TCA 03 - Artigo CE-0812-01 Cresimento de mudas de pinhão
Transcrição
TCA 03 - Artigo CE-0812-01 Cresimento de mudas de pinhão
Crescimento de mudas de pinhão-manso influenciado pelo tipo dos recipientes e composição dos substratos 1 2 3 4 Pérsio Sandir D'Oliveira , Willian Cichelero , Letícia Sayuri Suzuki D'Oliveira e Roberto Rinaudo Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Cruz das Almas, BA. E-mail: [email protected] 2Discente do Curso de Agronomia. Centro Universitário de Maringá - CESUMAR, Maringá, PR. Bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação Cientifica do CESUMAR (PROBIC/CESUMAR). E-mail: [email protected]. 3Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite. Juiz de Fora, MG. E-mail: [email protected] 4Docente do Curso de Agronomia. CESUMAR. E-mail: [email protected] Resumo - A produção de mudas de boa qualidade é fator essencial para o cultivo do pinhão-manso. Este experimento foi realizado para avaliar o efeito do recipiente e do substrato no crescimento de mudas de pinhão-manso (Jatropha curcas). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com um esquema fatorial 2 x 9, sendo dois recipientes (sacos de polietileno e tubetes) e nove substratos (solo; húmus de minhoca; composto orgânico; cama de frango; casca de pinus triturada; solo + húmus de minhoca; solo + composto vegetal; solo + cama de frango; solo + casca de pinus), com quatro repetições por tratamento. As misturas de ingredientes foram feitas em partes iguais com base no volume. As mudas foram cultivadas em casa de vegetação. Aos 60 dias após a emergência, foram tomados dados de altura, diâmetro do colo, número de folhas, área foliar, comprimento da raiz, massa fresca da parte aérea, da raiz e total. O melhor crescimento das plantas foi observado no saco de polietileno com um dos substratos com alto teor de matéria orgânica (húmus de minhoca, composto orgânico ou cama de frango). Palavras-chave: pinhão manso, produção de mudas, substratos. Growth of Jatropha seedlings as function of container type and substrate composition Abstract - Production of good quality seedlings is an important factor in the cultivation of jatropha plants. This study was carried out to evaluate the effects of the type of container and substrate composition on the growth of jatropha (Jatropha curcas) seedlings. Treatments were a factorial scheme of 2 x 9, with two containers types (polyethylene bags and root plugs) and nine growing media (soil; earthworm humus; organic compost; poultry litter; shredded pine bark; soil + earthworm humus; soil + organic compost; soil + poultry litter, and soil + shredded pine bark), in a completely randomized design with four replicates. The ingredients were blended in equal parts based on volume. The experiment was conducted in greenhouse. At 60 days after emergence, data was taken on plant height, stem diameter, number of leaves, leaf area, root length, and fresh mass of shoot and root. The best plant growth was observed in plastic bag containing one of the substrates with high organic matter content (earthworm humus, organic compost, or poultry litter). Keywords: Jatropha, seedlings production, substrates Introdução O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), planta da família Euphorbiaceae, é um arbusto perene, que atinge 3 m de altura, nativo das Américas, e que ocorre naturalmente em todo o Brasil (Arruda et al., 2004; Saturnino et al., 2005). A resistência da planta às condições impróprias para a maioria das espécies cultivadas, como adaptabilidade a terrenos salinos, desérticos, de baixa fertilidade, desperta o interesse dos agricultores e pesquisadores (Arruda et al., 2004; Jongschaap et al., 2007). As sementes de pinhão-manso contêm de 35 a 37% de óleo, e a