A fundação do lugar é do início do século passado. Teve seu
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A fundação do lugar é do início do século passado. Teve seu
A HISTÓRIA DE CARMO DA CACHOEIRA A fundação do lugar é do início do século passado. Teve seu começo na fazenda do Maranhão 1, de propriedade do capitão Valentim José da Fonseca, natural de Santo Antônio da Vila do Príncipe e filho de José Rodrigues Lima de Castro e de Ana Maria da Fonseca2. Sua fazenda, incorporada à Paróquia de Lavras, estava localizada em boas terras de cultura. Foi ele quem levantou, num gesto de piedade, a primeira ermida, que passou a ser conhecida com o nome de Carmo do Maranhão, em vista da padroeira Nossa Senhora do Carmo. No ano de 18053, o mencionado capitão entregou sua filha Mariana Benedita da Fonseca em casamento ao alferes Antônio José de Abreu, filho de Antônio Teixeira Alves e de Antônio Maria de Abreu. E a fazenda do Maranhão, pela bondade de seu dono e pelas terras propícias à lavoura, recebeu um novo impulso com a vinda de outros moradores agregados. Já no ano de 1811 ali se achavam as seguintes famílias, 4 conforme se pode ver nos registros paroquiais de Lavras: alferes Antônio José Alves, casado com Ana Esméria da Silva; capitão Antônio José de Abreu, casado com Mariana Benedita da Fonseca; Antônio da Silva Melo; Jerônimo de Abreu, casado com Maria do Nascimento; João Bernardes Ribeiro, casado com Ana Maria de Jesus; João da Silva Pereira; Joaquim Ferreira da Cruz; 1 N.A. – Não deve ser confundido tal nome com outro idêntico, que foi propriedade do barão de Lavras, João Alves de Gouvêa. Manuel Ferreira dos Reis foi proprietário mais recente. Nossa assertiva de 1959 (p. 24 do 21º Anuário Eclesiástico da Diocese da Campanha) foi refutada pelo Prof. Wanderley F. Resende (cf. Carmo da Cachoeira – sua Origem e Desenvolvimento, p. 11). Invoca o erudito professor a existência de um ribeirão, sem expressão alguma, o qual teria concorrido com o nome para a formação do topônimo. E combate a fazenda do Maranhão, por lhe faltarem tradições junto aos moradores do lugar. Note-se que não afirmamos ter sido apenas a fazenda do Maranhão a causadora do topônimo. O que desejamos é que se leia com atenção o que deixamos exarados no mencionado anuário. 2 N.A. – p. 90 do 1º Livro de Casamentos de Lavras. N.E. – 1º Livro de Casamentos da Paróquia de Sant’Anna de Lavras (do Funil), Minas Gerais, Brasil 3 p. 121 do 2º Livro de Casamentos de Lavras. 4 N.A. – Conferir registros paroquiais de Lavras, dessa data. 1 Joaquim José de Abreu, casado com Paulina do Nascimento; José Antônio da Fonseca; José Antônio Ribeiro, casado com Emerenciana Clara do Nascimento; Manuel Afonso das Neves, casado com Felizarda Clementina da Fonseca; Miguel Jacinto de Carvalho; Rafael Antônio de Carvalho, casado com Ana Esméria de Azevedo; Valentim Evaristo da Fonseca, casado com Emiliana Justiniana; capitão Valentim José da Fonseca, casado com Ana Isabel de Jesus55. Esses foram os primeiros habitantes da localidade, que teve na parte religiosa por primeiro capelão o Padre Joaquim Leonel de Paiva, um dos vigários cooperadores de Lavras. Rival da fazenda do Carmo do Maranhão havia simultaneamente a fazenda da Cachoeira, também conhecida pelo nome de fazenda dos Rates, de propriedade de Manoel Antônio Rates, casado com Maria da Costa de Morais. Para os atos religiosos essa família procurava, por conveniência, a capela de São Bento de Campo Belo do Deserto Dourado6, de maior alcance que a ermida do Carmo do Maranhão. É de crer que ambos os fazendeiros não tivessem em boas relações de amizade, não obstante morarem próximos. Talvez questões de limites de ambas as fazendas, fato comum até mesmo nos grandes latifúndios. Um dos descendentes dos Rates, mais compreensivo que os demais, resolveu um dia procurar os Fonsecas e entrar em um entendimento. Concordaram que a ermida do Carmo pudesse servir a ambas as famílias que prosperavam. Com isto, desapareceu a rivalidade. Os Fonsecas puderam conservar a Padroeira e os Rates entraram com a designação da fazenda, daí surgindo o 5 6 N.A. – Dos registros da capela, nos Livros de Lavras. N.A. – O Sertão Dourado ou Deserto Dourado seria, segundo Ary Florenzano, o local onde hoje fica a fazenda dos Terras. N. E. – Ary Florenzano foi também genealogista (Lavras, MG, 22 de maio de 1894 – Lavras, MG, 2007) 2 topônimo, que se conservou por muitos anos, de cachoeira dos Rates, hoje Carmo da Cachoeira. Processou-se lentamente o progresso do lugar, pela falta de meios de comunicação com os centros populosos. Em contraposição, foram surgindo as fazendas de cultura, sendo as primeiras: Chamusca, Cobiça, Taquaral, Coqueiros e Saquarema. Crescendo a população, nada mais justo que aspirarem os moradores ao título de Paróquia, o que foi efetuado pela Lei mineira de nº 805, a 3 de julho de 1857. Texto de Monsenhor José do Patrocínio Lefort (Campanha, 5 de junho de 1914 — 15 de dezembro de 1997) que foi um sacerdote brasileiro da Diocese da Campanha. Foi historiador, genealogista, arquivista, heraldista, filatelista, numismata e orquidófilo de reconhecido destaque. Transcrito por Maria Fernanda Alves Guimarães 3