compromisso Adoção é
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compromisso Adoção é
EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br oé Adoçãm o s s i o r p com na poltrona MÁRCIO BARROS companheirismo e fidelidade incondicionais 1} 7 olhares DIFERENTES SOBRE ADOÇÃO ANIMAL ESPECIAL 2} transanet.com.br EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br editorial O assunto que nos move nessa edição é adoção, compromisso. Temos visto acontecer nas redes sociais um movimento que pode nos levar a importantes mudanças de hábitos sociais. Hábitos sociais são dezenas de hábitos individuais, que acabam fazendo com que muitos se movam na mesma direção. “Os movimentos sociais não surgem porque todo mundo de repente decide olhar na mesma direção ao mesmo tempo. Eles dependem de padrões sociais que começam como hábitos de amizade, crescem através de hábitos comunitários e são sustentados por novos hábitos que mudam a noção de identidade dos participantes” (O Poder do Hábito – Charles Duhigg, Objetiva). Tudo pode começar com um gesto isolado de amor por um animalzinho. O dono apaixonado comenta com um amigo que adotou um cachorro, ou um gatinho, ou…e está num relacionamento sério de amizade e compromisso com esse ser. O amigo que conhece o dono e agora o animalzinho, conta para outro amigo o que ouviu e então, esse amigo do amigo que tinha vontade de adotar sente-se motivado, adota e conta para um amigo e …assim uma favorável “pressão social”, um saudável senso de obrigação vai contagiando as pessoas. De forma que uma pequena vitória na vida de um ser, pode alimentar mudanças transformadoras, não apenas na vida do animal que fora resgatado do abandono, mas da vida daqueles que passam a fazer disso uma causa, um motivo. Desejamos e precisamos de uma sociedade melhor, não a teremos se não adotarmos atitudes de compaixão e responsabilidade para com nosso próximo, que pode ser diferente da gente, inclusive de outra espécie, mas da mesma natureza: a vida! Por isso essa edição se debruça sobre adoção animal, debate, reconhece, homenageia, incentiva e valoriza essa atitude tão necessária e importante que vem ocorrendo em nossa sociedade. Nossa capa e poltrona trazem o repórter policial da rede Massa Márcio Barros e seu cão adotivo Bradock. Márcio fala sobre adoção e violência social. E tem ainda a presença de convidados, amigos do perfil da Psicobela, ouvintes do programa Light News na Transamérica Light (95,1), compartilhando histórias de seus “bichos”. E finalizamos com a imagem da realidade que abordamos, a de um “lobo solitário”, que não sabemos se tem nome, nem onde vive, mas que representa muitos animais sem lar. O observamos ao longe enquanto aguardávamos no parque a dupla que ilustra nossa capa. Caminhava lentamente, e mancava. Partiu, num destino talvez incerto, talvez de sorte, carregando seu “pão do dia”. Um beijo, Maria Marta CRP 08/07401 3} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br 7 áreas relacionamento profissional espiritual emocional 4} física financeiro [nossa homenagem] As diversas representações do nosso amor por cães, gatos, papagaios e qualquer bichinho de estimação encontra seu ápice no trabalho do cartunista norte-americano Bill Waterson e seu Calvin & Haroldo. social 20 13 } nesta edição { julho nº 08 Maria Marta 6 é o ã ç o d A o s s i m o r comp Empatia, solidariedade, abandono, morte e algo mais… Luciana Chemim 10 Amar é comprometer-se. Marcio Barros 14 Na Poltrona Mirian Montanari 22 Aprendendo de espiritualidade com os animais Grüdtner Joice Rocha 24 Lugar de gente e lugar de bicho Daniel Atividade física 26 animal Herrmann Roberte Os animais se adaptaram aos humanos ou os 30 humanos é que se adaptaram aos animais? Metring Altemir Família, temos um novo membro! Farinhas 32 [expediente] Direcão geral: Psicóloga Maria Marta Ferreira [CRP 08/07401] Projeto editorial: Clecyo de Sousa [clecyo.com] Sistema web: Projetual Rua Dom Alberto Gonçalves, 66 | Mercês - Curitiba/PR (41) 3015-8818 | (41) 9186-1464 Psicobela é marca registrada na República Federativa do Brasil, através do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI. ® 2013 – Todos os direitos são reservados. 5} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br Empatia, solidariedade, abandono, morte e algo mais… relacionamento Maria Marta 6} O estudioso do comportamento canino Stanley Coren, autor de A Inteligência dos Cães (Ediouro) observa que os cachorros sentem o mundo quase como nós, e diz que o cérebro canino é muito parecido com o de uma criança de 02 ou 03 anos. Descreve que os cães têm sentimentos primários como alegria, medo e raiva. Não são capazes de realizar processos cognitivos mais complexos, o que não significa que devamos ignorar, menosprezar seus sentimentos. Tou Chih-kang O fotógrafo Tou Chih-kang (Tou Yun-fei) durante dois anos acompanhou os últimos momentos de vida de mais de 400 cães, a maioria abandonados pelos donos numa associação de abrigo de animais em Taoyuan, Taiwan. Depois de serem fotografados, os animais eram levados por um veterinário para serem adormecidos com uma injeção letal. Tou retratou-os para que não fossem esquecidos, retratou-os para chamar a atenção para uma realidade pouco falada nos órgãos de comunicação de Taiwan: o abandono (e consequente eutanásia) de animais. foi embora. Apelidado de Leleco pelas testemunhas que viram o animal sendo abandonado e o resgataram, relatam que o animal correu 4 km atrás do carro de seu dono. Um pouco de empatia e podemos imaginar a situação desse animal, sem entender o que se passava, em sua tentativa vã de alcançar o algoz do seu abandono. Como uma criança pequena que se desespera na ausência de seus pais. O que se passa na cabeça desse homem, qual a extensão da sua ignorância, da sua maldade, da sua inconsequência? Nos olhares, nos corpos esqueléticos, nas mazelas de maus tratos, vê-se o que de pior existe no ser humano. A crueldade e a capacidade de abandonar porque cresceram e ocupam mais espaço, porque dão despesa, dão mais trabalho, perderam a graça. Bem mais perto da gente, o site G1 relatou uma história no Espírito Santo em que um ”dono” abandonou um cachorro no acostamento da BR-101 e Tou Chih-kang 7} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br Nos olhares, nos corpos esqueléticos, nas mazelas de maus tratos, vê-se o que de pior existe no ser humano. A crueldade e a capacidade de abandonar porque cresceram e ocupam mais espaço, porque dão despesa, dão