ATOS - Fundamentos
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ATOS - Fundamentos
JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Volume 17 / Número 3 EDIÇÃO PORTUGUÊS ATOS CONSTRUINDO UMA VIDA DE TRIUNFO Como Deus Pode nos Dar Vitória Sobre as Provações e Tentações Zac Poonen B SA ÍBLIA GR AD A PARE! Antes de você ler esta revista, por favor, olhe para a etiqueta de endereço em seu envelope. No topo esquerdo de sua etiqueta está o seu número de ATOS. Por favor, escreva esse número aqui. No topo direito de sua etiqueta, depois da palavra "EXPIR", está sua data de vencimento da assinatura da Revista ATOS. (month/year). Por favor, escreva essa data aqui: ________ / _________ mês ano 1 / ATOS OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO 2001 Você deverá dar esta informação cada vez que escrever ao World MAP, ou quando preencher seu Formulário de Renovação de Assinatura ou solicitação do livro O Cajado do Pastor. JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 ATOS2001 /1 1 / ATOS OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO Queridos Amigos e Contribuintes do World MAP: É com gratidão e uma expectativa de grandes coisas no futuro que aproveitamos esta oportunidade para anunciar a nomeação de Frank e Wendy Parrish à Diretoria e Presidência do World MAP. Após quarenta anos de fiel e dedicado serviço aos múltiplos ministérios do World MAP, o Fundador e Diretor Ralph Mahoney está confiando o manto deste chamado e responsabilidade a Frank e Wendy. Na Reunião da Diretoria em agosto de 2001, foi aprovada unanimemente a nomeação de Frank Parrish como Presidente do World MAP e a nomeação dele e de sua esposa Wendy para servirem juntos como Diretores. Foi um privilégio para nós termos Frank e Wendy “a bordo da Diretoria” do World MAP nos últimos três anos, enquanto o ministério navegava nesta transição de liderança do Fundador Ralph Mahoney, agora Diretor Emérito do World MAP, para Frank e Wendy. Juntamente com um novo fardo, visão, e perspectiva para a obra e o ministério do World MAP, Frank e Wendy também trazem consigo muitos anos de experiência pastoral, administrativa, e de implantação de igrejas. A paixão pelo preparo de obreiros e líderes para a Colheita nestes últimos dias é o tema central absoluto da família Parrish. Como membros da Diretoria, queremos recomendar a vocês Frank e Wendy (que é filha de Ralph Mahoney), quer você seja nosso leitor pela primeira vez, um contribuinte regular, ou um observador curioso! O espírito e testemunho deles têm sido revigorante a todos nós, e estamos certos do compromisso deles para com o Senhor e o Seu povo, especialmente para com os obreiros dos campos de colheita do Terceiro Mundo. Temos a certeza de que Frank e Wendy possuem um profundo respeito pelos ancoradouros espirituais do ministério do World MAP e um senso profético de direção e dependência no Senhor para o futuro. Gostaríamos de encorajá-los a se unirem a nós enquanto renovamos o compromisso de orarmos pelos nossos líderes nestes dias críticos, e gostaríamos de pedir que vocês acrescentassem as famílias Parrish e Mahoney à lista de pessoas pelas quais vocês oram regularmente! Deus os abençoe! Dos seus colaboradores no campo, Diretoria do World MAP Ralph Mahoney, Fundador Jeff Clark Jon Cook, Secretário Keith Lane Skip Mahoney, Vice-Presidente George Veach 2 / ATOS JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 EDIÇÃO PORTUGUÊS Volume 17 / Número 3 De Frank e Wendy Parrish: Com um humilde reconhecimento de nossas limitações humanas e uma firme confiança no Deus Todo-Suficiente que nos capacita, Wendy e eu aceitamos o chamado para dirigir, servir e desenvolver o ministério do World MAP. É um privilégio continuarmos o trabalho dos santos fiéis que serviram e dirigiram o World MAP nas últimas quatro décadas, especialmente o Fundador do World MAP – e pai da Wendy – Ralph Mahoney. É um privilégio e alegria para nós servirmos santos fiéis como vocês, os nossos colaboradores na Colheita, e unirmo-nos a vocês no serviço ao Senhor da Colheita, “prosseguindo para o alvo” de levarmos o Evangelho da salvação através de Cristo até “os confins da terra” (Fp 3:14; At 1:8). À medida que servimos, rendemo-nos a Deus para que os Seus propósitos sejam cumpridos: iremos aonde Ele nos dirigir, capacitados pelo Seu Espírito, obedientes à Sua vontade, e sempre seguindo Aquele que é o nosso tudo em todos. Grandes desafios estão à nossa frente – e também grandes vitórias. Vamos portanto confiar na infalível graça de Deus, descansar em Seu inextingüível amor, permanecer firmes em Sua constante fidelidade, e movermo-nos com o Seu Espírito em direção ao cumprimento de tudo o que Ele deseja realizar. Desejamos sinceramente as suas orações e a sua participação no ministério do World MAP, por nós como Diretores, e pela causa de Cristo em todo o mundo. Por amor e pela glória de Jesus, Frank e Wendy Parrish Diretores do World MAP COMENTÁRIO DE RALPH MAHONEY: Há muito tempo Ralph Mahoney vinha se preocupando muito no sentido de que uma nova liderança fosse levantada para dar continuidade à obra do World MAP, que Deus o chamou para iniciar há quase meio século. “Mas quem”, perguntou Ralph antes de sua recente aposentadoria, “poderia dar continuidade à obra com o mesmo nível de integridade e competência? Quem poderia garantir a contínua eficiência dos ministérios que o World MAP tem levado adiante durante quarenta anos? Louvado seja o Senhor! Ele tinha a Sua resposta aguardando o tempo certo. E este tempo chegou agora! A vinda de Frank e Wendy Parrish ao World MAP nesta hora é realmente muito oportuna. O World MAP está vendo o raiar de um novo dia!” — Ralph Mahoney, Fundador e Diretor Emérito do World MAP JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 ATOS Índice CONSTRUINDO UMA VIDA DE TRIUNFO 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. Uma Vida de Constante Triunfo ................ 4 A Necessidade Absoluta de Fé .................... 5 Levando a Palavra de Deus a Sério ............. 7 Todos os Atos de Deus São emAmor .......... 8 Deus nos Ama Como Ama a Jesus ............. 9 Deus Tem um Propósito em Toda Provação ................................................. 11 Não Somos Provados Além da Nossa Capacidade ............................................ 13 Deus Dá Sua Graça Somente aos Humildes ................................................ 15 Deus Controla as Circunstâncias ............. 17 Graça Suficiente ..................................... 20 Chamado, Escolhido e Fiel ...................... 21 O Castigo Divino ..................................... 22 Consolo Divino ....................................... 29 Fortalecimento Divino ............................. 32 Jesus, Aquele que Carrega Meus Fardos ... 37 Diretor Responsável ............... Ralph Mahoney Diretores ....................... Frank & Wendy Parrish Diretores Administrativos África ................................. Loreen Newington Índia ................................................... Bill Scott Internacional ............................. Gayla Dease Artes Gráficas Dennis McLain & Vander Santos Tradutor ....................................... Vander Santos Revisora .............................................. Rita Leite Leitora de Provas ................... Maura Ocampos Impressão Gráfica .............. Editora Betânia S/C VISÃO E MISSÃO Como um ministério ao Corpo de Cristo, o World MAP existe para: 1. Fornecer aos líderes de igrejas nos países da Ásia, África e América Latina um treinamento prático que os torne eficazes ministros do Evangelho. 2. Compartilhar com os crentes das nações ocidentais as vitórias e as tribulações de obreiros de igrejas nacionais, a fim de que a Igreja: Ore mais fervorosamente e dê mais sacrificialmente para abençoar e desenvolver a obra dos que servem nas linhas de frente do evangelismo. ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) é publicada a cada três meses pelo “World MAP”, 1419 N. San Fernando Blvd., Burbank, CA 91504, EUA. Toda correspondência deve ser dirigida para o endereço acima ou para Caixa Postal 5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil ou ainda para o e-mail: [email protected] SR. AGENTE POSTAL: Favor enviar as mudanças de endereço para “World MAP”, Caixa Postal 5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil. Todas as passagens das Escrituras serão da Bíblia Sagrada, traduzida em português por João Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil – 1981, a menos que outra fonte seja indicada. ATOS / 3 “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo...” (2 Co 2:14.) Capítulo 1 UMA VID A DE CONST ANTE TRIUNFO VIDA CONSTANTE Deus deseja que tenhamos uma vida de CONSTANTE VITÓRIA. Isso é ensinado claramente em vários trechos das Escrituras. Consideremos alguns.... “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, SEMPRE nos conduz em triunfo...” (2 Co 2:14.) “Em TODAS ESTAS COISAS, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” (Rm 8:37.) “... estas coisas vos escrevo para que NÃO PEQUEIS...” (1 Jo 2:1.) Apesar desses e de outros trechos bíblicos, é difícil convencer muitos crentes de que Deus deseja que eles tenham uma vida vitoriosa. Se aceitarmos as Escrituras da forma como está escrita e simplesmente crermos nisso – como uma criança – então essa mensagem se tornará clara para nós. Mas se confiar- BÍB L SA GR IA AD A mos em nossa razão, poderemos encontrar muitos argumentos que nos convencerão de que é impossível ter uma vida vitoriosa neste mundo mau. Muitos crentes céticos acrescentarão seu testemunho para embasar os argumentos de nossa razão. E então nós nos convenceremos de que é impossível viver vitoriosamente neste mundo. Se não tivermos a convicção de que, antes de tudo, Deus quer que vivamos constantemente pela fé, nunca seremos capazes de viver em triunfo. E, sem fé, é impossível ter uma vida vitoriosa. Tudo na vida cristã é totalmente dependente da fé. E a revelação que Deus nos deu na Sua Palavra é a base dessa fé. Não importa que você tenha vivido em derrota por muitos anos. Se você puder entender a verdade de uma vida de constante vitória na Palavra de Deus, terá dado o primeiro passo para viver vitoriosamente. ■ Uma NOVA MANEIRA de ajudar outros líderes de igreja a receber ATOS! Querido Leitor da Revista ATOS, Se você conhece outros líderes de igreja que ainda não recebem a Revista ATOS, e acha que eles gostariam de recebê-la, por favor, peça-lhes que nos escrevam e nos enviem os seguintes dados: • O nome completo e endereço, em letra de fôrma; • A quantas pessoas ensinam ou pregam a cada semana; • Uma descrição do ministério que exercem. Querido leitor, NÃO nos envie os nomes e endereços dessas pessoas. Quem desejar ser assinante da Revista ATOS deve escrever-nos pessoalmente; isso nos ajudará a estar seguros de que só estamos enviando a Revista aos líderes de igreja que a queiram receber. Que Deus possa fortalecer e capacitar você e seus companheiros líderes de igreja para a Sua grande obra! 4 / ATOS JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Capítulo 2 A NECESSID ADE ABSOL UT A DE FÉ NECESSIDADE ABSOLUT UTA 1 João 2:6 diz: “Aquele que diz que permanece nele, esse deve também ANDAR ASSIM COMO ELE ANDOU.” Como Jesus andou? Em vitória durante uma PARTE do tempo, a MAIORIA do tempo ou TODO o tempo? Nós sabemos a resposta. Ele foi tentado em todos as coisas como nós também somos, mas nunca pecou. “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.” (Hb 4:15.) Hoje, somos chamados a andar como Ele andou. Isso é possível aqui na terra? Deus nos mandaria fazer algo que Ele sabe muito bem que não podemos fazer? Não. Isso é inconcebível. Nem mesmo os pais terrenos dão ordens irracionais aos seus filhos. Quanto mais Deus! Em Mateus 13:58, encontramos algumas das palavras mais tristes escritas no Novo Testamento: “E não fez ali muitos milagres, POR CAUSA DA INCREDULIDADE DELES.” A passagem correspondente a essa, em Marcos 6:5, declara: “Não PÔDE fazer ali nenhum milagre...” Ele desejara fazer grandes coisas a essas pessoas em Sua terra natal. Ele, porém, estava limitado pela incredulidade delas. Nossa incredulidade nos impossibilita de recebermos do Deus todo-poderoso as boas coisas que Ele quer fazer por nós. Eu gostaria de saber se já existiram milagres que Deus pretendia realizar por você, mas que não pôde fazêlo por causa de sua incredulidade. No tribunal de Cristo, no juízo final, alguns de nós teremos de ouvir estas palavras: “Eu não pude fazer tudo que desejei realizar para você e através de você, por causa da sua incredulidade.” JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Se constatarmos que isso aconteceu conosco, que pesar haverá em nosso coração ao término de nossa vida terrena! É bom pensar nisso agora. Nos meus primeiros anos de cristão pertenci a um grupo de irmãos que priorizavam o estudo das Escrituras. Em certo sentido, sou grato a Deus por isso, pois me permitiu ter um bom conhecimento básico da Palavra. Contudo o estudo ministrado por eles era todo baseado na razão hu- mana, sem a revelação do Espírito Santo. Nós estudávamos a Bíblia como um colegial estuda química na escola. Nós descobrimos os significados dos tipos do Velho Testamento, etc., mas éramos derrotados pelo pecado em nossa vida. Eu sabia que Deus tinha perdoado meus pecados; mas não tinha fé para ir além disso. Quando percebi na Palavra a verdade sobre o batismo no Espírito e comecei a buscar a Deus nesse senti- Você Precisa Renovar Sua Assinatura de ATOS? Veja aqui como saber disso: Verifique sua etiqueta de endereço no envelope da Revista ATOS. No topo direito da etiqueta há uma DATA (month/year) depois da palavra "EXPIR "; Se a data está a QUATRO MESES ou MENOS DE QUATRO MESES da data atual, então está na hora de renovar! Você não precisa renovar sua assinatura a cada edição da Revista ATOS; você só precisa renovar SE sua assinatura de dois anos estiver vencendo nos próximos quatro meses. • • • Veja aqui como renovar sua assinatura de dois anos da Revista ATOS: Destaque o Formulário de Renovação da Revista ATOS desta revista; Siga TODAS as instruções do Formulário de Renovação; Responda a TODAS as perguntas do Formulário de Renovação – escreva claramente em letra de fôrma; e, Remeta o Formulário de Renovação, sem demora, para o escritório do World MAP mais próximo de você! • • • • NOTA: A Revista ATOS não é um “curso por correspondência”. Você não receberá um “certificado” ou “diploma” depois que ler a Revista ATOS. Nossa esperança e oração é que você receba algo mais valioso: Ensinamento bíblico e treinamento para o ministério prático! Isso o ajudará a tornarse mais eficaz no ensino, no serviço e no testemunho a outros. A Revista ATOS é enviada, gratuitamente, quatro vezes ao ano, aos líderes de igreja que a solicitem na Ásia, África, e América Latina. Esses líderes receberão a Revista ATOS durante dois anos, e após esse período eles deverão renovar sua assinatura para que continuem a recebê-la por mais dois anos. ATOS / 5 do, achei que eu simplesmente não poderia crer. Eu jejuava, orava e estava disposto a pagar qualquer preço por isso. Contudo achei extremamente difícil acreditar que Deus ouvia meu pedido e me concedia o que pedira. Jesus ensinou que sempre que orássemos deveríamos crer que já recebêramos o que tínhamos pedido. “Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco.” (Mc 11:24.) Levei bastante tempo – muitos anos – para crer nessa declaração com a fé simples de uma criança. Finalmente, pela graça de Deus, eu consegui crer que Deus tinha ouvido minha oração e me concedera o que buscava. Fui batizado Duas pessoas podem ouvir a Palavra de Deus e uma no Espírito, pela fé. delas crer enquanto que a outra não. O dom de línguas que se seguiu foi apenas uma Romanos 10:10 declara: “Porque confirmação do que eu já tinha rece- de pode nos afastar de Deus. A incredulidade é a raiz de todos os ou- com o coração se crê para justiça bido pela fé. e com a boca se confessa a respeiQuando olho para trás, após todos tros pecados. Romanos 6:14 declara: “Porque o to da salvação.” esses anos de lutas, vejo claramente Esse é um princípio importante, que o que me atrapalhava era a incre- pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim pois é pela confissão de nossa boca dulidade. que expressamos nossa fé. Isso nos O mesmo princípio se aplica a con- da graça.” Nesse texto, o Espírito Santo nos confere a libertação do poder de pequistar uma vida de triunfo sobre o pecado. Nós podemos jejuar, orar e fala muito claramente que, se estiver- cado. E então nós devemos dar nosso desejar – e ainda assim não conseguir mos debaixo da graça, o pecado não testemunho diante de Satanás, dizennada – até que CREIAMOS que Deus terá domínio sobre nós. Isso está es- do: “Eu acredito que Deus está me PODE e VAI nos conduzir a uma vida crito de forma tão clara que até mes- conduzindo a uma vida de vitória sovitoriosa. mo uma criança pode entender essa bre o pecado”. Desse modo nós poSatanás sabe que você não pode verdade. Apesar disso, muitos cren- demos derrotar a Satanás. obter nada de Deus a não ser pela fé. tes ainda não acreditam na possibili“Eles, pois, o venceram por cauEntão você pode imaginar como ele dade de ter uma vida de vitória sobre sa do sangue do Cordeiro e por tentará encher seu coração de incre- o pecado. causa da palavra do testemunho dulidade. A incredulidade é mais periDeus quer que você viva em vitó- que deram e, mesmo em face da gosa que a mentira ou o adultério, pois ria. Não importa quão sujo seja o seu morte, não amaram a própria esses são facilmente reconhecidos pensar, ou há quanto tempo você vem vida.” (Ap 12:11.) como pecado; e a incredulidade, não. sendo derrotado pela raiva. Deus pode Toda vez que você cair, faça essa Em Hebreus 3:12 lemos: “Tende torná-lo completamente livre e dar-lhe confissão, até que a vitória se torne cuidado, irmãos, jamais aconteça um coração puro. Mas Ele não pode uma realidade em sua vida. Não se haver em qualquer de vós perverso fazer isso enquanto você não crer. deixe desencorajar se isso não vier coração de incredulidade que vos A Bíblia diz que devemos confes- de um dia para outro. Deus, com afaste do Deus vivo.” sar com nossa boca o que cremos no certeza, honrará a confissão de sua Um coração cheio de incredulida- coração. boca. ■ 6 / ATOS JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Capítulo 3 LEV ANDO A P AL AVR A DE DEUS A SÉRIO LEVANDO PAL ALA VRA O que significa isso? Um mau hábito que muitos cren- Palavra de Deus a sério, nós não poIsso permite a um marido estar tes têm é de não levar a Palavra de demos esperar progredir em nossa amargurado contra sua esposa AO Deus a sério. Tomemos, como exem- vida espiritual. Tiago 1:26 diz: “Se alguém supõe MENOS UMA VEZ? plo, as palavras de Jesus em Mateus Nós sabemos que, quando a Palaser religioso, deixando de refrear a 12:36, 37: “Digo-vos que de toda palavra língua, antes, enganando o próprio vra de Deus proíbe o adultério ou o assassinato, isso quer dizer que não frívola que proferirem os homens, coração, a sua religião é vã.” devemos cometer tal pecado dela darão conta no Dia NEM MESMO UMA VEZ. Condo Juízo; porque, pelas tudo, quando lemos que um tuas palavras, serás justiA maioria dos cr entes não crentes marido não deveria estar ficado e, pelas tuas palaacr edita que, literalmente, acredita amargurado contra sua espovras, serás condenado.” sa, isso não causa em nós o A maioria dos crentes não terão de pr estar conta de prestar mesmo impacto. Por quê? acredita que, literalmente, tetoda palavra frívola que Isso ocorre porque nós esrão de prestar conta de toda colhemos e elegemos quais os palavra frívola que falarem. falar em. falarem. mandamentos da Palavra de Quando nós realmente Deus levaremos a sério ou acreditamos nisso, eliminaQuando nós rrealmente ealmente não. Nós não percebemos que mos de nossa vida toda caacr editamos nisso, acreditamos TODA a Palavra de Deus deve lúnia, fofoca, má conversaser levada a sério. ção e raiva. Todo aquele que eliminamos de nossa vida Aqueles que levam toda a leva a sério essas palavras toda calúnia, fofoca, má Palavra de Deus a sério se de Jesus será radical, e eliafligirão por causa do pecaminará toda palavra frívola conversação e raiva. T odo Todo do, toda vez que falharem. de seu falar. Desse modo eles acharão o