Aquisições chinesas têm se dado em escala
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Aquisições chinesas têm se dado em escala
Destaque Depec - Bradesco Ano XIII - Número 140- 01 de abril de 2016 Aquisições chinesas têm se dado em escala global, o que deve aumentar a presença do país em importantes cadeias produtivas A forte e rápida desaceleração da economia chinesa, a saída expressiva de capital do país e a necessidade de ajuste de capacidade produtiva em diversos setores chamam atenção e trazem preocupações aos mercados mundiais. Ao mesmo tempo, destacam-se também as aquisições feitas por empresas chinesas em escala global e de volumes significativos. Acentuando a tendência da última década, corporações de origem chinesa – estatais e privadas – têm anunciado compras dos mais diversos negócios, inclusive de importantes multinacionais, em busca de novos mercados, aquisição de tecnologia, ampliação da influência econômica e social, além da aquisição de recursos. aquisições de empresas com representatividade local, os mais recentes anúncios fazem com que a China ganhe escala global em negócios, com a participação em grandes empresas multinacionais. O Brasil, naturalmente, faz parte dessa nova fase de investimentos chineses – seja por estar incluído em operações de grandes multinacionais, seja pelas nossas características, dadas pelas atuais circunstâncias do País, pelas oportunidades de investimentos, especialmente em infraestrutura, e pelo atrativo vindo da oferta de recursos naturais, hoje mais concentrada em alimentos. Os chineses começaram a investir no exterior ao final da década de 70, estimulados pela política de Somente em 2015, segundo levantamento do portas abertas. No entanto, o impulso maior veio Rhodium Group 1, as operações de compras em 1992 com Deng Xiaoping e com a estratégia Go feitas por empresas chinesas ultrapassaram Global iniciada em 1999. O volume atual, contudo, US$ 60 bilhões, o nível mais alto da história. diverge bastante do que observamos nesses anos Somente neste ano, segundo a Dealogic, 144 anteriores. Enquanto o país representava 0,2% intenções de compras e aquisições já foram do volume investido no exterior em 1999, subiu anunciadas, somando US$ 88 bilhões2. Assim, a para 5% em 2009 e hoje chega a 8%, segundo internacionalização de grupos chineses – através levantamento da Unctad, com a última atualização de compras, empréstimos, aportes em startups feita em 2014. Assim, atualmente ocupa o terceiro ou abertura da filial de suas empresas – tem lugar no ranking global de maiores investidores, características diversificadas que consolidam através somente dos EUA e de Hong Kong, seguido o país como um novo player em importantes de Japão e Alemanha. Aliás, se somarmos o volume de investimentos feitos pela China continental com cadeias, como de infraestrutura, Fluxo de as Investimentos feitos pela China efinanceira, por Hong Kong no mundo, US$ milhões.de Fonte: Unctad do agronegócio e alimentícia, tecnologia e Hong Kong, chegamos a uma participação de 18% de entretenimento. E, mais do que aportes ou do total mundial, em 2014. 160000 China 140000 142.700 Hong Kong 120000 116.000 96.341 100000 80000 74.654 Fluxo de Investimentos feitos pela China e por Hong Kong no mundo, US$ milhões 80.773 43.637 26.531 21.160 20000 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2004 2003 2002 2001 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 1988 1987 1986 2000 6.885 4.400 2005 40000 0 64.166 54.079 60000 1985 Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Fabiana D’Atri Fonte: Unctad Elaboração: BRADESCO 1 http://rhg.com/notes/chinas-global-outbound-ma-in-2015, consultado em 28 de março de 2016 Vale dizer que para essa consultoria, no ano passado, ocorreram 607 transações, somando US$ 112,5 bilhões. http://www.businessinsider. co.id/china-is-buying-a-lot-of-foreign-companies-2016-2/, consultado em 29 de março de 2016. Parte da diferença entre os monitoramentos pode se dar pela diferença entre anúncios e negócios finalizados. 