Jornal de Julho - Escrita na Paisagem
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Jornal de Julho - Escrita na Paisagem
DE JULHO A AGOSTO Programação Julho English Inside COSMOPO FICHA TÉCNICA H CREDITS Escrita na Paisagem - FESTIVAL DE PERFORMANCE E ARTES DA TERRA Direcção Artística e de Programação H Arts Curator José Alberto Ferreira Coordenação de Produção H Producing Coordination Inês Pinelas Produção Executiva H Executive Producer Daniel Catarino e Sara Santana Voluntariado H Voluntary Ana Saloio, Carla Cupido, Joana Palhinha, Julieta Tobias, Margarida da Silva, Patrícia Moio, Zara Pereira Comunicação e Multimédia H Communication and Multimedia Carlos Silva Comunicação H Communication Joana Ricardo Produção de Conteúdos H Content Production Mariana Mata Passos Direcção Técnica H Technical Direction Nando Zâmbia Design Gráfico H Graphic Design NuvemK Web Design Fernando Gomes & Edoardo Brachetti Escrita na Paisagem - festival de performance e artes da terra é um projecto H is a project Colecção B, associação cultural Estrutura Financiada por H Structure funded by Governo de Portugal, Secretário de Estado da Cultura, Direcção-Geral das Artes Projecto Associado H Associated Project Divina Commedia — Myllyteatteri, Culture Program of European Union Parcerias H Partnerships Fundação Eugénio de Almeida; CHAIA da Universidade de Évora; Soraia Simões / MURAL SONORO (projecto Africa Move); Auditório Soror Mariana; Tribunal da Relação de Évora Apoios Municipais H Municipalities Supports Câmara Municipal de Évora (Festival Terras do Sol, InAlentejo 2007-2013, União Europeia) e Câmara Municipal de Vila Viçosa Apoios Media H Media Support Semanário Registo, DianaFm Apoios Comercias H Commercial Supports Hotel D.Fernando - Grupo Barata; Túnel Restaurante e Bar 02 OLíTiCAS? Se o mundo todo é ainda um palco, como queria Shakespeare (em As you like it), a verdade é que ele é hoje um palco decididamente global e complexo onde, mais do que sermos ‘meramente personagens’, nos confrontamos com o imperativo de sermos actores participantes e activos nos cenários globais. É nessa direcção que vamos com a 9ª edição do Escrita na Paisagem, festival de performance e artes da terra, subordinado ao tema cosmopolítica. Que significa cosmopolítica? Desde logo a afirmação de uma dimensão global que, não se confundindo nem com a vagueza do exotismo ‘cosmopolita’ (ou a sua sofisticação internacionalista) nem com a projecção de um bem universal (com em Kant, ao idealizar uma comunidade movida pelo bem comum e pela paz), procura atender à circunstância multi-cultural e plural das comunidades, à diversidade das escalas de pertença e de identidade dos sujeitos (entre o local e o global, entre o ‘aqui e agora’ e as mobilizações globais), aos cruzamentos (mashups, mixings) de influências que nas linguagens da arte e da cultura tão fortemente encontram expressão. Atento ao apelo ético, político e cultural do tempo presente, o palco que o Festival Escrita na Paisagem configura não pode, pois, deixar de ser cosmopolítico, de se projectar em ‘lentidão e interstícios’ (como propõe Isabelle Stengers), de se verter na inclusão de alteridades (como sugere Walter D. Mignolo), de acolher o diverso, o estranho, o emigrante, o marginal, o profano, o insano, o subalterno, enfim, o que o pensamento pós-colonial e a teoria crítica apontam como lugares de tensão, de assimetria, de negociação e de poder, em suma, de política. De cosmopolítica. Não parece haver melhor tempo para este debate no contexto europeu, como parece confirmar Daniel Innerarity em O Novo Espaço Público (Lisboa, Teorema, 2006), ao afirmar que «(…) uma Europa cosmopolita é hoje a última utopia política efectiva». E a isso vamos, apesar (ou por isso mesmo) do anunciado colapso europeu. É que,quer caminhe a história num ou noutro sentido, é aos seus actores que cabe pensá-la, agir nela, fazê-la, pois. José Alberto Ferreira Director Artístico do Festival Escrita na Paisagem COSMOPOLiTiCS If ‘All the world is a stage”, as Shakespeare wanted (in As you like it), the truth is that it is now, for sure, a global and complex stage where, rather than being 'merely characters', we are faced with the need of being actors and active participants