Fiesta eWheelDrive - SAE International
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Fiesta eWheelDrive - SAE International
ANO 16 • N o 70 abr|mai|jun 2016 Autônomos versão digitalizada www.saebrasil.org.br Veículos praticamente prontos, faltam leis e infraestrutura Embraer E2 Nova geração reúne conceitos aviônicos de última geração na ampliação da sua família de E-Jets Na cidade somos todos pedestres. Mercedes-Benz. A gente inaugura o futuro a cada dia. A Mercedes-Benz está completando 60 anos de Brasil. E a nossa linha de vans está presente nessa história há mais de 20 anos, com os veículos Sprinter e também com o recém-lançado Vito, que chegou agora para complementar a família. Desde 1994, já foram vendidas mais de 130 mil unidades de vans Mercedes-Benz no mercado brasileiro. A relação com o Brasil é tão forte que hoje, 60 anos depois, a Mercedes-Benz acaba de inaugurar uma nova fábrica para a produção de automóveis em Iracemápolis, SP. Para a Mercedes-Benz, todo dia é dia de fazer algo novo pelo Brasil. É o nosso jeito de inaugurar o futuro. CRC: 0800 970 9090 | www.mercedes-benz.com.br Sociedade de Engenheiros da Mobilidade [email protected] www.saebrasil.org.br Tel.: (11) 3287-2033; fax: (11) 3288-6599, av. Paulista, 2073, Ed. Horsa II, cj. 1003 São Paulo, SP - CEP 01311 -940 SUMÁRIO Uma publicação da SAE BRASIL para difusão da tecnologia da mobilidade CONSELHO EDITORIAL Camilo Adas Fernando Herrera Neto Frank Sowade Horacio A. Forjaz José Henrique Senna José Luiz Albertin Otacilio Gomes Júnior Ricardo Abreu Ricardo Martins Robson V. Galvão CONSULTOR EDITORIAL Bob Sharp CARTA DO PRESIDENTE Frank Sowade ARTIGO SAE BRASIL: os primeiros 25 anos 6 ENTREVISTA Antônio Megale 8 [email protected] AUTÔNOMOS Futuro distante Produzido e comercializado por Motorpress Brasil Editora Rua Barão do Triunfo 1318 - 04602-003 São Paulo - SP Tel.: (11) 2165-8700; Fax: (11) 2165-8719 PRESIDENTE Adrian Lualdi VICE-PRESIDENTE Isabel Reis DIRETOR EDITORIAL Marcos Villela EDITOR Caio Moraes DIRETORA DE ARTE Maria Cláudia Labate REVISÃO Roberta Stefanini DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO Cícero Monteiro PRODUÇÃO GRÁFICA Adriano Marcos IMPRESSÃO Log & Print Gráfica e Logística S.A. TIRAGEM 7.000 exemplares Engenharia Automotiva e Aeroespacial, ISS n° 18062067, é a revista oficial da SAE BRASIL -Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Os editores não se responsabilizam por informações, conceitos ou opiniões emitidos em artigos assinados, bem como pelo teor de anúncios publicitários. As fotos de divulgação foram cedidas formalmente pela revista Automotive Engineering International, empresas e/ou pessoas mencionadas nos textos. Não é permitida a reprodução sem autorização expressa dos editores. Ninguém está autorizado a solicitar produtos ou verbas em nome da Motorpress Editora ou da SAE BRASIL, a qualquer pretexto. 4 capa 10 TECNOLOGIA Reduzindo atritos - Projeto Triboflex 14 TECNOLOGIA Uma gasolina melhor para o Brasil 18 AEROESPACIAL 22 capa E2 uma geração que já nasce madura BAJA SAE BRASIL 2016 26 Novo local, nova pista e novos desafios REGIONAL 28 São Paulo 1 e 2, e Caxias do Sul PONTO DE VISTA 34 Prof. Dr. Edson Kitani 3 CARTA DO PRESIDENTE Sociedade de Engenheiros da Mobilidade CONSELHO EXECUTIVO Frank Sowade William Bertagni Gábor János Deák Flávia Piovacari Robson Galvão Renato Mastrobuono Fernando Herrera Neto Ricardo Reimer Lourenço Oricchio CONSELHO SUPERIOR Camilo A Adas Norberto Klein João Carlos Pimentel Francisco Nigro Reinaldo Muratori Mauro Ekman Simões Horácio A. Forjaz Mário Guitti Vicente Abate Antonio João Carmesini Ricardo Gomes Ricardo Martins Gerson Fini Celso Simomura Luis Pasquotto Paulo Alleo Amaury Rossi CONSELHO FISCAL Armando De Nardi Flávio Campos Jomar Napoleão Jorge Jacomini José Henrique Senna Marcio Schettino CONSELHO CONSULTIVO SÊNIOR Ali El Hage Bernd Wiedemann Carlos A. Briganti Erino Tonon Francisco Satkunas Horst Bergmann Luc de Ferran Ozires Silva Paulo Regner Pedro Manuchakian Silverio Bonfiglioli Vagner Galeote Vilmar Fistarol Waldey Sanchez CONSELHEIRO DE TECNOLOGIA Ricardo Abreu DIRETOR GERAL Otacilio Gomes Jr GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO Ivan de Rosa GERENTE COMERCIAL Silvana Mele GERENTE DE MARKETING E EVENTOS Marize Vossen GERENTE DE OPERAÇÔES Ronaldo Bianchini GERENTE DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Fabio Braga 4 Dirigir ou não dirigir, eis a questão Quando se pensa em mobilidade, uma forte tendência futura se liga inseparavelmente à conectividade, veículos e sistemas inteligentes. Enquanto a era dos carros autônomos se aproxima rapidamente, a engenharia desenvolve sistemas capazes de fazer veículos cada vez mais seguros e agradáveis Frank Sowade, de conduzir, leves, eficientes e econômicos. Como será, presidente da SAE BRASIL então, a mobilidade do futuro? Não é coincidência que os dois maiores fóruns de engenharia do segmento em âmbito mundial, o SAE 2016 World Congress and Exhibition, promovido pela SAE International em abril último, e o 25º Congresso e Mostra Internacionais SAE BRASIL de Tecnologia da Mobilidade, marcado para outubro próximo, tenham escolhido discutir temas semelhantes envolvendo o futuro da mobilidade e colocando a conectividade como forte tendência global. A partir da simples observação da movimentação da indústria da mobilidade, a conclusão a que se chega é que a conectividade permeia o horizonte da engenharia hoje e assim será também no futuro, em médio e longo prazos. A resposta dessa indústria não poderia ser outra, uma vez que o usuário de transporte na era da nova revolução tecnológica que está em curso é, por si só, conectado e não abre mão das vantagens da tecnologia da informação nem enquanto se transporta, seja sobre duas, quatro ou mais rodas e mesmo sobre trilhos e no ar. Isso explica também o fato de os congressos de engenharia da SAE nos Estados Unidos e no Brasil, como fóruns constituídos para a promoção da sincronia da indústria com o futuro conectado, terem mirado no mesmo alvo. A diferença é que, apesar de toda tecnologia passar por uma indústria que é globalizada, ainda temos muito que fazer para igualar o conhecimento adquirido com as experiências práticas que já acontecem ao redor do mundo. Estaríamos experimentando a última geração de carros conduzidos totalmente por seres humanos? Agora é o momento para a reflexão e o debate sobre essas questões que poderão mudar o modelo do que conhecemos e chamamos até aqui de veículos. O futuro dos carros autônomos passa por territórios ainda pouco explorados quando consideramos a complexidade do nosso relacionamento com o veículo. Nesse aspecto em particular, acredito que a indústria continuará a caminhar firme na direção de encantar os consumidores, disposta a superar os limites atuais da tecnologia, da segurança e do desempenho energético dos motores, pois aprendeu que a paixão tem seu peso de importância na decisão de compra. A arte de dirigir, em breve, poderá se tornar uma escolha e, aqueles incondicionalmente apaixonados e que optam por conduzir em busca de uma experiência reconfortante e envolvente, também fazem parte desse futuro. Cabe à engenharia e à indústria resolverem essa instigante equação para que a cultura do veículo seja sempre aberta e inclusiva. Engenheiros, o desafio está lançado! Neste ano em que a SAE BRASIL comemora 25 anos de existência, dedicados ao fomento da engenharia da mobilidade no país, reconhecemos a necessidade de mergulhar na reflexão desses fatos a fim de enxergar os novos cenários para a nossa indústria. É precisamente esse o foco do 25º Congresso e Mostra Internacionais SAE BRASIL de Tecnologia da Mobilidade, que completa juntamente com nossa entidade o seu jubileu de prata e será o palco da celebração dos 25 anos. Aproveito esta oportunidade para convidar você a estar conosco no Congresso de 2016, de 25 a 27 de outubro no Expo Center Norte, em São Paulo. abril/maio/junho Plataforma. Aqui tem nióbio. Parque Industrial da CBMM - Araxá/MG O nióbio da CBMM está presente nas estruturas dos aços dos veículos produzidos no Brasil, na América do Norte, na Europa e na Ásia. Os aços microligados ao nióbio deixam os carros mais leves, mais seguros e com melhor desempenho. Carros mais leves consomem menos combustível: para cada 100kg de redução de peso, tem-se uma economia de 0,5l/100km rodados, o que diminui a emissão de gases. Além disso, são mais seguros, pois aumentam a resistência dos veículos a colisões. No caso dos utilitários, a redução de peso também é uma grande vantagem uma vez que ela diminui os custos com transporte. Isso porque os aços com nióbio são mais resistentes e possibilitam a utilização de chapas e perfis com menores espessuras. Tudo isso por muito pouco: menos de 9 dólares por veículo. Plataforma. Aqui tem nióbio. www.cbmm.com.br ARTIGO SAE BRASIL: os primeiros 25 anos Lourenco Agnello Oricchio Jr é membro do Conselho Executivo da SAE BRASIL e Diretor Geral da Sabó Américas Para celebrar mais este aniversário, agora com a vivência de um quarto de século a serviço da nossa engenharia, a entidade anuncia a produção de uma revista especial sobre o acontecimento Lourenço Oricchio A número 1 6 Estamos comemorando mais uma data significativa na existência da SAE BRASIL: 25 anos. Não só pela longevidade, mas também pelos relevantes serviços prestados à sociedade e à engenharia brasileira, um marco que não pode deixar de ser celebrado. A SAE BRASIL colabora ativamente no desenvolvimento tecnológico da maior parte dos avanços da indústria da mobilidade, tendo conquistado papel de destaque no cenário nacional. Temos também o privilégio de ser a primeira afiliada da SAE International estabelecida em todo o mundo, que agora tem representantes na Índia, China, Japão e diversos outros países. Para evidenciar a expressividade desse marco em sua história, a SAE BRASIL está trabalhando na elaboração de uma revista especial que enfocará sua notabilidade e suas atividades no país. Também é consenso geral que a recuperação prevista para o setor da mobilidade nos próximos anos – e por que não dizer, até a reabilitação da nossa economia – passará, necessariamente, pelos caminhos da nossa engenharia. Para esta edição comemorativa que estamos preparando, vamos dar ênfase a alguns dos grupos de influência da entidade. O primeiro ponto a ser abordado em nossas páginas será o diferenciador tecnológico da SAE BRASIL. A entidade esteve presente em importantes avanços da nossa indústria, desde a criação do carro popular com motor 1.0, e a substituição do carburador pela injeção eletrônica de combustível, aos atuais motores com injeção direta para os carros flex e a presença do turbocompressor nos motores “menores”, o que nos inseriu na era do downsizing. Isso, sem falar nos itens de segurança que passaram a fazer parte da nossa produção seriada. E assim foi nos mais diversos modais aos quais estamos intimamente ligados. O segundo ponto da nossa edição faz menção ao fato de que a Engenharia será um dos grandes diferenciadores para a evolução do Brasil nos próximos anos. Cada vez mais o país precisará estar inserido no