Grunthal união de crédito

Transcrição

Grunthal união de crédito
O OLHAR DE JOAQUIM
Ex-presidente do STF abre em SC ciclo
de palestras sobre o poder e a ética
REVISTA DA ACIJ
Economia l Negócios l Tendências
Joinville, setembro / outubro 2014
No15 l R$ 10
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Visão Acij
Educação X produtividade
NESTA EDIÇÃO
Evair Oenning, vice-presidente da Acij
4 Abre aspas
Há um movimento consistente por parte da indústria de Santa
Catarina em favor da educação e da qualificação profissional. O
que se vê é a conscientização do empresariado, em larga escala,
no sentido de que investir em formação eleva a produtividade.
Trabalhadores mais qualificados resultam em indústria mais
produtiva: quem alcança cinco anos de escolaridade, por exemplo, apresenta produtividade 54% superior àqueles com apenas
dois anos. Porém, 47% dos trabalhadores em atividades industriais no Estado não têm escolaridade básica completa. São quase 400 mil pessoas nessa condição.
Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
atesta que 74% das empresas veem a escassez de profissionais
qualificados como ameaça ao crescimento e 65% afirmam enfrentar dificuldades devido à falta de profissionais qualificados.
No Brasil, o desafio se concentra nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Garantir uma educação básica de
qualidade é vital para que o jovem acesse o ensino técnico e a
graduação com conhecimentos adequados.
Para contribuir com a melhoria desses indicadores, a Fiesc lançou, em 2012, o movimento “A indústria pela educação”. A iniciativa já conta com a adesão de mais de 1,8 mil empresas e traçou
uma meta ousada: todos os trabalhadores da indústria de Santa
Catarina deverão ter escolaridade básica completa e contar com
educação tecnológica e profissional compatível com sua formação.
Agora, queremos estimular a participação dos pais na vida escolar dos filhos. Estudantes que recebem apoio e atenção dos pais
nas atividades escolares estão, em média, quatro meses à frente
no aprendizado. Isso é o que mostra estudo realizado pelo Instituto
Ayrton Senna em parceria com a Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Filhos de pais que acompanham a vida escolar geralmente se alfabetizam com mais facilidade, obtêm melhores notas, permanecem por mais tempo na escola
e alcançam renda superior na idade adulta.
revista
Filósofo reflete sobre
as chaves da confiança
14 Objetos de desejo
Teclado retrô para tablet
e outras novidades vintage
18 Briefing
Entrevista exclusiva com
presidente do Sebrae
26 Em números
Um raio-x da
violência em Joinville
28 Especial
Como foi a palestra
de Joaquim Barbosa
40 Inovação
“Jogos sérios” auxiliam
educação e treinamentos
44 Case
A trajetória de sucesso
da Casa Sofia no varejo
48 Espaço Acij
Núcleo de Mulheres
completa 19 anos
56 Ponto e contraponto
A ampliação do Simples e a desejada reforma tributária
Publicação bimestral da Associação Empresarial de Joinville (Acij)
Conselho editorial: Ana Carolina Bruske, Carolina Winter, Débora Palermo Melo, Diogo Haron, Simone Gehrke. Jornalista
responsável: Júlio Franco (reg.prof. 7352/RS). Produção: Mercado de Comunicação. Editor: Guilherme Diefenthaeler (reg.
prof. 6207/RS). Reportagem: Letícia Caroline, Ana Ribas Diefenthaeler, Marcela Güther, Karoline Lopes, Mayara Pabst. Diagramação, ilustrações e infográficos: Fábio Abreu. Capa desta edição: Fábio Abreu, sobre foto da Agência Brasil. Fotografia: Peninha Machado, assessorias de imprensa. Impressão: Impressora Mayer. Tiragem: 3,5 mil exemplares. Contato: revista21@
mercadodecomunicacao.com.br. Publicidade: César Bueno, (47) 9967-2587 e 3801-4897. Correspondência: Av. Aluisio Pires
Condeixa, 2550 - Joinville/SC. Site: www.acij.com.br. Twitter: twitter.com/acij. Facebook: www.facebook.com/acijjoinville
revista
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MAX SCHWOELK
Abre aspas
4
As chaves da
confiança e da
ética na empresa
Karoline Lopes
Confiança é atributo elementar para a vida
corporativa. Nenhuma empresa vai adiante
se não houver confiança entre as pessoas – de
colega para colega, de chefe para subordinado e vice-versa, da parte dos clientes, dos parceiros etc. Mas, diferente da honestidade, por
exemplo, não se trata de virtude moral ou de
um valor em si. “Confiança você não escolhe.
Ou confia ou não. É um processo, um tipo de
relacionamento que tem como condição a fidelidade”, ensina o professor Clóvis de Barros
Filho, nesta entrevista exclusiva à Revista 21. Ele
esteve em Joinville, a convite da Acij, para falar
sobre o tema na palestra intitulada “Confiar
para liderar novos desafios”.
Doutor pela Universidade de Paris e pela Escola de Comunicações e Artes da USP, Clóvis atua
no mundo corporativo desde 2005, por meio de
seu escritório, o Espaço Ética, e tem como clientes
algumas das maiores empresas do Brasil. Suas
palestras tratam de temas contemporâneos que
reforçam a compreensão do que ocorre na vida
profissional e pessoal. As abordagens prezam
pelo didatismo e pelo aprendizado das questões
humanas. O diferencial é a ausência de aparatos tecnológicos, temperado pelo poder de sua
retórica, que utiliza exemplos do cotidiano para
transmitir conteúdos filosóficos de maneira leve.
Ele também se aventura na escrita. É coautor de “A Vida que Vale a Pena ser Vivida”,
“O Habitus na Comunicação”, “Comunicação
do Eu: Ética e Solidão”, organizador de “Ética e
Comunicação Organizacional”, “Comunicação
na Pólis”, e autor de “Ética na Comunicação” e
de “A Filosofia Explica as Grandes Questões da
Humanidade”. Antes do evento em Joinville,
Clóvis conversou com a Revista 21 sobre como
aplicar os conceitos de ética e confiança no dia
a dia das empresas.
revista
5
MAX SCHWOELK
Público lotou o salão de eventos do Hotel Bourbon na palestra que tratou de confiança e liderança
O título de sua palestra remete
a duas questões fundamentais
na vida profissional e para
as empresas: confiar e liderar
desafios. Como o sr. define
confiança?
A definição de confiança foi proposta inicialmente no século 13.
Depois, não mudou. Foi proposta
por um fulano chamado Tomás. E,
como ele era da cidade de Aquino,
ficou conhecido como Tomás de
Aquino. Assim como eu sou “Clóvis de Ribeirão Preto”... Confiança é
uma certeza do espírito – quando
digo “do espírito”, quero dizer do
intelecto, da mente. Assim como
você tem certeza de que o sol vai
se pôr, por exemplo. Só que essa é
uma certeza que tem por objeto
uma coisa que você não pode verificar. Então, por exemplo, tenho cer6
teza de que você está aqui, mas isso
não é confiança, pois eu estou vendo. Confiança é quando você não
pode verificar nem demonstrar.
Isso é confiança: certeza sem verificação. No mundo da igreja, esse
termo é chamado de fé. Quando é
na existência de Deus, é fé. Quando não é na existência de Deus,
é confiança. Ora, quando é que a
confiança nos interessa? Quando
ela tem um objeto específico que é
o comportamento do homem. Por
exemplo, ao meio-dia, posso dizer:
“Tenho certeza de que o sol vai se
pôr”, mas você não tem como verificar porque é meio-dia ainda.
Ainda assim, você tem certeza. Isso
é confiança no pôr do sol, mas essa
confiança não nos diz respeito. A
confiança que nos diz respeito é
sobre o comportamento do outro.
Ter certeza a respeito de como o
outro vai agir sem poder verificar.
Alguém sempre pode dizer que
prefere verificar. Esse é um tolo porque quase nunca se pode verificar.
São várias as situa­ções pelas quais
isso é impossível. A primeira delas é
que a confiança quase sempre diz
respeito ao comportamento futuro. Por exemplo, eu contrato você
hoje e você vai começar a trabalhar
amanhã. Como posso verificar o
que você vai fazer amanhã? Daí que
eu a contrato na confiança porque
não tenho como verificar. Agora, a
confiança pode ter por objeto um
comportamento que seja contemporâneo a ela. Você não pode verificar porque simplesmente está em
outro lugar. Aí não é um problema
de tempo, mas de espaço. O espaço
e o tempo são as chaves da confian-
revista
7
uma pessoa confiável?
Eu confio em todos aqueles cuja
prática está alinhada ao seu discurso. O que não é fácil de encontrar
porque muitas vezes nós temos
um discurso que tem a ver com
o que a gente acha que a gente é,
com o que a gente gostaria que
fosse. Na hora de agir, somos movidos por afetos e circunstâncias que
acabam nos obrigando a desmentir aquilo que falamos a nosso respeito. Dessas pessoas, eu desconfio.
MAX SCHWOELK
ça. E o líder não pode estar ao lado
de todo mundo o tempo inteiro. Ele
tem que confiar. Quanto mais alto
for o líder, mais improvável é a verificação, portanto, mais necessária é
a confiança.
No mundo empresarial, que é
tremendamente competitivo,
como confiar nas pessoas?
Isso eu não sei. A confiança não é
uma virtude moral. Alguns colocam a confiança como valor, o que
é uma estupidez. A virtude moral
é uma coisa que você pode escolher; por exemplo, a honestidade,
você pode escolher ser desonesto.
Confiança você não escolhe. Ou
você confia ou não confia. Não tem
como eu, desconfiando de você, decidir confiar. Portanto, confiança é
um processo, um tipo de relacionamento entre duas ou mais pessoas
que tem como condição a fidelidade. Aí sim, a fidelidade é uma virtude moral. Você é fiel e eu confio.
A confiança é uma consequência
mecânica da fidelidade. Se eu sou
casado com você e surpreendo você
na nossa cama com três indivíduos,
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“Confiança não é
uma virtude moral,
isso seria estupidez.
Confiança você não
escolhe: ou confia
ou não confia”
três vezes por semana... Para confiar, não é fácil. Como faço para que
um líder confie em mim? Curiosamente, o problema não é dele, é do
resto. Vou dar um exemplo: bastaria que um dia o sol não se pusesse,
daí você começaria a desconfiar do
pôr do sol. Assim é a confiança em
relação às pessoas. Ela depende de
uma fidelidade a valores por parte
do confiado, aquele que será digno
da confiança. A moral é ser digno
de confiança.
Quais são as características de
Falando sobre liderança, em
sua opinião, quais as principais
características de um líder e
os principais desafios que eles
enfrentam?
Há um erro em acreditar que a liderança é um conjunto de atributos
objetivos de uma pessoa. Porque
não existe liderança sem o resto. No
final das contas, o líder resulta de
certo reconhecimento por parte daqueles que legitimam sua posição.
Dependendo do universo em que
você estiver, as características do líder serão umas ou outras. Já houve
um tempo em que nós votamos no
presidente da República porque ele
andava de jet ski. E com entusiasmo.
Hoje em dia, acho que não faríamos
mais isso. Sinal de que o liderado
mudou e as características do líder
têm que mudar também. Se você tiver um coletivo de facínoras, qual é a
característica que o líder precisa desenvolver? Ele tem que ser um exímio facínora, cruel, malvado. Mas, se
você tem um coletivo de pessoas do
bem, normalmente o líder dessas
pessoas tem que ser alguém como
Cristo, Maomé, Buda, etc. Dentro de
uma empresa, um espaço de concentração de dinheiro e busca de
lucro, naturalmente um líder tem
que ter atributos que consigam aumentar o lucro e que não permita
que os funcionários percebam isso
de forma muito explícita.
revista
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O sr. é professor há mais de 25
anos. É mais fácil ou mais difícil
ensinar os jovens de hoje?
Mais difícil do que já foi. Primeiro
porque o sistema educacional piora ano a ano. O que ensinava há
10 anos, não consigo ensinar mais,
tanto do público quanto do privado.
Não é que as pessoas geneticamente estejam emburrecendo, talvez
isso venha a acontecer numa evolução da espécie daqui a milênios,
por enquanto é só porque a escola é ruim. É pior também porque
tempos atrás havia preocupações
que hoje não existem, ou são mais
raras. Fazer uma sociedade melhor,
politizar-se, exercer cidadania, participar. O aluno chegava à escola com
uma preocupação política que hoje
não tem. Hoje, ele quer fazer estágio
e garantir o seu. Se o resto vai bem
ou mal, não é problema dele. Sobretudo os da elite, que é com quem eu
costumo lidar. O jovem está adestrado para conseguir certos resultados
que são de proveito próprio. Se você
perguntar para ele o que é melhor
para a humanidade, ele vai rir. Isso
não faz parte do repertório dele.
Não vai dizer sim ou não, pois é uma
pergunta totalmente estranha. Ele
não sabe do que você está falando.
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O sr. também é o idealizador do
Espaço Ética. Um dos serviços
prestados é relativo à ética nas
empresas. Como é trabalhada essa
questão no mundo corporativo?
Tudo depende do que o cliente
precisa. Assinamos na semana
passada um contrato com um
grande banco onde tudo que se
relaciona à ética passará a ser
feito por nós. É um pacote completo. Mas o que nós fazemos
fundamentalmente é semear
uma discussão sobre o certo e o
errado dentro da empresa. Isso
a gente faz através de grupos de
discussão, palestras e workshops.
Depois, a gente oferece um consultório ético onde cada funcionário, anonimamente ou não,
pode perguntar o que acha certo
ou errado e receber uma resposta de alguém que não é seu chefe
ou superior hierárquico. Ou seja,
há uma série de ferramentas cujo
objetivo é fazer da ética algo mais
vivo dentro da empresa.
Em seu site, o sr. também
disponibiliza aulas em vídeo,
artigos e textos comentados,
tudo de forma muito didática.
Vê a internet como aliada
no desenvolvimento do
conhecimento?
Como toda ferramenta, pode ser
usada para o bem ou para o mal.
No meu caso, hoje as minhas aulas
são assistidas por uma média de
60 mil pessoas, com picos de 150
mil. São dois estádios do Maracanã assistindo à aula de filosofia ao
mesmo tempo. Isso dispensa comentários, é uma maravilha. A internet permite acumular as aulas
e dá acesso rápido. O sujeito tem o
curso inteiro ali, pode ter educação
à distância, fazer tudo pela internet, inclusive a prova. No quesito
educacional, é um espetáculo. Agora, claro, se cai nas mãos de alguém
mal intencionado, pode produzir
um estrago espetacular. Tudo depende do uso que se faz.
É mais fácil trabalhar com os
alunos ou com os empresários?
Com os alunos, porque o espaço
da empresa vai idiotizando pouco
a pouco. O aluno ainda é flexível,
arejado e ainda tem brilho nos
olhos. O indivíduo entra na empresa e só quer aumentar seu nível e
se torna uma verdadeira máquina.
O aluno ainda é gente de vez em
quando.
revista
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Recentemente, o sr. lançou um
livro em parceria com Mário
Sergio Cortella. Qual o tema
abordado na obra?
O livro se chama “Ética e Vergonha
na Cara”. Cuida justamente da
idade de ter vergonha na cara. A
certeza de que seria muito bom se
as pessoas se sentissem mal quando fazem alguma coisa indigna e
agressiva à comunidade. O que a
gente discute é que se perdeu a vergonha na cara. O sujeito age mal e
não se sente mal. A vergonha é isso,
é você ficar triste com você mesmo. O sujeito é canalha e está tudo
certo, não tem problema. Ele criou
uma espécie de anticorpo contra a
vergonha. Essa é a ideia central do
livro. Recomendo a leitura. Fácil de
ler, agradável e barato.
com um local de relacionamento
e trabalho em conjunto. Um dos
objetivos do projeto é a disseminação da pesquisa científica. Especializada na produção em ciências
humanas, a instituição mantém
um site que aposta na educação
à distância como forma de relacionamento entre pesquisadores,
empresas, instituições de ensino,
alunos e curiosos. Para os internautas, são oferecidas 89 aulas em
vídeo, 10 aulas em áudio, 16 textos
comentados, 16 artigos e uma publicação própria, a Revista Espaço
Ética. Já as empresas interessadas
têm acesso a 19 palestras, 14 cursos
e um programa de consultoria.
O espaço da ética
Há dez anos, Clóvis de Barros Filho
decidiu que precisava de um espaço comercial para desenvolver seu
trabalho e de pessoas que faziam
parte da sua trajetória. Nasceu assim o Espaço Ética. Amigos, parceiros de pesquisa, alunos, ex-alunos
e outros interessados de diversos
ramos do saber passaram a contar
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revista
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Objetos do desejo
HORA DE DATILOGRAFAR
Criado pela empresa americana Qwerky Toys, o
Qwerkwriter é um acessório USB no qual o usuário
conecta seu tablet para digitar. O acessório ainda
tem conexão bluetooth e pode ser conectado ao PC.
Disponível para venda a partir de agosto de 2015.
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Preço estimado: US$ 22
As 84 TECLAS ARREDONDADAS
são inspiradas nas máquinas de
escrever do começo do século 20
O iPhone
Gramofone tem
a base feita de
nogueira maciça
e o MEGAFONE É
DE AÇO E LATÃO
RETRÔ NA FOTO
As câmeras da marca Polaroid, que fizeram sucesso nos anos 70 e 80, voltaram à moda. A PIC 300 é
um dos modelos comercializados no site do Walmart. Com design ergonômico, o aparelho, além de
imprimir fotos instantaneamente em tamanho de
cartão de visitas (2,1 x 3,4 polegadas), vem com quatro modos de cena e flash automático (com quatro
opções de configuração). A câmera tem duas opções de recarga: bateria recarregável de íon-lítio ou
por meio de quatro pilhas AA.
www.walmart.com.br
R$ 299
Câmera está
disponível em
preto, VERMELHO,
roxo e azul
IPHONE NO
LUGAR DO VINIL
E se você pudesse ouvir
todas as músicas do seu
iPhone ou iPad em um
gramofone? O designer
americano Matt Richmond decidiu aliar os dois
modos de escuta em um
só produto: o iPhone Gramofone. O gadget funciona sozinho, por meio
da acústica: não é preciso
bateria ou eletricidade,
basta conectar o dispositivo móvel no aparelho. Disponível para todas as versões de iPhone e do iPad,
com exceção do iPad Mini.