in the global scenario. This is the direction we're going with the 9th edition of Escrita na Paisagem Festival, with the theme cosmopolitics. What is the meaning of cosmopolitics? To begin with, it's the affirmation of a global dimension, not to be confused with the vagueness of the exotic 'cosmopolitan' (or its internationalist sophistication) or the projection of a universal goodness (as in Kant, devising a community driven by common goodness and peace). It intends to meet this multicultural and plural circumstance of communities, along with the various scales of belonging and identity of the participants (between local and global, between 'here and now' and global mobilizations), and to cross (mash-up, mix) artistic languages and cultures that, nowadays, find such strong expression in art and elsewhere. Hereupon, and taking into consideration the ethical, political and cultural appeals of present times, Escrita na Paisagem Festival could not help but to build a cosmopolitan stage, to project itself in 'slowness and interstices' (as proposed by Isabelle Stengers), to pour itself in the inclusion of alterities (as suggested by Walter D. Mignolo), to welcome the diverse, the stranger, the emigrant, the marginal, the profane, the insane, the subaltern, in short, everything that post-colonial thinking and critical theory point as tension spots, as asymmetrical, as negotiation and power, basically, as politics. As cosmopolitics. There was never a better time for this debate in an European context, as Daniel Innerarity seems to confirm in The New Public Sphere (Lisbon, Teorema, 2006), stating that "(...) a cosmopolitan Europe is, nowadays, the last effective political utopia." That is our aim, even considering (or because of) the announced european collapse. Because no matter which direction history will follow, its actors are the ones supposed to think about it, act on it and of course, make it happen. José Alberto Ferreira Artistic Director of the Escrita na Paisagem Festival 03 Miira Sippola DIVINA COMMEDIA by MYLLYTEATTERI 04 N 05 N 06 N 07 Pedreira da Gradinha, Vila Viçosa Teatro Projecto de Criação A GLIMPSE AT THE TIMELESS STRUGGLE OF A MAN WITH HIMSELF IN A EXTRAORDINARY SCENERY IN ALENTEJO'S LANDSCAPE, A DEACTIVATED MARBLE QUARRY IN VILA VIÇOSA. Divina Commedia é uma performance de teatro interpretada por um grupo multi-artístico vindo de diferentes cantos da Europa. É um novo teatro poético sobre os temas que tocam qualquer ser humano e vai ser apresentado ao público numa localização extraordinária: uma pedreira de mármore abandonada em Vila Viçosa. Este projecto de criação reescreve o clássico do século XIV escrito por Dante, adaptando a sua mensagem ao teatro da vida interior. Constrói-se, portanto, à volta de discursos emocionais cheios de poesia e de vontade de compreender as raízes e as relaçoes humanas familiares. Um ser humano em crise, uma personagem, navega à procura do sentido da vida, pela mão da criança que em tempos foi, e descobre o sítio, o tal porto seguro para onde todos rumamos, guiados pelo coro e pela música, como nas antigas tragédias gregas. Esta sinfonia visual e física foi criada e interpretada por um grupo de artistas de teatro da Finlândia, Grécia e Portugal, e é o resultado de um processo que há muito vem sendo desenvolvido entre estes países. Na pedreira de mármore abandonada de Vila Viçosa, representa-se, no entanto, o palco da mente, sem fronteiras. Divina Commedia, projecto com financiamento de Programa Cultura da Comissão Europeia | Parceria Câmara Municipal de Vila Viçosa | Apoio Fundação Obras | Parceria de Divulgação Turismo do Alentejo, ERT e Embaixada da Finlândia em Portugal. 