produção se estende por 40 anos, possibilitando o cultivo para produção de biodiesel (Alves et al., 2008; Becker; Makkar, 2008). O óleo de pinhão-manso também serve como repelente/inseticida de várias pragas, como Callossobruchus maculatus em feijão (Adebowale; Adedire, 2006), Helicoverpa armigera e Aphis gossypii em algodão (Heller, 1996), Sitophilus zeamays em milho (Heller, 1996; Musa et al., 2011) e Sesamia calamitis em sorgo (Heller, 1996). O pinhão-manso pode ser propagado a partir de estacas ou sementes, preferindo-se estas últimas, porque a muda terá maior longevidade e produtividade no campo (Severino et al., 2007b; Alves et al., 2008). Contudo, no Brasil, ainda não existe um sistema de produção de mudas de pinhão-manso. Para essências exóticas (eucalipto, pinus e teca), os recipientes mais usados são os sacos plásticos e os tubetes. O uso de tubetes emprega substratos simples ou preparados com vários componentes; entre estes, estão o esterco de curral curtido, húmus de minhoca, cascas de eucalipto e Pinus decompostas, bagaço de cana decomposto, casca de arroz carbonizada, vermiculita e solo (Santos, 2008). O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito do recipiente e do substrato sobre o crescimento de mudas de pinhão-manso produzidas a partir de sementes. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.13-18, mar. 2013 13 Material e Métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação, localizada no campus do CESUMAR (Centro Universitário de Maringá), no município de Maringá, PR. A cidade está localizada a 550 m acima do nível do mar. As sementes de pinhão manso foram coletadas de plantas sadias, com três anos de idade, no Biotec (Fazenda Experimental do CESUMAR). Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições e tratamentos distribuídos em esquema fatorial 2 x 9, sendo os fatores dois recipientes, tubetes cônicos de 38 mm de diâmetro interno x 140 mm (120 cm3) e sacos de polietileno de 23 x 12 cm (1.000 cm3) e nove substratos (solo, húmus de minhoca, composto orgânico, cama de frango, casca de Pinus triturada; 50% solo + 50% húmus de minhoca, 50% solo+ 50% composto orgânico, 50% solo + 50% cama de frango, e 50% solo + 50% casca de Pinus triturada). A mistura de ingredientes foi feita com base em volume. O solo era um Oxissol (Latossolo vermelho-escuro), coletado no campus da instituição, com as 3 propriedades químicas: pH CaCl2 5,0; (cmolc dm ): Ca 1,87; 3 Mg 0,70; K 0,17; Al 0,30; H + Al 3,26; (g dm ) C 4,29; (mg dm3): P 38,30; (mg dm3): B 0,89; Cu 4,62; Fe 47,20; Mn 11,50; Zn 3,18. Cada recipiente foi preenchido com os substratos, e foi colocada uma semente de pinhão-manso, posteriormente coberta com uma camada de 1 cm de substrato. Os recipientes foram mantidos na casa de vegetação, com temperatura média de 42 ºC, e irrigados por aspersão duas vezes ao dia (no início da manhã e no final da tarde). O estado fitossanitário das mudas foi monitorado semanalmente. O experimento foi encerrado aos 60 dias após a emergência, ocasião em que se tomaram os dados: altura da planta, diâmetro do colo, área foliar, número de folhas, comprimento da raiz, massa fresca da parte aérea (folhas + caule) e das raízes. A altura da planta (cm) foi medida com fita métrica, a partir do substrato; o diâmetro do colo (mm) foi medido com paquímetro a 1 cm do substrato. Para cálculo da área foliar 2 (cm ), foram medidas a largura da folha (L, cm) e o comprimento da nervura principal (P, cm), considerando-se o tamanho da nervura principal a distância entre o ponto de inserção do pecíolo e a extremidade inferior da folha e a largura como a maior dimensão aproximadamente perpendicular à nervura principal. Foi empregada a fórmula A= 0,84 (P x L)0,99 (Severino et al., 2006). As