Jornal de Julho - Escrita na Paisagem

Transcrição

Jornal de Julho - Escrita na Paisagem
DE JULHO A AGOSTO
Programação Julho
English Inside
COSMOPO
FICHA TÉCNICA H CREDITS
Escrita na Paisagem - FESTIVAL DE PERFORMANCE E ARTES DA TERRA
Direcção Artística e de Programação H Arts Curator
José Alberto Ferreira
Coordenação de Produção H Producing Coordination
Inês Pinelas
Produção Executiva H Executive Producer
Daniel Catarino e Sara Santana
Voluntariado H Voluntary
Ana Saloio, Carla Cupido, Joana Palhinha, Julieta Tobias, Margarida da Silva,
Patrícia Moio, Zara Pereira
Comunicação e Multimédia H Communication and Multimedia
Carlos Silva
Comunicação H Communication
Joana Ricardo
Produção de Conteúdos H Content Production
Mariana Mata Passos
Direcção Técnica H Technical Direction
Nando Zâmbia
Design Gráfico H Graphic Design
NuvemK
Web Design
Fernando Gomes & Edoardo Brachetti
Escrita na Paisagem - festival de performance e artes da terra é um projecto H is a project
Colecção B, associação cultural
Estrutura Financiada por H Structure funded by
Governo de Portugal, Secretário de Estado da Cultura, Direcção-Geral das Artes
Projecto Associado H Associated Project
Divina Commedia — Myllyteatteri, Culture Program of European Union
Parcerias H Partnerships
Fundação Eugénio de Almeida; CHAIA da Universidade de Évora;
Soraia Simões / MURAL SONORO (projecto Africa Move);
Auditório Soror Mariana; Tribunal da Relação de Évora
Apoios Municipais H Municipalities Supports
Câmara Municipal de Évora (Festival Terras do Sol, InAlentejo 2007-2013, União Europeia)
e Câmara Municipal de Vila Viçosa
Apoios Media H Media Support
Semanário Registo, DianaFm
Apoios Comercias H Commercial Supports
Hotel D.Fernando - Grupo Barata; Túnel Restaurante e Bar
02
OLíTiCAS?
Se o mundo todo é ainda um palco, como queria
Shakespeare (em As you like it), a verdade é que ele é hoje
um palco decididamente global e complexo onde, mais do
que sermos ‘meramente personagens’, nos confrontamos
com o imperativo de sermos actores participantes e
activos nos cenários globais. É nessa direcção que vamos
com a 9ª edição do Escrita na Paisagem, festival de
performance e artes da terra, subordinado ao tema
cosmopolítica.
Que significa cosmopolítica? Desde logo a afirmação de
uma dimensão global que, não se confundindo nem com a
vagueza do exotismo ‘cosmopolita’ (ou a sua sofisticação
internacionalista) nem com a projecção de um bem
universal (com em Kant, ao idealizar uma comunidade
movida pelo bem comum e pela paz), procura atender à
circunstância multi-cultural e plural das comunidades, à
diversidade das escalas de pertença e de identidade dos
sujeitos (entre o local e o global, entre o ‘aqui e agora’
e as mobilizações globais), aos cruzamentos (mashups,
mixings) de influências que nas linguagens da arte e da
cultura tão fortemente encontram expressão.
Atento ao apelo ético, político e cultural do tempo
presente, o palco que o Festival Escrita na Paisagem
configura não pode, pois, deixar de ser cosmopolítico,
de se projectar em ‘lentidão e interstícios’ (como propõe
Isabelle Stengers), de se verter na inclusão de alteridades
(como sugere Walter D. Mignolo), de acolher o diverso, o
estranho, o emigrante, o marginal, o profano, o insano,
o subalterno, enfim, o que o pensamento pós-colonial
e a teoria crítica apontam como lugares de tensão, de
assimetria, de negociação e de poder, em suma, de
política.
De cosmopolítica. Não parece haver melhor tempo
para este debate no contexto europeu, como parece
confirmar Daniel Innerarity em O Novo Espaço Público
(Lisboa, Teorema, 2006), ao afirmar que «(…) uma Europa
cosmopolita é hoje a última utopia política efectiva».
E a isso vamos, apesar (ou por isso mesmo) do anunciado
colapso europeu. É que,quer caminhe a história num ou
noutro sentido, é aos seus actores que cabe pensá-la,
agir nela, fazê-la, pois.
José Alberto Ferreira
Director Artístico do Festival Escrita na Paisagem
COSMOPOLiTiCS
If ‘All the world is a stage”, as Shakespeare wanted (in As you like it), the
truth is that it is now, for sure, a global and complex stage where, rather
than being 'merely characters', we are faced with the need of being
actors and active participants in the global scenario. This is the direction
we're going with the 9th edition of Escrita na Paisagem Festival, with
the theme cosmopolitics.