04 Divina Commedia is a theater performance interpreted by a multi-artistic group from different corners of Europe. It's a new poetic theater about themes that touch every human being, and it will be presented in an extraordinary location: an abandoned marble quarry in Vila Viçosa, Portugal. This creative project rewrites Dante's 14th century classic, adapting its message to the theater of inner life. It is built around emotional and poetic speeches, in a quest to understand familiar human relations and roots. A human being in crisis, a character sailing out to find the meaning of life by the hand of the child that he used to be, until he finds a place, a shelter where we're all headed at, guided by choir and music, like in old Greek tragedies. This visual and physical symphony was created and interpreted by a group of theater artists from Finland, Greece and Portugal, and it's the result of an ongoing long process developed between these countries. In the abandoned marble quarry in Vila Viçosa, the stage of the mind will be depicted without any boundaries. Divina Commedia, a project financed Programa Cultura da Comissão Europeia | Parceria Câmara Municipal de Vila Viçosa | With help from Fundação Obras | Partnership with Divulgação Turismo do Alentejo, ERT and Finnish Embassy in Portugal. Em a Divina Commedia, Miira continua a criar teatro visual e físico sobre temas ontológicos, com o seu estilo único e em constante desenvolvimento, que demonstra, ao longo dos anos, o interesse e conhecimento profundos pelo teatro ocidental mas, também, a inspiração estética que lhe vem de autores de teatro vanguardistas como Tadeusz Kantor e do método rigoroso de actuação do mestre de teatro japonês Tadashi Suzuki, ambos focos do seu interesse e paixão. Sippola acolhe agora artistas de teatro de diferentes cantos da Europa, para cavar as imagens poéticas e grotescas da mente humana do fundo da Divina Comédia de Dante. Miira Sippola has worked with her Helsinki-based theatre group Myllyteatteri since 2003. In Divina Commedia she continues creating visual and physical theatre on the onthological matters, with her own unique and ever developing style, which for years has shown the love and deep knowledge of the classical metaphysics of the western thinking and the rich history of the western theatre; and on the other hand the inspiration for the aesthetics, given by the avantgarde theatre makers like Tadeusz Kantor and the rigorous acting method of the Japanese theatre master Tadashi Suzuki, both of whose theatre have stayed in Sippola’s interest and love for years. Now Sippola has collected theatre artists from different corners of Europe, to dig the grotesque and poetrical pictures of the human mind, from the bottom of Dante’s Divina Commedia. Myllyteatteri Myllyteatteri é um grupo profissional de teatro fundado em 2003, sedeado em Helsínquia mas que trabalha a nível internacional. Fazemos performances que criam linguagens representativas musicais e visuais. Experimentamos diferentes elementos do teatro: o actor e a estética que dele deriva; objectos; música, som; luzes; e o espaço de actuação. Nas actuações do Myllyteatteri, é recorrente ver o amor pela história ocidental e a sua rica tradição teatral, com incidência no teatro vanguardista polaco, ao qual o grupo vai buscar inspiração para criar arte contemporânea de palco. Myllyteatteri is a professional theatre group founded in 2003, based in Helsinki and working internationally. Myllyteatteri is the initiator and collector of the international group of artist who you can meet in Divina Commedia. We do performances that create musical and visual performing language. Our nature is to experiment and try. Important elements in our performances include the actor and the aesthetics arived from him, objects, music, sounds, lights and the performing space. In Myllyteatteri’s performances often is seen love for the western history of thinking and the rich theatre tradition, from which the group takes its inspiration. Colecção B A Colecção B é uma associação cultural sem fins lucrativos, sediada em Évora. Organiza desde 2004 o Festival Escrita na Paisagem. Colecção B, Associação Cultural is an nonprofit association dedicated to artistic creation and programming. UM OLHAR SOBRE A LUTA INTEMPORAL DE UM HOMEM CONSIGO PRÓPRIO NUM CENÁRIO EXTRAORDINÁRIO NA PAISAGEM ALENTEJANA NUMA PEDREIRA DE MÁRMORE EM VILA VIÇOSA FICHA TÉCNICA N CREW Guião e Encenação N Script and Director Miira Sippola (fin) Actores N Actors André Salvador; Diana Niepce; Fábio Moreira; Susana Nunes (pt); Nantia Papatheodorou (gre); Idalotta Backman (fin); Jaakko Kiljunen; Tuomas Tulikorpi; Ulla Raitio; e Yuko Takeda (jap). Actores — CoroN Actors - Choir João Bandeira, Sofia Ramos, Tânia