mais trabalho, perderam a graça. Violência, maus tratos, abandono, morte. Os animais não são seres descartáveis, são seres vivos. Não vamos posar de hipócritas, pois às vezes uma mudança, um problema de saúde ou alterações no curso da vida impede a continuidade da convivência, mas isso não dispensa a responsabilidade, o respeito, o direcionamento que obrigatoriamente precisa se dar aquela vida que estava sob os cuidados de alguém. Longe de tecer julgamentos o que precisamos é propor reflexões, provocar reestruturações, pensar em resoluções para a convivência amistosa e responsável entre animais e pessoas. Muitas bandeiras se levantam em favor da natureza, da sustentabilidade. Pensamos no verde, tememos 8} a escassez de oxigênio. Talvez devêssemos nos preocupar também com a superficialidade dos sentimentos, a carência de empatia e solidariedade que são também, verdadeiramente, oxigênio para relações de seres vivos que habitam a terra. Quem viu o filme Avatar pode lembrar das conexões entre a floresta e o povo habitante dela: os Na’Vi. Umas das falas que mais gostei no filme foi aquela em que Neytiri diz para Jake: “eu vejo você”! Essa frase resume toda a história e sintetiza a palavra RESPEITO. Se realmente vemos o outro, não importa se tem pele azul, pêlos, pés ou patas, podemos compreender que o direito à vida e a dignidade é de todos os que respiram e a responsabilidade em algum aspecto é de todos nós! {Maria marta } Psicóloga [CRP 08/07401] [email protected] &Ale Maria Rafart Nossa história com o Ale foi de amor à primeira vista: minha filha Layla e eu o vimos num shopping no Rio de Janeiro, e ele veio para casa depois de dois dias de reflexões (e de culpa)... Ele é voluntário comigo na ONG Cão Amigo, e fazemos visitas a crianças e adolescentes especiais. O Ale interage com muito respeito com os assistidos, apesar de sempre ser animado: basta colocar a bandana, que é o uniforme dele, e ele faz tudo direitinho... É sempre um a alegria conviver com ele, voltar para casa tem um sabor de aconchego quando a gente tem um ser como ele à nossa espera. 9} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br Amar é comprometer-se Quem de nós não sonhou, em algum momento da vida, encontrar um cachorrinho a nos esperar abanando o rabinho na porta de entrada da casa? 10} Creio que a maioria das crianças desejaria ter um animalzinho de estimação a lhes fazer companhia durante a hora de dormir, para correr no parque e, por que não, participar das brincadeiras em meio a bolas e bonecas que se espalham pela casa. E o cenário é realmente encantador, digno daquelas propagandas de margarina que todos nós gostaríamos de vivenciar todos os dias ao som de “Oh, Happy Day”. profissional Luciana Chemim E a questão é que, muitos pais, ludibriados pelos desejos de seus filhos, acabam cedendo e levando para casa o “novo membro da família”, pensando apenas nos momentos de diversão obviamente proporcionados por um animalzinho e esquecendo-se que tal atitude deve ser pautada, primordialmente, no amor, lembrando que este não sobrevive sem a responsabilidade, afinal, amar é comprometer-se e, isso também se aplica aos animais. Quando li sobre o tema deste trimestre fiquei perdida. Que contribuição poderia dar se o animalzinho que permiti que meu filho trouxesse para nosso apartamento é um peixe chamado Neymar, Comer e aprender na casa do Chef la.m.cucina EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br pelo fato dele não precisar tanto de nossa atenção e cuidados? Então, pensei: falarei sobre as razões da minha escolha, antes que esta minha frase soe desumana para alguns. Praticamente todo sábado levo meu filho de 10 anos em feiras de animais, mas já saímos de casa com a condição de que ele só irá brincar, fazer um carinho aqui e outro ali e voltar para casa com as mãos vazias, ainda que a vontade, dele e minha, admito, seja a de carregar meia dúzia de bichinhos embaixo dos braços. Sim, eles são apaixonantes e é claro que muitos desejariam ter um mini zoo dentro de casa. Mas, o fato é que comprar ou adotar um animalzinho para satisfazer nosso desejo pessoal de ter uma companhia para depois do trabalho, se estivermos dispostos, ou para correr no parque, quando não tiver outro programa melhor, me parece um tanto egoísta. É triste ver um animalzinho abandonado perambulando pelas ruas, não há dúvidas, mas acho cruel o abandono afetivo, ainda que se tenha a presença física. Em outros termos, não consigo conceber a ideia de trazer para minha vida um bichinho e 12} deixá-lo passar seus dias solitário, ansioso pela chegada noturna de sua “dona” que, distraidamente, esqueceu de encher seu potinho d’água. E a questão é tão grave e tão frequente que tramita no Congresso Nacional o anteprojeto do Código Penal que, dentre mudanças relevantes em nossa sociedade, prevê a penalização para quem praticar maus tratos contra os animais, bem como para o abandono ou omissão de socorro que, dependendo do caso, pode chegar a seis anos de reclusão. Mas, o fato é que comprar ou adotar um animalzinho para satisfazer nosso desejo pessoal de ter uma companhia para depois do trabalho, se estivermos dispostos, ou para correr no parque, quando não tiver outro programa melhor, me parece um tanto egoísta. Não vou iniciar aqui uma discussão jurídica acerca da severidade na punição ou mesmo fazer uma análise sobre a desproporcionalidade destas medidas quando nos referimos a crimes idênticos em que as vítimas são seres humanos, até porque, este não é o objetivo do presente artigo. De toda forma, penso que a sociedade em geral, que clama tanto por paz, deve preservar a vida com qualidade em qualquer espécie, de modo que nenhuma forma de proteção deve ser banalizada, especialmente quando se trata de seres indefesos, pois só assim conseguiremos, efetivamente, construir um mundo mais harmônico, mais pacífico e, sobretudo, um mundo de mais amor e comprometimento. Finalizo parafraseando Leonardo da Vinci que, esteja onde estiver, deve estar feliz em ver sua profecia tomando vida: “chegará o dia em que todo homem conhecerá o íntimo de um animal. E neste dia, todo o crime contra o animal será um crime contra a humanidade.” {LUCIANA CHEMIM Advogada e Professora [email protected] } &Angel Maritza Eu nunca foi chegada a animais. Nunca sequer passei as mãos em cachorros e gatos, mas sabia que seria bom para minha filhota, hoje com 8 anos, ter um animal de estimação. Como temos pouco espaço e pouco tempo, pensamos num peixe, tartaruga (daquela pequenas), passarinho ... Mas já ia logo dizendo para o meu marido que era 13} ele quem ia cuidar ... Um dia minha filha pediu para entrar num pet e de cara vi a minha Angel .. na época ainda menor! Fiquei doida e com a desculpa de que era para a Luana a trouxemos para casa! Quem me viu quem me vê ... hoje limpo a gaiola, coloco folhinhas de brócolis bem fresquinhas e pego nas mãos. Quando encosto na gaiola ela coloca as patinhas (que se parecem com mãozinhas minúsculas) sobre o meu dedo. E o mais engraçado era que eu achava estranhos os outros conversando com seus bichos e agora, quem conversa um monte com a Angelina? EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br Márcio Barros 14} O dia era propício para compartilhar histórias de adoção. No domingo ensolarado do dia das mães, encontramos o repórter Marcio Barros e seu “amigo cão” Bradock no parque Barigui, para falar sobre trabalho, amizade, fé e adoção. na poltrona POR } {CLECYO DE SOUSA Já na chegada Bradock aventurava-se na direção de uma poça imprópria para banho enquanto seu dono tentava convencê-lo do contrário. Acabou dando tudo certo! E são assim esses amigos caninos, como crianças pequenas, precisam de amor, supervisão e cuidados para desempenharem o que sabem fazer de melhor: retribuir com companheirismo e fidelidade incondicionais. Conheçam mais sobre nossa personalidade na poltrona dessa edição e encante-se com os momentos de cumplicidade e carinho dessa dupla. 15} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br Psicobela Digital – Márcio, conte-nos um pouco sobre sua experiência como repórter policial do Jornal Tribuna do Paraná - Rede Massa. Marcio Barros – Sou formado em Comunicação Social há 10 anos, antes fiz dois anos de faculdade de História. Sou Pós graduado em Gestão de Políticas Públicas e Cidadania. Já trabalhei em diversas áreas do jornalismo, mas realmente me identifiquei com o Jornalismo Policial. Trabalho há 8 anos no Jornal Tribuna do Paraná, e há 4 na Rede Massa, onde faço matérias de diversos editorias. A editoria policial sempre me atraiu, pois desde a adolescência estive envolvido em projetos sociais, projetos de responsabilidade social e voluntariado, e cobrir o dia-a-dia da violência urbana, das mazelas da sociedade, dos descasos do poder público, de certa forma, me atraiu. No começo meio receoso, mas com o passar do tempo, com a vontade de fazer a diferença através das páginas de um grande jornal. Acredito que o tão estereotipado jornalismo policial, cresceu e se tornou maior do que se imaginava, e até mesmo, maior do que queriam os diretores dos veículos de comunicação. Hoje tratamos o 16} assunto como Segurança Pública, que consegue ser muito mais transformador do que simplesmente jornalístico. PD – Essa edição aborda Adoção Animal - amizade e responsabilidade. Compartilhe conosco sua história de adoção do Bradock. MB – Voltando do cinema, por volta de 23h, eu e uma amiga vimos a silhueta de um cachorro, em um cruzamento. Achamos curioso e voltamos para ver o que era. Encontramos um cachorro da raça Dachshund, com uma fratura na pata direita. Mesmo machucado ele correu por aproximadamente quatro quadras até ela conseguiu segurá-lo. Imediatamente levamos até uma clínica, e o atendimento invadiu a madrugada. Ele estava com uma fratura exposta e precisaria fazer uma cirurgia. Levei ele para meu apartamento, dei banho, anti-pulgas e cuidei dele até que pudesse fazer a cirurgia. O dr. Paulo, da Clínica São Francisco de Assis, sabendo que ele era um cão recolhido na rua, fez um preço camarada. Além da cirurgia, foi necessário colocar um pino. Por conta de toda essa situação que ele passou, escolhemos o nome Bradock, em homenagem ao personagem de guerra, vivido pelo ator Chuck Norris. A nossa relação foi crescendo. No início ele não se sentia confiante, mas com o passar do tempo, ele entendeu que o que eu queria era realmente cuidar dele e hoje, depois de quase um ano depois de resgatá-lo, somos bons amigos. PD – Em seu trabalho você lida diariamente com a violência? Você diria que isso também se estende aos animais? MB – Sim. O meu dia-a-dia é cobrir fatos relacionados ao jornalismo policial. Homicídios, latrocínios (Roubo seguido de morte), furtos, roubos, estupros, violência doméstica, entre outras coisas. E com frequência, violência contra animais, infelizmente, fazem parte do meu trabalho. PD – Sua formação profissional inclui políticas públicas e cidadania. Reunindo sua experiência profissional a essa temática, tem pensado em alguma ação que possa favorecer o delicado tema da violência contra animais? MB– Percebo que a atenção, tanto da sociedade organizada quanto do poder público tem aumentado, mas ainda é tímido. Faltam políticas públicas que atuem diretamente na comunidade. Por um lado, nas periferias vemos cães abandonados, nascendo e vivendo cheios de doenças, passando fome e sendo mal tratados, por outro, vemos animais de raça servindo de fábrica de bichos que são vendidos a preços absurdos. Essa desigualdade precisa ser combatida. Obviamente as pessoas devem ter a liberdade de escolher a raça, a cor, o tamanho do animal que quer ter O dr. Paulo, da Clínica São Francisco de Assis, sabendo que ele era um cão recolhido na rua, fez um preço camarada. Além da cirurgia, foi necessário colocar um pino. Por conta de toda essa situação que ele passou, escolhemos o nome Bradock, em homenagem ao personagem de guerra, vivido pelo ator Chuck Norris. em casa, que se adeque com a sua realidade, mas é preciso ações de orientação e principalmente castração dos animais de rua. Isso evitaria a proliferação, mas estes animais que já estão nas ruas precisam ser recolhidos e levados para um centro de zoonoses, mas nem todos os municípios possuem. PD – Pessoas nas redes sociais diariamente postam, compartilham campanhas em favor da adoção, contra a violência e abandono. Que peso você atribui a interferência dessas mídias? MB – Acho que foi, e está sendo, justamente por conta das redes sociais, que a atenção aos animais tem aumentado. Com frequência vemos vídeos de agressões, fotos chocantes que são compartilhadas por milhares de pessoas. Por conta disso, os meios de comunicação, percebendo que o assunto é polemico, também dão a sua contribuição colocando o assunto em discussão. 17} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br 18} Sou extremamente a favor da discussão em todas as esferas da sociedade com relação ao respeito e atenção destinada aos animais. PD – No que você é contra e no que é a favor na acentuada valorização das relações das pessoas e animais de estimação na atualidade? MB – Sou extremamente a favor da discussão em todas as esferas da sociedade com relação ao respeito e atenção destinada aos animais. Na Bíblia, no capítulo 150 do livro de Salmos, Davi escreveu: “Todo ser que respira louve ao Senhor”, impossível não acreditar que um ser, que demonstra sentimentos, atenção e tantas outras coisas não seja uma criação divina. Cada um deve saber como cuidar do seu animal de estimação. Na minha casa o Bradock tem algumas regras que ele aprendeu a segui-las, através de condicionamento. Ele não sobe na cama, não faz as necessidades dentro do apartamento, e quando estamos fazendo as nossas refeições, ele fica na cama dele até ser chamado. PD – Você é pai. Como orienta suas filhas sobre essas questões sociais? MB – Minhas filhas moram com a mãe e não tem nenhum animal em casa. Mas elas adoram o Bradock, e também o Pacato, um Gold Retriver e o Ziggy, um poodle, que são dos avós. Procuro ensiná-las que o animal sente dor, sente fome, sede, e precisa de atenção. O dia que eles tiverem condições de dar tudo isso para um bichinho, eu mesmo darei um de presente. PD – Quem te acompanha nas redes sociais acostuma-se a ler postagens suas relativas a espiritualidade. Qual a corelação da fé com seu trabalho e vida pessoal? MB – Na minha adolescência frequentei a Igreja Batista. Criei raízes, e de certa forma uma base, fortalecida na fé cristã. Depois me afastei e fiquei mais de 10 anos sem freqüentar igreja nenhuma. Há pouco tempo percebi que esse tempo afastado, foi uma década perdida. Com a maturidade dos quase 40 anos de vida, entendi que para ser feliz, é preciso manter o equilíbrio em algumas áreas da vida. Fé, relacionamento e finanças. Se um dessas áreas não está bem, nada vai bem. E crer em Deus, é muito pessoal, e diferente do que crer no que um pastor fala, ou seguir os dogmas de uma igreja. Como eu disse, com a maturidade você aprende a ter uma intimidade com Deus, ser autônomo na fé, questionar os dogmas e principalmente entender o que te faz feliz. PD – Se você tivesse uma cota de poder para mudar algo importante no mundo, o que mudaria? MB – Tiraria o poder das pessoas. Os poderosos, sejam eles políticos, religiosos, burgueses e até mesmo os responsáveis pela segurança, eram pessoas boas que ganharam a credibilidade, conseguiram chegar em um lugar de destaque e se corromperam. 19} 20} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br essencial Esporte: Essencial nessa nova fase da minha vida Música: O ar que eu respiro Um Filme: Cinema Paradiso Uma flor: Girassol Estação do Ano: Verão Prato preferido: Macarrão com molho Bolognesa Um lugar perfeito: Mendoza, na Argentina Pior pesadelo: Ficar longe das pessoas que eu amo Lazer: andar de longboard no Barigui Um sonho: Acabar com o crack, assim os adolescentes teriam maior perspectiva de vida. 21} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br 22} Aprendendo de espiritualidade com os animais Pituco era uma calopsita amarelo com cinza que ganhei do meu marido. Quando solto pelo apartamento, aparecia onde eu estivesse: subia no meu pé e quando chegava ao meu ombro, assobiava sem parar. Seu repertório de três músicas incluía até Aleluia, de Haendel! Eu tinha pena de cortar as asas do Pituco e ele começou a fugir. Fugiu a primeira, a segunda e a terceira vez. Eu o encontrei no estacionamento do prédio, no alto de uma mangueira e na casa de uma amiga, algumas casas acima da minha. Mas o Pituco continuou a fugir e na última vez não o vi mais. Impressionava-me a inteligência e o afeto demonstrados pelo meu bichinho de estimação. Se estivesse bravo, eu conversava suave e acariciava sua cabecinha. Ele fechava os olhinhos e relaxava. ESPIRITUAL Mirian Montanari Grüdtner Às vezes eu o acompanhava assobiando ou conversávamos longamente. Ele parecia entender emitindo sons em resposta às minhas perguntas... De acordo com a Bíblia, os animais surgiram no quinto dia da criação e o ser humano no sexto. Tal fato demonstra que o reino animal fora incluído no preparo do planeta para receber o homem e a mulher. Gosto de imaginar que, para a felicidade do homem, no projeto divino já havia a intenção de promover a Você já parou para pensar no profundo sentido das palavras “amar” e “servir”? Os animais amam e servem de forma impressionante! interação humana com a natureza animal. Na Criação, Deus colocou o homem como Seu “representante sobre as ordens inferiores de seres. Estes não podem compreender ou reconhecer a soberania de Deus, todavia foram feitos com capacidade de amar e servir ao homem.” 1 Você já parou para pensar no profundo sentido das palavras “amar” e “servir”? Os animais amam e servem de forma impressionante! “A inteligência apresentada por muitos mudos animais chega tão perto da inteligência humana que é um mistério. Os animais veem e ouvem, amam, temem e sofrem. Manifestam simpatia e ternura para com seus companheiros de sofrimento. Muitos animais mostram pelos que deles cuidam uma afeição muito superior à que é manifestada por alguns membros da raça humana. Criam para com o homem apegos que se não rompem senão à custa de grandes sofrimentos de sua parte.” 2 Mozzie é um beagle festeiro que minha filha ganhou do namorado. Muitas vezes me pego observando-o. Ele chora baixinho quando vê alguém saindo e ele tem que ficar. Faz a maior festa quando vê alguém da família chegando. Late, pula e literalmente abraça minhas pernas com as patas e aconchega a cabeça nas minhas mãos quando doulhe carinho. Então penso: o Mozzie não exige que lhe contratemos cabeleireiro particular, hospitais 24h com ultrassom e todos os tipos de exames, academia com hidroginástica e personal trainner, serviço de delivery, agência matrimonial, rações light e diet, mas ele nos ama incondicionalmente, é nosso fiel amigo, promove nossa felicidade e ternura com suas alegres traquinagens, e em troca quer apenas companhia, carinho, atenção e alimento. Pensando bem, o que seria desenvolver minha vida espiritual a não ser, a exemplo desses chamados irracionais, crescer no cultivo do amor e do serviço ao próximo, da ternura, da simpatia, da afeição e do apego para com meu próximo? {MIRIAM MONTANARI 1. WHITE, Elen. Patriarcas e Profetas, 45. CPB, Tatuí. 