Jesus diz aqui que sereaquele que leva a sério (poder) do Espírito mos justificados por nossas essas palavras de Jesus será conforto Santo, e serão conduzidos a palavras. uma vida de vitória. “BemTodos nós temos conheradical, e eliminará toda aventurados os que chocimento da justificação pela palavra frívola de seu falar falar.. ram, porque serão consolafé. Mas a fé sem obras é dos.” (Mt 5:4.) morta, e uma fé que não puAqui está outro segredo da rifica nosso falar é morta. Se um homem não puder controlar vitória: Pense em todas as palavras que Leve toda a Palavra de Deus a você falou (ou escreveu) durante os a própria língua, seu cristianismo é inúúltimos três meses – em casa e no til – pois, como disse Jesus, as pala- sério e, toda vez que você falhar peescritório, ao cônjuge, aos filhos, aos vras que falamos mostram como é rante os padrões de Deus, lamente-se por causa do seu pecado. empregados, etc. Uma fita que regis- nosso coração. “Porque a boca fala do que está Assim você provará que teme a trasse sua fala provaria que você, um Deus – e o temor do Senhor é o prinfilho de Deus justificado, é diferente cheio o coração.” (Mt 12:34.) O modo como usamos nossa lín- cípio da sabedoria que conduz a uma do mundo ao seu redor? Ou suas palavras seriam semelhantes às dos in- gua é um dos indícios mais claros de vida vitoriosa. nossa condição espiritual. Deus olha graciosamente e favocrédulos? Aqui temos outro exemplo: A Pa- rece aqueles que estão quebrantados O falar de muitos crentes não foi purificado, porque eles não levaram lavra de Deus diz que os maridos nun- e contritos em seu espírito e que treas palavras de Jesus a sério. Isso ca deveriam tratar suas esposas com mem diante da Sua Palavra. “... mas o homem para quem ocorre porque eles não temem a amargura. “Maridos, amai vossa esposa e olharei é este: o aflito e abatido de Deus. Eles temem aos homens mais do que temem a Deus. Se não de- não a trateis com amargura.” (Cl espírito e que treme da minha palavra.” (Is 66:2.) senvolvermos o hábito de levar a 3:19.) ■ JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 ATOS / 7 Capítulo 4 TODOS OS A TOS DE DEUS SÃO EM AMOR ATOS Deus sempre exigiu que o homem obedecesse aos Seus mandamentos. Na Velha Aliança, os israelitas receberam ordenanças, que eles deveriam obedecer. Mas eles descobriram que não podiam guardar perfeitamente as leis de Deus. Na Nova Aliança, Deus promete escrever Suas leis em nosso coração e em nossa mente de forma que nós não apenas O obedeçamos, mas também que GOSTEMOS de obedecê-lO. “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ez 36:27.) Somente temos comunhão com Deus quando obedecemos aos Seus mandamentos. No entanto, obediência é algo que muitos crentes não entendem. A maioria dos crentes, por entender mal a “graça”, considera que a obediência é uma exigência da Velha Aliança. Como resultado, consideram as ordens de Deus um fardo pesado. Esse é um engano satânico. É o resultado de uma ignorância quanto ao amor de Deus. Todos os mandamentos de Deus são para o nosso bem e têm o objetivo de nos tornar livres. Todos eles tiveram origem no coração de um Deus que nos ama perfeitamente. Moisés diz (com relação ao fato de Deus dar Suas leis ao povo de Israel no monte Sinai), “... à sua direita, havia para eles o fogo da lei. Na verdade, amas os povos...” (Dt 33:2,3.) O fato de Deus nos ter dado a Sua lei é uma prova do Seu intenso amor por nós. Alguns dos mandamentos de Deus podem requerer abnegação de nossa parte. Mas, com o correr do tempo, descobriremos que eles são para nosso bem maior. Um pai não dá ordens a seus filhos para sobrecarregá-los ou prejudicá-los – mas tão-somente para ajudá-los. É dessa forma que precisamos ver as ordens que Deus nos dá 8 / ATOS também. Ter fé é acreditar em um Deus que é perfeito em amor. Quando tivermos tal fé, nos deleitaremos em cumprir as ordens de Deus, a qualquer preço. Essa é a razão de grande parte de nossas derrotas. O diabo convenceu a muitos de nós de que os mandamentos de Deus, ou são desnecessários, ou são um fardo. Se não entendemos por que Deus nos chama para fazer algo, isso apenas prova nossa imaturidade. Um dia, quando formos um pouco mais maduros, ENTENDEREMOS isso. Quando os pais obrigam os filhos a irem à escola, estes não entendem por que não podem ficar em casa brincando. Eles até podem pensar que seus pais estão sendo muito duros. Mas é por amor aos filhos que os pais os obrigam a adquirir uma educação. Tal como essas pequenas crianças, nós também freqüentemente não en- Freqüentemente, o Senhor corrigirá nosso andar porque Ele sabe que isso nos trará problemas. Devemos estar prontos a escutar. tendemos os caminhos de Deus. Mas se crêssemos no Seu amor, obedeceríamos a toda a Sua Palavra e nos submeteríamos a todos os Seus mandamentos, sem questionar. Consideremos a questão do sofrimento. Por que um Deus de amor permite que soframos? Isso acontece porque o sofrimento é uma parte do programa (currículo) de nossa educação espiritual. É através do sofrimento que Deus nos conduz à maturidade. Se você não teve muitas oportunidades de sofrer, certamente não aprendeu muita coisa que tenha algum valor espiritual para sua vida. Talvez você tenha murmurado e reclamado tanto na última vez que passou por um pequeno sofrimento, que Deus permite que você agora ande nos seus caminhos. É muito triste ser colocado de lado por Deus. Eu preferiria passar por sofrimentos diariamente do que ser colocado de lado por Deus. Quando Deus nos conduz pelas veredas do sofrimento, é tolice nos compararmos com os outros. Isso seria como nossos filhos questionarem por que eles têm de ir à escola enquanto as crianças na rua podem brincar na lama todo o dia. Todos os atos de Deus para conosco são praticados em perfeito amor. Ele quer que estejamos contentes – não com a felicidade superficial do mundo, mas com a alegria profunda e eterna, que vem através de uma vida santa. E o único caminho para a santidade é o sofrimento. “Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.” (Hb 12:10.) Jesus foi o homem mais feliz que já andou pela terra. Mas Ele foi também o que mais sofreu. Sua felicidade originava-se em fazer a vontade de Seu Pai – não vivendo de um modo fácil. Ele via Seu Pai como o perfeito Amor e, assim, alegremente, se submetia a tudo que o Pai colocava em Seu caminho. Esse era o segredo de toda a Sua vida. ■ JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Capítulo 5 DEUS NOS AMA COMO AMA A JESUS A causa de todos os nossos problemas espirituais é que não vemos a Deus como um Pai de Amor e um Deus Soberano. Uma verdade que revolucionou minha vida cristã foi a gloriosa revelação que Jesus nos deu, de que o Pai nos ama da mesma maneira que O amou. Jesus orou ao Pai: “... para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.” (Jo 17:23.) Jesus pediu nessa oração que o mundo ao nosso redor pudesse conhecer essa verdade. Mas, antes que o mundo possa perceber essa verdade, é preciso que ela, primeiro, domine nosso coração. Todos os cristãos acreditam teoricamente em um Pai amoroso no céu. Mas o fato de estarem freqüentemente preocupados, ansiosos e cheios de insegurança e temor, prova que eles realmente não crêem nisso em seu coração. Menor ainda é o número daqueles que ousariam crer que Deus os ama tanto QUANTO AMA A JESUS! Nenhum de nós ousaria crer em tal verdade se o próprio Jesus não nos tivesse falado claramente que era assim. Quando seus olhos se abrem para essa verdade gloriosa, toda a sua perspectiva de vida se modifica. Toda murmuração, depressão e trevas desaparecerão completamente de sua vida. Eu sei que isso pode ocorrer, pois aconteceu comigo. Eu vivi, por muitos anos, derrotado e sob a escravidão da depressão. Isso não era a vontade de Deus para mim; mas eu simplesmente não conseguia me livrar disso. As coisas se torna- ram diferentes desde que meus olhos foram abertos à verdade de que Deus me ama da mesma maneira que ama a Jesus. Vejo agora que tudo o que foi colocado em meu caminho veio das mãos de um Pai amoroso. Eu tenho visto que Não é porque você não jejua nem ora suficientemente que você não está tendo uma vida vitoriosa. A vitória não vem através do auto-esforço, mas pela fé. “Fé em quê?”, você pode perguntar. Fé no amor perfeito de Deus por você. Muitos crentes vivem debaixo da condenação de Satanás que continua lhes falando: “Você não está jejuando o bastante. Você não está pedindo o suficiente. Você não está testemunhando o bastante. Você não está estudando a Bíblia o suficiente”, etc. Eles constantemente estão sendo enganados por tais pensamentos e se deixam envolver em um círculo infinito de atividades e em uma multidão de obras mortas. Você percebe que a autodisciplina, o jejum, a oração, a prática de dizimar e testemunhar são obras mortas, se não têm origem no amor a Deus? E elas não podem se originar no amor a Deus a menos que você esteja seguro de que Deus o amou primeiro. A oração de Paulo para os cristãos de Éfeso era para que eles pudessem ser arraigados e fundamentados no amor de Deus. “Para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor.” (Ef 3:16,17.) “E conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.” (Ef 3:19.) Os cristãos de Éfeso já eram convertidos e batizados no Espírito. Mas eles ainda precisavam ser fortalecidos pelo Espírito no homem interior, de Todos os cristãos acreditam teoricamente em um Pai amoroso no céu. Mas o fato de estarem freqüentemente preocupados, ansiosos e cheios de insegurança e temor, prova que eles realmente não crêem nisso em seu coração. Menor ainda é o número daqueles que ousariam crer que Deus os ama tanto quanto ama a Jesus! JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Ele se preocupa comigo como a menina de Seus olhos. Assim, agora, nenhuma circunstância da vida pode me fazer murmurar nem consegue me deprimir. Eu aprendi, como diz Paulo, o segredo de estar contente e louvar a Deus em todas as circunstâncias de minha vida. “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” (Fp 4:4.) “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.” (Fp 4:11.) Agora este é o fundamento inabalável da minha vida: DEUS ME AMA DA MESMA MANEIRA QUE ELE AMA A JESUS. ATOS / 9 forma que pudessem ser arraigados e fundamentados no perfeito amor de Deus por eles, entendendo o comprimento, largura, altura e profundidade daquele amor. Só então Paulo passou a falar dos dons pelos quais o Corpo de Cristo pode ser edificado. “E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo... E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo.” (Ef 4:7,11,12.) Essa perfeita segurança no amor de Deus tem de estar nos sustentando constantemente. Nós devemos estar arraigados e alicerçados nisso, para que nosso ministério seja produtivo. Em outro lugar, o Novo Testamento fala disso como “descanso”. “Nós, porém, que cremos, entramos no descanso” diz o apóstolo (Hb 4:3). Ele nos persuade então a que nos esforcemos com todo o nosso coração para entrar nesse descanso. “Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência.” (Hb 4:11.) É fácil desistir quando não estamos “descansando” em perfeita segurança no amor de Deus. O mundo está cheio de pessoas que estão procurando alguém que as ame. Muitos cristãos vão de igreja em igreja, querendo ser amados. Alguns buscam o amor em amizades; outros, no casamento. Mas toda essa procura pode terminar em decepção. Como órfãos, os filhos de Adão são inseguros e o resultado é que, dia após dia, são vencidos por ataques de autopiedade. O fato triste é que, mesmo depois da conversão, muitos ainda permanecem inseguros, apesar de não haver necessidade de eles serem assim. Qual é a resposta do evangelho a este problema? A solução é achar nossa segurança no amor de Deus. Jesus falou repetidamente aos Seus discípulos que até os cabelos da cabeça deles eram contados e que um Deus que alimenta milhões de pássaros e veste 10 / ATOS O AMOR DE DEUS O mesmo amor que Deus tem por Jesus, Ele tem por nós. milhões de flores, certamente cuidaria deles. Um argumento maior que tudo isso é: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele TODAS as COISAS?” (Rm 8:32.) Como Deus cuidou de Jesus, Ele cuidará de você também. Uma razão por que Deus permite que nossos semelhantes nos decepcionem às vezes, é para que aprendamos a não nos apoiar no homem. Ele deseja nos livrar de tal idolatria (pois depender do homem é uma forma de idolatria), de forma que nós possamos aprender a confiar totalmente nEle. Dessa forma, quando Deus prepara as circunstâncias de tal modo que você fique desapontado em todos os sentidos, isso não deve desencorajá-lo. Deus apenas está desacostumando-o de confiar no braço humano, de forma que você possa aprender a viver pela fé nEle. Aprenda a pôr sua segurança no fato de que Deus o ama como Ele ama a Jesus. Toda competição e ciúme entre cristãos surgem por causa de nossas próprias inseguranças (falta de fé). Nós devemos estar seguros no amor de Deus. Quer dizer, temos de crer que Deus nos ama. Eu tenho de crer (ter fé) que esse Deus não cometeu nenhum erro ao me criar dessa forma. Eu tenho de crer (ter fé) que esse Deus me deu dons e talentos singulares. Quando alguém tem fé (crê) que tudo isso é verdade para ele, nunca terá ciúmes de outros nem competirá com ninguém. Entender isso resolve todos os problemas de relacionamento entre os líderes e os crentes. Simplesmente pense quantos de seus problemas serão resolvidos quando seus olhos se abrirem para essa verdade – esse Deus o ama exata■ mente como Ele ama a Jesus. JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Capítulo 6 DEUS TEM UM PROPÓSITO EM TOD A PROV AÇÃO TODA PROVAÇÃO A vida se torna maravilhosa quando entendemos que Deus tem um propósito – um propósito glorioso – em tudo que Ele permite que aconteça em nossa vida. Quando Ele diz “não” às nossas orações, isso também constitui uma resposta vinda de um coração de perfeito amor. Quando Deus enviou serpentes abrasadoras para picar os israelitas no deserto, isso foi um ato de amor? “Então, o Senhor mandou entre o povo serpentes abrasadoras, que mordiam o povo; e morreram muitos do povo de Israel.” (Nm 21:6.) Isso certamente era um ato de amor, pois foi o meio que Deus usou para fazer com que aqueles israelitas se arrependessem e voltassem para Ele, a fim de que o Senhor pudesse abençoá-los. Ele não podia fazer isso enquanto eles não se arrependessem. “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” (Jr 29:11.) Uma razão por que Deus permitiu que este mundo se tornasse um lugar incômodo para se viver – com doenças, enfermidades, cobras venenosas, etc. – é para que as pessoas pudessem se voltar para Ele na angústia, e assim Ele pudesse abençoá-las. E então nós podemos ver como Deus usa até mesmo o mal (aquele causado por Satanás) para trabalhar em favor dos Seus propósitos. Quando, na eternidade, encontrarmos todos os que foram resgatados do pecado, e ouvirmos suas histórias, descobriremos como Deus usou picadas de cobras, dificuldades financeiras, cânceres, etc. para afastar as pessoas do pecado e torná-las filhas do Pai. Nós também ouviremos como Deus usou o sofrimento para santifiJULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 car Seus filhos de forma que eles pudessem participar da Sua natureza. Naquele dia, nós agradeceremos a Deus por muitas coisas que não pudemos entender aqui na terra. Mas o homem de fé não precisa esperar até aquele dia. Ele crê agora mesmo na sabedoria e no amor de Deus – e assim ele dá graças por tudo. O principal propósito em todos os atos de Deus para conosco é que possamos participar da Sua natureza. Deus faz com que todas as coisas cooperem para o nosso bem – esse “bem” aí é que sejamos conformes à imagem do Seu Filho. “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Rm 8:28,29.) Por que Deus permite que, às vezes, tenhamos perdas financeiras inesperadas, ou sejamos enganados por pessoas sem escrúpulos? Muitos de nós tivemos a experiência de ser roubados em trens ou ônibus abarrotados. Nessas ocasiões, eu sempre fiz questão de orar pelo ladrão ou fraudador. E, além disso, Deus deseja também nos livrar de um apego excessivo ao dinheiro e a coisas materiais. Ele não quer que fiquemos calculando nossas perdas e nos preocupando com elas. Ele, tampouco, deseja que nos alegremos com o que ganhamos! Ele quer que encontremos nossa alegria nEle – uma alegria que não pode ser aumentada por nenhum ganho material nem ofuscado por nenhuma perda material. Jesus andou sobre a terra assim – e nós somos chamados a andar tal como Ele andou. A Bíblia diz: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.” (Fp 2:5.) Se alguém tivesse dado a Jesus um presente de dez mil denários, por gratidão pelo Seu ministério, isso não teria aumentado Sua alegria nem um pouco. A alegria de Jesus no Pai já era completa e transbordante. Ao mesmo tempo, a alegria de Jesus não teria diminuído em virtude de nenhuma perda material. Por exemplo, Judas Iscariotes freqüentemente roubava do dinheiro que era dado como oferta a Jesus. O Senhor sabia disso, mas nunca deixou essa perda perturbar sua paz nem sua alegria. Jesus deve ter se preocupado muito com Judas, pois o amor ao dinheiro causou a completa ruína dele. Contudo, Jesus nunca permitiu que a perda do próprio dinheiro perturbasse Sua alegria. Que diferença ocorre hoje com relação a muitos pregadores e homens que têm o dom de curar. A alegria deles oscila de acordo com o valor de cada oferta! Mas deixemos os pregadores e curandeiros de lado! O que diremos a nosso respeito? As coisas materiais determinam a intensidade de nossa alegria? Se isso acontece, precisamos nos julgar, com temor e tremor. Estamos seguindo uma rota perigosa e temos de remover essa atitude materialista de nossa vida e de nossa salvação. Se você realmente trata com seriedade o participar da vida de Jesus, Deus permitirá que muitas coisas lhe aconteçam, a fim de que você abandone o amor às coisas materiais, deixe de buscar a honra de homens, e se livre da autopiedade e de muitas outras atitudes não-cristãs. ATOS / 11 Ele não o obrigará a fazer isso. Se aquele que dentre vós não renunSe crêssemos no perfeito amor você está contente com uma vida in- cia a tudo quanto tem não pode ser de Deus, deixaríamos tudo por Ele, correta e de derrotas, que a maioria meu discípulo.” (Lc 14:33.) alegremente e sem reservas. Ficados crentes ao seu redor tem, Ele o Já vimos em João 17:23 que Jesus ríamos então totalmente livres da andeixará só. disse: “Eu neles, e tu em mim, a fim siedade. Mas se você está ansioso pelo me- de que sejam aperfeiçoados na uniO texto de Filipenses 4:6,7 nos orlhor de Deus, Ele tratará firmemente dade, para que o mundo conheça dena: “Não andeis ansiosos de coicom você, eliminando os “cânceres” que tu me enviaste e os amaste, como sa alguma; em tudo, porém, sejam que o estão arruinando, e destruindo os também amaste a mim.” conhecidas, diante de Deus, as vosídolos que o corrompem. Ele pode perNesse texto, Jesus não estava sas petições, pela oração e pela mitir que você sofra dor, decepções, orando pelo mundo nem pelos crentes súplica, com ações de graças. E a perdas, humilhação, críticas injustas, etc, carnais. Ele estava orando pelos Seus paz de Deus, que excede todo o ene tenha suas esperanças frustradas, onze discípulos que tinham abandona- tendimento, guardará o vosso copara levá-lo àquele lugar de estabilida- do tudo para segui-lO. ESSES discípu- ração e a vossa mente em Cristo Jede – onde você não pode ser mais aba- los poderiam encontrar, no amor do sus.” lado. Os crentes Então, depois carnais estão disso, não fará sempre preocunenhuma difepados em saber rença se você é se o barco derico ou pobre, les afundará em criticado ou elomeio à tempesgiado, honrado tade. ou desonrado. Jesus podia Tendo morrido dormir normalcom Cristo para mente em meio tudo deste munà tempestade, do, você passará porque Ele esa participar da tava seguro no vida de Jesus. amor de Seu Isso o levará a Pai. Ele sabia caminhar como que o diabo não um rei nesta terpoderia subra. mergi-lO tão “Levando facilmente. Seu sempre no corPai estava vepo o morrer de lando sobre Ele Jesus, para que o tempo todo. também a sua Como a vida vida se manifesse torna maraVocê precisa manter os olhos no objetivo maior, não nos te em nosso corvilhosa quando po.” (2 Co 4:10.) percebemos problemas que estão à sua frente. São poucos os que, da mesma que encontram maneira que o esse caminho para a vida abundante Pai, uma segurança que os crentes Pai amou a Jesus e cuidou dEle, Ele em Cristo, porque poucos estão dis- carnais e as pessoas mundanas nun- nos ama e cuida de nós. postos a pagar o preço – de morte to- ca poderiam conhecer. Quando finalmente virmos a Deus, O que faz com que determinado nos surpreenderemos ao descobrir tal para o ego. Se não morrermos para cristão venha a ser um “crente car- como é grande o Seu amor por nós; o ego, não poderemos viver pela fé. Se não nos dispusermos a ser cru- nal”? O diabo o enganou, levando-o a muito maior do que poderíamos imacificados com Cristo, nosso conheci- pensar que será mais feliz se não se ginar. Perceberemos então como fomento do amor perfeito de Deus per- render totalmente a Deus. O crente mos tolos ao ficar ansiosos. manecerá sempre teórico. Nós não carnal tenta conseguir “o melhor de Mas qual será o benefício de perpodemos ser discípulos de Jesus se ambos os mundos” (conforme dizem ceber isto então? AGORA é o momennão abandonarmos tudo deste mun- alguns). Mas isso é um engano; ele, to de abrirmos os olhos para o amor na verdade, não consegue o melhor de Deus e para o fato de vivermos do. ■ pela fé. Jesus disse: “Assim, pois, todo de nenhum dos mundos. 