Chita, Vicente de Sá (pt) CenografiaN Visual designer Aili Ojalo (fin) Desenho de luzes N Light designer Anaísa Guerreiro (pt) Desenho de som N Sound designer Rui Lima (pt) e Sérgio Martins (pt) Produção ExecutivaN Executive Production Arlinda Ribeiro (pt) FiguirinistasN Costume Design Sara Machado da Graça (pt) Confecção de Guarda RoupaN Wardrobe Marta Ricardo (pt) AcolhimentoN Household Carolien and Ludger — Fundação das Obras Coordenadores do Projecto Europeu N European Project Coordinators Myllyteatteri — Katri Muhonen (fin) Colecção B — José Alberto Ferreira (pt) web www.myllyteatteri.fi www.escritanapaisagem.net 05 CINEMA NO LARGO TODAS AS TERÇAS FEIRAS EVERY TUESDAY AT 10 P.M., A NEW 22.00h SOUNDTRACK FOR CLASSIC MOVIES WILL BE CREATED AND PLAYED LIVE. MÚSICA DE XINÊS 2pt3 Largo de São Vicente, Évora Cinema No princípio todas as imagens eram silenciosas, registos mudos, imitações do mundo, depois, inventou-se a fotografia que imprimia a forma das coisas no papel mas não as deixava falar. As primeiras imagens em movimento, para contar uma história e comunicar emoções ao espectador, usavam legendas e convocavam uma orquestra para acompanhar a projecção. A ligação entre música e cinema não é, portanto, uma novidade, é qualquer coisa que faz parte da própria fruição do cinema e chamamos-lhe banda sonora. Alguém disse, aliás, que os melhores músicos contemporâneos estão escondidos atrás dessa grande indústria, dessa grande tela onde se projecta o filme. Recuperando essa antiga tradição e trazendo-a para os nossos dias, o Festival Escrita na Paisagem traz, ao Largo da Igreja de São Vicente, músicos que vão actualizar o ambiente sonoro de filmes fundamentais da História do Cinema como “O Homem da Máquina de Filmar” de Vertov ou “20.000 Léguas Submarinas”, um prodígio de efeitos especiais de 1916. MÚSICA PARA OUVIR 03 24 para O Homem da Máquina de Filmar no Escuro do Cinema Xinês chega ao Festival Escrita na Paisagem, vindo de uma digressão por terras espanholas, com os famigerados Sepultura. E, chega, para pôr o Largo de São Vicente em sentido, ao ritmo de Dziga Vertov. “O Homem da Máquina de Filmar”, esse clássico do cinema é, também, uma reflexão sobre como registamos o mundo que nos rodeia e criamos pontos de vista. Xinês começou a tocar com o pai, ainda em tenra idade e tocou com várias bandas até se estabelecer em 2005 com os Switchtense, com quem faz várias digressões, por Portugal e pela Europa. É baterista de Switchtense, O Rijo, Awaiting The Vultures e Alentexas. Antes do filme começar a sala está às escuras e os músicos estão em silêncio arrumando os seus lugares. Querendo recriar essa mesma expectativa e a emoção do desconhecido que fazia parte da ida ao cinema nos dia da infância, não lhe vamos dizer o que vai acontecer, se quiser saber vai mesmo ter de aparecer! MÚSICA DE MOON (in) MOTION MÚSICA DE JOSÉ ALBERTO GOMES 2pt3 para The Silent Room 10 Fazer de cada música um veículo para o universo das imagens em movimento - o cinema - é a proposta dos MOON(in)MOTION. Logo à primeira audição do álbum 'the silent room' somos transportados para o universo cinematográfico, onde a poesia, a imagem e o som se reencontram. Tocando com uma intimidade própria, que os define, os MOON(in)MOTION vão trazer-nos o seu próprio filme e mostrar-nos o outro lado da lua, esse harmonioso movimento de revolução do satélite que reflecte a luz do cinema na noite. MÚSICA DE MIGUEL MOCHO 2pt3 17 para Curtas sobre Trabalho Músico de mil ideias e ofícios, Miguel Mocho poderia ter sido encontrado numa encruzilhada, qual Robert Johnson, de guitarra às costas e harmónica no bolso. Bluesman nato, fala uma linguagem sulista com os dedos e carrega o deserto nas suas veias. Junto a Zé Sapo, baixista e violoncelista com muitos quilómetros de palco, e a Rui Gonçalves, baterista com técnica apurada e expressividade únicas, formam um power trio capaz de encontrar um equilíbrio sonoro entre as planícies alentejanas e o deserto americano, entre o seu trabalho enquanto músicos e as imagens em movimento que vão ser projectadas. 