What is the meaning of cosmopolitics? To begin with, it's the affirmation
of a global dimension, not to be confused with the vagueness of the
exotic 'cosmopolitan' (or its internationalist sophistication) or the
projection of a universal goodness (as in Kant, devising a community
driven by common goodness and peace). It intends to meet this multicultural and plural circumstance of communities, along with the various
scales of belonging and identity of the participants (between local and
global, between 'here and now' and global mobilizations), and to cross
(mash-up, mix) artistic languages and cultures that, nowadays, find such
strong expression in art and elsewhere.
Hereupon, and taking into consideration the ethical, political and
cultural appeals of present times, Escrita na Paisagem Festival could
not help but to build a cosmopolitan stage, to project itself in 'slowness
and interstices' (as proposed by Isabelle Stengers), to pour itself in the
inclusion of alterities (as suggested by Walter D. Mignolo), to welcome
the diverse, the stranger, the emigrant, the marginal, the profane,
the insane, the subaltern, in short, everything that post-colonial
thinking and critical theory point as tension spots, as asymmetrical, as
negotiation and power, basically, as politics. As cosmopolitics. There was
never a better time for this debate in an European context, as Daniel
Innerarity seems to confirm in The New Public Sphere (Lisbon, Teorema,
2006), stating that "(...) a cosmopolitan Europe is, nowadays, the last
effective political utopia."
That is our aim, even considering (or because of) the announced
european collapse. Because no matter which direction history will
follow, its actors are the ones supposed to think about it, act on it and of
course, make it happen.
José Alberto Ferreira
Artistic Director of the Escrita na Paisagem Festival
03
Miira Sippola
DIVINA
COMMEDIA
by MYLLYTEATTERI
04 N 05 N 06 N 07
Pedreira da Gradinha, Vila Viçosa
Teatro Projecto de Criação
A GLIMPSE AT THE TIMELESS STRUGGLE OF A MAN
WITH HIMSELF IN A EXTRAORDINARY SCENERY IN
ALENTEJO'S LANDSCAPE, A DEACTIVATED MARBLE
QUARRY IN VILA VIÇOSA.
Divina Commedia é uma performance de teatro
interpretada por um grupo multi-artístico vindo
de diferentes cantos da Europa. É um novo teatro
poético sobre os temas que tocam qualquer ser
humano e vai ser apresentado ao público numa
localização extraordinária: uma pedreira de
mármore abandonada em Vila Viçosa.
Este projecto de criação reescreve o clássico do
século XIV escrito por Dante, adaptando a sua
mensagem ao teatro da vida interior. Constrói-se,
portanto, à volta de discursos emocionais cheios de
poesia e de vontade de compreender as raízes e as
relaçoes humanas familiares.
Um ser humano em crise, uma personagem, navega à
procura do sentido da vida, pela mão da criança que
em tempos foi, e descobre o sítio, o tal porto seguro
para onde todos rumamos, guiados pelo coro e pela
música, como nas antigas tragédias gregas.
Esta sinfonia visual e física foi criada e interpretada
por um grupo de artistas de teatro da Finlândia,
Grécia e Portugal, e é o resultado de um processo que
há muito vem sendo desenvolvido entre estes países.
Na pedreira de mármore abandonada de Vila Viçosa,
representa-se, no entanto, o palco da mente, sem
fronteiras.
Divina Commedia, projecto com financiamento de
Programa Cultura da Comissão Europeia | Parceria
Câmara Municipal de Vila Viçosa | Apoio Fundação
Obras | Parceria de Divulgação Turismo do Alentejo,
ERT e Embaixada da Finlândia em Portugal.
04
Divina Commedia is a theater performance
interpreted by a multi-artistic group from different
corners of Europe. It's a new poetic theater about
themes that touch every human being, and it will
be presented in an extraordinary location: an
abandoned marble quarry in Vila Viçosa, Portugal.
This creative project rewrites Dante's 14th century
classic, adapting its message to the theater of inner
life. It is built around emotional and poetic speeches,
in a quest to understand familiar human relations
and roots.
A human being in crisis, a character sailing out to
find the meaning of life by the hand of the child that
he used to be, until he finds a place, a shelter where
we're all headed at, guided by choir and music, like in
old Greek tragedies.
This visual and physical symphony was created
and interpreted by a group of theater artists from
Finland, Greece and Portugal, and it's the result of
an ongoing long process developed between these
countries.
In the abandoned marble quarry in Vila Viçosa,
the stage of the mind will be depicted without any
boundaries.
Divina Commedia, a project financed Programa Cultura
da Comissão Europeia | Parceria Câmara Municipal
de Vila Viçosa | With help from Fundação Obras |
Partnership with Divulgação Turismo do Alentejo,
ERT and Finnish Embassy in Portugal.
