vietnã 1 - Dani Pacces
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vietnã 1 - Dani Pacces
viagens GOOD MORNING, VIETNã! Diversidade cultural, civilização milenar, história riquíssima e uma estonteante beleza natural: o Vietnã é, definitivamente, a “jóia da Ásia” texto e fotos por Daniela Pacces Além da reputação de ser um grande produtor de café robusta, o Vietnã será também eternamente lembrado por suas memórias de guerra e pelas pressões de liberalização econômica. No entanto, não é só de café ou guerra que se faz o ter-ritório vietnamita. O Vietnã é, acima de tudo, um país de charme, muito charme! Diversidade cultural, civilização milenar, história recheada de acontecimentos mar-cantes e uma estonteante beleza natural fazem do país um local a ser visitado sem pressa. A República Socialista do Vietnã, hoje com aproximadamente 80 milhões de habitantes, cada vez mais vem tendo a oportunidade de se abrir para o mundo e cativar seus visitantes. Quanto mais se vi-aja por suas regiões montanhosas, pelos deltas de seus rios, por seus parques na-cionais e pelo seu colorido litoral - visitando suas pagodas, seus templos, suas tribos mais se quer ver. E não há melhor momento do que agora para se visitar este país que a-braça a fusão da civilização antiga com o desenvolvimento do mundo moderno oci-dental. Mas apesar da rápida moderniza-ção que tomou conta do país, campos de arroz com mulheres de chapéus cônico substituídos por grandes pólos industriais, e ônibus de turismo tomando o lugar das velhas bicicletas, visitar o Vietnã ainda sig-nifica fazer uma longa viagem de volta no tempo, vivenciando uma história ances-tral que somente os livros relatam. Hanoi Halong Bay Hué Hoi An Nha Trang Dalat Ho Chi Minh City (Saigon) História e tradição Pois se a idéia é respirar história e tradição e tam-bém arte, não há melhor destino que Hué, antiga capital im-perial do país. É ali que se encontram as belíssimas tumbas dos imperadores da Dinastia Nguyen (1802-1945), mauso-léus construídos às margens do Rio Perfume, magníficas construções em mármore erguidas como locais de oração, adoração e sepulcro. Na parte antiga da cidade fica a “cidade-la” - Cidade Imperial construída em 1804 - com seus lindos portões, suas diversas plantações e arrozais e um forte ainda utilizado como base militar. Uma visita ao local conheci-do como Cu Chi Tunnels é um retrato fiel da dura realidade daqueles tempos. Símbolo da memória de guerra pre-servada com muito orgulho pelos vietnamitas do sul, o lugar abriga mais de 200 quilômetros de túneis sub-terrâneos, onde cidades in-teiras foram construídas para abrigar famílias duran-te bombardeios, com mora-dias de até três ou quatro andares sob a terra. Um pas-seio para os mais aventurei-ros e menos claustrofóbicos, sem dúvida. Outra peça de museu para a história vietnamita é Hoi An, sem dúvida a mais charmosa cidade de sua costa, muito pouco atingida durante a guerra. Durante os séculos XVII, XVIII e XIX, a cidade foi um dos principais portos inter-nacionais do Sudeste Asiático, tendo sido uma importante fonte de negócios para alemães, portugueses, chineses, ja-poneses e outros comerciantes, de onde saíam produtos co-mercializados para todas as regiões do Vietnã, assim como para a Tailândia e a Indonésia. Portanto, não é de se estranhar que Hoi An reúna as mais variadas culturas em suas casas e lojas, em seus templos, capelas e pagodas, em suas pontes e ruelas, onde as estruturas de madeira e tijolos vermelhos do-minam o cenário. Próximo a Hoi An, mais especificamente na cidade de My Son, as ruínas datadas do século IV oferecem a maior memória do Reinado Champa, com seus santuários adornados pelos tijolos vermelhos. Quando o assunto é história, é impossível deixar de se lembrar da palavra “guerra”, inevitavelmente ligada ao vo-cabulário do país para toda a eternidade. As trágicas dimen-sões da Guerra do Vietnã são traduzidas em alguns números por Robert S. McNamara, Secretário de Defesa nos governos Kennedy e Johnson, em seu livro Em Retrospecto “A Tragédia e Lições do Vietnam”: 352 bilhões de dólares gastos, 2.923 prédios escolares, 1.850 hospitais e postos de saúde, 484 igrejas e 465 templos e pagodas destruídos por bombas e balas, 3 milhões de vietnamitas mortos e 4 milhões feridos. Dragão das montanhas Mas nem só de história vive o Vietnã. Em Halong Bay (baía de Halong) se encontra o que provavelmente