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iPad: US$ 299
14
FOTOS DIVULGAÇÃO
SUPER 8 EM VERSÃO DIGITAL
A empresa dinamarquesa Logmar lança,
no final do ano, uma Super 8 em versão
digital, que promete agradar cinéfilos e
cineastas. A principal diferença da Logmar S-8 é que ela captura o som digital
em tempo real. Grava filmes em formato
Super 8 mm, tem display de LCD giratório acoplado na lateral, opções de disparo
avançadas, entre outras funções. A câmera apresenta conectividades NFC e Wi-Fi
e é compatível com os sistemas Android,
iOS e Windows Phone. Também possui
o processador ARM Cortex M3 e o motor
Maxon D.C., aprovado pela Nasa e presente no Mars Rover, veículo motorizado para
se locomover em Marte.
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alumínio cromado
ALINHAMENTO vintage
e linhas mais curvas
LOGO utilizado pela
Brastemp nos anos 50
COZINHA VINTAGE
A Brastemp tem uma linha retrô feita especialmente para o público que gosta de resgatar o visual das
cozinhas antigas, criando um ambiente nostálgico
e moderno. O charmoso Fogão Brastemp Retrô traz
elementos que remetem à década de 50, como o blacksplash (complemento decorativo do fogão), grafismos e abas laterais. Entre as facilidades, a mega-chama (potência de 3,4 kw) e a função grill (potência
1.600 w). Já o timer digital avisa quando o tempo de
preparo chegou ao fim e as trempes de ferro fundido, esmaltadas e individuais, facilitam a limpeza do
aparelho. Para combinar, a marca também oferece
o refrigerador Brastemp Retrô, que resgata verdadeiros ícones da história da marca, como o simpático esquimó da Brastemp no grafismo do painel.
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para conservação de alimentos, espaço para congelamento rápido, fruteira com design diferenciado e
porta-latas. Os dois produtos estão disponíveis nas
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Refrigerador: R$ 8.401
DICAS PARA ESTA SEÇÃO, ESCREVA PARA [email protected]
revista
15
Painel
ACIJ NA MÍDIA
Estar entre os melhores com tão
pouco tempo de existência do projeto é sinal de que o caminho vem
sendo bem trilhado. Parabéns a toda
a equipe, e especialmente à Acij, por
valorizar a comunicação como meio
de fortalecimento do associativismo
e do empreendedorismo com responsabilidade social.
Ronaldo Corrêa, jornalista,
parabenizando a Revista 21 pela
classificação no Prêmio Sebrae de
Jornalismo
A matéria “Criatividade pode ser
protagonista nos negócios” ficou
excelente. Bem construída, bem
exemplificada e valorizando a eco­
nomia criativa. Com certeza, a publicação vai trazer reflexão e alavancar o assunto na região.
Helga Tytlik, fundadora da
Tucunaré Desenvolvimento
Cultural
Agradecemos o espaço ao Convention Bureau na Revista 21. A matéria
ficou muito interessante.
Giorgio Augusto Souza, gestor do
Joinville Convention Bureau
Apanhei a Revista 21 por curiosidade,
para ver como ficou a resenha que
escrevi. Fiquei muito impressionado
com a beleza gráfica e pelo conteúdo
primoroso. Na entrevista, João Carlos
Brega, José Varela e Rodrigo Kede dão
uma lição de modernidade que todo
empresário e candidato a deveria ler
a absorver, e a revista inteira respira
essa modernidade de pensamento.
Donald Malschitzky, escritor
Agradecemos o envio da Revista 21,
com informações valiosas e necessárias para o conhecimento de todos.
Sandra Mara Wagnitz, assessora
parlamentar do deputado Volnei
Morastoni
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Portal da Propaganda, 04/09
“Com o objetivo de reconhecer, valorizar e aprimorar a qualidade dos
veículos e fornecedores que agem
com responsabilidade e dentro
das normas éticas do mercado da
comunicação, o Núcleo de Agências de Propaganda e Marketing
da Acij realiza o 5º Prêmio Melhores Fornecedores & Veículos.”
Blog da Facisc, 03/09
“O café de novos associados acontece a cada dois meses para que
as novas empresas do quadro de
associados da Acij possam conhecer a entidade e saber mais sobre
o associativismo e a representatividade. Setenta empresas de
diversas áreas, como indústria,
eventos, escolas de inglês, cartórios, agências digitais, construtoras, lojas, serviços de TI e consultoria, estiveram presentes.”
A Notícia, 01/08
“‘Voluntários sim, militares não’.
Foi esse o coro entoado por membros das entidades representativas Acij, Ajorpeme, CDL e Acomac
numa manifestação contra as
vistorias e cobranças de taxas por
parte dos bombeiros militares. As
entidades defendem que o serviço
é realizado de maneira bem-sucedida pelo Corpo de Bombeiros Voluntários e não é cobrado. ”
Noticenter, 20/08
“A comemoração dos 19 anos do
Núcleo das Mulheres Empresárias
trouxe 70 participantes para o Salão Tigre no Café, com a palestra
de Regina Zimmermann, diretora
de operações da Termotécnica. Regina citou no evento os desafios
da sua trajetória profissional e as
empresas por onde passou, como
Petrobras, Basf, Akros/Amanco e
atualmente a Termotécnica. ”
Notícias do Dia, 01/08 “Para fortalecer e ampliar a representatividade política local na Assembleia Legislativa e na Câmara
dos Deputados, a Acij pretende estimular os eleitores a votarem em
candidatos com projetos voltados
para a cidade. A ação dá prosseguimento à campanha Vote Certo,
Vote em Joinville – que entra em
sua terceira etapa.”
TENHO DITO
“Os problemas do Brasil são
muitos, mas são pequenos
e solúveis. Não temos
desemprego e não temos
vulnerabilidade externa. A
economia dependerá das
ações do próximo governo”
Mario Bernardini
, DIRETOR DE
COMPETITIVIDADE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA
INDÚSTRIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS, EM
PALESTRA NA ACIJ
CURSOS & EVENTOS
14 a 17 de outubro
9° Reunião da SAB Sul (Soc.
de Arqueologia Brasileira)
Univille, Joinville
28 a 30 de outubro
3º Encontro Regional de
Vendas
Mitra Diocesana, Joinville
www.encontroregionalde
vendas.com.br, (47) 3461-2500
5 a 7 de novembro
10o Congresso Nacional Rede
Feminina de Combate ao
Câncer
Expoville, Joinville
www.redefemininanacio
nal.org.br
7 e 8 de novembro
PORTFÓLIO
O artista convidado para esta edição é Humberto Soares. Narrador de histórias, artista plástico, escritor e quadrinista, Humberto dirige o grupo
Pequeninus Produções Artísticas, que une contação de histórias, oficinas
e artes plásticas. A imagem escolhida por ele integra o livro “Cidade da
Chuva”, contemplado pelo Mecenato 2014 do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), da Fundação Cultural de Joinville.
Todas as ilustrações são feitas com aquarela, tinta nanquim, lápis de cor
e tinta acrílica sobre papel canson. Para saber mais sobre o trabalho do
artista, acesse www.pequeninus.com.
13o Congresso Brasileiro de
Direito Penal e Psicologia
Criminal
Hotel Bourbon, Joinville
www.universoforense
direito.com.br
18 de novembro
Simpósio de Mobilidade
Sociesc, Joinville
[email protected]
27 a 30 de novembro
“Lá pelo ano 330 a.C., Sócrates já criticava o pouco
envolvimento da população no processo político, dizendo
que ‘o preço a pagar pela tua não participação na política é
seres governado por quem é inferior’. Irrepreensível, e que
sirva de lição a todos nós neste período eleitoral”
João Martinelli, PRESIDENTE DA ACIJ
“Contamos histórias o tempo todo, todo o tempo. Esse talvez
seja um dos grandes sentidos da vida dos homens. Quanto
mais contamos, mais vivemos”
Fábio Henrique Nunes Medeiros, CURADOR E INTEGRANTE DA ORGANIZAÇÃO GERAL DA 20
A
EDIÇÃO DO PROLER (PROGRAMA NACIONAL DE INCENTIVO À LEITURA) EM JOINVILLE
revista
Construfair
Expoville, Joinville
www.construfairsc.
com.br, (48) 3240-1658 ou
[email protected]
28 a 30 de novembro
Esportes Expo Show
Expocentro Edmundo
Doubrawa, Joinville
www.esportesexposhow.
com.br
FONTE: JOINVILLE E REGIÃO
CONVENTION & VISITORS BUREAU
17
Briefing
LUIZ BARRETTO, PRESIDENTE DO SEBRAE
“Estamos no
caminho certo”
RODRIGO DE OLIVEIRA
Burocracia desmedida, tributos pesados e crédito inacessível costumam ser apontados pelos pequenos empreendedores como os maiores entraves para continuar de portas abertas e crescer. Na visão do presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barreto, o “grande desafio” está mesmo na capacitação e qualificação. Em entrevista exclusiva à Revista 21,
Barreto reconhece que há muito por fazer para turbinar a competitividade e a produtividade das empresas brasileiras, mas defende que “o ambiente de negócios tem melhorado”, com novidades como a ampliação do Supersimples,
que entra em vigor no próximo ano. Dados do Sebrae indicam que os pequenos negócios respondem por um quarto
do PIB nacional – mais exatamente, 27%. Em valores absolutos, segundo o órgão, a produção gerada em negócios de
pequeno porte quadruplicou em uma década, avançando de R$ 144 bilhões em 2001 para R$ 599 bilhões em 2011, em
valores da época. A seguir, os principais trechos da entrevista de Barreto.
Ampliação do Simples
A partir de janeiro do próximo ano, 140 atividades do
setor de serviços poderão aderir ao Supersimples, regime tributário específico para micro e pequenas empresas. São advogados, corretores, consultores, arquitetos,
engenheiros, jornalistas, publicitários, fisioterapeutas
e outras atividades da área de saúde que antes eram
impedidas de ingressar no Supersimples. Cerca de 450
mil micro e pequenas empresas dessas áreas serão
beneficiadas. A primeira vantagem é a redução da burocracia: os impostos federais, estaduais e municipais
são pagos em um único boleto. Todas as atividades de
comércio, indústria e a maior parte das atividades de
serviços pagam menos tributos no Supersimples.
18
Atividades promissoras
Nossas pesquisas mostram que a indústria tem os
mais altos índices de sobrevivência entre os pequenos
negócios, mas isso se explica porque normalmente a
barreira de entrada é maior: uma indústria exige conhecimento específico sobre um produto, enquanto
comércio e serviços são áreas de maior facilidade no
acesso ao mercado. Como aposta de crescimento,
acredito que a área de serviços, que já está em ascensão, ainda tem grande potencial. Na Região Sul, por
exemplo, o número de micro e pequenas empresas
avançou em todos os setores da economia, mas destaco atividades da construção civil (instalação e manutenção de sistemas de centrais de ar condicionado,
DIVULGAÇÃO
de ventilação e refrigeração; instalação e manutenção de elevadores, escadas e esteiras rolantes; obras
de acabamento em gesso e montagem de andaimes
e estruturas temporárias), da indústria (beneficiamento de minério, metais preciosos e gesso, fabricação de alimentos prontos e a área de vestuário) e os
setores de serviços e comércio (transporte de passageiros e cargas, locação de automóveis e lojas de conveniência e de recarga de cartuchos de impressoras).
O que é fundamental, isso em qualquer área de atua­
ção, é buscar conhecimento e não confiar somente
na intuição. E também não dá para desistir, porque
sempre haverá obstáculos. Empreender é como andar
de bicicleta: os tombos são inevitáveis, mas é preciso
lidar com eles e seguir em frente. É como a ciência: o
conhecimento é cumulativo.
No Sul
A participação da Região Sul no conjunto das atividades oferecidas pelo Sebrae vem crescendo de acordo
com a média nacional. Os instrumentos mais utilizados pelos potenciais empresários dessa região são as
orientações presenciais e à distância, as consultorias,
palestras, oficinas, encontros e seminários presenciais.
Pedras no caminho
Toda vez em que se fala das micro e pequenas empresas, os empreendedores apontam como maiores
dificuldades a burocracia, a elevada carga tributária
e a dificuldade de acesso ao crédito. Nesse contexto, é
claro que precisamos de um ambiente de negócios favorável. Mas costumo dizer que o grande desafio para
os empreendimentos de micro e pequeno porte no
Brasil é da porta para dentro da empresa. E isso significa mais capacitação e qualificação. Mesmo assim, o
ambiente de negócios tem melhorado muito no Brasil
para as micro e pequenas empresas. O Supersimples
tem sido fundamental para o desenvolvimento dos
pequenos negócios. Hoje, já são 9 milhões de micro e
pequenas empresas cadastradas no regime e esse número deve crescer em, pelo menos, outro meio milhão
de empresas.
Importância social
As micro e pequenas empresas empregam 52% das
vagas com carteira assinada e são responsáveis por
40% da massa salarial. Esse segmento tem crescido regularmente a taxas superiores ao PIB. Claro que ainda
temos um desafio de melhorar a competitividade e a
produtividade das empresas brasileiras, mas acredito
que estamos no caminho certo.
revista
Jornalistas de todo o país entraram na disputa
PRÊMIO SEBRAE
Reconhecimento
nacional para a 21
A Revista 21 alcançou projeção nacional, como a indicada por Santa Catarina para o 6º Prêmio Sebrae
de Jornalismo, na categoria impressa. Em agosto, o
editor Guilherme Diefenthaeler esteve em Brasília,
acompanhando a solenidade de entrega da premiação. A publicação da Acij foi classificada pela reportagem “Segredos da escalada”, que saiu na edição
número 10, de novembro/dezembro do ano passado.
O tema foi o aumento da longevidade das pequenas
e médias empresas da Região Norte do Estado, resultante da diminuição de obstáculos como a tributação, a burocracia e a baixa qualificação dos gestores.
O evento de premiação lotou o auditório do Sebrae Nacional, com representantes dos veículos
concorrentes. Luiz Barretto, presidente do órgão,
comemorou o interesse da mídia brasileira em focar
a realidade da pequena empresa: “Esse tema já faz
parte do cotidiano da imprensa”. Os grandes vencedores, selecionados entre quase 1.400 trabalhos inscritos, foram a Rádio Bandeirantes AM, de Porto Alegre, o jornal Correio Braziliense, a TV Globo, o portal
G1, a TV Amazonas, o jornal Amazonas em Tempo.
19
DIVULGAÇÃO
Evento na Univille debateu a importância do conceito, que já é praticado por empresas catarinenses
ERGODESIGN
Criação de produtos e serviços
deve partir da “usabilidade”
No dicionário, a palavra usabilidade é definida como a facilidade com
que um equipamento ou programa
pode ser usado. No campo do design, mais do que ajudar o usuário,
o termo tem sido empregado para
caracterizar produtos que trazem
bem-estar e aspectos positivos ao
trabalho. Não é de hoje que o design se preocupa com quem vai
usar suas criações, mas a junção de
seus conhecimentos com a ergonomia promoveu a convergência dos
conceitos, dando origem a um novo
termo: ergodesign.
Difundido internacionalmente,
o conceito – utilizado pela primeira
vez na Suíça – foi ganhando força.
Neste ano, Joinville sediou dois eventos do gênero: o Congresso Internacional de Ergonomia de Interfaces
Humano – Tecnologia: Produtos,
20
Programas, Informações, Ambiente
Construído (ERGOdesign) e o Congresso Internacional de Ergonomia
e Usabilidade, Design de Interfaces
e Interação Humano-Computador
(USIH). O encontro ocorreu na Univille, coordenado pelas professoras
Marli Everling e Anna Cavalcanti.
“O ergodesign é a abordagem
utilizada para orientar o processo
de desenvolvimento, prototipação e
avaliação do objeto/sistema/serviço
proposto a partir da experiência do
usuário, das relações estabelecidas
por ele e de sua participação”, teoriza a professora Anna Cavalcanti. De
acordo com ela, as empresas nem
sempre consideram essa e outras
abordagens similares, mas o ergodesing amplia a possibilidade de gerar
segurança, conforto e usabilidade,
incluindo uma quantidade maior
de utilizadores, aumentando a satisfação no relacionamento de uso e
trazendo, consequentemente, uma
experiência positiva.
Em Joinville, além de alguns
escritórios de design, já preparados para conduzir processos desse
tipo, Marli Everling cita as empresas Whirlpool, Docol e Víqua como
exemplos que levam em conta o
usuário nas suas criações. “Hoje,
com a competitividade do mercado,
considerar as relações de uso com o
produto ou serviço não é apenas um
diferencial, é fundamental”, avisa.
Em âmbito nacional, segundo
a professora, é preciso avançar na
questão de investimentos, incentivo do setor, valorização e inovação. “Além do setor industrial, essa
abordagem tem condições de contribuir com a qualificação de produtos, sistemas e serviços projetados para o setor público e o cenário
urbano”, afirma. Nesse sentido, a
população passa a ser vista – mais
do que como consumidora – como
usuária, cidadã e protagonista.
TENDÊNCIA
Sustentabilidade chega ao marketing esportivo
Cada vez mais, as pessoas estão consumindo marcas que têm relações
estreitas com as causas socioambientais – e isso se aplica de forma
direta ao marketing esportivo. “A
prioridade para o esporte é a de criar
melhores sinergias entre seus valores, que já são carreados de mensagens positivas e combinam muito
bem com os anseios e teorias relacionadas a ações sociais e ambientais,
em conjunto com seus projetos e as
plataformas de comunicação e posicionamento das empresas.”
Geraldo Campestrini, consultor
de Business Intelligence e Novos Negócios da Brunoro Sport Business,
uma das maiores agências de mar­
keting esportivo do país, autor das
aspas acima, não tem dúvidas de
que esse é um importante veio do
tipo de negócio a que se dedica. A
tendência, forte no mundo todo, mobiliza e promove ideias e atitudes relacionadas à responsabilidade social
e ambiental, utilizando-se da força
do esporte. Nada mais natural. Afinal, uma das primeiras associações
que se faz do conceito de esporte é
com saúde e qualidade de vida. Mas,
para Geraldo, há um longo caminho
a percorrer. “O setor está amadurecendo e ainda não compreen­deu
todo seu potencial.”
