educação judaica - Colégio Israelita Brasileiro
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Elaboramos esta edição para que todos os pais tenham acesso a essas importantes informações e possam participar da proposta de vivência judaica do Israelita. Sejam todos bem-vindos! Diretores Clóvis Soibelmann Janice Fischmann Liliana Soibelman Marcelo Bondar Marcelo Gus Marcelo Muller Sheila Maltz Schul 2 Vice-Presidentes Isy Helale Zelig Prikladnicki Asheri, Michael. O Judaísmo Vivo: as Tradições e as Leis dos Judeus Praticantes. Imago. R.J., 1995. Ausubel, Nathan. Conhecimento Judaico I e Conhecimento Judaico II in Judaica. A. Koogan Editor, R.J.,1989. Barylko, Jaime. Judío, el ser en crisis. Editorial Planeta, Bs.As., 1995. Blumenfeld, Y.I. Judaísmo: Visão do Universo - A vida, o mundo e o homem segundo a Torah. Imago, S.P., 1989. Grupo Bror Chail. Pessach: Um Giro pelas Comemorações do Ano Judaico. Wizo, POA, 1984. Heschel, A.J. La Democracia y Otros Ensayos. Ediciones Seminário Rabínico, Bs.As., 1987. Kolatch, Alfred J. Livro Judaico dos Porquês. Sefer, S.P., 1996. Newman, Yacob y Siván, Gabriel. Judaismo de A Z: Léxico Ilustrado de Términos y Conceptos. Dept. de Educacion y Cultura Religiosa para la Diáspora de la Organización Sionista Mundial, Jerusalém, 1983. Pinkus, Fritz (Org.). O Shabat: Antologia de Obras sobre o Dia Santificado do Sábado. Fundação Fritz Pinkus/CIP, S.P., 1961. Rosenberg, Shalom & Beckerman, Tzvi. Bar Mitvá: Trece Charlas sobre Judaísmo. Universidad Abierta de Israel, Tel Aviv, 1984. Área Judaica Coordenadora: Ilse Edla B. Wofchuk E-mail: [email protected] Mantenedora Presidente Ruwin Libermann BIBLIOGRAFIA Schlessinger, Hugo. Pequeno ABC do Pensamento Judaico: Síntese de Definições de Valores Religiosos, Morais e Éticos do Judaísmo. Ed. B'nai B'rith, S.P., 1969. Superintendência Mônica Timm de Carvalho Superintendente Geral Trepp, Leo. Una Historia de la Experiencia Judia: Fe Eterna, Pueblo Eterno. Ediciones Seminário Rabinico Latinoamericano, BsAs, 1980. Unterman, Alan. Dicionário Judaico de Lendas e Tradições. Jorge Zahar Editor, R.J., 1992. Lizete Wolkind Superintendente Operacional e Judaica Roseli Jacoby Superintendente Administrativo-Financeira 31 O CALENDÁRIO JUDAICO (heb. Luach) Tora Tanach Dia de Jerusalém Muro das lamentações Ano Novo Judaico Shofar Dia do Perdão Cabanas Cabana Festa Inauguração Sábado- descanso Copo Vinho Vela Velas Pão trançado Benção Solidéu Toalha de mesa Sinagoga Tora ( Pentateuco) Bíblia Iom Yerushalaim Kotel hamaaravi Rosh hashaná Shofar (chifre de carneiro) Iom Kipur Sucot Sucá Chag Chanuká Shabat Cós Iain Ner Nerot Chalá Brachá Kipá Mapa Beit Haknesset eu tu ( masc) tu ( fem) nos vocês aluno aluna alunos alunas menino menina crianças professor professora professores silêncio por favor desculpe obrigado meu nome é... bom dia boa tarde shalom, até logo tudo em ordem como vais? aní atá at anachnu atem talmid talmidá talmidim talmidot ieled ialdá ieladim (ieladot) more mora morim (morot) sheket bevakasha slicha toda hashem sheli.... boker tov tzohoraim tovim shalom, leitraot hacol besseder Ma nishmá? Durante um período considerável da história judaica antiga, a marcação do tempo entre os judeus era feita tendo como modelo os povos com os quais conviviam. Assim, os judeus conheceram quase todas as formas de marcar o tempo que foram utilizadas durante a antigüidade. De todas elas, a mais comum era a que se vinculava com a questão agrícola, uma vez que a economia da sociedade judaica primitiva era, principalmente, agrícola. O calendário judaico consiste em 12 meses lunares organizados no contexto de um ano solar: Nissan, Iar, Sivan, Tamuz, Av, Elul, Tishrei, Marcheshvan, Kislev, Tevet, Shevat e Adar. A soma dos tempos que sobram faz com que, a cada 19 anos acontece, por 7 vezes, um mês de 11 dias a mais (Adar Bet). Este calendário coloca os meses ordenados a partir de Tishrei - data do Ano Novo Judaico, que é uma comemoração de caráter eminentemente religioso (Criação do Mundo) ou a partir de Nissan, época do Êxodo do Egito, considerada como a data nacional de formação do povo judeu. Cada mês inicia com a lua nova e o 1º dia denomina-se Rosh Chodesh. “De lua nova a lua nova, e de Shabat a Shabat, toda pessoa deve vir adorar ante Mim, diz o Senhor” (Ieshaiahu 66: 23) Este versículo é uma das várias indicações bíblicas de que, naquele tempo, a lua nova era uma festa popular. Embora isto tenha perdido sua importância, ela continua a indicar o início do mês no calendário judaico até hoje. Isto era impreciso e a imprecisão necessitou ser superada. Era necessário que se criasse um calendário judaico fixo, para que a vida religiosa judaica ficasse sincronizada em todos os lugares. A partir do século IV, aproximadamente, os meses passaram a ser marcados por um cálculo matemático que é usado até hoje. Imprecisão uma vez que ganha-se um dia a cada 216 anos. Para os atos religiosos, os judeus adotaram a criação do mundo (Rosh Hashaná) para marcar o início da contagem do calendário, o que - segundo seus cálculos, baseados no Tanach - começa 3760 anos antes da Era Comum. Cada dia inicia com o nascer da 1ª estrela e termina com o mesmo 30 3 acontecimento no período seguinte. Outros povos da antigüidade possuíam o mesmo ciclo diurno. O (Bereshit) Gênesis indica “E foi tarde e manhã, o dia primeiro” (Gen. 1-5). Uma semana consiste de sete dias enunciados por contagem