CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO IN VITRO DE
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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO IN VITRO DE
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO IN VITRO DE PLÂNTULAS DE Cattleya schilleriana SOB CONCENTRAÇÕES DE ÁGUA DE COCO Renata Bachin Mazzini1; Cibele Mantovani2; Kathia Fernandes Lopes Pivetta3 1 2 3 Professora Doutora. Universidade Federal do Paraná (UFPR), Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo, Rua dos Funcionários, 1540, Juvevê, 80035-050, Curitiba/PR. Email: [email protected] Graduanda em Agronomia. Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), Departamento de Produção Vegetal. Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, 14884-900, Jaboticabal/SP. Email: [email protected] Professora Doutora. UNESP/FCAV. Email: [email protected] Introdução O gênero Cattleya Lindl., pertencente à família Orchidaceae, compreende mais de 50 espécies de orquídeas e milhares de híbridos, formas e variedades. Tem, como habitat nativo, a região tropical das Américas. Dentre os diversos gêneros da família Orchidaceae, Cattleya é um dos mais populares, principalmente por causa de suas flores vistosas, coloridas, perfumadas e de longa duração (GLOBAL, 2003). Cattleya schilleriana Rchb. f. é uma espécie nativa e endêmica do Brasil, concentrada na Mata Atlântica dos estados da Bahia e Espírito Santo (BARROS et al., 2010). A germinação assimbiótica de sementes de orquídeas in vitro tem sido um dos procedimentos mais comuns para a manutenção de coleções e preservação da diversidade genética dessas plantas (GONÇALVES et al., 2012). Além disso, é uma prática comum e estabelecida também em viveiros comerciais (SINHA e ROY, 2004). Uma grande variedade de meios de cultura tem sido usada e testada para diversas espécies, assim como de fitorreguladores, nutrientes e suplementos. Dentre estes, a água de coco, além de ter um custo mais baixo do que outros materiais (GONÇALVES et al., 2012), vem apresentando bons resultados tanto na germinação e cultivo de tecidos in vitro, como no desenvolvimento de plântulas de orquídeas (SINHA e ROY, 2004; GONÇALVES et al., 2012). O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia de concentrações de água de coco no crescimento e desenvolvimento de plântulas de Cattleya schilleriana cultivadas in vitro. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’ (FCAV/UNESP), campus de Jaboticabal/SP. O campus situa-se nas coordenadas 21°15’22” S e 48°18’58” W, a uma altitude de 590 m. O delineamento experimental empregado foi o inteiramente casualizado. Foram nove tratamentos, que consistiram em concentrações de água de coco: 0, 25, 50, 75, 100, 150, 200, 250 e 300 mL L-1 e três repetições com 10 plântulas por parcela. Cápsulas fechadas com sementes maduras de C. schilleriana foram superficialmente desinfestadas em etanol 70% por 5 min, seguido do hipoclorito de sódio com 1% de cloro ativo durante 30 min. As cápsulas foram enxaguadas três vezes com água destilada e as sementes, após extração, foram inoculadas em frascos de vidro de 500 mL de capacidade, contendo 40 mL do meio nutritivo MS reduzido e autoclavado a 121 °C e 1,1 atm durante 15 min (CALDAS et al., 1998). O meio MS reduzido consistiu da formulação proposta por Murashige e Skoog (1962) com metade da concentração de macronutrientes e concentração total de micronutrientes, suplementado com vitaminas, inositol e glicina, segundo o proposto por Costa et al. (2009). Foi acrescentado, ainda, 2% de sacarose. O pH foi ajustado para 5,7 e o meio foi geleificado com 0,7% de ágar (tipo E, Sigma®). A germinação e o crescimento das plântulas ocorreram sob condições controladas: temperatura de 25 ± 2 °C, iluminação de 75 µmol m-2 s-1 e fotoperíodo de 16 h de luz. Após 90 dias, as plântulas, com dois folíolos cada, foram transferidas para novos frascos contendo o meio MS reduzido e as concentrações de água de coco. As plântulas foram então avaliadas 90 dias após o transplante por meio das seguintes variáveis: número e comprimento de folhas; e número e comprimento de raízes. Foi realizada análise de regressão polinomial a fim de verificar o comportamento das variáveis em função do aumento das concentrações. Resultados e Discussão A análise de regressão polinomial indicou diferença significativa (p<0,01) entre as concentrações de água de coco para as variáveis analisadas, com exceção de número de folhas, que não mostrou diferença entre os tratamentos. Houve ajuste de equação quadrática para número de raízes e de equação linear para comprimento de raízes e de folhas, que aumentaram conforme aumentou a concentração de água de coco (Figura 1). Figura 1. Variações de número de raízes, comprimento de raízes e comprimento de folhas de plântulas de Cattleya schilleriana cultivadas in vitro sob diferentes concentrações de água de coco (2012). Segundo Nunes et al. (2008), o efeito estimulatório da água de coco pode ser explicado pelos elevados teores de glicose, frutose e sais minerais, além de hormônios vegetais, necessários ao processo de formação e desenvolvimento de plântulas. Conclusões A água de coco estimulou o crescimento e o desenvolvimento de plântulas de Cattleya schilleriana cultivadas in vitro. No entanto, estudos com concentrações mais altas que 300 mL L-1 devem ser desenvolvidos a fim de se estabelecer a concentração máxima ideal a ser empregada. Referências BARROS, F. de; VINHOS, F.; RODRIGUES, V.T.; BARBERENA, F.F.V.A.; FRAGA, C.N. 2010 Lista de Espécies da Flora do Brasil: Cattleya schilleriana Rchb. f. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/FB011343>. Acesso em: 30 nov. 2012. CALDAS, L.S.; HARIDASAN, P.; FERREIRA, M.E. Meios nutritivos. In: TORRES, A.C.; CALDAS, L.S.; BUSO, J.A. (Eds.) Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa – SPI/Embrapa – CNPH, v.1, 1998. p.87-132. COSTA, M.A.P.C.; PEREIRA, M.J.; ROCHA, M.A.; HANSEN, D.S.; ALVES, R.M.O.; SOUZA, E.L.; GARCIA, F.R. Micropropagação de orquídea. In: JUNGHANS, T.G.; SOUZA, A.S. Aspectos práticos da micropropagação de plantas. Cruz das Almas: EMBRAPA MFT, v.1, 2009. p.351-370. GLOBAL Book Publishing Pty Ltd. Flora. Willoughby: Global Book Publishing Pty Ltd., 2003. CD-Rom. GONÇALVES, L.M.; PRIZÃO, E.C.; GUTIERRE, M.A.M.; MANGOLIN, C.A.; MACHADO, M.F.P.S. Use of complex supplements and light-differential effects for micropropagation of Hadrolaelia purpurata (= Laelia purpurata) and Encyclia randii orchids. Acta Scientiarum Agronomy, v.34, n.4, p.459-463, 2012. MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, v.15, p.473-497, 1962. NUNES, C.F.; PASQUAL, M.; SANTOS, D.N.; CUSTÓDIO, T.N.; ARAUJO, A.G. Diferentes suplementos no cultivo in vitro de embriões de pinhão-manso. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.43, n.1, p.9-14, 2008. SINHA, P.; ROY, S.K. Regeneration of an indigenous orchid, Vanda teres (Roxb.) Lindl. through in vitro culture. Plant Tissue Culture, v.14, n.1, p.55-61, 2004.
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