2 1 É notável o aumento dos investimentos chineses, não investiram no exterior 41% a mais em 2015 do que só em número de operações, como também em valor em 2014. Já os dados do balanço de pagamentos, e abrangência dos negócios, crescendo o movimento pela metodologia BPM6, apontam que o volume de compras de empresas, além dos investimentos em de inversões feito pela China no exterior ainda é greenfields. Somando-se às estatísticas da Unctad menor do que o recebido, ainda que a tendência já mencionadas e ao monitoramento de anúncios do primeiro seja ascendente e a do segundo, de investimentos divulgados na imprensa, temos decrescente. Os números apresentados por essas duas referências oficiais. São os dados fornecidos duas estatísticas diferem porque no Balanço de (i) pelo Ministério de Comércio (MOFCOM), com Pagamentos são considerados também lucros não dados de recebimento de investimento estrangeiro pagos e não remetidos, lucros retidos, empréstimos e de investimentos feitos pelos chineses no exterior, intracompanhias, capital estrangeiro utilizado por e (ii) pelo Balanço de Pagamentos, com registros instituições financeiras e imóveis comprados por na conta financeira. Segundo o MOFCOM, pela não residentes. Cabe ainda uma observação sobre primeira vez em 2015, o país investiu mais no os destinos finais, que têm Hong Kong e paraísos exterior do que recebeu aportes de estrangeiros3, fiscais como destaque, o que dificulta a análise do China: investimentos feitos no exterior e recebidos. Fonte: Ministério do Comércio da China com somatórios estimados de US$ 174,020 e US$ destino final dessas inversões4. De fato, entre 2009 e 126,266 bilhões, respectivamente, como observamos 2014, Hong Kong se coloca como o principal receptor no gráfico a seguir. Com isso, empresas chinesas de investimentos, com 57% de todas negociações5. 182.000 China: investimentos feitos no exterior e recebidos (US$ milhões) 174.020 Investimentos feitos pela China no exterior 162.000 Investimentos recebidos pela China do exterior 142.000 114.734 122.000 123.985 123.911 121.073 126.267 107.844 102.000 82.000 128.502 123.120 94.065 87.804 68.811 62.000 74.654 China: investimentos recebidos e feitos no exterior. Fonte: Balanço de Pagamentos 56.529 42.000 2009 2010 China: investimentos recebidos e feitos no exterior (US$ milhões) 2011 2012 320.000 2013 2014 Fonte: Ministério do Comércio da China Elaboração: BRADESCO 2015 investimentos feitos pela China no exterior 292.888 281.129 investimentos recebidos pela China 284.688 249.859 240.000 237.523 180.433 187.801 131.057 105.245 72.971 80.000 56.742 70.768 48.421 15.943 set/15 dez/15 jun/15 mar/15 set/14 dez/14 jun/14 mar/14 set/13 dez/13 jun/13 mar/13 set/12 dez/12 jun/12 mar/12 set/11 dez/11 jun/11 mar/11 set/10 dez/10 jun/10 set/09 mar/10 jun/09 dez/09 mar/09 set/08 dez/08 jun/08 mar/08 set/07 dez/07 jun/07 mar/07 17.155 set/06 0 dez/06 Fonte: Balanço de Pagamentos Elaboração: BRADESCO jun/06 Destaque DEPEC - Bradesco 160.000 3 Para tanto, assumimos que o volume de investimentos feito no setor financeiro em 2015 igualou-se aos realizados em 2014, uma vez que esse dado não foi disponibilizado. Em média, 25% dos investimentos se dão no setor financeiro e 75% nos demais segmentos (cujas estatísticas já foram conhecidas para o ano passado). 4 Por isso também que, analisando as estatísticas brasileiras, a China ainda se coloca como um parceiro pequeno em termos de recebimento de investimento estrangeiro direto. Parte dos aportes ocorre através de paraísos fiscais. 