mudas foram retiradas cuidadosamente dos recipientes, e colocadas em peneira de plástico, onde foram lavadas com água corrente para separação das raízes. O comprimento da raiz principal (cm) foi medido com fita métrica; observou-se a ocorrência de enovelamento. A massa fresca total consistiu na soma da massa fresca da parte aérea e das raízes. Para determinação da matéria seca, a parte aérea e as raízes foram colocadas em sacos de papel perfurados, de 14 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.13-18, mar. 2013 peso conhecido, e pesadas novamente em balança semianalítica. Em seguida, os sacos contendo as amostras foram colocados em estufa de ventilação forçada a 65 ºC, durante 72 horas. Em seguida, os sacos foram retirados da estufa e colocados em dessecador. Após atingirem temperatura ambiente, foram pesados novamente e, por diferença entre os pesos inicial e final, foi determinado o teor de matéria seca de parte aérea e raízes. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo SISVAR (Ferreira, 2006); as médias de cada substrato nos dois recipientes foram analisadas separadamente quando se detectou interação significativa entre os fatores. As médias dos tratamentos foram submetidas ao teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão O tubete proporcionou maior altura, número de folhas e massa seca de raiz; contudo, não houve diferença entre os recipientes quanto à massa fresca e seca da parte aérea, massa fresca total e diâmetro do colo (Tabela 1). Paulino et al. (2011) avaliaram o efeito de recipientes sobre características da parte aérea de mudas de pinhão-manso, trabalhando com tubetes de 38 mm de diâmetro interno x 140 mm de altura (120 cm3), 52 mm de diâmetro interno e 130 3 mm de altura (180 cm ) e 52 mm de diâmetro interno e 190 3 mm de altura (290 cm ), além de saco de polietileno de 100 3 mm de diâmetro e 170 mm de altura (500 cm ), e descreveram resultados mais altos com a utilização de tubetes do que de sacos plásticos. Tabela 1. Diâmetro do colo (DC), altura da planta (AP), número de folhas (NF), área foliar (AF), comprimento da raiz (CR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca da raiz (MFR), massa fresca total (MFT), massa seca da parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR) e massa seca total (MST) de mudas de pinhão-manso plantadas em dois recipientes (saco e tubete). Características DC (mm) AP (cm) NF AF (cm2) CR (cm) MFPA (g) MFR (g) MFT (g) MSPA (g) MSR (g) MST (g) Recipiente Saco 9,50 a 16,88 b 6,02 b 43,74 a 13,91 a 20,38 a 6,14 a 26,52 a 13,65 a 2,63 a 16,28 a Tubete 10,10 a 18,61 a 7,42 a 39,83 b 11,62 b 22,92 a 2,38 b 25,30 a 14,31 a 0,51 b 14,82 a Médias seguidas de mesma letra, nas linhas, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott (P≤0,05). No saco de polietileno, as plantas produziram mais área foliar (Tabela 1). Esta característica é importante porque, com mais área foliar, é possível que a planta possa aumentar sua taxa fotossintética, e se estabelecer mais rapidamente quando transplantada. O saco de polietileno também propiciou maior crescimento de massa fresca das raízes, o que pode ser explicado pelo maior volume do saco em comparação com o tubete. Foi observado enovelamento das raízes das mudas produzidas em tubetes, mas não nas mudas produzidas em sacos de polietileno; o mesmo foi observado por Severino et al. (2007a), que avaliaram a qualidade de mudas de pinhão-manso cultivadas em recipientes de diferentes volumes. O crescimento adequado das mudas de pinhão-manso, após o transplante, depende muito de um sistema radicular vigoroso e com desenvolvimento normal; provavelmente, o pequeno volume dos tubetes, mesmo com estrias internas para forçar o crescimento regular das raízes, seja um fator