consecutiva. Com exceção do Shabat, eles não têm nome e são apenas numerados. Assim, há o 1º dia (Iom Rishon), o 2º (Iom Sheni) etc. AS FESTIVIDADES JUDAICAS (CHAGUIM) No luach judaico encontramos eventos e festividades que se situam em categorias diferentes de caracterização e importância. Há festividades de caráter religioso consideradas principais (Iamim Tovim) e as outras ditas secundárias. Tudo o que é proibido no Shabat é também proibido num Iom Tov, exceto carregar algo, cozinhar e preparar comida. Nos dias santos secundários permite-se tudo o que é permitido em qualquer dia útil, especialmente trabalhar. Os Iamim Tovim são: Sucót, Shemeni Átzeret, Simchat Tora, Pessach (os dois primeiros e os dois últimos dias), Shavuot, Rosh Hashaná e Iom Kipur. Destas, três são consideradas as “Grandes Festas” (Shalosh Regalim) ou “Festas de Peregrinação”. O Deuteronômio ordenava -“Três vezes a cada ano, todo homem aparecerá diante do Senhor Teu Deus, no lugar que Ele escolher: na festa dos pães sem fermento, na festa das semanas e na festa dos Tabernáculos”, ou seja, Pessach, Shavuot e Sucót. Os dez dias intermediários entre Rosh Hashaná e Iom Kipur são chamados Iamim Noraim (Os Dias Terríveis) e têm um caráter solene, com muitas obrigações, embora sem grandes proibições. Os dias festivos secundários são Rosh Chodesh (o primeiro dia do mês judaico) Chanuka e Purim. Os dias intermediários de Pessach e Sucót também são secundários ou Chol Hamoed. Ao longo do tempo, datas nacionais e históricas e de cunho cultural foram agregadas a este calendário religioso. Assim, temos Tu B'Shvat, Lag Ba Omer, Iom Ierushalaim, Iom Hazikaron, Iom Haatzmaut e Iom Há Shoa. Algumas, por mesclarem-se com características ou eventos religiosos têm referência litúrgica. Outras não. 4 A FAMÍLIA pai mãe filho filha tio tia primo avô avó irmão irmã bebê HAMISHAPACHA aba ima ben bat dod doda bem dod saba savta ach achot tinok A SALA DE AULA porta mesa cadeira quadro negro giz livro caderno lápis caneta borracha mochila, pasta HAKITÁ delet shulchan kisse lúach guir sefer machberet iparon et machak ialkut CORES azul branco verde vermelho cinza amarelo aranja lilas rosa marrom preto TZVAIM cachol lavan iarok adom afor tzahov katom sagol varod chum shachor OUTRAS EXPRESSÕES Purim Purim Pessach Pessach Judeus ( hebreus) Iehudim ( ivrim) Escravos Avadi Egito Mitzraim Hagadá Hagadá Prato de Pessach Queará Dia da Independência Iom Haatzmaut Candelabro Menorá Bandeira Deguel Estrela de David Maguen David Shavuot Festa das Semanas (Entrega da Tora) 29 NÚMEROS zero um dois três quatro cinco seis sete oito nove dez onze doze treze quatorze quinze dezesseis dezessete dezoito dezenove vinte 28 MISPARIM efes achat shtaim shalosh arba chamesh shesh sheva shmone tesha esser achat esre shteim esre shlosh esre arba esre chamesh esre shesh esre shva esre shmone esre tsha esre esrim DIAS DA SEMANA dia domingo segunda-feira terça-feira quarta-feira quinta-feira sexta-feira sábado CLIMA chuva sol nuvens nublado estrelas lua vento calor frio IEMEI HASHAVUA iom iom rishon iom sheni iom shlishi iom revii iom chamishi iom shishi iom shabat MEZEG HAAVIR gueshem shemesh ananim meunan cochavim iareach ruach cham kar SHABAT VOCABULÁRIO BÁSICO Recordarás o Dia do Shabat para santificá-lo (Êxodo 20:8) Observarás o Dia de Shabat para santificá-lo (Deuteronômio 5:12) O Shabat é uma criação semítica que nasceu da observação da natureza, pressupondo a divisão do ciclo lunar em suas quatro fases. O Shabat judaico vai do anoitecer da sexta-feira ao sábado à noite, por que o dia judaico respeita o preceito da Tora (Gen. 1:5) ..."E foi a tarde e a manhã o dia primeiro.” É o dia que Deus abençoou, ao descansar do trabalho da Criação que ele realizou em seis dias. Isto significa que nos é exigido fazer algo especial no Shabat, a fim de honrá-lo, e que não podemos trabalhar neste dia. A proibição de trabalhar é suspensa, no entanto, quando está envolvido risco de vida ou assistência aos enfermos, emergências nacionais e serviço militar. O Shabat também é um dia de celebração e encarado como uma rainha ou como uma noiva que vem chegando. A liturgia dá boas vindas à rainha/noiva e quando o chefe da família volta do serviço religioso na sinagoga, é “acompanhado por dois anjos, que vêm inspecionar se foram feitos os preparativos para o Shabat.” A ele, os judeus outorgaram um duplo significado espiritual, como denotam as palavras iniciais dos versículos; observar e recordar. “Observarás o dia do Shabat para o santificar” (Ex 20: 8-11). “Guardarás o dia do Shabat ... recorda-te que escravo foste na Terra do Egito” (Deut 5:12-15). É um dia em que se observa o descanso universal (pois que Deus cessou toda a Criação, Gen 2:2) e que converte em realidade o princípio da igualdade entre amo e escravo, empregador e empregado, senhor e servo, por um 5 lado. Só um povo que conheceu a servidão é capaz de apreciar toda a importância do dia do repouso. Também recorda a Criação Divina e coloca o homem como seu administrador, destinando-se a um descanso semanal do corpo e oportunizando revivescência do espírito através do estudo e da oração. Assim, o Shabat liberta a mente dos problemas semanais e permite que o homem raciocine ampla e livremente. alma extra. A importância do Shabat é demonstrada na sua inclusão como o quarto dos Dez Mandamentos, como a única de todas as festividades judaicas que ocupa