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charutos
puro baiano
Charutos do Recôncavo
Baiano ganham destaque
internacional
fotos divulgação
por Luis Patriani
“Os espumantes brasileiros apresentam
uma acidez voraz, com um caráter fresco, limpo e cremoso”, afirmou um jornalista do Wall Street Journal
em uma degustação às cegas com vinhos de vários
países. A verdade é que, em termos de espumantes,
nunca seremos a França, porém podemos brigar pelo
resto do planeta. Da mesma forma, dificilmente superaremos Cuba na arte da tabacaria, “mas nossos
charutos têm chamado a atenção mundo afora”, diz
o especialista Cesar Adames. Há séculos os cubanos
são referência no elaborado processo de cultivo e manufatura dos puros. No começo dos anos 90, no entanto, algumas marcas brasileiras aproveitaram a tradição de lavouras de tabaco no Recôncavo Baiano,
leste do Estado, para ganhar prêmios e destaque em
revistas especializadas do exterior. Isso sem contar
o terroir: o solo é arenoso e o índice pluviométrico,
alto. O clima varia de tropical úmido a seco subúmido. “Charutos de origem brasileira estão no centro
das atenções devido a características muito distintas:
vão do suave ao forte, do especiado ao adocicado.
Isso sem falar nos charutos feitos fora que usam tabaco brasileiro”, explica à GQ Reinhold C. Widmayer,
editor da revista austríaca Cigar Journal.
O Dona Flor, fabricado pela Menendez Amerino,
ganhou em 2006 a excelente nota 92 na conceituada
revista americana Cigar Aficionado. A mesma família
Menendez criara nos anos 30, em Cuba, a sofisticada
marca Monte Cristo. Com a chegada de Fidel Castro e
a estatização das fábricas, os Menendez mudaram-se
boas
marcas
O Dona Flor
ganhou nota 92
na revista Cigar
Aficionado.
No alto, os puros
da Dannemann.
À dir., caixa da
Monte Pascoal,
marca que
ganhou 93 da
revista Smoke
para a Espanha e passaram a comprar matéria-prima
baiana de Mário Amerino. Em 1977, as duas famílias
se juntaram e fundaram a Menendez Amerino Ltda,
em São Gonçalo dos Campos.
No Recôncavo Baiano, as marcas Monte Pascoal
e Artist Line, produzidas pelas empresas Mata Fina
e Dannemann, respectivamente, fazem jus à fama
da região. A primeira ganhou em 2011 o prêmio da
Cigar Journal de “melhor marca brasileira à venda
na Europa”, além de pontuações altíssimas na revista Smoke – um dos especialistas deu 93, o que
a coloca na categoria excelente. Para se ter ideia,
nesta mesma edição a marca mais bem avaliada foi
a Forcade Natural, da Nicarágua, que ganhou 97.
Já a refinada Artist Line é um dos principais produtos de exportação da Dannemann, a fábrica de
charutos mais antiga do Brasil, que começou em
1873 com seis mulheres charuteiras, e hoje emprega mais de seis mil pessoas.
“Para serem bem classificados nas publicações especializadas os charutos passam por uma avaliação
criteriosa”, explica Cesar Adames. As marcas que se
saem melhor são as que têm uma capa sem manchas,
lisa, sem rachaduras e que não desprendem óleo. Os
charutos devem queimar por igual no formato de uma
circunferência (sabe as baforadas de desenhos animados?), ter fluxo homogêneo de fumaça e acumular entre dois e três centímetros de cinzas uniformes.
“Os suaves puros nacionais estão se saindo muitíssimo bem”, conclui Adames.
janeiro 2013 ii
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