limitante. O menor crescimento das plantas foi observado nos substratos solo, casca de Pinus triturada e solo + casca de Pinus triturada (Tabela 2). No substrato solo, apenas a área foliar teve crescimento equivalente aos outros substratos. A massa fresca da parte aérea e das raízes foi menor somente nas plantas cultivadas nos substratos com casca de Pinus (puro ou misturado ao solo) ou solo puro (Tabela 2). Mudas de pinhão-manso com seis semanas de idade, produzidas em tubetes com capacidade de 290 cm3, produziram mais massa fresca quando produzidas em substrato comercial, em comparação com aquelas produzidas em substratos à base de fibra de coco ou casca de Pinus, independentemente do tamanho do recipiente (Paulino et al., 2011). O diâmetro do colo foi igual nos dois recipientes, mas foi menor nas plantas produzidas em solo ou casca de Pinus triturada, pura ou misturada (Tabela 2). O diâmetro do colo de mudas de pinhão-manso produzidas em substratos à base de resíduos de mineração aumentou com a adição de matéria orgânica (Trajano, 2010). Os resultados são semelhantes aos descritos por Heiffig et al. (2008), que verificaram maior diâmetro do colo aos 60 dias nas mudas de pinhão-manso cultivadas no substrato comercial, comparado com solo + esterco e fibra de coco. Foi observado maior diâmetro do colo em mudas de pinhão-manso produzidas com 100% húmus e 50% solo + 50% húmus (Maciel et al., 2007). O substrato húmus de minhoca possibilitou o maior crescimento em altura (25 cm), enquanto as plantas mais baixas foram produzidas com os substratos solo ou casca de Pinus triturada (pura ou misturada). Substratos contendo 100% de húmus ou 50% solo + 50% húmus produziram mudas de pinhão-manso mais altas que as cultivadas em 100% solo (Maciel et al., 2007). Foi observada maior altura de mudas de pinhão-manso, com 30 dias de idade, 3 produzidas em tubetes de 288 cm , com 90% de solo + 10% de composto de lixo, com adição de 8,2 kg P2O5 m3 de substrato (Lima et al., 2011). Resultados semelhantes foram encontrados em substratos a base de solo, contendo até 60% de cama de peru, esterco bovino ou húmus de minhoca, que mostraram incrementos de altura e peso de raízes (Camargo et al., 2011). O maior número de folhas foi observado em mudas produzidas com os substratos húmus de minhoca, cama de frango e solo + cama de frango. Heiffig et al. (2008) testaram 3 substratos: solo argiloso + esterco (1:1), fibra de coco; e substrato comercial, e verificaram que o substrato comercial resultou em mudas com maior número de folhas aos 60 dias. Da mesma forma, o uso de substratos contendo caulim ou vermiculita, até 50% em volume, com adição de matéria orgânica, foi favorável à produção de maior número de folhas em mudas de pinhão manso (Trajano, 2010). Em quatro doses de composto de lixo urbano como componente de substrato (0; 10; 20 e 40%), foi observado aumento do número de folhas até 20% de composto de lixo urbano (Lima et al., 2011). As únicas variáveis que apresentaram interação Tabela 2. Diâmetro do colo (DC), altura da planta (AP), número de folhas (NF), área foliar (AF), comprimento da raiz (CR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca da raiz (MFR), massa fresca total (MFT), massa seca de parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR) e massa seca total (MST) de mudas de pinhão-manso cultivadas em nove substratos: solo; húmus de minhoca; composto orgânico; cama de frango; casca de Pinus triturada; solo+húmus de minhoca; solo+composto orgânico; solo+ cama de frango; solo+casca de Pinus triturada. Substrato Solo Húmus de minhoca Composto orgânico Cama de frango Casca de Pinus Solo+húmus de minhoca Solo+composto orgânico Solo+cama de frango Solo+casca de Pinus DC (mm) 7,44b 10,76a 10,70a 10,95a 