2. WHITE, Elen. A Ciência do Bom Viver, p. 315, 316. CPB, Tatuí. } Escritora www.mirianmontanari.blogspot.com 23} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br Lugar de gente e lugar de bicho Animais acompanham as rotinas familiares e sociais há muito tempo. Cuidamos, tratamos e criamos animais para companhia, segurança, trabalho e também subsistência. Os animais domésticos se tornam muitas vezes como parte da família, por vezes considerados tão importante quanto os membros familiares humanos. Em psicoterapia, é comum que hora ou outra os clientes tragam as histórias de seus animaizinhos, inclusive das crises nas relações entre gente e 24} bicho. Cada animalzinho, seja cachorro, gato ou passarinho, ocupa para o(s) dono(s) um lugar de importância e se torna parte da história familiar. Nestas relações tão próximas, os animais por vezes são tão bem cuidados que acabam seres mimados, cercados de luxos e rituais que não tem muito a ver com sua natureza. E em outro extremo, observamos também histórias de desistência, abandono e negligência. São dois opostos preocupantes. Normalmente, traçamos um vínculo relacional carregado de emoção e significados com nossos pets, o que podem ser muito bom e saudável. Especialmente se eles permanecem sendo os EMOCIONAL Joice Rocha animais e não “humanizados” demais. O risco de excesso é transferir ao animal uma carga emocional (seja ela “positiva” ou “negativa”) que muitas vezes não conseguimos expressar para nossos parceiros, pais, filhos, amigos, etc. Ou ainda dar ao animal a atenção e zelo por compensação à falta de familiares e amigos ao redor. Dentre as histórias de consultório, muitas vezes ouvi sobre situações em que os animais, geralmente cachorros ou gatos, adoeceram junto com seus donos ou tiveram mudanças comportamentais durante períodos de crise conjugal ou na família. É como se os animais domésticos acompanhassem as crises evolutivas de seus donos, participando inclusive das dificuldades e sintomas da família. Por estarem muito próximos a nós, os animais aprendem a “ler” nosso comportamento e se adaptam de acordo. O estudioso do comportamento canino Stanley Coren, autor de A Inteligência dos Cães (Ediouro) dá algumas dicas de como melhorar a sintonia com seu animal e entendê-lo melhor o que pode favorecer que cada um ocupe seu espaço na convivência: 1 - Os cachorros sentem o mundo quase como nós. O cérebro canino é muito parecido com o de uma criança de 02 ou 03 anos. Têm sentimentos primários como alegria, medo e raiva, mas ficam por aí. Não são capazes de realizar processos cognitivos mais complexos, por isso nada de achar que seu bichinho está sentindo culpa ou vergonha quando passa dos limites. 2 - Eles se comunicam. O rosnar pode indicar agressividade diante de uma ameaça, latidos rápidos e agudos podem ser uma forma de dizerem “olá”. Por isso vale a pena esforçar-se para compreender o que seu cão “quer dizer” com os latidos em diferentes formas. 3 - Eles são capazes de aprender cerca de 165 palavras. Se falar com ele usando sempre os mesmos comandos, o bicho fará uma associação entre a frase repetida e a ação solicitada. 4 - Eles são mestres na linguagem corporal. Sim eles lêem nossos estados emocionais pelo jeito como nos movemos e podem antecipar nossos comportamentos. Mas isso não significa que eles têm dons sobrenaturais. 5 - Não generalize a comunicação com seu bicho. Nem sempre uma cauda sendo sacudida pode significar olá. A velocidade com que abana a cauda Os cachorros sentem o mundo quase como nós. O cérebro canino é muito parecido com o de uma criança de 02 ou 03 anos. Têm sentimentos primários como alegria, medo e raiva, mas ficam por aí. pode indicar emoções diferentes. Vale a pena ficar atento e conhecer bem seu bichinho. Por motivos dessa natureza que investir na relação com seu bicho traz muitos benefícios. Acariciar, brincar com seu animalzinho segundo especialistas faz a pressão arterial diminuir, os níveis de hormônios relacionados a dor diminuírem e aumentarem os responsáveis pelo bem-estar. Por isso e não por acaso, são crescentes os trabalhos voluntários com cachorros em hospitais. Seja no cotidiano doméstico ou como “doutores” na participação da recuperação de pacientes, os cachorros são hábeis em tocas afetivas e trazem vantagens emocionais para quaisquer pessoa que goste deles e se comprometa com uma troca de qualidade sem descuidar-se do bem-estar dos pets. Essa adorável capacidade do ser humano em sentir prazer pelo outro, tem produzido verdadeiras trocas de amizade e carinho no exercício de amor ao próximo, fazendo com que “bicho e gente” construam laços de amizade e companheirismo que favorecem toda a família. E fica assim: gente lidando com bicho e bicho lidando com gente! {JOICE GOVEIA & MARIA MARTA FERREIRA Psicóloga [CRP 08/1141] [email protected] } 25} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br & Roseli Viana & Mariana 26} Cissa e Teodoro Miguel Lord Não há como discutir: conviver com um animal de estimação é uma grande responsabilidade. É preciso cuidar da higiene, levar para passear, ensinar alguns truques e regras, brincar, limpar a sujeira, alimentar e alisar (gastar a energia). Eles necessitam de atenção, companhia, carinho e proteção. É claro que alguns animais demandam mais cuidados do que outros, mas, para quem não sabe, é justamente essa necessidade contínua e o ambiente alegre que gera os benefícios para nós, seres humanos. FÍSICA Daniel Herrmann Atividade física animal Ter um bichinho de estimação é um fator motivador para a vida e sua presença melhora o nosso estado emocional. A convivência, a comunicação e o contato físico fazem com que ocorra a produção e liberação de vários hormônios e neurotransmissores em nosso organismo, justamente aqueles (como a endorfina) que causam a sensação de conforto e bem estar. Ok, mas e a atividade física? Bom, nesse ínterim, vamos tratar mais enfaticamente da atividade física acompanhada de cães, já que eles representam a grande maioria dos animais de estimação 27} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br adotados pelos humanos e constituem a maior parte dos estudos relacionados ao tema. Além disso, dificilmente se leva um peixe para passear, possuir um cavalo não é para qualquer um, o passeio com tartarugas não constitui uma grande atividade aeróbica e os gatos tendem a ficar extremamente irritados quando em coleiras (apesar de que procurar e tentar pegar um bichano pode constituir por si só um belo exercício). Estudo publicado no American Journal of Cardiology revelou que possuir um animal de estimação, particularmente cães, ajuda