, bem como pelo recrutamento das células de defesa. A inflamação induzida pela carragenina envolve a migração celular, a exsudação e a produção de mediadores plasmáticos, tais como NO, prostaglandina E2, a IL-1β, IL-6 e TNF-α. Esses mediadores são responsáveis por recrutar neutrófilos (THOMAZZI et al., 2010). 54 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 4. PARTE EXPERIMENTAL 55 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 4. PARTE EXPERIMENTAL 4.1. Material vegetal 4.1.1 Coleta de Cnidoscolus quercifolius Pohl As folhas e cascas de Cnidoscolus quercifolius Pohl foram coletadas no município Petrolina, na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Semiárido, em fevereiro de 2012, em uma área de Caatinga dentro da instituição, cujas coordenadas geográficas são: latitude 09 003’55,30’’’ longitude 040020’06,90’’’ e altitude 374 m. O material foi identificado pelo engenheiro florestal Dr. Viseldo Ribeiro de Oliveira da EMBRAPA. Uma exsicata da espécie foi depositada no Herbário Vale do São Francisco (HVASF) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) sob a identificação de número 19202 (Figura 5). Figura 5. Exsicata de Cnidoscolus quercifolius Pohl coletada em Petrolina-PE. 56 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 4.2. Obtenção do extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius Pohl O material vegetal (folhas e cascas) foi dessecado em estufa com ar circulante à temperatura média de 40 °C por um período de 72 horas. Após a secagem e completa estabilização (eliminação de água, inativação de enzimas, etc.) o material foi pulverizado em moinho, obtendo-se um material vegetal seco e pulverizado (folhas – 0,482 kg; cascas – 1,481 kg). O material seco e pulverizado foi submetido à maceração exaustiva com etanol 95% em um percolador. Foram realizadas várias extrações com intervalos de 72 hs entre cada extração até completo esgotamento da droga. A solução extrativa obtida passou por um processo de destilação do solvente em evaporador rotativo à pressão reduzida a uma temperatura média de 50 °C. Após este processo de evaporação do solvente, obteve-se o extrato etanólico bruto de Cnidoscolus quercifolius (Cq-EtOH). A partir de 0,482 kg do pó seco das folhas foi obtido 0,063 kg do extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius (Cqf-EtOH) (13,07% de rendimento em relação ao peso seco da planta), enquanto a partir de 1,481 kg do pó seco das cascas foi obtido 0,392 kg do extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqc-EtOH) (26,46% de rendimento em relação ao peso seco da planta). 4.3. Avaliação fitoquímica preliminar dos constituintes químicos de Cq-EtOH A presente avaliação fitoquímica é uma triagem, cujo objetivo é sistematizar e/ou rastrear, os principais grupos de constituintes químicos que compõem um extrato vegetal. Trata-se de um exame rápido e superficial através de reagente de coloração ou precipitação que revela a presença de metabólitos secundários em um extrato. Essa triagem fitoquímica preliminar, com o intuito de estabelecer a possível natureza química dos compostos 57 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. existentes foi realizada com o extrato etanólico bruto das cascas e folhas da espécie Cnidoscolus quercifolius. Foram realizados testes para as classes específicas de constituintes químicos, tais como saponinas, esteroides, alcaloides, flavonoides e taninos. A análise qualitativa dos grupos fitoquímicos presentes no extrato etanólico bruto das cascas e folhas de C. quercifolius, foram avaliados em placas de cromatografia em camada delgada de gel de sílica 60 F 254 com suportes de alumínio, aplicada com uma micropipeta, e eluiu-se em diferentes sistemas de solventes, conforme descritos em Wagner; Bladt (1996), buscando destacar os principais grupos de metabólitos secundários (Quadro 1). 58 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Quadro 1. Sistemas de eluição e reveladores utilizados para caracterizar os principais metabólitos secundários da espécie Cnidoscolus quercifolius (Euphorbiaceae). Classe química Sistema eluente Revelador Alcaloides Tolueno: acetato de etila: Dragendorff dietilamina (70:20:10) Antocianinas Acetato de etila: ácido anisaldeído fórmico: ácido acético glacial: sulfúrico água (100:11:11: 26) Cumarinas Tolueno: éter etílico (1:1 KOH etanólico saturado com ácido acético a 10% 10%) Derivados Acetato de etila: metanol: KOH etanólico Antracênicos água (100:13,5:10) 10% Flavonoides Acetato de etila: ácido NEU fórmico: ácido acético glacial: água (100: 11: 11: 26) Lignanas Clorofórmio: metanol: água Vanilina fosfórica (70:30:4) Mono e diterpenos Tolueno: acetato de etila Vanilina sulfúrica (93:7) Naftoquinonas Tolueno: ácido fórmico (99:1) KOH etanólico 10% Saponinas Clorofórmio: ácido acético: Anisaldeído metanol: água (64:32:12:8) sulfúrico Triterpenos e Tolueno: clorofórmio: etanol Lieberman- esteroides (40:40:10) Burchard Adaptado de Wagner; Bladt, 1996. 59 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 4.4. Animais Para os testes farmacológicos foram utilizados camundongos albinos Swiss (Mus musculus) machos e de ambos os sexos para o teste de toxicidade aguda, pesando entre 30–40 g, todos provenientes do Biotério Setorial da UNIVASF, Campus Petrolina. Antes dos experimentos, todos os animais foram mantidos em gaiolas de polipropileno com ventilação e temperatura (22 ± 2 °C) controladas, em um ciclo claro-escuro de 12/12 h, com a fase de luz iniciando às 6:00 e terminando às 18:00 hs, com livre acesso à ração tipo “pellets” (Labina®) e água (disponível em frascos de plástico com bicos apropriados). Antes dos experimentos os animais foram privados de alimento por 12 hs e transferidos do Biotério para o laboratório de fisiologia 48 horas antes do experimento. No período de adaptação os animais apenas foram manipulados durante a limpeza das caixas. Todos os procedimentos foram conduzidos de acordo com os princípios éticos na experimentação animal, sendo aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF sob o número 0030/82012. 4.5. Testes de atividade antinociceptiva 4.5.1. Teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético Baseado no método descrito Collier et al. (1968) com algumas adaptações o teste das contorções abdominais foi realizado, com o objetivo de avaliar o Cqc-EtOH e o Cqf-EtOH. Assim, foram utilizados seis grupos com seis camundongos para cada extrato (Cqc-EtOH e Cqf-EtOH). A resposta nociceptiva foi induzida através da administração de ácido acético via intraperitoneal (i.p.) em volume de 0,1 mL/10 g. Os camundongos foram tratados com Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg i.p.) ou 60 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Cqf-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg i.p.) e os animais do grupo controle negativo receberam solução fisiológica 0,9% administrados por via intraperitoneal (i.p.) 30 minutos antes da administração do ácido acético. A Indometacina (20mg/kg) e a morfina (10 mg/kg) foram usados como drogas padrões, sendo administradas por i.p. 30 minutos antes do agente indutor da nocicepção. O movimento de contorção abdominal é uma resposta caracterizada pela contração e rotação do abdomem, seguida pela extensão de uma ou ambas as patas traseiras. As contorções foram registradas entre 5 - 15 min após a administração do ácido acético por via intraperitoneal (i.p.) (LAPA et al., 2003). Figura 6. Camundongo observado no teste de contorções abdominais após a injeção do ácido acético. 4.5.2. Teste da formalina Foi utilizado o método descrito por Hunskaar; Hole (1987), com algumas adaptações. A nocicepção foi induzida através da administração da 61 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. solução de formalina (2,5% em salina 0,9%) por via subplantar (s.p.) na pata posterior direita, em um volume de 20 μL/pata. Foram utilizados seis camundongos em seis grupos para cada extrato. Os animais foram tratados com Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg), Cqf-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg), veículo (salina), indometacina (20 mg/kg) e morfina (10 mg/kg) todos por i.p. 60 minutos antes da injeção da formalina. Os camundongos foram observados em uma câmara com um espelho montado em três lados para permitir a visão das patas, e o tempo (em segundos) gasto lambendo e mordendo a pata injetada foi medido como um indicador de dor (Figura 7) (ALMEIDA et al., 2011). As respostas nociceptivas causadas pela formalina são bifásicas, sendo divididas em uma primeira fase, que ocorre durante os 5 min iniciais e, uma segunda fase, que acontece entre 15 e 30 min após a injeção de formalina. A primeira fase é descrita como neurogênica, é ativada pelas fibras do tipo C. A segunda fase possui caráter mais prolongado, sendo atribuída à liberação de mediadores inflamatórios (CARLINI; MENDES, 2011). Figura 7. Camundongo observado no teste da formalina. 62 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 4.5.3. Teste da placa quente No teste da placa quente os camundongos foram divididos em cinco grupos com seis animais cada para cada extrato. Os mesmos foram previamente selecionados 24 horas antes do teste, no aparelho de placa quente (Insight, Brasil), na temperatura de 55 ± 0,5 °C. Assim, aqueles animais que apresentaram um tempo de reação (definido como latência para levantar ou lamber as patas) maior que vinte segundos foram automaticamente excluídos. Os animais que foram selecionados receberam o pré-tratamento com Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg i.p.), Cqf-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg i.p.), veículo (salina i.p.) e morfina (10 mg/kg i.p.). No teste os animais são colocados individualmente numa placa quente de temperatura constante (55± 0,5 °C) (Figura 8) e o tempo de latência foi medido em 30, 60, 90 e 120 min após os pré-tratamentos (LAPA, et al., 2003; KURIAN, R. et al., 2006). No intuito de proteger o animal de possíveis lesões teciduais, foi escolhido um tempo de corte de 20 s. Figura 8. Camundongo observado no teste da placa quente. 63 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 4.6. Teste de coordenação motora 4.6.1. Teste do rota-rod Os animais utilizados foram previamente selecionados 24 hs antes da realização do teste. Aqueles que permaneceram por um período igual a 180 s estavam aptos para participar do teste (ALMEIDA, 2006). Os camundongos que foram selecionados receberam o tratamento com Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg i.p.), Cqf-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg i.p.), veículo (salina i.p.) e diazepam (2,5 mg/kg i.p.). Assim, os camundongos foram divididos em cinco grupos com seis animais para cada extrato. Os animais foram colocados na barra giratória de 2,5 cm de diâmetro girando a 7 rotações por minuto – R.P.M. (Figura 9), em seguida foi registrado o tempo de permanência do animal na barra giratória (em segundos), com três reconduções, no máximo, à barra (LAPA et al., 2003). Figura 9. Camundongos observados no teste do rota-rod. 64 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 4.7. Testes de atividade anti-inflamatória 4.7.1. Migração de leucócitos na cavidade peritoneal Para a realização do teste foram utilizados cinco grupos com seis animais para cada extrato. Os animais receberam Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg i.p.), Cqf-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg i.p.), veículo (salina i.p.) e dexametasona (2 mg/kg, i.p.) e após 30 min receberam a solução de carragenina (i.p.) (LAPA et al., 2003). Os animais foram eutanasiados 4 hs após o estímulo e a migração de leucócitos foi avaliada, sendo colhidas as células da cavidade peritoneal com 3 mL de solução salina contendo 1 mM de EDTA. Imediatamente, uma breve massagem foi realizada, e em seguida foi coletado o fluido peritoneal, que foi centrifugado (3000 R.P.M. por 6 min) em temperatura ambiente. O sobrenadante foi descartado e 300 μL de EDTA foi adicionado ao precipitado, do qual foi retirado uma alíquota de 10 μL. Foi adicionado 200 μL de solução de Turk à alíquota e o total de células foi contado em uma câmara de Neubauer, em um microscópio óptico. Os resultados foram expressos como número de leucócitos/mL (MELO et al., 2011). 4.7.2. Edema de pata induzido por carragenina O teste do edema de pata induzido por carragenina 2% consiste em injetar um volume de 20 μL/animal na região subplantar (s.p.), da pata direita do camundongo (WINTER; RISLEY; NUSS, 1962). Posteriormente, para avaliar a medida do volume das patas é necessário imergir a pata direita até o maléolo lateral em um hidropletismômetro elétrico (PanLab LE 7500, Espanha) (Figura 10) (LAPA et, al., 2003). Os camundongos foram divididos em cinco grupos de seis animais para cada extrato. Os animais foram tratados com Cqc-EtOH (100, 200 e 65 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 400 mg/kg i.p.), Cqf-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg i.p.), veículo (salina) e indometacina (20 mg/kg) todos por i.p. 30 minutos antes da injeção da carragenina. Antes da administração da carragenina (s.p.), foi avaliado o volume basal da pata, posteriormente as medidas foram realizadas em 1, 2, 3, 4 e 5 horas (HUANG et al., 2012). Finalmente, para calcular a inibição do edema, o volume da pata direita após a injeção da carragenina (VB) foi subtraído pelo volume da pata direita anterior à injeção da carragenina (VA) e dividido pelo (VA), pela seguinte fórmula: (VB-VA)/VA. Figura 10. Volume da pata mensurado utilizando o aparelho pletismômetro no modelo do edema de pata induzido por carragenina. 66 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 4.8. Toxicidade aguda No intuito de investigar a toxicidade aguda, os camundongos foram divididos em seis grupos de 6 machos e 6 fêmeas (n = 12). Assim, o grupo controle recebeu o veículo (salina), os demais grupos receberam prétratamento com Cqc-EtOH e Cqf-EtOH, na dose de 2,0 g/kg e 5,0 g/kg por via intraperitoneal e via oral, respectivamente. Posteriormente, os animais foram observados durante 14 dias para avaliar a presença de mortes e sinais de toxicidade. Outros parâmetros tais como: peso corporal, consumo de alimento e água foram avaliados diariamente, durante todo o estudo. 4.8.1. Análise comportamental A análise comportamental foi realizada seguindo metodologia descrita por Almeida et al. (1999), baseado na observação de alguns parâmetros específicos (piloereção, ptose palpebral, contorções abdominais, convulsões, catatonia, tremores, paralisia das patas dianteiras, sedação, ambulação aumentada, resposta ao toque diminuída, movimentação intensa das vibrissas, agressividade, estereotipia e analgesia), logo após a administração de Cq-EtOH. No primeiro dia, tais parâmetros foram avaliados nos tempos de 0,5, 1, 2, 3 e 4 h após administração do extrato. Nos demais dias, a avaliação comportamental foi feita diariamente até o último dia da toxicidade aguda. 