7,43b 10,69a 11,38a 10,41a 8,51b AP (cm) 9,75c 25,00a 19,19b 20,44b 10,33c 20,85b 20,55b 22,01b 11,60c NF 3,00c 9,00a 8,00b 9,75a 4,50c 7,38b 6,50b 8,38a 4,00c AF (cm2) 45,36ª 49,73ª 38,98ª 49,14ª 24,93b 49,19ª 48,16ª 44,06ª 26,51b CR (cm) 9,97b 11,39b 13,61ª 14,83ª 13,52ª 12,88ª 12,44ª 13,20ª 13,04ª MFPA (g) 7,01b 30,41a 25,15a 27,09a 9,18b 26,78a 27,80a 30,86a 10,58b MFR (g) 3,11b 4,79a 4,18a 5,50a 3,50b 4,79a 4,43a 4,89a 3,15b MFT (g) 10,11b 35,19a 29,31a 32,58a 12,66b 31,54a 32,20a 35,74a 13,74b MSPA (g) 3,75b 12,86ª 10,01ª 11,56ª 4,85b 10,43ª 11,04ª 10,25ª 6,00b MSR (g) 0,68b 1,93ª 1,30ª 2,11ª 0,46b 2,05ª 2,00a 2,60ª 0,98b Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott (P≤0,05). Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.13-18, mar. 2013 15 MS (g 4,4 14,7 11,3 13,6 5,3 12,4 13,0 12,8 6,9 significativa entre os fatores recipiente e substrato foram a massa fresca de raiz e a área foliar. Os desdobramentos dos fatores encontram-se na Tabela 3. A massa fresca de raiz foi maior no recipiente saco de polietileno, independente do substrato. Em tubetes, a massa fresca de raiz foi sempre menor que no saco de polietileno, sendo os valores mais baixos observados nos substratos solo e casca de Pinus (puro ou misturado), e os valores mais altos ocorreram no substrato cama de frango (puro ou misturado). A área foliar das mudas de pinhão-manso também teve interação significativa entre recipiente e substrato. Os recipientes diferiram quando se utilizou húmus de minhoca ou solo + composto orgânico como substratos, sendo que o saco de polietileno apresentou os maiores resultados. Em saco de polietileno, os substratos que propiciaram maior área foliar foram: húmus de minhoca, cama de frango e solo + composto orgânico. Nos tubetes, a área foliar foi menor somente nos substratos composto orgânico, casca de Pinus e solo + casca de Pinus (Tabela 3). Resultados semelhantes foram descritos por Medeiros et al. (2010), que observaram maior área foliar nas mudas de pinhão-manso com 30 dias, em substratos contendo 70% de solo + 30% de cama de galinha, 40% de solo + 60% de esterco bovino e 40% de solo + 60% de biossólido. O aumento da matéria orgânica em substratos com vermiculita e caulinita resultou em maior área foliar de mudas de pinhãomanso (Trajano, 2010). Da mesma forma, mudas de pinhãomanso, produzidas em tubetes de 288 cm3, com 90% de solo + 10% de composto de lixo, foram avaliadas 30 dias após a germinação e apresentaram maior área foliar com 7,4 kg P2O5/m3 de substrato (Lima et al., 2011). A área foliar é indicativa da capacidade fotossintética da muda, e está relacionada com a sobrevivência no campo e rapidez de crescimento. No Paraná, mudas de pinhão-manso foram produzidas a 3 partir de sementes, utilizando sacos plásticos de 1.178 cm e 3 tubetes de 120 e 180 cm , preenchidos com substrato comercial, e os maiores incrementos em altura e diâmetro do Tabela 3. Massa fresca de raízes e área foliar de plantas de pinhão-manso em função da interação entre recipiente e substrato. Substratos Solo Húmus de minhoca Composto orgânico Cama de frango Casca de Pinus Solo+húmus de minhoca Solo+composto orgânico Solo+cama de frango Solo+casca de Pinus Massa fresca de raízes (g) Saco Tubete 5,88aA 0,35dB 6,18aA 3,40bB 6,33aA 2,03cB aA 6,28 4,73aB 5,83aA 1,18cB 6,30aA 3,28bB 6,15aA 2,70bB 6,45aA 3,33bB 5,90aA 0,40dB Área foliar (cm2) Saco Tubete 41,98bA 48,75aA 56,58aA 42,88aB 43,08bA 34,88bA 52,98aA 45,30aA 29,48cA 20,38cA 46,33bA 52,05aA 54,45aA 41,88aB 42,60bA 45,60aA 26,25cA 26,78cA Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna ou da mesma letra maiúscula na linha e dentro da mesma variável, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (P≤0,05). 