Em a Divina Commedia, Miira continua a criar
teatro visual e físico sobre temas ontológicos, com
o seu estilo único e em constante desenvolvimento,
que demonstra, ao longo dos anos, o interesse e
conhecimento profundos pelo teatro ocidental
mas, também, a inspiração estética que lhe vem
de autores de teatro vanguardistas como Tadeusz
Kantor e do método rigoroso de actuação do mestre
de teatro japonês Tadashi Suzuki, ambos focos do
seu interesse e paixão. Sippola acolhe agora artistas
de teatro de diferentes cantos da Europa, para cavar
as imagens poéticas e grotescas da mente humana
do fundo da Divina Comédia de Dante.
Miira Sippola has worked with her Helsinki-based
theatre group Myllyteatteri since 2003. In Divina
Commedia she continues creating visual and physical
theatre on the onthological matters, with her own
unique and ever developing style, which for years has
shown the love and deep knowledge of the classical
metaphysics of the western thinking and the rich
history of the western theatre; and on the other
hand the inspiration for the aesthetics, given by the
avantgarde theatre makers like Tadeusz Kantor and
the rigorous acting method of the Japanese theatre
master Tadashi Suzuki, both of whose theatre have
stayed in Sippola’s interest and love for years. Now
Sippola has collected theatre artists from different
corners of Europe, to dig the grotesque and poetrical
pictures of the human mind, from the bottom of
Dante’s Divina Commedia.
Myllyteatteri
Myllyteatteri é um grupo profissional de teatro
fundado em 2003, sedeado em Helsínquia mas que
trabalha a nível internacional.
Fazemos performances que criam linguagens
representativas musicais e visuais. Experimentamos
diferentes elementos do teatro: o actor e a estética
que dele deriva; objectos; música, som; luzes; e o
espaço de actuação. Nas actuações do Myllyteatteri,
é recorrente ver o amor pela história ocidental e a
sua rica tradição teatral, com incidência no teatro
vanguardista polaco, ao qual o grupo vai buscar
inspiração para criar arte contemporânea de palco.
Myllyteatteri is a professional theatre group
founded in 2003, based in Helsinki and working
internationally.
Myllyteatteri is the initiator and collector of the
international group of artist who you can meet in
Divina Commedia. We do performances that create
musical and visual performing language. Our nature
is to experiment and try. Important elements
in our performances include the actor and the
aesthetics arived from him, objects, music, sounds,
lights and the performing space. In Myllyteatteri’s
performances often is seen love for the western
history of thinking and the rich theatre tradition,
from which the group takes its inspiration.
Colecção B
A Colecção B é uma associação cultural sem fins
lucrativos, sediada em Évora. Organiza desde 2004
o Festival Escrita na Paisagem.
Colecção B, Associação Cultural is an nonprofit
association dedicated to artistic creation and
programming.
UM OLHAR SOBRE A LUTA INTEMPORAL DE
UM HOMEM CONSIGO PRÓPRIO NUM CENÁRIO
EXTRAORDINÁRIO NA PAISAGEM ALENTEJANA
NUMA PEDREIRA DE MÁRMORE EM VILA VIÇOSA
FICHA TÉCNICA N CREW
Guião e Encenação N Script and Director
Miira Sippola (fin)
Actores N Actors
André Salvador; Diana Niepce; Fábio Moreira; Susana Nunes (pt); Nantia
Papatheodorou (gre); Idalotta Backman (fin); Jaakko Kiljunen;
Tuomas Tulikorpi; Ulla Raitio; e Yuko Takeda (jap).
Actores — CoroN Actors - Choir
João Bandeira, Sofia Ramos, Tânia Chita, Vicente de Sá (pt)
CenografiaN Visual designer
Aili Ojalo (fin)
Desenho de luzes N Light designer
Anaísa Guerreiro (pt)
Desenho de som N Sound designer
Rui Lima (pt) e Sérgio Martins (pt)
Produção ExecutivaN Executive Production
Arlinda Ribeiro (pt)
FiguirinistasN Costume Design
Sara Machado da Graça (pt)
Confecção de Guarda RoupaN Wardrobe
Marta Ricardo (pt)
AcolhimentoN Household
Carolien and Ludger — Fundação das Obras
Coordenadores do Projecto Europeu N European Project Coordinators
Myllyteatteri — Katri Muhonen (fin)
Colecção B — José Alberto Ferreira (pt)
web
www.myllyteatteri.fi
www.escritanapaisagem.net
05
CINEMA
NO LARGO
TODAS AS
TERÇAS FEIRAS
EVERY TUESDAY AT 10 P.M., A NEW
22.00h
SOUNDTRACK FOR CLASSIC MOVIES WILL
BE CREATED AND PLAYED LIVE.