este espaço e também pelo fato de que, no calendário semanal judaico-cristão, os dias se contam a partir do Shabat. Daí que se deduz que o Shabat não é apenas um símbolo, ou uma data festiva; o Shabat é um conceito, por sua vez permeado de conceitos. Por ser não apenas um dia de alegrias, mas o mais importante de todos os dias festivos entre os judeus, no Shabat não há tristeza, nem luto. Assim, em seu contexto não se realizam enterros, por exemplo. Ler, comer, beber, orar, visitar amigos, brincar com as crianças são as atividades principais do Shabat. Costumes: Acende-se as velas na casa e faz-se um jantar festivo. O serviço religioso na sinagoga tem uma liturgia especial e acontece ao entardecer, na véspera e na manhã e no entardecer do dia de Shabat, quando ele então termina. O fim do Shabat é marcado pela cerimônia da Havdala, (na sinagoga e/ou no lar) que simboliza a separação entre o dia sagrado e os demais dias da semana, ou seja, entre o sagrado e o profano. Para os místicos, enquanto dura o Shabat os judeus recebem uma 6 Mishná: (heb.) Repetição. Código de leis civis e religiosas baseadas na interpretação da Tora, abrangendo um período de quase 400 anos, compilado em mais ou menos 200 da E.C., por Rabi Iehuda, Ha Nassi. Constituí a base legal do Talmud, sua 1ª parte. Se organiza através das sentenças proferidas por uma longa linhagem de analistas e juizes. Neila: (heb. fechamento) Simboliza o fechamento das portas do céu e encerra as orações de Iom Kipur. Rosh Chodesh: (heb. Cabeça do mês) 1º dia do mês/ Lua Nova. Shabat: (heb.) Sétimo dia da semana na cronologia semanal judaica. Shabes goy: (iídiche. Gentio de Shabat) Pessoa não judia contratada por família ortodoxa para executar algumas atividades proibidas aos judeus durante o Shabat. Shofar: (heb. trompa) Trombeta feita, ritualmente, de chifre de carneiro que se toca sobretudo no Rosh Hashaná (Ano Novo) e no Iom Kipur (Dia do Perdão). Repete o toque de convocação e/ou aviso que era feito na antigüidade para indicar eventos importantes e tem vários significados litúrgicos. Sinédrio: (heb. Sanedrim) Supremo Conselho Judaico, que decidia em matéria legal e ritual. Origem provável no período dos Hasmoneus (séc. II a.E.C.) durando até 66 d.E.C, quando foi devastado por Herodes. Era presidido pelo Sumo Sacerdote e composto por 70 membros. Há um Tratado inteiro do Talmud que se dedica a ele. Talmud: estudo. contém os trabalhos mentais,opiniões e ensinamentos dos antigos sábios judeus, acerca das leis religiosas e civis do Tanach, especialmente da Tora. Tais textos cobrem um período de oito séculos (de 300 a.E.C. a 500 d.E.C.) e está organizado na forma de Halachá (Lei) e Hagadá (narração). A Halachá reúne os estatutos legais perpetuados pelo direito dos costumes e a Hagadá ensina por meios de lendas, alegorias e fábulas. O Talmude refere-se a soma da Mishná (texto legal) e da Guemará (comentário). Tanach: Bíblia ou antigo Testamento. Do hebraico, é uma sigla que se refere a Tora (Pentateuco), aos Nevíim (Profetas) e aos Ketuvim (Hagiógrafos). Obra de muitos autores, as partes mais antigas datam de 1200 a.E.C. e as mais recentes de 100 da E.C. Tora: (ou Chumash. heb. ensinamento). O Pentateuco ou os Cinco Livros de Moisés que fazem parte da Bíblia Judaica (Tanach). Em sentido amplo, pode referir-se a toda a tradição judaica. Reza a tradição que foi entregue por Deus à Moisés no Monte Sinai. Cada pedaço é lido 3ªs, 5ªs e sábados na sinagoga, durante um ano, de Simchat Tora à Simchat Tora. Tscholent: (iídiche, do fr. “chaud”) quente, morno/comida especial de shabat, chamada adafina ou jaquetia em ladino e chamim em hebraico ou judeu-árabe. Zemirot: Hinos e cânticos religiosos, em hebraico e aramaico, que se entoam durante e depois de ceias festivas, especialmente no shabat. 27 Bet Din: (heb.) Tribunal Rabínico. Beit Hamikdash: (heb.) Casa do Santuário. Templo de Jerusalém onde se realizava o culto do sacrifício. Brachá/ Brachot: (heb.) Benção/bênçãos. Brit Milá: Circuncisão ritual que simboliza a aliança de Deus com Abrahão. Chalá: pão de Shabat, em lembrança ao maná recolhido no deserto às vésperas do descanso. Gola/galut: (heb.) diáspora. Hagadah: história Havdalá: (heb.) Separação. Distinção entre o Sacro e o Profano. Cerimônia que marca o fim do Shabat. Izkor: (heb. lembra) preces especiais em memória de parentes falecidos. Seu nome deriva da idéia de abertura ..."lembra, ó Deus, a alma de...” É costume que aqueles que têm pais ainda vivos deixem a sinagoga na hora do Izkor. Kapara/Kaparot: (heb. expiação) A reconciliação do homem com Deus era, em tempos antigos, feita através do sacrifício, especialmente no Iom Kipur. Com o fim do Templo e dos sacrifícios o poder expiatório do Iom Kipur permanece e é realizado através do arrependimento, da oração, da hospitalidade e das boas ações. O exílio também é visto como uma forma de expiação. Na Idade Média foi instituído o rito de circundar a cabeça dos presentes com galinhas que após eram sacrificadas. Seu sangue era aceito, simbolicamente, como expiação pelos pecados cometidos, mas com oposição de rabinos importantes que viam este ritual como superstição pagã. Kasher: (heb.) ritualmente purificado para uso ou ingestão. Kidush: (heb. Santificação). Consagração do dia de Shabat, pronunciada na véspera do Shabat, sobre o cálice de vinho, manifestando a gratidão de Israel por Deus ter lhe concedido este dia sagrado, fazendo uma analogia entre a importância da lembrança da Criação e da saída do Egito. Kitel: (iídiche. roupa branca) Túnica comprida em forma de sudário. Machzor: (heb. ciclo ou período) livro de orações específico de cada festa, sendo o mais conhecido o de Rosh Hashaná e Iom Kipur. Mashiac: (heb.) Messias. Meguilat: rolo manuscrito da Tora. Refere-se, principalmente ao rolo de Ruth e ao livro de Esther. Midrash: Compilação de interpretações da Bíblia. contém a literatura rabínica do período talmúdico. Mikvá: (heb. coleta de água). Piscina específica para banho ritual de purificação ou o próprio. A água deve ser de fonte natural ou de rio. Há também prescrições referentes a quantidade de água, ao tamanho da mikvá a quem realizará o ritual e , como e quando o ritual deve ser realizado. 