TCA 03 - Artigo CE-0812-01 Cresimento de mudas de pinhão

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TCA 03 - Artigo CE-0812-01 Cresimento de mudas de pinhão
Crescimento de mudas de pinhão-manso influenciado pelo tipo
dos recipientes e composição dos substratos
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Pérsio Sandir D'Oliveira , Willian Cichelero , Letícia Sayuri Suzuki D'Oliveira e Roberto Rinaudo
Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Cruz das Almas, BA. E-mail: [email protected] 2Discente do Curso de
Agronomia. Centro Universitário de Maringá - CESUMAR, Maringá, PR. Bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação Cientifica do
CESUMAR (PROBIC/CESUMAR). E-mail: [email protected]. 3Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite. Juiz de Fora,
MG. E-mail: [email protected] 4Docente do Curso de Agronomia. CESUMAR. E-mail: [email protected]
Resumo - A produção de mudas de boa qualidade é fator essencial para o cultivo do pinhão-manso. Este experimento foi
realizado para avaliar o efeito do recipiente e do substrato no crescimento de mudas de pinhão-manso (Jatropha curcas). O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com um esquema fatorial 2 x 9, sendo dois recipientes (sacos de
polietileno e tubetes) e nove substratos (solo; húmus de minhoca; composto orgânico; cama de frango; casca de pinus
triturada; solo + húmus de minhoca; solo + composto vegetal; solo + cama de frango; solo + casca de pinus), com quatro
repetições por tratamento. As misturas de ingredientes foram feitas em partes iguais com base no volume. As mudas foram
cultivadas em casa de vegetação. Aos 60 dias após a emergência, foram tomados dados de altura, diâmetro do colo, número
de folhas, área foliar, comprimento da raiz, massa fresca da parte aérea, da raiz e total. O melhor crescimento das plantas foi
observado no saco de polietileno com um dos substratos com alto teor de matéria orgânica (húmus de minhoca, composto
orgânico ou cama de frango).
Palavras-chave: pinhão manso, produção de mudas, substratos.
Growth of Jatropha seedlings as function of container type
and substrate composition
Abstract - Production of good quality seedlings is an important factor in the cultivation of jatropha plants. This study was
carried out to evaluate the effects of the type of container and substrate composition on the growth of jatropha (Jatropha
curcas) seedlings. Treatments were a factorial scheme of 2 x 9, with two containers types (polyethylene bags and root plugs)
and nine growing media (soil; earthworm humus; organic compost; poultry litter; shredded pine bark; soil + earthworm
humus; soil + organic compost; soil + poultry litter, and soil + shredded pine bark), in a completely randomized design with
four replicates. The ingredients were blended in equal parts based on volume. The experiment was conducted in greenhouse.
At 60 days after emergence, data was taken on plant height, stem diameter, number of leaves, leaf area, root length, and fresh
mass of shoot and root. The best plant growth was observed in plastic bag containing one of the substrates with high organic
matter content (earthworm humus, organic compost, or poultry litter).
Keywords: Jatropha, seedlings production, substrates
Introdução
O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), planta da família
Euphorbiaceae, é um arbusto perene, que atinge 3 m de
altura, nativo das Américas, e que ocorre naturalmente em
todo o Brasil (Arruda et al., 2004; Saturnino et al., 2005). A
resistência da planta às condições impróprias para a maioria
das espécies cultivadas, como adaptabilidade a terrenos
salinos, desérticos, de baixa fertilidade, desperta o interesse
dos agricultores e pesquisadores (Arruda et al., 2004;
Jongschaap et al., 2007).
As sementes de pinhão-manso contêm de 35 a 37% de
óleo, e a produção se estende por 40 anos, possibilitando o
cultivo para produção de biodiesel (Alves et al., 2008;
Becker; Makkar, 2008). O óleo de pinhão-manso também
serve como repelente/inseticida de várias pragas, como
Callossobruchus maculatus em feijão (Adebowale; Adedire,
2006), Helicoverpa armigera e Aphis gossypii em algodão
(Heller, 1996), Sitophilus zeamays em milho (Heller, 1996;
Musa et al., 2011) e Sesamia calamitis em sorgo (Heller,
1996).
O pinhão-manso pode ser propagado a partir de estacas
ou sementes, preferindo-se estas últimas, porque a muda terá
maior longevidade e produtividade no campo (Severino et
al., 2007b; Alves et al., 2008). Contudo, no Brasil, ainda não
existe um sistema de produção de mudas de pinhão-manso.
