1 Autor: Ernesto Castro Leal (Universidade de Lisboa – Faculdade
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1 Autor: Ernesto Castro Leal (Universidade de Lisboa – Faculdade
Autor: Ernesto Castro Leal (Universidade de Lisboa – Faculdade de Letras) Eixo Temático: 1. Republicanismo, correntes críticas e Estado Título da comunicação: Partidos e processo político: o sistema partidário republicano português (1910-1926) Parties and political process: the Portuguese republican party system (1910-1926) Resumo: A revolução de 5 de Outubro de 1910 operou uma mudança política para um regime republicano, tendo sido consagrado na Constituição de 1911 um sistema de governo parlamentar, o que exigiu outro sistema partidário. Da fragmentação do histórico Partido Republicano Português, saiu, entre 1911 e 1912, uma nova estrutura de partidos políticos e grupos políticos republicanos. No período da Grande Guerra, assistiu-se à evolução do sistema de partidos, que, a partir de 1919, configurou uma acentuada pulverização, com dissidências, cisões e fusões. Ao longo da I República Portuguesa afirmou-se o Partido Republicano Português (“Partido Democrático”), que foi reorganizado em 1911-1912, como partido dominante e principal partido de governo, com a grande excepção do momento da «República Nova» sidonista, durante a qual se praticou um sistema de governo presidencial, com práticas políticas de cesarismo bonapartista plebiscitário. Na presente comunicação, que tem como objectivo apresentar uma perspectiva geral do sistema partidário republicano português entre 1910 e 1926, pretende-se surpreender a relação entre partidos políticos, identidade política e processo político dentro do diversificado território político-ideológico do republicanismo, através de uma visão de história política. Da análise histórica efectuada, pode chegar-se a algumas conclusões essenciais: (1) na primeira fase da I República Portuguesa (1910-1917), assistiu-se a uma estabilidade ao redor de três partidos republicanos constitucionais – Partido Republicano Português (“Partido Democrático”), Partido Republicano Evolucionista e União Republicana – e a uma instabilidade na área dos partidos republicanos radicais, mesmo naquele segmento que tinha mais audiência e era dirigido por António Machado Santos (Aliança Nacional e Centro Reformista); (2) a segunda fase da I República Portuguesa (1918) manifestou a organização protopartidária do republicanismo presidencialista (Partido Nacional Republicano), a partir de uma cisão no Partido Republicano Evolucionista em finais de 1917 (Partido Centrista Republicano), que sobreviverá através de pequenos grupos políticos, vindo o mais significativo (Partido Nacional Republicano Presidencialista) a aderir em 1925 ao Partido Republicano Nacionalista; (3) durante a terceira fase da I República Portuguesa (1919-1926), desenvolveu-se a instabilidade dentro dos partidos republicanos constitucionais, com dissidências, cisões e fusões (Partido Republicano Liberal e Partido Republicano Nacionalista), ressurgindo os grupos políticos republicanos radicais (Federação Nacional Republicana e Partido Republicano Radical), mas os acontecimentos mais relevantes, dada a sua vocação e prática de partido dominante foram as cisões no Partido Republicano Português (“Partido Democrático”) em 1920 (Partido Republicano de Reconstituição Nacional) e em 1925-1926 (Partido Republicano da Esquerda Democrática). Este mapa político dos partidos políticos e grupos políticos republicanos – «multipartidarismo imperfeito ou de partido dominante» (Marcelo Rebelo de Sousa, Os Partidos Políticos no Direito Constitucional Português, 1 Braga, 1983) ou «multipartidarismo competitivo e desorganizado» (J. J. Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 6.ª ed., Coimbra, 2010) – era também devedor do processo crescente – mas lento – de modernização da sociedade portuguesa, marcado pela abertura institucional, pela diferenciação cultural, pela mobilidade social e pelas mudanças estruturais, configurando uma sociedade mais aberta e plural (Vitorino Magalhães Godinho, Estrutura da Antiga Sociedade Portuguesa, 3.ª ed., Lisboa, 1977). Permanecia, no entanto, em Portugal, nos anos 10-20 do século XX, um sistema económico-social e político muito condicionado por uma extensa malha de redes de relações hierárquicas e clientelares, visto serem ainda características de base das sociedades mediterrânicas do Sul da Europa: «Nas sociedades mediterrânicas – Espanha, Portugal, Itália e Grécia – as relações patronocliente, tanto na forma “tradicional”, como na forma mais moderna de redes partidárias, burocráticas e administrativas, foram, não um factor importante na formação do núcleo da estrutura institucional (à imagem de outros países europeus) mas antes o próprio núcleo […]» (S. N. Eisenstadt, Múltiplas Modernidades. Ensaios, Lisboa, 2007). 2 Currículo académico: Ernesto Castro Leal é Doutor em História Contemporânea, Professor Associado com Agregação, de nomeação definitiva, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador do Centro de História da Universidade de Lisboa. Desenvolve investigação nas áreas da História das Ideias, da História Política, da História da História e da História Biográfica, durante os séculos XIX e XX. Entre a bibliografia publicada, destaque-se: António Ferro: Espaço Político e Imaginário Social (19181932), Lisboa: Cosmos, 1994; Nação e Nacionalismos: A Cruzada Nacional D. Nuno Álvares Pereira e as Origens do Estado Novo (1918-1938), Lisboa: Cosmos, 1999; Partidos e Programas: O campo partidário republicano português (1910-1926), Coimbra: Imprensa da Universidade, 2008. Co-autor e coordenador das seguintes obras: O Federalismo Europeu: História, Política e Utopia, Lisboa: Colibri, 2001; Memória da Imprensa Estudantil Universitária, 3 vols., Lisboa: Os Fazedores de Letras, 20072009; Republicanismo, Socialismo, Democracia, Lisboa: Centro de História da Universidade de Lisboa, 2010. Colaborou em obras colectivas, como por exemplo: História de Portugal (direcção de João Medina), Lisboa: Ediclube, 1993; Dicionário de História de Portugal-Suplemento (coordenação de António Barreto e Maria de Filomena Mónica), Porto: Figueirinhas, 1999; História do Pensamento Filosófico Português (direcção de Pedro Calafate), Lisboa: Caminho, 1999-2004; Dicionário de História Religiosa de Portugal (direcção de Carlos Moreira Azevedo), Lisboa: Círculo de Leitores, 2000; Memória de Portugal: O Milénio Português (coordenação de Artur Teodoro de Matos e de Roberto Carneiro), Lisboa: Círculo de Leitores, 2001; Dicionário de Educadores Portugueses (direcção de António Nóvoa), Porto: ASA, 2003; Dança dos Demónios: Intolerância em Portugal (coordenação de António Marujo e de José Eduardo Franco), Lisboa: Temas e Debates/Círculo de Leitores, 2009; O Pensamento Luso-Galaico-Brasileiro (1850-2000), Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda/Universidade Católica Portuguesa-Centro Regional do Porto, 2009; História da Primeira República Portuguesa (coordenação de Fernando Rosas e de Maria Fernanda Rollo), Lisboa, Edições Tinta-da-China, 2009; Portugal e a Grande Guerra, 1914-1918 (coordenação de Aniceto Afonso e de Carlos de Matos Gomes), Lisboa: QuidNovi, 2010. Tem artigos científicos publicados nas revistas Análise Social (Lisboa), Lusitania Sacra (Lisboa), Philosophica (Lisboa), Clio (Lisboa), Revista de História das Ideias (Coimbra), Revista Portuguesa de História (Coimbra), Forum (Braga) ou e-journal of Portuguese History (Universidade do Porto/Brown University). 3