26 ROSH HASHANÁ IOM KIPUR GLOSSÁRIO Rosh Hashaná (heb. Cabeça do Ano/Dia do Julgamento) acontece nos dois primeiros dias do mês de Tishrei e Iom Kipur (heb. Dia da Expiação/Dia do Perdão), 10 dias depois. Segundo a tradição, 10 de Tishrei é o dia em que Moisés desceu do Monte Sinai com as Tábuas da Lei pela segunda vez. Essas festas e os dez dias entre elas são conhecidas pelo nome de Aseret Iemei Teshuvá (Os dez dias de penitência ou arrependimento ou mudança) ou Iamim Noraim (Os dias terríveis, ou temíveis) e constituem um só conjunto conceitual. Segundo a tradição, no 1º dia do mês de Tishrei comemora-se a criação do homem e no mesmo dia os filhos de Israel serão redimidos pela vinda da Era Messiânica. A ordem da celebração está em Levítico 23:24 “Fala aos filhos de Israel, dizendo: no mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso solene, memorial com toque de trombetas, santa convocação”. Nesse dia o homem judeu se apresenta perante Deus para ser julgado por seus atos e intenções. O conceito de justiça envolve o de penitência, para a qual somos convocados pelo toque do shofar (Números 29:1). A penitência dá, ao homem, a possibilidade de apagar o passado, recomeçar e ser “inscrito no livro dos justos, ou no livro da vida”. Por isto os judeus costumam saudar-se com os dizeres “que sejas inscrito no livro da vida”. Um aspecto extremamente interessante é que Deus julga e perdoa os atos genéricos ou aqueles que envolvem votos em relação a própria divindade. Os atos humanos que ferem outro ser humano, só podem ser perdoados por este outro, numa reafirmação do livre arbítrio e da responsabilidade que um tem sobre e para com o outro. Nesta história Deus não se mete. 7 TISHA BE AV Há três sons básicos no sopro do shofar: tekia, uma nota longa e uniforme; shevarim, três notas interrompidas seguidas; e teruá, uma série de notas curtas e agudas. São cem os toques do shofar na sinagoga na liturgia de Rosh Hashaná. Em algumas comunidades toca-se brevemente o shofar em todas as manhãs do mês de Elul até Rosh Hashaná, para anunciar um período de arrependimento e penitência e no fim do jejum de Iom Kipur. Rosh Hashaná recebe, também, os seguintes nomes: Iom Teruá - dia do toque do shofar; Iom Hazikaron - dia da Recordação; Iom Ha Din - dia do julgamento. Costumes: os alimentos especiais são escolhidos por causa de seu simbolismo positivo, e são arautos de boa sorte no ano que se inicia, como o mel para um ano doce. Come-se cabeça de peixe 8 “para ser a cabeça e não a cauda durante o ano”. Na tarde do primeiro dia de Rosh Hashaná, numa cerimônia chamada Tashlich, num rio, jogam-se fora os pecados. As orações estão registradas num livro específico, que também é usado em Iom Kipur e que se chama Machzor. Manda-se cartões com votos de um bom ano. Iom Kipur é o dia mais sagrado para a religião judaica e, mais que qualquer outra festividade, segue sendo observado pelos judeus do mundo inteiro. É considerado o Shabat dos Shabatot e sua origem está indicada no Levítico 25:30. “Porque neste dia se fará expiação por vós para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor.” Nele, realiza-se um jejum de 24 horas. Na sinagoga, a liturgia do Iom Kipur começa pelo Kol Nidrei. Rezada três vezes, a oração constitui-se numa Nesta festa é costume comer produtos derivados de queijo e leite. Várias são as explicações para isto. Uma refere-se ao Cântico dos Cânticos (4:11) “tens leite e mel sobre a língua”, fazendo uma associação com o prazer que se alcança com as palavras da Tora. Outra explicação diz que após a entrega da Tora, os hebreus, ao voltarem para suas casas, não tiveram tempo de preparar uma refeição de carne, de forma a abater o animal dentro do ritual a fim de torná-lo kasher (puro). Em vez disso, prepararam uma refeição láctea, o que se faz mais rapidamente. O dia 9 de Av lembra a destruição dos dois Templos, que coincidentemente aconteceu na mesma data. Em 586 a.E.C. aconteceu a destruição do Primeiro Beit Ha Mikdash pelos babilônios e em 70 da nossa era a destruição do 2º por Tito, em nome do imperador romano Vespasiano. Outros acontecimentos históricos trágicos ocorreram nesta mesma data, como: a queda da fortaleza de Betar e a morte de Bar Kochba em 135 d.E.C., a destruição de Ierushalaim em 136 d.E.C. e o Édito de expulsão dos Judeus da Espanha em 1492. Por tudo isto, este é um dia de luto lembrado especialmente pelos judeus mais ortodoxos através do jejum. 