4.8.2. Análises de parâmetros hematológicos e bioquímicos Os parâmetros hematológicos e bioquímicos sanguíneos foram avaliados seguindo a metodologia descrita por Vasconcelos et al. (2007) e Araújo et al. (2008) com modificações. O sangue foi retirado através do plexo braquial para análise laboratorial dos parâmetros hematológicos: contagem de 67 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. eritrócitos (106/mm3), hemoglobina (g/dL), hematócrito (%), volume corpuscular médio (VCM, μ3), hemoglobina corpuscular média (HCM, g), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM,%), leucócitos (103/mm3), linfócitos (%), monócitos (%) e plaquetas (103/mm3). Os parâmetros bioquímicos analisados em amostras de soro foram glicose (mg/dL), colesterol (mg/dL), triglicérides (mg/dL), AST/TGO (U/L), ALT/TGP (U/L), uréia (mg/dL) e creatinina (mg/dL). As amostras foram levadas para laboratórios privados do município de Petrolina-PE. 4.8.3. Análise histopatológica dos órgãos Foram retirados fragmentos (medindo aproximadamente: 1,0 cm x 1,0 cm) dos seguintes órgãos: rim, fígado, pâncreas, pulmão, baço, coração e estômago, lavados imediatamente em solução salina (soro fisiológico) e a seguir para se proceder à fixação os mesmos foram imersos em solução de formol tamponado a 10% (tampão fosfato 0,1 M pH 7,2) por 12 h. A seguir, os fragmentos foram imersos em álcool a 70% e transportados ao Laboratório de Biologia Celular, Histologia e Citologia, no Campus de Ciências Agrárias da UNIVASF. Os tecidos (rim, fígado e pâncreas) foram escolhidos para realizar a análise histopatológica, devido apresentarem alterações macroscópicas importantes. Esses foram desidratados em concentrações crescentes de etanol (Dinâmica, São Paulo, Brasil), clarificados em xileno (Dinâmica, São Paulo, Brasil) e inclusos em parafina (Dinâmica, São Paulo, Brasil). Em seguida, secções de 5 µm de cada bloco foram cortados em micrótomo (EasyPath, São Paulo, Brasil) montadas em lâminas de vidro e coradas pelo método HE (Hematoxilina-Eosina). A análise histopatológica foi realizada pela docente do Colegiado de Ciências Farmacêuticas Dra Rosemairy L. Mendes. 68 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 4.9. Análise estatística Os dados obtidos foram analisados através do programa GraphPad Prism, versão 4.0, e expressos como média ± erro padrão da média (e.p.m.). Diferenças estatisticamente significativas entre os grupos foram calculadas pela aplicação de uma análise de variância (ANOVA) one-way seguido do teste de Dunnett, ou pelo teste t de Student não pareado, conforme exigido pelo protocolo experimental. Foram considerados significativos valores de p < 0,05. 69 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5. RESULTADOS 70 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5. RESULTADOS 5.1. Triagem fitoquímica A análise fitoquímica preliminar (Tabela 1) indicou reação positiva para presença de cumarinas, flavonoides, monoterpenos/diterpenos e naftoquinonas no Cqc-EtOH, enquanto, o Cqf-EtOH demonstrou reação positiva para cumarinas, derivados antracênicos, flavonoides, lignanas e triterpenos/esteroides. Não foram detectados no Cqc-EtOH os seguintes constituintes: alcaloides, antocianinas, derivados antracânicos, lignanas, saponinas e triterpenos/esteroides. O Cqf-EtOH evidenciou reação negativa para alcaloides, antocianinas, monoterpenos/diterpenos, naftoquinonas e saponinas. Tabela 1. Identificação das principais classes de constituintes químicos presentes no extrato etanólico bruto das cascas e folhas de Cnidoscolus quercifolius (Euphorbiaceae). Classe Química Cqc-EtOH Cqf-EtOH Alcaloide - - Antocianinas - - Cumarinas ++ + Derivados Antracênicos - + Flavonoides ++ + Lignanas - + Monoterpenos/diterpenos + - Naftoquinonas + - Saponinas - - Triterpenos/esteroides - +++ (-): ausência do constituinte, (+): leve presença do constituinte, (++): moderada presença do constituinte, (+++): intensa presença do constituinte. 71 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.2. Resultados da atividade farmacológica do extrato das cascas de Cnidoscolus quercifolius 5.2.1 Atividade antinociceptiva do extrato das cascas de Cnidoscolus quercifolius 5.2.1.1 Teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético Os resultados mostrados na Figura 11 demonstram que a administração do Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg, i.p.) proporcionou a inibição das contorções induzidas pelo ácido acético quando comparados com grupo controle (p<0,01). As porcentagens de inibição foram de 83,7%, 81,4% e 88,1%, respectivamente. Os fármacos indometacina e morfina apresentaram 89,6% e 100%, respectivamente, de redução de contorções quando comparados com o controle. Não houve diferença estatística entre as doses de Cqc-EtOH, quando comparadas entre si (p<0,01). Número de contorções 30 20 10 ** ** 100 200 ** ** 400 INDO ** 0 Controle MORF Cqc-EtOH (mg/kg) Figura 11: Efeito antinociceptivo do extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqc-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg), indometacina (20 mg/kg), morfina (10 mg/kg), no teste das contorções abdominais em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. **p < 0,01 significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 72 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.2.1.2 Teste da formalina O tempo de lambida da pata diminui significativamente com o prétratamento com Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg, i.p.), quando comparado ao grupo controle em ambas as fases (p<0,01) no teste da formalina (Figura 12). As porcentagens de inibição para Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg) na primeira fase foram de 31,62%, 51,10% e 68,33%, respectivamente. Já na segunda fase as porcentagens foram de 66,08%, 78,26% e 73,97%, respectivamente. O fármaco padrão morfina reduziu em ambas as fases o estímulo da dor (p<0,01), enquanto a indometacina inibiu apenas na segunda fase o estímulo da dor. Assim, houve diferença significativa entre as doses de Cqc-EtOH na primeira e na segunda fase (p< 0,01). 73 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Primeira Fase a) Tempo de lambida (s) 60 50 40 * 30 ** 20 ** 10 ** 0 Controle 100 200 400 INDO MORF Cqc-EtOH (mg/kg) b) Segunda fase Tempo de lambida (s) 200 150 100 ** 50 ** ** ** ** 0 Controle 100 200 400 Cqc-EtOH (mg/kg) INDO MORF Figura 12: Efeito antinociceptivo do extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqc-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg), indometacina (20 mg/kg), morfina (10 mg/kg), na primeira e segunda fase do teste da formalina em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. *p<0,05, **p<0,01, significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 74 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.2.1.3 Teste da placa quente Os resultados demonstrados na Figura 13 apontam que no teste da placa quente, os animais tratados com Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg, i.p.) não mostraram aumento no tempo de latência, assim não houve diferença significante, com exceção da dose de 400 mg/kg no tempo de 30 min que aumentou o tempo de latência (p<0,05). Os animais tratados com a morfina (10 mg/kg) demonstraram um aumento significativo no tempo de latência em 30, 60, 90 e 120 min (p<0,05). Tempo de Latência (s) 20 * ** * 15 * * 10 Controle Cqc-EtOH 100 mg/kg Cqc-EtOH 200 mg/kg Cqc-EtOH 400 mg/kg Morfina 10 mg/kg 5 0 30 60 90 120 Tempo (min) Figura 13: Efeito antinociceptivo do extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqc-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg), morfina (10 mg/kg), no teste da placa quente em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. *p<0,05, **p<0,01, significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 75 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.2.2. Avaliação da coordenação motora do extrato das cascas de Cnidoscolus quercifolius 5.2.2.1 Teste do rota-rod Não houve alteração no tempo de permanência na barra giratória para os animais que receberam o pré-tratamento com Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg, i.p.) em relação ao grupo controle (Figura 14). Já o fármaco padrão utilizada, diazepam (2,5 mg/kg) reduziu o tempo de permanência dos animais na barra giratória significativamente (p<0,01). Não houve diferença significativa entre as doses de Cqc-EtOH quando comparadas entre si (p<0,05). Tempo no rota-rod (s) 200 150 ** ** ** 100 Controle Cqc-EtOH 100 mg/kg Cqc-EtOH 200 mg/kg Cqc-EtOH 400 mg/kg Diazepam 2,5 mg/kg 50 0 0,5 h 1h 2h Figura 14: Avaliação da coordenação motora do extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqc-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg), diazepam (2,5 mg/kg), no teste de rota-rod em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. **p<0,01 significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 76 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.2.3. Atividade anti-inflamatória do extrato das cascas de Cnidoscolus quercifolius 5.2.3.1 Migração de leucócitos na cavidade peritoneal A administração do extrato etanólico bruto das cascas (Cqc-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg, i.p.) 1 h antes da injeção de carragenina (1%, i.p., 0.25 mL) inibiu a migração de leucócitos (p<0,01) quando comparado ao grupo controle (Figura 15). As doses de Cqc-EtOH quando comparadas entre si apresentaram diferença estatística (p<0,01). A droga de referência dexametasona (2 mg/kg, i.p.) também promoveu redução significante na migração de leucócitos (p<0,01). Leucócitos x 102/mm3 250 200 150 100 50 ** ** 100 200 ** ** 400 DEXA 0 Controle Cqc-EtOH (mg/ml) Figura 15: Efeito anti-inflamatório do extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqc-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg) e dexametasona (2 mg/kg), no teste da migração de leucócitos na cavidade peritoneal em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. **p<0,01 significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 77 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.2.3.2 Teste edema de pata induzido por carragenina No pré-tratamento com o Cqc-EtOH (i.p.) apenas a dose de 200 mg/kg inibiu durante todo o período do experimento (p<0,01), enquanto a dose de 100 mg/kg inibiu apenas a partir da 3 h até 5 h (p<0,01), após o uso da carragenina para induzir o edema (Figura 16). A droga padrão utilizada foi a indometacina (20 mg/kg, i.p.) que inibiu o volume do edema de pata (p<0,01) Volume do edema de pata (mL) durante as 5 h de realização do experimento. 1.25 1.00 0.75 ** 0.50 * 0.25 0.00 0 ** ** ** ** Controle Cqc-EtOH 100 mg/kg Cqc-EtOH 200 mg/kg Cqc-EtOH 400 mg/kg Indometacina 20 mg/kg ** ** ** ** ** ** ** 1 2 3 4 5 Tempo (horas) Figura 16: Efeito anti-inflamatório do extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqc-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg) e indometacina (20 mg/kg), no teste do edema de pata induzido por carragenina em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. **p<0,01 significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 5.2.4. Toxicidade aguda do extrato das cascas de Cnidoscolus quercifolius Na avaliação da toxicidade aguda do extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius, não foram observadas mortes dos animais, 78 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. que receceberam a dose 2,0 g/kg administrada pela via intraperitoneal, como também dos animais que receberam a dose 5,0 g/kg administrada pela via oral. 5.2.4.1. Avaliação comportamental dos camundongos Na avaliação comportamental foi observado que os animais que receberam a dose de 2,0 g/kg i.p. (fêmeas e machos) apresentaram contorções abdominais, ptose palpebral, resposta ao toque diminuída e ambulação diminuída. Na dose de 5 g/kg v.o os animais (fêmeas e machos) apresentaram as seguintes alterações comportamentais: ambulação diminuída, ptose palpebral e diarreia. 5.2.4.2. Consumo de água e alimento Durante a análise o consumo de água pelos camundongos tratados com Cqc-EtOH em todos os grupos não mostrou alterações significativas, exceto o grupo de fêmeas que receberam a dose de 2,0 g/Kg por via intraperitoneal. A quantidade de água consumida no final do experimento foi de 33,00 ± 1,71 mL para o grupo controle fêmeas, enquanto o grupo tratado com a dose de 2,0 g/kg i.p. foi de 24,71 ± 1,08 mL (p<0,05) (Figura 17). Em relação ao consumo de alimentos pelos animais não houve alterações relevantes, apenas as fêmeas que receberam o Cqc-EtOH na dose de 2,0 g/Kg i.p. e os machos que receberam a dose de 5,0 g/kg v.o, respectivamente, apresentaram resultados significativos. O consumo de ração no final do experimento foi de 30,07 ± 0,73 g para o grupo controle machos e de 25,43 ± 1,00 g para o grupo controle fêmeas, enquanto o grupo tratado com a dose de 2,0 g/kg (fêmeas) e 5,0 g/kg (machos) foi de 16,93 ± 1,33 g e 24,07 ± 0,92 g respectivamente (p<0,05) (Figura 18). 79 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Consumo de Ração (g) 40 Controle machos Cqc-EtOH machos 2 g/kg Cqc-EtOH machos 5 g/kg Controle fêmeas Cqc-EtOH fêmeas 2 g/kg Cqc-EtOH fêmeas 5 g/kg 35 30 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tempo (dias) Figura 17: Consumo de alimentos pelos animais tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius durante 14 dias (n= 6 por grupo). Consumo de líquido (mL) 80 55 Controle machos Cqc-EtOH machos 2 g/kg Cqc-EtOH machos 5 g/kg Controle fêmeas Cqc-EtOH fêmeas 2 g/kg Cqc-EtOH fêmeas 5 g/kg 45 35 25 15 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tempo (dias) Figura 18: Consumo de líquidos pelos animais tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius durante 14 dias (n= 6 por grupo). 5.2.4.3. Variação do peso corporal O peso corporal dos camundongos do dia 1 ao dia 14 (Figura 19) apresentou diferença estatística apenas nos grupos fêmeas nas doses de 2,0 g/kg por i.p. e 5,0 g/kg v.o. A média do peso corporal dos camundongos do grupo controle fêmeas ao término do experimento foi de 30,87 ± 0,24 g, GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. enquanto as dos grupos fêmeas tratados com 2,0 g/kg por i.p. e 5,0 g/kg v.o. foram de 28,82 ± 0,18 g e 29,46 ± 0,09. 50 Controle machos Cqc-EtOH machos 2g/kg Cqc-EtOH machos 5g/kg Controle fêmeas Cqc-EtOH fêmeas 2g/kg Cqc-EtOH fêmeas 5g/kg Peso (g) 45 40 35 30 25 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Tempo (dias) Figura 19: Variação de peso dos animais tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius durante 14 dias (n= 6 por grupo). 5.2.4.4. Parâmetros hematológicos Nos valores avaliados para os parâmetros hematológicos (eritrócitos, hemoglobina, hematócritos, concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), basófilos, eosinófilos, leucócitos, linfócitos, monócitos e neutrófilos) apenas os parâmetros de volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e neutrófilos apresentaram diferença estatística (p<0,05), os demais grupos não apresentaram diferença significativa. Os resultados estão expressos na Tabela 2. 81 82 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius Pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Tabela 2. Parâmetros hematológicos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqc-EtOH 2 g/kg, i.p. e 5 g/kg, v.o.) e solução salina 0,9% em dose única e avaliados durante 14 dias (n=6 por grupo). Grupos Parâmetros Controle Machos 2 g/kg Machos 5 g/kg Machos Controle Fêmeas 2 g/kg Fêmeas 5 g/kg Fêmeas Eritrócitos (106/mm3) 8,04 ± 0,33 8,25 ± 0,09 8,10 ± 0,35 10,00 ± 1,33 6,94 ± 1,03 7,91 ± 0,17 Hemoglobina (g/dL) 12,74 ± 0,53 13,40 ± 0,21 12,94 ± 0,59 17,18 ± 2,63 10,76 ± 1,57 13,02 ± 0,30 Hematócrito (%) 36,28 ± 1,90 38,58 ± 0,61 37,10 ± 1,79 49,30 ± 7,45 30,84 ± 4,50 36,48 ± 1,21 VCM (μ3) 45,80 ± 0,73 47,20 ± 0,80 45,80 ± 0,66 49,20 ± 1,02 44,40 ± 0,74* 47,00 ± 0,70 HCM (μg) 16,14 ± 0,12 16,32 ± 0,13 16,04 ± 0,25 17,00 ± 0,38 15,52 ± 0,14* 16,44 ± 0,08 CHCM (%) 34,90 ± 0,33 34,30 ± 0,47 34,96 ± 0,29 34,78 ± 0,66 35,00 ± 0,61 35,74 ± 0,61 Basófilos (%) 0,52 ± 0,09 0,36 ± 0,05 0,34 ± 0,09 0,70 ± 0,21 0,42 ± 0,15 0,54 ± 0,10 Eosinófilos (%) Leucócitos (103/mm3) Linfócitos (%) 0,08 ± 0,02 0,02 ± 0,02 0,06 ± 0,02 0,04 ± 0,02 0,08 ± 0,04 0,10 ± 0,05 8,94 ± 1,71 7,30 ± 1,33 6,14 ± 1,48 10,30 ± 2,27 4,92 ± 1,24 6,92 ± 0,88 93,00 ± 0,50 93,96 ± 0,24 90,42 ± 1,21 93,24 ± 0,62 89,62 ± 2,25 90,48 ± 1,20 Monócitos (%) 0,74 ± 0,11 0,46 ± 0,09 0,70 ± 0,09 0,52 ± 0,09 0,38 ± 0,10 0,56 ± 0,10 Neutrófilos (%) 6,00 ± 0,61 5,18 ± 0,20 8,12 ± 1,01 5,00 ± 0,73 8,66 ± 1,68* Valores são expressos em média ± erro padrão da média. Teste t de Student p<0,05, comparado ao controle. 