DIVULGAÇÃO
Mineirão, em Belo Horizonte, foi reconhecido como obra sustentável
Estádios gerando a própria energia
No foco de luzes e câmeras em função dos dois megaeventos a que
o Brasil se habilitou – a Copa do
Mundo e as Olimpíadas de 2016 –,
o mar­keting esportivo quer mais.
“Há um enorme potencial de crescimento no Brasil”, acredita Geraldo Campestrini. Fechar os elos
desse circuito, diz o consultor, passa necessariamente por um investimento mais sólido por parte das
empresas que, segundo ele, ainda
revista
precisam compreender melhor os
ciclos de desenvolvimento dos projetos, peculiaridades e valores inerentes ao esporte. “Não podemos
ignorar todo o contexto cultural
construído por um segmento que
já soma mais de 100 anos, considerando o sistema esportivo institucionalizado e presente de forma
marcante na vida do homem.”
Apesar de classificar como excelente o saldo deixado pela Copa
Para o consultor, esse foi um dos
pontos altos da Copa do Mundo, ao
aproximar ainda mais esporte e sustentabilidade, a começar pela infraestrutura do megaevento. “O estádio
Mineirão, por exemplo, foi o primeiro
do mundo a receber o nível máximo
da Certificação LEED (Leadership in
Energy and Environmental Design),
conquistando o selo platinum do
U.S. Building Council, certificação a
que está se habilitando o estádio de
Brasília. Aliás, essa pode se tornar a
arena com maior pontuação para a
certificação no mundo. Além de ser
autossustentável, será capaz de gerar energia para regiões vizinhas.”
do Mundo, considerando, principalmente, o cenário negativo pintado nos meses que antecederam
o evento, Campestrini destaca que
algumas marcas confiaram demais na vitória brasileira. “É temeroso investir em esportes e apostar
na vitória do patrocinado – que, no
mais das vezes, é incerta. As marcas mais maduras jamais apostam
em campanhas focadas exclusivamente na vitória. Ao contrário,
contribuem para a construção das
vitórias de forma consistente, em
projetos de longa duração.”
Graduado em ciência do esporte pela Universidade Estadual de
Londrina, especialista em gestão e
marketing no esporte pelo Instituto Catarinense de Pós-Graduação
e mestre em Gestão do Desporto pela Universidade Técnica de
Lisboa, Campestrini foi um dos
destaques do 1º Catarinense de
Marketing Esportivo, realizado no
final de agosto pela Univille, em
parceria com a Agôn Assessoria
Esportiva.
21
DIVULGAÇÃO
Lei que prevê normas para o zoneamento está no Conselho da Cidade
LEGISLAÇÃO
Rumo à consolidação da LOT
Ainda vai demorar alguns meses
para que os retalhos e emendas que
compõem o zoneamento de Joinville
se constituam em uma lei consolidada, que contemple as necessidades
e determinações para o desenvolvimento urbano sustentável. Desde
outubro do ano passado, a minuta
da Lei de Ordenamento Territorial
(LOT) segue em debate no Conselho
da Cidade. A nova previsão é que ainda neste ano o projeto de lei chegue
à Câmara de Vereadores.
Na análise feita pelo Conselho da
Cidade, aspectos da lei foram esmiuçados em quatro câmaras setoriais,
repartidos em macrotemas: divisão
territorial, parcelamento, uso e ocupação do solo. As determinações
gerais, relacionadas a cada tema, já
passaram pela avaliação dos integrantes do conselho, que direcionam
agora sua atenção para os pontos
mais controversos, como as mudan-
22
ças relacionadas às Áreas Rurais de
Transição (ARTs) e alterações na faixa viária da cidade. “Começamos a
discutir temas polêmicos, contudo
não chegamos a abordar todos os
pontos. Não houve consenso sobre
determinados itens e, por isso, foram
criados grupos de trabalho para ampliar a discussão”, relata o conselheiro Fabrício Pereira.
O trabalho deve se estender até
o final de outubro. Daí, começam as
audiências públicas. Segundo o presidente do Conselho da Cidade, Vladimir Constante, a comunidade terá
acesso ao material já avaliado nesse
âmbito inicial. “O papel das audiências é dar espaço ao debate, como
forma de validação e contribuição
ao conteúdo. As audiências serão
realizadas nas oito regiões administrativas do município, onde serão
explicados os aspectos gerais da lei,
com foco nas questões locais.”
Impacto nas
comunidades
Os moradores da Estrada da Ilha
representam uma parcela da população que está ansiosa para o início
das audiências públicas, já que pontos polêmicos da lei impactarão diretamente na comunidade. A Associação de Moradores da Estrada da
Ilha (Amei) acompanha o andamento das decisões, com participação
no Conselho da Cidade. Segundo o
presidente da entidade, Ivandir Hardt, as audiências servirão para que
sejam ouvidos mais de perto os anseios dos principais afetados pelas
mudanças propostas.
A Lei de Ordenamento Territorial definirá e detalhará as diretrizes
para a construção de qualquer tipo
de empreendimento em Joinville. A
partir de sua consolidação, o Plano
Diretor poderá ser aplicado com mais
eficiên­cia na busca do desenvolvimento sustentável. As principais
normas de ordenamento territorial
estabelecidas deverão promover, entre outros aspectos, o adensamento
urbano em determinadas áreas do
município, o controle da expansão
urbana horizontal e a adequação da
ocupação urbana à expectativa de
crescimento populacional.
O presidente do Conselho da
Cidade, Vladimir Constante, entende que a aprovação da lei terá
impacto significativo na atração
de investimentos. “Temos acompanhado uma série de empreendimentos que procuram Joinville
como primeira opção, mas, por
encontrarem uma legislação não
atualizada, com incertezas sobre
o futuro, acabam se instalando
em cidades vizinhas. A Lei de Uso
e Ocupação do Solo em vigor não
permite uma série de atividades
importantes. Esse cenário precisa
ser modificado”, defende.
DIVULGAÇÃO
Visita ao Bolshoi e reunião do conselho; acima, o presidente da Santur
CAMINHO DOS PRÍNCIPES
Região tem potencial turístico
Polo econômico expressivo, Join­
ville é o destino indutor do chamado
“Caminho dos Príncipes”, uma das
dez regiões turísticas catarinenses,
segundo a geografia proposta pelo
governo do Estado. Isso quer dizer
que as pessoas que vêm para cá, por
exemplo, em função de uma feira
na Expoville, acabam circulando
por todo um eixo de municípios vizinhos – de Jaraguá do Sul a Papanduva, em um raio de cem quilômetros
revista
– e, por tabela, dinamizam a economia regional. Entre os 13 segmentos
turísticos presentes nesse circuito,
sobressaem-se o turismo de negócios e eventos, o turismo industrial
e o técnico-científico. “A região
apresenta vários potenciais. Mas
o forte é a área de eventos. A maioria, do setor privado”, aponta Valdir
Walendowsky, presidente da Santur. “Santa Catarina não concorre
só com o Brasil, mas com o turismo
internacional. Então, precisamos ter
cada vez mais equipamentos turísticos à altura dos grandes centros
mundiais”, sublinha, ressaltando a
importância de o governo investir
em infraestrutura.
É na contrapartida que as empresas se sentem seguras em rea­
lizar eventos. O segmento responde
por um quarto dos investimentos
programados para o terceiro trimestre de 2014, de acordo com dados do
Ministério do Turismo e da Fundação Getulio Vargas (FGV). A pesquisa anual da Conjuntura Econômica
do Turismo de 2014, assinada pelas
mesmas instituições, aponta que,
de 2012 para 2013, houve aumento de
9,6% no faturamento nesse campo.
O cenário está sendo analisado
pelo Conselho Estadual de Turismo
(CET). Em agosto, representantes do
CET passaram um final de semana
no Caminho dos Príncipes, em visita
técnica que percorreu a região. Prefeitos e secretários de turismo de 16
cidades expuseram suas demandas
e projetos. O Manifesto do Turismo
2015-2018, divulgado na ocasião,
elenca prioridades para o setor turístico catarinense. “Temos o poder
de sugerir, aconselhar o Estado a
tomar atitudes que desenvolvam o
turismo. Esse documento é fundamental para que os governantes tenham um ‘norte’”, explica Ivan Cascaes, presidente do CET.
A ideia é que haja investimentos não só na área corporativa, que
costuma puxar outros segmentos
turísticos, mas em eventos como o
Carnaval 2015 e a tradicional Festa
das Flores. “Nossa expectativa é de
que os conselheiros tenham saído
daqui cientes de que Joinville se
esforça para ter o turismo de entretenimento, não só o corporativo. E que venham mais recursos a
partir dessa sensibilização”, disse,
na ocasião, o conselheiro Geraldo
Linzmeyer, do setor de hotéis.
23
PRODUÇÃO RURAL
Cultura do aipim
ganha força em Joinville
Aipim, candinga, macamba, macaxeira, mandioca, maniva, uaipi.
Dependendo da região, a planta da
família das euforbiáceas que tem a
casca marrom, f1ibrosa com a polpa
branca e dura pode receber diversos
nomes. No Norte de Santa Catarina,
o plantio do aipim está em expansão: a produção aumenta 10% ao
ano. Em Joinville, já é uma das principais fontes de renda de 350 agricultores que produzem 6.500 toneladas
da raiz em 360 hectares plantados.
Entre os fatores que contribuem
para esse crescimento, destacam-se
24
o baixo custo de produção, a predominância de solos adequados para o
cultivo e a possibilidade de armazenamento por um longo período.
Segundo Iria Vicznevski, da Fundação Municipal de Desenvolvimento Rural 25 de Julho, existem várias
formas de comercializar o aipim.
“Pode ser vendido in natura, diretamente para o consumidor, ou com
valor agregado. Para isso, desenvolvemos o Programa da Agroindústria
Artesanal Rural de Alimentos, por
meio do qual o produtor abre uma
agroindústria e processa o que foi
colhido, ou seja, lava, descasca e embala”, aponta. Em Joinville, 13 unidades já fazem esse processo. Os interessados em aderir ao programa são
cadastrados na fundação e recebem
orientações. Eles são acompanhados
desde a construção até a vistoria da
vigilância sanitária.
Há 20 anos, Carlos Piske, proprietário da Aipim Ronco D’água, investe
na produção e comercialização do
tubérculo. No ano passado, engajou-se no programa. “Foi uma exigência do mercado. Aipim com casca
ninguém mais compra, hoje todo
mundo quer ganhar tempo. Estamos
vendendo muito mais agora”, revela.
Ele é responsável pela colheita e limpeza do aipim junto com sua esposa:
“Produzimos duas toneladas de aipim limpo e descascado por mês”.
DIVULGAÇÃO
Nizan (na foto, com o publicitário Paulo Centeno) visitou Joinville
BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS
“Modelo de eficiência
comprovada”, diz Nizan Guanaes
Em viagem de negócios a Santa Catarina, um dos mais premiados publicitários do país, Nizan Guanaes,
encontrou “uma pérola”: o Corpo
de Bombeiros Voluntários de Joinville (CBVJ). A metáfora foi escolhida
por Nizan para relatar, em artigo
publicado na Folha de S. Paulo, sua
revista
visita à corporação, que percebeu
como “um dos maiores orgulhos”
da cidade. No artigo, salientou que
o modelo da operação voluntária
tem custos muito inferiores aos da
estrutura de gestão estatal-militar,
com “eficiência comprovada e bons
serviços, apesar do lobby contrário”.
Dezenas de cidades já se inspiraram
no modelo do CBVJ, de acordo com o
texto do publicitário, “especialmente nos Estados Unidos e em países
da Europa”. Por tudo isso, o autor
manifestou estranheza ante as iniciativas públicas contra os bombeiros voluntários. A diretoria da Acij
enviou mensagem de agradecimento a Nizan pelo artigo.
O publicitário ministrou palestra em Joinville e participou do lançamento da MUSICA Comunicação
e Marketing, nova denominação da
agência de publicidade TudoMorya
SC. “A mudança do nome e da marca traz personalidade à agência”,
afirma Paulo Centeno, no comando da operação, que atua em três
frentes: publicidade, marketing e
inovação e negócios.
25
Em números
O CRESCIMENTO
QUE MAIS PREOCUPA
INSEGURANÇA EM JOINVILLE
De volta a 2011, e pior
Os números de roubos e furtos registrados pela Polícia Civil em Joinville
no primeiro semestre de 2014, divulgados pela Secretaria de Segurança
Pública em setembro, mostram que a cidade retornou à insegurança do
começo da década. No primeiro semestre de 2011, foram 5.155 furtos e
roubos computados na cidade, contra 5.218 no mesmo período de 2014.
O crescimento vem desde o primeiro semestre do ano passado, como
ilustra o gráfico abaixo, que abrange as ocorrências semestrais de furtos
e roubos em Joinville. Embora os números de roubo sejam bem menores,
são estes que pressionam a alta.
SOMA DE FURTOS E ROUBOS
FURTOS
ROUBOS
5.218
5.155
O roubo – crime mais agressivo
que o furto por envolver ameaça
à vítima – aumentou a sua
participação na soma das
ocorrências de furto e roubo na
cidade no primeiro semestre
de 2014, em comparação com o
mesmo período de 2011. Apenas
Itajaí e São José têm alta superior.
Participação percentual do roubo
na soma das ocorrências de furto
e roubo, em Joinville e cidades
selecionadas, nos primeiros
semestres de 2011 e 2014
32,7
5.000
4.200
4.479
24,4
Itajaí: 20,6
19,5
1.018
1.000
676
S. José: 15,6
0
2011
1o semestre
2o sem.
2012
1o sem.
2o sem.
2013
1o sem.
2o sem.
2014
1o sem.
Joinville
13,1
Blumenau
Fpólis
Criciúma
A DIFERENÇA ESTÁ NA AMEAÇA À VIDA
FURTO
É uma figura de crime prevista no artigo 155 do Código Penal Brasileiro, que
consiste “na subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem, com fim de
assenhoramento definitivo”. No furto, não há violência ou grave ameaça.
ROUBO
Previsto no artigo 157 do Código Penal, é o ato de subtrair coisa móvel alheia,
para si ou para outro, mediante grave ameaça ou violência a pessoa (ou não), ou
depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
26
2011
2014
CUIDADO NAS RUAS
As duas modalidades de roubo que mais cresceram no período foram a traseuntes e de veículos. Mas, enquanto
os roubos aos pedestres apresentaram queda até o segundo semestre de 2012, e só a partir daí começaram a
subir, os roubos de veículos vêm avançando quase que constantemente.
Roubo a
traseunte
300
Roubo
de veículo
365
Roubo
ao comércio
Roubo a caixa
de banco
282
254
206
200
100
Roubo a
residência
180
152
125
38
0
36
AUMENTAM OS FURTOS A RESIDÊNCIAS
Enquanto as seis cidades
selecionadas (os traços
pretos no gráfico, em
sequência: Florianópolis,
no topo do ranking,
São José, Criciúma,
Blumenau, Chapecó e
Itajaí) apresentaram
queda ou crescimento
moderado no número
de furtos a residências,
o item foi o que mais
avançou em Joinville (o
traço colorido).
2
26
QUASE 30 OCORRÊNCIAS POR DIA, EM MÉDIA
28,95
é a média/dia de ocorrências, entre furtos e roubos,
registradas pela Polícia Civil no primeiro semestre de
2014. No primeiro semestre de 2011, a média era de 28,55
Média 10 semestre 2014
Média 10 semestre 2011
Média entre 2011 e 2014
1.170
28,95
28,55
26,32
23,20
furtos foram registrados pela Polícia Civil no primeiro
semestre de 2014 por dia, em média. No primeiro
semestre de 2011, essa média era de 24,74
Número de furtos a
residências, em Joinville e
cidades selecionadas, nos
primeiros semestres de
2011 e 2014
Média 10 semestre 2014
Média 10 semestre 2011
Média entre 2011 e 2014
23,20
24,74
21,73
5,62
Joinville
494
roubos foram registrados pela Polícia Civil no primeiro
semestre de 2014 por dia, em média. No primeiro
semestre de 2011, essa média era de 3,73
2011
revista
2014
Média 10 semestre 2014
Média 10 semestre 2011
Média entre 2011 e 2014
5,62
3,73
4,36
27
Especial
28
JOAQUIM BARBOSA
“A confusão entre o privado
e o público está incrustada
no psíquico do brasileiro”
Guilherme Diefenthaeler
Sete semanas depois de deixar, oficialmente, o comando do Supremo Tribunal Federal (STF) e, ao mesmo tempo, anunciar sua aposentadoria precoce do
cargo de ministro, Joaquim Barbosa retomou a exposição pública, em meados de setembro, com uma série de palestras sobre temas como ética e estabilidade institucional. A convite da Acij, em um auditório lotado, o jurista mineiro pregou para mais de 500 pessoas que a democracia brasileira funciona
bem, ainda que o país tenha que “se livrar” de práticas arraigadas, como a
cultura do privilégio e do “jeitinho”. Defendeu a adoção de um “capitalismo
social verdadeiro”, que estimule a competição e o empreendedorismo, e, didático, buscou referências históricas para explicar a “apatia do cidadão” frente a abusos cometidos por quem está no poder.
Também recorreu a Maquiavel para discorrer sobre o confronto apontado entre a ética política e a “ética particular cotidiana” – facetas que, segundo
ele, tenderiam a se aproximar com a evolução da democracia. Nesse raciocínio, foi enfático ao argumentar que a ética dos agentes públicos não pode se
descolar daquela que há no plano do cidadão: “O voto do eleitor não significa
uma carta branca para que o governante faça o que lhe vier à mente”. Em
uma das passagens mais veementes de sua fala, denunciou uma “flagrante
violação de direitos” por parte do Estado contra os prisioneiros que ocupam
as cadeias do país – “piores do que masmorras”.
revista
29
Depois da palestra de uma hora, respondeu a uma
série de perguntas formuladas pela plateia e intermediadas pelo presidente da Acij, João Martinelli. Logo
no primeiro questionamento, reconheceu ter sido
sondado por diversos partidos políticos para disputar
as eleições deste ano, em posições como candidato a
presidente, a vice e a senador. Declinou em todas. “A
verdade pura e simples é uma só: jamais cogitei essa
possibilidade. Mas também não a descartei para um
futuro mais adiante”, revelou Barbosa, que se tornou
célebre por ter sido o primeiro ministro negro do STF
e, recentemente, como relator do processo conhecido
como mensalão. “Não sou homem de improvisação. E,
para uma pessoa que jamais teve qualquer militância política e sempre trabalhou em domínios técnicos,
como eu, essa ideia de me candidatar era uma improvisação”, fechou questão.