25 SHAVUOT Shavuot é a Festa das Semanas e sua comemoração está indicada por vários versículos da Tora. Mais uma vez, há uma unificação de caráter religioso, histórico-nacional e agrícola num mesmo evento. Esta é mais uma das três Festas de Peregrinação ao Beit Hamikdash, por que coincide com as Primícias. Aliás, Festa das Primícias é um dos vários nomes pelos quais ela é conhecida (Chag Habikurim). No mundo cristão ela é referida como Pentecostes, palavra grega que significa 50, indicando os 50 dias, ou 7 semanas, entre a festa de Pessach medida (Ômer) para a cevada e a colheita dos novos frutos e sua oferenda ao Templo. Outra denominação que ela possui é Chag Hakatzir, literalmente, 24 Festa da Colheita. A oferenda do trigo era feita assando dois pães e entregando-os ao Templo. Mas embora ela seja, originalmente, a festa da colheita do trigo, ela comemora principalmente o momento em que o Decálogo foi revelado a Moshe no Monte Sinai e entregue aos hebreus. Dai o nome Chag Matan Tora, ou Festa do Recebimento da Tora. Lê-se os dez Mandamentos na sinagoga. Ela é decorada com flores e simula-se uma peregrinação ao Templo com a entrega de bikurim (primícias). Há um costume muito difundido de se ficar acordado na noite de Shavuot estudando a Tora (tikun leil Shavuot). A Meguilat Rute é lida na sinagoga, pois a história acontece no tempo da colheita. Ela conta como Rute aceitou livremente o judaísmo e se converteu, exatamente como os judeus e Rute, que morreu em Shavuot. declaração de anulação de todos os votos e promessas anteriores que não puderam ser cumpridas, feitas entre o indivíduo e Deus. Isto acaba por se constituir numa abertura de retorno para quem, durante o ano, manteve-se alheio ao Judaísmo. De acordo com a tradição, o texto foi utilizado para redimir os marranos que ficavam obrigados ao ritual cristão. Muitos se reuniam em segredo para a cerimônia de Kol Nidrei. O jejum tem por objetivo fazer com que o homem sinta o sofrimento dos pobres e famintos de todos os dias do ano e, assim, chegue ao ápice da penitência. Não se constituiu numa mortificação e não pretende o alheamento da realidade, nem a sua mudança. A idéia é somar uma nova significação a esta mesma realidade. Costumes: Entre os muito religiosos, o Iom Kipur é precedido por rituais de penitência. Além do jejum, durante o dia os judeus são proibidos de calçar sapatos de couro, de manter relações sexuais e de se lavar. Passa-se todo o dia em orações, rezando Izkor pelos parentes falecidos, confessando os pecados, pedindo o perdão divino, ouvindo a leitura da Tora, do Livro de Jonas e das prédicas. É parte importante da liturgia o conjunto de confissões que é feito no plural, por que toda a comunidade pede perdão, e antes disto, o chazan ajoelha-se em nome de toda a congregação. O dia encerra com o serviço de Neila, com as Shemot (profissão de fé judaica) e com um toque do shofar. 9 Os judeus constroem cabanas temporárias, de tetos feitos de plantas, deixando ver o céu e passar a chuva e para elas transferem sua moradia durante sete dias, lá comendo, estudando e fazendo as tarefas diárias. Tanto a sucá em sí, como a festa possui uma simbologia interessante. Lembra a igualdade que deve haver entre as pessoas, fazendo os ricos habitarem com os mais pobres. Filon de Alexandria a via como um instrumento educativo de nivelamento democrático porque ensinava “a igualdade - primeiro princípio e o início da justiça”. 10 IOM IERUSHALAIM SUCÓT SIMCHAT TORA SHEMENI ÁTZERET Sucót (heb. tabernáculos/cabanas) tem por propósito lembrar aos judeus as cabanas que seus antepassados habitaram quando estavam no deserto durante o Êxodo (Lev. 23:43) e inicia quatro dias depois de Iom Kipur. Originalmente, era um festival de colheita muito antigo, ligado a práticas místicas e mágicas. Na época do Templo, transformou-se numa das três grandes festas de peregrinação, coincidindo com o final da colheita anual. Quatro espécies (heb. arbaa minim) representam o mundo agrícola e são sacudidas juntas, em cada dia da festa (exceto no shabat) , em preces especiais. São elas: o ramo da palmeira (lulav), a fruta cítrica (etrog), o salgueiro (arava) e a mirta (hadas) e estão associadas às orações pela chuva nos últimos dias da festa. Também são conduzidas em cortejo à volta da sinagoga a cada dia e sete vezes no último dia. Acredita-se que as espécies representem diferentes tipos de judeus que constituem uma comunidade. A palmeira dá o fruto, mas não tem cheiro Quando os judeus instituíram o Estado de Israel, a Ierushalaim histórica - a chamada Cidade Velha ficou sob jurisdição jordaniana. A cidade toda ficou dividida em duas. Em 15 de junho de 1967 (28 de Iar de 5727), na Guerra dos Seis Dias a Cidade Velha foi reconquistada e Ierushalaim foi reunificada, evento que é comemorado nesta festa. Desde 70 d.E.C. - em 9 de Av quando Tito dominou e destruiu a cidade e o Templo, dando início a 2ª diáspora judaica, os judeus pretenderam um retorno a Ierushalaim. Ela é considerada a capital eterna do povo judeu e este status está muito bem caracterizado em toda a literatura religiosa e laica do período bíblico e do período posterior, até os dias de hoje. Os judeus construíram todo a planta física do sistema político do novo país na parte ocidental da cidade. Ali se estabeleceu: a Knesset (o Parlamento), a Universidade Hebraica e os Ministérios e em 1950 a elevaram a capital do Estado. 