8,32 ± 1,06* GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.2.4.5. Parâmetros bioquímicos Os parâmetros bioquímicos demonstrados na Tabela 3 apontam que houve um decréscimo nos valores de triglicerídeos no grupo machos nas doses de 2 g/kg i.p., 5 g/kg v.o. e fêmeas 2 g/kg i.p., de glicose no grupo machos na dose 5 g/kg v.o e 2 g/kg fêmeas, bem como nos níveis de AST/TGO no grupo 2 g/kg machos e 5 g/kg fêmeas. Os demais resultados não mostraram diferenças significativas. 83 84 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Tabela 3. Parâmetros bioquímicos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqc-EtOH 2 g/kg, i.p. e 5 g/kg, v.o.) e solução salina 0,9% em dose única e avaliados durante 14 dias (n=6 por grupo). Grupos Parâmetros Glicose (mg/dL) Controle Machos 153,7 ± 13,87 2 g/kg Machos 5 g/kg Machos Controle Fêmeas 2 g/kg Fêmeas 5 g/kg Fêmeas 157,2 ± 22,86 83,8 ± 20,53* 142,0 ± 5,94 88 ± 12,51* 107,6 ± 27,27 Colesterol (mg/dL) 324,8 ± 45,70 243,6 ± 33,52 295,6 ± 16,55 292 ± 41,21 271,2 ± 17,55 380 ± 38,22 Triglicerídeos (mg/dL) 454,8 ± 35,05 234,8 ± 31,01* 355,6 ± 39,89* 406,4 ± 22,33 340 ±17,85* 443,2 ± 55,58 AST/TGO (U/L) 200,7 ± 19,83 105,1 ± 24,83* 274,2 ± 68,59 329,6 ± 34,32 392 ± 64,46 182,1 ± 39,34* ALT/TGP (U/L) 63,44 ± 4,96 77,8 ± 15,56 70,16 ± 18,10 94,08 ± 23,00 101,7 ± 25,60 95,16 ± 27,99 Creatinina 0,54 ± 0,04 0,48 ± 0,03 0,54 ± 0,02 0,61 ± 0,04 0,7 ± 0,08 (mg/dL) Valores são expressos em média ± erro padrão da média. Teste t de Student p<0,05, comparado ao controle. 0,62 ± 0,12 85 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.2.4.6. Peso dos órgãos No resultado da análise dos pesos dos órgãos dos animais, não houve diferença significativa quando comparados com o controle (Tabela 4). Tabela 4. Peso dos órgãos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (CqcEtOH 2 g/kg, i.p. e 5 g/kg, v.o.) e solução salina 0,9% em dose única e avaliados durante 14 dias (n=6 por grupo). Grupos Parâmetros Controle Machos 2 g/kg Machos 5 g/Kg Machos Controle Fêmeas 2 g/kg Fêmeas 5 g/Kg Fêmeas Baço (g) 0,14 ± 0,02 0,13 ± 0,00 0,14 ± 0,01 0,10 ± 0,01 0,14 ± 0,02 0,09 ± 0,01 Coração (g) 0,17 ± 0,01 0,17 ± 0,00 0,15 ± 0,03 0,13 ± 0,00 0,12 ± 0,02 0,13 ± 0,00 Estômago (g) 0,48 ± 0,06 0,51 ± 0,04 0,40 ± 0,08 0,41 ± 0,01 0,31 ± 0,06 0,42 ± 0,05 Fígado (g) 1,53 ± 0,08 1,64 ± 0,02 1,59 ± 0,06 1,26 ± 0,04 1,32 ± 0,06 1,20 ± 0,04 Rim (g) 0,22 ± 0,01 0,23 ± 0,00 0,21 ± 0,01 0,16 ± 0,01 0,17 ± 0,01 0,14 ± 0,01 Pâncreas (g) 0,28 ± 0,03 0,28 ± 0,03 0,23 ± 0,04 0,22 ± 0,00 0,21 ± 0,04 0,20 ± 0,01 Pulmão (g) 0,22 ± 0,00 0,23 ± 0,00 0,23 ± 0,00 0,22 ± 0,00 0,23 ± 0,01 Valores são expressos em média ± erro padrão da média. Teste t de Student p< 0,05, comparado ao controle. 0,20 ± 0,00 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.2.4.7. Análise Macroscópica e Histológica Na análise macroscópica dos órgãos os animais tratados com 2 g/kg Cqc-EtOH por via i.p. apresentaram fígado com consistência endurecida, aderido ao diafragma e apenas um animal macho tratado na dose 5 g/kg v.o. apresentou esplenomegalia, porém a análise histológica dos órgãos (fígado, pâncreas e rins) não apresentaram sinais de toxicidade e lesões. Na análise histológica do fígado dos animais tratados com Cqc-EtOH não foi identificada alteração (Figura 20). O parênquima do órgão mostrou-se ausente de lesões (Figura 20 - B, C, E e F) com estruturas conservadas, semelhante aquelas encontradas no grupo controle (Figura 20A e 20D). O pâncreas do animal tratado apresenta o parênquima muito bem preservado (Figura 21). Observa-se a presença de Ilhotas pancreáticas (Figura 21A e 21C) e ácinos pancreáticos em bom estado de conservação em todos os grupos. A análise histológica dos rins mostrou estruturas preservadas e ausência de sinais de nefrotoxicidade (Figura 22). 86 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Figura 20. Fotomicrografias de cortes histológicos do fígado de animais tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius: (A e D) controle, (B e E) Cqc-EtOH (2 g/kg i.p.) e (C e F) Cqc-EtOH (5 g/kg v.o.). VC= ramo da veia centrolobular; H= Hepatócito (coloração: hematoxilina-eosina; aumento: 100 X). 87 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Figura 21. Fotomicrografias de cortes histológicos do pâncreas de animais tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius: (A e D) controle, (B e E) Cqc-EtOH (2 g/kg i.p.) e (C e F) Cqc-EtOH (5 g/kg v.o.). AP= Ácinos pancreático; IP= Ilhotas pancreáticas (coloração: hematoxilina-eosina; aumento: 100 X). 88 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Figura 22. Fotomicrografias de cortes histológicos dos rins de animais tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius: (A e D) controle, (B e E) Cqc-EtOH (2 g/kg i.p.) e (C e F) Cqc-EtOH (5 g/kg v.o.) TR=Túbulos Renais; CR= Corpúsculo Renal (coloração: hematoxilina-eosina; aumento: 100X). 89 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.3. Resultados da atividade farmacológica do extrato das folhas de Cnidoscolus quercifolius 5.3.1 Atividade antinociceptiva do extrato das folhas de Cnidoscolus quercifolius 5.3.1.1 Teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético A administração do Cqf-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg, i.p.), 30 min antes da administração do ácido acético, promoveu a inibição as contorções induzidas pelo ácido acético quando comparados com o grupo controle (p<0,01) (Figura 23). Os resultados mostrados demonstram que as porcentagens de inibição foram de 71,3%, 79,4% e 98,7%, respectivamente. As drogas padrão indometacina e morfina apresentaram 94% e 100%, respectivamente, de redução de contorções quando comparados com o Número de contorções controle. 40 30 20 ** 10 ** ** 0 Controle 100 200 400 ** INDO ** MORF Cqf-EtOH (mg/kg) Figura 23: Efeito antinociceptivo do extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius (Cqf-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg), indometacina (20 mg/kg), morfina (10 mg/kg), no teste das contorções abdominais em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. **p<0,01 significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 90 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.3.1.2 Teste da formalina No teste da lambida da pata induzida pela formalina, o prétratamento com Cqf-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg, i.p.), reduziu o tempo de lambida da pata significativamente, quando comparado ao grupo controle em ambas as fases (p<0,01) (Figura 24). As porcentagens de inibição para Cqf EtOH (100, 200 e 400 mg/kg) na primeira fase foram de 44,28%, 29,05% e 36,27%, respectivamente. Já na segunda fase as porcentagens foram de 60,11%, 75,58% e 79,46%, respectivamente. O fármaco padrão morfina reduziu em ambas as fases o estímulo da dor (p<0,01), enquanto a indometacina inibiu apenas na segunda fase o estímulo da dor. Houve diferença significativa entre as doses de Cqf-EtOH na primeira e na segunda fase. 91 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Primeira fase a) Tempo de lambida (s) 60 50 40 * ** 30 ** 20 10 ** 0 Controle 100 200 400 INDO MORF Cqf-EtOH (mg/kg) b) Segunda fase Tempo de lambida (s) 200 150 100 ** ** 50 ** ** ** 0 Controle 100 200 400 INDO MORF Cqf-EtOH (mg/kg) Figura 24: Efeito antinociceptivo do extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius (Cqf-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg), indometacina (20 mg/kg), morfina (10 mg/kg), na primeira e segunda fase do teste da formalina em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. *p<0,05, *p<0,01, significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 92 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.3.1.3 Teste da placa quente Os resultados demonstrados na Figura 25 revelam que no teste da placa quente, os animais tratados com Cqf-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg, i.p.) não mostraram aumento no tempo de latência, com exceção da dose de 400 mg/kg no tempo de 90 e 120 minutos (p<0,05). Os animais tratados com a morfina (10 mg/kg) demonstraram um aumento evidente no tempo de latência em 30, 60, 90 e 120 min (p<0,01). Tempo de Latência (s) 20 ** ** ** ** 15 **** 10 Controle Folhas -EtOH 100 mg/kg Folhas-EtOH 200 mg/kg Folhas - EtOH 400 mg/kg Morphine 10 mg/kg 5 0 30 60 90 120 Tempo (min) Figura 25: Efeito antinociceptivo do extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius (Cqf-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg), morfina (10 mg/kg), no teste da placa quente em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. **p<0,01 significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 93 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.3.2. Avaliação da coordenação motora do extrato das folhas de Cnidoscolus quercifolius 5.3.2.1 Teste do rota-rod No teste do rota-rod não houve alteração no tempo de permanência na barra giratória para os animais que receberam o pré-tratamento com CqfEtOH (100, 200 e 400 mg/kg, i.p.) em relação ao grupo controle (Figura 26), não havendo valores significantes (p>0,05). Já o fármaco padrão utilizada diazepam (2,5 mg/kg) reduziu o tempo de permanência dos animais na barra giratória significativamente (p<0,01). Não houve diferença significativa entre as doses de Cqf-EtOH quando comparadas entre si. Tempo no rota-rod (s) 200 150 ** ** ** 100 Controle Cqf-EtOH 100 mg/kg Cqf-EtOH 200 mg/kg Cqf-EtOH 400 mg/kg Diazepam 2,5 mg/kg 50 0 0,5 h 1h 2h Figura 26: Efeito na coordenação motora do extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius (Cqf-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg), diazepam (2,5 mg/kg), no teste do rota-rod em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. **p<0,01 significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 94 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.3.3. Atividade anti-inflamatória do extrato das folhas de Cnidoscolus quercifolius 5.3.3.1 Migração de leucócitos na cavidade peritoneal O pré-tratamento com o extrato etanólico bruto das folhas (Cqf-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg, i.p.) 1 h antes da injeção de carragenina (1%, i.p., 0.25 mL) inibiu a migração de leucócitos (p<0,01) quando comparado ao grupo controle (Figura 27). As doses de Cqf-EtOH quando compradas entre si apresentou diferença estatística (p<0,01). O fármaco de referência dexametasona (2 mg/kg, i.p.) também promoveu redução significante na migração de leucócitos (p<0,01). Leucócitos x 102/mm3 250 200 150 * 100 ** ** ** 400 DEXA 50 0 Controle 100 200 Cqf-EtOH (mg/kg) Figura 27: Efeito anti-inflamatório do extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius (Cqf-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg) e dexametasona (2 mg/kg), no teste da migração de leucócitos na cavidade peritoneal em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. *p<0,05, **p<0,01, significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 95 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.3.3.2 Teste edema de pata No teste de edema de pata induzido por carragenina em camundongos foi possível observar que no pré-tratamento com o (Cqf-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg, i.p.), apenas a dose de 100 mg/kg proporcionou a inibição do edema de pata a partir da 4 h (p<0,05) e 5 h (p<0,01) (Figura 28). A droga padrão utilizada foi a indometacina (20 mg/kg, i.p.) inibiu o edema de Volume do edema de pata (mL) pata (p<0,01) durante as 5 h de realização do experimento. 1.25 Controle Cqf-EtOH 100 mg/kg Cqf-EtOH 200 mg/kg Cqf-EtOH 400 mg/kg Indometacina 20 mg/kg 1.00 0.75 * 0.50 * 0.25 0.00 0 ** * ** ** ** 1 2 3 4 5 Tempo (horas) Figura 28: Efeito anti-inflamatório do extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius (Cqf-EtOH 100, 200 e 400 mg/kg) e indometacina (20 mg/kg), no teste do edema de pata induzido por carragenina em camundongos. Valores são expressos em média ± erro padrão da média, n=6. *p<0,05, **p<0,01, significativamente diferente do grupo controle (ANOVA seguido pelo teste de Dunnet). 5.3.4. Toxicidade aguda do extrato das folhas de Cnidoscolus quercifolius Durante o período de observação no estudo da toxicidade aguda das folhas do dia 1 ao dia 14, o extrato não ocasionou a morte de nenhum animal 96 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. após os mesmos receberem as doses de 2,0 g/kg por via intraperitoneal e 5,0 g/kg por via oral, indicando baixa toxicidade do extrato. 5.3.4.1. Avaliação comportamental dos camundongos Durante a triagem comportamental os animais que receberam a dose de 2,0 g/kg i.p. de Cqf-EtOH (fêmeas e machos) apresentaram as seguintes alterações comportamentais: contorções abdominais, ambulação diminuída e ptose palpebral. Na dose de 5 g/kg os animais não demostraram alterações no comportamento. 5.3.4.2. Consumo de alimento e água Durante a análise do consumo de água pelos camundongos tratados com Cqf-EtOH, houve diferença estatística apenas nos grupos de 2,0 g/kg por via intraperitoneal (machos e fêmeas), os demais grupos não demonstraram diferença significativa. As quantidades de água consumidas no final do experimento pelos grupos controles machos e fêmeas foram respectivamente de: 30,21 ± 1,40 mL e 30,93 ± 1,12 mL. Já o grupo tratado com a dose de 2,0 g/kg por via intraperitoneal machos consumiu uma média de 38,86 ± 2,04 mL e o consumo feito pelo grupo de fêmeas que recebeu a mesma dose foi de 25,93 ± 1,32 mL (p<0,05) (Figura 30). Em relação ao consumo de alimentos, apenas o grupo de fêmeas que receberam o Cqf-EtOH na dose de 2,0 g/Kg i.p. mostrou diferença significativa, o consumo de ração no final do experimento foi para esse grupo foi de 16,21 ± 1,44 g e o consumo para o grupo controle fêmeas foi de 25,43 ± 1,16 g (p<0,05) (Figura 29). 97 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Consumo de Ração (g) 40 Controle machos Cqf-EtOH machos 2 g/kg Cqf-EtOH machos 5 g/kg Controle fêmeas Cqf-EtOH fêmeas 2 g/kg Cqf-EtOH fêmeas 5 g/kg 35 30 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tempo (dias) Figura 29: Consumo de alimentos pelos animais tratados com extrato etanólico Consumo de líquido (mL) bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius durante 14 dias (n= 6 por grupo). 50 Controle machos Cqf-EtOH machos 2 g/kg Cqf-EtOH machos 5 g/kg Controle fêmeas Cqf-EtOH fêmeas 2 g/kg Cqf-EtOH fêmeas 5 g/kg 45 40 35 30 25 20 15 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tempo (dias) Figura 30: Consumo de líquidos pelos animais tratados com extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius durante 14 dias (n= 6 por grupo). 