5 Sabe-se que as empresas chinesas têm incentivos para usar Hong Kong como intermediário de suas movimentações. Especialmente por facilidades fiscais e pelas instituições legais e financeiras mais desenvolvidas presentes em Hong Kong. Além disso, pode ficar mais fácil a movimentação de capital entre subsidiárias e matriz. DEPEC 2 Maiores receptores de investimentos da China (US$ milhões), 2014. Fonte: CEIC 72.000 70.867 Maiores receptores de investimentos da China (US$ milhões), 2014 63.000 54.000 45.000 36.000 27.000 De forma simplificada, podemos caracterizar a fase anterior de investimentos chineses no mundo pela busca de recursos naturais, liderada por empresas estatais. Os aportes eram dirigidos a países desenvolvidos, mas também a países com ambiente institucional mais fraco (com destaque para a África)6. Mais recentemente, contudo, a internacionalização das empresas chinesas têm se dado de forma mais diversificada, tanto em termos de destinos, como setores e montantes. Assim, somadas essas estatísticas, analisando os investimentos anunciados na imprensa global e por consultorias especializadas, notamos características muito interessantes dessa nova fase de compras e aquisições, que elencamos a seguir: Destaque DEPEC - Bradesco • Volume de aquisições ligadas a energia e a outros recursos naturais vem caindo, ao mesmo tempo em que aumenta o interesse por ativos de tecnologia, marca, setor financeiro e setor imobiliário. As compras no setor de energia e mineração caíram de pouco mais de 80% em 2011 para cerca de 15% em 20157; • Com a redução de operações relacionadas aos recursos naturais, as negociações tendem a ter um valor menor. Em 2014, por exemplo, as transações pequenas e médias, de até US$ 1 bilhão, responderam por 40% dos investimentos; • A campanha anticorrupção pode ter reduzido a disposição de investimento das empresas estatais, abrindo espaço para as empresas privadas; • O menor interesse por ativos na área de mineração migrou para o agronegócio. Exemplos disso são: a compra da Smithfields pela Shuanghui; a compra feita pela Bright Food de 60% da inglesa Weetbix 6 7 8 9 705 666 634 Rússia Brasil 708 Argelia 730 Bermuda 839 Emirados Arábes 904 Tailândia Paquistão Laos Holanda Indonésia Alemanha Reino Unido Singapura Australia Ilhas Cayman Ilhas Virgens 4.578 4.570 4.192 4.049 2.814 1.499 1.439 1.272 1.030 1.027 1.014 Luxemburgo Hong Kong 0 EUA 7.596 9.000 Canadá 18.000 Fonte: CEIC, MOFCOM Elaboração: BRADESCO (especializada em cereais) e da Manassen Foods da Austrália; a aquisição de várias fazendas de leite na Nova Zelândia pela Pengxin. O interesse dos chineses por cana de açúcar na Austrália também tem crescido, com investimentos da Cofco e do grupo Xangai8; • Países desenvolvidos ainda respondem pela maior parte das compras chinesas, com a Europa muito atrativa, os EUA ganhando participação e Austrália se consolidando com um dos principais destinos dos investimentos chineses. Esses três destinos responderam por 2/3 das aquisições chinesas no ano passado9. Japão e Canadá, por outro lado, têm perdido espaço; • Investidores financeiros, através de empresas de private equity, conglomerados financeiros e seguradoras, têm aumentado a participação nas operações, à medida que a China começa a relaxar as restrições para essas entidades investirem no exterior. Nesse sentido, cresce também o envolvimento dos bancos de desenvolvimento e de fundos soberanos; • A estratégia de investir em países que antes pertenciam à rota da seda (estratégia conhecida como One Road, One Belt, lançada em 2014), parece ainda avançar de forma tímida com poucos negócios realizados no ano passado em Israel, Cazaquistão e Turquia. Eventualmente, nesses países, a estratégia possa ser de investir através de greenfields e empréstimos e não através da compra de empresas já existentes; • Aquisições recentes como a da unidade de eletrodomésticos da GE pela Haier e da Syngenta KOLSTAD, Ivar e WIIG, Arne. What determines Chinese Outward Investment?. CHR Michelsen Institute. 