06 2pt3 31 para 20.000 Léguas Submarinas José Alberto Gomes vem dar música ao grande polvo que vamos projectar no Largo da Igreja de São Vicente. Este polvo, que habita os mares profundos dos EUA, é um monstro saído da imaginação de Júlio Verne e, o filme que no-lo apresenta, “20.000 Léguas Submarinas” de Stuart Paton, exigiu uma série de inovações técnicas tais como a “fotografia subaquática” dos irmãos Ernest e George Williamson e a construção de um submarino em tamanho natural. Mas, atenção!, foi tudo filmado em estúdio: qualquer semelhança com a realidade é, como sabemos, pura coincidência. José Alberto Gomes é criador nas áreas de música e sonoplastia para peças de teatro e vídeo, criação e programação para interactividade sonora em instalações e composição para electrónica e ensemble instrumental. ÁFRICA MOVE 11 2cv3 Vamos ouvir Bilan. Nascido numa família de reconhecidos músicos cabo-verdeanos, é o contacto com a cidade e uma certa saudade das ilhas da Morabeza queque dão o tom à sua estética musical. Segundo Bilan, a sua música "reforça uma miscigenação de estilos e influências, mostrando, dentro da música urbana, um outro lado de viagem e de diáspora banhadas pela língua crioula e pelos os contornos da ’sabura’ “. Música A música de raiz africana respira na produção de vários criadores musicais dos séculos XX e XXI em Portugal. Respira, tanto pela circulação dos protagonistas, como pela indústria discográfica e da difusão musical. Respira, tanto na circulação dos protagonistas, como na indústria discográfica e de difusão musical. Ouve-se nas profundas influências que a relação histórica que une as duas culturas potencia (entre os limites do período colonial, a circulação que as independências geraram e as contaminações que o mundo global continuamente (re)faz). Está, como dizemos, no ar dos tempos, na massa do sangue. Entra no ouvido e faz mover os corpos e os continentes. 2pt3 Bilan Largo de São Vicente, Évora Uma partilha histórica do ser e do fazer, marcada pelas ideias de identidade e de diferença resultantes de um longo processo de cruzamento e miscigenação, dá a forma a esta cultura comum que se manifesta no campo artístico e, sobretudo, no campo musical, como valor inquestionável da produção contemporânea. 06 Abrem a programação os Skolah Bedja, numa noite dedicada à multi-instrumentalidade. Miguel Gomes, da Associação Gaita de Foles de Portugal, gaiteiro e percussionista e Sebastião Antunes, Mestre da Quadrilha e músico de sete instrumentos (guitarra, bouzouki, bandolim, bandoleta, percussão, flauta e tin whistle). TODAS AS QUARTAS FEIRAS 22.00h O Festival Escrita na Paisagem chega à 9ª edição com o tema cosmopolíticas. Tema complexo e de extrema actualidade, permite situar a criação artística contemporânea entre o Alentejo e o mundo, entre a condição local e o apelo global. O entrosamento entre as culturas portuguesa e africana ganha, portanto, particular centralidade no contexto da abordagem que propomos, este ano, como tema. Skolah Bedja O Festival Escrita na Paisagem, em parceria com a Mural Sonoro, apresenta África Move, o programa de todas as quartas-feiras, de 4 de Julho a 29 de Agosto, dedicadas à música, no Largo de São Vicente, em Évora. Múcio Sá 18 Francesco Valente 2br3 2it3 ESCRITA NA PAISAGEM FESTIVAL AND MURAL SONORO PRESENT AFRICA MOVE, YOUR WEDNESDAY NIGHT MUSIC PROGRAMME IN LARGO DE SÃO VICENTE, ÉVORA. Múcio Sá e Francesco Valente estão connosco no dia 18 de Julho. Nascido no Brasil (Bahia), Múcio é um músico/instrumentista, que toca vários instrumentos: Mandolim, Ukelele, banjo, baixo e guitarra portuguesa. Francesco Valente, de conjuntos como os Terrakota ou Orquestra Todos, é também um multi-instrumentista, embora nos tenha habituado a vê-lo como contrabaixista. Dj Leo Leonel 25 2br3 O Dj Leo Leonel chega ao Largo de São Vicente, no dia 25 de Julho. Nascido no Rio de Janeiro, é um apaixonado pela música e vem apresentar-nos um set onde cruza a lusofonia com a cultura pop global, numa viagem que vai “da tradição à modernidade”, como ele próprio nos diz. 07 programação de julho H july DOMINGO RURAL DIVINA COSMOPOLíTiCAS COMMEDIA EXHIBITION ana Dias 2pt3 Exposição/Instalação Igreja de São Vicente, Évora 01 N 29 Como pintar o espaço comum, esse espaço de separações e diferenças entre o eu e o outro? Como traçar a fronteira entre países longínquos e culturas próximas quando habitamos este “caos organizado” a que ousamos chamar aldeia global? É preciso pintar um mapa, pintar o que nos distingue e dar forma ao que nos aproxima; colorir as fronteiras que nos impedem de pensar a igualdade das pessoas e reflectir sobre os problemas que todos, mais ou menos, sabemos localizar. É preciso usar a pintura como plataforma de entendimento mas, como pensar visualmente o conceito de cosmopolítica? Isso é o que faz a artista Ana Dias, com este lote de trabalhos que apresenta na exposição com que se inaugura o Festival Escrita na Paisagem 2012. Não esquecendo que a imagem é, também, aquilo que nos revela, a artista mostra-nos as linhas que nos cosem uns aos outros, os espaços sobrepostos das nossas vivências, os cheios e os vazios que se criam entre os indivíduos e as definições/instituições, as transparências e as intersecções dos nossos territórios de acção, sublinhando esta ideia (herdada, ainda, dos antigos descobridores) de que um mapa é o maior tesouro: é aquilo que nos permite chegar mais longe sem nos enganarmos no caminho. MÚSICA DE XINÊS 2pt3 para O Homem da Máquina da Filmar THE MAN WITH A MOVIE CAMERA Cinema Largo de São Vicente, Évora 03 22.00h Veja o destaque na página 6 Myllyteatteri Palavra de Viajante 3 08 Patrícia Portela 3 22 Teatro Projecto de Criação Pedreira da Gradinha, Vila Viçosa 04 N 0721.30h Veja o destaque na página 4 SKOLAH BEDJA Música Largo de São Vicente, Évora 04 22.00h A meal in the countryside, with friends guests and artists, served with an informal conversation around a previous defined theme. Veja o destaque na página 7 COMFORT ZONE Para reservas e informações 266 704 236 N 919 306 951 ou [email protected] 3 Performances de Alexandre Lyra Leite 2pt3 Inestética Companhia Teatral Performance Igreja de São Vicente, Évora 06 N 0721.30h Como é que ficamos a conhecer o limite dos outros? Qual é o tamanho da nossa zona de conforto? A performance, mais do que qualquer outra categoria artística, esbate os contornos entre o território da arte e os espaços da vida, reforçando a ideia de Shakespeare de que o mundo é um palco. Usar o corpo como suporte para a representação do confronto entre conceito e preconceito (entre as ideias e a forma como arrumamos essas ideias), problematizando a relação entre o eu e o outro (entre o pensamento do artista e a sensibilidade do espectador), é a forma encontrada para tornar visíveis as fronteiras da zona de conforto de uns e de outros. Em The Baking Powder Girl, Comfort Zone e Walking Girl, os performers Alexandre Lyra Leite, Inês Gonçalves, Inês Martins, Joana Caçador e João Luz, da Inestética Companhia Teatral, criam um território fora dos limites que eles próprios estabeleceram para a sua apresentação, encenando, também, o nosso desconforto. Three performances about comfort and discomfort in representation. 08 Vamos reunir amigos, artistas e convidados do Festival Escrita na Paisagem à volta de uma mesa e cozinhar estes ingredientes. A ideia é cozinhar relações e aproveitar o entorno de Évora: a dois passos do campo e em permanente diálogo com as nossas diversas origens. Vamos ouvir os espaços que nos envolvem com maior tranquilidade, ganhando (bom) tempo só por não olhar para o relógio, e vamos alimentar o conhecimento que temos sobre um tema, proposto em avanço, e aberto à discussão. Esta partilha de sabores, saberes e receitas vai, certamente, abrir o apetite para uma outra maneira de pensar as políticas da natureza e as naturezas da política. MÚSICA DE MOON (iN) MOTION para The Silent Room Cinema Largo de São Vicente, Évora 10 22.00h Veja o destaque na página 6 2pt3 QUERIDOS BARBUDOS Marta Sales 2pt3 Sexualidades, do sexo nas artes Residência Artística Largo de São Vicente, Évora 10 N 14 22.00h “A barba, por ser quase uma máscara, deveria ser proibida pela polícia.”. Essa é a opinião de Arthur Schopenhauer mas não é para fazer o papel de agente da polícia que teremos Marta Sales como artista residente do Festival. É um facto científico conhecido que as barbas crescem mais no verão e é por esse motivo que a desenhadora vai estar no Largo de São Vicente a retratar os barbudos e as barbudas que por lá passarem. Sim, barbudos e barbudas. É que, se não quer ou não pode deixar crescer a sua, foi a pensar em si que se inventaram as barbas postiças! Marta will draw you a portrait with beard (fake or not). BILAN Música Largo de São Vicente, Évora 11 OUTROS CINEMAS 22.00h Veja o destaque na página 7 Cinema 13 Animação Sexualidade e desejo I 3 18.00h Dietmar Brehm, Blackgarden 3 21.30h Destricted 3 24.00h 7 filmes de artistas sobre sexo e pornografia. 