23 SEFIRAT HA OMER - LAG BA OMER O período de 50 dias após Pessach é conhecido como Sefirat Ha Omer, uma antiga medida agrária utilizada na colheita da cevada que era realizada no 2º dia de Pessach. Neste dia, no Beit Ha Mikdash era feita uma cerimônia especial na qual se oferecia um Omer das primeiras espigas de cevada. Entre este dia, e o do recebimento da Tora (Shavuot) conta-se sete semanas. Em tempos antigos, este era um período alegre e festivo. Acontecimentos histór icos o transformaram numa época de semiluto. Tais acontecimentos são epidemias que se abateram sobres os discípulos de Rabi Akiva, as matanças e perseguições aos judeus durante as Cruzadas, a dupla queda do Templo de Jerusalém e outros eventos. Por este motivo não se celebram casamentos e outras festas nesta época. No entanto, no 33º dia desta contagem - Lag Ba Omer - o luto 22 é interrompido. Esta é uma festa nacional que comemora a revolta de Bar Kochba e seus homens sobre os soldados romanos em 132 d.E.C. Este grupo tinha a liderança espiritual de Rabi Akiva. Os homens reuniam-se em grutas do deserto para estudar a Tora e, ao mesmo tempo, lutavam contra os romanos numa guerrilha incansável. Em função da superioridade numérica e técnica dos romanos esta revolta estava fadada ao fracasso. A tradição refere que Rabi Shimon Bar Iochai, místico do século II solicitou a seus discípulos que a data fosse guardada com festejos e não com tristeza. Também evoca o fato de que, neste mesmo dia - 33º da contagem do Omer, a epidemia que se abatera sobre os discípulos de Rabi Akiva cessou milagrosamente. Costumes: Faz-se excursões campestres nas quais se simula a vida dos homens de Bar Kochba e Akiva, construindo fogueiras, brincando de arco e flecha e estudando a Tora. agradável e representa o judeu que estuda a Tora mas não cumpre os mandamentos. A mirta tem cheiro agradável, mas não dá fruto; o salgueiro não tem fruto nem cheiro, e o etrog tem os dois. Assim como todas as quatro devem ser mantidas juntas, assim deve a comunidade se unir, pois a força espiritual pode ajudar aqueles que têm espírito fraco. No fim de Sucót há uma festa especial denominada Shemeni Átzeret (heb. convocação do 8º dia). Embora seja um festival independente é agregado a Sucót como sendo seu oitavo dia, numa celebração contínua. O que est a fest a represent ava originalmente não é muito claro, exceto quanto a sua vinculação agrícola. Isto está indicado por um rito especial de orações que é realizado na sinagoga neste dia (Gueshem); uma súplica pela estação de chuvas. No dia seguinte a Shemeni Átzeret, celebra-se Simchat Tora (Dia da alegria da Tora) na Diáspora. Em Israel as duas comemorações ocorrem no mesmo dia. Esta festa teve sua origem em torno dos séculos IX ou X a.E.C. na Babilônia e assinala a conclusão da leitura anual e ininterrupta da Tora na sinagoga. Tradicionalmente, Simchat Tora é festejada com procissões e danças com a Tora no interior da sinagoga. Lê-se, então, a última passagem e a primeira passagem do recomeço. Os que têm esta honra chamam-se “noivos da Tora”. Esta festa não é mencionada em nenhum tratado judaico e dela só se tem notícia durante o cativeiro da Babilônia. 11 IOM HAZIKARON IOM HAATZMAUT CHANUKA Do hebraico dedicação ou inauguração. Festa das Luzes, do período pós-bíblico que comemora, durante oito dias, a retomada do Reino judeu pelos Hashmonaim (165 a.E.C.) aos gregos selêucidas, bem com a reinauguração do Beit Hamikdash (Templo de Jerusalém). Os selêucidas, liderados por Antíoco IV, Epifânio (Epifânio significa o Deus erguido) haviam imposto a helenização da Judéia e profanado o Templo sagrado. Conta a tradição que, após a vitória, os Macabim limparam o Templo retirando os vestígios do culto a Zeus e ao proceder a sua reinauguração só encontraram azeite de oliva, ritualmente purificado e selado pelo sumo sacerdote, em quantidade suficiente para arder um dia. O milagre divino ocorreu e o azeite durou oito dias, dando tempo aos Macabim que produzissem mais óleo purificado. 12 Em comemoração a este milagre acende-se uma chanukia - um candelabro de oito braços, guardado por um nono. A nona vela, com a qual se acende todas as outras, é o shamash, ou guardião. As velas são acesas durante os oito dias, numa série crescente: uma no 1º dia, duas no 2º, e assim sucessivamente. As luzes são colocadas em aberturas como portas ou janelas, com o objetivo de “divulgar o milagre”. O acendimento das velas é acompanhado de brachot (no 1º dia três), abençoando as luzes de Chanuka, o fato do milagre ter acontecido naquela época e o fato de estarmos todos podendo viver o momento feliz em conjunto. No dia 14 de maio de 1948 - 5 de Iar de 1708 - foi declarada a Independência do Estado de Israel, tendo por 1º Ministro David Ben Gurion e por 1º Presidente Chaim Weizman. Este é um dia festivo em Israel, por ser a independência do país, mas também é um dia festivo para os judeus da gola, uma vez que Israel é a Pátria Judaica. Quando neste dia terminou o Mandato Britânico da Palestina, e os ingleses “fizeram as malas”, os judeus não tinham que se preocupar com o início da construção de uma Pátria Judaica. Eles tinham que dar continuidade a esta construção. Ela vinha sendo desenvolvida desde a chegada das primeiras aliot (migrações) de chalutzim (pioneiros) a partir de 1882, e desde os primeiros passos do Sionismo Político em 1887, com Theodor Herzl. O dia anterior é chamado de Iom Hazikaron - Dia da Recordação. É um dia de luto em lembrança a todos os mortos que caíram nas Guerras que antecederam o estabelecimento do Estado e que, após, garantiram sua manutenção e existência, bem como aos que caíram em função dos sistemáticos atentados terroristas. Há uma associação mística entre o milagre das luzes de Chanuka e o milagre do fato do pequeno exército dos Macabim ter vencido o poderoso A continuidade dest a construção também teve de ser garantida. Muitas guerras forjaram o caminho desta garantia. 