MÚSICA DE XINÊS
2pt3
Largo de São Vicente, Évora
Cinema
No princípio todas as imagens eram silenciosas,
registos mudos, imitações do mundo, depois,
inventou-se a fotografia que imprimia a forma das
coisas no papel mas não as deixava falar. As primeiras
imagens em movimento, para contar uma história e
comunicar emoções ao espectador, usavam legendas
e convocavam uma orquestra para acompanhar a
projecção.
A ligação entre música e cinema não é, portanto, uma
novidade, é qualquer coisa que faz parte da
própria fruição do cinema e chamamos-lhe banda
sonora. Alguém disse, aliás, que os melhores
músicos contemporâneos estão escondidos atrás
dessa grande indústria, dessa grande tela onde se
projecta o filme.
Recuperando essa antiga tradição e trazendo-a para
os nossos dias, o Festival Escrita na Paisagem traz,
ao Largo da Igreja de São Vicente, músicos que vão
actualizar o ambiente sonoro de filmes fundamentais
da História do Cinema como “O Homem da Máquina
de Filmar” de Vertov ou “20.000 Léguas Submarinas”,
um prodígio de efeitos especiais de 1916.
MÚSICA PARA OUVIR
03
24
para O Homem da Máquina de Filmar
no Escuro do Cinema
Xinês chega ao Festival Escrita na Paisagem, vindo de uma digressão por terras espanholas,
com os famigerados Sepultura. E, chega, para pôr o Largo de São Vicente em sentido,
ao ritmo de Dziga Vertov. “O Homem da Máquina de Filmar”, esse clássico do cinema é,
também, uma reflexão sobre como registamos o mundo que nos rodeia e criamos pontos de
vista. Xinês começou a tocar com o pai, ainda em tenra idade e tocou com várias bandas até
se estabelecer em 2005 com os Switchtense, com quem faz várias digressões, por Portugal e
pela Europa. É baterista de Switchtense, O Rijo, Awaiting The Vultures e Alentexas.
Antes do filme começar a sala está às escuras e os músicos estão em
silêncio arrumando os seus lugares. Querendo recriar essa mesma
expectativa e a emoção do desconhecido que fazia parte da ida ao
cinema nos dia da infância, não lhe vamos dizer o que vai acontecer, se
quiser saber vai mesmo ter de aparecer!
MÚSICA DE MOON (in) MOTION
MÚSICA DE
JOSÉ ALBERTO GOMES
2pt3
para The Silent Room
10
Fazer de cada música um veículo para o universo das imagens em movimento - o cinema
- é a proposta dos MOON(in)MOTION. Logo à primeira audição do álbum 'the silent room'
somos transportados para o universo cinematográfico, onde a poesia, a imagem e o som se
reencontram. Tocando com uma intimidade própria, que os define, os MOON(in)MOTION
vão trazer-nos o seu próprio filme e mostrar-nos o outro lado da lua, esse harmonioso
movimento de revolução do satélite que reflecte a luz do cinema na noite.
MÚSICA DE MIGUEL MOCHO
2pt3
17
para Curtas sobre Trabalho
Músico de mil ideias e ofícios, Miguel Mocho poderia ter sido encontrado numa encruzilhada,
qual Robert Johnson, de guitarra às costas e harmónica no bolso. Bluesman nato, fala uma
linguagem sulista com os dedos e carrega o deserto nas suas veias. Junto a Zé Sapo, baixista
e violoncelista com muitos quilómetros de palco, e a Rui Gonçalves, baterista com técnica
apurada e expressividade únicas, formam um power trio capaz de encontrar um equilíbrio
sonoro entre as planícies alentejanas e o deserto americano, entre o seu trabalho enquanto
músicos e as imagens em movimento que vão ser projectadas.
06
2pt3
31
para 20.000 Léguas Submarinas
José Alberto Gomes vem dar música ao grande polvo que vamos projectar
no Largo da Igreja de São Vicente. Este polvo, que habita os mares
profundos dos EUA, é um monstro saído da imaginação de Júlio Verne
e, o filme que no-lo apresenta, “20.000 Léguas Submarinas” de Stuart
Paton, exigiu uma série de inovações técnicas tais como a “fotografia
subaquática” dos irmãos Ernest e George Williamson e a construção
de um submarino em tamanho natural. Mas, atenção!, foi tudo filmado
em estúdio: qualquer semelhança com a realidade é, como sabemos,
pura coincidência. José Alberto Gomes é criador nas áreas de música e
sonoplastia para peças de teatro e vídeo, criação e programação para
interactividade sonora em instalações e composição para electrónica e
ensemble instrumental.
ÁFRICA
MOVE
11
2cv3
Vamos ouvir Bilan. Nascido numa família de
reconhecidos músicos cabo-verdeanos, é o contacto
com a cidade e uma certa saudade das ilhas da
Morabeza queque dão o tom à sua estética musical.