5.3.4.3. Variação do peso corporal O peso corporal dos camundongos apresentou diferença estatística apenas nos seguintes grupos: 2 g/kg i.p. (machos e fêmeas) e 5 g/kg v.o (machos). Os demais grupos não apresentaram diferenças significativas. Ao término do experimento a média do peso corporal dos camundongos do grupo 98 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. controle machos foi de 33,27 ± 0,20 g, do grupo controle fêmeas foi de 38,98 ± 0,13 g, enquanto as dos grupos machos e fêmeas ambos tratados com 2,0 g/kg foram de 38,26 ± 0,41 g e 35,22 ± 0,23 g respectivamente, e por fim, o grupo de machos que receberam a dose de 5 g/kg por via oral foi de 38,26 ± 0,41 g (p<0,05). A variação de peso ao longo do experimento pode ser vista na Figura 31. 50 Controle machos Cqf-EtOH machos 2g/kg Cqf-EtOH machos 5g/kg Controle fêmeas Cqf-EtOH fêmeas 2g/kg Cqf-EtOH fêmeas 5g/kg Peso (g) 45 40 35 30 25 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Tempo (dias) Figura 31: Variação de peso dos animais tratados com extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius durante 14 dias (n= 6 por grupo). 5.3.4.4. Parâmetros hematológicos Nos valores avaliados para os parâmetros hematológicos (eritrócitos, hemoglobina, hematócritos, concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), basófilos, eosinófilos, leucócitos, linfócitos, monócitos e neutrófilos, apenas os seguintes parâmetros mostraram diferença significativa: os valores de eosinófilos mostraram uma diminuição nos grupos 2 g/kg machos e um aumento no grupo 5 g/kg fêmeas, os valores de leucócitos mostraram um aumento na dose de 2 g/kg machos, bem como, os valores de neutrófilos apresentaram um decréscimo nos animais que receberam a dose de 2 g/kg i.p. (machos), apresentando assim diferença estatística (p<0,05). Os demais grupos não apresentaram diferença significativa. Os resultados estão expressos na Tabela 5. 99 100 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Tabela 5. Parâmetros hematológicos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqf-EtOH 2 g/kg, i.p. e 5 g/kg, v.o.) e solução salina 0,9% em dose única e avaliados durante 14 dias (n= 6 por grupo). Grupos Parâmetros Controle Machos 2 g/kg Machos 5 g/kg Machos Controle Fêmeas 2 g/kg Fêmeas 5 g/kg Fêmeas Eritrócitos 5,74 ± 1,21 8,08 ± 0,20 7,91 ± 0,31 7,93 ± 0,22 7,64 ± 0,17 8,14 ± 0,08 Hemoglobina 9,14 ± 1,92 13,12 ± 0,52 12,88 ± 0,45 12,78 ± 0,29 12,20 ± 0,32 13,28 ± 0,12 Hematócrito 25,32 ± 5,29 37,30 ± 1,24 37,06 ± 1,19 35,26 ± 0,93 32,62 ± 1,10 37,20 ± 0,65 VCM 45,20 ± 0,73 46,20 ± 0,86 45,60 ± 0,81 44,60 ± 0,24 44,00 ± 0,44 46,20 ± 0,73 HCM 15,90 ± 0,11 16,16 ± 0,25 16,26 ± 0,12 16,02 ± 0,073 15,98 ± 0,18 16,22 ± 0,18 CHCM 35,94 ± 0,29 35,16 ± 0,74 34,70 ± 0,48 35,82 ± 0,31 35,96 ± 0,16 35,26 ± 0,42 Basófilos 1,20 ± 0,29 0,58 ± 0,08 0,94 ± 0,34 0,56 ± 0,14 0,38 ± 0,08 0,56 ± 0,04 Eosinófilos 0,30 ± 0,07 0,12 ± 0,02* 0,48 ± 0,27 0,08 ± 0,02 0,02 ± 0,02 0,18 ± 0,03* Leucócitos 3,68 ± 0,55 6,20 ± 0,45* 5,76 ± 1,32 4,46 ± 1,24 7,14 ± 0,68 4,84 ± 0,71 Linfócitos 91,36 ± 1,38 95,24 ± 1,07 89,80 ± 1,71 93,66 ± 1,14 94,10 ± 0,77 94,14 ± 0,35 Monócitos 0,40 ± 0,07 0,24 ± 0,05 0,36 ± 0,09 0,38 ± 0,06 0,40 ± 0,044 0,54 ± 0,16 Neutrófilos 6,66 ± 1,11 3,14 ± 0,66* 6,34 ± 0,91 4,44 ± 0,51 5,08 ± 0,67 Valores são expressos em média ± erro padrão da média. Testet de Student p<0,05, comparado ao controle. 4,14 ± 0,24 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.3.4.5. Parâmetros bioquímicos Os parâmetros bioquímicos revelaram um decréscimo no valor de AST/TGO no grupo 2 g/kg i.p. (machos), de triglicerídeos nos animais que receberam a dose de 5 g/kg v.o. (fêmeas) e de glicose nas doses 2 g/kg (machos e fêmeas) i.p. e 5 g/kg fêmeas. Os demais parâmetros não demonstraram diferenças significativas. Os resultados estão expressos na Tabela 6. 101 102 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Tabela 6. Parâmetros bioquímicos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (Cqf-EtOH 2 g/kg, i.p. e 5 g/kg, v.o.) e solução salina 0,9% em dose única e avaliados durante 14 dias (n=6 por grupo). Grupos Parâmetros Controle Machos 2 g/kg Machos 5 g/kg Machos Controle Fêmeas 2 g/kg Fêmeas 5 g/kg Fêmeas Glicose (mg/dL) 250,5 ± 16,68 108,0 ± 21,49* 213,0 ± 24,80 253,5 ± 12,58 177,0 ± 21,42* 115,5 ± 40,35* Colesterol (mg/dL) 115,8 ± 7,66 101,2 ± 9,88 126,0 ± 3,88 94,40 ± 11,18 98,00 ± 3,30 106,8 ± 10,06 Triglicerídeos (mg/dL) 327,6 ± 147,4 256,8 ± 191,6 198,0 ± 113,9 470,4 ± 154,7 159,6 ± 38,40 86,40 ± 35,63* AST/TGO (U/L) 212,0 ± 26,99 133,4 ± 16,64* 200,5 ± 33,72 208,7 ± 31,25 222,6 ± 27,98 227,5 ± 61,26 ALT/TGP (U/L) 48,80 ± 16,20 78,20 ± 37,81 70,20 ± 23,40 60,80 ± 14,23 102,6 ± 32,21 57,10 ± 32,61 Creatinina 0,27 ± 0,025 0,21 ± 0,02 0,22 ± 0,01 0,23 ± 0,01 0,22 ± 0,01 (mg/dL) Valores são expressos em média ± erro padrão da média. Teste t de Student p<0,05, comparado ao controle. 0,29 ± 0,02 103 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.3.4.6. Peso dos órgãos No resultado da análise dos pesos dos órgãos dos animais, houve diferença significativa nos valores do peso do baço e do fígado na dose de 2 g/kg i.p. (machos e fêmeas), bem como no rim e pâncreas apenas grupo 2 g/kg i.p. machos de Cqf-EtOH quando comparados com o controle (Tabela 7). Tabela 7. Peso dos órgãos de camundongos tratados com extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius (CqfEtOH 2 g/kg, i.p. e 5 g/kg, v.o.) e solução salina 0,9% em dose única e avaliados durante 14 dias (n=6 por grupo). Parâmetros Grupos Controle Machos 2 g/kg Machos 5 g/kg Machos Controle Fêmeas 2 g/kg Fêmeas 5 g/kg Fêmeas Baço (g) 0,10 ± 0,00 0,20 ± 0,01* 0,12 ± 0,01 0,12 ± 0,00 0,22 ± 0,00* 0,12 ± 0,01 Coração (g) 0,15 ± 0,01 0,18 ± 0,00 0,14 ± 0,00 0,16 ± 0,00 0,14 ± 0,00 0,15 ± 0,00 Estômago (g) 0,35 ± 0,03 0,42 ± 0,05 0,40 ± 0,02 0,49 ± 0,03 0,46 ± 0,02 0,45 ± 0,03 Fígado (g) 1,37 ± 0,05 1,90 ± 0,07* 1,45 ± 0,10 1,36 ± 0,02 1,64 ± 0,04* 1,34 ± 0,06 Rim (g) 0,19 ± 0,00 0,23 ± 0,01* 0,19 ± 0,01 0,19 ± 0,00 0,18 ± 0,01 0,18 ± 0,00 Pâncreas (g) 0,23 ± 0,01 0,33 ± 0,01* 0,20 ± 0,01 0,25 ± 0,00 0,31 ± 0,02 0,24 ± 0,00 Pulmão (g) 0,22 ± 0,00 0,25 ± 0,01 0,31 ± 0,08 0,24 ± 0,01 0,24 ± 0,01 Valores são expressos em média ± erro padrão da média. Testet de Student p<0,05, comparado ao controle. 0,25 ± 0,01 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 5.3.4.7. Análise Macroscópica e Histológica Na análise macroscópica dos órgãos, cinco fêmeas tratadas com Cqf-EtOH na dose de 2 g/kg apresentaram fígado e baço com alterações de consistência e duas com alteração na consistência e coloração do pâncreas, enquanto o grupo de machos que receberam a mesma dose cinco apresentaram alterações de consistência no fígado e no pâncreas e um no baço. Nos grupos 5 g/kg v.o. fêmeas e machos não apresentaram nenhum órgão com alteração macroscópica. O fígado dos animais tratados com Cqf-EtOH não apresentaram alterações na análise histológica (Figura 32). Ausência de lesões nos hepatócitos, porém ocorreu apenas uma discreta hiperemia. Na análise histológica os pâncreas dos animais que receberam o Cqf-EtOH não apresentaram alterações, estando o parênquima bem preservado (Figura 33). Observa-se a presença de ilhotas pancreáticas e ácinos pancreáticos em bom estado de conservação em todos os grupos. Na análise histológica dos rins observam-se túbulos renais e corpúsculo renal (Figura 34) com estruturas preservadas e ausência de sinais de toxicidade. 104 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Figura 32. Fotomicrografias de cortes histológicos do fígado de animais tratados com extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius: (A e D) controle, (B e E) Cqf-EtOH (2 g/kg i.p.) e (C e F) Cqf-EtOH (5 g/kg v.o.). VC= ramo da veia centrolobular; H= Hepatócito (coloração: hematoxilina-eosina; aumento: 100 X). 105 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Figura 33. Fotomicrografias de cortes histológicos do pâncreas de animais tratados com extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius: (A e D) controle, (B e E) Cqf-EtOH (2 g/kg i.p.) e (C e F) Cqf-EtOH (5 g/kg v.o.). AP= Ácinos pancreático; IP= Ilhotas pancreáticas (coloração: hematoxilina-eosina; aumento: 100 X). 106 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Figura 34. Fotomicrografias de cortes histológicos dos rins de animais tratados com extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolus quercifolius: (A e D) controle, (B e E) Cqf-EtOH (2 g/kg i.p.) e (C e F) Cqf-EtOH (5 g/kg v.o.) TR=Túbulos Renais; CR= Corpúsculo Renal (coloração: hematoxilina-eosina; aumento: 100X). 107 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 6. DISCUSSÃO 108 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 6. DISCUSSÃO No presente estudo, foi possível demonstrar pela primeira vez, o efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cqc-EtOH e Cqf-EtOH de Cnidoscolus quercifolius, através de diversos testes farmacológicos para avaliar as respostas nociceptivas e inflamatórias, geradas por diferentes estímulos nocivos. Essa atividade antinociceptiva e anti-inflamatória apresentadas por Cqc-EtOH e Cqf-EtOH, provavelmente estão associadas com a diversidade de constituintes químicos que foram identificados na análise fitoquímica preliminar dos extratos (Tabela 2). Em relação aos constituintes presentes em Cqc-EtOH e Cqf-EtOH, destaca-se a presença de flavonoides em ambos os extratos. Assim, as atividades farmacológicas provavelmente estão relacionadas à presença desta classe de substâncias, visto que esses possuem atividade anti-inflamatória, devido à inibição da COX, da formação de granulação e do aumento da permeabilidade capilar observado no início do processo inflamatório, além de diminuir os riscos para úlceras gástricas (CARVALHO, 2004; SIMÕES et al., 2010). No Cqf-EtOH há presença de triterpenos/esteroides que atuam na reação imunológica e revelam efeitos bastante promissores quando utilizados como anti-inflamatórios (CARVALHO, 2004; HUANG et al., 2012). O primeiro teste realizado para avaliar a atividade antinociceptiva foi o teste das contorções abdominais. Este modelo é empregado para o screening inicial de novas moléculas com potencial analgésico, devido à sua baixa especificidade, pois o teste é sensível à substâncias analgésicas de ação central e/ou periférica (CARLINI; MENDES, 2011). O ácido acético, ao penetrar na cavidade peritoneal dos camundongos, provoca dor inflamatória através da indução da permeabilidade capilar e da liberação de substâncias endógenas que excitam as terminações nervosas (KURIAN et al., 2006). A dor é gerada através da liberação de mediadores endógenos como a bradicinina, serotonina, capsaicina, além do envolvimento da liberação das ciclo-oxigenase através do ácido araquidônico e da biossíntese de prostaglandinas (MELO et al., 2008). Os nociceptores são sensíveis à ação de drogas anti-inflamatórias não esteroides, como o ácido acetilsalicílico, e a analgésicos opioides, como a 109 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. morfina, daí ser considerado como um método inespecífico de nocicepção (ROCHA et al., 2007). A administração dos extratos Cqc-EtOH e Cqf-EtOH propiciou a redução das contorções abdominais, após a aplicação do ácido acético de maneira significativa. Os resultados apresentados na Figura 11 (pág. 71) apontam que quando os animais foram previamente tratados com Cqc-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg, i.p.) as porcentagens de inibição foram de 83,7%, 81,4% e 88,1%, respectivamente, enquanto o pré-tratamento com Cqf-EtOH (100, 200 e 400 mg/kg, i.p.) demonstrados na figura 23 (pág. 90), promoveu as porcentagens de inibição de: 71,3%, 79,4% e 98,7%, respectivamente. O grupo controle para Cqc-EtOH e Cqf-EtOH apresentou 22,50 ± 2,90 e 39,00 ± 0,81 de contorções respectivamente, indicando que Cqc-EtOH e Cqf-EtOH apresentem agentes antinociceptivos. No intuito de distinguir se o efeito do Cq-EtOH é de ação central ou periférica, foi realizado o teste da lambida da pata induzida pela formalina. Esse modelo atua promovendo um estímulo químico que induz a uma resposta espontânea de dor, sendo o teste dividido em duas fases distintas, que refletem diferentes tipos de dor (HUNSKAAR; HOLE, 1987). A primeira fase começa imediatamente após a injeção da formalina e perdura por cerca de cinco minutos. Essa fase é seguida por um período de quiescência, de cerca 510 min, após o qual se desenvolve a segunda fase da resposta, que se inicia 20-25 min após a injeção (PERAZA et al., 2007). Cqc-EtOH e Cqf-EtOH diminuíram o tempo de lambida nas duas fases, porém, o efeito foi mais significativo para ambos os extratos na segunda fase, conforme demonstrado nas Figuras 12 (pág. 73) e 24 (pág. 91), respectivamente. A diminuição do tempo das lambidas nas duas fases é característica de drogas que atuam em nível central e a possibilidade de interação com os receptores opioides. A primeira fase é mais sensível aos analgésicos opiodes, porém a indometacina e o ácido acetilsalicílico respondem melhor na segunda fase (SÁ et al., 2012). Assim, os extratos apresentaram efeitos na segunda fase, apontando um possível efeito antiinflamatório. O teste da placa quente realizado com Cqc-EtOH e Cqf-EtOH demonstrou que os extratos apresentaram efeitos em algumas doses, 110 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. aumentando o tempo de permanência dos animais na placa aquecida. CqcEtOH aumentou o tempo de latência na dose de 400 mg/kg em 30 minutos, conforme a Figura 13 (pág. 74) e Cqf-EtOH aumentou a latência na dose de 400 mg/kg no tempo de 90 e 120 minutos, como demonstrado na Figura 25 (pág. 92). Os extratos, especialmente Cqf-EtOH, nessas doses específicas possivelmente exercem efeito antinociceptivo central, visto que esse teste revela resposta de reflexo particularmente espinhal, com ação de drogas analgésicas que atuam em nível central (LE BARS, 2001). A resposta eficaz nessas doses dos extratos indica que há participação na estimulação térmica, associada com a neurotransmissão central, em que o calor ativa nociceptores (fibras Aδ e C) pela condução do impulso ao longo do corno dorsal da medula espinhal até os centros corticais (PINHEIRO et al., 2011). Analisando os resultados, percebe-se que os dois extratos apresentam atividade antinociceptiva, com mecanismos de ação semelhantes, com excesão para a dose de 400 mg/kg de ambos os extratos, principalmente para o Cqf-EtOH, pois essas doses apresentaram mecanismo de ação central, não descartando também a participação no mecanismo de ação periférica dessas doses. As demais doses dos extratos apresentaram ação periférica. A provável causa para que os extratos apresentem mecanismos de ação diferentes, é devido ao fato de que foram utilizados extratos brutos com vários constituintes químicos, ao passo que utilizar apenas substâncias isoladas proporcionaria um aprimoramento maior do estudo. Nardi et al. (2006) estudando a atividade antinociceptiva do extrato etanólico das cascas de Croton celtidifolius (Euphorbiaceae), encontrou como resultado, 75,9% de inibição ao administrar a dose 300 mg/kg v.o. no teste de contorções abdominais. Já no teste da formalina, ao administrar a mesma dose, a percentagem de inibição do extrato na primeira e segunda fase foram de 11,6% e 76,2%, respectivamente. Os testes para avaliar a atividade antinociceptiva envolvem uma resposta motora, assim, drogas que promovam relaxamento muscular ou sedação, levando à incoordenação motora, podem interferir com a resposta sem serem necessariamente analgésicas, e o teste permite uma interpretação mais acurada dos resultados obtidos nos testes de antinocicepção (LAPA et al., 2003). Nesse sentindo, a coordenação motora dos animais após 111 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. receberem