contexto mundial de tecnologia e, para sermos competitivos no mercado internacional, temos de desenvolver produtos que estejam alinhados com o que de melhor é feito no mundo. Outro destaque da história da entidade é o fato que a SAE BRASIL agrega algumas das maiores autoridades e profissionais da engenharia da mobilidade. É patente que o quadro associativo da entidade contém vários experts que participaram e discutiram as principais mudanças dos caminhos da engenharia brasileira. Em suas áreas de atuação, algumas das mais privilegiadas cabeças pensantes do país participaram e participam do corpo diretivo e da presidência da entidade. Isso tem sido fundamental para a notoriedade tecnológica do setor, seja ela proveniente de montadoras, sistemistas ou autopeças. A evolução tecnológica brasileira também será objeto de apreciação na publicação. Componentes com novos materiais e baixo atrito nos motores estão colaborando para a redução do consumo de combustível e emissão de poluentes. Estruturas mais rígidas e mais leves para as carroçarias melhoram o comportamento dos carros e a segurança dos ocupantes. Câmbios automáticos com até dez marchas ou o sistema CVT eram impensáveis economicamente para a maioria dos carros. Essa perspectiva está mudando rapidamente. Não podemos nos esquecer de que já estamos falando de veículos autônomos como uma realidade em médio prazo. Como a SAE BRASIL, desde a sua fundação, sempre esteve presente na evolução da indústria automobilística brasileira, este é outro ponto de destaque da abril/maio/junho nossa revista especial. Muito se aprendeu no decorrer do tempo, inclusive sobre a gestão do conhecimento, o que tornou nossa engenharia mais produtiva e eficiente. Aprendemos a não errar nos projetos, a evitar desperdícios e sabemos como dominar cada etapa produtiva, o que é fundamental para a sobrevivência da indústria nacional. Tão importante quanto todos os pontos abordados acima estão os projetos estudantis promovidos pela entidade. As competições Baja SAE, Fórmula SAE, AeroDesign e Demoiselle têm se mostrado importantíssimas para a formação e conhecimento dos futuros engenheiros. É a melhor forma de se colocar em prática o que se aprendeu na sala de aula. Participar de um projeto desde a sua ideia inicial, passando pela concepção do veículo, escolha dos materiais, administração de etapas e das verbas disponíveis, apresentação dos conceitos e, finalmente, poder comprovar que tudo o que foi idealizado funciona como se imaginou, é imprescindível para o desenvolvimento dos novos engenheiros. Alunos participantes das competições nacionais têm se notabilizado por vencer, com alguma regularidade, competições promovidas pela SAE International, nos Estados Unidos, onde concorrem equipes provenientes de várias partes do mundo. Pode-se dizer que foram 25 anos bem vividos. E foram anos profícuos no sentido de contribuir para o desenvolvimento da indústria e da engenharia brasileira. A SAE BRASIL se orgulha de ter participado da mudança do perfil da mobilidade no país e continua com planos ambiciosos para o futuro. Aguarde, em outubro, nossa edição comemorativa. n ENTREVISTA Antônio Megale Evolução em eficiência energética Wagner Gonzalez Proposta voltada para elevar o volume e melhorar o nível de tecnologia aplicada nos automóveis nacionais, o programa Inovar-Auto atual tem vida garantida até o final de 2017. Em meio ao clima de mudanças na conjuntura político-econômica que envolve o país, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) já se preocupa em discutir a continuidade do programa. Antônio Carlos Botelho Megale, recentemente empossado como presidente dessa entidade para o período 2016-2019, conversou com a Engenharia Automotiva e Aeroespacial, da SAE BRASIL, sobre o estágio atual do Inovar-Auto, as primeiras consequências práticas dessa proposta e dos pontos que vão nortear as discussões entre o setor e as autoridades do governo. Megale, graduado em engenharia mecânica automobilística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV), é também presidente do Sinfavea, para o mesmo período. Ele é diretor de Assuntos Governamentais da Volkswagen do Brasil desde 2008. Revista Engenharia Automotiva e Aeroespacial – Como está o Inovar-Auto hoje? Antônio Megale – O Inovar-Auto é um programa que tem a previsão de encerramento no final de 2017. Entendo que as regras do Inovar-Auto estão sendo cumpridas e há uma empresa que eventualmente não conseguiu cumprir os compromissos do programa, sofrendo o cancelamento da sua habilitação. Já começamos a discutir agora o que virá depois do Inovar-Auto. EAA – Isso quer dizer que estamos em um momento crucial para o futuro do Inovar-Auto. De que forma a Anfavea pretende agir nesse sentido? Quais são as principais reivindicações para determinar a continuidade do sucesso da iniciativa? Megale – Entendemos que precisa haver uma EAA – Em recente encontro da Anfavea, você colocou que o parque técnico nacional é usado em nível mundial. O Inovar-Auto foi explorado nesse processo? Megale – Já tínhamos alguns centros de desenvolvimento no Brasil. O advento do Inovar-Auto proporcionou algum tipo de inves- 8 abril/maio/junho FOTOS DIVULGAÇÃO política industrial que seja muito clara, previsível e que talvez ela seja focada em alguns pontos. O primeiro ponto trata do fortalecimento da cadeia de autopeças; segundo ponto, a questão da eficiência energética, e terceiro ponto, pesquisa e desenvolvimento. timento, o que possibilitou que nossos centros de engenharia se capacitassem um pouco mais. Isso permitiu que alguns desenvolvimentos fossem feitos não só para o mercado local, mas também para produtos que eventualmente não seriam comercializados na região. O importante é ter essa capacitação para que esses centros de desenvolvimento sejam utilizados como alternativas aos centros lá de fora. Para que isso aconteça temos que ter condições de oferecer serviço com qualidade, capacitação técnica, mas também que os custos de desenvolvimento que sejam adequados. O advento do Inovar-Auto proporcionou algum tipo de investimento EAA – Quais são os três itens que você des- nos centros taca no Inovar-Auto, e qual deles foi o que de engenharia mais se desenvolveu nessa primeira fase, qual deles causou maiores impactos na indústria nacional? Megale – Esses três itens são pesquisa e desenvolvimento, cadeia de suprimento e a pesquisa em eficiência energética. Eu diria que desses três pilares o que mais se desenvolveu foi a eficiência energética, demos um salto grande. Todos os veículos que estão nas ruas hoje e no próximo ano têm um nível de eficiência energética muito superior ao que tínhamos alguns anos atrás. EAA – Quais foram os principais benefícios colhidos pela engenharia brasileira com essa primeira fase do Inovar-Auto? Temos conseguido criar aqui, ou muitas das soluções aplicadas vieram de fora? Megale – Ela permitiu uma revolução em vários pontos. Primeiramente no que se refere à parte de motores. Hoje temos motores antes inexistentes no Brasil. Falo de motores menores, tivemos o downsizing, os 1.0 turbo. A tecnologia turbo, a injeção direta e o downsizing aconteceram, isso já é uma realidade no Brasil. Essas conquistas permitiram que nossos veículos fossem muito mais competitivos em termos mundiais. Outro fator é o peso dos veículos, que é importante para a eficiência energética. Então a própria construção dos veículos, utilizando aços mais nobres, também ocorreu, aumentando a questão de segurança e também a da eficiência energética. abril/maio/junho EAA – Todas essas conquistas foram obtidas dentro de um cenário de estabilidade na conjuntura político-econômica, cenário que já não é mais o mesmo. Como a instabilidade atual afeta o desenvolvimento de novos projetos? Megale – Temos indicadores no país que mos- Essas conquistas permitiram que nossos veículos fossem muito mais competitivos em termos mundiais tram o Brasil como possuidor de um grande potencial para a indústria. Diante disso, o fato é que não tivemos nenhum anúncio de “desinvestimento”. Ou seja, nenhuma empresa que já havia anunciado planos de investimento no país cancelou-os. Essas empresas podem estar ajustando esses investimentos por um período de tempo. O importante, como eu sempre digo, é a questão da previsibilidade. Portanto, é muito importante que essa política industrial que virá após o Inovar-Auto seja bem detalhada, torne tudo bem claro para que as empresas possam adequar seus planos para produzir veículos, produtos que possam atender apropriadamente a esse mercado, que estejam adequados para atender na hora que esse mercado voltar a crescer, e esperamos que isso não demore muito, que possamos produzir automóveis de grande nível tecnológico aqui no Brasil, seja para atender ao cliente brasileiro e n também ao mercado externo. 9 AUTÔNOMOSCAPA Futuro distante Entraves existem em todos os países do mundo, mas em função da complexidade exigida para a implementação dos veículos autônomos no Brasil, aqui deveremos ter um pouco mais de dificuldade O assunto do momento, quando se fala em mobilidade, são os carros autônomos. A tecnologia vem sendo apregoada como o futuro dos transportes e, claro, deve vir a ser. Mas percebese que um longo caminho ainda terá, necessariamente, a ser percorrido. Os veículos propriamente ditos não são mais o problema, vários fabricantes de automóveis e caminhões, e até não fabricantes, estão em um estágio bem avançado de desenvolvimento das suas tecnologias. Os carros andam sozinhos, se mostram eficientes, enfim, cumprem com aquilo que se imagina que venha a ser o futuro da nossa mobilidade, mas não é o suficiente. Quase todos os envolvidos com esse processo são unanimes em dizer que os veículos “já são o passado” na implantação da mobilidade autônoma, e que o “futuro” será muito mais complexo de ser colocado em prática. Legislação, infraestrutura, comunicação e aspectos jurídicos serão os principais responsáveis pela viabilidade da inciativa e não os veículos em si. Em nossas conversas para a elaboração dessa matéria descobrimos o quanto ainda falta a andar na Europa e Estados Unidos nesse sentido, e as grandes dificuldades que teremos que superar em se falando de Brasil. Excetuando-se iniciativas nacionais bem-intencionadas e isoladas, o assunto passa ao largo do conhecimento da maioria dos nossos legisladores e responsáveis pela criação de condições para que o carro autônomo venha a se tornar uma No momento, o carro do Google deve ser o mais avançado 10 realidade por aqui. Contran e Detrans, por ainda não terem nada consistente para dizer a respeito, preferem se omitir. Assim como o Google, considerado como o detentor dos projetos mais avançados entre as empresas que pesquisam os autônomos, não quis se manifestar a respeito aqui no Brasil. Para Antônio Megale, presidente da Anfavea, associação que representa os fabricantes de veículos do País, “O carro autônomo, está em um futuro cada vez mais próximo. Os desenvolvimentos, investigações e pesquisas em âmbito mundial apontam para que eles comecem a se tornar uma realidade em alguns mercados mundiais já na década de 2020 e, na sequência, chegará ao Brasil”. No