2009 Segundo dados do Rhodium Group. Segundo levantamento do escritório em Pequim da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Segundo dados do Rhodium Group. DEPEC 3 pela ChemChina (que se mostra como a maior compra feita por uma empresa chinesa) revelam a busca por mercados consolidados, pelo reconhecimento global das marcas e pelo acesso à pesquisa e tecnologia; • O segmento de entretenimento vem se colocando como estratégico para grupos chineses. O grupo Wanda, após adquirir a rede de cinemas AMC, comprou neste ano a Legendary Entertainment. A China Media Capital injetou US$ 100 milhões na Imagine Enterteinment e a Perfect World Pictures fechou um financiamento de US$ 500 milhões com Destaque DEPEC - Bradesco Ano Empresa compradora a Universal Pictures. No segmento de games, as movimentações também têm sido crescentes; • No segmento hoteleiro deveremos observar também o aumento da presença de chineses. Vale lembrar a compra do hotel Waldorf-Astoria pelo grupo segurador Anbang por US$ 1,95 bilhão – que tentou (sem sucesso, por enquanto) adquirir a rede de hotéis Starwood; Assim, cabe uma pequena lista com exemplos de aquisições mais recentes e mais expressivas, ocorridas nos últimos anos10 Empresa comprada/ País de origem Valor (referente à data do anúncio) Setor 2005 Lenovo IBM PC Units, EUA US$ 1,25 bilhão Tecnologia 2007 China Investment Corporation Morgan Stanley (9,9% da operação), EUA US$ 5,6 bilhões Financeiro 2007 Industrial and Commercial Bank of China Standard Bank (20% da operação), África do Sul US$ 5,5 bilhões Financeiro US$ 14,3 bilhões (parte da operação) Alumínio 2008 Chinalco Rio Tinto, Anglo Australiana 2009 Sinopec Addax Petroleum, Suíça US$ 7,3 bilhões Petróleo 2010 Sinopec Repsol – 40% da operação brasileira US$ 7,1 bilhões Petróleo 2010 Zhejiang Geely Holding Group Volvo (unidade da Ford Motors Co’s), Suécia Automotivo 2011 China National Agrochemical Corporation (Chem China) Makhteshim Agan – ADAMA, Israel US$ 1,5 bilhão (US$ 2,4 bilhões), equivalente a 60% da companhia israelense 2011 China National Bluestar (80% da ChemChina e 20% Blackstone) Elkem, Noruega US$ 2 bilhões Química Química € 2,7 bilhões Energia US$ 2,6 bilhões Entretenimento 2011 China Three Gorges (CTG) EDP (21,35% da companhia), Portugal 2012 Wanda Group AMC Theaters, EUA 2013 CNOOC Nexen, Canadá US$ 15,2 bilhões Petróleo 2013 Shuanghui International Holdings Smithfield Foods, EUA US$ 7,1 bilhões[1] Alimento 2014 China Minmetals Glencore Xstrata`s Las Bambas mina de cobre no Peru US$ 7 bilhões Mineração 2014 COFCO Noble, Nidera Agri, Holanda US$ 2,8 bilhões e US$ 750 milhões Agronegócio 2014 Lenovo Motorola Mobility, EUA US$ 2,9 bilhões Telefonia 2015 China Cinda Asset Management Nanyang Commercial Bank,Hong Kong US$ 8,8 bilhões Financeiro US$ 7,7 bilhões Automotivo € 939 milhões Entretenimento 2015 ChemChina Pirelli, Itália 2015 Fosun Club Mediterranee, França 2015 China General Nuclear Power Corp Edra Global Energy, Malasia US$ 2,3 bilhões Energia 2015 HNA Avolon Holdings, Irlanda US$ 2,6 bilhões Financeiro/Aviação 2015 HNA Swissport, França US$ 2,8 bilhões Aviação e Logística 2016 China National Chemical Corporation (ChemChina) Syngenta, Suíça US$ 43 bilhões Agronegócio/ químico 2016 Qingdao Haier GE appliances unit, EUA US$ 5,4 bilhões Eletrodomésticos 2016 Zoomlion Heavy Terex Corporation, EUA US$ 3,4 bilhões Equipamentos e maquinário 2016 Dalian Wanda Hollywood’s Legendary Entertainment, EUA US$ 3,5 bilhões Entretenimento 2016 Tianjin Tianhai Investement Development Co.(HNA) Ingram Micro, EUA US$ 6,3 bilhões Tecnologia 2016 ChemChina KraussMafei, Alemanha US$ 1 bilhão Máquinas e Equipamentos 2016 Qihoo 360 Technology Norwegian Opera Software ASA, Noruega 2016 Midea Toshiba (80,1% da operação), Japão 2016 Beijing Enterprises Holdings Limited EEW (Energy from Waste), Alemanha 2016 Anbang Insurance Strategic Hotels, EUA US$ 1,2 bilhão Tecnologia US$ 4,67 bilhões Eletrodomésticos € 1,438 bilhão Saneamento US$ 6,5 bilhões Hoteleiro [1] A compra foi de US$ 4,7 bilhões e o restante foi empréstimo. Fonte: Imprensa Elaboração: BRADESCO 10 Cabe a ressalva de que esses dados foram coletados em veículos da imprensa internacional. Muitas vezes há divergência entre os valores divulgados por mais de um canal. E, não necessariamente, o valor anunciado foi o valor acordado ao final da operação entre as empresas envolvidas. DEPEC 4 Contextualizar essa nova fase mais agressiva de internacionalização das empresas chinesas é fundamental. Assim, entendemos que a desaceleração da economia, levando ao baixo crescimento da indústria e do setor imobiliário, somada à capacidade ociosa existente, à