Segundo Bilan, a sua música "reforça uma
miscigenação de estilos e influências, mostrando,
dentro da música urbana, um outro lado de viagem e
de diáspora banhadas pela língua crioula e pelos
os contornos da ’sabura’ “.
Música
A música de raiz africana respira na produção de
vários criadores musicais dos séculos XX e XXI
em Portugal. Respira, tanto pela circulação dos
protagonistas, como pela indústria discográfica
e da difusão musical. Respira, tanto na circulação
dos protagonistas, como na indústria discográfica
e de difusão musical. Ouve-se nas profundas
influências que a relação histórica que une as duas
culturas potencia (entre os limites do período
colonial, a circulação que as independências
geraram e as contaminações que o mundo global
continuamente (re)faz). Está, como dizemos, no
ar dos tempos, na massa do sangue. Entra no ouvido
e faz mover os corpos e os continentes.
2pt3
Bilan
Largo de São Vicente, Évora
Uma partilha histórica do ser e do fazer, marcada
pelas ideias de identidade e de diferença resultantes
de um longo processo de cruzamento e miscigenação,
dá a forma a esta cultura comum que se manifesta
no campo artístico e, sobretudo, no campo
musical, como valor inquestionável da produção
contemporânea.
06
Abrem a programação os Skolah Bedja, numa noite
dedicada à multi-instrumentalidade. Miguel
Gomes, da Associação Gaita de Foles de Portugal,
gaiteiro e percussionista e Sebastião Antunes,
Mestre da Quadrilha e músico de sete instrumentos
(guitarra, bouzouki, bandolim, bandoleta,
percussão, flauta e tin whistle).
TODAS AS
QUARTAS FEIRAS
22.00h
O Festival Escrita na Paisagem chega à 9ª edição com
o tema cosmopolíticas. Tema complexo e de extrema
actualidade, permite situar a criação artística
contemporânea entre o Alentejo e o mundo, entre
a condição local e o apelo global. O entrosamento
entre as culturas portuguesa e africana ganha,
portanto, particular centralidade no contexto da
abordagem que propomos, este ano, como tema.
Skolah Bedja
O Festival Escrita na Paisagem, em parceria com a
Mural Sonoro, apresenta África Move, o programa
de todas as quartas-feiras, de 4 de Julho a 29 de
Agosto, dedicadas à música, no Largo de São Vicente,
em Évora.
Múcio Sá 18
Francesco Valente
2br3
2it3
ESCRITA NA PAISAGEM FESTIVAL AND
MURAL SONORO PRESENT AFRICA
MOVE, YOUR WEDNESDAY NIGHT MUSIC
PROGRAMME IN LARGO DE SÃO VICENTE,
ÉVORA.
Múcio Sá e Francesco Valente estão connosco no dia
18 de Julho. Nascido no Brasil (Bahia), Múcio
é um músico/instrumentista, que toca vários
instrumentos: Mandolim, Ukelele, banjo, baixo e
guitarra portuguesa. Francesco Valente, de
conjuntos como os Terrakota ou Orquestra Todos, é
também um multi-instrumentista, embora nos tenha
habituado a vê-lo como contrabaixista.
Dj Leo Leonel 25
2br3
O Dj Leo Leonel chega ao Largo de São Vicente, no
dia 25 de Julho. Nascido no Rio de Janeiro, é
um apaixonado pela música e vem apresentar-nos
um set onde cruza a lusofonia com a cultura
pop global, numa viagem que vai “da tradição à
modernidade”, como ele próprio nos diz.
07
programação de julho H july
DOMINGO
RURAL
DIVINA
COSMOPOLíTiCAS COMMEDIA
EXHIBITION
ana Dias
2pt3
Exposição/Instalação
Igreja de São Vicente, Évora
01 N 29
Como pintar o espaço comum, esse espaço de
separações e diferenças entre o eu e o outro? Como
traçar a fronteira entre países longínquos e culturas
próximas quando habitamos este “caos organizado”
a que ousamos chamar aldeia global?
É preciso pintar um mapa, pintar o que nos distingue
e dar forma ao que nos aproxima; colorir as fronteiras
que nos impedem de pensar a igualdade das pessoas
e reflectir sobre os problemas que todos, mais ou
menos, sabemos localizar. É preciso usar a pintura
como plataforma de entendimento mas, como pensar
visualmente o conceito de cosmopolítica?