12 / ATOS JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Capítulo 7 NÃO SOMOS PROV ADOS ALÉM PROVADOS ADE DA NOSS A CAP ACID NOSSA CAPA CIDADE 1 Coríntios 10:13 é um verso glorioso, e traz um tremendo conforto a todos nós. Ele diz: “... Deus é fiel e NÃO PERMITIRÁ QUE SEJAIS TENTADOS ALÉM DAS VOSSAS FORÇAS ; pelo contrário, juntamente com a tentação [provação], vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” As pessoas dizem freqüentemente que estão passando por provações e tristezas insuportáveis. Isso pode ser real para os filhos de Adão; mas, certamente, não é verdade para os filhos de Deus – pois o Senhor vigia cuidadosamente todas as provações e tentações que surgem no caminho deles. Satanás e aqueles que nos odeiam podem desejar nos afligir de muitas maneiras. Mas eles não podem chegar a nós sem nossa permissão ou a permissão de Deus. Até mesmo no Velho Testamento, Satanás percebeu que Deus tinha posto um muro ao redor de Jó de forma que nenhum mal poderia tocá-lo. Satanás falou para Deus: “Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra.” (Jó 1:10.) Mas, para a santificação de Jó, Deus permitiu uma pequena abertura nesse muro, e deixou que Satanás atacasse o Seu servo. A extensão da abertura nesse muro, porém, foi determinada por Deus. Foi aberta um pouco inicialmente (Jó capítulo 1) e, depois, mais um pouco (Jó capítulo 2). Os sabeus e os caldeus, que roubaram a propriedade de, Jó tiveram de passar pela abertura que Deus tinha feito no muro. “De repente, deram sobre eles os sabeus, e os levaram, e mataram aos servos a fio de espada... Falava este ainda quando veio outro e nós não podemos culpá-lo, porque ele não conhecia os registros bíblicos, como nós os conhecemos. Mas, agora, nós temos a Palavra de Deus para nos mostrar Quem controla a abertura do muro. O muro é de fato o próprio Deus como uma parede de fogo ao redor de nós. “Pois eu lhe serei, diz o Senhor, um muro de fogo em redor e eu mesmo serei, no meio dela, a sua glória.” (Zc 2:5.) Mas, como lemos no Velho Testamento sobre o servo de Eliseu, nossos olhos estão freqüentemente cegos e nós não vemos a parede de fogo que nos cerca. Porém, Eliseu viu isso e assim não temeu. “Tendo-se levantado muito cedo o moço do homem de Deus [Eliseu] e saído, eis que tropas, cavalos e carros haviam cercado a cidade; então, o seu moço lhe disse: Ai! Meu senhor! Que faremos? “Ele respondeu: Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. “Orou Eliseu e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. O Senhor abriu os olhos do moço, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu.” (2 Rs 6:15-17.) O servo estava apavorado porque não podia ver o que Eliseu via. Quando Eliseu orou por ele, seus olhos foram abertos. Então ele pôde descansar. Nós precisamos ter nossos olhos abertos também. Deus sabe quando fechar a aber- O fato de Deus nunca permitir que sejamos tentados ou provados além da nossa capacidade, é a razão que nos permite estar seguros de que podemos viver em vitória todo o tempo. Deus garante que podemos vencer todas as provações e tentações que aparecem em nosso caminho. Por que então nós falhamos? JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 disse: Dividiram-se os caldeus em três bandos, deram sobre os camelos, os levaram e mataram aos servos a fio de espada...” (Jó 1:15,17.) A tempestade que derrubou a casa de Jó sobre seus filhos entrou pela mesma abertura no muro. Porém, a abertura não era larga o bastante para que a doença passasse e atacasse o corpo de Jó. Mas, depois, quando Deus abriu o muro um pouco mais, a doença pôde também passar e afligir Jó. Jó não percebeu inicialmente que Deus estava no controle de tudo o que acontecia. Ele se deu conta disso muito depois (no término da história). Mas ATOS / 13 tura no muro, também. Ele controla “e, tendo sido aperfeiçoado, tor- do-se obediente até à morte e morte nossas circunstâncias com muito cui- nou-se o Autor da salvação eterna de cruz.” (Fp 2:7,8.) dado e precisão, de acordo com nos- para todos os que lhe obedecem.” Esse é o caminho estreito para a sa capacidade espiritual e nosso deFoi assim que Jesus completou seu vida abundante, que poucos buscam. sejo de alcançar o melhor dEle. aprendizado como um homem, tor- O orgulho está tão profundamente arEnquanto formos espiritualmente nando-se perfeito. Essa é a única ma- raigado na carne que poucos procuimaturos e fracos, Deus não permitirá neira de nos tornamos perfeitos tam- ram esse caminho glorioso de humilque sejamos tentados por nenhuma bém. dade – ou nem mesmo entendem o tentação muito forte. que significa humilharEle não deixará que se a si mesmo. Esse é Satanás nos ataque realmente um mistério de forma muito vio– mas Deus revelará lenta. Ao mesmo isso a todos os que são tempo, se Deus vê íntegros de coração. que nós não estamos Podemos pensar interessados no proque são as pressões pósito dele para nosda vida que a tornam sa vida, Ele permitiinsuportável para nós. rá que tenhamos Na realidade, é o nosuma vida tranqüila. so orgulho – os elevaNesse caso, a perda dos conceitos que teserá nossa na eternimos de nós mesmos – dade. que torna a vida difíComo Jó era um cil. dos servos escolhiDeus deseja nos didos, Deus permitiu minuir. Ele tem de nos que ele enfrentasse reduzir a NADA em nossa autovalorização, um sofrimento tão para que possa cumprir intenso. Deus não o Seu propósito em nós. permitirá isso a todas Por que, por exemas pessoas, pois plo, nós nos ofendemos poucos têm amaducom os outros? recido o suficiente É porque temos uma para suportar uma Deus proverá tudo de que você precisa para opinião elevada de nós prova assim. Em mesmos e de nossos ditodo caso, bem poua tarefa que Ele puser diante de você. reitos. Nós sentimos cos estão interessaque as pessoas não esdos nessa maturidade espiritual. O fato de Deus nunca permitir que tão nos dando o respeito que mereceJesus foi levado por Seu Pai a pas- sejamos tentados ou provados além da mos ou que, talvez, estejam usurpansar por toda tentação possível, as quais nossa capacidade é a razão que nos do nossos direitos. Nós nos sentimos ofendidos quannós também podemos enfrentar. Foi permite estar seguros de que podemos desse modo que Ele se tornou perfeito. viver em vitória TODO O TEMPO. Se do as pessoas falam mal de nós por Vejamos Hebreus 4:15: “Porque não fosse pela garantia dada por Deus trás. É nosso orgulho exacerbado que não temos sumo sacerdote que não em 1 Coríntios 10:13, nós não poderí- nos causa tal sofrimento. Furemos o “balão de nosso orgulho” e, quando espossa compadecer-se das nossas amos ter tal confiança. Deus garante que podemos ven- tivermos verdadeiramente esvaziados, fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhan- cer todas as provações e tentações verificaremos que não há nenhuma que aparecem em nosso caminho. Por pressão. ça, mas sem pecado.” Esse é o segredo. Vejamos também Hebreus 5:7-9: que então nós falhamos? Porque não Que Deus possa abrir nossos olhos “... nos dias da sua carne, tendo usamos o modo de escape que Deus oferecido, com forte clamor e lágri- nos oferece em toda provação e ten- para vermos isso. Enquanto as pessoas ao nosso remas, orações e súplicas a quem o tação. Qual é esse modo de escape? dor estiverem reclamando de mil e uma podia livrar da morte e tendo sido É HUMILHAR-SE – como Jesus fez. coisas, nós não teremos nenhuma reouvido por causa da sua piedade, “embora sendo Filho, aprendeu “... e, reconhecido em figura huma- clamação – porque tomamos o modo ■ a obediência pelas coisas que sofreu na, a si mesmo se humilhou, tornan- de escape, humilhando-nos. 14 / ATOS JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Capítulo 8 DEUS DÁ SUA GRAÇA SOMENTE AOS HUMILDES Há outra razão por que Deus quer que nos humilhemos – é para que Ele possa nos dar a Sua graça. Deus não violará Suas próprias leis – e uma das leis que o Senhor instituiu e manterá, é que Ele resiste ao soberbo e concede graça ao humilde: “... sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça. (1 Pe 5:5.) Por mais que Deus nos ame, Ele não pode nos dar a Sua graça se formos orgulhosos. E, se não obtivermos a graça de Deus, não poderemos viver em vitória. Há dois tipos de graça – dois significados para essa palavra. (1) A definição mais comum do primeiro significado de graça é “favor imerecido”, “receber o oposto do que merecemos”. (2) A segunda definição dessa palavra é “divina habilitação” ou “autorização pessoal”. Quer dizer, Deus habilita e nos autoriza a executar algo que não podemos fazer sem a Sua “graça”. O poder da tentação só pode ser superado pelo poder da graça de Deus. “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.” (Jo 1:17). Debaixo da Lei (a Velha Aliança), as pessoas lutaram e lutaram contra a tentação em seu coração, mas foram sempre derrotados. Saulo de Tarso viveu em perfeito acordo com os padrões EXTERIORES da lei de Deus. Em Filipenses 3:6, ele dá testemunho de sua vida: “Quanto à justiça que há na lei, irrepreensível”. Contudo Paulo descobriu que era impotente contra a luxúria e a cobiça JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 que havia em seu coração. Ele diz em Romanos 7:8: “Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência...” A Lei não tem o poder de capacitar as pessoas a manter o coração livre da luxúria. Ela nunca pretendeu isso. O objetivo da Lei era apenas mostrar ao homem a sua impotência contra as concupiscência da carne, e mantê-lo afastado do pecado pelo medo do castigo. Através da Lei, alguém talvez tivesse uma vida perfeita externamente, aos olhos dos homens. Ainda assim o coração dele poderia estar como um esgoto de pecado! Isso era o melhor que a Lei conseguia realizar. Mas as boas-novas da Nova Aliança através de Jesus Cristo são que o que a Lei não conseguiu fazer, a graça pode. A graça de Deus não é só Seu favor imerecido perdoando nossos pecados. É mais que isso. É o poder de Deus! Em 2 Coríntios 12:9, a “graça” é comparada ao “poder”. “... A minha graça te BASTA, porque o PODER se aperfeiçoa na fraqueza...” Essa graça (poder) nos ajuda quando somos tentados. Hebreus 4:16 diz: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos GRAÇA PARA SOCORRO em ocasião oportuna.” “... o que vale é estar o coração CONFIRMADO COM GRAÇA...” (Hb 13:9.) Então nós podemos impedir que nosso coração seja maculado pela concupiscência e pela cobiça. Essas são as boas-novas da Nova Aliança. Em Hebreus 8:10, Deus diz: “... na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei...” Deus faz isso em nossa mente e em nosso coração pelo ESPÍRITO DA GRAÇA. Pela graça, “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2:13), para que “o preceito da lei se cumprisse EM nós” (Rm 8:4). Esse foi o principal propósito para o qual Deus derramou Seu Espírito no dia de Pentecostes. Era o “Espírito da graça” que foi derramado “sobre os habitantes de Jerusalém” (Zc 12:10). Hoje, esse rio ainda está fluindo como um rio do trono de Deus para a terra. Os habitantes da Jerusalém celestial de Deus (a Igreja) ainda podem nadar nesse rio e ser cobertos por sua água, imergidos na graça de Deus. Esse rio de graça que nos cobre habilitando-nos e capacitando-nos, também nos protege e nos purifica. Se você entende e aceita isso, então a promessa de Romanos 6:14 será cumprida: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais DEBAIXO da lei, e sim da GRAÇA [imerso na graça e capacitado pela graça].” Há apenas uma condição para se entrar nesse rio: NÓS NOS humilharmos. Eu ouço líderes de igreja orando: “Senhor, humilha-me!” A Bíblia diz humilhe-SE! “Humilhai-VOS, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte.” (1 Pe 5:6.) A graça pode capacitar-nos e habilitar-nos a viver acima do pecado, acima de nossas circunstâncias, acima da depressão, acima do mau humor, acima de Satanás, acima da amargura, acima do ódio, do ciúme, da luxúria e de todo mal, se somente nos humilharmos debaixo DA PODEROSA MÃO DE DEUS. ATOS / 15 O que é a PODEROSA MÃO DE DEUS sob a qual devemos nos humi- ça, das quais nós, como filhos de Adão, estamos cheios. Uma forma de orgulho é pensar que nós temos o poder para superar o pecado. Às vezes, um ensino errado nos dá a autoconfiança de que nós podemos obter vitória apenas tendo um pouco mais de determinação, de autodisciplina e de conhecimento bíblico e nos dedicando um pouco mais à oração e ao jejum. Se nós pudermos fazer apenas isso, pensamos que agora adquirimos uma caiamos novamente e novamente – repetidamente – até que percamos lhar? É a mão que controla todas as toda a esperança de sempre obter vicircunstâncias e pessoas que cruzam tória, devido ao fato de cairmos tão nosso caminho diariamente. freqüentemente, apesar de todas nosHumilhar-nos é submeter-nos alesas boas decisões. Isso é a estaca zero gremente a todos os atos de Deus para a partir da qual Deus pode nos conduconosco – em todas circunstâncias, e zir à terra prometida da vitória. até mesmo quando Ele permite que as No Velho Testamento, Deus levou pessoas nos tratem mal. os israelitas que saíram do Egito para Nós nunca precisamos temer que as fronteiras da Terra Prometida dois esses acontecimentos se tornem peanos após eles terem deixado aquele sados demais para suportarmos, pois país. Mas eles não puderam entrar na Deus está controlando terra prometida por a “abertura do muro” causa da incredulida(veja Jó 1:10) e sabe de (veja Números quanto abrir de cada capítulos 13 e 14). vez. Ele também sabe E assim Deus perquando fechar. mitiu que aqueles israSe somos derrotaelitas orgulhosos e dos por qualquer pecaautoconfiantes vagasdo, só pode haver uma sem pelo deserto durazão para isso – nosrante outros “trinta e so ORGULHO. Deus só oito anos, até que dá graça ao humilde. toda aquela geraNós não podemos venção dos homens de cer o pecado se Deus guerra (simbolizando não nos der graça. E a força do ego) se Deus não nos dá graconsumiu” (Dt 2:14). ça, quando estamos Assim eles voltacheios de orgulho. ram à estaca zero. Toda vez que nos Nessas condições, achamos derrotados, poderiam entrar na temos de ir a Deus e terra. Então Jericó dizer: “Senhor, mostrecaiu diante deles, sem me onde está em mim qualquer esforço por o orgulho que O impeparte dos israelitas. diu de me dar graça Deus tem de nos para superar essa sireduzir a zero antes tuação”. Se nós forque Ele possa fazer mos rápidos em nos Sua obra em nós e por humilhar a cada franós. Não é necessácasso, a vitória pode rio levar quarenta ser nossa em um temanos. Você pode enNormalmente, o processo de nos humilharmos po muito curto. trar na terra prometisignifica que devemos procurar alguém para A vitória sobre o da muito mais rápido pedir-lhe perdão ou pedir-lhe ajuda. pecado é nosso direito se tratar firmemente inato na Nova Aliancom seu orgulho, e se ça. Não deixe Satanás privá-lo disso boa doutrina e a vitória será fácil. estiver determinado a se humilhar a por ignorância ou orgulho. Prosseguimos com grande confiança, qualquer preço. Se nossa vitória estiver demoran- mas ainda não percebemos que nossa Enquanto culparmos as circunstândo, é porque estamos lentos em res- confiança está em nós mesmos e não cias ou as outras pessoas, não podeponder à pressão de fracassos que na graça de Deus. E repare que fa- mos esperar a vitória. Mas se nos huDeus permite e que, finalmente, nos lhamos miseravelmente. milharmos, crendo que Deus controla levará a nos humilhar. Leva tempo Mas você acha que aprendemos a todas as circunstâncias e que poderepara que fiquemos dispostos a quebrar lição com uma queda? Não, não apren- mos superar qualquer tentação, então ■ nossa auto-afirmação e auto-confian- demos. E assim Deus permite que a vitória estará segura. 16 / ATOS JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Capítulo 9 DEUS CONTROL AA S CIR CUNSTÂNCIA S CONTROLA AS CIRCUNSTÂNCIA CUNSTÂNCIAS Para que a nossa fé seja inabalável, temos de descansar, confiando em três fatos relativos a Deus: 1. Seu perfeito amor, 2. Seu poder absoluto e 3. Sua perfeita sabedoria. Se estivermos certos do Seu amor, temos de estar igualmente convencidos do Seu poder soberano. Essa é a razão por que Jesus nos ensinou a iniciar nossas orações dirigindo-nos a Deus como “Pai nosso, que estás nos céus” (Mt 6:9). “Pai nosso” nos faz lembrar do amor perfeito dele; e “no céu” nos lembra de que Ele tem poder absoluto. Ele é Deus! E em Sua soberania absoluta, Ele tem poder para dominar e controlar tudo o que acontece na terra. Sendo Deus, Ele é também perfeitamente sábio, e assim dirige nossos caminhos rigorosamente de acordo com Sua sabedoria. “O caminho de Deus é perfeito; [Sua sabedoria é perfeita] ... e [Ele] aperfeiçoou o meu caminho [Ele controla minhas circunstâncias perfeitamente].” (Sl 18:30,32.) Se Deus não fosse perfeito em amor, poder e sabedoria, nossa fé não teria um fundamento adequado onde pudéssemos descansar. Mas porque Ele tem todas essas três qualidades nós nunca precisamos temer. A fé é o descansar da personalidade humana em Deus, confiando totalmente no Seu amor perfeito, no Seu poder absoluto e na Sua perfeita sabedoria. Reconheçamos prontamente que a sabedoria desse Deus é perfeita. Seus caminhos são mais altos, assim como o céu é mais alto que a terra. “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamenJULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 tos, mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is 55:8,9.) É por isso que nem sempre entendemos o modo como Ele opera ou dirige nossas ações. Se uma criança não consegue entender todos os procedimentos de seu pai, então não é de estranhar que não possamos entender todos os atos de Deus. À medida que crescemos espiritualmente e participamos mais da natureza divina, começaremos a entender cada vez mais os caminhos do Senhor. A soberania total de Deus sobre todas as pessoas e circunstâncias é uma questão que interessa a muitos crentes que permanecem em dúvida. Eles podem reconhecer isso “verbalmente”, mas não crêem que “funciona” nas situações da vida diária. As Escrituras estão cheias de exemplos de como Deus operou soberanamente no interesse de Seu povo – e freqüentemente das formas mais improváveis. Muitos de nós estamos familiarizados com os modos obviamente miraculosos pelos quais Deus operou em favor do Seu povo – como a libertação dos israelitas do Egito, etc. Mas, freqüentemente, deixamos de ver os maiores milagres pelos quais Deus “virou o jogo” contra Satanás quando este atacou o Seu povo. O caso de José é um clássico. Deus tinha um plano para o décimo primeiro filho de Jacó – fazer dele o segundo governante no Egito, aos trinta anos. José era um jovem temente a Deus e por isso Satanás o odiava. Então Satanás influenciou os irmãos mais velhos de José a dar um sumiço nele. Mas Deus interveio, e eles não tiraram a vida de José. Contudo, eles conseguiram vendêlo para alguns comerciantes ismaelitas. Mas para onde você acha que esses comerciantes levaram José? Para o Egito, claro! Esse era o cumprimento de uma parte do plano de Deus. No Egito, José foi