Cqc-EtOH e o Cqf-EtOH foi avaliada através do teste do rota-rod. Os resultados revelaram que os extratos não alteraram a coordenação dos camundongos na barra giratória, conforme demonstrado nas Figuras 14 (pág. 75) e 26 (pág. 93). O teste consiste em colocar os animais sobre uma barra giratória a uma velocidade constante e mede o efeito de relaxamento muscular ou de incoordenação motora produzido por efeito de drogas (ALMEIDA, 2006). Outro fato relevante, é que ao receber o extrato bruto de uma planta, o animal está recebendo muitas substâncias diferentes, que podem induzir efeitos inespecíficos, como por exemplo, diminuir a atividade motora do animal (CARLINI; MENDES, 2011). A atividade antinociceptiva evidenciada nos testes das contorções abdominais e da formalina, envolvem mecanismos anti-inflamatórios (COSTASOUZA, 2010). Nesse sentindo, buscando avaliar a possibilidade dos extratos possuírem atividade anti-inflamatória, foram realizados dois testes: o primeiro foi o da peritonite induzida por carragenina e o segundo foi o teste de edema de pata induzida por carragenina. O teste da peritonite induzida pela carragenina tem por objetivo, investigar a migração de leucócitos para a cavidade peritoneal. Após a administração da carragenina na cavidade peritoneal, ocorrem vários eventos, tais como a migração de neutrófilos e leucócitos para a cavidade peritoneal, além de promover a vasodilatação, o aumento da permeabilidade vascular e a liberação de mediadores inflamatórios como TNF-α, IL-1β, prostanoides e componentes do sistema complemento (PINHEIRO et al., 2011). Cq-EtOH e Cqf-EtOH inibiram a migração de leucócitos em todas as doses conforme Figuras 15 (pág. 76) e 27 (pág. 94), respectivamente, provavelmente os extratos contêm substâncias que atuam no bloqueio da síntese dos mediadores responsáveis pela quimiotaxia dos leucócitos, não sendo possível estabelecer o mecanismo envolvido. Alguns fármacos antiinflamatórios diminuem a migração leucocitária, dentre eles, os antiinflamatórios esteroides como a dexametasona e alguns anti-inflamatórios não esteroides como a indometacina (SCHIMMER; PARKER, 2001; COSTA – E - SOUSA et al., 2010). O segundo teste realizado para avaliar a atividade anti-inflamatória, foi o teste de edema de pata. Esse modelo é composto por duas fases, sendo a 112 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. primeira avaliada entre 1 ou 1,5 horas após a injeção de carragenina, é caracterizada pela formação de um edema não fagocítico, enquanto que a segunda fase 2-5 hs após a injeção, sendo caracterizada por um aumento da formação do edema, que permanece por até 5 horas (KHAN et al., 2009). Assim, Cqc-EtOH inibiu o edema de pata significativamente em todas as horas apenas na dose de 200 mg/kg, enquanto a dose de 100 mg/kg inibiu apenas a partir da 3 h até 5 h. Enquanto, Cqf-EtOH inibiu o edema de pata apenas na dose de 100 mg a partir da 4 h e 5 h. A primeira fase é resultante da ação sequencial e integrada de vários mediadores inflamatórios, como a histamina, serotonina, bradicinia, PAF, substância P nas primeiras 1 -1,5 horas, logo após a segunda fase é mantida pela liberação de prostaglandinas, atingindo o pico entre 4-6horas (LAPA et al., 2003). Os extratos atuaram no combate à inflamação provavelmente através da inibição da atuação das prostaglandinas. García-Rodríguez et al. (2014) estudando a atividade antiinflamatória de Cnidoscolus chayamansa Mc Vaugh (Euphorbiaceae), ao administrar a dose de 500 mg/kg i.p. do extrato etanólico bruto das folhas no teste do edema de pata, observaram que o mesmo não apresentou atividade anti-inflamatória, enquanto que na administração do extrato da fase acetato de etila, os resultados observados foram de 28,78% (p<0,05) de inibição do edema após 3 horas da administração da carragenina. As plantas medicinais podem produzir várias atividades biológicas em seres humanos, porém, pouco se conhece sobre a toxicidade de algumas espécies de uso na medicina tradicional. Nesse sentido, o principal critério para uso de plantas medicinais deve ser a segurança (MUKINDA; SYCE, 2007). Foi observado no presente estudo que a administração do extrato bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius não demonstrou toxicidade, quando avaliados aspectos macroscópicos e microscópicos de alguns órgãos (fígado, pâncreas e rim), somente algumas alterações nos parâmetros hematológicos (neutrófilos) na dose de 2 g/kg i.p. e 5 g/kg v.o. O extrato bruto das folhas também não demonstrou toxicidade, apresentando alterações discretas nos parâmetros hematológicos (leucócitos) 2 g/kg i.p. machos. Os extratos não ocasionaram a morte dos animais em até 24 horas após receberem as doses de 2 g/kg i.p e 5 g/kg v.o. 113 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. A perda de peso corporal é um sinal característico observado na maioria dos animais expostos a substâncias tóxicas, essa diminuição do peso geralmente se manifesta dentro de alguns dias após a exposição, e resulta numa redução substancial do tecido adiposo e do tecido muscular (SANGEETHA et al., 2013). Durante 14 dias o peso corporal foi avaliado, registrando um decréscimo no peso corporal dos animais apenas nos grupos de fêmeas que receberam do Cqc-EtOH as doses de 2,0 g/kg i.p. e 5,0 g/kg v.o., bem como nos animais que receberam o Cqf-EtOH nas doses de 2,0 g/kg i.p (fêmeas) e 5,0 g/kg v.o (machos). No presente estudo, durante a avaliação comportamental dos animais que receberam Cqc-EtOH na dose de 2 g/kg i.p, foram observadas contorções abdominais, ptose palpebral, resposta ao toque diminuída e ambulação diminuída, enquanto na dose de 5 g/kg os animais apresentaram ambulação diminuída, ptose palpebral e diarreia. Na avaliação comportamental de Cqf-EtOH foram observadas alterações apenas na dose de 2 g/kg i.p, tais como contorções abdominais, ambulação diminuída e ptose palpebral. Os comportamentos descritos na triagem comportamental servem para facilitar a investigação da possível atividade do extrato no sistema nervoso central, bem como indicar os efeitos do mesmo no comportamento dos animais (ALMEIDA, 2006). Na avaliação da toxicidade de plantas medicinais é de fundamental importância avaliar as alterações hematológicas, visto que essas permitem a detecção de alterações fisiopatológicas de animais em diferentes condições de estresse e são capazes de indicar a toxicidade induzida por hemólise (NUSSEY et al., 1995; GAYATHRI et al., 2010). Nos valores avaliados para os parâmetros hematológicos (eritrócitos, hemoglobina, hematócritos, concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), basófilos, eosinófilos, leucócitos, linfócitos, monócitos e neutrófilos), após a administração de Cqc-EtOH os valores não mostraram variação significativa, apenas o volume corpuscular médio (VCM) e hemoglobina corpuscular média (HCM) na dose de 2 g/kg i.p. fêmeas e os neutrófilos na dose de 5 g/kg v.o fêmeas que houve diferença estatística. Já na administração de Cqf-EtOH provocou nos animais a diminuição dos valores de eosinófilos e neutrófilos, bem como um aumento de leucócitos no grupo 2 g/kg i.p. machos. 114 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. Nos resultados dos parâmetros bioquímicos houve uma diminuição nos valores de triglicerídeos dos animais machos que receberam o Cqc-EtOH nas doses de 2 g/kg i.p. e 5 g/kg v.o., de glicose, no grupo machos na dose 5 g/kg v.o. e 2 g/kg i.p. fêmeas e nos níveis de ALT/TGP na dose 2 g/kg i.p. e 5 g/kg v.o. (fêmeas), enquanto a administração de Cqf-EtOH na dose de 2 g/kg i.p. machos provocou uma diminuição de AST/TGO. A administração de Cqc-EtOH mostrou alteração macroscópica apenas no fígado de animais tratados com 2 g/kg i.p e no baço de animais tratados com 5 g/kg v.o. A análise macroscópica dos órgãos revelou que as fêmeas tratadas com Cqf-EtOH na dose de 2 g/kg i.p apresentaram alterações no fígado, baço e pâncreas, enquanto os machos que receberam a mesma dose apresentaram alterações no fígado, pâncreas e baço. Os animais que receberam a dose de 5 g/kg v.o não apresentaram nenhum órgão com alteração macroscópica. Os órgãos que mostraram diferença significativa foram o baço, o fígado, rim e pâncreas na dose 2 g/kg i.p. Em relação ao estudo histopatológico do tecido hepático, não foram observadas alterações nos animais tratados com os extratos de C. quercifolius. O parênquima do órgão mostrou-se ausente de lesões em todos os grupos, tanto para os animais que receberam Cqc-EtOH, quanto para os que receberam Cqf-EtOH, conforme figuras 20 (pág. 86) e 29 (pág. 106), confirmando que os extratos não ocasionaram toxicidade às células hepáticas. O estudo histopatológico do órgão pâncreas dos animais tratados com Cqc-EtOH e Cqf-EtOH demonstrou que os extratos não ocasionaram lesões pancreáticas, pois todos os grupos apresentaram o parênquima muito bem preservado, Ilhotas pancreáticas e ácinos pancreáticos em bom estado de conservação em todos os grupos, conforme figuras 21 (pág. 87) e 30 (pág. 107). A análise histológica dos rins também não demonstrou sinais de toxicidade, pois podem ser observados túbulos renais e corpúsculo renal com estruturas preservadas e sem ausência de sinais de nefrotoxicidade nas figuras 22 (pág. 88) e 31 (pág. 108). Dessa forma, o estudo da toxicidade aguda indica que o extrato etanólico bruto das cascas e folhas de Cnidoscolus quercifolius não apresentou toxicidade, porém, outros estudos com diferentes metodologias devem ser realizados, com o intuito de determinar uma melhor segurança dos extratos. 115 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 7. CONCLUSÕES 116 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. 7. CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos no presente estudo, pode-se concluir que os extratos brutos das cascas e folhas da espécie Cnidoscolus quercifolius apresentaram atividades antinociceptiva e anti-inflamatória relevantes nas doses testadas. Cqc-EtOH e Cqf-EtOH demonstraram efeito antinociceptivo envolvendo mecanismos centrais e periféricos, que podem está relacionados aos receptores opioides, além de possuírem atividade anti-inflamatória, comprovadas pela diminuição da migração leucocitária e provavelmente envolve a inibição da síntese de mediadores pró-inflamatórios. Em relação à segurança de C. quercifolius, pode-se afirmar que os extratos são de baixa toxicidade, pois não houve mortes dos animais que receberam os extratos nas doses de 2,0 e 5,0 g/kg por via intraperitoneal e oral, respectivamente. Cqc-EtOH e o Cqf-EtOH não ocasionou toxicidade aos animais durante a toxicidade aguda. Foram encontradas algumas alterações hematológicas e bioquímicas no estudo, que ainda estão sendo investigadas para melhor esclarecer a sua importância clínica, bem como, faz-se necessário a realização de outros ensaios de toxicidade sub-crônica e crônica no intuito de determinar o perfil de segurança dos extratos para que os mesmos possam se tornar agentes seguros para uso terapêutico. Dessa forma, todos os resultados apresentados nesse trabalho são considerados inéditos para a espécie em estudo, contribuindo assim, para os estudos farmacológicos e toxicológicos de plantas pertencentes ao Bioma Caatinga, em especial para às espécies da família Euphorbiaceae. Outro fato relevante é a contribuição do presente trabalho para o surgimento de novas pesquisas científicas com a espécie C. quercifolius, bem como com outras espécies da Caatinga utilizada na medicina popular. 117 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. REFERÊNCIAS 118 GOMES, L.M.A. Efeito antinociceptivo e anti-inflamatório de Cnidoscolus quercifolius pohl (Euphorbiaceae) em roedores. REFERÊNCIAS ABDEL-AZIZ, A. A. M.; ELTAHIR, K. E. H.; ASIRI, Y. A. Synthesis, antiinflammatory activity and COX-1/COX-2 inhibition of novel substituted cyclicimides. Part 1: Molecular docking study. European Journal of Medicinal Chemistry, v.46, p. 1648-1655, 2011. AGRA, M. F.; SILVA, K. N.; IONALDO, J. L. D. B.; FREITAS, P. F.;BARBOSAFILHO, J. M. Survey of medicinal plants used in the region Northeast of Brazil, Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 18, n. 3, p. 472-508, 2008. ALESSANDRI, A. L.; SOUSA, L. P.; LUCAS, C. 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Material and Methods: The antinociceptive activity was evaluated by writhing, hot-plate and formalin tests. Additionally, the rota-rod test was used to evaluate motor coordination. Results: In the acetic acid-induced writhing test, the Cqb-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg, i.p.) reduced the number of writhing by 83.70, 81.40 and 88.10%, respectively, while Cql-EtOH reduced by 71.30, 79.40 and 98.70%, respectively. In the formalin test, the extracts reduced the paw licking time in the first and second phases, but the best results were observed in the second phase (inflammatory pain), reducing by 66.08, 78.26 and 73.97%, as well as 60.11, 75.58 and 79.46% for Cqb-EtOH and Cql-EtOH, respectively. In the hot plate test, the extracts increased the reaction time when compared to control only at dose of 400 mg/kg. Using the rota-rod test, mice treated did not demonstrate any significant motor performance changes. Conclusions: It can be concluded that extracts from the barks and leaves of C. quercifolius have antinociceptive activity which supports the popular use of this plant to treat pain. KEY WORDS: Cnidoscolus quercifolius; Euphorbiaceae; pain; inflammation. Running title: Antinociceptive activity of Cnidoscolus quercifolius 138 Introduction Medicinal plants are used over the years by humanity in order to promote healing for diseases and pain relief, with several clinical procedures registered with them. So, while allopathic medicine has obtained a breakthrough from the second half of the XX century, there are still some barriers in their use by disadvantaged populations. Thus, the use of medicinal plants stood out among the poorest people in developing countries due to its easy to obtain and great tradition of using medicinal plants.[1] Many ethnopharmacological studies in Brazil have shown that a large number of plant species are used by the local population to treat their diseases particularly the family Euphorbiaceae, which has great medicinal use, as well as the highly cited genus Cnidoscolus, popularly known as “urtiga” or “favela”. This genus has 50 to 75 representatives, which are predominantly concentrated in tropical America, almost exclusively in Mexico and northeastern Brazil.[2,3] The distinct feature of this genus is the presence of stinging trichomes that, when stimulated by contact with skin, can cause severe and localized pain.[4] In the Caatinga biome, this genus is represented by four Cnidoscolus medicinal species (C. infestus, C. pubescens, C. quercifolius and C. urens), which are utilized for a variety of indications, including as an anti-inflammatory, an antitumor agent for the genito-urinary system, an antiseptic and to treat kidney infections, dermatological and ophthalmic lesions, bruises, fractures, wounds, warts, dysentery, hemorrhage, appendicitis and rheumatism.[3, 5-7] Cnidoscolus quercifolius is a species known as “faveleira” and “faveleira”, and is a deciduous species, heliophytic, which occurs in xerophytic woods and exhibits irregular dispersion. The species has been used in reforestation of 139 eroded areas of different soil habitats in the Caatinga. C. quercifolius also has high economic value to be used as a food source for local populations and livestock.