Ainda nas indagações do público, o ex-presidente
do STF externou – segundo ele, pela primeira vez – seu
ponto de vista sobre o mecanismo atual de indicação
dos ministros da Corte, hoje sob a responsabilidade
do presidente da República, propondo estudos para a
formação de uma comissão de alto nível que fizesse
indicações de nomes, e manifestou opinião favorável
ao programa Bolsa Família. “Seria leviano se dissesse
as coisas que digo em público sobre a necessidade de
combater essas desigualdades e fosse contrário à concessão de uma miséria como é o Bolsa Família”, frisou.
Acompanhe a seguir os pontos principais da palestra de Joaquim Barbosa.
A ÉTICA DO CIDADÃO
dão comum, ele sofre restrições em suas escolhas, estabelecidas para evitar a prática de fenômenos deletérios
que ainda são comuns nas sociedades em via de consolidação democrática, como nepotismo, “toma-lá-dá-cá”,
as diversas formas de violação do princípio da igualdade
que o Estado é obrigado a respeitar no tratamento que
dá à coletividade. Também nesse campo, devemos nos
acautelar contra a captura das instituições por situações
de clientelismo, patrimonialismo, caudilhismo. A escolha
dos dirigentes pelo voto e a exigência de concurso público para ingresso no serviço estatal existem para mitigar
essas tentações.
Ética é a orientação racional da conduta humana, e tanto se aplica à esfera pública quanto à privada. Uma de
suas vertentes, a ética política, versa sobre o julgamento dos padrões de conduta dos agentes públicos. Desde
Maquiavel, algumas pessoas sugerem uma disparidade
entre ética política e ética cotidiana. Ocorre que Maquiavel só pensava em métodos para a perpetuação dos
ocupantes do poder. Na sua época, não existia o conceito
de representação, hoje tão difundido nas grandes democracias. Os agentes políticos agem com consentimento,
ainda que tácito, para que governem supostamente em
nome daqueles que os elegem. A democracia aproxima
a ética própria da política da ética do cidadão, de modo
a submeter os governantes a algum tipo de escrutínio
público. E essa aproximação traz desdobramentos importantes. Dada a representatividade do mandato político, não é incomum que a ação do governante entre em
choque com a ética particular do cidadão, e aí ele poderá
deixar para trás aquele representante e escolher outro. A
confiança depositada pelo cidadão nos agentes públicos
impõe um padrão ético elevado. O agente público tem
uma expectativa modesta com relação à sua vida privada, em função dessa necessidade de controle do público
sobre seus atos e condutas. Diferentemente de um cida-
“A ética na política não pode se descolar
completamente da ética do cidadão, pois o voto
não significa uma franquia, uma carta branca,
para que o governante faça o que lhe vier à mente”
30
LEI X PRÁTICA
A confusão entre o público e o privado é um desvio típico
da nossa institucionalidade. A ética na política não pode
se descolar completamente da ética do cidadão, pois o
voto não significa uma franquia, uma carta branca, para
que o governante faça o que lhe vier à mente. O governante é necessariamente controlado pela cidadania e
por instituições concebidas para contê-lo, como Judiciário e Ministério Público. No nosso país, há um fenômeno
curioso que é o contraste visível entre o que consta na
Constituição, no papel, e a prática efetiva das instituições nos três níveis de governo. Vamos refletir sobre a
questão da probidade na esfera pública. A Constituição é
rigorosa em um dispositivo que permite a destituição do
presidente da República por desvio, ou quando este estimula a improbidade na administração. Já tivemos um
caso desta natureza há 22 anos. O agente público flagrado em improbidade pode sofrer sérias punições. Temos
assistido a casos, sobretudo na esfera municipal, em que
agentes públicos são condenados por improbidade e
têm os seus direitos políticos suspensos. Eles podem ser
condenados a pagar multas pesadíssimas e ser destituídos dos seus cargos. Mais recentemente, foi promulgada
a chamada Lei da Ficha Limpa, que é salutar e levantou
debates aguerridos no STF quando promulgada. O agente público condenado em segunda instância pode ser
impedido de concorrer a qualquer cargo eletivo por força
dessa lei. Contudo, eu me pergunto se o simples fato de
existirem normas tão minuciosas não seria indicativo de
“O governante é necessariamente controlado
pela cidadania e por instituições como Judiciário
e Ministério Público. No entanto, há um fenômeno
curioso que é o contraste visível entre o que
consta na Constituição e a prática efetiva das
instituições”
um problema. Porque parece tão simples: não seria suficiente que todos os que têm intenção de ingressar na
vida pública o fizessem sem segundas intenções, sem
qualquer veleidade de enriquecerem indevidamente, de
facilitar o enriquecimento de terceiros, sem a intenção
de beneficiar grupos a que pertençam? Que as pessoas,
em princípio, simplesmente fossem honestas?
BRASILEIRO AGUENTA ABUSOS
O brasileiro tem a sensação de que a corrupção é uma
prática disseminada, mas tem dificuldade de identificar as causas. Uma delas está no modo como a sociedade brasileira se desenvolveu. Desde a colonização, aqui
sempre se praticaram, à larga, condutas contra as quais
hoje nos indignamos, como a confusão entre o interesse
público e o privado, a apropriação da coisa pública para
fins privados. O mandonismo e a hierarquização social
decorrente. O caciquismo político. A ausência de controles efetivos da sociedade sobre os atos e gastos dos
governantes. E, por fim, a desigualdade gritante na fruição de direitos, inclusive políticos, por parte da maioria
da população. Alguns dados do século 19, no momento
em que o sentimento regional se fortaleceu no Brasil: se,
em 1872, em torno de 13% da população participativa do
processo político, em 1886 esse percentual cai para 0,8%.
Instaurada a República, nada muda. Desde a República
até a Revolução de 30, os presidentes eram escolhidos
por uma minoria ínfima da população – 300 ou 400 mil
votos em um país que já tinha 15 ou 16 milhões de habi-
revista
tantes. O efeito desse processo de exclusão é a apatia, a
resiliência do brasileiro, que aguenta os abusos dos dirigentes sem maiores insurgências. No Brasil, não se veem
fenômenos com os “cacerolaços” típicos da Argentina. É
um quadro histórico de persistente exclusão de direitos
políticos. Daí a desenvoltura com que certos políticos
agem com a coisa pública, com a certeza de que nada
lhes acontecerá. Em países de passado oligárquico como
o Brasil, nos quais direitos elementares como a educação
sempre foram negados às grandes massas, é comum
esse conformismo, essa resignação. Decorre da própria
inconsciência sobre direitos básicos que a falta de educação formal provoca.
SISTEMA PRISIONAL VIOLA DIREITOS
O Brasil é um país extremamente violento. Punir os criminosos é a mais elementar das missões do Estado. Mas
o Estado também tem o dever de tratar de forma humana as pessoas que envia para as prisões. Isso, no Brasil,
não é respeitado, pelo menos para os extratos sociais
mais baixos. Uma violação frontal ao que diz a Constituição Brasileira, que impõe tratamento humano às pes­
soas encarceradas. Perdoem-me a ironia, a amargura,
mas vejo aí uma espécie de pacto não escrito entre autoridades e setores privilegiados da sociedade: eu fecho
os olhos para o que vocês, autoridades, vão fazer com os
despossuídos, com as minorias, nada direi sobre as masmorras e até concordarei com a existência delas, mas em
troca quero que eu e meus semelhantes jamais sejamos
colocados ali, pouco importa os crimes que tenhamos
cometido. Com certeza, é fruto de leis deliberadamente
desenhadas com os chamados “furos”, feitas exatamente para que não funcionem. Como presidente do Conselho Nacional de Justiça, tive ocasião de visitar algumas
“Em países de passado oligárquico, como o Brasil,
nos quais direitos elementares como a educação
sempre foram negados às grandes massas, é
comum esse conformismo, essa resignação.
Decorre da inconsciência sobre direitos básicos”
das piores prisões do país. O mínimo que posso dizer é
que elas não são apenas masmorras – muitos animais se
sentiriam ofendidos se fossem colocados nelas. Uma coisa que me chocou, nessas visitas, foi a sensação de que as
autoridades locais pareciam não ter nada a ver com aquilo, a indiferença. Elas só estavam ali porque eram obrigadas, mas parecia que não tinham a menor consciência
31
NA ACIJ
Palestra de Joaquim Barbosa versou sobre
ética, poder e estabilidade institucional; ao
final, respondeu perguntas do público, com a
intermediação do presidente da Acij (no alto),
posou para fotografias (como na imagem ao lado)
e conversou com empresários e autoridades (acima,
com Moacir e Silvia Thomazi, e abaixo, com
Clayton Salfer, vice-presidente da associação)
32
FOTOS: MAX SCHWOELK E DIVULGAÇÃO
NO PODER
Barbosa presidiu o STF por quase dois anos; deixou o
cargo em julho, sucedido por Ricardo Lewandowski
(no alto); à frente do cargo, foi o relator do polêmico
julgamento do “mensalão”, acompanhado diariamente
pela imprensa; na foto de baixo, é recebido pelo papa
revista
33
daquele problema. Seres humanos são colocados aos
milhares nas prisões e são absolutamente abandonados. Muitos permanecem ali por anos, de forma ilegal. Às
vezes porque são presos que não foram ainda julgados,
outros já cumpriram a sua pena, mas ninguém se preocupou com eles. Não têm advogado, a Defensoria Pública
não dá conta dos seus casos e eles vão ficando. Essa flagrante violação de direitos pela qual o Estado brasileiro
já foi condenado em instâncias internacionais... O que eu
ouvi, nos anos em que passei na presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), sempre foi aquela embromação típica da política: há não sei quantos bilhões para
cuidar dessa questão, mas, de fato, nunca se mobilizou
um centavo para esse objetivo. Não pensem que seriam
gastos extraordinários. Esse problema pode ser resolvido
com pouco dinheiro.
“O mínimo que posso dizer sobre as prisões
brasileiras é que não são apenas masmorras;
muitos animais se sentiriam ofendidos se fossem
colocados nelas. (E tudo isso ocorre ante a)
indiferença das autoridades locais”
nenhuma tentativa séria de mudar o curso. Ainda que
algumas reformas sejam necessárias, não se vê ninguém
com seriedade falar de uma nova Constituição, que não
precisamos. As regras do Estado de Direito, bem ou mal,
funcionam aqui. Temos eleições que se realizam nos prazos constitucionais devidos, temos certa alternância de
poder, especialmente nas esferas municipal e estadual.
CAPITALISMO SOCIAL DE VERDADE
O Brasil precisa se livrar de certos resquícios, a cultura do
privilégio, o “jeitinho”, a improvisação em todas as esferas, nepotismo, vícios cartorários absurdos que ainda
existem. Precisa de regras aplicáveis de forma igualitária
a todos. Sou favorável à implantação de um capitalismo
social verdadeiro, ou seja: competição, competição, competição. Fui indagado quanto ao que faria se tivesse responsabilidade política no nosso país. A primeira medida
seria reunir um grupo de especialistas para me aconselhar na tomada da decisão que me parece mais necessária à vida brasileira, que é eliminar as armadilhas que
impedem que tenhamos um capitalismo verdadeiro, e
não esse capitalismo de compadrio, o Estado como capitão da maioria dos grandes projetos, que beneficia certos setores e esquece outros. O Estado tem que retirar as
amarras para que as pessoas que querem empreender
possam trazer o seu talento e fazer a sociedade evoluir.
ESTABILIDADE INSTITUCIONAL
Instituições políticas bem desenhadas, eficazes, pouco
suscetíveis a conchavos e manipulações eleitoreiras e infensas à instabilidade que muitas vezes vem do próprio
aparato judicial, são uma condição para o desenvolvimento de qualquer país. Nenhum sistema econômico
prospera de maneira consistente sem um sólido conjunto de instituições políticas e de outra natureza que
assegurem certa perenidade, estabilidade, a sensação de
que não haverá, em médio prazo, alterações bruscas de
curso. Os empreendedores da área econômica gostam, e
isso é salutar, de ter um horizonte largo, essa sensação de
confiança e estabilidade. Há muitos países hoje desenvolvidos e que tatearam longo tempo à procura de instituições adequadas ao seu caso. Um exemplo é a França,
onde nem tudo foram flores em matéria de instituições
políticas. O país protagonizou uma sangrenta revolução
em 1789. Esse país que hoje é a quarta economia do mundo só veio encontrar suas instituições políticas, as que
lhe deram estabilidade e fizeram que recuperasse boa
parte do seu status como potência média, em 1958. Estamos vivendo o momento de maior estabilidade política
do nosso país. A Constituição completa 26 anos. Não há
34
O PAPEL DO STF E A NOMEAÇÃO DE MINISTROS
O STF não é apenas um tribunal. É um elemento de estabilização do sistema político. O Supremo não pode ter
cotas de Judiciário, Ministério Público etc. Não pode ter
nomeações corporativas. É um dos três poderes. Qual a
alternativa para uma nomeação tão complexa? Entregar
ao Congresso? Não. Permitir a cooptação pelo próprio
Supremo? Não. Concurso público seria impensável. Não
sobra alternativa se não o presidente da República. Mas
essa opção vem demonstrando fragilidades. Nos últimos
anos, comecei a admitir a possibilidade de retirar um
pouco da discricionariedade do presidente na escolha
do nome. Criar uma comissão de altíssimo nível, estável,
só para esta escolha, ou para a escolha dos membros de
tribunais superiores, que seja representativa. A comissão
poderia ser composta por nomes nacionais, empresários, juristas, pessoas acima de qualquer suspeita, para
um mandato longo, sete anos, por exemplo, com a única missão de escolher uma lista da qual o presidente vai
pinçar o nome para indicar ao Congresso Nacional. Nenhum dos membros dessa comissão, durante os cinco
anos seguintes, poderia ser candidato.
NOTA 5,4
O “Rule of Law Index 2014”, organizado pelo The World Justice Project, mede a qualidade do Estado
de Direito de 99 países. Para elaborar o índice, mil pessoas de cada país, das mais diferentes classes
sociais, deram notas de 0 a 1 para cada item do gráfico abaixo – itens que vão de “Liberdade de religião”, uma das melhores notas do Brasil, até “Aplicação eficiente da Justiça Civil”, nossa nota pior.
Desses registros, foi criado um ranking (na lista ao lado). O Brasil ocupa a 42a posição, com nota
0,54. Em primeiro lugar, Dinamarca e Noruega, com 0,88. O último colocado é a Venezuela, nota
0,31. O estudo completo pode ser encontrado em worldjusticeproject.org. O conjunto de dados,
com tabelas, mapas e gráficos comparativos, em data.worldjusticeproject.org/#/index. Abaixo, as
notas do Brasil.
0
Direitos fundamentais A liberdade de religião Liberdade de associação Liberdade de expressão Igualdade de tratamento/não-discriminação Direito à privacidade Direitos trabalhistas Direito à vida e à segurança O devido processo legal 0,66
0,81
0,76
0,74
0,66
0,66
0,65
0,61
0,37
Ordem e segurança Ausência de conflito civil Ausência de crime Ausência de reparação violenta 0,66
1,00
0,58
0,41
Restrições aos poderes públicos Transição legal de poder Controles não-governamentais Limites da legislatura Limites da magistratura Auditoria independente Sanções por improbidade 0,63
0,83
0,74
0,72
0,62
0,49
0,40
Justiça civil Ausência de discriminação Ausência de corrupção Ausência de influência imprópria do governo
Acessibilidade Resolução alternativa de litígios imparcial e efetiva Ausência de demora injustificada Aplicação efetiva 0,55
0,69
0,67
0,60
0,53
0,52
0,30
0,25
Cumprimento da regulamentação Ausência de influência indevida Aplicação efetiva Governo não expropria sem processo legal e compensação
Respeito ao processo devido
Ausência de demora injustificada 0,53
0,70
0,59
0,57
0,53
0,29
Ausência de corrupção No Poder Judiciário Na Polícia Militar No Poder Executivo No Poder Legislativo 0,50
0,64
0,64
0,49
0,22
Governo aberto 0,50
Direito à informação 0,59
Leis estáveis ​​0,48
Leis acessíveis 0,46
Direito de petição e participação 0,45
Justiça criminal Ausência de influência imprópria do governo
Ausência de corrupção O devido processo legal Julgamento oportuno e eficaz Ausência de discriminação Investigações eficazes Sistema correcional efetivo revista
0,37
0,67
0,57
0,37
0,32
0,28
0,22
0,15
0.25
0.50
0.75
1.00
1Dinamarca
0,88
2Noruega
0,88
3Suécia
0,85
4Finlândia
0,84
5Holanda
0,83
6 Nova Zelândia
0,83
7Áustria
0,82
8Austrália
0,80
9Alemanha
0,80
10Singapura
0,79
11Canadá
0,78
12Japão
0,78
13 Reino Unido
0,78
14 Rep. da Coreia
0,77
15Estônia
0,76
16Hong-Kong
0,76
17Bélgica
0,76
18França
0,74
19EUA
0,71
20Uruguai
0,69
21Chile
0,68
22Polônia
0,67
23 Rep. Tcheca
0,67
24Espanha
0,67
25Botswana
0,67
26Portugal
0,66
27 Em. Árabes
0,65
28Eslovênia
0,65
29Itália
0,63
30Hungria
0,61
31Georgia
0,60
32Grécia
0,59
33Romênia
0,59
34Macedônia
0,58
35Malásia
0,58
36Croácia
0,57
37Gana
0,57
38Jordânia
0,57
39Bósnia
0,55
40 África do Sul
0,55
41Tunísia
0,55
42Brasil
0,54
43Senegal
0,54
44Bulgária
0,53
45Jamaica
0,53
46Indonésia
0,52
47Tailândia
0,52
48 Sri Lanka
0,52
49Líbano
0,51
50Belarus
0,51
51Mongólia
0,51
52Marrocos
0,51
53 Burkina Faso
0,51
54Sérvia
0,51
55Malawi
0,51
56Panamá
0,50
57Nepal
0,50
58Argentina
0,50
59Turquia
0,50
60Filipinas
0,50
61Colômbia
0,49
62Peru
0,49
63Albânia
0,49
64 El Salvador
0,48
65Vietnã
0,48
66Índia
0,48
67República
0,47
68Ucrânia
0,47
69Tanzânia
0,47
70Zambia
0,47
71Cazaquistão
0,47
72 Costa do Marfim 0,46
73Usbequistão
0,45
74Egito
0,45
75Moldova
0,45
76China
0,45
77Equador
0,45
78Quirguistão
0,45
79México
0,45
80Rússia
0,45
81Madagascar
0,45
82Irã
0,44
83Guatemala
0,44
84 Serra Leoa
0,44
85Nicarágua
0,43
86Kenia
0,43
87Libéria
0,42
88Etiópia
0,42
89Mianmar
0,41
90Uganda
0,41
91Camboja
0,40
92Bangladesh
0,39
93Nigéria
0,39
94Bolívia
0,39
95Camarões
0,39
96Paquistão
0,36
97Zimbábue
0,34
98Afeganistão
0,34
99Venezuela
0,31
35
PONTO DE VISTA
“Joaquim Barbosa se tornou uma figura importante e exemplar. Representou muito bem o Judiciário, principalmente pelo julgamento do mensalão. Todo o Brasil reconhece isso. E a questão da ética é fundamental. Às
vezes parece algo distante, mas a ética está presente no nosso dia a dia”
João Martinelli, PRESIDENTE DA ACIJ
Sócio do Martinelli Advocacia Empresarial ,
responsável pela área de contencioso tributário
Costuma-se ouvir por aí que “só ganha na Justiça quem
tem dinheiro”, ou “coice de mula, cabeça de juiz e barriga de mulher, nunca se sabe no que vai dar” (essa última
indefinição, a medicina já se ocupou de afastar). O fato
é que, quanto à Justiça, e aqui leia-se Poder Judiciário, o
senso comum é de descrédito e insegurança.