comprado por Potifar. Isso também foi arranjado por Deus. A esposa de Potifar era uma mulher má. Nutrindo uma fantasia sexual por José, ela tentou atraí-lo várias vezes. Finalmente, quando ela viu que não teria sucesso, acusou-o falsamente e fez com que fosse lançado na prisão. Mas quem você acha que José conheceu na prisão? O copeiro de Faraó! Deus também tinha arranjado as coisas de forma que o copeiro de Faraó fosse encarcerado ao mesmo tempo e que José pudesse conhecêlo. Essa era a segunda etapa do plano de Deus. O terceiro passo de Deus foi permitir que o copeiro de Faraó se esquecesse de José durante dois anos. “O copeiro-chefe, todavia, não se lembrou de José, porém dele se esqueceu... Passados dois anos completos, Faraó teve um sonho... Então, disse a Faraó o copeiro-chefe...” (Gn 40:23; 41:1,9.) Essa era a hora, de acordo com o tempo de Deus, para José ser liberto da prisão. O Salmo 105:19,20 diz: “Até cumprir-se a profecia a respeito dele, e tê-lo provado a palavra do Senhor. [Então] O rei mandou soltá-lo...” José tinha agora trinta anos. O tempo de Deus havia chegado. E assim Deus deu a Faraó um sonho. E Deus também fez com que o mordomo se lembrasse de José e de como ele interpretara seu sonho. Assim José veio perante Faraó e se tornou o segundo governante no Egito. O controle de Deus sobre os eventos na vida de José não poderia ter sido mais perfeito! Nós nunca pensaríamos em arranjar as coisas do modo que Deus fez. Se nós tivéssemos o poder de planejar a vida de José, provavelmente teríamos impedido que as pessoas lhe causassem qualquer dano. Mas a maneira como Deus fez foi a melhor. ATOS / 17 Há um milagre grandioso quando o te. Certa noite, o rei não conseguia nejando pedir ao rei permissão para mal que as pessoas nos fazem se tor- dormir. Aquela noite de insônia salvou enforcar Mordecai. nam em meios para cumprir os propó- os judeus. Antes que Hamã pudesse abrir a sitos de Deus para nós! O Senhor se Certa noite, o perverso Hamã e sua boca, o rei lhe perguntou o que ele regozija ao virar o jogo contra Satanás, esposa conspiraram para conseguir a achava que deveria ser feito a alguém de forma que todas as coisas operem permissão do rei para enforcar o justo a quem o rei desejava honrar. Hamã, juntas para o bem dos Seus escolhidos. Mordecai. Este seria o início da des- homem convencido que era, pensou Vamos aplicar isso a nossas cir- truição de todos os judeus. que o rei estivesse referindo-se a ele, cunstâncias. Mas enquanto Hamã e sua esposa e assim sugeriu uma grande parada Qual deveria ser nossa atitude para faziam seus planos, Deus estava ope- em honra de tal homem. “Vá e faça com os homens maus, para com as rando em favor de Mordecai. “É cer- isso com Mordecai, imediatamente”, pessoas que têm ciúmes de nós, para to que não dormita, nem dorme o disse o rei. com os que nos acusam falsamente, guarda de Israel.” (Sl 121:4.) Como o nosso Deus pode, maravipara com os amigos que prometem nos Naquela noite, Deus impediu que lhosamente, virar o jogo contra Sataajudar mas se esquecem, ou se for- o rei dormisse. “Naquela noite, o rei nás. No final, Hamã foi enforcado na mos lançados injustamente na prisão? não pôde dormir; então, mandou mesma forca que havia preparado Cremos que Deus seja soberano o trazer o Livro dos Feitos Memorá- para Mordecai. bastante para usar todas essas pesso- veis, e nele se leu diante do rei.” A Bíblia diz: “Quem abre uma as e tudo o que elas fazem – seja deli- (Et 6:1.) cova [para outro] nela cairá [ele berada ou acidentalmente – próprio]; e a pedra rolapara cooperarem para o rá [para esmagar] sobre cumprimento do Seu propóquem a revolve [para ousito em nossa vida? Se Ele tro].” (Pv 26:27.) fez isso por José, não fará Nessa história, Hamã é também por nós? Ele pode um tipo de Satanás, que e certamente vai fazer. está sempre planejando alMas eu lhe direi quem gum mal contra nós. Deus poderia ter arruinado o planão o impedirá, porque Ele no de Deus para a vida de tem um plano melhor mais José. Somente uma pessoa adiante. Ele quer virar o – o próprio José. Se ele jogo contra Satanás. A setivesse se rendido à tentapultura que o diabo cava ção da esposa de Potifar, para nós será aquela em que Deus certamente o teria ele finalmente cairá. colocado de lado. Sofonias 3:17 diz: “O SeSomente uma pessoa no nhor, teu Deus, está no universo pode arruinar e meio de ti, poderoso para frustrar o plano de Deus salvar-te; ele se deleitapara sua vida – você. Ninrá em ti com alegria; reÉ o Senhor Quem põe as situações e as guém mais pode fazer isso. novar-te-á no seu amor, Nem seus amigos nem seus pessoas em nossos caminhos e estabelece as regozijar-se-á em ti com inimigos. Nem anjos nem circunstâncias com as quais temos de lidar. júbilo.” Satanás. Somente você. Mordecai estava dorminQuando percebemos É prerrogativa de Sua soberania fazer isso. do pacificamente naquela isto, somos libertos de muinoite, ignorando totalmente tos de nossos medos e de atitudes erO rei ouviu a história de sua nação todos os planos perversos que Hamã e radas para com aqueles que nos pre- durante muitas horas, até que o dia sua esposa arquitetavam contra ele. judicam. começou a raiar. Então, a leitura cheÉ bom que olhemos mais um gou ao ponto onde foi registrado que Eu tenho duas perguntas para exemplo do Velho Testamento, de for- Mordecai, certa vez, salvara o rei de você. ma que nossa mente possa ser esta- ser assassinado. O rei perguntou aos (1) Teria Mordecai dormido tranbelecida firmemente nessa verdade. criados que honra tinha sido dada a qüilamente da mesma maneira, mesNo livro de Ester, lemos como Deus Mordecai por isso, e eles responde- mo se tivesse conhecimento dos plasalvou os judeus de serem mortos ram que nada havia sido feito. nos perversos de Hamã? Possivelmente como uma raça (pelo genocídio). Mas Deus novamente estava controlan- não, pois sem dúvida ele era como eu e é maravilhoso vermos como Deus fez do os acontecimentos com perfeição. você. Nós nos preocupamos com as isso – mediante um pequeno inciden- Naquele instante, Hamã entrou, pla- coisas de que temos conhecimento. OPOSIÇÃO DECEPÇÕES SOFRIMENTO 18 / ATOS JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 EU NÃO ENTENDO POR QUE TODAS ESTAS COISAS ME ACONTECERAM! Quando Deus esconde o perigo de nós, não preocupamos nem nos irritamos. E a segunda pergunta é esta: (2) Poderia Mordecai ter dormido da mesma maneira, tranqüilamente, se tivesse conhecimento dos planos perversos de Hamã? Ele poderia, se tivesse uma fé firme de que Deus estava ao lado dele e que quando os inimigos estavam conspirando para matá-lo, Deus estava executando um contra-plano para protegê-lo. Nós sabemos que Pedro tinha esse tipo de fé. Na noite anterior ao dia em que seria executado por Herodes, Pedro dormiu tranqüilamente na prisão, sabendo que Deus estava silenciosamente operando por ele em amor. No momento certo, o anjo de Deus veio, acordou Pedro e o libertou (Atos 12:6,7). Nós também podemos dormir tranqüilamente toda noite, independentemente do que pessoas ou demônios possam estar tentando fazer contra nós – se cremos na soberania total de Deus sobre tudo e todos. Quando tivermos consciência da soberania de Deus, deixaremos de culpar as pessoas por qualquer coisa. Já não teremos medo de Satanás, temendo que ele possa nos prejudicar de algum modo. Não teremos medo de enfermidade nem de nenhuma outra coisa neste mundo. A Bíblia nos diz que devemos dar graças por tudo, em todas as circunstâncias e também por TODAS AS PESSOAS. “Dando sempre graças POR TUDO a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Ef 5:20.) “EM TUDO, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” (1 Ts 5:18.) JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 TALVEZ VOCÊ NÃO ESTEJA VENDO COM CLAREZA... DEUS O AMA E ELE PODE USAR TUDO O QUE LHE ACONTECE A PARA O SEU BEM -- VOCÊ PRECISA OLHAR PELA PERSPECTIVA DE DEUS! “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de... ações de graças, em favor de todos os homens.” (1 Tm 2:1.) Isso somente terá sentido para nós quando aceitarmos a soberania absoluta de Deus. Deus cuida de nós como Ele cuidou de Jesus. A mesma graça que ajudou Jesus, o mesmo poder do Espírito Santo que O capacitou a superar tudo, está disponível para nós agora. Judas traiu Jesus, Pedro O negou, Seus discípulos O abandonaram, a multidão se voltou contra Ele. Jesus foi tentado injustamente, falsamente acusado e conduzido para fora a fim de ser crucificado. E no caminho do Calvário, Ele virou-se para a multidão e disse: “... não choreis por mim; chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos!” (Lc 23:28.) Não havia nenhum sinal de autopiedade nEle. Ele sabia que o Pai tinha enviado o cálice que Ele estava bebendo. Judas Iscariotes era só o mensageiro que havia trazido o cálice. E assim Ele poderia olhar com carinho para Judas e chamá-lo de “amigo”. Você não pode fazer isso, a menos que tenha fé na soberania total de Deus. Jesus disse a Pilatos: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem.” (Jo 19:11.) Foi essa garantia que permitiu a Jesus caminhar por este mundo como um rei, com dignidade. Ele viveu e morreu com essa dignidade espiritual. Agora somos chamados para “andar assim como ele andou” (1 Jo 2:6). Como Ele “fez a boa confissão” diante de Pilatos (1 Tm 6:13), nós também devemos fazer nossa confissão perante uma geração de incrédulos (Fp 2:14,15). Em 1 Timóteo 6:13,14, Paulo diz a Timóteo: “Exorto-te, perante Deus, que preserva a vida de todas as coisas, e perante Cristo Jesus, que, diante de Pôncio Pilatos, fez a boa confissão, que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo.” Como já vimos, o bem maior que Deus deseja para nós é fazer-nos participantes da Sua natureza e da Sua santidade. Em Sua maravilhosa soberania, Ele usa todos que cruzam o nosso caminho para o nosso bem, para cumprir o Seu propósito. É por isso que nós podemos dar graças por TODOS os homens. Por que Deus permite aquele vizinho problemático, aquele parente resmungão e aquele chefe tirano que está sempre importunando-o? Ele pode facilmente afastá-los ou até mesmo tirar a vida deles, e assim tornar a existência mais confortável para você. Mas Ele não faz nenhuma dessas coisas. Por quê? Porque Ele quer usálos para santificá-lo. E, muito freqüentemente, Ele quer salvá-los também – através de você. Glorifique a Deus porque nossa vitória nunca depende do tipo de pessoas que nos rodeiam – seja em nossa casa ou escritório ou em qualquer outro lugar. Nossa vitória depende totalmente da graça de Deus. E essa graça pode ser nossa em qualquer situação, se nós nos humilharmos. ■ ATOS / 19 Capítulo 10 GRAÇA SUFICIENTE A síntese e a essência de tudo aquilo que temos dito até aqui é que a nossa salvação é PELA GRAÇA e MEDIANTE A FÉ. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus.” (Ef 2:8.) Nós começamos nossa vida cristã – recebendo o perdão pelos pecados e o batismo no Espírito – pela graça, mediante a fé. Um dia, quando Jesus Cristo nosso Senhor retornar em glória, subiremos para encontrar com Ele nas alturas. Isso também se dará pela graça e pela fé. Assim, o começo e o fim de nossa vida cristã sobre a terra se dá pela graça e mediante a fé. O que precisamos aprender é que o mesmo princípio se aplica a tudo o que ocorrer nesse intervalo. Pela graça e mediante a fé podemos superar todo mal, e cumprir a tarefa que nos é dada por Deus na terra. Deus conhece todo o futuro. Nada do que vai nos acontecer amanhã, ou na semana que vem, ou no ano que vem pode pegar Deus de surpresa. Ele sabe o fim desde o princípio. Isso deveria nos trazer grande conforto. Se Deus sabe que sofreremos uma grande provação ou tentação amanhã ou na semana que vem, Ele certamente nos dará graça para enfrentarmos isso. Deus disse a Paulo: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza...” (2 Co 12:9.) Sua graça É suficiente para toda necessidade. “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra.” (2 Co 9:8.) A graça está disponível em abundância para nos ajudar em nosso tempo de necessidade. “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hb 4:16.) bem abundância da graça reinarão em vida por Jesus Cristo. “Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.” (Rm 5:17.) Essa era a vontade de Deus para Adão – que ele pudesse ter domínio e reger sobre tudo. Gênesis 1:26 diz: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; TENHA ELE DOMÍNIO...” A desobediência de Adão impediu que o propósito maravilhoso de Deus fosse cumprido em sua vida. Mas agora Deus levantou uma nova raça (família) na terra – os filhos de Deus que vivem pela fé em Jesus Cristo – que vivem com a dignidade de reis e reinam sobre a terra. Se nos humilharmos e recebermos a graça de Deus, não precisaremos permitir que o pecado tenha domínio sobre nós. Nenhum medo ou ansiedade precisam entram em nosso coração novamente. Ninguém na terra pode tornar a nossa vida miserável – nem nosso chefe, nem nosso vizinho, nem nossos parentes, nem nossos inimigos, nem Satanás, ninguém – pois aprendemos o segredo da vitória. Louvado seja Deus que sempre nos conduz em triunfo em Cristo. Como é maravilhoso viver debaixo da Nova Aliança da graça de Deus! A Terra Prometida está disponível para você! ■ Entre e tome posse dela! Pela graça e mediante a fé podemos superar todo mal, e cumprir a tarefa que nos é dada por Deus na terra. Qualquer que seja a nossa necessidade, a graça de Deus está disponível para ajudar-nos a enfrentá-la. A Bíblia diz que aqueles que recebem abundância da graça reinarão em vida por Jesus Cristo. 20 / ATOS Qualquer que seja a nossa necessidade, a graça de Deus está disponível para ajudar-nos a enfrentá-la. Assim, somos convidados a IR CONFIADAMENTE ao trono da graça para recebê-la. Fomos derrotados no passado porque não recebemos essa graça. A história pode ser diferente no futuro. Se nos humilharmos e clamarmos pela graça em nosso tempo de necessidade, Deus não nos desapontará. A Bíblia diz que aqueles que rece- JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Capítulo 11 CHAMADO, ESCOLHIDO E FIEL O Remanescente Fiel O livro de Apocalipse fala do triunfo do Cordeiro de Deus. E diz também que o Cordeiro tem um exército de discípulos através dos quais Ele luta Suas batalhas e as vence. Esses discípulos são (1) chamados, (2) escolhidos e (3) fiéis. “[Ele] é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos [escolhidos] e fiéis que se acham com ele.” (Ap 17:14.) Muitos são chamados, poucos são escolhidos; e, menos ainda, são fiéis. Esses são o vencedores mencionados dez vezes no livro de Apocalipse. Eles são os discípulos de Jesus que não apenas foram aceitos por Deus mas que também foram testados por Ele mediante muitas circunstâncias. E o Senhor os aprovou. Muitos criam em Jesus quando Ele estava na terra, mas Ele não confiava em todos eles. “Estando ele [Jesus] em Jerusalém, durante a festa da Páscoa, muitos, vendo os sinais que ele fazia, creram no seu nome; mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos.” (Jo 2:23,24.) Jesus sabia que a grande maioria desses que ainda acreditavam nEle buscavam o seu próprio interesse, e vinham a Ele apenas por causa das bênçãos pessoais. Seus pecados tinham sido perdoados, mas eles não desejavam ser vencedores. Para ser um vencedor a pessoa tem de desejar dominar esse impulso de buscar o próprio bem às custas de outros. Quando Gideão reuniu um exército para lutar contra os inimigos de Israel, ele teve 32.000 homens com ele. Mas Deus sabia que nem todos estavam nesse empreendimento de todo o coração. E assim Deus reduziu o número deles. Os medrosos foram enviado para casa primeiro. Mas 10.000 ainda permaneceram. Esses foram levados então até o rio e testados. Só 300 passaram no teste e foram aprovados por Deus (Juízes 7:1-8). O modo como aqueles dez mil homens beberam a água do rio para aliviar a sede foi o meio determinado por Deus pelo qual eles se qualificaram para estar no exército de Gideão. Poucos deles perceberam que estavam sendo testados. JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Nove mil e setecentos deles esqueceramse totalmente do inimigo enquanto se ajoelhavam para satisfazer sua sede. Só 300 deles permaneceram em posição de alerta, enquanto lambiam a água e a levavam com a mão à boca. Testado na Vida Diária É nas coisas comuns da vida que Deus nos testa – em nossa atitude para com o dinheiro, o prazer, a honra terrena, o conforto, etc. Quando Deus prepara as circunstâncias que vêm a nós, agimos como o exército de Gideão e não percebemos que Ele está nos testando, para ver como reagimos. Jesus nos advertiu para não ficarmos sobrecarregados com os cuidados deste mundo. Ele disse: “Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço.” (Lc 21:34.) Paulo exortou os cristãos de Corinto, dizendo: “Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa... Digo isto... para... consagrar-vos, desimpedidamente, ao Senhor.” (1 Co 7:29-31, 35.) Não podemos permitir que nada deste mundo desvie nossa atenção da devoção total a Deus. As coisas legítimas do mundo são armadilhas maiores que as pecaminosas – porque elas parecem tão inocentes e inofensivas! Podemos saciar nossa sede – mas devemos tomar com as mãos em concha e beber o que for necessário, mantendo-nos alerta contra todo ataque de surpresa do inimigo. Nossa mente deve estar ocupada com a batalha que Deus nos deu para lutar, não com nossa sede, nossa fome ou nossos desejos. Se queremos ser discípulos de Jesus, te- mos de abandonar tudo e estar dispostos a suportar dificuldades (2 Tm 2:3; Lc 14:33). Como um elástico esticado, nossa mente pode prestar atenção às coisas terrenas que são necessárias. Mas assim que essas necessidades são supridas, como o elástico que volta à sua posição normal, quando se liberta da tensão, nossa mente também deve voltar para as coisas de Deus e da eternidade. É isso o que significam as palavras “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra.” (Cl 3:2.) Com muitos crentes, porém, a faixa elástica opera de outro modo. Somente algumas vezes, sua mente está tensionada, pensando nas coisas eternas e, quando é liberada, volta ao seu modo normal de se ocupar com as coisas deste mundo! Aprovado por Deus Paulo exortou Timóteo, dizendo: “Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou.” (2 Tm 2:4.) Paulo não estava falando a Timóteo como ser salvo, mas como ele poderia agradar a Cristo como um soldado eficiente no exército de Deus. “Procura apresentar-te a Deus aprovado”, disse Paulo (2 Tm 2:15). Deus já aceitara Timóteo. Agora ele precisava ser diligente para ganhar a aprovação divina. Cristo tinha colocado Paulo no ministério cristão porque ele havia sido aprovado por Deus. Ele diz: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério” (1 Tm 1:12). Paulo estava entre os chamados, escolhidos E FIÉIS – e ele desejava que Timóteo também fizesse parte desse grupo. Mas Paulo tinha sido testado antes de ser aprovado. Nós também seremos testados. Às vezes, precisamos ser castigados e corrigidos por Deus. Mas, em todo tempo, podemos ter o conforto de saber que Deus nos fortalecerá… e que, testando, castigando e nos fortalecendo, Ele nos permitirá construir uma vida de “constante triunfo em Cristo”. ■ ATOS / 21 O CASTIGO DIVINO Judson Cornwall Como Nosso Pai Divino nos Corrige e Instrui “Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos. Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos? Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça. (Hb 12:5-11). Até mesmo nas melhores famílias, há ocasiões em que as crianças ficam incontroláveis e desobedecem a seus pais. Elas testam os limites que foram fixados para a sua conduta. Elas querem descobrir se seus pais realmente falavam sério. Nessas ocasiões, é necessário que o pai “castigue” seus filhos. Castigar significa disciplinar, tendo em vista um propósito positivo. O propósito é restabelecer a ordem na casa e desenvolver o caráter moral dos filhos. Tal disciplina é realmente necessária para ensinar “a criança no caminho em que deve andar” (Pv 22:6). O que é verdade em nossas famílias terrenas também é verdade na família de Deus. Há ocasiões em que Deus tem de aplicar a correção aos 22 / ATOS Seus filhos rebeldes, quando estes procuram fazer a sua vontade. Essa desobediência na vida dos cristãos provoca muita confusão na Igreja de Jesus Cristo. Os rebeldes têm de ser disciplinados para que haja paz na casa de Deus. Conhecer a Deus e Torná-lO Conhecido Davi declara que “nosso Deus é o Deus da salvação” (Sl 68:20 – RC). Deus faz muito mais que dar salvação ao Seu povo. Ele, na verdade, se torna a salvação deles. Nós não somos apenas salvos de nossos pecados, mas somos salvos para uma relação permanente com Deus. Isso implica um progressivo e crescente processo na vida – a vida de Deus. Esse era o plano do Criador para Adão antes que ele caísse. Por causa de Cristo, esse ainda é o propósito de Deus para nós. Ele quer que cresçamos em nosso conhecimento dEle. Ele deseja que nos tornemos mais como Ele em nossos pensamentos, palavras e obras – em nossas atitudes e ações. Deus deseja influenciar nossa vida com a Sua vontade e o Seu modo de agir. É através de nós que a vida de Jesus será vista aqui na terra. Nós devemos ser uma testemunha fiel dessa vida a todas as nações, tribos e povos no mundo. Mas isso começa com a Sua vida em nós, e nossa vida nEle. Ser conformado à imagem de Jesus é um processo. Tornarmo-nos um com Ele, envolve tempo de provas e disciplina de nossa vontade. Deus, paciente e fielmente, trabalha em nossa vida, fazendo-nos semelhantes ao Seu Filho. Deus Castiga Seus Filhos O princípio ou o conceito de Deus castigando é quase tão velho quanto o Livro de Deus, a Bíblia. O Senhor corrige e castiga Seu povo, porque Ele o ama e quer que ele faça a Sua vonta- de. Sua disciplina pode envolver dor. Porém, Seu propósito é poupá-los das conseqüências trágicas de suas próprias decisões. A dor da disciplina de Deus é uma advertência de que nós estamos em um caminho perigoso e andamos na estrada errada. Em Deuteronômio, Deus diz: “Confessa, pois, no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te castiga o SENHOR, teu Deus.” (Dt 8:5 – RC). É a esse princípio que Davi se referia quando disse: “Mas Deus ferirá gravemente a cabeça de seus inimigos e o crânio cabeludo do que anda em suas culpas.” (Sl 68:21– RC). Alguns sentem que a ação aqui é dirigida para os inimigos de Israel. Mas os inimigos de Deus podem muito bem estar entre o Seu povo. Qualquer um que, em atitude de orgulho, se opõe a Deus, torna-se Seu inimigo (veja Tiago 4:6). Isso pode incluir todos nós, quando somos tentados a exercer nossa vontade, seguir nossa maneira de pensar e nosso comando, em vez de nos submetermos a Deus. Quando fazemos isso, colocamo-nos em uma posição que requer a disciplina de Deus em nossa vida. Dor com um Propósito Positivo A palavra hebraica para “ferida” no Salmo 68:21 é machats. Essa palavra é usada quatorze vezes no Velho Testamento. Sete vezes, é traduzida por “ferida”. As outras traduções são: “seja imergido, perfure, perfure por, golpeie, golpeie por, acaricie, e golpeie por”. Normalmente onde a palavra “ferida” é usada, também é seguida por uma promessa para “cura.” “...eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro...” (Dt 32:39). Também, “Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam.” (Jó 5:18). Em nenhuma parte na Bíblia, o termo machats é usado como julgamento de Deus. Em vez disso, parece falar de JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 castigo severo ou disciplina que são seguidos de cura e restauração. Outras palavras hebraicas são usadas para julgamento ou condenação. Machats se refere à dor com um propósito positivo! Castigo Versus Punição Há uma diferença entre castigo e punição. Punição é a penalidade dolorosa para a desobediência. A intensidade da dor é determinada pelo grau da desobediência. É uma conseqüência legal. A punição equivale-se ao crime. Quanto mais grave o crime, maior a dor. É o que merecemos por quebrar a lei. Castigo é a punição com um propósito positivo. O objetivo é corrigir e aperfeiçoar uma vida instável. Não é só uma penalidade dada pelo mal. É projetado para ensinar e treinar o indivíduo em retidão – atitudes e ações corretas. O propósito principal do castigo é instruir quanto ao que é certo fazer, em vez de penalizar pelo mal. Essa idéia é vista claramente nas palavras hebraicas e gregas usadas na Bíblia para “castigo”: Musar (hebraico): “instruir ou treinar” Yasar (hebraico): “corrigir, instruir, reformar, ensinar, reprovar” Paideno (grego): “treinar, educar, disciplinar” Portanto, o verdadeiro tema do Salmo 68:21 não é julgamento nem justiça. É correção e instrução. Vemos um quadro de Deus como um Pai divino, instruindo fielmente Seus filhos. Ele os salvou dos seus pecados, para que eles pudessem crescer na semelhança do Seu caráter. O Propósito do Castigo de Deus O propósito do castigo, portanto, começa com arrependimento. A disciplina divina deve nos conduzir a uma posição onde confessamos prontamente que estamos errados e Deus tem razão. Expressamos nossa tristeza por termos pecado contra a Sua santa vontade e afligido o Seu grande coração de amor. Nós, por nossa própria vontade, nos voltamos de nossos maus caminhos e buscamos fazer a Sua vontade. Nosso desejo é ouvir, aprender e crescer na graça – para que outros possam ver a vida dele em nós. JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 O verdadeiro arrependimento nos livra da penalidade de nossos pecados. Aprendemos nossa lição, e nos tornamos melhores e mais sábios em virtude do castigo de Deus. Porém, às vezes pode haver conseqüências ou efeitos de nosso pecado que não podem ser suspensos nem desfeitos. Esses resultados não são a mão de juízo de Deus, mas a conseqüência natural de nossas ações. Aquele que na ira mata não pode trazer de volta a vida que foi levada, não importa o quanto ele chore. Aquele que em desespero salta de um precipício pode se arrepender no meio do caminho, quando estiver caindo. Deus o perdoará, mas as conseqüências trágicas de sua ação não podem ser evitadas. Porém, podemos ser gratos pelo fato de que Deus prometeu que faria com que tudo cooperasse para o bem. Ele também nos fala que isso é “bom”. Essa é a natureza e o caráter de Jesus em nossa vida e na vida dos outros (Rm 8:28-29). Esse é o propósito perfeito de Deus para Seus filhos e filhas amados. Nossa vida em Cristo começa com arrependimento. Quando sinceramente nos arrependemos e O confessamos como nosso Salvador, nós recebemos completo perdão . Nós nunca sofreremos a penalidade final pelos nossos pecados que é a morte espiritual. No perdão de Cristo temos a Sua vida, agora e sempre. Porém, isso não significa que, como cristãos, nunca seremos castigados nesta vida, mesmo que nos rebelemos e voluntariamente desobedeçamos a Deus. Ele fielmente nos corrigirá e nos instruirá, ainda que o processo envolva um pouco de dor. Ele nos ama demais para nos deixar seguindo nosso caminho. Jesus: Nosso Divino Exemplo Até mesmo Jesus “aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hb 5:8). Toda Sua vida foi guiada pelo princípio de “Seja feita a Tua vontade, não a minha”: “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26:39). O preço dessa obediência era realmente A disciplina de Deus pode vir através daqueles que estão perto de nós reprovando-nos ou nos falando algo que não queremos ouvir, mas que PRECISAMOS ouvir. ATOS / 23 doloroso; uma necessidade de olhar somente para a cruz. Nós também devemos tomar nossa cruz e seguir o mesmo princípio em nossa vida diária. Jesus viveu sem pecado; Ele nunca foi punido pelo pecado, até que tomou nosso lugar na cruz. Lá Ele levou nosso pecado e a penalidade dele sobre Si. Contudo, a Bíblia afirma que ao longo de Sua vida terrena Ele também teve de aprender as lições de disciplina e obediência. Nossa vida não está isenta de pecado, e somos castigados por causa de nossas ações e atitudes erradas. Porém, o propósito é o mesmo – que nós também possamos aprender o princípio de nos submetermos à vontade de Deus. Do ponto de vista de Deus, então, o significado de castigo e punição está claro. O propósito da punição é prover uma penalidade justa pela quebra da santa lei de Deus. O propósito do castigo é que nós possamos aprender a viver de acordo com a santa vontade de Deus. A Necessidade de Castigo Como Deus reage quando Seus filhos em algum ponto da vida escolhem se rebelar? E como Ele passa a se relacionar com eles? O que dizer daquele que tem vontade própria, o crente rebelde? Há momentos em toda família terrena quando os filhos escolhem contrariar a vontade de seus pais. Eles, voluntariamente, se rebelam contra as regras e os regulamentos do lar. Até mesmo quando eles fazem a coisa certa, freqüentemente abrigam rebelião e ressentimento no coração. Eles podem estar dizendo “sim” externamente, mas, no interior, dizem “não”. O que faz o Pai divino quando enfrenta esse problema em Sua família? As Escrituras declaram que “os estultos, por causa do seu caminho de transgressão e por causa das suas iniqüidades, serão afligidos.” (Sl 107:17.) Deus trata com esses filhos que desobedecem castigando-os. A dor da correção freqüentemente torna a pessoa disposta a aprender. Mesmo assim, Deus não está ansioso para disciplinar nossa vida. Ele prefere nos dar bastante tempo para que nos ar24 / ATOS rependamos por nós mesmos. Se estamos sob pressão, podemos fazer ou dizer coisas que realmente não queremos. Se nos aproximarmos de Deus em arrependimento, Ele estará sempre pronto a nos perdoar. Porém, se demorarmos em buscá-lO em arrependimento, ou se persistirmos em nossas ações e atitudes erradas, Ele nos castigará. Deus, em Sua Graça, nos Dá Tempo Para que nos Arrependamos Na carta à igreja de Tiatira, Deus fala de uma mulher chamada Jezabel. Ela era uma falsa profetiza que incitou alguns dos servos de Deus ao pecado sexual e à idolatria. Ele disse o seguinte a respeito dela: “Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição.” (Ap 2:21.) Seu pecado era muito sério, e envolveu muitos outros em um modo de vida impertinente, atrevido e mau. Deus ainda lhe deu tempo para se arrepender. Certamente Ele fará o mesmo por nós quando errarmos e fracassarmos. Infelizmente, alguns pensam que o “tempo para o arrependimento” que Deus dá é um sinal de que Ele não está levando o pecado deles totalmente a sério. Eles podem se enganar e acreditar que têm a aprovação de Deus para as suas ações. Se o castigo não vier imediatamente, eles podem sentir que tudo que estão fazendo é certo. O que não percebem é que Deus é gracioso e espera, em amor, que eles se arrependam do seu pecado e O busquem para obterem o perdão. Às vezes, essas pessoas dizem que ainda sentem a presença de Deus, e então acreditam que nada está errado. Deus honra nosso desejo de estar na presença dEle, e nos protegerá e livrará do mal por algum tempo. Porém, o tempo todo Ele estará buscando nos advertir e nos convencer de nossas atitudes e comportamentos errados. Se nos recusarmos a atendêlO, então Ele terá de agir de um modo mais direto. Nunca devemos usar o sentimento da presença de Deus como desculpa para não enfrentar o pecado em nossa vida. Na hora certa, colheremos o que semeamos. Não há exceção. Deus não pode e não ignorará nosso pecado. O Calvário é toda a prova que precisamos para crermos nessa declaração. Sem Desculpas e Sem Exceções Francamente, nós nunca conseguiremos esconder nada que seja uma violação direta da Palavra de Deus e de Sua vontade. Não há maneira alguma pela qual possamos nos desculpar, como um caso especial. Satanás pode vir a nós até mesmo como um “anjo de luz” (2 Co 11:14). Quando ele age, procura fazer-nos pensar que se aquilo é tão bonito, deve ser certo – até mesmo quando a Palavra de Deus diz que é errado. Mas Satanás está errado; não há nenhuma exceção aos princípios da Palavra de Deus. Eu digo isso depois de anos de experiência em aconselhamento. Não há forma nenhuma pela qual possamos evitar os claros mandamentos da Palavra de Deus. Quando Deus mostra um pecado em nossa vida, Ele nunca fica só nisso. Ele começará a tratar conosco imediatamente. No princípio Ele pode fazer isso com uma voz suave, porque deseja que estejamos perto do Seu coração. Se escolhermos seguir a uma distância, Ele pode ter de elevar Sua voz e até mesmo erguer Sua mão para chamar nossa atenção. Mesmo assim, Ele nos dará bastante tempo para que comecemos a nos mover – em direção a Ele. O Senhor espera pacientemente. O tempo que Deus espera, e quanto tempo Ele nos dá, é diferente para cada pessoa. Parece depender do grau da intimidade de nossa relação com Ele. Alguns parecem levar anos para fazer a coisa certa. Outros precisam apenas de alguns dias ou até mesmo horas para se arrepender. Quanto mais perto estivermos de Deus, menos tempo precisaremos. Ele espera que respondamos mais depressa à Sua voz. Isso seria verdade no caso de um bom pai terreno. Se houvesse um problema, ele esperaria uma resposta rápida por parte dos seus filhos. Porém, ele poderia esperar um mês para um vizinho corrigir o mesmo problema na relação deles. JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Se vivemos de maneira rebelde e voluntariosa, então, como declara a Bíblia, podemos esperar que Deus nos castigue. Se ignorarmos Sua palavra suave de advertência, sentiremos, no tempo de Deus, a Sua vara de correção. Um estudioso das Escrituras declarou que o “cabeludo crânio” do Salmo 68:21 fala de alguém que possui um forte orgulho, é obstinado e não se arrepende. Tal atitude com certeza traz o castigo de Deus. Esse castigo será forte e durará o bastante para nos ensinar a dura lição que precisamos aprender. A Lei da Razão no Castigo de Deus As Escrituras declaram que Deus começa a tratar conosco “dobrando nossa cabeça” (humilhando-nos). O orgulho e a rebelião começam na mente do homem. Então, é apropriado que Deus faça Seu primeiro apelo à nossa compreensão: “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã.” (Is 1:18.) Entendendo a Seriedade do Pecado Deus, em Sua misericórdia, atrai primeiro a nossa compreensão porque quer que entendamos completamente as conseqüências sérias até mesmo do “menor” dos pecados. Sim, Deus quer tornar claro para nós que o resultado final do pecado é a morte total do nosso ser – espírito, alma e corpo. A morte espiritual significa ser separado da presença do próprio Deus. O pecado pode começar com pequenas coisas, de modos simples, mas finalmente conduz a uma grande perda. “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8:36). É um mito pensar que podemos manter pequenos os pequenos pecados. “Vinde, pois, e Arrazoemos” Não é de admirar que Deus diga: “Vinde, pois, e arrazoemos.” Ele quer que vejamos a loucura do pecado. Ele JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 começa trabalhando em nossa mente, onde faz o Seu primeiro apelo. Mas o que acontece se não atentamos para a Sua argumentação? Se escolhermos ignorar as palavras suaves de advertência do Senhor, o que podemos esperar? O Castigo de Deus é Progressivo Nosso pecado não é a única coisa que evolui de pequeno para grande. Os castigos de Deus também podem ser brandos ou severos. Ele vem contra nossa rebelião com uma disciplina que se equivale a nossos esforços para resistir. O profeta Oséias advertiu ao povo e aos sacerdotes de Israel que estavam em pecado com estas duras palavras de Deus: “Derramarei, pois, o meu furor sobre eles como água.” (Os 5:10.) A Primeira Fase da Disciplina Divina Nas Escrituras a água é um “tipo” do Espírito Santo. Pode vir como uma chuva serena ou uma garoa branda. Pode fluir também como um rio estrondoso ou uma poderosa inundação. O solo duro e seco é quebrado. A força da água arranca da terra árvores profundamente enraizadas e as arrasta. Assim acontece com o Espírito Santo. “Quando ele vier,” disse Jesus, “convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” (Jo 16:8). Eu tenho assistido à operação do Espírito Santo em épocas de verdadeiros avivamentos. Aqueles que responderam ao mover do Espírito de Deus receberam vida nova e tiveram a sua fé edificada. Os que resistiram à obra do Espírito Santo ficaram sem nenhuma noção de firmeza espiritual. O amor de Deus, a alegria e a paz foram totalmente tirados da vida deles. A Segunda Fase da Disciplina Divina O segundo passo do castigo de Deus é encontrado em Oséias 5:12: “Portanto, para Efraim [Israel] serei como a traça...” Se não formos sensíveis aos toques de Deus, como a água, Ele lidará conosco como uma traça. A traça é um inseto que, em uma fase de seu ciclo de vida, se alimenta de lã. Pode atacar as roupas secretamente em nosso armário. Nós nem mesmo sabemos o que está acontecendo até que encontramos nosso casaco de lã ou suéter cheio de buracos. Então, quando descobrimos nossa perda, já é muito tarde. Isso nos faz lembrar de Sansão, dos tempos antigos, que não sabia que o Espírito de Deus o havia deixado (Jz 16:20). Às vezes não atentamos para o fato de que entristecemos o Espírito de Deus e nos tornamos impotentes. Assim foi a triste história de Sansão, e pode ser também conosco. Nós só percebemos que o perdemos quando buscamos agir no poder do Espírito de Deus e descobrimos que ele se foi. O fracasso que se segue a isso pode golpear duramente o nosso orgulho. Deus prefere nos disciplinar reservadamente. Se nós não respondemos a essa abordagem, Ele será forçado a tratar conosco publicamente. A Terceira Fase da Disciplina Divina Com estas palavras, Oséias nos leva mais adiante no processo de Deus de castigar: “Portanto... serei... para a casa de Judá, como a podridão.” (Os 5:12.) Às vezes, a podridão de uma fruta começa no lado de dentro antes que seja percebida do lado de fora. Exteriormente, pode parecer boa, mas do lado de dentro está mole e podre. O processo de deterioração e morte começou, embora invisível e despercebidamente. Sempre que entristecemos o Espírito de Deus, não apenas ocorre a perda do poder divino, mas começamos a morrer interiormente. Deus deseja que sintamos algo que esteja profundamente errado em nós e nos tornemos a Ele em arrependimento. Se não fizermos assim, Deus continuará o processo de disciplina! A Quarta Fase da Disciplina Divina “Porque para Efraim serei como um leão e como um leãozinho, para a casa de Judá; eu, eu mesmo, os despedaçarei e ir-me-ei embora; arrebatá-los-ei, e não haverá quem os livre. Irei e voltarei para o meu ATOS / 25 lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, cedo me buscarão, dizendo.” (Os 5:14,15.) A palavra hebraica aqui para “leão” é shachal. Sua raiz significa basicamente “rugir”. O leão é um animal grande, terrível, que, quando ruge, pode fazer sua presa tremer de medo. Se necessário, Deus elevará a voz para chamar nossa atenção. Ele permite que coisas terríveis nos aconteçam como resultado de nossa rebelião. Começamos a colher o que temos semeado. Somos forçados a enfrentar o resultado terrível de nossa desobediência. Novamente Deus procura nos corrigir e nos ensinar que é loucura agir da nossa maneira, em vez de seguir a Sua vontade. A Fase Final da Disciplina Divina Deus está preparado para dar ainda mais um passo ao longo do caminho da disciplina. “Serei... como um leãozinho, para a casa de Judá” (Os 5:14). Oséias usa uma palavra hebraica diferente para “leão” nessa passagem. É kephiyr que significa um “leão jovem”. Um leão velho pode rugir ruidosamente, mas um leão jovem procurará sua presa vigorosamente. Ele tem força e corre rápido, alcançando e superando todos os animais da floresta. Ele é conhecido como o “o rei da selva”. Quando nós, obstinadamente, recusamos atender às muitas advertências do Senhor, então ele, como um leão, tomará algumas medidas muito duras para nos fazer mudar. Em Seu amor, Ele busca nos parar em nosso caminho descendente para a destruição. Ele pode permitir até mesmo que soframos grande dor física e perda material. É nossa alma eterna que Ele está buscando para salvar! Se palavras suaves e advertências amedrontadoras não fizerem com que nos arrependamos, podemos esperar que a disciplina de Deus se torne muito severa. Oséias pinta claramente o quadro desse passo final do castigo divino com palavras muito fortes: “serei... como um leãozinho, para a casa de Judá; eu, eu mesmo, os despedaçarei e ir-me-ei embora; arre26 / ATOS batá-los-ei, e não haverá quem os livre. Irei e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, cedo me buscarão.” (Os 5:14,15.) Deus permitirá que sejamos totalmente quebrados e nos deixará quase sós em nossa dor e tristeza. Podemos sofrer grande perda em nossos bens terrenos e relações pessoais. Ele não proverá