redução de oportunidades de investimento no setor imobiliário e ao crescente número de medidas protecionistas contra o país, são os grandes motivadores das aquisições mais recentes. A expectativa de depreciação adicional do renmimbi – após perda de valor aproximada de 5% nos últimos doze meses – pode também ter acelerado o movimento mais recente. A garantia de fornecimento de alimentos e a preocupação com segurança alimentar também têm pautado outra parte relevante das compras. Ainda, a China tem buscado adquirir tecnologia, conquistar mercados em segmentos em que não tem participação e influência global, como entretenimento (que também é crescente na própria China). Como estratégia do governo, temos também a política do One Road, One Belt, que deverá ganhar força nos próximos anos. Financiando esse movimento, temos os bancos de desenvolvimento e os bancos comerciais – além do estabelecimento do Banco Asiático de Infraestrutura – para dar suporte à internacionalização das empresas chinesas. Destaque DEPEC - Bradesco Esse movimento das empresas chinesas, por sua vez, tende a trazer importantes ganhos de produtividade ao país. Seja através do conhecimento de novas práticas (trabalhistas, legais, etc), seja através da melhora na qualidade de produtos e transferência de tecnologia11. Esse movimento se coloca cada vez mais estratégico em uma fase de mudança do modelo de crescimento, em que ganhos de eficiência e produtividade serão um dos fatores a sustentar a expansão da China em ritmo ainda forte. Finalmente, da mesma forma como se observa no restante do mundo, o interesse da China pelo Brasil tem se concentrado nos investimentos, ultrapassando apenas as relações comerciais. A presença de empresas chinesas no País é crescente e se deu, inicialmente, e principalmente, através da abertura de filiais, com a presença de empresas importantes em diversos segmentos e das aquisições de negócios ligados ao segmento de commodities e de energia. Mais recentemente, os segmentos industrial e financeiro ganharam relevância, com companhias do setor automotivo, eletrodomésticos, máquinas pesadas e os principais bancos chineses, além dos grupos de telefonia e de energia. A presença asiática também avança através dessas aquisições globais, à medida que importantes multinacionais atuam aqui, com a COFCO, por exemplo, ganhando rápida participação na exportação de grãos no País. Há ainda uma grande expectativa de maior envolvimento de grupos chineses no segmento de infraestrutura. Dois exemplos bem recentes são emblemáticos: a China Three Gorges arrematou por R$ 13,8 bilhões as concessões de hidrelétricas e a HNA comprou, por R$ 1,7 bilhão, 23,7% da Azul Linhas Aéreas. Em nosso monitoramento de anúncios de investimentos, conseguimos selecionar diversas experiências da chegada das companhias chinesas no Brasil, disponíveis nesta tabela final12. Chen, Wenjie e Tang, Heiwai. The Dragon is Flying West: Micro-Level Evidence of Chinese Outward Direct Investment. Asian Development Review, vol 31, no2. 2014 12 Cabe a ressalva de que esses são anúncios coletados na imprensa. Não necessariamente são projetos e montantes que se confirmaram no momento posterior à divulgação. Sobre isso, interessante estudo explora a diferença entre os anúncios e as negociações, de fato, ocorridas. Segue como leitura de referência: https://www.ciaonet.org/attachments/16891/uploads, consultado em 29 de março de 2016 11 DEPEC 5 Anúncio de investimentos chineses no Brasil Empresa Setor Econômico Beigi Foton Motor Co. Complexo Automotivo Fundo Chinês para Investimento na América Latina (Clai- Construção Civil Fund) / China Railway Engineering Group China Railway Construction Construção Civil Corporation Limited (CRCC) R$300,0 R$2.600,0 Montante (R$-em milhões) Período R$300,0 nd Expansão do projeto da fábrica de Guaíba (RS) para passar a produzir vans e utilitários esportivos (SUVs). R$2.600,0 Tipo País origem Greenfield China nd Construção e operação do Porto Sul e de quatro trechos da Ferrovia Integração Oeste Leste, Greenfield entre as cidades de