21 IOM HÁ SHOA VE HAGVURÁ Dia da Recordação do Holocausto e da Bravura. Esta é uma data do calendário judaico que não tem um caráter festivo e foi incorporada a ele muito recentemente. É um dia de luto pela morte dos 6 milhões de judeus sob o jugo nazista na Europa, entre 1933 e 1945 e, simultaneamente, um dia de honrar aqueles que, com bravura, de muitas maneiras não se permitiram subjugar por este nazismo. É móvel no calendário judaico, mas tem por referência o dia 19 de abril de 1943, data do Levante do Gueto de Varsóvia, liderado por Mordechai Anilevitch. Desde 1942 os judeus de Varsóvia resistiam aos nazistas de maneira organizada, tentando evitar a destruição do Gueto e a remoção total dos judeus. Esta resistência era, no entanto, muito restrita. Na noite de 19 de abril - 1º 20 Seder de Pessach - a rebelião estourou de maneira ampla. Apesar da destruição do gueto ao final do processo, o exemplo dos combatentes é reverenciado pelos judeus em todo o mundo. Por estes episódios esta data também é conhecida como Iom Ha Gueto. As comunidades se reúnem, em geral, em cerimônias públicas de reverência aos mortos e aos heróis. Um dos objetivos é manter acesa a memória da Shoa, sempre na proposição de que processos desta natureza nunca mais aconteçam. exército selêucida. Os judeus se revoltaram, primeiro não obedecendo ao rei e, depois, desenvolvendo ações de guerrilha, seguindo os Macabim (família líder dos Hashmonaim) - liderados pelo Sacerdote Matatihau e por seu filho Iehuda, HaMacabi (O Martelo). Há também uma associação entre estas luzes e a vinda do Mashiach. Embora do ponto de vista religioso Chanuka tenha uma significação menor, do ponto de vista histórico é emblemática. Isto reside no fato de que, historicamente, os eventos que a festa comemora marcaram a independência nacional dos judeus na Terra de Israel sob o reinado dos Hashmonaim, bem como a adoção de leis e valores éticos da Tora como forma de vida. Esta história é narrada no livro dos Macabim I e II (apócrifos). Costumes: Costuma-se comer bolinhos fritos em azeite e dar dinheiro as crianças (iídiche: Chanuka guelt) muitas vezes de chocolate - , para que apostem num pião de quatro faces, chamado dreidel ou sevivon. Em cada face deste pião há uma letra do alfabeto hebraico (nun, guimel, het e shin) que dá início as palavras da frase Nes Gadol Haia Sham e que significa “Um Milagre Aconteceu Lá”. A música tradicional de Chanuka é o Maoz Tsur (heb. fortaleza de rocha). É um hino letrado no século XIII e com melodia medieval. O hino conta que Deus redime o Povo de Israel do sofrimento e da perseguição em cada época, desde os tempos do Egito até Chanuka. 13 TU BISHVAT O mês de Shevat em Israel corresponde ao início da primavera. É a época das floradas. Esta festa, comemorada no dia 15 do mês, não tem nenhuma justificativa histórica ou religiosa. Ela apenas evidencia o nexo entre o povo judeu e a natureza É importante perceber o simbolismo das árvores e seus frutos para o gênero humano. A natureza sempre foi usada como metáfora do gênero humano pelos profetas e pelos sábios posteriores. Mas, originalmente, a festa está ligada ao dízimo anual pago pelas primícias. É costume comer diversos tipos de frutos, principalmente espécies da Terra de Israel, como tâmaras, uva, figos, romã, maça etc. Também plantase árvores nesta época. 14 O sentido educativo desta data é dos mais importantes, pois as lições dela extraídas pelos sábios indicam o caminho da ecologia e pregam que produzir bons frutos deve fazer com que deles se originem novos bons frutos e assim sucessivamente por toda a eternidade. presente. Esta brincadeira tem por função manter as crianças acordadas até o final do Seder. Este pedaço de matzá é chamado afikoman, palavra que vem do grego e significa sobremesa. Depois de ser encontrado, ele é comido e é a última coisa que se ingere no Seder, daí seu nome. Ele simboliza o cordeiro pascal que, depois de sacrificado era ingerido nos tempos antigos. Pela importância da matzá, esta festa também é denominada Chag Hamatzot (festa do pão ázimo). Em função da proibição de utilizar alimentos com levedo, um dia antes da festa a casa deve ser limpa de todo o fermento. resposta a todas elas, dada pelo oficiante, é a mesma: “...Por que escravos fomos do Faraó do Egito...” (Avadim Hainu). Outro significado do Êxodo do Egito é a aceitação do monoteísmo com o ideal básico de povo que se libertou da escravidão. Esta idéia adquire sua expressão no 1º dos Dez Mandamentos: “Eu Sou o Senhor Teu Deus, que te tirei da escravidão da terra do Egito”. Pais e filhos participam da cerimônia do Seder. O filho mais moço faz as 4 perguntas que iniciam “...Porque esta noite é diferente de todas as outras noites?...” (Ma Nishtaná). E a 19 PURIM ordem ritual e simbólica muito rígida, mas, ao mesmo tempo, muito didática. Na mesa, vestida de branco, há um prato com símbolos chamado keará. Nele estão: o maror, raiz amarga que lembra o amargor da escravidão; o charosset, mistura de vinho, nozes, maça e mel que por sua