14 Animação Sexualidade e desejo II 3 18.00h Super 8 girls 3 21.30h Warhol, I a man 3 24.00h 15 Curtas documentais de Kurt Kren, ou a documentação da performance 3 18.00h As interrogações sobre as sexualidades encontram plena expressão no quadro do cinema. Trata-se, nesta etapa do ciclo que dedicamos ao tema, de pensar criações servidas por discursividades desviantes ou por narrativas perturbadoras (entre Warhol, Larry Clark e Mathew Barney) e de nos confrontarmos com os excessos (como na performance feminista e lésbica de Super 8 girls ou nas criações apresentadas em Destricted) ou com a reciclagem de imagens a partir da memória do cinema (como em Dietmar Brehm). Um conjunto de filmes que equacionam as representações da sexualidade cruzando o espaço cinematográfico com a o da criação artística, emoldurado por duas sessões de curtas de animação e encerrada com filmes de Krut Kren que colocam a questão da documentação e da sexualidade performativa. A sexualidade como uma das belas-artes, portanto? MÚSICA DE MIGUEL MOCHO para Curtas sobre Trabalho Cinema Largo de São Vicente, Évora 17 22.00h Veja o destaque na página 6 09 MÚCIO SÁ E FRANCESCO VALENTE Música Largo de São Vicente, Évora 18 PRÁTICAS DOCUMENTAIS/ PRÁTICAS DOCUMENTADAS Encontros Igreja de São Vicente, Évora 19 18.00h 22.00h Veja o destaque na página 7 HENRIQUETA,UMA CARTOGRAFIA INTÍMA Entre a formação e a informação, as PDPD solicitam ao espectador que escolha, tome decisões, avalie e retire consequências daquilo que viu e ouviu. Uma mesa, materiais de documentação disponibilizados, formas de exibição negociadas, debatidas e filtradas pela sua presença, sem a qual nenhuma das possibilidades se concretizaria. Instalação/ Vídeo HORTUS Largo de São Vicente, nº 8, Évora Christoph De Boeck 2be3 & Patrícia Portela 2pt3 susana Mourão 19 2pt3 19.00h SALÃO UTÓPICO Inauguração Instalação / Encontro Exposição até 5 de Agosto Tribunal da Relação, Évora Nas cidades actuais, valoriza-se o tempo futuro e operatório das mudanças e esquece-se o tempo existencial, o tempo emocional, de quem dentro delas vive. Instalação 3 19 N 20 15 3 21.30h Instalação 3 21 N 22 11 3 21.00h Encontro 3 19 3 21.30h As mudanças são definidas de acordo com um planeamento prospectivo, uma visão estratégica. “A minha casa é o meu mundo.”, é uma frase que ouvimos muitas vezes. Tantas, que nem pensamos na relação entre estes dois mundos, o mundo intímo e o mundo do espaço comum na cidade. A casa de Henriqueta vai ser reabilitada para ter condições mínimas dehabitabilidade e é em torno da transformação da sua casa, na Rua do Cano 75 em Évora, que surge esta prática documentada pela artista Susana Mourão. O Festival Escrita na Paisagem apresenta, no Jardim do Tribunal da Relação - um espaço normalmente fechado a visitas e que estará, excepcionalmente, aberto ao público durante este período - a instalação de Christoph De Boeck & Patrícia Portela, Hortus. Um projecto que relaciona o espectador com o meio ambiente e compara os sistemas das plantas com os sistemas da sociedade actual. Henriqueta Vieira Santos vai mudar-se pela primeira vez da casa onde nasceu e sempre viveu, e é isto que se documenta: uma experiência emocional pela sua cartografia íntima, através da poética da sua casa: o lugar onde os seus móveis, utensílios, roupas e objectos, perdem a sua função e o seu uso, mas nunca a sua função de viver, de recordar, de sentir. Em “Hortus” o visitante é convidado a explorar um jardim onde uma rede de sensores mede a dinâmica do vento e de luz recolhida pelas plantas durante o seu processo de fotosíntese, traduzindo-a num ambiente sonoro. Quando há movimentação humana no jardim, um algoritmo financeiro (semelhante aos usados na bolsa de valores), interpreta a variação dos dados recolhidos a cada fracção de segundo e altera a instalação sonora original de acordo com a expectativa de «lucro» que estima para cada planta. An installation about the rehabilitation of an old house in Évora. 