que diz respeito às dificuldades para que isso se torne viável, Megale afirma que para a introdução do carro autônomo no País serão necessários amplos ajustes nas legislações, o mesmo que acontece no momento em nível mundial. “Mas é importante que fiquemos atentos à evolução do que está acontecendo no mundo para que possamos nos espelhar e adequar melhor essas propostas da forma mais rápida possível à realidade nacional. Achamos que a questão do carro autônomo está um pouco distante de nós, considero que no momento temos outras prioridades. Acho que precisamos entender a política que virá para o Inovar-Auto, para que possamos assegurar uma boa atuação das nossas engenharias no sentido produzir veículos com nível de eficiência energética adequado para atender as exigências do Brasil e das exportações”, conclui Megale. No tocante ao desenvolvimento de produtos nacionais, já temos um bom exemplo na USP de São Carlos. Uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Robótica Móvel, coordenada pelo Prof. Denis Wolf, é responsável pelo desenvolvimento do projeto CaRINA – Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma –, o primeiro veículo sem motorista autorizado a trafegar por vias públicas em território nacional (EAA nº 57) e do primeiro caminhão autônomo, que já circula pelo Campus da USP São Carlos (EAA nº 67). Para Denis Wolf, qualquer iniciativa no sentido de viabilizar os autônomos tem que começar pela legislação. “Tive a oportunidade de participar de uma reunião promovida pelo Prof. Dr. Edson Kitani (professor da Fatec Santo André e Coordenador Pedagógico do Projeto de abril/maio/junho FOTOS DIVULGAÇÃO Caio Moraes* Veículos Autônomos, além de integrante da Comissão Técnica de Veículos Autônomos da SAE BRASIL) com o Contran sobre esse assunto e acredito que, talvez, essa tenha sido a primeira iniciativa em uma esfera de quem realmente decide as leis no País. A ideia foi muito bem recebida, apesar dos técnicos do órgão máximo normativo brasileiro não terem ainda uma noção bem definida dos vários aspectos e dificuldades da área. Foi um primeiro passo promissor”. Apesar da boa receptividade Wolf acha que ainda será preciso percorrer um longo caminho antes que a ideia se materialize na forma de lei, mas a discussão tem que ter início imediatamente. Na verdade, até os testes com veículos autônomos são proibidos pela legislação brasileira que exige, por exemplo, que se dirija com as duas mãos no volante, fato impossível com um veículo comandado por computadores. Está na infraestrutura o segundo passo importante da implantação dos veículos autônomos. “Hoje todos que estão desenvolvendo projetos nesse sentido trabalham assumindo que as condições para a utilização dos autônomos são as melhores possíveis. A Volvo, por exemplo, que no ano que vem planeja fazer uma demonstração no anel viário de Gotemburgo com 100 carros, fará esse teste em um ambiente conhecido e em uma região favorável, onde ela terá o completo domínio da situação”, diz Wolf. Os veículos autônomos, em um primeiro momento, vão precisar de condições de pistas e sinalização de solo (faixas) perfeitas, ou seja, ele só poderá ser usado preenchendo esses requisitos mínimos de condução. A maioria das tecnologias desenvolvidas para o ambiente urbano se preocupa em detectar outros veículos e pedestres, mas não se importa com os buracos do piso. Quando o aspecto legislação e vias estiverem resolvidos, o próximo passo será o desenvolvimento de uma infraestrutura voltada para a conectividade (comunicação CaRina: primeiro projeto desenvolvido inteiramente no Brasil abril/maio/junho entre veículos e com a própria infraestrutura), onde se conseguirá um grande salto de eficiência. Os veículos serão capazes de serem “alertados” da ocorrência de acidentes, de vias interditadas, de condições do trânsito, e muito se poderá interferir na eficiência do sistema como um todo. O potencial para melhorar o fluxo e a segurança do trânsito com um veículo autônomo será significativamente ampliado, mas essa capacidade poderá ser triplicada ou quadruplicada com a implantação da conectividade. Estudos comprovam que carros autônomos conectados podem melhorar o fluxo de trânsito em quase 300%, já que ele decidirá as rotas, contornará obstáculos e escolherá os melhores caminhos, sempre “conversando” com outros carros e infraestrutura. Na atualidade, as formas mais comuns de comunicação seriam o 3G e 4G, mas nossa cobertura está muito aquém das necessidades dos veículos autônomos, com inúmeras áreas de inexistência de sinal inclusive para comunicação pessoal. Para o futuro, pensando na existência de pontos de trocas de informação nas vias, existirão protocolos mais adequados para isso, que dependerão de tempo e maciços investimentos – que ocorrerá primeiramente em vias específicas designadas para avaliações. Hoje se investe bilhões de dólares na contratação de cientistas, engenheiros e em aportes financeiros aos departamentos técnicos das instituições de ensino. O projeto inicial do Google, por exemplo, nasceu dentro de Stanford e da Carnegie Mellon University, e o carro da Audi também teve como ponto de partida Stanford. Interessante perceber a surpresa de grupos estrangeiros quando tomam conhecimento de que no Brasil já se faz testes relativamente sofisticados dentro dessa área. “Se discute muito cidades e serviços inteligentes em todos os âmbitos e acreditamos que o veículo faz parte dessa equa- Apoio da Scania ajuda na segunda proposta da USP de São Carlos 11 AUTÔNOMOSCAPA do setor de trânsito do município, estamos também realizando um amplo levantamento da legislação vigente, afim de detectar quais os desafios a serem superados do ponto de vista legal para regulamentação do assunto. Cabe, no entanto, destacar que é prerrogativa exclusiva da União legislar sobre este tema”. Entre as marcas que estão investindo na tecnologia, a Volvo vem se mostrando ativa e atenta a esses desdobramentos. Segundo Anders Hedebjörn, as principais barreiras para a implantação da tecnologia são as mesmas em todo o munção. A integração do veículo com do: legislação e infraestrutura, e permitirá vários benefícios Desde 2013 um modelo outros serviços urbanos tem um em longo prazo para a sociedade. “A previsão dos fabricantes experimental enorme potencial para interferir europeus é a de que esse tipo de carro será comercializado já Mercedes está em até em como as pessoas vivem, mas a partir de 2019 sempre, é claro, dependendo de uma nova desenvolvimento estou falando de décadas adiante. A legislação que permita isso. E para a Volvo Cars a questão inteligência artificial faz, cada vez da responsabilidade em se tratando desse tipo de veículo é mais, parte do nosso cotidiano sem que a gente perceba isso clara: quando em modo autónomo, a empresa assumirá toda e o transporte passará a ser mais um deles. Acho que em um a responsabilidade legal. futuro mais distante a discussão de carros autônomos estará Para Camilo Adas, gerente sênior de Desenvolvimento de evoluindo para cidades inteligentes, o que mudará radical- Veículos Comerciais da Mercedes-Benz do Brasil, em termos de tecnologia não há mais nenhuma grande dúvida ou mente a forma como vivemos”, conclui Wolf. Mas também já existem cidades brasileiras que pensam nenhum grande entrave para a comercialização dos autônona mobilidade autônoma como solução futura. Santo André, mos. Inclusive, já se pensa na Europa, em ter isso viabilizado por exemplo, tem em suas aspirações ser a primeira Driver- em torno de 2025. A posição dos fabricantes, como se perless Car Friendly City do Brasil. De acordo com Ronaldo cebe, também difere quando o assunto é a data do início da Tadeu Ávila de Paula, Secretário de Desenvolvimento Eco- sua comercialização. nômico, Ciência e Tecnologia da Prefeitura de Santo André, Na visão da empresa, a tecnologia do caminhão está sob “Um dos vetores de inovação na indústria automobilística é domínio. Agora, a questão é organizar a sociedade, legislação, o veículo autônomo. No âmbito do projeto do Parque Tec- infraestrutura e depois os aspectos comerciais. Sob o ponto nológico de Santo André estamos estabelecendo parceria de vista da comunicação existe uma avalanche de informacom universidades para desenvolvimento de um núcleo de ções rodando pelo ar, portanto, será necessária a definição da tecnologia automobilística focado no desenvolvimento de frequência de cada operação para que não haja interferências soluções inovadoras visando o carro do futuro. Além dos de- entre si. Existe uma tendência a favor da frequência V2l para safios tecnológicos, a perspectiva de veículos de transporte a gestão da informação de direção autônoma, e a difusão desoperarem sem a utilização de um condutor humano impõe a sa tecnologia interessa a todos os envolvidos nesse processo: necessidade de ajustes e construção de uma legislação espe- fabricantes dos veículos, administradoras de rodovias, órgãos cífica para esta nova realidade. Com participação de técnicos públicos, empresas de comunicação e sociedade. A marca alemã projeta para 2025 o início da implementação do sistema 12 abril/maio/junho “Temos a tendência de acreditar que no Brasil as coisas estão muito distantes do restante do mundo, mas alguns dos principais elementos que viabilizarão a direção autônoma já existem por aqui. Temos um país com 1,2 milhão de quilômetros de estraA Volvo fará das, nem todas com as mesmas condições. Mas alum teste com gumas delas, se olharmos com atenção, não deixam 100 carros no a desejar para as alemãs ou europeias”, diz Adas. anel viário de “Precisamos desmistificar a direção autônoma Gotemburgo no Brasil, ela será possível na medida em que houver uma mobilização nesse sentido. O padrão do sistema de ves e como isso seria avaliado pela opinião pública. Antes reconhecimento da câmera, do radar, ou mesmo da frequên- do fechamento desta edição um grave acidente envolvendo cia de transmissão citada acima, tem que estar disponível para um veículo autônomo da Tesla provocou a primeira morte. O ele poder operar com eficiência. Mas mesmo na Europa ou carro não identificou a cor branca de um caminhão em relanos Estados Unidos isso ainda não está 100% solucionado. ção ao restante do ambiente e colidiu com ele. Pesquisadores Nos Estados Unidos se debate muito a questão do hacker, do acadêmicos têm afirmado que os problemas de visão artificial terrorismo cibernético. Um caminhão autônomo que trans- ainda não foram totalmente resolvidos e há muito ainda para porta uma carga perigosa pode ser usado como uma arma, se desenvolver nessa área. Entretanto, devemos entender que esse risco tem que ser evitado”, comenta. um veículo autônomo precisa ser apenas melhor do que um Durante as pesquisas para produção desta matéria, notou- motorista humano para reduzir drasticamente o número de se que há uma preocupação em não criar muitas expecta- acidentes com mortes. Como em qualquer nova tecnologia, tivas, principalmente porque os estudos ainda são sigilosos essa notícia será motivo para criar oposição, mas isso sempre sob o ponto de vista de negócios. Some-se a isso o temor permeou a história do desenvolvimento humano. n 