a controlar o estresse e a ansiedade, melhora a imunidade de crianças e adultos, diminui a pressão arterial e reduz o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Além disso, a interação entre homens e animais ajuda no tratamento da depressão e ameniza a solidão. Aqui em Curitiba, os frequentadores dos parques já estão acostumados a dividir o espaço com os animais e seus donos. Seja nos gramados ou nas pistas de cooper, lá estão eles. Especialistas da American Heart Association relatam, com base em diversos estudos, que os cães podem ser grandes aliados do seu coração, e um dos 28} motivos é justamente a necessidade que eles têm de sair para passear. Tutores de cães que saem para caminhar são mais ativos e atingem mais facilmente a quantidade mínima de exercício recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Um estudo demonstrou que os donos de cães fizeram mais atividade física a pé do que aqueles que não possuem cães e que os donos de cães foram 54 por cento mais propensos a atingir o nível recomendado de atividade física. O fato de sair para caminhar com os cães gera a redução de vários fatores de risco para doenças coronarianas, tais como a hipertensão arterial, Atividades estão ligadas diretamente ao estilo/costume/vontade do seu pet. Antes de qualquer atividade física que vá além da caminhada, é bom prestar a atenção em alguns detalhes e levar em conta alguns fatores. obesidade e níveis de colesterol, além de melhorar a resposta ao estresse. Claro, esses são os benefícios atingidos em exercícios aeróbicos, mas o grande papel do seu pet será o de estimulador. Simplesmente possuir um bicho de estimação não promoverá sua saúde, mas adotar alguns hábitos por conta dele, sim. Principalmente em indivíduos sedentários ou em reabilitação, pode ser este o pontapé inicial para um futuro programa de atividades físicas. Atividades estão ligadas diretamente ao estilo/ costume/vontade do seu pet. Antes de qualquer atividade física que vá além da caminhada, é bom prestar a atenção em alguns detalhes e levar em conta alguns fatores: - Preste atenção à especificidade de espécie e raça de seu companheiro. Alguns animais simplesmente não podem fazer atividade junto com você. - É imprescindível a consulta com um médico e um profissional de educação física para você, e um veterinário para seu amigo. - O tamanho do seu cão. Animais de pequeno porte podem ter dificuldades em acompanhar seu dono, dependendo do ritmo. - Tanto você quanto o seu animal precisam ser treinados gradualmente para melhorar o condicionamento. Se você já é praticante, pegue leve com ele. - Alguns cães não são talhados para atividades mais intensas do que caminhada. Seu basset não será um maratonista. - Hidratação para os dois. Preste atenção a algumas características, como por exemplo, a origem dele. Cães como o Husky Siberiano e outras raças de origens em climas frios, que possuem uma camada extra de gordura e/ou pelagem muito espessa desidratam muito durante o calor. E aqui algumas dicas de atividades físicas que você pode realizar com seu animal de estimação: - Caminhada/passeio; - Corrida estilo Cooper; - Corridas curtas de velocidade, estilo pega-pega; - Patins. Alguns animais de raças de caça e/ ou geneticamente talhados para corridas de velocidade, como os cães da raça Galgo, precisam de estímulos mais intensos para seu próprio bem estar, e desta forma aumentar o gasto de energético. É um bom pretexto para aprender a patinar, não é? - Para quem possui gatos, pode ser uma grande atividade brincar de caça (com brinquedos presos a linhas). Na verdade é bastante saudável e recomendável, e diminui a agressividade do bichano. -Arremessar objetos para ele buscar: ele corre e você trabalha os membros superiores, mas não se esqueça de fazê-lo com ambos os braços. Enfim, ter um companheiro animal só faz bem, tanto para nossa saúde mental quanto física. Pode ser que passear e brincar com ele não compreenda toda a atividade de que nosso organismo precisa, afinal de contas um programa de condicionamento físico deve abranger exercícios aeróbicos, de força, alongamento dentre outros, mas, em especial para indivíduos sedentários, esse é um excelente gatilho para sair da inércia. Procure seu médico e um profissional de educação física para obter orientações para você e um bom veterinário para avaliar seu colega animal. {Daniel Mathias Herrmann } Personal Trainer [CREF 012671-G/PR] [email protected] 29} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br 30} [Calvin & Haroldo] Hobbes, no original de Bill Waterson, é o tigre de Calvin que homenageia o filósofo do séc. 17, Thomas Hobbes. Dono de uma visão negativa da natureza humana, Haroldo possui uma dignidade paciente e o bom senso da maioria dos animais que Bill teve, segundo seu relato na coletânea Os Dez Anos de Calvin [1996, Best News]. Inspirado por uma de suas gatas, chamada Sprite, forneceu não só o corpo longo e as características faciais do Haroldo, mas também o modelo de sua personalidade bem-humorada, inteligente, amistosa e entusiástica. Jéssica, Julie &Mozzie & Paula Zanelo Hashi e Sushi 31} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br Os animais se adaptaram aos humanos ou os humanos é que se adaptaram aos animais? Ao longo de nossa escala evolutiva (para quem acredita no evolucionismo), os animais habitavam o planeta muito antes dos homens, já que a evolução humana é relativamente recente, alguns milhões de anos. Dessa forma, me permito pensar se os animais se adaptaram aos humanos ou os humanos é que se adaptaram aos animais. 