Passamos anos com ações na Justiça para perceber, muitas vezes, que “é melhor um mau acordo do
que a incerteza de uma boa demanda”, fortalecendo
a noção de descrédito e insegurança e nos fazendo refletir sobre a atualidade desse dito popular, já que há
um número cada vez maior de processos que se avolumam nos fóruns de todo o país.
Afinal, para quem o Poder Judiciário funciona? Estabelece o artigo 2º da nossa Carta Magna: “São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Daí confirma-se
que dentre os princípios fundamentais da República
36
Marcelo Hack,
BUSINESS PARK
O “novo” Poder Judiciário e
o legado de Joaquim Barbosa
Carlos Eduardo Domingues Amorim
“Fiquei muito impressionado com a serenidade e a
clareza do ex-ministro Joaquim Barbosa ao diagnosticar os problemas do Brasil e
do nosso Judiciário. Barbosa demonstrou, também,
uma postura extremamente ética em relação à sua
passagem pela presidência
do Supremo Tribunal Federal, mantendo isenção nas
declarações feitas em Joinville, apesar de ter estado à
frente do mensalão, o mais
delicado processo da história do STF”
PRESIDENTE DO PERINI
Federativa do Brasil estão a
independência e a harmonia
do Poder Judiciário”.
Nas últimas estatísticas
do Conselho Nacional de Justiça, temos como o autor do
maior número de processos
junto ao Poder Judiciário o
Governo Federal (englobando
o INSS e a União Federal). Portanto, para alguma coisa a (in)fluidez e a (in)segurança
com a justiça servem. E não a menos distante nos remete a certeza da importância do (des)aparelhamento do
Poder Judiciário. Sim, pois quanto menos juízes e menos
aparelhado estiver o Poder Judiciário para receber a avalanche de recursos do Governo Federal, maior é a certeza
da demora na prestação eficaz (se é que existe alguma
eficácia com tanta demora).
Bem assim, nem se queira aqui dizer da inversão
de valores que alguns representantes da administração pública, no uso dos princípios da legitimidade e
legalidade, escudam suas atitudes mais mesquinhas,
privilegiando vontades e entendimentos pessoais em
detrimento de uma ordem jurídica, como se ela não
existisse. Sem dúvida, eles também esperam e trabalham para um Judiciário desaparelhado e ineficaz.
Diante da clara certeza de que um princípio fundamental nos está sendo violado, mediante o reflexo
“Ele demonstrou que a ética neste país ainda é possível. Você vê a força que ele tem. Mostrou que ainda
há possibilidade de mudar. Isso nos motiva”
Adiel Leal, GERENTE COMERCIAL DA VERSÁTIL ANDAIMES
“Vim aqui prestigiar o Joaquim Barbosa por sua história e para ouvir o que ele tem a dizer sobre o nosso momento político. Acho interessante a Acij trazer
nomes como o dele para Joinville”
Ruan Testoni da Silva, CORRETOR DA IMOBILIÁRIA SACADA
“No momento que vivemos, a figura dele representa
um farol de conduta, postura e linha de atuação política e judicial. É uma referência de homem público,
de atuação destacada no episódio do mensalão. Fiquei muito satisfeito em ouvi-lo”
Olavo Guimarães,
COORDENADOR DA ÁREA DE FUSÕES E AQUISIÇÕES DO
MARTINELLI ADVOCACIA EMPRESARIAL
evidente de um poder serviçal, questionamos: o que
podemos fazer? Não há alternativa senão a necessária
reafirmação do Poder Judiciário por sua independência,
sendo ele um poder da República. É preciso fortalecê-lo
com mais juízes, maior estrutura de funcionários e um
mecanismo inteligente para recursos. É verdade que, nos
últimos tempos, alguns mecanismos para torná-lo mais
ágil estão sendo adotados, como o sistema da repercussão geral no Supremo Tribunal Federal (STF) e o sistema
dos recursos repetitivos no Superior Tribunal de Justiça
(STJ), mas isso não pode ser tudo. É preciso atitude.
Em meados de 2003, tomava posse no STF o mineiro Joaquim Benedito Barbosa Gomes. Assumiu o cargo
como o “primeiro negro” a tomar posse na Suprema
Corte do país. Sua imagem fortaleceu a crença de que a
igualdade resultou vitoriosa.
Após alguns anos na Suprema Corte, assumiu sua
presidência, fato inédito no país. Em seu discurso de posse como presidente do STF, sustentou: “O juiz deve ter
presente o caráter necessariamente laico de sua missão
constitucional e velar para que suas convicções e crenças
mais íntimas não contaminem sua atividade, das mais
relevantes para o convício social e fator importante para
funcionamento de uma economia moderna, uma sociedade dinâmica, inclusiva e aberta para qualquer mudança que traga melhorias para a vida das pessoas”.
Observa-se, na força das palavras utilizadas, a preocupação com a mudança de parâmetros e a exigên-
revista
“Joaquim Barbosa foi uma pessoa que marcou o
Brasil no caso do mensalão e provou que existe
justiça no país. Trouxe meus principais gerentes
para assisti-lo, pois vamos levar muita coisa dita
aqui para aplicar na empresa”
Marcos Vogelsanger, PROPRIETÁRIO DA BRITAGEM VOGELSANGER
cia de maior atitude. Porém, a lembrança da passagem
do ministro Joaquim Barbosa pela Suprema Corte
contrastou com o que se esperava de um “jeito mineiro”. Com efeito, não pelas acaloradas discussões nas
sessões do plenário do STF com os seus pares ou com
alguns advogados que por ali exerciam sua função
essencial à justiça, mas pela vocação de que algo novo
precisava ser pensado.
Talvez a trajetória de vida ou a exceção de sua origem
tenham dele exigido uma altivez barganhada aos cotovelos com o esperado de um “escolhido” pelo partido
governante para julgar alguns dos seus membros. Com
certeza, o “mensalão do PT” foi seu maior teste ou trunfo
para aqueles que anteviam nele uma “atitude esperada”. Joaquim Barbosa demonstrou “a atitude”, trouxe
aos milhares de brasileiros algo que imaginávamos não
ter: justiça! A notoriedade de sua imagem o transformou
em um “pop star”, fato que não lhe parecia distante, tanto assim que a sua imagem o transformou na máscara
de Carnaval mais vendida no Brasil em 2013.
Mesmo que ainda lhe sobrasse tempo para permanecer na investidura de ministro do STF, optou pela renúncia antes de completar 70 anos. Contudo, a investidura do ministro nos traz a reflexão do seu maior legado,
a necessidade de um Poder Judiciário independente, ativo e altivo, direcionado ao compromisso com a verdade,
confirmando talvez o dito popular que mais lhe abençoa:
a justiça tarda, mas não falha!
37
38
revista
39
nonononon
Inovação
Laboratório da Udesc foi pioneiro na matéria e, hoje, desenvolve jogos em diversas áreas
Jogos para
levar a sério
Games podem auxiliar nas áreas
de educação, saúde e treinamentos
Letícia Caroline
Quando se fala em videogame, a maioria das pessoas
pensa na cena clássica: crianças sentadas na sala, em
frente à TV, vidradas na ação que precisam executar.
Muita gente não sabe, mas os games extrapolaram
o universo infantil, chegando à área corporativa. Por
meio de uma nova modalidade, intitulada jogos sérios,
experiên­cias com educação, saúde e treinamentos têm
atingido resultados expressivos. Em Joinville, a área
vem sendo bem desenvolvida pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Em 2002, quando o termo jogos sérios incorporou a dimensão digital, com iniciativas em andamento nos Estados Unidos, por aqui,
pesquisadores estruturavam o Laboratory for Research
on Visual Applications (Larva). O primeiro projeto foi o
“Sherlock Dengue”, game utilizado na educação das
crianças da rede municipal para conscientizar sobre os
cuidados e prevenção da doença. “Sem saber, estávamos acompanhando de perto o que ocorria fora do país.
Com a criação do mestrado em computação aplicada e
o fortalecimento de iniciativas do Larva, no sentido de
criar jogos com impacto social, foi quase natural que
a disciplina de jogos sérios viesse a aparecer”, explica
Marcelo Hounsell, um dos professores do Larva.
Vários jogos estão em fase de criação na universidade, para diversas áreas e públicos. Entre eles, ensino contra a dengue (crianças do 5º ao 7º ano); ensino de história,
com foco na Revolta de Canudos (8º ano); ensino de geografia, baseado nos pontos cardinais (5º ano); aptidão física; equilíbrio estático para atuação com idosos frágeis;
artrite reumatoide voltado para idosos e pacientes de
AVC; reinserção social de dependentes químicos; prevenção do uso de drogas (5º e 6º anos); gerador de RPG digital
(ensino técnico e superior); alfabetização e raciocínio lógico para pessoas com síndrome de Down e adolescentes; desenvolvimento motor para utilização com pacientes de AVC, Alzheimer e Síndrome de Down.
RECONHECIMENTO
O Larva foi o grande vencedor do 1º Prêmio Inovação de Joinville, no ano passado. Os projetos
do laboratório foram reconhecidos no primeiro, segundo e terceiro lugares. Ao todo, a equipe
já contabiliza 21 prêmios. “É um grande reconhecimento e incentivo para continuarmos nessa
linha de pesquisa e desenvolvimento”, reforça o professor.
40
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Divertindo, jogo ensina a combater a dengue
Aplicação até
para a fisioterapia
Ao perceber que algumas áreas têm dificuldades em
criar experiências envolventes, a equipe da Fisiogames,
de Florianópolis, resolveu se aventurar, criando uma plataforma para fisioterapia. “Os profissionais precisam se
reinventar sempre para evitar a evasão, já que os tratamentos podem durar semanas e até anos. Nessas situa­
ções, os jogos funcionam como fator de motivação”, afirma Daniel San, sócio da empresa.
Com vários exercícios, a plataforma permite que os
profissionais de saúde montem um treino personalizado para o paciente ou aluno. Em seguida, basta acessar
o sistema, com login e senha, para ser guiado por um
avatar na correta execução das atividades. “Nossa ideia
é aplicar o entretenimento digital e as mídias interativas
ao bem-estar humano, combinando educação e saúde.
O foco inicial foi oferecer um produto de qualidade e de
baixo custo ao mercado de reabilitação virtual, carente
de soluções nacionais”, explica Daniel.
A atuação da Fisiogames se iniciou em 2009, quando
venceram o programa Sinapse de Inovação. Assim, receberam recursos para desenvolver o “Funphysio”, jogo
para fisioterapia. Logo depois, a empresa lançou o “Challengeboard”, game para iPad, no estilo dos jogos antigos
de tabuleiro, que foi vendido em mais de 36 países.
Em 2010, foram incubados no Midi Tecnológico,
mantido pelo Sebrae e gerenciado pela Associação
Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate). A
gradua­ção veio no início deste ano. Para Daniel, a incu-
revista
SHERLOCK DENGUE EM NOVA VERSÃO
O “Sherlock Dengue” ganhou sua oitava ver­
são. Modernizado, o game pode ser jogado
pela internet, mas mantém o conteúdo cons­
truído com a Secretaria de Saúde de Join­
ville. Para testar o jogo, estudantes foram até
a Udesc. Batizado de “Sherlock Dengue 8.0:
The Neighborhood – A Vizinhança”, o game
tem como objetivo envolver os vizinhos no
combate à doença. No fim de setembro, um
mutirão envolveu os estudantes da Udesc na
conscientização do combate à dengue. Eles
foram convidados para uma competição em
que conheceram o “Sherlock Dengue”.
bação é uma etapa importante para uma empresa de
tecnologia, pois é possível melhorar o plano de negócio
com auxílio de consultores especializados. “Outra vantagem é o contato com empreendedores. Muitas das
soluções para problemas enfrentados pela equipe são
encontradas durante conversas com outros que já passaram por algo parecido”, ressalta.
A empresa conta com sete funcionários, que trabalham na melhoria da plataforma Fisiogames, além de
desenvolver uma solução para tornar os treinamentos
corporativos mais envolventes por meio de jogos sérios.
EVOLUÇÃO DA FISIOGAMES
2010
l Selecionada pelo programa Face to Face Brasil, da British Airways e da Revista Exame PME. Foi uma das seis
empresas brasileiras a participar de uma rodada de negócios em Londres.
l Escolhida pelo programa Startup Saúde Brasil para
receber diversos coachings, com objetivo de aprimorar o
modelo de negócio e o produto.
2013
l Selecionada pelo programa StartupSC para treinamentos e consultorias, além de ganhar subsídio em
uma missão empresarial ao Vale do Silício, no Estados
Unidos.
l Parcerias formalizadas com a UFSC e a Udesc para desenvolver pesquisas com seus produtos.
l Fisiogames treina mais de 60 profissionais de fisioterapia da saúde pública de Minas Gerais, para utilizar
jogos durante as sessões.
41
Para Marcelo, mais comunicação
e incentivo devem estimular
o crescimento do setor
Mercado
promissor
Na visão do professor Marcelo
Hounsell, da Udesc, a indústria dos
games pode ser uma oportunidade ímpar para Joinville, pois exis-
42
tem instituições de ensino que se
completam nas capacidades para
se produzir jogos. “Além disso, é
uma indústria limpa, não gera resíduos poluentes diariamente, e é
altamente inclusiva, pois precisa de
profissionais de inúmeras áreas”,
afirma. Para ele, só é preciso mais
comunicação entre as partes e incentivos mais diretos, como concursos, visitas e palestras.
Daniel San, da Fisiogames, também avalia que o mercado esteja
crescendo de forma tímida pela falta
de apoio governamental e de investidores, mas aposta que, em longo
prazo, tende a se consolidar. “O mercado de educação à distância, treinamento com simuladores e a área
da saúde são as mais promissoras”,
analisa. Mundialmente, os jogos di-
gitais são vistos como um grande
nicho. Dados do setor apontam que,
em 2011, os games movimentaram
US$ 74 bilhões, com previsão de ultrapassar os US$ 82 bilhões em 2015.
No Brasil, a evolução ainda é lenta,
mas estimativas indicam um mercado na casa de US$ 3 bilhões. Em
agosto deste ano, o Ministério das
Comunicações lançou edital para
um concurso de aplicativos e games
sérios. No INOVApps, serão premiados 25 projetos originais em cada
categoria, com R$ 80 mil e R$ 100 mil
de prêmios. “Os jogos têm o poder de
cativar, motivar e envolver as pessoas, independente da área. A vantagem do grau de aprendizado maior
vem do fato de o jogo ter sido criado
pensando especificamente sobre
isso”, justifica o professor Marcelo.
revista
43
Case
Sinônimo de varejo
Conheça a história da Casa Sofia, que criou um
estilo de negócio e virou tradição em Joinville
Mayara Pabst
Emaranhada no desenvolvimento
da cidade, tecida sob os traços da
cultura germânica e impregnada
nas vertentes que unem tradição e
inovação. A história da Casa Sofia em
Joinville se funde à memória dos mi-
44
lhares de clientes que já passaram
pela loja. Desde a época em que os
frequentadores eram conservadoras
senhoras e homens de negócio da
década de 60, a extensa variedade
de itens comercializados estabelece
tendências e espelha um estilo de
vida. A fidelidade da clientela, con-
quistada de geração em geração,
leva a loja a emplacar o nome de
referência na casa de muitos joinvilenses. Daí ser curioso registrar que
um dos mais tradicionais estabelecimentos do município não nasceu
aqui. Ela, a Sofia, é natural de Corupá.
Acostumada com o estilo de vida
colonial, característico da época, Sofia nunca imaginou seu nome como
sinônimo do comércio, até conhecer
Hermer Günther. Nascido na Alemanha, Hermer veio para São Paulo em
1935. Morou na capital paulista por
aproximadamente três anos. Como
não falava português, o idioma era
PENINHA MACHADO
um obstáculo. Resolveu então, tentar a sorte em Corupá, cidade de raiz
germânica. Ao desembarcar, logo
percebeu um nicho promissor e
começou a mascatear produtos de
São Paulo para vender às famílias
corupaenses. Na época, o comércio
não exigia grandes investimentos e
a carência da região impulsionava a
demanda por mercadorias de outros
municípios. Quando conheceu Sofia
Günther, Hermer começou a fincar
pé na cidade, consolidou seu negócio e, em 1942, fundou a Casa Sofia.
A família Günther se constituiu
por ali e o casal criou os três filhos
em meio à cultura interiorana. A
nova geração buscava oportunidades mais abrangentes e era comum os jovens se mudarem para
Joinville. Foi esse o destino de Simão Renato Günther. Aos 18 anos,
Simão já pensava em novas fronteiras e em crescer profissionalmente.