para nós nem sequer uma pequena medida de alívio, para que não nos voltemos aos nossos velhos hábitos. Freqüentemente, quando estamos passando por dor ou necessidade, nos voltamos para Deus sem muita firmeza. Mas, assim que a pressão é afastada, voltamos ao nosso modo de vida pecador. Forçados a Enfrentar Nosso Pecado Porém, se persistirmos em nosso modo de vida pecador, chegará uma hora em que Deus já não permitirá nenhum tipo de fuga. Seremos forçados a enfrentar o pecado em nossa vida. Ele nos levará a uma situação de grande angústia e dificuldade. Algumas dessas situações são resultado de nossos maus procedimentos. Deus permite que colhamos o que temos semeado. Em outras vezes, Deus toca nossa vida diretamente de um modo intenso e doloroso. Tudo o mais falhou, e a dor severa ou perda são os únicos meios que Ele encontrou para nos salvar, e a outros, da destruição. Ele não permitirá que encontremos ajuda do mundo, dos amigos, nem mesmo da Igreja, enquanto não nos voltarmos para Ele sinceramente arrependidos. Essa é a única maneira que Ele aceitará. É triste quando não atendemos às suaves palavras de advertência de Deus. Ele não sente nenhuma alegria ao permitir a dor em nossa vida. “Porque não aflige, nem entristece de bom grado os filhos dos homens.” (Lm 3:33). Como é trágico forçarmos a Deus a nos tratar tão severamente, antes de buscarmos a Sua face. Com que freqüência em tempos de bênção e prosperidade nos deixamos levar por nossos modos orgulhosos e obstinados. Somente em tempo de dor, perda e solidão nós nos voltamos finalmente para Deus. Parece que às vezes temos de sofrer a perda da família, dos amigos, da riqueza e da saúde para que estejamos preparados para experimentar as boas coisas de Deus. Isso NÃO quer dizer que qualquer um que experimenta estas tragédias é culpado do pecado sem perdão e seja orgulhoso. Antes de Deus tratar severamente conosco, ele já terá usado outras formas mais suaves de convencimento. E até mesmo nos procedimentos mais severos de Deus, Ele é fiel em mostrar que somos responsáveis pelo que está nos acontecendo e que esses acontecimentos são um meio de restauração através da humildade, do arrependimento e da rendição. Como somos tolos quando obrigamos Deus a usar esses métodos fortes e dolorosos de disciplina para conseguir nossa atenção. Ele vem primeiro como a chuva suave. Então ele trata intimamente conosco de um modo tranqüilo, reservado. Se nós permanecermos insensíveis, Ele será forçado a usar modos mais severos de tratar conosco. Sua ação será súbita, e ficaremos atordoados e quebrados. Então, finalmente, nos voltamos para Deus e nos submetemos à Sua vontade e à Sua direção. Aquele que Fere Também Curará Há boas notícias, porém. Quando nos arrependemos e nos voltamos para Deus de todo o nosso coração, Ele está pronto a nos perdoar, curar e restabelecer. O mesmo Deus que feriu também curará. Aquele que fere também sarará. “Vinde, e tornemos para o Senhor”, pleiteia o profeta, “porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará.” (Os 6:1.) O Propósito de Nossa Dor O propósito de nossa dor é nos levar ao arrependimento. Então seremos restabelecidos à alegria de nossa salvação. Nosso novo desejo será conhecer a Deus e seguir os Seus caminhos. “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós...” (Os 6:3.) JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Deus nos castiga para que possamos prosseguir em conhecer o Senhor. Ele não quer apenas ser o “Deus de nossa vida”, mas quer ser o desejo mais elevado de nosso coração. Ele quer que O conheçamos como Ele é realmente – como Davi O retrata no Salmo 68. Assim são o amor e a graça de nosso Deus. “O Senhor não rejeitará para sempre; pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias; porque não aflige, nem entristece de bom grado os filhos dos homens.” (Lm 3:31-33). Os Métodos de Deus Para a Disciplina Divina Deus tem muitos modos ou métodos pelos quais Ele nos castiga. Várias vezes, Ele usou os inimigos de Israel para castigar o povo e trazê-lo de volta à comunhão com Ele. Quando Israel caminhava longe de Deus, Ele permitia que outras nações o levassem cativos por um período de tempo. Essa é a razão por que Deus não destruiu todos os seus inimigos. Ele escolheu usá-los como meio de disciplinar o Seu povo. No caso de Nabucodonozor, Ezequias e outros, Deus usou a doença como meio de disciplina. Ao serem castigados fisicamente, eles foram levados de volta à graciosa vontade de Deus para a vida deles. Às vezes o Senhor usa a doença como meio de chamar a nossa atenção. É mais fácil ver o céu quando estamos imobilizados em uma cama. Os negócios com que nos ocupamos dão uma parada, e nós temos tempo para “arrazoar com Deus”. O Senhor verdadeiramente pode fazer tudo cooperar para a Sua boa vontade para nós em Cristo Jesus! Às vezes, Deus usa desastres naturais ou tragédias até mesmo como uma ferramenta de castigo. Jonas é um bom exemplo disso. Deus usou uma tempestade súbita, uma baleia enjoada, e uma trepadeira queimada pelo sol para castigar Jonas. Esses elementos fizeram o trabalho, e Jonas finalmente submeteu-se à vontade de Deus. No processo, Ele aprendeu mais sobre a JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 grandeza da graça de Deus – para ele e para os outros. Deus Está Tentando nos Dizer Algo? Precisamos acrescentar aqui que nem todos os eventos dolorosos procedem de Deus. Às vezes nós criamos nossos problemas. Outras vezes somos vítimas de uma situação ruim da qual não temos culpa. Nós não somos protegidos de todos os acidentes ou desastres naturais desta vida terrena. Deus nos protege de muitas coisas. Em outras ocasiões, Ele permite que passemos pela nossa “fornalha ardente” ou “cova dos leões”. Deus nos aperfeiçoará através das situações das quais Ele não nos protege ou que nos permite passar por elas. Novamente lembremo-nos de que enquanto todas as coisas que acontecem a nós não forem boas, Deus promete fazer com que tudo coopere para o nosso bem em Cristo Jesus. Porém, nós sempre deveríamos examinar nossa vida durante os momentos de angústia. Estará Deus tentando nos dizer algo? Estará Ele nos advertindo de que estamos andando longe da Sua vontade e do Seu propósito para nossa vida? Se não prestamos atenção às Suas gentis palavras e ações, Deus pode estar nos falando mais diretamente. Será bom irmos perante Ele com humildade e sinceridade. Ele está pronto a nos receber, perdoar e restabelecer. Ele verdadeiramente é muito misericordioso! A Misericórdia em Castigar Davi disse, “Deus parte... o cabeludo crânio do que anda nos seus próprios delitos.” (Sl 68:21.) Como Deus é misericordioso quando nos condena na privacidade de nosso coração. Ele não nos golpeia na face. Isso nos deixaria com uma cicatriz vergonhosa. Em vez disso, Ele nos fere em nosso crânio cabeludo onde as cicatrizes não podem ser vistas. O desejo de Deus não é nos humilhar, mas nos corrigir e nos ensinar. Nós não somos marcados como Caim, de forma que todos saibam do julgamento de Deus em nossa vida (Gn 4:8-15). Algumas igrejas acham fácil pôr “a marca de Caim” em membros que caíram ou falharam. Mas Deus nunca faz isso! Quando o Senhor nos fere, ficamos com uma mancha suave, só percebida por Ele e por nós. Deus esconde as cicatrizes em nosso crânio cabeludo. Quatro Razões Para a Disciplina Divina 1. A Disciplina nos Salva da Destruição Paulo disse, “Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” (1 Co 11:32). Através da disciplina seremos poupados da condenação. “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Rm 8:1.) Contudo, se nos recusarmos a aceitar a disciplina de Cristo, não poderemos ser Seus discípulos. Um discípulo é uma “pessoa disciplinada”. Um discípulo é alguém que observa e escuta seu mestre e aprende dele, de forma que possa seguir fielmente em obediência. Essa comunhão será destruída se escolhermos seguir nosso caminho, em vez do dEle. Então, nada restará, apenas condenação. A disciplina divina é um presente do amor de Deus! 2. A Disciplina é um Sinal ou Uma Prova do Amor de Deus “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Ap 3:19.) A disciplina divina não é um sinal de que Deus não gosta de nós ou está nos rejeitando. É uma prova do Seu amor! Deus não pode aprovar nosso pecado, mas Ele nos aprova. Ele não pode aceitar em nós uma atitude orgulhosa e obstinada, mas não nos rejeitará. Ele nos disciplina porque Lhe pertencemos – e Ele nos ama. Corrigir-nos, sim; rejeitar-nos, não! 3. A Disciplina nos Prepara Para Compartilharmos Sua Santidade “Pois eles [nossos pais] nos corrigiam por pouco tempo, segundo ATOS / 27 melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.” (Hb 12:10.) Deus não nos castiga apenas para mudar nosso comportamento, mas para nos tornar santos. Ele quer que compartilhemos a vida santa de Seu Filho. Ele deseja ter filhos e filhas amados semelhantes a Jesus. Sendo assim, Ele luta contra tudo que não seja santo em nossa vida. Ele almeja que tenhamos a Sua natureza bem como o Seu Nome. Ele nos castiga a fim de nos transformar. Isso requer tempo e tratamento. Podemos agradecer pelo fato de nosso Pai divino ser muito paciente. Ele persistirá em Seu esforço até que a vida santa de Jesus resplandeça brilhantemente através de nós. 4. A Disciplina nos Oferece Segurança “Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos)” (Hb 12:5-7). Os pais são responsáveis apenas por corrigir seus filhos. Tal disciplina é um sinal de que os filhos lhes pertencem. Portanto, se Deus nos disciplina, isso é prova de que pertencemos a Ele. Ele é nosso Pai, e nós somos os Seus filhos. Disciplina não é um sinal de rejeição, mas de parentesco! (Hb 12:8-11.) Além disso, a disciplina de Deus nos protegerá e nos manterá salvos e seguros. Davi disse, “o teu bordão e o teu cajado me consolam.” (Sl 23:4.) O bordão do pastor era uma vara que poderia ser usada contra qualquer animal que tentasse atacar a ovelha. O cajado com seu gancho era usado para puxar a ovelha para longe do perigo; também poderia ser usado para levar uma ovelha de volta ao caminho se ela se desviasse. Desse modo, as ovelhas podiam ser protegidas dos seus inimigos – e delas mesmas. Como nosso bom Pastor, Deus tam28 / ATOS bém determina limites para nós e dirige nossos passos. Se atravessarmos esses limites, ou tomarmos um caminho errado, Ele nos trará de volta. É para nossa própria segurança. Às vezes nós precisamos ser protegidos de nós mesmos, como também de nossos inimigos. Nada pode parar uma conduta insensata mais rapidamente do que a vara de Deus aplicada à nossa vida. O amor fiel de nosso bom Pastor é uma fonte formidável de segurança. Ele remove o medo de falharmos com a vontade de Deus. Se queremos fazer a Sua vontade, mas erramos por ignorância, Ele nos ensinará pacientemente e nos dará a sabedoria de que precisamos. Se nos desviarmos dos caminhos dEle por causa de nossa vontade voluntariosa, podemos esperar a vara de Deus para nos corrigir e redirecionar nossa vida. Isso pode envolver dor, mas o caminho estará livre. Se, verdadeiramente, dermos a Deus nosso coração e nossa vida, e O reconhecer como Senhor e Mestre, nunca precisaremos temer que venhamos a nos desviar da vontade de Deus. Assim Ele tem o direito de anular e ignorar todos os nossos interesses. Nossa fé não está em nossa sabedoria, nossa força e nossa fidelidade – mas nas dEle. Ele é, verdadeiramente, um bom Pastor! O Perfeito Amor Lança Fora o Medo Os cristãos não deveriam temer a vara da disciplina de Seu Pai celestial. Nós deveríamos dar boas-vindas a ela. Um filho que nunca é corrigido em casa é verdadeiramente triste e miserável. Ele não tem nenhum senso de amor ou de segurança. Não está seguro de sua relação familiar ou de seu valor pessoal. Lá no fundo ele sabe, de alguma maneira, que se seus pais realmente o amassem, eles o disciplinariam. O mesmo é verdade na família de Deus. Se nos for permitido ignorar e desobedecer a lei de Deus e Sua autoridade, certamente seremos muito infelizes. Deus nos ama muito para deixar que isso aconteça. Precisamos saber que não caímos da graça toda vez que tropeçamos em nosso andar cristão. O pecado entristecerá o Espírito Santo, mas Ele nunca nos deixará. Embora entristeçamos o coração de nosso Pai celestial quando O desobedecemos, Ele não nos abandona. Ele nos ama sem nos impor nenhuma condição; até mesmo quando éramos pecadores Ele nos amou (Rm 5:8). Não há nada que possamos fazer, dizer ou ser que faça com que Deus nos ame um pouco mais ou um pouco menos. Ele deu o Seu coração por inteiro quando enviou Seu Filho para que morresse por nosso pecado. Na realidade, Ele nos ama tanto que não nos deixará escapar sem sermos tratados, por mais insignificante que esse pecado possa parecer. Aquele que ama não é cego; apenas continua amando. Mas o amor age; ele disciplinará abertamente e, se necessário, castigará severamente – inúmeras vezes. Deixe-nos Dar as Boas-Vindas à Disciplina de Deus O castigo de Deus é para nossa correção, orientação e desenvolvimento. É para nos ensinar e treinar. Ele quer corrigir e aperfeiçoar nossas atitudes e ações. Ele quer que andemos neste mundo em santidade. Davi disse, “O Senhor firma os passos do homem bom...” (Sl 37:23). Deus ordena (dirige) nossos passos para formar a Sua bondade em nossa vida. Todo passo que nós damos com Deus é projetado para nos fazer mais semelhantes a Jesus. A ordem de Deus envolve castigo se nos desviarmos. As ovelhas perdidas ainda têm a atenção especial dEle! A disciplina de Deus nunca nos forçará a ir contra nossa vontade. Ele nunca imporá a Sua vontade sobre nossa vida. Muitas vezes Deus nos corrige, simplesmente permitindo que colhamos os frutos de nosso modo de vida. Então, finalmente, percebemos a loucura que é andar em nosso caminho. Aí, alegremente, buscamos a vontade de Deus. Quando nos confiamos a Jesus como nosso Senhor e Mestre, damos a Ele o direito de corrigir e dirigir nossa vida para a Sua glória e o nosso bem. Ele é amoroso, sábio e fiel em tudo que faz. Então, recebamos a disciplina de Deus, dandolhes as boas-vindas. “Porque o Senhor corrige a quem ama.” (Hb 12:6.) ■ JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 CONSOLO DIVINO Frank e Wendy Parrish Como você já leu no artigo anterior, algumas vezes é necessário Deus nos corrigir – como um pai amoroso corrige os seus filhos – a fim de que possamos ter o “fruto pacífico da retidão” (Hb 12:5-11). O Senhor pode usar até mesmo as circunstâncias difíceis de nossa vida como parte desta correção. Contudo, seria errado pensarmos que todas as vezes que enfrentamos uma tribulação ou aflição é porque Deus está nos corrigindo. As tribulações podem ter uma variedade de fontes, e é bem aceitável pararmos e perguntarmos: “Será que há alguma causa específica para eu (ou algum ente querido meu) estar sofrendo?” Fontes de Sofrimento Há várias fontes de tribulações ou aflições. Um estudo meticuloso de qualquer uma destas fontes poderia encher muitas páginas, mas só discutiremos brevemente as fontes primárias desta vez. Às vezes, os nossos sofrimentos podem ser causados por um ou mais dos seguintes itens: 1. Escolhas Pecaminosas: Muitas vezes as nossas próprias escolhas pecaminosas ou rebeldes (ou as escolhas dos que estão perto de nós) podem trazer conseqüências terríveis à nossa vida. Isto não é o que Deus deseja para nós. Ele nos dá a Sua Palavra (leis) para nos ajudar a fazermos as escolhas corretas. Mas os seres humanos podem ser fracos e fazer escolhas ruins. Até mesmo os cristãos podem fazer escolhas ruins. Podemos escolher rejeitar a Palavra de Deus e seguir o nosso próprio caminho. Quando fazemos isso, as conseqüências da nossa rebeldia e do nosso pecado podem causar uma dor ou um sofrimento para nós ou para os JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 nossos entes queridos. (Veja Gálatas 6:7,8; Provérbios 11:18,19.) Mas certamente não somos deixados neste estado irremediável. Lembrese: nós podemos ser perdoados. A Bíblia nos ensina que sempre que nos arrependemos, confessamos os nossos pecados, e abandonamos os nossos caminhos iníquos com uma humildade verdadeira, o Senhor não somente perdoa os nossos pecados, mas também nos purifica até mesmo de nossas iniqüidades. (Veja 1 João 1:7-9.) Contudo, ainda assim, talvez tenhamos que viver com as conseqüências das nossas escolhas pecaminosas. Por exemplo, podemos ceder à tentação de roubarmos algo. Quando somos descobertos, talvez sintamos a dor ou a vergonha da rejeição por parte dos outros. Talvez tenhamos de passar algum tempo sofrendo na cadeia, ou trabalhando arduamente para reembolsarmos a pessoa que roubamos. Deus perdoa o ato pecaminoso quando nos arrependemos, mas as conseqüências ainda podem trazer dificuldades a nós, ou às pessoas que amamos. [Para mais informações sobre o pecado e o perdão, veja Ezequiel Capítulo 18; 2 Pedro 3:9; 2 Crônicas 7:14; Neemias 9:17; Efésios 1:7.] 2. A Correção ou Teste de Deus. No artigo anterior, você aprendeu sobre a obra de correção de Deus. Além da correção, Deus também nos testa (Pv 17:3), e Ele talvez use as circunstâncias para fazer isto. Deus já sabe que o que está em nosso coração nem sempre é bom. A Bíblia nos diz que “enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17:9). “Pois sondas a mente e o coração, ó justo Deus” (Sl 7:9). Deus deseja que sejamos livres de caminhos pecaminosos e egoísticos. Talvez sejamos cegos ao pecado ou ao engano em nossos corações. Deus quer que reconheçamos nosso pecado a fim de que nos arrependamos e peçamos a Ele que nos perdoe e nos liberte. Dizem que as “circunstâncias não fazem o homem, mas revelam o homem”. Às vezes são necessárias extremas pressões, dificuldades, ou sofrimentos para se revelar o que está no profundo do nosso coração, como por exemplo, ira, temor, ciúme, orgulho, imoralidade sexual, ou muitas outras coisas. Deus sabe que estas coisas são prejudiciais a nós e aos outros. O pecado em nossa vida atrapalha nosso relacionamento com Deus e nosso serviço à Sua Igreja, como também prejudica nossos relacionamentos com os outros. O Senhor prova o nosso coração a fim de que nós possamos ver que precisamos da ajuda e do poder Quando estivermos tristes, Deus nos dará o Seu conforto e a Sua graça. ATOS / 29 libertador de Deus para nos libertar dos pecados ocultos (ou conhecidos) em nossa vida! NOTA: É extremamente importante nos lembrarmos de que os testes não são a mesma coisa que as tentações ao pecado. Deus nos testa, mas Ele nunca tenta ninguém a pecar. (Veja Tiago 1:2-5, 12-17.) Deus compromete-Se a nos ajudar a fugirmos das tentações e do pecado SE O obedecermos e O seguirmos. (Veja 1 Coríntios 10:13; 2 Pedro 2:9.) 3. Ataques Demoníacos: Efésios 6:10-20 esclarece muito bem que há forças satânicas que lutam contra o povo de Deus. O Diabo nos bombardeia com “dardos inflamados” de mentiras, enganos, iniqüidades, dúvidas, temores, aflições, opressões – qualquer coisa que ele possa fazer para nos desmotivar a amarmos e servirmos a Deus com todo o nosso coração, alma, mente, e força. Esses ataques podem resultar em sofrimentos para os santos de Deus. Mas o Senhor usa esta resistência do Diabo para nos amadurecer e nos fortalecer como guerreiros para o Reino de Deus. A Bíblia nos diz que não lutamos contra a carne e o sangue (Ef 6:12; veja também 2 Coríntios 10:3-5), e Deus deseja que sejamos pessoas que saibam como se levantar e resistir às forças espirituais que estão se opondo a Deus e ao Seu povo. Graças a Deus que Efésios 6 e outras passagens das Escrituras revelam como nos prepararmos para resistirmos e vencermos os ataques satânicos. [Para um estudo adicional, veja o exemplo de Jesus em Mateus 4:1-11; Efésios 6:10-20; 1 João 3:8; Apocalipse 12:11.] 