Isso é o que faz a artista Ana Dias, com este lote de
trabalhos que apresenta na exposição com que se
inaugura o Festival Escrita na Paisagem 2012. Não
esquecendo que a imagem é, também, aquilo que
nos revela, a artista mostra-nos as linhas que nos
cosem uns aos outros, os espaços sobrepostos das
nossas vivências, os cheios e os vazios que se criam
entre os indivíduos e as definições/instituições,
as transparências e as intersecções dos nossos
territórios de acção, sublinhando esta ideia
(herdada, ainda, dos antigos descobridores) de que
um mapa é o maior tesouro: é aquilo que nos permite
chegar mais longe sem nos enganarmos no caminho.
MÚSICA DE
XINÊS
2pt3
para O Homem da
Máquina da Filmar
THE MAN WITH A
MOVIE CAMERA
Cinema
Largo de São Vicente, Évora
03
22.00h
Veja o destaque na página 6
Myllyteatteri
Palavra de Viajante 3 08
Patrícia Portela 3 22
Teatro Projecto de Criação
Pedreira da Gradinha,
Vila Viçosa
04 N 0721.30h
Veja o destaque na página 4
SKOLAH BEDJA
Música
Largo de São Vicente, Évora
04
22.00h
A meal in the countryside, with friends guests and
artists, served with an informal conversation around
a previous defined theme.
Veja o destaque na página 7
COMFORT ZONE
Para reservas e informações 266 704 236 N 919 306 951
ou [email protected]
3 Performances de
Alexandre Lyra Leite
2pt3
Inestética Companhia Teatral
Performance
Igreja de São Vicente, Évora
06 N 0721.30h
Como é que ficamos a conhecer o limite dos outros?
Qual é o tamanho da nossa zona de conforto? A
performance, mais do que qualquer outra categoria
artística, esbate os contornos entre o território da
arte e os espaços da vida, reforçando a ideia de
Shakespeare de que o mundo é um palco.
Usar o corpo como suporte para a representação
do confronto entre conceito e preconceito (entre
as ideias e a forma como arrumamos essas ideias),
problematizando a relação entre o eu e o outro
(entre o pensamento do artista e a sensibilidade
do espectador), é a forma encontrada para tornar
visíveis as fronteiras da zona de conforto de uns e de
outros.
Em The Baking Powder Girl, Comfort Zone e Walking
Girl, os performers Alexandre Lyra Leite,
Inês Gonçalves, Inês Martins, Joana Caçador e
João Luz, da Inestética Companhia Teatral, criam
um território fora dos limites que eles próprios
estabeleceram para a sua apresentação, encenando,
também, o nosso desconforto.
Three performances about comfort and discomfort
in representation.
08
Vamos reunir amigos, artistas e convidados do
Festival Escrita na Paisagem à volta de uma mesa
e cozinhar estes ingredientes. A ideia é cozinhar
relações e aproveitar o entorno de Évora: a dois
passos do campo e em permanente diálogo com as
nossas diversas origens. Vamos ouvir os espaços
que nos envolvem com maior tranquilidade,
ganhando (bom) tempo só por não olhar para o
relógio, e vamos alimentar o conhecimento que
temos sobre um tema, proposto em avanço,
e aberto à discussão. Esta partilha de sabores,
saberes e receitas vai, certamente, abrir o apetite
para uma outra maneira de pensar as políticas da
natureza e as naturezas da política.
MÚSICA DE
MOON (iN) MOTION
para The Silent Room
Cinema
Largo de São Vicente, Évora
10
22.00h
Veja o destaque na página 6
2pt3
QUERIDOS
BARBUDOS
Marta Sales
2pt3
Sexualidades, do sexo nas artes
Residência Artística
Largo de São Vicente, Évora
10 N 14
22.00h
“A barba, por ser quase uma máscara, deveria ser
proibida pela polícia.”. Essa é a opinião de Arthur
Schopenhauer mas não é para fazer o papel de
agente da polícia que teremos Marta Sales como
artista residente do Festival.
É um facto científico conhecido que as barbas
crescem mais no verão e é por esse motivo que a
desenhadora vai estar no Largo de São Vicente
a retratar os barbudos e as barbudas que por lá
passarem. Sim, barbudos e barbudas. É que, se não
quer ou não pode deixar crescer a sua, foi a pensar
em si que se inventaram as barbas postiças!
Marta will draw you a portrait with beard
(fake or not).
BILAN
Música
Largo de São Vicente,
Évora
11
OUTROS
CINEMAS
22.00h
Veja o destaque na página 7
Cinema
13
Animação Sexualidade e desejo I 3 18.00h
Dietmar Brehm, Blackgarden 3 21.30h
Destricted 3 24.00h
7 filmes de artistas sobre sexo e pornografia.