Para essências exóticas (eucalipto, pinus e teca), os
recipientes mais usados são os sacos plásticos e os tubetes. O
uso de tubetes emprega substratos simples ou preparados
com vários componentes; entre estes, estão o esterco de
curral curtido, húmus de minhoca, cascas de eucalipto e
Pinus decompostas, bagaço de cana decomposto, casca de
arroz carbonizada, vermiculita e solo (Santos, 2008).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito do
recipiente e do substrato sobre o crescimento de mudas de
pinhão-manso produzidas a partir de sementes.
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.13-18, mar. 2013
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Material e Métodos
O experimento foi conduzido em casa de vegetação,
localizada no campus do CESUMAR (Centro Universitário
de Maringá), no município de Maringá, PR. A cidade está
localizada a 550 m acima do nível do mar. As sementes de
pinhão manso foram coletadas de plantas sadias, com três
anos de idade, no Biotec (Fazenda Experimental do
CESUMAR).
Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado
com quatro repetições e tratamentos distribuídos em
esquema fatorial 2 x 9, sendo os fatores dois recipientes,
tubetes cônicos de 38 mm de diâmetro interno x 140 mm
(120 cm3) e sacos de polietileno de 23 x 12 cm (1.000 cm3) e
nove substratos (solo, húmus de minhoca, composto
orgânico, cama de frango, casca de Pinus triturada; 50% solo
+ 50% húmus de minhoca, 50% solo+ 50% composto
orgânico, 50% solo + 50% cama de frango, e 50% solo +
50% casca de Pinus triturada). A mistura de ingredientes foi
feita com base em volume. O solo era um Oxissol (Latossolo
vermelho-escuro), coletado no campus da instituição, com as
3
propriedades químicas: pH CaCl2 5,0; (cmolc dm ): Ca 1,87;
3
Mg 0,70; K 0,17; Al 0,30; H + Al 3,26; (g dm ) C 4,29; (mg
dm3): P 38,30; (mg dm3): B 0,89; Cu 4,62; Fe 47,20; Mn
11,50; Zn 3,18.
Cada recipiente foi preenchido com os substratos, e foi
colocada uma semente de pinhão-manso, posteriormente
coberta com uma camada de 1 cm de substrato. Os
recipientes foram mantidos na casa de vegetação, com
temperatura média de 42 ºC, e irrigados por aspersão duas
vezes ao dia (no início da manhã e no final da tarde). O estado
fitossanitário das mudas foi monitorado semanalmente. O
experimento foi encerrado aos 60 dias após a emergência,
ocasião em que se tomaram os dados: altura da planta,
diâmetro do colo, área foliar, número de folhas,
comprimento da raiz, massa fresca da parte aérea (folhas +
caule) e das raízes.
A altura da planta (cm) foi medida com fita métrica, a
partir do substrato; o diâmetro do colo (mm) foi medido com
paquímetro a 1 cm do substrato. Para cálculo da área foliar
2
(cm ), foram medidas a largura da folha (L, cm) e o
comprimento da nervura principal (P, cm), considerando-se
o tamanho da nervura principal a distância entre o ponto de
inserção do pecíolo e a extremidade inferior da folha e a
largura como a maior dimensão aproximadamente
perpendicular à nervura principal. Foi empregada a fórmula
A= 0,84 (P x L)0,99 (Severino et al., 2006).
As mudas foram retiradas cuidadosamente dos
recipientes, e colocadas em peneira de plástico, onde foram
lavadas com água corrente para separação das raízes. O
comprimento da raiz principal (cm) foi medido com fita
métrica; observou-se a ocorrência de enovelamento. A massa
fresca total consistiu na soma da massa fresca da parte aérea e
das raízes.
Para determinação da matéria seca, a parte aérea e as
raízes foram colocadas em sacos de papel perfurados, de
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Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.13-18, mar. 2013
peso conhecido, e pesadas novamente em balança
semianalítica. Em seguida, os sacos contendo as amostras
foram colocados em estufa de ventilação forçada a 65 ºC,
durante 72 horas. Em seguida, os sacos foram retirados da
estufa e colocados em dessecador. Após atingirem
temperatura ambiente, foram pesados novamente e, por
diferença entre os pesos inicial e final, foi determinado o teor
de matéria seca de parte aérea e raízes.
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo
SISVAR (Ferreira, 2006); as médias de cada substrato nos
dois recipientes foram analisadas separadamente quando se
detectou interação significativa entre os fatores. As médias
dos tratamentos foram submetidas ao teste Scott-Knott a 5%
de probabilidade.