cor lembra a argamassa com a qual os escravos judeus trabalhavam no Egito; o zroa, pedaço de osso que lembra o carneiro que foi sacrificado para marcar os umbrais das portas dos judeus na 10ª praga (ou o sacrifício pascal); mistura de água e sal na qual se molha uma verdura - karpás, lembrando as lágrimas que os judeus vertiam pela escravidão e o beitsá, ovo que indica que as coisas não têm início e nem fim e estão sempre recomeçando. Na mesa também há vinho e há um copo separado para Eliahu 18 Hanavi (O Profeta Elias) e durante a cerimônia abre-se a porta para que o profeta venha e sirva-se deste vinho. Também é costume que as pessoas sentem-se a mesa reclinados, ou de maneira mais confortável do que nos dias comuns, por que era de forma reclinada que os homens livres comiam nos tempos antigos. Conta a Tora que, ao sair do Egito, os judeus não tiveram tempo de esperar para que o pão que fizeram fermentasse. Assim, durante os sete dias de Pessach os judeus não comem alimentos com fermento (chametz) e ingerem pão ázimo; a matzá. Na mesa do Seder três matzot são dispostas, representando as três castas do povo judeu: Cohen, Levi e Israel. Depois da brachá da matzá, a do meio é quebrada e escondida pelo oficiante. Ao final da cerimônia as crianças devem procurá-la e aquela que a encontrar ganhará um A palavra Purim vem do persa e significa “Lançar a Sorte”. Esta festa comemora a história que está contada na Meguilat Ester, relatando os episódios ocorridos com os judeus persas em torno do século V a.E.C., durante o reinado do Rei Achashverosh e seu primeiro ministro Haman. Conta a Meguilat que Haman tomou-se de ódio pelo povo judeu que habitava seu país, ódio este concentrado na personagem de Mordechai, um judeu que se recusava a ajoelhar-se perante o 1º ministro. Haman tramou a destruição dos judeus junto ao rei e “Lançou sua Sorte” para ver que dia seria o mais indicado para essa destr uição. Os judeus foram denunciados como os que não aceitavam a lei da Pérsia, os que não viam o rei e seus ministros como autoridades divinas e por terem leis e preceitos próprios. Por esta época, o rei - depois de ter se separado da rainha Vashti desposou Esther, sem saber que ela era judia e sobrinha de Mordechai. Haman também tramava a morte do rei e o próprio Mordechai - judeu a quem Haman mais odiava - teve oportunidade de salvar a vida do rei. Ester, contando isto a Achashverosh, pediu pela vida de seu tio e pela de todos os judeus da Pérsia. Embora haja teorias que tentem comprovar a historicidade destes eventos, nenhuma é considerada completamente verídica. Há relações estabelecidas com os reis Xerxes I e Artaxerxes II, há referências ao fato de que a história é fictícia e há conclusões de estudiosos de religião comparada 15 PESSACH que deduzem que a história é uma “racionalização” com o objetivo de justificar a adoção, pelos judeus de um carnaval pagão, numa ligação com o ano novo babilônico, no qual o Deus Marduk jogava a sorte (pur) dos homens. Costumes:. A celebração inicia na véspera, com um jejum (Taanit Ester/Jejum de Ester) em lembrança ao fato de que todos os judeus, inclusive a rainha jejuaram naquele dia, invocando a misericórdia divina. Nas sinagogas, é realizada a leitura da Meguilat Ester. Há quatro obrigações na festa: ouvir a Meguilat, fazer caridade aos pobres, fazer uma festa e trocar presentes com vizinhos e amigos (Mishloach Manot). Estas obrigações acrescentam um caráter religioso ritual a uma 16 comemoração que é originalmente carnavalesca. É costume usar fantasias, declamar, fazer representações, comer um doce que chama-se orelha de Haman. Quando se conta a história de Purim, ou durante a leitura da Meguilat, ao pronunciar-se o nome de Haman as pessoas fazem muito barulho (com gritos, reco-reco - graguer - e batidas com os pés e mãos). É como se estivessem afastando um mau espírito. A palavra Pessach significa passagem e esta festa, misto de comemoração religiosa e históriconacional, tem por referência o Êxodo judaico do Egito. A festa de Pessach também é uma das três Grandes Festas de Peregrinação ao Beit Hamikdash, numa referência ao caráter agrícola que ela tinha. Nos tempos antigos, os judeus assim como outros povos - rendiam graças a entrada da primavera, fazendo oferendas em seus templos, pedindo a Deus boas colheitas. Antes da existência do Templo, e mesmo antes do período mosaico, os judeus já realizavam o sacrifício de um cordeiro - pascal rendendo graças a entrada da primavera, assim como outros grupos de pastores semi-nômades o faziam. A data concentra as duas práticas. A palavra Pessach (passagem) tem relação com a passagem do “Anjo da Morte” sobre as casas dos hebreus, marcadas com sangue de carneiro em seus umbrais, quando da 10ª praga - a morte dos primogênitos egípcios. No entanto, várias são as passagens simbólicas na histór ia e na comemoração propriamente dita: a passagem da Terra do Egito para a de Canaã, da escravidão para a liberdade, de estado tribal para estado nacional. A comemoração de Pessach talvez seja a mais didática de todo o calendário anual judaico, por que tem início contando a história do Êxodo, relatada na Hagadah de Pessach. A Hagadah inicia dizendo ...”E contarás a teu filho...” É feita a leitura da Hagadah na janta festiva - realizada em família e denominada Seder (ordem). Toda esta janta, incluindo o relato, as canções e orações intermediárias, segue uma 17