4. Perseguições: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3:12). Satanás odeia a Deus, e ele também odeia o objeto do amor de Deus – a humanidade. Satanás opõe-se ativamente aos santos e inspira homens malignos a atacarem os santos com todos os tipos de crueldade e vingança. E talvez soframos no meio dessas perseguições. Deus nos concederá a graça para sermos libertos das perseguições, ou 30 / ATOS a graça para suportá-las. Em Daniel Capítulo 3, o Senhor libertou milagrosamente três homens consagrados a Deus que foram lançados numa fornalha ardente por não se prostrarem diante de um ídolo de ouro. Eles não foram feridos, e somente as cordas que os amarravam se queimaram. Em Atos, capítulo 16, Paulo e Silas foram surrados com varas e lançados na prisão. Muito embora eles sofressem esta perseguição, Deus poupou milagrosamente a vida deles e os libertou da cadeia. No entanto, há outros personagens da Bíblia que enfrentaram terríveis dores físicas e até mesmo entregaram a vida e foram martirizados – e Deus não os poupou. (Leia Hebreus Capítulo 11, especialmente os versículos 35-38.) Deus tampouco poupou o Seu Próprio Filho (Rm 8:32). São nas ocasiões em que nos encontramos mais vulneráveis e fracos nos sofrimentos por amor a Cristo que experimentamos a força de Deus (2 Co 12:10). Passamos a conhecer o Senhor de uma maneira muito mais significativa e poderosa – compartilhando no que a Bíblia chama de “comunhão dos seus sofrimentos” (Fp 3:10). O Apóstolo Paulo compreendeu uma profunda verdade sobre os sofrimentos – que eles, de alguma maneira, permitem que a glória de Deus seja revelada em nós e em nossas circunstâncias. Ele sabia que até mesmo os piores sofrimentos desta terra pareciam como nada “comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm 8:18; veja também 2 Coríntios 4:17). Nunca deveríamos buscar nem desejar as perseguições. Mas, se nos depararmos com ela, podemos ter a certeza de que a) O poder de Deus nos libertará delas, ou b) A Sua graça nos capacitará a suportá-las. De qualquer maneira, podemos ter a certeza de que Deus será glorificado, tanto em nós, como através de nós! (Veja 1 Pedro 4:12-19; 5:10.) 5. Circunstâncias “Naturais”. O mundo em que vivemos não foi criado como o lugar caótico e despedaçado que é hoje em dia. Quando Deus formou primeiramente o mundo, Ele o chamou de “muito bom” (Gn 1:31). Era um mundo perfeito, isento do pecado, da corrupção, das enfermidades, da dor, e da morte. Mas, quando o homem escolheu rebelar-se contra o Criador Amoroso e pecou, isto introduziu a corrupção na alma do homem e no mundo perfeito que Deus havia criado. (Veja Gênesis Capítulo 3.) Conseqüentemente, coisas como enfermidades, doenças, dores, fome, pobreza, injustiças, guerras, e desastres naturais tornaram-se parte do estado pecaminoso e decaído da humanidade. Todas as pessoas – boas e más, cristãs e não-cristãs – são afetadas pelo egoísmo contínuo do homem e pelas condições decaídas e corrompidas do nosso mundo. A Bíblia nos diz que “ele (Deus) faz... vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt 5:45). Até mesmo depois que somos salvos, talvez experimentemos ainda a angústia e a dor de vivermos neste mundo despedaçado, e talvez soframos por causa disto. Deus pode intervir em nossas circunstâncias, ou não. Mas nós, os que conhecemos a Cristo, temos uma esperança futura certa, e aguardamos o dia da nossa total libertação “deste mundo perverso” (Gl 1:4), quando até mesmo “a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção para a liberdade...” (Rm 8:21.) O que eu Faço? Examinamos algumas das razões para o sofrimento. No entanto, isso pode nos ajudar ou não a conhecermos a fonte das nossas tribulações ou sofrimentos pessoais. Há um elemento de mistério com relação a Deus – os Seus caminhos e pensamentos são muito diferentes dos nossos (Is 55:8,9). Algumas coisas que acontecem nesta vida talvez nunca sejam totalmente compreendidas até que os nossos olhos sejam totalmente abertos e O vejamos face a face (1 Co 13:12). Busque o Senhor Mas ainda assim podemos reagir positivamente a Deus no meio dos nossos sofrimentos. Ageu 1:5 nos lemJULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 bra e nos exorta: “Considerai o vosso passado”. Durante as tribulações e sofrimentos, separe um tempo adicional para chegar diante do Senhor e examinar o seu coração e a sua vida. Ore como Davi orou, e peça que o Senhor sonde o seu coração e revele se há nele qualquer ansiedade ou iniqüidade (Sl 139:23,24). Separe muito tempo para orar e para aguardar que o Senhor lhe dê uma resposta (Sl 86:7). Certifique-se de que se arrependeu de qualquer pecado ou ação ímpia. Certamente deveríamos ler a Bíblia para alimentarmos nosso espírito e aprendermos mais sobre Quem Deus é. Quanto mais conhecermos ao Senhor e a Sua Palavra, tanto mais andaremos em Seus caminhos e seremos consolados em nossos sofrimentos. Examine-se Durante as tribulações, também é bom examinar-se. Examine sua vida e veja se há alguma área que não esteja submissa a Deus. Separe um tempo para entregar novamente todas as áreas da sua vida ao Senhorio de Jesus Cristo (veja 1 Pedro 4:19), inclusive seu relacionamento com Deus, sua família, seu trabalho ou ministério. Isto Eu Posso Saber... É fácil ficarmos confusos no meio dos sofrimentos. Talvez achemos que algumas partes da Bíblia não fazem mais sentido. Talvez pensemos erroneamente que Deus nos abandonou, ou que, por alguma razão, não nos ama. Muitos crentes fortes até mesmo abandonam a sua fé em Deus durante uma tribulação, ficando irados com o Senhor por seus sofrimentos. É importante, durante tempos de sofrimento, tirarmos nossos olhos das coisas que não compreendemos e focalizarmos diretamente as coisas que SABEMOS que são verdadeiras (Fp 4:6-8). A Bíblia nos revela três verdades culminantes sobre nosso relacionamento com Deus nesta vida: A Verdade 1. Deus está sempre trabalhando na vida de Seus filhos. JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Quer estejamos enfrentando perseguições, difíceis tentações, amargas decepções, sofrimentos, ou dores – Deus está trabalhando ativamente para produzir o que Ele tem de melhor em todas as situações. Mas o que é o “melhor” de Deus para o Seu povo? Vemos a resposta em Romanos 8:28-30: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” O bom resultado que Deus sempre quer é ver os Seus filhos “conformados à imagem do Seu Filho”. O resultado final disto será a nossa plena salvação e “glorificação” com Ele (vs.30) na eternidade vindoura. Este é o ponto em que tropeçam muitos crentes sinceros. Eles interpretam o “bem” de Deus como sendo o seu conforto, alegria, ou prosperidade nesta vida. Aí então, ao se depararem com tribulações ou sofrimentos, eles acham que Deus os abandonou, ou que Ele retirou as Suas “bênçãos” e parou de operar na vida deles. Eles se esquecem das seguintes palavras de Jesus: “no mundo, passais por aflições” (Jo 16:33). A verdade é que Deus nunca nos promete uma vida fácil ou uma vida sem dores. No entanto, Ele nos promete de fato usar tudo o que experimentamos nesta vida – até mesmo dores e os sofrimentos – para nos moldar à imagem de Jesus, SE nos voltarmos a Ele e permitirmos que Ele faça isto, e se ORARMOS no meio das tribulações (Rm 8:26,27). E Ele promete ainda mais... 2. A Sua presença nunca nos deixará. Quando as tribulações e os problemas entram em nossa vida, talvez nos perguntemos se Deus nos deixou ou nos abandonou. Talvez se- jamos tentados pelas dúvidas, pelos temores, e pela incredulidade. Contudo, Deus nos declara: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” (Hb 13:5). Jesus disse: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:20). A Sua presença, a Sua graça, e o Seu Espírito Santo nos foram dados gratuitamente (Jo 14:16-18; Rm 8:26,27). 3. O grande amor de Deus por nós nunca mudará. Ele nos ama com um “amor eterno” (Jr 31:3). Somos o objeto do infinito, eterno, e todo-poderoso amor de Deus. Temos a promessa de que NADA jamais poderá nos separar do amor de Deus em Cristo (Rm 8:35-39). Em todas as provações, tribulações, e dificuldades que podem vir em nossa vida – quer sejam resultantes do nosso pecado, do pecado de outras pessoas, ou da condição descaída do mundo em geral – sabemos que o amor de Deus por nós nunca mudará! Farol de Fé Queridos obreiros de igrejas, santos e companheiros, a nossa esperança e oração por vocês, quaisquer que sejam as suas circunstâncias, é que vocês possam regozijar-se, dizendo: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação. É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus” (2 Co 1.3, 4). À medida que você perseverar em todas as tribulações e provações deste mundo descaído, a sua vida e o seu ministério poderão ser uma fonte de grande consolo para outros. Você se tornará um farol de fé, resplandecendo sobre todos ao seu redor. Deus operará em você, para torná-lo mais semelhante a Cristo. Aí então a sua vida será um testemunho do amor, do poder, e da graça sustentadora de Deus, tanto aos que conhecem a Cristo, como também aos que não O conhecem! ■ ATOS / 31 FORTALECIMENTO DIVINO Judson Cornwall “Reúne, ó Deus, a tua força, força divina que usaste a nosso favor.” (Sl 68:28.) Deus havia conduzido Seu povo à Terra Prometida. Israel já havia se instalado na terra e estava aprendendo a governar-se e a reinar em meio a outras nações. Estava se preparando para tornar uma potência mundial. Contudo, o rei Davi estava intranqüilo em seu espírito. Estaria a pequena nação de Israel realmente pronta para resistir às forças inimigas ao seu redor? Só Deus Pode Proteger e Desenvolver o que Ele Começou Davi percebeu que não foi pela força que eles possuíram a terra. Era uma obra poderosa de Deus. Davi também sabia que só Deus poderia proteger e desenvolver o que Ele começara. “Mostra o Teu poder em nosso favor, ó Deus!” Quando marcharmos com Deus pelo deserto, temos de esperar inteiramente nEle para a provisão de comida, água, e abrigo do calor e do frio. Somente Ele pode nos dirigir e nos proteger dos muitos perigos que vêm de todos os lados. Não há nenhum espaço para orgulho de nossa parte; nós temos de depender completamente de Deus para nos conduzir em segurança na Terra Prometida. Porém, depois de alcançarmos a Terra Prometida nossa atitude pode mudar. É fácil esquecer o papel que Deus exerceu em nosso sucesso. Nós começamos a pensar que os ganhos que fizemos foram devidos à nossa força e sabedoria. Tendemos a nos sentir seguros e auto-suficientes. 32 / ATOS Como isso é triste! As bênçãos de Deus deveriam nos fazer gratos a Ele, em vez de nos tornar esquecidos dEle. Nós temos de lembrar sempre de apenas uma coisa: “... aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Fp 1:6.) “... tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?” (Gl 3:3). Nós podemos entrar em um reino novo e ocupá-lo, apenas pelo poder de Deus. Somente Ele pode completar o que começou. Como as comunidades cristãs e organizações se esquecem disso rapidamente. À medida que seus programas crescem e se desenvolvem, elas confiam cada vez mais nas próprias habilidades, e menos em Deus. Com o tempo, a sabedoria e o poder de Deus são substituídos pela razão e habilidade do homem. Pode haver uma forma externa de piedade, mas o verdadeiro poder de Deus já se foi há muito tempo (2 Tm 3:5). Todos nós precisamos nos lembrar de que aquilo que somos e onde estamos em Deus é exclusivamente uma obra da Sua graça. Se removermos a presença e o poder do Senhor Jesus do cenário de nossos esforços religiosos, todo o quadro desaparecerá. Aos olhos de Deus, não sobrará nada de valor. Jesus disse que haverá um dia em que muitos que pensaram que estavam fazendo grandes coisas em nome de Deus ficarão desapontados. Para sua triste surpresa, Deus declarará que nunca os conheceu. O seu trabalho terreno não era visto nem conhecido no céu. O homem que se realiza através do próprio orgulho e do seu poder não terá nenhuma recompensa divina (Mt 7:21-23). O Deus de Poder Nós almejamos crescer em Cristo e nos tornar fortes no Senhor. No entanto, nunca alcançaremos uma posição em que não precisaremos mais da Sua presença ou do Seu poder. Sempre seremos dependentes dEle, “pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17:28). Essa é uma verdade espiritual estabelecida pelo próprio Deus. Ele sabe que não podemos ganhar nem sustentar – adquirir ou manter – nossas posses divinas independentemente do Seu poder. Assim, Ele não só nos conduz à nossa Terra Prometida, mas permanece conosco para consolidar nossa posição. Davi afirma essa verdade claramente com as seguintes palavras: “O teu Deus ordenou a tua força...” (Sl JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 68:28 – RC). É seu Deus que dá o comando de força. Não vem da mente do homem; mas de Deus – do Deus todo-poderoso! Ele é chamado aqui pelo Seu nome hebraico, Elohim. No Salmo 27:1, Davi declara: “O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?” E no Salmo 29:11: “O Senhor dá força ao seu povo...” Inúmeras vezes, a Bíblia declara que somente Deus é a fonte de nossa força. O Deus de Poder Conforme Imaginado Pelo Salmista É interessante notar que no Salmo 68, Davi primeiro mostra a imagem do “Deus de força” antes de apresentar a “força de Deus”. Deus é revelado como: 1. Nosso Pai – Salmo 68:5-6 2. Nosso Líder – Salmo 68:7-10 3. Nosso Comandante – Salmo 68:11-14 4. Nossa Habitação – Salmo 68:15-18 5. Nosso Sustentador – Salmo 68:19-20 6. Nosso Castigador – Salmo 68:21 7. Nosso Vingador – Salmo 68:22-23 8. Nosso Rei – Salmo 68:24-26 9. Nossa Força – Salmo 68:27-28 Deus não pode ser dissociado do Deus do poder. O poder de Deus não está isolado de Sua Pessoa. Davi ergueu-se no lugar santo da glória de Deus, dentro do Tabernáculo, e clamou: “Tributai glória a Deus; a sua majestade está sobre Israel, e a sua fortaleza, nos espaços siderais. Ó Deus, tu és tremendo nos teus santuários; o Deus de Israel, ele dá força e poder ao povo. Bendito seja Deus!” (Sl 68:34-35.) É no santuário ou lugar sagrado que Deus mostra a Sua força e Seu poder. Enquanto adoramos a Deus em nossa fraqueza, Ele opera Seu poder em nosso ser. Em adoração, nós somos unidos com a vida dele de maneira poderosa. O apóstolo Paulo mostra essa verdade com as seguintes palavras: “Tudo posso naquele que me fortalece.” (Fp 4:13). É interessante notar que Paulo não fala que o poder de Cristo está separado da Pessoa de Cristo. Mas ele diz que é “por Cristo” que ele acha força. O poder de Paulo vem de sua relação com Deus. Jesus tentou tornar esta verdade muito clara para os Seus discípulos: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:5). Ele é a Videira; nós somos os ramos. Se não estivermos ligados à Videira, estamos cortados do Seu fluxo de vida que dá poder. Em vez de produzir fruto, nós murcharemos e morreremos. Somente quando estamos ligados à vida dEle em Cristo Jesus, é que Deus pode “ordenar nossa força.” Deus Ordena Nossa Força “O teu Deus ordenou a tua força...” (Sl 68:28 – RC). Esta não é uma referência à nossa força; mas sim à força de Deus. Separados dEle, não temos nenhuma força para ordenar. Antes de conhecer a Jesus, não tínhamos nenhuma vida espiritual e nenhu- A Bíblia mostra Deus como um Pai que conduz Seus filhos em segurança, justiça, unidade e liberdade. Nós O vimos guiar e sustentar o Seu povo em sua marcha pelo deserto. Assistimos maravilhados como Ele guerreia contra Seus inimigos através do grande poder da Sua Palavra. Observamos a Sua presença na forma como Ele habita graciosamente entre o Seu povo. Freqüientemente, nós O vemos (amorosamente) castigar, perdoar e redirecionar Sua rebelde família. Ficamos maravilhados quando O vemos em Seu poder, glória e majestade real: Assim é este Deus – exatamente o mesmo Deus – que ordena nossa força. Esse é o Senhor Deus todo-poderoso! Não Podemos Dissociar Deus do Seu Poder “O teu Deus ordenou a tua força...” Verdadeiramente, o poder de JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Podemos achar forças na promessa de Jesus de que estaria conosco em nossa caminhada. ATOS / 33 ma força espiritual. Portanto, se olharmos para qualquer outra fonte, que não o Senhor, para nossa vida de poder, ficaremos desapontados. Como pecadores, precisávamos do poder de Deus para nos salvar de nossos pecados. Como cristãos, necessitamos ainda do poder de Deus para crescer na graça, e lutar contra o mundo, a carne e o diabo. É impossível começar no espírito e entrar na carne. Nós não podemos confiar em nossa força de vontade, na nossa razão ou emoções para ter uma vida de triunfo em Cristo. Se tentarmos utilizar nossa força, só conseguiremos nos esgotar. Não podemos tirar água de um poço seco! Deus nos conhece melhor que nós mesmos. Ele nunca ordenará que exercitemos um poder que não possuímos. Davi escreveu: “Pois ele conhece a nossa estrutura [como nós somos feitos] e sabe que somos pó.” (Sl 103:14.) Ordem: Seu Significado Quádruplo Quando Deus “ordena” a nossa força, Ele não nos está pedindo que utilizemos nossos próprios recursos. Antes, está nos oferecendo o poder da Sua presença. A palavra hebraica para “ordem” é tsavah. Ela possui pelo menos quatro significados: 1. 2. 3. 4. Enviar um mensageiro Designar Dar uma responsabilidade Colocar em ordem Cada um desses pensamentos tem um significado ligeiramente diferente. Todos revelam um retrato de Deus que nos mostra Sua força. Deus tem “designado” ou demonstrado a Sua força por nós de um modo especial e pessoal. Ele “mandou” ou ordenou que o poder divino esteja pronto para toda a nossa necessidade. Foi divinamente “ordenado” e organizado no céu para o nosso benefício aqui na terra. Não temos de implorar por algo que Deus já providenciou. Paulo aprendeu essa verdade com o seu Senhor durante um tempo de grande necessidade pessoal. Jesus simplesmente lhe disse: “A minha graça te 34 / ATOS basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2 Co 12:9.) Anjos: Ministros do Poder Divino Deus também designa ou envia Seus “mensageiros” especiais para ministrar o poder divino. “Não são todos eles [anjos] espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hb 1:14 – veja também Salmo 104:4.) Começando na história da escada de Jacó (Gn 28:10-12), o papel dos anjos pode ser constatado ao longo de toda a Bíblia. Eles são vistos obedecendo as ordens de Deus para ministrar ao homem em seus momentos de necessidade e fraqueza. Até mesmo Jesus em seu sua condição humana foi ajudado pelos santos anjos do céu. Sabemos da Sua grande agonia no Jardim de Getsêmani; lemos em Lucas 22:44 que Ele suou “gotas de sangue”. Ele estava fraco e cansado, e a provação terrível da cruz estava muito próxima. Naquele momento, Deus o Pai “ordenou força” para o Seu próprio Filho. E aquela força foi provida por um anjo: “Então, lhe apareceu um anjo do céu que o confortava.” (Lc 22:43.) Em Sua humanidade, Jesus usou somente os recursos que estavam disponíveis ao homem. Ele não confiou no poder ou na autoridade de Sua divindade. Assim, não deveríamos nos admirar de Deus também enviar anjos para nos fortalecer em nossos momentos de necessidade. O Poder de Deus “O teu Deus ordenou a tua força...” (Sl 68:28 – RC). Aqui a palavra hebraica para “força” é owz. Seu significado principal é “força”, mas inclui também a idéia de força, poder, coragem e altura. O pensamento completo para esse verso, então, poderia ser: O teu Deus ordenou a tua força, o teu poder e a tua coragem! O Poder Divino da Palavra de Deus Como já vimos, às vezes o poder divino passa pela ação angelical. Mesmo assim, a fonte desse poder está sempre na autoridade da Palavra de Deus. O Senhor fez um acordo legal conosco. Ele nos incluiu em Seu testamento. O Senhor fez isso quando anunciou o Novo Testamento. Um “testamento” é uma vontade. É o meio legal pelo qual uma pessoa passa seus bens terrenos a outros após sua morte. Então, ela pode estar segura de que “sua vontade” relativa à distribuição dos seus bens, após sua morte, será cumprida pela lei. As Escrituras explicam o que isso significa para nós em nossa relação com Deus: “Pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador” (Hb 9:17). “Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança [testamento] no meu sangue derramado em favor de vós.” (Lc 22:20.) Com isso, Jesus está dizendo que a Sua morte liberará para o crente tudo aquilo que Ele prometeu enquanto estava na terra. Quando essa vontade (testamento) viesse em poder após Sua morte e ressurreição, então, diz Jesus, “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.” (Jo 14:12.) Não há nenhum poder maior do que esse, que esteja disponível para qualquer um de nós. A força da Sua “vontade”, como apresentada em Sua Palavra, vai muito além do que podemos entender. Quando Jesus morreu na cruz, a vontade de Deus para nós era nos encher de poder. Além disso, Ele sustentará pessoalmente a Sua Palavra com a força do Seu poder. Não é uma questão de como nós pensamos ou sentimos, mas de Quem Ele é e o que Ele disse. A Palavra forte