Resultados e Discussão
O tubete proporcionou maior altura, número de folhas e
massa seca de raiz; contudo, não houve diferença entre os
recipientes quanto à massa fresca e seca da parte aérea,
massa fresca total e diâmetro do colo (Tabela 1). Paulino et
al. (2011) avaliaram o efeito de recipientes sobre
características da parte aérea de mudas de pinhão-manso,
trabalhando com tubetes de 38 mm de diâmetro interno x 140
mm de altura (120 cm3), 52 mm de diâmetro interno e 130
3
mm de altura (180 cm ) e 52 mm de diâmetro interno e 190
3
mm de altura (290 cm ), além de saco de polietileno de 100
3
mm de diâmetro e 170 mm de altura (500 cm ), e
descreveram resultados mais altos com a utilização de
tubetes do que de sacos plásticos.
Tabela 1. Diâmetro do colo (DC), altura da planta (AP),
número de folhas (NF), área foliar (AF), comprimento da
raiz (CR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca
da raiz (MFR), massa fresca total (MFT), massa seca da parte
aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR) e massa seca total
(MST) de mudas de pinhão-manso plantadas em dois
recipientes (saco e tubete).
Características
DC (mm)
AP (cm)
NF
AF (cm2)
CR (cm)
MFPA (g)
MFR (g)
MFT (g)
MSPA (g)
MSR (g)
MST (g)
Recipiente
Saco
9,50 a
16,88 b
6,02 b
43,74 a
13,91 a
20,38 a
6,14 a
26,52 a
13,65 a
2,63 a
16,28 a
Tubete
10,10 a
18,61 a
7,42 a
39,83 b
11,62 b
22,92 a
2,38 b
25,30 a
14,31 a
0,51 b
14,82 a
Médias seguidas de mesma letra, nas linhas, não diferem
entre si pelo teste Scott-Knott (P≤0,05).
No saco de polietileno, as plantas produziram mais área
foliar (Tabela 1). Esta característica é importante porque,
com mais área foliar, é possível que a planta possa aumentar
sua taxa fotossintética, e se estabelecer mais rapidamente
quando transplantada. O saco de polietileno também
propiciou maior crescimento de massa fresca das raízes, o
que pode ser explicado pelo maior volume do saco em
comparação com o tubete. Foi observado enovelamento das
raízes das mudas produzidas em tubetes, mas não nas mudas
produzidas em sacos de polietileno; o mesmo foi observado
por Severino et al. (2007a), que avaliaram a qualidade de
mudas de pinhão-manso cultivadas em recipientes de
diferentes volumes.
O crescimento adequado das mudas de pinhão-manso,
após o transplante, depende muito de um sistema radicular
vigoroso e com desenvolvimento normal; provavelmente, o
pequeno volume dos tubetes, mesmo com estrias internas
para forçar o crescimento regular das raízes, seja um fator
limitante.
O menor crescimento das plantas foi observado nos
substratos solo, casca de Pinus triturada e solo + casca de
Pinus triturada (Tabela 2). No substrato solo, apenas a área
foliar teve crescimento equivalente aos outros substratos. A
massa fresca da parte aérea e das raízes foi menor somente
nas plantas cultivadas nos substratos com casca de Pinus
(puro ou misturado ao solo) ou solo puro (Tabela 2). Mudas
de pinhão-manso com seis semanas de idade, produzidas em
tubetes com capacidade de 290 cm3, produziram mais massa
fresca quando produzidas em substrato comercial, em
comparação com aquelas produzidas em substratos à base de
fibra de coco ou casca de Pinus, independentemente do
tamanho do recipiente (Paulino et al., 2011).
O diâmetro do colo foi igual nos dois recipientes, mas foi
menor nas plantas produzidas em solo ou casca de Pinus
triturada, pura ou misturada (Tabela 2). O diâmetro do colo
de mudas de pinhão-manso produzidas em substratos à base
de resíduos de mineração aumentou com a adição de matéria
orgânica (Trajano, 2010). Os resultados são semelhantes aos
descritos por Heiffig et al. (2008), que verificaram maior
diâmetro do colo aos 60 dias nas mudas de pinhão-manso
cultivadas no substrato comercial, comparado com solo +
esterco e fibra de coco. Foi observado maior diâmetro do
colo em mudas de pinhão-manso produzidas com 100%
húmus e 50% solo + 50% húmus (Maciel et al., 2007).