160229-Anuncio_Associados_AF.pdf 1 07/03/2016 10:30:21 de que um sistema autônomo se envolva em acidentes gra- *Colaboraram Fabio Ometto, Bob Sharp e Edson Kitani VENHA CONSTRUIR COM A SAE BRASIL A HISTÓRIA DA ENGENHARIA DA MOBILIDADE! Alguns benefícios exclusivos do ASSOCIADO SAE BRASIL: Network com os líderes da indústria Entrada exclusiva nas Sessões Técnicas do Congresso e Mostra SAE BRASIL Desconto na aquisição de publicações da SAE International Acesso a palestras exclusivas Valores especiais nos eventos promovidos pela entidade, entre outras vantagens FAÇA PARTE: portal.saebrasil.org.br/associe-se | [email protected] | 55 11 3287-2033 r.122 SEJA UM ASSOCIADO! TECNOLOGIA Reduzindo atritos Projeto Triboflex, liderado pela USP, adota o modelo de consórcio colaborativo e vem facilitando a conciliação entre as demandas das fabricantes e a capacidade de pesquisa acadêmica Foto de uma das reuniões de acompanhamento do consórcio 14 Um dos efeitos do aumento progressivo da potência específica de motores de combustão interna, especialmente com a recente difusão do conceito de downsizing, é a elevação da carga de atrito entre as partes móveis e suas superfícies de contato, ou seja, o maior carregamento tribológico dos componentes internos. Cientificamente, Tribologia – do grego tribo (esfregar, atritar) – é o estudo da dos fenômenos resultantes da interação entre duas superfícies em movimento relativo, tais como o desgaste e o atrito. No caso dos motores flexíveis em combustível (flex), como os disponíveis no mercado brasileiro, o uso de etanol traz outras demandas, não só pela maior pressão de combustão, mas também pela alteração nas condições de atrito, causada pela possível contaminação e diluição do lubrificante, ou mesmo pelo ambiente mais corrosivo. Diante da perspectiva de que, em breve, talvez o país que criou a política do Proálcool, 40 anos atrás, tivesse de importar tecnologia de mercados mais adiantados em Pesquisa & Desenvolvimento nesta área da tribologia, diversos grupos de estudos vêm sendo formados em todo o Brasil nos últimos anos, abrindo novas possibilidades de colaboração entre as universidades e a indústria automobilística nacional. Nesse contexto, o Laboratório de Fenômenos de Superfície (LFS) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), criado em 1994, é um dos centros de excelência em tribologia. Idealizado em 2012, quando da criação do Inovar-Auto (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores), o projeto Triboflex tem como proposta aplicar conceitos de tribologia visando melhor entendimento dos fenômenos de atrito e desgaste em motores flex. Com o apoio de modelagem, o estudo se concentra, especificamente, nas particularidades do efeito do etanol sobre dois tribossistemas dos motores: o sistema anel-lubrificante-cilindro e o sistema válvula-meio interfacial-sede de válvula. As pesquisas do TriboFlex são financiadas pela Fapesp por meio do projeto “Desafios tribológicos em motores flex-fuel” – Triboflex –, integrado aos programas Pesquisa em Bioenergia (Bioen) e Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (Pite) e pelas companhias participantes, que atualmente são FCA/ Fiat, MAHLE, Petrobras, Renault, VW e Tupy. Além do LFS fazem parte também a Unicamp e a universidade Federal do ABC Paralelo à relevância do próprio objeto da pesquisa, o Triboflex também assume um importante papel dentro do ambiente acadêmico por ser um consórcio colaborativo, um modelo de parceria em P&D entre as fabricantes e as universidades praticamente ainda pouco praticado no Brasil – mas bastante difundido nos Estados Unidos e Europa, onde conta com programas tanto federais quanto envolvendo vários países. Conforme explica o Dr. Eduardo Tomanik, Consultor Técnico em P&D de Tecnologia de Produto da MAHLE Metal Leve, mas também post-doc na USP, o caráter de um consórcio colaborativo baseia-se na identificação dos interesses comuns ou complementares como a parte mais importante na formação do grupo, seguidos pela definição de um estudo focado abril/maio/junho FOTOS DIVULGAÇÃO Fabio Ometto nestes interesses, as competências técnicas dos envolvidos e o potencial laboratorial para avaliação experimental. O principal foco do consorcio TriboFLex, como o próprio nome diz, está nos aspectos tribológicos de motores Flex-Fuel, em especial com o advento de tecnologias como injeção direta, turbo, start-stop, óleos de baixa viscosidade etc. que embora comuns no exterior, podem trazer novos aspectos quando usadas em motores Flex-fuel. O projeto contempla desde técnicas sofisticadas de caracterização e modelamento computacional como testes desgaste, possíveis com a aquisição de avançados equipamentos laboratoriais, como tribômetros e interferômetros 3D. “Para as empresas, trata-se de um projeto alicerçado nos pilares de eficiência energética, meio ambiente e a durabilidade do produto como fator de competitividade”, define Tomanik. Entre as vantagens do modelo de consórcio colaborativo, destaca o especialista, estão os baixos investimentos exigidos das empresas – que neste caso específico, segundo ele, não se equi160607-Anuncio_Congresso_GRAFICA.pdf 1 07/06/2016 15:08:08 valem sequer aos custos anuais de contratação HOST INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O CONGRESSO SAE BRASIL 2016 de um engenheiro –, e as horas dedicadas ao P&D, que se resumem às reuniões mensais para acompanhamento dos projetos, algo facilmente justificável dentro de uma organização. “Os funcionários das empresas são envolvidos em estudos de stricto sensu, gerando um maior grau de motivação e compromisso aos temas, tanto das empresas quanto dos alunos e pesquisadores da universidade. A participação nas discussões favorece também o enquadramento dos trabalhos para os objetivos do projeto”, revela. A fórmula de sucesso adotada para a implantação do Triboflex, ainda segundo Tomanik, foi Estudo detalhado do desgaste de um motor que rodou com etanol Expo Center Norte | Pavilhão Vermelho Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme | São Paulo – SP Informações: [email protected] | (11) 3287-2033 portal.saebrasil.org.br/eventos/congresso CO-HOST SIGA EM DIREÇÃO ÀS NOVAS TENDÊNCIAS DA ENGENHARIA DA MOBILIDADE! 25 A 27 DE OUTUBRO MONTE UMA CARAVANA NA SUA EMPRESA OU UNIVERSIDADE! NÃO DEIXE DE CONFERIR AS NOVAS TECNOLOGIAS E OS MAIS RECENTES AVANÇOS E INOVAÇÕES DA INDÚSTRIA NO MAIOR ENCONTRO DO SETOR DIRIGIDO A ENGENHEIROS, EXECUTIVOS, CONSULTORES E ACADÊMICOS. FAÇA SUA INSCRIÇÃO portal.saebrasil.org.br/eventos/congresso/faca-sua-inscricao REALIZAÇÃO TECNOLOGIA Reprodução do acompanhamento do consórcio desde a sua concepção 16 a associação dos professores, alunos bolsistas (como mão de obra para geração de conhecimento), utilização da estrutura laboratorial presente nas instituições públicas, a viabilização de recursos das empresas, e a identificação de temas de interesses focados precisamente nos objetivos coletivos dos participantes – e, então, criar células de estudos para condução de temas em específicos, interligados com a proposta principal do trabalho. Seguindo esse roteiro, sob a coordenação do Prof. Amilton Sinatora, titular do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP, o Projeto Triboflex foi separado em dois campos interligados de P&D – materiais e lubrificantes –, e subdividido em cinco grandes subprojetos: vcaracterização tribológica de componentes de motores flex; vtribologia do sistema pistão/anéis/cilindro; vtribologia de válvulas e sede de válvulas; vmodelamento; vformação de mão de obra específica para desenvolvimento tribológico em motores flex. Segundo o Prof. Sinatora, o trabalho tem se concentrado essencialmente em reduzir a perda de eficiência dos motores causada pelo atrito e o desgaste dos componentes. “Isso tem a ver com a geometria das peças e também com sua microgeometria, definida pelo brunimento no caso de cilindros ou camisas dos motores”, observa. Desde a sua criação, o Consórcio gerou uma série de resultados positivos, entre eles o desenvolvimento de técnicas sofisticadas de caracterização de brunimento, de teste de materiais de válvulas; modelos computacionais para caracterização, e simulação de anéis e cilindros; parcerias com grupos-referência do exterior (Halmstad University, Imperial College, BAM e outros); e o workshop internacional sobre “Superlubricity”, em conjunto com a SAE Brasil, quando foram traçados “road maps” tecnológicos e propostas de projetos colaborativos nesta área. Ao mesmo tempo, o Laboratório de Fenômenos de Superfície tem sido uma presença constante em um dos congressos mais tradicionais e respeitados da área, o Leeds – Lyon Symposium on Tribology, realizado anualmente na França. Na sua 42ª edição, em setembro passado, que contou com a presença de mais de 300 pesquisadores de todo o mundo, o Brasil teve uma participação ativa por meio de três abril/maio/junho trabalhos do LFS – sendo um em parceria com a Universidade Sueca de Halmstad –, e outros dois da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, descritos a seguir: T. Cousseau; J.S.R Acero; A. Sinatora – USP. Tribological response of fresh and used engine oils: the effect of surface texturing, roughness and fuel type Z. Dimkovski (Halmstad University), E. Tomanik, F. Profito – USP. Influence of surface waviness on predictions of friction between cylinder liner and oil control ring Rodrigues; T. Yonami-me; E. Albertin; A. Sinatora – USP. Pin on disc tribotests with addition of Cu particles as an interfacial media: characterization of disc tribosurface using SEM-FIB techniques S. Alves; V. Mello; E. Faria; A.P. CamarogUFRN. Nanolubricants developed from tiny CuO nanoparticles J.O. Junior; A. Medeiros; A. Farias – UFRN. Characterization of the dynamic behaviour of lubricity fuels using vibration signals and multiresolution analysis Espessura do filme Pressões Fracionamento do Pressões de hidrodinâmicas filme (cavitação) aspereza topografia da camisa borda da canaleta Modelo computacional para simulação de anel/cilindro a partir de medições reais da superficie do cilindro (06/2014) Os três anos de estudos planejados para o Projeto Triboflex foram completados em 2015, e estendidos por, pelo menos, mais dois. Nesse período, estão previstos a entrada de novas empresas e um maior foco no papel dos lubrificantes. n AGENDE-SE PARA OS PRÓXIMOS EVENTOS DA SAE BRASIL 8º Simpósio SAE BRASIL de 14º Simpósio SAE BRASIL de POWERTRAIN 14º Simpósio SAE BRASIL Automaker DE TESTES E SIMULAÇÕES 01 e 02 AGOSTO 10 e 11 de AGOSTO 01 DE SETEMBRO LOCAL: LOCAL: LOCAL: LOCAL: Parque Tecnológico de Sorocaba Sheraton São Paulo WTC Hotel Centro de Convenções da FIERGS Av. Itavuvu, 11777 - Distrito Industrial Zona Norte | Sorocaba/SP Av. Nações Unidas, 12.551 Brooklin Novo | São Paulo/SP Teatro Positivo - Pequeno Auditório Confira a agenda completa de eventos: portal.saebrasil.org.br/eventos/geral R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 Campo Comprido | Curitiba/PR Av. Assis Brasil, n° 8787 Sarandi | Porto Alegre /RS TECNOLOGIA Uma gasolina melhor para o Brasil As soluções para a redução do consumo de combustível dos automóveis e