[8] Several species of the genus Cnidoscolus are used in folk medicine for treatment of diseases, including pain and inflammation.[7] In our continuing search of the pharmacological properties of species from the Caatinga biome, in the present paper we demonstrate the antinociceptive effects of crude ethanol extracts from barks and leaves of C. quercifolius in experimental models in mice. Materials and methods Drugs and chemicals Acetic acid, formaldehyde, indomethacin and polyoxyethylenesorbitan monolated (Tween 80) were purchased from Sigma (USA) and morphine was obtained from União Química (Brazil). All drugs and extracts were administered intraperitoneally (i.p.) in volumes of 0.1 mL/10 g (mice). Plant material The barks and leaves of C. quercifolius Pohl. were collected in the city of Petrolina (Coordinates: S 09º03’55”; W 40º20’06”), State of Pernambuco, Brazil, in February of 2012. The sample was identified by a biologist from EMBRAPA Semiárido. A voucher specimen (19202) was deposited at the Herbarium Vale do São Francisco (HVASF) of the Federal University of San Francisco Valley. Extraction 140 The barks and leaves were dried and pulverized (1481 g and 482 g, respectively), and macerated with ethanol 95% at room temperature for 72 h. The solution was filtered and concentrated under reduced pressure in a rotatory evaporator at 50 °C, producing 0.392 g of crude ethanol extract of barks (CqbEtOH, 13.07% yield on dry weight of the plant) and 0.063 g of crude ethanol extract of leaves (Cql-EtOH, 26.46% of yield on dry weight of the plant). Animals Adult male albino Swiss mice (30-40 g) were used throughout this study. The animals were randomly housed in appropriate cages at 22 ± 2 °C on a 12 h light/dark cycle with free access to food and water. Mice were used in groups of six animals each, according to the requirements of individual experiments. All tests were carried out by the same visual observer. Experimental protocols and procedures were approved by Federal University of San Francisco Valley Animal Care and Use Committee by number 0030/82012. Pharmacological experiments Acetic acid-induced writhing in mice This test was performed as described by Collier et al.[9] with modifications. Male mice (n= 6) were intraperitoneally pre-treated 30 min before the nociceptive agent, acetic acid 0.9% (v/v, 0.1 ml/ 10 kg). Vehicle (saline + drops of tween 80), Cqb-EtOH and Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg, i.p.), indomethacin (20 mg/kg, i.p.) and morphine (10 mg/kg, i.p.) were administered before acetic acid injection. Following the injection of acetic acid, the intensity of 141 nociceptive behavior was quantified by counting the total number of writhes occurring between 5 and 15 min after injection of the acetic acid. Formalin test The method used was described by Hunskaar and Hole[10] with some modifications. Twenty microliters of 2.5% formalin was injected subcutaneously into the right hind paw of male mice. The time (in seconds) spent in licking and biting responses of the injected paw was taken as an indicator of pain response. Responses were measured for 0-5 min (first phase, neurogenic phase) and 1530 min after formalin injection (second phase, inflammatory phase). Cqb-EtOH and Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg, i.p.), indomethacin (20 mg/kg, i.p.) and morphine (10 mg/kg, i.p.) were administered 60 min before the formalin injection. Control animals received the same volume of saline with drops of tween 80. Mice were observed in the chambers with a mirror mounted on three sides to allow view of the paws. Hot plate test Mice were divided into five groups of six mice each. Mice were preselected on the hot plate at 55 ± 0.5 oC. Licks on the rear paws were the parameters of observation. Animals showing a reaction time (latency for licking the hind feet or jumping) greater than 20 s were discarded. The mice were then treated with Cqb-EtOH and Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg, i.p.), vehicle (saline + drops of tween 80 i.p.) and morphine (10 mg/kg i.p.). The animals were placed individually on a hot plate with constant temperature (55 ± 0.5 °C) and the latency was measured at 30, 60, 90 and 120 min after administration of 142 extracts and morphine.[11] In order to protect the animal from potential tissue damage, was chosen a cutoff time of 20 s. Motor coordination test (rota-rod test) A rota-rod treadmill device (Insight, Brazil) was used for the evaluation of motor coordination.[12] Initially, 24 h before the test, mice capable of remaining on the rota-rod apparatus longer than 180 s (7 rpm) were selected. Thirty minutes after administration of Cqb- EtOH and Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg, i.p.), vehicle (saline + drops of tween 80) or diazepam (DZP, 2.5 mg/kg, i.p.), each animal was tested in the rota-rod apparatus for 0.5, 1 and 2 h posttreatment, and time (s) the rats were able to remain on top of the bar was recorded for 180 s. Statistical analysis The data are expressed as the means ± S.E.M., and statistical significance was determined using an analysis of variance (ANOVA) followed by Dunnett’s test. All analysis was performed with the GraphPad Prism 4.0 program. Values were considered significant at p < 0.05. Results Acetic acid-induced writhing in mice The intraperitoneal administration of Cqb-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg) decreased significantly (p < 0.01) the number of writhing movements induced by the administration of the acetic acid when compared with the control 143 group (Figure 1). The inhibitions of writhes in percentage were 83.70, 81.40 and 88.10%, respectively. INSERT FIGURE 1 The administration of Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg) also decreased significantly (p < 0.01) the number of writhing movements (Figure 2). The inhibitions of writhes in percentage were 71.30, 79.40 and 98.70%, respectively. INSERT FIGURE 2 Formalin test The results of the formalin test are shown in Figures 3 and 4. Cqb-EtOH caused a significant inhibition of both neurogenic and inflammatory phases in the licking induced by formalin. The result was most significative in the inflammatory phase. Cqb-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg, i.p.) decreased by 31.62, 51.10 and 68.33%, respectively, the paw licking time in the first phase, as well as 66.08, 78.26 and 73.97%, respectively, the second phase of the formalin test. INSERT FIGURE 3 The Cql-EtOH extract also caused a significant inhibition of both neurogenic and inflammatory phases in the formalin test. The result was most 144 significative in the inflammatory phase. Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg, i.p.) decreased by 44.28, 29.05 and 36.27%, respectively, the paw licking time in the first phase, as well as 60.11, 75.58 and 79.46%, respectively, in the second phase of the formalin test. INSERT FIGURE 4 Hot plate test In the hot plate test, significant effect was observed only at dose of 400 mg/kg of Cqb-EtOH in the time of 30 min (p < 0.05), while the administration of CqlEtOH showed an increase in latency time for the dose of 400 mg/kg at 90 and 120 minutes after administration (Figures 5 and 6). INSERT FIGURE 5 INSERT FIGURE 6 Motor coordination test (rota-rod test) In this test, Cqb-EtOH and Cql-EtOH did not impair motor coordination at 0.5, 1 and 2 h post-administration. Diazepam (2.5 mg/kg) caused a significant decrease in time that the animals remained on the rota-rod apparatus, compared to the control group (Figures 7 and 8). INSERT FIGURE 7 INSERT FIGURE 8 145 Discussion This study showed for the first time the antinociceptive effect of crude extracts obtained from bark and leaves of Cnidoscolus quercifolius in different nociceptive responses generated by different noxious stimuli. Three experimental models were used to assess the antinociceptive activity and a model was used to assess motor coordination. In folk medicine in the Northeast of Brazil, the decoction, infusion and maceration of the stem bark and inner bark of C. quercifolius are used against ovarian inflammation and general inflammation.[13] The first test conducted to evaluate the antinociceptive activity was the abdominal writhing test. This model is employed for the initial screening of new molecules with potential analgesic. Due to its low selectivity, most agents cause a change in the number of writhes, as other models should be tested. Pain is generated through the release of endogenous mediators such as bradykinin and serotonin, besides the involvement of cyclooxygenase release of arachidonic acid through the biosynthesis of prostaglandins.[14] Thus, the administration of Cq-EtOH from barks and leaves can cover hypothesized to act by inhibiting prostaglandin synthesis. To distinguish between the central and peripheral antinociceptive action of the extracts, the formalin test was performed. This model acts to promote a chemical stimulus that induces a spontaneous response to pain, being divided into two distinct phases, which reflect different types of pain.[10] The first phase (neurogenic pain) starts immediately after injection and lasts for approximately five minutes, this stage is followed by a quiescent period of about 5-10 minutes, after which develops a second phase (inflammatory pain) response, which 146 starts 15-30 minutes after injection.[10] In this experiment, the Cqb-EtOH and Cql-EtOH decreased the licking time in both phases, but the effect was more significant for both extracts in the second phase. The decrease of licking time in both phases is characteristic of drugs acting at the central level and the possibility of interaction with opioid receptors. The first stage is more sensitive to opioid analgesics, but indomethacin and acetylsalicylic acid respond better in the second phase.[15] The extracts showed effects in the second phase, indicating a possible anti-inflammatory effect. The evaluation of Cqb-EtOH and Cql-EtOH administration with the hot plate showed that the extracts presented effect in the hot plate test. The CqbEtOH extract increased the latency time at dose of 400 mg/kg after 30 minutes. The Cql-EtOH extract increased the latency time at dose of 400 mg/kg after 90 and 120 minutes. As the hot plate test is a specific central antinociceptive test, it is possible that Cqb-EtOH and Cql-EtOH exerts an antinociceptive effect at least in part through central mechanisms. This result is similar to what was observed in the formalin test with Cqb-EtOH and Cql-EtOH inhibiting of both phases of nociception. Finally, to assess whether Cqb-EtOH and Cql-EtOH produces a loss of motor coordination in animals, a rota-rod test was performed. The results revealed that the extracts did not produce changes in motor coordination of treated animals. It can be concluded that the Cqb-EtOH and Cql-EtOH have antinociceptive activity, its effect is probably mediated by inhibition of peripheral and central mediators, however, the extracts did not affect motor coordination of animals. Thus, our results confirm that Cnidoscolus quercifolius has therapeutic 147 potential to act in combating of pain, corroborating its popular use. Other studies are underway to enable us to understand the precise mechanisms of action of Cqb-EtOH and Cql-EtOH. Acknowledgements The authors are grateful to the Brazilian agencies CNPq, CAPES and FACEPE for financial support. References 1. Veiga-Junior VF, Pinto AC, Maciel MAM. Plantas medicinais: cura segura? Quim Nova 2005;28:519-28. 2. Webster GL. 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Figure 1: Effect of ethanolic extract of barks of Cnidoscolus quercifolius (CqbEtOH 100, 200 and 400 mg/kg), indomethacin (INDO 20 mg/kg) and morphine (MORPH 10 mg/kg), on acetic acid induced writhing test in mice. Values are mean ± S.E.M. *p < 0.05, significantly different from control, ANOVA followed Dunnett’s test (n = 6, by group). Number of writhings 30 20 10 ** ** 100 200 ** ** 400 INDO ** 0 Control Cqb-EtOH (mg/kg) MORPH 150 Figure 2: Effect of ethanolic extract of leaves of Cnidoscolus quercifolius (CqlEtOH 100, 200 and 400 mg/kg), indomethacin (INDO 20 mg/kg) and morphine (MORPH 10 mg/kg), on acetic acid induced writhing test in mice. Values are mean ± S.E.M. *p < 0.05, significantly different from control, ANOVA followed Dunnett’s test (n = 6, by group). Number of writhings 40 30 20 ** 10 ** ** 0 Control 100 200 400 Cql-EtOH (mg/kg) ** INDO ** MORPH 151 Figure 3: Effect of ethanolic extract of barks of Cnidoscolus quercifolius (CqbEtOH 100, 200 and 400 mg/kg), indomethacin (INDO 20 mg/kg) and morphine (MORPH 10 mg/kg), on formalin test (first and second phase) in mice. Values are mean ± S.E.M. *p < 0.05, significantly different from control; ANOVA followed Dunnett’s test (n = 6, by group). First phase Licking time (s) 60 50 40 * 30 ** 20 ** 10 ** 0 Control 100 200 400 INDO MORPH Cqb-EtOH (mg/kg) Second phase Licking time (s) 200 150 100 ** 50 ** ** ** ** 0 Control 100 200 400 Cqb-EtOH (mg/kg) INDO MORPH 152 Figure 4: Effect of ethanolic extract of leaves of Cnidoscolus quercifolius (CqlEtOH 100, 200 and 400 mg/kg), indomethacin (INDO 20 mg/kg) and morphine (MORPH 10 mg/kg), on formalin test (first and second phase) in mice. Values are mean ± S.E.M. *p < 0.05, significantly different from control; ANOVA followed Dunnett’s test (n = 6, by group). First phase Licking time (s) 60 50 40 * ** 30 ** 20 10 ** 0 Control 100 200 400 INDO MORPH Cql-EtOH (mg/kg) Second phase Licking time (s) 200 150 100 ** ** 50 ** ** ** 0 Control 100 200 400 Cql-EtOH (mg/kg) INDO MORPH 153 Figure 5: Effect of ethanolic extract of barks of Cnidoscolus quercifolius (CqbEtOH 100, 200 and 400 mg/kg) and morphine (MORPH 10 mg/kg), on hot plate test in mice. Values are mean ± S.E.M. *p < 0.05, significantly different from control; ANOVA followed Dunnett’s test (n = 6, by group). 20 * Latency time (s) ** * 15 * * 10 Control Cqb-EtOH 100 mg/kg Cqb-EtOH 200 mg/kg Cqb-EtOH 400 mg/kg Morphine 10 mg/kg 5 0 30 60 90 120 Time (min) Figure 6: Effect of ethanolic extract of leaves of Cnidoscolus quercifolius (CqlEtOH 100, 200 and 400 mg/kg) and morphine (MORPH 10 mg/kg), on hot plate test in mice. Values are mean ± S.E.M. *p < 0.05, significantly different from control; ANOVA followed Dunnett’s test (n = 6, by group). 20 ** Latency time (s) ** **** 15 **** 10 5 0 30 60 90 Time (min) 120 Control Cql-EtOH 100 mg/kg Cql-EtOH 200 mg/kg Cql-EtOH 400 mg/kg Morphine 10 mg/kg 154 Figure 7: Effect of ethanolic extract of barks of Cnidoscolus quercifolius (CqbEtOH 100, 200 and 400 mg/kg) and diazepam (2.5 mg/kg), on motor coordination test in mice (rota-rod test). Values are mean ± S.E.M. *p < 0.05, significantly different from control; ANOVA followed Dunnett’s test (n = 6, by group). Time (s) on Rota-rod 200 150 ** ** ** 100 Control Cqb-EtOH 100 mg/kg Cqb-EtOH 200 mg/kg Cqb-EtOH 400 mg/kg Diazepam 2.5 mg/kg 50 0 2h 1h 0.5 h Figure 8: Effect of ethanolic extract of leaves of Cnidoscolus quercifolius (CqlEtOH 100, 200 and 400 mg/kg) and diazepam (2.5 mg/kg), on motor coordination test in mice (rota-rod test). Values are mean ± S.E.M. *p < 0.05, significantly different from control; ANOVA followed Dunnett’s test (n = 6, by Time (s) on Rota-rod (s) group). 