Ilhéus e Caetité no estadado da Bahia. China Fará aportes no estado do Pará atuando nas áreas de produção industrial, logística e desenvolvimento imobiliário. Greenfield China Modernização China Greenfield China Greenfield China Ampliação China Greenfield China Greenfield China Greenfield China Greenfield China Greenfield China Greenfield China Greenfield China Greenfield China Investimentos no setor elétrico brasileiro. Greenfield China Investimento no setor de agronegócios, com focos nas áreas têxtil e de fertilizantes na Bahia. Construção de uma fábrica de caminhões em Lages (SC). Greenfield China Greenfield China Construção de uma fábrica em Guaíba (RS). Greenfield China Instalação de uma fábrica em Anápolis (GO). Greenfield China Construção de uma unidade fabril em Adrianópolis (PR). Greenfield China Abertura de uma loja em São Paulo (SP). Greenfield China Inauguração de 50 novas concessionárias. Ampliação China Construção de empreendimento logístico em Garuva (SC). Greenfield Brasil / China Abertura de uma nova unidade fabril em Venâncio Aires (RS). Greenfield China nd nd nd Jinheng-Jinhua Holdings Indústria Alimentícia R$10,0 R$10,0 2016 Shandong Sanjing Lighting Eletroeletrônica R$100,0 R$100,0 nd R$100,0 R$100,0 nd R$400,0 R$400,0 2015-2017 Zhengchang Chery Chery no Brasil BYD (Build Your Dream) LiuGong Machinery Yunlihong Sany Máquinas e Equipamentos Complexo Automotivo Complexo Automotivo Máquinas e Equipamentos Máquinas e Equipamentos Complexo Automotivo Material de Construção US$300,0 R$1.157,9 nd R$150,0 R$150,0 2015-2016 R$120,0 R$120,0 2015-2017 R$230,0 R$230,0 nd US$300,0 R$673,7 2014-2016 Huawei Tecnologia R$200,0 R$200,0 2014 Huawei Tecnologia R$10,0 R$10,0 2014 Lenovo Tecnologia US$100,0 R$238,5 State Grid Chongqing Grain Sinotruck Foton Motor Foton Lovol Bramax (FLB) Destaque DEPEC - Bradesco Montante (em milhões) Citic HIC Energia Elétrica US$10.000,0 Agroindústria Complexo Automotivo Complexo Automotivo Máquinas e Equipamentos Máquinas e Equipamentos US$1.000,0 ND R$23.847,0 20132015 R$2.384,7 nd R$300,0 R$300,0 R$250,0 R$250,0 R$150,0 R$150,0 2013 2015 2013 2015 2013 2015 nd nd nd Yishion Comércio R$10,0 R$10,0 2013 Shineray Comércio nd nd nd Kerry Logistics / Ascensus Trading & Logística Transporte e Logística R$50,0 R$50,0 2013 XCMG Máquinas e Equipamentos nd nd nd Investimentos Aquisição de equipamentos e reestruturação dos pavilhões do empreendimento PET HM, localizado em Taquari (RS). Construção de uma fábrica de lâmpadas led em Itapetininga (SP). Instalação de uma fábrica de equipamentos agrícolas em Curitiba (PR). Construção de uma nova linha de produção em sua fábrica de Jacareí (SP). Instalação de um polo de fornecedores em Jacareí (SP). Construção de fábrica células fotovoltaicas em Campinas (SP). Construção de fábrica de equipamento para construção civil em Mogi Guaçu (SP). Construção de uma fábrica de caminhões em Camaquã (RS). Construção de uma fábrica de equipamentos para construção civil, em Jacareí (SP). Construção de três centros de pesquisa e desenvolvimento, cujo foco será em áreas como computação em nuvem, big data, cibersegurança e aplicações móveis. Construção de um laboratório de P&D, em Salvador (BA). Investimento em um novo centro de P&D em software em Campinas (SP). Fonte: Imprensa Elaboração: BRADESCO DEPEC 6 Destaque DEPEC - Bradesco Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Marcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivo Economia Internacional: Economia Doméstica: Pesquisa Proprietária: Análise Setorial: Estagiários: Fabiana D’Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires / Ellen Regina Steter Igor Velecico / Estevão Augusto Oller Scripilliti/ Andréa Bastos Damico / Myriã Tatiany Neves Bast / Daniela Cunha de Lima / Ariana Stephanie Zerbinatti Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi Barufi Gabriel Marcondes dos Santos / Wesley Paixão Bachiega / Carlos Henrique Gomes de Brito O DEPEC – BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. 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