O substrato húmus de minhoca possibilitou o maior
crescimento em altura (25 cm), enquanto as plantas mais
baixas foram produzidas com os substratos solo ou casca de
Pinus triturada (pura ou misturada). Substratos contendo
100% de húmus ou 50% solo + 50% húmus produziram
mudas de pinhão-manso mais altas que as cultivadas em
100% solo (Maciel et al., 2007). Foi observada maior altura
de mudas de pinhão-manso, com 30 dias de idade,
3
produzidas em tubetes de 288 cm , com 90% de solo + 10%
de composto de lixo, com adição de 8,2 kg P2O5 m3 de
substrato (Lima et al., 2011). Resultados semelhantes foram
encontrados em substratos a base de solo, contendo até 60%
de cama de peru, esterco bovino ou húmus de minhoca, que
mostraram incrementos de altura e peso de raízes (Camargo
et al., 2011).
O maior número de folhas foi observado em mudas
produzidas com os substratos húmus de minhoca, cama de
frango e solo + cama de frango. Heiffig et al. (2008) testaram
3 substratos: solo argiloso + esterco (1:1), fibra de coco; e
substrato comercial, e verificaram que o substrato comercial
resultou em mudas com maior número de folhas aos 60 dias.
Da mesma forma, o uso de substratos contendo caulim ou
vermiculita, até 50% em volume, com adição de matéria
orgânica, foi favorável à produção de maior número de
folhas em mudas de pinhão manso (Trajano, 2010). Em
quatro doses de composto de lixo urbano como componente
de substrato (0; 10; 20 e 40%), foi observado aumento do
número de folhas até 20% de composto de lixo urbano (Lima
et al., 2011).
As únicas variáveis que apresentaram interação
Tabela 2. Diâmetro do colo (DC), altura da planta (AP), número de folhas (NF), área foliar (AF), comprimento da raiz (CR),
massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca da raiz (MFR), massa fresca total (MFT), massa seca de parte aérea
(MSPA), massa seca da raiz (MSR) e massa seca total (MST) de mudas de pinhão-manso cultivadas em nove substratos: solo;
húmus de minhoca; composto orgânico; cama de frango; casca de Pinus triturada; solo+húmus de minhoca; solo+composto
orgânico; solo+ cama de frango; solo+casca de Pinus triturada.
Substrato
Solo
Húmus de minhoca
Composto orgânico
Cama de frango
Casca de Pinus
Solo+húmus de minhoca
Solo+composto orgânico
Solo+cama de frango
Solo+casca de Pinus
DC
(mm)
7,44b
10,76a
10,70a
10,95a
7,43b
10,69a
11,38a
10,41a
8,51b
AP
(cm)
9,75c
25,00a
19,19b
20,44b
10,33c
20,85b
20,55b
22,01b
11,60c
NF
3,00c
9,00a
8,00b
9,75a
4,50c
7,38b
6,50b
8,38a
4,00c
AF
(cm2)
45,36ª
49,73ª
38,98ª
49,14ª
24,93b
49,19ª
48,16ª
44,06ª
26,51b
CR
(cm)
9,97b
11,39b
13,61ª
14,83ª
13,52ª
12,88ª
12,44ª
13,20ª
13,04ª
MFPA
(g)
7,01b
30,41a
25,15a
27,09a
9,18b
26,78a
27,80a
30,86a
10,58b
MFR
(g)
3,11b
4,79a
4,18a
5,50a
3,50b
4,79a
4,43a
4,89a
3,15b
MFT
(g)
10,11b
35,19a
29,31a
32,58a
12,66b
31,54a
32,20a
35,74a
13,74b
MSPA
(g)
3,75b
12,86ª
10,01ª
11,56ª
4,85b
10,43ª
11,04ª
10,25ª
6,00b
MSR
(g)
0,68b
1,93ª
1,30ª
2,11ª
0,46b
2,05ª
2,00a
2,60ª
0,98b
Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott (P≤0,05).
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.13-18, mar. 2013
15
MS
(g
4,4
14,7
11,3
13,6
5,3
12,4
13,0
12,8
6,9
significativa entre os fatores recipiente e substrato foram a
massa fresca de raiz e a área foliar. Os desdobramentos dos
fatores encontram-se na Tabela 3. A massa fresca de raiz foi
maior no recipiente saco de polietileno, independente do
substrato. Em tubetes, a massa fresca de raiz foi sempre
menor que no saco de polietileno, sendo os valores mais
baixos observados nos substratos solo e casca de Pinus (puro
ou misturado), e os valores mais altos ocorreram no substrato
cama de frango (puro ou misturado).