200 150 ** ** ** 100 50 0 0.5 h 1h 2h Control Cql-EtOH 100 mg/kg Cql-EtOH 200 mg/kg Cql-EtOH 400 mg/kg Diazepam 2.5 mg/kg 155 APÊNDICE B – Carta de submissão 156 APÊNDICE C – Artigo II Artigo II: PHYTOCHEMICAL SCREENING AND ANTI-INFLAMMATORY ACTIVITY OF Cnidoscolus quercifolius (EUPHORBIACEAE) IN MICE 157 ARTIGO II Artigo submetido à: Revista: Pharmacognosy Research Título: Phytochemical screening and anti-inflammatory activity of Cnidoscolus quercifolius (Euphorbiaceae) in mice Autores: Leandra Macedo de Araújo Gomes, Thayne Mayra Dantas de Andrade, Juliane Cabral Silva, Julianeli Tolentino de Lima, Lucindo José Quintans-Júnior, Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida. 158 Phytochemical Screening and Anti-inflammatory Activity of Cnidoscolus quercifolius (Euphorbiaceae) in Mice LMA Gomes1; TMD Andrade1; JC Silva1, JT Lima1, LJ Quintans-Júnior2, JRGS Almeida1,* 1 Center of Studies and Research of Medicinal Plants (NEPLAME), Federal University of San Francisco Valley, 56.304-205, Petrolina, Pernambuco, Brazil 2 Department of Physiology, Federal University of Sergipe, 49.100-000, São Cristóvão, Sergipe, Brazil Correspondence Address: J R G S Almeida Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais, Universidade Federal do Vale do São Francisco, 56.304-205, Petrolina, Pernambuco, Brazil E-mail: [email protected]; Phone/Fax: +55-87-21016862 159 ABSTRACT Background: Cnidoscolus quercifolius is a species popularly known as “faveleira”, and belonging to the Caatinga biome (semi-arid vegetation, Brazil), where is used in folk medicine as an anti-inflammatory. Objective: To evaluate the anti-inflammatory effect of the ethanolic extract from barks (Cqb-EtOH) and leaves (Cql-EtOH) of Cnidoscolus quercifolius in mice using experimental models of inflammation. Material and Methods: The preliminary phytochemical analysis of the ethanolic extract was performed. The anti-inflammatory activity was evaluated by paw edema induced by carrageenan and leukocytes migration to the peritoneal cavity induced by carrageenan methods. Results: A preliminary analysis of Cqb-EtOH revealed that it contained coumarins, flavonoids, monoterpenes/diterpenes and naphthoquinones, while the Cql-EtOH showed positive reaction to coumarins, anthracene derivatives, flavonoids, lignans and triterpenes/steroids. Cqb-EtOH and Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg) inhibited significantly (p < 0.01) the increase in the edema volume after administration of carrageenan. In the peritonitis test, acute pre-treatment with Cqb-EtOH and Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg) inhibited the leukocyte migration. Conclusions: It can be concluded that extracts from the barks and leaves of C. quercifolius have anti- inflammatory activity which supports the popular use of this plant to treat inflammation. Thus, extracts has significant anti-inflammatory properties, which are related probably to inhibition of release of mediators of the inflammatory process. Key words: Cnidoscolus quercifolius; Euphorbiaceae; inflammation, medicinal plants. 160 Introduction The Euphorbiaceae family is considered of big economic importance among the Angiosperms.[1] It is characteristic of this family the occurrence of various secondary metabolites, among which stand out alkaloids, flavonoids, tannins and coumarins.[2] Another important class of secondary metabolites present in species of this family are the diterpenes, as they are considered the most characteristic group of substances in this complex family.[3] Inside the family Euphorbiaceae is the genus Cnidoscolus, which is well represented in Brazil (about 18 species), especially in the northeastern (about 10 species), and this region is one of the probable centers of diversity of Cnidoscolus.[4] In relation to the phytochemistry, there are reports of the presence of alkaloids and terpenoids in the genus Cnidoscolus.[5] [6] Chemical investigation of C. phyllacanthus had led to isolation of three new terpenoids from the barks: a bis-nor-diterpene, phyllacantone and two triterpenes, 3β-Ocinnamoyl-lupeol and 3β-O-dihidrocinnamoyl-lupeol.[7] Cnidoscolus quercifolius Pohl. is a species popularly known as “faveleira” and “faveleira”, the tree is known to possess stinging trichomes distributed throughout the plant. This species produces latex, which is widely used for medicinal purposes. It´s roots are tuberous and store nutrients used during the dry season, a period when flowering and fruiting of this species occurs. [8] Regarding use in folk medicine, C. quercifolius is used to fight inflammation.[9] 161 The inflammation is the earliest organic response before tissue damage or infection. Before a tissue injury, the local accumulation of prostaglandins, thromboxanes and other chemical mediators cause a change in the threshold nociceptors, resulting in hyperalgesia.[10] [11] The inflammatory process is part of a mechanism of host defense against stimuli that cause injuries, but when this process is not controlled, can damage the health of the individual. [12] The cardinal signs that identify the inflammation are heat, flushing (redness), tumor (swelling), pain and loss of function, of which the first four were described by Cornelius Celsus.[13] Considering the large consumption in our region and scarcity of chemical and pharmacological studies about this species, in our continuing search of the pharmacological properties of species from the Caatinga biome, in this paper we demonstrate the anti-inflammatory effects of crude ethanol extracts from barks and leaves of C. quercifolius in experimental models in mice. Materials and methods Plant material The barks and leaves of C. quercifolius Pohl. were collected in the city of Petrolina (Coordinates: S 09º03’55”; W 40º20’06”), State of Pernambuco, Brazil, in February of 2012. The sample was identified by a biologist from EMBRAPA Semiárido. A voucher specimen (19202) was deposited at the Herbarium Vale do São Francisco (HVASF) of the Federal University of San Francisco Valley. 162 Preparation of the extracts The barks and leaves were dried and pulverized (1481 g and 482 g, respectively), and macerated with ethanol 95% at room temperature for 72 h. The solution was filtered and concentrated under reduced pressure in a rotatory evaporator at 50 °C, producing 0.392 g of crude ethanol extract of barks (CqbEtOH, 13.07% yield on dry weight of the plant) and 0.063 g of crude ethanol extract of leaves (Cql-EtOH, 26.46% of yield on dry weight of the plant). Animals Adult male albino Swiss mice (30-40 g) were used throughout this study. The animals were randomly housed in appropriate cages at 22 ± 2 °C on a 12 h light/dark cycle with free access to food and water. Mice were used in groups of six animals each, according to the requirements of individual experiments. All tests were carried out by the same visual observer. Experimental protocols and procedures were approved by Federal University of San Francisco Valley Animal Care and Use Committee by number 0030/82012. Preliminary phytochemical screening Preliminary phytochemical analyses of the extracts were performed as described by Wagner and Bladt,[14] seeking to highlight the major groups of secondary metabolites. It was evaluated the presence of alkaloids, anthocyanins, coumarins, anthracene derivatives, flavonoids, lignans, mono and diterpenes, naphthoquinones, saponins, steroids and terpenoids. 163 Pharmacological experiments Carrageenan-induced hind paw edema The test of paw edema induced by carrageenan 2% consists of injecting a volume of 20 µl/animal in the subplantar region (s.pl.), the right paw of the mouse.[15] Subsequently, to assess the extent of the volume of the paws immersed itself right paw to the lateral malleolus in an electric plethysmometer. The mice were divided into five groups of six animals each. The animals were treated with Cqb-EtOH and Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg, i.p.), vehicle (saline) and indomethacin (20 mg/kg, i.p.) 30 minutes before the injection of carrageenan. The mice pedal volume up to the ankle joint was measured using plethysmometer (PanLab LE 7500, Spain) before (VA, baseline) the intraplantar administration of carrageenan and 1, 2, 3, 4 and 5 h after (VB), as described previously.[16] The inhibition of the edema paw was calculated by (VB-VA)/VA, where VA is the volume of the right hind paw before carrageenan injection, and VB is the volume of the right hind paw after carrageenan injection. Leukocyte migration to the peritoneal cavity The animals were divided into five groups of six animals each. Leukocyte migration was induced by injection of carrageenan (1%, i.p., 0.25 mL) into the peritoneal cavity 1 h after administration of Cqb-EtOH and Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg i.p.), vehicle (saline, i.p.) and dexamethasone (2 mg/kg, i.p.), the solution of carrageenan was administered 30 minutes later of pre-treatments. The migration of leukocytes was measured 4 hours after stimulation, and the animals euthanized and cells were harvested from the peritoneal cavity with 3 164 ml of saline containing 1 mM EDTA. Immediately, a short massage was performed and then the peritoneal fluid was collected, it was centrifuged (3000 rpm for 6 min) at room temperature. The supernatant was discarded and 300 μl of EDTA was added to the precipitate, which was removed at a rate of 10 μl. 200 μl solution Turk at the rate and total cells were counted in a Neubauer chamber, in an optical microscope was added. The results were expressed as the number of leukocytes/ml.[17] Statistical analysis The data are expressed as the means ± S.E.M., and statistical significance was determined using an analysis of variance (ANOVA) followed by Dunnett’s test. All analysis was performed with the GraphPad Prism 4.0 program. Values were considered significant at p < 0.05. Results Preliminary phytochemical screening The preliminary phytochemical analysis indicated a positive reaction for the presence of coumarins, flavonoids, monoterpenes/diterpenes and naphthoquinones in Cqb-EtOH, while the Cql-EtOH showed positive reaction to coumarins, anthracene derivatives, flavonoids, lignans and triterpenes/steroids. However, Cqb-EtOH showed negative for the presence of alkaloids, anthocyanins, anthracene derivatives, lignans, saponins and triterpenes/steroids and Cql-EtOH negative for alkaloids, anthocyanins, 165 monoterpenes/diterpene quinones, saponins and triterpenes/steroids. The results are presented in the Table 1. INSERT TABLE 1 Carrageenan-induced hind paw edema The paw edema induced by carrageenan test revealed an anti-inflammatory effect of the extracts. Pre-treatment with Cqb-EtOH (i.p.) significantly inhibited at all times only at the dose of 200 mg/kg (p < 0.01), whereas a dose of 100 mg/kg inhibited only from 3 h to 5 h (p < 0.01) after using the carrageenan induced edema (Figure 1). INSERT FIGURE 1 The paw edema induced by carrageenan in mice was reduced after pretreatment with the Cql-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg, i.p.). The edema was significantly inhibited only at a dose of 100 mg from 4 h (p < 0.01) and 5 h (p < 0.01) (Figure 2). INSERT FIGURE 2 Leukocyte migration to the peritoneal cavity The i.p. administration of Cqb-EtOH (100, 200 and 400 mg/kg), 1 h before injection of carrageenan (1%, i.p., 0.25 ml) inhibited leukocyte migration (p < 0.01) when compared to the control group (Figure 3). 166 INSERT FIGURE 3 Pre-treatment with crude ethanolic extract of leaves (Cql-EtOH 100, 200 and 400 mg/kg, i.p.) 1 h before carrageenan injection also inhibited leukocyte migration (p < 0.01) when compared to the control group (Figure 4). INSERT FIGURE 4 Discussion In the present study, we demonstrate for the first time, the anti-inflammatory effects of crude ethanol extract of the barks and leaves of C. quercifolius through various inflammatory responses. This anti-inflammatory effects presented by Cqc-EtOH and Cqf-EtOH, are probably associated with a variety of chemical constituents that were identified in the preliminary phytochemical analysis of the extracts (Table 1). In the evaluation of anti-inflammatory activity, the paw edema test was performed. This model consists of two stages, the first being evaluated between 1 to 1.5 hours after carrageenan injection is characterized by the formation of a non-phagocytic edema, whereas the second stage 2-5 hours after injection, is characterized by increased formation of edema, which remains to 5 hours.[18] Inflammation induced by carrageenan involves three distinct phases of release of the mediators. In the first phase occurs liberation of serotonin and histamine (0–2 h), in the second phase kinins are liberated (3 h), and prostaglandin in the 167 third phase (after 4 h).[19] Thus, the Cqb-EtOH inhibited paw edema significantly at all times only at the dose of 200 mg/kg, while the dose of 100 mg/kg inhibited only from 3 h to 5 h, while the Cql-EtOH inhibited paw edema at a dose of only 100 mg from 4 h to 5 h. The inflammation produced by injection of carrageenan into the peritoneal cavity is slow and prolonged, making it possible to evaluate the leakage of liquid, as well as cell migration, besides the participation of cytokines, enzymes, and chemical mediators, such as nitric oxide, prostaglandin E 2, IL-1β, IL-6 and TNF-α, by utilizing different phlogistic agents.[20] In the test of carrageenaninduced peritonitis, Cqb-EtOH and Cql-EtOH inhibited the leukocyte migration at all tested doses. Probably the extracts contain substances that act in blocking the synthesis of mediators responsible for leukocyte chemotaxis, and it is not possible to establish the mechanism involved. The present study has demonstrated that crude ethanol extracts of the barks and leaves of C. quercifolius has significant anti-inflammatory properties, which are related probably with inhibition of release of mediators of the inflammatory process, such as prostaglandins, histamine and neutrophils. Conclusion It can be concluded that extracts from the barks and leaves of C. quercifolius have anti-inflammatory activity, which supports the popular use of this plant to treat inflammation. 168 Acknowledgements The authors are grateful to the Brazilian agencies CNPq, CAPES and FACEPE for financial support. References 1. Sátiro LN, Roque N. A família Euphorbiaceae nas caatingas arenosas do médio rio São Francisco, BA, Brasil. Acta Bot Bras 2008;22: 99-118. 2. Randau KP, Xavier HS, Dimech GS, Wanderley AG. Avaliação preliminar da atividade farmacológica (antiespasmódica e antiulcerogênica) do extrato aquoso bruto de Croton rbamnifolius H. B. K. e Croton rhamnifolioides PAX & Hoffm. (Euphorbiaceae), Lecta-USF 2002;20:618. 3. Salatino A, Salatino MLF, Negri G. Traditional uses, chemistry and pharmacology of Croton species (Euphorbiaceae). J. Braz. Chem. Soc. 2007;18:11-33. 4. Macbride JF. Flora of Peru. Field Museum of Natural History1951;13:1 200. 5. 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Kummer CL, Coelho TCRB. Antiinflamatórios Não Esteróides Inibidores da Ciclooxigenase-2 (COX-2): Aspectos Atuais. Rev Bras Anestesiol 2002;52:498-512. 12. Dia VP, Bringe NA, Mejia EG. Peptides in pepsin–pancreatin hydrolysates from commercially available soy products that inhibit lipopolysaccharide-induced inflammation in macrophages. Food Chem 2014;152:423-31. 13. Alessandri AL, Sousa LP, Lucas CD, Rossi AG, Pinho V, Teixeira MM. Resolution of inflammation: mechanisms and opportunity for drug development. Pharmacol Therapeut 2013;139:189-212. 14. Wagner H, Bladt S. Plant Drug Analysis: A thin Layer Chromatography Atlas. 2 ed. New York: Springer, 1996. 