de Deus é a base segura para nossa fé. “… pois magnificaste acima de tudo o teu nome e a tua palavra” (Sl 138:2). Coragem Divina Para o Serviço A chamada de Deus e o Seu poder em nossa vida nos dão grande coragem para realizar o serviço cristão. Como vimos, a palavra hebraica owz refere-se tanto a coragem quanJULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 to a força. O derramar do Espírito Santo em nossa vida pode dar coragem até mesmo a pessoas tímidas ou medrosas. Um pouco antes de Jesus ser crucificado, Pedro negou o seu Senhor diante de uma jovem. Depois do Pentecostes, porém, com grande coragem, ele falou às mesmas pessoas que haviam levado Jesus à morte. Pedro orou e serviu sem medo. Quando foi posto na prisão, sob pena de morte, ele dormiu tranqüilamente. Após sua libertação pela ação de um anjo, ele seguiu firme, pregando abertamente o Evangelho. Isso é coragem divina! É a vontade de Deus que tenhamos coragem para enfrentar as pessoas – e até mesmo o diabo. A Sua perfeita vontade, porém, é que tenhamos coragem para entrar na Sua presença. As Escrituras dizem claramente que podemos nos achegar corajosamente ao trono de Deus por causa de nossa relação com o Senhor Jesus: “...em Cristo Jesus, nosso Senhor, pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele.” (Ef 3:11,12.) “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hb 4:16). Sim, Deus ordenou o poder da coragem – coragem para entrar na Sua presença. Esse privilégio deveria trazer poder real para a nossa vida. Nós temos o mesmo direito de ir ao nosso Pai celestial como fez o próprio Jesus. Nós somos filhos amados em Sua família. Isso nos dará autoridade divina e coragem quando enfrentarmos as forças malignas do sistema mundial. Não somos órfãos abandonados e desamparados. Somos filhos e filhas reais em uma missão divina para nosso Pai celestial. Ele nos deu a Sua Palavra e o Seu Espírito Santo para nos apoiar. “...porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?” (Hb 13:5,6). JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Força e Poder Divinos Sempre Disponíveis A palavra hebraica owz também pode significar “força”. Deus tem ordenado a Sua “força” para aqueles que O seguem. Os israelitas verificaram ser isso totalmente verdadeiro quando da sua jornada através do deserto em direção à Terra Prometida. Em suas orações pelas igrejas de Éfeso e Colossos, o apóstolo Paulo dá grande importância ao poder de Deus: “Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai... para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior.” (Ef 3:14,16.) “Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória...” (Cl 1:9-11.) Em outras palavras, Paulo está dizendo que toda força gloriosa, poder e vigor do céu estão disponíveis a nós. Podemos nos sentir muito fracos e débeis às vezes, mas temos o poder e a autoridade de todo o céu nos dando cobertura. Isso significa o poder do nome de Deus, o poder da Palavra de Deus, o poder do Espírito de Deus, o poder do Filho de Deus, o poder dos anjos de Deus e o poder da Igreja de Deus. Tudo é nosso para realizarmos a Sua vontade e a Sua obra aqui na terra. Diante de tudo isso, é muito triste ouvir as pessoas dizerem, “Eu estou tentando servir a Deus do meu próprio modo fraco e frágil!” Deus quer que vivamos em mansidão e confiança, não em fraqueza e temor. É o poder dele e não nossos esforços que nos permitirão fazer a Sua vontade. Ele nunca nos pedirá que façamos algo que não podemos fazer por Seu poder e Sua sabedoria. Ele sempre nos dará poder e autoridade para fazermos a Sua vontade e con- cluirmos a missão que Ele tem para nós. Vemos isso na vida de Jesus, quando Ele chamou Seus discípulos e os enviou com “poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem curas” (Lc 9:1.) Ele lhes deu ambos, “poder” (habilidade) e “autoridade” (direito legal), para executar a Sua ordenança. Da mesma maneira, sempre que Deus ordena nosso serviço, Ele ordenará também nossa força! Quando realmente precisarmos do poder de Deus, Ele o enviará através de: • um mensageiro angelical • um ministério do Seu Espírito • uma revelação da Sua Palavra • um membro da Sua Igreja Nós sempre receberemos tudo aquilo de que precisarmos, e no momento em que necessitarmos. O poder de Deus está sempre disponível! Deus Aplica Seu Poder Divino de Quatro Maneiras O poder divino pode ser colocado em prática de várias maneiras. O palavra hebraica owz refere-se a quatro aplicações diferentes: “força”, “segurança”, “majestade” e “louvor”. Deus nos dá o “poder” espiritual de que precisamos para fortalecer nosso serviço para Ele. É pela autoridade da Sua Palavra e pelo poder do Seu Espírito que podemos obrigar o inimigo a fugir. Quando nos colocarmos debaixo da autoridade de Deus e nos submetermos a ela, receberemos sua cobertura. O diabo não pode subsistir à força espiritual com que nós resistimos e então ele foge rapidamente (veja Tiago 4:7). Deus também nos fortalece com divina “segurança”. Pedro declarou isso da seguinte maneira: “... que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelarse no último tempo.” (1 Pe 1:5.) Nossa fé e nossa confiança – nossa salvação e nossa segurança – estão na força do Deus todo-poderoso. O Senhor nos purificou, chamou e enviou. Ele também nos manterá seguros e firmes até aquele dia. Tendo ATOS / 35 esse entendimento, ouça estas palavras encorajadoras que Paulo escreveu a Timóteo, seu “querido filho” no Senhor: “E, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.” (2 Tm 1:12.) A palavra hebraica owz também se refere à força que nós recebemos quando compartilhamos da “majestade e do louvor” divinos. Somos “reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai” (Ap 1:6). “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.” (Ef 2:46.) Sim, nós nos assentamos com Ele nos lugares celestiais. Nós marchamos com Ele em vitória depois de vencermos as batalhas espirituais. Desse modo, Ele, na verdade, nos permite compartilhar da Sua glória! A esposa de um presidente ou de um rei compartilha da sua majestade e louvor, quando está ao lado dele. Da mesma maneira, nós, que somos chamados “a Noiva de Cristo”, compartilhamos da glória de nosso Noivo divino. Toda honra e todo louvor pertencem a Ele, como o “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (veja Apocalipse 19:16). Por nós mesmos, não somos merecedores dessa honra ou desse louvor. Porém, porque nós pertencemos a Ele – como uma noiva pertence ao seu marido – compartilharemos legalmente da Sua honra. Todo o céu celebrará eternamente com os Seus louvores. E nós estaremos lá – ao Seu lado – compartilhando com Ele da glória, da honra e da majestade do Deus todo-poderoso! “Glória e majestade estão diante dele, força e formosura, no seu santuário.” (Sl 96:6.) O Poder de Deus: Sólido Como o Aço “Confirma, ó Deus, o que já realizaste por nós.” (Sl 68:28 – RC.) 36 / ATOS Na primeira parte desse verso (“Seu Deus ordenou sua força”), Davi usou a palavra hebraica owz para “força”. Nessa parte do verso, ele usa a palavra hebraica azaz para “fortaleça”. Azaz quer dizer “faça forte” ou “endureça”. Algo que é endurecido é sólido e firme. Se for bastante sólido e sufucientemente firme, não se desintegrará sob pressão; nada poderá movê-lo do lugar. Será inabalável – firmemente estabelecido. “Confirma, ... o que já realizaste por nós.”: Davi estava pedindo a Deus que fizesse sólido, firme e inabalável o que Ele tinha realizado para eles. O que isso significa para nós? Quer dizer que Deus quer realizar, dentro de nós e através de nossa vida, algo que é firmemente estabelecido, sólido e robusto; forte o bastante para durar para sempre. Permanecendo Firme Vi muito da obra de Deus ser impedido e até mesmo tombar durante o tempo de tribulação e provação. Não era forte o bastante para permanecer firme sob pressão. Deus ainda quer realizar um forte e sólido trabalho em nossa vida, que nos permitirá permanecer firmes em ocasiões de tentação. A força de Deus é como o concreto quando é derramado. Ele deve se “solidificar” antes que fique firme e forte o bastante para ser usado. Esse era o desejo de Paulo para os cristãos em Corinto: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.” (1 Co 15:58.) Deus quer solidificar assim Sua obra em nossa vida para que nos tornemos fortes em nossa fé e serviço para Ele. Esse também era o grande desejo do coração de Davi para a sua vida e a do seu povo. Então, ele orou: “Confirma [faça sólido, firme e inabalável] o que já realizaste por nós!” Poder Divino Prevalecente Nós vimos que a palavra hebraica azaz no Salmo 68 significa “fortale- ça” ou “solidifique”. Há outro significado, porém, mais adiante que traz luz sobre esse verso do Salmo de Davi. Azaz também quer dizer “prevalecer”. “Prevaleça, ó Deus…” é o argumento de Davi. Nós achamos a mesma idéia nestas palavras de Jesus: “...e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16:18). Na realidade, Jesus está dizendo que é a Igreja, que prevalecerá em lugar do inferno. A palavra “prevaleça” significa “vencer a vontade da pessoa por meio de palavras ou de ação”. Nós vencemos nossas metas superando tudo aquilo que nos faça oposição. Às vezes parece que o inferno está prevalecendo contra a Igreja. Porém, Deus nos assegura que no fim a Igreja seguramente vencerá. Pela força que Deus ordenou, nós prevaleceremos! Nós nunca podemos dizer que falhamos porque a força de Deus não era suficiente nem estava disponível. Ela sempre está lá à nossa disposição, e é sempre suficiente. Nós só podemos dizer que falhamos por não termos fé para receber o que Deus já nos tem dado. Paulo esperava que o poder de Deus prevalecesse na vida do Seu povo: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Fp 1:6.) Deus nunca começa uma obra que não completará. Ele sempre apóia a Sua obra pelo poder prevalecente da Sua Palavra. “Prevaleça, ó Deus, o que já realizaste por nós!” Deus Fortalece Sua Obra, Não a Nossa A obra de fortalecer que nós estudamos é totalmente relacionada à ação de Deus – não à nossa. Vemos isso nas palavras de Davi: “Confirma... o que já realizaste por nós” (Sl 68:28). Muitas vezes imploramos e pleiteamos junto a Deus para fortalecer algo que Ele nunca começou. De alguma maneira sentimos que, se tãosomente pudermos tocar a Deus em JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 oração, Ele fortalecerá qualquer coisa que se relacione a nosso trabalho para Ele. Nós nos assentamos durante horas, enquanto fazemos planos para Deus. Então, no fim, pedimos a Sua bênção. Na verdade, nós só temos o direito de pedir a Deus que fortaleça a obra que Ele começou – e deseja continuar. Deus não está interessado no trabalho de nossas mãos, ou nos planos de nossa mente, ou no orgulho de nosso coração. Ele só prometeu fortalecer o que Ele está fazendo através de nós! Como é importante, então, descobrir o que Deus está fazendo, e permitir que Ele faça isso através de nós. Só quando estamos envolvidos na obra de Deus é que podemos esperar que Ele esteja com Sua força ao nosso lado. À medida que buscamos a Sua face para fazer a Sua vontade, Ele prontamente nos proverá com o poder e a sabedoria de que nós precisamos. Há segurança e força no propósito e nos planos de Deus. Nossa fé será fortalecida quando nos conscientizarmos de que estamos dentro da sua vontade. Só então poderemos resistir ao inimigo com a certeza de que prevaleceremos. Esperança Triunfante É o Deus de toda a força que traz à Sua Igreja o pleno crescimento e maturidade. Somente Ele é a Fonte da Sua vida durante o Seu trabalho e Seu testemunho aqui na terra. Ele prometeu proteger e preservar tudo o que Ele realizou na, com e através da Igreja. Ele a escolheu como uma Noiva real para o Seu Filho. E a Noiva, junto com o Seu Senhor e Mestre Jesus Cristo, sempre reinará com Ele! “Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre…” (Dn 7:18.) “Se perseveramos, também com ele reinaremos...” (2 Tm 2:12.) “Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai...” (Ap 1:5,6.) “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.” (Ap 3:21.) “Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos. Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele. Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos.” (Ap 22:1-5.) Reinar com Ele para sempre... possa Deus fortalecêlo com essa esperança triunfante, solidamente fundamen■ tada em Sua Palavra firme e inabalável. JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 David Newington Nota do editor: Durante mais de 50 anos, David Newington, fundador da Editora Emmanuel na África do Sul, serviu a Igreja de Jesus Cristo abnegadamente. Ele e sua esposa, Loreen, serviram ao Senhor no continente africano, e publicaram uma grande variedade de livros, folhetos e panfletos. Por muitos anos, os Newingtons também se associaram à World MAP, distribuindo e coordenando a Revista ATOS e O Cajado do Pastor em toda a África do Sul, e auxiliando em acampamentos e conferências patrocinadas pela World MAP. No dia 1.º de agosto de 2001, David Newington, dormindo serenamente, abandonou essa terra, e despertou em seu lar celestial e, finalmente, viu o seu amado Salvador face a face. Nós honramos o Irmão Newington pelos seus anos fiéis de serviço sacrificial para Jesus, e estamos reimprimindo uma pequena porção de um dos seus folhetos para a edificação do leitor. Possa cada um de nós, como David Newington, correr “com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé” (Hb 12:1-2). Jesus, Aquele que Carrega Meus Fardos David Newington “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si... as iniqüidades deles levará sobre si... levou sobre si o pecado de muitos...” (Is 53:4,11,12.) ATOS / 37 Que Carregador de fardo! Abençoado seja o Seu Nome! Jesus é Aquele que carrega MEU fardo. santo trono do Pai. Mesmo sabendo tudo a meu respeito, Ele ainda permaneceu como meu Intercessor e levou o meu pecado. Ele Levou um Fardo Contaminado O pecado é uma enfermidade... uma doença... uma infecção da alma humana! É contaminador, nocivo e horrível – um câncer do coração. Jesus levou esse terrível fardo imundo em Sua alma imaculada. Isso é mais terrível do que podemos imaginar! O Cordeiro Santo levando um fardo profano. Ele Levou um Fardo Doloroso Ele levou nossas dores (sofrimentos) também. “homem de dores” (Is 53:3). As Suas dores? Não – as NOSSAS! Ele estava familiarizado com a aflição. Leia Lamentações 1:12: “Considerai e vede se há dor igual à minha.” Leia também Salmo 116:3: “Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim.” 38 / ATOS Ele Levou um Fardo Vergonhoso “[Ele] foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos.” (Is 53:12.) Ele era amigo de publicanos, pecadores e meretrizes. Paulo disse, “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” (1 Tm 1:15). Você e eu podemos dizer o mesmo! Ele Levou um Fardo Calculado “[Ele] levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores INTERCEDEU.” (Is 53:12). Mesmo conhecendo exatamente qual era o peso, a essência e as características do meu pecado e sua profunda e secreta motivação, Ele INTERCEDE por mim. Legal e precisamente Ele representou a mim e ao meu pecado perante o Ele Leva, Não Uma Única Vez, Mas Todo o Fardo da Vida Por Mim Seu trabalho de levar o meu fardo não parou no dia de minha salvação do pecado. Ele continua levando o meu fardo diariamente. Eu faço o que a Sua Palavra diz: “Confia os teus cuidados ao Senhor, e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado.” (Sl 55:22). Se eu for deixado aos meus cuidados, eu cairei mil vezes, ao tentar levar meus fardos. Mas eu os coloquei nos ombros fortes e compassivos de Cristo, o Carregador dos meus fardos. Ele Leva Nossos Fardos, Mas Só Até Hebreus 9:28… ”Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.” Quando nós O virmos pela segunda vez, não será como Aquele que leva nosso fardo, mas como nosso Senhor e Rei que regressou. Ele não terá nenhum fardo em Seus ombros. Ele – e nós nEle – estaremos para sempre livres de fardos. Uma antiga canção diz: Nenhum fardo além, toda a tristeza passou; Nenhum fardo além, finalmente estaremos em casa. ■ JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 Leia, no próximo trimestre, na Revista ATOS Fortalecimento Divino… Para Sua Família Agora que você estudou esta edição da Revista de ATOS, esperamos que esteja pensando em como compartilhar o que aprendeu com os dois rebanhos que você é chamado a conduzir. Sim, dois – aquele que você ensina na igreja… e o outro em casa. Sim, sua família precisa de liderança e de treinamento religioso da mesma maneira que aqueles que você ensina na igreja. Você está ensinando a Palavra à sua família? Está encorajando-a na fé e auxiliando-a em amor? Marido, você está amando sua esposa, da mesma forma que Cristo amou a Igreja e deu Sua vida por Ela (Ef 5:25)? Esposa, você está escolhendo respeitar seu marido e viver debaixo da proteção e da cobertura de sua liderança (Ef 5:33)? Pais, vocês estão ensinando a seus filhos o caminho em que eles devem andar (Pv 22:6; Ef 6:4)? Pense nessas perguntas enquanto espera a edição de outubro de 2002 da Revista ATOS. Será uma edição especial sobre a “Família” e lhe dará bases bíblicas firmes para um matrimônio forte e uma saudável vida familiar religiosa. Você é chamado para ministrar e liderar na igreja; também é chamado para ministrar e liderar em casa. Nenhuma dessas chamadas divinas deve ser negligenciada; nem deve ser esquecido que o propósito de ambas as chamadas é levar outros a Jesus, ajudá-los a se tornarem discípulos, e glorificar a Deus. Esperamos que você e sua família estudem juntos essa edição da Revista de ATOS, assim que chegar. (Você pode compartilhar o estudo com outros líderes de igreja e até mesmo com suas famílias.) Oramos para que Deus continue fortalecendo-o e abençoando-o e que você continue ministrando em sua igreja… e em sua casa. ANÚNCIO ESPECIAL Amado Líder de Igreja: Saudações no precioso Nome de nosso Senhor Jesus! Devido a insuficiência de fundos, haverá apenas 3 edições da Revista ATOS neste ano de 2002. Esperamos que seja somente uma pausa temporária. Você receberá a edição de ATOS sobre a Família (conforme mencionado acima) no início de 2003. Por favor, continue orando pela provisão abundante de Deus para o World MAP de forma que possamos suprir os líderes de igreja ao redor do mundo com o sólido ensino da Palavra de Deus. Agradecemos a Deus por nos permitir servir a você e participar do seu trabalho de ganhar as nações para Cristo, de forma que todos possam conhecê-Lo. Frank R. Parrish e a Equipe do World MAP JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002 ATOS / 39 IA P Ó L C UA N Í V E S A P O A! D I S GOR A Solicite sua cópia deste poderoso equipamento literário de World MAP! O Cajado do Pastor – conhecido por alguns como "Uma Escola Bíblica em Livro" – é uma obra de 1000 páginas projetada para treinar e equipar líderes de igreja. Contém escritos, com base bíblica, de muitos autores cheios do Espírito. Este livro foi compilado para satisfazer as necessidades especiais de líderes de igreja que trabalham na Ásia, África e América Latina. Neste livro, O Cajado do Pastor, você achará: [1] Um Manual de Treinamento Para Novos Crentes que cobre todos os assuntos que você precisa ensinar a novos convertidos. [2] Uma Concordância Tópica com milhares de referências bíblicas, que cobrem 200 principais tópicos da Bíblia. Esta seção de referência de O Cajado do Pastor o ajudará a ensinar a Bíblia a outros. [3] Um Guia Para Treinamento de Líderes, contendo o melhor material de treinamento de liderança de igreja reunido por World MAP durante os últimos trinta anos. Tudo isso e muito mais está contido em um único volume chamado O Cajado do Pastor! Para receber sua cópia deste poderoso Livro Para Treinamento de Líderes, O Cajado do Pastor, leia e preencha cuidadosamente o Formulário de Solicitação anexo a esta revista. Após responder todas as perguntas, e escrever suas respostas tão claramente quanto possível, remeta o formulário para o endereço de World MAP mais próximo de você. Você receberá sua cópia do livro O Cajado do Pastor o mais rápido possível (mas devido aos embaraços que ocorrem às vezes no correio, por favor, dê um prazo de 6 meses, pelo menos, para O Cajado do Pastor chegar até você). 40 / ATOS JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002