A área foliar das mudas de pinhão-manso também teve
interação significativa entre recipiente e substrato. Os
recipientes diferiram quando se utilizou húmus de minhoca
ou solo + composto orgânico como substratos, sendo que o
saco de polietileno apresentou os maiores resultados. Em
saco de polietileno, os substratos que propiciaram maior área
foliar foram: húmus de minhoca, cama de frango e solo +
composto orgânico. Nos tubetes, a área foliar foi menor
somente nos substratos composto orgânico, casca de Pinus e
solo + casca de Pinus (Tabela 3).
Resultados semelhantes foram descritos por Medeiros et
al. (2010), que observaram maior área foliar nas mudas de
pinhão-manso com 30 dias, em substratos contendo 70% de
solo + 30% de cama de galinha, 40% de solo + 60% de
esterco bovino e 40% de solo + 60% de biossólido. O
aumento da matéria orgânica em substratos com vermiculita
e caulinita resultou em maior área foliar de mudas de pinhãomanso (Trajano, 2010). Da mesma forma, mudas de pinhãomanso, produzidas em tubetes de 288 cm3, com 90% de solo
+ 10% de composto de lixo, foram avaliadas 30 dias após a
germinação e apresentaram maior área foliar com 7,4 kg
P2O5/m3 de substrato (Lima et al., 2011). A área foliar é
indicativa da capacidade fotossintética da muda, e está
relacionada com a sobrevivência no campo e rapidez de
crescimento.
No Paraná, mudas de pinhão-manso foram produzidas a
3
partir de sementes, utilizando sacos plásticos de 1.178 cm e
3
tubetes de 120 e 180 cm , preenchidos com substrato
comercial, e os maiores incrementos em altura e diâmetro do
Tabela 3. Massa fresca de raízes e área foliar de plantas de
pinhão-manso em função da interação entre recipiente e
substrato.
Substratos
Solo
Húmus de minhoca
Composto orgânico
Cama de frango
Casca de Pinus
Solo+húmus de minhoca
Solo+composto orgânico
Solo+cama de frango
Solo+casca de Pinus
Massa fresca de
raízes (g)
Saco
Tubete
5,88aA
0,35dB
6,18aA
3,40bB
6,33aA
2,03cB
aA
6,28
4,73aB
5,83aA
1,18cB
6,30aA
3,28bB
6,15aA
2,70bB
6,45aA
3,33bB
5,90aA
0,40dB
Área foliar
(cm2)
Saco
Tubete
41,98bA
48,75aA
56,58aA
42,88aB
43,08bA
34,88bA
52,98aA
45,30aA
29,48cA
20,38cA
46,33bA
52,05aA
54,45aA
41,88aB
42,60bA
45,60aA
26,25cA
26,78cA
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna ou da mesma letra
maiúscula na linha e dentro da mesma variável, não diferem entre si pelo
teste de Scott-Knott (P≤0,05).
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Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.1, p.13-18, mar. 2013
colo ocorreram nas mudas produzidas nos sacos plásticos
(Ajala et al., 2012).
Substratos com propriedades físicas e químicas
favoráveis, como porosidade, capacidade de retenção de
água e conteúdo de nutrientes, favorecem a produção de
mudas de qualidade (Maciel et al., 2007; Heiffig et al., 2008;
Lima et al., 2008; Costa; Camargo, 2009; Lima et al., 2011).
O aumento de matéria orgânica na composição de substratos
para produção de mudas de pinhão-manso resulta em
melhoria nos parâmetros de qualidade dessas mudas
(Medeiros, 2010; Trajano, 2010). Provavelmente, o húmus
de minhoca, o composto vegetal e a cama de frango,
sozinhos ou em combinação com solo, favorecem a
formação das raízes e parte aérea. Os recipientes também
exerceram um efeito importante, pois influenciaram
significativamente a formação das raízes e a área foliar das
plantas.
Conclusão
Tanto o recipiente quanto o substrato influenciam
significativamente o crescimento das mudas de pinhãomanso. O saco de polietileno apresentou um desempenho
superior em relação ao tubete, pois resultou maior produção
de raízes e maior área foliar. Os substratos húmus de
minhoca, composto vegetal e cama de frango, sozinhos ou
em combinação com solo, também foram significativamente
superiores para o crescimento das mudas.
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