há de mais espetacular no país: a beleza natural das águas do Golfo de Tonkin. São mais de 3 mil ilhas formadas por enormes pe-dras calcárias que emergem das águas azul-turquesa apon-tando para o céu, com pequenas praias e centenas de grutas formadas pelo vento e pelas ondas. Ha long significa “onde o dragão mergulhou no mar”. Conta a lenda que as ilhas foram formadas por um enorme dragão que vivia nas montanhas e que, ao voar sobre a região, batia com seu rabo, formando buracos na terra. Ao mergulhar no mar, as áreas abertas pelo rabo do dragão se enchiam de água, deixando pequenos pon-tos de terra à mostra. Há até quem diga que é possível avistar uma criatura marinha misteriosa de enormes proporções na região da baía... A cidade litorânea de Nha Trang, com suas águas claras perfeitas para o mergulho, também faz parte da cole-ção de belezas naturais vietnamitas, e é uma excelente para-da para descanso. Em Nha Trang se colhe a dragon fruit (fruta do dragão), tradicional fruta vietnamita que cresce em uma espécie de cacto. Do tamanho de um abacaxi, com uma gros-sa casca cor de rosa e recheada com uma deliciosa polpa branca e sementes pretas, a fruta tem gosto muito semelhan-te ao do kiwi e é utilizada no preparo de um refrescante drin-que. Do litoral às montanhas, chega-se em Dalat, região de clima agradável onde se localiza Chicken Village, cujos ha-bitantes conservam seus costumes tradicionais e sobrevivem da visita de turistas que buscam entender a razão da existên-cia de uma grande galinha que deu nome à tribo (até hoje sem explicação). Em Dalat vive o monge Vien Thuc, conhecido co-mo “Monge Louco”, que sobrevive solitário da venda de seus desenhos e rabiscos, estimados por ele mesmo em 100 mil peças, reconhecidas por alguns como arte pós-moderna. Mr. Thuc possui um acervo impressionante e costuma inspirar-se em cada visitante para desenhar algo personalizado em bre-ves minutos, eternizando estes momentos com frases que nem sempre têm algum significado, escritas com sua caneta de bambu. de cima para baixo: foto das montanhas do dragão, dragon fruit, Chicken Village e Mr. Thuc. 39 Incensos e Tai Chi Chuan Após seus mais de 4 mil anos de história - 2 mil dos quais permeados por ocupações e con-quistas estrangeiras - depois de tanta luta por sua independência, o Vietnã finalmente tem sido to-mado pelo esforço de seu povo em retomar o de-senvolvimento e lutar pela tranqüilidade de uma vida de equilíbrio e bem-estar social. Tranqüilidade, aliás, é o que parece imperar na capital Hanoi, com seus moradores prati-cando o tai chi chuan pelos parques e acendendo incensos em agradecimento nas pagodas, a cada amanhecer, quando o nascer do sol reflete de for-ma magnífica a arquitetura colonial francesa tão bem preservada. Já nas movimentadas ruas de Ho Chi Minh (antiga Saigon, capital do Vietnã do Sul) a cena é tomada por dezenas, centenas e mi-lhares de bicicletas e motocicletas que se movi-mentam em um frenesi desorganizado porém cuidadoso, apontando para o crescimento desenfre-ado destes novos tempos. O Vietnã é marcado sobretudo pela inigualável simpatia e alegria com que seus habi-tantes recebem os turistas - muitas vezes única fonte de renda de dezenas de integrantes de uma única família. Nos passeios de barco pelo delta do Rio Mekong - que percorrem plantações, canais, vilarejos e mercados flutuantes das cidades locali-zadas às suas margens (ChauDoc, Vinh Long e Cantho são especialmente interessantes) - não há quem não fique com os braços cansados de tanto acenar para as crianças que se acumulam em frente às suas casas com infinita curiosidade a ca-da passagem de um barco com estrangeiros. Neste passeio é possível também se hospedar nu-ma casa à margem do rio e conhecer a realidade de uma família vietnamita, como sobrevivem da indústria familiar na produção de arroz e da pesca adaptada em suas próprias moradias. Uma expe-riência singular. para melhor aproveitar a viagem ao Vietnã, é indicado partir do Sul em direção ao Norte do país maiores informações: www.asiaonline.com.br 40 Seja pela simpatia de seu povo, pela his-tória de seus templos, pela riqueza de sua cultura ou pela magnificência de sua natureza, o Vietnã é um país que deixa em seus visitantes um gosto de quero mais, um lugar que sem dúvida nenhuma faz juz ao título que lhe é conferido: “a jóia da Ásia”.
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