77 year old Henriqueta never lived anywhere else and her home is full with memories. Quando, em conjunto, os visitantes decidem parar para reflectir ou para ler, o desenho sonoro original retorna ao jardim, reflectindo apenas a leitura dos recursos naturais. Mas esta instalação não se fica por aqui: oradores convidados trarão, também, a sua proposta sobre como será o mundo em 2020 e em 2084 para debater com os espectadores num Salão Utópico. The visitor is invited to explore a garden where a sensor network measures the dynamics of wind and light harvested by plants during their photosynthetic process, and translating it into bird sounds. 10 SOBRE OS ESCOMBROS Teatro do Vestido Residência de Criação / Conferência Performática Monte do Quiosque, Azaruja Residência 3 23 N 28 Conferência 3 28 3 21.30h Os últimos espectáculos da companhia Teatro do Vestido, Monstro e Esta é a Minha Cidade e eu Quero Viver Nela, têm pensado o espaço urbano (em cidades como Lisboa, Porto, São Paulo e Rio de Janeiro), criando projectos de intervenção, juntamente com criadores convidados. Agora, durante a semana de 19 a 23 de Julho, vão sair da cidade e pensar o campo, numa residência artistíca que terá lugar na Quinta do Quiosque, na Azaruja, e que solicita a participação de pessoas locais que queiram colaborar neste projecto, de maior duração, mantendo correspondência espaçada com a Companhia. Dentro do tema que dá mote ao trabalho que vem desenvolvendo, Activismo, ou o acto de agir sobre a realidade para a transformar, os criadores propõem estabelecer uma relação de participação entre as partes, que permita definir um espectáculo a partir uma comunidade participativa, da sua sensibilidade e visão sobre o mundo, construíndo sobre os escombros a sua residência de criação, que pretende iniciar um processo com a duração de um ano. An Artistic Residence that requires participation of the local people. MÚSICA DE JOSÉ ALBERTO GOMES para 20.000 Léguas Submarinas 20.000 LEAGUES UNDER THE SEA (STUART PATON) WITH MUSIC BY JOSÉ ALBERTO GOMES Cinema Largo de São Vicente, Évora 31 22.00h Veja o destaque na página 6 MÚSICA PARA OUVIR No escuro do cinema Cinema Largo de São Vicente, Évora Veja o destaque na página 6 24 DJ LEO LEONEL Música Largo de São Vicente, Évora 25 22.00h Veja o destaque na página 7 22.00h 11 julho H July 01 N29 COSMOPOLíTiCAS Largo de São Vicente, Évora 03 Largo de São Vicente, Évora Teatro Projecto de Criação Exposição/Instalação ana Dias Igreja de São Vicente, Évora MÚSICA DE XINÊS Cinema para O Homem da Máquina da Filmar 04 SKOLAH BEDJA 04N 07 Pedreira da Gradinha, Vila Viçosa DIVINA COMMEDIA Myllyteatteri Igreja de São Vicente, Évora COMFORT ZONE 06N 07 Performance Alexandre Lyra Leite DOMINGO RURAL Largo de São Vicente, Évora Residência Artística Música 08 Palavra de Viajante 10 MÚSICA DE MOON (iN) MOTION 10 N14 QUERIDOS BARBUDOS Marta Sales Música Largo de São Vicente, Évora 11 Largo de São Vicente, Évora BILAN Animação Sexualidade e desejo Dietmar Brehm, Black garden Destricted 7 filmes de artistas sobre sexo e pornografia. OUTROS CINEMAS 13 Animação Sexualidade e desejo II Super 8 girls Dietmar Brehm, Black garden Cinema 14 15 Curtas documentais de Kurt Kren, ou a documentação da performance 17 Largo de São Vicente, Évora MÚSICA DE MIGUEL MOCHO Largo de São Vicente, Évora 18 MÚCIO SÁ E FRANCESCO VALENTE HENRIQUETA,UMA CARTOGRAFIA INTÍMA 19 Largo de São Vicente, nº 8, Évora susana Mourão HORTUS Instalação / Encontro Christoph De Boeck & Patrícia Portela Inauguração 19N 22 Tribunal da Relação, Évora SALÃO UTÓPICO 22 Patrícia Portela DOMINGO RURAL 24 Largo de São Vicente, Évora MÚSICA PARA OUVIR Cinema Música 19 Igreja de São Vicente, Évora PRÁTICAS DOCUMENTAIS/PRÁTICAS DOCUMENTADAS Instalação/ Vídeo Cinema SEXUALIDADES para curtas sobre Trabalho Encontros Cinema para The Silent Room NO ESCURO DO CINEMA Largo de São Vicente, Évora 25 DJ LEO LEONEL Música 23N28 SOBRE OS ESCOMBROS Cinema MÚSICA DE JOSÉ ALBERTO GOMES para 20.000 Léguas Submarinas escrita na paisagem Festival de Performance e Artes da Terra 2012 Monte do Quiosque, Azaruja 31 Largo de São Vicente, Évora