comerciais leves, e a consequente menor emissão de gases poluentes, passam, necessariamente, por uma gasolina de maior octanagem. Por quê? É o que veremos a seguir Os motores mais eficazes e econômicos que tendem a ser introduzidos no país – alguns já em produção devido ao regime Inovar-Auto – operam em condições de maiores cargas térmicas e temperaturas. Essa situação favorece a detonação, fenômeno que tem na gasolina de alta octanagem um aliado para reduzir sua ocorrência. Entretanto, como a indústria automobilística brasileira, hoje, produz para o mercado interno apenas veículos flexíveis em combustível – os flex –, o etanol já atende à perfeição o requisito antidetonante, mas essa propriedade ainda não é aproveitada na sua plenitude. Isso faz os motores flex consumirem mais etanol do que deveriam e, na esteira, gasolina. Ou seja, o que se tem no momento são motores que não são tão eficientes com a gasolina comum à disposição. Isso ocorre porque a gasolina comum ainda tem octanagem distante daquela do etanol, o que obriga a uma solução de compromisso no que tange um dado fundamental de todo motor a combustão de ciclo Otto: a taxa de compressão. Por isso hoje se adota uma taxa de compressão média, que atenda os dois combustíveis quando se utiliza um deles individualmente ou misturados em qualquer proporção. Em outras palavras, é a gasolina que está impedindo maior eficiência dos motores flex quando funcionam com etanol. Como aproveitar melhor o etanol significa elevar a taxa de compressão, isso esbarra na questão da detonação quando o motor do carro flex for abastecido com gasolina. É nesse ponto que reside a vantagem de a gasolina vir a ter maior octanagem do que a oferecida atualmente. 18 O etanol hidratado apresenta resistência à detonação bem superior à de qualquer gasolina, 113 octanas RON equivalentes (equivalentes porque o etanol não tem a iso-octana e outros derivados do petróleo que elevam o número de octanas). Antes de continuar convém saber que no Brasil utiliza-se o Índice Antidetonante, e não o número de octanas, para exprimir a resistência à detonação. Esse índice resulta da média aritmética de dois padrões de octanagem utilizados pela indústria do petróleo, o Motor Octane Number (MON) e o Research Octane Number (RON). São métodos diferentes de estabelecer a octanagem, fazendo as misturas e testando-as num motor especial chamado CFR (Cooperative Fuel Research), de taxa de compressão ajustável. Disso resulta que octanas MON têm número mais baixo do que RON. Por exemplo, nossa gasolina comum tem 82 MON e 92 RON, em que a média aritmética é 87: este é o Índice Antidetonante (IAD) da gasolina comum brasileira. A metodologia é idêntica à usada nos Estados Unidos e lá se chama Anti-Knock Index (AKI). Há atualmente no Brasil três gasolinas quanto a octanagem: a comum, aditivada ou não, a premium (98 RON) e a Podium (102 RON), esta exclusiva da Petrobras. Para entendimento mais fácil, usaremos aqui o número de octanas RON, utilizado na Europa e nos países vizinhos, bem como em certos dados dos EUA. Além de ser um combustível em si, uma das principais características do etanol é sua capaabril/maio/junho FOTOS DIVULGAÇÃO Marcos Clemente e André Ferrarese cidade de ser um modificador de octanas em misturas com gasolina. Tomando-se por base três diferentes tipos de misturas de gasolina americanas (veja gráfico), ou seja, uma da mais baixa octanagem, uma normal e uma premium, entre si elas já apresentam níveis diferentes de octanas. A partir do momento que se passa a adicionar etanol a cada uma delas esse número de octanas aumenta. Em um exemplo básico, ao se acrescentar 20% de etanol a uma gasolina de octanagem muito baixa, ela pode chegar aos mesmos níveis de octanagem (ou até superior) da gasolina que chamamos de normal, e com 40% de etanol ela superaria em muito o número de octanas da melhor versão. De mesma forma que a gasolina normal dá um salto de octanagem quando recebe o etanol: com apenas 20% de etanol ela supera em muito a gasolina premium. Esse é o resultado de um trabalho de Stein no paper SAE2012-01-1277. Com esse aumento de octanagem seria possível aumentar a taxa de compressão dos motores, o que melhoraria significativamente a sua eficiência, reduzindo inclusive o compromisso de taxa de compressão dos motores flex. O gráfico abaixo mostra o efeito do etanol quando misturado com gasolina. Dessa forma pode-se chegar a mais de 100 octanas RON com 30% de etanol, o que tornaria possível um motor flex de aspiração natural com taxa de abril/maio/junho - - - - - - - - - - - - - - - - - - nível médio - etanol de - misturas de - octanagem, 110 H 105 Etanol puro RSP 100 95 Gasolina básica de 90 baixa octanagem Gasolina comum 85 Gasolina premium 80 0 20 40 60 80100 Teor de etanol (vol.) Reproduzido de Stein, SAE2012-01-1277 - para alta Número de octanas (-) Motivação compressão algo acima de 13:1, não só aproveitando melhor a propriedade antidetonante do etanol, como aumentando a sua eficiência quando funcionando com gasolina. E os motores superalimentados poderiam funcionar com pressão de superalimentação maior que a adotada hoje, 1,2 a 1,5 bar, passando a 1,4~1,7 bar, realçando a conhecida característica conhecida desses motores, elevados potência e torque com baixo consumo de combustível. Tecnicamente seria necessária a realização de vários ensaios, principalmente nos motores mais antigos da frota circulante, para se constatar o impacto que isso causaria. Em princípio, os motores em circulação teriam a capacidade de, em parte, se adaptar ao novo combustível (ainda que tenham uma taxa de compressão mais baixa) em função das suas possibilidades de ajustes do avanço inicial de ignição e da curva de avanço. Em parte porque restaria a questão da formação de mistura em motores anteriores a 2010 que não contam com mapeamento para lambdas muito superiores a 1 e poderiam se ressentir da mistura ar-combustível mais pobre. Nos mais antigos, a carburador, certamente seria necessária sua nova calibração. E ainda que esse motor de concepção mais antiga não atinja o ponto máximo de otimização usando um combustível com maior quantidade de etanol, ele também 19 TECNOLOGIA para motores - - - - - - 20 - se beneficiaria muito desse maior número de octanas. Já um motor de nova geração, com uma calibração de fábrica prevendo um combustível com maior octanagem, teria o máximo de aproveitamento. A mudança realizada pelo governo brasileiro de aumentar o percentual de etanol à gasolina de 22% para 27%, em março de 2015, não modificou (aumentou) o número de octanas, pois essa mudança pode ser feita em uma gasolina básica de baixa octanagem. Se essa adição for feita a partir da gasolina usada na mistura de 22%, aqui apontada como normal, já teríamos um combustível em torno das 100 RON ou mais, em vez da 92 RON que temos. Portanto, o ideal para os motores mais modernos e futuros teria sido manter a gasolina normal como base para receber o etanol, o que não tem sido feito, até mesmo porque a especificação atual da ANP o permite. Com isso teríamos uma gasolina normal igual à Podium para toda a frota. Hoje já se fala em motores com benefício flex, que estão pautados para uma redução da diferença entre as taxas mínimas e máximas de compressão para que possam ser usados com gasolina ou etanol. E na medida em que se aumenta a quantidade do etanol à gasolina, a tendência é que essa discrepância fique significativamente reduzida. Mas, para isso, é preciso que se usem as melhores gasolinas possíveis (com maior octanagem). - - - - a gasolina •••••••••••••••••••••••••••• octanagem 87 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• de alta •••••••••••••••••••••••••••••••••• combustíveis IMEP benefícios dos - Em um motor de pesquisa de alta compressão, a alta octanagem da E30 permite a duplicação de torque disponível em comparação com a da gasolina E0 87 AKI Splliter e Sybist. Oak Ridge National Laboratory destacaram os ••••••••••••••••••••••••••••••• experimentos ••••••••••••••••••••••••••••• Recentes E30 - • = data point 87 AKI E0 E30 (12:1) Potência constante E0 (9.2:1) 87 E0 (12:1) 12001600 2000 2400 2800 3200 Rotações do motor (RPM) Na atualidade, quando se analisam as diferentes tecnologias disponíveis para melhorar a eficiência dos motores de combustão interna, o etanol geralmente apresenta uma vantagem competitiva importante. Esses resultados se destacam sempre que ele está associado a uma maior taxa de compressão, a um turbocompressor, aos comandos de válvulas variáveis, à injeção direta, portanto, a combinação com uma ou várias dessas tecnologias aumentam as chances de se transformar o compromisso flex em benefício flex. Melhor dizendo, diminuirá sensivelmente a preocupação com a eficiência de cada combustível separadamente. Todas essas novas tecnologias adéquam-se muito bem ao etanol. A combinação downsizing, turbo e injeção direta, que faz parte do conjunto das principais soluções para reduzir o consumo de combustível e as emissões, funciona muito melhor com o etanol. São tecnologias ótimas para gasolinas com alta octanagem, que proporcionam vaporização elevada, resfriam a mistura, permitem uma maior agressividade nas taxas efetivas, permitem uma temperatura final de combustão menor, protegem a turbina do turbocompressor, não ocasionam problemas para o catalisador, enfim, o etanol gera uma série de vantagens quando combinado à gasolina. O Brasil precisa passar por uma significativa mudança de infraestrutura de energia n mais limpa. abril/maio/junho Por que amplificadores pulsados de estado sólido AR devem estar no seu radar Para testes de suscetibilidade EMC à imunidade radiada para a indústria automotiva e militar, assim como aplicações de radar e comunicação, há agora uma alternativa muito atraente aos amplificadores de tubos de ondas progressivas (TWTA). As novas ofertas da AR incluem várias faixas de frequência e níveis de potências de saída para atender a vários padrões ou os designs podem ser adaptados para adequar-se à sua aplicação específica. Esses amplificadores apresentam um painel de controle sensível ao toque, interface GPIB, portas TTL, monitoramento de falhas e resfriamento por ar forçado. Os recursos e benefícios desses amplificadores potentes são: • Frequências de oitava: 1-2 GHz e 2-4 GHz • Frequências de banda estreita: 1.2-1.4 GHz e 2.7-3.1 GHz • Níveis de potência: 1 kW a 150 kW • Distorção harmônica de -18dBc a 1dB ponto de compressão • Durações de impulso a 100 µsec. e ciclos de funcionamento a 10% • Tempo médio entre falhas mais alto (MTTF) • Tolerância à discrepância - Pode operar sem danos ou oscilação com qualquer magnitude e fase de impedância de fonte e de carga. • Várias aplicações possíveis - Radar Militar, MIL STD 464, DO-160 e Automotivo Para saber mais, acesse www.arworld.us No Brasil, entre em contato com a Boreal Communications, [email protected] ou ligue para 55-19-3258-2210 ISO 9001:2008 Certificado Não criamos apenas produtos excelentes. Criamos produtos excelentes que duram. instrumentação rf/micro-ondas Outras divisões ar: sistemas de receptor • de rádio frequência modular • ar Europa EUA 215-723-8181. 