Trabalhou em bancos, nos Correios
e, em 1968, abriu a sede da Casa Sofia em Joinville, na Rua do Príncipe.
Hermer Günther, responsável pelo
negócio em Corupá, entendia das
demandas de compra e venda – e
as necessidades nos municípios da
região eram basicamente as mesmas. O comerciante foi passando
os ensinamentos para o filho mais
velho e para o mais novo, Romeu
Günther, que acabou assumindo a
revista
Revitalizado na década de 1990,
prédio de uma das unidades da
Casa Sofia foi a sede do Clube
Joinville; acima, área de vendas
da loja, um dos mais tradicionais
pontos de comércio da cidade
dianteira da loja em Corupá.
Para facilitar o comércio, Simão
Günther e o pai colocavam produtos no carro e vendiam de porta em
porta em Joinville, São Bento do Sul
e região. Eram, principalmente, tecidos, pedras de isqueiros, vestidos de
noiva, ternos e calçados. Simão ainda
morava com a família no piso superior da loja, mas, com a expansão do
empreendimento, em 1984, a família
se mudou para ampliar a área. Desde então, os negócios não pararam
de crescer. E não demorou para se
lançarem em um projeto ousado
que daria lugar à primeira filial da
Casa Sofia em Joinville.
O edifício que abrigou o antigo
Clube Joinville foi comprado nos
anos 90 e ficou por algum tempo
alugado. Nesse período, parte do
prédio já havia sido descaracterizada
da obra original. Em 1995, foi decidido que seria reformado. Segundo
Nathan Günther, filho de Simão e
um dos atuais sócios da empresa,
na época teria sido mais fácil erguer
uma nova edificação. No entanto, os
gestores fizerma questão de conservar o patrimônio de Joinville. “Foi
uma sensibilidade muito grande
das pessoas para preservar a fachada e fazer lá dentro um espaço moderno e economicamente viável”,
sublinha Nathan.
A nova Casa Sofia abriu as portas em 1999. Com 4 mil metros quadrados, a loja ampliou o estoque
e a variedade de itens disponíveis.
Vestidos de noiva, ternos, calçados e
outros itens haviam saído de linha,
substituídos por tapetes, cortinas,
artigos de decoração, cama, mesa e
banho, tecidos, vestuário e produtos
sazonais, como roupas de festas juninas e material escolar.
O caminho para uma nova expansão seria fora do Centro. E a escolha foi o bairro América. Inaugurada
em 2012, na esquina da rua Blumenau com a João Pessoa, a segunda
filial da Casa Sofia tem 6.500 metros
quadrados e foi projetada mirando
no futuro de Joinville. A loja tem estacionamento próprio, necessidade
que não pôde ser suprida nos estabelecimentos do Centro de Joinville.
“O movimento da filial é bom, mas
prevemos para os próximos anos
um aumento considerável da demanda, devido ao crescimento da
região”, relata Nathan.
45
Filial da Rua Blumenau, aberta em 2012, mira no crescimento da região
Experiência para lidar com
momentos de turbulência
Atendimento personalizado e preço justo são fatores mencionados
por Nathan Günther como as principais razões para a Casa Sofia ter
se tornado referência em Joinville.
A experiência de décadas no comércio estimula a confiança dos
consumidores e a fórmula para
fortalecer o negócio é baseada em
uma palavra: trabalho. “Atribuo
o reconhecimento da Casa Sofia
ao trabalho de todos os colaboradores. O setor exige comprometimento e é preciso se dedicar muito, sempre, para chegar onde quer.
Se existe um segredo, é este”, sustenta o empresário.
A Casa Sofia tem 120 funcionários e trabalha com uma média
de mil fornecedores. Dos produtos
vendidos, cerca de 80% são importados. As perspectivas financeira
e comercial do estabelecimento
46
dependem de fatores macroeconômicos, como o preço do dólar e
a burocratização das importações.
Para Nathan Günther, o cenário
atual não é favorável. “Projetamos
um período de turbulência, que
pode ser sentido em todo o país,
mas é nessas horas que surgem
novas ideias, novas formas de solucionar problemas e se reinventar.
Não é a questão do tamanho, mas
de como se adaptar às exigências
do mercado e do próprio Estado”,
relata o empresário.
Nathan Günther se formou em
economia em 2005 e completou o
mestrado em 2007. Desde sempre,
vem se preparando para comandar
os negócios da família. Ele e os dois
irmãos, Dayan e Débora Günther,
foram criados mantendo fortes ligações com o trabalho da Casa Sofia. Quando estavam em período de
férias escolares, por exemplo, ajudavam os pais nas tarefas da loja
e, acumulando experiências ano a
ano, acabaram passando por todos
os setores do estabelecimento, desde o processo de conferência e carregamento de mercadorias até o
cargo que ocupam atualmente. Simão Günther e cada um dos filhos
são responsáveis por uma atividade determinada na administração
do empreendimento.
Nathan responde pela área de
compras e relata que a experiência
de ter passado por todos os cargos
da empresa auxilia no momento
em que surgem as adversidades.
“Como tivemos a possibilidade
de conhecer e entender o sistema, quando deparamos com um
problema, podemos gerenciar a
situa­ção estudando a melhor alternativa, tanto na teoria, quanto
na prática”, relata.
Para os próximos anos, a expectativa da consolidação da filial
na Região Norte de Joinville e a
ampliação do alcance das vendas
online estão no alvo da empresa.
A Casa Sofia oferece aproximadamente 5 mil produtos, divididos
entre inúmeros segmentos, e a
intenção é continuar atendendo
a demanda da clientela nessas
á­reas específicas. A expansão física do empreendimento é outra
possibilidade, para os próximos
dez anos, com a perspectiva de
uma terceira filial. “O crescimento
está sempre nos nossos planos e,
como Joinville se encontra em pleno desenvolvimento, precisamos
acompanhar o ritmo da cidade.
Tudo começa lentamente, com
a procura por um terreno, o fechamento do negócio. Ainda não
estamos pensando nisso. Mas,
com certeza, vamos nos expandir,
quem sabe até com lojas em outros municípios”, revela Nathan
Günther, pensando longe.
Entrada no comércio eletrônico
Em 2013, uma nova vertente passou
a fazer parte da rotina da Casa Sofia:
vendas pela internet. Com o objetivo
de explorar o nicho de mercado online, o site casasofia.com.br foi lançado, mas ainda caminha devagar.
A base da loja virtual funciona na
filial da Rua Blumenau e vem sendo
aprimorada para oportunizar uma
experiência de compra eficiente e
satisfatória. “Para entrar no mercado
virtual, é necessário experiência. Por
isso, queremos aprender exatamente como tudo funciona. Saber quais
são os produtos que a pessoa não
precisa tocar, sentir o cheiro, para
comprar. Tudo, desde a fundação da
empresa, sempre foi feito com os pés
no chão, bem devagar, aprendendo
revista
e trabalhando cada dia um pouquinho mais”, relata Nathan Günther.
Para os gestores, o investimento
na plataforma online depende do
crescimento de vendas da loja física.
E, para avaliar seu potencial, é necessário prestar atenção no mercado.
Segundo Nathan Günther, o investimento no varejo virtual é uma proposta de aprimoramento e preparação para um prazo de cinco ou até
dez anos, quando ele imagina que o
comércio estará ainda mais presente no universo online.
Além da vantagem de atender
clientes de fora de Joinville, outra
inovação da plataforma na internet
é ampliar a cartela de serviços, investindo em listas para casamentos,
chás de bebês e outros eventos. Os
convidados poderão comprar via internet, com facilidade e comodidade.
A Casa Sofia também está no Facebook e a interação na rede social
aproxima a solicitação e resposta entre a empresa e os clientes. Segundo
Nathan, muitas sugestões chegam
a partir de comentários online, inclusive questionamentos de procedimentos internos no atendimento
aos clientes. “Procuramos atender
a demanda nas redes sociais e avaliar a opinião dos clientes. Mas nem
sempre as sugestões dão certo. Alguns aspectos da recepção do cliente na loja dão resultado positivo e
permanecem inalterados há anos”,
explica Nathan.
47
Espaço Acij
NÚCLEO DE AGÊNCIAS
Prêmio reconhece
os melhores fornecedores
e veículos de comunicação
Destacar as empresas que atuam
com ética e excelência na área de
comunicação e reconhecer a qualidade dos produtos oferecidos. Esses
são os objetivos centrais do Prêmio
Melhores Fornecedores e Veículos,
criado em 2009 pelo Núcleo de
Agências de Propaganda e Mar­
keting da Acij. A quinta edição do
evento foi realizada no dia 10 de setembro, na Expoville, e contou com
a presença de mais de 200 pessoas.
Os premiados foram apontados
a partir de uma pesquisa elaborada
em parceria com a Univille e orga-
nizada pelo professor Silvio Simon,
coordenador do curso de publicidade e propaganda da universidade.
A apuração levou em conta vários
critérios: atendimento comercial,
qualidade dos produtos e serviços
entregues, elaboração de propostas
e negociações iguais para agências
e clientes, prazos de pagamento
de comissões às agências, entre
outros. Segundo Gabriel Krieger,
presidente do núcleo, esses quesitos fazem com que um concorrente se distinga do outro. “O detalhe
realmente faz a diferença”, ressal-
ta. Krieger diz que o prêmio é uma
oportunidade de aproximação:
“Os fornecedores e veículos estão
muito presentes no nosso dia a dia.
Nossa parceria deve ser excelente,
pois trabalhamos em conjunto”.
Ele avalia a edição deste ano
como a melhor de todas já realizadas, principalmente pela pluralidade de empresas do mesmo segmento reunidas. “Na categoria TV aberta
e local, tínhamos representantes da
RBS, RIC e SBT, concorrentes diretas.
Outro exemplo é o jornal A Notícia,
que no dia seguinte divulgou o resultado. Na categoria em que o AN
estava concorrendo, o Notícias do
Dia foi premiado, e nem por isso
eles omitiram a informação”, revela.
Para o próximo ano, a expectativa é
de que os indicados mudem: “Isso
mostra que eles também estão buscando a qualidade e excelência”.
Evento de premiação foi realizado na Expoville: aplauso à excelência dos parceiros
48
FOTOS DIVULGAÇÃO
Integrantes do Núcleo de Agências, que recebeu certificado como o destaque do ano, na posse da Acij
VENCEDORES DO
5ª PRÊMIO MELHORES
FORNECEDORES E VEÍCULOS
l GRÁFICAS
Volpato
l COMUNICAÇÃO VISUAL
Formas Comunicação Visual
l PRODUTORAS DE ÁUDIOS
Xuxu Áudio
l PRODUTORAS DE VÍDEOS
Mostarda Filmes
l OUTDOOR – VEICULAÇÃO
Eldorado Painéis
l OUTDOOR – PRODUÇÃO
Lasa Publicidade ao Ar Livre
l FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA
Ion Photo Design
l EMPRESA DE BRINDES
Terra Brindes
l RÁDIOS
Cultura AM
l JORNAIS
Notícias do Dia
l REVISTAS
Revistas Editora Abril
l TV ABERTA E LOCAL
RBS TV
l VEÍCULOS ONLINE
G1.com
revista
Caminho para se tornar referência
Além de premiar e reconhecer
seus parceiros, o Núcleo de Agências de Propaganda e Marketing
recebeu o Prêmio de Núcleo de
Referência, entregue durante a
cerimônia de posse da nova diretoria da Acij, em julho. Segundo
Darthanhan de Oliveira, diretor
da agência Tellus e presidente na
gestão de 2012 a 2014, a homenagem foi reflexo da maturidade do
grupo. “Em nenhum momento,
apontamos o prêmio como meta
em nosso planejamento. O grande objetivo sempre foi, e continua
sendo, tornar o mercado publicitário local cada vez mais forte,
constituindo-se em referência no
Estado”, diz.
Dentre as ações que culminaram na premiação, Darthanhan
destaca a realização da 4ª edição
do Prêmio Melhores Fornecedores
e Veículos, a 2ª Edição do Prêmio
Manchester Catarinense de Propaganda e a elaboração do 1º Guia
de Agências de Propaganda e Mar­
keting de Joinville. Além disso, foram promovidos workshops com
envolvimento direto de estudantes
e intensificou-se a aproximação
com entidades do meio, como o Sinapro/SC e Grupo de Mídia de SC.
Para o atual presidente, Gabriel Krieger, apesar da conquista,
o grupo ainda tem grandes desafios pela frente: “Vamos investir na capacitação dos gestores
e colaboradores das empresas.
Buscaremos caminhos para reduzir, como já praticado em outros
mercados, a carga tributária paga
pelas empresas de comunicação,
destacar a relevância econômica
dos integrantes do núcleo para a
região e identificar novas ações
que contribuam para a melhoria
do mercado de comunicação”.
49
Instituto oferece cursos nas áreas de saúde e estética
FEITO EM JOINVILLE
Referência
em educação
profissionalizante
Desde 1996, o Instituto IREI oferece
cursos profissionalizantes voltados
para as áreas da saúde e estética.
Nos 18 anos de atuação, mais de
dois mil alunos já frequentaram
a escola. Hoje, são 100. O instituto
conta com corpo docente qualificado, formado por professores
mestres e especialistas. Outro diferencial são as parcerias com as
maiores empresas de cosméticos
do Brasil, que dão suporte aos alunos nas aulas práticas.
Para Lisiane Kasten, diretora comercial, trabalhar com educação é
um desafio constante. “Vivemos um
tempo marcado por mudanças e
transformações decorrentes, sobreFOTOS DIVULGAÇÃO
Paradizzo tem foco em hospedagem mensal, com flats e coberturas
Diferencial em hotelaria
Em 2008, a Enmar Engenharia e
Empreendimentos, especializada
em obras portuárias e marítimas,
resolveu investir no setor de hotelaria de Joinville. Assim surgiu o
Paradizzo Apart Hotel. Desde a sua
inauguração, o empreendimento
50
busca um serviço diferenciado, de
bom gosto, qualidade e segurança,
com foco na hospedagem mensal
residencial, com a locação de flats
e coberturas.
Segundo Arquimedes Grubba,
sócio-proprietário e gerente geral, o
tudo, do avanço tecnológico que exige um redirecionamento de todas
as práticas pedagógicas”, afirma. Ela
entende que, para educar, não basta
colher e analisar dados: “É necessária
uma abordagem sistêmica, holística
e filosófica para ter uma radiografia
que possibilite os avanços necessários”. Associada à Acij desde 2004,
a diretora ressalta, entre os pontos
positivos da parceria, a interação
e oportunidade em capacitações
empresariais, palestras e encontros,
consultorias, participação em feiras,
visitas técnicas e capacitações.
www.institutoirei.com.br
Rua Araranguá, 242
América – Joinville
(47) 3422-8906
[email protected]
objetivo do Paradizzo é aperfeiçoar e
manter o alto nível do atendimento.
“Para isso, além de procurar conhecimento em viagens internacionais
e com a participação em simpósios
e congressos, nos associamos à Acij,
que tem oferecido cursos de capacitação aos nossos funcionários”, diz.
O hotel tem 18 apartamentos equipados com utensílios e cozinha funcional, além de quatro coberturas
com banheiras de hidromassagem
em terraços decorados com paisagismo. Seus hóspedes, diariamente,
são brindados com um café da manhã de primeira linha, que leva a assinatura do chef Klaus Prins, e têm à
disposição wi-Fi gratuito, TV a cabo,
cofres individuais e amplo estacionamento monitorado por câmeras
de segurança.
www.paradizzohotel.com.br
Rua Dona Francisca, 3383
Saguaçu – Joinville
(47) 3804 4000
[email protected]
SERVIÇOS
Ferramenta para mediar conflitos
Imagine solucionar os problemas da
sua empresa pela via da negociação,
conciliação, mediação ou arbitragem, com um procedimento mais
rápido e um custo-benefício que reduz ou evita prejuízos. Esse é o papel
da Câmara de Mediação e Arbitragem, que oferece serviços extrajudiciais, evitando o desgaste em fóruns
e tribunais. Em 2004, foi implantada
nas associações comerciais e industriais do país a Câmara Brasileira de
Mediação e Arbitragem Empresarial
(CBMAE), para disseminar esses métodos. Como Joinville já mantinha
uma câmara (CMAJ) associada à Acij,
esta passou a integrar a rede.
revista
A advogada Giordani Flenik explica que pessoas físicas e jurídicas
podem recorrer aos serviços, realizados de duas maneiras. A primeira é
por meio de um processo autocompositivo, no qual as partes envolvidas, com a ajuda de uma terceira
pessoa neutra e imparcial, buscam
a solução. Já na arbitragem, é contratado um árbitro que, após ouvir
todos os lados e analisar as provas,
chega a uma sentença, com o mesmo valor e eficácia de uma sentença
judicial. “A grande diferença desses
procedimentos é o tempo expressivamente menor que dura a demanda. E muitas vezes se evita o desgaste
emocional”, aponta.
A CMAJ tem atuação relevante em causas empresariais e
imobiliá­
rias. Os associados que
quiserem mais informações podem entrar em contato pelo telefone (47) 3025-4646 ou pelo site
www.cmaj.org.br. “É importante
que os empresários conheçam
esse serviço e saibam que tem
mais de uma opção para resolver
seus conflitos, não se limitando
apenas à esfera judicial. Com a
participação indispensável dos
advogados, as questões podem ser
resolvidas de forma mais simples e
rápida”, ressalta Giordani.
51
CASE
EVENTO
Granaço destaca Joinville recebe especialistas
importância
em recursos humanos
do Utiplan para Exemplos da utilização das redes Realizado na UniSociesc, o enconsociais para maior envolvimento tro contou com as palestras “ITAIentre a empresa e o colaborador, PU Binacional – RH estratégico e
contratos de
iniciativas envolvendo a sustenta- gestão de pessoas por competênbilidade e otimização de processos cias”, de Ariel da Silveira, superinbenefícios
Fundada em 1993, a Granaço é uma
das empresas de referência na fundição e usinagem de aço. Instalada
en um parque industrial de 20 mil
metros quadrados², tem capacidade de 450 toneladas por mês para
produção de ligas de aço carbono,
aço ligado, aço manganês, ferro
branco alto-cromo e aço refratário.
