Cláudio Frischtak
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Cláudio Frischtak
4º Seminário de Infraestrutura IBRE: Mobilidade Urbana- Desafios e Perspectivas para as Cidades Brasileiras O Investimento em Mobilidade Urbana no Brasil e o seu Financiamento 07 de novembro de 2014 1 Urbanização e Crise da Mobilidade O processo de urbanização no Brasil foi intenso... População Urbana: 1950- 36,1%;1980- 67,6%;2010- 84,4% 2050p: 91% ... Com a população se concentrando nas RMs – e principalmente suas periferias - e cidades médias. A crise de mobilidade no Brasil é fruto da confluência de uma urbanização e “periferização” acelerada com a opção preferencial durante décadas pelo transporte individual motorizado – basicamente o automóvel – para o movimento pendular casatrabalho-casa. 2 A solução da crise é multifacetada... ...Porém o transporte público de massa é o alicerce. O que caracteriza seus investimentos? Custos elevados pela sua natureza indivisível. Dificuldade (quando não impossibilidade) das tarifas serem suficientes para remunerar o investimento e a operação. Necessidade de forte coordenação de instâncias públicas, e de lidar com múltiplos interesses e direitos privados. 3 Espaço de Participação Público e Privado Natureza da participação pública e privada em sistemas e projetos de mobilidade urbana Projetos Planejamento Invest. /Regulação/ em Infra Fiscalização Inv. em Mat. Rodante Operação Trens Urbanos de Recife (CBTU) Público Público Público Pública (empresa estatal federal) Metrô de NY (NYTA) Público Público Público Pública (empresa estadual) Tram em Hong Hong (HKTL) Público Público Privado Privada Rede de transporte público em Paris Público Público e Privado Público e Privado Pública e Privada Metrô Linha 4 (RJ) Público Público Privado Privada Sistema de ônibus em Londres Público Público Privado Privada Transporte Informal Inexistente Privado Privado Privada Fontes: Meakin (2004); London Buses; Concessionária Rio Barra;4 Hong Kong Tramways Limited; EMTA. Elaboração: Inter.B. De onde vêm os recursos? Financiamento Público Orçamento geral e outras transferências: impostos sobre combustíveis, propriedade de veículos motorizados, imóveis, empresas (folha de pagamento). Taxas: estacionamento, acesso a centros urbanos etc. Recursos Privados (PPPs em sistemas de média e alta capacidade) Usuários - Tarifas São poucos os sistemas de transporte de massa cuja operação seja inteiramente financiada por tarifas. 5 E no Brasil? Historicamente os investimentos em mobilidade têm sido baixos: 0,13% do PIB em 2001-13 (cerca de 15% do investido em transporte no período). Ainda que a participação pública tenha sido dominante (principalmente sobre trilhos), a participação privada é significativa – 36% do total investido. O que difere da experiência internacional: o investimento baixo e fragmentado, sem referência à planificação e integração territorial. 6 Os investimentos – 2001/13 Em 2001-13 foram investidos R$ 43,4 B em infra de mobilidade urbana, cerca de 0,13% do PIB. Investimentos em infraestrutura de mobilidade urbana no Brasil Média 2001-2010; 2011, 2012 e 2013, em R$ Bilhões (nominais) Modal Sobre Trilhos¹ Público Privado BRTs Público Privado Obras de contorno e acesso Público Privado Total Público Privado Média 20012010 1,3 1,1 0,3 0,2 0,1 0,1 2011 2012 2013 Total 20012013 2,6 2,1 0,5 0,9 0,7 0,3 4,2 3,4 0,9 1,2 0,8 0,4 6,4 5,2 1,3 1,7 1,1 0,5 26,6 21,3 5,3 5,4 3,4 2,0 0,6 1,4 1,5 2,1 11,3 0,1 0,5 2,1 1,3 0,9 0,4 1,0 4,9 3,1 1,8 0,6 1,0 6,9 4,8 2,2 0,8 1,3 10,2 7,1 3,1 3,0 8,3 43,4 27,8 15,6 Fonte: diversas; elaboração Inter.B. Nota: ¹ Inclui investimentos em metrô, aeromóveis, trens urbanos e VLTs 7 O que se pode projetar? No período 2015-18, estimamos os investimentos em R$ 56,6 bilhões, um aumento acentuado (150%) frente ao quadriênio precedente. Obstáculos críticos: Espaço fiscal e financiamento dos invest. Planos municipais de mobilidade urbana e qualidade dos projetos. Capacidade de execução setor público. Ausência de integração metropolitana. 8 Investimentos – 2014/18 As projeções são baseadas em projetos anunciados: em execução, fase de licitação ou em estudo. Projeção de Investimentos em infraestrutura de transportes urbanos no Brasil; 2014-2018, em R$ Bilhões Modal 2014 2015 2016 2017 2018 Total 20142018 Transporte sobre trilho e BRTs 12,4 8,6 9,1 9,5 12,4 51,9 Obras de Contorno e Acesso 3,1 3,6 4,1 4,5 4,8 20,2 Total 15,5 12,2 13,2 14,0 17,2 72,1 Fonte: Diversas. Elaboração: Inter.B 9 O Padrão de Financiamento Participação pública elevada financiamento à infraestrutura mobilidade urbana (89% em 2013) no de Consistente com a experiência internacional Em tese há recursos disponíveis: haverá espaço fiscal? E os planos de mobilidade? A fundo perdido: OGU/ “Pacto da Mobilidade Urbana” (R$50 B) Financiamento: BNDES (Pró-Transporte), CEF (Pró-Mob – R$21 B) 10 O Financiamento da infraestrutura Fontes de Financiamento das Obras de Mobilidade Urbana Fonte de Financiamento OGU Orç. dos BNDES CEF Estados Empréstimos Debêntures Capital garantidos pelo Destinadas a Próprio Tesouro Investimentos Total Aportes em 2012 0,8 1,7 2,5 0,7 0,8 0,1 0,34 6,9 % do total do 11,6 24,6 36,2 10 11,5 1,4 4,7 100 Aportes em 2013 0,7 2,6 4,5 1,3 -- 0,6 0,5 10,2 % do total do 6,8 25,5 44,1 12,7 -- 5,9 4,9 100 investimento investimento Fonte: Diversas. Elaboração: Inter.B 11 O Financiamento da Operação Duas razões para subsidiar tarifas: incentivo ao uso do transporte público e seu acesso Duas formas distintas de financiar os subsídios: incentivo ao uso deve ser financiado por taxas e impostos que incidam sobre os meios que contribuem de forma mais significativa para a congestão urbana. E o acesso, pela captura do ganho de valor imobiliário dos investimentos em sistemas de transporte de massa e impostos progressivos. Objetivos Incentivo ao uso do transporte público Acesso aos serviços de mobilidade pelos mais pobres Modo de Financiamento Impostos e taxas incidindo sobre o uso do automóvel (inclusive o consumo de combustíveis), e meios motorizados individuais. Impostos e taxas de caráter progressivo, ou que capturem o ganho de valor imobiliário dos investimentos em mobilidade. 12 População Alvo População em geral usuária de transportes terrestres no âmbito urbano e metropolitano População mais pobre; que mora mais afastada; e com menor acesso aos serviços. Internacionalmente subsidia-se o custeio Sistemas de transporte público, % dos custos operacionais cobertos por subsídios (inicio dos anos 2000) Fonte: Sakamoto et al. “Financing Sustainable Urban Transport”; e UITP Latin America 13 ...com grande variância Relação da arrecadação com tarifas de usuários com o custo operacional total em sistemas selecionados. Sistema Localização Tarifas/Custos Operacionais Tipo de Cobrança Ano Metrô de Hong Kong Hong Kong 186% Por Distância percorrida 2012 Metrô de Taipei Taipei 119% Por Distância percorrida 2012 Metrô de Cingapura Cingapura 125% Por Distância percorrida 2008 Metrô de Londres Reino Unido 91% Por zonas de Tráfego 2012 Metrô e trens urbanos da Catalunha Espanha 90,5% Metrô de Nova Iorque EUA 70% Tarifa Única 2007 Sistema Integrado de Praga República Checa 53,2% Tarifa Única 2013 Sistema Integrado de Auckland Nova Zelândia 44% Por zonas de Tráfego 2013 Sistema de ônibus de Chicago EUA 43% Tarifa Única 2012 Sistema integrado de Atlanta EUA 31,8% Tarifa Única 2012 Metrô de Austin EUA 12,4% Tarifa Única 2012 Fonte: Empresas ou autoridades de transporte das cidades 14 Por zonas de Tráfego 2013 No Brasil: práticas fragmentadas Subsídios ao uso do transporte público Muito Positivo (++); Positivo (+); Negativo (-); Muito Negativo(--) Tipo de Subsídio Incentivo ao uso do transporte público Equidade do acesso ao serviços de mobilidade Direto ao Usuário ++ + (com foco) - (não discrim.) Indireto ao Usuário + ++ Direto à Operadora ++ + Indireto à Operadora + 0 15 Exemplo (i) Vale-Transporte (Lei Federal) (ii) Gratuidades ao idoso, e estudante de rede pública e cotistas. (RJ, BH, DF, SP, VIX) (iii) Passe-Livre (Pitanga/PR; Agudos/SP; Porto Real/RJ) (iv) Passe-Livre Estudantil (RS) (i) Tarifa Única /Subsídio cruzado (grande parte dos sistemas brasileiros) (i) Transferência orçamentária cobrindo porcentagem do custeio, evitando operação deficitária e possibilitando ganhos de escala (Sistema de ônibus em SP – 35% de subsídios) (i) Desonerações fiscais (PIS/CONFINS zerados, arrecadação previdenciária de 2% sobre folha de pagamento) (ii) Subsídio ao óleo diesel (Lei Nº 9.445/1997) No Brasil: incentivos concentrados... ....ao veículo privado sobre rodas – com ênfase nos automóveis: Investimento em capacidade produtiva: Inovar Auto (incentivos fiscais e financeiros) Aquisição: redução do IPI e do custo do financiamento. Operação de combustível. veículos: 16 subsídios ao Conclusão O apoio ao transporte público no país é contrarrestado pelo incentivo à aquisição e operação do transporte privado sobre rodas. No Brasil os gastos de capital têm sido assumido ou bem pelo Estado, ou pelo Estado e operador (PPPs). Os volumes investidos, contudo, ainda são claramente insuficientes, fragmentados e na maior por vezes sem referência à integração territorial. Na maior parte das jurisdições subsidia-se em maior ou menor grau a operação dos sistemas. Temos uma “colcha de retalho” cuja eficiência em estimular o uso do TP frente aos incentivos perversos é questionável, da mesma forma que sua equidade. 17 Claudio R. Frischtak [email protected] Katharina Davies [email protected] Inter.B Consultoria Internacional de Negócios Rua Barão do Flamengo, 22 sala 1001 Rio de Janeiro, RJ, 22220-080 Tel: +55 21 2556-6945 18