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Espera-se que a geração E2 fique por duas décadas. As duas gerações serão produzidas na mesma linha de montagem e deverão coexistir por cerca de três anos. A Embraer pode continuar a fabricar os modelos atuais, mas deve haver uma cadência mínima para viabilizar a logística necessária para os respectivos modelos. Foram introduzidos melhores conceitos aviônicos e sistema de ar-condicionado, novas e mais eficientes asas, trem de aterrissagem, sistema full fly-by-wire de quarta geração e estabilizadores. O interior foi idealizado para FOTOS DIVULGAÇÃO O E190-E2 no seu roll out. A nova família já chama atenção para seu potencial Em 29 de outubro de 2001, foi feita a apresentação (roll out) do Embraer 170 (E170), primeira aeronave da família E-Jets, compreendendo também o E175, E 190 e E195. Passados cerca de 15 anos, e tendo alcançado mais de 50 % do mercado mundial no seu segmento, o de 70 a 130 lugares, os E-Jets da Embraer estão atualmente em serviço com cerca de 70 clientes em 50 países. Esta consagrada família de aviões comerciais passa, a partir de agora e paulatinamente, a conviver com uma nova geração que já chegou agregando mais tecnologia e o expertise fruto do “DNA” de uma linha vencedora. Apesar dos E-Jets fazerem parte de uma linhagem ainda recente em termos de aviação, face ao desenvolvimento de novas tecnologias e de novos modelos entrando no mercado, em 2013 foi lançado o programa E2 e, em 25 de fevereiro de 2016 deu-se a apresentação do Embraer 190-E2 (E190-E2). 22 abril/maio/junho O cockpit com seus avançados aviônicos de última geração proporcionar uma melhor experiência para o passageiro, com maior espaço nos bagageiros sobre as poltronas (bins), além de ampla lista de entretenimento de bordo. Na previsão para 20 anos feita em 2015, no segmento de 70 a 130 lugares, estão previstas entregas de 6.350 aeronaves no mundo, representando um faturamento de cerca de US$ 300 bilhões. Considerando a liderança da Embraer nesta categoria e, aliado a esta perspectiva, esta nova geração já é considerada como potencialmente vencedora. Junte-se a isso a alta comunalidade entre os atuais E-Jets e os E2, permitindo uma transição dos pilotos em apenas três dias entre essas gerações, sem a necessidade de treinamentos longos, complexos e, consequentemente, mais onerosos. Foram adotados motores Pratt & Whitney, sendo o P&W 1700G para o E175-E2 e o P&W 1900G tanto para o E190-E2 quanto para o E195-E2. Considerando um percurso de 600 milhas náuticas/1.111 quilômetros, por exemplo, a nova aeronave apresenta uma redução de consumo de combustível da ordem de 16% se comparada aos E175 e E190, e economia de 24% em relação ao E195. Dentro desses 16%, 3,5 % dizem respeito à nova asa e melhorias aerodinâmicas, 11% ao novo motor e 1,5% ao sistema fly-by-wire. Já no custo de manutenção, a redução foi de 25% em relação ao E175, 15% sobre o E190 e 20% no tocante ao E195. No conjunto de soluções incluem-se melhoramentos nas emissões de gases e na reabril/maio/junho dução do ruído externo, e na maior disponibilidade das aeronaves. Segundo Luís Carlos Affonso, vice-presidente e executivo-chefe de Operações da Embraer Aviação Comercial, “o peso vazio ficou ligeiramente abaixo da meta, o que pouco é usual nesta fase dos programas. Em geral os aviões ficam acima do peso. Essa é uma boa notícia para que ele atinja as metas, inclusive de consumo de combustível. O que é inédito em uma família de aeronaves é que cada um dos três membros tem uma asa diferente (na família atual de E-Jets, com quatro membros, O E170 e o E175 têm a mesmo apêndice, assim como o E190 e E195 dividem o mesmo apêndice). No E175-E2 a área de asa é menor, com flaps e atuadores de ailerons diferentes”. Características E175-E2 Autonomia (km) 3.815 Distância de decolagem (MTOW*, m) 1.900 Distância de aterrissagem (MLW*, m) 1.300 Nº de passageiros (classe única) 88 Velocidade máxima (Mach**) 0,82 Teto de serviço (pés) 41.000 Comprimento (m) 32,30 Envergadura (m) 31,00 Altura (m) 9,98 Peso (MTOW*, kg) 44.650 Peso (MLW*, kg) 39.850 Carga útil (kg) 10.600 Tabela abaixo mostra um comparativo entre os três modelos E190-E2 5.186 1.650 1.315 106 0,82 41.000 36,20 33,70 11,00 56.200 48.730 13.080 E195-E2 3.704 1.880 1.400 132 0,82 41.000 41,50 33,70 10,90 58.700 54.030 16.150 *MTOW – Maximum Take-Off Weight / MLW – Maximum Landing Weight ** Mach, onde Mach 1 = 1.225 km/h (ao nível do mar) 23 AEROESPACIAL Imagem da esquerda mostra a nova cabine de passageiros em configuração de Primeira Classe e a imagem da direita em Classe Econômica 24 CAPA “Não optamos pela asa do E190-E2 porque ela estaria superdimensionada para ele, seria muito pesada. Em cruzeiro a aeronave ”arrastaria” essa asa, o que aumentaria o consumo de combustível. Por outro lado, a asa do E175-E2 no E190-E2 seria subdimensionada, comprometendo também o desempenho do avião, exigindo mais comprimento de pista, por exemplo. O que em geral os fabricantes fazem é buscar uma solução intermediária, desenvolvendo uma asa que atenda razoavelmente bem vários modelos. A Embraer buscou a asa ótima para cada uma das suas novas aeronaves. No caso do E195-E2 há envergadura maior que no E190-E2, resultando num aumento de alcance de 400 milhas náuticas/740 quilômetros e uma melhoria de desempenho em aeroportos altos e/ou quentes. O que ocorre é que a maior eficiência operacional desta nova família decorre também da maior otimização para cada modelo,” conclui Affonso. Um dado importante é o custo por assento similar a algumas aeronaves maiores de corredor único, resultando em custo por viagem menor. Isso abre a perspectiva de abertura de novos mercados, diminuindo riscos, face ao melhor dimensionamento de frotas das companhias aéreas. Daí a visão de serem os aviões mais eficientes em sua categoria. No último dia 23 de maio, três meses após sua apresentação e bem antes do previsto (seria somente no segundo semestre), ocorreu o primeiro voo do E190-E2, marcando o início da campanha de certificação da aeronave. Durante o desenvolvimento do programa foram feitos muitos testes em ambiente digital e em solo, criando condições propícias à antecipação do primeiro voo e comprovando a maturidade de todo o processo. O envelope de voo foi explorado além do que seria normal em uma primeira experiência prática. Durante 3 horas e 20 minutos foram avaliadas as características de controle e desempenho da aeronave, analisando um número significativo de parâmetros de voo, como velocidade, altitude e retração do trem de pouso. Chegaram a Mach 0,82 de velocidade, atingindo 41 mil pés/12.500 metros de altitude. Mais, o E190-E2 tem alcance estendido em 430 milhas náuticas/800 quilômetros em relação ao E190 atual, permitindo aos operadores de voar rotas de mais de 2.700 milhas náuticas/5.000 quilômetros. Luís Carlos Affonso é enfático ao afirmar: “Não é comum para um avião, logo no seu primeiro voo explorar tanto do seu envelope operacional. Foi o melhor primeiro voo da história da Embraer e um dos melhores da indústria aeronáutica mundial.” O E190-E2 apresentado e que fez o primeiro voo é o primeiro de quatro protótipos (o segundo e o terceiro já se encontram na linha de montagem) a serem usados na campanha de certificação. Outros dois aviões estarão envolvidos na campanha do E195-E2 e três na do modelo E175-E2. As entradas em serviço estão programadas, respectivamente, para 2018, 2019 e 2020. A Embraer já tem registrados 640 compromissos de companhias aéreas e empresas de leasing, sendo 267 pedidos firmes e 373 opções e direitos de compra. Quando o primeiro E190-E2 entrar em operação o mercado já terá 1.500 E-Jets da geração atual. É o sucesso n no futuro sendo perpetuado no presente. abril/maio/junho BAJA SAE BRASIL 2016 Novo local, nova pista e novos desafios Tudo diferente para organização e participantes, mas a competição deste ano foi uma das mais acirradas dos últimos tempos Foram quatro dias de pura emoção nas instalações da Faculdade de Tecnologia de São José dos Campos (Fatec), onde ocorreu a 22ª Competição Baja SAE BRASIL. Tristeza, felicidade, ansiedade, alívio, competitividade, companheirismo, frustração, realização, só quem está presente é capaz de experimentar tal mistura de sentimentos que, mesmo antagônicos, se manifestam quase que simultaneamente em cada competidor. Pela primeira vez em 14 anos, a competição foi realizada em novo local, o que trouxe desafios e oportunidades para equipes e comitê organizador. Buscou-se o ambiente seguro da universidade reduzindo custos com as instalações, porém, as pistas estavam completas e perfeitas, bem como as equipes de avaliação estavam a postos, como sempre. Rebocar um jipe de duas toneladas por 10 metros no menor tempo foi uma das avaliações para os pequenos Baja O Enduro com transmissão pela TV: quatro horas de prova de resistência 26 Em contrapartida, os times superaram as expectativas pelo alto nível técnico observado na Apresentação do Projeto, pelas poucas discrepâncias nos itens de segurança, pelo número de carros classificados para as provas dinâmicas e também pela quantidade de participantes que concluiu o Enduro. Poucos foram os que tiveram de ser reavaliados nas provas de segurança, e os “snorkels”, que deram muito trabalho na prova de Motor, nem foram usados porque não choveu na competição. A avaliação de Conforto trouxe surpresas. Uma equipe do Sul, em seu primeiro ano de competição, arrancou elogios do jurado mais exigente, numa prova vencida pelo carro da equipe FEI Baja 1, com 19 pontos. A Apresentação de Projeto também surpreendeu. Na sabatina, os apresentadores mostravam desenvoltura e conhecimento dos seus veículos, comprovando a sua habilidade em “vender” seu produto. O vencedor dessa prova foi o Baja da UFMG com 112,97 pontos. Na Exposição Final de Projeto, a UFMG triunfou novamente, somando mais 19,5 pontos. Confirmando sua consistência nas provas teóricas, a UFMG já havia suplantado os demais concorrentes na disputa pelo melhor Relatório de Projeto, com 129,3 pontos. Velocidade Máxima e Aceleração, desta vez, foram avaliadas em pista de asfalto. Quase todos atingiram os 40 km/h ao final dos 100 metros e o melhor carro, da equipe Poli Atlas, chegou a 49,7 km/h. Ele também foi o mais rápido em aceleração, ultrapassando os 30 metros em 3,9 segundos. A prova de Tração é sempre um contraponto em relação à de Aceleração e Velocidade. Nessa situação, predomina a maior potência possível em rotações baixas. Na falta do trenó tradicional, os Bajas rebocaram um jipe de duas tonelaabril/maio/junho FOTOS GUILHERME RODAMILANS Daniel Bueno das por cerca de 10 metros. O vencedor, do time Ali Babaja, cobriu a distância com o tempo de 7,81 segundos. Em contrapartida, a equipe vencedora da prova de Velocidade Máxima levou cerca de 18 segundos para cobrir a mesma distância. Da mesma forma que o grupo vencedor da prova de Tração não obteve bom resultado em velocidade máxima – apenas 36 km/h. Essas discrepâncias mostraram a importância de uma estratégia melhor definida na concepção do carro, que deve ter um projeto flexível de forma a obter bom desempenho na maioria das provas. A prova de