14
Animação Sexualidade e desejo II 3 18.00h
Super 8 girls 3 21.30h
Warhol, I a man 3 24.00h
15
Curtas documentais de Kurt Kren,
ou a documentação da performance 3 18.00h
As interrogações sobre as sexualidades encontram plena expressão no
quadro do cinema. Trata-se, nesta etapa do ciclo que dedicamos ao tema,
de pensar criações servidas por discursividades desviantes ou por narrativas
perturbadoras (entre Warhol, Larry Clark e Mathew Barney) e de nos
confrontarmos com os excessos (como na performance feminista e lésbica
de Super 8 girls ou nas criações apresentadas em Destricted) ou com a
reciclagem de imagens a partir da memória do cinema (como em
Dietmar Brehm).
Um conjunto de filmes que equacionam as representações da sexualidade
cruzando o espaço cinematográfico com a o da criação artística, emoldurado
por duas sessões de curtas de animação e encerrada com filmes de Krut Kren
que colocam a questão da documentação e da sexualidade performativa. A
sexualidade como uma das belas-artes, portanto?
MÚSICA DE
MIGUEL MOCHO
para Curtas sobre Trabalho
Cinema
Largo de São Vicente, Évora
17
22.00h
Veja o destaque na página 6
09
MÚCIO SÁ E
FRANCESCO VALENTE
Música
Largo de São Vicente, Évora
18
PRÁTICAS
DOCUMENTAIS/
PRÁTICAS
DOCUMENTADAS
Encontros
Igreja de São Vicente, Évora
19 18.00h
22.00h
Veja o destaque na página 7
HENRIQUETA,UMA
CARTOGRAFIA INTÍMA
Entre a formação e a informação, as PDPD solicitam ao espectador que
escolha, tome decisões, avalie e retire consequências daquilo que viu e
ouviu. Uma mesa, materiais de documentação disponibilizados, formas
de exibição negociadas, debatidas e filtradas pela sua presença, sem a
qual nenhuma das possibilidades se concretizaria.
Instalação/ Vídeo
HORTUS
Largo de São Vicente, nº 8, Évora
Christoph De Boeck 2be3
& Patrícia Portela 2pt3
susana Mourão
19
2pt3
19.00h
SALÃO UTÓPICO
Inauguração
Instalação / Encontro
Exposição até 5 de Agosto
Tribunal da Relação, Évora
Nas cidades actuais, valoriza-se o tempo futuro e operatório das
mudanças e esquece-se o tempo existencial, o tempo emocional, de
quem dentro delas vive.
Instalação 3 19 N 20 15 3 21.30h
Instalação 3 21 N 22 11 3 21.00h
Encontro 3 19 3 21.30h
As mudanças são definidas de acordo com um planeamento prospectivo,
uma visão estratégica. “A minha casa é o meu mundo.”, é uma frase que
ouvimos muitas vezes. Tantas, que nem pensamos na relação entre estes
dois mundos, o mundo intímo e o mundo do espaço comum na cidade.
A casa de Henriqueta vai ser reabilitada para ter condições mínimas
dehabitabilidade e é em torno da transformação da sua casa, na Rua
do Cano 75 em Évora, que surge esta prática documentada pela artista
Susana Mourão.
O Festival Escrita na Paisagem apresenta, no Jardim do Tribunal da Relação - um espaço
normalmente fechado a visitas e que estará, excepcionalmente, aberto ao público durante
este período - a instalação de Christoph De Boeck & Patrícia Portela, Hortus. Um projecto
que relaciona o espectador com o meio ambiente e compara os sistemas das plantas com os
sistemas da sociedade actual.
Henriqueta Vieira Santos vai mudar-se pela primeira vez da casa onde
nasceu e sempre viveu, e é isto que se documenta: uma experiência
emocional pela sua
cartografia íntima, através da poética da sua casa: o lugar onde os seus
móveis, utensílios, roupas e objectos, perdem a sua função e o seu uso,
mas nunca a sua função de viver, de recordar, de sentir.
Em “Hortus” o visitante é convidado a explorar um jardim onde uma rede de sensores mede
a dinâmica do vento e de luz recolhida pelas plantas durante o seu processo de fotosíntese,
traduzindo-a num ambiente sonoro. Quando há movimentação humana no jardim, um
algoritmo financeiro (semelhante aos usados na bolsa de valores), interpreta a variação dos
dados recolhidos a cada fracção de segundo e altera a instalação sonora original de acordo
com a expectativa de «lucro» que estima para cada planta.
An installation about the rehabilitation of an old house in Évora. 77
year old Henriqueta never lived anywhere else and her home is full with
memories.
Quando, em conjunto, os visitantes decidem parar para reflectir ou para ler, o desenho
sonoro original retorna ao jardim, reflectindo apenas a leitura dos recursos naturais. Mas
esta instalação não se fica por aqui: oradores convidados trarão, também, a sua proposta
sobre como será o mundo em 2020 e em 2084 para debater com os espectadores num Salão
Utópico.