15. Winter CA, Risley EA, Nuss GW. Carrageenan-induced oedema in hind paw of rat as an assay for anti-inflammatory drugs. P Soc Exp Biol Med 1962;111:544-47. 170 16. Huang GJ, Pan CH, Liu FC, Wu TS, Wu CH. 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Cytokine profiles during carrageenan-induced inflammatory hyperalgesia in rat muscle and hind paw. J Pain 2007;8:127-36. 171 APÊNDICE D – Carta de submissão 172 APÊNDICE E – Certificado 173 APÊNDICE F – Resumo VIII JIC/ II JOINT/ II Mostra de Pós-graduação VIII Jornada de Iniciação Científica II Jornada de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação II Mostra de pós-Graduação 21 a 23 de novembro de 2013 ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA E AVALIAÇÃO DA COORDENAÇÃO MOTORA DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO DAS CASCAS DE Cnidoscolus quercifolius (EUPHORBIACEAE) Leandra Macedo de Araújo Gomes1,2, Thayne Mayra Dantas de Andrade2, Sarah Raquel Gomes de Lima Saraiva3, Viviane Nunes Sousa Barreto2, Tâmara Santos Diniz2, Juliane Cabral Silva2, Jackson R. G. S. Almeida1,2, Julianeli T. de Lima1,2 1 Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais do Semiárido, Campus Petrolina, Av. José de Sá Maniçoba, S/N, centro - Petrolina – PE CEP: 56304-205. 2 Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais, Laboratório de Bioquímica e Fisiologia, Universidade Federal de Vale do São Francisco. 3 Laboratório de Produtos Naturais, Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco. Introdução A planta conhecida popularmente como faveleira, de nome científico Cnidoscolus quercifolius (Euphorbiaceae), é uma das espécies pertencentes ao bioma caatinga, que se destaca pela sua extraordinária resistência à seca. Seu emprego popular consiste em recuperar áreas degradadas, na alimentação animal e humano, na medicina popular, serrarias e como fonte de energia, dentre outros usos (NETO et al., 2009). Em relação à dor, esta é uma modalidade sensorial que em muitos casos representão o único sintoma para o diagnóstico de várias doenças. Ela tem muitas vezes uma função protetora. Já o processo inflamatório consiste na resposta orgânica mais precoce diante de lesão tissular ou infecção. Perante um trauma tissular, o acúmulo local de prostaglandinas, tromboxanos e outros mediadores químicos ocasionam uma alteração no limiar de nociceptores, com consequente hiperalgia (ALMEIDA; NAVARRO; BARBOSA-FILHO, 2001; KUMMER & COELHO, 2002). Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antinociceptiva e motora do extrato etanólico bruto das cascas de Cnidoscolus quercifolius. Em levantamento bibliográfico realizado nos principais bancos de dados sobre estudos com plantas medicinais, não foram encontrados registros de estudos com essa espécie e sua ação antinociceptiva. Materiais e Métodos O material vegetal foi coletado no município de Petrolina, na Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias - Embrapa Semiárido. A coleta e identificação 174 foram realizadas por um botânico, e a exsicata da espécie foi depositada no Herbário Vale do São Francisco (HVASF), no Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas (CRAD) na UNIVASF sob a identificação de número 19202. O material vegetal (cascas) foi levado à estufa à temperatura média de 40 °C por um período de 72 horas. Após a secagem e completa estabilização o material foi pesado e pulverizado. O material vegetal seco e pulverizado foi submetido à maceração exaustiva com etanol 95% em um recipiente de aço inoxidável. Foram feitas várias extrações num intervalo de 72 horas entre cada extração até completo esgotamento da droga. A solução extrativa obtida passou por um processo de destilação do solvente em evaporador rotativo a uma temperatura média de 50 °C. Após este processo de evaporação do solvente, obteve-se o EEB. Foram utilizados grupos de camundongos (n=6) (Mus musculus) Swiss, machos, albinos, pesando entre 30–40 gramas, todos provenientes do Biotério da UNIVASF e foram mantidos em gaiolas coletivas com alimentação e água ad libitum. A atividade antinociceptiva do EEB cascas (100; 200 e 400 mg/kg i.p) foi avaliada através do teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, teste da lambida da pata induzida pela formalina e pelo teste da placa quente, enquanto a avaliação da coordenação motora foi feita pelo teste de Rota-Rod. Indometacina (20 mg/kg i.p.), morfina (10 mg/kg i.p.) e Diazepam (2,5 mg/kg i.p.) foram utilizadas como drogas padrão. Os grupos controle receberam solução salina. A análise dos dados foi feita no programa GraphPadPrism NÚMERO DE CONTORÇÕES Resultados e Discussão Durante a realização do teste das contorções abdominais, os números de contorções diminuíram significativamente (p<0,01) em relação ao grupo controle, após a administração por via i.p. dos EBB das cascas de C. quercifolius. No EBB das cascas, os efeitos foram similares nas doses 100 mg/kg (83,7% de inibição), 200 mg/kg (81,4% de inibição) e 400 mg/kg (88,1% de inibição). 30 20 10 ** ** ** ** 400 INDO ** 0 CONTROLE 100 200 MORF Cq-EtOH (mg/kg) Figura 01: Efeito antinociceptivo do Cq-EtOH de Cnidoscolus quercifolius no teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético em camundongos. Foram utilizadas indometacina e morfina como controle positivo. Os valores são significantes quando *P<0,05; **P<0,01 e ***P<0,001; ANOVA + Dunnet. 175 No teste da formalina o tempo de lambida da pata diminuiu na primeira e na segunda fase após a administração do EEB das cascas, sendo as melhores respostas obtidas na segunda fase na dose de 200 mg/kg (78,26% de inibição). Em relação ao teste da placa quente o EEB das cascas não proporcionou o aumento do tempo de latência. E por fim, o EEB das cascas não provocou alteração na coordenação motora dos camundongos no teste do Rota-Rod. Conclusões Os resultados obtidos demonstram que as cascas da espécie Cnidoscolus quercifolius possui atividade antinociceptiva, atuado possivelmente na dor inflamatória, sendo seu mecanismo de atuação provavelmente a nível periférico. Outros estudos ainda são necessários para caracterizar o mecanismo de ação preciso dos extratos. A coordenação motora dos animais não foi alterada pela administração do extrato. Agradecimentos Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Referências ALMEIDA, R. N.; NAVARRO, D. S.; BARBOSA-FILHO, J. M. Plants with central analgesic activity. Revista Phytomedicine, Stuttgart, v. 8, n. 4, p. 310-322, jul. 2001. Disponível em: http://artigocientifico.uol.com.br/uploads/artc_1146349999_70.pdf. Acesso em: 16 jan. 2012. KUMMER, C. L.; COELHO, T. C. R. B. Antiinflamatórios Não Esteróides Inibidores da Ciclooxigenase-2 (COX-2): Aspectos Atuais. Revista Brasileira Anestesiologia, Botafogo-RJ, v. 52, n. 4, p.498-512, jul./ago. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rba/v52n4/v52n4a14.pdf. Acesso em: 16 jan. 2012. NETO, J. P. et al. AVALIAÇÃO DA AÇÃO CLASTOGÊNICA DO ÓLEO DE Cnidoscolus phyllacanthus (Mart.) Pax. et K. Hoffm EM CÉLULAS MEDULARES. Revista de Biologia e Farmácia, Campina Grande, v. 3, n. 1, p. 6-22, mar. 2009. 176 APÊNDICE G – Certificado 177 APÊNDICE H – Resumo ENCONTRO BRASILEIRO II para 3º Encontro Brasileiro para Inovação Terapêutica cvfcvcv INOVAÇÃO TERAPÊUTIC I Jornada para o Desenvolvimento da Economia da Saúde AVALIAÇÃO 21 a 25 de novembro de 2011DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA E DA COORDENAÇÃO MOTORA UFPE Recife & Mar Hotel DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO DAS FOLHAS DE Cnidoscolusquercifolius(EUPHORBIACEAE) Realização Patrocínio Inscrições e Contatos Site: http://www.wix.com/segundoebit/ufpe E-mail: [email protected] L.M. DE A. GOMES,1S.R.G. Min Programa de Pós-Graduação 1 em Inovação Terapêutica DE L. SARAIVA, T.M.D. DE ANDRADE, J.C.SILVA, 1T.S. DINIZ, 1V.N.S. BARRETO, 1J.R.G. DA S. ALMEIDA; 1J.T. DE LIMA. 1 1 Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais, Laboratório de Bioquímica e Fisiologia, Universidade Federal de Vale do São Francisco. [email protected] RESUMO A espécie Cnidoscolusquercifolius(Euphorbiaceae) é conhecida popularmente como faveleira e pertence ao bioma Caatinga. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antinociceptiva e motora doEEB (Extrato Etanólico Bruto) das folhas de C. quercifolius. Foram utilizados grupos de camundongos (n=6) (Mus musculus). A atividade antinociceptiva do EEB das folhas foi avaliada através do teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, teste da lambida da pata induzida pela formalina e pelo teste da placa quente. A coordenação motora foi avaliada pelo Teste de RotaRod.Os resultados obtidos demonstraram que a espécie C.quercifoliuspossui atividade antinociceptiva e a coordenação motora dos animais não foi alterada pela administração do extrato. INTRODUÇÃO A espécie Cnidoscolusquercifolius(faveleira) é uma das plantas pertencentes ao bioma caatinga, que se destaca pela sua extraordinária resistência à seca. Seu emprego popular consiste em recuperar áreas degradadas, na alimentação animal e humano, na medicina popular, serrarias e como fonte de energia, dentre outros usos (NETO et al., 2009). Segundo Lorenzi (1998) a faveleira é uma espécie pertencente à família Euphorbiaceae, trata-se de uma planta oleaginosa, xerófila, decídua, heliófila e pioneira. Atinge 4 a 8 metros de altura, dotada de copa alongada ou 178 arrendondada e rala. Tronco curto e ramificado desde a base, mais ou menos cilíndrico, com casca fina, lenticelada e quase lisa, de 20 a 35 cm de diâmetro. Em relação à dor, esta é uma modalidade sensorial que em muitos casos representão o único sintoma para o diagnóstico de várias doenças. Ela tem muitas vezes uma função protetora. Já o processo inflamatório consiste na resposta orgânica mais precoce diante de lesão tissular ou infecção. Perante um trauma tissular, o acúmulo local de prostaglandinas, tromboxanos e outros mediadores químicos ocasionam uma alteração no limiar de nociceptores, com consequente hiperalgia(ALMEIDA; NAVARRO; BARBOSA-FILHO, 2001; KUMMER & COELHO, 2002). Nesse sentido, o presente trabalho realizou a avaliação da atividade farmacológica do extrato da espécie Cnidoscolusquercifolius, abordando aspectos deatividadeantinociceptiva e da coordenação motora. Em levantamento bibliográfico realizado nos principais bancos de dados sobre estudos com plantas medicinais, não foram encontrados registros de estudos com essa espécie e sua ação antinociceptiva. OBJETIVOS O presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antinociceptiva e motora do extrato etanólico bruto das folhas de Cnidoscolusquercifolius. MATERIAIS E MÉTODOS O material vegetal foi coletado no município de Petrolina, na Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias - Embrapa Semiárido. A coleta e identificação foram realizadas por um botânico, e a exsicata da espécie foi depositada no Herbário Vale do São Francisco (HVASF), no Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas (CRAD) na UNIVASF sob a identificação de número 19202. O material vegetal (folhas) foi levado à estufa à temperatura média de 40 °C por um período de 72 horas. Após a secagem e completa estabilização o material foi pesado e pulverizado. O material vegetal seco e pulverizado foi submetido à maceração exaustiva com etanol 95% em um recipiente de aço inoxidável. Foram feitas várias extrações num intervalo de 72 horas entre cada extração até completo esgotamento da droga. A solução extrativa obtida passou por um processo de destilação do solvente em evaporador rotativo a uma temperatura média de 50 °C. Após este processo de evaporação do solvente, obteve-se o EEB. Foram utilizados grupos de camundongos (n=6) (Mus musculus) Swiss, machos, albinos, pesando entre 30–40 gramas, todos provenientes do Biotério da UNIVASF e foram mantidos em gaiolas coletivas com alimentação e água ad libitum.Aatividadeantinociceptiva do EEB folhas (100; 200 e 400 mg/kg i.p) foi avaliada através do teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, teste da lambida da pata induzida pela formalina e pelo teste da placa quente, enquanto a avaliação da coordenação motora foi feita pelo teste de Rota-Rod. Indometacina (20 mg/kg i.p.), morfina (10 mg/kg i.p.) e Diazepam (2,5 mg/kg i.p.) foram utilizadas como drogas padrão. Os grupos controle 179 receberam solução salina. A análise dos dados foi feita no programa GraphPadPrism RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante a realização do teste das contorções abdominais, os números de contorções diminuíram significativamente (p<0,01) em relação ao grupo controle, após a administração por via i.p. do EBB das folhas de C.quercifolius. Os efeitos foram maiores nas doses de 400 mg/kg (98,7% de inibição), 200 mg/kg (79,4% de inibição) e 100 mg/kg (71,3% de inibição), conforme ilustrado na figura 01. Número de contorções 40 ** 30 20 ** 10 ** ** 0 Control 100 200 400 ** ** INDO MORPH Cq-EtOH (mg/kg) FIGURA 01: Efeito antinociceptivo do EEB das folhas da espécie C.quercifolius(Euphorbiaceae) no teste das contorções abdominais induzida pelo ácido acético. Os valores são significantes quando *P<0,05; **P<0,01 e ***P<0,001; ANOVA + Dunnet. No teste da formalina o tempo de lambida da pata diminuiu na primeira e na segunda fase após a administração do EEB das folhas, sendo as melhores respostasobtidas na segunda fase na dose de 400 mg/kg (79,46% de inibição). Em relação ao teste da placa quente o EEB das folhas na dose de 400 mg/kg proporcionou o aumento do tempo de latência significativamente (p< 0,05), dados apresentados na figura 2. E por fim, o EEB das folhas não provocou alteração na coordenação motora dos animais no teste do Rota-Rod. 180 Tempo de Latência (s) 20 ** ** * 15 ** 10 Controle Folhas -EtOH 100 mg/kg Folhas-EtOH 200 mg/kg Folhas - EtOH 400 mg/kg Morfina 10 mg/kg 5 0 30 60 90 120 Tempo (min) FIGURA 02: Efeito antinociceptivo do EEB das folhas da espécie C.quercifolius(Euphorbiaceae) no teste da placa quente. Os valores são significantes quando *P<0,05; **P<0,01 e ***P<0,001; ANOVA + Dunnet. CONCLUSÕES Os resultados obtidos demonstram que as folhas da espécie Cnidoscolusquercifoliuspossui atividade antinociceptiva, atuado possivelmente na dor inflamatória, sendo seu mecanismo de atuação provavelmente a nível periférico, com exceção da dose de 400 mg/kg que apresentou resposta tanto a nível periférico como a nível central. Outros estudos ainda são necessários para caracterizar o mecanismo de ação preciso dos extratos. A coordenação motora dos animais não foi alterada pela administração do extrato. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, R. N.; NAVARRO, D. S.; BARBOSA-FILHO, J. M. Plantswith central analgesicactivity. Revista Phytomedicine, Stuttgart,v. 8, n. 4, p. 310-322, jul. 2001. Disponível em: http://artigocientifico.uol.com.br/uploads/artc_1146349999_70.pdf. Acesso em: 16 jan. 2012. KUMMER, C. L.; COELHO, T. C. R. B.Antiinflamatórios Não Esteróides Inibidores da Ciclooxigenase-2 (COX-2): Aspectos Atuais. Revista Brasileira Anestesiologia, Botafogo-RJ, v. 52, n. 4, p.498-512, jul./ago. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rba/v52n4/v52n4a14.pdf. Acesso em: 16 jan. 2012. 181 LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Editora Plantarum, 1998. NETO, J. P. et al.AVALIAÇÃO DA AÇÃO CLASTOGÊNICA DO ÓLEO DE Cnidoscolusphyllacanthus (Mart.) Pax. et K. HoffmEM CÉLULAS MEDULARES. Revista de Biologia e Farmácia, Campina Grande, v. 3, n. 1, p. 6-22, mar. 2009. 182 ANEXOS 183 ANEXO A - Protocolo de aprovação do Comitê de Ética 184 ANEXO B - Protocolo para avaliação da triagem farmacológica