Dentre os segmentos em que atua,
destacam-se automotivo, de cimento, ferroviário, mineração, corretivos
de solo, siderurgia e de máquinas e
equipamentos.
A empresa é associada à Acij há
mais de 10 anos. Entre os benefícios
oferecidos pela associação, Denisio
Heringer, supervisor administrativo,
destaca a Utiplan, que presta consultoria para a gestão de contratos
de planos de saúde, odontológicos e
farmacêuticos. “Já começamos a ver
os resultados. Nas negociações com
as operadoras, reduzimos nossos
custos”, revela.
Marlete Amorim, consultora da
Utiplan, explica que todos os associados podem aderir ao serviço:
“Para as empresas que já têm plano de saúde, fazemos uma busca
no mercado e encontramos novas
opções. Também acompanhamos
a saúde financeira do contrato, evitamos reajustes muito altos, entre
outras vantagens”, anuncia.
Mais informações:
(47) 3017-1700/9114-5602
[email protected]
52
seletivos. Esses foram alguns dos
temas abordados em mais uma
edição do Encontro Catarinense
de Recursos Humanos, que reuniu público de quase 250 pessoas,
entre diretores, gerentes de RH,
executivos e outros profissionais
atuantes nessa área.
Segundo Hialony Rodrigues, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (IBTD), o evento teve como
objetivo apresentar políticas
inovadoras e pioneiras. “Foram
apresentados cases que, a partir
da cultura organizacional implementada pela organização, alcançaram resultados expressivos”,
conta.
tendente de Recursos Humanos
da Itaipu Binacional; “A formação
de coaching para o gestor de RH”,
de Silvio Celestino, sócio-fundador
da Alliance Coaching e colunista
do jornal O Globo; “Indicadores de
gestão de pessoas: a oportunidade para gerar competitividade”,
de Ulrico Barini, diretor de pessoas e organizações na Odebrecht
Óleo e Gás; “A busca de talentos
e especialistas em ambiente de
alta competitividade”, de Wellington Silverio, vice-presidente de
Recursos Humanos da Tupy; e “O
papel do RH no desenvolvimento
de líderes”, de Renata Grunthal,
consultora em treinamento e desenvolvimento.
CERTIFICADO DIGITAL
Identidade no meio eletrônico
Desde 1o de setembro, a Acij disponibiliza para os associados o certificado digital, que funciona como
uma identidade no meio eletrônico, permitindo realizar diversos
serviços neste ambiente com validade jurídica, agilidade, facilidade
de acesso e substancial redução
de custos.
Com a certificação digital, evita-se a interceptação ou adulteração
das comunicações realizadas via
internet. Também é possível saber,
com assertividade, quem foi o autor
de uma transação ou de uma men-
sagem, ou, ainda, manter dados confidenciais protegidos contra a leitura por pessoas não autorizadas. Sem
isso, não é possível emitir nota fiscal
eletrônica e manter a rotina de folha de pagamento dos funcionários.
A certificação é utilizada também
para fins de consulta e transmissão
de informações para a Receita Federal, INSS e Caixa Econômica Federal.
Mais informações:
(47) 3461-3354/[email protected].
DIVULGAÇÃO
POR QUE ACIJ
Bem perto dos
2 mil associados
A Acij é uma das entidades empresariais de maior representação
e força em Santa Catarina. Neste
ano, quase 500 novas empresas se
vincularam à associação. O desejo
da casa é atingir 2 mil associados
até dezembro.
Novos associados
De janeiro a setembro de 2014
81
64
57
75
69
49
55
28
17
JAN
“Estamos aqui para trocar ideias e experiências e debater
aspectos do setor empresarial em Joinville. O objetivo é
o amadurecimento da nossa empresa, por meio de um
espaço para discussão de diversos temas de interesse, que
proporcione aos jovens empresários formação política,
filosófica, econômica, gerencial e ética. A criação de grupos
para discutir o que é o exercício de uma liderança é sempre
muito importante. Estar entre nossos amigos e empresários
é uma honra. Essa troca de experiências no dia a dia valida
nossa trajetória”
Andrea Carlotto Schiessl, sócia-proprietária da Sobmedida Arquitetura e Marcenaria
FEV MAR ABR MAI JUN
Novos associados
JUL AGO SET
ADITY CONSULTORIA ANA MARIA HABITZREITER FARMÁCIA MERCÚRIO - MASTERFARMA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COACHING AUTO POSTO WALVILLE FARMÁCIA A POPULAR - MASTER FARMA SUPERMERCADO KUNZ - MTZ SUPERMERCADO KUNZ - FILIAL GLAMOUR COSMÉTICOS CONSTRUTORA FABRE COOPERTUPY DELARI IMÓVEIS DIGITAL BUSINESS PLACE DROGARIA CORADELLI 24 HORAS DROGARIA POPULAR DROGARIA BOM JESUS - MASTERFARMA DROGARIA PREÇO POPULAR FARMÁCIA VIAPIANA - MASTER FARMA DA MORGUE MODA FEMININA EMPREITEIRA BINO FABI FLORICULTURA FARMÁCIA E DROGARIA JK - MASTER FARMA FARMÁCIA ESTRELA GLOBAL CIENTÍFICA HAVERROTH CONTABILIDADE FARMÁCIA PHARMAVILLE - MASTERFARMA KOCK REPRESENTAÇÕES revista
47 84480022
47 34344597
47 34371548
47 32270944
47 34630274
47 30282525
47 30432165
47 34250970
47 32277026
47 30265588
47 34322511
47 30288204
47 30282728
47 34660305
47 34344507
47 34670249
47 34228154
47 34324162
47 34258181
47 34361728
47 34272486
47 34483368
47 34240074
47 34333770
47 30255666
47 34660606
47 38044137
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47 30280015
47 96322850
47 30252143
47 34358260
47 32071682
47 34324508
47 30239042
47 34350923
47 30286362
47 38042164
47 99268408
48 32246286
47 34296512
47 34252868
47 30286636
47 32072118
47 30295991
47 30255455
47 34721995
47 34180002
47 34351444
47 34272097
47 30255678
47 30255477
47 34739175
47 38049288
53
DIVULGAÇÃO
Em 1995, um grupo de mulheres
percebeu a necessidade de uma
melhor representação feminina no
alto escalão de grandes empresas
e na gestão de seus próprios negócios. Assim nasceu o Núcleo de Mulheres Empresárias da Acij, que tem
como objetivo o desenvolvimento
profissio­
nal e pessoal das participantes. Segundo a presidente Sônia
Cunha, quando o núcleo foi criado,
eram muitas as barreiras: “Existiam,
e ainda existem, preconceitos sociais
e culturais sedimentados na sociedade quanto ao papel da mulher”.
Quase duas décadas depois, as
mulheres têm atuação consolidada no mundo dos negócios, modificando hábitos e costumes. “Elas
também legitimaram sua presença,
investindo na própria formação, e
estão muito bem preparadas para
atuar nas mais diversas áreas. Têm
mais anos de estudos que seus colegas homens e já se destacam em
áreas antes vistas como eminentemente masculinas”, aponta Sônia.
Sobre a representação feminina, a empresária Marcia Alves de
Oliveira ratifica a fala da presidente: “Estamos conquistando espaço
por meio da capacitação, mas ainda
enfrentamos o desafio de conciliar
os dilemas da vida profissional com
a pessoal”. Márcia trabalhou por
grande parte da carreira na Wetzel.
Em 2013, fundou a própria empresa,
que presta serviços de governança
corporativa, reestruturação e planejamento financeiro. Segundo ela,
a maior cidade catarinense ainda
é conservadora para o ingresso das
mulheres na arena corporativa.
Os 19 anos do Núcleo de Mulheres foram marcados por um evento na Acij, com confraternização e
palestra da diretora de operações
da Termotécnica, Regina Zimmermann. O grupo lançou a campanha
dos 20 anos, em 2015. Na programação, destaque para a realização do
4º Painel Cases de Sucesso de Mulheres Empresárias.
UTILCARD
plantamos em 2014 o programa de
assiduidade e pontualidade como
ferramenta de motivação e para
redução do absenteísmo. A premia­
ção seria realizada no cartão alimentação. Consideramos o UtilCard a
melhor opção”, diz ela.
Dentre as vantagens para os
usuários e conveniados, destacamse a facilidade, segurança e mais
opções de compra, integração com
a folha de pagamento para os débitos, quitação de todos os gastos com
um único boleto, acompanhado
de extrato das movimentações, facilidade na expansão do número
de convê­
nios existentes entre o
empregador e o comércio. O cartão
também atraiu a Gi­dion, que aderiu
ao benefício para facilitar a compra
em farmácias. Cerca de 1.300 colabo­
radores utilizam o cartão.
Angela Todt, coordenadora co­
mer­cial, ressalta que a entidade trabalha diretamente em favor de seus
associados, buscando contribuir
para que ganhem força e competitividade. “Uma forma de atin­gir esse
objetivo é por meio de um amplo
leque de serviços e soluções específicas para os associados dos mais
diferentes setores”, aponta.
Aniversário do núcleo foi marcado por confraternização e palestra
NÚCLEO DE MULHERES
19 anos de representação
Um cartão
de vantagens
Em 2010, a Acij passou a oferecer o
UtilCard aos associados. O cartão de
gestão de benefícios facilita a vida
do funcionário na hora das compras.
Recentemente, a Lepper aderiu ao
benefício. Segundo Dilmar Schmoeller, responsável pelo setor de gestão
de pessoas, o interesse surgiu após
uma apresentação das facilidades
da rede credenciada ao serviço. “Im-
54
revista
55
Ponto e contraponto
Ampliação do Supersimples:
vem aí a reforma tributária?
Atenção para a dívida pública
André Schneider
Economista, sócio da
Legado Soluções Financeiras
Muito falamos sobre a alta carga tributaria do Brasil
e a necessidade urgente de uma reforma tributária
que traga benefícios à economia e à população. Recentemente, a presidente Dilma Rousseff fez uma
alteração no Supersimples, afirmando que estava por
dar um passo importante rumo à reforma tributária
do país, destacando a inclusão de novas empresas e,
consequentemente, o aumento da arrecadação.
O caso é que essa alteração no Supersimples da Dilma não é uma reforma tributária. É apenas um pequeno passo que visa aumentar a arrecadação utilizando
conceitos da “Curva de Laffer” – a diminuição dos impostos traria redução do preço e aumento do consumo,
o que acaba por desestimular a sonegação fiscal, aumentando a arrecadação.
Neste caso, não há redução de impostos, trata-se de
uma alteração nas características de empresas que podem se incorporar ao Supersimples. Apesar de tardia, foi
uma excelente ação do governo.
Agora vamos à questão: como fazer uma reforma
56
tributária que seja justa e traga benefícios socioeconômicos ao Brasil? Se o governo aumentar os impostos
sobre fortunas ou sobre as grandes receitas, a tendência seria uma saída de capital do país, redução nos investimentos, desestimulando a economia. Isso impactaria na geração de empregos, renda e consumo das
classes mais baixas.
Se o governo reduzir os impostos da baixa renda,
teria uma expressiva redução em sua arrecadação, pois
hoje quem tem renda de até três salários mínimos representa 79,02% do total da população, que paga 53,79%
no total de impostos arrecadados, conforme o Instituto
Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Em contrapartida, voltando a “Curva de Laffer”, qualquer redução dos impostos aumentaria o poder de compra da
população e poderia ampliar a arrecadação, tornando-se uma alternativa que deve ser estudada. Iniciativas
como essa mudança no Supersimples proporcionam ao
governo condições de melhorar investimentos em infraestrutura e baixar os impostos.
O grande risco de uma redução na arrecadação fiscal é que o governo não consiga manter suas contas e
tenda a majorar ainda mais sua dívida pública, já próxima de R$ 4 trilhões. Somente os juros e amortização da
dívida pública representaram, no ano passado, 48,96%
do total do Orçamento Geral da União, conforme dados
da Controladoria Geral da União.
ILUSTRAÇÃO: FÁBIO ABREU
Cautela antes de optar pelo novo regime
Douglas Steffen
Sócio-proprietário da Steffen
Organização Contábil e presidente
do Núcleo de Empresas Contábeis
da Acij
Uma das maiores causas de preocupação do empresariado brasileiro diz respeito à carga tributária. Isso não
é novidade para ninguém, haja vista a complexidade
da legislação hoje em vigor, amarrada a infindáveis
obrigações acessórias e às alíquotas, muitas vezes fora
da realidade financeira da maior parcela de empresas
ativas no país.
Com transpiração e dedicação das entidades civis
organizadas, em conjunto com a Secretaria da Micro
e Pequena Empresa (SMPE), foi aprovada no Congresso a alteração da Lei do Simples Nacional (Lei Complementar no 123/06), universalizando as atividades
lá elencadas, possibilitando às empresas de menor
porte que ingressem em um regime tributário mais
benéfico.
Porém, deve-se ter muita cautela com tal “benefício” estendido. Em alguns casos, a tributação sobre o
faturamento fica notadamente mais elevada quando
comparada ao regime do lucro presumido. E atenção:
revista
uma vez que a empresa opte pelo regime do Simples
Nacional, não poderá regressar ao antigo regime durante o exercício.
Atividades como advocacia, publicidade, representação comercial, transporte rodoviário de passageiros intermunicipais e interestaduais adentraram
ao novo regime, porém, apenas os advogados e os empresários do transporte rodoviário tiveram considerável redução em suas alíquotas sobre o faturamento. Os demais devem fazer uma rigorosa análise para
não ser surpreendidos, em curto prazo, com um custo
maior em sua carga tributária.
A vantagem imediata do novo regime é a redução
dos encargos sociais, já que o INSS patronal, cuja alíquota é 20%, deixa de existir, ou seja, quem tem uma
folha de pagamento alta pode ser beneficiado diretamente com a opção pelo Simples Nacional.
Entendo que o planejamento tributário é a saída
encontrada para ajudar os empresários a tomar essa
difícil decisão. Somente com a ajuda de um profissional contábil qualificado obterão êxito na escolha do
regime tributário adequado para a empresa.
O Brasil clama por uma reforma tributária urgente. Não um remendo. Não uma pequena ação isolada.
Mas sim algo concreto, sólido, que elevará o mercado
empresarial do Brasil para um novo patamar de crescimento e desenvolvimento pleno.
57
Nem sabemos para que uma reforma tributária
Giovana Kindlein
Jornalista e editora
do Portal Economia SC
Cai-nos como uma luva o pensamento do filósofo francês do século 17 François Fénelon, que diz: “Aquele que
pensa que sabe muito, não sabe de nada, e sua ignorância é tanta que nem sequer está em condições de saber
aquilo que lhe falta”. Ouvimos muitas vezes que o Brasil
tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo e
a segunda mais alta da América Latina, de acordo com
a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). No Brasil, a receita tributária total
em 2012 representou 36,3% do PIB. Só perdemos para a
Argentina, onde essa proporção foi de 37,3%.
O brasileiro sabe que paga impostos, mas não sabe
quanto isso afeta a sua vida ou se lhe causa privações, e
por isso não cobra, não exige com insistência que mudanças ocorram. Provavelmente, uma das razões para a
reforma tributária estar sendo adiada há mais de uma
década. Anacrônico e obsoleto, o atual sistema penaliza
empresas, assalariados e pobres. Tudo junto e misturado.
Enquadrada pela norte-americana Fundação Heritage na 32ª posição em um ranking com 178 países, clas-
58
sificados de acordo com a porcentagem do PIB, a carga
tributária brasileira é conhecidamente elevada. O paradoxo reside na megacomplexa regressividade da tributação, que onera mais os assalariados e pobres do que os
ricos, através dos tributos que incidem sobre o consumo.
Recente e incrível estudo do pesquisador Evilasio Salvador, da UnB, aponta essas implicações.
Por exemplo, a alíquota do ICMS é a mesma para
um milionário, um representante da classe C ou um
morador de periferia. Todos têm que pagar o mesmo
por 1 quilo de feijão. E nós, da classe média assalariada,
gastamos consumindo quase tudo o que ganhamos,
ou seja, acabamos pagando impostos sobre toda a
nossa renda. A proporção torna-se desigual. Calcula-se que 10% das famílias mais pobres do Brasil destinam 32% da sua renda disponível para o pagamento
de tributos, enquanto 10% das famílias mais ricas gastam apenas 21% da renda em tributos.
Tributação excessiva, burocracia e a complexa estrutura dos impostos dificultam a competitividade da
iniciativa privada. Sem contar o gasto exagerado dos
serviços públicos que integram o cerne do problema.
Portanto, se não remarmos juntos na mesma corrente,
pessoas físicas e pessoas jurídicas, não alcançaremos a
concretização da tão sonhada reforma tributária. É preciso diminuir nossas diferenças, transformar o sonho em
realidade e simplificar. Simples assim.
revista
65
Cabeceira
Gente Deonísio da Silva
DIVULGAÇÃO
Sem papas na língua
Filólogo catarinense não vê
problemas em aperfeiçoar a
ortografia, mas pede equilíbrio
Nascido em Siderópolis, no Sul de Santa Catarina, e um
dos mais consagrados escritores brasileiros, Deonísio
da Silva – que, com o jornalista Ricardo Boechat, apresenta um programa na BandNews do Rio de Janeiro
chamado assim mesmo, “Sem Papas na Língua”, entre
várias outras incursões na mídia – é também o dono
do cobiçado Prêmio Internacional Casa das Américas ,
em 1992, com o livro “Avante, Soldados: Para Trás”, em
júri que tinha a presidência de ninguém menos que o
Nobel de Literatura José Saramago.
Radicado há muitos anos no Rio de Janeiro, Deonísio,
que é um dos mais respeitados filólogos e linguistas do
Brasil, voltou às raízes sulistas ao assumir, em 2013, a diretoria adjunta da Editora da Universidade do Sul de Santa
Catarina (Unisul), dedicando-se com afinco ao projeto de
redimensionamento daquela área.
Presença marcante em praticamente todos os importantes eventos envolvendo embates sobre a língua
pátria esteve recentemente palestrando no Simpósio
Internacional Linguístico-ortográfico da Língua Portuguesa, realizado em Brasília e com a participação de especialistas de oito nações lusófonas – além de Brasil e
Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e
60
Escritor apresenta programa de rádio na Band
Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste. A Deonísio, coube a
conferência “A extinção do hífen”.