The visitor is invited to explore a garden where a sensor network measures the dynamics of
wind and light harvested by plants during their photosynthetic process, and translating it
into bird sounds.
10
SOBRE OS
ESCOMBROS
Teatro do Vestido
Residência de Criação / Conferência Performática
Monte do Quiosque, Azaruja
Residência 3 23 N 28
Conferência 3 28 3 21.30h
Os últimos espectáculos da companhia Teatro do Vestido, Monstro
e Esta é a Minha Cidade e eu Quero Viver Nela, têm pensado o espaço
urbano (em cidades como Lisboa, Porto, São Paulo e Rio de Janeiro),
criando projectos de intervenção, juntamente com criadores convidados.
Agora, durante a semana de 19 a 23 de Julho, vão sair da cidade e
pensar o campo, numa residência artistíca que terá lugar na Quinta do
Quiosque, na Azaruja, e que solicita a participação de pessoas locais
que queiram colaborar neste projecto, de maior duração, mantendo
correspondência espaçada com a Companhia.
Dentro do tema que dá mote ao trabalho que vem desenvolvendo,
Activismo, ou o acto de agir sobre a realidade para a transformar, os
criadores propõem estabelecer uma relação de participação entre as
partes, que permita definir um espectáculo a partir uma comunidade
participativa, da sua sensibilidade e visão sobre o mundo, construíndo
sobre os escombros a sua residência de criação, que pretende iniciar um
processo com a duração de um ano.
An Artistic Residence that requires participation of the local people.
MÚSICA DE
JOSÉ ALBERTO GOMES
para 20.000 Léguas Submarinas
20.000 LEAGUES UNDER THE SEA
(STUART PATON) WITH MUSIC BY
JOSÉ ALBERTO GOMES
Cinema
Largo de São Vicente, Évora
31
22.00h
Veja o destaque na página 6
MÚSICA
PARA OUVIR
No escuro do cinema
Cinema
Largo de São Vicente, Évora
Veja o destaque na página 6
24
DJ LEO LEONEL
Música
Largo de São Vicente, Évora
25
22.00h
Veja o destaque na página 7
22.00h
11
julho H July
01 N29
COSMOPOLíTiCAS
Largo de São Vicente, Évora
03
Largo de São Vicente, Évora
Teatro Projecto de Criação
Exposição/Instalação
ana Dias
Igreja de São Vicente, Évora
MÚSICA DE XINÊS
Cinema
para O Homem da Máquina da Filmar
04
SKOLAH BEDJA
04N 07 Pedreira da Gradinha, Vila Viçosa
DIVINA COMMEDIA
Myllyteatteri
Igreja de São Vicente, Évora
COMFORT ZONE
06N 07
Performance
Alexandre Lyra Leite
DOMINGO RURAL
Largo de São Vicente, Évora
Residência Artística
Música
08 Palavra de Viajante
10
MÚSICA DE MOON (iN) MOTION
10 N14
QUERIDOS BARBUDOS
Marta Sales
Música
Largo de São Vicente, Évora
11 Largo de São Vicente, Évora
BILAN
Animação Sexualidade e desejo
Dietmar Brehm, Black garden
Destricted 7 filmes de artistas sobre sexo e pornografia.
OUTROS CINEMAS
13
Animação Sexualidade e desejo II
Super 8 girls
Dietmar Brehm, Black garden
Cinema
14
15
Curtas documentais de Kurt Kren,
ou a documentação da performance
17 Largo de São Vicente, Évora
MÚSICA DE MIGUEL MOCHO
Largo de São Vicente, Évora
18
MÚCIO SÁ E FRANCESCO VALENTE
HENRIQUETA,UMA CARTOGRAFIA INTÍMA
19 Largo de São Vicente, nº 8, Évora
susana Mourão
HORTUS
Instalação / Encontro
Christoph De Boeck
& Patrícia Portela
Inauguração
19N
22
Tribunal da Relação,
Évora
SALÃO UTÓPICO
22 Patrícia Portela
DOMINGO RURAL
24 Largo de São Vicente, Évora
MÚSICA PARA OUVIR
Cinema
Música
19 Igreja de São Vicente, Évora
PRÁTICAS DOCUMENTAIS/PRÁTICAS DOCUMENTADAS
Instalação/ Vídeo
Cinema
SEXUALIDADES
para curtas sobre Trabalho
Encontros
Cinema
para The Silent Room
NO ESCURO DO CINEMA
Largo de São Vicente, Évora
25
DJ LEO LEONEL
Música
23N28
SOBRE OS ESCOMBROS
Cinema
MÚSICA DE JOSÉ ALBERTO GOMES
para 20.000 Léguas Submarinas
escrita na paisagem
Festival de Performance
e Artes da Terra 2012
Monte do Quiosque,
Azaruja
31
Largo de São Vicente, Évora

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