Slalom, ou manobrabilidade, também atraiu bastante atenção do público. Ver os competidores contornarem os cones sem derrubá-los, ou até tombar seu veículo, foi diversão garantida. A necessidade de sair de traseira para conseguir bom desempenho desafiou a habilidade de muitos pilotos. A equipe Komiketo Baja UFSJ foi a vencedora, percorrendo o trecho em 24,7 segundos, tempo substancialmente melhor que a média da prova, 37 segundos. O ponto alto do terceiro dia foi a prova de Capacidade de Tração e Suspensão. A pista, construída de forma a apresentar dificuldade crescente, tinha transposição fácil no começo e beirava ao impossível no final, o que selecionou os competidores tanto pela resistência dos veículos quanto pela habilidade dos pilotos. Obstáculos com nomes estranhos como “buraqueira”, “campo minado”, “pula-muro”, entre outros, definiram o tom da prova e certamente serão lembrados pelas equipes. Assim como os desvios disponibilizados, os chicken ways, garantiam a diversão dos espectadores quando os pilotos menos ousados optavam por uma opção mais fácil. Os que suplantavam todos os obstáculos curtiam a “gangorra” de parque de diversões colocada ao final. A FEI Baja 2 conseguiu “pular o muro”, o obstáculo mais difícil, e venceu a prova com o tempo de 124 segundos. A maioria dos competidores pontuou pelo trecho percorrido sem chegar ao final. Com direito à transmissão pela TV local, no domingo, as 59 equipes largaram para as 4 horas contínuas do Enduro, ou prova de resistência, com muito calor, poeira, solavancos, saltos e até capotagens. Suspensões, transmissões, rodas e pneus falhavam muito e mecânicos e pilotos se esforçavam para repará-los rapidamente. abril/maio/junho A comunicação por rádio possibilitava a troca de informações entre equipes e pilotos, sendo parte importante da estratégia de cada um. A disputa do Enduro permaneceu acirrada até a última volta, quando as equipes Mangue Baja 1 e FEI Baja 2 empataram ao chegar com o mesmo número de voltas ao final. Fato raro na competição, a disputa de 2016 foi decidida por outra prova e não pelo vencedor do Enduro. Na categoria Geral, a competição apontou o time FEI Baja 2, do Centro Universitário da FEI, como o vencedor; a Mangue Baja 1, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ficou em segundo; a Baja UFMG, da Universidade Federal de Minas Gerais, em terceiro; a Poli Atlas, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), em quarto; e a Mangue Baja 2, da Universidade Federal de n Pernambuco (UFPE), em quinto. Os representantes das equipes que conquistaram os cinco primeiros lugares no Baja SAE BRASIL Empoeirados, sujos de lama, exaustos, mas certos do dever cumprido: a confraternização final 27 REGIONAL Seção São Paulo 9º Simpósio SAE BRASIL de Materiais e Nanotecnologia em ligas de alumínio de alta resistência para aplicação em sistemas de absorção de impacto. “Em razão da maior flexibilidade e alta capacidade de absorção Para acompanhar a velocidade das de energia, o alumínio demanda menor mudanças no mercado, a indústria complexidade e custo industrial na fabricação”, avaliou. automobilística precisa avançar em Já Ronaldo Cardoso Júnior, gerente novos materiais e processos otimizados. Foi o que apontou o 9º Simpósio de Produtos da Esab, abordou novos SAE BRASIL de Novos Materiais e materiais para aumento da produtividade e redução de custos de fabricação Nanotecnologia, realizado no dia 7 de dos sistemas de escapamento. “A aplijunho p.p., no Instituto de Pesquisas cação do arame tubular proporciona Tecnológicas (IPT), em São Paulo, sob diversas vantagens na produção, como a direção do engenheiro Marco Colosio, gerente de Engenharia de Produto redução do tempo de soldagem, aumento de capacidade produtiva — sem da General Motors. Na abertura do primeiro painel, Marco Colosio, Chairperson do evento investimento em novos equipamentos — e qualidade de fabricação”, afirmou. Hardy Mohrbacher, sócio-diretor da Na abertura do quarto painel, NiobelCon, sugeriu a aplicação de aços zir a espessura do material, e manter o microligados com nióbio em aços con- desempenho de segurança”, explicou. Adriano Marim, pesquisador do IPT, formados a quente para melhoria de Alexandre Sartori, engenheiro de De- apresentou panorama de aplicações resistência mecânica e tenacidade ao senvolvimento de Produto Especializa- da nanotecnologia para a entrega de produto. “Os efeitos estão relacionados do da Novelis, falou sobre a aplicação inovações à indústria automobilística, à formação de nanopartículas de carbo- de ligas de alumínio tratadas termica- como o desenvolvimento de tecidos netos de nióbio, o que influencia positi- mente, que permitem a diminuição de reguladores de temperatura que povamente o comportamento da microes- espessura como alternativa para a redu- dem ser aplicados desde em pneus até trutura”, disse. Na sequência, Alexandre ção de massa, para aplicação em quase bancos de carro. Gustavo Spina, coorCortez, especialista em Desenvolvi- 100% do veículo. “Obviamente, se utili- denador de Tecnologia do Senai, falou mento de Projetos Automotivos da Ar- zarmos ligas trabalháveis, a redução de sobre novas aplicações de materiais pocelorMittal, apresentou nova família de massa será maior em relação às fundi- liméricos em partes estruturais, internas aços de ultra-alta resistência (UHSS), das”, comparou. e externas de veículos. Em sua opinião, Em seguida, Paulo Kaneji Kodama, as vantagens são economia de massa, de terceira geração, para conformação a frio, novidade tecnológica da indústria supervisor de Contas da Alcoa, abordou resistência à colisão, liberdade de estisiderúrgica para o setor automobilístico a solda por atrito (friction stir welding), lo para projetistas, integração de peças, conhecida ainda como soldagem no poucas mudanças nas linhas de montana Europa. Já Frederico Hirota, gerente de De- estado sólido. Segundo Kodama, esta é gem e excelente resistência química e senvolvimento da Benteler, apresentou uma excelente solução para o alumínio ao impacto. tecnologia de estampagem a quente, por oferecer ganhos de produtividade e Kelly Lixandrão, doutoranda em capaz de conferir alta resistência mecâ- eliminar defeitos provenientes do sis- Nanociências e Materiais Avançados nica a materiais que são utilizados nas tema convencional de solda. Carolina da UFABC (Universidade Federal do carrocerias. “Um material de resistência Sayuri Hattori, especialista sênior de ABC), apresentou a pesquisa sobre de 500 MPa pode chegar a 1.500 MPa. Desenvolvimento de Produto da Vo- o desenvolvimento de nova solução Com essa tecnologia, é possível redu- torantim Metais, destacou tendências para o isolamento acústico de moto- 28 abril/maio/junho FOTOS DANIEL DEÁK Evento realizado em São Paulo mostrou avanços e soluções criativas para materiais e processos, fator indispensável para o desenvolvimento da indústria automobilística res de veículos comerciais, a partir da utilização de pneus descartados. “Essa solução reduz 20% do custo e 50% do peso”, comparou Kelly. Marcelo Carboni, gerente de Desenvolvimento de Tecnologia da CBMM, abriu o último painel do simpósio com apresentação sobre o uso do nióbio em aços avançados de alta resistência para o refino das microestruturas. “A aplicação de nióbio aumenta a tolerância desses materiais às variações de processo e à utilização de energias mais elevadas durante a fabricação”, garantiu. João Henrique de Souza, supervisor de Pesquisa e Desenvolvimento da Bruning Tecnometal, destacou ensaios de atrito para ferramentas utilizadas na fabricação de peças de chapa com foco em elevar a vida útil do ferramental e reduzir os custos com retrabalhos. Disse que por meio de sensores é possível medir as forças de atrito e avaliar as 160607-Anuncio_Cursos_GRAFICA.pdf 1 07/06/2016 14:32:03 formas de desgaste durante os ensaios. Na sequência, Marcos Lima, gerente de Contas da Oerlikon, falou sobre tecnologias de revestimento para aumentar a robustez dos ferramentais de conformação para atender às demandas por chapas mais resistentes e com menor espessura. “Com aplicação de revestimento, podemos aumentar a vida útil do ferramental, diminuir o custo da peça estampada e melhorar a produtividade”, destacou Lima. Diogo Corazza, gerente de Aplicação da TRUMPF, mostrou novas soluções em impressão 3D, que utili- INVISTA EM SEU FUTURO PROFISSIONAL ATUALIZE SEU CONHECIMENTO COM OS CURSOS DA SAE BRASIL 02 e 09/07 - Otimização da Performance dos Motores de Combustão Interna 05/08 - 03/09 - Curso Modular de Engenharia de Competição 05 e 06/08 - Dinâmica Veicular Aplicada a Veículos de Competição 20 e 27/08 - Aquisição de Dados Aplicados para Veículos de Competição 02 e 03/09 - Motores de Competição 03, 10 e 19/09 - Sistemas de Suspensão 14 e 15/10 - Aerodinâmica Veicular 11 e 12/11 - AeroDesign 19, 26/11 e 03/12 - Dinâmica Veicular PROMOVA NOSSOS CURSOS NA SUA UNIVERSIDADE! SAIBA COMO: [email protected] CONHEÇA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DOS CURSOS SAE BRASIL EM NOSSO PORTAL: PARA MAIS INFORMAÇÕES: (11) 3287-2033 ramal 115 [email protected] zam metais em vez de polímeros para a fabricação de componentes do motor. Discorreu sobre máquinas que podem realizar deposição de material na superfície, fazer pequenas modificações ou construir a partir do zero. No encerramento do painel, Vincent Vermeersch, gerente de Mercado Global da Belgo Bekaert Arames, falou sobre novas tecnologias de revestimento que permitem a produção arames de alta resistência, com excelentes propriedades mecânicas, capacidade de moldagem e n resistência à corrosão. REGIONAL Seção São Paulo Simpósio SAE BRASIL Carbody 2016 apontou avanços nas células de sobrevivência dos carros que têm 41 kg a menos que a versão anterior. André Pires, analista de Marketing e Produto, ressaltou que “isso torna o carro muito mais seguro e econômico”. Já Mauro Paraíso, gerente de mate“A terceira edição do Simpósio recer aos consumidores nível cinco-es- riais metálicos (Metallic Materials Manager), explicou que “a substituição do SAE BRASIL CarBody 2016 mos- trelas de segurança na carroceria. trou que as fabricantes estão, realmenAndré Ramos, gerente do grupo de aço por alumínio aumentou a segurança te, preocupadas em produzir carros chassi e exterior (Body and Exterior em caso de impacto do veículo”. mais seguros para os brasileiros.” A Group Manager) da Honda, comparCristian de Paiva Irineu, coordeopinião é de Jesse Paegle, chairperson tilhou com os cerca de 200 participan- nador de Produto e de Engenharia de do evento realizado em São Paulo nos tes os novos materiais na carroceria do Materiais da PSA, mostrou as impledias 8 e 9 de junho p.p.. O encontro Honda HR-V. “A utilização de aços de mentações de segurança do Peugeot reuniu, pela primeira vez na história alta resistência foi uma novidade que 208, entre as quais uma solução técnica da indústria automobilística nacional, implementamos para oferecer ao veícu- adicionada aos para-lamas dianteiros. “Esse modelo está melhor preparado seis fabricantes – Fiat Chrysler Auto- lo mais segurança”, explicou. mobiles (FCA), Ford, Honda, MercePedro Almeida, gerente de Desen- para