Ele faz questão de lembrar que o português é a quinta língua mais falada no planeta – e envolve 260 milhões de pessoas. Mas é escrita, em caso único no mundo,
de duas formas diferentes. E, embora o último Acordo
Ortográfico tenha sido assinado em 1990, alguns desses
países ainda não o implantaram.
E olha que o idioma já estava em uso há quase meio
milênio quando um jurista e gramático português chamado Duarte Nunes de Leão fez a primeira tentativa de
conciliar a etimologia e a fonética, no que chamou de Orthographia da Lingoa Portugueza.
A questão, hoje, mais do que expressar gramaticalmente o que e como se fala – o que, segundo muitos
especialistas, ainda permanece um grande desafio, considerando as tantas cores e sons expressos sob os numerosos sotaques do velho e bravo português –, é estabelecer parâmetros linguísticos que permitam que povos de
diferentes culturas possam ter, de fato, em comum, o seu
idioma oficial. O que vem sendo tentado desde o início
do século passado se formalizou em 1990, quando foi assinado o mais recente Acordo Ortográfico, que passou a
vigorar somente em 2009.
“Ora, o Acordo Ortográfico já tem 24 anos e ainda
nem foi implementado em todas essas nações. No
Brasil, este novo modo de escrever está sendo aplicado
desde 2009, mas com autorização para conviver com
a antiga forma até 2016, a pedido de Portugal”, pondera o professor. Para Deonísio, que é vice-presidente da
Academia Brasileira de Filologia, o grande problema
foi que o acordo ouviu poucos especialistas. “Nenhum
dos 40 integrantes da academia foi procurado – e
muitos teriam boa contribuição a dar, esclarecedoras
sugestões a fazer”, garante.
O escritor não vê problema algum e assegura que
há muitos modos de aperfeiçoar a ortografia – que tem
pelo menos oito séculos de existência. Mas defende o
equilíbrio. “Depois que deixou o berço, que foi o latim vulgar e não o clássico, várias têm sido as tentativas de simplificação. Só que não podemos exagerar. Você se torna
autônomo de seus pais, mas não pode anular suas marcas e influências. A herança genética, os usos e costumes
integram sua personalidade”, observa, ao considerar, por
revista
exemplo, um avanço do idioma o que aconteceu com a
palavra “pharmacia”, substituída pela moderna farmácia. “Mas alguns étimos não podem ser mutilados, sob
pena de confundirmos o significado.”
“Copo é copo e leite é leite, mas copo-de-leite não é
copo, nem leite, é uma planta ornamental, a açucena.
Acho que tirar o hífen de pé de moleque foi um erro,
pois o doce deveria manter o hífen, afinal não é um pé
de moleque nem de ninguém, é uma coisa de comer, e
não somos antropófagos”, raciocina o filólogo, discorrendo sobre o tema que lhe coube no Simpósio Linguístico-Ortográfico e que ainda suscita muita discussão.
No entanto, ainda que não transija em sua defesa do
hífen, Deonísio da Silva se mostra bastante favorável às
transformações que possam aproximar um pouco mais
a escrita da oralidade. “Os sinais ‘s’ (sozinho), ‘ss’ (assassino), ‘x’ (extra), ‘z’ (feliz), ‘ç’ (caçarola) e ‘sc’ (nascer) designam o som de ‘s’. Por que tantos sinais para um som?
Seria bom reexaminar questões como estas.”
NA CABECEIRA
Três romances e três ensaios do escritor sideropolitano
Avante Soldados: Para Trás.Editora Siciliano/1992
Teresa D´Ávila. Editora Siciliano/1997
Lotte & Zweig. Editora Leya/2012
Nos Bastidores da Censura. Editora Amarylis/2010
A vida Íntima das Frases. Editora Novo Século/2012
De onde Vêm as Palavras: Frases e curiosidades
da Língua Portuguesa. Editora Lexikon/2014, 17ª edição
61
EDUARDO HOFFMAN
A jornalista, com os ilustradores Denny Fischer (esq.) e Fabio Ori (dir.): HQ com raíz autobiográfica
Gente Vanessa Bencz
Desenhos e criatividade para enfrentar o bullying
É possível transformar um trauma
de infância em uma criação artística que ajude os outros a enfrentar
as mesmas situações? A jornalista
Vanessa Bencz, de Joinville, provou
que não só é possível, mas que temas polêmicos como o bullying precisam ser suscitados para provocar
mudanças na sociedade. Foi assim
que surgiram as personagens Leila e
Mulher Raio, que dão vida à história
em quadrinhos “A Menina Distraída”. Prevista para ser lançada em 20
de outubro, a publicação mostrará a
vida da garota de 14 anos, portadora
de Transtorno de Déficit de Atenção
com Hiperatividade (TDAH), que trava uma luta constante contra a hu-
62
milhação de colegas e professores.
A história remete às situações
vividas por Vanessa durante o período colegial. Antes de ser diagnosticada com TDAH, passou por diversos
profissionais, tirou notas baixas e
sofreu com o bullying praticado pelos outros. Com a ideia em mente e
a necessidade de ajudar, a jornalista
criou a publicação e inscreveu no Catarse, plataforma de financiamento
coletivo. A meta de arrecadação era
de R$ 16 mil, mas “A Menina Distraída” angariou R$ 21 mil.
“Infelizmente, cerca de 80% dos
estudantes brasileiros já foram vítimas de bullying. A violência ocorre
em todos os colégios e muita gente
leva cicatrizes psicológicas para o
resto da vida”, afirma a jornalista.
Para o projeto, Vanessa conta com
a ajuda dos ilustradores Fabio Ori e
Denny Fischer. Unida pelo mesmo
objetivo, a equipe acredita que iniciativas culturais atuam profundamente no processo educativo, contribuindo para difundir ideias de paz
e tolerância, bem como respeito ao
outro e à vida.
Marque na agenda o dia 20 de
outubro, em que também se comemora o dia mundial de combate ao
bullying. A revista em quadrinhos
estará disponível em versão digital no site www.ameninadistraida.
com.br.
A Esfera Pública
Jürgen Habermas
Editora Tempo
Brasileiro, 2003
Em janeiro deste ano, empreendi
uma proposta que me havia feito há
algum tempo: reler algumas obras
clássicas, nas mais diversas áreas
do conhecimento. O segundo livro
desta seara foi “Mudança Estrutural
da Esfera Pública”, escrito em 1984.
Vital para administradores públicos,
em qualquer escalão, a obra põe sua
ênfase sobre o que se entende por
“público”. Para o autor, o grande problema da má destinação das verbas,
da gerência dos bens e do cuidado
com aquilo que é público decorre
justamente do equívoco semântico
na aplicação do termo: o que deveria
ser cuidado e administrado de forma pública, isto é, pelo povo, transformou-se em sinônimo de estatal,
de responsabilidade do Estado.
Ao entendemos que um banco
público é apenas uma instituição
Até o Fim
Anna Quindlen
Editora Record
Fazendo muito sucesso no meio
editorial – merecedor, inclusive, de
rasgados elogios dos críticos mais
exigentes do New York Times e do
Washington Post –, o novo livro da
jornalista Anna Quindlen chega ao
Brasil. A autora, que recebeu o prêmio máximo do jornalismo norte-americano, o Pulitzer, por sua coluna “Public and Private”, publicada
no New York Times, cria um retrato
emocionante de uma família, a
partir da jornada de uma mãe, desafiada a trilhar caminhos que ela
jamais imaginaria.
revista
financeira administrada pelo Estado,
colocamos de lado o direito de exigir
investimento em moradias e programas sociais a partir dos lucros obtidos todos os anos. Assim também
acontece com a escola, com a saúde
e com as estradas. Quando começarmos a compreender que os bens
públicos são bens do povo, e não do
Estado, passamos nos interessar
pelo destino dos recursos, por quem
os administra e como a coisa pública
vem sendo tratada.
Habermas dá uma verdadeira
lição de como a sociedade, pelos
mais diversos meios, pode acompanhar de perto o patrimônio que era
para ser de todos, mas é administrado por partidos e ideologias que
se alternam no poder. Sua proposta
é justamente esta: a mudança estrutural do que entendemos hoje
como a esfera pública como alternativa de crescimento, desenvolvimento e democracia.
Sandro Galarça, jornalista e professor universitário
Casada com um oftalmologista,
a personagem-chave, Mary Beth tem
uma família perfeita, formada também pelos três maravilhosos filhos,
a primogênita Ruby, de 17 anos, e os
gêmeos Max e Alex – bastante diferentes entre si. São personagens que
convivem em incontestável harmonia, ambiente construído sob inspiração e patrocínio de Mary Beth. Até
que começam a aparecer as devastadoras consequências de ações aparentemente banais e que revelam
indícios de uma grande tragédia.
“Até o Fim” conta essa trajetória da
mãe obrigada a seguir por caminhos
absolutamente distantes de seus valores e referências, uma mulher que
levou adiante uma vida com a qual
jamais sonhou – mas teve coragem
suficiente para enfrentá-la.
DNA Empresarial:
Identidade
Corporativa
Como Referência
Estratégica
Lígia Fascini
Integrare Editora, 2010 O livro aborda a importância de
uma organização se conhecer para
que possa estabelecer uma comunicação institucional coerente com
seus colaboradores, parceiros estratégicos, clientes e fornecedores. Ao
consolidar de forma efetiva e estruturada sua competitividade e seu
posicionamento no mercado, acaba
agregando mais valor de marca.
Conectando sua cultura e sua
estrutura organizacional com a
imagem prospectada a diferentes
públicos de interesse, uma instituição amplia as oportunidades de
ter seu valor percebido. Esse valor é
conferido pelo mercado e, se não for
reconhecida a identidade da organização em sua comunicação, a proposta de negociação (valoração da
marca) poderá ser frustrada. Uma
organização precisa desenvolver um
padrão de comportamento coerente na interface teórico-prática, pois
criar valor percebido vendendo aquilo que não se tem, ou oferecendo
aquilo que não se é, traz vantagens
fugazes. Entender esse fundamento
é base para um desenvolvimento
sustentável.
“DNA Empresarial” apresenta
ainda uma metodologia com ferramentas dinâmicas para auxiliar na
identificação dos reais atributos de
uma organização, ajudando-a a direcionar as forças de sua identidade
para a construção e a conquista de
novas oportunidades de mercado.
Vanessa Eid da Silva Cardoso, diretora de inovação da EPOS Consultoria Empresarial
63
Atendimento
ao Cliente
Victor Aguiar
Editora Nova Letra
Toda organização tem dois tipos de
clientes: o externo e o interno. Os
externos são os que realizam negócios ou transações com nossos
empreendimentos. Os internos são
as pessoas que fazem parte de uma
mesma empresa. Pensando nessa
relação, o professor Victor Aguiar,
que atua na Univille, lançou o livro
“Atendimento ao Cliente: Novos
Cenários, Velhos Desafios”, que
apresenta dicas e informações para
todo profissional que tenha o interesse de melhor lidar com os outros
e, dessa forma, progredir pessoal e
64
profissionalmente.
Apesar de o tema ser antigo,
Aguiar traz novos pontos de vista para pensar o atendimento ao
cliente. Gostar de trabalhar com
pessoas e saber atuar em equipe
não são mais fatores suficientes.
O que conta agora é identificar-se
com a área, gostar muito do que
faz e ter conhecimento técnico.
O conteúdo abordado está
distribuído em 10 capítulos. Nos
primeiros, após uma contextualização, o autor mostra a importância do gerenciamento de equipes.
Depois, a abordagem que utiliza é
mais técnica, pois trata do atendimento pessoal, telefônico e virtual,
além de explorar o tema “atendimento a públicos diferenciados e
suas especificidades” (deficientes
físicos e idosos) e “como lidar com
reclamações”. Na sequência, o
foco é no treinamento e capacitação de equipes e na elaboração de
pesquisas de satisfação. Antes das
considerações finais, é apresentado um interessante capítulo sobre
design de serviços no atendimento ao cliente.
E, como na era do marketing de
relacionamento saber lidar com o
cliente é fundamental, Victor apresenta todo o conteúdo de maneira
prática e didática. Outro diferencial é a interação com o leitor, que
pode acessar o site www.ograndevendedor.com e fazer o download
dos slides de cada capítulo e, dessa
forma, treinar sua própria equipe.
A obra está à venda exclusivamente na internet.
Top 5 Filmes de crianças para adultos
Mary e Max – Uma
Amizade Diferente
ANIMAÇÃO/DRAMA, 2009,
DIRIGIDO POR ADAM ELLIOT
Mary (Toni Collette) é
uma menina solitária de 8 anos que vive
em Melbourne, na Austrália. Max
(Philip Seymour Hoffman) tem 44
anos e vive em Nova York. Também
solitário, ele tem Síndrome de Asperger. Mesmo com tamanha distância
e a diferença de idade, Mary e Max
desenvolvem uma forte amizade,
que transcorre de acordo com os altos e baixos da vida.
Onde Vivem
os Monstros
FANTASIA/DRAMA, 2010,
DIRIGIDO POR SPIKE JONZE
Baseado no livro de
Maurice
Sendak,
conta a história de
Max (Max Records),
um garoto que, após fazer malcriações com sua mãe, é mandado para
o quarto sem jantar, resolve fugir de
casa e usa a imaginação para criar
uma misteriosa ilha. Lá, encontra
vários monstros. Max afirma ter po-
revista
deres e acaba nomea­do rei do grupo.
Responsável por evitar que a tristeza
tome conta do lugar, ele passa a criar
uma série de jogos para mantê-los
em constante diversão.
Toy Story 3
ANIMAÇÃO, 2010, DIRIGIDO
POR LEE UNKRICH
O terceiro filme da
série mostra que
Andy já tem 17 anos
e está prestes a ir
para a faculdade.
Dessa forma, precisa arrumar o
quarto e definir o que vai para o
lixo e o que será guardado no sótão.
Seus antigos brinquedos, entre eles
Buzz Lightyear, Jessie e o sr. Cabeça
de Batata, são separados para ser
guardados no sótão. Uma confusão
faz com que a mãe de Andy os coloque no lixo. Woody, que será levado
por Andy para a faculdade, decide
salvá-los. O grupo escapa, mas acaba no carro da mãe de Andy. Ela os
leva para uma creche onde “moram” diversos brinquedos, entre
eles, a Barbie. Ao chegarem, encontram um universo até então inimaginável.
Quero ser Grande
COMÉDIA, 1988, DIRIGIDO
POR PENNY MARSHALL
Em um parque de diversões, Josh (David
Moscow) acaba barrado na montanha-russa. Revoltado, pede à máquina
dos desejos para “ser grande”. No dia
seguinte, o pedido se realiza e a mãe
o expulsa de casa, pois não conhece
aquele estranho de 30 anos (Tom
Hanks). Josh, porém, continua sendo apenas uma criança que precisa
aprender a se relacionar no mundo
dos adultos.
Moonrise Kingdom
COMÉDIA, 2012, DIRIGIDO
POR WES ANDERSON
Nos anos 60, em
uma pequena ilha
na costa da Nova
Inglaterra, Sam (Jared Gilman) e Suzy (Kara Hayward)
sentem-se deslocados em meio às
pessoas com que convivem. Após se
conhecerem em uma peça teatral na
qual Suzy atuava, eles passam a trocar cartas. Um dia, resolvem deixar
tudo para trás e fugir juntos.
65
Anderson
França
CEO na agência de comunicação e criatividade Dharma
ACC e fundador da Universidade da Correria, iniciativa que
leva capacitação e assessoria
em empreendedorismo para
moradores de comunidades
cariocas, Anderson França relata que os olhos do mundo
estão cada vez mais voltados
para a inovação. Como forma
de explorar esse conceito, ele
potencializa suas ações para
criatividade em meio à pobreza. Conhecido como Dinho, o
empreendedor social, que esteve em Joinville para um debate promovido pela Omunga,
já trabalhou em diferentes
iniciativas voltadas à comunidade. Há dois anos, culminou seu aprendizado com a
criação da Universidade da
Correria. A instituição é caracterizada como um conjunto de
módulos de aprendizado com
foco em modelagem, prototipagem e implementação de
negócios, voltados para moradores de territórios populares.
66
1
2
3
MARCELO CAETANO/DIVULGAÇÃO
3 perguntas
O que o motivou a criar a Universidade da Correria?
A ideia surgiu depois de dois anos de trabalho no Rio de Janeiro, empreendendo nas favelas. Nesse período, conseguimos acumular
experiên­cias e uma quantidade significativa de informações, desenvolvemos uma linguagem mais popular, usando a linguagem da favela, e
construí­mos o projeto para levar esse conhecimento aos moradores da
região. Queríamos ajudar os empreendedores que não tinham dinheiro
ou instrução suficiente para tirar seu negócio do papel. Algumas dessas pessoas já contavam com ajuda do Sebrae, mas às vezes o conteúdo
não era absorvido pelos moradores. A Universidade da Correria sintetiza
tudo o que a gente aprendeu na vida, empreendendo, errando, acertando e descobrindo o melhor caminho.
Como funciona a dinâmica da instituição?
Tentamos alcançar os grupos que não são atendidos pelo Sebrae. Existem diferentes módulos de ensino, desde as oficinas com oito horas de
duração ao curso de três meses. Entre os assuntos abordados, exploramos técnicas de marketing, gestão financeira, formalização do negócio e
administração de gastos e lucros. Orientamos os moradores a aproveitar
de maneira inteligente e ao máximo os poucos recursos que possuem.
Quando me questionam sobre como é possível empreender na favela,
em meio a tanta pobreza, falo que quando todos os lugares estiverem
ocupados, é preciso inventar seu lugar. Essa é a nossa proposta.
Como o empreendedor pode transformar obstáculos em soluções?
Acho que a principal orientação é manter a articulação em rede. E essa
é uma demanda que a Universidade da Correria consegue suprir. Por
causa da falta de crédito, burocracia e outros problemas, o empreendedor sozinho acaba desistindo no segundo ou terceiro ano. Então
a gente tenta criar esta rede de contatos, para diminuir a evasão de
negócios. Um pode trocar ideias com o outro sobre suas dificuldades,
alternativas de crédito, crescimento e novidades no mercado. A gente
precisa criar rede para essa galera, porque eles empreendem de uma
forma diferente e se ficarem sozinhos acabam desistindo. A principal
orientação nesse cenário é a integração.
revista
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revista