32} SOCIAL Roberte Metring Olhando grosso modo, parece que a última alternativa é a correta, pois que os animais hoje, em particular os domésticos, dispõem de regalias e prerrogativas que muitos humanos não possuem, principalmente as crianças. Mas porque é que os humanos tem tanta disposição assim a serem controlados por seus animais, alguns até mesmo chamando os animais de filhos, etc. (“vem com a mamãe” é assustador para ser ouvido por uma criança, já imaginou isso? Mamãe? O que está errado comigo então se não me pareço com esse cachorrinho? Ou é melhor me parecer?). Claro que há o outro lado da moeda, e vemos humanos perversos dilapidando animais pelo prazer de fazê-lo. Mas isso não me assusta, pois os que fazem isso com os animais são capazes de fazer igualmente com os humanos, principalmente se for um humano criança. Animais e humanos tem uma característica comum: amor incondicional e fidelidade. Talvez seja isto que mantêm essa relação tão estreita. Porém, a verdade não é exatamente assim. Criança tem amor incondicional, animal tem amor condicionado. O companheirismo do animal é o mesmo que ele ofereceria ao chefe do bando, assim também o cuidado e o amor (??) que aparentemente ele doa a seu dono. A criança não, ela tem predicados e requisitos básicos (emocionais e neurológicos) que lhe permite destinar o amor a uma pessoa específica, mesmo que ela não seja sua dona, e também - e isso assusta aos adultos, é capaz de redirecionar seu amor em determinadas circunstâncias, a outras pessoas, até mesmo purgando o amor antigo. Vou reforçar: criança é incondicional, animal é condicionado. Falem o que desejarem os que lêem esse artigo, e pelos motivos que lhes bem aprouver, mas assim é que é. A companhia de um animal, sem dúvida, alimenta o ego e renova a alma. Companheirismo e amor. E isso faz muito bem. E funciona muito bem com gatos e cachorros, em graus diferenciados. Nada de errado existe nessa relação, desde que o humano Animais e humanos tem uma característica comum: amor incondicional e fidelidade. Talvez seja isto que mantêm essa relação tão estreita. Porém, a verdade não é exatamente assim. (inteligente ?!?!?) saiba quem é quem, quais as necessidades e o que pode-se esperar da relação e não queira tratar um animal como um humano, pois ele talvez nem deseje isso. Agora voltemos ao inicio do texto: animais existiam antes dos humanos, e agora habitamos o mesmo planeta. Somos peças do mesmo quebra-cabeças, isso é certo. Portanto, é permitido pensar que os animais não existem somente para nos servir, eles existem, e na essência, é só isso. Agora cabe a nós verificarmos o padrão de relacionamento saudável que podemos dar a essa coexistência num mesmo planeta. Humanos desenvolveram a capacidade de se adaptar e adaptar o ambiente às suas necessidades através da atividade cerebral desenvolvida, chamada na neurociência de função executiva. Animais não usam essa função mental, eles não modificam o ambiente, nem mesmo modificam suas condutas. Eles resolvem os seus problemas com a carga genética que lhes é peculiar, ou seja, um rato resolve como um rato, um cão como um cão, e assim por diante. Não elaboram planos, não constroem pontes, não agitam na bolsa de valores nem criam modelos filosóficos para suas 33} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br vidas, muito menos um cão deseja ser um gato ou um gato deseja ser um cão. Então porque razões deveria um animal de estimação querer ser um humano? Os limites precisam ser revistos sim. Os humanos estão perdendo a dimensão da escala evolutiva, e estão tratando cada vez mais animais como humanos (que não podem ser), e humanos como animais (alguns conseguem sê-lo de forma fantástica, abrindo mão de suas funções mentais superiores para agirem como simples animais). Sou totalmente a favor de um tratamento digno para os animais, devemos muito a eles por todas as pesquisas e descobertas realizadas em benefício nosso através dos experimentos com eles realizados. Eles merecem tudo de bom que 34} Alessandra Renoir & pudermos dar. Porém, não devemos ignorar as necessidades humanas que desfilam à nossa frente, e não sei até onde podemos classificar como humano o gasto exorbitante que se faz para manter um bichinho de estimação, em particular os de pedigree, quando passamos na frente de crianças abandonas e famintas nas esquinas de nossas ruas, e não podemos (?) fazer nada. Cuidemos de nossos animais com a dignidade que merecem, sem no entanto, dilapidar a consciência de humanidade que existe em cada um frente aos nossos irmãos maiores na escala evolutiva: o outro ser humano. {ROBERTE METRING Psicólogo [CRP 08/8758] blog.psicologoroberte.com.br. Alessandra Bevilaqua } A inspiração do nome de nosso gato, veio das obras de A inspiração do nome de nosso gato, veio dasPierr Auguste Renoir (1841 - 1919) - Julie Manet com O gato e A moça com o gato preto de Boldini(1842 - 1931). obras de Pierr Auguste Renoir (1841 - 1919)Renoir é um companheiro bom de cama rsrsrs, princi- Julie Manet com O gato e A moça com o gato palmente em dias de chuva, dia de frio, dia de calor, bem, todos os dias. preto de Boldini (1842 - 1931). E um companheiro de garfo, adora iogurte e bombom de Renoir é um companheiro bom de cama rsrsrs, morango.Carinhoso e super fofo. principalmente em dias de chuva, dia de frio,Prazer dia em conhece-los, sou Renoir. de calor, bem, todos os dias. E um companheiro de garfo, adora iogurte e bombom de morango.Carinhoso e super fofo. Prazer em conhece-los, sou Renoir. Agora tem Psicobela na revista Ética & Estética A cada estação do ano uma edição especial, com uma coluna interativa sobre comportamento. Acesse no Facebook: RevistaEticaeEstetica 35} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br Família, temos um novo membro! Caro leitor, vou enumerar despesas e gastos, embora muitos não gostem de lidar com números, porém solicito que me dê um voto de confiança e leia o artigo até o final, tenho e gosto de animais de estimação. Ninguém faz as contas antes de “adotar” o seu bichinho, na hora a decisão é pautada em quanto custa, qual o preço de alguns assessórios e pronto, leva-se o novo membro para casa. FINANCEIRO Altemir Farinhas 36} É uma decisão emocional e não racional, com pouca razão e muita emoção. Aquele animalzinho pequeno, os olhinhos, a cor, a carinha, o jeitinho e ... vou parar por aqui pois a lista é grande. 2012, segundo a ABINPET (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação). O Brasil tem mais de 100 milhões de pets, entre cães, gatos, peixes, aves e outros, e hoje divide com o Japão a posição de segundo maior mercado do mundo em produtos e serviços pet, atrás somente dos Estados Unidos. O setor faturou R$ 12,2 bilhões em 2011 e deve ter faturado R$ 14,2 bilhões em Em casa eu tenho duas cachorrinhas, e no começo eu reclamava que elas comem filé mignon todos os dia e eu somente de vez em quando. Essa minha reclamação é devido ao preço da ração, e depois de muita explicação das “donas”, aceitei pagar o preço. Quanto será que mais um membro vai impactar o planejamento financeiro familiar? Apresento uma lista de possíveis despesas com seu animal de estimação: DESPESAS INICIAIS PREÇO ESTIMADO Aquisição/compraR$ 300,00 Acessórios R$ 100,00 Ração R$ 50,00 Higiene R$ 30,00 Medicamento R$ 20,00 A questão não é se vale ou não a pena. A minha preocupação é que o bichano não tem culpa