16 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.13-18, mar. 2013 colo ocorreram nas mudas produzidas nos sacos plásticos (Ajala et al., 2012). Substratos com propriedades físicas e químicas favoráveis, como porosidade, capacidade de retenção de água e conteúdo de nutrientes, favorecem a produção de mudas de qualidade (Maciel et al., 2007; Heiffig et al., 2008; Lima et al., 2008; Costa; Camargo, 2009; Lima et al., 2011). O aumento de matéria orgânica na composição de substratos para produção de mudas de pinhão-manso resulta em melhoria nos parâmetros de qualidade dessas mudas (Medeiros, 2010; Trajano, 2010). Provavelmente, o húmus de minhoca, o composto vegetal e a cama de frango, sozinhos ou em combinação com solo, favorecem a formação das raízes e parte aérea. Os recipientes também exerceram um efeito importante, pois influenciaram significativamente a formação das raízes e a área foliar das plantas. Conclusão Tanto o recipiente quanto o substrato influenciam significativamente o crescimento das mudas de pinhãomanso. O saco de polietileno apresentou um desempenho superior em relação ao tubete, pois resultou maior produção de raízes e maior área foliar. Os substratos húmus de minhoca, composto vegetal e cama de frango, sozinhos ou em combinação com solo, também foram significativamente superiores para o crescimento das mudas. Referências ADEBOWALE, K.O.; ADEDIRE, C.O. Chemical composition and insecticidal properties of the underutilized Jatropha curcas: seed oil. African Journal of Biotechnology, Nairobi, v.5, n.10, p.901-906, May 16, 2006. AJALA, M.C.; AQUINO, N.F. de; MALAVASI, U.C.; MALAVASI, M. de M. Efeito do volume do recipiente na produção de mudas e no crescimento inicial de Jatropha curcas L. no Oeste Paranaense. Semina Ciências Agrárias, Londrina, v.33, n.6, p. 2039-2046, nov./dez. 2012. ALVES, J. M. A.; SOUSA, A. A.; SILVA, S. R. G; GUIDO N. LOPES; SMIDERLE, O. J.; UCHÔA, S.C.P. Pinhão-manso: uma alternativa para produção de biodiesel na agricultura familiar da Amazônia Brasileira. Agro@mbiente On-line, Boa Vista, v.2, n. 1, p.57-68, 2008. ARRUDA, F.P.; BELTRÃO, N.E.M.; ANDRADE, A.P.; PEREIRA, W.E.; SEVERINO, L.S. Cultivo de pinhão manso (Jatropha curcas L.) como alternativa para o semiárido nordestino. Revista Brasileira de Óleos e Fibrosas, Campina Grande, v.8, n.1, p.789-799, jan./abr. 2004. AVELAR, R.C.; DEPERON JÚNIOR, M.A.; CARVALHO, J.P.F.; CASTRO NETO, P. Produção de mudas de pinhãomanso (Jatropha curcas L.) em tubetes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 2., 2005. Varginha. [cd-rom] BECKER, K.; MAKKAR, H.P.S. Jatropha curcas: A potential source for tomorrow's oil and biodiesel. Lipid Technology, Weinheim, v.20, n.5, p.104-107, May 2008. CAMARGO, R.; PIRES, S.C.; MALDONADO, A.C.; CARVALHO, H.P.; COSTA, T.R. Avaliação de substratos para a produção de mudas de pinhão-manso em sacolas plásticas. Revista Trópica Ciências Agrárias e Biológicas, Chapadinha, v.5, n.1, p.31-38, jan./abr. 2011. CAMARGO, R.; MALDONADO, A.L.C.; SILVA, P.A.; COSTA, T.R. Biossólido como substrato na produção de mudas de pinhão-manso. Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.14, n.12, p.1304-1310. 2010. COSTA, T.R.; CAMARGO, R. Produção de mudas de pinhão-manso em tubetes a partir de diferentes fontes de matéria orgânica. Horizonte Científico, Uberlândia, v.3, n.1, jan./jun. 2009. Disponível em: <http://seer.ufu.br/index.php/Horizontecientifico/article/vi ewFile/4261/3177>. Acesso em: 05/10/2011. FERREIRA, D.F. Sisvar - Sistema de Análise de Variância. Universidade Federal de Lavras, DEX/UFLA. Software. 2006. HEIFFIG, L.S.; CÂMARA, G.M.S.; DEL AGUILA, J.S.; SEGATELLI, C.B.; SALOMÃO, K.; PIEDADE, S.D.S. Diferentes substratos na produção de mudas de pinhão manso. In: Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, óleos, Gorduras e Biodiesel, 5, 2008, Lavras-MG. Anais... Lavras-MG, UFLA, 2008. [cd-rom] pinhão-manso. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v.42, n.4, p.950-956, out./dez. 2011. LIMA, R.L.S.; SEVERINO, L.S.; SAMPAIO, L.R.; FREIRE, M.A.O.; SOFIATTI, V.; LEÃO, A.B.; BELTRÃO, N.E.M. Crescimento de mudas de pinhão-manso em substratos contendo composto de lixo urbano. In: Congresso Brasileiro de mamona: energia e ricinoquímica, 3. Anais. Disponível em: <http://www.alice.cnptia/embrapa.br/ bitstream.doc/277500/1/PM03.pdf>. Acesso em: 01/10/2011. MACIEL, P.H.F.Z.A.; ROCHA, D.J.; PARO, P.; GIODA, M.; BOTREL, M.C.G. Produção de mudas de Jatropha curcas L. em diferentes substratos. In: Congresso da Academia Trinacional de Ciências, 2. Mostra de Trabalhos e Protótipos, 2. Workshop do PDTA – Programa de Desenvolvimento Tecnológico Avançado, 2. Foz do Iguaçu, PR. Anais. UNIOESTE, 2007. Disponível em: <http://fag.edu.br/graduacao/agronomia/arquivos/jatrophac urcas.pdf>. Acesso em: 04/04/2010. MEDEIROS, K.A.A.L.; SILVA, H.; SOFIATTI, V.; MEDEIROS, O.; LUCENA, A.M.A.; FREIRE, M.A.O.; ARRIEL, N.H.C. Efeito residual de compostos orgânicos para o cultivo de mudas de pinhão-manso. In: Congresso Brasileiro de Mamona, 2. Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, 1. João Pessoa, PB 2010. Anais. Campina Grande, Embrapa Algodão, p.1345-1350. MUSA, A.K.; BELEWU, M.A.; MUHAMMED-LAWAL, A.; ADEKOLA, F.O.; OLAREWAJU, B.O.; IBRAHEEM, S.O. Costs analysis and toxicity of Jatropha curcas L. on maize weevil, Sitophilus zeamays Motsch. African Journal of Plant Science, Nairobi, v.5, n.4, p.233-236, Apr. 2011. PAULINO, J.; FOLEGATTI, M.V.; FLUMIGNAN, D.L.; ZOLIN, C.A.; BARBOZA JR., C.R.A.; PIEDADE, S.M.S. Crescimento e qualidade de mudas de pinhão-manso produzidas em ambiente protegido. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.5 n.1, p.37-46. jan. 2011. HELLER, J. Physic nut. Jatropha curcas L. Promoting the conservation and use of underutilized and neglected crops. 1. Institute of Plant Genetics and Crop Plant Research/Gatersleben/International Plant Genetic Resources Institute, Rome. 2006. SANTOS, A.C.V. Produção de mudas florestais. Niterói: Programa Rio Rural, 2008 (Manual Técnico, 6). JONGSCHAAP, R.E.E; CORRÉ, W.J.; BINDRABAN, P.S.; BRANDENBURG, W.A. Claims and facts on Jatropha curcas. Plant Research International, Wageningen, Oct. 2007. (Report 158). SATURNINO, H.M.; PACHECO, D.D.; KAKIDA, J.; TOMINAGA, N.; GONÇALVES, N.P. Cultura do pinhãomanso (Jatropha curcas L.). Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.26, n.229, p.44-78, mai. 2005. LIMA, R.L.S.; SEVERINO, L.S.; GHEYI, H.R.; SOFIATTI, V.; ARRIEL, N.H. Efeito da adubação fosfatada sobre o crescimento e teor de macronutrientes de mudas de SEVERINO, L.S.; VALE, L.S.; BELTRÃO, N.E.M. Método para medição da área foliar do pinhão-manso. Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia do Biodiesel, 1. Anais. Campina Grande, 31/08/2006. p.73-77. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.13-18, mar. 2013 17 SEVERINO, L.S.; LIMA, R.L.S.; BELTRÃO, N.E.M. Avaliação de Mudas de Pinhão-Manso em Recipientes de Diferentes Volumes. Campina Grande: Embrapa Algodão, jul. 2007 (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 81). SEVERINO, L.S.; LIMA, R.L.S; LEÃO, A.B.; BELTRÃO, N.E.M. Formação do Sistema Radicular de Plantas de Pinhão-manso Propagadas por Mudas, Estacas e Sementes. 18 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.13-18, mar. 2013 Campina Grande: Embrapa Algodão, nov. 2007 (Comunicado Técnico, 48). TRAJANO, E.V.A. Rejeitos de mineradoras como substrato na produção de mudas de pinhão-manso (Jatropha curcas L.). Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Patos - PB, 2010.