enfrentar colisões frontais por condes-Benz, PSA (Peugeot e Citroën) e volvimento da Volkswagen, apresen- ta dessa peça, que contribui para meVolkswagen – que mostraram as novas tou as novidades do Golf VII, enfa- lhor absorção e distribuição da energia tecnologias e matérias-primas utiliza- tizando o desenvolvimento de uma do impacto, poupando, dessa forma, os das para ampliar a proteção dos ocu- célula de sobrevivência mais leve para passageiros”, explicou. pantes das células de sobrevivência. a última geração do carro. “TrabalhaOs dispositivos do Chevrolet Cruze O Fiat Toro foi o modelo escolhido mos para reduzir cerca de 100 kg no foram apresentados por Fábio Baccan, pelos engenheiros da fabricante para peso do carro. A diminuição ocorreu Body Engineer da GM. Concebidos apresentar o que a FCA vem fazendo. na carroçaria, acabamento, chassis, para colaborar com a segurança do condutor, são sistemas de orientação para Hélvio Marcelo França, responsável motor e câmbio”, disse. Outra fabricante que conseguiu di- alinhamento do carro em estradas, de pelo projeto de carroceria, e Fabiano Soares, gerente de engenharia, explica- minuir o peso do carro foi a Mercedes- identificação de veículos em ultrapassaram que o carro foi projetado para ofe- -Benz, com a nova geração do Classe C, gem, GPS por meio de setas na tela do computador de bordo e monitoramento da pressão dos pneus. Luiz Zamorano, gerente de Carroceria e CAE Safety da Ford, foi incisivo ao dizer que, para a segurança do novo Ford Ka, “foram aplicados aços de alta resistência em áreas específicas da carroçaria, possibilitando melhor gerenciamento da energia causado pelo impacto da colisão”. Ele também falou sobre a avaliação da Latin NCAP dos airbags do veículo, que atingiu nota 4 n em uma escala de 5. 30 abril/maio/junho FOTOS DANIEL DEÁK Representantes de sete fabricantes discorreram sobre a evolução nos sistemas de segurança dos seus veículos e a preocupação de produzir carros mais seguros TECNOLOGIAS INOVADORAS PARA OS DESAFIOS INOVAR-AUTO O desenvolvimento da inovadora célula de potência para o Inovar-Auto envolveu a criação de novos produtos com tecnologia de última geração, assim como a elaboração de procedimentos de testes de alta precisão. Através do uso de revestimentos e geometrias otimizados, foram obtidos ganhos em consumo de combustível de 3,5% a 6,0% no ciclo FTP75. Um ganho significativo, suficiente em muitas aplicações do Inovar-Auto. REGIONAL Seção Caxias do Sul Em busca da modernização O 9º Colloquium Internacional SAE BRASIL de Suspensões e Implementos Rodoviários & Mostra de Engenharia ocorreu nos dias 11 e 12 de maio no Centro de Convenções do Hotel Intercity Premium Caxias do Sul. Reuniu mais de 250 participantes e cumpriu seu objetivo de gerar networking e discutir inovações para o setor. Debater a obrigatoriedade do controle eletrônico de estabilidade para veículos no Brasil foi a proposta do painel de abertura. Participaram da atividade Erik Schmidt, diretor de Sistemas para Trailer e Aftermarket da Wabco; Pedro Orlando, gerente de Engenharia e Remanufatura da Knorr-Bremse do Brasil; Sanchez Ofrante, colaborador técnico da ComissãoTécnica da ANFIR; e Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea. Para João Felipe Araújo, chairperson do encontro, a obrigatoriedade do controle eletrônico de estabilidade representa importante passo para o avanço da segurança veicular no Brasil. “Creio que este sistema seja o maior avanço tecnológico na área depois do cinto de Sr. Otacilio Gomes Jr., Diretor Geral da SAE BRASIL 32 segurança e do airbag, porque atua diretamente no controle do veículo e evita que o carro saia de sua trajetória original”, afirma o engenheiro. Já o painel de encerramento do evento, debateu diferentes resoluções e portarias que abordam amarração de cargas (Resolução Contran 552/2015); propostas de novas combinações de eixos (Portaria Denatran 63/2009); e complementos laterais de carrocerias, também chamados de fominhas (Portaria Denatran 70/2016), que são os aditivos colocados sobre as carrocerias para aumentar o volume de carga. Participam do painel Rubem Penteado de Melo, diretor da TRS Engenharia; Joel Franceschini, pesquisador-tecnologista em Metrologia e Qualidade do Inmetro; Juliano Pimentel, gerente de Tecnologia e Inovação do Produto da Randon. Além dos painéis, foram apresentados 11 trabalhos técnicos, nacionais e internacionais. Outro destaque do evento foi a Mostra de Engenharia, com as últimas novidades em produtos e serviços voltados ao segmento. Entre os expositores estavam Altair Brasil, Astro Tecnologia, Braslux, CBMM, Chevron, Continental ContiTech, Forbal, HBM do Brasil, Huck Fixadores Alcoa, Knorr-Bremse, Lago do Brasil, RNA Rassini, Sinalsul, Soprano, SSAB, Thyssenkrupp, Timken, Try Tests/ VirtualCAE/ CarSim, UCS e Wabco. O 9º Colloquium Internacional SAE BRASIL contou, também, com patrocínio da CBA/ Votarantim Metais, CBMM, Huck Fixadores Alcoa, SSAB, Vallourec, e Wabco. Recebe apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Prefeitura de Caxias do Sul e Universidade de Caxias do Sul. Palestras que receberam o certificado Best Paper do Colloquium de Suspensões e Implementos Rodoviários: Avaliação dos níveis de aceleração vertical e frequências de vibração no chassi de um implemento rodoviário considerando variados tipos de pavimento e condições de carga Autor: Gustavo de Godoy José. Coautores: Mauro Rebelatto; Rui Gustavo Lippert Schwanke; Telmo Roberto Strohaecker Empresas: Randon Implementos; Campo de Provas das Empresas Randon; PPGE3M / UFRGS. Arrasto Aerodinâmico em Semirreboques Autor: Fabio Lorenzini. Coautores: Vinícius Troian Mezzari; Carlos Alberto Costa Empresas: Randon Implementos e Participações; Universidade de Caxias do Sul. Influência do Percentual de AntiSquat da Suspensão Traseira na Capacidade de Partida em Rampa de um Cavalo Mecânico 6x2 Autor: Eduardo Carraro. Coautores: Carlos Eduardo Michelin Beraldo, Emerson Miranda dos Santos, Robson Fernandes Netto, Valter Martins de Vargas; João Felipe Souza De Araújo, Leandro Gazzoni, Maicon Molon Empresas: Suspensys; Campo de das Empresas Randon. n Provas abril/maio/junho FOTOS CANDICE GIAZZON Os debates apontaram caminhos que trarão maior segurança para o setor Schaeffler, atitudes para o amanhã A Schaeffler desenvolve soluções completas para motor, transmissão e chassi que atendem às necessidades de inovação do mercado global. Porém, seu trabalho vem sendo realizado de uma forma ainda mais abrangente, baseado no conceito global da empresa Mobility for Tomorrow. O principal objetivo é garantir o bem-estar das pessoas, superando desafios como eletrificação de componentes, redução de consumo e emissões, aumento de performance e conforto ao dirigir. Com produtos de alta qualidade a Schaeffler segue rumo à mobilidade do amanhã. 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Teremos uma grande redução do número de acidentes de trânsito, visto que em mais de 90% deles o motorista é o culpado. Imperícia, descuido, direção irresponsável seriam eliminados. O trânsito nas cidades também seria mais organizado e fluido conforme o fluxo e teria menor latência no tempo de semáforos e de reação durante as paradas e acelerações. A estrutura do transporte público também teria impactos, uma vez que os VAs trafegariam de porta a porta, e um sistema de gerenciamento na nuvem organizaria a mobilidade na cidade. Os benefícios são inúmeros tais como: pela redução do número de estacionamentos haveria um aumento do espaço urbano, nos imóveis residenciais e comerciais e redução da poluição. Uma frota de caminhões trafegaria dia e noite, parando apenas para abastecer. Isso traria uma economia no frete e no preço final dos produtos. Os impactos negativos seriam: redução ou eliminação da profissão de motorista, consequências nos negócios das seguradoras, redução do contingente de suporte ao trânsito, bombeiros, sistema de saúde e até mesmo nos fabricantes, que teriam uma redução na venda de veículos, já que o modelo de propriedade migraria para o modelo de mobilidade. Haveria redução nos tributos e multas arrecadados pelas cidades, teríamos um gasto maior na adaptação da infraestrutura urbana para os VAs. Teremos ainda que adaptar a legislação de trânsito, definir responsabilidades em caso de acidentes, e adaptar a transição do período onde teremos os VAs trafegando juntamente com veículos convencionais. Os estudos indicam que teremos uma frota significativa de VAs circulando no mundo a partir de 2025. EUA, Europa e Ásia estão trabalhando com essa meta. Governos estão discutindo com a sociedade como se adaptar a esse novo cenário. As universidades, fabricantes, sistemistas e, até mesmo novos players (Google, Uber, Baidu, Apple, Samsung), estão buscando soluções para esse novo mercado. Então cabe a pergunta: Como o Brasil está se preparando para essa nova onda tecnológica que se aproxima rapidamente? Será que ficaremos novamente reféns da tecnologia externa? Cabe lembrar que em vários momentos na história perdemos as oportunidades de formar um mercado interno forte com produtos de alto valor agregado. Nós da Fatec Santo André, juntamente com os pesquisadores do Laboratório de Robótica Móvel do ICMC da USP São Carlos, temos debatido os impactos acima porque entendemos que esse será o futuro. A questão é de que forma nos adaptaremos a ele. Também posso citar a Prefeitura de Santo André, que nos fez uma proposta para realização de testes na cidade. A ideia é tornar Santo André a primeira cidade a ser considerada Driverless Car Friendly City na América Latina. Outro projeto da Fatec Santo André visa disponibilizar um veículo elétrico autônomo para transitar na minicidade, existente dentro do Parque Sabina, para ensinar as crianças como poderá ser o futuro com um sistema de mobilidade autônoma e mais segura. Portanto, reforço que ainda temos tempo para iniciar os debates de uma forma mais ampla e pública e preparar a nossa sociedade para esse novo cenário, buscando oportunidades e adaptações para as condições brasileiras. abril/maio/junho MULTIFÍSICA PARA TODOS A evolução das ferramentas computacionais para simulação numérica de sistemas físicos atingiu um marco importante. Agora, especialistas em simulação multifísica estão usando o Application Builder no COMSOL Multiphysics® para desenvolver seus aplicativos customizados. comsol multiphysics ® application builder application Com uma instalação local do COMSOL Server™, os aplicativos podem ser distribuídos para toda a organização e acessados em todo o mundo. Faça com que sua empresa se beneficie do poder da simulação multifísica. br.comsol.com/application-builder © Copyright 2016 COMSOL. COMSOL, COMSOL Multiphysics, Capture the Concept, COMSOL Desktop, COMSOL Server, LiveLink, and Simulation for Everyone are either registered trademarks or trademarks of COMSOL AB. All other trademarks are the property of their respective owners, and COMSOL AB and its subsidiaries and products are not affiliated with, endorsed by, sponsored by, or supported by those trademark owners. For a list of such trademark owners, see www.comsol.com/trademarks