de um erro de planejamento do dono(a). CastraçãoR$ 70,00 Microchip (identificação definitiva) R$ 60,00 TOTALR$ 630,00 DESPESAS MENSAIS PREÇO ESTIMADO RaçãoR$ 50,00 Higiene (fralda, terra, outros) R$ 20,00 Acessórios R$ 20,00 Banho e tosa R$ 30,00 Veterinário R$ 20,00/h (provisão mensal, para duas consultas por ano) TOTALR$ 140,00 Os preços são estimados, não levei em conta raça, tamanho ou tipo de animal, bem como marcas de ração e produtos. Fiz uma média desses gastos, um pacote de ração dura meses e não é todo mês que se gasta com acessórios ou veterinário. Existem também as despesas extras e é outra longa lista, é claro que depende de cada dono e de determinadas circunstâncias: despesas com hotel/ canil, creche, custo adicional ao viajar de avião, táxi/ transporte, cemitério de animais, planos de saúde, casa de festas, spa’s, outras. O gasto médio mensal com um animal de estimação pode ser de apenas R$ 15,00 (dependendo do pet) e superar a casa dos R$ 1.000,00 (dependendo do poder aquisitivo do dono e as regalias). A questão não é se vale ou não a pena. A minha preocupação é que o bichano não tem culpa de um erro de planejamento do dono(a). Uma família pode estar endividada e continuar arcando com as despesas de manutenção do seu animal de estimação. A dona do bichano pode estar estressada com suas contas, por não viajar, não comprar o que deseja, mas gasta um bom valor mensalmente com seu animal. Em outros casos abandonam o animal, quando a culpa não é dele. O planejamento financeiro familiar é um controle que mostra para onde vai o dinheiro. Sei de casos de pessoas que investem tanto no seu pet, que deixam de fazer outras coisas, até de pensar em sua aposentadoria. Esses são exemplos negativos, de donos que por um ou outro motivo gastam mais do que podem, estão transferindo para seu bichinho algo que precisa ser tratado. Algumas coisas tem preço enquanto outras tem valor e a alegria de se ter um amigo, uma companhia, não pode ser mensurada ou somente calculada. {ALTEMIR FARINHAS } Palestrante, especialista em Educação Financeira Twitter: Proffarinhas [email protected] www.equilibriofinanceiro.com.br 37} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br Eu sempre gostei de ajudar animais carentes e de rua. Já ajudei muitos cachorros, mas meu foco principal são os gatos. Nas redes sociais sempre aparecem as protetoras de animais pedindo ajuda para castrar, comprar remédios, pagar hotelzinho para os resgatados... mas, um pedido em especial me chamou atenção, era uma moça contando que havia aparecido na casa dela um gato que estava apodrecendo vivo, pois parecia que tinha sido mordido por um cachorro. Pedi para essa pessoa levar o gato na veterinária que cuida dos meus bichinhos. Ele foi examinado e pensaram até em sacrificá-lo, mas como ele estava tendo apetite e conseguindo se alimentar, ela resolveu dar uma chance a ele, mesmo não acreditando que ele poderia se recuperar daquela lesão grave. Ele ficou lá internado aproximadamente por uns 2 meses e meio, se recuperou bem, foi castrado e colocado para & Vitor, Lene Família 38} adoção. A veterinária o batizou com o nome de Vitor. Eu acompanhei todo seu tratamento, e tentei não me envolver emocionalmente. Como sempre íamos lá visitá-lo, meu marido e filho ficaram encantados com aquele gato laranja carente, bonzinho e carinhoso... e resolvemos adotá-lo. O Vitor foi recebido em nossa casa com muito carinho e mimos. Ficou vivendo feliz e saudável vários meses, até que em fevereiro desse ano, ele apresentou formação de cálculo na bexiga, passou por uma cirurgia na uretra, se recuperou, porém ocorreu estenose no local e no mês de maio teve que operar novamente...agora está em casa se recuperando bem, depois de 30 dias internado. Passamos esses últimos quatro meses de muita angústia e incerteza se nosso Vitor iria se recuperar bem, mas graças a São Francisco, ele nos surpreendeu novamente e está praticamente recuperado. Vale muito a pena resgatar um animalzinho abandonado, a gratidão é visível e incondicional. 39} & Dayane Angel Essa é filhote de pitbull com vira lata. A mãe dela foi encontrada na rua. Da ninhada peguei esse ser que a cada dia eu amo, os outros irmãos foram doados. Nos amamos a Angel sem cobrar nada em troca! EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br A Manu é a nossa sexta gata. Não pensávamos em mais gatos, pois a nossa “prole” já era numerosa, todos sem raça definida e com história de abandono. Úrsula Guirro Manu & 40} A nossa caçula chegou em casa numa espécie de emergência: foi encontrada abandonada ainda bem filhotinha, com umbigo e olhinhos fechados! A veterinária calculou entre 2 ou 3 dias de vida. Ela pesava 95 gramas! Demos mamadeira de leite de vaca por uns 40 dias, de 3 em 3 horas. Foras dias bem corridos, pois eu e meu esposo trabalhamos, e noites interrompidas pelo chorinho dela. Descobrimos que filhotes não fazem xixi e cocô sozinhos, uma vez que a mãegata os lambe... Na ausência da mãe, usávamos gaze com água morna e esfregávamos a barriguinha e as “partes baixas”. Foi lindo vê-la crescer! É super carinhosa e brincalhona e se deu bem com todos os outros gatos da casa. A pequena cresceu bem e hoje tem pouco mais de um ano. Não me envergonho de AMAR e DEFENDER os animais. Me envergonha pertencer a uma sociedade que maltrata seres indefesos. J.L.M. Se você não pode ter um bichinho de estimação, que tal ajudar quem ajuda? Instituições para adoção de animais Indicamos estas instituições que se empenham diariamente para acomodar centenas de cães e gatos. Eles investem na qualidade de vida dos animais, que precisam de ração, cuidados veterinários e de um lar seguro e responsável. > Beco da Esperança http://www.becodaesperanca.org/ > Beco da Esperança https://www.facebook.com/becodaesperanca.org?fref=ts > Cãopanheiro http://www.caopanheirocuritiba.com.br/ > Adote Bicho http://www.adotebicho.com.br/ 41} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br 42} Parcão Situado atrás do MON (Museu Orcar Nyemeyer) no Centro Cívico, o Parcão é o ponto de encontro de muitos curitibanos e seus cães de estimação. O uso de coleiras no local não é obrigatório e a cachorrada fica a vontade. É uma oportunidade para Bom pra cachorro os apaixonados por cães conhecer a diversidade de raças, aproveitar a companhia do seu amigo cão e ainda fazer amizades! Se o seu cão ainda não conhece, reserve o próximo final de semana e aproveitem ! 43} 44} EDIÇÃO 08 { julho 2013 } www.psicobela.com.br